EXTRA Infância e adolescência

  • Upload
    agcom2

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    1/12

    extra Jornal-laboratrio do Curso deComunicao Social da UnisulTubaro | Ano 15 | Nmero 3 | Outubro de 2009

    REPORTAGENS SOBRE INFNCIA E ADOLESCNCIA

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    2/12

    Textos e fotos: alunos do 6 Semestre/Prof. Cludio Toldo | Edio: alunos do 7 Semestre/Prof. Ildo Silva | Opinio: alunos do 7Semestre/Prof. Darlete Cardoso | Diagramao, Planejamento Grfico e Montagem da Capa: Alexandre Frazo, Chnia Cenci, JabsoMller, Samira Pereira e Vivian Sipriano, 7 fase/Jornalismo | Foto da Capa: www.sxc.hu (reproduo livre) | Contracapa: Igor PereiraEduardo Milioli Magagnin e Marina Cardoso Antunes, disciplina Produo Grfica, professores Paulo Barrios e Diego Piovesan Medeiros

    Coordenadora do Curso de Comunicao Social: Prof. Darlete CardosoCoordenador do Jornal-laboratrio: Prof. Cludio Toldo | Impresso: Grfica Soller

    Reitor: Ailton Nazareno Soares | Vice-Reitor: Sebastio Salsio Herdt | Pr-ReitorAcadmico: Mauri Heerdt | Chefe de Gabinete: Willian Mximo | Secretrio-Geral daReitoria: Albertina Felisbino | Pr-Reitor de Administrao: Fabian de Castro

    Curso de ComunicaoSocial

    Fale com a gente!

    ESPAO DO LEITOR

    O Extra precisa da sua opinio

    [email protected]

    (48)3621-3303

    Jornal-laboratrio do Curso de Comunicao Social Jornalismo da Unisul, Campus Tubaroextraextraextraextraextra

    Literatura tambm vem de beroLiteratura tambm vem de beroLiteratura tambm vem de beroLiteratura tambm vem de beroLiteratura tambm vem de beroVivian Sipriano

    Toda criana e adolescentetem direito educao. Est lno artigo 53 do captulo IV doE s t a t u t o d a C r i a n a e d oAdolescente. Algumas linhasacima, diz tambm que deverdos pais educar os filhos. Ora,s e uma c r i ana nasce s emsaber ler, quem far esse meiode campo entre ela e as letras?A transio da oralidade paraa le i tura se dar apenas sea q u e l e n o v o s e r f o racostumado a ouvir, mesmoantes de falar.

    O que oralidade se no at r a n s m i s s o o r a l d o sconhecimentos armazenadosna memria? Antes mesmo daescrita, era assim que o saberpassava de pai para filho. Paraque a carga de ensinar nor eca i a sobr e os ombr os daescola , ou a inda do mundovirtual , importante que ospais saibam o valor que tm assuas presenas no incio desseprocesso.

    Conhec i um j ovemext r emament e ded i cado e i t u r a dur an t e os anos da

    f acu l dade - e a s s i m o f o idurante toda a vida. O que

    difcil de acreditar que eletenha sido to desleixadamentense r i do no mundo das

    bibliotecas. Lia e escrevia bem,mas a falta de incentivo dentrode casa o fez ter dificuldadedobr ada quando p r ec i soubuscar recursos em si prprio,assim que ingressou na vidauniversitria. Ele, por si s,mudou.

    Esse um exemplo do queacontece com muitos jovens.Se a necessidade fez com queesse estudante repensasse afreqncia com que lia, imaginoque br i lhante no ser ia , set i ves se comeado a v i daescolar com bagagens literriasadquiridas na infncia.

    Las Mari Rabelo

    Meninas e meninos, omulheres e homens? A cada dique passa difcil diferenciar ummenina de 12 anos de uma jovemde 18. maquiagem, salto e atdepilao. Na Austrlia, j existuma cera prpria para remodos plos, que nem devem existainda. Ser que os fabricantelembram que muitas vezes criamonecessidades que na verdade sapenas desejos, mas que essepequenos no conseguemdiferenciar.

    O anncio diz: o tratamentperfeito para a pele da criana. Lvou eu achando que um protetosolar infantil, que no arde oolhos. Errei: um ultramodernosofisticado creme hidratante comaloe vera. Ao menos no antiidade! Porm, voltando algunanos, lembrei que eu tambmgostava de me enfeitar quandnovinha. S que eu usava ocosmticos da minha me, quperigo. Ainda bem que hoje ames podem ficar mais tranqila

    pois com uma regulamentargida possvel garantir uma pelsaudvel, mas tambm um rombno bolso dos pais. E olha que ess a nossa realidade. Afinal o Bras o terceiro pas que mais consomcosmticos infantis.

    Os pais e a mdia so os maioreresponsveis. Tudo bem que n necessrio competir com publicidade poderosa que esseprodutos carregam. Mas todo cuidado pouco. Primeiro com prpria pele da criana, depois como psicolgico, que deve deixaclaro que comemorar o aniversri

    no salo de beleza apenas umbrincadeira e no um ritual dbeleza que deve ser seguido risca.

    VVVVVaidadeaidadeaidadeaidadeaidade

    infantilinfantilinfantilinfantilinfantilO que a criana aprende na escolaO que a criana aprende na escolaO que a criana aprende na escolaO que a criana aprende na escolaO que a criana aprende na escola

    A primeira coisa que se faz com uma crianadepois que ela j sabe dizer o nome dos pais coloc-la na escola. A partir desse ponto,aparece o professor, a quem elas vo perguntaro que no perguntam aos pais.

    Educar leva tempo e difcil. justo que hajaprofissionais para tal tarefa. Mas o que se vnas salas de aula uma relao superficial. Aescola no pode ser vista como uma empresa,que precisa de objetivos e de gente que cumpraesses objetivos com rapidez e competncia. Noensino privado este um problema comum. H

    de se pensar no vestibular e na quantidade dealunos.

    Mas a realidade da criana brasileira pior.Puxemos na memria as reportagens sobreescolas cujos tetos esto despencando, ou que

    os alunos assistem s aulas sentados no cho.Diante da falta de estrutura, o trabalho do

    professor impraticvel. Nem toda escolapblica tem buracos no teto, mas tem mausprofessores. H o problema da falta decapacitao e dos baixos salrios.

    A criana que no aprende hoje ser o polticoignorante de amanh. Os problemas sociais, quelemos em jornais como este, existem porque lhesfoi permitido desenvolver.

    De um lado, temos o modelo de escola-empresa, que adota a educao baseada no

    resultado. De outro, a escola sem teto e semcadeira. difcil pensar em leis de proteo scrianas e adolescentes e em maneiras deconsertar erros enquanto no lhes for dada umaeducao fundamental de qualidade.

    Guilherme Simon

    Cad o elefante colorido?Cad o elefante colorido?Cad o elefante colorido?Cad o elefante colorido?Cad o elefante colorido?

    At que pon t o a t ecno l og i a podeinfluenciar o comportamento das crianas?As novidades eletrnicas desenvolvem ouretardam o aprendizado? Essas indagaesso feitas por pais e especialistas, pois ai n f nc i a pas sa despe r ceb i da e mui t a sbrincadeiras so deixadas de lado. Ondeesto as cantigas de roda? E os castelos deareia?

    Muitos especialistas defendem o uso deaparelhos eletrnicos na infncia, desde queusados de forma moderada e acompanhadospelos pais. Nem sempre isso acontece. Asc r i anas pas sam hor as na f r en t e docomputador e esquecem de tudo ao seu redor.

    Deixam de comer e de conversar com a famlia.Quando no estimuladas a exercer outras

    atividades, se acomodam em uma cadeira e

    ficam. Provavelmente no conhecero osentido literal da msica que aprendi quandot i nha uns qua t r o anos . "Cr i ana f e l i z ,quebrou o nariz. Foi pro hospital , tomarsonrisal". Ser um adulto sem infncia, queno passou pela fase mais alegre da vida.

    No sei porque tudo mudou to rpido.S sei que viver a infncia de forma intensafaz bem. Sem computador ou vdeo-game.Apenas com a doce inocncia de uma crianaque faz da vida uma caixinha de brinquedos.Cr iana que se diver te com coisas queparecem bobas. Quando falo sobre isto, noconsigo deixar de pensar e repensar na irmadolescente que tenho em casa. H algumas

    semanas ela me pediu algo que me deixoualegre e, ao mesmo tempo, triste. "Me ensinaa brincar de elefante colorido?"

    Samira Pereira

    extraOutubro de 2009EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL2

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    3/12

    extraOutubro de 2009 3

    TTTTTrabalho porque gostorabalho porque gostorabalho porque gostorabalho porque gostorabalho porque gostoQUESTO LEGALQUESTO LEGALQUESTO LEGALQUESTO LEGALQUESTO LEGAL

    Programas de assistncia socialProgramas de assistncia socialProgramas de assistncia socialProgramas de assistncia socialProgramas de assistncia socialJanana Mengue Cardoso

    editado por Vivian Sipriano

    Bianca Goulart

    editado por Guilherme Simon

    Considera-se criana, para osefeitos da lei, a pessoa de at 12anos de idade incompletos, eadolescente aquela entre 12 e 18anos de idade. Compondo o trip

    da seguridade social ao lado daPrevidncia e da Sade, aAssistncia Social foi norteada pela

    Lei Orgnica da Assistncia Social(LOAS) e compreendida comopoltica pblica devida a quem dela

    necessitar.Em Tubaro, esta secretaria

    desenvolve programas de carterscio-educativos para atender aos

    cidados e/ou grupos que seencontram em situao devulnerabilidade e risco social, queno necessariamente estoatreladas a condio econmicados indivduos.

    Implantado no municpio noano passado, o Centro deReferncia de Assistncia Social(Cras) atende crianas, adolescen-tes, adultos e idosos. Ali so

    desenvolvidos programas volta-dos principalmente para as famliasque participam do programa BolsaFamlia do Governo Federal. No

    centro so desenvolvidas ativida-des como dana, capoeira, carat,

    informtica, atividades fsicas eculturais.

    Ns temos o dever de atender

    e auxiliar na qualidade de vida para

    as crianas e os adolescentescarentes, uma vez que eles no tmmuita oportunidade parafrequentar aulas de capoeira, porexemplo, avalia a coordenadorado Cras, Llian Folchini. Os projetosso separados por nvel decomplexidade: bsica, mdia e alta.

    Dentro do proteo socialbsica desenvolvido o ProgramaAdolescente Responsvel (PAR),que oferece cursos profissionali-zantes para crianas e adoles-centes que estejam matriculados narede pblica de ensino da cidade,como secretariado, administrao

    e informtica. Para freqentar o

    projeto os participantes recebemuma bolsa no valor de R$ 65,OO e

    transporte publico, relata acoordenadora Clria Agostinho.

    Dentro do proteo social de

    mdia complexidade est o projetoCaminhar, que atende crianas eadolescentes infratores, encami-nhados pelo juizado da vara dafamlia, infncia e juventude, paracumprimento de medidas scio-educativas em meio aberto, comprestao de servios a comuni-dade, em liberdade assistida por nomximo seis meses. O adolescenteno poder receber nenhumaremunerao, porque ele esta

    pagando o crime que cometeu emservios para a comunidade e oprincipal objetivo do programa

    integrar o jovem na su

    comunidade, porque muitas vezeele excludo por ter cometido infrao, explica a coordenadordo projeto, Isabel Cargnin.

    As atividades devem serealizadas em instituies sem finlucrativos e no podem sehumilhantes. Atualmente 50 adolecentes so acompanhados pelprograma.

    O programa Benefcio dPrestao Continuada na Esco(BPC na Escola) um programfederal implantado neste ano emTubaro. Nele se trabalha comcrianas e adolescentes com

    mltiplas deficincias, em que

    atendimento tem que ser integraMuitas vezes a pessoa que cuid

    do deficiente no pode slocomover at a secretaria parpedir ou receber o auxlio, ent

    trabalhamos com as agentes dsade de cada bairro para fazer cadastramento da famlia para qua assistncia possa ir at a casa dever quais so as suas necessdades, ressalta a coordenadorLuclia Maria Costa.

    Por fim, h o programa FamlAcolhedora, de alta complexidadO objetivo do programa garantum acolhimento provisrio crianas e adolescentes qu

    tiveram seus direitos violados e podeciso judicial foram afastadas dconvvio familiar.

    D

    e acordo com o Estatuto da

    Criana e do Adolescente(ECA), proibido qualquer tipo de

    trabalho a menores de 16, exceto nacondio de aprendiz, a partir de 14

    anos. O adolescente, na faixa etria

    entre 16 e 18 anos, pode trabalhar

    desde que o trabalho no sejaperigoso, que interfira na educao,

    ou que seja nocivo para a sade oupara o desenvolvimento fsico,

    mental, moral e social.

    Segundo o Estatuto, a fase dainfncia vai at os 12 anos

    incompletos. Muitos jovenscomeam a se interessar a trabalhar

    a partir dos 13 anos. No entanto,mesmo nesta idade e at os 16 anos

    ainda uma fase de risco, pois apersonalidade est terminando de

    se formar e ainda no h estruturafsica para estar trabalhando.

    Em algumas cidades o trabalhona fase infantil e adolescente se d

    devido a uma questo cultural, e em

    Ararangu no diferente. Nointerior do municpio, muitas

    famlias que trabalham em lavouraspassam desde cedo seus

    ensinamentos s suas geraes,

    pois preferem que os filhos estejam

    trabalhando a saber que esto semfazer nada pelas ruas.

    Enizabel Vieira Santana,agricultora, me de Lucas, de 14

    anos, e conta que o filho aacompanhava na lavoura do fumodesde cedo. Ia l buscava um boi

    ou outro, alimentava as vacas,buscava o fumo, relata a me

    sobre a prtica do filho na roa. Ath pouco tempo o menino ainda

    trabalhava com isso, mas, como

    ganhava pouco e o trabalho estavaficando puxado, Lucas deixou o

    servio rural para trabalhar,atualmente, em uma construo

    como ajudante do pai, que

    pedreiro. Lucas estuda na parte da

    manh e trabalha no outro horrio.Ele no gosta de estudar, prefere

    no estudar e trabalhar, comentaEnizabel. A me fala que o dinheiro

    que o filho ganha ajuda bastante,

    assim ele pode comprar o que necessrio para ele, alm disso,

    consegue manter o aparelhodentrio, pois s com a renda dos

    pais no seria possvel. Alm deajudar na questo financeira, os pais

    tambm se preocupam com osfilhos com relao s drogas. Tem

    muitos amigos dele que j estometidos com droga, ressalta.

    Um trabalho alternativo para osjovens que moram no interior so

    tambm as mercearias. No Lagoo,

    Osvaldo Francisco, dono de uma

    mercearia, sempre emprega garotosque moram por perto. Na merceariaj passaram em torno de 15 jovens

    e, segundo ele, o objetivo principal

    contribuir para aprendizagemdesses garotos, ensinar eles como

    trabalhar.

    Gabriel, 13 anos, um dos atuaisajudantes de Francisco na

    mercearia. Ele trabalha pela manh eestuda no perodo da tarde. Eu

    gosto de trabalhar, conta oestudante. Ele diz que trabalha pelo

    dinheiro, mas que tambm melhorestar ali do que ficar em casa sem

    fazer nada. Para fazer suas tarefasescolares ele utiliza o turno da noite

    e conta que no h dificuldadenenhuma nisso. Todo homem deve

    ter uma profisso, o que justificaEdevaldo Goulart, pai do Gabriel. O

    pai acredita que deixando seu filho

    trabalhar desde j pode contribuirpara um melhor desenvolvimento

    para a futura profisso.O Governo Federal criou o

    Programa de Erradicao do

    Trabalho Infantil (Peti) para eliminar

    todas as formas de trabalho infantilno pas, atendendo famlias cujas

    crianas e adolescentes com idadeinferior a 16 anos se encontrem em

    situao de trabalho. O programa

    busca resgatar a cidadania,promover o direito dessas crianas

    e reaproximar esses jovens escola, famlia e comunidade.

    O procedimento do conselhotutelar, sempre que recebe

    denncias sobre trabalho infantil,

    verificar a situao da famlia e,dependendo da condio scio-

    econmica, encaminhar essasfamlias para a Secretaria do Bem

    Estar Social do municpio. Ascrianas que esto em situao de

    risco so encaminhadas ao Peti e,se a criana no estiver regularmente

    estudando, so encaminhadasnovamente escola. No Peti as

    crianas participam de oficinas, almde receberem um benefcio

    financeiro no valor de R$ 25. Meio

    perodo as crianas estudam e meioperodo freqentam as oficinas. As

    crianas so de baixa renda.No estacionamento do Hospital

    Regional de Ararangu, L.R.A., 15anos, vende cocada de segunda a

    sexta. O menino mora em BalnerioArroio do Silva, municpio vizinho,

    e se desloca durante a semana paravender cocada com a sua cunhada

    de 18 anos. Ele mora com a me, que

    faz cocadas, o pai, pedreiro, e mais 3irmos mais novos do que ele. Pela

    manh estuda e a tarde trabalha.O jovem diz que no tem

    vontade de brincar com os amigosporque tem vontade de trabalhar. A

    dificuldade financeira faz com quegarotos como este se sintam

    responsveis em ajudar a famlia, porisso j pem em mente desde cedo

    de que o trabalho necessrio e queas demais coisas ficam em segundo

    plano.

    Gabriel trabalha pela manh numa

    mercearia e tarde estuda

    Foto: Bianca Goula

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    4/12

    extraOutubro de 2009DEVER DOS PDEVER DOS PDEVER DOS PDEVER DOS PDEVER DOS PAISAISAISAISAIS4

    A dificuldade dos pais em dizerno, juntamente com a ausncia

    devido ao excesso de trabalho,gera a iluso de que dar tudo oque os filhos pedem vai suprir otempo que no podem estarpresentes, e contribui paraaumentar o consumo infantil.

    Segundo o Instituto Brasileirode Geografia e Estatstica, o IBGE,a quantidade mdia de filhos quea mulher teria ao final de sua idadereprodutiva vem caindo gradativa-mente desde os anos 70, quandocada mulher tinha em mdia 5,8filhos, e caiu para 2,3 filhos no ano2000.

    Com menos filhos, porm com

    poder aquisitivo maior, os paiscedem ao poder da mdia e dospequenos com mais facilidade. AnaPaula Amboni, me de duas filhas,conta que na poca que ganhou afilha mais velha, hoje com 21 anos,enfrentou muitas dificuldades eno tinha condies de dar tudo oque a filha precisava. J com a maisnovinha que completou um ms nocomeo de setembro, estsatisfazendo o desejo de me. "Fizquartinho novo, lembrancinha ecompro roupinhas todo ms", dizAna Paula.

    Mesmo as mes maiscontroladas em relao aos gastos,

    como Gisele Saturnino, me deSophia, 10 meses, ressalta queadora ver sua filha bem vestida.

    Para o comrcio e a indstriade artigos destinados s crianas, tempo de lucratividade, pois osetor movimenta mdia anual de

    PPPPPequenos capitalistas do sculoequenos capitalistas do sculoequenos capitalistas do sculoequenos capitalistas do sculoequenos capitalistas do sculo 212121212150 bilhes de reais, segundo oinstituto Alana (www.alana.org.br). Rose Fontoura, gerente doCricima Shopping, afirma que25% da verba das atraes so

    destinadas s crianas, e atendncia aumentar para oprximo ano. O motivo a respostaque os pequenos do aos apelosda mdia e tambm influncia dascrianas em cerca de 80% dasdecises de compra, segundo apesquisa da TNS/InterScience emoutubro de 2003.

    " tudo pelo prazer de sercriana", justifica Giane SartorRodrigues, me de LeandroRodrigues. Ela lembra que aeducao mudou muito, e hoje ospais entendem que os filhosprecisam aproveitar melhor essa

    parte da vida. Alm disso, a gamade produtos disposio dopblico infantil muito maior quea 20 ou 30 anos atrs.

    A criana um ser humanoainda em desenvolvimento e coma personalidade em formao,portanto bastante vulnervel aosapelos da publicidade. De acordocom o instituto Alana, crianasentre 2 e 7 anos assistem em mdia12 comerciais por dia, enquanto asde 8 a 12 anos assistem at 21comerciais por dia, sendo quecerca de 50% so de produtosalimentcios, como guloseimas efast food.

    Gisele Lazarino Cunha, autorado artigo Mdia Brasileira Crianae Adolescente, afirma que apropaganda destinada ao pblicoinfantil altamente perigosa einstitui dentro delas o desejoincontrolvel de possuir algo que

    s vezes vai alm do que a famliatem condies de comprar e queno traz nenhum tipo de benefcio.Cada vez mais cedo as crianas jdeterminam o que desejam. Agerente de loja infantil Eliana C.Victor Moroni observa que desdeos 2 anos de idade so eles quedecidem o que vo levar. E cabeaos pais selecionar se devemconcordar ou no. Graziela Caldas,me de Joo Victor Caldas, 12 anos,e Pedro Emanuel Caldas, de 3 anos,garante que preciso impor limites."O mais velho j est acostumadocom o ritmo de compras da famlia,ou seja ele mesmo pesa se vale a

    pena comprar ou no, j o caulatenta persuadir de todas asmaneiras". Graziela avalia que ainda quando pequenos que seensina, pois no adianta liberar oconsumo enquanto pequenos edepois tentar mudar. E revela: "no supermercado que o Pedromostra seu lado consumista".

    Empresas do setor alimentcio j se comprometeram emautorregulamentar a publicidade deprodutos que no contenham valornutritivo e so dirigidas s crianasmenores de 12 anos. J oMcDonalds, uma das redes de fastfood mais famosa e adorada pela

    crianada, precisou extinguir propaganda de McLanche Feliuma caixinha que vem com a comide que trazia junto um brinquedo. Omimo foi tratado como propagandabusiva com grande apelcomercial destinado aos pequeno

    O estmulo ajudava a venderhambrguer, prejudicial a sadecontribuindo para a obesidadinfantil. Anelise Paim Draessleadvogada do Procon de Cricimressalta que "a propagandinduzia as crianas a consumir umproduto nada saudvel, e aindcom um custo alto para a condieconmica de muitos pais."

    Las Mari Rabelo

    editado por Jabson Mller

    Meninas com idade entre dois enove anos se preparam para brilharna passarela. Ainda no sabem qualprofisso seguir na fase adulta, masse comportam como verdadeirasmodelos na hora do desfile. Oconcurso que elegeu a MiniGlamour Baby de Santa Catarina foirealizado em Ararangu contandocom diversas atraes infantis edoces. Cerca de 300 pessoasestiveram no local.

    A candidata Gabriela Sauer, 9anos, conquistou o ttulo. "Elagosta de estar na passarela. Tinha

    grande expectativa e hoje comemoraa conquista. Vamos apoi-la casodeseje seguir carreira", ressalta a

    Infncia e vaidadeInfncia e vaidadeInfncia e vaidadeInfncia e vaidadeInfncia e vaidadeCombinao que pode no dar certo

    me, Kelly. A psicloga MelissaBoeira alerta que devemos analisar

    a forma como o evento vai serrealizado. " normal enquanto nocompromete a sade, pois quandoa vitria passa a ser a nica fontede prazer acaba gerando umsentimento de inutilidade na crianano premiada".

    As roupas influenciam ocomportamento das crianas e somotivos de discusso. De um lado,est a me tentando convencer ofilho a se vestir como criana, dooutro, o filho querendo roupas comcaractersticas mais adultas.Segundo a proprietria de uma lojainfanto-juvenil, Mnica Olivo de

    Almeida, as crianas procuram asroupas de acordo com as fases davida que esto vivendo.

    O hbito de se maquiar vemdesde cedo. Sales de beleza

    recebem crianas com freqncia.A cabeleireira Roxane Barretorevela que os meninos cuidam maisdo cabelo do que as meninas."Eles pedem muito para fazer luzese dar formato com gel. Elas gostamde manter o cabelo comprido".

    A Agncia Nacional deVigilncia Sanitria (Anvisa) temregistrado mais de 3,5 mil produtosvoltados para crianas. O Brasil hoje o terceiro maior mercado decosmticos infantis do mundo. Deacordo com dados da AssociaoBrasileira da Indstria de HigienePessoal Perfumaria e Cosmticos -

    Abihpec, o segmento cresceu 10,6% nos ltimos treze anos e chegoua faturar R$21,7 bilhes em 2008.

    Karoline Nazrio

    editado por Emanuel Machado

    Foto: Karoline Nazrio

    Foto: Las Mari Rabe

    Gabriela, de 9 anos, conquistou

    concurso de beleza infantil

    Para o comrcio e a indstria, as

    crianas so sinnimo de lucro

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    5/12

    extraOutubro de 2009 5

    rfos aprendem arfos aprendem arfos aprendem arfos aprendem arfos aprendem a

    conviver com a dorconviver com a dorconviver com a dorconviver com a dorconviver com a dorRenan Meineneditado por Alexandre FrazoA psicloga Carolina Schuma-

    cher categrica no que diz respeito importncia da figura materna epaterna na criao de um menor. Ospais so indispensveis para a vidade uma criana. Entretanto, nemsempre possvel que esses laossejam mantidos, devido a fatalidadesou ao abandono fsico, afetivo oumoral dos menores. Nesses casos,a tutela da criana geralmente ficacom demais familiares ou instituiesde abrigo.

    certo que a ausncia dos paistrar consequncias para odesenvolvimento psquico dacriana, entretanto, no temos comosaber de antemo de que tiposero, explica Carolina. A psiclogaembra ainda que mesmo os pais

    presentes podem se tornar ausentesna educao dos filhos. Em ambosos casos, o que ir determinar asconsequncias dessa lacuna ser aomenos dois fatores: a forma como acriana lida com a ausncia e a forma

    como o meio famlia, cuidadores ida com essa criana.Do ponto de vista psicolgico,

    Carolina esclarece que os menoresque perderam os pais devido morte tero mais chances desimbolizar a perda e elaborar umprocesso de luto do que aquelesque os perderam por questes deviolncia domstica ou deabandono. O abandono, acredito,poder desencadear traumas maissignificativos, uma vez que a crianatender a se sentir culpada, emalgum momento, por ter sido deixadapor quem deveria desde sempre

    am-la, analisa.Pamela, de 19 anos, viveu a perda

    dos pais. O pai sofreu um acidentevascular cerebral (AVC) e a me umaparada cardiores-piratria. Quandoo primeiro faleceu, ela tinha 9 anos.Lembro que estava dormindo e,

    quando acordei, ele estava sendocarregado para um carro, para serlevado ao hospital. O caso da me,que ocorreu quando Pamela tinha12 anos, ainda ntido na memriadela. Basta fechar os olhos. Minhame sofreu a parada cardaca naminha frente e, antes de cair, aindame mandou um beijo, coisa quenunca esquecerei, relembra.

    Pamela foi amparada pela famlia.Mudou para outro estado e teve queconviver agora com trs irmos.Nem sempre isso ocorre. o casode Jlia, de 9 anos, e de Giovana, de10 anos. As duas foram

    Alissa Steilein

    revisado por Emanuel Machado

    Joo Augusto Michels entropara o seminrio Nossa Senhorde Ftima, de Tubaro, aos 1

    anos. Os amigos Renato de SouzJadson de Souza e ThiagMendes decidiram entrar quandtinham 15. Eles sonham ser padredesde criana. Ainda hojeadolescentes abrem mo de festae namoros, optando pelseminrio. Existem 72 mseminaristas no mundo. Eduardda Rocha, 22, ingressou nseminrio quando entrava quemquisesse. Hoje existe um processde adaptao para poder entrar.

    Para se tornar padre, so 1anos de estudos dentro dseminrio. Aps terminarem ensino mdio, os seminarista

    entram para a faculdade dFilosofia. Diariamente, seguemuma rotina de oraes e estudoAcordamos antes das 7h. Apas oraes, cumprimos nossodeveres. tarde temos aula nseminrio. noite, assistimos missa e temos o tempo livre. Apartir das 22h30min hora ddescanso, diz Rocha. Entre aaulas do seminrio esto filosofiatualidades e portugus. Almdisso, os seminaristas se renemcom o padre responsvel pardividir os afazeres. Cuidam dhorta, dos aposentos d

    instituio e fazer faxina.A deciso de entrar para seminrio partiu dos garotos, macontam que sentiram dificuldadna adaptao. J pensaram emdesistir. Segundo Renato, isso um momento de fraqueza, masnormal. Como em qualquer outrcarreira, h momentos de dvidEmbora sintam saudade, os pados seminaristas sempre oapoiam para que sigam o caminhoOs garotos se mostram felizes peopo. No porque estamoaqui que deixamos de viver. Vamoao shopping, ao cinema e quandestamos em casa vamos a festa

    sempre com a conscincia dnossas obrigaes, relatMichels.

    Adotar no algo to difcilAdotar no algo to difcilAdotar no algo to difcilAdotar no algo to difcilAdotar no algo to difcilLuiza Droese

    editado por Guilherme Simon

    Ao contrrio do que a maioriadas pessoas pensa, adotar no algo to complicado de se fazerjuridicamente. Participam doprocesso de adoo o juiz daInfncia e da Juventude, opromotor de Justia e a psiclogaForense. Todos tm o objetivo depreservar o bem-estar da criana/

    adolescente e de avaliar qual omelhor lar para ela. Em Tubaro,15 crianas e adolescentes so

    adotados por ano. O casal Carlose Nadir sempre teve o desejo deter filhos, mas ele estril. Elesadotaram Gabriela, hoje comquatro anos. Ao adotar a Gabins nos sentimos realizados epudemos ter a experincia quesempre sonhamos: a de criar umbeb e chamar de nosso, diz ocasal. O processo durouaproximadamente cinco meses efoi consensual. A Gabi se

    adaptou bem. Hoje levamos umavida familiar completamentenormal, completa.

    As exigncias dos casaisadotantes so o que fazem aadoo demorar mais paraacontecer. Geralmente eles queremcrianas recm-nascidas, meninase de cor branca. Por esse motivo,eles ficam na fila por muito tempo.

    T. e F., que no quiseram seidentificar, tinham algumaspreferncias. No entanto, quandoforam conhecer as crianas, seapaixonaram por uma menina que

    era o oposto do que o casalpreferia. S. negra e, na poca,tinha trs anos. Logo que

    conhecemos a S. sabamos que eracom ela que queramos ficar. Nsqueramos uma criana brancapara evitar questes depreconceito, mas decidimospassar por cima dessa barreiraporque realmente gostamos muitodela. Acreditamos que valia apena. E valeu, diz o pai adotivoda criana. Para quem desejaadotar uma criana/adolescente,h mais informaes no site do

    Poder Judicirio de Santa Catarina,www.tj.sc.gov.br, no link Portal daInfncia e Juventude.

    A FA FA FA FA FAMLIAAMLIAAMLIAAMLIAAMLIA

    encaminhados pelo MinistrioPblico (MP) a uma instituio queabriga menores no Extremo Sul deSanta Catarina. A psicloga MariaRegina Batista, que trabalha a quatroanos no local, conta que existem 32crianas nessas condies hoje na

    casa. Temos crianas entre 3 mesese 17 anos. Quando elas soencaminhadas para c, geralmentea famlia j est nocauteada. Os paisesto perdidos.

    Jlia est na est na casa desdeoutubro do ano passado. No abrigo,conta que tem aulas de italiano, demsica e de educao fsica. Gostade todas. Alm disso, fez vriosamigos. A menina, que sonha emser modelo, teve que ser separadada me porque ela consumia drogasdemasiadamente. Tenho saudadedela, revela Jlia. No entanto,segundo a psicloga Regina, a

    mulher no quer ver a filha.Giovana est h sete meses no

    abrigo. Foi acolhida porque os paisforam presos por trfico de drogas.Visitou-os recentemente na priso.Minha me me deu uma boneca,que vem com dois sabonetezinhos,

    e uma carta. Eu quero levar algumacoisa para ela, mas no posso. Elaconta que est feliz porque o paificou na mesma priso que a me. AJustia iria coloc-lo em outrainstituio. Alm disso, a pena dosdois pode ser suavizada. A me deGiovana pode sair em breve; j o pai,um sujeito que Regina define comoperigoso, talvez saia alguns anosantes dos nove previstos inicialmen-te. A menina sonha em ser advogadaquando crescer. Isso se deve vontade de tirar os pais da cadeia,mesmo que seja um desejoinconsciente, explica Regina.

    Sonho deSonho deSonho deSonho deSonho deser padreser padreser padreser padreser padre

    Pais presentes podem se tornar

    ausentes na educao dos filhos

    Foto: www.sxc.hu (reproduo livre)

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    6/12

    extraOutubro de 20096

    Jabson Muller

    editado por Alexandre Frazo

    grande o nmero de jovene crianas que usam drogailcitas. E o contato aconteccada vez mais cedo. Os usuriode drogas ilcitas sfinanciadores do trfico. Halguns anos o trfico s faziparte do cenrio de grandecentros como Rio de Janeiro So Paulo. Hoje, pequenacidades tambm vivem essrealidade. So diversas as forma

    utilizadas para entregar mercadoria ao usurio. A drogpode estar escondida em umsimples bombom, dentro de umlivro, em tubos que sointroduzidos na vagina e no nuou at mesmo dentro do saco dpipocas comprado na frente descolas. Os usurios quandodescobertos pelos pais, buscamsempre um argumento parjustificar o uso, alm de minimizao problema.

    Eu experimentei maconha gostei. Ela me deixa relaxado, poisso, uso todos os dias. Cocane ecstasy s s vezes. Eu gosto

    do que sinto quando uso, revelE.M., um adolescente de famliclasse mdia de apenas 15 anoque comeou a usar maconhquando um amigo o ofereceuEu usava s s vezes quandoganhava de alguns colegasDepois passei a comprar.completa o jovem. Com o uso dedrogas, E.M. teve bruscamudanas no seu comportamento. O rendimento escolacaiu, comeou a se isolar domundo, alm de ficar maiimpaciente e agressivo.

    A primeira a perceber a

    alteraes comportamentais dgaroto foi sua professora dmatemtica, Eliana Lolli. Qucontatou os pais do garoto. Oprimeiro passo depois ddescoberta foi conversar com filho, que no negou o uso, marecusou ir a um psiclogo. Opais decidiram ento adotaalgumas medidas para tentacontrolar o filho e o estimular deixar as drogas. Colocamolimites. Ele deve fazer algumatarefas domsticas. Tem horriopara assistir televiso, jogavdeo-game, ficar na internet estudar. Diminumos sua mesad

    e controlamos seus gastos. Paracompanh-lo tirei frias, afirmRita de Cssia.

    CrianasCrianasCrianasCrianasCrianas

    e drogase drogase drogase drogase drogas

    Alexandre Frazo

    editado por Guilherme Simon

    IDIDIDIDIDADE DE RISCOADE DE RISCOADE DE RISCOADE DE RISCOADE DE RISCO

    Histrias trgicas e futuros incertosHistrias trgicas e futuros incertosHistrias trgicas e futuros incertosHistrias trgicas e futuros incertosHistrias trgicas e futuros incertos

    Nenhuma criana ou adoles-

    cente ser objeto de qualquerforma de negligncia, discrimi-nao, explorao, violncia,crueldade e opresso, punido naforma da lei qualquer atentado, porao ou omisso, aos seus direitosfundamentais. Esse trecho foiretirado do Art. 5 do Estatuto daCriana e do Adolescente. Osnomes dos personagens apresen-tados nesses relatos so fictcios,mas as histrias so retratos dasociedade. Com 20 anos, Jaqueline,me da pequena Jssica, s quersaber de namorar. Solteira, e semsaber quem o pai da filha, serelaciona com diversos homens. A

    casa onde mora serve de motelpara as noites de amor. A meninaapenas sorri quando v a mechegar com os tios.

    Segundo Jussara, madrinha deJssica, o abuso sexual com amenina foi praticado pelo ex-namorado da me. Mantendorelaes h dois meses com o

    homem, Jaqueline j se sentia vontade. Iludida, a me permitiupor diversas vezes a presena dafilha quando o casal tomava

    banho. A tia conta que a medeixava a filha sozinha com ele nobanho, e nesse momento abusavasexualmente da enteada.

    Para o delegado da Polcia Civilde Sombrio, Andr Coltro, impossvel mensurar a quantidadede fatos como estes, pois muitosno so denunciados. Diz aindaque os padrastos no so osnicos autores de crimes comoeste.

    Teresa e quatro filhos sofremcom a bebedeira de Pedro, omarido. As brigas que se limitavama gritos e ofensas passaram parasocos e pontaps. Com medo do

    marido, mas influenciada por umvizinho, ela denunciou o homem.Porm no adiantou, revoltado ese sentindo afrontado, Pedroobrigou a mulher a retirar a queixasobre as ameaas.

    Certo dia chegou bbado eobrigou Teresa a manter relaosexual. Ns estvamos todos no

    mesmo quarto, ele chegou e veiopara cima de mim, me estuprou eas crianas que estavam do ladoviram tudo. Os inocentes acorda-

    ram e comearam a gritar, conta.Com o passar do tempo, Pedrocomeou a abusar da filha. Elevinha em casa tarde, quando ame no estava. Pedia para osmanos sair que ele queria falarcomigo, comenta Carla, 7 anos.Ele dizia que ia me ensinar comofazia com a me e ia me mostrarcomo gostava de mim. Falava queeu no podia contar nada, poisela ia pensar que ele gostava maisde mim. E da ela ia me bater emandar embora, chorou, olhan-do para suas bonecas.

    Para o promotor pblico deSombrio, Henrique Laus Aieta, o

    maior entrave est na conivnciada famlia por medo de umaexposio.

    Na escola, Carla chamou aateno da professora Beatriz pelamudana de comportamento emsala de aula. Percebendo a faltade estrutura da me, denunciou ocaso para o Conselho Tutelar.

    Stephanie Piava

    editado por Las Mari Rabelo

    O Consrcio Intermunicipal deAmparo Criana e ao Adolescente(Ciaca) mantido por oitomunicpios - Orleans, So Ludgero,Brao do Norte, Rio Fortuna, Gro-Par, Santa Rosa de Lima, SoMartinho e Armazm. A entidade um lar temporrio para crianas eadolescentes em situao de riscopessoal ou social, vtimas de maustratos, abandono, violncia fsica,negligncia familiar e abuso sexual,e atende at 16 menores.

    Crianas como M., de 12 anos.Ela cursa a 5 srie e est no Ciacah mais de um ano. Minha vidamudou desde que vim para c,conta. A menina tem outros 13rmos. Uns, que estavam no

    abrigo, foram adotados, outrosperderam-se nas drogas. Ela gostade danar e tem muitos amigos nacasa.

    O Ciaca tem 13 funcionrios.Brao do Norte, cidade-sede daentidade, oferece outros trsprofissionais: psicloga, pedagogae uma espcie de me social. ParaTerezinha Machado, diretora dacasa, a entidade tem papelfundamental na sociedade, porquetira menores das ruas e oferece

    aprendizado.Quando uma criana chega

    casa, na maioria das vezes indicada

    pelo Ministrio Pblico, recebetratamento especial. Segundo VtorSchilickmann, funcionrio doCiaca, leva pouco tempo para queela se familiarize.

    Para Ademir Gesing, presidente

    do abrigo e prefeito de SoLudgero, o Ciaca tende a melhorarcom a institucionalizao da

    entidade. Tnhamos apenas umnome fantasia, agora teremos CNPJ,o que vai aumentar a fora da casaperante justia e s autoridadespolticas, ressalta.

    De acordo com a coordenao,

    crianas at trs anos sofacilmente adotas. A dificuldade para quem tem mais de cinco anos.

    Ciaca: uma chance de felicidadeCiaca: uma chance de felicidadeCiaca: uma chance de felicidadeCiaca: uma chance de felicidadeCiaca: uma chance de felicidade

    Com os indcios de estupro, oMinistrio Pblico pediu oafastamento do homem do lar.

    Segundo Aieta, nesses casos,

    a Justia primeiro pede oafastamento do suspeito, poste-riormente atua de forma maisrepressiva na questo criminal,para que os culpados sejampenalizados. Para ele, o abusosexual vai trazer para a crianadanos irreparveis para o seudesenvolvimento fsico e psquico.Esses danos podem trazerconsequncias muito penosaspara sua vida, como o uso dedrogas, a gravidez precoce,distrbios de comportamento,condutas anti-sociais e infecespor doenas sexualmente trans-missveis.

    Jaqueline perdeu a guarda dafilha e hoje a famlia no sabe ondea menina est. O ex-namoradolevou cinco tiros de traficantes emorreu. Jussara ganhou a guardade Jssica, que agora cresce emum lar feliz. J Teresa agradece aDeus por ter seu desafeto longedos filhos e de sua vida.

    C., 15 anos, a interna que est hmais tempo na casa. No entanto,continua esperando pela adoo.Ainda tenho esperana de ter umafamlia, diz .

    As pessoas que tm interesse

    em adotar internos do Ciaca devembuscar informaes no frum decada comarca.

    Foto: Alexandre Frazo

    Atualmente, 16 crianas recebem

    aprendizado dentro da entidade

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    7/12

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    8/12

    extraOutubro de 20098 ALIMENTALIMENTALIMENTALIMENTALIMENTAOAOAOAOAO

    Obesidade tambm Obesidade tambm Obesidade tambm Obesidade tambm Obesidade tambm

    problema de crianaproblema de crianaproblema de crianaproblema de crianaproblema de crianaA obesidade no um problema

    apenas de adultos, cerca de 10% das

    crianas brasileiras sofrem da

    doena. Maus hbitos alimentares

    e a falta de exerccios fsicos so os

    problemas mais comuns. A acad-

    mica de Nutrio da Universidade

    do Sul de Santa Catarina (Unisul)

    Frantieska Maia diz que os alimentos

    ndustrializados ganham espao na

    alimentao de crianas e adoles-

    centes por serem fceis de preparar.

    Dessa forma, abrem mo de frutas e

    verduras que so ricas em fibras e

    fundamentais na manuteno do

    peso.

    Aos 11 anos, a estudante

    Thayn Machado tem 1,55 de altura

    e pesa 60 Kg. No chega a ser um

    caso de obesidade, mas de

    sobrepeso. Com apenas um ano de

    dade, teve pneumonia e atribui o

    excesso de peso que passou a ter

    depois disso aos medicamentos

    usados para cur-la, mas no nega

    que exagera nas refeies. Sempre

    que a me a repreende motivo de

    discusso, mas, quando Thayn vais comprar, lhe d razo. No existe

    algo mais frustrante do que entrar

    em uma loja e ver que as roupas

    mais bonitas no tm o meu

    tamanho, revela.

    VVVVVontade de emagrecerontade de emagrecerontade de emagrecerontade de emagrecerontade de emagrecer

    Foram situaes como essas

    que fizeram a menina ter vontade

    de emagrecer. Ao invs de passar o

    dia todo na frente da televiso ou

    do computador, ela est praticando

    esportes, com o objetivo de perder

    peso. Frantieska diz que qualquer

    exerccio aerbico vlido, jogar

    bola, andar de bicicleta ou caminhar.

    O importante que a criana deixe

    de ser sedentria e faa alguma

    atividade que contribua para a

    queima de calorias.

    Thayn estuda na 6 srie da

    Escola Bsica Catequista Joana

    Pendica, localizada no bairro Pouso

    Alto do municpio de Gravatal. Dos

    215 alunos matriculados nessa

    escola, 10 esto com excesso de

    peso. As cozinheiras garantem que

    existe um cuidado especial com a

    higiene, porm revelam que h

    dificuldade de controlar a

    quantidade que os alunos comem.

    Algumas mes preocupadas vem

    conversar conosco, explicamos

    que as refeies feitas na escola

    so equilibradas e de qualidade.

    Mas o controle da quantidade deve

    ser um hbito tambm em casa, diz

    a cozinheira Maria Elenita Grasso.

    Horta na escolaHorta na escolaHorta na escolaHorta na escolaHorta na escola

    A escola possui uma horta, mas

    antigamente os alunos no

    valorizavam. Para conscientiz-los

    da importncia de verduras e

    legumes, a professora Jaan dos

    Santos Cardoso decidiu que os

    alunos deveriam mant-la. Entre

    outros vegetais, cultivam alface,

    cebola e repolho, tudo sem

    agrotxicos. Dessa forma,

    possvel deixar as refeies ainda

    mais saudveis. Como na escola

    no h cantina, a nica opo de

    lanche aquela oferecida no

    refeitrio. Para as cozinheiras, a

    horta d a oportunidade de ousar ediversificar as refeies.

    Em 2001, o governo do estado

    de Santa Catarina proibiu o

    comrcio de guloseimas,

    refrigerantes e frituras nas escolas

    de educao bsica. Atendendo

    legislao, a escola decidiu fechar

    a cantina que havia. A orientadora

    Vera Lcia Teixeira diz que a lei

    mudou a rotina dos funcionrios.

    O que as crianas comem nas escolasO que as crianas comem nas escolasO que as crianas comem nas escolasO que as crianas comem nas escolasO que as crianas comem nas escolasCristian de Bona

    editado por Las Mari Rabelo

    Emanuel Machado

    editado por Las Mari Rabelo

    As crianas ficam cerca de

    quatro horas na escola e possuem

    um intervalo para o lanche.

    Geralmente os pequenos so os

    que mais se alimentam nos

    colgios, isso porque os pais se

    preocupam que o filho no fique

    sem comer por muito tempo. J o

    adolescente tem maior liberdade de

    comer conforme sua vontade, e os

    pais no ficam cobrando para que

    se alimentem.

    Sempre tem aquela preocu-

    pao, principalmente quando socrianas. A gente fica pensando se

    comeram o lanche, mas quando

    ficam maiores, a gente j no se

    preocupa tanto, conta Adriana de

    Liz, me de Isadora, de 7 anos.

    O que comer?O que comer?O que comer?O que comer?O que comer?

    Mas o que comer nas escolas?

    Algumas instituies de ensino

    servem apenas comida saudvel,

    como assados, sucos, bolos e

    vitaminas, podendo tranquilizar os

    pais dos pequenos que compram

    lanche no local de estudo.

    Aqui no nosso colgio h

    alguns anos substitumos o

    cardpio, excluindo frituras,

    refrigerantes, balas e chocolatespor lanches saudveis e sem

    conservantes, explica a diretora do

    colgio So Bento de Cricima, Ana

    Luiza Venturini.

    Para os pequenos ainda no h

    uma conscientizao sobre o

    perigo da m alimentao, por isso

    alguns reclamam de no haver

    salgadinhos e refrigerante para

    vender.

    Lanche liberadoLanche liberadoLanche liberadoLanche liberadoLanche liberado

    J a escola de educao bsica

    Heriberto Hlse vende qualquer

    tipo de alimento, seja fritura,

    refrigerante e balas, alm de permitir

    a sada dos alunos de ensino mdio

    no intervalo, para que possam ir ato bar que fica prximo escola. Eu

    nunca parei para pensar se comer

    muita fritura faz mal. Eu como o que

    eu estiver afim, conta Gislaine

    Gomes, 15 anos.

    Mas se a escola servisse

    apenas coisas boas, de certa forma

    a gente iria ter que comer alimentos

    saudveis. Seria uma presso boa,

    reconhece a estudante Gislaine

    Gomes, 15 anos

    Para a nutricionista Fabola

    Alves, o cuidado com as crianas

    fundamental. Os pais devem estar

    atentos a tudo que os filhos

    consomem e optar por enviar

    lanches de casa a melhor escolha.

    No d para proibir de comer as

    besteiras, pois quando querem,comem escondidos. Ento o ideal

    administrar a quantidade, explica

    a nutricionista.

    Controle em casaControle em casaControle em casaControle em casaControle em casa

    Benta de Souza procura semp

    variar o lanche de Nicole, sua ne

    de 6 anos. Cuidamos para que e

    se alimente bem. Mas de vez e

    quando, por conta da correria, o

    pra variar um pouco, permitimo

    que ela compre o lanche l (n

    colgio). No nos preocupamo

    muito porque o colgio no serv

    frituras nem doces, enfatiza.

    A maioria dos jovens d

    colgio So Bento diz ser instrud

    dos benefcios de uma alimentasaudvel, mas que no segue es

    linha na hora da fome.

    Campanha da Active Life Movement

    buscou concientizar pais e filhos

    Passaram a valorizar mais o trabalho

    das cozinheiras, assim como a

    alimentao das crianas.

    Problemas de sadeProblemas de sadeProblemas de sadeProblemas de sadeProblemas de sade

    A criana obesa enfrentaproblemas de sade e ainda o

    preconceito dos colegas e da

    famlia. Thayn tem vontade de

    participar das aulas de educao

    fsica, mas incomodada pelos

    apelidos. A professora Osmarina

    Garcia diz que os apelidos surgem

    como defesa. Quando uma criana

    magra perturbada por uma

    gordinha, vai querer xing-la com o

    que lhe ofende mais.

    A acadmica de psicologia d

    Unisul Susanne Faust da Silv

    acredita que a obesidade pod

    afetar o psicolgico da criana

    ponto de gerar comportamento

    infantilizados. Outros problemaso auto-estima abalada e

    dependncia materna.

    A obesidade cria uma enorm

    carga psicolgica e est relaciona

    a fatores como a percepo de si

    ansiedade e o desenvolvimen

    emocional da criana, d

    Susanne. Ela acrescenta que

    aluno obeso ou com sobrepes

    merece ateno especial.

    Imagem: Campanha Active Life Moveme

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    9/12

    extraOutubro de 2009 9

    Esporte e infncia: combinao que d certoEsporte e infncia: combinao que d certoEsporte e infncia: combinao que d certoEsporte e infncia: combinao que d certoEsporte e infncia: combinao que d certo

    AAAAATIVIDTIVIDTIVIDTIVIDTIVIDADE FSICAADE FSICAADE FSICAADE FSICAADE FSICA

    Vanessa Buss

    editado por Samira Pereira

    treinando alguma das cinco modalidades:voleibol, handebol, futsal, futebol suo exadrez.

    A treinadora de Aline e tambmprofessora de Educao Fsica, Vnia Vitrio,

    diz que o objetivo principal do esporte aincluso social, alm de levantar a auto-estima dos atletas. Mas nem sempre isto oque ocorre. "Do s 7 aos 14 ano s amusculatura da criana muito frgil. Quantomais tarde comear a treinar, melhor para ocorpo", diz Vnia. De acordo com aprofessora, a idade ideal de 15 anos oumais, porque os msculos j esto mais fortese formados.

    A treinadora no ilude nenhum de seusalunos dizendo que tm chances de ir para aseleo. Ela fala que eles devem se apaixonarpelo esporte e aproveitar o que ele traz debom, pois na hora do jogo a rivalidade grande, e o orgulho tambm. "Sonhar bom,mas preciso manter os ps no cho", diz aprofessora Vnia.

    Em entrevista por e-mail com o jornalistae publicitrio Milton Neves, ele afirmou queo esporte pode contribuir para manter os jovens que ainda esto com cabea emformao longe de "encrencas". Ele ressaltatambm que no mundo do futebol pelo menos90% dos jogadores so oriundos de classesbaixas, e que muitos viveram por anos e anos

    em situaes abaixo da linha da misria. "Comcerteza eles subiram na vida graas aoesporte, mas isso 'fico", diz Neves.

    Ele conta que esses atletas representamuma minoria das pessoas que ficam ricas por

    intermdio do esporte. "O esporte muitimportante para o desenvolvimento dacrianas, tanto no ficar longe das drogasquanto na qualidade de sade de quempratica", afirma o profissional.

    As brincadeiras de ontem e de hojeAs brincadeiras de ontem e de hojeAs brincadeiras de ontem e de hojeAs brincadeiras de ontem e de hojeAs brincadeiras de ontem e de hoje

    Existem muitas crianas que praticamalgum tipo de esporte, seja em busca de algum

    sonho ou para ter um momento de diverso.Mas ser que o esporte ajuda mesmo em seudesenvolvimento?

    A universitria Aline Machado, 19 anos,tem um sonho muito comum entre osbrasileiros: ser feliz praticando seu esportefavorito. Ela treina handebol desde os 9 anose hoje cursa a faculdade de Educao Fsica.

    Todo sbado pela manh tem umcompromisso com a sociedade, algo que podemelhorar a vida de muitas crianas. Aline daulas de handebol no bairro mais humilde deForquilhinha, na comunidade de Santa Cruz.

    Quando os alunos chegam, fazemalongamento e aquecimento. Soaproximadamente 20 crianas, meninos emeninas que jogam juntos. "Quando estou

    muito estressada, ao invs de descontar nosoutros, venho pro treino e jogo bola. Ohandebol uma terapia, me acalma e me deixafeliz", conta Aline.

    O projeto que ela participa promovidopelo Conselho Municipal de Esporte (CME).De acordo com o secretrio de Cultura,Esporte e Turismo de Forquilhinha, DarcyGomes Ferreira, cerca de 400 crianas esto

    Pergunte para os seus pais do que elesbrincavam quando eram crianas. Ou melhor,do que voc brincava? A diferena de idadeentre as duas geraes pode ser grande, masas atividades praticadas nos dois casos noeram muito diferentes.

    A bola de gude, o peo e o ioi deramlugar ao Playstation, ao Wii e ao X-Box. Pularelstico e casinha? As meninas do sculo 21se divertem mais com o celular e a cmeradigital. Mas qual o motivo de tanta mudanano comportamento dos pequenos de hojepara os de ontem?

    As brincadeiras "antigas" fazem parte daslembranas de muitas pessoas, mas

    participam cada dia menos da vida dascrianas. como se apenas o carrinho e aboneca sobrevivessem ao mundo datecnologia. E mesmo assim eles tiveram quese modernizar.

    Elementos indispensveisElementos indispensveisElementos indispensveisElementos indispensveisElementos indispensveis

    Segundo a pedagoga Marlidos Santos, as brinca-deiras das geraes

    passadas tinham elementos indispensveispara o crescimento e desenvolvimento dascrianas, mas no se pode apenas criticar asnovas formas de diverso.

    "Todo o brincar importante para acriana, pois envolve aprender a realidade;e a nossa realidade incorpora brinquedosatualizados, brinquedos que antigamentenem imaginvamos que iriam existir, e cadaqual guarda em si a sua relevncia para odesenvolvimento infantil. Nos brinquedosantigos, a criana tinha a liberdade de brincarcom eles sozinha ou em grupo. Osbrinquedos atuais perdem essa caractersticade sociabilidade e de exerccio motor", afirmaMarli.

    Para ela, as brincadeiras atuais tm osprs e contras. "Os videogames e computa-dores estimulam as crianas a desenvolve-

    rem raciocnio lgico cada vez maior. Elasprecisam pensar no que fazer, e criarestratgias, completa Marli.

    J as brincadeiras antigas possuemapenas pontos positivos. Para Marlene daSilva, tambm pedagoga, as brincadeiras deontem estimulam a oralidade e a integraoentre os colegas.

    Esquecidas em casa, as brincadeiras dantigamente so lembradas quase quapenas na escola. Isso porque elas requeremespao, e cada vez mais crianas moram emapartamentos. um direito estabelecido nEstatuto da Criana e do Adolescente que acidades disponibilizem praas e espaoonde as crianas possam brincar, mas esselugares no so seguros. " claro que epreferia que o meu filho brincasse na rua dque ficasse o dia todo na frente de umcomputador, mas sem segurana eu nposso fazer isso", diz Maurcio Machado, pade Lucas, de 8 anos.

    O advogado Raphael Ribeiro, de 31 anopassou toda a infncia brincando na rua acha que isto que falta para as crianas."Ecresci brincando de pega-pega, escondeesconde, imitando heris. Com um peda

    de madeira fazia uma espada e virava o HeMan".

    Saudosismo ou chaticeSaudosismo ou chaticeSaudosismo ou chaticeSaudosismo ou chaticeSaudosismo ou chatice

    Os adultos enxergam as brincadeiraantigas com muito saudosismo, enquanto acrianas dizem que elas so "chatas", com o caso de Augusto Gonalves, de seis ano"Eu gosto de jogar videogames, e joguinhona internet. Se eu pudesse brincava o diinteiro com eles", completa. Alm do colgioele aluno de uma escolhinha de futeboapenas por ordem do pai.

    Uma pesquisa do Instituto Unileveconstatou que 17% dos pais no brincam comos filhos diariamente, e 84% acreditam qu

    para estarem preparadas para a vida, acrianas devem estudar mais do que brincaDiferente do que acontecia antigamente.

    Aline Machado treina cerca de 20

    crianas nos sbados pela manh

    Foto: Vanessa Bu

    Thiago Oliveira

    editado por Lais Mari Rabelo

    Amarelinha: jogo infantil muito

    antigo e difundido por todo o BrasilFo

    to:www

    .sxc

    .hu

    (reprod

    u

    o

    li

    vre

    )

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    10/12

    extraOutubro de 200910

    TTTTTecnologia e adolescnciaecnologia e adolescnciaecnologia e adolescnciaecnologia e adolescnciaecnologia e adolescnciaAmanda Tesman

    editado por Samira Pereira

    Quantas horas seu filho passa

    em frente s telas do computadorou televiso? Um estudo mostrouque crianas que utilizam muitoestas tecnologias podem apresen-tar um aumento da presso arterial.Foram analisadas 111 pessoasentre 3 e 8 anos, que permanecerammais de 1,5 horas diria em contatocom o vdeo. O resultado foipublicado pelo peridico Archivesof Pediatrics and AdolescentMedicine.

    A pesquisa tambm examinouas diferentes fontes de exposioaos equipamentos. Dores decabea, olhos secos e miopia so

    alguns sintomas que o mau uso dastecnologias pode causar. Foipensando nestes problemas que aprofessora de artes plsticas,Morgana Tesman, 32 anos,resolveu monitorar o tempo que ofilho utiliza essas ferramentas.Pedro Henrique, de 3 anos, s podeogar durante uma hora por dia.

    A iniciativa de controlar acriana surgiu quando ele tinha 2anos. Os pais explicam que nocomeo achavam bonitinho v-lomexer no computador. Depois, como excesso, apareceu a preocupao.Hoje, para poder brincar, ele tem queobedecer algumas regras, como

    pedir permisso para jogar e noultrapassar o tempo determinado.

    A psicloga Michele Foggiatto,28 anos, cita que importante darimites, principalmente na infncia.

    "Desde pequenos eles precisamsaber que existe hora para comer,para fazer as tarefas, dormir ebrincar", afirma.

    Dimitri Porto, 15 anos, passamais de seis horas por dia jogando.Para ele, pesquisas na internet

    servem somente para trabalhosescolares. A me do jovem,Marilene Porto, 42 anos, diz quenunca tentou mudar o comporta-mento do filho, j que isso nuncaafetou nos estudos. "Ele sempretira boas notas", revela.

    Como medida de preveno, ospais de Pedro decidiram monitorarno somente os horrios, mastambm os jogos. "No h como

    negar que a violncia influencianas atitudes dos pequenos", falaMorgana.

    A professora de lngua inglesa,Daiane Possoli, 25 anos, acentuaque a rede mundial de compu-tadores, quando bem empregada,pode ajudar na aprendizagem. "Seeles utilizam para ler jornal, blog,at mesmo joguinhos ou diretrioque tem o ingls, ajuda muito",destaca. Aqueles que s acessam

    Emanuelle Querino

    Editado por Vivian Sipriano

    Ler uma habilidade importante para a vida em sociedade fundamental para quem estdescobrindo o mundo. Atravdos livros as novas geraeconhecem o que aconteceu nopassado e criam bases parentender o presente. Mas acrianas precisam de umlinguagem especial para transmisso do conhecimentoUma forma muito utilizada n

    educao infantil a poesia.Sonia Rosa escritora, commais de 25 livros publicados parleitores mirins. Ela acredita qupara incentivar o gosto pela leituro professor deve contar histriatodos os dias. "Com o livro nmo e partilhando sempre umhistria, pode-se promover leiturda maneira mais prazerospossvel", recomenda.

    A professora Marinete dSilva vai alm. Trabalha com histria ou a poesia e tambm comos autores. Os alunos viram qualgum escreveu a histria despertam para a possibilidade d

    escreverem tambm. Quando professora falou sobre Vincius dMoraes uma aluna perguntoucomo ela o havia conhecidoDizendo que foi atravs de umlivro, o trabalho comeou.

    O hbito da leitura indispensvel no somente nidade adulta, mas desde infncia. O lugar mais indicadpara despertar o gosto pela leitur na biblioteca.

    Para a pedagoga MariliAlves, em um ambiente familiano habituado a ler, a criana termuitas dificuldades, principal

    mente para desenvolver essgosto. "Parecer que tudo serimposto pela escola, pela professora. O incentivo deve comear de casa, fazendo com que eltome gosto pela leitura, livre dimposies", explica.

    Ela ainda expe que noambiente familiar, se voc fornecer livros criana, assim ela tero poder de escolha, pois normalmente os pais no cobram a leiturcomo fazem os professoresAssim, o incentivo leitura ncabe apenas escola, tambmresponsabilidade da famlia. Emqualquer fase da vida de um

    criana, a influncia dos pais definitiva na educao, seja elsocial ou cultural.

    A criana e

    a literatura

    sites de relacionamentos ou salasde bate-papo tendem a se limitar." como assistir a desenhoanimado e novela na TV. A nicacoisa que modifica o teclado e omouse no lugar do controle",comenta Daiane. o caso de LuigiSartor, 13 anos, que utiliza a internetpara acessar o Orkut e MSN. "Sfao pesquisas quando osprofessores mandam", confessa.

    Cabe aos pais a tarefa de transfor-mar o momento de lazer emaprendizagem. importante quemonitorem os tipos de jogos e sitesque os filhos acessam. "O queprecisa ser feito dar todo amor,carinho e ensinar, explicar",acrescenta Michele.

    A psicloga relata que oindivduo comea a estruturar suapersonalidade aproximadamenteaos quatro anos. Por isso, praticar

    atividades fsicas e artsticas, comodesenho, pintura, modelagem eliteratura so fundamentais para aformao de um ser humano. "Atecnologia pode influenciar emnossa conduta sim, principalmentefalando das crianas, pois eles soo que ensinado, visto e escu-tado", observa. Hoje em dia no hcomo ficar longe dessas ferramen-tas, e com as crianas e adolescen-

    tes, isso no seria diferente. Nose deve ignorar a existncia dessesmeios para eles, j que eles estopresentes em toda parte. Para tudotem que haver limites. "Se aspessoas ficam horas em frente a umvideogame ou computador, comoir se relacionar com amigospessoalmente, como ter tempo deconversar com seus pais, depraticar esportes, de estudar paraas provas", indaga Morgana.

    PPPPPais devem impor limitesais devem impor limitesais devem impor limitesais devem impor limitesais devem impor limitesLorraine A. Corra

    editado por Vivian Sipriano

    A tecnologia se renova a cadaano, e as novidades vo alm doque se poderia imaginar h vinteanos. Para as crianas, a modaagora so os jogos eletrnicos.Tambm viraram febre a internet eas redes sociais, como o Orkut.Segundo a empresa de mtricasonline Ibope Nielsen, so 24milhes de usurios ativos noBrasil.

    A psicloga Rosiane da Silvarecomenda que a famlia orientepara os limites das atividades

    eletrnicas atravs do dilogo."Os pais devem conversar com osfilhos para verificar se o contedo adequado para a faixa etria",resume.

    Essas recomendaes soseguidas por Marina NascimentoMartins, uma menina de 11 anosque adora conversar com osamigos pela Internet. Quando noest estudando ou brincando, elapassa o tempo livre no MSN."Fora do computador, minhasamigas e eu brincamos bastante",

    conta.Sua me, Eliane Teresinha

    Leal, diretora de uma escola no

    municpio de Imbituba, litoral deSanta Catarina, e j experienteem lidar com o comportamentodas crianas. Segundo ela, arotina da filha cumpre um controlede horrios. "Minha filha temconscincia de que s deveacessar a internet se no tiveratividades escolares", afirmaEliane. Periodicamente, a meacessa MSN e Orkut da menina, ese percebe algo estranho, logoquestiona.

    Numa pequena escola de

    Imbituba, professores lutam paraque a cultura do MSN no sedesenvolva nas crianas.

    O Centro Educacional Evolu-o trabalha com alunos desde oberrio at o 9 ano do EnsinoFundamental, e para cada faixaetria h um tipo de atividadediferente, que busca interagir comos meios de comunicao.

    Evitar que as crianas sejamprejudicadas pelas novas tecno-logias no tarefa fcil, por issoos pais devem ficar de olho nocontedo. Felizmente, em casa ouna escola, essas crianas apren-dem a abusar dos meios de

    comunicao para coisas boas. Oque elas tm em comum? Utilizama tecnologia a favor da educao.

    SADESADESADESADESADE

    Uso excessivo do computador causa

    aumento da presso arterial

    Foto: www.sxc.hu (reproduo livre)

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    11/12

  • 8/14/2019 EXTRA Infncia e adolescncia

    12/12