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FACULDADE CEARENSE FAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA E CONTROLADORIA AUDITORIA FISCAL DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS) EM INSTITUIÇÕES PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA: ESTUDO DE CASO Marcelo de Farias Barroso Orientação Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas Artigo apresentado ao Curso Pós Graduação Auditoria e Controladoria da Faculdade Cearense FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Auditoria e Controladoria sob orientação da Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas. Fortaleza CE 2013

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FACULDADE CEARENSE – FAC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA E CONTROLADORIA

AUDITORIA FISCAL DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS) EM

INSTITUIÇÕES PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO MUNICÍPIO DE

FORTALEZA: ESTUDO DE CASO

Marcelo de Farias Barroso

Orientação Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas

Artigo apresentado ao Curso Pós Graduação Auditoria e Controladoria da Faculdade Cearense – FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Auditoria e Controladoria sob orientação da Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas.

Fortaleza – CE

2013

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Marcelo de Farias Barroso¹ Marcia Maria Machado Freitas²

RESUMO

As incertezas que se apresentam atualmente a sociedade são grandes, com isso, tem crescido muito o mercado de Auditoria, levando em consideração os processos da empresa, ou até mesmo processos em um determinado setor da instituição. Este trabalho teve como problema a identificação da importância da auditoria fiscal do imposto sobre serviços – ISS em instituições prestadoras de serviços do município de Fortaleza, onde pode se verificar com exatidão a aplicação desta ferramenta de maneira permanente nas empresas. O objetivo geral foi identificar possíveis falhas na rotina fiscal do ISS. Já os objetivos específicos foram identificar da legislação específica para atividade principal da empresa, revisão geral das apurações do ISS, verificação da GISS ONLINE e estabelecimento de rotinas de trabalho. Ressalta-se que a equipe de auditoria alcançou com presteza todos os objetivos supracitados esperando contribuir com os profissionais de contabilidade e auditoria sobre a importância dos procedimentos de auditoria fiscal do ISS, pois a partir da aplicação da mesma, poderão ser identificadas possíveis falhas nos processos, acarretando assim novos procedimentos a serem adotados com a finalidade evitar prejuízos e proporcionar sim um crescimento considerável nos lucros das empresas.

Palavras chave: Auditoria, Auditoria Fiscal, Imposto sobre Serviços.

ABSTRACT

Uncertainties that the company presently have are great, it has really grown the market for audit, taking into consideration the company's processes, procedures or even in a particular sector of the institution. This work was the identification problem of the importance of tax audit tax services - ISS service providers in the city of Fortaleza institutions, which can accurately verify the application of this tool in business permanently. The overall goal was to identify possible flaws in the tax routine ISS. The specific objectives were to identify the specific legislation for core business, general review of the findings of the ISS, check GISS ONLINE and establishing work routines. It is emphasized that the audit team reached promptly all the above objectives expecting help with professional accounting and auditing procedures on the importance of tax audit ISS because from the application of the same, may be identified possible flaws in the processes thus leading to new procedures to be adopted in order to prevent damage and provide instead a considerable growth in corporate profits. Keywords: Audit, Tax Audit, Services Tax. ._______________________________________________________________ ¹ Pós-Graduando em Auditoria e Controladoria pela FAC – Faculdades Cearenses. Contador. Empresário contábil. Assistente de Atendimento da CAIXA. [email protected] ² Doutora em Educação pela Universidade Del Mar – Chile. Contadora. Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense. [email protected]

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SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Tributação 2.1

Tributação no Brasil; 2.2 Legislação do

Imposto sobre Serviços no município de

Fortaleza; 3 Auditoria; 4 Auditoria Fiscal

do ISS; 4.1 Formas de Auditoria utilizadas

na Murano Business Hotel e Agências de

Viagens LTDA; 4.2 Planejamento de

Auditoria ou Programa de Auditoria; 5

Conclusão; 6 Referências.

1 INTRODUÇÃO

Para qualquer empresa realizando negócios no Brasil, o complexo

cenário fiscal-tributário do país é uma dura realidade a ser enfrentada. O

extenso conjunto de leis e tributos por ela regidos, somados às constantes

alterações regulamentares, formam brechas a potenciais riscos de autuações

fiscais, além da possibilidade de perdas financeiras associadas a pagamentos

excessivos de impostos devido a falhas no cálculo dos encargos tributários.

Sob esse cenário, faz-se extremamente necessário um tratamento

criterioso e efetivo do “passivo tributário” empresarial, através de um rigoroso e

constante controle dos dados e informações fiscais da empresa.

A auditoria fiscal é essencial, tanto no campo preventivo quanto no

corretivo, pois o auditor, se pautando sempre nas atualizações legais, deve

analisar de forma crítica os procedimentos utilizados na empresa visando à

prevenção contra possíveis contingências bem como corrigir eventuais erros

cometidos no passado aplicando, conforme a necessidade, um planejamento

tributário-fiscal, utilizando-se de meios práticos e teóricos, com a finalidade de

gerar economia financeira à empresa na erradicação de possibilidade de

autuações fiscais.

Com isso, surge o questionamento: Qual a importância da auditoria

fiscal no Imposto Sobre Serviços (ISS) em instituições prestadoras de serviços

do município de Fortaleza?

4

O objetivo geral deste trabalho é analisar auditoria fiscal do Imposto

Sobre Serviços (ISS) em instituições prestadoras de serviços do município de

Fortaleza-Ce.

Já os objetivos específicos deste trabalho são: identificar legislação

específica para atividade principal da empresa; verificar as apurações do ISS;

analisar a GISS ONLINE.

A escolha do tema é consequência da crescente demanda neste

mercado, no âmbito geral, exigindo assim, profissionais capacitados para

exercer a função ou até mesmo assessorar nos procedimentos, além de

aprofundar meus conhecimentos sobre o assunto.

Este trabalho aborda a importância da auditoria fiscal, descrevendo

e analisando os principais e/ou relevantes pontos de auditoria. Concentra-se

nos aspectos conceituais e de trabalho de campo deste tipo de ferramenta de

controle e/ou fiscalização. Tem a finalidade de descrever a importância da

auditoria fiscal como ferramenta de fiscalização e principalmente como utilizá-la

como ferramenta de controle interno, ocasionando com isso, gerar economia

financeira à empresa na erradicação de possibilidade de autuações fiscais.

A metodologia a ser utilizada será, basicamente, a coleta de

dados/informações acerca da empresa MURANO BUSINESS HOTEL E

AGÊNCIA DE VIAGENS LTDA ME, que é uma Micro Empresa com atividade

de agência de viagens, operadores turísticos e serviços de reservas, inscrita no

CNPJ.: 14.529.404/0001-81 e localizada no bairro Cidade 2000, Fortaleza –

CE. A empresa em questão atua no ramo hoteleiro e agência de viagens desde

o início de suas atividades. Além disso, serão realizadas pesquisas

bibliográficas, que permitirão tomar conhecimento do material relevante.

Espera-se que este trabalho contribua com os profissionais de

contabilidade e auditoria sobre procedimento de auditoria fiscal no âmbito

municipal.

2 TRIBUTAÇÃO: HISTÓRICO E LEGISLAÇÃO DO ISS

A história da tributação vem desde os antigos povos, desde o regime

dos faraós, passando pela Grécia Antiga até a decadência do Império Romano,

e que hoje a tem como necessária para inúmeros fatores, como por exemplo, o

desenvolvimento das cidades, municípios e estados, enfim a nação sobrevive

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dos tributos cobrados atualmente para proporcionar o suprimento das

necessidades básicas, primárias, secundárias e terciárias da população num

geral.

Trata-se sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

(ISSQN) e sua legislação, este imposto é cobrado especificamente nos

municípios de todos os estados brasileiros, porem iremos focar apenas no que

se refere ao município de Fortaleza, onde o imposto é aplicado em logradouros

públicos, reformas de prédios, construção e manutenção de postos de saúdes,

creches, pagamento de folha dos funcionários municipais entre outros.

2.1 TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Com a descoberta do nosso país, Portugal entendia que o pau-brasil

era monopólio real. Os particulares podiam explorá-lo unicamente mediante

contrato com a Coroa Portuguesa, mas eram obrigados a pagar um quinto do

produto da venda. O pagamento era feito em espécie e não em moeda. Havia

ainda a cobrança de 10% sobre o valor das mercadorias importadas e também

das exportadas. O Quinto era a quinta parte cobrada dos metais e pedras

preciosas, como ouro, prata, diamante, esmeralda etc. O Dízimo era também

cobrado do pescado e das colheitas de todos os produtos da terra (MARTINS1,

2007).

Com a urbanização da economia, foi-se acentuando o sistema fiscal,

instituindo-se novos tributos, taxas e contribuições. Martins (2007, p.21) faz

uma brilhante retrospectiva sobre a tributação no Brasil baseando-se nas

Cartas Constitucionais do País, podendo-se resumir conforme segue.

A Constituição de 1824 foi a que delegou poderes ao Legislativo, para instituir impostos o suficiente para cobrir as despesas do Estado. Já na constituição de 1981, o fato relevante foi a distribuição dos tributos entre a União e os estados. Na Constituição de 1934, os municípios passaram a ter impostos próprios. Com isso houve a independência dos municípios na competência tributária, passando os tributos a serem legislados pelas três esferas: União, Estados e Municípios. A Constituição vigente, promulgada em 1988, passou por algumas emendas constitucionais, porém praticamente manteve o sistema tributário, ou seja, continuou considerando como tributos os impostos, taxas e contribuição de melhoria. As contribuições sociais passaram a

1MARTINS, Ives Gandra da Silva [et al]. O tributo: reflexão multidisciplinar sobre sua natureza. Rio de

Janeiro, 2007.

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ser delineadas de forma mais clara. A limitação do poder de tributar do Estado passou a integrar o texto constitucional.

As empresas, em âmbito nacional, estão vendo seus lucros reduzir

significativamente, decorrente principalmente da alta carga tributária brasileira,

além da concentração tributária voltada ao consumo. Com isso, os empresários

estão priorizando o controle deste grande diferencial que é o tributo.

2.2 LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS NO MUNICÍPIO DE

FORTALEZA

Atribui a Constituição Federal (CF) de 1988 a competência dos

Municípios em instituir impostos sobre serviços de qualquer natureza, não

compreendidos na competência tributária dos Estados ou do Distrito Federal.

Porém, na realidade, as coisas não são tão simples quanto aparentam,

principalmente na área tributária, onde se observam interesses opostos entre

si.

As adversidades começam na medida em que a prestação de

serviços dificilmente ocorre sem a utilização de insumos, ou seja, mercadorias.

Como existe a utilização de mercadoria, consequentemente deve-se

considerar sua circulação, ou seja, gera Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS), competência tributária dos Estados e Distrito

Federal.

Em face dos inúmeros conflitos que surgiam na tributação de

serviços que eram empregados mercadorias, e atendendo a exigência

constitucional na solução de conflitos de competência, em julho de 2003 foi

promulgada a Lei Complementar nº 116/03. Com esta lei se tornou o estatuto,

o regramento do ISSQN, definindo o fato gerador do imposto, isenções, local

em que é devida tributação, responsabilidade e alíquota máxima.

O fato gerador é a prestação de serviço, que gera o imposto, mas

têm-se as particularidades que se pode conferir na lista de serviços (anexo I)

que trata dos serviços que necessitam estar relacionados no mesmo para que

haja a referida situação como necessária para a sua ocorrência.

A Constituição Federal determina que o imposto incida sobre o

serviço de qualquer natureza, que não esteja compreendido na base de

Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS). O fato gerador do Imposto

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Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) ou a sua obrigação é definido

em lei, e suficiente para a sua ocorrência.

A legislação não poderia ter deixado mais claro quando trata do

elemento passivo da relação, o contribuinte, que diz: o Art. 9º da Lei

Complementar nº 56 de 1987: Contribuinte é o prestador de serviço. Quanto à

base de cálculo do ISS o mesmo artigo trata que: A base de cálculo do imposto

é o preço do serviço:

“Art. 9º § 3° Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviço em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável. (Redação dada pela Lei complementar nº 56, de 15.12.1987) § 1º Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto será calculado, serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.” FONTE: Lei Complementar nº 56 de 1987.

Com isso, tem-se que o imposto deverá ser recolhido conforme o

valor que foi cobrado e acordado mediante o ato ou contrato da prestação do

serviço. Desta forma, a tributação destas sociedades deve continuar na

sistemática já adotada, evidencia-se que o Decreto nº 11.591/2004 do

município de fortaleza determina no art. 62 a tributação por cota fixa mensal.

Art. 62. As sociedades de profissionais recolherão o imposto por cota fixa mensal, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviço em nome das ditas sociedades, assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável. FONTE: Decreto municipal nº 11.591 de 2004.

Quando há uma sociedade composta por profissionais cadastrados

e regularizados em um conselho de sua profissão, o mesmo seguirá a

apuração do imposto por cota mensal fixa e não por nota emitida em eventuais

prestações de serviços.

No tocante ao local de incidência do ISSQN, o Decreto 11.591/2004

é bem claro ao determinar em seu art. 2º § 4°que:

Art. 2º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador. § 4º. Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevante para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de

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representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. FONTE: Decreto municipal nº 11.591 de 2004.

Os Serviços Relativos à Hospedagem, Turismo, Viagens e

Congêneres é uma das particularidades especificadas na lista de serviços.

Como podemos ver no Art. 34 e 35 do RISSQN:

Art. 34. No serviço de hospedagem de qualquer natureza de hotéis, apart-service condominiais, flats, apart-hoteis, hotéis residência, residence-service, suíte-service, pousadas, pensões e congêneres, integram a base de calculo do imposto o valor da alimentação e dos demais serviços fornecidos ao hospede, quando incluídos no preço da diária, bem como os valores cobrados a parte, a titulo de imposto. Art. 35. Na base de calculo do imposto devido pelas agencias de turismo e pelas intermediarias nas vendas de passagem incluem-se, também, as passagens e hospedagens concedidas gratuitamente, quando negociadas com terceiros.

FONTE: Decreto municipal nº 11.591 de 2004.

O fato é que qualquer que seja o componente acrescido no serviço

prestado gerando cobrança financeira este valor entrará como parte integrada

a base de calculo onde incidirá o ISS.

O lançamento vai sempre obedecer à lei vigente ainda que esta

mesma lei seja alterada a posteriori. Considerando assim a data em que

ocorreu este fato gerador.

Quanto à declaração o Art. 70 diz:

Os contribuintes do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, pessoas jurídicas ou pessoas a elas equiparadas, por si ou por intermédio de seus representantes, são obrigados a apresentar à Secretaria de Finanças declaração dos serviços prestados e tomados nos prazos, formas e condições estabelecidos neste Regulamento, ainda que não tenham realizado movimento econômico. Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo é extensiva aos contribuintes substitutos e aos responsáveis pela retenção na fonte e recolhimento do imposto devido por terceiros que lhes prestem serviços ou ainda, àqueles que tomem serviços, na forma, prazos e condições estabelecidas neste Regulamento e nos atos do Secretário de Finanças. FONTE: Decreto municipal nº 11.591 de 2004.

Independe do período ativo da personalidade exigido a declaração

de ISS deve-se prestar as informações de seu movimento ou informar sua não

atividade junto ao fisco enviando assim os serviços prestados e tomados, tendo

retido ou não o valor do imposto deve-se informar pela declaração as devidas

informações exigidas por lei.

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Quanto ao pagamento, este por sua vez independe da entrega ou

não da declaração exigida, tendo assim um prazo estabelecido para ser pago

diante da rede arrecadadora que mantém convenio com a Secretaria de

Finanças. Os prazos de pagamento são diariamente, mensalmente até o dia 10

do mês subsequente quando ocorrer fato gerador ou retenção na fonte e até o

último dia último do mês de abril quando para profissionais autônomos. O

recolhimento do imposto é feito pelo documento de arrecadação municipal

(DAM) que deve conter os seguintes elementos: nome; endereço; nº de

inscrição; código e descrição de atividade principal. Já quanto ao débito

verifica-se o que tem disposto no art. 72 da legislação vigente.

Os débitos relativos ao imposto de que trata este Regulamento, bem como as multas, juros e atualizações sobre ele incidentes, poderão ser pagos em parcelas mensais, conforme disposto na legislação sobre a matéria. FONTE: Decreto municipal nº 11.591 de 2004.

A legislação do ISS do município de Fortaleza é de fundamental

importância para nos servir como base desde a definição para aplicação de

alíquota, cumprimento de obrigações acessórias até o recolhimento das guias.

3 AUDITORIA: HISTÓRICO, NORMAS, TIPOS DE AUDITORIA E

AUDITORES, FRAUDES E CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

A sociedade contemporânea tem a auditoria como novidade apesar

de existir e ser utilizada há muito tempo com as mais variadas finalidades.

Como o tema é pouco utilizado em trabalhos acadêmicos, vi a oportunidade de

aprofundar um pouco mais na história sobre tema a fim de poder desenvolver

este trabalho iniciando com fatos e citações históricas sobre o tema:

Segundo Ribeiro2:

”Auditoria surgiu como profissão na Itália, século XV ou XVI, momento esse que, um especialista deixou de praticar Contabilidade para assessorar outros profissionais e mercadores, transformando-se em consultor público liberal.”

A auditoria de empresas começou com legislação britânica

promulgada durante a Revolução Industrial, em meados do século XIX.

(RIBEIRO, 2012)

2RIBEIRO, Osni Moura.Auditoria Fácil. São Paulo. Editora Saraiva,2012

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Avanços na tecnologia industrial e de transporte provocaram novas

economias de escala e o surgimento empresas maiores, com isso, as

auditorias tinham que ser realizadas por um ou mais acionistas, que não eram

administradores das empresas e que recebiam delegação dos demais

acionistas (RIBEIRO, 2012)

A profissão contábil rapidamente se apresentou para atender às

necessidades do mercado e logo a legislação foi alterada, permitindo que

pessoas outras que não os acionistas realizassem as auditorias; empresas de

auditoria então surgiram. Algumas dessas firmas britânicas pioneiras – Deloite

& Co. e Price Water house & Co – podem ser identificadas como empresas que

ainda hoje operam em vários países do mundo.(RIBEIRO, 2012)

O primeiro parecer de auditoria brasileira foi publicado em 1903,

relativo a exame nos livros da São Paulo Tramway, Light and Power Company,

com matriz em Toronto – Canadá (RIBEIRO, 2012)

No Brasil, somente em 1976, com o surgimento da Lei das

Sociedades por Ações (Lei nº 6.404) e com a lei que criou a CVM (Lei nº

6.385), é que se deu um passo firme para a consolidação da auditoria no

Brasil. A primeira, porque estabeleceu como obrigatoriedade para as

empresas, de capital aberto, terem suas demonstrações contábeis auditadas

por auditores independentes. A segunda, porque estabeleceu a fiscalização

para as atividades dos auditores independentes.

As normas de auditoria mais amplamente reconhecidas são

conhecidas como as 10 normas de auditoria geralmente aceitas (NAGA).

Foram originalmente aprovadas pelos membros do AICPA (American Institute

of Certified Public Accountants) no final dos anos 40 e desde então foram

incorporadas a Declarações de Normas de Auditoria (State mentson Auditing

Standards). (BOYNTON3, 2002)

Boynton (2002) elenca também as dez NAGA, que são

apresentadas logo abaixo, agrupadas pelas três categorias: normas gerais;

normas de trabalho de campo e normas de parecer.

As normas gerais relatam que o exame deve ser feito por pessoa ou

pessoas que possuam competência e treinamento técnico adequado como

3 BOYNTON, Willian C. [et al]. Auditoria. São Paulo, 2002.

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auditor, sendo que este deve manter uma atitude de independência em todas

as questões relacionadas ao trabalho.

A auditoria deve ser realizada por pessoa ou pessoas que tenham adequados treinamentos técnicos e capacitação como auditor.

Em todas as questões relacionadas com a auditoria, o auditor ou auditores devem manter uma atitude mental de independência.

Cuidado profissional devido deve ser exercido na realização da auditoria e na preparação do respectivo parecer (BOYNTON, 2002)

Já as normas de trabalho de campo dizem que o trabalho deve ser

cuidadosamente planejado e na existência de assistentes, os mesmos devem

ser devidamente acompanhados. Além disso, deve ser feita uma análise e

avaliação dos controles internos da auditada, a fim de que se possa confiar nos

mesmos e para determinação da extensão dos testes, aos quais se restringirão

os procedimentos auditoria.

O trabalho deve ser planejado adequadamente; assistentes, se houver, devem ser supervisionados apropriadamente.

Entendimento suficiente da estrutura de controles internos deve ser obtido para planejar a auditoria e para determinar a natureza, época de realização e extensão dos testes a serem realizados.

Evidências suficientes e apropriadas devem ser obtidas, por meio de inspeções, observação, pedidos de informação e confirmações para formação de base razoável para emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis que estão sendo auditadas. (BOYNTON, 2002)

As normas de parecer devem descrever que o mesmo deverá

declarar se as demonstrações financeiras são apresentadas em conformidade

com os princípios contábeis geralmente aceitos. Deve conter, principalmente,

um parecer relativo às demonstrações financeiras tomadas em conjunto e

conter explicações bem claras da natureza do exame do auditor e do grau de

responsabilidade que ele está assumindo.

O relatório deve mencionar se as demonstrações contábeis encontram-se apresentadas de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos.

O relatório deve identificar as circunstâncias nas quais a aplicação de tais princípios no período corrente não foi consistente com a aplicação no período anterior.

Divulgações adicionais às demonstrações contábeis devem ser consideradas razoavelmente adequadas, a menos que o contrário seja registrado no relatório.

O relatório deve conter parecer sobre as demonstrações contábeis, consideradas no todo, ou declaração de que um parecer não pode ser expresso. Quando um parecer global não puder ser emitido, as razões para isso devem ser mencionadas. Em todos os casos em que o nome de um auditor esteja associado a demonstrações contábeis, o relatório deve conter indicação clara do

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caráter do trabalho do auditor, se houver a associação, e o grau de responsabilidade que o auditor está assumindo. (BOYNTON, 2002)

As Normas de Auditoria Geralmente Aceitas estão distribuídas em

normas relativas à pessoa do auditor, evidenciando principalmente a questão

técnica, independência e zelo profissional do mesmo, além da execução dos

trabalhos, que se referem ao planejamento, avaliação de controles internos e

elementos comprobatórios e por fim, o parecer de auditoria, que por sua vez

deve também está em conformidade com as normas de auditoria e princípios

contábeis.

Como a auditoria é utilizada pelos mais variados usuários, diversos

autores separam a auditoria em diferentes tipos. Boynton (2002), classifica a

auditoria em: Auditoria das demonstrações contábeis, auditoria de compliance

e auditoria operacional.

3.1 AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Auditoria das demonstrações contábeis envolve obtenção e

avaliação de evidências a respeito das demonstrações contábeis de uma

entidade, para emissão de parecer se sua apresentação está adequada, de

acordo com princípios geralmente aceitos (PCGA). (BOYNTON, 2002)

Os resultados são divulgados aos stakeholders (acionistas,

credores, agências reguladoras e públicas em geral) por meio do parecer dos

auditores independentes, os quais também preparam um relatório para o

conselho de administração da entidade auditada, abordando aspectos

relacionados com controles internos e com descobertas da auditoria.

3.2 AUDITORIA DE COMPLIANCE

Auditoria de compliance envolve obtenção e avaliação de evidências

para determinar se certas atividades financeiras ou operacionais de uma

entidade obedecem a condições, regras ou regulamentos a elas aplicáveis.

(BOYNTON, 2002)

Nesse tipo de auditoria, os critérios estabelecidos podem originar-se

de várias fontes. A administração pode prescrever políticas (ou regras) a

respeito de condições de trabalho.

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Auditorias de compliance também podem basear-se em critérios

estabelecidos por credores. (BOYNTON, 2002)

A escritura de lançamento de determinada série de debêntures pode

exigir que o índice de liquidez seja mantido em determinado nível, por exemplo.

A aplicação mais ampla de auditoria de compliance talvez seja a que

se relaciona com critérios estabelecidos por leis ou regulamentos: corporações

devem obedecer a várias leis trabalhistas, fornecedores de equipamentos e

serviços devem obedecer às condições e termos estabelecidos nos respectivos

contratos, por exemplo.

3.3 AUDITORIA OPERACIONAL

Uma auditoria operacional envolve obtenção e avaliação de

evidências a respeito da eficiência e eficácia das atividades operacionais de

uma entidade, em comparação com objetivos estabelecidos (BOYNTON,

2002).

Esse tipo de auditoria algumas vezes é denominado auditoria de

desempenho ou auditoria gerencial. Em uma empresa com finalidades

lucrativas a extensão da auditoria pode abranger todas as atividades de:

um departamento, filial ou divisão;

uma função comum a várias unidades de negócios (marketing, por

exemplo).

QUADRO 01 Resumo comparativo dos tipos de auditoria.

Tipo de auditoria

Demonstrações Contábeis

Compliance Operacional

Natureza das afirmações

Dados das demonstrações

contábeis

Direitos ou dados relacionados com

obediência a políticas, leis, regulamentos etc.

Dados operacionais ou de desempenho

Critérios estabelecidos

Princípios contábeis geralmente aceitos

Políticas da administração, leis,

regulamentos ou outras exigências estabelecidas

por terceiros

Objetivos estabelecidos pela administração ou pela

legislação aplicável

Natureza do parecer do

auditor

Opinião a respeito da adequação das demonstrações

contábeis

Resumo dos resultados ou segurança a respeito do grau de obediência

Eficiência e eficácia observadas;

recomendações para aperfeiçoamento

FONTE: Adaptado MAGALHÃES (2001).

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O Quadro 1 apresenta um resumo comparativo dos diferentes tipos

de auditoria, entende-se que o tipo de auditoria a ser aplicado pelo auditor vai

variar de acordo com as necessidades do auditado, até mesmo porque o tipo

de auditoria poderá definir também o tipo de auditor que deverá executar o

trabalho.

O tipo de auditoria determina o tipo de auditor que executará o

trabalho, ou seja, se o auditado precisar de uma auditoria com um maior grau

de confiabilidade, conhecimento técnico-específico a fim de se tornar um

diferencial perante os stakeholders, a auditoria indicada seria neste caso seria

a independente.

Porém, se a auditoria for de caráter permanente, visando todo um

controle de processos no dia a dia da instituição, a auditoria indicada seria a

interna. Temos também o auditor público, talvez o mais conhecido entre os

demais, pois o mesmo tem a finalidade específica de fiscalizar os contribuintes

(pessoas físicas e jurídicas).

3.4 AUDITOR INDEPENDENTE OU EXTERNO

Os investidores contemporâneos visando uma maior segurança

contra possíveis adulterações nas demonstrações contábeis da empresa

passaram a exigir que estas demonstrações fossem examinadas por um

profissional independente da empresa e de grande conhecimento técnico. Esse

profissional é o auditor externo ou auditor independente.

Por não existir vínculo com a auditada, principalmente à

administração da mesma, as opiniões do auditor independente ganham mais

credibilidade junto aos stakeholders.

Segundo Crepaldi4:

“O auditor externo, pela relevância de seu trabalho perante ao público, dada a credibilidade que oferece no mercado, constitui-se uma figura ímpar que presta inestimáveis serviços aos acionistas, banqueiros, órgãos governamentais e público em geral”.

Tem-se exemplo de algumas entidades que estão obrigatoriamente

sujeitas a auditoria independente:

Bancos Comerciais e de Investimento;

Bolsas de Valores;

4 CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teoria e prática. 7ª Ed. São Paulo: Atlas 2011.

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Companhias Abertas e as que emitirem títulos negociáveis no Mercado

de Capitais, incluídas suas demonstrações contábeis consolidadas;

Entidades Previdência Privada (Abertas e Fechadas);

Ressalta-se que o auditor independente, além de estar devidamente

registrado como contador no Conselho Regional de Contabilidade, precisa

estar registrado no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) e no

órgão em que a organização que o contratar estiver subordinada (CVM,

BACEN, SUSEP). Para obter o registro nesses órgãos, o contador necessita

ser aprovado em exame de qualificação técnica.

3.5 AUDITOR INTERNO

Com a necessidade de exames periódicos e mais profundos não só

das demonstrações financeiras, mas também de outras áreas não relacionadas

à contabilidade levou-se com isso, para dentro das empresas, a conhecida e

fundamental auditoria interna.

Segundo Attie5 a auditoria interna é:

“Uma atividade de avaliação independente existente dentro de uma organização, destinada à revisão das operações e os segmentos organizacionais que tenham impactos e gerem informação de âmbito contábil, financeiro, fiscal, etc.”

Portanto, a auditoria interna compreende:

Os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados pra avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos (ATTIE, 2009, p. 34)

Tradicionalmente, a auditoria interna é aquela mantida por

organizações privadas com o fim de auxiliar a administração no pleno

funcionamento dos seus controles internos, conforme demonstrado na Figura

1.

Figura 1 – Fluxograma – Auditoria Interna

5 ATTIE, William. Auditoria interna. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

16

FONTE: Mello (2011, p.80)

A Figura 1, explica os procedimentos de uma auditoria interna, pois

inicia com a elaboração do programa de auditoria, onde são definidas as áreas

de abrangência e onde, baseado em amostragens, são definidos os testes.

Consequentemente é formada a equipe e definido todo calendário de aplicação

dos testes. No trabalho de campo, são verificadas possíveis inconformidades,

que dependendo do resultado ocasionarão ou não sugestões a fim de dirimir

possíveis falhas nos processos.

3.6 DIFERENÇAS ENTRE AUDITORIA INDEPENDENTE E AUDITORIA

INTERNA

Mesmo com interesses em comum no trabalho do auditor

independente e interno, existem diferenças fundamentais, sendo as principais

de acordo com Crepaldi6:

Extensão dos trabalhos – o escopo dos trabalhos feitos pelo auditor interno normalmente é determinado pela gerência, enquanto a extensão do exame do auditor externo é determinada pelas normas usuais reconhecidas no país ou requerida por legislação especifica;

Direção – o auditor interno dirige seus trabalhos para assegurar que o sistema contábil e de controle interno funcionem eficientemente, a fim de que os dados contábeis fornecidos à gerência apresentem os fatos com exatidão.

Responsabilidade – a responsabilidade do auditor interno é para com a gerência, ao passo que a responsabilidade do auditor externo geralmente é mais ampla.

Métodos – não obstante as diferenças apontadas, os trabalhos de ambos são efetuados em geral por métodos idênticos.

Ao comparar os dois tipos de auditoria, podem-se identificar as

seguintes características marcantes:

6 CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teoria e prática. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2011.

17

Auditor externo é independente, contratado para determinada tarefa de auditoria, enquanto o auditor interno é empregado da empresa, sem independência; As tarefas do auditor externo são delimitadas no contrato, enquanto as tarefas do auditor interno são tão abrangentes quanto forem as operações da empresa; A auditoria externa é eventual, enquanto a auditoria interna é periódica;Processo utilizado em abas é o analítico e as técnicas assemelham-se;As bases em que se assentam os exames são as mesmas: a escrituração, os documentos e os controles. Os resultados se assemelham. (CREPALDI, 2011, p.39-40).

O Quadro 2 demonstra um comparativo entre a auditoria externa e interna:

QUADRO 2: Características que distinguem as auditorias.

ELEMENTOS AUDITORIA EXTERNA AUDITORIA INTERNA

Sujeito Profissional independente Auditor interno

(funcionários da empresa)

Ação e Objetivo Exame das demonstrações

financeiras Exame dos controles operacionais

Finalidade Opinar sobre as demonstrações

financeiras Promover melhorias nos controles

operacionais

Relatório Principal Parecer Recomendações de controle

interno e eficiências administrativas

Grau de Independência Mais amplo Menos amplo

Interessados no trabalho A empresa e o público em geral A empresa

Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista

Número de áreas cobertas pelo exame durante um período

Maior Menor

Intensidade dos trabalhos em cada área

Menor Maior

Continuidade do trabalho Periódico Contínuo

FONTE: Crepaldi (2011, p.40-41)

O quadro demonstra o comparativo entre as auditorias interna e

externa. Fica claramente evidenciada uma maior eficiência e eficácia da

auditoria externa, pois na comparação dos elementos supracitados os mesmos

demonstram maior solidez e confiabilidade nas informações.

18

Portanto, verificou-se que independente do tipo de auditor

contratado pelos empresários, está cada vez mais importante e diferencial no

mercado, a aplicação de auditoria nas instituições.

3.7 AUDITOR FISCAL

É o auditor do setor público, funcionário público integrante do quadro

de funcionários municipal, estadual ou federal nomeado estatutariamente, com

finalidade específica de fiscalizar os contribuintes (pessoas físicas e jurídicas).

Para garantir ao governo da respectiva esfera (municipal, estadual

ou federal) a arrecadação de seus tributos. Sua principal função é examinar a

escrita contábil e fiscal do contribuinte ou das declarações de rendimentos

elaboradas por pessoas físicas para verificar a exatidão das informações que o

próprio contribuinte oferece ao governo.

Historicamente o contribuinte tenta amenizar a sua carga tributária,

ou seja, o que deve entregar ao Erário. De um lado, fica o fisco, com a intenção

de sempre elevar a arrecadação. Do outro lado, o contribuinte, sempre

procurando uma forma que vise à exclusão ou a diminuição dos tributos.

Já para a auditoria, a primeira definição de fraude provém da

Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) n.º 820/1997, que

aprova as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis

(NBC T 11) e diferencia a fraude do erro:

11.1.4 – Fraude e Erro 11.1.4.1 – O termo “fraude” aplica-se a atos voluntários de omissão e manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; 11.1.4.2 – O termo “erro” aplica-se a atos involuntários de omissão, desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1998).

O conceito de sonegação é dado com precisão por Monteiro7:

“Sonegação é toda ação ou omissão dolosa, tendente a impedir ou retardar,

total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da

ocorrência do fato gerador da obrigação principal, sua natureza ou

circunstâncias materiais ou das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis

de afetar a obrigação tributária ou crédito tributário correspondente”.

7 MONTEIRO, Samuel. Auditoria Fiscal. SP – Hemus Editora Ltda, 1979.

19

Na lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que define os crimes

contra a ordem econômica e tributária, diz que suprimir ou reduzir tributo ou

qualquer acessório é crime mediante certas circunstancias tais como omitir ou

prestar declaração falsa ao fisco; fraudar a fiscalização tributária inserindo

elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em

documento ou livro exigido pela lei fiscal; alterar ou falsificar nota fiscal ou

qualquer outro documento relativo à operação tributável; negar ou deixar de

fornecer, quando obrigatória, nota fiscal ou documento equivalente, relativa à

prestação de serviço efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com

a legislação; fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou

fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de

pagamento de tributos; deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo

descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que

deveria recolher aos cofres públicos. A pena aplicada a estas irregularidades

varia de seis meses a cinco anos de reclusão e multa.

3.8 RESPONSABILIDADE DO CONTADOR

Quando um contribuinte é flagrado por estar sonegando, é comum

que este deposite sempre o fato do erro ter ocorrido por imperícia do contador.

O contador que somente trabalha na sistematização e contabilização

dos atos e fatos contábeis, exercendo somente as funções de acordo com a

ética profissional, não poderá vir a se responsabilizar penalmente.

Porém, Andrade Filho8 alerta. “Quando, entretanto, o contador utiliza

seu conhecimento profissional para ajudar a iludir a fiscalização, tornando mais

difícil a descoberta da fraude, pode tornar-se agente do rime de “favorecimento

real” previsto no Código Penal, ou tornar-se agente do crime contra a ordem

tributária se, porventura, se beneficiou da fraude.”

3.9 RESPONSABILIDADE DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO

A Lei 8137/90, no seu artigo 3°, pune o funcionário público que

estiver praticando irregularidades contra a ordem tributária com a pena de três

a oito anos de reclusão e multa quando extraviar o livro oficial, processo fiscal

8 ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Crimes contra a ordem tributária e contra previdência social. 2ª Ed.

São Paulo: Atlas, 1997.

20

ou qualquer documento que estiver sobre a responsabilidade da sua guarda,

que acarrete no pagamento inexato do tributo e receber vantagens de alguém

para deixar de efetuar lançamento de tributo; e com pena de 1 (um) a 4

(quatro) anos de reclusão e multa, quando defender interesse privado valendo-

se do posto que exerce como funcionário publico.

3.10 SONEGAÇÃO OU FRAUDE EM NOTAS FISCAIS

Para a verificação das ocorrências são adotadas análises e

avaliações específicas e detalhadas na documentação fiscal, onde possa ser

evidenciada a idoneidade ou não das informações contidas nas notas fiscais.

A constatação se dá na confrontação das vias apresentadas ao

auditor na fiscalização com as primeiras vias de posse dos usuários dos

serviços. Além da verificação visual das notas, o auditor conta com o apoio das

coletas de notas fiscais em empresas fiscalizadas anteriormente. Uma das

principais fraudes encontradas em Notas Fiscais é a nota fiscal aparente, pois

a mesma possui todas as características de documento lícito, ou seja, número,

série, identificação da empresa, porém, não é nota fiscal autorizada pela

prefeitura, não possuem AIDF (Autorização para impressão de documento

fiscal). É entregue ao cliente como se fosse nota fiscal verdadeira, e o cliente,

por sua vez, a contabiliza como despesa em sua empresa.

Outra fraude bastante encontrada em diligências é o calçamento de

nota fiscal, que visa principalmente à sonegação de tributos. É a nota fiscal que

possui número, série, identificação da empresa, e AIDF, porém, o auditor

percebe que na via apresentada existem números apagados ou distantes um

dos outros na emissão do valor, e confrontando com a primeira via que foi

entregue ao usuário do serviço, esses valores divergem.

Em se tratando de nota fiscal paralela, estamos diante de uma

sonegação clássica, pois a fraude acontece no ato da emissão de notas fiscais.

A Nota Fiscal Paralela é a nota fiscal falsa que apresenta,

aparentemente, todos os requisitos legais, inclusive com a AIDF, mas, a sua

numeração é impressa em duplicidade, ou seja, é a emissão de duas notas

fiscais com o mesmo numero para dois usuários diferentes serviços prestados.

21

A sonegação neste caso ocorre em todas as esferas fiscais, pois o

fiscalizado apresenta as NF´S com AIDF para o fisco, geralmente sem

nenhuma emissão.

Já a não emissão de nota fiscal, constitui-se como fraude porque o

contribuinte com intuito de omitir receita, ao invés de emitir nota fiscal referente

ao serviço prestado, o mesmo emite apenas um recibo ou em alguns casos,

gera apenas uma duplicata. Com isso o levantamento fiscal por parte do

auditor fica mais demorado e complexo, pois o mesmo precisará se cercar de

documentos alternativos que comprovem esse tipo de fraude.

4 AUDITORIA FISCAL DO ISS: PROCEDIMENTOS ADOTADOS E ESTUDO

DE CASO

Apresenta-se neste capítulo, um trabalho de Auditoria, estudo de

caso, realizado em um Micro Empresa com atividade de agência de viagens,

operadores turísticos e serviços de reservas, a empresa contratada atua por

solicitação dos sócios a fim de verificar possíveis falhas na apuração tributária

do ISS.

A empresa auditada, para fins acadêmicos, foi a “MURANO

BUSINESS HOTEL E AGÊNCIA DE VIAGENS LTDA ME, inscrita no

CNPJ.:14.529.404/0001-81 e localizada na rua Gilberto Sturdart, 2300,

Fortaleza-CE.

A mesma atua no ramo hoteleiro e agência de viagens desde sua

fundação, em 26/10/2011 e os sócios que já vinham há algum tempo

procurando profissionais para verificar a carga tributária da empresa, viram

neste trabalho acadêmico a oportunidade de uma possível redução deste

custo.

4.1 FORMAS DE AUDITORIA UTILIZADAS NA MURANO BUSINESS HOTEL

E AGÊNCIA DE VIAGENS LTDA

Quanto à extensão

22

A auditoria deu-se de forma parcial, pois teve por finalidade

examinar apenas o setor fiscal da entidade a fim de apurar possíveis erros e

fraudes na apuração do ISS.

Quanto à profundidade dos exames

Já quanto à profundidade dos exames, a contratada aplicou a

revisão analítica, pois examinou minuciosamente a apuração ISS de todo o

exercício de 2012.

Quanto à natureza do trabalho

Quanto à natureza do trabalho, a auditoria foi contratada com caráter

eventual, visando apenas à apuração do imposto sobre serviço do exercício de

2012.

Quanto à finalidade

A auditoria foi realizada para atender a solicitação dos sócios a fim

de:

Verificar a exatidão dos documentos fiscais;

Confirmar ou negar a apuração tributária e o cumprimento das

obrigações acessórias;

Detectar desvios, erros e fraudes no setor fiscal da auditada;

4.2 PLANEJAMENTO DA AUDITORIA OU PROGRAMA DE AUDITORIA

O Planejamento da Auditoria é a etapa onde o auditor estabelece a

estratégia geral dos trabalhos a serem executados na empresa auditada, é

elaborado a partir da contratação dos serviços, onde se estabelece a natureza,

a oportunidade e a extensão dos exames, de modo a desempenhar uma

auditoria eficaz.

O planejamento foi realizado conforme as normas contábeis NBC

TA 200 Objetivos Gerais do Auditor Independente, NBC TA 530 Amostragem

em Auditoria. Utilizou-se também do programa de auditoria para coordenação

de procedimentos de auditoria. O programa de auditoria é uma definição

ordenada de objetivos, determinação de escopo e roteiro de procedimentos

detalhados, destinado a orientar a equipe de auditoria, configura-se na

essência operacional do trabalho de auditagem relativamente a uma área

23

específica da empresa e deve estabelecer os procedimentos para identificação,

analise avaliação e registro da informação durante a execução do trabalho.

O auditor buscou com a programação de auditoria desenvolver uma

linha de raciocínio a fim de obter com as informações coletadas, primeiramente

conhecimento dos procedimentos da empresa, sejam eles internos e externos,

e de acordo com o andamento dos trabalhos, medidas que possam ser

adotadas com a finalidade de reduzir erros nos procedimentos e

consequentemente alavancar lucros. Dentro deste caminho a programação de

auditoria foi realizada conforme demonstrada no quadro 3.

QUADRO 3: Programa de Auditoria:

NOME DOS AUDITORES: Marcelo de Farias Barroso e Helane Castro Ferreira

ÁREA AUDITADA: Financeiro / Fiscal

SETOR: Fiscal

PERÍODO DA AUDITORIA: 01/01/2012 à 31/12/2012

OBJETIVOS PROCEDIMENTOS CONTROLES INTERNOS

(DOCUMENTOS A SEREM AUDITADOS)

PERÍODO DA AUDITORIA

HORAS TRABALHADAS

Verificar e conferir a

emissão de NFS-e

Acesso ao portal de contribuintes da

GISS ON-LINE

Janeiro à

Dezembro 2012

8 Horas

Verificar e conferir as

retenções em NFS-e

TOMADOS

Acesso ao portal de contribuintes da

GISS ON-LINE

Janeiro à

Dezembro 2012

4 Horas

Verificar e conferir

apuração tributária

Acesso ao portal do SIMPLES NACIONAL

Planilha de controle interno da apuração

tributária. *Solicitar ao Contabilista

Janeiro à

Dezembro 2012

16 Horas

Verificar e conferir

obrigações acessórias

Códigos de acesso da GISS ON-LINE

e portal do SIMPLES

Declarações e recibos de entrega

Janeiro à

Dezembro 2012

6 Horas

Fonte: Dados da empresa

A equipe de auditoria, após visita prévia na empresa auditada,

definiu que o programa de auditoria (quadro 3) deveria abranger apenas o setor

financeiro/fiscal da entidade.

Os trabalhos iniciaram com a verificação da emissão das notas

fiscais de serviços que são feitas de forma eletrônica no portal de contribuintes

da GISS ON-LINE. Para esta verificação foi designado o profissional do setor

fiscal para acompanhar a assistente de auditoria em suas atribuições. Chegou-

24

se a conclusão que as Notas Fiscais de Serviços Eletrônicas (NFS-e) foram

emitidas corretamente, atendendo todos os preceitos da legislação vigente.

Após conclusão do procedimento inicial de emissão de NFS-e,

iniciou-se a segunda verificação prevista no programa, que foi analisar e

conferir as retenções constantes em NFS-e de serviços tomados, para tal feito,

a assistente de auditoria foi acompanhada também por um profissional do setor

fiscal, pois como na ação anterior, essas retenções são verificadas no portal da

GISS ON-LINE.

Após verificação das NFS-ES de serviços tomados, constatou-se

que houveram várias retenções durante o período auditado. Após constatação,

a assistente solicitou as guias referentes às retenções nas notas fiscais.

Mediante apresentação das guias de retenção, concluímos com exatidão que

todas as retenções foram precisamente efetuadas e devidamente recolhidas.

Dando continuidade aos trabalhos, a equipe de auditoria se deslocou

a empresa de contabilidade que presta assessoria externa à auditada. Fomos

atendidos pelo contador responsável, onde o mesmo se disponibilizou para

dirimir qualquer dúvida referente à Murano Business Hotel. Inicialmente,

solicitamos ao contador que o mesmo acessasse o portal do Simples Nacional

a fim de verificarmos a apuração tributária da empresa auditada. Após

verificação da apuração do ISS, foram solicitadas todas as guias, que com

presteza nos foram apresentadas e de pronto conferidas.

A empresa Murano Business Hotel no exercício de 2012 atendeu os

requisitos previstos em lei no tocante a legislação do ISS.

5 CONCLUSÃO

Após trabalho realizado no Murano Business Hotel, conclui-se que a

auditoria fiscal do ISS é de fundamental importância para a “saúde” fiscal-

financeira da auditada, pois o acompanhamento desde o fato gerador do tributo

até o seu recolhimento evitará possíveis prejuízos nas finanças da empresa.

No tocante ao objetivo geral do artigo, que foi identificar possíveis

falhas na rotina fiscal do ISS, o mesmo foi concluído sem nenhuma ressalva,

porém foi sugerida uma maior presteza nas apurações, evitando pagamentos

no vencimento do tributo.

25

Já os objetivos específicos, foram gradativamente alcançados.

Primeiro no que se refere à identificação da legislação específica para atividade

principal da empresa, o mesmo foi definido antes do inicio das atividades na

auditada, já a revisão geral das apurações do ISS e verificação da

GISSONLINE, foram devidamente aprovadas pelo auditor chefe, que aprovou o

trabalho feito pela contabilidade.

Ressalta-se que a equipe de auditoria alcançou com presteza todos

os objetivos supracitados esperando contribuir com os profissionais de

contabilidade e auditoria sobre a importância dos procedimentos de auditoria

fiscal do ISS, pois a partir da aplicação da mesma, poderão ser identificadas

possíveis falhas nos processos, acarretando assim novos procedimentos a

serem adotados com a finalidade de evitar prejuízos e proporcionando assim

um crescimento considerável nos lucros das empresas.

6 REFERÊNCIAS

ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Crimes contra a ordem tributária e contra a

previdência social. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.

ATTIE, William. Auditoria interna. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. 281 p.

BOYNTON, William C. [et al]. Auditoria. São Paulo, 2002.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teoria e prática. 7ª ed. São

Paulo: Atlas, 2011.

FERREIRA, B. A história da tributação no Brasil (causas e efeitos). Brasília,

1984.

MAGALHÃES, Antônio de Deus F. [et al]. Auditoria das Organizações. São

Paulo, 2001.

MARTINS, Ives Gandra da Silva [et al]. O tributo: reflexão multidisciplinar sobre

sua natureza. Rio de Janeiro, 2007.

MONTEIRO, Samuel. Auditoria Fiscal. SP – Hemus Editora Limitada, 1979.

RIBEIRO, Osni Moura. Auditoria Fácil. São Paulo. Ed. Saraiva, 2012.

26

FACULDADE CEARENSE – FAC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA E CONTROLADORIA

AUDITORIA FISCAL DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS)EM

INSTITUIÇÕES PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO MUNICÍPIO DE

FORTALEZA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós Graduação em Auditoria e Controladoria da Faculdade Cearense – FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Auditoria e Controladoria, sob orientação da Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas.

________________________________________

Profª. Dra. Marcia Maria Machado Freitas

Orientadora

________________________________________

Profª. Ms. Luiza Lulia Feitosa Simões

Membro I

________________________________________

Prof. Esp. José Maria Alexandre Silva

Membro II

Fortaleza – Ce

2013