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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
GIANCARLO ALVES DO NASCIMENTO
PRESCRIÇÃO DOS DANOS MORAIS TRABALHISTAS
JOÃO PESSOA
2011
GIANCARLO ALVES DO NASCIMENTO
PRESCRIÇÃO DOS DANOS MORAIS TRABALHISTAS
Artigo Científico apresentado como requisito para
conclusão de curso referente à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso
de Direito da Faculdade de Ensino Superior da
Paraíba.
Orientador: Profº Esp. Adriano Mesquita Dantas
JOÃO PESSOA
2011
N244p Nascimento, Giancarlo Alves do Nascimento
Prescrição dos danos morais trabalhistas / Giancarlo Alves do
Nascimento. – João Pessoa, 2011.
21f.
Orientador: Prof. Esp. Adriano Mesquita Dantas
Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior
da Paraíba – FESP.
1. Direitos fundamentais 2. Relações de trabalho 3. Eficácia I.
Título.
BC/FESP CDU: 347.426:331 (043)
GIANCARLO ALVES DO NASCIMENTO
PRESCRIÇÃO DOS DANOS MORAIS TRABALHISTAS
Artigo Científico apresentado como requisito
para conclusão de curso referente à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do
curso de Direito da Faculdade de Ensino
Superior da Paraíba.
Aprovada em: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________
Profº. Esp Adriano Mesquita Dantas – FESP
Orientador
________________________________________
Profº. – FESP
________________________________________
Profº. – FESP
3
PRESCRIÇÃO DOS DANOS MORAIS TRABALHISTAS
GIANCARLO ALVES DO NASCIMENTO *
RESUMO
O texto discorrerá sobre o instituto da prescrição, diferenciando da decadência e abordando os
seus efeitos na relação processual. Antes da vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004, o
prazo era o da lei civil, surgindo divergência quanto à aplicação do prazo da prescrição
quando a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar tal demanda. Surgiram três
teorias, a imprescritibilidade da pretensão indenizatória, o da incidência da legislação civil, e
a terceira corrente pela aplicação da prescrição prevista na legislação trabalhista. Sendo assim,
o presente trabalho tem por objetivo analisar qual a teoria mais adequada para disciplinar a
prescrição da pretensão que envolva indenização por danos morais no âmbito da relação de
trabalho.
Palavras-chaves: Prescrição. Dano moral. Direito do trabalho.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quando o empregador agride a moral do empregado, gera uma expectativa para este
ver aquele indenizar a lesão provocada em seu direito, possuindo certo prazo para exigi-lo.
Isto porque, segundo a máxima jurídica, “Dormientibus non succurrit jus”, não ampara os
que demoram a buscar a reparação do seu direito violado. A lei confere certo tempo para
aquele que sofreu violação de seu direito possa pleitear a reparação do dano causado, o que
chamamos de prescrição. Ou seja, para que o autor possa buscar essa reparação, a regra
jurídica fixa um prazo para sua pretensão ou ação. Sendo assim, é de suma importância para o
empregado saber quando que prescreve tal direito.
Diante disso, o presente artigo tem como objetivo principal estudar qual é o prazo
mais adequado da prescrição para pretensão do dano moral sofrido no curso da relação de
trabalho, uma vez que a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar tal demanda
após a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 45/2004.
Diante, de controvérsias e havendo grande discussão de qual seria o prazo
prescricional aplicável, é importante definir qual seria o mais adequado. Para isso,
* Graduando do Curso de Ciências Jurídica da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP.
4
analisaremos o instituto da prescrição, diferenciando da decadência, explicando a prescrição
no Direito do Trabalho para após debatermos as teorias existentes a respeito da prescrição do
dano moral trabalhista. Mostrando o posicionamento do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho.
2 DA PRESCRIÇÃO
A finalidade desse instituto, assim, igualmente o da decadência é de garantir a paz
social, a tranquilidade da ordem jurídica, pois cada direito estabelece um prazo para que possa
ser exercido, a fim de não poder afetar a segurança jurídica da sociedade. É o que ensina
Rodrigues (2003, p. 325):
A maioria dos escritores, entretanto, fundamenta o instituto no anseio da
sociedade em não permitir que demandas fiquem indefinidamente em aberto;
no interesse social em estabelecer um clima de segurança e harmonia, pondo
termo a situações litigiosas e evitando que, passados anos e anos, venham a
serem propostas ações reclamando direitos cuja prova de constituição se
perdeu no tempo [...] Sem a prescrição, a pessoa deveria manter-se em
estado de intranquila atenção, receando sempre um litígio baseado em
relações de há muito transcorridas, de prova custosa e difícil, porque não só
a documentação de sua constituição poderia haver-se extraviado, como a
própria memória da maneira como se estabeleceu estaria perdida. Com
efeito, mister que as relações jurídicas se consolidem no tempo. Há um
interesse social em que situações de fato que o tempo consagrou adquiram
juridicidade, para que sobre a sociedade não paire, indefinidamente, a
ameaça de desequilíbrio representada pela demanda. Que esta seja proposta
enquanto os contendores contam com elementos de defesa, pois é do
interesse da ordem e da paz social liquidar o passado e evitar litígios sobre
atos cujos títulos se perderam e cuja lembrança se foi. Portanto, embora haja
um interesse considerável do devedor em ver a prescrição operar, igual e
direto é o interesse da sociedade em sua eficácia, pois representa um
elemento de estabilidade que cumpre preservar. Daí entender-se que as
normas sobre a prescrição são de ordem pública, insuscetíveis, portanto, de
ser derrogadas por convenção entre os particulares.
A prescrição é um modo de se extinguir um direito que um indivíduo possui para
preservá-lo ou reparar quando já foi violado, no prazo prescrito em lei.
Não se pode confundir com o instituto da decadência, que é definido pela extinção do
direito propriamente dito, pela perda do direito potestativo, em virtude da inércia do titular em
prazo prefixado. Não há o que se falar em prestação positiva ou negativa de outrem. A
decadência fixada em lei, diferentemente da prescrição, não pode ser renunciada (art. 209 do
CC/02).
Os prazos prescricionais no Direito Civil são aqueles previstos nos artigos 205 e 206
5
do Código Civil, enquanto os prazos decadenciais são todos aqueles não previstos nesses
artigos. De acordo com o art. 207 do Código Civil de 2002, a decadência poderá estar sujeito
a normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição quando houver disposição
legal nesse sentido.
Leal (1959, p. 133-134) faz a seguinte distinção:
É de decadência o prazo estabelecido pela lei, ou pela vontade unilateral ou
bilateral, quando prefixado ao exercício do direito pelo seu titular. E é de
prescrição, quando fixado, não para o exercício do direito, mas para o
exercício da ação, originando-se ambos do mesmo fato, de modo que o
exercício da ação representa o próprio exercício do direito, o prazo
estabelecido para a ação deve ser tido como prefixado ao exercício do
direito, sendo, portanto, de decadência, embora aparentemente se afigure de
prescrição.
A prescrição é a perda da pretensão, pelo decurso de tempo descrito em lei, de um
indivíduo tem de ver fazer valer seu direito, quer o garantindo de forma a não ser violado,
quando houver uma ameaça, quer seja para reparar ou amenizar os danos do direito já violado.
Então, quando alguém tiver seu direito subjetivo violado nasce para si, uma pretensão
de valer seu direito ou a reparação do dano sofrido, dentro de um prazo legal (arts. 205 e 206,
CC/2002). Se o titular do direito infringido não intentar com a ação devida dentro desse prazo,
sofrerá, nos dizeres Diniz (2009, p. 404), “uma sanção adveniente, que é a prescrição”.
Entende-se por pretensão a exigibilidade de ver o cumprimento de um direito, que se
dá por meio de uma ação, observamos o que dispõe o art. 189, do Código Civil Brasileiro de
2002: “Art. 189 - Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”.
Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2008, p. 457), pretensão é:
[...] expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem
coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, vale dizer, é o poder
de exigir a submissão de um interesse subordinado (do devedor da prestação)
a um interesse subordinante (do credor da prestação) amparado pelo
ordenamento jurídico.
O Código de Processo Civil é expresso no seu art. 269, IV1, em afirmar que quando o
juiz extingue o processo em razão da prescrição e decadência, é com resolução de mérito.
Porém, essa resolução se dá apenas quando o juiz percebe a existência da prescrição e
decadência após a citação do réu para apresentar contestação.
1 “Art. 269 - Haverá resolução de mérito:
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição”.
6
Por outro lado, o art. 295, IV, do CPC2 determina que a inicial seja indeferida quando
o juiz verificar, desde logo, a prescrição ou a decadência. Consequentemente o processo será
extinto sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I, do CPC3, tendo em vista o
indeferimento da inicial, em função da prescrição ou decadência.
2.1 Prescrição nas Relações de Emprego
A prescrição no Direito do Trabalho está disciplinada na Constituição Federal de 1988
no rol dos direitos sociais. Tem previsão expressa no art. 7º, XXIX, que após a Emenda
Constitucional nº 28, de 26 de maio de 2000, passou a ter a seguinte redação:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até
o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Antes da mencionada Emenda a redação fazia uma distinção entre a prescrição dos
créditos trabalhistas oriundos dos trabalhadores urbano e rural, onde mencionava, apenas, que
este tinha um prazo de dois anos após a extinção do contrato.
Agora, o trabalhador possuirá um prazo de dois anos a contar da extinção do contrato
de trabalho para ajuizar uma reclamação trabalhista, percebendo seus créditos anteriores a
cinco anos a contar da data da interposição da ação,
Ou, ainda que não tenha se extinguido o contrato de trabalho, ou seja, esteja no curso
do contrato de trabalho, o trabalhador poderá perceber seus créditos retroativos a cinco anos a
partir do ajuizamento da reclamação, com fundamento no artigo constitucional mencionado,
bem como no art. 11 da CLT.
Vale ressaltar que a Lei nº 9.658/98, incluiu, o § 1º, “o disposto neste artigo não se
aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência
Social”, o que veio reforçar o entendimento doutrinário e jurisprudencial que, as ações
2 “Art. 269 - A petição inicial será indeferida:
(...)
IV - Quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição” 3 “Art. 295 - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
I - quando o juiz indeferir a petição inicial”
7
meramente declaratórias não prescrevem, não se sujeitando a prazo prescricional nenhum.
Ação que tem por finalidade o reconhecimento do vínculo empregatício, com a
respectiva anotação do contrato de trabalho na CTPS, não flui prazo prescricional. Neste
sentido, o TST, cancelou a súmula 644, por meio da Resolução nº 121/2003. Vejamos:
RECURSO DE REVISTA. ANOTAÇÃO DA CTPS.
IMPRESCRITIBILIDADE. Contra a anotação da CTPS não corre
prescrição. A atual orientação do TST, erigida desde o cancelamento da
Súmula 64 pela Resolução nº 121/2003, segue no sentido de ser
imprescritível a ação declaratória de reconhecimento do vínculo de emprego,
com a consequente determinação de anotação do contrato de trabalho na
CTPS. Assim, em se tratando de ação declaratória, não flui prazo
prescricional para reclamar contra omissão de anotação do contrato de
trabalho na carteira profissional. Confira-se, a propósito, o teor do § 1º do
artigo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho. Recurso de revista
conhecido e provido. (TST-RR-1246/2001-057-03-00, Rel. Min. Dora Maria
da Costa, 8a Turma, DJ de 28/8/2009)
3 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS NAS RELAÇÕES
DE EMPREGO
Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004,
que ampliou a competência da Justiça do Trabalho, dando uma nova redação ao art. 114, da
CF, conferiu a essa justiça especializada o poder de julgar as ações de indenização por dano
moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho (inc. VI).
Antes mesmo da entrada em vigor da mencionada emenda, o Tribunal Superior do
Trabalho já havia firmado o entendimento que é a justiça trabalhista a competente para julgar
demandas que verse sobre danos morais trabalhistas.
Com o advento da mencionada EC, o Supremo Tribunal Federal, em 29 de junho de
2005, através do Conflito de Competência 7204 – 1 / Minas Gerais atribuiu a Justiça do
Trabalho, a competência de julgar as ações de que trata os danos morais decorrentes de
acidente de trabalho, vejamos:
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA JUDICANTE EM RAZÃO DA
MATÉRIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO,
PROPOSTA PELO EMPREGADO EM FACE DE SEU (EX-)
EMPREGADOR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART.
114 DA MAGNA CARTA. REDAÇÃO ANTERIOR E POSTERIOR À
4 SUM-64 PRESCRIÇÃO (cancelada) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A prescrição para reclamar contra anotação de carteira profissional, ou omissão desta, flui da data de
cessação do contrato de trabalho.
8
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/04. EVOLUÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
PROCESSOS EM CURSO NA JUSTIÇA COMUM DOS ESTADOS.
IMPERATIVO DE POLÍTICA JUDICIÁRIA. (CC 7204 – 1 / MG, Relator:
Min. Carlos Britto, Data de Julgamento: 29/06/2005, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJ 09/12/2005)
Após o julgamento deste Conflito de Competência passou a discutir em relação à
prescrição, para isso surgiu três correntes acerca de qual o prazo prescricional deve ser
aplicado para que possa exigir a reparação dos Danos Morais, oriundo do contrato de
trabalho.
Há uma corrente em que afirma ser imprescritível a ação de indenização por danos
morais decorrentes no âmbito da relação trabalhista. Tendo em vista que, os danos morais
relacionam-se com a personalidade do agente, afetando a honra.
Duas são as correntes em que defendem correr prazo prescricional. O previsto na
Constituição Federal de 1988 ou pelo Código Civil Brasileiro. Há correntes que protegem a
incidência de cada uma delas.
Primeiramente, o prazo prescricional previsto para as ações pessoais, na vigência do
Código Civil de 1916 era de 20 anos:
Art. 177 - As ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 (vinte) anos, as
reais em 10 (dez) anos, entre presentes, e entre ausentes em 15 (quinze), contados da data em que poderiam ter sido propostas.
Já no Novo Código Civil Brasileiro de 2002, em seu art. 206, §3º, V, prevê a
incidência do prazo de 3 (três) anos para a pretensão de reparação civil.
Para quem defende a aplicação da prescrição prevista no direito comum, ampara-se no
art. 8º, da CLT5, tendo em vista que o art. 4º, LICC
6, bem como o art. 127, CPC
7, não afasta o
dever do juiz de julgar, ante a omissão, lacuna ou obscuridade da legislação, afirmando que na
legislação trabalhista não possui dispositivo que discipline acerca da prescrição da referida
pretensão jurídica.
5 “Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e
normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o
direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o
interesse público.
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que
não for incompatível com os princípios fundamentais deste.” 6 “Art. 4
o - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.” 7 Art. 127 - O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
9
Também, há argumentos no sentido de que o objeto da ação de indenização de danos
morais é a violação da personalidade, da honra, o que constitui natureza civil, possuindo
crédito no âmbito civil decorrente da vigência do contrato de trabalho. Realçando a ideia de
que a competência seja da Justiça do Trabalho não afasta a natureza jurídica do pedido.
Já a Constituição Federal/88 em seu art. 7º, XXIX, dispõe que:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Para os adeptos dessa corrente, afirmam que o dano moral é decorrente de relação
trabalhista, possuindo crédito de natureza trabalhista. Não podendo definir como o prazo
prescricional o previsto na óptica do direito civil, pois, o dano foi ocasionado sob a égide do
contrato de trabalho, então o empregado está sobre a proteção do direito laboral, sendo assim,
aplica-se o prazo prescricional da relação trabalhista.
Continuam afirmando que, definida a competência da justiça trabalhista para julgar a
ação de reparação de danos morais decorrentes de uma relação trabalhista ao qual envolve no
polo da demanda o empregado e empregador, igualmente, a prescrição a ser aplicada é a
definida no direito laboral, prevista na CF, bem como na CLT.
Outrossim, com o mesmo fundamento de que, fazendo uma interpretação sistemática
de que, recorre-se ao direito comum, quando na legislação trabalhista não contemplar referida
matéria, não ocorre no presente caso, pois, está bem definida a prescrição trabalhista prevista
na Lei Maior.
Segundo Lima Filho (2005, p.2), não há prazo para a pretensão à reparação dos danos
morais decorrentes da relação de trabalho, vejamos:
Por isso, os direitos da personalidade têm como principal característica a
imprescritibilidade que decorre da sua natureza indisponível. Não se tratam,
pois, de meros direitos trabalhistas como pretendem alguns, ou civis no
sentido estrito como sustentam outros. Ao contrário estar-se diante direitos
fundamentais de índole constitucional, considerados como cláusulas pétreas.
Por consequência, dotados de proteção até mesmo contra o querer
democrático, ou seja, contra a vontade do legislador (artigo 60, § 4º, inciso
IV da CF/88)
10
É comum pensarmos que como o dano moral diz respeito à personalidade do
indivíduo, leva-nos a concluir que o direito de ver o agressor a amenizar lesão sofrida não
prescreve, por serem imprescritíveis direitos que versem sobre a personalidade. O que não é
verdade.
Para os defensores dessa corrente, trata-se de violação aos direitos a dignidade da
pessoa, saúde, personalidade, honra, imagem, portanto, viola direitos, inerentes ao homem,
fundamentais do indivíduo que tem por característica a indisponibilidade, não podendo a
vítima renunciá-lo, e consequentemente são imprescritíveis.
A Constituição Federal cuida desse direito como fundamental ao indivíduo no art. 5º,
V e X8. Desse modo, não se aplica, a prescrição dos créditos resultantes da relação de
trabalho, nem os de natureza civil. Não corre qualquer prescrição para os direitos que versem
sobre a integridade física, moral e psíquica de qualquer pessoa, não perde a exigibilidade
destes direitos, em razão da inércia do titular por certo período de tempo.
Isto porque, apenas prescreve direitos patrimoniais, os extras patrimoniais não é objeto
desse instituto jurídico, sendo assim, o dano moral é classificado como direito que não é
patrimonial, portanto, considera-se imprescritível.
No momento, cabe mencionar a explicação de Paroski (2010, p. 185), do entendimento
equivocado da imprescritibilidade do dano moral:
A demanda através da qual se pretende reparação do dano moral não versa
diretamente sobre direitos da personalidade, mas sim, sobre as
consequências de sua ofensa, em razão da lesão sofrida em seu patrimônio
ideal.
Sendo assim, o que prescreve não é o direito à honra (da personalidade) propriamente
dita, e sim de ver reparado, compensado, amenizado a lesão sofrida, decorrente da sua
violação. Na demanda não se discute, nos dizeres do mencionado autor, se alguém fica ou não
com a honra, mas se houve a ofensa e o quantum devido para amenizá-lo.
Segundo parte da doutrina e entendimento jurisprudencial do Colendo Tribunal
Superior do Trabalho entendem que a aplicação da prescrição em ações de indenização por
danos morais no âmbito trabalhista, deve ser a prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição
Federal.
8 “Art.5º […]
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano moral decorrente de sua violação”.
11
Os seguidores dessa corrente explicam que, a aplicação deste prazo é devida, em
decorrência dos danos morais serem oriundos de uma relação de trabalho ou emprego, que no
curso desse contrato foi violado um direito a imagem, honra, a personalidade do empregado,
constituindo-se, assim, créditos trabalhistas.
Ou seja, o direito à indenização por danos morais tem natureza jurídica trabalhista,
pois, o empregado, foi constrangido perante o seu empregador ou terceiros, que possuía o
dever de interferir na relação constrangedora, a fim de cessá-la.
Sendo, os créditos resultantes de contratos de trabalho, seja de forma originária ou
derivada, deve ser aplicada a prescrição de natureza trabalhista, inserta na Lei Magna de 1988,
possuindo o prazo de 5 (cinco) anos para pleitear a indenização, observando-se os 2 (dois)
anos após a extinção do pacto laboral.
Os defensores dessa corrente rebatem o argumento de que se deve aplicar
subsidiariamente o direito comum, regra prevista no parágrafo único do art. 8º, da CLT. Tendo
em vista que, somente se aplica o direito comum quando não houver na legislação trabalhista
regra que possa ser aplicada. Vejamos o que nos diz Miranda (apud MOLINA, 2007, p.1):
o ramo do direito em que nasce a pretensão é o que lhe marca a prescrição,
ou estabelece prazo preclusivo ao direito. Se essa regra jurídica não foi
prevista, rege o que o ramo do direito aponta como fundo comum a ele e a
outros ramos do direito. No plano internacional, o sistema jurídico que é
estatuto da pretensão também é da prescrição.
Todavia, há previsão de indenização por danos morais de natureza trabalhista, prevista
no art. 7º, XXVIII, da CF, prevista também, prescrição de natureza trabalhista, inserta no art.
7º, XXIX, da CF. Com isso, não justifica a aplicação subsidiaria do direito comum, por
estarem amparadas no Direito do Trabalho tais pretensões.
Segundo Paroski (2010, p.187), defendem a aplicação desse prazo prescricional:
Florindo, Oliveira, Pamplona Filho, Caputo Bastos, Ricardo Sampaio e Hélio A. Bitencourt
Santos.
Também é o pensamento de Barros (2007, p. 1023-1024), ao afirmar a necessidade da
propositura da ação, no período de dois anos a partir da extinção do contrato de trabalho,
mesmo dependendo de apuração na órbita criminal:
Mesmo quando o pedido de compensação por dano moral decorra da imputação
de crime ao empregado, cuja apuração está sendo feita em outro segmento do
Judiciário, a ação trabalhista deverá ser ajuizada dentro de dois anos a contar do
término da relação de emprego, podendo a ação trabalhista ser posteriormente
suspensa, se for o caso, na fora prevista no art. 265, IV, do CPC.
12
Confrontando com a ideia de aplicação da prescrição trabalhista nas demandas que
verse sobre indenização por danos morais ocorridos durante o contrato de trabalho, há
corrente que defende a aplicação da prescrição do Código Civil, uma vez que, a incidência do
lapso prescricional não vem necessariamente da competência de uma determinada demanda.
Explicando com outras palavras, o prazo prescricional a ser aplicado em uma
determinada pretensão de reparação de um direito violado não é fixado perante o juízo a ser
julgado tal demanda, é a natureza jurídica do direito a ser pleiteado que vai determinar a
prescrição a ser aplicada, independente da competência.
Certo que a prescrição é instituto de direito material e a competência, de direito
processual, não possuindo qualquer relação, são institutos diferentes. Não se pode fixar a
prescrição em função da competência.
Passa a discutir qual dos prazos é aplicável, se o previsto no art. 206, §3º, V9, do
Código Civil, ou se o prazo geral de 10 (dez) anos, inserto no art. 20510
.
Se for para beneficiar ao trabalhador, é mais justa a incidência do prazo geral de 10
(dez) anos, ou de 20 (vinte) anos, respeitando a regra de transição do art. 2.02811
do CC.
Segundo entendimento de Scuassante (2010), essa regra é a mais adequada, tendo em vista
que os danos morais não se tratam de reparação de natureza civil, muito menos, trabalhista,
cuida-se, na verdade, de violação de direito relacionados à personalidade, à honra, não
amparada por nenhuma delas, pois não há previsão legal, e se não há, aplica-se o da regra
geral.
No mesmo sentido é pensamento de Melo (2004, p. 463):
A reparação por danos pessoais (moral, material ou estético) decorrentes de
acidente do trabalho constitui direito humano fundamental de índole
constitucional e não mero direito de índole trabalhista ou civil. Desse modo,
por inexistir norma expressa sobre o prazo de prescrição das respectivas
pretensões, aplicam-se subsidiariamente os prazos previstos na lei civil:
vinte anos para as ofensas ocorridas até 9.1.2003 (CC de 1916, art.177) e 10
anos para as ofensas ocorridas a partir de 10.1.2003 (CC de 2002, art. 205).
9 “Art. 206. Prescreve:
(...)
§ 3o Em três anos:
(...)
V - a pretensão de reparação civil;” 10
“Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”. 11
“Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada
em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.”
13
Quando um indivíduo sofre, psicologicamente ou fisicamente, em função de uma
conduta praticada por outrem, deve ser indenizado. Isto porque, o Código Civil de 2002, em
seu art. 186, afirma: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imperícia,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Prescreve o parágrafo único do art. 92712
, no Código Civil, o dever de reparar o ato
ilícito previsto no arts. 186 e 18713
, do mesmo diploma legal. Todavia, não é mero dissabor
que enseja a reparação, mas sim, um constrangimento que perturbe o sossego do lesado. Tem
que haver prejuízos que devem ser decorrente do ato ilícito.
Equivocadamente, Maior (2005), defende:
Quanto à prescrição do dano moral decorrente do acidente do trabalho,
importante destacar que o bem jurídico protegido é um direito da personalidade.
O direito à personalidade decorre da relação jurídica básica que cada cidadão
possui com todos os outros, independentemente da existência de uma relação
jurídica específica. A pessoa não perde esse direito quando se integra a uma
relação jurídica específica. O empregador é responsável por reparar o dano
moral não por ser o empregador, juridicamente qualificado, mas por ser
responsável pela reparação, na medida em que o empregado está sob sua
subordinação. Não se trata, portanto, de um crédito trabalhista, mas de um bem
jurídico a que todos os cidadãos têm direito, inclusive o empregado. A reparação
deste bem não é uma reparação civil, pois seu fundamento é constitucional
(artigo 5º). Basta avaliar as hipóteses mencionadas no parágrafo 3º, do artigo
206 do CC, para verificar que não se autoriza vincular os danos ali mencionados
ao dano decorrente do acidente de trabalho, cuja reparação está na própria
origem do Estado Social e dos direitos humanos. No aspecto do benefício
previdenciário, aliás, a ideia é a da imprescritibilidade do benefício,
prescrevendo-se apenas as parcelas, mas jamais o direito de pleitear o benefício
(auxílio-doença). Não cabe, portanto, a tese de que a prescrição, no Direito
Civil, é de três anos, para os acidentes do trabalho e que, por isto, a trabalhista
quinquenal, é mais benéfica. A reparação do dano pessoal, decorrente de
agressão a direito da personalidade, é, portanto, imprescritível, E, não se
querendo ver isto, a prescrição, na pior das hipóteses, é vintenária, para os casos
anteriores à edição do Código Civil ou decenária, para as ações posteriores.
Não merece nenhum aprofundamento da ideia da imprescritibilidade da reparação dos
danos morais, pois como já afirmado anteriormente, o que prescreve não é o direito a honra, a
privacidade, a imagem, a intimidade, a personalidade do ofendido. E o que se pretende buscar
é a reparação ou a compensação dos prejuízos ocasionados em razão da violação desses
direitos.
12
“ Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem.” 13
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
14
O Código Civil de 2002, no art. 206, § 3º, V, estabelece o prazo de 3 (três) anos para
que um particular possa exercer a exigibilidade de uma reparação civil. Não restam dúvidas
que o prazo será esse, quando o dano for ocasionado por um terceiro, que seja particular, pois
o Código Civil regula direito envolvendo particulares.
Já o dano ocasionado em uma relação de emprego, que figure em um dos polos o
empregado e no outro o empregador deve prevalecer às regras do Direito do Trabalho, nele há
previsão que os créditos resultantes da relação de trabalho são de 5 anos, respeitando o prazo
de 2 anos, contados da extinção do contrato de trabalho.
Vale mencionar, o mesmo entendimento do Professor Doutor da Universidade de São
Paulo Mallet (apud MOLINA, 2007, p.3):
De todo modo, qual é a prescrição para reclamar a indenização decorrente de
acidente de trabalho?
Respondo que, se a pretensão é trabalhista, se a controvérsia envolve
empregado e empregador, se a competência para julgamento da causa é da
Justiça do Trabalho, a prescrição é e só pode ser a trabalhista, do artigo 7º do
inciso XXIX, da Constituição, e não a prescrição civil, de 20 anos, no antigo
Código, e de 3 anos, no novo. Não importa que a responsabilidade civil seja
assunto disciplinado no Código Civil. O que importa é que a pretensão é
trabalhista, porque decorre diretamente do contrato de trabalho. Não se pode
dizer, de outro lado, que a regra especial de prescrição do Direito Civil
prevalece ante a regra geral do Direito do Trabalho. O art. 7º, inciso XXIX,
da Constituição, disciplinou o prazo prescricional trabalhista, sem
estabelecer exceções. (O novo Código Civil e o Direito do Trabalho,
publicado na Revista Eletrônica Júris Plenum, CD 1, ed. 70, Editora Plenum,
março/abril de 2003).
A reparação do dano sofrido, moralmente, não se trata de crédito, muito menos verbas
de natureza trabalhista e/ou previdenciário, mas é uma forma de amenizá-lo, mesmo assim,
deve prevalecer a prescrição trabalhista, tendo em vista a presença das figuras que o Direito
do Trabalho tutela, e nada mais justo que seja aplicada todas as regras previstas no ramo
trabalhista.
No mesmo sentido Süssekind e Melo (apud ALENCAR, 2004, p. 115-116) afirma que:
a partir do momento em que a Constituição expressamente coloca a
indenização de dano moral decorrente do acidente do trabalho, quando
requerida em face do empregador, como um direito do trabalhador, seja
porque a controvérsia se dá necessariamente entre empregado e empregador
e tem como objeto um fato do contrato de trabalho, que é o acidente, não se
poderia deixar de reconhecer que a pretensão respectiva se revestiria um
verdadeiro crédito resultante da relação de trabalho e por conta disso, a ação
reparatória estaria sujeita ao prazo prescricional previsto no inciso XXIX, do
artigo 7º da Carta da República.
15
Vale mencionar trecho do Acórdão que definiu a competência da Justiça Trabalhista
para julgar a demanda que versa sobre danos morais advindos da relação de trabalho:
Ora, um acidente de trabalho é fato ínsito à interação
trabalhador/empregador. A causa e seu efeito. Porque sem o vínculo
trabalhista o infortúnio não se configuraria; ou seja, o acidente só é acidente
de trabalho se ocorre no próprio âmago da relação laboral. (...) Vale dizer, o
direito à indenização em caso de acidente de trabalho,quando o empregador
incorrer em dolo ou culpa, vem enumerado no art.7º da Lei Maior como
autêntico direito trabalhista. E como todo direito trabalhista, é de ser tutelado
pela Justiça especial, até porque desfrutável às custas do empregador (nos
expressos dizeres da Constituição).14
Na verdade, pouco importa onde sejam julgadas demandas com o objetivo de
reparação dos danos morais trabalhistas, deveria sempre ser aplicada a prescrição trabalhista,
antes mesmo da entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 45/2004, pois sempre estão
presentes as partes que figuram no contrato de trabalho , visando uma reparação de um ato
ilícito pelo empregador, que por sua vez, considera-se crédito trabalhista.
Não faz sentido o argumento de que, aplica-se a legislação civil, quando uma
determinada demanda está sendo julgada na justiça comum, e sendo a justiça trabalhista a
julgadora da mesma demanda, incide a prescrição trabalhista, pois a prescrição não é definida
por regras de competência. É definida pela pretensão de um direito que se pretende buscar,
independentemente do órgão julgador.
Ademais, não há qualquer omissão nas normas trabalhistas em relação à prescrição da
pretensão de direitos que resultem da relação de trabalho. Pois, está prevista no art. 7º, inciso
XXIX, da Constituição de 1988 c/c o art. 11 da CLT e não existe qualquer ressalva em que
utilize os prazos de natureza civil.
Encontra-se no Direito do Trabalho exceções da aplicabilidade do prazo geral da
prescrição, é o caso, por exemplo, do não recolhimento do FGTS, por disposição expressa do
art. 23, §5º, da Lei nº 8.036/9015
.
14
Voto proferido pelo Relator Ministro Carlos Britto, nos itens 15 e 19. 15
“Art. 23. Competirá ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social a verificação, em nome da Caixa
Econômica Federal, do cumprimento do disposto nesta lei, especialmente quanto à apuração dos débitos e das
infrações praticadas pelos empregadores ou tomadores de serviço, notificando-os para efetuarem e comprovarem
os depósitos correspondentes e cumprirem as demais determinações legais, podendo, para tanto, contar com o
concurso de outros órgãos do Governo Federal, na forma que vier a ser regulamentada.
[...]
§ 5.º O processo de fiscalização, de autuação e de imposição de multas reger-se-á pelo disposto no Título VII
da CLT, respeitado o privilégio do FGTS à prescrição trintenária”.
16
Nesse sentido a prescrição da pretensão de reparação de danos morais decorrentes do
contrato de trabalho não constitui qualquer exceção da regra geral, não incide a prescrição de
natureza civil, quer seja ela o estipulado para a reparação civil, prevista no art. 206, §3, V ou
o prazo geral prevista no art. 205, do mesmo diploma legal, mas sim a prescrição trabalhista,
prevista na Constituição e na Consolidação das Leis Trabalhistas.
4 POSIÇÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Não era pacifica o entendimento, até mesmo, entre as Turmas do Tribunal Superior do
Trabalho, em relação de qual seria a aplicação do prazo prescricional. Diante disso, para
acabar com as divergências a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Colendo
Tribunal Superior do Trabalho pacificou o entendimento de que, se os danos morais forem
sofridos antes da vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004 deve ser aplicado o prazo
prescricional previsto na legislação civil, com a finalidade de preservar os princípios da
segurança jurídica e do direito adquirido.
Para isto, deve ser observada a regra de transição do art. 2.028 do Código Civil de
2002, se na data da entrada em vigor do atual Código Civil, em 11/11/2003, houver
transcorrido mais da metade do prazo previsto no art. 177 do Código Civil de 1916, que era
de 20 anos, será aplicado este prazo prescricional.
Por outro lado, se houver transcorrido menos da metade do prazo previsto no código
anterior (9 anos e 11 meses, por exemplo), o prazo prescricional será o de 3 (três) anos,
previsto no art. 206, § 3º, do Código Civil de 2002.
Portanto, nessa ordem de ideias, vejamos o entendimento do Tribunal Superior do
Trabalho, no sentido da prescrição dos danos morais da seara trabalhista:
RECURSO DE REVISTA. 1. PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DO TRABALHO. REGRA
DE TRANSIÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA APÓS O PRAZO
DE TRÊS ANOS CONTADOS DA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE
2002. PRESCRIÇÃO TOTAL. Tratando--se de pedido de dano moral e/ou
material decorrente de acidente do trabalho, esta Corte pacificou
entendimento no sentido de que, quando a lesão for anterior à Emenda
Constitucional nº 45/2004, o prazo prescricional aplicável será o previsto no
Código Civil de 2002, observada a regra de transição prevista no artigo
2.028 desse mesmo diploma legal; bem assim que, quando a lesão for
posterior à referida emenda, o prazo prescricional aplicável será o
trabalhista, previsto no artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal. No caso
concreto, o acidente do trabalho ocorreu em 28/11/2001, portanto
anteriormente à Emenda Constitucional nº 45/2004, sendo aplicável, assim, a
17
prescrição civil. Verifica-se, ainda, não transcorrido mais da metade do prazo
de vinte anos previsto no Código Civil de 1916, quando da entrada em vigor
do atual Código Civil, em 11/1/2003. Desse modo, o prazo prescricional
aplicável é o previsto no artigo 206, § 3º, V, do Código Civil de 2002, qual
seja de 3 (três) anos, contados do início da vigência do referido diploma. Sob
tal óptica, portanto, tendo em vista a ocorrência do acidente do trabalho em
novembro de 2001, o reclamante deveria ter ingressado com a ação até
11/1/2006, a fim de evitar o corte prescricional. Todavia, como o
ajuizamento da reclamação se deu apenas em 12/12/2006, impõe-se concluir
pela prescrição total da pretensão obreira. Recurso de revista não conhecido.
(...) (RR-132900-09.2006.5.04.0451, Relatora: Dora Maria da Costa, Data de
Julgamento: 05/05/2010, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/05/2010)
Extraí da jurisprudência acima transcrita que, após a Emenda Constitucional nº
45/2004, entende-se que o prazo prescricional a ser aplicado nas demandas que verse sobre
danos morais no âmbito trabalhista é o previsto para os créditos resultantes da relação de
trabalho previsto no art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal. Pelo fato de que os danos
sofridos têm seus efeitos decorrentes do contrato de trabalho, aplicando-se tal prazo
prescricional, vejamos:
RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DO TRABALHO OCORRIDO
ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004. A SDBI45-1 do TST
vem reiteradamente decidindo que nos casos de pedidos de reparação por danos
morais decorrentes de acidente de trabalho, inclusive doença ocupacional,
aplica-se a prescrição prevista no art. 7º, XXIX, da CF/1988. Na hipótese, é
incontroversa a ocorrência do dano em 30/7/2005 e da aposentadoria por
invalidez em 11/9/2008, tendo o reclamante ingressado com a sua reclamação
em dezembro de 2008. Logo, seja pelo prazo quinquenal, seja pelo bienal
previsto na norma constitucional citada, a pretensão indenizatória não se
encontra alcançada pela prescrição. Devem retornar os autos à Vara de origem a
fim de apreciar o feito, como entender de direito. Recurso de revista conhecido e
não provido. (RR - 106200-90.2008.5.13.0025, Relator: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 03/08/2011, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
12/08/2011)
RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS/MATERIAIS DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO.
PRESCRIÇÃO APLICÁVEL. O fato de as indenizações por dano patrimonial,
moral, inclusive estético, serem efeitos conexos do contrato de trabalho (ao lado
dos efeitos próprios deste contrato), atrai a submissão à regra do art. 7º, XXIX,
da Carta Magna. Independentemente do Direito que rege as parcelas (no caso,
Direito Civil), todas só existem porque derivadas do contrato empregatício,
sujeitando-se ao mesmo prazo prescricional. Assim, tratando-se de ação em que
se pleiteia reparação de ordem material e moral decorrente de acidente de
trabalho, ajuizada na esfera trabalhista em 2006 - após, portanto, a estabilização
da competência desta Especializada para julgamento de causas dessa natureza -,
a prescrição aplicável é a prevista na Constituição Federal, art. 7º, XXIX, não
sendo cabível a incidência da regra prescricional civilista. Recurso de revista
desprovido. (ED-E-RR - 147300-89.2006.5.03.0084, Relator: Mauricio Godinho
Delgado, Data de Julgamento: 04/06/2008, 6ª Turma, Data de Publicação: DJ
20/06/2008)
18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prescrição, diferentemente da decadência extingue a pretensão da exigibilidade da
reparação do direito violado ou manutenção do direito ameaçado pelo decurso do prazo
estipulado na legislação. Se o juiz acolher a alegação de prescrição será o processo extinto
com resolução do mérito, salvo se for observado quando no recebimento da inicial, caso em
que será extinto sem resolução de mérito.
O instituto da prescrição no Direito do Trabalho foi disciplinado na Constituição
Federal de 1988, no rol dos direitos dos trabalhadores, fixando em um prazo único, que é de 5
(cinco) anos no curso do contrato de trabalho, e se extinguiu o contrato de trabalho, o
empregado terá um prazo de 2 (dois) anos para o ajuizamento da reclamação na Justiça do
Trabalho e receberá seus créditos retroativos a cinco anos.
Atualmente não é discutível a competência da Justiça do Trabalho para julgar ação de
indenização por danos morais trabalhistas, tendo em vista a entrada em vigor da Emenda
Constitucional nº 45/2004, que deu uma nova redação ao art. 114 da Constituição Federal,
bem como o Conflito de Competência 7204-1 Minas Gerais.
Não é merecida atenção a primeira corrente acerca da imprescritibilidade da reparação
dos danos morais trabalhistas sofridos, pois não se trata do direito a personalidade em si,
sendo assim, prescreve tal direito.
A segunda, que defende a incidência do prazo da lei civil também deve ser esquecida,
nem mesmo quando a justiça comum era competente para julgar tal demanda era a mais
adequada, trata-se de direito de natureza civil, porém deve prevalecer a terceira corrente, pois
estão envolvidas as duas figuras que tutela o Direito do Trabalho, a saber: e empregador e o
empregado.
Ainda mais, a prescrição é prevista constitucionalmente, fazendo referência a créditos
resultantes da relação de trabalho e não em créditos trabalhistas, que é diferente. Não dando
maior atenção de que a legislação trabalhista não regula a respeito do tema.
19
ABSTRACT
This paper is about the institution of prescribing, differing decay, studying their effects on
procedural relationships. Before enactment of the Constitutional Amendment No. 45/2004,
the time was the civil law, arising from disagreement about the application of the term of
prescription when the justice of the work came to be competent to judge such a demand.
Therefore, this paper aims in order to find a way to which theory best suited for the
application of the statute of limitations for actions involving compensation for moral damages
in the employment relationship. This came three theories, the imprescriptible claim damages,
the incidence of civil law, and the third current provided by the application of limitation on
labor legislation.
Keywords: Prescription. Moral damages. Labor law.
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