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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A AUTOESTIMA DA CRIANÇA COMO UM FATOR FUNDAMENTAL NA REALAÇÃO DO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Bruna Ruffoni da Fonseca Calleia
ORIENTADOR: Prof.ª Narcisa Melo
Rio de Janeiro 2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Bruna Ruffoni da Fonseca Calleia
A AUTOESTIMA DA CRIANÇA COMO UM FATOR FUNDAMENTAL NA REALAÇÃO DO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Rio de Janeiro 2015
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a minha família, amigos e
amores.
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DEDICATÓRIA
Gostaria de dedicar este trabalho as minhas filhas
Alice e Sofia.
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RESUMO
Foi feito um estudo da evolução da autoestima na infância, no qual procurei abordar diversos pontos relevantes no processo de valorização pessoal, tendo como tema principal a baixa autoestima em crianças no período da aprendizagem. Baseado nos teóricos que tratam desse assunto, tais como Branden, Moyses, Pain, Weiss, Visca, entre outros, são apresentadas sugestões para que a relação criança/família/professor contribua para a conquista da autoestima e para o aprendizado da criança. Este trabalho foi desenvolvido com enfoque qualitativo e cunho bibliográfico; tendo como foco principal o estudo da influência auto-estima na aprendizagem da criança. A autoestima é o conceito positivo que a pessoa tem de si mesma; ela é a mola que impulsiona a vida de uma pessoa e, portanto quando o indivíduo tem o seu nível de autoestima baixo ele pode entrar num processo de desvalorização que desencadeia sentimentos ruins e estes podem levá-lo à depressão. A família por ser o primeiro núcleo social da criança, tem um papel fundamental à formação emocional e social da criança, pois ajuda a criança a construir a figura de si mesma. Vimos que as relações afetivas são importantes para o desenvolvimento intelectual e para aprendizagem, seja com a família, com a escola, com o professor ou com os grupos sociais, pois a afetividade dinamiza as interações e facilita a comunicação. Aprendemos que todos os sentimentos gerados pela baixa auto estima podem levar o indivíduo ao comportamento antissocial, à depressão e até ao comportamento de risco. Que pode-se estimular a autoestima na criança, valorizando suas características positivas e incentivá-las a desenvolver outras habilidades. E por fim, conhecemos o profissional de psicopedagogia quanto a sua intervenção junto a criança com baixa autoestima, e seu trabalho visando reformular o modelo de aprendizagem em função das possibilidades do indivíduo. PALAVRAS-CHAVE: Autoestima, aprendizagem, afetividade, baixa autoestima, psicopedagogia
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho propôs realizar uma pesquisa
bibliográfica. Os autores que embasaram este estudo foram: Nathaniel
Branden, Cláudio Moysés, Sara Pain, Weiss, entre outros.
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SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................................09
Capítulo I – A autoestima da criança e a sua relação com a aprendizagem....10
1.1 – A importância da família no desenvolvimento da autoestima da
criança...............................................................................................................12
1.2 – O papel do professor no desenvolvimento da autoestima da criança......13
1.3 – Aprendizagem e autoestima.....................................................................15
1.4 – Afetividade e Aprendizagem.....................................................................17
1.5 – Como estimular a autoestima na criança..................................................18
Capítulo II – O Psicopedagogo..........................................................................22
2.1 – O Psicopedagogo, sua formação e importância.......................................24
Capítulo III – Atuação do Psicopedagogo..........................................................29
2.3 - A intervenção do Psicopedagogo junto à criança com baixa
autoestima.........................................................................................................31
Conclusão..........................................................................................................33
Referências Bibliográficas.................................................................................35
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INTRODUÇÃO
A autoestima, aprendizagem e a atuação do psicopedagogo, tema
objeto deste estudo; visa responder as seguintes perguntas:1) Como a
autoestima na infância interfere no processo da aprendizagem? 2) Quais os
problemas decorrentes da baixa autoestima em crianças? 3) E Qual é a
contribuição do psicopedagogo neste processo?
Considerando que a baixa autoestima interfere na forma de vida das
pessoas, especialmente a criança na fase escolar e essa interferência pode
chegar a vida adulta, o presente estudo tem como objetivos: Investigar
problemas decorrentes da baixa auto estima em crianças; discutir as
dificuldades de aprendizagens dessas crianças e definir a posição do
psicopedagogo no contexto escolar; entendendo a prática do psicopedagogo
como veículo da interação aluno/família/escola/sociedade, de forma a facilitar
os meios para obtenção de respostas possíveis para os problemas que se
apresentam no dia-a-dia da vida da criança com baixa autoestima.
A aprendizagem humana não é um ato mecânico, pois envolve aspectos
cognitivos, emotivos e sociais constituindo uma dinâmica que não acontece de
forma estanque. Assim sendo, como empreender processos de
capacitação sem considerar a auto estima dos sujeitos envolvidos na dinâmica
do aprender e do ensinar?
Para tanto, foram desenvolvidos dois capítulos.
No primeiro capítulo trataremos sobre a autoestima da criança (conceito
e definição), consequências e problemas da baixa autoestima, comportamento
de risco, a relação com a depressão, importância da família.
No terceiro capítulo abordaremos a atuação do psicopedagogo como
especialista que pesquisa e investiga as características e necessidades do
indivíduo, com o propósito de interagir para ajudá-lo a vencer suas próprias
dificuldades, ou encontrar as respostas que procura.
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CAPÍTULO I
A AUTOESTIMA DA CRIANÇA E A SUA RELAÇÃO COM A
APRENDIZAGEM.
Segundo Branden, a “autoestima é uma experiência íntima; reside no
cerne do nosso ser. É o que eu penso e sinto sobre mim mesmo, não o que o
outro pensa e sente sobre mim”.
A forma como nos sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta
crucialmente todos os aspectos da nossa experiência, desde a maneira como
agimos no trabalho, no amor, no sexo, até o modo como atuamos como pais, e
até aonde provavelmente subiremos na vida. Os dramas da nossa vida são
reflexo das visões mais íntimas que temos de nossas reações aos
acontecimentos do cotidiano, estas são determinadas por quem e pelo que
pensamos que somos, assim, a autoestima é a chave para o sucesso ou para o
fracasso. É também a chave para entendermos nós mesmos e os outros.
A autoestima tem dois componentes: o sentimento de competência
pessoal e o sentimento de valor pessoal.
Ter uma autoestima elevada é sentir-se confiantemente adequado à
vida, isto é achar-se competente e merecedor; ao contrario da autoestima baixa
que é sentir-se inadequado, incapaz.
Desenvolver a autoestima é desenvolver a convicção de que somos
capazes e somos merecedores da felicidade, capazes de enfrentar a vida com
mais confiança.
Quanto maior a nossa autoestima, mais preparados estaremos para lidar
com as adversidades da vida; maior a probabilidade de termos relações
saudáveis e obtermos sucesso.
A autoestima pode ser conceituada de várias maneiras. A primeira delas
é que a autoestima é a mola propulsora na vida de uma pessoa; outra, é a
avaliação favorável de si mesmo, ou seja, seu próprio autoconceito elevado,
onde a pessoa se valoriza e se aceita incondicionalmente; procura sempre
pensar o melhor, trabalhar bem, assumir responsabilidades, tolerar
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frustrações, ser segura de si, sentir-se bem consigo mesmo.
A forma como a pessoa se enxerga irá influenciar nas relações que ela
estabelecerá e suas experiências ao longo de sua vida. Ter uma autoestima
consolidada internamente é um fator importante que influenciará na forma que
a pessoa escolhe de enfrentar a vida e os novos desafios.
Levando-se em conta que no dia-a-dia vivenciamos situações novas, é
importante termos autoestima suficiente para enfrentar tais mudanças.
Ter uma autoestima fortalecida não significa que nunca nos sentiremos
deprimidos, confusos ou ansiosos, mas ter um bom autoconceito é a garantia
de conseguir lidar com essas questões de uma maneira mais tranquila.
Considerando que o nosso autoconceito pode se modificar em função das
nossas experiências, nós temos a responsabilidade de fazê-lo evoluir
positivamente.
Para Severino (1991) a autoestima refere-se a capacidade que o
indivíduo tem de gostar de si mesmo, condição básica para se sentir confiante,
amado, respeitado. Para ele, esse é um processo a longo prazo que tem sua
origem ainda na infância.
Quando criança, nossa autoconfiança e nosso autorrespeito podem ser
alimentados ou destruídos pelos adultos, conforme sejamos respeitados,
amados, valorizados e encorajados a confiar em nós mesmos.
Mas, em nossos primeiros anos de vida, nossas escolhas e decisões
são muito importantes para o desenvolvimento futuro da nossa autoestima.
A responsabilidade de construir a autoestima na criança é nossa.
Atuamos através dos pensamentos, palavras e ações e todos eles refletem
estados afetivos e de humor, especialmente as palavras. O cuidado com as
palavras é essencial, pois seu efeito é, no mínimo duradouro.
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1.1. A Importância da Família no Desenvolvimento da
autoestima da criança
A família é a primeira instituição que a criança conhece e onde faz suas
primeiras aquisições experimentais.
Na família ela desenvolve sua autoestima através do relacionamento
com os pais, e as experiências vividas com eles, dentro do diálogo, da
interação com os diferentes grupos.
Os primeiros anos são fundamentais para a aquisição de autoconfiança,
autovalorização e aprendizado que a torna segura para enfrentar desafios.
As relações afetivas são importantes para o desenvolvimento de forma
positiva, da autoestima.
Segundo (Ramirez, 2008) os pais também são responsáveis por
promover a interação social da criança e ela constrói sua autoimagem através
dos sentimentos positivos.
A forma como os pais tratam os filhos; as palavras que tornam um peso
absurdamente pejorativo e que fazem a criança acreditar e interiorizar sua
possível incompetência e a partir desse sentimento constrói uma ideia negativa
de si mesma.
Exemplo: Quando a criança não atende as expectativas dos pais, muitas
vezes acontece de eles sentirem-se impotentes e falhos no ato de ensinar,
abrindo mão de incentivar a criança para o aprendizado; outras vezes, eles
projetam esse sentimento de incompetência na criança, chamando-as de burra,
incapaz, fazendo com que a criança não aprenda a se respeitar e a respeitar os
outros.
Todas as experiências vivenciadas vão contribuir para aumentar ou
diminuir a autoestima.
As experiências que resultam em satisfação, alegria, conforto e
motivação para aprender, vão favorecer a autoestima positiva. Já as que
resultam em pressões, zombarias, deboches, rótulos, castigo, tristeza, vão
contribuir para a construção da baixa autoestima. Ou seja, a criança vai se
considerar capaz ou incapaz, dependendo do resultado dessas experiências.
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Os pais, as vezes idealizam o futuro dos filhos, alguns se projetam
através dos filhos: construindo ideais baseados em suas frustrações, em seus
desejos não realizados. Muitas vezes esse comportamento dos pais vai
construir na criança, dúvidas, inseguranças, baixa autoestima, e futuramente
pode tornar-se em frustrações.
As informações referentes à família, em muito contribuem ao estudo e
análise dos problemas apresentados pela criança, pois pode esclarecer em
menos tempo e com maior eficácia o histórico de vivência da criança.
Olhar através da família deve levar em conta simultaneamente três
níveis: individual, vincular e dinâmico.
a) No nível individual a atenção é centrada no paciente (aluno) e na sua
interação organismo-corpo-inteligência-desejo. Os vínculos e significações em
relação ao aprender, conforme seu grupo familiar.
b) O nível vincular está focado no modo de circulação do conhecimento e
informação entre os membros da família. Tais como: características dos
segredos e tipo de alianças; possíveis qualificações etc.
c) Nível dinâmico esclarece os papéis necessários ao funcionamento e
manutenção da estrutura familiar.
Portanto a família ajuda a criança a construir a figura de si mesma;
motiva e incentiva, ou não, à conhecer e experimentar o aprendizado.
Uma família bem estruturada e atenta as vivências da criança, vai sem
dúvida, contribuir a construção de uma criança emocionalmente saudável e
com autoestima.
1.2. O papel do Professor no desenvolvimento da autoestima
da criança.
Na escola, o Professor exerce um papel fundamental na construção
dessa autoestima, muitas vezes o sentimento que a criança tem sobre si
mesmo, depende da relação existente entre ambos. O professor, através de
suas atitudes, pode valorizar o lado positivo da criança, fazendo com que ela
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se sinta confiante e feliz. Por outro lado,se ele for autoritário e valorizar sempre
o erro, este poderá criar na criança tendências emocionais e psicológicas que
provoquem restrição comportamental à criança, gerando medo, angustia e
limitações em pequenas e grandes situações do dia-a-dia.
Uma baixa autoestima pode desenvolver na criança sentimentos, como a
angústia, dor, desânimo, preguiça, vergonha, necessidade de: aprovação, de
reconhecimento e de agradar; dependência de outra pessoa; insegurança;
desacreditar de si e dos outros; inveja; vergonha; timidez, medo; sentimento de
inferioridade e outros sentimentos ruins. Em razão disso, manter uma
autoestima positiva é tarefa fundamental para o crescimento da criança.
O papel do Professor é proporcionar a criança um ambiente democrático,
de crescimento, interação e integração.
A autoestima na criança eleva a condição da aprendizagem da mesma;
ela se sente capaz de compreender e realizar tarefas, sente-se motivada a
buscar o conhecimento. Ela se sente respeitada e valorizada pelos que a
rodeiam, e isso trará resultados positivos que a instigarão à crescer sempre.
Situando a importância da escola e do professor no desenvolvimento da
autoestima dos alunos, Branden (1998), adverte para o fato de que o ambiente
escolar representa uma segunda chance para se adquirir uma visão melhor de
que muitos alunos construíram no ambiente escolar.
Para Wallon (1968) é através da emoção que o aluno exterioriza seus desejos
e suas vontades. Portanto, além de demonstrar carinho, o professor precisa
estar atento aos seus alunos, mostrando-se acessível, dando abertura para
que eles sintam-se seguros ao se expressarem. É importante saber ouvir o que
os alunos têm à dizer, valorizando-os.
Para Luckesi (2000), o ato “amoroso” é estar ciente que o papel do
educador é dar suporte para que o aluno se desenvolva mais; se torne mais
senhor de si, mais autônomo e independente.Essa ligação professor/aluno tem
uma importância significativa no processo da aprendizagem.
O papel do professor, então, como mediador, é fundamental na garantia
de que aprender é bom, prazeroso, possível, mas que não traz a plenitude
constante e que errar, falhar, faz parte natural do processo de aprender. O
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professor deve deixar claro, para aqueles a quem ensinar, que cada aluno, seja
ele levado agitado, apático, interessado, lento, inteligente, limitado, é tão
importante para ele, assim como todos da classe. Deve criar situações em que
participar, integrar, dividir e frustrar-se sejam comuns a todos os alunos, sem
que se percam a individualidade do sujeito, suas características pessoais de
expressar seus medos e dificuldades, nem habilidades.
O professor deve ser motivador da aprendizagem promovendo situações
e recursos para favorecer o desenvolvimento da autoestima do aluno.
1.3. Aprendizagem e autoestima.
A aprendizagem engloba estruturas cognitivas, neurológicas e psicológicas em
parceria com as características socioculturais do ambiente, vão interferir,
facilitando ou dificultando a construção do aprender.
Os estímulos recebidos do meio serão processados pelas vias cerebrais
e se transformam em capacidade adquirida, interferindo diretamente no
comportamento do indivíduo e vão servir de base para seu direcionamento,
julgamento, seleção, etc., para suas respostas ao meio. A aprendizagem
envolve processos psíquicos como retenção, integração e conceituação que
vão depender de processos menores como atenção, memória, identificação,
sequenciação, análise, síntese etc.
Vale salientar que a dificuldade de aprendizagem geralmente acontece
devido a uma desorganização funcional do cérebro. A criança que tem
dificuldade de aprendizagem apresenta inteligência normal, acuidade sensorial
adequada e geralmente não mostra perturbações emocionais, nem disfunção
motora.
A dificuldade de aprendizagem tem como características: a falta de
atenção, dificuldade em fixar informações, dificuldade de concentrar a atenção
por tempo suficiente para a retenção e a memorização de informações.
Para se trabalhar a autoestima, é necessário falar um pouco sobre “criar
e aprender”. Criar: é dar existência, gerar, formar. Aprender pressupõe
mudança, abstração. (ALESSANDRINI,1994).
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Então, quando a aprendizagem ocorre, há modificação na estrutura
interna do indivíduo, aí se efetiva a condição do novo presente no fazer de fato.
Aprende-se quando adquirimos conhecimento. A aprendizagem ocorre em um
sistema de fases inter-relacionadas que impõe um processo complexo. Na
maioria das vezes, não é possível observá-la enquanto se processa, mas
apenas quando ela já se concretizou. A aprendizagem é um processo oculto
que ocorre dentro do indivíduo. O homem abstrai a partir do seu próprio fazer,
aí incorpora novos conceitos e pode retratá-las.
Aprendizagem requer, além de um objeto a ser aprendido, uma
disponibilidade pessoal para aprender, ou seja o desejo de aprender. Ao
abordar o tema do desejo ligado á aprendizagem faz-se necessário refletir
sobre o desejo no ser humano, de um modo mais amplo. Referindo-se ao
desejo não como a satisfação de uma necessidade, como é compreendido pela
biologia, mas de um desejo inscrito na ordem simbólica (ZENICOLA, 2007,
pag. 53).
Parece que é exatamente aí que se encontra a chave para as mudanças
necessárias na ação de ensinar/aprender. É através do desejo que investimos
na busca e na conquista dos nossos objetivos; e na manutenção constante do
desejo de aprender, que nos tornamos sujeitos criativos, atuantes, capazes de
nos modificar e contribuir para melhorar o mundo.
A conduta cognitiva do ser humano diante de uma situação nova,
organizada no tempo, e no espaço pode permitir que seu procedimento seja
antecipado em busca de seu objetivo.
No início deste milênio, Gomide (2001), publicou estudos
correlacionando baixa autoestima com fracasso acadêmico e comportamento
antissocial. Chegou à conclusão que o fracasso acadêmico contribui para
baixar a autoestima, gerando assim o comportamento antissocial.
Contrário a isso, Branden (1998), afirmava que muitas razões podem
contribuir para que o aluno não apresente um bom desempenho escolar;
motivos que podem oscilar desde um problema de dislexia até a falta de
estímulos e desafios adequados para que a aprendizagem aconteça. Em
alguns casos, segundo Branden, mesmo com o desempenho escolar afetado, o
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aluno continuará com uma boa autoestima.
Como já citado anteriormente, muitos fatores podem causar a baixa
autoestima em criança, oriundos do relacionamento familiar ou do convívio
social; grupos escolares etc., ocasionando a dificuldade de aprendizagem.
É muito importante o equilíbrio emocional, o desenvolvimento de
atitudes positivas diante de si e dos outros; para a fluidez de ideias, o
conhecimento intelectual e a aprendizagem.
Os alunos só terão sucesso na escola, na vida adulta e no trabalho, se
tiverem autoconfiança e boa autoestima. Aprender a lidar com as críticas ajuda
a manter a autoestima equilibrada.
Uma atitude assertiva estimula um bem estar, uma sensação de
capacidade, de competência, que vai gerar um sentimento de autovalorização
e consequentemente o fortalecimento da boa autoestima.
A autoestima tem dois componentes: O sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. Ou: a autoestima á a soma de autoconfiança, com autorrespeito. Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida e o direito de ser feliz.(BRANDEN, 1997, p.43).
1.4. Afetividade e Aprendizagem
A autoestima da criança na fase do aprendizado é um elemento muito
importante que deve caminhar junto com a afetividade. A criança com baixa
autoestima apresenta maior dificuldade na aprendizagem.
Segundo a teoria Walloriana a afetividade é o ponto de partida do
desenvolvimento do indivíduo.
Aos poucos as diferenciações do meio social e suas mudanças passam
a formar grupos que vão conquistando afetividade de maneira diferenciada
entre si e dos outros, por conseguinte a base do seu próprio “eu”.
Para Wallon (1981), essa formação da personalidade acontece de forma
gradativa, passando pelos estágios do desenvolvimento.
A capacidade de aprendizado do aluno depende entre outros aspectos
do seu desempenho cognitivo.
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Segundo Moran (2007), “aprendemos mais e melhor se o fazemos num
clima de confiança, de incentivo, de apoio, de auto-conhecimento.Se
estabelecermos relações cordiais de acolhimento para com nossos alunos, se
nos mostrarmos pessoas abertas, afetivas, tolerantes e flexíveis, dentro de
padrões e limites conhecidos.
A afetividade dinamiza as interações, facilita a comunicação. O clima
afetivo prende a atenção e envolve o aluno, multiplica as potencialidades.
É fundamental que haja sintonia na comunicação entre aluno e professor
para a promoção da afetividade.
Alguns professores costumam ter dificuldades em expressar e
comunicar-se com clareza; se expressam de forma ambígua, usando de ironia
e duplo sentido, o que deixa o aluno confuso e atrapalha o relacionamento
professor/aluno.
Ao contrário, o professor que gerencia bem suas palavras confere ao
seu discurso uma credibilidade que torna seguro para o aluno aproximar-se
afetivamente do professor, diminuindo as barreiras para a aprendizagem.
1.5 Como estimular a autoestima na criança
Crianças com dificuldade de aprendizagem geralmente apresentam
desmotivação; muitas vezes essa dificuldade provoca na criança um
sentimento de incapacidade e frustração. Nesses casos, segundo orientação
de psicólogos deve-se “valorizar o que a criança sabe, para fortalecer sua
autoestima”. Fazendo com que a criança perceba o quanto ela é boa e capaz
de realizar tarefas na qual ela tem habilidades, e incentivá-la a desenvolver
outras tarefas nas quais ela não é tão boa.
Se o problema foi gerado por fator emocional (baixa autoestima), deve
ser tratado por psicólogos com especialização em clínica infantil. Caso o
diagnóstico for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada à um
psicopedagogo que pode ajudar no desenvolvimento dos processos da
aprendizagem.
Para que o resultado deste acompanhamento seja satisfatório será
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necessário que haja um trabalho de equipe com psicopedagogo, escola,
professores e pais (família).
Para estimular a autoestima na criança, de acordo com Branden (1998):
- Abrace-a todos os dias;
- Diga que a ama, sempre;
- Respeite seus sonhos para o futuro;
- Reconheça suas qualidades, reforce a idéia da sua aceitação pessoal;
- Valorize os pontos fortes da criança; não reforce suas dificuldades;
- Aceite-a pelo que ela é;
- Ensine-a que algumas críticas são apenas a opinião de alguém, que
nem sempre tem razão; e que isso não pode impedí-la de alcançar seus
objetivos. Ensine-a a preocupar-se com críticas construtivas;
- Incentive-a a construir e a fazer uso de sua criatividade;
- Encoraje-a a experimentar novas experiências;
- Nunca faça deboches ou aponte seus defeitos, especialmente na
presença de outros;
Considerando a educação como um processo dialético e, portanto,
dinâmico, faz-se necessário repensar a prática pedagógica e o conteúdo
escolar no tocante à noção de aprendizagem, interesse pelo novo, pelo
diferente, sua correlação com a autoestima e o fundamental papel
desempenhado pelo professor para que todo o processo ocorra de forma
positiva.
A aprendizagem engloba estruturas cognitivas, neurológicas e
psicológicas em parceria com as características socioculturais do ambiente,
vão interferir, facilitando ou dificultando a construção do aprender.
Os estímulos recebidos do meio serão processados pelas vias cerebrais
e se transformam em capacidade adquirida, interferindo diretamente no
comportamento do indivíduo e vão servir de base para seu direcionamento,
julgamento, seleção, etc, para suas respostas ao meio. A aprendizagem
envolve processos psíquicos como retenção, integração e conceituação que
vão depender de processos menores como atenção, memória, identificação,
sequenciação, análise, síntese etc...
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Vale salientar que a dificuldade de aprendizagem geralmente acontece
devido a uma desorganização funcional do cérebro. A criança que tem
dificuldade de aprendizagem apresenta inteligência normal, acuidade sensorial
adequada e geralmente não mostra perturbações emocionais, nem disfunção
motora.
A dificuldade de aprendizagem tem como características: a falta de
atenção, dificuldade em fixar informações, dificuldade de concentrar a atenção
por tempo suficiente para a retenção e a memorização de informações.
Para se trabalhar a autoestima, é necessário falar um pouco sobre “criar
e aprender”. Criar: é dar existência, gerar, formar. Aprender pressupõe
mudança, abstração. (ALESSANDRINI,1994).
Então, quando a aprendizagem ocorre, há modificação na estrutura
interna do indivíduo, aí se efetiva a condição do novo presente no fazer de fato.
Aprende-se quando adquirimos conhecimento. A aprendizagem ocorre em um
sistema de fases inter-relacionadas que impõe um processo complexo. Na
maioria das vezes, não é possível observá-la enquanto se processa, mas
apenas quando ela já se concretizou. A aprendizagem é um processo oculto
que ocorre dentro do indivíduo. O homem abstrai a partir do seu próprio fazer,
aí incorpora novos conceitos e pode retratá-las.
Aprendizagem requer, além de um objeto a ser aprendido, uma
disponibilidade pessoal para aprender, ou seja o desejo de aprender. Ao
abordar o tema do desejo ligado á aprendizagem faz-se necessário refletir
sobre o desejo no ser humano, de um modo mais amplo. Referindo-se ao
desejo não como a satisfação de uma necessidade, como é compreendido pela
biologia, mas de um desejo inscrito na ordem simbólica (ZENICOLA), 2007,
pag 53).
Parece que é exatamente aí que se encontra a chave para as mudanças
necessárias na ação de ensinar/aprender. É através do desejo que investimos
na busca e na conquista dos nossos objetivos; e na manutenção constante do
desejo de aprender, que nos tornamos sujeitos criativos , atuantes, capazes de
nos modificar e contribuir para melhorar o mundo.
A conduta cognitiva do ser humano diante de uma situação nova,
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organizada no tempo, e no espaço pode permitir que seu procedimento seja
antecipado em busca de seu objetivo.
No início deste milênio, Gomide (2001), publicou estudos
correlacionando baixa autoestima com fracasso acadêmico e comportamento
antissocial. Chegou a conclusão que o fracasso acadêmico contribui para
baixar a autoestima, gerando assim o comportamento antissocial.
Contrário a isso, Branden (1998), afirmava que muitas razões podem
contribuir para que o aluno não apresente um bom desempenho escolar;
motivos que podem oscilar desde um problema de dislexia até a falta de
estímulos e desafios adequados para que a aprendizagem aconteça. Em
alguns casos, segundo Branden, mesmo com o desempenho escolar afetado, o
aluno continuará com uma boa autoestima.
Muitos fatores podem causar a baixa autoestima em criança, oriundos
do relacionamento familiar ou do convívio social; grupos escolares etc,
ocasionando a dificuldade de aprendizagem.
É muito importante o equilíbrio emocional, o desenvolvimento de atitudes
positivas diante de si e dos outros; para a fluidez de ideias, o conhecimento
intelectual e a aprendizagem.
Os alunos só terão sucesso na escola, na vida adulta e no trabalho, se
tiverem autoconfiança e boa autoestima. Aprender a lidar com as críticas ajuda
a manter a autoestima equilibrada.
Uma atitude assertiva estimula um bem estar, uma sensação de
capacidade, de competência, que vai gerar um sentimento de autovalorização
e consequentemente o fortalecimento da boa autoestima.
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CAPÍTULO II
A PSICOPEDAGOGIA
A Psicopedagogia surgiu no final do século XX, como uma área de
estudos e de intervenção que visa entender o sujeito no processo de
aprendizagem. Ela nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que
busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo
(Bossa, 2007, p. 23). Ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus
padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo.
Os primeiros Centros Psicoterápicos foram instituídos na Europa, com
direção médica e pedagógica. Acoplavam-se nesses Centros, conhecimentos
da psicologia, psicanálise e pedagogia na tentativa de readaptar crianças com
comportamentos socialmente inadequados e/ou com dificuldades de
aprendizagem.
Com Jorge Visca, psicopedagogo argentino, estudos começaram a fazer
diferença na compreensão do aprendiz e suas dificuldades. Ele propõe, como
base teórica da Psicopedagogia, a Epistemologia convergente, construída a
partir de conceitos da Psicanálise, da Epistemologia genética de Piaget e da
Psicologia social operativa, de Pichon-Riviére.
A Psicopedagogia surgiu contaminada pela ciência clássica, para
compreender a dificuldade da aprendizagem como um sintoma da relação
multicausal, onde envolve o sujeito, cultura, seu nível de desenvolvimento
cognitivo, seu vínculo familiar, seu funcionamento para pensar e agir. Começou
a construir seu espaço na instituição escolar através das pesquisas de Emília
Ferreiro e do aprofundamento dos estudos de Jean Maire Dolle e Sara Pain
que auxiliou a compreensão do aprendiz como sujeito constituído de outros
sujeitos: cognitivo, afetivo, biofisiológico e social.
No final dos anos de 1990, a mudança esboçada na passagem do objeto
da Psicopedagogia, do processo de aprendizagem para o sujeito que aprende,
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consolida-se uma base teórica para a Psicopedagogia; destaca o sujeito
cognoscente como o seu objeto de estudo.
A Psicopedagogia preocupa-se com o problema da aprendizagem,
ocupando inicialmente com o processo como ocorre. Ela:
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia – e evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo- se assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprender, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e a preveni-las. (BOSSA, 2007, p. 24)
O diagnóstico psicopedagógico busca investigar, pesquisar para
averiguar quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de
não aprender, aprender com lentidão e/ou com dificuldade; esclarece uma
queixa do próprio sujeito, da família ou da escola.
O Psicopedagogo surgiu no Brasil para atender as necessidades
relacionadas aos problemas do grande índice de fracasso escolar. Devidoaos
profissionais da educação e ou Psicólogo, isoladamente, não estarem dando
conta de resolver a questão do grande índice de baixo rendimento escolar.
No momento inicial, a Psicopedagogia foi, segundo Visca (1987), uma
ação auxiliar da medicina e da psicologia, instituindo-se como saber
independente e complementar, tendo seu objeto de estudo definido – o
processo aprendizagem – e recursos diagnósticos próprios. Mediante o
entendimento que começa a emergir acerca do seu objeto de estudo, aprova-
se em 1996 pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, o Código de Ética,
que condensa os principais pontos a serem seguidos pelo psicopedagogo,
dentre as diretrizes previstas pelo código está a deliberação da Psicopedagogia
como um campo de atuação em saúde e educação que envolve com o
processo de aprendizagem, devendo primar pela interdisciplinaridade e
podendo ser exercida tanto clínica quanto institucionalmente.
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A Psicopedagogia foi inserida no Brasil baseada em modelos médicos e
foi assim que se iniciaram nos anos 70, cursos de formação de especialistas
em psicopedagogia na clínica médico-pedagógica. Atualmente, os
psicopedagogos, à luz das contribuições de diversas áreas do conhecimento,
vêm reformulando sua linha de análise. Segundo Kiguel (Bossa, 1992)
historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e a
psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com distúrbio
de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional
convencional.
A psicopedagogia no Brasil vem desenvolvendo um quadro teórico
próprio. “É uma nova área de conhecimento, que traz em si as origens e
contradições de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita reflexão
teórica e pesquisa” (Bossa, 2007, p.13).
2.1 O Psicopedagogo, sua formação e importância.
Segundo Janine Mery (1985), o psicopedagogo é um professor de um
tipo particular que realiza a sua tarefa de pedagogo sem perder de vista os
propósitos terapêuticos da sua ação. Qualquer que tenha sido a sua formação,
ele sempre assumirá a dupla polaridade de seu papel.
O psicopedagogo deve procurar se revestir de um arcabouço teórico das
outras ciências para se constituir enquanto profissional com uma visão ampla
que acolhe a interdisciplinaridade. A ele cabe saber como se constitui o
sujeito, e sua configuração nas etapas da vida, bem como, o que significa
ensinar e aprender, de que modo métodos pedagógicos interferem no
desenvolvimento da criança, quais os fatores envoltos nas dificuldades de
aprendizagem.
Sua formação foi regulamentada pelo MEC–Ministério da Educação e
Cultura em cursos de pós-graduação, os quais tornam esses profissionais
aptos para trabalhar nas áreas: institucional e clínica, que podem ser escolar,
empresarial e hospitalar.
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O Psicopedagogo possui a Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp), que busca o reconhecimento da Profissão.
Na Instituição escolar a psicopedagogia tem caráter preventivo e
terapêutico, no sentido de procurar criar competências e habilidades para a
solução de problemas; assume compromisso com a melhoria do ensino,
atendendo, sobretudo aos problemas da educação, específicos de avaliação e
estratégias capazes de atender aos alunos em sua individualidade e auxiliá-los
em sua produção escolar e para além dela, colocando-os em contato com suas
reações diante da tarefa e dos vínculos com o objeto do conhecimento.
A importância desse profissional na instituição se justifica e se legitima
por várias vias: primeiro, por ser mediante ao convívio cotidiano com os
sujeitos da instituição que o psicopedagogo participa das relações da
comunidade educativa favorecendo assim o processo de integração e troca,
segundo, por ser no desempenho da função preventiva dentro do espaço
escolar, que o psicopedagogo detecta prováveis perturbações relativas à
aprendizagem, podendo promover orientações relacionadas às peculiaridades
dos sujeitos.
Em decorrência do grande número de alunos com dificuldade de
aprendizagem fez-se necessário a intervenção do Psicopedagogo no espaço
escolar, com a finalidade de investigar, pesquisar e trabalhar as causas destas
dificuldades.
O trabalho do psicopedagogo na escola é bastante denso,
essencialmente se considerarmos a quantidade de questões que estão
atreladas à dificuldade de aprendizagem. De acordo Bossa (2000), entre as
múltiplas atribuições que o psicopedagogo assume no espaço escolar está a
orientação à família; o auxilio aos professores e demais profissionais nas
questões pedagógicas; a colaboração com a direção e a mais importante delas:
a assistência ao aluno que esteja com algum tipo de necessidade.
Dessa forma, o psicopedagogo educacional deve assumir tanto um
caráter preventivo como assistencial, participando na elaboração dos planos e
projetos da escola e ajudando a equipe escolar a desenvolver seu trabalho
priorizando as necessidades individuais de aprendizagem de cada aluno.
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No âmbito clínico tem como tarefa a investigação e a intervenção para
que compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do
sujeito, com o intuito de sanar suas dificuldades.
O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar
alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros.
Esses dois modos de atuação, não deixam de resultar um trabalho teórico.
Tanto na prática preventiva como na clínica, o profissional se embasa sempre
em um referencial teórico. Subsidiado por esse referencial, o psicopedagogo
pode atuar preventivamente contribuindo com o educador na sua prática
docente, na preparação dos profissionais, assim como, dentro da própria
instituição de ensino.
O trabalho clínico pode ocorrer em hospitais ou em consultórios, e por
meio dele, o psicopedagogo procura compreender o porquê do sujeito não
aprender, o que e como ele conseguirá aprender. Esse trabalho ocorre
geralmente de forma individual.
A Psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e
integrada os processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e
pedagógicos, que interferem na aprendizagem. O diagnóstico psicopedagógico
é como um procedimento de pesquisa em que há investigação, observação,
levantamento de hipóteses, sempre em um contínuo revisável.
A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Seu papel é analisar e
assinalar os fatores que favorecem, interferem ou prejudicam uma boa
aprendizagem.
A ação psicopedagógica provoca, discute, critica, analisa e trabalha as
habilidades operatórias, desenvolve habilidades estabelecendo a relação de
significado da aprendizagem para o aluno. Trabalha para possibilitar o resgate
do prazer de aprender; orienta profissionais que atuam no universo
educacional.
Além da psicopedagogia preventiva, existe a curativa que é voltada para
as crianças com problemas de aprendizagem escolar, onde o psicopedagogo
vai atuar promovendo uma intervenção com o professor e aluno, buscando
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encontrar recursos e orientar os profissionais para o desenvolvimento com os
alunos.
O psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza
aprendizagem escolar, identificando os empecilhos e os elementos facilitadores
numa ordem preventiva. Eis que esses elementos são condicionados por
fatores distintos, fazendo com que cada situação seja única. De acordo Pain
(1985), os problemas de aprendizagem podem ser gerados por razões internas
ou externas à família e ao indivíduo, mesmo que sobrepostas. Quando os
problemas concernentes ao fracasso escolar advêm de motivos ligados à
estrutura familiar e/ou individual, faz-se necessária uma intervenção
psicopedagógica. Os encaminhamentos ao consultório psicopedagógico, são
feitos, em sua grande maioria, pela instituição. Assim, é sumamente relevante
que a psicopedagogia contribua com a escola, seja na promoção da
aprendizagem, seja no tratamento dos distúrbios e dificuldades nesse
processo.
Dentre as muitas proposições da Psicopedagogia, está a ressignificação
do desejo do educando, a promoção do pensar, o desenvolvimento da escuta,
o alargamento do olhar, a busca pelo sucesso escolar e acrescentamos à
essas, a investigação cuidadosa e a realização de propostas para uma
formação docente eficaz e verdadeiramente comprometida.
Entendemos que pensar a instituição escolar a partir da psicopedagogia
implica atuarmos frontalmente sobre a formação do professor, uma formação
que seja capaz de transcender os muros da escola e abarcar a sociedade em
geral, incluindo alunos, professores, pais e comunidade do entorno escolar.
A psicopedagogia educacional é uma ciência complexa, que visa a
adoção de procedimentos preventivos relevantes a dificuldades de
aprendizagem e problemas de comportamento incluídas neste contexto. As
principais disciplinas que norteiam o psicopedagogo são pedagogia cultural,
psicologia, psicanálise, filosofia, sociologia e neurobiologia.
Segundo Bossa de sua relação com a pedagogia, psicologia educacional
traz as incertezas e contradições de uma ciência cujos limites são da própria
vida humana. Trata-se de ambos, na sua opinião, o social, os processos
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individuais em ambos os transformadores como criadores. De Psicologia,
Psicologia da Educação herda o velho problema do paralelismo psicofísico, um
dualismo que agora favorece o físico (observável) agora (consciência) psíquica.
A psicopedagogia educacional tem ação (preventiva) nos problemas e
disfunções intervenção aprendizagem. Sua se torna necessário quando visto
em educação é suas limitações na solução de problemas que estão para além
da rotina escolar e teorias de ensino e aprendizagem. Que o sistema
educacional precisa de olhar para as dificuldades de aprendizagem de forma
mais holística, avaliando não só alunos, mas também que transmite
conhecimento. Não se pode avaliar o aluno apenas para o seu mérito potencial,
mas por suas dificuldades em apreender um assunto, sempre observando suas
limitações que podem ser temporárias ou permanentes.
Podemos apontar como uma dificuldade temporária da família de
conflitos e um exemplo de que o indivíduo com dificuldade definitiva perda total
da audição. Para cada caso, o psicopedagogo profissionais prosseguir com a
necessária competência para julgar, observando que estes profissionais não
podem prescrever medicamentos, porque não um médico, mas pode orientar
os responsáveis para o aluno a procurar profissional mais adequado para cada
caso.
O psicopedagogo é um profissional multifacetado que tem conhecimento
sólido da aprendizagem humana e desenvolve funções de prevenção em
diferentes campos institucionais que podem atuar. Onde há envolvimento de
ensinantes envolvendo alunos deve ser a orientação do psicopedagogo para
atuar como mediador e conselheiro das pessoas envolvidas no processo.
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CAPÍTULO III
ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Durante o processo de ensino aprendizagem alguns alunos podem
apresentar dificuldades. Para esses alunos, a vida escolar pode ser bem difícil
e muitas vezes frustrante, a maioria desses alunos possui sentimentos de
incompetência e de não pertencimento.
Desse modo, percebe-se que é necessário um profissional que conheça
o problema que o aluno vem enfrentando, que conheça estratégias de
intervenção, experiências, técnicas e atividades motivadoras para que haja
uma mudança nas ações desse aluno. É nessa hora que entra o papel do
Psicopedagogo, com profissional que pode contribuir para analisar o porquê do
aluno não aprender e quais são os fatores que levam o aluno a ter dificuldade
no processo de aprendizagem.
Cabe então ao psicopedagogo intervir junto à família da criança que
apresenta dificuldades, utilizando-se de entrevista e da anamnese com a
família para tomar conhecimento de informações sobre a vida orgânica,
cognitiva, emocional e social da criança; com objetivo de traçar recursos para
trabalhar as dificuldades da mesma, favorecendo o desenvolvimento da sua
autoestima.
O psicopedagogo pode trabalhar a autoestima, primeiramente criando
uma autoimagem positiva, trabalhar conscientizando a criança quanto a sua
capacidade e desenvolver sua autoaceitação.
A prática da autoaceitação é a disposição de admitir, experimentar e
assumir a responsabilidade por seus pensamentos, sentimentos e ações, sem
fugir, negar ou refutar, e sem se repudiar. Permitir-se avaliar seus conceitos,
vivenciar suas emoções e analisar ações sem necessariamente apreciá-las,
aprová-las ou justificá-las. A aceitação do eu como ela é evitará que a criança
se comporte como se estivesse sendo julgada. Desse modo, não estará
sempre na defensiva e conseguirá ouvir críticas ou ideias diferentes, isso
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ajudará a criança a se ver responsável por mudanças na própria vida, e a
aceitar a própria identidade, reconhecendo suas conquistas.
Trabalhar utilizando jogos, métodos e técnicas específicas para
desenvolver atenção, criatividade, autonomia, motivação, concentração,
percepção visual, memória, inteligência e mudança de postura.
O tratamento psicopedagógico será, portanto, uma intervenção, visando
reformular o modelo de aprendizagem do aluno (paciente) de modo a remover
ou redimensionar os obstáculos à aprendizagem, em função das reais
possibilidades do indivíduo.
“...cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo da aprendizagem, participa da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.” (BOSSA, 2007, p.23)
O atendimento psicopedagógico pode representar a resposta à maior
demanda do momento, preparando a criança ou adolescentes para outros
tratamentos posteriores, por meio de melhor organização interna e externa, de
crescimento do autoconceito, da autoestima por meio através do sucesso
escolar e do desenvolvimento cognitivo-afetivo.
Em alguns casos, segundo WEISS (2009), é imprescindível à terapia
familiar paralela ao atendimento psicopedagógico.
Para a Psicopedagogia, enquanto área de estudo da aprendizagem
humana em toda e qualquer dimensão, é essencial que haja um olhar em
busca do entendimento, enfim entender como o sujeito se constitui no ambiente
em que vive.
Desse modo, é possível dizer que é preciso haver um certo nível de auto
estima para que o aluno alcance sucesso escolar e desenvolva
satisfatoriamente a aprendizagem. Teorias Psicológicas constatam que o aluno
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que entra na escola com medo do fracasso tende a desencadear sentimento de
insegurança.
À medida que passa a ter no fracasso a sua “marca registrada”, o aluno
desenvolve uma auto percepção negativa de si mesmo. Experiências
sistemáticas de insucesso causam no aluno um autoconceito que obedece a
um processo de internalização que, segundo Vygotsky, está relacionada com o
mundo externo, isto é, com pessoas ou situações sociais.
Com a continuação do contato e com o passar do tempo, esse processo,
que era interpessoal, passa a ser internalizado, tornando-se intrapessoal.
3.1 A intervenção do Psicopedagogo junto à criança com
baixa autoestima
A aprendizagem é fundamental para o relacionamento entre os alunos e
ensinantes. A psicopedagogia nasceu da necessidade de tentar compreender
os obstáculos que aparecem no processo de ensino-aprendizagem. Para isso,
a psicopedagogia tem o interesse de estudar e buscar estratégias de
intervenção para trabalhar as dificuldades de aprendizagem. Observando suas
dificuldades, seus problemas, suas alegrias, sua apatia, suas conquistas e
suas decepções.
Por isso, o psicopedagogo dever ter interesse em conhecer ao máximo
tudo que está envolvido neste contexto.
Polity (2001, p.27) nos diz que:
Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem acarretam efeitos emocionais, agravando o problema. Se seu rendimento escolar for sofrível, a criança talvez seja vista como um fracasso pelos professores ou colegas, e até pela própria família. Infelizmente, muitas crianças desenvolvem autoestima negativa, que agrava a situação e que poderia ser evitada, com auxílio da família e de uma escola adequada. É essencial que as crianças recebam apoio dos pais, pois com o suporte emocional desenvolvem base sólida e senso de competência que as levam a uma autoestima satisfatória.
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O professor também deve fazer uma reflexão de sua condição mental e
de seus problemas pessoais. Fazendo uma auto-análise para que suas
tensões não sejam passadas para seus alunos. E mesmo quando provocado,
deve tentar buscar um equilíbrio tentando utilizar a sua inteligência emocional -
capacidade de superar situações desagradáveis positivamente, angustiante e
conflito.
O conhecimento que o sujeito faz de si, não é inato, ou seja, não
nascemos com o conceito pronto de nós mesmos, ao contrário, ele é
construído e definido ao longo do desenvolvimento do sujeito graças às
experiências de sucessos e fracassos vividas no ambiente familiar, escolar e
social. Em outras palavras, a criança, nos primeiros anos de vida, recebe a
informação sobre si dos pais e dos familiares próximos.
A mãe e o pai exercem um papel importante por a criança enxergá-los
como um ser total que ela possui como referência para se identificar e distinguir
e se por algum motivo não ocorrer o processo de diferenciação, a identidade
infantil ficará comprometida e acabará se resumindo apenas no reflexo de seus
pais.
À medida que a criança cresce e amplia seu círculo de relações
aparecem outras pessoas significativas que influenciam paulatinamente suas
informações sobre si.
A relação estabelecida entre a auto estima e a educação é indissociável
e interdependente, pois elas se influenciam mutuamente.
A autoestima é importante pois, é a partir dela que nos percebemos
enquanto sujeito e direcionamos a forma que vamos conduzir nossas vidas. A
autoconfiança é de extrema importância para a realização e felicidade do
indivíduo.
O modelo de aprendizagem de cada um é construído a partir das
primeiras relações do sujeito com o mundo. Quando a criança chega à escola
há um rompimento parcial de sua relação familiar. A partir daí passa por novas
experiências de socialização que é a extensão da família.
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A criança ingressa em um grupo social desconhecido, no qual tem que
disputar a atenção dos adultos e o espaço com outras crianças.
Em sala de aula a criança precisa sentir-se aceita, querida, respeitada... É
necessário favorecer um clima de confiança, respeito e afeto que estimule o
diálogo e proporcione o prazer da comunicação, promovendo o
desenvolvimento da autoestima dos alunos.
A escola deve desenvolver os temas e as disciplinas, visando à
afetividade, as emoções ajudando o aluno a descobrir o seu “eu”, descobrindo
seu potencial.
Há ainda a necessidade de um trabalho voltado para a interação dos
profissionais da escola como: psicólogo, fonoaudiólogo, psicoterapeuta,
psicopedagogo etc., o qual venha acompanhando a criança fora da escola. É
também necessária a orientação sistemática dos pais, para que em casa
possam dar continuidade ao trabalho desse profissional.
Cabe ao psicopedagogo intervir junto à família da criança que apresenta
dificuldades, utilizando-se de entrevista e de anamnese com a família para
tomar conhecimento de informações sobre a vida orgânica, cognitiva,
emocional e social da criança; com objetivo de traçar recursos para trabalhar
as dificuldades da mesma, favorecendo o desenvolvimento da sua autoestima.
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CONCLUSÃO
Diante do estudo realizado conclui que a autoestima é um sentimento
individual e íntimo de cada ser humano.
Sendo esse um conceito que cada um faz de si mesmo e que pode
existir em níveis muito alto ou baixo demais, levando o indivíduo a processos
de diversos tipos de comportamentos.
Vimos que a construção de uma boa auto estima é fundamental para que a
criança cresça confiante em si e em suas potencialidades para, futuramente se
tornar um adulto forte e seguro para enfrentar os desafios da vida.
O presente estudo propiciou-me concluir que o desenvolvimento da auto
estima está diretamente relacionada às situações vividas nos primeiros anos de
vida familiar e escolar, e nos demais grupos sociais.
Que tanto a família quanto a escola e professores tem influencia
decisiva na construção da autoestima (positiva ou negativa) da criança ;
Que o fracasso escolar contribui para a baixa autoestima;
Que a autoestima positiva é o caminho para a obtenção de bons
resultados escolares e consequentemente na vida adulta;
Que a afetividade constitui ponto de partida no desenvolvimento da
criança, a importância da mesma na relação criança/família; criança/professor
e criança/ meio social; e que o vínculo afetivo será um grande facilitador no
processo da aprendizagem; e por fim, que a motivação favorece a
aprendizagem e em consequência melhora a autoestima;
O estudo mostra que a autoestima pode ser trabalhada no individuo e
que para isso são necessárias intervenções não só no seio da família, mas por
profissionais especializados, que podem através de recursos apropriados
estimular e motivar a criança para que ela construa sua auto estima de maneira
saudável.
Neste caso vimos à importância do profissional psicopedagogo com
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suas contribuições para que a criança descubra o prazer de aprender e
promovendo a integração entre pais, professores, orientadores e demais
profissionais do universo escolar.
Percebemos também que por ser um campo relativamente no nosso
país, a psicopedagogia vem enfrentando desafios. Um deles reside na própria
formação do psicopedagogo, pois, especialmente com a ampliação do campo
de atuação para as instituições, a procura pelo curso aumentou muito e
consequentemente, para acompanhar a demanda está ocorrendo uma abertura
indiscriminada de cursos, em diversas regiões.
Outro desafio a ser enfrentado está na construção da identidade do
psicopedagogo e na delimitação do seu campo de atuação. Isto deve contribuir
para que o psicopedagogo não se transforme em um modismo passageiro,
mas sim que tenha seu espaço de atuação garantido.
Apesar de tantos desafios, a psicopedagogia tem conquistado seu
espaço na educação brasileira, como prática que propicia alternativas de
reflexão e ação, visando melhorias no processo de ensino e aprendizagem.
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