Fasciculo 6 - Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa

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A Educao Especial naPerspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e ComunicaoAumentativa e AlternativaMarcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 3Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 4MINISTRIO DA EDUCAOSECRETARIA DE EDUCAO ESPECIALUNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA Educao Especial naPerspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e AlternativaAutoresMara Lcia SartorettoRita de Cssia Reckziegel BerschBraslia2010Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 3Projeto e Produo GrficaCarlos SenaPr-mpressondice Gesto EditorialCarlos Sena e Daniel SiqueiraGerao de udioDigital Acessible nformation System (Daisy)ndice Gesto EditorialComisso OrganizadoraMaria Tereza Eglr MantoanRita Vieira de FigueiredoEsta uma publicao da Secretaria de EducaoEspecial do Ministrio da Educao.Esplanada dos Ministrios, Bloco L, 6 andar, Sala 600CEP: 70047-900 Braslia / DF.Telefone: (61) 2022-7635Distribuio gratuitaTiragem desta edio: 60 mil exemplaresSartoretto, Mara Lcia.A Educao Especial na Perspectiva dancluso Escolar : recursos pedaggicos acessveise comunicao aumentativa e alternativa / MaraLcia Sartoretto, Rita de Cssia Reckziegel Bersch.- Braslia : Ministrio da Educao, Secretaria deEducao Especial ; [Fortaleza] : UniversidadeFederal do Cear, 2010.v. 6. (Coleo A Educao Especial naPerspectiva da ncluso Escolar)SBN Coleo 978-85-60331-29-1 (obra compl.)SBN Volume 978-85-60331-35-2 (v. 6)1. ncluso escolar. 2. Educao especial. .Bersch, Rita de Cssia Recziegel. . Brasil.Ministrio da Educao. Secretaria de EducaoEspecial. . Universidade Federal do Cear. V. AEducao Especial na Perspectiva da nclusoEscolar.CDU 376Crdito das fotografiasAFAD - Associao de Familiares e amigos doDonw, Cachoeira do Sul, RSAhimsa - Associao Educacional para MltiplaDeficincia, So Paulo, SP www.ahimsa.org.br CED - Centro especializado em Desenvolvimentonfantil. Porto Alegre. RS www.assistiva.com.br Myriam Pelosihttp://www.comunicacaoalternativa.com.br Clik Tecnologia Assistiva - www.clik.com.br Ester Costa Quevedo - lustraesSecretaria Municipal de Educao de Florianpoliswww.pmf.sc.gov.br TECASSSTVA - http://www.tecassistiva.com.br Terra Eletrnica - www.terraeletronica.com.brExpanso. Laboratrio de tecnologia teraputica -www.expanso.comMarcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd31/5/201013:40Page 4Ministrio.indd 11 5/10/2010 12:30:12SumrioAos leitores 71. Recursos pedaggicos acessveis81.1. Produo escrita1.2. Acesso leitura1.3. Manejo de ferramentas, produo grfica e artstica2. Comunicao aumentativa e alternativa - CAA 212.1. O que comunicao aumentativa e alternativa e a quem se aplica? 2.2. O que considerar ao projetar um recurso de CAA? 2.2.1. Vocabulrio2.2.2. Smbolos grficos2.2.3. Recursos de comunicao2.3. Os Smbolos2.3.1. Tamanho do smbolo2.3.2. Organizao dos smbolos na prancha 2.4. ACAApara alunos com surdocegueira e deficincias mltiplas2.4.1. Formas de comunicao para alunos com cegueira e surdocegueira2.4.1.1. Formas de comunicao dinmicas2.4.1.2. Forma de comunicao esttica2.5. O Trabalho com a CAA2.6. ACAAe os recursos pedaggicos de acessibilidade na escola comum 2.6.1. Objetivos dos recursos na escola comum2.6.2. Utilizao de recursos de CAAna elaborao de estratgias de ensino e aprendizagem2.6.3. Avaliao utilizando a CAAna escola 2.7. ACAAno Atendimento Educacional Especializado - AEE2.7.1. Objetivos da CAAno atendimento educacional especializado2.7.2. Avaliao da CAAno AEE2.7.2.1. Avaliao da competncia operacional2.7.2.2. Avaliao da competncia funcional2.8. Parceria entre os professores da Sala Comum e o AEE na utilizao dos recursosAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa5Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 52.8.1. Plano de aula2.8.2. Plano de AEE e propostas de interveno em Tecnologia Assistiva em cada atividade2.8.3. Avaliao na sala comum2.8.4. Avaliao no AEEConsideraes finais 62Referncias63Para saber mais 64AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa6Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 6Aos LeitoresEstefascculopartedeumacoleosobreeducaoespecialnaescolacomum,quetem por objetivo desafiar gestores, professores do AEE da escola comum, e alunos a re-pensarem a funo dos recursos como facilitadores do acesso aprendizagem na escolae fora dela.Orientarosprofessoresnaseleo,confecoeindicaoderecursospedaggicosacessveis que dem condies aos alunos de participarem ativamente de todas as estra-tgiasdeensinooferecidaspelaescola,eliminandoasbarreirasdequalquernatureza,que dificultem ou impeam a aprendizagem - eis o desafio que estamos propondo comeste material. Naprimeiraparte,dedicadaaosrecursospedaggicosacessveis,procuramosapre-sentar, de forma clara e objetiva, os recursos de baixa e de alta tecnologia, no como ins-trumentoscapazesde,porsiss,eliminarasbarreirasencontradaspelaspessoascomdeficincia para construrem aprendizagem, mas como facilitadores que, se usados comsabedoria, criatividade e seleo adequada, contribuiro de maneira efetiva para o bomdesempenho acadmico de seus usurios.Utilizando fotos e esclarecimentos sobre objetivos, materiais utilizados na sua confec-ooucomoadquiri-los,procuramosforneceraosprofessoresasinformaesbsicaspara a sua utilizao com sucesso.Na segunda parte, abordamos a comunicao aumentativa e alternativa como rea datecnologia assistiva que torna o aluno com impedimentos na comunicao oral e/ou es-crita mais participativo nas relaes comunicativas, podendo, assim, construir conheci-mentos e ser avaliado neste processo. Salientamos a importncia da observao acurada do aluno para a seleo e indicaocorreta do recurso, e procuramos esclarecer a funo diferenciada do trabalho do profes-sor do AEE e da escola comum na sua utilizao.Procuramos mostrar que a parceria entre professor da classe comum, do atendimen-toeducacionalespecializadoeafamliadoalunocontribuiparaqueosrecursoscum-pram a sua funo: eliminar barreiras que impeam qualquer aluno, em qualquer ambi-ente e em todas as atividades propostas pela escola, de participar, nas melhores condi-es possveis, de todas as atividades da escola comum.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa7Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 71. RECURSOS PEDAGGICOS ACESSVEISA escola que acolhe e tira partido das diferenas busca construir coletivamente uma pe-dagogia que parte das diferenas dos seus alunos como impulsionadoras de novas formasde organizar o ensino.Atendendo a essas diferenas, os recursos pedaggicos e de acessibilidade colaborampara que pessoas com deficincia participem ativamente do processo escolar. Os recursos podem ser considerados ajudas, apoio e tambm meios utilizados para al-canarumdeterminadoobjetivo;soaes,prticaseducacionaisoumaterialdidticoprojetados para propiciar a participao autnoma do aluno com deficincia no seu per-curso escolar. Quando nos referimos aos recursos de acessibilidade na escola, estamos fa-landoemTecnologiaAssistiva(TA)aplicadaeducao,sobaformadeAtendimentoEducacional Especializado (AEE). A Tecnologia Assistiva uma rea do conhecimento e de atuao que desenvolve ser-vios,recursoseestratgiasqueauxiliamnaresoluodedificuldadesfuncionaisdaspessoas com deficincia na realizao de suas tarefas. A atualPolticadeEducaoEspecialnaPerspectivadaEducaoInclusivapropeumanovaabordagemterico-prticadoensinoespecial.Paraexercersuasfunesdeacordo com os preceitos dessa nova orientao, o professor de educao especial volta-separa o conhecimento do aluno. Para isso, ele precisa desenvolver a habilidade de obser-var e de identificar as possveis barreiras que limitam ou impedem o aluno de participarativamentedoprocessoescolar.Precisatambmaprenderaestabelecerparceriasqueoapoiaro no atendimento a esse aluno. O que importante observar e registrar sobre os alunos para a identificao de neces-sidades, habilidades e dificuldades? Um roteiro de perguntas pode nos ajudar na coleta de dados para selecionar o recur-so adequado s necessidades do aluno. Quem o aluno? Quais as principais habilidades manifestadas pelo aluno e/ou relatadas por seusfamiliares? Quais as necessidades especficas deste aluno, decorrentes da deficincia ou im-posta pelo ambiente escolar? Comoafamliaresolveosproblemasdecorrentesdestasnecessidadesnoambi-ente familiar? Quetipodeatendimentonareadasadeoudaeducaooalunojrecebeequais so os profissionais envolvidos neste atendimento? Qual a impresso do professor da escola comumsobre o aluno? Comoestorganizadooplanopedaggicodoprofessorcomumequaissoosobjetivos educacionais e as respectivas atividades que ele prope sua turma?AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa8Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 8 Quais as necessidades relacionadas a recursos pedaggicos ou de acessibilidadeapontadas pelos professores para atingir os objetivos propostos para o aluno? Como a participao do aluno nas atividades propostas sua turma da es-colacomum?Eleparticipadasatividadesintegralmente,parcialmenteouno participa? Quaisbarreirasexistemparticipaoeaoaprendizadodoalunonastarefasescolares e que podero ser eliminadas com a utilizao de recursos pedaggi-cos acessveis? Quais as condies de acessibilidade fsica da escola? H rampas, banheiros ade-quados, sinalizaes, entre outros? Hauxliodemobilidadeparaoaluno,taiscomocadeiraderodassimplesoumotorizadas,bengalas,corrimesnasescadas,auxlioparatransfernciadaca-deira de rodas? Os materiais pedaggicos so adequados? H lpis e canetas ajustados condiodo aluno, alfabeto mvel, pranchas com letras e palavras, computador, teclados emousesespeciais,acionadores,rtesedemofuncionalparaescritaedigitao,ponteiras de boca ou cabea? Comessesdados,oprofessordo AEEpodedescreverasituaodoalunonasaladeaula e identificar suas necessidades; este o primeiro passo para a elaborao do Planode AEE e, consequentemente, para a seleo e/ou construo dos recursos necessrios. Outros pontos que devem ser observados com relao utilizao dos recursos, tantona sala comum quanto no AEE so: Os recursos selecionados e colocados disposio dos alunos esto atingindo osobjetivos educacionais aos quais foram propostos? A utilizao dos recursos est sendo acompanhada pelo professor do AEE, paraa realizao das adequaes necessrias? Oaluno,usuriodorecurso,estsendoouvidocomrelaofuncionalidadedo mesmo?Os recursos selecionados pelo professor do AEE para solucionar as dificuldades fun-cionais dos alunos podem ser de alta ou baixa tecnologia. Recursos de baixa tecnologia so os que podem ser construdos pelo professor do AEEe disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver ne-cessidade deles.Recursosdealtatecnologiasoosadquiridosapsaavaliaodasnecessidadesdoaluno, sob a indicao do professor de AEE.Para descrever a utilizao de recursos pedaggicos de acessibilidade na escola, temosde estar atentos s caractersticas do aluno, atividade proposta pelo professor e aos ob-jetivos educacionais pretendidos na atividade em questo.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa9Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 9Diversasatividadesexigemdosalunoscompetnciascomoleitura,escrita,produogrfica,manifestaooral,exploraodediversosambientesemateriais. A dificuldadedoalunocomdeficinciapararealizaressasatividadesacabalimitandoouimpendidosua participao na turma.1.1. PRODUO ESCRITAAprender a ler e a escrever desafiador para qualquer aluno.Ao escrever, a criana estabelece novas relaes com o meio, internaliza conceitos, ex-pe suas idias, ressignifica seus conhecimentos a respeito da lngua escrita, registra-os ecomunica-os. Segurar um lpis ou uma caneta da forma convencional e conseguir enxer-garoqueestsendoescritonopr-requisitoparaaprenderaescrever. A aprendiza-gem da leitura e da escrita conceitual e no mecnica.Muitas alternativas podem ser construdas para facilitar a preenso do lpis ou da ca-neta quando detectamos prejuzos na motricidade fina do aluno.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa10Foto1-Recursoqueauxiliaaescrita.Naimagemvisualiza-seumaboladeespumafuradacomumlpis encaixado neste orifcio. Foto 2 - O aluno pega o lpis especial e escreve. Umamoseguraaboladeespumaquemolda-sefacil-mente a ela, facilitando a preenso.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 10AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa11Foto3-Lpisecanetasengrossados.Naimagemumlpis e duas canetinhas esto engrossados com tubos deespuma,queoriginalmenteservempararevestimentotrmicodecanos.Umelsticocosturadonotubodeespuma para facilitar a fixao do lpis mo e, em umdos casos, o tubo de espuma perfurado pelo lpis trans-versalmente, modificando-se assim a forma de preenso.Ilustrao 5 - Soletrao por apontamento de prancha de letras. Na imagem, visualiza-se uma folha de fundoamarelo com letras pretas e grandes (Prancha de letras). Ao lado est um desenho representativo de uma moapontando. O recurso utilizado para que o aluno possa escrever e comunicar o que deseja atravs do apon-tamento das letras na prancha.Foto 4 - Acessrio para preenso e limitao de movi-mentosinvoluntrios.Nafotografiaumalunoutilizauma pulseira imantada e uma caneta com engrossadorde espuma. Afolha fixada sobre uma chapa de metal.A pulseiracomimlheauxilianainibiodemovi-mentos involuntrios.Pranchas de letras so indicadas para o aluno que escolhe, letra a letra, enquanto um co-lega, ou o professor realiza o registro da escrita. Quando o aluno no consegue apontar a le-tra, algum faz por ele o apontamento (varredura das letras). Para escolher a letra, o alunoemite um som, pisca ou faz qualquer outro sinal que possa ser compreendido como a sele-o da letra a ser escrita.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:49Page 11AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa12Alfabetos mveis de vrios tamanhos e materiais que possam se fixar por im ou velcroso teis na produo das primeiras palavras escritas.Alunos cegos aprendem a escrita Braille; para isso, utilizam a reglete, a mquina Braillee o prprio computador com impressora Braille.Foto 6 - Alfabeto mvel de letras. Afotografia mostraum alfabeto mvel em cubos de madeira formando apalavraBOLA.Asletrasmveissofixadassobreuma tira de velcro, que est colada sobre uma cartoli-napreta.Ovelcrofacilitaaadernciaeafixaodecada letra durante a formao da palavra. Foto 7 - Nmeros mveis. Nmeros emborrachados,em material EVA, so fixados sobre uma tira de vel-cro, colada em cartolina preta. Na foto, v-se a repre-sentao da operao numrica 1 + 2 = 3.Foto 8 - Menino com dez anos, cego, utilizando mquina Braille. A imagem mostra um aluno utilizando suamquina Braille durante o AEE.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 12AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa13Aescrita pode ser feita pelo computador atravs do apoio de rteses nas mos ou utiliza-o de teclados especiais. Existem teclados expandidos, reduzidos, programveis de acordocom a sensibilidade e contedos das teclas. Foto9-Tecladoconvencionalertesemoldvel.Alunodigitaemtecladoconvencionalutilizandouma rtese. Esta rtese moldvel, ajustada e fixadasuamo.Napontadartese,localquetocaasteclas, existe uma ventosa de borracha que possibilitaa aderncia do recurso tecla.Foto10-Tecladocobertoporumacolmiadeacrlicotransparente.A colmiaumaplacacomfurao coincidente s teclas e utilizada por alunoscom problemas de coordenao motora. Esse recur-so tem o objetivo de eliminar ou diminuir os errosde digitao. Foto11-Tecladoexpandidoeprogramvelemseuleiaute.Meninode11anosutilizandootecladoondeapareceumaatividadedematemticacomnumeraisemtamanhoampliado,especialmenteconstrudapararesolver os problemas de baixa viso e de dificuldades motoras apresentadas pelo aluno.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 13AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa14Foto 12 - Teclado de tamanho reduzido com acessrio de uma caneta que pode ser utilizada para facilitar a di-gitao. O objetivo deste teclado possibilitar aos alunos com diminuio na amplitude de movimento e pou-ca fora muscular a realizar atividade no computador. Foto13-Mousesespeciais.Setemousesdedife-rentes formatos, onde o direcionamento do cursor feito com joystick ou manuseando-se uma gran-de bola colocada sobre o mouse. Os botes de ati-vao do clique e da tecla direita so dispostos noprprio mouse.O aluno pode utilizar-se de teclados virtuais; nesse caso, as letras aparecem na tela docomputador e so por ele selecionadas de vrias formas, dependendo de sua habilidade. Oacesso s letras acontece por meio de mouses especiais ou acionadores. O acionador umachave que realiza o "clique do mouse" e define a escolha da letra. Existem acionadores depresso, de trao, de piscar, de sopro, de contrao muscular e outro. Com uma habilidademotora mnima, o aluno capaz de selecionar uma letra e escrever.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 14AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa15Foto 14 - Dez acionadores de vrios formatos e co-res.Osacionadorespodemsercolocadosemdife-rentespartesdocorpoquepossuemcontroledepressionar, puxar, apertar, soprar etc., e tm a fina-lidade de ativar o clique no mouse.Foto 15 - Menino de 8 anos e mouse especial em for-mato de uma garrafinha. O mouse colocado dianteda boca e, atravs de movimento dos lbios, o meni-no pode controlar o direcionamento do cursor.O cli-que da tecla esquerda do mouse feito pela suco eo clique da tecla direita, pelo sopro. A tecnologia assistiva permite hoje que a escrita acontea pelo simples movimento dosolhos. O aluno controla o deslocamento do cursor, levando-o para qualquer rea do moni-tor, atravs do direcionamento do olhar; ao fixar o olhar em um ponto determinado, acon-tece o "clique" e a escrita produzida pela ativao de letras, em um teclado virtual.Foto16-Adolescentequecontrolaocomputadorpor movimento ocular. Atravs deste recurso o alu-no controla o direcionamento do cursor, pelo movi-mento dos olhos, e o clique feito quando o cursorparar por um determinado tempo, no local preten-dido da tela.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 15AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa16Cabe ao professor do AEE constatar a necessidade do aluno selecionar o recurso adequa-do, oferecer oportunidade de aprendizagem, ensinar o manejo do recurso, encaminh-lo escola comum e orientar, tanto o professor quanto os colegas, sobre como podero interagircom o aluno que utiliza este recurso. importante lembrar que os recursos devem ser ava-liados e modificados para acompanhar as necessidades que surgem medida que o alunorealiza novas experincias na escola. 1.2. ACESSO LEITURAO ato de ler exige compartilhamento entre o professor, o aluno e seus colegas. Oimpedimentodeacessoaotextoparaalgunsalunossedemrazodaformaoudamdiapormeiodaqualelecomumenteapresentadonaescola:livros,textosim-pressos, textos lidos na tela do computador, textos escritos no quadro, nos cadernos doscolegas, etc.O meio pelo qual o texto apresentado na escola pode limitar a acessibilidade do alu-no com deficincia e priv-lo da participao nas aulas. A dificuldade que um aluno en-contranaleituradeveserbemavaliadaeprecisamosidentificarseelaest,ouno,noformato como o texto foi apresentado. Alunos com impedimentos na expresso oral utilizam as pranchas de comunicao pa-raexpressaremsuacompreensoeinterpretaodaquiloqueestsendolido.Osrecur-sos devem sempre mediar a ao que se realiza entre o aluno e o texto e possibilitar queo professor da classe comum interprete o processo de aquisio de conhecimento que es-t sendo construdo pelo aluno eplaneje suas intervenes.Otextocomsmbolosapiaoaumentodevocabulriogrficodosalunosqueutili-zam a comunicao alternativa. Os alunos surdos, dislxicos ou com outras dificuldadesespecficas na leitura podem ter o apoio dos smbolos para compreenso das palavras edo seu sentido no texto. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 16AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa17Ilustrao 17 - Texto apoiado com smbolos representativos de cada palavra. O texto fala sobre ecologia aler-tando para os perigos da poluio e destruio da natureza. Cada palavra escrita (signo) representada porum desenho (smbolo). Apalavra escrita embaixo do desenho que a representa. O texto foi construdo emum software especial para escrita com smbolos.Foto 18 - Fichas de palavras em vrias cores e tama-nhos, com a representao do objeto, em desenho. Aprimeira letra desta palavra representada pelo alfa-beto manual.Foto 19 - Criana de 8 anos, cega, utilizando um livrodehistriacomasimagensemrelevoetextoemBraille, com o objetivo de possibilitar a realizar ativi-dades de leitura e interpretao.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 17AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa18Foto 20 - Livro de histria onde foram colados smbo-losdecomunicaoalternativaemseqncia,tran-screvendo o texto em smbolos.Foto21-Pranchadecomunicaocomossmbolosutilizados na histria para serem utilizados nas ativi-dades de interpretao e reconto.Foto 22 - Virador de pgina automtico onde o livro fi-xado e a ao de virar a pgina ativada por acionadores(presso, sopro, ou qualquer outra habilidade do aluno).Foto23-Vocalizadorespecialmentedesenvolvidoparaleitura de livros. Acada pgina do livro, o aluno aciona umboto e escuta uma leitura que foi anteriormente gravada.Foto 24 - Leitor autnomo. O texto a ser lido coloca-do no leitor, o texto escaneado e setransforma emvozoupodeserpercebidopelasmos,atravsdasRguas Braille. Foto 25 - Rguas Braille de vrios tamanhos. Das rguasBraille,emergemdinamicamentepontossensveisaotoque que formam o texto. As rguas de Braille podemser conectadas no computador ou ao leitor autnomo.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 18AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa19Foto 26 - Ampliador de texto onde o livro colocadoemumasuperfcie.Otexto,ouimagem,captadopor cmeras para visualizao ampliada no monitor. Foto 27 - Sistema de ampliao de texto onde uma c-meramanuseadapeloaluno,quepassaoequipa-mento sobre o texto ou gravura e este ampliado na te-la de um computador ou monitor de TV.1.3. MANEJO DE FERRAMENTAS, PRODUO GRFICA E ARTSTICANo cotidiano da escola, os alunos vivenciam experincias variadas. Para o desenvolvimento das atividades ligadas s disciplinas escolares comum o uso detesoura, cola, papis, tintas, materiais esportivos, microscpio, tubos de ensaio, vdeos, etc.Em cada uma destas situaes, o aluno com deficincia necessita de uma avaliao quetem por objetivo identificar a necessidade de se introduzir um recurso diferenciado que lhepossibilite participar das atividades com seus colegas.Ao introduzir um recurso, o professor precisa ter clareza do objetivo educacional que es-tsendopretendidopormeiodaquelaatividade.Nooresultadodaexecuodatarefaque deve ser avaliado, mas se o recurso permitiu ao aluno participar da atividade e atingiro objetivo educacional pretendido por ela.Por exemplo, quando o professor prope ao aluno realizar uma pesquisa sobre um temaespecfico e expressar seu conhecimento atravs de uma produo textual escrita, o resulta-do final esperado no o texto em si, mas o conhecimento adquirido aps a pesquisa e estepodesermanifestadopelosalunosdevriasformas.Umalunocomdificuldademotoraeimpedimentos para escrever textos longos pode demonstrar o que aprendeu por meio da fa-la; o aluno que no fala, pode expressar-se pela escrita ou pelas pranchas de comunicao. O projeto e os materiais utilizados na criao de recursos pedaggicos devem levar emconsiderao as habilidades motoras, visuais, auditivas e cognitivas do aluno. Os recursosso construdos de forma que o aluno consiga manuse-los, podendo assim participar dasatividades variadas com sua turma.No somente os professores e colegas na escola, mas tambm a famlia deve ser orienta-da sobre a maneira mais eficiente de utilizar os recursos. Seguem algumas sugestes de materiais escolares e pedaggicos com acessibilidade:Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 19AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa20Foto28-Tesouraeltricaqueseativaporumbotoacionadorpermitindoaoalunocomdificuldadesmotoras realizar atividades de recorte.Foto29-Modelosvariadosdetesourascomacess-rios que facilitam alunos com diferentes dificuldadesmotoras recortar.Foto 30 - Tubo de cola colorida que engrossado comespuma de isolamento trmico para facilitar a preen-so e alunos com dificuldades de preenso.Foto 31 - Aluno com 7 anos jogando bola com apoiode um andador.Foto 32 - baco confeccionado com caixa de papeloforrada com papel de cor neutra, letras em EVAe pa-litos coloridos; tem por objetivo facilitar as atividadesde contagem e realizao de operaes matemticas.Foto33-PlacasemEVA nascoresamareloeazul,com a representao de clculos matemticos.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 202. COMUNICAO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA (CAA)2.1. O QUE COMUNICAO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA E A QUEM SE APLICAMuitos alunos podem apresentar dificuldades na fala ou na escrita devido a impedimen-tos motores, cognitivos, emocionais ou de outra ordem. Essas restries funcionais impedemos alunos com deficincia de expressar seus conhecimentos, suas necessidades, seus senti-mentos, e bastante freqente que as famlias e as pessoas em geral confundam tais restri-es com a impossibilidade de conhecer, de aprender, de gerenciar a vida, de ser sujeito daprpria histria.Alunos com paralisia cerebral e sem comunicao, surdocegos, aqueles que possuem de-ficincia mental e dificuldades na fala e tantos outros que esto limitados na interao comseus pares tornam-se passivos e dependentes da ateno de adultos. comum ver como asfamlias, cuidadores, amigos e tambm professores antecipam e atendem necessidades, fa-lam por, determinam o que bom e importante para a outra pessoa e esta, deixa de existirou nem mesmo sabe que pode existir. Outraconseqnciadessadificuldadedeexpressarsentimentosocomportamentoagressivo ou de rejeio do conhecimento que alguns alunos podem manifestar, quando es-to compreendendo tudo o que se passa ao redor, sem poder comunicar seus sentimentos eopinies a respeito.Os alunos com impedimentos na comunicao nem sempre participam dos desafios edu-cacionais, porque os professores desconhecem estratgias e alternativas de comunicao. Pa-ra garantir a esses alunos meios de expressarem suas habilidades, dvidas e necessidades,faz-senecessriodescobrirmeiosdecompreenderdequeformaelesestoprocessandoeconstruindo conhecimentos .Como fazer para ampliar ou promover uma via alternativa de comunicao para es-ses alunos? Existe uma rea de conhecimento chamada Tecnologia Assistiva (TA), que trata da reso-luodedificuldadesfuncionaisdepessoascomdeficincia. A TA visasolucionarproble-mas de mobilidade, auto-cuidado, adequao postural, acesso ao conhecimento, produode escrita entre outros.Area da TAque se destina especificamente ampliao de habilidades de comunicao denominada de Comunicao Aumentativa e Alternativa (CAA). A Comunicao Aumentativa e Alternativa destinada a pessoas sem fala ou sem escri-ta funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em fa-lar e/ou escrever (BERSCH & SCHIRMER, 2005). ACAApossibilita a construo de novos canais de comunicao, atravs da valorizaodetodasasformasexpressivasjexistentesnapessoacomdificuldadedecomunicao.Gestos, sons, expresses faciais e corporais devem ser identificados e utilizados para mani-festar desejos, necessidades, opinies, posicionamentos, tais como: Sim, No, Ol, Tchau, Di-nheiro, Banheiro, Estou bem, Tenho dor, Quero (determinada coisa para a qual estou apon-AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa21Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 21tando), tenho fome e outras expresses utilizadas no cotidiano. Com o objetivo de ampliar ainda mais o repertrio comunicativo que envolve habilida-desdeexpressoecompreenso,soorganizadoseconstrudosrecursoscomocartesdecomunicao,pranchasdecomunicao,pranchasalfabticasedepalavras,vocalizadoresou o prprio computador que, dependendo da maneira como for utilizado, pode tornar-seuma ferramenta poderosa de voz e comunicao.Os recursos de comunicao de cada pessoa so construdos de forma totalmente personali-zada e levam em considerao vrias caractersticas que atendem s necessidades deste usurio.2.2. O QUE CONSIDERAR AO PROJETAR UM RECURSO DE CAA 2.2.1. VOCABULRIO O vocabulrio a ser utilizado por determinado aluno em seu recurso de comunicao de-ve ser previamente selecionado. Aseleo desse vocabulrio leva em considerao dados darealidade concreta de cada aluno, tais como: idade, grupo de convvio, as expresses natu-ralmente utilizadas por eles, as coisas que esto disponveis em seu ambiente familiar, soci-al e escolar, os temas e contedos que esto sendo desenvolvidos na escola, a manifestaode necessidades que so individuais. Para seleo do vocabulrio fundamental o envolvimento do aluno, dos familiares, dosprofessores, da equipe diretiva, dos funcionrios da escola, dos colegas e de todos aquelesque estaro diretamente engajados na utilizao deste recurso. O envolvimento dos vriosparceirosdecomunicaonoprocessodeescolhadevocabulriocertamentefacilitaracompreenso e a aproximao dos mesmos na utilizao posterior deste recurso, como de-monstra a prancha abaixoAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa22Ilustrao34-A ilustraoapresentaumapranchadecomunicaocomsmbolosrepresentativosdaescolhadeumlanche,confeccionadadeformapersonalizada,comsistemadesmbolosPCS,ecomvocabulriodeacordocomasprefernciasdoaluno.Apontandoestessmbolosoalunopodepedirajuda, agradecer e escolher o que pretende comer ou beber.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 222.2.2. SMBOLOS GRFICOSBibliotecas de smbolos grficos so especialmente confeccionadas e disponibilizadas pa-ra a construo de recursos de comunicao. So imagens organizadas por categorias e queexpressam idias, sentimentos, aes, coisas, lugares, pessoas, temas de conhecimentos, en-tre outras possibilidades de representao. Ao apontar para um smbolo grfico, o aluno es-colhe e expressa a mensagem que deseja comunicar.Existemvriossistemassimblicosquesoconhecidoseaplicadosinternacionalmentecomo BLIS, REBUS, PIC, PCS e outros. Cada um possui caractersticas distintas e pode cor-responder mais adequadamente necessidade especfica de um usurio em particular. AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa23Ilustrao 35 - Afigura mostra a representao grfica de trs diferentes tipos de sistemas de smbolos.No sis-tema Bliss, esto representados os smbolos MULHER, PROTEO e ME. Os smbolos so em preto e bran-co, abstratos e observa-se que a associao dos dois primeiros smbolos (MULHER e PROTEO) forma o ter-ceiro (ME). O sistema PCS, aqui representado em sua verso preto e branco, mostra smbolos de fcil compre-enso e nele esto representadas as palavras ME, CASA, DORMIR e FELIZ. O sistema PIC apresenta imagensem preto e branco, em alto contraste e de fcil interpretao. No PIC visualizam-se as expresses ME, COMERe CAMINHO." Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 23Um dos sistemas simblicos amplamente utilizado no Brasil o PCS, sigla que em portu-gus traduzida por smbolos de comunicao pictrica. Uma caracterstica importante des-se sistema simblico a sua transparncia, ou seja, a sua capacidade de apresentar imagensque so facilmente reconhecidas tanto por crianas quanto por adultos. Agrande quantida-de de smbolos disponveis no formato colorido ou preto e branco e a representao de ex-presses mais abstratas so tambm qualidades desta simbologia.Uma questo importante a ser considerada na escolha do sistema simblico para o recur-sodecomunicaoaopiniodoprpriousurio,quepodemanifestardesinteresseporimagens mais infantis ou de difcil reconhecimento.Outras alternativas de acesso a banco de imagens podem servir para a criao dos recur-sos de CAApersonalizados como, por exemplo: fotografias digitais, escaneamento e digita-lizaodeimagens,bibliotecadefigurasoufotoscapturadasemclipartesouinternet. AsAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa24Ilustrao 36 - Prancha com smbolos PCS na verso colorida. Aimagem mostra mais um exemplo de pranchadecomunicao,comsmbolosPCScoloridos. A pranchaapresentavriasexpressessociaisutilizadasparacumprimentar, fazer perguntas e outras que representam sentimentos como FELIZ, TRISTE, COM FRIO, CA-LOR, DOENTE. Na parte inferior da prancha, esto os smbolos representativos de tempo verbal: PASSADO,PRESENTE e FUTURO. Associando estes ltimos smbolos aos demais, o aluno pode expressar que o contedoda sua comunicaoest acontecendo, aconteceu e ir acontecer.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 24pranchas podem ser feitas sem smbolos, quando esta for a opo do usurio; nesse caso, uti-lizam-se letras e palavras escritas.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa25Ilustrao 37 - Prancha de comunicao feita de letras. Aprancha apresentada formada por letras, por palavras eexpresses pr-escritas. Na parte superior da prancha vi-sualiza-se um breve texto com a apresentao do usurio.Foto38-Pranchadecomunicaocomminiaturas.Umaprancha de comunicao foi criada a partir de miniaturas defrutas e serve para alunos pequenos ou para aqueles com di-ficuldadesvisuais;tocando,podemidentificareescolherafruta que desejam comer. Visualizamos na prancha miniatu-rasdeLARANJA,UVA,ABACAXI,BANANA,PERA eMA que so fixadas na folha atravs de velcro.Qualquer que seja a fonte para a obteno de smbolos grficos, importante que a esco-lha desse smbolo seja feita com o usurio, ou confirmada por ele, e a partir de ento, sejapadronizada. Isso significa que se escolhermos com um aluno uma determinada imagem pa-ra representar a expresso "famlia", esta imagem ser aplicada toda vez que necessitarmosconstruir para ele uma prancha e incluir a palavra "famlia". Tratando-se de um mesmo usu-rio, no devemos usar smbolos diferentes para a mesma expresso.Para alunos com dificuldades visuais possvel que uma determinada simbologia colori-da no seja indicada e que outro sistema de smbolos, que valorize o contraste de cores pre-to e branco ou amarelo e preto, seja mais eficiente. Para alunos cegos e surdocegos com im-pedimentos de comunicao, os smbolos grficos no so indicados. Nesses casos, necessi-tamos, ento, de outros sistemas simblicos para a confeco das pranchas tais como smbo-los com textura, com escrita Braille, miniaturas, partes de objetos ou objetos.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 25AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa26O professor encarregado de produzir recursos de comunicao para seu aluno deve teruma boa organizao e mtodo de trabalho. Caso tenha a possibilidade de utilizar softwa-res especficos para a criao de recursos de comunicao, deve organizar sua biblioteca deimagens em arquivos por categorias para ter facilidade de encontrar as figuras de que ne-cessita. Outra dica importante de organizao criar uma pasta, com o nome do aluno, pa-ra guardar todo o material construdo para ele. 2.2.3. RECURSOS DE COMUNICAOUm recurso de comunicao pode variar quanto ao formato, ao tamanho, quantidadede mensagens que contm e quanto ao material utilizado para sua confeco.Projetamos e construmos um recurso considerando-se as habilidades motoras, sensoriais(visuais e auditivas) e cognitivas do usurio, bem como a portabilidade e praticidade de uso. So exemplos de recursos de comunicao, entre outros: cartes de comunicao, pran-chas de comunicao, pastas de comunicao, carteiras de comunicao e chaveiros de co-municao, mesa com prancha, colete de comunicao, agenda de comunicao, calendrioe quadro de atividades, vocalizadores e o prprio computador.CARTES DE COMUNICAOOs cartes de comunicao so confeccionados com vocabulrio variado e devem estar disposio do usurio e dos parceiros de comunicao.Foto 39 - Cartes sobre um arquivo de smbolos. Vi-sualiza-se um fichrio com vrios cartes de smbo-los, organizados por tipos e cores (substantivos ala-ranjados,adjetivosazuis,verbosverdes,sujeitosamarelos, expresses sociais em rosa e miscelneasem branco).Foto40-Cartesfixadosnageladeira.Naimagempodemos ver cartes de comunicao, com fundo emim, que so fixados na porta da geladeira. O vocabu-lrio representativo do tema alimentao: EU QUE-RO, QUERO MAIS, GELATINA, CHOCOLATE COMLEITE, BISCOITOS, PO e SANDUCHE. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 26Na sala de aula, os cartes precisam ser acessados e organizados rapidamente, de forma queo aluno possa atuar, explorando e comunicando temas pertinentes, no momento em que esses te-mas esto sendo trabalhados por todo o grupo. Nesse sentido percebemos a importncia da defi-nio do vocabulrio, de acordo com os contedos e atividades pedaggicas que sero realizadaspela turma e a criao de um fichrio de smbolos, ou qualquer outro modelo de organizador pa-ra os cartes de comunicao que podem ser criados para o professor, para que ele consiga aces-sar facilmente as alternativas de vocabulrio necessrias sua comunicao com o aluno.PRANCHAS DE COMUNICAO Uma prancha de comunicao apresenta, de forma organizada, um conjunto de smbo-los. Podemos ter uma prancha onde aparecem smbolos que indicam o assunto do qual sepretende falar. Esta prancha pode ser chamada de ndice ou prancha principal.Cadasmbolodapranchandicepodeserdesdobradoemoutrapranchatemtica.Porexemplo: se o aluno apontar em sua prancha ndice o assunto "Preciso de ajuda" recorre a umaoutra prancha chamada temtica, que apresentar os smbolos que se referem s ajudas neces-srias como: "sair da cadeira", "alcanar os culos", "ir ao banheiro", "precisar de remdio", "chegar maisperto" e outras. As pranchas temticas abordam temas especficos como alimentao, escolhadeatividades,escolhadelugares,sentimentos,perguntas,umcontedoespecficoqueestsendo trabalhado em aula, etc.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa27Ilustrao 41 - Prancha principal, ou ndice, liga o tema AJUDAS prancha temtica AJUDAS NECESSRIAS. Aimagem mostra duas pranchas de comunicao. Aprimeira, prancha ndice possui smbolos representativos de as-suntos como BRINCAR, COMER, BEBER, COMPRAR, PRECISO DE AJUDAe outros. Asegunda uma pranchatemtica que explora o assunto especfico de AJUDAS NECESSRIAS e elenca, atravs dos smbolos, as vrias ne-cessidades de apoio do aluno: TIRAR CULOS, BOTAR CULOS, TENHO DOR, SAIR DACADEIRA, entre ou-tros. Ao apontar o smbolo PRECISO DE AJUDA, na prancha ndice, o aluno recorre prancha temtica de AJU-DAS NECESSRIAS, que est em sua pasta de comunicao.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 27PASTAS DE COMUNICAO As pranchas so organizadas nas pastas de comunicao. Normalmente a prancha ndi-ce ou prancha principal posiciona-se na primeira pgina e as demais ocupam as pginas se-guintes. recomendvel estipular uma ordem na seqncia das pranchas temticas e pro-curar mant-la. Com a localizao consistente, o aluno memoriza a posio das pranchas epassa acess-las de forma mais rpida. Outra idia colocar nas folhas das pastas abas queidentificam o tema a ser explorado naquela prancha.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa28Fotos 42 e 43 - Duas pastas de comunicao com diferentes formatos. Na primeira pasta, as folhas impressas comos smbolos so colocadas numa pasta comum com sacos plsticos. Pequenas abas verdes indicam a mudana detemas entre as folhas. Na segunda pasta, as folhas impressas foram plastificadas individualmente e encaderna-das em espiral. As abas que sinalizam mudanas de temas e vocabulrios das pginas mostram um smbolo re-presentativo do tema de cada pgina.Foto 44 - Pasta de comunicao em plano inclinado. Aimagemmostraumapastadecomunicaoemcapaduraqueaberta,podeserapoiadasobreamesaper-manecendodiantedoalunoemplanoinclinado.Apastailustradacontmfolhasplsticas,comoitobol-sos transparentes, onde foram colocados cartes de co-municaoque,nesteexemplo,trazemovocabulriode meios de transporte.Foto 45 - No modelo de pasta de comunicao visuali-zado, est uma pasta de sacos plsticos, com abas queindicam os assuntos. Apasta est aberta no tema SEN-TIMENTOS. Aparecem smbolos como FELIZ, TRISTE,COM FOME, COM SEDE, GOSTOSO, RUIM, DOENTEe CHATEADO. Obedecendo a orientao de cores porassuntos, todos os smbolos possuem contorno azul, porse tratar de smbolos descritivos ou adjetivos.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 28CARTEIRAS DE COMUNICAO E CHAVEIROS DE COMUNICAOAs carteiras do tipo "porta-documentos" podem ser uma tima opo para organizarmosos smbolos de comunicao em funo da portabilidade.Outra alternativa que favorece a portabilidade o chaveiro de comunicao. Podemos or-ganizar vrias colees de smbolos, incluindo vocabulrio para ser utilizado na hora do re-creio, na biblioteca, na educao fsica, no supermercado e outros. O aluno porta seu recur-so de comunicao, que fica preso sua roupa, utilizando-o quando for necessrio.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa29Fotos 46 e 47 - Pastas de comunicao do tipo "cardpio". As pastas visualizadas nesta imagem so do tipo "car-dpio", com fechamento e abertura semelhante a menu de restaurante, com impresso frente e verso. Uma ba-se rgida, com plstico transparente frente, acolhe as folhas impressas com os smbolos grficos. Na primei-ra foto, observa-se uma pasta tripla; na outra, uma pasta dupla. Ambas possuem um fechamento do tipo "car-dpio de restaurante" de onde se originou seu nome. Foto48-Carteiraporta-documentoscomfotosquecontm vrios smbolos de comunicao. Os smbolospodem ser utilizados folhando-se as pginas da cartei-ra ou retirados e organizados diante do aluno para re-soluo de um tema especfico de comunicao.Foto 49 - Chaveiro no qual fixada uma coleo desmbolosdeummesmotema.Ochaveirotemboaportabilidade e permite ao aluno se comunicar comfacilidade em vrios locais fora da sala de aula.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 29MESA COM PRANCHASobre a mesa da sala de aula ou sobre a mesa fixa na cadeira de rodas podemos colar umaprancha de comunicao e revesti-la com material plstico adesivo, favorecendo a conserva-o do material. A mesa um local de fcil acesso e a prancha permanece sempre prximaao aluno.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa30Foto 50 - Jovem com mesa fixadacadeiraderodascomumapranchadecomunicaofixadanamesa.Aolado,outrajovemobserva e faz a leitura das letrasqueeleidentifica,umaauma,para poder se comunicar. COLETE DE COMUNICAO O colete de comunicao pode ser utilizado pelo professor. Ele confeccionado com umtipodetecidoondeovelcroadere.Cartesdesmbolos,miniaturasdeobjetos,persona-gens de histrias, entre outros. so preparados com velcro e fixados no colete do profes-sor.Enquantoserealizaaatividadedecontareinterpretarumahistria,ossmbolosfi-cam disposio do professor e dos alunos para que, havendo necessidade, eles possamser utilizados para fins de comunicao.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 30AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa31Foto51-Coletefeitodetecidosin-tticoqueaderebemaovelcro.Cartesdecomunicaoficamexpostosnafrentedocoletedopro-fessor.Nesta imagem, o vocabulriorepresenta partes do corpo humano. AGENDA DE COMUNICAO A agenda de comunicao um recurso criado para ampliar e qualificar a comunicaodo aluno na escola, na famlia. Com a agenda, o aluno pode levar e trazer novidades e temaspara serem compartilhados entre a escola e a famlia.Como os smbolos so mveis a agenda diariamente atualizada e a comunicao entreescola e famlia pode acontecer por intermdio do aluno e de seu recurso de comunicao.CALENDRIOS E QUADRO DE ATIVIDADES muito comum que os alunos e professores faam juntos o planejamento das atividadesFotos 52 e 53 - Agenda de comunicao, confeccionada em papel e EVA, e smbolos mveis que so fixados agen-da com velcro. Num dos lados da agenda, so colocadas as novidades da escola, para que o aluno as possa com-partilhar com seus familiares. Na outra pgina, so colocados os smbolos que falam das novidades da famlia eque sero compartilhados na escola, com o professor e os colegas, por exemplo, na hora da rodinha.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 31que sero desenvolvidas durante o perodo de aula. Nesse caso tambm os smbolos de co-municao podem ser utilizados. AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa32Foto 54 - Calendrio confeccionado em feltro. Smbo-losdecomunicaorepresentativosdoms,dodiadasemana,daestaodoano,dasensaotrmicano dia, so fixados com velcro e atualizados sempreque necessrio.Foto 55 - Painel indicando o dia da semana e o ms.Ao lado esto smbolos que a cada dia representam asatividadesqueserodesenvolvidaspelaturmaemsuaprogramao:rodinha,leitura,brinquedolivre,canto, lanche, entre outros.Foto56-Vocalizadordevozgravadacomcapaci-dadede5pranchasdecomunicaoprprogra-madas.Ovocalizadortem12teclascomsmbolos;quandoateclapressionada,ouve-seumavozfalando a mensagem correspondente ao smbolo. Foto57-Quatropranchasdecomunicaoquefi-cam armazenadas no prprio vocalizador e que po-demserfacilmentetrocadasparaalteraodovo-cabulrio de comunicao.VOCALIZADORESVocalizadores so recursos de comunicao que emitem voz gravada ou sintetizada. Aose tocar em um smbolo/boto/tecla ou ao se digitar uma palavra, ouve-se a mensagem a sercomunicada. Existem vrios modelos de vocalizadores e eles diferem quanto portabilida-de, ao nmero de mensagens, forma de acesso s mensagens, esttica e ao custo.Com o vocalizador, o aluno pode conversar com seus colegas, fazer perguntas, cumprimentar,fazer interpretaes em teatro, responder perguntas em uma avaliao, fazer suas escolhas, etc.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 32AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e AlternativaFoto 58 - Vocalizador que um computador especficopara esta funo. Ele possui com um software onde aspranchas de comunicao mudam automaticamente esua tela ativada pelo toque direto no smbolo.Foto 59 - Vocalizador porttil, que possui um tecladoeumpequenovisor,ondeamensagemdigitadalida, ao mesmo tempo em que falada.Foto60-Vocalizadordeduasmensagensgravadasquesofacilmentemodificadas.Umtampodeplsticotransparente em cada um dos botes abriga o smbolo grfico que representa a mensagem gravada. Nesse ca-so, o vocalizador est preparado para as mensagens SIM (boto amarelo) e NO (boto vermelho).33Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 33COMPUTADORAtravs de software especfico de comunicao alternativa possvel construir pranchasde comunicao personalizadas e interligadas entre si que podem ser utilizadas no prpriocomputador (que ter a funo de um vocalizador) ou em vocalizadores especficos que uti-lizam esses programas. O usurio acessa a mensagem que deseja comunicar e esta falada por voz sintetizadaou gravada. O sistema garante acesso rpido a um nmero indeterminado de mensagens eapresenta opes variadas de acessibilidade.Paraexemplificar,imaginemosqueoalunoselecionesmbolo"brincar".Nomesmomomento,ouve-seamensagem:"querobrincar".Imediatamenteapsaescolhaefalada mensagem, ocorre uma mudana automtica dos smbolos na tela do computador eoutraprancha,agoracomasopesdebrinquedoseexpressesutilizadasduranteasbrincadeiras, aparece na tela, para que a conversao tenha continuidade dentro do as-sunto selecionado.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa34Ilustrao 61 - Prancha de comunicao com smbolos que representam vrios assuntos. Uma seta sobre o sm-bolo BRINCAR mostra que este est interligado com a outra prancha temtica na qual aparecem smbolos gr-ficos de brinquedos, jogos e outras expresses, a serem utilizados pelo aluno durante a brincadeira. Na pranchaapresentada, o usurio expressa que quer brincar de carrinho.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 34AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa35Quando o aluno apresenta alteraes motoras que dificultam a utilizao do mouse con-vencional, podemos optar por modelos alternativos como joystick, mouse de membrana oude esfera. Existem tambm dispositivos apontadores que direcionam o cursor do mouse se-guindo o movimento da cabea ou dos olhos; nesse caso, a seleo da rea desejada e o cli-que acontecem pela manuteno do cursor em um ponto fixo do monitor, durante um tem-po pr-determinado.Foto 63 - Diferentes modelos de mouses: em formato de esfera, tipo joystick, membrana sensvel ao toque.Foto 62 - Mo de um aluno tocando o monitor sensvel ao toque. O smbo-lo escolhido executar a funo de falar a mensagem selecionada.Aescolha da mensagem pode ser feita de forma direta, levan-do-seocursorsobreosmboloerealizandoaseleopelocli-que, no boto esquerdo do mouse. Outra forma de escolha dire-ta o toque sobre o smbolo, em monitor com tela de toque. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 35AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa36Foto 65 - Aluno com 7 anos, diante do computador, utilizando um acionador, no formato de boto grande, como qual executa o clique e faz a escolha do smbolo que pretende comunicar.Quando as alternativas de acesso direto ao smbolo no forem bem sucedidas, a escolhada mensagem a ser falada pode ser feita de forma indireta, ou seja, por varredura.No modo de acesso por varredura, um sinal visual ou auditivo seleciona automaticamen-te os smbolos e o usurio realiza a escolha ativando uma chave acionadora que colocadaem qualquer parte do corpo, sobre a qual ele tenha controle.Existem vrios modelos de acionadores. Eles valorizam diferentes habilidades do usu-rio, como a ativao pelo piscar, pelo soprar, pelo sugar, pela contrao muscular, pela tra-o, pela presso, entre outros.Foto64- Alunoativandoocomputadorpelomovi-mento da cabea. Sobre o monitor localiza-se uma c-mera que identifica um pequeno ponto luminoso co-ladonatestadoaluno. Aomoveracabea,elecon-trola o deslocamento do cursor sobre a tela do com-putador.Aativao do clique acontece no momentoemqueocursorparar,porumtempodeterminado,na rea que o aluno pretende ativar.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:50Page 36AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa37Ilustrao 66 - Tela do computador onde est um teclado virtual. Teclas de letras e de funes so visveis, bem co-mo uma rea de texto, onde est escrita a produo do aluno. Na parte superior direita, chamada rea de predio,aparece uma lista de palavras. Digitando-se as letras BIOLa lista de predio antecipa 5 palavras que comeam comessas letras. Apalavra BIOLOGIAest selecionada e ser digitada de forma mais rpida pelo aluno.Normalmente, as vrias pranchas dinmicas, utilizadas no computador para a comunica-o, so lincadas a um teclado virtual.No teclado virtual, as teclas de letras, de nmeros e demais sinais ficam visveis no mo-nitor e so selecionadas, uma a uma, produzindo a escrita e a voz. Dependendo do tipo deteclado virtual, o acesso s teclas pode acontecer de forma direta ou indireta (utilizando-setambm a varredura e acionadores).Com a utilizao de um teclado virtual associado a uma prancha dinmica de comunica-o, a possibilidade de expresso autnoma de um aluno com limitaes na fala desaparecee seu vocabulrio passa a ser ilimitado. As mensagens que no encontram smbolos corres-pondentes na prancha de comunicao podem ser expressas atravs da escrita.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 372.3. OS SMBOLOS2.3.1. TAMANHO DO SMBOLOPara determinar o tamanho do smbolo a ser utilizado por um usurio da CAA precisoconsiderar,principalmente,aspectosrelativosvisodousurio,ssuascondiesmoto-ras, e quantidade de vocabulrio necessrio. Sempre que percebermos a dificuldade do aluno em reconhecer as imagens grficas ouletras de sua prancha, deve-se encaminhar o aluno a um oftalmologista para fazer um diag-nstico adequado, auxiliando na escolha da lente dos culos (se for o caso) ou na identifica-o do tamanho e da cor ideal dos smbolos. Em alguns casos, a opo ser trabalhar comrelevos, miniaturas ou objetos.Nocasodedificuldadesmotoras,podeacontecerquesmbolosmuitopequenossejamdifceisdeseremapontadosdiretamentepelousurio,emfunodefaltadecoordenaooupresenademovimentosinvoluntrios.Nessescasos,podemosau-mentar o tamanho dos smbolos ou aumentar a distncia entre eles. H que se consi-derar, porm, que essa estratgia diminui o nmero de smbolos em cada prancha decomunicaoequeousuriodevesempreserconsultadosobreoprojetodeseure-curso,poisafacilitaodeacessopodeacabarrestringindoaamplitudedovocabu-lrio.Casoaoposejamanterummaiornmerodesmbolos,pode-serecorrerauma estratgia de seleo indireta. Nela, o apontamento dos smbolos ser feito porumaoutrapessoa,chamadaparceirodecomunicao,quepassasuamosobreaprancha, smbolo a smbolo, e no momento em que a mensagem a ser dita for apon-tada,ousurioemiteumsinalquepodeserumgestoouumsom.Estaestratgiachamada varredura manual.2.3.2. ORGANIZAO DOS SMBOLOS NA PRANCHA O planejamento da prancha algo muito pessoal no que diz respeito ao vocabulrio, aosistema simblico escolhido, ao tamanho e disposio dos smbolos.Algumas dicas podem ser teis, mas devem ser entendidas como sugestes, pois deve-sepriorizar o que for mais conveniente e funcional para o aluno.Aoplanejaradisposiodossmbolosnaprancha,podemosconsiderarumaordemdefinida, da esquerda para a direita, em colunas de smbolos organizadas por categorias,representandoexpressesdesociabilidade(cumprimentos),pessoas(sujeitos),verbos,substantivos, descritivos (adjetivos) e miscelnea (diversos smbolos que incluem letras,nmeros, artigos, interrogativos etc). Esse padro assemelha-se ordem da fala e escritadalnguaportuguesaepoderserrepetidoemtodasaspranchasquetiveremmaisdeuma categoria de smbolos.Para facilitar a localizao dos smbolos na prancha, utiliza-se tambm a codificao porcores onde os smbolos que se referem s "expresses sociais" possuem a borda ou fundo corAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa38Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 38de rosa; os smbolos referentes a "pessoas" so amarelos; os "verbos" so verdes; os "substan-tivos" so alaranjados e os "adjetivos ou descritivos" so azuis. Todos os outros smbolos queesto fora dessas categorias tero o fundo branco e um contorno preto.Outra dica para a confeco de pranchas a localizao consistente de smbolos que serepetem.Istosignificaquealgunssmbolosseroencontradosnasvriaspranchasdeummesmousuriocomo,porexemplo,o"SIM"eo"NO"ouaindaaindicao"MUDEAPRANCHAPARAMIM" ou "NO TEM AQUI O QUE QUERO FALAR". Para estes smbo-los deve-se ter o cuidado de escolher uma posio na prancha e repetir esta posio em to-das as outras pranchas em que eles so utilizados. Esta estratgia facilita ao usurio a loca-lizao rpida de smbolos mais frequentemente utilizados.2.4. A CAA PARA ALUNOS COM SURDOCEGUEIRA E DEFICINCIAS MLTIPLASQuando falamos em comunicao para pessoas surdocegas devemos lembrar que preci-samos aproveitar sempre todos os sentidos remanescentes da pessoa surdocega, pois eles se-ro fundamentais na aprendizagem e na comunicao.Cada pessoa surdocega dispe de um sistema de comunicao diferente, que pode ir des-de o mais concreto (uso de objetos de referncia) at o mais simblico (libras ttil, escrita napalma da mo). O importante que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu alu-no para que possa interagir diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-in-trprete.Alguns exemplos de recursos de comunicao mais especficos dos alunos surdocegos ecomdeficinciassensoriaismltiplasseroapresentadosaseguircomilustraesetextosque mostram sua funcionalidade.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa39Foto67-Pranchadeco-municaotemticaparainterpretao de um livrodehistriaondeapare-cemsmboloscoloridosnas bordas, e dispostos napranchaemcolunas,deacordocomacategoriaaquepertencem(pessoas,verbos,substantivosedescritivos). Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 39CADERNOS DE COMUNICAOO caderno de comunicao utilizado para registro das atividades realizadas pelo alunoe seu objetivo desenvolver memria, a noo de tempo, a interao e a comunicao entreo aluno com surdocegueira ou com deficincia mltipla e seus familiares. O caderno con-feccionado com o aluno e na capa h referncias do aluno com seu nome, desenho, foto ouobjetos de referncia. AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa40Foto 68 - Caderno de comunicao. Acapa mostra umdesenho que representa o aluno e seu nome em letrasgrandes e contrastantes com o fundo da capa. Foto 69 - Caderno com registro de atividades viven-ciadas pelo aluno. Este registro foi feito em hidrocor(favorecendo a visualizao).Foto 70 - Cadernos com referncia. Registro feito coma colagem do material (saquinho de po) que foi uti-lizado na atividade. Foto 71 - Registro feito pelo aluno atravs de desen-hos com caneta hidrocor em papel dobradura. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 40AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa41Foto72-Cadernocomregistrodasatividadesfeitocomcolagemdomaterialutilizadonaatividadeedesenho de contorno.Fotos 73 - Registro de receitas feitas com colagemdecartesdecomunicaoqueutilizamossm-bolosCOMPIC(sistemaaustralianodecomuni-cao alternativa).CADERNO DE RECEITASAtividades podem ser registradas no seu caderno, passo a passo como, por exemplo, umareceitaaserdesenvolvidapeloalunocomoscolegas. Abaixoumafotoilustrandoumsis-tema simblico.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 41AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa42Foto74-Cartazcomregistrodereceitacomdesenhosdecontornocujascorescontrastamcom o fundo. Foto 75 - Registro feito com uma seqnciade fotografias tiradas durante a realizaoda atividade de confeco de uma receita.SISTEMAS DE CALENDRIOSO sistema de calendrios utilizado para favorecer a conversao e dar oportunidade pa-ra compartilhar as informaes do mundo; seu principal objetivo favorecer a participaosocial dos alunos com surdocegueira e com deficincia sensorial mltipla no meio no qualesto inseridos, fazendo uso de um sistema eficiente de comunicao.COMUNICAO E TIPO DE SMBOLOSOBJETO DE REFERNCIA Um objeto referncia um objeto concreto que ser utilizado para antecipar as aesdo dia. No exemplo da fotografia que segue temos: uma caneca, representando o caf damanh; o creme hidratante, antecipa a atividade que trabalha o esquema corporal; a bol-sa significar a ao deir at a padaria para comprar o suco; o prato de plstico indica-r o almoo e a escova de cabelo, pasta de dente e escova de dente antecipar ahigienebucal e pessoal.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 42AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa43Foto 76 - Objetos concretos so dispostos em seqncia, numa caixa com diversos compartimentos, onde cada ob-jeto antecipa as atividades que sero realizadas nesta ordem durante o dia. Visualiza-se uma caixa vermelha comvrios compartimentos em seqncia. Objetos de referncia so colocados nos compartimentos, na ordem seqen-cial das atividades que sero desenvolvidas: caneca (caf da manh), creme (atividade de esquema corporal), sa-cola de compras (ir padaria), prato plstico lanche ou almoo) e material de higiene (fazer higiene pessoal).OBJETO DE REFERNCIA DESNATURALIZADOO objeto de referncia pode ser colado em carto de papelo ou madeira e permite o pa-reamento com o objeto real que ser utilizado na hora da atividade, favorecendo o reconhe-cimento e a identificao.Na ilustrao abaixo, vemos alguns exemplos como: o carto com rolo do papel higini-co, utilizado para a solicitao para ir ao banheiro, numa atividade que visa o controle de es-fncter; o carto com o saco de suco utilizado na hora do preparo do suco para almoo; o car-to com o garfo para indicar a hora do almoo; o carto com a escova de dente para indicara higiene aps o almoo; o carto com as colas coloridas antecipa a aula de artes e o cartocom miniatura do banco sueco indica a hora da Educao Fsica.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 43AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa44Foto 77 - Cartes de papelo, revestidos em papel azul marinho ou amarelo forte, sobre os quais esto cola-dos pequenos objetos de referncia: garfo, escova de dentes, cola.CARTES COM DESENHO DE CONTORNOOs cartes com desenho de contorno favorecem a visualizao e reconhecimento dos sm-bolos. Utilizando tinta plstica ou emborrachada, a percepo ttil tambm favorecida.Foto 78 - Cartes com desenho de contorno e relevo nascores vermelha e preta que significam a hora do lanche(jarra) e a aula de culinria (espremedor de frutas). Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 44AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa45CARTES COM DESENHOS, BRAILLE E DESENHO DE LIBRASNoscartesasfiguraspodemseracompanhadaspelaescritaemBraileeaindicaodossinais de LIBRAS. No exemplo que segue, o smbolo da "Escola" antecipa para onde o aluno vaie o smbolo da "Criana desenhando" antecipa a atividade de que ela participar na aula de artes.2.4.1. FORMAS DE COMUNICAO PARA ALUNOS CEGOS E SURDOCEGOS2.4.1.1. FORMAS DE COMUNICAO DINMICASAs formas de comunicao dinmicas favorecem a espontaneidade, a comunicao imedi-ata, temos informao e assistncia. Um exemplo de comunicao dinmica a Lngua de Sinais.Foto79-Cartescomdese-nhos,BrailleedesenhodeLIBRASdeumaescolaeuma menina desenhando.Foto 80 - Professora ensina aseu aluno com surdocegueirade 7 anos a comunicao emlngua de sinais.Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 45AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa462.4.1.2. FORMAS DE COMUNICAO ESTTICASNasformasdecomunicaoestticas,ovocabulrioficadispostoparaseracessadopeloaluno e pode ser: Tridimensional (objetos, um smbolo ttil) Duas dimenses (desenho, fotografia, uma palavra impressa)Foto81-Cartocomumaminiaturadenibusexemplificaumaformatridimensionaldesmbolode comunicao. Foto 82 - Desenhos de contorno representam formas bidimensionais de smbolos de comunicao. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 462.5. O TRABALHO COM A CAAUmtrabalhodecomunicaoalternativateminciologoquesemanifestaumadefasa-gem entre a habilidade de uma pessoa em se comunicar e a necessidade imposta pelo meioe pelas relaes que ela estabelece ou deseja estabelecer com os outros. ACAAcontribui pa-ra ampliar uma comunicao j existente e limitada ou, ainda, como uma alternativa, quan-do a fala no existe. O trabalho de comunicao alternativa tem uma caracterstica interdisciplinar em funodos vrios aspectos implicados nesta prtica, como o desenvolvimento da linguagem, as ap-tides sensoriais, cognitivas, emocionais e motoras (posicionamento e acesso). Por este mo-tivo a CAAintegra, em rede de trabalho, os professores a outros profissionais como fonoau-dilogos, terapeutas ocupacionais, psiclogos e fisioterapeutas. Aparceria com esses profis-sionaisfundamentalparaqueosatendimentossejamintegrados,complementadosepo-tencializados. A famliaeousuriodacomunicaoalternativafaropartedaequipequeplaneja, elabora e executa intervenes para que a comunicao seja aprimorada entre todos.O professor do AEE est focado, principalmente, na identificao de barreiras de comu-nicao oral e escrita que limitam o acesso de seu aluno ao conhecimento e a aprendizagem,no ambiente escolar. Assim como tudo o que acontece na escola, o trabalho da comunicaoalternativa ter repercusso e envolver tambm o contexto de vida real do aluno, apoiandoseu desenvolvimento e preparo para a vida.Os recursos de comunicao e recursos pedaggicos que utilizam estratgias da CAAsoconfeccionados pelo professor do Atendimento Educacional Especializado, que ensina o seualuno a usar e a usufruir as ferramentas de CAA na escola e fora dela. O professor de AEErealiza seu trabalho em estreita parceria com o professor da escola comum, com a famlia ecom outros profissionais, que atuam conjuntamente no caso.ComodevemoscomearumtrabalhodeCAA?Comoensinarumacrianaautili-zar a CAA?Desdeaprimeirainfncia,acrianaestenvolvidaemrelaesdecomunicao.Fala-mos com ela, usamos palavras para identificar e nomear objetos, acontecimentos, sentimen-tos. Da mesma forma que uma criana aprende a se comunicar de forma natural e contex-tualizada com sua realidade, quando pretendemos introduzir e aprimorar formas alterna-tivas de comunicao, aproveitamos as situaes naturais de comunicao, dentro de seuscontextos reais de vida.Todos ns nos comunicamos por meio de expresses faciais e corporais, sinais manuais,tonalidades de voz, pela escrita, pela fala, pela arte. Quando falta a fala, valorizamos as de-maisformasdeapessoaexpressarseussentimentos,necessidades,conhecimentosepro-movemos o acesso s relaes sociais. Isto no significa que deixamos de lado o estmuloaodesenvolvimentodafala.Aocontrrio,elaapoiadaeprovocadaotempotodo,pormeio da ampliao de oportunidades e desafios ao desenvolvimento da linguagem, opor-tunizados pela CAA.Para iniciar o trabalho de CAA, precisamos nos colocar disposio para conversar comAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa47Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 47o aluno que no fala e prestar ateno em suas reaes, falar para ele o que estamos compre-endendosobresuasreaes.UmaboadicaparainiciaraconversaopormeiodaCAA aproveitardosobjetosconcretosquetemosnanossavoltaoudesituaesqueproporcio-nam a iniciao e continuidade de um dilogo.Para exemplificar, contaremos a histria do primeiro contato de Mariana com sua profes-sora de AEE. Mariana entra na sala com sua me que, depois de se apresentar e apresentar sua filha,pede licena para sair. Mariana e a professora Lcia ficam sozinhas. Lcia observa Marianae comea a dizer para ela que est muito feliz em conhec-la, que tem muitas curiosidades egostaria de saber das coisas que a Mariana gosta de fazer, de brincar, com quem gosta de es-tar e outras coisas mais. Lcia tambm fala de si e das coisas de que gosta. Enquanto fala emostra a Mariana os brinquedos, os livros de histrias e demais materiais que esto na sala,a professora Lcia percebe que a menina est atenta e sinaliza isto com o sorriso. QuandoMariana realmente gosta de algo que v expressa, no s um sorriso, mas usa todo o seu cor-po e emite um som parecido com um grito. Aprofessora Lcia ao perceber as reaes da me-nina, diz a ela o que "l" do comportamento da aluna:-NossaMariana!Vocgostoumuitodestelivrodehistria!Vocestmefalandoquegosta de histrias? Mariana volta a sorrir e emitir um som afirmativo.Aprofessora pergunta se a Mariana gostaria de escutar uma histria.Mariana solta um grito forte de alegria, sua cabea volta-se para cima e seu corpo reage.AProfessora Lcia pega um smbolo grfico que representa o SIM e outro que represen-ta o NO. Cola-os em uma folha de papel diante de Mariana. Em seguida, toma dois fanto-ches e a histria comea:Um menino e uma menina se encontram e devem decidir juntos sobre o que vo brincar.Os fantoches conversam e falam coisas engraadas. Mariana ri muito e segue atentamente ahistria e o movimento dos fantoches. Sempre que as crianas precisam tomar uma decisoutilizam os smbolos SIM e NO. O menino pergunta para a menina: - De que vamos brincar? Amenina responde que quer brincar de fazer compras. O menino imediatamente diz queNO,apontandoparaosmbologrfico.Eleconvidaameninaparajogarembolaedestavez a menina que corre at o smbolo, para dizer NO. As personagens brincam e conversam muito, utilizando sempre os cartes durante todoo decorrer da histria.No final, depois de muitas gargalhadas e gritos da Mariana, a professora Lcia perguntapara a menina se ela gostou da histria. Imediatamente a Mariana leva o olhar e a mo emdireo ao smbolo do SIM.Aprofessora pergunta para ela se em casa sua me lhe conta histrias. Mariana fica coma expresso sria, levanta a cabea e olha para o NO.Lcia pergunta a Mariana se gostaria de conversar com a me e pedir a ela que lhe con-tasse histrias. Mariana grita e aponta para o SIM.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa48Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 48Aprofessora comea ento a perguntar tudo aquilo que no incio de seu encontro com aaluna manifestou interesse de conhecer.Perguntou-lhe se tinha irmos e Mariana disse queSIM. Se era menino ou menina, se era grande, pequeno, se a Mariana gostava de brincar comsua irm, se morava longe, se gostava da escola. Fazendo perguntas cujas respostas poderi-am ser SIM ou NO, a professora Lcia pode conhecer muito sobre a vida de Mariana.Quando a me retornou para buscar sua filha, a professora Lcia contou-lhe da alegriade conhecer a Mariana. Disse que ela havia lhe falado sobre a irmzinha menor e de comogostava de olhar, quando a mame trocava a fralda dela. Mariana referiu que gostaria de aju-dar sua me nessa tarefa. Disse tambm que morava longe, pegava dois nibus para chegar escola que gostava da escola, porque tinha muitos amigos e a sua professora.Ame se surpreendeu e perguntou Professora Lcia como a Mariana havia falado tu-do aquilo. Aprofessora mostrou os cartes, a me admirou-se e neste momento tornou-se sua gran-de aliada na CAA.No final do encontro, Mariana estava inquieta, demonstrando querer dizer alguma coisa.Ame lhe perguntou o que estava acontecendo. Mariana olhava para a me e para a profes-sora e mantinha-se agitada, incomodada. Aprofessora perguntou: - Voc quer que eu fale alguma coisa a mais para sua me? Mariana olhou para o SIM. - Est nesta sala o que voc deseja mostrar sua me? Mariana sorriu, emitiu um grito e olhou para os fantoches. Lcia lembrou-se de que Mariana havia referido que ela queria que a me lhe contassehistrias, em casa. Quando a professora Lcia disse isto, Mariana deu um grito muito alto,expressando grande alegria - seu corpo movimentou-se por inteiro e no restava dvida deque a comunicao entre elas havia alcanadogrande sucesso.Apartir deste relato percebemos que o trabalho da CAAinicia-se no momento em que es-tamosdispostosanosrelacionarmoscomoaluno,prestandomuitaatenonassuasrea-es, aproveitando as situaes naturais e do cotidiano; utilizando os objetos concretos doambiente,introduzindogradualmentecartesdecomunicaoeposteriormentepranchastemticas. O trabalho evoluir medida que o aluno, seus familiares, professores e colegastambm se aproximarem e aproveitarem positivamente da oportunidade de utilizar as estra-tgias e recursos de comunicao. Avivncia da comunicao por meio de temas motivadores, como a escolha de brinque-dos, do que gostaria de comer, onde quer ir passear, qual amigo deseja visitar ou outros, po-der ser um bom comeo para o aluno que no fala iniciar a compreenso de que o smbolopode expressar aquilo que, no momento, ele no consegue dizer de outra forma.muitoimportanteconsiderarmosqueacomunicaonodependedetreinamentoeno algo que se condiciona, mas que se vivencia. Como selecionar recursos de CAAnecessrios a cada aluno e a quem cabe esta tarefa? Assim como nos recursos pedaggicos de acessibilidade, os recursos de CAAdevem ser se-AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa49Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 49lecionados a partir da avaliao do contexto real do aluno e do registro das possveis barreirasa serem eliminadas. Um profundo conhecimento do aluno, do seu contexto familiar e social edas tarefas a serem realizadas na escola e fora dela possibilitaro a tomada de decises sobrequal recurso de comunicao ser necessrio para aquele aluno, naquele momento.O professor do AEE, que deve estar em contato direto com o aluno, pode coordenar esteprocesso, solicitando famlia, aos professores da escola comum e aos outros profissionaisque atendem a esse aluno todas as informaes que entender necessrias.Ao professor de AEE caber investigar no aluno: Quais as formas de comunicao que ele j utiliza? Quais so seus temas de interesse? Com quem ele se comunica? Quando ele se comunica? Quando ele no se comunica? Quais so suas habilidades sensoriais visuais e auditivas? Quais so as suas habilidades motoras e que sero utilizadas para acessar os recur-sos de comunicao? Como sua condio cognitiva e seu envolvimento com o aprendizado? Ele est desejoso de se comunicar com os outros?Sobre o contexto do aluno, o professor do AEE far uma observao relativa aos parcei-ros de comunicao do aluno e aos recursos que ele j utiliza. So parceiros de comunicaodo aluno os familiares, amigos, professores, colegas e toda a equipe da escola. Quem so os parceiros de comunicao? Quetemasosparceirosdecomunicaoconsideramimportantesparaestabelecerem comunicaes com o aluno? Qual o vocabulrio usual entre os colegas e amigos? O que j est sendo utilizado de CAAe quais so os resultados obtidos? Quais os recursos e conhecimentos necessrios aos parceiros de comunicao paraque se relacionem com o aluno? Comoseracomunicaoentreoprofessordasalacomumeoprofessordo AEEpara que um trabalho integrado seja possvel, tendo-se em vista o vocabulrio e ou-tros recursos para facilitar o entendimento dos contedos escolares?Sobre as tarefas e desafios de comunicao que o aluno enfrenta no ambiente escolar: O que consta no plano de ensino do professor para a turma toda? Quais so os objetivos de aprendizagem? Quaisoscontedosaseremdesenvolvidosedequeformaseroexploradospeloprofessor para toda a turma?AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa50Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 50 Quais so as barreiras de comunicao que impedem ou limitam a participao doaluno nas atividades escolares? Comofeitaaavaliaodaaprendizagemdosalunos?Quaisasdificuldadesdoprofessor em avaliar o aluno?Com base nessa avaliao, o professor do AEE continua seu trabalho, envolvendo todosos seus parceiros. Em alguns casos, ele buscar ajudas e conhecimentos necessrios com ou-tros profissionais, para que possa definir o melhor recurso de CAAe como poder ser maisfacilmente utilizado pelo aluno. Ao iniciar o AEE, o professor deve estar atento s respostas dos alunos, leitura de suasexpresses e comportamentos, ao que o aluno pode estar querendo dizer eque a simbolo-gia disponvel no contempla. Neste caso, a interveno do professor ser no sentido de bus-car outros smbolos ou passar a fazer perguntas objetivas para que o aluno sinalize de for-ma afirmativa ou diga no. Em tais situaes de muita utilidade dispor de smbolos comdizeres do tipo: "No tem aqui o que quero falar.", "Vamos mudar de assunto.", "Faa per-guntas com resposta SIM e NO." muito importante que no limitemos os assuntos a serem tratados com o aluno quelesque esto disponveis em sua prancha de comunicao. muito comum que os parceiros decomunicao perguntem sempre as mesmas coisas, somente porque sabem que o aluno po-der responder sem erro. Por exemplo: Qual seu time? Qual seu brinquedo favorito? Quem seu melhor ami-go? O que voc vai ser quando crescer?Se o aluno pudesse falar diria: Voc j sabe isso, porque me pergunta sempre a mesmacoisa? Minha prancha no um brinquedo e eu no sou "uma gracinha". Tenho vontade defalar outras coisas que no esto na minha prancha. preciso valorizar os recursos de comunicao e no os tornar uma ferramenta sem sen-tido para o aluno, pois ele pode se desinteressar e abandonar a ferramenta. Um recurso deCAA sempre inacabado e somente quando nosso aluno estiver escrevendo ele poder com-pensar totalmente a falta da fala, mesmo que sua escrita seja realizada de forma alternativa,atravs da varredura manual em prancha impressa, do computador ou de vocalizadores. Ao elaborarmos um recurso de CAAsem a participao do aluno, corremos um srio ris-co de criarmos artefatos que em nadao auxiliaroa comunicar-se de maneira efetiva, naescola e fora dela.Quandoafirmamosqueorecursodeveserselecionadocomoaluno,estamosnoscolo-cando ao lado dele, prestando ateno s suas necessidades, identificando as suas possibili-dades, reconhecendo suas limitaes, e, junto com ele, selecionando e oferecendo o recursode CAA, que, naquele momento e para aquela situao o mais indicado.Isto significa que, assim como o aluno muda constantemente, os recursos tambm devemacompanhar esta mudana, adequando-se constantemente s necessidades provenientes dodesenvolvimento ou dos problemas que persistirem e exigirem novos recursos.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa51Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 512.6.ACAAEOSRECURSOSPEDAGGICOSDEACESSIBILIDADENAESCOLACOMUM2.6.1. OBJETIVO DOS RECURSOS NA ESCOLA COMUMOs recursos de CAAe os demais recursos pedaggicos de acessibilidade sero eficientesse permitirem que a participao do aluno seu acesso comunicao sejam garantidos, demodo que possa atuar em todas as atividades escolares, sem nenhum tipo de restrio.2.6.2.UTILIZAODERECURSOSDECAANAELABORAODEESTRATGIASDE ENSINO E APRENDIZAGEMOs recursos de CAAdevem ser facilitadores na realizao das tarefas escolares, nas salasde aula comum. Como salientamos acima, so eles que vo eliminar as barreiras impostaspela deficincia e/ou pelo meio, para que os alunos possam participar de todas as atividadesescolares em interao com seus colegas.No se trata de oferecer a esses alunos atividades diferentes, na sala de aula, mas recur-sos que permitam a realizao das mesmas atividades realizadas pela turma.Uma dvida freqente entre os professores das classes comuns diz respeito ao planeja-mento das tarefas que os alunos com deficincia realizaro na classe comum: quem deve pla-nejar essas tarefas? Os professores comuns ou o professor do atendimento educacional es-pecializado - AEE? As atividades escolares so planejadas pelo professor da classe comum para todos os seusalunos e os professores do AEE identificaro as barreiras de participao, selecionaro, con-feccionaro ou ajudaro na aquisio dos recursos que permitiro aos alunos com deficin-cia a plena participao nas aulas. Da a importncia do recurso de CAAe demais recursosde acessibilidade projetados e desenvolvidos em parceria entre o professor da classe comume do AEE. 2.6.3. AVALIAO UTILIZANDO A CAA NA ESCOLAAconstruo de uma avaliao democrtica imersa numa pedagogia de incluso implicanecessariamente a substituio do padro da homogeneidade ideal pelo padro da hetero-geneidade real. So os conhecimentos em construo e no os j consolidados que devem ba-sear a seleo dos recursos e das estratgias pedaggicas. O erro dever ser visto como umprocesso positivo na identificao e na construo do recurso porque d pistas sobre o mo-do como cada um est representando e expressando o conhecimento.Ao prepararmos ferramentas que apiem o processo de avaliao do aluno deveremos tero cuidado de oferecer recursos abertos que sero apoiados pelo conhecimento do professorqueavalia,favorecendoqueelepossafazerintervenesparaquepercebaocaminhoqueest sendo percorrido por seu aluno na construo do conhecimento.AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa52Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 52Uma avaliao que utiliza recursos de CAA pode ser feita para verificar memorizao ereproduo de contedos recebidos pelo aluno. Ao invs de escrever ele ter alternativas derespostas em smbolos. Porm, se quisermos avaliar o caminho que este aluno est seguin-do e o verdadeiro entendimento que construiu de determinado conceito, nosso trabalho se-rmaior.Deveremosentoassociaralternativaderespostascompossibilidadesdeargu-mentao, com possibilidades de o aluno questionar seu professor e tambm mostrar novosconhecimentos e sua aplicao.Aavaliao estar ento ligada aos objetivos educacionais e a verificao do envolvimen-to do aluno em todas as etapas propostas para que sejam atingidos. 2.7. A CAA no AEE2.7.1. OBJETIVOS DA CAA NO AEENo AEE a comunicao alternativa implementada tendo em vista o desenvolvimento deuma competncia operacional do aluno e outra competncia funcional do recurso. A competncia operacional diz respeito ao entendimento e apropriao que o aluno fazde seu recurso de comunicao e a forma como gradualmente passa a interagir com outros,saindo de uma situao de passividade e recepo de informaes para outra de agente detransformao, que influencia aes e comportamentos de interesse. Para que isso acontea, o professor especializado apresentar ao aluno novas formas e re-cursos de comunicao e evoluir com ele as atualizaes necessrias, sempre em busca dorompimento das barreiras de comunicao e participao nos desafios da aprendizagem.A competncia funcional diz respeito ao efeito que os recursos de comunicao no con-texto real da escola e fora dela. No basta o aluno saber utilizar-se da comunicao alterna-tiva no espao do AEE. Na escola, na famlia e demais lugares de interesse ele necessitar deparceirosdisponveisaaprendereainteragir.O AEEacompanhaesteprocessoetambmorienta os parceiros de comunicao, identifica e desenvolve novas estratgias para o rom-pimento das barreiras de comunicao.2.7.2. AVALIAO DA CAA NO AEENo AEE o professor especializado proceder avaliao de sua atuao em CAA, verifi-cando a evoluo de sua interveno junto ao aluno e no contexto escolar.2.7.2.1. AVALIAO DA COMPETNCIA OPERACIONAL O professor do AEE observa e registra os avanos do aluno na utilizao de seu recursode CAA, questionando: O aluno consegue responder a perguntas objetivas sinalizando o SIM e o NO?AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa53Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 53 O aluno consegue utilizar expresses e sinalizaes para se comunicar? Ele consegue responder a perguntas objetivas, apontando para objetos que esto noambiente? Ele consegue responder perguntas objetivas, apontando a resposta em smbolos gr-ficos? Ele faz a associao de mais de um smbolo em suas respostas? Ele toma iniciativa na comunicao, ou espera sempre por perguntas? Ele usa criatividade e tenta responder s perguntas cuja resposta no est na pran-cha, fazendo uso de analogias entre smbolos ou dos smbolos com outras formas decomunicao (gestos, expresses, objetos do ambiente etc.)? Ele faz uso da escrita sempre que o que deseja comunicar no est na prancha? Ele questiona e argumenta ?Ele manifesta a ausncia de vocabulrio e consegue solicitar a atualizao do recurso? Ele participa do planejamento de suas pranchas de comunicao? Outras questes2.7.2.2. AVALIAO DA COMPETNCIA FUNCIONAL O professor de AEE observa e registra os efeitos da utilizao do recurso no contexto devida real de seu aluno, verificando como os parceiros de comunicao esto se apropriandoe usufruindo da tecnologia. o professor do AEE quem verifica se as barreiras de comuni-cao esto se rompendo e se a participao do aluno nos desafios da aprendizagem efeti-vamente acontece.Para realizar esta avaliao o professor de AEE questiona: Oprofessordaclassecomumcompreendeeusufruidorecursodecomunicao,conseguindo envolver o aluno nas vrias atividades escolares? Oprofessorcolaboracomaatualizaodorecurso,encaminhandoseusobjetivoseducacionais, e planos de atividades ao professor de AEE? O professor da classe comum consegue avaliar seu aluno no percurso da aprendi-zagem eexplora as formas de comunicao que esse aluno utiliza? Na sala de aula, o aluno manifesta seu interesse em participar das atividades? O aluno ampliou sua relao de comunicao com os colegas de turma e com a co-munidade escolar? Os colegas compreenderam e tambm usufruem do recurso de comunicao com oaluno na escola e fora dela? Afamlia compreendeu e est usufruindo da comunicao alternativa com seu filho? Outras questes.2.8. PARCERIA ENTRE OS PROFESSORES DA SALA COMUM E O AEE NA UTILIZAODOS RECURSOSAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa54Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 542.8.1. PLANO DE AULAH uma diferena entre a atuao do professor da sala comum e a do professor do AEE.Enquanto o primeiro ocupa-se do ensino dos conhecimentos acadmicos, o segundo identi-fica as possveis barreiras impostas pela deficincia e pelo meio e disponibiliza recursos e es-tratgias para que este aluno consiga participar, por meio da ampliao de sua comunicaoe interveno no meio, dos vrios desafios aprendizagem na escola.Os trabalhos desses professores so complementares e exigem deles uma estreita parceria.Apresentamos, como exemplo, o caso de Joana e sua turma.Joana aluna da segunda srie, possui paralisia cerebral, emite sons, sinaliza o SIM comum sorriso e o NO baixando a cabea. Apresenta dificuldades motoras que limitam a suaproduo grfica. Consegue apontar e segurar objetos grandes e leves com sua mo direita.Joana muito interessada por tudo o que se passa ao seu redor: segue com o olhar aten-to e se manifesta com expresses faciais e corporais, criadas por ela mesma, para dizer queestfeliz,insatisfeitacomalgo,quandodesejaalgumacoisaqueestenxergando,quandoprecisa ir ao banheiro ou quando deseja beber, comer, brincar ou sair. Usa cadeira de rodascom apoios especiais e necessita ajuda para se mover.O plano de aula apresentado pela professora da classe comum orientou a professora doAEE a construir e propor estratgias e recursos de tecnologia assistiva que tiveram por ob-jetivo ampliar a participao de Joana em todas as atividades pensadas para a turma e con-sequentementeoportunizarvivnciasricasparaconstruodeconhecimentos,juntocomseus colegas de classe.O plano de aula da professora da classe comum para seus alunos de 2. ano do ensino ele-mentar era o seguinte:Contedo:Leitura e interpretaoRedao de pequenos textosObjetivos: Lerpequenos textos.Oportunizar a interpretao dos textos lido, por meio dediferentes linguagens: fala, desenho, dramatizaes, recorte e colagem.Redigir uma pequena histria a partir de cantigas de roda.Atividades:Dramatizao em grupo de historias lidas pelos colegas.Montagem de um painel com recorte e colagem dos personagens das histrias ouvidas.Criao e redao de pequenas histrias, em grupo, aps a participao nas cantigas de roda.Montagem de um livro com as histrias criadas pelos grupos.Exposio dos livros por seus autores.Recursos: Papis diversos, livros de histrias e revistasAEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa55Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 55Cola, tesouraCDs com cantigas de roda e aparelho de somCadernos, lpis, canetas coloridasMesas e painis para a exposioComputador e impressoraAvaliao: Cooperativa realizada pelos alunos atravs da anlise da produo dos gruposAuto avaliao2.8.2. PLANO DE AEE E PROPOSTAS DE INTERVENO EM TECNOLOGIA ASSIS-TIVA EM CADA ATIVIDADEA professora do AEE, com o objetivo de apoiar o seu aluno nas atividades do plano detrabalhodaclassecomum,planejousuaintervenopormeiodaTecnologia Assistiva,vi-sando a participao desse alunoem cada uma delas:Para a atividade de dramatizao em grupo de historias lidas pelos colegas. Joana escolheu seu papel na dramatizao, apontando para cartes de comunicao,com a foto escaneada dos personagens. Podeparticipardaescritadoroteiro,porintermdiodapranchatemticasobreahistria ou da prancha de palavras pr escritas, com vocabulrio pertinente ao pla-nejamento da professora da classe comum. A professora de AEE alertou a turma a sempre confirmar com Joana se ela concor-AEducao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarRecursos Pedaggicos Acessveis e Comunicao Aumentativa e Alternativa56Foto83-Pranchadecomunicaoconfeccionadacomtemaespecficodeumahistria. Apresentasmboloscom a descrio dos personagens e suas caractersticas. Marcos Seesp-Mec Fasciculo VI - B.qxd28/10/201011:51Page 56da ou no com o que est sendo construdo em grupo