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Universidade Gregório Semedo Metodologia da Investigação Científica Introdução “O mundo de hoje é o mundo da Investigação Científica” A investigação científica é hoje o grande doador de conhecimentos para a sociedade, é a ferramenta mais útil que a sociedade humana tem para o seu desenvolvimento sócio económico em diversas direcções. É óbvia a importância da Metodologia de Investigação Científica, o seu objecto de estudo esta bem identificado, a Investigação Científica. O objectivo fundamental deste programa Metodologia da Investigação Científica, visa o desenvolvimento de capacidades e habilidades do pensamento lógico, que permitirão trabalhar com o material de estudo de forma independente, aprender e ser consequentes com o método científico, a lógica da Ciência. O conteúdo programático apresenta um sistema de conhecimentos actualizados e coerentes, que teve em consideração o nível de desenvolvimento intelectual dos estudantes que iniciam o seu primeiro ano no Ensino Superior em nossa Universidade. O programa consta de 7 temas ou unidades, distribuídas em 120 horas lectivas. As horas lectivas incluem aulas teóricas, seminários, aulas práticas, avaliação e revisão da matéria como formas de organização do ensino. Objectivos gerais Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista. 1

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Introdução

“O mundo de hoje é o mundo da Investigação Científica”

A investigação científica é hoje o grande doador de conhecimentos para a sociedade, é a

ferramenta mais útil que a sociedade humana tem para o seu desenvolvimento sócio

económico em diversas direcções.

É óbvia a importância da Metodologia de Investigação Científica, o seu objecto de estudo

esta bem identificado, a Investigação Científica.

O objectivo fundamental deste programa Metodologia da Investigação Científica, visa o

desenvolvimento de capacidades e habilidades do pensamento lógico, que permitirão

trabalhar com o material de estudo de forma independente, aprender e ser consequentes

com o método científico, a lógica da Ciência.

O conteúdo programático apresenta um sistema de conhecimentos actualizados e

coerentes, que teve em consideração o nível de desenvolvimento intelectual dos estudantes

que iniciam o seu primeiro ano no Ensino Superior em nossa Universidade.

O programa consta de 7 temas ou unidades, distribuídas em 120 horas lectivas. As horas

lectivas incluem aulas teóricas, seminários, aulas práticas, avaliação e revisão da matéria

como formas de organização do ensino.

Objectivos gerais

Contribuir para desenvolver capacidades e competências de pensamento lógico

aplicáveis ao processo de investigação científica;

Desenvolver competências para interpretar as relações existentes entre objectos,

fenómenos e processos da realidade objectiva;

Conhecer o fundamento geral do processo de investigação científica, para ser

aplicado nos casos particulares;

Formar uma atitude científico-investigativa que permita no plano teórico e/ou prático,

responder adequadamente as exigências do desenvolvimento da sua profissão.

Criar as bases de uma inquietude científica capaz de dirigi-los ao encontro com o

trabalho de investigação de forma independente.

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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Objectivos específicos

Conhecer a natureza ou os fundamentos da Ciência e caracterizar o conhecimento

científico em relação a outros tipos de conhecimento;

Identificar os principais métodos teóricos e empíricos de investigação;

Apresentar e desenvolver noções básicas sobre o processo da investigação

científica;

Conhecer as principais fontes de informação (incluindo as fontes electrónicas),

Saber procurar informação e tratá-la de forma adequada aos objectivos definidos;

Elaborar um Projecto de Investigação sobre um tema relacionado com a área do

curso;

Fornecer instrumentos metodológicos para que o estudante possa redigir e

apresentar trabalhos académicos com rigor, sistematização e espírito crítico.

Plano temático

Tema Conteúdos Teóricas Seminários Aulas PráticasTotal

I Introdução 08 08

II O Conhecimento 08 02 10

III Métodos Científicos 12 02 02 16

IV Processo de Investigação Científica 04 04

V Procedimento de pesquisa 20 20 40

VI O protocolo de investigação 12 22 44

VII Diversos tipos de Trabalhos Científicos 06 02 08

Total 70 04 46 120

Conteúdo programático

Tema I Introdução

1.1 Apresentação da disciplina. Objectivos gerais e específicos. Explicação dos conteúdos

temáticos. Formas de organização do ensino. Avaliação. Bibliografia;

1.2 A Ciência. Definição. Objecto de estudo. Características e Funções;

1.3 Origem da ciência moderna;

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1.4 Divisão da Ciência;

1.5 A Investigação Científica. Definição. Objecto de estudo;

1.6 Metodologia da Investigação Científica. Definição. Objecto de estudo;

1.7 O Investigador. Características;

1.8 Tipos de pesquisas. Pesquisa qualitativa e quantitativa. Características.

Tema II O conhecimento

2.1 O conhecimento. Definição. Características gerais do conhecimento.

2.2 A actividade cognitiva do homem. Definição;

2.3 Importância do conhecimento para o desenvolvimento da sociedade humana. O

conhecimento no momento actual;

2.4 Estruturas que permitem o conhecimento no homem: receptor, via aferente, centro

nervoso. Relações entre elas e com o ambiente externo;

2.5 Tipos de conhecimentos. Características. Relações entre eles;

2.6 Os meios especiais do conhecimento;

2.7 A ciência como forma especial do conhecimento humano.

Tema III Métodos Científicos

3.1 O método científico. Definição.

3.2 Origem dos principais métodos científicos;

3.3 Tipos de métodos científicos. Métodos teóricos e métodos empíricos. Conceito e

características;

3.4 Tipos de métodos teóricos. Análise e síntese. Indução e dedução. Hipotético dedutivo.

Métodos dialéctico. Conceito. Características. Relações com o processo de

investigação;

3.5 Tipos de métodos empíricos. Observação científica. Definição. Tipos de observação.

Importância da observação científica. Experiência científica. Definição. Importância.

Medições. Definição. Tipos de medições. Importância.

3.6 Métodos específicos das ciências sociais: histórico, comparativo, funcionalistas,

estatístico. Características e aplicação.

Tema IV Processo de Investigação Científica

4.1 Investigação científica. Definição. Conceito de processo e sistema;

4.2 Etapas do processo de investigação científica. Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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4.2.1 Primeira etapa: Preparação, organização e planificação da investigação.

Características.

4.2.2 Segunda etapa: Execução do trabalho de investigação;

4.2.3 Terceira etapa: Processamento da informação;

4.2.4 Interpretação dos dados recolhidos. Importância;

4.2.5 Quarta etapa: Redacção do informe de investigação;

4.3 Necessidade do trabalho de pesquisa.

Tema V Procedimento de pesquisa

5.1 Escolha do tema. Factores internos e externos;

5.2 Revisão de trabalhos prévios

5.2.1 A Informação Científico Técnica. Conceito. Objectivos;

5.2.2 A busca da informação. Que informação buscar. Onde;

5.2.3 Fontes bibliográficas. Publicações Científicas e Trabalhos Científicos. Tipos.

Características.

5.2.4 Sistemas de comunicação electrónica. Conceito. A revolução da internet;

5.2.5 A informação científica de países desenvolvidos e em desenvolvimento;

5.2.6 Fichas do investigador. Tipos. Elaboração;

5.2.7 Ficheiro do investigador;

5.3 Delimitação do tema;

5.4 Titulo do trabalho;

5.5 Objecto de estudo;

5.6 Os objectivos da investigação. Definição. Determinação e formulação dos objectivos da

investigação;

5.7 O problema científico. Definição. Características. Finalidades do problema.

Formulação;

5.8 Hipótese. Definição. Características. Formulação. Funções. Importância;

5.9 Variáveis. Definição. Variáveis independentes, dependentes e controladas. Diferenças

entre estas variáveis. Relações entre variáveis. Funções. Importância. Definição

operacional;

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5.10 População e amostra. Definição. Características. Relações. Importância. Selecção da

amostra. Amostragem. Distintos tipos de amostragem. Selecção. Importância;

5.11 Técnicas para recolher os dados;

5.10.1 Observação científica. Distintos tipos de observação científica. Fichas de

observação científica. Elaborar fichas de observação;

5.10.2 Entrevistas. Entrevista individual e grupar. Características. Vantagens. Elaborar

modelos de entrevistas;

5.10.3 Inquéritos por questionários, testes, outros. Tipos de inquéritos por questionário:

abertos, fechados, mistos. Características. Vantagens. Elaborar diferentes tipos de

inquéritos.

Tema VI O protocolo de investigação

6.1 O protocolo ou projecto de investigação. Definição;

6.2 Importância do protocolo de investigação;

6.3 Estrutura do protocolo de investigação ;

6.3.1 Elaboração da apresentação;

6.3.2 Elaboração do índice;

6.3.3 Elaboração da introdução;

6.3.4 Elaboração da justificativa;

6.3.5 Elaboração da revisão bibliográfica;

6.3.6 Elaboração da metodologia de trabalho;

6.3.7 Elaboração do cronograma de trabalho;

6.3.8 Elaboração das referências bibliográficas;

6.3.9 Elaboração dos anexos;

6.4 Estudo prático para elaborar o protocolo de investigação.

Tema VII Diversos tipos de Trabalhos Científicos

7.1 O Trabalho de Curso. Importância. Estrutura. Apresentação;

7.2 Outras formas de Trabalhos Científicos.

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Metodologia

As sessões predominantemente teóricas consistem na exposição de conteúdos por parte do

docente baseada no método expositivo.

Os seminários serão realizados através de pesquisas bibliográficas de um tópico em estudo

e discussão do trabalho na aula.

Nas sessões predominantemente práticas serão utilizadas estratégias de

ensino/aprendizagem diversas para a consolidação de conhecimentos e para motivar o

aluno a participar nas aulas sobre matérias específicas e relevantes do conteúdo

programático, através da elaboração de fichas de trabalho, elaboração de aspectos

fundamentais do protocolo de investigação científica.

Envolvendo uma permanente interacção entre teoria/prática, o trabalho de curso consistirá

na elaboração do Protocolo de Investigação onde o estudante baseado na metodologia

estabelecida elaborará de forma individual o trabalho de um tema seleccionado relacionado

com a especialidade.

 Avaliação

Avaliação contínua, mediante perguntas orais e escritas, seminários, aulas práticas, aulas

teórico- práticas, trabalhos para ser entregues ao professor.

Se realizaram três provas parcelares, uma no primeiro semestre e duas no segundo

semestre. Na primeira prova parcelar serão avaliados os temas I, II e III. Na segunda avalia-

se os temas IV e parte do tema V. Na terceira prova avalia-se parte do tema V e os temas

VI e VII.

A avaliação final será feita segundo o estabelecido no regulamento de avaliação da

Universidade.

Bibliografia

Albarello,L. e outros. “Práticas e Métodos de Investigação em Ciências Sociais” Editora

Gradiva. Lisboa. 1997.

Almeida,L.S. e Freire,T. “Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação” 3ª Edição

Revista e Ampliada. Editorial Psiquilibrios. Braga. 2003.

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Azevedo, Mário.”Teses, Relatórios e Trabalhos Escolares”. 4ª Edição. Universidade Católica.

Lisboa. 2004.

Belchior da Silva, José “ Estatística para Ciências Humanas “

Gráfica Lito-Tipo. Luanda. Angola.2004.

Bell, J. “Como realizar um Projecto de Investigação”. 3ª Edição Revista e Aumentada.

Editorial Gradiva.Lisboa. 2004.

Bessnier, J.-M. “ As teorias do conhecimento “ Editora Instituto Piaget. Lisboa.

Carvalho, J. E. “Metodologia do Trabalho Cientifico. Escolar editora. Lisboa. 2002

Colectivo de autores. “Metodología del Conocimiento Científico”

Editorial de Ciências Sociales. La Habana. 1975.

De Andrade Marconi, M. e Lakatos, E.M. “Fundamentos de metodologia Científica”. 5º

Edição. Editora Atlas, S. A. São Paulo. Brasil 2003.

Eco. H. “Como se faz uma Tese em Ciências Humanas”.11ª Edição. Editorial Presença.

Lisboa. 2004.

Ibarra Martin, Francisco. “Metodología de la Investigação Social “. Universidad de la Habana.

Editorial Pueblo y Educación. La Habana. 1988.

Minayo, M. C. De S. e outros. ” Pesquisa social “ Teoria, métodos e criatividade. 7ª edição.

Editora Vozes Lda. Rio de Janeiro. 1993.

Richards Mesa, Ricardo. Metodologia de Investigação Científica”. Material Impresso. IGS.

Luanda. 2005.

Quivy,R. e Campenhoudt, L. V. “Manual de Investigação em Ciências Sociais”. 3ª edição.

Editora Grádiva. Lisboa. 2003.

Precisamos que realizes esforços para: “Apreender a estudar”

“Apreender a pensar com lógica”

Tema 1 Introdução

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O título da disciplina é composto por três palavras que para uma melhor compreensão

devem ser analisadas pois representam a base do processo de investigação científica.

O que é metodologia?

A metodologia é uma palavra que deriva do grego e que etimologicamente pode ser definida

como estudo de métodos, sendo o método o caminho ou a maneira para chegar a

determinado fim ou objectivo (Richardson, 2008, p. 22).

Tomanik (2004, p. 21) considera que “metodologia é a parte das ciências que se ocupa da

descrição, análise e avaliação dos métodos”.

Dessa forma, em termos gerais, a metodologia pode ser definida como o conjunto de

operações logicamente ordenada e relativas á um problema de pesquisa determinado.

O que significa Investigar ou Pesquisar?

Para estudar o conceito coloquemos em exemplo simples. Quando procuramos por uma rua

buscamos esta informação das mais variadas formas, ex.: perguntamos, olhamos. Isto é

pesquisar, pois estamos buscando um conhecimento que NÃO possuímos e do qual

necessitamos.

Portanto, investigar significa descobrir, procurar alguma resposta para indagações

propostas que podem ser encontradas ou não.

Para Silva e Menezes (2001) “pesquisar, significa, de forma bem simples, procurar

respostas para indagações propostas”.

Nem toda pesquisa é científica.

O que significa Investigação Científica?

Significa buscar os conhecimentos apoiando-se em procedimentos capazes de dar

confiabilidade aos resultados, o seja, é todo um conjunto de acções dirigidos a encontrar

solução para um problema científico proposto, utilizando a metodologia de investigação

científica.

O aparecimento da Investigação Científica esta vinculada à necessidade que enfrenta

Homem de dar solução aos problemas da vida quotidiana: precisando explicar, predizer e

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transformar essa realidade para satisfazer suas necessidades. Pelo que podemos

considerar que pesquisar é o modo fundamental de produzir conhecimentos.

O que investigar?

Investiga-se aquele problemas cuja solução não se conhece e existe a possibilidade de

conhecer, para dar solução a uma necessidade da comunidade u parte dela. Se não se

avistar a possibilidade de solução do problema por não contar com os conhecimentos ou

meios necessários, não se investiga.

Para investigar há que criar condições de investigação, determinar o problema de

investigação, que realmente seja um problema que mereça ser investigado, e de que

solução para necessidades objectivas.

E quem investiga?

O investigador é aquele que, a partir do seu raciocínio lógico e suas capacidades para

investigar, dedica o seu tempo e esforços no fazer científico, com a finalidade de dar

solução a problemas científicos que afectam a comunidade ou parte dela em que ele está

inserido.

Características do investigador:

Ter desejo de saber, de informar-se sobre as coisas e os fenómenos que nos

cercam e que se apresentem em determinados momentos, relevantes para o

conhecimento do mundo em que vivemos;

Ter conhecimentos do assunto a ser investigado, assim como domínio da

metodologia da investigação científica;

Estar preocupado e buscar factos novos e princípios relacionados com algum sector

do conhecimento;

Ser responsável e dedicar-lhe tempo e esforço organizado a sua pesquisa, que

requer concentração, continuidade e empenho;

Ser persistente, para se corrigir e recomeçar o trabalho sempre que seja necessário

(perseverança e paciência);

Ser metódico, isto é programar as experiências, elaborar esquemas de trabalho

(protocolo) e cronogramas, organizar suas anotações;

Ser estudioso, informado e intelectualmente organizado (curiosidade e criatividade);

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Ter hábito de leitura e o interesse por manter-se em dia com o conhecimento

científico na sua área e áreas afins.

Como definir a Ciência?

Todos temos uma ideia, pelo menos aproximada, do que é a ciência porque hoje em dia

esta palavra e seus derivados fazem parte de nossa linguagem quotidiana. É conveniente,

no entanto, esboçar algumas definições que contribuam a conformar melhor nossa ideia

sobre a ciência, seu conteúdo e seu lugar no mundo que nos rodeia.

Segundo o dicionário Aurélio, ciência é uma palavra que se deriva do latin “scientia” e

significa “conhecimento”, ou como o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um

determinado objecto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos

fatos e um método próprio”.

Neste mesmo dicionário a ciência é considerada como um “processo pelo qual o homem se

relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício”.

Segundo Marconni e Lakoto, (1992) a ciência é

Acumulação de conhecimentos;

Actividade que se propõe a demonstrar a verdade dos factos experimentais e suas

aplicações práticas;

Caracteriza-se pelo conhecimento científico;

È um conjunto orgânico de conclusões certas e gerais metodicamente demonstradas

e relacionadas com o objectivo determinado.

Segundo Ender-Egg (cit. Marconni e Lakoto, 2007), na sua obra “Introdução as Técnicas de

Investigação Social” apresenta um conceito muito abrangente de ciência. O autor a define

como:

“Conjunto de conhecimentos, racionais, certos o prováveis, obtidos metodicamente

sistematizados e verificáveis que fazem referencia a objectos de uma mesma natureza “.

Racional, dá-se na actividade cognitiva do homem, tem exigências de método e

está constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceptual,

hipóteses, definições: diferencia-se das sensações ou imagens que se reflectem em

um estado de ânimo;

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Certo ou provável, já que não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de

todo saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, autênticos, é grande a

quantidade dos prováveis;

Obtidos metodicamente, não se adquirem ao acaso ou na vida quotidiana, mas

mediante regras lógicas e procedimentos técnicos;

Sistematizadores, não se tratam de conhecimentos dispersos e desconexos, mas

de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias;

Verificáveis, pelo facto de que as afirmações, que não podem ser comprovadas ou

que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito da ciência,

que necessita, para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação;

Relativos a objectos de uma mesma natureza, ou seja, objectos pertencentes a

determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.

As definições concordam em que a ciência é um sistema de conhecimentos sobre a

realidade natural e social que nos rodeia. Um sistema de conhecimentos, que abarca leis,

teorias e também hipóteses, e que se encontra num processo contínuo de desenvolvimento

o que significa que o homem aperfeiçoa continuamente seu conhecimento sobre toda a

realidade circundante actual e passada e, em certa forma, consegue predizer a futura, pelo

que a ciência é uma forma da actividade humana, ou da consciência social.

Portanto, falar de Ciência, é falar de um sistema de conhecimentos concretos,

metodicamente sistematizados e verificável, obtidos mediante o raciocínio lógico aplicando

o método científico.

É muito salutar que lembres e tenha presente que a ciência, é o produto da lógica e que

esta lógica é a que permite a ciência penetrar nos fenómenos e processos da realidade

objectiva, o qual permitem a verificação dos factos.

Aproveitamos este momento para entender o contraste entre a definição de ciência com

outros conceitos comummente utilizados.

Tecnologia: “Estudo dos materiais e processos utilizados pela Técnica, empregando-se

para isso teoria e conclusões das Ciências”. Nesta definição ressalta a ligação que esta

opera entre a ciência e a produção em geral. A tecnologia é, fundamentalmente, um produto

da ciência e pretende conhecer a natureza.

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Técnica: “Saber-fazer, com a necessidade de ser baseado em ciência”, pelo que a técnica

é um conjunto de procedimentos, uma realização.

Componentes da Ciência

Objectivo ou finalidade da ciência: é a preocupação em distinguir a característica

comum ou leis gerais que regem determinados eventos;

Função da ciência: é o aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de

conhecimento, da relação do homem com seu mundo;

Objecto da ciência: Pode ser dividido em objecto material e um objecto formal

Objecto material: aquilo que pretende estudar, analisar, interpretar ou

verificar, de modo geral;

Objecto formal: o enfoque especial, em face das diversas ciências que

possuem o mesmo objecto material

Como se manifesta a lógica da Ciência?

A lógica da ciência manifesta-se através de procedimentos e operações intelectuais lógicas

como por exemplo, observar, identificar, caracterizar, argumentar, comparar, explicar, etc

que:

Possibilitam a observação racional e controlam os factos;

Permitem a interpretação e explicação adequada dos fenómenos da realidade

objectiva;

Contribuem para a verificação dos fenómenos, positivados pela experimentação ou

pela observação;

Fundamenta o estabelecimento dos princípios e das leis.

Classificação das Ciências

A complexidade do Universo e a diversidade de fenómenos que nele se manifestam, aliadas

à necessidade do Homem de estudá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de

estudo com sua ordem de complexidade.

Uma das classificações possíveis das ciências é:

1.- Ciências Formais ou Puras: Sintetiza e explica os factos e princípios descobertos sobre

o universo e seus habitantes. Ex Filosóficas e matemáticas

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2.- Ciências Factuais ou Aplicadas: Utiliza os factos e princípios científicos para fazer coisas

úteis aos homens. Ex: Naturais e Sociais.

Origem da Ciência moderna

Na natureza etimológica do seu significado, existe “ciência” praticamente desde o

aparecimento do Homem na Terra, já que todas as sociedades humanas desenvolveram,

ao longo da sua história, modos de conhecimentos e de actuação sobre a realidade que

foram e são a base experimental da sua sobrevivência (Freitas, 2008).

Desde a Antiguidade aparece a divisão entre o trabalho físico e o trabalho intelectual,

pequenos grupos de homens dedicam-se ao trabalho intelectual com a finalidade de

organizar: a divisão e controlo das terras, do exército, a navegação, a direcção do estado e

outras. Estas actividades exigiam experiência e conhecimentos especiais, e se converteram

em campos de aplicação dos conhecimentos obtidos na Ciência.

Foi lento o andar da Ciência e o desenvolvimento dos seus métodos de investigação. Um

conjunto de transformações no pensamento de alguns cientistas, modificaram em parte

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NATURAIS

FíSICA

Nuclear, mineralogia, logística militar, petrografia, geologia, engenharia, astronomia

QUíMICA

Orgânica, inorgânica, física-química, farmácia e bioquímica

BIOLOGIA

Botânica, medicina, zoologia, veterinária, agricultura, tec. alimentos, enfermagem, ecologia

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SOCIAIS

Sociología, psicología, antropología, direito, economía, administração, comunicação social, história, etc

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algumas teorias e práticas da investigação científica a altura da segunda metade do século

XVI e o século XVII.

Estas novas concepções revolucionárias e atitudes perante a investigação científica deu

passo à aplicação de métodos de investigação científica mais eficientes, aparece uma nova

metodologia científica, que abre o caminho a Ciência Moderna.

Afirma-se com frequência que Galileu Galilei (matemático, físico e astrónomo italiano) 1564-

1642, foi o pai da Ciência Moderna, o fundador da metodologia da investigação científica

moderna, sem dúvida o fundador da Ciência experimental.

O maior aporte de Galileu a metodologia científica foi a unificação dos métodos de

investigação teóricos e práticos para realizar a investigação científica, as investigações

científicas teóricas e as experimentais, perderam interesses, a partir de Galileu se situa a

experimentação como base do conhecimento científico e fundamentou a importância do

enfoque teórico que leva a realização da experiência. Para Galileu, a experiência só tem

valor quando converter-se em objecto de investigação teórica.

Teoria Experimentação Teoria

Evidentemente estamos em presença de uma relação causa-efeito.

Vinculou a teoria com a prática (experimentação). Utilizou métodos teóricos e métodos

práticos nas suas investigações. A partir de Galileu, os investigadores, seguiram a mesma

linha de pensamento em quanto a utilização dos métodos teóricos e empíricos numa

mesma investigação científica.

Uns dos valores mais admiráveis de Galileu, foi a introdução da matemática na prática da

investigação científica.

Descobriu as leis dos pêndulos e da queda dos corpos. Inventou o termómetro e a balança

hidrostática e estabeleceu os princípios da dinâmica moderna, entre muitos outros aportes

que deu a Ciência.

O rápido aumento e complexidade dos diversos sistemas de conhecimento, a diversidade

dos fenómenos que neles se manifestam, aliada à necessidade do homem de estudá-los

para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo

das ciências, que exigiram uma classificação:

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Definição de Metodologia de Investigação Científica (MIC)

Como resumo, pode ser dito que a Metodologia da Investigação Científica estuda os

caminhos do saber apoiando-se em procedimentos capazes de dar confiabilidade aos

resultados, o seja, é a reflexão sistemática sobre os métodos, procedimentos e técnicas que

utilizamos no processo de investigação científica.

A Metodologia da Investigação Científica proporciona ao pesquisador a via que precisa para

chegar ao conhecimento da realidade, ao seguir, uma série de passos cujo fim é a busca

contínua do desconhecido, sua correcta interpretação e solução. Em ausência dela, essa

busca se converte em algo caótico e desordenado, cujas possibilidades de lucros são muito

escassas e requer grandes esforços.

O objecto de estudo da MIC é o processo de INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.

Tipos de investigação ou pesquisa

A diversidade da Ciência leva ao homem a abordar os problemas da natureza em vários

enfoques e graus de aprofundamento.

Desde a segunda metade do século XX os principais enfoques são:

Enfoque quantitativo: utiliza a recolha e a análise de dados para testar as questões

de pesquisa com base na medição numérica e confia na análise estatística para

estabelecer padrões gerais de comportamento de uma população. Eles se associam

às experiências, às pesquisas a questões fechadas ou aos estudos em que se

empregam instrumentos de medição padronizados;

Enfoque qualitativo: utiliza a recolha de dados sem medição numérica para

descobrir ou aperfeiçoar questões de pesquisa e pode ou não provar hipóteses em

seu processo de interpretação. Neste tipo de pesquisa podem ser utilizadas técnicas

tais como observação não-estruturada, entrevistas abertas, revisão de documentos,

discussão em grupos, avaliação de experiências pessoais, inspecção de histórias de vida,

introspecção, etc.

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Actualmente se admite a classificação dos diversos tipos de pesquisas baseado em outros

aspectos. Podem ser, segundo os objectivos que se procuram atingir ou segundo os

procedimentos seguidos.

Segundo os objectivos da pesquisa estas podem ser:

Exploratória ou bibliográfica: Procura explicar um problema a partir de referencias

teóricas publicados em documentos. Esta pode ser realizada independentemente ou

como parte da pesquisa descritiva ou experimental em ambos casos, ela busca

proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, afim de facilitar a

delimitação de uma temática de estudo; definir os objectivos ou formular as

hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que

se pretende realizar. Em resumo, constitui geralmente o primeiro processo de

qualquer pesquisa científica.

Descritiva: Nela se observa, registra, analisa e correlaciona fenómenos sem

manipulá-los.

A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas entre as quais se destacam:

Pesquisa de opinião: procura obter atitudes, pontos de vistas e preferências

que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com objectivo de tomar

decisões.

Estudo de caso: Estudo em profundidade sobre determinado objecto, de

maneira a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento.

Pesquisa-ação: Há envolvimento, de modo cooperativo entre o pesquisador e

o pesquisado.

Participativa: Similar a pesquisa-ação. Caracteriza-se pela interação entre o

pesquisador e os representantes da pesquisa.

Experimental: É uma pesquisa onde se manipulam uma ou mais variáveis

independentes relacionadas com o objecto de estudo, a fim de observar e interpretar

as inter-relacões e graus de intensidade e de modificações acontecidas no objecto

de pesquisa. Ela concerne principalmente às ciências puras, ciências biológicas,

sociais, educação e psicologia.

McMILLAN & SCUMACHER (2001) classificam os tipos de pesquisas:

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Como foi dito, na pesquisa experimental, o pesquisador manipula os objetos de

investigação, controla variáveis e impõe condições. O objetivo principal é estudar relações

causa-efeito. Nas ciências humanas e sociais (onde, normalmente, é de difícil

aplicabilidade) exige amostragem aleatória.

Na experimental verdadeiro existe uma manipulação direta de condições (variável

independente), comparando no mínimo, duas condições ou grupos. A medição de variações

das variáveis dependentes visa a quantificação rigorosa, com a utilização de estatística

inferencial para formulação de conclusões de natureza probabilística sobre os resultados.

No disenho pré-experimental ou quasi-esperimental não se apresentam 2 ou mais das

caraterísticas do experimental verdadeiro (maior ou menor controlo de validade interna).

Nos desenhos não experimentais estão:

Descritivo – descrição de fenómenos quantificando parâmetros (ex: competência de

leitura dos estudantes de uma escola; variações das temperaturas na Terra nos

últimos 100 anos)

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

Tipos de investigação

Quantitativa

Experimental

Qualitativa

Não experimental Interativa Não Interativa

Pré-experimental

Realmente experimental

Quasi-experimental

Um único sujeito

Descritiva

Comparativa

Correlacional

Survey (de opinião)

Ex post facto

Etnográfica

Fenomenológica

Estudo de caso

Grounded theory

Estudos críticos

Análise conceitual

Análise histórica

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Comparativo – comparação de fenómenos ou grupos (ex: certo desempenho em

gêneros diferentes; incidência de determinada doença na cidade e campo)

Correlacional – estabelecer rlações entre duas séries de fenómenos ou grupos (ex:

correlação QI e classificações escolares; consumo de tabaco e mortalidade;

humidade e uma praga)

Survey – identificação, caracterização e descriçãodes, crenças, etc. (aplicabilidade

interdisciplinar e de interfaces)

Ex post facto – estabelecer relações causais entre variáveis que não podem ser

manipuladas, incide, sobre coisas já acontecidas (ex: internato escolar e certas

características

Os diferentes tipos de pesquisas qualitativas já foram analizados.

Trabalho individual

1. Analisa o seguinte esquema

2. Responda verdadeiro ou falso

a.- ______ Não existe ciência sem emprego de método científico

b.- ______ O objecto de estudo da MIC é o processo de investigação científica

c.- ______ A lógica da ciência fundamenta-se no estabelecimento de princípios e leis

d.- _____ Para Galileu a experiência só tem valor quando converte-se em objecto de

investigação científica

3. Analisa o seguinte parágrafo:

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CIÊNCIACIÊNCIA INVESTIGAÇÃO CIENTIFICAINVESTIGAÇÃO CIENTIFICA

MÉTODOS CIENTÍFICOSMÉTODOS CIENTÍFICOS

METODOLOGIASMETODOLOGIAS

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“A ciência é o conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objecto,

especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método

próprio”.

4. A Ciência apresenta um conjunto de características que a identificam. Assinale

marcando com uma (X) as que considera que correspondem à Ciência:

1. É um pensamento racional _____;

2. Rigorosa ____;

3. Objectivo _____;

4. Lógica e confiáveis ____;

5. É sistemática ____;

6. Exacto ____;

7. Falível ____;

8. Definitivo ____;

9. Verificável ____;

10. Experimental ____;

11. Procura as relações causais ____.

5. Faça uma reflexão por escrito, acerca das semelhanças e/ou diferenças entre ser

investigador e ser estudante do ensino superior.

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Tema II O conhecimento

“São muitos os sinais de que o conhecimento se tornou o recurso económico mais

importante para a competitividade das empresas e dos países”.

Parte destes conhecimentos é produto das investigações científicas, do pensamento criador

dos homens.

Uma máxima: “Para investigar é necessário pensar com lógica”, não podemos realizar uma

investigação científica, se não sabemos pensar e pensar com a lógica da Ciência, aplicando

a Metodologia da Investigação Cientifica.

É muito importante relacionar os objectos, fenómenos e processos que estudamos para ver

que há de geral e particular entre eles, assim como estabelecer as relações causa efeito.

Isto permitirá desenvolver habilidades do pensamento lógico e apreender a: identificar,

caracterizar, comparar, argumentar e explicar.

“Conhecer os objectos, fenómenos e processos da realidade, as suas relações, mais os

resultados desta relações e outros é indispensável para desenvolver um pensamento

criador no estudante”

O que é o conhecimento?

Para definir o que é o conhecimento temos que considerar dois elementos clássicos,

estreitamente relacionados historicamente, “o objecto a conhecer” e “o sujeito que

conhece”.

Objecto a conhecer Sujeito que conhece

Quanto ao objecto a conhecer, é tudo o que rodeia ao homem, encontra-se na realidade

objectiva. Exemplo: coisas, processos, fenómenos, pessoas, animais, plantas, ar, água,

outros. O modo de ver a realidade depende dos conhecimentos, cultura, experiências e até

daquilo que estamos á espera ou à procura.

O ser humano é o sujeito que conhece, a sua realidade. Ele apresenta estruturas que lhe

permitem conhecer a realidade objectiva, na medida que vai vivendo Exemplo: quando o ser

humano nasce (bebe) não conhece a sua realidade, no decurso dos dias inicia o seu

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processo de conhecimento, começa a relacionar-se com a sua realidade, começa a

conhecer. Em pessoas normais o processo de conhecimento, não para até a morte.

Agora é preciso que o sujeito (homem) incorpore o objecto através do pensamento e

interpretação, portanto, a teoria do conhecimento diz que a partir da relação entre objecto a

conhecer e o sujeito que conhece, o homem apropria-se da realidade objectiva e ao mesmo

tempo penetra nela e surge assim o conhecimento.

Não esqueça que:

“O conhecimento é adquirido pelo homem, na sua interacção com o seu ambiente, no

ambiente do homem encontram-se os objectos a conhecer”.

Estruturas que permitem o conhecimento no homem

O conhecimento é um processo que se dá no homem, em virtude do seu sistema nervoso

central e perisférico, onde se encontram estruturas, capacitadas para este processo, que se

inicia com a vida e termina com a morte.

No processo de conhecimento participam várias estruturas nervosas, estas são:

1. Os receptores ou órgãos dos sentidos;

2. A via aferente;

3. O centro nervoso no córtex cerebral.

Os receptores ou órgãos dos sentidos, recebem os estímulos do ambiente em forma de

energia e transformam esta energia em outra forma de energia, o impulso nervoso. Esta

propriedade dos receptores de captar a energia do ambiente e transformá-la em outra forma

de energia (impulso nervoso) permite que sejam chamados transdutores.

Cada receptor capta uma forma específica de energia, exemplo:

O receptor visual contem células especializadas para receber a energia luminosa que

reflecte os corpos que se encontram em torno (realidade) a nós, e transformá-la em impulso

nervoso;

O receptor auditivo contem células especializadas para receber as ondas ou energia sonora

e transformá-la em impulso nervoso;

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O receptor do olfacto apresenta células especializadas para receber a energia gasosa que

desprendem os corpos e transformá-la em impulso nervoso;

O receptor do gosto u paladar (papilas linguais) que contém os botões gustativos que

recebem uma energia química e transforma-la em impulso nervoso.

O receptor do tacto realiza a percepção da pressão por terminações nervosas e transforma-

la em impulso nervoso.

Esses estímulos captados e transformados em impulso nervoso têm que chegar ao córtex

cerebral, pelo que têm que viajar e essa viagem é realizada pela via aferente

A via aferente, constituída por nervos aferentes conduz o impulso nervoso (a informação

captada da realidade) desde o receptor até o centro nervoso.

O centro nervoso no córtex cerebral, apresenta uma área onde chega o impulso nervoso

com a informação da realidade objectiva, aí se produzindo uma sensação que se traduz na

percepção e representação da realidade, ao conhecimento da realidade objectiva.

Resumindo, pode ser dito que os receptores são as primeiras estruturas que entram em

contacto com a realidade objectiva, com o objecto a conhecer, recebe informação dos

objectos da realidade em forma de energia e a transforma em impulso nervoso, que viaja

pela via aferente até o centro nervoso, onde se produz o processo de conhecimento em

virtude da actividade cognitiva.

A actividade cognitiva do homem

A actividade cognitiva é um processo que se caracteriza por ser um conjunto de reacções

neuro hormonais, que dão lugar aos processos psíquicos e mediante eles se reflecte a

realidade objectiva no cérebro e o homem é capaz de conhecer. Estas funções

correspondem a Actividade Nervosa Superior dos seres humanos. Por tanto o córtex

cerebral (cérebro) é uns dos órgãos onde se realiza a Actividade Nervosa Superior.

Portanto, o conhecimento é a relação entre o objecto a conhecer e o sujeito que conhece

mediante um mecanismo operatório, constituído pelas estruturas estudadas.

Qual é a causa do conhecimento no homem?

O objecto a conhecer?Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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As estruturas nervosas?

O ponto de partida é o objecto a conhecer e o conhecimento, o efeito. Logicamente não há

efeito sem causa. A causa antecede ao efeito, em relação ao tempo, a causa origina o

efeito. Para encontrar a causa de processos e fenómenos, tem que recorrer ao passado

imediato ou mediato.

Na relação causa - efeito, podemos encontrar as seguintes relações;

(1) (2)

X Y Y X

causa efeito causa efeito

Em (1), (X) é causa e (Y) é efeito. Em (2), (Y) é causa e (X) é efeito, o qual podemos

representar:

(3)

X Y

(3) Simplifica o expressado em (1) e em (2).

O processo de conhecimento nas diferentes formações sócio-económicas.

Importância do conhecimento para o desenvolvimento da sociedade humana. - O

conhecimento no momento actual.

O mundo dos conhecimentos é o mundo dos critérios, das ideias; a medida que o

conhecimento aumenta, também aumentam os critérios, as ideias e aparecem novos

conhecimentos que contribuem com o desenvolvimento da sociedade.

A história e evolução da raça humana estão, desde os primeiros tempos, ligadas ao acto de

conhecer, a essa incessante busca de explicação para os fenómenos produzidos e

existentes tanto na natureza como no mundo social e individual.

A sociedade humana transitou por diferentes formações sócio – económicas, neste transitar

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o conhecimento permitiu a evolução da sociedade humana, o homem teve a capacidade de

criar objectos, coisas, descobrir e explicar fenómenos, processos que enriquecem a nossa

realidade objectiva. As mesmas formações sóciais – económicas, expressam materialmente

a organização e formas de convivência social que nelas existiram e constituem exemplos da

evolução do conhecimento no homem. O conhecimento se acumula e evolui a formas

superiores na medida que se transita de uma formação para outra.

Por esta razão, a evolução do conhecimento pode ser analisado nas diferentes formações

sócio- económicas da humanidade, elas são:

Evolução das sociedades

C.. Primitiva Escravidão Feudalismo Capitalismo

Se calcula que os seres humanos aparecem na terra entre 45,000 e 60,000 anos atrás.

Quando o homem surgiu encontrou a sua realidade objectiva com a qual se começou a

relacionar e a conhecer.

No começo, as pessoas viviam sem grandes preocupações. Para se alimentarem, colhiam

frutos das árvores, caçavam animais pequenos, vestiam-se de peles e moravam em

cavernas. Os instrumentos ainda eram poucos desenvolvidos: lascas de pedra, pedaços de

madeira, etc. Todos tinham que trabalhar para viver. O trabalho de todos e de cada um era

trabalho para todos.

Como surgiu a necessidade do conhecimento no homem primitivo?

Quando começaram a perguntar-se qual é a causa daquilo que estavam a observar, e

necessitaram de encontrar. Nesse momento surgem as formas mais primitivas do

pensamento científico.

Para responder àquelas perguntas, o pensamento do homem tinha que revisar o passado,

em busca da causa daquilo que no presente interessava saber. Assim surge no

pensamento dos homens primitivos a relação causa-efeito.

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Pode-se dizer que a causa se manifesta primeiro e o efeito depois. Agora pode ser o

contrário. Não há efeito sem causa.

Lentamente o progresso foi sendo feito. Os homens aprenderam a fazer vasilhas de barro.

Fizeram arcos e flechas. Começaram a caçar animais maiores. Descobriram o fogo,

começarem a construir suas casas. Homens e mulheres passaram a conquistar e a dominar

a natureza. Com tudo isto, o pensamento foi evoluindo e explicando muitas coisas,

produzindo novos conhecimentos que permitiram contribuir ao desenvolvimento sócio

económico.

Através destas actividades do homem, a própria natureza forneceu novos objectos

elaborados pelo pensamento ingénuo do homem, naquela altura. Agora o seu pensamento

amadureceu até adquirir o pensamento consciente e criador, pelo que a comunidade

primitiva é uma importante etapa no conhecimento.

A comunidade primitiva ruiu, cedendo lugar à formação socio-económica escravista.

Na sociedade escravista ocorreram mudanças no conteúdo e no carácter do trabalho. Os

instrumentos de pedra e madeira cederam lugar aos instrumentos de cobre, de bronze e,

mais tarde, de ferro. Contudo, as possibilidades de evolução do trabalho sob o regime

escravista eram limitadas, pois as relações de produção consistiam no facto dos meios de

trabalho do próprio trabalhador (escravo) serem propriedade de um senhor.

Com a participação activa do homem aparecem novos elementos que se incorporam na

realidade objectiva, aparecem novos recursos, meios criados pelo próprio homem, que lhe

permitem adquirir novos conhecimentos, que enriquecem a vida material e espiritual do

homem.

A sociedade feudal representou a substituição do regime escravista. Nesta, o

desenvolvimento das forças produtivas atingiu um nível mais elevado em relação ao regime

escravista. As relações de produção feudais eram baseadas na grande propriedade

fundiária, eram relações de exploração dos camponeses pelo proprietário da terra: senhor

feudal. Neste período, tem-se o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho, no entanto,

a técnica baseava-se no trabalho manual e desenvolvia-se com relativa lentidão.

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Destaca-se entre meados do século XV e XVI o avanço das forças produtivas - invenções e

descobrimentos. A difusão do pensamento humano, com a invenção da imprensa, o

progresso da ciência da navegação, desempenhou também um papel não menos

importante. Tem-se a presença das técnicas industriais e técnicas de comunicação

ultrapassando a técnica agrícola. É o começo de um processo que colocará a indústria no

primeiro plano do progresso. Pode-se localizar neste período, a primeira etapa da formação

do capitalismo - passagem do feudalismo para o capitalismo.

No século XVII, início do processo de industrialização, tem-se o êxodo rural, a

desvalorização da mão-de-obra, a máquina devorando/substituindo o homem.

Com a chegada do século XVIII, as ciências desenvolviam-se prodigiosamente e o homem

sentia-se também em movimento, num caminhar contínuo e ascendente - era a ideia do

progresso. O progresso significava aumento de produção e, portanto, da concentração

maior de capital. A ciência e a vida humana foram suportes que direccionaram uma

mudança significativa nas relações de trabalho entre os homens.

O conhecimento é adquirido pelo homem, na sua interacção com o seu ambiente,

onde se encontra o objecto a conhecer.

Podemos então perguntarmo-nos

Quando surge o conhecimento? Desde a primeira formação sócio-económica da

humanidade, a comunidade primitiva

Quando surge o capital? Muito depois, no capitalismo

Então qual é o mais importante para o desenvolvimento das sociedades que existiram?

Sem dúvida que o conhecimento

conhecimento

capital

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Actualmente o conhecimento do homem continua a desenvolver-se, novas coisas são

observadas, novas coisas são descobertas.

Tipos de conhecimentos. Características

De acordo com Trujillo (1974), distinguem-se quatro (4) tipos de conhecimentos: científico,

popular, religioso (teológico) e filosófico:

O conhecimento popular, vulgar ou senso comum

É transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em

imitação e experiência pessoal, é um conhecimento empírico. È o modo comum, corrente e

espontâneo de conhecer, que se adquirem no trato directo com as coisas e os seres

humanos. É o saber que preenche nossa vida quotidiana (diária) e que se possui sem o

procurar ou estudar, sem a aplicação de um método e sem haver reflectido sobre algo.

Segundo Ander-Egg (1978) o conhecimento popular caracteriza-se por ser:

Valorativo ou sensitivo: fundamenta-se nas vivências, estados de ânimo e

emoções da vida diária;

Superficial: conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar

simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “ porque o vi “,

“ porque o senti “, “porque o disseram “, “ porque todo o mundo diz”

Assistemático: baseia-se na organização particular das experiências próprias do

sujeito que conhece, e não de uma sistematização de ideias, na procura de uma

formulação geral que explique os fenómenos observados, aspecto que dificulta a

transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer;

Subjectivo: porque é o próprio sujeito que organiza sua experiências e

conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto por ouvir dizer;

Verificável: visto que está limitado ao âmbito da vida quotidiana e diz respeito aquilo

que se pode perceber no dia a dia.

Falível: em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.

Inexacto: pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito

do objecto. Não permite a formulação de hipótese sobre a existência de fenómenos

situados além das percepções objectivas.

Acrítico: verdadeiro ou não, a prestação de que esses conhecimentos sejam, não

se manifesta sempre de uma forma crítica.

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O conhecimento científico

Apresenta formas, modos e métodos específicos para conhecer, é um conhecimento obtido

de modo racional, conduzido por meios de procedimentos científicos e transmitido por

intermédio de treino apropriado. Caracteriza-se como uma procura das possíveis causas no

acontecido.

Características.

Real ou factual: porque lida com ocorrências ou factos, lida com tudo o que existe e

se manifesta de alguma forma;

Contingente: suas proposições ou hipótese têm sua veracidade ou falsidade

conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no

conhecimento filosófico;

Sistemático: por ser um saber ordenado logicamente, formando um sistema de

ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos;

Verificável: as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não

pertencem ao âmbito da ciência;

Falível: em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final;

Aproximadamente exacto: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas

podem reformular o acervo da teoria existente.

Segundo Mário Bunge, no âmbito das ciências factuais, o conhecimento científico

caracteriza-se alem do expressado anteriormente por ser:

Racional: porque esta constituído por juízos, conceitos e raciocínios e não por

sensações e permitir que as ideias que o compõem possam combinar-se segundo

um conjunto de réguas lógicas em produzir ovas ideias;

Objectivo: já que procura alcançar a verdade factual por meio dos meios de

observação e experimentação;

Claro e preciso: em virtude que os problemas na ciência devem ser formulados

com clareza, para ao longo do estudo as noções simples de partida, complicam-se,

modificam-se e, eventualmente, repelem-se até ser comprovadas ou não;

Comunicável: á medida que sua linguagem deve poder informar a todos os seres

humanos que tenham sido instruídos para entendê-la;

Acumulativo: já que seu desenvolvimento é uma consequência de um contínuo

seleccionar de conhecimentos significativos e operacionais;

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Explicativo: ter a finalidade explicar os factos em termos de leis e as leis em termos

de princípios.

O conhecimento científico obtém-se, mediante o método científico.

O conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana, caracterizado na

própria razão humana. Busca dar sentido aos fenómenos gerais do universo, ultrapassando

os limites formais da ciência.

Características

Valorativo: seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser

submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não

na experimentação.

Não verificável: os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser

confirmados nem refutados.

Racional: consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.

Sistemático: suas hipóteses e enunciados visam uma representação coerente da

realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la na sua totalidade.

Infalível e exacto: já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as

outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus

postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da

observação (experimentação)

Assim, se o conhecimento científico abrange factos concretos, positivos, e fenómenos

perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de

observação, o objectos de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências

lógicas que não redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de

observação sensorial directa ou indirecta (por instrumentos), como a que exigida pela

ciência experimental.

O conhecimento filosófico obtém-se mediante o método racional, no qual prevalece o

processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas

somente coerência lógica.

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O conhecimento religioso

O conhecimento religioso ou teológico, apoia-se em doutrinas que contêm posições

sagradas.

Características

Valorativo: por terem sido reveladas pelo sobrenatural

Inspiracional: por terem sido revelado do sobrenatural

Infalíveis: por terem sido revelado do sobrenatural

Sistemático: como obra de um criador divino

Não verificável: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento

revelado

Exacto: suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da

observação, experimentação

Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do principio de que as “verdades”

tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade

(sobrenatural).

Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos factos observados e

experimentalmente controlados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém à

procura de evidências, pois apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas.

Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um

cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticamente de

determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida

quotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

Os meios especiais do conhecimento

Os meios especiais do conhecimento, especialmente criados na ciência para o estudo dos

objectos, fenómenos e processos da realidade objectiva, permitiram atingir novos

conhecimentos científicos e acelerar a aparição dos mesmos.

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Meios especiais do conhecimento são:

Os materiais;

Os matemáticos;

Lógicos linguísticos.

Os meios materiais do conhecimento criam-se especialmente com o propósito de estudar

os objectos da natureza. São todos aqueles diversos aparelhos criados a partir do

pensamento científico do Homem com a finalidade de descobrir e chegar a novos

conhecimentos, que sem estes não seria possível atingi-los.

Exemplos: o telescópio, lupas, distintos tipos de microscópios, distintos tipos de maquinas

fotográficas, maquinas de vídeo, a TV, computadoras, aparelhos utilizados em medicina

para investigar e diagnosticar estados de saúde, o tensímetro, aparelhos que servem para

medir tensões (tensão de vapor, tensão superficial, etc.). Também são meios materiais do

conhecimento as instalações experimentais de diversos tipos, laboratórios, plataformas

espaciais e muitos outros.

Nas ciências sociais, foram criados outros meios materiais como podem ser certas técnicas

ou instrumentos, como os inquéritos, entrevistas, testes, fichas (guias) que auxiliam a

observação científica e outros.

Os meios matemáticos do conhecimento, surgem na antiguidade com os bons resultados

da matemática na Babilónia e Egipto, onde se fundamentaram como meio do conhecimento

e manipulação da Natureza, da terra e do Céu. Aqueles possibilitaram, nomeadamente, a

construção das Pirâmides ou das naus que percorriam, naquela altura, rios, e mares no

âmbito das rotas comerciais e de conquista guerreira.

Actualmente, os meios matemáticos aplicam-se na solução dos problemas das Ciências

Naturais e da Tecnologia. A matemática aplica-se ao cálculo e à construção de raciocínios,

conclusões e é fonte de ideias e princípios que possibilitam o surgimento de novas

hipóteses, teorias e orientações na Ciência.

O uso dos meios matemáticos do conhecimento é a mais importante característica no

desenvolvimento de toda a Ciência actual. As investigações, hoje, exigem da aplicação da

matemática, as relações quantitativas, os cálculos de relações entre variáveis, a estatística

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e outras formas matemáticas, entram em todos os processos de investigação científica,

jogando papeis fundamentais nos resultados das mesmas.

Os meios lógicos e linguísticos têm a sua base na actividade cognitiva do homem, nos

processos psíquicos (emocionais e afectivos), que permitem o pensamento lógico, o

raciocínio lógico para interpretar e estabelecer relações, nexos entre os objectos,

fenómenos e processos da nossa realidade.

Estas interpretações são expressadas mediante determinada linguagem que se associa

com a realidade e que identifica a lógica e que, no final, expressam teorias, leis,

generalizações, conceitos. São exemplos a palavra falada ou escrita, símbolos, gráficos,

fórmulas, figuras, outros.

São importantes porque expressam a qualidade do pensamento dos cientistas e o caminho

percorrido no processo de investigação.

Nestes meios existe uma relação muito importante, a relação pensamento-linguagem.

Todos devemos ter em consideração esta relação de forma a expressar com clareza as

interpretações e leitura que se faz do contexto.

A Ciência como forma especial do conhecimento humano

A ciência como forma especial do conhecimento humano, se inicia na época que aparece o

trabalho intelectual e se separa do trabalho físico, pequenos grupos de homens, que

constituem a classe social dominante, utilizam o trabalho intelectual no sentido de:

Organizar a produção material, o controlo da distribuição dos recursos da produção

e dos bens materiais da sociedade;

A direcção sobre aqueles que participam no processo de trabalho;

Criar as formas de governar, fundadas no domínio das minorias sobre as maiorias;

O desenvolvimento da Ciência, a arte e outros ramos da actividade espiritual.

Estas formas de trabalhos intelectuais receberam os aportem da ciência para garantir ainda

mais a hegemonia da classe dominante.

A aparição destas funções conduzem à diferenciação, começam a formar-se grupos

especiais de pessoas que realizam funções específicas do trabalho intelectual.

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Desta maneira a ciência se forma historicamente como um processo especial do

conhecimento, utilizado pela minoria. Assim:

A actividade cognitiva na ciência é realizada por grupos de pessoas especialmente

preparadas;

O desenvolvimento do processo do conhecimento em forma científico converte-se

em fim social destes grupos;

A actividade cognitiva dos cientistas começa a realizar-se em forma de investigação

científica;

Na ciência criam-se e elaboram os meios especiais do conhecimento.

Como conclusão pode ser dito que a ciência como forma especial de conhecimento tem três

funções essenciais: explicar, predizer e transformar a realidade em correspondência com as

necessidades e demandas da sociedade.

Trabalho individual

1. O que é conhecimento?

2. O que há de geral na estrutura e função dos receptores?

3. O que há de particular na estrutura e funcionamento dos receptores?

4. Coloca um exemplo na tua especialidade de relação causa - efeito, em que a causa

de um efeito e o efeito se converta em causa.

5. Como a relação entre conhecimento-pensamento explica o percurso histórico da

sociedade humana.

6. Não há dúvida, as sociedades humanas evoluíram, qual é a causa ou as causas da

evolução das sociedades humanas? Explique.

7. Analise a relação causa - efeito nos elementos do processo de conhecimento

Objecto a conhecer Sujeito que conhece

8. Fundamenta a seguinte afirmação:

“O homem de hoje de forma geral possui mais conhecimentos, que o homem do passado”.

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9. No quadro seguinte, assinale com uma X as caracteristicas que correspondem a

cada tipo de conhecimento

Características Tipo de conhecimento

Científico Popular Filosófico Religioso

Objectivo

Sistemático

Racional

Valorativo

Superficial

Verificável

Exacto

Aproximadamente

exacto

Falível

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Tema III “ Métodos científicos “

O método científico. Definição.

O que é método?

É um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim.

O que é método científico?

É o conjunto de actividades para um cientista desenvolver uma experiência a fim de

produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É

baseado em juntar evidências observáveis, empíricas, e mensuráveis, baseadas no uso da

razão.

Todas as ciências se caracterizam pela utilização de métodos científicos; em contrapartida,

nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências, nem todos os

que utilizam estes métodos estão fazendo ciência.

O método científico é a teoria e prática da investigação científica.

O método científico é o conjunto de actividades racionais, sistemáticas que permitem

concretizar novos conhecimentos obtidos da realidade objectiva.

Historia e desenvolvimento do método

Da mesma forma que o conhecimento se desenvolveu, o método também sofreu

transformação.

Os primeiros a tratar do assunto foram Galileu Galilei, Francis Bacon e Descartes.

Segundo Galileu, as ciências não têm como principal foco de preocupações a qualidade,

mas as relações quantitativas. Seu método pode ser descrito como indução experimental,

chegando a uma lei geral para intermédio da observação de certo número de casos

particulares.

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Os principais passos de seu método são:

Observação dos fenómenos;

Análise dos elementos constitutivos desses fenómeno, com a finalidade de

estabelecer relações quantitativas entre eles;

Indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a análise da relação;

Verificação das hipóteses aventadas por intermédio da experiência;

Generalização do resultado das experiências para casos similares;

Confirmação das hipóteses, obtendo-se a partir dela uma lei geral.

O método de Bacon estabelece que o conhecimento científico é o único caminho para a

verdade dos factos e deve acompanhar os seguintes passos:

Experimentação, nessa fase o cientista deve observar e registrar, de forma

sistemática, todas as informações que têm possibilidade de colectar;

Formulação da hipótese tendo como base as experiências e análise dos resultados

obtidos;

Repetição os experiências em outros lugares ou por outros cientistas;

Testagem da hipótese

Formulação de generalizações e leis

Descartes considera que chega-se à certeza por intermédio da razão, e postula 4 regras:

Da evidencia

Da análise: descompor o todo em suas partes, de simples ao complexo

Da síntese: reconstituição do todo

Da enumeração

Tipos de métodos

Atualmente há uma grande diversidade de métodos cientificos que podem ser divididos em

dois grandes grupos, os métodos teoricos e o métodos empíricos.

Métodos teóricos

Os métodos teóricos são um conjunto de processos mentais que permitem o raciocínio

lógico do homem para estudar a realidade e poder estabelecer, teoria, leis, princípios,

generalizações que devem ser comprovados na prática.

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Os métodos teóricos possibilitam a interpretação conceptual dos dados empíricos, explicar

os factos e aprofundar nas relações essenciais e qualidades fundamentais dos processos

não observados directamente.

Características

São o produto da actividade cognitiva do homem;

Foram os primeiros utilizados na ciência;

Estão associados à linguagem.

Existem diversos tipos de métodos teóricos, só vamos a estudar os seguintes:

Análise e síntese;

Indutivo;

Dedutivo;

Hipotético – dedutivo;

Dialéctico.

A análise e a síntese são dois processos cognitivos que cumprem funções muito

importantes na investigação científica.

Análise: é o processo que possibilita descompor mentalmente um todo complexo nas suas

partes e qualidades (a partir da representação mental do todo único, fazemos a

decomposição ou divisão em nossa mente das partes desse todo único). Exemplo:

pensamos no corpo humano como um todo íntegro, seguidamente em nossa mente se

representam as partes do corpo, cabeça, extremidades,...

Síntese: é o processo mental inverso à análise, mediante a síntese integramos

mentalmente as partes que separamos ou em que dividimos o objecto, fenómeno ou

processo de estudo.

Conhecer estes processos mentais, como funcionam, são muito importantes, devido a que

nos permitem enfrentar a realidade com maior consciência dos métodos que aplicamos, dos

caminhos lógicos que vão nos nossos pensamento para estudar e apreender, para

investigar as coisas e penetrar na essência das mesmas.

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O caminho lógico que segue o nosso pensamento perante as coisas de complexidade, é a

decomposição das partes, investigar cada parte e depois integra-las e conhecer as

propriedades do todo único, a partir do estudo das partes.

Estes processos constituem pares dialécticos, não existem independentes um do outro.

O método indutivo, parte de dados particulares, sufucientemente constatados e infere uma

verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.

Ou seja, a indução é uma operação lógica que vai do particular ao geral. Representa um

salto em frente do conhecimento, traduzido no enriquecimento da informação derivada do

exame de acontecimentos particulares, por tanto, a partir das premissas tira-se uma

conclusão.

Exemplo:

António é mortal. Benedito é mortal. Ora, António e Benedito são homens. Logo, (todos) os

homens são mortais.

A indução realiza-se em três etapas:

A observação dos fenómenos

A descoberta da relação entre fenómeno

A generalização da relação

O método indutivo tem grande valor porque estabelece as generalizações sobre a base dos

estudos dos fenómenos singulares.

O método dedutivo, é uma forma de raciocinio que parte do geral para o menos geral ou

particular. Reformula ou enuncia de modo explicito a informação já contida nas premissas.

Exemplo:

Todo homem é mortal. (premissa maior), Pedro é homem. (premissa menor), Logo, Pedro é

mortal. (conclusão)

Tem o propósito de explicar o conteúdo das premisas, ao contrário do método indutivo que

procura ampliar o alcance dos conhecimentos. Os argumentos dedutivos sacrificam a

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ampliação do conteúdo para atingir a certeza, ao passo que os argumentos indutivos

aumentam o conteúdo das premissas com sacrificio da precisão.

A indução e a dedução reflecte a lógica objectiva dos fenómenos e processos da realidade,

permitem o enlace entre o singular e o geral da mesma realidade.

Vejamos um exemplo prático: Numa investigação em uma primeira fase se pode usar o

método dedutivo, usando a observação para verificar se determinada teoria existente se

confirma na realidade.

Noutra fase, e porque, por exemplo, o investigador constata que existe algo que não esta

completo em determinada teoria, parte para uma investigação empírica, e utiliza o método

dedutivo para desenvolver uma nova teoria a partir dos dados obtidos na investigação.

Uma comparação entre ambos é:

Dedutivos Indutivos

a. Se todas as premissas são

verdadeiras, a conclusão deve ser

verdadeira

a. Se todas as premissas são

verdadeiras, a conclusão é

provavelmente verdadeira, mas não

necessariamente verdadeira

b. Toda a informação ou conteúdo

factual da conclusão já estava,

pelo menos implicitamente, nas

premissas

b. A conclusão encerra informações

que não estavam, nem

implicitamente, na premissa

No método hipotético-dedutivo, a ciência inicia-se com conceitos não derivados da

experiência, mas a partir de postulados em forma de hipóteses formuladas pelo investigador

com base nas suas premissas. Portanto, parte da percepção de uma lacuna nos

conhecimentos; sobre essa lacuna formula hipóteses; depois, pelo processo de inferência

dedutiva, testa a predição da ocorrência dos fenómenos abrangidos pela hipótese.

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Um esquema simplificado das etapas do método hipotético-dedutivo, foi realizado por

Lakatos e Marconi (2008).

O método hipotético-dedutivo desempenha um papel essencial no processo de verificação

da hipótese.

O método dialéctico brinda as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da

realidade. Diz que os fenómenos não podem ser entendidos quando considerados

isoladamente. Exemplo: para entender a sociedade deve-se considerar todas as influências

possíveis (políticas, económicas, culturais, etc).

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Conhecimento prévio e teorias existentes

Formulação de hipóteses ou questões, a partir de um facto, lacuna ou

problema detectado

Escolha de técnicas e métodos para testagem das hipóteses

Recolha de dados

Analise dos dados

Avaliação das hipótese

Refutação das hipótese Aceitação das hipótese

Poderá conduzir a nova teoria, que poderá originar novas lacunas ou

novos problemas

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Baseia-se em três grandes princípios:

A unidade dos opostos: todos os fenómenos apresentam aspectos contraditórios

Quantidade e qualidade: características que estão inter-relacionadas

Negação da negação: a mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez é

negado, mas esta segunda negação conduz a um desenvolvimento

Relações entre os métodos teóricos

Os métodos teóricos constituem um sistema de métodos, estes métodos teóricos, aplicados

no processo de investigação, devem considerar-se com a concepção de sistema. As

relações que se estabelecem entre o análises, a síntese e a indução - dedução e entre eles,

deve ter uma aplicação consciente em toda a parte teórica da investigação científica. E não

só, mas também quando estamos a estudar os conteúdos dos nossos materiais de estudo.

Quando estudamos as experiências científicas realizada, esse estudo implica a utilização de

métodos teoricos, mediante os quais elaboramos novas teorias.

Métodos empíricos

Os métodos empíricos são aqueles métodos de investigação científica que se realizam

mediante a prática, que requer da actividade prática do homem, da acção física, para

comprovação de factos. Estes métodos empíricos estudam a realidade concreta e actuam

sobre ela. Participam no descobrimento e acumulação dos factos e no processo de

verificação das hipóteses

Características

São o produto da actividade prática da ciência;

Utilizam-se na comprovação e verificação de teorias;

Utilizam-se em todas as investigações científicas.

Existem diversos tipos de métodos empíricos:

Observação científica

Experiência científica

Medição

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Diariamente encontramos-nos perante um variado conjunto de situações e acontecimentos,

as pessoas caminha pelas ruas, as crianças jogam no jardim, em casa, realizando

observações que nos brindam informações sobre tudo que sucede no nosso entorno. Estas

observações diárias caracterizam-se por ser em casual, espontânea e subjectiva.

Com a aparição da espécie humana, aparece esta forma de observação diária (quotidiana),

mas quando o homem começa a fazer ciência aparece a observação científica. A

observação científica também evolui até atingir as formas e concepções actuais. A

observação científica é o método empírico mais primitivo, foi o primeiro método empírico e

foi utilizado para fazer ciência primitiva, teórica.

Devemos diferenciar a observação como método científico, da observação quotidiana.

O que é a observação científica?

Existem diversas definições sobre a observação científica, vejamos só dois:

“A observação científica é o método empírico de investigação, utilizado nas ciências para a

obtenção de informação primária acerca dos objectos investigados ou para a comprovação

da consequências empíricas da hipótese”.

“A observação como método científico é uma percepção atenta, racional, planificada e

sistemática, dos fenómenos relacionados com os objectivos da investigação, nas suas

condições naturais, habituais, sem provoca-los, para oferecer uma explicação científica do

mesmo”.

A observação científica é a forma mais elementar do conhecimento científico. As medições

e a experiência incluem a observação, embora a observação pode ser realizada fora da

experiência e medições.

Características:

Consciente: está dirigida a um objectivo ou fim determinado;

Sistemática: para observar cientificamente, é preciso ter em consideração,

princípios, tarefas e prazos específicos;

Objectiva: a observação científica permite uma observação objectiva da realidade,

porque garante:

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Recolher informação de todos e cada um dos conceitos (variáveis) que

aparecem na hipótese. Estes conceitos devem ser previamente definidos

correctamente. Quando este se cumpre, falamos que existe validez na

observação;

Elaborar um guia de observação, onde aparece aquele que temos que observar,

com claridade e precisão, para não provocar ambiguidade; para que outros

observadores que queiram aplicá-la, possam aplicá-la da mesma maneira.

Quando este se cumpre, falamos que a observação é confiávels.

O método de observação científica pode utilizar-se conjuntamente com outros métodos

teóricos e empíricos, técnicas (questionários, entrevistas, testes, outros).

Requisitos da observação científica

O investigador deverá delimitar com claridade os aspectos que serão objecto de

estudo, (resulta impossível observá -lo todo). A selecção do que deverá observar-se

responde aos objectivos da investigação.

A observação deve-se caracterizar por sua objectividade (observar os fenómenos

como acorrem na realidade). Deve-se utilizar guias, escalas ou outros instrumentos

que garantam a objectividade do registo.

A observação deve ser sistemática (não resulta científico interpretar fenómenos que

foram observados numa só vez). Resulta necessário observar fenómenos em várias

ocasiões para atingir interpretações objectivas.

Duração (uma observação realizada em tempo insuficiente, não permite explicar

adequadamente o facto que estudamos).

Tipos de observação científica

A observação científica evoluí, chegando a formas diversas devido as necessidades de

observar o incremento e diversidade de objectos, fenómenos e processos diferentes, com

finalidade científica.

O método de observação científica pode ser classificado de acordo com diferentes critérios.

Vamos referirmos á classificação da observação em dependência do sujeito que a realiza.

Segundo este ponto de vista podemos classificar a observação em: observação interna e

observação externa.

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A observação interna: é um tipo especial de observação onde o próprio sujeito se analisa

a si mesmo, se auto-observa os seus próprios estados psíquicos, a suas vivências.

A observação externa: é aquela que se realiza por observadores treinados sobre o objecto

de estudo.

Neste tipo de observação registam-se os fenómenos tal e como acorrem, do modo mais fiel

possível, para posteriormente oferecer uma interpretação precisa do observado:

Observação directa , o investigador entra em contacto imediato com o objecto de

observação

Observação directa aberta , o observador não participa das actividades que realizam

os sujeitos observados, ele é testemunho.

Observação directa encoberta , o observador encontra-se oculto, também se pode

utilizar aparelhos de filmagem, dispositivos televisivos, gravadoras, outros.

Importância da observação científica

Historicamente a observação foi o primeiro método de investigação empregado e durante

muito tempo constitui a forma básica de obter informação científica.

A importância fundamental da observação como método científico, é que permite obter a

informação do comportamento do nosso objecto de investigação tal e como este se dá na

realidade. É uma forma de obter informação directa ou imediata sobre o fenómeno ou

objecto que está sendo investigado.

A observação estimula a curiosidade, leva ao descobrimento de questões que podem ter

interesse científico e provocam a formulação de um problema e das hipóteses

correspondentes.

A observação pode utilizar-se em combinação com outros métodos e técnicas.

Experiência científica

A generalidade dos autores considera o método experimental como o fundamental, o mais

completo, o mais importante no processo de investigação científica.

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Expressam, que a experiência constitue o método modelo para conhecimento cientifico e é

utilizada para adquirir conhecimentos sobre regularidade e novos factos.

Diferencia-se da observação no que o investigador intervém de modo directo na

experiência, criando as condições necessárias para que se produza o facto objecto desta.

A constatação de um facto pode verificar-se por meio da observação ou outros métodos,

embora quando tratamos de descrever as leis que permitem a sua manifestação, os

princípios básicos que o definem, é necessário o uso do método experimental.

Importância da experiência científica

Para poder explicar e predizer é imprescindível conhecer as relações causais presentes nos

objectos, fenómenos ou processos estudados, é a experiência via fundamental para

conhecer ditas relações.

Os resultados da experiência permitem confirmar ou criar novas teorias, actuam como

estimulo para a sua modificação ou criando novas teorias.

Medição

A medição desenvolve-se para obter informação numérica acerca de uma propriedade ou

qualidade do objecto ou fenómeno.

Métodos específicos das Ciências Sociais

A lista dos métodos específicos das ciências sociais é longa, mas no quadro desta disciplina

analisaremos somente alguns deles.

Método histórico: é um método teórico de pesquisa mediante o qual se estudam as

distintas etapas que atravessa um objecto, processo ou fenómeno em sua sucessão

cronológica desde seu surgimento para conhecer sua evolução e desenvolvimento com a

finalidade de descobrir tendências.

Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições

do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições

alcançaram sua forma actual através de alterações de suas partes componentes, ao longo

do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época.

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O método histórico preenche os vazios dos factos e acontecimentos, apoiando-se em um

tempo, mesmo que artificialmente reconstruído, que assegura a percepção da continuidade

e do entrelaçamento dos fenómenos.

Exemplo: Para compreender o problema Israelo-Palestiniano investigam-se os factores

histórico-geográfico do passado desta provoação.

Método funcionalista: estuda o objecto do ponto de vista da função das suas unidades,

partes.

A sua metodologia considera que a sociedade é formada por partes componentes,

diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo, cada uma, funções

essenciais da vida social, e que as partes são melhor entendidas compreendendo-se as

funções que desempenham no todo.

O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade com uma estrutura complexa de

grupos de individuos, reunidos numa trama de acções e reacções sociais; de outro, como

um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação a

outras. Qualquer que seja o enfoque, fica claro que o conceito de sociedade é visto como

um todo em funcionamento, um sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é

compreendido como funções no complexo de estrutura e organização.

Método comparativo: neste método realiza-se comparações, com a finalidade de verificar

similitudes e explicar divergências entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos no

presente, no passado, ou entre os existentes e os do passados, quanto entre sociedades de

iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.

Exemplo: União Africana e a União Europeia: os objectivos e as missões.

Método estatístico: Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos,

representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre

si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos,

económicos etc. em termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite

comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza,

ocorrência ou significado.

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O papel do método estatístico é, antes de tudo, fornecer uma descrição quantitativa da

sociedade, considerada como um todo organizado. Por exemplo, definem-se e delimitam-se

as classes sociais, especificando as características dos membros dessas classes, e depois

mede-se a sua importância ou a variação, ou qualquer outro atributo quantificável que

contribua para o seu melhor entendimento. Mas a estatística pode ser considerada mais do

que apenas um meio de descrição racional; é também, um método de experimentação e

prova, pois é método de análise.

Exemplo: Verificar a correlação entre o nível de escolaridade e a lactância materna.

Trabalho individual

1. Faça uma comparação entre os métodos científico teóricos e empíricos tendo em

conta suas características.

2. Mencione os métodos científicos teóricos estudados e defina cada um.

3. Foi estudado o rendimento académico dos estudantes da turma GCM15 e

concluímos que o rendimento é bom. Que método teórico foi aplicado e por quê?

4. Elabore uma guia de observação com cinco (5) características a observar de um

objecto de estudo seleccionado por você.

5. Elabore um quadro com os métodos específicos da ciência sociais e uma

característica de cada um deles.

6. Responda verdadeiro ou falso

______ A observação consitui a forma mais elementar do conhecimento científico

______ Os resultados da experiência permitem confirmar ou criar novas teorias

______ Os métodos empíricos realizam-se mediante a prática

______ A observação científica é objectiva, consciente e sistemática

______ Os métodos teóricos constituem um sistema

______ O método científico é a ferramenta da ciência para obter conhecimento

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Tema IV Processo de Investigação Científica

Este tema é fundamental para a melhor compreensão do processo de investigação

científica, é base para realizar o Protocolo de Investigação Cientifica, ademais de por às

claras duvidas sobre alguns aspectos da Metodologia da Investigação e conhecer a

estrutura interna do processo de investigação científica.

Foi citado que a pesquisa é uma actividade voltada para a solução de problemas teóricos

ou práticos com o emprego de processos científicos. Ela parte de uma dúvida ou problema

com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução.

Estrutura interna do Processo de Investigação Científica

A investigação científica é um PROCESSO integrado por um conjunto de etapas

coerentemente ordenadas e com requisitos que é necessário cumprir rigorosamente.

Mediante a seguinte zeta representamos o processo de investigação científica, se inicia em

A e termina em B.

A B

Para estudar este processo precisamos de fazer uma análise, dividir o processo A-B, em

partes, de maneira de estudar cada uma das partes separadamente e depois integrar a

mesmas para compreender o que acontece no espaço A-B.

Estas etapas ou partes constituem a estrutura interna do Processo de Investigação

Científica.

Em quantas partes temos dividido o processo de Investigação Científica para melhor

compreensão de sua estrutura interna?

Alguns investigadores para fazer compreensível este estudo do processo de investigação

científica dividem o mesmo em dois, três ou cinco etapas. Nos vamos a dividir

didacticamente o processo considerando 4 etapas:

A 1 2 3 4 B

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As etapas são:

1.- Organização, preparação e planificação do processo de investigação;

2.- Execução do processo de investigação;

3.- Processamento dos dados, da informação;

4.- Elaboração do informe de investigação.

Evidentemente estas 4 etapas ou partes sucessivas ou consecutivas não devem-se alterar,

devido a lógica das partes.

Portanto, a estrutura interna do Processo de Investigação Científica nos indica a lógica da

ciência para investigar.

Todos os investigadores independentemente do tipo de investigação a realizarem, seguem

sempre a lógica da ciência expressada na estrutura interna do processo de investigação

científica.

O Processo de Investigação Cientifica é um sistema e como tal responde ás características

de todo sistema.

Características de cada etapa do processo de Investigação Científica

Cada etapa tem sua característica.

Primeira Etapa: Organização, preparação e planificação do processo de

investigação

A primeira etapa do processo de investigação é geralmente a mais longa e desta dependem

os resultados da investigação. Por isso é preciso ter muito cuidado para não cometer erros

que mais adiante podem prejudicar os resultados da investigação.

Isto não quer dizer que apareçam imprevistos que obriguem a fazer modificações no

Protocolo de Investigação, que nos obriguem a fazer trocas ou eliminar aspectos

planificados. Isto deve-se a factores relacionados com a própria dinâmica da vida, há coisas

que mudam e em consequência devem ser mudados outros factores do sistema, para que o

sistema atinja os seus objectivos.

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Esta etapa culmina quando os investigadores concluíram o Protocolo ou Projecto de

Investigação, no qual encontramos toda a Organização, Preparação e Planificação do

processo de investigação científica que se vai realizar.

Na primeira etapa os investigadores destacam e colocam o aspecto ou necessidade de

investigar um assunto, se analisa as possibilidades reais para poder efectuar a investigação

e convencidos de que possuem as condições e é possível a investigação científica do tema,

que dará solução a uma necessidade da sociedade ou parte dela.

Entre as primeiras tarefas, para não dizer a primeira, se encontra o estudo por parte dos

membros da equipa do assunto a investigar, é dizer começar a busca da Informação

Científica Técnica existente sobre o tema de investigação realizar, em bibliotecas, centros

de documentação, centro de informação cientifica; consultando nestes centros, os trabalhos

de investigação, referentes ao estudo que se vai fazer, publicações, livros, monografias,

artigos em revistas especializadas, na Internet ou outra fonte existente.

Em esta etapa também são definido o título do trabalho, o objecto de estudo e os objectivos

gerais e particulares da investigação. Se formula o problema, a hipóteses e variáveis do

estudo. São elaborados os instrumentos de trabalho (métodos, procedimentos e técnicas) e

o cronograma a empregar.

Nesta etapa fica definido o que vai a ser feito nas etapas seguintes.

Segunda Etapa: Execução do processo de investigação

É a etapa de aplicação dos instrumentos, a amostra seleccionada com a finalidade de

recolher os dados ou informação.

Em esta etapa se obtêm as respostas as perguntas presente nos instrumentos de trabalho

(inquérito por questionário, entrevista, etc.) e que constituem a informação, os dados que se

buscam no processo de investigação para chegar a comprovar a hipótese e por tanto atingir

novos conhecimentos.

Terceira Etapa: Processamento dos dados, da informação

Nesta etapa se processam (analisam e relacionam uns com outros) a informação recolhida

na Segunda Etapa do processo de investigação e seus resultados são comparados com a

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hipótese, com a finalidade de comprovar a mesma, de validá-la para saber se a solução do

problema realmente é o formulado pela hipótese.

O processamento da informação permite a aparição de novos conhecimentos teóricos.

Quarta Etapa: Elaboração do informe de investigação

Nela se elabora o informe final da investigação realizada.

O informe deve conter, rigoroso ordenamento e alto grado científico, para expressar, todo o

relacionado com a investigação desde a primeira etapa até seu momento final.

Neste informe devem aparecer com claridade os resultados e possíveis aplicações dos

mesmos e outros aspectos relevantes da investigação realizada.

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Tema V Procedimento de pesquisa

Objectivos:

Compreender a sequência das partes em que pode ser dividido didacticamente o

processo de Investigação Cientifica, para a sua melhor compreensão;

Determinar os aspectos essências e operacionais do processo de Investigação

Cientifica.

Escolha do tema de investigação

O processo de investigação científica inicia-se com a selecção de um tema geral ou

assunto.

O tema de investigação refere-se ao conteúdo mais amplo, mais geral, mais universal que

vai ser investigado.

Exemplos de temas podem ser: Economia Política, Marketing Social, Marketing e Vendas,

Avaliação do desempenho, Motivação do pessoal, Desenho e analises de funções, Higiene

e segurança no trabalho, Redes, etc.

Essa etapa da pesquisa tem especial atractivo, já que o investigador tem maior liberdade

para a escolha do tema e deverá repousar nas suas preocupações e interesses dentro do

seu campo de acção e de seus juízos de valor.

Assim, quatro perguntas deverão ser respondidas positivamente para que o tema possa ser

eleito com acerto:

I. Tenho interesse no tema? O pesquisador deve ter curiosidade pessoal e/ou

profissional em relação ao tema seleccionado.

II. Sou capaz de resolver o tema? O conhecimento e experiência anterior à pesquisa

em relação ao tema são fundamentais.

III. Há interesse social no estudo do tema? O pesquisador deve propor tema original,

pois de nada adianta escolher um tema que já foi exaustivamente discutido.

Actualmente existem poucos temas que nunca foram abordados, em contrários, há

poucos temas totalmente estudados.

IV. A sociedade em que vivo me oferece recursos para estudar o tema? O pesquisador

deve analisar se dentro o contexto social em que irá pesquisar possui a bibliografia,

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financiamento possibilidade de colectar dados, prazo para apresentar os resultados,

etc do tema seleccionado. Sem não tem as condições necessárias devera desistir da

investigação.

Em resumo, escolher um tema significa seleccionar um assunto de acordo com as

inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar o

trabalho, assim como encontrar um objecto que mereça ser investigado cientificamente e

tenha condições de ser formulado e realizado.

Titulo do trabalho

Dentro de um mesmo tema deve-se seleccionar um tópico para ser estudado e analisado

em profundidade, tornando-o viável de ser pesquisado.

Esta delimitação começa com a formulação do título e tem que ter em conta ao longo do

todo o processo de investigação científica. Não delimitar o tema é uma das falhas mais

comuns para o fracasso da investigação.

O título é o conteúdo específico que se vai a investigar. Não deve oferecer ambiguidade na

interpretação de aquilo que vai a ser estudado.

No título deve aparecer o objecto de estudo e as unidades de análises, o lugar onde se vai

realizar a investigação e outros aspectos que permitam que seja expressado com claridade

e precisão aquilo que será pesquisado.

De forma geral, deve ser escrito de maneira concreta utilizando o menor número de

palavras possível.

De um tema podem ser feitos diferentes trabalhos.

Revisão Bibliográfica

É a realização de uma pesquisa bibliográfica que visa identificar, localizar, interpretar e

anotar a informação existente em suportes estáveis sobre a questão delimitada.

Se inicia na primeira etapa da estrutura interna do processo de investigação científica e só

termina quando o trabalho de investigação haja culminado, o seja, os integrantes da equipa

realizam esta actividade em todas as etapas do processo de investigação.

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O que é a Informação Científico Técnica?

A Informação Científico Técnica é o registro em diferentes formatos do conteúdo do

sistema de conhecimento adquirido a partir da ciência ou técnica.

A dinâmica do mundo actual exige aos estudantes do Ensino Superior, aos professores e

todos aqueles que precisem estudar, investigar e estar actualizados, que sejam organizados

e estejam eficientemente preparados para enfrentar com êxito os Sistemas de Informação

Cientifica.

As finais do século XVI e princípios do século XVII, período do surgimento da Ciência

Moderna a quantidade de cientistas existentes era exígua, hoje é maior e deve-se a

diversos factores, entre eles:

O reconhecimento dos aporte da Ciência e Técnica ao desenvolvimento sócio

económico, para melhorar a vida dos seres humanos;

A massificação e participação humana no ramo da Ciência, o que faz que hoje se

incorporem e dediquem mais pessoas ao trabalho científico, as investigações

científicas;

Origem o surgimento de novos ramos da ciência.

A I.C.T. é um importante recurso, que intervém de forma decisiva no desenvolvimento e

independência soberana dos países. Mediante a Informação Científico Técnica conhecemos

o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, introduzidas na prática.

Hoje a I.C.T. é eficientemente controlada, embora o seu acesso não seja possível para

todos os países e para todos os homens equitativamente por diversas razões, entre elas a

sócio económicas.

A I.C.T. é muito antiga, surgiu com a divulgação dos primeiros trabalhos científicos

realizados em épocas remontas, quando a mesma era verbal e ainda não se realizava

escrita, mais adiante a palavra foi levada ao papel e sua diferentes formas de apresentação,

até que surgiram os meios electrónicos.

Cada pessoa segundo o seu nível de preparação e de desenvolvimento intelectual e sócio

económico, da solução a suas necessidades a través dos diferentes meios de informação

científica.

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Tem como objectivos fundamentais:

1.- Na etapa preliminar redefinir o tema de forma mais detalhada e equacionar as diferentes

abordagens para dar explicação a hipótese.

2.- Servir para elaborar um plano de índice geral relacionando os diferentes aspectos e

partes do tema

3.- Identificar as palavras-chaves que possam descrever ou estar relacionadas com o tema

4.- Identificar todas as teorias existente sobre o tema

5.- Indagar sobre as pesquisas que tem sido feitas sobre o tema em questão e os métodos

utilizados

Isto permitirá fazer uma ideia acerca dos diversos estudos já desenvolvidos sobre o

assunto, afim de evitar repetição de trabalhos desnecessária e também permitirá,

posteriormente, a realizar comparações e análises dos resultados obtidos no processo de

investigação científica.

A revolução da Internet

A Internet, rede mundial de computadores, tornou-se uma importante fonte de pesquisa

para os diversos campos do conhecimento. O termo refere-se a uma interconexão em

particular, de carácter planetário e aberto ao público, que conecta redes informática de

organismos oficiais, educativos e empresariais.

A partir do surgimento dos sistemas electrónicos de informação, a população mundial a

visto o incremento de diferentes e variadas formas de I.C.T., permitindo o acesso dos

interessados a milhares de informações que estão armazenadas em seus Web Sites.

Permite a esses interessados navegar por essa malha de computadores, podendo consultar

e colher elementos informativos aí disponíveis e também permite a todos os investigadores

a troca de mensagens e informações, com rapidez, eliminando barreiras de tempo e de

espaço.

São muitos os sites onde podemos obter informação fiável, e cientificamente válida, porém,

necessitamos de ter já conhecimento prévio para pesquisar nas fontes certas, mais, ela

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oferece alguns perigos na qualidade da informação fornecida, já que qualquer pessoa pode

colocar sua Homepage informação errada. Sendo assim, é recomendável confirmar em

outra fonte a informação recolhida na Internet e não fazer uso de trabalhos que não tenham

um autor referenciado.

Fontes bibliográficas

A recolha da informação deve ser realizada em bibliotecas, arquivos, agências

governamentais, instituições, ou qualquer serviço de informação existente.

Tais documentos se definem pela natureza dos temas estudados e pelas áreas em que os

trabalhos se situam e encontram-se em bibliotecas, arquivos, agências governamentais,

instituições, ou qualquer serviço de informação existente.

Em Angola, pese embora o esforço de actualização das bibliotecas, ainda acontece por

vezes haver dificuldade em encontrar literatura actualizada sobre alguns temas científicos.

Estas fontes podem ser:

Publicações Científicas

Trabalhos Científicos

Dentro das publicações científicas se encontram as comunicações científicas, artigos

científicos, informe científico, resenhas críticas, conferências e livros científicos.

Os trabalhos científicos podem ser monografia, dissertações e teses.

Uma comunicação científica refere-se à informação apresentada em congressos, simpósios,

etc a ser posteriormente publicada em anais e revistas.

Um informe científico é um tipo de relatório escrito que divulga os resultados parciais ou

totais de uma pesquisa. É o mais sucinto dos trabalhos científicos.

A resenha crítica é um pequeno texto discorrendo sobre um outro texto (livro, artigo, texto

ou filme) com abordagem critica acrescentando novos elementos e contribuindo assim para

esclarecer futuras leituras do texto resenhado. É feita, em geral, por um cientista que, alem

do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico.

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A conferência consiste em uma exposição oral sobre um assunto científico que pode

destinar-se à publicação uma vez preparado o texto com essa finalidade.

O artigo científico é uma publicação que trata de pequenos estudos verdadeiramente

científicos, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas

diversas áreas do conhecimento, mais não constituem ainda em matéria para um livro. São

publicados em revista especializadas e permitem a reprodução da experiência realizada.

Existem vários conceitos sobre monografia dependendo da forma de análise dos autores.

Num contexto geral, monografia é o tratamento exaustivo de um tema específico que resulte

de investigação científica que se comunica de forma escrita. Deve apresentar uma

contribuição relevante ou original e pessoal à ciência. Tem uma estrutura definida que deve

ser cumprida de forma rigorosa.

Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), é um género de monografia pedido como

etapa obrigatória para colação de grau de cursos de Graduação e apresenta algumas

peculiaridades de acordo com a instituição que o solicita.

Os termos dissertação e tese se aplicam ao trabalho de final de curso de pós

graduação strito sensu, para obtenção dos títulos de mestre e doutor, respectivamente. As

diferenças de conteúdo desses trabalhos em relação a complexidade e profundidade dos

temas desenvolvidos dependerão dos objectivos para sua elaboração. Destaca-se,

entretanto, que no caso da tese o aspecto da originalidade é uma questão fundamental a

ser perseguida.

Fichas

A utilização de fichas permite ao investigador organizar eficientemente a Informação

Científica Técnica (ICT), o seja, colocar á sua disposição uma série de informações de

obras já consultadas, que em sua maior parte não lhe pertencem, e lhe permitem assim a

identificação das obras, seus conteúdos, fazer citações, analisar o material e elaborar

criticas do documento analisado.

Actualmente, as fichas são utilizadas nas mais diversas instituições do mundo.

Os registros podem ser feitos em folhas pequenas de cartolina ou papel de maneira

pautada ou mais modernamente através de programas de computado (bases de dados) que

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permitem que esses vários registros sejam elaborados e consultados com maior facilidade.

As fichas pautadas ou não, devem preencher determinados requisitos, tais como

durabilidade e tamanho. Existem fichas de diversas dimensões:

grande 12 x 20 cm;

médio 10 x 15 cm;

pequeno 8 x 13 cm, que é a mais utilizada internacionalmente.

Tipos de fichas

a. Ficha bibliográfica

A ficha bibliográfica tem como objectivo identificar a obra consultada.

Três tipos de documentos são habitualmente objecto de este tipo de ficha: livros,

monografias, artigos científicos e partes, capítulos e secções de livros.

O formato usual para este tipo de ficha quando se pretende identificar um livro ou

monografia é: ultimo sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, primeiros nomes, ponto.

Título da obra, ponto, edição, ponto, local de edição, dois pontos, nome da Editora, vírgula,

ano da publicação, virgula, números de páginas, ponto.

Ex.:

Assunto: RECURSOS HUMANOS Local:

CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa: ISCSP

Ed., 2008, 200 pp

Chama-se a atenção que:

O último apelido do autor pode ser registrado em maiúscula ou não, não entanto, o

critério de registro deve ser uniforme para todo o trabalho.

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Quando se trata de uma obra de auditoria colectiva se adopta:

até três autores procede-se da mesma forma, separando os nomes por ponto

e virgula (;)

Ex.: MARTINS, Pedro; Souza, Carlos F., Métodos Modernos de Gestão, São Paulo: Fontes

Ed., 1994, 250p

para mais de três autores menciona-se o primeiro seguido da expressão

et al.

Ex.: ALTAMIRO, J. S. et al. A metodologia do ensino na graduação. 2 ed. Rio de Janeiro:

Vozes Ed., 1988, 120 pp

Entidade colectivas, em geral entra-se pelo nome da entidade em caixa alta.

Ex.: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para

apresentação de trabalhos. Curitiba, 2000

O título, dada sua importância deve ser destacado, umas vezes a negrito, outras a

itálico, outras a sublinhado, o importante é usar um critério uniforme.

O local de edição e a editora devem ser colocados sem ed. E quando se trata de

uma co-edição ou de um livro publicado em vários locais, essa informação deve ser

separada por uma barra.

Quando falta alguma informação bibliográfica essencial deverá ser registrada da

forma seguinte: sem data = s/d; sem editor = s.n; sem local de edição = s.l.

No caso de artigos inseridos em revistas, deverão ser assinalados com o título em

letra normal, seguido do título da fonte original em itálico, volume, número da revista,

e intervalo de páginas correspondentes ao artigo.

Ex.: AAKER, D. A. Organizing a Strategic Information Scanning System. California

Management Review, 25(2), 1983, pp. 76-83.

Os artigos sem nome de autores (ex. artigo de jornal ou relatórios de empresas),

deverão estar alfabeticamente explicitados a partir do nome da organização ou fonte

responsável pelos mesmos (exemplo 6)

Ex.: HORWATH CONSULTING Portuguese Hotel Industry 1990. Lisboa, Horwath

Consulting, 1991.

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No caso de capítulos inseridos em obras, estes deverão ser assinalados com:

Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título da obra, a designação In, Sobrenome, N.

[Nome] da obra colectiva, Título da Obra colectiva entre aspas, Edição [quando

existente]. Lugar de Publicação, Nome da Editora, p. x [ou, pp. x-xx] (exemplo 7).

Ex.: AXELROD, R. Decision for Neoimperialism: The Deliberations of the British Eastern

Committee in 1918. In: Axelrod, R. (Ed.). The Structure of Decision: The Cognitive Maps of

Political Elites. Princeton, NJ, Princeton University Press, 1990, 23-55 pp.

b. Ficha de conteúdo

Enquanto a ficha bibliográfica contém só os elementos de identificação da obra, a ficha de

conteúdo apresenta uma síntese bem clara e concisa das ideias principais da obra. Em sua

elaboração o pesquisador pode fazer um resumo com suas próprias palavras, evitando

observações e colocações subjectivas para que não fuja do assunto central da obra. Deve

ser corta, sem transcrições textuais da obra e sem que seja um sumário ou índice das

partes componentes do texto. Deve conter todos os aspectos que identificam a obra.

Ex.:

Assunto: Recursos Humanos Local:

CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa: ISCSP

Ed., 2008, 200 pp

RESUMO

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c. Ficha de citação

Nessa ficha será reproduzido todo conteúdo textual da obra que interesse ao pesquisador e

que se pretende usar como citação na redacção do trabalho. Também esta presente toda a

informação que caracteriza a obra.

Para sua elaboração devem-se observar os seguintes cuidados:

A citação tem de vir entre aspas;

Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá

a posterior utilização no trabalho, com a correcta indicação bibliográfica;

A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando - se, no local da

omissão, três pontos entre parêntese e por espaços no inicio e final (…)

A supressão de um ou mais parágrafos deve ser assinalado por uma linha completa

de pontos;

A frase pode ser complementada, se necessário.

Ex.:

Assunto: Metodologia Científica Local:

MARCONI, M.A; LACKATOS, E.M. Metodologia do Trabalho Científico. 4. ed. São Paulo:

Atlas, 1995, 300 pp

“O conhecimento popular e o científico possui objectivo comum, mas o que os diferencia é a

forma, o modo e os instrumentos do ‘conhecer’. Uma das diferenças é quanto à condição ou

possibilidade de se comprovar o conhecimento que se adquire no trato directo com as

coisas e o ser humano”. (pp 10).

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Ficheiro do Investigador

O ficheiro é a maneira que tem o investigador de organizar as fichas elaborados durante

todo o período de investigação.

Sua estruturação dependerá dos critérios do investigador. Os critérios mais utilizados são a

classificação por ordem alfabética ou por assunto.

Deve ser de tal forma que permita a qualquer momento incluir novos assuntos, nova

subdivisões, sem necessidade de refazer a trabalho.

Objecto de estudo

O objecto da pesquisa responde a pergunta O que é que se pesquisa? ou que vai a ser

investigado?

Expressa com poucas palavras a essência, a direcção do que vai a ser investigado.

Formulamos o objecto de estudo relacionando o tema com o título.

Exemplo:

Tema: Gestão de Empresas

Título: Critério dos trabalhadores da empresa X, sobre os factores que possibilitam melhorar

a gestão empresarial, para atingir o rápido crescimento económico.

Objecto do estudo: Critérios sobre a gestão empresarial

Analisando os primeiros elementos iniciais que aparecem na primeira etapa do processo de

investigação científica, é indubitável que constituem um sistema, que se inicia com a

selecção do tema, revisão bibliográfica, formulação do título e do objecto de estudo.

Problema

Formular o problema científico consiste em dizer de maneira clara, explícita e

compreensível a dificuldade com a qual nos defrontamos ou pretendemos resolver. É

estrutural mais formalmente a ideia da investigação.

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Em geral, o problema é uma questão que mostra uma situação necessitada de investigação

científica, pelo que é o ponto de partida da pesquisa. Da sua formulação dependerá o

desenvolvimento da investigação.

Responde a pergunta Por que investigar?

As qualidades que deve possuir um problema científico são:

Objectividade - Subjectividade: Todo problema tem que responder a uma

necessidade real da sociedade;

Totalidade - Especificidade: O problema não pode ser impreciso. A precisão do

problema possibilita determinar dialecticamente o objecto da investigação como

totalidade e especificar questiones particulares que interessam dentro da realidade

que se estuda;

Insuficiência teórica: deve mostrar que existe um desconhecimento teórico do

assunto a estudar e que se precisa resolver.

Este deve ser formulado sim ambiguidade em forma interrogativa para facilitar a

identificação do que se deseja pesquisar. Ex.:

Quais são as causas...?

O que é …?

Por que …?

Qual é o critério dos...?

Que efeito...?

Como se relacionam...?

Em que condições...?

Qual é a via para …?

Como funciona …?

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Deve expressar uma relação entre dois ou mais variáveis. Ex.:

Quais são os critérios dos trabalhadores da empresa X, sobre os factores que possibilitam

melhorar a gestão empresarial para atingir o rápido crescimento económico?

Objectivos da investigação

O objectivo é a finalidade ou metas que o investigador quer atingir com a realização da

investigação e respondem a pergunta Para quê investigar?

Deve expressar com claridade e objectividade a finalidade da pesquisa, para evitar

ambiguidades que conduz a desviar a atenção e perder a direcção em causa da pesquisa.

Qualquer trabalho de investigação é avaliado pelo cumprimento dos objectivos através de

um processo sistemático, para não se afastar dos mesmos.

Em sua formulação devem:

Expressar de modo sintético e genérico as qualidades do objecto.

Ser formulados em tom afirmativo;

Ser formulados em forma clara e precisa;

Ser mensuráveis, verificável e comprováveis.

O processo de investigação científica pode ser realizada em diferentes etapas.

Por exemplo se o título do trabalho a desenvolver é “Algumas das principais causas de

falência das pequenas empresas comerciais no município da Maianga no ano 2007”.

Então, para conhecer as principais causas é possível que precise identificar os

procedimentos e métodos usados pelos gestores e depois analisar esses procedimentos

comparando-os com as normas científicas de gestão empresarial.

Observe-se como a investigação pode ser progressiva, levando a esclarecer diferentes tipos

de objectivos.

Um objectivo geral, que é o propósito geral que o trabalho pretende alcançar. Ele expressa

uma acção que produz, um resultado desejado num espaço de tempo determinado e

medível. É atingido ao final do processo de investigação.

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Os objectivos específicos estabelecem propósitos particulares. Eles resultam da

decomposição do objectivo geral em passo lógicos e sequenciados, apontando para as

principais variáveis em estudo. Também são chamados parciais, precisamente porque se

atingem a mediano prazo. O seu cumprimento é obtido em menos tempo que os objectivos

gerais. Portanto:

somatórios específicos = geral = resultado esperado

Ex.:

Para que realizar esta investigação o objectivo geral será:

- Determinar as principais causas de falência das pequenas empresas comerciais no

município da Maianga no ano 2007.

Os objectivos específicos poderão ser:

- Identificar os procedimentos e métodos usados pelos gestores das pequenas empresas

comerciais no município da Maianga no ano 2007.

- Comparar os procedimentos e métodos usados pelos gestores das pequenas empresas

comerciais com as normas científicas de gestão empresarial actuais.

Observe-se que devem ser formulados depois do tema e do título e iniciar utilizando um

verbo no infinitivo. Exemplo: determinar, analisar, comprovar, descobrir, definir, comparar,

descrever, estabelecer, explicar, caracterizar, discutir, etc.

Cada investigação deve propor uma quantidade limitada de objectivos e estes devem ser

formulados desde o início da pesquisa, apesar de que durante o processo de investigação

podem surgir objectivos novos, não previstos e surgir a necessidade de modificar algum

objectivo proposto ou incluir algum novo. Agora isto não significa deixar de respeitar o que

esta bem pensado e o que aparece no Protocolo.

Relação problema-objecto-objectivo

Na pesquisa científica a tríada formada pelo, problema, o objecto e o objectivo constituem

um conjunto inseparável, pois não é possível referir-se a um deles sem fazer alusão aos

outros.

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O problema se manifesta no objecto, entretanto que o objectivo pretende resolver o

problema, ou seja, transformar o objecto. Daqui que existe entre estes três elementos uma

relação com carácter de lei.

Hipótese

As hipóteses constituem respostas tentativa e provisórias ao problema de investigação que

devem ser testada durante a pesquisa.

Surgem da observação dos factos, dos resultados obtidos de outras pesquisas, das teorias

já existentes ou da intuição do pesquisador, pelo que sua formulação é de natureza criativa

e requer experiência na área.

Resumindo:

Dúvida tentativa de solução

? resposta antecipada

Problema hipótese

Cumpre uma função orientadora fundamental, já que permite ao investigador confirmar ou

negar a teoria.

Se confirmamos a hipótese reafirmamos ou comprovamos a teoria que ela expressa, se não

confirmamos a hipótese, é dizer é negada ou refutada pelos dados adquiridos e

processados, então aporta um novo conhecimento que permite reduzir o conjunto de

conhecimentos que nos aproxima a verdade. e deve ser testada durante o processo.

Há investigações científicas que não formulam hipótese. Esta ausência faz pobre o nível

teórico da investigação e limita a orientação para obter os dados que é necessário buscar e

encontrar.

Sua formulação deve ser simples, clara, compreensíveis e passíveis de verificação. Os

conceitos empregados no enunciado de uma hipótese devem ser precisos, a fim de evitar

sentido ambíguo e, consequentemente, facilitar o processo da pesquisa.

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É sempre uma afirmação e podem estar explícitas ou implícitas na pesquisa.

A estrutura ou composição da hipótese consiste em:

Unidades de observação: são as pessoas, grupos, objectos, actividades, países,

instituições, etc sobre os que trata a investigação;

Variáveis: são os aspectos ou características quantitativas ou qualitativas que se

buscam respeito as unidades de observação;

Termos lógicos: relacionam as unidades de observação com as variáveis ou estas

últimas entre si.

Há várias formas de formular hipóteses, mas a mais comum è aquela que se formula em

forma de proposição mediante a seguinte formula:

Se “X” então “Y” , onde “X” e “Y” são variáveis.

Exemplos 1.- Se estudam diariamente, então terão bons resultados académicos.

Variáveis “X” = estudam diariamente

“Y” = terão bons resultados académicos

As Variáveis

As variáveis são aspectos ou características que tem a propriedade de poder variar, ou

seja, aquilo que pode assumir diferentes valores ou aspectos. Essa variação deve ser

mensurável, bem de forma quantitativa ou qualitativa. Ex. sexo, preferência religiosa, etc.

Elas têm que ser definidas em função do objectivo proposto e estão vinculadas com a

hipótese de forma explícita ou implícita nela.

Existem diversos tipos de variáveis, nos vamos a estudar só três, a variável independente, a

variável dependente e a variável controlada ou de controlo.

A variável independente (X) é aquela que influencia, determina ou afecta outra variável; é

fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou consequência.

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A variável dependente (Y) consiste naqueles valores (fenômenos, fatores) a serem

explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados

pela variável independente.

Em uma pesquisa, a variável independente é o antecedente e a variável dependente é o

consequente. Os investigadores fazem predições a partir de variáveis independentes para

variáveis dependentes.

Observe o seguinte exemplo de hipótese para tirar a variável independente e a dependente:

Os estudantes que estudam regularmente terão alta possibilidade de obter bons resultados

académicos.

Variáveis “X” = Os estudantes que estudam regularmente (estudam regularmente)

“Y” = alta possibilidade de obter bons resultados académicos (resultados

académicos)

Se estudam correctamente, então obterão bons resultados

X = Variável independente = estudam correctamente;

Y = Variável dependente = obterão bons resultados.

A variável independente influi sobre a variável dependente, devido a que os bons resultados

estão em dependência do estudo correcto, por tanto podemos afirmar que si não estuda

correctamente os resultados vão ser fracos. Isto nos indica que quando o investigador mexe

na variável independente a variável dependente varia. Nesta relação se explica que a

variável independente é influenciada pelo critério do investigador y a variável dependente é

influenciada pela variável independente.

As variáveis nos indicam o que temos que pesquisar, o seja, guiam o caminho para elaborar

os instrumentos de trabalho.

Analisando a variável independente, estudam correctamente, nos indica que devemos

investigar si os estudantes estudam correctamente, logo temos que perguntar e observar

nos instrumentos (inquéritos, entrevistas, fichas de observação, testes e outros), o modo de

estudo que realizam, para saber si é correcto ou não o estudo que fazem os estudantes.

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Exemplo:

Prestam atenção na sala de aula?

Participam na sala de aula respondendo as perguntas do professor?

Tomam nota adequadamente e perguntam quando não entendem?

Quantas horas estudam diariamente?

Que métodos de estudos utilizam?

Realizam as tarefas e entregam atempadamente ao professor?

Que características apresenta o lugar ou local onde estuda?, boa iluminação;

ventilação e temperatura agradável;

Prepara os materiais de estudo: livro, apontes de notas, papel para fazer resumo,

lápis, outros;

Estas e outras perguntas indicadas pela variável independente, se deve fazer a amostra,

quando lhe aplicamos os instrumentos e as respostas que a amostra dá a estas perguntas,

são os dados ou informação que serão processados para conhecer si eles estudam

correctamente e verificar ou confirmar a hipótese.

As variáveis controladas como o seu nome indica serve para controlar determinados

aspectos que podem fugir do controlo e actuar em forma negativa, afectando os resultados

da investigação. Exemplo de variáveis que podem ser variáveis controladas:

Sexo;

Idade;

Estatura;

Peso;

Categoria

Outras.

Exemplo para controlar sexo, indicamos e não necessariamente deve aparecer no título,

que na amostra só estarão presentes o sexo feminino.

No caso da idade para estabelecer o controlo indicamos que a amostra estará integrada por

crianças do grupo etário de 6 a 9 anos de idade.

Instrumentos de trabalho

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Uma vez que os investigadores seleccionam a amostra, no seguinte passo elaboram os

instrumentos com as perguntas indicadas pelas variáveis tiradas da hipótese. Estas

respostas da amostra constituem a informação que se precisa para confirmar ou não a

hipótese.

Os instrumentos são elaborados na primeira etapa do processo de investigação científica e

se aplicam a amostra na segunda etapa, que é conhecida como Etapa de Execução ou

Recolhida da Informação.

Os instrumentos (meios especiais do conhecimento) utilizados no processo de investigação

científica são muito variados e se criam segundo as características da investigação e da

amostra.

São instrumentos:

Inquéritos por questionários, entrevistas e outros;

Fichas de observação;

Testes;

Outros existentes ou criados especificamente para a investigação a realizar.

O que é um inquérito?

Segundo Carmo e Ferreira (1998) um inquérito “é um processo em que se tenta descobrir

alguma coisa de forma sistemática”, o seja, é inquirir, questionar, pedir informação da

realidade social para responder a um determinado problema.

Nas Ciências Sociais os inquéritos mais utilizados são por Questionário e por Entrevista.

O principal factor distintivo entre um inquérito por entrevista e um inquérito por questionário

é a presença ou ausência do investigador no acto de recolha de dados.

Inquérito por questionário

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O questionário é o instrumento mais usado para o levantamento de informação. Consiste

num material impresso com um conjunto de perguntas que constituem um sistema que

devem ser respondidas por escrito. Distingue-se porque a sua aplicação exclui em alguns

casos a relação de comunicação oral entre inquiridor (pesquisador) e inquirido (informante).

Em ele, o pesquisador faz a confecção do questionário e o informante faz seu

preenchimento.

A escolha do questionário como instrumento de trabalho para a recolha de informação

sobre um determinado tema apresenta vantagens e desvantagens relativas à sua

aplicação.

As vantagens fundamentais são:

Permitir comparações precisas entre as respostas dos inquiridos devido a

uniformização das perguntas;

Permitir ser aplicado a um grande número de indivíduos;

Implicar menores custos;

Permitir maior rapidez na recolha e análise de dados;

Garantir anonimato do informante;

Garantir a natureza impessoal e padronizada das perguntas.

Suas limitações estão em:

Poder existir pouco aprofundamento do material recolhido;

Poder existir interpretações erróneas devido as dificuldades de expressão e

comunicação escrita de ambas as partes;

Poder existir uma elevada taxa de não-respostas;

Não conhecer as circunstâncias em que foi respondido o questionário, pelo que as

respostas dependem da disposição do respondente no momento de preenchimento;

Excluir pessoas que não sabem ler e escrever.

Aspectos a ter em conta na utilização da técnica de inquérito por questionário.

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a. Planeamento do questionário

Nesta fase procurar-se-á delimitar o tipo de informação a obter, definidos nos objectivos do

inquérito e que estão relacionadas com uma os mais variáveis a medir.

b. Elaboração do questionário

Procede-se nesta fase à construção do documento que deve:

Ter só aquelas perguntas que sirvam para recolher ou testar a informação

pertinente,

Ter um tipo de linguagem acessível aos inquiridos;

Ter uma apresentação agradável de modo a facilitar a manipulação, leitura das

perguntas e respectivas respostas;

Limitar a sua extensão de modo a propiciar a totalidade das respostas em

aproximadamente 30 minutos;

Codificar as questões para facilitar a tubulação posterior;

Reduzir ao mínimo o número de folhas para evitar reacções negativas por parte do

inquirido;

Elaborar instruções definidas e metas explicativas de preenchimento e dos

objectivos do instrumento, o que será analisado posteriormente;

Evitar questões (perguntas) ambíguas: pelas palavras utilizadas; pelas expressões

muito coloquiais ou por usar palavras muito difíceis para a compreensão do

informante;

Começar com as perguntas mais fáceis;

Usar uma ordem lógica para o informante no ordenamento das questões, variando

por tamanho e tipo sempre que possível;

Incluir as informações que são necessárias para outras perguntas primeiro;

Ter em conta que se for utilizar questões (perguntas) abertas, estas devem vir no

final, junto com questões que abordem temas mais delicados para o informante.

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c. Aplicação do questionário

O pesquisador pode aplicar o questionário de duas formas: realizá-lo por contacto directo

ou enviá-lo pelo correio.

Quando o pesquisador entrega os questionários directamente para ser respondidos, pode

esclarecer as dúvidas aos inquiridos. Pode ser aplicado pelos investigadores ou pessoas

designadas pelos mesmos, que não necessariamente são membros da equipa de

investigação. Em este ultimo caso, è importante uma selecção e formação dos

entrevistadores.

Os questionários respondidos pelo correio devem trazer todas as instruções e tem como

principal desvantagem a baixa taxa de devolução.

d. Análise dos resultados

Esta fase inclui, além de outras operações, a codificação das respostas, o apuramento e

tratamento estatístico da informação e a elaboração das conclusões fundamentais a que o

inquérito tenha conduzido.

e.- Apresentação dos resultados

Concretiza-se normalmente na redacção de um relatório de inquérito.

Como fazer um questionário?

Os questionários apresentam duas partes fundamentais: a Introdução e os Blocos de

perguntas.

A introdução do questionário é muito importante e dela depende em ocasiões o êxito ou

não dos resultados obtidos.

Deve estar presente em toda introdução:

A apresentação do investigador ou entidade patrocinadora;

As razões da realização do trabalho, a importância do resultado;

As instruções para o preenchimento do questionário que devem ser precisas,

breves e claras;

Garantir a confidencialidade das respostas fornecidas e;

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Agradecer pela ajuda e o tempo utilizado em contestar o questionário.

O bloco de perguntas esta formado por:

Perguntas de identificação: se solícita dados geral do inquirido que permitem

identificar e relacionar com a população (exemplo: idade, género, profissão,

habilitações académicas, etc).

Os restantes blocos de perguntas estão relacionadas com a informação indicada para

medir as variáveis e podem ser:

Perguntas de informação: o objectivo é a recolha de dados sobre factos e opiniões.

Perguntas de descanso: Servem para introduzir uma pausa e mudar de assunto ou

introduzir perguntas de maior dificuldade.

Perguntas de controlo: Servem para verificar a veracidade de outras perguntas

insertas noutra parte do questionário. Consiste em se perguntar um assunto já

questionado de forma diferente. Se houver contradição, este questionário deve ser

abortado na hora da tabulação dos dados. Ex.: Possui forno microondas? e mais

adiante: Quantos anos de uso têm seu forno microondas? Se a primeira for

respondida não, a outra também o será.

Tipo de questões ou perguntas

Na construção do questionário admitem-se dos tipos de questões (perguntas):

a. Questões Abertas: Permitem ao inquirido construir a resposta segundo seu critério,

permitindo deste modo a liberdade de expressão. são, claramente, as mais difíceis de

analisar, pelo que devem ser usadas parcimoniosamente.

Em sua redacção deve ser evitadas as perguntas personalizadas Exemplo: na sua opinião,

o que pensa a respeito de..., pois tende a provocar respostas de fuga.

Exemplo: Como se esforça por cumprir os seus deveres de estudante para atingir bons

resultados académicos?

b. Questões Fechadas: São aquelas que possuem um número predeterminado de

respostas, a partir das quais que o informante tem de fazer sua escolha que mais se

adequa à sua opinião. Podem ter resposta única ou múltipla.

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As perguntas fechadas de respostas únicas podem ser formuladas com dos ou mais

alternativas.

1.- Exemplo com dois alternativas:

Coloque uma cruz na resposta escolhida

1.1.- Você estuda diariamente?

Sim______ Não ______

2.- Exemplo com varias alternativas:

Coloque uma X na resposta seleccionada

2.1.- Quantas horas estudou durante a semana passada?

2.1.1._____ Não estudei;

2.1.2 _____ Mais as menos 5 horas;

2.1.3 _____ Entre 6 – 8 horas;

2.1.4 _____ Entre 9 – 12 horas;

2.1.5 _____ Entre 13 – 16 horas;

2.1.6 _____ Mais de 17 horas.

As perguntas fechadas de escolha múltiplas são aquelas em que o inquirido pode indicar

várias respostas à vontade, com limite ou não de respostas.

3.1.- Assinale com uma X qual ou quais dos serviços que oferece a biblioteca do IGS

utilizou o mês anterior

3.1.1 ____ Não entrei;

3.1.2 ____ Consulta de livros;

3.1.3 ____ Leitura de jornal;

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3.1.4 ____ Estudar;

3.1.5 ____ Navegar na Internet;

3.1.6 ____ Realizar trabalhos informatizados;

3.1.7 ____ Outros.

Estas perguntas fechadas de escolha múltiplas podem em ocasiones ser mistas. São

uma combinação de respostas múltiplas com respostas abertas, possibilitatando mais

informações sobre o assunto.

Ex.:

4. Após terminar o curso que frequenta pretende:

4.1 Fazer o mestrado ____

4.2 Arranjar emprego _____

4.3 Outra situação _______ Qual? ______

Tambem podem ser de escolha multipla encadenada, onde a segunda resposta dependa

da resposta primeira.

Ex.:

5. Você participa em algum projecto social

_____ Sim _____ Não

Se sim, em qual área?

_____ Saúde

_____ Educação

_____ Meio ambiente

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Escalas de atitudes

Por vezes as questiones podem ser colocadas sob a forma de escalas de atitudes,

permitiendo, permitiendo ao investigador medir atitudes e opiniões do inquirido a respeito

de um fenómeno determinao..

Existe diversos tipos de escala:

a. De ordenação

b. De Likert

c. De VAS (Visual Analogue Scale)

d. De intensidad

e. Outras

A escala de ordenação aponta a ordem de importancia para o tema estudado. Exemplo:

Da lista que se segue escolha por ordem de importancia (1ª, 2ª e 3ª) qual motivo que leva

as empresas a actuarem de forma socialmente responsável

a. Autopromoção

b. Isenções tributarias

c. Actuar na reducção das desigualdades sociais

A escala de Likert apresenta uma série de cinco proposições, das quais o inquirido deve

seleccionar uma, podendo estas ser: concorda totalmente, concorda, sem opinião,

discorda, discorda totalmente. É efectuada uma cotação das repostas que vai de modo

consecutivo:+2, +1, 0, -1, -2 ou utilizando pontuações de 1 a 5. Se a proposição é

negativa, a cotação tem que ser invertida. Por exemplo, concordar com la afirmação “não

considero importante a disciplina Metodologia da Investigação Científica para o futuro

desenvolvimento como professional” significa uma actitude negativa na concepção do

processo docente pelo que a resposta concorda totalmente recebe uma cotação de -2 e

assim sucesivamente.

VAS (Visual Analogue Scale) consiste na apresentação de diversos pares adjectivos

antónimos (bipolares) separados por uma linha horizontal com 10 cm de cumprimentos. O

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inquerido deverá responder com uma cruz à questião assinalando na linha a posição que

corresponde à sua opinião.

Interesante ________________________________ Aborrecida

Se a linha é dividida em intervalos então será uma escala numérica

Ne escala de intensidade se apresenta um conjunto de respostas onde cada uma deve

ser valorada segundo seu criterio. Com esta escala pretende-se fazer uma valoração

quantitativa relativamente à actitude do inquirido; as restantes só medem o grau de

concordância ou não relativas às proposições de opinião.

Ex.: Numa escala de 1 a 6 atribua valores sobre as razões que levaram a inscrever no curso

que esta a estudar (em que 1 significa o mínimo de concordância/falso e 6 significa o

máximo de concordância/verdade)

1 2 3 4 5 6 S/R

Sempre gostei da profissão que vou ter

Neste curso não é preciso estudar muito

Não sabia o que queria por isso vim a fazer

este curso

Com este curso se consigue obter

facilmente um emprego

Tipos de Questionários

Existem três tipos de questionários: abertos, fechados e mistos.

O questionário do tipo aberto se caracteriza por apresentar todas as perguntas

abertas.

O questionário fechado tem na sua construção só perguntas fechadas, pelo que se

facilita o tratamento e análise da informação. Para o inquirido exige um menor

esforço e tempo para responder, assim como não tem que escrever ou verbalizar o

pensamento;

Questionários Mistos: Tal e como o nome indica se caracterizam por apresentar

perguntas abertas como fechadas.

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Pré –Teste do questionário

Antes de administrar o questionário, o investigador deve proceder a um pré-teste, afim de:

Verificar falhas na redacção das perguntas,

Analisar se as respostas alternativas às questões fechadas cobrem todas as

respostas possíveis;

Avaliar a ordem das questões;

Avaliar se estão presente todas as perguntas relevantes;

Analisar o grau de exaustão do respondente.

Para elo é aplicação em uma pequena amostra da população alvo ou semelhantes seguida

de entrevista para localizar falhas.

Exemplo de Inquérito por questionário (só tem valor como exercício pedagógico)

Caro trabalhador:

O presente inquérito visa na necessidade de conhecer a sua opinião do desempenho

organizacional da empresa. Os seus comentários ajudaram a melhorar continuamente o

nosso trabalho. As respostas ao questionário são anónimas.

Leia atentamente cada pergunta do questionário antes de responder. As suas opiniões e

percepções são importantes e pedimos que responda ao maior número possível de

questões.

Obrigado por dispensar alguns minutos a preencher este questionário e a fazer valer a sua

opinião.

Marque com uma (X) segundo corresponda no seu caso.

I.- Dados gerais.

1.1 Sexo. 1.1.1._______ Masculino 1-1-2 ______ Feminino

1.2 Idade

1.2.1 ______ 18 – 25 anos 1.2.2 ______ 26 – 35 anos

1.2.3 ______ 36 – 45 anos 1.2.4 ______ 46 – 55 anos

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1.2.5 ______ 56 – 60 anos 1.2.6 ______ mais de 60 anos.

1.3 Função que desempenha na empresa ___________________

1.4 Anos de serviços que leva na empresa

1.4.1 ______ 0 – 5 Anos 1.4.2 _____ 6 – 10 anos

1.4.3 ______ 11 – 15 Anos 1.4.4 _____ 16 – 20 anos

II.- Responda a cada item assinalando uma, e apenas uma, com um “X” das questiones

seguintes. As opções são:

DF= Discordo Fortemente, D= Discordo, N= Neutro, C=Concordo, CF=Concordo

Fortemente

DF D N C CF

A minha chefia ajuda-me a perceber o que é esperado de

mim

A minha chefia comunica de forma aberta e honesta

A minha chefia comunica os objectivos do nosso

departamento eficazmente

Acredito que minha remuneração e o meu desempenho

estão directamente ligados

Obtenho a formação de que necessito para efectuar um

trabalho eficiente

A Empresa fornece oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento

Estou envolvido nas decisões que afectam o meu trabalho

Sinto que faço parte da equipa de trabalho

A minha chefia valoriza as minhas ideias e opiniões

III.- É-lhe fornecida uma oportunidade adicional para partilhar informações com a

administração. Escreva a respeito sobre qualquer questão relativa à nossa actividade,

pessoal e/ou ambiente de trabalho

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_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

Agradecemos a sua participação neste importante processo

Entrevista

A entrevista é uma técnica utilizada na investigação social que muitos autores a consideram

como a técnica por excelência para obter informações sobre o que as pessoas sabem,

crêem, esperam, sentem, desejam, fazem, fizeram ou pretendem fazer.

È definida por Haguette (1997) como “o processo de interacção social entre duas pessoas

na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de informações por parte

do outro, o entrevistado”.

Segundo Farias (2008) a técnica de entrevistas para a recolha de dados tem como

vantagens fundamentais:

Possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da

sociedade;

Poder ser usada com qualquer segmento da população (analfabetos ou não);

Propicia melhor amostragem da população-alvo (o entrevistado não precisa saber ler

ou escrever);

Maior flexibilidade e possibilidades de repetir e esclarecer as questões ao

pesquisador;

Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado;

Permite a quantificação dos dados e posterior tratamento estatístico.

Algumas limitações são:

Dificuldades de expressão e comunicação de ambas partes;

Possibilidade de influência do entrevistado, consciente ou inconscientemente, pelo

entrevistador;

Disposição do entrevistado em dar opiniões, informações ou dados relevantes;

Depende do contexto no qual o entrevistado esteja inserido em relação as

informações que vai prestar (medo de ser identificado);

Propicia um controle pequeno sobre a coleta de dados;

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Demanda um tempo muito grande e é de difícil realização.

Há diferentes formas de estabelecer um contacto entre entrevistado e entrevistador. È

precisa adequar o tipo de contacto ao tipo de estudo a realizar. Podem ser:

entrevista pessoal/cara a cara

entrevista telefónica

entrevista postal, onde as entrevistas são deixadas no correio e existe o contacto

social na recolha.

Existem diversos tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propósito do

entrevistador:

a. Estruturada: É aquela que o entrevistador segue um formulário com perguntas

claramente definidas e geralmente fechadas, afim de obter uniformidade no tipo de

informação recolhida e minimizar a variação entre as questões postas ao entrevistado, o

que facilita a analise dos dados e permite replicar o estudo.

A entrevista estruturada não possibilita aprofundar questões que não foram

antecipadamente pensadas, reduz a flexibilidade e espontaneidade durante a entrevista e

não são tomados em conta as circunstancia e elementos pessoais durante o processo.

Este tipo de entrevista se utiliza fundamentalmente em pesquisas de controlo ou verificação

de aspectos a investigar.

b. Aberta ou Não-Estruturada: É útil em estudos descritivos e na fase inicial (exploratória)

da investigação e tem a possibilidade de aplicar-se com todo tipo de pessoa e situações.

Nela o entrevistador propõe o tema e o entrevistado tem liberdade para discorrer sobre o

mesmo, só o investigador precisa de um documento escrito com o objectivo e as linhas

orientadoras para a realização da entrevista.

As perguntas geralmente são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversa

informal. Em ocasiões novas perguntas emergem do contexto imediato da entrevista,

permitindo aprofundar no tema e ter uma boa percepção das diferenças individuais dos

entrevistados.

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Este tipo de entrevista requer de muito tempo e seu êxito depende das capacidades e treino

do entrevistador, assim como se dificulta o processamento da informação.

c. Semi-Estruturada ou Semi-Aberta. São aquelas onde existe um guião previamente

preparado com perguntas fechadas e abertas, sem que exija uma ordem rígida nas

questões, sino o desenvolvimento vai-se adaptando ao entrevistado e o pesquisador deve

ficar atento para redirigir a discussão quando o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha

dificuldades com ele, fazendo perguntas adicionais.

Este tipo de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume de

informações, a fim de que os objectivos sejam alcançados, permite um tratamento

sistemático dos dados e é aconselhada para entrevistas a grupos. Se utiliza em estudos de

verificação ou aprofundamentos de aspectos a investigar.

d. Clínica. Serve para o estudo da conduta de pessoas e é utilizada principalmente pela

psicologia e áreas terapêuticas.

Aspectos a ter em conta na utilização da técnica da entrevista

a. Planeamento da entrevista

É uma das etapas mais importantes quer requiere tempo e exige cuidadados. Para elo:

Devem ser definidos os objectivos que pretende-se atinguir com a entrevista;

Deve ser elaborado o plano de entrevista com as perguntas a serem feitas ao

entrevistado e o ordem em que elas devem acontecer. Estas perguntas devem dar

resposta ao objectivo proposto na entrevista. Por exemplo a variável idade pode ser

perguntada de diversas formas:

- Que idade tem? ou,

- Em que ano nasceu? ou,

- A sua idade está incluida em qual dos seguintes grupo

Menos de 20

Entre 21 e 30

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Entre 31 e 40

Entre 41 e 50

Mas de 51

O investigador deve analisar qual é a que maior informação oferece para seu estudo.

É recomendável fazer perguntas curtas, sempre que possível;

Ex.: Conte-me como está a funcionar a empresa com o novo sistema de Gestão de

Recursos Humanos implementado vs. Eu sei que faz cerca de dois ano a empresa contrato

a pessoal especializado para a elaboração e estabelecimento de um novo sistema de

Gestão de Recursos Humanos na empresa, você poderia por favor me contar como está a

funcionar a empresa com o novo sistema implementado (não fazer!)

Devem ser evitadas perguntas tendenciosas ou perguntas que sugere uma resposta

específica;

Se o informante não sabe responder a uma pergunta, apresente várias opções

diferentes para ele. Se você tem interesse em uma das opções, coloque-a no meio

das outras opções, ela não deve ser a primeira nem a última;

Deve ser realizada a escolha do entrevistado procurando seleccionar pessos que

tenham conhecimento do tema pesquisdo e segundo o objectivo proposto. Poderá

ser personalisada, no caso de amostras intencionais em que procura inquerir

entrevistados qualificados ou fazer a escolha dos entrevistados dentro da população

de forma aleatoria. Pode ser individual ou em grupos, segundo os objectivos da

mesma;

Deve ter em conta a disponibilidade do entrevistado fazendo a marcação da

entrevista com antecedência explicitando data, hora e duração provável;

Exemplos de perguntas:

1) A quanto tempo exerce a função de gestor?

2) Que aspectos do trabalho lhe permite prever anomalias e intervir acertadamente?

3) A sua parecer quais são os factores que concorrem para uma boa gestão?

4) Qual o contributo do marketing no sucesso da empresa?

5) Qual o meio de comunicação favorável que a empresa devem fazer as suas

publicidades

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b. Diante do entrevistado:

Estabeleça uma relação amistosa explicando a finalidade da pesquisa, seu

objectivo, relevância e ressaltar a necessidade de sua colaboração. Escolha

um lugar apropriado, quieto e sem interrupções, é preciso obter e manter a

confiança durante a entrevista. Ofereça garantia ao entrevistado do sigilo das

informações;

Saber escutar é muito importante. A interferência do entrevistador deve ser

mínima, este deve assumir uma postura de ouvinte e apenas em caso de

extrema necessidade, ou para evitar o término precoce da entrevista, pode

interromper a fala do informante;

É importante em entrevistas pouco estruturadas, saber respeitar os silêncios

que por vezes ocorrem no discurso do entrevistado, permitindo-lhe assim

reflectir sobre o que fala. Outras vezes o entrevistador utiliza o silêncio

sensível (ficar em silêncio por 1 ou 2 segundos adicionais) que pode servir

para encorajar o informante a falar mais;

Em ocasiones repetir a última frase ou comentário do informante serve para

estimular a conversar e /ou confirmar que o pesquisador entendeu a

mensagem do informante, às vezes com um tom de pergunta;

A formulação das perguntas deve ser feita de acordo com o tipo de

entrevista. Na primeira parte devem ser utilizadas perguntas de

“aquecimento” que contribuíam a colocar ao entrevistado no tema de

conversação e que ajude a estabelecer um clima de confiança em pouco

tempo. Ex. Pode perguntar de seu trabalho, sua relação com o tema de

pesquisa, pode intercalar alguma anedota. Ao final de momento inicial, deve

ficar claro que vai a passar-se a realização das perguntas próprias de

assunto em estudo;

É importante durante o decorrer da entrevista fazer perguntas de focagem

que encorajem o informante a falar mais: Ex que mais? E ai? Me conte mais

detalhes, me conte em detalhes o que aconteceu, etc. O objectivo é fazer o

informante continuar detalhando o que ele estava falando ao invés de

encorajá-lo a mudar de tópico. Nessas circunstâncias é preciso manter o

controlo com diplomacia;

Por vezes o entrevistado precisa fazer perguntas melindrosas, as quais

devem ser posicionadas ao fim da entrevista, momento em que existe um

maior clima de confiança e devem ser elaboradas cuidadosamente;

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Diante do entrevistado não demonstre insegurança ou admiração excessiva

para que isto não venha a prejudicar a relação entre entrevistador e

entrevistado;

Seja objectivo, já que entrevistas muitos longas podem se tornar cansativas

para o entrevistado.

c. Registro de respostas

A resposta, se possível devem ser anotadas no momento da entrevista, sem deixar que o

entrevistado fique esperando sua próxima pergunta, enquanto você escreve. Tem que ser

feito de forma que não traça inibições ao inquirido. O registro das respostas deve ser o feito

com as mesmas palavras utilizadas pelo entrevistado. Pode anotar gestos, atitudes e

inflexões da voz.

O uso do gravador é um recurso útil, pêro deve ser permitido pelo entrevistado, já que pode

inibir seu desenvolvimento. Leve todo o material necessário para fazer observações sobre

as entrevista.

d. Término da entrevista

A entrevista deve terminar em um ambiente de cordialidade, agradecendo o tempo

dispensado, para que o pesquisador, se necessário, no futuro poda obter novos dados, sem

que o informante se oponha a isso. Pode ser feita alguma pergunta de confirmação, se

necessário e pedir novos nomes de pessoas que podam também informar da área de

trabalho.

e. Relatório

Uma vez realizada a entrevista, o pesquisador deve transcrever e analisar as informações

imediatamente após a sua realização.

Pré- Teste da entrevista

É preciso realizar um pré-teste da entrevista com alguém que poderá fazer críticas e validar

a operacionalidade do instrumento antes de se encontrar com o entrevistado de sua

escolha.

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Observação Científica

Este instrumento foi analisado no capítulo III de métodos científicos.

A diferença da entrevista e o questionário, a observação científica é uma técnica de coleta

de dados que utiliza os orgãos dos sentidos na obtenção de determinados aspectos da

realidade de forma consciente, sistemática e objectiva.

Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos que se deseja

estudar.

Este instrumento pode ser utilizado na pesquisa conjugada a outras técnicas ou de forma

exclusiva e permite obter informação do objecto de investigação tal e como este se dá na

realidade.

O principal problema é que a presença do pesquisador pode provocar alterações no

comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo

resultados pouco confiáveis.

No processo de observação estão presentes cinco elementos:

O objecto a observar;

O sujeto ou observador;

O ambiente que rodea a observação;

Os meios de observação (telescópios, câmaras fotográficas, microscópios,

cronómetros, câmaras de vídeo, básculas, etc);

O conhecimento que o observador possue do objecto a observar.

Requisitos da observação científica

O investigador deverá delimitar com claridade os aspectos que serão objecto de

estudo já que resulta impossível observar todo. Sua selecção responde aos

objectivos da investigação. Podem ser observadas pessoas, grupos, actividades,

instituições e acontecimentos dos quais a pesquisa versa;

A observação deve-se caracterizar por sua objectividade: observar os fenómenos

como acorrem na realidade;

Se devem utilizar guias, escalas ou outros instrumentos que garantam a

objectividade do registo durante a observação;

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A observação deve ser sistemática: não resulta científico interpretar fenómenos que

foram observados numa só vez. Resulta necessário observar fenómenos em várias

ocasiões para atingir interpretações objectivas;

Duração: uma observação realizada em tempo insuficiente, não permite explicar

adequadamente o facto que estudamos;

Para realizar a observação requer-se que o pessoal seja experimentado e que tenha

conhecimento prévio do que observar;

No momento de observar, não se deve afectar o desenvolvimento habitual do

objecto de observação, sempre que ser possível;

A observação deve realizar-se por mais de uma pessoa;

Podem ser utilizados registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos, etc.), caso o

objecto de sua observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, devem ser

preparados para tal caso.

Características do observador

Para fazer uma boa observação é importante que a pessoa faça treinos da atenção, de

forma de forma a poder aprofundar a capacidade de seleccionar informação do objecto a

observar através dos órgãos dos sentidos.

Para qualquer investigador, este procedimento implica:

Saber identificar indícios, o que requer um treino continuado da atenção;

Possuir uma boa preparação teórica e empírica do objecto a ser observado;

Ter a capacidade para comparar o que observa com o que constitui a sua

experiência anterior e a partir de daí tirar novas conclusões.

Um treinamento proposto para ajudar a incrementar o nível de atenção do homem é

observar uma vela acesa e fazer 15 observações como mínimo do fenómeno que esta

acontecer. Se aconselha fazer observações não só com a vista sino também com outros

órgãos como o tacto. Para melhor descrição do fenómeno tente fazer também observações

quantitativas. Faça um relatório de todo o fenómeno observado.

Tipos de observação

Segundo Marconi e Lakotos (1999), a observação científica pode ser classificada de acordo

com diferentes critérios.

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Segundo a participação do observador:

Não participante: Durante a observação, o pesquisador não interage de forma

alguma com o objecto de estudo. Em ela, se reduce substancialmente a interferência

do observador no observado, podem ser utilizados instrumentos de registro com

previa autorização dos elementos do grupo alvo e se possibilita um grarde controlo

das variáveis a observar; embora, a sua aplicação é limitada já que só se adequa a

alguns objectos de estudo.

Participante: Consiste na participação real do pesquisador junto a população

observada.

Em geral, são apontados duas formas:

Natural - o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.

Artificial - o observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.

Segundo os meios utilizados:

Observação não estrutura: é a que se realiza sem planejamento e sem controle

anteriormente elaborados, como decorrência de fenômenos que surgem de

imprevisto.

Observação estruturada: é a que se realiza em condições controladas para se

responder a propósitos, que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e

necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento.

Segundo o número de observadores:

Individual: é a técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse caso, a

personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou

distorções, pela limitada possibilidade de controles.

Em equipe: é a mais aconselhável, pois o grupo pode observar a ocorrência por

vários ângulos.

Em dependência do sujeito que a realiza:

Interna: È o próprio sujeito o que se analisa a si mesmo, se auto-observa. O sujeito

observa seus próprios estados psíquicos, a suas vivências.

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Externa: È aquela que se realiza por observadores treinados sobre o objecto de

estudo.

Directa: Entra em contacto imediato com o objecto de observação.

Directa aberta: O observador não participa das actividades que realizam os sujeitos

observados, ele é testemunho.

Directa encoberta: O observador se encontra oculto, também se pode utilizar

aparelhos de filmagem, dispositivos televisores, gravadores, etc.

Guia de observação e sistema de registro

A guia de observação inclui todo o conjunto de indicadores necessários a ser observados

para atingir o conhecimento mais exacto do objecto em estudo. È importante que sejam

características de algum aspecto importante para a investigação. Sua missão é apoiar

outras informações obtidas através de outros instrumentos de pesquisa.

Para ser conceber tal instrumento é conveniente tirar partido da informação bibliográfica que

o investigador possua e dos contactos efectuados no estudo exploratório bem como a um

reconhecimento prévio no terreno a observar.

É recomendado elaborar escalas de observação para poder comparar e quantificar os

dados obtidos. A escala dependerá dos objectivos da observação e das características a

ser observadas.

Um exemplo de guia de observação pode ser:

Actividade Bom Razoável Mau

Onde a actividade é aquilo que vai a ser observado e a escala escolhida estará em

correspondência com os indicadores a ser observados.

Feita a observação, é importante seu rápido registro sob pena de perder elementos

valiosos.

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Para além do uso dos próprios guiões de observação é usual recorrer a um diário de

pesquisa que é um documento aberto em que o investigador vai assentando por ordem

cronológica os acontecimentos mais relevantes observados, interpretações que os

merecem, hipóteses que surgiram da observação, bem como outras informações úteis a

não esquecer.

O diário de pesquisa pode ser sob suporte digitalizado ou papel.

O relatório final da observação devera ser feito o mais cedo possível.

Ficha de observação

Planejar a observação significa estabelecer:

Onde: em que lugar e situação a observação será realizada

Quando: em que momento será realizada

Quem: Quais serão os sujeitos a serem observados

O quê: que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser observados

Como: quais técnicas de observação e registro a serem utilizadas

Todo isto constitui uma ficha de observação.

Exemplo:

Ficha de observação

Título da observação:

Objecto da observação:

Objectivo da observação:

Nome dos observadores:

Data da observação:

Lugar da observação:

Hora de começo e fim da observação:

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Actividade Bom Razoável Mau

5.8 População, amostra e amostragem

Uma vez definidos os instrumentos de colecta de dados passa-se a definir sobre quem

serão aplicados.

População ou universo é o conjunto de todos os objectos ou sujeitos que concordam

com determinadas características comuns. Exemplo: crianças, adolescentes, jovens,

estudantes, administradores, dirigentes, trabalhadores, etc. O número de elementos de uma

população designa-se por dimensão e representa-se por N. A população deve ser definida

em pormenor, de tal forma que um investigador determinar se os resultados que se

obtiveram ao estudar uma população podem ser aplicados com características idênticas a

outras.

Como caracterizar a população?

Simplesmente, estudantes universitários. Unidade de análise: Estudantes da turma OGE 11.

A população esta constituída por estudantes de primeiro ano, do curso de Gestão de

Empresas, da Universidade Superior Gregório Semedo, período da manhã, jovens com

idade compreendida entre 18 e 25 anos, a media de idades é 21 anos, a turma esta

constituída por 52 estudantes, 30 meninas e 22 rapazes, entre eles 6 são trabalhadores.

No caso de caracterizar crianças, administradores ou outros que constituem unidade de

análise se procede da mesma forma, destacando as características comuns. Caracterizar a

população é muito importante, precisamente porque expressa as características de onde

vamos a tirar os indivíduos que formam parte da amostra, para ser cuidadosos e manter

determinadas características na amostra.

Ademais quando caracterizamos a população, estamos delimitando a mesma e

expressando valores da unidade de análise que podem ser utilizados como variáveis.

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Na prática, em grande número de pesquisas os elementos de uma população é demasiado

grande para ser estudados em sua totalidade, sendo então necessário proceder-se à

selecção de uma parte ou subconjunto representativo da população que se denomina

amostra e é onde se aplica os instrumentos para obter dados ou informação.

Os resultados obtidos do estudo da amostra são inferidos a toda a população, por tento é

muito importante fazer uma selecção da amostra de maneira que esta seja representativa

da população para que os resultados podam cumprir com este fim.

A fim de resguardar a cientificidade do estudo e as condições para a comprovação da

hipótese, é necessário ter uma amostra representativa do universo. A representatividade da

amostra está relacionada com o plano ou regra de selecção definidos para a escolha dos

elementos e com a proporção de elementos seleccionados em relação ao universo.

Algumas indagações fundamentais devem ser respondidas no sentido de garantir a

representatividade:

Quantos indivíduos devem formar parte da amostra?

Como seleccionar os indivíduos de maneira que todos os casos da população

tenham possibilidades iguais de ser representados na amostra?

A resposta a pergunta Quantos indivíduos devem formar parte da amostra? é difícil. Se ela

for muito pequena os resultados da pesquisa não poderão ser generalizados a toda a

população.

Geralmente, para pesquisas descritivas uma amostra que represente o 10% da população é

adequada ou com um 3 ou 4% de erro Se a população é pequena será necessário uma

percentagem maior. Existem técnicas estatísticas precisas que determinam o tamanho da

amostra.

A selecção da amostra se realiza utilizando diferentes técnicas de amostragem. Existem

dois grandes tipos de técnicas: a probabilística e a não probabilística.

Quando aplicamos uma técnica probabilística, estamos dando a todos os indivíduos da

população a mesmas possibilidades de estar presente na amostra. São seleccionados

aleatoriamente ou ao acaso.

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Para operacionalizar esse princípio, é necessário primeiramente relacionar todos os

elementos que formam a população, de tal maneira, que por determinado procedimento, se

possa seleccionar ao acaso qualquer elemento para a constituição da amostra. Pode-se

usar desde o simples sorteio até as tabelas de números aleatórios criadas cientificamente e

que aparecem em qualquer livro de estatística.

Existem diversos tipos de técnicas probabilísticas, delas só vamos a estudar duas, Aleatória

Simples e Aleatória Simples Estratificada.

A amostragem aleatória simples é a forma básica da amostra probabilística o seja, dá a

cada integrante da população a mesma probabilidade de ser incluído na amostra.

O exemplo a seguir foi retirado do livro de Carmo e Ferreira (1998).

Suponha que:

i. Num curso de GRH a população é constituída por 530 estudantes;

ii. A dimensão da amostra que se pretende seleccionar é de 20%, tendo por

conseguinte, que ser seleccionados 106 estudantes;

iii. A partir da lista de estudantes atribui-se um número a cada estudante entre 000 e

530;

iv. Utilizando a tabela de número aleatório, da qual se reproduz a título ilustrativo uma

parte, seleccionam-se os estudantes que constituíram a amostra

99116

15696

97720

11666

71628

40501

22005

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f. Como o total da população é de 530 estudantes, interessam apenas os 3 últimos

dígitos;

g. O primeiro estudante a ser seleccionado é aquele a quem foi atribuído o número 116

(3 últimos dígitos de 99116);

h. O número seguinte da tabela é 15696, agora não existe nenhum estudante com o

número 696 uma vez que o total da população é 530;

i. Procedendo como indicado anteriormente selecciona-se em seguida estudantes com

números 501, 005 e assim sucessivamente até ser completada a amostra de 106

estudantes.

Na amostragem aleatória simples estratificada a população é dividida formando estratos

baseados em determinados critérios ou atributos dos indivíduos como idade, sexo, etnia,

profissão, etc.

Obtém-se, posteriormente, uma amostra aleatória simples de cada estrato que serão

reunidas para formar a amostra propriamente dita.

Exemplo:

A população é constituída por estudantes da Universidade Gregório Semedo dos cursos de

GCM, GRH e OGE. Considerou-se que as variáveis sexo e curso tinham incidência na

pesquisa a ser feita, pelo que se constituiriam estratos em relação a cada uma dessas

variáveis.

População da UGS

GCM GRH OGE Total

Sexo feminino 170 220 140 530

Sexo masculino 150 160 130 440

Total 320 380 270 970

A amostra será constituída por:

Amostra 20% = 194 estudantes

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GCM GRH OGE Total

Sexo feminino 34 44 28 106

Sexo masculino 30 32 26 88

Total 64 76 54 194

Neste tipo de amostragem as amostras são mais representativas da população e confiram

mas objectividades aos resultados. Nela os elementos que integram a amostra estão na

mesma proporção em que existem na população geral.

As amostras não probabilísticas são compostas muitas vezes de forma acidental ou

intencional. Não consideram a possibilidade dos indivíduos da população de estar

integrando amostra. Se fundamenta nos critérios do investigador e os objectivos da

investigação. São pouco utilizadas no processo de investigação científica já que não é

possível generalizar os resultados da pesquisa realizada em termos da população. Pode ser

utilizada:

Quando se estudam determinadas populações cuja listagem completa é impossível

de obter;

Quando o investigador está interessado em estudar determinados indivíduos;

Na fase exploratória da pesquisa.

Trabalho individual

1.- Análise o seguinte paragrafo: “A riqueza de um país não se mede somente pelo seu PIB

e pela produção de riqueza material, típica das sociedades industriais, mas também pelo

seu potencial de produção científica e pelo manancial dos seus cientistas”

2.- Interpreta o seguinte esquema:

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3.- De uma fonte bibliográfica seleccionada pelo estudante, elabore uma ficha bibliográfica,

de resumo e de citação.

4.- A partir do tema seleccionado por você:

a.- Formule um título para seu trabalho

b.- Formule um objectivo geral

c.- Formule o problema

d.- Formule a hipóteses

e.- Determine as variáveis dependentes e independentes

5.- Elabore um questionário misto, uma entrevista semi-estructurada e uma ficha de

observação do tema de trabalho seleccionado pelo estudante.

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ICT INVESTIGADOR

FICHAFICHEIRO DO

INVESTIGADOR

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Tema VI “O Protocolo de Investigação Cientifica

Objectivos

Interpretar e aplicar com sentido criativo, a estrutura que propomos para realizar o

Protocolo de Investigação.

6.1 Introdução

Antes de ser realizado, um trabalho de pesquisa precisa ser planejado. O Protocolo ou

Projecto de Investigação Científica é o registro deste planeamento.

Ele indica o caminho a ser seguido durante o processo de investigação. Esta planificação

evita muitos imprevistos e duvidas no decorrer do trabalho. Esclarece para os

investigadores os rumos do estudo (o que pesquisar, como, por quanto tempo, etc.) e é uma

via para expressar os propósitos de investigação, para que seja aceite pela comunidade

científica.

Serve como meio de comunicação e permite a outros especialistas tecer comentários e

críticas, contribuindo para um melhor encaminhamento da pesquisa.

O Protocolo é a criatividade dos investigadores. Cada Protocolo de Investigação é uma

nova obra, produto do pensamento criador, é uma nova criação.

O Protocolo se cria a partir dos conhecimentos prévios sobre a estrutura do processo de

investigação científica e os conhecimentos que possuem sobre o tema que vai investigar.

Os conhecimentos sobre o tema devem ser acompanhados desde o primeiro momento em

que se decide fazer a investigação, pela leitura e estudo de trabalhos prévios, relacionados

com o tema de investigação.

O Projecto de Pesquisa, como planeamento das actividades a serem desenvolvidas,

possibilitara ao pesquisador impor-se uma disciplina, não só, a respeito da ordem de

procedimentos lógicos e metodológicos mais também em termos de organização e

distribuição do tempo.

6.2 Estrutura do Protocolo ou Projecto de Investigação Científica

Segundo critérios de alguns investigadores o Protocolo ou Projecto de Investigação, deve

responder as seguintes perguntas:Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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Page 99: Fasciculo MIC 1 Arte

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O que pesquisar? (Definição do problema, hipótese, fundamentação teórica e

conceptual);

Por que pesquisar? (Justificativa da escolha do problema);

Para que pesquisar? (Propósitos do estudo, seus objectivos);

Como pesquisar? (Metodologia);

Quando pesquisar? (Cronograma de execução);

Pesquisado por quem? (Autores, orientadores, outros).

Ao enunciar essas indagações, estamos relacionando os pontos fundamentais para a

elaboração de um projecto de pesquisa.

Como organizar o Protocolo de Investigação?

No Protocolo devem aparecer neste ordem:

1.- Apresentação;

2.- Índice;

3.- Introdução;

4.-Justificativa;

5.- Fundamentação teórica;

6.- Objecto de estudo;

7.- Metodologia;

8.- Cronograma de trabalho;

9.- Bibliografia;

10.- Anexos.

Esta estrutura não difere muito das muitas existentes com esta finalidade; precisamente é o

Protocolo o documento elaborado nos primórdios do processo de investigação e expressa

em sínteses a organização, preparação e planificação da mesma.

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6.2.1 Apresentação

A apresentação indica os aspectos essenciais á compreensão da pesquisa que se pretende

realizar. Nela aparecem aspectos de identificação do projecto como a instituição, disciplina,

tipo de trabalho e tema, que podem aparecer na capa ou na primeira página do trabalho.

A capa refere-se à protecção externa do trabalho, reunindo um conjunto de informações

sobre o projecto de pesquisa.

Deve aparecer na capa:

Nome da instituição: Universidade “Gregório Semedo”;

Metodologia da Investigação;

Trabalho de Curso;

Título do Trabalho (nesse ordem).

O título expressa com claridade e precisão o conteúdo da pesquisa, o que se pesquisa.

Surge da relação estreita que entre o problema que se investiga e os objectivos da

investigação.

O exemplo a seguir pode servir de modelo para a capa do Projecto ou Protocolo da

Disciplina de Metodologia da Investigação Científica (MIC):

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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UNIVERSIDADE GREGORIO SEMEDO

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TRABALHO DE CURSO

TITULO DO TRABALHO

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Na primeira folha do trabalho (não numerada) encontra-se a folha de rosto. Ela é a fonte

principal de identificação.

Deve conter os seguintes aspectos:

Protocolo de Investigação;

Título do trabalho;

Autores

Turma

Curso e ano que cursa

Ano lectivo

A continuação se apresenta um exemplo para a disciplina de MIC:

6.2.2 Índice

Na primeira folha do Projecto deve aparecer o índice com a paginação. Se elabora depois

de digitar o trabalho, quando conhecemos o número total de páginas e o conteúdo que

aparece em cada página. Devem estar presente o número do capítulo, o conteúdo e a

página

Exemplo:

INDICE

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TITULO DO TRABALHO

AUTORES:

CURSO:TURMA:ANO QUE CURSA:

2009-2010

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I Introdução 1

II Justificativa 2

III Fundamentação Teórica 4

IV Objecto de estudo 7

Problema 7

Hipótese 7

.

.

.

.

6.2.3 Introdução

A Introdução deve, num primeiro momento, fornecer ao leitor, de modo claro e preciso, uma

visão global da pesquisa a ser realizada, apresentando o que se pretende investigar.

Expressa brevemente a delimitação do tema que pretendem investigar.

Finalmente devem aparecer os objectivos gerais e específicos da investigação.

Deve ser escrita numa linguagem simples e concisa, buscando-se responder às questões:

quem, o que, por que, quando, onde e como.

6.2.4 Justificativa

Se os objectivos respondem a pergunta Para quê? A justificativa do Protocolo responde a

pergunta: Porquê?

Deve expressar com relevância, o por que? a pesquisa deve ser realizada. Quais motivos a

justificam?

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A justificativa deve expressar a capacidade de convencer dos pesquisadores para realizar a

pesquisa, deve expressar por que é necessária a sua realização, deve expressa

necessidade de ordem teórico e motivos de ordem prático, porque é importante a realização

da pesquisa. Se justifica correctamente o porquê então será aceite e poderá efectuar-se a

investigação.

Uma boa justificação deve expressar:

Porquê o tema é importante do ponto de vista geral e para os casos particulares, o

quê soluciona, o que resolve, para a sociedade, tecnológica, ciência e outros.

Possibilidade de sugerir modificações que beneficiam a sociedade, indústria,

comércio, saúde, educação, outros.

Descoberta de soluções para casos gerais ou particulares.

Contribuição teórica para a pesquisa, para a compreensão, intervenção ou solução

do problema trará a realização da investigação.

Destacar a relevância intelectual e prática do problema investigado.

Se a justificativa não é boa, com certeza absoluta que ninguém vai apostar no projecto.

6.2.5 Fundamentação teórica e conceptual. Definição de termos.

A Fundamentação teórica é a base de sustentação da investigação. Se refere basicamente

a os trabalhos científicos consultados.

Expressa os aspectos mais relevantes da literatura científica consultada que servem de

base para o trabalho de investigação.

É imprescindível a definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e conceitos a

serem utilizados. Deve ser sintética e objectiva, estabelecendo as relações entre a teoria e

o problema a ser investigado.

Teorias estudadas Problema de investigação estudado

Sua redacção deve obedecer em primeiro lugar ao cumprimento das regras estabelecidas

por cada instituição.

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Para começar o investigador tem a obrigação de, sem prejuízo da exposição dos dados e

conceitos, condensar o texto estudado tanto quanto for possível, apresentando as ideias

principais dos principais autores da área.

Afim de levar a uma melhor compreensão do assunto estudado, um ponto importante da

revisão é a forma como ela é organizada, por isso pode ser dividida em tantas subsecções

quanto desejáveis dependendo do objectivo do trabalho.

È importante que todos os trabalhos revisados devem estar associados à fonte de

referência no texto, e essa referência deve estar incluída nas referências bibliográficas no

final do trabalho. Os parágrafos que não tiverem citação serão valorizados como contendo

opiniões pessoais do investigador.

Apontamentos de aulas, conferências, etc., não têm admissibilidade científica, senão

quando publicadas e devidamente referenciadas. Na eventual ausência de elementos

comprovativos, os dados bibliográficos (ou outros) não deverão ser utilizados como parte

integrante do trabalho. Deve-se evitar referenciar fontes cuja consulta seja difícil ou

impossível, tais como comunicações pessoais, eventos sem actas, e documentos de

circulação restrita ou temporária.

Existem diversas maneiras para referenciar as fontes originais dentro do texto. Uma

metodologia muito utilizada é "autor-data" ou Sistema "Harvard".

Em ela, o autor pode estar pode estar citado ao inicio do paragrafo ou ao final dele. Um

exemplo pode ser:

Ex.: PRAHALAD (1997) afirma que na maior parte das vezes, é a percepção do gerente

sobre o funcionário que define a competência do mesmo.

Caso se trate de uma citação directa, ou da reconstrução pessoal e precisa de uma

determinada parte do texto original, as indicações serão acrescidas das páginas

consultadas.

Ex.: A investigação levada a cabo até hoje nesta área demonstra que a importância,

que a análise estratégica externa tem para as empresas, pode ser inferida pela forma

como as actividades de análise são integradas no processo de planeamento

estratégico (COSTA, 1997, p. 3).

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Sem a citação directa consiste na transcrição fiel do texto do próprio autor, que, caso seja

inferior a duas linhas de texto, aparecerá entre aspas no corpo do documento. As citações,

entre aspas, deverão possuir a sinalética "(...)" sempre que não se produza inteiramente um

período ou um parágrafo.

Ex.: De facto, e conforme de LARA e da SILVA (2004, p 8) “(…) a implantação da

Avaliação de Desempenho por Competências mostrou-se positiva, aumentando o

estímulo e motivação para o trabalho, pois a objectividade, clareza e transparência

contribuem na obtenção dos objectivos e resultados individuais e

consequentemente, também nos resultados da organização”

Caso a citação exceda as duas linhas de texto, será destacada e em letra de fonte menor

(tamanho 10) conforme apresentado no seguinte exemplo.

Ex.: O conhecimento destes eventos permite aos gestores a identificação das

principais tendências na sua área de negócios, podendo orientar as acções das suas

empresas de forma consonante. Com base nos resultados deste estudo, AGUIAR

(1967, p.VII) definiu análise estratégica externa como:

A recolha e análise de informação sobre eventos no ambiente empresarial externo,

cujo conhecimento assistirá os gestores na sua tarefa de programar e conduzir o

futuro da empresa.

Quando se pretende citar um autor que foi inicialmente referido por outro - fonte indirecta -

deverá utilizar-se os termos "cit. in".

Ex: De acordo com JAIN (cit. in COSTA, 1997), a eficácia do planeamento estratégico

está directamente relacionada com a capacidade de análise estratégica externa.

ou

A eficácia do planeamento estratégico está directamente relacionada com a

capacidade de análise estratégica externa (JAIN cit. in COSTA, 1997).

Nos casos de inclusão ou de referência textual de uma obra com três ou mais autores, no

corpo do texto a referência aparecerá da seguinte forma: SMITH et al. (1991), ou (SMITH et

al., 1991).

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Se recomenda um uso cuidadoso das notas em rodapé. Estas deverão ser relativas a dados

que não necessitem de ser expressos no próprio corpo do trabalho.

Deve-se também evitar a utilização de muitos estilos gráficos diferentes no documento, tais

como itálico, negrito, aspas, ou palavras sublinhadas. É preferível adoptar um estilo

coerente e uniforme, sem que tal prejudique a compreensão do texto.

Dicas Gerais:

Use frases curtas

Pense antes de escrever

Seja conciso

Evite estrangeirismo e neologismos.

Não usar abreviações

Não repetir várias vezes a mesma palavra

Não introduzir no texto idéias vagas, obscuras e não compreendidas por você

Não fugir ao tema

Definição de termos. Todos aqueles termos que se utilizam e que são ambíguos, devem

ser definidos, para esclarecer o sentido que é utilizado na investigação.

6.2.6 Objecto de Estudo

No Protocolo de Investigação o Objecto de Estudo vai acompanhado pelo Problema da

Investigação, a Hipótese e as Variáveis.

O objecto de estudo indica o que se estuda. O estudo pode ser um elemento ou

componente e então o objecto de estudo é singular, embora na maioria dos casos o objecto

de estudo é uma relação entre um ou mais objectos, fenómenos, processos, outros.

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O Problema deve expressar com claridade, precisão qual a dificuldade que se pretende

resolver.

Se temos problema de investigação, então podemos ter hipótese. Formulando o

problema cientificamente válido propõe-se uma resposta, “suposta favorável e

satisfatória”. - Essa resposta é a Hipótese.

As variáveis estão estreitamente vinculadas com hipótese, se encontram explicita ou

implicitamente nela.

As variáveis são elementos que variam dentro do sistema, são de diferentes tipos:

independentes, dependentes e controladas entre outras.

Para sua elaboração devem ser analisado o capítulo V do referido fascículo.

6.2.7 Metodologia

A metodologia no Protocolo ou Projecto de Investigação é a explicação detalhada e rigorosa

de todos os métodos, procedimentos e técnicas a ser utilizados durante o trabalho de

investigação, a fim de garantir a obtenção de dados que permitam atingir os objectivo

propostos e chegar a conclusões e recomendações científicas.

Estão directamente relacionados com:

O problema a ser estudado;

A hipótese levantada e que queiram confirmar;

O tipo de informante com que se vai entrar em contacto para recolher os dados.

Os métodos se utilizam em combinação de dois ou mais métodos teóricos e práticos. Nunca

se utiliza um só método. Os investigadores criam novas técnicas, novos instrumentos,

novas formas para recolher e avaliar a informação colectada.

O procedimento é a forma de proceder durante o processo de investigação, é dizer como

vai – se realizar e a ordem das actividades fundamentais, explicar as técnicas para obter

informação é também uma forma de proceder; assim como dizer quem vai aplicar as

mesmas, em que horário, em quais condições, como se vai processar a informação na

terceira etapa, também é uma forma de proceder, que é parte dos procedimentos.

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As técnicas correspondem a parte prática da colecta ou recolhida de dados ou informação,

embora estas técnicas se realizam quando aplicamos os instrumentos mencionados

anteriormente.

Toda metodologia de investigação deve dar resposta a seguinte perguntas:

Qual o tipo de pesquisa?

Qual o universo da pesquisa?

Será utilizada que tipo de amostragem?

Quais os instrumentos de coleta de dados?

Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?

Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?

Como interpretará e analisará os dados e informação obtida?

Portanto, deverão estar presente na metodologia do trabalho o tipo de pesquisa a realizar

(ex: estudo de caso, investigação-acção, experimental, etc), a população em estudo, assim

como o tamanho da amostra e processo de amostragem empregado e a justificação da sua

escolha.

Deverão estar referenciados os instrumentos a utilizar no trabalho (entrevista, questionário,

observação científica, etc), seus objectivos e a quem serão aplicados.

Enfim, deve ser explicado tudo aquilo que será utilizado durante o trabalho de pesquisa.

6.2.8 Cronograma

O Protocolo de investigação deve traçar o tempo necessário para a realização de cada uma

das etapas propostas no processo de investigação. Muitas tarefas podem, inclusive, ser

realizadas simultaneamente.

Tarefas que devem aparecer no cronograma entre outras são revisão de trabalhos prévios,

reuniões para determinar os objectivos, objecto de estudo, problema de investigação,

hipótese, colecta de dados, aplicação de instrumentos, selecção da amostra, observação

de..., análise dos resultados,...

Diversas formas para realizar o cronograma de trabalho existem.

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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Exemplo de Cronograma de trabalho da investigação:

Nº Actividades ou Tarefas Data Participantes Responsável Observaç.

01 Reunião para determinar o

tema

17-07-

05

Todos Chefe equip

02 Revisão de trabalhos prévios 18- 07-

05

09-07-

06

Todos Chefe de

equipa

03 Reunião para delimitar o tema 25-07-

05

Todos Alberto

04 Reunião para determinar título

e objecto de estudo da

investigação

01-08-

05

Todos Chefe de

equipa

05 Elaborar objectivos, problema

e hipótese

03-08-

05

10-08-

05

Dr. Alberto;

Dra.Helena,

Lic. João

Dra. Helena

06 Elaborar Instrumentos

-Inquérito por questionário.

-Entrevista;

Ficha de observação

21-09-

05

12-10-

05

Todos Chefe de

Equipa

07 Aplicar questionário ? ? ?

08 Aplicar entrevista ? ? ?

09 Processar informação ? ? ?

10 Elaborar informe da

investigação

Todos ?

11 Entregar informe da

investigação

17-07-

06

Dra. Marcia Dr. Ricardo

6.2.9 Bibliografia

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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As Referências Bibliográficas referem-se ao conjunto de documentos consultados e

mencionados no corpo/texto do trabalho, isto é, documentos que foram efectivamente

citados no texto, o seja, informam ao leitor a respeito das fontes que serviram de referência

para a realização da pesquisa que resultou no trabalho escrito.

Estas devem aparecer em ordem alfabético e o formato usual para este tipo de cita é:

1.- ultimo sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, primeiros nomes, ponto. Título da

obra, ponto, edição, ponto, local de edição, dois pontos, nome da Editora, vírgula, ano da

publicação, virgula, números de páginas, ponto.

Ex.: CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa:

ISCSP Ed., 2008, 200 pp.

Chama-se a atenção que:

O último apelido do autor pode ser registrado em maiúscula ou não, não entanto, o

critério de registro deve ser uniforme para todo o trabalho.

Quando se trata de uma obra de auditoria colectiva se adopta:

até três autores procede-se da mesma forma, separando os nomes por ponto

e virgula (;)

Ex.: MARTINS, Pedro; Souza, Carlos F., Métodos Modernos de Gestão, São Paulo: Fontes

Ed., 1994, 250p

para mais de três autores menciona-se o primeiro seguido da expressão

et al.

Ex.: ALTAMIRO, J. S. et al. A metodologia do ensino na graduação. 2 ed. Rio de Janeiro:

Vozes Ed., 1988, 120 pp

2.- Entidade colectivas, em geral entra-se pelo nome da entidade em caixa alta.

Ex.: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para

apresentação de trabalhos. Curitiba, 2000

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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3.- O título, dada sua importância deve ser destacado, umas vezes a negrito, outras a

itálico, outras a sublinhado, o importante é usar um critério uniforme.

4.- Pode ser colocado o local de edição e a editora sem ed. E quando se trata de uma co-

edição ou de um livro publicado em vários locais, essa informação deve ser separada por

uma barra.

5.- Quando falta alguma informação bibliográfica essencial deverá ser registrada da forma

seguinte: sem data = s/d; sem editor = s.n; sem local de edição = s.l.

6.- No caso de artigos inseridos em revistas, deverão ser assinalados com o título em letra

normal, seguido do título da fonte original em itálico, volume, número da revista, e intervalo

de páginas correspondentes ao artigo.

Ex.: AAKER, D. A. Organizing a Strategic Information Scanning System. California

Management Review, 25(2), 1983, pp. 76-83.

7.- Os artigos sem nome de autores (ex. artigo de jornal ou relatórios de empresas),

deverão estar alfabeticamente explicitados a partir do nome da organização ou fonte

responsável pelos mesmos

Ex.: HORWATH CONSULTING Portuguese Hotel Industry 1990. Lisboa, Horwath

Consulting, 1991.

8.- No caso de capítulos inseridos em obras, estes deverão ser assinalados com:

Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título da obra, a designação In, Sobrenome, N. [Nome] da

obra colectiva, Título da Obra colectiva entre aspas, Edição [quando existente]. Lugar de

Publicação, Nome da Editora, p. x [ou, pp. x-xx]

Ex.: AXELROD, R. Decision for Neoimperialism: The Deliberations of the British Eastern

Committee in 1918. In: Axelrod, R. (Ed.). The Structure of Decision: The Cognitive Maps of

Political Elites. Princeton, NJ, Princeton University Press, 1990, 23-55 pp.

9.- Muitas vezes torna-se útil fazer referência ao numero total de paginas da obra.

Dr Prof. Ricardo Richards Mesa, Dra. Maria Elena Pérez Martinez, Dra Sónia Fuertes Blanco, Dr Rene Batista.

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10.- No caso de documentos disponíveis na internet deverão ser assinalados da seguinte

forma: Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título do documento. [Em linha]. Disponível em

"<"endereço">" [Consultado em data].

Ex.: SCHAUM, D. Blind Signature Technology and Digital Privacy. 1996. [Em linha].

Disponível em http://www.digicash.com/publish/sciam.htm. [Consultado em 06/09/1999].

11.- No caso de se referirem locais na Internet, páginas principais, pessoais ou de

instituições, deve-se utilizar o seguinte formato:

Ex.: The International PGP Home Page. [Em linha]. Disponível em http://www.pgpi.com/.

[Consultado em 06/09/1999].

12.- No caso de se referirem publicações em revistas digitais, deve-se utilizar o seguinte

formato

Ex.: ZACK, M. (1999). Managing Codified Knowledge. Sloan Management Review, 40(4).

[Em linha]. Disponível em http://mitsloan.mit.edu/smr/ past/1999/smr4044.html. [Consultado

em 06/09/1999].

13.- No caso de se referirem publicações em formato CD-ROM, deve utilizar-se o seguinte

fformato:

Ex.: ASSOCIATION FOR COMPUTING MACHNERY (1997). 1997 Electronic Catalog. [CD-

ROM]. New York, John Wiley & Sons, Inc. IBM PC e compatível, Macintosh.

6.2.10. Anexos

Os anexos são conteúdos que complementam as ideias presentes no corpo do trabalho,

mas que não se justifica a inclusão delas ali.

Deve ser anexado sem numeração de páginas, os modelos dos instrumentos a serem

utilizados na pesquisa como questionários, entrevistas, guias de observação, testes, enfim

anexar, aquelas informações que considere necessárias para melhor compreensão do

Protocolo de Investigação.

Devem ser indicados por letra, em ordem alfabética e na ordem em que aparecem no texto.

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Ex.: ANEXO A, ANEXO B, ANEXO C, etc.

Devem ser citados no texto entre parênteses, quando vierem no final da frase. Ex.:

Afim de avaliar o grau de satisfação dos funcionários do departamento de produção da

empresa será aplicado um questionário misto a amostra seleccionada (ANEXO A).

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Tema VII.- Estrutura do trabalho de conclusão de curso

A elaboração de um trabalho universitário no processo de conclusão de um curso superior

deverá mostrar o grau de conhecimento adquirido ao longo de seus estudos e para o que

contribuíram as múltiplas disciplinas recebidas.

O trabalho apresenta uma estrutura composta de elementos obrigatórios e elementos

opcionais, escritos em uma ordem determinada, estabelecida por cada instituição.

Segundo o Regulamento dos Trabalhos de Conclusão do Curso da UGS a estrutura a

seguir é:

Capa de apresentação

Refere-se à protecção externa do trabalho e reúne um conjunto de informações sobre a

pesquisa.

Deve ser elaborada segundo o estabelecido no regulamento dos Trabalhos de Conclusão

do Curso, artigo 14º, epigrafe 3.

A continuação uma folha em branco e outra que deverá repetir a capa inicial, segundo o

disposto no citado regulamento.

O regulamento estabelece uma quarta folha com o nome do autor, o titulo do trabalho,

assinatura do autor e no canto inferior direito a inscrição “Trabalho de Conclusão de Curso

apresentada à Universidade Gregório Semedo como parte dos requisitos para obtenção do

grau académico de Licenciado em …” e um espaço reservado à assinatura dos membros do

Júri com as designações: orientador, arguente e presidente.

É importante que no momento da entrega do trabalho ao Director da Faculdade o documento

se encontre assinado pelo autor e orientador, a fim de atestar a originalidade do trabalho

apresentado.

Dedicatória

A dedicatória é opcional, onde o autor dedica seu trabalho a alguém que tenha contribuído

de forma muito pessoal para sua consecução.

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Deve ocupar uma página própria, sem ornamentos gráficos, com a maior sobriedade

possível.

Agradecimentos

Folha opcional onde o autor agradece, de modo sucinto, a uma ou mais pessoas e/ou

instituições que colaboraram de forma relevante na realização do trabalho.

Devem ser igualmente objectivos, mencionando directamente todos os indivíduos ou

entidades que contribuíram de alguma forma para o bom êxito do trabalho.

Incluem-se geralmente nesta rubrica as palavras de gratidão para com supervisores ou

outros indivíduos que auxiliaram a produção e consecução do trabalho.

Deve ocupar uma página própria.

Sumario

É a relação de títulos das principais divisões, secções e capítulos que compõem o trabalho,

na ordem em que aparecem no texto e com a respectiva indicação de página inicial. Não

devem constar no sumário as partes que o antecedem.

O Sumário não deve ser confundido com o Índice.

Índice

Deve ocupar página(s) própria(s). Tem como propósito ajudar ao leitor, o aceso, por

ordem numérico de páginas do conteúdo que aparece em cada uma. Serve de verdadeira

guia de consulta do trabalho.

Deve ter-se em conta que todo trabalho começa a numerar-se na introdução e que os

anexos não se paginam.

Quando existirem figuras, quadros, gráficos, tabelas e abreviaturas, deverão possuir índices

próprios, logo depois do índice geral e por esta ordem.

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Resumo

Em ele se apresentam de forma concisa os pontos relevantes do trabalho. Deverá conter

uma exposição da temática abordada, apresentação dos objectivos propostos; a

metodologia utilizada, os principais resultados e as conclusões obtidas, assim como as

recomendações.

O resumo deve ser escrito em parágrafo único de aproximadamente 250 palavras, com

frases afirmativas e o verbo no passado. Não se aconselha o uso de abreviaturas.

Geralmente, é escrito em pelo menos duas línguas, a fim de poder ser divulgado nos

circuitos académicos internacionais.

Após o resumo, deverão ser incluídas as palavras-chave, que são as palavras mais usadas

no decorrer do texto e que descrevem os elementos essenciais da informação.

Normalmente aconselha-se o uso de seis palavras-chave.

Introdução

A Introdução deve, num primeiro momento, fornecer ao leitor, de modo claro e preciso, uma

visão global da pesquisa realizada.

Deve expressar a situação do tema no tempo e no espaço, sua importância para o

desenvolvimento da área pesquisada e qual o motivo que leva o pesquisador realizar o

trabalho. Busca-se, na introdução, responder às questões: quem, o que, por que, quando,

onde e como.

A introdução não deve conter sub-capítulos e deve ser escrita numa linguagem simples e

concisa.

Após a Introdução, mas dentro deste mesmo capítulo, devem ser apresentados os

objectivos.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A fundamentação teórica é a base de sustentação da investigação. Nesse capítulo, o autor

deve demonstrar conhecimento da literatura básica sobre o assunto, resumindo os

resultados de estudos feitos por outros autores.

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Sua redacção deve obedecer em primeiro lugar ao cumprimento das regras estabelecidas

por cada instituição.

O texto deverá ser escrito no presente do indicativo e mostrar que é um documento da

autoria do aluno.

Quando precisar incluir tabelas, quadros, gráficos e figuras devem obedecer uma

padronização.

Os elementos essenciais da tabela e quadros são:

Título: deve mencionar o conjunto e variáveis examinados, precedido da palavra TABELA

ou QUADRO seguida da numeração. Deve ser auto-explicativo e as colocado na parte

superior dela.

Corpo: se refere ao conjunto de colunas e linhas, que contêm, respectivamente, em

posição vertical e horizontal, informações sobre o fenómeno investigado.

Fonte: Deve ser mencionado o autor e ano do trabalho em que se encontra a

informação seleccionada, a menos que a ilustração tenha sido elaborada pelo estudante.

Exemplo:

TABELA 1. Importações Nacionais de Máquinas para Fabricar Malhas

1990 - 1994

Anos Valor ( US$ 1.000 )

1990 69.111

1991 61.250

1992 34.230

1993 56.005

1994 99.520

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo

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A diferencia entre TABELA e QUADRO consiste em que “o QUADRO são as apresentações

de tipo tabular que não empregam dados estatísticos”.

Exemplo:

QUADRO 1. Principais Inovações nos Equipamentos da Indústria Têxtil –

Segmentos de Fiação e Tecelagem

ETAPAS DO PROCESSO

(Equipamentos)

PRINCIPAIS INOVAÇÕES

Filatório a Anel

Filatório Open end

Accionamento individual do fio

Mudanças tecnológicas para redução do

consumo de energia

Desenvolvimento de turbina para produzir

fios mais finos

Incorporação de controle eletrônico

Teares

Incorporação de controlo electrónico

Substituição de lançadeiras por pinças,

projécteis ou jactos de ar/água

Fonte: Banco Nordeste, 1999, p.16.

No caso de GRÁFICOS e FIGURAS o título deve ser precedido da palavra GRÁFICO ou

FIGURA seguida da numeração. Diferentemente das TABELAS, a especificação das

informações relativas ao título e fonte deve constar abaixo do gráfico ou figura.

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GRÁFICO 1. Produto Interno Bruto do Brasil no período de 1990 – 1995, a

preços constantes de 1995.

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, 1995.

METODOLOGIA DE TRABALHO

Neste capítulo se realiza uma explicação detalhada e rigorosa de todos os métodos,

procedimentos e técnicas utilizados durante o trabalho de investigação, a fim de garantir a

obtenção de dados que permitam atingir os objectivo propostos e chegar a conclusões e

recomendações científicas. É escrito no pretérito perfeito.

Toda metodologia de investigação deve dar resposta a seguinte perguntas:

Qual o tipo de pesquisa?

Qual o universo da pesquisa?

Será utilizada que tipo de amostragem?

Quais os instrumentos de coleta de dados?

Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?

Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?

Qual serão os métodos estatísticos a serem utilizados na analise de dados?

Como interpretará e analisará os dados e informação obtida?

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, com o uso do raciocínio lógico se processam, analisam e interpretam os

dados obtidos a partir da aplicação dos instrumentos de trabalho a amostra seleccionada

com a finalidade de comprovar a hipótese.

A apresentação dos resultados da investigação deve, sempre que possível, assumir a forma

de tabelas ou de gráficos que possibilitem uma leitura imediata e fácil. Se se tratar de dados

quantitativos, não se deve dispensar a apresentação das estatísticas obtidas.

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Cada resultado alcançado deve ser discutido no quadro da hipótese com a qual está

relacionado e de acordo ou desacordo aos resultados achados por outros investigadores ou

outros estudos. Devem ser estabelecidas generalizações a partir das informações

adquiridas.

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A elaboração da conclusão tem por finalidade reafirmar sinteticamente a ideia principal e os

pormenores mais importantes já colocados no corpo da pesquisa.

As recomendações são declarações concisas de acções necessárias a partir das

conclusões obtidas, a serem usadas no futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As Referências Bibliográficas referem-se ao conjunto de documentos consultados e

mencionados no corpo/texto do trabalho. Estas devem aparecer em ordem alfabético e o

formato usual para este tipo foi já citada neste texto.

ANEXOS

Os anexos são conteúdos que complementam as ideias presentes no corpo do trabalho,

mas que não se justifica a inclusão delas ali. O objectivo da inclusão de anexos é dar maior

fundamentação ao trabalho.

Deve ser anexado sem numeração de páginas, os modelos dos instrumentos a serem

utilizados na pesquisa como questionários, entrevistas, guias de observação, testes, enfim

anexar, aquelas informações que considere necessárias para melhor compreensão.

Os originais das respostas manuscritas aos questionários e a transcrição integral das

entrevistas devem ser arquivados em pastas separadas do TCC, para comprovação, no

caso de surgirem dúvidas. Alguns autores incluem-nos em anexos.

FORMATAÇÃO DO TRABALHO

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Segundo o regulamento de TCC artigo 14º, epigrafe 6 e 7, a formatação do documento

deve obedecer às seguintes regras:

a. Formato A4 impresso só de um lado;

b. Tipo gráfico Times New Roman, com uma fonte de 12 pontos;

c. Justificação do texto à esquerda e à direita;

d. Espaço entre linha de 18 pontos (uma linha e meia);

e. Espaço entre parágrafos de 24 pontos (linha dupla);

f. Margem superiores r inferiores de 2,5 cm;

g. Margem direita de 2,5 cm;

h. Margem esquerda de 3,5 cm;

i. Numeração de paginas com o mesmo tipo, mas com fonte de 10 pontos, centrada

na margem inferior, a uma distância de 1,5 cm do corpo de texto;

j. Título do trabalho com o mesmo tipo mas com fonte de 10 pontos, de forma integral

ou abreviada, na margem superior a 1,5 cm do corpo do texto, alinhada pela

margem direita;

k. Notas de rodapé compostas com o tipo gráfico Times New Roman, com uma fonte

de 10 pontos.

O TCC deve ser encadernado utilizando argolas plásticas, sendo a capa em acetato incolor

transparente e a contracapa em acetato de cor à escolha do estudante.

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