45
FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO * 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define técnica desportiva como "um sistema especializado de ações motoras simultâneas e conseqüentes, orientadas para a cooperação racional das forças internas e externas (que participam no movimento), com o fim, de utilizá-las de forma completa e efetiva para a obtenção de (elevados) rendimentos desportivos". Para ROTHIG (1983) a técnica desportiva é "uma seqüência específica de ações motoras que têm como objetivo solucionar as tarefas exigidas por determinadas situações desportivas". Ao dizer-se que este ou aquele praticante tem uma boa técnica isto significa que a sua forma de resolver uma tarefa colocada por um exercício ou pela competição é: i) Mais precisa, ii) Mais segura e, iii) Mais econômica. Em consonância com o referido MATVEIEV (1986) refere que o "critério mais geral da eficiência de uma técnica desportiva é determinado pela diferença entre o resultado desportivo realmente conseguido e o resultado calculado, que o praticante poderia ter conseguido se utilizasse o máximo das suas possibilidades morfológico-funcionais". 1.2 A Importância da Técnica nas Diferentes Modalidades Desportivas A técnica é para a grande maioria das modalidades desportivas fator importante da sua estrutura de rendimento e para algumas é mesmo o ele preponderante e determinante desse rendimento. Com efeito, esta importância deriva essencialmente da complexidade das habilidades motoras por ela e logo, a técnica tem para cada um delas uma função característica, contexto, CARVALHO (1988) citando DJATSCHKOW distingue quatro graus de modalidades: as modalidades de força explosiva, as modalidades de resistência, as modalidades de exatidão e as modalidades de estrutura complexa. Nas modalidades de resistência, como por exemplo, o meio-fundo e fundo do atletismo, o ciclismo, a natação, o remo, a canoagem, etc., a técnica serve para tomar econômico o processo motor. Nelas o objetivo do treino técnico é o incremento da eficácia dos impulsos que se sucede com diferentes * Disponível on line via: http://www.cm-cantanhede.pt/piscinas/img/pdf/Tecnicas_de_nado.pdf

FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO*

1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO

1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define técnica desportiva como "um sistema especializado de ações motoras simultâneas e conseqüentes, orientadas para a cooperação racional das forças internas e externas (que participam no movimento), com o fim, de utilizá-las de forma completa e efetiva para a obtenção de (elevados) rendimentos desportivos". Para ROTHIG (1983) a técnica desportiva é "uma seqüência específica de ações motoras que têm como objetivo solucionar as tarefas exigidas por determinadas situações desportivas". Ao dizer-se que este ou aquele praticante tem uma boa técnica isto significa que a sua forma de resolver uma tarefa colocada por um exercício ou pela competição é:

i) Mais precisa, ii) Mais segura e, iii) Mais econômica.

Em consonância com o referido MATVEIEV (1986) refere que o "critério mais geral da eficiência de uma técnica desportiva é determinado pela diferença entre o resultado desportivo realmente conseguido e o resultado calculado, que o praticante poderia ter conseguido se utilizasse o máximo das suas possibilidades morfológico-funcionais".

1.2 A Importância da Técnica nas Diferentes Modalidades Desportivas

A técnica é para a grande maioria das modalidades desportivas fator importante da sua estrutura de rendimento e para algumas é mesmo o ele preponderante e determinante desse rendimento. Com efeito, esta importância deriva essencialmente da complexidade das habilidades motoras por ela e logo, a técnica tem para cada um delas uma função característica, contexto, CARVALHO (1988) citando DJATSCHKOW distingue quatro graus de modalidades: as modalidades de força explosiva, as modalidades de resistência, as modalidades de exatidão e as modalidades de estrutura complexa. Nas modalidades de resistência, como por exemplo, o meio-fundo e fundo do atletismo, o ciclismo, a natação, o remo, a canoagem, etc., a técnica serve para tomar econômico o processo motor. Nelas o objetivo do treino técnico é o incremento da eficácia dos impulsos que se sucede com diferentes * Disponível on line via: http://www.cm-cantanhede.pt/piscinas/img/pdf/Tecnicas_de_nado.pdf

Page 2: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

intensidades a fim de evitar desperdícios de energia. Para estas modalidades a técnica tem como função diminuir a fadiga.

1.3 Planejamento da Preparação Técnico Desportiva Iremos seguidamente analisar a preparação técnico-desportiva dos praticantes em função do processo de planejamento plurianual e anual, microciclo e unidade de treino.

1.3.1 Durante o Processo Plurianual e Anual De um modo geral, segundo MATVEIEV (1986) o processo plurianual da preparação técnica do praticante/jogador pode ser dividido em duas fases principais: a fase da preparação técnica de base e a fase de aperfeiçoamento técnico. A Fase da Preparação Técnica de Base Esta fase inclui o ensino inicial da técnica desportiva da modalidade e uma preparação desportiva convenientemente concebida que possa servir de base para o posterior aperfeiçoamento do praticante graças à acumulação de um rico conjunto de aptidões técnico-desportivas. O ensino, na acepção mais imediata da palavra, manifesta-se mais completamente na primeira fase. Mas continua ainda na segunda fase a ser um dos aspectos de maior importância da preparação desportiva. Apenas se modificam o seu conteúdo concreto e a sua forma. A Fase de Aperfeiçoamento Técnico Na segunda fase da preparação técnica prossegue-se no domínio de novas formas ou variantes da técnica e na sua consolidação e aperfeiçoamento em dependência das exigências de aquisição, conservação e posterior aperfeiçoamento da forma desportiva no âmbito dos grandes ciclos do treino. Um praticante em aperfeiçoamento tem pelo menos três fases de treino técnico em cada cicio (MATVEIEV, 1986): Primeira Fase Coincide de um modo geral, com a primeira metade do período preparatório dos grandes ciclos de treino, quando a preparação do atleta se encontra completamente subordinada à necessidade de criação dos pré-requisitos para o estabelecimento da forma desportiva. Em relação à preparação técnica, é esta a fase de "construção" de um modelo de nova técnica das ações competitivas (ou de uma sua variante), de melhoramento dos seus pré-requisitos, do domínio prático e do estudo (ou novo estudo) de determinados exercícios que fazem parte das ações competitivas e da moderação das suas bases coordenativas gerais.

Page 3: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Segunda Fase Nesta fase, a preparação técnica orienta-se para o domínio completo das ações competitivas e para a formação de aptidões complexas como componentes da forma desportiva. Regra geral, cobre uma parte considerável da segunda fase do período preparatório dos grandes ciclos do treino (fase preparatória especial). Terceira Fase Nesta fase, a preparação técnica é conduzida no âmbito da preparação imediatamente anterior às provas e orienta-se para o aperfeiçoamento das aptidões adquiridas, para a expansão da respectiva g variantes úteis e para a consecução de um certo grau de "segura relação às condições das principais competições. Esta fase costuma começar na parte final do período preparatório do treino e prol pelo período competitivo. Se este for muito longo, o treino conservará, no essencial, os aspectos que o caracterizam na terceira fase e só se modificará parcialmente, em função das partícula especificas da estrutura do período competitivo. O conteúdo e a forma do treino técnico do praticante sofrem influencia:

i) das suas particularidades de assimilação dos procedimentos técnicos em relação à forma desportiva já atingida por este, ii) das peculiaridades da modalidade desportiva praticada, estrutura geral do cicio de treino e, iii) de outros fatores.

Assim, se a técnica do praticante num determinado ciclo de treino estiver sujeita a transformações essenciais e a preparação técnica se reduzir, no essencial, a um pequeno aperfeiçoamento de aptidões anteriormente adquiridas, os limites que separam estas desaparecem e a duração das primeiras fases diminui. Quando há necessidade de reestruturar aptidões firmemente formadas e de erros ou insuficiências fortemente enraizadas, pelo contrário, a pi fase tem de ser prolongada com a introdução de uma fase especial "readaptação" (que costuma coincidir com o período de transição treino).

1.4 O Treino Técnico Durante o Microciclo A aprendizagem, aperfeiçoamento e desenvolvimento da técnica desportiva durante o microcicio de treino devem obedecer, em última análise, a um dos seus princípios metodológicos fundamentais: de treino e o repouso. Deste princípio surgem duas questões essenciais:

- Determinação do exercício ótimo o qual consubstancia uma estrutura (objetivo, conteúdo, forma e nível de performance), e

Page 4: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

componentes estruturais fisiológicas (duração, volume, intensidade e freqüência) e técnico-táctica (espaço, tempo, número e complexidade); e,

- Determinação do momento ótimo de aplicação de uma nova carga de treino, isto é, a sua aplicação deve decorrer em função dos processos regenerativos correspondentes às unidades de treino anteriores, sendo fundamental que esta ocorra no momento em que existe um nível de organização superior (melhoria do rendimento).

1.5 O Treino da Técnica Desportiva na Unidade de Treino Um dado inegável no treino da técnica desportiva é o fato deste decorrer sob uma forte participação do sistema nervoso central. Com efeito, perante um ou mais exercícios de treino o sistema nervoso fatiga-se mais rapidamente que qualquer outro sistema do corpo humano. Daqui se infere que o primeiro aspecto metodológico a reter no treino da técnica desportiva é que a eficácia dos exercícios que o consubstanciam não é determinado pelo volume das modificações funcionais que provocam fadiga, mas sim pela correção e precisão das formas de coordenação dos movimentos. Neste sentido, numa primeira fase de aprendizagem o número de repetições desses exercícios é relativamente pequeno e limitado no decurso de cada unidade de treino especialmente quando haja o perigo da fixação de erros técnicos que derivam de estados de fadiga. Todas as argumentações teóricas sobre a aprendizagem da técnica desportiva referem a regra de "mais vezes e aos poucos”.

Page 5: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

2 TÉCNICA DE BORBOLETA A técnica de borboleta é uma técnica ventral, simultânea e descontínua. A descontinuidade é uma característica da técnica que está ligada à manutenção, no tempo, da produção e aplicação de forças propulsivas e decorre diretamente da sua simultaneidade. A técnica é simultânea pelo fato de que obrigatoriamente as suas ações segmentares contralaterais terem que ser realizadas ao mesmo tempo, o que faz com que as fases propulsivas sejam seguidas de fases resistivas ou não propulsivas.

2.1 Posição do Corpo O movimento ondulatório do corpo tem, em borboleta, uma função equilibradora fundamental, compensando o efeito das ações segmentares simultâneas e permitindo a manutenção do alinhamento horizontal do corpo. Deve-se tentar manter, ao longo do ciclo gestual, tal como nas outras técnicas, uma posição o mais próxima possível da posição hidrodinâmica fundamental. Durante cada ciclo de braços, a posição do corpo assume fundamentalmente 3 formas:

- O corpo tão plano quanto possível durante as fases mais propulsivas da braçada – AD, ALI, AA. A força com que é executado o segundo batimento não deve ser tão grande que eleve a bacia acima da superfície. Utiliza-se apenas para impedir que a bacia se afunde quando as mão se deslocam para cima.

- Durante a primeira metade da recuperação aérea dos braços, os ombros saem fora de água para conduzir os braços para a frente sem arrastarem na água e a bacia afunda um pouco. E realização da inspiração, obrigando à emersão do rosto, leve o nadador a acentuar elevação dos ombros.

- Após a entrada dos braços na água, durante a ALE, a cabeça e os ombros afundam, ao mesmo tempo que o 1º batimento faz com que as ancas percorram um trajeto para cima e para a frente.

2.2 Ação dos Membros Superiores A análise de ação dos membros superiores na técnica de borboleta está dividida em duas fases:

- Trajeto motor - Recuperação

Page 6: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

2.2.1 Trajeto Motor O trajeto motor na técnica de borboleta inicia-se uma vez terminado a recuperação das mãos. Em borboleta, o trajeto motor apresenta as seguintes fases:

- Entrada - Ação lateral exterior (ALE) ou outsweep - Ação descendente (AD) ou downsweep - Ação lateral interior (ALI) ou insweep - Ação ascendente (AA) ou upsweep

Entrada No momento da entrada na água, os membros superiores devem estar em alinhamento com os ombros ou mesmo, se os níveis de força específica e de flexibilidade do nadador o permitirem, com as mãos quase juntas. Estas entram na água rodadas para fora, perto de 45 graus em relação à superfície. Os cotovelos deverão estar ligeiramente fletidos, de modo a permitir a conservação do momento de inércia. Assim, a extensão do cotovelo imediatamente após a entrada possibilita que as mãos iniciem o seu trajeto exterior numa altura em que os antebraços ainda se estão a deslocar para dentro. Ação Lateral Exterior (ALE) Inicia-se logo a seguir à entrada e consiste no afastamento lateral das mãos até que estas ultrapassem a largura dos ombros. É, fundamentalmente, uma ação preparatória. Através da extensão dos braços e o afastamento das mãos, pretende-se a colocação ótima destas últimas, tendo em vista a eficiência das ações subseqüentes. Ação Descendente (AD) Esta fase inicia-se por uma ligeira rotação interna dos membros superiores que, acompanhada por uma ligeira flexão dos cotovelos, permite uma progressiva alteração da orientação das mãos, passando as superfícies palmares a estar orientadas menos para fora, e mais para baixo e para trás. Ao longo desta fase, as mãos colocam-se para baixo e para fora, num trajeto circular e em aceleração constante. Ação Lateral Interior (ALI) Inicia-se quando as mãos passam pelo plano vertical que desce dos cotovelos. A orientação das mãos é para dentro, para cima e para trás,

Page 7: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

seguindo um trajeto circular, em aceleração, também para dentro, para cima e um pouco para trás, até estarem, sensivelmente, por baixo dos ombros e perto da linha média do corpo. Esta ação implica uma flexão acentuada do cotovelo (perto dos 90º). A eficácia desta fase é determinada pela posição alta dos cotovelos, na continuação da AD. Por outro lado, a sua amplitude e o trajeto disponível para a aceleração, é função da amplitude da ALE. Esta ação termina no momento do ciclo gestual em que as mãos estão mais próximas uma da outra. Ação Ascendente (AA) Quando os braços se estão a aproximar da linha média do corpo, a direção do seu movimento é gradualmente alterada de interior para exterior, continuando para cima e para trás. A orientação das mãos é, no seu trajeto ascendente, para trás, para fora e para cima. Esta orientação mantém através da gradual descontração dos músculos que atuam no pulso. É a própria pressão da água que induz a flexão dorsal da mão. Esta é a fase mais propulsiva da braçada e termina quando as mãos se aproximam da porção anterior da coxa, onde ocorre o relaxamento total dos músculos atuantes na braçada, que antecede a saída das mãos da água. Quando os cotovelos começam a emergir as superfícies palmares são orientadas para dentro e para cima reduzindo a pressão realizada sobre a água. A partir deste momento as mãos passam a deslocar-se para cima e também para frente, iniciando o que se designa por fase aquática de recuperação.

2.2.2 Recuperação Os braços saem da água vigorosamente, devido ao impulso final da ação propulsiva, em flexão moderada, com as mãos mantendo a posição se saída (polegares para baixo). Na fase média do trajeto, os braços tomam, em muitos nadadores, uma posição de extensão quase completa (não rígida). O caráter simultâneo das ações segmentares impede a ocorrência de perturbações no alinhamento lateral do corpo. Ao longo desta fase do ciclo gestual, os ombros devem sair da água, permitindo uma recuperação mais alta dos braços, desde que o impulso para a frente seja superior ao ascendente.

Page 8: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

2.3 Ação dos Membros Inferiores A ação dos membros inferiores em mariposa é estruturalmente semelhante ao batimento de pés da técnica de crol. A utilização simultânea dos dois segmentos, leva a que, no entanto, o efeito de “chicotada” apareça como que ampliado, propagando-se desde a região lombar e dorsal, permitindo por outro lado uma maior amplitude de execução, através de uma maior flexão do joelho. Esta ação apresenta-se dividida em duas fases:

- Ação ascendente (AA) - Ação descendente (AD)

2.3.1 Ação Ascendente (AA) Esta fase inicia-se no momento em que as pernas estão em extensão completa e os pés no ponto mais profundo da sua trajetória. A elevação das pernas começa sem que se proceda à flexão dos joelhos. O movimento ascendente dos membros inferiores provoca, como reação, o afundamento da bacia. Quando as pernas estão praticamente alinhadas com o corpo, as coxas são travadas no seu movimento ascendente, continuando os pés a sua trajetória até atingirem a superfície da água. As coxas iniciam imediatamente a sua trajetória no sentido descendente, ao mesmo tempo que ocorre uma flexão passiva do joelho, devido à pressão exercida sobre a água, antes mesmo dos pés atingirem a superfície da água.

2.3.2 Ação Descendente (AD) A aceleração do movimento descendente das coxas vai se processando ao mesmo tempo que a flexão dos joelhos permite aos pés aparecerem à superfície da água, fato que coincide com o ponto mais fundo da trajetória dos joelhos. Através da extensão da perna sobre a coxa, os pés sofrem, então, uma forte aceleração descendente que termina com um “efeito barbatana”, ou seja, um impulso terminal explosivo e uma rápida alteração de direção. A ação descendente da perna e do pé provocam, como reação, a elevação da coxa e de bacia, mantendo o alinhamento horizontal do corpo. No início da acção descendente, quando a flexão ao nível do joelho é máxima, os pés sofrem uma flexão plantar e rotação interna. Durante o trajeto descendente, as pontas dos pés convergem, estando os calcanhares separados pela rotação interior dos pés e das pernas. A flexibilidade específica da articulação tíbio-társica constitui, assim, um importante de desempenho neste gesto técnico.

Page 9: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

2.3.3 Sincronização das Ações dos Membros Superiores / Inferiores

Considera-se ideal para a técnica de mariposa uma relação de dois batimentos “golfinho” para cada ciclo de braços. A AD do primeiro batimento coincide com a entrada dos braços na água e desenvolve-se ao mesmo tempo que ocorre a ALE. Promove o afundamento do ombros e a elevação da bacia, alinhando o corpo após a recuperação aérea dos braços. A AA do primeiro batimento ajuda a baixar a bacia, mantendo-se os membros inferiores numa posição de quase alinhamento com o tronco ao longo da AD e ALI, factor essencial no potenciamento desta acção para fins propulsivos. Permite, por outro lado, a gradual elevação dos ombros, que atingirá o seu pico no fim da AA dos braços e início da recuperação. A AD do segundo batimento coincide com a AA dos braços. Ajuda a manter o corpo alinhado, impedindo o afundamento da bacia. A AA do segundo batimento provoca o afundamento da bacia, facilitando a elevação dos ombros, coincidindo o seu efeito com a fase média da recuperação aérea dos braços.

2.3.4 Respiração A cabeça começa a elevar-se quando se inicia a AD dos braços. O rosto deve sair da água durante a AA, dos braços, e a primeira metade da recuperação, processando-se então à inspiração. À medida que os braços se aproximam do ponto de entrada da água, a cabeça vai baixando, devendo entrar na água antes das mãos, submergindo completamente, mas mantendo-se perto da superfície. Ao anteceder o movimento dos braços, a cabeça pode reforçar o movimento dos ombros para frente e para baixo, constituindo um fator de importância na aquisição e manutenção de um ritmo ótimo de execução.

Page 10: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

2.4 Erros (Causas e conseqüências) mais Comuns na Técnica de Mariposa

2.4.1 Posição do Corpo Erros técnicos

observados Conseqüências negativas Causas aparentes

- Movimentos ondulatórios exagerados.

Aumento da resistência frontal . Compromete o deslocamento horizontal em favor de deslocamentos verticais.

Excessiva extensão lombar após a acçãodescendente das pernadas.

- Simetria do movimento ondulatório

Compromete a acção propulsiva. Falta de acentuação e propagação céfalo-caudal.

- Posicionamento oblíquo do tronco relativamente à direcção de nado.

Aumento da área de secção transversal. Aumento do arrastamento de pressão. Compromete o alinhamento horizontal. Dificulta a recuperação dos membros superiores e acção propulsiva da última fase da braçada.

Elevação exagerada da cabeça. Profundidade exagerada do segundo batimento de pernas. Não fixação dos ombros durante a emersão das vias respiratórias.

- Ombros e cabeça muito profundos durante a entrada das mãos na água.

Aumento do arrastamento de pressão.

Flexão cervical excessiva durante a entrada dos braços na água.

- Extensão cervical exagerada para emersão das vias respiratórias.

Contraria o deslocamento de trás para a frente dos ombros.

Exagerada extensão cervical da cabeça.

- Utilização das mãos como apoio para baixo, para elevar a cabeça fora da água para efectuar a respiração.

Componente de reacção para cima dos ombros e cabeça, com afundamento natural da bacia e membros inferiores.

Má organização e adaptação respiratória.

- Tempo de expiração incompleto.

Compromete a eficácia propulsiva posterior. Compromete a sincronização global da técnica.

Má organização e adaptação respiratória.

- Dedos voltados para baixo durante a fase descendente.

Compromete a acção propulsiva correspondente.

Pés em flexão dorsal. Falta de amplitude articular.

- Flexão plantar rígida durante a acção ascendente.

Componente de reacção para baixo afundando a bacia. Compromete a emersão dos ombros e recuperação dos membros superiores.

Manutenção da orientação do pé durante a acção descendente.

- Extensão incompleta do joelho.

Diminui a capacidade propulsiva da pernada.

Inexistência do movimento de chicote, perna-pé.

- Flexão exagerada dos joelhos.

Aumento do arrastamento de pressão. Compromete a orientação das superfícies propulsivas.

Falta de movimento natural a partir da articulação coxo-fémural.

- Terminar os tempos descendentes com uma profundidade exagerada.

Perturba o alinhamento horizontal. Aumento do arrastamento de pressão. Compromete a recuperação dos membros superiores.

Excessivo afundamento dos joelhos.

Page 11: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- Elevação da cintura pélvica como consequência do 2º tempo descendente da pernada.

Compromete a emersão dos ombros. Dificulta a recuperação dos membros superiores.

Excessiva extensão lombar após o tempo descendente da pernada. Batimento de pernas muito superficial.

- Assimetria do batimento de pernas

Compromete a eficácia propulsiva. Pode provocar desequilíbrios na posição corporal.

Assimetria na acção ascendente da pernada. Incorrecta estruturação e organização motora.

2.4.2 Trajeto Motor

Erros técnicos observados

Conseqüências negativas Causas aparentes

- Acção lateral exterior da braçada com reduzida amplitude.

Compromete a amplitude global da braçada. Compromete a acção propulsiva dos membros superiores.

Necessidade de puxar a água directamente para trás, mais do que privilegiar os deslocamentos oblíquos transversais e verticais.

- Acção lateral exterior da braçada de amplitude exagerada.

Compromete a orientação do trajecto motor durante a sua fase mais propulsiva, a ALI.

Excessiva extensão lombar associada ao timing incorrecto do batimento de pernas (muito tarde).

- Dissimetria espacial da braçada durante a acção lateral exterior da braçada.

Compromete a orientação do trajecto motor durante a AD da braçada.

Assimetria durante a recuperação e entrada dos membros superiores.

- Falta de dissociação do pulso relativamente ao antebraço durante a ALE

Compromete a correcta orientação da mão preparando uma efectiva acção descendente da braçada.

Incorrecta orientação da mão durantea acção lateral exterior. Falta de força nos flexores do antebraço.

- Cotovelos caídos durante a acção descendente da braçada.

A não estabilização antero-posterior do cotovelo, favorece o arrastamento propulsivo pelo deslocamento para trás dos segmentos propulsivos.

Falta de rotação interna dos antebraços. Falta de força nos rotadores do cotovelo.

- Incorrecta orientação das mãos durante a AD da braçada (horizontais).

Limita a eficácia da acção propulsiva. Componente de reacção vertical superior nos ombros.

Mãos horizontais durante a acção lateral exterior da braçada.

- Puxar as mãos directamente para dentro em vez de para fora, trás e baixo (trajecto muito linear).

Exagerar a criação de força propulsiva pelo mecanismo do arrastamento propulsivo. Compromete a eficácia subsequente da ALI.

Associada à pouca amplitude lateral exterior das mão na fase inicial da braçada.

- Colocação dos cotovelos num plano horizontal não superior ao que contêm as mãos durante a ALI.

Suprime o potencial propulsivo do membro superior especialmente o antebraço.

Cotovelo caído na AD da braçada.

- Orientação precoce, para dentro, das superfícies palmares durante a ALI.

Diminuição da capacidade propulsiva.

Orientação das mãos para dentro antes de passarem a vertical dos ombros.

Page 12: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- Valorização da componente de deslocamento antero-posterior da mão em detrimento da componente lateral, durante a ALI da braçada.

Desestabilização antero-posterior dos segmentos propulsivos. Valorização da força de arrasto propulsivo em desfavor da força ascensional propulsiva. Redução da capacidade propulsiva.

Falta de força nos rotadores do cotovelo. Falta de fixação do cotovelo nas partes iniciais do trajecto propulsivo subaquático.

- Utilização de um ângulo de ataque muito aberto, empurrando a água directamente para cima na AA.

Compromete o alinhamento horizontal e aumenta o arrasto. Compromete a acção propulsiva e recuperação dos membros superiores.

Incorrecta orientação da mão duranteas fases precedentes da braçada.

- Trajecto propulsivo subaquático, com os braços muito estendidos verticalmente.

Compromete a eficácia global da propulsão.

Trajectória incorrecta.

- Trajecto propulsivo subaquático com os braços muito flectidos.

Compromete a eficácia propulsiva pela falta das componentes verticais e transversais relativamente ao plano de deslocamento corporal.

Flexão precoce do cotovelo no início da acção subaquática propulsiva.

- Falta de aceleração de algumas fases propulsivas (essencialmente as transversais e oblíquas).

Compromete a criação de força propulsiva pelo mecanismo da força ascensional.

Desconhecimento do mecanismo de criação de força propulsiva pelo mecanismo da força ascensional propulsiva.

2.4.3 Recuperação

Erros técnicos observados

Conseqüências negativas Causas aparentes

- Braços totalmente estendidos na saída.

Dificulta a rotação externa dos braços, necessária para a orientação incorreta da mão.

Aumentar de forma inadequada o percurso de criação de força propulsiva.

- Mãos voltadas para cima.

Componente de reação direcionada para baixo, comprometendo a emersão dos ombros e recuperação dos membros superiores.

Falta de rotação externa da mão na última fase da ação vertical ascendente da braçada

- Insuficiente elevação dos ombros.

Compromete a elevação dos braços fora da água. Limita a amplitude da recuperação. Aumento do arrastamento de pressão.

Falta de potência do 2º tempo descendente da pernada Todos os erros relacionados com o comprometimento da emersão dos ombros e recuperação dos membros superiores.

- Saída demasiado lateral.

Compromete a criação de força propulsiva pela limitação do percurso de aceleração. Compromete a recuperação dos membros superiores.

Inexistência da 2ª fase da acção vertical ascendente da braçada. Falta de referências tácteis (terminar com o polegar a tocar na coxa).

Page 13: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- Assimetria na saída. Compromete a correcta posição corporal. Desclassificação.

Trajecto subaquático propulsivo assimétrico.

- Recuperação assimétrica dos membros superiores.

Riscos de desclassificação. Induz desequilíbrios laterais do corpo.

Saída assimétrica.

- Recuperação com os braços excessivamente em contacto com a água.

Compromete a eficácia da recuperação. Aumento do arrastamento de pressão. Compromete a sincronização global da técnica.

Emersão reduzida dos ombros durantea saída.

- Recuperação com os braços muito estendidos na lateral do eixo de deslocamento do corpo.

Compromete a colocação correcta das mãos na entrada. Criação de uma componente para fora durante a entrada das mãos na água.

Falta de amplitude articular da cintura escapular. Saída demasiado lateral da água.

- Entrada da mão na água, ultrapassando a linha média do corpo.

Aumento do arrastamento de forma Má percepção do eixo de nado e eixo referencial do equilíbrio dinâmico do corpo. Altera a sincronização global da técnica. Má estruturação espacial, prejudicando a fase de apoio e fase propulsiva subaquática da braçada.

Incorrecta percepção do eixo corporal e dos mecanismos propulsivos.

- Entrada com a mão muito afastada do eixo longitudinal, médio, do corpo (entrada precoce).

Aumento do arrastamento de forma. Má percepção do eixo de nado e eixo corporal. Altera a sincronização global da técnica. Má estruturação espacial, prejudicando a fase de apoio e subaquática propulsiva (suprime a ALE e altera o trajecto motor da acção vertical ascendente).

Incorrecta percepção do eixo corporal. Falta de amplitude articular da cintura escapular. Recuperação demasiado lateralizada.

- Entrada da mão em pronação e com o pulso flectido.

Aumento do arrastamento de forma e de onda. Tendência para a diminuição do tempo anterior de apoio. Tendência de puxar a água com a palma da mão directamente para baixo.

Incorrecta colocação do cotovelo e mão durante a fase de recuperação dos braços. Tensão exagerada do membro superior.

2.4.4 Sincronização das ações dos membros superior, inferior e respiração

Erros técnicos

observados Consequências

negativas Causas aparentes

- Realização de uma pernada por ciclo de braços, suprimindo o segundo tempo descendente.

Reduz a capacidade propulsiva dos membros inferiores. Diminui a elevação dos ombros. Dificulta a recuperação dos membros superiores.

Redução da extensão da acção lateral interior e do tempo de execução, não existindo tempo para a finalização do 2º tempo descendente da pernada.

Page 14: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- Realização precoce do segundo tempo descendente, com os braços ainda estendidos à frente.

Técnica deslizante, com descontinuidade da aplicação de força propulsiva. Dificulta a emersão dos ombros e a recuperação dos membros superiores.

Demasiado tempo da acção correspondente à entrada e acção lateral exterior da braçada.

- 1º e 2º batimentos muito fracos.

Compromete a eficácia propulsiva dos membros inferiores. Limita a eficácia propulsiva (1º batimento) e a emersão dos ombros e recuperação dos membros superiores.

Timing de execução das diferentes fases do ciclo desajustados (tempo de execução muito curto, execução muitorápida da recuperação dos braços (1º batimento); inexistência da ALI da braçada (2º batimento)). Falta de flexão da articulação coxo-femural e efeito de barbatana na pernada.

- Ondulação desfasada do ciclo de braços.

Compromete a eficácia das acções propulsivas de pernas e de braços.

Falta de acentuação e propagação, coordenada, céfalo-caudal.

- Respiração atrasada.

Compromete a ventilação. Dificulta a recuperação dos membros inferiores. Perturba a sincronização global da técnica.

Má adaptação respiratória. Inexistência de uma fase do trajecto subaquático propulsiva, que limita a duração da expiração e consequentemente da inspiração.

- Imersão tardia da cabeça.

Compromete a recuperação e a entrada. Aumento do arrastamento de onda.

Falta de flexão cervical da cabeça na 2ª metade da recuperação.

Page 15: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

3 TÉCNICA DE COSTAS A técnica de costas é uma técnica de nado dorsal, contínua e alternada. Afirma-se ser de propulsão contínua já que as ações motoras dos MI e MS asseguram uma propulsão desta natureza. Vários autores (MAGLISCHO, 1993; VILAS-BOAS, 1997; SANTOS SILVA, 1995; COUNSILMAN, 1977) subdividem a técnica de costas em 5 aspectos que consideram relevantes:

- Posição corporal; - Respiração; - Ações propulsivas dos MS; - Ações propulsivas dos MI; - Sincronização entre MS e MI.

Caracterizar-se-á mais detalhadamente os aspectos supracitados, tendo como referência alguns autores conhecidos como são o Prof. Doutor João Paulo Vilas Boas e também o investigador Ernest W. Maglischo.

3.1 Posição Corporal

3.1.1 Alinhamento Corporal Alguns nadadores de costas, têm dificuldades em manter um bom alinhamento lateral, devido à ação alternada dos membros superiores. Muitos, têm a tendência para afundar a bacia e a elevar em demasia a cabeça, o que provoca uma perturbação do seu alinhamento horizontal. O corpo deve estar na horizontal, perto da superfície da água, com uma ligeira flexão na cintura. Esta flexão impede que o joelho saia fora de água na fase ascendente do batimento de pernas costas. A zona posterior da cabeça, deve apoiar-se na água e a linha da água deve passar debaixo das orelhas. Um bom alinhamento lateral, é aquele que mantém as ancas e as pernas à largura dos ombros, durante toda a rotação sobre o eixo longitudinal. Alguns nadadores, encontram dificuldades em manter um bom alinhamento lateral, na medida em que as oscilações dos braços na recuperação, podem orientar as ancas na mesma direção. A melhor forma de prevenir problemas com o alinhamento lateral, é pedir aos nadadores para que rodem o corpo sobre o eixo longitudinal em harmonia com as ações dos braços.

3.1.2 Rotação do Corpo A rotação do corpo é muito importante em costas, uma vez que esta é uma técnica alternada. Assim, é muito importante rodar o tronco, na mesma

Page 16: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

direção do movimento de braços, de forma a prevenir oscilações laterais das pernas e ancas. Uma posição plana e estática na água, enquanto os braços executam o seu movimento irá causar problemas de alinhamento. A rotação em costas deve ser aproximadamente de 45º para cada lado. Deve ser executado da seguinte forma: começar a rodar para a esquerda quando o braço esquerdo se encontra a meio do seu trajeto aéreo, e continuar a rodar até terminar a PAA, batimento de pernas orientado na mesma direção, a rotação para a direita inicia-se na SAD do braço esquerdo e termina na PAA e o batimento de pernas e orientado também na mesma direção. A cabeça não deve rodar em nenhuma direção, deve manter-se sempre fixa.

3.1.3 Respiração Em costas, a respiração é facilitada, pois não há imersão da cabeça e, consequentemente, não é necessário inspirar ou expirar em momentos específicos do ciclo de braços, como acontece nas outras técnicas. Geralmente, os nadadores de costas, desenvolvem um ritmo respiratório muito próprio. No entanto, alguns treinadores, recomendam que a inspiração seja realizada na recuperação de um braço e a expiração na recuperação do outro braço

3.2 Ação dos Membros Inferiores Os nadadores apresentam uma grande variedade de padrões propulsivos, isto é, interpretam a técnica de acordo com as suas capacidades. Existem 5 fases nas acções dos MS, sendo 4 subaquáticas (primeira acção descendente, primeira acção ascendente, segunda acção descendente e segunda acção ascendente) e 1 aérea (recuperação). É importante salientar que a Segunda acção ascendente tem-se revelado como uma acção propulsiva importante e que anteriormente era considerada o começo da recuperação.

3.2.1 Entrada Na técnica de costas o MS deve entrar na água por cima, à frente na direção do ombro correspondente. Os MS devem estar em extensão. A primeira parte da mão a entrar na água deverá ser o dedo mínimo, estando, por isso a palma da mão orientada para fora e o braço em rotação interna. Desta forma a mão entra na água deslizando com o mínimo de turbulência.

Page 17: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

3.2.2 Primeira Acção Descendente(PAD)

Primeira ação descendente. A entrada na água é realizada com o braço em completa extensão e com a palma da mão orientada para fora. Após a entrada dirige-se para baixo e para fora, com a mão orientada para baixo, para fora e ligeiramente para trás. Quando a mão está perto do seu ponto mais profundo (45/60 cm), esta executa o “agarre” rodando para baixo suavemente. Esta fase da braçada não é propulsiva, servindo para posicionar o braço para realizar eficazmente as fases seguintes.

3.2.3 Primeira acção ascendente (PAA)

Primeira acção ascendente. Esta fase inicia-se no agarre e caracteriza-se como sendo a 1ª fase propulsiva. A mão move-se para cima, para dentro e para trás executando um movimento semi-circular. O antebraço começa a flectir sobre o braço e, no final desta fase, atinge a sua máxima flexão, de cerca 90º a 100º. A orientação da mão roda gradualmente de baixo para cima, de forma a obter melhores ângulos de ataque. Alguns nadadores têm uma PAA muito pronunciada. A mão deve estar alinhada com o antebraço e em aceleração constante. A força gerada nesta fase, é muito semelhante à gerada na Acção Lateral Interior de crol, em que ambas correspondem às fases intermédias dos trajectos subaquáticos, e ambas se direccionam para cima e para dentro.

Page 18: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

3.2.4 Segunda acção descendente (SAD)

Segunda acção descendente. Quando a mão atinge o seu ponto mais elevado, o braço desloca-se para baixo, para trás e para fora até atingir a sua máxima extensão. No final, a mão encontra-se aproximadamente a 30 cm de profundidade. Deslocar o braço para fora nesta acção, permite utilizar o antebraço como superfície propulsiva e colocar a mão para uma eventual SAA. A mão deve ser orientada para baixo e no final deve ficar orientada para o fundo da piscina. Os dedos apontam para o lado, permitindo um ângulo de ataque mais eficaz. A velocidade da mão diminui na transição para a SAD e aumenta gradualmente durante a SAD.

3.2.5 Segunda acção ascendente

Segunda acção ascendente. Esta é a última acção propulsiva. A mão move-se para cima, para trás e para dentro com o braço em extensão. A posição da palma da mão é o aspecto mais importante deste movimento. A mão deve estar orientada para cima e para trás, com os dedos a apontar para o fundo da piscina. A velocidade da mão decresce na transição para a SAA e depois aumenta rapidamente até ao final do movimento.

Page 19: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

3.3 Recuperação

Recuperação. A mão sai da água rodando internamente no momento em que termina a acção anterior. A entrada na mão da água do MS oposto, acompanhada da rotação do corpo que esta entrada provoca, facilitam a manutenção fora de água do ombro do braço que executa a recuperação. Todos estes movimentos ajudam a equilibrar a acção desenvolvida pelo braço na segunda fase ascendente, de modo a poder efectuar-se um movimento para cima durante a recuperação com menor esforço e sem alteração do alinhamento horizontal. Ao sair da água, o MS desloca-se para cima e logo para a frente e para baixo para preparar a posição da nova entrada na água. A palma da mão deve estar voltada para dentro durante a primeira parte da recuperação. Quando a mão passa por cima da cabeça realiza uma rotação interna do MS, de forma a permitir uma nova entrada. Tanto a mão como as restantes partes do MS devem estar em extensão durante esta fase.

3.4 Sincronização entre os Membros Superiores Um braço entra na água quando o outro completa a SAD, de forma a manter uma propulsão contínua. Um dos MS deve atingir o seu ponto máximo da fase de recuperação no momento em que o outro MS inicia a segunda acção descendente. Esta sincronização é importante porque permite que o nadador já tenha recuperado e que se encontre preparado para realizar nova rotação.

3.4.1 Ação dos membros inferiores O batimento de pernas costas é muito semelhante ao batimento de pernas de crawl (batimento alternado de pernas) só que em posição dorsal. O batimento de pernas, tem uma função primordial na manutenção do alinhamento horizontal e lateral do corpo. Os batimentos na diagonal,

Page 20: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

compensam a rotação sob o eixo longitudinal e, impedem que os movimentos dos braços desloquem o corpo para cima, para baixo e para os lados. Apresentam 3 fases: uma ascendente, outra descendente e mudanças de direção. Fase ascendente Esta fase, corresponde à extensão da perna, e inicia-se coma flexão da coxa sobre a anca, seguida da extensão do joelho e terminando com a flexão parcial dos dedos dos pés.A fase ascendente, inicia-se quando o pé passa as nádegas e atinge o seu ponto mais profundo. A coxa move-se para cima, e a perna e o pé começam a flectir devido à pressão exercida para baixo pela água. A coxa move-se para cima até ultrapassar o nível da anca, e a perna estende-se para cima e na diagonal, devido à rotação do corpo. A flexão das pernas durante esta fase é superior à da fase descendente em crol. Tal, deve-se ao facto do corpo estar em posição dorsal, permitindo assim que a flexão seja maior sem, no entanto, aumentar o arrasto. Esta fase é provavelmente a única que pode ser considerada propulsiva no batimento de pernas costas. Fase descendente Esta fase corresponde à flexão da perna, e inicia-se quando a fase ascendente está perto do fim. A coxa move-se para baixo na diagonal, com o joelho em extensão devido à pressão exercida pela água na face posterior da coxa. Esta fase não é considerada propulsiva, devido ao ângulo de ataque formado não permitir empurrar a água para trás, e sendo assim os nadadores não devem imprimir muita força nesta fase. Mudanças de direção Esta fase é a mais propulsiva da acção dos MI. Tal facto justifica-se pela produção de vórtices em anel, no momento em que se efectua uma inversão do sentido dos segmentos motores. Este vórtice origina uma corrente de fluído que propulsiona, por reacção, o nadador em sentido inverso. Este mecanismo propulsivo é utilizado quando os segmentos mudam subitamente de direcção, devendo as mudanças de direcção ser efectuadas tão rápido quanto possível. Sincronização entre membros superiores e membros inferiores A sincronização entre MS e MI em costas, é muito semelhante à de crol. Normalmente, os nadadores de costas realizam 6 batimentos por ciclo de braços, ou seja, 3 batimentos de pernas costas por cada braço. Exemplificando com o braço esquerdo, temos:

- Na PAD, a perna esquerda realiza a fase ascendente e a direita a fase descendente;

Page 21: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- Na PAA, a perna esquerda realiza a fase descendente e a direita a fase ascendente;

- Na SAD, a perna esquerda realiza novamente a fase ascendente e a direita a fase descendente.

4 ERROS MAIS FREQÜENTES NA TÉCNICA DE COSTAS Apresentaremos os erros mais freqüentes, as suas conseqüências e causas, segundo Chollet (1990):

4.1 Posição do corporal, equilíbrio dinâmico e acção dos MI

ERROS OBSERVADOS

CONSEQUÊNCIAS CAUSAS

Cabeça muito levantada

•Aumento do arrastamento de pressão •Afundamento dos MI

•Erro de posição (reflexo de protecção)

Posição de sentado •Aumento da área transversal

•Deficiente batimento de pernas

Deficiente alinhamento corporal

•Aumento do arrastamento de pressão

•Orientação incorrecta das mãos •Entrada violenta da mão na água

Oscilações laterais da bacia

•Aumento do arrastamento de pressão

•Recuperação lateralizante •Trajecto lateral da acção subaquática

Rolamento assimétrico dos ombros/tronco

•Aumento do arrastamento devido à excessiva rotação

•Excessivo “varrimento” interno durante a acção propulsiva subaquática

Pernas fundas •Movimento ascendente pouco eficaz e resistivo

•Exagerada torção do tronco

Movimento de pedalagem

•Limita a eficácia propulsiva •Amplitude da acção muito reduzida

•Flexão excessiva da coxa e extensão incompleta dos joelhos

Elevação do joelho fora de água

•Aumento do arrastamento frontal •Limitação da eficácia propulsiva

•Movimento parte da flexão/extensão da perna

Acção de batimento limita-se ao joelho

•Limitação da eficácia

•Erro de posição

Page 22: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Amplitude de batimento exagerada

•Aumento do arrastamento de pressão

•Incorrecta percepção e fixação do eixo corporal

Pés em dorsi-flexão •Perturba alinhamento horizontal

•Ângulo de ataque incorrecto (pé)

Batimento de pernas irregular

•Maior desgaste energético •Descontinuidade de aplicação de força

•Má adaptação motora •Descoordenação das acções de braços e pernas

Respiração anárquica •Acções motoras pouco eficazes

•Exagerar a oposição no tempo para ir organizando deforma correcta a estrutura respiratória na técnica global

Erros observados, as suas causas e consequências na posição do corporal, no equilíbrio dinâmico e na acção dos MI.

4.2 Ação dos Membros Superiores

ERROS OBSERVADOS

CONSEQUÊNCIAS CAUSAS

Saída da mão da água com o braço flectido

•Inexistência de transferência de

forças intersegmentares entre o fim da AAA e a saída

•Não realização da

ADF, com o braço em semi-flexão

Saída do ombro depois da saída da mão

•Obstáculo à rotação dos

ombros em torno do eixo longitudinal

•Mão pouco

profunda na ADI do lado contrário

Entrada da mão muito dentro ou muito fora da linha média do corpo

•Aumento do

arrastamento de forma •Desequilíbrio que gera

uma reacção da bacia e MI

•Recuperação

muito lateral •Má percepção do

eixo de nado

Entrada pelo polegar

•Arrastamento de forma e

onda •Atrasa a colocação

correcta da mão para a ADI

•Incorrecta

estruturação e percepção corporal

Entrada com o dorso da mão

•Arrastamento de onda •Elevação da cintura-

escapular

•Falta de rotação

interno do braço e antebraço no momento da entrada

Page 23: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Recuperação muito lateralizante

•Perturba o alinhamento

lateral do corpo

•Saída demasiado

lateral

Acção descendente muito orientada para baixo

•Reacção de desequilíbrio

vertical •Acção propulsiva não

directamente eficaz

•Movimento sem

flexão do pulso

Cotovelo caído na ADI

•Compromete a eficácia

das acções propulsivas seguintes

•Puxar a água

directamente para trás após a entrada

Trajecto propulsivo muito lateral e com braços estendidos

•Perturbação do

alinhamento corporal lateral

•Falta de

profundidade inicial da mão

•Falta de estabilização antero-posterior do cotovelo

Deslocar o MS só para baixo

•“Saltitar” dos ombros

•Eixo de deslocamento subaquático mentalmente mal estruturado

Trajecto propulsivo com o braço em flexão exagerada

•Má orientação dos músculos do ombro •Tendência a que o cotovelo comande a acção subaquática da braçada

•Empurra a água directamentepara trás

Mão virada para trás e dedos a apontar para cima na ADF

•Remada para baixo perturbando o alinhamento horizontal •Menor força ascensional

•Incorrecta orientação da mão durante a AA

Elevação precoce do ombro durante a ADF

•Redução da intensidade das forças criadas

•Eixo de deslocamento subaquático mentalmente mal estruturado

AAA com a mão muito orientada para cima

•Desestabilização da bacia •Redução da intensidade da força propulsiva efectiva ao desviar a força aplicada na mão para baixo, diminuindo a eficiência propulsiva

•Tentar criar força propulsiva até ao fim do movimento subaquático •Falta de rotação interna na mão na fase final do movimento

Erros observados, as suas causas e consequências na acção dos MS.

Page 24: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

4.3 Coordenação entre MS e MI

ERROS OBSERVADOS

CONSEQUÊNCIAS CAUSAS

Conjunto das fases propulsivas escamoteadas por um trajecto de braços muito rápido

•Apoios pouco eficazes

•Elevada frequência gestual

Conjunto das fases propulsivas escamoteadas por um trajecto de braços muito lento

•Apoios pouco eficazes

•Falta de aceleração nas mudanças de direcção dos segmentos propulsivos

Recuperação dos MS muito rápida

•Entrada na água com muita turbulência •Compromete a coordenação global da técnica

•Descoordenação dasacções motoras

Recuperação muito lenta dos MS

•Falta de relaxamento muscular •Compromete a coordenação global da técnica

•Descoordenação dasacções motoras

Tempos mortos longos na fase de apoio

•Ausência temporária de propulsão

Page 25: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Erros observados, as suas causas e consequências na coordenação entre MS e MI.

4.3.1 Trabalho Técnico Membros superiores É importante que os nadadores consigam com estes exercícios, realizar todas as acções propulsivas dos MS de forma mais eficiente bem como a recuperação dos mesmos. Vamos apresentar alguns exercícios técnicos com o fim de melhorar a eficiência de cada uma das acções propulsivas dos MS e da sua recuperação, segundo Maglisho (1993).

1. Realizar a primeira acção descendente, com os dois MS simultâneos ou alternados. Na posição dorsal, com batimentos de pernas costas, MS no prolongamento do corpo, realizar movimentos simultâneos ascendentes (PAA) e descendentes (SAD). Devemos ter em atenção à orientação da mão durante toda a acção. 2. Combinação de elementos da primeira acção ascendente com elementos da segunda acção descendente. Na posição dorsal, com batimentos de pernas costas, MS ao lado do corpo, realizar movimentos simultâneos ascendentes (PAA) e descendentes (SAD). Devemos ter em atenção à orientação da mão durante toda a acção e à flexão do cotovelo durante a PAA e è sua extensão durante a SAD. 3. Para simular a SAD e a SAA, os nadadores devem realizar na posição dorsal, com pull-buoy ou com batimentos de pernas costas, executar com as mãos movimentos descendentes e ascendentes simultâneos junto à anca. Devemos ter em atenção à orientação da mão durante toda a acção. 4. Os 3 exercícios técnicos que descrevemos anteriormente, podem ser combinados num exercício que ajudará o nadador a realizar a transição destes exercícios para o nado completo. Realizar todo o percurso subaquático dos MS, com uma recuperação subaquática. Utilizar um pull-buoy entre as coxas. O exercício pode ser realizado com os MS alternados ou simultâneos. 5. Realizar toda a acção dos MS com um só MS, e com o outro imóvel ao longo do corpo (este MS pode também estar no prolongamento do corpo, ou na perpendicular com o corpo do nadador). Chamar à atenção do nadador para a rotação dos ombros. Os exercícios com um só MS facilitam a concentração do nadador no que está a realizar. 6. O nadador realiza nado completo com um pull-buoy entre as coxas e posteriormente com batimentos de pernas costas. 7. O nadador realiza nado completo, mas com uma excepção. Durante a recuperação deve parar o movimento quando o MS estiver na vertical com o ombro, e aí rodar a para ficar com a palma da mão voltada para fora. A recuperação vertical e a entrada correcta da mão na água são os objectivos deste exercício técnico.

Page 26: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

8. Este exercício é importante para os nadadores que realizam a recuperação muito baixa e lateral. Este exercício combate: na primeira metade, uma recuperação ascendente e para fora; na segunda metade, uma recuperação descendente e para dentro. Assim, os nadadores devem realizar um nado completo, mas com uma excepção da recuperação. Na primeira metade, realizam uma recuperação ascendente e para dentro; na segunda metade, realizam uma recuperação descendente e para fora assim que o MS passar por cima da cabeça.

Membros inferiores É importante que os nadadores consigam com estes exercícios, realizar todas as acções propulsivas dos MI de forma mais eficiente bem como possuir uma posição corporal correcta. Vamos apresentar alguns exercícios técnicos com o fim de melhorar a eficiência de cada uma das acções propulsivas dos MI e a posição corporal do nadador.

1. Realizar batimentos de pernas costas com o corpo de lado, tendo um MS no prolongamento do corpo e no ao logo do corpo. Após um número de batimentos definido pelo professor ou treinador, o nadador deve rodar de lado. Este exercício é um excelente modo de desenvolvimento do batimento de pernas diagonal e da rotação do corpo. 2. Realizar batimentos de pernas costas com os MS ao longo do corpo ou no prolongamento do corpo. É importante para manter uma posição horizontal do corpo. O batimento de pernas costas com os MS ao longo do corpo é mais fácil do que com os MS no prolongamento do corpo. Com os MS ao longo do corpo é muito utilizado nos nadadores mais novos ou naqueles que têm um batimento de pernas fraco. 3. Estes exercícios são importantes para desenvolver a resistência do batimento de pernas costas. Assim, devemos realizar: batimento de pernas costas com um MS ao longo do corpo e outro na vertical; batimento de pernas costas com um MS no prolongamento do corpo e outro na vertical; e batimento de pernas costas com os MS na vertical (perpendicular ao corpo). 4. Para contrariar a “pedalagem” no batimento de pernas costas, devemos utilizar uma placa segura sobre as coxas. 5. Para treinar os nadadores de costas para não oscilarem a cabeça durante o batimento de pernas costas e depois durante o nado completo, devem realizar batimentos de pernas costas com uma esponja ou com um copo sobre a cabeça evitando que ela caía na água.

Page 27: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

5 TÉCNICA DE PEITO A história da técnica de bruços é muito extensa e, foi a partir dela que as outras técnicas se desenvolveram. Apesar de se conseguir gerar forças propulsivas consideráveis por ciclo, é a técnica mais lenta, porque existem momentos consideráveis de perda de força e velocidade de nado. Estas variações intracíclicas fazem com que o bruços seja uma das técnicas mais rigorosas em competição. Até há bem pouco tempo, pensava-se que o bruços deveria ser nadado na posição horizontal estática. No entanto, em 1970, um novo conceito foi introduzido, a ondulação do corpo com movimentos semelhantes a golfinhos. Foi denominado de bruços natural ou bruços ondulatório. Esta variante permite, em alguns nadadores, reduzir as variações de velocidade intracíclica. Vamos então comparar estes dois tipos de variantes da técnica de bruços ( bruços formal vs. bruços natural), e fazer uma análise da mecânica desta técnica. BRUÇOS FORMAL vs. BRUÇOS NATURAL O quadro seguinte ilustra estes dois tipos de variantes: bruços formal e bruços natural.

PEITO FORMAL PEITO NATURAL

1.Posição muito horizontal na água; 2.Ancas perto da superfície da água; 3.Na recuperação dos MI o corpo permanece na horizontal, os ombros debaixo da água e ancas perto da superfície; 4.No final da pernada, as ancas estão mais baixos.

1.Posição mais ondulatória na água; 2.Ancas mais profundas durante a recuperação dos MI; 3.Na recuperação dos MI, os ombros saem fora da água, as ancas estão mais em baixo e o corpo está inclinado para baixo dos ombros até aos joelhos; 4.No final da pernada, as ancas ESTÃO MAIS ELEVADAS.

Diferenças entre o bruços formal e o bruços natural NOTA: Ambas as variantes mantêm o corpo muito horizontal e alinhado durante a fase mais propulsiva dos MS, e apresentam posições semelhantes na fase propulsiva dos MI. Os defensores do bruços natural, argumentam que o arrasto pode ser diminuído nesta variante, devido ao abaixamento das ancas durante a recuperação dos membros inferiores, facto este que permite diminuir a área de secção transversal e conseqüência disso um menor arrastamento.

Page 28: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

A figura seguinte, ilustra o arrasto produzido na recuperação dos membros inferiores nas duas variantes.

5.1 Posição do Corpo O tronco deve estar o mais horizontal possível, durante as fases propulsivas da pernada e de braçada. O corpo deve estar na horizontal, com as ancas perto da superfície e as pernas no alinhamento do corpo, na fase propulsiva da braçada. A cara deve manter-se debaixo de água até que a fase propulsiva da braçada esteja quase completa, e então subir à superfície para respirar. O ombros devem estar dentro de água e os braços quase estendidos durante a maior parte da fase propulsiva dos MI. O tronco deve estar inclinado para baixo desde a cabeça até aos joelhos durante a recuperação dos MI.

5.2 Respiração Os nadadores de bruços devem respirar uma vez durante cada ciclo, independentemente da distância a percorrer. Os nadadores devem estar a olhar para baixo com a cabeça entre os braços, ao mesmo tempo que os braços se estendem para a frente e antes do início da braçada. Após a cabeça alcançar a superfície o movimento descendente dos MS irão completar o levantamento da cabeça, de modo a que, a boca esteja acima da superfície enquanto os braços se deslocam para dentro. Os nadadores respiram enquanto os braços se deslocam para cima debaixo do queixo. Depois disto, a cabeça deve descer para dentro da água enquanto os braços se esticam para a frente.

5.3 Acção dos membros superiores A braçada de bruços apresenta 4 fases: acção lateral exterior (ALE), acção descendente (AD), acção lateral interior (ALI) e recuperação. A ALI é a única verdadeiramente propulsiva.

5.3.1 Acção lateral exterior (ALE) Como já foi referido esta fase não é propulsiva, e serve unicamente para posicionar os MS para As fases seguintes. Inicia-se com o afastamento dos braços para fora, depois da sua extensão no final da recuperação. Os braços deslocam-se para fora, para trás e para cima, até passarem a linha dos ombros. A partir daqui, dirigem-se para baixo até ao agarre. A flexão do cotovelo é de cerca de 30º/40º.

Page 29: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

As palmas das mãos, no início da ALE, encontram-se dirigidas para baixo, e rodam para fora, até passarem a linha dos ombros. O agarre deve ser feito com as mãos orientadas para baixo e para trás, de forma a estarem alinhadas com os ombros.

5.3.2 Acção descendente Depois de executado o agarre, inicia-se a AD. Os antebraços começam a flectir sobre os braços, ao mesmo tempo que os cotovelos rodam para dentro mantendo uma posição elevada. As mãos deslocam-se segundo uma trajectória curvilínea orientada para baixo, para trás e para fora e, depois, para dentro.

5.3.3 Acção lateral interior Como já foi referido a ALI é verdadeiramente a acção mais propulsiva da braçada de bruços. Terminada a AD, o deslocamento para trás termina com os cotovelos ligeiramente à frente do plano transverso que contém os ombros, momento a partir do qual as mãos se deslocam para dentro e para cima. Nesta fase as palmas das mãos assumem uma orientação para dentro, para trás e para baixo.

5.3.4 Recuperação A recuperação inicia-se quando as mãos estão aproximadamente a meio da sua acção para dentro. Deslocam-se então para a frente e para cima, segundo um movimento de extensão. As palmas das mãos devem rodar para dentro e para cima, e os cotovelos devem aproximar-se um do outro o mais possível.

5.4 Acção dos membros inferiores A pernada actualmente utilizada, é uma acção em hélice das pernas, em que os pés rodam para fora e depois estendem-se para baixo, para dentro e novamente para baixo. As plantas dos pés são as primeiras superfícies propulsivas, movendo a água para trás como “foils”. A acção dos MI é caracterizada por 4 fases: recuperação, acção lateral exterior (ALE), acção lateral interior (ALI) e deslize.

Page 30: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

5.4.1 Recuperação Após a conclusão da fase propulsiva da braçada, as pernas são transportadas para a frente até perto das nádegas. A anca deve baixar-se, de forma a não flectir as pernas sobre as ancas e sim flectindo pelos joelhos. Os pés devem deslocar-se para a frente, dentro dos limites das ancas. Os pés devem permanecer em extensão, e recuperar em simultâneo. Os joelhos devem separar-se ligeiramente, de forma a manter as coxas e os pés no limite do corpo, mas não devem afastar-se mais do que a linha dos ombros, de forma a não aumentar o arrasto. As pernas devem mover-se relativamente rápido durante esta fase, de forma a reduzir o período de desaceleração, que medeia o fim da ALI da braçada e o início da pernada. Os pés devem rodar ligeiramente para fora à aproximação das nádegas, assinalando o início da fase seguinte.

5.4.2 Acção lateral exterior (ALE) Esta acção não é propulsiva , mas serve para posicionar os pés para a acção seguinte. Após os pés chegarem às nádegas, rodam para fora e para trás. Os pés devem estar em flexão dorsal. As pernas devem estar o mais flectidas possível nos joelhos de forma a passarem o mais perto possível das nádegas, de forma a fazer um agarre maior que resultará numa acção propulsiva mais longa. Apesar do que se disse anteriormente, acerca da flexão das coxas sobre as ancas, ela deve existir ligeiramente. Apesar do ligeiro aumento do arrasto, a força propulsiva originada na ALI é aumentada. A desaceleração que ocorre com a flexão da anca é maior no bruços formal, pois começa a flectir mais cedo e, consequentemente mantém-se durante um período de tempo maior. No entanto, apesar de uma pequena flexão da anca ser essencial para uma pernada mais forte, não é necessário flectir demasiado as coxas.

5.4.3 Acção lateral interior (ALI) Esta acção é aquela que pode ser considerada verdadeiramente propulsiva natação dos MI. Inicia-se com o agarre. As pernas deslocam-se então para baixo, para trás e para dentro até ficarem completamente estendidas e juntas. As plantas dos pés devem rodar para baixo e para dentro.

Page 31: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Esta acção termina um pouco antes dos pés se juntarem, e deslizarem. A velocidade de nado aumenta durante esta acção e o seu pico ocorre um pouco anos do deslize. Esta acção divide-se em duas fases distintas. A 1ª quando os pés se deslocam para baixo e para fora ( fase descendente); a 2ª quando se deslocam para dentro.

5.4.4 Deslize O deslize é mais concretamente a continuação da ALI. Inicia-se quando os pés estão quase juntos. O nadador liberta pressão e enquanto junta os pés as pernas realizam um movimento ligeiramente ascendente. As pernas ficam então alinhadas com o corpo. Estas permanecem alinhadas durante as acções dos MS, de forma a não provocar arrasto adicional. As pernas devem estar totalmente estendidas, desde as coxas até aos pés, com os pés em extensão dorsal.

5.5 Sincronização entre membros superiores e membros inferiores

Existem três tipos gerais de sincronização, que são: Alguns treinadores acreditam que a sincronização contínua pode eliminar o buraco entre as aplicações de força da braçada e da pernada, que ocorre com a sincronização descontínua. Apesar destas crenças, isto não acontece na realidade, porque a ALE da braçada não é propulsiva. Consequentemente, os nadadores que utilizam a sincronização contínua também desaceleram desde o momento em que completam a fase propulsiva da pernada até os seus braços alcançarem a posição de agarre, durante a ALE. Este problema será eliminado, ou pelo menos reduzido pela utilização da sincronização sobreposta. A relação entre a pernada e a braçada deve ser de tal maneira, que os braços realizem o agarre imediatamente a seguir ao fim da fase propulsiva da pernada. Esta sincronização é conseguida através do deslocamento dos braços para fora, quando as pernas estão a deslocar-se para dentro durante a fase final da sua ALI.

Page 32: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

6 TÉCNICA DE CRAWL A técnica de crawl ou livre é a técnica mais rápida das quatro técnicas de nado existentes em competição. Um ciclo consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas. Membros superiores:

- Fase subaquática - ação descendente (AD), ação lateral interior (ALI) e ação ascendente (AA).

- Fase aérea - recuperação, entrada. Membros inferiores:

- Ação ascendente; - Ação descendente;

6.1 Ação dos Membros Superiores

6.1.1 Entrada e Deslize A entrada deve ser feita à frente e entre o prolongamento da linha longitudinal do corpo (meio da cabeça) e o ombro correspondente ao M.S. que realiza a entrada na água. O braço deve estar ligeiramente fletido e a palma da mão deve estar voltada para fora quando entra na água. Depois de entrar, o M.S. desliza através da água “desenhando” o mesmo percurso que a mão. Depois de o M.S. entrar na água, este procura a extensão e a palma da mão roda para baixo para se encontrar nessa posição no fim do deslize. Esta fase é designada por deslize, pois o M.S. não deixa de se deslocar para frente. A mão produz arrasto à medida que se desloca para frente dentro de água; para que o arrasto seja mínimo, a mão deve entrar na água provocando o mínimo de turbulência e deslizando suavemente para frente no prolongamento da linha longitudinal do corpo. Não se deve aplicar força logo após a mão entrar na água uma vez que o outro M.S. está a realizar uma ação propulsiva e o esforço do M.S. dianteiro poderá interferir com o do M.S. atrasado. Por esta razão é que o M.S. deve entrar na água entre o prolongamento da linha longitudinal do corpo e o ombro e alongar diretamente para frente. A velocidade da mão diminui desde a entrada até ao deslize. O deslize deve ser coordenado de modo a que o M.S. quase termine o deslize no momento em que o outro M.S. termina a sua ação propulsiva. É neste ponto que tem início a ação descendente.

Page 33: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

6.1.2 Ação Descendente e Agarre (AD) Depois de entrar na água, a mão desliza para baixo numa trajetória curvilínea e para na posição de agarre. O M.S. flete gradualmente ao nível do cotovelo durante a AD e o agarre é feito quando a combinação do movimento para baixo e a flexão do cotovelo fazem com que o cotovelo se desloque para uma posição acima da mão. O M.S. deve estar fletido cerca de 40º durante a AD e 140º quando o agarre é feito. Neste ponto, a mão e o M.S. devem estar ligeiramente para além da linha de prolongamento do ombro e voltados para trás; a mão vai estar aproximadamente 40-60cm de profundidade (SCHLEIHAUF et al., 1988). No momento do agarre, a mão e o antebraço devem estar alinhados (deve ser possível traçar uma linha imaginária desde o cotovelo até à ponta dos dedos) para que não haja perda de propulsão durante a ALI. Por outro lado não se deve puxar a mão para trás ou para dentro antes de o agarre ser feito. Durante a AD, a mão roda ligeiramente para fora devido à ação natural de rotação do ombro. A AD não é uma fase propulsiva; os seus objetivos são:

- Impedir que a face afunde quando o nadador inspira, o que é conseguido com uma certa pressão realizada pelo M.S. à medida que este se desloca para baixo.

- Colocar o M.S. na posição de agarre. A primeira acção propulsiva no verdadeiro termo da palavra, a ALI, tem início quando o agarre é feito.

6.1.3 Ação Lateral Interior (ALI) Corresponde a um trajeto semicircular desde o agarre até uma posição debaixo do corpo, na qual a mão se desloca para baixo, dentro e para cima antes de ultrapassar a linha média do corpo. O M.S. passa de uma flexão de cerca de 40º (agarre) para 82-104º durante a ALI (SCHLEIHAUF et al., 1988). A palma da mão deve rodar para dentro lentamente durante a ALI até ser puxada para dentro e cima, quando o movimento desta fase termina. A velocidade da mão geralmente aumenta desde o início (1.5m/s) até ao fim (2.5m/s) da ALI (MAGLISCHO ET AL., 1986, SCHLEIHAUF et al., 1984). A água é acelerada para trás. Um erro comum é rodar a palma da mão rapidamente; a mão deve estar voltada para fora até metade do trajeto da ALI e deve rodar para dentro depois de passar pelo cotovelo correspondente.

Page 34: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Alguns nadadores deslocam a mão até à linha média do corpo, outros cruzam a linha média, e outros ainda, não alcançam a linha média do corpo. A distância que a mão percorre por baixo do corpo depende da:

- Extensão da mão no momento do agarre. Se a mão estiver em extensão no agarre não vai ser necessário cruzar a linha média do corpo; se a mão ainda não estiver alinhada com o prolongamento dos ombros, o nadador vê-se obrigado a cruzar a linha média do corpo.

- Capacidade de manter um ângulo de ataque eficaz durante a ALI. se a mão roda demasiado cedo, o ângulo de ataque vai ser grande durante a ALI perdendo-se propulsão. Consequentemente, o nadador encurta a ALI para prossegui com o próximo movimento propulsivo. Ao contrário, um nadador que mantém um ângulo de ataque eficaz pode deslocar a sua mão para dentro, para além da linha média do corpo.

Alguns nadadores que cruzam a linha média do corpo apresentam uma ALI eficiente, enquanto que outros não; embora muitos aumentem a força propulsiva cruzando a linha média do corpo, outros podem perder o alinhamento horizontal devido à mão se deslocar por baixo do corpo com um ângulo de ataque elevado. A ALI deverá se encurtada se o corpo balança de um lado para o outro quando a mão cruza a linha média do corpo. Quando o corpo mantém o seu alinhamento correto, a ALI não deve ser encurtada. Quando os nadadores rodam mais o corpo para o lado que inspiram requerem mais amplitude para a ALI. Parte da força gerada na ALI é utilizada para o balanceio do corpo de um lado para o outro sendo esta rotação benéfica porque permite ao corpo um melhor alinhamento para a ação mais propulsiva da braçada subaquática: a ação ascendente.

6.1.4 Ação Ascendente (AA) A “AA” é a Segunda e a última ação propulsiva da técnica de crawl. Tem início no término da ALI e continua até que a mão atinja o seu ponto mais alto. É caracterizada por um movimento semicircular da mão desde que passa por baixo do corpo até se dirigir para fora, cima e para trás em direção à superfície da água. A palma da mão deve rodar para fora rapidamente no começo desta ação propulsiva e permanecer voltada para fora e para cima durante o restante movimento. Apesar do M.S. procurar a extensão gradualmente, a velocidade da extensão deve ser tal que o antebraço permaneça fletido; o lado interior do antebraço e da mão devem estar voltados para trás antes que a AA seja terminada. Quando a mão atinge o seu ponto mais alto dentro de água, a AA termina. Neste ponto, a palma da mão deverá

Page 35: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

rodar para dentro de modo a que possa ser dirigida para cima e fora da água na recuperação, com o mínimo de resistência. A velocidade da mão deve diminuir na transição da ALI para a AA. Aí deve acelerar rapidamente e alcança o seu pico de velocidade na AA: 3-6m/s (COUNSILMAN & WASILAK,1982; MAGLISCHO et al.,1986; SCHLEIHAUF et al.,1988). Extensão dos Membros Superiores Há uma concepção que os M.S estendem rapidamente durante a AA, refletindo parte da teoria de arrastamento, quando se pensa que a mão puxa para trás em vez de deslizar para cima. Na realidade, a “quantidade” de extensão deve ser moderada: o M.S estende suavemente mas sem ficar completamente estendido durante a AA: cerca de 60º desde a horizontal quando o movimento é executado. A mão deve permanecer alinhada com o antebraço durante a fase propulsiva da AA, e o gasto energético deve ser despendido para trazer o M.S. para cima e não para o estender para trás. Respeitando estes aspectos, mão e antebraço mantêm-se alinhados para trás deslocando água a água para trás num período de tempo mais longo. A força para trás pode ser prolongada se a mão, mesmo depois de o antebraço alcançar a superfície, mantiver orientada para trás. Se o M.S estender muito rapidamente as ancas afundam e a velocidade de deslocamento diminui. Talvez uma das razões que leva à extensão demasiada do cotovelo, é tentar manter a força propulsiva até que a mão alcance a superfície, o que não é possível. A fase propulsiva da AA é completada antes que a mão chegue à superfície. O m.s. começa o movimento para a frente e a mão e antebraço ultrapassam o ângulo de ataque eficaz, quando passam pela coxa. Qualquer tentativa para continuar a aplicar força propulsiva depois deste ponto só irá diminuir a velocidade de nado. Orientação da mão para trás A eficácia da AA deve-se à capacidade de manter a mão voltada para trás durante a fase final da AA, permitindo manter um ângulo de ataque com a palma da mão. Esta assim posicionada desloca a água para trás, mesmo que a orientação do antebraço não seja a mais adequada. A orientação da mão para trás pode ser dividida em duas partes:

- Quando a mão desloca-se para fora e trás por baixo do corpo. A direcção relativa que a água adquire é oposta à direcção do deslocamento da mão. A inclinação da palma da mão para fora faz com que a água seja deslocada para trás à medida que passa por esta.

- Numa Segunda fase, a propulsão pode ser gerada através dos movimentos para cima do m.s.. A mão fica orienta-se para fora a partir do momento em que se encontra por baixo do corpo e

Page 36: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

depois desliza para cima. Esta mudança de orientação da mão faz com que a água se desloque para baixo deslizando pela parte interior do antebraço. Com a extensão progressiva do cotovelo e a mão permanecendo orientada para fora e trás, o m.s. e a mão criam um ângulo de ataque capaz de deslocar água para trás e propulsionar o nadador para a frente.

Embora a AA tenha duas partes, os nadadores compreendem-na como sendo apenas uma única acção; assim, os movimentos correctos devem compreender deslocamento da mão para fora, cima e trás, com a mão orientada para fora e para cima. O antebraço deve permanecer ligeiramente flectido durante o movimento.

6.1.5 Saída e Recuperação A recuperação geralmente tem início antes da mão sair da água. O cotovelo é o primeiro segmento corporal a sair da água à medida que o M.S. começa a flectir com o intuito de se dirigir para frente, enquanto a mão continua ainda dentro de água. Por esta razão, o nadador deve libertar uma certa pressão na água quando a sua mão alcança o seu ponto mais alto pois está a deslocar-se para a frente e não pode criar mais propulsão. Este intervalo entre o fim da AA e o início da recuperação reduz o esforço muscular necessário para vencer a inércia do m.s. que está orientado para trás, para que este seja conduzido para a frente durante a recuperação. Na saída, a palma da mão deve estar voltada para dentro de modo a gerar o mínimo de arrasto. A velocidade da mão diminui à medida que se aproxima da superfície e o início da recuperação se aproxima. Os objetivos da recuperação, embora esta não seja uma acção propulsiva, são:

- Colocar o M.S. em posição para iniciar novo ciclo de braçada. - Colocar o M.S. fora de água sem prejudicar o alinhamento

corporal. - Proporcionar um esforço reduzido ao M.S., ombro, e musculatura

do tronco. Por estas razões, os músculos do M.S. devem relaxar durante a recuperação, utilizando apenas a energia necessária para colocar o M.S. na água coordenado com a ação propulsiva do outro M.S.. Não é necessário velocidade elevada; apenas velocidade moderada, esforço mínimo e colocação dos segmentos do m.s. correcta. Recuperação alta É o tipo de recuperação mais utilizado porque o M.S. pode recuperar com menor rotação lateral e porque a entrada pode ser feita provocando o mínimo de turbulência.

Page 37: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

O cotovelo deixa a água flectido. O cotovelo continua a flexão durante a primeira metade da recuperação, à medida que traz o m.s. para perto da cabeça. A extensão do m.s. para a entrada começa depois de a mão passar a cabeça. A palma da mão fica voltada para dentro na primeira metade da recuperação, mas roda para fora à medida que se aproxima da água, para que a entrada seja suave. É importante manter o cotovelo alto e começar a extensão do m.s. só quando este último passa o ombro, colocando deste modo o m.s. numa melhor posição para realizar a entrada. A recuperação deve ser o mais linear possível para reduzir a probabilidade de se perder o alinhamento lateral, que pode ocorrer quando a recuperação é lateralizada.

6.2 Coordenação entre Membros Superiores A coordenação dos movimentos alternados dos membros superiores deve estar ajustada ao comportamento do corpo para facilitar a aplicação de força propulsiva e manter o corpo alinhado durante cada acção propulsiva. O momento mais importante da coordenação ocorre quando o m.s. “dianteiro” entra na água quando o outro m.s. está a completar a ALI, o que permite ao corpo rodar para o lado do braço que vai iniciar a AA (m.s. “recuado”). Por outro lado, a extensão para a frente do m.s. que entra na água permite que o corpo fique novamente alinhado enquanto a AA é realizada. Além deste aspecto, o m.s. “dianteiro” não deve começar a deslizar para baixo antes que o outro m.s. tenha completado a AA, mantendo-se o alinhamento do corpo nesta acção. Este facto vai causar diminuição da velocidade na AA; contudo, este facto é preferível à redução da propulsão, que ocorre se o m.s. dianteiro deslocar-se para a frente “contra a água” enquanto que o m.s. recuado desloca-se para cima. Aparentemente, a velocidade de nado perdida durante o período desacelerativo compreendido entre o fim da AA do m.s. “atrasado” e o agarre do m.s. “dianteiro” é compensada por uma maior propulsão durante a AA. Este último ponto é aplicável para médias e longas distâncias, mas para sprinters, existem algumas diferenças quando o m.s. entra na água e o outro m.s. realiza a AA. Neste caso, reduzem o deslize e começam a AD de um m.s. durante a AA do outro para realizarem o agarre e aplicarem força propulsiva quando um m.s. está à frente enquanto o outro liberta uma certa pressão. Como consequências verifica-se perda do alinhamento durante a AA, aumenta a velocidade através da redução do período desacelerativo referido anteriormente e aumenta o gasto energético. Ação dos membros superiores Na técnica de crol, as trajectórias são trajectórias diagonais.

Page 38: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Schleihauf et al.(1984) afirmaram que a aplicação de força propulsiva mais eficiente ocorre quando a ALI e a AA são realizadas em trajectórias diagonais com ângulos compreendidos entre os 50-70º. O ângulo diagonal da braçada é o ângulo formado entre a direcção do deslocamento e a direcção que a mão adopta à medida que se realiza a braçada.

6.3 Ação dos Membros Inferiores As acções propulsivas dos membros inferiores (M.I.) consistem em movimentos diagonais alternados e são:

- Ação ascendente: caracterizada por um “pontapé” da perna de cima para baixo.

- Ação descendente: caracterizada por um “pontapé” da perna de baixo para cima.

6.3.1 Ação Descendente Os m.i. têm um ritmo alternado, tendo lugar a AD quando a AA do outro m.i. está a ser realizada. O movimento da AD é como um pontapé: começa com a flexão da anca, e prolongando-se ao longo do m.s. até à extensão do joelho. A AD tem lugar quando a AA que o antecede termina. Logo após o pé chegar à superfície, começa a extensão para baixo da perna até ficar mais ou menos ao nível do corpo. O batimento deve ser dirigido lateralmente para baixo, na direcção da rotação lateral do corpo. A coxa pressiona a água enquanto que o outro m.s., que deve estar relaxado, continua a dirigir-se para a superfície. Esta acção vence a inércia da AA anterior, fazendo com que a perna seja pressionada para baixo (realize a AD) sem esforço exagerado. A pressão da água faz com que os dedos do pé fiquem apontados para cima (flexão plantar) com os pés virados para dentro.

6.3.2 Ação Ascendente O início da AA coincide com o término da AD que a antecede. Quando ocorre a extensão da perna, as ancas são puxadas para cima. O movimento do m.i. deve ser lateral, para cima e para a frente, em oposição à direcção de rotação do nadador. A perna e o pé devem estar relaxados até à extensão do joelho na AD seguinte. A AA termina quando o m.i. flecte ao nível da anca para iniciar a próxima AD.

Page 39: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Batimento diagonal A rotação e o alinhamento lateral do corpo podem ser preservados se o m.i. que executa o pontapé na mesma direcção que o nadador roda o corpo, enquanto o outro m.i. executa o pontapé na direcção oposta. Assim, quando o corpo roda para o lado esquerdo, um m.i. executa o “pontapé” diagonalmente para baixo e para a direita enquanto o outro m.i. executa o “pontapé diagonalmente para cima e para a esquerda.

6.4 Coordenação entre Membros Superiores e Membros Inferiores

O ritmo de “pernadas” diz respeito ao número de batimentos dos m.i. por ciclo de m.s. (duas braçadas). O mais comum é o 6 batimentos por ciclo, sendo também usual os 2 batimentos/ciclo e os quatro batimentos/ciclo. 6 batimentos/ciclo Incorpora três batimentos dos m.i. por um ciclo de m.s. (uma braçada), ou seis batimentos dos m.i. por ciclo completo. Neste estilo, a AD de um m.s. é coordenada com a AD do m.i. do lado correspondente. A ALI é acompanhada por um batimento do m.i. contrário. O m.i. do mesmo lado realiza novamente o batimento para baixo durante a AA dos m.s.. O início e fim de cada batimento coincide exactamente com o início e fim das acções propulsivas dos m.s.. Longas braçadas requerem “pernadas” mais amplas e acções propulsivas m.s. curtas correspondem a batimentos mais pequenos; estas situações traduzem um “maior ou menor pontapé”. Este tipo de coordenação é natural, contribui para manter a propulsão durante cada acção propulsiva dos m.s., e assiste a rotação lateral do corpo permitindo o alinhamento lateral do corpo. 2 batimentos/ciclo O nadador executa dois batimentos dos m.i. por ciclo de braçada ou um batimento por braçada. Cada batimento acompanha a ALI e a AA do m.s. do lado correspondente, enquanto o m.s. contrário executa a AA. os m.i. permanecem “estacionários” enquanto o m.s. faz a recupera aérea e desliza para baixo durante a braçada seguinte. Este tipo de coordenação requer menos gasto de energia, sendo o preferido por nadadores de longa distância, bem como por nadadoras uma vez que são mais propensas a flutuar do que nadadores (maior % de massa gorda propicia maior flutuabilidade). Os nadadores que realizam 2 batimentos/ciclo têm tendência a alterar o timing das acções propulsivas dos m.s. uma vez que não realizam batimento dos m.i. durante as AD dos m.s. esquerdo e direito. As alterações ocorrem:

Page 40: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

- na fase do deslize- o deslize é mais curto e a AD tem início mais cedo para que possam realizar um agarre rápido com o m.s. “dianteiro” mal o m.s. “atrasado” complete a sua AA. Isto acontece porque não há um batimento propulsivo durante o período desacelerativo entre o fim da AA e a AD. Um m.s. entra na água ligeiramente depois do outro isto é, um m.s. entra na água durante a AD em vez de entrar na ALI do outro m.s., fazendo com que o arrasto produzido durante a AD do m.s. “dianteiro” interfira ao mínimo na braçada do m.s..

- na ALI- a ALI é mais curta porque não há um batimento do m.i. oposto para contrabalançar a ALI permitindo que o m.s. realize a ALI rapidamente e a AA antes que o m.s. que realizou a recuperação comece a deslizar para baixo.

2 batimentos cruzados /ciclo Caracterizado por quatro batimentos por ciclo de braçada: dois batimentos mais pronunciados e dois cruzados menos pronunciados. Os batimentos mais amplos são realizados durante a ALI e a AA do m.s. correspondente. Os m.i. não ficam estacionários durante a AD como no tipo de coordenação anterior; em vez disso, o m.s. mais afundado realiza o “pontapé” para cima e o outro m.s, que se encontra mais à superfície, realiza o “pontapé” para baixo fazendo com que se cruzem a meio das suas trajectórias. A AD é neste ponto completada e, na altura de executar o batimento mais pronunciado durante a ALI e a AA, os m.s descruzam. Os batimentos cruzados têm lugar durante a AD de cada m.s..

- m.i. direito cruza por cima do m.i. esquerdo, enquanto o m.s. direito desliza para baixo.

- m.i. esquerdo cruza por cima do m.i. direito, enquanto o m.s. esquerdo desliza para baixo.

Este tipo de coordenação é favorável para aqueles nadadores que apresentam recuperação lateral dos m.s. porque a acção de cruzar as pernas impede as ancas de rodar para fora na mesma direcção que o m.s. que realiza a recuperação. 4 batimentos/ciclo Este é um tipo de combinação entre os 6 batimentos e os dois batimentos. Uma braçada (direita) é executada com 2 batimentos e a outra braçada (esquerda) é realizada com seis batimentos. A AD do m.i. tem lugar durante a ALI e a AA correspondente a essa braçada. Durante a braçada esquerda, o nadador executa três batimentos direccionados para baixo, em que cada AD acompanha o deslize dos m.s. do mesmo modo que para os seis batimentos/ciclo. Qual o tipo de coordenação mais adequada?

Page 41: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

Apesar de os seis batimentos/ciclo proporcionarem uma coordenação entre as acções propulsivas dos m.i. e dos m.s., não pode ser recomendada a todos os nadadores. Na base desta afirmação estão factores tais como a morfologia corporal, flexibilidade, capacidades fisiológicas, etc.. Persyn et al, (1975) realizou um estudo sobre este ponto em62 nadadores de nível nacional e que concluiu o seguinte:

- Dois batimentos cruzados: nadadores com m.i. mais compridos. - Seis batimentos/ciclo: nadadores com melhores capacidades

vitais, maior rotação interior ao nível das ancas, mãos maiores, tricípetes e força de extensão ao nível do ombro pronunciados.

- Seis batimentos/ciclo: nadadores capazes de realizar batimentos mais rápidos em distâncias curtas.

- Seis batimentos/ciclo: m.i. dos nadadores tendem a afundar mais facilmente.

- Os nadadores com m.i. mais compridos podem recorrer tanto aos dois com aos quatro batimentos/ciclo.

- Uma capacidade vital maior pode fornecer em parte a energia exigida pelos seis batimentos/ciclo; a rotação interna das ancas possibilita um “pontapé” mais eficiente; mãos maiores e elevados índices de força do tricípete e ombros permitem realizar uma braçada mais ampla, característica dos seis batimentos/ciclo.

Batimentos mais rápidos implicam um potencial propulsivo considerável; nadadores com uma margem de flutuabilidade requerem batimentos mais rápidos para manter o alinhamento horizontal dos m.i..

7 TÉCNICAS DE PARTIDA E DE VIRADAS

7.1 Partidas Em natação competitiva existem duas maneiras de se fazer a partida:

- A partida do bloco, para as provas de mariposa, costas, bruços, estilos e estafetas de livres;

- A partida dentro de água para as provas de costas e estafetas de estilos.

Na partida de blocos, o nadador deve ter os pés separados à largura dos ombros, pois, desta maneira permite maior impulso do que se estivessem muito juntos ou muito separados. A cabeça deve ficar inclinada para baixo, os joelhos ligeiramente flectidos e a anca o mais afastada possível dos pés, de forma que o centro de gravidade fique o mais perto possível da parte posterior do bloco. Ao sinal de partida, o nadador deve empurrar vigorosamente o bloco de partida, com os pés e as mãos, projectando o seu corpo para a frente. Ao deslocar-se para a frente, deve elevar a cabeça e flectir as pernas. Deve estender os braços para a frente e para fora, e depois para baixo,

Page 42: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

elevando a anca e tentando com que o corpo passe pelo mesmo “buraco” na água; isto é, onde entram as mãos deve entrar os ombros, a anca, as pernas e os pés. Dessa maneira a entrada na água é menos turbulenta e, consequentemente, gera menor resistência hidrodinâmica. Após cair na água, ele deve deslizar e levantar as mãos para cima, em direcção à superfície. Ao iniciar a perda de velocidade, deve fazer um trabalho vigoroso de pernas para chegar rapidamente à superfície e ao mesmo tempo para manter a velocidade de mergulho antes de iniciar o nado. Nas provas de estafetas os atletas que partem em 2º,3º e 4º, podem efectuar o que se costuma designar de partida “lançada”; isto é, eles podem iniciar os movimentos de partida antes do seu companheiro anterior tocar na parede. No entanto quando o companheiro tocar na parede eles ainda têm que estar em contacto com o bloco, sendo esta a única regra que têm que obedecer. Na partida de costas o nadador deve partir dentro de água. Deve estar encolhido, com os braços e as pernas flectidas e a cabeça inclinada para baixo. As mãos do nadador devem segurar o suporte dos blocos sem o apertar exageradamente. Ao sinal de partida ele deve projectar de imediato a cabeça para trás, impulsionando o corpo para longe da parede, estendendo os braços. Deve olhar para a extremidade oposta da piscina, ao mesmo tempo que o seu corpo descreve um arco no ar. O corpo deve entrar na água todo pelo mesmo “buraco”. Após entrar na água deve inclinar as mãos para cima para que o seu corpo suba para a superfície durante o deslize. Quando começa a perder velocidade após o início do deslize, deve realizar batimentos de pernas mariposa para manter a velocidade, antes de iniciar o nado.

7.2 Viradas Na virada de crawl, o nadador, deve evitar respirar na última ou nas duas última braçadas antes de iniciar a viragem propriamente dita. Quando faltar uma braçada, deve colocar uma mão junto à anca e a outra deve realizar um movimento para baixo, para dentro e para cima. A maioria dos atletas executa uma pernada de mariposa para facilitar a saída da anca e acelerar o deslocamento dos pés sobre a água. As pernas devem encolher-se enquanto os pés passam pela água. Quando os pés tocam na parede, deve levantar a cabeça até ficar entre os braços, ficando numa posição alinhada para o impulso. Os pés após o rolamento devem tocar a parede a uma profundidade de 30-40 cm com os joelhos flectidos. Imediatamente após tocar a parede com os pés, o nadador deve, na posição de costas, esticar as pernas. Durante a extensão do corpo, o nadador irá, aos poucos, girar para uma posição lateral até atingir a posição de decúbito ventral. Normalmente o deslize após a viragem é de acordo com a prova. Nas provas curtas esse deslize é menor, ao passo que nas provas longas é maior. As viradas de peito e borboleta são semelhantes em quase todos os aspectos, variando apenas no ângulo de impulso na parede. Os nadadores de

Page 43: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

bruços tendem a inclinar o seu corpo ligeiramente para baixo, de tal forma que o deslize seja mais profundo, e com isso possam realizar uma braçada submarina mais eficiente. O nadador, após estender as mãos em direcção à parede, deve flectir os joelhos, puxando-os para a parede. Deve recolher a mão da parede, puxando o cotovelo para junto do corpo (costelas). Na rotação, quando os pés passam sob o seu corpo, ele retira a mão que ficou na parede e a ergue acima da água. Deve, então, estender o braço que ficou junto ao corpo, fazendo com que as mãos se unam acima da cabeça. Nesse momento o corpo deve estar alinhado, pronto para o impulso dos pés contra a parede. Deve, finalmente, realizar o impulso de lado, movendo o seu corpo para uma posição de decúbito dorsal.

Page 44: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

ÍNDICE 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO .............................................................. 1

1.1 Definição de Técnica Desportiva ......................................................... 1 1.2 A Importância da Técnica nas Diferentes Modalidades Desportivas ... 1 1.3 Planejamento da Preparação Técnico Desportiva ............................... 2

1.3.1 Durante o Processo Plurianual e Anual ........................................ 2 1.4 O Treino Técnico Durante o Microciclo ................................................ 3 1.5 O Treino da Técnica Desportiva na Unidade de Treino ....................... 4

2 TÉCNICA DE BORBOLETA........................................................................ 5 2.1 Posição do Corpo................................................................................. 5 2.2 Ação dos Membros Superiores............................................................ 5

2.2.1 Trajeto Motor................................................................................. 6 2.2.2 Recuperação................................................................................. 7

2.3 Ação dos Membros Inferiores .............................................................. 8 2.3.1 Ação Ascendente (AA).................................................................. 8 2.3.2 Ação Descendente (AD) ............................................................... 8 2.3.3 Sincronização das Ações dos Membros Superiores / Inferiores... 9 2.3.4 Respiração.................................................................................... 9

2.4 Erros (Causas e conseqüências) mais Comuns na Técnica de Mariposa....................................................................................................... 10

2.4.1 Posição do Corpo ....................................................................... 10 2.4.2 Trajeto Motor............................................................................... 11 2.4.3 Recuperação............................................................................... 12 2.4.4 Sincronização das ações dos membros superior, inferior e respiração ................................................................................................. 13

3 TÉCNICA DE COSTAS............................................................................. 15 3.1 Posição Corporal................................................................................ 15

3.1.1 Alinhamento Corporal ................................................................. 15 3.1.2 Rotação do Corpo....................................................................... 15 3.1.3 Respiração.................................................................................. 16

3.2 Ação dos Membros Inferiores ............................................................ 16 3.2.1 Entrada ....................................................................................... 16 3.2.2 Primeira Acção Descendente(PAD)............................................ 17 3.2.3 Primeira acção ascendente (PAA) .............................................. 17 3.2.4 Segunda acção descendente (SAD)........................................... 18 3.2.5 Segunda acção ascendente ....................................................... 18

3.3 Recuperação...................................................................................... 19 3.4 Sincronização entre os Membros Superiores .................................... 19

3.4.1 Ação dos membros inferiores ..................................................... 19 4 ERROS MAIS FREQÜENTES NA TÉCNICA DE COSTAS...................... 21

4.1 Posição do corporal, equilíbrio dinâmico e acção dos MI .................. 21 4.2 Ação dos Membros Superiores.......................................................... 22 4.3 Coordenação entre MS e MI .............................................................. 24

4.3.1 Trabalho Técnico ........................................................................ 25 5 TÉCNICA DE PEITO................................................................................. 27

5.1 Posição do Corpo............................................................................... 28 5.2 Respiração......................................................................................... 28 5.3 Acção dos membros superiores......................................................... 28

5.3.1 Acção lateral exterior (ALE) ........................................................ 28 5.3.2 Acção descendente .................................................................... 29

Page 45: FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO - aquabarra.com.br · FATORES DO RENDIMENTO DESPORTIVO* 1 FATOR TÉCNICO DESPORTIVO 1.1 Definição de Técnica Desportiva DJATSCHKOW (1974) define

5.3.3 Acção lateral interior ................................................................... 29 5.3.4 Recuperação............................................................................... 29

5.4 Acção dos membros inferiores........................................................... 29 5.4.1 Recuperação............................................................................... 30 5.4.2 Acção lateral exterior (ALE) ........................................................ 30 5.4.3 Acção lateral interior (ALI) .......................................................... 30 5.4.4 Deslize ........................................................................................ 31

5.5 Sincronização entre membros superiores e membros inferiores ....... 31 6 TÉCNICA DE CRAWL............................................................................... 32

6.1 Ação dos Membros Superiores.......................................................... 32 6.1.1 Entrada e Deslize........................................................................ 32 6.1.2 Ação Descendente e Agarre (AD)............................................... 33 6.1.3 Ação Lateral Interior (ALI) ........................................................... 33 6.1.4 Ação Ascendente (AA)................................................................ 34 6.1.5 Saída e Recuperação ................................................................. 36

6.2 Coordenação entre Membros Superiores .......................................... 37 6.3 Ação dos Membros Inferiores ............................................................ 38

6.3.1 Ação Descendente...................................................................... 38 6.3.2 Ação Ascendente........................................................................ 38

6.4 Coordenação entre Membros Superiores e Membros Inferiores ....... 39 7 TÉCNICAS DE PARTIDA E DE VIRADAS................................................ 41

7.1 Partidas.............................................................................................. 41 7.2 Viradas............................................................................................... 42