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FÁBULA: UMA PROPOSTA DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Autora: Ilma Natale1
Orientadora: Eliana Alves Greco2
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a proposta de intervenção realizada com alunos da 5ª série (6º ano) do Ensino Fundamental do Colégio Estadual de Iporã – PR, no intuito de promover o ensino da leitura e da produção textual e contribuir para o enfrentamento das dificuldades de aprendizagem. Para isso, optou-se por desenvolver um trabalho utilizando o gênero fábula. Sabe-se que a leitura é de fundamental importância para se tornar um bom escritor, entretanto é possível notar que os alunos apresentam dificuldades na leitura quando chegam à 5ª série (6º ano), o que acaba refletindo na produção textual. Nesse sentido, espera-se que, com o gênero fábula, o aluno se sinta à vontade para desenvolver as atividades, possibilitando-lhe fazer uso da leitura e da escrita como um meio de se inserir no contexto social em que vive. Acredita-se que não é produtivo ensinar, na sala de aula, os procedimentos de composição textual, deslocando o aluno da prática social e o desvinculando da interação com atividade de leitura. Palavras-chave: gêneros; fábula; leitura; produção textual.
1 Introdução
É possível notar que o aluno, quando chega ao 6º ano, apresenta dificuldades
na leitura, e isto acaba refletindo na produção de texto. Sabe-se que produzir bons
textos não é fácil para ninguém. Além disso, há outras dificuldades para chegar a
esse objetivo. Uma delas é que, muitas vezes, a escola e a família não
proporcionam ao aluno um contato sistematizado com bons materiais de leitura e
1 Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Fifasul, Especialista em Educação Especial – Deficiência Mental pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Cornélio Procópio, Graduada em Letras pela Fafiu – Faculdade de Ciências e Letras de Umuarama, Professora de Língua Portuguesa lotada no Colégio Estadual de Iporã. 2 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo, Mestre em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, Professora Adjunta da Universidade Estadual de Maringá.
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com adultos leitores ou com situações que exijam práticas de leitura e de escrita.
Outra dificuldade se deve ao fato de algumas escolas oferecerem, ainda hoje,
um ensino de produção de texto centrado no professor, isto é, o aluno redige para o
professor corrigir, preocupando-se demasiadamente com a estrutura do texto e as
normas gramaticais, deixando o tema em segundo plano.
A escola deve ser a responsável pela formação do leitor, deve desenvolver o
processo de habilidades de leitura, além de incentivá-la como prazer. Devido a isso,
o professor de Língua Portuguesa deve desenvolver estratégias que promovam a
interação dos alunos com os diferentes gêneros textuais.
A proposta de trabalho com os gêneros textuais possibilita o contato direto
com a linguagem e suas mais variadas formas de interação, além de permitir ao
aluno a compreensão das variações de sua língua, estabelecendo, assim, uma
relação entre os mais variados textos.
Este artigo tem como objetivo analisar a proposta de intervenção pedagógica
realizada com alunos da 5ª série (6º ano) do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual de Iporã – PR. A proposta do projeto foi desenvolver a leitura e a produção
textual, por meio do gênero fábula.
O trabalho com o gênero fábula em sala de aula é importante, porque ensina
valores importantes da sociedade. Além disso, a fábula é um texto em que o aluno
pode adquirir autonomia na escrita, na oralidade e na leitura e ainda desenvolver
valores fundamentais a vida em sociedade.
2 Fundamentação Teórica
É na escola que as práticas da leitura devem ser desenvolvidas. O professor
deve criar meios para que o aluno desenvolva o gosto e o interesse pela leitura e
consequentemente autonomia na escrita.
Conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais,
[...] compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os
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seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim as várias vozes que o constituem. (SEED, 2008, p. 56).
Sendo assim, a leitura é um processo complexo, visto que não é apenas
decodificar as letras, mas sim compreender o mundo, as relações humanas e o
contexto em que o texto está inserido.
Nesse sentido, o leitor deve ser alguém que possa compreender o texto como
uma unidade carregada de sentidos, mas dentro de um contexto, pois este é a
situação em que o texto ocorre, na sua produção e na sua leitura.
Segundo Solé (1998, p. 90), ler é mais do que possuir um rico cabedal de
estratégias. Ler é, sobretudo, uma atividade voluntária e prazerosa e, quando se
ensina a ler, deve-se levar isso em conta. As crianças e os professores devem estar
motivados para aprender e ensinar a ler.
O aluno, no ato da leitura, utiliza-se de conhecimentos já adquiridos e
consequentemente adquire novos conhecimentos que farão com que mudem de
opinião, atitudes ou comportamentos. Diante disto, Silva comenta:
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz. (SILVA, 2005 apud SEED, 2008, p. 57).
Ressalta-se assim a importância de desenvolver a leitura voltada para o
cotidiano do aluno. Para que este compreenda o texto, é necessário que se utilize de
várias estratégias de leitura, como as propostas por Solé (1998), que são antes,
durante e o depois da leitura.
Dessa forma, o professor deve propor um trabalho bem organizado para que
o aluno tenha condições de entender a ideia, ter motivação para a leitura, definir
qual o objetivo da leitura, rever seus conhecimentos, fazer previsões e questionar o
texto (SOLÉ, 1998).
Solé (1998, p. 90) afirma que “a principal idéia geral é a concepção que o
professor tem sobre a leitura, o que fará com que ele projete determinadas
experiências educativas com relação a ela”. Diz ainda que “... o professor deveria
pensar na complexidade que a caracteriza e, simultaneamente, na capacidade que
as crianças têm para enfrentar – de seu modo – essa complexidade”.
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Cagliari (1999, p.148) também reforça a ideia dizendo que “o melhor que a
escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura e escrita. Se um
aluno não se sair muito bem nas atividades, mas for um bom leitor, penso que a
escola cumpriu em grande parte sua tarefa”.
É necessário que as propostas de produção de texto correspondam “... àquilo
que, na verdade, se escreve fora da escola e, assim, sejam textos de gêneros que
têm uma função social determinada, conforme as práticas vigentes na sociedade”
(ANTUNES, 2003 apud SEED, 2008, p. 69).
Bakhtin (1997, p. 279) também afirma que:
A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa.
Segundo Silva (2005), a fábula é um gênero narrativo muito antigo que
sempre manteve sua importância através dos tempos. Apesar de parecer historinha
para crianças, surgiu da necessidade do homem em contar histórias de todos os
tipos, que relatassem suas aventuras ou que explicassem os fenômenos da
natureza, umas que falavam do cotidiano, outras de seres mágicos, ou de animais
ou objetos com qualidades humanas.
Sobre as fábulas, Greco (2010, p. 20) afirma que esse gênero
[...] foi criado, na Antiguidade, com a função social de ensinar e aconselhar o ser humano. Embora atualmente a fábula seja um gênero escrito, teve sua origem e circulação na tradição oral. Toda fábula possui uma ideologia, que perpassa pela história protagonizada por animais com comportamentos e características humanas. Nesse âmbito, sempre há uma disputa entre os bons e os maus, os fortes e fracos, os gananciosos e os humildes, etc.
A fábula tem como característica transmitir um ensinamento, fazer uma crítica
ou ironizar uma situação. Geralmente, ao final, aparece uma frase destacada: a
moral da história, a qual encerra uma verdade que é de conhecimento de uma
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coletividade.
No Brasil, o escritor Monteiro Lobato escreveu o livro Fábulas, em que recria
e reconta as fábulas de Esopo e de La Fontaine, além de contar suas próprias
fábulas. Lobato foi o grande inovador da literatura infantil brasileira. Em 1920, com a
publicação de A menina de narizinho arrebitado, trouxe novos ares à literatura,
dando início à saga do Sítio do Picapau Amarelo, criando obras, entre 1920 e 1944,
que o imortalizaram. Ao todo, Lobato escreveu um conjunto de 74 fábulas que
compõem a mencionada obra.
Como diz Silva (2005), Monteiro Lobato propõe um modelo de leitura ao leitor
real que, além de auxiliá-lo na construção de sentido das fábulas que integram a
obra, contribui para sua formação como leitor.
Nos anos 60, Millôr Fernandes publica Fábulas fabulosas, utilizando-se do
gênero fábula para satirizar e criticar as situações da vida cotidiana. O autor escreve
sobre vários assuntos, desde política, guerras e economia, até os aspectos da vida
cotidiana, procurando esmiuçar as desventuras do ser humano.
É sob a influência de histórias que se ouve, conta ou lê que se aprende boa
parte da cultura de um povo e que serve como ensinamento para se viver em
sociedade. A fábula é um ótimo exemplo de gênero narrativo que traz essas marcas.
Segundo Menegassi (2005),
A formação de leitores competentes, autônomos, possibilita ao aluno a capacidade de aprender a partir dos textos que lê, isto é, a cada novo texto o leitor aprende novos conhecimentos, novas estruturas, desenvolve novas estratégias; ele aprende a aprender. Para que isso seja possível, é necessário que esse leitor interaja com o texto, compreendendo-o; estabeleça relações entre o que lê e os conhecimentos prévios que tem armazenado na memória sobre o tema discutido no texto. (MENEGASSI, 2005, p. 79).
Por meio da leitura, o aluno se sente mais seguro para dizer o que pensa e
tem maior capacidade de se expressar na forma escrita e de se relacionar com o
mundo. O exercício da escrita “... leva em conta a relação entre o uso e o
aprendizado da língua, sob a premissa de que um texto é um elo de interação social
e os gêneros discursivos são construções coletivas.” (SEED, 2008, p.68). Dessa
forma, o texto deve ser entendido como forma de atuar, de agir no mundo.
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3 Desenvolvimento
O projeto de intervenção pedagógica teve como princípio despertar o gosto
pela leitura e pela produção textual do gênero fábula e objetivou contribuir na
superação das dificuldades de leitura e escrita que os alunos apresentam, quando
chegam à 5ª série (6º ano) do Ensino Fundamental.
O projeto foi divido em sete etapas, envolvendo inicialmente a leitura e a
interpretação de fábulas antigas, de Esopo e de La Fontaine, como também de
versões reescritas por autores mais modernos, como Monteiro Lobato e Millôr
Fernandes. Em cada uma dessas etapas, procurou-se colocar em prática as
estratégias de leitura descritas por Solé (1998), que são: formular previsões sobre o
texto a ser lido; fazer a leitura compartilhada, individual e pelo professor; esclarecer
possíveis dúvidas; buscar a ideia principal do texto; resumir as ideias do texto;
formular e responder perguntas.
Em seguida, foi realizado um estudo sobre o gênero fábula, destacando o
surgimento, as características e a quem a leitura era destinada, com o objetivo de
que os alunos pudessem ter um contato maior com o gênero.
Na sequência, desenvolveu-se a aplicação de atividades que destacaram as
características, a moral e a ideia principal do gênero fábula, tendo como objetivo a
recriação de fábulas e a produção escrita.
Com isso, buscou-se abordar a leitura e a escrita em um processo em que a
leitura devesse garantir que o leitor compreendesse e produzisse textos diversos,
fazendo com que o aluno tomasse consciência de sua história e a do mundo,
permitindo situar-se no tempo e na sociedade e questionando atos e posturas,
construindo, assim, sua identidade.
A apresentação da proposta aconteceu no mês de setembro de 2011, com a
apresentação de como seriam desenvolvidas as atividades do projeto. Em seguida,
fez-se a leitura do texto “Viajando pelo gênero fábula”. Após a leitura, foi solicitado
aos alunos que falassem um pouco sobre o tema do texto. Alguns disseram que já
conheciam o gênero e que gostavam das fábulas, outros disseram que não se
lembravam e houve também aqueles que não se interessaram pelo tema.
Logo após, foram lidas as fábulas “A gansa dos ovos de ouro”, de Esopo, um
escravo grego que viveu no século VI a.C., e “A galinha dos ovos de ouro”, que é
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uma versão moderna da mesma fábula, escrita por Millôr Fernandes, escritor e
cartunista brasileiro contemporâneo.
Com o objetivo de antecipar informações e ativar os conhecimentos prévios
dos alunos sobre os textos a serem lidos, iniciaram-se as atividades apresentando o
título dos dois textos e fazendo oralmente as seguintes questões:
Você já ouviu falar sobre esses textos?
O que seria um ovo de ouro?
O que será que o texto vai falar?
O que o ouro representa?
Por que será que as pessoas gostam tanto de ouro?
Nos questionamentos antes da leitura, todos puderam dar sua opinião,
levantar hipóteses e fazer reflexões sobre o tema. Após a leitura silenciosa dos dois
textos, os alunos responderam as seguintes questões por escrito:
O que os dois textos têm em comum?
O que o ouro representa nos textos?
Você acha que a ganância em demasia é boa ou ruim? Por quê?
Como os textos terminam?
Como são os personagens?
Os textos falam exatamente o tempo em que aconteceram os fatos?
Qual dos textos se adapta melhor ao mundo de hoje?
Quem está narrando o texto também é personagem?
O texto confirmou as nossas hipóteses retratadas sobre o ouro?
O ouro descrito no texto é como pensávamos? O que é diferente?
É possível entender a riqueza da maneira retratada nas fábulas lidas?
Explique.
Como você define a riqueza depois de ler cada fábula?
Você já teve contato com algum ouro?
O que você faria se encontrasse uma galinha que botasse ovos de ouro?
Este texto é real ou só acontece na ficção?
Os alunos fizeram comparação do que imaginavam antes e depois da leitura.
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Puderam perceber que ficou mais fácil a interpretação do texto e tiveram maior
facilidade com a escrita. Como sendo a primeira atividade da implementação, o
interesse pelo assunto foi grande. Essa atividade teve como objetivo levá-los a
refletir sobre a importância da leitura para o processo da escrita.
Sobre isso, os professores do grupo de trabalho em rede disseram:
É papel de o educador proporcionar ao aluno a oportunidade de aprimorar sua prática discursiva, a fim de garantir um lugar na sociedade com participação crítica e ativa. Por isso é preciso que, nas aulas, sejam trabalhados e discutidos textos de diferentes esferas sociais e, por meio da interação com o professor e os colegas, o educando se envolva nas práticas de uso da língua: leitura, oralidade e escrita.
Nesse contexto, o gênero fábula é interessante, pois é uma narrativa curta,
uma ficção alegórica e que sugere uma verdade, um preceito moral, com
intervenção de pessoas, animais e até entidades inanimadas.
Assim, as fábulas podem ser um importante aliado, tanto para o trabalho
pedagógico como também em uma perspectiva sociológica e antropológica, já que
oferecem análise e/ou explicação para um sem-número de comportamentos sociais
e de traços de personalidade individuais. Nesse sentido, possibilitam aos alunos
observar certas atitudes que podem ser comparadas com aquilo que as fábulas
ensinam, fazendo com que analisem essas atitudes na esfera social em que atuam.
A segunda etapa do projeto consistia em fazer com que o aluno trouxesse de
casa fábulas para serem lidas em sala. Como previsto, alguns alunos não trouxeram
o que foi solicitado, por esquecimento ou falta de interesse. Foram lidas todas as
fábulas e mais algumas levadas pela professora, e depois foi realizado o seguinte
questionamento:
Você considera as fábulas histórias curtas ou longas?
Como são os personagens?
O que, geralmente, vem no final das fábulas?
O narrador também é personagem da fábula?
Existe diálogo na fábula?
Todos responderam as questões e tiveram facilidade em interpretá-las.
Analisaram cada moral da fábula e conseguiram relacionar a moral com certas
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atitudes humanas. Ao final da aula, fizeram um relato sobre o que ouviram. Muitos
disseram que nunca haviam feito essa relação da moral das fábulas com atitudes
humanas e que isso foi muito legal, pois era uma maneira de denunciar certas
atitudes sem ser agressivo ou indelicado.
Na terceira etapa, foi realizada a leitura das fábulas “A lebre e a tartaruga”, de
Esopo, e “O lobo e o cordeiro”, de La Fontaine, usando sempre a estratégia de fazer
um questionamento antes da leitura para levantamento de hipóteses. Depois da
leitura silenciosa e oral, fez-se uma comparação, para verificar se as hipóteses
levantadas se comprovaram.
Os alunos responderam as seguintes questões antes da leitura da fábula “A
lebre e a tartaruga”:
Sobre o que você acha que o texto vai falar?
Você já viu uma lebre e uma tartaruga?
Você conseguiria dar alguma característica de cada uma delas?
Depois da leitura, os alunos responderam, oralmente e por escrito em suas
apostilas, as seguintes questões:
O texto comprovou o que você esperava?
A lebre foi tão esperta quanto parecia ser?
Por que a tartaruga ganhou a aposta?
Qual a moral da história?
O que quer dizer a moral da história?
Você se julga uma lebre ou uma tartaruga?
Você já se viu em alguma situação parecida com a falada no texto?
Em sua opinião, o que fez com que a tartaruga vencesse a corrida?
Você costuma fazer apostas?
Que tipo de apostas as pessoas fazem hoje em dia?
Antes da leitura da fábula “O lobo e o cordeiro”, foram feitas as perguntas
abaixo:
Sobre o que você acha que o texto vai falar?
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Você conhece algo sobre esses animais?
Depois da leitura, os alunos responderam por escrito as seguintes questões:
O texto atendeu a suas expectativas?
Como era o cordeiro? Como era o lobo?
O cordeiro conseguiu convencer o lobo da sua inocência?
Qual foi a atitude do lobo diante das respostas do cordeiro?
Qual a moral dessa história? O que essa moral vem nos ensinar?
Podemos atribuir as características do lobo a seres humanos?
Que tipo de pessoas tem atitudes como à do lobo?
Você já se viu em uma situação parecida com a do cordeiro?
Se você fosse o cordeiro, reagiria da mesma forma?
Como são as pessoas que têm atitudes como a do cordeiro?
Nessa mesma etapa, ainda foram lidas as fábulas “A formiga boa” e “A
formiga má”, de Monteiro Lobato, fazendo também questionamentos antes e depois
da leitura. Os questionamentos realizados antes da leitura foram:
Qual será o assunto retratado nos dois textos?
Você conhece alguma coisa sobre a vida das formigas?
Como podemos dizer que existe formiga boa e má?
Em seguida, foi realizada a leitura coletiva das fábulas e foram feitos
questionamentos orais e escritos, com o intuito de verificar se as inferências que os
alunos fizeram estavam corretas:
Os textos atenderam a suas expectativas?
Quem era a formiga boa e quem era a formiga má?
O que a cigarra fazia enquanto a formiga trabalhava?
O assunto tratado nos dois textos é o mesmo?
Qual a atitude da formiga boa diante da cigarra? E a má?
Qual a moral de cada texto?
Com quem você relaciona a formiga hoje? E a cigarra?
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Você acha importante o trabalho da formiga?
Você considera o canto da cigarra um trabalho?
Como você explica a moral de cada texto?
Você concorda com as formigas de negar ajuda à cigarra? Por quê?
A utilização dessas estratégias é fundamental para os alunos adquirirem
métodos e meios de solidificar a aprendizagem em relação ao texto lido.
Na quarta e quinta etapas, os alunos fizeram uma pesquisa no laboratório de
informática sobre os fabulistas Esopo, La Fontaine e Monteiro Lobato. Após a
pesquisa, responderam ao questionário abaixo, por escrito:
Quando surgiram as fábulas?
Com que objetivos as fábulas foram criadas, ou seja, qual era a função delas
na sociedade?
Qual foi o primeiro e mais importante fabulista?
Que outros fabulistas se destacaram?
Quem foram Esopo, La Fontaine e Monteiro Lobato? Onde viveram?
Quais foram suas fábulas mais famosas?
Com que finalidades escreviam suas fábulas?
Como será que os textos circulavam na época em que foram produzidos? E
hoje, qual é o seu veículo de circulação?
Após a análise dos dados coletados, os alunos se conscientizaram sobre a
importância da leitura, uma vez que compreendiam a leitura somente como forma de
decodificação e não percebiam a importância de seu uso no cotidiano.
Essa atividade foi muito significativa, pois ficou bem claro o interesse dos
alunos pelo tema. Todos responderam ao questionamento de uma forma tranquila e
com conhecimento daquilo que estavam falando.
Solé (1988, p. 23) afirma que a leitura “... é um processo mediante o qual se
compreende a linguagem escrita (...). Para ler necessitamos simultaneamente
manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar ao texto nossos
objetivos, idéias e experiências prévias...”. De acordo com a autora, para se envolver
em qualquer atividade de leitura, é necessário que a pessoa sinta que é capaz de ler
e de compreender o texto.
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Na sexta etapa, o objetivo foi produzir fábulas. Tendo em mãos todo material
estudado, os alunos desenvolveram as atividades de escrita, que posteriormente
foram corrigidas pela professora e devolvidas a eles. Os textos foram produzidos de
acordo com as orientações seguintes:
• Antes de iniciar a produção de seu texto, pense no seu leitor. Suas fábulas
serão lidas por colegas de sua classe e de outras, por professores, seus
pais e outros.
• Caracterize os personagens de forma simples. Para isso, empregue
palavras como: astuto, frágil, inteligente, lento, forte, perigoso, feroz,
desconfiado, esperto, traiçoeiro, etc.
• Lembre-se de que a fábula constitui uma narrativa curta. Se quiser, você
pode escrever sua narrativa em forma de diálogo. A linguagem empregada
deve estar de acordo com a variedade padrão da língua.
• Como nas fábulas, o tempo e o lugar são imprecisos, procure iniciar seu
texto de forma direta, isto é, com as personagens em plena ação. Lembre-
se de que sua história deve transmitir um ensinamento.
• No final, escreva a moral da história adaptada à situação do momento e
dê um título à sua fábula.
• Faça um rascunho e só passe seu texto a limpo depois de realizar uma
revisão cuidadosa. Avalie sua fábula. Refaça o texto se necessário.
O tema da produção textual foi livre, ou seja, cada um poderia escrever sobre
aquilo que julgasse melhor. A maioria preferiu usar as fábulas estudadas e recriar as
suas. Um aspecto essencial no trabalho de produção textual é garantir que o aluno
ganhe condições de pensar e refletir no todo. O resultado foi que todos os alunos
conseguiram produzir várias fábulas.
Sobre a produção das fábulas, os professores do grupo de trabalho em rede
declararam:
Para que o educando desenvolva suas capacidades de ler, escrever e argumentar, faz-se necessário que o educador desenvolva oportunidades de manipulação, organização e análise de diversos gêneros textuais, com o objetivo de abstrair toda a sua essência, para a construção do seu
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conhecimento. E, ao meu ver, o gênero fábulas oferece ao educando a oportunidade de aprender a olhar e sentir o mundo metaforicamente.
Em seguida, os alunos fizeram a avaliação da fábula produzida, respondendo
as questões do quadro avaliativo, elaborado com base em Pereira (2008).
AVALIANDO SUA ESCRITA Está bom Preciso mudar
As personagens são típicas de uma fábula?
O tempo é indeterminado como nas fábulas?
Na situação criada, as atitudes das
personagens podem ser comparadas com
atitudes humanas?
A moral da história combina com a fábula e sua
intenção?
As falas das personagens aparecem sinalizadas
por parágrafo e travessão?
O narrador conta o que aconteceu como se
tivesse visto a cena?
Há repetição de palavras para indicar os
personagens?
Apresenta características das personagens?
O título é adequado ao texto?
Abaixo, constam duas fábulas produzidas pelos alunos sem a reestruturação.
É fundamental que o professor realize um diagnóstico focado na escrita que permita
identificar os estudantes que apresentam pouco domínio dos padrões da linguagem
escrita.
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A formiga dançarina e a Cigarra egoísta
Houve uma formiga que tinha o costume de dançar e uma cigarra que
cantava para os animais em troca de comida, quando a formiguinha dançava e
ganhava mais alimentos a cigarra reclamava
Isso é uma fraude você não pode dançar sem a música você tem que me da todo
seu alimento.
A pobre da formiguinha como era tímida e não tinha coragem de enfrentar a cigarra
era obrigada a dar todo alimento, mais um dia resolveu mudar a historia.
Se eu pedir uma parceria essa cigarra é claro que ela não vai querer, mais não
custa tentar quem sabe ela vai aceitar.
Pobre da formiguinha ela tentou mas não conseguiu
As formigas vendo que a cigarra era muito egoísta resolveram ajudar e deram de
presente um rádio MP3 e pen drive dos mais modernos que esistia então a formiga
enriqueceu fazendo show sem a cigarra e ficou muito rica a cigarra sem ter pra
quem cantar passou fome e morreu desnutrida.
Moral. O orgulho não se leva a nada
A morte e o dinheiro
A morte queria levar um menininho filho do homen mais rico da cidade o pai do
menino vendo a morte pedia pelo amor de Deus que não levasse seu filho, mas não
adiantava, então o pai propôs um acordo.
Não leves meu filho e eu te dou todo o meu dinheiro
Mais como eu terei certeza do que o senhor não está mentindo? Perguntou a
morte.
Eu te darei um documento assinas.
Então pode preparar o documento, voltarei em breve.
Passado alguns dias a morte voltou e disse:
– O documento está pronto?
Sim tome e pode levar, disse o pai
Então a morte pegou o menino e todo o dinheiro do pai e estava indo embora
quando o pai disse desesperado.
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Porque estás levando meu filho? E o nosso acordo
Então a morte respondeu.
Este documento só vale no seu mundo não no meu
E assim a morte se foi com o menino e o dinheiro
Moral: Nem tudo que vale nesse mundo vale no outro.
Pode-se notar, por meio da escrita, que os alunos se apropriaram das
características do gênero fábula, embora os textos apresentem alguns problemas de
ortografia, de concordância, de pontuação e paragrafação. A reestruturação dos
textos foi realizada, para tentar amenizar esse tipo de dificuldades dos alunos.
Foram selecionadas algumas fábulas, e a reestruturação foi realizada
juntamente com a turma, por meio do projetor de imagens (datashow). Os demais
textos foram corrigidos pela professora e devolvidos aos alunos para que fizessem
as modificações necessárias. Depois de reestruturada, cada aluno leu sua fábula
para toda a sala, e todos puderam participar opinando sobre o gênero estudado.
Após a reescrita dos textos, deu-se início ao processo de ilustração. Nessa
atividade, todos participaram, uns com facilidade e outros com bastante dificuldade,
mas todos deixaram seus desenhos registrados. Em seguida, foi preparado o mural
para a exposição das fábulas, a fim de que toda a comunidade escolar tivesse
acesso ao resultado da implementação.
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Na sequência, encontram as fábulas reestruturadas.
A Formiga Dançarina e a Cigarra Egoísta
Havia uma Formiga que tinha o costume de dançar e uma Cigarra que
cantava para as formigas trabalhadoras em troca de comida. Como a Formiga
dançava e ganhava mais alimentos que a Cigarra, a Cigarra começou a reclamar
dizendo:
– Isso é uma fraude, você não pode dançar sem a minha música, você tem
que me dar todo o alimento que arrecadamos.
– A pobre Formiguinha como era tímida e não tinha coragem de enfrentar a
Cigarra se obrigava a entregar todo o alimento a Cigarra. Mas um dia resolveu
mudar essa história e disse:
– Se eu pedir uma parceria a essa Cigarra é claro que ela não vai aceitar,
mas não custa tentar, quem sabe ela aceite.
Pobre Formiguinha, ela tentou, mas a Cigarra de tão egoísta que era não quis
nem saber de ouvi-la. Foi então que as formigas trabalhadoras, vendo o egoísmo da
cigarra resolveram ajudar a Formiga dançarina. Deram-lhe um rádio MP3 e Pendrive
dos mais modernos que existia e então a Formiga começou a fazer seus shows sem
ajuda da Cigarra, ficou muito rica. A Cigarra sem ter para quem cantar começou a
passar fome e morreu desnutrida.
Moral da história: O orgulho não leva a nada.
Mayara
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A Morte e o Dinheiro
A Morte queria levar um menininho, filho do homem mais rico da cidade. O pai
do menino, vendo a Morte se aproximar do filho, pedia pelo amor de Deus que não
levasse seu filho, mas não adiantava, a Morte estava decidida. Então o pai propôs
um acordo:
– Não leves meu filho que eu te darei todo o meu dinheiro.
– Mas como terei certeza que me dará seu dinheiro? – Perguntava a Morte.
– Eu te darei um documento assinado por mim, disse o pai desesperado.
– Então pode preparar este documento e o dinheiro que voltarei em breve. –
Disse a Morte e foi embora.
Passados alguns dias a Morte voltou e disse ao pai:
– O documento e o dinheiro estão prontos?
– Sim, tome o documento e todo meu dinheiro, pode levar, disse o pai.
A Morte pegou o documento, o dinheiro e o filho do homem e estava indo
embora quando o pai desesperado perguntou:
– E o nosso acordo? Porque está levando o meu filho?
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Então a Morte respondeu:
– Esse documento só vale no seu mundo, não no meu. E saiu feliz da vida
com o menino e todo o dinheiro.
Moral da história: Nem tudo que vale nesse mundo vale no outro.
Andressa
O processo de reestruturação em sala de aula foi muito importante, visto que,
nesse trabalho, o autor do texto pôde visualizar sua escrita e, com a mediação do
professor, tomou consciência de que se escreve para alguém ler e que as lacunas
deixadas no texto não são preenchidas por aquele que o lê.
No trabalho de reestruturação, foram levantados os problemas que apareciam
no texto quanto à organização das ideias, finalidade, ortografia, concordância
nominal e verbal, pontuação. Organizando as ideias com clareza e coerência,
usando elementos de coesão de acordo com a norma padrão da língua, houve uma
melhora significativa nos textos dos alunos.
6 Conclusão
Com a proposta de intervenção, foi possível concluir que desenvolver um
trabalho com gênero textual é uma forma de propiciar ao aluno um espaço para
reflexão da leitura e da escrita, visando criar condições para que ele supere a visão
restrita de mundo, de compreender a complexidade da realidade, de ampliar sua
capacidade comunicativa e ampliar significativamente sua inserção no espaço em
que vive.
Sendo assim, o desenvolvimento das atividades com o gênero fábula fez com
que os alunos conseguissem desenvolver o gosto pela leitura e escrita de uma
forma prazerosa, uma vez que gênero estudado transmite ensinamentos de um
modo simples, a partir de situações cotidianas.
Levar adiante as atividades propostas no projeto de intervenção foi envolver-
se numa proposta que visasse o desenvolvimento das capacidades de leitura e
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escrita que pudessem fortalecer o desempenho dos alunos.
Chega-se, assim, ao ponto essencial do projeto: tornar o aluno escritor
competente, um produtor de significados (não mero reprodutor).
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Referências:
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 1999. GRECO, Eliana Alves. Gêneros discursivos e tipologias textuais. In: SANTOS, Annie Rose dos; GRECO, Eliana Alves; GUIMARÃES, Tânia Braga. (Orgs.). A produção textual e o ensino. (Formação de Professores em Letras – EAD, n. 6). Maringá: Eduem, 2010, p. 11-27. LA FONTAINE, J. Fábula. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989. v. 1, 2. LOBATO, M. Fábulas. 32. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. MENEGASSI, Renilson José. Estratégias de leitura. In: MENEGASSI, Renilson José (Org). Leitura e ensino. (Formação de Professores – EAD, n.19). Maringá: Eduem, 2005. FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. 12. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. PEREIRA, Silvana Cristina Bergamo. Sequência didática: fábula. 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/327-2.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2011.
SILVA, Rosa Maria Gracioto. Literatura para crianças: a narrativa. In: MENEGASSI, Renilson José (Org). Leitura e ensino. (Formação de Professores – EAD, n.19). Maringá: Eduem, 2005. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artes médicas, 1998.