152
Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 1 6/7/2011 FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA .................................................................................... 9 Microbiologia Básica.................................................................................................... 9 Leveduras ................................................................................................................. 9 Morfologia da célula............................................................................................. 9 Forma da célula ................................................................................................ 9 Tamanho da célula ............................................................................................ 9 Estrutura da célula .............................................................................................. 10 Parede celular ................................................................................................. 10 Membrana citoplasmática ou Plasmalema ..................................................... 10 Núcleo............................................................................................................. 11 Vacúolos ......................................................................................................... 11 Mitocôndria .................................................................................................... 12 Citoplasma ...................................................................................................... 13 Cápsulas .......................................................................................................... 13 Reprodução ......................................................................................................... 13 Reprodução vegetativa ................................................................................... 13 Reprodução por esporos ................................................................................. 14 Fissão .............................................................................................................. 14 Leveduras contaminantes ou nativas .................................................................. 14 Fisiologia, metabolismo oxidativo e fermentativo das leveduras....................... 17 Nutrição e crescimento das leveduras ................................................................ 19 Bactérias ................................................................................................................. 20 Morfologia das células bacterianas..................................................................... 20 Forma das bactérias ........................................................................................ 20 Dimensões da célula bacteriana...................................................................... 21 Estrutura bacteriana ............................................................................................ 21 Membrana citoplasmática ou protoplasmática ............................................... 23 Citoplasma ...................................................................................................... 23 Material celular ............................................................................................... 23 Flagelos........................................................................................................... 24 Cápsulas .......................................................................................................... 24 Reprodução bacteriana ....................................................................................... 24 Ciclo normal de crescimento da cultura bacteriana ............................................ 26

FERMENTACAO-ALCOOLICA-V2

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  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 1 6/7/2011

    FERMENTAO ALCOLICA .................................................................................... 9

    Microbiologia Bsica .................................................................................................... 9

    Leveduras ................................................................................................................. 9

    Morfologia da clula ............................................................................................. 9

    Forma da clula ................................................................................................ 9

    Tamanho da clula ............................................................................................ 9

    Estrutura da clula .............................................................................................. 10

    Parede celular ................................................................................................. 10

    Membrana citoplasmtica ou Plasmalema ..................................................... 10

    Ncleo ............................................................................................................. 11

    Vacolos ......................................................................................................... 11

    Mitocndria .................................................................................................... 12

    Citoplasma ...................................................................................................... 13

    Cpsulas .......................................................................................................... 13

    Reproduo ......................................................................................................... 13

    Reproduo vegetativa ................................................................................... 13

    Reproduo por esporos ................................................................................. 14

    Fisso .............................................................................................................. 14

    Leveduras contaminantes ou nativas .................................................................. 14

    Fisiologia, metabolismo oxidativo e fermentativo das leveduras....................... 17

    Nutrio e crescimento das leveduras ................................................................ 19

    Bactrias ................................................................................................................. 20

    Morfologia das clulas bacterianas..................................................................... 20

    Forma das bactrias ........................................................................................ 20

    Dimenses da clula bacteriana ...................................................................... 21

    Estrutura bacteriana ............................................................................................ 21

    Membrana citoplasmtica ou protoplasmtica ............................................... 23

    Citoplasma ...................................................................................................... 23

    Material celular ............................................................................................... 23

    Flagelos ........................................................................................................... 24

    Cpsulas .......................................................................................................... 24

    Reproduo bacteriana ....................................................................................... 24

    Ciclo normal de crescimento da cultura bacteriana ............................................ 26

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 2 6/7/2011

    Caracterizao e Classificao dos Microrganismos.......................................... 27

    Classificao em Nvel de Gnero.................................................................. 28

    Classificao em Nvel de Espcie ................................................................. 29

    Grupos Relevantes em Usinas de Acar e lcool ............................................ 30

    Estudo do fenmeno da floculao ......................................................................... 37

    Medida da Floculao ......................................................................................... 39

    Monitoramento e interpretao dos dados do laboratrio industrial .......................... 40

    Tabela para interpretao das anlises laboratoriais ............................................... 41

    Procedimentos ........................................................................................................ 43

    Fatores que afetam o desempenho fermentativo ........................................................ 47

    Glicerol ................................................................................................................... 48

    cido succnico ...................................................................................................... 49

    cido actico .......................................................................................................... 49

    Biomassa ................................................................................................................. 50

    Estequiometria da fermentao .............................................................................. 50

    Carboidratos de reserva .......................................................................................... 50

    Espcie de levedura ................................................................................................ 51

    Identificao de leveduras pela tcnica da cariotipagem .................................... 52

    Permanncia de leveduras tradicionais no processo fermentativo ..................... 53

    Seleo de linhagens para fermentao industrial .............................................. 53

    Nutrio mineral da levedura ................................................................................. 54

    Principais nutrientes e suas funes ................................................................... 55

    Potssio ........................................................................................................... 55

    Magnsio ........................................................................................................ 55

    Clcio .............................................................................................................. 55

    Zinco ............................................................................................................... 56

    Mangans ........................................................................................................ 56

    Ferro ............................................................................................................... 56

    Cobre .............................................................................................................. 56

    Molibidenio, Cobalto e Boro .......................................................................... 56

    Nitrognio ....................................................................................................... 56

    Fsforo ............................................................................................................ 57

    Enxofre ........................................................................................................... 58

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 3 6/7/2011

    Inibidores da fermentao ...................................................................................... 58

    Alumnio ............................................................................................................. 58

    Sulfito ................................................................................................................. 59

    Temperatura ........................................................................................................ 59

    pH ....................................................................................................................... 60

    Contaminao bacteriana .................................................................................... 61

    MATRIAS-PRIMAS PARA FERMENTAO ALCOLICA ................................. 62

    Caldo: composio, pr-tratamento, controle de qualidade ....................................... 62

    Composio ............................................................................................................ 62

    Pr-tratamento do caldo .......................................................................................... 63

    Processos de tratamento ......................................................................................... 63

    Processo de tratamento do caldo para destilaria 1 ........................................... 63

    Processo de tratamento do caldo para destilaria 2 ........................................... 64

    Processo de tratamento do caldo para destilaria 3 ........................................... 64

    Processo de tratamento do caldo para destilaria 4 ........................................... 64

    Controle de qualidade do caldo .............................................................................. 65

    Mel final: composio, armazenamento e controle de qualidade. .............................. 65

    Composio ............................................................................................................ 65

    Armazenamento ...................................................................................................... 66

    Controle de qualidade ............................................................................................. 66

    CONTROLE MICROBIOLGICO MICROSCOPIA ............................................... 67

    Microscpio tico ....................................................................................................... 67

    Microscopia de Campo Claro ................................................................................. 67

    Parte mecnica .................................................................................................... 68

    Parte ptica ........................................................................................................ 68

    Recomendaes para uso do microscpio tico ................................................. 68

    Antes de iniciar o uso. .................................................................................... 68

    Ajuste da Dioptria ........................................................................................... 69

    Manuteno do equipamento .............................................................................. 69

    Mtodo de determinao da viabilidade celular de leveduras .................................... 70

    Especificaes da cmara de NEUBAUER............................................................ 71

    Preparo das solues ............................................................................................... 72

    Soluo estoque de Eritrosina............................................................................. 72

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 4 6/7/2011

    Tampo Fosfato .................................................................................................. 72

    Soluo de trabalho ............................................................................................ 73

    Procedimento analtico ........................................................................................... 73

    Clculos .................................................................................................................. 74

    Viabilidade celular .............................................................................................. 74

    Contagem de clulas em brotamento .................................................................. 74

    Populao de Leveduras ..................................................................................... 74

    Exerccios ........................................................................................................... 75

    Mtodo para contagem de bactrias ao microscpio tico ......................................... 75

    Preparo das solues ............................................................................................... 77

    Soluo A - sulfato azul de nilo - 2,0% .............................................................. 77

    Soluo B - azul de metileno - 0,20% ................................................................ 77

    Soluo de trabalho ............................................................................................ 77

    Procedimento analtico ........................................................................................... 78

    Amostras de caldos, PCTS, primrio e misto ..................................................... 78

    Amostras de vinho bruto e levedo tratado .......................................................... 78

    Clculos .............................................................................................................. 79

    Exerccios ........................................................................................................... 79

    Teste de Gram ............................................................................................................. 80

    Preparo das solues ............................................................................................... 80

    Soluo de cristal violeta .................................................................................... 80

    Soluo de safranina ........................................................................................... 81

    Soluo de iodo-lugol ......................................................................................... 81

    Procedimento analtico ........................................................................................... 81

    Para Microrganismos em Suspenso Lquida ..................................................... 81

    Para Microrganismos de Cultivos Slidos ......................................................... 82

    Tcnica de Colorao ......................................................................................... 82

    Interpretao ........................................................................................................... 83

    Quantificao .......................................................................................................... 84

    Deteco de esporos ................................................................................................... 84

    Preparo das solues ............................................................................................... 85

    Soluo de verde malaquita .................................................................................... 85

    Soluo de safranina ............................................................................................... 85

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 5 6/7/2011

    Procedimento analtico ............................................................................................... 85

    Interpretao/Quantificao dos Esporos ............................................................... 86

    Teste de Floculao .................................................................................................... 87

    Procedimento Analtico .......................................................................................... 87

    Teste de sensibilidade de bactrias aos antibiticos, atravs da variao da acidez .. 88

    Preparo das solues ............................................................................................... 89

    Soluo estoque de actidiona (inibidor de leveduras). ....................................... 89

    Soluo estoque de Antimicrobianos ................................................................. 89

    Procedimento analtico ........................................................................................... 89

    Determinao da acidez .......................................................................................... 90

    Determinao da acidez sulfrica (inicial e final) das amostras. ...................... 90

    Clculo ................................................................................................................ 91

    Interpretao dos resultados ............................................................................... 91

    Exemplo .................................................................................................................. 92

    Teste de sensibilidade de bactrias aos antibiticos por spectrofotometria ............... 92

    Preparo das Solues Estoque ................................................................................ 92

    Meios de Cultivo .................................................................................................... 93

    Meio de Cultivo (Mayeux & Colmer, 1961) ..................................................... 93

    Meio de Cultivo ( GLT) ..................................................................................... 93

    Preparo do Inculo ................................................................................................. 94

    Realizao do Teste ................................................................................................ 94

    Leitura da Densidade ptica ( D. O . ) ................................................................... 95

    Interpretao dos Resultados .................................................................................. 95

    Relao de materiais necessrios para instalao do laboratrio de controle

    microbiolgico microscopia .................................................................................... 96

    Equipamentos ......................................................................................................... 96

    Vidraria ................................................................................................................... 96

    Reagentes ................................................................................................................ 96

    Outros ..................................................................................................................... 97

    Pipetadores automticos ......................................................................................... 97

    Modelos de boletim para o controle microbiolgico por microscopia ....................... 97

    Matria-prima ......................................................................................................... 97

    Moenda ................................................................................................................... 98

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 6 6/7/2011

    Fermentao ........................................................................................................... 98

    CONTROLE MICROBIOLGICO PLAQUEAMENTO .......................................... 99

    Introduo ................................................................................................................... 99

    Esterilizao ............................................................................................................... 99

    Esterilizao por Calor mido - Autoclave ........................................................... 99

    Constituio da Autoclave ................................................................................ 101

    Operao da autoclave .......................................................................................... 101

    Esterilizao por Calor Seco ................................................................................ 102

    Esterilizao por calor seco Estufa ................................................................ 103

    2.1.2 Operao da estufa .............................................................................. 103

    Esterilizao por Filtrao .................................................................................... 103

    MEIOS de CULTIVO .................................................................................................. 104

    Plate Count Agar (P C A - Agar Padro) Bactrias Aerbios Mesfilas Totais .. 104

    gar- Man, Rogosa & Sharpe (MRSA) - Bactrias Lcticas Totais .................... 105

    Extrato de Levedura- Peptona- Dextrose - gar (YEPD + A) Leveduras .......... 105

    Meio Mayeux & Colmer Teste de Sensibilidade ............................................... 105

    Meio de Cultivo G. L .T. Teste de Sensibilidade .................................................. 106

    INIBIDORES de CRESCIMENTO MICROBIOANO Solues Estoque ............... 106

    Bactrias ................................................................................................................... 106

    Leveduras ................................................................................................................. 106

    MTODOS PARA CONTAGEM DE CLULAS VIVEIS: LEVEDURAS E

    BACTRIAS ................................................................................................................ 107

    Plaqueamento por Incorporao ou Profundidade (Mtodo Pour Plate) .............. 107

    Diluio em srie ...................................................................................................... 107

    Tcnica de plaqueamento ......................................................................................... 108

    Clculo do nmero UFC/ml. .................................................................................... 108

    Plaqueamento de Superfcie (Mtodo Spread Plate) ............................................. 109

    Clculo do nmero de UFC/ml ............................................................................. 110

    Avaliao da Populao Microbiana por Filtrao em Membrana. ......................... 110

    Procedimento analtico ......................................................................................... 112

    Clculo do nmero de UFC/ml ............................................................................. 112

    Cultivo por Estrias .................................................................................................... 113

    Procedimento analtico ......................................................................................... 113

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 7 6/7/2011

    Cultivo em PetriFilm ............................................................................................. 114

    Procedimento analtico ......................................................................................... 114

    Clculo do nmero de UFC/ml ............................................................................. 115

    OUTRAS ANLISES .................................................................................................. 115

    Avaliao da Floculao da Levedura ...................................................................... 115

    Procedimento Analtico .................................................................................... 116

    FLOCULAO DAS CLULAS DE LEVEDURAS ................................................ 117

    Floculao da levedura pela bactria Lactobacillus fermentum ............................... 119

    Aspectos gerais ..................................................................................................... 120

    Aspectos genticos ............................................................................................... 122

    Ao de ons ......................................................................................................... 123

    Aspectos fsico-qumicos ...................................................................................... 124

    Aspectos qumicos ................................................................................................ 124

    Mecanismos de floculao ................................................................................... 124

    Hidrofobicidade celular .................................................................................... 124

    Ligao tipo-lectina .......................................................................................... 125

    Reconciliao dos dois mecanismos ................................................................ 125

    Cofloculao levedura-bactria ............................................................................ 125

    Ao de bactrias .................................................................................................. 126

    Consideraes importantes ................................................................................... 127

    CIDO LTICO .......................................................................................................... 128

    Produo de cidos por microrganismos .................................................................. 128

    Histrico ............................................................................................................... 128

    Consideraes Gerais ........................................................................................... 129

    Bactrias lticas ................................................................................................ 129

    Requerimentos nutricionais .............................................................................. 130

    Caractersticas da colnia ................................................................................. 130

    Tolerncia acidez: .......................................................................................... 130

    Padres de fermentao de carboidratos em bactrias lticas .............................. 130

    Bactrias homofermentativas ........................................................................... 130

    Bactrias heterofermentativas .......................................................................... 131

    Principais bactrias lticas .................................................................................... 131

    TIPOS DE FERMENTAO ALCOLICA .............................................................. 131

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 8 6/7/2011

    Fermentao descontnua ou batelada ...................................................................... 131

    Conduo da fermentao .................................................................................... 131

    Providencias preliminar para partida ................................................................ 131

    Partida e sistemas de partida ............................................................................. 132

    Partida com tubo de cultura pura .................................................................. 133

    Partida com leite de fermento selecionado ................................................... 135

    Partida com fermento prensado .................................................................... 137

    Controle operacional da fermentao contnua ........................................................ 138

    Introduo e estratgias ........................................................................................ 138

    Interpretao dos parmetros do laboratrio ........................................................ 139

    Critrios de dimensionamento da fermentao alcolica ......................................... 140

    Dornas ................................................................................................................... 140

    Resfriamento de dornas ........................................................................................ 142

    Centrfugas de fermento ....................................................................................... 144

    Tratamento do fermento p-de-cuba.................................................................. 145

    PERDAS DURANTE O PROCESSO .......................................................................... 145

    Qualidade da cana-de-acar .................................................................................... 146

    Lavoura ................................................................................................................. 146

    Carregamento, transporte e recepo .................................................................... 147

    Armazenamento: ptio e barraco ........................................................................ 147

    Lavagem ............................................................................................................... 148

    Preparo e extrao ................................................................................................ 148

    Caldo e mosto ........................................................................................................... 149

    Aquecimento e decantao ................................................................................... 149

    Resfriamento do mosto ......................................................................................... 151

    Fermentao ............................................................................................................. 151

    Centrifugao ........................................................................................................... 151

    Tempo de aproveitamento ........................................................................................ 152

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 9 6/7/2011

    FERMENTAO ALCOLICA

    Microbiologia Bsica

    Leveduras

    A palavra levedura traz imediatamente mente a idia "fermentao", pois os dois

    termos tm sido muito associados atravs da histria. Entretanto, o desenvolvimento

    do conceito de levedura pode ser considerado como tendo tido incio por volta de 1680

    (Van Leeuwenhoek). Mas foi somente aps os estudos do gnio Pasteur, em 1876,

    que se caracterizou a individualidade da levedura como um organismo vivo com

    caractersticas prprias.

    Morfologia da clula

    Forma da clula

    A clula da levedura pode apresentar vrias formas, as quais podem ser os resultados

    da maneira de reproduo vegetativa bem como das condies de cultivo e idade da

    cultura. As formas que mais comumente so encontradas so esfrica, globosa,

    ovide e alongada, embora existam certas leveduras com formas altamente

    caractersticas. Entretanto, dizer que uma determinada forma de clula caracterstica

    de uma dada espcie ou gnero, no significa que em uma populao de leveduras

    todas as clulas apresentaro aquela forma, mas pelo menos em um determinado

    perodo do desenvolvimento celular as clulas tero uma forma caracterstica.

    Tamanho da clula

    O tamanho da clula de levedura tambm variado, mas numa cultura jovem o

    tamanho da clula pode ser bem uniforme em algumas espcies ou extremamente

    heterogneo em outras. Estas disparidades podem ser usadas para diferenciao

    entre espcies e algumas vezes at mesmo entre linhagens da mesma espcie. De

    uma maneira geral as leveduras industriais variam consideravelmente no que se refere

    s suas dimenses, com limites desde 1 a 5 m de largura e 5 a 30 m de comprimento.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 10 6/7/2011

    Estrutura da clula

    A maioria das investigaes feitas sobre as estruturas da clula de levedura

    baseada em trabalhos feitos com Saccharomyces cerevisiae. As informaes sobre a

    citologia da levedura tm sido obtidas por observaes diretas com o microscpio

    ptico, tcnicas de colorao da clula para componentes especficos, microscopia

    eletrnica de transmisso de cortes ultrafinos das clulas, bem como atravs da

    microscopia de varredura.

    As principais micro-estruturas da clula de levedura so: a parede celular, a

    membrana citoplasmtica ou plasmalema, o ncleo, um ou mais vacolos e a

    mitocndria.

    Parede celular

    A parede celular pode ser vista com um simples microscpio ptico (campo claro)

    como uma linha externa da clula. Embora um pouco elstica, sua rigidez

    responsvel pela forma particular que a clula apresenta. Com o microscpio

    eletrnico de varredura, quando a clula ntegra observada pode-se verificar

    perfeitamente a presena das cicatrizes dos brotamentos na parede celular.

    A parede celular das leveduras fina nas clulas jovens, espessando-se com a idade.

    Os principais constituintes da parede celular de Saccharomyces cerevisiae so os

    polissardeos glicano (30 a 34%) e manano (30%).

    Basicamente a parede celular do gnero Saccharomyces consiste de trs camadas: a

    camada interna de glucana insolvel em alcali; a camada intermediria de glucana solvel em alcali e a camada exterior de glicoprotena na qual o carboidrato a

    manana fosforilada. Na parede celular so encontrados ainda outros compostos, como

    lipdeos e heteropolissacardeos, dependendo do gnero e espcie considerados.

    As protenas so constituintes constantes das paredes celulares das leveduras.

    Saccharomyces cerevisiae apresenta 6 a 8% de protenas, parte das quais

    provavelmente enzimas, j que invertases e outras hidrolases foram identificadas na

    parede celular. As concentraes em lipdeos variam de 8,5 a 13,5%.

    A quantidade de quitina tambm varia com a espcie sendo que Saccharomyces

    cerevisiae apresenta entre 1 a 2% deste composto; j a glicosamina foi encontrada em

    pequenas quantidades nas paredes das leveduras.

    Membrana citoplasmtica ou Plasmalema

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 11 6/7/2011

    Esta estrutura localizada diretamente abaixo da parede celular e tem uma importante

    funo na entrada seletiva de nutrientes do meio de crescimento. Ela protege tambm

    a clula de perder compostos de baixo peso molecular por vazamento do citoplasma e

    ela representa a "matriz" sobre a qual os compostos da parede celular so

    depositados durante o crescimento da clula. Na composio qumica do plasmalema

    encontrada uma mistura complexa de lipdeos neutros (mono, di e triglicerdeos),

    esterois livres e esterificados (principalmente ergosterol), esfingolipdeos complexos,

    glicerofosfatideos, neutro e cido glicolipdeos. Os cidos graxos nos vrios

    componentes so de cadeia longa (C16 - C26) com o cido olico (C18:1) sendo o

    cido graxo mais importante.

    Ncleo

    O ncleo das clulas de levedura no facilmente visto ao microscpio ptico (campo

    claro) quando as clulas so preparadas para observao em suspenso aquosa. Por

    outro lado, ao microscpio de contraste de fase, o ncleo pode ser observado em

    leveduras desenvolvidas em meio nutritivo contendo 18-21% de gelatina.

    Os exames de cortes ultrafinos mostram que o ncleo das leveduras uma organela

    bem definida, circundada por uma membrana nuclear semipermevel, com funes

    metablicas e reprodutivas.

    O ncleo composto de uma parte opticamente densa, o nuclolo, e uma poro

    menos densa que contm o material cromatnico. Alm do DNA, o ncleo contm

    vrias categorias de RNA e um tipo de polifosfato com uma cadeia de 20 a 40

    resduos de ortofosfato.

    Durante a formao do brotamento das leveduras a diviso do ncleo acompanhada

    por alongamento e constrio deste, a qual acontece naturalmente no pescoo do

    broto. Ambos, nuclolo e a poro contendo cromatina se dividem e so incorporados

    no ncleo das duas novas clulas.

    Vacolos

    Quando as clulas de levedura so vistas ao microscpio de contraste, usualmente

    pode-se observar um ou mais vacolos de diferentes tamanhos (0,3 - 3,0 m de dimetro). Eles tm geralmente aparncia (forma) esfrica e so mais transparentes a

    um feixe de luz que o citoplasma que os circunda. Quando as clulas so colocadas

    em meio nutritivo e comeam a emitir brotamentos os grandes vacolos se dividem

    por constrio em numerosos pequenos vacolos. Durante o desenvolvimento do

    broto os vacolos so distribudos entre as clulas me e filha (brotamento). Depois de

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 12 6/7/2011

    completado o processo de brotamento os pequenos vacolos podem se fundir para

    formar novamente grandes vacolos.

    Ao microscpio eletrnico pode-se observar que o vacolo cercado por uma simples

    membrana, a qual dada a sua constituio est relacionada ao transporte de

    substncias armazenadas no vacolo. Uma grande variedade de compostos de alto e

    baixo peso molecular pode entrar no vacolo. Por exemplo, no vacolo podem ser

    encontrados polimetafosfatos (volutina), purinas, derivados de purina de baixa

    solubilidade formando cristais, os quais apresentam ativo movimento Brawniano e,

    portanto conhecidos como "dancing bodies". Tambm uma grande poro dos

    aminocidos livres da levedura armazenada no vacolo e tem sido sugerida inclusive

    a presena de lipdeos nos vacolos.

    Os vacolos servem tambm como vesculas de armazenamento para vrias enzimas

    hidrolticas, incluindo proteases, ribonucleases e esterases. Quando em condies

    adversas, o vacolo pode se romper e o processo de autlise da clula acontecer. A

    existncia de hidrolases nos vacolos tambm sugere que estes sejam os lisossomos

    celulares (compartimento onde se do a ciso e sntese de macromolculas). Os

    vacolos tambm funcionam como reservatrio energtico, com os materiais acima

    temporariamente no metabolizados.

    Mitocndria

    As mitocndrias ocorrem como organelas membranas-limitadas que, ao exame

    microscpico tm a aparncia de filamentos pregueados com dimetro de 0,3 a 1 m e comprimento de at 3 m. Em Saccharomyces elas esto geralmente localizadas bem prximas periferia da

    clula, mas em leveduras aerbias obrigadas elas esto mais distribudas atravs do

    citoplasma. O nmero de mitocndria pode variar de um a vinte por clula.

    Durante o brotamento celular as mitocndrias tambm se dividem e so distribudas

    entre a clula me e a filha. Estas organelas so envolvidas por uma membrana

    externa e outra interna as quais formam as cristas que se estendem dentro do estroma

    mitocondrial.

    As mitocndrias so ricas em lipdeos, fosfolipdeos e ergosterol. Elas contm tambm

    DNA, RNA e protenas, incluindo RNA polimerase e um grande nmero de enzimas

    respiratrias participando no ciclo do TCA e transporte de eltrons.

    Uma vez que as mitocndrias contm as enzimas respiratrias, sua principal funo

    a de converso aerbia de energia.

    Sob condies anaerbias de fermentao de glucose ou mesmo sob condies

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 13 6/7/2011

    aerbias em altas concentraes de glucose (5-10%) as mitocndrias parecem se

    degenerar, transformando-se na chamada promitocndria, com cristas pouco

    desenvolvidas, o que faz com que diminua a capacidade respiratria. Por outro lado, a

    respirao pode ser restabelecida facilmente pela diminuio da concentrao de

    glucose e arejamento das clulas.

    Citoplasma

    O citoplasma a matriz na quais todas as organelas discutidas at agora esto

    localizadas. Ele contm grandes quantidades de ribosoma, polifosfato e os

    polissacardeos de reserva, glicognio e trealose, enzimas glicolticas, etc. De 1,0 a

    5,0% de DNA da levedura podem estar presentes no citoplasma.

    Cpsulas

    Algumas leveduras so cobertas por um material extracelular limoso, viscoso e

    aderente, que a substncia capsular. A maior parte das cpsulas de leveduras tem

    composio polissacardica, incluindo heteropolissacardeos e substncias

    semelhantes ao amido.

    Reproduo

    Reproduo vegetativa

    As leveduras podem se reproduzir por esporulao, por gemulao (brotamento) ou

    por fisso. O mtodo mais comum o da gemulao onde forma-se um tubo a partir

    do vacolo nuclear, adjacente ao ncleo da clula-me, orientando para um ponto da

    parede celular mais prxima do vacolo. Ali, forma-se uma pequena protuberncia na

    superfcie mais externa da clula, produzida por um enfraquecimento local da parede

    celular existente. O tubo passa para a protuberncia, que aumenta de volume e se

    enche com material nuclear e citoplasmtico da clula-me. A parede do broto contm

    apenas material recentemente sintetizado. Quando a gmula estiver com tamanho

    aproximado ao da clula-me, o aparelho nuclear de ambas as clulas se reorienta, de

    modo que os entrossomos de cada unidade sejam vistos no ponto de unio.

    Completada a diviso nuclear, forma-se uma parede transversal, de modo semelhante

    ao que ocorre nas leveduras em diviso. Durante sua vida uma clula madura produz,

    por gemulao, uma mdia de 24 clulas-filhas. As gemulaes sucessivas so

    sempre formadas em locais diferentes na superfcie celular, permanecendo cicatrizes

    das gmulas como resultado deste processo de reproduo.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 14 6/7/2011

    Reproduo por esporos

    A formao de esporos sexuados em leveduras de grande importncia biolgica. A

    esporulao constitui uma fase do ciclo sexual da levedura, isto , alternncia da

    condio haplide (1n cromossomos) e diplide (2n cromossomos). Este ciclo permite

    a levedura sofrer recombinaes genticas, mutao, hibridao e seleo; processos

    esses que levam as mudanas evolucionrias (melhoramento gentico).

    geralmente conhecido que condies de aerobiose so essenciais para

    esporulao, uma vez que pouco ou nenhum esporo so formados sob condies

    anaerbias (fermentao).

    O nmero de esporos pode variar para uma espcie particular, embora a maioria das

    leveduras forme um nmero mximo definido de esporos em cada asco. Em algumas

    leveduras o nmero mximo oito. Mas na maioria das leveduras ascosporogenas

    (Saccharomyces cerevisiae) o nmero mximo de esporos quatro por asco, embora

    ascos com dois ou trs esporos sejam comuns nesta espcie.

    Fisso

    Durante este processo reprodutivo a levedura aumenta de tamanho ou se alonga,

    o ncleo se divide e as duas clulas-filhas so formadas. Durante os perodos de

    rpida multiplicao, as clulas podem se dividir sem se separarem, formando-se

    cadeias de clulas. Este processo de reproduo caracterstico para o gnero

    Schizosaccharomyces.

    Leveduras contaminantes ou nativas

    A presena de leveduras contaminantes (selvagem) tem trazido srios problemas para

    a fermentao, tanto na produo de vinhos como na fabricao de cerveja, e, at

    mesmo na produo de fermento prensado para panificao. Esses contaminantes

    podem trazer problemas graves no que se refere ao processo fermentativo e,

    principalmente a deteriorao do produto final, provocando o aparecimento de sabores

    e aromas que descaracterizam totalmente a bebida.

    Na produo de lcool a partir do melao e/ou do caldo de cana-de-acar a presena

    de leveduras contaminantes tem sido pouco ou raramente mencionada. Entretanto,

    nas safras 84/85 at 88/89, embora no se tenha feito testes especficos, em algumas

    destilarias a presena de clulas de levedura com caractersticas diferentes (forma,

    tamanho, tipo de colnias) daquelas da levedura alcolica foi constatada.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 15 6/7/2011

    A proporo destas leveduras em relao levedura alcolica tem variado bastante,

    desde algumas clulas at quase total dominncia. A origem destas leveduras

    contaminantes (selvagem) varivel, destacando-se como principais, o melao, o

    xarope, a gua de lavagem de cana e o prprio solo. Essas leveduras podem chegar

    as dornas de fermentao tanto na forma vegetativa como de esporos. A

    predominncia de uma ou de outra forma vai depender do tipo de processo

    empregado pela indstria, ou seja, com ou sem tratamento trmico do caldo

    (aquecimento, decantao, concentrao, etc.).

    Os efeitos da presena de leveduras contaminantes na fermentao alcolica podem

    ser sentidos pelo abaixamento do rendimento da fermentao, maior tempo de

    fermentao, maior formao de espumas pelo aumento da viscosidade, etc. A maior

    ou menor intensidade desses fatores vai depender das caractersticas fisiolgicas da

    espcie de levedura contaminante, ou seja, se Saccharomyces ou no

    Saccharomyces.

    O caso encontrado por ns (Fermentec) mais impressionante, foi na fermentao

    contnua da Usina Vale do Rosrio (Morro Agudo), onde a levedura selvagem

    provocou srios prejuzos. Sua forma era diferente da levedura industrial (TA, no caso)

    e as clulas filhas no se soltavam da clula me, formando verdadeiros cachos.

    A quantidade de espuma era intensa e foi necessrio modificar todo o processo para

    poder continuar produzindo lcool. Esta levedura foi identificada (Barre, Montpellier,

    Frana) como sendo uma Candida krusei.

    Esta levedura foi encontrada no caldo, na gua de refrigerao das dornas, e por

    incrvel que parea, na vinhaa. A passagem pelo aparelho de destilao no

    conseguia elimin-la completamente.

    Assepsia rigorosa, monitoramento constante, controle da temperatura de aquecimento

    do caldo e controle da temperatura da fermentao foram as maneiras que

    conjuntamente se conseguiu contornar o problema.

    Na safra 88/89, ocorreram dois casos de contaminao com levedura selvagem entre

    os clientes da Fermentec, com srios problemas para o processo. Em ambas as

    indstrias houve um grande aumento do tempo de fermentao e uma sensvel

    diminuio do rendimento, uma vez que a levedura contaminante dominou

    completamente o processo.

    Um levantamento feito por plaqueamento, mostrou que esta levedura se encontrava

    disseminada em todo o processo, que era oriunda da cana e que estava passando

    pelo tratamento trmico uma vez que a temperatura de aquecimento era igual ou

    inferior a 100C.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 16 6/7/2011

    As caractersticas bsicas diferenciais desta levedura contaminante eram clulas

    alongadas com brotamento exclusivamente unipolar (apical).

    O problema foi resolvido pela troca de todo o fermento em processo e a elevao da

    temperatura de aquecimento do caldo para 105 - 110C.

    Testes realizados com meios diferenciais pelo setor de Microbiologia da Fermentec e

    pelo Instituto National De La Recherche Agronomique da Frana (INRA) mostraram

    que esta levedura no pertencia ao gnero Saccharomyces, e segundo Barre, era uma

    Candida krusei de linhagem diferente da encontrada na Vale do Rosrio.

    Durante as safras 91/92 a 97/98 vrias outras leveduras contaminantes foram isoladas

    e caracterizadas de amostras de mosto de alimentao e vinho bruto de clientes da

    Fermentec. Atravs de testes de assimilao e fermentao de carboidratos, segundo

    o procedimento da taxonomia numrica descrito por GRIFFITHS (1981) foram

    encontradas Saccharomyces chevalieri, Saccharomyces capensis, Saccharomyces

    bayanus, Candida krusei, Pichia ohmeri, Trichosporum brassicae, Torulaspora

    pretoriensis e Kluyveromyces vanudenii entre outras.

    FOTO - 1 e 2: Clulas vegetativas e colnias de Saccharomyces cerevisiae

    FOTO - 3 e 4: Clulas vegetativas e colnias de Saccharomyces chevalieri

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 17 6/7/2011

    FOTO - 5 e 6: Clulas vegetativas e colnias de Kluyveromyces vanudenii

    FOTO - 7 e 8: Clulas vegetativas e colnias de Candida krusei

    Fisiologia, metabolismo oxidativo e fermentativo das leveduras.

    Em biotecnologia corrente o emprego do termo fermentao para definir reaes

    microbianas. No conceito bioqumico, se o substrato for completamente oxidado diz-se

    que h respirao e se o substrato for parcialmente degradado acarretando a

    formao de metablitos diz-se que h fermentao.

    A levedura como entidade viva independente, realiza a fermentao do acar com o

    objetivo de conseguir a energia qumica necessria sua sobrevivncia, sendo o

    etanol apenas e to somente um subproduto desse processo. Se o homem pretende

    beneficiar-se dessa habilidade metablica, ele deve buscar os conhecimentos que lhe

    permitam propiciar s leveduras, condies ideais para que as mesmas trabalhem a

    seu favor, isto , com maior eficincia na produo de etanol. A clula de levedura

    possui compartimentaes para adequao de sua atividade metablica. A

    fermentao alcolica (gliclise anaerbia) ocorre no citoplasma, enquanto que a

    oxidao total do acar (respirao) se d na mitocndria.

    A transformao do acar (glicose) at resultar em etanol e CO2 envolve 12 reaes

    em seqncia ordenada, cada qual catalisada por uma enzima especfica. Tais

    enzimas sofrem aes de diversos fatores (nutrientes, minerais, vitaminas, inibidores,

    substncias do prprio metabolismo, pH, temperatura, etc.), alguns que estimulam,

    outros que reprimem a ao enzimtica, afetando assim o desempenho do processo.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 18 6/7/2011

    O objetivo primordial da levedura ao metabolizar anaerobicamente o acar, gerar

    uma forma de energia qumica (ATP) que ser empregada na realizao dos diversos

    trabalhos fisiolgicos (absoro, excreo, etc.) e biossnteses, necessrios

    manuteno da vida, crescimento e multiplicao, perpetuando assim a espcie. O

    etanol e o CO2 resultantes se constituem em produtos de excreo, sem utilidade

    metablica para a clula em anaerobiose. Entretanto o etanol e outros produtos de

    excreo podem ser oxidados metabolicamente, gerando mais ATP e biomassa, mas

    apenas em condies de aerobiose.

    Em termos energticos a respirao muito mais eficiente (produo de ATP) do que

    a fermentao, motivo pelo qual, a oxigenao permite uma maior multiplicao da

    levedura.

    Durante a fermentao, na seqncia de reaes de produo de ATP, intrnsecas

    formao de etanol, rotas metablicas alternativas aparecem para propiciar a

    formao de materiais necessrios produo da biomassa (polissacardeos,

    protenas, cidos nuclicos, etc.) bem como para a formao de outros produtos de

    interesse metablico, relacionados direta ou indiretamente com a adaptao e

    sobrevivncia, os quais desviam esqueletos carbnicos provenientes do acar,

    reduzindo a produo de etanol. ele, o glicerol, os cidos orgnicos (principalmente

    o succnico e o actico), que conjuntamente com a biomassa so quantitativamente os

    principais subprodutos metabolicamente relacionados ao equilbrio do redox celular em

    anaerobiose.

    A fermentao alcolica um processo no oxidativo, sem a participao do oxignio

    molecular (O2), e, portanto, para se manter o equilbrio de redox celular, todo NADH

    formado (em reaes de oxidao) deve ser consumido em reaes de reduo,

    acopladas produo de etanol e de glicerol.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 19 6/7/2011

    Denise '95

    RESPIRAO

    CICLODE

    KREBS

    CADEIA RESPIRATRIA

    Figura 3: Esquema da fermentao (em anaerobiose) e da respirao, quando a clula

    est sob aerobiose e aparecem as mitocndrias ativas (no destaque).

    Nutrio e crescimento das leveduras

    As leveduras exigem diversos ons inorgnicos (minerais) em concentraes tanto

    micro como milimolar para manifestarem timos crescimento e rendimento

    fermentativo. Deficincias ou concentraes elevadas de tais minerais, ou seja, um

    desequilbrio entre os nutrientes minerais, provoca alteraes metablicas

    significativas. De todos os elementos encontrados na levedura apenas alguns so

    considerados essenciais sendo que muitos deles aparecem fortuitamente dependendo

    da composio do meio no qual a levedura cresceu.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 20 6/7/2011

    As necessidades de N, P e S so as mais facilmente justificveis por integrarem

    constituintes celulares tanto estruturais quanto metabolicamente ativos. J os ons

    minerais esto predominantemente implicados na atividade enzimtica. Assim o

    mineral pode funcionar como o centro cataltico de uma enzima (Zn, Co, Mn e Cu),

    como ativador ou estabilizador da funo enzimtica (K, NH4, Mg), como mantenedor

    de um controle fisiolgico (pela ao antagnica exercida entre ons), e ainda do ponto

    de vista estrutural, atuando como neutralizador de foras eletrostticas em diversas

    unidades celulares aninicas (K, Ca, Mg e Zn neutralizando cargas negativas do DNA,

    RNA, protenas, membranas fosfolipdicas e fosfomananas da parede celular).

    Embora se possam postular concentraes timas para cada elemento, existe uma

    vasta gama de interaes entre os nutrientes minerais resultando que tal concentrao

    tima altamente dependente da concentrao de outros minerais no meio.

    Para tornar a situao mais complexa, alguns ons atuam como antagnicos

    minimizando efeitos inibitrios de outras espcies inicas e por outras inter-relaes

    metablicas que determinam a quantidade absorvida do on e os efeitos

    conseqentes.

    Igualmente, pode-se considerar que a necessidade de um elemento qualquer pode ser

    diminuda, se o mosto empregado na indstria, geralmente complexo, apresentar o

    produto final de uma reao catalizada por uma metalo-enzima. Isso ocorre quando o

    mosto apresenta aminocidos, bases nitrogenadas e outros compostos orgnicos e

    que so utilizados pela levedura, tornando desnecessria a sntese dos mesmos.

    Por outro lado, os mostos empregados na indstria podem conter agentes quelantes,

    sequestrantes e absorventes os quais reduzem a concentrao efetiva de espcies

    inicas. Assim, minerais de argila, cidos hmicos, aminocidos, protenas, cidos

    orgnicos, polifenis, cido ftico, polifosfatos e outros materiais coloidais, complexam

    diversos ons com diferentes afinidades. Os elementos minerais que afetam

    negativamente a levedura podem ser classificados como elementos txicos, como o

    caso do alumnio.

    Bactrias

    Morfologia das clulas bacterianas

    Das caractersticas principais das clulas bacterianas destacam-se suas dimenses,

    forma, estrutura e arranjo celular, os quais constituem a morfologia da clula.

    Forma das bactrias

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 21 6/7/2011

    Apesar de existirem milhares de espcies bacterianas, os organismos isolados podem

    apresentar uma das trs formas gerais: elipsoidal/esfrica, bastonetes e

    espiralada/helicoidal.

    As clulas bacterianas elipsoidal-esfricas denominadas de cocos podem apresentar

    os seguintes tipos de arranjos:

    As clulas bacterianas cilndricas ou em bastonetes (bacilos) no se dispem de

    acordo com os padres encontrados entre os cocos, mas podem se apresentar

    isolados, aos pares (diplobacilos) e em cadeias (estrepto bacilos). Em alguns casos

    esses arranjos no constituem padres morfolgicos caractersticos, mas devida a

    etapa de crescimento ou s condies de cultura.

    De um modo geral essas duas formas de bactrias so as mais comuns entre os

    contaminantes nas indstrias do acar e do lcool.

    Dimenses da clula bacteriana

    A unidade de medida da clula bacteriana o micro, que equivale a 10-3 mm. As

    formas esfricas (cocos) variam de tamanho de 0,5 m a 1,0 m de dimetro. J as bactrias em forma de bastonetes (bacilos) variam de 1,0 m a 5,0 m de comprimento de 0,3 m a 1,0 m de largura. Estas caractersticas podem ser usadas para a caracterizao das espcies bacterianas.

    Estrutura bacteriana

    O exame da clula bacteriana mostra estruturas, as quais so esquematizadas abaixo.

    Algumas dessas estruturas aparecem apenas em certas espcies, outras so mais

    caractersticas de uma espcie de que de outra, mas a parede celular e o citoplasma

    so naturalmente comuns a maioria das clulas bacterianas.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 22 6/7/2011

    Parede celular

    Esta se encontra externamente delicada membrana citoplasmtica e devido a sua

    rigidez prpria mantm a forma caracterstica da clula mesmo quando esta

    submetida a condies fsicas extremas (altas presses osmticas ou temperaturas

    abaixo de zero). A parede celular representa uma poro significativa do peso seco

    total da clula, podendo ser responsvel por 10 a 40% do peso seco do

    microrganismo.

    Ela parece ter uma funo importante na diviso e crescimento celulares, uma vez que

    a clula bacteriana desprovida de parede celular (protoplasto) incapaz de promover

    a diviso ou crescimentos normais.

    Vrias substncias so encontradas na parede celular bacteriana como, por exemplo,

    o cido diaminopimlico (DPA), o cido murmico e o cido teicico. Estas

    substncias so tpicas das bactrias.

    Outros compostos principais da parede celular das bactrias so aminocidos,

    acares aminados, carboidratos e lipdeos. Todas estas substncias so reunidas

    para formar substncias polimricas complexas que formam a estrutura da parede

    celular, como o caso do composto polimrico conhecido como peptidoglicano,

    responsvel pela rigidez da parede celular. Nas bactrias Gram negativas o

    peptoglicano constitui uma frao menor do total da parede celular do que nas

    bactrias Gram positivas, mas de um modo geral a parede celular das clulas Gram

    negativas quimicamente mais complexa. O contedo lipdico das bactrias Gram

    negativas consideravelmente maior do que a dos organismos Gram positivos.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 23 6/7/2011

    Acredita-se que a funo da parede celular seja a de proporcionar uma moldura rgida

    que suporte e proteja as entidades protoplasmticas mais sensveis.

    Membrana citoplasmtica ou protoplasmtica

    A membrana citoplasmtica ou protoplasmtica ou simplesmente membrana

    plasmtica est situada imediatamente abaixo da parede celular, separando esta do

    material citoplasmtico. Trata-se de uma membrana de real importncia e sendo

    semipermevel e seletiva, controla a passagem de nutrientes e de resduos para

    dentro e para fora da clula, respectivamente. Nesta so encontrados tambm vrias

    enzimas responsveis por diversas funes celulares, como transporte de eltrons e

    fosforilao oxidativa. Desta forma qualquer modificao (leso) da membrana

    citoplasmtica poder resultar em morte da clula, sem, contudo, provocar alteraes

    morfolgicas que possam ser verificadas ao microscpio comum.

    Citoplasma

    Este representa todo o material celular contido dentro da membrana citoplasmtica.

    Nele pode-se distinguir uma rea de aparncia granular rica em cido ribonucleico

    (rea citoplasmtica), uma rea rica em cido desoxiribonucleico (ADN) (rea nuclear

    ou cromatnica) e uma rea fluida com nutrientes dissolvidos. O cido ribonucleico

    juntamente com protenas forma corpsculos ou macromolculas densamente

    aglomeradas por todo o citoplasma. Estas partculas ribonucleoproteicas so

    denominadas de ribossomos.

    Nenhum vacolo tem sido observado no contedo citoplasmtico, mas vrias outras

    incluses podem ser encontradas atravs de tcnicas microscpicas especiais. Dentre

    estas se incluem grnulos de amido, de pigmentos, polmero de fsforo inorgnico,

    etc. Acredita-se que geralmente os grnulos podem servir como fonte de material

    nutritivo de reserva.

    Material celular

    Embora as bactrias no possuam o ncleo tpico das clulas de animais e

    vegetais superiores, dentro do citoplasma so encontrados corpsculos que so

    considerados como estrutura nuclear, onde encontrado o ADN da clula

    bacteriana.

    Entretanto deve-se usar o termo ncleo, uma vez que se trata de uma forma

    primitiva de ncleo. O ncleo da clula bacteriana pode ser revelado pelo corante

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 24 6/7/2011

    de Feulgen, o qual especfico para ADN, ou pela microscopia eletrnica, uma

    vez que menos denso que o citoplasma. No h evidncia de uma membrana

    separando o ncleo do citoplasma e durante a replicao do ncleo bacteriano

    no se tem observado o aparelho mittico, tpico das clulas superiores.

    Flagelos

    Os apndices muito finos, semelhantes a cabelos, que se exteriorizam atravs da

    parede celular e se originam de uma estrutura granular imediatamente abaixo da

    membrana citoplasmtica so denominados de flagelos. Nem todas as bactrias

    possuem flagelos, mas pode-se generalizar que muitas espcies de bacilos o

    apresentam e raramente eles ocorrem em cocos e lactobacilos.

    Os flagelos so muito pequenos para serem vistos em seu estado natural, pelo

    microscpio ptico. Uma vez que os flagelos so responsveis pela mobilidade das

    bactrias e que nem todas as bactrias so flageladas, conclui-se que existem

    espcies mveis e imveis. O mtodo exato pelo quais os flagelos movimentam a

    clula bacteriana no conhecido. Uma das hipteses diz que as cadeias proticas se

    contraem e se relaxam produzindo um movimento ondulatrio que puxa ou empurra o

    organismo. Outra sugere um mecanismo rotatrio, a partir de uma extremidade fixa, de

    uma hlice relativamente rgida.

    A mobilidade pode ser facilmente observada pela microscopia com preparao em

    gota pendente.

    Cpsulas

    Algumas bactrias esto envoltas por uma substncia viscosa que forma uma camada

    de cobertura ou envelope ao redor da clula. Estas estruturas so designadas como

    cpsula ou camada limosa. As cpsulas representam um envoltrio protetor e podem

    servir tambm como reservatrio de alimentos armazenados e como locais de despejo

    de substncias de escria. As bactrias capsuladas so responsveis pelo

    aparecimento de certos prejuzos em processos industriais uma vez que este material

    de natureza polissacardica pertencentes a diversos tipos como o dextrano, a

    dextrina, o levano e a celulose.

    Reproduo bacteriana

    Durante o crescimento bacteriano o processo mais comum de diviso celular

    (multiplicao) a fisso binria, onde uma nica clula se divide em duas, aps o

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 25 6/7/2011

    desenvolvimento de uma parede celular transversal. Essa diviso da clula um tipo

    de reproduo assexual. O tempo necessrio para que a clula se divida ou para que

    a populao duplique conhecido por tempo de gerao, o qual pode variar de 15 a

    20 minutos at algumas horas. O tempo de gerao depende da espcie bacteriana e

    das condies ambientais, ou seja, as bactrias so capazes de crescer numa ampla

    faixa de condies fsicas, podendo utilizar alimentos muito diferentes, mas seu

    crescimento timo requer condies especficas para uma dada espcie.

    Entretanto a fisso binria no o nico processo de reproduo das bactrias.

    Muitas espcies bacterianas pertencentes a vrios gneros (Bacillus, Clostridium) so

    capazes de formar, sob certas condies, ou como meio de disseminao da espcie,

    unidades celulares conhecidas como esporos. Esses esporos so formados no interior

    das clulas e portanto so denominados de endosporos. Eles contm somente parte

    dos constituintes celulares e a sua posio e forma na clula so importantes critrios

    na classificao dos bacilos.

    Nas espcies do gnero Bacillus somente um esporo formado por clula, e quando

    este germina resulta uma nica clula bacteriana. A germinao dos esporos

    geralmente requer a presena de um aminocido especfico e pode ocorrer somente

    aps o esporo ter sofrido a ao de fatores fsicos (choque trmico).

    A resistncia dos esporos bacterianos as altas temperaturas varivel de espcie

    para espcie, e de um modo geral, temperaturas ao redor de 80C ou mais so

    apenas suficientes para provocar a germinao dos mesmos.

    importante mencionar que as bactrias capazes de formar esporos, podem crescer e

    multiplicar-se por muitas geraes como clulas vegetativas, mas num determinado

    momento do desenvolvimento pode ocorrer no interior do citoplasma vegetativo, a

    sntese de um novo protoplasma, que dar origem ao esporo.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 26 6/7/2011

    A composio qumica do esporo tpica e todos os esporos bacterianos contm

    grandes quantidades de cido dipicolnico (5 a 10%), grandes quantidades de clcio,

    peptidoglicano, os quais formam um complexo Ca- cido dipicolnico-peptoglicano que

    constitui a camada cortical do esporo. Comparados com as formas vegetativas, os

    esporos so extremamente resistentes aos agentes fsicos e qumicos adversos. Esta

    capacidade de sobrevivncia pode ser atribuda sua parede ou capa impermevel a

    qual por sua vez est associada ao complexo cido dipicolnico-clcio.

    Ciclo normal de crescimento da cultura bacteriana

    Quando se inocula um meio de cultura com certo nmero de bactrias e se observa o

    nmero de clulas a intervalos regulares por mais ou menos 24 horas, verifica-se que

    inicialmente parece no haver crescimento, em seguida h um rpido aumento da

    populao e depois h uma diminuio do nmero de clulas. Esses perodos so

    conhecidos como fases do crescimento bacteriano, e so assim denominados: lag

    fase, fase logartmica ou exponencial, fase estacionria e fase de declnio ou de morte.

    A - lag fase

    B - fase exponencial

    C - fase estacionria

    D

    C

    B

    A

    Log donmero debactrias

    Tempo (h)

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 27 6/7/2011

    D - fase de declnio

    Fig. 8. Curva de crescimento tpica das bactrias. (A) fase lag; (B) fase log

    (logartmica); (C) fase estacionria; (D) fase de morte ou de declnio.

    (Pelczar, Reid, Chan - 1981, vol. 1)

    Na fase lag no significa que as clulas estejam em repouso ou dormentes; ao

    contrrio durante esta fase as clulas aumentam de tamanho, so fisiologicamente

    ativas e esto sintetizando novo protoplasma. As bactrias no novo meio podem ser

    deficientes em enzimas ou coenzimas que devem ser sintetizadas em quantidades

    suficientes para o funcionamento timo da maquinaria qumica da clula. Ao final da

    fase lag cada organismo se divide, no entanto como nem todos os indivduos

    completaram sua etapa lag simultaneamente ocorre um aumento gradual da

    populao at o trmino desta fase, quando todas as clulas passam a ter capacidade

    de diviso em tempos regulares.

    Na fase logartmica ou exponencial as clulas se dividem firmemente, num ritmo

    constante. A populao grandemente uniforme em termos de composio qumica,

    atividade metablica e outras caractersticas fisiolgicas.

    Na fase estacionria a populao permanece constante durante certo tempo, talvez

    como resultado da completa cessao das divises ou do equilbrio entre o ritmo de

    reproduo e o equivalente ritmo da morte. A tendncia para o fim do crescimento

    pode ser atribuda a uma srie de cirscuntncias, particularmente exausto de

    alguns nutrientes e, com menos freqncia, a produo de produtos txicos.

    Na fase de declnio ou de morte, as bactrias passam a morrer mais rapidamente do

    que a produo de novas clulas. Vrias condies contribuem para a morte

    bacteriana; as mais importantes so a depleo de nutrientes essenciais e o acmulo

    de substncias inibidoras como os cidos.

    Caracterizao e Classificao dos Microrganismos

    As comparaes das caractersticas de grande nmero de microrganismos resultam

    num sistema de agrupamento das espcies semelhantes. Por fim, cria-se um grupo

    com caractersticas muito semelhantes, que considerado como uma espcie e

    recebe um nome especfico, isto , o microrganismo adquire um nome.

    Por serem individualmente to pequenos que no podem ser visualizados sem ajuda

    de um microscpio, no prtico trabalhar com um nico microrganismo.

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 28 6/7/2011

    Por esta razo comum se trabalhar com culturas puras, ou seja, cultura que consiste

    de uma nica espcie de microrganismos, originada do crescimento de uma nica

    clula microbiana. Se dois ou mais tipos crescem juntos tem-se uma cultura mista.

    Antes de se identificar e classificar um microrganismo, suas caractersticas devem ser

    determinadas com detalhes adequados. As principais a serem determinadas ou

    observadas, incluem as seguintes:

    a) caractersticas culturas: os nutrientes exigidos para o crescimento e as condies fsicas do ambiente que favorecem o desenvolvimento.

    b) caractersticas morfolgicas: as dimenses das clulas, seus arranjos, a diferenciao e a identificao de suas estruturas.

    c) caractersticas metablicas: a maneira pela qual o microrganismo desenvolve os processos qumicos vitais.

    d) caractersticas de composio qumica: a identificao dos principais e tpicos constituintes qumicos da clula.

    e) caractersticas antignicas: a deteco de componentes especiais da clula que fornecem evidncia de semelhana entre as espcies.

    f) caractersticas genticas: a anlise da composio do cido desoxiribonucleico (ADN), assim como a determinao das relaes entre o ADN isolado de diferentes

    microrganismos.

    Uma vez que as caractersticas de um microrganismo tenham sido adequadamente

    determinadas e catalogadas, possvel identific-lo pela consulta a livros de

    referncia que contm descries das espcies microbianas (exemplo: Bergeys

    Manual of Determinative Bacteriology). Entretanto comum, mesmo hoje, descobrir

    que o organismo que est sendo pesquisado muito diferente de qualquer um dos

    que foram descritos anteriormente e pode, de fato, tratar-se de uma nova espcie.

    Alm disso, quanto mais informaes forem coletadas sobre os microrganismos

    existentes, as idias a respeito de seus agrupamentos podem sofrer modificaes.

    Classificao em Nvel de Gnero

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 29 6/7/2011

    A morfologia celular ainda uma caracterstica muito importante na descrio dos

    gneros de bactrias. Assim as bactrias so divididas em bastonetes e cocos. A

    diviso celular em um ou dois planos importante na diferenciao dos cocos.

    Uma caracterstica importante na diferenciao de bactrias em nvel de gnero o

    tipo de fermentao da glicose em condies padronizadas ( suprimento ilimitado de

    glicose e de fatores de crescimento como aminocidos, vitaminas e disponibilidade

    limitada de oxignio). Nessas condies as bactrias so divididas em dois grupos: (1)

    homofermentativo, envolvendo aquelas que convertem glicose quase exclusivamente

    a cido lctico e (2) heterofermentativa, as que formam, alm de cido lctico , cido

    actico, gs carbnico e etanol.

    Crescimento a determinadas temperaturas usado pra distinguir cocos. Enterococcus

    crescem a 10C e 45C, Lactococcus e Vagococcus a 10C, mas no a 45C e

    Estreptococcus no cresce a 10C e a 45C varivel conforme a espcie. A

    tolerncia a 6,5% de sal pode ser usada para distino entre Enterococcus,

    Lactococcus e Estreptococcus.

    A tolerncia a acidez e alcalinidade pode ser usada para distino entre os gneros.

    Os Enterococcus so considerados bem tolerantes a pH extremos. A formao de

    diferentes ismeros de cido lctico na fermentao da glicose pode ser usada para

    distinguir Leuconostoc e Lactobacillus heterofermentativos. Os Leuconostoc produzem

    apenas cido D - lctico e os Lactobacillus DL-lctico. Os Pediococcus e Aerococcus

    so morfologicamente idnticos, mas os Pediococcus so mais tolerantes a cidos e

    crescem em condies estritamente anaerbias.

    Deve-se considerar que h superposio nos fentipos entre os diferentes gneros, e

    exees as caractersticas consideradas tpicas so bastante freqentes entre as

    bactrias. Assim a identificao segura destas bactrias requer mtodos sofisticados,

    envolvendo um nmero grande de provas bioqumicas.

    Classificao em Nvel de Espcie

    As anlises das caractersticas fenotpicas so ainda importantes na classificao

    preliminar e no conhecimento de algumas propriedades importantes do ponto de vista

    industrial. Algumas caractersticas importantes em nvel de classificao de espcie

    so: (1) tolerncia a pH e sal, (2) crescimento a determinadas temperaturas, (3)

    configurao do cido lctico produzido, (4) fermentao de diferentes carboidratos,

    (5) hidrlise da arginina, (6) formao de acetona (teste Voges Proskauer), (7)

    tolerncia a sais de bile, (8) tipo de hemlise, (9) produo extracelular de

    polissacardeos, (10) demanda de fatores de crescimento, (11) presena de certas

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 30 6/7/2011

    enzimas, (12) caractersticas de crescimento no leite e (13) tipificao sorolgica.

    Outras caractersticas incluem a taxonomia molecular e quimiotaxonomia, como (1)

    tipo de peptidoglicanas de cido diamnicos, (2) presena e tipo de cidos teicicos,

    (3) presena e tipo de menaquinonas, (4) relao de G + C no DNA, (5) composio

    de cidos graxos e (6) mobilidade eletrofortica de desidrogenase do lactato.

    Grupos Relevantes em Usinas de Acar e lcool

    Veremos a seguir a descrio de algumas espcies dos diferentes gneros de

    bactrias que frequentemente so encontradas como contaminantes do processo de

    produo de acar e lcool.

    Espcie Bacteriana

    Caractersticas Morfolgicas e Citolgicas

    Caractersticas Fisiolgicas - Produtos do metabolismo

    Bacillus subtilis Bastonetes (2,0-3,0 m x 0,7-0,8 m), isolados e raramente em cadeias, esporulados,

    esporo elptico central, Gram

    (+) e com mobilidade.

    Aerbios ou anaerbios

    facultativos, catalase (+), T

    tima 30-37c (mnima 5-20C).

    Fermentao da glucose com

    produo de 2,3 butanodiol +

    acetona + CO2, levana

    extracelularmente de sacarose,

    ativo em pH 5,5 - 8,5.

    Bacillus brevis Bastonetes (1,5-4,0 m x 0,8-1,2 m), isolados e raramente em cadeias, esporulados,

    esporo elptico central ou

    terminal, Gram (+) e com

    mobilidade.

    Aerbios, catalase (+), T tima

    30-35C (mnima 10-35C e mxima 40-60C), cido de

    glucose (v).

    Bacillus megaterium Bastonetes (2,0-5,0 m x 1,2-1,5 m), tendncia formar pequenas cadeias tranadas,

    esporulados, esporos elptico

    central, Gram (+) e com

    mobilidade.

    Aerbios, catalase (+), T tima

    30C (mnima 3-20C e mxima

    35-45C). cido de glucose.

    Espcie Bacteriana

    Caractersticas Morfolgicas e Citolgicas

    Caractersticas Fisiolgicas - Produtos do metabolismo

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 31 6/7/2011

    Bacillus coagulans Bastonetes (2,5-5,0 m x 0,6-1,0 m), principalmente isolados, esporulados, esporo

    elptico central ou terminal,

    Gram (+) e com motilidade.

    Aerbios ou anaerbios facult.,

    catalase (+), T tima 35-40C

    (mnima 15-25C e mxima 55-

    60C, pH mnimo p/ cresc. 4,0-

    5,0, c. de glucose,

    fermentao de glucose com

    produo de c. ltico + 2,3

    butanodiol + acetona + c.

    actico + etanol.

    Bacillus stearothermophilus Bastonetes (2,0-4,0 m x 0,5-1,0 m) isolados e em cadeias, esporulados, esporo oval

    terminal, Gram (+) e com

    motilidade.

    Aerbios, catalase (+), T tima

    45-50C (mnima 35C e

    mxima 65C). cido de

    glucose.

    Lactobacillus fermentum Bastonetes (0,5-0,9 m de largura e comprimento muito

    varivel), isolados e/ou aos

    pares, Gram (+), no

    esporulados, raramente com

    motilidade.

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 30-40C

    (15C (-) e 45C (+)) pH timo

    5,5-5,9, heterofermentativos:

    produo de c. ltico +

    acetato + etanol + CO2 de

    glucose, frutose e sacarose..

    Lactobacillus delbruecki Bastonetes (2,0-9,0 m x 0,5-0,8 m), isolados e/ou em pequenas cadeias, Gram (+)

    no esporulados, raramente

    com motilidade.

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 40C

    (15C (-) e 45C (+)),

    homofermentativos: cido ltico

    de glucose, frutose e sacarose,

    pH timo: 5,5-5,8.

    Lactobacillus plantarum Bastonetes (3,0-8,0 m x 0,9-1,2 m), isolados, aos pares e/ou em pequenas cadeias,

    Gram (+), no esporulados,

    raramente com motilidade.

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 30-40C

    (15C (+) e 45C (-)),

    heterofermentativos: cidos de

    glucose, frutose e sacarose, pH

    timo: 5,5-5,8.

    Espcie Caractersticas Morfolgicas Caractersticas Fisiolgicas -

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 32 6/7/2011

    Bacteriana e Citolgicas Produtos do metabolismo

    Lactobacillus helveticus Bastonetes (2,0-6,0 m x 0,6-1,0 m), isolados, aos pares e/ou em pequenas cadeias,

    Gram (+), no esporulados,

    raramente com motilidade.

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T. tima 30-40C

    (15C (-) e 45C (+)),

    heterofermentativos: cido

    ltico de glucose, frutose, pH

    timo: 5,5-5,8.

    Lactobacillus brevis Bastonetes (2,0-4,0 m x 0,7-1,0 m), isolados e em pequenas cadeias, Gram (+),

    no esporulados, raramente

    com motilidade

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 30-40C

    (15C (+) e 45C (-)),

    heterofermentativos: cidos de

    glucose, frutose e sacarose, pH

    timo: 5,5-5,8.

    Lactobacillus

    yamanashiensis Bastonetes (2,0-6,0 m x 0,5-1,0 m) isolados, pares e cadeias, Gram (+), no

    esporulados e com motilidade

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 30-35C

    (10C (+) e 45C (-) ),

    hemofermentativos: produo

    de cido ltico de glucose,

    frutose e sacarose.

    Lactobacillus coryniformis Bastonetes (1,0-3,0 m x 0,8-1,1 m) isolados, pares e cadeias, Gram (+), no

    esporulados e sem motilidade

    Anaerbios facultativos

    catalase (-), T tima 30-35C

    (10C (+) e 45C (-) ),

    heterofermentativo facultativo:

    cido de glucose, sacarose,

    frutose, maltose, ramnose,

    manitol, galactose.

    Lactobacillus vaccinostercus Bastonetes (1,0-3,0 m x 0,5-0,7 m), pares, no esporulado, Gram (+) e sem

    motilidade

    Anaerbios facultativos,

    catalase (-), T tima 30-35C

    (15C(-) e 45C (-)),

    heterofermentativos: cidos de

    glucose, arabinose, maltose,

    xilose, galactose, ribose,

    celobiose.

    Espcie Caractersticas Morfolgicas Caractersticas Fisiolgicas -

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 33 6/7/2011

    Bacteriana e Citolgicas Produtos do metabolismo

    Lactobacillus viridescens Bastonetes (0,7-0,9 m x 2,0-5,0 m); com extremidades arredondadas; isolados ou aos

    pares; no esporulados; Gram

    (+); sem motilidade.

    Microaerfilos; catalase

    (-); oxidase (-); fermentao de

    glucose (+), frutose e sacarose

    (+); crescimento a 15C (+);

    crescimento a 45C (-);

    heterofermentativas, pH 5,5-

    6,2, geralmente com

    crescimento em pH < 5,0.

    Lactobacillus buchneri Bastonetes (0,7-1,0 m x 2,0-4,0 m); isolados e em cadeias curtas; Gram (+); raramente

    com motilidade; no

    esporulados.

    Anaerbios facultativos;

    heterofermentativos;

    fermentao da glucose (+),

    frutose (+) e sacarose (V);

    crescimento a 15C (+);

    crescimento a 45C

    (-); pH 5,5-6,2, geralmente com

    crescimento em pH < 5,0.

    Lactobacillus fructivorans Bastonetes (0,5-0,8 m x 15-4,0 m); isolados, aos pares e em cadeias; extremidades

    arredondadas; Gram (+);

    raramente com motilidade; no

    esporulados.

    Anaerbios facultativos;

    heterofermentativos;

    fermentao da glucose (+),

    frutose (+) e sacarose (V);

    crescimento a 45C

    (-); acidfilo (pH favorvel 5,0);

    no cresce em pH > 6,0; pode

    utilizar etanol para crescimento.

    Lactobacillus fructosus Bastonetes (0,5-0,8 m x 2,0-4,0 m); isolados, aos pares e em pequenas cadeias; Gram

    (+); raramente com motilidade;

    no esporulados.

    Anaerbios facultativos;

    heterofermentativos;

    fermentao de glucose (+),

    frutose (+) e sacarose (-);

    crescimento a 15C (+);

    crescimento a 45C

    (-); pH favorvel 5,5-6,0, cresce

    em pH < 5,0.

    Espcie Caractersticas Morfolgicas Caractersticas Fisiolgicas -

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 34 6/7/2011

    Bacteriana e Citolgicas Produtos do metabolismo

    Lactobacillus acidophilus Bastonetes (0,6-0,9 m x 1,5-6,0 m); isolados, aos pares e em pequenas cadeias; Gram

    (+); raramente com motilidade;

    no esporulados.

    Anaerbios facultativos;

    homofermentativos com

    produo de DL-cido ltico;

    crescimento a 15C (-);

    crescimento a 45C (+);

    fermentao de glucose (+),

    frutose (+), sacarose (+).

    Sporolactobacillus sp Bastonetes (3,0-5,0 m x 0,7-0,8 m) isolados e pares, Gram (+), esporulados e com

    motilidade, esporos elpticos

    terminais.

    Microaerfilos, catalase (-)

    homofermentativos: cido ltico

    de frutose, glucose, maltose,

    rafinose, sacarose, no produz

    gs.

    Leuconostoc mesenteroides Clulas esfricas e

    frequentemente lenticulares

    (0,7-1,2 m x 0,5-0,7 m), aos pares ou em cadeias, Gram (+),

    sem motilidade, no

    esporulados.

    Anaerbios facultativos, T.

    tima: 20-30C, (mnima 10C e

    mxima 37C), catalase (-),

    crescimento 10% etanol

    (-), crescimento em pH 4,8 (-),

    heterofermentativos: c. de

    glucose, frutose e sacarose.

    Formao de dextrana, pH

    timo 5,5-6,5.

    Leuconostoc dextranicum Clulas esfricas ou

    lenticulares (0,7-1,2 m x 0,5-0,7 m); aos pares ou cadeias; Gram (+); sem motilidade; no

    esporuladas.

    Anaerbios facultativos;

    crescimento a 37C (+);

    fermentao de carboidratos

    resultando em D (-) cido ltico

    e etanol ou cido actico ao

    invs de etanol; catalase

    (-), oxidase (-); cido de frutose

    (+), glucose (+), sacarose (+);

    crescimento em pH 4,8 (-);

    crescimento em 10% (-).

    Espcie Bacteriana

    Caractersticas Morfolgicas e Citolgicas

    Caractersticas Fisiolgicas - Produtos do metabolismo

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 35 6/7/2011

    Leuconostoc lactis Clulas esfricas e

    frequentemente lenticulares

    (0,7-1,2 m x 0,5-0,7 m), aos pares ou em cadeias, Gram (+),

    sem motilidade, no

    esporulados.

    Anaerbios facultativos, T

    tima: 25-30C, (mnima 10C e

    mxima 40C), catalase (-),

    crescimento 10% etanol

    (-), crescimento em pH 4,8 (-),

    formao de dextrana, pH

    timo 5,5-6,0,

    heterofermentativos: c. de

    glucose, frutose e sacarose.

    Micrococcus lylae Clulas esfricas (0,8-1,6 m de ), predominante em ttrades, Gram (+), sem

    motilidade, no esporuladas,

    sem cpsula.

    Aerbios (oxidativos), catalase

    (+), temperatura tima: 30-

    37C, no exibe metabolismo

    fermentativo.

    Micrococcus halobius Clulas esfricas (0,8-1,6 m de ) isoladas, aos pares e ocasionalmente em ttrades e

    cachos, Gram (+), sem

    motilidade, no esporuladas,

    sem cpsula.

    Aerbios (Oxidativos), catalase

    (+), Temperatura tima: 30-

    35C (crescimento 37C (+)),

    cido de glucose.

    Pediococcus parvulus Cocos (0,6-1,0 m de ), aos pares ou em ttrades, Gram

    (+), sem motilidade, no

    esporulado, sem cpsula.

    Anaerbios facultativos, T

    tima: 30C (crescimento 35C

    (+), 40C (-)), catalase (-), pH

    timo 5,0-6,0 (pH 4,0 (+) e 8,5

    (-)), homofermentativos: cido

    ltico de glucose.

    Pediococcus pentosaceus Cocos (0,8-1,0 m de ), aos pares ou em ttrades, Gram

    (+), sem motilidade, no

    esporulado, sem cpsula.

    Anaerbios Facultativos, T

    tima: 35C (40C (+), 50C (-),

    catalase (-), pH timo 5,0-6,0

    (pH 4,0 (+) e 8,5 (v)),

    homofermentativos: cido ltico

    de glucose e sacarose (v).

    Espcie Caractersticas Morfolgicas Caractersticas Fisiolgicas -

  • Fermentacaoalcoolica v2.0.doc 36 6/7/2011

    Bacteriana e Citolgicas Produtos do metabolismo

    Pediococcus acidilactici Clulas esfricas (0,6-1,5 m de ); aos pares ou ttrades; isoladas so raras e nunca em

    cadeias; Gram (+); sem

    motilidade; no esporuladas.

    Anaerbios facultativos; T

    tima