Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Fernanda Duarte
A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL SELO CASA AZUL EM
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Santa Maria, RS
2016
Fernanda Duarte
A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL SELO CASA AZUL EM
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Civil.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Janis Elisa Ruppenthal
Santa Maria, RS 2016
Fernanda Duarte
A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL SELO CASA AZUL EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Civil.
Aprovado em 22 de agosto de 2016:
_______________________________________
Janis Elisa Ruppenthal, Dr.ª (UFSM)
(Presidente/Orientador)
_______________________________________
Ana Laura Felkl Cassiminho, MSc. (UFSM)
_______________________________________
Denis Rabenschlag, Dr. (UFSM)
Santa Maria, RS 2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Luiz e Isolde Duarte, por sempre me
apoiarem em minhas decisões. Agradeço o carinho que vocês sempre me deram e
todas as possibilidades que me propiciaram na vida. O que sou hoje é fruto dos
seus ensinamentos e de tudo que fizeram por mim. Obrigada por me incentivar
nesta trajetória que escolhi. Sou imensamente grata por tudo.
À Professora Dr.ª Janis Elisa Ruppenthal, orientadora deste trabalho, e à
mestranda Vanessa De Conto pela oportunidade concedida, pela dedicação,
paciência, respeito e conhecimento compartilhado.
Aos meus amigos agradeço por todos os momentos compartilhados, os
alegres e os difíceis. Todos vocês participaram de alguma maneira dessa minha
trajetória, tornando a vida mais divertida e especial.
Aos queridos amigos Ana Paula, Ane, Carine, Henrique, Ivan, Kellin, Kim,
Ricardo, Silvana, Manuela, Maurício, Mirela e Ticiana, por terem acompanhado
momentos especiais na vida acadêmica e pessoal, obrigada pelo companheirismo
valioso. Em especial, agradeço à Joane Helena Maggioni pela colaboração para que
eu concluísse esse trabalho.
À Universidade Federal de Santa Maria pelo acolhimento e suporte
necessário para que possa concluir minha formação.
A todo o corpo docente do curso pela experiência e conhecimento adquirido
durante a graduação.
Aos funcionários e todos os servidores da UFSM que tive o prazer de
conhecer, pelo suporte e auxilio prestados.
Por fim, quero agradecer a todas as pessoas que contribuíram de alguma
maneira para a realização deste trabalho.
RESUMO
A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL SELO CASA AZUL EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
AUTOR: Fernanda Duarte
ORIENTADOR: Janis Elisa Ruppenthal
Neste trabalho objetiva-se analisar um conjunto habitacional a partir dos critérios
obrigatórios estabelecidos pelo Selo Casa Azul CAIXA, visando a gradação bronze.
Este estudo classifica-se como uma abordagem metodológica de estudo de caso,
com coleta de dados baseada na pesquisa bibliográfica, em fontes primária e
secundária, associada à visita in loco. O checklist foi elaborado e aplicado nas 6
categorias e seus 19 critérios de avaliação considerados obrigatórios para a
gradação bronze, para verificar o atendimento ao estabelecido. O objeto alvo para
desenvolver o estudo foi a Habitação de Interesse Social (HIS) Conjunto Residencial
Leonel Brizola na cidade de Santa Maria do Estado do Rio Grande de Sul. Os
resultados mostram que 42,10% dos indicadores são atendidos, 26,32% atendem a
documentação requerida pelos critérios e mais de 60% dos critérios e indicadores do
Selo são atendidos de forma parcial e total. A obra apresenta um bom desempenho
perante os critérios do Selo, mas não receberia a certificação de gradação bronze.
Com este estudo de caso foi possível levantar evidências de atendimento e de não
atendimento aos critérios e requisitos obrigatórios estabelecidos para a gradação
bronze. Além disso, a utilização do checklist resultou em um recurso apropriado para
verificar a situação do HIS perante as exigências estabelecidas.
Palavras-chave: Habitação de Interesse Social. Certificação ambiental. Selo Casa
Azul.
5
ABSTRACT
CERTIFICATION ENVIRONMENTAL SEAL BLUE HOUSE IN INTEREST OF SOCIAL HOUSING
AUTHOR: Fernanda Duarte
ADVISOR: Janis Elisa Ruppenthal
This objective is to analyze a housing work from the mandatory criteria set by the
Blue House Seal CAIXA aimed at bronze gradation. This study is classified as a
methodological approach of case study, with data collection based on literature in
primary and secondary sources, coupled with the in-loco visit. The checklist was
developed and implemented in 6 categories and its 19 assessment criteria
considered mandatory for the bronze gradation, to verify compliance with
established. The target object to develop the study was the Social Housing (HIS)
Conjunto Residencial Brizola in Santa Maria of the Rio Grande do Sul state. The
results show that 42.10% of the indicators are met, 26.32% meet the documentation
required by the criteria and more than 60% of the Seal of the criteria and indicators
are met partially and completely. The work presents a good performance before the
Seal criteria, but would not receive the bronze grading certification. With this case
study it was possible to collect evidence of compliance and non-compliance with
mandatory criteria and requirements for the bronze gradation. Furthermore, the use
of the checklist resulting in an appropriate feature to verify HIS standing under the
requirements established.
Keywords: Social Housing. Environmental Certification. Blue House Seal.
6
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Resultados obtidos quanto ao atendimento à documentação, critérios e
indicadores do Selo...............................................................................85
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Conceito de desenvolvimento sustentável ............................................... 21
Figura 2 – Municípios em situação de emergência por região hidrográfica .............. 24
Figura 3 – Variação da composição da população residente total, por sexo e por
grupo de idade, do Brasil de 1991 até 2010 ............................................. 28
Figura 4 – Perfil de desempenho mínimo para certificação ...................................... 32
Figura 5 – Localização do Residencial Leonel Brizola .............................................. 47
Figura 6 – Localização do residencial Leonel Brizola em relação ao centro de Santa
Maria ........................................................................................................ 47
Figura 7 – Situação residencial Leonel Brizola.......................................................... 48
Figura 8 – Implantação do Residencial Leonel Brizola .............................................. 49
Figura 9 – Centro comunitário e playground ............................................................. 50
Figura 10 – Planta baixa mobiliada da residência ..................................................... 50
Figura 11 – Sistema de aquecimento solar de uma residência ................................. 51
Figura 12 – Projeto de arborização ........................................................................... 52
Figura 13 – Mapa de localização do Residencial Leonel Brizola e entorno imediato 53
Figura 14 – Vista do Residencial Leonel Brizola da Escola de Ensino Fundamental 55
Figura 15 – Ruas internas do residencial Leonel Brizola de concreto intertravado e
placa indicativa de parada de ônibus próxima a escola ........................... 55
Figura 16 – Linha Jardim Berleze direção bairro-centro no período de domingo e
feriados ..................................................................................................... 56
Figura 17 – Mapa de localização do empreendimento e de fatores de risco em seu
entorno imediato ....................................................................................... 57
Figura 18 – Mudas de árvores plantadas em frente a cada residência do Residencial
Leonel Brizola ........................................................................................... 62
Figura 19 – Espaço em projeto destinado para a colocação de lixeira pelo
proprietário ............................................................................................... 63
Figura 20 – Equipamentos de lazer, sociais e esportivos ......................................... 64
Figura 21 – Zoneamento bioclimático brasileiro ........................................................ 66
Figura 22 – Planta esquemática do apartamento e indicação das orientações
adotadas nas simulações para verão e inverno ....................................... 67
Figura 23 – Orientação solar do empreendimento .................................................... 68
Figura 24 – Lâmpadas em uma unidade habitacional do residencial Leonel Brizola 70
8
Figura 25 – Inexistência de lâmpada no ponto de iluminação na fachada do centro
comunitário do Residencial Leonel Brizola ................................................. 71
Figura 26 – Botijão de gás em unidade habitacional do Residencial Leonel Brizola . 71
Figura 27 – Medidor individualizado de água de uma unidade habitacional do
Residencial Leonel Brizola ......................................................................... 74
Figura 28 – Bacia sanitária com caixa de descarga acoplada e botão de
acionamento convencional ......................................................................... 74
Figura 29 – Ruas internas do residencial pavimentadas com bloco de concreto
intertravado ................................................................................................. 75
Figura 30 – Local destinado em projeto para área verde .......................................... 76
Figura 31 – Planta baixa da unidade habitacional para PCD .................................... 79
Figura 32 – Verificação das condições da residência quanto ao deslocamento de
PCR ............................................................................................................ 80
Figura 33 – Verificação das condições do projeto banheiro da residência quanto às
barras de apoio para PCD .......................................................................... 81
Figura 34 – Verificação das condições de circulação para PCR no dormitório ......... 81
Figura 35 – Rampas de acesso nas calçadas públicas do Residencial Leonel Brizola
........................................................................................................................... 82
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição de RCD em algumas cidades do Brasil .............................. 27
Tabela 2 – Classificação do porte das árvores .......................................................... 60
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Impactos ambientais decorrentes da construção civil ............................ 18
Quadro 2 – Categorias e critérios do Selo Casa Azul ............................................... 35
Quadro 3 – Relação de algumas obras consultadas ................................................. 40
Quadro 4 – Limites de avaliação para Selo Casa Azul ............................................. 41
Quadro 5 – Modelo para apresentação do checklist ................................................. 42
Quadro 6 – Resumo da correlação de requisitos do checklist .................................. 44
Quadro 7 – Modelo para apresentação dos resultados ............................................. 44
Quadro 8 – Categoria 1: Qualidade Urbana .............................................................. 58
Quadro 9 – Características das plantas utilizadas para o projeto de arborização ..... 59
Quadro 10 – Distâncias mínimas entre elementos urbanos e os elementos de
arborização............................................................................................. 61
Quadro 11 – Especificação das esquadrias e vãos ................................................... 66
Quadro 12 – Categoria 2: Projeto e Conforto ............................................................ 69
Quadro 13 – Categoria 3: Eficiência Energética ........................................................ 72
Quadro 14 – Categoria 4: Conservação de Recursos Materiais ............................... 73
Quadro 15 – Categoria 5: Gestão da Água ............................................................... 76
Quadro 16 – Categoria 6: Práticas Sociais................................................................ 78
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais ANA Agência Nacional de Águas ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica AQUA Alta Qualidade Ambiental ART Anotação de Responsabilidade Técnica CA Certificações Ambientais CAIXA Caixa Econômica Federal CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais CERF Civil Engineering Research Foundation CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CP Coeficiente de Permeabilidade CSTB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment DATec Documento de Avaliação Técnica DOF Documento de Origem Florestal GBC Green Building Council HIS Habitação de Interesse Social HQE Haute Qualité Environnementale IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ISO International Organization for Standardization LEED Leadership in Energy & Environmental Design LUSO Lei de Uso do Solo MCMV Minha Casa Minha Vida MMA Ministério do Meio Ambiente NIST National Institute of Standards and Technology PAC Programa de Aceleração do Crescimento PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PCD Pessoas com Deficiência PCR Pessoas em Cadeira de Rodas PGRCC Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PROCEL EDIFICA Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações PSF Programa Saúde da Família QAE Qualidade Ambiental do Edifício NBR Norma Brasileira TCC Trabalho de Conclusão de Curso RCD Resíduos de Construção e Demolição RIDE/DF Região integrada do Distrito Federal e Entorno SBPE Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo SGA Sistema de Gestão Ambiental SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras SiMaC Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais,
Componentes e Sistemas Construtivos s.m. Salário Mínimo
12
SiNAt Sistema Nacional de Avaliações Técnicas UH Unidade Habitacional USGBC US Green Building Council
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DO ESTUDO DE CASO ...................... 14 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 15 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 16 1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 16 1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 17
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................... 17 2 A CONSTRUÇÃO CIVIL SOB A LÓGICA DA SUSTENTABILIDADE .......... 18 2.1 EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............... 18 2.2 INDICADORES DE REFERÊNCIA NOS PROGRAMAS DE GESTÃO E
CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS .................................................................... 23
2.2.1 Consumo de água ........................................................................................ 23
2.2.2 Consumo de energia elétrica ...................................................................... 25
2.2.3 Resíduos de construção e demolição (RCD) ............................................. 25 2.3 OS PROGRAMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS ............ 27 2.3.1 PBQP-H ......................................................................................................... 29 2.3.2 LEED .............................................................................................................. 30
2.3.3 AQUA ............................................................................................................. 32 2.3.4 PROCEL EDIFICA ......................................................................................... 33
2.3.5 Selo Casa Azul CAIXA .................................................................................. 34 2.4 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL SOB A ÓTICA DA
SUSTENTABILDADE ..................................................................................... 37
2.4.1 A habitação de interesse social em Santa Maria ....................................... 38 3 METODOLOGIA ............................................................................................ 40
3.1 ESTRATÉGIA E ABORDAGEM DE PESQUISA ............................................ 40
3.2 DESCRIÇÃO DA GRADAÇÃO BRONZE ....................................................... 41
3.3 METODOLOGIA EMPREGADA NO CHECKLIST ......................................... 42 3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 44 3.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................... 45 4 APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL EM HIS .............................................. 46
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA HIS ......................................................................... 46 4.2 ANÁLISE A PARTIR DO SELO CASA AZUL ................................................. 52 4.2.1 Qualidade urbana ......................................................................................... 53 4.2.2 Projeto e conforto......................................................................................... 58 4.2.3 Eficiência energética .................................................................................... 69
4.2.4 Conservação de recursos ............................................................................ 72 4.2.5 Gestão de água ............................................................................................. 73 4.2.6 Práticas sociais ............................................................................................ 77 4.2.7 Acessibilidade .............................................................................................. 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 83 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 86
APÊNDICE A – CHECKLIST PARA CATEGORIAS E CRITÉRIOS DO SELO CASA AZUL CAIXA CATEGORIA BRONZE.................................................92
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DO ESTUDO DE CASO
A construção civil representa um importante e significativo setor para a
economia, proporcionando infraestrutura e geração de empregos. Apesar de sua
importância, esse setor representa um dos maiores consumidores de recursos
naturais, como água e energia. Os impactos de suas atividades potencializam
alterações significativas no ambiente, como a geração de resíduos, a deterioração
do meio ambiente e a piora das condições de vida (FORTUNATO, 2014).
Perante o novo cenário desafiador das preocupações e legislações
ambientais e dos seus respectivos impactos, o setor da construção civil necessita de
um reposicionamento no que diz respeito às questões ambientais relacionadas às
suas atividades (MOTA, 2011).
Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável ganha espaço em diversos
setores de atividade humana. O estabelecimento de um modelo com diretrizes que
envolvam aspectos econômicos, socioculturais, ambientais e políticos se institui na
área da construção civil e promove benefícios além das questões ambientais. Desse
modo, as concepções da sustentabilidade implicam no surgimento de novos
princípios básicos de projeto (VERAS, 2013).
De acordo com dados do IBGE (2010), estima-se que 91,1% da população
brasileira estará vivendo em cidades, em 2030. A aglomeração urbana, os impactos
ambientais causados pela população e a busca por soluções sustentáveis na
construção civil impulsionam a adoção de certificações ambientais. A adoção dessas
implica na melhoria qualitativa dos ambientes construídos, minimizando os impactos
ao meio ambiente (GRÜNBERG; MEDEIROS; TAVARES, 2014; ALVES, 2014).
Esse trabalho utilizou como base os requisitos obrigatórios do Selo Casa Azul
para Habitações de Interesse Social (HIS). Entre os selos e certificações ambientais
presentes no Brasil, o Selo se destaca por ser o único desenvolvido para a realidade
brasileira, apresentando abordagem aplicada para ambientes habitacionais com
sustentabilidade em projetos de HIS (CAIXA, 2010). O Selo abrange uma execução
simples, de acordo com as características de mercado do país, tornando-se
economicamente viável para projetos de habitação populares (BARATELLA, 2011).
15
Segundo Veras (2013), as políticas habitacionais devem almejar a edificação
de conjuntos habitacionais que contemplem qualidade a custos baixos, respeitando
o meio ambiente. Nesse contexto, o presente estudo deteve-se em compreender,
analisar e relacionar aspectos envolvidos na certificação ambiental Selo Casa Azul
CAIXA e desenvolver um estudo de caso no conjunto habitacional Leonel Brizola da
cidade de Santa Maria/RS a partir dos critérios do Selo visando à gradação bronze.
1.2 JUSTIFICATIVA
Entre os setores da economia, a construção civil consome 40% dos recursos
extraídos e gera 60% de resíduos sólidos oriundos das cidades do país. Portanto,
constitui-se em um dos setores que mais consome recursos e gera resíduos. Nesse
contexto, a construção civil sob o contexto do novo paradigma ambiental, necessita
adotar novos conceitos e práticas com capacidade para minimizar os efeitos
negativos decorrentes de suas atividades. Desse modo, as certificações e selos
apresentam-se como um novo conceito, formado por um conjunto de condutas com
capacidade de reposicionar o setor da construção civil no novo cenário (VERAS,
2013).
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2013),
dos 206 milhões de habitantes no Brasil, 80% vivem em áreas urbanas. Esse
percentual representa 85% do défice habitacional do país, sendo que 10% desses
vivem em situação precária. Nessa nova conjuntura, programas facilitadores de
financiamento de imóveis, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o PAC
Urbanização de Favelas surgem como uma solução para que famílias desprovidas
de condições financeiras possam adquirir uma residência.
Desse modo, as HIS apresentam-se como uma possibilidade de um novo
mercado a ser explorado. Aliado a esse fator de que a construção civil se encontra
com a necessidade de adotar práticas sustentáveis, surgem as propostas de
certificações ambientais. Dentre as metodologias propostas, o Selo Casa Azul foi
desenvolvido conforme aspectos regionais da realidade brasileira, buscando uma
solução local para um problema global (CAIXA, 2010).
As propostas contidas no Selo Casa Azul apresentam-se como um indutor de
equilíbrio de múltiplas abordagens envolvendo a proteção ambiental, o social e a
viabilidade econômica. O Selo apresenta um conjunto de ações a favor da
16
responsabilidade social e o desenvolvimento ambiental, por intermédio dos
seguintes fatores: (i) consciência quanto ao conhecimento da comunidade sobre a
realidade local, seus valores e cultura; (ii) implementação de metodologias
participativas; (iii) valorização do potencial produtivo da comunidade beneficiária; e
(iv) da preocupação com a inclusão social (ALMEIDA; VIANA; PISANI, 2014).
Dessa forma, o Selo Casa Azul contribui para o aumento da responsabilidade
socioambiental, promovendo o desenvolvimento sustentável, e sendo assim, um
agente de transformação social. A procura pela melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores e seu desenvolvimento contribuem para evitar o cenário de exclusão
social, ocasionado principalmente pela falta de escolaridade, a inclusão de
estratégias que envolvam a comunidade e o empreendimento auxilia na redução dos
níveis de desigualdade social, evidenciando a importância do Selo como tema de
estudo (ALMEIDA; VIANA; PISANI, 2014; CAIXA, 2010).
Portanto, a importância do Selo Casa Azul reside num conjunto de fatores
relevantes que justificam o tema do presente estudo, sendo: (i) a Caixa Econômica
Federal (CAIXA) um importante e grande fomentador da construção civil; (ii) é uma
metodologia com proposta para ser aplicada ao cenário brasileiro e é o único que
engloba aspectos sociais, somando-os aos ambientais; (iii) poucos
empreendimentos com Selo; e ainda (iv) poucos estudos relevantes a respeito do
tema (CAIXA, 2010).
Somado a situação de que a CAIXA é o principal órgão de fomento a
construção, a existência da proposta do Selo Casa Azul e a sua recente inserção no
contexto da construção civil, sob o âmbito das questões ambientais, integrando a
construção, as pessoas e o ambiente, motivam a realização da presente pesquisa
em uma HIS com renda de 0 a 3 salários mínimos.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a aplicação da certificação ambiental Selo Casa Azul como método
de medição da sustentabilidade em um loteamento de HIS.
17
1.3.2 Objetivos Específicos
Para atingir o objetivo principal, este trabalho possui os seguintes objetivos
específicos:
a) identificar os critérios para o atendimento da gradação bronze do Selo
Casa Azul CAIXA como método de medição da sustentabilidade na HIS;
b) analisar o perfil de uma HIS que possibilite a aplicação dos critérios do
Selo Casa Azul;
c) aplicar os requisitos da gradação bronze na HIS Leonel Brizola.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho está configurado em 5 capítulos de forma a propiciar melhores
condições de apresentação do tema e facilitar a compreensão, conforme os
seguintes capítulos: (i) o capítulo 1 apresenta a introdução, o tema da pesquisa, os
objetivos gerais, objetivos específicos e a estrutura do trabalho; (ii) o capítulo 2
refere-se a bibliografia selecionada e classificada em primária e secundária; (iii) o
capítulo 3 aborda a metodologia do estudo. O método adotado foi o Estudo de Caso,
com pesquisa bibliográfica, estudo da legislação municipal e elaboração de
checklist; (iv) o capítulo 4 expõe os resultados obtidos no estudo de caso do
Conjunto Residencial Leonel Brizola localizado na cidade de Santa Maria, estado do
Rio Grande do Sul, sob a ótica do Selo Casa Azul CAIXA gradação bronze; (v) no
capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas e as sugestões para trabalhos
futuros.
18
2 A CONSTRUÇÃO CIVIL SOB A LÓGICA DA SUSTENTABILIDADE
As certificações e programas de gestão ambiental surgem como um meio
para atenuar os impactos ambientais das construções além de auxiliar no
desenvolvimento da consciência socioambiental da população. Para que o
desenvolvimento da sustentabilidade ambiental ocorra, deve existir um equilíbrio
entre questões econômicas, ambientais e sociais. Nesse contexto é que surge a
relações entre as HIS, a sustentabilidade ambiental e a necessidade de certificação
ambiental.
2.1 EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O termo “sustentável” passou a ser acrescentado ao termo “desenvolvimento”
conciliando economia e prosperidade, a um crescimento com menos impactos
negativos para as gerações futuras. No entanto, o desenvolvimento sustentável,
apesar de ser fundamental para o planeta no século XXI, apresenta-se como um
objetivo a ser alcançado, pois o desenvolvimento sempre terá impactos no meio
ambiente (VERAS, 2013). O ramo da construção civil, consome em média 9,4
toneladas de materiais de construção por habitantes ao ano (ton/hab/ano) e os
impactos ambientais relacionados à construção, exemplificados no Quadro 1, são
diversos no que se refere a sustentabilidade (DE CONTO, 2016; GANGOLELLS,
2009).
Quadro 1 – Impactos ambientais decorrentes da construção civil
(continua)
EMISSÕES ATMOSFÉRICAS – POLUIÇÃO DO AR
- geração de dióxido de carbono (CO2) durante a fabricação de produtos ligados ao setor e ao transporte; - emissão de clorofluorcarbonos (CFC).
EMISSÕES EM RECURSOS HÍDRICOS – POLUIÇÃO DA ÁGUA
- despejo da água resultante da limpeza de maquinário na fase de execução da obra; - despejo de águas cinzas e negras em recursos hídricos; - extração irregular de areia.
GERAÇÃO DE RESÍDUOS
- durante o processo de terraplanagem; - resíduos sólidos urbanos por trabalhadores da construção civil local; - RCC; - resíduos especiais; - resíduos não específicos;
19
(conclusão) - entre outros.
ALTERAÇÃO DO SOLO
- ocupação do solo pelas edificações, principalmente as irregulares; - despejo oriundos da liberação de concreto; - despejo de líquidos ou derivados de tratamento de limpeza; - despejo de utilização e manutenção de maquinário envolvidos na obra; - águas resultantes do processo de fundação e muros de contenção; - lançamento de fluidos básicos e resultante da limpeza de calhas; - lançamento de concreto; - despejo de tintas e solventes; - entre outros.
CONSUMO DE RECURSOS
- água; - eletricidade; - combustível; - matérias-primas.
IMPLICAÇÕES LOCAIS
- Geração de poeira através do transporte e das etapas da construção, incluindo: - terraplanagem e estoque; - atividades de corte; - acumulo de entulho; - geração de ruídos; - alteração da paisagem.
PROBLEMAS DE TRANSPORTE
- aumento do tráfego externo devido as atividades construtivas locais; - interferência do tráfego devido ao aumento populacional da região onde o empreendimento foi
construído (condomínios de grande porte). IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE
- remoção da vegetação; - erosão do solo; - perda do solo edáfico; - interceptação dos leitos de rios; - impermeabilização e compactação do solo.
INCIDENTES, ACIDENTES E SITUAÇÕES EM PONTENCIAL
- incêndios relacionados ao armazenamento indevido de substâncias inflamáveis e combustíveis em geral;
- ruptura de tubulações subterrâneas; - acidentes relacionados a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC).
Fonte: Adaptado de De Conto (2016).
De acordo com Baratella (2011), a construção civil possui importância para
qualquer nação, impactando no desenvolvimento econômico e bem-estar social. As
atividades envolvidas no processo produtivo e operacional, bem como a capacidade
de absorção da mão-de-obra exemplificam tal fenômeno. Dessa forma, a indústria
da construção e o ambiente construído se estabelecem como um dos principais
meios a fim de fomentar o desenvolvimento sustentável. Portanto, devido ao seu
potencial de impactar diferentes setores econômicos, a procura por resoluções
capazes de contribuir para a erradicação da pobreza e preservação do meio
20
ambiente contribui para que a construção civil busque métodos construtivos de
menor impacto ambiental (CONDEIXA; HADDAD; BOER, 2014).
A construção sustentável ocorre quando se aplica o desenvolvimento
sustentável no sistema construtivo, composto pelas fases de extração e
aprimoramento de materiais, planejamento, projeto e construção de edificações,
demolição e gerenciamento de resíduos gerados. Em uma análise sob a lógica do
ciclo de vida, uma construção sustentável abrange além de projetos ambientalmente
orientados, métodos operacionais e de manutenção de acordo com preceitos
ambientalmente corretos (BARATELLA, 2011).
No caso de países em desenvolvimento amplia-se ainda o conceito de
sustentabilidade ambiental passando este a englobar também aspectos econômicos
e sociais. Tais aspectos contribuem para a redução da pobreza e aumentar a
qualidade de vida com inclusão social, por meio da institucionalização de sistemas
de trabalho seguros, geração de emprego e renda, construções e habitat
sustentáveis (BARATELLA, 2011). Portanto, os ambientes sadios, duráveis e que
contribuem para a erradicação da pobreza podem ser obtidos com a construção de
cidades sustentáveis, criando empregos e desenvolvendo recursos humanos
(MOTA, 2011).
Nesse cenário, evidencia-se a relação entre economia, sociedade,
desenvolvimento sustentável e o meio ambiente, conforme apresentado na Figura 1.
Para ser sustentável, o empreendimento necessita ser socialmente aceito pelos
envolvidos, economicamente compatível e ambientalmente adequado. Dessa forma,
supera os enfoques de projetos centrados em uso racional da água, do uso da
energia solar, de ventilação natural e de respeito ao meio ambiente (ROSA; SILVA,
2016).
21
Figura 1 – Conceito de desenvolvimento sustentável
Fonte: Adaptado de Rosa e Silva (2016).
Segundo Baratella (2011), para resultados mais efetivos, o desenvolvimento
sustentável deve estar alicerçado em princípios de atuação. Esses princípios
envolvem medidas como: (i) gerenciamento e organização que engloba medidas
econômicas, técnicas, legais e políticas e uma grande e variada gama de
profissionais envolvidos como empreendedores, proprietários, arquitetos e
engenheiros, instituições financeiras e autoridades governamentais; (ii) produtos e
edificações: relaciona medidas sustentáveis que exercem sua finalidade fim e
desempenho técnico de produtos e edifícios. Considera aspectos culturais,
climáticos e a fase de desenvolvimento do local na elaboração de melhorias das
construções sustentáveis. Referente aos materiais, atenta-se quanto a sua
capacidade de reparação, reciclagem e energia e emissões incorporadas ao
material; (iii) consumo de recursos: abrange métodos que visem garantir economia
energética, diminuição e reciclagem de recursos, como a racionalização de materiais
ao longo do ciclo de vida, de água, de uso de solo, da necessidade de transporte;
(iv) impactos da construção no desenvolvimento urbano sustentável: os impactos
decorrentes da construção e das infraestruturas necessárias devem ser minimizados
e/ou eliminados.
As cidades, por intermédio da construção sustentável, podem obter equilíbrio
envolvendo os aspectos econômicos, ambientais e sociais, promovendo melhores
condições de vida e do ambiente (RAZZOTO, 2009). No entanto, em países em
desenvolvimento como o Brasil, a busca pela sustentabilidade urbana apresenta-se
de forma desafiadora (CAMARGO; CAPOBIANCO; OLIVEIRA, 2015). O país possui
um cenário de intenso processo de urbanização e défice habitacional. De acordo
Meio Ambiente
Economia Sociedade
DesenvolvimentoSustentável
22
com dados do senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010),
80% da população brasileira reside em áreas urbanas, concentradas em regiões
industriais. Tais características acarretam em discrepâncias no âmbito habitacional,
uma vez que este engloba pessoas com diferentes condições financeiras, e, por
diversas vezes em condições precárias de habitabilidade. Desse modo, a busca por
soluções capazes de combater esses problemas deve estabelecer um enfoque
social, englobando o ambiente construído (FROENER, 2013).
Nesse viés, a Constituição brasileira assegura que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, o qual é essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2016a). O Estatuto da Cidade,
regulamenta as políticas urbanas a fim de garantir o direito à cidade, estabelecendo
que todo cidadão tem o direito de habitar cidades sustentáveis. O cidadão também
possui direito à terra urbana, ao saneamento, à infraestrutura, ao transporte, aos
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, não apenas para as gerações atuais, como
para as futuras (BRASIL, 2016b).
Visando garantir tais direitos, o setor da construção civil no Brasil recebeu
diversos incentivos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o
MCMV, as obras para a copa do mundo de 2014 e a ampliação da oferta de crédito
imobiliário, na última década. Com tais incrementos na indústria, elevam-se também
os impactos ambientais devido a maior geração de resíduos e utilização de recursos
naturais como fontes de matéria prima e energia. Os significativos acréscimos nos
impactos da construção no ambiente evidenciam a necessidade da adoção de
estratégias sustentáveis como as preconizadas pelas certificações ambientais.
Todos os dias cerca de 158.000 metros quadrados são certificados no mundo.
Nesse ranking o Brasil encontra-se entre os cinco com maior número de projetos
registrados e certificados. Atualmente o Brasil conta com 252 edificações com
certificação LEED e 11 com o Selo Procel Edificações (GREEN BUILDING
COUNCIL – GBC, 2015; PROCEL, 2016).
23
2.2 INDICADORES DE REFERÊNCIA NOS PROGRAMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS
As atividades ligadas à construção constituem-se de forma multidisciplinar
que incluem clientes, empreendedores, projetistas, instituições de fomento e
governos. Este conjunto de atividades ocorre nas fases de implantação do projeto,
construção e manutenção, uso, demolição e desmontagem (BARATELLA, 2011).
Um dos recursos utilizados para a comunicação entre os envolvidos em uma
atividade são os indicadores. Os indicadores auxiliam na verificação da situação
atual das práticas; no aperfeiçoamento das práticas tradicionais e a qualidade da
construção; e projeção de tendência. Portanto, o uso de indicadores se estabelece
como um importante recurso para tomada de decisão, constituindo-se em recurso
para monitoramento e correção de rumo. Nesse contexto, faz-se necessário a
escolha correta dos indicadores, para que seja monitorado o que deve ser
controlado, bem como os objetivos sejam atingidos (BARATELLA, 2011).
Segundo Borba (2009), os indicadores ambientais englobam o desempenho
relativo ao uso de energia, água, consumo de matérias-primas e a disposição de
resíduos. Assim, dentre o conjunto de indicadores fundamentais de referência nas
Certificações Ambientais (CAs) merecem destaque os relacionados ao consumo de
água, de energia elétrica e os de Resíduos de Construção e Demolição (RCDs).
2.2.1 Consumo de água
O Brasil possui 13% da água doce disponível do planeta, mas a sua
distribuição ainda é feita de forma desigual. Nesse contexto, 81% desse recurso está
concentrado na Região Hidrográfica Amazônica, que além de possuir a menor
população do Brasil, cerca de 5%, possui também a menor demanda. Já as regiões
hidrográficas banhadas pelo Oceano Atlântico, possuem 45,5% da população do
País, estando disponível 2,7% dos recursos hídricos da nação (Agência Nacional de
Águas – ANA, 2015).
Os municípios que decretaram situação de emergência por região hidrográfica
(Figura 2) em uma análise da ocorrência de secas e estiagens por região
hidrográfica mostram que as regiões do Atlântico Nordeste Oriental, São Francisco,
24
Parnaíba e Atlântico Leste apresentaram os maiores percentuais de municípios
nesta situação (ANA, 2015).
Figura 2 – Municípios em situação de emergência por região hidrográfica
Fonte: ANA (2015).
Apesar da enorme disponibilidade de água no Brasil, o saneamento
deficitário, a poluição doméstica e ambiental, impactam negativamente na qualidade
da água ampliando o quadro da disponibilidade de água potável. A qualidade e
acesso à água devem ser administrados pela proteção das fontes, processos de
tratamento, distribuição e manipulação da água. A deficiência de planejamento fica
exposta quando é verificada a qualidade da água das bacias que estão próximas
das áreas com ocupação humana. Essa situação coloca em evidência a importância
do planejamento da infraestrutura (MOTA, 2011).
Como a questão da água afeta toda a sociedade, tanto no sentido positivo
como negativo, a sua conservação acarreta em menor gasto público com energia,
manutenção e/ou mais oferta para um maior número de beneficiados. Nesse
contexto, as CAs e o PBQP-H contribuem para diminuir o consumo de água em
residências, impactando positivamente na melhor conscientização da utilização e
reutilização da água, reiteram (CAMARGO; CAPOBIANCO; OLIVEIRA, 2015).
O ramo da construção civil apresenta-se como um dos grandes setores que
influenciam no ciclo da água, seja pelas obras de barragens, pela impermeabilização
do solo ou ainda pelos resíduos descartados sem tratamento. No entanto, as CAs
25
contribuem para a racionalização do uso/reuso da água, buscando reduzir o
desperdício, gerar economia e diminuir os efluentes gerados (MOTA, 2016).
2.2.2 Consumo de energia elétrica
A energia nas suas mais diversas formas contribuiu para a sobrevivência da
espécie humana. Sua importância impulsionou a descoberta e acesso as diferentes
formas, ganhando destaque a elétrica, pela sua facilidade de geração e disposição
para o seu uso (Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, 2002).
Em comparação com os países desenvolvidos, o consumo de energia elétrica
no Brasil tem sido consideravelmente baixo. Ao comparar o consumo do Brasil, “per
capita”, em 2005, foi idêntico ao dos Estados Unidos em 1943 (diferença de 62
anos). Nesse contexto, ressalta-se que quanto maior o desenvolvimento e a renda
de uma população, maior será o seu consumo (PORTELA, 2006).
Segundo Goldemberg e Lucon (2011), o aumento populacional, as mudanças
climáticas e a busca por qualidade de vida relacionam-se com o aumento do
consumo energético. No âmbito residencial, os maiores consumidores de energia
são os chuveiros e a iluminação, porém estratégias que envolvam a utilização de
alternativas, como a solar e a valorização da iluminação natural surgem como
medidas viáveis que resultam no decréscimo do consumo da mesma.
As construções têm utilizado em escala crescente equipamentos que
necessitam de energia para o seu funcionamento, e podem apresentar um variado
espectro de impactos no ambiente, seja pelo uso de materiais de construção seja
pela geração de resíduos, podendo ocasionar inclusive a síndrome do edifício
doente. Esse contexto apresentado evidencia a importância do indicador de
consumo de energia elétrica (PROCEL, 2016).
2.2.3 Resíduos de construção e demolição (RCD)
Os RCDs oriundos da construção civil são os gerados nas construções,
reformas e demolições de obras, incluindo as escavações de terrenos. De acordo
com os dados da pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o aumento na geração de
resíduos sólidos urbanos cresceu 2,9% do ano de 2013 para o ano de 2014, sendo
26
superior a taxa de crescimento da população que foi de 0,9%. No ano de 2014, o
conjunto de municípios do Brasil coletaram aproximadamente 45 milhões de
toneladas/dia ou 0,603 kg/habitantes/dia (ABRELPE, 2014).
Estima-se que a construção civil seja responsável por cerca de 40% dos
resíduos de toda a economia. Os estudos referentes ao tema evoluíram e a
legislação tem procurado acompanhar a temática do ambiente e a geração de
resíduos oriundos da construção civil (CABRAL; MOREIRA, 2011).
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no 307 no
seu Art. 3° define a classificação dos resíduos da construção civil da seguinte forma
(BRASIL, 2016d):
a) classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem; de construção, demolição, reformas e reparos de
edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento, entre outros), argamassa e concreto; de processo de
fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras;
b) classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de
tintas imobiliárias e gesso;
c) classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem ou recuperação;
d) classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de
clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e
demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos à saúde.
A composição de RCD de algumas cidades brasileiras são apresentadas na
Tabela 1. Nesse levantamento o somatório dos percentuais de concreto, argamassa
e material cerâmico, para cada cidade apresentada, corresponde a mais de 60% do
total de resíduos gerados (CABRAL; MOREIRA, 2011).
27
Tabela 1 – Composição de RCD em algumas cidades do Brasil
Município Argamassa
(%) Concreto
(%) Mat. Cer.
(%) Cerâmica polida (%)
Rochas e solos (%)
Outros (%)
São Paulo/SP 25,2 8,2 29,6 n.d. 32 5
Porto Alegre/RS 44,2 18,3 35,6 0,1 1,8 n.d.
Ribeirão Preto/SP 37,4 21,1 20,8 2,5 17,7 0,5
Salvador/BA 53 9 5 27 6
Campina Grande/PB 28 10 34 1 9 18
Maceió/Al 27,82 18,65 48,15 3,06 n.d. 2,32
n.d. – não disponível
Fonte: Adaptado de Cabral e Moreira (2011).
O sistema de gestão ambiental pode auxiliar nas atividades de planejamento,
classificação e destino dos RCDs. A construção pode gerar indicadores
fundamentais para a análise dos pedidos de certificações ambientais (RUSSELL-
SMITH; LEPECH, 2015).
2.3 OS PROGRAMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS
As aglomerações urbanas consomem energia elétrica e matérias-primas,
gerando sub-produtos que são descartados de forma incorreta, e afetam o ambiente
ocasionando desequilíbrio no habitat em que se está inserido. Nessa conjuntura faz-
se necessário a adoção de processos de gestão ambiental (FROENER, 2013).
Soma-se a essa situação da concentração urbana e seus impactos no
ambiente, o crescimento da população de idosos na composição da população total.
A população idosa vem aumentando sua participação de forma constante ao longo
dos anos, conforme apresenta a Figura 3 (IBGE, 2010). O acréscimo dessa parcela
da população e a consequente desaceleração do crescimento da população ativa
requer a adoção de medidas de maior potencial produtivo. Além disso, o aumento da
população adulta implica no incremento da demanda por unidades habitacionais
devido à probabilidade de geração de novas famílias (ALVES, 2014).
28
Figura 3 – Variação da composição da população residente total, por sexo e por grupo de idade, do Brasil de 1991 até 2010
Fonte: IBGE (2010).
O acréscimo da população nas cidades e o crescimento do impacto ambiental
decorrente de sua presença e das atividades desenvolvidas, de sua concentração
geográfica, geram resíduos. Decorrente dessa situação ocorre o aumento da
poluição, tornando inevitável a preocupação com a sustentabilidade. A cidade pode
ser definida em uma composição de ambientes construídos que causam
perturbações positivas ou negativas na vida do cidadão e em especial ao idoso.
Para exemplificar, ao abordar a acessibilidade, surgem aspectos tangíveis, como
barreiras arquitetônicas pela falta de rampas de acesso e as sinalizações de
orientação. Esses aspectos verificados tanto sob o contexto individual como sob o
coletivo, estabelecem uma conexão da rede urbana com a densidade populacional e
influenciam na qualidade e na sustentabilidade do habitat (BESTETTI; GRAEFF;
DOMINGUES, 2012).
O desafio da sustentabilidade possui papel de destaque na agenda da
indústria da construção no Brasil (Câmara Brasileira da Indústria da Construção -
CBIC, 2016). O cenário apresentado exige que uma mudança de atitude focando
ações sustentáveis, em especial a construção sustentável, para obter equilíbrio
econômico, ambiental e social com melhores condições de habitat (RAZZOTO,
2009).
29
A crescente concentração da população em áreas urbanas exige uma
reformulação das políticas ambientais, sociais e econômicas. Desse modo, o setor
da construção civil, que impacta fortemente o ambiente, exige atenção e ação, de
forma que a implementação de SGA e CA, como o LEED, a AQUA, o Procel Edifica
e o Selo Casa Azul CAIXA, são importantes para otimizar os espaços urbanos e
para minimizar os impactos negativos no habitat (GRÜNBERG; MEDEIROS;
TAVARES, 2014).
2.3.1 PBQP-H
O Governo Federal instituiu em 18 de dezembro de 1998, pela Portaria n.
134, do então Ministério do Planejamento e Orçamento, o instrumento denominado
de PBQP-H, que busca cumprir os compromissos assumidos na assinatura da Carta
de Istambul (Conferência do Habitat II/1996). Posteriormente, no ano de 2000, com
a necessidade de englobar as áreas de saneamento e infraestrutura urbana, foi
acrescentado o “H” para a denominação de “Habitação” e mais tarde passou a ser
denominado de “Habitat” com o conceito ampliado (BRASIL, 2016c).
O objetivo é criar um ambiente de isonomia competitiva, que propicie
soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional
no país, focando a produção habitacional de interesse social. O conjunto de ações
definidos para buscar o objetivo são: (i) avaliação da conformidade de empresas de
serviços e obras; (ii) melhoria da qualidade de materiais; (iii) formação e
requalificação de mão-de-obra; (iv) normalização técnica; (v) capacitação de
laboratórios; (vi) avaliação de tecnologias inovadoras; (vii) informação ao
consumidor; (viii) promoção da comunicação entre os setores envolvidos (BRASIL,
2016c).
Com base nas normas da International Organization for Standardization (ISO)
9000, estrutura-se o Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras
(SiAC) como norma do programa destinado à avaliação da conformidade de
empresas construtoras. O PBQP-H opera com o conceito de avaliação da
conformidade e por intermédio do SiAC tem estabelecido três níveis de avaliação:
a) nível de adesão: a empresa de serviços e obras fica responsável
legalmente pela veracidade do conteúdo das informações prestadas, não
sendo necessário realizar a auditoria na empresa para emissão do
30
certificado de adesão. O nível de adesão possui validade de 12 meses,
improrrogável, e a empresa pode participar do processo de Declaração de
Adesão apenas uma única vez (BRASIL, 2016c);
b) nível B: o terceiro nível de avaliação da conformidade. São verificadas de
forma evolutiva as cláusulas relacionadas a infra-estrutura, planejamento
da execução da obra, análise crítica dos requisitos relacionados à obra,
comunicação com o cliente, controle de alterações de projetos, análise
crítica de projetos fornecidos pelo cliente e propriedade do cliente (DE
CONTO, 2016);
c) nível "A": O quarto nível de avaliação da conformidade, quando, além das
cláusulas auditadas no Nível B, são verificadas de forma evolutiva as
cláusulas relacionadas a comunicação interna, ambiente de trabalho,
planejamento da elaboração do projeto, entradas de projeto, saídas de
projeto, análise crítica de projeto, verificação de projeto, validação de
projeto, validação de processos, medição e monitoramento de processos e
ações preventivas (DE CONTO, 2016).
Nesse contexto os três principais projetos, para a implementação do PBQP-H
são: (i) o SiAC; (ii) o Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais,
Componentes e Sistemas Construtivos (SiMaC); (iii) o Sistema Nacional de
Avaliações Técnicas (SiNAt). O SiAC regula e acompanha a conformidade da
prestação de serviços por quem projeta e constrói, o SiMaC regula e acompanha a
conformidade de materiais e componentes normalizados e o SiNAt regula e
acompanha avaliações técnicas de inovações tecnológicas de componentes,
sistemas e subsistemas na construção de edifícios (BRASIL, 2016c).
A participação no programa tem sido utilizada como pré-requisito para as
empresas construtoras aprovarem projetos e obterem linhas de financiamento.
Desse modo, evidencia-se a necessidade de as construtoras participarem desses
programas, sendo preciso a implantação e certificação do PBQP-H, através do SiAC
(BRASIL, 2016c).
2.3.2 LEED
No ano de 1995 nos EUA, a Green Building desenvolveu o sistema de
certificação ambiental LEED. O LEED é um sistema de certificação internacional que
31
possibilita verificar se um edifício, residência ou comunidade foram projetados com
base em estratégias para a melhoria em relação ao: (i) uso da água e energia; (ii)
redução de emissões de CO2; (iii) melhora da qualidade do ambiente interno; (iv) uso
dos recursos e seus impactos gerados (GBC, 2015).
Para iniciar o processo para obtenção da certificação da edificação pretendida
de acordo com sua tipologia, deve-se realizar o registro do projeto no sistema
internacional de certificação através da plataforma LEED Online, inserindo os dados
gerais do empreendimento (STEFANUTO; HENKES, 2013).
Esse sistema de certificação internacional possui 7 dimensões a serem
avaliadas nas edificações : (i) implantação sustentável; (ii) eficiência hídrica; (iii)
energia e atmosfera; (iv) materiais e recursos; (v) conforto ambiental; (vi) inovação;
(vii) projeto e créditos regionais. Todas as dimensões possuem pré-requisitos
(práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que ao serem cumpridas garantem
pontos a edificação. No sistema LEED o desempenho ambiental do edifício é
avaliado de forma global no que tange ao seu ciclo de vida, desde a extração de
matérias-primas até a disposição final (GBC, 2015).
Sendo atendidos os pré-requisitos, passa-se à etapa de classificação do
desempenho, constituído por um checklist e de acordo com evidências obtidas. Os
créditos são atribuídos pelo atendimento de ações de projeto, construção e
gerenciamento que contribuam para reduzir os impactos ambientais das edificações.
A partir da pontuação adquirida, que varia de 40 pontos a 110 pontos,
correspondentes ao nível certificado e nível platina respectivamente, é possível
estabelecer a gradação da certificação (GBC, 2015).
Na segunda fase, na plataforma LEED Online, pode ser corrigida e atualizada
as informações da primeira fase. Concluída a obra, prepara-se a auditoria por
intermédio de treinamentos para ocupação e operação da construção. A auditoria
analisa a documentação, os pré-requisitos e os critérios para classificar o
empreendimento conforme o grau de cumprimento do sistema de classificação
(STEFANUTO; HENKES, 2013).
O primeiro edifício foi certificado pelo sistema LEED em 2007 e, em 2008, o
sistema de certificação AQUA foi adaptado ao cenário brasileiro e disponibilizado
para uso (GBC, 2015).
32
2.3.3 AQUA
Em 2005, com base no modelo francês Haute Qualité Environnementale
(HQE), foi desenvolvido pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(USP), pela Fundação Vanzolini e pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment
(CSTB) o processo de certificação AQUA. O modelo AQUA estrutura-se no
desenvolvimento sustentável englobando aspectos ambientais, sociais e
econômicos (PORTAL VANZOLINI, 2016).
O Processo AQUA-HQE avalia o desempenho de construções e classifica-o
quanto ao grau de sustentabilidade de acordo com critérios de desempenho em 14
categorias da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE). Este processo possui os
níveis Base, Boas Práticas ou Melhores Práticas, conforme perfil ambiental definido
pelo empreendedor na fase pré-projeto. Um sistema de gestão deve ser adotado e a
avaliação, realizada pelo empreendedor, deve ser constituída em no mínimo três
fases (construção nova e renovações): (i) pré-projeto; (ii) projeto; (iii) execução. No
caso de edifício em operação e uso, na fase pré-projeto da operação e uso e fases
operação e uso periódicos (PORTAL VANZOLINI, 2016).
Os três diferentes tipos de empreendimentos que o referencial técnico do
AQUA permite avaliar são: (i) edifícios habitacionais; (ii) edifícios do setor de
serviços; (iii) bairros e loteamentos. Esses empreendimentos podem ser novos ou
que ocasionem uma reabilitação que garanta uma melhoria de desempenho
(OLIVEIRA, 2014).
Para um empreendimento ser certificado AQUA-HQE, o empreendedor deve
alcançar no mínimo um perfil de desempenho com 3 categorias no nível Melhores
Práticas, 4 categorias no nível Boas Práticas e 7 categorias no nível Base, conforme
Figura 4 (PORTAL VANZOLINI, 2016).
Figura 4 – Perfil de desempenho mínimo para certificação
Fonte: PORTAL VANZOLINI (2016).
33
As categorias são interpretadas, como sendo: Base (B) – prática corrente ou
regulamentar; Boas Práticas (BP) – boas práticas adotadas e Melhores Práticas
(MP) – desempenho calibrado conforme o desempenho máximo constatado
recentemente nas operações de alta qualidade ambiental (PORTAL VANZOLINI,
2016).
2.3.4 PROCEL EDIFICA
Os números relativos ao consumo de energia elétrica nas edificações no país,
atingem o patamar de 45% do consumo faturado. O setor de edificações possui um
potencial de redução do consumo nas novas construções de 50% e de 30% nas
edificações reformadas. Esses números por si só já justificam a importância do
PROCEL EDIFICA, que surgiu em 1985, decorrente de uma ação envolvendo o
Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as universidades, os
centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica
e de desenvolvimento, além do setor da construção civil (PROCEL, 2016).
O Selo Procel avalia quesitos de iluminação, climatização do ar e o entorno
do edifício, considerando áreas e tipos de janelas, proteção solar, vidros utilizados e
a zona bioclimática em que se localiza o empreendimento. A obtenção do Selo
Procel é voluntária (OLIVEIRA, 2014).
O Selo Procel Edificações tem sua concessão voltada a edificações que
apresentem os melhores índices de eficiência energética em determinada categoria
e que atendam a requisitos ambientais. O Selo é outorgado tanto na etapa de
projeto, válido até a finalização da obra, quanto na etapa da edificação construída.
Entre os objetivos do PROCEL, destaca-se a capacitação de profissionais,
promoção de novas tecnologias, disseminação de boas práticas, regulamentação e
critérios de eficiência energética para edificações e etiquetagem de edificações
novas e existentes e ainda a capacitação de laboratórios para atuarem na área de
conforto ambiental (PROCEL, 2016).
A etiqueta pode ser utilizada individual ou por ambiente sob a forma de 5
níveis de gradação: A, B, C, D e E. Essa etiqueta premia ações como o uso de
fontes renováveis de energia e a utilização racional da água, incentivando a adoção
dos conceitos relacionados à eficiência energética em HIS. Periodicamente, a cada
34
quatro anos o PROCEL revê os critérios técnicos exigidos para a concessão do Selo
Procel Edificações, e assim estabelece um regular e continuo processo de
desenvolvimento tecnológico e de redução do consumo de energia elétrica no país
(PROCEL, 2016).
2.3.5 Selo Casa Azul CAIXA
Estabelecido conforme a realidade da construção habitacional do Brasil, de
acordo com as características locais, abordando a utilização dos recursos naturais e
os benefícios sociais, o Selo Casa Azul CAIXA consiste no primeiro sistema de
classificação da sustentabilidade de projetos. O Selo engloba premissas que
entendem que os problemas são globais, mas as soluções devem ser locais (CAIXA,
2010).
Nesse contexto, o Selo pode ser definido como um instrumento de
classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, que
reconhece aqueles que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao
uso, à ocupação e à manutenção das edificações. Sua metodologia foi desenvolvida
e aplicada aos projetos de empreendimentos habitacionais apresentados à CAIXA
para financiamento ou nos programas de repasse. As empresas construtoras, o
Poder Público, empresas públicas de habitação, cooperativas, associações e
entidades representantes de movimentos sociais, podem se candidatar ao Selo
(CAIXA, 2010).
As linhas de crédito da CAIXA voltada a HIS possuem um conjunto de
requisitos que incentivam a construção de empreendimentos sustentáveis. Os
empreendimentos financiados são dotados de infraestrutura básica, vias de acesso
a serviços urbanos de transportes públicos e coleta de lixo. Além desses requisitos,
o empreendedor deve apresentar a documentação obrigatória, no qual inclui: (i)
projetos aprovados pela prefeitura; (ii) declaração de viabilidade de atendimento das
concessionárias de água e energia; (iii) alvará de construção; (iv) licença ambiental;
(v) demais documentos necessários à legalização do empreendimento. Deve ser
apresentado o Documento de Origem Florestal (DOF) e a declaração informando a
destinação final das madeiras utilizadas nas obras. O que define a ABNT NBR 9050,
em relação à acessibilidade, deve ser atendido, bem como o percentual mínimo de
35
unidades habitacionais adaptadas de acordo com os pré-requisitos do Selo (CAIXA,
2010).
Assim como os outros selos e certificações, a adesão do Selo é voluntária.
Nesse contexto, a edificação recebe a gradação de acordo com o nível de critérios
atendidos. Para a gradação bronze deve cumprir 19 critérios obrigatórios e nenhum
opcional. O Selo busca reconhecer os projetos de empreendimentos avaliando os
critérios relacionados aos seguintes temas: qualidade urbana, projeto e conforto,
eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e práticas
sociais. Ao total são 53 critérios de avaliação, divididos em 6 categorias, de acordo
com o Quadro 2 (CAIXA, 2010).
Quadro 2 – Categorias e critérios do Selo Casa Azul
(continua)
CATEGORIAS E CRITÉRIOS CLASSIFICAÇÃO 1. QUALIDADE URBANA BRONZE PRATA OURO 1.1 Qualidade do Entorno – Infraestrutura obrigatório
critérios obrigatórios + 6
itens de livre escolha.
Critérios obrigatórios + 12 itens
de livre escolha
1.2 Qualidade do Entorno – Impactos obrigatório 1.3 Melhorias do Entorno 1.4 Recuperação de Áreas Degradadas 1.5 Reabilitação de Imóveis 2. PROJETO E CONFORTO 2.1 Paisagismo obrigatório 2.2 Flexibilidade de projeto 2.3 Relação com a vizinhança 2.4 Solução Alternativa de Transporte 2.5 Local para Coleta Seletiva obrigatório 2.6 Equipamentos de Lazer, Sociais e
Esportivos obrigatório
2.7 Desempenho Térmico – Vedações obrigatório 2.8 Desempenho Térmico – Orientação ao Sol
e Ventos obrigatório
2.9 Iluminação Natural de Áreas Comuns 2.10 Ventilação e Iluminação Natural de
Banheiros
2.11 Adequação às Condições Físicas do Terreno
3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 3.1 Lâmpadas de Baixo Consumo – Áreas
Privativas obrigatório p/
HIS – até 3 s.m. 3.2 Dispositivos Economizadores – Áreas
Comuns obrigatório
3.3 Sistema de Aquecimento Solar 3.4 Sistema de Aquecimento à Gás 3.5 Medição Individualizada – Gás obrigatório 3.6 Elevadores Eficientes 3.7 Eletrodomésticos Eficientes
36
3.8 Fontes Alternativas de Energia 4. CONSERVAÇÃO DE RECURSOS
MATERIAIS
4.1 Coordenação Modular 4.2 Qualidade de Materiais e Componentes obrigatório
4.3 Componentes Industrializados ou Pré-fabricados
4.4 Formas e Escoras Reutilizáveis obrigatório 4.5 Gestão de Resíduos de Construção Civil
(RCD) obrigatório
4.6 Concreto com Dosagem Otimizada 4.7 Cimento de Alto Forno (CPIII) e Pozolânico
(CP IV)
4.8 Pavimentação com RCD 4.9 Facilidade de Manutenção da Fachada 4.10 Madeira Plantada ou Certificada 5. GESTÃO DA ÁGUA 5.1 Medição Individualizada – Água obrigatório 5.2 Dispositivos Economizadores – Sistema de
Descarga obrigatório
5.3 Dispositivos Economizadores – Arejadores
5.4 Dispositivos Economizadores – Registro Regulador de Vazão
5.5 Aproveitamento das Águas Pluviais 5.6 Retenção de Águas Pluviais 5.7 Infiltração de Águas Pluviais 5.8 Áreas Permeáveis obrigatório 6. PRÁTICAS SOCIAIS 6.1 Educação para Gestão de RCD obrigatório 6.2 Educação Ambiental (EA) dos Empregados
obrigatório
6.3 Desenvolvimento Pessoal dos Empregados
6.4 Capacitação Profissional dos Empregados 6.5 Inclusão de trabalhadores locais
(conclusão)
37
6.6 Participação da Comunidade na Elaboração do Projeto
6.7 Orientação aos Moradores obrigatório 6.8 EA dos Moradores 6.9 Capacitação para Gestão do Empreendimento
6.10 Ações para Mitigação de Riscos Sociais 6.11 Ações para Geração de Emprego e Renda
Fonte: Adaptado da CAIXA (2010).
Utilizando-se do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), os
sistemas de fomento financeiro da CAIXA são estimulados a buscar o Selo,
contribuindo para a melhora da qualidade da construção civil (CAIXA, 2010).
2.4 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL SOB A ÓTICA DA SUSTENTABILDADE
A HIS está associada à necessidade de disponibilizar habitação urbana para
os setores menos favorecidos da população. A sustentabilidade ocorre se houver um
equilíbrio envolvendo aspectos econômicos, ambientais e sociais. Entre as
dificuldades enfrentadas pelas cidades encontra-se a habitação de áreas impróprias
para moradia (FORTUNATO, 2014).
Ainda segundo Fortunato (2014), para que haja sustentabilidade tem que
ocorrer a sustentabilidade ambiental, como a redução do gasto de energia, com a
sustentabilidade social. Aborda ainda as oportunidades iguais para os seres
humanos, bem como os padrões de comportamento relacionados à mobilidade,
experiência habitacional, trabalho e relações sociais.
Conforme Reis e Lay (2010), as habitações sustentáveis impactam na
melhoria da qualidade de vida dos residentes por intermédio do equilíbrio no uso
adequado dos recursos naturais e as necessidades humanas. Para que uma HIS
seja sustentável deve conciliar quantidade de moradias com sua qualidade
decorrente de projetos arquitetônicos convenientemente apropriados aos seus
usuários.
O conceito de construção sustentável amplia o escopo tradicional de
qualidade, prazo, tecnologia e custo, e incorpora as dimensões sociais e ambientais.
O desenvolvimento sustentável postula um conjunto de ações que envolvem o
38
construir mais usando menos e a redução de materiais residuais que impactam a
natureza, pressionando os aterros em termos de volume e poluição gerados (CAIXA,
2010).
Ao considerar os aspectos da construção, ressalta-se que a qualidade das
soluções arquitetônicas envolvendo os aspectos estéticos e funcionais do projeto da
habitação social determina a eficiência com que o projeto responde às necessidades
de seus usuários. Desse modo, as relações entre as edificações e os espaços
abertos tende a afetar o uso e adequação de tais espaços e, logo, a existência de
um ambiente residencial socialmente sustentável, afirmam Reis e Lay (2010).
Ao comparar os sistemas LEED, AQUA e Selo Casa Azul CAIXA verifica-se
que esses possibilitam o estudo referente à sustentabilidade no ambiente
construído. O Selo Casa Azul e o LEED abordam com mais acuidade o tema da
inclusão urbana da HIS, do que o modelo AQUA. O Selo Casa Azul e o LEED estão
mais adaptados ao cenário do Brasil e, o Selo Casa Azul aborda a existência das
práticas sociais na análise da sustentabilidade da HIS. (FORTUNATO, 2014).
2.4.1 A habitação de interesse social em Santa Maria
De acordo com o censo de 2010 do IBGE, Santa Maria possui
aproximadamente 261 mil habitantes. O crescimento da população gerou
necessidade de construções de moradias para atender esse crescimento. Nesse
contexto, as primeiras unidades habitacionais foram construídas em locais longe do
centro da cidade, não possuindo equipamentos necessários ao atendimento da
população no que tange à saúde, educação, lazer e sistema de transporte (RUBIN,
2013).
Dentro desse contexto considera-se que um novo conjunto residencial, e as
construções de infraestrutura, valorizam o entorno dos terrenos e desencadeia a
especulação. Assim, os menos favorecidos economicamente são deslocados ainda
mais para a periferia, tornando mais caro os custos de deslocamento e outros
associados à distância de suas necessidades (SANTOS, 2009).
A situação exposta por Santos (2009) também é percebida em Santa Maria
(RUBIN, 2013). A população mais desprovida financeiramente não possui condições
financeiras de arcar com os custos que a nova moradia exige. Ainda assim, os
39
investimentos na construção de moradias foram importantes para dirimir as
demandas por moradia e na forma de ocupação do solo urbano.
De acordo com Grigoletti e Linck (2014), as habitações vêm sofrendo
alterações conceituais em função do exposto nos capítulos anteriores, como
sustentabilidade, novas normas técnicas, ciclo de vida, exigências de espaços
coletivos, infraestrutura de acesso, entre outros. Esse novo cenário propiciou o
surgimento dos sistemas de avaliações das habitações, como um recurso para
auxiliar na compatibilização do habitat com a população. Nessa especificidade, os
resultados, apresentados na Zona Bioclimática 2 e na realidade sociocultural da
população de baixa renda de Santa Maria, no RS, apontam para a necessidade de
que sejam incluídas a vegetação urbana para obter melhor conforto térmico nesses
projetos de edificação habitacional.
As novas unidades habitacionais financiadas pelos órgãos de fomento, em
especial os últimos financiamentos da CAIXA, já abordam e contextualizam os
projetos nesse novo cenário de uso dos recursos naturais, da sustentabilidade da
construção e o respectivo impacto social. O programa MCMV criado em 2009, é um
programa que busca a redução do déficit habitacional e que pode não assegurar os
aspectos relacionados à sustentabilidade das HIS. Essas políticas de HIS colaboram
na agregação de valor ao espaço construído, como um meio de integração social,
desenvolvimento da cidadania e respeitando as questões socioambientais (SILVA,
2014). Para a construção de HIS mais sustentáveis, a CAIXA lançou o Selo Casa
Azul CAIXA (CAIXA, 2010).
O Selo Casa Azul CAIXA, é um sistema de classificação de
empreendimentos, que leva em consideração infraestruturas como ruas de acesso,
transporte, coleta de lixo, energia, arborização, água, entre outros (CAIXA, 2010).
Além desses critérios, esse sistema de certificação também se destaca por ser o
único a incorporar critérios sociais, além dos ambientais. Essa diferenciação faz com
que o Selo seja classificado como socioambiental, buscando a integração social e o
incentivo a práticas mais sustentáveis (DE CONTO, 2016).
40
3 METODOLOGIA
A importância da escolha do que se ler e estudar, para estudantes iniciantes,
deve ser realizada sob orientação de professores, selecionando as mais adequadas
e confiáveis para o tema abordado (LAKATOS; MARCONI, 2010). Além disso, ainda
sob a tutela do professor, foi delimitado o escopo do estudo, tanto no que diz
respeito à profundidade das abordagens como na extensão dos temas
desenvolvidos, estruturados em capítulos e subcapítulos para o TCC.
Os processos de levantamento de dados podem ser obtidos, por
documentação direta (como a pesquisa de campo) e indireta em material já
elaborado, como a pesquisa documental primária e a pesquisa bibliográfica de fonte
secundária (LAKATOS; MARCONI, 2010).
A seguir será apresentado as etapas de como este estudo foi conduzido.
3.1 ESTRATÉGIA E ABORDAGEM DE PESQUISA
A escolha dos passos a seguir para o desenvolvimento deste estudo, foi
antecedido por estudos preliminares, permitindo a verificação da teoria existente e
análise de material relacionado ao tema selecionado (LAKATOS; MARCONI, 2010).
Esses estudos possibilitaram a escolha do método a ser utilizado para nortear os
trabalhos, como sendo uma abordagem metodológica de estudo de caso, com
procedimento para coleta de dados baseada na pesquisa bibliográfica em fontes
primária e secundária associada à entrevista in loco.
Os estudos relacionados à pesquisa bibliográfica, foram centralizados em um
conjunto de obras de referências primárias e secundárias. O Quadro 3 apresenta
algumas das obras consultadas.
Quadro 3 – Relação de algumas obras consultadas
(continua)
Autores Título
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.
Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Atlas. 2010.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Selo casa azul: boas práticas para habitação mais sustentável. Caixa Econômica Federal, São Paulo, 2010.
GOLDEMBERG, José; LUCON, Oswaldo.
Energia, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo, 2011.
DE CONTO, Vanessa. O Caminho para a Sustentabilidade Socioambiental de HIS via Selo CASA AZUL CAIXA. UFSM. 2016.
41
(conclusão)
SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo, Edusp, 2009.
RUBIN, Graziela Rossatto. Análise dos Programas Habitacionais em Santa Maria: O caso do conjunto habitacional Tancredo Neves. Dissertação de Mestrado. PPGGG. UFSM. 2013.
Fonte: A autora (2016).
Os estudos realizados no referencial teórico substanciaram a base conceitual
para o entendimento da temática abordada no que tange a construções sustentáveis
e as propostas dos sistemas de certificações. Nessa linha de raciocínio, os estudos
levaram a escolha do Selo Casa Azul CAIXA, o primeiro sistema de classificação da
sustentabilidade em projetos no Brasil, desenvolvido para a realidade da construção
habitacional do país, como o método de certificação a ser estudado.
Com a leitura das obras e consulta as fontes primárias e secundárias (livros,
artigos, normas técnicas e sites) foi possível delimitar o campo de estudo, explorar
nas dimensões de abrangência e profundidade pertinentes as exigências
estabelecidas e delimitadas para este estudo. Esta forma de abordagem possibilitou
estabelecer uma sólida base conceitual a respeito do tema construções
sustentáveis, a legislação pertinente, as certificações aplicáveis, bem como definir o
método de estudo ao tema ora apresentado.
A seguir foi elaborado um checklist decorrente dos estudos do sistema de
classificação Selo Casa Azul CAIXA, como um recurso para orientar a busca de
evidências de atendimento ao solicitado, registrar as evidências objetivas coletadas,
e por fim ponderar a respeito da certificação de construção sustentável.
3.2 DESCRIÇÃO DA GRADAÇÃO BRONZE
O nível de gradação bronze do Selo Casa Azul tem sido concedido aos
empreendimentos cujo valor de avaliação da UH não ultrapassar os limites
estabelecidos pelo apresentado no Quadro 4 (CAIXA, 2010).
Quadro 4 – Limites de avaliação para Selo Casa Azul
(continua)
Localidades Valor de Avaliação da unidade habitacional
Distrito Federal Cidades de São Paulo e Rio de Janeiro Municípios com população igual ou superior a 1 milhão de habitantes
Até R$ 130.000,00
42
integrantes das regiões metropolitanas dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro
Municípios com população igual ou superior a 250 mil habitantes Região integrada do Distrito Federal e Entorno – RIDE/DF nas demais regiões metropolitanas e nos municípios em situação de conturbação com as capitais estaduais (exceto Rio de Janeiro e São Paulo)
Até R$ 100.000,00
Demais municípios Até R$ 80.000,00
Fonte: Adaptado da CAIXA (2010).
O nível Bronze possui 6 categorias e 19 critérios obrigatórios sem nenhum
critério opcional (CAIXA, 2010).
A metodologia estudada está descrita no Manual Selo Casa Azul da Caixa
Econômica Federal, que define as seguintes categorias: (i) Qualidade Urbana; (ii)
Projeto e Conforto; (iii) Eficiência Energética; (iv) Conservação de Recursos
Materiais; (v) Gestão da Água e; (vi) Práticas Sociais.
3.3 METODOLOGIA EMPREGADA NO CHECKLIST
Os quadros do checklist foram elaboradas de acordo com o número de
critérios obrigatórios que visam o atendimento à gradação bronze do Selo Casa
Azul. Desse modo, como são 19 critérios obrigatórios, vinculados a 6 diferentes
categorias, foram elaboradas 19 quadros.
O Quadro 5 apresenta a metodologia utilizada para elaboração e análise de
cada critério, aplicada nos quadros do checklist que encontram-se no Apêndice A:
Quadro 5 – Modelo para apresentação do checklist
Fonte: A autora (2016).
(conclusão)
43
As categorias, critérios, indicadores, documentação e requisitos são
apresentados em destaque no quadro modelo para apresentação do checklist da
seguinte maneira:
a) em laranja apresenta-se a categoria em análise, cuja numeração
empregada é a mesma utilizada no guia do Selo Casa Azul CAIXA;
b) em vermelho apresenta-se o critério em análise, cuja numeração
empregada é a mesma utilizada no guia do Selo Casa Azul CAIXA;
c) em amarelo apresentam-se os indicadores e a documentação necessária
para o atendimento ao critério em análise;
d) em verde apresentam-se os requisitos necessários para o atendimento à
documentação e aos indicadores;
e) em azul apresentam-se, quando existentes, as ressalvas vinculadas à
categoria, critério ou requisito.
Cada requisito será avaliado de acordo com a seguinte padronização, com
base em Veras (2013):
a) sim: significa que o conjunto habitacional em análise atende aos requisitos
do critério abordado;
b) não: significa o não cumprimento dos requisitos referentes ao critério
abordado;
c) parcial: significa que atende parcialmente o critério abordado;
d) não se aplica: significa que não há relação entre o requisito e a edificação
estudada ou não obtenção de informações suficientes, impossibilitando
uma avaliação adequada.
Para análise dos indicadores e da documentação utilizou-se a seguinte
correlação dos requisitos, onde o número de resultados SIM, NÃO ou PARCIAL não
foi levado em consideração:
a) sim x sim = sim;
b) não x não = não;
c) sim x não = parcial;
d) parcial x sim ou não = parcial;
e) o resultado não se aplica e sua inclusão na relação dos requisitos não
implica em alteração nos resultados da correlação dos requisitos.
44
A correlação dos requisitos em análise pode ser resumida de acordo com o
Quadro 6:
Quadro 6 – Resumo da correlação de requisitos do checklist
Fonte: A autora (2016).
Para a análise dos critérios utilizou-se a correlação dos resultados obtidos
referentes à documentação e indicadores seguindo as mesmas considerações
utilizadas para correlacionar os requisitos.
Os resultados obtidos referente aos critérios de cada categoria serão
apresentados de forma resumida no capítulo 4, utilizando-se do Quadro 7.
Quadro 7 – Modelo para apresentação dos resultados
1. QUALIDADE URBANA EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
1.1 Qualidade do Entorno – Infraestrutura
1.2 Qualidade do Entorno – Impactos
Fonte: A autora (2016).
3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A aplicação e a análise dos critérios de itens estabelecidos pelo checklist
ocorreu através de:
a) análise documental;
b) utilização de recursos como o Programa AutoCAD 2012 para desenvolver
desenhos/redesenhos necessários para simular as situações que necessite
de análise;
c) dados primários obtidos a partir de visitas in loco ao Conjunto Habitacional
Leonel Brizola da cidade de Santa Maria/RS;
EXISTÊNCIA NO PROJETO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
SIM SIM PARCIAL PARCIAL SIM
NÃO PARCIAL NÃO PARCIAL NÃO
PARCIAL PARCIAL PARCIAL PARCIAL PARCIAL
NÃO SE APLICA SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
45
d) entrevista com o Engenheiro Civil da construtora;
e) entrevista com a Arquiteta do escritório de arquitetura.
Posteriormente, efetuou-se a discussão de interpretações e resultados sobre
os dados obtidos.
3.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa foi delimitada por estudo da proposta do sistema de classificação
do Selo Casa Azul CAIXA, com a posterior elaboração de uma proposta de checklist
para o nível certificação Bronze. Para o objeto alvo da aplicação do checklist
proposto, foi escolhido a HIS Conjunto Residencial Leonel Brizola na cidade de
Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul.
46
4 APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL EM HIS
Primeiramente efetuou-se uma contextualização espacial do local em que o
conjunto habitacional está inserido. Após, realizou-se a análise da obra abordando
cada critério obrigatório para gradação bronze do manual Selo Casa Azul da CAIXA.
O conjunto apresentado a seguir, cujo projeto arquitetônico foi desenvolvido
por escritório de arquitetura local e executado por construtora local, faz parte dos
incentivos do governo federal para a habitação em parceria com a CAIXA e a
prefeitura de Santa Maria. O residencial começou a ser construído em 23 de maio de
2014 e a entrega das chaves foi realizada em 26 de abril de 2016. O
empreendimento em questão é o quarto conjunto residencial do MCMV na cidade de
Santa Maria voltado a famílias de baixa renda, resultado da parceria firmada, há
cerca de oito anos, entre o governo federal, a CAIXA e a prefeitura municipal
(FONTANA, 2016).
Ao concluir-se a análise do empreendimento, foram apresentadas as
conclusões relativas ao projeto e sua adequação ao ambiente inserido.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA HIS
O Residencial Leonel Brizola localiza-se no bairro Diácono João Luiz
Pozzobon, na Estrada Municipal Eduardo Duarte, em Santa Maria (RS), como
mostra a Figura 5.
47
Figura 5 – Localização do Residencial Leonel Brizola
Fonte: Google (2016).
O residencial Leonel Brizola dista cerca de 5,5 Km do centro de Santa Maria.
O acesso pela BR 287 do centro de Santa Maria ao residencial dista cerca de 7,6 km
(Figura 6).
Figura 6 – Localização do residencial Leonel Brizola em relação ao centro de Santa Maria
a. Residencial ao centro de Santa Maria
(5,5 Km). b. Acesso pela BR 287 do centro de Santa
Maria ao residencial Leonel Brizola (7,6 Km). Fonte: Google (2016).
48
O terreno do empreendimento possui uma área total de 128.349,26m²,
medindo de frente 383,26 m para a Estrada Municipal Eduardo Duarte, e de fundos
350,46m, possuindo 380,5m ao sudeste e 334,37m ao noroeste (Figura 7). Na
porção sudeste do terreno há ainda o córrego, devendo este ser uma área de
preservação permanente que dista, em cada lado da margem, 30,00m de largura a
partir da cota de maior inundação, de acordo com o Art. 46 da Lei de Uso do Solo
(LUSO) do Município de Santa Maria – RS (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA
MARIA, 2009).
Figura 7 – Situação residencial Leonel Brizola
Fonte: Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
O Residencial Leonel Brizola contou com um investimento de R$ 23 milhões
do governo federal, totalizando R$ 27 milhões com a contrapartida da Prefeitura de
Santa Maria. A prefeitura municipal também providenciou a área para a construção
do loteamento, contando com 362 UHs, das quais 14 foram adaptadas para Pessoas
com Deficiência (PCD). Das 14 adaptadas para PCD, 11 foram entregues a
cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, 2 à deficientes auditivos e 1 à um
portador de deficiência visual. As unidades habitacionais são destinadas a famílias
49
com renda mensal de até R$ 1,6 mil e que residem em áreas de risco. Cada moradia
do novo residencial custou cerca de R$ 64 mil (FONTANA, 2016; MINUSSI, 2016).
O projeto do Residencial Leonel Brizola conta com 362 lotes destinados a
habitações. Seis lotes foram destinados para uso comercial. São edifícios
habitacionais térreos geminados 2 a 2. Cada habitação possui uma área total de
39,80 m², totalizando 14.407,60 m², sendo 14 residências adaptadas para PNE. O
empreendimento conta ainda com projeto de acessibilidade. Desse modo, toda
calçada pública possui rampas nas esquinas projetadas a fim de garantir o acesso
aos PCR (Pessoas em Cadeira de Rodas).
O residencial conta com um centro comunitário, com uma área de
aproximadamente 203 m², que está integrado à praça de brinquedos, com uma área
de 320 m². Junto a esses, encontra-se um campo de futebol com uma área de 1.152
m². No terreno está localizada a escola de ensino fundamental. Há ainda uma área
de preservação permanente, conforme demostra um esquema da planta de
implantação do Residencial Leonel Brizola na Figura 8.
Figura 8 – Implantação do Residencial Leonel Brizola
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
50
Como uma estratégia para garantir a interação da comunidade através de um
ponto de encontro, lazer e esporte projetou-se um centro comunitário, com
churrasqueira e dois banheiros, que estão de acordo com as exigências municipais
para PCD. O centro comunitário está integrado a um playground (Figura 9), além do
campo de futebol que se situa ao lado da praça de brinquedos.
Figura 9 – Centro comunitário e playground
Fonte: Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
Na área interna, cada residência conta com sala e cozinha integradas, além
de dois quartos. Na área externa encontra-se a área de serviço (Figura 10). O piso
em toda área interna é cerâmico, na externa o piso é de concreto alisado.
Figura 10 – Planta baixa mobiliada da residência
Fonte: Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
51
As residências possuem um sistema de aquecimento solar para os chuveiros
composto de placa de captação de energia solar instalada sobre o telhado, e pelo
Boiler sob a caixa d’água (Figura 11). A importância da existência de tal sistema
evidencia-se através do histórico de casas que o possuíam entregues do PMCMV
que apresentaram uma economia de cerca de 40 reais por mês (média no ano) na
conta de luz, de acordo com informações obtidas no Manual do Proprietário.
Figura 11 – Sistema de aquecimento solar de uma residência
Fonte: A autora (2016).
Esse sistema necessita de incidência solar e temperatura ambiente acima de
15°C para um funcionamento autônomo, caso contrário, é complementado através
do uso de chuveiro elétrico pois em determinadas épocas do ano a intensidade e
frequência solar podem ser insuficientes para o funcionamento adequado do
mesmo. Seu dimensionamento foi efetuado para atender uma demanda de até 4
banhos com 8 minutos de duração, por dia.
A fim de construir uma sociedade mais sustentável e em equilíbrio com o
meio ambiente, o loteamento apresenta um projeto de arborização (Figura 12). O
projeto apresenta espécies arbóreas nas áreas verdes, grama no passeio público
não pavimentado, além de uma muda de árvore em frente a cada unidade
habitacional.
52
Figura 12 – Projeto de arborização
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
Com esta mesma visão sustentável o loteamento apresenta a pavimentação
das vias internas de concreto intertravado, garantindo uma maior permeabilidade do
solo. A calçada pública do empreendimento é de concreto simples.
4.2 ANÁLISE A PARTIR DO SELO CASA AZUL
A análise desenvolvida no conjunto habitacional Leonel Brizola baseou-se no
guia de boas práticas para habitação mais sustentável Selo Casa Azul da Caixa
Econômica Federal (2010) e na posterior revisão nos indicadores do Selo Casa Azul,
que adequou e atualizou a metodologia às normas e diretrizes brasileiras que ainda
53
estavam em construção no período de lançamento do guia, como a NBR 15575
(2013) referente ao desempenho de edificações habitacionais.
A análise teve como base as seis categorias que abrangem o selo, das quais
se verificaram os 19 critérios de avaliação obrigatórios que visam à obtenção do
nível de certificação gradação bronze. A avaliação do empreendimento foi realizada
com o auxílio do checklist proposto e posteriormente separando cada categoria de
abrangência.
4.2.1 Qualidade urbana
O empreendimento é dotado de rede de abastecimento de água, rede de
drenagem e de coleta de esgoto, energia elétrica e iluminação pública. Os serviços
mais relevantes no entorno estão identificados na Figura 13, que mostra o
residencial Leonel Brizola em destaque.
Figura 13 – Mapa de localização do Residencial Leonel Brizola e entorno imediato
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
54
Portanto, o empreendimento conta com 1 escola de ensino fundamental, 3
escolas de educação infantil, 1 unidade PSF (Programa Saúde da Família), 1
unidade estratégica de saúde e 2 mercados localizados a uma distância inferior a
1km de extensão. Ainda, a uma distância de aproximadamente 2 km de extensão
localizam-se: 1 escola de ensino fundamental, 1 mercado, 1 unidade estratégica de
saúde, 1 escola de educação infantil e 2 farmácias.
Verificou-se que o mercado mais próximo está a uma distancia inferior a 1 km
do residencial e a farmácia mais próxima a 2 km. Deste modo, o empreendimento
cumpre parcialmente as exigências do selo quanto à existência de dois pontos de
comércio e serviços básicos. Tais pontos devem ser acessíveis por rota de
pedestres há uma distância inferior a um quilômetro, sendo a existência de
mercado/feria livre e farmácia itens obrigatórios. No entanto, existem seis lotes no
empreendimento destinados a uso comercial. Até o momento tais lotes ainda não
foram colocados à venda, não havendo, portanto, conhecimento de algum futuro
investidor.
Por meio do estudo realizado quanto à infraestrutura do entorno do
empreendimento decidiu-se pela execução de um posto de saúde e de uma escola
de ensino fundamental para atender a comunidade do Bairro Diácono João Luiz
Pozzobon.
A nova unidade de saúde no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon, dentro do
residencial Dom Ivo, foi entregue a comunidade visando atender inclusive aos
moradores do Residencial Leonel Brizola, já que dista cerca de 750 m do
empreendimento. Assim, o empreendimento atende a exigência do selo quanto à
localização de um posto de saúde a no máximo 2,5 km de distância, já que conta
ainda com 1 unidade PSF e uma unidade estratégica de saúde a menos de 1km do
residencial .
A construção de uma nova escola de ensino fundamental (Figura 14), prevista
para 2015, foi efetuada junto ao Residencial Leonel Brizola. A escola deverá entrar
em funcionamento até o final de 2016, segundo informações obtidas na construtora.
Deste modo, atende ao requisito do selo quanto à existência de uma escola pública
de ensino fundamental acessível por rota de pedestre de até 1,5 km de extensão,
contando ainda com 1 escola de ensino fundamental e 3 escolas de educação
infantil localizados a uma distância inferior a 1km de extensão.
55
Figura 14 – Vista do Residencial Leonel Brizola da escola de ensino fundamental
Fonte: A autora (2016).
A pavimentação na Estrada Municipal Eduardo Duarte é de concreto
betuminoso usinado a quente (CBUQ). Quanto às ruas internas do empreendimento,
é de concreto intertravado. (Figura 15).
Figura 15 – Ruas internas do residencial Leonel Brizola de concreto intertravado e placa indicativa de parada de ônibus próxima à escola
Fonte: A autora (2016).
As linhas de transporte público regular que atendem o residencial são as
mesmas linhas que atendem os bairros Jardim Berleze e Maringá. Dessa forma, os
ônibus passam pelas ruas do condomínio, havendo também uma parada acessível
por rota de pedestre em frente ao residencial. Portanto, o conjunto habitacional
atende aos requisitos do Selo quanto à disponibilidade de transporte público regular
e parada de ônibus a no máximo um quilômetro de extensão do empreendimento.
56
A Figura 16 mostra a linha Jardim Berleze, direção bairro-centro, no período
de domingo e feriados, no horário das 06h10’. Como indicado na figura a linha
atende ao Residencial Leonel Brizola.
Figura 16 – Linha Jardim Berleze direção bairro-centro no período de domingo e feriados
Fonte: Adaptado de SIMSM (2016).
Na área interna do loteamento há os seguintes equipamentos de lazer: 1
centro comunitário, 1 playground e 1 campo de futebol. Estes são equipamentos
públicos de propriedade da Prefeitura Municipal de Santa Maria cujo uso é cedido à
Associação de Moradores do Residencial Leonel Brizola. Deste modo, o
empreendimento atende aos requisitos do Selo quanto à disponibilidade de
equipamentos de lazer. As intermediações ainda contam com 1 campo de futebol a
uma distância de aproximadamente 1,74 km do conjunto habitacional.
Portanto, o empreendimento atende parcialmente aos indicadores do critério
de qualidade do entorno quanto à infraestrutura, sendo a existência de 1 farmácia a
uma distância inferior a 1km o único requisito não atendido. Quanto à
documentação, o residencial também atende de modo parcial, apresentando apenas
a identificação de serviços relevantes no mapa de localização do empreendimento.
No mapa não são identificadas paradas de transporte público regular, rotas de
57
acesso de pedestres e distâncias percorridas por rota de pedestre de serviços,
equipamentos e paradas relevantes até o empreendimento.
Desse modo, o entorno imediato no caso do Residencial Leonel Brizola ainda
não apresenta toda a infraestrutura necessária para a adequação ao critério de
qualidade do entorno quanto à infraestrutura do Selo, sendo esse atendido de modo
parcial.
Na visita in loco realizada ao conjunto habitacional, verificou-se a ausência de
fatores perceptíveis como odores, ruídos e outros aspectos que possam gerar
impacto negativo ao empreendimento.
Não foram constatados impactos negativos devido a faixa destinada a
indústria, que encontra-se dentro do raio de 1,5 km marcado a partir do centro
geométrico do empreendimento, como mostra a Figura 17, onde uma empresa
produtora de blocos de concreto está situada.
Figura 17 – Mapa de localização do empreendimento e de fatores de risco em seu
entorno imediato
Fonte: Adaptado de Google (2016).
A BR 287, que tangencia o raio de 1 km do residencial, pode ser considerada
uma fonte de ruídos excessivos e constantes. Portanto, com base nos critérios do
58
Selo, pode ser considerada prejudicial ao bem-estar e à saúde dos moradores.
Assim como a RS 509 que se encontra dentro do raio de 2,5 km do conjunto
habitacional. No entanto, empreendimentos que não atendam ao critério inicial de
2,5 km poderão solicitar o Selo, desde que efetuem propostas para minimizar o
incomodo em níveis aceitáveis.
A empresa fabricante de vagões, que se situa entre a faixa de 2 e 2,5 km, não
acarreta em impactos negativos para os moradores do Residencial Leonel Brizola. O
aeroporto de Santa Maria, que dista cerca de 5,8 km do conjunto habitacional,
também não apresenta fatores prejudiciais aos moradores, estando inclusive fora do
raio de análise exigidos pelo Selo.
Deste modo, o residencial atende de modo parcial aos indicadores do critério
que verifica a qualidade do entorno e seus impactos no empreendimento. Constatou-
se também a inexistência de documentação necessária. Portanto, conclui-se que o
critério é atendido parcialmente. A análise da categoria de qualidade urbana pode
ser verificada no Quadro 8.
Quadro 8 – Categoria 1: Qualidade Urbana
1 QUALIDADE URBANA EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
1.1 Qualidade do Entorno – Infraestrutura x
1.2 Qualidade do Entorno – Impactos x
Fonte: A autora (2016).
Portanto, verifica-se que a categoria de qualidade urbana é atendida de modo
parcial, perante os critérios de análise que visam à obtenção da gradação bronze do
Selo.
4.2.2 Projeto e conforto
No projeto de arborização do residencial foram especificados as espécies
arbóreas a serem utilizadas, as dimensões previstas e a localização das mesmas,
de acordo com a convenção utilizada. O Quadro 9 mostra os dados de cada espécie
59
adotada no projeto de acordo com os critérios estabelecidos pela Companhia
Energética de Minas Gerais (CEMIG) (2011) e por Lorenzi (2002, 2003, 2009, 2015).
Quadro 9 – Características das plantas utilizadas para o projeto de arborização
(continua)
Convenção Nome
Científico
Nome
Comum
D de
copa
(m)
Altura
(m)
Forma
ecológica Porte
Nativa/Ex
ótica
Luehea
divaricata
Açoita-
cavalo 7,00 15,00 Caducifólia Grande
Nativa
(Mata
Atlântica)
Parapipta
denia
rigida
Angico-
vermelho 7,00 25,00 Caducifólia Grande
Nativa
(Mata
Atlântica)
Araucaria
angustifoli
a
Pinheiro do
paraná 10,0 35,00 Perenifolia Grande
Nativa
(Mata
Atlântica)
Psidium
cattleyanu
m
Araçá 3,0 8,0 Semidecídu
a Médio
Nativa
(Mata
Atlântica)
Peltophor
um
dubium
Canafístula 7,0 20,0 Caducifólia Grande
Nativa
(Mata
Atlântica e
Cerrado)
Casearya
silvestris
Carvalhinho
(Chá-de-
bugre)
3,0 8,0 Caducifólia Médio
Nativa
(todo o
território
brasileiro)
Senna
multijuga
Chuva-de-
ouro
(Cássia)
5,0 10,00 Caducifólia Médio
Nativa
(Mata
Atlântica e
Cerrado)
Lagerstro
emia
indica
Extremosa 3,0 8,0 Caducifólia Médio Exótica
Handroant
hus
impetigino
sus
Ipê-roxo 5,0 12,00 Caducifólia Grande
Nativa
(Mata
Atlântica e
Cerrado)
60
(conclusão)
Jacaranda
mimosifoli
a
Jacarandá-
mimoso 4,00 15,00 Caducifólia Grande Exótica
Bauhinia
forficata
Pata-de-
vaca 4,00 10 Caducifólia Médio
Nativa
(Mata
Atlântica e
Cerrado)
Eugenia
uniflora Pitangueira 3,00 9,00
Semidecídu
a Médio
Nativa
(todo o
território
brasileiro)
Caesalpini
a pluviosa Sibipiruna 4,00 12,00
Semidecídu
a Grande
Nativa
(Mata
Atlântica e
Pantanal)
Babusa
taquara Taquareira N/A 10,0 Perenifólia Médio
Nativa
(Mata
Atlântica)
Enterolobi
um
contortisili
quum
Timbaúva 9,0 25,00 Semidecídu
a Grande
Nativa
(Mata
Atlântica,
Cerrado,
Pantanal e
Caatinga)
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
A Tabela 2 apresenta a classificação adotada para estabelecer o porte das
árvores, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo CEMIG.
Tabela 2 – Classificação do porte das árvores
Altura Porte
até 5,0 m Pequeno ou Arbustivo
de 5,0 a 10,0 m Médio
acima de 10,0 m Grande
Fonte: Adaptado de CEMIG (2011).
61
O uso das espécies arbóreas na faixa de mobiliário dos passeios foi realizado
de acordo com o Plano de Arborização Urbana do município de Santa Maria. As
distâncias entre as arborizações e dessas com as esquinas (Quadro 10), se
encontram dentro da normativa prevista pelo Programa Caminhe Legal
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA, 2011). A importância do
cumprimento da adoção de espécies e porte adequados evidencia-se pela maior
durabilidade das calçadas em passeios.
Quadro 10 – Distâncias mínimas entre elementos urbanos e os elementos de arborização
Esquinas Árvores
Pequeno Porte Árvore Médio
Porte Árvore Grande
Porte
Arb
orizaçã
o
Pequeno porte 6,0 m 5,0 m ou
diâmetro da copa
7,0 m 11,0 m
Médio porte 6,0 m 7,0 m 7,0 m ou
diâmetro da copa
12,0 m
Grande porte 6,0 m 11,0 m 12,0 m 15,0 m ou
diâmetro da copa
Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Santa Maria (2011).
O protejo de arborização do residencial conta com uma muda de árvore em
frente a cada residência (Figura 18), além do plantio de espécies arbóreas nas áreas
verdes. No Manual do Proprietário do Residencial Leonel Brizola há a
recomendação para que o morador adote e preserve estas vegetações.
62
Figura 18 – Mudas de árvores plantadas em frente a cada residência do Residencial Leonel Brizola
Fonte: A autora (2016).
A estratégia de utilização de vegetação com folhas caducas, permitindo uma
maior insolação no inverno e proporcionando sombreamento no verão, foi
empregada de forma predominante no empreendimento. Observou-se também a
adoção de espécies arbóreas de porte médio à alto, que quando dispostas de modo
a prover sombra às paredes leste/oeste, influenciam na redução dos ganhos de
calor no verão.
A escolha de espécies nativas adequadas ao clima local prevaleceu sobre as
exóticas, o que favorece a permanência da vegetação, beneficiando o
desenvolvimento da fauna local. Quanto às espécies vegetais exóticas, as utilizadas
no projeto de arborização se adaptam ao clima local. Portanto, o empreendimento
atende aos indicadores e a documentação necessária do critério de paisagismo.
Logo, o residencial atende ao critério do selo quanto à existência de arborização que
auxilie no conforto térmico e visual do empreendimento.
O conjunto habitacional possui em projeto um espaço destinado para a
colocação de lixeira, conforme mostra em destaque a Figura 19. Porém, as
colocações das lixeiras ficam a cargo do proprietário. Até o momento da visita ao
empreendimento, em abril de 2016, tais lixeiras eram inexistentes.
63
Figura 19 – Espaço em projeto destinado para a colocação de lixeira pelo proprietário
Fonte: Adaptado do acervo da construtora (2014).
A coleta de lixo é efetuada pela prefeitura três vezes por semana nas ruas do
conjunto habitacional. Embora o empreendimento possua local em projeto para
coleta de lixo, no Residencial não se fez o uso desse, não havendo também local
adequado para seleção e armazenamento de material reciclável.
Desse modo, o empreendimento atende de modo parcial aos indicadores e a
documentação necessária do critério de local para coleta seletiva. Portanto, o
Residencial Leonel Brizola não apresenta os aspectos necessários para o
cumprimento do critério, atendendo-o de modo parcial.
O residencial Leonel Brizola conta com um centro comunitário (Figura 20a),
um playground (Figura 20b) e uma quadra de futebol (Figura 20c) como modo
incentivo a convivência e entretenimento dos moradores. Portanto, no total são 3
equipamentos, dos quais, 1 equipamentos social, 1 equipamento de lazer e 1
equipamento esportivo. As rotas de pedestres entre as unidades habitacionais e as
áreas de lazer oferecem acessibilidade e segurança aos moradores.
64
Figura 20 – Equipamentos de lazer, sociais e esportivos
a) Centro comunitário
b) Playground
b) Campo de futebol ao lado do playground
Fonte: A autora (2016).
65
Para o atendimento ao critério do Selo a quantidade mínima de equipamentos
especificada pra 362 UHs seriam necessários quatro equipamentos, sendo
obrigatório dentre esses a existência de um destinado ao uso social e um ao lazer
ou esporte.
De acordo com a LUSO municipal, Art. 82, nos loteamentos, é obrigatório a
transferência ao município de, no mínimo, 35% da área total da gleba para
instalação de equipamentos urbanos e comunitários, bem como sistemas de
circulação e espaços livres de uso público (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA
MARIA, 2009).
Conforme o Art. 83 da LUSO, do percentual destinado ao município, 5% deve
ser reservado aos equipamentos urbanos e comunitários, e 10% para os espaços
livres de uso público (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA, 2009). Embora
o empreendimento atenda as exigências quanto à legislação municipal e exista a
documentação necessária, quanto aos indicadores do critério de equipamentos de
lazer, sociais e esportivos houve atendimento parcial. Ainda que existam
equipamentos destinados ao lazer, ao esporte e ao convívio social estes não
comportam a quantidade exigida pelos requisitos do selo. Desse modo, o residencial
também atende de forma parcial o critério referente.
O critério de desempenho térmico das vedações visa propiciar maior conforto
térmico ao morador, através de condutas de projeto especificadas de acordo com a
zona bioclimática onde está localizado o empreendimento.
O Brasil é dividido em 8 zonas bioclimáticas, como mostra a Figura 21 (NBR
15520-3, 2005). Verifica-se que a cidade de Santa Maria, onde o empreendimento
se localiza, está situada na zona bioclimática 2.
66
Figura 21 – Zoneamento bioclimático brasileiro
Fonte: NBR 15520-3 (2005).
O sistema construtivo do residencial Leonel Brizola é constituído por paredes
em concreto com espessura de 10 cm e densidade de 2300 kg/m3, com pintura em
cores claras (absortância solar máxima 0,3).
A cobertura do empreendimento é composta por telha de barro (espessura de
15 mm e densidade de 1700 kg/m³), sobre ático, isolamento com manta de
subcobertura aluminizada em uma face e forro de PVC. A manta de subcobertura foi
utilizada visando o atendimento ao desempenho térmico, conforme Roriz (2013), já
que a não utilização da mesma acarretava no não atendimento dos prescritos pela
NBR 15575 (2008).
A especificação das esquadrias e vãos das janelas do empreendimento é
apresentada no Quadro 11.
Quadro 11 – Especificação das esquadrias e vãos
TIPO DIMENSÕES (m) AMBIENTE TIPO
J1 1,2 x 1,2 Dormitórios 2 folhas de correr
J2 1,5 x 1,2 Sala 2 folhas de correr
J3 0,6 x 0,6 Banheiro Basculante
J4 0,8 x 0,8 Cozinha Basculante
Fonte: Adaptado de Roriz (2013).
67
As simulações utilizadas na análise de desempenho adotaram as posições
criticas apresentadas na Figura 22
Figura 22 – Planta esquemática do apartamento e indicação das orientações adotadas nas simulações para verão e inverno
Fonte: Roriz (2013).
Para a elaboração da avaliação foi utilizado um modelo digital do edifício
projetado e este foi submetido a simulações no programa EnergyPlus. Para avaliar
os níveis de desempenho térmico apresentados foram adotadas as diretrizes da
NBR 15575 (2008).
Com base nas simulações verificou-se que a edificação apresentou bons
níveis de desempenho térmico, mesmo em condições de orientação solar menos
favoráveis ao conforto e com baixas taxas de ventilação. Foi possível observar
também que a estabilidade das temperaturas internas eram superiores as
temperaturas externas do empreendimento, fato ocorrido devido à elevada inércia
térmica do sistema construtivo. Essa elevada inércia térmica resulta em uma
redução das temperaturas mais elevadas do turno da tarde e numa elevação das
mais baixas durante a madrugada, pois as paredes de concreto possuem a
capacidade de armazenar calor durante os períodos mais quentes do dia, liberando-
os horas depois.
Desse modo, a avaliação de níveis de desempenho térmico foi positiva e
considerou o projeto aprovado, já que as simulações indicaram níveis adequados de
desempenho térmico nos ambientes de longa permanência das habitações, tanto no
verão quanto no inverno referentes à Zona Bioclimática 2.
68
No entanto, como a NBR 15575 em vigor no período de realização da
avaliação não era a mesma da que está em vigência atualmente, bem como a falta
de informações para uma avaliação adequada perante os requisitos do Selo, o
indicador do critério de desempenho térmico das vedações foi classificado como não
se aplica. Quanto à documentação, o empreendimento não atende aos requisitos do
Selo. Portanto, o critério de desempenho térmico de vedação não é atendido.
As estratégias obrigatórias, para o atendimento ao critério de desempenho
térmico quanto à orientação ao sol e ventos, levam em consideração a adequação à
orientação solar de acordo com a zona bioclimática onde se localiza o
empreendimento. Desse modo, para a zona bioclimática 2 não deve haver cômodos
de longa permanência (salas e dormitórios) voltados diretamente para face Sul.
Como o empreendimento encontra-se no hemisfério Sul, ambientes voltados
para a face Norte permitem maior incidência solar durante o inverno, o que torna
esta a orientação ideal para salas e dormitórios. A Figura 23 mostra a orientação
solar do empreendimento através de seta indicativa de sentido leste oeste.
Figura 23 – Orientação solar do empreendimento
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
69
No entanto, algumas das unidades habitacionais apresentam cômodos de
longa permanência orientados nos quadrantes Sudeste e Sudoeste, o que apesar de
não ser o ideal não se configura em um empecilho para o atendimento ao indicador
do Selo, já que nenhum dos ambientes encontra-se voltado diretamente para a face
Sul.
Desse modo, o empreendimento atende aos requisitos quanto aos
indicadores do critério quanto à orientação ao sol e ventos, porém atende de modo
parcial quanto à documentação. Portanto, observou-se que os ambientes de longa
permanência das unidades habitacionais atendem de modo parcial aos requisitos do
critério. A análise da categoria de projeto e conforto pode ser verificada no Quadro
12.
Quadro 12 – Categoria 2: Projeto e Conforto
2. PROJETO E CONFORTO EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.1 Paisagismo x
2.5 Local para Coleta Seletiva x
2.6 Equipamentos de Lazer, Sociais e Esportivos
x
2.7 Desempenho Térmico – Vedações x
2.8 Desempenho Térmico – Orientação ao Sol e Ventos
x
Fonte: A autora (2016).
Portanto, verifica-se que a categoria de projeto e conforto é atendida na
maioria de seus critérios de modo parcial, sendo o critério de paisagismo atendido e
o critério de desempenho térmico de vedações não.
4.2.3 Eficiência energética
As lâmpadas eficientes não foram entregues instaladas nas unidades
habitacionais nem mesmo diretamente ao usuário na entrega da chave aos
moradores do residencial. As lâmpadas utilizadas nas residências foram
providenciadas pelos próprios usuários que fizeram uso de diferentes tipos, sendo
que em alguns ambientes ainda eram inexistentes (Figura 24).
70
Figura 24 – Lâmpadas em uma unidade habitacional do residencial Leonel Brizola
a. Lâmpada fluorescente
compacta na sala integrada com a cozinha.
b. Lâmpada incandescente em dormitório.
c. Inexistência de lâmpada no banheiro.
Fonte: A autora (2016).
Neste caso, o uso de lâmpada fluorescente na sala é adequado, pois esse é
um local de permanência prolongada do usuário. Porém no dormitório, que também
se caracteriza como um local de permanência prolongada, o uso de lâmpada
incandescente é inapropriado quando se preza pela redução do consumo
energético. Já no banheiro, local de pouca permanência, mas com acionamentos
não contínuos, seria apropriado o uso de lâmpadas de baixo consumo, como as
florescentes compactas.
Deste modo, o residencial não atende ao critério de lâmpadas de baixo
consumo em áreas privativas para HIS destinada a famílias com renda de até três
salários mínimos.
No centro comunitário, uma área comum do residencial, constatou-se a
inexistência de lâmpadas destinadas à iluminação externa do mesmo (Figura 25).
71
Figura 25 – Inexistência de lâmpada no ponto de iluminação na fachada do centro comunitário do Residencial Leonel Brizola
Fonte: A autora (2016).
Portando, o residencial não atende aos indicadores, à documentação
necessária e logo, ao critério relativo à existência de dispositivos economizadores,
como sensores de presença ou lâmpadas eficientes, em áreas comuns.
Nas unidades habitacionais do residencial Leonel Brizola verificou-se que o
abastecimento de gás nas residências é feito através do uso de botijões individuais
(Figura 26).
Figura 26 – Botijão de gás em unidade habitacional do Residencial Leonel Brizola
Fonte: A autora (2016).
72
O uso de botijões individuais configura uma medição individualizada, já que a
cada morador compete um gasto financeiro referente ao seu próprio consumo.
Assim, o critério que verifica a existência de medidores individuais de gás é atendido
pelo residencial. A análise desta categoria pode ser verificada no Quadro 13.
Quadro 13 – Categoria 3: Eficiência Energética
3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
3.1 Lâmpadas de Baixo Consumo – Áreas Privativas
x
3.2 Dispositivos Economizadores – Áreas Comuns
x
3.5 Medição Individualizada – Gás x
Fonte: A autora (2016).
Portanto, verifica-se que a categoria de eficiência energética não é atendida
perante a maioria de seus critérios, atendendo somente ao critério de medição
individualizada de gás.
4.2.4 Conservação de recursos
A construtora responsável pela execução da obra não possui comprovação do
uso apenas de produtos fabricados por empresas classificadas como qualificadas
pelo PBQP-H. Desse modo, não houve atendimento aos indicadores do critério de
qualidade de materiais e componentes.
Além disso, o memorial descritivo não apresenta a especificação de que os
materiais envolvidos provêm de fabricantes que constam na relação de empresas
qualificadas, conforme o PBQP-H. Logo, não ocorre o atendimento a documentação
requerida pelo critério. Portanto, o residencial Leonel Brizola não atende ao critério
que verifica a comprovação do uso de apenas produtos fabricados por empresas
classificadas como qualificadas pelo PBQP-H.
Na execução da obra, foram utilizadas fôrmas de aço, com previsão de cerca
500 reutilizações, além de uma forma de alumínio. Apesar de não constar nos
quesitos do Selo, as formas de alumínio também são passíveis de reutilização, logo
73
foram caracterizadas como critério atendido. Desse modo, o residencial atende aos
indicadores e à documentação necessária do critério de fôrmas e escoras
reutilizáveis. Assim, o empreendimento atende ao critério.
A construtora em questão apresenta um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Construção Civil, sendo esse uma exigência da prefeitura. Os resíduos
são destinados a uma empresa especializada em serviços de gestão e transporte de
resíduos da construção civil, localizada em Santa Maria. A empresa emite um
certificado à construtora em que consta o volume de resíduos gerados em cada
obra.
Desse modo, o residencial atende aos requisitos tanto dos indicadores quanto
da documentação necessária para o atendimento ao critério de gestão de resíduos
de construção e demolição do Selo. A análise da categoria de conservação de
recursos materiais pode ser verificada no Quadro 14.
Quadro 14 – Categoria 4: Conservação de Recursos Materiais
4. CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
4.2 Qualidade de Materiais e Componentes x
4.4 Formas e Escoras Reutilizáveis x
4.5 Gestão de Resíduos de Construção Civil (RCD)
x
Fonte: A autora (2016).
Portanto, verifica-se que a categoria de conservação de recursos materiais é
atendida na maioria de seus critérios, não sendo atendido apenas o critério de
qualidade de materiais e componentes.
4.2.5 Gestão de água
No empreendimento foi adotado o sistema de medição individualizada de
água (Figura 27), proporcionando aos moradores do residencial um valor de fatura
mais justo, correspondente ao que se foi consumido.
74
Figura 27 – Medidor individualizado de água de uma unidade habitacional do Residencial Leonel Brizola
Fonte: A autora (2016).
O residencial atende aos indicadores e a documentação necessária do critério
que verifica a existência de medidores individualizados de água. Portanto, o
empreendimento atende ao critério.
As unidades habitacionais do residencial possuem bacia sanitária com caixa
acoplada, com volume de descarga de seis litros e botão de acionamento
convencional. (Figura 28).
Figura 28 – Bacia sanitária com caixa de descarga acoplada e botão de acionamento convencional
Fonte: A autora (2016).
75
Portanto, o empreendimento não atende ao indicador do critério e nem a
documentação que verifica a existência de bacias sanitárias que possuem sistema
de descarga com volume nominal de seis litros e com duplo acionamento,
objetivando a redução do consumo de água. Desse modo, não atende ao critério do
selo quanto a bacias sanitárias.
No residencial observou-se o uso de pavimento com bloco de concreto
intertravado nas ruas internas do loteamento (Figura 29). Esta é uma solução que
permite a infiltração da água no solo e foi utilizada visando o atendimento a
legislação municipal quanto às áreas de permeáveis do empreendimento.
Figura 29 – Ruas internas do residencial pavimentadas com bloco de concreto intertravado
Fonte: A autora (2016).
Além das áreas com cobertura vegetal ao longo do empreendimento, há ainda
áreas verdes estabelecidas no projeto exercendo as funções de drenagem e
paisagismo, como apresenta a Figura 30, que no momento da visita ao
empreendimento ainda encontrava-se com as instalações do almoxarifado da
construtora.
76
Figura 30 – Local destinado em projeto para área verde
Fonte: A autora (2016).
Os indicadores do critério de áreas permeáveis foram classificados como não
se aplica, devido a não obtenção de informações suficientes, impossibilitando uma
avaliação adequada do residencial. Quanto à documentação, o residencial possui
projeto de implantação, porém não possui a memória de cálculo do coeficiente de
impermeabilidade requisitado pelo Selo. Logo, atende parcialmente à documentação
necessária.
Portanto, o empreendimento atende de modo parcial ao critério que visa
verificar a existência de áreas permeáveis em, pelo menos, 10% acima do exigido
pela legislação local. A análise da categoria de gestão da água pode ser verificada
no Quadro 15.
Quadro 15 – Categoria 5: Gestão da Água
5. GESTÃO DA ÁGUA EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
5.1 Medição Individualizada – Água x
5.2 Dispositivos Economizadores – Sistema de Descarga
x
5.8 Áreas Permeáveis x
Fonte: A autora (2016).
77
Portanto, verifica-se que na categoria de gestão da água é atendido em sua
totalidade apenas o critério de medição individual, dos critérios obrigatórios para a
obtenção da gradação bronze.
4.2.6 Práticas sociais
A construtora possui um Plano Educativo sobre a Gestão de RCD e realiza
treinamentos trimestrais voltados para os empregados envolvidos na construção do
conjunto habitacional. Porém não há toda a documentação necessária para
comprovação de sua execução. Logo, o residencial atende aos indicadores, mas
apenas parcialmente à documentação. Desse modo, atende parcialmente ao critério
que verifica a existência do Plano de Gestão de RCD, voltado para os empregados
envolvidos na construção do empreendimento.
A construtora não apresenta um plano de atividades educativas, para os
empregados, sobre os itens de sustentabilidade do empreendimento, logo, não
atende ao indicador e não apresenta a documentação referente ao mesmo.
Portanto, o empreendimento não atende aos requisitos do selo na análise do critério
que verifica a existência de atividades educativas, para os empregados, sobre os
itens de sustentabilidade do empreendimento.
Aos moradores do residencial foi disponibilizado um Manual do Proprietário,
desenvolvido de acordo com a NBR 14037 (2011). O manual, ilustrado, didático e
com conceitos de sustentabilidade, contém informações sobre os cuidados que
devem ser tomados para manutenção da unidade habitacional, garantias,
procedimentos para manutenção preventiva e inspeção, descrição da parte externa
do loteamento, informações dos projetistas, fornecedores e marcas dos produtos
utilizados, além de projetos e fotos ilustrativas. Realizou-se ainda uma reunião antes
da entrega do Manual com os moradores de caráter informativo, englobando os
aspectos de sustentabilidade previstos no empreendimento. A construtora ainda
disponibilizou três funcionários durante cerca de dois meses após a entrega da
chave do residencial para auxiliar na manutenção e prestar esclarecimentos aos
moradores sobre aspectos do empreendimento, caso necessário. No entanto, não
há todos os documentos comprobatórios necessários para atender aos requisitos do
Selo.
78
Portanto, o empreendimento atende aos indicadores, mas atende
parcialmente a documentação requisitada. Logo, o empreendimento atende de modo
parcial ao critério que verifica as orientações prestadas aos moradores. A análise
dessa categoria de práticas sociais pode ser verificada no Quadro 16.
Quadro 16 – Categoria 6: Práticas Sociais
6 PRÁTICAS SOCIAIS EXISTÊNCIA NO PROJETO
CRITÉRIOS SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
6.1 Educação para Gestão de RCD x
6.2 Educação Ambiental (EA) dos Empregados
x
6.7 Orientação aos Moradores x
Fonte: A autora (2016).
Portanto, verifica-se que a categoria de práticas sociais é atendida de modo
parcial na maioria de seus critérios, não sendo atendido o critério de educação
ambiental dos empregados.
4.2.7 Acessibilidade
A acessibilidade é um pré-requisito geral para a obtenção do Selo Casa Azul,
devendo o projeto atender as exigências da NBR 9050 (2015), além de atender o
percentual mínimo de UHs adaptadas. Esse percentual deve estar em conformidade
com a legislação municipal de Santa Maria que estabelece que os empreendimentos
devem contemplar o percentual mínimo de 3% de UHs adaptadas.
O loteamento do residencial Leonel Brizola conta com 362 UHs, sendo 14
destas adaptadas para PCD. Ou seja, 3,87 % do total de residências são acessíveis
e destinadas a esse público específico, contemplando o percentual mínimo exigido
pela legislação municipal e pelo Selo de 3% de UHs adaptadas.
Nos ambientes voltados para PCD observou-se que a área de giro de 360º,
com diâmetro de 1,50 m, para a rotação da cadeira de rodas encontra-se em
conformidade com o que determina a NBR 9050 (2015) (Figura 31).
79
Figura 31 – Planta baixa da unidade habitacional para PCD
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
Na planta baixa da habitação voltada para PCD foi observado que as portas
possuem um vão livre de 0,80m de largura e 2,10m de altura em conformidade com
o exigido pela norma. Porém, no deslocamento frontal, quando as portas abrirem no
sentido oposto ao deslocamento do usuário, o espaço livre contíguo à maçaneta é
inferior a 0,60m nas portas de acesso do interior da cozinha e sala ao exterior
(Figura 32). No entanto, uma redistribuição de móveis e da pia da cozinha
asseguraria o cumprimento da norma.
80
Figura 32 – Verificação das condições da residência quanto ao deslocamento de PCR
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
No projeto do banheiro nota-se que a porta instalada abre para o lado externo
do sanitário, porém não consta a existência de um puxador horizontal na porta no
lado interno do ambiente, como requer a norma. Percebe-se também a inexistência
de barras de apoio dos lavatórios que podem ser horizontais ou verticais, bem como
a inexistência de barra de apoio reta vertical que deve ser instalada junto à bacia
sanitária, em caso de existência de parede lateral, além das duas barras horizontais
que constam na parede lateral e na parede do fundo da bacia sanitária (Figura 33).
Tais aspectos do projeto foram acertados em obra para o atendimento a norma de
acessibilidade vigente, segundo informações obtidas na construtora, porém não foi
possível obter acesso aos ambientes da edificação para verificar a adequação das
diretrizes da norma com a construção.
81
Figura 33 – Verificação das condições do projeto banheiro da residência quanto às barras de apoio para PCD
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
Constatou-se que no projeto dos dormitórios a ideia de mobiliário proposta foi
disposta de forma a obstruir a faixa livre mínima de circulação interna de 0,90 m de
largura (Figura 34).
Figura 34 – Verificação das condições de circulação para PCR no dormitório
Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).
82
Analisando a área comum do loteamento nota-se que existem em todas as
calçadas públicas rampas para PCR, com faixa de piso tátil de alerta (Figura 35).
Tais rampas garantem uma rota acessível que interligam os diferentes espaços para
PCR, através da calçada pública, em concreto simples, e das ruas, em bloco que
concreto intertravado, o que garante uma superfície regular e estável para uma boa
mobilidade.
Figura 35 – Rampas de acesso nas calçadas públicas do Residencial Leonel Brizola
Fonte: A autora (2016).
Portanto, como não foi possível ter acesso ao interior dos apartamentos
adaptados torna-se inviável a realização de uma abordagem consistente quanto à
adequação da construção à NBR 9050 (2015).
83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse Trabalho de Conclusão de Curso, classificado como estudo de caso, foi
elaborado visando analisar a HIS Residencial Leonel Brizola, localizado na cidade
de Santa Maria/RS, a partir dos critérios estabelecidos pelo Selo Casa Azul CAIXA
visando à gradação bronze. Nesse contexto, para ocorrer a sustentabilidade
ambiental em uma construção, faz-se necessário equilíbrio entre as abordagens
econômicas, ambientais e sociais.
O desenvolvimento urbano sustentável deve estar alicerçado nos princípios
de gerenciamento e organização, desempenho dos produtos e edificações, consumo
e racionalização de recursos e impactos da construção minimizados e mesmo
eliminados. As construções de cidades impõem a mobilização de recursos de
matéria-prima e o consumo de energia elétrica. Decorrentes das atividades da
construção urbana resultam resíduos que são descartados, que se de forma
incorreta, afetam e desequilibram o ambiente.
O cenário apresentado faz com que uma mudança no horizonte das ações
humanas seja norteada por atividades sustentáveis no longo prazo. Desse modo, as
atividades ligadas à construção sustentável passam a orientar os projetos com
equilíbrio, seja no campo econômico, ambiental e mesmo social, gerando condições
melhores de habitat. O crescente aumento da construção urbana e a consequente
piora das condições ambientais tornam conveniente a adoção de práticas que gere
menor ou nenhuma interferência ao ambiente. E assim, surgem as propostas de
gestão e certificação ambiental.
O Selo Casa Azul CAIXA possui 6 categorias e para a gradação bronze deve-
se cumprir 19 critérios obrigatórios e nenhum opcional. O Selo busca reconhecer os
projetos de empreendimentos avaliando os critérios relacionados aos seguintes
temas: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de
recursos materiais, gestão da água e práticas sociais. A abordagem considera
indicadores como o consumo de água, de energia elétrica e os resíduos de
construção e demolição. A proposta do Selo está adaptada às situações peculiares
do Brasil, incluindo na análise da sustentabilidade a adoção de práticas sociais.
O crescimento da cidade ocasionou a urgente necessidade de construções de
novas habitações. Para atender essa demanda os projetos habitacionais devem ser
entendidos sobre o conceito de sustentabilidade ambiental. Entre as quais esta
84
inserida a HIS Conjunto Residencial Leonel Brizola, que é o objeto alvo da aplicação
do presente estudo. O conjunto habitacional é composto por 362 unidades
habitacionais, das quais 14 foram adaptadas para PCD, estando inserida na zona
bioclimática 2.
Este estudo consiste na aplicação do sistema de classificação do Selo Casa
Azul CAIXA, composto por 6 categorias e 19 critérios de avaliação obrigatórios.
Elaborou-se um checklist, baseado nas categorias e critérios, para verificar a
situação perante a gradação Bronze. O checklist constitui-se como recurso para
orientar, organizar e registrar as evidências levantadas para o atendimento ao
solicitado. Dessa forma, tornou-se possível abordar e avaliar a adequabilidade de
cada requisito em relação ao exigido pelo Selo Casa Azul.
Os resultados obtidos pelo checklist são apresentados no Gráfico 1. Através
desses, torna-se possível verificar a percentagem do atendimento do Residencial
Leonel Brizola quanto à documentação, critérios e indicadores, referentes aos 19
critérios que visam à gradação bronze do Selo.
Gráfico 2 – Resultados obtidos quanto ao atendimento à documentação, critérios e indicadores do Selo
Fonte: A autora (2016).
Os resultados mostram que embora 42,10% dos indicadores sejam atendidos,
apenas 26,32% atendem a documentação requerida para o atendimento aos
critérios. Dessa forma, é possível observar que quando se visa a obtenção do Selo o
desenvolvimento do projeto deverá ser mais burocrático.
85
Apesar de que, a partir do guia Selo Casa Azul, o empreendimento analisado
não receberia a certificação de gradação bronze, os resultados apontaram para o
atendimento de mais de 60% dos critérios e indicadores do Selo de forma parcial e
total. Tais resultados mostram que a obra apresenta um bom desempenho perante
os critérios do Selo, possuindo um projeto que engloba vários aspectos sustentáveis.
Portanto, com este estudo de caso foi possível levantar evidências de
atendimento e de não atendimento aos critérios e requisitos obrigatórios
estabelecidos para a gradação bronze. Além disso, a utilização do checklist resultou
em um recurso apropriado para verificar a situação do HIS perante as exigências
estabelecidas.
86
REFERÊNCIAS
ABRELPE. Associação brasileira de empresa de limpeza pública e resíduos especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2014. Disponível em: ˂http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf˃ Acesso em: 01, ago. 2016. ANA. Agência Nacional de Águas. ANA divulga relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe 2014, 2015. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?id_noticia=12683>. Acesso em: 26 jun. 2016. ALMEIDA, A. A.; VIANA, F. G.; PISANI, M. A. J. Critérios Sociais de Projeto: uma análise comparativa entre o selo casa azul e o modelo de trabalho técnico social proposto pelo ministério das cidades. URBFAVELAS: Seminário Nacional sobre Urbanização de Favelas, São Bernardo do Campo, nov. 2014. Disponível em: < http://www.sisgeenco.com.br/sistema/urbfavelas/anais/ARQUIVOS/GT3-50-34-20140630011441.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2016. ALVES, J. E. D. Transição demográfica, transição da estrutura etária e envelhecimento. Revista Portal de Divulgação, v. 40, mai. 2014. Disponível em:< http://www.portaldoenvelhecimento.com/revistanova/index.php/revistaportal/article/view/440>. Acesso em: 28 jun. 2016. ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de energia elétrica do Brasil. 1. ed. Brasília: ANEEL, 2002. 153 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-3: desempenho térmico em edificações – parte 3: zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivos para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005.
______. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.
______. NBR 15575: desempenho de edificações habitacionais. Rio de Janeiro, 2013. BARATELLA, P. R. M. Análise do Desenvolvimento de Indicadores para A Avaliação de Sustentabilidade de Edifícios Brasileiros. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil.na Área de Concentração em Arquitetura e Construção) - Universidade Estadual de Campinas, 2011. BESTETTI, M.L.T.; GRAEFF, B.; DOMINGUES, M.A. O impacto da urbanidade no envelhecimento humano: o que podemos aprender com a estratégia Cidade Amiga do Idoso? Revista Temática Kairós Gerontologia. São Paulo, dez. 2012. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/17290/12830>. Acesso em: 31 jul. 2016.
87
BORBA, A. E. O. Proposta de indicadores de sustentabilidade para a Construção Civil. 2009. 134 p. Dissertação de pós-graduação em Engenharia Civil - Universidade de Pernambuco, Escola Politécnica de Pernambuco, Recife, PE, 2009. BRASIL. Ministério das cidades. Programa brasileiro da qualidade e produtividade do habitat. 2016c. Disponível em: <http://pbqp-h.cidades.gov.br/pbqp_apresentacao.php>. Acesso em: 04 jul. 2016. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Construção Sustentável. Brasília. 2016b. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/constru%C3%A7%C3%A3o-sustent%C3%A1vel>. Acesso em: 05 jan. 2016. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução no 307, de 5 de julho de 2002. 2016d. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30702.html>. Acesso em: 31, ago. 2016. BRASIL. Presidência da república casa civil. Constituição da república federativa do Brasil. Brasília, 2016a. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 18, jan. 2016. CABRAL, A. E. B.; MOREIRA, K. M. V. Manual sobre os resíduos sólidos da construção civil. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará, Fortaleza, p. 1-44, ago. 2011. Disponível em: <http://www.sinduscon-ce.org/ce/downloads/pqvc/Manual-de-Gestao-de-Residuos-Solidos.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2016. CAIXA. Caixa Econômica Federal. Selo casa azul: boas práticas para habitação mais sustentável. Caixa econômica federal, São Paulo, v. 1, p. 1-204, jan. 2010. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/Downloads/selo_azul/Selo_Casa_Azul.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016. CAMARGO, A.; CAPOBIANCO, R. P. J.; OLIVEIRA, P. A. J. Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-92. 2 ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2015. 471 p. CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Desenvolvimento com sustentabilidade: Construção Sustentável. [S.l.]. Disponível em: <http://www.cbic.org.br/sites/default/files/Programa-Construcao-Sustentavel.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016. CEMIG: Companhia Energética de Minas Gerais. Manual de arborização. Belo Horizonte: Cemig / Fundação Biodiversitas, 2011. 112 p. CONDEIXA, K.; HADDAD, A.; BOER, D. Life Cycle Impact Assessment of masonry system as inner walls: A case study in Brazil. Construction and Building Materials, v. 70, p. 141- 147, nov. 2014. Disponível em:
88
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0950061814008770>. Acesso em: 26, fev. 2016. DOI: 10.1016/j.conbuildmat.2014.07.113. DE CONTO, V. O Caminho para a Sustentabilidade Socioambiental de HIS via Selo CASA AZUL CAIXA. 2016. 63p. Qualificação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2016. FONTANA, Mariana. Santa Maria tem 2,9 mil unidades habitacionais entregues. Diário de Santa Maria, Santa Maria, 27 abr. 2016. Disponível em: < http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/economia-politica/noticia/2016/04/santa-maria-tem-2-9-mil-unidades-habitacionais-entregues-5787287.html>. Acesso em: 03 mai. 2016. FORTUNATO, R. A. A Sustentabilidade na Habitação de Interesse Social: Estudos de Caso em Reassentamentos do Programa Minha Casa, Minha Vida no Núcleo Urbano Central da Região Metropolitana de Curitiba – municípios de Curitiba e Fazenda Rio Grande. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento)-Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2014. FROENER, M. S. Análise dos Recursos Necessários para Obtenção do Selo Casa Azul em Condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida. 2013. 87 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2013. GANGOLLELS, M. A methodology for predictingtheseverityofenvironmentalimpactsrelatedtotheconstructionprocessofresidentialbuildings. Building and Environmental, v. 44, p. 558-571, 2009. Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S036013230800098X>. Acesso em: 10 mar. 2016. DOI: 10.1016/j.buildenv.2008.05.001. GBC. Green Building Council. Anuário 2015: certificações. Revista GBC Brasil, ano 2, v. 4, jul. 2015. Disponível em: < http://www.gbcbrasil.org.br>. Acesso em: 27 jun. 2016. GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia, meio ambiente e desenvolvimento. 3 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011. 400 p. GOOGLE. Google Earth Pro. Disponível em: < https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/download/gep/agree.html>. Acesso em: 31 jul. 2016. GRIGOLETTI, G. C.; LINCK, G. I. Análise de comportamento térmico de HIS térreas unifamiliares em Santa Maria – RS. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 14, n.2, p. 109-123, abri./jun. 2014. GRÜNBERG, P. R. M.; MEDEIROS M. H. F.; TAVARES S. F. Certificação ambiental de habitações: comparação entre LEED for homes, processo AQUA e Selo Casa Azul. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. XVII, n. 2, p. 195-214, abr./jun. 2014. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Estimativas do déficit habitacional brasileiro - PNAD 2007-2012. 2013. Disponível em:<
89
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/131125_notatecnicadirur05.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2016. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo 2010. Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000008473104122012315727483985.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Atlas. 2010. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 368 p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. v. 2, 384 p. LORENZI, H. Árvores exóticas no Brasil: Madeireiras, Ornamentais e Aromáticas. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 368 p. LORENZI, H. Plantas para jardim no Brasil: Herbáceas. Arbustivas e Trepadeiras. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2015. 401 p. MINUSSI, Fabrício. Com inauguração do Residencial Leonel Brizola, Prefeitura atinge marca de 2.833 casas entregues. Prefeitura Municipal de Santa Maria, Secretaria de Comunicação e Programação Institucional, Santa Maria, 27 abr. 2016. Disponível em: <http://www.santamaria.rs.gov.br/noticias/12787-com-inauguracao-do-residencial-leonel-brizola-prefeitura-atinge-marca-de-2833-casas-entregues>. Acesso em: 03 mai. 2016. MOTA, S. Urbanização e meio ambiente. 4 ed. Rio de Janeiro: ABES, 2011. 380 p. OLIVEIRA, V. M. Sistema de Certificação Ambiental e Norma Brasileira de Desempenho. 220p. Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído)-Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, 2014. PORTAL VANZOLINI. Processo AQUA. O processo AQUA em detalhes. 2016. Disponível em: <http://vanzolini.org.br/aqua/o-processo-aqua-em-detalhes/>. Acesso em: 12 jun. 2016. PORTELA C. Situação atual e perspectivas do setor elétrico brasileiro. Perturbações e riscos de panacéias salvadoras e de querer controlar sistemas físicos complexos com regras de jogos especulativos, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Florianópolis, jul. 2006. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/atividades/TEXTOS/texto_988.html>. Acesso em: 26, jun. 2016.
90
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA. Decreto executivo n. 072, de 08 de julho de 2011. Instituiu o Programa Caminhe Legal, que trata da padronização dos Passeios Públicos no Município de Santa Maria. Santa Maria, RS, 8 jul. 2011. PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA. Lei complementar nº 072, de 04 de novembro de 2009. Institui a Lei de Uso e Ocupação do Solo, Parcelamento, Perímetro Urbano e Sistema Viário do Município de Santa Maria. Santa Maria, RS, nov. 2009. PROCEL. Programa nacional de eficiência energética em edificações. Procel info: centro brasileiro de informações de eficiência energética. 2016. Disponível em:<http://www.procelinfo.com.br/data/Pages/LUMIS623FE2A5ITEMIDC46E0FFDBD124A0197D2587926254722LUMISADMIN1PTBRIE.htm>. Acesso em: 02, fev. 2016. Projeto Residencial Leonel Brizola. 2014. Santa Maria, RS. Acervo público. RAZZOTO, E. Eco sustentabilidade: dicas para tornar você e sua empresa sustentáveis. 1 ed. Curitiba: Absoluta, 2009. 137 p. REIS, A. T. L.; LAY, M. C. D. O projeto da habitação de interesse social e a sustentabilidade social. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 10, n. 3, p. 99-119, jul.;set. 2010. ISSN 1678-8621. RORIZ, V. F. Avaliação de desempenho térmico de projeto de edificações habitacionais multifamiliares, com paredes em concreto. 2013. 9 p. Relatório. São Carlos, jan. de 2013. ROSA V. L. N.; SILVA A. V. Guia de Sustentabilidade na Construção Civil no Rio Grande do Sul. Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, p. 1-48, 2016. Disponível em: <http://www.sinduscon-rs.com.br/wp-content/uploads/2013/06/Cartilha_Sustentabilidade_WEB.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2016. RUBIN, G. R. Análise dos Programas Habitacionais em Santa Maria: O caso do conjunto habitacional Tancredo Neves. Dissertação (Mestrado em Geografia e Geociências)-Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2013. RUSSELL-SMITH, S. V.; LEPECH, M. D. Cradle-to-gate sustainable target value design: integrating cycle assessment and construction management for buildings. Journal of Cleaner Production, v. 100, p. 107-115, mar.2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959652615002656>. Acesso em: 18 jul. 2016. DOI: 10.1016/j.jclepro.2015.03.044. SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. 5ª Edição. 2ª Reimpressão. São Paulo, Edusp, 2009. SISTEMA INTEGRADO MUNICIPAL – SIM. Cidade de Santa Maria. Disponível em ˂http://www.simsm.com.br/horarios/˃. Acesso em: 10, jul. 2016.
91
STEFANUTO, Á. P. O.; HENKES, J. A. Critérios para Obtenção da Certificação LEED: um estudo de caso no supermercado Pão de Açúcar em Indaiatuba/SP. Revista Gestão sustentável ambiental, Florianópolis, v.1, n.2, p. 282-332, mar. 2013. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/gestao_ambiental/article/viewFile/1211/1005>. Acesso em: 31 jul. 2016. VERAS, M. R. Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social na Cidade de São Paulo: análise de obras. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)- Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013.
92
APÊNDICE A – CHECKLIST PARA CATEGORIAS E CRITÉRIOS DO SELO CASA
AZUL CAIXA CATEGORIA BRONZE
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
1.1 QUALIDADE DO ENTORNO - INFRAESTRUTURA xINDICADORES x
Inserção do empreendimento em malha urbana dotada (ou que venha a ser dotada até o final da
obra) de no mínimo:x
1. Existência de Rede de água potável. x
2. Pavimentação. x
3. Energia elétrica. x
4. Iluminação pública. x
5. ETE. x
6. Drenagem. x
7. Transporte público regular. x
8. 01 parada de ônibus (≤1km). x
9. Escola pública fundamental (≤1,5km), somente para empreendimentos PMCMV faixa I e II¹. x
10. Posto ou hospital (≤2,5km). x
11. 02 pontos de comércio (≤1km): mercado/feira livre (obrigatório), farmácia (obrigatório),
padaria, lojas de conveniência, agência bancária, posto de correios, restaurantes e comércio em x
12. Equipamentos lazer (≤2,5km): praças, quadras, parques, pistas skate, playground (ref. 02
equip./500 unid. Habitacionais)².x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Mapa de localização e identificação do entorno imediato (infraestrutura): x
• Identificação de serviços relevantes. x
• Identificação de equipamentos relevantes. x
• Identificação de paradas de transporte público regular. x
• Idendificação da rota de acesso de pedestres para 02 pontos comércio/serviço. x
• Idendificação da rota de acesso de pedestres para 02 equipamentos comunitários. x
• Idendificação da rota de acesso de pedestres para 01 equipamento de lazer. x
• Indicação de escala gráfica. x
• Indicação norte. x
• Distâncias percorridas por roda de pedestre de serviços, equipamentos e paradas relevantes até
o centro geométrico do empreendimento.x
²Não exigido caso previsão de equipamento de lazer em área interna do empreendimento.
¹Faixa I: com renda de até R$1.600; Faixa II: famílias que ganham acima de R$1.600 até R$3.275; Faixa III: famílias que ganham acima de R$3.275 até
R$5.000
1 QUALIDADE URBANA EXISTÊNCIA NO PROJETO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
1.2 QUALIDADE DO ENTORNO - IMPACTOS¹ xINDICADORES x
1. Inexistência ruídos excessivos e constanste: rodovias, aeroportos, alguns tipos de industrias (≤2,5 km). x
2. Inexistência odores e poluição excessivos e constantes: de ETE, lixões e alguns tipos de indústrias (≤2,5 km). x
3. Faixa não edificante de 15m de cada lado em linhas de transmissão. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Mapa de localização do empreendimento e entorno imediato (impactos). x
1. Descrição na vizinhança de empreendimento que caracterize risco identificando-os. x
2. Indicação de escala gráfica. x
3. Indicação norte. x
4. Direção predominante de ventos. x
5.Indicação do raio de 2,5 km. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO1 QUALIDADE URBANA
¹Avaliação: análise da documentação, do projeto e vistoria técnica. Devem ser verificados fatores perceptíveis durante a vistoria técnica, como odores,
ruídos e outros aspectos que possam gerar impacto negativo ao empreendimento. Empreendimentos que não atendam ao critério inicial de 2,5
quilômetros poderão pleitear o Selo, desde que a proposta inclua medidas de mitigação necessárias para chegar a níveis de risco ou incômodo
aceitáveis, assim como seu desempenho estimado, a ser ratificado durante a vistoria técnica. Havendo a expectativa de que os níveis de exposição a
estes fatores superem em mais de 25% os níveis máximos de referência recomendados, deverão ser realizadas medidas em campo para comprovação
de atendimento.
93
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.1 PAISAGISMO xINDICADORES x
1. Arborização, cobertura vegetal e/ou demais elementos paisagísticos que propiciem interferência
à edificação visando desempenho térmico.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto paisagístico. x
2. Indicação das espécies arbóreas e suas dimensões previstas. x
3. Inclusão dos insumos e serviços na documentação técnica (memorial descritivo; planilhas orçamentárias e
cronograma físico-financeiro).x
EXISTÊNCIA NO PROJETO2 PROJETO E CONFORTO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.5 LOCAL PARA COLETA SELETIVA xINDICADORES X
1. Local adequado em projeto para coleta de lixo. x
2. Local adequado em projeto para seleção de lixo. x3. Local adequado em projeto para armazenamento de lixo: fácil acesso e limpeza, ventilado e com
ponto de água para limpeza/lavagem do espaço.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto arquitônico com indicação dos locais para, coleta, seleção e armazenamento. x
2. Memorial descritivo, planilhas orçamentárias e cronograma físico-financeiro. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO2 PROJETO E CONFORTO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.6 EQUIPAMENTOS DE LAZER, SOCIAIS E ESPORTIVOS¹ xINDICADORES X
1. Existência de equipamentos ou espaços para lazer, convívio social e atividades esportivas. x2. Atende as quantidade mínimas especificadas: 0-100 UH (02 equip.: 01 social + 01 lazer/esportivo); 101-500 UH (04
equip.:01 social+01 lazer/esportivo); ›500 UH (06equip.: 01social+ 01 lazer/esportivo).x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto arquitônico com indicação dos equipamentos. x
2. Memorial descritivo, planilhas orçamentárias e cronograma físico-financeiro. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹ Não obrigatório para loteamentos ou projeto de reabilitação de edifícios que não disponham de espaço suficiente para o atendimento ao item.
2 PROJETO E CONFORTO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.7 DESEMPENHO TÉRMICO - VEDAÇÕES xINDICADORES x
1. Atendimento às condições arquitetônicas de acordo com a zona bioclimática onde se localiza o
empreendimento: tabelas 1,2,3,4 e 5 do Guia Selo Casa Azul CAIXA.x
DOCUMENTAÇÃO X
1. Projeto de arquitetura com indicação e/ou descrição dos itens atendidos. x
2. Tabelas 1,2,3,4 e 5 do Guia Selo Casa Azul CAIXA assinaladas e preenchidas. x
3. Demonstração gráfica de projeção dos sombreamentos das aberturas. x
4. Se for o caso, incluir detalhamentos. x
5. Se for o caso, incluir simulações. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO2 PROJETO E CONFORTO
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
2.8 DESEMPENHO TÉRMICO - ORIENTAÇÃO AO SOL E VENTOS xINDICADORES x
1. Caso zona 1, 2 ou 3¹: Atendimento à orientação solar de acordo com a zona bioclimática onde se
localiza o empreendimento, não podendo haver cômodos de longa permanência (salas e
domitórios) voltados diretamente para face Sul: tabela 6 do Guia Selo Casa Azul CAIXA. Outras estratégias da tabela
6 são opcionais.
x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto de implantação e arquitetura com indicação/descrição dos itens atendidos. x
2. Justificativas de estratégias adotadas quanto à: geometria solar, localização de aberturas, insolação local,
direção e frequencia dos ventos predominantes, temperatura, umidade e nebulosidade, entre outros, bem como, através do
projeto, uso de cartas solares, máscaras, ou mediantesimulação computacional, se necessário.
x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹Para as demais zonas: estratégias de conforto listadas na tabela 6 do Guia Selo Casa Azul CAIXA são opcionais; recomenda-se a adoção de elementos de
sombreamento nos empreendimentos com cômodos de longa permanência voltados para a face oeste.
2 PROJETO E CONFORTO
94
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
3.1 LÂMPADAS DE BAIXO CONSUMO - ÁREAS PRIVATIVAS¹ xINDICADORES X
1. Existência de lâmpadas de baixo consumo e potência adequada em todos os ambientes. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Memorial descritivo especificando tipo de lâmpadas: selo Procel ou etiqueta Nível de Eficiência
A.x
2. Planilhas orçamentárias e cronograma físico-financeiro: insumos/serviços. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹Esse item é obrigatório somente para empreendimentos de habitação de interesse social destinados a famílias com renda mensal de até três salários
mínimos, devendo o referido item ser entregue instalado na obra ou diretamente ao morador na entrega da chave .
3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
3.2 DISPOSITIVOS ECONOMIZADORES - ÁREAS COMUNS xINDICADORES x
1. Existência de sensores de presença, minuterias ou lâmpadas eficientes em áreas comuns dos
condomínios.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto de instação elétricas. x
2. Memorial descritivo especificando tipo de dispositivos: selo Procel ou etiqueta Nível de
Eficiência A.x
3. Inclusão dos insumos/serviços em planilhas orçamentárias e cronograma físico-financeiro. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
3.5 MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA - GÁS xINDICADORES x
1. Existência de medidores individuais nas UH (certificados pelo Inmetro). x
2. Inclusão em planilha orçamentária e cronograma físico-financeiro dos medidores individuais. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Apresentação do projeto de instações de gás. x
2. Memorial descritivo com especificações técnicas do equipamento. x
3. ART do projeto. x
4. Inclusão em planilha orçamentária e cronograma físico-financeiro dos insumos/serviços. x
EXISTÊNCIA NO PROJETO3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
4.2 QUALIDADE DE MATERIAIS E COMPONENTES¹ xINDICADORES x
1. Comprovação do uso apenas de produtos fabricados por empresas classificadas como
"qualificadas" pelo PBQP-H.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Apresentação de memorial descritivo especificando que os produtos provêm de fabricantes que
constam da relação de empresas qualificadas pelo PBQP-H.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO4 CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
¹ Apresentação de memorial descritivo de até 03 marcas/modelos dos produtos: caso os recursos forem do FGTS, FDS, FAR, FAT.
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
4.4 FÔRMAS E ESCORAS REUTILIZÁVEIS xINDICADORES x
Neste critério, são admitidas duas soluções alternativas: x
1. Existência de projeto de fôrmas: ABNT NBR 14931: 2004. x2. Especificação de placas de madeira compensada plastificada com madeira legal e cimbramento com
regulagem de altura grossa (pino) e fina (com rosca); selagem de topo de placas e desmoldante industrializado
e/ou sistema de fôrmas industrializadas reutilizáveis (metal, plástico ou madeira) de especificação igual os
superior ao anterior.
x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto de fôrmas de acordo com a NBR 14931. x
2. Memorial descritivo descrevendo o sistema de fôrmas: previsão do uso de compensado
plastificado, selagem dos topos, cimbramento com regulagem de altura grossa (pinos) e fina, e indicação da quantidade de reutilizações.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO4 CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
95
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
4.5 GESTÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO - RCD xINDICADORES x
1. Existência de projeto de um PGRCC para a obra. x
2. Apresentação de documentos de comprovação da destinação adequada dos resíduos gerados, ao
final da obra.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Apresentar PGRCC contendo: x
• Descrição e quantificação das estruturas a serem demolidas, se for o caso; x
• Estimativa da geração de resíduos de cada classe, discriminado os gerados pelas demolições, por
cortes e escavações e pela construção;x
• Identificação do local de triagem identificandoo(s) possível(eis) fornecedor(es) do serviço de
triagem;x
• Identificação dos equipamentos de acondicionamento para transporte interno e externo da
obra.;x
• Descrição do fluxo e dos equipamentos de transporte de resíduos no canteiro; x
• Destinação de cada classe de resíduos, o(s) possível(eis) fornecedor(es) do serviço de triagem; x
• Mecânismo de controle da destinação legal das diferentes classes de resíduos: recibos, NF. x
• Documentos de comprovação de destinação adequada dos resíduos gerados apresentados ao
final da obra.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO4 CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
5.1 MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA - ÁGUA xINDICADORES x
1. Existência de sistema de medição individualizada de água¹. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Inclusão de toda a documentação técnica: projetos, memorial descritivo com especificações
técnicas, planilha orçamentária e cronograma.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹Não será levada em conta, para o atendimento a este item, a medição individualizada de água em loteamentos, uma vez que isto já está condicionado
à regularidade da edificação. Neste caso, deve ser considerado obrigatório o atendimento ao Critério 5.8 – Áreas permeáveis.
5 GESTÃO DE ÁGUA
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
5.2 DISPOSITIVOS ECONOMIZADORES - SISTEMA DE DESCARGA xINDICADORES x
1. Existência, em todos os banheiros e lavabos, de bacia sanitária dotada de sistema de descarga
com volume nominal de 06l e com duplo acionamento (3/6 l)¹. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Inclusão de toda a documentação técnica: projetos, memorial descritivo com especificações
técnicas, planilha orçamentária e cronograma.x
2. Existência de orientações quanto ao uso e à manutenção da tecnologia no manual do
proprietário.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹ Podem ser consideradas outras bacias economizadoras, que tenham sistema de descarga com volume nominal inferior a seis litros, com apresentação
da respectiva referência técnica ou que estejam em conformidade com as normas da ABNT. Em caso de tecnologia inovadora deve ser apresentado o
Documento de Avaliação Técnica - DATec.
5 GESTÃO DE ÁGUA
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
5.8 ÁREAS PERMEÁVEIS¹ xINDICADORES x
1. Existência de áreas permeáveis em, pelo menos, 10% acima do exigido pela legislação local. x
2. Caso inexista legislação local, adota-se CP ≥ 20%. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Projeto de implantação. x
2. Memória de cálculo do coeficiente de impermeabilidade do solo, obtido pela relação entre a
superfície impermeável e a superfície total do terreno.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO
¹ Critério obrigatório, exceto para empreendimentos que não dispõe de área disponível no térreo, como no caso de edifícios com ocupação de 100%
da área do lote.
5 GESTÃO DE ÁGUA
96
Fonte: A autora (2016).
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
6.1 EDUCAÇÃO PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO - RCD¹x
INDICADORES x
1. Existência de Plano Educativo sobre a Gestão de RCD. x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Plano Educativo sobre a Gestão de RCD. x
2. Relatório e demais documentos necessários para a comprovação da execução do plano
educativo.x
¹ Essa atividade está vinculada e deve ser realizada juntamente com o critério Gestão de Resíduos de Construção e Demolição da categoria Conservação
de Recursos Materiais.
EXISTÊNCIA NO PROJETO6 PRÁTICAS SOCIAIS
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
6.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS EMPREGADOS xINDICADORES x
1. Existência de Plano de atividades educativas, para os empregados, sobre os itens de
sustentabilidade do empreendimento.x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Plano de educação ambiental: totalizando carga horária mínima de 4h e abrangência de 80% dos
empregados.x
2. Relatório e demais documentos comprobatórios da execução do plano de educação embiental
para os empregados.x
EXISTÊNCIA NO PROJETO6 PRÁTICAS SOCIAIS
SIM NÃO PARCIAL NÃO SE APLICA
6.7 ORIENTAÇÕES AOS MORADORES xINDICADORES x
1. Existência de, no mínimo, uma atividade informativa sobre os aspectos de sustentabilidade
previstos no empreendimento que inclua a distribuição do Manual do Proprietário (ilustrado,
didático e com conceitos de sustentabilidade), a ser disponibilizado até a entrega do
empreendimento.
x
DOCUMENTAÇÃO x
1. Minuta do Manual do Proprietário. x
2. Plano da ação informativa a ser desenvolvida com os moradores. x
3. Relatório e demais documentos comprobatórios da execução do plano da ação informativa: relação de participante, fotos, ata de reunião, manual do proprietário, entre outros.
x
EXISTÊNCIA NO PROJETO6 PRÁTICAS SOCIAIS