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FICÇÃO
E
CIÊNCIA
2
APRESENTAÇÃO
Tudo que se refere ao Universo é simplesmente maravilhoso. Ao olhar o céu, há
sempre a visão instantânea. Há mistério ao imaginar que há vida num Planeta tão
pequeno como a Terra? E, se realmente a Terra for o único planeta em condições de
vida no Universo? Em contraponto, com um Universo tão imenso, pode sim haver vidas
em outros corpos celestes de outras galáxias, assim como existe na Órion.
Os movimentos dos planetas, o modelo geocêntrico considerava a Terra no
centro do Universo. Toda a crença se manteve em rítmo próprio. Assim morreu a
ciência e Roma triunfou. A fábrica de gênios da Grécia cessara de produzir gênios.
Apagou-se o centro da intelectualidade em Atenas e, ascendeu em Alexandria. As
formas e os símbolos destruíam a originalidade, floresciam os gramáticos. Galeno (130-
210) acabara de morrer. Abaixou a cortina escura sobre a inteligência humana. O
espírito deu aparencia de abandono à matéria. Contudo, bastou alguém iniciar algumas
pesquisas para obter nova descoberta, o sistema heliocêntrico. Ressuscitou a
grandiosidade da imagem criada, combatendo a ignorância e em especial o preconceito.
A compilação e a crítica ocupou o lugar da dedução e pesquisa.
Agora, imagine o Sol e os planetas em órbitas! O sistema possui movimento de
translação, rumo a algo de domínio. Procurei nos livros por este detalhe, revirei a
Internet sobre tudo que existe de Astronomia e, encontrei em parte o que procurava,
sobre o Movimento de Translação Helicoidal dos Planetas. Embora este assunto não
seja tratado pela maioria dos cientistas, neste trabalho manifesto as minhas conclusões
sem nenhuma intenção, que possa ferir suscetibilidades.
Osasco, Janeiro a Junho de 2013.
NASAN XANTOX
(Autor)
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ÍNDICE
1. VISÃO DOS FILÓSOFOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas 04 a 08
2. DEFINIÇÕES E DADOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas 09 a 14 2.1 Referencial
2.2. Dados Planetários
2.3. Unidade de Medidas Astronômicas e Definições
2.4. Esfera Celeste
2.5. As Órbitas
2.6. A inclinação do eixo do Planeta Terra
2.7. O Universo
2.8. Condução
2.9. A Energia
2.10. A Radiação
2.11. A Energia Térmica
2.12. Convecção
2.13. Radiação do “corpo negro”
2.14. O efeito fotoelétrico
2.15. Refração
2.16. Batimento
2.17. Ondas Estacionárias
2.18. Ressonância
2.19. Matéria Bariônica
2.20. Prótons
2.21. Quarks
2.22. Nêutrons
2.23. Elétrons
2.24. Neutrinos
2.25. Pósitron
2.26. Fótons
2.27. Compton
2.28. Glúon
2.29. Bóson de Higgs
2.30. Mésons
3. QUEM FOI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Páginas 15 a 73 3.1. Cláudio Ptolomeu
3.2. Nicolau Copérnico
3.3. Giordano Bruno
3.4. Tycho Brahe
3.5. Galileu Galilei
3.6. Johann Kepler
3.7. Isaac Newton
3.8. Albert Einstein
4. IMAGENS EM ANÁLISES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas 74 a 79 4.1. Galáxias.
4.2. Provas objetivas do Sistema Solar (M.T.H.).
4.3. O movimento retrógrado dos Planetas Venus, Urano
(e Plutão).
5. DIMENSÕES DA MATÉRIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas 80 a 83
6. FICÇÃO E CIÊNCIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas 84 e 85
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1. VISÃO DOS FILÓSOFOS
É prazeroso ler e imaginar sobre àqueles que vieram e, como pintores, deixaram
suas “pinceladas” de sabedoria à humanidade. Foram camadas aplicadas com
dedicações e esforços pessoais, que proporcionaram “novas matizes”. Não seria justo
deixar de fora, por exemplo: os Filósofos da Natureza. Foram eles os primeiros
Filósofos gregos, que se enteressaram pela Natureza e aos processos naturais.
Ainda hoje um grande número de pessoas pensa: de onde vêm todas as coisas?
Uns mais e outros menos acreditam que, em algum momento tudo surgiu do nada. Entre
os gregos, partiam do fato de que sempre existiu algo ou alguma coisa, que deu início a
tudo. Para estes pensadores gregos a curiosidade era saber, como a água podia se
transformar em peixes, a terra sem vida podia se transformar em plantas e árvores com
suas flores coloridas e perfumosas.
Os primeiros Filósofos acreditavam na existência de uma substância básica, para
a criação de todas as outras coisas. No entanto, a maior preocupação era descobrir
algumas leis naturais e eternas, que possibilitassem entender os fenômenos naturais,
simplesmente observando a Natureza.
Isso no entanto, é algo diferente de explicar os trovões e raios, estações do ano e,
outros acontecimentos no mundo fenômenico dos deuses. Desta forma, a filosofia e os
Filósofos se libertaram da religião. Portanto, foram os primeiros passos em direção a o
que se chamou à posteriore, Ciências Naturais. A grande parte dos pensamentos
filosóficos ficou perdido no tempo e, o que se conhece em nossos dias são escritos por
Aristóteles, que surgiu duzentos anos após os “Filósofos da Natureza”. O pouco que foi
registrado por este grande Filósofo, deixa claro que, os gregos buscavam conhecer a
substância básica, encoberta pelas transformações que ocorrreram na Natureza.
Tales de Mileto (c. 640-550 a.C.) o primeiro Filósofo que se tem notícia. Ele
considerava a água como a base de todas as coisas. Tudo forma na base água e depois
retorna quando se desfaz. Dizem que ele também afirmou que todas as coisas estão
cheias de deuses. Talvez, mais uma vez tenha percebido a existência de gérmens da vida
em toda a terra.
Anaximandro (610 – 547 a.C.), também viveu em Mileto, achava que o mundo
fosse alguma coisa que surgiu, como surgem tantos mundos e se dissolvem nesta coisa
que é chamado de infinito. Anaximandro diferenciava o pensamento de Tales, pois não
imaginava uma substância básica, que a partir dela tudo deu início.
Pitágoras (582 - 5°século a.C.) nasceu em Samos. Um nome que entre os
antigos gregos ainda ressoa. Por essa ou aquela razão, seu nome é familiar a quase todos
nós. Se, se acredita em Astrologia, o vidente favorito gritará “Pitágoras” ao nossos
ouvidos. Caso acredite na Numerologia, dirão que foi ele quem inventou essa ciência de
dizer a sorte. Nas escolas escutamos desde muito cedo, que foi ele quem descobriu que,
num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos
catetos. Não se agradece por isso! Provavelmente esquecemos o que isso significa. Era
um jovem possuidor do dom da palavra, tinha o poder de vencer e conquistar amigos.
Viajou pelo mundo conhecido da época, chegando à Babilônia, mas o Oriente ainda lhe
acenava. Foi para a Índia e encontrou Buda. Não é verdade que Pitágoras tenha sido um
budista declarado, contudo, o seu misticismo acentuado, deu-lhe feição espiritual. O seu
idealismo pouco prático, tudo revela a influência de Buda. Mesmo assim, voltou para o
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Ocidente e encaminhou-se para o Egito. Dizem que foi alí que ele enunciou o famoso
teorema do triângulo.
Pitágoras imiscui-se em questões políticas na cidade italiana de Crotona, onde
constituíra o seu lar. Para os séculos vindouros ele ensinou: primeiro como Astrônomo,
o seu sitema foi o melhor que se conheceu até Copérnico. Afirmava que a terra era
redonda e suspensa no espaço, e não permanecia parada, mas girava em volta de uma
chama central, a que chamava Héstia. Afirmou ainda que, a Terra não era plana e não
estava parada. Os planetas, em consequência disso, também giravam em torno dessa
chama central. Em movimento através do espaço, eles produziam notas claras e fortes,
que nós não ouvimos porque já estamos com elas acostumados.
Após a morte de Pitágoras, os pitagoricianos tinham o costume de se reunir em
casa de um deles. Aí conversavam sobre o Mestre, repassavam as suas teorias e faziam
planos para a mais longa divulgação de suas ideias.
O Pitágoras que falava morreu, mas o que ensinava anda continuou a viver.
Durante mais de cinquenta anos, os seus amigos levaram adiante a sua obra. Para os
homens das ruas, esses pitagoricianos eram gente estranhas, mas, para os instruídos, os
velhos deuses estavam mortos, para o comum das pessoas estavam vivos na sua eterna
juventude.
Os cultuadores de Zeus viam estas reuniões como algo demoníaco. Não
deveriam ser descentes. Do lado de fora de Milo, onde se achava reunida a comunidade
dos discípulos de Pitágoras, juntou-se uma multidão. Milo e seus companheiros o
ignoravam. A multidão avançou sobre a casa, e, obra de um minuto apenas, põe abaixo
as portas. À multidão deparam-se com os heréticos, Milo e os outros. Massacra-os,
incendiando a casa por cima de mais de cinquenta corpos mutilados. Assim terminou a
escola de Pitágoras. Vítimas e assassinos misturaram os pós por muitos séculos a fora.
Os deuses em honra dos quais se praticaram os assassínios, desapareceram das alturas
do Olimpo. Eles próprios se tornaram poeira de mitos. Entretanto, Pitágora vive, e cada
estudioso venera o seu nome quando ouve um harmônico da música das esferas.
Anaxímenes (c. 550-526 a.C.) foi um terceiro pensador de Mileto, que conhecia
o pensamento de Tales sobre a teoria da água. Para Anaxímenes, a terra, o ar, o fogo e a
água eram necessários juntos para existir vida, mas, ele acreditava realmente que o
ponto de partida era o ar, portanto, como Tales, era uma substância básica.
Assim os três pensadores de Mileto acreditavam em uma e só uma substância
primordial, a partir dela tudo se originava. Neste contesto, porém, havia ainda a
dificuldade de saber como manifestava a transformação.
Eis então, que surge Parmênides (c. 530-460 a.C.) que acreditava que tudo
sempre existiu. Nada pode surgir do nada. Nada que possa existir se transformaria em
nada. Ele seguia somente o que sua razão dizia. O dizer: só acredito vendo, para
Parmênides nada significava, pois, ele não acreditava nem vendo. A crença na razão é o
racionalismo, fonte de conhecimento do mundo.
Com Heráclito de Éfeso (c. 535-475 a.C.) o pensamento era que tudo flui. Tudo
está em movimento e nada dura para sempre. Este velho dizer, que conhecemos de
ensinamentos orientais, era também praticado por Heráclito, quando afirmava que não
podemos entrar duas vezes no mesmo rio. Isto é, na segunda vez, o rio e quem entrou, já
não são os mesmos, ambos estão mudados. Este mesmo pensador afirmava a existência
dos opostos, quem se adoecesse saberia o que é a saúde; assim como, quem comesse
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uma bela refeição, saberia o que é fome; se nunca houvesse guerras, ninguém saberia o
que é paz.
Surgiu logo após, Empédocles (c. 494-434 a.C.), para tirar a ideia de uma
substância básica, ele trouxe o pensamento da existência de quatros alementos básicos:
terra, ar, fogo e água, à semelhança de Anaxímines. Tudo na Natureza seria uma
combinação dos quatros elementos, de maneira que, voltam finalmente a se separar. As
transformações da Natureza seriam pela combinação das quatro raizes em proporções
diferentes de misturas.
Com Anaxágoras de Atenas (500-428 a.C.) a Natureza era composta por uma
infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu. Para ele tudo poderia ser
dividido ainda em mais partes, mas, mesmo nas ínfimas partes mantinham as
características. Portanto, as partes minúsculas era chamadas por ele de sementes ou
gérmens. Anaxágoras se interessou muito por Astronomia, chegou a afirmar que os
corpos selestes eram feitos da mesma materia que a Terra. Afirmou ainda que a Lua não
tinha luz própria, que recebia o brilho da Terra.
Demócrito de Abdera (c. 460-370 a.C.), na Trácia, acreditava que tudo na
Natureza era constituido de pedrinhas minúsculas, invisíveis, a qual ele deu o nome de
átomo, isto quer dizer, indivisível. Para ele os átomos eram unidades sólidas, alguns
arredondados, outros lisos, irregulares ou retorcidos, para poderem ser combinados e
criar coisas diferentes. Podemos garantir que a teoria atômica de Demócrito estava
quase perfeita. Hoje sabemos que os átomos podem ser divididos, em partículas ainda
menores e elementares. Ele não acreditava numa inteligência ou força que permitisse
intervir nos processos naturais, a única coisa que existe são os átomos e o vácuo,
portanto, ele era um exemplo de materialista. Neste aspécto, ele dizia sobre a
consciência, e acreditava que a alma era composta de átomos especiais, lisos e
arredondados que ao morrer se espalhavam por toda direção, indo se juntar a outra alma,
no momento mesmo em que esta é formada. Desta forma, o homem não possui uma
alma imortal. Com Demócrito a alma está intimamente relacionada ao cérebro, não pode
portanto, possuir qualquer consciência quando o cérebro deixa de funcionar e se
degenera.
Sócrates (470-399 a.C.) o Filósofo mais inigmático que conhecemos. Não
escrevia nada, somente usava a técnica da Maêutica (parto ou dar a luz). Conhecemos a
vida de Sócrates através dos Diálagos de Platão. Há uma mera semelhança entre
Sócrates e Jesus Cristo, pois ambos, não deixaram nada escrito. O que conhecemos
pode não ser totalmente verídico, pois, enquanto Platão falou sobre os ensinamentos de
Sócrates, Mateus ou Lucas disseram sobre o que Jesus disse. Com esse conceito será
sempre um mistério, não saberemos ao certo o que Jesus histórico realmente disse,
menos ainda sobre Sócrates histórico, o que realmente ele disse. O importante de
Sócrates é que ele não tinha a mínima pretensão de ensinar quem quer que seja. Sempre
demonstrava querer saber, aprender com seu interlocutor, ele dialogava e discutia.
Durante os longos dialogos, ele levava a pessoa a perceber seus pontos fracos de
suas próprias reflexões. Só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o
verdadeiro discernimento. Ele era capaz de se fingir ignorante, mostrar-se imbecil, para
depois demonstrar ao seu interlocutor toda sua genealidade, isto se chamava ironia
socrática.
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Jesus e Sócrates já eram consideradas pessoas inigmáticas no tempo em que
viveram. Como não deixaram qualquer registro escrito, resta-nos confiar naqueles que
escreveram sobre eles. O certo é que, ambos eram mestres da retórica. Tinham absoluta
autoconfiança no que diziam e, podiam tanto agradar como irritar quem ouvia. Ambos
desafiavam os poderosos dos seus tempos, sempre falavam desafiando os que detinham
o poder na sociedade, criticavam todas as formas de injustiças e de abusos de poder. No
entanto, estes comportamentos causaram a morte de ambos. Os que questionam são
sempre os mais perigosos. Responder não é perigoso, uma única pergunta pode ser mais
perigosa do que centenas de respostas. Creio existir ainda hoje os mesmos princípios,
com novos modos estratégicos de destruir um opositor contestador.
Platão (427-347 a.C.) tinha vinte e sete anos quando Sócrates teve de beber
cicuta. Por mais tempo ele havia sido discípulo de Sócrates e, acompanhou o processo
movido contra seu mestre. A primeira manifestação de Platão foi escrever o discurso em
defesa de Sócrates. Nele Platão torna público o que Sócrates disse ao grande juri. Além
do discurso, Platão escreveu uma coletânea de cartas, mais de trinta diálogos filosóficos.
Platão acreditava numa realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos, o qual deu
o nome de “mundo das ideias”. Ele achava que tudo que vemos ao nosso redor na
Natureza, tudo o que podemos tocar pode ser comparado a uma bolha de sabão.
Portanto, nada que existe é duradouro. Sobre as coisas do mundo dos sentidos, coisas
tangíveis, não podemos ter opiniões incertas. Só podemos chegar a ter um
conhecimento seguro daquilo que reconhecemos com ser, através da razão.
Vimos que, para Platão a realidade se dividia em duas partes. A primeira parte é
o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou
imperfieto, já que fazemos o uso dos cinco sentidos. No mundo do sentido as coisas
simplesmente surgem e desaparecem. A outra parte é o mundo das ideias, do qual
podemos chegar a ter um conhecimento seguro, caso, para tanto, usarmos a razão.
Em compensação as formas são eternas e imutáveis. Para Platão o homem é um
ser dual. Temos um corpo, que flui e que está indissoluvelmente ligado ao mundo dos
sentidos, compartilha do mesmo destino de todas as outras coisas presentes neste
mundo. Como todo os nossos sentidos estão ligados a este corpo, consequentemente,
não são plenamente confiáveis. Platão acreditava que a alma já existia antes de habitar o
nosso corpo.
Platão escreve uma parábola que ilustra como reflexão. A alegoria da caverna,
está contida no diálago A República. Disse ele:- “Imagine uma multidão de pessoas que
habitam o interior de uma caverna. Elas vivem de costas para a entrada da caverna, e
tudo que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse
muro passam figuras de formas variadas e que se elevam para além da borda do muro.
Como há fogueiras queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes
na parede da caverna. Assim, a única coisa a ver é o teatro de sombras. E como aquelas
pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são as
únicas coisas que existem”.
Imagine, se um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão.
A primeira coisa seria saber de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da
caverna. O que acontece quando ele vê as figuras que se elevam para além da borda do
muro? Primeiro é a luz intensa, que não permitirá enchergar nada. Depois, a precisão
dos contornos das figuras que lhes dão dimensões, que até então só vira as sombras com
a visão ofuscada. Se ele conseguir escalar o muro, passar pelas fogueiras e sair da
caverna, terá ainda dificuldade de enxergar. Mas, depois de um certo tempo, ele verá
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que tudo é bonito, verá as cores e contornos precisos nas perfeitas dimensões. Assim o
feliz habitante poderá andar livremente pelo espaço da Natureza, desfrutando da
liberdade que acabara de conquistar.
Os outros habitantes no interior da caverna não lhe sai da cabeça, por esse
motivo ele resolve voltar. A primeira atitude é tentar explicar aos outros as sombras na
parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Não acreditarão nele, e aquilo
que veem é o que existe. Por certo acabam matando-o. De certa forma, a alegoria da
caverna é uma imagem da coragem e da responsabilidade pedagógica do Filósofo, e
vale até nos nossos dias.
Aristóteles (384-322 a.C.), o estagirita, foi aluno da Academia de Platão durante
vinte anos. Ele era natural do golfo Estramônico (Macedônia) e veio para a Academia,
quando Platão tinha sessenta e um anos de idade. Seus interesses foram com as coisas
vivas, portanto, ele não foi apenas o último grande Filósofo grego, foi o primeiro
biólogo da Europa. Pode-se afirmar que enquanto Platão usou apenas a razão,
Aristóteles ao contrário usou também seus sentidos. Na época de Aristóteles a filosofia
era uma atividade essencialmente oral. Ainda em Atenas, Aristóteles fundou uma escola
e, tornou-se o chefe dos Peripatéticos (Filósofos que discutiam passeando).
Em nenhum instante os atenienses aceitaram Aristóteles, por ter sido professor
de Alexandre da Macedônia, o inimigo mortal dos atenienses. Ele escreveu
incansavelmente sobre metafísica da Natureza, sobre as partes do corpo dos animais,
movimentos dos animais, geração dos animais, sobre retórica, poética e política. Mas
negou sobre a teoria atômica de Demócrito, escarneceu as alusões à evolução feita por
Empédocles, repudiou a teoria de Anaxágoras, pôs de lado a ideia de Pitágoras de que a
Terra girava em volta de um fogo central e, satisfez o seu ego com a velha concepção de
que a Terra era o centro do Universo. Além de tudo isto, ele antecipou as obras de
Gregor Mendel sobre a hereditariedade.
O velho estagirita, trezentos e cinquenta anos antes da era cristã, fez uma
hipótese sagaz. A substância material, as coisas que vemos e apalpamos, os maiores
sábios afirmam nos anos que correm, que não passam de vibrações, movimentos
produzidos nos átomos pelos elétrons girando em torno de sua órbita. Movimento
elétrico? Talvez! Será que tudo no Universo é uma manifestação elétrica? Mesmo que
assim seja, as coisas continuam a ser reais, juntamente como o Impulsionador de
Aristóteles, que se conservava imóvel (Deus). Para ele este impulso, não foi transmitido
à Terra, pois, esta permanece parada, porque a forma considerada aproximava da
perfeição do círculo, imune portanto da interferência da Natureza. O erro predileto de
Aristóteles perdurou até os tempos de Galileu. A velocidade com que os objetos caem,
dizia ele, estava proporcional ao peso. Ele dominou como um monarca asoluto, e
nenhum outro homem na ciência exerceu tão grande influência por tão longos anos.
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2. DEFINIÇÕES E DADOS
2.1. REFERÊNCIAL de observação: a Terra. Isto porque estamos sobre ela, a
olhar para o espaço Sideral. A Terra gira sobre o próprio eixo de Oeste para
Leste (dia/noite) e, avança com o Movimento de Translação no sentido horário.
2.2 DADOS PLANETÁRIOS Planetas Graus inclinação Aceleração Raio-dist. Ø real em Translação do Massa T.
Eixo (°) 9,81m/s2 Sol (km) (km) Planetas (h) (6.1024kg)
Mercúrio 0,100 0,376 57 950 000 4 866 2 111,28 0,0600
Venus (MR) 177,40 0,903 108 110 000 12 106 5 392,80 0,8200
Terra 23,44 1,000 149 570 000 12 742 8 766,24 1,0000
Marte 25,19 0,380 227 840 000 6 760 16 468,80 0,1100
Júpiter (gás) 3,13 2,340 778 140 000 139 516 103 893,60 317,8000
Saturno (gás) 26,73 1,160 1 427 000 000 116 438 258 069,60 95,2000
Urano (gás)(MR) 97,77 1,150 2 870 300 000 46 940 735 927,60 14,6000
Netuno (gás) 28,32 1,190 4 499 900 000 45 432 1 443 560,40 17,2000
(Plutão) (MR) 119,61 0,066 5 913 000 000 2 274 2 177 648,40 0,0022
SOL (gás) - 28,000 - 1 391 900 Independ. 1,9891.1030
2.3. UNIDADE DE MEDIDAS ASTRONÔMICAS E DEFINIÇÕES:
1 UA = 1,496 x 1011
m - Unidade Astronômica (distância da Terra ao Sol).
1 AL = 9,5 x 1015
m - Ano-luz (distância que a luz percorre em um ano).
1 pc = 3,08 x 1016
m - Parsec (Parallax second).
1 pc = 206 265 X 1 UA - “ ( “ “ ).
1 pc = 3,26 - Anos-Luz (AL).
299 792 458 m/s - Velocidade da Luz.
30 000 m/s - Velocidade de translação da Terra.
19 400 m/s - Velocidade do Sistema Solar (rumo à estrela Veja).
225 000 m/s - Velocidade de Translação do Sol.
M - Massa Solar.
Galáxia - Galáxias são associações de estrelas, gás, poeira
interestelar e matéria escura, ligadas pela
gravitação.
C.G. - Centro Galáctico (abreviatura).
M.T.H. - Movimento de Translação Helicoidal (abreviatura).
Disco da Galáxia - Área projetada pelos braços da galáxia em rotação.
Halo galáctico - Região das linhas de campo magnético da galáxia.
Bojo - Volume central da galáxia onde há o buraco negro.
2.4. ESFERA CELESTE entende-se como abstração do envolvimento do Sistema
Solar por uma esfera. A definição de esfera é uma superfície curva fechada
cujos pontos se encontram todos em igual distância R, de um ponto interior, o
centro da esfera.
2.5. AS ÓRBITAS dos planetas do Sistema Solar são praticamente circulares. Com
o movimento de translação vemos e sentimos como elíptico (1ª Lei de Kepler),
por navegarmos na superfície da Terra.
Johan Daniel Tietz (1729–1796) criou uma forma empírica, onde há
possibilidades de encontrar planetas. Bode completou com matemática o
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trabalho, determinando que a distância de um planeta ao Sol é “N”; e “d” a
posição em que se encontra. Desta forma foi desenvolvida uma equação
matemática:
d= 0,4 + 0,3 N
N d(Bode) Planeta d (real)
0 0,4 Mercúrio 0,39 UA
1 0,7 Venus 0,72 UA
2 1,0 Terra 1,00 UA
4 1,6 Marte 1,52 UA
8 – Cint. de asteroides 2,8 Ceres – desconh. na época 2,77 UA
16 5,2 Júpiter 5,20 UA
32 10,0 Saturno 9,55 UA
64 19,6 Urano – desconh. na época 19,20 UA
128 38,8 Netuno- desconh. na época 30,10 UA
256 77,2 Plutão - desconh. na época 39,44 UA
2.6. A INCLINAÇÃO DO EIXO DO PLANETA TERRA O planeta Terra tem seu eixo com inclinação correspondente ao
movimento de translação e, a rotação sobre si mesmo, com a precessão e o
momento de efeito giroscópio. A intervenção de forças externas provoca o
movimento de precessão do eixo de torção e do eixo de impulso. A precessão
descreve um cone no espaço, porém permanece como linha central do cone, com
duração de 25 800 anos ao redor do Sol em uma volta completa. Deve-se
considerar ainda que, os planetas sofrem influências de todos os movimentos do
Sol. Estes fenômenos podem ser considerados como os liames de interações
gravitacionais, campos magnéticos e as massas correspondentes. Portanto, em
oposição ao movimento cria-se nutação (oscilação) no planeta, provocado por
massa em sua órbita. O ângulo de inclinação do eixo da Terra corresponde a
23,5° num período de giro completo em torno do sol.
2.7. O UNIVERSO (lat. Universu) é constituído de 4% átomos; 74% de energia
escura e 22% de matéria escura. Energia escura significa não saber do que são
constituídos tais elementos. Fazem parte deste Universo, as galáxias, todas as
matérias disseminadas no Cosmo, o Macrocosmo.
O Universo de Einstein com modelo estático com constante cosmológica
positiva, cujo raio de curvatura é constante e independente do tempo.
O Universo de A. Friedmann, modelo homogêneo e isotrópico, que
envolve soluções não estáticas, ou seja, com expansão e contração para as
equações de Einstein (com constante cosmológica nula), e que foi calculado
pelo Astrônomo soviético em 1922. Universo dinâmico, concebido pelas teorias
cosmológicas que admitem serem variáveis as dimensões do Universo (opõe-se
a Universo estático).
2.8. CONDUÇÃO é o processo de propagação no qual a energia passa de partícula
para partícula do meio. As forças de interação molecular são de origem elétrica
e magnética. Num corpo, duas moléculas vizinhas estão na posição de
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equilíbrio quando as forças de interação entre elas são nulas. Nesta situação
chamamos de d0 a distância que separam estas moléculas. Quando a distancia d
entre as moléculas torna-se maior que d0, surgem forças de interação atrativas.
Por outro lado, quando as moléculas são aproximadas de modo que a distância
d entre elas torna-se menor que d0, surgem às forças de interação repulsivas.
2.9. A ENERGIA não se troca de modo contínuo (descontínuo). A ideia de
estados ligados têm níveis de energias discretas e, é definida a Max Planck com
a constante de Planck é 6,13 x 1034
Js.
2.10. A RADIAÇÃO é o processo de propagação de calor no qual a energia
denominada radiante, apresenta-se na forma de ondas eletromagnéticas,
principalmente o infravermelho. A radiação é o único processo de propagação
de calor que ocorre no vácuo.
2.11. A ENERGIA TÉRMICA é a somatória das energias de agitação das
suas partículas e depende da temperatura do corpo e do número de partículas
nele existente. Calor é energia térmica “em transito” de um corpo para outro ou
de uma parte de um corpo para outra parte desse corpo, transito este provocado
por uma diferença de temperatura.
2.12. CONVECÇÃO é o processo de propagação de calor no qual a energia
térmica muda de local e, acompanha o deslocamento do próprio material
aquecido. A convecção só ocorre nos fluídos (gases, vapores e líquidos), não
ocorrem nos sólidos e no vácuo.
2.13. RADIAÇÃO DO “CORPO” NEGRO, espectro resolvido por Max
Planck com a preposição da quantificação da energia.
2.14. O EFEITO FOTOELÉTRICO descoberto por Heinrich Rudolf Hertz,
onde se propõe que a luz se propaga em quantas (pacote de energia definida) os
chamados fótons, explicação e a denominação são de Albert Einstein. A luz é
uma forma de onda radiante. Energia radiante é o tipo de energia que se
propaga por meio de ondas eletromagnéticas. Uma característica
importantíssima da energia radiante é sua enorme velocidade de propagação. A
velocidade de propagação no vácuo vale aproximadamente 2,99792 x 105
km/s
(velocidade da luz). As fontes de emissão de luz são divididas em: fontes
primárias e fontes secundárias. A fonte primária são corpos de emitem luz
próprios, como exemplo: o Sol. A fonte secundária são corpos que nos enviam a
luz recebida de outras fontes.
O processo ocorre por difusão, ou seja, a luz é refletida para todas as
direções nos arredores do corpo. A propagação de um pincel de luz não é
perturbada pela propagação de outros na mesma região; um independe da
presença dos outros. Podemos dizer que o cruzamento de raios de luzes, cada
qual continua sua propagação independentemente da presença dos outros.
Observamos que se chama meio homogêneo, aquele que apresenta as mesmas
características em todos os elementos de volume. Meio isótropo é aquele em
que a velocidade de propagação da luz independe da direção em que é medida.
12
Meio ordinário é todo aquele que é ao mesmo tempo transparente, homogêneo
e isótropo. O vácuo é um meio ordinário.
2.15. REFRAÇÃO de uma onda é a passagem dessa onda de um meio para
outro, de características diferentes. Qualquer que seja o tipo de onda, na
refração sua frequência não se altera. No entanto, devido à mudança de meio, a
velocidade se modifica, o mesmo ocorre com o comprimento de onda. A onda
refratada está sempre em fase com a onda incidente. Podemos afirmar a
existência de um reticulado formado por ondas eletromagnéticas. As ondas
eletromagnéticas são compostas de dois campos variáveis, um elétrico e outro
magnético. Os campos citados são perpendiculares entre si, perpendiculares à
direção de propagação da onda. Em outras palavras, as perturbações
eletromagnéticas que atingem os pontos de um meio, seja ele vácuo ou não, são
sempre perturbações transversais.
De acordo com a teoria eletromagnética de Maxwell, as ondas
eletromagnéticas são originadas por cargas elétricas aceleradas, uma
contribuição natural do campo magnético de cada planeta em interação com o
Sol, e, entre eles, em plenos orbitais no Sistema.
Há reações de ondas de reflexão, além do som de origem magnética que
se propaga com vibrações longitudinais através de meios materiais,
compreendendo compressões e rarefações. Nas compressões a pressão é mais
elevada do que seria, caso não houvesse ondas (meio de equilíbrio). Nas
rarefações, por sua vez, a pressão apresenta-se mais baixa que no equilíbrio.
Essas compressões e rarefações propagam-se de maneira análoga às ondas
longitudinais. É importante destacar, porém, que em geral, as ondas sonoras de
origem magnética propagam-se a três dimensões pelo espaço. Por isso, elas são
ondas tridimensionais.
Pode-se afirmar que, um ponto qualquer atingido por essas compressões
e rarefações oscila na mesma direção da propagação. Por isso, as ondas sonoras
são longitudinais. Considera-se que ao atingir um obstáculo, como, por exemplo,
um planeta, ela sofre reflexão com inversão de fase. Como acontece com
qualquer onda, o som refletido tem a mesma velocidade de propagação, a mesma
frequência e o mesmo comprimento de ondas que o som incidente. A reflexão
mesmo em superfícies curvas, o raio refletido pertence ao plano de incidência,
ou seja, o raio refletido, a reta normal no ponto de incidência e o raio incidente
são coplanares. O ângulo de reflexão é sempre igual ao ângulo de incidência.
Na reflexão e refração difusas, ao contrário do que se pode imaginar,
valem as leis da reflexão e da refração. As direções diversas assumidas pelos
raios refletidos e refratados devem-se às irregularidades da superfície de
incidência. Como não há superfície perfeitamente lisa, sempre que ocorre
reflexão ou refração uma parte da luz incidente é difundida. É claro que tal
parcela será tanto menor quanto mais regular for a superfície. Neste caso, os
oceanos têm características diferentes que a superfície dos continentes para
reflexão e refração.
A luz do Sol é policromática, isto é, constituída de várias cores
(frequências). Todas as cores visíveis estão contidas na luz do Sol, também
chamada de luz branca. Se um determinado corpo, quando iluminado pela luz do
Sol, apresenta-se vermelho, por exemplo, é porque seleciona dentre as várias
cores componentes da luz solar a vermelha, difundindo-a para o meio. A esse
13
processo se da o nome de reflexão seletiva. As demais cores que constituem a
luz branca do Sol são predominantemente absorvidas pelo corpo considerado.
Convém observar que, um corpo que se mostra branco sob a luz solar tem a
propriedade de difundir todas as cores. Os corpos negros, por sua vez, não
difundem a luz recebida, tendo a propriedade de obsorver todas às cores.
Costuma-se dizer, inclusive, que o negro é a ausência de cor.
A luz monocromática é constituída por ondas eletromagnéticas de uma
única frequência, ou seja, de uma única cor. Desta forma podemos ter luz
monocromática vermelha, azul, violeta etc. As fontes de luz em geral não
emitem luz monocromática. Podemos, no entanto, obter luz sensivelmente
monocromática. As fontes de raio LASER (Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation) são exemplos de fontes de luz monocromática, com
utilização de filtros. A luz branca solar costuma ser descrita por meio de sete
cores correspondentes: vermelho (menor frequência); alaranjado; amarelo;
verde; azul; anil e violeta (maior frequência).
As complexas análises teóricas de vibrações dependem largamente do
número de graus de liberdades dos sistemas e, é definido em números de
coordenadas independentes, com determinações de igualdade de posição das
partículas. Dentre as ondas tridimensionais (som e luz) que se propagam no
espaço, destacam-se aquelas cujas frentes de onda são esféricas ou planas. Como
exemplo a luz emitida pelo Sol, que avança pelo espaço e apresenta frente de
ondas esféricas. É justamente este um dos conceitos desta apresentação, pois, as
ondas sonoras de reflexão emitida pelos planetas são exatamente tridimensionais
e esféricas, reação às ondas recebidas do Sol. Além destes vetores temos as
irrupções periódicas denominadas de ventos solares ou plasma, de 5-10 prótons
por cm3.
O espaço interestelar contém plasma de hidrogênio com densidade mais
baixa. Como existem filamentos entre as Galáxias, neste plasma as variações de
pressão propagam tal e qual o som no ar. Por tudo isto, Einstein tinha razão
quando afirmou os movimentos dos corpos sempre em curvas, segundo a
geodésica do Universo.
2.16. BATIMENTO é obtido através da superposição de ondas periódicas, de
frequências ligeiramente diferentes e de mesma amplitude. A onda resultante
tem amplitude variável no período, apresenta pontos de máxima intensidade
(interferência construtiva) e pontos de mínima intensidade (interferência
destrutiva). Dar-se a denominação de batimento a essa variação gradual e
periódica de amplitude da onda resultante. Entende-se também por batimento,
cada conjunto de vibrações que vai de um mínimo até outro mínimo
consecutivo.
2.17. ONDAS ESTACIONÁRIAS é a configuração resultante da
superposição de duas ondas idênticas que se propagam na mesma direção e em
sentidos opostos. Esse fenômeno é mais facilmente observado com ondas em
cordas, apesar de poder ocorrer também com outros tipos de ondas. Ocorrem
nelas permanente interferência destrutiva. Esses pontos são denominados “nós”
ou “nodos” de deslocamento. Há ainda permanente interferência construtiva,
sendo, por isso, denominados ventres, antinós ou antinodos de deslocamento.
Como não se propagam, os nós e ventres permanecem sempre nos mesmos
14
pontos incidentes, a configuração resultante recebe a denominação de onda
estacionária.
2.18. RESSONÂNCIA é um sistema físico com um agente excitador, quando
recebe excitações periódicas numa frequência igual a uma de suas frequências
naturais de vibração. Todo sistema físico capaz de vibrar, se for excitado,
vibrará numa frequência que lhe é característico, que lhe é natural. Alguns
sistemas admitem uma única frequência natural de vibração e outros admitem
mais de uma.
2.19. MATERIA BARIÔNICA é tudo que formado por prótons, nêutrons e
elétrons (estrelas, planetas e seres humanos).
2.20. PRÓTONS são partículas que fazem parte do núcleo dos átomos com os
Nêutrons e Neutrinos.
2.21. QUARKS são filamentos unidimensionais vibrantes (cordas).
2.22. NÊUTRONS são partículas que fazem parte do núcleo dos átomos, junto
com os Prótons e Neutrinos.
2.23. ELÉTRONS são partículas negativas que orbitam o núcleo dos átomos.
Também considerados filamentos unidimensionais vibrantes (cordas).
2.24. NEUTRINOS são considerados como partículas de massas nulas
(podem sim, ser atribuída alguma massa).
2.25. PÓSITRON é um elétron com carga positiva. É conhecido como
partícula antimatéria.
2.26. FÓTONS são pequenos pacotes de energias ou partículas de interação da
força magnética (denominação de Einstein).
2.27. COMPTON é o efeito no qual se propõe que os fótons podem se
comportar como partículas, quando sua energia for grande o bastante (Erwin
Schrödiger, Wener Heigemberg e Eisens).
2.28. GLÚON é um bóson de massa nula, associado a um campo de cor.
2.29. BÓSON DE HIGGS é uma partícula elementar basônica, teoricamente
surgida logo após o Big Bang.
2.30. MÉSONS é uma partícula subatômica (Hádron) composta por
um Quark e por um Antiquark com carga de cor oposta.
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3. QUEM FOI. . .
3.1. CLÁUDIO PTOLOMEU (100-178), a quem o mundo ainda tinha simpatia,
não brilhou. O grande homem destacou-se porque uma ideia adequando à
doutrina bíblica, acabava de ser divulgada no Ocidente pelos judeus. Ele soube
distinguir o erro da verdade e escolheu. Enquanto Pitágoras tinha a noção de
uma Terra girando em torno do Sol, o povo simples pensava que a Terra estava
estática, enquanto o Sol e as estrelas orbitavam-na. Com os acontecimentos da
época, Ptolomeu, em Alexandria, considerou as duas correntes de pensamentos.
Depois de muito estudo, acabou escolhendo a corrente errada. Pleno de
confiança, com superiores conhecimentos para a época, decidiu manifestar-se:-
A terra é fixa, giram estrelas e o Sol em torno dela.
O seu sistema era composto de círculos e globos cristalinos, com extrema
dedicação para dar conta das fases da Lua, e se possível as posições estáveis dos
planetas. Seu trabalho foi coroado de êxito, no entanto, faleceu sem levar a
menor dúvida de que havia resolvido o maior dos grandes problemas naturais.
Entre tantas coisas que foram ditas, pelo menos em uma ele teve razão: a Terra
era redonda e estava suspenas no espaço sem apoio, e nada à susterntá-la. Era
evidente que a ideia era exatamente como a religião queria, portanto,
iconoclasta. Aos homens simples, pouco intereçavam estes detalhes, embora
achassem um absurdo, pois que, viam a Terra chata, talvez sustentadas por
colunas em suas extremidades. Restavam saber em que lugar ou bases as colunas
estavam apoiadas. Contudo, para o homem simples, bastava saber que a Terra
não cairia jamais, assim ele continuava a viver. Com esta aparência de absurdo,
suas conclusões foram reservadas, não divulgadas ao público, até que Cristovão
Colombo, sem intensões, provou o seu sonho com a demonstração da verdade.
Ao explicar de que maneira o Sol se levanta e deita, Ptolomeu cometeu
um erro grave. O seu erro foi devido a um outro problema, que não pode ser
resolvido, pois percebeu com evidências, que a Terra realmente se movia. Sem
ter com quem contar para uma decisão e eficaz entendimento, viu que a Terra
girava em torno do seu eixo, muito mais facil e simplesmente do que o Sol e as
estrelas corriam pelos céus em velocidades inconcebíveis. Entretanto, veio uma
dúvida própria da objetividade, se a Terra se move, onde foi parar o vento que
produz? Não havendo vento de proporção arrebatador, tudo era calmo, ou quase
isso, para ele, destruia qualquer ideia da Terra girando no espaço.
Ptolomeu sabia que havia alguma coisa diferente nessa sua teoria,
também não houve como se convencer de que a teoria estaria totalmente errada.
O ponto fraco da teoria era a velocidade do Sol e as estrelas, movendo-se no seu
percurso em 24 horas ao redor do mundo. Admitiu que o mundo fosse uma
grande esfera, no seu interior estariam as estrelas presas, assim como se fazem
com as joias. Essa grande esfera, com a Terra parada no centro, girava
transportando com ela os corpos pesados.
Quando estudou os planetas, sentiu-se completamente confuso. Percebeu
que estes corpos não estavam presos à grande esfera, mas corriam como bem
lhes aprazia em volta do mundo, arrogantes à toda a bela teoria. Neste momento,
Ptolomeu conceder-lhes movimentos próprios, ao redor de pontos fixos. Criou-
se assim para a nomenclatura Astronômica os chamados “epiciclos”, os quais
permaneceram até que Copérnico os desclacificou. Cheio de boas intensões,
Ptolomeu apresentou seus trabalhos, com admiração de muitos, principalmente
16
da igreja. Terminou na sepultura, enquanto, o seu modelo continuou com vida.
Não há necessidade de grandes interrogações, há nos dias atuais, quem julga que
tais ideias ainda são palpáveis, e outras pessoas gostariam de saber o que retém o
mundo no espaço.
O cristianismo condizia com a teoria ptolomaica, o homem e a sua
morada, a Terra, eram frutos do Criador, o Senhor do Universo. A ideia
ptolomaica se cristalizou, passou a tomar parte dos dógmas da Igreja. Por em
duvida era considerada heresia. Por mais catorze séculos nenhum homem
importante pôs em duvidas. Catorze séculos não era pouco tempo! Vejam o
poder da falsa ideia. Com base nestas afirmações a Igreja firmou-se no poder,
tanto temporal como espiritual, propiciando sua expansão por toda a Europa.
Desta forma quem acreditava na Igreja, não acreditava na ciência, como
consequência até a erudição, morria. Roma triunfava, mas, não podemos
considerar os romanos quando se tratava de ciência, muito menos na propagação
de cultura. A degeneração, coincidiu rudemente com a queda de Atenas e o
florescimento de Alexandria, ganhou velocidade durante os primeiros séculos do
cristianismo. O Crepúsculo esvaneceu em trevas e se espalhou sobre a Europa,
isto no século V.
Roma que mantinha o poder terrestre, passara. A Igreja tomou uma
posição militante. Do Norte da Europa vinham as hordas dos bárbaros.
Destruiram as escolas, esmagaram a cultura, impondo freio à civilização. Com
todos esses acontecimentos, os rituais pagãos se detiveram ao pé da cruz. Nesta
época foi como um grande milagre para a Igreja. Os nomades vindos do Norte
foram manuseados, guiados e lentamente instruídos pela política. Assim, tudo o
quê constiui o desenvolvimento da Europa repousa no coração e no cérebro dos
invasores. Quando invadiram Roma, restaram duas soluções para à civilização:
exterminá-los ou civilizá-los. A Igreja era a única Instituição capaz de modificá-
los. Não poderiam ser exterminados. A Igreja tomou a si a tarefa da conversão.
Como uma luta de morte, ou as hordas beijariam a cruz ou a Igreja se
desintegraria como Instituição. Como consequência final, as hordas beijaram a
cruz.
Nestas mesmas épocas, a venda das indulgências tornara-se um vasto
negócio, altamente lucrativo. Para vencer o demônio haviam os breves, enquanto
as indulgências asseguravam a passagem para o céu. Os grandes homens da
Igreja defendiam o negócio, indagando: “Não pode Jesus aceitar donativos das
pessoas de bem?” Esta postura inconformista ainda perdura na época atual.
Como a política invadira a Igreja, a moralidade era uma simples palavra.
Novas doutrinas introduziam-se nos credos, muitas eram concessões às idolatrias
nórdicas. As tribos germânicas exigiam como hábito daquele povo, uma imagem
visível diante da qual pudesse se ajoelhar. A personificação da divindade criou
como solução, a Trindade.
Os efeitos dessas atitudes não foram plenamentes maus. Devem ter sido
feitos visando a uma boa finalidade. Encontravam-se nos mosteiros alguns
frades e padres honestos. Os homens bons continuaram a existir. Foram eles que
perceberam para onde estava indo Roma, e não raras vezes do seio deles saiu “a
voz clamando no deserto”. Denunciavam a vergonha da Cidade Eterna, e sem
temores às condutas dos cardeais e papas. Eram palavras que calaram no fundo
das consciências dos povos do Norte. Nas denúncias por si já continham um
espírito revoltoso.
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De repente, surgia no Oriente uma força nova. Os mouros invadiram a
Espanha e, com eles o fanatismo religioso, num ardente zelo do proselitismo.
Era de uma cultura superior a tudo que havia na Europa. Conquistaram parte da
Espanha, constituíram um governo permanente e ergueram cidades com
admiráveis belezas arquitetônicas.
Abriram escolas em que o espírito de tolerância admitia os cristãos. Seus
eruditos pesquisaram o passado, desenterraram os clásiscos gregos, traduzindo-
os em árabe. Haviam recebido os algarismos arábicos da Índia, que levaram
apara a Europa, juntamente com a álgebra e o seu peculiar sistema de notação.
Deram ao mundo grandes eruditos, numa época em que constituía raridade um
homem mediamente culto. Enquanto da Itália e dos países germânicos os líderes
se debatiam seriamente, questões de extremas profundidades como a de saber
quantos anjos poderiam caber na ponta de um agulha. Um mouro, Assamh,
morto em combate no ano de 720, escrevia sobre topografia e anotava.
Observava as variações da flora e fauna relativas à altitude. Nos últmos anos do
século IX, Mohammede Bem Musa ensinava álgebra a seus discípulos,
substituía a corda pelo seno em trigonometria. Inventava o método comum da
resolução das equações quadráticas. Na Europa, nem dez homens,
provavelmente haviam ouvido falar em equação nesta época.
Ebn Junis, precede e ultrapassa Galileu na mesma ordem de ideias, usou
pela primeira vez o pêndulo na medida do tempo, isto no ano 1000. Antes disso,
os mouros usavam clepsidras, relógios de água, que eram fabricados com rara
perfeição.
Enquanto os europeus morriam como moscas e viviam como porcos, com
esperanças de curas em breves e relíquias, Avicena (980-1037) ensinava a
Filosofia e a Medicina aos árabes. Era médico e cirurgião, deixou uma descrição
dos instrumentos que utilizava. Era um estudioso, livre de supertições as quais
ensombravam a Europa.
O maior nome da Escola Árabe, Alhazen, é um tanto misterioso. Talvez
seja impossível que alguns dos escritos a ele atribuídos possam ser autênticos.
Sabia demais, bem por isso, devia ter vindo com Newton, ou depois. Alguns
interessados no assunto tentaram, sem grande sucesso, separar o real do falso.
Essas dúvidas são devidas à inveja que os europeus nutriam pelo progresso dos
árabes. O fato é que esse Alhazen ou outro árabe qualquer do princío do século
XII, deixou admiráveis contribuições para o conhecimento do mundo.
Alhazen escreveu sobre questões de óticas. Foi ele que corrigiu uma
velha noção a respeito de como o homem vê. Os gregos supunham que a
excitação partia dos olhos na direção ao objeto, tornando-o visível. Pois, as
maiores autoridades dos tempos antigos achavam que essa era uma explicação
plausível. Alhazen foi direto à verdade – os raios luminosos é que vêm do objeto
para os olhos. Foi mesmo além, e afirmou que a retina era a sede da visão e que
a impressão nela causada passa aos longos do nervo ótico até chegar ao cérebro.
E como ele tinha toda razão! Mas como pode alcançar esta dedução? Simples
(meu caro Wotson), dissecando um corpo humano! Ah! Isso era contrário à lei.
Não importa, Alhazen era capaz de enfrentar a própria morte para poder saber.
A luz foi uma questão que ele se interessava. Foi no entanto, o primeiro a
perceber que nós não vemos os objetos exatamente onde eles estão. Desta ideia
até simples, ele tirou as conclusões sobre a refração, e, pela primeira vez na
história, ficou estabelecido o percurso em desvio de um raio luminoso. Na parte
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da obra de Alhazen posta em dúvida pelos europeus, ele teve a humildade em
reconhecer a existência da gravidade e o fato de que, ela diminui com a
distância. Não chegou, todavia, a saber que tal diminuição era na razão inversa
do quadrado das distâncias. O mais grave, foi que ele limitou a gravidade à
Terra, não teve portanto, a visão do seu poder Universal. Era um evolucionista,
tendo feito a descrição do desenvolvimento progressivo dos animais 700 anos
antes de Darwin ter nascido.
Por motivos culturais, os homens de ciências Àrabes, não contribuíram
tanto, quanto os gregos contribuiram para o progresso da Europa. No
Renascimento foram buscar na antiguidade as ideias ou entregou-se a intensas
pesquisas e experiências, esquecendo ou ignorando as contribuições dos Árabes.
Por questões de raça, religião e finalmente falência política, os Árabes
ficaram fora da corrente principal do progresso humano. E ainda se conservam
fora dela. Evidentemente, merecem todo nosso respeito, nosso tributo por
haverem alimentado a chama no altar da ciência, quando o resto do mundo
estava perdido na escuridão.
Com excessão da Itália e da Espanha, quando a débil luz de um sol
nascente prenunciava o fim da Idade das Trevas. Paris e Londres estavam
cobertas de casebres, de teto de colmo e chão de palha, tendo no alto da
cobertura uma passagem por onde a fumaça saía. As casas não possuiam chão
assoalhado em cidade alguma do Norte, e, quando chovia, as ruas se
transformavam em lamaceira onde as pessoas se atolavam até às virilhas. Não
havia iluminação nas ruas e para sair à noite tinham que carregar tochas ou
toscas lanternas. Não havia esgotos, nem hospitais, nem escolas, nem estradas. A
população xafurdava no lixo das casas, nas lamas das ruas e conviviam com a
pestilência no ar. Mas, não deixavam de sonhar com os céus.
O corpos humanos eram cobertos com camisas de felpo e sevandijas,
mas não deixavam de orar pela pureza de suas almas. Em nome de Jesus, o
Galileu, saqueavam e matavam. As terras eram aradas com instrumentos de
madeiras, e suas belas carruagens eram os carros de bois. Um proeminente
cidadão possuia quatro bois, como sinal de realeza, e quando passavam aos
solavancos pelas poças de lamas, ainda eram reverenciados. A religão para os
Europeus era tão sombria, tal e qual as suas guerras, exceto quando se vestiam
de flores para celebrar ritos pagãos.
Nada sabiam de matemática, Geografia, Medicina e Astronomia. E,
quando dizemos nada, significa absolutamente coisa nenhuma. Os seus
conhecimentos mecânicos eram os mais primitivos. Conheciam apenas a
alavanca, a roda e a polia. Mas, em toda a Europa, a não ser na Espanha, não
havia ninguém capaz de explicar o princípio pelo qual trabalham aquelas
máquinas simples. Ninguém. O pensamento do homem Europeu, colocava em
suspensão a sabedoria humana, e afastada como alguma coisa que viesse se
colocar entre Deus e o homem. Nesta época a ignorância e sua filha, a
brutalidade, governavam o cérebro humano. Será que nestes nossos tempos
mudaram-se algumas coisas?
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3.2. NICOLAU COPÉRNICO (1473-1543) Não é surpreendente, que tenha sido
membro da igreja, afinal, nessa época só havia duas condições oferecidas aos
jovens: as armas e a Igreja. Copérnico nasceu na cidade de Thorn, sobre o rio
Vístula. Portanto, prussiano, isto é, Alemão. Longe de satisfazer a ideia que se
faz vulgarmente de um prussiano, Copérnico era um jovem débil, estudioso, de
bom coração, religioso e modesto, jamais seria um militar. O seu desejo de saber
era insaciável, estudou medicina em Cracóvia, depois frequentou as
Universidades de Viena, Bolonha, Pádua, Ferrara e Roma.
Dedicou-se à matemática como gosto pessoal e, devorou todos os livros
sobre Astronomia que foi possível encontrar. Aos 24 anos foi para Frauenburgo
como cônego, e aí permaneceu a maior parte de sua vida.
Não tinha nenhuma superstição esse sacerdote. Praticou a medicina
gratuitamente, jamais acreditou que as doenças viessem de Deus e pudessem ser
curadas com rezas, ou adorando uma relíquia. Encarava a Natureza de frente e
nunca deixou que a sua devoção o persuadisse, fazendo da Bíblia um livro de
ciência. Demonstrava ainda muito cedo, que havia nascido mais um homem para
fazer uso de seu cérebro.
Naquela época, todos acreditavam que a Terra estivesse parada. Poucos
acreditavam que ela fosse chata, contudo, a maioria acreditava. Os mais
evoluídos da época, afirmavam que a Terra era o centro do Universo. Com este
pensamento, em torno dela girava tudo mais. A negação desta crença era
considerada herético, assim quanto mais depressa fosse mandado para o inferno,
melhor. Esta foi à herança deixada pelo velho Ptolomeu à Europa. Copérnico
acreditava no céu e no inferno tanto quanto os outros. A difícil compreensão era
que uma criatura pudesse ser condenada por usar os seus olhos e o seu cérebro.
Mesmo correndo riscos, resolveu e dedicou-se ao novo caminho.
Alguns cientistas gregos, como Pitágoras, por exemplo, ensinavam que o
Sol estava fixo e que a Terra era quem se movia em vota dele. Copérnico
estudou com dedicação a ideia, que lhe parecia razoável. À medida que se
aprofundava nos estudos, mais lhe parecia que a Terra é que se movia. Pôs-se a
fazer cálculos, e concluiu que por essa teoria se passavam mais facilmente do
que pela teoria de Ptolomeu. Como não havia outro jeito, teve que empregar
“epiciclos” para representar os movimentos dos astros com fidelidade. Isso
estava preso à sua crença, de que tudo se movia em círculo. A tal ideia da
perfeição do círculo era de origem dos gregos, sobretudo a Aristóteles.
Copérnico não quis de imediato, tornar público as suas conclusões. Havia duas
coisas que o impediam:- Não estava absolutamente certo de ter razão. A outra
era o medo das interpretações bíblicas.
Os seus contemporâneos não ignoravam que Josué havia ordenado que o
Sol parasse. Entretanto, Copérnico não acreditava que a Bíblia fosse um tratado
de ciência. Para ele era uma revelação religiosa e, representava um belo código
de moral. Isto ele acreditava tão fortemente, assim como o Deus personificado
em Jesus Cristo. Com astúcia, considerou que a grande maioria do público
acreditava totalmente na Bíblia, ainda que duvidasse da existência de todo
conhecimento estranho a ela. Não acreditaria em nada que estivessem em
oposição às suas afirmações, pois, só eram tolerantes à medida que, se
concordasse com eles.
Copérnico com inteligência procurou não cair em desgraça. Neta época,
cair em desgraça expondo a vida era coisa das mais fáceis no mundo. Cada
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homem fazia de sua individualidade um conceito próprio. Usou a matemática,
para comprovar suas ideias, pôs de lado o manuscrito e esqueceu-o. Voltou aos
seus deveres na Igreja. . . mas, continuou pensando.
Não havia naquela alma qualquer desejo de autopromoção, desejava
conhecer somente a verdade, e muito lhe agradaria passá-la adiante quando a
encontrasse. Quando Jorge Joachim lhe falou de Astronomia, assuntos que ele
próprio estudara, Copérnico confidenciou ao jovem tudo o que havia descoberto,
e não deixou de mostrar o seu trabalho. Joachim era professor de matemática na
Universidade Luterana de Wittenberg, e um dedicado pesquisador da verdade.
Os luteranos não duvidavam da sabedoria cientificada na Bíblia. Lutero, que
muito havia lido e pensara muito, chegou a desafiar os demos em Worms. Porém
ele nada teve que ver com a ideia de Copérnico, do qual recebeu o nome de
louco, uma palavra fácil de dizer em qualquer língua, inclusive em alemão
(wahnsinnig).
Joachim procurou defender o amigo, discordou do chefe da sua Igreja, e
aceitou toda a teoria de Copérnico. Insistiu pela publicação do trabalho que
representava toda a vida de Copérnico com o nome de “Revoluções dos Corpos
Celestes”. Com a idade e a saúde precária, Copérnico cedeu. Já não era mais o
que as autoridades eclesiásticas poderiam fazer com ele, pois, a morte sobreviria
pondo um fim ao martírio, contudo, tomou seus necessários cuidados. Enviou ao
Papa Paulo III, um prefácio, de tom conciliatório e esclarecedor:- “Eu posso
facilmente entender, Sacratíssimo Pai, caso alguém compreenda que, o meu livro
eu atribuo movimentos a Terra, exclamará que eu e as minhas teorias deverão
ser rejeitados. Tenho pouco apego às minhas conclusões, que permitem que
outros possam dizer sobre as mesmas. Portanto, ao considerar isso, o desagrado
que tenho por causa da novidade e aparente absurdo do meu ponto de vista,
quase que me levou a abandonar a tarefa que havia iniciado”.
No fim desse prefácio, Copérnico faz ouvir algo mais livre e desafiador:-
Caso houver faladores comodistas, ignorantes de toda a ciência matemática e, se
ainda arrogarem o direito em dar a opinião sobre esses assuntos. E, se ousarem
atacar essa minha teoria por causa das Escrituras, que torceram a verdade para
servir a propósitos escusos. Pouco ou nada me alterará semelhante coisa; não
terei respeito com tal julgamento e, considerarei como insensato.
Foi assim o prefácio, que haveria de marcar época. Desta maneira ficou
evidente que não tenha agradado nem tenha representado um sucesso de venda.
A teoria foi escarnecida e completamente rejeitada. Depois da morte de
Copérnico foi considerada herética pela Igreja. Tycho Brahe e Francis Bacon
recusaram aceitá-la. Muitos não só rejeitaram, riram dela também. Para as
pessoas comuns parecia ser completamente idiota, sem nenhuma dúvida poderia
ser classificada como heresia.
Imagine por um só momento, o velho doutor-cura, cuidando de suas
atribuições diárias em Frauenburgo. A idade chegou para ele no cumprimento
aos serviços de Deus e dos homens. Enquanto trabalhava arduamente, meditava.
Foi nesta época em que Joachim insistiu na publicação de sua obra, o bom
velhinho vibrou de emoção.
Durante todos os anos de sua vida, pouca coisa lhe sucedeu. Viveu e
permaneceu junto ao sofrimento alheio. O médico e sacerdote via nos homens o
que eles possuem de mais triste. Durante 30 anos ele sustentou nos ombros a
carga de quase a metade da população de Frauenburgo.
21
Copérnico nunca se impôs como um grande homem. Aristóteles vivera
fazendo alto conceito de si próprio e, Roger Bacon tinha a convicção do próprio
gênio. Mas nem por minuto sonhou Copérnico que o seu nome duraria tanto
como o próprio Mundo. Seu livro estava para ser publicado, sobressaltava-se e
ficava melancólico. Sabia o que pode a intolerância fazer para com aquele que
ousa caminhar sozinho. Provavelmente sussurrou aos ouvidos de alguém íntimo,
que grandes coisas se passariam com ele, e, Deus o livre, não sabia bem o que
aconteceria quando os cardeais tomassem conhecimento do seu livro.
Estava impaciente, excitado a ponto que a febre levou-o ao leito. E como
um moribundo ficou esperando, esperando. . . e o tal livro não chegava. E a
morte que também não vinha. Era o livro de sua vida, mas a publicação era tão
lenta. Copérnico foi se enfraquecendo, mas esperançoso. A esperança definhava.
A consciência ainda não o abandonara. Eis que então. . . um exemplar do livro
lhe foi apresentado, colocaram-no em suas mãos. Os seus dedos acariciaram o
que os seus olhos não mais podiam ver. Não mais de uma hora depois,
Copérnico falecia.
Ptolomeu reinou por mais de mil anos. E esse médico-padre, jazia
silencioso para sempre, com um livro recém-saído do prelo em suas mãos
pálidas e crispadas. Destronava os dominadores, congregando em torno de sua
memória um pequeno grupo de rebelados, que tão magnificamente influíram na
história do mundo.
Francis Bacon era conhecido na ciência como o homem que sempre
errava. Não lhe faltou oportunidade e, escreveu 50 anos após a morte de
Copérnico:- As coisas estranhas que ele afirma, são processos que definem o
homem e, ele só pensa em introduzir ficções de toda espécie na Natureza, desde
que, seus cálculos lhe saiam bem.
Portanto, Francis Bacon seria um dos faladores comodistas ignorantes da
matemática. Uma observação mais verdadeira do grande Astrônomo foi feita por
E. F. C. Morton, que assim se expressou:- A figura titânica do velho monge,
melancólico parece assomar da planície sombria que o rodeia, rompendo com a
sua cabeça as névoas que a envolvem, para recolher os primeiros raios do sol
nascente.
Copérnico era simples, corajoso, paciente. Sondou o terreno à busca da
verdade, e reconheceu-a quando surgiu à luz. Não tinha a genialidade de Galileu,
nem a capacidade do Matemático Kepler. Foi muito corajoso e, esta era a virtude
mais necessária naquele momento; e foi extremamente honesto quando tudo em
torno era corrupção.
22
3.3. GIORDANO BRUNO (1548-1600), nome de batismo Filippo Bruno. O nome
de Giordano passou a ser usado ao entrar para a Ordem Dominicana, quando
completou seus 15 anos de idade. Doutorou-se em Teologia, porém, por possuir
ideias avançadas para a época, a hierarquia da Igreja acusou-o de heresia. Ele foi
levado para Roma para ser julgado pelo Santo Ofício da Inquisição, isto em
1576.
Algum tempo depois abandonou o hábito em 1579 e, deixou a Itália.
Iniciou-se o período difícil de sua vida. Ainda em 1579, em Gênova, adotou o
Calvinismo. Porém, ao ser preso em Veneza, negou ter adotado o Calvinismo.
De forma melancólica foi excomungado pelos calvinistas e expulso de Gênova.
Viajou para França, Suiça e Inglaterra. Em Londres permaneceu de 1583 a 1585,
sob a proteção do embaixador francês. Frequentou círculos de amigos do poeta
inglês Sil Philip Sidney. Retornou a Paris em 1585 e seguiu para Marburg,
Wittenberg, Praga, Helmstadt e Frankfurt, onde publicou seus escritos.
Culto, possuidor de grande sagacidade, Giordano Bruno desenvolveu
ideias muito avançadas para a época. Suas ideias eram misturas de panteismo e o
neoplatonismo. Bruno pregava uma nova visão ao homem, assim como ao
infinito Cósmos. Atacou ele com viemência a tradição e, como tinha como base
a filosofia dos clássicos antigos, principalmente Aristóteles, escrevia suas ideias
em forma de diálogo, à semelhança de Platão. Foi considerado o precursor da
filosofia moderna, com influência à Espinoza e Leibniz.
Havia um membro de uma ilustre família de Veneza, Giovanni Mocenigo
(1558–1623), que por acaso encontrou Bruno em Frankfurt em 1590. A pretexto
de lhe ensinar mnemotécnica (arte de desenvolver a memória), convidou Bruno
para ir à Veneza. Bruno como perito nesta técnica, aceitou o convite. Suspeitava-
se que Bruno estivesse na lista dos procurados pela Inquisição, embora Veneza
protegia tais forragidos e Filósofos. Sentiu-se encorajado e cruzou os Alpes.
Mocenigo usou de segundas intenções, pois queria usar as artes da
memória na área comercial, e quis obter de Bruno os ensinamentos do
ocultismo. Assim, prejudicaria os seus concorrentes e inimigos. Como Mocenigo
era católico, assustava-se com as heresias que o Filósofo expunha em seus
ensinamentos. Consultou membros da igreja, se deveria denunciar Bruno à
Inquisição. Um sacerdote recomendou-lhe esperar e reunir provas, no que
Mocenigo consentiu. Quando Bruno anunciou seu desejo de regressar a
Frankfurt, foi denunciado ao Santo Ofício. Bruno foi preso e, acusado de
heresia. Ele foi transferido em 23 de maio de 1592, de San Domenico de
Castello. No seu último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício, não
abjurou. Assim no dia 8 de fevereiro de 1600 foi condenado à morte na fogueira,
obrigado a ouvir a sentença ajoelhado.
Giordano Bruno ainda desafiou o Santo Ofício com as seguintes
palavras:- Maiori farsan cum timore sententians in me fertis quan ego accipiamu
(Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-las).
A execução foi em 17 de fevereiro de 1600. Ao contrário do que se
pensa, Bruno não foi queimado na fogueira por defender heliocentrismo de
Copérnico. Ele na verdade acreditava que o infinito era povoado por infinidades
de estrelas, como o Sol, e por outros planetas assim como a Terra e, sem dúvida
lá existiria vida inteligente. Já havia antes dele, Nicolau da Cusa, Copérnico e
Giovanni Battista della Porta, que pregaram estas mesmas ideias.
23
Suas ideias sobre relatividade anteciparam Galileu, qualquer perspectiva
de um objeto no Universo infinito, é sempre com relação ao observador. Há
infinitos referenciais imagináveis. Além destas ideias, ainda defendeu algumas
das quais depois seria a própria Teoria da Evolução de Darwin. Diziam alguns
historiadores que Bruno filiou-se ao hermetismo, tendo como base os escritos
egípcios da época de Moisés. Utilizavam ensinamentos egípcios atribuídos ao
deus Thoth, cujo correspondente grego era Hermes, conhecido dos seguidores
como Hermes Trimegistus. Bruno recebeu bem toda a teoria copérnica, porque
ela estava de acordo com a ideia egípcia de um Universo centrado no Sol.
Em 1591, em Frankfurt, Giordano Bruno escreveu dois poemas em latim,
sobre mônada:- Do triplo mínimo (De triplici minimo), e “Da mônada, do
número e da figura (De monade, numero et figura)”. Ele definiu a mônada como
o ponto na matemática e o átomo na física. Considerou como o primitivo,
indestruitivo, de Natureza tanto corporal como espiritual, e envolve por
interações todas as vidas no mundo. Para esta filosofia e crença, a mônada é
Deus, sendo o mínimo e o máximo. “Todas as coisas naturais têm almas? Todas
as coisas são animadas? Pergunta Dicson Theophilo, o porta-voz de Bruno
responde:- Sim, uma coisa por minúscula que seja, encerra em si uma parte de
substância espiritual, a qual se encontra o sujeito adequado, torna-se planta,
animal (. . .). Porque o espirito se encontra em todas as coisas, e não há mínimo
corpúsculo que não o contenha em certa medida e, que não seja por ele animado
(Causa, Princípio e Unidade, 1584).
“E o que se pode dizer de cada parcela do grande Todo, átomo, mônada,
pode-se dizer do Universo como totalidade. Seria o mundo abrigando em seu
coração a Alma do Mundo?”
“O mundo é infinito porque Deus é infinito. Não se pode acreditar num
mundo fechado e limitado. A Divindade está em nosso foro íntimo, mais
intimamente em nós, do que estamos em nós mesmos (A ceia de cinzas)”.
24
3.4. TYCHO BRAHE (1546-1601) excluiu de sua vida a medicina e a fisiologia.
Homem de temperamento, não poderia se dar bem com a medicina e fisiologia.
No entanto, foi um bom negócio que haja tratado dos astros. Tycho nasceu na
Escânia, província dinamarquesa, em 1546. Era o mais velho de dez irmãos. Seu
pai, Otto Brahe, era um homem com funções oficiais, portanto, um homem de
lei, mas, não podia instruir o filho. Coube a incumbência ao tio. Antes de Tycho
nascer, Otto e seu irmão George combinaram que o primogênito do primeiro
seria confiado ao segundo, que não tinha filhos e desejava adotar um. Quando
Tycho nasceu, Otto e a esposa se recusaram a entregá-lo. Isso motivou certo
desentendimento entre os dois irmãos. George, entretanto, deixou a questão
pendente, até que um ano depois, nasceu o segundo filho de Otto. Para quem
vivia solitário e George assim vivia, imediateamente procurou o irmão e levou
Tycho.
Os europeus da Idade Média foram insuperáveis em imaginação
supersticiosa. Os mitos e ignorância estavam ligados à religião e, tal coisa
signficava aflições, prisão e uma pilha de achas de lenha ardente, tendo um
herético amarrado no alto, com um obstáculo na boca para não falar nem gritar.
Imagina-se que nesta época era mais seguro ser supersticioso. O
desenvolvimento do cérebro da Europa ocorreu paralelo com a morte das
crenças. Foi neste ambiente de temor, que a Astronomia saiu dos séculos
tenebrosos e deu origem ao mundo moderno. Tratava-se de uma ciência
independente; cuja finalidade era menos perigosa do que dizer aos homens algo
a respeito do próprio organismo. Miguel Servetus, anatomista espanhol, foi
forçado à compreender isso. . . mas, o fez tarde demais. A Inquisição cuidou dele
e foi o suficiente.
Agora o casal com um outro filho, achou melhor não discutir com o
irmão rico e deixaram Tycho sob seus cuidados. Muito cedo, aos treze anos de
idade, Tycho entrou para a Universidade de Copenhague. Era um menino
impetuoso e desabusado, como seria de esperar de quem fora criado por um tio
rico. Não tinha interesses pelos trabalhos escolares, a vida era levada a seu bel-
prazer. Aos quatorze anos, algo despertou a sua personalidade. No dia 21 de
agosto de 1560 houve um eclipse do sol, visível em Copenhague, fenômeno que
causou profunda impressão àquele rapaz. Não foi o espetáculo que lhe excitou a
imaginação, mas, o fato de haver sido rigorosamente previsto. Tycho resolveu
então que aprenderia a Astronomia e matemática, que lhe permitissem fazer
previsões.
Estudou as obras astronômicas de Ptolomeu. O fato de, com tão pouca
idade fazer uma ideia dos céus, explica de certo modo a tenacidade com que se
apegou, aos pontos de vista de Ptolomeu. Por conseguinte, não foi capaz de
achar sentido nas teorias do “louco Copérnico”. O tio se aborrecia com essa
febre científica, pois tinha o desejo que o sobrinho se dedicasse aos assuntos
jurídicos, e se apresentasse como um elemento distinto da Universidade. Com o
objetivo de curá-lo da mania de contemplar estrelas, levou Tycho para Leipzig
em 1562. Foi com ele um tutor chamdo Vedel, quatro anos mais velho que
Tycho. O compromisso de Vedel era fazer com que Tycho abandonasse os astros
e se ligasse à retórica.
Vedel era uma pessoa conscienciosa e fez jus ao seu salário. Mas Tycho
era hábil, esperto demais para o tutor que lhe deram. Quando tinha certeza de ter
Vedel na cama, Tycho saia, passava longas horas contemplando os astros e
25
estudando matemática. Sua energia era enorme, nada parecia fatigá-lo e um par
de horas de sono era quanto lhe bastava. Logo aos dezessete anos, Tycho deu
início a um sério estudo dos planetas. Achou que as posições dos astros diferiam
muito das indicações dos livros. Isso o levou a fazer observações com o máximo
cuidado possível. E desta maneira se lançou no assunto que teria de ser a
principal tarefa de sua vida. Tycho não possuía telescópio e contava apenas com
instrumentos feitos em casa. Com o passar do tempo, aprendeu a construir
instrumentos melhores, mas nunca observou o céu através de uma lente. A
fiscalização de seu tutor Vedel terminou quando seu tio faleceu. Tycho contava
com dezenove anos. Doravante, com a fortuna que herdara, poderia fazer o que
bem lhe aprovesse.
De Leipsig foi para a Universidade de Rostock, no Norte da Alemanha, e
quase que imediatamente conquistou uma fama pouco desejável. Anunciava-se
um eclipse da Lua. Tycho usando de sua esperteza profetizou, que tal eclipse era
um prenúncio da morte de um sultão da Turquia. Não demorou, chegou a notícia
dessa morte e Tycho passou logo a ser o herói do dia, nestes casos seria um
homem capaz de prever o destino. Infelizmente para Tycho, logo depois
souberam que o sultão havia falecido antes do eclípse. A fama do jovem profeta
foi para o lixo. Tornou-se objeto de comentários e ridícularizaram-no. Tycho
facilmente se encolerizava ou magoava-se com a menor crítica. Portanto, é
perfeitamente explicável que aquela falsa profecia o tenha levado a um duelo.
Discutiu com um colega, a respeito de averiguar qual dos dois sabia mais
matemática. O encontro foi combinado para as caladas da noite, a fim de se bater
à espada. Na mais completa escuridão, cada contendor sabia onde o outro estava
apenas pelo ouvido. O duelo se travou galhardamente, sem que nos primeiros
ataques houvesse ferimentos.
De repente, Tycho meteu o nariz na trajetória da espada adversária.
Nesse momento perdeu o duelo. . . e também o nariz. Com a honra satisfeita,
Tycho foi levado ao médico. O grande dinamarquês não se mostrava satisfeito
em continuar a sua vida, privada do nariz. Mandou fabricar um nariz de prata ou
de ouro. Mas, podem estar certos de que o novo nariz não foi de cobre. Coisa tão
vulgar não ia com o aristocrático Tycho. Colou no lugar próprio o nariz artificial
e seus inimigos afirmavam que o novo nariz tinha melhor aparência que o
antigo. Se bem, que caísse algumas vezes, mas Tycho o repunha no lugar e
continuava a fazer o que estava fazendo no momento.
Tycho tinha uma personlidade marcante. Era um homem que gostava de
“mostrar”, um temperamento teatral. A sua apressada profecia em Rostock o
prova, tanto quanto o seu duelo no escuro. Esse seu traço teatral o levou a
acreditar na Astrologia e de quebra em Alquimia. Sempre gostou de causar
espanto aos outros, de fazer coisas inesperadas e o inauditas. Nesses tempos não
havia nada que se assemelhasse à Química, a não ser a Alquimia. A Alquimia
não era uma ciência, embora o aparentasse ser e seguia os processos científicos.
Tycho julgava que o ouro podia ser obtido por processos alquímicos, e tentou
obtê-lo. Brahe poderia ter continuado a viver assim, gastando a sua vida em
preparar receitas em seu laboratório, se os astros não houvessem interferido. Em
ceta noite de novembro de 1572, Tycho, ao contemplar o firmamento, ficou
atônito. Apelou ao seu criado, e êste confirmou o que ele duvidava de ter visto.
O que estavam vendo era uma estrela nova. A cada noite se percebia, que ela
crescia e aumentava de esplendor, até rivalizar com Júpiter. Em seguida
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diminuiu gradualmente até desaparecer. Esse espetáculo atraiu de novo Brahe
para a sua velha paixão. Mais do que isso: fê-lo estudar a estrela em todas as
suas variações e escrever minuciosamente tudo aquilo que havia observado. A
princípio não quis publicar os seus escritos, a publicidade pela imprensa estava
abaixo da sua dignidade de nobre. Pela mesma razão recusou lecionar na
Universidade de Copenhague, quando lhe solicitaram. Mudou o modo de pensar,
quando o rei deu a entender que veria com agrado que tais lições fossem dadas.
Tycho regressou à Dinamarca para regularizar o testamento de seu tio,
mas, não tinha intenção de se demorar. Pensava em Praga ou Basileia, estas sim,
convinham melhor à sua obra. Portanto, tratou de preparar a sua saída para
sempre da Dinamarca. Uma singular mudança se operou em Tycho, exatamente
nesta ocasião, e nenhum de seus biógrafos parece ter sido capaz de explicá-la. O
aristocrata, que fora por demais orgulhoso para dar à impressão um estudo sobre
uma estrela nova ou lecionar na Universidade, tornou-se repentinamente um
radicalista. Começou a criticar os seus amigos da alta roda. Chegou a ponto de,
gratuitamente, distribuir seus remédios pelos camponeses e fazer amigos nas
classes mais desfavorecidas. Fez mais do que amigos: enamorou-se de uma filha
de camponês. Para um homem aristocrata excêntrico, nem mesmo ele teria
suposto que tal se pudesse acontecer em sua vida. Todas as moças casamenteiras
de Copenhague o haviam “paquerado”. Para Tycho, não haviam os necessários
atrativos, somente àquela componesa os tivera. Todos os parentes e amigos
chamava-no de louco, ou quase ousavam assim chamar a um indivíduo como ele
de temperamento tão exaltado. Seus parentes discutiram com ele, mas Brahe lhes
disse que cuidassem de sua própria vida. E, lá se foi casar com a jovem
camponesa. Viveram juntos a vida toda, e felizes, pois pelo menos Brahe assim
se considerava no que se referia à sua vida conjugal.
A história não nos conta muita coisa a respeito da esposa de Tycho
Brahe, mas ela deve ter sido uma bela, sadia e equilibrada mulher, pois, ser
esposa de um Brahe não era lá muito fácil. Ele, por sua vez, era altivo, vaidoso,
egoísta e extremamente ambicioso. A esposa camponesa era do tipo que tudo
suportava. Deu-lhe muitos filhos, manteve seu lar em paz e soube passar
facilmente por cima dos infindáveis defeitos do esposo. Quando Frederico II
mandou chamar tão famoso súdito a seu palácio, o encontro dos dois motivou
grande coisas para a ciência. Tycho foi persuadido a continuar na Dinamarca.
Frederico fez grandes concessões para conservar o seu Astrólogo. Deu-lhe a ilha
de Huen para construir um observatório, e destinou quantia equivalente a
$100.000 para edifícios e aparelhamentos. Concedeu a Tycho uma pensão de
$2.000, além dos rendimentos de um domínio na Noruega.
Como se vê, Tycho Brahe conheceu dias de fartura ao conquistar a
aprovação real. As obras foram logo iniciadas e, veio a ser o maior e o mais
paerfeiçoado Observatório do mundo. A pedra fundamental foi lançada a 8 de
agôsto de 1576. O Observatório de Uraniborg (Castelo dos Céus) foi construído
muito rapidamente. Tycho Brahe trabalhou incansavelmente por mais de vinte
anos, fez suas observações e recolheu os dados que muito mais tarde foram
publicados com o título de “Tábuas Rodolofinas”.
Tycho vivia empenhado na obra que prezava como sendo a mais ideal
que poderia imaginar. Noite após noite, fez as mais pauradas observações,
anotando-as trabalhosamente. Ocupou-se em corrigir erros que figuraram
durante centenas de anos nas tabelas dos astros. Não nos devemos esquecer de
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que os instrumentos de Tycho, julgados pelos padrões modernos, eram
incrivelmente simples e toscos. Sem telescópio ele só contava com os seus dois
excelentes olhos. E apesar das deficiências, suas observações causam ainda a
admiração dos cientistas. É difícil conceber que Tycho, contemplando a precisão
de determinados astros em seus movimentos pelo céu, não tivesse pressentido a
verdade das teorias de Copérnico. Era um homem supremamente vaidoso, e a
sua vaidade o cegava a ponto de não poder admitir a pequeneza da Terra onde
ele vivia. Toda a sua vida dera um lugar predominante ao mundo, tirado sem
nenhuma dúvida de sua própria personalidade. Isso se enquadrava bem na
concepção ptolemaica. Fez da Terra o centro de tudo, mas afirmou que os
planetas giravam em torno do sol, enquanto que o Sol e todos os planetas
giravam em volta da Terra. Esse é o chamado “sistema ticoniano”, que morreu
com ele.
O grande observador Tycho Brahe não era muito forte em teoria e
cálculo. Outros homens poderiam ter feito a mesma obra, mas Tycho foi o
homem que criou a astronomia moderna, pois Kepler e Newton edificaram sobre
os seus alicerses.
Frederico II foi o protetor de Tycho. Uraniborg tornou-se o centro
científico do mundo na época. Homens de estado, Filósofos, estudantes,
chegavam à pequena ilha de Huen. Tycho tinha sempre alguns jovens
trabalhando sob a sua direção, aprendendo Astronomia com o mestre. Através do
tempo ele se tornou um radicalista e, assim se conservou. Extremamente
orgulhoso, não respeitava as altas personagens; era capaz de tratar um visitante
real ou o próprio príncipe herdeiro como trataria qualquer outro visitante, o que
não impedia que fossem sempre bem recebidos por sua esposa camponesa, que
não gostava que os visitantes fossem embora. Entre os hóspedes desse estranho
observatório, havia um anão pretensioso de nome Lep. Era considerado o
favorito de Tycho. Ninguém tinha licença de incomodá-lo. Sentava-se
normalmente à mesa em companhia do Astrônomo, e, quando o imbecil anão
começava a tartamudear, todos os demais hóspedes tinham ordem de se calar.
Tycho demonstrava acreditar ou fazia que acreditava, que o anão falava
perfeitamente e as suas palavras semi-incoerentes. Nestes momentos eram
cuidadosamente escritas para posterior análise. Toda a sua vida Brahe foi
superticoso. Mas toda a sua vida também foi um tanto ator. É possível, pois, que
usasse o anão meramente para manifestar o seu desprezo pelos “tagarelas”. Não
se sabe, mas, de quando em vez surgia alguma pérola de sabedoria nas palvras
daquela pobre criatura. Imaginem a cena, o grande Brahe sentado à cabeceira de
uma mesa bem posta, ordenando que os seus hóspedes se calassem para ouvir as
palavras desconexas de um anão idiota e cheio de empáfia.
Assim, pelo espaço de vinte anos, Tycho obsevou os astros e, governou a
sua pequena ilha pairando acima dos senhores da nobreza que vinha espiar
boquiabetos aquele ambiente. Jaime I, que viera da Escócia para governar a
Inglaterra, visitou Brahe. O rei ficou impressionado e entusiasmado. Não se sabe
sobre o Astrônomo, se por acaso tenha dado grande importancia a sua majestade,
mas pelo menos Jaime I partiu sem ser flagrantemente insultado. Entre sua
vítimas figurou com resultados desatrosos no futuro para Tycho Brahe, o
príncipe herdeiro. Ele veio a ser depois Cristiano IV. Jovem ainda, Cristiano
acompanhou a comitiva que foi visitar o indomável Astrônomo em seu trabalho.
Rodeado pelos seus bajuladores cortesões, Cristiano fazia de si, a ideia de que
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era uma criatura superior, capaz portanto, de ter a sua opinião firmada sobre
qualquer assunto. Tentou colaborar com Tycho aplicando a autoridade real em
certo problema científico abstrato. Ao fazê-lo, cessou de ser príncipe herdeiro
aos olhos do Astrônomo, para ser colocado no seu devido lugar. Assim procedeu
Tycho, mas dali em diante, o cientista de lingua solta caiu na antipatia de
Cristiano, que era incapaz de perdoar. Outro que dele sofreu e também não
esqueceu, foi o chaceler da Dinamarca, Walchendorf. Frios olhos azuis,
mandibulas quadradas, ombros largos – homem pesado, útil ao fraco Frederico.
Foi visitar Tycho, se bem que não tivesse mais interesse pelas estrelas do que
essas por ele. O causador da briga entre os homens foi um cão. Um cão que se
tornou imortal. Não porque Jaime I o tivesse dado a Brahe, mas porque figura na
estampa que possuímos do observatório de Tycho. E aquele cachorro galgo que
está deitado, com a melancolia característica da raça, aos pés de Tycho,
cuidando tanto de astronomia como Walchendorf. O cachorro pulou na frente do
chanceler, que de imediato deu-lhe os pés. Mas fê-lo com mais energia do que
estava habituado o cão e, este pagou-lhe na mesma moeda. Tycho interveio,
acusou o chanceler de ser grosseiro e comum. Aproveitou a oportunidade e
entrou em particularidades, referindo-se a vária gerações de Walchendorf,
passadas e futuras. Após Tycho concluir, o chanceler tratou de se retirar
imediatamente de Uraniborg.
Retirou-se imediatamente e, jurou que arruinaria Tycho Brahe. Frederio
II veio a falecer, e Walchendorf e Cristiano se coligaram para destruir o diretor
de Uraniborg. Esses dois homens, vivem na História só porque odiaram Brahe.
Eram na época bastante podrosos para derrotá-lo. Aos poucos, foi sendo Tycho
esbulhado de seus recursos financeiros. Fizeram-no perder as suas proriedades
na Noruega. Cortaram-lhe a pensão. E êle teve que gastar a sua fortuna particular
na manutençao de Uraniborg. Mas não o pode fazê-lo por muito tempo, tendo
que residir numa casa particular em Copenhague. Walchendorf ainda não estava
satisfeito. Criou uma comissão para examinar o valor da obra astronômica de
Tycho Brahe. Essa comissão era tal qual as comissões que todos conhecemos:
raras são aquela que apresentam um relatório contrário aos desejos de quem está
por cima. A reunião dos marionetes de Walchendorf achou que os trabalhos
realizados em Uraniborg, eram não só falhos como perigosos para a moral e a
inteligência espiritual do povo dinamarquês. Numa liguagem clara, queria dizer
que Tycho era um herege. Foi assim que o entendeu o bom povo de
Copenhague, e eles não precisavam de hereges.
Tycho além de célebre, inscrevera o seu nome entre os imortais. Não
importa: homens mais importantes do que ele já haviam sido entregues a
multidões enfurecidas. Os cidadãos de Copenhague o atacaram. Ele já era um
velho, as traições e desapontamentos dos últimos meses o haviam alquebrado,
porém, nada pôde abater o seu valoroso espírito. Imaginem esse seu último
lampejo, o seu ódio explodindo contra a adversidade, sua retidão calcando a
hipocrisia, sua coragem vencendo os covardes. Tycho atravessou a multidão de
ponta a ponta, cabeça erguida, desafiante na palavra e na atitude. Assim
conseguiu chegar em casa; mas também, o seu ódio e dignidade, todo o amor
pela Dinamarca extinguiu-se do seu coração. Ali não haveria paz; não havia um
lugar onde repousasse tranquilamente. Depois de vinte anos, ei-lo que refaz a
sua viagem. Ei-lo de volta para o sul, para encontrar em Praga um soberano e
amigo na pessoa do rei Rodolfo II.
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Em pleno mês de junho de 1599, Tycho chegou a Praga. Rodolfo II lhe
deu para residência a altura do Astrônomo, o castelo de Beanatky, e um
observatório, além duma pensão, suficiente para viver, caso tivesse sido paga.
Depois de algumas peregrinações (visitou Rostock, no Norte da Alemanha e
passou um inverno em Wittenberg, logo depois de abandonar Copenhague),
Tycho chegara ao fim de sua jornada. A sua tarefa estava concluída. Somente
dois fatos importantes lhe sucederam em Praga. Um foi a chegada de Johann
Kepler. O ponto de maior importância nesta amizade foi porque Kepler
concordou em publicar as observações do grande Astrônomo de Uraniborg.
Publicou-as com a denominação de “Tábuas Rodolfinas”. O outro fato
importante foi a sua morte. Adoeceu e, não teve ânimo para acombater a crise.
Exclamava frequentes vezes:
- Oh, se ao menos fosse verdade que eu não tenha vivido em vão!
Tycho morreu em 24 de outubro 1601, e foi enterrado e seus
instrumentos mandados guardar num museu pelo rei Rodolfo. Ma não se
destinavam a ficar aí. Quando Praga foi invadida, os instrumentos foram
roubados ou destruídos. Passados mais de trinta anos, o grande globo
astronômico de cobre, mandado construir por Tycho Brahe, foi encontrado,
reconhecido e enviado para a Academia de Ciências de Copenhague. E ali ainda
se conserva. Nada mais é que a testemunha silenciosa de que Tycho Brahe viveu
trabalhando neste mundo. Os aristocratas, que o expulsaram da Dinamarca,
tomaram conta da sua ilha de Huen. O observatório foi destruido e, hoje, apenas
há um monte de terra no lugar em que, um dia existiu Uraniborg, o “Castelo do
Céu”.
Tycho Brahe não era um meditativo. Sua imaginação poderia rivalizar
com a de Kepler ou de Newton, pois quando se afastava dos fatos, perdia-se.
Sobre cometas, assunto sobre o qual nada se sabia na época, eis o que escreve:
- “Os cometas são formados pelos pecados e misérias humanas que
sobem da terra, sob a forma de uma espécie de gás, depois de queimados pela
cólera de Deus. Os resíduos venenosos caem então de novo sobre a cabeça dos
homens, causando toda espécie de malefícios, trais como as pestes, os franceses,
as mortes repentinas e o mau tempo”.
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3.5. GALILEU GALILEI (1564-1642) nasceu na cidade de Pisa, em 15 de
fevereiro de 1564, próximo da célebre “Torre Inclinada”. Essa torre teria que
tomar grande parte na vida desse homem corajoso, que então brincava
alegremente nos braços de sua jovem mãe. Ninguém foi gritar aos ouvidos dos
estudantes da Universidade, que naquela hora estavam candidamente achando os
erros de Aristóteles, que nascera o Destruidor. Mais um recém-nascido em Pisa?
Pouco importava!
Na metade final do século XVI, a Itália se achava atada de pés e mãos às
tradições de Aristóteles. Eram consideradas infalíveis e quem delas discordasse
comprometia a própria vida. Em compensação o deus dos gênios fora generoso
para com a Itália. Dera-lhe muitos homens de expressão, por ela desdenhados ou
arruinados. Leonardo da Vinci, não permitiu que seu brilho se projetasse muito
distante. Por 200 anos, suas notações científicas e desenhos anatômicos ficaram
escondidos do grande público. Leonardo sabia muito a respeito do corpo
humano, dos músculos, veias, vávulas, cérebro, tudo que podia ser visto a olhos
nus. Seus desenhos eram obras-primas de fidelidade espantosa. O nome
Leonardo da Vinci, não faz parte da história porque sua obra científica
desapareceu com a sua morte, e tudo que produziu no campo científico foi por
outros realizados, antes que fossem ressuscitados os seus inestimáveis trabalhos.
Serveto e Vesálio, duvidaram de Aristóteles, foram ousados e pagaram
com a vida pela sua temeridade. Não, a Itália não tinha falta de homens de
expressão, mas os seus grandes homens viviam e morriam à sombra de um poder
invejoso, enquanto a Inquisição surgia constantemente para agarrá-los. Muitos
anos sombrios teriam ainda que passar antes que a Igreja despertasse convendo-
se afinal de que a Bíblia não é um tratado de ciência. Havia os moldes prontos
para ele, e neste caso, era só colocá-lo dentro. De repente, sairia acabadinho
como os demais. Mas e se aquela criança, Galileu, se recusasse a entrar no
molde? Se vier a quebrar o mode em pedaços? Neste caso, a Igreja terá que
cuidar dele, e possa Deus ter compaixão da sua pobre alma.
Não por acaso, esses arcaicos indivíduos quase puseram Galileu dentro
do molde! Fizeram dele um noviço, aproveitaram suas tendências religiosas e
sua resolução de tornar-se membro dessa mesma Igreja que, mais tarde faria
recair sobre ele a sua mão pesada. Sobreveio, porém, um incômodo de olhos, e,
não fosse isso, Galileu teria sido ordenado. Essa simples doença deu a
oportunidade para seu pai, Vincenzio Galileu, tirar o filho das mãos dos frades
de Vallombosa, nas proximidades de Florença. E nunca mais Galileu se
aproximou da Igreja, a ponto de querer fazer parte da vida religiosa. Outros
interesses logo tomaram conta dele. Tinha uma inteliegência ativa e
perscrutadora. Fascinava-o os maquinismos; e despendia grande parte de seus
dias de infância a construir brinquedos mecânicos, mesmo contra a aprovação
paterna.
Vincenzio Galilei pertencia à lista dos nobres decaídos. Os seus
antepassados haviam sido senhores em Florença, em plena república. Depois, os
negócios foram ter a outras mãos, e Vincenzio, inteligente mas pobre, teve
poucas facilidades na vida. Era um Matemático de primeira, um hábil transcritor
de músicas, além de campeão dos tocadores de alúde da Itália. Tais predicados
não facilitava converter em metal sonante, e, por isso, a infância de Galileu foi
realmente pobre. Vincenzio resolveu não permitir que Galileu se fizesse músico
ou Matemático, coisas que não se apresentavam probabilidades de lucro na
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Itália. Mas, como todo mundo usava roupa, um negociante destes artigos podia
ter a esperança de afugentar a miséria. Daí surgiu a ideia de semelhante
profissão para o filho.
Primeiro quis que aprendesse um pouco, pois umas tinturas de instrução
não prejudicariam o jovem Galileu. Mas, logo que começou a aprender, Galileu
foi uma revelação. Impregnou-se todo de latim e grego, filosofia, música e a arte
da pintura. A pintura, então, foi o seu primeiro amor e esteve por algum tempo
enamorado da ideia de vir a ser pintor. A música também não tinha dificuldades
para ele, pouco tempo foi preciso para o velho Vincezio concordar que seu filho
Galileu podia tocar alaúde em companhia dos que melhor o tocavam. Aos
poucos, Vincenzio foi percebendo que um jovem com aquele talento não podia
desperdiçar-se na simples venda de roupas. A pintura e a música foram postas à
parte. Mas, e a Medicina? Os médicos prosperavam com facilidade e, se
conseguiam um lugar nas Universidades, eram bem remunerados. Por que não,
Galileu um médico? Tudo parecia resolvido, o jovem com apenas 18 anos foi
mandado para a Universidade de Pisa, a fim de estudar medicina sob a direção
do grande Andrea Casalpino.
Galileu, seguiu atentamente as lições de Cesalpino, tomando notas de
seus ensinamentos. Seu pai ficou orgulhoso, suportando satisfeito o pesado
encargo da manutenção do filho na Universidade. As despesas, sem dúvidas
reverterão com lucro quando o filho for um médico. Ele era um jovem robusto,
que se fazia homem um tanto estouvadamente, com ideias novas a zumbirem-lhe
na cabeça. Era portanto, um jovem cujos olhos sabiam ver, inteiramente livres
da inflamação que o fizera abandonar a vida de noviço. Ao observá-lo no
interior da Catedral de Pisa, ele olha atentamente para uma lâmpada que oscila, e
com os dedos da sua mão direita comprime o pulso esquerdo. Seus lábios
imóveis. Galileu, certamente está contando. Durante anos balançaram ali
lâmpadas como aquela! Centenas e centenas de pessoas observaram-nas,
distraidamente, e seguiram o seu caminho, sem jamais imaginar que tais
lâmpadas eram impulsionadas um grande mistério. Para aquele jovem de 18
anos, os olhos fixos nas oscilações aquelas lâmpadas suspensas disseram muita
coisa. Da sua meditação seurgiram as leis do Pêndulo, e, mais tarde, deu
possibilidade da construção dos relógios. Galileu verificara a duração de uma
oscilação, usando seu próprio pulso como relógio para quantificá-las, e viu que
era constante a duração, fosse qual fosse a amplitude da oscilação.
Tudo passaria despersebido para um homem comum, mas, não para
Galileu, a lei da constância das pequenas oscilações do pêndulo lhe veio logo à
mente. Tomou por base como um instrumento para que os médicos pudessem
medir rigorosamente as pulsações. Até estes momentos, não lhe ocorrera a ideia
de construir um relógio. Mas quando surgiu o homem para tal realização, isto é,
Huygens, a lei de Galileu deu a base sólida para a invenção do relógio. E tudo
isso só foi possível porque um desinteressado se deixou ficar contemplando uma
lâmpada que oscilava.
Algum tempo depois se deu um grande acontecimento na vida de
Galileu; grande para ele e para o Mundo. Entre os amigos da família encontrava-
se um Matemático de nome Ricci, que indiretamente se imortalizou. A corte
toscana, a cujo séquito Ricci pertencia, chegou a Pisa, e Galileu foi visitá-lo.
Justamente quando o jovem entrou no palácio, Ricci dava uma aula de geometria
aos príncipes. Galileu parou junto à porta do salão, escutando, e estremeceu. O
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assunto que ouvia, e que ele ignorava, interssou-o. Ele compreendeu que
precisava aprendê-lo. Mas era um filho obediente, e o pai lhe havia
recomendado:- Nada de matemáticas, meu caro. O que fazer, no entanto, se
aquilo se lhe deparava de primordial importância? Ricci, atendendo a seu
pedido, concordou em dar-lhe umas aulas em particular. Desta forma, Galileu se
tornou um Matemático.
Foi um banzé por parte de Vincenzio, quando soube do segredo.
Matemático era a coisa mais mal paga do mundo, mesmo que o filho
conseguisse um lugar de professor. Aquele jovem, porém, que lhe competia
iniciar na vida profissional, teria de ser o que era, e nada que dissesse ou fizesse
o demoveria. Foi difícil tirar da cabeça de Vincenzio a ideia de Medicina. Mas
os progressos de Galileu em seus estudos Matemáticos conseguiram-no. O
jovem girava velozmente em volta de Euclides e Arquimedes. O velho pai,
Vincenzio, que entendia de matemática, pode aquilatar-lhe o talento. Segue o teu
prórpio destino, resmungou, sê Matemático e contente-se em ser um pobretão,
mas, que seja feliz. Não te posso libertar da triste sina, nem posso sequer
conservá-lo na escola. O pouco dinheiro de que dispunha se esgotou, e, em 1585,
Galileu deixava a Universidade sem o grau de doutor. Seus pais mudaram para
Florença e ele foi ter com eles.
Tinha apenas 21 anos e, era um turbulento vistoso, um exaltado rapagão.
Idade dos prazeres, rixas passageiras, aventuras foras de horas e, dos impetuosos
amores. O sangue quente italiano estava nele, e muito se tem que perdoar à sua
mocidade e ao seu temperamento. Galileu não empregaria suas energias em tão
fáceis passa-tempos. Ele que não concluíra curso algum, atraiu a atenção dos
entendidos com um ensaio em que descrevia uma balança hidrostática de sua
invenção. Fez a seguir, um outro trabalho sobre a determinação do centro de
gravidade dos sólidos. O velho pai balançava a cabeça, incrédulo, e admirado
quando ouvia chamarem ao filho “o Arquimedes de seu tempo”.
A reputação de Galileu angariou-lhe um lugar de lente de matemática na
sua velha Universidade de Pisa. Os vencimentos eram inferiores aos que
Vincenzio imaginava, embora Galileu, não estivesse interessado em ganhar
dinheiro. Havia mil coisas que queria realizar, e Pisa deu-lhe aportunidade de
realizar algumas, pelo menos. O jovem era arrojado, cortava caminho pelas
veredas que arrojadamente se abriam, para mais cedo chegar às suas conclusões.
Aristóteles dissera que a velocidade de um corpo que cai está na razão direta do
seu peso. Um corpo que pesa 4,5 kg , por exemplo, cairá 10 vezes mais depressa
que um outro que pesa 0,45 kg. A tal afirmação soa razoavel e não havia
ninguém que colocasse em dúvida, não a julgasse correta. Os professores de Pisa
ensinavam-na a seus discípulos, e estes solenemente a engoliam o que lhes
diziam os professores. Todos acostumaram e não colocavam em dúvidas, todos,
menos Galileu. Tal afirmação não havia para ele sentido. Dedicou-se a prová-lo,
com experiências em segredo, e chegou a conclusão que as plavras de
Aristóteles não exprimiam a verdade. Aristóteles, o estagirita, estava apenas
alguns degraus abaixo de Deus para os mestres daquela época. Foram dezessete
séculos reverenciando a sabedoria do Filósofo grego, enquanto Galeleu
represtava somente 25 anos! Quem poderia desafiar tamanha autoridade?
Contudo, a confiança que a mocidade em si deposita não reconhece o verdadeiro
preconceito sobre a idade. A torre de Pisa fornecia o local ideal para a
experiência. Permitiu que os professores ficassem vendo no lado de fora, junto à
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base da torre. Fez com que todos examinassem os seus pesos, um de 45 kg e
outro de 0,45 kg . Anunciou-lhes toda a experiência, o que deveria suceder
quando os dois pesos fossem deixados cair ao mesmo tempo do alto da torre.
Com os pesos às mãos, foi subindo as escadarias da torre. Os comentários logo
surgiram entre os figurões que ficaram embaixo. Esse rapaz é completamente
louco, mas deixem que o faça. Será uma grande lição. É muita ousadia, esse
pobre e pretensioso, discordar de Aritstóteles!
Galileu posicionou-se no alto da torre. A inclinação contribuia com a
queda dos pesos, além de proporcionar uma visão clara do acontecimento. Ele
solicitou que deixassem um espaço vazio embaixo. De repente disse:- Lá vão
eles!
Os dois pesos desceram paralelos um ao outro, tanto assim que tocaram o
solo ao mesmo tempo. Marcou o baque simutâneo desses dois corpos. Estava
destruido o reinado de Aristóteles? Os homens da cátedra não quizeram
acreditar, não a veem, ou não a ouvem, ou ainda não a sentem. Os homens de
cátedra que assistiram à experiência não acreditaram. Admitiram sim! Alguma
coisa andou errado no céu, ou quem sabe no inferno, ou mesmo na terra, mas
nunca que Aristóteles houvesse cometido tamanho erro. Tiveram fortes suspeitas
de que Galileu conjurou o demo a entrar no peso maior para impedir a
velocidade de sua queda. Não aceitaram o fato como prova, que ele o tivesse
feito. Galileu tinha a lingua afiada e sarcástica, e não deixou de esfolar os
acadêmicos. O fato não contribuiu para torná-lo mais estimado.
Galileu jamais suportou a estupidez humana. Acredita-se ser um defeito
natural nos jovens de talento. Não somente talento, ele ainda tinha o hábito de
falar a verdade, não dando nenhuma importância à autoridade. Era um traço de
sua individualidade, e causar-lhe-ia o seu primeiro grande transtorno na vida.
Giovanni de Medici, grão-duque de Toscana, filho bastardo de Cosmo I,
considerava-se um gênio em Mecânica. Com objetivo de prová-lo projetou e
construiu uma grande e dispendiosa maquina para ser empregada no
assoreamento e limpeza do porto de Liorna. Galileu foi consultado a respeito.
Examinou-a, e declarou a não aprovação, dizendo que, caso fosse testada, não
daria bom resultado. Giovanni se enfureceu com issso. Sua cólera não haveria de
esfriar quando a máquina, de fato, se negou a funcionar. Giovanni se queixou ao
pai Cosmo, que Galileu não passava de uma disfarçada serpente. Cosmo deu
confiança ao filho e passou a desprestigiar Galileu, com grande orgulho dos
professores que passaram a atacá-lo diante de qualquer propósito. Os estudantes,
seus caudatários, por sua vez, riram-se dele, e chegaram ao ponto mesmo de
vaiá-lo dentro da sala de aula. Galileu não se conformou, pois se considerava
mais inteligente do que o comum dos moços de seu tempo. Num ato de ódio e
orgulho ferido, retirou-se da Universidade, regressando a Florença.
O apaixonado cultor da Ciência novamente entre os seus, chegou ainda a
tempo de assistir à morte de seu velho pai, Vicenzio. Cessaram os concertos de
alaúde, os cuidados para que seu filho não viesse a ser um Matemático, as lutas
para conseguir alguns florins. Chegara o fim para quem tanto se atormentou para
arranjar uma profissão ao filho. Três irmãs e um irmão, todos mais moços do
que ele, e totalmente sem dinheiro e posição. Essa a situação sombria que
Galileu tinha que enfrentar. Mas não deixou-se abater com à presença da
adversidade, pois contava com um amigo, rico, poderoso e capaz de apreciar um
cientista. O marquês Guidubaldo del Monte de Pesaro antes da comprometedora
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experiência de Pisa conhecera Galileu e sua obra. Viu nele um jovem merecedor
de auxílio, Galileu apelou para Guidubaldo, que usou de sua influência para
conseguir uma colocação em Pádua para o seu amigo. Galileu prazerosamente
aceitou-a e assinou contrato de seis anos como lente da Universidade. Os
vencimentos em torno de $200 anuais, o que representava justamente o triplo do
que recebia em Pisa. Mas os vencimentos não eram tudo em Pádua.
As mais influentes personalidades da Itália haviam passado por suas
aulas, na Universidade de Padua. Era, portanto, grande o número de estudantes
que alí frequentavam. Galileu percebeu a sua oportunidade e fez o melhor que
pode. Imprimiu toda a dinâmica de sua personalidade nas aulas que lecionava,
conquistando a popularidade. Ansiosamente os alunos o procuravam para aulas
extraordinárias, com isso, aumentavam consideravelmente as suas rendas. Deu
aulas, sobre a geometria da esfera, alavancas, roldanas, parafuso e até sobre
fortificações. Foi durante a preparação destas aulas que, pela primeira vez,
desenvolveu o princípio: o que se ganha em força, perde-se em velocidade. É
essa uma noção básica em Mecânica, e todos os que sobem numa montanha por
meio de cremalheira fazem uso dela.
Um insidente em Pádua, ficou como ar de certo mistério. Estava ele em
companhia de dois outros rapazes e, dirigiram-se a uma gruta nas imediações de
Pádua. Resolveram por motivos desconhecidos passar a noite na gruta.
Permaneceram para dormir na entrada da gruta, por onde passava uma corrente
de ar frio e posssivelmente envenenado. Após dois dias de semelhante aventura,
sentiram-se mal. Neste insidente, veio a falecer os dois amigos de Galileu, e ele
próprio nunca mais se sentiu com boa saúde. Pádua não está tão distante de
Veneza, e Veneza é uma cidade de romances, com gôndolas e luares. Galileu
também desfrutaria dessas facilidades. Teria ele encontrado a mulher misteriosa
que se tornou sua amante? A que sociedade pertencia ela? Seria alegre ou triste,
extrovertida ou introvertida? Como ela conseguiu os dotes intelectuais, que lhe
tornou possível conservar cativo por tantos anos o mais sábio dos homens
daquele tempo? Seria uma paixão avassaladora, que fez aliar-se ilegitimamente
àquele professor e cientista? Uma verdadeira dama, escreveu alguém. E devia
ser sim! Outro gênero de mulher não seria capaz de atrair Galileu, pois ele se
manteve reservado como um túmulo. Nada de elogios nem queixas.
Aproximadamente em 1600, montou uma casa para ela, que lhe deu três
crianças, duas filhas e um filho. O filho nunca deu que falar. As filhas foram ser
freiras. Havia muito poucas oportunidades para elas, por ser vilhas de uma união
irregular. Celeste, uma das filhas, ouviremos falar depois. Havia nela alguma
coisa do gênio do pai, temperado pelo rigoroso regime a que foi submetida. O
que se pode apurar, Galileu não desposou a mãe de seus filhos. Ao deixar Pádua,
àquela Senhora ficou na cidade, e, dois anos se passaram, ela encontrou um
homem que a aceitou como esposa.
Galileu pelo que se sabe, nada objetou a isso. Ao contrário, auxiliou-a
financeiramente possibilitando-lhe o casamento. Seria interessante, saber como
viveu ela o resto de sua vida em companhia do novo companheiro. Havia
acalmado Galileu de suas agitações, cuidado dele em suas enfermidades,
reanimando-o, participando de alguns triunfos e contrariando-se com seus
problemas. Aquela figura notável havia de fato sido o seu companheiro. Agora
estava casada com uma criatura calma, contente com o que tinha, não trazendo
problemas de Natureza incompreendida, nem mesmo agitando-se com ideias
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ilusórias e sonhos demasiadamente sutis. Nesta troca ela ganhara, pelo menos
repouso e segurança.
Em 1599, Galileu foi nomeado professor de matemática da Universidade
de Pádua por mais seis anos. Os vencimentos correspondiam então mais ou
menos a $350 anuais. Fora uma bela promoção que o colocava entre os
Matemáticos mais bem pagos do país. Os seus alunos particulares aumentavam-
lhe apreciavelmente a renda. Além de uma oficina onde construía os seus
inventos, agora muito procurados. A balança hidrostática, o seu setor usado em
desenho geométrico, e o mecanismo pendular para contar pulsações eram os
objetos que se fabricavam na sua pequena oficina. Tudo contribuia para a
melhora de sua situação financeira. Mesmo assim, precisava de auxílio, pois ele
e o irmão haviam sido fiadores do dote da irmã. O seu irmão fugiu para não
pagar a sua parte da dívida. Contudo, não se pode dizer que Galileu tenha
passado necessidade depois que conseguiu o seu lugar em Pádua.
Logo após a renovação de seu contrato, a tragédia passara por ele,
roçando. Foi mais um acontecimento sobre o qual Galileu, provavelmente por
prudência, preferiu não falar. Por temperamento, não havia silêncio capaz de
envolvê-lo, causou a impressão que seu espírito havia de se manifestar
amplamente em toda a sua conduta posterior. Giordano Bruno tinha um espírito
tão irrequieto como o próprio Galileu. Passou ele muitos anos na França e
finalmente dois anos na Inglaterra, onde aprendeu e ensinou muita ciência.
Aceitou a teoria de Copérnico e defendia outras ideias não bem vistas em Roma.
Afinal, cançado do exílio, pretendeu voltar à pátria. Um amigo convidara-o para
Veneza, assegurando-lhe que ele ali estaria em segurança, esquecido pelos
dominicanos e ignorado de Roma. Mais tarde, porém, provou-se ser inteiramente
falsa a afirmação. Os dominicanos sempre estiveram à espreita, e Roma pávida.
Galileu omitiu tudo o que era essencial nos ensinamentos científicos de
Bruno. Os fatos com a prisão, todo o processo e a morte de Bruno eram
familiares. A última recusa de Bruno em retratar-se, e seu apego à verdade que
estava de acordo com o seu ponto de vista, devem ter conquistado para sempre a
admiração de Galileu, nas mesmas proporções em que o castigo, com a sua
atrocidade, implantou-lhe um profundo terror.
Em 1609 uma “estrela nova” foi quem o revelou. Galileu dera três aulas
sobre o astro. O público se achava interessado pela estrela e também por Galileu,
desde a primeira lição. A sala ficara literalmente repleta. A segunda lição teve
que ser dada num salão com capacidade para mais de mil pessoas. Mesmo assim,
foi tão exíguo o espaço que a terceira lição teve que ser dada ao ar livre. Galileu
foi severo demais para com o seu auditório, disse que considerava aqueles que o
ouvia pueris em demontrar tão vivo interesse por uma simples novidade, quando
se faziam surdos a quem pretendesse discorrer-lhes sobre as maravilhas das
estrelas e outras verdades de real importância na Natureza. A assistência tomou
isso num sentido favorável, e todos atentamente ouviram o que Galileu tinha
para dizer a respeito da “estrela nova”.
Falou com abundância de plavras e, suscitou controvérsias. Aristóteles, o
benigno e infalível grego, ensinara que os céus eram imutáveis e perfeitos.
Exclamou Galileu:- Isso não passa de um amontoado de absurdos! Ele
empregou na afirmação uma expressão popular local. “Estamos estudando uma
estrela, tal e qual como as outras: ora, essa estrela há pouco não se via, mas
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passou a ser vista agora, e tem todas as probabilidades de deixar de ser vista
daqui a tempos. Então, pode-se chamar a isso de imutabilidade? Que absurdo!
Na Natureza nada é permanente. Já é tempo de não declamar frases
latinas, de esquecer Aristóteles e prestar atenção às maravilhas e belezas que nos
rodeiam. Quem não faz a ideia de como os homens das cátedras apreciaram
essas palavras? Contestaram com veemência a Galileu. Ficaram furiosos porque
a estrela havia aparecido. Contra isso nada poderiam fazer. Contudo, preferiram
tê-la igonorado e havia a certeza de que a grande maioria das pessoas nem
ouviria falar do assunto. Aqueles palavreados em público era o que mais
fortemente não podiam tolerar em Galileu. Tudo bem! Respondeu Galileu, se os
senhores estão para suprimir parte da verdade, eu estou aqui para dizê-la
completa. Ouçam o resto e vejam se vão gostar. Passou a ensinar a teoria de
Copérnico, estava certo da sua veracidade. Ao ouvirem estes ensinamentos,
houve um sentimento de ódio nos corações professorais. O quê é isto? Destronar
a Terra? Arrancá-la da sua posição no centro do Universo? Fazer dela uma mera
partícula, um grão de poeira flutuando emvolta do Sol? Que profanação!
Galileu sustentava as teorias de Copérnico apelando às provas, e ensinava
em italiano; por isso, a tempestade serenou. Tudo poderia ter sido esquecido se
um fato importante não acontecesse logo depois. Em Middleburg, na Holanda,
vivia um ótico chamado Hans Lippershey. Ele tinha uma mentalidade curiosa!
Divertir-se com as lentes ao empregá-las na fabricação de lunetas para os velhos
e míopes, como também faziam os seus colegas. Manipulando-as e virando-as de
todos os lados, descobriu por acaso, que se podiam combinar duas lentes de
forma tal que, quando alguém olhasse através das mesmas, via os objetos
distantes como se estivessem muito perto. Isso passou para ele como um
divertimento. E, na verdade, Lippershey considerava a sua descoberta como um
simples brinquedo engenhoso. Isto aconteceu em 1608.
Só no mês de junho do ano seguinte, os boatos dessa descoberta
chegaram aos ouvidos de Galileu. Agora, observe a diferença entre Hans, o ótico
de Middleburg, e Galileu, o cientista e Matemático. Hans já havia conseguido o
telescópio e, através deste instrumento, poderiam ter desvendado as maravilhas
do céu! A forma de conduta diferenciada, mostra que para Hans não passava
realmente de um brinquedo. Ora, um holandes colocou duas lentes juntas e os
objetos olhados através das duas lentes parecem ficar muito perto, isso era tudo,
o que haviam informado a Galileu. Ninguém sabia nada a respeito de lentes
naquele tempo, senão que melhoravam as vistas más. A pergunta principal:-
Como se podia fazer uma lente para utilizar num telescópio? A que distância se
deveriam encaixá-las? O tipo de tubo em que deveriam utilizá-las para conseguir
tal intento? Nada disso fora ainda descoberto, ninguém até aqueles dias pensara
no assunto.
Diante de tanta dificuldade com materiais, quem poderia construir um
telescópio? Mesmo agora em 2013, com tudo que temos em conhecimento sobre
os telescópios, mesmo com o uso que são feitos de binóculos, alguém pode ter
uma ideia, de como proceder para construir com vossas próprias mãos um
telescópio? Imaginem as condições daquela época, um homem se senta à noite
diante de uma mesa, e, na manhã seguinte, tem uma luneta de alcance à sua
disposição! Pois foi justamente o que aconteceu com Galileu. Uma longa noite
concentrado, de sondagens para conhecer os fundamentos da questão. Galileu se
sentiu capaz, e na manhã seguinte construiu o primeiro telescóio. Tomou de um
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pedaço de tubo metálico; em uma de suas extremidades fez entrar uma lente
convexa, na outra extremidade uma côncava. – e aí está tudo o de que precisou
para ter em mãos uma luneta capaz de aumentar três vezes os objetos obsevados.
Era um telescópio bastante simples, mas, um bocado melhor do que tudo
quanto Lippershey havia feito. Hans parara no brinquedo, entretanto, Galileu
não parou. O sentido instintivo parece ter-lhe indicado que estava no encalço de
algo muito grande, pôs-se a construir uma luneta imediatamente. Essa agora
com aumento de 8 diâmetros. Através dela era possível ver no mar uma
embarcação, duas horas antes de poderem ser avistadas a olhos despreparados.
Galileu mostrou-se impetuoso como um adolecente, foi a Veneza para
mostrá-lo ao Conselho e, evidentemente, regozijar-se com as expressões de
espanto por parte dos Conselheiros. Um homem milagroso! Davam a entender
que, se Galileu lhes fizesse entrega do instrumento nada lhe recusariam em
troca. O genio, Galileu, aceitou. Um gesto bem inspirado de usa parte, o
Conselho votou a duplicação de seus vencimentos em Pádua e, declarou-o
vitalício o seu posto de professor.
Galileu pôs-se a construir mais telescópios, fazendo cada vez melhores e
mais potentes, até que conseguiu um, capaz de aumentar 32 vezes. Já
apresentava um grande salto em relação ao primeiro que havia construido,
aquele de 3 diâmetros, que, no entanto, já sobrepujava o que Lippershey
conseguira fazer. Não se admira, que a maioria das pessoas pense que foi Galileu
o inventor do telescópio. Certamente, ele apanhou um brinquedo e converteu-o
num instrumento poderoso em auxilio à Ciência. Quando Galileu mirou a lua
pela primeira vez, acabaram-se os velhos contos de fadas, que passaram,
buxuleantes. A superfície da Lua perfeitamente polida, mostrava-se agora que
era rugosa, com cicatrizes e eriçada de ásperas montanhas. Jamais alguém
poderia sonhar com tal transfiguração. Ela parecia uma velha encarquilhada,
contra a previsão dos homens mais instruídos da época? Os professores de Pádua
deviam ter-se contorcidos de raiva naquela noite. A superfície da Lua não ser
lisa, ao contrário, esfolada e enrugada como a Terra! A conclusão que logo se
impunha era que a Terra devia brilhar no céu da Lua, exatamente como esta, e a
imagem da Lua velha nos braços da Lua nova, que todos distinguiam nos
crescentes lunares. De agora em diante atribuia-lhe o fato de o brilho da Terra
não alcançava a parte não iluminada da Lua. Com certeza, Aristóteles ter-se-ia
revirado na sepultura quando tal constatação foi feita.
O interessante é que houve mais ainda. A Via Láctea, fulgindo de ponta a
ponta nos céus, Galileu dizia que era formada de infinitas estrelas separadas. E
aquela estrela, que se via piscando nas alturas, na realidade eram duas e não uma
estrela. Em todo o firmamento, estrelas esparsas, distantes demais para serem
vistas sem o auxílio da luneta de Galileu. Coisa igual no mundo jamais se vira. A
bela fantasia de Aristóteles, de uma perfeita abóbada celeste, fora assim
destruída de um golpe por um pobre e mal construído telescópio. Contudo, os
sabichões da época, que professavam em Pádua, acreditaram logo em tudo isso?
Podiam olhar pela luneta de Galileu, observar com seus próprios olhos, mas não
se deram por satisfeitos. Haveria algum truque! De qualquer modo, se o que
Galileu via era diferente do que Aristóteles ensinava, Galeleu era o maior
mentiroso de seu tempo, tudo aquilo não passava de mistificação.
Assim continuaram a rosnar, aquelas velhas criaturas para quem a
originalidade e a experiência eram sacrilégios. Enquanto isso, a luneta de Galileu
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era dirigida para os céus. Ele prosseguia na sua marcha de astro em astro,
colhendo novas coisas, aumentando o sorriso de escárnio dos truculentos, agora
convertidos em intoleráveis azedumes. Neste sentido, Galileu chegou ao ápice, à
mais sensacional de todas aquelas descobertas. Após se acostumar com o uso do
novo instrumento, sentia-se inteiramente afeito. Não se deixava mais enganar
pelas observações superficiais e aprendera a ler com segurança tudo que as suas
lentes lhe mostravam. Em 8 de janeiro de 1610, focou com a sua luneta o Planeta
Júpiter, não acreditou nos seus olhos, pois na noite anterior, havia observado
pela primeira vez três pequenos astros perto de Júpiter, dois à esquerda e um à
direita. Nesta noite, porém, estavam todos eles à direita. Estaria a luneta
pregando-lhe peças? A noite logo a seguir foi nublada e Galileu esperou. 10 de
janeiro, noite clara, Júpiter plainava nas alturas, agora eram dois astros apenas, e
ambos do lado esquerdo de Júpiter. Na noite seguinte, os dois se conservaram no
mesmo lado, porém um deles estava agora muito maior que o outro. E na noite
posterior, eram quatro desses astros que apareciam, três à direita e um grande à
esquerda! Galileu reconheceu que não havia enlouquecido e que a sua luneta não
fracassara. Deu-se afinal com a explicação do grande mistério:- Júpiter tinha
quatro luas.
Kepler ao ouviu falar da descoberta, acreditrou imediantamente, pois
Kepler não era laguém que se pudesse enganar. “Estou tão longe de pôr em
dúvida”, escreveu ele a Galileu, “estou à espera de uma luneta para me antecipar
as vossas descobertas, se é possível assim dizer, e descobrir os 2 satélites de
Marte, 6 ou 8 em vota de Saturno, e 1 em vota de Vênus e de Mercúrio”.
Entretanto, o Astrônomo florentino, Francesco Sizzi, um extemado membro da
Igreja, não se entusiasmou como Kepler. Desenvolveu esta obra-prima de
raciocínio: “os satélites são invisíveis a olho desarmado, portanto não têm
influência sobre a Terra e não têm utilidade alguma; não existem, por
conseguinte”.
Galileu sorriu dessse raciocínio invejoso. Escreveu a Kepler:- Oh, meu
caro Kepler, como eu desejava ter junto de mim alguém que pudesse
abertamente rir comigo! Aqui em Pádua, o principal professor de Filosofia
negou-se em absoluto a olhar através da minha luneta. Se pudesse ouvir o
professor de filosofia de Pisa insistindo com os seus argumentos lógicos junto ao
grão-duque, como se estivesse tentando, à cusa de sortilégios, atrair os novos
Planetas para fora do céu!
Os satélites de Júpiter, elevaram Galileu a uma posição de grande
destaque, mas acabaram por desgraçá-lo. Veneza oferecia relativa segurança, a
despeito do trágico fim de Giodano Bruno. Por que Galileu resolveu regressar a
Florença? Lá não havia nem liberdade e muito menos justiça? Ele tinha
inimigos, dentro e fora da Igreja. Bruno havia sido preso diante dos olhos atentos
da pupulação. Acontece que, Florença e Pisa eram a sua terra e também a terra
dos seus, por isso resolveu voltar. Sentia-se bastante capaz para enfrentar os seus
adversários. Quem ousaria a pôr as mãos no podeoroso Galileu? Principalmente
porque ele tinha as costas quentes com a proteção dos duques. Além disso,
estava garantido pela sua honesta aceitação da Igreja. Havia passados a época
em que a Igreja podia ordenar, que um rei andasse descalço pela neve, enquanto
aguardava a decisão do Papa. Ir para Florença, era o que sempre Galileu quisera
fazer, mas só agora podia realizar. Tinha um compromisso com a Universidade
39
Pádua. Mas era apenas um acordo verbal, e Galileu, aceitou uma generosa oferta
de Cosmo II, deixou prontamente Pádua para nunca mais voltar.
Copérnico não podia estar doido. Cem anos antes de Galileu apontar a
sua luneta na direção dos astros, o padre alemão havia previsto que, se a vista
humana fosse aguçada, veria que Vênus e Mercúrio apresentam fases como a
Lua. A luneta de Galileu provou-lhe que Copénico tinha toda razão quanto a
Vênus. Esse fato atingiu aqueles que ainda ensinavam as doutrinas de Ptolomeu.
Ficaram sem mais nenhum apoio, e só através da teimosia podiam agora voltar a
Ptolomeu. Ainda não se chegara ao fim, vamos olhar para o Sol, disse Galileu.
Tudo nos céus, até agora é diferente do que se esperava. Quem sabe se o Sol é
diferente também? Observou atentamente, e na face do Sol distinguiu. . .
manchas! Jamais alguém imaginou coisa tão extravagante! Impossível, mas as
manchas lá estavam. Elas andavam, moviam-se. Não! Não eram elas que se
moviam, era o próprio Sol que girava sobre seu eixo.
Galileu não perdeu tempo com lamentos sobre Aristóteles, o deus
deposto. Assestou para Saturno com sua lente. Viu um Planeta triplice, escreveu
a Kepler. Seria assim mesmo? Jamais chegaria a uma conclusão a tal respeito.
Quando voltava a observá-lo novamente, dois dos componentes de Saturno
haviam desaparecidos. Realmente uma surpresa. Novamente suspeitou de sua
luneta. Lembrou-se da velha lenda grega, Saturno teria devorado seus filhos?
Nesse caso, um certo dia haveria de vomitá-los. Eles hão de reaparecer, disse o
mestre Galileu. E reapareceram. As lentes de Galileu eram muito fracas para lhe
contar a verdade sobre os anéis de Saturno, embora, compreendesse que algo
havia visto e, acerditou no que vira. Consequentemente, os inimigos se
multiplicaram em cada revelação. Os devotos extremados da Igreja levantavam
as mãos horrorizados. São ciraturas não se conformavam com a possiibilidade de
afastar da religião e de seu Deus. Reuniram-se e planejaram fazer calar Galileu.
O homem a quem atacavam vivia em plena fama, era um católico devotado.
Porém, a fúria das investidas cada vez eram mais fortes, ocorreu a Galileu que
seria uma boa ideia ir a Roma, esclarecer a situação diretamente com o Papa,
garantir a sua segurança.
Galileu foi bem recebido em Roma, enaltecido, homenageado pela Igreja
e pelo Estado. Mas, de repente se intrometeu um pequenino mas, o livro de
Copérnico fora banido e Galileu dava a sua palavra de honra que não mais
ensinaria a imbecil doutrina, obviamente contrária à Biblia, por afirmar que a
Terra girava em volta do Sol. Galileu concordara, julgando que a coisa não
passava, quanto lhe era dado entender, tudo era mera formalidade. Deixava,
porém, uma arma nas mãos de seus inimigos. Melhor teria sido respirar o seu
contato e ter continuado em Pádua. Aquela primeira visita a Roma,
acompanhada de honras, com o papa levantado o dedo em séria advertência,
aconteceu em 1615. O livro de Copérnico fora banido. Galileu silenciado. Por
nada menos de 200 anos, a Igreja manteve aquele banimento. Só em 1885, e
mesmo assim em absoluto silêncio, é que foram levantados os entraves em
relação a Copérnico. Nove anos se passaram, Galileu esteve ocupado durante
todo o tempo, mas seus inimigos também. . . vigilantes na espionagem da
heresia. Julgavam-se ser Deus.
Galileu vivera com tranquilidade; enquanto os seus fiscais, carajosos só
de boca, rosnavam à distância do contemplador do céu. Passara todos aqueles
dias como quem estava predestinado a destruição. As doenças acompanhadas de
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intensas dores reumáticas, adquiridas na noite que passara na entrada da gruta, o
aflingiam. Quando estava bem, entretinha-se com atividade pequenas:
consertava o relógio que se recusara a funcionar; mandava presentes à irmã
superior sob cuja direção estavam suas duas filhas; estudava hidrostática e
percorria o céu com a sua luneta. Ele vivia tranquilamente. Três anos de lutas e
vitórias já haviam passado, a glória nada mais lhe daria, e a luta contra a pobreza
ficou esquecida. Mas, e a verdade? E, se ele ousasse ignorar a advertência papal?
Somente o tempo corrigira as coisas. Quem o havia advertido tinha morrido.
Urbano VIII era agora quem estava no poder da igreja, era, portanto, o mesmo
cardeal Barberini (homem de consideráveis brilhantismos), amigo de Galileu.
Urbano dentro da razão deixaria expor os seus pensamentos. Assim imaginou
Galileu.
O grande sábio daria a conhecer o seu modo de pensar a todos os
interessados. Mas, para sua maior segurança, procedeu indiretamente. Escreveu
e publicou os Diálogos sobre os sistemas de Ptolomeu e Copérnico. O seu plano,
era que, nenhuma opinião própria dele apareceria na obra, portanto, nenhuma
conclusão se chegava quanto aos méritos relativos aos dois sistemas. Ainda
como medida complementar de segurança, juntou um prefácio, em que declarava
que o sistema de Copérnico é apresentado simplesmente como hipótese e não,
absolutamente, para ser considerado a sério. Cercado de cautelas e protegido por
um Papa amigo, o livro e o autor poderiam passar sem maiores consequências.
Não perderia os sombrios olhos de lince a tão bela oportunidade. Contudo, a
advertência publicada em 1616 ainda vigorava. E, sem que fosse considerada por
Galileu, houvera uma violação direta da ordem da Igreja. Além disso, ou seja,
pior do que isso, os inimigos de Galileu declararam que Simplício, que no livro
defendia Aristóteles e a quem Galileu constantemente ridicularizava, era a
imagem viva do Papa Urbano VIII. Bastaria um olhar à publicação do seu
desobediente filho para ver que este o pusera em ridículo. Sem dúvidas, Urbano
lançou o olhar, e a sua vaidade humilhada levantou a suspeita que foi
avolumado até certeza. Galileu foi intimado a ir a Roma. Decorrido nove anos da
confecção e publicação da obra impugnada, Galileu com 70 anos e doente.
Aquela intimação era terrível! Outros já a haviam recebido; foram para a cidade
Eterna e nuna mais de lá voltaram. Como acompanhantes, quando Galileu se
dirigia para Roma, caminhavam as sombras de Savonarola, João Huss e
Giordano Bruno.
Desta vez, nem festas, nem honrarias, apenas frias ordens para se
conservar em casa. Isolar-se e aguardar o chamado da Inquisição. Pelas mãos
desse sinistro tribunal, Galileu ficou preso em seus aposentos, examinado e
reexaminado, e por fim inquirido por homens comissionados para votar contra
ele, pelas formas expostas de suas próprias palavras. Não havia a menor dúvida
sobre a culpa. A ofensa soara dos púlpitos aos ouvidos de todos os humildes
cristãos. A Inquisição não tinha que fundamentar à acusação. Não foi para isso
que o atormentaram com perguntas; não foi para issso que o levaram à sala de
torturas para que pudesse ver com os próprios olhos os cruéis instrumentos
destinados a purificar da alma dos hereges. As usuais medidas eram somente
para forçá-lo a se retratar, a abjurar da sua diabólica heresia. Os seus amigos que
obtiveram licença para vê-lo, imploraram-lhe chorando, que se retratasse. De
Arcetri, a sua filha, irmã Maria Celeste, escreveu-lhe piedosas cartas. Salva-te,
Galileu, retrata-te; retrata-te! Mas, Galileu não se retratava. Imagine-se Galileu
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exclamando:- Não sou eu um Cristão? Não sou um digno filho da Igreja? Não
me ajoelho na pooeira do chão para adorar Deus, Pai todo Poderoso, e Jesus
Cristo? Agora. . . retratação? Retratação de quê? Como esconder a verdade e,
assim procedendo lançar a mentira em face da Igreja? Ainda perder a minha
alma com blasfêmia? Meus amigos, eu disse a verdade, posso agora negar a
minha fé e chamar a Deus de mentiroso?
O interrogatório rigoroso feito de acordo com as normas minuciosas da
Inquisição, compõem cinco fases. Primeira: a ameaça de tortura feita na sala do
julgamento. Segunda: o herege infrator era levado até a porta da sala de tortura,
onde lhe era renovada a ameaça. Terceira: o herege era introduzido na sala,
sendo-lhe apresentados os instrumentos de torturas. Quarta: a vítima era
despida, amarrada em cima da mesa de tortura. Quinta: a aplicação da tortura.
No final de cada fase, dava-se ao acusado a oportunidade de se retratar. Em
fevereiro Galileu chegou a Roma, e foi interrogado por várias vezes, gastando-se
semanas com os interrogatórios. Galileu resistiu com firmesa ao interrogatório.
À primeira sucedeu o verão, e foi até ao dia 21 de junho. Para ele, estava
sombrio e havia na aragem um sopro morte. Neste mesmo dia, levaram-no à
presença da Inquisição para o interrogatório rigoroso. Visitou novamente a sala
dos horrores, deixando seus amigos, que lhe imploravam. As portas se abriram e
fecharam, mas, aos ouvidos dos que ansiosos esperavam do lado de fora não
chegou uma única palavra de como corriam as coisas para o mestre. Foi o dia
mais longo do ano. Outra noite e mais um terrível dia, prolongado-se por outra
noite trágica. Galileu somente foi restituído a seus amigos em 24 junho.
Cinco fases. Um interrogatório rigoroso. Quantas vezes ele passou por
estes interrogatórios os arquivos nada dizem. A certo ponto do processo abateu-
se-lhe o ânimo e, teria exclamado:- Basta! Eu abjuro. Maldigo a minha heresia.
Que mais querem os senhores que eu faça? Assine, disseram os dez cardeais.
E, sem pestanejar, Galileu assinou. Quando, se ergueu de sua posição
ajoelhada, sacudido pelo horror, tinha tudo a ver com ele, a verdade sobre a
Terra e seus movimentos! Não passava de um velho apavorado e doente, que
ansiava por sentir os braços acolhedores de sua filha e, ouvir a voz dos seus
amigos. Após o interrogatório, Galileu continuou prisioneiro. Não estava mais
trancado numa das masmorras da Inquisição, mas privavam-lhe à liberdade. Por
algum tempo o consevaram num subúrbio de Roma, sendo em seguida removido
para Siena e colocado sob a responsabilidade do arcebispo Piccolomini. Ali,
segregado, permaneceu por um período de seis meses. Somente em dezembro do
ano seguinte, a Igreja, por sua benignidade permitiu a Galileu, voltar a residir na
sua antiga propriedade em Arcetri perto de Florença. Mesmo assim, não
deixaram de avisá-lo que devia conservar-se sempre em Arcetri, sem jamais ir a
Florença. Tinha autorização para receber visitas de amigos, no máximo dois de
cada vez.
Em Siena, Galileu sentira grande falta dos carinhos da filha; mas em sua
residência em Arcetri pode ter ao seu lado a filha Maria Celeste, que se
incumbiu da missão de encorajá-lo para a vida. Tomara conta das propriedades
durante a sua longa ausência. Sofreu com os tormentos que a inquisição infligira
a sua saúde, principalmente pelos três dias de interrogatório final. Suas cartas
haviam sido os únicos pontos luminosos que Galileu teve na escuridão daqueles
dias. Entretanto, em Arcetri teve-a de novo a decepção de perdê-la. O sofrimento
ao ver a que ponto deixaram seu pai, haviam minado as froças da filha
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extremosa. Antes de o pai deixar Siena, ela sentira que a sua existência pouco
duraria, e em dezembro escrevia: “não penso que viverei até poder ver a hora do
vosso regresso. Mas permita Deus que eu o veja, se fôr de seu agrado”.
Foi do agrado do Altíssimo e, os dois novamente se reuniram. Mas pouco
pode Galileu alegrar-se com a convivência da filha. Celeste estava realmente
muito doente. Durante o inverno foi piorando e, veio a falece em 2 de Abril de
1634. O hábito de trabalhar, salvou a vida de Galileu, que a despeito dos
sofrimentos físicos e morais, pôs-se a trabalhar. Assim passou por cima do
infortúnio e esqueceu a sua condição de prisioneiro. Embora a cabeça sem
repouso continua produzindo, (escreveu ele sete mese depois do falecimento da
filha) estou tratando no momento dos “Dialogos sobrre as Novas Ciências”. Este
seria o trabalho que desejava concluir, antes que a morte o chamasse.
“Novas Ciências” era a Mecânica. Por muitos e muitos anos Galileu
estudou a força em ação na vida quotidiana. Como vimos, ele havia lidado com a
hidrostática, com a lei que reje as quedas dos corpos e o ganho de força com
perda de velocidade. Ele escreveu em seus “Diálogos” sobre a coesão, a
resistência à fratura, os movimentos uniforme e acelerado e, sobre o movimento
dos projéteis. Foi com os “Diálogos” que estabeleceu os fatos, os quais mais
tarde seriam utilizados por Newton, divulgados sob a forma das três leis do
movimento. Essas leis são filhas de Galileu e, dizem:
1ª – Se nenhuma força atua sobre o corpo, este continuará a mover-se
não só em velocidade como em direção.
2ª- Quando uma força atua, o movimento varia em velocidade, em
direção ou em velocidade e direção, proporcionalmente à intensidade da
força e à direção em que aquela força atua.
3ª – As forças centrífuga e centrípeta são iguais e constituem juntas a
tensão de elasticidade.
Entretanto, são as leis do movimento, enunciadas por Isaac Newton,
porém baseadas nos trabalhos de Galileu, pois Newton colocou as vestes, mas o
corpo era de Galileu. O grande Matemático francês Lagrange escreveu sobre “A
dinâmica é a ciência das forças aceleradas ou retardadas”, mas quem lançou os
fundamentos dessa ciência foi Galileu. A sua contribuição na Mecânica formou
a parte real e sólida da glória desse grande homem. Não por acaso, que o próprio
Galileu denominou os seus trabalhos de Mecânica como uma “Nova Ciência”,
inventada por ele, desde os seus fundamentos. Os tratados dos trabalhos de
Arquimes, há provavelmente a opinião de Galileu um tanto de ufania, mas a
verdade é que a Mecânica, como ciência moderna, recebeu o seu impulso e
direção da poderosa inteligência experimentadora de Galileu. Em dezembro de
1637, ele ficou cegou completamente. Em data de 2 de janeiro de 1638, escreveu
a um amigo: ”ai de mim, meu caro, seu devotado amigo e servo Galileu há um
mês que cegou irremediavelmente”.
O seu derradeiro esforço foi a aplicação do pêndulo à medida do tempo.
Quanto tempo levara a ideia em sua cabeça? Dataria ela daquela manhã de
juventude no interior da catedral de Pisa? O que é verdade, porém, é que, por
mais de meio século, ela se fervilhou em seu cérebro, vindo a ocupar as suas
horas de cegueira, e conseguiu pôr ainda à prova o seu assombroso gênio.
Passaram no entranto os dias, e esse problema da medida do tempo pelo pêndulo
não lhe foi possível resolver.
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A Inquisição continuava atenta ao grande Galileu. A prisão fora
parcialmente relaxada, mas nunca a sua liberdade permaneceu completa. No
verão de 1638, consentiram que fosse residir em Florença com o filho; mas o
número de visitas ainda continuou limitado e não podia sair da cidade. Foi
durante esse verão que recebeu uma visita singular. Deveria ter sido o encontro
em que o jovem John Milton, cheio de ardor puritano, contemplou admirado, o
velho gigante cego. Milton assim descreve:- Foi então que encontrei e visitei o
célebre Galileu, envelhecido e, prisioneiro da Inquisição por ter em Astronomia
pensado de forma diversa daquela em que pensavam os censores franciscanos e
dominicanos.
Em 5 de novembro, Galileu caiu de cama para não mais se levantar.
Ardeu em febre, atormentado por insônias, ainda pelos padecimentos de antiga
hérnia, mas assim mesmo, ainda lúcido de inteligência. Discutia assuntos
científicos com Viviani, planejava um tratado sobre o movimento dos animais e
ditava notas para uns diálogos sobre a teoria do choque. Muitos problemas e tão
pouco tempo a contar. Em 8 de janeiro de 1642, houve um rebuliço na casa de
Galileu, uma chamada apressada para receber os últimos sacramentos e a
extrema-unção. E o curto dia de inverno passou rapidamente a ser a eterna noite.
Foram 78 anos de vida. Construíra com suas próprias mãos um olho mágico para
poder ver até os limites do Univeso. Daí em diante passou a viver desprezando
os pequeninos recursos dos outros homens, e estes se voltaram e se atiraram
como felinos contra ele. Coligaram-se em intrigas, meteram-no na prisão. Agora
podem levar as suas mesquinhas existências com mexericos e perseguindo à
vontade. A sua vítima imortalizou-se e escapou das perversas garras. Agora
Galileu é livre. . .
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3.6. JOHANN KEPLER (1571-1630) não era doente, mas, nunca estava
completamente são. Permaneceu sujeito aos frequentes e sérios ataques que
fatalmente o levou à morte. Ainda criança, quase morrera de variola, de que
ficara marcado para sempre. Passou quase que incólume pela escarlatina, mas
não conseguiu ficar sem sequelas, a vista foi afetada e sua contituição
enfraquecida. Como criança de sete meses, nascida a 27 de dezembro de 1571,
em Weil, tivera um mal princípio de vida.
A inteligência de Johann, porém, parecia ser inteiramente normal, pois
deu perfeita conta de si no colégio de Lenberg. Só não continuou no colégio por
tempo completo porque seu pai estava em apuros financeiros. Atendeu a um
pedido de um amigo, endossando a dívida de um amigo, e este simplesmente
desaprecera. Com arrependimento teve que pagar sozinho a dívida. Pagou-a, mas
ficou ainda mais pobre. Passou a tomar conta de uma taberna. O comércio não
rendia o suficiente, e, como consequência, Johann foi retirado do colégio para
atrabalhar. Era um menino delicado e aparentemente doente, que não podia
suportar tarefas pesadas e poucos asseadas. Mesmo assim, ajudava o pai nas
tarefas da taberna, muitas vezes servindo cervejas para uns gordos holandeses. O
pai de Johann, homem bondoso, não gostava de vê-lo fazendo papel de criado, e,
logo que surgiu uma oportunidade, mandou-o novamente para uma escola
gratuita.
Ao saber que ia para a escola, Johann ficou radiante, a ponto de quase
adoecer. Estava ansioso por deixar de lavar louças, que nem teve tempo de dizer
adeus a seus amigos. Mas, abraçou o pai e apertou-o com toda a pouquinha força
de que dispunha. Como foi bom poder lembrar-se disso mais tarde, ele que
nunca mais pode rever o pai, aquele homem tão bom e brincalhão! O mesmo não
fez em relação à mãe. Mesmo criança sabia que ela dava pouco valor à afeição.
Assim, pode deixá-la sem grandes saudades. Não é de se estranhar, portanto, que
o pai tenha também pensado assim. Pouco tempo depois de Johann estar no
colégio, o pai abandonou a família. Este foi o fim da apagada vida do pai de
Johann Kepler. É possível que tenha alguns negócios pela Holanda ou Inglaterra,
mas o que se sabe, é que nunca mais voltou para a família. Acredita-se que tenha
vivido o suficiente para saber que era pai de um dos grandes nomes da
humanidade? Talvez não! Embora a fama tivesse surgido muito cedo para
Johann Kepler.
Ao terminar o curso universitário em Maulbroon, Johann recebeu o
convite para lecionar Astronomia em Gratz. Não gostou da ideia. A Astronomia
na época não era um ciência. Era pouco mais que uma arte de dizer sobre o
futuro. A matemática, sim! Era o que Johann Kepler gostava. Mas não foi dado
escolher, e aceitou o posto, mesmo de contrariado. Disso tudo, que ganhou foi a
humanidade. O jovem Kepler não sabia do pouco que se sabia sobre a ciência
dos céus. Teve algumas aulas sobre o assunto na escola, e tinha uma superficial
noção da teoria de Copérnico. Nunca fizera uma observação, os astros não
passavam de coisas brilhantes no céu. O senso de responsabilidade deste
Alemão, levou-o a estudar sobre Astronomia para que pudesse lecionar. Desta
forma, aos poucos foi se estimulando e, em breve ficou fortemente interessado
por esta ciência, em cujo estudo havia o mais livre campo de atividade que um
homem pode ter. Percorreu o assunto com muita imaginação e, por todo oresto
de sua vida foi um doador de leis sobre o Universo.
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Passou a gostar tanto do assunto, que simplesmente ficou fascinado. A
astuta inteligência excepcionalamente especulativa, dizia-lhe que devia existir
alguma relação entre os movimentos dos planetas e suas respectivas distancias
ao Sol. Mas, antes, abordou o problema um tanto mais simples, isto é, do cálculo
do afastamento exato das órbitas deles em realação ao Sol. Tentou várias
soluções que lhe apareceu magnífica. Sabia que existiam apenas 5 sólidos
regulares, isto é, poliedros regulares em que a soma dos ângulos planos em cada
vértice é menos do que 4 ângulos retos. Com esses sólidos, Kepler, aos 24 anos
de idade, tentou resolver o enigma dos planetas.
Utilizando uma esfera circunscreveu ao dodecaedro; observou que a
órbita de Marte estaria situada na superfície dessa esfera. Traçou o tetraedro
relativo a essa órbita, e desta forma a esfera que o circunscreve deveria conter a
órbita de Júpiter. Sucessivamente, utilizou os demais poliedros regulares,
determinando aproximadamente as órbitas de todos os planetas então
conhecidos. Foram dias e noites nessa hipótese, e após terminar seus cálculos
estava plenamente satisfeito que nem sequer um momento lastimou o tempo que
empregara naquela tarefa cansativa. Os seus resultados, mistura de uma grande
dose de absurdos metafísicos e raciocínios indefinidos, foram por ele publicados
numa obra com o título de “Misterium Cosmographicum”. Como vemos, esta
obra perdeu quase todo o seu valor.
Ao abordar as relações entre a velocidade dos planetas e suas respectivas
distancias ao Sol, deparou com um problema muito mais difícil, pois os planetas
ao se afastarem do sol, mais lentos tornam seus movimentos. Por quê isso
acontece? O Astrônomo, jovem, queria descobrir toda a razão destes
acontecimentos. A explicação encontrada, um tanto vaga: “talvez haja uma
inteligência motora do Sol, que é o centro comum, forçando os planetas a
girarem em torno dele, porém mais violentamente os que estão mais próximos. E
essa força vai definhando e enfraquecendo-se até ao mais distante, em razão
desssa mesma distância e pela atenuação da intensidade da referida força”.
Os seus esforços para encontrar os planetas, uma relação entre os seus
moviemntos e distancias, falharam, tendo abandonado o problema quando achou
que estava trabalhando num círculo vicioso. Kepler enviou um exemplar de sua
obra ao grande observador Tycho Brahe. O ilustre dinamarquês mostrou-se assaz
interessado por aquele moço, que assim se mostrava desejoso em saber e
sugeriu-lhe que as suas observações realizadas em Uraniborg poderiam
simplificar o problema. Tycho se encontrava em Praga. Johann Kepler disse à
esposa:- Temos que ir a Praga.
Johann Kepler em toda a sua vida enfrentou dois sérios obstáculos: a
pobreza e a doença. Não era um jovem muito atraente, era indiferente para com
as vestimentas. Entretia-se com os livros e problemas, que não tinha tempo de
aprender as pequeninas exigências da vida social e mundana. Não tinha o dom
das conversas tão ao agrado das moças. Mas, era emotivo, entusiasta,
sentimental, e desejava um dia se casar.
A mulher de sua preferência era duas vezes viúva e, diziam ter fortuna.
Talvez, Johann tivesse deixando influenciar por essa consideração. Nada no
resto de su avida indica que pudesse ter uma cega paixão. Considerando que, ao
arranjar ao mesmo tempo uma fortuna e uma pessoa que cuidasse da casa, podia
vencer todas as suas dificuldades.
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Ela, sabiamente estava para lhe dar o “sim”, mas os parentes intervieram,
queriam saber se Johann pertecia à aristocracia. Efetivamente, ele pertencia. Mas
teve que empregar muito tempo e trabalho para documentá-lo. Casaram-se, mas
nunca viveram felizes. Para iniciar, a tal fortuna da viúva nunca chegou. Johann
criticava os parentes da esposa. As exigências de títulos nobiliárquicos tinham
decepcionado o espírito pouco prático de Johann. Entrou em atrito com os novos
parentes e, teve que carregar um peso acima de suas forças nos ombros.
Portanto, a decisão de ir a Praga não resultava de uma precipitação.
Recebera várias cartas de Tycho e chegara a um bom entendimento antes de se
decidir a aceitar o convite. Venha, não como um estranho, escrevia Tycho.
Como um amigo a quem estimo. Era uma longa distância de Gratz até Praga, por
uma estrada fatigante. A Senhora Kepler e as crianças suportaram bem a viagem,
mas Johann! Excitado pela ideia dos personagens que iria encontrar em Praga,
talvez o poderoso Rodolfo, teve um ataque de nervos e viu-se obrigado a ficar
por várias semanas num albergue dos que se serviam pelo caminho.
Agora, a questão do dinheiro tornava-se um fato premente. Doença num
meio estranho não combina. Tudo que possuia, uma pequena importância,
trazida pelo casal Kepler logo se esgotou. Doente, longe de casa, sem dinheiro e
com a mulher e os filhos dependendo dele, Johann Kepler pôs-se a pensar na sua
morte e na falta de comida para os seus. Em Gratz ele tinha amigos que
pudessem socorrer em apuros, mas Gratz ficava deveras distante. A solução seria
apelar para o local mais perto, Praga. E em Praga havia Tycho Brahe. Escreveu
para o dinamarquês, num apelo, um verdadeiro apelo de deseperado. E suas
palavras não caíram em ouvidos moucos: Tycho correspondeu, enviando-lhe o
dinheiro.
Sanada as dificuldades financeiras, prontamente se restabeleceu, e logo,
em companhia da familia, achava-se em Praga. Finalmente o grande encontro,
entre Brahe e Kepler: o vidente, com o seu nariz de prata, e o míope, de aspecto
gasto, que não podia observar os astros por não ser capaz de suportar o frio das
noites. Um via, como ninguém antes dele jamais viu sobre os corpos, que
estavam no céu. O outro, cujo pensamento se dirigia para além dos planetas e
dos sóis cintilantes, onde tateava em busca de leis universais. Nada havia em
comum esses dois homens, senão o mesmo desejo de saber, tendo para tesouro
comum aquele lindo céu aberto. Tycho era um homem robusto, dominador, filho
de luxo e do privilégio, participante das esferas oficiais, espírito um tanto
fanfarão, porém, simples.
Johann Kepler era uma amável criatura, delicado com as plavras e de
gestos. Era uma figura que perseverava, tinha sonhos belos e raros e, passava as
horas da noite lutando para que seus sonhos se concentrassem em uma forma
definida. Falhar seria apenas prosseguir de novo na pista de uma nova fantasia.
Tycho era todo olhos, Johann todo raciocínio. Tycho era o homem para a sua
obra, mas Kepler era quem teria de prendê-la, continuar a sua tarefa inacabada,
dizer a sua significação e cobri-la com o ouro da imortalidade. Foi uma bela
amizade entre os dois. Tycho já havia caído na desgraça, sido apupado e expulso
de Copenhague. A glória de Uraniborg fora apagada. O antivo democrata
soubera o significado do sofrimento. Ele encontrou em Kepler um homem que
só conhecera na vida a opressão e o constragimento. A ordem de Kepler vir para
Praga, não era essa uma frase ôca. Tycho estava pleno dos melhores sentimentos
quando os receberam.
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Infelizmente, a Senhora Kepler complicava a situação. Estava longe de
sua casa, dos parentes, e odiava Tycho. A atitude afetuosa deste para com
Johann não podia enternecer com a presença daquela mulher azeda que, pelo
fato de ter casado três vezes, supunha conhecer todos os homens. Não se sabe
exatamente o que se deu. Acusar a Sra. Kepler pode parecer precipitado. Mesmo
em dúvidas, Kepler ouvia as infinitas insinuações da esposa, que Brahe não a
tenha tratado dignamente. Rodolfo dava ouvidos a todas as suas palavras e
alguma coisa poderia ter arranjado o Astrônomo chefe, claro que com o apoio de
um príncipe tão poderoso. Tycho é um mentiroso, está traindo a nossa amizade.
Devemos deixar Praga.
Partiram de Praga, com dinheiro conseguido de Tycho para as despesas
de viagem. Johann mostrava-se aborrecido com o homem a quem chamava de
amigo e com quem contraíra tão pesada dívida. Estava tão furioso que chegou a
escrever a Brahe declarando-lhe como e quando falhara ele como amigo.
Felizmente, Tycho não era mais o aristocrata de temperamento esquentado, que
o fez se meter em tantas brigas, fazendo centenas de inimigos. O tempo, o
senhor da verdade, o haviam acalmado, alguma coisa semelhante a tolerância lhe
tinha incutido novos modos de agir. Além disso, estimava realmente Kepler e
compreendera o temperamento inadequado de sua esposa. A carta de Kepler não
lhe despertou nenhum ódio. Era um simples mal-entendio e, Johann precisava
ser inteirado dos fatos. Entregou uma carta ao seu secretário.
Responda-me, disse-lhe ele; sabe tanto quanto eu como me sinto e como
penso. Faça a que Kepler veja a verdade dos fatos. A carta do secretário de
Tycho alcançou Kepler quando este se achava ainda próximo de Praga. Ele leu-a
repetidas vezes e as suas plavras queimavam-no de vergonha. Via agora que
prestara ouvidos aos sentimentos, sem que lhe despertasse a razão. Com toda
pressa, pegou na pena para se desculpar diante do grande Tycho. Na mais
absoluta verdade, humilhou-se. Nenhum homem assim o fez tão contrito e
completamente. Dizia com bastante clareza, o que quer que haja eu dito ou
escrito contra a sua pessoa, fama, honra e sabedoria de Vossa Excelência, ou o
que tenha eu injuriosamente falado ou escrito, com pesar meu, falei e escrevi
mais coisas mesmo do que posso neste instante me lembrar. Portanto, eu me
desdigo de tudo e de cada qual dessas afirmações, e livre e honestamente o
declaro ser infundadas, falsas e incapazes de ser provadas.
Uma desculpa não podia ser mais completa. Kepler não tivera razão, mas
admitia seu erro sem a sombra de uma justificação. Tycho ficou satisfeito, mas,
um tanto confuso, com a cartra recebida do amigo. E escreveu-lhe logo em
seguida, pedindo a Kepler que voltasse a Praga. Kepler assim procedeu. Reuniu-
se ao amigo que ia perdendo, e que de novo encontrava. Quando se viram,
Johann começou a repetir o que já havia escrito na carta, mas Tycho o
interrompeu: que temos nós dois a ver com o passado? És meu amigo e voltaste
para a minha companhia. Basta, portanto. Mesmo na tua ausência consegui uma
audiência para falares com Rodolfo. Grandes coisas hão de advir daí. Teus
aborrecimentos já estão passados. Todos, menos aqueles que Marte te dá. Faço-
te entrega dele. Basta que um homem com ele se aborreça.
Na verdade, grandes coisas resultaram, para o Astrônomo. Imperial
Matemático, foi o título que lhe conferiram. E trazia uma renda suficiente para
suprir todas as necessidasdes, vindo suprir uma caixa que cada vez mais se
esvaziava. A importância da pensão prometida abrandou a Senhora Kepler, e a
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vida em breve se tornou mais risonha para o casal. Felizes foram esses dias para
Kepler. Vivia estudando Marte, lutando para que o planeta lhe fizesse entrega
dos seus segredos. Sobreveio, porém, um triste e penoso acontecimento, que fez
Marte ficar esquecido por algum tempo. Uma candeia crepitava no quarto de
Tycho Brahe. Tycho estava de cama, e Johann Kepler sentado num banco, à sua
cabeceira, ouvia-lhe as últimas plavras. Pois Tycho Brahe estava moribundo e
Johann, o eterno doente, cuidava do forte, do sempre sadio, que terminava a sua
turbulenta jornada. Dizia Tycho: toda a minha vida lidei com os astros, desejei
organizar tábua que fossem rigorosas e conseguiria o meu alvo quando atingisse
um milhar delas. Agora chego a este estado, e apenas 750 estão concluídas.
Poderia ter terminado esse trabalho, mas, o meu rei e a minha pátria voltaram-se
contra mim. Foi uma longa interrupção. Kepler, meu querido amigo, prossegue a
minha obra. Deixo-te todos os meus escritos. Publica as minhas observações e
da-lhes o título de “Tabuas Rodolfinas”. Devo essa homenagem ao nosso
soberano. Não me hás de falhar!
Falhar? Quem? Um Johann Kepler! Compormeteu-se sem pensar na
dificuldade e no trabalho que o seu cumprimento lhe traria. Apenas 750, dissera
baixinho Tycho. A obra de um homem favorece até os seus inimigos. A minha,
eu a fiz o melhor que pude. As Tabelas subsistirão. Tracei para os navegantes
uma rota segura. Johann ouvia calado. As lágrimas caiam-lhe. O silêncio, o
quarto, e Tycho-Brahe. O principal Matemático junto ao Imperador, tal foi o
título que o paranóico rei solteirão da Boêmia e Imperador de Roma outorgou a
Kepler depois da morte de Brahe. Com os seus vencimentos devidamente
assinados, selados e recebidos, Kepler sentiu que haviam cessado todas as suas
dificuldades pecuniárias. Foi nessa época em que fez presente a si próprio, um
belo casaco de peles que os séculos futruros veriam como parte integrante de sua
figura. Uma pessoa bem aparentada, empertigada naquele casaco, tendo na
cabeça uma espécie de gorro achatado e redondo que os universitários usavam.
A barba completa cobrindo-lhe o rosto marcado pela varíola. Estava agora, em
condições de concluir as tabelas de Tycho. Todos os papéis do Astrônomo
dinamarquês estavam em suas mãos e iniciaria logo o trabalho. Mas, os parentes
gananciosos de Brahe intervieram, reclamando os manuscritos, e tomaram-nos
de Kepler. Tudo, menos as observações, que estas, Kepler guardou-as, para
poder cumprir a sua promessa de publicar as “Tábuas Rodolfinas”.
Havia principes e até reis que não eram capaz de se desvencilar das
supertições. Rodolfo, um destes, precisava de um adivinho para ler os astros e
predizer-lhe o futuro. Os negócios públicos haviam desandados na Boêmia, e o
príncipe Rodolfo não era do tipo de homem que haveria de endireitá-los.
Pusilâmine, neurótico, essa pobre figura de rei só poderia fazer as coisas
desandarem para as piores condições. Comprometia-se irremediavelmente e
aguardava que intolerância e o fanatismo viesse cumprir sua tarefa. A que veio
acontecer, explodiu a Guerra dos Trinta Anos, considerada a mais sangrenta e
cruel de todas as guerrras da humanidade.
O quê? Um adivinho! Kepler sempre odiou a Astrologia. Para ele, os
astros eram todos enigmas, cujas leis secretas estavam decidido a conhecer. Os
astros, belos e distantes. Nada havia em comum com as pequenas coisas que
rastejavam, com duas pernas, sobre a face da terra. E não obstante isso, Kepler
tornou-se um Astrólogo e deu a Rodolfo os horóscopos que lhe pedira. Uma
pobre tarefa para o maior cerebro da humanidade. Aconteceu que a família do
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Matemático tinha que viver, o salário que o rei prometera não lhe era pago.
Promessas, ordens de pagamento, e coisas tais, traziam-lhe profundos desgostos.
Mas Johann entregou-se ao negócio de classificar signos, embora, nos momentos
de folgas tratava de Marte.
Tentava verdadeiras caçadas da imaginação, para descobrir a relação
entre a velocidade de Marte e a sua distância ao Sol. Sabia que devia existir uma
lei e desejava suspender provisoriamente a tarefa e dedicar suas energias às
“Tábuas Rodolfinas”. Para estas, necessitava de dinheiro. Apelou para Rodolfo,
mas o tesouro real estava “quebrado”. Não houve qualquer auxilio, e teve que
adiar a publicação. Sem que esperasse, surge no momento uma estrela nova na
região da Cassiopeia. Era a oportunidade para dar um verdadeiro golpe na
Astrologia, e o fez nos seguintes termos: “o que essa nova estrela pode
pressagiar é difícil de dizer, o certo é que ela vem dizer à humanidade,
coisíssima nenhuma ou altas e grandes novidades, destas que ficam
absolutamente além dos entendimentos humanos. Ela pressagia grandes
pertubações e razoáveis lucros para os vendedores de livros. Pois quase todo o
mundo teve a ocasião de opinar sobre ela e desejar publicar suas opiniões.
Outras pessoas entedidas ou não, desejarão conhecer a significação da nova
estrela, e comprarão os autores que se propõem ensiná-la. Menciono tais coisas
apenas como exemplo, embora isso possa ser fácil, predito sem grandes esforços
da inteligência, pode dar-se também com a mesma facilidade, e de forma
idêntica, que qualquer pessoa de boa fé ou de pouco juízo, deseje apresentar-se
como um grande profeta. Pode muito bem vir a acontecer que algum poderoso
senhor, que tenha boas possibilidades e possui grande dignidade, também se
anime com o fenômeno a aventura-se em novos projetos de domínio, como se
Deus tivesse colocado essa linda estrela nas trevas simplesmente para iluminá-
lo.
Sem dinheiro para publicar as “Tábuas Rodolfinas” e sem probabilidade
imediata de dominar Marte, ele voltou sua atenção para os fenômenos da luz.
Estudou e escreveu sobre a refração luminosa nos meios densos. Não foi muito
além na questão e a verdadeira solução foi deixada aos futuros investigadores.
Quando estava empenhado nesse assunto, ouviu falar da luneta de Galileu.
Kepler chegou a uma surpreendente conclusão, descobriu que se devem
empregar duas lentes convexas, para se obter uma imagem real, permitindo
ainda usar fios numerados para as medidas de referência. Com tal sugestão,
deixou-a caminhar por si, não tentando construir o instrumento adequado a
utilizá-lo. Esse trabalho foi realizado por Gascoignhe, na Inglaterra, que seguiu
as sugestõs de Kepler, construindo o instrumento conhecido por “luneta
astronômica”.
Em 1606 outro trabalho sobre a nova estrela foi publicado. O objetivo da
publicação era eliminar a ideia de que o estranho astro fosse um “aglomerado de
átomos”. Creia-se que naquela época surgisse alguma coisa de inovador, ao se
lembrarem dos átomos, os quais foram batizados por Demócrito de Abdera (c.
460-370 a.C.. Para ele, não passava de uma estrela como qualquer outra, que
bruscamente penetrara no campo de observação da Terra. No ano seguinte,
quando um cometa, reconhecido mais tarde com o nme de cometa Halley,
atravessou os céus, Kepler escreveu um estudo sobre ele. Nesse estudo não
incluiu a qualquer parcela de superstição ou ficção. Ele tinha a opinião, que um
cometa era um planeta que se deslocava em linha reta. Admitia até, que os
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cometas não pertenciam ao nosso Universo. Caso não tivesse cometido tal
engano, poderia ter precedido a Halley na teoria dos cometas. Kepler afirmou
nessa publicação uma coisa que nos mostra ser ele uma inteligência ainda sujeita
a enganos. Os planetas, ele fez questão de dizer, brilham com luz própria. Caso
contrário, deveriam deixar ver as suas fases, como se vê a lua. Galileu poucos
anos depois revelaria a verdade sobre estes detalhes. Kepler não era uma pessoa
incapaz de praticar um erro, embora, estivesse sempre pronto a reconhecer o erro
que lhe apontavam. Tanto é verdade, que em 1607, tendo publicado uma
descrição de suas observações sobre Mercúrio passando em frente ao Sol, logo
depois, com conhecimento da descoberta das manchas solares por Galileu, o que
invalidava aquelas afirmações, imediatamente rejeitou com satisfação a sua
teoria sobre Mercúrio. Admitiu e deu razão as observações de Galileu.
Pouco a pouco, Kepler estava edificando a teoria da gravidade, e, nos
seus “Comentários sobre os Movimentos de Marte”, escreveu:- A gravidade é
uma afeição recíproca entre corpos cognatos para que se realize a sua união ou
conjunção (semelhante em espécie à virtude magnética). Devido a ela a Terra
atrai antes a pedra do que esta à Terra. Aí estava portanto, a ideia que Newton
devia tomar-lhe para integrá-la numa arrojada e esplêndida teoria, elaborada com
provas matemáticas. No entanto, para Kepler, tudo parecia uma pálida noção da
gravitação universal. Tudo indica que, Kepler certamente viu a sombra, mas
nunca pode ver real coisa em si.
Kepler se exauria no trabalho com as tabelas de Tycho Brahe. Nelas
encontrou uma porção de dados importantes e, quando se tratava de acompanhar
o percurso dos planetas, apareceu-lhe que deveria existir alguma lei ou leis
governando os movimentos planetários. Em seus cálculos, para Marte revelar a
verdade de sua órbita, servira-se sempre de grandes hipóteses, principalmente
uma de fazer estontear. Ao tratar da órbita de Marte que fez uma descoberta
positiva. Descobriu o que se conhece hoje por “segunda lei de Kepler.
Tendo-se acreditado nessa lei, utilizou-a na tentativa de descobrir a órbita
exata percorrida por Marte. Aristóteles e os gregos, haviam insistido na
afirmação de que a circunferência era a curva perfeita, e que, portnato, tudo no
céu devia mover-se segundo uma circunferência. Kepler experimentou a
circunferência. Infelizmente não serviu, pois não permitia que Marte
concordasse com os cálculos. Havia uma diferença de 8 minutos em suas
observações. Estava mais do que certo, o erro era dele, Kepler, e não de Brahe. E
convenceu-se finalmente de que a órbita não era circular. Apelou então para as
curvas ovais, utilizando-as arbitrariamente. Algumas delas serviam
regularmente, mas nenhuma “encaixava” exatamente. Todo esse enorme esforço
esgotou as forças de Kepler. Para a Senhora Kepler as coisas andavam de mal a
pior, quando o marido lidava com as circunferências, agora que dizer então, ele
com as ovais. Passavam dias e dias enchendo de algarismos folhas e folhas de
papel. O pior é que as coisas não davam certo. Julgou ele certo dia que tinha
achado a solução. Pôs-se a proclamá-lo. Mas, conferindo a posição de Marte,
apareceram os erros. Outra vez errado, até parecia que não havia solução. Kepler
insistia que teria certamente um fim, pois estava convencido de que existiria uma
lei, e que acabaria encontrando-a. Justamente nessa época, quando já
praticamente esgotara todas as ovais, deu-se um desses acontecimentos incríveis.
Johann Kepler estava sonhando com as suas figuras, parecia que já havia
experimentado todas, desencorajado, exausto, doente devido aos gigantescos
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cálculos a que se verificavam inúteis. O segredo escapava-lhe. Tudo estaria
terminado? O seu olhar cansado percorria as figuras à sua frente. E deteve-se
diante de dois números. Impressionou-o com a semelhança dele, emocionou-se
com o que se apossou em seu espírito. Ali estavam dois números: 1,00429 e
0,00429.
O primeiro representava a máxima desiguladade ótica de Marte. O
segundo, a metade da relação entre uma elipse e uma circunferência. Tocara-lhe
o sopro do gênio. Ali estava o seu número, o número que lhe daria a desejada
órbita. Excitadamente se pôs a trabalhar. E os resultados o converam de que
acertara. Deixemo-lo dizer com as prórias palavras de triunfo, com que
comunicou ao mundo a sua descoberta:
- Aquilo que eu profetizei há 22 anos, na ocasião em que descobri os
cincos sólidos regurlares nas órbitas celestes, aquilo em que firmemente
acereditei como uma imagem, muito antes de ter visto as “Harmonias de
Ptolomeu”, aquilo que prometi aos meus amigos no título do meu livro e a que
dei nome antes de descobri-lo, aquilo que há 16 anos proclamei e insisti como
devendo ser procurado; aquilo para o qual eu me uni a Tycho Brahe e me dirigi a
Praga; pelo que devotei a melhor parte da minha existência às observações
astronômicas, acabo finalmente de trazer à luz e de proclamar a sua verdade
além das minhas mais ardentes aspirações. Não faz dezoito meses que
vislumbrei os primeiros raios da verdade, três meses que a aurora e poucos dias
que o Sol a descoberto, o mais admirável que se possa contemplar, brilham
nestes instantes aos meus olhos. Nada me detém; compreendo minha fúria
sagrada; proclamarei aos homens triunfalmente que roubei os vasos de ouro dos
egípcios para erguer um tabernáculo ao meu Deus, muito além dos confins do
Egito. Se me perdoades, eu estimo. Se me censurardes, suporto-o; os dados
foram lançados; está escrito o livro para ser lido agora, ou pela posteridade, não
importa; ele pode bem esperar um século por um leito, se Deus esperou seis mil
anos por um observador.
Em 1609 Kepler seus “Comentários sobre Marte” foram publicados.
Duas de suas grandes leis foram expostas nessa obra: A segunda, descoberta em
primeiro lugar, refere-se às áreas iguais em tempos iguais. A primeira também
foi anunciada. Estas duas leis unidas á terceira deram a Kepler o título de
“Legislador dos céus”.
As considerações de orbitais elípticos do sistema solar indicam que, os
Planetas permanecem num único plano, com as definições das três Leis de
Kepler:
1ª Lei - A órbita de um planeta é uma elipse com o Sol em um dos focos.
2ª Lei - A área coberta pela linha que liga o Sol ao planeta é sempre a
mesma em intervalos de tempos iguais. Como consequência a velocidade
de um planeta é variável ao longo de sua órbita.
3ª Lei - A razão entre o quadrado do período “P” de um planeta, e o cubo
do semieixo maior de sua órbita “a”, é a mesma para todos os planetas
(P1²/a1³ = P2²/a2³ = K).
Tornou-se célebre, tinha um título pomposo na corte de Praga com todos
os méritos. Mesmo assim, continuava na penúria, e não podia ver publicadas as
“Tábuas Rodolfinas” como havia prometido. Desejava dá-las ao mundo, estava
decidido a cumprir a promessa. Mas, como manter a família e de sua própria
subsitência. A Boêmia passava por dificuldades políticas e financeiras. Rodolfo,
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tornara um mentecapto, tinha acessos de melancolia e de letargia. Mostrava-se
indiferente a tudo, exceto às Astrologia. Continuava a interessar-se ainda pelo
que os astros pudessem dizer sobre o futuro da sua pessoa e das pequeninas
coisas de sua vida. A Kepler restava fornecer-lhe essas informações de longo
alcance. Desnecessário dizer que o Astônomo odiava tal incumbência. Mas
desempenhava-se com dedicação, e as suas predições provaram ser tão justas
como as de qualquer outro Astrólogo impostor. Este era o único meio de ter
vencimentos, portanto, o pão sobre a mesa. Tornou-se um adivinho profissional,
cujos horóscopos eram procurados não pelos acertos, mas devido ao seu título e
à sua fama.
Johann Kepler decidiu deixar Praga e à esposa concordou. A Senhora
Kepler completou, voltemos para casa, este príncipe, Rodolfo, não passa de um
lunático. Nada faz por nós! Arrematou Kepler, tens razão, mas, não vamos voltar
para a nossa terra. Não. . . não. Lá também não há trabalho para mim. Vamos
para a Áustria, em Linz espero arranjar um bom trabalho. Kepler e a família
dirigiram-se para lá em 1610, com a promessa de um emprego. Ao voltar a
Praga, encontrou-a em plena reviravolta. O grande Rodolfo tinha sido forçado a
abdicar. Frederico e Matias estavam em campos opostos, e a guerra pairava no
ar. Econtrou a esposa eferma, com a “febre húngara”, agravada ainda pela
epilepsia, que a levou à cama. Ele já começava lentamente melhorar de situação,
quando os três filhos foram atacados de bexigas. Um deles, o preferido de
Kepler, morreu, e os outros dois levaram muito tempo para se curar. Rodolfo
veio afalecer e Matias subiu ao trono. O novo soberano não queria saber de
Astronomia, mas confirmou o titulo de “Matemático Imperial” para Kepler, sem,
contudo, conseguir verba para pagar-lhe. Para se livrar da obrigação e do
infortuno súdito que precisava receber seus vencimentos, o novo rei da Boêmia
fez presente de Kepler ao grande Wallenstein, que concordara em pagar-lhe os
vencimentos em atrasos. Mas Wallenstein, como veremos, não quis ou não pode
cumprir tal obrigação.
Uma epidemia tomou conta de Praga, e em toda parte só se falava em
guerra. Kepler logo sentiu que ali não havia lugar para ele. Sairei de Praga, mas
desta vez para meu conforto, disse Johann Kepler. Logo depois fez uma segunda
viagem à Áustria, onde foi nomeado para a Universidade de Linz. Ali haveria de
receber os seus vencimentos e talvez encontrasse recursos para publicar as
“Tábuas Rodolfinas”. E foi com muita alegria que voltou a Praga para levar a
família. Mas, esse homem, esse gigante entre os visionários, estava marcado pela
desgraça. A Sra. Kepler enfermara de novo. Padecimentos e contrariedades,
somados à sua má constituição, tinham finalmente ultrapassado a sua resistência.
Não mais a sua voz se levantaria para falar mal dos outros, ou para se lastimar da
sorte. Quando o esposo penetrou no quarto, a morte já estava à cabeceira dela.
Segurou-lhe as mãos, ele, o homem que nunca havia amado a mãe de seus filhos,
e contemplou longamente a esposa. Havia de ser pouco o que esse casal de
estranhos teria que dizer um ao outro nessa hora de despedida final, estando ela
no leito moribunda. Pouco depois, Johann Kepler era um viúvo com dois filhos a
criar, e sem nenhum recurso.
Kepler, mesmo assim, casou pela segunda vez com uma órfã. Teceria ela
um romance com seu amor pelo esposo? Sabe-se apenas que, no seu novo lar,
Kepler se sentiu finalmente um homem feliz. Para todo o resto da vida,
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serviram-lhe muito bem “a pessoa e as maneiras” daquela esposa. A sua segunda
escolha provou ser tão razoável quanto fora desajuizada a primeira.
Contudo, as dificuldades ainda perseguia Kepler. Os seus vencimentos
em Linz não lhe eram pagos. O país estava em sérias dificuldades, as lutas
religiosas, posteriormente conhecidas pela denominação de “Guerra dos Trinta
anos”, levava a Europa Central aos caos. Kepler também foi atacado pelos
jesuítas e, excomungado. A sua biblioteca foi trancada, e só a proteção imperial
o livrou da prisão e de coisas ainda piores. Viu-se, então, novamente forçado a
se tornar adivinho e publicar um “vil almanaque de profecias” que apenas “era
mais respeitável do que pedir esmolas”. O imperador me abandonou, queixava-
se Kepler. Sem dúvidas permitiria que ele moresse de fome.
Em 1619, publicou um livro em 5 partes, “Harmônica”, dedicado a Jaime
I, de Inglaterra. É simplesmente uma obra estranha. Algo de profundamente
interessante para a ciência. Por exemplo, no livro IV, fala da Terra como se a
julgasse um animal e admira-se de que, em suas profundezas, não se encontre
algo que “possa suprir a função dos pulmões e das guelras”. Neste livro ele
escreve um trecho sobre a harmonia das esferas. A noção confusa que datava de
Pitágoras. Parece ter feito apenas uma vaga ideia sobre tal harmonia e não
fornece ao leitor oportunidade para compeendê-lo. Em compensação, no mesmo
livro anuncia a sua magnífica terceira Lei sobre o movimento dos corpos
celestes.
Imaginem o oceano de papel que deve ter coberto de algarismos; as
incontáveis horas que passou, altas noites, só, numa casa sem conforto, à luz de
um lampião fumarento ou de uma candeia a cuspir azeite, fracamente alumiando
a mesa onde trabalhava. Doente a maior parte do tempo, sempre pobre, abatido
pela morte de seu amigo, de sua mulher, pela luta para um novo casamento,
pelos seus deveres na Universidade, pela compilação de um “vil almanaque de
profecias”, ainda para completar, atacado pela Igreja, excomungado, rodeado de
confusão e guerra. Kepler, assim mesmo, achou tempo para levar avante, com
sucesso, um dos cálculos mais profundos e complicados que se conhece em
ciência.
A mãe de Kepler, tinha obrigado o marido a abandonar a casa, e tão
poucos carinhos tinha dado ao filho doente. Ela ainda vivia, velha, encarquilhada
como um velho tronco. Kepler se achava em Linz quando lhe chegou a notícia
de que a mãe estava presa e na iminência de ser torturada como feiticeira. Pôs-se
logo em caminho para o distante Wurtenberg. Tinha que salvar aquela mulher da
sala de torturas. A velha Kepler era acusada de bruxaria. Fora sempre uma
mulher de pulso, de temperamento exaltado, brigalhona e intrigante. Havia anos
que movera uma ação contra certa vizinha, a quem acusara de crime de calúnia.
Os defensores da acusada alegaram que a velha Kepler havia dado a beber a
alguém uma mistura venenosa por ela mesma preparada. Após intermináveis
delongas, as coisas mudaram de aspecto, quando um novo juiz veio dirigir o
processo, e a velha Kepler viu-se na prisão acusada de feitiçaria. Indignara-se
com a invesão dos papéis habilmente praticada pelos seus adversários. Mas,
agora a sua língua afiada e o seu ódio cego não lhe podiam servir de nada.
Confessa a verdade ou serás torturada!
Kepler chegou a Wurtenberg no momento propício. Seu poder e prestígio
foram bastantes para salvar a mãe do suplício, mas não para tirá-la da prisão.
Ficou detida por mais um longo ano, ruminando toda a sua raiva. Quando afinal
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terminou a sentença e foi posta em liberdade. Era, portanto, de se esperar que
não mais quisesse se meter com a justiça. Pois não é que meteu-se novamente
em intrigas. Imediatamente propôs uma ação para receber indenização e custas.
Agora uma nova inimiga veio interromper o processo, a morte. Afinal cerrou
aqueles lábios que tantos vitupérios haviam proferidos.
A principal missão ainda tinha Kepler a cumprir. Devia dar cumprimento
à promessa feita a Tycho-Brahe, no seu leito de morte, a promessa de publicar as
“Tábuas Rodolfinas”. Por um esforço estremo, empregando diretamente os seu
prestigio pessoal, conseguira arrancar algumas centenas de florins do tesouro de
Viena. Não, não fora o bastante! Sevira apenas para cobrir as primeiras despesas.
Deus sabe onde foi conseguir o resto da quantia. Mas conseguiu-o e, em 1627,
foram as tábuas dadas à publicidade. Para apreciar o valor das tabelas aí
contidas, basta saber que, por mais de um século, foram elas a única base para os
cálculos que os navegantes tinham que fazer para garantia da rota de seu navio e
de sua própria vida. Eram minuciosas, esmeradas, completas, isto é, não tinham
preço. Pela admiração por essa obra, o grão-duque de Toscana enviou a Kepler
uma corrente de ouro. Galileu, provalmente, meteu seu dedo no negócio. E,
como a corrente valia dinheiro, serviu sem dúvida para comprar comida para os
Kepler.
Com a publicação das “Tábuas Rodolfinas”, estava concluída a tarefa de
Kepler. Mas ele não pensava assim! Planejava ainda grandes coisas, enquanto a
realidade exigia obter dinheiro. Deviam-lhe muito, mas Wallenstein não lhe
podia pagar e ninguém mais estaria disposto a dar ouvidos a um simples
cientista, quando havia tantas coisas mais interessante a fazer, como por
exemplo, estar às ordens de um rei imbecil para assassinar cristãos. Os
assassinatos prosseguiam com satisfação à mais de 30 anos; e para tal ação
sempre havia dinheiro. Esta inútil atividade era levada avante, enquanto Kepler,
que sondara os céus e descobrira três de suas leis fundamentias, medigava o que
lhe deviam. A energia da velha Kepler manifestava-se no gênio do filho. Ele
também não esmoreceu. Por direito, aquele dinheiro pertencia-lhe, e dele
necessitava para si e para os seus.
Johann Kepler numa fria manhã de outono, despediu-se da esposa.
Montou no cavalo e partiu. Voltando-se na sela disse o seu último adeus. Sim, o
derradeiro adeus. Deixava Linz para sempre. Supunha Kepler que o seu cavalo
estava caminhando para Praga, quando na verdade, estava dando os primeiros
passos para uma viagem bem mais longa. Tinha 59 anos de idade quando se viu
forçado a empreender esse último esforço. Foram 59 anos sem um dia de saúde.
Foi uma viagem difícil, chuvas, má alimentação, péssimas dormidas, e, ao fim,
desapontamento. Kepler discutiu, suplicou, mas suas palavras foram ouvidas por
quem não mais podia socorrê-lo. A guerra devastara o país todo. Não havia
dinheiro disponível em Praga.
Em pleno mês de novembro; quando as folhas mortas indicam o
caminho, por onde as árvores erguiam os seus galhos nus, negando-lhe, até elas,
a sua proteção. Os ventos frios sopravam e fria a chuva não parava um só
minuto. Podia apenas, colado à sela, olhar com dificuldade para a frente,
confiando em seu cavalo, que conhecia a estrada e retornava para casa. Em
Ratisbona saltou para passar a noite. Na manhã seguinte, não pode mais
levantar-se, ardia em febre. Passou o dia inteiro na cama, madizendo a demora,
irritado pelo desejo de se ver em casa. “Amanhã estarei melhor. Já estou
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habituado com essas crises. Não costumam durar muito”. Todavia, na manhã
seguinte, não se achava melhor. A febre aumentara. As sombras cresciam diante
dele e as vozes desconhecidas que o cercavam foram-se apagando, apagando. . ..
Johann Kepler faleceu na pequena cidade de Ratisbona, no ano de 1630.
Kepler encontrara a morte como encontrara a maior parte da sua vida:
absolutamente só. Recebeu ajuda, é verdade, através de Tycho-Brahe. Antes e
depois desse pequeno tempo, lutou sem qualquer ajuda. Brahe tivera um rei que
lhe dera privilégios; houve duques por trás de Galileu, e o Estado auxiliou
Newton. Kepler, no entanto, doente e na miséria, não encontrou um potentado
que olhasse por ele. Mesmo assim, nada conseguiu deter tal homem. Tropeçava,
mas logo em seguida se erguia. Falhava, falhava e novamente falhava; mas,
sabia tirar luz de suas próprias falhas, e, superpondo-as, construiu com elas uma
torre alta, da qual pode recolher as leis do céu. A considerar seu físico fraco e
doente, desafiou o Universo. O seu desafio lhe valeu um trunfo imortal!
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3.7. ISAAC NEWTON (1642-1727) nasceu na mansão dos
Woolsthorpe, na noite de Natal do ano de 1642. No quarto, uma Senhora pálida
e exausta, tendo ao lado, sobre uma almofada, um bebê de 1,36 kg. Ele, o bebê,
vivo mas ameaçado de morrer a qualquer instante. As velhas parteiras correram
a chamar um médico na pequena cidade de Colsterworth.
Ao regressarem a Woolsthorpe, onde um gigante da humanidade,
pesando 1,36 kg apenas, permanecia deitado no berço, lutando para poder
respirar. O que valiam os pulmções e as pernas cansadas de duas velhas
parteiras, quando a vida dessa criança estava sendo decidida? Que éreis vós,
pobres velhas, curtindo a vossa existência? O vosso trabalho foi auspicioso. A
criancinha viverá. Isaac Newton resistiu e viveu. A sua mãe também, e a
ansiedade da noite de Natal de 1642 ficou esquecida, voltando a vida de
Woolsthorpe à sua antiga rotina de monotonia. Gradativamente o pequeno Isaac
foi adquirindo peso e sua mãe restabelecendo-se. O pai havia falecido à alguns
meses antes do nascimento do filho. Fôra um proprietário agrícola, cuja herdade
do patrimônio da família fazia parte havia um século. Pode-se imaginá-lo
obstinado e confiante em sua pessoa, dotado de alguma inteligência e encarando
honestamente as coisas da vida. Com este modo honesto de encarar as coisas da
vida, deparou-se-lhe Hannah Ayscough, por quem se enamorou. Casaram-se e
pouco depois uma pneumonia, ou o sôpro das pestes que viviam a assolar a
Europa naqueles tempos, o atingiu. Hannah ficou viúva quando apenas era uma
recém-casada. Ferida, embora por tão trágica interrupção de sua lua-de-mel, não
se sentiu vencida pela sorte, pois deu à luz um filho, recuperou a saúde e veio a
ser conhecida como uma Senhora “extremamente boa”. Dois anos após o
nascimento de Isaac, a sua mãe desposou o reverendo Barnabas Smith, indo
viver em North Witham.
O pastor não mostrou muito gosto em receber uma família já constituída,
tendo sido Isaac mandado para viver com a sua avó. Hannah deu a Smith três
filhos, duas meninas e um menino. Com o falecimento Smith, Hannah
regressado a Woolsthorpe. Nesta época, Isaac tinha 14 anos. Estivera no colégio
em Skillington Stokes e depois no liceu de Grantham, morando em casa de um
farmaceutico da aldeia, que assim saiu da obscuridade com o nome de Clark.
Nome este que será sempre citado, por ter um dia dado morada a pensão a um
colegial. Newton não era de inteligência brilhante, mas extremamente
meditativa. Porque ser reservado e não tomava parte nos jogos dos colegas, estes
o provocavam. Mesmo uma criatura reservada reage quando muito atazanada.
Isaac um dia reagiu para gáudio de todos, irrompendo pela escola adentro, a
brigar e a desafiar os colegas, com socos e unhadas, até conseguir rápida e
sangrenta vitória. A História registrou-a como a sua única batalha, pois nos
representa Isaac como uma criatura pacífica.
É possível que aquela luta colegial despertara suas glândulas
adormecidas. Teria a excitante adrenalina mudado a ordem das coisas? Faça-se a
hipótese que se quiser, mas o fato é que, desse dia em diante, Isaac tornara-se
outro. O que lhe parecia obscuro tornou-se claro, passando rapidamente a ser o
primeiro da classe, se não, o mais brilhante. Mostrava-se o mais inteligente entre
todos os colegas. Foi exatamente nesta ocasião que sua mãe, duas vezes viúva,
voltou a residir em Woolsthorpe. Com elea os três filhos e nenhum dinheiro.
Nenhum é um modo de dizer, possivelmente uma renda anual no valor
aproximado de $400 para cinco pessoas. Não deve ter sido fácil ser a esposa de
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um reitor, homem certamente culto. Hannah, descendente como era de uma
família de agricultores, considerava a agricultura como um meio de vida. Veio
portanto desejar que, Isaac a agricultura se dedicasse. Por isso foi ele chamado
de Grantham, com 14 anos e meio de idade, para se tornar agricultor.
O velho rei Canuto tivera também um bonito ofício de observar as marés,
e com pequeno sucesso conforme nos conta a história. Sendo um exato
cumpridor de seus deveres, Isaac tudo tentou para se tornar um honesto lavrador.
Mas, convenha-se em que é duro lavrar o solo, quando se tem a cabeça repleta
de sonhos. É complicado ir à feira de Grantham especular preços, quando na
casa do boticário há tantos livros a sua espera. Este era o motivo, os livros, e,
enquanto um velho empregado se esforçava por vender os produtos da plantação
na feira, o jovem Isaac, à sombra de uma sebe, lia com toda avidez. Os negócios
através de intermediários raramente traz lucro. Assim aconteceu com Isaac
Newton. É possível que sua mãe ralhava com ele muitas vezes, entretanto, é
penoso ser severo com alguém que sempre pratica o bem e, deixa os sonhos à
parte. Não somente os sonhos, mas, projetos, principalmente no que referia à
mecanismos. Os relógios hidráulicos, mostadores solares, papagaios de papel
que construiu, os raios de luz solar que o fascinavam, todos os recursos da
Natureza que um alguem pode observar, sem que fosse preciso imediatamente
entendê-los. Os sonhos perenes brotavam na cabeça daquele quase menino.
Observamos a singular justaposição de destinos: em 3 de setembro de
1658, Oliver Cromwell agonizava em Londres. Lamentava-se, entre gemidos de
dor, implorava a Deus a quem muitas vezes se humilhou. Suas últimas palavras
foram ouvidas com dificuldades pelos amigos que o cercavam, porque lá fora, a
tempestade bramia. E, naquele mesmo instante, em Woolsthorpe, no condado de
Lincoln, Isaac Newton, enfrentava essa mesma tempestade, ocupava-se em
estudar a força do vento. Ele dava pulos contra e a favor do vento e, verificava a
diferença nos dois casos. Avaliava a força do vento, embora, parecesse esquisito
que um moço de 16 anos, ignorante de matemática cuidasse de tal problema. Era
desse tipo de homem que se faria um lavrador? O jovem Newton, sem que
percebesse seguia sua verdadeira vocação. Hannah, sua mãe, queixava-se a seu
irmão o reitor em Burton Coggles, sem encontrar nenhum apoio de sua parte, ou,
pelo menos, dar algum conselho que lhe possibilitasse não interromper os planos
que fizera para o jovem filho. “Enfrente a pobreza, e Deus providenciará sem
dúvida”.
Sem uma saída imediata, Newton foi novamente mandado para a escola.
Com grandes progresssos nos estudos levaram-no ao Trinity College, de
Cambridge, onde participou de assuntos que até então ignorava. Entre eles, os
livros de Euclides. Não que outros estudos de geometria lhe fossem fáceis de
aprender, mas, achou tão evidentes os problemas apresentados pelo velho
geômetra grego, que pôs de lado o compêndio, dizendo:- Acho tudo isso
extremamente trivial.
Outra vez interrompia os seus estudos. Desta vez, a praga, esse terrível
imposto do século XVII, assolava toda a cidade de Londres, e, como atingisse o
interior do país com as suas garras assassinas, fecharam-se as escolas e
dispensaram-se os alunos, evitando a contaminação por aglomeração. Isso fez
com que Newton regressasse a Woolsthorpe, mas não para trabalhar na lavoura
ou tomar conta dos negócios maternos. A luz sempre o fascinara e continuava a
fasciná-lo. As férias forçadas motivadas pela epidemia, fez com que ele
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começasse a trabalhar com prismas, dedicando-se em aprender alguma coisa a
respeito da luz solar. Esses estudos o levou a decompor a luz em seus diferentes
raios coloridos e a lançar os fundamentos de toda a teoria moderna sobre esse
capítulo de Fisica. Foi o primeiro a dividir a “branca luz do infinito” e assinalar
os diferentes graus de refrangibilidade dos raios de cada cor. Aqueles que,
atualmente, buscam os salutares raios violetas, estão em débito para com
Newton, que foi quem soube fazer a combinação adequada de prismas, operando
com um simples feixe de luz solar passando por um orifício praticado numa das
janelas da herdade de Woolsthorpe. Que importa que a teoria de Newton, sobre
as partículas de luz não seja correta? Huygens viria a tempo para nos falar das
ondas e dar-nos a boa direção ao assunto. (Ver itens 2.14 e 2.15).
Costuma-se datar dessa época a prova de que Newton se interessava pela
gravitação. Não podemos nos enganar em pensar que Newton tirou do nada a
sua concepção. Também devemos não relacionar com a história da maçã. Que
permaneça como símbolo. Pouco importa se a maçã caiu, e mesmo que se tenha
esborrachado na cabeça do jovem Isaac. Como podemos concluir, este fato o
teria levado a lembrar-se da obra de Kepler e de Galileu. Ele deve ter olhado
para o sol e considerado que a Lua, os Planetas e a Terra que pisava giravam no
espaço, aproximadamente à razão de 108 000km por hora. Uma explosão de
raciocínios tomou conta de seu espírito. Seria possível que outro cérebro teria
sido capaz de funcionar dessa maneira? O cristal de galena que resolve o
mistério do rádio ou assinala a passagem das tempestades com dez anos de
antecedência, pode ser considerado agora estar tão próximo da nossa
compreensão como a maçã de Newton. O mesmo pode-se dar para a causa da
morte, ou um fato tão comum como a queda de uma maçã. A linha do raciocínio
aí está, mais do que tinha Newton para a gravitação, ainda mais, onde está a
solução? Há portanto, uma porção de problemas para os estudiosos que julgam
que os mestres facilmente podem resolvê-los quando bem lhes entender. Seja lá
como fôr, os ingleses têm grande apego pela “história da maçã”. Não há muito
tempo, mostravam-se aos curiosos a árvore, a qual ela teria caído. Ao resolver
dar fim a árvore, macieira, foi cortada em pequenos pedaços, que ainda hoje se
conservam.
Ninguém imagina desde quando Newton cogitava sobre a gravitação. A
funda com que Davi derrubou Golias, arremessando uma única pedra, foi
aplicado um movimento de rotação. Da mesma forma, costumam-se também
rodar uma vasilha de leite por cima da cabeça, e, o leite não entorna. Mágica
surpreendente, se corretamente executada. Também impinam pipas (papagaios)
que esticam fortemente a linha, e muitas outras coisas que as pessoas da cidade e
do campo sabem fazer. Agora, diante destas ações, pergunta-se:- Qual a força
necessária para que prenda a pedra na funda e o leite na vasilha? Da-se uma
tração constante e um constante esforço para resistir a essa tração. Assim,
portanto, duas forças iguais agindo em sentido contrário fazem o equilibrio.
Newton estava estudando tais questões, seis anos antes de Huygens publicar as
leis da força centrífuga. Conseguira até certo ponto conceber a teoria na sua
totalidade, e pôs-se a tentar prová-la com os cálculos Matemáticos. Não é
novidade que tenha escolhido a Lua para servir de exemplo. Admitiu a Lua para
representar a pedra. Colocada na funda e a Terra representava a mão do atirador.
Neste caso, a gravidade representria então uma cinta. As coisas assim figurou no
Universo, contudo, não deu certo. Pelos seus cálculos, a Lua não deveria estar
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onde ela realmente se encontra. Não tinham, pois, as suas previsões. Nada a
fazer, então, fora com elas. Foi uma grande e amarga decepção. Isaac julgava
que tomara o pulso do Universo, e perseguia uma grande descoberta, e agora
verificava que a sua hipótese era tão descabida como qualquer das que haviam
posto Kepler quase louco. Descepcionado, disse o nosso Filósofo de 23 anos de
idade:- Deixemos para pensar mais tarde sobre este assunto.
Se os mais estupendos segredos do Universo estão além de nosso
alcance, a gravidade não dá resultado, temos que tentar então, alguma coisa mais
simples, mais à nossa mão. O telescópio! A imagem fica sempre um tanto
confusa, e como não havia de ser assim? Se os raios de todas as cores da luz não
se refratam sob a lenta o mesmo grau? Fora o próprio Newton que o provara
com o seu prisma num raio de sol através do orifício de uma janela. Outros
imputavam a imperfeição da imagem à imperfeição das lentes, o que era, sem
dúvidas, um erro. A imperfeição das lentes não mudaria a Natureza da luz,
portanto, como resolver semelhante dificuldade? Por que se não constroi um
telescópio baseado na reflexão? Um aparelho côncavo daria a imagem, e ficaria
dispensada a refração.
Imediatamente pôs-se a construir um telescópio com a imagem fornecida
por um espelho. E tudo funcionou com perfeição. O instrumento tinha apenas
25,4mm de diâmetro e 152,4mm de comprimento, mas aumentou em 40 vezes os
objetos e deu uma boa imagem dos satélites de Júpiter. Um telescópio comum de
1219,2mm de comprimento não era melhor do que o pequenino de Newton. Esse
sucesso levou-o a experimentar de novo. Cosntruiu um telescópio maior, que,
uma vez concluído, foi o maior telescópio da época. Pode ser ainda visto por
quem visita a Biblioteca da “Real Sociedade” de Londres, e junto dele se lê:-
Primeiro telescópio de reflexão, inventado por Isaac Newton, e construído por
suas próprias mãos.
Se procurar conhecer os enormes telecópios que estão atualmente em
uso, verão que são instrumentos de reflexão, essencialmente iguais ao que
Newton construiu há mais de 250 anos. Com o desaparecimento da praga na
Inglaterra, Newton voltou a Cambridge, contava com menos de 25 anos de
idade, mas já havia lançado os fundamentos das obras que o tornariam imortal.
Criou o cálculo das fluxões, isto é, o cálculo diferencial. Formulara, mesmo sem
ser capaz de demonstrá-la, a lei da gravitação universal. Dera um claro
enunciado às três leis de Galileu sobre o movimento. Analisara a luz e conseguiu
a análise espectral. Não havia ainda terminado o seu curso, portanto, nada havia
publicado. Foi no ano seguinte, 1668, que recebeu o seu “A. B”. Quem o
conhecia sabia tratar-se de um habilíssimo Matemático. Sua capacidade
matemática sassegurou-lhe em 1669, a cadeira “Lucasion” de matemática de
Cambridge. Ali deu ele as suas aulas e dirigiu os estudos como um discreto
professor. Não há notícia de serem suas aulas particularmente interessantes, nem
a sua personalidade ser mais popular que de um homem comum. A habilidade
em resolver as mais difíceis questões da matemática devia surpreender os seus
admiradores.
Não era uma figura antipática, e a sua maneira de vestir-se não
despertava inveja em ninguém. Não tinha uma retórica invejável, mas as suas
paletras eram sólidas. Não havia nele juvenilidades de Kepler ou dos lances
teatrais de Galileu. Portanto, não era de espírito gracioso. Tinha respostas
imediatas sobre simples observações, como se houvesse atingido de imediato o
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fundo das questões. Os reflexos de sua inteligência eram céleres demais para
serem seguidos por uma pessoa comum. A concentração tirava-o deste mundo.
Nunca se incomodou com vestuário. As meias poderiam furar, ele não se dava
conta disso. Se saía para jantar fora, era preciso que alguém o avisasse, caso
contrário, ele compareceria vestido como estava, e era mais do que provável que
não estivesse em condições apresentáveis. Quando jantava em casa, tinha que ser
trazido para a mesa e quase forçado a comer. Se arranjava companhia e deixava
a casa para beber uma garrafa de vinho, era bem provável que se esquecesse que
havia outro dia de trabalho. Era completamente distraído, e contam-se histórias
ligadas à sua pessoa, evidentemente uma grande parte inventada. Uma história
refere-se a um jantar em casa de um amigo. A comida já estava à mesa, e
Newton não chegava. O amigo teve que jantar sozinho. Comeu toda a galinha e
guardou os ossos na terrina. Ao chegar, Newton vendo os ossos, diz: “ah, pensei
que não tivesse jantado, mas agora vejo que já jantei”.
A veracidade dessas histórias mostram como ele era distraído,
descuidado e simples ser humano. Não se preocupava consigo mesmo, mas era
um pensador profundo, que conhecia o caminho por onde os planetas se moviam
e possivelmente como os Universos nascem e morrem. Depois disso tudo,
parece-nos desnecessário acrescentar ainda, que Newton permaneceu solteiro.
Houve, entretanto, uma única vez, naquele verão em que se viu obrigado a
abandonar a escola para escapar da praga, com apenas 23 anos, era um rapaz
forte e robusto. Havia umas primas, filhas daquele tio que havia contribuído para
que ele deixasse de ser lavrador. Ele passava muitas horas na casa do reitor. Para
um estudante preocupado em descobrir o cálculo diferencial, suas primas
significam muita coisa. Eram longas conversas, e a bela prima ficava ouvindo,
absorta. Eram monólogos infindáveis que para ela continham o justo número de
palavras. As moças até hoje bem o sabem valorizar estes momentos e a prima de
Newton o soube tanto que ele se sentiu exaltado em suas qualidades pessoais.
Ela, uma mulher bem pouco comum, cheia de espírito e inteligencia. Assim
pensou o jovem Newton, que sorte seria poder contar com ela para resolver os
meus problemas.
Mas, aconteceu que, o encadeamento de seu raciocínio levou Newton à
convição de que a prima nunca o entederia. Teria Isaac, com a sua pobreza,
parecido um mau partido? Julgaria ela que, a despeito de suas longas conversas,
ele era incapaz de dominar alguém? Ou teria Isaac, distraidamente esquecido de
fazer-lhe a declaração? Isso não o teria desculpa em nossos tempos. Por essa ou
aquela razão, o certo é que se separaram. Ela se casou com outro, e, depois de
muitos anos ela e Isaac vieram a ser novamente bons amigos, tendo apagado o
ardor da juventude.
A gravidade surgiu novamente na vida de Newton. Na França, um
cientista de nome Picard fizera cuidadosas medidas pra determinar o
comprimento de um grau na superfície da Terra. A última avaliação dera a um
grau o valor de 111,12km. Picard achou para a medida quase 129,64km. Quando
Newton tratara pela primeira vez do problema da Lua e da gravidade, sabia que,
no caso de a teoria estar correta, a Lua cairia na direção da Terra à razão de
4,8768m por minuto. A sua primeira avaliação, feita quando tinha 23 anos de
idade, mostrara-lhe que ela seria atraída numa velocidade de 3,9624m por
minuto. Essa diferença fez com que ele deixasse de lado a teoria e não
continuasse mais a pensar no caso. Agora, porém, em 1672, chegava a notícia de
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que os primitivos dados não estavam certos. O tamanho da Terra era maior do
que se julgava. Dar-se-ia o caso dessa nova e cuidadosa medida vir corrigir os
seus cálculos? Viria no caso, provar que a sua teoria era fundamentada? As
milhas excedentes podiam causar uma certa diferença. Seriam suficientes para
isso? Quando seus dedos traçaram os números no papel tremia de nervoso.
Aquele homem impassível, um tanto pesadão, já sem mocidade, desbruçava-se
agora sobre os seus cálculos com os olhos flamejantes, e, assim tornavam-se a
verdadeira incorporação da juventude. Mais veloz ainda que seus dedos, corria o
seu cérebro. Precisava de qualquer maneira continuar os cálculos. Dominara o
segredo do Universo e colocara-se ao lado de Kepler e Galileu.
Descobrira a gravidade? Só um espírito inferior ao comum dos homens
afirmaria semelhante coisa. A gravidade foi descoberta, pode-se dizer, pelo
primeiro homem que caiu duma árvore abaixo. Todo mundo sabia da existência
de algo que atrai as coisas para o centro da Terra. Kepler tinha andado bem no
encalço do probelma que Newton viria a resolver, quando se referiu à ação da
Lua sobre as marés. Galileu com seus estudos sobre a queda dos corpos e sobre
os projeteis, retirara da Natureza as três leis guiadoras. Mas parou aí. Newton fez
a aplicação aos problemas do Universo. Muitos, muitos séculos atrás, os homens
concebiam o mundo como sustentado por um gigante, montado nas costas de um
touro, o qual, por sua vez, se apoiava numa tartaruga.
Na Idade Média, a maioria das pessoas, avaliando as coisas pelas
aparências, pensava que a Terra fosse chata e sustentada por colunas em suas
extemidades. Sobre que estaria apoiadas tais colunas? Isso não importava. Essa
concepção foi aos poucos decaindo, e com as viagens e descobrimentos que
vieram provar a redondeza da terra, aceitou-se que esta se sustentava por si
mesma no espaço, estacionária no centro do mundo. Havia mnuitos anos que um
velho escandinavo afirmara que a Terra era redonda e que a suportava uma
serpente, comendo sua própria cauda.
Kepler reconhecia a existência da gravidade, tendo determinado as
órbitas dos Planetas e descoberto as leis de seus movimentos. Mas nunca
penetrou no problema de como cada Planeta podia manter-se em suas órbitas,
conservando o seu impulso. As três leis mecânicas de Galileu e as três leis do
movimento celeste de Kepler forma os instrumentos que Newton usou para a
demosntração de sua teoria. Depois de Newton, o que era lenda não passou de
mera lenda. Mesmo aqueles que não faziam a menor ideia do que fosse
gravitação universal, deixaram de acreditar num gigante sustentando a Terra em
suas costas. Que força impele para a frente o sol e o sistema solar com uma
velocidade de 19,4 km por segundo? Como essa força os atinge e com que linhas
invisíveis prende os planetas ao Sol, e, por sua vez, o Sol a algum astro mais
poderoso e distante? A nenhuma dessas questões Newton respondeu. A nenhuma
dessas questões homem algum respondeu.
Isaac Newton, diante de seu sucesso, não publicou as suas descobertas.
Ficou pensando sobre o assunto por mais de dois anos, e continuou trabalhando.
Não conversava com ninguém; proceguia sozinho, lutava renhidamente com um
após outro planeta, vendo a sua teroria confirmar-se e não importava a que parte
do Universo a aplicasse. E quando a terminou, a primeira parte dos seus
“Pincipia” ficou concluída, não mandou imprimir a obra. Nem mesmo a ela se
referiu na “Real Sociedade”. Simplesmente guardou-a em seu baú, continuou a
viver a sua vida cotidiana. Assim procedeu em vista da discussão que fora
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obrigado a manter com outros cientistas, por causa de sua publicação sobre
ótica, não desejou provocar um rebuliço com a sua teoria da gravitação. Tanto
quanto lhe era dado avaliar, a tarefa estava concluída e isso era tudo para ele.
Edmund Halley chegou providencialmente. Estava às voltas com um
problema que ninguém na Inglaterra era capaz de resolver. Procurava
demonstrar a órbita de um planeta, sujeito a uma lei do inverso do quadrado,
devia ser uma elipse. Apelou para Newton. Ora, isso era exatamente o que
Newton tinha levado dois anos para provar a si mesmo. Em resposta a Halley
pode dizer de imediato:- Pois não, já a calculei.
Newton explica os planetas com as três leis de movimentos e a Lei da
gravitação universal. Desta forma nasce a mecânica celeste:
- Primeira Lei: qualquer corpo permanece em seu estado de repouso, ou
de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja compelido a mudar
de estado por uma força externa.
- Segunda Lei: a taxa de variação do movimento é proporcional à força
impressa e na mesma direção em que a força age. A equação resume em
F= M x a.
- Terceira Lei: a cada ação corresponde a uma reação de mesma
intensidade e sentido oposto.
- Lei da Gravitação Universal: qualquer dois corpos atraem um ao outro
com força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre eles, FG=-G(M1 x M2/r2) ř.
Realmente a calculara. Após uma pequena demora, devida à relutância de
Newton em publicar, os “Principia” foram entregues a Halley. Mas as
atribulações deste cientista não haviam terminado. Halley mostrou os originais à
“Real Sociedade”, e esta resolveu publicá-los. De repente, mudou de parecer e
decidiu que seria muito custoso fazê-lo. Assim, Halley teve que publicá-los à sua
custa. O livro repercutiu nos meios científicos, Halley reembolsou o seu
dinheiro. A “Real Sociedade” arrependeu-se amargamente pela decisão tomada.
Criou-se a celeuma que Newton já houvera previsto. Hooke, que era também um
campeão da matemática, reclamou a paternidade da teoria e tentou fazer com
que a “Real Sociedade” sustentasse a sua reclamação. Realmente, ele havia
trabalhado na questão, mas não a tinha até então demonstrado e havia dúvidas se
teria efetivamente formulado a teoria como Newton a entendia e expressara em
seu trabalho. O fato é que as duas grandes autoridades entabularam uma
discussão e, na segunda edição da sua obra, Newton deu a Hooke todos os
direitos que lhe competiam, e mais alguns. Com esta atitude, mostra bem quem
era o histórico Newton.
Ele tinha nesta época 45 anos de idade, e a não ser a preparação de uma
obra sobre o seu cálculo diferencial, havia dado por concluído a sua tarefa no
mundo. Um ato estraordinário na vida desse grande homem foi que a totalidade
da sua obra, estava completa quando Newton tinha apenas 23 anos de idade.
Tivesse ele conhecido as verdadeiras dimensões da terra, seus cálculos sobre a
gravidade teriam desde logo sido exatos. O que quer dizer que a sua teoria estava
certa e só ficara aguardando dados rigorosamente certos para poder ser
demonstrada. Dera ao mundo uma lei abrangendo todo o Universo, que
patenteava o que de superstição havia nas fábulas, lendas e folclore.
Decompusera a luz branca, mostrando a sua naturea e instituindo as leis da
refrangibilidade no estudo “Experimentum Crucis”. Construíra um telescópio de
63
reflexão, tendo portanto ampliado enormemente o Universo visível. Inventara o
Cálculo Diferencial.
Com idade de 45 anos, já toda a sua obra completa. Estaria exausto?
Seria sua imaginação tão limitada que não podia sugerir novos problemas? Teria
seu árduo e incessante trabalho destruído a sua flexibilidade? Estaria reduzida a
sua cabeça, com aquela idade de 45 anos a uma concha vazia? Newton foi eleito
para o Parlamento. Nas novas eleições foi derrotado. E note-se que era então um
dos mais famosos homens do mundo. Olive Cromwell, Richard Cromwell,
Carlos II, todos chegaram e partiram durante a sua existência. Jaime II chegara
fanfarronamente e partira a toda pressa. Maria e Guilherme III reinavam.
Agitados tempos para a velha Inglaterra, para a liberdade e para o homem. Mas
Newton nunca tomara parte nos acontecimentos políticos. A tempestade podia
rugir a sua volta que ele se conservaria no meio dela em plena calma.
Arquimedes procedeu de modo bem diverso.
É facil de localizar um fato que lhe abalou profundamente o espírito. O
seu cão Diamond derrubou uma Lâmpada acesa no quarto de Newton,
queimando-se as publicações e notas acumuladas havia vinte anos. Para ele isso
tomou as proporções de verdadeira calamidade. Queixou-se pouco, mas caiu no
desânimo. Todavia, nada de muito precioso se deve ter perdido. Não tinha mais
cálculos decisivos e complicados a terminar. Tudo estava feito e publicado. Mas
quem sabe se sobrara alguma coisa. . ..
Algumas cartas que escreveu pouco depois desse terrivel acontecimento
denotam esquisitas particularidades. Uma delas, escrita a Samuel Pepys, é
ilógica, não parece fruto de uma mentalidade profunda como a dele. Mas a crise
foi passageira. Recuperou a saúde e voltou ao trabalho com toda a firmeza. Foi
então que alguém chamou a atenção do Lorde Halifax para a pobreza de
Newton. Ali estava o maior sábio vivo da humanidade e seus recursos
financeiros davam-lhe apenas para viver. Halifax compreendeu que a Inglaterra
devia alguma coisa àquele grande homem. Pouco tempo depois, era Newton
nomeado diretor da Casa da Moeda, com vencimentos correspondentes a $7.000
por ano. Que fortuna deve ter parecido para Newton!
Para falar a verdade, depois da publicação de sua obra sobre o cálculo
diferencial, a ciência não lhe ficou devendo mais grande coisa. Continuou a
escrever, mas só a teologia passara a interessar-lhe. Em toda a sua vida fora
profundamente religioso, e nunca a dúvida lhe penetrou no espírito, nem quanto
à forma nem quanto à substância. Por isso, para os leitores de agora, as suas
publicações religiosas carecem de interesse e frequentemente não são incluídas
na sua herança intelectual. Não resta dúvida, que, para quem tenha tempo de lê-
las com atenção, monstram ser o fruto de uma mentalidade luminosa e invulgar.
Mesmo que a obra de Newton, por essa ou aquela razão, tenha sido
concluida aos 45 anos de idade, ou mesmo, se não fosse por circunstância
acidental, aos 24. Como diretor da Casa da Moeda, com os vencimentos que sua
posição lhe dava, Newton podia ter vivido como um príncipe. Mas, no entanto,
viveu simples e isolado, gastando a maior parte do seu tempo fechado na casa
com os seus livros e escrevendo artigos de nenhum valor sobre teologia. Em
1703 mais uma honra lhe adveio. Foi eleito presidente da “Real Sociedade”,
sendo reeleito para esse alto cargo durante 25 anos ininterruptos. Após 40 anos
quando a Natureza escreveu a palavra “FIM” do seu gênio, Newton ainda vivia.
Honrado e respeitado por todos. Era efetivamente estimado pelo pequeno grupo
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a que se reduziam as suas relações mais íntimas. Morava em companhia de uma
sobrinha, como um velho solitário que serenamente caminhava para o fim da
vida.
Viveu os últimos anos livre de padecimentos. Não passava muito bem
dos rins, e achavam que tinha pedras na bexiga. Não somente isso, juntou-se a
gota. Contudo, não se queixava. Suportava suas dores pacientemente, encarando
com sabedoria o descanso final. Que longa estrada percorrera desde o dia em
que aquelas velhas parteiras correram apressadamente em busca de socorrro para
uma criança quase morrendo e que pesava apenas 1,36kg. Aquela criança
nascera num Universo que os homens supunham movendo-se no caos.
Decorreram 85 anos, e agora estava ali um velho que havia banido o caos e
estabelecido a ordem no Universo. No dia 28 de fevereiro de 1727, Newton,
sentindo-se vigoroso e bem disposto, foi a Londres para presidir a uma reunião
da “Real Sociedade”. As numerosas pessoas que, como membros dessa
instituição, haviam conhecido o presidente durante 25 anos, não mais veriam a
sua figura, coroada de cabelos brancos.
A 4 de março ao regressar a Kensington, adoecera de morte. Dois
médicos o assistiram. Durante 10 dias torceu-se de dores, mas no dia 15 sentiu
algum alívio, e voltaram as esperanças. Teria sido nesse pequeno intervalo de
espera pelo sopro final, que Newton pronunciou as seguintes maravilhosas
palavras, dignas de serem ouvidas por todo aquele que pensa:- Não sei que
impressão darei ao mundo, mas, para mim, penso não ter sido mais que uma
criança que brinca na praia divertindo-se em encontar de vez em quando uma
pedrinha mais lisa ou uma conchinha mais bela, enquanto diante de seu olhos o
grande oceano da verdade se estende desconhecido.
E acrescentou, voltando-se a custo ao leito:- Se vi mais do que Descartes,
foi por estar trepado nos ombros de giantes.
Não houve arrogância nas palavras. Não se lastimou como Tycho Brahe
quando disse:- Oh, que ao menos possa parecer aos outros que não vivi em vão.
Em perfeita modestia, entrou num sono tanquilo, na luz pura em que
tanto mereceu viver.
65
3.8. ALBERT EINSTEIN (1879-1955) natural de Ulm, no Wurtenberg, Alemanha.
Nasceu em 14 de maio de 1879. Seu pai foi um negociante de produtos
químicos, tendo sempre reinado uma atmosfera de ciência em tôrno de Albert,
desde sua infância. O pai abrira a sua casa de negócio em Munique pouco depois
do nascimento do filho. Foi nela que frequentou pela primeira vez a escola e que
conheceu pela primeira vez a amargura de ser judeu na Alemanha. Era franzino
demais para lutar sozinho e muito sensível para ignorar a cruel perseguição que
ali moviam aos judeus.
Aos quinze anos, seu pai transferiu o negócio para à Suiça. Albert pode
então respirar o ar um tanto mais livre de Aarau, na Suíça. Nunca se queixou de
sua vida de aluno da escola cantonal da localidade, mas é bastante significativo
que, enquanto Pasteur, Darwin, Wallace, Hooker e Gray tiveram amigos íntimos,
Einstein, nesse ponto semelhante a Lamarck, viveu uma vida solitária,
construindo em sua imaginação um mundo para si, onde dominava
soberanamente.
As aptidões de Einstein devem ter brotado cedo, pois, quando deixou
Aarau já se achava em condições de ganhar o sustento de sua própria vida. Em
Zurique, entrou para a Escola Politécnica, provendo as despesas com lições de
matemática e física. Como Pasteur, desejava unicamente ser professor. Com essa
ideia foi servir como preceptor em Schaffhauser.
É de acreditar que o seu emprego de professor particular lhe haja
satisfeito, pois no ano seguinte aceitou com agrado o lugar de examinador oficial
de patentes na cidade de Berna, para o qual teve de se naturilizar cidadão suíço.
Einstein trabalhou compenetrado no seu registro de patentes, examinou
escrupulosamente esquemas e modelos para evitar infrações. Isso, representava
apenas o seu ganha-pão. Não correspondia à agitação do seu cérebro, pois, nos
seus momentos de folga cursava a Universidade de Zurique, conquistando o seu
grau de “H.D”. Foi durante este período de examinador de patentes, que
encontrou uma jovem de família eslava, que se interessava pela matemática, e
pelos Matemáticos, vindo a se casar com ela. A jovem aceitou Albert porque viu
que ele precisava de alguém. Seja como for, não conseguiram manter um
entendimento permanente, e parece que, com mútua satisfação, o casamento foi
dissolvido.
Raramente uma pessoa consegue fazer como Einstein. Tão útil emprego
de um cargo oficial, proporcionou-lhe por causa dele uma esposa e um grau de
doutor, assim como escreveu e publicou trabalhos que os firmaram desde logo
como um cientista de grande cultura e imaginação. Num de seus primeiros
trabalhos publicados, que atraiu a atenção geral, deu uma explicação do
movimento browniano. Esse fenômeno, descoberto por Robert Brown em 1827,
constituíra sempre um enigma para os homens de ciência. Em resumo, o que
Brown observou em seu microscópio foi o seguinte: diminutas partículas que,
suspensas num fluído, eram vistas em estado de grande agitação. Mas constituía
um mistério a razão pela qual tais parículas de matéria, apenas distinguíveis sob
grande aumento, se empenhavam trabalhosamente em correr daqui para ali nas
mais desencontradas direções. Foi esse o problema que Einstein atacou ao
mesmo tempo em que examinavam as patentes.
Como se sabe, o calor aumenta a atividade molecular. Mas semelhante
atividade não pode ser observada numa partícula relativamente grande, nem
tampouco na molécula, por estar fora do alcance do mais possante microscópio.
66
Entretanto, esse movimento devido à energia térmica, quando a partícula ocupa
em tamanho o limite da visão microscópica, pode perfeitamente ser visto.
Einstein, partindo desses conhecimentos, utilizou a sua capacidade matemática
para estabelecer as operações que tornaram possível deduzir as massas das
partículas do cálculo dos referidos movimentos.
Ainda quando em plena tarefa de examinar patentes, publicou, em 1905,
sua Teoria da Relatividade, deduzida dos estudos que fizera das transformações
de Fitzroy-Lorentz, equação tão sutil que a sua significação completa só foi
concebida depois que Einstein a iluminou com o seu gênio.
Os mestres da Ciência começaram a olhar com alta consideração para
aquele funcionário de um simples registro de patentes. Zurique chamou-o para
ser professor de física teórica de sua Universidade. Isso se deu em 1909, tendo
permanecido Einstein dois anos nesse cargo, quando Praga lhe ofereceu uma
cadeira de professor de física. Mas Zurique reconquistou-o um ano depois, e aí
se demorou ele até que a Alemanha, por sua vez, o requisitou.
Einstein foi chamado a Berlim para dirigir o Instituto Kaiser Wilhelm,
sendo então eleito membro da Real Academia de Ciências da Prússia, com
vencimentos que lhe permitiram devotar-se exclusivamente às pesquisas
científicas. Passados dois anos, assombrava o mundo com a sua Teoria da
Relatividade Generalizada. Por volta dessa época, 1915, a Europa fazia esforços
desesperados para se suicidar, levando consigo para o túmulo a humanidade
inteira. Berlim era então um centro de ebulição de atividade guerreira, mas
Einstein, tal como Lamarck, cuja calma não se perturbara com a fúria da
Revolução Francesa, trancou-se em seu laboratório, escapando do vírus da
loucura que atacara todas as nações. Quando esse vírus se extinguiu por si e os
homens voltaram a ser racionais, a Natureza empolgante de concepção
einsteiniana do Universo arrebatou os sábios, incutindo-lhes um ardor intenso de
explorarem as suas verdades.
Einstein havia afirmado que o espaço apresenta uma “curvatura” e que,
consequentemente, as partículas que nele se movem são obrigadas a seguir a
curvatura desse “contínuo”. Mas onde as provas de tal afirmativa, que, à
primeira vista, soa como um verdadeiro absurdo? Einstein pode desde logo
apelar para um fato demonstrativo. Desde muito tempo que os cientistas que
acreditavam na lei newtoniana da gravidade se vinham vendo em apuros
relativamente ao planeta Mercúrio. Este não se comportava regularmente, não
fazia como os cálculos esperavam mostrar, a sua volta em torno do Sol,
concluindo-a no ponto predeterminado pela teoria. Ao invés disso, levava para
executar seu giro completo, tempo ligeiramente superior ao previsto. A teoria de
Newton não dava conta desse comportamento misterioso, ao passo que a nova
teoria de Einstein o explicava quase que com rigorosa exatidão.
Tratava-se de uma questão relacionada com a trajetória da luz. A velha
noção que se tinha era que a luz, pelo fato de não ser consituída de partículas
materiais, devia caminhar em linha reta no vácuo, sem sofrer a ação da
gravidade. É verdade que os teoristas filiados a Newton admitiam que o raio
luminoso, ao passar pelas proximidades do Sol, podia ser desviado de sua
trajetória retilínea, pois aceitavam que a luz fosse composta de partículas
materiais. Einstein, entretanto, insistia em dizer que, de acordo com a sua teoria,
a luz devia sofrer um desvio duplo do previsto pela lei de Newton. Era essa
controvérsia o que justamente mais agitava os físicos e os Astrônomos.
67
Felizmente era um questão que poderia ser posta à prova e, a oportunidade para
isso surgiu logo depois.
Terminara a guerra, a Alemanha diminuída em seu poderio, implorava
junto à Conferência Mundial uma nova ocasião de exibi-lo de novo. A 29 de
maio de 1919, os membros dessa Conferência reuniram-se em Versalhes para
proferir a sua sentença. Nessa mesma ocasião, alguns sábios ingleses se achavam
no Brasil e na Àfrica devidamente aparelhados para fotografar um eclipse do Sol
e determinar de uma vez para sempre se Albert Einstein tinha efetivamente razão
no que afirmara. Os resultados disseram que sim. As fotografias provaram que a
luz, ao passar próximo ao sol, se desviava de sua trajetória retilínea de um
ângulo quase que rigorosamente igual ao previsto por Einstein. Posteriormente,
em 1922, foram colhidas novas confirmações fotográficas.
Enquanto o mundo científico aguardava impaciente o veredicto dos
Astrônomos, Einstein, calmamente, em sua residência em Berlim, fumava o seu
cachimbo, prosseguindo nos seus trabalhos, resolvendo suas equações, lutando
em um mundo de dura e fria realidade, em que se abstrai do sentimento e da
emoção. Se conseguisse resolver corretamente as equações e nenhum erro
cometer no tratamento dos símbolos matemáticos, as suas deduções estariam
fatalmente certas. Se a observação não viesse justificar as suas conclusões,
então, o trablalho teria que ser retomado e o erro teria que ser laborioso e
meticulosamente localizado. Não havia razão portanto, para se perturbar. Mesmo
assim, Einstein devia ter experimentado uma serena e profunda satisfação
quando lhe veio a notícia de que a sua teroria havia sido plenamente confirmada.
Em se tratando de um Matemático, nada convém afirmar ao certo a seu respeito.
O que estava fora de vúvida é que nada em Einstein permitia que fosse acusado
de vaidade. Pelo contrário, os que de perto o conheciam referiam-se sempre à
sua encantadora modestia e repetiam que, a palavra “eu” raramente figurava em
seu vocabulário. Ao visitar à América, mostrou-se sempre uma criatura serena,
sincera, sem afetação de nenhuma espécie, apaixonado pelo seu cachimbo,
possuidor de um fino senso de “humour” e tendo um honesto horror às
formalidades mundanas.
Nada se conhece da vida de Einstein que permita suspeitas acerca de sua
simplicidade. Nisso ele se assemelha a Faraday, cuja simplicidade de costumes e
maneiras, a glória não conseguiu alterar. Não possui nem o instinto de ambição
de um Davy nem certas atitudes teatrais que tão fortemente caracterizavam
Pasteur. Sua casa em Berlim, na Rua Habeland, era tão despretensiosa como
uma habitação humilde de Ghetto. Ele e a Sra. Einstein, a segunda, que dessa
vez era a sua prima Elsie, viviam num 4° andar de casa de apartamentos, e para
os demais locatários, Einstein não passava de um homem de meia-idade, um
tanto adoentado, e muito econômico para consigo mesmo. No 5° andar, contíguo
ao telhado, ficava o seu quarto de estudos. Não era espaçoso, mas era suficiente
para um homem poder pensar. Uma porta de aço isolava-o do resto do mundo.
Uma claraboia deixava entrar a luz e ar, além de poder ver as estrelas à noite.
Neste quarto, quando a porta hermeticamente se fechava, Einstein vivia num
outro mundo. Um mundo de mais de três dimensões, onde só reinavam o
silêncio e a meditação profunda.
Sua mesa de trabalho estava sempre coberta de livros e publicações
científicas, cartas, e papéis espalhados, com equações em várias fases de
resolução. E, por cima de tudo isso, restos de fumo e cinza, porque um homem
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distraído, que além do mais é um inveterado fumante, não vai cuidar de encher o
cachimbo sem sujar a mesa ou evitar que os palitos de fósforo queimados fiquem
jogados por toda parte. Sobre uma poltrona, junto à mesa, vê-se um retrato seu,
sem moldura. Num dos cantos da sala, um longo telescópio, pelo qual, nas horas
mudas da noite, Einstein observa as estrelas e perscrutava ansiosamente o
espaço, dirigindo perguntas eternas ao sóis que palpitam imensamente distantes.
Tudo isso se poderia esperar encontrar no quarto de estudos do maior
sábio do mundo, mas quem esperaria aí encontrar, do lado oposto à sua mesa de
trabalho, bem em frente a ele, um piano? Pois um piano lá estava, simbolizando
uma face do espírito de Einstein pouco conhecida do público. Era um
apaixoando na música e, quando a força do seu pensamento se excedia e
ameaçava declinar, ele se sentava ao piano e as músicas de Beethoven e Bach
refazia a sua harmonia interior. Darwin, que na sua mocidade apreciava a música
a ponto de sentir um tremor nos osssos ao ouvir uma orquestra, queixava-se de
que a operosidade científica a que se vira forçado, destruíra o seu amor pela arte.
Einstein ao contrário, parece ter levado a abstração além dos limites do
pensamento humano, encontrou na música elevação e o repouso.
A mistura de honras e glórias, com algum dinheiro, vieram ao seu
encontro, mas continuou a viver a mesma vida de quando chegou a Belim, 16
anos antes. Foi deste quarto de estudos que Einstein anunciou a sua Teoria da
Relatividade Generalizada. A teoria que abalou todo mundo científico. Nessa
nova concepção do Universo, apoiada na matemática e baseada na experiência,
“o espaço e o tempo em si”, escreveu Minkowski: “reduzem-se a meras
sombras, e só uma espécie de relação entre ambos mantém uma existência
independe”.
É de admirar, portanto, que a Ciência tenha tido um sobressalto e
exclamasse: “Que significa tudo isso”? Tão impressionante foi essa exclamação
por parte da Ciência, que até os leigos se interessaram pelo assunto. Estaria o
Univeso modificado em suas bases, estariam os nossos relógios mentido. Seria o
tempo uma ilusão e o espaço uma coisa sem sentido? Naturalmente, na
qualidade de leigos, teríamos mil e um perguntas a fazer, algumas um tanto
puerís e outras exigindo respostas apenas ao alcance de quem possui vastos
conhecimentos de matemática. Para saber o que significava aquela chocante
transformação das coisas, ninguém podia explicá-la. Todos já ouviram falar da
quarta dimensão. Mas, de repente todo o mundo se pôs a falar de uma quarta
dimensão chamada tempo. Pusemo-nos a tentar visualizar o “espaço-tempo”, e
este é um caminho certo para a loucura.
Mais recentemente, Einstein nos deu a sua Teoria do Campo de
Gravitação, com o que novamente nos deixou desorientados. Os chamados
campo de gravitação e campo eletromagnético são, no dizer de Einstein, coisas
idênticas, governadas pela mesma lei. A. S. Eddington, professor de Astronomia
em Cambridge, veio ainda complicar a questão, fazendo entrar em cena o
elétron. Já estavamos acostumados com esse mínimo dos mínimos e começamos
a manter certa intimidade com ele, quando vem Eddington dizer que o elétron
não passa de um “manequim”, usado para auxiliar o pensamento, e que por trás
dele está ”psi”, que é suposto representar a realidade, mas que, por sua vez,
podia vir a ser provado que não passava também de um manequim.
Entre o Universo e o “psi”, Einstein e Eddington haviam revolucionado a
antiga ordem de coisas, aquela ordem de coisas que nascemos e que se supõem
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conhecer um pouco. Felizmente, as leis ainda continuavam a operar, mas daí não
se segue que operassem da forma por que semelhante restrição não deixava de
ser chocante para a nossa qualidade de crentes em Newton, figura de gigante que
enchera o mundo por mais de duzentos anos.
Se Eddington tinha razão e o elétron devia ser substituído, era justo que
depositassem confiança na estabilidade do “psi”? E, se este também se fôr, que
restará de pé? Somos alguma coisa, ou menos que nada? Será toda a matéria
alguma coisa, ou menos que nada? Einstein fizera com que o tempo perdesse a
sua estabilidade, o espaço a sua realidade e, o padrão de medidas a sua
invariedade. Concorde-se em que tudo isso era mesmo para deixar um homem
confuso, e só nos restava apelar para o tempo, a cuja realidade obstinadamente
nos apegamos, para que viesse esclarecer as coisas e permitir que se lancem um
olhar furtivo para aquilo que tanto nos preocupava.
A teoria de Newton contituíra também um mistério para os seus
contemporâneos cientistas. Havia então apenas uma meia dúzia de pessoas
capazes de compreender exatamente o que ele afirmava. Até certo ponto as suas
ideias precisavam ser postas ao alcance dos sentidos. E, para as posssiblidades
dos espíritos não Matemáticos, foi necessário construir uma imagem da Terra
girando velozmente através do espaço sem deixar contudo de estar presa
indesviavelmente às poderosas garras do Sol. Nos dois séculos e meio em que se
seguiram ao aparecimento dos “Principia”, os homens aceitaram e supuseram ter
compreendido a teoria de Newton, sem se darem conta dos desnorteados meios
por que o conseguiram.
Os espíritos não Matemáticos, para fazerem uma vaga, mas assim mesmo
satisfatória ideia da gravitação, precisam visualizá-la na imagem de uma bola
que descreve círculos presa à extremidade de um cordão. Isso está longe de ser
rigoroso, mas, não obstante, tem prestado e continua a prestar serviços aos
atarefados homens de negócios e às ativas donas de casa. Não é impossível que
muita gente conserve ainda a secreta convicção de que concepção de Newton é
um tanto absurda e que deve haver algo de tangível e visível que de certo modo
sustenta a Terra para que ela possa girar como uma bola sobre o seu eixo. Esta é
uma forma de pensamento natural para quem não recebeu qualquer instrução
matemática.
Os homens em sua totalidade, nela se incluem gênios como Shakespeare,
Goethe, Hardy e Proust, só é capaz de pensar por imagens. Imagens claras ou
ilusórias, não importa, mas, somente os estudiosos esclarecidos da matemática
pura são capazes de se libertar deste processo de pensamento limitado e pouco
satisfatório. Ora, para esses que são capazes de compreender as várias etapas,
por exemplo, da transformação de Lorentz, existem raciocínios e concepções
para os quais não se pode arranjar uma imagem, que capacite ser representada
em termos da vida comum do dia a dia. Em seu esforço de compreensão, são
transportados a um mundo onde até as palavras, no seu sentido geral e criadoras
de imagens cessam de existir, onde o pensamento se mostra tão ríspido, frio e
remoto, em relação à experiência quotidiana dos homens, que deixa de poder ser
identificado como pensameto por uma mentalidade não matemática.
Verifique quem pensa exclusivamente por palavras que possuem um
certo valor pictorial definido. Não depreende que as palavras tenham a mesma
signficação pictorial para qualquer pessoa. Se for um corretor, por exemplo, da
Avenida Paulista em São Paulo, a palavra “algodão” significará coisa muito
70
diferente do que se for proprietário de uma plantação de algodão no Estado de
Mato Grosso do Sul, e ainda mais diferente será para quem colhe os chumaços
de algodão. Mas, em todos os casos, a plavra “algodão” terá sempre um
determinado e expressivo valor pictorial.
Esse sentido ocasional das palavras não existe para a alta matemática.
Para os espíritos profundamente estudiosos que são capazes de entender,
digamos, uma fórmula de Riemann, a significação desta será sempre a mesma.
Literalmente, os processos de pensamento serão idênticos. Como podem, pois,
tais conclusõe, não pictorialmente imagináveis, ser expressas em palavras que
devem conter, e não podem deixar de conter, sugestões pictoriais?
Einstein é um gigante da matemática pura. Quando penetra em seu
laboratório, fecha-se com a sua porta de aço para todas as palavras, ou o que
entendemos por palavras. Passa a lidar apenas com fórmulas, com combinações
de algarismos, letras, símbolos e diagramas, em cujas manipulações o
vocabulário comum dos homens não toma parte. Quando chega ao momento de
transmitir ao mundo as suas conclusões, manda imprimir algumas poucas
páginas de formulários. Desta maneira, Einstein não tem significado grande
coisa para a compreensão dos leigos, a respeito de todos os livros, folhetos,
artigos, conferências, entrevistas, sobre a Relatividade. Quando foi da
publicação no London Times, de um artigo de vulgarização da teoria de
Eddington sobre o elétron, alguém solicitou de Sir Oliver Lodge um comentário
sobre o artigo. Tudo o que ele teve para dizer, depois de lê-lo, foi:
- Deus proteja os leitores do Times.
Bertrand Russell que, como cultor da matemática pura, pode figurar logo
depois de Einstein, escreveu:- Muitas das novas ideias podem-se expressarem
linguagem não matemática.
Mas apressa-se e acrescenta:- Exige-se uma mudança da nossa
representação imaginativa do Universo.
Quem pode mudar a representação do Universo? Quem pode varrer do
espírito a ideia de que o Sol “mantém” a Terra e os demais Planetas em suas
órbitas? Em lugar disso, concebe-se uma representação dos Planetas
percorrendo, num dado sentido, a linha de menor resistência, não em virtude de
determinada ação do Sol sobre eles, mas por causa da Natureza do espaço-
tempo! Quem pode conceber o espaço-tempo, pode sem dúvidas, imaginar uma
representação pictorial do espaço-tempo. Significa alguma coisa a semelhante
combinação de palavras?
Para os estudiosos de Einstein, ela significa alguma coisa familirizadas
com a matemática. Por exemplo: ao ver um livro, o que se vê é exatamente um
livro para quem olhou. Algo de pesado e sólido, que se pode segurar, olhar e ler.
Pode-se rasgá-lo, queimá-lo ou repô-lo na estante, como se aprouver. Imagine
instintivamente que, se ele não ocupasse espaço, não teria existência para quem
o vê. Seria apenas um espectro de livro. Ora, a ideia de associar o tempo ao livro
nunca viria à mente, a não ser que, pelo conhecimento que se tem de que o livro,
só existe durante certo tempo, por menor que este seja. A máquina
cinematográfica pode filmar um homem em movimento, porque, não importa a
pressa com que se desloque, há sempre uma fugaz fração de segundo em que
uma parte do seu corpo está parada. Pode-se ver, que se deve acerescentar a
noção do tempo à noção de livro, a fim de lhe dar uma realidade em que a gente
se possa firmar. Ao encurtar o tempo até zero, é o mesmo que dizer que o livro
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“noção” existe. Deveis, portanto, usar o tempo como uma quarta dimensão, ou o
vosso livro livro deixa de ter realidade.
O livro não é uma certa porção de matéria sólida ocupando espaço e
tempo, como o é para outras pessoas e para mim, mas sim um grupo de
acontecimentos vizinhos. Logo de princípio, somos levados à confusão por
causa da palavra “acontecimento”, que para nós significa algo diferente do que
significa para um Matemático. Uma explosão é um acontecimento para nós, mas
longe estaríamos de supor que o livro que seguramos em nossas mãos fosse
também um acontecimento. Caso se tratasse de um grande livro, tudo bem, ainda
podíamos conceber a sua publicação como constituindo um acontecimento, e
marca-se o tempo que decorreu depois dele.
Nós, como os cientistas, relacionamos o tempo aos acontecimentos da
nossa existência, mas com a diferença de que os cientistas chamam tudo de
“acontecimento”, e, por consequência:- O espaço-tempo é uma dimensão
necessária de tudo aquilo que conhece naturalmente como matéria. Além disso,
eles não falam de espaço entre dois acontecimentos. E a medida desse intervalo,
na teoria da Relatividade, é a distância que a luz percorreria no tempo entre os
acontecimentos. A velocidade da luz tende a dominar toda a Teoria da
Relatividade. Nada é possível conhecer que tenha uma velocidade superior a
299 792,458 km/s. Pode-se tomar essa velocidade por padrão. Desta forma,
como consequências naturais, as singularidades. Mas, uma vez que se tenha bem
clara essa noção no espírito, pode-se considerar no bom caminho para entender o
rito, pode-se considerar no bom caminho para entender quanto é possível dizer
de Einstein sem auxílio da matemática.
Se estiver guiando um automóvel a 37 km por hora, e um outro
automóvel, fazendo 74 km por hora passa a dianteira, se ambos os carros
conservam a respectiva velocidade, ao fim de uma hora estarão a 37 km de
distância um do outro. Se o carro estiver dando 37 km por hora e encontrar um
outro correndo em sentido oposto à razão de 74 km por hora, o vosso caro estará
ao cabo de uma hora, a 111 km do carro com que cruzou. Esses dois exemplos
são corriqueiros, toda gente os compreende perfeitamente, mas cuide cada qual
de compreender o problema que se segue: um automóvel que corre à razão de 37
km por hora, e cruzar com um outro correndo a 74 km por hora em sentido
contrário. Até aqui como num dos casos precedentes. Mas, supondo agora que,
no momento exato em que os dois carros se cruzam, um feixe de luz é projetado
pelo seu carro. A que distância se encontrará no fim de um segundo de uma onda
luminosa então produzida, e a que distância se encontrará o segundo carro da
mesma onda, no fim também de um segundo? A resposta é que cada carro estará
distante 299 792,458 km da onda de luz considerada. Isto é, nem a velocidade do
seu automóvel, nem a velocidade maior do segundo automóvel, alterarão o
resultado, mesmo em uma mínima fração.
O que defato se passa é que tanto você como a pessoa que estava guiando
o segundo automóvel, e como qualquer outra pessoa que se encontrasse naquele
dado instante na vizinhança imediata do fato, se torna o centro do feixe de luz
projetado. Se cada uma das pessoas tivesse um relógio bem regulado na mão,
verificaria, no fim de um segundo, que o raio lumminoso, caso isso pudesse ser
medido, se achava a 299 792,458 km de distância, tal e qual como se cada uma
das pessoas tivesse ficado parada em seu lugar. Só há um meio de explicar
semelhante paradoxo e, este consite na hipótese de que os relógios, tanto o seu
72
como os dos outros, hajam sido afetados pelo movimento. Isso não quer dizer
que tenha havido uma variação mecânica ou alguma inexatidão no
funcionamento dos relógios. Quer dizer apenas que, houve uma mudança real na
duração do segundo. Semelhante efeito do movimento sobre o tempo acarreta
alguns resultados inesperados.
Dissemos acima que, lidando com a teoria de Einstein, podíamos
considerar como absoluta a velocidade da luz. E isso se pode dar desde que
nenhum corpo mateiral possa em circunstância alguma, atingir a velocidade da
luz, o que se torna evidente desde que se admita, que o tempo é afetado pela
velocidade. Se o seu tempo varia quando a velocidade aumenta, permanecendo
constante a velocidade da luz, como pode atingir essa constante? Vejamos um
exemplo que, por sua analogia, torne essa evidência mais compreensível:
imaginemos a dificuldade que qualquer um experimentaria se pretendesse ir de
São Paulo ao Rio de Janeiro, admitindo que, em cada dia, havia de percorrer a
metade da distância que o separa do ponto de chegada. Percorreria, por exemplo,
83,34 km no primeiro dia; 41,67 no segundo dia, 20,835 no terceiro, e assim por
diante. Ora, sendo assim, está claro que nunca conseguiria percorrer a última
fração, que o separa do Rio de Janeiro. Da mesma forma, se o seu tempo varia
com o seu aumento de velocidade, como pode esperar atingir um padrão fixo e
absoluto?
Vamos lembrar que ao mesmo tempo a Terra está movendo em relação
ao Sol; e o Sol por sua vez, se move em relação às “chamadas” estrelas fixas, e a
constelação de Hércules, para a qual se “dirige” o Sol, também está em
movimento em relação a outras estrelas mais distantes. Quem é capaz de
conceber a curva altamente complicada descrita por todos os objetos que estão
na superfície da Terra, e que é a resultante de tantos movimentos combinados?
Assim, concebê-la é fazer uma ideia do que os antigos físicos queriam exprimir
com a palavra Relatividade. Torna-se fácil compreender que um Universo assim
sem repouso, nunca é o mesmo dois segundos após, não poderia ser medido,
salvo se o tempo fizesse de algum modo parte integrante do esquema de
medidas.
A mais curta distância entre dois pontos de uma superfície esférica, o
globo terrestre por exemplo, não pode ser uma linha reta quando aquela distância
tem que ser contada sobre a superfície da esfera, caso em que é dada por um arco
de círculo máximo que passe pelos dois pontos considerados. Se quiser caminhar
de São Paulo na direção leste, seguindo o caminho mais curto, deve-se tomar
uma direção um tanto voltada para o Norte ou para o Sul, para seguir o trajeto de
um grande círculo imaginário, isto é, a geodésica do lugar.
Os corpos em seus movimentos no espaço fazem a mesma coisa: seguem
a geodésica do espaço-tempo. Pela teoria de Newton, todos os corpos tendem a
se mover segundo uma linha reta, quando não são sujeitos a uma força exterior.
Para Einstein, porém, não se trata mais de linhas retas, nenhum corpo pode ter a
tendência de se mover em linha reta. A sua conclusão é que as órbitas dos
Planetas são geodésicas do espaço-tempo e que os planetas se movem segundo
elas em virtude da Natureza curva do espaço-tempo e não em virtude de certa
força misteriosa que o Sol possa exercer sobre eles, além do mais, tinha que se
exercer necessariamente a distância, hipótese que repugnava ao modo de pensar
do homem.
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Einstein não acreditava nas retas e, não admitia mesmo que os raios de
luz caminhassem retilineamente. Atribuiu à luz, raios geodésicos e admitiu que
esses raios, a não ser que sejam interceptados por um corpo opaco, devem
percorrer toda a volta do Universo para voltar a seu ponto de origem. Essa
excursão total de um raio luminoso dura a insignificância de mil milhões de
anos. Portanto, quando chegar o momento dos raios que atualmente estão
partindo da Terra, voltarem de novo até nós, o Sol em muito se adiantou na sua
longa viagem em direção ao C.G..
Se as ondas luminosas caminham em linha curva, o espaço, como o
conhecemos, não pode ser infinito. Isso não perturbou Einstein, pois admitiu ele
que o espaço é finito, apenas mede em sua circunferência mil milhões de anos-
luz. Einstein admite que a nossa luz, não somente a luz solar, mas todas as luzes
estelares, não podem jamais abandonar o Universo onde se originaram. Esse
espaço em que se da o percurso dos raios luminosos é, para Einstein, o
verdadeiro espaço. O que afirma, é que, se existe um éter as coisas se passam
exatamenente como se passariam sem ele. Atribui uma grande significação às
experiências de Michelson-Morley, e às de seus continuadores, nas quais não se
obteve o menor indício de um arrastamento do éter, isto é, do que se podia
denominar um vento de éter. Nenhuma experiência demonstrou decisivamente, a
existência de um éter. Dayton C. Miller, em 1925, acreditou haver captado certa
coisa que podia ser considerada como sendo o éter, mas, nem Eddington nem
Bertrand Russell aceitaram os resultados de Miller.
Einstein ao construir a sua Teoria, confessadamente, simplificou e
esclareceu as leis da Natureza. Pode-se afirmar que o tenha conseguido? Os
Matemáticos dizem que sim, e devemos acreditar na sua palavra. Naturalmente
direi:- Por que devemos acreditar na palavra dos Matemáticos?
A teoria de Einstein supõe certos princípios que devem ser retidos,
gastando-se muito tempo para tentar visualizá-los. Ninguém pode prever o
futuro, mas pode-se afirmar que a Teoria da Relatividade já produziu, nos
domínios da filosofia, a maior revolução jamais registrada. Toda a teoria de
Einstein ainda não representa uma explicação completa do Universo. A esperada
explicação, global e deslumbrante, deve partir do frágil e vibrante elétron, do
próton, desse sistema solar submicroscópico que é o átomo. Mas nesse ínfimo
mundo do átomo, todas as pesquisas dependem da deslumbrante Teoria da
Relatividade de Einstein.
A primeira singularidade geral, expansão acelerada, ou resumidamente
em expansão. Portanto, se voltamos no tempo, o Universo irá diminuir, quando
toda a matéria estará num ponto, de modo que a densidade tornar-se-á infinita.
Outro exemplo é a existência de buracos negros, que são previstos pela Teoria
da Relatividade Geral. Se a velocidade de escape chega a ser maior que a da luz
(299 792,458 km/s), a região onde isto ocorre fica invisível.
74
4. IMAGENS EM ANÁLISES
4.1 Galáxias são associações de estrelas, gás, poeira interestelar e matéria escura,
ligadas pela gravitação. Os Astrônomos acreditam que haja cerca de cem bilhões
de galáxias no Universo. Em cada uma dessas galáxias existem centenas de
bilhões de estrelas. Os braços das galáxias do tipo Espiral são fluxos de cargas
elétricas, em ligações com o bojo no C.G..
Hubbel classificou as galáxias de acordo com o que foi obtido até 1930.
Foram classificadas em galáxias Elípticas; Lenticulares; Espirais
normais; Espirais barradas e Irregulares. As galáxias espirais são subdivididas
em grupos (a, b, c e d). Utilizando o mesmo quadro demonstrativo é possível
concluir que, os objetivos alcançados dão ainda outras informações sobre a vida
de uma galáxia. As imagens das Espirais normais e Espirais barradas,
classificadas conforme descritas acima, com base na intensidade luminosa
(Sa>0,5; Sb≈0,45; SBc≈0,32; Sc≈0,15; Sd≈0,10). Qualquer uma destas (Sa, Sb,
Sc e SBa, SBb e SBc), sequencialmente demonstra que termina em Irr
(Irregular), ao alcançar o final da forma existencial.
Portanto, há um período de auge nas atividades de uma galáxia sob os
efeitos das transformações de energias. No correr dos milênios a luminosidade
diminui com proporcional perda de potência no bojo, caracterizando o ciclo de
vida de uma galáxia. As galáxias funcionam como reciclador e, geram campos
magnéticos abrangentes em toda área dos discos, denominado campo magnético
indutor. A densidade de linhas de campo é inversamente proporcional ao
quadrado da distância da origem C.G..
Só existirão estrelas se existirem as galáxias. A recíproca também é
verdadeira. Assim, torna-se coerente entender porque as estrelas de altas massas
não estão distribuídas aleatoriamente na Via Láctea. Elas são encontradas
reunidas nos limites dos braços, onde o nível de gás molecular é relativamente
denso. A grande concentração de estrelas ficou conhecida como aglomerados
globulares gigantes (NMGs). As massas podem chegar a 106
M .
O Sistema Solar localiza-se no eixo imaginário desta espécie de caverna
às avessas, plena em partículas e corpos celestes. Ao olhar no sentido Norte
geométrico do Sistema Solar, coincidente ao Norte geométrico da Terra,
deslumbramos o caminho a percorrer até ao bojo (C.G.) da Via Láctea, embora
as curvas que compõem o braço somente permitem contemplar da Terra o
horizonte Oeste, assim como observou Eudóxio (360 a. C.).
75
O braço de uma galáxia espiral é geometricamente representado por um
eixo imaginário de espiral logarítmica ao longo do centro. A espiral logarítmica
se estende da extremidade do braço até ao bojo. Os braços são combustíveis para
manter o bojo ativo. Ele é o próprio fluxo de grãos não isotrópicos com
impurezas, possui carga elétrica e percorre toda a trajetória até chegar ao bojo
(C.G.). As galáxias são compostas de estrelas, nebulosas, gás interestelar
(H+He+C+Ni+O), poeiras interestelares (grãos sólidos), raios cósmicos
(prótons, elétrons e núcleo de He), etc.. As galáxias reciclam o que são injetados
no bojo (C.G.) e, transforma tudo em partículas elementares. Neste processo
geram ondas de choques que refletem ao longo dos braços, numa espécie de
torção ondular, favorecendo a entrada do fluxo no bojo. Após a reciclagem com
refinamento das partículas em alta temperatura, com pressão, fusão nuclear e
descargas eletromagnéticas, elas são expulsas através do buraco negro. Mesmo a
luz ao passar pelas proximidades do polo Sul do buraco negro de uma galáxia é
atraída. Observa-se que os braços das galáxias espirais têm relativa similaridade
aos aceleradores circulares (cíclotrons) de partículas. O movimento do fluxo
contínuo com cargas elétricas gera um campo magnético ao redor do braço,
proporcionado pelas partículas com metalicidade e, átomos mais pesados que o
hidrogênio e hélio. A geometria do aglomerado que compõe os braços, a força
magnética e a rotação da galáxia, proporcionam movimento acelerado do fluxo.
Portanto, a velocidade de 19,4 km/s no eixo central do braço (onde se encontra o
Sistema Solar) não pode ser considerada constante.
Na região final de jornada atingem velocidades crescentes por três
fatores:- Primeiro fator: é o aumento de densidade do campo magnético indutor.
- Segundo fator: é a forma geométrica dos braços. À medida que o fluxo
de um braço se aproxima do bojo, as curvas de configuração que o constituem
em espiral logarítmica proporcionam a aceleração.
- Terceiro fator: os braços são comprimidos com a galáxia em rotação,
geram pressões no sentido da extremidade do braço para o bojo da galáxia
(C.G.).
Nestas condições, os choques entre partículas dos braços com o bojo em
altíssimas temperaturas, liberam energias, desarranjam combinações químicas e
atômicas, transformam os componentes em partes atômicas e subatômicas. Todo
o reciclado em partículas elementares, são “chutadas” com o campo magnético
para (re) compor os braços da galáxia as quais pertencem. Os corpos grandes e
massivos são gradativamente desintegrados e, se transformam também em
partículas elementares. Todo o processo depende do período, das condições a
que são submetidos. O bojo tem a característica de decomposição dos corpos,
partindo da periferia para o C.G.. A força centrípeta, pressão, temperatura e o
campo magnético atraem as partículas elementares para o centro do bojo, o
buraco negro.
As linhas do campo magnético indutor, que partem do C.G., penetram
transversalmente em todo o disco da galáxia em rotação. Desta forma, existe um
halo de linhas de campo magnético com polaridades definidas, Norte (+) e Sul
(-) magnético. Há ainda, a dispersão de partículas “chutadas” com o campo
76
magnético, as quais atingem aleatoriamente as zonas rarefeitas de gases
ionizados (plasma) entre galáxias e os respectivos braços.
O fato do Sol isoladamente possuir 99,86% da massa total do sistema e,
os demais planetas que compõe o Sistema Solar somam 0,14%, não significa
predomínio na tarefa de seguir o caminho através do braço Órion. O Sistema
Solar está a 8300 pc (2,49 x 1017
km) do C.G. da Via Láctea. Os braços
principais são: Perseus e Scutum-Centaurus. Os demais com aparência
secundária: Sagittarius; Norma (New Outer Arm) e Órion possuem ligações com
o bojo, mesmo que, aparentemente somente dois ou quatro braços representam
ligações nas extremidades da barra no Centro Galáctico. Há uma grande
probabilidade, que os braços secundários utilizam os principais como meio de
despejar o fluxo no bojo, ao se aproximarem do final de jornada.
O campo magnético induzido tem como função manter os braços entre si
afastados, em conformidade com a lei da atração e repulsão, quando as linhas
magnéticas têm os mesmos sentidos ou sentidos opostos. Neste processo geram
perdas (Joules) pela resistência encontrada. Ao adicionar perdas por dispersões
de partículas e considerando à permeabilidade do meio (sujeiras, partículas
metálicas), significa o envelhecimento das galáxias. O processo é degenerativo,
com a agravante alteração de rotação da galáxia e perda de luminosidade
(potência ativa) do bojo.
Os concatenamentos das linhas do campo magnético induzido dão
relativas estabilidades aos braços, mesmo em pleno movimento de rotação da
galáxia (Via Láctea - IAU-220 km/s e NAOJ-240 km/s) em torno do seu eixo
C.G.. Enquanto o bojo se mantém ativo, isto é, recebendo combustível
suficiente, os braços não se misturarão para a formação de uma “Irr”
VISTA NORTE MAGNÉTICO DA GALÁXIA DA VIA LÁCTEA
Bojo – Centro
Galáctico
Concatenação
das linhas de
campo magn.
induzido
Linhas
de
campo
induzido
Linhas do campo
magnético indutor
Sentido do
fluxo
Sentido
de
rotação
77
(Irregular). Com exceção à aproximação de outra galáxia interferindo na
estabilidade dos braços e, neste caso, o domínio é daquela galáxia que tenha a
maior potência ativa.
A pressão gerada nas curvas internas dos braços, pela rotação do C.G. e
pelo fluxo das matérias constituinte de cada braço, ao serem injetadas no bojo,
favorecem a velocidade conhecida de 19,4 km/s, no centro do braço onde orbita
o Sol com todo o Sistema. Tudo indica que, a distribuição das velocidades do
fluxo sejam maiores (maior pressão) nas curvas internas da espiral e, diminuem
gradativamente no sentido das curvas externas (menor pressão), considerando o
sentido de rotação da galáxia.
Ao olhar para Oeste ou Leste temos a longa faixa conhecida do Zodíaco,
composto de treze Constelações: Carneiro (Aires); Touro (Taurus); Gêmeos
(Gemini); Caranguejo (Câncer); Leão (Leo); Virgem (Virgo); Balança (Libra);
Escorpião (Scorpius); Sagitário (Sagittarius); Serpentário (Ophiucus);
Capricórnio (Capricornus); Aquário (Aquarius) e Peixes (Pisces). Foi definido
na União Astronômica Internacional, que os planetas passam pelos limites de
mais oito Constelações: Baleia (Cetus); Corvo (Corvus); Taça (Crater); Monstro
Marinho (Hidra); Órion (Caçador); Cavalo Alado (Pergasus); Escudo (Scutum) e
Sextante (Sextans).
Centro Galáctico
(C.G.)
Linhas de campo
magnético indutor Polo
Norte (+). Sentido do
fluxo
Sentido do campo
magnético do braço da
galáxia.
Fluxo de grãos não isotrópicos com impurezas, com carga elétrica.
Percorre toda a trajetória até chegar ao bojo (C.G.). O Sistema Solar
possui um movimento não em direção a uma estrela de maior
grandeza com velocidade de aprox. 19,4 km/s, mas, no sentido do
eixo imaginário da espiral logarítmica, do braço para o bojo (C.G.) da
Via Láctea.
SOL
Eixo imaginário da Espiral
Logarítmica de Órion.
Sentido do
campo
magnético do
braço da galáxia.
78
O Sol segue em M.T.H. com velocidade aproximada de 225 km/s, onde
há interação com os planetas através da gravitação. As curvas da espiral
logarítmica forçam o Sol a ocupar o ponto de equilíbrio gravitacional no interior
do braço, de maneira que o avanço “P.O.” do lado da curva externa é maior que
o do lado da curva interna.
4.2. Provas objetivas do M.T.H. no Sistema Solar:
- Primeira: a velocidade de deslocamento do Sistema Solar a 19,4 km/s,
rumo ao Norte geométrico do Sistema Solar.
- Segunda: uma volta da Terra ao redor do Sol (um ano) leva o tempo de
365,25636 dias, ou 8766,15264 horas. Houve o escorregamento de 6 dias em
430 anos (2012-1582) a acrescentar para a devida correção. Portanto, temos
0,0139534883 dias/ano, ou 0,3348837192 h/ano, valor médio real.
PO=Passo orbital do
movimento helicoidal.
PO(SOL)=612 228 100,4km.
Solstício de verão - 22/12
Projeção real
Projeção real
Equinócio
de outono -
20/03.
Equinócio de outono -
20/03.
Equinócio da
primavera -23/09.
Periélio - Solstício
de verão - 22/12.
Afélio - Solstício
de inverno - 21/06
Solstício de
inverno - 21/06
Perímetro: L1+L2=
939 776 026,4 km.
PRIMEIRA LEI DE
KEPLER
PROJEÇÃO ELÍPTICA
Equinócio da
primavera - 23/09
MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
HELICOIDAL DOS PLANETAS
COM A PROJEÇÃO ELÍPTICA
(JOHANN KEPLER) E PROJEÇÃO
REAL.
R: 149 570 000 km
C.G.
Eixo da
espiral
logarítmica
79
4.3.O movimento retrógrado dos planetas Venus, Urano (e Plutão). Estes planetas possuem movimentos com ângulos 177,40°; 97,77° (e
119,61°), giram em sentido contrário aos demais planetas do Sistema Solar.
Deve-se considerar que somente Urano é composto de gás, os demais são
estruturas massivas. Ao observá-los vemos que houve um giro no seu eixo, no
mesmo sentido do polo magnético sul (norte dos planetas) para o limite exterior
do braço, Órion. Várias teorias foram exploradas, entre elas que houve choques
com outros corpos Siderais. Com a posição adquirida, permaneceram.
Somente é possível constatar que, a força magnética do Sol tem a função
de estabilizar e manter as posições que os planetas se encontram. As interações
de campos magnéticos do Sol com os planetas se mantêm.
O campo magnético originário no C.G. impõe com seus liames
configurações de menores resistividades no espaço, pois nestes casos, os eixos
destes planetas (deitados) indicam o Norte magnético para o lado externo do
orbital, e assim permaneceram diferenciados dos demais planetas.
C.G
.
SOL
Mercúrio V
ê
n
u
s
Terra
80
5 DIMENSÕES DA MATERIA
Com a teoria de Einstein passamos a contar com mais uma dimensão da
matéria, ou seja, o denominado espaço-tempo (4ª dimensão):
1 – O tempo e a distância são relativos e dependem do movimento.
2 – O espaço-tempo é constante e essencial a todos os cálculos.
3 – O espaço-tempo é finito e curvo.
4 – Os raios luminosos percorrem geodésicas ou grandes círculos do
Universo, e ao fim de mil milhões de anos podem voltar ao ponto de
origem.
5 – Os planetas percorrem geodésicas em volta do Sol devido à Natureza
curva do espaço-tempo, e suas órbitras são linhas de menor resistência.
O raio dessa curvatura depende das massas dos corpos solares.
6 – O Sol não exerce qualquer força direta sobre os planetas, mas estes
percorrem o espaço da forma por que o fazem, devido ao que se poderia
comparar com vales e montanhas que se encontrassem em seu trajeto.
7 – A massa de um corpo aumenta com a velocidade, e nenhum corpo
material pode atingir a velocidade da luz, pois, se atingisse, a sua massa
se tornaria infinita. Esse aumento, a experiência o denmonstrou, está
plenamente de acordo com a teoria.
A quarta dimensão da matéria introduzida por Einstein é algo realmente
novo! Esta novidade não parece que assustou os cientistas na épóca da
divulgação. Outros cientistas conseguiram chegar à até cinco dimensões. Não sei
como, nem qual a teoria para tal evidência. Entretanto, se as provas objetivas
forem realmente convicentes, com critérios científicos, devem ser apreciadas.
Enfim, a ciência é algo que pode ir além do limite da imaginação, porém tudo é
levado a obter creditos com comprovações absolutas, não somente
comprovações numéricas como ferramentas de manipulações de cálculos
comprobatórios, mas, com os efeitos físicos específicos, também!
Os seres que se locomovem, em (in) certo momento desenvolveram algo
a mais, que as plantas. A existência de um cérebro com um sistema nervoso
central, faz a diferença. Alimentamos nossas ações com a interações dos
pensamentos. Neste contexto é que se sente o perigo, ao desrespeitar os limites
do pensamento, onde o imaginário já está balizado dentro de uma ordem
psíquica, enquanto a visão no campo material se apresenta com três dimensões.
A quarta dimensão, espaço-tempo, foi viabilizada com à teoria de Einstein.
A imaginação propõe dividir didaticamente as coisas, isto é, aquilo que
vem do pensamento, do sentir, e o que se apresenta em três (quatro ou cinco)
dimensões.
Para exemplificar, apresento dois triangulos equiláteros com os vértices
opostos e definidos. O de vértice para baixo representa Sentir; enquanto o de
vértice para cima representa Ter. Portanto, Sentir e Ter são palavras que se
identificam com estas formas de expressões, por falta de outras palavras que as
explicitam com mais rigor. Sentir (lat. sentire) significa: perceber por meios dos
sentidos; sensação; pressentir; pressagiar; conhecer por certos indicios;
reconhecer; verificar; conjecturar; opinião, etc.. Ter (lat. Tenere) significa:
possuir; manter; conservar; ocupar; alcançar; obter; receber; adquirir; conquistar;
atrair; exercer; dever; precisar, etc.
81
Ser (lat. sedere) significa: o que existe ou supomos existir; ente; homem;
indivíduo; pessoa; criatura; excede o parecer; posição de uma coisa ou de
qualidade em si mesma.
Como é notório, o Sentir está num campo não visível, portanto, no
psíquico (Espiritual), enquanto que o Ter representa o campo material e
existencial.
RAZÃO - Faculdade que tem
o ser humano de avaliar, julgar,
ponderar ideias universais,
raciocínio, juízo, estabelecer
relações lógicas, inteligência.
DESEJO - Ato ou efeito de
desejar, anseio, aspiração,
cobiça, ambição.
VONTADE ou VOLIÇÃO -
Faculdade de representar
mentalmente um ato que
pode ou não ser praticado em
obediência a um impulso, ou
a motivos ditados pela razão.
DESENVOLVIMENTO -
Reconhecimento de efeitos
gerados pela matéria e ação.
AÇÃO - Procedimento com
experiência; manifestação de
força energética; resultado
ou efeito de um processo.
MATERIA - Qualquer
substância sólida, líquida
ou gasosa, com densidade,
que ocupa lugar no Espaço.
Ter
Sentir
82
Para Ser é necessário a união dos dois, Sentir e Ter. Para melhor entendimento, o
Ser ideal deve possuir harmonia e equilíbrio com um único “baricentro”. Pode-se
observar o hexágono interno e comum a ambos os triângulos, as áreas são exatamente
iguais às somas das áreas das partes não sobrepostas e congruentes (em perfeito
equilíbrio).
BARICENTRO
RAZÃO AÇÃO
A
VONTADE
B F OU
VOLIÇÃO
DESENVOLVIMENTO
C E
DESEJO D MATERIA
Quando um homem vê um objeto, a luz projetada do objeto penetra no órgão
apropriado à visão. Veem-se três dimensões. Todos reconhecem pela praticidade
objetiva. O ponto principal em destaque: quem está vendo tem em si outras dimensões,
ligadas à inteligência, ou a capacidade mnemônica de deduções. O objeto existe pelo
fator preponderante de olhar e definir os seus detalhes (arestas, planos e incidência da
luz), que o caracteriza fisicamente.
Neste aspecto, um poliedro representado por um “dado”, possui de um a seis
pontos marcados em cada face. Se jogarmos aleatoriamente e, ao cair o ponto um, por
dedução sabe-se que os seis pontos estão na face oposta, assim como 2 e 5; 3 e 4. Sabe-
se que existem e faz parte do todo, o dado. Há três dimensões da estrutura euclidiana,
chamada plana, porém há outros, que não se manifestam na visão objetiva, porém, são
dedutíveis pela inteligência.
Considerem no cérebro outros três eixos cartesianos (∇), circunscritos pela
Razão, Desejo e Vontade ou Volição. São abrangentes às todas as referências nas quais
não temos a mínima possibilidade de uma visão material (∆); por isso, está aquém e não
além da materialização. Da mesma forma, quando se utiliza o tempo sabe-se tratar de
algo não material (∇), mesmo que se utilize como fator de definições de outras
grandezas (v = e/t – velocidade é igual ao espaço dividido pelo tempo) matemáticas.
Mas, não ficam somente por aí, temos outras fórmulas como as equações matemáticas,
onde devem ser trabalhadas para se encontrar as incógnitas. Existe toda uma dinâmica
empregada para chegar à solução final e, nos parece não expressar ainda concretude,
que só aparecem depois de elaboradas adequadamente as equações. Neste caso, as
incógnitas não teriam igual ao tempo, também atribuições às outras grandezas e valores
reais?
O Ter é composto de Matéria, Ação e Desenvolvimento. Assim como o Sentir é
composto de Razão, Desejo e Vontade ou Volição. Independente da ordem, podemos
dizer que a união de Matéria e Ação resulta em uma terceira, o Desenvolvimento; assim
como, a união Razão, Desejo resulta em Vontade ou Volição.
Como podemos observar, os campos são independentes e interagem com
simultaneidade, com aparente consideração entre si. As faces encontradas de percepções
Ser
83
e visão são as bases dos triângulos ∆A + ∆B + ∆C + ∆D + ∆E + ∆F, coincidentes nas
faces do hexágono perfeito interno (Ser).
∆A= Razão + Ação + Desenvolvimento
∆B = Desenvolvimento + Razão + Desejo
∆C = Desejo + Desenvolvimento + Matéria
∆D = Matéria + Desejo + Vontade ou Volição
∆E = Vontade ou Volição + Matéria + Ação
∆F = Ação + Vontade ou Volição + Razão
Desta maneira possibilita quantificar 6 (seis) dimensões. As faces se completam
com duas definições materiais e uma definição do pensamento ou psíquica, ou duas
definições do pensamento ou psíquicas com uma definição estritamente material. Assim
há concretude no Ser com reconhecimentos às dimensões da matéria. Portanto, a
composição em si contempla as necessidades:
∆A= Faculdade que tem o ser humano de avaliar; julgar; ponderar ideias universais;
raciocínio; juízo; estabelecer relações lógicas; inteligência + procedimento com
experiência; manifestação de força energética; resultado ou efeito de um
processo + reconhecimento de efeitos gerados pela matéria e ação.
∆B = Reconhecimento de efeitos gerados pela matéria e ação + faculdade que tem o ser
avaliar; julgar; ponderar ideias universais; raciocínio; juízo; estabelecer relações
lógicas; inteligência + ato ou efeito de desejar; anseio; aspiração; cobiça;
ambição.
∆C = Ato ou efeito de desejar; anseio; aspiração; cobiça; ambição + reconhecimento
de efeitos gerados pela matéria e ação + qualquer substância sólida; líquida ou
gasosa; que ocupa lugar no Espaço (com densidade).
∆D = Qualquer substância sólida; líquida ou gasosa; que ocupa lugar no Espaço (com
densidade) + ato ou efeito de desejar; anseio; aspiração; cobiça; ambição +
faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em
obediência a um impulso; ou a motivos ditados pela razão.
∆E = Faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticada em
obediência a um impulso, ou a motivos ditados pela razão + qualquer substância
sólida; líquida ou gasosa; que ocupa lugar no Espaço (com densidade) +
procedimento com experiência; manifestação de força energética; resultado ou
efeito de um processo.
∆F = Procedimento com experiência; manifestação de força energética; resultado ou
efeito de um processo + faculdade de representar mentalmente um ato que pode
ou não ser praticado em obediência a um impulso, ou a motivos ditados pela
razão + faculdade que tem o ser avaliar; julgar; ponderar ideias universais;
raciocínio; juízo; estabelecer relações lógicas; inteligência.
84
6 FICÇÃO E CIÊNCIA
O título traz em si a ideia de união. Entretanto, há no mínimo as noções básicas
de ciência até como limites. Com toda a grandiosidade do Universo, infelizmente, não
passamos de insignificantes pontinhos, sem as mínimas chances de qualquer ato de
grandeza, mesmo considerando a pretensa inteligência humana.
Platão ao escrever o diálogo A República, onde conta a parábola “A Alegoria da
Caverna”, fez na verdade uma crítica ao povo de Atenas, justamente em defesa da
honra de Sócrates, que havia sido condenado e morto por envenenamento. Há, portanto,
uma interpretação dada ao texto, mas, será que alguém tem dúvida sobre a verdade desta
alegoria, que não envelhece diante da crítica aplicada a espécie humana.
Quem realmente vive na caverna às avessas, somos todos nós. Sim! Aqui vivem
poderosos e submissos, intelectuais e ignorantes, ricos e pobres, dominadores e
dominados, homens de todas as categorias comportamentais. As sociedades que
constituem o nosso mundo, durante mais de 4500 anos fez muito pouco progresso. Para
acontecer um evento de magnitude, a praticidade nos mostra uma excessiva lentidão.
Tudo é moroso, confuso na execução e, nunca acontece na velocidade e dentro da honra
que se espera. Embora este assunto seja muito sério, dou aqui a minha opinião
despretensiosa, pois, caminhamos juntos, inevitavelmente de mãos dadas sem
deslumbrar um final feliz, impotentes diante da grandeza do Universo e, analiticamente
insignificantes. Os anos vividos pelos “humanos” estão aumentando ou diminuindo?
Tudo indica aumento em proporção ao progresso científico. Neste aspecto, podemos
usar as informações mais antigas existentes, como por exemplo: Gênesis da Bíblia, onde
nos mostra as idades de grandes personagens, tais como, Noé que viveu 950 anos;
Abraão viveu 175 anos; Ismael viveu 137 anos; Isaque viveu 180 anos; Jacó viveu 130
anos; José (do Egito) viveu 110 anos e Moisés 120 anos. Os anos vividos por estes
personalidades demonstram diminuições, à medida que se aproximam de nossa geração.
As informações que recebem as crianças hoje são infinitamente maiores que as
de nossas infâncias. Numa simples observação vemos que, o amadurecimento “cedo”
talvez se faça necessário, na mesma proporção em que decaem os anos de vida. Tudo
indica crescimentos acentuados das práticas subjetivas, quando se pensam menos e,
traçam metas para produzir mais. São práticas rentáveis de anseios às soluções
imediáticas, com propostas de aparências factíveis.
As evidências mostram que, nos dias atuais não há a mínima condição de se
pegar um foguete e partir para uma galáxia distante, fugir deste futuro incerto. Mas,
mesmo que fosse tecnicamente possível, ainda nos não salvaria como espécie, pois, não
temos a mínima possibilidade de avaliar com precisão necessária as outras galáxias,
cuja função é manter-se estritamente dentro das características para a qual se formaram
no espaço sideral. Não devemos esquecer ainda, o necessário para manter a vida numa
suposta nova morada, mesmo que se considerassem os seres vivos exímios mutantes
(pós-darwinismo).
Quantas responsabilidades eventuais se exigem dos Astrônomos! Principalmente
ao diversificar a Astronomia em: Astrofísica, Cosmologia, Astrobiologia, Planetologia e
outras modalidades. Num passado não tão remoto poucos sabiam e, agiam como
crianças quando estão aprendendo a andar. Havia quedas, levantavam-se para tornar a
cair, mas sempre escorados por aqueles que chegavam depois, os mais jovens com
novas “tendências” nas observações, pesquisas e deduções. A divulgação ao público era
difícil e restrita, até que, finalmente, conseguiu-se à façanha:- O homem está de pé!
85
Agora é só administrar com seu ideal e seguir o caminho. As ferramentas
tecnológicas se multiplicaram, os telescópios fotografam numa só vez milhares de
estrelas. A cibernética com auxilio de circuitos eletrônicos produzem imagens com
nitidez, dando subsídio para medição de distâncias, temperaturas, composições
atmosféricas e, avalia as matérias constituintes nas formações dos Planetas. Nossos
telescópios modernos detectam raios-x, ondas de radio, luz infravermelha, micro-ondas
e outras luzes invisíveis.
Quem sabe haverá num futuro próximo, talvez outro brinquedo de crianças a
que venha ajudar, e favoreça obter uma base sólida nas comprovações científicas.
Afinal, não vivemos até aqui por nada, alguma coisa boa há de surgir do nosso DNA,
seguindo os mesmos princípios de reciclagem, que imagino existir no Universo. A
ficção também é uma forma de pensar um modelo, embora sem comprovação
permaneça no campo das possibilidades. Com o desenrolar do “novelo”, aquelas ideias
superficiais, com enredo meio forçado para um resultado esperado, deixam de serem
ficções, passam comprovadamente a fazer partes dos meios científicos. A partir destes
instantes, não são mais consideradas meras e insignificantes fantasias ilusionísticas, pois
a comprovações através de medições e controles transformam-nas em ciência.
Há por mera abstração, que tudo inicia no pensamento. Depois gradativamente
vão se reunindo, razão, desejo, vontade ou volição para a concretude, com a associação
da matéria, ação e desenvolvimento. Embora tudo pareça mais uma forma de lidar com
o imaginário. Dou-me por contente se despertei alguns sentimentos bons, que no
mínimo excitou a curiosidade de alguém. Encorajo ao leitor na luta pela vida sem
qualquer pessimismo, respeitando as diferenças socioeconômicas, religiões e etnias,
mesmo que, nossa viagem dentro desta “caverna às avessas” indique um destino
aparentemente nada promissor. Mesmo assim, deve-se perseverar no desenvolvimento e
progresso, que envolvem os seres vivos. O que hoje nos parecem fantasiosos, amanhã
poderão muito bem ser realidades. Neste aspecto incluo até mesmo os ÓVNIs. Quem
poderá nos garantir que, não existam seres que já dominam estas viagens e navegam
como um dia navegou Colombo até às Américas?
Finalmente, temos a teoria do Professor Doutor Albert Einstein, embora até
agora, não tenha revolucionado o modo de viver da humanidade (não foi criada para
isso), como fez a obra de Faraday. Não impôs mudanças como as obras de Pasteur,
Lister, Hertz, Roentgen, Langley e Darwin. O futuro aguarda pela “Teoria da
Relatividade”. As geodésicas não hão de intervir em nossas vidas, estamos vivos
acreditando ou não nelas, embora, se sairmos da nossa caverna, Órion, haverá uma
grande necessidade em utilizá-las. Só o futuro poderá nos dizer o quanto! Também não
podemos ser tão simplórios, aos Astrônomos, Físicos e Matemáticos as geodésicas
devem ter capital importância. Em suma, há sim, um elemento para se entender o
Universo e o que nele existe, o átomo. O que nos faz comum a tudo, é o átomo e sua
divisão. Este sim! Indica o verdadeiro domínio com possibilidades de mudanças
radicais. Ainda proporciona a conservação da Natureza e, de quebra, a perpetuação das
espécies. Ele faz parte de toda matéria que existe no Universo. É ainda, compõe os
nossos alimentos, o ar que respiramos e o líquido que bebemos. O átomo será o que
proporcionará oportunidades de imigração aos que virão, quando não mais houver
condições atmosféricas no planeta que habitamos, cujo nome, Gaia em grego, tornou-se
especialmente escolhido pelos romanos em latim: Terra.
FIM