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Literatura Portuguesa 11ºC FICHA DE TRABALHO I 1. Tendo presente a sua leitura de alguns dos poetas do século XIX (Almeida Garrett, Antero de Quental, Cesário Verde, António Nobre e Camilo Pessanha), elabore um texto, de cem a duzentas palavras, em que fale do poeta para si mais marcante, apresentando as razões da sua opção. 2. Partindo da sua experiência de leitura da lírica trovadoresca, refira-se, num texto de cem a duzentas palavras, ao tema do sofrimento amoroso nas cantigas de amor. 3. O amor é um tema da lírica camoniana. Partindo da sua experiência de leitor, redija um texto, entre cem e duzentas palavras, em que registe as suas impressões de leitura, relativamente à temática do amor na poesia de Camões. 4. Eurico, o Presbítero é uma narrativa de Alexandre Herculano, pertencente ao Romantismo. Seleccione uma obra narrativa ou uma peça de teatro que tenha lido deste período literário ou do Realismo. Num texto de cem a duzentas palavras, refira a importância do título da obra seleccionada para a construção do sentido desta. Comece por identificar, na folha da prova, o nome do autor e o título da narrativa ou da peça de teatro que escolheu. 5. «A Lisboa de Cesário Verde é uma cidade de contrastes.» Paula Morão Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, explicitando três tipos de contrastes da «Lisboa de Cesário Verde». Redija um texto expositivo- argumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras. 6. Caeiro «vive de impressões, sobretudo visuais, e goza em casa impressão o seu conteúdo original». Jacinto Prado Coelho Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitura de poemas deste heterónimo de Fernando Pessoa. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras. 7. Reis, «lúcido e cauteloso, sabiamente constrói para si uma felicidade relativa […]».Jacinto Prado Coelho

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Recolha de algumas questões de exame.

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Page 1: Ficha de trabalho avaliação

Literatura Portuguesa 11ºC

FICHA DE TRABALHO

I

1. Tendo presente a sua leitura de alguns dos poetas do século XIX (Almeida Garrett, Antero de Quental, Cesário Verde, António Nobre e Camilo Pessanha), elabore um texto, de cem a duzentas palavras, em que fale do poeta para si mais marcante, apresentando as razões da sua opção.

2. Partindo da sua experiência de leitura da lírica trovadoresca, refira-se, num texto de cem a duzentas palavras, ao tema do sofrimento amoroso nas cantigas de amor.

3. O amor é um tema da lírica camoniana. Partindo da sua experiência de leitor, redija um texto, entre cem e duzentas palavras, em que registe as suas impressões de leitura, relativamente à temática do amor na poesia de Camões.

4. Eurico, o Presbítero é uma narrativa de Alexandre Herculano, pertencente ao Romantismo.Seleccione uma obra narrativa ou uma peça de teatro que tenha lido deste período literário ou do Realismo. Num texto de cem a duzentas palavras, refira a importância do título da obra seleccionada para a construção do sentido desta. Comece por identificar, na folha da prova, o nome do autor e o título da narrativa ou da peça de teatro que escolheu.

5. «A Lisboa de Cesário Verde é uma cidade de contrastes.» Paula Morão

Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, explicitando três tipos de contrastes da «Lisboa de Cesário Verde». Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

6. Caeiro «vive de impressões, sobretudo visuais, e goza em casa impressão o seu conteúdo original». Jacinto Prado Coelho

Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitura de poemas deste heterónimo de Fernando Pessoa. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

7. Reis, «lúcido e cauteloso, sabiamente constrói para si uma felicidade relativa […]».Jacinto Prado Coelho

Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitura de poemas deste heterónimo de Fernando Pessoa. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

8. Simão elevou-se pelo amor e conquistou na luta uma certeza obstinada, pela qual enfrenta altivamente o sofrimento e a morte. Jacinto Prado Coelho

Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitor. Redija um texto bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

9. «Mas artista, em Cesário […]», não é o que se limita a copiar o real, é o homem de imaginação privilegiada que dá um sentido às coisas e cria, a partir do concreto, uma super-realidade» Jacinto Prado Coelho

Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitor. Redija um texto bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

Page 2: Ficha de trabalho avaliação

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IIPequena elegia chamada domingo

O domingo era uma coisa pequena.Uma coisa tão pequenaque cabia inteirinha nos teus olhos.Nas tuas mãosestavam os montes e os riose as nuvens.Mas as rosas,as rosas estavam na tua boca.

Hoje os montes e os riose as nuvensnão vêm nas tuas mãos.(Se ao menos elas viessemsem montes e sem nuvense sem rios...)O domingo está apenas nos meus olhose é grande.Os montes estão distantes e ocultamos rios e as nuvense as rosas.

Eugénio de Andrade, Poesia e Prosa (1940-1979), Lisboa, IN-CM, 1980

1 elegia: poesia de assunto triste ou de lamentação

Elabore um comentário do poema que integre o tratamento dos seguintes tópicos:

– importância das marcas de tempo;

– valor simbólico dos elementos da natureza;

– aspectos formais e recursos estilísticos relevantes;

– traços caracterizadores do estado de espírito do sujeito poético.

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Literatura Portuguesa 11ºC

III

HORIZONTE VAZIO

Horizonte vazio em que nada restaDessa fabulosa festaQue um dia te iluminou.

As tuas linhas outrora foram fundas e vastas, Mas hoje estão vazias e gastasE foi o meu desejo que as gastou.

Era do pinhal verde que desciaA noite bailando em silenciosos passos,E naquele pedaço de mar ao longe ardiaO chamamento infinito dos espaços.

Nos areais cantava a claridade,E cada pinheiro continhaNo irreprimível subir da sua linhaA explicação de toda a heroicidade.

Horizonte vazio, esqueleto do meu sonho.Árvore morta sem fruto,Em teu redor deponhoA solidão, o caos e o luto.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética I, 4.a ed., Lisboa, Caminho,199

Elabore um comentário do texto que integre o tratamento dos seguintes tópicos:

traços caracterizadores do espaço representado; importância do vocabulário relativo a «festa»; aspectos formais e recursos estilísticos relevantes; valor simbólico de «Horizonte vazio»

Page 4: Ficha de trabalho avaliação

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IV

Leia, atentamente, o seguinte texto.

Quando o homem desceu para o oceano por um carreiro talhado na falésia, a amiga dele abeirou-se do precipício e teve medo. Mar para um lado e para o outro, mar e mais mar. Mar à altura dos olhos – no horizonte; mar por baixo dos pés. E ao alto, fechando o mar, um céu fosco arrepiado pela berraria das gaivotas.

Tudo ermo. Em relação à terra, campo raso e um pinhalzito antes de se chegar à estrada; em relação ao oceano, o que se sabe. Daquele sítio, sim, daquele sítio é que se podia avaliar o perigo em que estavam os casinhotos de São Romão. Ressequidos, mergulhados num sono de salitre.

Um navio ao largo, de passagem para outros continentes, tomaria aquilo por pousadas de aves marinhas ou por brinquedos de loucos furiosos. Casas, residência de gente, é que nunca.

«São Romão... Casas de São Romão...»Era uma aldeola de desgraça e apresentava-se numa estranha posição perante o mundo. Não parecia

virada para os astros, se bem que encarrapitada a tão grande altura; ligada ao mar, ainda menos, pois toda a sua tendência era apegar-se à rocha para não se espatifar lá em baixo. E quanto à terra firme, virava-lhe costas muito simplesmente. «A terra não os quis. Foi expulsando estes infelizes mas, diante do abismo, eles resistem-lhe.»

Tal foi a lenda que se representou no espírito de Guida: a terra expulsando um punhado de malditos.A terra? E porque não o mar? Suponhamos uma dessas ondas da Bíblia Sagrada, suponhamos esse

monstro de água, de cristas eriçadas a assoprar fumo pelos ares, disposto a engolir o universo. Lá em cima uns náufragos a esbracejar, e diante deles as escarpas corajosas de São Romão fazendo frente à onda gigante. Dá-se o choque, o mundo ameaça estalar de meio a meio, mas a terra vence. Raivoso, o vagalhão recua tão embravecido que na retirada leva grande parte do mar com ele, deixando em seco as profundezas do oceano.

Tudo se deve ter passado enquanto o diabo esfregou um olho. Veio a calmaria, as águas voltaram às margens antigas. Mas no cume dos altos rochedos, no local onde hoje existem as casas, depuseram uns seres assustados, frios até aos ossos. Eram os náufragos, os primeiros habitantes de São Romão. Ali os despejou o mar, ali ficariam para o resto dos seus dias.

«A terra não os quis, as águas escorraçaram-nos...» Devia ter sido assim, devia.

José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado, 4.ª ed., Lisboa, Moraes, 1970

Apresente, de forma estruturada, as suas respostas aos itens.

1. Explicite três elementos que, no primeiro parágrafo, recriam um espaço ameaçador, justificativo do «medo» sentido pela personagem feminina.

2. Atente na descrição da aldeia (3-5 parágrafos).Indique três aspectos dessa descrição que permitam tomar as casas de São Romão «por pousadas de aves marinhas ou por brinquedos de loucos furiosos» (2º parágrafo).

3. Guida imaginou duas lendas explicativas da origem de São Romão. Apresente sinteticamente cada uma dessas lendas.

4. Releia o oitavo parágrafo.

Seleccione dois dos elementos desse parágrafo que contribuem para que o mar adquira umadimensão simbólica e fantástica. Justifique cada uma das suas escolhas.

RETRATO

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Literatura Portuguesa 11ºC

O meu perfil é duro como o perfil do mundo.Quem adivinha nele a graça da poesia?Pedra talhada a pico e sofrimento,É um muro hostil à volta do pomar.Lá dentro há frutos, há frescura, há quantoFaz um poema doce e desejado;Mas quem passa na ruaNem sequer sonha que do outro ladoA paisagem da vida continua.

Miguel Torga, Antologia Poética, 5.a ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999

Elabore um comentário do poema que integre o tratamento dos seguintes tópicos:- traços constitutivos do «Retrato» do sujeito poético;- valor simbólico de «pomar»;- aspectos formais e recursos estilísticos relevantes;- relação entre o «eu» e «quem passa na rua».

O amoré uma ave a tremernas mãos de uma criança.Serve-se de palavraspor ignorarque as manhãs mais limpasnão têm voz.

*

Hoje roubei todas as rosas dos jardinse cheguei ao pé de ti de mãos vazias.

A Sílaba

Toda a manhã procurei uma sílaba.É pouca coisa,é certo:uma vogal,uma consoante,quase nada.Mas faz-me falta.Só eu seia falta que me faz.Por isso a procurava com obstinação.Só ela me podia defenderdo frio de janeiro,da estiagemdo verão.Uma sílaba.Uma única sílaba.A salvação.

Eugénio de Andrade

Contigo aprendi coisas tão simples comoa forma de convívio com o meu cabelo raloe a diversa cor que há nos olhos das pessoasSó tu me acompanhastes súbitos momentosquando tudo ruía ao meu redore me sentia só e no cabo do mundoContigo fui cruel no dia a diamais que mulher tu és já a minha única viúvaNão posso dar-te mais do te doueste molhado olhar de homem que morree se comove ao ver-te assim presente tão subitamente

Ruy Belo