36

FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação
Page 2: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Autor Frida Heck

Escola de Atuação: Colégio Estadual Diamante D’ Oeste Ensino Fundamental e Médio – Diamante D’ Oeste – PR

Município da Escola: Diamante D’ Oeste – PR

Núcleo Regional de Educação: Toledo

Orientador: Marcos Alexandre Smaniotto

Instituição de Ensino Superior: UNIOESTE

Disciplina/Área: História (Paraná: história e historiografia)

Produção Didático-pedagógica: Unidade Didática

Relação Interdisciplinar: Geografia, Português

Público Alvo: Material didático será implementado com os alunos 3º Ano do Ensino Médio

Localização: Colégio Estadual Diamante D’ Oeste Ensino Fundamental e Médio – Diamante D’ Oeste – PR Rua Paraíba, 567

Apresentação: O referido estudo apresenta os debates sobre as histórias e as memórias da comunidade do município de Diamante D’Oeste, no Oeste do Paraná, buscando desenvolver com os alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Diamante D’ Oeste – PR a reflexão e problematização das razões e modos como essa comunidade se formou e continua se transformando a partir do modo de viver de seus moradores. O estudo se justifica pela necessidade desses estudantes debaterem o lugar onde vivem, enquanto sujeitos sociais, observando como eles compõem às relações sociais da sua localidade. Tendo como objetivo analisar historicamente a luta dos moradores do município, que ocuparam esse espaço e formaram essa comunidade desde a chegada deles e como permaneceram e modificaram o espaço até os dias atuais, dando visibilidade às contradições e práticas que envolvem esse estudo de memórias. O trabalho proposto permitirá analisar fontes e bibliografias que enfatizam a construção histórica da localidade de Diamante D’ Oeste, valorizando a experiência dos que nela residem. As estratégias utilizadas na realização do projeto são pautadas em análise de documentos, textos, fotografias, mapas, realização de entrevistas, dentre outros.

Page 3: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Para a efetivação do trabalho faremos analise do discurso, exposição de painéis, produções elaboradas pelos alunos e uma pesquisa de campo que dará possibilidades de interpretar e analisar o processo de colonização do município de Diamante d’ Oeste e do oeste paranaense como um todo. E espera-se que com a realização de todas as etapas do projeto, o aluno seja capaz de formar uma visão crítica e próxima da sua realidade e ao mesmo tempo contribua para a reflexão da sociedade que está inserido.

Palavras-chave: Historicidade, Memória, Processo Histórico, Ensino-Aprendizagem

UNIDADE DIDÁTICA

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Professor PDE: Frida Heck

Área PDE: História

NRE: Toledo

Professor Orientador da IES: Marcos Alexandre Smaniotto

IES vinculada: UNIOESTE

Escola de Implementação: Colégio Estadual Diamante D’ Oeste - Ensino Fundamental e

Médio do Município de Diamante D’ Oeste/PR

Público Objeto da Intervenção: Alunos do 3º Ano do Ensino Médio

APRESENTAÇÃO

A Unidade Didática apresentada é consequência de um projeto de pesquisa do Pro-

grama de Desenvolvimento Educacional – PDE, a qual trata de uma análise do contexto histó-

rico da formação da localidade de Diamante D’ Oeste, município do extremo oeste do estado

do Paraná. Que tem como objetivo, desvendar algumas das experiências dos sujeitos que colo-

nizaram esta localidade, discutindo como se pautaram as memórias em torno desta ocupação,

vista de dois diferentes prismas: o oficial e o dos trabalhadores. Pautado em questionamentos

sobre os processos de construção das memórias e dos valores dos moradores da comunidade e

de suas experiências reais. E, assim a partir de um novo olhar sobre a história oficial construí-

da, buscar dar visibilidade as memórias esquecidas e silenciadas neste processo histórico,

compreender as contribuições que trouxeram os primeiros sujeitos ao ocupar o território que

se localiza o atual município de Diamante D’Oeste.

Page 4: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

A referida Unidade Didática destaca atividades, para serem utilizadas em sala de aula

com alunos do Ensino Médio, na tentativa de dinamizar o processo ensino-aprendizagem nas

aulas de História, através da inter-relação com os conteúdos das demais disciplinas, principal-

mente nas áreas de Geografia e Língua Portuguesa, com o intuito de possibilitar a inter-rela-

ção entre a pesquisa e a docência, instigando o professor/pesquisador e os alunos a compreen-

derem a produção do conhecimento histórico como algo constante, que lida com as questões

da realidade social, no espaço em que os sujeitos estão inseridos.

As atividades aqui apresentadas são, pesquisa, análise textual, análise de documentos

icnográficos e mapas. Além de oportunizar um encontro entre as diferentes gerações da comu-

nidade, sendo que a temática da Unidade Didática é “Diamante D’ Oeste: História e Memó-

ria, o Visível e o Invisível na Formação do Município”. O enfoque abordado nessa perspecti-

va é a historicidade da comunidade, seu espaço territorial e as relações sociais mantidas desde

o início de sua fundação.

Essa proposição permitirá que as atividades tenham proximidade com a realidade dos

alunos e aponte à produção histórica, tendo como protagonistas outros sujeitos e outras me-

mórias, para alicerçar sua construção. Ao fazer isso, amplia-se o campo de possibilidades de

interpretação e análise da colonização do município de Diamante d’ Oeste e do oeste para-

naense.

Assim, a Unidade Didática tem o intuito de propiciar e envolver os alunos nas aulas de

História, com uma questão que traz disputas e lutas, exploração do trabalho e desigualdades

sociais, ampliando a visão de mundo destes estudantes, bem como o vocabulário interpretati-

vo, reconhecendo as implicações sociais da produção, na formação do território do oeste do

Paraná, parte significativa da história dos mesmos. Além de instigar à questionamentos das re-

lações de trabalho e condições de vida que marcaram as experiências desses sujeitos durante

décadas.

Enfim, com a Unidade Didática busca-se enquanto educador oferecer recursos e meto-

dológicas que sustentam tal reflexão, provocando à novos debates e novas investigações de

educadores e/ou educandos, diante da percepção, que são sujeitos desse tempo e integrantes

do processo histórico atual. Além disso, penso que essa proposta contribuirá enquanto inter-

venção social, pois indica um modo de entender e evidenciar o que é vivido na sociedade con-

temporânea e de como agir nessa realidade.

Page 5: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

1. O VISÍVEL E O INVISÍVEL: MEMÓRIA HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE D’ OESTE

Na história das sociedades, procuramos enquanto historiadores, compreender as

realizações e suas motivações, e analisar quais os efeitos que as transformações causaram na

humanidade. E assim, para compreender como se efetivou o processo da formação da

comunidade de Diamante D’Oeste é preciso ir além da História oficial contada em livros e

documentos oficiais, os quais afirmam que o primeiro fluxo migratório era de sulistas, é

preciso ouvir a voz dos que muitas vezes foram esquecidos, os primeiros moradores e reais

colonizadores.

Em “A Miséria da Teoria” Thompson1 afirmou que o objetivo da história é reconstruir,

“explicar”, e “compreender” seu objeto: a história real. Pois, a aprendizagem histórica impli-

ca na compreensão do passado em relação ao processo de constituição das experiências con-

cretas do homem, que tem consciência de seu passado, conforme Hobsbawm:

O ser humano tem consciência do passado (definido como o período imedia-tamente anterior aos eventos registrados na memória de um indivíduo) em virtude de viver com pessoas mais velhas. Ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado (ou da comunidade), ainda que apenas para rejeitá-lo. (HOBSBAWM, 2005. p. 22)

Para conhecer e compreender o processo de colonização do município de Diamante

D’Oeste, localizado na região Oeste do Paraná, é preciso conhecer o contexto histórico em

que o mesmo foi formado. Para tanto é necessário antes conhecer quais acontecimentos

marcaram e contribuíram na colonização do Oeste Paranaense.

Assim, nesse momento a Unidade Didática relata em breves palavras alguns fatos

que marcaram o espaço territorial, desde o inicio de sua colonização em meados de 1920.

2. OS PRIMÓRDIOS DA OCUPAÇÃO DO BRASIL E DA REGIÃO OESTE

PARANAENSE

Os primeiros imigrantes a desembarcarem e tomarem posse da terra, foram os

portugueses que ao chegar ao Brasil, estabeleceram um tipo de colonização baseado na

economia extrativista e, em seguida a lavoura canavieira.

1 THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 57.

Page 6: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

A História Oficial mostra que no séc. XIX, duas circunstâncias favoreceram a

transformação qualitativa de imigrantes que se dirigiram ao Brasil, ou seja, os de imigração

forçada o povo africano, que foram substituídas pela imigração de origem européia, a força de

trabalho livre.

Segundo Gregory (2008), devido ao crescimento do capitalismo na Europa, além de

abalar as estruturas antigas, de provocar o êxodo de milhões de camponeses e de causar

inúmeros problemas sociais, afetava valores, crenças, concepções de vida. Aos camponeses

expulsos do campo restava buscar trabalho nas indústrias. Não havendo alternativa diante das

transformações ocorridas, em muitos casos a saída foi à imigração, devido a essas

transformações, “[...] políticas, econômicas e sociais ocorridas na Europa, em função das

unificações nacionais da Alemanha e da Itália, da Guerra Franco - Prussiana, do

crescimento do capitalismo industrial, o europeu imigrou para diferentes regiões do mundo”

(GREGORY, 2008, p.41), e muitos desses imigrantes europeus, vieram e colonizaram a

região sul do Brasil.

Dos acontecimentos que marcaram a história de ocupação do oeste do Paraná, a

“presença e influência do sistema de obrages em toda essa região2”. Essas Propriedades ou

firmas de exploração eram organizadas com trabalhadores paraguaios e /ou brasileiros,

denominados mensus, (mensalista) que seriam pagos mensalmente3.

Tais empresas exploravam a madeira e a extração da erva-mate existente na região,

recorrendo a empréstimos. Esses empréstimos mal sucedidos ocasionaram a devolução das

terras às mãos do Estado, que vendeu as terras devolutas às empresas colonizadoras.

A colonização da região oeste do Paraná, por migrantes do sul do país teve início por

volta de 1940, com a vinda das primeiras famílias de migrantes do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina. Muitas dessas famílias de origem italiana e alemã. Além desses dois estados existem

relatos dos migrantes do norte paranaense para a região.

Logo após o Golpe de Estado de 1930, o governo de Getúlio Vargas, criou o

movimento nacionalista, “Marcha para o Oeste”, que tinha como principal objetivo ocupar as

terras devolutas do Estado. Onde a União tinha como meta colonizar a região do território

nacional que compreendia Foz do Iguaçu, Cascavel e Guairá. Eram terras consideradas muito

férteis. Absorveram velozmente e intensamente o processo de colonização, mediante políticas

públicas de desenvolvimento regional.

2 COLODEL, José Augusto. Matelândia: história & contexto. Cascavel: Assoeste, 1992.3 LOPES, Sergio. O Território do Iguaçu no Contexto da “Marcha para Oeste”. Cascavel: Edunioeste, 2002, p. 87

Page 7: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

E, assim a “Marcha para Oeste”, contribuiu de sobremaneira para a ocupação do

espaço que, até então, era conhecido como “sertão paranaense”, cujo domínio era exercido

pelos obrageros4. Na maioria, argentinos, que exploravam ilegalmente a erva-mate e a

madeira nativas da região.

Sergio Lopes comenta que, “A Marcha para o Oeste, foi uma ação governamental

na tentativa de ocupar e explorar as áreas menos povoadas, distribuindo melhor a população

brasileira que se concentrava principalmente no litoral do Brasil, objetivando o

desenvolvimento do país.” (LOPES, 2008, p.41)

A região onde se localiza atualmente os municípios de Diamante D’Oeste e Santa

Helena, só teve atenção do Governo do Estado com passagem da Coluna Prestes em 1925,

ocasião que, perseguidos pelas tropas legalistas, os rebeldes queimaram uma ponte sobre o

Rio São Francisco Falso, localidade que então ficou conhecida como “Ponte Queimada”, que

faz divisa entre os dois municípios.

Surge a política desenvolvimentista do então Presidente Vargas, nos governos para-

naenses de; Moysés Lupion (1947-51/1956-61), e de Bento Munhoz da Rocha (1951-1955),

com a responsabilidade de colocar em prática de forma mais intensa o processo de coloniza-

ção, que tinha como base a pequena propriedade agrícola e industrial. O discurso do governo

era “[...] a necessidade de “colonizar” e “povoar” as terras ainda não ocupadas.

”(MYSKIW, 2002, p. 30-31), ocasionou expressiva migração para região oeste do Paraná.

Esse “ideal Vargas” incentivou a população, “idéias de conquista e de uma contínua

ocupação dos vazios demográficos” (MYSKIW, 2000, p. 27), alcançando o objetivo da

política migratória, de articular economicamente às regiões do Brasil não desenvolvidas,

como era o caso da região Oeste do Paraná.

A Igreja Católica com as “reduções jesuíticas” em Guairá no séc. XVI manteve

presença e expressiva participação na colonização do oeste paranaense no período de 1956,

que além de suas funções religiosas, sociais e educacionais, “[...] a participação da Igreja na

colonização do Oeste paranaense é expressiva, exercendo grande influência junto aos

imigrantes das comunidades.” (KLAUCK, 2004, p. 21). Sobre isso comenta Deitos:

A presença da igreja é marcada por um vasto número de ações pastorais que contribuíram, ao longo de todo o período, na construção de um discurso vol-tado para uma dupla finalidade. A constituição, na configuração regional, de uma legitimação da Igreja, enquanto instituição que buscava sua consolida-ção junto aos povos migrantes do oeste paranaense e, ao mesmo tempo, pro-

4 O obragero era o proprietário da obrage, isto é, um empreendimento econômico baseado no latifúndio extrativista e em relações de trabalho de “servidão” (GREGORY, 2008, p. 89).

Page 8: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

curava se caracterizar como um instrumento de apoio, valorização e atendi-mento aos anseios, preocupações, desafios e problemas das pessoas que se encontravam na região. (DEITOS, 2007, p. 07)

A Igreja Católica procurou, através desse discurso, garantir uma aceitação por parte

da comunidade emergente, que fosse o mais próximo possível do conteúdo que ela se propõe

a transmitir, garantindo a “[...] relação entre Igreja e colonos que se construía numa dupla

dimensão, onde o conteúdo transmissível pela Igreja sofreu um processo de adaptação e

reelaboração para que a recepção pudesse ser efetivada” (DEITOS, 2007. p. 23).

Afirma Deitos (2007), que a Igreja Católica permaneceu no oeste paranaense, devido

a estreitas relações entre membros do clero e as famílias de colonos que ocupavam a região.

Onde a maioria das famílias proveniente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, na

maioria famílias de origem alemã e italiana católicos, e quando eles chegavam à localidade,

uma das principais preocupações, era edificar uma igreja católica.

No período da colonização, a Igreja Católica teve o apoio das Empresas

colonizadoras para atuar no oeste. Com a política governamental manifestada na doação de

terras, “[...] houve, por outro lado, durante o século XX, um rápido processo de concessão de

terras, em troca de obras e de serviços, e de venda de terras devolutas do Estado.”

(GREGORY, 2008. p. 66). Então a partir das políticas públicas desenvolvimentistas,

compreendidas na Marcha para o Oeste e da expansão da fronteira agrícola, o governo Lupion

implantou núcleos de colonização, que estabeleceriam a ocupação dessas terras.

E, assim as empresas colonizadoras, marcaram presença, no processo de colonização

do oeste paranaense, eram elas que intermediavam a vinda dos migrantes a região oeste do

Paraná, através de propagandas, com promessas de riqueza fácil e igualdade social.

Lunkes (2005), indicou que foi na década de 50 que esses migrantes da região sul do

Brasil, sobretudo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, marcharam rumo ao Oeste

Paranaense, atraídos pela propaganda das colonizadoras e os chamados “planos de ação” das

mesmas. Desta forma, nova frente “pioneira”, estimulada com mão-de-obra agrícola do Sul do

país, fundaram e estabeleceram importantes núcleos de colonização no Oeste e Sudoeste do

Estado. Segundo Colodel:

A década de 1940 revela-se principalmente como uma etapa de povoamento intensivo onde as companhias colonizadoras particulares, gaúchas em sua maioria absoluta, desempenharam um papel de capital importância. A ação governamental cede espaço aos empreendimentos de caráter empresarial, alicerçados fundamentalmente na venda de pequenos lotes agrícolas aos colonos interessados no cultivo direto da terra. Os projetos colonizadores se

Page 9: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

multiplicam e atraem milhares de famílias durante as décadas de 1940-50. Podemos chamar essa fase como sendo a frente de povoamento sulista, já que a corrente colonizadora tem sua origem preferencialmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ela entrará na década de 1970, formando vários municípios oestinos (COLODEL, 2002, p. 42)

As terras localizadas no oeste do estado do Paraná foram concedidas principalmente

as empresas colonizadoras, que tinham sede, no Estado do Rio Grande do Sul, “[...] onde os

imigrantes chegados ao Brasil durante o século XIX, conviviam com problemas de redução

da fertilidade do solo, devido a intensa exploração agrícola, e diminuição do tamanho das

propriedades a partir das partilha dos lotes coloniais por herança”. (ZAAR, 2000).

Em 1960, quando teve início o processo de demarcação de terras e implantado

oficialmente o Município de Matelândia, entre as empresas colonizadoras estavam a

INDUSTRIAL PINHO E TERRAS LTDA e a COLONIZADORA MATELÂNDIA5 que

tinham como finalidade principal, como as demais empresas que atuavam na região, “explorar

os ramos de colonização e loteamentos de terra”, além de “extração, industrialização e

comércio de madeiras em geral”, e de “iniciativas agrícolas de qualquer natureza” 6. Essas

duas empresas foram responsáveis pela colonização da área que então pertencia a Foz do

Iguaçu a micro-região do município de Matelândia, do qual, o município de Diamante D’

Oeste, na época era distrito administrativo.

Outro acontecimento que marcou a colonização da região do município de Diamante

D’ Oeste foram os conflitos de terra entre os colonos e grileiros. Assunto que será

contextualizado no texto sobre a História desta localidade.

3. HISTÓRIA VISÍVEL DE DIAMANTE D’ OESTE

5 COLONIZADORA MATELÂNDIA LTDA, informa que, em 1960, possuía 7.000 Habitantes, sendo 60% descendentes de italianos e 40% descendentes de

alemães e outros. Todos eles vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Gregory, 2008, p.95)6 ROHDE, BIESDORF, op.cit, 1996, p. 38.

Page 10: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

IMAGEM 01 – MAPA DOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO OESTE PARANAENSE

Fonte: MUNI NET7

O município de Diamante D’Oeste, localizado na região Oeste do Paraná, constituído

pela Lei Estadual nº 7.186, de 16 de julho de 1979, como Distrito Administrativo de

Diamante D’ Oeste, com território pertencente ao município de Matelândia. Foi em 21 de

dezembro de 1987, através da Lei Estadual nº 8.674, ocorreu a sua emancipação política

administrativa com seu território desmembrado do município de Matelândia ao qual pertencia.

A instalação oficial ocorreu somente em 01 de janeiro de 1989.

A dependência do Município, segundo Ferreira, em “O Paraná e seus Municípios”

se concretizou da seguinte maneira:

Diamante D’ Oeste originou-se em 21/12/1987 de Matelândia, que em 25/06/1960 desmenbrou-se de Foz do Iguaçu, que em 14/03/1914 se emancipou de Guarapuava, que em 17/07/1852 originou-se de Castro, que desmenbrou-se em 24/09/1788 de Curitiba, que se emancipou em 29/03/1963 de Paranaguá, criado po Carta Régia em 29/07/1648. (FERREIRA, 1996. p. 266 -267).

O Município de Diamante D’Oeste, situado no Oeste do Estado do Paraná, a uma

altitude média de 571 metros acima do nível do mar, em torno do ponto 24°56'34 de latitude

sul e 54°06'12 de longitude W-GR. O ponto mais alto do município é 571 m e o mais baixo é

300 m. Pertence à Mesorregião Geográfica do Oeste Paranaense, localizando-se mais 7Disponível em< www. IPARDES. pr. gov.br. > acesso em: 29 de abril de 2011.

Page 11: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

especificamente na Microrregião do município de Toledo.

Comenta Balhana (1964), que o município de Diamante D’ Oeste está localizado a

30 km do município de Santa Helena, a 80 km do município de Toledo e aproximadamente

600 km de Curitiba a capital do Estado Paraná . Suas áreas de limítes territorias se cunfiguram

“[...] ao Sul com o Município de Ramilândia , ao Leste com o munipio de Vera Cruz do

Oeste, ao Norte com o Município de São José das Palmeiras e a Oeste com o Município de

Santa Helena” (BALHANA, 1964, p. (231). Sendo que sua extensão de terra é uma area de

309,109 km². A Rodovia PR 488, passa pelo centro do Município de leste a oeste, é a

principal via de acesso, interligando os Municípios de Vera Cruz do Oeste a leste e a Santa

Helena a Oeste.

Um dos acontecimentos que marcou a história desse município foi à entrada de possei-

ros na região onde hoje se localiza o mesmo. Essa ocupação é conseqüência da própria con-

juntura histórica da ocupação da terra no território do Oeste paranaense:

Se de um lado, a segurança do direito de propriedade atraiu milhares de la-vradores honestos, desejosos do legítimo acesso à terra, a exuberância e ri-queza das glebas paranaenses, de outro atraíram também, aventureiros em busca de toda sorte de facilidades. Além disso, a par da colonização particu-lar, espontânea ou dirigida, e da oficial, houve a ocupação pura e simples de terras devolutas, ou pertencentes a particulares que não se encontravam pre-sentes. (BALHANA, 1964, p. 231)

Muitos colonos estabeleceram-se em terras devolutas (desocupadas, vagas), quando o

Estado vendeu as terras ou colonizou, muitos lotes já se encontravam ocupados por posseiros.

Ocasionando conflitos de terra, tornando necessária a intervenção do Governo do Estado nes-

sa região. Sobretudo no período de colonização do oeste paranaense, na região de Diamante

D’ Oeste, frequentemente se encontrava intrusos, legalmente empossados em terras de antigas

concessões inexploradas, adquirindo títulos falsos das mesmas.

Podemos notar que, a partir da década de 1940, a posse da terra tornou-se foco dos

conflitos. Pequenos proprietários que haviam adquirido terras tanto pela concessão estatal

quanto pela compra passaram a sofrer pressões por parte das companhias colonizadoras que

começaram a praticar a grilagem de terras, expulsando famílias de pequenas e médias proprie-

dades, muitas vezes com a contratação de jagunços.

Com a intensificação da ocupação do Oeste paranaense, as terras passaram a ser valo-

rizadas aumentando assim o seu valor comercial o que contribuiu com o crescente número de

disputas pela posse das áreas de terra.

Page 12: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Dessa forma, na ausência de qualquer meio legal para expedir títulos de propriedade

da terra, os grileiros notabilizaram-se por serem mais organizados. Com o envolvimento de

grupos econômicos poderosos e habilmente estruturados, faziam uso dos mais variados recur-

sos, tais como: a falsificação de documentos, como de escrituras de propriedades, contrato de

compra e venda. E, muitos dos pequenos proprietários que haviam adquirido posses das em-

presas colonizadoras passaram a ser ameaçados por jagunços, julgando-os como intrusos e de-

las sendo expulsos ou mortos.

Neste período histórico, a região de Diamante D’Oeste, pertencia ao município de Ma-

telândia, momento este em que ocorreram grandes conflitos pela posse das terras. Dentre es-

ses focos podem ser citados (Fazenda Mesquita, Fazenda Padroeira do Brasil) e, segundo os

relatos e as histórias populares matavam os posseiros e jogava-os no rio São Francisco, tam-

bém chamado Corvo Branco.

Em linhas gerais, as questões de terras faziam parte do cenário da época. Os fatores

agravantes eram basicamente os mesmos, ou seja, super posição de títulos, interesses de ter-

ceiros, conforme podemos ver no fragmento de uma das entrevistas concedida ao historiador

Colodel em 1991:

Nós chegamos em 1970 e tomamos conhecimento disso (a disputa pela terra) e vivenciamos esse processo todo. Até a figura do jagunço eu fiquei conhe-cendo aqui no Paraná. Posseiros nós também conhecemos aqui. Nós viemos de uma região agrícola (Campo Novo-RS) sem problemas e aqui no Paraná nós tomamos o contato com esse problema que é a disputa pela terra. Um fato marcante foi no primeiro ano em 1971/72. Nós disputávamos uma parti-da de futebol do Aimoré, quando na esquina em frente ao estádio chegaram cadáveres de posseiros assassinados lá na ‘Fazenda Mesquita’. Uma coisa que me chocou, me chamou a atenção [...] a gente teve conhecimento de que houve realmente a disputa da terra [...] muito localizada em termos de Rami-lândia e Diamante D’Oeste. (COLODEL, 1991. p. 195).

A população do campo, cuja maioria era representada por posseiros e pequenos propri-

etários usufruíam da terra através de posse não legalizada e sofreram com o processo de grila-

gem de suas terras. Como reação, estes camponeses formaram movimentos armados forte-

mente, o que gerou resistência e acarretou diversas conquistas como a regularização de diver-

sas áreas e a organização dos trabalhadores rurais em sindicatos, cooperativas e o MST, que

colocou em nível nacional os debates sobre a reforma agrária e a criação de um novo modelo

de desenvolvimento para o campo. No processo econômico, segundo definição extraída de

uma passagem de Serra:

Page 13: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

“[...] o início desbravador empreendeu um ritmo avassalador de exploração/extração vegetal, sendo que alguns anos de atividade dos conces-sionários foram suficientes para uma devastação quase completa de tudo que pudesse representar algum valor econômico nas matas regionais.” (SERRA, 1992. p. 89).

No decorrer do processo de colonização esteve presente o “espírito desbravador” e, de

um modo geral. E, esse espírito desbravador dos colonizadores, contribuiu através do trabalho

e da produção com o desenvolvimento da região. Porém permaneceu a economia de subsis-

tência onde a maioria da população ativa se concentrava nas atividades primárias extração ve-

getal, (madeira e erva mate), agricultura (milho, feijão, rami, hortelã e algodão etc.) e na cria-

ção de suínos e na pecuária. De modo geral, as terras eram apenas suficientes para absorção

da força de trabalho familiar, em decorrência disto neste período não aparece a figura dos lati-

fundiários, até a implantação de um sistema viário que deu início à liquidação do isolamento

social e econômico da região, ao estabelecer os seus primeiros vínculos com o subsistema pa-

ranaense.

A partir da década de 60 esta região passou a ter maior significado econômico. E, co-

meçou a transformar-se rapidamente, devido à boa qualidade do solo superou o nível de de-

manda, as unidades agrícolas começaram a apresentar um excedente de produção que podia

ser comercializado, aumentando a quantidade de bens manufaturados.

Com a centralização administrativa, promovida pela Ditadura militar instalado em

1964, houve a implantação de um projeto de aceleramento econômico industrial incentivando

poderosos grupos internacionais a ampliar seus investimentos no Brasil. Isto levou a um signi-

ficativo crescimento da economia brasileira, á modernização e a novas tecnologias industriais.

A região, aos poucos, foi integrando-se no processo capitalista de produção nacional e,

a produção agrícola, atravessava um período de modernização, passando a exigir maiores in-

vestimentos em insumos, mecanização e emprego de tecnologia em geral. Isto acarretou a

concentração da terra e o surgimento da grande propriedade, com a diminuição relativa dos

pequenos produtores.

Nesta fase um novo período se inaugura, onde a população do campo migra para a ci-

dade, abastecendo as indústrias com sua mão-de-obra barata em grande quantidade, formando

assim um exército de reserva, e em decorrência destes fatores o campo e as cidades pequenas

se esvaziaram como foi o caso do município de Diamante D’Oeste. Em meio a este quadro de

transformações estruturais promovidas, pelo sistema capitalista o que norteara a vida da classe

trabalhadora mesmo no mais simples ato produtivo, é devido ao fato de estar servindo a estru-

tura do capital como mercadoria através da expropriação da sua força de trabalho.

Page 14: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

4. O INVISÍVEL NA FORMAÇÃO HISTÓRICA DE DIAMANTE D’ OESTE

Até então, nas obras acima citada Gregory, Myskiw, Colodel, Lopes, e entre outros au-

tores o que vemos no decorrer do processo de colonização do oeste paranaense é a presença

marcante dos descendentes de italianos e alemães destacada pelos mesmos, provenientes prin-

cipalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Isso se deve ao fato que as empresas que passaram a explorar as terras do oeste do

Paraná, na grande maioria tinham suas sedes nesses estados e seus dirigentes serem na

maioria descentes dessas etnias. E, seguindo as fontes pesquisadas responsáveis pela vinda de

familias de italianos, alemães e poloneses. Segundo Steca e Flores, a escolha dos “elementos

humanos” sulistas como foram denominados os emigrantes vindos do sul, foi uma ação

intencional, pois;

“[...] os sulistas dominavam a tecnologia agrícola, dos descendentes de alemães e italianos, considerada mais evoluída e somatizando a condição de possuidores de recursos para aquisição dos lotes. Diferenciando assim daqueles denominados nortistas ou “pelo duro”- que vinham de Minas Gerais e Nordeste brasileiro” (STECA e FLORES, 2002, p.113).

E assim os nortistas os chamados “pelos duros” de Minas Gerais, São Paulo e do

Nordeste brasileiro que vinham para trabalhar nas lavouras de café no norte do Paraná, foram

de certa forma afastados da colonização da região oeste do Paraná.

Conforme STECA e FLORES (2002), boa parte dos proprietários das colonizadoras

– eram descendentes de alemães e italianos -, e tinham como ideal para a colonização da regi-

ão formar uma comunidade basicamente de descendentes europeus.

O que aconteceu na verdade foi que essas colonizadoras “implantaram uma coloni-

zação sistemática e seletiva”, (GREGORY, 2008, p.93-94), no oeste do Paraná em meados de

1940, sendo que esse planejamento visava o desenvolvimento da região. Desenvolvimento

esse, é visto de forma diferente por cada sujeito que aqui vivia. Sendo que o significado de ri-

queza para os grupos indígenas era diferente dos colonizadores exemplificando isso em uma

conversa de um velho índio tupinambá com o colonizador numa adaptação de Jean de Lery:

[...] agora vejo que vós outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos ... e trabalham tanto para acumular rique-zas para vossos filhos ou para aqueles que virão depois de vós! Não será a terra que vos suficiente para alimentá-los também? Temos pais mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos que depois da nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá. (MACEDO E OLIVEIRA, 1996, p.62, apud LERY, 1972, p.125-126)

Page 15: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

As empresas colonizadoras viam o referido espaço como uma forma de acumular ri-

quezas a qualquer custo seja, através da exploração dos trabalhadores ou usurpando as terras

de posseiros, alegando serem os verdadeiros proprietários, sob a alegação de serem possuido-

res da documentação das propriedades uma vez que já é conhecido pela história oficial o fato

que no período histórico citado, haver a justaposição de títulos.

Tais autores afirmam que o grande sucesso do projeto de colonização do oeste para-

naense, é atribuído principalmente ao rigoroso planejamento e a escolha do “elemento huma-

no” que na verdade deveriam adequar-se ao projeto capitalista que as empresas colonizadoras

que aqui chegaram para exploraram às terras da à região, implantaram nas áreas por eles ad-

quiridas.

Percebemos, até então na história oficial a participação das colonizadoras na ocupa-

ção do espaço que, até então, era conhecido como “sertão paranaense”, cujo domínio era exer-

cido pelos obrageiros, sobretudo argentinos, que exploravam ilegalmente a erva-mate e ma-

deira nativas da região como já nos referimos nessa Unidade Didática. Além de que ainda

ocultaram a presença dos remanescentes indígenas e afro-descendente na região, inclusive

quando alguns autores citam a questão do “vazio demográfico”.

Na verdade, quando essas terras foram vendidas para essas colonizadoras, aqui já ha-

bitavam índios, paraguaios e argentinos e alguns afrodescendentes e descendentes, que já tra-

balhavam na região na exploração da erva-mate, madeira e os imigrantes da região Nordeste

do Brasil, que passaram pelo Norte do Paraná, alguns afros e outros descendentes de portu-

gueses como ficou constatado nas entrevistas realizadas e que estão referenciadas no final

deste trabalho, como sendo os primeiros moradores de Diamante D’Oeste os Sr. Santo Preto,

João Saraiva, Alvino Saraiva, Guilhermino pai do entrevistado Benedito Leontino dos Santos

todos oriundos do Estado da Bahia e do Sr. José de Almeida (Cazé) vindo da Paraíba, bem

como outros moradores, que chegaram mais tarde de outras localidades.

As empresas colonizadoras foram às responsáveis pelo, “vazio social” e um “vazio

demográfico” na região, com a intenção de explorar e colonizar o território do oeste paranaen-

se de acordo com os seus interesses capitalista.

Onde foi admitida a presença dos afrodescententes, “caboclo”, somente como frente

de trabalho braçal barato e para mantê-los como assalariados e assim controlar o acesso a

compra das terras para os “elementos humanos”, sulistas as colonizadoras faziam acordos

para dar entrada na terra, a maioria pagava após as primeiras colheitas.

Quando os afrodescententes migraram do norte paranaense para a região, no período

entre 1940 e 1970 e demonstraram interesse em adquirir uma área de terra, as colonizadoras

Page 16: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

exigiam que pagassem valor determinado. E, a grande maioria não tinha condições financeiras

para dar de entrada, não podiam comprar e continuavam assalariados ou trabalhavam por uma

porcentagem. Como ocorreu aqui em Diamante d’ Oeste, na época das plantações de hortelã e

café. Prática está comum neste período é o que relata uma moradora entrevistada Maria:

[...] tinha famílias de mineiros a gente chamava de mineiros os negros que eu conheci alguns eles moravam nas terras do dono da terra e plantava hortelã e dava a renda para o patrão na maioria das vezes quando colhia devia tudo pois as compras no mercado durante o tempo que não tinha colheita era feita pelo patrão.8

Destaca-se no processo de colonização, o envolvimento do governo e da empresa co-

lonizadora em nosso município conforme documento em anexo, em contrato de compra de

terra realizada pelo entrevistado João Saraiva que data de 1970 pela firma BENTHEIM $

CIA. LTDA e também por representantes do Banco do Estado do Paraná S.A. e confirmada

pelo entrevistado que trabalhava de cozinheiro para a referida firma comenta Sr. Alvino Sarai-

va: “[...] o nome era gleba São Jorge era o lugar que nos sempre conhecia naquela época

nos compremos e nos chegamos para morar para cá definitivamente foi em 1969 depois mais

tarde foi surgiu á idéia de formar o patrimônio que hoje se diz cidade e município.9”. Perce-

bemos na fala do entrevistado e na escritura, que o primeiro nome do município era Gleba São

Jorge somente mais tarde foi oficializado como Diamante D’ Oeste.

Nome que recebeu, devido ao fato de que viajantes e tropeiros passarem suas noites próximo

á nascente de água e ao se depararem com a limpidez da água exclamaram: - “que água mais

límpida! Mais parece um Diamante’.

Desta forma diz Sr. Alvino “[...] o nome mudou o nome de gleba São Jorge porque

mudou eu vejo falar mas eu não sei certamente e diz que porque mas tinha ali a par e uma

cabeceira de rio”.

IMAGEM 02 – ALVINO SARAIVA E SUA MÃE UM DOS PRIMEIROS MORADORES DE DIAMANTE D’ OESTE PR, DÉCADA DE 70 (PLANTIO DE CAFÉ).

8 Maria (nome fictício pois a entrevistada não quer ser identificada. Entrevistada por Frida Heck em julho de 2011.9 Entrevistado por Frida Heck da em janeiro de 2011

Page 17: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Fonte: Acrevo Pessoal da Familia Saraiva

Período histórico, que a região de Diamante D’Oeste pertencia ao município de Mate-

lândia, e a empresa colonizadora considerada pela história, como a responsável pela vinda das

famílias a região na época foi a INDUSTRIAL PINHO E TERRAS LTDA e a COLONIZA-

DORA MATELÂNDIA, quando na verdade documentos contrato de compra e venda de terra

conforme (anexo01) e na fala do Sr João Almeida Saraiva, mostram que naquele período,

funcionário da empresa colonizadora, a qual foi a responsável pela venda das terras na região

que hoje se encontra o município de Diamante D’ Oeste na época da ocupação confirmam ser

a empresa BENTHEIM.

[...] vim do Estado da Bahia na cidade de Jacaraci eu vim diretamente pra Xambre depois Pérola e mais ou menos em 1964 viemos para trabalhar para a empresa “BEM THEIM que a sede dela era Maringá e os engenheiro res-ponsável era o doutor Artur o doutor Borges e aqui o nosso trabalho eu mes-mo vim com o meu irmão outro irmão Antonio Saraiva e o agrimensor era o meu irmão João Saraiva.10

Segundo o Sr. Alvino Saraiva, foi a Colonizadora BENTHEIM e CIA LTDA, res-

ponsável pela medição e venda dos lotes de terra, e muito deles vendidos para famílias vindas

do “norte pioneiro”. Bem como fortes indícios da presença marcante do povo do nordeste bra-

sileiro que vivia no norte do Paraná, pois em sua fala ele ainda completa dizendo:

10 SARAIVA, João Almeida. Entrevistado por Frida Heck em junho de 2011.

Page 18: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

[...] compremos algumas terras da própria companhia que era proprie-dade do banco do Estado do Paraná já tinha título definitivo eu mesmo tinha eram as escrituras e depois mais tarde veio o INCRA anularam aquela escritura e deram para nos os títulos do INCRA mas documen-to perfeito na área que hoje é Diamante não teve problema tinha ou-tros lugares que tinha problemas na documentação na área que hoje é Diamante.11

E, assim essa comunidade foi se formando por uma classe trabalhadora, constituída

de famílias vindas da Bahia, Paraíba, São Paulo, para a região norte do Paraná na época da co-

lonização daquela região e depois migraram para Diamante D’ Oeste. Como comenta o Sr

João Saraiva “[...] quando eu vim mora definitivo aqui já tinha o Santo Preto (indica presen-

ça do negro) o Cazé já veio quando pra abrir a cidade”12.

Constatamos neste processo de colonização a presença do afro descendentes nas pa-

lavras do senhor Benedito Leontino dos Santos, filho do Guilhermino, que segundo unanimi-

dade dos entrevistados como sendo o primeiro morador da cidade ele diz:

Tinha sim uma aldeia uns moreno era uma família mais ou menos uns cem era um tal de Joaquim, Elpídio, João era muito gente era preto foi aumentan-do era muita gente e depois foi acabando foram embora compraram e meca-nizaram tudo hoje não tem quase ninguém era e eles participava nas festas era gente boa juntava um monte de gente ia arrancar os tocos era tudo mun-do unido compramos as terras da companhia BEM THEM do doutor Arthur ai formamos a comunidade ai começou a brigaiada eles vendia as terras e de-pois que o povo comprava eles matavam naquela época tinha muito conflito eu era solteiro e ia com os policiais buscar os mortos eu mesmo carreguei uns quantos nas costas pessoas de bem uns ia olhar para comprar e eles ma-tavam ai trazia pra Vera Cruz pra fazer a autópcia ás vezes tinham uns que já fazia dias que tinha sido morto mas primeiramente plantamos café eles der-rubava o mato e já plantava o café e depois feijão, algodão e na saída para Santa Helena tinha muito plantio de hortelâ a primeira escola funcionava na igreja.”13

IMAGEM 03 – BENEDITO LEONTINO DOS SANTOS UM DOS PRIMEIROS MORA-DORES DE DIAMANTE D’OESTE 1970

11 SARAIVA, Alvino. Entrevistada por Frida Heck em janeiro de 2011.12 Entrevistado por Frida Heck em junho de 2011 13 SR BENEDITO, filho do Guilhermino um dos primeiros moradores da cidade de Diamante D’ Oeste (entrevistado por Frida Heck em julho de 2011.)

Page 19: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Fonte: Acervo Pessoal do Sr. Benedito Leontino dos Santos

Para compreendermos o decorrer deste processo de colonização da região, vale des-

tacar a entrevista da moradora Izabel que relata o seguinte:

Chegamos em Diamante em 1972 era maioria mato tudo mato tinha um pou-co de gente tinha pouco de rua depois foram abrindo meu pai veio colocar uma sorveteria depois foi colocada uma rodoviária junto com a sorveteria e viemos em cima de um caminhão a mudança todos em cima do caminhão no dia 12 de outubro era muito frio e nos tudo tremendo de frio em cima do ca-minhão procurava um lugarzinho em cima do caminhão para esconder do frio nos éramos em 6 irmãos e o pai e mãe tinha gente morando nortistas a maioria era negros e tinha a vila dos pretos era chamada eu lembro assim da parte da fazenda mesquita tinha os jagunços e vinha tudo armado e eu tinha 17 anos tinha muito medo dos jagunços nos se escondia com nos eles não fa-ziam nada o problema era na fazenda Mesquita lá eles matavam muita gente”.14

14 SR COLOMBI, Izabel Maria, moradora de Diamante D’ Oeste. Entrevistada por Frida Heck em julho de 2011.

Page 20: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Fica expresso nas narrativas dos moradores da região e em alguns documentos ofi-

ciais citados anteriormente que o município foi palco de conflitos de terra no período de sua

colonização e fica evidente também a presença do afrodescendente.

Verifica-se de forma bem clara que os migrantes do sul do Brasil descendentes de ale-

mães e italianos se referem aos afrodescententes e índios com certo desprezo, tanto que se tor-

nou um elemento “invisível” na história oficial de Diamante do Oeste, onde os mesmos não

são reconhecidos pelo descendente europeu e nem pelas Companhias Colonizadoras como um

trabalhador que contribuiu e ajudou a trazer o desenvolvimento e progresso para a região.

Muitas vezes considerados primitivos e selvagens, pelos colonizadores e pelo discurso oficial

e que deveriam ser integrados á modernidade.

Neste sentido articulamos as diferentes vozes dos diferentes grupos sociais que tenta-

ram impor suas idéias a partir de seus discursos, lembrando ainda que todo discurso, é carre-

gado de intenções e consolida determinadas memórias.

Percebemos a participação dos nordestinos afrodescententes e de portugueses de uma

forma geral no desenvolvimento econômico, social e cultural do município de Diamante

D’Oeste o que pode ser visualisado nas imagens que se segue, do início da década 70.

IMAGEM 04 – ENCONTRO DA COMUNIDADE CATÓLICA EM DIAMANTE D’

OESTE, PR-1970.

Fonte: Acervo da Igreja Católica de Diamante d’ Oeste

Page 21: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Estas concepções trazidas pelas empresas colonizadoras para o oeste do Paraná, de

não valorização do papel do povo afro e nordestino deixando-os no esquecimento. Fato pre-

meditadamente construído pela historiografia oficial e, oriundo do processo de desenvolvi-

mento do país, e foi incutido na sociedade desde o projeto de nação, criado no Brasil, no final

do séc. XIX e inicio do séc. XX, onde no processo de transição da mão-de-obra escrava para a

mão-de-obra livre contemplou a presença e a preferência pelos povos europeus. Surgindo a

idéia de surgiram às idéias de “branqueamento” da raça brasileira, além das teorias determi-

nistas, tanto da raça como do contexto social onde ela se desenvolveu.

Assim a história oficial da colonização da região oeste procurou não apresentar o

descendente afro como integrante desse processo de colonização, por serem desconsiderados

e descriminados pela história oficial da colonização do Brasil como inferior. O texto de Rodri-

gues mostra essa realidade:

[…] Os extraordinários progressos da civilização européia entregaram aos brancos o domínio do mundo, as suas maravilhosas aplicações industriais su-primiram a distância e o tempo. Impossível conceder, pois, aos negros como em geral os povos fracos e retardatários, lazeres e delongos de uma aquisição muito lenta e remota de sua emancipação social. (RODRIGUES, 1982, p. 264).

Na afirmação de Rodrigues (1982), as raças “superiores” prevaleciam sobre as “infe-

riores” na competição social. Onde o negro e o índio são obstáculos ao progresso e a absorção

incompleta do catolicismo por eles. E evidencia que essas etnias seriam “incapazes de assimi-

larem uma cultura considerada pela classe dominante de “superior”.

E, na história na região oeste também deixa invisível a presença dessas etnias e em

Diamante D’ Oeste bem como de toda essa região, contradizendo a história oficial temos a

fala do Sr. José de Almeida o popular Cazé:

Quando cheguei aqui achei o Santo Preto o Guilhermino, Firmino e Zé Carecão esses eram os moradores mas não como do patrimônio como colônia né aí eu trouxe os primeiros compradores que eu trouxe de lá o primeiro o seu José Aparecido Jocelino o Zé domingos e o João José domingos hoje falecido um é velho e o outro é novo e o Aurelio genro que mora ai e vicente e o aparecido seu Firmino e tinha o Aurélio tam-bém genro e tem também o outro filho do Vicente de lá de Goioerê depois eu trouxe diversos mas estes foram os primeiros.15

15 ALMEIDA , José. Entrevista gravada, concedida a Lincon Leduk repórter da radio Difusora de Marechal C. Rondon sobre a história de Diamante D’ Oeste em (1985).

Page 22: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Fica evidente também na fala de Sr. José de Almeida a presença do povo afrodescen-

tente na região ao se referir ao morador pelo seu apelido “Santo Preto” e nas imagens que se

segue onde se percebe a presença marcante dessa etnia na formação da comunidade.

IMAGEM 05 – DIAMANTE D’ OESTE MAIS OU MENOS 1969-1970. FOTO

EM FRENTE A IGREJA CATÓLICA

Fonte: Acervo Igreja Católica.

Outro acontecimento que marcou a colonização da região de Diamante D’ Oeste é a

questão da posse da terra, conflitos entre grileiros e os migrantes que na ausência de qualquer

meio legal para expedir títulos de propriedade da terra notabilizaram-se por serem, mais orga-

nizados. Contando, com o envolvimento de grupos econômicos poderosos e habilmente estru-

turados faziam uso dos mais variados recursos tais como falsificação de documentos, como

escrituras de propriedades, contrato de compra e venda para os moradores. Dos quais a maio-

ria era de pequenos proprietários que haviam adquirido posses de terra, das empresas coloni-

zadoras, que passaram a ser ameaçados por jagunços, como sendo intrusos e delas expulsos

ou mortos.

Seu João Saraiva comenta que na época a fazenda Mesquita tinha muito posseiros e

que eles foram “retirados”, expulsos pelo proprietário da fazenda:

A mesquita tinha muitos posseiro era cheinha de gente dava uma cidade dai o mesquita chegou e tirou o povo quando eu falei que ele gastou pra compra 3 fazenda foi pra tira o povo aqui teve tempo que entro uns 29 caminhonete

Page 23: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

do exército aqui uns 30 por Santa Helena e não sei quantos por São José pra tira o povo né ai que eu sei mortes mesmo eu só sei de 3 naquele tempo não tinha comunicação a gente não ficava sabendo de nada direito não tinha nem telefone porque quem denuncia é a imprensa e naquele tempo não tinha tele-fone não tinha comunicação ninguém ficava sabendo direito não sei quanta gente tinha naquele tempo.16

No período que ocorreram os maiores conflitos pela posse da terra. Dentre os locais

desses focos podemos citar a Fazenda Mesquita e a Fazenda Padroeira do Brasil, e que segun-

do as histórias que o povo conta matavam os posseiros e jogavam no rio São Francisco, co-

menta o Sr. Alvino Saraiva “[...] lá pra baixo sempre saía bastante morte aqui não ali tinha

a gente sabe com certeza ali tinha mesmo os chefes que matava mesmo os jagunços dos fa-

zendeiros e a gente fala o que não tem certeza se a gente sabe aconteciam coisas” 17.

No decorrer das entrevistas dos moradores, se percebe que a memória oficial silencia-

va a memória do povo o Sr João “[...] lembra aqui em 61 não tinha ninguém depois quando

as pessoas começaram gente pra pega as posse de terras a chegar os jagunços só conflito

teve mesmo na fazenda mesquita o mesquita tinha escritura e ai veio turma ai veio os possei-

ros eu era muito amigo dele”.18

Em linhas gerais, as questões de terras faziam parte do cenário da época, os fatores

agravantes eram basicamente os mesmos, ou seja, super posição de títulos, interesses de ter-

ceiros, etc.

Procuramos no transcorrer dessa Unidade Didática, deixar evidenciar alguns fatos que

ficaram esquecidos pela historiografia oficial, em relação à história da ocupação do Oeste pa-

ranaense e em especial na história de Diamante D’Oeste deixando claro, a participação de di-

ferentes atores neste processo de ocupação, entre os quais temos os índios primeiros morado-

res negligenciados na questão do “vazio demográfico” dando visibilidade aos migrantes nor-

destinos e afrodescententes e descendentes portugueses que fizeram parte do inicio desta his-

tória.

5 CONSIDERAÇÕES AOS EDUCADORES

Até aqui apontamos algumas abordagens tradicionais, a partir dos trechos dos docu-

mentos e entrevistas presentes nesse material.

A abordagem do tema em questão apresentou muitas dificuldades, devido á sua com-

plexidade e a falta de materiais bibliográficos publicados e ausência de trabalhos críticos, que 16 SARAIVA, João Almeida. Entrevistado por Frida Heck em junho de 2011.17 SARAIVA Alvino entrevistado por Frida Heck em janeiro de 2011.18 SARAIVA João entrevistado por Frida Heck em junho de 2011.

Page 24: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

tinham a preocupação de analisar a questão da posse da terra e o ideal da companhia coloniza-

dora que se instalou no município e comercializou as terras no período da colonização da regi-

ão, onde hoje se encontra localizado o município de Diamante D’ Oeste.

Outras questões, como problematização do tema através de pesquisas e encaminha-

mentos que poderão ser propostos para subsidiar esta reflexão, a fim de alcançar os objetivos

propostos nessa Unidade Didática, possibilitando dessa forma o exercício da pesquisa históri-

ca no contexto escolar, pelo professor e seus alunos para que juntos façam emergir as memó-

rias e as histórias das comunidades, municípios e regiões com vistas à valorização das expe-

riências individuais e coletivas na construção da consciência histórica dos educandos.

Para tanto, outra concepção importante que nos permite verificar conclusões de uma

determinada época podem estar baseadas nas memórias dos sujeitos daquele momento e po-

dem ter ajudado a produzir memórias. Segundo Hobsbawm, pois queiramos ou não:

Todos nós, inevitavelmente, escrevemos história de nosso próprio tempo quando olhamos o passado e, em alguma medida, empreendemos as batalhas de hoje no figurino do período. Mas aqueles que escrevem a história do seu próprio tempo não podem entender o passado e aquilo que veio dele. Podem até mesmo falsificar o passado e aquilo que veio dele. Podem até mesmo fal-sificar o passado e o presente, mesmo sem a intenção de fazer. (HOBS-BAWM, 1996. p. 14.)

Assim essa Unidade tem como objetivo, dentre outros de fomentar discussões,

pesquisas sobre o tema, problematizar as memórias e histórias locais, enfim, despertar a

curiosidade dos educandos em busca de respostas para o contexto social e histórico em que os

mesmos estão inseridos.

Outro questionamento que pode ser apontado, para uma reflexão nas transformações

atuais no mundo do trabalho, possíveis de questionamentos junto aos educandos, são

temáticas em relação à origem da exploração capitalista, a formação das diferentes classes os

embates entre elas e as condições para a superação dessa divisão social baseada na exploração

e na dominação social, na relação de poder e na exploração do trabalho.

A metodologia aqui sugerida se dá através de uma pesquisa de campo com fontes orais

e documentais (mapas, fotografias, jornais, textos, vídeos). Valorizando as narrativas, as me-

mórias e as experiências não oficiais, dos que se fixaram nesse espaço geográfico e que trará

as respostas, para evidências sobre esse passado a ser rememorado e estudados dos grupos so-

ciais referenciados acima, suas visões de mundo enfim seu projeto de sociedade, que está no

invisível da História de Diamante D‘ Oeste.

Page 25: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Buscaremos através desta Unidade Didática, explorar algumas possibilidades de dis-

cussão, sobre conceitos teóricos que proporcionem uma reflexão histórica dos diversos cam-

pos da produção. Para a abordagem do tema proposto neste trabalho, realizaremos entrevistas

com outros moradores antigos da cidade, em leituras de produções acadêmicas sobre a região

e de analise textual de fragmentos de textos extraídos das obras oficiais de alguns autores,

com trabalhos voltados a História do Paraná, dentre estes alguns citados nas atividades, bus-

cando dar entendimento ao objeto pesquisado.

ATIVIDADE 01 - TRABALHANDO COM FRAGMENTOS DO TEXTO:

1 – Leitura de textos da história oficial da ocupação do Oeste do Paraná.

COLODEL, José Augusto. Matelândia: História $ Contexto. Matelândia: a história e seus

personagens. A colonizadora e os colonos: os novos donos da terra. Cascavel, ASSOESTE,

1992, pp. (169-202).

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. Oeste paranaense. Curitiba 1995,

editora gráfica Vicentina Ltda, pp. (225-240).

GREGORY, Valdir. Os euros brasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do Paraná (1940-1970). Cascavel, EDUNIOESTE, 2002, pp. (89-103).

2- Quais os sujeitos representados nos textos dos autores Wachowicz “Oeste paranaense” e

do Gregory “A colonização do Oeste do Paraná” e Colodel “A colonizadora e os colonos: os

novos donos da terra”, trabalhados na atividade 02.

3 – Organize um quadro comparativo entre os textos lidos e as entrevistas realizadas com os

moradores do início da ocupação de Diamante D’ Oeste.

4 – Destaque as diferentes versões “a dos autores dos textos” e a “dos moradores” e discuta

com a equipe e apresente para a classe suas conclusões.

5 – Depois da apresentação, construa uma narrativa histórica levando em conta as conclusões

que chegaram.

ATIVIDADE 2 – LEITURA DE TEXTO E LABORATÓRIO DE INFOR-

MÁTICA

1 - Diante do fragmento acima pesquise com o apoio no texto – “Sistemática de uma “obrage”

Page 26: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. Oeste paranaense. Curitiba 1995,

Editora Gráfica Vicentina Ltda, (p.227-248).

2 – Com o apoio do seu professor e uso do laboratório de informática da escola. Busque

pesquisar em trabalhos que contextualizaram a colonização do oeste Paranaense e construa

uma linha do tempo, narrando em poucas palavras os acontecimentos que mais marcaram o

contexto histórico da colonização do oeste paranaense e responda as seguintes questões.

a) O que eram essas obrages?

b) Onde surgiram as obrages?

c) Quem eram os mensus relatados no texto?

d) E qual era o regime de trabalho na época?

e) Qual o regime de trabalho do Brasil de hoje? O que se difere do regime dos trabalhadores

mensus da época com o regime de trabalho do Brasil nos dias de hoje?

3 – Leia e reflita sobre o que expressa o fragmento do texto a seguir:

O crescimento do capitalismo na Europa, além de abalar as estruturas antigas, de provocar o êxodo de milhões de camponeses e de causar inúmeros problemas sociais, afetava valores, crenças, concepções de vida. Aos camponeses expulsos do campo restava buscar trabalho nas indústrias. Não havendo alternativa diante das transformações ocorridas, em muitos casos a saída foi à migração, devido a essas transformações “[...] políticas, econômicas e sociais ocorridas na Europa, em função das unificações nacionais da Alemanha e da Itália, da Guerra Franco - Prussiana, do crescimento do capitalismo industrial, o europeu migrou para diferentes regiões do mundo” (GREGORY, 2008, p.41)

a) No fragmento do texto acima sobre qual temática o autor Gregory se refere?

b) De que países europeus se originaram o maior número de imigrantes para os estados do sul

do Brasil?

c) Qual fato foi que alavancou esse processo imigratório ao Brasil?

d) De quais transformações o autor está falando no texto.

ATIVIDADE 3 – TEXTOS PARA ANÁLISE DOS DISCURSOS UTILI-

ZANDO O LIVRO DIDÁTICO DA SEED CADERNO PEDAGÓGICO DA

HISTÓRIA DO PARANÁ

Como vimos no início da Unidade Didática, os discursos dos autores e a memória

oficial, somente alguns grupos aparecem como os desbravadores do oeste do Paraná, e essa

Page 27: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

idéia de uma colonização e de um oeste harmônico e pacifico. Mas nessa representação

histórica os povos indígenas, afrodescendentes, trabalhadores do campo que perderam suas

terras e outros grupos sociais que não se enquadravam no imaginário de desenvolvimento

esses sujeitos são excluídos e ficaram a margem da história oficial. Podemos perceber isso

claramente nos fragmentos dos discursos do Então governador do Estado do Paraná Bento

Munhoz da Rocha Netto (1950-1955) e Getúlio Vargas (1950-1954) presidente do Brasil,

proferido em 1953.

"[...] Ouço O passo dos brasileiros que convergem para Paraná através de todos os caminhos da Pátria grande Vêm de Minas e São Paulo, empurrados pela onda ver dos cafeeiros que desceram para o Sul vivendo seu ciclo revolucionando a tradicional economia paranaense; vêm Nordeste, ressequido e super povoado, com intrepidez e coragem dos que lutam, sempre se habituaram a lutar, se esmorecer para abrir o sertão e fazer o cafezal avançar. Vê do Sul, transbordando do minifúndio colonial e fazendo sobreviver, aqui, os traços humanos que nos são característicos. depois de mais um século de imigração. Vêm de to as esperanças e de todas as coragens nacionais. O Brasil marcou encontro no Paraná quando festejamos centenário” . (Fonte Representações, memória e identidade/ obra coletiva – Curitiba -SEED – PR, 2008, p. 44, apud Ilustração Brasileira. 1953, p. 200. Trecho do discurso do governador Bento Munhoz da Rocha Netto)

“[...] Parece que o destino vos reservou para alertar o país, na crise atual do desenvolvimento, mostrando aos pessimistas e aos céticos um tonificante exemplo das possibilidades imensas que se abrem para o nosso futuro. Ninguém ousaria descrer do Brasil, ao contemplar o espetáculo do Paraná moderno. Prenunciando o porvir esplendoroso, o vosso presente de estupendo progresso honra o passado e testemunha o vigor desse espírito bandeirante a que deveis as primeiras conquistas da vossa existência. (...) Pelas condições felizes da sua evolução histórica e política, o Paraná constitui uma singularidade na vida nacional. Pois surgindo no quadro das nossas províncias quando o Império já se consolidara nos alicerces de sua estrutura, não conheceu os embates domésticos e as dissensões internas que marcaram o início da nossa árdua formação, deixando na alma de tantas populações locais o ferreteado da animosidade que só aos poucos o tempo conseguiu apagar. Desde os primórdios, oferecestes a lição extraordinária e admirável de um povo uno, sem privilégios, sem preconceitos, sem obstinadas vinditas, sem tradições de rancor” (Fonte Representações, memória e identidade/ obra coletiva – Curitiba -SEED – PR, 2008, p. 45 apud Ilustração Brasileira. 1953, p. 200. Trecho do discurso do Presidente da Republica Getulio Vargas )

1 - Leia com atenção, os fragmentos dos discursos oficiais e procure perceber quais os interesses dos diferentes grupos sociais, que tentaram impor suas idéias a partir de seus discursos e representações. “É importante lembrar que o discurso, como todo documento, é carregado de intenções e tem como objetivo constituir idéias consolidando determinadas memórias” (SEED, 2008, p 45).

a) Quais são as diferentes vozes deste contexto histórico?

Page 28: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

b) Quais as idéias vinculada ao discurso do então Governador do Paraná Bento Munhoz da

Rocha Netto?

c) Quais os outros grupos esquecidos na comemoração do 1º centenário da Emancipação

Política do Paraná?

d) O presidente da Republica fala de uma paz social, mas omiti os que perderam suas terras

em conflitos, como os posseiros, os índios e é negada a história dos movimentos populares

pro exemplo a revolta dos trabalhadores.

e) Analisar fragmentos do discurso do governador do Paraná, Bento Munhoz da rocha Netto

(1950-1954) e Getulio Vargas (1950-1954) presidente do Brasil, proferidos na recepção de

gala, realizada no álbum oficial das comemorações a Ilustração Brasileira. Verificar nos dis-

cursos, tanto do governador como do presidente, a idéia de progresso, embasada na coloniza-

ção e na força econômica do café, questionar o porquê da anunciada idéia da paz social, ou

seja, mostrar a inexistência de conflitos sociais.

f) Problematizar o discurso do presidente Getulio Vargas, sobre o “vazio demográfico”, que

forjou a invizibilização dos grupos indígenas analisando fragmentos do depoimento Sr.-

Tikuem Araxô in: Motta, Lucio Tadeu. As cidades e os povos indígenas e visões. Eduem,

2000.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Caderno Peda-gógico de História do Paraná. Representações, memórias, identidades. Curitiba: 2008. p. 44-52.

ATIVIDADE 04 TRABALHANDO COM MÍDIASObjetivo.Reconhecer as contradições sociais da atualidade e analisá-los a partir de suas causas e entender como estas relações foram construídas pelas diversas etnias que ocuparam este espaço.

Material: vídeo Ás varias faces do Paraná. Acesso á internet: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=21490

Atividade.Após assistir o vídeo Ás varias faces do Paraná l, reflita:Com base no vídeo que assistiu discorra sobre as etnias que ocuparam o Paraná

desmitificando a ideia de um Paraná europeu e branco.

ATIVIDADES 05– TRABALHO PRODUÇÃO DE TEXTO A PARTIR DE

MATERIAIS ICNOGRÁFICOS (FOTOS) SOBRE A HISTÓRIA DO MU-

NICÍPIO DE DIAMANTE D’ OESTE

Page 29: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

1 – Produção de texto a partir contextualizando os diferentes momentos históricos de

cada material icnográfico e de sua importância para a História da localidade.

IMAGEM 06 – DESFILE MUNICIPAL DA DÉCADA DE 70

Fonte: Acervo Municipal

IMAGEM 07 – COMUNIDADE EM FRENTE A IGREJA CATÓLICA DE DIAMANTE D’ OESTE DÉCADA DE 70

Fonte Acervo da Igreja Católica de Diamante D’ Oeste.

Page 30: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

ATIVIDADE 06 – FILME: NARRADORES DE JAVÉ

a) Após exibição do vídeo, trazer para a o debate a pluralidade de visões que correspondem às

contradições reais da vida cotidiana apresentada pelo filme “Narradores de Javé” produzido

em 2003, relacionando o contexto histórico atual e interpretando as reconstruções dos sentidos

do passado do município de Diamante D’ Oeste colocando- se, enquanto sujeito nesse proces-

so.

b) Reflexões acerca dos valores culturais, patrimônio, oralidade e economia, que conduzem o

enredo do filme “Narrador de Javé” na busca de retratar a história de uma comunidade pobre

da região da Bahia, na qual seus moradores constroem histórias de grandeza para esquecer a

situação de miséria e abandono.

c) Refletir acerca das questões representadas pelos Narradores de Javé e que são pertinentes

ao tema Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação, a

partir da memória da localidade, “a memória é um elemento essencial do que se costuma

chamar identidade, individual ou coletiva” (Le Goff, 1996)

d) Roteiro para análise do filme e produção de relatório.

1- Qual história é narrada?

2- Como é contada essa história?

3- O filme transmite de forma clara a sua idéia – qual o enunciado do filme/

4- Identificar personagens e cenários presentes no filme (cenas, ações, vestimentas, calçados,

demais objetos sempre presentes numa determinada cena e suas características.

5- O que contam e representam os personagens?

6- Identifique e explique o(s) projeto (s) de sociedade apresentado no filme. É possível identi-

ficar alguma “ideologia”? Qual?

7- Identifique valores afirmados e negados no filme, por exemplo, como são apresentados no-

ções de justiça, trabalho, entre outros, e como os personagens julgam esses valores?

8- E você, como avalia o filme?

Atividade 07 – Pesquisa de campo, análise dos dados através das informações coletadas e

sistematização

Page 31: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

1) Realizar uma entrevista com os pais ou vizinhos pergunte se eles conheceram o lugar onde

moram, quando ainda por aqui havia mata nativa? Quem eram os primeiros colonizadores?

2) Compare as repostas com a paisagem do município hoje. É diferente, não? O que mudou?

Por que mudou tanto? Escreva os motivos desta modificação.

3) Identifique quais os instrumentos de trabalho que os trabalhadores usavam no início da

ocupação e compare com os utilizados na atualidade.

4) No início do povoamento da região, quais eram as principais atividades econômicas e quais

produtos eram comercializados?

5) Quais os principais benefícios e malefícios trazidos á região pela comercialização destes

produtos? Indique os locais de destino destes produtos vendidos.

6) Nesse processo de colonização, houve enriquecimento da classe trabalhadora do campo e

da cidade?

7) Em sua opinião qual a classe que se privilégio no processo de colonização da região oeste

do Paraná?

8) Elabore um quadro sintetizando as informações obtidas sobre os produtos da localidade

como, por exemplo; Década de 60, 70, 80, 90, e atualmente.

9) Fazer uma lista dos produtos que são consumidos no município e não são produzidos aqui

e o local de procedência.

Ex. (Alimentos, vestuário, máquinas e outros).

a) Informe-se sobre o sistema monetário existente na época, da formação do município e

compare com a forma que é realizada a circulação do dinheiro na atualidade.

b) Debata, com seus colegas e familiares, sobre as mudanças ocorridas na forma de produ-

ção, exploração e comercialização dos recursos naturais e as principais conseqüências desse

processo vivenciado pelos munícipes, e informe-se sobre ações em desenvolvimento no seu

município sobre as questões ambientais.

10) Elaboração de um mural contando a história do Município. Este mural será elaborado

através de mapas, fotos, (antigas e atuais do município) gravuras e informações resumidas.

11) Realização de um seminário envolvendo a comunidade escolar para apresentar os resulta-

dos da investigação histórica do município.

ATIVIDADE 08 – TRABALHANDO COM O VÍDEO E MÚSICA EM SALA DE

AULA: QUESTÕES E POSSIBILIDADES. MÚSICA “TOCANDO EM FRENTE”

Page 32: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Música de composição de Almir Sater/Renato Teixeira

1 - Partindo do pressuposto de que a canção pode ser entendida como elemento histórico, na

medida em que o nome do Município é oriundo da época dos tropeiros e que o primeiro nome

do município era “Pouso Diamante” por ser o local onde os tropeiros passavam a noite. As-

pectos históricos (a canção como documento de uma época relação passado/presente).

a) Leitura da letra da música.

b) Trabalhar com o vídeo e cantar com os alunos a mesma em sala de aula de forma descon-

traída.

2 – Trabalhar trechos da música “Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha, e ir tocando em frente como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou, de estrada eu sou.”

a) De que contexto o compositor da música se refere?

b) E, relaciona com o conteúdo trabalhado? “ Processo de Colonização de Diamante D’

Oeste”. Por quê? Justifique sua resposta.

3 – Produzir uma parodia com a letra da música relacionando com a Temática trabalhada

Colonização de Diamante D’ Oeste.

FONTES

IMAGENS E OU FIGURAS

Acervo Pessoal do Sr Alvino Saraiva, moradora de Diamante d’ OesteAcervo da Igreja Católica de Diamante D’ Oeste Acervo da Prefeitura Municipal de Diamante D’ OesteAcervo Pessoal do Sr Benedito Leontino dos Santos

MAPA

Mapa dos Municípios do Extremo Oeste Paranaense. IPARDES.

VÍDEO

Narradores de Javé Duração de 1 hora e 42 minutos, Brasil, 2003

As Várias faces do Paraná.

MÚSICA

Page 33: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

Almir Sater/Renato Teixeira. Disponível em < http://www.vagalume.com.br/almir-sater/tocandoemfrente.html > acesso em 22 de junho de 2011

ENTREVISTA

ALMEIDA, José. Entrevista gravada, concedida a Lincon Leduk repórter da radio Difusora de Marechal C. Rondon sobre a história de Diamante D’ Oeste em (1985).

COLOMBI, Izabel Maria. Entrevista gravada, concedida a Frida Heck, Diamante D’ Oeste, 05 de julho de 2011

LORENZON, José Romualdo Zecão. Entrevista gravada, concedida a José Augusto Colodel em 21 mar. 1991, em Matelândia. COLODEL, José Augusto. Matelândia: história & contexto. 1991. P. 195.

SANTOS, Benedito Leontino dos. Entrevista gravada, concedida a Frida Heck, Vera Cruz D’ Oeste, 24 de julho de 2011

SARAIVA Alvino. Entrevista gravada, concedida a Frida Heck, Diamante D’ Oeste, janeiro de 2011.

SARAIVA João, Entrevista gravada, concedida a Frida Heck, Diamante D’ Oeste, em junho de 2011.

REFERÊNCIAS

BALHANA, Altiva Pilatti. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1964. v. 1.

BURKE, Peter. Variedades da história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

CARDOSO, Jayme Antonio; WESTPHALEN, Cecília Maria. Atlas histórico do Paraná. Curitiba: Livraria do Chain, 1986.

COLODEL, José Augusto. Matelândia: História $ Contexto. Matelândia, Prefeitura Muni-cipal; Cascavel, ASSOESTE, 1992.

DEITOS, N. J. A Igreja Católica e os colonos no Oeste do Paraná: Nomização de um espaço de fronteira. 2007. (Apresentação de Trabalho/Comunicação UNIOESTE/Toledo. Disponível em < http://www.dhi.uem.br> acesso em13 de marco de 2011.

Page 34: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus Municípios. Editora Memória Brasileira. Maringá Paraná, 1996, p. 266-267.

GREGORY, Valdir. Os euros brasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do Pa-raná (1940-1970). Cascavel, EDUNIOESTE, 2002, pp. (89-103).

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.

HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

KLAUCK Samuel Gleba dos Bispos – Colonização do Oeste do Paraná: Uma Experiência Católica de Ação Social 2004, p.21

KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 2004.

MACEDO, José Rivair, OLIVEIRA Mariley W. Brasil uma história em construção, vol. I. São Paulo Editora do Brasil, 1996, texto adaptado de Jean de Lery, Viagem a Terra do Bra-sil. São Paulo Livr. Martins, 1972, p125-126.

MOTTA, Márcia Maria Menendes. História: pensar e fazer. Rio de Janeiro: Laboratório Di-mensões da História, 1998.

MOTTA, Lúcio Tadeu. As cidades e os povos indígenas: mitologia e visões. Maringá EDUEM, 2000, P.6.

MYSKIW, Antonio Marcos. Titulação de terras no Oeste Paranaense: Uma análise documental. Marechal Cândido Rondon: UNIOESTE, 2000, p. 61. [TCC em História], apud RICARDO, 1940.

NADALIM, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e migrações. Curitiba: SEED, 2001.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Caderno Peda-gógico de História do Paraná. Representações, memórias, identidades. Curitiba: 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Ensino Fundamental. Cadernos temáticos: história. Curitiba: SEED, 2008.

SERRA, Elpídio. Os primeiros passos de ocupação da terra e a organização pioneira do espaço agrário. Boletim de geografia – UEM, Maringá: ano 10, nº 1, 1992.

THOMPSON, Alistair. Quando a memória é um campo de batalha: envolvimento pessoais e políticos do Exército Nacional. Projeto História, São Paulo, n. 16, p. 277-296, fev. 1998.

THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

WACHOWICZ, Ruy, História do Paraná, Curitiba: Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 2002.

Page 35: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Editora Gráfica Vicentina, 1998.

RODRIGUES, N.. Os africanos no Brasil. 6 ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982.

ZAAR Hermi Miriam O Processo Migratório no Extremo Oeste do Estado do Paraná/Brasil com Construção Da Hidrelétrica Binacional Itaipu Artigo publicado na Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] nº 69 (47), 1 de agosto de 2000 Disponível em < http://www.ub.edu/geocrit/sn-69-47.htm> Acesso em 21 de junho de 2011

Sites Pesquisados:

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=2149http://www.ub.edu/geocrithttp://www. pr. gov.br. http://www.dhi.uem.br

Page 36: FICHA PARA CATÁLOGO · 2014-04-22 · FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA Título: Diamante D’ Oeste: História e Memória, o Visível e o Invisível na sua Formação

ANEXOS