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FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO- PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE/ 2010

Título: A poesia brasileira em cena: dos temas sociais ao palco

Autora: Janete Alves Giordani

Escola: Colégio Estadual Arnaldo Busato – EFMN

Município: Coronel Vivida NRE: Pato Branco

Orientadora: Profª Doutora Keli Cristina Pacheco

Instituição de Ensino Superior: IES – UNICENTRO – GUARAPUAVA

Disciplina: Língua Portuguesa

Produção Didático-Pedagógica: Unidade Didática

Público alvo: Alunos(as) do Curso de Formação de Docentes

Disciplina da relação interdisciplinar 1: Metodologia do Ensino de Arte

Disciplina da relação interdisciplinar 2: Arte

Público alvo: Alunos(as) do Curso de Formação de Docentes

Escola de Implementação: Colégio Estadual Arnaldo Busato – EFMNP

Endereço: Rua Rosa Stédile nº 520 – Centro

Apresentação: O desafio desta unidade didática consiste em apresentar subsídios ao trabalho pedagógico do professor de Língua Portuguesa e Literatura, no que se

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refere à leitura de poesias voltadas para a representação teatral, visto ser o trabalho com o texto poético - ler, interpretar, criar e recriar – importante, pois abre espaço para que o aluno se expresse com maior liberdade (desprendendo-se das regras e convenções), contribuindo para torná-lo consciente e crítico, além de possibilitar a visualização da pluralidade de significados da linguagem durante o processo interpretativo.Em termos mais objetivos, esta unidade didática pretende proporcionar, aos alunos do Curso de Formação de Docentes, o estudo do gênero poesias de alguns consagrados poetas da literatura brasileira, dando enfoque às poesias de cunho social, de diferentes estilos literários, promovendo a partir desse encontro, a construção de outro texto poético.Após estudos em sala de aula das poesias selecionadas, reescrita das mesmas e realização de ensaios, será promovida a circulação das apresentações teatrais no espaço escolar, por meio de um Sarau Literário.

Palavras-chave: Poesia, leitura, produção e encenação

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

A POESIA BRASILEIRA EM CENA: DOS TEMAS SOCIAIS AO

PALCO

JANETE ALVES GIORDANI

NRE de Pato Branco

Professora orientadora: Dra. KELI C. PACHECO

CORONEL VIVIDA

PDE/2010

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1 APRESENTAÇÃO

O desafio desta unidade didática consiste em apresentar subsídios ao

trabalho pedagógico do professor de Língua Portuguesa e Literatura, no que se

refere à leitura de poesias voltadas para a representação teatral, visto ser o trabalho

com o texto poético - ler, interpretar, criar e recriar – importante, pois abre espaço

para que o aluno se expresse com maior liberdade (desprendendo-se das regras e

convenções), contribuindo para torná-lo consciente e crítico, além de possibilitar a

visualização da pluralidade de significados da linguagem durante o processo

interpretativo.

Nesse sentido, Chamoiseau expressa ”mesmo que a leitura não faça de nós

escritores, ela pode, por um mecanismo parecido, nos tornar mais aptos a enunciar

nossas próprias palavras, nosso próprio texto, e a ser mais autores de nossas vidas”

(CHAMOISEAU apud PETIT, 2008, p. 36).

O interesse pelo tema deste projeto está bastante relacionado com

experiências pessoais como professora de literatura, aliando na área de leitura/

estudo de poesias à atividades de teatro na escola.

Infelizmente, a tradição da leitura literária na escola, em especial a leitura de

poemas, tem, historicamente, aprisionado o autor e o leitor.

Por mais que os Parâmetros e Diretrizes Curriculares preguem que o ensino-

aprendizagem da Língua portuguesa deva pautar-se num movimento de

interlocução, cujo eixo diretivo é o texto, travestido em diferentes gêneros textuais,

portanto inclui-se aí a poesia, no entanto essa ainda é um mito em nossas salas de

aula, o que nos leva a certa resistência em se ler, interpretar, criar e recriar poemas.

Portanto, a presente unidade tem como proposta a apresentação de

algumas atividades relacionadas à leitura de algumas poesias, sua reescrita,

destinadas à encenação, possibilitando ao aluno entrar e transitar pelo universo do

teatro, interagindo com elementos cênicos por meio de ensaios, dramatizações com

o objetivo de compreensão e interpretação das poesias selecionadas.

Recomenda-se aos colegas professores que, ao aplicar esta unidade com

seus alunos, também pesquisem e criem outras atividades levando em consideração

o contexto social, político e cultural de seus alunos, para que possam compreender

e refletir sobre o seu papel como sujeitos capazes de transformar a realidade.

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2 CONTEÚDOS/PROCEDIMENTOS

Em termos mais objetivos, esta unidade didática pretende proporcionar, aos

alunos do Curso de Formação de Docentes, o estudo do gênero poesias de alguns

consagrados poetas da literatura brasileira, dando enfoque às poesias de cunho

social, de diferentes estilos literários, promovendo a partir desse encontro a

construção de outro texto poético.

Após estudos em sala de aula das poesias selecionadas, reescrita das

mesmas e realizações de ensaios, será promovida a circulação das apresentações

teatrais no espaço escolar, por meio de um Sarau Literário,

Para a implementação do projeto em sala de aula, foram selecionadas,

inicialmente, algumas poesias relacionadas a temas sociais para se ressaltar a

diferença entre poesia clássica e poesia moderna, partindo de pressupostos teóricos

de Roland Barthes, o que pode revelar um modo diferente de operação da

linguagem. Uma mais social, tanto na forma quanto no conteúdo; já a outra pode

apresentar um crítica social e à própria linguagem que constitui a sociedade.

Acredita-se que um recurso de formação de leitores que pode motivar,

contagiar o aluno para o gosto de ler, em todos os graus de ensino, é o teatro. O

teatro auxilia o estudante no aprendizado de um determinado conteúdo ao mesmo

tempo em que oferece possibilidades de diverti-lo, afirma Reverbel (1978).

Assim, o foco, nas reflexões ora apresentadas, é a implementação de tal

projeto pautado no uso de jogos dramáticos, como meio de preparar o aluno, na

escola, para ler com proficiência e melhor compreensão as poesias, integrando com

outras linguagens (o teatro), criando condições para a percepção do fazer artístico,

no qual ler pressupõe também uma compreensão responsiva, o que implica reagir

ao texto, dar-lhe uma resposta, concordando com ele, ou discordando; rindo dele,

emocionando-se com ele, aplaudindo-o, assimilando-o, e assim por diante. Cabe

destacar que a literatura, associada ao teatro, enquanto forma de expressão, une a

racionalidade da linguagem com a fantasia.

Nessa perspectiva, este trabalho apresenta proposta a qual o teatro figura

como um recurso pedagógico para a sala de aula, com o objetivo de, em uma

primeira etapa, despertar no aluno o interesse pela leitura e, em outra, promovê-lo a

leitor competente e crítico dos diversos textos presentes no meio social em que está

inserido.

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Para a aplicação do mesmo pretende-se culminar um trabalho conjunto com

as disciplinas de Arte e Metodologia do Ensino de Arte, articulando assim, o discurso

literário com as diferentes manifestações artísticas, atentando para as necessidades

e interesse dos alunos.

POESIA

Gastei uma hora pensando em um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade Arquivo: Pessoal

Durante milênios e certamente muito antes da invenção da escrita a poesia

habitou entre os homens para seu encantamento e consolo. Identificando-se com a

linguagem dos primeiros homens, a poesia lhes deu o abrigo da memória, os tons e

as modulações do afeto, o jogo da imaginação e o estímulo para refletir, às vezes

agir.

A poesia devolveu corpo e alma, forma e nome, ao que a máquina social já

dera por perdido. A poesia dá voz à existência simultânea, aos tempos do Tempo,

que ela invoca, evoca, provoca. (BOSI, 2000, p. 259).

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ATIVIDADES PRÁTICAS

Para que a poesia seria hoje necessária?

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Embora poucos sejam os que duvidem do “desencantamento do mundo”,

ainda há quem sinta a magia de um verso musical, o esplendor de uma imagem

luminosa ou a melancolia do poema que fale de um bem para sempre perdido. De

acordo com Bosi (2000, p.260) “a poesia sobreviveria não só no ato de ressignificar

e, não raro, reencantar pessoas, coisas e eventos, mas também a recolher-se em si

mesma, a palavra que se desdobra sobre a palavra.” E ainda:

A poesia é ainda nossa melhor parceira para exprimir o outro e representar o mundo. Ela o faz aliando num só lance verbal sentimento e memória, figura e som. Momento breve que diz sensivelmente o que páginas e páginas de psicólogos e sociólogos buscam expor e provar às vezes pesadamente mediante o uso de tipologias (BOSI, 2000, p.272).

Dessa forma, deixar de provocar o aluno à experiência do encantamento da

poesia é omitir-se do papel que exerce o professor.

ATIVIDADE 1 - CONTATO INICIAL – MOTIVAÇÃO

Esta atividade inicial prevê a apresentação do projeto a ser desenvolvido.

Para isso pretende-se reunir as(os) alunas(os) do 1º ao 4º ano do Curso de

Formação de Docentes para explicar sobre o projeto, averiguando seu interesse por

poesias, ao mesmo tempo falar um pouco sobre a poesia social, de forma que se

sintam motivados a participarem com entusiasmo, interesse e responsabilidade de

todas as atividades que serão propostas.

Ao final será apresentado um pequeno vídeo “Menestrel”, com duração de

10 minutos.

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UNIDADE I

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Professor (a): conversar com a coordenadora de curso para verificar horário e ver

com os demais professores o horário disponível para tal conversa, convidando

para esse momento, os professores de Arte e Metodologia do Ensino de Arte, com

os quais pretende-se culminar a interdisciplinaridade.

ATIVIDADE 2 - POESIA: NAVIO NEGREIRO DE CASTRO ALVES

Esta atividade tem por objetivo envolver os alunos selecionados para essa

implementação, possibilitando um prévio conhecimento sobre o autor, bem como o

contexto da época em que ele se encontrava inserido. Em seguida, far-se-á o estudo

da poesia Navio Negreiro.

DIÁLOGO DE LEITURA

Um dos mais conhecidos poemas da literatura brasileira, O Navio Negreiro –

Tragédia no Mar foi concluído pelo poeta em São Paulo, em 1868. Quase vinte anos

depois, portanto, da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de

escravos, de 4 de setembro de 1850. A proibição, no entanto, não vingou de todo, o

que levou Castro Alves a se empenhar na denúncia da miséria a que eram

submetidos os africanos na cruel travessia oceânica.

É preciso lembrar que, em média, menos da metade dos escravos

embarcados nos navios negreiros completavam a viagem com vida. A defesa da

liberdade humana, denunciando as atrocidades aos negros, conferiu-lhe o título de

“poeta dos escravos”.

Seu posicionamento político-social revelava sua coragem, expressa em

poemas abolicionistas escritos à época da escravidão no Brasil.

Poeta condoreiro, voltado para temas sociais e políticos. Castro Alves

nasceu no dia 14 de março, hoje, uma data comemorativa: “Dia Nacional da

Poesia”.

Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social brasileiro. Como

poucos, soube conciliar as idéias de reforma social com os procedimentos

específicos da poesia, sem permitir que sua obra fosse um mero panfleto político –

aliás, o grande risco para quem pretende fazer arte engajada, isto é, arte com o

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compromisso de interferir politicamente no processo social.

Desse modo, em vez de apresentar uma visão idealizada e ufanista da

pátria, Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a

escravidão dos negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro

Professor (a): Para saber mais acesse:

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/castrobio4.htm

ATIVIDADE 3 - PESQUISA

Neste momento, primeiramente o professor deve questionar se os alunos já

conhecem ou já leram a poesia Navio Negreiro. Em seguida apresentar trechos do

poema e comentar sobre o tom exaltado do poema, o qual fala do sofrimento do

negro escravizado. Poderá utilizar a TV pendrive ou slides para leitura do poema.

O professor deverá ler com boa entonação o trecho selecionado, para que

os alunos ouçam e compreendam melhor. Este poderá selecionar outras partes do

poema se preferir. Porém, é importante que os alunos conheçam todo o poema, que

é composto de seis partes.

Sugere-se dividir a turma em equipes e ir ao laboratório de informática para

pesquisar o poema todo. Cada equipe ficará responsável por uma parte.

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TEXTO 1 – LEITURA

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I ‘Stamos em pleno mar...

IVEra um sonho dantesco... otombadilhoQue das luzernas avermelhao brilho.Em sangue a se banhar.Ouvem-se gritos... o chicote estala.E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,A multidão faminta cambaleia,E chora e dança ali!Um de raiva delira, outro enlouquece,Outro, que martírios embrutece,Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,E após fitando o céu que se desdobra,

Tinir de ferros... estalar de açoite...Legiões de homens negros como anoite,Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo àstetasMagras crianças, cujas bocaspretas

Rega o sangue das mães:Outras moças, mas nuas e espantadas,No turbilhão de espectros arrastadas,Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...E da ronda fantástica a serpenteFaz doudas espirais ...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,Tão puro sobre o mar,Diz do fumo entre os densos nevoeiros:"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .E da ronda fantástica a serpenteFaz doudas espirais...Qual um sonho dantesco as sombras voam!...Gritos, ais, maldições, preces ressoam!E ri-se Satanás!...

V(...) (Espumas Flutuantes.Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d. p. 184-5)

O Navio NegreiroCastro Alves

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DIÁLOGO DE LEITURA

Castro Alves, um dos maiores poetas da fase Condoreira do Romantismo

brasileiro. Tinha uma vocação especial para as causa sociais e como podemos

perceber no poema “O Navio Negreiro” deu voz à massa escrava oprimida revelando

seus dramas. No trecho acima, parte IV de “O Navio Negreiro” é a descrição do que

se via no interior de um navio negreiro. Percebe-se a capacidade de Castro Alves

em nos fazer ver a cena, como se estivéssemos num teatro. O texto revela grande

força expressiva em razão de Sua plasticidade, criada a partir das fortes imagens e

das sugestões de cor, som e movimento que envolvem a cena.

Acentuando a plasticidade do texto, o poeta aproxima as ideias de som e

movimento, empregando as palavras orquestra e dança, como se houvesse uma

dança de escravos ao som da orquestra.

SUGESTÕES

No CD Livro (1998) o baiano Caetano Veloso cria uma música para o trecho acima

citado do “O Navio Negreiro”, e canta-o em ritmo de Rap, juntamente com Maria

Betânia. Propõe-se para motivação do trabalho que se ouça a música.

Outra sugestão é combinar com o professor de História para passar o filme

Amistad, do diretor Steven Spielberg: a história remonta ao ano de 1839 e é

baseada em fatos verídicos que ocorreram a bordo do navio negreiro espanhol La

Amistad, onde matam a maior parte da tripulação e obrigam os sobreviventes a

levá-los de volta à África. O filme trará uma compreensão mais aprofundada do

poema em estudo.

ATIVIDADE 2 - LEITURA DRAMATIZADA

Após a pesquisa do poema Navio Negreiro, no laboratório, conforme

proposto na atividade anterior, organizar as equipes e propor uma leitura oral de

trechos pesquisados. Poderão dramatizar, caso queiram. Chamar atenção para a

entonação. Como sugestão ouvir “O Navio Negreiro” – Castros Alves, disponível em

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vídeo no www.youtube.com. Uma bela declamação de um trecho do poema feita por

Paulo Autran, com imagens do filme Amistad de Steven Spielberg.

Cartazes do poema também poderão ser confeccionados, num outro

momento, para a produção final de um belo painel, o qual poderá ser exposto no

trabalho final (Sarau Literário).

Professor: Parte dessas atividades deverá ser trabalhada nas disciplinas de Artes

ou Metodologia de Arte, as quais estão integradas ao projeto interdisciplinar.

ATIVIDADE 3 - DIÁLOGO COM A MÚSICA

Para enriquecer e aprofundar o estudo, levar para a sala de aula a letra da

música “Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro”, de Marcelo Yuka, que

dialoga com a poesia Navio Negreiro e nos faz refletir sobre a questão da escravidão

no Brasil.

Site: www.letrasdemusicas.com.br

“Tudo começou quando a gente conversava

Naquela esquina alí

De frente àquela praça

Veio os “zomens”

E nos pararam

“Documento por favor”

Então a gente apresentou

Mas não paravam”

[...]

CONVERSANDO SOBRE A MÚSICA

Professor: Na sequência, discutir com os alunos sobre a letra da música e sua

relação com a poesia de Castro Alves. Percebem-se as condições precárias de

transporte dos escravos pela leitura do trecho do Navio Negreiro que foi musicado,

como também é evidente a crítica a um comportamento social negativo por parte das

autoridades policiais, da imprensa e da omissão das pessoas na música “Todo

Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro”.

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ATIVIDADE 4 - REESCRITA DO POEMA

Após o estudo da música, propor então que, em grupos, façam uma

reescrita (intertextualidade) do poema estudado “Navio Negreiro”, voltando-se para

questões sociais vividas nesse momento pelos brasileiros. Para tal atividade, os

alunos poderão selecionar estrofes do poema de seu interesse. Na sequência,

deverão declamar em sala de aula para os colegas. O professor então, selecionará,

juntamente com a turma, aquelas que julgarem interessantes para serem

apresentadas no Sarau Literário.

Destaca-se que para a encenação é necessário organizar os alunos com

antecedência, dividi-los em equipes, prepará-los para a apresentação, e para tanto,

deve-se disponibilizar tempo para tal tarefa, bem como orientar os alunos.

Professor: A autora Alice Áurea Penteado Martha, em A poesia, a oficina e o rio

(2004, p.127-131), na parte intitulada Oficina de leitura de poemas, orienta como

organizar uma oficina de leitura de poemas, baseada no Método Recepcional de

Maria Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar em Literatura: a formação do leitor.

Martha comenta que a Oficina de leitura de poemas pode vir a ser uma excelente

alternativa para o professor que deseja propor uma prática mais interessante que

promova interação entre alunos-leitores e o texto poético.

Para a realização da oficina, a pesquisadora apresenta um roteiro para sua

montagem e destaca três fases pelas quais aluno-leitor deve se enveredar.

Sugere-se para aprofundamento teórico e aplicação desse projeto que o professor

leia a referida obra.

INTERDISCIPLINARIDADE - OFICINA DE TEATRO

Adaptar é uma tarefa assustadora para qualquer artista. Transpor uma obra

artística para outra é algo ainda pior. Quantos de nós já assistimos a filmes que

muito se distanciaram dos livros de que foram adaptados? E músicas vindas de

poemas? E quadros vindos de personagens literários? E esculturas de salmos?

Diversos espetáculos teatrais, principalmente na contemporaneidade, têm sido

concebidos a partir da obra poética de diversos autores. Contudo, não existe uma

teoria para essa transposição, pois cada obra é única, assim como cada intenção de

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montagem, cabendo assim, ao roteirista e ao diretor, promoverem a configuração da

obra poética do autor por eles escolhido em outra linguagem.

Sendo assim, não há como se negar que o texto literário incentiva o

imaginário, o lúdico e o prazer; permite a reflexão e o desenvolvimento da

sensibilidade estética e do senso crítico. Afirma-se que o professor é o melhor "livro"

a ser lido pelos alunos e é o responsável também pela interdisciplinaridade, na

medida em que faz incursões pelos diferentes campos do conhecimento.

Sendo assim, o teatro também é concebido como linguagem, como sistema

de representação especificamente humano e um instrumento poderoso de

comunicação, leitura e compreensão da realidade humana. Acredita-se que esse

recurso poderá motivar, contagiar o aluno para o prazer de ler. O teatro auxilia o

estudante no aprendizado de um determinado conteúdo ao mesmo tempo em que

oferece possibilidades de diverti-lo, afirma Reverbel (1978).

Partindo de tais pressupostos, buscou-se com esta Intervenção Pedagógica,

apresentar uma proposta na qual o teatro figura como um recurso pedagógico para a

sala de aula.

Para isso serão desenvolvidas “Oficinas de Teatro”, as quais serão

ministradas pela professora de Metodologia do Ensino de Arte do Curso de

Formação de Docentes, concomitantemente as demais atividades, articulando

assim, o discurso literário com as diferentes manifestações artísticas.

Tal proposta encontra-se baseada em propostas apresentadas nos livros:

Metodologia do ensino de teatro, de Ricardo Ottoni Vaz Japiassu e Oficina de

teatro, de Olga Reverbel.

SUGESTÕS PARA COMPLEMENTAR O TRABALHO:

Vídeo: Amistad – O Navio Negreiro – Caetano Veloso apresenta o Negreiro de

Castro Alves, juntamente com cenas do filme Amistad, ao som de Caetano Veloso.

http://www.youtube.com/watch?v=GUoxDgdPyXs&feature=related

Vídeo: Milagres do Povo – Navio Negreiro – a luta continua. Montagem feita com

imagens de Navio Negreiro, o poema A Luta Continua de Flávio Guedes e a música

Milagres do Povo de Caetano Veloso, interpretada por Rick Vallen.

http://www.youtube.com/watch?v=GUoxDgdPyXs&feature=related.

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Outros sites:

http://www.abrali.com/007poetas_poemas.htm

http://www.educarede.org.br/educa/index

www.teatrobrasileiro. com.br/

http://www.culturabrasil.pro.br/navionegreiro.htm

ATIVIDADE 1 - EXPLICAÇÃO

O mundo e o Brasil vivem mudanças e isso reflete no pensamento e na arte

no decorrer do século XX. Aqui, culminou na Semana de Arte Moderna realizada m

São Paulo, 1922. O propósito era a ruptura com o passado, inovar. Os modernistas

se apresentaram e mostraram sua arte, quebrando regras e rompendo tradições;

liberdade na forma, na expressão e no conteúdo: a liberdade criadora. A temática

passou a ser o cotidiano: linguagem renovada e coloquial. Busca-se um novo olhar

sobre a realidade brasileira, uma identidade nacional; assim, entenda o Modernismo

como um movimento também político e social.

Para saber mais acesse: http://www.redaciona.com.br/modernismo.htm

Carlos Drummond de Andrade

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UNIDADE II

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Um olhar sobre a poesia social

Carlos Drummond de Andrade teve uma criação poética, da qual destaca-se

a poesia social como elemento reflexivo de seu espírito revoltado e combativo. Não

deixou de lado a arte da palavra escrita, chegando até a afirmar em entrevista que a

essência da poesia é produzir emoção. Se o momento era de tristeza pela perda de

vidas de forma cruel este uniu sua arte combativa através do drama de ser público e

revolucionário e permanecer fiel às exigências de sua criação artística e isso só se

torna possível através do verbo poético.

Drummond, poeta social, poeta hermético, poeta da lembrança de tempos

passados, poeta atento ao presente: o bem da verdade. Um poeta popular, pois

consegue manter um público fiel, por meio de uma linguagem cotidiana, acessível a

todos os níveis de leitores. Sua obra exprime os dois pontos da problemática do

homem no mundo Moderno, desde os conflitos individuais do ser até sua inserção

conflituosa na sociedade. De um modo geral, a obra de Carlos Drummond de

Andrade reflete a grande importância do autor, que sintetizou em suas diversas

fases poéticas a postura do homem frente ao mundo moderno que se apresenta,

gerando a cosmovisão de um sentimento do mundo. Carlos Drummond de Andrade,

uma das figuras central do movimento Modernista, é conhecido de quase todos que

tenham o mínimo de contato com literatura.

A leitura do poema que segue permite verificar a afirmação explícita de que a

palavra poética atua de maneira decisiva como participação na vida e como forma

de representação histórico-social.

Para saber mais sobre Drummond acesse: www.carlosdrummondocom.br

TEXTO 1 - LEITURA

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JOSÉ

E agora, José?

A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, você?você que é sem nome,que zomba dos outros,você que faz versos,que ama protesta,e agora, José?(...)

E agora, José?Sua doce palavra,seu instante de febre,

sua gula e jejum,sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,seu ódio - e agora?

Com a chave na mãoquer abrir a porta,não existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas não há mais.José, e agora?(...)

Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade- 39ª ed. – Rio de Janeiro: Record,1998.

Diálogo de leitura

Em conformidade com a ideia de que texto e contexto devem estar

interligados, na análise do poema “José“ deve-se levar em consideração alguns

traços sociológicos que contribuem para a atribuição de sentido ao texto. Cabe

aqui lembrar que o poema está intimamente relacionado a acontecimentos

históricos, os quais projetam consequências que repercutem no ambiente nacional

e deixam marcas profundas na sociedade. O poema foi publicado em 1942, ano

de atuação do Estado Novo no Brasil. Desse fato decorre uma série de

acontecimentos políticos e econômicos que irão assinalar a sociedade brasileira,

tais como a repressão política; o preconceito institucional; a precariedade das

condições de trabalho; a modernização industrial; a implantação e a afirmação de

condutas autoritárias; a urbanização dispersiva. Esses acontecimentos tornam-se

agravantes da situação de miséria enfrentada pela população e resultaram em uma

disjuntura social. Desta, originou-se, principalmente, a desigualdade de privilégios

concedidos à sociedade, intensificando, ainda mais, a formação de classes

opressoras e oprimidas.

A célebre interrogação que abre o poema “José” se transformou, hoje, em

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uma expressão popular utilizada em momentos de tensão, de dúvida sobre um

caminho a seguir ou uma decisão a tomar. Essa interrogação mistura dois

sentimentos antagônicos, o desengano e a revolta.

A figura de José vem nesse poema, justamente como representação de um

problema coletivo. O poema todo está centrado na reflexão sobre a existência de

José que resiste e segue vivendo. Começa e termina de forma interrogativa o que

vem enfatizar o problema do direcionamento da existência.

Conheça mais a respeito do poema:

http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num3/ass07/pag01.html

ATIVIDADE 2 - LEITURA DRAMATIZADA

Sabe-se que há algumas dificuldades para ler poemas em voz alta. Portanto

faz-se necessário desenvolvermos técnicas que ajudem os alunos no desempenho

da leitura oral. As maiores dificuldades ocorrem com os poemas modernos. A falta

de pontuação, as eclipses, a ausência de uma direção de leitura, os deixam

perplexos no contato inicial com a poesia moderna.

Por outro lado, a apresentação oral de poemas exige preparação. O

professor deve primeiro sentir o poema para depois poder partilhar com os alunos. E

deve treinar para poder usar adequadamente diferentes recursos expressivos, tais

como a intensidade da voz, a pronúncia, a entoação, os silêncios e a expressão

facial, os movimentos, a postura, etc. Uma boa leitura de poemas deve ser clara e

natural. Mas, neste caso, conseguir ser natural pressupõe algum treino.

Sendo assim, o poema “José” é um texto que proporciona uma bela leitura

oral, até mesmo uma leitura dramatizada improvisada, em sala de aula. Ler e reler

em voz alta de modo a acertar a leitura e adequá-la à entonação, valorizar

determinadas palavras, descobrir as pausas adequadas. Um poema bastante

conhecido como “José”, se for lido com muita lentidão poderá comprometer o valor e

o encantamento que o texto realmente possui. Dessa forma, lendo o poema em voz

alta, por várias vezes, fará com que o aluno o entenda melhor. Alfredo Bosi defende

que se “o leitor conseguir dar, em voz alta, o tom justo ao poema, ele terá feito uma

boa interpretação, isto é, uma leitura “afinada” com o espírito do texto.” (p.280)

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Para ilustrar um pouco mais o poema “José” poderão ouvir de forma musicado por

Paulo Diniz, o qual se encontra nos site:

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/353799/

ATIVIDADE 3 – POEMAS DECLAMADOS

Providenciar os discos Carlos Drummond de Andrade – Antologia poética

(Philpis, 1979), que contêm poemas declamados pelo próprio poeta; Carlos

Drummond de Andrade (Projeto Luz da cidade), com poemas declamados por Paulo

Autran e levá-los para ser ouvido pelos alunos.

Site: www.rhaiza.com.br/drummond.ht

ATIVIDADE 4 – JOGRAL

• Distribuir uma cópia do poema para cada aluno;

• A seguir, explique o que é um jogral e lance um desafio: o grupo deverá

criar um jogral do poema, de forma a produzir uma leitura com arte.

• Pergunte: como ficaria bonita a interpretação da poesia através de um

jogral?

• Como produzir belos efeitos com o ritmo e a divisão da leitura, a

utilização de vozes diferentes, etc.

• Transfira a responsabilidade ao grupo de propor a organização do jogral.

• O poema pode ser dividido em partes e cada parte poderá ser lida por

um, ou por todos os jovens, com ritmo e sincronia.

• Assim que o grupo chegar a uma proposta de realizar o jogral, peça para

todos se levantarem para ensaiar.

• È necessário destinar algum tempo para o grupo agir.

• Acompanhe o trabalho dos grupos, incentivando a máxima criatividade

dos participantes;

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• Insista para que ensaiem as apresentações. Recomende que usem o

ensaio para melhorar cada detalhe da apresentação. As cenas devem

ser dignas de serem apresentadas em um palco;

• Depois do ensaio, mudanças e ajustes podem ser realizados para

melhorar o resultado;

• Por fim, o grupo deve fazer a sua apresentação final em jogral do poema.

TEXTO 2 - LEITURA

DIÁLOGO DE LEITURA

Do poema para o romance e do romance para o cinema.

Uma obra literária EM VERSOS, transformada em um belíssimo filme

nacional: O VESTIDO dirigido por Paulo Thiago, roteirizado por ele e por Haroldo

Marinho Barbosa.

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CASO DO VESTIDO

Nossa mãe, o que é aquelevestido, naquele prego?Minhas filhas, é o vestidode uma dona que passou.Passou quando, nossa mãe?Era nossa conhecida?Minhas filhas, boca presa.Vosso pai já vem chegando.Nossa mãe, dizei depressaque vestido é esse vestido?

Minhas filhas, mas o corpoficou frio e não o veste.O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.Nossa mãe, esse vestidotanta renda, esse segredo!Minhas filhas, escutaipalavras de minha boca.Era uma dona de longe, vosso pai enamoro (...)

http://www.releituras.com/drummond_vestido.asp

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A literatura é tão imprescindível e fundamental quanto a música, o cinema

entre outras manifestações artísticas. E falar em literatura vale lembrar que toda

poesia nem sempre é de fácil compreensão, interpretação ou tradução. Ser

considerada obra aberta, não significa que ela possa ser escancarada.

Em se tratando de cinematografia, tornou-se lugar comum o encontro de

duas linguagens (literatura e cinema), os textos literários em prosa transformados

em belíssimos filmes.

Do poema para o romance e do romance para o cinema, Carlos Herculano

Lopes cumpre a proposta e escreve um romance épico de amor e paixão na Minas

Gerais dos anos 40, recheando-o com outros personagens e um enredo tão

envolvente quanto o do poema.

O poema O Caso do Vestido do Drummond, é inédito, que saiu das páginas

líricas, e sendo transformado primeiramente num ótimo romance pelas mãos de

Carlos Herculano considerado um dos mais talentosos da nova geração, vencedor

de vários prêmios literários e posteriormente um argumento para roteiro do filme

proposto pelo cineasta Paulo Thiago, lançado em 2004 que é esse homônimo – O

VESTIDO.

Para saber mais sobre o filme acesse o site:

http://cinemaeaminhapraia.com.br/2009/07/27/o-vestido-%E2%80%93-esse-obscuro-

objeto-do-desejo/

ATIVIDADE 2 - LEITURA DRAMATIZADA

Levar o poema já impresso para sala de aula. Na sequência, entregar uma

cópia para cada aluno. Apresentar a declamação feita pelo próprio poetar Carlos

Drummond de Andrade que se encontra em vídeo no endereço:

http://www.blogdogusmao.com.br/v1/2010/02/07/carlos-drummond-de-andrade-recita-

caso-do-vestido/ .

Em seguida distribuir para alguns alunos as estrofes do poema de acordo

com os personagens do poema e fazer uma leitura dramatizada.

Essa atividade tem por objetivo envolver e motivar os alunos numa

atmosfera próxima ao do teatro, possibilitando um prévio conhecimento das

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personagens que atuam no poema. Serve então, como um exercício introdutório

(ensaio) para a representação teatral do poema.

Podem-se criar performances a partir do sentido geral do texto, também criar

novos contextos, inserir outras idéias, frases, ou até mesmo adaptá-lo para uma

linguagem mais contemporânea.

TEXTO 3 - LEITURA

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A bomba

A bomba

é uma flor de pânico apavorando os floricultores

A bomba

é o produto quintessente de um laboratório falido

A bomba

é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles

A bomba

é grotesca de tão metuenda e coça a perna

A bomba

dorme no domingo até que os morcegos esvoacem

A bomba

não tem preço não tem lugar não tem domicílio

A bomba

amanhã promete ser melhorzinha mas esquece

A bomba

(...) www.carlosdrummond.com.br

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DIÁLOGO DE LEITURA

A poesia de Drummond remete às bombas atômicas lançadas sobre as

cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Grande Guerra Mundial

(1939-1945). Drummond foi um dos poetas de sua geração, que em algumas

poesias, trata de temas sociais, denuncia injustiças, se preocupa com os problemas

da sociedade em que vive.

Num plano maior, sobre a ameaça nuclear, sobre todas as outras ameaças

políticas e guerreiras não se limita a tentar corrigir o mundo, pois não crê que seja

essa a missão do poeta, mas traz um jogo de sons no poema que a cada vez que

se lê um verso e se repete a palavra bomba sente-se a sonoridade da explosão que

impressiona. A palavra bomba repete-se 54 vezes, o som e a repetição faz com que

a atenção fique centralizada na sílaba bom... bom... bom... (os estrondos da

bomba). A presença a da aliteração e do imaginário ao som da guerra.

DIÁLOGO COM O PROFESSOR

À medida que o trabalho com as poesias vão acontecendo, vão surgindo

necessidades de procedimentos pedagógicos novos. Portanto, montagens teatrais

mais longas ou pequenas encenações possibilitam um corpo-a-corpo com os

poemas, com experiência de interpretação adequada que pede inúmeras leitura e

releituras.

Normalmente, alunos que participam desse tipo de atividade têm mais

possibilidade de se tornarem leitores de poesia mais assíduos. Muitos poemas

ostentam a possibilidade de inflexão, do gesto, do movimento e até da dimensão

visual, quando se trabalha com cenários.

Como afirma Hélder Pinheiro (2007): “O teatro é uma arte que, como a

poesia, lida com a emoção, com o sentimento, com a subjetividade”. Portanto, a

aproximação poesia-teatro muito pode ajudar na formação de leitores de poesia.

ATIVIDADE 1 - JOGRAL

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Com o poema “A bomba” poderá ser trabalhado o jogral. Tradicionalmente,

o jogral consiste na dramatização de um trecho ou recitação de trechos de obras,

realizada com os alunos divididos em grupos de vozes. É o correspondente falado

do canto coral.

O professor selecionará os trechos ou o poema inteiro e montará o jogo de

vozes, indicando quando e quem deve falar. É preciso não confundir o jogral com a

simples leitura coletiva de um texto. Na verdade, ele é uma espécie de

dramatização. Por isso, convém que o Texto seja memorizado e encenado como se

fosse uma peça de teatro. (Letramento literário – teoria e prática. Rildo Coson).

TEXTO 4 - LEITURA

Rosa de Hiroshima

Vinicius de Moraes

Composição: João Apolinário / Gerson Conrradi

Mudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridas

Como rosas cálidasMas, oh, não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválida [...]

http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/49279/

DIÁLOGO DE LEITURA

Numa postura humanista, em que cria figuras com fortes tintas, o poeta canta

contra a guerra. Usando o verbo "pensar" no imperativo ("pensem"), "convida-nos"

a todos a refletir diante das atrocidades causadas pela guerra; e, principalmente, a

causada pelo mais novo rebento gerado pelo ser humano: a bomba atômica. A

culpa não é apenas de um indivíduo ou outro. A culpa, a responsabilidade da

destruição não é de um país X ou Y, mas de toda a humanidade. O que está em

jogo aqui é a própria existência, ou melhor, a própria sobrevivência humana.

ATIVIDADE 2 - POESIA X MÚSICA

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Para motivação e melhor compreensão dos poemas há várias opções de

vídeo no http://www.youtube.com, com a música “A Rosa de Hiroshima” e diversas

imagens interessantes, retratando a temática do poema/música.

A proposta aqui é aproveitar os talentos musicais do Curso de Formação de

Docentes, e propor para elas(es) interpretarem a música com a utilização do violão,

pois há alunos que tocam e cantam.

INTERDISCIPLINARIDADE

Essa poesia, como foi dito anteriormente, pode ser trabalhada numa aula de

História, que o professor, através dos versos, pode explicar todo o conteúdo desse

aterrorizante acontecimento.

Pode explicar, por exemplo, por que o poema se chama “A Rosa de

Hiroxima”, como também explicar que os escritores modernistas transplantavam o

momento vivido para as poesias, como é o caso de Vinícius.

TEXTO 5 - LEITURA

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil.E os olhos não choram.E as mãos tecem apenas o rude trabalho.

E o coração está seco.Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.És todo certeza, já não sabes sofrer.E nada esperas de teus amigos.[...]http://www.releituras.com/drummond_osombros.asp

DIÁLOGO DE LEITURA

O poema faz parte da obra “Sentimento do Mundo” de Carlos Drummond de

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Andrade. A problematização da vida, a solidão e o desencanto do poeta diante do

mundo que o cerca, são temáticas constantes de sua obra. Há uma consciência da

progressiva destruição pelo tempo e um sentimento profundo de solidão ante a

indiferença da grande cidade. O poeta apresenta um ceticismo em relação a

existência e o mundo, ambos privados de significado. Há uma lucidez contundente

que faz com que Drummond faça uma espécie de balanço da vida em que a única

certeza é a degradação dos sentimentos e a morte.

ATIVIDADE 2 - INTERTEXTUALIDADE

A letra da música “Índios”, da banda Legião Urbana, escrita aproximadamente

quarenta anos depois do poema “Os ombros suportam o mundo”, também retrata o

homem e o seu lugar no mundo moderno.

Leia a letra com atenção e depois ouça-a pelo site:

http://letras.terra.com.br/legião-urbana/92/.

Índios

Quem me dera, ao menos uma vez, Ter de volta todo o ouro que entregueiA quem conseguiu me convencerQue era prova de amizadeSe alguém levasse embora até o que eu não tinha,

Quem me dera, ao menos uma vez,Esquecer que acreditei que era por brincadeiraQue se cortava sempre um pano-de-chãoDe linho nobre e pura seda.[...] (Renato Russo)

ATIVIDADE 3 – DEBATE ORAL

Como a realidade é apresentada pela banda Legião Urbana?

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Em que pontos é possível comparar a visão da banda nessa canção com

a visão de Drummond em “Os ombros suportam o mundo”?

No poema que Drummond marca temporalmente um evento. Há nesses

versos quase um tom profético: “Chega um tempo em que não se diz

mais: meu Deus.” Na letra de música dá banda há versos que evocam

diversos acontecimentos que, ao longo do tempo, apesar da expectativa

não ocorrem. Releia o poema e discuta tal afirmativa com seus colegas.

ATIVIDADE 4 – POESIA X DANÇA

Outra prática possível para o estudo das poesias é sua apresentação em

forma de dança ou interpretação teatral. A dança pode ser organizada para

representar uma dessas poesias. Todos os alunos podem formar um grupo de

dança, vestidos com figurinos de sua escolha, para interpretar corporalmente a

poesia, a qual deve ser recitada por um estudante. Sugere-se aqui uma coreografia

ao fundo de uma música clássica suave (Beethoven, por exemplo), contando com a

colaboração da professora de Artes ou até mesmo a de Educação Física.

Paralelamente à leitura dos poemas ”A bomba” e “Os ombros suportam o

mundo” também poderá ser trabalhado o poema “ A flor e a náusea”, voltado para

questões políticas e sociais daquele momento de um mundo confuso em que

Drummond retrata sua insatisfação e angústia .

SUGESTÃO COMPLEMENTAR

Outra opção é o estudo do poema “A morte do Leiteiro”, ainda de

Drummond. No site: http://obviousmag.org/archives/2007/07/drummond_morte.html

é possível encontrar toda a letra, bem como um vídeo com a declamação feita pelo

próprio poeta.

DIÁLOGO DE LEITURA

“Morte do leiteiro” trata precisamente dessa racionalização reitificadora, que,

no Brasil, está eivada de cordialidade. Trata também das possibilidades ou

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impossibilidades de restituição das relações humanas plenas. O leitor está diante

da narrativa de um assassinato, não apenas do leiteiro, mas das possibilidades

revolucionárias do país. O poema tem a progressão organizada no sentido de um

penetrar paulatino na subjetividade. Iniciado com orações sem sujeito termina com

a profunda dor íntima do dilema em que se encontram tanto o leiteiro quanto

narrador de sua história. Há, portanto, uma multiplicidade de vozes, que

representam setores diversos da sociedade brasileira.

ATIVIDADE 9 - PRODUÇÃO DE PAINÉIS

Outra hipótese de trabalho com os poemas de Drummond é:

divididos em pequenos grupos, os participantes devem pesquisar,

recortar e colar/montar, ou desenhar e pintar cartazes que expressem a

temática “o engajamento político-social” presentes nos poemas de

Carlos Drummond de Andrade e montar painéis para exposição.

TEXTO 1 – LEITURA

Morte e vida Severina – João Cabral de Melo Neto

Levado ao teatro, com música de Chico Buarque de Holanda, este longo

poema social fez grande sucesso, tornando-se uma das obras mais conhecidas de

João Cabral de Melo Neto.

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UNIDADE III

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O poema narra a caminhada do retirante Severino desde o sertão até a

chegada a Recife. Além da denúncia dos problemas sociais do Nordeste, constitui

metaforicamente uma reflexão sobre a vida humana.

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

- O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria;como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.

Mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falaora a Vossas Senhorias?Vejamos: é o Severinoda Maria do Zacarias,lá da serra da Costela,limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:se ao menos mais cinco haviacom nome de Severinofilhos de tantas Mariasmulheres de outros tantos,já finados, Zacarias,vivendo na mesma serramagra e ossuda em que eu vivia.Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida:na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,no mesmo ventre crescidosobre as mesmas pernas finas,e iguais também porque o sangueque usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinosiguais em tudo na vida,morremos de morte igual,mesma morte severina:que é a morte de que se morrede velhice antes dos trinta,de emboscada antes dos vinte,de fome um pouco por dia(de fraqueza e de doençaé que a morte severinaataca em qualquer idade,e até gente não nascida).

Somos muitos Severinosiguais em tudo e na sina:a de abrandar estas pedrassuando-se muito em cima,a de tentar despertarterra sempre mais extinta,a de querer arrancaralgum roçado da cinza.

Mas, para que me conheçammelhor Vossas Senhoriase melhor possam seguira história de minha vida,passo a ser o Severinoque em vossa presença emigra. (...)

O poema na íntegra encontra-se disponível em: http://www.culturabrasil.org/joaocabraldemelonetoo.htm

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DIÁLOGO DE LEITURA

Denominado por seu autor um “auto de Natal pernambucano”, “Morte e vida

Severina” é um poema dramático já definitivamente incorporado à sensibilidade

nacional, lido, representado, musicado e televisionado, proibido e liberado, sem

dúvida um dos pontos culminantes da poesia social brasileira, a qual justamente no

Nordeste encontrou seus mais autênticos cultores, de Castro Alves e de Augusto

dos Anjos até João Cabral de Melo Neto.

A obra carrega já em seu título, um forte jogo sintagmático, numa alusão ao

tipo de vida e de morte que pessoas sofridas como Severino tem. “Severina” vem

de “Severino”. Ocorre aí uma adjetivação do substantivo próprio, característica

muito recorrente em toda a obra de João Cabral e parecer ser uma tentativa de

esclarecer ao leitor a vida sofrida do protagonista a que a morte preside.

O poema apresenta uma fusão de tons e ritmos da poesia popular com a

densidade e a riqueza estrutural e metafórica da poesia erudita.

Melo Neto, João Cabral de,Morte e vida Severina e outros poemas para vozes-4.ed. – Rio de Janeiro:

Nova Fronteira,2000

Para ler a análise mais completa da obra acesse:

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/m/morte_e_vida_se

verina

ATIVIDADE 2 - LEITURA DRAMATIZADA

Um poema não precisa necessariamente ser lido individualmente, em silêncio.

A poesia falada também faz parte da tradição – como os cordelistas e os trovadores,

bem como da modernidade tecnológica, como os rappers e poesias virtuais e

sonorizadas. Recitar, cantar, declamar ou ler uma poesia em voz alta é um exercício

de interpretação e de significação das palavras que a compõe.

Após contato inicial com o poema e comentário sobre a temática do poema,

organizar a turma em grupos para fazer uma leitura oral ou até improvisar uma

dramatização do poema. As apresentações podem também vir acompanhadas de

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projeções do poema escrito. Assim, o poema transcende as páginas do caderno e,

além da visualidade, ganha voz e ritmo. O antigo leitor agora é um leitor-ouvinte.

ATIVIDADE 3 - O FILME

http://izaltablog.blogspot.com/2010/06/morte-e-vida-severina.html

A obra poética de João Cabral de Melo Neto possibilita a criação de uma

atividade que explore a linguagem teatral a partir da obra Morte e vida severina.

Portanto, para uma maior motivação e compreensão do poema, levar para sala de

aula o filme Morte e vida severina. Sugere-se, se possível, contar com a

participação do professor da disciplina de Geografia.

ATIVIDADE 4 – GLOSA

Funciona como a glosa poética, ou seja, o professor apresenta um verso do

poema e pede aos alunos que aproveitem o verso para fazer um texto. A atividade

pode ser a continuidade do verso ou concluir com aquele verso.

O professor, se julgar melhor, faz a primeira glosa para mostrar para os

alunos como funciona a oficina. Poderá transformar o verso em fala de personagem.

Uma variante da glosa consiste em tomar um verso e ilustrá-lo com uma história. O

verso, então, funciona como uma espécie de moral de fábula. Outra variante é fazer

do verso uma epígrafe.

Aqui é importante que os poemas que dão origem à glosa sejam objeto de

leitura da turma. Essa glosa pode, inclusive, ser conduzida como uma atividade de

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Sinopse: retirante nordestino atravessa o Agreste e a Zona da Mata fugindo da seca e esperando encontrar em Recife uma vida melhor. Adaptação do poema de João Cabral de Melo Neto.

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interpretação. (Proposta baseada na obra Letramento Literário – teoria e prática

de Rildo Coson)

ATIVIDADE 1 - PESQUISA

MANUEL BANDEIRA

Manuel Bandeira, profundo conhecedor da técnica de composição poética

por vezes aproveita-se das formas clássicas ou faz incursões às formas mais

radicais das vanguardas, sem contudo perder a marca de absoluta simplicidade,

predominante em sua obra.

Para a sequência das atividades possibilitar uma pesquisa a respeito de

Manuel Bandeira, quem ele é, suas características principais, a época em que ele

escreveu os poemas escolhidos, sua motivação ao fazê-lo, o processo que envolveu

o surgimento desses poemas, bem como as principais características dos poemas e

sua temática. Paralelamente, fazendo anotações em seus cadernos.

Cabe ao professor apresentar as fontes de pesquisa, uma vez que estas

ficarão disponíveis em diferentes espaços, não se limitando à sala de aula. Nessa

fase, a biblioteca e o laboratório de informática deverão ser constantemente

frequentados, pois terão acesso a endereços de sites sobre os autores estudados e

suas poesias, vídeos, filmes e outras curiosidades.

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UNIDADE IV

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TEXTO 1 – LEITURA

Vou-me Embora pra Pasárgada Manuel Bandeira

http://www.releituras.com/mbandeira_pasargada.asp

ATIVIDADE 2 - RECONSTITUIR O POEMA FRAGMENTADO

Para a realização desta atividade, é necessário que o professor não

apresente inicialmente o poema na sua originalidade.

Passos a seguir:

• Dividir a turma em grupos de dois ou três alunos.

• Dar a cada equipe um envelope com o poema recortado em fragmentos

de versos.

• Cada equipa escolhe uma ordem de apresentação dos versos do poema,

monta--os sobre a carteira, na sequência cola-os numa folha de papel

sulfite ou copia-os no caderno.

• Ao terminarem, o professor organiza para que as equipes leiam em voz

alta o que construíram para comparar com o poema das demais equipes.

• Por fim. O professor entrega uma cópia do poema impresso para cada

aluno e fazem uma nova leitura oral.

• Recomenda-se ainda que o professor aproveite o momento para ensaiar

e adequar a entoação da leitura ao conteúdo do poema.

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Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra PasárgadaVou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconseqüenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive[...]

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• O poema também permite um trabalho de reescrita (Paródia ou

paráfrase) que é uma atividade que na maioria das vezes, os alunos

sentem prazer em desenvolver.

ATIVIDADE 3 - ANTOLOGIA GRAVADA

Disponibilizar aos alunos algumas antologias, mantendo a temática aqui

proposta que é a poesia social, como: “O bicho” e “O Poema tirado de uma notícia

de jornal”, de Manuel Bandeira, “À Bahia” de Gregório de Matos; “Soneto”, de

Álvares de Azevedo. “Carta poema” de Manuel Bandeira pode ser um exemplo para

ser apresentado em forma de teatro lido, uma narração relatando o cotidiano

humilde das pessoas desprestigiadas socialmente e também “Irene Preta” que

retrata o preconceito racial.

E também “A escola da Mestre Silvina” de Cora Coralina, “Palmares” de

José Paulo Paes, “Notícia da Morte de Alberto da Silva” de Ferreira Gullar e outros

que julgar apropriados.

Passos:

• Organizar a turma em equipes, fazer a leitura dos poemas e convidá-los

a selecionarem os poemas que mais lhes agradam, para lerem em voz

alta. O professor pode circular e apoiar os alunos mais hesitantes.

Quando tiverem feito a escolha, formam-se equipes de três ou quatro

alunos, agrupadas de acordo com preferências poéticas.

• As equipas trabalharão com o uso de um gravador (celular, digital,

filmadora) e decidem as melhores formas de ler os poemas que

selecionaram. Podem ser lidos por um só aluno, em duo, em coro, com

efeitos sonoros, cantados, etc. Escolhida a forma de ler seu poema,

treinam a leitura e a respectiva gravação, até acharem necessário.

• Concluída a gravação, a turma deverá ouvir e apreciar as gravações de

cada grupo e finalmente, reunir todos numa única filmagem para que em

momentos posteriores, eles possam conferir suas interpretações e

aprimorar as novas representações que vierem a fazer.

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ATIVIDADE 4 – GLOSA

Outro recurso para se trabalhar as poesias é a glosa, que funciona como a

glosa poética, ou seja, o professor apresenta um verso do poema e pede aos

alunos que aproveitem o verso para fazer um texto. A atividade pode ser a

continuidade do verso ou concluir com aquele verso. O professor, se julgar melhor,

faz a primeira glosa para mostrar para os alunos como funciona a oficina. Poderá

transformar o verso em fala de personagem.

Uma variante da glosa consiste em tomar um verso e ilustrá-lo com uma

história. O verso, então, funciona como uma espécie de moral de fábula. Outra

variante é fazer do verso uma epígrafe. Aqui é importante que os poemas que dão

origem à glosa sejam objeto de leitura da turma. Essa glosa pode, inclusive, ser

conduzida como uma atividade de interpretação. (Proposta baseada na obra

Letramento Literário – teoria e prática de Rildo Coson)

TEXTO 2 - LEITURA

O que é auto-retrato?

Pode-se definir auto-retratocomo um registro que alguémfaz de si mesmo.

O auto-retrato pode serRealizado através de um desenho, de uma pintura, escultura, fotografia ou ainda em poesia ou outro texto verbal.

Norman Rockwell self-portrait, 1960.

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http://www.vidaslusofonas.pt/cecilia_meireles.htm

DIÁLOGO COM O PROFESSOR

Algumas pessoas saem da escola sem a habilidade de escrever com fluidez e

simplicidade sobre um assunto qualquer, mesmo os da vida cotidiana, por mais

familiar ou corriqueiro que seja. Essa competência fundamental precisa ser

desenvolvida, estimulada, exercitada, praticada, assim como todas as

capacidades. Escolher ou criar uma estratégia para estimular e facilitar a prática da

escrita requer cuidado especial por parte do educador.

E os textos poéticos e literários de forma geral podem constituir um ponto de

partida significativo para essa mobilização. O texto poético “auto-retrato”, abordando

sensações e sentimentos individuais sobre detalhes de pequenos eventos do dia a

dia, pode ser um bom exemplo.

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RetratoCecília Meirelles

Eu não tinha este rosto de hoje,assim calmo, assim triste, assimmagro,nem estes olhos tão vazios,nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,tão simples, tão certa, tão fácil:- Em que espelho ficou perdidaa minha face?

(...)

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ATIVIDADE 2 – PARÁFRASE

• Levar o poema “Retrato” de Cecília Meireles acompanhado do retrato da

escritora e apresentá-lo na TV pendrive.

• Ler e analisar o poema com os alunos.

• Apresentar vídeos do http://www.youtube.com, apresentando a biografia

da escritora e também a declamação do poema feita por Paulo Autran.

• Pedir aos alunos para reescreverem o poema (paráfrase).

• Propor uma elaboração de uma antologia dos poemas criados com

ilustrações. Os alunos poderão utilizar material variado de desenho, de

pintura, tecido, lã, botões, cartão, feltro, materiais de reciclagem e outros.

• Poderá ser feito um varal para exposição das atividades realizadas.

Também é possível ser um espaço permanente de divulgação das

produções feitas pelos alunos para compartilhar com o conjunto da

escola.

Sugestão de site:

http://www.tonomundo.org.br/karingana/otherfiles/sensibilizacao_auto-retrato.pdf

TEXTO 3 - LEITURA

MEUS OITO ANOS

Casimiro de AbreuOh que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância querida Que os anos não trazem maisQue amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras,À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais. Arquivo: Eduardo F. Giordani

[...] Casimiro de Abreu

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Oba! Adoro Poesia!

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PARÓDIA

Os Meus Otto Anno Juó Bananére

Ó Chi sodades che io tegnoD'aquillo gustoso tempigno,C'io stava o tempo intirignoBrincando c'oas mulecada.Che brutta insgugliambaçó

Che troça, che bringadêra,Imbaxo das bananêra,

Na sombra dus bambuzá.

Che sbornia, che pagodêra,Che pandiga che arrelía,a genti sempre afaziaNo largo d'Abaxo o Piques. [Brincando de piparote] (2)Passava os dia i as notteBrincando di scondi-scondi,I atrepáno nus bondi,Bulino c'os conduttore. (...)

DIÁLOGO DE LEITURA

Juó Bananère era o pseudônimo usado pelo escritor brasileiro Alexandre

Marcondes Machado para criar obras literárias num patois falado pela

numerosíssima colônia italiana de São Paulo na primeira metade do século XX.

Apesar de não ter ascendentes italianos, o escritor Alexandre Marcondes Machado

apaixonou-se pela cultura surgida nos bairros centrais da capital paulista após a

grande onda imigratória 1920.,.

Notável em sua época pelo estilo humorístico-satírico, recriando textos

literários consagrados, utilizando-se de uma mistura de italiano e português

recorrente em bairros paulistanos de imigrantes. Aclamado pela crítica, tornou-se

popular no Brasil pela irreverência de suas paródias a sonetos de Camões e de

Olavo Bilac, a poesias de Casimiro de Abreu e de Guerra Junqueiro, como pelas

sátiras políticas contra o marechal Hermes da Fonseca e outros nomes da velha

República.

Fez ainda paródias de La Fontaine e Machado de Assis, mantendo ainda a

mistura dos idiomas italiano e português, típica dos moradores italianos dos bairros

do Brás, da Mooca, do Bixiga, do Belenzinho, bairros operários da cidade de São

Paulo, onde havia grande concentração de imigrantes. Foi considerado por muitos

como um pré-modernista, principalmente pelo fato de ter começado a tratar de forma

irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ju%C3%B3_Banan%C3%A8re

ATIVIDADE 2 – PRODUÇÃO DE PARÓDIA

A paródia é uma imitação cômica de uma composição literária, (também

existem paródias de filmes e músicas), sendo portanto, uma imitação que possui

efeito cômico, utilizando a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a obra

de origem, e quase sempre tem sentidos diferentes. Na literatura a paródia é um

processo de intertextualização, com a finalidade de desconstruir ou reconstruir um

texto.

A paródia surge a partir de uma nova interpretação, da recriação de uma obra

já existente e, em geral, consagrada. Seu objetivo é adaptar a obra original a um

novo contexto, passando diferentes versões para um lado mais despojado, e

aproveitando o sucesso da obra original para passar um pouco de alegria. A paródia

pode ter intertextualidade.

Aparece como importante elemento no modernismo brasileiro e na Poesia

marginal da chamada "Geração mimeógrafo".

Por isso essa é uma atividade frequentemente utilizada em sala de aula pelos

professores, a qual desperta grande interesse por parte da maioria dos alunos, uma

vez trabalhada em grupos.

Sugere-se portanto, após leitura dos textos acima, que os alunos produzam

suas próprias paródias e depois declamem-as na sala de aula. Para uma melhor

reflexão e produção, o professor poderá debater inicialmente com os alunos sobre

a diferença entre a infância do século XIX e no século XX.

Professor, no site abaixo, você encontrará a paródia “Os meus otto anno” na

íntegra, bem como um vídeo com sua declamação para ser ouvido em sala de aula.

Juó Bananère também parodiou o poema ”Canção do exílio” de Gonçalves

Dias, o qual também poderá ser trabalhado para complementar esta atividade.

Site: http://www.luisnassif.com/profiles/blogs/os-meus-otto-anno-de-juo

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ATIVIDADE 3 - POESIA FALADA

Para esta prática é interessante, após leitura da poesia e comentários, reunir

a turma em grupos para uma reescrita contextualizada nas temáticas sociais,

“simulando” idades: como se fosse um menino(a) de 12 anos; como se fosse

adolescente de 17 anos; uma pessoa de 40 anos; uma de 65 anos; e assim

sucessivamente. Em seguida faz-se as declamações. É necessário “incorporar a

idade que vai representar, fazendo uma interpretação do texto criado”.

INDICAÇÃO DE FILMES

Os filmes abaixo sugeridos cujo tema é poesia, poderão ser utilizados como

motivação durante ou ao final das unidades trabalhadas, complementando assim, o

conteúdo aplicado.

4 CONCLUINDO ESTA UNIDADE DIDÁTICA

Após estudo das poesias e realização das oficinas, selecionar as que achar

mais interessantes, preparar e organizar as turmas para a apresentação final aos

demais alunos da escola ( Sarau ). Devido à complexidade de algumas atividades e

o número de turmas, é fundamental o auxílio e orientação dos professores,

estimulando-os para o desenvolvimento das mesmas, contando sempre com o apoio

das disciplinas de relação desta implementação.

Lembrando que o objetivo desta atividade não é formar profissionais de

teatro, e sim leitores competentes de poesias, buscando experimentar as inúmeras

possibilidades da articulação poesia-teatro.

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• Shakespeare Apaixonado• O carteiro e o poeta• Poesia ( Shi ) • Só dez por cento é mentira.

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Espera-se que o material ora sugerido, contribua para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem, uma vez que a utilização deste poderá enriquecer o

trabalho de sala de aula, servindo de apoio e referencial para posteriores estudos.

5 AVALIAÇÃO

Professor! A proposta aqui é a avaliação processual, ou seja, a avaliação dar-

se-á em todos os momentos. Observar e registrar os avanços dos alunos rumo à

aprendizagem em cada etapa do trabalho. Conversar com os alunos comentando

sobre as atividades realizadas, quais eles acharam mais interessantes, quais os

colegas que se destacaram, de que eles mais gostaram, o que foi mais difícil de

realizar, etc.

Neste momento o professor pode comparar os entendimentos construídos

durante e após o desenvolvimento das atividades.

6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O período para execução da implementação dar-se-á de agosto até

novembro, ou seja, segundo semestre do ano letivo de 2011, estimando-se de seis a

oito aulas para cada unidade.

REFERÊNCIAS

ANTOLOGIA POÉTICA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. 39 ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Porto: Edições 70, 1982.

_____. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França, pronunciada dia 7 de janeiro de 1977. São Paulo: Cultura, 2007.

BORDINI, Maria da Glória e Vera Teixeira de Aguiar, Literatura: a formação do leitor. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1993. p.88-91.

BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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COSON, Rildo. Letramento literário – teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2009.

ELIOT, T. A. A função social da poesia. In: _____. De poesia e poetas. São Paulo: Brasiliense, 1988.

FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. A linguagem teatral na escola: pesquisa, docência e prática pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2007.

_____. Metodolgia do ensino do teatro. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.

KLEIMAN, Ângela B.; MORAES, Silvia E. Leitura e Interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas: Mercado das Letras, 1999.

MARTHA, Alice Áurea Penteado. Leitor, leitura e literatura: teoria, pesquisa e prática: conexões. Maringá: Eduem, 2008.

NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes-4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação - SEED, 2007.

PINHEIRO, Hélder. Poesia na sala de aula. 3. ed. Campina Grande: Bagagem, 2007.

PINHEIRO, Hélder; BANBERGER, Richard. Poesia na sala de aula. 2. ed. João Pessoa: Idéia, 2002.

PETIT, Michele. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. São Paulo: Editora 34, 2008.

REVERBEL, Olga. Oficina de teatro. 4. ed. Porto Alegre: Kuarup, 2002.

ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro (Org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991 (Série Fundamentos, 42).

SITES CONSULTADOS

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http://www.vidaslusofonas.pt/cecilia_meireles.htm

http://izaltablog.blogspot.com/2010/06/morte-e-vida-severina.html

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/m/morte_e_vi

da_severina

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http://letras.terra.com.br/legião-urbana/92/.

http://www.releituras.com/drummond_osombros.asp

http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/49279

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recita-caso-do-vestido/

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/353799/

http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num3/ass07/pag01.html

http://www.redaciona.com.br/modernismo.htm

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http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/dastrobio4.htm

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