4
Colônia: Texto 001- Todorov/ A descoberta da América - Sentido tropológico, moral: Tempo: a primeira viagem de Colombo, século XVI Unidade de Espaço: Meso América (Caribe e Méico! Ação: A percep" #o $ue os espan%óis tem do &ndio - ' a con$uista da América $ue anuncia e unda a nossa identidade no presente - Com a descoberta os %omens se v)em em uma totalidade - * motivo da partida de Colombo: a epans#o do cristianismo é muito mais importante $ue o ouro+ le era movido pela ambi"#o de ir por todo mundo e pregar o evangel%o.+ le se v) como um eleito+ Além disso, a necessidade de din%eiro e o dese/o de impor o verdadeiro 0eus n#o se ecluem+ *s dois est#o até unidos por uma rela"#o de subordina"#o: um é meio, e o outro, im+. - le $ueria libertar 1erusalém através dos undos encontrados na América 2#o só os contatos com 0eus interessam muito mais a Colombo do $ue os assuntos puramente %umanos, como também sua orma de religiosidade é particularmente arcaica (para a época!+ 2#o é  por acaso $ue o pro/eto das cru3adas tin%a sido abandonado desde a Idade Média+ 4 aradoalmente, é um tra"o da mentalidade medieval de Colombo $ue a3 com $ue ele descubra a América e inaugure a era moderna+. - Colombo tem um ol%ar muito mais voltado para a nature3a e os animais do $ue para os &ndios , da& o  por$ue t&tulo Colombo %ermeneuta, sabendo $ue %ermen)utica é o modo de interpreta"#o das coisas, Colombo tem seu modo de interpret5-las de modo $ue acredite $ue est5 na dire"#o certa e $ue est5  próimo do seu ob/etivo+ - le relaciona a nature3a com a para&so terrestre -Colombo n#o é bem-sucedido na comunica"#o %umana por$ue n#o est5 interessado nela -Colombo ala dos %omens $ue v) unicamente por$ue estes, ainal, também a3em parte da paisagem+ Suas men"6es aos %abitantes das il%as aparecem sempre no meio de anota"6es sobre a 2ature3a, em algum lugar entre os p5ssaros e as 5rvores+ -7isicamente nus, os &ndios também s#o, na opini#o de Colombo, desprovidos de $ual$uer propriedade cultural: caracteri3am-se, de certo modo, pela aus)ncia de costumes, ritos e religi#o (o $ue tem uma certa lógica, /5 $ue, para um %omem como Colombo, os seres %umanos passam a vestir-se após a epuls#o do para&so, e esta situa-se na origem de sua identidade cultural!+ Além disso, Colombo tem, como vimos, o %5bito de ver as coisas segundo sua conveni)ncia, mas é signiicativo $ue ele se/a assim levado 8 imagem da nude3 espiritual, - 0ois tra"os dos &ndios parecem, 8 primeira vista, me nos previs&veis do $ue os outros: s#o a 9generosidade9 e a 9covardia9+ - 2a alta das palavras, &ndios e espan%óis trocam, desde o primeiro encontro, pe$uenos ob/etos e Colombo n#o se cansa de elogiar a generosidade dos &ndios, $ue d#o tudo por nada+ ;ma generosidade $ue, 8s ve3es, parece-l%e beirar a burrice+ - <emos a impress#o de $ue é ele o idiota: um sistema de troca dierente signiica, para ele, a aus)ncia de sistema, e da& conclui pelo car5ter bestial dos &ndios+ - Ser5 $u e uma outr a re la" #o co m a pr op rie dade pr ivada epl icaria es te s co mpor ta ment os 9generosos9= 7ernando, o il%o, di3 algo nesse sentido $uando relata um episódio da segunda viagem: 9Alguns &ndios $ue o Almirante tin%a tra3ido de Isabela entraram nas cabanas ($ue pertenciam aos &ndios locais! e serviram-se de tudo o $ue era de seu agrado os propriet5rios n#o deram o menor sinal de aborrecimento, como se tudo o $ue possu&ssem osse propriedade comum+ *s ind&genas, ac%ando $ue t&n%amos o mesmo costume, no in&cio pegaram dos crist#os tudo o $ue era de seu agra do mas notaram seu erro rapidamente9 (>?!+ - Colombo, nesse momento, es$uece sua própria impress#o, e declara logo depois $ue os &ndios, longe de serem generosos, s#o todos ladr6es (invers#o paralela 8$uela $ue os tin%a transormado de mel%ores %omens do mundo em selvagens violentos!+ - Colombo age como se entre as duas a"6es se estabelecesse um certo e$uil&brio: os espan%óis d#o a religi#o e tomam o ouro+ 4orém, além de a troca ser bastante assimétrica, e n#o necessariamente interessante para a outra parte, as implica"6es desses dois atos se op6em+ 4ropagar a religi#o signiica $ue os &ndios s#o considerados como iguais (diante de 0eus!+ se eles n#o $uiserem entregar suas ri$ue3as= nt8o ser5 preciso sub/ug5-los, militar e politica mente, para poder tom5-las 8 or"a em outras palavras, coloc5-los, agora do ponto de vista %umano, numa posi"#o de desigualdade (de inerioridade!+ Colombo n#o %esita nem um pouco em alar da necessidade de sub/ug5-los, sem  perceber a contradi"#o eistente entre o $ue cada uma de suas a"6es implica, ou, pelo menos, a descontinuidade $ue estabelece entre divino e %umano+ 4or essa ra3#o notou $ue eram medrosos e descon%eciam o uso das armas+ ainda é o crist#o $ue ala= Ainda se trata de igualdade= 4artindo pela terceira ve3 para a América, pede permiss#o para levar com ele volunt5rios criminosos $ue se/am por isso perdoados: ainda é o pro/eto evangeli3ador= 4ara manter sua coer)ncia , Colombo esta belec e disti n"6es sutis entre &ndios inocentes, crist8os em  potencial, e &ndios idólatras, praticantes do canibalismo ou &ndios pac&icos ($ue se submetem ao

Fichamento Geral.und I

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Fichamento de textos de História do Brasil Colônia

Citation preview

7/18/2019 Fichamento Geral.und I

http://slidepdf.com/reader/full/fichamento-geralund-i 1/4

Colônia: Texto 001- Todorov/ A descoberta da América

- Sentido tropológico, moral:Tempo: a primeira viagem de Colombo, século XVIUnidade de Espaço: Meso América (Caribe e Méico!Ação: A percep"#o $ue os espan%óis tem do &ndio- ' a con$uista da América $ue anuncia e unda a nossa identidade no presente- Com a descoberta os %omens se v)em em uma totalidade- * motivo da partida de Colombo: a epans#o do cristianismo é muito mais importante $ue o ouro+

le era movido pela ambi"#o de ir por todo mundo e pregar o evangel%o.+ le se v) como um eleito+Além disso, a necessidade de din%eiro e o dese/o de impor o verdadeiro 0eus n#o se ecluem+ *sdois est#o até unidos por uma rela"#o de subordina"#o: um é meio, e o outro, im+.- le $ueria libertar 1erusalém através dos undos encontrados na América2#o só os contatos com 0eus interessam muito mais a Colombo do $ue os assuntos puramente%umanos, como também sua orma de religiosidade é particularmente arcaica (para a época!+ 2#o é

 por acaso $ue o pro/eto das cru3adas tin%a sido abandonado desde a Idade Média+ 4aradoalmente, éum tra"o da mentalidade medieval de Colombo $ue a3 com $ue ele descubra a América e inaugure aera moderna+.- Colombo tem um ol%ar muito mais voltado para a nature3a e os animais do $ue para os &ndios , da& o

 por$ue t&tulo Colombo %ermeneuta, sabendo $ue %ermen)utica é o modo de interpreta"#o das coisas,Colombo tem seu modo de interpret5-las de modo $ue acredite $ue est5 na dire"#o certa e $ue est5

 próimo do seu ob/etivo+

- le relaciona a nature3a com a para&so terrestre-Colombo n#o é bem-sucedido na comunica"#o %umana por$ue n#o est5 interessado nela-Colombo ala dos %omens $ue v) unicamente por$ue estes, ainal, também a3em parte da paisagem+Suas men"6es aos %abitantes das il%as aparecem sempre no meio de anota"6es sobre a 2ature3a, emalgum lugar entre os p5ssaros e as 5rvores+-7isicamente nus, os &ndios também s#o, na opini#o de Colombo, desprovidos de $ual$uer propriedadecultural: caracteri3am-se, de certo modo, pela aus)ncia de costumes, ritos e religi#o (o $ue tem umacerta lógica, /5 $ue, para um %omem como Colombo, os seres %umanos passam a vestir-se após aepuls#o do para&so, e esta situa-se na origem de sua identidade cultural!+ Além disso, Colombo tem,como vimos, o %5bito de ver as coisas segundo sua conveni)ncia, mas é signiicativo $ue ele se/aassim levado 8 imagem da nude3 espiritual,

- 0ois tra"os dos &ndios parecem, 8 primeira vista, me nos previs&veis do $ue os outros: s#o a

9generosidade9 e a 9covardia9+- 2a alta das palavras, &ndios e espan%óis trocam, desde o primeiro encontro, pe$uenos ob/etos eColombo n#o se cansa de elogiar a generosidade dos &ndios, $ue d#o tudo por nada+ ;ma generosidade$ue, 8s ve3es, parece-l%e beirar a burrice+

- <emos a impress#o de $ue é ele o idiota: um sistema de troca dierente signiica, para ele, a aus)nciade sistema, e da& conclui pelo car5ter bestial dos &ndios+- Ser5 $ue uma outra rela"#o com a propriedade privada eplicaria estes comportamentos9generosos9= 7ernando, o il%o, di3 algo nesse sentido $uando relata um episódio da segunda viagem:9Alguns &ndios $ue o Almirante tin%a tra3ido de Isabela entraram nas cabanas ($ue pertenciam aos&ndios locais! e serviram-se de tudo o $ue era de seu agrado os propriet5rios n#o deram o menor sinalde aborrecimento, como se tudo o $ue possu&ssem osse propriedade comum+ *s ind&genas, ac%ando$ue t&n%amos o mesmo costume, no in&cio pegaram dos crist#os tudo o $ue era de seu agra do mas

notaram seu erro rapidamente9 (>?!+- Colombo, nesse momento, es$uece sua própria impress#o, e declara logo depois $ue os &ndios, longede serem generosos, s#o todos ladr6es (invers#o paralela 8$uela $ue os tin%a transormado demel%ores %omens do mundo em selvagens violentos!+

- Colombo age como se entre as duas a"6es se estabelecesse um certo e$uil&brio: os espan%óis d#o areligi#o e tomam o ouro+ 4orém, além de a troca ser bastante assimétrica, e n#o necessariamenteinteressante para a outra parte, as implica"6es desses dois atos se op6em+ 4ropagar a religi#o signiica$ue os &ndios s#o considerados como iguais (diante de 0eus!+ se eles n#o $uiserem entregar suasri$ue3as= nt8o ser5 preciso sub/ug5-los, militar e politica mente, para poder tom5-las 8 or"a emoutras palavras, coloc5-los, agora do ponto de vista %umano, numa posi"#o de desigualdade (deinerioridade!+ Colombo n#o %esita nem um pouco em alar da necessidade de sub/ug5-los, sem

 perceber a contradi"#o eistente entre o $ue cada uma de suas a"6es implica, ou, pelo menos, a

descontinuidade $ue estabelece entre divino e %umano+ 4or essa ra3#o notou $ue eram medrosos edescon%eciam o uso das armas+ ainda é o crist#o $ue ala= Ainda se trata de igualdade= 4artindo pelaterceira ve3 para a América, pede permiss#o para levar com ele volunt5rios criminosos $ue se/am por isso perdoados: ainda é o pro/eto evangeli3ador=

4ara manter sua coer)ncia, Colombo estabelece distin"6es sutis entre &ndios inocentes, crist8os em potencial, e &ndios idólatras, praticantes do canibalismo ou &ndios pac&icos ($ue se submetem ao

7/18/2019 Fichamento Geral.und I

http://slidepdf.com/reader/full/fichamento-geralund-i 2/4

 poder dele! e &ndios belicosos, $ue merecem por isso ser punidos mas o importante é $ue a$ueles $ueainda n#o s#o crist#os só podem ser escravos: n#o %5 uma terceira possibilidade+ Imagine ent#o $ue osnavios $ue transportam reban%os de animais de carga no sentido uropa-América se/am carregados deescravos no camin%o de volta, para evitar $ue retornem va3ios e en$uanto n#o se ac%a ouro em$uantidade suiciente, e a e$uival)ncia implicitamente estabelecida entre animais e %omens n#o é, semd@vida, gratuita+

- A recusa só podia ser %ipócrita arran%e a mul%er arisca, e descobrir5 a prostituta+ As mul%eres &ndiass#o mul%eres, ou &ndios ao $uadrado nesse sentido, tornam-se ob/eto de uma dupla violenta"#o+

Como Colombo pode estar associado a estes dois mitos aparentemente contraditórios um onde ooutro é um 9bom selvagem9 ($uando é visto de longe!, e o outro onde é um c#o imundo9, escravo em potencial= ' por$ue ambos t)m uma base comum, $ue é o descon%ecimento dos &ndios, a recusa emadmitir $ue se/am su/eitos com os mesmos direitos $ue ele, mas dierentes+- Colombo descobriu a América, mas n#o os americanos, <oda a %istória da descoberta da América,

 primeiro episódio da con$uista, é marcada por esta ambigBidade: a alteridade %umana ésimultaneamente revelada e recusada+

er!"ntas para responder:

ual a vis#o de Colombo sobre a América e seus %abitantes=uais as suas motiva"6es=* $ue dierencia Colombo do %omem medieval e do %omem moderno=

Como ele energava o sistema de trocas=4ara Colombo os &ndios $ueriam ser convertidos=

Texto 00#- Antecedentes $ndi!enas %&lorestan &ernandes'

* autor dese/a, com o livro, descrever os aspectos mais importantes da organi3a"#o das sociedadestupis e procurar nela os atores $ue permitem eplicar, sociologicamente o padr#o desenvolvido derea"#o 8 con$uista. (7D2A20S, ?EEF:FG!+ 7lorestan 7ernandes, no cap&tulo em $ue apresenta aorgani3a"#o social tupinamb5 retoma as teses de seu mestrado e doutorado, proporcionando uma vis#oampla sobre a organi3a"#o tribal, o contato com o pro/eto coloni3ador portugu)s e as rea"6es edesec%os do mundo tupi em $uest#o+

Hocali3ando-os no litoral, entre os atuais estados do Dio de 1aneiro, a%ia, Maran%#o e 4ar5, asociedade tupi descrita nas ontes $uin%entistas e seiscentistas é identiicada como praticante da%orticultura, coleta e ca"a J em um amplo espa"o cu/o modo eaustivo de cultivo se compensa peladimens#o do território+ A entidade complea. c%amada tribo., orma de dom&nio e eerc&cio do

 poder sobre a terra, comp6e-se de unidades menores, as aldeias., $ue se unem por la"os de parentesco e interesses comuns, organi3ando uma vida cotidiana marcada pela circula"#o de mul%eresentre as parentelas, epedi"6es guerreiras, atividades econKmicas ligadas 8 sobreviv)ncia, sacri&cio deinimigos etc+ Cada aldeia compun%a-se de malocas $ue circundavam um terreiro e eram cercadas por estacadas ou cai"aras+ stas mesmas malocas abrigavam até GLL indiv&duos, desenrolando em seuinterior a vida cotidiana com o preparo do alimento e seu consumo, o intercurso seual, a %ospedagemetc+ mantendo-se sempre próima dos meios necess5rios para o sustento (5gua, len%a! e a manuten"#oda aldeia+

A divis#o do trabal%o sob a regra do seo e idade organi3ava toda a vida produtiva, as atividadesdi5rias e cotidianas, os gestos de solidariedade, a conec"#o de produtos para o consumo, as técnicas,os rituais e os eventos etraordin5rios J como as epedi"6es guerreiras, por eemplo J as atividadesamnicas e o sacri&cio de inimigos+ Apesar da igura do escravo capturado na guerra para osacri&cio canibal, os tupi descon%eciam o trabal%o or"ado, antes prevalecendo ormas comunit5riasde reali3a"#o do trabal%o, como o mutir#o, descrito por Cardim+

;nidos pelo parentesco, os tupi distinguem-se entre o nosso grupo. e o grupo dos outros.(inimigos!+ * matrimKnio era distribu&do de tal maneira $ue podia manter vinculado o %omem ao seugrupo doméstico ou remet)-lo 8 am&lia da noiva+ m todo caso, o casamento entre tio e sobrin%a ouentre primos cru3ados reor"ava o parentesco e as depend)ncias entre os %omens, estabelecendorela"6es sociais $ue podiam ser repetidas como orma de consolida"#o do modo de ser do grupo J 

como a sauda"#o lacrimosa., por eemplo+

Ao tratar do contato com o portugu)s e a rea"#o 8 con$uista 7lorestan 7ernandes come"a destacando$ue o car5ter e as conse$u)ncias dos contatos de povos dierentes dependem, entre outros atores

 psicossociais e socioculturais, da maneira pela $ual eles se organi3am socialmente.+ Assim, tanto acapacidade de manter situa"6es sociais, $uanto de adaptar-se a situa"6es emergentes devem ser considerados+ oi a solide3 da organi3a"#o tribal J $ue usa da tradi"#o transmitida de pai pra il%o

7/18/2019 Fichamento Geral.und I

http://slidepdf.com/reader/full/fichamento-geralund-i 3/4

como mecanismo de manuten"#o J e sua incapacidade de rea/ustar-se a novas situa"6es, $ue o contatodo branco impKs, $ue levou a sua desintegra"#o+

* autor considera $ue os primeiros contatos J marcados por uma rela"#o econKmica de escambo e deinlu)ncia da cultura ind&gena sobre o branco J pouco representou em termos de altera"#o dasociedade tribal+ 4ode-se, porém, $uestionar J e isso ser5 undamental para a tese $ue sustentar5 aoim do artigo J $ue as rela"6es $ue envolveram o casamento de brancos (principalmente n5uragos!em algumas regi6es do rasil (em 4ernambuco, com Vasco 7ernandes Hucena, na a%ia, com 0iogoNlvares Correa, o Caramuru, e em S#o 4aulo, com 1o#o Damal%o! est#o marcadas por intensas

rela"6es de trocas comerciais $ue v#o ressigniicar o sentido de escravid#o e intensiicar o escambo detal maneira $ue o momento seguinte, das capitanias e seus donat5rios, vem se valer das altera"6es produ3idas nos momentos anteriores (CAH0IDA, ?EEE! J a$uilo $ue 0arcO Dibeiro caracteri3oucomo cun%adismo.+ (DIID*, GLLP!+

S#o ent#o as altera"6es das rela"6es econKmicas entre portugueses e tupinamb5s $ue representam, para 7lorestan 7ernandes, o desarran/o da sociedade tribal e o in&cio das rea"6es ind&genas: Aosubstituir o escambo pela agricultura, os portugueses alteraram completamente seus centros deinteresse no conv&vio com o ind&gena+ ste passou a ser encarado como um obst5culo 8 posse da terra,uma onte dese/5vel e insubstitu&vel de trabal%o e a @nica amea"a real 8 seguran"a da coloni3a"#o.+(7D2A20S, ?EEF:QG!+

<ornados alvos dos brancos, o ind&gena passou a ser o elemento central da ideologia dominante no

mundo colonial lusitano. (7D2A20S, ?EEF:QR! instaurando polari3a"6es com os diversoselementos coloni3adores+ 4rimeiro, com o colono $ue o submetia 8 escravid#o segundo, com oadministrador ou agente da Coroa $ue organi3ava a eplora"#o agr&cola e terceiro, com o clero,notadamente os /esu&tas, $ue contrariavam os interesses dos colonos, mas igualmente produ3iamormas de acultura"#o e desarran/o da sociedade tribal+

A rea"#o ind&gena ao processo coloni3ador, segundo 7lorestan 7ernandes, pode ser compreendidasobre tr)s ormas b5sicas: a! a preserva"#o da autonomia tribal por meios violentos. b! asubmiss#o, nas duas condi"6es indicadas, de aliadosT e de escravosT. e c! a preserva"#o daautonomia tribal por meios passivos., principalmente com a migra"#o para 5reas distantes dadomina"#o branca+

A submiss#o volunt5ria J $ue se deu através de alian"as J e a escravid#o resultaram, de um lado, em

um grande processo de destribali3a"#o, e de outro lado, de mesti"agem, $ue pode representar sobreviv)ncia biológica e a preserva"#o de alguns elementos culturais, mas /amais de manuten"#o dasociedade tribal+ A rigide3 da estrutura social $ue a vida tribal estabelecia n#o permitia adapta"6es+ Aaldeia n#o se transormaria em vila ou cidade e o &ndio n#o se transormaria em civili3ado.- n#o, semdeiar de ser o $ue era J, /5 $ue o pro/eto portugu)s propun%a a submiss#o ou o eterm&nio+ Mesmo$ue provisoriamente, o isolamento restava como terceira, e n#o menos tr5gica, op"#o ao &ndio: asmigra"6es para o interior da colKnia oram acompan%adas da intensiica"#o do bandeirismo e daatividade missioneira, relativi3ando o isolamento como ator de deesa da autonomia tribal+

7lorestan 7ernandes considera a rela"#o das sociedades ind&genas com o mundo colonial como umaintera"#o desigual entre sociedades marcadas por estruturas distintas+ le nos mostra o processodesagregador promovido pelo /esu&ta nas sociedades tribais e, acima de tudo, situa o mundo tribal na

 perspectiva sócio-%istórica, compreendendo a relevncia das contradi"6es sociais geradas entre

 brancos e &ndios para a eplica"#o da orma"#o da sociedade brasileira+

Texto 00(- )e!redos internos - cap* # Uma !eração exa"rida: a!ric"lt"racomercial e mão-de-obra ind$!ena+ cap* (+ de )C,A.T*

Ao contr5rio de alguns de seus vi3in%os, os tupinamb5s praticavam a agricultura, $ue se ade$uava bem a seu %abitat e 8s suas necessidades e constitu&a-se em parte essencial de sua vida+;ma das principais obriga"6es dos pa/és era garantir c%uva suiciente para as planta"6es+ les também

 praticavam a coivara+A arin%a de mandioca tornou-se alimento b5sico de nativos e euro-brasileiros+ 1untamente com a

 batata e o mil%o, oi uma das principais contribui"6es americanas 8 dieta mundial+ 2en%um povo oereceu resist)ncia mais cont&nua e eica3 aos portugueses $ue os aimorés, %abitantes

do S, Il%éus e regi6es ronteiri"as do sul da a%ia+ *s portugueses 8s ve3es c%am5vamos9botocudos9, nome $ue na a%ia assemel%ava-se ao termo 9bugre9, usado no sul do pa&s como ep&tetode $ual$uer povo %ostil ind&gena+ *s aimorés, aparentemente, pertenciam ao grupo etnogr5ico /)+ Suacultura material era mais simples $ue a dos tupinamb5s+ 2#o praticavam a agricultura, vivendoeclusivamente da ca"a e da coleta+ uando a Coroa promulgou a primeira lei proibindo aescravi3a"#o do gentio, em ?>FL, só os aimorés oram especiicamente eclu&dos dessa prote"#o+

7/18/2019 Fichamento Geral.und I

http://slidepdf.com/reader/full/fichamento-geralund-i 4/4

As 5rvores de pau-brasil n#o cresciam /untas em grandes 5reas encontravam-se dispersas pelaloresta+ U medida $ue essa madeira oi-se esgotando no litoral, os europeus passaram a recorrer aos&ndios para obt)-la+ ' importante lembrar $ue o trabal%o coletivo, especialmente a derrubada de5rvores, era uma atividade masculina caracter&stica da sociedade tupinamb5, e como tal, o corte do

 pau-brasil podia-se integrar acilmente aos padr6es tradicionais da vida ind&gena+ les de ato pareciam bastante dispostos a cortar as 5rvores e arrastar os pesados troncos até as eitorias, onde podiam ser trocados por pendurical%os e outros ob/etos+ ntre ?>LL e ?>R> o escambo oi o principalmeio usado pelos portugueses para obter dos &ndios o pau-brasil e, em menor grau, a arin%a demandioca+

;ma pol&tica impl&cita, porém comum, durante todo o per&odo colonial oi o deslocamento inter-regional or"ado de ind&genas+ ssa pol&tica troue pelo menos R bene&cios evidentes para os portugueses: ? permitiu aos europeus aproveitarem a %abilidade militar de seus aliados nativos,usando-os contra povos ainda n#o submetidos ao /ugo portugu)s G aastava povos potencialmente

 perigosos de seu ambiente nativo e colocava-os em um meio estran%o, onde seriam menosamea"adores R permitia aos colonos preenc%er um %iato sempre crescente na sua or"a de trabal%o+*s portugueses c%amavam o enKmeno de 9Santidade9+ 7oi um cl5ssico eemplo de 9religi#o dosoprimidos9, um culto sincrético e messinico, cu/o ob/etivo era dar in&cio a uma era de bemaventuran"a pondo im ao /ugo da escravid#o imposta pela domina"#o e cultura portuguesas+ *movimento oi observado primeiramente em S#o Vicente em ?>>? mas assen%oreou-se de Il%éus e dosul do DecKncavo baiano, onde loresceu+ 0e modo geral, o culto da santidade parece ter sido umacombina"#o da cren"a dos tupinamb5s em um para&so terrestre com a %ierar$uia e os s&mbolos docatolicismo+

' patente $ue o movimento vingou entre os ind&genas $ue tiveram contato com os portugueses+ *sl&deres principais eram e-escravos, embora os &ndios residentes nas aldeias também aderissem aoculto+ Apesar de algumas varia"6es nos detal%es de sua vida religiosa, ica evidente $ue oramconsideravelmente inluenciados pelo contato com o catolicismo+ *s s&mbolos e a %ierar$uia da Igre/aoram adotados+ *s l&deres proclamavam-se 9papas9 e nomeavam bispos+ 0espac%avam-se9mission5rios9 para diundir o culto e pregar a resist)ncia contra os portugueses+A crescente utili3a"#o dos sal5rios para assegurar o trabal%o ind&gena em princ&pios do século XVIIoi, em certa medida, um s&mbolo da integra"#o dos nativos 8 sociedade portuguesa+ * primeiro sinalsupericial da acultura"#o era a ado"#o de um nome portugu)s+ A religi#o, naturalmente, era uma das

 principais vias de acultura"#o+ A disposi"#o dos escravos em participar dos rituais ou aceitar ossacramentos da religi#o católica é uma medida aproimada de sua integra"#o 8 estrutura da sociedade

 portuguesa+A acultura"#o sempre possui o potencial de mover-se na dire"#o inversa+ As culturas ind&genas

oereciam, ou pareciam oerecer, certas liberdades de pensamento e comportamento a alguns europeusou aos mesti"os+ uanto mais distantes das 5reas densamente coloni3adas ou das cidades costeiras,maior a tend)ncia de os colonos e seus descendentes adotaram costumes &ndios+Isso ocorreu especialmente no per&odo anterior a ?PLL, $uando a matri3 das normas e estruturassociais ainda era relativamente luida+uando os sen%ores de engen%o, individualmente, acumulavam recursos inanceiros suicientes,compravam alguns cativos aricanos, e iam acrescentando outros 8 medida $ue capital e créditotornavam-se dispon&veis+ *s primeiros cativos negros vieram para o rasil como criados particularesou trabal%adores especiali3ados, e n#o para lavrar os campos+ m ins do século XVI, a m#o-de-obrados engen%os era mista do ponto de vista racial, e a propor"#o oi mudando crescentemente em avor dos aricanos importados e sua prole+A transi"#o para uma or"a de trabal%o aricana oi eetuada nas primeiras duas décadas do séculoXVII, época em $ue a ind@stria a"ucareira eperimentava r5pida epans#o e consider5vel

desenvolvimento interno devido aos altos pre"os estrangeiros do a"@car e do crescimento do mercadoeuropeu+

See: escambo

&altam: cap$t"lo e Trpico dos pecados