filosofia na educação

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    Unidade I:

    Unidade: FILOSOFIA DAEDUCAO

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    Unidade:FILOSOFIA

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    EDUCAO

    Unidade: FILOSOFIA DA EDUCAO

    Passar do senso comum conscincia filosfica significa passar de

    uma concepo fragmentria, incoerente, desarticulada, implcita,

    degradada, mecnica, passiva e simplista a uma concepo unitria,

    coerente, articulada, explcita, original, intencional, ativa e cultivada.

    Dermeval Saviani

    Este quadro ajudar a visualizar o contedo a ser estudado nesta Unidade.

    1. A CONTRIBUIO DA FILOSOFIA PARA A EDUCAO1

    De acordo com o contexto da histria da cultura ocidental, fcil

    observar que educao e filosofia sempre estiveram quando no juntas, muitoprximas. Pode-se constatar, com efeito, que, desde seu surgimento na Grcia

    clssica, a filosofia constituiu-se unida a uma inteno pedaggica, formativa

    do humano. Praticamente, todos os textos fundamentais da filosofia clssica

    implicam, na explicitao de seus contedos, uma preocupao com a

    educao.

    1 Antnio Joaquim Severino em http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/717/640.

    Filosofia da

    Educao

    O sujeito da

    educao

    O agir os fins e

    os valores

    A fora e a

    fraqueza da

    conscincia

    O carter scio-

    histrico da

    educao

    Educao e

    ideologia

    A contribuio

    da filosofia para

    a educao

    Conceito de

    educao

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    3. O carter scio-histrico da educao

    As cincias humanas investigam e buscam explicar mediante a

    aplicao de seu categorial terico os diversos aspectos da fenomenalidade

    humana e, graas a isso, tornam-se aptas a concretizar as coordenadas

    histrico-sociais da existncia real dos homens. Mas, em decorrncia de sua

    prpria metodologia, a viso terica que elaboram necessariamente

    aspectual. Justamente em funo de sua menor rigidez metodolgica, que a

    filosofia pode elaborar hipteses mais abrangentes, capazes de alcanarem

    uma viso integrada do ser humano, envolvendo, nessa compreenso, o

    conjunto desses aspectos, constituindo uma totalidade que no se resume na

    mera soma das partes, que se articulam, ento, dialeticamente entre si e com otodo, sem perderem sua especificidade, formando, ao mesmo tempo, uma

    unidade.

    O ser humano, com base na cultura, constri-se pela atividade (definida,

    nesse contexto, como trabalho). Tal atividade constitui toda interao de

    experincia homem-natureza e suas respectivas transformaes, como a de

    objetos naturais em objetos sociais. (Duarte, 2005).

    O trabalho humano e social significa a transformao da natureza,

    uma vez iniciado, ele irreversvel e permanente. O homem

    transforma a natureza e se transforma (Brando, 2005).

    Devido a sua qualidade social, o ser

    humano depende de outro sujeito para

    a realizao do trabalho.

    As aes que o compem s adquirem

    sentido quando realizadas atravs das

    interaes entre indivduos.

    Logo, as aes so processos

    individuais, mas s se constituem no

    coletivo.

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    As atividades (trabalho) so formas de interaes do homem com o

    mundo, dirigidas por objetivos ou motivos intencionais. Acabam por modificar a

    estrutura psicolgica do homem por meio da aprendizagem e da tomada de

    conscincia frente resoluo de problemas, e, a partir da, tem como

    consequncia, a construo da sua personalidade.

    A conscincia formada com base em um processo de atividades

    externas por intermdio de relaes sociais as quais, mediante processos de

    intrasubjetividade, acabam formando a subjetividade do indivduo. Para

    Fichtner (2006), a conscincia literalmente criada e construda. Os homens

    se constroem mediante as suas atividades, a sua conscincia, e de que

    maneira as formas de agir e perceber o mundo so internalizadas.

    No processo de alienao, o indivduo no somente se distancia, comotambm nega ou ignora a sociedade da qual emerge. Constri-se um abismo

    insupervel entre as aes individuais e os motivos sociais que representam a

    formao coletiva do trabalho, empobrecendo a atividade crtica.

    Desde sempre houve pessoas na sociedade com caractersticas mais

    individualistas e outras mais coletivas. A construo desses indivduos e a

    tomada de conscincia frente resoluo de problemas sociais o que

    provoca sentido na existncia humana, j que o ser humano foi e constitudopor suas aes que somente numa atividade com objetivo social acabam por

    provocar sentido vida.

    O trabalho popular baseado na troca de experincias, por intermdio

    de conhecimentos, saberes e sensibilidades, criando comunidades de

    aprendizagem. Na participao ocorre o empoderamento das pessoas pelo

    saber, dever e o poder sobre os problemas sociais na soma das interaes

    humanas.

    preciso assumir-se quanto um ser histrico e social, como um ser

    transformador e criador de uma nova realidade enquanto um ser

    crtico-reflexivo, que tem raiva das injustias porque capaz de amar

    (Freire, 1996).

    Na educao como prtica histrica e poltico-social, a ao educativa

    s se torna compreensvel e eficaz se os sujeitos nela envolvidos tiverem clara

    e segura a percepo de que ela se desenrola como uma prtica poltico-

    social.

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    Toda prtica educativa um exerccio de sociabilidade, quer acontea na sala

    de aula, quer na administrao do sistema de ensino.

    Na educao no estabelecemos apenas relaes simtricas entre

    indivduos, mas relaes propriamente sociais, ou seja, relaeshumanas atravessadas por coeficientes de poder que hierarquizam

    os indivduos que delas participam (SEVERINO, 1994:109).

    A explicao, descrio e anlise dessas relaes marcadas por esse

    carter poltico so tarefas especficas das Cincias Sociais que fornecem

    Filosofia da Educao e aos educadores subsdios para a compreenso mais

    abrangente da educao como um todo.

    Assim, nessa abordagem, h, atualmente, uma grande preocupao na

    construo do ser humano no sentido de mud-lo a partir de sua constituio

    como ser pensante e reflexivo. O modelo de vida que corresponde s nossas

    aes cotidianas a busca de sentido que somente pode ser encontrado pelo

    trabalho coletivo e o bem comum, sempre em busca da melhoria da qualidade

    de vida de todos e todas.

    4. O agir, os fins e os valores

    Considerando que a educao fundamentalmente uma prtica social, a

    filosofia vai ainda contribuir significativamente para sua efetivao mediante

    uma reflexo voltada para os fins que a norteiam. A questo diretriz dessa

    perspectiva aquela dos fins da educao, a questo do para que educar.

    No h dvida, entretanto, que, tambm nesse sentido, a tradio

    filosfica no campo educacional, o mais das vezes, deixou-se levar pelatendncia a estipular valores, fins e normas, fundando-os apressadamente

    numa determinao arbitrria de uma natureza ideal do indivduo ou da

    sociedade.

    Foi o que ocorreu com a orientao metafsica da filosofia ocidental que

    fazia decorrer, quase que por um procedimento dedutivo, as normas do agir

    humano da essncia do homem, concebida como um modelo ideal, delineado

    com base numa ontologia abstrata. Assim, os valores do agir humano

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    fundariam-se na prpria essncia humana, concebida de modo ideal, abstrato e

    universal.

    A tica se tornava, ento, uma tica essencialista, desvinculada de

    qualquer referncia scio-histrica. O agir deve, assim, seguir critrios ticos

    que se refeririam to somente essncia ontolgica dos homens. E a tica

    transformava-se num sistema de critrios e normas puramente deduzidos

    dessa essncia.1

    Mas, por outro lado, ao tentar superar essa viso essencialista, a

    tradio cientfica ocidental vai ainda vincular o agir a valores agora

    relacionados apenas com a determinao natural do existir do homem. O

    homem um prolongamento da natureza fsica, um organismo vivo, cuja

    perfeio maior no , obviamente, a realizao de uma essncia, mas, sim, odesenvolvimento pleno de sua vida.

    O objetivo maior da vida, por sinal, sempre viver mais e viver bem! E essa

    finalidade fundamental passa a ser o critrio bsico na delimitao de todos os

    valores que presidem o agir. Devem ser buscados aqueles objetivos que

    assegurem ao homem sua melhor vida natural.

    Como a cincia d conta das condies naturais da existncia humana,ao mesmo tempo em que domina e manipula o mundo, ela tende a fazer o

    mesmo com relao ao homem. Tende no s a conhec-lo, mas a manipul-

    lo, a control-lo e a domin-lo, transpondo para seu mbito a tcnica

    decorrente desses conhecimentos. A "naturalizao do homem acaba

    transformando-o num objeto facilmente manipulvel e a prtica humana

    considerada adequada, acaba sendo aquela dirigida por critrios puramente

    tcnicos; e seja no plano individual, seja no plano social, essa tica naturalistaapia-se apenas nos valores de uma funcionalidade tcnica.

    Em consequncia desses rumos que a reflexo filosfica tomou na tradio da

    cultura ocidental, a filosofia da educao no se afastou da mesma orientao.

    De um lado, tende a ver, como fim ltimo da educao, a realizao de uma

    perfeio dos indivduos enquanto plena atualizao de uma essncia modelar;

    de outro, entendeu-se essa perfeio como plenitude de expanso e

    desenvolvimento de sua natureza biolgica. Agora, a filosofia da educao

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    busca desenvolver sua reflexo, levando em conta os fundamentos

    antropolgicos da existncia humana, tais como se manifestam em mediaes

    histrico-sociais, dimenso que qualifica e especifica a condio humana.

    5. A fora e a fraqueza da conscincia

    A filosofia da educao tem ainda outra tarefa: a epistemolgica.

    Cabendo-lhe instaurar uma discusso sobre questes envolvidas pelo

    processo de produo, de sistematizao e de transmisso do conhecimento

    presentes no processo especfico da educao. Tambm desse ponto de vista

    significativa a contribuio da filosofia para a educao.

    Fundamentalmente, essa questo se coloca porque a educao tambmpressupe mediaes subjetivas, ou seja, ela pressupe a interveno da

    subjetividade de todos aqueles que se encontram envolvidos por ela. Em cada

    um dos momentos da atividade educativa, est, necessariamente presente,

    uma ineludvel dimenso de subjetividade, que impregna, assim, o conjunto do

    processo como um todo. Dessa forma, tanto no plano de suas expresses

    tericas, quanto naquele de suas realizaes prticas, a educao envolve a

    prpria subjetividade e suas produes, impondo ao educador uma atenoespecfica para tal situao.

    A atividade da conscincia , assim, a mediao necessria das atividades da

    educao.

    por isso que a reflexo sobre a existncia histrica e social dos

    homens como elaborao de uma antropologia filosfica fundante s se torna

    possvel, na sua radicalidade, em decorrncia da prpria condio de ser ohomem capaz de experimentar a vivncia subjetiva da conscincia. A questo

    do sentido de existir do homem e do mundo s se coloca graas a essa

    experincia. A grande dificuldade que surge que tal experincia da

    conscincia tambm uma riqussima experincia de iluses.

    A conscincia o lugar privilegiado das iluses, dos erros e do falseamento da

    realidade, ameaando, constantemente, comprometer sua prpria atividade.

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    Diante de tal situao, cabe filosofia da educao desenvolver uma

    reflexo propriamente epistemolgica sobre a natureza dessa experincia na

    sua manifestao na rea educacional. Cabe-lhe, tanto de uma perspectiva de

    totalidade, quanto da perspectiva da particularidade das vrias cincias,

    descrever e debater a construo, pelo sujeito humano, do objeto "educao".

    nesse momento que a filosofia da educao, por assim dizer, tem de

    se justificar, ao mesmo tempo em que rearticula os esforos da prpria cincia,

    para tambm se justificar, avaliando e legitimando a atividade do conhecimento

    como processo tecido no texto/contexto da realidade histrico-social da

    humanidade. Com efeito, e coerentemente com o que j se viu acima, a anlise

    do conhecimento no pode ser separada da anlise dos demais componentes

    dessa realidade.No seu momento epistemolgico, a filosofia da educao investe, pois,

    no esclarecimento das relaes entre a produo do conhecimento e o

    processo da educao. assim que muitas questes vo se colocando

    necessria considerao por parte dos que se envolvem com a educao,

    tambm nesse plano da produo do saber, desde aquelas relacionadas com a

    natureza da prpria subjetividade at aquelas que se encontram implicadas no

    mais modesto ato de ensino ou de aprendizagem, passando pela questo dapossibilidade e da efetividade das cincias da educao.

    O campo educacional, do ponto de vista epistemolgico,

    extremamente complexo. No possvel proceder com ele da mesma maneira

    que se procedeu no mbito das demais cincias humanas. Para se aproximar

    do fenmeno educacional, foi preciso uma abordagem multidisciplinar,j que

    no se dispunha de um nico acervo categorial para a construo/apreenso

    desse objeto; alm disso, a abordagem exigia ainda uma perspectivatrans-

    disciplinar, na medida em que o conjunto categorial de cada disciplina lanava

    esse objeto para alm de seus prprios limites, enganchando-o em outros

    conjuntos, indo alm de uma mera soma de elementos: no final das contas, viu-

    se ainda que se trata de um trabalho necessariamente interdisciplinar, as

    categorias de todos os conjuntos entrando numa relao recproca para a

    constituio desse corpo epistmico.

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    O sentido essencial do processo da educao, a sua verdade completa,

    no decorre dos produtos de uma cincia isolada e nem dos produtos somados

    de vrias cincias: ele s se constitui mediante o esforo de uma concorrncia

    solidria e qualitativa de vrias disciplinas.

    Essa malha de interdisciplinaridade na construo do sentido

    educacional tecida fundamentalmente pela reflexo filosfica. A filosofia da

    educao no substitui os contedos significadores elaborados pelas cincias:

    ela, por assim dizer, os articula, instaurando uma comunidade construtiva de

    sentido, gerando uma atitude de abertura e de predisposio

    intersubjetividade.

    Portanto, tanto no plano terico, quanto no plano prtico, referindo-se

    seja aos processos de conhecimento, seja aos critrios da ao, e seja aindaao prprio modo de existir dos sujeitos envolvidos na educao, a filosofia est

    necessariamente presente, sendo mesmo indispensvel. E, nesse primeiro

    momento, como contnua gestora da interdisciplinaridade.

    6. Conceito de educao

    Educao um conceito genrico, amplo, que supe o processo dedesenvolvimento integral do homem, isto , de sua capacidade fsica,

    intelectual e moral, visando no s formao de habilidades, como tambm

    do carter e da personalidade social.

    Entendemos por "educao" o processo por meio do qual indivduos adquirem

    domnio e compreenso de certos contedos considerados valiosos.

    O ensino consiste na transmisso e conhecimentos, enquanto que adoutrinao uma pseudo-educao que no respeita a liberdade do

    educando, impondo-lhe conhecimentos e valores. Nesse processo, todos so

    submetidos a uma s maneira de pensar e agir, destruindo-se o pensamento

    divergente e mantendo-se a tutela e a hierarquia.

    Quanto aos conceitos de educao e ensino, no h como separar

    nitidamente esses dois plos que se completam. a partir da conscincia, da

    sua prpria experincia e da experincia da humanidade que o homem tem

    condies de se formar como um ser moral e poltico (ARANHA, 1996:51).

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    7. Educao e ideologia

    A educao, como prtica que lida com instrumentos simblicos,

    tambm atua nas dimenses individual e coletiva, correndo um duplo risco de

    se envolver nesse processo ideologizador. Com efeito, pela educao,

    mesmo quando informal, que o indivduo se apropria dos contedos culturais

    de seu grupo. Ela desenvolve seu trabalho utilizando basicamente esses

    conceitos e valores presentes na cultura em que se processa. Por outro lado,

    para conservar sua ideologia, uma sociedade precisa reproduzi-la, e a

    educao geralmente considerada como uma das mais adequadas

    mediaes para assegurar essa reproduo.

    No sem razo que alguns tericos contemporneos que estudaram aeducao em nossa sociedade chegaram concluso de que as instituies

    educacionais constituem perfeitos aparelhos ideolgicos do Estado. que os

    grupos dominantes de uma determinada sociedade, que a controlam atravs

    do Estado, interessados em conservar as coisas do jeito que esto, porque lhe

    so favorveis, cuidam de garantir que as relaes sociais vigentes sejam

    mantidas.

    Para tanto, precisam manter coesa a ideologia, reproduzindo-a degerao a gerao. Na opinio desses tericos, os grupos dominantes utilizam-

    se da escola para reproduzir a ideologia, reproduzindo tambm as relaes

    sociais (SEVERINO, 1994:115).

    8. Filosofia da educao

    filosofia da educao deve, portanto, seguir uma teoria da educao

    que tenha como principal tarefa o exame dos princpios bsicos, objetivos,

    valores etc., que prevalecem em nossa cultura e que norteiam, atualmente, a

    educao em nosso pas, a reflexo crtica sobre eles e sobre a realidade

    social, econmica e cultural que envolve o processo educacional, e, se

    necessrio for (e quase sempre o ), a propostade novos princpios bsicos,

    objetivos e valores para a nossa cultura e para a nossa educao.

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    teoria da educao compete, portanto, a tarefa normativa a que

    fizemos referncia, e para se desincumbir dessa tarefa a teoria da educao

    deve recorrer no s filosofia da educao, mas tambm sociologia da

    educao, psicologia da educao, economia da educao, medicina

    preventiva e social etc. - ou, para resumir, a qualquer ramo do saber que possa

    contribuir com alguma coisa, nunca se esquecendo de incluir uma boa dose de

    bom senso.

    Para muitos, o que acabamos de caracterizar como a tarefa da teoria da

    educao nada mais do que a real tarefa da filosofia da educao. No

    temos o menor interesse em discutir rtulos, pois a discusso seria meramente

    acadmica. Quer nos parecer, porm, que a bem da clareza, seja

    recomendvel e de bom alvitre estabelecer uma distino entre a filosofia daeducao e a teoria educacional, pelas seguintes razes:

    (a) A filosofia da educao, como aqui caracterizada, uma atividade reflexiva

    de segunda ordem, que tem como objeto as reflexes de primeira ordem feitas

    sobre os vrios aspectos do processo educacional; a teoria educacional uma

    atividade reflexiva de primeira ordem, no nosso entender, que tem por objeto

    bsico a realidade educacional e no reflexes que tenham sido feitas sobreesta realidade; estas reflexes serviro de subsdios ao terico da educao

    para que este elabore suas prprias concluses, mas ele tem, basicamente,

    que "debruar-se sobre a realidade educacional", para entend-la, explic-la,

    critic-la e propor sua reformulao.

    (b) Na medida em que a teoria educacional tem que se valer das contribuies

    das vrias cincias que estudam a educao, ela extrapola os domnios da

    filosofia e, conseqentemente, da filosofia da educao. A filosofia da

    educao, como aqui concebida, deveria ser vista, como observamos, como

    um prembulo teoria educacional, cuja tarefa principal seria fornecer ao

    terico da educao os instrumentos conceituais bsicos para a sua teoria.

    (c) A teoria educacional, embora possa (e talvez deva) ser considerada

    cientfica, tem uma finalidade que vai alm da mera explicao e interpretao

    da realidade educacional: ela procura orientar e guiar a prtica educacional.

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    por isso que a teoria da educao, alm de estudar e examinar a realidade

    educacional, tem a funo de criticar esta realidade e de propor novas direes

    a seguir. A teoria da educao, para usar uma expresso que se torna comum,

    no tem como tarefa simplesmente constatar qual a realidade educacional:

    ela vai alm e contesta esta realidade, no em funo de um esprito

    puramente negativista, mas em funo de uma propostade realidade diferente.

    E esta proposta envolve, inevitavelmente, valores diferentes. Portanto, a teoria

    educacional, em sua tarefa de orientar e guiar a prtica educacional, envolve,

    necessariamente, um ingrediente de valores.

    Tendo sempre presente o questionamento sobre o que a educao, a

    filosofia no permite que a pedagogia se torne dogmtica nem que a educaose transforme em adestramento ou qualquer outro tipo de pseudo-educao.

    Concluindo, necessrio que a formao do pedagogo esteja voltada

    no s para o preparo tcnico-cientfico, mas tambm para a politizao e a

    fundamentao filosfica de sua atividade.

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