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CONGREGAÇÃO DE SANTA DOROTÉIA DO BRASIL FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE FAFIRE DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE. RECIFE/2011

Fobia especifica

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Page 1: Fobia especifica

CONGREGAÇÃO DE SANTA DOROTÉIA DO BRASIL

FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE – FAFIRE

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E OS TRANSTORNOS

DE ANSIEDADE.

RECIFE/2011

Page 2: Fobia especifica

JOSIVÂNIA GONÇALVES FRANÇA

LUCIA HELENA CAVALCANTI TOSCANO BARRETO

MARIA INÊS FEIJÓ MACHADO TAVARES

MARTA REGINA REGUEIRA SOARES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E OS

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE..

Trabalho apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Terapia Cognitivo-

Comportamental, da Faculdade Frassinetti

do Recife – FAFIRE, como parte do

requisito necessário à obtenção da nota a

disciplina de TCC e transtornos de

ansiedade, regido pela Profa. Benéria Yace

Donato.

RECIFE, 2011.

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HISTÓRIA CLÍNICA DA PACIENTE A.N

Identificação da paciente

Nome: A.N

Sexo: Feminino

Idade: 26 anos

Profissão: Secretaria executiva

Estado Civil: Solteira

Grau de instrução: Universitária (2º ano de Direito)

História de vida:

Paciente procurou terapia pelo fato de há oito meses está sentindo um medo

intenso de sapos. Menciona, ao ser questionado de com isso surgiu, que no começo só

tinha medo de sapos pequenos, mas agora tem medo de qualquer tamanho. Atualmente

tem sentido dificuldade de dormir, demorando a adormecer, fica sempre com receio de

encontrar sapos por onde anda,está sentindo tristeza, vontade de ficar em casa quieta e

inquietação física e mental. Tem percebido que fica o tempo todo pensando em sapos e

olhando ao seu redor. Desde pequena (nove anos) tinha “certo receio de sapos” (SIC),

evitava alguns lugares que pudesse encontrar sapos, mas isso não lhe causava problemas

e tinha uma vida normal, mesmo sem frequentar ou ficar em alguns lugares, como a

fazenda do seu avô. Procurou a vida toda enfrentar isso, sair a noite, inclusive forçou

para estudar a noite e estava muito feliz com sua coragem. O fato mais recente que

lembra foi de uma festa na casa de amigos em Aldeia, onde ao entrar no banheiro pisou

em um sapo e viu a presença de mais uns três no mesmo banheiro. Isso a deixou

desesperada, com nojo e bastante medo.

Nesse dia ela não conseguiu mais relaxar, curtir a festa, andar pela

casa,conversar com os amigos, a cena não saia da cabeça e sempre olhava em volta para

não deixar que outros sapos chegassem perto, mesmo sem conseguir ver mais nenhum

sapo. Após umas 2 horas de ter ido ao banheiro teve uma crise de choro e pediu que

uma amiga a levasse em casa. Desde desse dia passou a ter medo de andar em vários

lugares e passou a observar muitas vezes o chão da rua e os locais onde vai sentar.

Está atualmente sem frequentar vários lugares sendo o que mais a preocupa é

não ir a faculdade à noite. Está sem frequentar à faculdade há dois meses e sempre que

pensa em ir se sente muito ansiosa. Tem pensado muito na possibilidade de encontrar

sapos em vários locais e isso tem ocupado muito seu tempo, deixando-a triste e

preocupada, pois está se prejudicando cada dia mais no trabalho e na faculdade. Tem

uma boa relação no trabalho, é comunicativa e muito dedicada as responsabilidades da

sua vida, tem alguns bons amigos que sabem o que está acontecendo e tem a ajudado

quando não consegue ir trabalhar. Diz muito ao longo da sessão que teme onde isso vai

parar e que lamenta não está mais conseguindo enfrentar como sempre enfrentou, diz

que isso a deixa insegura, como se a vida tivesse perdido o controle.

Page 4: Fobia especifica

DIAGRAMA DE CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA

Nome do Paciente: A.N. Data: 25/07/2011 Diagnóstico: Eixo I: Fobia Especifica F40.2+ Depressão? Eixo II:_________________

DADOS RELEVANTES DA INFÂNCIA

Desde pequena (± 9 anos) tinha receios de sapos e já evitava alguns lugares que

pudesse ter sapos.

PRESSUPOSTOS / REGRAS / CRENÇAS CONDICIONAIS

“Se evitar sair à noite ninguém vai perceber que tenho medo de sapos”. “Se eu não for à casa de meu avô não encontrarei sapos, e ninguém perceberá que tenho medo deles”.

ESTRATÉGIA (S) COMPENSATÓRIA (S)

Fuga, esquiva.

PA

“Tenho que estudar por isso não posso ir p/ caso de vovô.”

PA “Será que alguém percebeu que tenho medo de sapos?”

PA

SIGNIFICADO DO PA

“Sou frágil, perco o

controle”

SIGNIFICADO DO PA

“Sou inadequada”

SIGNIFICADO DO PA

EMOÇÃO Medo

EMOÇÃO

Medo Intenso, Apavorada.

EMOÇÃO

CRENÇA CENTRAL

“Sou inadequada”. “Sou vulnerável”. “Sou um fracasso”

SITUAÇÃO 2

Em Aldeia

SITUAÇÃO 3

SITUAÇÃO 1

Casa do Avô

COMPORTAMENTO Esquiva, evitação.

COMPORTAMENTO

Tensa, Descontrole ,

Hipervigilância.

COMPORTAMENTO

Page 5: Fobia especifica

A. QUAL O DIAGNÓSTICO E/ OU COMORBIDADES (SE ACHAREM QUE

TEM) E COMO EXPLICARIAM O SURGIMENTO E MANUTENÇÃO DAS

QUEIXAS DO PACIENTE DE ACORDO COM AS AULAS E A LITERATURA

SOBRE O TEMA?

Baseado nos dados observados na história clínica e utilizando os critérios

diagnóstico do DSM-IV, a senhora A. N apresenta os sintomas de Fobia Específica

F40.2 (Ranidafobia) medo de sapo.

Critérios diagnósticos de Fobia Específica DSM-IV

a) Medo acentuado persistente que é excessivo ou irracional, desencadeado pela

presença ou antecipação de um objeto ou situação específico;

b) A exposição ao estimulo fóbico provoca quase invariavelmente uma resposta

imediata de ansiedade, que pode tomar a forma de uma crise de angústia (ataque de

pânico) situacional ou mais ou menos relacionada com uma situação determinada;

c) A pessoa reconhece que este medo é excessivo ou irracional;

d) A (s) situação (ões) fóbica (s) se evitam ou se suportam a custa de uma intensa

ansiedade ou mal-estar;

e) Os comportamentos de evitação, a antecipação ansiosa ou o mal-estar provocado

pela (s) situação (ões) temidas (s) interferem notoriamente com a rotina normal da

pessoa, com as relações laborais (ou acadêmicas) ou sociais, ou ainda provocam um

mal-estar clinicamente significativo;

f) Em menores de 18 anos a duração destes sintomas devem ter sido de 6(seis) meses no

mínimo;

g) A ansiedade, as crises de angustia ou os comportamentos de evitação fóbica

associados aos objetos ou situações específicos não podem explicar-se melhor pela

presença de outro transtorno mental, por exemplo, um transtorno obsessivo compulsivo,

fobia social, agorafobia, etc.

Surgimento e manutenção das queixas

O medo é uma emoção produzida pela percepção de um perigo iminente. Dentro

do parâmetro “normal” é saudável, pois é um alerta, leva o organismo a evitar ameaças

e tem um valor na sobrevivência humana. Ele faz parte da vida humana e, é um atributo

saudável que protege a pessoa dos perigos. Quando a intensidade ou a frequência atinge

um nível alto chegando a atrapalhar e/ou interferindo no curso da vida da pessoa, então

ele torna-se patológico. O medo normal visa gerar energia à evitação ou afastamento de

estimulação nociva ao ser. O medo tem papel fundamental na adaptação humana, mas

alguns tipos de medo são de grande magnitude para as situações desencadeantes e estes

são chamados de fobias. A fobia é vista como uma forma especial de medo; ela

apresenta as seguintes características: 1) desproporção entre a emoção e a situação que a

provoca; 2) medo sem explicação razoável; 3) ausência de controle voluntário; 4)

tendência à evitação dessa situação

Page 6: Fobia especifica

O medo que a Sra. A.N desenvolveu em relação a sapo teve início na infância e,

a manutenção da situação, pode estar atrelada ao fato da evitação a locais onde ela

pudesse encontrá-los. Embora existisse a opção de levar uma “vida normal” como,

estudar e sair à noite na tentativa para superar o problema, ela evitava alguns lugares

que pudesse encontrá-los, como a fazenda do seu avô. No momento que ela se deparou

com a presença do animal, como ocorreu na casa de amigos em Aldeia, o medo se

intensificou.

A evitação pode diminuir a ansiedade momentaneamente, porém não resolve a

problemática. É uma estratégia que escamoteia e mantém o problema, pois no percurso

da sua vida encontraria situações que ativariam o medo, como ocorreu na casa dos

amigos em Aldeia. É possível observar um ciclo vicioso que é acionado, em que os

chamados comportamentos de busca de segurança – evitação, fuga, controle excessivo,

monitoramento permanente, alerta, neutralização etc. – os quais, o indivíduo recorre em

resposta a sua avaliação catastrófica do estímulo inicial, impedem a desconfirmação da

atribuição exagerada de ameaça ou perigo ao estímulo, e concorrem para a manutenção

do quadro de ansiedade. A etiologia da fobia, que o caso de A.N. sugere, baseia-se em

um condicionamento clássico ou Pavloviano, que é um tipo de aprendizado no qual um

estímulo adquire a capacidade de evocar uma resposta que era originalmente evocada

por um outro estímulo. O condicionamento clássico, se associa a um estímulo

incondicionado e a um estímulo neutro. Este pode adquirir propriedades do primeiro,

transformando-se num estímulo condicionado. Medos são aprendidos por

condicionamento e modelação. Podem se desenvolver gradualmente, quando adquiridos

na infância.

Já a manutenção do transtorno, se dá pela evitação e pelo condicionamento

operante onde há a perpetuação dos comportamentos de esquiva fóbica, ou seja, os

comportamentos de evitação ao objeto fóbico. No condicionamento operante a

aprendizagem ocorre porque as respostas são influenciadas pelas conseqüências que as

seguem. Assim, o condicionamento operante é uma forma de aprendizagem em que as

respostas voluntárias são controladas por suas conseqüências. As respostas de esquiva

também são reforçadas se forem capazes de eliminar a presença do estímulo aversivo,

proporcionando alívio quando existe a segurança que este não irá ocorrer.

As crenças que A.N. desenvolveu também reforçam, ou seja, mantém seu

comportamento evitativo. Geralmente, pessoas com fobia específica, desenvolvem

crenças irracionais de que temos sempre que ter um desempenho perfeito em

determinada situação para mostrarmos o nosso valor como pessoa. Como conseqüência,

as pessoas que mantêm estes tipos de crença tendem a se cobrar demais, querendo

sempre ter um desempenho perfeito, sem erros, chegando a uma tentativa extrema de

perfeição. Este alto grau de exigência leva a um alto nível de ansiedade na execução do

comportamento e de frustração quando algo não sai como planejado pelo indivíduo.

Page 7: Fobia especifica

B) QUE QUEIXAS PRIORIZARIAM E QUAIS METAS CONSTRUIRIAM

COLABORATIVAMENTE PARA A TERAPIA DA REFERIDA PACIENTE?

Queixas:

Medo intenso de sapos;

Dificuldade de dormir;

Medo de encontro com sapos;

Vontade de ficar em casa quieta;

Inquietação física e mental;

Desde criança tinha receio de sapos (fato que não atrapalhava tanto);

Medo de andar em vários lugares – tem dois meses que não vai à faculdade;

Observa muitas vezes o chão da rua e os locais onde vai sentar;

Tem pensado muito na possibilidade de encontrar sapos em vários locais e isso

tem ocupado muito seu tempo deixando-a triste e preocupada;

Os seus frequentes pensamentos sobre sapos estão atrapalhando o seu trabalho e

faculdade.

A literatura sugeri que as metas sejam definidas pela dupla terapêutica (paciente e o

psicoterapeuta), podendo fazer um comparativo entre a situação atual e as metas que se

deseja alcançar, vale salientar que essas metas podem ser alteradas ao longo do processo

terapêutico, tanto pelo paciente como pelo terapeuta. Tais metas descreveremos a

seguir:

SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO DESEJADA-METAS

Dificuldades para dormir;

Passar a dormir mais tranquilamente e

relaxada;

Vontade de ficar em casa quieta;

Aumento do repertório de atividades

sociais, como sair com os amigos deixando

de lado os medos e receios;

Inquietação física e mental;

Redução da ansiedade, buscando junto com

o paciente uma maneira mais adaptativa de

lidar com seus temores;

Pensa em sapos o tempo todo;

Junto com a redução de ansiedade ajudar o

paciente a se distrair, reduzindo a

quantidade de vezes que ela pensa em sapo;

Page 8: Fobia especifica

Medo de andar em vários lugares e

observa muitas vezes o chão da rua e os

locais onde vai sentar;

Normalização dos deslocamentos,

reduzindo os medos e a vigilância

Não vai a faculdade há dois meses;

Passar a frequentar as aulas normalmente;

Está se prejudicando cada dia mais no

trabalho e na faculdade por pensar

frequentemente em sapos;

Melhora da atividade profissional e na

faculdade minimizando o impacto dos seus

pensamentos disfuncionais;

C) QUE INTERVENÇÕES/TÉCNICAS UTILIZARIAM? CONSTRUAM UM

MINI MODELO DE UM PLANO DE TRATAMENTO INSPIRADO NO

ARTIGO QUE MENCIONEI COMO UM PONTO DE PARTIDA.

Baseado nas discussões em sala de aula, e análise do estudo do artigo que nos foi

dado para as respostas dos questionamentos postos, observamos que:

A história clinica da paciente, com a riqueza de detalhes que estão bem postas no

caso em pauta, sugere que os dados foram obtidos num ambiente empático. Sugere

também, que a aliança terapêutica foi construída e fortalecida através de uma conduta

flexível e criativa do terapeuta. Essa aliança está embasada na segurança profissional e

humana que envolveu a cliente na esperança de aliviar e possivelmente resignificar a

sua vida, buscando a resiliência.

Freqüentemente, o paciente que vivencia algum tipo de Fobia, pode desenvolver

um quadro de depressão por não dar conta da situação estressora que é acometido.

Assim é de bom alvitre que a avaliação da paciente, seja realizada através da

entrevista clinica, DSM-IV e aplicação do inventário de depressão e ansiedade de Beck

e, se necessário, o de ideação suicida e Desesperança. O uso do Inventário de Ansiedade

de Beck, também é uma medida importante para verificar o nível de ansiedade do

cliente.

Dentro desta perspectiva as intervenções/técnicas seriam:

Conceituação Cognitiva;

Psicoeducação;

Biblioterapia;

Identificação dos PA catastróficos e questioná-los;

Modelação;

Page 9: Fobia especifica

Reestruturação cognitiva;

Treino relaxamento muscular progressivo e treino respiratório;

Modelação;

Dessensibilização sistemática, Exposição imaginária e/ou virtual;

Técnica da distração;

Automonitorização;

Inundação;

Parada do pensamento;

Treino de auto-afirmação;

Treino de assertividade;

Exposição gradual in vivo

Treino de habilidades sociais;

Intenção paradoxal;

Prevenção de recaídas.

Nas sessões finais, utilizamos técnicas para promover a generalização das

estratégias adquiridas durante o processo clínico e das novas formas de perceber e

responder ao real, reforçando-se o novo sistema de esquemas e crenças, em uma

tentativa de se prevenir recaídas e garantir a preservação continuada de uma estrutura

cognitiva funcional.

D) USEM A CRIATIVIDADE E CRIEM UMA HIERARQUIA PARA SER

UTILIZADA EM UMA EXPOSIÇÃO GRADUAL COM A REFERIDA

PACIENTE, MENCIONEM AO FINAL QUE ASPECTOS DESTACARIAM

PARA MAXIMIZAR OS EFEITOS POSITIVOS DESSA EXPOSIÇÃO?

Explicações e orientações gerais para a paciente:

De forma tranquila e acolhedora, explicar para a paciente que

a Evitação neutraliza, momentaneamente, a aflição e o desconforto, sem, entretanto,

extingui-la para sempre. Portanto, será feito a Exposição ao objeto fóbico. No início,

esta exposição será feita em conjunto com o terapeuta nas sessões (o tempo da

exposição será analisado em conjunto, dependendo das reações da paciente e do

terapeuta, que já deve estar preparado para o evento). Posteriormente, será analisada

com a paciente a possibilidade dela (paciente) realizar sozinha.

Informar que a exposição será feita de forma gradual e que tem como objetivo

a habituação. Esta consiste no desaparecimento das reações de medo ou desconforto que

ocorrem sempre que se entra em contato com o objeto ou com situações que provocam

tais reações. Informar também que nos primeiros contatos a ansiedade pode chegar a um

nível muito alto, causando desconforto, mas apenas isto. Não trarão nenhum

perigo. Com a continuidade das exposições vai diminuindo a intensidade do

desconforto, podendo chegar à extinção deste.

Após serem realizadas as exposições descritas abaixo, os aspectos destacados

para maximizar os efeitos positivos dessa exposição iriam depender das reações da

paciente durante o processo. Porém, os conteúdos assinalados nas mesmas, oferecem

Page 10: Fobia especifica

inúmeras possibilidades de atenuar ou extinguir o desconforto vivenciado pela paciente,

porque, nos diversos contatos com o objeto fóbico, ela vai percebendo que em nenhuma

das situações que ela foi exposta houve a situação de “perigo”, e sim de desconforto,

que foram diminuindo após cada nova exposição. Vai perceber, portanto, que a Evitação

e a fuga não resolvem a problemática, apenas aliviam a ansiedade momentaneamente,

reforçando seu medo.

EXPOSIÇÃO GRADUAL (explicar os procedimentos da exposição)

Hierarquia de exposição para uma fobia de sapos

Ver a figura de um sapo (via virtual) 20%

Assistir com a paciente o vídeo 30%

Olhar de longe para a imagem de um sapo 40%

Olhar de perto para a imagem de um sapo 45%

Ver um filme de um sapo em movimento 45%

Escutar o coaxar de um sapo (via virtual) 50%

Pegar num sapo de plástico 60%

Ver um sapo vivo dentro recipiente de vidro, aproximando-se gradual 70%

Tocar num recipiente que contém um sapo vivo 80%

Passar a mão num sapo vivo 100%

Segurar um sapo em suas mãos. 100%

Vídeo montado em cima da história “Cidade das flores” (a história contém imagens

de sapos e explicações acerca da utilidade da espécie no equilíbrio das plantações),

podendo ser utilizados na Psicoeducação sobre sapos. Historia em anexo.

EXPOSIÇÃO POR MEIO DA IMAGINAÇÃO

Explicar para a paciente que ela irá penetrar (viajar) no mundo da imaginação.

Irá dar o inicio ao processo de visualização, na qual, ela vai visualizar cenas bem

suaves que (lhe proporcionarão) não afetarão, sobremaneira, seu bem estar. Dando

continuidade, porém irá visualizar algumas cenas que poderão lhe trazer desconforto,

mas apenas isto não trará nenhum perigo. É importante, portanto, salientar para não

lutar contra os pensamentos que surgirem, mas conquistá-los com paciência,

verificando paulatinamente as evidências dos pensamentos que chegarem a sua mente.

Colocar uma música suave e começar o processo de relaxamento. Sugestão da

música : Canone - Pachelbel.

Encontre uma postura que lhe seja cômoda, feche os olhos suavemente.

Inspire suavemente, retenha o oxigênio nos pulmões e logo após expire suavemente,

sem qualquer pressa. Você irá relaxando bem devagar. Comece o relaxamento pela

face, o pescoço, os ombros, os braços e as mãos que podem estar apoiadas nas suas

coxas. Depois relaxe o tórax, o ventre, as coxas, as pernas e os pés. Respire bem

suavemente, observe a própria respiração, sinta o ar penetrando nos seus pulmões.

Respire mais uma vez. Visualize mentalmente este panorama que vamos descrever:

Page 11: Fobia especifica

Imagine neste momento que você vai assistir a uma competição de animais. Todos já se

encontram na posição de largada para a grande corrida. O coordenador da competição

dá o sinal de largada, e os participantes saem com o objetivo de chegar na reta final.

Os animais que estão na plateia estão eufóricos e fazem as suas considerações acerca

dos participantes, cada um torcendo de seu modo. Pouco a pouco, os animais vão

ficando pelo caminho. O rato é o primeiro a parar, depois vem o gato, posteriormente a

raposa, e finalmente o cachorro.

(quando o coordenador da competição disser o nome do vencedor, visualize a sua

figura, e os pensamentos que vierem na sua cabeça neste momento, não fuja deles,

enfrente-os, conquiste-os) O coordenador se aproxima do vencedor, e o parabeniza. Depois, anuncia: Senhoras e

senhores, o vencedor desta competição é o Sr. Sapo.

Todos ficaram perplexos, porque aparentemente o sapo era o que tinha menos condições

de ganhar a competição.

Diante do fato, os peritos em competição foram verificar o que tinha acontecido, e

perguntaram ao rato o motivo dele que é mais veloz do que o sapo ter ficado para trás.

O rato prontamente respondeu que tinha ouvido a plateia gritar que ele seria devorado

pelo gato, então sentiu medo e foi diminuindo o ritmo, e não conseguiu ir adiante.

O mesmo aconteceu com o gato com medo do cachorro, e com o cachorro com medo da

raposa. A raposa também ficou incomodada com a censura da plateia que lhe chamava

de desonesta, dissimulada. O cachorro, por sua vez, ficou também incomodado com a

censura da plateia, pois lhe estavam acusando de matador, que saia para caçar animais

indefesos.

Intrigados com o que ouviram os técnicos pensaram: devem ter falado também sobre o

sapo, e porque ele não parou? Ao contrário, venceu a competição.

Aí vem a grande surpresa para os técnicos da competição: Eles foram informados que o

sapo vencedor da competição era surdo, portanto mesmo competindo com outros

animais mais velozes, não tinha escutado os comentários dos torcedores da plateia. (Adaptação do texto a corrida dos sapos)

(Solicitar à paciente que vá abrindo os olhos lentamente...)

Na Exposição Imaginária durante o processo de visualização o terapeuta vai observando

as reações do paciente, principalmente no momento do contato mental com o objeto

fóbico. Após a visualização o terapeuta junto com o paciente, trabalha os

pensamentos, as emoções, as sensações, o grau de aflição, o nível de ansiedade, em

quais momentos o desconforto foi maior; enfim, anota tudo que surgiu durante o

processo e faz uma lista hierarquizada que vai ser analisada e trabalhada posteriormente.

E) QUE PONTOS FORTES DA PACIENTE OU DA SUA VIDA O GRUPO

UTILIZARIA EM FAVOR DO BOM RESULTADO DA TERAPIA E COMO

PERCEBERIAM O MOMENTO DE PREPARÁ-LA PARA A ALTA?

É importante frisar para a paciente que sua procura para realizar processo

terapêutico não só se constituiu um fato de extrema relevância, como também um ponta

pé inicial para retomar ou mesmo criar novas e atualizadas formas de agir no mundo,

que momentos antes se descortinava como inóspito e angustiante. Que tal fato já mostra

sua capacidade de não só acreditar-se capaz de mudar, como também, forte o suficiente

de encarar as situações de sua vida com mais clareza e confiança num futuro melhor. A

Page 12: Fobia especifica

ajuda que a terapia exerce num primeiro momento, serviria apenas de um novo ponto de

partida para que ela pudesse fortalecer-se e seguir adiante na sua vida.

Outro fato importante a ser colocado é como ela quis enfrentar seu medo de

sapos escolhendo o turno da noite para estudar, significando um grande passo em

direção ao seu bem estar, como também uma força interior que desde já buscava dentro

de si para enfrentar o problema. Frisar que essa força já existia dentro dela e que a

terapia ajudou a elevar e fortalecer o que já havia nela mesma.

O fato de ser uma pessoa responsável na sua vida e no trabalho, também precisa

ser lembrado como fortalecedor, pois pode servir de analogia para que se sinta

responsável pelo seu bem estar.

O momento da alta se daria através da observação de que a paciente já se

sentisse em condições de enfrentar seu medo de forma mais adaptativa, sem a presença

de tanto esforço ou resposta ansiogênica no enfrentamento deste.

Todos esses aspectos devem ser levados em consideração no momento de

preparar a paciente para a alta, pois servirão de apoio em situações que possa se deparar

na vida, daí em diante e, em possíveis recaídas.

Anexo

A CIDADE DAS FLORES

(Este texto pode ser usado na Terapia Cognitivo-Comportamental, com pacientes

que tenham fobia específica-medo de sapo.

Pode ser aplicado na Psicoeducação ou na técnica de exposição por meio da

imaginação).

Numa bela noite de lua cheia a Cidade das Flores está em festa, os animais

habitantes da cidade festejavam mais uma vez, a colheita que fora

promissora.

O nome da cidade é devido ao solo fértil, as plantas e hortas viçosas.

Em todas as casas as hortas são belíssimas, nas quais a alface, o repolho, a

couve e todas as hortaliças se desenvolvem com todo vigor. Todos que

chegam ficam admirados com tanta fartura e beleza. Tem também muitas

rosas, cravos, enfim uma variedade de flores que encantam qualquer

visitante.

Os bairros possuem nomes singulares. “Couvelândia” Alfacelândia”,

“cravolândia””Acelgolândia” “Roseiral” “lírio branco”, enfim os bairros foram

sendo denominados em função das belezas das hortas e dos jardins que

florescem em abundância.

Os animais por sua vez, sentem-se gratificados por viverem num local onde

existe equilíbrio nas plantações.

Page 13: Fobia especifica

Certa feita chega à Cidade das flores um belo visitante, esbelto, com suas

penas multicoloridas e, admirando a beleza das plantações, perguntou a um

dos habitantes:

Bom dia senhor, sou visitante nesta cidade e me encantei com a sua beleza,

porém fiquei intrigado com um dos bairros que conheci.

O animal residente da cidade, muito educado lhe respondeu

Bom dia Sr Pavão, a que devemos tão honrosa visita?

Pois é, disse-lhe o pavão, eu venho visitar esta cidade atraída pela sua fama,

que chegou a outras localidades. Todos falam da beleza, do equilíbrio que

existe nas plantações e vim até aqui para conhecê-la, e pelo que estou vendo,

a fama condiz com a realidade.

Porém senhor, senhor... como é mesmo o seu nome?

Ah senhor pavão desculpe esqueci-me de me apresentar

Eu sou o Sr. Sapo jardineiro, resido nesta cidade com minha família e tenho

muitos amigos da minha espécie, mas também convivo bem com os outros

animais da cidade.

Pois é Sr sapo Jardineiro sem querer ser descortês com o senhor, porém devo

dizer-lhe que fiquei surpreso.

Estava observando a beleza desta cidade. Os nomes dos bairros bem

sugestivos e condizentes com a sua beleza. Porém me surpreendeu que entre

os nomes dos bairros encontrei um que se chama “Sapolândia”.

E qual a causa de tanta surpresa senhor pavão?Retrucou o sapo

Bem é que, bem é que... bem senhor sapo vou logo direto no assunto:

Pelo que pude ver esta cidade é belíssima, o seu nome, Cidade das Flores foi

por conta das hortas, dos jardins que aqui florescem em abundancia, porém

a sua espécie tem uma aparência feia, desconcertante, por isso não aprovo

esta decisão. Um bairro com o nome “Sapolândia!” É demais!

Nesta cidade poderia ter um bairro com o nome de “Pavolândia”, afinal como

pavão, sei o quanto eu e minha espécie somos valorosos. Nossas penas são

belíssimas, quem nos vir não foge da nossa presença, ao contrário fica

maravilhado, se aproximam desejando pegar nas nossas penas, enquanto

que os da sua espécie são feios, animais insignificantes que juntos enfeiam

qualquer cidade.

O velho sapo permaneceu em silêncio ouvindo o pavão na sua vaidade.

Este por sua vez estava tão empolgado falando da sua beleza que não

percebeu os mosquitos que chegavam aos seus pés, porém pouco a pouco, foi

ficando inquieto, tentando defender-se de algo que lhe importunava.

Page 14: Fobia especifica

O sapo foi chegando mais perto do pavão e comeu os mosquitos e a lesma

que já estavam subindo pelas suas pernas.

O pavão aliviado exclamou:

Ah! Sr sapo muito lhe agradeço por me livrar desta lesma e destes

mosquitos importunos

Que horror!

O sapo bem tranquilo exclamou:

Pois é Sr Pavão cada um de nós tem a sua importância na natureza. Nós os

sapos somos de aparência feia, porém nesta cidade as hortas, os jardins

tornam-se mais bonitos e viçosos porque nós damos a nossa contribuição.

Alimentamos-nos de pernilongos, formigas, besouros, moscas, e de lesmas.

Imagine Sr pavão se nós os sapos, não existíssemos. As lemas se

multiplicariam e devorariam todas as folhas dos alfaces, das couves, enfiam

destruiriam as hortas, outros insetos danificariam as roseiras, os cravos ,nós

portanto Sr pavão controlamos a população de insetos e de outros

invertebrados que causam grandes prejuízos para a plantação e que

transmitem doenças.

Portanto Sr Pavão, os de sua espécie são belos, e atraem as pessoas, porém

Sr Pavão curve-se um pouco e olhe para os seus pés.

Eles são feios como nós os sapos, porém o senhor só pode se locomover com o

auxilio deles.

O pavão ficou calado e pensativo e mentalmente exclamou:

È este sapo tem razão eu preciso de vez em quando me curvar para olhar os

meus pés e compreender a beleza da utilidade do que é “feio” na natureza.

Texto Escrito por Maria Inês Machado.