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1 UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DeTec – Departamento de Tecnologia Curso de Engenharia Mecânica – Campus Panambi DANIELI GESSI DE OLIVEIRA DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DE UMA FORNALHA DE FOGO INDIRETO PANAMBI 2011

Fornalhas - dimensionamento e instruções

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dimensionamento de fornalha.

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

DeTec – Departamento de Tecnologia

Curso de Engenharia Mecânica – Campus Panambi

DANIELI GESSI DE OLIVEIRA

DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DE UMA FORNALHA DE FOGO INDIRETO

PANAMBI

2011

Page 2: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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DANIELI GESSI DE OLIVEIRA

DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DE UMA FORNALHA DE FOGO INDIRETO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

banca avaliadora do curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –

UNIJUÍ, como requisito parcial para a

obtenção do título de Engenheiro Mecânico.

Banca Avaliadora:

1° Avaliador: PROF. ROGER HOFFMANN, M. Eng.

2° AVALIADOR (ORIENTADOR): PROF. LUÍS ANTONIO BORTOLAIA, M. ENG.

Page 3: Fornalhas - dimensionamento e instruções

3

À toda a minha família pelo amor, carinho

e estímulo que me ofereceram, dedico-lhes essa

conquista como gratidão.

Page 4: Fornalhas - dimensionamento e instruções

4

AGRADECIMENTOS

A Deus pai, que esteve sempre ao meu lado servindo de refúgio nas horas mais difíceis.

A meu esposo Anderson, pelo amor, carinho, compreensão, pela dedicação e,

especialmente, por estar ao meu lado, dando-me forças para concluir este trabalho.

Ao meu pai João Carlos (in memoriam), que com certeza esteve ao meu lado em todos

os momentos, a minha mãe Erci e a minha sogra Neiva pela pelo apoio e carinho.

Ao professor Luís Antônio Bortolaia, pela valiosa e motivadora orientação, pelo,

incentivo e amizade.

À empresa Engegran Indústria e Montagens Ltda. pela oportunidade de desenvolver um

estudo sobre seu equipamento e pelo fornecimento das informações necessárias para o

desenvolvimento deste trabalho

À Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul cujos conhecimentos lá

obtidos, me foram à base técnica necessária para desenvolver este trabalho.

MUITO OBRIGADO!

Page 5: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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RESUMO

A exigência de melhores rendimentos e qualidade no processo de secagem de

sementes e gêneros alimentícios, fez com que empresas fornecedoras de equipamentos para

armazenagem buscassem soluções que atendessem aos requisitos deste mercado. Visando

atender a esse mercado a empresa Engegran Indústria e Montagens Ltda. desenvolveu uma

fornalha de fogo indireto que pelo seu principio de funcionamento mantém as características

físicas e de qualidade do produto exigidas. Juntamente com essa fornalha, o sistema de

secagem para sementes, também é formado por um secador desenvolvido pela empresa

Engegran próprio para essa aplicação. Com base no projeto existente deste sistema de

secagem e informações cedidas pelo fornecedor destes equipamentos, desenvolveu-se um

método de cálculo para dimensionamento deste conjunto visando à análise entre o projeto

existente com os resultados obtidos nos cálculos. Através de uma análise feita em cima dos

resultados obtidos concluiu-se que houve algumas divergências entre os valores calculados e

os dados do equipamento e sugeriram-se algumas alterações no projeto para melhor

funcionamento e desempenho do sistema bem como sugestões para futuros estudos.

Palavras chaves: secagem, fornalha de fogo indireto, secador, dimensionamento, resultados,

alterações.

Page 6: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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ABSTRACT

The demand for higher efficiency and quality in drying of seeds and food, made

equipment suppliers to seek storage solutions that meet the requirements of this market. In

order to satisfy this market, the company Engegran Indústria e Montagens Ltda. developed an

indirect fire furnace that by its principle of operation maintains the physical characteristics

and quality of product required. Along with this furnace, the drying system for seeds also

consists of a dryer developed by Engegran suitable for this application. Based on the existing

design of this drying system and information provided by the supplier of these equipments, it

was developed a calculation method for sizing this set with the aim of analysis between the

existing project with the results obtained in the calculations. Through an analysis of the

results obtained, it was concluded that there were some differences between the calculated

values and the data of the equipment, and it was suggested a few design changes for the better

functioning and performance of the system as well as suggestions for future studies.

Keywords: drying, indirect fire furnace, drying system, sizing, results, changes.

Page 7: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Classificação do Método de Secagem (SILVA, 2005). ........................................... 14

Figura 2– Secagem Natural (SILVA, 2005). ............................................................................ 14

Figura 3– Secador de Leito Fixo (SILVA, 2005). .................................................................... 15

Figura 4– Secador de Fluxos Cruzados (SILVA, 2005). .......................................................... 16

Figura 5– Secador de Fluxos Contracorrentes (SILVA, 2005). ............................................... 16

Figura 6 – Secador de Fluxos Concorrentes (SILVA, 2005). .................................................. 17

Figura 7– Secador Tipo Cascata (SILVA, 2005). .................................................................... 18

Figura 8– Fornalha de Fogo Direto (MAGALHÃES, 2007). .................................................. 21

Figura 9– Fornalha de Fogo Indireto (MAGALHÃES, 2007). ................................................ 22

Figura 10– Esquema do Trocador de Calor Tubo Duplo. ........................................................ 23

Figura 11 – Esquema do Trocador de Casco e Tubo (VICTORIA, 2009). .............................. 24

Figura 12 – Esquema do Trocador de Calor de Placas (VICTORIA, 2009). ........................... 25

Figura 13 – Esquema de Funcionamento do Secador Intermitente.(ENGEGRAN, 2010). ..... 27

Figura 14 – Fornalha de Fogo Indireto FI 500. (ENGEGRAN, 2010). .................................... 28

Figura 15 – Fornalha de Fogo Indireto FI 500. (ENGEGRAN, 2010). .................................... 28

Figura 16 – Esquema do Balanço de Energia. (MAGALHÃES, 2007). .................................. 37

Figura 17 – Corte da fornalha (ENGEGRAN, 2010). .............................................................. 45

Page 8: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Capacidade de Secagem SIE 500. ............................ Erro! Indicador não definido.

Tabela 2 – Valores de Carga K. ................................................. Erro! Indicador não definido.

Tabela 3– Composição química da lenha. ................................................................................ 34

Tabela 4 – Excesso de Ar para vários tipos de combustíveis. .................................................. 35

Tabela 5– Valores de U para vários tipos de trocador de calor. ............................................... 40

Tabela 6 – Comparativo do Secador SIE 500........................................................................... 42

Tabela 7 – Comparativo da Fornalha FI 500. ........................................................................... 43

Tabela 8 – Dimensões da Câmara de Combustão FI 500. ........................................................ 45

Page 9: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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LISTA DE SÍMBOLOS

A Área do trocador de calor [m2]

A�� Área de grelha [m²]

A���� Área do tubo do trocador de calor [m2]

Cap�� �� Capacidade diária [ton]

Carga� Fator conforme tipo de combustível [kcal/m³h]

C��O Calor específico da água [kcal/kg°C]

Cm Calor específico do produto a ser secado [kcal/kg°C]

c� Calor específico [kcal/kg°C]

comp���� Comprimento do tubo do trocador de calor [m]

d Diâmetro do tubo do trocador de calor [m]

F Fator de correção -

hf Teor de umidade final BU [%]

hi Teor de umidade inicial BU [%]

K Fator de carregamento da fornalha e tipo de combustível [kg/m².h]

m � Massa de ar comburente [kg]

m���� Quantidade de combustível necessária [kcal/kg]

m� ���� Vazão mássica das cinzas [kg/h]

m� ��� Vazão mássica dos gases que saem da fornalha [kg/h]

m� � ��� Vazão mássica dos gases gerados na combustão [kg/h]

m� ��� � Vazão mássica real de ar comburente [kg/h]

n Número de tubos do trocador -

P Perdas [%]

PCI Poder calorífico inferior [kcal/kg]

q Quantidade de calor trocado [kcal]

Q Quantidade de calor necessário à secagem [kcal]

Q! Quantidade de calor na fornalha [kcal]

q# Energia calorífica do ar quente [kcal]

q$ Energia calorífica do ar frio [kcal]

r Calor latente d’água [kcal/kg°C]

t Tempo [h]

ta Temperatura inicial do produto [°C]

Page 10: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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te Temperatura de exercício de secagem [°C]

t#� Temperatura de entrada do fluido quente [°C]

ton Toneladas [ton]

t#� Temperatura de saída do fluido quente [°C]

t$� Temperatura de saída do fluido frio [°C]

t$� Temperatura de entrada do fluido frio [°C]

U Coeficiente global de troca térmica [kcal/m²h°C]

V Vazão volumétrica de ar [m³/h]

V���� Volume da câmara de combustão [m³]

W Peso de entrada do produto a ser secado [kg]

α Fator de excesso de ar [%]

η Rendimento [%]

∆T Variação de temperatura [°C]

∆Tml A média logarítmica das temperaturas dos fluidos [°C]

Page 11: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12

1 REVISÃO BBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 13

1.1 PROCESSO DE SECAGEM DE GRÃOS ......................................................................... 13

1.2 FORNALHAS .................................................................................................................... 18

1.2.1 Classificação das Fornalhas ............................................................................................. 20

1.3 TROCADOR DE CALOR ................................................................................................. 22

1.3.1 Classificação dos Trocadores de Calor ............................................................................ 22

2 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 26

2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 26

2.1 SECADOR INTERMITENTE SIE 500 ............................................................................. 26

2.2 FORNALHA DE FOGO INDIRETO FI 500 ..................................................................... 27

2.3 SISTEMA DE SECAGEM DE SEMENTES ..................................................................... 28

2.4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE SECAGEM PARA SEMENTE .................. 28

2.4.1 Cálculo da Capacidade de Calor Necessária para a Secagem ......................................... 29

2.4.2 Cálculo da Vazão de Ar Necessária para a Secagem ...................................................... 31

2.4.3 Dimensionamento da Fornalha ........................................................................................ 31

2.4.4 Balanço de Energia .......................................................................................................... 36

2.4.5 Dimensionamento do Trocador de Calor ........................................................................ 38

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................................... 42

3.1 INTRUDUÇÃO .................................................................................................................. 42

3.2 COMPARATIVO DOS VALORES CALCULADOS DO SECADOR SIE 500 .............. 42

3.3 COMPARATIVO DOS VALORES CALCULADOS DA FORNALHA FI 500 ............. 42

3.4 COMPARATIVO DO TROCADOR DE CALOR ............................................................ 43

3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................. 43

3.6 RECOMENDAÇÕES PARA ALTERAÇÃO DO PROJETO ........................................... 44

3.7 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS DO SISTEMA DE SECAGEM ................ 46

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 48

ANEXO A– CATÁLOGO DO SECADOR INTERMITENTE .............................................. 49

Page 12: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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INTRODUÇÃO

Com a intensa globalização dos mercados agrícolas que estão cada vez mais dinâmicos

e interligados, existe uma exigência em relação aos processos produtivos no que se refere à

qualidade dos produtos e ao preço final de mercado.

A necessidade de conhecimentos sobre conservação de grãos fica evidenciada quando

são analisadas as potencialidades brasileiras de produção agrícola e são verificadas grandes

perdas de parte do que se produz, em função de deficiências em infra-estrutura, como falta de

unidades de secagem e armazenamento e/ou de suas inadequações, causando prejuízo ao

produtor.

Na produção de sementes e gêneros alimentícios não é recomendada a utilização de

temperaturas elevadas para secagem e nem o contato do ar aquecido com o produto para que

seja garantida a qualidade do produto de acordo com as exigências de qualidade. Por isso, em

sistemas de secagem de unidades de beneficiamento de sementes e alimentos, o sistema de

secagem deve ser bem projetado para evitar danos e perdas de grãos e também, prejuízos ao

produtor.

Para unidades sementeiras e alimentícias, é preferível a instalação de fornalha de fogo

indireto que além de fornecer uma temperatura de secagem ideal para esses tipos de produto,

não ocorre o contato do ar aquecido com os grãos envolvidos no processo evitando desta

forma a contaminação pelas impurezas geradas na queima do combustível. Neste tipo de

fornalha o aquecimento do ar de secagem se dá através de um trocador de calor.

A empresa Engegran Indústria e Montagens, fornecedora de equipamentos para

unidades armazenadoras é uma fabricante deste modelo de fornalha que será a base de estudo

deste trabalho. Através do projeto existente, busca-se realizar uma análise da fornalha

verificando se o que está sendo executado é coerente com os resultados obtidos pelo método

de cálculo empregado e disso, tirar as conclusões devidas do projeto, e, se necessário,

recomendações de alteração na forma construtiva da fornalha e demais equipamentos

envolvidos no processo de secagem.

Page 13: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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1 REVISÃO BBLIOGRÁFICA

Neste capítulo apresenta-se uma breve introdução sobre os assuntos pertinentes ao

estudo em questão trazendo algumas definições relevantes para o entendimento do leitor

sobre a metodologia utilizada.

1.1 PROCESSO DE SECAGEM DE GRÃOS

A colheita de sementes com umidade acima da recomendada para a armazenagem

segura torna-se uma prática comum entre os produtores, pois as sementes permanecendo na

lavoura após a maturidade fisiológica ficam expostas à ação das mudanças de temperatura e

umidade que podem causar significativos danos físicos e fisiológicos. Antecipando-se a

colheita das sementes, as mesmas possuem um alto grau de umidade, porém possuem

reduzidos índices de danificação e deterioração do produto.

Para garantir que estas sementes com grau de umidade elevado não sejam danificadas,

causando prejuízo ao produtor, é necessário que haja um sistema de secagem.

As principais vantagens da secagem segundo SILVA (2008) são:

• Permite antecipar a colheita, disponibilizando a área para novos cultivos;

• Minimiza a perda do produto no campo;

• Permite armazenagem por períodos mais longos, sem o perigo de

deterioração do produto;

• O poder germinativo é mantido por longos períodos; e

• Impede o desenvolvimento de microrganismos e insetos.

O processo de secagem envolve a retirada parcial de água das sementes através da

transferência simultânea de calor do ar para as sementes e de água, por meio de fluxo de

vapor, das sementes para o ar.

O método de secagem pode ser classificado conforme mostra o fluxograma a seguir

(Figura 1).

Page 14: Fornalhas - dimensionamento e instruções

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Figura 1– Classificação do Método de Secagem (SILVA, 2005).

• Secagem Natural

Emprega energia solar ou eólica (Figura 2), para remover a umidade dos grãos. Os

grãos são dispostos em eiras ou lonas, observando que se deve ter o cuidado para que os grãos

possam ser secos uniformemente. Este método é pouco afetado por danos mecânicos e

térmicos, no entanto, dependente das condições psicrométricas do ar ambiente, que muitas

vezes não são adequadas para a secagem. É um método adequado para reduzida quantidade de

grãos.

Figura 2– Secagem Natural (SILVA, 2005).

• Secagem Artificial

Basicamente refere-se ao insuflamento de ar aquecido através de um volume de

sementes que permanece estático. É necessário ter cuidado na operação do equipamento de

secagem para que os grãos mais próximos da entrada de ar não sejam aquecidos a uma

temperatura muito alta, causando uma secagem excessiva e nem que os mais distantes

demorem muito tempo para serem secos. A secagem artificial é dividida em:

Page 15: Fornalhas - dimensionamento e instruções

15

• Secagem de baixa temperatura: o ar de secagem neste método não

ultrapassa em mais que 10 graus Celsius da temperatura ambiente.

Estruturalmente, pode-se considerar como sendo secadores dessa

modalidade os silos.

• Secagem em altas temperaturas: operam com temperatura acima de 10

graus Celsius da temperatura ambiente. Podem ser classificados

primeiramente em função dos sentidos dos fluxos do ar de secagem e da

massa de grãos: leito fixo, fluxos cruzados, fluxos contracorrentes, fluxos

concorrentes e fluxos mistos (secador tipo cascata). E segundo em função à

forma de funcionamento podem ser classificados em contínuos e

intermitentes.

- Secadores de leito fixo (Figura 3): a camada de grão a ser secada permanece estática neste

sistema. O sistema dispõe de fornalha a lenha, ventilador e câmara de secagem com

capacidade estática em torno de 5 toneladas.

Figura 3– Secador de Leito Fixo (SILVA, 2005).

- Secadores de Fluxos Cruzados: os grãos e o fluxo de ar de secagem se cruzam sob um

ângulo de 90° na câmara de secagem. Conforme é mostrado na figura 4, ocorre inversão de

lado das colunas de grãos da primeira para segunda câmara de secagem. Isto é feito para

homogeneizar o teor de umidade na massa de grãos. Pois, o produto que se encontra mais

próximo à entrada do ar de secagem, torná-lo mais seco e aquecido.

Page 16: Fornalhas - dimensionamento e instruções

16

Figura 4– Secador de Fluxos Cruzados (SILVA, 2005).

- Secador de Fluxos Contracorrentes: os fluxos de grãos e ar de secagem ocorrem em

sentidos opostos, sendo que o fluxo de grãos ocorre no sentido da gravidade e o fluxo

de ar em sentido ascendente. Em seu funcionamento, a frente de secagem permanece

sempre junto ao fundo. Esse sistema de secagem é composto por um silo que possui:

fundo perfurado, sistema de aquecimento, ventilador e sistema de movimentação de

grãos. À medida que ocorre a secagem, a camada de grãos seca é transportada para silos

armazenadores ou então, é depositada na parte superior da massa de grãos. Para tanto, o

sistema de movimentação de grãos é acionado por um termostato que monitora o

avanço da frente de secagem. Quando o termostato detecta temperatura próxima a 70 °C

é acionado o sistema de movimentação de grãos.

Figura 5– Secador de Fluxos Contracorrentes (SILVA, 2005).

- Secador de Fluxos Concorrentes: os fluxos de ar de secagem e grãos têm o mesmo sentido

de deslocamento (Figura 6).

Produto

Ventiladores

Page 17: Fornalhas - dimensionamento e instruções

17

Figura 6 – Secador de Fluxos Concorrentes (SILVA, 2005).

- Secador de fluxos mistos ou secador do tipo Cascata: de acordo com SILVA (2005), é o

modelo de secador mais utilizado pelas unidades armazenadoras, disponibilizado com

capacidades de secagem de 15 a 250 t/h. Estruturalmente, esses secadores possuem uma torre

central montada pela superposição vertical de caixa dutos. Uma caixa duto é formada por

dutos montados em uma fileira horizontal. Conforme pode ser observado na Figura 7, 2/3 da

altura da torre correspondem à câmara de secagem. Pelo lado esquerdo entra o ar de secagem

com temperaturas entre 60 a 100°C. E do lado direito é procedida a sucção do ar exausto, que

geralmente possui temperatura em torno de ± 7°C acima da temperatura ambiente. O 1/3

inferior da altura da torre é destinado à câmara de resfriamento. Cujo objetivo é retirar calor

da massa de grãos, deixando-a com temperatura próxima a ideal para a armazenagem. Para o

secador esquematizado, ocorre o reaproveitamento do ar que sai da seção de resfriamento.

Assim, ao invés de lançá-lo ao ambiente, este é misturado ao ar de secagem, melhorando o

rendimento do secador. O secador esquematizado na Figura 7 tem ventiladores colocados na

parte superior, podendo também dispô-los na lateral ou junto à base. A função dos

ventiladores é garantir a vazão de ar necessária à secagem. Sobre a torre do secador está

montada a Pirâmide de Carga ou Funil de Carga sendo que neste local deve ser mantida uma

quantidade de grãos que permita a torre sempre estar cheia. Isto evita a passagem direta do ar

de secagem de um lado da torre para o outro o que representa uma economia de energia

calorífica.

Page 18: Fornalhas - dimensionamento e instruções

18

Figura 7– Secador Tipo Cascata (SILVA, 2005).

E quanto ao seu funcionamento classificam-se:

- Secador Contínuo: quando o produto necessita passar uma só vez pelo secador para atingir

o teor de umidade desejado.

- Secador intermitente: o produto necessita recircular por várias vezes.

1.2 FORNALHAS

As fornalhas são equipamentos projetados para garantir a queima completa do

combustível, de modo eficiente e contínuo, em condições que permitam o aproveitamento da

energia térmica liberada da combustão, obtendo-se maior rendimento térmico possível. O

projeto de uma fornalha é baseado nos 3Ts da combustão: temperatura, turbulência e tempo.

Page 19: Fornalhas - dimensionamento e instruções

19

O tamanho e a forma da fornalha dependem do tipo de combustível, do dispositivo

usado para queimá-lo e da quantidade de energia a ser liberada num intervalo de tempo. Para

que ocorra a combustão completa do combustível, deve-se buscar uma mistura ar-combustível

homogênea, na dosagem ideal e no tempo correto. Com isso, obtém-se um aquecimento do

combustível até a sua ignição auto-sustentável.

As fornalhas devem ser dimensionadas para garantir a combustão completa dos

combustíveis, que podem ser sólidos, gasosos e líquidos.

As fornalhas devem ser dimensionadas para:

• Permitir a alimentação continua e uniforme do combustível;

• Possuir aberturas reguláveis para a entrada de ar primário e secundário;

Possibilitar distribuição uniforme e turbulenta do ar na câmara de combustão;

• Assegurar a estabilidade da queima e a continuidade operacional do sistema;

• Permitir a remoção eficiente das cinzas;

• Apresentar boa tiragem para a retirada continua dos produtos da combustão.

Segundo MAGALHÃES (2007), para assegurar a queima dos combustíveis que

fornecerão calor ao ar e promover a secagem dos grãos, a fornalha basicamente deve ser

constituída de:

• Câmara de combustão: espaço destinado ao processo da combustão propriamente

dita, no qual todos os compostos combustíveis devem ser oxidados, liberando

energia térmica. A temperatura é um dos quesitos principais no dimensionamento

da fornalha. Uma câmara de combustão muito grande pode não propiciar a

temperatura mínima de combustão dos combustíveis, enquanto, em câmaras

menores, pode não ocorrer à queima completa dos gases liberados do combustível

em virtude do curto tempo de permanência deles na câmara.

• Grelha: estrutura que mantém o combustível sólido suspenso durante o processo

de combustão, enquanto o ar comburente circula por sua superfície. As grelhas

devem propiciar a sustentação dos combustíveis, assim como permitir a passagem

das cinzas para o cinzeiro e devem ser produzidas com material resistente a altas

temperaturas como o ferro fundido.

• Cinzeiro: depósito localizado abaixo da grelha, destinado ao armazenamento dos

resíduos da combustão (cinzas). Dependendo da configuração, também se destina à

passagem do ar comburente.

Page 20: Fornalhas - dimensionamento e instruções

20

• Entradas de ar: são responsáveis pela passagem do ar comburente para o interior

da fornalha. Elas devem ser reguláveis e localizadas em pontos estratégicos no

corpo da fornalha, favorecendo a mistura do comburente com o combustível.

• Saídas dos gases: as saídas dos gases devem ser localizadas em função da

configuração da fornalha, ou seja, na forma de chaminé, exaurindo os gases da

combustão no ambiente, ou em forma de aberturas que permitam o aproveitamento

desses gases.

• Sistema de alimentação: normalmente em fornalhas a lenha, a alimentação é feita

manualmente, por meio de uma abertura na câmara de combustão, na qual o

combustível é disposto sobre a grelha. No caso de fornalhas para combustíveis

particulados, a alimentação deve ser preferencialmente mecanizada, por meio de

alimentadores com rosca sem fim ou por sistemas pneumáticos.

1.2.1 Classificação das Fornalhas

As fornalhas podem ser classificadas de acordo com a forma de aquecimento do ar,

sendo que podem ser de fogo direto onde o ar de secagem é proveniente dos gases de

combustão ou de fogo indireto que utiliza trocadores de calor.

- Fornalhas de fogo direto: os gases resultantes da combustão são misturados com o

ar ambiente. Esse tipo de mistura pode gerar contaminantes indesejáveis que entram em

contato com os grãos ou com as sementes. Neste tipo de fornalha é necessário que haja um

ciclone, que na verdade tem a função de um decantador, em que as partículas mais pesadas

(partículas incandescentes) sejam separadas do fluxo gasoso pela ação da força centrífuga. A

fornalha de fogo direto possui maior rendimento do que a fornalha de fogo indireto.

Por mais que esse tipo de fornalha possua um bom rendimento, seu uso não é

aconselhável para a secagem de gêneros alimentícios como feijão, café, arroz, cacau,

amendoim entre outros, pois pode ocorrer a contaminação pelos gases de combustão além de

influenciar no sabor, odor e até em sua aparência. Para este caso recomenda-se o uso da

fornalha de fogo indireto.

Na figura 8 pode-se visualizar um modelo de fornalha a lenha, de fogo direto, em que

o ar comburente passa pela área livre da grelha antes de entrar na câmara de combustão. Pode-

se perceber também que existe uma chicana para aumentar o tempo de retenção dos gases de

combustão, promovendo tempo suficiente para a realização da combustão, além do quebra

chamas para apagamento de fagulhas.

Page 21: Fornalhas - dimensionamento e instruções

21

Figura 8– Fornalha de Fogo Direto (MAGALHÃES, 2007).

- Fornalha de fogo indireto: destina-se a atividades agrícolas que requerem

temperaturas controladas, não muito altas. O ar frio, ao entrar pelos tubos do trocador de

calor, é aquecido pelo fluido circulante na carcaça até uma temperatura máxima determinada

pelo equilíbrio com a temperatura do fluído circulante. Além da grande durabilidade, a

fornalha em questão apresenta como vantagem a não-contaminação do ar aquecido, mesmo

quando a combustão é incompleta.

Na Figura 9, é apresentado o esquema básico de uma fornalha para aquecimento

indireto utilizando trocador de calor. Nota-se que no interior da câmara de combustão foi

instalada uma estrutura metálica, por onde circulavam os fluidos quentes. Esta estrutura é

aquecida pelas chamas da lenha em combustão. O fluido circula por convecção natural, sendo

conduzido a um trocador de calor água-ar que aquecia o ar de secagem. Os gases de

combustão são conduzidos para a chaminé e exauridos para o ambiente.

Page 22: Fornalhas - dimensionamento e instruções

22

Figura 9– Fornalha de Fogo Indireto (MAGALHÃES, 2007).

1.3 TROCADOR DE CALOR

Um trocador de calor é um equipamento onde ocorre uma troca térmica entre dois

fluidos normalmente separados por uma parede. Há diversos tipos construtivos, dentre os

quais, um dos mais usados industrialmente é o de feixe tubular, constituído por um conjunto

de tubos envolto por um casco. Um dos fluidos circula no interior dos tubos e o outro fluido

escoa no lado externo.

1.3.1 Classificação dos Trocadores de Calor

Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com sua geometria como:

• Duplo tubo;

• Casco e tubo;

• Placas;

• Outros: Trocadores compactos, resfriadores de ar, variações do casco e

tubo, etc.

Page 23: Fornalhas - dimensionamento e instruções

23

- Trocadores tubo duplo (Figura 10): é composto por dois tubos concêntricos, geralmente

com trechos retos e com conexões apropriadas nas extremidades de cada tubo para dirigir os

fluidos de uma seção reta para outra. Neste tipo de trocador, um fluido escoa pelo tubo

interno e outro, pelo espaço anular, a troca de calor ocorre através da parede do tubo interno.

Suas principais vantagens são:

• Facilidade de construção e montagem;

• Facilidade de manutenção e acesso para limpeza.

Figura 10– Esquema do Trocador de Calor Tubo Duplo.

- Trocador de calor casco e tubo (Figura 11): é composto por um casco cilíndrico,

contendo um conjunto de tubos, colocados paralelamente ao eixo longitudinal do casco. Os

tubos são presos, em suas extremidades a placas perfuradas denominadas espelhos e a cada

furo corresponde a um tubo do feixe. Os espelhos são presos de alguma forma ao casco. Os

tubos que compõe o feixe atravessam várias placas perfuradas, as chicanas, que servem para

direcionar o fluido que escoa por fora dos tubos e também para suportar os tubos. No trocador

um dos fluidos escoará pelo interior dos tubos e outro por fora dos tubos.

A distribuição dos tubos é padronizada e o número de tubos que é possível distribuir

em um determinado diâmetro, depende do diâmetro externo do tubo, da distância e arranjo

dos tubos que compõe o feixe e do número de passagens no lado do tubo.

O espaçamento entre as chicanas é padronizado. A redução no seu espaçamento tende

a elevar o coeficiente de troca de calor do lado do casco, entretanto, tende a aumentar também

a perda de carga o que pode sobrecarregar o sistema de movimentação do fluido.

Page 24: Fornalhas - dimensionamento e instruções

24

Figura 11 – Esquema do Trocador de Casco e Tubo (VICTORIA, 2009).

- Trocador de calor de placas: conforme mostrado na figura 12, consiste de um

suporte, onde placas independentes de metal, sustentadas por barras, são presas por

compressão, entre uma extremidade móvel e outra fixa. Entre placas adjacentes formam-se

canais por onde os fluidos escoam. As placas são feitas por prensagem e apresentam na

superfície corrugações, as quais fornecem mais resistência à placa e causam maior turbulência

aos fluidos em escoamento. As vantagens destes equipamentos são:

• Facilidade de acesso a superfície de troca, substituição de placas e facilidade

de limpeza;

• Flexibilidade de alteração da área de troca térmica;

• Fornece grandes áreas de troca ocupando pouco espaço;

• Pode operar com mais de dois fluidos;

• Apresenta elevados coeficientes de transferência de calor;

• Incrustação reduzida em função da turbulência, ocasionando menos paradas

para limpeza;

• Baixo custo inicial;

• Não é necessário isolamento;

• Mesmo que a vedação falhe não ocorre à mistura das correntes;

• Possibilidade de respostas rápidas em função do pequeno volume de fluido

retido no trocador.

Page 25: Fornalhas - dimensionamento e instruções

25

Figura 12 – Esquema do Trocador de Calor de Placas (VICTORIA, 2009).

- Trocador de calor Compacto: são equipamentos que apresentam alta razão entre

área de transferência de calor e volume do trocador. São exemplos deste tipo de trocador os

trocadores de placa e espiral, trocadores com tubos aletados, resfriadores a ar e variações do

trocador casco e tubo.

Page 26: Fornalhas - dimensionamento e instruções

26

2 ESTUDO DE CASO

2.1 INTRODUÇÃO

O trabalho de análise se realizará tendo como base uma fornalha de fogo indireto

fabricada pela Empresa Engegran Indústria e Montagens Ltda. modelo FI 500. Este modelo de

fornalha é utilizada juntamente com o secador para promover a remoção da umidade dos

grãos ou sementes, mais precisamente, esta fornalha foi projetada para atender as

necessidades de secagem para um secador intermitente modelo SIE 500 que também é

fabricado pela Empresa.

2.1 SECADOR INTERMITENTE SIE 500

O secador intermitente é indicado para secagem da cultura do arroz, mas também com

bons resultados nas culturas de milho, soja, trigo, sorgo, etc.. Combinando este modelo de

secador com a fornalha de fogo indireto, obtêm-se bons resultados na secagem de sementes e

de gêneros alimentícios como o feijão.

O secador intermitente SIE 500 é composto por: sistema de aspiração de ar

(ventiladores), funil de carga, câmara de homogeneização, torre de secagem, funil de descarga

e duto de entrada do ar quente. Seu funcionamento consiste em na ação do calor por pequenos

espaços de tempo, intercalados por períodos mais longos onde não há o contato com o ar

aquecido. Este processo evita o super aquecimento dos grãos e permite a remoção da umidade

de modo mais suave e eficiente, resultando em um rendimento de sementes inteiras superior

aos processos comuns de secagem.

Enquanto que no secador de coluna continuo a torre de secagem é praticamente em

toda a extensão do secador, exceto no funil de carga e funil de descarga, no secador

intermitente a torre de secagem é de proporção menor. Acima dela há uma câmara de

homogeneização que tem função de resfriar as sementes antes que as mesmas tenham um

novo contato com o ar aquecido proveniente da fornalha, já que na secagem deste gênero não

é recomendado o contato com o ar quente por muito tempo.

Page 27: Fornalhas - dimensionamento e instruções

27

Figura 13 – Esquema de Funcionamento do Secador Intermitente.(ENGEGRAN, 2010).

.

2.2 FORNALHA DE FOGO INDIRETO FI 500

A fornalha metálica de fogo indireto Engegran FI 500 (Figura 14) é constituída pela

câmara de combustão, pelo revestimento com material refratário, pela estrutura externa

metálica, pelo trocador de calor, pela porta de alimentação do combustível, pelos cinzeiros,

pelo duto de ligação fornalha/secador e pela chaminé que promove a saída dos gases para o

ambiente e pelas entradas de ar natural.

Page 28: Fornalhas - dimensionamento e instruções

28

Figura 14 – Fornalha de Fogo Indireto FI 500. (ENGEGRAN, 2010).

2.3 SISTEMA DE SECAGEM DE SEMENTES

O sistema de secagem para sementes da empresa Engegran, basicamente é composto

pelos equipamentos mostrados na figura 15:

Figura 15 – Fornalha de Fogo Indireto FI 500. (ENGEGRAN, 2010).

2.4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE SECAGEM PARA SEMENTE

Para a realização do cálculo do sistema de secagem que envolve os equipamentos

descritos acima, é necessário ter o conhecimento de algumas informações relacionadas ao

método utilizado para o dimensionamento destes equipamentos. Na tabela 1 são descritas

Page 29: Fornalhas - dimensionamento e instruções

29

algumas informações fornecidas pelo fabricante em relação à capacidade de secagem e em

quais condições estas foram consideradas:

Tabela 1– Capacidade de Secagem SIE 500.

SECADOR INTERMITENTE SIE 500

Capacidade Capacidade

Estática (scs) m³ ton

45 27 544

Capacidade de secagem diária por faixas de redução de umidade (ton)

24% → 13% 22% → 13% 18% → 13% 24% → 16% 22% → 16%

70 84 130 90 112

Observações:

A capacidade de secagem, assim como a quantidade de energia necessária,estão definidas

para as seguintes condições:

• Temperatura ambiente de 20 °C;

• Umidade relativa ambiente = 60%;

• Pressão atmosférica de 717 mmHg;

• Produto: sementes de soja (750 kg/m³);

• Teor de Impurezas de 1%;

• Temperatura de Secagem de 60 °C.

2.4.1 Cálculo do calor necessário para a secagem

De acordo com MILMAN (2002) a quantidade de calor necessária para elevar a

temperatura dos grãos e da água que o impregna, até a temperatura de regime pode ser

calculado conforme a equação 1:

( = * +,100 − ℎ1100 234 + , ℎ110023��67 89: − 9;< + =*8ℎ1 − ℎ><100 − ℎ> ? @ + A (1)

Sendo que:

Q = quantidade de calor necessário à secagem em kcal;

W = peso de entrada do produto a ser secado em kg;

hi = teor de umidade inicial %BU;

Page 30: Fornalhas - dimensionamento e instruções

30

hf = teor de umidade final %BU;

Cm = calor específico do produto a ser secado (grão ≈ 0,47 kcal/kg°C);

CH2O = calor específico da água (1 kcal/kg°C);

r = calor latente d’água (568 kcal/kg°C, a 50°C);

te = temperatura de exercício de secagem (50°C) constante;

ta = temperatura inicial do produto (ºC);

P = perdas ≈ 30%

Para o cálculo, considera-se a umidade inicial de secagem como sendo 18% e a final

sendo 13%, assim com a Tabela 1 obtêm-se a quantidade de produção diária. Sabe-se que em

período de safra um secador trabalha em torno de 10 horas por dia, então é considerado o

valor de W como sendo:

* = 3;BCDEFDE9 (2)

* = 1309GH10ℎ@I

* = 139GH = 13.000KL

O valor da temperatura de entrada do produto é estimado em 20°C, conforme a tabela 1.

Então:

( = 13000 KL ℎM +,100− 18

1002 0,47KO;P KL°3M + , 18

1002 1 KO;P KL°3M 7 850℃− 20℃<

+RSSST13000

KL ℎM 818− 13<100 − 13

UVVVW

568KO;P KL°3M

Q = 644 874 kcal/h

Considerando uma perda de 30% tem-se que a quantidade de calor necessária para a

retirada de umidade dos grãos é de:

Qperda= Q⋅P (3)

Qperda= 644874 kcal/h1,3

Qperda= 838336 kcal/h

Para os cálculos que seguem, considera-se o valor de Qperda = Q.

Page 31: Fornalhas - dimensionamento e instruções

31

2.4.2 Cálculo da Vazão de Ar Necessária para a Secagem

Conforme MILMAN (2002), a vazão de ar necessária para a secagem da massa de

grãos é dada pela equação 4:

X = (0,286 ∙ ∆9 (4)

V = vazão de ar em m³ de ar por hora;

Q = quantidade de calor em kcal/h;

∆t = diferença de temperatura com que deve ser aquecido o ar em °C.

Como já foi mencionado anteriormente, para fins de cálculo considera-se a

temperatura inicial do ar como sendo 20°C, ou seja, o ar que entra no trocador de calor para

ser aquecido, e a temperatura de saída que é a temperatura de saída como sendo 60°C. Assim

a vazão de ar necessária para a secagem é:

X = 8383360,286 ∙ 860− 20<

V = 73281 m³/h

2.4.3 Dimensionamento da Fornalha

- Cálculo da Quantidade de Calor na Fornalha

A fornalha como qualquer equipamento ou máquina possui certo rendimento, ou seja,

para garantir que as exigências de projeto sejam atendidas na prática, considera-se um fator de

correção. No caso em questão, estima-se um rendimento de 85% na fornalha. Então a

quantidade de calor que a fornalha deverá fornecer para que ocorra a secagem é dada por:

([ =(\ (5)

([ =8383360,85

([ = 986277,65KO;P/ℎ

Page 32: Fornalhas - dimensionamento e instruções

32

- Cálculo da Quantidade de Combustível a ser Consumido

Conhecendo-se a quantidade de energia a ser fornecida pela fornalha, por unidade de

tempo, pode-se determinar o consumo de combustível para atender à demanda de energia

requisitada:

m� ^_`a = ([A3b (6)

Sendo:

4^_`a= quantidade de combustível necessária em kcal/kg;

PCI = poder calorífico inferior (lenha = 2800 kcal/kg).

m� ^_`a = 986277,65KO;P/ℎ2800KO;P/KL

m� ^_`a = 352,2KL/ℎ

- Cálculo da Área da Grelha

Conforme WEBER (2005) a área da grelha é dada pela equação:

cdF = m� ^_`ae (7)

Sendo K um fator que varia de acordo com o combustível e forma de carregamento na

fornalha. Tem-se que:

• Para grelhas planas e lenha:

• Carga manual e ar natural: 80 a 130 kg/m².h

• Carga mecânica e ar forçado: 150 a 300 kg/m².h

• Para grelhas planas e carvão:

• Ar natural: 70 a 150 kg/m².h

• Ar forçado: 200 a 300 kg/m².h

• Para grelhas inclinadas: serragem, bagaço de cana, casca de amendoim, casca

de arroz, outros com umidade abaixo de 50%.

• Ar natural: 60 a 120 kg/m².h

• Ar forçado: 150 a 250 kg/m².h

Como está sendo adotado como combustível a lenha e que a carga é manual,

considera-se o valor de K como uma média do menor valor e do maior, então K = 105

kg/m².h. Assim a área da grelha é:

Page 33: Fornalhas - dimensionamento e instruções

33

cdF = 352,2KL/ℎ105KL/4² ∙ ℎ

cdF = 3,354²

- Cálculo do Volume da Câmara de Combustão

De acordo com WEBER (2005) o volume da câmara de combustão é dado por:

X̂ _`a = ( ∙ A3b3;@L;f (8)

Onde:

Q= quantidade de calor fornecida pela fornalha kcal/h;

X̂ _`a= volume da câmara de combustão em m³;

3;@L;f = fator que varia de acordo como o tipo de combustível.

A 3;@L;fvaria de acordo com o tipo de combustível e é obtida de acordo com a tabela

abaixo.

Tabela 2 – Valores de Carga K.

Combustível (kcal/m³h)

Lenha e Carvão 150.000 a 200.000

Casca de Arroz 80.000 a 120.000

Para fins de calculo, considera-se o valor de = 200.000 kcal/m³h.

X̂ _`a = 352,2 jdk ∙ 2800KO;P/KL200000kcal/m³h

X̂ _`a = 4,934³ - Quantidade de Ar para a Combustão

De acordo com MAGALHÃES (2007) a massa de gases de combustão que deixa a

fornalha pode ser determinada em função do balanço de massa dos reagentes, aplicando-se o

princípio da conservação de massas. Assim tem-se que:

Page 34: Fornalhas - dimensionamento e instruções

34

4� dss = 4EF +4� dEtut −4� ^DvwE (9)

Sendo que:

4� dss = massa dos gases que saem da fornalha, ou seja, massa total de ar e gases gerados

na queima do combustível (kg/h);

4EF= massa de ar comburente;

4� dEtut= massa dos gases gerados na combustão;

4� ^DvwE= massa das cinzas.

A massa de ar é dada pela equação:

4EF = 100

23,2 82,73 + x + 8� − 6< (10)

Sabendo que o combustível utilizado é a lenha, sua composição química é fornecida

pela tabela 3 conforme SILVA (2008):

Elementos % Lenha

Carbono 50,2

Hidrogênio 6,3

Oxigênio 43,1

Enxofre -

Nitrogênio 0,06

Cinza 0,38

Tabela 3– Composição química da lenha.

Então:

4EF = 100

23,2 82,7 ∙ 0,502+ 0+ 8 ∙ 0,063− 0,431< 4EF = 6,15

Multiplica-se o valor da vazão mássica do ar pela quantidade de combustível

necessária para a combustão:

4� EFy_yEz = 4EF ∙ 4� ^_`a (11)

4� EFy_yEz = 6,15 ∙ 352,2

4� EFy_yEz = 2166KL/ℎ

Page 35: Fornalhas - dimensionamento e instruções

35

* Cálculo do Excesso de Ar

Para garantir uma queima completa do combustível, normalmente é necessária uma

quantidade de ar maior que a teórica. Tal fato é importante, uma vez que a existência somente

do ar teórico provocará, em determinados locais, a queima de combustível com ar em excesso

e em outros, com falta, (VLASSOV, 2001). O excesso de ar é variável em função de diversos

fatores, tais como: o tipo de combustível, sua granulometria, sistema de injeção de ar, tempo

de contato ar-combustível, tipo de equipamento, entre outros.

Para combustíveis líquidos e gasosos, o excesso de ar é bem menor que para

combustível sólido, porque, quando introduzidos na câmara de combustão, eles são

fracionados, permitindo um contato mais íntimo com o comburente. Na tabela 4 segue alguns

valores de excesso de ar para vários tipos de combustíveis conforme MAGALHÃES (2007).

Tabela 4 – Excesso de Ar para vários tipos de combustíveis.

Combustível α - Excesso de Ar (%)

Carvão em Pó 20-25

Lenha 40

Cavaco 40

Serragem 30

Diesel 5

Gás Natural 5-10

Assim tem-se que:

4� EFFuEz = 4EFy_yEz ∙ { (12)

4� EFFuEz = 2166 ∙ 1,40

4� EFFuEz = 3032,4KL/ℎ

* Cálculo da Vazão Mássica dos Gases Gerados na Combustão

A vazão mássica dos gases gerados na combustão de acordo com MAGALHÃES

(2005) é dada pela expressão:

4� dEtut = 3,6673 + 0,774� EFFuEz + 8{ − 1<4� EFFuEz (13)

4� dEtut = 3,667 ∙ 0,502+ 0,77 ∙ 3032,4+ 81,4− 1< ∙ 3032,4

4� dEtut = 3549,7KL/ℎ

Page 36: Fornalhas - dimensionamento e instruções

36

* Cálculo da quantidade de cinzas

A quantidade de cinza é determinada através da porcentagem de cinzas presentes na

madeira seca, encontrada na literatura, acha-se em torno de 1% (JENKINS, 1990), sendo este

o valor adotado nos cálculos. Assim:

4� ^DvwE =4� ^_`a ∙ %^DvwE100 (14)

4� ^DvwE = 352,2 ∙ 1

100

4� ^DvwE = 3,522KL/ℎ

Finalmente, pode-se determinar a massa total de ar e gases gerados na queima do

combustível pela equação 9:

4� dss = 3032,4+ 3549,7− 3,522

4� dss = 6578,58KL/ℎ

2.4.4 Balanço de Energia

Para projetar ou prever o desempenho de um trocador de calor, é essencial relacionar a

taxa total de transferência de calor a grandezas tais como as temperaturas de entrada e saída

do fluido. No método de cálculo adotado, o balanço de energia tem como objetivo calcular a

temperatura de saída teórica da fornalha.

Pela primeira lei da Termodinâmica, para cada corrente de ar no trocador de calor

sabe-se que:

�� = 4� ∙ O� ∙ 89�u − 9�t< (15)

�� = 4y^ ∙ O� ∙ 89�t − 9�u< (16)

Onde:

m$= vazão mássica de ar na fornalha (m��� <; t#�= temperatura de entrada do fluido quente;

t#�= temperatura de saída do fluido quente;

t$�= temperatura de saída do fluido frio;

t$�= temperatura de entrada do fluido frio;

c�= calor especifico.

Page 37: Fornalhas - dimensionamento e instruções

37

Pode-se observar na figura 16 o esquema acima mencionado:

Figura 16 – Esquema do Balanço de Energia. (MAGALHÃES, 2007).

Admitindo que:

�� = �� (16)

4� ∙ O� ∙ �9�u − 9�t� = 4y^ ∙ O� ∙ 89�t − 9�u< (17)

E sabendo que:

4�= 6578,58KL/ℎ;

4y^= 73281 m³/h ⋅1.1267 kg/m³ = 82565,7 kg/h (valor considerando a massa

especifica da água a temperatura média de 40°C);

O�= adota-se o valor de 0,24 kcal/kg°C;

9�u= 700°C (valor médio de temperatura em fornalhas de fogo indireto conforme

MAGALHÃES (2005));

9�t=9�t; 9�t= 60°C;

9�u=20°C;

A temperatura de saída dos gases da fornalha é:

6578,58KL/0 ∙ 0,24KO;P/KL°3 ∙ �700°3 − 9�t�= 82565,7KL/0 ∙ 0,24KO;P/KL°3 ∙ 860°3 − 20°3<

1105201,44/ 1578,869�t ) 792630,72

9�t ) 197,97Q

9�t ≅ 200Q

Page 38: Fornalhas - dimensionamento e instruções

38

De acordo com MAGALHÃES (2007) a temperatura inicial do fluido quente (gases de

combustão), deve ser suficiente para assegurar a queima do monóxido de carbono, que

necessita de temperaturas superiores a 620 ºC para sua combustão. Para a temperatura de

saída dos gases de combustão o valor é de aproximadamente de 200ºC.

Percebe-se que o resultado obtido pela equação 17 atende a condição sugerida pelo

autor da referência considerada.

2.4.5 Dimensionamento do Trocador de Calor

- Área do Trocador de Calor

Sabe-se que a equação geral para o projeto de um trocador de calor é dada por:

�)�c∆�4P (18)

c)��∆�4P (19)

Onde:

q = quantidade de calor trocado;

U = coeficiente global de troca térmica;

∆Tml= a média logarítmica das temperaturas dos fluidos.

A média logarítmica das temperaturas é obtida através da equação:

∆�̀ z = ∆�� − ∆��PH ∆��

∆��= ∆�� − ∆��

PH ∆��∆��

= ���� (20)

Sendo:

∆�� = 9�u − 9�t (21)

∆�� = 9�t − 9�u (22)

9�u- temperatura de entrada do fluido quente = 700 ºC;

9�t - temperatura de saída do fluido quente = 198 ºC;

9�u- temperatura de entrada do fluido frio = 20 ºC;

9�t - temperatura de saida do fluido frio = 60 ºC;

∆�� = 700 − 60 = 640℃

∆�� = 198 − 20 = 178℃

Page 39: Fornalhas - dimensionamento e instruções

39

∆�̀ z = 178 − 640PH ������

= 361℃

Para trocadores de calor diferentes do de tubo duplo, o calor transferido é calculado

usando-se um fator de correção aplicado à DTML para um arranjo em correntes cruzadas de

um único passe com as mesmas temperaturas dos fluidos quente e frio. Neste caso, o calor

transferido é calculado através da equação abaixo:

� = �c�∆�̀ z (23)

Onde F é obtido por:

� = ��² + 1� − 1 ∙ PH ���

���∙�PH �����∙���∙��²��

�����∙���∙��²�� (24)

� = 9�u − 9�t9�t − 9�u (25)

A = 9�t − 9�u9�u − 9�u (26)

Então,

� = 700 − 19860 − 20 = 12,55

A = 60 − 20700 − 20 = 0,0588

� = �12,55² + 112,55 − 1 ∙ PH ���,����

���,����∙��,��PH ���,������,����∙��,����,����∙���,��²��

���,������,����∙��,����,����∙���,��²��

� = 0,971

O valor do coeficiente global U é listado conforme a tabela abaixo de acordo com

(NHAMBIU, 2010) e pode ser considerado um desses valores de acordo com o tipo do

trocador de calor.

Page 40: Fornalhas - dimensionamento e instruções

40

Tabela 5– Valores de U para vários tipos de trocador de calor.

Valores representativos de coeficientes globais de transferência de calor

Tipos de trocadores de calor U, W/m²C°

Trocadores de calor de água-para-água 850 – 1700

Trocadores de calor água-para-óleo 100 - 350

Água-para-gasolina 300 - 1000

Aquecedores de água de alimentação

tratada 1000 – 8500

Vapor-para-óleo combustível leve 200 – 400

Vapor-para-óleo combustível pesado 50 – 200

Condensadores de vapor 1000 – 6000

Condensadores de Freon

(resfriados com água) 300 – 1000

Condensadores de Amônia

(água nos tubos) 800 – 1400

Gás – para gás 10 – 40

Água para ar em tubos aletados

(água nos tubos)

30 – 60 (área externa)

400 – 850 (área interna)

Vapor - para ar em tubos aletados

(vapor nos tubos)

30 – 300 (área externa)

400 – 4000 (área externa)

Como é possível observar na tabela o valor de U varia de 10 a 40 W/m²C° para

trocador de calor tipo gás-para-gás, sendo que se considera para fins de cálculo o 30 W/m²C°

conforme MAGALHÃES (2007).

Convertendo esse valor para kcal/m²h°C tem-se que:

U = 25,7955 kcal/m²h°C.

A área para a troca de calor é:

c = ���∆�̀ z (27)

c = 838336KO;P/ℎ25,7955KO;P/4�ℎ℃⋅0,971⋅361℃

c = 92,74²

Page 41: Fornalhas - dimensionamento e instruções

41

Percebe-se que quanto maior o valor do coeficiente global, menor será a área de troca de

calor. A tabela abaixo mostra um comparativo da área de troca de acordo com a variação de

alguns valores do coeficiente U:

Tabela 6– Valores da área para vários valores do coeficiente global de transferência de calor.

U (W/m²C°) A (m²)

10 278,14

20 139,10

30 92,7

40 69,5

Com valores mínimos do coeficiente global de transferência de calor a área do trocador

se torna um valor elevado, assim, utiliza-se o valor recomendado pela literatura.

- Dimensionamento dos Tubos do Trocador de Calor

Sabendo a área necessária para a troca de calor, pode-se dimensionar o diâmetro dos

tubos e quantidade necessária para o trocador. O comprimento do tubo é conhecido já que é

limitado pelo tamanho da fornalha, assim seu comprimento é de 1,5 m.

Para dimensionamento do diâmetro dos tubos, consideram-se os tubos comerciais DIN

2440, com:

* Diâmetro interno do tubo de 53 mm;

* Diâmetro externo do tubo de 60,30 mm;

A área de transferência de cada tubo é dada por:

cysa_ = � ∙ � ∙ OG4Bysa_ (28)

cysa_ = 0,0534 ∙ � ∙ 1,54

cysa_ = 0,2494²

Conhecida a área total de transferência de calor determina-se a quantidade de tubos pela

equação:

H = ccysa_ (29)

H = 92,70,249

H = 3759 ¡GI − ∅5344

Page 42: Fornalhas - dimensionamento e instruções

42

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 INTRODUÇÃO

No capítulo que segue, faz-se um comparativo entre os resultados obtidos pelo método

de cálculo empregado e os valores obtidos pelo fabricante dos equipamentos. Realiza-se uma

análise entre essas duas situações e se necessário, será sugerida alterações no projeto para um

melhor desempenho e rendimento do sistema de secagem, composto pelo secador SIE 500 e

pela fornalha com trocador de calor FI 500.

3.2 COMPARATIVO DOS VALORES CALCULADOS DO SECADOR SIE 500

A tabela abaixo relaciona os valores fornecidos pelo fabricante do secador SIE 500 e os

obtidos pelos cálculos.

Tabela 7 – Comparativo do Secador SIE 500.

SECADOR SIE 500

- Dados Fornecidos

pelo Fornecedor Valores Calculados

Diferença

Percentual(%)

Capacidade de

secagem por hora

(ton)

13 -

Energia Necessária

(kcal/h) 850.000 838.336 - 1,37

Vazão de Ar (m³/h) 68.000 73.281 + 7,20

Consumo de

combustível (kg/h) 304 352,2 + 13,63

3.3 COMPARATIVO DOS VALORES CALCULADOS DA FORNALHA FI 500

A Tabela 7 mostra os valores comparativos determinados do cálculo da fornalha, em

comparação com os dados do fornecedor.

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Tabela 8 – Comparativo da Fornalha FI 500.

FORNALHA FI 500

- Dados Fornecidos

pelo Fornecedor Valores Calculados

Diferença Percentual

(%)

Área da Grelha (m²) 2,44 3,35 + 27,1

Volume da Câmara

de Combustão (m³) 2,68 4,93 + 45,63

3.4 COMPARATIVO DO TROCADOR DE CALOR

Em relação ao trocador de calor, considerando o mesmo diâmetro de tubo que já é

utilizado, atualmente a troca deve ocorrer em 336 tubos. Contudo, os valores obtidos pelo

método de calculo foram de 372 tubos para ocorrer à troca de calor do ar proveniente da

fornalha e o ar ambiente. Ocorreu neste caso do trocador uma defasagem de 9,67 % entre a

quantidade de tubo do projeto e a quantidade de tubos necessários, levando em consideração

os resultados obtidos pelo cálculo.

No cálculo da área do trocador de calor, pode-se perceber que quanto menor o valor do

coeficiente global de transferência de calor U maior será a área do trocador. De acordo com a

Tabela 6, percebe-se que há uma variação significativa da área alterando-se o valor de U.

Portanto para fins de cálculo se mantêm o valor recomendado pela literatura de 30 W/m²C°

pois diminuindo esse valor o trocador se torna um equipamento maior gerando maiores custos

para a empresa.

3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com as tabelas comparativas apresentadas anteriormente, pode-se observar que ocorrem

divergências em alguns valores informados pelo fabricante e os calculados.

Em relação ao secador, nota-se que a energia necessária para evaporar a água das

sementes informada pelo fornecedor está coerente com o resultado obtido pelos cálculos,

porém a vazão de ar necessária e o consumo de combustível tiveram uma diferença

significativa dos valores informados.

A fornalha, pelo que pode ser analisado, possui em sua construção atual, área de grelha

e volume da câmara de combustão menor do que foi obtido pelo método de cálculo, e como se

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pode perceber pela Tabela 7, foi o equipamento de maior defasagem entre os valores

informados pelo fornecedor e pelos resultados obtidos com o método de cálculo.

Observando o trocador de calor, nota-se que a quantidade de tubos calculados é maior

que a quantidade presente no projeto atual, lembrando que o diâmetro considerado no método

de calculo é o mesmo do que o utilizado na prática.

3.6 RECOMENDAÇÕES PARA ALTERAÇÃO DO PROJETO

Com a análise dos resultados obtidos, pode-se perceber que existe divergência nos

valores teóricos dos que são obtidos no projeto atual. Assim, sugerem-se algumas alterações

no projeto que possibilitem um melhor desempenho e rendimento da fornalha:

• Rever no secador os ventiladores utilizados e verificar um modelo que

atenda a vazão de ar necessária para a secagem: o projeto atual do secador

possui dois ventiladores de potência de 10 cv cada um e fornecem ao sistema

uma vazão de ar de 68000 m³ por hora. Recomenda-se utilizar um ventilador de

potência de 15 cv e vazão de ar de 75.000 m³/h que atenderia a demanda de

vazão de ar necessária para a secagem.• Na fornalha, redimensionar a câmara de combustão e área de grelha: a área

de grelha como foi mencionado na Tabela 7 é de 2,44 m². Essa área é obtida pela

multiplicação da largura e comprimento da fornalha que são respectivamente

1,28 m e 1,91 m. Sugere-se aumentar a largura da fornalha para 1,75 m,

resolvendo o problema da área de grelha. Já em relação à câmara de combustão,

o volume do projeto existente é de 2,67 m³ conforme dados da Tabela 7, sendo

que este valor é obtido multiplicando-se a área de grelha pela altura da câmara

de combustão sendo respectivamente 2,44 m² e 1,10 m. A proposta para isso

seria aumentar a altura da câmara de combustão em 1,5 m considerando a

largura da câmara como a sugerida. Abaixo a tabela 8 mostra um comparativo

entre as dimensões do projeto e as sugeridas de acordo com os resultados

obtidos:

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Tabela 9 – Dimensões da Câmara de Combustão FI 500.

CÂMARA DE COMBUSTÃO FORNALHA FI 500

- Largura (m) Comprimento

(m) Altura (m)

Área da

Grelha (m²)

Volume da

Câmara de

Combustão

(m³)

Dimensões

do Projeto 1,28 1,91 1,10 2,44 2,68

Dimensões

Sugeridas 1,75 1,91 1,5 3,34 5,01

A figura abaixo mostra um corte da câmara de combustão e suas medidas:

Figura 17 – Corte da fornalha (ENGEGRAN, 2010).

Torna-se mais fácil a alteração da medida da largura da câmara de combustão

(1,28 m) do que a medida de seu comprimento (1.91 m), pois como é visto na

Figura 17 a disposição da grelha no sentido do comprimento é limitada pelo fato

de que seu comprimento ser padronizado. Já no sentido da largura, como as

grelhas são dispostas paralelamente, torna-se mais fácil a alteração alterando

somente o numero de carreiras de grelhas. Assim, considerou-se as medidas

propostas para que a dimensão do comprimento não fosse alterada e que

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proporcionasse que a altura da câmara de combustão não fosse muito alta

dificultando a estruturação da mesma.

• Trocador de calor: conforme os cálculos feitos, o número de tubos deve ser

aumentado no projeto do trocador, porém levando em conta o aumento da

largura da fornalha e conseqüente aumento no comprimento dos tubos para

1.95m, pela equação 28 e 29 pode-se obter uma nova configuração da

quantidade dos tubos para o trocador de calor:

cysa_ = 0,0534 ∙ � ∙ 1,954

cysa_ = 0,3254²

H = 92,74²0,3254²

H = 2859 ¡GI − ∅5344

3.7 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS DO SISTEMA DE SECAGEM

Para o sistema de secagem em estudo, verifica-se que pode ser dada continuação no

estudo para o melhoramento de seu desempenho e rendimento. Futuramente recomenda-se

que sejam analisados os seguintes fatores:

• Realizar medições do equipamento instalado em unidade de beneficiamento

de sementes e comparar com os resultados obtidos pelo método de cálculo;• Rever a distância entre os tubos do trocador de calor, pois tubos muito

próximos podem com o tempo dificultar a passagem do ar quente

proveniente da fornalha. Na combustão da lenha partículas mais leves com

fagulhas e cinzas são carregados pelo ar quente para o trocador de calor e

acumulam-se pela extensão dos tubos causando um possível bloqueio para a

passagem de ar causando danos ao equipamento e ao processo de secagem.• Realizar estudo na influência que a variação do coeficiente global de

transferência de calor trás ao trocador de calor.

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CONCLUSÃO

Com a realização do estudo sobre este sistema de secagem pode-se perceber vários

fatores em que os resultados obtidos pelos cálculos diferem no projeto dos equipamentos

analisados. O resultado que teve menor diferença percentual em relação aos dados fornecidos

pelo fabricante foi a energia necessária para secagem que teve uma diferença percentual de

1,37% (Tabela 6). Já o volume da câmara de combustão foi o item que obteve maior variação

entre os valores sendo esta de 45,63% (Tabela 7). Percebe-se que erros de cálculo e

dimensionamento comprometem o funcionamento do equipamento podendo causar danos ao

sistema e ao produto.

Assim, buscou-se através dos parâmetros de cálculo orientar e sugerir mudanças de

dimensionamento do projeto da fornalha bem como do trocador de calor para que as

exigências de cálculo fossem atendidas. Em relação ao secador, verificou-se a necessidade do

aumento da vazão de ar necessária para a secagem e foi recomendada a troca dos ventiladores

utilizados.

Com base ainda neste sistema de secagem, foram sugeridos assuntos para continuação

do estudo para uma maior melhoria do rendimento do equipamento.

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REFERÊNCIAS

MAGALHÃES, Edney A. Desenvolvimento e análise de uma fornalha para aquecimento

direto e indireto de ar utilizando biomassa polidispersa. Tese. Universidade Federal

de Viçosa. Viçosa, 2007.

SILVA, Juarez de Souza e. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. 2ª Ed. Editora

Aprenda Fácil. Viçosa, 2008.

WEBER, Érico Aquino. Excelência em beneficiamento e armazenagem de grãos. 1ª Ed.

Panambi, 2005.

DE SOUZA, Marino F. M. Z. Transmissão de calor. Apostila. Escola Estadual de

Engenharia de Itajubá. Itajubá, 1989.

HOLMAN, Jack Philip. Transferência de calor. 1ª Ed. Editora McGraw-Hill Ltda. São

Paulo, 1983.

MARTINELLI, L.C. Noções de transmissão de calor. 1ª Ed. Editora UNIJUÍ. Ijuí, 1995.

VICTORIA, R. Gerson. Trocadores de calor. Apostila. 2010.

NHAMBIU, Jorge. Transmissão de calor. Apostila. Universidade Eduardo Mondlane.

Moçambique, 2010

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ANEXO A– CATÁLOGO DO SECADOR INTERMITENTE

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