Fragmentos se apresenta na forma de um glossário sobre o amor; para cada verbete, ele nos relaciona outras palavras, frases, citações de Freud, Lacan, Balzac, Nietzsche etc. e especialmente de Goethe, em Werther; num estilo sedutor que, apesar das notas de rodapé e de não se tratar necessariamente de um texto literário, é fluido e envolvente. A abordagem desses sentimentos amorosos não se limita à semiótica do amor. Barthes não reduz os enamorados a um conjunto de sintomas; ao contrário de analisar o amor, nos propõe sua manifestação: “alguém que fala de si, apaixonadamente, diante do objeto amado, que não fala” – parafraseando o próprio autor, na breve explicação de como seu livro foi feito. Esse sugestivo dicionário (com aproximadamente 80 verbetes:"abismar-se", "ausência", "compaixão", "drama", "errância","suicídio", dentre outros) – é também um retrato dos enamorados - pode ser lido livre, parcialmente ou por inteiro. Fragmentos de um discurso amoroso nos incita a ampliar, questionar e circular entre outros apaixonados e leitores,(*) essa curiosa relação de palavras e frases acerca do amor. Não por acaso, seu último registro é “verdade”, pois acima de tudo, pode-ser dizer que o discurso de Barthes é verdadeiro.
