Georreferenciamento de imóveis rurai e o cadastro - decreto regulamentador - discussões

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    Cadastro e georreferenciamento de imveis ruraisRegulamentao da Lei 10.267/2001.

    Sergio [email protected]

    ResumoDiscusses relacionadas com a regulamentao da Lei 10.267, de 2001, e que

    tratam da instituio do CNIRCadastro Nacional de Imveis Rural e dogeorreferenciamento de imveis rurais.

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    Cadastro e georreferenciamento de imveis rurais - aregulamentao da Lei 10.267/2001.

    Sumrio

    Cadastro e georreferenciamento de imveis rurais - a regulamentao da Lei 10.267/2001. .... 1

    Introduo ................................................................................................................................. 2

    Imvel Rural. Decreto regulamentador da Lei 10.267/2001: minuta recebe alteraes da

    Casa Civil. ................................................................................................................................... 3

    Ministro envia projeto Casa Civil. Destaque: as profundas alteraes introduzidas no

    registro de imveis rurais. ......................................................................................................... 5

    Anexo Exposio de Motivos justifica urgncia: validade dos atos notariais e registrais

    depende de regulamentao da Lei. ......................................................................................... 6

    Nova minuta do decreto com alteraes inseridas .................................................................. 7

    Procurador Federal do Incra recomenda aprovao da minuta com alteraes ................... 12

    Assessora Jurdica do MDA aprova proposta de regulamentao.......................................... 15

    Consultor Jurdico do MDA encaminha proposta de regulamentao ................................... 16

    Nota da Casa Civil faz referncia expressa a aspectos da atividade registral. ........................ 17

    Vinho novo em odres velhos: parecer do assistente jurdico traz dvidas e perplexidades. . 22

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    Introduo

    Os textos que seguem abaixo retratam o estado das discusses relacionadas com aregulamentao da Lei 10.267, de 2001, nos idos de abril de 2012.

    Na condio de Presidente do Instituto de Registro Imobilirio do Brasil IRIB, envolvi-me diretamente com os tcnicos do INCRA para que o Decreto pudesse representar ummarco na questo do georreferenciamento de imveis rurais e na constituio das bases paraa sempre almejada interconexo entre o Registro de Imveis e o Cadastro.

    Os textos foram originariamente publicados no Boletim do IRIB n. 300, de maio de 2002,sob os cuidados da editora Ftima Rodrigo.

    Srgio Jacomino

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    Imvel Rural. Decreto regulamentador da Lei 10.267/2001: minuta recebealteraes da Casa Civil.

    Acompanhe aqui a tramitao do projeto de regulamentao da Lei 10.267/2001. Veja aNota da Casa Civil da Presidncia da Repblica, a Informao do Procurador Federal do

    Incra, a minuta do decreto com as alteraes inseridas e o nosso comentrio sobre a nota daCasa Civil que faz referncia expressa a aspectos relacionados com a atividade registral.

    O Irib participou de reunio na sede do Incra em Braslia, em 22 de maio, a pedido doDeputado Federal Srgio Barros (AC) e da comunidade acadmica, com o fim de discutir amodificao da minuta do decreto regulamentador da Lei 10.267/2001, operada pelo Incrano tocante preciso posicional (artigo 9 da minuta).

    Participaram da reunio, alm do Dep. Srgio Barros, o Diretor do rgo e Coordenador doGT Eduardo Henrique Freire, a secretria Elizabeth Prescott Ferraz, o consultor jurdico doMinistrio do Desenvolvimento Agrrio, Dr. Artur Vidigal de Oliveira, o representante da

    Funai, Manoel Francisco Colombo, alm de outros procuradores do Incra.Definio de preciso posicional retirada

    A questo que motivou a reunio foi a retirada da definio da preciso posicional quedeveria ser a referncia para os levantamentos georreferenciados, alterando-se a redao doartigo 9 da minuta do decreto, que passou a ter a seguinte redao:

    "A identificao do imvel rural, na forma do 3 do art. 176 e do 3 do art. 225, da Lei n.6.015/73, ser obtida a partir de memorial descritivo, assinando por profissional habilitadoe com a devida Anotao de Responsabilidade TcnicaART, contendo as coordenadas dos

    vrtices definidores dos limites dos imveis rurais, georreferenciados ao Sistema Geodsico

    Brasileiro, e com preciso posicional a ser estabelecida em ato normativo expedido peloIncra".

    A alterao visou simplesmente substituir o perodo "com preciso posicional de 50 cm. oumelhor" por "a ser estabelecida em ato normativo expedido pelo Incra".

    Na opinio de Eduardo Freire, a alterao da minuta atendeu, primeiramente, ao comandolegal expresso no art. 176, 3, da Lei 6.015/73, que prev ato normativo prprio, nodecreto, como figurava na redao original. Portanto, a atribuio para fixar a precisoposicional caberia expressamente ao Incra, nos estritos termos da Lei.

    Depois, ainda de acordo com o Coordenador do GT, o Incra poder fixar uma precisoposicional mais elevada, de acordo com as caractersticas do imvel ou da regio, no sendonecessria alterao das regras por decreto presidencial todas as vezes em que ascircunstncias exigirem uma preciso mais elevada.

    De qualquer maneira, o Incra respeitar o ndice aprovado nas subcomisses tcnicas,consagrando-o nos atos normativos que devero ser baixados concomitantemente aoadvento do decreto regulamentador.

    As objees do Deputado Srgio Barros, porta-voz da comunidade acadmica e dos tcnicos,divulgadas no Boletim Eletrnico Irib/Anoreg-SP 487

    (www.anoregsp.org.br/noticias/boletimel487a.asp), originaram-se da mudana feita sem que

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    se desse oportunidade a todos os envolvidosprincipalmente as instituies que fazem partedo GTde apreciarem as razes do Incra que determinaram o ajuste.

    Proposta do Incra e a posio do IRIB

    Para assegurar que a inteno do Incra seria respeitar os critrios que foram definidos pela

    subcomisso tcnica que contribuiu para a redao do decreto regulamentador, o Dr. ArturVidigal de Oliveira sugeriu que a edio dos atos normativos definidores, dentre outrascoisas, da preciso posicional, devesse realizar-se concomitantemente edio do decreto,fixando-se a preciso posicional tal qual estava definida na antiga redao do decretoregulamentador50 cm, ou melhor.

    A proposta foi aceita, ficando registrado o compromisso do Incra em respeitar os critriosj definidos no mbito das subcomisses.

    O Irib posicionou-se no sentido de valorizar o trabalho das subcomisses tcnicas, das quaisfizeram parte os Profs. Jrgen Philips e Andrea Carneiro, representantes do Instituto. A

    proposta apresentada pelo Incra (publicao concomitante dos atos normativos e estritaobservncia do estalo posicional) sugere sua disposio de cumprir o compromisso que vemde assumir, no alterando a referncia de modo a tornar o processo de levantamento menospreciso. O compromisso assumido publicamente pelo Incra de que no dever degradar, porato normativo prprio, o grau de preciso posicional dever ser cobrado por todos osenvolvidos.

    Pequenos ajustes

    Outro aspecto que mereceu a ateno do Sr. Deputado Federal, foi a redao do artigo 9que prev, to-somente, a "assinatura" do memorial descritivo. Segundo Srgio Barros, alm

    de assinar, o profissional dever elaborar e executar o levantamento que redundar nomemorial previsto na Lei.

    A sua sugesto foi aceita pelos presentes e a proposta incorporada no texto da minuta.

    Para que os registradores, notrios e demais profissionais do direito que atuam na reapossam tomar conhecimento da tramitao da minuta do decreto regulamentador da Lei10.267/2001, publicamos, a seguir, a Nota da Casa Civil da Presidncia da Repblica, peloassistente jurdico Dr. Fernando Luiz Albuquerque Faria, bem como a InformaoMDA/CJ/DAPJP/n. 50/2002, de lavra do Procurador Federal do Incra, alm da minuta dodecreto, j com as alteraes inseridas.

    Acompanhe, a seguir, a tramitao do projeto em cada etapa.

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    Ministro envia projeto Casa Civil. Destaque: as profundas alteraesintroduzidas no registro de imveis rurais.

    EM/N 00030/2002

    Braslia, 28 de maro de 2002

    Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica,

    Submeto elevada considerao de Vossa Excelncia, a anexa proposta de Decreto queregulamenta a Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001, que acresce e altera dispositivos dasLeis ns 4.947, de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembrode 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979 e 9.393, de 19 de dezembro de 1996.

    A lei n 10.267/2001 introduziu profundas alteraes no sistema de Registro de Imveis,determinando que as matrculas de imveis rurais sejam feitas a partir de memorial descritivo,assinado por profissional habilitado e com a devida Anotao de Responsabilidade Tcnica

    - ART -, contendo as coordenadas dos vrtices definidores dos limites dos imveisgeorreferenciadas ao Sistema Geodsico Brasileiro e com preciso posicional a ser fixadapelo Incra. Tal medida veio sanear os atos registrais, os quais, segundo o sistema anterior,eram feitos com base em imprecisa descrio do imvel, acarretando, geralmente,sobreposio de reas.

    Criou a Lei n 10.267/2001, tambm, o Cadastro Nacional de Imveis Rurais, o qual,gerenciado pelo Incra e pela Secretaria da Receita Federal, cadastrar informaes sobre omeio rural, permitindo o monitoramento das reas rurais privadas e pblicas, coibindo,eficazmente, a ao dos usurpadores de terras pblicas, ao mesmo tempo em queproporcionar o levantamento da malha fundiria real do Pas.

    Entretanto, para a Lei n 10.267/2001 tenha plena eficcia, faz-se necessria a suaregulamentao, nos termos da proposta de Decreto que segue em anexo.

    So estas, Senhor Presidente, as razes que justificam a presente proposta, afigurando-seurgente e relevante, tendo em vista os fins almejados.

    Respeitosamente,

    Raul Belens Jungmann Pinto

    Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrrio

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    Anexo Exposio de Motivos justifica urgncia: validade dos atos notariaise registrais depende de regulamentao da Lei.

    Anexo Exposio de Motivos n 00028/2002, de 21 de maro de 2002.

    1. Sntese do problema ou da situao que reclama providncias:

    A Lei 10.267, de 28 de agosto de 2001 acresce e altera dispositivos das Leis n 4.947, de 6 deabril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739,de 5 de dezembro de 1979, 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Essa Lei criou o CadastroNacional de Imveis Rurais - CNIR -, que ser gerenciado pelo Incra e Secretaria da ReceitaFederal, e alterou os requisitos para a matrcula de imveis rurais no Registro de Imveis.Entretanto, a implantao do CNIR e a prtica dos atos registrais, esto na dependncia deregulamentao. At que a edio do decreto ocorra, esto os servios notariais e registrais,bem como o Incra e a Receita Federal, impedidos de efetuarem os atos determinados na Lei.

    2. Solues e providncias contidas no ato normativo ou na medida proposta:

    Estabelece o procedimento administrativo para identificao dos imveis rurais perante oRegistro de Imveis, bem como o sistema de interao entre o Incra e os servios registrais;dispe sobre as diretrizes que possibilitaro o gerenciamento do CNIR.

    3. Alternativas existentes s medidas propostas: no identificadas.

    4. Custos: no h.

    5. Conformidade com o disposto na Lei Complementar n 101, de 4 de maio de 2000: noh incompatibilidade.

    6. Razes que justificam a urgncia: A efetivao e validade dos atos notariais e registraisdependem da regulamentao da Lei n 10.267, de 2001, bem como os procedimentosobjetivando a instalao do CNIR.

    7. Impacto sobre o meio ambiente: no h.

    8. Alteraes propostas: no h.

    9. Sntese do Parecer Jurdico: favorvel, pois a regulamentao est de acordo com a ordemjurdica.

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    Nova minuta do decreto com alteraes inseridas

    Decreto n de de 2002.

    Regulamenta a Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001, que acresce e altera dispositivos dasLeis ns 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 dedezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, ed outras providncias.

    O Presidente da Repblica, no uso da atribuio que lhe confere o art. 84, inciso IV, daConstituio Federal, e tendo em vista o disposto na Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001,decreta:

    Art.1 A apresentao do Certificado de Cadastro de Imvel RuralCCIR, exigida no artigo22 e nos seus 1 e 2, da Lei n 4.947, de 6 de abril de 1966, far-se- sempre acompanhadada prova de quitao do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, corresponde(correspondente) aos ltimos cinco exerccios, ressalvados os casos de imunidade, iseno,inexigibilidade e dispensa previstos na Lei n 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e demaisnormas legais atinentes matria, especialmente os atos normativos baixados pelo INCRAe pela Secretaria da Receita Federal.

    Art. 2 Dos ttulos de domnio destacados do patrimnio pblico constar obrigatoriamenteo cdigo do imvel rural constante do CCIR, expedido pelo Instituto Nacional deColonizao e Reforma Agrria INCRA, relativo rea do patrimnio pblico cadastradano Sistema Nacional de Cadastro Rural SNRC.

    1. Quando for o caso de rea pblica rural destacada de outra maior, o beneficirio dottulo, no prazo de 30 (trinta) dias, proceder atualizao cadastral do imvel perante o

    INCRA.

    2. Incumbe ao INCRA normatizar os critrios e procedimentos referentes abertura decadastros das reas destacadas a qualquer ttulo do patrimnio pblico fundirio, ficandoobrigado a abrir de ofcio cadastros individualizados para as reas que por sua iniciativa fizerdestacar, incumbindo aos demais rgos pblicos promoverem perante o INCRA oscadastros individualizados das reas destacadas de terras sob sua administrao.

    Art. 3 Nos casos de usucapio de imvel rural, aps o trnsito em julgado da sentenadeclaratria, o juiz intimar o INCRA de seu teor, para fins de cadastramento, constando domandado a identificao do imvel na forma do 3 do art. 225, da Lei n 6.015, de 31 de

    dezembro de 1973, e o endereo completo do usucapiente.

    Pargrafo nico. Recebendo a intimao, o INCRA convocar o usucapiente para proceders atualizaes cadastrais necessrias.

    Art. 4 Os servios de registros de imveis ficam obrigados a comunicar mensalmente aoINCRA as modificaes ocorridas nas matrculas, decorrentes de mudanas de titularidade,parcelamento, desmembramento, loteamento, unificao de imveis, retificao de rea,reserva legal e particular do patrimnio natural, bem como outras limitaes e restries decarter dominial e ambiental, para fins de atualizao cadastral.

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    1. O informe das alteraes de que trata o caput deste artigo, dever ser encaminhado aoINCRA, at o trigsimo dia do ms subseqente modificao ocorrida, pela forma que viera ser estabelecida em ato normativo expedido pelo INCRA.

    2. Acompanhar o informe, de que trata o pargrafo anterior, uma certido da matrcula

    atualizada, abrangendo as modificaes mencionadas neste artigo.Art. 5 O INCRA comunicar, mensalmente, por escrito, aos servios de registros deimveis, os cdigos dos imveis rurais decorrentes de mudana de titularidade,parcelamento, desmembramento, loteamento e unificao, na forma prevista no 1 doartigo anterior.

    Pargrafo nico. Os servios de registro de imveis efetuaro na matrcula respectiva, deofcio, a averbao do novo cdigo do imvel fornecido pelo INCRA.

    Art. 6 As obrigaes constantes dos artigos 4 e 5 deste decreto aplicam-se, inclusive, aosimveis rurais destacados do patrimnio pblico.

    Art. 7 Os critrios tcnicos para implementao, gerenciamento e alimentao do CadastroNacional de Imveis Rurais - CNIR - sero fixados em ato normativo conjunto do INCRAe da Secretaria da Receita Federal.

    1. A base mnima de dados comum (A base mnima comum de dados) do CNIRcontemplar as informaes de natureza estrutural que vierem a ser fixadas no ato normativodo caput, e as de interesse substancial das instituies dele gerenciadoras, bem como os dadosinformativos do 6 do art. 22 da Lei n 4.947, de 1966.

    2. So informaes de natureza estrutural obrigatrias as relativas aos dados sobre

    identificao, localizao, dimenso, titularidade e situao jurdica do imvel,independentemente de estarem ou no acompanhadas de associaes grficas.

    3. Alm do INCRA e da Secretaria da Receita Federal, todos os demais rgos daAdministrao Pblica Federal, sero obrigatoriamente produtores, alimentadores e usuriosda base de informaes do CNIR.

    4. As instituies gerenciadoras do CNIR podero firmar convnios especficos para oestabelecimento de interatividade do CNIR com as bases de dados das AdministraesPblicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    5. As instituies gerenciadoras do CNIR devero convidar e incentivar a participao de

    entidades da sociedade civil detentoras de bases de dados cadastrais correlatos, parainteragirem com o esforo de alimentao e gerenciamento do CNIR.

    6. O cdigo nico do CNIR ser o cdigo que o INCRA houver atribudo ao imvel noCCIR, e dever ser mencionado nos atos notariais e registrais de que tratam os 6 e 7 doart. 22 da Lei n 4.947, de 1966, e a alnea "a" do item 3 do art. 176 da Lei n 6.015, de 1973.

    7. O ato normativo conjunto previsto no caput estabelecer as normas paracompartilhamento, e sistema de senhas e nveis de acesso s informaes constantes doCNIR, de maneira a jamais restringir o acesso das entidades componentes da rede deinterao do CNIR aos informes de natureza pblica irrestrita, sem, contudo, permitir acesso

    indiscriminado a dados de natureza sigilosa, privilegiada, de divulgao expressa ouimplicitamente vedada em lei, ou potencialmente vulneradores do direito privacidade.

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    Art. 8 Os custos financeiros de que tratam o 3 do art. 176 e o 3 do art. 225, da Lei6.015, de 1973, compreendem os servios tcnicos necessrios identificao do imvel,garantida a iseno ao proprietrio de imvel rural cujo somatrio das reas no exceda aquatro mdulos fiscais.

    1. A iseno de que trata este artigo abrange a identificao do imvel rural, nos casos detransmisso de domnio da rea total cujo somatrio no exceda a quatro mdulos fiscais, naforma e nos prazos previstos no art. 10.

    2. O INCRA proporcionar os meios necessrios para a identificao, devendo o atonormativo conjunto de que trata o artigo 7 deste decreto, estabelecer os critrios tcnicos eprocedimentos para a execuo da medio dos imveis para fim de registro imobilirio,podendo, inclusive, firmar convnio com os Estados e o Distrito Federal, propiciando aintervenincia dos respectivos rgos de terra.

    3. Para beneficiar-se da iseno prevista neste artigo, o proprietrio declarar ao rgo

    responsvel pelo levantamento que preenche os requisitos do caput deste artigo, de acordocom as regras a serem estabelecidas em ato normativo do INCRA.

    4. A iseno prevista neste regulamento no obsta que o interessado promova, s expensas,a medio de sua propriedade, desde que atenda aos requisitos tcnicos fixados no art. 9deste regulamento.

    Art. 9 A identificao do imvel rural, na forma do 3 do art. 176 e do 3 do art. 225, daLei n 6.015, de 1973, ser obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissionalhabilitado e com a devida Anotao de Responsabilidade Tcnica ART, contendo ascoordenadas dos vrtices definidores dos limites dos imveis rurais, georreferenciadas aoSistema Geodsico Brasileiro, e com preciso posicional a ser estabelecida em ato normativoexpedido pelo INCRA.

    1. Caber ao INCRA certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo no sesobrepe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorialatende s exigncias tcnicas, conforme ato normativo prprio. A certificao do memorialdescritivo pelo INCRA no implicar reconhecimento do domnio ou a exatido dos limitese confrontaes indicados pelo proprietrio.

    2. Para os fins e efeitos do 2 do art. 225 da Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973, aprimeira apresentao do memorial descritivo segundo os ditames do 3 do art. 176 e do 3 do art. 225, da mesma lei, e nos termos desta regulamentao, respeitadas as divisas doimvel e os direitos de terceiros confrontantes, no caracterizar irregularidade impeditivade novo registro, devendo os registros subseqentes estar rigorosamente de acordo com oreferido 2, sob pena de incorrer o registro em irregularidade sempre que a caracterizaodo imvel no for coincidente com a constante do primeiro registro de memorialgeorreferenciado, excetuadas as hipteses de alteraes expressamente previstas em lei.

    3. A averbao do memorial descritivo no servio de registro de imveis competente serfeita mediante requerimento do interessado, contendo declarao firmada sob pena deresponsabilidade civil e criminal, com a firma reconhecida, de que no houve alterao dasdivisas do imvel registrado e de que foram respeitados os direitos dos confrontantes,

    acompanhado da certificao prevista no 1 deste artigo, do CCIR e da prova de quitaodo ITR dos ltimos cinco exerccios, quando for o caso.

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    4. A documentao prevista no pargrafo anterior dever ser acompanhada de declaraoexpressa dos confinantes de que os limites divisrios foram respeitados, com suas respectivasfirmas reconhecidas. Quando a declarao for manifestada mediante escritura pblica,constituir-se- produo antecipada de prova.

    5. No sendo apresentadas as declaraes constantes no 4 e a certido prevista no 1,o Oficial encaminhar a documentao ao juiz de direito competente, para que a retificaoseja processada nos termos do artigo 213 da Lei n 6.015, de 1973.

    Art. 10. A identificao da rea do imvel rural, prevista nos 3 e 4 do art. 176 da Lei n6.015, de 1973, ser exigida, na forma do artigo anterior, somente aps transcorridos osseguintes prazos, contados a partir da publicao deste Decreto:

    I90 dias, para os imveis com rea de 5.000 hectares, ou superior;

    II1 ano, para os imveis com rea de 1.000 a menos de 5.000 hectares;

    III

    2 anos, para os imveis com rea de 500 a menos 1.000 hectares;IV3 anos, para os imveis com rea inferior a 500 hectares.

    1. Quando se tratar da primeira apresentao do memorial descritivo, aplicar-se-o asdisposies contidas no 2 do art. 9 e no art. 16, deste decreto.

    2. Aps os prazos acima assinalados, fica defeso ao oficial do registro de imveis a prticade quaisquer atos registrais envolvendo as reas rurais de que tratam os incisos deste artigo,at que seja feita a identificao do imvel na forma prevista neste decreto.

    Art. 11. A retificao administrativa de matrcula, registro ou averbao, prevista no art. 8A

    da Lei n 6.739, de 5 de dezembro de 1979, ser adotada para as hipteses em que a alteraode rea ou limites promovida pelo ato registral venha a instrumentalizar indevidatransferncia de terras pblicas, e objetivar apenas a reverso do registro aos limites ou reaanteriores, seguindo-se preferencialmente o procedimento previsto nos pargrafos do art.8A, mediante requerimento direto ao oficial do servio registral da comarca de localizaodo imvel, mas no suprime as competncias de ofcio e por provocao, que os artigos 1 e5 da Lei n 6.739, de 1979, fixam para o Corregedor-Geral da Justia do Estado delocalizao do imvel.

    Art. 12. O pedido de cancelamento administrativo da matrcula e do registro, previsto no art.8B da Lei n 6.739, de 5 de dezembro de 1979, no suprime as competncias de ofcio e por

    provocao que os artigos 1 e 5 da mesma Lei fixam para o Corregedor-Geral da Justiado Estado de localizao do imvel, e ser adotado para as hipteses em que no seja possvelo requerimento de que cuida o art. 8A s deixando de ser requerido ao Corregedor-Geralda Justia nas hipteses em que a indevida transferncia de terras pblicas sustente-se emregistro oriundo de deciso judicial proferida exclusivamente entre particulares, quandocaracterizados os vcios de incompetncia absoluta do rgo judicirio, ou de ausncia decitao do rgo pblico titular do domnio para compor a lide.

    Art. 13. Nas hipteses em que o ato registral questionado tenha origem em deciso judicial,o pedido de cancelamento ser feito na forma prevista na Lei n 6.739, de 1979, sendocompetente o juiz federal para as causas de interesse da Unio e de suas autarquias.

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    Art. 14. O registro retificado ou cancelado na forma dos artigos 8A, 8B e 8C da Lei n6.739, de 1979, no poder ser realizado novamente, exceto se houver expressa autorizaodo ente pblico titular do domnio.

    Art. 15. O Instituto Nacional de Colonizao e Reforma AgrriaINCRA e a Secretaria

    da Receita Federal baixaro, conjuntamente, atos administrativos, visando implantao doCadastro Nacional de Imveis Rurais CNIR, at 30 de junho do ano de 2002.

    Art. 16. Por fora das alteraes introduzidas pela lei n 10.267, de 2001, nos arts. 176 e 225da lei n 6.015, de 1973, no se aplicam as regras do artigo 2 da Lei n 6.739, de 1979, dos 1 e 2 do artigo 213, e do 2 do artigo 225 da Lei n 6.015, de 1973, quando da primeiraapresentao do memorial previsto no artigo 9 deste Decreto, no sendo consideradosirregulares os memoriais descritivos dos imveis cuja caracterizao no coincida com a queconsta do registro anterior.

    Art. 17. Os ttulos pblicos, particulares e judiciais, lavrados, outorgados ou homologados

    anteriormente promulgao da Lei n 10.267, de 2001, podero ser objeto de registro desdeque acompanhados de memorial descritivo elaborado nos termos deste decreto.

    Art. 18. Ficam convalidados os atos notariais e de registro, efetuados at 90 dias aps apublicao deste decreto, relativos a desmembramentos, parcelamentos e unificao deimveis rurais, bem como s alienaes de reas em sua totalidade, cuja identificao noobedeceu aos requisitos do artigo 9 deste regulamento, desde que feitos de acordo com osdispositivos mencionados na Lei n 10.267, de 2001, na redao vigente at a data de suapublicao.

    Art. 19. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, de de 2002; 181 da Independncia e 114 da Repblica.

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    Procurador Federal do Incra recomenda aprovao da minuta com alteraes

    Informao/MDA/CJ/DAPJP/n 50/2002.

    Sra. ProcuradoraChefe da DAPJP:

    Trata-se de minuta de decreto, em anexo, visando regulamentao da Lei n 10.267, de 28de agosto de 2001, que alterou dispositivos das Leis ns 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868,de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de1979 e 9.393, de 19 de dezembro de 1996, elaborada pelo Grupo de Trabalho institudo pelaPortaria/Incra/MDA/n 223, de 8 de fevereiro de 2002.

    Convocado especialmente por essa Diviso para emitir parecer sobre a proposta deregulamentao, no tocante aos seus aspectos jurdicos e formais constatamos a necessidadede reviso de alguns dispositivos, a seguir referidos, aos quais foi dada uma nova redao,com a finalidade de emprestar maior objetividade ao comando regulamentador, a saber:

    a) Art. 7, 6: o cdigo nico do Cadastro Nacional de Imveis Rurais - CNIR -, de acordocom o 3 do art. 1, da Lei n 5.868/72, introduzido pela Lei n 10.267/2001, dever serestabelecido em ato conjunto do Incra e da Secretaria da Receita Federal. Assim, uma vezestabelecido este cdigo nico, os servios notariais e registrais - no s os registrais -,devero faz-lo constar em todos os seus atos e termos. Da a alterao na minuta, oraproposta.

    b) Art. 9, 1 a 5: o art. 9 da minuta do decreto estabelece os critrios para a elaboraodo memorial descritivo georreferenciado que servir para identificar o imvel rural peranteo Registro de Imveis, inclusive determina ao Incra a fixao da preciso posicional dascoordenadas dos vrtices definidores dos limites do imvel. Esta preciso posicional ser

    definida pelo Incra, em obedincia determinao inscrita no 3 art. 176, da Lei n 6.015/7,com a redao dada pela Lei n 10.267/2001, mediante ato normativo prprio, e no maispor Decreto, como estava na proposta original, segundo informao da Dra. ElizabethPrescott, falando em nome do Coordenador do Grupo, Dr. Eduardo Freire, tendo em vistaque o INCRA poder adaptar administrativamente essa preciso, possibilitando uma precisoposicional mais elevada de acordo com as caractersticas do imvel rural, e no de formageneralizada como estava previsto na minuta. Por essa razo, foi substituda a expresso"com preciso posicional de 50 cm ou melhor", por "a ser estabelecida em ato normativoexpedido pelo INCRA". Vale observar que, enquanto no for publicada a regulamentaoda Lei n 10.267/2001 e os atos normativos nela previstos, no ser possvel identificar o

    imvel rural na forma exigida. Coube, tambm, ao regulamento estabelecer um rito quefacilitasse o ingresso dos ttulos relativos a imveis rurais no Registro de Imveis, ao mesmotempo em que obedecesse s normas e aos princpios norteadores dos atos prprios deregistros. Uma vez que os dados do memorial descritivo do imvel estejam de acordo comas normas tcnicas do Incra, este emitir certido, a qual no implicar o reconhecimento dedomnio da rea nem a exatido dos limites e confrontaes indicados pelo proprietrio. Daminuta elaborada pelo Grupo de Trabalho foi suprimido o 2, para mescl-lo ao 1,excluindo a penalidade prevista, por no ser o decreto o meio idneo para aplicao de penas.

    c) Art. 10: o 4 do art. 176 da Lei n 6.015/73, com a redao introduzida pela Lei n10.267/2001, prev a fixao de prazo, pelo Poder Executivo, para que, em qualquer situaode transferncia de domnio, todos os imveis rurais sejam identificados da forma agoraprevista na Lei. Embora a nova redao dada pela Lei no seja muito clara quanto ao marco

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    inicial que caracterizaria a situao em que torna obrigatria a identificao do imvel - seriaa partir da outorga da escritura ou de abertura da sucesso ou da sentena declaratria? -,percebe-se que o Grupo de Trabalho preferiu fixar o prazo a partir da publicao do decreto,na presuno, talvez, de que o Incra dispor de recursos financeiros e humanos para suportara demanda de requerimentos visando aprovao dos memoriais descritivos. Ora, a Lei no

    foi muito clara, repita-se, quanto ao dies a quo do prazo; utiliza-se da expresso "em qualquersituao de transferncia de imvel rural". No obstante, sabe-se que a transferncia dapropriedade somente se concretiza com o efetivo registro do ttulo no Registro de Imveis,salvo nos casos de sucesso hereditria e usucapio. A redao sugerida pelo Grupo de

    Trabalho, contudo, no contemplou essa hiptese, mas fixou o prazo a partir da publicaodo decreto, independentemente da "situao de transferncia de imvel rural" prevista na Lei10.267/2001. Assim, sugerimos uma nova redao, para que o regulamento se coadune como comando da Lei, fixando o incio do prazo para a identificao do imvel em sua totalidadeo efetivo registro do ttulo translativo de domnio, cuja identificao ser averbada namatrcula aps obedecer a tramitao prevista no decreto regulamentador. Nos casos de

    transferncia por sucesso causa mortis ou usucapio, a identificao do imvel ser feitanos autos do inventrio ou da ao de usucapio, respectivamente, e depois levada aoRegistro de Imveis em conseqncia do mandado de registro das sentenas exaradasnaqueles autos. Sugere-se, tambm, acrescentar um pargrafo proibindo a prtica de atosregistrais depois de esgotado o prazo deferido ao proprietrio para identificar o seu imvel,at que ele venha a providenciar tal identificao na forma da Lei.

    Em reunio, hoje, com a Dra. Elizabeth Prescott, membro do Grupo de Trabalho, e do Dr.Rossini Barbosa Lima, foi sugerido acrescentar o inciso IV, ao artigo 10, ampliando o prazopara identificao de propriedades rurais com rea inferior a 500 hectares, em face danecessidade de prazo para o INCRA se estruturar para atender a demanda estimada.

    d) Art. 16: os 1 e 2 do art. 213 da Lei n 6.015/73, e o art. da Lei 6.739/73, prevem ainterveno do juiz corregedor-permanente dos Registros Pblicos em todos os casos quedigam respeito retificao de atos registrais envolvendo imveis rurais. Assim, para se evitaro acmulo de peties, a regulamentao da lei derrogou esses dispositivos, no se lhesaplicando quando se tratar da primeira apresentao do memorial descritivo elaborado deacordo com o regulamento da Lei.

    e) Art. 18: A Lei n 10.267/2001 alterou os requisitos para a matrcula de imvel rural,exigindo que sua identificao seja feita a partir de memorial descritivo contendocoordenadas dos vrtices definidores dos limites dos imveis rurais, georreferenciadas ao

    Sistema Geodsico Brasileiro e com preciso posicional a ser fixada pelo Incra. V-se, pois,que, enquanto no for publicada a regulamentao da Lei, este requisito no pode ser exigidopelos servios notariais e registrais, tendo em vista que a preciso posicional ainda no foifixada oficialmente. Portanto, uma vez que os pargrafos terceiros dos artigos 176 e 225 daLei n 6.015/73 esto com a eficcia suspensa, por falta de regulamentao, previu-se, naminuta do decreto, a convalidao dos atos notarias e registrais praticados at noventa diasaps a publicao deste decreto - tempo suficiente para a adaptao ao novo sistema -, desdeque feitos de acordo com os dispositivos mencionados na Lei 20.267/2001, com a redao

    vigente at a data da publicao desta Lei.

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    Diante do exposto, o texto proposto no ofende s disposies legais e aos princpios geraisde direito atinentes matria; a minuta est redigida de acordo com o Decreto n 2.954, de29/1/1999, por essa razo opinamos pela sua aprovao, com as correes ora propostas.

    a informao que submeto a apreciao de Vossa Senhoria.

    Braslia

    DF, 21 de maro de 2002

    Ridalvo Machado de Arruda

    Procurador Federal/INCRA/PB

    Mat. 1224822

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    Assessora Jurdica do MDA aprova proposta de regulamentao

    Estou de pleno acordo com a Informao/MDA/CJ/DAPJP/n 50/2002, de autoria do Dr.Ridalvo Machado de Arruda, que aprova a proposta de regulamentao da Lei n10.267/2001 redigida pelo grupo de trabalho institudo por este Ministrio, bem como, com

    as alteraes consignadas na minuta em anexo. considerao de V. Sa.

    Em, 21/03/2002.

    Vnia Lcia de Alcntara

    DPCLC/CONJUR/MDA

    Assessora Jurdica

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    Consultor Jurdico do MDA encaminha proposta de regulamentao

    Adoto a Informao/MDA/CJ/DAPAP/n50/2002, aprovada pela DPCLC/CONJUR,pelos fundamentos nela contidos, encaminhe-se Chefia de Gabinete para as providnciascomplementares.

    Em, 21/03/2002.

    Artur Vidigal de Oliveira

    Consultor Jurdico do MDA

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    Nota da Casa Civil faz referncia expressa a aspectos da atividade registral.

    Casa Civil da Presidncia da Repblica

    Subchefia de Assuntos Jurdicos

    Nota SAJ n712/-2

    FLAF

    Projeto de decreto que "Regulamenta a Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001, que acrescee altera dispositivos das Leis ns 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de1972, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, e 9.393, dedezembro de 1996, e d outras providncias". Proposta que trata de assunto relacionado amais de um Ministrio. Necessidade da participao de todos os rgos envolvidos naelaborao do ato normativo, nos termos do 2 do art. 25 do Decreto n 2.954, de 29 dejaneiro de 1999. No mrito, faz-se necessrio, para melhor adequao do texto normativo snormas legais e constitucionais vigentes e aos limites da competncia regulamentar naespcie, que sejam feitas algumas alteraes no projeto.

    NUP: 00001.004066/2000-77

    Submete-se apreciao desta Subchefia para Assuntos Jurdicos da Casa Civil da Presidnciada Repblica, para fins do art. 29 do Decreto n 2.954, de 29 de janeiro de 1999, o projetode decreto que "Regulamenta a Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001, que acresce e alteradispositivos das Leis ns 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972,6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, e 9.393, de 19 dedezembro de 1996, e d outras providncias". A proposta encontra-se acompanhada deExposio de Motivos do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio e de parecer conclusivoda Consultoria Jurdica do referido favorvel proposta.

    O projeto normativo mostra-se relevante na medida em que visa dar plena eficcia Lei n10.267, de 2001, que conforme destacou a Exposio de Motivosalm de ter estipuladomedida saneadora dos atos registrais dos imveis rurais, determinando maior preciso nadescrio do imvel, uma vez que o sistema anterior, em virtude de sua impreciso,acarretava, geralmente, sobreposio de reas, criou o Cadastro Nacional de Imveis RuraisCNIR, o qual, permitindo o monitoramento das reas rurais privadas e pblicas, coibir,eficazmente, a ao de usurpadores de terras pblicas, ao mesmo tempo em queproporcionar o levantamento da malha fundiria real do Pas.

    Ocorre, no entanto, que a proposta aborda assunto relacionado no s ao Ministrio de

    Estado do Desenvolvimento Agrrio, mas tambm ao Ministrio da Fazenda, tendo em vistaque trata de atribuies da Secretaria da Receita Federal, rgo a ele vinculado. E isto seevidencia, principalmente, nos arts. 7 e 15 do projeto, que dispem, respectivamente, sobrea fixao em ato normativo conjunto do Incra e da Secretaria da Receita Federal de critriospara implementao, gerenciamento e alimentao do Cadastro Nacional de Imveis Rurais,e sobre a expedio de atos administrativos, at data prefixada, pelos respectivos rgos

    visando a implantao do mencionado cadastro.

    Assim, determinando o 2 do art. 25 do Decreto n 2.954, de 29 de janeiro de 1999 queestabelece regras para a redao de atos normativos de competncia dos rgos do Poder

    Executivo -, que "os projetos que tratam de assunto relacionado a mais de um Ministrio ourgo da estrutura da Presidncia da Repblica devero contar com a participao de cada

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    um desses rgos na sua elaborao", faz-se necessrio a devoluo da presente propostapara que se efetive a participao do Ministrio da Fazenda.

    No mrito, entende-se que devem ser feitas algumas observaes sobre determinadosdispositivos do texto legal em anlise. Vejamos.

    O art. 1 do projeto, ao tratar de casos em que se faz ressalva necessidade da prova dequitao do Imposto sobre propriedade Territorial Rural ITR para a apresentao doCertificado de Cadastro de Imvel Rural CCIR, possui, a nosso ver, algumas imprecises.Primeiro, inclui dentre os casos ressalvados a inexigibilidade e a dispensa da comprovaodo recolhimento do ITR, sem indicar a sua previso legal ao contrrio do que ocorre nanorma regulamentada (art. 1 da Lei 10.267, de 2001) -, e, logo em seguida, a institutosdiversos, ou seja, logo aps a imunidade e a iseno, podendo, por conseguinte, ocasionardvidas quanto natureza jurdica da inexigibilidade e da dispensa e m interpretao dodispositivo.

    Segundo, o dispositivo ao incluir na referida ressalva apenas a imunidade e a iseno,institutos no previstos na norma a ser regulamentada (art. 1 da Lei n 10.267, de 2001), masque, logicamente, afastam a necessidade de prova da quitao do ITR, por exclurem oprprio crdito tributrio, deixa de tratar de outras causas que tambm dispensariam acomprovao do pagamento do ITR por ocasionarem a excluso ou a extino do referidocrdito, dentre elas, cabe mencionar, respectivamente, a anistia e a remisso.

    Aqui, deve-se, inclusive, observar que existe hiptese de remisso do referido impostoprevista no Decreto-Lei n 2.066, de 27 de outubro de 1983, que autoriza, em seu art. 1, aoMinistro de Estado do Interior remitir os crditos relativos ao ITR de imveis ruraislocalizados nos Municpios em situao de emergncia, por decorrncia de prolongada

    estiagem.Terceiro, verifica-se que o referido preceito do texto regulamentar dispe que a ressalva noscasos de imunidade, iseno, inexigibilidade e dispensa estariam "previstos na Lei n 9.393,19 de dezembro de 1996, e demais normas legais atinentes matria, especialmente os atosnormativos baixados pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal". No entanto,entendemos que os referidos rgos no tm competncia para expedir ato normativodeterminando os casos de extino ou excluso do crdito decorrente do ITR ou mesmodispensando a prova de quitao do imposto, que exigem lei formal. Podem apenas atravsde ato administrativo, se houver previso em lei e em observncia aos requisitos legais,isentar, remitir, anistiar, transacionar, compensar ou deixar de exigir a comprovao do

    pagamento do tributo. Em conseqncia no devida a remisso feita aos atos normativosdos referidos rgos.

    Assim sendo, feitas as observaes supramencionadas sugerimos, para se evitar msinterpretaes do dispositivo e para melhor adequao do texto normativo s normas legaise constitucionais vigentes, a seguinte modificao na redao do art. 1 do projeto:

    "Art. 1 A apresentao do Certificado de Cadastro de Imvel RuralCCIR, exigida no art.22 e nos seus 1 e 2, da Lei n 4.947, de 6 abril de 1966, far-se- sempre acompanhada daprova de quitao do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, correspondenteaos ltimos cinco exerccios, ressalvados os casos de inexigibilidade e dispensa de sua

    comprovao previstos no art. 20 da Lei n 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e os deextino ou de excluso do crdito tributrio".

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    De outro lado, examinando o 3 do art. 9 do decreto, evidencia-se que ele extrapola oslimites da possibilidade de regulamentao da Lei n 10.267, de 2001, pois refere-se a matrianela no tratada, ou seja, a averbao de memorial descritivo do imvel rural no servio deregistro de imveis.

    Pode-se argumentar que a demanda do memorial para o registro do imvel rural, prevista noart. 3 da Lei n 10.267, de 2001, pressuporia a sua averbao. No entanto, esse argumentomostra-se falho na medida em que o registro e a averbao no se confundem, pois essa temcarter acessrio daquele, e o registro de imvel requer a juntada de documentos que nemsempre sero objeto de averbao ou do prprio registro.

    Ademais, a Lei n 6.015, de 1973, enuncia as hipteses de averbao em seus arts. 167, II, e246, que, alm de no serem objeto da regulamentao em exame, no prevemexpressamente a averbao de memorial descritivo de imvel rural. O nico dispositivo legalno qual talvez pudssemos enquadrar a averbao do referido memorial seria o art. 246 daLei de Registros Pblicos, que, de forma genrica, autoriza a averbao de outras ocorrncias,

    alm das previstas no art. 167, II, desde que, por qualquer modo, alterem o registro, mas dequalquer forma est o referido pargrafo extrapolando os limites do poder regulamentar.

    Assim, mostra-se de boa tcnica a supresso do 3 do art. 9 da proposta, restando, emconseqncia, prejudicados os 4 e 5.

    J a segunda parte do art. 12 do ato normativo em exame, que restringe a possibilidade de sedeixar de requerer o pedido de cancelamento administrativo da matrcula e do registro "aoCorregedor-Geral da Justia nas hipteses em que a indevida transferncia de terras pblicassustente-se em registro oriundo de deciso judicial proferida exclusivamente entreparticulares, quando caracterizados dos vcios de incompetncia absoluta do rgo judicirio,ou de ausncia de citao do rgo pblico titular do domnio para compor a lide", criaexceo no prevista em lei, muito menos na norma regulamentada, e deixa de fora a ressalvaprevista no 1 do art. 8B da Lei n 6.739, de 1979 (com a redao dada pela Lei n 10.267,de 2001), que determina que "Nos casos de interesse da Unio e de suas autarquias efundaes, o requerimento ser dirigido ao Juiz Federal da Seo Judiciria competente, aoqual incumbiro os atos e procedimentos cometidos ao Corregedor-Geral de Justia" (grifonosso). Portanto, entendemos que tambm deve ser suprimida a segunda parte do art. 12 daproposta normativa.

    O art. 16 do projeto de decreto, ao impossibilitar a instaurao do procedimento deretificao de registro quando os memoriais descritivos dos imveis no coincidam com o

    que consta do registro anterior, alm de estar, tambm, extrapolando os ditames da Lei n10.267, de 2001, norma que regulamenta, contraria os dispositivos legais que prevem oreferido procedimento (art. 2 da Lei n 6.739, de 1979, e 1 e 2 do art. 213 e 2 do art.225, da Lei n 6.015, de 1973) e pode vir a afrontar o art. 5, LIV, da Constituio daRepblica.

    A possvel inconstitucionalidade apontada decorreria do fato de que o referido preceitoconstitucional (art. 5, LIV) preceitua que ningum ser privado de seus bens sem o devidoprocesso legal, todavia, se houver mudana de divisas e diminuio da rea dos confrontantesquando o registro estiver acompanhado de memorial descritivo no coincidente com oregistro anterior, estar-se- privando os confrontantes de parcela de sua propriedade sem o

    necessrio procedimento, se a instaurao desse for vedada, e sem que lhes seja dadaoportunidade para manifestarem-se.

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    Por sua vez, quanto ao art. 17, verifica-se que o mesmo, ao dispor que "Os ttulos pblicos,particulares e judiciais, lavrados, outorgados ou homologados anteriormente promulgaoda Lei n 10.267, de 2001, podero ser objeto de registro desde que acompanhados dememorial descritivo elaborado nos termos deste Decreto", extrapola o disposto no 3 doart. 225 da Lei n 6.015, de 1973 (com a redao dada pela Lei n 10.267, de 2001). Este

    determina que, "Nos autos judiciais que versam sobre imveis rurais, a localizao, os limitese as confrontaes sero obtidos a partir de memorial descritivo.", entretanto, no trata dottulo judicial lavrado anteriormente Lei n 10.267, de 2001, e nem lhe pode alcanar, poiso ttulo judicial decorre de deciso final do rgo jurisdicional, o que impede que, nessemomento processual, seja determinada a instruo dos autos com o referido memorial.

    De outro lado, deve-se ressaltar que, se dos ttulos pblicos e particulares, tratados no art.17, decorrer qualquer transferncia do imvel rural, somente se poder requerer oacompanhamento de memorial descritivo para registro dos ttulos se tiverem transcorrido osprazos previstos no art. 10 do decreto em exame, em face do que dispe o 4 do art. 176da Lei n 6.015, de 1973 (com redao dada pela Lei n 10.267, de 2001). E se os ttulospblicos e particulares, lavrados, outorgados ou homologados anteriormente Lei n 10.267,de 2001, no determinarem qualquer situao de transferncia de imveis, ao seremregistrados, no se poder exigir o memorial descritivo, sob pena de se estar ultrapassando oque determinam os 3 e 4 do art. 176 da Lei n 6.015, de 1973 (com redao dada pelaLei n 10.267, de 2001). Assim, conclui-se que o art. 17 estaria extrapolando a normaregulamentada e em confronto com o art. 10 do projeto, devendo, portanto, ser suprimido.

    J o art. 18 do texto normativo em exame comete duas incongruncias. Prev a convalidaodos atos notariais e de registro de imveis rurais, que tenham sido efetuados at noventa diasaps a publicao do decreto, sem identificao atravs do memorial descritivo previsto no

    3 do art. 176 da Lei n 6.015, de 1973 (com a redao dada pela Lei n 10.267, de 2001).Todavia, na verdade, esses atos notariais e de registro, quando praticados no referido prazo,no so passveis de convalidao, pois sequer seriam irregulares ou maculados de nulidade.Estariam eles em conformidade com o 4 do art. 176 da Lei n 6.015, de 1973 (com redaodada pela Lei n 10.267, de 2001), o qual dispe que "A identificao de que trata o 3tornar-se- obrigatria para efetivao de registro, em qualquer situao de transferncia deimvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo", e estando estes prazos fixadosno art. 10 do decreto e no sendo menores de que noventa dias, no haveria de se falar emqualquer nulidade dos atos notariais ou de registro.

    Por outro lado, o art. 18 encontra-se em choque com o art. 10 do decreto, pois neste esto

    fixados, em conformidade com o tamanho da rea rural, outros prazos e de maior extenso,alm do de noventa dias previsto no art. 18, para que seja exigida a identificao do imvelatravs de memorial descrito. Portanto, no poderia o art. 18 limitar a validade dos atosnotariais e registrais ao prazo nico de 90 dias.

    De resto, verifica-se a necessidade de algumas correes de estilo que se sugere em anexo,dentre elas o desmembramento da parte final do 1 do art. 9, criando-se um outropargrafo para melhor obteno de ordem lgica, expressando por meio dos pargrafos osdiversos aspectos complementares norma enunciada, conforme prev o art. 20, III, "c", doDecreto n 2.954, de 1999.

    Ante o exposto, opina-se pela devoluo da proposta ao Ministrio do DesenvolvimentoAgrrio para que, nos termos do 2 do art. 25 do Decreto n 2.954, de 1999, seja dada

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    oportunidade ao Ministrio da Fazenda para participar da elaborao do ato normativo, e,no mrito, pela modificao da redao do art. 1 do projeto, bem como pela supresso dos 3, 4 e 5 do seu art. 9, da segunda parte do seu art. 12 e dos seus arts. 16, 17 e 18, e paraque sejam feitas as correes de estilo sugeridas em anexo.

    Braslia, 18 de abril de 2002.Fernando Luiz Albuquerque Faria

    Assistente Jurdico

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    Vinho novo em odres velhos: parecer do assistente jurdico traz dvidas eperplexidades.

    Srgio Jacomino

    A Nota da Casa Civil da Presidncia da Repblica publicada aqui fez referncia expressa aaspectos relacionados com a atividade registral.

    A leitura superficial do documento mostra que, salvo melhor juzo, o autor no enfrentoucom a costumeira preciso os termos dos dispositivos atacados.

    No caso da averbao de memorial descritivo do imvel rural no servio de registro deimveis (pargrafo 3 do art. 9 da minuta), o autor pondera que houve extrapolao damatria legal.

    Mas no assim.

    Diz o assistente jurdico que "o registro e a averbao no se confundem, pois essa temcarter acessrio daquele, e o registro de imvel requer a juntada de documentos que nemsempre sero objeto de averbao ou do prprio registro".

    Na verdade, a supresso dos 3 e seguintes destri a ideia de se colmatar a lacuna verificadana Lei 10.267/2001, que no disps, de forma clara, sobre o aperfeioamento descritivo dosimveis matriculados sem que se devesse obrigatoriamente recorrer ao custoso e demoradoprocedimento judicial previsto no art. 213 da Lei 6.015/73.

    A Lei 10.267/2001 faz pressupor a desnecessidade do procedimento retificatrio judicial poruma nica e bastante razo: todos os imveis rurais devero ser descritos e caracterizadoscom o rigor previsto no 3 do art. 176 da Lei 6.015/73 toda vez que houver qualqueralienao ( 4). Obstar-se o registro da alienao de todo e qualquer imvel rural e sujeitaros interessados a um procedimento judicial soa pouco razovel, mesmo impraticvel.

    Mas como superar esse impasse?

    O acessrio o principal.

    Diz o assistente jurdico que o registro e a averbao no se confundem, o que poderia sugerirum acaciano trusmo, no fossem os exemplos de completa confuso hauridos da prpria lei6.015/73 e de diversos outros diplomas legais alguns recentes, sugerindo que o mesmoescrpulo sistemtico no regra no criativo furor normativo.

    Em todo o caso, concordando com a lio ilustrada de que a averbao ato acessrio doregistro, no se pode concordar com a concluso do ilustre parecerista. Neste caso preciso,a averbao seria absolutamente de rigor, tivesse ou no o decreto comandado esse atoacessrio.

    Vamos por partes.

    A prpria Lei 10.267/2001 faz referncia ao art. 246 da Lei 6.015/73 que, no particular, densanchas, confortavelmente, para a regulamentao pretendida. No item 4 do inciso II doart. 167 da LRP h expressa previso para o desmembramento uma das modalidades deparcelamento do solo rural, hiptese contemplada no 3 do art. 176 da Lei 6.015/73,

    alterado pela Lei 10.267/2001. H exigncia simtrica de instncia ou rogao do interessado.

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    Mas no s. Respondendo especificamente ao outro argumento do parecerista, a Lei6.015/73 encerra um sistema de numerus claususdos fatos inscritveis, especialmente dos atosde registro stricto sensu(contra: Ricardo Henry Marques Dip e Srgio Jacomino). Mas no casode averbao, parece haver uma certa concordncia da doutrina de que se trata de um sistemade numerus apertus, pela redao aberta do artigo 246 da Lei 6.015/73 "alm dos casos...

    outras ocorrncias que, por qualquer modo, alterem o registro". Vale dizer, alm do elencoque se pretende taxativo e exaustivo, h ocorrncias que eventualmente podem alterar oregistro e a lei no diz quais sejam nem as limita.

    Ora, a alterao da descrio do imvel rural, decorrente da hiper-especializao do bem pelolevantamento georreferenciado, ocorrncia mais do que relevante que altera o registro. Porqu? Primeiro, porque a descrio que inaugura a matrcula ato de registro lato sensu. Amatrcula ato de registro. Portanto, alterar a descrio do imvel alterar o registro. Depoise aqui respondendo especificamente ao Prof. Dr. Jrgen Philipso 3 do art. 176 da Lei6.015/73 absorveu inteiramente o item 3, inciso II, 1 do art. 176 da LRP. Assim, aidentificao do imvel (caractersticas, confrontaes, localizao e rea) ser decorrnciadireta do levantamento que contenha as coordenadas georreferenciadas. Inclusive a rea,consequncia direta e sempre dependente dos valores das coordenadas.

    Insisto em que a averbao contemplada no 3 do art. 9 do Decreto procedimento quese desencadeia automaticamente, seja a pedido do interessado ou mesmo decorrente deretificao judicial. Esse procedimento hoje praticado por todos os registradoresimobilirios do Pas quando, por qualquer motivo, se faa qualquer alterao na descrio doimvel. O que o Decreto pretendeu foi, to-somente, explicitar o que se acha enunciado naLei 6.015/73.

    Retificao de registro uma imagem vale por mil palavras

    J a acenada inconstitucionalidade do art. 16 da minuta matria que demanda maiorcuidado.

    Eu prprio j havia advertido, nas discusses que antecederam a redao do projeto queculminou na Lei 10.267/2001, que a retificao de registro seria a pedra de tropeo dainiciativa, pois no havia qualquer dispositivo, no anteprojeto, que contemplasse as situaesa que o parecerista aludiu e outras mais, como a genrica disposio do 2 do art. 213 daLei 6.015/73.

    Mas as suas objees devem ser temperadas com bom senso.

    Primeiramente, estranhando que o parecerista atacasse o art. 16 do projeto e tivesse seolvidado do art. 9, cuja redao simtrica quele. Trata-se de explicitao da dispensa doprocedimento judicial para inaugurao de nova descrio do imvel.

    Depois, as hipteses contempladas na minuta do decreto no prefiguram conflitos deinteresses, lide em sentido prprio, mas ao contrrio, enfatizam a concordncia de interessesdos confrontantes e do proprietrio ( 3 e 4 do art. 9), o que afastaria a interpretao maisgravosa de obliterao do devido processo legal.

    Uma releitura atenta do art. 213 da LRP, menos dependente de um certo paternalismojudicial que a todos prejudica (inclusive e principalmente o Judicirio, que se v assolado de

    demandas), poderia iluminar aspectos entranhadas na viciada prxis cartorial.

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    Voltemos lei - como se recomenda com os clssicos: vamos ao texto!

    "Art. 213 - A requerimento do interessado, poder ser retificado o erro constante do registro,desde que tal retificao no acarrete prejuzo a terceiro".

    Este dispositivo perfeitamente harmnico com os 3 e 4 do art. 9. Temos a rogao

    do proprietrio ( 3), o erro constante do registro (a mudana de paradigmas na identificaodo imvel visa a "purificar" o registro das imperfeies decorrentes de mtodosultrapassados de determinao) e a ausncia de prejuzos a terceiros ( 4).

    Nunca demais lembrar que, no havendo concordncia, os interessados devero serremetidos s vias ordinrias e jamais qualquer dos intervenientes ficar privado da viajurisdicional para solucionar seus conflitos.

    " 1A retificao ser feita mediante despacho judicial, salvo no caso de erro evidente, oqual o oficial, desde logo, corrigir, com a devida cautela".

    Esse dispositivo sempre esteve condicionado por uma interpretao extremamente restritiva.A lei no indica de onde pode exsurgir o erro que se torna ento evidente. Do ttulo? Doregistro? De ambos? Desconsidero, aqui, propositadamente, uma respeitvel construodoutrinria que ps um espartilho confortvel para condicionar a retificao sempre pela viajudicial. Problematizo-a. O erro evidente, que se torna explcito e perfeitamente perceptvelpelos instrumentos que a lei 10.267/2001 criou, pode ser corrigido pelo oficial do registro,com a cautela de verificar a concordncia dos confrontantes. (Erro aqui deve ser entendidoem seu sentido prprio de incorreo, inexatido). Da que se possa adequar o procedimentode retificao quelas situaes em que se apura uma inexatido do registro pela traduomatemtica dos levantamentos georreferenciados. Retificar , pois, pr em linha reta,endireitar, tornar o registro reto, certo.

    Mas o maior problema est, logo se v, no 2:

    " 2Se da retificao resultar alterao da descrio das divisas ou da rea do imvel, serocitados, para se manifestar sobre o requerimento, (...) todos os confrontantes e o alienante(omissis)".

    preciso, para no infirmar toda a sistemtica da Lei 10.206/2001, encarecer umainterpretao que deposite toda a nfase no caput do art. 213, pois o erro constante doregistro, desde que no acarrete prejuzo a terceiros, poder ser feita pelo prprio oficialregistrador. Os pargrafos seguintes do art. 213 simplesmente modulam a regra, criando

    procedimentos adicionais quando no se verificar a justa hiptese do caput. Assim, aalterao da descrio, divisas ou rea, ser sempre judicial quando se verificar a existnciade conflitos e prejuzos. A regra de socorrer-se do procedimento judicial dever ser, ento,excepcional. Para desencade-lo, ter-se- o conflito atual, no a sua presuno potencial.Inverte-se a presuno - como alis em boa hora se faz com o registro da penhora. D-se apresuno iuris tantumde no-conflito quando os interessados comparecem ao notrio ( 4)e manifestam sua vontade livre das peias burocrticas. Trata-se, no limite, da recuperao dosentido da livre disposio de direitos e autonomia da vontade. Se o confinante podeextrajudicialmente o mais (alienar), por qual razo no poderia o menos (retificar ou permitirretificar)?

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    O procedimento de retificao de registro de jurisdio voluntria. Est na hora de perfilar-se com os modernos sistemas do mundo que reconhecem, sem estremecimentos, que oministrio notarial e registral so jurisdio voluntria.

    Prospectando a Lei

    A advertncia desse impasse est feita com todas as letras. J antevimos essa discusso, quemal se instaura entre ns - o que dir dos demais profissionais que no atuam diretamentecom o mister registral e notarial?

    Devemos considerar seriamente a hiptese de o Judicirio no sufragar o entendimento dadispensa da retificao judicial, pois a ltima palavra ser a de nossos magistrados.

    Nesse caso, como cumprir a Lei?

    A sistemtica da Lei exige um afrouxamento dos anis burocrticos. De outra forma, se seadmitir plenamente o entendimento de que a via judicial incontornvel, teremos um

    colapso. O 4 do art. 176 da LRP exige o levantamento para toda e qualquer "situao detransferncia de imvel rural". Ora, algum duvida de que a identificao feita com os rigorestcnicos agora exigidos acarretar uma inconcilivel incongruncia descritiva entre omemorial e o registro? O cdigo subjacente mudou; a linguagem se articula em outro nvel.

    Temos uma nova semiologia: a descrio do fenmeno natural j no se apia no receiturioimperfeito da descrio literal mas traduzida em coordenadas dos vrtices.

    Penso que uma alternativa poderia ser a coexistncia das linguagens e de seus resultadosnuma instvel implicao. Ao lado da descrio tradicional, que orna os umbrais dasmatrculas prediais, poderamos insinuar a novilngua vetorial, com seus signos geomtricos

    e matemticos impenetrveis para os olhos laicos dos registradores.Assim, por averbao, a descrio do memorial descritivo exigido pelos 3 e 4 do art. 176da LRP se insinuaria na matrcula, seguro que no haja conflitos entre os interessados aomenos formalmente, cumpridos os preceitos dos 3 e 4 do art. 9 do decreto em gestao.

    No se far, como chegou sensatamente a sugerir o Presidente da Anoreg-SP, Ary Jos deLima, o descerramento de nova matriz predial, com o encerramento da anterior que continhaa descrio ultrapassada. Ficamos com a parbola vinho novo em odres velhos. Ou seja:manteremos as duas descries, at que haja uma natural decantao.

    Quando se alienar o bem (ou grav-lo com direitos reais limitados ou de garantia) a referncia

    ser ... ... que mesmo? matrcula? Ao imvel matriculado? Ao cadastro? Penso que areferncia se far ao imvel matriculado, com a identificao baseada em ambos osprocedimentos.

    Ao cadastro o que do cadastro

    O erro essencial desse projeto que redundou na Lei 10.267/2001 foi a timidez. Ou ainsegurana de lanar-se no mar proceloso das decises acertadas. Abusando mais uma vezdas parbolas, devemos dar a Csar o que de Csar. Os dados cadastrais so do cadastro.

    A ele incumbe o zelo e a guarda dos dados identificadores das parcelas. Fazer do registro odepositrio de uma coleo de variveis que vo definir a figura do imvel insistir no erro

    de que o registro pode ser o cadastro

    o que acarreta, por via de uma lgica cruel, quepretendam (e no so poucos) que o cadastro possa ser o registro! Vejamos como o

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    Ministrio do Desenvolvimento Agrrio nos apresenta a Lei 10.267/2001: "Lei de criao doSistema Pblico de Registro de Terras". O Registro Pblico da Lei 6.015/73 no era assimto pblico? E o cadastro do Incra agora o registro de terras? E o registro de imveis, no registro de terras? E o cadastro, o que ?

    O ex-futuro Decreto buscava assinalar um senda luminosa para a conexo do cadastro como registro. A lei indicava o intercmbio de dados entre as instituies cadastral e registral. Aporta de entrada, como se desenhou, era o registro (art. 22, 7 da Lei 4947/66 c.c. art. 176, 3 e 4 da Lei 6.015/73). Pelo decreto criou-se uma parada antes do destino: o Incracertificaria que a poligonal objeto do memorial no se sobreporia a qualquer outra constantede seu cadastro. V-se que a parada antecipada no cadastro lgica e coerente e visa confrontao de dados com o prprio sistema cadastral (art. 9, 1, in fine). Prxima parada,o registro, j com algumas amarras ( 2). Depois, novamente, o cadastro (art. 22, 7 da Lei4947/66), depois o Registro ( 8 da mesma Lei) e depois de tudo isso o mundo gira, aLusitana roda, como dizia antigo anncio comercial da minha infncia).

    A dana de dados serve ao rudo, imperfeio, eventual necessidade de retificao daretificao.

    Como se v, andamos s voltas, mais uma vez, com uma resposta caa de uma boapergunta. Chegamos a conceber a distino essencial entre as instituies cadastral e registralconsagrando uma lei que confunde o dedo com a lua, o cadastro com o registro. Ou o registrocom o cadastro, a lua com o dedo.

    Lano algumas reflexes baratas e insones para alimentar o debate. O parecer do assistentejurdico traz muitas dvidas e perplexidades. Procurei enfrentar apenas alguns aspectos deseu arrazoado, aqueles que mais de perto referem o registro de imveis.

    Est aberto o debate interno, buscando a opinio dos mais doutos e daqueles que, peloconhecimento e experincia, podem contribuir para a superao dos impasses que seanunciam.

    Srgio Jacomino

    Presidente