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1 Capítulo 01 Introdução 1.1) O que aprender neste capítulo? 1.2) Histórico das Atividades Humanas 1.3) Histórico da SST 1.4) Segurança do Trabalho Tradicional 1.5) Princípios Modernos de SST 1.6) Princípios de SST: Tradicional x Moderno 1.7) Resumindo: 1.8) Para Saber Mais... 1.9) Exercícios de Fixação 1.10) Filme 1.11) Estudo de Caso 1.1) O que aprender neste capítulo? Entender a relação entre Segurança e as atividades humanas; Acompanhar a evolução da SST ao longo da história; Diferenciar SST Tradicional e Moderna; Conhecer a abordagem moderna de SST. 1.2) Histórico das Atividades Humanas Homem Primitivo (Idade da Pedra) Caça, Pesca e Guerra Acidentes devido a práticas inseguras no manejo das armas Lanças, Machados, Facas

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Capítulo 01 Introdução

1.1) O que aprender neste capítulo? 1.2) Histórico das Atividades Humanas 1.3) Histórico da SST 1.4) Segurança do Trabalho Tradicional 1.5) Princípios Modernos de SST 1.6) Princípios de SST: Tradicional x Moderno 1.7) Resumindo: 1.8) Para Saber Mais... 1.9) Exercícios de Fixação 1.10) Filme 1.11) Estudo de Caso

1.1) O que aprender neste capítulo?

Entender a relação entre Segurança e as atividades humanas;

Acompanhar a evolução da SST ao longo da história;

Diferenciar SST Tradicional e Moderna;

Conhecer a abordagem moderna de SST.

1.2) Histórico das Atividades Humanas

Homem Primitivo (Idade da Pedra)

Caça, Pesca e Guerra Acidentes devido a práticas inseguras no manejo das armas

Lanças, Machados, Facas

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Artífice (Idade Média)

Mineração, Metalurgia, Artesanato

Fogo, Ferramentas, Tração animal

Revolução Industrial (Idade Moderna)

Manufatura

Máquinas a vapor, energia hidráulica, eletricidade

Quedas, queimaduras, afogamentos, lesões devidas a animais

Máquinas, engrenagens, gases, poeiras, produtos químicos, ruído, calor

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Assim, pudemos perceber que:

Para cada época distinta da história, o homem utilizou instrumentos e equipamentos diferentes

para exercer atividades diferentes,

e se expôs a riscos diferentes

inerentes às mesmas.

1.3) Histórico de SST

1.000.000 a.c.

Idade da Pedra Australopitecus usavam pedras como arma e ferramentas, ocasionando cortes e lesões oculares; os caçadores de bisão contraíam antrax

10.000 a.c. Idade da Pedra Inicia-se a produção de alimentos e a história das ocupações

5.000 a.c. Idade do Bronze e do Cobre

Os artesãos de metais são liberados da produção de alimentos, e surge a metalurgia

2360 a.c. Egito Antigo Papiro Seller II primeira referência escrita relacionada ao ambiente de

trabalho e aos riscos a ele inerentes

460 a.c. Hipócrates (Grécia Antiga)

Considerado o pai da Medicina, Hipócrates fala sobre acidentes e doenças do trabalho, identificando o envenenamento por chumbo de mineiros e metalúrgicos

50 d.c. Plínio, o velho Identifica o uso de bexiga de animais para evitar a inalação de poeiras e fumos

1556 George Bauer ou Georgius Agrícola

Publicação do livro De Re Metallica , com estudos sobre problemas relacionados à extração de minerais e fundição; discussão sobre acidentes de trabalho e doenças comuns aos mineiros

1567 Paracelso Escreve Dos Ofícios e Doenças da Montanha , primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doenças; referências à silicose e intoxicações por chumbo e mercúrio nos mineiros e fundidores

1700 Bernardino Ramazzini (Itália)

Pai da Medicina Ocupacional, Ramazzini publica De Morbis Artificum Diatriba (Doença dos Artífices), sobre uma série de doenças relacionadas a 50 diferentes profissões e introduz a prática da anamnese ocupacional

1775 Percival Lott (Inglaterra)

Descreve o câncer ocupacional entre os limpadores de chaminé, devido à fuligem e à falta de higiene

1802 Robert Peel (Inglaterra)

Criação de uma CPI para a aprovação da Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes, a primeira lei de proteção aos trabalhadores

1800 - 1830

Inglaterra Várias leis complementares, pouco eficientes devido a pressões por parte dos empregadores

1830 Robert Baker (Inglaterra)

Contratado por um industrial, Baker aconselhou-o a contratar um médico para visitar o local diariamente e estudar a influência do trabalho sobre a saúde dos operários surgia o primeiro serviço médico industrial do mundo

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1830

Charles Thackrah (Inglaterra)

Autor do primeiro livro sobre doenças ocupacionais na Inglaterra; a obra inspira a criação da legislação ocupacional inglesa

1831 Michael Saddler (Inglaterra)

Relatório de uma CPI sobre as péssimas condições do ambiente de trabalho na Inglaterra

1833 Inglaterra Sob o impacto do relatório da CPI, foi baixado o Factory Act (Lei das Fábricas), a primeira legislação realmente eficiente no campo de proteção ao trabalhador

1833 Alemanha Aprovação da Lei Operária, primeira legislação trabalhista de proteção ao trabalhador fora da Inglaterra

1842 James Smith (Escócia)

Contratação de um médico responsável desde os exames admissional e periódico até a orientação e prevenção de doenças ocupacionais ou não

2ª metade do século XIX

Europa Estabelecimento de uma série de medidas legislativas em prol da saúde e segurança do trabalhador

Início do século XX

EUA Surgimento dos primeiros serviços médicos de empresa industrial, a partir do aparecimento da legislação sobre indenização em caso de acidentes de trabalho, com o objetivo de redução dos custos com indenizações

1911 EUA Primeira conferência nacional sobre doenças ocupacionais no país

1950 Comissão conjunta OIT/OMS

Estabelecimento dos objetivos da saúde ocupacional de forma ampla

1953 Conferência Internacional do Trabalho

Elaboração da Recomendação 97 da OIT, que propôs dois métodos básicos para a proteção da saúde dos trabalhadores: acompanhamento médico e as medidas técnicas para prevenir, reduzir ou eliminar riscos no ambiente de trabalho

1954

Council of Industrial Health da American Medical Association (EUA)

Origem dos princípios básicos para orientação do funcionamento dos serviços médicos industriais

1959 Conferência Internacional do trabalho

Estabelecimento da Recomendação 112 da OIT sobre a atuação de forma preventiva dos serviços de saúde ocupacional

1960 American Medical Association (EUA)

Revisão dos princípios básicos

1930/1970 América Latina Criação de serviços médicos por iniciativa dos empregadores, com atuação eminentemente curativa e assistencial

1972 Brasil Criação da Portaria 3237/72, tornando obrigatória a existência dos serviços médicos, de higiene e segurança nas empresas com mais de 100 trabalhadores

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1.4) A Segurança do Trabalho Tradicional

Trevor Kletz (1984?) Implantação de uma fábrica e esperar para ver o que acontecia; Atitude meramente corretiva;

Iida (1991) Análise de acidentes por meio de freqüência de ocorrência; Relatório sumário, com poucas informações quanto às condições de trabalho no local do acidente;

Francesco De Cicco & Mário Fantazzini (1993) Caráter meramente estatístico; Baseado em acidentes já ocorridos;

1.5) Princípios Modernos de SST

1.5.1) Estudos de H. W. Heinrich (EUA, Anos 30)

Heinrich trabalhava com seguros; em 1926, analisou acidentes de trabalho liquidados por sua companhia, na tentativa de obter dados sobre os gastos adicionais das empresas nas quais os acidentes haviam ocorrido;

Heinrich considerou: Custo Direto (CD): gastos da seguradora com a liquidação dos acidentes Custo Indireto (CI): perdas sofridas pelas empresas em termos de danos materiais e interferências na produção Propôs ainda, baseado em suas observações, a proporção CI/CD = 4:1

Heinrich introduziu o conceito de acidentes sem lesão, que são acidentes com danos somente à propriedade, e um novo conceito de acidente, no qual considera-se acidente todo evento não planejado, não controlado e não desejado que interrompe uma atividade ou função

Posteriormente, Robert P. Blake analisou os estudos de Heinrich, e juntamente com este formulou alguns princípios e sugestões, dentre elas a de que as empresas deveriam promover medidas tão ou mais importantes que aquelas que visassem apenas a proteção social de seus empregados, mas efetivamente deveriam partir para evitar a ocorrência de acidentes.

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Pirâmide de Heinrich (1931)

Com a obra Industrial Accident Prevention , Heinrich aponta que os acidentes de trabalho ocorre devido a 03 causas básicas:

Personalidade do trabalhador Prática de atos inseguros por parte do trabalhador Existência de condições inseguras nos ambiente de trabalho

1.5.2) Estudos de R.H. Simonds (EUA, 1947)

R. H. Simonds propôs um método para cálculo do custo de acidentes, que enfatizava a necessidade de se realizar estudos pilotos sobre os custos associados a quatro tipos de acidente: lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de primeiros socorros e acidentes sem lesões. Além disso, propôs a substituição dos termos custo direto e custo indireto por custo segurado e custo não-segurado, termos estes muito utilizados em Gerenciamento de Risco atualmente.

1.5.3) Estudos de Frank E. Bird Jr. (EUA, Anos 50 e 60)

Bird iniciou na Luckens Steel, metalúrgica da Filadélfia, um programa de Controle de Danos, que tinha como objetivo principal a redução das perdas oriundas de danos materiais, sem no entanto se descuidar dos acidentes com danos pessoais;

Neste estudo, Bird analisou 90.000 acidentes ocorridos na empresa durante 7 anos com os cerca de 5.000 empregados desta.

1

29

300

Acidentes com lesão incapacitante

Acidentes com lesões menores

Acidentes sem lesão

Já estavam sendo considerados

Não eram considerados em nenhum aspecto, nem financeiro ou no que tange aos riscos potenciais caso algum fator contribuintes os transformasse em acidentes

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Pirâmide de Bird (1966)

O grande mérito deste trabalho foi ter apresentado dados baseados em projeções estatísticas e financeiras;

Além disso, Bird calculou uma proporção de 6:1 entre custo não-segurado e custo segurado para a Luckens Steel demonstrando que cada empresa deve fazer inferências sobre os resultados dos próprios dados levantados;

Segundo Bird, a forma de se fazer segurança é através do combate a qualquer tipo de acidente, e que a redução das perdas materiais liberará novos recursos para a segurança;

Para ele (1978), os mesmos princípios efetivos de administração podem ser usados para eliminar ou controlar muitos, senão todos, os incidentes comprometedores que afetam a produção e a qualidade ;

Bird estabeleceu ainda que, prevenindo e controlando os incidentes através do controle de perdas, pessoas, equipamentos, material e ambiente estão protegidos com segurança;

Os quatro aspectos principais em que se baseavam os programas de controle de danos são:

Informações sobre o processo; Investigação do processo; Análise do processo; Revisão do processo.

1.5.4) Estudos da Insurance Company of North America

ICNA (EUA, 1969)

Após os estudos anteriores, Frank Bird foi nomeado diretor de segurança de serviços de engenharia da ICNA;

1

100

500

Acidentes com lesão incapacitante

Acidentes sem lesões

Acidentes com danos à propriedade

Já estavam sendo considerados

Bird introduziu este conceito, pois anteriormente somente eram considerados acidentes os acontecimentos que resultassem em lesões pessoais

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Nesta condição, Bird conduziu um outro estudo, que analisou 297 empresas que empregavam cerca de 1,75 milhões de empregados, obtendo 1.753.498 relatos uma amostra significativamente maior, que possibilitou uma relação mais precisa que os estudos anteriores de Heinrich e do próprio Bird.

Pirâmide da ICNA (1969)

Os quase acidentes demonstram que, se o acidente quase ocorreu , também a perda ou dano quase ocorreu , e poderia ser tanto material quanto pessoal

1.5.5) Estudos de John A. Fletcher e Hugh M. Douglas (EUA, 1970)

Fletcher e Douglas propuseram que o Controle de Danos de Frank Bird se estendessem para um Controle Total de Perdas (Total Loss Control);

Este trabalho, baseado nos estudos de Frank Bird, abrangeu também acidentes com máquinas, materiais, instalações e meio ambiente, considerando também ações de prevenção de lesões;

Os programas de Controle Total de Perdas, com o objetivo de reduzir ou eliminar todos os acidentes que pudessem interferir ou paralisar o processo produtivo, abordam todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no mesmo, prejudicando a utilização plena de pessoal, máquinas, materiais e instalações;

Fletcher e Douglas observaram que os acidentes que resultam em danos às instalações, materiais e equipamentos têm as mesmas causas básicas dos que resultam em lesões;

Engloba ainda: perdas provocadas por acidentes em relação a explosões, incêndios, roubo, sabotagem, poluição industrial, doença, defeito do produto, etc.

1.5.5) Estudos de Willie Hammer (EUA, 1972)

30

600

Acidentes com lesões graves

Acidentes com danos à propriedade

Quase acidentes

Já estavam sendo consideradas

Conceito introduzido pela ICNA, os quase acidentes nos revelam potenciais enormes de acidentes, ou seja, situações com risco potencial de

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Acidentes com lesões leves

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Aliado às práticas administrativas propostas por Bird e depois por Fletcher e Douglas, Hammer institui uma nova mentalidade sob um ponto de vista da Engenharia, no qual existiam problemas técnicos que exigiam soluções técnicas;

Na visão de Hammer, as abordagens de Bird e Fletcher eram programas administrativos de controle de risco, sendo, pois, insuficientes.

Hammer, especialista em Engenharia de Sistemas que já havia trabalhado com projetos na USAF e na Nasa, aplicou conceitos da área aeroespacial adaptados à indústria;

Este enfoque sistêmico permitiu uma compreensão melhor dos erros humanos, muitos deles provocados por erros em projeto e/ou materiais deficientes que, devido a isto, deveriam ser debitados na organização (bens e serviços que farão uso deste produto), e não aos usuários do mesmo (trabalhadores).

1.6) Princípios de SST: Tradicional x Modernos

Segurança e Prevenção de Acidentes

Tradicional Segurança vista como sinônimo de prevenção de lesões pessoais

Moderna Segurança voltada para prevenção de perdas e danos

Ações voltadas somente para a prevenção de acidentes fatais ou com lesões incapacitantes; Acidentes que não envolviam pessoas não tinham valor nenhum

Ações voltadas não só para acidentes com pessoas, mas também com equipamentos, máquinas, instalações, meio ambiente, etc., ou seja, tudo o que interfira no processo produtivo

Definição dos Acidentes

Tradicional Má definição dos acidentes Moderna Acidentes bem definidos

Acidentes considerados como fatos inesperados, com causas fortuitas e/ou desconhecidas

Acidentes considerados como fatos indesejáveis, com a maior partes das causas sendo conhecidas e controláveis

Programas de SST

Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva

Enfoque corretivo Espera pela ocorrência do acidentes para depois atacar as conseqüências ou evitar acidentes semelhantes

Enfoque preventivo Conceitos de ato e condição insegura Maior preocupação com os acidentes pessoais e perdas a eles associados

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Atividades de Segurança

Tradicional Responsabilidade centralizada

Moderna Responsabilidade compartilhada

Executantes com pouca informação e poder de ação preventiva Impossibilidade de prevenção dos riscos inerentes aos processos produtivos Falta de compromisso por parte dos executantes

Integração da organização Aumento da eficácia das medidas corretivas e preventivas Maior conhecimento dos trabalhadores sobre os riscos aos quais estão expostos, bem como sobre sua redução ou eliminação

1.7) Resumindo:

A SST está intimamente ligada ao tipo de atividade exercidas pelo homem ao longo da história, desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje;

Após a Revolução Industrial, a necessidade por medidas mais bem elaboradas ficou evidente tendência observada até nos dias de hoje;

A legislação foi sendo adaptada a medida que a percepção e a conseqüência sobre acidentes, perdas e danos foi evoluindo;

O mesmo acontece com a abordagem feita pela SST.

Segurança vista como sinônimo

de prevenção de lesões pessoais

apenas

Atividades de SST reservadas somente para

profissionais da área

Utilização somente de

ações corretivas e não de ações

preventivas

Acidente era considerado como fato de

origem fortuita e/ou inesperada

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1.8) Para Saber Mais...

ALBERTON, Anete. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Dissertação do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção e Sistema, UFSC, 1997.

SOUZA, Evandro Abreu. O treinamento industrial e a gerência de riscos: Uma proposta de instrução programada. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistema, UFSC, setembro, 1995.

1930

1940

1950

1960

1970

1980

Heinrich (1931)

Acidentes s/ lesão

Pirâmide de Heinrich

Proporção CI/CD 4:1

Bird (1966) Programa de Controle de Danos Dados estatísticos e financeiros

Pirâmide de Bird

ICNA (1969)

Quase acidente

Dados estatísticos sobre acidentes pessoais e materiais

Pirâmide da ICNA

Fletcher&Douglas (1970)

Programa de Controle Total de Perdas Implicações em máquinas, equipamentos, instalações, meio ambiente, etc.

Hammer (1972)

Eng. de Segurança de Sistemas

Erros de projeto e/ou em especificação dos materiais

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Capítulo 02 Conceitos de Gerência de Riscos

Índice

2.1) O que aprender neste capítulo? 2.2) Revisão de conceitos de Segurança 2.3) Conceitos Básicos de SST 2.4) As Leis de Murphy 2.5) Função Empresarial de Segurança 2.6) Gerência de Riscos 2.7) Resumindo: 2.8) Filme: Os Simpsons + Acidentes Acontecem 2.9) Para Saber Mais... 2.10) Exercícios de Fixação

2.1) O que aprender neste capítulo?

Conhecer conceitos básicos utilizados em Gerência de Riscos;

Revisar o conceito de acidente do trabalho;

Revisar quais são as causas dos acidentes de trabalho;

Conhecer os conceitos de Perigo e Risco, e saber diferenciá-los;

Revisar alguns conceitos de segurança.

2.2) Segurança Revisão de Conceitos

Segurança: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzindo por saúde, paz e harmonia; Segurança do Trabalho: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental do empregado, no trabalho para a empresa e se possível, fora do ambiente dela (viagem de trabalho, lar, lazer, etc.).

A Segurança do Trabalho é a parte do planejamento, organização, controle e execução do trabalho, que objetiva reduzir permanentemente as probabilidades de ocorrência de acidentes (parte de administração com objetivo de reduzir permanentemente os riscos).

Linha de atuação para atingir a segurança

Administração correta Com pessoas capazes Com planejamento, organização e métodos eficazes Com supervisão atuante

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Que acredita em segurança Que apóie a segurança

Conscientização dos empregados e empregadores quanto à segurança

Linha de atuação para atingir a segurança

Atuação na área de riscos Identificação Eliminação Controle Proteção do trabalhador

Atendimento aos acidentados Primeiros socorros Médico-hospitalar Psicológico Social

2.3) Conceitos Básicos de SST

"Acidentes ocorrem desde os tempos imemoriais, e as pessoas têm se preocupado igualmente com sua prevenção há tanto tempo. Lamentavelmente, apesar do assunto ser discutido com freqüência, a terminologia relacionada

ainda carece de clareza e precisão.

Do ponto de vista técnico, isto é particularmente frustrante, pois gera desvios e vícios de comunicação e compreensão, que podem aumentar as dificuldades para a resolução de problemas. Qualquer discussão sobre

riscos deve ser precedida de uma explicação da terminologia, seu sentido preciso e inter-relacionamento."

Willie Hammer

2.3.1) Conceito de Acidente

Acidente é toda ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento que não prevemos, ou se prevemos, não sabemos precisar quando acontecer.

Um acidente pode acontecer:

Em milésimos de segundo, e Em milímetros de espaço.

2.3.2) Tipos de Acidente

Acidente Pessoal: ocorrências com pessoas Ex.: Queda de pessoa

Acidente Material: ocorrências com materiais

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Ex.: Queda de um aparelho de medição

Acidente Administrativo: ocorrência com a empresa (PJ) Ex.: Falência não programada de uma empresa

2.3.3) Conceito de Acidente de Trabalho

Temos vários conceitos de trabalho:

Conceito Legal Conceito Prevencionista Outros conceitos Conceito Legal

Acidente é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laboral para o trabalho.

Lei 8213, 24.07.1991

Conceito Prevencionista

Acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos trabalhadores ou danos materiais.

Outros Conceitos de Acidente do Trabalho

É a ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho que, ocasionando danos pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.

Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e que tem cobertura da seguradora.

2.3.4) Conceito de Danos

É a conseqüência negativa do acidentes, ou seja, é o produto ou resultado negativo do acidente (prejuízo).

Dano é a gravidade da perda, seja ela humana, material, ambiental ou financeira, que pode ocorrer caso não se tenha controle sobre um risco. A probabilidade e a exposição podem manter-se inalterados, e mesmo assim, existir diferença na gravidade do dano.

Os danos podem ser:

Pessoais lesões, ferimentos, perturbação mental

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Materiais danos em aparelhos, equipamentos Administrativo prejuízo monetário, desemprego em massa

2.3.5) Conceito de Perda

Perda é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento através de seguros ou outros meios.

2.3.6) Conceito de Sinistro

Sinistro é o prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento através de seguros ou outros meios.

2.3.7) Conceito de Risco abordagem tradicional

Risco é tudo o que pode causar acidentes, ou seja, tudo com potencialidade ou probabilidade de causar acidentes.

De um modo geral, os riscos são visíveis nas tarefas, podendo ser eliminados ou controlados. Por vezes, o risco está oculto no processo que envolve a realização das tarefas.

Como podemos descobrir um risco?

Preventivamente: conhecimento, estudos, pesquisas, testes; Corretivamente: após algum acidente.

Tipos de risco:

Pessoal: o homem em si; Material: condição insegura risco no ambiente, máquinas, equipamentos, ferramentas, etc.; Administrativa: gerência, supervisão ou outros representantes; é o risco mais crítico da empresa. Mais adiante, discutiremos novamente o conceito de risco.

2.3.8) Conceito de Causa (de acidente)

Causa é aquilo que provocou o acidente, sendo responsável por sua ocorrência, permitindo que o risco se transformasse em danos.

A causa só passa a existir após a ocorrência do acidente.

Antes do acidente: Depois do acidente: Risco Causas

Tipos de Causas de Acidentes

Baseado na definição proposta por Heinrich (1931), temos 3 tipos de causas:

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Ato Inseguro

Comportamento conscientes ou não, emitidos pelo trabalhador ou empresa que podem levar ao acidente. Os atos inseguros são praticados por trabalhadores que desrespeitam regras de segurança, ou não as conhece devidamente, ou ainda que têm um comportamento contrário à prevenção. Podem ser cometidos tanto por pessoa física quanto jurídica. Os atos inseguros são cometidos por imprudência, imperícia ou negligência;

Imprudência Imperícia Negligência

Exemplos de Ato Inseguro:

Dirigir em velocidade acima do permitido ou recomendado; Não uso de EPI em área ou tarefa onde tal uso é mandatório; Ordem da chefia para trabalhar em rede desenergizada sem testar a ausência de tensão e sem aterrar o trecho desligado; Dirigir sem habilitação; lançamento de ponta de cigarro acesa; Viajar sem antes conferir as condições de conservação e segurança do veículo.

Condição Insegura

Deficiências, defeitos ou irregularidades técnicas no ambiente de trabalho que constituem ou favorecem o aparecimento de riscos para a integridade física do trabalhador, para sua saúde e para os bens materiais da empresa Exemplos: ambiente mal iluminado; escritório com fios espalhados pelo chão; compressor ruidoso sem isolamento acústico; manuseio de reagentes químicos que desprendem gases, sem exaustão; recolhimento de lixo hospitalar; arranjo físico inadequado.

Fator Pessoal de Insegurança

Problema pessoal do indivíduo que pode vir a provocar acidentes

Problemas de saúde Problemas familiares Dívidas Alcoolismo Uso de Substâncias Tóxicas

2.3.9) Perigo e Risco

Nesta definição, usaremos os conceitos de Perigo (Hazard) e Risco (Risk) como estão definidos na BSI OHSAS 18001 e na BS 8800, normas internacionais que tratam de Saúde e Segurança do Trabalho

Estes conceitos serão doravante utilizados neste curso de Gerência de Riscos.

2.3.10) Conceito de Perigo (Hazard)

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Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos tais como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, meio ambiente, perda de material em processos ou redução da capacidade produtiva.

2.3.11) Conceito de Risco (Risk)

Probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo impacto deste em valores monetários.

2.3.12) Perigo x Risco

Perigo e Risco costumam ser aplicados como sinônimos em diversos casos até mesmo em leis e normas

Uma terminologia é algo para ser seguido, e as pessoas devem ser rigorosas no seu uso. Isso é particularmente requerido dos especialista

isto é, NÓS! Desta forma, observemos que:

Identificamos PERIGOS; Avaliamos RISCOS.

Se falamos em PERIGOS, denotamos que apenas identificamos condições com potencial para causar danos.

Se alguém se manifesta em termos de RISCO, indica que, de alguma forma, já foram avaliadas conseqüências e probabilidade de ocorrência do evento gerador de danos.

2.3.13) Perigo x Risco Teoria dos Portadores de Perigo

Sob um enfoque mais filosófico, perigo é uma energia danificadora que quando ativada pode provocar danos corporais e/ou materiais, podendo estar associada tanto a pessoas quanto a objetos; Pessoas e objetos podem ser portadoras de perigos em determinadas circunstâncias; se tais perigos forem ativados repetidamente, tal perturbação caracteriza o acidente, que impede o alcance do objetivo; Quando

não interseção entre as áreas, não há riscos.

O risco é gerado quando há uma interseção entre as áreas perigosas de pessoas e objetos.

Área de perigos OBJETOS

Área de perigos PESSOAS

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Exemplo 01:

Perigos: Motorista embriagado Carro estacionado, desligado

Risco de acidente: não há

Exemplo 02:

Perigos: Motorista embriagado Carro em alta velocidade

Risco de acidente: Alto

2.3.14) Nível de exposição (Danger)

Relativa exposição a um risco que favorece a materialização do risco como causa de um acidente e dos danos resultantes deste. O nível de severidade varia de acordo com as medidas de controle adotadas, ou seja:

Nível de Exposição = Risco Medidas de Controle adotadas

2.3.15) Conceito de Desvio

Desvio é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou indiretamente, a danos a pessoas, ao patrimônio ou causar impacto ambiental, que se encontre desconforme com as normas de

OBJETOS PESSOAS RISCO

Área de Risco

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trabalho, procedimentos, requisitos legais ou normativos, requisitos do sistema de gestão, ou boas práticas.

O conceito de desvio é similar ao de perigo, mas com uma diferença sutil: um desvio está associado a uma não conformidade com requisitos pré-definidos, ou seja, é algo desconforme com o adequado.

O conceito de desvio é muito importante, pois inclui qualquer não-conformidade física (instalações) ou comportamental (operacional).

Todo desvio é um perigo, mas alguns perigos, no entanto, não são desvios: perigos naturais, ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que (ainda) não estejam desconformes a normas e/ou requisitos.

2.3.16) Perigo x Desvio

Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco , sendo um importante conceito nas chamadas auditorias comportamentais .

Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori (técnicas de análises de risco), que será vista nos próximos capítulos.

Quando ocorre um acidente, perigos ou desvios se tornam as causas do mesmo, que se encadeiam desde a origem das seqüências até o acidente em si e seus efeitos (danos ou perdas).

2.3.17) Conceito de Incidente

Incidente é qualquer evento ou fato negativo com potencialidade para provocar dano, mas por algum fator não satisfeito, não ocorre o esperado acidente.

O incidente não manifesta danos significativos (também chamados visíveis ou macroscópicos).

O conceito de incidente surgiu nos anos 60, na aviação, e foi transportado na mesma época, para a indústria.

Este fato foi chamado em sua origem de incidente crítico , pois os acidentes aeronáuticos sempre representam altos danos, tanto pessoais quanto materiais.

O termo atual de uso geral na indústria é incidente ou quase-acidente, o que explica rapidamente o conceito. O que torna o incidente um instrumento poderoso na prevenção é que esses fatos evidenciam os perigos e desvios, sem no entanto ocorrer lesões nem danos macroscópicos.

Se algo tem a menor possibilidade de dar errado, dará.

Qualquer operação pode ser feita de forma errada, não interessa o quanto essa possibilidade é remota, ela algum dia vai ser feita desse modo

Não importa o quanto é difícil danificar um equipamento, alguém sempre vai achar uma maneira de fazê-lo.

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Se algo pode falhar, essa falha deve ser esperada para ocorrer no momento mais inoportuno e com o máximo dano.

Mesmo na execução da mais perigosa e complicada operação, as instruções poderão ser ignoradas.

(Murphy era um otimista...)

2.5.1) Conceituação

Evitar acidente

Para:

Manter continuidade operacional Preservar a integridade física e mental do trabalhador Garantir a salubridade e segurança do público

Levando a:

Maior racionalização do trabalho Aumento da produtividade Diminuição dos custos

2.5.2) Distribuição de responsabilidades

2.5.3) Pirâmide de Maslow

Obter

Medir desvios Manter

Padrões de Segurança

Profissionais de Segurança

Áreas Técnicas

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21

Necessidades Fisiológicas

Preocupações com o bem estar; Necessidades básicas: fome, sede, sono, respirar; Preocupação não com o trabalho em si, mas com a satisfação da necessidade.

Necessidades de Segurança

Preocupações com a segurança atual e futura; Necessidades de seguro saúde, planos de aposentadoria, boas condições físicas do ambiente de trabalho; Ênfase também na necessidade, não no trabalho em si.

Necessidades Sociais

Preocupação em relacionamentos sociais, em aliar-se e ser recebido como membro do grupo; Valorização de trabalhos que ofereçam oportunidade de descobrir e estabelecer relacionamentos interpessoais

Necessidades de Estima

Ênfase em reconhecimento de oportunidades que permitam demonstrar sua competência; Dependência essencial do próprio trabalho produzido como fonte motivacional

Necessidades de auto-realização

Necessidades de segurança

Necessidades fisiológicas

Necessidades secundárias

Necessidades primárias

Necessidades de (auto) estima

Necessidades sociais

Necessidades de auto-realização

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22

Preocupações em testar seu próprio potencial através de oportunidades desafiantes; Necessidade de grande dose de autonomia na função, liberdade de expressão e oportunidade de realizar experiências.

2.6) Gerência de Riscos

Conjunto de procedimentos que visa proteger a empresa das conseqüências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.

A finalidade da Gerência de Riscos é prevenir todos os fatos negativos que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, podendo provocar danos e/ou perdas às pessoas, materiais, instalações, equipamentos e meio ambiente.

A Gerência de Riscos consiste em:

Identificação de Perigos; Análise de Riscos; Avaliação de Riscos; Tratamento de Riscos.

Processo de Decisão

Determinação da grandeza do risco; Avaliação do risco; Desenvolvimento de alternativas para tratamento do risco; Seleção da melhor alternativa; Aplicação de medida de controle.

Responsabilidades da Gerência de Riscos

Gerência de Riscos

Análise de Riscos

Prevenção e Controle de Perdas Seguros

Avaliar e acompanhar todos os projetos da empresa,

detalhando as providências que devem ser tomadas do ponto de vista da eliminação e controle, bem como da aprovação dos equipamentos de segurança

(EPI e EPC).

Inspecionar regularmente os locais de trabalho onde se verifica o cumprimento das

normas de segurança

Administrar todos os contratos feitos para

complementar as medidas de prevenção Levantar as possibilidades

de ocorrência de falhas e problemas em todas as

áreas

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23

Identificação dos riscos; Classificação dos riscos; Avaliação dos riscos; Geração, atualização e registro de dados estatísticos e relatórios; Estabelecimento de uma política de riscos; Cooperação e busca da cooperação de todos os departamentos da empresa.

Perigo e Risco

Perigo e Desvio

Causas de Acidente

Perigo

Risco

Acidente

Danos

Perigo

Perigo

Desvio

Perigo

Acidente

Danos

Procedimentos Regulamentos Pré-requisitos

Causa raiz

Causa raiz

Causa

Acidente

Danos

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24

Incidente e Acidente

ALBERTON, Anete. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Dissertação do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção e Sistema, UFSC, 1997.

FANTAZZINI, Mário. Revista Proteção Série Prevenção de Riscos.

Perigo

Desvio

Perigo

Acidente Danos

Incidente

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25

Capítulo 03 Noções Básicas de Seguros

Índice 3.1) O que aprender neste capítulo? 3.2) Riscos Conceitos e Amplitude 3.3) Riscos Empresariais 3.4) Grandes Acidentes 3.5) Tratamento de Riscos 3.6) História do Seguro 3.7) Teoria Geral do Seguro 3.8) Mercado de Seguros 3.9) Seguros x Gerência de Riscos 3.10) Resumindo: 3.11) Para Saber Mais... 3.12) Trabalho Prático: Análise de Relatório de Recomendações

3.1) O que aprender neste capítulo?

Saber os princípios de cobertura atuarial de riscos e conceituação de seguros, bem como noções sobre o mercado de seguros;

Aprender sobre a história do seguro no Brasil;

Identificar quais são os riscos seguráveis e os não seguráveis;

Conhecer quais são os tipos de seguros e sua relação com a Gerência de Riscos;

Analisar criticamente um relatório de recomendações de uma seguradora/corretora de seguros

A noção de riscos é a mesma de um acontecimento ou evento. Algo que ocorre por falta da natureza ou do homem

Pedro Alvim

3.2.1) Chance

Possibilidade de um evento conduzir a um resultado favorável Ex.: Chance de vitória

3.2.2) Risco

Possibilidade de um evento conduzir a um resultado desfavorável Ex.: Risco de falência

É o evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes contratantes, conduz a um resultado desfavorável e contra o qual é feito o seguro.

Risco é a expectativa de sinistro; É a dúvida sobre o futuro; É a possibilidade de ocorrência de evento conduzindo a resultado desfavorável;

É o objeto do seguro. 3.2.3) Riscos Seguráveis

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26

O estabelecimento de riscos homogêneos, riscos da mesma natureza e com idêntico valor são condições essenciais

para garantir qualquer estatística sobre seguros.

Nem sempre o risco é considerado segurável.

Para que um risco seja segurável, ele deverá ser: Ter um grande número de unidades homogêneas seguradas O sinistro deve ser acidental e não-intencional A perda deve ser definível e mensurável A probabilidade de perda deve poder ser calculada O prêmio deve ser economicamente viável A perda não pode ser catastrófica

3.2.4) Riscos Não Seguráveis ou Excluídos

São os riscos não cobertos pelo seguro. Exemplos:

Riscos fundamentais (do estado); Riscos que constituem carteiras específicas excluídos nas demais carteiras Riscos decorrentes de atos ilícitos do segurado, proibidos pelo Código Civil, exceção feita para os riscos de responsabilidade civil.

3.2.5) Categorias de Risco

Técnico Minimizar ou maximizar propriedades

Programático Obtenção e uso de recursos

Suportabilidade Manutenção ou continuidade de processos

3.2.6) Classificação do Risco

Natureza das Perdas Puro Especulativo

Origem Fundamental Particular

Alcance ou Impacto Desprezível, Marginal, Crítico, Catastrófico

Avaliação Objetivos Especiais ou Subjetivos

3.2.7) Natureza das Perdas

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27

Risco Puro

É o risco onde há possibilidade de se perder ou não perder Os riscos puros podem ser pessoais (morte prematura, desemprego, velhice), de propriedade (perdas

decorrentes da destruição parcial ou total de bens ou de furto/roubo) ou de responsabilidade (risco de uma pessoa ou entidade causar um prejuízo financeiro a terceiros e possam ser responsabilizados por isto)

Risco Especulativo É o risco onde há possibilidade de perder, não perder ou ganhar

3.2.8) Origem do Risco

Riscos Fundamentais Riscos tratados pelo estado; são impessoais, não são causados por pessoas e resultam das mutações sociais

e econômicas. Ex.: Perdas decorrentes de guerra ou inflação.

Riscos Particulares Riscos pessoais, ou seja, riscos puros particularizados, onde só se admitem 2 possibilidades: perder ou não

perder; são riscos seguráveis a serem tratados por seguradores particulares. Ex.: A colisão de dois carros ou furto de um objeto.

3.2.9) Impacto do Risco

Desprezível Insignificante o suficiente para não afetar a empresa

Marginal Causa algum efeito, mas não impede a empresa de operar

Crítico O efeito é suficientemente grande para ameaçar a existência da empresa

Catastrófico Acarreta o fim da empresa

3.2.10) Avaliação do Risco

Risco Objetivo Variação relativa entre a perda esperada e a realizada: é a mesma para todas as pessoas que se defrontam

com a mesma situação Ex.: Conseqüências materiais de um incêndio, com base em apuração metodológica e financeira das perdas

Risco Especial ou Subjetivo É quando a incerteza é avaliada apenas pelo estado de espírito de quem a está avaliando

Ex.: Juízo de valor pessoal

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Ambiente Interno

Qualidade Custos Gestão/Política de RH Riscos Patrimoniais Riscos Ambientais Estratégia empresarial Gestão Financeira P&D Gigantismo SST

Ambiente Externo

Política Internacionais Conflitos Mercado Ambiente Consumidor Política de Financiamento Política Monetária Fiscais Regulatórios Sociais

3.4) Grandes Acidentes

Local e Data Produto Causa Conseqüência

Feyzin, França (1966) Propano BLEVE 18 mortes 81 feridos Perdas de Us$ 68 M

Duque de Caxias, Brasil (1972)

GLP Vazamento seguido de BLEVE

37 mortes 53 feridos

Flixborough, Inglaterra (1974)

Ciclohexano Explosão, incêndio

28 mortes 104 feridos Perdas de Us$ 412 M

Seveso, Itália (1976) Dioxina Explosão 10 mil animais mortos Contaminação

Cidade do México, México (1984)

GLP BLEVE Incêndio

650 mortes 6.400 feridos Perdas de Us$ 85,2 M

Bhopal, Índia (1984) Isocianato de Metila

Emissão tóxica > 7.000 mortes 200.000 intoxicados

Cubatão, Brasil (1985) Amônia Rompimento de tubulação

Evacuação de 6.500 pessoas

Chernobyl, Ucrânia (1986)

Urânio Explosão 56 mortes 4.000 contaminações >200.000 p. evacuadas

Mar do Norte - Escócia (1988)

Petróleo Explosão Incêndio

167 mortes

Rio de Janeiro, Brasil (2001)

Petróleo Explosão 11 mortes Perdas de Us$ 497 M Multas de R$ 7,5 M

A perda acidental de uma instalação ou sistema pode:

Fazer com que o movimento de negócios seja sensivelmente abalado; Trazer sérias conseqüências à saúde financeira da empresa; Fazer com que a empresa tenha que dispor de recursos que não tem, em caráter emergencial;

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Criar variabilidade significativa no fluxo de caixa.

A perda de pessoas-chave pode fazer com que informações essenciais sejam perdidas, e que a empresa leve algum tempo para recuperá-la.

Em casos extremos, o conhecimento estratégico pode ser definitivamente perdido.

Um grande acidente não fica dentro de casa

Quais são os envolvimentos internos e externos? O plano de emergência existe? É operacional? A empresa está preparada para atender as famílias das vítimas? A empresa está preparada para processos judiciais e indenizações? A empresa sabe a quem informar sobre os acidentes? A empresa tem um plano montado de relações públicas?

O que aconteceu após os Grandes Acidentes?

Visão integrada de risco envolvendo a engenharia, a operação, a manutenção a segurança e o seguro Adoção da Prevenção e Controle de Perdas como política institucional Desenvolvimento da gerência de riscos como agente de mudanças Investimentos em Segurança das Operações, desde a fase de concepção dos projetos

3.6) História do Seguro

2300 a.c.

As primeiras modalidades de seguros surgiram na Babilônia,. quando as caravanas atravessavam o deserto para comercializar camelos em cidades vizinhas; como era comum alguns animais morrerem durante o caminho, os cameleiros, cientes do grande risco, firmaram um acordo em que pagariam para substituir o camelo de quem o perdesse. Além de uma atitude solidária por parte do grupo, já era sem dúvida uma forma primária de seguro

Século XII

Surge uma nova modalidade de seguro: o Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo, formalizado por meio de um documento assinado por duas pessoas, sendo uma delas a que emprestava ao navegador quantia em dinheiro no valor do barco e das mercadorias transportadas. Se durante a viagem o barco sofresse alguma avaria, o dinheiro emprestado não era devolvido. Caso contrário, esse dinheiro voltava para o financiador acrescido de juros

1234

O papa Gregório IX proibiu o Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo em toda Europa. Os homens ligados ao negócio buscaram então subterfúgios para que pudessem continuar a operar na navegação com aquele seguro. E encontraram: o banqueiro se tornava comprador do barco e das mercadorias transportadas. Caso o navio naufragasse, o dinheiro adiantado era o preço da compra. Se o barco chegasse intacto ao seu destino, a cláusula de compra se tornava nula e o dinheiro era devolvido ao banqueiro, acrescido de outra quantia como rendimento do empréstimo feito

1347 Firmado o primeiro contrato de seguro nos moldes atuais foi em Gênova, com a emissão da primeira apólice; era um contrato de seguro de transporte marítimo

Século XVI

A teoria das probabilidades desenvolvida por Pascal, associada à estatística, deu grande impulso ao seguro porque a partir de então os valores pagos pelo seguro, seus prêmios, puderam ser calculados de forma mais justa

1653 Criação das Tontinas, uma das primeiras sociedades de socorro mútuo, por Lorenzo Tonti. Apesar da grande aceitação inicial, essa sociedade não conseguiu sobreviver ao longo do tempo;

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1678

Fundação, em Londres do Lloyds por Edward Lloyds, proprietário de um bar que era ponto de encontro de navegadores e atraía pessoas interessadas nos negócios de seguros. Ali, passaram a concretizá-los por meio de contratos. O Lloyds tornou-se uma verdadeira bolsa de seguros e assim opera até os dias de hoje;

Século XIX

Surgimento e desenvolvimento de outras modalidades de seguro (incêndio, transportes terrestres, e vida); os tempos haviam mudado e o mundo ingressava na era da produção em série e do consumo em escala; a figura do segurador individual desaparecia, e no seu lugar entram as companhias seguradoras como existem atualmente.

1808 Início da atividade seguradora no Brasil com a abertura dos portos ao comércio internacional; a primeira sociedade de seguros a funcionar no país foi a "Companhia de Seguros BOA-FÉ", em 24 de fevereiro daquele ano, que tinha por objetivo operar no seguro marítimo

1835 Surgimento da "previdência privada" brasileira, com a criação do MONGERAL - Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado - proposto pelo então Ministro da Justiça, Barão de Sepetiba, que, pela primeira vez, oferecia planos com características de facultatividade e mutualismo

1850 Promulgação do "Código Comercial Brasileiro" (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), primeiro estudo e regulamentação do seguro marítimo em todos os seus aspectos

1855 Autorização da exploração do seguro de vida, sob o fundamento de que o Código Comercial só proibia o seguro de vida quando feito juntamente com o seguro marítimo

1862 Surgimento das primeiras filiais de seguradoras sediadas no exterior 1808/1850 A atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas

1895 Promulgação da Lei 294, dispondo exclusivamente sobre as companhias estrangeiras de seguros de vida, determinando que suas reservas técnicas fossem constituídas e tivessem seus recursos aplicados no Brasil, para fazer frente aos riscos aqui assumidos

1901

O Decreto n° 4.270, e seu regulamento anexo, conhecido como "Regulamento Murtinho", regulamentaram o funcionamento das companhias de seguros de vida, marítimos e terrestres, nacionais e estrangeiras, já existentes ou que viessem a se organizar no território nacional. Além de estender as normas de fiscalização a todas as seguradoras que operavam no País, o Regulamento criou a "Superintendência Geral de Seguros .

1906 Através do Decreto n° 5.072, a Superintendência Geral de Seguros foi substituída por uma Inspetoria de Seguros, também subordinada ao Ministério da Fazenda

1916

Sanção da Lei n° 3.071, que promulgou o "Código Civil Brasileiro", com um capítulo específico dedicado ao "contrato de seguro". Os preceitos formulados pelo Código Civil e pelo Código Comercial passaram a compor, em conjunto, o que se chama Direito Privado do Seguro. Esses preceitos fixaram os princípios essenciais do contrato e disciplinaram os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro.

História do Seguro no Brasil

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1808

Início da atividade seguradora no Brasil com a abertura dos portos ao comércio internacional; a primeira sociedade de seguros a funcionar no país foi a "Companhia de Seguros BOA-FÉ", em 24 de fevereiro daquele ano, que tinha por objetivo operar no seguro marítimo

1835 Surgimento da "previdência privada" brasileira, com a criação do MONGERAL - Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado - proposto pelo então Ministro da Justiça, Barão de Sepetiba, que, pela primeira vez, oferecia planos com características de facultatividade e mutualismo

1850 Promulgação do "Código Comercial Brasileiro" (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), primeiro estudo e regulamentação do seguro marítimo em todos os seus aspectos

1855 Autorização da exploração do seguro de vida, sob o fundamento de que o Código Comercial só proibia o seguro de vida quando feito juntamente com o seguro marítimo

1862 Surgimento das primeiras filiais de seguradoras sediadas no exterior

1808/1850

A atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas

1895 Promulgação da Lei 294, dispondo exclusivamente sobre as companhias estrangeiras de seguros de vida, determinando que suas reservas técnicas fossem constituídas e tivessem seus recursos aplicados no Brasil, para fazer frente aos riscos aqui assumidos

1901

O Decreto n° 4.270, e seu regulamento anexo, conhecido como "Regulamento Murtinho", regulamentaram o funcionamento das companhias de seguros de vida, marítimos e terrestres, nacionais e estrangeiras, já existentes ou que viessem a se organizar no território nacional. Além de estender as normas de fiscalização a todas as seguradoras que operavam no País, o Regulamento criou a "Superintendência Geral de Seguros .

1906 Através do Decreto n° 5.072, a Superintendência Geral de Seguros foi substituída por uma Inspetoria de Seguros, também subordinada ao Ministério da Fazenda

1916

Sanção da Lei n° 3.071, que promulgou o "Código Civil Brasileiro", com um capítulo específico dedicado ao "contrato de seguro". Os preceitos formulados pelo Código Civil e pelo Código Comercial passaram a compor, em conjunto, o que se chama Direito Privado do Seguro. Esses preceitos fixaram os princípios essenciais do contrato e disciplinaram os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro.

1939

Criação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), através do Decreto-lei n° 1.186. As sociedades seguradoras ficaram obrigadas, desde então, a ressegurar no IRB as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria, que, através da retrocessão, passou a compartilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. Com esta medida, o Governo Federal procurou evitar que grande parte das divisas fosse consumida com a remessa, para o exterior, de importâncias vultosas relativas a prêmios de resseguros em companhias estrangeiras.

1940 Promulgação do Decreto n° 5.901, criando os seguros obrigatórios para comerciantes, industriais e concessionários de serviços públicos, pessoas físicas ou jurídicas, contra os riscos de incêndios e transportes nas condições estabelecidas no mencionado regulamento.

1966

Regulamentação, através do Decreto-lei n° 73, de todas as operações de seguros e resseguros e instituição do Sistema Nacional de Seguros Privados, constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); Instituto de Resseguros do Brasil (IRB); sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e corretores habilitados.

3.6) Tratamento de Riscos

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As formas de tratamento de risco são:

Evitar Reter Prevenir Mitigar Transferir

3.6.1) Evitar

Cessar a atividade Alterar a tecnologia, rotinas ou metodologia Eliminar insumos Substituir equipamentos Isolar Nunca estar submetido à exposição de uma determinada perda

Vantagem:

Redução a zero da possibilidade de perda

Desvantagens:

Pode não ser possível evitar todas as exposições Evitar pode não ser viável na prática

3.6.2) Reter

Absorver parte ou toda a perda resultante de alguma exposição; Recomendado quando: Não existe outra forma possível de tratamento A perda máxima possível não é muito grave As perdas são altamente previsíveis O custo do risco é suportável Pode-se reter todo ou parte de um certo risco; A retenção pode ser passiva (quando se está ciente do risco e intencionalmente decide retê-lo) ou ativa

(quando o risco é retido por ignorância, indiferença ou preguiça)

3.6.3) Prevenir

Procurar reduzir a probabilidade de perda, reduzindo desta forma a freqüência das perdas; seu objetivo é evitar a perda

3.6.4) Mitigar

Admitir a ocorrência da perda e procurar diminuir seu efeito, ou seja, o valor da perda

3.6.5) Transferir

Transferir sem segurar

O risco é transferido a terceiros mas não a uma seguradora

Transferência por contrato Incorporação de S.A.

Segurar risco é transferido a uma seguradora

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Transferir é, portanto, o desenvolvimento da resposta à ocorrência do evento de risco Determina que ações serão tomadas para cada aspecto de risco avaliado As ações podem ser categorizadas em estratégias como evitar, controlar (mitigar) e aceitar os riscos

3.6.6) Redução de Freqüências

Melhoria da qualidade do sistema Aumento da confiabilidade do sistema Aperfeiçoamento da configuração do sistema

Melhoria da disponibilidade dos sistemas de segurança

Aumento da freqüência de inspeções nos equipamentos

Programa de capacitação e treinamento

3.6.7) Redução de Conseqüências

Redução de impactos Diminuição da quantidade de substâncias estocadas Medidas para contenção de vazamento Sistemas de combate a incêndio Reforço de estruturas

Proteção da população exposta Plano de Emergência

3.7) Teoria Geral do Seguro

O Seguro é uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, uma pessoa se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o

princípio do mutualismo.

Memard

3.7.1) Conceito

Seguro é uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma remuneração (prêmio), uma pessoa (segurado) se faz prometer para si ou para outrem (beneficiário) no caso da efetivação de um evento determinado (sinistro), uma prestação (indenização) por parte de uma terceira pessoa (segurador) que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.

As leis da estatística e o princípio do mutualismo são as técnicas básicas utilizadas na operação do seguro.

3.7.2) Finalidade e Característica do Seguro

A morte de uma pessoa, deixando desamparados aqueles que dependem de sua atividade, ou a destruição de coisas ou bens fazendo desaparecer ou reduzir-se o patrimônio são acontecimentos que o homem procurou reparar por intermédio de uma instituição.

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O seguro foi o organismo que se criou e que progressivamente vem se aperfeiçoando para restabelecer o equilíbrio perturbado.

O segurado é a pessoa física ou jurídica perante a qual o segurador assume a responsabilidade de determinado risco.

O prêmio, também elemento essencial do contrato de seguro, é o pagamento feito pelo segurado ao segurador, ou seja, é o preço do seguro para o segurado.

Os parâmetros para cálculo do prêmio são:

Prazo do seguro; Importância segurada; Exposição ao risco.

O prazo de seguro é normalmente de 12 meses, mas nada impede que sejam calculados prêmios a prazos inferiores (curto prazo) ou superiores (longo prazo).

3.7.3) Franquia

Dizemos que franquia é o valor inicial da importância segurada até o qual o segurado é o segurador de si próprio, ou seja, se dissermos que num seguro há uma franquia de um certo valor, isto quer dizer que prejuízos até este valor serão suportados pelo segurado.

Tipos de franquia:

Franquia dedutível: o valor é reduzido de todos os prejuízos; é a mais utilizada;

Franquia simples: no momento que o prejuízo ultrapassa seu valor, ele deixa de ser deduzido.

Ex.: Se temos a seguinte situação:

Importância segurada: R$ 500 mil Franquia: 10%

Considerando os 2 tipos de franquia, e os seguintes prejuízos:

R$ 6 mil R$ 50 mil R$ 120 mil

Franquia dedutível: R$ 50 mil

R$ 6 mil < franquia: não há indenização R$ 50 mil = franquia: não há indenização R$ 120 mil > franquia: indenização de R$ 70 mil

Franquia simples: R$ 50 mil

R$ 6 mil < franquia: não há indenização R$ 50 mil = franquia: não há indenização R$ 120 mil > franquia: indenização de R$ 120 mil

3.7.4) Seguros Proporcionais e Não Proporcionais

Seguros Proporcionais

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Na maioria dos seguros de materiais, equipamentos, instalações, etc., os seguros são proporcionais, ou seja, você só recebe o valor total do prejuízo se seu seguro estiver suficiente; este é o princípio da cláusula de rateio.

I = IS

P = VR

I: Indenização P: Prejuízo

IS: Importância segurada VR: Valor em Risco

Seguros Não Proporcionais

Neste tipo de seguro, não se cogita o valor em risco para o cálculo de indenização. O segurador paga pelos prejuízos ocorridos até o limite da importância segurada sem aplicar o rateio.

Ex.: considere a seguinte situação:

IS: R$ 1,5 M Sinistro com prejuízo de R$ 400 mil O seguro é proporcional

Calcule o valor da indenização, considerando um VR de:

R$ 500 mil R$ 1,5 M R$ 2 M

3.7.5) Vantagens e Desvantagens

A indenização após uma perda garante a continuidade da operação, com pequena ou nenhuma redução da operação; A incerteza é reduzida, permitindo um planejamento

a longo prazo; Seguradoras podem prover serviços tais como

controle de perdas, análise de exposições e determinação do valor da perda; Os prêmios de seguro são considerados como

despesas dedutíveis para fins de imposto de renda

O prêmio pode ser significativo e é pago antecipadamente à perda; Tempo e dinheiro consideráveis são aplicados à

escolha das seguradoras e à negociação das condições A implantação de um programa de controle de

perdas pode sofrer um relaxamento com a existência do seguro

3.8) Noções do Mercado de Seguros

Decreto Lei no 73 de 21.11.1966

Promover e expandir o mercado de seguros privados Integrar o mercado de seguros no contexto sócio-econômico do país Coordenar a política de seguros com a política de investimentos do governo federal Evitar a evasão de divisas Promover o aperfeiçoamento e preservar a liquidez e a solvência das sociedades seguradoras

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3.8.1) Estrutura do Mercado

3.8.2) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

Órgão governamental de atuação e competência normativa, com participação minoritária de representantes da iniciativa privada, encarregado da fixação das diretrizes da política brasileira de seguros privados, previdência aberta e capitalização, bem como do julgamento dos recursos contra decisões da SUSEP. Membros:

Ministro da Fazenda Superintendente da SUSEP Presidente do IRB Ministro da Saúde Ministro da Previdência Social Presidente do B. Central Secretário de Direito Econômico do MJ Representante do Ministério do Planejamento

Fixa diretrizes e normas da política de seguros; Regula a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como aplicar as penalidades previstas; Reconhece os recursos de decisão da SUSEP e do IRB Estabelece as diretrizes gerais das operações de resseguro; Fixa características gerais dos contratos de seguros, previdência privada aberta, capitalização e resseguradoras; Disciplina a corretagem de seguros e a profissão de corretor

3.8.3) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

Fiscaliza a constituição, organização, funcionamento e operações das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradoras e dos corretores de seguros; Zela pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados Zela pela liquidez e solvência das sociedades do mercado Promove a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operam Disciplina e acompanha os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas;

SUSEP ANS

Seguros e Capitalização

Saúde

Corretor

Seguradora

Ressegurador

Corretor

Operadora

Ressegurador

CNSP Órgão

Deliberativo

Órgãos Reguladores

Operação

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37

Executa as diretrizes e normas da política de seguros traçada pelo CNSP

3.8.4) Instituto de Resseguros do Brasil (IRB)

Elabora e expede normas reguladoras do cosseguro, retroseguro e retrocessão; Aceita resseguros do país e do exterior; Distribui pelas seguradoras a parte dos resseguros que não retiver e coloca no exterior as responsabilidades excedentes da capacidade do mercado segurador interno É uma sociedade de economia mista, dotado de personalidade jurídica própria e que goza de autonomia administrativa e financeira; Sua finalidade é regular as operações de cosseguro, resseguro e retrocessão, promovendo o desenvolvimento das operações de seguro de acordo com as diretrizes do CNSP

3.8.5) Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Criada em 2000, a ANS é uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde e que tem a missão de promover a defesa do interesse público na assistência suplementar de saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no país.

3.8.6) Operadores do Mercado

No Brasil:

Ressegurador Seguradoras Corretores de Seguros

No exterior:

Ressegurador Brokers Seguradoras Corretores de Seguros Agents (EUA)

3.8.7) Resseguradora

É a pessoa jurídica, seguradora e/ou resseguradora que aceita, em resseguro, a totalidade ou parte das responsabilidades repassadas pela seguradora direta, ou por outros resseguradores, recebendo esta última operação o nome de retrocessão.

3.8.8) Seguradora Empresas que operam na aceitação dos riscos de seguro, respondendo, junto ao segurado, pelas obrigações assumidas; Não podem explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria; Só podem operar em seguros para os quais tenham autorização; Estão sujeitas a normas, instruções e fiscalização da SUSEP e do IRB; Não estão sujeitas à falência, nem podem impetrar concordata;

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38

3.8.9) Corretor de Seguros

Pessoa física ou jurídica, é o intermediário legalmente autorizado a angariar e promover contratos de seguros entre as sociedades seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas; O corretor não pode aceitar ou exercer empregos públicos, manter relação de emprego ou de direção com companhias seguradoras, sendo ainda responsável civilmente perante os segurados e as sociedades seguradoras pelos prejuízos que a eles causar por omissão, imperícia ou negligência, no exercício de sua profissão. O corretor está sujeito às normas, instruções e fiscalização da SUSEP.

3.8.10) Broker

Pessoa física ou jurídica que faz a intermediação dos negócios entre o segurado e o segurador ou entre segurador e ressegurador; O broker representa e age em nome do segurado na solicitação ou compra do seguro, salvaguardando seus interesses; Entre segurador e ressegurador, somente PJ pode intermediar.

3.8.11) Agent

No mercado dos EUA, indivíduo que vende apólices de seguro de acordo com as seguintes classificações:

Direct Writer: representa somente uma companhia de seguros e vende apenas apólices da mesma;

Independent Agent: representa mais de uma companhia de seguro e (teoricamente) serve os clientes procurando no mercado os preços mais vantajosos para as maiores coberturas.

3.8.12) Inspeção de Riscos

Em determinados ramos de seguros, há necessidade e obrigatoriedade de uma inspeção prévia no risco ou riscos a segurar; Essa inspeção é feita por vários motivos, principalmente para determinação da taxa aplicável ao seguro O técnico que faz a inspeção de risco é chamado de inspetor de risco, que é encarregado de examinar o objeto do seguro, descrevendo a atividade e instalações, examinando os pontos críticos, avaliando a exposição ao risco coberto, bem como propondo ações e medidas que minimizem a materialização de sinistros.

3.8.13) Regulador de Sinistros

Técnico indicado pelos (re)seguradores nos seguros de que participam, para proceder o levantamento dos prejuízos indenizáveis

3.8.14) Árbitro regulador

Técnico que, à vista dos documentos examinados, é capaz de definir, em um sinistro, as responsabilidades envolvidas e respectivas participações.

3.8.15) Perito de Sinistros

Técnico especialista, ou sabedor das nuances, características e condições tarifárias(gerais, especiais e particulares) de determinado tipo de risco sinistrado.

Page 39: GERENCIA DE RISCOS.pdf

39

3.9) Seguros X Gerenciamento de Riscos

3.9.1) Conceito

Gerenciamento de Riscos é um processo sistemático usado para a identificação e avaliação de exposições a riscos puros que se apresentam a organizações e a indivíduos, e para a seleção e implementação das técnicas mais apropriadas para o tratamento destas exposições.

Gerenciar riscos = avaliar riscos + prevenir perdas

3.9.2) Objetivos

Pré-Perda

Preparação para uma perda da forma mais econômica possível Redução da ansiedade Atendimento de todas as imposições internas e externas shareholders e stakeholders

Pós-Perda

Sobrevivência da empresa após o sinistro Continuar operando Estabilidade dos lucros Crescimento contínuo da empresa Responsabilidade social por meio de minimização do impacto em: empregos de funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade em geral

3.9.3) Princípios

Primeiro Princípio A empresa não deve assumir riscos que possam supor perdas que conduzam a um desequilíbrio financeiro irreversível

Segundo Princípio A empresa não deve aceitar riscos cujo custo seja superior à rentabilidade esperada da atividade geradora de tal risco

Page 40: GERENCIA DE RISCOS.pdf

40

3.10) Resumindo:

Categorias de Risco Técnico, Programático, Suportabilidade

Classificação do Risco Natureza das Perdas, Origem, Alcance ou Impacto, Avaliação

Riscos Seguráveis

Ter um grande número de unidades homogêneas seguradas O sinistro deve ser acidental e não-intencional A perda deve ser definível e mensurável A probabilidade de perda deve poder ser calculada O prêmio deve ser economicamente viável A perda não pode ser catastrófica

Riscos Não Seguráveis

Riscos fundamentais (do estado); Riscos que constituem carteiras específicas excluídos nas demais carteiras Riscos decorrentes de atos ilícitos do segurado, proibidos pelo Código Civil, exceção feita para os riscos de

responsabilidade civil.

Os grandes acidentes industriais, que aconteceram principalmente a partir da segunda metade do século XX, modificaram a forma de as empresas lidarem com seguros e gerenciamento de riscos, que passaram a ser considerados como agentes de mudança

Existem 5 formas de tratamento de risco: Evitar Reter Prevenir Mitigar

Análise de Riscos

Prevenção de Perdas

Gerenciamento da Retenção de Riscos

Posso transferir o risco?

Transferência

Auto adoção

Auto seguro

Sim

Não

Page 41: GERENCIA DE RISCOS.pdf

41

Transferir

Os seguros, que tiveram papel fundamental na abordagem moderna de SST, surgiram no século XXIII a.c., ainda que de forma rudimentar; no Brasil, essa atividade teve início em 1808, com a abertura dos portos brasileiros por D. João VI

Atualmente, a atividade securitária segue os preceitos de Prevenção e Controle de Perdas (Total Loss Control).

Estrutura do Mercado

Órgão deliberativo: CNSP Órgão regulador: SUSEP Operadores:

Ressegurador Segurador Corretor de Seguros Agent e Broker (EUA)

3.11) Para Saber Mais...

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO Convenção 174, Recomendação 181: Prevenção de Acidentes Industriais Maiores

FUNENSEG, DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA Seguro incêndio tradicional. Assessoria técnica de Miguel Roberto Soares Silva. 2. ed.

3.12) Exercícios de Fixação Estudo de Caso Relatório de Inspeção de Riscos

Page 42: GERENCIA DE RISCOS.pdf

42

Gerência de Riscos Capítulo 04 - Fundamentos Matemáticos

Índice

4.1) O que aprender neste capítulo? 4.2) Confiabilidade 4.3) Probabilidade 4.4) Estatística 4.5) Álgebra Booleana 4.6) Resumindo: 4.7) Para Saber Mais... 4.8) Exercícios de Fixação

4.1) O que aprender neste capítulo?

Aprender o conceito de confiabilidade

Conhecer mais sobre Estatísticas e Probabilidades;

Ter noções de álgebra booleana.

4.2.1) Confiabilidade (C)

Confiabilidade é a probabilidade de um equipamento ou sistema desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado.

Confiabilidade é a probabilidade de não haver falhas.

4.2.2) Confiabilidade x Controle de Qualidade

Confiabilidade

Depende do Tempo

Vida útil Manutenção preventiva e corretiva

Controle de Qualidade

Independe do Tempo

Constante Auditoria e Procedimentos

4.2.3) Probabilidade de Falha (P)

É a possibilidade de ocorrência de um determinado número de falhas, em um período de tempo considerado. A probabilidade de falha era anteriormente conhecida como não confiabilidade .

P = 1 - C

4.2.4) Taxa de Falhas ( )

Page 43: GERENCIA DE RISCOS.pdf

43

É a freqüência com que as falhas ocorrem, em um certo intervalo de tempo, e é medida pelo número de falhas para cada hora de operação ou número de operações do sistema.

= no de falhas ou = no de falhas

tempo (h) no operações

4.2.5) Tempo Média entre Falhas (T)

É o recíproco da taxa de falhas. T = 1

4.2.6) Tipos de Falhas

Falhas Prematuras Ocorrem durante o período de depuração, devido a deficiências nas montagens ou componentes fora do

padrão, que falham logo após serem colocados em funcionamento; As falhas prematuras não são consideradas na análise de confiabilidade porque se admite que o

equipamento foi depurado e as peças iniciais defeituosas foram substituídas.

Falhas Casuais São falhas que resultam de causas complexas, incontroláveis e, algumas vezes, desconhecidas; Ocorrem durante a vida útil do componente ou sistema;

Falhas por Desgaste São falhas que ocorrem após o período de vida útil dos componentes; A taxa de falha aumenta rapidamente nesse período devido ao tempo e a algumas falhas casuais.

4.2.7) Taxa de Falha x Tempo

Curva de Banheira

4.2.8) Cálculo da Confiabilidade

É dado pela expressão matemática que indica a probabilidade com que os componentes operarão, sem falhas, em um sistema de taxa de falhas constante, até uma determinada data t.

C = e- t ou C = e-t/T

Falhas prematuras

Período de depuração

Falhas casuais

Período de vida útil

Falhas por desgaste

Período de desgaste

Tempo (t)

Taxa de Falha ( )

Page 44: GERENCIA DE RISCOS.pdf

44

onde:

C = confiabilidade do sistema ou equipamento e = 2,718 (exponencial neperiano) = taxa de falhas

t = tempo de operação T = tempo médio entre falhas

4.2.9) Sistemas de Componentes em Série

A característica principal do sistema de componentes em série é que uma falha de qualquer um dos componentes implica na quebra ou paralisação do equipamento ou sistema.

Sejam R1, R2, R3, ..., Rn as funções de confiabilidade dos componentes de um sistema ou equipamento:

A confiabilidade C do sistema é dada pela expressão:

C = C1 x C2 x C3 x ... x Cn

que é denominada Lei do Produto de Confiabilidade.

4.2.10) Sistemas de Redundância Paralela

Neste caso, para que haja a paralisação do sistema, é necessário que todos os meios ou componentes do sistema falhem.

Sejam P1, P2, P3, ..., Pn as probabilidades de falha dos componentes de um equipamento ou sistema. A probabilidade de falha do equipamento ou sistema é dada pela fórmula:

P = P1, P2, P3, ..., Pn

A confiabilidade ou probabilidade de não falhar será:

C = 1 - P

Entrada

Saída 1

2

3

n

C1

C2

C3

... Cn

Entrada

Saída

1

2

3

n

P1

P2

P3

Pn

Page 45: GERENCIA DE RISCOS.pdf

45

Pode ser que a corrida não seja sempre para o rápido nem a batalha para o forte - mas é assim que se deve

apostar

Damon Runyon

É notável uma ciência que começou com jogos de azar tenha se tornado o mais importante objeto do

conhecimento humano

Pierre-Simon Laplace

4.3.1) Conceito

A palavra probabilidade origina-se do Latim probare (provar ou testar). Informalmente, provável é uma das muitas palavras utilizadas para eventos incertos ou conhecidos, sendo também substituída por algumas palavras como sorte , risco , azar , incerteza , duvidoso , dependendo do contexto.

Qual é a probabilidade de se jogar um dado e:

Sair um número par?

Sair um número divisível por 3?

Sair um número igual ou maior a 4?

Sair o número 5 por duas vezes seguidas?

SS

KKKK

CCCC

CCKK

KKCC

EEssppaaççoo

aammoossttrraall

SS

==

{{KKKK,,CCKK,,KKCC,,CCCC}}

PPoossssíívveell RReessuullttaaddoo

EExxeemmpplloo ddee eexxppeerriimmeennttoo:: llaannççaammeennttoo ddee dduuaass mmooeeddaass.. OObbsseerrvvoo aa ffaaccee vviirraaddaa ppaarraa cciimmaa..

KK==CCaarraa,,

CC==CCoorrooaa

EEvveennttoo ((ppeelloo mmeennooss uummaa

ccoorrooaa))

Page 46: GERENCIA DE RISCOS.pdf

46

Probabilidade de um evento A = P(A) 0 P(A) 1 P(S) = 1

Exemplo: de uma amostra dos clientes de um banco:

10.000 têm cheque especial e não têm aplicações 20.000 têm aplicações e não têm cheque especial 15.000 têm cheque especial e têm aplicações 5.000 não têm nem cheque especial nem aplicações

22

aa

MMooeeddaa

11

aa

MMooeeddaa

CCaarraa

CCoorrooaa

TToottaall

CCaarraa

KKKK

CCKK

KKKK,, CCKK

CCoorrooaa

KKCC

CCCC

KKCC,, CCCC

TToottaall

KKKK,,

KKCC

CCKK,,

CCCC

SS

EEssppaaççoo

aammoossttrraall

PPoossssíívveell RReessuullttaaddoo

EEvveennttoo ((ccaarraa nnaa 11aa mmooeeddaa))

O espaço amostral pode ser representado em uma tabela de contingência.

SS

==

{{KKKK,,CCKK,,KKCC,,CCCC}}

PPoossssíívveell RReessuullttaaddoo

CC

KK

CC

KK

CC

KKKK

KKCC

CCKK

CCCC

KK

... Ou em um diagrama em árvore

1a

moeda

2a

moeda

SS

==

{{KKKK,,CCKK,,KKCC,,CCCC}}

Page 47: GERENCIA DE RISCOS.pdf

47

4.4.1) Conceito

A Estatística é uma ciência que utiliza teorias probabilísticas para explicação de eventos, estudos e experimentos. Tem por objetivo obter, organizar e analisar dados, determinar as correlações que apresentem, tirando delas suas conseqüências para descrição e explicação do que passou e previsão e organização do futuro.

A Estatística é também uma ciência e prática de desenvolvimento de conhecimento humano através do uso de dados empíricos. Baseia-se na teoria estatística, um ramo da matemática aplicada. Na teoria estatística, a aleatoriedade e incerteza são modeladas pela teoria da probabilidade. Algumas práticas estatísticas incluem, por exemplo, o planejamento, a sumarização e a interpretação de observações. Porque o objetivo da estatística é a produção da "melhor" informação possível a partir dos dados disponíveis, alguns autores sugerem que a estatística é um ramo da teoria da decisão.

4.4.2) Origem

A palavra estatística surge da expressão em Latim statisticum collegium (palestra sobre os assuntos do Estado), de onde surgiu a palavra em língua italiana statista, que significa "homem de estado", ou político, e a palavra alemã Statistik, designando a análise de dados sobre o Estado. A palavra adquiriu um significado de coleta e classificação de dados, no início do século XIX.

Nós descrevemos o nosso conhecimento de forma matemática e tentamos aprender mais sobre aquilo que podemos observar. Isto requer:

O planejamento das observações por forma a controlar a sua variabilidade (concepção do experimento) Sumarização da coleção de observações Inferência estatística - obter um consenso sobre o que as observações nos dizem sobre o mundo que observamos

A probabilidade de um evento é freqüentemente definida como um número entre zero e um. Na realidade, porém, nunca há situações que tenham probabilidades 0 ou 1.

cheque

aplicações

10.000

20.000

15.000

5.000

intersecção

Page 48: GERENCIA DE RISCOS.pdf

48

Você pode dizer que o sol irá certamente nascer na manhã, mas e se acontecer um evento extremamente difícil de ocorrer que o destrua? E se ocorrer uma guerra nuclear e o céu ficar coberto de cinzas e fumaças?

Normalmente aproximamos a probabilidade de alguma coisa para cima ou para baixo porque elas são tão prováveis ou improváveis de ocorrer, que é fácil de reconhecê-las como probabilidade de um ou zero.

4.4.3) Definições

População - conjunto de todas as medidas ou elementos

Amostra - subconjunto da população

representativa - mantém as características da população não representativa - (medimos só as maiores...)

Ex.: Duas empresas do mesmo ramo disputam a preferência do público. Suponha que 1000 consumidores fizeram um teste em que provaram os produtos de cada uma das empresas. Cada consumidor deveria dizer a preferência pelo produto da empresa A ou B.

Descrever a população Todos os consumidores daquele produto

Descreva a variável de interesse Proporção de consumidores que preferem o produto A (ou B)

Descreva a amostra 1000 consumidores selecionados de uma população de todos os consumidores daquele tipo de produto

Média Aritmética

Medida de tendência central mais utilizada;

É familiar para a maioria das pessoas;

Média = xi/n

xi = somatória de todos os valores n = no total de ocorrências

Ex.: qual é a média da amostra com intervalo {1,34,67}?

Mediana

Valor que divide uma distribuição em exatamente duas metades

O cálculo é feito da seguinte maneira:

Arranjam-se os dados em ordem crescente;

Encontra-se o valor central;

Conjuntos com no par de observações: n+1/2

Conjuntos com no ímpar de observações: n/2, n+2/2

Ex.: qual é a mediana dos seguintes conjuntos:

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49

1, 3, 7, 5, 4, 8, 2, 10, 6, 12, 16

11, 19, 14, 22, 27, 9, 8, 20

4.5) Álgebra Booleana

4.5.1) Introdução

A álgebra booleana foi desenvolvida pelo matemático inglês George Boole, em meados do século XIX.

A mais notável aplicação da lógica booleana foi na implantação de sistemas eletrônicos digitais que originaram os computadores.

Mas não foi só na informática que a álgebra booleana tem aplicações: temos sistemas eletrônicos e eletromecânicos, em estudos que envolvem processos decisórios e Segurança de Sistemas.

A aplicação do assunto fica limitada a sistemas ou processos que puderem assumir dois estados discretos:

Sim ou Não

Falso ou Verdadeiro

Positivo ou Negativo

0 ou 1

4.5.2) Noções de Conjuntos

Por conjuntos entendemos qualquer coleção de objetos, elementos, eventos, símbolos, idéias ou entidades matemáticas.

A totalidade do conjunto é expressa pela unidade (1) e o conjunto vazio por zero (0).

Representa a união do conjunto A com o conjunto B

A U B ou A + B

Conjunto mutuamente exclusivo ou disjuntos

A B

Page 50: GERENCIA DE RISCOS.pdf

50

É a diferença entre os conjuntos A e B.

A - B

É o complemento de A ou A

Como já observado nas explicações anteriores à união e intercessão de conjuntos pode ser escrita desta forma:

C = A U B ou C = A + B

C = A B ou C = A . B = AB

A notação A significa não A, ou seja, o complemento do conjunto A

4.5.3) Conjunto Universo

A B

A A

A B

Page 51: GERENCIA DE RISCOS.pdf

51

Conjunto vazio: não apresenta nenhum elemento

Lei dos conjuntos complexos ou vazios

A . 1 = A A . Ø = Ø

A + Ø = A A + 1 = 1

Lei da involução: conjunto do complemento do sub-conjunto é ele próprio

A = A

Lei da Idempotência

A . A = Ø A + A = 1 A . A = A A + A = A

Lei comutativa

A . B = B . A A + B = B + A

Lei Distributiva

A .(B+C) = (AB) + (AC) A+(B.C) = (A+B);(A+C)

Lei Associativa

A . (BC) = (AB) . C (A+B)+C = A+(B+C) = A+B+C

Lei da Dualização de Morgan

(A+B) = A.B (A.B) = A + B

4.5.4) Tabelas Verdade

Analisar um sistema significa, de maneira geral, estudar o comportamento da saída de acordo com os dados fornecidos à entrada, ou seja:

Entrada Processo Saída

Nos sistemas lógicos, essa análise é feita em sua forma elementar, através de tabelas verdade, onde os elementos são as variáveis de entrada, com todas as combinações binárias possíveis. O resultado, na tabela verdade, representa os estados de saída do sistema, de acordo com as combinações das variáveis de entrada.

4.5.5) Portas Lógicas

Page 52: GERENCIA DE RISCOS.pdf

52

Módulo: NOT (Não)

Símbolo:

Explicação: o módulo NOT indica inversão do valor (estado da variável de entrada)

Tabelas: A = S; 0 = 1; 1 = 0

Módulo: OR (Ou)

Símbolo:

Explicação: O módulo OR indica que, quando uma ou mais das entrada estiverem presentes, a proposição será verdadeira e resultará uma saída; ao contrário, a proposição será falsa se, e somente se, nenhuma das condições estiver presente

Tabelas: A + B = S (OR)

Módulo: AND (E)

Símbolo:

Explicação: O módulo AND indica que todas as condições determinantes ou entradas devem estar presentes para que uma proposição seja verdadeira

Tabelas: A . B = S (AND)

Módulo: NOR

A

BA+B

A

BA.B

A 0

S = A

Page 53: GERENCIA DE RISCOS.pdf

53

Símbolo:

Explicação: O módulo NOR pode ser considerado um estado NO-OR (Não Ou); indica que, quando uma ou mais das entradas estiverem presentes, a proposição será falsa e não haverá saída, que só ocorre quando nenhuma das entradas estiver presente

Tabelas: A + B = S (NOR)

Módulo: NAND

Símbolo:

Explicação: O módulo NAND indica que quando uma ou mais das condições determinantes ou entradas não estiverem presentes, a proposição será verdadeira e haverá uma saída

Tabelas: A . B = S (NAND)

4.6) Resumindo:

Confiabilidade (C) é a probabilidade de um equipamento ou sistema desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado.

Probabilidade de Falha (P) é a possibilidade de ocorrência de um determinado número de falhas, em um período de tempo considerado.

P = 1 C

C = e- t

Sistema de Componentes em Série

C = C1 x C2 x C3 x ... x Cn

Sistema de Redundância Paralela

Média

A

BA+B

A

BA.B

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54

Soma de todos os valores dividido pelo número total de ocorrências

Mediana

Valor que divide uma distribuição em exatamente duas metades

OR (Ou)

A + B = S 0 0 = 0 (Falso) 0 1 = 1 (Verdadeiro) 1 0 = 1 (Verdadeiro) 1 1 = 1 (Verdadeiro)

AND (E)

A . B = S 0 0 = 0 (Falso) 0 1 = 1 (Falso) 1 0 = 1 (Falso) 1 1 = 1 (Verdadeiro)

NOR (Não Ou)

A + B = S 0 0 = 0 (Verdadeiro) 0 1 = 1 (Falso) 1 0 = 1 (Falso) 1 1 = 1 (Falso) NAND (Não E)

A . B = S 0 0 = 0 (Verdadeiro) 0 1 = 1 (Verdadeiro) 1 0 = 1 (Verdadeiro) 1 1 = 1 (Falso)

4.7) Para Saber Mais...

MARTINS, Gilberto. Princípios de Estatística. Editora Atlas PIAZZA, Gilberto. Introdução à Engenharia de Confiabilidade. Editora Educs

4.8) Exercícios de Fixação

Confiabilidade Relatório Estatístico de SST

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55

Capítulo 05 Custos de Acidentes de Trabalho

Índice

5.1) O que aprender neste capítulo? 5.2) Conceitos e Abordagens 5.3) Custo Direto e Custo Indireto 5.4) Custo Quantificável e Não Quantificável 5.5) Custo Total dos Acidentes 5.6) Custos com Insalubridade e Periculosidade 5.7) Custos com Acidentes x Investimentos em Segurança 5.8) Resumindo: 5.9) Para Saber Mais... 5.10)Trabalho Prático

5.1) O que aprender neste capítulo?

Conhecer os fatores que influenciam no cálculo do custo do acidente de trabalho

Calcular o custo total do acidente

Calcular e minimizar os custos com adicionais de insalubridade e periculosidade.

5.2) Conceitos e Abordagens

Os estudos de Heinrich, Simonds e Bird, na segunda metade do século XX, concluíram que o custo total dos acidentes do trabalho para a empresa é dado pela soma das seguintes parcelas:

Custo Direto e Indireto dos acidentes com afastamento Custo Direto e Indireto dos acidentes sem afastamento Custo indireto dos acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento, ou simples paralisação do serviço Risco investido em acidentes de baixa freqüência e alta gravidade

5.3) Custo Direto e Indireto

5.3.1) Custo Direto

Custos com compensações salariais Indenizações Dias (tempo) remunerados e não trabalhados

Custos com atendimento médico Primeiros socorros Tratamento médico Plano de saúde (sinistralidade)

5.3.2) Custo Indireto

Perda de tempo dos colegas e chefia do acidentado Perdas e danos em máquinas e equipamentos

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56

Tempo de parada de máquinas e equipamentos Queda de produtividade (acidentado e empregados) Custos com reposição e treinamento de novos empregados Atrasos na entrega do produto final para o cliente Aumento do valor do prêmio do seguro Custos sociais e da imagem da empresa Custos legais associados (inclusive multas e penalizações) Disputa com sindicatos

5.3.3) Tipos de Acidentes

Tipo CD CI Ambos

Acidentes com afastamento X

Acidentes sem afastamento X

Acidente sem lesão, danos materiais X

Risco investido em acidentes com baixa freqüência, alta gravidade

X

Custo não-quantificável X

Custo social X

5.3.4) Análise Histórica

Heinrich (1931):

1:29:300 Não considerava danos à propriedade K = CI/CD 4:1

Bird (1966)

1:100:500 Considerava danos à propriedade K = 6:1 variável de empresa para empresa

ICNA (1969)

1:10:30:600 Considerava os quase-acidentes Danos estatísticos e financeiros

5.3.5) Dados Estatísticos e Financeiros

1) BID (2000)

Custos com acidentes de trabalho na AL: R$ 180 B Brasil: 39,5% do PIB da AL Custo: R$ 72 B

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57

2) OIT

Safety in Numbers (2003):

Custos relativos a lesões, mortes e doenças ligadas a atividades laborais correspondem a 4% do PIB mundial (2004), ou seja, Us$ 1,78 T PIB Brasil: R$ 1,75 T ~ Us$ 796 B Este percentual deve maior na AL (e conseqüentemente no Brasil), cerca de 10%

3) INSS (2003)

Competitividade e Segurança

Custo de produção:

Custo dos insumos (matéria prima) Custo da mão de obra Custos do processo Custos Indiretos Custos com acidentes

Trabalhadores formais e informais: > R$ 91,1 B

Benefícios Acidentários: R$ 8,2 B

Custo Social, Falta de Trabalho, Redução da Produtividade: R$ 32,8 B

Aposentadoria, Pensão por morte, Auxílios

R$ 3,4 B

Aposentadorias Especiais R$ 4,8 B

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58

Outros custos

Os acidentes interferem diretamente no custo da produção!

5.3.6) Custo Direto e Indireto de Acidentes com Afastamento

Abordagem inicial: Somente custos diretos

Custo Indireto: passou a ser considerado

Cada empresa tem um coeficiente K variável, que tem aumentado ao longo dos anos (custo dos maquinário e equipamentos, acuracidade na detecção de perdas e danos e no cálculo dos custos)

Ex.: U.S. Steel Co.

K = 80:1

5.3.7) Custo Direto e Indireto de Acidentes sem Afastamento

1

100

500

$

$$$

$$

Custo

Lesão

Lesão Incapacitante

Lesão Leves

Sem Lesão

Custo Direto Custo Indireto Custo Total

CT = 10 CD

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59

5.3.8) Acidentes de Baixa Freqüência e Alta Gravidade

Se levantarmos a estatística de acidentes de uma empresa por um período de, por exemplo, 10 anos, e calcularmos o custo, estaremos considerando apenas acidentes de alta/média freqüência e baixa/média gravidade. Não serão levados em conta acidentes de baixa freqüência e alta gravidade. Custo Potencial = Freqüência x Gravidade, explicitando que esta parcela de risco investido pode ser considerável.

Limiares de detecção e probabilidade estatística

Além dos custos que somos capazes de mensurar, existem outros que não são quantificáveis (ou pelo menos, não quantificáveis por nenhum autor até então...)

Podemos citar alguns poucos aspectos dos mesmos:

Aspectos Psicológicos Aspectos Fisiológicos Aspectos Orgânicos e Laborativos Imagem externa e mercado Aspectos individuais e sociais

5.4) Custo Quantificável e Não-Quantificável

5.4.1) Aspectos Psicológicos

Trauma psicológico produzido nos trabalhadores de uma empresa devido à ocorrência de um acidente grave. Como quantificar isto? Muito difícil...

Perda de Tempo

Danos Materiais

Gravidade

Freqüência

Lesões Leves

Lesão +

Afastamento

Page 60: GERENCIA DE RISCOS.pdf

60

Mas é inegável a influência negativa do acidente sobre o grau de motivação dos trabalhadores sobre a produtividade

5.4.2) Aspectos Fisiológicos

Além dos problemas psicológicos, temos aspectos fisiológicos, por exemplo, stress, que é um conjunto de reações fisiológico-hormonais que ocorrem no organismo sob forte tensão, medo ou pavor.

Como podemos quantificar a (perda de) produtividade de um trabalhador sujeito a um estado contínuo de stress? Quais os efeitos dos incidentes sobre o organismo, a curto e longo prazo, no trabalhador e na empresa?

5.4.3) Aspectos Orgânicos e Laborativos

Quanto aos funcionários

Trauma psicológico

Imagem interna negativa

Queda na motivação

Quanto aos Clientes e Opinião Pública

Trauma Psicológico

Imagem externa negativa

Queda nas vendas

Acidentes

Incidentes

Trauma Psicológico

Condição Insegura

Tensão Medo

Stress

Queda progressiva

da eficiência individual

Diminuição momentâne

a da eficiência

Absenteísmo

Queda na Produtividade Global

Comprometimento do estado de

saúde

Page 61: GERENCIA DE RISCOS.pdf

61

Qual é a produtividade de trabalhador que, após ter se acidentado gravemente, é considerado apto para voltar ao trabalho?

Podemos afirmar que a produtividade é a mesma do que era antes do acidente?

Aspectos sociais e psico-sociais de difícil quantificação

5.4.4) Imagem Externa e Mercado

O que representa para uma empresa a ocorrência de um acidente grave em termos de imagem externa e de mercado?

O impacto de um acidente grave representa:

Internamente: diminuição na produtividade Externamente: queda nas vendas

5.4.5) Aspectos individuais e sociais

O que representa o acidente de trabalho para a vítima do mesmo? E para sua família?

O que representa o acidente de trabalho para a Nação em termos do chamado Custo Social da Incapacidade?

5.5) Custo Total de Acidentes

CT = C1 + C2 + C3 + C4

C1: Custo Direto e Indireto dos acidentes com afastamento

Acidente

Lesão

Afastamento

Incapacitação

Total

Parcial

Seguro

Readaptação

Processo de um ano

Cura (?)

Reintegração

Cerca de 20% dos acidentados não se consideram aptos

Qual é a produtividade de um acidentado

após sua reintegração?

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62

C2: Custo Direto e Indireto dos acidentes sem afastamento C3: Custo indireto dos acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento, ou simples paralisação do serviço C4: Risco investido em acidentes de baixa freqüência e alta gravidade

Algumas outras abordagens:

Custo quantificável x Custo não-quantificável Controle Total de Perdas Análise de Sistemas em função dos riscos potenciais; Teoria do Custo Total dos Sistemas

O assunto poderia ser, entretanto, abordado sobre outros aspectos:

Custo não-quantificável Controle Total de Perdas Teoria do Risco Potencial

5.6) Custos com insalubridade e periculosidade

5.6.1) Racionalização das perdas provocadas pelo adicional de insalubridade

Há um certo consenso entre os especialistas em se considerar que a percepção ao adicional de insalubridade representa uma posição retrógrada da legislação trabalhista brasileira, pois representa a monetarização do risco.

A situação ideal é não termos ambientes insalubres, mas é evidente que ainda estamos um tanto quanto distantes deste objetivo no Brasil.

Outra consideração sobre o assunto é quanto às perdas financeiras ocorridas em decorrência de falhas administrativas ligadas à questão do adicional de insalubridade, a saber:

Erros de avaliação: a empresa acha que não tem ambientes insalubres, mas os tem; Não adoção de medidas (simples) que podem eliminar e/ou descaracterizar a insalubridade Desvios ou falta de clareza de funções Não isolamento do risco ocupacional

5.6.2) Considerações sobre racionalização da insalubridade:

Pagamento do adicional quando não há dúvidas sobre tal Definição de papéis e responsabilidades quanto à execução de tarefas do item (a), não permitindo a polivalência nestes casos Controlar alguns produtos comprados pela empresa Manutenção de cuidados básicos de higiene ocupacional Criar e fazer cumprir regras gerais de higiene ocupacional Definir práticas padronizadas para a utilização de alguns produtos químicos Não pagar o adicional de insalubridade em algumas situações e deixar o ônus da prova para o reclamante Adotar equipamentos de proteção, mas zelar pela adequação, correta utilização e conservação dos mesmos Contestar os laudos, definindo pela insalubridade, até as últimas conseqüências Manter um controle administrativo para evitar surpresas

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63

5.7) Custo do Acidente x Investimento em Segurança

5.7.1) Introdução

De acordo com o prof. José Pastore (FIPE/USP), para cada R$ 1 investido em Segurança e Prevenção de Acidentes, economiza-se cerca de R$ 4 em perdas e danos com acidentes e doenças ocupacionais.

Além disso, o déficit da Previdência Social e a elevação dos gastos com acidentes de trabalho estão provocando mudanças tanto na cobrança do Seguro Acidente de Trabalho (SAT) quanto no pagamento dos adicionais de insalubridade, com a criação de novos critérios para a concessão de aposentadorias especiais.

5.7.2) Seguro Acidente de Trabalho (SAT)

A flexibilização do SAT pretende, através da cobrança de percentuais diferenciados, ampliar a consciência de empregadores quanto às necessidades de investimento na prevenção; O INSS conclui que o empregador que gera acidentes ou doenças ocupacionais deve ser responsabilizado pela situação gerada e financiar os custos que recaem sobre o organismo previdenciário, e vice-versa; Fatores previdenciários (FAP Fator Acidentário Previdenciário) que consideram a quantidade de ocorrências de origem acidentária ou doenças ocupacionais relatadas e organizadas pelo CID, a gravidade destas ocorrências e seu custo para o INSS serão o diferencial para cada empresa, que poderá dobrar o SAT ou reduzí-lo pela metade, dentro de um mesmo grupo homogêneo de empresas; Este sistema de bônus/malus representa um estímulo para que as empresas invistam em SST, uma vez que os percentuais recaem sobre o valor total da folha de pagamentos

5.7.3) Aposentadoria Especial

As alterações adotadas para a concessão da aposentadoria especial representam importantes modificações na captação de recursos pelo INSS, e ao mesmo tempo, uma ferramenta indireta para estimular a ampliação de investimentos em SST; Ao criar sobretaxas de 6%, 9% ou 12% (de acordo com a classificação de risco da empresa) sobre o salário para empresas que expõe seus trabalhadores a agentes nocivos, a Previdência criou um estímulo à eliminação dos agentes nocivos e ao fim do adicional de insalubridade;

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64

Capítulo 06 Prevenção e Controle de Perdas

Índice

6.1) O que aprender neste capítulo? 6.2) Fundamentos 6.3) Controle de Acidentes com Danos à Propriedade 6.4) Elementos Básicos para um Programa de Segurança 6.5) Controle de Identificação de Causas de Acidentes 6.6) Controle das Causas do Acidente 6.7) Administração de Riscos 6.8) Responsabilidade Civil e Criminal 6.9) Controle de Perdas e Perícias Trabalhistas 6.10) Para Saber Mais... 6.11) Trabalho Prático

6.1) O que aprender neste capítulo?

Conhecer os conceitos básicos usados em Gerência de Riscos;

Conhecer o conceito de acidente do trabalho;

Conhecer o conceito de risco;

Saber quais são as causas dos acidentes de trabalho;

Revisar alguns conceitos de segurança.

6.2) Fundamentos

6.2) Fundamentos

1930 1940 1950 1960 1970 1980

Heinrich (1931)

Acidentes s/ lesão

Pirâmide de Heinrich

Proporção CI/CD 4:1

Bird (1966) Programa de Controle de Danos Dados estatísticos e financeiros

Pirâmide de Bird

ICNA (1969)

Quase acidente

Dados estatísticos sobre acidentes pessoais e materiais

Pirâmide da ICNA

Fletcher & Douglas (1970) Programa de Controle Total de Perdas Implicações em máquinas, equipamentos, instalações, meio ambiente, etc.

Hammer (1972)

Prevenção e Controle de Perdas

Eng. de Segurança de Sistemas

Erros de projeto e/ou em especificação dos

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65

O processo pelo qual ocorre uma perda por acidente é uma série seqüencial de causas de efeitos que resulta em danos aos recursos humanos e materiais ou em descontinuação operacional. Compõe-se de 3 fases distintas:

Causa Fato Efeito

Condição potencial de perdas

Condição ou grupo de condições capaz, sob certas circunstâncias não-planejadas, de causar perdas. Como condição, ela é estática e de equilíbrio instável

Acidente

Acontecimento indesejado e inesperado (não programado) que produz ou pode produzir perdas.

Perda Real e Perda Potencial

Perda Real: produto do acidente; pode manifestar-se como lesão ou morte de pessoas, danos à propriedade, perdas de produção, etc.

Perda Potencial: também chamada de quase perda, é aquela que, em condições um pouco diferentes, poderia ter se transformado em perda real

As perdas normalmente podem ser avaliadas em termos de custos (reparo de equipamentos danificados, despesas médicas, lucro cessante, aumento da taxa de seguro, etc.).

30

600

500

29

300

1

1

1

100

10

30

Lesões incapacitantes

Lesões incapacitantes

Lesões leves

Lesões leves

Incidente Danos à propriedade

Sem lesões

1

29

Condição Potencial de

Perdas

Acidente Perda Real

ou Perda Potencial

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66

Circunstâncias que levam às perdas

6.3) Controle de Acidentes com Danos à Propriedade

6.3.1) Estrutura do Programa

Detecção e Comunicação de Acidentes Comunicação à seguradora e controle de acidentes envolvendo bens segurados Liberação dos bens segurados para reparos Investigação e análise de acidentes Implementação e controle de execução das medidas corretivas Controle do custo dos acidentes

Falta de Controle

Causa Básica

Causa Imediata

Acidente Incidente

Pessoas Materiais

Administração

Origem

Sintoma

Contato

Perdas

Circunstâncias que levam às perdas

Pessoas

Máquinas E

Equipamentos

Ambiente

Material

Uma das principais fontes de causa de acidente; elemento

usado, transformado e do qual as pessoas se

beneficiam

Aquilo que as pessoas fazem ou deixam de

fazer é considerado fator causal

imediato

Tudo aquilo que está ao redor do trabalhador durante o trabalho

Considerados com sendo as fontes

principais de (in)acidentes, originando a proteção de máquinas

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67

6.3.2) Detecção e Comunicação de Acidentes

Detecção do acidente: Ocorrência Execução de manutenção corretiva ou preventiva Inspeções de áreas

Comunicação do acidente: Deve ser imediata, para o supervisor/gerente e aos profissionais de segurança, para que as devidas providências sejam tomadas

6.3.3) Comunicação à seguradora e controle de acidentes envolvendo bens segurados

6.3.4) Liberação dos bens segurados para reparos

Dois objetivos:

Atendimento às normas da seguradora Prevenção de novos acidentes derivados da situação gerada pelo acidentes ocorrido

A liberação dos bens se dá pela diretoria financeira da empresa.

Ao SESMT cabe a recomendação de cuidados especiais quanto a aspectos de segurança

6.3.5) Investigação e Análise de acidentes

Implementação e controle de execução das medidas corretivas Controle do custo dos acidentes

Acidente

Bens danificados

são segurados

?

Não Sim

Perda

SESMT solicita uma estimativa

de custo dos danos

SESMT informa a diretoria financeira

Financeiro comunica a seguradora

Financeiro decide sobre

liberação bens

Fim

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68

6.3.2) Benefícios do Programa

Introdução de uma sistemática de acidentes com danos à propriedade Indicação de áreas, equipamentos e procedimentos críticos Controle de causas comuns a acidentes com danos à propriedade e/ou pessoais Fornecimento de subsídios para o aprimoramento da política de seguros da empresa Realce da importância das atividades de prevenção de acidentes, ressaltando a sua função social, bem como melhoria de produtividade e da rentabilidade da empresa Mudança de atitude do pessoal técnico e de decisão da empresa, passando do enfoque curativo (reparo de danos) para o corretivo (eliminação das causas dos acidentes), e deste para o preventivo (evitar que o acidente aconteça) Abertura de novos caminhos que possibilitem um avanço técnico da metodologia empregada na prevenção de acidentes

6.3.3) Controle administrativo de perdas

Planos de Ação Técnicas de Análise

Prevenção de lesões Técnica de Incidentes Críticos (TIC), Análise qualitativa

Acidentes c/ danos à propriedades TIC, Análise qualitativa

Prevenção e combate a incêndios Análise qualitativa, Análise quantitativa

Higiene do trabalho Análise qualitativa, Análise quantitativa

Segurança patrimonial TIC, Análise qualitativa

Segurança do produto APR, FMEA (Análise de Modos de Falha e Efeitos), AAF (Análise de Árvores de Falhas), Análise de procedimentos

Redução das perdas por absenteísmo

Análise das causas

Redução das perdas por paralisação de equipamentos

Confiabilidade, FMEA, Análise de procedimentos

6.4) Elementos Básicos para um Programa de Segurança

6.4.1) Direção

A direção da empresa deve assumir a segurança em sua filosofia empresarial, implantando as normas básicas de segurança, contando com pessoal especializado para este fim e realizando a avaliação de riscos

6.4.2) Responsabilidade

Clareza nas responsabilidades de cada um quanto à segurança do trabalho, que deve ser assumida por todos

6.4.3) Técnicas de Segurança

Analíticas (aplicadas anterior e posteriormente aos acidentes)

Operativas (permanentes, aplicadas sobre o fator técnico de concepção e humano ou para correção)

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6.4.4) Inspeções de Segurança

Tipos: Origem (interna, externa), Objetivos (periódicas, extraordinárias), Métodos (formais, informais), Agentes (SESMT, CIPA, consultores) Passos gerais: preparação, realização, classificação de riscos e estudo de soluções Lista de inspeção: instalações gerais, condições ambientais, instalações de PCI, manutenção Metodologia: inspeção em si; projetos e especificações; métodos de melhoramento (análise do método atual, questionamentos dos detalhes, elaboração e aprovação de novo método)

6.4.5) Sistema de Registro de Incidentes/Acidentes

Criação de interesse geral na prevenção de acidentes Determinação das principais fontes de incidentes e acidentes Prestação de informações sobre atos e condições inseguras Informações sobre acidentes, suas causas e efeitos Julgamento da eficiência dos programas de segurança Justificativa dos gastos com SST Encaminhamento aos órgãos públicos

6.4.2) Investigação de Acidentes

Critérios de seleção Formas de investigação Requisitos do investigador Requisitos da investigação Esquema da investigação Análise do local Início do processo dedutivo Tipos de causas Relatório

6.5) Controle de Identificação de Causas de Acidentes

Inspeções programadas de segurança Estudo das doenças ocupacionais Análise de Segurança do Trabalho Observação de Segurança Permissão de Trabalho Delimitação de área restrita Relatório de incidente/acidente e ficha de investigação de acidente

6.6) Controle das Causas de Acidentes

6.6.1) Tipos de Controle

Ambiental: reestruturação ou manutenção do local de trabalho de forma tal a não propiciar acidentes

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70

Comportamental: influência ou modificação no comportamento do trabalhador visando minimizar ou eliminar o risco de acidentes

6.6.2) Elementos do Programa de Prevenção de Perdas

Controle de causas dos acidentes Redução de perdas por acidentes Estruturação final Avaliação Recomendações

6.6.3) Elementos de Controle das Causas de Acidentes

Projetos, arranjos físicos e proteção pessoal Prevenção de incêndio Manutenção Normas e procedimentos de segurança Ordem e limpeza / 5S Treinamento Divulgação da informação (para todos os níveis)

6.6.4) Elementos de Redução de Perdas por Acidente

Primeiros Socorros Reabilitação Planos de controle de emergência

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71

6.6.6) Avaliação

PDCA

6.6.7) Recomendações

Nova filosofia de SST patrocinada pela AA Conscientização de todos os empregados para SST Prevenção e Controle de acidentes Sistematização de verificação de atos e condições inseguras Estabelecimento de sistema de informação e comunicação Introdução gradativa do Programa

6.7) Administração de Riscos

6.7.1) Processos Básicos

Identificação de perigos Análise de riscos Avaliação de riscos Tratamento de riscos:

Prevenção Eliminação Mitigação Retenção Transferência

6.8) Responsabilidade civil e criminal

Súmula 229 do STF

A indenização acidentária não exclui a de direito comum em caso de dolo ou culpa grave do empregador . CF, art. 7.º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXVIII - seguro contra acidente do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo e culpa .

Fundamento Art.. 159 do Código Civil - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

Art. 186 do Novo Código Civil - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito

Não cumprimento das normas relativas à segurança e medicina do trabalho; das normas coletivas, do contrato individual de trabalho, das medidas propostas no PCMSO, PPRA, PCMAT, etc. .

Lesões corporais art. 1.538 do C. C art. 949 N.C.C.

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Ressarcimento das despesas do tratamento (dano emergente); Lucros cessantes até o fim da convalescença (alta médica); Danos morais (se a lesão provocou uma situação vexatória); Danos estéticos (deformidade); Pensão vitalícia, correspondente à importância do trabalho, constituído de um capital para garantir o pagamento das prestações futuras (proporcional a inabilitação para a atividade que desempenhava).

Homicídio art. 1.537 do C. C art. 948 N.C.C. Pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral, luto da família, jazigo, etc. (dano emergente); Danos morais Pensão mensal correspondente a 2/3 dos rendimentos do de cujus, até a época em que este completaria 65 anos (prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto devia)

Independência entre a Resp.civil e criminal art. 1525 CC

Condenação criminal art. 63 do CPP Sentença condenatória transitada em julgado constitui título executivo judicial para reparação no juízo cível.

Solidariedade pela reparação art. 1518 do CC art. 942 NCC Todos responderão em caso de mais de um autor a ofensa.

Responsabilidade objetiva art. 927 parágrafo único NCC Obrigação de reparar o dano, independente de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para direito de outrem.

Imputáveis - Empregador e seus agentes Sócios, gerentes, diretores ou administradores que participem da gestão da empresa, profissionais do SESMT

Contravenção penal § 2.º art. 19 da Lei 8.213/91 Deixar de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho Pena de multa

Crime - art. 132 do CP

perigo para a vida ou a saúde de outrem Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente .

Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais grave.

Lesão corporal art. 129 CP detenção de 3 meses a 1 ano Lesão corporal grave - § 1.º - reclusão de 1 a 5 anos

Incapacidade por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função, aceleração do parto

Lesão corporal gravíssima - § 2.º - reclusão de 2 a 8 anos Incapacidade permanente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente, aborto

Lesão corporal seguida de morte - § 3.º- reclusão de 4 a 12 anos Homicídio culposo art. 121 § 3.º - detenção de 1 a 3 anos Homicídio doloso art. 121 reclusão de 6 a 20 anos

6.9) Controle de Perdas e Perícias Trabalhistas

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73

6.9.1) Lei 6514 de 22.12.1977

Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas

Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. [...] Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo.

Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. § 2º Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.

6.9.2) Lei 5584 de 26.06.1970

Art. 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo.

Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos.

6.10) Para Saber Mais...

TAVARES, José da Cunha. Noções de Prevenção e Controle de Perdas em Segurança do Trabalho. Editora Senac, 2005.

6.11) Trabalho Prático

Caixa de Ferramentas Estudo comparativo das técnicas

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Capítulo 07 Engenharia de Segurança de Sistemas

Índice

7.1) Introdução 7.2) Técnicas de Identificação de Perigos 7.3) Técnicas de Análises de Riscos 7.4) Técnicas de Avaliação de Riscos 7.5) Para Saber Mais

7.6) Trabalho Prático

7.1) Introdução

A classificação do risco é um fator crítico em qualquer situação de Gerenciamento da Segurança, mas as técnicas que agora estão sendo disponibilizadas, auxiliadas pela crescente disponibilidade dos Bancos de Dados,

permitirão, de agora em diante, a determinação dos riscos com uma exatidão cada vez maior. Qualquer risco poderá então ser calculado e otimizado para o bem da comunidade .

A.J. Herbert (1976)

7.1.1) Conceito

O conforto e desenvolvimento trazidos pela industrialização produziram também um aumento considerável no número de acidentes, ou ainda das anormalidades durante um processo devido a máquinas cada vez mais sofisticadas, obsolescência de equipamentos,etc.

Com a preocupação e a necessidade de dar maior atenção ao ser humano, principal bem de uma organização, além de buscar uma maior eficiência, nasceram primeiramente o Controle de Danos, o Controle Total de Perdas e por último a Engenharia de Segurança de Sistemas. Esta última, surgida com o crescimento e necessidade de segurança total em áreas como aeronáutica, aeroespacial e nuclear, trouxe valiosos instrumentos para a solução de problemas ligados à segurança. Com a difusão dos conceitos de perigo, risco e confiabilidade, as metodologias e técnicas aplicadas pela segurança de sistemas, inicialmente utilizadas somente nas áreas militar e espacial, tiveram a partir da década de 70 uma aplicação quase que universal na solução de problemas de engenharia em geral.

As principais técnicas difundidas pela Engenharia de Segurança de Sistemas classificadas segundo a finalidade a que se propõem, são descritas neste capítulo.

Identificação de Perigos

Técnica de Incidentes Críticos - TIC

What-If

Brainstorming

Check List Lista de Verificações

Análise de Riscos

Análise preliminar de Perigos/Riscos - APP/APR

Análise de modos de falha e efeitos - FMEA

Análise de operabilidade de perigos - HazOp

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Avaliação de Riscos

Análise de árvore de eventos AAE/ETA

Análise por Diagrama de Blocos ADB

Análise de árvore de falhas AAF/FTA

Management Oversight and Risk Tree MORT

7.1.2) Condução dos Estudos de Perigo e Risco

Cada estudo deve possuir um líder, com treinamento na técnica a ser utilizada, devendo ter participado de estudos semelhantes O líder deve estabelecer o escopo e fronteiras do estudo e sugerir a técnica mais adequada, em consenso com a liderança da unidade; deve ainda estruturar a equipe conforme as necessidades do escopo, atendendo o critério multidisciplinar; Para um subsistema de processo já segmentado e priorizado, recomenda-se que a equipe possua as seguintes áreas representadas:

Operação (nível supervisão) Instrumentação, manutenção, automação, inspeção Operador(es) experiente(s) Especialistas em SMS (Segurança, M. Ambiente e Saúde) Engenharia e/ou Projetos Outros, se necessário

O líder deve delegar atribuições e definir funções específicas tais como o registro do apoio de recursos O líder deve obter informações atualizadas para o perfeito entendimento do subsistema pelo grupo, incluindo, mas não se limitando a:

Memorial de instalações Fluxogramas de processo e engenharia, diagramas de instrumentação e engenharia, plantas, esquemas, etc.; Dados de propriedades físico-químicas e características toxicológicas dos principais produtos, substâncias ou materiais utilizados no subsistema; Informações sobre acidentes, incidentes e desvios ocorridos desde a última revisão ou nos últimos 2 anos; Informações sobre itens especiais de segurança, intertravamento, etc.; Plano de emergência da área; Estudos de riscos anteriores; Documentação de operação (incluindo condicionantes das licenças ambientais); Procedimentos, normas e/ou regulamentos que afetem a área; Informações referentes a avaliações de riscos ambientais e condições ergonômicas da operação.

Recomenda-se que, antes do início do estudo, o participante especializado no processo faça uma explanação sobre o subsistema para nivelamento de todo o grupo. Recomenda-se que o grupo vá a campo e verifique a situação física atual do subsistema, para iniciar o reconhecimento de perigos; O estudo deve ser documentado, sendo elaborado um relatório ou formulário padronizado, quando aplicável, cujos itens mínimos são:

Introdução e folha de assinaturas; Resumo executivo; Resumo do processo, atividade ou operação analisada no estudo; Documentação do estudo, por meio de planilhas ou formulários preenchidos, segundo a técnica utilizada; Conjunto de recomendações sobre o subsistema, vinculada aos aspectos levantados na aplicação da técnica utilizada.

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7.2) Técnicas de Identificação de Perigos

7.2.1) Técnica de Incidentes Críticos (TIC)

A Técnica de Incidentes Críticos, também conhecida em português como "Confessionário" e em inglês como "Incident Recall", é uma análise operacional, qualitativa, de aplicação na fase operacional de sistemas, cujos procedimentos envolvem o fator humano em qualquer grau. É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para a ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais, onde se utiliza uma amostra aleatória estratificada de observadores-participantes, selecionados dentro de uma população.

Uma vez que incidentes ocorrem em uma quantidade muito superior aos acidentes, mas representam os mesmos perigos, sem redundar em danos, daí seu potencial preventivo.

Aplicações Principais: todo o tipo de empresa, em qualquer fase do seu ciclo de vida, para o reconhecimento constante de perigos e seu controle

Resultados esperados: Revelação com confiança dos fatores causais de acidentes; Identificação de fatores causais associados a acidentes; Revelação de uma quantidade maior de informações sobre causas de acidentes; Identificação e exame dos problemas de acidentes anteriormente à ocorrência dos mesmos; Conhecimento necessário para a melhoria significativa de nossa capacidade de controle e identificação de problemas de acidente

7.2.2) What-If (E se...)

O procedimento What-If é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção exaustiva de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, não sendo sua utilização unicamente limitada às empresas de processo.

A finalidade do What-If é testar possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e ainda aferir comportamento, capacitação pessoal e etc. nos ambientes de trabalho, com o objetivo de proceder a identificação e tratamento de riscos.

A técnica se desenvolve através de reuniões de questionamento entre duas equipes. Os questionamentos englobam procedimentos, instalações, processo da situação analisada. A equipe questionadora é a conhecedora e familiarizada com o sistema a ser analisado, devendo a mesma formular uma série de quesitos com antecedência, com a simples finalidade de guia para a discussão.

Para a aplicação o What-If, utiliza-se de uma sistemática técnico-administrativa que inclui princípios de dinâmica de grupo, devendo ser utilizado periodicamente. A utilização periódica do procedimento é o que garante o bom resultado do mesmo no que se refere à revisão de riscos do processo.

Da aplicação do What-If resultam uma revisão de um largo espectro de riscos, bem como a geração de possíveis soluções para os problemas levantados, além disso, estabelece um consenso entre as áreas de atuação como produção, processo e segurança quanto à forma mais segura de operacionalizar a planta.

O relatório do procedimento fornece também um material de fácil entendimento que serve como fonte de treinamento e base para revisões futuras.

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Passos Básicos:

Formação do comitê de revisão: montagens das equipes e seus integrantes; Planejamento prévio: planejamento das atividades e pontos a serem abordados na aplicação da técnica; Reunião Organizacional: com a finalidade de discutir procedimentos, programação de novas reuniões, definição de metas para as tarefas e informação aos integrantes sobre o funcionamento do sistema sob análise; Reunião de revisão de processo: para os integrantes ainda não familiarizados com o sistema em estudo; Reunião de formulação de questões: formulação de questões "O QUE - SE...", começando do início do processo e continuando ao longo do mesmo, passo a passo, até o produto acabado colocado na planta do cliente; Reunião de respostas às questões (formulação consensual): em seqüência à reunião de formulação das questões, cabe a responsabilidade individual para o desenvolvimento de respostas escritas às questões. As respostas serão analisadas durante a reunião de resposta às questões, sendo cada resposta categorizada como: - resposta aceita pelo grupo tal como submetida; - resposta aceita após discussão e/ou modificação; - aceitação postergada, em dependência de investigação adicional. O consenso grupal é o ponta chave desta etapa, onde a análise de riscos tende a se fortalecer; Relatório de revisão dos riscos do processo: o objetivo é documentar os riscos identificados na revisão, bem como registrar as ações recomendadas para eliminação ou controle dos mesmos.

7.2.3) Brainstorming

O brainstorming (ou "tempestade de idéias") mais que uma técnica de dinâmica de grupo é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa do indivíduo, colocando-a a serviço de seus objetivos.

Quando se necessita de respostas rápidas a questões relativamente simples, o brainstorming é uma das técnicas mais populares e eficazes. Muito embora, esta técnica tenha sido difundida e inserida em diversas outras áreas tais como, educação, negócios, e outras situações mais técnicas.

O Brainstorming clássico é baseado em dois princípios e quatro regras básicas:

Princípios Atraso do julgamento Criatividade em quantidade e qualidade

Regras Críticas são rejeitadas Criatividade é bem-vinda Quantidade é necessária Combinação e aperfeiçoamento são necessários

7.2.4) Check-List

Procedimento de revisão de riscos de processos destinado a produzir:

Retomada de um largo espectro de riscos;

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Consenso entre as áreas de atuação (produção, processo, segurança); Relatório de fácil entendimento que também deve servir como material de treinamento; Ideal como primeira abordagem na análise de riscos de processos;

7.3) Técnicas de Análise de Riscos

7.3.1) Análise Preliminar de Riscos APR/PHA

Também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP), consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o fim de se determinar os riscos que poderão estar presentes na sua fase operacional.

A APR é, portanto, uma análise inicial "qualitativa", desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema, possuindo especial importância na investigação de sistemas novos de alta inovação e/ou pouco conhecidos, ou seja, quando a experiência em riscos na sua operação é carente ou deficiente. Apesar das características básicas de análise inicial, é muito útil como ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas já operacionais, revelando aspectos que às vezes passam desapercebidos.

A APR foi desenvolvida pelo Bell Labs, em 1962, e teve seu desenvolvimento na área militar, sendo aplicada primeiramente como revisão nos novos sistemas de mísseis.

Assim, a APR foi aplicada com o intuito de verificar a possibilidade de não utilização de materiais e procedimentos de alto risco ou, no caso de tais materiais e procedimentos serem inevitáveis, no mínimo estudar e implantar medidas preventivas.

Para ter-se uma idéia da necessidade de segurança, na época, de setenta e dois silos de lançamento do míssil intercontinental Atlas, 4 deles foram destruídos quase que sucessivamente. Sem contar as perdas com o fator humano, as perdas financeiras estimadas eram de US$ 12 milhões para cada uma destas unidades perdidas.

Etapas básicas do desenvolvimento de uma APR/APP

Revisão de problemas conhecidos: Consiste na busca de analogia ou similaridade com outros sistemas, para determinação de riscos que poderão estar presentes no sistema que está sendo desenvolvido, tomando como base a experiência passada. Revisão da missão a que se destina: Atentar para os objetivos, exigências de desempenho, principais funções e procedimentos, ambientes onde se darão as operações, etc.. Enfim, consiste em estabelecer os limites de atuação e delimitar o sistema que a missão irá abranger: a que se destina, o que e quem envolve e como será desenvolvida. Determinação dos riscos principais: Identificar os riscos potenciais com potencialidade para causar lesões diretas e imediatas, perda de função (valor), danos à equipamentos e perda de materiais. Determinação dos riscos iniciais e contribuintes: Elaborar séries de riscos, determinando para cada risco principal detectado, os riscos iniciais e contribuintes associados. Revisão dos meios de eliminação ou controle de riscos:Elaborar um brainstorming dos meios passíveis de eliminação e controle de riscos, a fim de estabelecer as melhores opções, desde que compatíveis com as exigências do sistema. Analisar os métodos de restrição de danos: Pesquisar os métodos possíveis que sejam mais eficientes para restrição geral, ou seja, para a limitação dos danos gerados caso ocorra perda de controle sobre os riscos. Indicação de quem levará a cabo as ações corretivas e/ou preventivas: Indicar claramente os responsáveis pela execução de ações preventivas e/ou corretivas, designando também, para cada unidade, as atividades a desenvolver.

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7.3.2) Análise de Modos de Falha e Efeitos FMEA/AMFE

A FMEA é uma análise detalhada, podendo ser qualitativa ou quantitativa, que permite analisar as maneiras pelas quais um equipamento ou sistema pode falhar e os efeitos que poderão advir, estimando ainda as taxas de falha e propiciado o estabelecimento de mudanças e alternativas que possibilitem uma diminuição das probabilidades de falha, aumentando a confiabilidade do sistema.

De acordo com HAMMER (1993), a confiabilidade é definida como a probabilidade de uma missão ser concluída com sucesso dentro de um tempo específico e sob condições específicas. A AMFE foi desenvolvida por engenheiros de confiabilidade para permitir aos mesmos, determinar a confiabilidade de produtos complexos. Para isto é necessário o estabelecimento de como e quão freqüentemente os componentes do produto podem falhar, sendo então a análise estendida para avaliar os efeitos de tais falhas.

Método da FMEA

Dividir o sistema em subsistemas que podem ser efetivamente controlados; Preparar um check-list dos componentes de cada subsistema e sua função específica; Determinar através da análise de projetos e diagramas, os modos possíveis de falha que possam afetar outros componentes. Os modos básicos de falha devem ser agrupados nas seguintes categorias:

Falha de omissão Falha na missão: Falha por ato ou ação estranha Falha seqüencial Falha temporal

Indicar os efeitos de cada falha sobre outros componentes e como esta afeta a operação do mesmo; Estimar a gravidade de cada falha específica de acordo com as categorias de risco, para possibilitar a priorização de alternativas; Indicar os métodos usados para detecção de cada falha específica; Formular possíveis ações de compensação e reparos que podem ser adotadas para eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos;

7.3.4) Análise de Operabilidade de Perigos HazOp Analysis

O estudo de identificação de perigos e operabilidade conhecido como HazOp é uma técnica de análise qualitativa desenvolvida com o intuito de examinar as linhas de processo, identificando perigos e prevenindo problemas. Porém, atualmente, a metodologia é aplicada também para equipamentos do processo e até para sistemas.

O método HazOp é principalmente indicado quando da implantação de novos processos na fase de projeto ou na modificação de processos já existentes. O ideal na realização do HazOp é que o estudo seja desenvolvido antes mesmo da fase de detalhamento e construção do projeto, evitando com isso que modificações tenham que ser feitas, quer no detalhamento ou ainda nas instalações, quando o resultado do HazOp for conhecido.

Em termos gerais, pode-se dizer que o HazOp é bastante semelhante à FMEA; contudo, a análise realizada pelo primeiro método é feita através de palavras-chaves que guiam o raciocínio dos grupos de estudo multidisciplinares, fixando a atenção nos perigos mais significativos para o sistema. As palavras-chaves ou palavras-guias são aplicadas às variáveis identificadas no processo gerando os desvios, que nada mais são do que os perigos a serem examinados.

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A técnica HazOp permite que as pessoas liberem sua imaginação, pensando em todos os modos pelos quais um evento indesejado ou problema operacional possa ocorrer. Para evitar que algum detalhe seja omitido, a reflexão deve ser executada de maneira sistemática, analisando cada circuito, linha por linha, para cada tipo de desvio passível de ocorrer nos parâmetros de funcionamento. Para cada linha analisada são aplicadas a série de palavras-guias, identificando os desvios que podem ocorrer caso a condição proposta pela palavra-guia ocorra.

Palavras-guias do estudo HAZOP e respectivos desvios

Palavra-guia Desvio

Nenhum Ausência de fluxo ou fluxo reverso

Mais Mais, em relação a um parâmetro físico importante. (Ex.: mais vazão, maior temperatura, mais pressão, etc.)

Menos Menos, em relação a um parâmetro físico importante. (Ex.: menos vazão, menor temperatura, menos pressão, etc.)

Mudanças na composição

Alguns componentes em maior ou menor proporção, ou ainda, um componente faltando.

Componentes a mais

Componentes a mais em relação aos que deveriam existir. (Ex.: fase extra presente, impurezas,etc.)

Outra Condição Operacional

Partida, parada, funcionamento em carga reduzida, modo alternativo de operação, manutenção, mudança de catalizador,etc.

7.4) Técnicas de Avaliação de Riscos

7.4.1) Análise de Árvore de Eventos (ETA/AAE)

A Análise da Árvore de Eventos (AAE) é um método lógico-indutivo para identificar as várias e possíveis conseqüências resultantes de um certo evento inicial.

A técnica busca determinar as freqüências das conseqüências decorrentes dos eventos indesejáveis, utilizando encadeamentos lógicos a cada etapa de atuação do sistema.

Nas aplicações de análise de risco, o evento inicial da árvore de eventos é, em geral, a falha de um componente ou subsistema, sendo os eventos subseqüentes determinados pelas características do sistema.

Para o traçado da árvore de eventos as seguintes etapas devem ser seguidas:

Definir o evento inicial que pode conduzir ao acidente; Definir os sistemas de segurança (ações) que podem amortecer o efeito do evento inicial; Combinar em uma árvore lógica de decisões as várias seqüências de acontecimentos que podem surgir a partir do evento inicial; Uma vez construída a árvore de eventos, calcular as probabilidades associadas a cada ramo do sistema que conduz a alguma falha (acidente).

Ex.: Probabilidade de descarrilamento de vagões ou locomotivas, dado que existe um defeito nos trilhos

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7.4.2) Análise por Diagrama de Blocos (ADB)

A Análise por Diagrama de Blocos (ADB) se utiliza de um fluxograma em blocos do sistema, calculando as probabilidades de sucesso ou falha do mesmo, pela análise das probabilidades de sucesso ou falha de cada bloco. A técnica é útil para identificar o comportamento lógico de um sistema constituído por poucos componentes.

Dependendo do sistema a análise pode ser feita em série ou em paralelo.

7.4.3) Análise de Árvore de Falhas FTA/AAF

A Ánalise de Árvore de Falhas FTA/AAF foi primeiramente concebida por H.A.Watson dos Bell Labs em 1961, a pedido da Força Aérea Americana para avaliação do sistema de controle do Míssil Balístico Minuteman.

A FTA é um método excelente para o estudo dos fatores que poderiam causar um evento indesejável (falha) e encontra sua melhor aplicação no estudo de situações complexas. Ela determina as freqüências de eventos indesejáveis (topo) a partir da combinação lógica das falhas dos diversos componentes do sistema.

ADB em Série: P = P(A) x P(B) x P(C)

ADB em Paralelo: P = 1 - [(1 - P(A)) x (1 - P(B))]

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A diagramação lógica da árvore de falhas é feita utilizando-se símbolos e comportas lógicas, indicando o relacionamento entre os eventos considerados. As duas unidades básicas ou comportas lógicas envolvidas são os operadores "E" e "OU", que indicam o relacionamento casual entre eventos dos níveis inferiores que levam ao evento topo. As combinações seqüenciais destes eventos formam os diversos ramos da árvore.

Estrutura fundamental de uma árvore de falhas

7.4.4) Management Oversight and Risk Tree (MORT)

O método conhecido como MORT é uma técnica que usa um raciocínio semelhante ao da AAF, desenvolvendo uma árvore lógica, só que com a particularidade de ser aplicado à estrutura organizacional e gerencial da empresa, ilustrando erros ou ações inadequadas de administração.

Segundo Hammer (1993), o método pode ser também usado para esquematizar ações administrativas que possam ter contribuído para um acidente, o qual já tenha ocorrido. Nesta árvore cada evento é uma ação do operador ou administrador, sendo que as falhas de equipamentos ou condições ambientais não são consideradas.

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Para Saber Mais...

TAVARES, José da Cunha. Noções de Prevenção e Controle de Perdas em Segurança do Trabalho. Editora Senac, 2005.

CARDELLA, Benedito.Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes. Editora Atlas, 1999.

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Capítulo 08 Custos de Acidentes de Trabalho

Índice

8.1) Introdução 8.2) Planejando o Sistema (Plan) 8.3) Operando o Sistema (Do) 8.4) Monitorando os Resultados (Check) 8.5) Introduzindo Melhorias (Act) 8.6) Sistemas Integrados de Gestão SIG 8.7) Para Saber Mais...

8.1) Introdução

8.1.1) Conceituação

O que é Qualidade? O conceito de Qualidade é o mesmo para todas as pessoas? Existe boa e má qualidade? Dê exemplos

"Qualidade não é trabalhar muito, é trabalhar direito." "Qualidade não é obrigatória...sobrevivência também não...

"Qualidade é uma questão de competitividade."

William Edwards Deming

8.1.2) Evolução dos Modelos de SGSST

Maio de 1996 Publicada em Londres a BS 8800

Setembro de 1996 ISO desaprova a criação de um grupo de trabalho para norma de SGSST

Novembro de 1998 BSI + organismos internacionais de normatização Norma unificada de SST

Janeiro de 1999 ISO ratifica decisão de Setembro de 1996

Fevereiro de 1999 Draft do OHSAS 18001 é publicado

8.1.3) PDCA

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8.2) Planejando o Sistema

8.2.1) Política de SST

A empresa deve desenvolver e implementar uma política de gestão que defina o direcionamento geral, bem como os princípios de sua atuação em relação à SST.

A formalização de uma política de SST traz as seguintes vantagens:

Fornece uma forma de previsibilidade de ações às pessoas de dentro e de fora da organização Motiva a empresa a pensar com maior profundidade sobre os problemas de SST Fornece uma base para as ações da gerência e dá legitimidade a essas ações Fornece uma base para as ações da gerência e dá legitimidade a essas ações

Documentação e controle de dados e

documentos

Preparação e atendimento

de emergências

Consulta e comunicação

Controle operacional

Estrutura e responsabilidade

Treinamento, conscientização e

competência

Medição e monitoramento do desempenho

Controle e gestão de registros

Auditoria

ACT PLAN

CHECK DO

Política de SST

Identificação de perigos, avaliação e controle de

riscos

Objetivos e programas

de gestão

Exigências legais

e outras

Análise crítica pela Administração

Acidentes, incidentes, não conformidades, ações preventivas e corretivas

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8.2.2) Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos

8.2.3) Exigências Legais e Outras

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8.2.4) Objetivos e Programas de Gestão SST

Objetivo

Meta

Indicador

(O Quê) (Quanto e Quando) (Como)

8.3) Operando o Sistema

8.3.1) Estrutura e Responsabilidade

8.3.2) Treinamento, Conscientização e Competência

Os empregados devem ser competentes para realizar as tarefas que podem afetar a SST. A competência deve ser definida em termos de educação e treinamento adequados e/ou experiência.

Os treinamentos devem levar em consideração os diferentes níveis de responsabilidade, habilidade, educação; e risco ao qual os trabalhadores estão expostos.

POLÍTICA DE SST

OBJETIVO

01

Plano 01

Plano 02

Plano n

PGSST 02

OBJETIVO

02

PGSST n

OBJETIVO

n

Objetivos Programas Plano de Ação

PGSST 01

Representante da Administração

Presidente / CEO VP

Superintendente

Comitê de Gerenciamento SST

(diretoria/assessores)

Grupo de Implantação

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Estr

Tática

Operacional

Programa de Gestão de

Proc. Operacionais Instr. Segurança

Formulários

Registros SST

Planos de Emergência

Proc. Operacionais Instr. Segurança

Formulários

Registros SST

Política Objetivos

Manual de SST

8.3.3) Consulta e Comunicação

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para assegurar que as informações relativas a SST sejam divulgadas entre os empregados e outras partes interessadas.

O envolvimento e as consultas dos empregados devem ser documentadas e as partes interessadas informadas.

8.3.4) Documentação e Controle de Dados e Documentos

8.3.5) Controle Operacional

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Entre

ga

Produção

Aquisição

Planeja

mento

Projeto

Assist. Técnica

SGSST

Perigo

(Queda na periferia de laje)

Controle Operacional

(Definir pontos de gancho no piso para fixação do cinto de

segurança)

PPrroojjeettoo

Fonte

Meio

Pessoas

8.3.6) Preparação e Atendimento a Emergências

8.4) Monitorando os Resultados

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8.4.1) Medição e Monitoramento

8.4.2) Controle e Gestão de Registros

Identificação Legibilidade Rastreabilidade Proteção Tempo de retenção

8.4.3) Auditoria

Escopo e freqüência das auditorias Metodologias e requisitos para conduzir e relatar os resultados Competências necessárias

8.5) Introduzindo Melhorias

8.5.1) Acidentes, Incidentes, NCs e CAPA

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8.5) Introduzindo Melhorias

8.5.2) Análise Crítica pela Alta Administração

A alta administração da organização, em intervalos por ela pré-determinados, deve analisar criticamente o Sistema de Gestão da SSO, para assegurar sua conveniência, adequação e eficácia

contínuas. O processo de análise crítica deve assegurar que as informações necessárias sejam coletadas, de modo a permitir à administração proceder a essa avaliação. A referida análise crítica deve ser documentada. A análise crítica pela administração deve abordar a eventual necessidade de alterações na política, objetivos e outros elementos do Sistema de Gestão da SSO, à luz dos resultados de auditorias do mencionado Sistema, da mudança das circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua.

8.6) Sistemas Integrados de Gestão

8.6.1) ISO 9000 x ISO 14000 x OHSAS 18000

Norma Sistema Propósito

ISO 9001 Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ / QMS)

Satisfação do cliente

ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental (SGA / EMS)

Prevenção da poluição

OHSAS 18001 Sistema de Gestão de SST (SGSST / OHSMS)

Ambiente de trabalho seguro e saudável

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SMS

Fonte: QSP (2002)

27%

68%

5%

QSMS

8.6) Sistemas Integrados de Gestão

8.6.2) Vantagens dos SIGs

Diminuição e uso mais racional dos recursos necessários (humanos, financeiros, tecnológicos, tempo) Menor esforço por parte das organizações para certificação Mais propósitos atendidos com um número menor de elementos Melhor coordenação e balanceamento dos três propósitos Geração de uma menor quantidade de documentação Aumento da sinergia

Para Saber Mais...

BENITE, Anderson Glauco. Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Editora O Nome da Rosa, 2004.

Vários. Apostila do curso Interpretação e Implementação da Gestão de Saúde e Segurança. Bureau Veritas do Brasil, 2006.

British Standard Institution. OHSAS 18001: Occupational Health and Safety Management Systems

specification. BSI, 1999.

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