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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Embrapa Gado de Leite VITOR LUCIO DE ANDRADE JUIZ DE FORA 2011

Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Embrapa Gado de Leite

VITOR LUCIO DE ANDRADE

JUIZ DE FORA

2011

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VITOR LUCIO DE ANDRADE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Embrapa Gado de Leite

Relatório de Estágio apresentado pelo

acadêmico Vitor Lucio de Andrade ao curso de

Administração da Universidade Federal de Juiz

de Fora, como requisito para obtenção do

Título de Bacharel em Administração.

Orientador: Professor Dr. Anderson Lopes

Belli Castanha

Juiz de Fora

UFJF

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

IDENTIFICAÇÃO

Aluno: Vitor Lucio de Andrade

Matrícula da UFJF: 200646038

Área de Concentração: Gestão da Manutenção

Organização concedente: Embrapa Gado de leite

Setor onde foi realizado o estágio: Setor de Manutenção

Cargo/Função na organização: Assistente/Técnico de Manutenção

Período de realização: 12 de Abril de 2006 a 12 de Junho de 2011

Carga horária total: 12480 horas

Supervisor da organização: Fábio Breder

Cargo: Supervisor da Prefeitura da Embrapa Gado de Leite

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar sempre, pois o tempo todo esteve á frente deste trabalho, dando-

me forças e perseverança.

Á minha amada esposa, pela paciência, persistência, por suas palavras, orações e seu amor.

À minha mãe pelo seu amor, cuidado e pelas orações.

Ao meu pai pelo seu apoio e amor.

A meu irmão pela amizade e apoio.

À Marcia pelo carinho, pelas palavras certas nas horas certas e pelas orações.

A toda minha família e amigos que torceram por mim.

A todos da Embrapa pelo apoio.

Ao professor Anderson Castanha, pelo conhecimento e atenção durante o processo de

orientação deste TCC.

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Este trabalho é dedicado a Deus, porque Dele,

por Ele e para Ele são todas as coisas.

À minha amada esposa, pelo apoio, incentivo e

compreensão.

Aos meus pais pelo incentivo e apoio.

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ATESTADO DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Atesto, para comprovação do Estágio Supervisionado, que o aluno Vitor Lucio de Andrade,

estagiou na Embrapa Gado de Leite, no de Abril de 2006 a 12 de Junho de 2011 com carga

total de aproximadamente 12480 horas.

Juiz de Fora, _____ de julho de 2011.

___________________________________

Assinatura do Supervisor do Estagiário na organização

Carimbo da organização (OBRIGATÓRIO)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ECONOMIA E ADMINSTRAÇÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Após a exposição do discente Vitor Lucio de Andrade, matrícula nº 200646038, sobre a

realização do estágio supervisionado, a Banca Examinadora, composta pelos professores

abaixo, reuniu-se e aprovou o presente relatório que, por atender aos requisitos estabelecidos,

recebeu a nota (____) ________________________________________ (por extenso).

Juiz de Fora, de julho de 2011.

__________________________________________

Prof. Dr. Anderson Lopes Belli Castanha

Orientador

__________________________________________

Profª Ms. Bárbara Stella Oliveira Rocha

__________________________________________

Prof. Anderson Valverde

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curva Característica da Vida de um Equipamento .......................................... 20

Figura 2 - Percentual de Homem-hora por tipo de Manutenção ....................................... 29

Figura 3 - Custo Anual da Manutenção / Faturamento Bruto da Empresas ................... 30

Figura 4 - Os Significados de Cada Senso do 5S na Manutenção ...................................... 33

Figura 5 - O Ciclo PDCA ....................................................................................................... 36

Figura 6 - Vista Frontal da Embrapa Gado de Leite ......................................................... 50

Figura 7 - Organograma da Embrapa Gado de Leite ......................................................... 51

Figura 8 - A Manutenção no Organograma da Empresa ................................................... 53

Figura 9 - Novo Organograma Proposto .............................................................................. 58

Figura 10 - PDCA para implantação da Gestão em Manutenção ...................................... 59

Figura 11 - Setor de Manutenção .......................................................................................... 60

Figura 12 - Setor de Manutenção .......................................................................................... 61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da Manutenção ..................................................................................... 16

Tabela 2 - Formas de atuação da Manutenção ao Longo dos Anos ................................... 23

Tabela 3 - Comparação de Custos ........................................................................................ 28

Tabela 4 - Manutenção Preditiva na Embrapa ................................................................... 64

Tabela 5 - Exemplo de utilização do 5W2H ......................................................................... 66

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RESUMO

O gerenciamento da manutenção é um assunto importante na atualidade, principalmente às

empresas que querem se sobressair em meio a competitividade. A manutenção tem que visar

garantir a disponibilidade de instalações e equipamentos, assegurando a confiabilidade e a

disponibilidade destes. Neste contexto o presente trabalho objetiva mostrar como se encontra

o setor de manutenção na Embrapa Gado de Leite e realizar uma análise sob a ótica dos

conceitos de Função Estratégica e Gestão da Manutenção. A necessidade da reformulação do

setor surgiu como conseqüência das dificuldades apresentadas, por não possuir planejamento

e não controlar adequadamente a manutenção. Diante disso, a partir da implantação da

proposta apresentada, espera-se que a empresa eleve a Gestão da Manutenção ao nível de

gerência, e que esta passe a ter planejamento para manutenção preventiva e preditiva, controle

sobre o desempenho da área de manutenção, redução de custos e aumento da disponibilidade

dos equipamentos de pesquisa.

.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEORICO ..................................................................................... 14

2.1 MANUTENÇÃO E SUAS DEFINIÇÕES ................................................................ 14

2.2 EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO .......................................................................... 15

2.3 CONFIABILIDADE E DISONIBILIDADE ............................................................ 17

2.3.1 CONFIABILIDADE ............................................................................................ 17

2.3.1.1 DESEMPENHO E FALHA ......................................................................... 19

2.3.2 DISPONIBILIDADE ........................................................................................... 21

2.4 TIPOS DE MANUTENÇÃO ..................................................................................... 22

2.4.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA ......................................................................... 23

2.4.1.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA NÃO PROGRAMADA ........................ 24

2.4.1.2 MANUTENÇÃO CORRETIVA PROGRAMADA .................................. 24

2.4.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA ....................................................................... 25

2.4.3 MANUTENÇÃO PREDITIVA ........................................................................... 26

2.5 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO ............................. 29

2.5.1 CUSTOS NA MANUTENÇÃO ........................................................................... 30

2.5.2 FERRAMENTAS DE QUALIDADE APLICADAS Á MANUTENÇÃO ...... 32

2.5.2.1 O PROGRAMA 5S ....................................................................................... 32

2.5.2.2 ANÁLISE DA CAUSA RAIZ ...................................................................... 34

2.5.2.3 FOLHAS DE VERIFICAÇÃO ................................................................... 35

2.5.2.4 O CICLO PDCA ........................................................................................... 35

2.5.2.5 BRAINSTORMING ..................................................................................... 37

2.5.2.6 MÉTODO 5W2H .......................................................................................... 37

2.5.2.7 BENCHMARKING ...................................................................................... 37

2.6 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM) .................................................... 39

2.7 MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE ..................................... 42

2.8 GESTÃO ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO .................................................. 44

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 48

4 DESCRIÇÃO DA EMPRESA ................................................................................... 50

5 ESTUDO DE CASO ................................................................................................... 54

5.1 O CONTEXTO DA MANUTENÇÃO NA EMPRESA .......................................... 54

5.2 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA MANUTENÇÃO ..................................... 56

5.2.1 MUDANÇA NO ORGANOGRAMA ................................................................. 57

5.2.2 UTILIZANDO O CICLO PDCA ........................................................................ 58

5.2.3 IMPLANTAÇÃO DO 5S ..................................................................................... 60

5.2.4 MANUTENÇÃO PREVENTIVA ....................................................................... 63

5.2.5 MANUTENÇÃO PREDITIVA ........................................................................... 64

5.2.6 MANUTENÇÃO CORRETIVA ......................................................................... 65

5.2.7 MANUTENÇÃO AUTÔNOMA ......................................................................... 65

5.2.8 A UTILIZAÇÃO DO 5W2H COMO PLANO DE AÇÃO ............................... 65

5.2.9 IMPLANTAÇÃO DE NOVO SOFTWARE ...................................................... 67

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 68

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 70

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1. INTRODUÇÃO

A cada dia novos objetivos são propostos nas organizações. Diante desse contexto a

manutenção deixou de ser, nas últimas décadas, uma simples atividade de reparo para se

tornar um meio essencial ao alcance dos objetivos e metas da organização. Coloca-se,

portanto, estrategicamente, como parte fundamental do processo produtivo em um ambiente

onde, cada vez mais, se utilizam equipamentos de última geração, com os mais modernos

sistemas mecânicos e eletro-eletrônicos, de maior grau de complexidade, alto custo e

exigências elevadas quanto ao nível da manutenção.

A maior complexidade dos equipamentos e diversidade dos ativos físicos fez da

manutenção uma função igualmente complexa, levando ao desenvolvimento de novas

técnicas, modernas ferramentas de gestão e abordagens inovadoras quanto à organização e

estratégia de manutenção. Gerenciar corretamente esses modernos meios de produção exige

conhecimento de métodos e sistemas de planejamento e execução que sejam ao mesmo tempo

eficientes e economicamente viáveis. Além disso, equipamentos parados em momentos

inoportunos comprometem a produção e podem significar perdas irrecuperáveis num

ambiente altamente competitivo.

Diante desse cenário, a estrutura de uma gestão de manutenção, promovendo o

planejamento, programação e controle da manutenção, tem um papel e grande importância:

inserir o setor na gestão estratégica da empresa, fazer com que a manutenção trabalhe de

forma planejada para que os recursos sejam aplicados de forma correta, no momento

adequado garantindo assim a disponibilidade dos equipamentos e consequentemente uma

maior produtividade.

O presente trabalho apresenta um estudo de caso realizado para a obtenção do título de

graduado em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora e tem como principal

objetivo, mostrar como se encontra o setor de manutenção na Embrapa Gado de Leite e

realizar uma análise sob a ótica dos conceitos de Função Estratégica e Gestão da Manutenção.

Com esta ação busca-se uma melhor organização do setor, melhoria na qualidade dos serviços

prestados e consequentemente, maior confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos.

Este trabalho é restringido ao setor de manutenção da sede da Embrapa Gado de Leite.

O local foi escolhido devido ao fato do autor ser um funcionário deste setor na unidade da

empresa. Foi realizado com o intuito de abrir horizontes para uma nova percepção da

manutenção moderna, a de que esta é uma função estratégica para empresa. Baseado nesse

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foco buscou-se delimitar o trabalho em torno desse tema, devido a importância e os benefícios

que ele traz à empresa e ao setor em questão.

Encontra-se estruturado dessa forma: O capítulo 1 contempla a introdução ao tema e

o problema na qual se estudará nesse projeto. Nesse mesmo capítulo abordam o objetivo, a

justificativa, as limitações e, finalizando, a estruturação. No capítulo 2 apresenta-se o

referencial teórico utilizado, com conceitos inerentes á manutenção, confiabilidade e

disponibilidade, tipos de manutenção, planejamento e organização da manutenção,

Manutenção Produtiva Total, Manutenção Centrada em Confiabilidade e Gestão estratégica

da manutenção. No capítulo seguinte, são apresentados os aspectos metodológicos utilizados

no presente trabalho. No capítulo 4 é feita a descrição da empresa, como é dividida e o setor

em que ela atua. O quinto capítulo objetiva mostrar a realidade da empresa, no que se refere a

algumas questões, ressaltadas no referencial teórico e propor algumas mudanças. O sexto

capítulo apresenta as considerações finais do presente trabalho, acerca da temática abordada

neste esforço.

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2. – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. - MANUTENÇÃO E SUAS DEFINIÇÕES

A palavra manutenção, derivada do latim manus tenere, que significa manter o que se

tem, está presente na história humana a eras, desde o momento que se começou a manusear

instrumentos de produção.

Monchy (1989, p. 1) define manutenção como sendo “o conjunto de ações que

permite manter ou restabelecer um bem, dentro de um estado específico ou na medida para

assegurar um serviço determinado”. Já a definição sobre „manter‟ é indicada, em vários

dicionários, como causar continuidade ou reter o estado atual. Isto sugere que „manutenção‟

significa preservar algo.

Slack et al. (2002, p. 643) retratam que manutenção “é o termo usado para abordar a

forma pela qual as organizações tentam evitar as falhas ao cuidar de suas instalações

físicas”.

Esta abordagem enfatiza a prevenção e a recuperação de falhas, uma importante área

de atuação da manutenção, embora se entenda que não envolve a sua completa amplitude.

Pode-se afirmar ainda, que as causas e os efeitos das falhas merecem atenção especial e

permanente, assim como o desenvolvimento de ações pró-ativas, com vistas a minimizar a

ocorrência e as conseqüências das falhas, caso ocorram.

A ABNT – NBR 5462 (ABNT1 apud NUNES e VALLADARES, 2007, p. 3) traz que

“a manutenção foi indicada como a combinação de todas as ações técnicas e administrativas,

incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual

possa desempenhar uma função requerida”.

Kardec e Nascif (2009, p. 23) trazem uma visão moderna para a manutenção: e

definem que a manutenção deve “garantir a confiabilidade e a disponibilidade da função dos

equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com

segurança, preservação do meio ambiente e custos adequados.”

Na visão de Moraes (2004):

Manutenção é o ato de estabelecer e gerenciar de forma contínua e sistemática as

ações para a eliminação de falhas já ocorridas e potenciais dos equipamentos,

assegurando durante toda sua vida útil, as características especificadas em projeto,

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5462: confiabilidade e mantenabilidade.

Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

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além de garantir a saúde e segurança de seus usuários e a preservação do meio

ambiente (MORAES, 2004, p. 24).

Independente da definição que se utilize para manutenção, percebe-se que as

definições ora citadas utilizam a expressão como “manter”, “restabelecer”, “conservar”,

“restaurar” ou “preservar” a função requerida do ativo físico de um sistema. A conceituação

desta temática já permite destacar o papel que o conhecimento pode exercer na eficácia e

eficiência de seus processos. Para que o sistema técnico possa apoiar, preservar e, em última

instância aperfeiçoar as metas organizacionais é necessário conhecimento na forma da correta

aplicação de técnicas e medidas administrativas, o que implica no emprego de conhecimento

técnico, administrativo, organizacional e, especialmente, do negócio a que o sistema técnico

da manutenção apóia.

2.2 - EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Na visão Sievuli2 apud Moraes (2004), a evolução da manutenção em um contexto

mundial pode ser representada por três gerações, descritas a seguir:

1ª Geração (1930 a 1940): caracterizada pelo conserto após a falha ou

manutenção emergencial;

2ª Geração (1940 a 1970): caracterizada pela disponibilidade crescente e maior

vida útil dos equipamentos, pelas intervenções preventivas baseadas no tempo

de uso após a última intervenção, pelo custo elevado de manutenção quando

comparado aos benefícios, pelos sistemas manuais de planejamento e registro

das tarefas e ocorrências de manutenção e posteriormente pelo início do uso de

computadores grandes e lentos para a execução dessas tarefas.

3ª Geração (desde 1970): caracterizada pelo aumento significativo da

disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos, pela melhoria da relação

entre o custo e o benefício da manutenção, pela intervenção dos equipamentos

baseadas na análise da condição e no risco da falha, pela melhor qualidade dos

produtos, pelo controle dos riscos para a segurança e saúde do trabalhador, pela

preocupação com o meio ambiente, por computadores portáteis e rápidos com

2 SIEVULI, W. Manutenção em tear Sulzer Ruti. 2001. Disponível em

<www.lasid.funrei.br/planosdemanutencao/tearsulzer-ruti/funrei.htm> acesso em 20 de março 2003.

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potentes softwares para intervenções e gerenciamento da manutenção, além do

surgimento dos grupos de trabalho multidisciplinares.

Estas idéias fundamentais foram geradoras de duas vertentes de tecnologia de

manutenção, que será apresentado em maiores detalhes á frente, a primeira centrada na

confiabilidade criando a manutenção centrada na confiabilidade (MCC ou RCM) e a segunda

centrada na qualidade, levando ao surgimento da Manutenção Produtiva Total (MPT ou

TPM).

A primeira idéia teve origem nas pesquisas da fabricante de aviação americana e

utilizada pela Boeing no seu avião 747. A segunda foi desenvolvida pelos japoneses a partir

das idéias americanas ali introduzidas após a Segunda Guerra e implantada inicialmente pela

Toyota (XENOS, 1998).

Kardec e Nascif (2009) inovam e descrevem a existência de uma 4ª geração, a partir

do ano 2000 até os dias atuais, como mostra a seguir a tabela 1.

Tabela 1 – Evolução da Manutenção

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração

ANO Até 1950 1950 a 1970 1970 a 2000 2000 aos dias atuais

Aum

ento

das e

xpecta

tivas e

m

rela

ção á

ma

nute

nção

- Conserto após a falha - Disponibilidade crescente - Maior confiabilidade - Maior confiabilidade

- Maior disponibilidade - Maior disponibilidade

- Melhor relação - Preservação do

custo-benefício meio ambiente

- Preservação do - Segurança

meio ambiente - Influir nos resultados

do negócio

- Gerenciar os ativos

Mu

danças n

as t

écnic

as d

e M

anute

nção

- Habilidades voltadas - Planejamento manual - Monitoramento da - Aumento da Manutenção

para o reparo da manutenção condição Preditiva e Monitoramento

- Computadores grandes - Manutenção Preditiva da condição

e lentos - Análise de risco - Minimização nas

- Manutenção Preventiva - Computadores peque- Manutenções Preventivas

(por tempo) nos e rápidos e Corretiva não Planejada

- Softwares potentes - Análise de Falhas

- Grupos de trabalho - Técnicas de

multidisciplinares confiabilidade

- Projetos voltados para - Manutenibilidade

a confiabilidade - Engenharia de

Manutenção

- Projetos voltados para

confiabilidade, manutenibi-

lidade e Custo do Ciclo de

Vida.

Fonte: Adaptado de KARDEC e NASCIF (2009, p. 5)

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Kardec e Nascif (2009), diferente de Sievuli apud Moraes (2004), como pode ser

observado na tabela anterior, por ser uma obra mais moderna, apresenta nesta 4ª geração uma

ênfase maior aos aspectos de confiabilidade, disponibilidade e custo do ciclo de vida das

instalações e dos equipamentos, uma maior interação entre as áreas de engenharia,

manutenção e operação. Com o objetivo de intervir cada vez menos na planta, as práticas de

manutenção preditiva e monitoramento de condição de equipamentos e processos são cada

vez mais utilizados. Em conseqüência há uma tendência de redução na aplicação da

manutenção preventiva, que promove a paralisação dos equipamentos e sistemas e também da

manutenção corretiva não planejada.

É perceptível que nessa evolução a manutenção passou de ação reativa, para uma parte

integrante das estratégias produtivas da empresa. Do simples atendimento a produção e

preocupação em disponibilizar o equipamento, à peça fundamental na garantia de atendimento

ao cliente, por meio da melhoria da confiabilidade dos equipamentos e processos.

Maiores exigências de qualidade e produtividade ditadas pelo mercado e por novas

filosofias de gerenciamento da manufatura e da qualidade, crescente desenvolvimento de

novas tecnologias da automação e complexidade dos equipamentos, maior competitividade

entre as empresas, maior rigor na elaboração e aplicação de regulamentações sobre segurança

dos trabalhadores e do meio ambiente, são algumas das causas que levaram e seguem levando

muitas empresas a tentarem mudar o pensamento defasado que se tem sobre o papel da

manutenção. (KARDEC e NASCIF, 2009)

2.3 - CONFIABILIDADE E DISPONIBILIDADE

2.3.1 – CONFIABILIDADE

O termo confiabilidade na manutenção, do inglês reliability, teve origem nas análises

de falha em equipamentos eletrônicos para uso militar, durante a década de 50, nos Estados

Unidos. (KARDEC e NASCIF, 2009)

Na visão de Kardec e Nascif (2009, p. 106) “confiabilidade é a probabilidade de um

item desempenhar uma função requerida sob condições definida de uso durante um intervalo

de tempo estabelecido”.

Na verdade fala-se de confiabilidade, mas medem-se falhas. Desse modo, Kardec e

Nascif (2009) afirmam que a confiabilidade de um equipamento ou produto pode ser expressa

pela seguinte expressão, segundo a distribuição exponencial (taxa de falhas constante):

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tetR )(

Onde:

R(t) = confiabilidade a qualquer tempo t;

e = base dos logaritmos neperianos (e = 2,718)

= taxa de falhas (numero total de falhas por período de operação);

t = tempo previsto de operação.

Fonte: KARDEC E NASCIF (2009, p. 106)

À manutenção interessa a probabilidade de que o item sobreviva a um dado intervalo

(de tempo, ciclo, distância, etc.). Esta probabilidade de sobrevivência é denominada de

confiabilidade. (SIQUEIRA3 apud SOUZA, 2008)

Segundo Souza (2008) a probabilidade condicional de falha, mede a probabilidade de

que um determinado item, ao entrar numa determinada idade ou intervalo, irá falhar durante

esse período. Se a probabilidade condicional de falha aumenta com a idade, o item mostra

características de desgaste. A probabilidade condicional de falha reflete o efeito negativo

global da idade sobre a confiabilidade.

Mas conforme afirma Leocádio4 apud Coelho (2010), para se medir a

confiabilidade, é necessário primeiro saber: qual o tempo médio para falhar (TMPF ou MTTF

- da sigla em inglês - Mean Time To Failure - para itens que não podem ser reparados) ou o

tempo médio entre falhas (TMEF ou MTBF – da expressão em inglês – Mean Time Between

Failures - para itens que podem ser reparados). Esta distinção entre ativos reparáveis e não-

reparáveis é necessária para que seja feito um tratamento do índice de confiabilidade. Isto

porque, em itens reparáveis é possível observar a ocorrência de mais de uma falha em um

dado intervalo de tempo. Segundo Slack (2002), o tempo médio entre falhas de um

componente ou sistema é a média de tempo até a ocorrência da próxima falha. Portanto:

3 SIQUEIRA, Iony Patriota de. Manutenção Centrada na Confiabilidade: Manual de Implementação.1. ed. Rio de

Janeiro: Qualitymark, 2005. 408 p. 4 LEOCÁDIO M., Sobre a Incorporação RAMS no Desenvolvimento de Produtos de Base Tecnológica: Uma

Abordagem Holística a Veículos Ferroviários, Dissertação, Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa Instituto

Superior Técnico, 2008. Disponível em: http://in3.dem.ist.utl.pt/master/thesis/02files/01thesis.pdf Acesso em: 20

de novembro de 2010

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19

TMEF = ___horas de operação__

número de falhas

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

2.3.1.1 – Desempenho e Falha

Todo equipamento é projetado segundo uma especificação, ou seja, segundo a função

básica que irá desempenhar. Quando um equipamento não apresenta o desempenho previsto,

usa-se o termo falha para identificar essa situação (KARDEC E NASCIF, 2009).

Falha, na visão de Kardec e Nascif (2009, p. 109), pode ser definida como “a

cessação da função de um item ou incapacidade de satisfazer a um padrão de desempenho

previsto.”

Kardec e Nascif (2009) afirmam ainda que, a falha pode representar: interrupção da

produção; operação em regime instável; queda na quantidade produzida; deterioração ou

perda da qualidade do produto; perda da função de comando ou proteção. Quanto maior o

numero de falhas, menor a confiabilidade de um item para as condições estabelecidas a priori.

A taxa de falhas é definida como o número de falhas por unidade de tempo.

Usualmente é expressa em unidade de falha por milhão de horas (106

horas). (KARDEC e

NASCIF, 2009)

A taxa de falhas ( ) é representada pela equação:

= _______________________

Fonte: KARDEC e NASCIF (2009, p. 109)

A figura 1 a seguir, apresenta uma curva característica típica da vida de um produto,

equipamento ou sistema. Ela expressa a taxa de falhas em função do tempo (vida). A curva é

conhecida também como “curva da banheira” devido ao seu formato e é válida para uma série

de componentes elétricos, mecânicos e sistemas, sendo determinada a partir de estudos

estatísticos (KARDEC e NASCIF, 2009)

Numero de falhas

Numero de horas de operação

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Figura 1 – Curva Característica da Vida de Equipamentos (Curva da Banheira)

Fonte: WUTTKE e SELLITTO (2008, p. 7)

Como se pode observar pela Figura 1 acima, existem na curva três períodos distintos:

(KARDEC e NASCIF, 2009; WUTTKE e SELLITTO, 2008)

Mortalidade Infantil: há grande incidência de falhas causadas por

componentes com defeitos de fabricação ou deficiências de projeto. Essas

falhas também podem ser oriundas de problemas de instalação. A taxa de

falhas diminui com o tempo, conforme os reparos de defeitos eliminam

componentes frágeis ou à medida que são detectados e reparados erros de

projeto ou de instalação.

Fase de Maturidade ou Vida Útil: a taxa de falhas é sensivelmente menor e

relativamente constante ao longo do tempo. A ocorrência de falhas decorre de

fatores menos controláveis, como fadiga ou corrosão acelerada, fruto de

interações dos materiais com o meio. Assim, sua previsão é mais difícil.

Mortalidade Senil ou Envelhecimento: Há um aumento na taxa de falhas

decorrente do desgaste natural, que será tanto maior quanto mais passar o

tempo.

É possível observar em cada ativo um desses padrões (inicial, normal e final), ou uma

mistura destes ao longo de sua vida. Alguns modos de falha mostram um rápido aumento na

probabilidade de falha no final da sua vida útil de forma a se aproximar de uma distribuição

normal neste estagio. Os sistemas industriais evoluem na curva da banheira segundo várias

características. Um exemplo é que, em alguns casos, deixe de existir alguma fase, passando-

se, por exemplo, da mortalidade infantil para a senil, diretamente. Sistemas eletrônicos

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21

geralmente apresentam mortalidade infantil e depois apenas falhas aleatórias, estacionando na

parte baixa da curva. Tal região é dita sem memória de falha (failure memoryless), pois a

incidência de uma falha no tempo “t” não tem correlação com o tempo até a próxima falha.

Em software, as falhas de programação geralmente têm apenas mortalidade infantil, pois uma

vez corrigidas, é impossível a reincidência, pois não se originam de processos dissipativos de

energia. (WUTTKE e SELLITTO, 2008)

2.3.2 – DISPONIBILIDADE

A disponibilidade, em inglês Availability, é dependente das condições de projeto dos

ativos e da facilidade de efetuar a intervenção.

Kardec e Nascif (2009) definem a disponibilidade como:

a capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um

dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta

os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de

manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados

(KARDEC E NASCIF 2009, p. 112).

Segundo Morais5 apud Coelho (2010), disponibilidade é o nível em que a produção

está preparada (disponível) para funcionar. Uma produção não está disponível se ela acabou

de falhar ou está sendo consertada após uma falha. Ainda segundo aquele autor a

disponibilidade é calculada como se segue:

Disponibilidade (D) = _____TMEF_____

TMEF + MTTR

Onde:

TMPR = tempo médio para reparo, (também conhecido como

mantenabilidade ou MTTR do inglês, mean time to repair), que é o tempo

médio necessário para realizar o conserto do ativo, sendo este calculado do

momento da falha, até o momento em que o ativo volta a desempenhar o

desempenho exigido pelo usuário.

5 MORAIS L., Desenvolvimento de Ferramentas para a Aplicação da Metodologia RAMS a Equipamentos

Industriais, Dissertação, Porto, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2005.

Page 22: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

22

Um dos principais objetivos das empresas hoje é obter o máximo de desempenho da

planta produtiva possível. Nesse sentido, a manutenção deve ter como um dos objetivos

fundamentais, assegurar índices cada vez mais altos de disponibilidade e confiabilidade dos

ativos. A diminuição do desempenho do equipamento ocasiona a redução da qualidade e da

produtividade, as quais podem ser evitadas com políticas adequadas de manutenção que

garantam a eficiência das máquinas. A ausência de uma gestão da manutenção, além da

redução da capacidade do processo, acarreta paradas da linha de produção, reduzindo a sua

disponibilidade, ou seja, tempo de máquinas paradas devido às falhas. Diante disso, uma

política adequada de manutenção deve, então, manter a capacidade e a disponibilidade dos

equipamentos de produção, evitando quebras (aumento de confiabilidade). É que será visto

nos itens seguintes.

2.4 - TIPOS DE MANUTENÇÃO

Os tipos de manutenção existentes podem ser classificadas em diversas tipologias.

Uma classificação utilizada diz respeito a sua centralização no que tange ao seu planejamento

e à sua execução. Nesta tipologia, podem ser categorizadas as manutenções como

centralizada, descentralizada e mista. (ANTUNES, 2001; CAMARA ET Al.6 apud MORAES,

2004).

Na manutenção centralizada, as operações são planejadas por um único departamento

e as equipes de manutenção atendem todos os setores da empresa, sendo que as oficinas

também são centralizadas. (ANTUNES, 2001)

Na manutenção descentralizada preconiza-se a divisão da empresa em áreas ou

setores, sendo que cada uma das áreas fica a cargo de um grupo específico de manutenção.

Vale ressaltar que na estrutura descentralizada a principal vantagem é a maior integração entre

os departamentos de produção e manutenção, o que facilita a implementação dos conceitos de

manutenção produtiva total, principalmente no que se refere à manutenção autônoma,

detalhada no item 2.6. (MORAES, 2004)

Uma condição intermediária entre a centralização e a descentralização, é o que se

costuma chamar de estrutura mista e que, em geral, é adotada nas empresas que possuem

amplas instalações e diversos setores de produção.

6 CAMARA, J. M; ARAÚJO, I, M; SANTOS, C. K. S. Manutenção Elétrica Industrial: apostila virtual.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento de Engenharia elétrica. 2001. Disponível em: <

www.caee.ufrn.br/manut/index1.htm> Acesso em 18 out 2002.

Page 23: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

23

No Brasil, há uma tendência de crescimento das manutenções descentralizada e mista,

como pode ser observado na tabela 2, a seguir:

Tabela 2 – Formas de atuação da Manutenção ao longo dos anos

Diante da tabela é possível perceber que 57,2% das empresas brasileiras em 1995

utilizavam as estruturas de manutenção mista ou descentralizada. Em 2007 esse número subiu

para 73,72% e em 2009 apresentou uma leve redução para 67,41%. De acordo com Moraes

(2004, essa tendência de crescimento pode estar relacionado à adoção cada vez mais intensa

de técnicas de gestão participativa da qualidade e da manufatura.

Segundo Moraes (2004), quanto as políticas de aplicação, a manutenção pode ser

dividida em não planejada e planejada:

Manutenção Não Planejada: consiste em permitir que o equipamento trabalhe

até a quebra e a conseqüente paralisação para então efetuar o reparo, atuando,

portanto de forma totalmente reativa. Se enquadra neste item a manutenção

corretiva.

Manutenção Planejada: procura evitar as ocorrências de falhas, com

programações periódicas de manutenção dos equipamentos, a fim de prevenir

algum defeito. Encontram-se dentro deste item a manutenção preventiva e a

manutenção preditiva.

2.4.1 - MANUTENÇÃO CORRETIVA

Slack et al. (2002, p. 645) dizem que manutenção corretiva “significa deixar as

instalações continuarem a operar até que quebrem”. Já Antunes (2001, p. 2) destaca que “na

Fonte: ABRAMAN, 2009

Page 24: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

24

manutenção corretiva não existe planejamento de atividades, exceto o planejamento da

disponibilidade das pessoas para atuar quando da existência de defeitos nas máquinas.”

Segundo Monchy (1985, p. 37), "a manutenção corretiva corresponde a uma atitude

de defesa (submeter-se, sofrer) enquanto se espera uma próxima falha acidental (fortuita),

atitude característica da conservação tradicional."

Portanto a manutenção corretiva, como o próprio nome já diz, trabalha para corrigir

algo que já aconteceu, ou seja, espera o equipamento apresentar o defeito para então fazer o

reparo, trabalhando de forma totalmente reativa. Segundo a Abraman (2009), este tipo de

manutenção representa 29,85% do total de homens-hora de manutenção alocados nas

empresas brasileiras.

Kardec e Nascif (2009, p.38) dizem que “a manutenção corretiva não é,

necessariamente, a manutenção de emergência” e dividem a manutenção corretiva em duas

classes que serão vistos nos itens seguintes.

Manutenção corretiva não programada: quebra ou falha inesperada.

Manutenção corretiva programada: quebra ou falha esperada e programada.

2.4.1.1 – Manutenção Corretiva não programada

Segundo Kardec e Nascif (2009, p.39), “Manutenção corretiva não programada é a

correção da falha de maneira aleatória”. Caracteriza-se pela atuação da manutenção em fato

já ocorrido, seja este uma falha ou um desempenho menor que o esperado. Não há tempo para

preparação do serviço. Normalmente a manutenção corretiva não programada implica altos

custos, pois a quebra inesperada pode acarretar perdas de produção, perda da qualidade do

produto e elevados custos indiretos de manutenção.

Quebras ou falhas não programadas podem ter conseqüências bastante graves para os

equipamentos, podendo chegar até a perda total, não sendo essa a programação, elevando os

custos para a empresa.

2.4.1.2 – Manutenção Corretiva Programada

Kardec e Nascif (2009, p.41) trazem que “Manutenção Corretiva Planejada é a

correção do desempenho menor que o esperado ou correção da falha, por decisão gerencial,

isto é, pela atuação em função de acompanhamento através da manutenção preditiva ou pela

decisão de operar até quebrar”

Page 25: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

25

Um trabalho planejado é sempre mais barato, mais rápido e mais seguro do que um

trabalho não planejado e do mesmo modo, de melhor qualidade. Este tipo de Manutenção,

segundo Xenos (1998, p. 23), “deve levar em conta fatores econômicos: é mais barato

consertar uma falha do que tomar ações preventivas?” Se a resposta for sim, este tipo de

Manutenção é vista como uma boa opção. Mesmo que a decisão gerencial seja de deixar o

equipamento funcionar até a quebra, esta decisão será conhecida e algum planejamento

poderá ser realizado quando a falha ocorrer, como por exemplo, um equipamento substituto já

preparado, peças de reposição em estoque, mão-de-obra disponível e ferramentas preparadas.

Quanto maiores forem as implicações da falha na segurança pessoal e operacional, nos

custos intrínsecos, nos compromissos de entrega da produção, maiores serão as condições de

adoção da política de manutenção corretiva programada. (KARDEC e NASCIF, 2009)

2.4.2 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA

A Manutenção Preventiva representa a parte mais significativa do percentual das

atividades de manutenção das empresas do Brasil, 38,73% (ABRAMAN, 2009).

Considerada por Xenos (1998, p. 24) “o coração das atividades de manutenção”, a

Preventiva visa eliminar as probabilidades de falhas com atividades periódicas como limpeza,

lubrificação, inspeções simples, recuperação ou troca de componentes, executadas de forma

programada, preservando e aumentando a confiabilidade do equipamento (SLACK et al.,

2002 e BLACK, 2001).

Segundo Kardec e Nascif (2009, p.42) “Manutenção Preventiva é a atuação realizada

de forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano

previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo”.

Na política preventiva as trocas de componentes com prazo fixo, ou seja, baseadas no

tempo de uso ou número de ciclos do equipamento, acontecem quando a inspeção é

dificultosa ou mais onerosa. Mesmo sendo bastante praticada, também podem acarretar

desperdícios pela substituição prematura, caso a freqüência de troca não coincida com o fim

de vida do componente, o que não é raro de acontecer. (MORAES, 2004)

Para definir o momento da troca de um componente, pode-se utilizar o histórico do

equipamento ou de similares, a experiência da equipe ou orientações do fabricante. Outra

forma muito utilizada é citada por Slack et al. (2002, p. 634), que é o “Tempo Médio Entre

Falhas (TMEF) que é a razão do número de horas de operação pelo número de falhas do

equipamento”.

Page 26: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

26

Na gerência de manutenção preventiva, os reparos ou recondicionamentos da máquina

são programados baseados na estatística da Curva da Banheira. Os programas de gerência de

para este tipo de Manutenção assumem que as máquinas degradarão com um quadro de tempo

típico de sua classificação em particular. Por exemplo, uma bomba centrífuga, horizontal, de

estágio simples normalmente rodará 18 meses antes que tenha que ser revisada. Usando

técnicas de gerência preventiva, a bomba seria removida de serviço e revisada após 17 meses

de operação. O problema com esta abordagem é que o modo de operação e variáveis

específicas da planta industrial ou do sistema, afetam diretamente a vida operacional normal

da maquinaria. O tempo médio entre as falhas (TMEF) não será o mesmo para uma bomba

que esteja trabalhando com água e uma bombeando polpas abrasivas de minério. O resultado

normal do uso da estatística TMEF para programar a manutenção, poderia ocasionar um

reparo desnecessário ou uma falha que poderia gerar altos custos para a empresa. Definir esse

tempo de troca, mesmo que de maneira mais técnica é como um jogo de probabilidades, onde

de certa forma se aposta na previsão da vida útil do componente. (WUTTKE e SELLITTO,

2008).

A manutenção Preventiva será tanto mais conveniente quanto maior for a simplicidade

na reposição; quanto mais altos forem os custos de falhas; quanto mais as falhas prejudicarem

a produção e quanto maiores forem as implicações das falhas na segurança pessoal e

operacional (KARDEC E NASCIF, 2009).

Conforme Xenos (1998), este tipo de manutenção é a mais cara, pois as peças têm que

ser trocadas e os componentes reformados antes de atingirem seus limites de vida. Porém a

freqüência da ocorrência das falhas diminui, a disponibilidade dos equipamentos aumenta e

também diminuem as interrupções inesperadas por falhas nos equipamentos.

2.4.3 - MANUTENÇÃO PREDITIVA

A manutenção preditiva é considerada uma evolução da preventiva, e faz parte dela,

pois também pode ser considerado como um tipo de prevenção, colocando o equipamento em

constante supervisão.

Segundo Takahashi7 apud Moraes (2004, p. 28), “a Manutenção Preditiva baseia-se

na análise das condições do equipamento, permitindo operação ininterrupta do equipamento

durante o maior tempo possível, antes de uma intervenção corretiva planejada“.

7 TAKAHASHI, Y; OSADA, T. Manutenção Produtiva Total. 2 ed. São Paulo: Instituto IMAN, 2000. 322p.

Page 27: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

27

Xenos (1998, p. 24) explica que “a manutenção preditiva permite otimizar a troca das

peças ou reforma dos componentes e estender o intervalo de manutenção, pois permite prever

quando a peça ou componente estarão próximos do seu limite de vida”

Algumas técnicas são utilizadas para essas análises: ferrrografia para análise dos do

desgaste dos componentes, ensaio por ultrassom, análise de vibrações mecânicas, termografia,

análise de óleos lubrificantes e análise de tensões via a utilização de strain gages8

(ANTUNES, 2001).

Muitas empresas não utilizam a manutenção preditiva por considerarem os custos

altos. Apenas 13,74% das empresas brasileiras, segundo a ABRAMAN (2009), utilizam esta

modalidade. Mas Kardec e Nascif (2009) explicam que esses custos devem ser analisados por

dois ângulos:

O acompanhamento periódico através de instrumentos/aparelhos de medição e

análise não é muito elevado e quanto maior o progresso na área de

microeletrônica, maior a redução dos preços. A mão de obra envolvida não

apresenta custo significativo, haja vista a possibilidade de acompanhamento,

também, pelos operadores.

A instalação de sistemas de monitoramento contínuo online apresenta um custo

inicial relativamente elevado. Em relação aos custos envolvidos, estima-se que o

nível inicial de investimento é de 1% do capital total do equipamento a ser

monitorado e que um programa de acompanhamento de equipamentos bem

gerenciado apresenta uma relação custo/benefício de 1/5.

Então, no tocante à produção, a Manutenção Preditiva oferece bons resultados, pois

intervém o mínimo possível na planta. Mas como foi dito anteriormente, é necessário o

entendimento de que a manutenção preditiva não é tão onerosa, quanto muitas empresas a

consideram. Para exemplificar esse fato, Kardec e Nascif (2009) mostram qual é o custo para

os tipos de manutenção, considerando os mais usuais, através da tabela 3, a seguir:

8 Extensômetro ou (strain gage) é um transdutor capaz de medir deformações de corpos. Quando um material é

deformado sua resistência elétrica é alterada, a fração de mudança na resistência é proporcional a fração de

mudança no comprimento do material. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Extensômetro Acesso em 20

de maio de 2011.

Page 28: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

28

Tabela 3 – Comparação de custos

Tipo de manutenção U$$/HP/Ano Relação

Corretiva não Planejada 17 a 18 2

Preventiva 11 a 13 1,5

Preditiva / Corretiva Planejada 7 a 9 1

Observa-se que o custo da corretiva planejada é, no mínimo, o dobro da manutenção

preditiva / corretiva planejada, nesta análise efetuada pelos autores. A otimização de custos na

Manutenção é muitas vezes mais efetiva pela adoção de melhores práticas do que a aplicação

de cortes indiscriminados.

Entretanto, o melhor tipo de manutenção a ser utilizado dependerá das características

de cada empresa, pois cada equipamento pode demandar um tipo de manutenção, de acordo

com o ponto de vista operacional, de segurança pessoal e da instalação, meio ambiente, custos

envolvidos em todo o processo de reparo ou substituição ou na conseqüência da falha. Então,

provavelmente, ocorrerá uma combinação de modalidades de manutenção, considerando as

mais adequadas de acordo com a natureza e criticidade9 do equipamento ou instalação para a

produção.

A figura 2 a seguir mostra a aplicação dos recursos de Homens-hora (Hh) em cada tipo

de manutenção, ao longo dos anos no Brasil, segundo a ABRAMAN (2009):

9Criticidade é a maneira utilizada para determinar o grau de importância de cada equipamento dentro do

processo produtivo, levando-se em conta aspectos importantes como: segurança, meio ambiente, custo, etc

Fonte: KARDEC E NASCIF (2009, p.53)

Page 29: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

29

Figura 2 – Percentual de Hh por tipo de manutenção

É possível observar pelo gráfico, que desde 1995 há uma pequena redução na

utilização das Manutenções Preditiva e Corretiva e um leve aumento da Manutenção

Preventiva nas empresas brasileiras.

2.5 - PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO

A organização da manutenção era conceituada, até pouco tempo, como planejamento e

administração dos recursos (pessoal, sobressalentes e equipamentos) para a adequação à

demanda de trabalho esperada. Essas atividades ainda fazem parte da organização da

Manutenção, mas na visão de Kardec e Nascif (2009, p. 61), a conceituação se tornou mais

ampla:

A organização da manutenção de qualquer empresa deve estar voltada para a

gerência e a solução dos problemas na produção, de modo que a empresa seja

competitiva no mercado.

A manutenção é uma atividade estruturada da empresa, integrada às demais

atividades, que fornece soluções buscando maximizar os resultados.

Fonte: ABRAMAN (2009)

Page 30: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

30

Percebe-se, atualmente, uma mudança no perfil estrutural das empresas dentro de um

enfoque no que está conceituado acima, trazido por modificações na relação de empregados

de cada área bem como no perfil funcional.

Segundo Kardec e Nascif (2009), entre os aspectos que vêm motivando essas

mudanças; estão a forte automação do processo produtivo; uma maior participação de pessoal

contratado no efetivo total da manutenção; e equipes formadas por pessoal qualificado.

Atualmente é imperativo que o profissional de manutenção seja bem qualificado.

2. 5.1 - CUSTOS NA MANUTENÇÃO

Os custos oriundos da Manutenção é uma característica que vem demonstrar o quanto

esta área é importante para a estratégia da empresa. Kardec e Nascif (2009) dizem que,

antigamente, quando se falava em custos de manutenção, a maioria dos gerentes achava que

não havia meios de controlá-los, pois a manutenção, em si, tinha um custo muito alto e estes

oneravam muito o produto final.

O fato apresentado ocorria por dois motivos: primeiramente, pois a gerência julgava

que as atividades de manutenção não eram tão importantes, logo os investimentos nessa área

não deveriam ser altos; e, além disso, a manutenção, na qual não se investia, não tinha nem

representatividade, nem competência necessária, para mudar a situação.

A figura 3 a seguir demonstra evolução dos custos de manutenção em relação ao

faturamento anual das empresas no Brasil, indicador comumente utilizado no país para

analisar o custo da manutenção em nível empresarial.

Page 31: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

31

Figura 3 – Custo Anual da Manutenção / Faturamento Bruto

Observa-se que entre os anos de 2001 e 2007, esse percentual apresentou uma

tendência de redução e em 2009 subiu para 4,14%, ficando a média aproximada em 4,13%.

Segundo Kardec e Nascif (2009) foram levantados dados de 45 empresas de Portugal, 197 da

Inglaterra, 66 da Alemanha, 42 da França e 43 dos Estados Unidos. A média para esses dados

foi de 4,12%, praticamente igual á média brasileira vista acima.

Kardec e Nascif (2009) classificam os custos de manutenção em três grandes famílias:

Custos diretos: são aqueles necessários para manter os equipamentos em

operação. Os componentes desse custo são os custos de mão de obra direta;

custo de materiais; e custo de serviço de terceiros.

Custos de perda de produção: são custos oriundos da perda de produção,

causados pela falha do equipamento principal sem que o equipamento reserva,

quando existir, estivesse disponível ou pela falha do equipamento, cuja causa

determinante tenha sido ação imprópria da manutenção.

Custos indiretos: são aqueles relacionados com a estrutura gerencial e de apoio

administrativo, custos com análises e estudos de melhoria, engenharia de

manutenção e supervisão.

Fonte: ABRAMAN (2009)

Page 32: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

32

É fundamental que cada especialidade da manutenção faça um controle de custos,

independente do modo como a estrutura organizacional as agrupa ou divide. A apropriação do

custo de uma especialidade envolve seu próprio custo e de outras especialidades agregadas. É

importante mensurá-los.

Segundo Kardec e Nascif (2009), outro aspecto de grande importância nos custos de

manutenção, é que mais manutenção não significa melhor manutenção. Os autores apontam

ainda que os custos de manutenção crescem de modo inverso aos custos de parada de

produção, desde que se espera que esse aumento de custos se traduza em redução de paradas

de emergência.

Em um extremo, manutenção em excesso, pode-se imaginar uma manutenção que em

intervalos muito pequenos de tempo esteja intervindo no equipamento e substituindo

componentes desnecessariamente. No outro extremo, a falta de manutenção provocará

paradas cada vez mais longas, traduzidas por intervalos cada vez maiores de perda de

produção. Desse modo, pode-se estabelecer um nível ótimo de intervenção que varia para

cada tipo de instalação ou equipamento.

2.5.2 - FERRAMENTAS DE QUALIDADE APLICADAS À MANUTENÇÃO

A manutenção pode adotar diversas ferramentas para análise e solução de problemas

que auxiliam as empresas a competir de forma estratégica a partir da manutenção e

desenvolverem um programa de gestão baseado em confiabilidade.

Xenos (1998, p. 43) afirma que a Gestão pela Qualidade Total (GQT) é “um método

de gestão para garantir a sobrevivência das empresas através da produção de bens ou ainda

de serviços de qualidade assegurada, satisfazendo as necessidades das pessoas”.

A manutenção possui um papel de fundamental importância dentro do sistema da

qualidade, em virtude de sua missão que é a de garantir a disponibilidade da função dos

equipamentos e instalações, de modo atender um programa de produção ou garantir a entrega

de um serviço com preservação do meio ambiente, confiabilidade, segurança e custos

adequados (KARDEC E NASCIF, 2009).

Para que as metas estipuladas pela organização possam ser alcançadas, cabe a

manutenção fazer com que a operação (principal cliente interno) tenha as instalações

adequadas e sempre disponíveis às necessidades da empresa, empregando os métodos e

conceitos de qualidade durante a execução de suas tarefas.

Page 33: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

33

Ainda de acordo com Kardec e Nascif (2009), conseguem-se obter aumentos sensíveis

de produção e de atendimento a serviços, sem investir em novas instalações e sim em novos

métodos de trabalho, na modernização das instalações existentes e, sem dúvida, implantando

um sistema de qualidade na manutenção e em toda empresa.

Existem muitas ferramentas de qualidade ou métodos, que podem ser adotadas pela

área de manutenção para realizar analises e introduzir melhorias, sendo que algumas serão

descritas: 5S, Análise de Causa Raiz (RCFA), Folhas de Verificação, PDCA, Brainstorming,

Benchmarking, (MADU10

apud CAPETTI, 2005; KARDEC E NASCIF, 2009).

2.5.1.1 – O Programa 5S

A grande virtude do programa, além de ser uma introdução para outros programas de

qualidade, está na mudança de comportamento dos funcionários envolvidos e a busca de um

ambiente de trabalho agradável. Sendo assim, as empresas têm visto no programa uma forma

de integração dos funcionários e padronização das atividades, por isso ele tem sido

amplamente difundido.

Para Kardec e Nascif (2009, p. 187) o 5S é a base da qualidade, pois “sem uma

cultura de 5S, dificilmente teremos um ambiente que proporcione trabalhos com qualidade.”

O 5S é uma prática originária do Japão, que é aplicada para o desenvolvimento do

Sistema da Qualidade. O nome 5S deriva do fato de que as cinco palavras que definem as

principais atividades começam com a letra S: SEIRI, SEITON, SEISO, SEIKETSU,

SHITSUKE. (KARDEC E NASCIF, 2009)

A figura 4 a seguir, sintetiza os significados de cada senso.

10

MADU, Christian N. (2000). Strategic value of reliability and maintainability management. International

Journal of Quality & Reliability Management. Vol. 22 N. 3, p. 317-328.

Page 34: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

34

Figura 4 – Os significados de cada Senso do 5S na Manutenção

A prática do 5S tem muitos objetivos a serem atingidos após a implantação dentro do

departamento de manutenção, quebrando o paradigma que a manutenção é o setor dentro da

empresa com maior volume de bagunça, desorganização, falta de limpeza e falta de

padronização. Onde se alcançados todos os objetivos propostos pela a prática, pode se ter

grande ganho que podemos medir através de indicadores de manutenção aplicados em todos

os tipos e procedimentos de manutenção.

Segundo Kardec e Nascif (2009) o 5S promove direta ou indiretamente:

Melhoria da qualidade, prevenção de acidentes, melhoria da produtividade, redução

de custos, conservação de energia, melhoria do ambiente de trabalho, melhoria do

moral dos empregados, incentivo á criatividade, modificação da cultura, melhoria da

Fonte: SOUZA (1999, p.35)

Page 35: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

35

disciplina, desenvolvimento do senso de equipe, maior participação em todos os

níveis. (KARDEC E NASCIF, 2009, p.188)

O 5S tem que ser considerado dentro de todo o setor ou de toda a empresa,

independente da função, uma atividade que depende do comprometimento de todos, para que

os objetivos que foram elaborados por profissionais experientes no programa, sejam

reconhecidos através da melhoria contínua do ambiente produtivo e melhoria nos indicadores

de desempenho.

2.5.1.2 - Análise De Causa Raiz – RCFA

A análise de causa raiz é o passo essencial para se atingir uma efetiva e eficiente

manutenção e desenvolver um programa de gestão em confiabilidade. Claro que os problemas

devem ser corretamente identificados antes das soluções corretas serem implantadas. Este tipo

de solução geralmente é utilizado em programas de melhoria continua (CAPETTI, 2005).

Neste método a falha ou defeito ocorrido é investigado, expondo a pergunta: “Por que

a falha ocorreu?” Normalmente, obtém-se uma resposta como “a correia quebrou”. A

pergunta é repetida para gerar um segundo nível de explicação, tais como paradas freqüentes e

reinicio do motor. A pergunta é formulada outras quatro a seis vezes até que se identifique a

causa raiz. Por exemplo, fragmentos acumulados devido à posição incorreta da proteção de

uma abertura, que leva o sistema a ficar bloqueado, que leva a freqüentes paradas e reinício de

motor, que leva a correia a quebrar (HANSEN, 200611

apud CARSTENS, 2007).

2.5.1.3 - Folhas De Verificação

As folhas de verificação são utilizadas para gravar e organizar dados em ordem a

facilitar a tabulação e memorização dos problemas. Com isto podem-se fazer análises e

interpretar comportamentos ou tendências (CAPETTI, 2005).

As folhas de verificação devem conter, de forma simples, objetiva e clara, o

procedimento correto a ser seguido e as verificações que deverão ser feitas no processo para

evitar a re-ocorrência dos problemas. Um exemplo bastante conhecido de folha de verificação

é o chamado check list que os pilotos seguem antes de decolar a aeronave.

11

.HANSEN, R. C. Eficiência Global dos Equipamentos. Porto Alegre: Bookman, 2006.

Page 36: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

36

2.5.1.4 – O Ciclo PDCA

O método universal para atingir metas é o Ciclo PDCA. Ele é composto por quatro

etapas distintas: do inglês Plan, Do, Check e Action, que significa Planejar, Executar, Analisar

e Agir e se baseia no controle de processos. O PDCA foi desenvolvido na década de 30 pelo

americano Shewhart, mas foi Deming, seu maior divulgador, ficando mundialmente

conhecido ao ser aplicado nos conceitos de qualidade no Japão. Deming12

apud Capetti

(2005) apresenta a importância do ciclo através de um exemplo:

Uma mercearia mal dará lucro, ou mesmo fechará, se seu administrador não ajustar

suas mercadorias às necessidades e ao nível de renda da comunidade, mesmo que

não haja um único erro no balcão ou falta de um produto. Portanto, não é suficiente

melhorar os processos. Deve haver também um constante aperfeiçoamento do

projeto do produto e do serviço, juntamente com a introdução de novos produtos,

serviços e novas tecnologias. E tudo isto é de responsabilidade da administração.

(DEMING apud CAPETTI 2005, p. 48)

Xenos (1998, p. 283), afirma que “a execução da manutenção corresponde ao Do,

enquanto que as atividades de gerenciamento correspondem às outras etapas – Plan, Check e

Action – do ciclo PDCA”. Diante disto, conclui-se que a análise e medição dos processos de

manutenção são relevantes para esta área e melhoria dos mesmos, contemplando inclusive o

planejamento, padronização e a documentação destes.

O uso dos mesmos pode ser assim relatado: (XENOS, 1998; KARDEC e NASCIF,

2009).

P (Plan = Planejar): Primeiramente, estabelecer claramente as metas e definir

os métodos que permitirão alcançá-las. No caso de desenvolvimento de uma

área de manutenção, esta atividade pode corresponder ao planejamento das

atividades.

D (Do = Executar): Em seguida, educar, treinar as pessoas envolvidas e

executar o planejado conforme as metas e métodos definidos.

C (Check = Verificar): Observar a situação verificando os resultados que se

está obtendo, para saber se estão sendo executados conforme foram planejados.

As medidas de manutenção são necessárias para dar aos gerentes de

12

DEMING in: SCHERKENBACH, William W. (1990) O caminho de Deming para a qualidade e

produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 149 p.

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37

manutenção informações quantitativas sobre as metas, informando se podem

ser alcançadas ou que ações serão tomadas para melhorar as operações e

alcançar tais metas, caso não estejam de acordo com o planejado.

A (Action = Agir): Fazer correções do processo se for necessário, tomar ações

corretivas ou de melhoria, caso tenha sido constatada na fase anterior a

necessidade de corrigir ou melhorar os processos.

A figura 5 a seguir exemplifica o ciclo PDCA.

Figura 5 - O Ciclo PDCA

Fonte: Adaptado de XENOS (1998)

2.5.1.5 - Brainstorming

O Brainstorming, ou tempestade de idéias, necessita de todos os empregados

envolvidos diretamente com os objetivos organizacionais e objetivos de manutenabilidade e

confiabilidade. (CAPETTI, 2005)

Este método é usado para identificar possíveis soluções para problemas e

oportunidades em potencial para a melhoria da qualidade.

2.5.1.6 - Método 5W2H

Page 38: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

38

Este método deriva de sete palavras em inglês, sendo que cinco iniciam com a letra

W e duas com a letra H, é muito utilizado para auxiliar na elaboração de planos de ação

(OLIVEIRA, 199613

apud CARSTENS, 2007).

What?– O que deverá ser executado em etapas;

Who? – Quem realizará as tarefas (Responsável);

When? –Quando cada tarefa será realizada (Tempo);

Why?- Por que deve ser executada cada uma das tarefas (justificativa);

Where? – Onde cada tarefa deverá ser executada (local);

How? – Como deverá ser realizada cada etapa ou tarefa (método);

How Much? – Quanto custa cada etapa da solução dos problemas (custo);

O 5W2H auxilia na construção de planos de ação, orientando as diversas ações que

deverão ser implantadas.

2.5.1.7 - Benchmarking

Benchmarking como se conhece hoje foi desenvolvido e popularizado pela empresa

Xerox nos anos 70. Usavam-se técnicas como a engenharia reversa (em que se adquirem e

desmontam produtos da concorrência para descobrir como são feitos) para buscar acelerar os

processos de aprendizado organizacional. A principal preocupação da Xerox era com novos

concorrentes no mercado de copiadoras como a japonesa Canon, que estavam apresentando

desempenho superior (CORRÊA e CAON14

apud CARSTENS, 2007).

Realizar benchmarking significa comparar um determinado desempenho com seu

melhor concorrente. Este método pode ser utilizado para comparar um processo com os de

líderes reconhecidos, identificando as oportunidades para melhoria da qualidade. Segundo

Kardec e Nascif (2009) benchmarking é um processo de análise e comparação de empresas do

mesmo segmento de negócio, objetivando conhecer:

As melhores marcas ou “benchmarks” (uma medida, uma referência, um nível

de performance, reconhecido como padrão de excelência para um processo de

13

OLIVEIRA, S. T. Ferramentas para o Aprimoramento da Qualidade Ed 2, São Paulo: Editora Pioneira, 1996. 14

CÔRREA, H. L.; CAON, M. Gestão de Serviços – Lucratividade por meio de Operações e de Satisfação dos

Clientes. São Paulo, Ed. Atlas, 2002.

Page 39: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

39

negócios específico) das empresas vencedoras, com a finalidade de possibilitar

definir as metas de curto, médio e longos prazos.

A situação atual da sua organização e, com isto, apontar as diferenças

competitivas.

Os caminhos estratégicos das empresas vencedoras ou as “melhores práticas.”

Além de conhecer e chamar a atenção da organização para as necessidades

competitivas.

A Manutenção para se tornar eficiente e eficaz, necessita de um planejamento de

forma a garantir a confiabilidade e disponibilidade do sistema, com a minimização dos custos.

Conforme foi visto, as ferramentas de qualidade apresentadas são muito importantes para que

a Gestão de Manutenção obtenha sucesso.

Segundo Kardec e Nascif (2009), as empresas atualmente não possuem mais dúvidas

de que a Gestão pela Qualidade Total (GQT) é uma ferramenta eficaz para se alcançar à

competitividade empresarial. Métodos como o PDCA para o gerenciamento de processos,

permitem um processo de melhoria continua nas atividades da manutenção. O 5S dará uma

melhor organização ao setor, assim como os outros métodos apresentados darão um suporte,

para que a manutenção seja elevada ao nível de gerência, se tornando um setor estratégico

para a empresa

2. 6. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM)

Várias definições podem ser encontradas na literatura, para a política de Manutenção

Produtiva Total, conhecida nos meios onde se aplica pela sigla MTP ou TPM (Total

Productive Maintenance). Na percepção de Jipm15

apud Moraes (2004) trata-se de um:

Esforço elevado na implementação de uma cultura corporativa que busca a

melhoria da eficiência dos sistemas produtivos, por meio da prevenção de todos os

tipos de perdas, atingindo assim o zero acidente, zero defeito e zero falhas durante

15

J. I. P. M. Japanese Institute of Plant Maintenance. TPM frequently asked questions. 2002. Disponível em <

www.jipm.or.jp/en/home > Acesso em 06 mar 2003.

Page 40: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

40

todo o ciclo de vida dos equipamentos, cobrindo todos os departamentos da

empresa incluindo Produção, Desenvolvimento, Marketing e Administração,

requerendo o completo envolvimento desde a alta administração até a frente de

operação com as atividades de pequenos grupos (JIPM apud MORAES, 2004, p.

33).

Conforme Nakajima16

apud Black (2001, p. 180), “atingir a eficiência da manutenção

produtiva através de um sistema compreensível baseado no respeito aos indivíduos e na

participação total de todos os empregados”

Com base nas definições aqui apresentadas, pode-se dizer que TPM não é apenas uma

política de manutenção, mas sim uma filosofia de trabalho, com extrema dependência do

envolvimento de todos os níveis da organização, capaz de gerar um senso de propriedade

sobre os equipamentos, sobre o processo e sobre o produto. O conceito de perda zero, que

leva a obtenção de resultados imediatos, acaba servindo também como fator motivacional

para a continuidade e aceleração da implementação (MORAES, 2004; BLACK 2001).

Três características importantes podem ser observadas no TPM (MORAES, 2004)

busca da economicidade, ou seja, tornar a manutenção uma atividade geradora

de ganhos financeiros para a empresa. Essa característica está presente em

todas as políticas de manutenção baseadas nos conceitos de prevenção de

falhas e na melhoria da confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos;

integração e otimização de todas as políticas de manutenção disponíveis, de

maneira a promover a melhoria da eficiência global dos equipamentos;

participação voluntária de operadores de produção nas atividades de

manutenção, levados pelo conceito de gerenciamento dos resultados e de

atividades de pequenos grupos.

Moraes (2004) define ainda que a maximização da eficiência passa a ser buscada

então, por meio da eliminação de dezesseis grandes perdas divididas em

Oito perdas ligadas aos equipamentos: por quebra ou falha, por instalação e

ajustes, por mudanças de dispositivos de controle e ferramentas, por início de

produção, por pequenas paradas e inatividade, por velocidade reduzida, por defeitos

e retrabalhos e perda por tempo ocioso;

16

NAKAJIMA, S. Introduction to TPM. Productivity Press, Cambridge, MA 1988.

Page 41: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

41

Cinco perdas ligadas às pessoas: falha na administração, perda por mobilidade

operacional, perda por organização da linha, perda por logística e perda por

medições e ajustes;

Três perdas ligadas aos recursos físicos de produção: perda por falha e troca de

matrizes, ferramentas e gabaritos, perda por falha de energia e perda de tecnologia.

(MORAES, 2004, p. 37)

Embora possa ter em cada empresa peculiaridades para a implementação do TPM, em

função de sua cultura ou a que se destinam a produzir, alguns princípios são básicos para

todas elas e que são denominados os pilares de sustentação do TPM.

Moraes (2004, p.40) e Lampkowski et al. (2007, p.4) apresentam oito pilares de

sustentação do TPM: “Pilar da Melhoria Focada ou Específica; Manutenção Autônoma;

Manutenção Planejada; Treinamento e educação; Gestão antecipada; Manutenção da

qualidade; Segurança, Saúde e Meio Ambiente; Melhoria dos processos”, detalhados a

seguir:

Melhoria Focada ou Específica: utiliza-se do conceito de Manutenção

Corretiva de Melhorias para atuar nas perdas crônicas relacionadas aos

equipamentos;

Manutenção Autônoma: baseia-se no treinamento teórico e prático recebidos

pelos operários e no espírito de trabalho em equipe para a melhoria contínua

das rotinas de produção e manutenção;

Manutenção Planejada: refere-se às rotinas de manutenção preventiva

baseadas no tempo ou na condição do equipamento, visando a melhoria

contínua da disponibilidade e confiabilidade além da redução dos custos de

manutenção;

Treinamento e educação: refere-se a aplicação de treinamentos técnicos e

comportamentais para liderança, a flexibilidade e a autonomia das equipes.

Gestão antecipada: baseia-se nos conceitos de Prevenção da Manutenção

onde todo o histórico de equipamentos anteriores ou similares é utilizado desde

o projeto afim de que se construam equipamentos com índices mais adequados

de confiabilidade e manutenabilidade;

Manutenção da qualidade: refere-se a interação da confiabilidade dos

equipamentos com a qualidade dos produtos e capacidade de atendimento a

demanda;

Page 42: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

42

Segurança, Saúde e Meio Ambiente: dependente da atuação dos demais

pilares, esse pilar tem o enfoque na melhoria contínua das condições de

trabalho e na redução dos riscos de segurança e ambientais.

Melhoria dos processos administrativos: também conhecido como TPM de

escritório, utiliza-se dos conceitos de organização e eliminação de desperdícios

nas rotinas administrativas, que de alguma maneira acabam interferindo na

eficiência dos equipamentos produtivos e processos.

A Manutenção Autônoma (MA), em especial, consiste nas atividades que envolvem os

operadores na manutenção de seus próprios equipamentos, independentemente da

interferência do departamento de manutenção. Por exemplo: limpeza dos equipamentos,

medidas contra as fontes de sujeira destes, lubrificação, procedimentos básicos de hidráulica,

pneumática, elétrica e eletrônica. A filosofia da MA consiste na quebra de barreiras entre as

funções de operação e manutenção. A expressão “da minha máquina cuido eu” é a tônica da

manutenção autônoma. (MORAES, 2004)

Para aplicação da manutenção autônoma, se faz necessária a mudança comportamental

e cultural dos colaboradores. Transmitir a idéia que eles são os donos dos equipamentos,

mesmo sem possuí-los de fato, despertando neles a vontade de manter seu equipamento

limpo, organizado e em bom funcionamento, exige muita perseverança por parte dos gestores.

Além de melhorar a cooperação entre Produção e a Manutenção, esta técnica visa contribuir

para eliminar as falhas nos equipamentos e reduzir as interrupções. Mas é importante observar

que a manutenção autônoma não elimina a necessidade de uma estrutura de manutenção bem

gerenciada e que muitas atividades continuarão sendo responsabilidade da manutenção.

A implantação do TPM traz vantagens para os funcionários, pois oferece treinamentos

e valoriza suas opiniões; aumenta a vida útil dos equipamentos por meio da manutenção

preventiva, e exige o estabelecimento de indicadores, que contribuem para um melhor

gerenciamento da empresa. Mas o envolvimento de alta administração é fundamental para o

sucesso da implementação. (MORAES, 2004)

2.7 - MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE – RCM

Segundo Kardec e Nascif (2009, p. 140), a RCM (Reliability-Centered Maintenance)

ou MCC (Manutenção Centrada na Confiabilidade) “é uma metodologia que estuda um

equipamento ou um sistema em detalhes, analisa como ele pode falhar e define a melhor

Page 43: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

43

forma de fazer manutenção de modo a prevenir a falha ou minimizar as perdas decorrentes

da falha.”

A MCC é uma metodologia originada na indústria aeronáutica para melhorar a

confiabilidade das viagens aéreas. É um processo usado para determinar sistemática e

cientificamente – o que deve ser feito para assegurar que os ativos físicos continuem a fazer o

que os seus usuários desejam que eles façam. Os principais benefícios são eliminação e

minimização das falhas funcionais, a otimização da manutenção preventiva, a eliminação de

tarefas de manutenção que não agregam valor, o uso apropriado dos dispositivos de segurança

e o uso extensivo da manutenção preditiva e da confiabilidade. Os tipos de falhas e as causas

são investigados e a facilidade de detecção da falha é avaliada (HANSEN, 2006 apud

CARSTENS, 2007).

O objetivo principal da MCC é preservar as funções do sistema, enquanto na

manutenção tradicional, o objetivo principal é preservar o equipamento. Na verdade a prática

de MCC não é uma metodologia nova, ela surgiu no final da década de sessenta na indústria

de aviação Norte-Americana, e tem sido aplicada pelos militares deste país, desde meados da

década de setenta. Um processo de MCC envolve diversos passos. Após identificar os

objetivos do negócio, as funções e falhas funcionais, e os modos de falha e efeitos, o próximo

passo será construir as tarefas, o que ajudará na criação do programa de manutenção, a base

para isto pode ser uma matriz de criticidade, verificando o impacto do equipamento no

processo como um todo (CREECY17

apud CARSTENS, 2007).

De acordo com Kardec e Nascif (2009) a Manutenção Centrada na Confiabilidade

baseia-se em sete questões:

1) Quais são as funções e os padrões de desempenho do item no seu contexto

operacional atual?

2) De que forma ele falha em cumprir suas funções?

3) O que causa cada falha operacional?

4) O que acontece quando ocorre cada falha?

5) De que forma cada falha tem importância?

6) O que pode ser feito para se prevenir cada falha?

7) O que deve ser feito se uma ação preventiva apropriada não for encontrada?

17

CREECY, M. E. A Practical Approach to Reliability-Centered-Maintenance. Industrial Maintenance & Plant

Operation, October 2003.

Page 44: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

44

A diminuição das quebras não programadas, com a predição do estado dos

equipamentos, aliado a utilização de recursos de lubrificação, da organização em geral,

padronização das tarefas, planejamento das intervenções, e da utilização quase que obrigatória

de um planejamento computadorizado de todo o sistema da manutenção, são as tônicas atuais

dentro do trabalho de manutenção centrada em confiabilidade (TAVARES18

, apud

CARSTENS, 2007).

Na visão de Kardec e Nascif (2009) a prática de MCC proporciona as empresas que a

adotam uma série de benefícios, os quais serão listados a seguir:

Aprimoramento do desempenho operacional;

Maior custo x benefício;

Melhoria das condições ambientais e de segurança;

Aumento da vida útil dos equipamentos;

Banco de dados de manutenção;

Maior motivação pessoal;

Maior compartilhamento dos problemas de manutenção;

Geração de maior senso de equipe.

As estratégias de como agir sobre a falha de uma empresa, em vez de aplicadas de

forma independente, na MCC, podem ser agregadas para tirarem-se benefícios de seus pontos

fortes otimizando assim a eficiência da instalação e dos equipamentos, enquanto

consequências da falha são minimizados. O processo de implementação de MCC envolve

participação de diversas pessoas e alocação de tempo razoável para cumprir todas as suas

etapas. Mas é importante lembrar que a MCC deve ser aplicada aos sistemas mais importante

prioritariamente, ou seja, naqueles que dão o maior retorno ou cuja falha implica maiores

custos.

2.8 - GESTÃO ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO

Segundo Capetti (2005) a gestão da manutenção é definida como todas as atividades

gerenciais que determinam a manutenção de objetivos ou prioridades, estratégias, e

responsabilidades, e executá-los por meios tais como o planejamento da manutenção, o

18

TAVARES, L. A. Excelência na Manutenção – Estratégias, Organização e Gerenciamento. Salvador: Casa da

Qualidade Editora Ltda., 1996.

Page 45: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

45

controle e a supervisão da manutenção, e as diversas melhorias nos métodos incluindo

aspectos econômicos na organização.

Hoje o paradigma da manutenção mudou e o pensamento é de que a manutenção deve

existir atualmente para que não haja manutenção, o que pode ser interpretado como, o pessoal

de manutenção deve ser preparado, qualificado e equipado para evitar as falhas e não para

corrigi-las. É uma nova visão de investir em “soluções” de manutenção ao invés de investir

em “serviços” de manutenção. Esse novo paradigma ao invés de falar de mudança de cultura,

que é um processo lento e resistente, prega a cultura de mudanças. O grande número de

instrumentos de gestão disponíveis para a manutenção como: CCQ, TPM, terceirização,

reengenharia, entre outros tem sido utilizado de forma equivocada por gestores da área de

manutenção. É importante que se tenha em mente que são, simplesmente, ferramentas e, como

tal, a sua simples utilização não é sinônimo de bons resultados. Não há qualquer dúvida de

que as causas do sucesso em uma gestão, começam pela definição correta da missão da

manutenção, seus conceitos básicos, seus novos paradigmas e, evidentemente, da aplicação de

tudo isto em alta velocidade, para conduzir a manutenção a novos patamares de

competitividade (KARDEC E NASCIF, 2009).

Quando a dimensão estratégica é levada em conta, para tomar decisões que

determinarão as exigências futuras de manutenção da organização, estas deveriam entrar no

domínio de operações de manutenção. Decisões de substituição de equipamento e

modificações de projeto para aumentar a confiabilidade do equipamento, são exemplos destas

atividades. Há dois ciclos de processos de administração embutidos na função da manutenção.

O primeiro ciclo consiste nos processos administrativos de formular políticas de manutenção,

estabelecendo objetivos, planejamento, auditoria, e a medição de desempenho que aplica à

função inteira. Os assuntos do processo de planejamento incluem estrutura organizacional,

força de trabalho, alocação de recursos, que ação planeja, etc. O segundo ciclo está

preocupado com planejamento técnico e a operação de atividades de manutenção para

sistemas técnicos individuais. Estes envolvem a seleção de regimes de manutenção como

(manutenção corretiva, preventiva, preditiva, TPM, etc.), planejamento e otimização das

decisões de manutenção, programação e execução de trabalho (TSANG et al19

apud

CAPETTI, 2005).

19

TSANG, A.H.C.; JARDINE, A.K.S.; KOLODNY, H. (1999) - “Measuring maintenance performance: a

holistic approach”, International Journal of Operations & Production Management, Vol. 19 No. 7, pp. 691-715.

Page 46: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

46

Segundo Nepomuceno20

apud Carstens (2007) a organização da manutenção depende

da definição dos objetivos, dos princípios e da filosofia a ser adotada em função das

atividades que serão executadas, conforme segue:

Metas e objetivos da empresa;

Tamanho da empresa e suas instalações;

Amplitude da manutenção mais adequada (em função do dado anterior);

Existência na empresa de pessoal em número suficiente para acompanhar sua

expansão;

Preparo e desempenho do pessoal da manutenção;

Padrão de qualidade, estabelecido e pretendido;

Kardec e Nascif (2009) argumentam que:

No cenário atual não existe mais espaço para improvisos e arranjos: competência,

criatividade, flexibilidade, velocidade, cultura de mudança e trabalho em equipe são

as características básicas das empresas que tem a competitividade como razão de

ser de sua sobrevivência. Para as pessoas estas características são essenciais para

garantir a empregabilidade. (KARDEC E NASCIF, 2009, p. 9)

Na visão de Kardec e Nascif (2009) a manutenção é gerenciada estrategicamente

através de um PDCA. Essa forma de gestão é retro alimentada por experiências vivenciadas

nas suas atividades e geram uma aprendizagem para a organização.

Kardec e Nascif (2009) complementam e definem manutenção estratégica:

A manutenção para ser estratégica precisa estar voltada para os resultados

empresariais da organização. É preciso, sobretudo, deixar de ser apenas eficiente

para se tornar eficaz; ou seja, não basta, apenas reparar o equipamento ou instalação

tão rápido quanto possível, mas é preciso, principalmente, manter a função do

equipamento disponível para a operação, reduzindo a probabilidade de uma parada

de produção não planejada. (KARDEC E NASCIF, 2009, p.11).

Segundo Kardec e Nascif (2009) também é fundamental a existência de um controle

da manutenção, que permitirá identificar claramente:

20

NEPOMUCENO, L. X. Técnicas de Manutenção Preditivas, São Paulo: Editora Edgar Blucher, 1989

Page 47: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

47

que serviços serão feitos;

quando os serviços serão feitos;

que recursos serão necessários para a execução dos serviços;

quanto tempo é necessário para a execução dos serviços;

quanto tempo será gasto em cada serviço;

qual será o custo de cada serviço, custo por unidade e custo global;

que materiais serão aplicados e

que máquinas, dispositivos e ferramentas serão necessários.

Além disso, o sistema possibilita o nivelamento de recursos mão-de-obra; programa de

máquinas operatrizes ou de elevação de carga; registro para consolidação do histórico e

alimentação de sistemas especialistas e priorização adequada dos trabalhos.

Mas se a mudança de atitude com relação à manutenção é tão lógica, lucrativa e

necessária porque diversas empresas ainda não conseguiram efetuar essa mudança?

De acordo com Moraes (2004):

Aspectos como recursos materiais e humanos escassos ou inadequados, deficiência

ou ausência de uma cultura para análise e prevenção das constantes falhas nos

equipamentos, procedimentos deficientes para registro e gerenciamento das

atividades de manutenção, além da falta de padrões técnicos e de conduta, acabam

contribuindo para que a Manutenção não tenha o reconhecimento de sua

importância e um lugar de destaque na estratégia das empresas (MORAES, 2004,

p.23).

Somente o reconhecimento dessas causas e o empenho das lideranças em suprimi-las,

irão permitir a mudança dos paradigmas e da situação em que se encontram as manutenções

de muitas empresas no Brasil.

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48

3 - ASPECTOS METODOLÓGICOS

Utilizou-se como um dos métodos de pesquisa na realização deste trabalho, a

pesquisa bibliográfica e a documental. Tanto uma como a outra pressupõe a obtenção de

dados através de documentação indireta, ou seja, documentação que já foi coletada por

terceiros (LAKATOS E MARCONI, 2006).

Gil (2002), assim como Lakatos e Marconi (2006), define a pesquisa documental

como a pesquisa elaborada com acesso a fontes primárias. De acordo com Gil (2002), trata-se

de material sem tratamento analítico ou interpretativo como: documentos oficiais, cartas,

contratos, reportagens veiculadas a jornais, filmes, fotografias, diários, entre outros e são

provenientes dos próprios órgãos que realizaram a observação, entidades ou empresas,

correspondendo aos documentos de primeira mão, ainda não elaborados, escritos ou não, mas

que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica. Diante disso foram de

grande importância os documentos fornecidos pela Embrapa, para que o autor pudesse ter,

principalmente, uma visão geral da Empresa através do organograma.

A pesquisa bibliográfica trata do levantamento de toda a bibliografia já publicada em

forma de livros, revistas, teses, publicações avulsas e imprensa escrita. A pesquisa

bibliográfica objetiva colocar o pesquisador em contato com tudo o que foi escrito sobre

determinado assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa (GIL, 2002).

Através da pesquisa bibliográfica, foi possível criar um referencial para a discussão da

realidade vivenciada na Embrapa Gado de Leite, no dia-a-dia da empresa, bem obter

conhecimento do atual desenvolvimento dos estudos relacionados ao planejamento da

manutenção.

Desta forma o presente trabalho iniciou-se com a pesquisa bibliográfica, descrita

através do referencial teórico, onde buscou-se o estudo do tema “Manutenção”. Esta pesquisa

primeiramente procurou conceitos e definições sobre o termo manutenção, bem como

apresentou sua evolução ao longo dos anos. Posteriormente, expôs-se a discussão sobre

confiabilidade e disponibilidade, objetivos em que a Manutenção deve procurar alcançar.

Após esta etapa, foram aprofundados os conceitos de Planejamento e Organização da

Manutenção, onde mostra-se a importância dos custos na Manutenção e algumas ferramentas

da qualidade que servem de base par um bom planejamento.

Page 49: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

49

Outro método utilizado foi um estudo de caso, baseado em aspectos descritivos e

explicativos, visando a localizar e fundamentar a exploração do caso em questão. Em

concordância com Yin 21

apud Coelho (2010) que afirma ser o estudo de caso uma

Investigação empírica que analisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto de vida real (...) e baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se

do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise

dos dados (YIN apud COELHO, 2010).

A experiência e observação cotidiana do autor, em caráter prático e exploratório,

como funcionário do Setor de manutenção há seis anos, foram fundamentais para

caracterização da atual metodologia de trabalho deste. Objetivou-se investigar e caracterizar

o caso no cotidiano laboral do autor e sugerir uma nova metodologia de trabalho para o seu

próprio setor de atuação, motivado e pautado no referencial teórico adotado.

Outro fator influenciador do produto final deste trabalho foi o contato com o

orientador deste estudo, que usando de sua experiência, possibilitou a construção das linhas de

pensamento que guiaram, estruturaram e subsidiaram toda a construção deste relatório, de

forma a possibilitar a sua apresentação.

21

Yin, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre; Bookman, 2001.

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50

4 – DESCRIÇÃO DA EMPRESA

A Embrapa Gado de Leite (Figura 6) é uma das 45 unidades descentralizadas da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Foi criada em 1976, na cidade de

Coronel Pacheco - MG e desde 1997 está sediada em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas

Gerais, tendo em Coronel Pacheco um Campo Experimental, assim como em Valença – RJ o

Campo Experimental Santa Mônica.

Figura 6: Vista frontal de entrada da Embrapa Gado de Leite.

Para atender com mais eficiência todo o território nacional, a Embrapa Gado de Leite

expandiu a sua área de atuação com a criação de Núcleos Regionais de Pesquisa e

Transferência de Tecnologia para o Setor Leiteiro. Os Núcleos estão instalados em algumas

das principais bacias leiteiras do País. No início de 2000 entrou em funcionamento o Núcleo

Centro-Oeste, em Goiânia – GO. Em 2001, foram instalados os Núcleos Nordeste (Aracaju-

SE) e Sul (com pólos em Londrina – PR e Pelotas - RS). Dessa forma, a empresa leva sua

pesquisa, tecnologias e conhecimentos para as regiões estratégicas de produção de leite no

País.

Fonte: o próprio autor

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51

A Embrapa Gado de Leite tem como Missão ”viabilizar soluções por meio da

pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da cadeia produtiva do leite,

em benefício da sociedade brasileira” (EMBRAPA, 2008).

A Unidade é gerenciada por uma Chefia Geral e três chefias adjuntas: Pesquisa e

Desenvolvimento, Comunicação e Negócios e Administração, como mostra o organograma na

figura 7 a seguir:

Figura 7 – Organograma da Embrapa Gado de Leite

Suas instalações permitem moderna estrutura de laboratórios, comunicação e

informação. A área total da sede é de 38,8 mil m2, dos quais 8 mil m

2 de construção e o

restante de urbanização. O prédio destinado aos laboratórios possui área total de 3.353 m2

concentrando equipamentos de última geração. Os modernos aparelhos possibilitam o uso das

técnicas mais sofisticadas nas pesquisas de acarologia, microbiologia do leite, análises de

alimentos, microbiologia do rúmen, imunologia, microbiologia do solo, fisiologia da digestão,

Fonte: EMBRAPA (2010)

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52

qualidade do leite, fisiologia vegetal, reprodução animal, genética e cultura de tecidos, teste e

desenvolvimento de produtos e biologia molecular.

A edificação destinada às áreas de comunicação e informação tem 3.353 m2. Em suas

instalações está um auditório com capacidade para 120 pessoas, uma das maiores bibliotecas

especializadas em bovinocultura leiteira do mundo, recursos de informática, atendimento a

visitantes e salas para pesquisadores, técnicos e administradores. Os demais prédios abrigam a

garagem e o almoxarifado (455 m2) um biotério, de 104 m

2, um apoio às casas de vegetação

de 260 m2, uma subestação elétrica, de 53 m

2 e um castelo d'água, com capacidade para 150

mil litros.

Nos últimos anos, a empresa esteve à frente de um ambicioso projeto que identificou

os principais gargalos que impediam o pleno desenvolvimento do setor. O Projeto Plataforma,

coordenado pela instituição, obteve o apoio de órgãos públicos e privados, identificando as

principais demandas das regiões. Com base neste estudo e por meio de ações conjuntas estão

sendo levadas novas tecnologias aos produtores de todo o Brasil. Para isto, a palavra de ordem

é parceria. Nos últimos anos, foram firmados convênios com diversas instituições. A Empresa

quer integrar as instituições voltadas para o agronegócio do leite para que, juntas, possam

melhorar ainda mais a bovinocultura de leite nacional.

O treinamento de multiplicadores é outro trabalho importante. Para isto, a Embrapa

Gado de Leite conta com o Núcleo de Treinamento em Bovinocultura Leiteira Tropical

(Nutre), situado no Campo experimental de Coronel Pacheco. O Nutre realiza cursos para

profissionais da assistência técnica pública e privada, extensionistas, professores, estudantes e

produtores do País e exterior. Por ano, são abordados 25 temas ligados à bovinocultura de

leite, discutidos em 1.100 horas de cursos/ano. Em média, 1.300 pessoas/ano participam dos

cursos oferecidos todos os anos.

O autor do presente trabalho faz parte do corpo de funcionários da Embrapa Gado de

Leite, desde abril de 2006. Formado em eletrotécnica, atua no setor de Manutenção,

manutenindo equipamentos eletroeletrônicos e eletromecânicos, sendo um dos responsáveis

pelas instalações elétricas, telefônicas e de rede para computadores de toda a Unidade da

Embrapa, bem como auxilia na execução de novos projetos. Este assunto será mais detalhado

no próximo item. O setor conta com mais dois funcionários com formação técnica em

eletrônica, onde um está na empresa há 31 anos e o outro há oito meses.

O setor, mais conhecido apenas como oficina de manutenção, é um sub-setor da

Prefeitura da Sede da Unidade – que é responsável por todo transporte da Embrapa, ou seja,

pelos carros, pelas viagens, diárias, passagens, motorista – sendo este setor, uma gerência

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53

diretamente ligada a Chefia Adjunta de Administração, como é possível visualizar na figura 8

a seguir

Figura 8 – A Manutenção no Organograma da Empresa

Devido a esse fato, a Manutenção não é reconhecida como uma função estratégica na

empresa. Diante disso há falta de materiais sobressalentes, falta de ferramentas, entre outros

fatores básicos para realizar um bom trabalho e que, poderia ser diferente, se houvesse uma

representatividade devida para o setor, diretamente ligada ao Chefe Administrativo.

Chefia Adjunta de

Administração

Prefeitura da Sede da

Unidade

Gestão de Orçamento,

Contabilidade e Finanças

Gestão de Patrimônio,

Materiais e Serviços

Gestão de Pessoas

Setor de

Manutenção

Fonte: elaborado pelo próprio autor

Gestão de Informática

Page 54: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

54

5 – ESTUDO DE CASO

Percebe-se pela caracterização da empresa, que ela é voltada para pesquisas e,diante

disso não possui um produto final palpável,ou seja, não é uma empresa de produção onde

sempre o fim é um bem tangível, mas sim a conclusão das pesquisas realizadas, beneficiando

a sociedade ou realizando parcerias com instituições privadas.

5.1 - O CONTEXTO DA MANUTENÇÃO NA EMPRESA

A sede da empresa em Juiz de Fora - MG foi inaugurada em 1997 e contou até o ano

de 2006, com apenas um técnico, formado em eletrônica, na área de manutenção e que

trabalha na empresa desde 1979. Em 2006, o autor deste trabalho, formado em eletrotécnica,

foi contratado para o setor e em 2010 mais um técnico em eletrônica entrou para a equipe,

somando-se três pessoas, como foi dito anteriormente.

O setor é responsável pela manutenção de toda a área da sede da Embrapa Gado de

Leite. Para melhor compreensão, os tipos de manutenção serão divididos em: manutenção em

instalações elétricas, em instalações telefônicas, em instalações de rede de informática; em

equipamentos laboratoriais; equipamentos de escritório; análise, acompanhamento e execução

de projetos.

Em manutenções nas instalações elétricas, o setor é responsável por consertar,

modificar e realizar novas instalações, instalar ou trocar tomadas com defeito ou por

incompatibilidade de padrões, troca de lâmpadas e/ou reatores da iluminação das salas e

corredores (existem em torno de 300 luminárias, totalizando aproximadamente 1000

lâmpadas), manutenção nos postes de iluminação externa;

É de responsabilidade do setor de manutenção, instalar novos pontos de telefonia nas

salas, realizar o conserto de todos os pontos, aproximadamente 130 ramais ativos, realizar a

troca de ramais quando há mudança de sala. As instalações de rede para informática também

são responsabilidade do setor, bem como a manutenção desta rede e novas instalações.

Na Embrapa há cerca de 50 laboratórios, com muitos equipamentos de variados

tamanhos e complexidades. Muitos com mais de vinte anos de uso e outros que acabaram de

ser adquiridos. A maior parte destes laboratórios utiliza equipamentos muito parecidos, como

estufas, autoclaves, geladeiras e congeladores que são, normalmente, de fácil manutenção.

Porém, há outros que são exclusivos de cada laboratório, como um espectrofotômetro, por

Page 55: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

55

exemplo, que exigem um maior grau de conhecimento e demanda mais tempo na realização

da manutenção.

Nos equipamentos de escritório pode-se destacar: impressoras, monitores, ar

condicionados, estabilizadores, no-breaks (os dois últimos amplamente utilizados também em

equipamentos de laboratórios).

Também é responsabilidade do setor, analisar novos projetos que a empresa deseja

implantar, bem como fazer o acompanhamento de obras, quando o serviço já esta sendo

executado e também algumas vezes trabalhar na execução de alguns projetos. Outros serviços

como manutenção da subestação, de bombas e motores, manutenção do gerador, participação

de comissão de conservação de energia, são também atribuições do setor de Manutenção.

Em todos os casos é feita uma triagem, dando “os primeiros socorros”, ou seja,

realizando um primeiro atendimento e analisando a condição de resolução do problema pela

equipe ou a necessidade de enviá-lo à manutenção externa, visto que às vezes o nível de

complexidade do equipamento exige uma mão de obra especializada.

Por conta de toda essa variedade de serviços, há uma grande demanda de serviços no

setor. Em média são cerca de 800 solicitações de serviço ao ano, sendo que uma solicitação

pode ser um pedido para troca de lâmpadas, que dura em torno de 15 minutos, ou uma

instalação que pode durar algumas semanas. Essa alta demanda faz com que a manutenção

trabalhe, na maior parte do tempo, de forma reativa, ou seja, utilizando-se da manutenção

corretiva, tendo que, ás vezes, atender aquilo que é prioridade no momento, pois há mais de

uma tarefa para realizar. Estes problemas causam atraso no atendimento, insatisfação do

solicitante, excesso de horas-extras e um conseqüente cansaço entre os que trabalham no

setor.

O setor conta desde julho de 2010 com um software chamado “Service Desk”, mais

eficiente que o antigo utilizado, instalado diretamente nos servidores da empresa, onde todos

os funcionários podem fazer uma solicitação de serviço on line, via intranet. Cada um possui

um login e senha, podendo acompanhar o andamento do pedido e fazer uma avaliação do

serviço depois da conclusão deste. Porém o software é voltado para a área de informática e foi

parcialmente adaptado para o uso da manutenção, não sendo eficiente para realizar tudo que é

necessário, como por exemplo as informações completas dos equipamentos, tempo de parada,

programação para manutenções planejadas, etc.

Além do Service Desk o setor utiliza também outro software para registro dos serviços

e para armazenar o histórico dos equipamentos que é o “SIGMA” (Sistema de Gerenciamento

da Manutenção). Porém esse programa foi desenvolvido por uma outra unidade da Embrapa e

Page 56: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

56

no ano de 1997 e, por causa disso, funciona apenas no Windows 98 e não foi feita outra

versão. Por se tratar de um software obsoleto, pois o backup é feito apenas em disquete, fica

muito vulnerável a erros e perda de dados importantes, como ocorreu há alguns anos atrás,

além de não contemplar todas as funções requeridas para o setor.

O setor de Manutenção é visto hoje na empresa, apenas como uma área de apoio, que

trabalha para solucionar problemas emergenciais. Kardec e Nascif (2009) descrevem uma

nova maneira de se pensar, onde a manutenção pode ser vista como a que evita que os

problemas aconteçam, evitando que as falhas ocorram.

Portanto tê-la como como função estratégica, é primordial, pois faz a ligação entre

quem realiza o serviço e quem administra a empresa. Na Embrapa Gado de Leite não é

diferente. Durante o estudo, alguns problemas na Manutenção puderam ser detectados e são

listados

Falta representatividade para manutenção junto á alta administração da empresa;

Falta autonomia ao setor;

Falta de organização no setor de manutenção;

Faltam ferramentas aos responsáveis pela execução dos serviços;

Faltam peças de reposição;

Um software de registro de ordens de serviços insuficiente e o outro obsoleto,

provocando retrabalho e insegurança nos registros;

Inexistência de manutenções preventivas e preditivas;

Aumento de custos com manutenção;

Excesso de demanda de serviços;

Falta planejamento na realização das tarefas;

Comunicação falha entre a equipe;

Equipamentos com baixa confiabilidade.

Algumas técnicas e métodos serão expostos, propondo a implementação da Gestão da

Manutenção visando reduzir ou eliminar esses problemas.

5.2 –PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA MANUTENÇÃO

A Gestão da Manutenção se mostra eficiente quando é bem implementada. A fim de

fazer valer essa premissa, serão apresentados alguns itens que são de extrema importância

Page 57: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

57

para o sucesso desta. A mudança no Organograma dará mais autonomia ao setor, visto que

passará a ser uma gerência. O Ciclo PDCA e o 5W2H serão importantes para que toda etapa

seja bem planejada, executada e gerenciada. O 5S fará com que haja melhor organização no

ambiente de trabalho e melhor qualidade nos serviços prestados. Os tipos de Manutenção

Preventiva, Preditiva e Autônoma implementados, bem como o uso correto da Corretiva,

darão maior confiabilidade e disponibilidade. Um sistema Informatizado eficiente fará com

que as manutenções sejam devidamente planejadas, registradas e acompanhadas.

5.2.1 – MUDANÇA NO ORGANOGRAMA

Normalmente em algumas indústrias quando se refere à Produção, pensa-se estar

falando da Operação, uma interpretação equivocada, pois a Produção engloba a Manutenção e

a Operação, sendo que estas ocupam o mesmo nível hierárquico dentro de uma organização

produtiva.

Na Embrapa Gado de Leite a Manutenção é tratada em um nível hierárquico diferente

da área de “produção”, que neste caso é a área de pesquisa com diversos laboratórios, como se

pode observar no organograma da empresa mostrado anteriormente nas figuras 7 e 8.

Faz-se necessário então que a “oficina de manutenção”, como é mais conhecida na

empresa, passe a se tornar um Setor de Manutenção. Mas para isso acontecer, ela deve se

tornar uma “Manutenção Estratégica”, ou seja, pensar e agir estrategicamente, para que a

atividade de manutenção se integre de maneira eficaz ao processo de pesquisa.

Um dos fatores que seria determinante nesta conquista é uma mudança do organograma

da empresa. A manutenção deveria sair de um ponto de apoio, para uma Gestão da

Manutenção, fazendo parte das decisões em nível gerencial, assim como a Gerência de

Informática se tornou a alguns anos. O organograma proposto é mostrado a seguir na figura 9

Page 58: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

58

Figura 9 - Organograma Proposto

Capetti (2005) em sua pesquisa faz uma análise do papel da manutenção versus o

posicionamento hierárquico e conclui que, o papel da manutenção se mostrou mais amplo nos

casos em que, hierarquicamente, o maior representante da manutenção está mais perto do

controlador da estratégia e quanto maior é a distância do representante da manutenção para o

controlador da estratégia, pior é a comunicação.

Com esse novo formato a Gestão da Manutenção passa a se tornar uma gerência, tendo

total acesso á Chefia Administrativa e participando, com voz ativa das decisões gerenciais,

contribuindo como consultora para a realização de novos projetos e tendo uma maior

autonomia para decisões internas.

5.2.2 – UTILIZANDO O CICLO PDCA

O sistema de Gestão da Manutenção proposto possui a lógica do PDCA (Figura 10).

Todas as tarefas necessárias ao alcance da meta de desenvolver e implantar a Gestão da

Manutenção, devem ser primeiramente pensadas. Essa etapa corresponde ao planejamento

“P”, onde são definidos a meta, os métodos, a estrutura do sistema gerencial

Chefia Adjunta de

Administração

Prefeitura da Sede da

Unidade

Gestão de Orçamento,

Contabilidade e Finanças

Gestão de Patrimônio,

Materiais e Serviços

Gestão de Pessoas

Gestão da Manutenção

Fonte: o próprio autor

Gestão de Informática

Page 59: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

59

Figura 10 – PDCA para implantação da Gestão em Manutenção

Fonte: elaborado pelo próprio autor

A meta, como citado anteriormente, é o desenvolvimento da Gestão em Manutenção.

Esse sistema deve ser coerente, unificado e integrado padrão de decisões, servindo como

diretrizes às ações da equipe no cumprimento da missão estabelecida.

A etapa “D”corresponde aos treinamentos a todos envolvidos nos processos, bem como

a execução do projeto, conforme o planejamento. Mas para obter um bom desempenho, se faz

necessário verificar se tudo está acontecendo conforme foi planejado, sendo esta a etapa “C”,

que analisará se as metas estão sendo atingidas, através de auditorias ou lançando mão do

TMEF, para medir a disponibilidade do sistema. Após a análise dos resultados, a etapa “A”

visa ações que deverão ser tomadas para proporcionar melhorias ao projeto e buscar a meta

planejada, caso esteja diferente do que foi estabelecido.

O PDCA deverá ser utilizado, também, para se obter um melhoramento contínuo no

gerenciamento da rotina de trabalho do dia-a-dia, buscando atingir as metas estabelecidas no

Planejamento das tarefas. Mas é necessário que se cumpram as etapas do ciclo, para alcançar

as metas relativas aos projetos, e como conseqüência, as metas da empresa, buscando

Meta:

- Desenvolver a Gestão em

Manutenção.

Método:

- Implantar ferramentas gerenciais da Qualidade

- Treinar os envolvidos no processo

- Executar conforme o

planejamento

- Analisar se as metas estão sendo atingidas, através de

auditorias periódicas.

- Tomar ações com base nos resultados

obtidos, em função das

metas.

P

D C

A

Page 60: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

60

soluções definitivas e não se conviver com problemas repetitivos, ou seja, a manutenção deve

buscar, sempre, evitar a falha e não corrigi-la cada vez melhor.

5.2.3 - IMPLANTAÇÃO DO 5S

A organização do setor de Manutenção se mostra necessário nas atuais circunstâncias

que se encontra, como mostram as figuras 11 e 12. Diante disso a implantação do Programa

5S é uma questão de necessidade. . Pois sua implantação visa a melhorar as condições de

trabalho e criar „um ambiente da qualidade‟ propício a um gerenciamento mais eficiente.

Figura 11 – Setor de Manutenção

Fonte: o próprio autor

Page 61: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

61

Figura 12 – Setor de Manutenção

A implantação do 5S deve ter a participação efetiva da chefia imediata, para se obter

sucesso. É uma demonstração de que ela zela pelo setor e pela empresa como um todo, bem

como por seus colaboradores. Kardec e Nascif (2009) corroboram com essa afirmação,

assegurando que a experiência indica que por maiores que sejam os esforços desenvolvidos

nos escalões inferiores, quando o programa não é abraçado pela alta administração, suas

chances de sucesso e perenidade são baixas.

Pode-se classificar as etapas de implantação em:

1. Preparar o setor:

a. Compromisso do Chefe;

b. Divulgar entre os membros;

c. Definição dos responsáveis pela implantação.

2. Treinar e educar no 5S:

a. Preparar os técnicos que estarão envolvidos no processo;

b. Treinar executantes, supervisor e chefe imediato – inclui treinamento

teórico e visitas a outras organizações para realizar benchmarking.

Fonte: o próprio autor

Page 62: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

62

3. Levantar problemas e soluções no 3S:

a. Estabelecer diretrizes no 3S (Organização, Ordem e Limpeza). Promover

ao máximo a participação de todos os envolvidos no levantamento dos

problemas e sugestão de soluções, através da técnica de brainstorming;

b. Levantar e priorizar os problemas;

c. Elaborar um plano de ação;

d. Fazer um cronograma de ações com prazos e responsáveis;

e. Implementar as soluções( isto é um fator de credibilidade do programa).

4. Acompanhar a Implementação:

a. Planejar e realizar auditorias, estabelecendo metas.

b. Fazer inspeções de rotina e dar conhecimento a todo o pessoal.

5. Promover o 5S:

a. Divulgar para toda a empresa, como exemplo.

b. Promover visitas de outros setores e até outras unidades da Embrapa,

apresentando o programa.

Sabe-se que toda mudança gera reflexão, é natural que as pessoas gostem da

continuidade, pois assim normalmente se sentem mais seguros. Esta premissa nos faz

compreender as possíveis resistências ao novo. Porém é fundamental vencer o medo do

desconhecido com vistas a todo benefício que pode ser gerado com a sua execução. Mudanças

são necessárias e importantes para o processo evolutivo, na busca de se conseguir melhorias

no todo ou em partes da empresa.

Com o avanço da tecnologia e uma conseqüente evolução nos meios de comunicação,

modificações na forma de pensar, agir acontecem com uma velocidade muito grande. Assim

deve ser a Manutenção, se quiser sobreviver em meio às mudanças tecnológicas e de técnicas

que visam a melhoria no trabalho. Mais que uma mudança de cultura, ela deve estar preparada

e aderir à cultura de mudanças, para acompanhar toda a evolução e conseguir se sobressair,

perante aos desafios que lhe são impostos.

A implantação do 5S traz diversos benefícios, mas é necessário que haja envolvimento

de todos no processo e tenham consciência da importância do Programa. Por isso é tão

importante a participação da alta administração, que os treinamentos sejam bem feitos e que

tenham auditorias constantes para que o programa permaneça e não caia no esquecimento.

Page 63: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

63

5.2.4 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Na empresa há muitos equipamentos e muitos com funções específicas, como já foi

dito anteriormente. Porém o funcionamento de grande parte é esporádico e de acordo com a

pesquisa que está sendo realizada. Para realizar uma manutenção preventiva deve-se lançar

mão do PDCA, a fim de ter o controle de todo o processo, utilizando também o TMEF

(Tempo Médio Entre Falhas) para aqueles equipamentos que são mais exigidos e onde uma

falha pode trazer grandes prejuízos.

A manutenção preventiva pode ser feita através de inspeções periódicas baseadas no

tempo, ou seja, ações preventivas de manutenção de equipamentos, que são executadas em

intervalos de tempo fixos e preestabelecidos.

Alguns exemplos de locais que podem receber a manutenção preventiva são:

Os quadros de energia da empresa, pela sua importância em todo o sistema e

pelo número de defeitos que vem ocorrendo, merecem uma maior atenção. E a

preventiva pode ser feita, por exemplo, de seis em seis meses, dando reaperto

nas conexões, limpeza do quadro, medição de corrente e inspeção geral para

ver se há algum indício de problema. Mas tudo com o devido planejamento,

inclusive verificando com as áreas que serão atingidas pelo desligamento do

quadro o melhor dia a ser feita a manutenção.

Alguns no-breaks que são de suma importância para o bom funcionamento da

pesquisa. Alguns exemplos são dois que alimentam o Laboratório de Qualidade

do Leite e são responsáveis por manter alguns equipamentos essenciais na

análise de leite.

As bombas que abastecem a caixa d‟água deveriam estar em um planejamento

de manutenção preventiva. Pois, apesar da taxa de falhas não ser grande, estes

equipamento são muito importantes para toda empresa. Uma falha pode causar

um problema muito grande, visto que o abastecimento de água na Embrapa

pode ficar comprometido por dias, atrapalhando o andamento de várias

pesquisas e o bem estar dos funcionários.

Nos condicionadores de ar devem ser feitas manutenções preventivas regulares,

mas diferenciando, por exemplo, a limpeza de filtros que pode ser feita de três

em três meses, da troca de componentes e limpeza geral que, dependendo do

uso, pode ser feita uma vez por ano.

Page 64: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

64

Há ainda muitos outros equipamentos que devem entrar no planejamento da

Manutenção Preventiva. Mas devem ser discutidos caso a caso, entre a equipe de

Manutenção, juntamente com os Pesquisadores, para que se execute o que foi planejado da

melhor maneira possível e consiga reduzir as falhas destes equipamentos, trazendo maior

confiabilidade e disponibilidade ao sistema.

5.2.5- MANUTENÇÃO PREDITIVA

A manutenção preditiva, ou ações preventivas baseadas na condição, leva em

consideração o fato de que muitas falhas não são instantâneas, mas se desenvolvem ao longo

do tempo. Em muitos casos o desenvolvimento das falhas pode ser monitorado, o que permite

agir antes que elas ocorram.

Um estudo mais aprofundado deve ser feito a fim de verificar os locais onde devem

ser realizadas as manutenções preditivas. Mas alguns exemplos de equipamentos na Embrapa

Gado de Leite que estão aptos a receber a manutenção preditiva podem ser citados,

juntamente com o tipo de análise e os instrumentos que poderão ser usados, conforme tabela 4

a seguir

Tabela 4 - Manutenção preditiva na Embrapa.

Equipamentos Condição Análise Instrumento

Motores Vibração Análise de Vibração Medidor, coletor e analisador de vibração Gerador Analisador de tempo real Bombas Verificação de balanceamento. Balanceadora

Ruído Verificação de ruído Estetoscópio

Temperatura Temperatura de mancais Termômetro de contato Temperatura de carcaça Fitas indicadoras de contato Termômetros a laser ou infravermelhos Termógrafos

Resistência Resistência de isolamento Mega

Quadros elétricos Temperatura Temperatura contatos Termômetro de contato Barramentos Temperatura barramentos Fitas indicadoras de contato Subestação Termômetros a laser ou infravermelhos

Termógrafos

Essas medições são importantes, como foi dito anteriormente, para detectar o ponto

exato da troca de um componente, antes que ocorra a quebra, sem que substitua muito antes

do final da vida útil do mesmo. Aproveitando o máximo do ciclo de vida do componente,

reduzindo o tempo de parada e os custos totais.

Fonte: o próprio autor

Page 65: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

65

Embora esses instrumentos necessitem de um investimento inicial e também

treinamento aos profissionais que farão uso, sua utilização traz grandes benefícios a longo

prazo. Outra possibilidade seria a terceirização desse tipo de manutenção, conforme a

necessidade, pois não necessitaria de um investimento inicial com a compra de instrumentos.

5.2.6 - MANUTENÇÃO CORRETIVA

A manutenção corretiva deve deixar de ser usada frequentemente, após a utilização

das outras técnicas de manutenção. Ela deve ser usada apenas naqueles equipamentos em que

o “custo x benefício” para usar outros tipos de manutenção, não valha a pena. A fim de

exemplificar, pode-se citar os estabilizadores de tensão, as lâmpadas entre outros que não

existem ações preventivas a serem tomadas para evitar a ocorrência de falha no equipamento,

ou não se pode prever o momento desta.

5.2.7 - MANUTENÇÃO AUTÔNOMA

A manutenção autônoma, de forma simplificada, no repasse da responsabilidade ao

operador da realização de manutenções básicas, como: limpeza dos equipamentos,

lubrificação e inspeções com o intuito de identificar anomalias ou falhas. O principal objetivo

da manutenção autônoma é eliminar problemas em sua origem.

Com esta técnica há uma grande possibilidade de redução das falhas em equipamentos

na empresa, pois quem mais necessita do equipamento funcionando, é quem o opera e

trabalha na pesquisa. Com esse pensamento, a divulgação e o treinamento para os operadores,

é uma boa opção para prevenção de falhas.

Para tal é necessário que a empresa se empenhe em treinar os pesquisadores, que são

os operadores dos equipamentos, mesmo que haja certa resistência. Daí a importância da alta

administração em estar a frente das ações.

5.2.8 - A UTILIZAÇÃO DO 5W2H COMO PLANO DE AÇÃO

Para o planejamento de todas as atividades, recomenda-se o uso da ferramenta 5W2H, a

fim de haver uma melhor orientação das ações. É uma técnica simples e eficaz de auxílio na

solução de problemas, na tomada de ações corretivas e preventivas, e na elaboração de planos

de atividade. A Tabela 5 a seguir exemplifica este fato.

Page 66: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

66

Tabela 5 – Exemplo de uso da Ferramenta 5W2H

O QUE? QUEM? QUANDO? ONDE? POR QUÊ? COMO? QUANTO?

Identificar o

problema

Gestor da

manutenção

01/06/2011 Setor de

Manutenção

da Embrapa

Identificar os

problemas mais

significativos do

setor e sensibilizar

quanto a

necessidade de

implantar uma

Gestão em

Manutenção

Realizando um

estudo do caso

e uma pesquisa

bibliográfica

sobre o

assunto.

Sem ônus

Realizar

mudança no

organograma

Chefia

Geral e

Adjuntos

Até

01/08/2011

Embrapa Para que a

manutenção passe a

ser reconhecida

como Gestão da

Manutenção, um

setor estratégico

para empresa.

Realizando

reuniões junto

com os comitês

assessores e o

setor de

manutenção

para discutir o

assunto.

Sem ônus

Implantar 5S Gestor de

Manutenção

01/07/2011

a

31/01/2012

Gestão em

Manutenção

Melhor organização,

limpeza e qualidade

no setor

Pesquisando

sobre o

assunto,

desenvolvendo

um plano no

formato 5W2H

e implantar

seguindo os

passos

estabelecidos.

R$ 1000,00

Poderá ser utilizado nas definições de ação para a implantação da Gestão de

Manutenção. Assim como em cada etapa, poderá ser utilizada esta ferramenta, como por

exemplo, na implantação do 5S.

Outro benefício atribuído a 5W2H é que a comunicação referente ao tema tratado não

sofre interferências no decorrer do processo, pois tudo fica estabelecido por escrito e sem

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

Page 67: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

67

brechas. Caso surjam dúvidas, elas podem ser discutidas e o plano revisado, ajustando todo o

processo em tempo hábil e com o conhecimento de todos os envolvidos.

5.2.9 - IMPLANTAÇÃO DE NOVO SOFTWARE

Os primeiros sistemas informatizados para Planejamento e Controle da Manutenção

(PCM) foram desenvolvidos pelas próprias empresas, pois os preços para se adquirir um eram

muito altos e somente grandes empresas os possuíam. Nos dias atuais já não é mais viável,

devido a grande quantidade de softwares específicos para área que se encontram no mercado,

com níveis bem avançados de tecnologia.

O software de gerenciamento da Manutenção é uma ferramenta fundamental para a

otimização dos recursos. Desse modo, a escolha e sua plena utilização são decisivas para o

desempenho do PCM e da Manutenção.

Encontram-se no mercado um leque muito grande de softwares já voltados para essa

área. Alguns reconhecidos nacionalmente e amplamente utilizados, como o Engeman da

empresa Engecompany que é pago e outros mis recentes e de menor expressão, que existem

em versões gratuitas como o programa SIGMA desenvolvido pela Rede Industrial.

Na Embrapa há uma grande necessidade de um sistema informatizado, específico para a

Manutenção que permita:

Cadastro de equipamentos;

Módulo de solicitações de serviços (com preferência on line, via intranet);

Módulo de programação de serviços;

Módulo de nivelamento de recursos;

Banco de padrões de trabalho;

Interface com outros aplicativos, como Excel, Word, MS Project.

Histórico de equipamentos;

Possibilidade de inserção de gráficos.

Módulo de materiais e sobressalentes;

Emissão de ordens de serviço (OS);

Relatórios Gerenciais (de preferência customizados) e Controle de indicadores.

Caberá ao Gestor identificar o melhor software a ser utilizado, de acordo com as

condições financeiras e com o benefício que cada um trará.

Page 68: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

68

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho propõe uma mudança de patamar do Setor de Manutenção da

Embrapa Gado de Leite, baseada em pressupostos teóricos atualizados que tratam a

Manutenção como função estratégica na empresa. Busca assim, mudar o pensamento da

empresa de que o setor é somente para apoio e que funciona isoladamente, passando a vê-lo

sob uma abordagem sistêmica da manutenção inserida no contexto da organização.

Diante do exposto, é possível evidenciar que a mudança deverá fazer parte do dia-a-dia

da empresa e com ela a possível resistência que possa gerar, em função da quebra com a

própria cultura já enraizada. Fazer com que os sujeitos da organização consigam romper ou

modificar os elementos culturais em favor dos objetivos da empresa não é tarefa simples,

visto que envolve costumes próprios e rotinas da organização. Contudo, estarmos abertos a

mudanças é uma característica que nos aproxima do novo, nos leva ao crescimento e enfim, a

modernidade. O que tornará o processo de mudança mais confortável serão as reações

positivas decorrentes do mesmo no decorrer de sua adaptação.

A partir de pesquisas na literatura técnica e em experiências vividas na empresa,

visando ao entendimento do contexto da “Função Estratégica e a Gestão da Manutenção”, este

trabalho possibilitou o levantamento da situação atual da equipe de Manutenção e mostrou

algumas alternativas para criação de um sistema de Gestão da Manutenção, buscando uma

maior integração do setor dentro da empresa.

Apresentando as definições de manutenção e sua evolução ao longo dos anos, buscou-se

trazer à discussão modernas práticas do setor, que estão sendo utilizadas por muitas empresas

no contexto global. Os itens de confiabilidade e disponibilidade relatados no referencial

teórico são de suma importância para o setor, pois através deles pode-se medir quanto um

equipamento laboratorial, por exemplo, fica disponível para o uso, através de indicadores de

manutenção.

Esses indicadores são de grande importância para a utilização da Manutenção

Preventiva na Embrapa. Pois poderiam ser utilizados, por exemplo, para condicionadores de

ar, onde há um número de elevado de horas de funcionamento e pode-se medir o tempo de

utilização. Este tipo de Manutenção será um grande avanço para a empresa, pois hoje ela não

é utilizada e em virtude disso, muitos equipamentos falham, gerando atrasos na pesquisa,

aumento do custo com manutenção.

A Manutenção Preditiva também se mostra muito importante, pois sendo aliada a

Manutenção Preventiva, trará mais confiabilidade e disponibilidade aos equipamentos.

Page 69: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

69

Realizando em conjunto os dois tipos de manutenção no Gerador de Energia Elétrica da

empresa, que é de suma importância, por exemplo, certamente haverá um grau de

confiabilidade grande no equipamento, pois ele somente é usado em casos extremos e não

pode haver falha quando é requisitado.

A Manutenção Corretiva continuará sendo usada, porém em menor escala,

principalmente naqueles casos em que não aceitam Manutenção Programada ou por decisão

gerencial, onde é definido que o melhor é deixar o equipamento funcionando até falhar, como

foi exposto no referencial teórico.

O planejamento da manutenção é um dos itens mais importante para o presente trabalho,

pois somente através dele, todos os outros poderão ser implantados. As sugestões para

implantação do PDCA como método de gerenciamento, do programa 5S para criar um

ambiente de qualidade, do planejamento pra realização de ações preventivas e preditivas, a

fim de se evitar ao máximo as falhas, da implantação do 5W2H como plano de ação e um

novo software para Gestão da Manutenção, colocaria a Manutenção em lugar estratégico para

a empresa, assim como foi proposto na mudança do organograma, tendo em vista a melhora

da confiabilidade e disponibilidade dos seus ativos, gerando uma conseqüente melhora na

pesquisa.

Os métodos de Manutenção Produtiva Total e Manutenção Centrada na Confiabilidade

foram apresentados com o intuito de serem implantados no todo ou em parte futuramente.

Porém dependerão de um estudo mais aprofundado, para que seja discutida sua viabilidade.

O principal objetivo do trabalho foi mostrar como se encontra o Setor de Manutenção

na Embrapa Gado de Leite e realizar uma análise sob a ótica dos conceitos de Função

Estratégica e Gestão da Manutenção, buscando uma melhor organização do Setor, melhoria

na qualidade dos serviços prestados e consequentemente, maior confiabilidade e

disponibilidade dos equipamentos. Diante disso conclui-se que o objetivo geral deste trabalho

foi atingido de maneira satisfatória, tendo em vista o estudo teórico aprofundado acerca do

tema, aliado às experiências e observações do próprio autor, contextualizando assim a

realidade vivenciada pela empresa, dentro das teorias propostas e abrindo espaço para novos

trabalhos voltados para esse tema.

Page 70: Gestao Da Manutencao Em Uma Empresa Publica

70

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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