Gestão de stoks

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    IEFP - ISG

    Apr ovi sio namento e Ges to d e Stocks Guia do Formando

    Ficha Tcnica

    Coleco MANUAIS PARA APOIO FORMAO EM CINCIAS EMPRESARIAIS

    Ttulo Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    Suporte Didctico Guia do Formando

    Coordenao e Reviso Pedaggica IEFP Instituto do Emprego e Formao Profissional -Departamento de Formao Profissional

    Coordenao eReviso Tcnica ISG Instituto Superior de Gesto

    Autor Manuel Vilhena Veludo/ISG

    Capa IEFP

    Maquetagem ISG

    Montagem ISG

    Impresso e Acabamento ISG

    Propriedade Instituto do Emprego e Formao Profissional, Av. Jos

    Malhoa, 11 1099-018 LisboaEdio Portugal, Lisboa, Dezembro de 2004

    Tiragem 1000 exemplares

    Copyright, 2004Todos os direitos reservados ao IEFP

    Nenhuma parte deste ttulo pode ser reproduzido ou transmitido,por qualquer forma ou processo sem o conhecimento prvio, por escrito, do IEFP

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    NDICE IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do Formando

    ndice Geral

    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO ....................................................... 1

    1. Os Materiais e o Stock: Noes e Classificaes........................................................................................... 4

    2.A Funo Aprovisionamento ........................................................................................................................... 7

    3. Importncia do Aprovisionamento................................................................................................................... 8

    4. Posio e Estruturao do Aprovisionamento na Empresa............................................................................ 9

    5. Modalidades de Gesto de Aprovisionamento ............................................................................................. 15

    Resumo.................................................................................................................................................... 26

    Questes e exerccios.............................................................................................................................. 28

    Resolues............................................................................................................................................... 29

    II.A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS ............................................. 37

    1. mbito e Enquadramento Estrutural da Gesto Fsica dos Stocks.............................................................. 40

    2. Requisitos de uma Gesto Fsica dos Stocks Eficiente................................................................................ 41

    3. A Funo Armazenagem: mbito e Princpios Gerais.................................................................................. 43

    4. Classificao de Armazns........................................................................................................................... 45

    5. Armazm como Espao Fsico Organizado: Mtodos e Tcnicas ............................................................... 46

    Resumo.................................................................................................................................................... 56

    Questes e exerccios.............................................................................................................................. 57

    Resolues............................................................................................................................................... 58

    III.A GESTO E A ORGANIZAO ADMINISTRATIVA DOS STOCKS .......................... 63

    1. mbito e Enquadramento Estrutural da Gesto Administrativa dos Stocks................................................. 66

    2. Nomenclatura dos Materiais.......................................................................................................................... 67

    3. Especificao dos Materiais.......................................................................................................................... 69

    4. Normalizao de Variedades do Stock......................................................................................................... 70

    5. Operaes Bsicas e Administrativas........................................................................................................... 71

    Resumo.................................................................................................................................................... 80

    Questes e exerccios.............................................................................................................................. 81

    Resolues............................................................................................................................................... 82

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    IEFP NDICE

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    IV. A GESTO ECONMICA DOS STOCKS..................................................................91

    1. Definio e Conceitos Fundamentais ............................................................................................................94

    2. Sistemas de GES e Mtodos de Aprovisionamento................................................................................... 1103. Controlo da Gesto Econmica dos Stock ................................................................................................. 122

    Resumo.................................................................................................................................................. 128

    Questes e exerccios............................................................................................................................ 130

    V.A RECEPO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS MATERIAIS..........................143

    3. mbito e Enquadramento Estrutural da Recepo dos Materiais .............................................................. 146

    4. Processo de Recepo Quantitativa........................................................................................................... 147

    3. Processo de Recepo Qualitativa............................................................................................................. 148

    4. Modelos Organizacionais e Funcionamento............................................................................................... 149

    Resumo.................................................................................................................................................. 151

    Questes e exerccios............................................................................................................................ 152

    Resolues ............................................................................................................................................ 153

    VI. A FUNO COMPRAS E A SUA ORGANIZAO E GESTO ADMINISTRATIVA155

    1. Problema e os Dados da Compra............................................................................................................... 1582. mbito e Enquadramento Estrutural da Funo Compras......................................................................... 164

    3. Polticas de Aprovisionamento e de Compras............................................................................................ 166

    4. Fases do Processo de Compra Tradicional................................................................................................ 168

    5. Organizao e Tipos de Compras .............................................................................................................. 172

    6. Gesto Administrativa de Compras ............................................................................................................ 173

    7. Evoluo e Progresso da Funo Compras ............................................................................................... 178

    Resumo.................................................................................................................................................. 181

    Questes e exerccios............................................................................................................................ 183

    Resolues ............................................................................................................................................ 184

    BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................191

    GLOSSRIO......................................................................................................................193

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    APROVISIONAMENTOE GESTO

    DE STOCKS

    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    Objectivos

    No final deste unidade temtica o formando deve estar apto a:

    Distinguir os tipos de materiais existentes numa empresa

    Definirstocke classific-lo

    Descrever o mbito da funo aprovisionamento evidenciando a sua importncia

    Posicionar a funo aprovisionamento na estrutura organizacional da empresa

    Estruturar a funo aprovisionamento no mbito do processo logstico

    Caracterizar o modelo de gesto por anlise estatstica de anterioridades

    Caracterizar o modelo de gesto por encomenda

    Caracterizar o modelo de gesto misto

    Temas

    1. Os Materiais e o Stock: Noes e Classificaes

    2. A Funo Aprovisionamento

    3. Importncia do Aprovisionamento

    4. Posio e Estruturao do Aprovisionamento na Empresa

    5. Modalidades de Gesto de Aprovisionamento

    Resumo

    Questes e exerccios

    Resolues.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    I4

    1. OS MATERIAIS E O STOCK: NOES E CLASSIFICAES

    Tipos de Materiais

    Numa empresa industrial podemos considerar os tipos de materiais seguintes:

    Materiais de inputou recursos materiais;

    Materiais de outputou produtos acabados.

    Os materiais de inputou recursos materiais so indispensveis ao(s) processo(s) produtivo(s) e sode dois tipos:

    Materiais consumveis que so objecto de processamento interno na empresa tais como:matrias primas, materiais subsidirios, material de embalagem, ...;

    Materiais de utilizao permanente que so imobilizado, ou seja, materiais que no soconsumidos no processo produtivo, mantendo-se ao dispor deste durante vrios ciclos detransformao.

    Numa empresa comercial os bens transaccionados designam-se por mercadorias, no estandosujeitos a qualquer transformao dentro da empresa.

    Noo e Classificao de Stock

    Stock ou stocks o conjunto de materiais consumveis ou de produtos ou de mercadoriasacumulados, espera de uma utilizao posterior, mais ou menos prxima, e que permiteassegurar o fornecimento aos utilizadores quando necessrio. So os elementos patrimoniaisclassificados e valorizados em existncias.

    Classificao dos Stocks

    Numa empresa industrial podemos classificar os stocks de acordo com a respectiva utilizao no

    processo produtivo. Assim, teremos:Matrias-primas

    Matrias-primas - Materiais utilizados na fabricao de componentes dos produtos acabados.

    Exemplo: chapa de ao destinada a corte e prensagem para fabrico de tejadilhos de viaturasautomveis.

    Componentes

    Componentes - Materiais ou partes elementares que j no sofrem qualquer transformao naempresa e se destinam a ser incorporados nos produtos acabados.

    Exemplo: jantes de pneus de viaturas automveis.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    Produo em curso

    Produo em curso - Produtos que se encontram em certa fase ou operaes intermdias doprocesso de transformao, no tendo atingido o fim de fabrico.

    Exemplo: chassis em fase de tratamento de superfcie ou em movimentao na linha de

    produo.Semiacabados

    Semiacabados - Subconjuntos ou partes de produtos que j sofreram operaes detransformao e que aguardam a montagem (do produto acabado).

    Exemplo: jantes com pneus destinados a linha de montagem.

    Produtos acabados

    Produtos acabados Bens resultantes do processo produtivo destinados a serem vendidos acliente(s) que os utilizaro.

    Exemplo: pneus destinados ao mercado de reposio ou a linhas de montagem de automveis.

    Subprodutos

    Subprodutos - Produtos resultantes do processo de transformao, mas que no soincorporados no produto acabado. Normalmente, so vendidos a baixo valor.

    Exemplo: crmio hexavalente recuperado de um banho de galvanizao.

    Matrias ou materiais subsidirios

    Materiais subsidirios - Materiais necessrios produo, mas, que no so incorporados nosprodutos acabados.

    Exemplo: leos de corte e de lubrificao de equipamento fabril.

    Materiais de embalagem primria, secundria, terciria Materiais de embalagem - Materiais necessrios ao acondicionamento, agrupamento e

    transporte de produtos e componentes.

    Exemplo: paletes para o transporte(embalagem terciria), de 10 caixas de carto canelado(embalagem secundria) para conteno e agrupamento de 20 unidades de venda (embalagemprimria).

    Numa empresa industrial a classificao distinta dos vrios tipos de materiais muito importante,na medida em que se encontra associada natureza da procura.

    Por exemplo, os stocks de produtos acabados so destinados a muitos clientes, da que a somadas vrias encomendas por perodos de tempo pode resultar numa informao histrica para

    posterior anlise estatstica.Para estes stocks (de produtos acabados) possvel construir um modelo de base estatstica quepermite estabelecer previses da procura, baseadas na extrapolao da informao histrica, comoveremos adiante.

    de notar que a classificao dos stocks apresentada funo da natureza da empresa ou fase detransformao, porquanto um produto acabado para uma certa empresa, pode constituir umamatria prima para outra ou at uma mercadoria e mesmo um produto semiacabado.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

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    Exemplo

    1. A farinha constitui um produto acabado para a moagem, sendo uma matria prima para apanificadora.

    Classificao de Produtos

    Os produtos podem ser bens tangveis (materiais) ou bens intangveis (servios).

    Bens tangveis

    Os bens tangveis podem classificar-se nos domnios seguintes:

    1. Bens de consumo

    a. Bens no duradouros ou bens de grande consumo corrente

    Consumo regular (Ex.: leite; gua de distribuio comunitria Utility) Consumo de emergncia (Ex.: antibitico) Consumo de impulso (Ex.: pipocas) Consumo sazonal (Ex.: protector solar)

    b. Bens duradouros Consumo regular (Ex.: electrodomstico) Consumo sazonal (Ex.: fato de banho)

    2. Bens ou produtos industriais (utilizados na produo de outros produtos) ou recursosmateriais

    a. Matrias primasb. Componentesc. Subconjuntos e produtos intermdios (semiacabados)d. De suporte

    Instalaes Bens de equipamento fabril (fixos e mveis, pesados e ligeiros) Bens de equipamento de escritrio Ferramentas e instrumentao

    Nota

    Pode, ainda, classificar-se os produtos industriais nos domnios seguintes:

    Produtos no diferenciados;

    Produtos diferenciados;

    Produtos normalizados;

    Produtos especializados.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    2. A FUNO APROVISIONAMENTO

    A funo aprovisionamento compreende o conjunto de operaes que permitem pr disposio da empresa em tempo oportuno, na quantidade e na qualidade definidas, todos osrecursos materiais e servios necessrios ao seu funcionamento, ao menor custo.

    Para levar a bom termo o conjunto destas operaes, necessrio, antes de mais, definir de formaprecisa as necessidades (ver I.5.):

    Em qualidade (especificaes/requisitos);

    Em quantidade (econmica);

    Em prazo (til).

    Para satisfazer aquelas necessidades, nas melhores condies, deve efectuar-se a pesquisasistemtica das possibilidades oferecidas pelo mercado.

    Convm, no entanto, que essa pesquisa seja feita em tempo oportuno, isto , que os fornecedoressejam seleccionados criteriosa e antecipadamente (antes da necessidade imediata ocorrer) e quecom eles sejam estabelecidos contratos que ofeream vantagens para as partes.

    Filosofia Just-In-Time

    O ideal seria que os fornecedores aceitassem fornecer em quantidade e na qualidade desejadas o

    que necessrio empresa, no momento exacto em que cada necessidade ocorre e ao menorcusto. Alis, este um dos princpios inerentes filosofia de gesto JIT (Just-In-Time) (ver I.5.).

    Na prtica, a empresa normalmente tem de constituirstocks de muitos dos materiais (consumveis)que utiliza, pelo que tem de realizar a gesto de stocks.

    Atribuies da funo aprovisionamento

    Para alm das actividades de seleco e qualificao de fornecedores, de negociao, decontratao e de compra de recursos materiais e servios, de gesto de stocks, a funoaprovisionamento ainda inclui nas suas atribuies: a recepo de materiais, a armazenagem, oaviamento de requisies e o envio/transporte de materiais para estaleiros onde decorrem obras ou

    a expedio para subempreiteiros.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    I8

    3. IMPORTNCIA DO APROVISIONAMENTO

    Do exposto pode deduzir-se a importncia da funo aprovisionamento no apenas pelo valor docapital aplicado em stocks, mas pela importncia estratgica desta funo.

    Importncia da funo aprovisionamento

    Uma boa gesto da funo aprovisionamento pode ser fonte de vantagem competitiva para aorganizao, na medida em que contribui para :

    Gerar diferenciao face concorrncia, atravs de uma seleco criteriosa de fornecedoresqualificados que assegurem a qualidade dos fornecimentos e servios prestados;

    Reduzir os custos e os prazos de entrega dos produtos (bens tangveis e servios) fornecidos

    atravs de contratao adequada, de gesto econmica dos stocks, de armazenagem eexpedio convenientes.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    4. POSIO E ESTRUTURAO DO APROVISIONAMENTO NA EMPRESA

    A localizao do Departamento de Aprovisionamento(s) no organograma da empresa e a sua

    organizao dependem das caractersticas da empresa, como a actividade desenvolvida (industrial,comercial, ...), a dimenso (volume de negcios, nmero de trabalhadores, ...), a importnciarelativa da rbrica Existncias no Activo e no Capital Circulante.

    Nas empresas industriais, comea a ser vulgar a funo aprovisionamento ser considerada umadas funes do Departamento de Logstica.

    Por este facto, vamos abordar, sumariamente, os conceitos de logstica e de cadeia logstica.

    Conceito de Logstica

    A necessidade de reduzir os custos e os prazos de fornecimento, para melhor satisfazer os clientes,veio evidenciar a importncia da gesto dos fluxos de materiais/produtos (bens e servios) e dainformao associada, desde os fornecedores aos consumidores.

    O U.S. Council of Logistics Managementadoptou a definio seguinte:

    Logstica o processo estratgico (porque gera valor reconhecido pelos clientes, criandovantagem competitiva sustentada, na medida em que acrescenta diferenciao, aumenta aprodutividade e a rendibilidade) de planeamento, organizao e controlo, eficaz e eficiente, dos

    fluxos e armazenagem de materiais (matrias primas, componentes, produo em curso,produtos semiacabados e acabados) e de informao relacionada, desde a origem(fornecedores) at ao destino final (consumidores) visando maximizar a satisfao dasnecessidades dos clientes, externos e internos.

    Esta definio tem vindo a ser adoptada por diversos autores, investigadores e profissionais darea.

    Atribuies da funo logstica

    Se for aceite esta abrangncia para a actuao de um Departamento de Logstica, esta pode

    englobar, na empresa produtora, as actividades de seleco e pr-qualificao de fornecedores; deplaneamento geral de operaes e de programao do aprovisionamento, da produo e dadistribuio; de compra, recepo e armazenagem dos materiais; de movimentao e controlo dosmateriais at aos centros de produo e dos produtos finais atravs dos canais de distribuio. E,ainda, toda a gesto e tratamento da informao associada.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    I10

    Nota

    Plano mestre da produo ou plano director da produo

    A funo de planeamento geral de operaes elabora o plano mestre da produo ou plano directorda produo, que estabelece os prazos para as operaes a realizar e assegura o equilbrio entreas cargas e as capacidades nos centros operacionais, respeitando as prioridades das encomendasdos clientes e os compromissos comerciais da empresa.

    Figura I.1 - Logstica de Inpute de Output

    Conceito de Cadeia Logstica

    Em 1973, Heskett1 demonstrou a necessidade de cooperao entre os membros de uma cadeia deabastecimento, de criao de joint--ventures (contratos jurdicos atravs dos quais as partes seobrigam entre si a prosseguir, de forma concertada, determinados objectivos e actividades) e

    partnerships (contratos jurdicos atravs dos quais as partes se associam, sem prejuzo darespectiva individualidade jurdica, para cooperar na realizao de determinadas actividades), a fimde eliminar a duplicao de actividades ao longo da cadeia.

    1 HESKETT, James L.. Sweeping Changes in Distribution. Harvard Business Review. Mar.-Apr., 1973, pp. 123-132.

    Planeamento Geral de Operaes

    Programao doA rovisionamento

    Programao da DistribuioProgramao da Produo

    TransporteArmazenagemProcessos

    ProdutivosCompra Armazenagem

    TransporteVenda

    LOGSTICA DE ENTRADA (Input) LOGSTICA DE SADA (Output)

    Planeamento Global do Negcio

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    Cadeia logstica externa

    Na figura seguinte representa-se a cadeia de abastecimento ou cadeia logstica externa.

    Figura I.2 - Cadeia Logstica Externa

    Em 1977, J. Heskett2 desenvolveu uma das perspectivas mais importantes do actual conceito delogstica, a sua ligao estratgia.

    Aquele Professor de Harvard recomenda que a viso puramente operacional deve ser abandonada,passando a logstica a ser encarada como fonte de vantagem competitiva:

    Gerao de diferenciao atravs do servio prestado aos clientes/consumidores;

    Gerao de diferenciao atravs do planeamento global e integrado de cada negcio visandoobjectivos estratgicos ambiciosos, mas realistas;

    2 HESKETT, James L.. Logistics: Essencial to Strategy. Harvard Business Review. Nov.-Dec. 1977, pp. 85-96

    FORNECEDOR

    PRODUTOR

    Venda dematerial

    Expediode material

    Compra dematerial

    Transform.de material

    Transportede material Recepo

    Armazenagem

    Depsito deproduto

    Expediode produto

    Compra deproduto

    Transporteprimrio

    Venda deproduto

    ArmazenagemRecepo

    GROSSISTA

    Picking Expedio

    RetmRecepoCompra deproduto Transportesecundrio Ponto deVenda

    RETALHISTA

    CONSUMIDOR

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    I12

    Gerao de diferenciao atravs da seleco criteriosa de fornecedores e contrataoadequada;

    Gerao de diferenciao atravs da gesto optimizada da entrada e sada de

    materiais/produtos;

    Gerao de diferenciao atravs da gesto optimizada dos transportes e das movimentaesdos materiais/produtos.

    Sistema logstico

    Um sistema logstico, eficiente e eficaz, planeia, organiza e controla integradamente, fluxosmateriais e informacionais.

    Figura I.3 - Fluxos na Cadeia Logstica

    As actividades logsticas desenvolvem-se ao longo de toda uma cadeia de abastecimento ou cadeialogstica, (externa), da origem ao destino, estendendo-se para fora das fronteiras de cada empresaou negcio, isto , prolongando-se para alm da cadeia logstica interna.

    CADEIA INTERNA

    (Produtor)

    ORIGEM

    (Fornecedores)

    CADEIA EXTERNA

    (Intermedirios)

    DESTINO

    (Consumidores)

    FLUXOS DE INFORMAO

    FLUXOS DE MATERIAIS/PRODUTOS

    FLUXOS FINANCEIROS

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    O Aprovisionamento como rgo da Logstica

    Se a empresa cria um Departamento de Logstica, o organograma geral da empresa pode ser dotipo seguinte.

    Figura I.4 - O Departamento de Logstica depende da Direco Geral

    Nesta soluo, em que um Departamento de Logstica inclui as funes de aprovisionamento e dedistribuio, ele integra os interfaces com o exterior e assegura a armazenagem e o transporte detodos os materiais, das matrias-primas aos produtos acabados.

    O Aprovisionamento como rgo Autnomo

    Na soluo representada abaixo, a funo distribuio includa no Departamento Comercial, queassume inteira responsabilidade pelos padres de servio ao cliente externo, e a funoaprovisionamento assegurada por um Departamento de Aprovisionamento na dependnciadirecta da Direco Geral.

    Figura I.5 - O Departamento de Aprovisionamentos depende da Direco Geral

    DIRECOGERAL

    DP. TCNICODP.

    LOGSTICADP. ADMINIST.FINANCEIRO

    DP.COMERCIAL

    VENDAS DISTRIBUI. CONCEP.MARKETING APROVISION.

    FABRIC. CONT.S.

    ADM.TES.

    DIRECO GERAL

    DP. TCNICODP. COMERCIAL DP.ADMIN./FINANC.

    DP.APROVISIONAM.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    I14

    Estrutura Organizacional da rea Aprovisionamento

    A funo aprovisionamento, normalmente, reparte-se por vrios rgos estruturais, como serepresenta no exemplo da figura seguinte.

    Figura I.6 - Exemplo de Estrutura do rgo de Aprovisionamentos

    Estruturao da funo aprovisionamento

    Na estrutura organizacional exemplificada acima repartem-se as atribuies da funoaprovisionamento, do modo seguinte:

    O Programao estabelece as ligaes ao Planeamento Geral de Operaes (ver Figura I.1) e

    disponibiliza informao relativa a quantidades necessrias e prazos, aos outros rgos doDepartamento de Aprovisionamentos;

    A Contratao pesquisa o mercado, avalia e selecciona os fornecedores, com quem estabelececontratos de fornecimento, aps negociao;

    A Gesto de Materiais determina quanto e quando encomendar e mantm actualizado oinventrio (gesto econmica e administrativa);

    As Compras processam as encomendas e asseguram o cumprimento dos contratos com osfornecedores;

    A Recepo e Armazenagem asseguram a gesto e organizao fsica dos materiais.

    Nas empresas de maior dimenso estas atribuies repartem-se por diferentes rgos da estrutura,mas nas pequenas empresas frequente encontrar estas atribuies concentradas em duas outrs pessoas, assumindo frequentemente o empresrio ou o gerente algumas delas.

    APROVISIONAMENTOS

    ComprasContratao Recepo eArmazenagemGesto deMateriais

    Programao

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    5. MODALIDADES DE GESTO DE APROVISIONAMENTO

    O modelo de gesto de aprovisionamento depende, essencialmente, da actividade da empresa e

    no caso de actividade industrial depende do tipo de produo, como veremos.Vamos comear por clarificar o mbito da gesto de stocks, as variveis a considerar, eseguidamente caracterizaremos as principais modalidades de gesto de aprovisionamento.

    mbito da Gesto de S t o c k s

    A funo gesto de stocks tem como principais atribuies:

    A determinao das quantidades ptimas a encomendar para a constituio ou para arenovao dos stocks;

    estabelecimento das datas e da cadncia segundo a qual convm efectuar essadeterminao;

    A organizao administrativa e fsica dos stocks.

    A gesto de stocks dever manter o volume dos stocks no nvel mais baixo possvel, sem deixar deassegurar o fornecimento regular aos utilizadores, isto , sem roturas.

    Alm disso, devem ser tomadas todas as medidas para evitar que os stocks se deteriorem e para

    reduzir ao mnimo os encargos relativos sua conservao. Estes so atributos da subfunoarmazenagem.

    A gesto de stocks ter de ponderar as desvantagens e as vantagens de constituirstocks e tomaras deciseseconmicas.

    Exemplos

    Um maior volume de stocks representa, na perspectiva financeira, as desvantagens seguintes:

    Maior custo de posse;

    Maior necessidade de fundo de maneio;

    Maior risco de perda por obsolescncia (monos);

    Mas, representa as vantagens seguintes:

    Melhores condies de compra (descontos de quantidade);

    Menor risco de ruptura (stocks de segurana);

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    I16

    Maior flexibilidade produtiva (possibilidade de reprogramao de fabrico e resoluo deimprevistos, tais como, avarias do equipamento);

    Menores prazos de entrega de produtos acabados (no h esperas de materiais).

    A gesto de stocks para alm da gesto econmica e da organizao administrativa dasexistncias inclui, ainda, a organizao fsica dos stocks.

    Funcionalmente pode separar-se a gesto econmica e administrativa da gesto e organizaofsica dos stocks, como se viu no exemplo da estrutura orgnica de Aprovisionamento apresentadaem I.4.

    Factores a Considerar na Gesto de S t o c k s

    Na gesto de stocks h trs importantes factores a considerar:

    A procura

    Os custos

    Os prazos

    A Procura

    As necessidades logsticas na empresa so desencadeadas pela procura dos seus produtos nomercado.

    A procura dos produtos activa os fluxos de informao e de materiais em toda a cadeia logstica(ver Figura III.3).

    Uma previso do crescimento das vendas incentiva um aumento da actividade da funoaprovisionamento que deve responder em conformidade com a expectativa de crescimento dasnecessidades de materiais.

    Conceito de Procura

    Do ponto de vista econmico, a procura de um produto definida pela inteno de compra desseproduto no mercado, ou

    Procura a expresso dinmica de um mercado que corresponde a medidas qualitativas equantitativas dos consumidores, que desejam e podem adquirir um produto.

    A procura uma percentagem do mercado total, podendo associar-se a um grupo homogneo declientes.

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    17

    Exemplo

    1. O mercado portugus de iogurtes e a procura de iogurtes magros com sabor a morango.

    A procura foi referida como a origem das necessidades logsticas, activando os fluxos deinformao e de material na cadeia logstica. Esta origem das necessidades de materiais estestritamente ligada ao ciclo de vida do produto acabado, na medida em que este ciclo quantifica ocomportamento da procura do produto durante a sua vida.

    Ciclo de Vida dos Produtos

    Todos os produtos nascem, desenvolvem-se, atingem a maturidade e morrem, isto , deixamde ser procurados pelos consumidores ou clientes no fim do seu ciclo de vida.

    Assim,

    Ciclo de vida de um produto o perodo caracterizado por vrias fases (concepo elanamento, crescimento ou desenvolvimento, maturidade e declnio), desde a pesquisa inicialat ao fim da produo.

    Representa-se graficamente o ciclo de vida do produto atravs da evoluo das vendas nasdiferentes fases.

    Figura I.7 - As Quatro Fases do Ciclo de Vida do Produto

    V. Vendasdo Produto

    Tempo0 F4F3F2F1

    F1 - Concepo elanamentoF2 - Desenvolvimentoou crescimentoF3 - MaturidadeF4 - Declnio

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    I18

    Tipos de Procura

    A procura pode apresentar diferentes tipos, consoante a fase do ciclo de vida do produto econsoante a incidncia de variveis que a afectam directamente.

    Como principais tipos de procura podem considerar-se os seguintes:

    Quanto incidncia da procura no ciclo de vida do produto:

    - Procura aleatria - quando as vendas so dispersas no tempo e nos pontos de venda, no sepodendo encontrar qualquer modelo estatstico que as reproduza. Este comportamento dasvendas tpico quando o produto se encontra na fase de lanamento do seu ciclo de vida.

    - Procura uniforme - quando j possvel definir um modelo estatstico que mostre aevoluo das vendas no tempo. Neste tipo de procura pode distinguir-se trs categorias:

    De tendncia crescente - as vendas encontram-se em ascenso progressiva,caracterstica de um produto em fase de crescimento do seu ciclo de vida;

    De tendncia constante - as vendas encontram-se estabilizadas, com pequenasoscilaes, o que permite prever o seu comportamento temporal com elevada fiabilidade.Esta constncia comportamental sintomtica quando os produtos atingem a fase dematuridade do ciclo de vida;

    De tendncia decrescente - as vendas encontram-se em queda ntida, o que identificaclaramente a fase de declnio de um produto.

    Quanto s variveis exgenas:

    - Procura sazonal - se o produto tem maiores vendas em determinadas pocas do ano. Estasvendas anormais na realidade so cclicas, mantendo-se ocasionais e fracas fora da poca alta.

    Exemplo

    1. As vendas de chapus de chuva aumentam no Inverno, as de fatos de banho no Vero, as deflores no dia dos namorados e, genericamente, todas as vendas sobem na quadra natalcia.

    - Procura decorrente - resulta da aplicao de um factor de correco a uma procura bemcaracterizada, transformando a na procura pretendida.

    Exemplo

    2. Uma empresa fabrica jantes para viaturas automveis. Entretanto, a empresa negociou, comum fabricante de automveis, o fornecimento exclusivo de certo tipo de jantes destinado a umnovo modelo de viatura.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

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    19

    Sabe-se:

    Que cada viatura comporta cinco jantes;

    Os dados relativos s vendas e s previses de venda do novo modelo de automvel.

    fcil conhecer a procura daquele tipo de jantes. Basta multiplicar por cinco as vendas e asprevises de venda para aquele veculo.

    este factor 5 que caracteriza este tipo de procura.

    Exemplo

    3. Uma campanha promocional com reduo do preo de venda induz um aumento previsional devendas.

    Caractersticas da Procura

    A procura pode caracterizar-se pelos factores seguintes:

    Unidade de medida - Mtrica quantitativa

    Exemplos

    Nmero de embalagens: 50

    Unidade de volume: m3

    Unidade de massa: Kg

    Unidade de comprimento: m

    Frequncia das Encomendas

    Exemplos

    Encomendas semanais

    Encomendas mensais

    Encomendas trimestrais

    Diferncia de Encomendas

    Exemplo: Encomenda diferida uma semana aps negociao

    Risco da Previso

    Exemplo: Elevada probabilidade da ocorrncia de um facto previsto aumenta o respectivo risco,isto , grande probabilidade de forte procura aumenta o risco de rotura.

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    I20

    Os custos

    Associado gesto de stocks consideram-se vrios tipos de custos:

    Tipos de custo

    O custo de posse (Cp) que o custo associado manuteno do stock;

    O custo de efectivao das encomendas (Ce) que o custo administrativo do processamentodas encomendas de um artigo;

    O custo de aquisio do material (Cm) que o custo do material, encomendado ao exterior, entrada da empresa (custo de fornecimento, de transportes, de seguros, ...);

    O custo de fabricao (Cf) que o custo do material encomendado internamente, atravs de

    ordem de fabrico;

    O custo de rotura de stock(Cr) que o custo associado a uma solicitao ou requisio dematerial de stock, no atendida totalmente pelo armazm (ver IV.3.).

    O custo de posse pode incluir vrias parcelas:

    Os custos de armazenagem onde se considera

    - Os custos de amortizao do edifcio/armazm(s), do equipamento fixo (exemplo:estantes) e do equipamento mvel (exemplo: empilhadores),

    - Os encargos com o pessoal do(s) armazm(s),

    - Os custos energticos (iluminao, climatizao, ...) do armazm(s),

    Os custos dos seguros (prmios das aplices de incndio, roubo, ...);

    Os custos de obsolescncia (monos) e deteriorao do material;

    O custo do capital imobilizado que um custo de oportunidade, isto , o custo inerente aplicao do capital em stockem lugar de aplicaes alternativas rentveis.

    Este custo , normalmente, importante e calcula-se segundo um critrio definido que pode ser o

    da taxa de rendibilidade dos capitais prprios ou da melhor taxa de mercado para aplicao derisco correspondente (risco baixo, pois o stocktem elevado grau de liquidez).

    Nota

    Adiante, desenvolvemos este tema.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

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    Os prazos

    Na gesto de stocks um dos prazos a considerar o prazo de aprovisionamento ou prazo de

    disponibilizao do material.

    Parcelas do prazo de aprovisionamento

    No prazo de aprovisionamento (pa) pode considerar-se quatro parcelas:

    O prazo administrativo de preparao e lanamento da encomenda (circulao e tratamento deinformao na empresa);

    O prazo de recepo pelo fornecedor, que pode desprezar-se se for usado fax ou EDI (ElectronicData Interchange);

    O prazo de entrega do fornecedor que inclui o prazo de transporte ou trnsito;

    O prazo de recepo e armazenagem na empresa.

    Nota

    Adiante retomamos este tema.

    As Necessidades Logsticas

    As necessidades logsticas que tm, como se viu, a sua principal origem na procura, repercutem-sea toda a cadeia logstica, atravs do fluxo de informao.

    Em termos gerais podemos definir:

    Necessidade logstica - toda a solicitao de natureza material ou de servio, que visasatisfazer quantitativa, qualitativa e temporalmente, qualquer requisito de carncia a jusante dofluxo material, no cumprimento de um objectivo organizacional.

    Tipos de necessidades logsticas

    Estas necessidades logsticas podem ser de dois tipos:

    Necessidades dependentes;

    Necessidades independentes.

    A sua diferena reside no modo como foram originadas em termos de procura e da finalidade quetm em vista suprir.

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    I22

    Necessidades Dependentes

    H casos em que a empresa recebe encomendas de quantidades bem determinadas de produto(s)acabado(s) com prazo(s) de entrega definidos ou satisfaz cadernos de encargos, ou ainda como no

    caso do exemplo da fbrica de jantes, em que de incio so conhecidas as quantidades do produtoa fornecer e a cadncia de entrega, verifica-se que as necessidades resultam directamente daprocura.

    Assim, podemos definir:

    Necessidade Dependente - Toda a necessidade logstica a jusante do circuito material,perfeitamente determinada e resultante de:

    Encomenda(s) de produto(s) com quantidade(s) e prazo(s) de entrega bem definidos.

    Encomenda(s) de produto(s) de procura decorrente e cadncia de entrega determinada.

    Encomenda(s) de produto(s) cuja especificao e prazo de entrega so fixado(s) (segundocaderno de encargos).

    Necessidade Independente

    H casos em que as necessidades logsticas tm origem em valores aleatrios, como os dadosresultantes das anlises estatsticas de vendas, e so para utilizao posterior com o prazo deutilizao indeterminado.

    o que acontece nos armazns de Aprovisionamento, cuja existncia resulta de uma gesto destocks, baseada em previses de consumo considerado aleatrio.

    Tambm, na definio de quantidades de material a fabricar, em que a nica base de clculoprevisional o conhecimento da procura do produto e da evoluo das vendas que indica em quefase do ciclo de vida se encontra.

    Assim, podemos definir:

    Necessidade Independente - Toda a necessidade logstica a jusante do fluxo material,resultante de previso estatstica, baseada em histricos, ou no conhecimento da procura doproduto e do respectivo ciclo de vida, com prazo de utilizao indeterminado.

    Exemplos de Necessidades Independentes

    1. Numa pastelaria, que confecciona diversos tipos de produtos (bolos e pastis) na madrugada,para utilizao exclusivamente nesse dia, fixam-se as quantidades com base no conhecimentodas vendas anteriores dos produtos, sendo as necessidades de ingredientes independentes.

    2. Numa empresa de sabonetes, que conhece a procura dos diferentes tipos de sabonetes e o ciclode vida de cada um, desencadeia a fabricao de alguns tipos apenas por mera indicao deinventrio de produtos acabados e tendo uma expectativa de venda; portanto as necessidadesso independentes.

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    Modelo de Gesto por Anlise Estatstica ou Modelo P u s h

    Este modelo conduz ao clculo de lotes econmicos de fabricao de produtos e de quantidadeseconmicas de encomenda dos materiais necessrios, baseado em previses de consumos.

    O modelo visa assegurar os menores custos de produo e de aprovisionamento, mas podeimplicar uma acumulao de stocks (de materiais consumveis e de produtos acabados), comconsequncias no agravamento do custo de posse.

    Neste modelo de gesto, as previses de consumos so calculadas a partir da anlise estatsticade dados histricos ou anterioridades e o clculo das necessidades logsticas so independentes.

    Este modelo pode aplicar-se quando:

    A procura uniforme;

    O contexto ou ambiente externo (macro e microambiente) relativamente estvel;

    A especificao do(s) produto(s) est bem definida e estabilizada;

    A poduo contnua (flow production) ou por lotes (batch production).

    Exemplo

    1. O modelo de gesto por anlise estatstica pode aplicar-se na produo de bens de grandeconsumo corrente, tais como:

    Massas alimentcias;

    Bolachas;

    Iogurtes;

    Detergentes.

    O modelo designado de push, na medida em que a empresa aps a produo, empurra oproduto para o mercado, atravs de tcnicas de venda.

    Figura I.8 - No modelopush o produto empurrado para o mercado

    FbricaMercado

    Produto

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    I24

    Modelo de Gesto por Encomenda ou Modelo P u l l

    Este modelo de gesto oposto ao anterior, na medida em que as quantidades a produzir resultam

    de encomendas firmes de clientes ou de contratos.

    Em termos econmicos, este modelo tem vantagens sobre o modelopush, porque se a produo ea distribuio de produtos forem realizadas de acordo com a procura real, gera-se um nvel maisbaixo de existncias, stocks de segurana reduzidos ou mesmo nulos, o que influenciafavoravelmente o custo de posse, isto , este diminui. Contudo, os custos de distribuio podemsubir, na proporo de mais fretes com menos capacidade utilizada.

    Neste modelo o clculo das necessidades logsticas so dependentes.

    Este modelo pode aplicar-se quando:

    A especificao do(s) produto(s) est bem definida, embora adaptada exigncia especfica docliente;

    A produo por encomenda (job production).

    Exemplo

    1. O modelo de gesto por encomenda pode aplicar-se na produo de bens de equipamento, taiscomo:

    Equipamento de movimentao

    (Exemplo: Duas pontes rolantes industriais para cliente X)

    Equipamento de carga e transporte

    (Exemplo: Um camio pesado do modelo M para cliente Y)

    Modelopull

    O modelo designado de pull, na medida em que a encomenda do cliente que puxa aproduo, isto , o produto s fabricado depois de encomendado pelo cliente.

    Figura.I.9 - No modelopulla encomenda do cliente puxa a produo

    O modelopullest frequentemente integrado numa filosofia de gesto global Just-In-Time (JIT).

    FbricaCliente

    Encomenda

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

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    A Gesto JIT

    Umaempresa pode adoptar os princpios da filosofia JIT desenvolvida, na dcada de 60, no Japopelo hoje lendrio Taiichi Ohnawas.

    JIT3 (Just-In-Time) uma filosofia de gesto global, centrada no mercado, cujo princpiofundamental "produzir quando e apenas o que o cliente necessita ou deseja e aprovisionarquando e apenas o necessrio e suficiente para garantir aquela produo.

    A gesto JIT prope-se alcanar os 6 objectivos seguintes:

    Zero existncias em armazm;

    Zero defeitos durante a fabricao;

    Zero avarias dos equipamentos em produo;

    Zero acidentes com o pessoal; Zero atrasos e prazos curtos;

    Zero papel em circulao;

    e tem-se mostrado geradora de competitividade.

    Aaplicao da filosofia JIT no exige produo repetitiva, nem dimenso mnima da empresa, neminvestimento excessivamente elevado em novas tecnologias, mas uma "atitude econmica".

    Modelo Misto

    Modelo MRP

    O modelo misto tambm designado modelo de gesto MRP (Material Requirements Planning) foidesenvolvido, na dcada de 60, nos EUA e considera-se misto porque recorre ao clculo denecessidades logsticas independentes para um horizonte temporal de mdio prazo e denecessidades dependentes para um horizonte de curto prazo.

    Como vimos:

    Clculo de necessidades independentes um modelo de base estatstica, que estabeleceprevises de procura e de consumo (produtos acabados e materiais consumveis) a partir dainformao histrica (anlise estatstica de anterioridade).

    Clculo de necessidades dependentes um modelo que permite calcular as necessidades demateriais consumveis a partir das nomenclaturas dos produtos encomendados.

    3 Os autores que abordam o JIT no explicitam, normalmente, nos objectivos, o zero acidentes; no entanto, dada a sua relevncia emPortugal, decidimos evidenci-lo.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

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    I26

    Resumo

    1. Numa empresa pode considerar-se dois tipos de materiais: recursos materiais (input) eprodutos acabados (output).

    2. Os recursos materiais podem subdividir-se em materiais consumveis, que so objecto de

    processamento (por exemplo, matrias primas) e materiais de utilizao permanente, que soimobilizado, no consumveis (por exemplo, equipamento).

    3. Define-se stock como o conjunto de materiais consumveis armazenados e valorizados emexistncias.

    4. Neste captulo, foram, ainda, classificados os materiais de stock em matrias primas,componentes, produo em curso, semiacabados, produtos acabados, subprodutos, materiaissubsidirios e materiais de embalagens (primrias, secundrias, tercirias).

    5. Definiu-se como o output ou resultado de um processo e classificou-se os produtos em benstangveis e bens intangveis ou servios.

    6. Os bens tangveis subdividem-se em bens de consumo e bens industriais.

    7. A funo Aprovisionamento compreende as operaes que permitem disponibilizar em tempooportuno, na quantidade e qualidade pr-definidas, todos os recursos materiais e serviosprovenientes do exterior da organizao e necessrios ao seu funcionamento, ao menor custo.

    8. Depois de descrito o mbito da funo aprovisionamento e justificada a respectiva importncia,foram apresentadas alternativas de posicionamento do Departamento de Aprovisionamentosna estrutura organizacional da empresa, como rgo autnomo na dependncia da DirecoGeral ou integrado num Departamento de Logstica.

    9. O U.S. Council of Logistics Management adoptou para logstica a definio seguinte: oprocesso estratgico (porque gera valor reconhecido pelos clientes, criando vantagemcompetitiva sustentada) de planeamento, organizao e controlo, eficaz e eficiente, dos fluxos

    e armazenagem de materiais (matrias primas, componentes, produo em curso, produtossemiacabados e acabados) e de informao relacionada, desde a origem (fornecedores) atao destino final (consumidores) visando maximizar a satisfao das necessidades dos clientes,externos e internos.

    10. A logstica pode ser considerada uma fonte de vantagem competitiva na medida em que geradiferenciao atravs:

    11. Da qualidade do servio prestado aos clientes;

    12. Do planeamento global e integrado de cada negcio que permite optimizar objectivosestratgicos a alcanar;

    13. Da seleco criteriosa de fornecedores e contratao adequada;

    14. Da gesto optimizada da entrada e sada de materiais/produtos;

    15. Da gesto optimizada dos transportes e das movimentaes dos materiais/produtos.

    16. Um sistema logstico, eficiente e eficaz, planeia, organiza e controla integradamente, fluxosmateriais e informacionais.

    17. A gesto de stocks determina quando e quanto se deve encomendar de cada artigo do stock.

    18. Relacionados com a gesto de stocks esto trs factores importantes, a saber:

    19. Conceito de procura, como origem das necessidades de materiais;

    20. Conceitos de custos, nomeadamente, os seguintes:

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoI

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    21. - Custo de posse,

    22. - Custo de efectivao das encomendas,

    23. - Custo de aquisio,

    24. - Custo de rotura de stock.

    25. Conceito de prazo de aprovisionamento ou de disponibilizao do material.

    26. Relativamente aos modelos de gesto de aprovisionamento foram caracterizados osseguintes:

    27. Modelo push de gesto por anlise estatstica, que calcula necessidades logsticasindependentes;

    28. Modelo pull de gesto por encomenda, que calcula necessidades logsticas dependentes, eest normalmente integrado numa filosofia de gesto global JIT;

    29. Modelo misto de gesto MRP, que recorre ao clculo de necessidades logsticasindependentes, para horizontes temporais de mdio prazo, e de necessidades dependentes

    para horizontes de curto prazo.30. JIT (Just-In-Time uma filosofia de gesto global, centrada no mercado, cujo princpio

    fundamental "produzir quando e apenas o que o cliente necessita ou deseja e aprovisionarquando e apenas o necessrio e suficiente para garantir aquela produo.

    31. A gesto JIT prope-se alcanar os 6 objectivos seguintes:

    32. Zero existncias em armazm;

    33. Zero defeitos durante a fabricao;

    34. Zero avarias dos equipamentos em produo;

    35. Zero acidentes com o pessoal;

    36. Zero atrasos e prazos curtos;

    37. Zero papel em circulao;

    38. e tem-se mostrado geradora de competitividade.

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

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    I28

    Questes e exerccios

    1. Defina os principais tipos de recursos materiais indispensveis aos processos de uma empresaindustrial.

    2. Distinga stocks de existncias.

    3. Apresente uma classificao dos bens tangveis.

    4. Descreva o mbito da funo aprovisionamento.

    5. Justifique a importncia da funo aprovisionamento.

    6. Descreva, sumariamente, a estrutura organizacional e as funes de um Departamento deLogstica.

    7. Represente, esquematicamente a cadeia logstica (externa) de uma empresa do sector industrial

    do calado e demonstre a sua importncia para o desenvolvimento da competitividade.

    8. Explique como se integra a funo aprovisionamento no processo logstico.

    9. Indique as principais atribuies da gesto de stocks.

    10. Caracterize os principais factores a considerar na gesto de stocks.

    11. Classifique e distinga as necessidades logsticas.

    12. Compare os modelos de gestopush epull.

    13. Caracterize sumariamente o modelo misto.

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    I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO IEFP

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    Resolues

    1. Os materiais de inputou recursos materiais so indispensveis ao(s) processo(s) produtivo(s)e so de dois tipos:

    Materiais consumveis que so objecto de processamento interno na empresa tais como:matrias primas, materiais subsidirios, material de embalagem;

    Materiais de utilizao permanente que so imobilizado, ou seja, materiais que no soconsumidos no processo produtivo, mantendo-se ao dispor deste durante vrios ciclos detransformao.

    Numa empresa comercial os bens transaccionados designam-se por mercadorias, no estandosujeitos a qualquer transformao dentro da empresa.

    2. Stockou stocks o conjunto de materiais consumveis ou de produtos ou de mercadoriasacumulados, espera de uma utilizao posterior, mais ou menos prxima, e que permiteassegurar o fornecimento aos utilizadores quando necessrio. So os elementospatrimoniais classificados e valorizados em existncias.

    3. Os bens tangveis podem classificar-se nos domnios seguintes:1. Bens de consumo

    a. Bens no duradouros ou bens de grande consumo correnteConsumo regular (Ex.: leite; gua de distribuio comunitria Utility)Consumo de emergncia (Ex.: antibitico)Consumo de impulso (Ex.: pipocas)Consumo sazonal (Ex.: protector solar)

    b. Bens duradouros

    Consumo regular (Ex.: electrodomstico)Consumo sazonal (Ex.: fato de banho)

    2. Bens ou produtos industriais (utilizados na produo de outros produtos) ou recursosmateriais

    a. Matrias primasb. Componentesc. Subconjuntos e produtos intermdios (semiacabados)d. De suporte

    InstalaesBens de equipamento fabril (fixos e mveis, pesados e ligeiros)

    Bens de equipamento de escritrioFerramentas e instrumentao

    NotaPode, ainda, classificar-se os produtos industriais nos domnios seguintes:

    Produtos no diferenciados;

    Produtos diferenciados;

    Produtos normalizados;

    Produtos especializados.

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    I30

    4. A funo aprovisionamento compreende o conjunto de operaes que permitem pr disposio da empresa em tempo oportuno, na quantidade e na qualidade definidas, todosos recursos materiais e servios necessrios ao seu funcionamento, ao menor custo. Paraalm das actividades de seleco e qualificao de fornecedores, de negociao, decontratao e de compra de recursos materiais e servios, de gesto de stocks, a funo

    aprovisionamento ainda inclui nas suas atribuies: a recepo de materiais, aarmazenagem, o aviamento de requisies e o envio/transporte de materiais para estaleirosonde decorrem obras ou a expedio para subempreiteiros.

    5. Uma boa gesto da funo aprovisionamento pode ser fonte de vantagem competitivapara a organizao, na medida em que contribui para :

    Gerar diferenciao face concorrncia, atravs de uma seleco criteriosa defornecedores qualificados que assegurem a qualidade dos fornecimentos e serviosprestados;

    Reduzir os custos e os prazos de entrega dos produtos (bens tangveis e servios)

    fornecidos atravs de contratao adequada, de gesto econmica dos stocks, dearmazenagem e expedio convenientes.

    6.

    Logstica o processo estratgico (porque gera valor reconhecido pelos clientes, criandovantagem competitiva sustentada, na medida em que acrescenta diferenciao, aumenta aprodutividade e a rendibilidade) de planeamento, organizao e controlo, eficaz e eficiente, dosfluxos e armazenagem de materiais (matrias primas, componentes, produo em curso,produtos semiacabados e acabados) e de informao relacionada, desde a origem(fornecedores) at ao destino final (consumidores) visando maximizar a satisfao dasnecessidades dos clientes, externos e internos.

    Se for aceite esta abrangncia para a actuao de um Departamento de Logstica, esta podeenglobar, na empresa produtora, as actividades de seleco e pr-qualificao de fornecedores; deplaneamento geral de operaes e de programao do aprovisionamento, da produo e dadistribuio; de compra, recepo e armazenagem dos materiais; de movimentao e controlo dosmateriais at aos centros de produo e dos produtos finais atravs dos canais de distribuio. E,ainda, toda a gesto e tratamento da informao associada.

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    7.

    Fonte de vantagem competitiva:

    Gerao de diferenciao atravs do servio prestado aos clientes/consumidores;

    Gerao de diferenciao atravs do planeamento global e integrado de cada negciovisando objectivos estratgicos ambiciosos, mas realistas;

    Gerao de diferenciao atravs da seleco criteriosa de fornecedores e contratao

    adequada;

    Gerao de diferenciao atravs da gesto optimizada da entrada e sada demateriais/produtos;

    Gerao de diferenciao atravs da gesto optimizada dos transportes e dasmovimentaes dos materiais/produtos.

    Venda dematerial

    Expediode material

    Compra dematerial

    Transform.de material

    Transportede material Recepo

    Armazenagem

    Depsito deproduto

    Expediode produto

    Compra deproduto Transporteprimrio Venda deprodutoArmazenagemRecepo

    GROSSISTA

    Picking Expedio

    RetmRecepoCompra deproduto

    Transportesecundrio

    Ponto deVenda

    RETALHISTA

    CONSUMIDOR

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    I32

    8. Se a empresa cria um Departamento de Logstica, o organograma geral da empresa podeser do tipo seguinte.

    Nesta soluo, em que um Departamento de Logstica inclui as funes de aprovisionamento e dedistribuio, ele integra os interfaces com o exterior e assegura a armazenagem e o transporte detodos os materiais, das matrias-primas aos produtos acabados.

    A funo gesto de stocks tem como principais atribuies:

    A determinao das quantidades ptimas a encomendar para a constituio ou para arenovao dos stocks;

    estabelecimento das datas e da cadncia segundo a qual convm efectuar essadeterminao;

    A organizao administrativa e fsica dos stocks.

    10. Na gesto de stocks h trs importantes factores a considerar:

    A procura;

    Os custos;

    Os prazos.

    11. Em termos gerais podemos definir:

    Necessidade logstica - toda a solicitao de natureza material ou de servio, que visasatisfazer quantitativa, qualitativa e temporalmente, qualquer requisito de carncia a jusante do

    fluxo material, no cumprimento de um objectivo organizacional.

    Estas necessidades logsticas podem ser de dois tipos:

    Necessidades dependentes;

    Necessidades independentes.

    A sua diferena reside no modo como foram originadas em termos de procura e da finalidade quetm em vista suprir.

    DIRECOGERAL

    DP. TCNICODP.

    LOGSTICADP. ADMINIST.FINANCEIRO

    DP.COMERCIAL

    VENDAS DISTRIBUI. CONCEP.MARKETING APROVISION.

    FABRIC. CONT.S.

    ADM.TES.

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    Necessidades Dependentes

    H casos em que a empresa recebe encomendas de quantidades bem determinadas de produto(s)acabado(s) com prazo(s) de entrega definidos ou satisfaz cadernos de encargos, ou ainda como no

    caso do exemplo da fbrica de jantes, em que de incio so conhecidas as quantidades do produtoa fornecer e a cadncia de entrega, verifica-se que as necessidades resultam directamente daprocura.

    Assim, podemos definir:

    Necessidade Dependente - Toda a necessidade logstica a jusante do circuito material,perfeitamente determinada e resultante de:

    Encomenda(s) de produto(s) com quantidade(s) e prazo(s) de entrega bem definidos.

    Encomenda(s) de produto(s) de procura decorrente e cadncia de entrega determinada.

    Encomenda(s) de produto(s) cuja especificao e prazo de entrega so fixado(s) (segundocaderno de encargos).

    Necessidade Independente

    H casos em que as necessidades logsticas tm origem em valores aleatrios, como os dadosresultantes das anlises estatsticas de vendas, e so para utilizao posterior com o prazo deutilizao indeterminado.

    o que acontece nos armazns de Aprovisionamento, cuja existncia resulta de uma gesto destocks, baseada em previses de consumo considerado aleatrio.

    Tambm, na definio de quantidades de material a fabricar, em que a nica base de clculoprevisional o conhecimento da procura do produto e da evoluo das vendas que indica em quefase do ciclo de vida se encontra.

    Assim, podemos definir:

    Necessidade Independente - Toda a necessidade logstica a jusante do fluxo material, resultantede previso estatstica, baseada em histricos, ou no conhecimento da procura do produto e dorespectivo ciclo de vida, com prazo de utilizao indeterminado.

    12.

    Modelo de Gesto por Anlise Estatstica ou Modelo P u s h

    Este modelo conduz ao clculo de lotes econmicos de fabricao de produtos e de quantidadeseconmicas de encomenda dos materiais necessrios, baseado em previses de consumos.

    O modelo visa assegurar os menores custos de produo e de aprovisionamento, mas podeimplicar uma acumulao de stocks (de materiais consumveis e de produtos acabados), comconsequncias no agravamento do custo de posse.

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    Neste modelo de gesto, as previses de consumos so calculadas a partir da anlise estatsticade dados histricos ou anterioridades e o clculo das necessidades logsticas so independentes.

    Este modelo pode aplicar-se quando:

    A procura uniforme;

    O contexto ou ambiente externo (macro e microambiente) relativamente estvel;

    A especificao do(s) produto(s) est bem definida e estabilizada;

    A poduo contnua (flow production) ou por lotes (batch production).

    O modelo designado de push, na medida em que a empresa aps a produo, empurra oproduto para o mercado, atravs de tcnicas de venda.

    Modelo de Gesto por Encomenda ou Modelo P u l l

    Este modelo de gesto oposto ao anterior, na medida em que as quantidades a produzir resultamde encomendas firmes de clientes ou de contratos.

    Em termos econmicos, este modelo tem vantagens sobre o modelopush, porque se a produo ea distribuio de produtos forem realizadas de acordo com a procura real, gera-se um nvel maisbaixo de existncias, stocks de segurana reduzidos ou mesmo nulos, o que influenciafavoravelmente o custo de posse, isto , este diminui. Contudo, os custos de distribuio podemsubir, na proporo de mais fretes com menos capacidade utilizada.

    Neste modelo o clculo das necessidades logsticas so dependentes.

    Este modelo pode aplicar-se quando:

    A especificao do(s) produto(s) est bem definida, embora adaptada exigncia especfica docliente;

    A produo por encomenda (job production).

    FbricaMercado

    Produto

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    O modelo designado de pull, na medida em que a encomenda do cliente que puxa aproduo, isto , o produto s fabricado depois de encomendado pelo cliente.

    O modelopullest frequentemente integrado numa filosofia de gesto global Just-In-Time (JIT).

    A Gesto JIT

    Umaempresa pode adoptar os princpios da filosofia JIT desenvolvida, na dcada de 60, no Japopelo hoje lendrio Taiichi Ohnawas.

    JIT3 (Just-In-Time) uma filosofia de gesto global, centrada no mercado, cujo princpiofundamental "produzir quando e apenas o que o cliente necessita ou deseja e aprovisionarquando e apenas o necessrio e suficiente para garantir aquela produo.

    A gesto JIT prope-se alcanar os 6 objectivos seguintes:

    Zero existncias em armazm;

    Zero defeitos durante a fabricao; Zero avarias dos equipamentos em produo;

    Zero acidentes com o pessoal;

    Zero atrasos e prazos curtos;

    Zero papel em circulao;

    e tem-se mostrado geradora de competitividade.

    Aaplicao da filosofia JIT no exige produo repetitiva, nem dimenso mnima da empresa, nem

    investimento excessivamente elevado em novas tecnologias, mas uma "atitude econmica".

    3 Os autores que abordam o JIT no explicitam, normalmente, nos objectivos, o zero acidentes; no entanto, dada a sua relevncia emPortugal, decidimos evidenci-lo.

    FbricaCliente

    Encomenda

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    IEFP I. OS STOCKS E A FUNO APROVISIONAMENTO

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    I36

    13.

    Modelo Misto

    Modelo MRP

    O modelo misto tambm designado modelo de gesto MRP (Material Requirements Planning) foidesenvolvido, na dcada de 60, nos EUA e considera-se misto porque recorre ao clculo denecessidades logsticas independentes para um horizonte temporal de mdio prazo e denecessidades dependentes para um horizonte de curto prazo.

    Como vimos:

    Clculo de necessidades independentes um modelo de base estatstica, que estabelece

    previses de procura e de consumo (produtos acabados e materiais consumveis) a partir dainformao histrica (anlise estatstica de anterioridade).

    Clculo de necessidades dependentes um modelo que permite calcular as necessidades demateriais consumveis a partir das nomenclaturas dos produtos encomendados.

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    APROVISIONAMENTOE GESTO

    DE STOCKS

    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoII

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    Objectivos

    No final deste unidade temtica o formando deve estar apto a:

    Descrever o mbito e o enquadramento estrutural da gesto fsica dos stocks na rea doaprovisionamento;

    Especificar os requisitos de uma gesto fsica dos stocks eficiente;

    Caracterizar a funo armazenagem e os seus princpios gerais;

    Classificar os armazns;

    Descrever as actividades e os principais mtodos da organizao fsica dos stocks.

    Temas

    1. mbito e Enquadramento Estrutural da Gesto Fsica dos Stocks

    2. Requisitos de uma Gesto Fsica dos Stocks Eficiente

    3. Funo Armazenagem: mbito e Princpios Gerais

    4. Classificao de Armazns

    5. O Armazm como Espao Fsico Organizado: Mtodos e Tcnicas

    Resumo;

    Questes e exerccios;

    Resolues.

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    IEFP II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOSSTOCKS

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    II40

    1. MBITO E ENQUADRAMENTO ESTRUTURAL DA GESTO FSICA DOS STOCKS

    mbito da Gesto Fsica dos S t o c k s

    gesto fsica dos stocks compete assegurar que as operaes realizadas com os materiais,desde a sua entrega na empresa at sua sada de armazm, sejam executadas com eficincia,isto , ao menor custo e em tempo oportuno.

    A gesto fsica dos stocks tem como principais atribuies:

    Recepcionar os materiais aprovisionados;

    Armazenar e conservar os stocks;

    Aviar ou expedir os materiais armazenados.

    Enquadramento Estrutural da Gesto Fsica dos S t o c k s

    As atribuies dagesto fsica dos stocks podem estar concentradas num nico rgo estrutural ou

    repartidas por vrios rgos ou servios, como por exemplo os seguintes:

    Recepo,

    Armazns,

    Expedio.

    Em empresas de pequena dimenso, normalmente existe um nico rgo estrutural, devendo, noentanto, manter-se a separao fsica daqueles servios.

    Em empresas de maior dimenso podem existir vrios rgos responsveis pela gesto fsica dos

    stocks, devendo haver uma dependncia hierrquica e funcional do responsvel pela funoaprovisionamento, como foi descrito no captulo I (ver I.4).

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

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    2. REQUISITOS DE UMA GESTO FSICA DOS STOCKS EFICIENTE

    Uma eficiente gesto fsica de stocks deve obedecer aos seguintes requisitos: Proporcionar uma eficiente recepo dos materiais

    - Boas condies para a execuo rpida e cuidada das funes administrativas da recepo;

    - Espao adequado para descarga, para a eventual desembalagem, e para os controlosquantitativos e qualitativos;

    - Sada facilitada e desimpedida para os locais de armazenamento.

    Dispor de meios adequados de movimentao e transporte interno

    - Pavimentos em bom estado;

    - Corredores amplos;

    - Meios de transporte interno adequados aos espaos disponveis para a movimentao e aosartigos a movimentar.

    Dispor de meios e espao devidamente adequado ao armazenamento e guarda

    - rea disponvel com condies de temperatura, humidade, arejamento, ajustado conservaodos artigos armazenados;

    - Equipamento de armazenamento adaptado aos locais e aos materiais;

    - Ps-direitos e pavimentos adequados ao eventual empilhamento dos artigos;

    - Construo e dimenso que facilite a rotao dos artigos.

    Possibilitar e facilitar a sada rpida dos artigos do armazm

    - Pouca burocracia;

    - Itinerrios de sada desimpedidos;

    - Espaos curtos a percorrer em especial para os materiais com maior sada/rotao, volumeou massa;

    - Sada fcil da pilha ou prateleira;

    - Contagem local facilitada;

    - Meios de movimentao rpidos e seguros;

    - Localizao e acesso ao material armazenado facilitados.

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    II42

    Prever, organizar e manter a segurana de pessoas e bens

    - Instalaes passveis de ser facilmente limpas e higienizadas com apropriados sistemas dedrenagem (dos produtos de lavagem);

    - Sistemas de exausto (gases, fumos, cheiros), de renovao e/ou purificao do ar, declimatizao (controlo e regulao da temperatura, humidade, ...);

    - Sistemas de deteco de fugas de gases, poeiras, incndios, inundaes, derrames de leosou outros fludos escorregadios ou perigosos;

    - Sistemas de proteco contra insectos e roedores;

    - Sistemas de sinalizao dos perigos para pessoas e bens;

    - Uso de cores de advertncia e cartazes com instrues de segurana;

    - Sinalizao de sadas de emergncia desimpedidas.

    Nota

    Os sistemas a activar dependem dos materiais armazenados.

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

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    3. A FUNO ARMAZENAGEM: MBITO E PRINCPIOS GERAIS

    mbito da Funo Armazenagem

    funo armazenagem compete preservar em boas condies os materiais armazenados erealizar o aviamento rapidamente e nas melhores condies de segurana.

    Factores condicionantes

    Existe um vasto conjunto de factores, que condicionam a seleco do mtodo de armazenagem,dos quais se realam os seguintes:

    Rotatividade dos materiais;

    Volume e peso;

    Valor;

    Ordem de entrada/sada;

    Acondicionamento e embalagem;

    Fragilidade/robustez;

    Perecividade.

    Princpios Gerais de Armazenagem

    H dois princpios gerais a que correspondem dois tipos bsicos de armazenagem, que podemcoexistir num mesmo armazm:

    Armazenagem com lugar pr-definido; Armazenagem sem lugar pr-definido.

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    II44

    Armazenagem com lugar pr-definido

    Este sistema obedece ao princpio de um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar.Todos os materiais tm o seu espao perfeitamente identificado para serem colocados e no

    podem ser armazenados noutro stio.

    Vantagens:

    - Fcil localizao dos materiais;

    - Os materiais idnticos esto juntos.

    Inconvenientes:

    - Desperdcio de espao visto que cada material tem o seu lugar cativo, para o seu nvel mximode stock. Pode dizer-se que normalmente 40% do volume til para armazenar se encontra vazio.

    - Um material colocado em stio errado fica eventualmente perdido.

    Armazenagem sem lugar pr-definido ou Armazenagem catica

    Este sistema obedece ao princpio de seja qual for no stio disponvel. Nos espaos livres podecolocar-se qualquer material, no existindo lugares marcados, mas critrios gerais delocalizao.

    Vantagens:

    - Aproveitamento mximo dos espaos;

    - Facilita a operao de arrumao dos materiais.

    Inconvenientes:

    - Exige registo e controlo rigoroso da localizao dos materiais (armazm inteligente);

    - Pode aproximar materiais incompatveis ou que se contaminem, se no forem cumpridosdeterminados procedimentos.

    Nota

    Este tipo de armazenagem frequentemente utilizado em materiais de compra directa para obras,que em princpio s entram em armazm uma vez (encomenda e recepo nicas), embora,possam sair em parcelas, mas, at esgotar a quantidade em stock.

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    4. CLASSIFICAO DE ARMAZNS

    Categorias de Armazns

    Genericamente e atendendo funo desempenhada, os armazns classificam-se em trs grandescategorias:

    Armazns industriais

    Armazns Industriais - so armazns destinados arrumao: das matrias-primas; dasferramentas; dos materiais em curso de fabricao; dos componentes e dos subconjuntos; dosprodutos acabados e, em princpio, por acondicionar em embalagem de transporte.

    Armazns de distribuio

    Armazns de Distribuio - so os armazns, que integram o circuito de comercializao dosprodutos de uma empresa ou grupo de empresas, podendo ficar situados:

    - Na rea de distribuio dos clientes;

    - Junto s unidades de produo;

    - Em posio intermdia estratgica.

    Entrepostos

    Entrepostos - so espaos de armazenagem pertena de entidades privadas ou estatais,independentes dos proprietrios dos materiais neles armazenados, a ttulo temporrio, medianteacordo ou contrato.

    Tipos de Armazns

    Pode considerar-se que existem trs tipos de armazns:

    Armazns cobertos

    Armazns cobertos - so edifcios ou espaos abrigados com caractersticas adequadas(exemplo: climatizados) e equipamento especfico (exemplo: ponte rolante, empilhador);

    Parques

    Parques - so espaos a cu aberto com a rea bem definida e demarcada, com meiosadequados arrumao e movimentao dos materiais (exemplo: porta-contentores) onde estesso arrumados segundo princpios e critrios de armazenagem (ver II.3.);

    reas livres

    reas livres - so locais que eventualmente ou a ttulo permanente, se destinam a arrumaesou esperas transitrias, no sendo vedados, nem exigindo critrios de arrumao.

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    II46

    5. ARMAZM COMO ESPAO FSICO ORGANIZADO: MTODOS E TCNICAS

    As Actividades do Armazm

    Os materiais recepcionados so entregues ao armazm de destino que os:

    Movimenta;

    Arruma;

    Conserva e Protege;

    Avia e ocasionalmente os expede ou prepara para os expedir, solicitando a expedio ao rgoresponsvel por essa actividade;

    Realiza, periodicamente, o saneamento das existncias suprfluas, sobras e monos que ocupamdesnecessariamente espaos teis.

    Assim,

    Armazm - todo o espao coberto ou descoberto, adequado e responsabilizado, para aarrumao ordenada dos materiais da empresa - stocks e outros - necessrios ao circuito produtivo,o qual dispe de todo o equipamento apropriado :

    Movimentao - meios de manobra ou de transporte,

    Conteno - estruturas e receptculos adequados para guardar os materiais com o mnimo riscode deteriorao.

    Na anlise e estudo dos armazns no pode ser dissociado o binmio espao/movimento, visto serele que condiciona toda a dinmica da armazenagem, fundamentalmente a escolha do local dearrumao mais conveniente - o que induz menores custos logsticos. No se pode alhear do factodestes custos irem influir os parmetros da gesto econmica de stocks, contribuindo para areteno de maiores ou menores quantidades.

    Unidade de Trabalho

    Define-se:

    Unidade de trabalho caracterstica dos armazns como o produto (aritmtico) = tonelada xmetro.

    Note-se a correspondncia desta medida com a do trabalho humano, por exemplo: hora x homem.

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

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    A Organizao dos Armazns

    Parmetros da armazenagem

    A organizao dos armazns depende do conhecimento dos seguintes parmetros:

    A localizao, na planta da empresa, dos diversos sectores utilizadores dos materiaisarmazenados;

    As distncias a percorrer pelos materiais nos armazns;

    Os meios de movimentao mais convenientes para cada caso concreto;

    As exigncias de proteco/conservao dos materiais armazenados.

    Tipos de Organizao

    1. Armazm nico - neste sistema o armazm central ou geral recolhe todos os materiais dostocke os de compra directa (ver IV.3) para incorporao nos processos de fabrico.

    2. Armazns descentralizados - neste sistema de armazenagem os materiais encontram-serepartidos por diversos armazns, segundo critrios de proximidade dos utilizadores.

    3. Armazns especializados - neste sistema de armazenagem os materiais encontram-serepartidos por diferentes armazns, segundo os tipos de materiais: matrias-primas,componentes, ferramentas, ...

    4. Soluo mista - neste sistema pretende aproveitar-se as vantagens de cada um dos casosprecedentes e atenuar as respectivas desvantagens. o caso concreto de pequenos armaznssatlites de oficinas, abastecidos pelo armazm central que, em muitos casos, at podem servolantes.

    O Equipamento de Armazenagem

    A seleco do equipamento de armazenagem deve ter em considerao os seguintes factores:

    As caractersticas dos artigos a armazenar - forma, dimenso, peso, volume, resistncia, etc.;

    Mxima utilizao do espao do armazm - armazenagem em altura;

    Flexibilidade de utilizao da capacidade de armazenagem;

    Garantia de segurana de utilizao.

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    IEFP II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOSSTOCKS

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    II48

    A Movimentao dos Materiais

    Movimentao - Consiste na deslocao fsica dos materiais utilizando o equipamentoadequado, nunca acima das suas capacidades ou em movimentos para os quais no foiconcebido, evitando assim riscos de danos fsicos e pessoais, em percursos que devem serrectilneos e de distncia mnima, assegurando, assim, custos inferiores.

    Regras para movimentaes

    Resumidamente, apresentam-se algumas regras prticas a observar nas movimentaes:

    Escolher os trajectos mais curtos e seguros, evitando-se cruzamentos;

    Coordenar a movimentao de modo a utilizar a capacidade mxima do equipamento (sem aultrapassar) e diminuindo a frequncia;

    Movimentar cargas suspensas com sinalizao (sonora e luminosa) e com toda a precauo afim de diminuir os riscos de acidentes pessoais, de danificao dos materiais ou do prprioequipamento;

    Minimizar a deslocao horizontal e vertical de artigos pesados e volumosos.

    A arrumao dos materiais

    Na arrumao dos materiais, a utilizao do espao til do armazm deve ser orientada no sentidoda ocupao da sua capacidade mxima, decorrendo deste princpio, a utilizao de todo o espaotil e sobretudo em altura - ocupao em volume - dentro dos limites estabelecidos pelas Normasda Segurana.

    A relao logstica volume til/rea total aumenta com a altura de arrumao. Entenda-se comovolume til, o volume efectivamente ocupado. No se consideram os espaos mortos e corredores.

    Arrumao - a actividade que consiste na disposio racional e criteriosa dos materiais nos

    dispositivos ou nos locais prprios do armazm.

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoII

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    O trabalho desenvolvido no armazm quantificado por:

    Desta relao, conclui-se que o nico factor que uma varivel do armazm a distncia (percursodo material no armazm) no fluxo material, desde que entra at ao aviamento ou expedio.Tanto o peso como a frequncia de movimentaes no dependem do armazm.

    Minimizao do custo logstico

    Para minimizar o trabalho e, consequentemente o custo logstico da armazenagem, devem ficarmais prximos da sada os materiais de maior frequncia de movimentos e destes os maispesados, os de maior volume e os de difcil movimentao.

    Nos locais mais afastados da sada sero colocados os materiais de fraca frequncia de sadas; osmonos e os que atravanquem as movimentaes interiores devido sua forma ou tamanho.

    Na arrumao em altura, dever-se- seguir o critrio da razo inversa do peso.

    Nas prateleiras ou em paletizao, os materiais mais pesados e de maior volume ocuparo osnveis inferiores.

    Nos nveis superiores, arrumar-se-o os materiais mais leves; os de menor dimenso; e sobretudoos mais cobiados.

    Administrativamente, o ponto mais importante da arrumao assenta na correspondncia directaentre cada item e o seu local de arrumao. Consegue-se resolver este problema, codificandosegundo um critrio adequado todos os locais e espaos do armazm.

    Trabalho do armazm = Peso x Distncia x Frequncia

    Peso dos materiais a movimentar

    (Ton, kg, ...)

    Distncia total percorrida pelos materiais

    (Metro)

    Frequncia de movimentao num perodo de tempo

    (N de deslocaes por semana)

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    IEFP II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOSSTOCKS

    Guia do Formando Aprovisionamento e Gesto de Stocks

    II50

    Cdigo de localizao de armazenagem

    Exemplo

    Um cdigo de localizao de um produto qumico, que se encontra arrumado no Armazm deProdutos Qumicos:

    Respeito por prazos

    Em cada local os materiais devero ser arrumados criteriosamente, de maneira que os materiaismais antigos devero ser os primeiros a sair, prevendo assim a hiptese de no ultrapassar datasde garantias ou prazos de validade.

    O posicionamento, atendendo forma do material, ser aquele que lhe confere uma posio demaior estabilidade, evitando-se assim menores riscos de danos.

    No local, todos os itens devem ter o respectivo cdigo de material.

    Anlise ABC

    Para a arrumao criteriosa, h necessidade de se fazer um plano de arrumao. Para isso deverealizar-se, em primeiro lugar, uma anlise ABC por frequncia de sadas para minimizar os custoslogsticos de armazenagem.

    Mtodos de Localizao

    Para facilitar a localizao dos materiais armazenados pode utilizar-se um dos mtodos seguintes:

    Mtodo da quadrcula;

    Mtodo dos corredores;

    Posio 2

    Prateleira B

    Estante 03

    Armazm de Produtos Qumicos

    Q 03 B 2

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    II. A GESTO E A ORGANIZAO FSICA DOS STOCKS IEFP

    Aprovisionamento e Gesto de Stocks Guia do FormandoII

    51

    Mtodo da Quadrcula

    Consiste em fazer uma quadrcula no armazm, identificando em cdigo sucessivamente as:

    Coordenadas da quadrcula;

    Prateleiras da estante em que se encontra o material.

    Exemplo

    A B C D E

    1

    2

    3

    Figura II.1 - Mtodo da Quadrcula

    Mtodo dos Corredores

    Consiste em considerar o armazm como uma cidade em que as estantes representam os edifcios

    e os corredores representam as ruas, identificando em cdigo, sucessivamente: A identificao da rua (corredor);

    A identificao do nmero do edifcio (mdulo da estante);

    A identificao do andar (nmero da prateleira e respectiva seco).

    A Conservao e Proteco dos Materiais

    Conservao - Consiste na preservao da qualidade dos materiais armazenados, assegurandoque ao serem utilizados esto em perfeitas condies, mantendo intactos todos os seusatributos, como as caractersticas fsico-qumicas, as formas e as dimenses.

    Material

    Estante

    Cdigo B2.2 - Material na quadrcula B2, na segunda prateleira

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    II52

    Pode considerar-se dois tipos de conservao:

    Conservao passiva

    Conservao passiva - que no implica qualquer interveno especial, mas apenas o bom sensoe o cuidado de quem arruma, para no colocar os materiais em situaes que s por si sejamfontes de danos, por mau posicionamento, ou juntar materiais incompatveis entre si, como osplsticos com as borrachas e tantos outros casos.

    Conservao preventiva

    Conservao preventiva - este tipo de conservao obriga a operaes sobre os materiais,conferindo-lhes um dispositivo de defesa contra os ataques dos agentes corrosivos, ou outrascausas de dano, como por exemplo de natureza mecnica.

    O tipo de proteco mais vulgarizada a embalagem, que visa assegurar estanquidade contra o

    meio ambiente e ao mesmo tempo permitir o amortecimento da aco de choques e quedas,diminuindo o risco de inutilizao.

    Nos materiais no embalados, podem ser aplicadas duas categorias de proteco, consoante o tipode material e o fim a que se destina:

    Proteco temporria

    Proteco temporria- trata-se de proteco que a normalmente aplicada em armazm, noalterando o estado superficial dos materiais, como a aplicao de vernizes, pelculas aderentes,produtos volteis ou gasosos, facilmente encontrados no mercado.

    Proteco permanente

    Proteco permanente - trata-se de um processo que j considerado uma operao de fabricocomo por exemplo: - a galvanizao, a lacagem, a pintura, a cadmiagem, a zincagem, etc. ...

    Notas

    Existem tintas e vernizes especiais do tipo shop-primerpara proteger alguns materiais enquantoesto armazenados ou s