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Grandes Culturas - Cultivar 141

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Fevereiro de 2011

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Doença mapeada........................10Conheça as regiões mais vulneráveisà ferrugem alaranjada em canaviaisdo estado de São Paulo

Destaques

Índice

Diretas 05

Doenças foliares em milho 06

Percevejo-barriga-verde em milho 08

Mapa da ferrugem alaranjada em cana 10

Corós em soja 14

Ferrugem em soja 16

Cuidados com a colheita de arroz 20

Mosca-branca em algodão 24

Ramulária em algodão 28

Broca-do-café 32

Coluna ANPII 36

Coluna Agronegócios 37

Mercado Agrícola 38

Colheita sem atropelos..........................20Colher de forma planejada, sem atrasos, é estratégia importante para os produtores de arroz evitarem prejuízos com pragas, plantas daninhas e doenças de final de ciclo

Expediente

REDAÇÃO

• EditorGilvan Dutra Quevedo

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• SecretáriaRosimeri Lisboa Alves

MARKETING E PUBLICIDADE

• CoordenaçãoCharles Ricardo Echer

Cultivar Grandes Culturas • Ano XIII • Nº 141 • Fevereiro 2011 • ISSN - 1516-358X

• VendasPedro BatistinSedeli Feijó

CIRCULAÇÃO• Coordenação

Simone Lopes• Assinaturas

Letícia Gasparotto Ariani Baquini

• ExpediçãoEdson Krause

GRÁFICAKunde Indústrias Gráficas Ltda.

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480Rua Sete de Setembro, 160, sala 702Pelotas – RS • 96015-300

DiretorNewton Peter

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00Assinatura Internacional:US$ 130,00Euros 110,00

Nossos Telefones: (53)

Nossas capas

Daniel Santos Grohs

Como prevenir...........................08Saiba como o tratamento de sementes pode ser utilizado para combater o percevejo-barriga-verde na cultura do milho

Hora de aplicar..........................16A interferência do momento daaplicação de fungicidas na lutacontra a ferrugem asiática

Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

• Geral3028.2000• Assinaturas:3028.2070• Redação:3028.2060

• Comercial:3028.20653028.20663028.2067

Charles Echer

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05www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2011

Diretas

Equipe A Dow Agrosciences, representada pelos engenheiros agrônomos Rogério Rubim, Otavio Torres, Carlos Mariot e Adriano Luiz Mercado, de Tocan-tins, participou do roteiro técnico realizado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), na lavoura de Carlos Alberto Iribarrem Júnior, em Capão do Leão (RS). Juntamente com a equipe estiveram dois consultores, da Impar Consultoria, localizada em Tocantins, região também produtora de arroz, que vieram conhecer o Projeto 10 desenvolvido pelo Irga.

Evento tecnológicoA GVS-Centro de Pesquisa e Tecnologia Agrícola promove, no dia 19 de março, o 2º GVS Tec, evento de difusão tecnológica que se consolida no cenário agrícola regional e nacional. O evento será na Rodovia GO-436 que interliga as regiões Sul e Sudeste, localizada no Km 51 à margem esquerda. O 2º GVS Tec abordará temas relativos ao controle fitossanitário, à adubação de cobertura e demonstrações de variedades das culturas de milho, soja, algodão e sorgo. Outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo site www.sigmaac.com.br ou pelo telefone (61) 3601-3070.

PrêmioCarlos Eduardo Schaedler, estudante do Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), conquistou o 2º lugar no prêmio “Graduate student (PhD) paper contest”, na Arkansas Crop Protection Association (ACPA), uma reunião técnica que ocorre anualmente no estado do Arkansas, Estados Unidos. O artigo premiado,

Carlos Eduardo Schaedler (dir.)

que integra seu doutorado, foi “Cross Resistance to ALS-Inhibitor Herbicides in Fimbristylis miliacea under Field Condi-tions in Southern Brazil”, orientado por José Alberto Noldin e co-orientado por Dirceu Agostinetto. Schaedler realiza doutorado sanduíche na Universidade do Arkansas, sob supervisão da profes-sora Nilda Burgos, e tem previsão de retorno ao Brasil em março deste ano.

LançamentosA Nufarm lança uma gama de inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas. A empresa apresenta também um novo conceito e posi-cionamento (N Soluções), com o objetivo de assinalar seus 50 anos de presença no mercado brasileiro, em 2011. “Estamos confiantes no futuro do Brasil e na competitividade do agronegócio, por isso vamos continuar investindo nos próximos 50 anos. Como fruto desta confiança, lançaremos 12 produtos já no primeiro semestre de 2011”, adianta o diretor de Marketing, Gilberto Schiavinato.

Marketing A Unidade de Proteção de Cultivos da Basf tem novo diretor de Marketing: o engenheiro agrônomo André Malzoni dos Santos Dias. “Acredito que a sólida experiência, adquirida em minha trajetória profissional, contribua para que a empresa atinja objetivos estraté-gicos e siga como modelo do setor” projeta Dias. Durante a carreira, Dias liderou a cria-ção de estratégias globais e regionais, além de programas de marketing voltados à criação de valor na cadeia do agronegócio.

ParticipaçãoA Ihara esteve presente pela primeira vez no Dia de Campo C.Vale e apresentou sua linha de produtos para manejo dos principais desafios enfrentados junto às culturas da região, tais como: manejo de plantas daninhas de difícil controle (destaque para a buva), Manejo de antracnose e mancha alvo na soja, controle de percevejos e lagartas e manejo de mosca branca. “Além disso, tiramos as dúvidas dos produtores e apresentamos os resultados do uso de nossos produtos no campo, que agradaram muito os visitantes do evento”, relatou o consultor técnico de Culturas da Ihara, Thiago José Rodrigues Asmar.

Novidades “Os visitantes que passaram pelo estande e pelos campos demons-trativos da Bayer CropScience no C.Vale puderam conhecer melhor as principais soluções e os resultados obtidos com o portfólio para as culturas de milho e soja“ relatou Everton Queiroz, gerente da Regional Cascavel, da Bayer CropScience. A empresa expôs, tam-bém, o inseticida CropStar, indicado para tratamento de sementes de soja e milho, além de proteger a fase inicial da lavoura do ataque de várias espécies de insetos-praga e dos nematoides.

Daniel Grohs

Roteiro técnicoO Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) realizou no dia 21 de janeiro um roteiro técnico na lavoura de Carlos Alberto Iribarrem Júnior, no município de Capão do Leão, no Rio Grande do Sul. Mais de 70 pes-

PresençaHeleno Facchin, responsável técnico e comer-cial da Milenia Agrociências na Região Leste do Rio Grande do Sul, esteve presente no roteiro técnico realizado na lavoura de Carlos Alberto Iribarrem Júnior, em Capão do Leão (RS). Para Facchin, esta interação com o produtor na lavoura é fundamental para conhecer suas necessidades.

José Mauro Guma

Heleno Facchim

André Malzoni dos S. Dias

soas participaram do evento. Entre os temas abordados pelos engenheiros agrônomos do Irga, Daniel Grohs e José Mauro Guma, estiveram uso de se-mentes certificadas, tratamento de sementes, estratégias de adubação, manejo de irrigação e manejo integrado de doença, rotação com soja e pastagem, sistema Clearfield, época e dinâmica de plantio.

AprovaçãoA Syngenta acaba de receber aprovação para o milho geneticamente mo-dificado que traz a combinação de eventos Bt11 x MIR 162 x GA21. As

novas sementes, com o evento triplo, estarão disponí-veis já na safra de 2011/12. “A possibilidade de reunir vários eventos em uma só semente traz mais valor ao produtor, já que reúne os benefícios da resistência a insetos e da tolerância a herbicidas”, avalia Laercio Giampani, diretor geral da Syngenta no Brasil. São os eventos Bt11 e MIR162 que conferem à planta resistência aos insetos, controlando inclusive a lagarta do cartucho, principal praga que atinge o milho no Brasil atualmente. Já o evento GA21 traz tolerância ao glifosato, o que garante ao agricultor mais comodidade na hora de aplicar herbicidas na lavoura.Laercio Giampani

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Milho

06 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Foco no controleCom o período da safrinha é hora de o produtor de milho estar atento à incidência de doenças

foliares. A aplicação de fungicidas no momento mais adequado, sem negligenciar atenção a aspectos como a cultivar escolhida pelo agricultor, a época de semeadura e a região onde está implantada a

lavoura, são algumas das ferramentas para o manejo eficiente desse complexo de doenças

A expressão da cultura do milho tem aumentado significativamente nas lavouras brasileiras, assim como a

frequência com que determinadas doenças ocorrem neste cereal, podendo causar prejuí-zos no rendimento ao redor de 40%.

Para que este impacto seja minimizado, alguns fatores são fundamentais nos momen-tos de planejamento e condução da cultura. Entre eles: o local e a época a serem semeadas (safra ou safrinha), a identificação e a quanti-ficação das doenças fúngicas que incidem na cultura do milho e a escolha das cultivares e o controle químico por meio de fungicidas. Os dois últimos pontos mencionados são alvos de intensos estudos a fim de encontrar as melhores combinações entre cultivares, de acordo com sua suscetibilidade às doenças e as fases de desenvolvimento da cultura que melhor respondem à aplicação de fungicidas, visando assim obter melhores índices de produtividade.

A ocorrência de doenças na cultura do milho começa desde a infecção em sementes até os grãos em fase de colheita. E é neste período que ocorre a incidência das doen-ças foliares que, provavelmente, acarretam maiores prejuízos quando não controladas de maneira eficiente.

Dentre as doenças foliares mais expressivas nos milharais brasileiros destacam-se quatro, sendo elas as ferrugens polissora (Puccinia polysora) e comum (Puccinia sorghi) e as manchas foliares cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) helmintosporiose (Helminthos-porium turcicum).

Ferrugem polissora (Puccinia polysora)A ferrugem polissora é uma doença

favorecida por temperaturas em torno de 27ºC, umidade alta e altitudes inferiores a 900 metros. Altitudes superiores a 1.200 metros são desfavoráveis ao desenvolvimento da doença.

Os sintomas da ferrugem polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais, de coloração marrom-claro, distribuídas, predominantemente, na face superior das folhas.

A doença está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo noroeste de Minas Gerais,

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07www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2011

Lesões que se desenvolvem paralelas às nervuras são características da cercosporiose

Fotos Maize Deseases

por São Paulo e por parte do Paraná.

Ferrugem comum (Puccinia sorghi)A ferrugem comum do milho é uma

doença favorecida por temperaturas entre 16ºC e 23ºC, alta umidade relativa e altitudes superiores a 900 metros, portanto, desenvolve-se em locais de clima ameno.

Caracteriza-se pela formação de pústulas de formato circular a alongado e coloração castanho-claro a escuro, que se acentua à medida que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. A ferrugem comum ocorre em toda a parte aérea da planta, mas em maior quantidade nas folhas. Seus sintomas são visíveis nas faces inferior e superior da folha, sendo estas as característi-cas que diferenciam a ferrugem comum da ferrugem polissora.

No Brasil, a doença tem ampla distribui-ção com severidade moderada, tendo maior severidade nos Estados da região Sul.

Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)São consideradas condições ideais para

o desenvolvimento da doença temperaturas entre 25ºC e 30oC e de umidade relativa do ar superior a 90%. Restos culturais de milho são importante fonte de inóculo e a disse-minação dos esporos ocorre por meio destes restos culturais, carregados pelo vento e por respingos de chuva.

Os sintomas da cercosporiose caracte-rizam-se por manchas de coloração cinza, predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se paralelas às nervu-ras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença, pode ocorrer necrose de todo o tecido e, em algumas situações de ataques severos, outros patógenos podem infectar o colmo, resultando na incidência de plantas acamadas na lavoura.

A doença está presente em praticamente todas as áreas de plantio de milho – no Centro-Sul do Brasil - e ocorre com alta severidade em cultivares suscetíveis.

Helmintosporiose (Helminthosporium turcicum)Os sintomas da helmintosporiose são

lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5cm a 15cm de comprimento, com a coloração do tecido necrosado variando de cinza a marrom. O mais típico para esta doença é que no inte-rior das lesões observa-se intensa esporulação do patógeno. Geralmente a doença começa por folhas mais velhas.

Este patógeno também tem capacidade de sobreviver em restos da cultura e a dissemi-nação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a longas distâncias. Temperaturas entre 18ºC e 27°C são favoráveis à helmintosporio-se, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar.

Medidas Para Controle de doenças Foliares eM MilHoA Bayer CropScience, como uma das

líderes na área de ciências agrícolas, tem desenvolvido e atualizado, de acordo com o lançamento de novas cultivares, uma meto-dologia que combina a cultivar escolhida pelo produtor, sua época de semeadura e região. Com base nestas informações é feita a reco-mendação para aplicação do fungicida foliar mais adequada para atender às necessidades dos produtores rurais.

As recomendações para o controle do complexo de doenças em milho são baseadas em três momentos de aplicação A, B e C, conforme descritos abaixo:

A – Aplicação foliar entre sete e oito folhas expandidas na cultura, visando a proteção da planta em regiões, épocas e cultivares em que as doenças podem ocorrer bem antes da fase

reprodutiva da cultura.B – Entre dez e 12 folhas expandidas na

cultura, visando a proteção daquelas folhas que têm o papel mais relevante no envio de fotoassimilados para o enchimento dos grãos, no momento em que a planta atingir a fase reprodutiva.

C – VT ou pré-pendoamento: esta apli-cação deverá ocorrer imediatamente antes do pendoamento do milho, visando controlar doenças que ocorrem de maneira mais tardia e mantendo a proteção das folhas mais pró-ximas da espiga.

É importante ressaltar que, ao longo de quatro épocas de pesquisas realizadas entre safras e safrinhas pelas equipes de Pesquisa e Desenvolvimento da Bayer CropScience, de maneira geral, no período considerado plantio de safra, as aplicações realizadas nos momentos A e B são as que mostram melhor resposta em eficácia e produtividade. Já para a época considerada safrinha, as aplicações realizadas nos momentos B e C são as que trouxeram os melhores benefícios.

Entre os fungicidas disponíveis, a combi-nação em apenas um produto dos ingredientes ativos tebuconazole e trifloxystrobrin tem apresentado excelentes respostas em termos de eficácia e incremento em produtividade, no programa de controle das doenças foliares do milho.

Nonononononoononon

Temperaturas entre 16ºC e 23ºC, altas umidades e alti-tudes superiores a 900m favorecem a ferrugem comum

Tecido necrosado, variando de cinza a marrom, é um dos sintomas da helmintosporiose

Mário Luckmann e Rafael Pereira,Bayer CropScience

CC

Hanhart, LAP NS 2009

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Milho

08 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Sem atrasosPara combater o percevejo-barriga-verde no milho o melhor caminho é a prevenção, através do tratamento de sementes. Aplicações atrasadas de inseticidas, dez dias a 15 dias após a emergência das plantas, podem se tornar ineficazes, pois mesmo que consigam controlar a praga, o dano ocorrerá se

a toxina já foi injetada

Nas duas épocas de cultivo do milho a ocorrência de doenças, plantas daninhas e

insetos-pragas, juntos ou individualmen-te, tem afetado significativamente o po-tencial produtivo da cultura. Grande nú-mero de insetos é encontrado na lavoura de milho, com algumas espécies causando sérios prejuízos aos agricultores.

De forma geral, verifica-se que os maiores problemas, devido ao ataque das pragas, ocorrem na etapa inicial do desenvolvimento das plantas, quando ainda apresentam pequeno número de folhas e porte reduzido. Nestas condições, ataques de insetos poderão danificar sen-sivelmente a cultura, bem como afetar drasticamente a produção.

As pragas iniciais atacam as sementes e plântulas do milho, provocam redução

no número de plantas na área cultivada e consequentemente do potencial produtivo das lavouras. Esses insetos são de hábitos subterrâneos ou superficiais e na maioria

das vezes passam despercebidos pelos agricultores, dificultando o emprego de medidas para o seu controle. Atualmente um número grande de pragas tem cau-sado problemas para a cultura, sendo o percevejo-barriga-verde uma das mais importantes, causando danos logo após a emergência das plantas.

O percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus Fabr, 1775), que era tido como praga secundária na cultura da soja, se tornou uma praga muito importante na cultura do milho, nas últimas safras.

Os insetos adultos e as ninfas injetam toxinas no colo das plântulas, durante o processo de alimentação, causando deformação, podendo levá-las à morte e/ou ao intenso perfilhamento, que são totalmente improdutivos.

Os agricultores precisam estar atentos ao momento mais adequado para se efetu-ar o controle desta praga, pois aplicações atrasadas de inseticidas, ou seja, passado o período de dez a 15 dias após a emergência das plantas, pode se tornar ineficaz, pois mesmo havendo o controle dos insetos, o dano irá ocorrer se a toxina já foi injetada. Portanto, a recomendação mais adequada para o controle do percevejo-barriga-verde é de forma preventiva, através do trata-mento de sementes.

objetivoO objetivo dessa pesquisa foi avaliar a

eficiência do tratamento de sementes com inseticidas, para o controle do percevejo-barriga-verde ocorrente na cultura do milho.

O trabalho foi desenvolvido pelo Gru-po de Experimentações e Recomendações Agronômicas, integrado por alunos de graduação da Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, Piracicaba - SP, estagiários do Departamento de Produção Vegetal, sob orientação do professor Geraldo José Apa-recido Dario e co-orientação do biólogo

Trabalho desenvolvido pelo Grupo de Experimentações e Recomendações Agronômicas, da Esalq,avaliou eficiência do tratamento de sementes com inseticidas contra o percevejo-barriga-verde

Foto

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USP

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09www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2011

Fernando Negrisiolo Della Valle.O estudo foi realizado no Vale do Pa-

ranapanema, importante região produtora do estado de São Paulo, onde a praga tem ocorrido e exigido eficiente controle, sen-do o experimento conduzido na estação experimental da Cooperativa Mista dos Cafeicultores da Média Sorocabana (Co-opermota), em Cândido Mota, estado de São Paulo, em área de plantio direto com a cultivar AGN-2012.

A semeadura foi realizada no dia 15 de abril de 2009, na densidade de 20,00kg de sementes/ha, correspondendo a 7,00 sementes por metro.

A adubação constou da aplicação, na semeadura, do equivalente a 300,00kg/ha da fórmula 04-14-08.

Não ocorreram doenças que pudes-sem comprometer o ensaio, e as plantas daninhas foram controladas através da aplicação em pré-emergência do herbicida (Atrazina + S-metolacloro) na dose de 4,00L P.C./ha (1.480,00 + 1.160,00g i.a./ha).

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com dez tratamentos e quatro repetições, e as parcelas foram constituídas de seis linhas de plantas de milho com 7,00m de comprimento, espaçadas de 0,75m, apresentando área de 31,50m².

Os tratamentos das sementes foram realizados momentos antes da semeadura, segundo os métodos recomendados pelos

fabricantes. As avaliações de controle do percevejo-barriga-verde foram realizadas, em todos os tratamentos, aos 25 e 40 dias após a emergência plena da cultura (DAE), através da contagem do número de plantas atacadas pelo percevejo-barri-ga-verde, amostrando-se 5,00 metros de cada uma das quatro linhas centrais de cada parcela. Para verificar a seletividade dos produtos foi realizada a contagem das plantas emergidas, na ocasião da primeira avaliação de eficácia dos produtos.

Resultado e discussãoNa Tabela 2, onde são apresentados os

dados de controle do percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus Fabr, 1775), observa-se que, com exceção do tratamen-to com o inseticida (Acetamiprido), todos os tratamentos apresentaram-se eficientes nas duas épocas avaliadas, com porcen-tagens de controle na segunda avaliação que variaram de 81,13% a 88,68%, não diferindo estatisticamente entre si.

Através da contagem de plantas emer-gidas, verificou-se que nenhum produto nas doses aplicadas causou fitointoxicação à cultura.

conclusãoO resultado obtido nesta pesqui-

sa permite concluir que com exceção do inseticida Acetamiprido todos os produtos são eficientes no controle do percevejo-barriga-verde (Dichelops furca-tus) ocorrente na cultura do milho (Zea mays L.), e não causam fitointoxicação às plantas.

Equipe coordenada pelo professor Geraldo Dario conduziu estudo em lavoura de milho no Vale do Paranapanema, São Paulo

Iuri Dario, Stefano Capato, Guilherme Hungueria, Leandro Córdova, Murilo Scarso, Tiago Alves, Fernando Della Valle e Geraldo Dario,Esalq/USP

CC

tabela 1 - tratamentos

(1) Para uma quantidade de 20,00 kg de sementes por hectare.(2) Para uma quantidade 100,00 kg de sementes.

i.a.-

210,00g20,00 g (1) + 80,00g

25,00g (1)245,00g (2)240,00g (2)210,00g (2)

262,50g (2) + 787,50g

P.C.-

350,00 ml200,00 ml 100,00 ml 350,00 g400,00 ml 600,00 ml

1.750,00 ml

nome comum

testemunhaimidacloprido

Fipronil + acetamiprido Fipronil

acetamiprido Clotianidinatiametoxam

imidacloprido + tiodicarbe

dose

tabela 2 - eficiência do tratamento de sementes com inseticidas no controle do percevejo-barriga-verde (diche-lops furcatus Fabr, 1775) ocorrente na cultura do Milho (Zea mays l.), número médio de plantas atacadas pelo percevejo-barriga-verde, por parcela

(1) Para uma quantidade de 20,00 kg de sementes por hectare.(2) Para uma quantidade 100,00 kg de sementes. * Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de tukey, ao nível de 5% de probabilidade.** Para a análise de variância, os dados foram transformados em √(x+0,5).*** Para o cálculo da Porcentagem de eficiência (% e), foi utilizada a fórmula de abbott.

25 7,75 a 1,25 c 0,75 c 1,50 bc 3,00 b 1,50 bc 1,50 bc 1,25 c12,75

% e-

83,8790,3280,6461,2980,6480,6483,87

tratamentos

testemunhaimidacloprido

Fipronil + acetamipridoFipronil

acetamipridoClotianidinatiametoxam

imidacloprido + tiodicarbeC.v. (%)

nº médio de plantas atacadas / dias após a emergência (dae)dose

-350,00 ml

200,00 ml (1)100,00 ml (1)350,00 g (2)400,00 ml (2)600,00 ml (2)

1.750,00 ml (2)

40 13,25 a 2,25 bc 1,50 c 2,50 bc 3,75 b 2,50 bc 2,50 bc 2,00 c

9,18

% e-

83,0288,6881,1371,7081,1381,1384,91

Pesquisadores concluíram que o tratamento de sementes não causou fitointoxicação às plantas

Page 10: Grandes Culturas - Cultivar 141

Cana-de-açúcar

10 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Figura 1 - Fenologia da cana-de-açúcar

O Brasil é o maior produ-tor mundial de cana-de-açúcar (Saccharum offi-

cinarum L.), com uma área colhida de oito milhões de hectares, sendo o estado de São Paulo responsável por aproximadamente 60% da produção nacional, com cerca de cinco milhões de hectares cultivados. Com cultivo influenciado principalmente pelas con-dições edafoclimáticas e fitossanitárias, os canaviais brasileiros sofrem com a ocorrência de doenças capazes de reduzir o rendimento da cultura, fato que repre-senta um dos maiores desafios para o setor sucroalcooleiro.

Carvão, ferrugem marrom, mosaico, escaldadura, amarelinho e raquitismo são moléstias que atacam essa cultura. Porém, a recém-introduzida ferrugem alaranjada, causada pelo fungo Puccinia kuehnii, tem despertado o interesse da comunidade canavieira devido ao seu elevado potencial destrutivo.

Apresentando-se com sintomas na forma de manchas, que se iniciam com pe-quenas pontuações alongadas amareladas nas folhas e conforme o amadurecimento das lesões e a produção de urediniosporos vão se tornando alaranjados, a doença reduz a área fotossinteticamente ativa da planta, podendo causar a morte da cana antes da conclusão de seu ciclo normal de vida, afetando o desenvolvimento e a produtividade.

Doença antiga da cana-de-açúcar, a ferrugem alaranjada vinha sendo observada durante vários anos apenas no sudeste da Ásia e Oceania sem gerar grandes danos à cultura, até causar o surto epidêmico na Austrália, nos anos de 1999/2000, quando infectou a variedade suscetível Q124, que ocupava 86% da área plantada da Província de Queensland, principal região produtora australiana, gerando grandes danos. Devi-do à sua alta disseminação por correntes aéreas, o patógeno chegou ao continente americano, inicialmente na Flórida, em 2007, seguindo para a América Central.

Doença mapeada

Pesquisadores realizam zoneamento dos fatores climáticos que favorecem a ferrugem alaranjada na cana-de-açúcar,

em São Paulo, e confeccionam mapa de risco de ocorrência nas diversas regiões do estado. Ferramenta serve para o

planejamento varietal da cultura, com o objetivo de evitar problemas com a doença nas próximas safras

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No Brasil a primeira notificação da doença foi em dezembro de 2009, no mu-nicípio de Rincão, região de Araraquara, interior de São Paulo, alastrando-se para as demais regiões do estado, e em seguida para plantações do Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais.

Nos lugares onde a ferrugem alaranjada tem ocorrido, o controle tem sido feito basicamente com o plantio de variedades resistentes. Nas variedades suscetíveis, o controle vem sendo feito por meio da aplicação de fungicidas durante as janelas de favorabilidade à doença e no início do ciclo das infecções. Porém, vários aspectos importantes ainda precisam ser conhecidos para um manejo adequado e racional da doença, sendo necessárias informações como condições, épocas e locais mais favo-ráveis para a ocorrência da doença.

VaRiáVeis climáticasPara estabelecer o zoneamento e os ní-

veis de risco climático para a ocorrência da ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, de modo a subsidiar a alocação de variedades nas diferentes regiões produtoras, caracterizaram-se as variáveis climáticas condicionantes ao de-senvolvimento da doença, como a tempe-ratura, a precipitação e o excedente hídrico,

a partir do levantamento das epidemias da doença ocorridas na Província de Queens-land, Austrália, em 1999/2000, e no estado de São Paulo, em 2009/2010.

A análise da disponibilidade hídrica decendial, sazonal e anual foi realizada por meio do balanço hídrico climatológi-co proposto por Thornthwaite e Mather (1955), utilizando-se os programas ela-borados em planilha eletrônica por Rolim

et al (1998). Com os dados médios foram determinados os balanços hídricos normais pelo programa BHNorm e com a série de dados de chuva e temperatura dos locais foram determinados os balanços hídricos sequenciais, para os anos de 1999 e 2000 para várias localidades da Província de Queensland e de 2009 e 2010 para os diversos pontos do estado de São Paulo, com o programa BHSeq.

A ferrugem alaranjada afeta o desenvolvimento e a produtividade da cana-de-açúcar,podendo causar a morte da planta antes da conclusão do seu ciclo normal

Fotos CTC

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Para a espacialização do Ifac e a confec-ção dos mapas de favorabilidade climática converteu-se o modelo linear de Ifac em mapa por meio do recurso de álgebra de mapas de um sistema de informações geográficas (ArcGis 9.2), processando-se as variáveis independentes (latitude, longi-tude e altitude) como “Layers” no formato “raster”. O “Layer” de altitude, em metros, foi obtido do modelo de elevação digital (MED), fornecido pela “Nasa Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM)”, que tem resolução de 90m. Os “Layers” de latitude e longitude, em décimos de graus, foram computados utilizando-se as coordenadas centrais de cada pixel corres-pondente ao MED.

Foi realizado o estudo do risco climáti-co para as seis regiões produtoras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo, a partir da delimitação dos níveis de risco com o emprego do Ifac (Tabela 1), obtendo-se o mapa de risco climático para a ocorrência da ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar para o estado de São Paulo (Figura 2)

conclusões O mapa de risco gerado pelo método

proposto permitiu identificar que nas re-giões canavieiras a oeste do estado de São Paulo, a severidade à ferrugem alaranjada e o risco climático para a sua ocorrência são baixos, enquanto que nas regiões central e leste do estado o risco varia de moderado a alto, seguindo uma tendência longitudinal, o que coincidiu com as observações da severidade no ano 2009/2010.

A partir do zoneamento das regiões de favorabilidade climática para a ocorrência da ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar, em função das variáveis climáticas (exce-dente hídrico e temperatura média ideal), pode-se estabelecer um plano de alocação de variedades, de modo a minimizar os ris-cos de perda de produtividade dos canaviais em decorrência da doença.

12 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Compararam-se os excedentes hídricos da série histórica e a temperatura média normal, ambos para os períodos de janeiro a junho para a Província de Queensland e, de setembro a fevereiro para o estado de São Paulo, períodos considerados mais críticos para o desenvolvimento da P. kuehnii para os respectivos locais, com o ocorrido nos anos de epidemia da doença, estabelecendo-se os parâmetros climáticos, definidos como: número de decêndios com excedente hídrico (NDEXC) e número de decêndios com temperatura média ideal (NDTideal).

seVeRidade e índice climático A avaliação da severidade da ferrugem

alaranjada da cana-de-açúcar para o estado de São Paulo foi feita pelas notas atribuídas por levantamentos técnicos de campo em 40 locais do estado, entre os meses de janei-ro e fevereiro para variedades suscetíveis a P. kuehnii, baseada na escala de avaliação de ferrugem (BTC, 1987) (Figura 1), a qual atribui notas de 1, sem manifestação da doença, a 9, mais de 50% da área foliar da planta afetada pelo fungo. Essas notas fo-

ram correlacionadas às variáveis climáticas NDEXC e NDTideal, gerando um modelo de regressão linear múltipla.

Para elaboração do Índice de Favora-bilidade Climática à Ferrugem Alaranjada da Cana-de-açúcar (Ifac), primeiramente utilizou-se a equação de severidade para estimar as notas para ferrugem alaranja-da para séries de 15 a 30 anos de dados meteorológicos para 60 locais distribuídos no estado. Em seguida, ponderaram-se as severidades estimadas a partir do cálculo das frequências de anos com severidades entre as faixas 1-2, 3-4, 5-6, 7-8 e 9, classificadas respectivamente como muito baixa, baixa, moderada, alta e muito alta, e multiplicando-se essas frequências pelos fatores de ponderação 0, 1, 3, 6 e 10 , respectivamente. O resultado dessa pon-deração foi dividido pelo número total de anos analisados para cada local, obtendo-se assim o Ifac variando de 1 a 10.

Posteriormente, o Ifac foi correlacionado com as coordenadas geográficas, latitude e longitude, e a altitude, elaborando-se um modelo de regressão linear múltipla que permitiu estimar o Ifac para todo o estado.

tabela 1 – níveis de risco climático para ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar para o estado de são Paulo conforme o índice de Favorabilidade climática à Ferrugem alaranjada da Cana-de-açúcar (ifac)

nível de riscobaixo

Moderado-baixoModerado-alto

altoMuito alto

ifac0-2

2,1-44,1-66,1-88,1-10

A primeira notificação da presença da ferrugem alaranjada no Brasil ocorreu em dezembro de 2009, no interior de São Paulo

Figura 2 – Mapa de risco climático para a ocorrência da ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar nas regiões produtoras do estado de São Paulo

Dayana Lardo dos Santos e Paulo Cesar Sentelhas, Esalq/UspWander José Pallone Filho,CTC

CC

CTC

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Soja

14 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Ataque de pragas de solo, como os corós, tem crescido nas áreas produtoras de soja no Brasil

Várias espécies de pragas ocorrem durante o início de estabelecimento da cultura da soja, capazes de

provocar redução de estande da lavoura e/ou prejudicar o desenvolvimento das plantas, o que acarreta, consequentemente, em reflexos negativos na produção de grãos e/ou de se-mentes. Dentre as pragas que atacam a soja destacam-se as larvas subterrâneas rizófagas de besouros melolontídeos, também denomi-nados de corós, bicho-bolo ou pão-de-galinha, que embora possam ocorrer durante todo o ciclo da cultura, causam danos mais severos nos estágios iniciais de desenvolvimento das plantas.

As duas principais espécies de corós que atacam a cultura da soja na Região Central do Brasil são Phyllophaga cuyabana (Moser) e Liogenys fuscus (Blanchard). P. cuyabana é uma espécie nativa do Brasil, citada inicialmente em vegetação natural no município de Cuia-bá, Mato Grosso. No entanto, atualmente é considerada uma das principais pragas de solo da soja na Região Centro-Sul do Brasil. A expansão da cultura em monocultivo para áreas consideradas não tradicionais, em subs-tituição à vegetação nativa, como ocorreu no Cerrado, as mudanças nos sistemas de cultivos (mínimo, plantio direto, lavoura-pecuária etc)

associadas às alterações fitotécnicas e fitossani-tárias que se processaram nos agroecossistemas estão entre as possíveis causas que explicam o incremento dos problemas com pragas as-sociadas ao solo na cultura da soja. O coró P. cuyabana ocorre tradicionalmente em lavouras do Paraná e Mato Grosso do Sul, enquanto L. fuscus tem sido mais encontrada na Região dos Cerrados, especialmente nos estados de Mato Grosso e Goiás. Recentemente, a espécie de coró, Phyllophaga capillata (Blanchard), foi constatada atacando lavouras de soja na região do Distrito Federal, enquanto Cyclocephala forsteri Endrodi, 1963, foi verificada em soja no estado de Mato Grosso do Sul.

Liogenys fuscus – Os adultos são besouros que medem em média 12,4mm de com-primento e 7,8mm de largura, apresentam colorações castanho-claro brilhante na face dorsal e castanho-escuro na face ventral. Após completarem seu ciclo realizam revoadas nos meses de setembro e outubro, coincidindo com as primeiras chuvas, e procuram locais altos como galhos de arbustos e árvores para se acasalarem. Após a cópula, as fêmeas pro-curam lugares com presença de plantas verdes ou com acúmulo de matéria seca e realizam a oviposição de 5cm a 10cm de profundidade no solo. Esses substratos irão servir de alimento para as larvas recém-eclodidas, que ocorrem em reboleiras nos meses de novembro e de-zembro. A fase larval apresenta três instares, sendo os dois últimos os que apresentam maior capacidade de danos no sistema radi-cular das plantas.

Phyllophga cuyabana - Os adultos são be-souros castanho-escuros, medindo aproxima-damente de 15mm a 20mm de comprimento. Após o acasalamento, a fêmea coloca os ovos isoladamente na superfície do solo, onde ocorrerá o completo desenvolvimento das fases imaturas do inseto. As larvas apresentam coloração esbranquiçada, três estágios de de-senvolvimento e medem até 35mm. No final

Invasão subterrâneaInvasão subterrâneaMurcha e amarelecimento das folhas, desenvolvimento retardado e até a morte das plantas estão entre os prejuízos provocados por corós na cultura da soja. Phyllophaga cuyabana (Moser) e Liogenys fuscus (Blanchard) são as duas principais espécies registradas em lavouras da Região Central do Brasil. O tratamento químico está entre as principais estratégias para o manejo e o controle da praga

Murcha e amarelecimento das folhas, desenvolvimento retardado e até a morte das plantas estão entre os prejuízos provocados por corós na cultura da soja. Phyllophaga cuyabana (Moser) e Liogenys fuscus (Blanchard) são as duas principais espécies registradas em lavouras da Região Central do Brasil. O tratamento químico está entre as principais estratégias para o manejo e o controle da praga

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o plantio direto. Diante dos resultados obtidos, até o

momento pode-se inferir que a aplicação de inseticidas no sulco de semeadura ou nas sementes de soja pode proteger signifi-cativamente tanto no estande inicial, como garantir o desenvolvimento normal da parte aérea das plantas de soja em áreas infestadas com corós no solo. Com relação à aplicação no sulco, os tratamentos clorpirifós (720g.ha-1), endosulfam (1.050g.ha-1) e fipronil (25g.ha-1) foram os que asseguraram um melhor estabelecimento e desenvolvimen-to das plantas. Em Mato Grosso do Sul também foi verificado que os tratamentos químicos clorpirifós (1.344g.ha-1) e endo-sulfam (980g.ha-1), quando aplicados no sulco de semeadura de um solo infestado com larvas de P. cuyabana, proporcionaram maiores rendimentos de grãos de soja, quando comparados ao rendimento de grãos obtido nas parcelas não tratadas.

O efeito benéfico dos inseticidas aplicados no sulco de semeadura ou nas sementes de soja pode ser decorrente da sua ação deletéria (nociva, destruidora) sobre as larvas de L. fuscus no solo. A presença do inseticida na solução do solo ou nas sementes pode afetar negativamente a sobrevivência das larvas dessa praga, o que contribuiu para um melhor desenvolvimento das plantas de soja, redun-dando em melhor estabelecimento de estande, estatura das plantas e, consequentemente, maior rendimento de grãos. Por outro lado, existe também a possibilidade dos inseticidas aplicados nas sementes ou no solo promove-rem efeito benéfico sobre o desenvolvimento das plantas no sentido de maximizar a efici-ência fotossintética da cultura, fenômeno este denominado efeito fisiológico.

15www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2011

As duas principais espécies de corós que atacam lavouras de soja noBrasil são Liogenys fuscus (esquerda) e Phyllophaga cuyabana (direita)

CC

do terceiro instar passam por um período de diapausa, quando se aprofundam no solo, não se alimentam e apresentam baixa mobilidade. Após o período larval avançam para a fase de pupa e depois se transformam em adultos ainda dentro das câmaras pupais. Quando atingem a maturação sexual, os adultos emer-gem do solo durante a noite em períodos de revoada para acasalamento e dispersão.

P. cuyabana e L. fuscus são espécies univol-tinas, isto é, apresentam uma única geração por ano, que se inicia no final de outubro, quando aparecem os primeiros adultos no solo. O desenvolvimento completo ocorre no interior do solo e somente os adultos saem à noite, em revoadas destinadas, principal-mente, ao acasalamento. Após, retornam ao solo, permanecendo, geralmente entre 5cm e 15cm de profundidade. O inseto é polífa-go, alimentando-se de plantas de diversas famílias. As larvas têm hábitos subterrâneos ingerindo, principalmente, raízes secundárias de soja ou de outras espécies vegetais. Na fase adulta, apenas a fêmea se alimenta de pequena quantidade de folhas.

Em monitoramento realizado na safra 2006/07 aos dez dias após o início da revoada foi constatada a presença de 68,8% de insetos da espécie L. fuscus, enquanto P. cuyabana apresentou 37,0% da população no mesmo período. Ao final da revoada a população de L. fuscus foi 7,0% em relação à espécie P. cuyabana.

Os sintomas de ataque vão desde murcha e amarelecimento das folhas, desenvolvimento retardado, até a morte das plantas. O número de plantas mortas na área pode variar de acordo com a época de semeadura, com a população e o tamanho de larvas na área. A morte das plantas geralmente ocorre quando são atacadas no início do desenvolvimento, pois, nesse caso, a tolerância das plantas é menor e, se a área estiver infestada com larvas com mais de 1,5cm, estas podem consumir também a raiz principal, embora prefiram as raízes secundárias.

Os danos em soja são causados pelas larvas, principalmente a partir do final do 2o

instar. Em ensaios em casa de vegetação com plantas recém-emergidas, uma população de uma larva em início de 2o instar para cada quatro plantas, reduziu o volume de raízes em 35%, 11 dias após a semeadura.

Larvas de 3o instar, no mesmo nível po-pulacional, provocaram uma redução de 60% no volume de raízes. Plantas atacadas, com sistema radicular seriamente danificado, po-dem apresentar, por ocasião da colheita, uma redução no desenvolvimento da parte aérea e no número de vagens e grãos.

A intensidade dos danos não se dá so-mente em função da população e da idade das larvas, mas também do desenvolvimento

radicular da planta, tanto em função de está-dio de desenvolvimento da cultura, como de outros fatores, como a presença de camada de compactação nos solos, o que prejudica a expansão das raízes. Plantas de mesma idade, em áreas com populações semelhantes de lar-vas, mas sob diferentes condições ambientais, podem refletir o ataque de forma diversa. Os efeitos dos danos no sistema radicular na produção de grãos podem ser intensificados sob condições de solos pobres, com camadas de compactação, ou sob condições de veranico em épocas críticas.

Várias práticas culturais de controle, como por exemplo manipulação da época de seme-adura, preparo do solo, rotação de culturas e adubação diferenciada, são sugeridas como estratégias para manejo de corós na cultura da soja. O uso de inseticidas químicos tem também sido investigado como medida de controle de larvas de corós. A aplicação pre-ventiva de produtos nas sementes e no sulco de semeadura da soja constitui alternativa promissora para o manejo da praga, especial-mente em sistemas conservacionistas, como

O uso de inseticidas químicos tem também sido inves-tigado como medida de controle de larvas de corós

Lucia Vivan,Fundação MT eCrébio Ávila,Embrapa Agropecuária Oeste

Fotos Divulgação

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Soja

16 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

As perdas causadas pelas epidemias de ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrizi, nas

últimas safras, chegam a US$ 2 bilhões. Isso se deve ao alto poder destrutivo da doença, pela constante presença na maioria das regiões produtoras e pela dificuldade de controle.

O quadro sintomatológico da doença ini-cia-se por minúsculos pontos, com coloração mais escura (cinza-esverdeada) em relação ao tecido sadio da folha. Com o desenvolvimento do patógeno nos tecidos do hospedeiro ocorre a formação de urédias (corpo de frutificação do fungo) na face abaxial do folíolo. Progressiva-mente as urédias, antes com coloração cinza-esverdeada, adquirem cor castanho-escuro e começam a liberar esporos (uredósporos) por meio de um poro central na pústula. À medida que o fungo evolui no hospedeiro, o número de urédias pode aumentar com a idade da lesão, ocupando uma grande área foliar, e posteriormente causa a queda prematura das

Experimento desenvolvido pela Fundação Chapadão, na safra 2010/2011, verificou que a época eo número de aplicações de fungicidas interferem no controle da doença e no rendimento da cultura

Na luta contra a ferrugem asiática, causada por Phakopsora pachyrizi, produtores devem estar atentos ao momento da aplicação de fungicidas, já que esse fator tem a capacidade de interferir no controle da doença. Dar preferência aos produtos com misturas de triazol e estrobilurina e realizar o monitoramento em toda área plantada

para identificar focos logo após os primeiros sintomas também estão entre as recomendações para maximizar as chances de sucesso no combate ao fungo

Hora de aplicarHora de aplicarFotos Fundação Chapadão

folhas. Para que haja a ocorrência da doença são necessários, além da presença do patógeno e do hospedeiro, umidade na superfície da

folha de no mínimo seis horas, promovida por orvalho ou chuva, e condições de temperatura entre 18°C e 28°C.

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Para tentar minimizar as perdas geradas pela ferrugem são adotadas diversas medidas, tais como: semear a cultura no início da época recomendada na região; utilizar cultivares de clico precoce; respeitar o vazio sanitário em cada região produtora, não semeando a cultura na entressafra e eliminando as sojas voluntárias (tigueras ou guaxas), para que não ocorra a chamada “ponte verde” para o fungo entre uma safra e outra. Além disso, recomenda-se realizar monitoramento desde o início do desenvolvimento da cultura (com auxílio de uma lupa de 180 vezes). Essas medidas proporcionam a redução de pressão de inóculo e permitem a diagnose precoce

da doença, contribuindo para o aumento na eficiência do controle químico.

Quando o assunto é controle químico, existe uma gama de fungicidas foliares no mercado recomendadas para o controle da doença, onde são usados principalmente dois grupos químicos de atuação sistêmica, triazóis e estrobilurinas. Atualmente no Brasil, várias instituições públicas, privadas e fundações de pesquisas estão desenvolvendo trabalhos com o objetivo de avaliar a eficácia desses fungicidas recomendados, onde se tem observado um melhor controle com utilização de misturas de triazóis e estrobilurinas em relação à aplicação específica de triazol, mostrando que a ferru-

gem está menos sensível a alguns triazóis. Além da escolha do grupo químico a ser

utilizado na lavoura, outro fator importante está relacionado com o momento da aplicação do fungicida, influenciando diretamente na eficiência do produto, sendo que as épocas recomendadas para o controle são: preven-tivas - quando não há sintomas da doença, fazendo com que o produto forme uma camada protetora na superfície da folha, evi-tando a penetração e inibindo a germinação dos uredósporos; ou curativas - no início dos sintomas da doença, promovendo sua erradi-cação. Em regiões onde há ausência de casos de ferrugem e por meio do monitoramento, a

Figura 1 - Severidade (%) de ferrugem na metade inferior (baixeiro) da planta, utilizando mistura estrobilurina e triazol (azoxistrobina 60g.ha-1 + ciproconazol 24g.ha-1). Fundação Chapadão – Safra 2009/2010

Figura 2 - Severidade (%) de ferrugem na metade superior (ponteiro) da planta, utilizando mistura estrobilurina e triazol (azoxistrobina 60g.ha-1 + ciproconazol 24g.ha-1). Fundação Chapadão – Safra 2009/2010

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produtividade (sc.ha-1), quando comparados aos tratamentos com intervalos menores (21 dias). Dessa forma, o produtor deve estar atento ao residual do fungicida utilizado, sendo que esse fator pode variar entre pro-dutos, o que irá influenciar no controle eficaz da doença. As menores severidades finais obtidas no ensaio foram os tratamentos com aplicações sequenciais em R2 > R2+21 dias > R6; R2 > R2+21 dias; e R3 > R3+21 dias, e consequentemente maior o número de trifólios retidos na haste principal. Em re-lação à produtividade os tratamentos com três aplicações foram os que obtiveram os melhores rendimentos (Figuras 1, 2 e 3).

Os resultados obtidos no experimento mostraram a importância do momento da aplicação para o controle eficiente da ferrugem asiática, sendo que, devido às particularidades em cada safra, em relação à época de plantio e do surgimento da doença em cada região, da pressão do patógeno, do clima, não se reco-menda utilizar o mesmo programa de controle em todas as regiões produtoras.

É importante destacar que para controlar a doença de forma eficaz, é fundamental a escolha correta do fungicida, dando prefe-rência aos produtos com misturas de triazol e estrobilurina; realizar o monitoramento em toda área plantada para identificar o foco da doença logo nos primeiros sintomas e, em ano de El Niño, intensificar o monitoramento devido à maior ocorrência de chuvas; acertar o momento da primeira aplicação, não errar a segunda aplicação e se necessário fazer a terceira e a quarta aplicação.

18 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Figura 3 - Média de produtividade (sc.ha-1) com aplicações em diferentes estádios fenológicos da soja, utilizando mistura estrobilurina e triazol (azoxistrobina 60g.ha-1 + ciproconazol 24g.ha-1). Fundação Chapadão – Safra 2009/2010

CC

primeira aplicação pode ser realizada quando a soja estiver em estádio R4, momento em que o fungicida melhor responde ao controle de doenças de final de ciclo. Regiões onde se tem relatos de foco da ferrugem as aplicações iniciais são aconselháveis do início ao pleno florescimento (R1 a R2), com aplicações preventivas o progresso da doença é lento e permite maior período residual do efeito do fungicida na planta, proporcionando maior segurança ao produtor.

Em algumas regiões produtoras tem se observado que o controle é feito com aplicações preestabelecidas, iniciando no estádio de florescimento (R1 a R2) e as demais aplicações em intervalos de 21 dias a 14 dias.

O número médio de aplicações para o controle da ferrugem está entre três e quatro, sendo que em algumas regiões do Brasil há relatos de que foram necessárias sete aplicações para controlar a doença, devido à pressão do patógeno e das con-dições climáticas favoráveis à doença. Em experimento realizado pela Fundação Chapadão, safra 2009/2010, observou-se

Monitorar as lavouras nas diversas fases de desenvolvimento da cultura é uma da medidas para enfrentar a doença

Perdas provocadas pela ferrugem asiática na soja chegam a dois bilhões de dólares nas últimas safras

que a época e o número de aplicações de fungicida interferiram significativamente no controle da doença e no rendimento da cultura.

Dicas para obter o controle satisfató-rio da ferrugem:

- Acertar a primeira aplicação;- Não errar a segunda;- Realizar a terceira ou quarta se

necessário.

Os dados obtidos no ensaio, com mistura de triazol e estrobilurina, mostraram que os tratamentos com apenas uma aplicação, antes ou após o surgimento da doença, não obtiveram controle satisfatório, apresentando altos níveis de severidade da ferrugem. Os tratamentos com duas aplicações apresenta-ram resultados diferenciados em relação ao intervalo da primeira para segunda aplicação, havendo correlação entre a severidade e a produtividade. Em geral, quando o intervalo da segunda aplicação foi maior (35 dias após a primeira aplicação), os níveis de severidade se elevaram e consequentemente houve menor

Edson Borges, Alfredo Dias, Juliano Oliveira, Renato Guazina, Cleber Ferreira, Luciano Borgelt e Thiago Baldasso,Fundação Chapadão

Fotos Fundação Chapadão

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Na reta final da lavoura de arroz os produtores não podem descuidar do monitoramento, sob pena de ver sua rentabilidade diminuída. O planejamento da colheita, com atenção a aspectos como época, logística, regulagem e manutenção de máquinas é ferramenta fundamental para prevenir problemas com pragas e doenças, além de garantir maior qualidade do grão

Nos meses de fevereiro e março, as lavouras irrigadas do Sul do Brasil encontram-se priorita-

riamente nos subperíodos de formação e enchimento de grãos. A duração varia entre 30 e 40 dias, dependendo, principalmente, das oscilações da temperatura do ar. Após a fecundação, os grãos passam pelas fases de leitosos, pastosos e em massa dura até atingirem a maturação fisiológica (quando ocorre o máximo acúmulo de matéria seca). Após este momento, os grãos passam por um processo físico de perda de água até atingir aproximadamente 22% de umidade para colheita. Sua duração pode variar de uma a duas semanas, dependendo das condições ambientais.

Muitas vezes, passado o período do florescimento, o produtor diminui sua atenção à lavoura, entendendo que os ris-cos de perda do potencial produtivo já pas-saram. Porém, atualmente, o nível técnico apresentado pelos produtores determina que haja um constante monitoramento da lavoura. Assim, no período que antecede a colheita (em torno de 20 dias antes) existem certos pontos de manejo que ainda merecem ser destacados.

logística da colheita para manutençãoda qualidade e produtividade de grãosA safra 2010/2011 de arroz, no Rio

Grande do Sul, atingiu a marca histórica que há anos a pesquisa vinha buscando. Pela primeira vez foi alcançado o per-centual de 96% da área do estado (em torno de 960.000ha), semeada dentro do período preferencial para a cultura (até 10/nov). Tal êxito foi obtido não só pelas condições meteorológicas favoráveis, que permitiram um eficiente trabalho de solo no plantio, mas também pelo alto nível de planejamento atingido pelos produtores. Da mesma forma, ao longo do ciclo, as con-dições mantiveram-se favoráveis à cultura, perspectivando-se altas produtividades.

Frente a este cenário promissor espera-se uma alta concentração da época de colheita. Neste sentido, alguns cuidados deverão ser tomados, especialmente no que se refere ao atraso da colheita. De forma geral, o atraso da colheita aumenta a predisposição da planta à incidência de pragas e doenças. Estes fatores, associados às adversidades ambientais, são respon-sáveis pelo aumento do percentual de grãos quebrados. Em geral, na medida em que se afasta a colheita da umidade ideal (18%-24%) há uma redução significativa do percentual de grãos inteiros.

Assim, torna-se determinante o produ-tor começar a colheita naquelas cultivares onde objetiva-se obter uma remuneração

Arroz

20 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tempo de colherTempo de colherNa reta final da lavoura de arroz os produtores não podem descuidar do monitoramento, sob pena de ver sua rentabilidade diminuída. O planejamento da colheita, com atenção a aspectos como época, logística, regulagem e manutenção de máquinas, é ferramenta fundamental para prevenir problemas com pragas e doenças, além de garantir maior qualidade do grão

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adicional em função da qualidade do grão. Também, variedades com elevado percentual de degrane devem ser priori-zadas, evitando-se a ocorrência de arroz espontâneo na próxima safra e perdas produtivas por debulha. Em um segundo momento, colhem-se aquelas variedades focadas apenas na produção de grãos, onde não se objetiva o adicional por qualidade. Cabe salientar que, no caso de haverem áreas para produção de sementes, estas deverão ser as primeiras a serem colhidas, com o objetivo de se obter sementes co-merciais com elevada qualidade fisiológica e sanitária.

Além do aspecto qualitativo, nesta safra, a presença de impurezas começará a ser considerada na precificação do arroz entregue à indústria. Deste modo, estraté-gias de minimização dos escapes de plantas daninhas (com ênfase no arroz vermelho), na fase final da cultura, serão detalhadas a seguir.

Presença de pragas na pré-colheitaAté poucos anos atrás, o momento

que precede a colheita não sofria deman-da quanto à necessidade de controle de insetos-pragas nas lavouras. Sua eventual ocorrência não justificava, economicamen-te, a adoção de práticas de controle, pois o potencial produtivo da cultura já estava definido. Porém, nos últimos anos, vem sendo observados grandes prejuízos, causa-dos por lagartas, especialmente da espécie Pseudaletia spp. Este inseto, conhecido por lagarta-da-panícula, pode ocorrer na lavoura já na fase de afilhamento. Porém, a maior ocorrência se dá a partir da emissão da panícula, nos meses de janeiro a março,

permanecendo até a colheita. Assim, os maiores danos são verificados ao longo do estádio de maturação dos grãos, quando a lagarta corta as panículas ou suas ráquis e degrana o arroz. Os prejuízos causados por este inseto são variáveis, podendo chegar até 20% do potencial produtivo.

O maior agravante deste inseto é que o dano é determinado em um momento em que o produtor não está preparado para a utilização de mais um insumo químico na lavoura. Porém, mesmo que a lavoura este-ja em pré-colheita, o produtor deverá estar atento ao seu monitoramento, pois a partir de três lagartas por m2, perdas significativas sobre o rendimento já são verificadas. No que tange ao seu monitoramento, o pro-dutor deverá buscar amostrar a lavoura ao final da tarde, quando as lagartas poderão ser encontradas nas folhas superiores. Durante o dia, elas encontram-se abrigadas na parte inferior das plantas, dificultando a busca.

Atualmente, apesar de já haver pesqui-sas promissoras com produtos químicos de baixo impacto ambiental, eficientes para o controle deste inseto, ainda não estão registrados para a cultura. Portan-to, naquelas áreas, onde é constatada a presença do inseto na lavoura, a colheita deverá ser priorizada e realizada o mais breve possível.

incidência das doenças de final de cicloNo que se refere ao manejo de doenças

em final de ciclo, novamente, o produtor

deverá priorizar o ponto ideal de colheita. Naquelas lavouras onde ocorram atrasos em relação à umidade ideal, há um aumen-to significativo do complexo de doenças. Dentre estas, merece destaque a presença do complexo de fungos manchadores de grãos e a brusone-da-ráquis (Pyricularia oryzae).

Os danos econômicos determinados por estas doenças, quando incidentes pós-maturação fisiológica da cultura, em geral, não são significativos (tanto em produtivi-dade quanto em rendimento de inteiros). As perdas, nos casos de alta severidade dos fungos, serão essencialmente sobre a qua-lidade visual dos grãos, o que geralmente não é descontado do produtor.

Porém, cabe salientar que, em lavouras cultivadas com a finalidade de produção de sementes, a presença das doenças de final de ciclo poderá disseminar inóculo para ou-tras regiões futuramente. Também, grãos com maior presença de fungos mancha-dores estão relacionados a sementes com menor vigor fisiológico e pior sanidade. Assim, preventivamente, naquelas áreas com conhecido histórico de alta incidência de doenças de final de ciclo, os produtores poderão aplicar o fungicida por ocasião do final do enchimento de grãos (grão pastoso), com o objetivo de aproveitar o efeito residual do ativo até próximo à pré-colheita. Para esta aplicação, recomendam-se produtos que apresentem largo espectro de controle e maior residual, como aqueles que contenham em sua composição a mis-

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Durante o dia as lagartas permanecem abrigadas na parte inferior das plantas, dificultando a busca

Dentre as doenças de final de ciclo o destaque é a pre-sença do complexo de fungos manchadores de grãos

Fotos Irga

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22 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

tura de estrobilurinas mais triazóis.Porém, no que se refere a fungos man-

chadores de grãos, o produtor deve estar consciente de que existem outras variáveis determinantes para a sua ocorrência, es-pecialmente frio e insetos. Golpes de frio (temperaturas inferiores a 15ºC) durante o período reprodutivo da cultura causam lesões nas espiguetas, permitindo a instala-ção de fungos saprófitos. Da mesma forma, o ataque do percevejo-do-grão (Oebalus poecius) nas panículas, atualmente, é o maior responsável pelos grãos manchados e quebrados. Assim, antes do produtor optar pelo fungicida para controle destas man-chas, deverá observar o agente determinan-te que a causou. A aplicação de fungicida sobre sintomas visíveis de manchas das glumas (aplicação erradicante) causadas por frio ou insetos não reverte as lesões.

escapes de arroz vermelhoHistoricamente, a interferência exer-

cida pelo arroz vermelho é um dos princi-pais fatores que limitam a produtividade de grãos nas lavouras de arroz irrigado. Existem, atualmente, diversas práticas de manejo recomendadas pela pesquisa para o controle ou redução da infestação do arroz vermelho nas lavouras. Assim, para mitigar os danos dessa espécie devem-se combinar todos os métodos de controle disponíveis, de modo a propiciar o melhor nível de controle com um custo aceitável.

Mas, mesmo com ações taticamente precisas, nem sempre é possível obter controle absoluto do arroz vermelho nas áreas com arroz irrigado, o que origina a presença de plantas “escapes”. E estas

constituem-se em uma oportunidade para a ocorrência daqueles danos indiretos à cultura, como a redução da eficácia da co-lheita e da qualidade de grãos. Com efeito, as plantas de arroz vermelho presentes na lavoura de arroz dificultam a operação de colheita e aumentam as perdas de grãos na plataforma das máquinas (Moraes et al, 2005). Após, ao se comercializar a produção, ocorre depreciação proporcional do preço pago ao produtor de acordo com a contaminação da produção obtida com sementes de arroz vermelho. Por isso, faz-se necessário empregar no sistema de cultivo de arroz irrigado práticas de manejo de controle dos escapes, a fim de reduzir os danos do arroz-vermelho e prevenir infes-tações futuras.

O arranquio manual das plantas de arroz vermelho na lavoura de arroz irri-gado, ou “roguing”, é uma opção viável para o controle de escapes dessa infestante em áreas com baixa infestação (Andres & Theisen, 2011). Nesta prática, as plantas infestantes devem ser controladas até o início da fase reprodutiva (florescimen-to), a fim de evitar a formação de novos propágulos de arroz vermelho na lavou-ra. Vale destacar que, nas áreas de arroz conduzidas sob o sistema ClearField®, o “roguing” de escapes de arroz vermelho é indicado para prevenir a ocorrência de biótipos resistentes a herbicidas. Com isso, o produtor de arroz poderá continuar

A lagarta-da-panícula ocorre principalmente a partir da emissão da panícula, nos meses de janeiro a março, permanecendo até a colheita

Page 23: Grandes Culturas - Cultivar 141

usufruindo do benefício dessa tecno-logia por maior tempo, caso as demais práticas complementares também sejam atendidas.

O método químico de controle também pode ser utilizado para comple-mentar o controle do arroz vermelho na cultura do arroz. Neste caso, a prática deve ser efetuada na condição de pós-emergência tardia da cultura (similar ao controle manual), com o intuito de controlar ou apenas esterilizar os esca-pes dessa infestante. A barra química tem sido utilizada para tal finalidade em algumas lavouras orizícolas na re-gião Sul do Brasil, contaminando-se as folhas do arroz vermelho com de-terminada solução herbicida. Também, estudos realizados no Irga constataram ser possível esterilizar escapes de arroz vermelho no sistema ClearField® com o uso de herbicidas imidazolinonas (Menezes & Mariot, 2009). Assim, os produtos pertencentes a esse grupo quí-mico com registro para a cultura podem ser empregados para reduzir a produção de sementes dessa espécie daninha na área cultivada.

Cuidados FinaisPor ocasião da colheita o produtor

deve estar atento à correta regulagem das máquinas e velocidade de operação. Da mesma forma, atenção deve ser dada ao terreno, buscando-se colher em condições de solo seco. Quanto à pós-colheita e antes da entrega no engenho, evitar expor prolongadamente o grão colhido ao sol, abafado sob lona de caminhão ou úmido na moega por mais de 12 horas.

Os prejuízos causados pela lagarta-da-panícula podem chegar a 20% do potencial produtivo

Daniel Santos Grohs, Augusto Kalsing, Felipe FerreiraIrga

CC

Fotos Irga

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Algodão

24 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

A mosca-branca é um desafio para os produtores do Cerrado brasileiro. Atualmente trata-se

de importante praga de culturas anuais, hortaliças e plantas ornamentais. Ano a ano o inseto provoca prejuízos em diver-sas culturas, se tornando uma praga de destaque nacional e principalmente no algodoeiro.

A região Centro-Oeste, nas últimas sa-fras, tem contabilizado um custo a mais no sistema de produção, onde normalmente se convivia com a praga sem requerer muitos cuidados, controlando-a com inseticidas já utilizados para controle de outras pragas de ocorrência na cultura, como bicudo, lagartas, pulgões, entre outras.

Muitas são as pragas que podem cau-sar danos à planta de algodão na região e vários fatores podem ser listados como importantes na ocorrência e aumento no ataque destas pragas como, por exemplo, as condições ambientais como temperatura, umidade, proximidade de focos de infes-tação e a quantidade de inimigos naturais. A mosca-branca, em adição a estes fatores, apresenta o potencial biótico, a migração e dispersão como fatores importantes. O sistema de cultivo muitas vezes utilizado tende a favorecer a maior quantidade e, dependendo das espécies utilizadas, pode comprometer o sistema, sendo interessante relatar sistemas de produção que apresen-tam o feijão das águas implantado no mês de setembro e, após, nos meses subsequen-tes, as semeaduras de soja e algodão, este último vindo a receber a maior “carga” de mosca-branca.

A mosca-branca, Bemisia tabaci bióti-po B, é erroneamente chamada de mosca, pois trata-se de um Hemiptera subordem Homoptera, com dois pares de asas. É um inseto polífago e já foi observado reproduzindo-se em mais de 700 diferen-tes espécies vegetais, pertencentes a 74 famílias botânicas. Faz parte da família Aleyrodidae, com ciclo biológico que pode variar de 15 dias a 45 dias, sendo influen-ciado principalmente pela temperatura. Os adultos apresentam tamanho de apro-ximadamente 2mm de comprimento com quatro asas membranosas de coloração branca. Os ovos, de coloração verde-claro a castanho-claro, são colocados na face inferior das folhas, seguros por um fino pedúnculo. Após a eclosão, as ninfas móveis (primeiro estádio) selecionam um local e introduzem seu estilete, fixando-se, não se movendo mais. Os adultos emergem depois de quatro estádios, indo se hospedar nas diversas plantas existen-tes, sendo a soja o “carro-chefe” para sua reprodução.

Desafio adicionalNas últimas safras tem crescido a importância do ataque da mosca-branca em lavouras de algodão do Centro-Oeste. O cenário de convivência com a praga, por conta do controle oferecido por inseticidas utilizados contra outros insetos como bicudo, lagartas e pulgões, dá lugar à preocupação com o aumento dos prejuízos. Enfrentar o problema passa pelo treinamento de técnicos e de produtores para a adoção de um manejo que seja ao mesmo tempo sustentável e vantajoso do ponto de vista econômico

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Manejo da PragaO manejo da mosca-branca é baseado

em amostragens fidedignas. Os produtores e os técnicos devem acompanhar o desen-volvimento populacional da praga desde o início da emergência da cultura.

O responsável pela amostragem no campo (amostrador) deve ser treinado previamente na identificação da praga (fases de ovo, ninfa e adultos) e no re-conhecimento dos danos causados. Uma das formas de amostragem que pode ser realizada é o uso de lente de aumento de 20 vezes para observação de ninfas, ou enviando a laboratórios equipados com estereoscópios para a observação de ovos além das ninfas.

Vale ressaltar que o algodoeiro pode to-lerar certa quantidade da praga sem sofrer grandes perdas, porém, o manejo deve ser adotado desde o aparecimento do inseto

Figura 1 – efeito de diferentes inseticidas aplicados em ninfas de b.tabaci biótipo b e o efeito em pupas. % eficiências dos inseticidas calculadas da quantidade de pupários vazios. ensaios casa de vegetação. Fundação chapadão-uems. cassilândia/ms

25Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Charles EcherVárias hipóteses podem ser listadas

para explicar a dificuldade de controle enfrentada pelos produtores, entre elas a plasticidade genética (surgimento de biótipos como o caso do biótipo B), a fecundidade (grande quantidade de indi-víduos gerados), os hospedeiros (grande quantidade, atacando também várias plantas daninhas), a sobreposição de gerações (problema de várias gerações no ano), a adaptabilidade (adaptação a várias condições de ambiente), a capacidade de desenvolvimento de resistência (problema por ter várias gerações e requerer número alto de aplicações), o ataque surpresa (que é difícil de explicar, fato que está ligado ao abrigo em matas etc) e as principais medi-das serem de ordem química, valendo citar a máxima “o produtor vence a batalha, mas perde a guerra”.

danos oCasionados Pela MosCa-branCa no algodoeiroEsta praga pode provocar danos di-

retos e indiretos à cultura. Os primeiros ocorrem devido à sucção de seiva realizada pelos insetos, ao mesmo tempo as excre-ções açucaradas produzidas pela mosca favorecem o desenvolvimento do fungo Capnodium sp., causando o sintoma da fumagina. Este fungo é oportunista, reco-brindo as folhas, reduzindo a fotossíntese da planta e provocando a queda precoce de folhas. Ao mesmo tempo pode tam-bém esta substância açucarada atingir as fibras, causando a “fibra açucarada”, que é depreciada no mercado, por ser mais difícil de ser processada na indústria e além de ser considerada de tipo inferior. Na indústria este processo é também cha-mado de caramelização, levando à quebra dos fios no filatório, embuchamento, parando toda a máquina, sem contar na sujeira provocada, além de gerar também a chamada “estopa”, resto de algodão que

fica na bobinadeira. No tingimento do tecido podem ocorrer falhas, depreciando o valor.

Quanto aos danos indiretos, vale des-tacar que sendo um inseto sugador, que possui diversas espécies de hospedeiros e grande habilidade na transmissão de viro-ses em especial da família Geminiviridae (Mehta e Menten, 2008). No algodoeiro é um dos grandes responsáveis pela trans-missão do vírus do “mosaico comum”, relatado para B. tabaci, que faz com que as plantas tenham redução no tamanho das partes formadas após a infecção e po-dendo ainda levá-las à esterilidade. Plantas infectadas possuem folhas com mosaico, caracterizadas pela alternância de áreas de cor amarela com áreas de cor verde. Geral-mente as áreas de coloração amarelada são delimitadas pelas nervuras e observam-se áreas elevadas em relação ao limbo foliar, com aspecto de bolha.

Figura 2 – efeito de diferentes inseticidas aplicados em ninfas de b.tabaci biótipo b. % eficiência em aplicações tópicas. ensaios casa de vegetação. Fundação Chapadão-uems. cassilândia/ms

O manejo da mosca-branca é baseado em amostragens fidedignas. Os produtores e os técnicos devemacompanhar o desenvolvimento populacional da praga desde o início da emergência da cultura

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26 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

na lavoura. A preservação dos inimigos naturais na cultura é imprescindível para o sucesso do manejo da praga, evitando a utilização de inseticidas com amplo espectro de ação. A presença do fungo As-chersonia sp. em lavouras já foi constatada por Lourenção et al (1999) demonstrando a importância da ocorrência no sistema. Outro inimigo natural da mosca-branca é o micro-himenoptero Encarsia sp. que pode, a longo prazo, vir a ser usado na cultura.

Outras medidas são fundamentais para o controle da mosca-branca, como evitar o plantio escalonado de culturas, a eliminação de restos culturais, por conse-quente retirada de plantas com viroses e ou hospedeiras, e ainda as daninhas, que são importantes no aumento populacional, por serem também hospedeiras, entre elas podemos citar as espécies Bidens pilosa, Amaranthus sp., Commelina benghalensis, Ipomoea sp., Sida sp., Desmodium sp., Alternanthera tenella, Raphanus sp., entre outras plantas. No entanto, vale ressaltar que gramíneas não são boas hospedeiras para B.tabaci biótipo B.

Contudo, a alternativa mais utilizada é o controle químico, onde se faz uso de neo-nicotinoides como Acetamiprid, Clothiani-din, Imidacloprid, Thiacloprid e Thiame-toxan, os de maior sucesso, empregados com ação sobre adultos e formas jovens. No mercado existem ainda os reguladores de crescimento (que atuam sobre as formas jovens) como pyriproxyfen e buprofezin, mais precisamente sobre ovos e ninfas de primeiros instares, e somente ovos res-pectivamente. Dentre os mais utilizados estão os fosforados metamidofós e acefato, mas vale ressaltar que apresentam ação na maioria dos casos em adultos, porém, com baixas eficiências tratando-se do biótipo B, e sem residual. As ninfas são de difícil controle em função do alto enfolhamento da cultura, principalmente após os 70 dias, comumente, e desta forma culminam com baixo controle da praga. As empresas têm desenvolvido novas moléculas como Spi-romesifen e Spirotetramat (Cetoenol com ação na síntese de lipídios) e outras ainda em estudo, com novos modos de ação.

É importante ressaltar que em con-sulta ao sistema Agrofit (do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) existem diversos produtos recomendados no controle da praga. Porém, em ensaios da Fundação Chapadão (UEMS-Cassilândia), poucos inseticidas têm apresentado contro-le satisfatório, mesmo quando realizada mais de uma aplicação.

Neste caso vale ressaltar que a observa-ção das diferentes fases da mosca-branca faz com que o técnico faça aplicações se-

quenciais, intervalos de sete a no máximo dez dias a fim de promover a quebra do ciclo da praga. Intervalos maiores que 15 dias com os inseticidas comumente utili-zados (neonicotinoides) levam a grandes falhas de controle.

No entanto é importante o técnico en-tender como o inseticida atua nas diferentes fases do ciclo da praga, principalmente em função dos juvenoides, onde as ninfas po-dem ficar no sistema e na passagem da ninfa 4 (pupa) para o adulto, observa-se o efeito (Figura 1). Outros podem já interferir na fase da praga em que foi aplicado, podendo, no entanto, ficar fixado ainda nas folhas.

Diante da problemática é importante o

Germison Vital Tomquelski, Fundação Chapadão Luciana Claudia T. Maruyama, UEMS – Cassilândia Gustavo Mamoré Martins, Unesp - Ilha Solteira

produtor e seu técnico estarem capacitados para manejar esta praga, um desafio para ser pensado, buscando sustentabilidade técnica e econômica. Para isto, deve haver engajamento de todos os elos envolvidos no processo produtivo dos sistemas de produção do Cerrado brasileiro, ou seja, união e trabalho conjunto de instituições de pesquisa e ensino, revendas, assistências técnicas e consultoria. CC

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Algodão

28 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Figura 1 - evolução da severidade da mancha de ramulária nos materiais FMt 705 e Fmt 707, com a tecnologia RX, na região de sapezal (mt). safra 2009/2010

Figura 2 - evolução da severidade da mancha de ramulária na cultivar dP 604 bg (suscetível), na região de sapezal (mt). safra 2009/2010

A mancha de ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola, é considerada uma das mais

importantes doenças na cultura do algo-dão nas regiões produtoras do cerrado. Em outros países essa doença também é conhecida por “míldio areolado”, “falso-oídio” ou “mancha branca”. No Brasil, até algum tempo atrás a mancha de ramulária era considerada um problema fitossanitário secundário, que ocorria apenas no final do ciclo da cultura do algodoeiro. Mas nos últimos anos, com o aumento da área cultivada de algodão e o uso de cultivares suscetíveis, a doença passou a surgir mais cedo, sendo considerada, atualmente, a

principal enfermidade da parte aérea da cultura na região de Cerrado.

Com a expansão das áreas de algodão durante a safra normal, safrinha após o cultivo da soja e, mais recentemente do algodão adensado (também como opção após a colheita da oleaginosa), o manejo da doença tornou-se mais difícil, pois o fungo sobrevive sobre os restos culturais e os esporos produzidos nessas condições constituem o inóculo primário. É comum o fungo sobreviver em plantas nativas de algodão perene ou plantas tigueras. A dispersão do patógeno ocorre por meio de vento, água de chuva ou irrigação, pessoas e máquinas.

Até pouco tempo, o método mais efi-ciente de controle da doença se dava atra-vés de aplicações de fungicidas (controle químico), devido à ausência de materiais com resistência genética no mercado. A resistência genética para mancha de ramu-lária, em cultivares comerciais de algodão da espécie Gossypium hirsutum, é inédita no mundo e aguardada pelos cotonicultores da região central do Brasil há vários anos.

Frente a este desafio, pesquisadores do programa de melhoramento de algodão da Fundação Mato Grosso (Fundação MT), após vários anos de pesquisa, desenvol-veram materiais resistentes à mancha de ramulária, que estarão disponíveis em

Resistência preservadaResistência preservada

Cultivares FMT 705 e FMT 707 surgem como alternativa importante na luta contra a ramulária no algodoeiro. Embora esses materiais não necessitem de controle específico para a doença, a utilização de triazóis reduz a probabilidade de quebra de resistência genética, por aumentar a vida útil da tecnologia, enquanto os benzimidazóis auxiliam no combate às demais manchas foliares que afetam a cultura

Cultivares FMT 705 e FMT 707 surgem como alternativa importante na luta contra a ramulária no algodoeiro. Embora esses materiais não necessitem de controle específico para a doença, a utilização de triazóis reduz a probabilidade de quebra de resistência genética, por aumentar a vida útil da tecnologia, enquanto os benzimidazóis auxiliam no combate às demais manchas foliares que afetam a cultura

Page 29: Grandes Culturas - Cultivar 141

seja, não foi constatada evolução alguma de sintomas; enquanto que nas cultivares sem a resistência, a severidade no tratamento de controle variou entre 60% e 85% (Figura 2). Mesmo após cinco aplicações de fungi-cidas a cada 15 dias, a doença apresentou níveis de severidade entre 46,3% e 62,5% em função das cultivares, sendo um indica-tivo de perda de potencial produtivo.

Com relação à produtividade de algo-dão (Figura 3), os materiais FMT 705 e FMT 707 apresentaram bons rendimentos em comparação às demais cultivares. As testemunhas das cultivares suscetíveis produziram em média 117 arrobas de

29Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

escala comercial para os produtores já na safra 2010/2011.

As cultivares FMT 705 e FMT 707 possuem a tecnologia RX, que é inédita no Brasil e no mundo, o que confere resistência completa à doença causada pela Ramularia areola, proporcionando economia, segurança e tranquilidade ao cotonicultor.

Isso ficou muito evidente nos diversos experimentos realizados pelos pesquisa-dores junto aos produtores, que puderam comprovar e testar a tecnologia no cam-po. Diversos cotonicultores têm relatado excelentes resultados, ressaltando a segu-rança e a economia advindas com estes materiais. Na região de Sapezal, noroeste de Mato Grosso, tem se observado que a tecnologia RX auxilia enormemente no combate à ramulária. Também estão entre as características destes materiais o ótimo potencial produtivo, rendimento de pluma e a precocidade, características que vêm ao encontro dos anseios dos produtores daquela região.

Para se ter uma ideia da importância da tecnologia RX em cultivares suscetíveis, o manejo das doenças do algodão é realizado apenas pelo controle químico, dispondo-se em média, de seis a oito aplicações de fungicidas, em 100% da área de algodão de Mato Grosso. Destas aplicações, 70% a 80% são específicas para ramulária. As

perdas de produtividade pela falta de con-trole da doença podem chegar a 35% (com a ramulose até 70%).

Em ensaios conduzidos no Mato Gros-so, na região de Campo Novo dos Parecis, foi avaliado o efeito da interação entre as cultivares de algodão e o número de aplica-ções de fungicidas (de zero a cinco aplica-ções) em intervalos de 15 dias (Tabela 1), avaliando a severidade da ramulária a partir da data da 1ª aplicação (DAT - dias após a 1ª aplicação de fungicida). Foi observado que, nas cultivares RX com nenhuma aplicação (testemunha), no período até 95 DAT (Figura 1), a severidade foi zero, ou

tabela 1 - evolução da severidade de mancha de ramulária (%) de diferentes cultivares, em função do número de aplicações (0 e 5) de fungicida1, na região de sapezal (mt). safra 2009/2010

no aplicações0

5 aplicações0

5 aplicações0

5 aplicações0

5 aplicações0

5 aplicações

0 dat0,100,100,100,130,050,050,000,000,000,00

1 Fungicida: 0,3 l/ha de azoxistrobina+ciproconalzol

CultivaresdP 604 bg

FMt 701

Fibermax 993

FMt 705

FMt 707

18 dat2,501,130,080,410,500,080,000,000,000,00

32 dat26,311,32,80,8

11,256,750,00,00,00,0

46 dat31,315,07,33,08,02,80,00,00,00,0

60 dat47,526,817,512,317,314,30,00,00,00,0

74 dat72,557,545,037,546,331,30,00,00,00,0

95 dat85,062,558,348,860,046,30,00,00,00,0

Figura 3 - Produtividade de algodão em pluma (@ fibra/ha) obtida por diferentes cultivares, em função do número de aplicações de fungicidas, na região de sapezal (mt). safra 2009/2010

tabela 2 - comparativo de rentabilidade ao produtor (R$/ha) entre as variedades com a tecnologia RX e as variedades suscetíveis à ramulária

nº aplicações523

Custo de produção1 (R$/ha)129,3051,70-77,60

1 Custo de produção: fungicida + operação2 Rentabilidade: (Produtividade * Preço algodão) – custo de produção

variedadesvariedades susceptíveis

variedades rXdiferença

Produtividade (@ pluma/ha)121,6146,024,3

Rentabilidade 2 (R$/ha)8.743,1010.431,101.688,00

35,00/l _10,50/aplicação 1,722371,907,78

Preço Fungicida - azoxistrobina+ciproconalzol (dose 0,3l/ha) – us$cambio (08/09/10) - R$

Preço algodão - R$/@ pluma (Rondonópolis) - imeacusto pulverização (Filho & Richetti, 2004) - R$/aplicação

Charles Echer

Page 30: Grandes Culturas - Cultivar 141

de máquinas. Vale lembrar que além da redução

de custos diretos, os materiais RX apre-sentaram um maior potencial produtivo comparado às variedades suscetíveis. Usando como base o experimento citado anteriormente, foi realizada uma simula-ção de custos comparando as variedades (Tabela 2). Assim, observou-se que, para o produtor que utiliza as variedades RX, o custo de controle com apenas duas aplicações giraria em torno de R$ 51,70/ha, e com produtividade de 146,0 arro-bas de pluma/ha, geraria ao cotonicultor uma rentabilidade de R$ 10.431,10/ha (sem considerar os demais custos de produção), contra R$ 8.743,10/ha onde foram realizadas cinco aplicações nas cultivares suscetíveis. Isto possibilitou ao cotonicultor uma lucratividade 19% maior (R$ 1.688,00/ha) com a utilização da tecnologia RX.

30 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

CC

pluma/ha, enquanto as testemunhas das cultivares RX produziram 146 arrobas pluma/ha, obtendo 29 arrobas de pluma/ha de incremento com a tecnologia.

Manejo de FungiCidas nas Cultivares rXO algodoeiro também é afetado por

outras doenças, como a ramulose (Col-letotrichum gossypii), mirotécio (Myrothe-cium roridum), corinespora (Corynespora cassicola), estenfilium (Stemphylium solani) entre outras, e dependendo das condições a ferramenta química deve ser utilizada. Apesar das cultivares RX não necessitarem de controle químico específico para ramulária, a utilização de triazóis reduz a probabilidade de quebra de resistência genética, aumentando a vida útil da tecnologia e os benzimida-zóis auxiliam no combate das demais manchas foliares.

A recomendação do controle químico para ramulose nas cultivares RX é a mes-ma prescrita para as demais cultivares: começar as aplicações, detectados os primeiros sintomas da doença (manchas

“estreladas”), com o uso de fungicidas do grupo das estrobilurinas, ou combinações de benzimidazóis com estanho-orgânico. As reaplicações dependem da evolução da doença, das condições climáticas e do efeito residual do produto.

Para o controle de manchas foliares (mirotécio, corinespora, estenfilio e fer-rugem) e também como estratégia para se prolongar a resistência genética à ramulária dos materiais RX, deve-se realizar pelo menos duas aplicações de fungicidas, sendo a primeira aos 90-100 DAE (Dias Após a Emergência) e a segunda aos 110-120 DAE, utilizando triazóis ou combinações destes produtos com estrobilurinas ou benzimidazóis.

custo de PRodução O custo de produção com o uso da

tecnologia RX é reduzido, pois além da economia no consumo de fungicidas, o produtor diminui o número de entrada de máquinas na lavoura, diminuindo o custo operacional e minimizando os eventuais problemas causados pelo excessivo trânsito

Figura 6 - Imagem aérea do experimento de competição entre as variedades RX e variedades susceptíveis à mancha de ramulária: produtividades: Delta Opal: 215@/ha; Fibermax: 221@/ha; FMT 705: 245 @/ha; FMT 707: 265@/ha (esquerda) e (à direita) Produtividades: FMT 705: 245 @/ha; FMT 707: 265@/ha

Figura 4 - Comparativo de produtividade entre as variedades RX e variedades susceptíveis à mancha de ramulária. Produtividades - Delta Opal: 243@/ha; FMT 705: 287 @/ha; FMT 707: 325@/ha

Figura 5 - Resistência genética à mancha de ramulária (tecnologia RX), observada nas parcelas sem aplicação de fungicida. Produtividades - FMT 707: 264@/ha; Linhagem: 225@/ha

Diego Martins Carretero e Fabiano Siqueri, Fundação MT

Fotos Fundação MT

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Café

32 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Fotos Paulo R. Reis

Macho com asa posterior atrofiada (esq.)e fêmea com asa posterior normal (dir.)

A broca-do-café, Hypothenemus ham-pei (Ferrari, 1867) (Coleoptera: Scolytidae) constitui-se em uma

importante praga na cafeicultura irrigada, pela sua maior sobrevivência na entressafra, nos frutos úmidos remanescentes da colheita e que permanecem nas planta ou sobre o solo.

O inseto fêmea adulto é um pequeno besouro de cor preta, luzidio, medindo apro-ximadamente 1,7mm de comprimento por 0,7mm de largura.

O macho é menor e apresenta apro-ximadamente 1,2mm de comprimento por 0,5mm de largura. Não voa (as asas posteriores são atrofiadas) e permanece constantemente dentro dos frutos, onde se realiza a cópula e a fecundação das fêmeas.

As fêmeas perfuram os frutos, desde verdes (chumbões) até maduros (cerejas) ou secos (passas), geralmente na região da coroa, cavando uma galeria com cerca de 1mm de diâmetro até atingir a semente.

No ciclo evolutivo da broca o desenvolvi-mento do macho é mais rápido (dois instares larvais) que o da fêmea (três instares larvais - Figura 1).

danoO ataque da broca-do-café causa a

diminuição do peso dos grãos, a queda de frutos (prejuízo quantitativo) e a redução da qualidade da bebida, através da alteração no tipo (prejuízo qualitativo). Os danos são causados pelas larvas do inseto, que vivem no interior do fruto de café, atacando uma ou as duas sementes para sua alimentação, podendo a destruição do fruto ser parcial ou total.

Inicialmente os prejuízos são ocasionados pela queda de frutos. Para o cafeeiro Arábica (Coffea arabica L.) foi constatado que a broca aumenta a porcentagem de queda natural de

frutos em torno de 8% a 13%; para cafeeiro Canéfora (Coffea canephora Pierre & Froehner) a broca pode ser responsável por um aumento da queda de frutos da ordem de 46%.

Os frutos broqueados, que permanecem nas plantas, sofrem redução de peso, tendo sido já demonstrado experimentalmente, em Minas Gerais, que essas perdas podem chegar a 21% ou a 12,6kg por saco de 60kg de café beneficiado (Figura 2). Foi constatado que a qualidade do café ficou alterada com o ata-que da broca, passando do tipo 2 para o tipo 7, com o aumento da infestação. As perdas aumentam na operação de beneficiamento devido à fragilidade que o grão atacado passa a apresentar.

Os danos provocados pela broca começam quando a infestação, nos frutos da primeira florada, atinge 3% a 5%, já com larvas se alimentando das sementes (Figura 2).

A qualidade da bebida do café parece não ser diretamente influenciada pelo ataque da broca, mas sim indiretamente pela facilidade que os danos proporcionam à penetração de micro-organismos, como fungos dos gêneros Fusarium e Penicillium, que estão relacionados com a alteração da

Lucros em riscoLucros em risco

Os prejuízos causados pela broca-do-café vão da redução da produtividade até a depreciação da qualidade da bebida. O controle da praga exige monitoramento rigoroso e uso de alternativas que integram medidas culturais, adoção de parasitas biológicos e emprego de inseticidas

Os prejuízos causados pela broca-do-café vão da redução da produtividade até a depreciação da qualidade da bebida. O controle da praga exige monitoramento rigoroso e uso de alternativas que integram medidas culturais, adoção de parasitas biológicos e emprego de inseticidas

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pois a broca apresenta grande capacidade de reprodução e, em anos de alta infestação, os últimos talhões a serem colhidos apresentarão, sem dúvida, grande população de broca e, consequentemente, maiores prejuízos.

qualidade da bebida do café.

Controles

Controle culturalConstitui-se, talvez, no mais eficiente mé-

todo de controle da broca-do-café. Os cafezais devem ser plantados em espaçamentos que permitam maior arejamento e penetração de luz a fim de propiciar baixa umidade do ar em seu interior, condições que são desfavoráveis à praga, além de permitir a circulação de pulverizadores tratorizados.

A colheita do café deve ser muito bem feita, evitando que fiquem frutos nas plantas e no chão, onde a broca poderá sobreviver na entressafra, principalmente se for chuvosa. Após a colheita, caso tenham permanecido muitos grãos nas plantas e no chão, é recomen-dável fazer o "repasse" ou catação dos frutos remanescentes da colheita.

Estudo realizado com cafeeiro da espécie C. canephora cv. Conillon, no Espírito Santo, mostrou que cinco meses após a colheita cerca de 71,7% dos frutos remanescentes estavam atacados pela broca, o que evidencia a im-portância da colheita bem feita e do repasse, principalmente em lavouras não mecanizadas onde o monitoramento e as pulverizações são difíceis de serem realizados. Em 2000, no estado de Rondônia, a infestação média

de frutos na entressafra, caídos no solo, foi de até 76,3%.

A colheita deve ser sempre iniciada nos talhões com cafeeiros mais infestados, a fim de que sejam evitados maiores prejuízos,

Fruto de café no estágio de cereja apresentando orifício produzido pela broca-do-café

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A broca-do-café, Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera:

Scolytidae) é considerada, atualmente, a segunda praga em importância do cafeeiro Coffea spp., para a maioria das regiões cafeeiras do Brasil.

Conhecida no Brasil desde 1922, e até 1970 considerada a principal praga do cafeeiro, passou a ser a segunda ou até a terceira em importância na maioria das regiões cafeeiras do país (com exceção da Zona da Mata de Minas Gerais, estados do Espírito Santo e Rondônia e lavouras muito próximas às grandes represas) em qualquer região, devido às condições de alta umidade e temperatura, condições ideais para o desenvolvimento do inseto e sua sobrevivência na entressafra.

BROCA-DO-CAFÉ

Finalmente, lavouras irrigadas (com qual-quer tipo de irrigação) apresentam maiores infestações de broca como resultado da maior sobrevivência e multiplicação nos frutos remanecentes na entressafra, devido à maior umidade, daí a importância do monitoramen-to sistemático dessas lavouras.

Controle biológicoNuma tentativa de controlar biologica-

mente a broca-do-café, foi introduzido, em 1929, no estado de São Paulo, proveniente de Uganda, África, o micro-himenóptero Pro-rops nasuta Waterston, 1923 (Hymenoptera: Bethylidae), que recebeu o nome vulgar de vespa-de-Uganda, que parasita larvas e pupas da broca. O insucesso do controle é em parte atribuído ao uso, na época, do inseticida BHC. O mesmo cenário foi verificado com a introdu-ção dessa vespa na Indonésia e Ceilão.

A partir de 1994 vem sendo estudada a eficiência de outra vespa introduzida tam-bém da África, a Cephalonomia stephanoderis Betrem, 1961 (Hymenoptera: Bethylidae), conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim. Acredita-se ser esta espécie mais agressiva que a vespa-de-Uganda.

Espera-se que a liberação de parasitoi-des, criados em laboratório, no período da entressafra, reduza a população da broca para a safra seguinte de café. As larvas da vespa são parasitoides das fases imaturas da broca, e os adultos são considerados predadores de ovos, larvas pequenas e adultos da broca-do-café.

Nos países produtores de café das Américas, com exceção do Brasil, pelas condições das lavouras, a broca é a sua principal praga. Nesses países, estudos com parasitoides vêm sendo desenvolvidos intensamente, inclusive com liberações em campo, e com sucesso apenas parcial.

Outro agente de controle biológico da broca, já constatado no Brasil, é o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana (Bals.) Vuil., cuja multiplicação em grande escala vem sendo desenvolvida através de pesquisas. As condições que favorecem a infestação de B. bassiana são o tempo nublado e a alta umidade relativa (aproxi-madamente 80%). Essas condições ideais para o fungo nem sempre são encontradas em cafezais com espaçamento convencio-nal, o que provavelmente torna os cafeeiros

adensados, sombreados ou arborizados, como promissores ao controle da broca com o uso de fungos entomopatogênicos.

Controle químico convencionalAtualmente, na cafeicultura brasileira,

devido aos maiores espaçamentos que permitem pulverizações tratorizadas, o controle químico da broca é eficiente, rápi-do e barato, ao contrário do que ocorre nos demais países produtores onde se pratica a cafeicultura adensada e/ou sombreada.

Embora possa ser uma operação bas-tante trabalhosa, o monitoramento é de suma importância para o manejo da broca. Qualquer método de monitoramento é eficiente, o convencional (detrutivo com a retirada de frutos ou não) ou o sequencial

Figura 1 - Esquema do ciclo biológico da broca-do-café, Hypothenemus hampei

Figura 2 - Perda de peso de café beneficiado em função da porcentagemde infestação pela broca-do-café. Fonte: Reis et al. (1984)

Corte de fruto de café mostrando a presença de larvas da broca em seu interior e destruição parcial (esquerda, uma semente danificada) e total das sementes (direita, as duas sementes danificadas)

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(não destrutivo).O monitoramento da broca deve ser

iniciado na época de “trânsito” do inseto (de novembro a janeiro), três meses após a grande florada, quando forem observadas nas rosetas os primeiros frutos broque-ados, e realizado até abril. Na época de “trânsito”, as fêmeas adultas do inseto abandonam os frutos da entressafra onde se criaram, voam e perfuram frutos ver-des desenvolvidos (chumbões) da safra seguinte, sem neles ovipositar logo após perfurá-los, só o fazendo 53 dias depois, pois de novembro a janeiro esses frutos se apresentam muito aquosos, com 86% de umidade, não sendo ainda um alimento ideal para as larvas do inseto.

Na prática o tamanho dos talhões pode ser delimitado por: a) carreadores e penden-tes; b) idade das plantas; c) porte das plantas e outras características que permitam separar a lavoura em grupos menores de cafeeiros. Elaborar um mapa de localização dos talhões para facilidade de identificação.

Apesar de apenas dois ingredientes ativos (endosulfan e chlorpyrifos-ethyl) terem registro para uso em cafeeiro no controle da broca-do-café no Brasil, a

tática do controle químico muitas vezes é a única disponível para manter a praga abaixo do nível de controle, que é de 3% a 5% de frutos broqueados, se possível naqueles com a broca nas posições A e B, ou seja, sem que ainda tenham alcançado a semente (Figura 3), onde será morta pela ação de contato com o inseticida aplicado, sem ainda ter colocado ovos.

Como o ataque não se distribui unifor-memente numa lavoura, recomenda-se o controle apenas nos talhões cuja infestação já atingiu mais de 3% a 5% dos frutos (com brocas vivas no interior) na época do chama-do “trânsito” do inseto (deslocamento de um fruto para outro). Portanto, na maioria das vezes, o controle não é feito em toda a lavou-ra, mas, limitando-se a alguns talhões. Em lavouras irrigadas, o controle químico pode ser necessário na maioria dos talhões.

Recomenda-se continuar as inspeções em todos os talhões, mesmo naqueles já controlados (onde os frutos devem ser abertos para verificar se as brocas estão vivas ou mortas), até que passe o perío-do crítico de ataque, que se estende até próximo da colheita. Quando a infestação atingir os índices recomendados para con-

trole, indica-se a repetição, respeitando-se os limites de carência dos inseticidas. Geralmente uma única pulverização tem sido suficiente para o controle da broca, em aplicação tratorizada.

Lavouras velhas e fechadas requerem maiores cuidados, pois em tais condições são mais suscetíveis ao ataque da broca.

O inseticida recomendado para o contro-le é o endosulfan 350g/litro CE à razão de 1,5 a 2,0 litros/ha, ou a 0,5% (500ml do produto comercial/100 litros de água, com gasto de água a partir de 300 litros/ha). Adicionar espalhante adesivo à calda inseticida. Embora seja um produto químico, o endosulfan é considerado seletivo a micro-himenópteros que são parasitoides de pragas.

O controle da broca pode ser feito simultaneamente com o controle da fer-rugem e aplicação de micronutrientes via foliar, pois há uma coincidência de época para tais operações.

Devido a restrições impostas por im-portadores de café e certificadoras, a fabri-cação e a comercialização do endosulfan, no Brasil, poderão ser efetuadas somente até 31 de julho de 2013. Esperam-se para breve outros produtos que o substituam com a mesma eficiência no controle da broca.

Figura 3 - Esquema mostrando a posição e desenvolvimento da broca em frutos de café. Fonte: Recomendaciones... (1994)

Paulo Rebelles Reis,Epamig/EcoCentro

Paulo Rebelles Reis aponta alternativaspara o combate à broca-do-café

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36 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Coluna ANPII

limites ampliados

A Fixação Biológica do Ni-trogênio (FBN) é um fe-nômeno natural que tem

por objetivo aproveitar o imenso reservatório natural desse elemento existente no ar para nutrir as plantas em um dos três macronutrientes ne-cessários para que as plantas cresçam e produzam sementes para perpetuação da espécie. Enquanto fósforo e potássio encontram-se disponíveis em forma mineral nos solos, o nitrogênio neces-sita ser transferido do ar para o solo e

XX iniciou-se o processo de seleção de bactérias mais eficazes e a tecnologia de sua veiculação em substratos adequados para ser usado pelos agricultores. Isto deu início à indústria de inoculantes, criando várias formulações para que a bactéria pudesse ser produzida em elevadas concentrações, armazenada e transportada até o agricultor para ser usada nas lavouras. Devido à sua elevada eficiência, tornou-se um in-sumo indispensável na cultura da soja e viabilizou esta importante planta no

Solon de AraujoConsultor da ANPII

Na cana-de-açúcar já se vislumbra o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio em curto espaço de tempo

agricultor brasileiro que, rapidamente, incorpora as novas tecnologias de forma muito arrojada, contrariando a crença de que o agricultor é um profissional conservador. O produtor brasileiro tem dado provas ao mundo da sua adesão às novas tecnologias oferecidas.

Na cana-de-açúcar já se vislumbra o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio em curto espaço de tempo (aproxima-damente) de dois a três anos.

Mas o que podemos esperar ainda da FBN para auxiliar no aumento da

Depois de cobrir mais de um milhão de hectares de milho, arroz e trigo, a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) se prepara para expandir seus benefícios para outras

culturas como a cana-de-açúcar, ao mesmo tempo em que a pesquisa aponta a possibilidade de associação de 60 espécies vegetais com bactérias do gênero Azospirillum

aí sofrer uma série de transformações químicas até chegar à forma mineral, absorvível pelas plantas. Somente nas relações simbióticas entre bactérias e plantas leguminosas, o nitrogênio já é incorporado diretamente à planta, sem passar pelas fases de mineralização.

Assim, durante séculos, a natu-reza, através de bactérias chamadas de fixadoras de nitrogênio, conseguiu alimentar a vida na terra através do fenômeno da FBN. Com o advento da agricultura moderna, onde se procura obter elevadas produtividades, o enge-nho humano, se por um lado dominou o uso de minerais, também desenvolveu tecnologias para o aproveitamento das bactérias para fixar o nitrogênio não somente para que as espécies sobre-vivessem, mas que a quantidade de nitrogênio fixado permitisse elevadas colheitas de grãos ou de massa seca nas forragens.

No final do século XIX foram lan-çadas as bases científicas para compre-ender o fenômeno da FBN e no século

cenário econômico do cerrado e do Brasil como um todo. O feijão, como “primo pobre” mas metido a rico, foi melhorado levando em conta o caro nitrogênio mineral e não a barata, eco-nômica e ambientalmente correta FBN. Mas hoje novas luzes se abrem na pes-quisa e dentro em breve poderemos ter a cultura que provê um dos alimentos do dia a dia dos brasileiros, usando em larga escala o nitrogênio biológico.

No limiar do século XXI há novas incorporações da FBN na agricultura brasileira. Na esteira das pesquisas da doutora Johanna Dobereiner e dos cientistas por ela formados, iniciou-se o uso de inoculantes bacterianos em gramíneas, sendo o milho, o arroz e o trigo as plantas inicialmente bene-ficiadas. O sucesso da tecnologia foi tamanho, que em pouco mais de um ano de mercado, mais de um milhão de hectares já foram inoculados, evi-denciando a capacidade da pesquisa brasileira, a agilidade das indústrias de inoculante e o espírito inovador do

produtividade e no uso de uma agricul-tura sustentável? Sabe-se atualmente que mais de 60 espécies vegetais são capazes de se associar com bactérias do gênero Azospirillum, a mesma utilizada no milho, trigo e arroz, podendo fixar nitrogênio e agir também no cresci-mento das plantas. Desta forma, o horizonte que se abre à frente da pes-quisa, das empresas de inoculantes e da agricultura brasileira é imensurável, com toda uma gama de importantes culturas nas quais se poderá reduzir ou até eliminar o uso da adubação nitrogenada, com ganhos para toda a cadeia produtiva do agronegócio brasi-leiro, seja nas grandes e nas pequenas propriedades, desde que sejam admi-nistradas por agricultores modernos e com capacidade para utilizar as novas tecnologias que estão sendo incorpo-radas ao processo produtivo.

CC

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Coluna Agronegócios

37www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2011

alimentando o mundo em 2050

O mundo tem os recursos e a tecno-logia necessários para erradicar a fome e assegurar comida para ali-

mentar a população, no longo prazo, apesar dos múltiplos desafios e inúmeros riscos. Para tanto, será necessário mobilizar a vontade política e construir as instituições necessárias para garan-tir que as principais decisões sobre investimento e políticas de erradicar a fome serão tomadas e implementadas de forma efetiva.

Estima-se que, em 2050, a população mundial atingirá 9,1 bilhões, 34% maior que hoje. Quase todo esse aumento populacional ocorrerá nos países em desenvolvimento. A urbanização vai continuar em um ritmo ace-lerado, e aproximadamente 80% da população do mundo será urbana (em comparação com 50% em 2011). Para alimentar uma população maior, mais urbana, mais rica, mais idosa e

mentos. Portanto, políticas públicas de emprego e renda, de inclusão social, de garantia de acesso à alimentação necessitarão ser implementadas e este aspecto tem se mostrado mais resiliente e difícil de atingir que aumentar a produção mundial de alimentos.

2. Incremento da produtividade - Será cada vez mais difícil incorporar novas áreas para a produção agropecuária, ao mesmo tempo em que a agricultura será deman-dada a atender não apenas a demanda de alimentos, porém uma plêiade de utilidades sociais, como energia, fitoterápicos, fibras, produtos madeireiros ou insumos para a indústria química. Para tanto, avanços pon-deráveis deverão ocorrer na geração de novas tecnologias apropriadas, bem como deverá aumentar a velocidade de transmissão de conhecimentos para o sistema produtivo,

lizar a exposição ao risco da agropecuária com outras atividades econômicas, são necessárias políticas públicas, como oferta adequada de crédito, com taxas de juros compatíveis; seguro agrícola contra riscos climáticos e seguro renda para proteção contra oscilações do mercado; garantias de comercialização e de escoamento da produção.

5. Redução de perdas - Estima-se que apro-ximadamente um terço da produção mundial de alimentos seja perdida entre o momento do plantio e a mesa do consumidor. Durante o processo produtivo, tecnologias necessitam ser desenvolvidas e adotadas para reduzir as perdas por fatores bióticos (pragas) ou abióticos (seca, alagamento, deficiência nutricional) e minimizar as perdas na colheita. Após a porteira programas devem ser delineados e implemen-tados para reduzir à metade (ou ainda menos

Décio Luiz GazzoniAssessor da SAE/Presidência da República

Nosso país deverá apresentar o maior crescimento, em escala global, tanto na produção quanto na comercialização no mercado internacional, de produtos agrícolas em geral

melhor informada, a produção de alimentos deve aumentar em, no mínimo, 70%, porque incluirá a parcela da população hoje à margem do mercado, em estado de fome endêmica ou, no mínimo, de deficiência nutricional. A pro-dução anual de cereais deverá atingir cerca de três bilhões de toneladas (contra 2,1 bilhões de hoje) e a produção de carne deverá aumentar das atuais 200 milhões para 470 milhões de toneladas.

os CinCo desaFios 1. Acesso à alimentação - Apenas produzir

mais alimentos não garante que a fome será erradicada do mundo. Desde a década de 1980 a FAO tenta comprometer os países membros com programas de erradicação da fome no mundo, estabelecendo metas e cronogramas que são sistematicamente descumpridos. Como resultado, a fome no mundo tem aumentado, tanto em termos relativos (proporção da população) quanto em termos absolutos. A estimativa é que entre 800 milhões e um bilhão de pessoas sofrem algum grau de restrição ali-mentar. O problema central não é a oferta de alimentos, porém, o acesso à alimentação, em especial os meios financeiros para adquirir ali-

e a sua consequente adoção. Atenção: não basta gerar novas tecnologias, estas devem ser sustentáveis por qualquer ângulo que se examine, seja no aspecto ambiental, social ou econômico.

3. Infraestrutura - Não basta produzir, é necessário levar a produção aos locais de consumo. Antes disso, obviamente os insumos agrícolas necessitam ser transportados aos locais de produção. Para tanto, necessita-se de logística e infraestrutura adequada. Os países ricos já dis-põem da infraestrutura necessária. Porém, nos países emergentes, onde deverá ocorrer 80% do aumento da produção agrícola nos próximos 40 anos, esta infraestrutura é precária e está muito longe de atender às necessidades. O Brasil é um exemplo didático do descasamento entre o alto potencial do agronegócio e a deficiente infraestrutura disponível, porém o quadro se repete em outros países com potencial agrícola, em especial na África.

4. Políticas de apoio - Entre as atividades econômicas legais, a agropecuária é a que apresenta a maior taxa de risco, devido à imponderabilidade do clima, ao ataque de pragas ou às flutuações abruptas de preços de insumos ou dos produtos agrícolas. Para equa-

que isto) as perdas na colheita, no transporte, na armazenagem, nos canais de distribuição, nos restaurantes e nos lares.

brasilNosso país deverá apresentar o maior

crescimento, em escala global, tanto na pro-dução quanto na comercialização no mercado internacional, de produtos agrícolas em geral, mormente alimentos. Destaque deve ser dado à dobradinha soja e milho e ao conjunto de proteínas animais (gado, frangos e suínos). Ao mesmo tempo, o Brasil caminha para consolidar-se como o grande ícone da produção e uso de agroenergia, tanto no segmento de biocombustíveis quanto de bioeletricidade. Paralelamente, os negócios florestais estarão em alta nas próximas décadas, devido às esti-mativas de incremento espetacular na demanda internacional de produtos florestais. Quero crer que nunca antes na história do agronegócio deste país vivemos uma perspectiva de negócios florescentes como a que se descortina para as próximas décadas. CC

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Coluna Mercado Agrícola

ano começa com boas perspectivas para o agronegócio brasileiro

TRIGO - A safra está colhida e até agora a liquidez é considerada fraca, com indicativos entre os R$ 380,00 e os R$ 480,00 por tonelada. O mercado externo tem trabalhado em torno dos 300 a 330 dólares por tonelada. Já estamos dentro dos níveis de venda no mercado internacional e certamente o produto que importaremos chegará muito acima do que praticamos no produto brasileiro. Com espaço para avanços nos próximos meses.

ALGODÃO - O mercado se encontra em um dos melhores momentos já vistos no Brasil, com indicativos entre os R$ 109,00 e os R$ 113,00 pela arroba da pluma, trazendo grandes lucros ao setor (que busca crescer em plantio da safrinha). O aspecto negativo fica por conta das chuvas em excesso, ocorridas em janeiro. A cultura seguirá com boa demanda nacional e externa e boas cotações aos produtores.

eua - A nova safra começa a ser comentada, com indicativos de que o milho ganhará área em 2011/12, podendo avançar dois milhões de hectares (indo à casa dos 38 milhões). Com isso haverá perdas na área da soja. Projeta-se grande necessidade de milho para ração, etanol e exportações. Somente para China devem ir sete milhões de toneladas. O etanol americano vai consumir mais de 125 milhões de toneladas de milho neste ano e tudo aponta que para o próximo passará das 130 milhões de toneladas. Por isso o país terá que produzir mais milho, e os indicativos são de que a soja tende a perder espaço.

chIna - As importações de alimentos estão sendo apontadas como fator de garantia de controle da inflação local e garantia para que o país continue crescendo de maneira sustentável. Com isso fizeram acordos para garantir abastecimento de alimentos, com a Argentina e os EUA, e seguirão comprando forte do Brasil. Com isso a soja pode chegar à marca das 60 milhões de tone-

MilHoLeilões limitam maiores avanços O mercado do milho mostrou forte reação nas

cotações, no segundo semestre de 2010, e os ganhos permanecem no começo de 2011. Mesmo com o início da colheita o mercado segue firme, porque há forte demanda no mercado internacional (que estava pagando R$ 28,00 por saca nos portos para embarque entre fevereiro e agosto) limitando desta forma a queda interna para o milho novo e obrigan-do as indústrias a vir às compras para se abastecer, às vésperas da colheita. O governo seguiu vendendo estoque e desta forma está com níveis de pouco mais de três milhões de toneladas nesta passagem de ano. Desta forma teremos um ano de alta dependência da safrinha, que terá atraso no plantio e chances de não alcançar a mesma área do ano passado (o que deve resultar em fôlego para o milho se manter firme e lucrativo aos produtores).

sojaCotações atrativas A soja começou 2011 com os olhos voltados

para o futuro, com forte demanda chinesa, e indicativos de que o país chegará à marca das 60 milhões de toneladas importadas neste ano,

contra 55 milhões de 2010. Desta forma, haverá necessidade de crescimento da produção. A safra da Argentina foi comprometida pelo clima e está deixando espaço para os demais fornecedores. Com menor potencial de exportação dos portenhos, teremos fôlego para manter o mercado interno mais atrativo neste ano. Temos somente um entrave para os ganhos em 2011, que será a concentração da colheita entre a metade de fevereiro e o come-ço de abril. A expectativa é por forte avanço nos preços dos fretes e até falta de caminhões para o transporte. Também poderemos ter dificuldade de armazéns, porque a produção tem crescimento e caminha para um recorde histórico, enquanto a capacidade de armazenagem não tem avançado no mesmo ritmo.

FeiJãoReplay de 2010O mercado do feijão caminha para repetir o

que ocorreu em 2010, mostrando concentração de oferta neste começo de 2011, com cotações baixas, perdas na produtividade e qualidade baixa. Isso faz com que os produtores reduzam o plantio da segunda safra, o que resultará na ausência de ofertas no meio do ano, tornando-nos dependentes

da terceira safra, com forte alta nos indicativos do segundo semestre. Assim caminhamos para cotações entre R$ 50/80 neste começo de ano e forte reação nos meses seguintes, por falta de ofertas.

arroZDentro dos níveis de exportaçãoO arroz começou o ano com queda acima dos

10% nas cotações do Casca. A sobra de produto do ano passado, com grandes estoques nas mãos da Conab (ainda próximo de um milhão de toneladas) e o plantio crescente no Sul. Esses fatores fizeram com que a alta da entressafra não ocorresse. O mer-cado aponta para fraqueza e grande dependência do governo neste começo de colheita. Mesmo com perdas localizadas no Rio Grande do Sul, a safra caminha para bons resultados no Sul e quase nada de arroz nas demais regiões do país. Como tivemos forte queda nas cotações, já estamos dentro dos ní-veis de exportação. Desse modo não há mais espaço para baixa, porque nestes níveis poderemos exportar o arroz em casca ou até mesmo o beneficiado. Mas para o período de colheita serão necessárias as Aqui-sições do Governo Federal (AGFs) para garantir o preço mínimo de R$ 25,80. Depois poderemos ter fôlego de reação.

CURTAS E BOASladas importadas, com potencial para ir além das dez milhões de toneladas compradas de milho. Isto porque o consumo de ração cresce muito acima das expectativas. Boa notícia para o mundo agrícola.

aRGenTIna - O clima novamente foi carrasco com os produtores argenti-nos. Houve seca, do final de novembro até janeiro, na maior parte das regiões produtoras, com atraso no plantio e grandes perdas na safra local. O milho, que mostrava fôlego para colheita de até 26 milhões de toneladas, agora aponta para percentuais abaixo das 19,5 milhões de toneladas. Para a soja se esperava repetir o recorde de colheita de 55 milhões de toneladas. Mas agora se aponta para patamares entre 47 milhões de toneladas a 48 milhões de toneladas. Desta forma o país terá menos grãos para exportar. Aguardam-se muitos protestos por parte dos produtores neste ano, porque o governo seguirá controlando as exportações e para segurar a inflação irá diminuir os volumes vendidos no mercado externo, deixando o mercado internacional mais forte. Os agricultores fizeram greve em janeiro, os portuários paralisaram e tudo indica que haverá novas mobilizações neste ano, até porque estamos a poucos meses de uma eleição presidencial. Bom para os países concorrentes, que ganharão espaço nas vendas e as cotações serão fortalecidas.

clIma - Novamente estaremos na dependência do clima neste novo ano agrícola no hemisfério norte, que vem sofrendo constantemente com seca e altas temperaturas. Pelos primeiros sinais do inverno rigoroso (que aumenta o consumo de alimentos e ração na região), é possível concluir que não deverá ser diferente dos últimos dois anos, que foram de grandes perdas nas lavouras. Lembramos a seca e focos de incêndio, no leste europeu, em agosto passado. Fatores que trazem apelo altista ao mercado internacional.

38 Fevereiro 2011 • www.revistacultivar.com.br

Vlamir [email protected]

O ano de 2011 começa com boas expectativas. Com cotações altas para os principais grãos no mercado internacional, crescimento na demanda e novamente grandes problemas climáticos atingindo países importadores. Esse cenário gera apelo positivo para as cotações e deixa o quadro geral mun-dial dos grãos apertado. A Soja segue com boas perspectivas, porque o principal importador mostra boas condições da economia e forte necessidade de compras para manter a inflação controlada. No milho, percebe-se forte demanda para etanol e para ração. No trigo, as perdas promovidas pelo clima, nos EUA, Austrália e Europa (junto com o crescimento da demanda) fizeram as cotações ficarem fortes e acima dos US$ 300 por tonelada no mercado internacional. Também espera-se pelo crescimento das cotações do arroz nos próximos meses, porque a demanda mundial está aquecida e os preços tinham recuado forte nos últimos meses. Desta forma, a tendência é de recuperação dos indicativos. Aqui ainda sofremos com liquidez, falta de apoio do governo e câmbio baixo, o que facilita importações. Quadro que tende a melhorar nos meses seguintes. Mas o destaque do momento é o algodão, que se encontra com as melhores cotações da história (fazendo os produtores do Mato Grosso e da Bahia negociarem a safra de 2012 e contabilizarem lucros na safra atual, antes mesmo da colheita). E no caso da safrinha do Mato Grosso, auferirem ganhos antes do plantio. O setor da cana também deve voltar a crescer forte, porque as cotações do açúcar e do álcool estão passando pela safra com preços altos e tendem a aumentar devido à forte demanda interna e de exportação. Os indicativos são de que os produtores brasileiros terão boa margem de ganhos neste ano, com chances de crescer em escala, qualidade e lucratividade.

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