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Grandezas e Misérias da Biografia(2005) Vavy Pacheco Borges Grupo responsável para apresentação: Bruna Lima Elson Brasil Silvanio de Souza In: PINSKY, C. B. Fontes Históricas (org.). 3. ed. São Paulo: Contexto 2011, p. 203-233

Grandezas e misérias da Biografia

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Grandezas e Misérias da Biografia(2005)

Vavy Pacheco Borges

Grupo responsável para apresentação:Bruna LimaElson Brasil

Silvanio de Souza

In: PINSKY, C. B. Fontes Históricas (org.). 3. ed. São Paulo: Contexto 2011, p. 203-233

Sobre a autora

Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1959) , mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1979) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987) . Atualmente é aposentada da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de História , com ênfase em História do Brasil. Atuando principalmente nos seguintes temas: Tenentismo Revolução de 30 Revolução de 32 Históri. É Professora Colaboradora voluntária do PPGH-UNICAMP na linha Jogos do Político: Conceitos, Representações e Memória

Vera Hercilia Faria Pacheco Borges (Vavy Pacheco Borges)

IN: http://www.ifch.unicamp.br/pos/historia/index.php?texto=vera&menu=menudocente, acesso em 05/07/2013

Obras da autoraGetúlio Vargas e a Oligarquia Paulista: História de uma Esperança e muitos desenganos.1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1979.

Tenentismo e Revolução Brasileira. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.

Ensino de História: revisão urgente. 1ª ed. São Paulo: Educ/Comped/Inep, 2000. (coautora)

Em busca de Gabrielle. 1ª ed. São Paulo: Alameda, 2009.

A Biografia

O que se entende hoje por Biografia?

Pode-se ver como biografias diversos tipos de textos – desde um verbete em dicionário, programas de televisão etc. Apesar de os historiadores hoje usarem o termo biografia sem maiores preocupações, alguns autores especialmente os ligados à antropologia, rejeitam o termo, preferindo falar em “trajetória” (p. 204).

O percurso da biografia no mundo ocidental

• Preocupação com a descrição da história de uma vida teve seu inicio no mundo grego antigo (p. 204).• Exemplos de vida, Moral e/o

religioso.• Bocaccio faz um Biografia de Dante, obra que apresenta certa característica moderna.•Fundamentada em documentos.

O percurso da biografia no mundo ocidental

• No século XVII, o elogio fúnebre selecionava os momentos mais gloriosos da vida do biografado, passando por cima de seus defeitos (p. 205).

• Na chamada Idade Moderna, em especial nos séculos XVII e XVIII, a biografia vai se alterando profundamente [...] com novos métodos” (p. 205).– Relação biografo/biografado– Evitar o Panegírico– Ideal de contar a verdade– Diálogos / Entrevistas variadas / Documentos.

O percurso da biografia no mundo ocidental

• Nos dois últimos séculos, intelectuais ingleses produziram muitas biografias e, para muitos deles Boswell foi uma inspiração;

• Na literatura: A “biografia romântica”• Durante o século XIX a influencia da filosofia

da História e do positivismo.– História nacional– Grandes homens– Heróis nacionais, etc.

O percurso da biografia no mundo ocidental

• Fases históricas da biografia– Daniel Madelénat• Clássica• Romântica• Moderna

– François Dosse •Idade heroica•Biografia modal•Idade Hermenêutica

O atual sucesso: um retorno?

• A biografia é o rosto, o sabor da/na História.– Não é verdadeiramente um retorno.

Franceses

– Terceira geração dos Annales– Zonas de sonolências (G. Duby)– Retorno da História política• Movimento das sociedades

– Individualismo– Liberdade e norma– Mídia

O atual sucesso: um retorno?

• Desenvolvimento das disciplinas que estudam o homem na sociedade.– Alteração nas formas de escrever a

História– Reação a História total– Interesse pelos excluídos– Estreitam-se os laços com a

psicanálise, a Literatura, etc.

Vale um Click• RH Quando poderemos ler e assistir ao resultado?• VPB Infelizmente, eu não sou jornalista. Se fosse, essa biografia já estaria

pronta há muito tempo. Eu sou historiadora, e nós trabalhamos devagar, não é? Fazemos questão de ouvir muitas fontes, de pensar muitos aspectos. Escrevi alguns livros sobre nossa profissão que batiam nesta tecla. Na verdade, eu me preocupo muito com o ensino da História para os níveis fundamental e médio, com a divulgação da História. Não gosto muito daquela coisa da academia como uma torre de marfim isolada. Às vezes, na divulgação, as coisas acabam sendo simplificadas, é verdade. Temos de ter cuidado. É porque, na maioria das vezes, os historiadores contam mal, de um jeito chato, complicado, desinteressante. Agora, os divulgadores muitas vezes falsificam, simplificam. Mas é possível encontrar um meio-termo. Eu sempre digo: “Meu Deus! Não tem ninguém que não goste de uma historinha bem contada”.

Entrevista da autora concedida a Revista de História da Biblioteca Nacional:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/entrevista-vavy-pacheco-borges

As dimensões atuais da biografia para o historiador

• Como se encontra o mercado da biografia? É receptivo esse gênero textual entre os leitores?

• A autora analisa a produção das biografias no Brasil, e a relação dos historiadores brasileiros com as mesmas;

• Três simples tipos de biografia:– O artigo de dicionário biográfico: um breve resumo da vida de uma

pessoa pública, por vezes famosa;– A monografia de circunstância: elogios fúnebres ou ligados a uma

circunstância particular (breves, muitas vezes presentes na imprensa escrita)

– A biografia dita “científica” ou “literária”: Obras mais importantes, com preferência narrativa e finalidade histórica, que trabalham com documentação numerosa e variada. (P. 213).

As dimensões atuais da biografia para o historiador

• O estudioso francês Phillippe Lejeune, aponta três tipos de biografias:– “A biografia pura”: Aquela na qual o narrador não conhece o

seu objeto de estudo e visa a dar uma imagem completa de sua existência a partir de documentos e testemunhos;

– O testemunho com pretensão biográfica: no qual o narrador conheceu ou conhece seu personagem; é um testemunho que poderá ser utilizado por um biográfo para futura biografia, com apoio de documentos que possui.

– O testemunho puro: O narrador conhece o indivíduo e participou de momentos de sua vida; são em geral textos de filhos, amigos ou companheiros. (p.213).

As dimensões atuais da biografia para o historiador

• Giovanni Lévi classifica as biografia em quatro tipos de tipologias: – Prosopografia e biografia modal: que ilustra formas típicas de

comportamento de certo tempo e espaço;– Biografia e contexto: aquela que procura tomar a pessoa “normal”,

reconstituíndo o meio em torno do individuo;– Biografia e casos extremos: é o personagem não- representativo,

singular para a sua época. Ex: Menocchio, de O queijo e os vermes de Carlo Ginzburg.

– Biografia e hermenêutica: está ligada a Antropologia. Não tem preocupações em escrever uma biografia tipo tradicional. O que é significativo, é o própio ato interpretativo, o ato biográfico assumido assim infinitos significados, (p.213-214).

As dimensões atuais da biografia para o historiador

• A autora Vera Hercilia cita as ciências que contribuíram de forma substancial para uma melhor produção do gênero biográfico, que são:

• A literatura: que trabalha com a multiplicidade de pessoas, as várias formas do papel imaginado ou do vivido;

• A psicanálise: com o seu conhecimento da “alma humana”, divisão do individuo, o papel inconsciente, a multiplicidade do ser humano.

• A sociologia e a Antropologia: os laços surgiram com o reaparecimento da preocupação dessas disciplinas com a história a vida dos personagens, (p.215).

Como escrever a história de uma vida, ou seja, como fazer uma biografia digna do nome?

• “Sob a história, a lembrança e o esquecimento. Sob a lembrança e o esquecimento, a vida. Mas escrever a vida é uma outra história. Uma história inacabada”.

Ricouer, Paul. A história, a memória e o esquecimento. Editora da Unicamp. Campinas, 2010.

Como escrever a história de uma vida, ou seja, como fazer uma biografia digna do nome?

• A biografia histórica, não tem por vocação esgotar de forma absoluta o “eu” do biografado;

• É preciso primeiro aceitar o desafio de escrever uma biogafia. “ A biografia é um casamento” pois é “ de uma longa intimidade que nasce uma biografia”, (p.215).

• Destaca que hoje não há regras ou métodos indiscutíveis para se escrever a história de uma vida, ou seja, produzir uma biografia, e que as preocupações atuais da escrita do biografado está mais voltada para a verossimilhança, ou seja, para o que pode ser verdadeiro, possível e provável.(p.216- 217).

Como se dá a relação sujeito-historiador/objeto da pesquisa-biografado?

• A biografia é uma troca humana, é o que chamei um aperto de mãos através do tempo;

• A não neutralidade do trabalho de qualquer que seja o historiador;

• A autora pensa que as melhores biografias são aquelas que o autor não só não se esconde, mais constrói a narração de certa forma acompanhando seu percurso da pesquisa, (p.218).

Como não cair em uma psicologização do personagem?

• Não se deve procurar uma definição de normalidade para um homem de um grupo e de uma época determinados;

• Citar como exemplo a frase de Caetano Veloso que “De perto, ninguém é norma”, (p.220).

Que fatos selecionar para a narração?

• São fatos indispensáveis para a composição da biografia: o nascimento, origem social, e familiar em geral. Se perguntar se o biografado foi uma figura política, um escritor de destaque, etc.

• Não se pode ter a pretensão de esclarecer o mistério de uma vida somente a partir de fatos e de achados concretos; é significativo não só o que se encontra documentado, mas as incertezas intuídas, as possibilidades perdidas etc.

Qual a relação indivíduo/ contexto? Como estabelecer os laços indivíduos/ sociedade?

• Deve-se atentar para os condicionamentos sociais do biografado, o grupo ou grupos em que atuava, enfim, todas as redes de relações pessoais que constituíam seu dia a dia. (p 222.)

Como pensar e narrar o(s) tempo (s) de uma vida?

• O perigo de uma falsificação por meio desse finalismo tem de estar bem claro desde o início da pesquisa: é preciso tomar cuidado para não mostrar que a vida se encaminhava para o final que teve, que tudo que aconteceu foi para levar a pessoa àquele papel na história, àquele final de vida. (p. 224)

Há sentido(s) nessa vida?

Concluindo: o leitor e a biografia

• Um historiador não pode contentar-se, portanto, em simplesmente “colocar os leitores diante de uma mesa de trabalho muito bem arrumada”. Transformar a pesquisa em ato de comunicação – em geral um texto escrito – supõe indubitavelmente certa arte e, nesse momento, precisamos nos aproximar dos literatos. (p. 226)