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Guia de elaboração de projetos
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Guia para a elaborao de projetos de carbonoe de servios ambientais
RealizaoInstituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola (Imaflora)Bioflica Investimentos Ambientais
AutoresMaurcio de Almeida Voivodic Eng. Florestal (Imaflora)Plnio Aguiar Ribeiro Administrador e mestre em administrao pblica (Bioflica)Evelin Fagundes dos Santos Gestora ambiental (Imaflora)Thas Felipelli Eng. Mecatrnica e mestre em administrao e negcios (Bioflica)Helena Gomes Gestora ambiental e mestranda em ecologia aplicada (ESALQ/USP)
Reviso tcnicaLuis Fernando Guedes Pinto - ImafloraJeffrey Hayward - Diretor da Iniciativa de Clima da Rainforest AllianceTasso Resende de Azevedo - Consultor do Ministrio do Meio Ambiente para assuntos de mudanas climticas e combate ao desmatamento.
Reviso gramaticalCimara Pereira Prada
DiagramaoRomanini Propaganda e Marketing
ApoioEsta publicao conta com o apoio da the David and Lucile Packard Foundation
Ficha catalogrficaGuia para a elaborao de projetos de carbono e de servios ambientais / Evelin Fagundes dos Santos, Helena Gomes, Mauricio de Almeida Voivodic, Plnio Aguiar Ribeiro e Thas Felipelli - Piracicaba, SP: Imaflora; So Paulo, SP: Bioflica, 2009. 74 p.ISBN: 978-85-63162-00-71. Certificao. 2. Brasil - Floresta. 3. Biodiversidade. 4. Meio ambiente. I. Ttulo.
Para democratizar ainda mais a difuso dos contedos publicados no Imaflora, as publicaes esto sob a licena da Creative Commons (www.creativecommons.org.br), que flexibiliza a questo da propriedade intelectual. Na prtica essa licena libera os textos para reproduo e utilizao da obra com alguns critrios: apenas em casos em que o fim no seja comercial, citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e, no caso de obras derivadas, a obrigatoriedade de licenci-las tambm em Creative Commons.
Essa licena no vale para fotos e ilustraes, que permanecem em copyright.
Voc pode:
Copiar, distribuir, exibir e executar a obra
Criar obras derivadas
Sob as seguintes condies:
Atribuio. Voc deve dar crdito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante.
Uso No-Comercial. Voc no pode utilizar esta obra com finalidades comerciais.
Compartilhamento pela mesma Licena. Se voc alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, voc somente poder distribuir a obra resultante sob uma licena idntica a esta.
A Bioflica uma empresa brasileira, cujo modelo de atuao enfatiza uma soluo privada para a gesto de extensas reas florestais da regio amaznica. A organizao faz parte de um mosaico de alternativas, principalmente pblicas, para aproveitar as oportunidades oferecidas pela regio e combater os problemas oriundos do desmatamento das florestas.
Por meio da comercializao de crditos dos servios ambientais, do fomento e do financiamento de atividades de pesquisa cientfica, alm do desenvolvimento das cadeias de negcios sustentveis, a Bioflica tem o propsito de reduzir o desmatamento e as emisses de carbono na atmosfera, conservar a biodiversidade e os recursos hdricos e promover a incluso social e o desenvolvimento das pessoas que vivem no bioma amaznico.
A empresa surgiu a partir do interesse de um grupo de empresrios, cientistas, estudantes e formuladores de polticas pblicas em investir na criao de alternativas pioneiras, que tornassem a conservao ambiental uma atividade economicamente interessante para os proprietrios das florestas, as comunidades e os investidores.
O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola) uma organizao brasileira, sem fins lucrativos, criada em 1995 para promover a conservao e o uso sustentvel dos recursos naturais e para gerar benefcios sociais nos setores florestal e agrcola.
Conselho Diretor:Adalberto Verssimo
Andr Villas-BasFabio Albuquerque
Marcelo PaixoMaria Zulmira de Souza
Marilena LazzariniSrgio A. P. Esteves
Silvio Gomes de Almeida
Conselho Consultivo:Clia Cruz
Mrio MantovaniRichard DonovanSamuel Giordano
Rubens Mendona
Conselho Fiscal:Adauto Tadeu Baslio
Erika BecharaRubens Mazon
Secretaria Executiva:Lus Fernando Guedes
PintoLineu Siqueira Jnior
Comunicao:Priscila Mantelatto
Estrada Chico Mendes, 185 | Caixa postal 411 | Cep: 13400 970 | Piracicaba/SP - BrasilTel/Fax: (19) 3414 4015 | [email protected] | www.imaflora.org.br
Bioflica Investimentos Ambientais S.A. | Rua Joaquim Floriano, 100, Conj. 192CEP 04534-000 | So Paulo/SP - Brasil | Tel/Fax: (11) 3073 [email protected] | www.biofilica.com.br
PREFCIO
Lendo recentemente um artigo escrito por Herman Daly, grande economista norte-americano,
tomei conscincia de algo que subliminarmente j me incomodava fazia muito tempo: a economia
moderna no reconhece a importncia dos ecossistemas e nem percebe que depende deles sua prpria
existncia. Isso leva, entre outros motivos, a um uso exagerado de recursos naturais e a uma crescente
intoxicao do planeta por lixo, poluio e outros subprodutos, indesejveis, das atividades econmicas.
Na histria recente, a conscincia de que era preciso tomar atitudes para garantir a sobrevivncia
do ser humano em nosso planeta teve incio nos anos 70, com os trabalhos do Clube de Roma, o Relatrio
Brundtland e a Conferncia das Naes Unidas em Estocolmo. A partir da, comeou um grande esforo,
por parte de vrios setores da sociedade, como se, finalmente, acordssemos de um sono letrgico, para
construir uma mudana no comportamento global, que levasse conservao dos recursos naturais
e ao uso sustentvel deles. Outras conferncias seguiram-se e novos esquemas criaram-se, como a
onda de desenvolvimento sustentvel que se propagou aps a Conferncia do Rio, em 1992.
Entretanto preciso reconhecer que, apesar do esforo de muitos, no foi possvel promover
uma mudana substancial nem na manuteno da natureza, nem na reduo substancial das foras que
levam destruio de nosso planeta. De fato, a populao humana continua a crescer e a consumir cada
vez mais: j somos quase 7 bilhes de pessoas. Como fruto de nossas aes sobre o planeta, as florestas
nativas vm desaparecendo, gases do efeito estufa acumulam-se, na atmosfera, em concentraes
cada vez mais perigosas, as guas dos rios e dos mares esto poludas, lixos e resduos acumulam-se no
solo e cada vez mais doenas surgem e ressurgem, pondo nossa existncia constantemente em risco.
Essa tendncia s se ir reverter, quando houver uma mudana paradigmtica no comportamento
do ser humano, que reduza nossa pegada ecolgica sobre o planeta. Em 2005, a pegada ecolgica
humana foi estimada em 1.3 planeta Terra. Em outras palavras, isso significa que a humanidade usa
os servios ecolgicos 1.3 vez mais rpido do que o planeta capaz de renov-los. Hoje, se todos os
habitantes tivessem o mesmo consumo de um cidado de classe mdia dos pases desenvolvidos, j seriam
necessrios quatro planetas como a Terra.
Ainda em 2005, foi publicado o relatrio da fora-tarefa em sustentabilidade ambiental, do
Projeto do Milnio das Naes Unidas. Ele contm dez recomendaes preciosas para a garantia de
nosso futuro, mas, para efeito desta publicao, destacam-se, trs: (1) mitigar os efeitos prvios da
mudana climtica global; (2) corrigir falhas e distores de mercado e (3) introduzir a sustentabilidade
ambiental em todas as propostas de desenvolvimento.
O mundo est clamando por uma mudana que coloque a sustentabilidade no centro das atenes
de todos. Se legislao e regulao no tm dado resultado, quem sabe criar incentivos, que remunerem
aqueles que se dedicam a prticas sustentveis em suas atividades, seja mais eficaz nessa tarefa.
Incentivo econmico, como mecanismo para promover mudanas de comportamentos, quase uma
unanimidade. A natureza tem-nos fornecido benefcios gratuitamente e, talvez por isso, a humanidade
no tenha despertado para o valor do ar puro, da gua limpa, do solo frtil e de outras qualidades sem
as quais no vivemos dignamente. Retirar esses servios ambientais das externalidades econmicas
e coloc-los no centro da economia constituiro, certamente, um grande passo para solucionar
desafios, como a manuteno dos servios ecossistmicos e suas consequncias sobre a qualidade e
a quantidade da biodiversidade e da disponibilidade de elementos, como a gua, o ar, o solo e um clima
ameno e favorvel vida.
Alem disso, ao olharmos esses mecanismos por uma tica brasileira, podemos ver uma grande
oportunidade de negcio. O Brasil, com sua megadiversidade, com sua riqueza de fontes de gua e com
a grandeza de suas florestas tropicais, estar em posio privilegiada no sculo XXI, quando esses fatores
estiverem no centro das atividades econmicas. preciso, contudo, que faamos nosso dever-de-casa:
preparar e abrir espaos para que governo, a iniciativa privada e a sociedade civil possam atuar e ser
apropriadamente recompensados, possibilitando que o Brasil lidere esse novo mercado, que desponta
como um dos mais promissores deste sculo.
Esse guia uma contribuio prtica resoluo desses desafios. Ele j nasce forte, pela juno
de duas organizaes pioneiras, como o Imaflora e a Bioflica, que trabalharam juntos em sua concepo
e realizao. inovador porque prope que os mecanismos de pagamento por servios ambientais
contem com um componente de gesto para garantir a manuteno desses servios. Est fadado ao
sucesso ao permitir que aqueles que querem trabalhar nesse novo campo encontrem uma literatura em
Portugus, com contedo to avanado que, ouso afirmar, no tem equivalente em nenhum outro pais.
Por todas essas razes, recomendo a leitura e a utilizao desta obra por todos que, de uma
maneira ou de outra, se interessam pelo assunto.
Nazar Paulista, 28/09/2009
Claudio Valladares Padua
APRESENTAO GERAL
A ideia de elaborar este guia partiu da percepo de que, a despeito da importncia que projetos
de servios ambientais tm assumido no cenrio atual, ainda falta uma referncia para aqueles que
pretendam realizar esse tipo de projeto. A situao agrava-se na medida que existem, atualmente,
diferentes padres de certificao de projetos de carbono, cada qual com um formato diferente e com
exigncias que, apesar de semelhantes em contedo, so apresentadas de formas muito diversas.
Considere este guia uma ferramenta de trabalho. uma ferramenta para auxiliar no planejamento
e na execuo de atividades, que sero realizadas para garantir a manuteno e/ou o incremento dos
servios ambientais de uma rea ou de uma regio especfica, relacionados estocagem e ao sequestro
de carbono, reduo do desmatamento, gerao e preservao do solo e de sua fertilidade,
manuteno da biodiversidade, estabilizao do clima, entre outros, muito diversos.
Concebeu-se este guia para simplificar a complexidade, orientando, de forma prtica, a elaborao
de um projeto de pagamentos por servios ambientais. Ele ser especialmente til para os projetos que
buscaro adequar-se a normas internacionais de certificao, para a posterior venda, no mercado, dos
crditos de servios ambientais gerados.
Por isso, estudamos profundamente as principais normas de certificao do mercado voluntrio
de carbono e nelas nos inspiramos: VCS (Voluntary Carbon Standards), CAR (Climate Action Reserve),
CCBA (Climate, Community and Biodiversity), ACR (American Carbon Registry) e Plan Vivo.
O foco maior no mercado de carbono ocorreu, em funo de este ser um mercado que se est
consolidando rapidamente, gerando,assim, uma grande demanda por ferramentas que facilitem a entrada
de projetos nesse mercado. Isso fez com que os termos utilizados neste guia sejam mais aplicveis a
projetos de carbono. Entretanto, acreditamos que a organizao dos temas em um projeto, conforme
apresentada neste guia, pode tambm ser til para projetos referentes a outros servios ambientais.
As exigncias de cada uma dessas normas de certificao foram sistematizadas em uma matriz,
classificando-as em grandes temas. Em seguida, organizamos esses grandes temas em uma estrutura
sequencial, de acordo com uma lgica comum de projetos, tentando torn-la bastante objetiva e evitar
qualquer tipo de redundncia desnecessria.
nossa inteno, com este guia, que a escolha da norma de certificao a utilizar no preceda
a atividade de elaborao do projeto. Assim, este manual possui uma estrutura central, organizada em
dez itens, que contm as principais exigncias dos cinco sistemas de certificao analisados. Exigncias
muito especficas de cada um deles no foram includas na estrutura central, mas compuseram os cinco
anexos que a acompanham. Assim, ao elaborar um projeto para submet-lo a um desses sistemas,
inclua tambm as recomendaes contidas nos anexos.
Naturalmente, seguir a estrutura sugerida neste manual no garante, por si s, que o projeto
ser um bom projeto, com potencial de ser validado por um sistema de certificao. A qualidade das
informaes que preenchero a estrutura que definir a qualidade do projeto.
A forma como os dez itens foram organizados neste manual segue uma lgica que se inicia com
informaes mais genricas sobre o projeto, e se vai aprofundando nos detalhes mais especficos das
atividades e dos aspectos metodolgicos. Essa estrutura apenas uma sugesto, feita porque acreditamos
que, dessa forma, as informaes ficam organizadas, de modo a facilitar a leitura e o entendimento
do projeto. Entretanto, como cada projeto tem suas peculiaridades, essa estrutura, portanto, deve ser
adaptada para acomodar, da melhor forma possvel, tais peculiaridades.
Num momento de muita indefinio quanto incipiente e promissora indstria de pagamentos
por servios ambientais, esperamos que essa ferramenta seja til e eficiente para desenvolvedores de
projetos, comunidades, proprietrios e investidores.
1. Introduo
3. Organizaes envolvidas e responsabilidades
Estrutura de
projeto de carbono
e servios ambientais
4. Gesto do projeto4.2 Gesto de Recursos Humanos (RH)4.3 Mecanismos de reviso do projeto4.4 Mecanismos de transparncia
4.6 Critrios de elegibilidade
5. Aspectos legais do projeto 5.1 Situao fundiria e regularidade ambiental da propriedade5.2 Licenas necessrias para a implementao do projeto5.3 Legislao trabalhista5.4 Situao tributria5.5 Direito legal sobre o servio ambiental
6. Descrio geral da rea do projeto 6.1 Localizao da rea do projeto6.2 Uso do solo na rea do projeto6.3 Descrio do ambiente6.4 Descrio das comunidades locais
7. Descrio das atividades do projeto 7.1 Descrio das atividades ambientais7.2 Descrio das atividades sociais
8. Metodologia
8.3 Avaliao de vazamentos8.4 Permanncia8.5 Adicionalidade8.6 Mensurao dos benefcios
9. Gesto de riscos
10. Plano de Monitoramento
Anexo 1: Requerimentos adicionais do CCB
Anexo 2: Requerimentos adicionais do VCS
Anexo 3: Requerimentos adicionais do CCAR
Anexo 4: Requerimentos adicionais do ACR
Anexo 5: Requerimentos adicionais do Plan Vivo
SUMRIO1. Introduo - 17
2. Definio do escopo do projeto - 19
3. Organizaes envolvidas e responsabilidades - 21
4. Gesto do projeto - 23
4.1 Gesto financeira - 23
4.2 Gesto de Recursos Humanos (RH) - 24
4.3 Mecanismos de reviso do projeto - 25
4.4 Mecanismos de transparncia - 25
4.5 Mecanismos de resoluo de conflitos - 26
4.6 Critrios de elegibilidade - 26
5. Aspectos legais do projeto - 29
5.1 Situao fundiria e regularidade ambiental da rea do projeto - 29
5.2 Licenas necessrias para a implementao do projeto - 30
5.3 Legislao trabalhista - 30
5.4 Situao tributria - 31
5.5 Direito legal sobre os crditos gerados pelo servio ambiental - 31
6. Descrio geral da rea do projeto - 34
6.1 Localizao da rea do projeto - 34
6.2 Uso do solo na rea do projeto - 35
6.3 Descrio do ambiente - 35
6.4 Descrio das comunidades e outros atores locais - 36
7. Descrio de atividades - 39
7.1 Descrio das atividades ambientais - 40
7.2 Descrio das atividades sociais - 40
8. Metodologia - 43
8.1 Cenrio sem projeto e definio de linha de base - 44
8.2 Definio dos estoques de carbono a serem considerados - 45
8.3 Avaliao de vazamentos - 46
8.4 Permanncia - 46
8.5 Adicionalidade - 47
8.6 Mensurao dos benefcios - 49
9. Gesto de riscos - 51
10. Plano de Monitoramento - 55
ANEXO 1. Requerimentos adicionais para o atendimento ao padro CCB (Clima, Comunidade e Biodiversidade),
2 edio. - 58
ANEXO 2. Requerimentos adicionais para o atendimento ao padro VCS (Voluntary Carbon Standards)
verso 2007.1 Novembro de 2008 - 62
ANEXO 3. Requerimentos especficos para o atendimento ao padro CAR (Climate Action Reserve)
Verso 3.0 Agosto de 2009. - 64
ANEXO 4. Requerimentos especficos para o atendimento ao padro ACR (American Carbon Registry)
V.1 Maro de 2009. - 69
ANEXO 5. Requerimentos especficos para o atendimento ao padro Plan Vivo - 71
17
1. INTRODUO
Como qualquer outro, um projeto de carbono ou de servios ambientais deve comear com
uma introduo, que apresente ao leitor, em poucos pargrafos, uma descrio geral do que o projeto,
sem entrar em detalhes.
A introduo deve ser um texto curto, com cerca de uma ou duas pginas, que apresente os
principais atores envolvidos na execuo e na elaborao do projeto, os principais objetivos econmicos,
sociais e ambientais, os benefcios esperados e as principais aes a desenvolver, para atingir tais
objetivos. Evite fornecer, nesta seo, uma descrio das atividades do projeto, j que essa informao
ser fornecida posteriormente, em outra seo.
importante tambm que a introduo inclua uma descrio do contexto em que se insere o
projeto. Dependendo da escala, relevante demonstrar que o mesmo se encontra adequado s estratgias
e s polticas nacionais, regionais e locais, relacionadas ao servio ambiental prestado, garantindo, assim,
que no haja oposio entre elas e os objetivos e as atividades de seu projeto. Apresente, ento, uma
descrio de como seu projeto se relaciona com as polticas e as estratgias existentes sobre o tema.
Essa descrio pode compor o texto da introduo, mas, se considerar que o assunto merece uma
descrio mais aprofundada, crie um item especfico para isso, logo aps a introduo.
19
2. DEFINIO DO ESCOPO DO PROJETO
Escopo no uma palavra muito utilizada em portugus e, por isso, talvez exista alguma confuso
sobre o seu significado. No linguajar tcnico das certificaes, escopo um termo muito utilizado para
definir, concretamente, qual o objeto de avaliao do certificador, ou qual a abrangncia do projeto.
Descrever o escopo bem no incio importante para que o leitor saiba, rapidamente, quais so
os limites de atuao das atividades propostas, possibilitando, dessa maneira, um melhor entendimento
inicial, que orientar a leitura e o entendimento das demais partes do projeto.
As seguintes informaes so necessrias na descrio do escopo do projeto:
rea do projeto: apresentar qual a rea fsica, com os limites geogrficos, de onde as atividades
do projeto sero executadas;
Comunidades envolvidas: apresentar quais so as comunidades diretamente envolvidas,
beneficiadas, ou afetadas pelas atividades do projeto;
rea de influncia: descrever como as atividades podem influenciar outras reas externas
rea do projeto, ou outras comunidades indiretamente envolvidas, beneficiadas, e/ou afetadas
pelo projeto;
Limites temporais: Apresentar a data de incio e de fim do projeto e os perodos de contabilidade
dos servios ambientais, ou seja, de quanto em quanto tempo ser realizada uma avaliao para
mensurar os servios ambientais prestados.
21
3. ORGANIZAES ENVOLVIDAS E RESPONSABILIDADES
Muitos projetos contam com a participao, seja no desenvolvimento, seja implantao, de
diferentes organizaes, como empresas privadas, financiadores, compradores, ONGs, associaes
locais, empresas de consultoria, pesquisadores, universidades, governos etc. Se esse for o caso, muito
importante que o leitor possa, desde o incio do projeto, identificar exatamente quais so as organizaes
envolvidas e quais suas responsabilidades em relao s atividades do projeto.
Mesmo em projetos com vrias organizaes envolvidas, geralmente existe uma que a
proponente formal do projeto, e isso precisa ficar muito claro, assim como a identidade do responsvel
legal pelas atividades do projeto.
Ao apresentar as organizaes envolvidas, inclua, para cada uma delas, ao menos as seguintes
informaes:
Descrio do que a organizao: a personalidade jurdica (ONG, empresa, associao etc.), a
finalidade, os temas e as regies de atuao;
Descrio das responsabilidades da organizao sobre as atividades do projeto;
Descrio da experincia tcnica da organizao e das pessoas envolvidas nas atividades do
projeto, de acordo com as especialidades necessrias para a execuo;
Informaes da pessoa de contato na organizao, incluindo endereo, endereo eletrnico e
telefone.
23
4. GESTO DO PROJETO
Ao desenvolver projetos de carbono ou de servios ambientais, uma parte importante, mas
qual nem sempre damos muita ateno, a forma como o projeto ser administrado, ou como se
dar a sua gesto. Planejar, desde o incio, a forma como ser feita a gesto reduz bastante o risco de
aparecerem problemas durante a execuo das atividades. Alm disso, o leitor do projeto, seja ele um
auditor de certificao, seja qualquer outra pessoa interessada, precisa saber como ser feita a gesto,
de modo a conseguir entender que as organizaes envolvidas demonstram capacidade de administrar
a execuo das atividades propostas.
Este tema pode englobar diversos aspectos relacionados gesto de um projeto, dependendo
muito de sua escala. Grandes projetos, que envolvam diversas organizaes, precisam criar mecanismos
de gesto mais sofisticados, para garantir a adequada execuo das atividades. Projetos pequenos,
como, por exemplo, de associaes comunitrias, podem adotar mecanismos simples de gesto das
atividades, nada muito diferente daquilo que a associao j realiza no seu dia-a-dia.
A seguir, descrevemos os seis temas mais comuns de gesto, importantes em projetos dessa
natureza. Em projetos de pequena escala, alguns dos itens podem ser desnecessrios.
4.1 Gesto financeira
O projeto deve apresentar uma descrio dos mecanismos utilizados para executar a gesto
financeira e contbil do projeto.
24
Alm disso, deve demonstrar que possui viabilidade econmica para ser implementado ao longo
de todo o perodo de execuo. Para isso, algumas informaes salutares so:
Formas de financiamento e de investimento (fontes de recursos para o desenvolvimento/
implementao do projeto). Caso o recurso no esteja assegurado, descrever a estratgia de
captao de recursos e os potenciais doadores;
Oramento operacional (em linhas gerais) por atividade, ao ano: previses durante o perodo
de durao do projeto. Esse oramento poder ser apresentado de forma resumida, deixando
as informaes detalhadas em planilhas anexas;
Mecanismos de venda dos crditos gerados, estimativa do valor a alcanar e taxa de retorno;
Formas de registro dos demonstrativos financeiros;
Existncia, ou no, de auditoria contbil, necessria, em especial, para projetos de grande escala
com investidores externos.
4.2 Gesto de Recursos Humanos (RH)
preciso apresentar os procedimentos de gesto de RH adotados durante a implementao do
projeto. Esses procedimentos geralmente envolvem polticas de RH, tais quais: a poltica de contratao
de mo-de-obra, incluindo as oportunidades para as comunidades locais; as polticas de treinamento
de trabalhadores, as polticas de gnero, a diversidade etc.
Apresente, tambm, uma descrio das equipes envolvidas no projeto e suas qualificaes.
25
Em alguns casos, interessante incluir um organograma do projeto, representando, de forma grfica, a
hierarquia e a responsabilidade de trabalho na equipe, identificando quem o ponto focal e como cada
equipe ou pessoa se relaciona com as demais.
Inclua, caso disponvel, uma previso de quais contrataes sero necessrias, descrevendo o
nmero preciso de trabalhadores por atividade e as condies que sero fornecidas a eles.
4.3 Mecanismos de reviso do projeto
Apresente os procedimentos utilizados para realizar revises peridicas do projeto, de modo
a adequ-lo a novos contextos e a melhor-lo, com base nas lies aprendidas e na identificao de
fragilidades e de limitaes do projeto original. Descreva como as informaes geradas no sistema de
monitoramento (ver item 10) sero incorporadas na reviso das prticas do projeto.
4.4 Mecanismos de transparncia
Apresente uma descrio dos mecanismos utilizados para disponibilizar informaes aos atores
envolvidos, aos afetados e aos demais interessados. As informaes pblicas devem incluir, alm do
projeto, uma descrio de seus principais resultados, os benefcios alcanados, os impactos gerados,
as informaes de monitoramento etc. Devem, tambm, incluir dados sobre a comercializao dos
crditos gerados, como a quantidade de crditos, a periodicidade de venda e a verificao e os principais
compradores.
Essas informaes, ou um resumo dos itens principais, podem ser entregues ou apresentadas
periodicamente s comunidades afetadas, disponibilizadas em pginas da internet etc.
26
4.5 Mecanismos de resoluo de conflitos
Projetos relacionados gesto de recursos naturais, em especial os de grande escala, envolvem
geralmente um variado conjunto de interesses, expresso pelos diversos atores da regio, que, de alguma
forma, se relacionaro com as atividades do projeto. No raramente, esses interesses representam
vises opostas sobre a forma de uso dos recursos naturais e, consequentemente, acabam resultando
em conflitos que podem inviabilizar a execuo do projeto.
Assim, importante que os projetos prevejam mecanismos
formais de resoluo de conflitos, que possibilitem antecipar qualquer
problema que possa ocorrer e que venha a inviabilizar o projeto.
Tais mecanismos podem envolver fruns permanentes de
dilogo, processos de ouvidoria, formao de um conselho consultivo
do projeto, com a participao de representantes dos diferentes atores
envolvidos ou afetados, entre outras possibilidades.
4.6 Critrios de elegibilidade
Este item especialmente importante para projetos executados em mais de uma propriedade,
ou em um grupo de propriedades. Por exemplo, projetos de reflorestamento em uma bacia hidrogrfica,
composta por vrias propriedades rurais, ou um projeto de REDD a ser executado em toda uma regio
especfica de um estado da Amaznia.
importante que os projetos prevejam
mecanismos formais de resoluo de conflitos.
Reduo das emisses por desmatamento e degradao.
27
Nesses casos, preciso que sejam descritas as caractersticas necessrias para que uma nova
rea possa ser adicionada ao projeto. Essas caractersticas so, comumente, chamadas de critrios de
elegibilidade.
Tais critrios podem relacionar-se situao fundiria ou regularidade ambiental da propriedade,
ao tipo de cobertura florestal existente, data em que a cobertura florestal foi retirada, entre outras
possibilidades.
Alguns sistemas de certificao possuem critrios de elegibilidade especficos. O VCS, por exemplo,
define que uma rea s elegvel para um projeto de reflorestamento se a converso dessa rea ocorreu
h, pelo menos, dez anos da data de incio do projeto.
28
29
5. ASPECTOS LEGAIS DO PROJETO
Qualquer tipo de projeto de carbono ou de servios ambientais engloba uma srie de questes
relacionadas ao cumprimento de toda a legislao aplicvel execuo das atividades. Uma descrio de
como so tratadas as questes legais relacionadas ao projeto , por um lado, um importante componente
em qualquer processo de certificao, j que o proponente do projeto deve demonstrar, aos auditores,
que as atividades planejadas cumprem todas as regulamentaes legais. Por outro lado, o exerccio
de descrever todas as questes legais, relacionadas s atividades, determina que o desenvolvedor do
projeto se antecipe a uma eventual complicao legal, que, de alguma forma, pode impedir a correta
execuo do que se projetou.
Diversas questes legais podem ser importantes em seu projeto e, por isso, merecem subitens
especficos nesta seo. Abaixo, descrevemos cinco tpicos importantes para a maior parte dos projetos
de carbono ou de servios ambientais. Naturalmente, essas questes tm maior ou menor importncia,
de acordo com as caractersticas do projeto, em especial com a escala e a localizao do projeto.
5.1 Situao fundiria e regularidade ambiental da rea do projeto
Descreva a situao fundiria da rea onde o projeto ser executado, a qual pode corresponder
a uma ou a vrias propriedades. A rea pode ser privada, comunitria, uma unidade de conservao,
um assentamento. Seja qual for o caso, o projeto deve demonstrar que o proponente, ou alguma
organizao envolvida no projeto, possui, de forma inquestionvel, a posse ou o direito de uso de longo
prazo daquela rea.
30
Caso exista algum tipo de disputa pela posse ou pelo direito de uso da rea do projeto, importante
que isso seja apresentado de forma bem clara, para, assim, poder-se avaliar devidamente o projeto,
num processo de certificao.
Apresente, tambm, a situao de regularidade ambiental da propriedade junto aos rgos
governamentais competentes, incluindo informaes de averbao da reserva legal, negativa de multas
e infraes ambientais etc.
5.2 Licenas necessrias para a implementao do projeto
Descreva as licenas ou as anuncias de rgos governamentais, imprescindveis para a execuo
das atividades do projeto. Caso as licenas j tenham sido emitidas, apresente cpias ou referncia a tais
licenas. Caso contrrio, descreva o processo para receber tais licenas e fornea uma previso sobre
o momento do projeto em que essas licenas sero necessrias.
5.3 Legislao trabalhista
Descreva a gesto dos funcionrios envolvidos nas atividades do projeto, sejam eles prprios
ou empresas terceirizadas de prestao de servios, de acordo com os requerimentos da legislao
trabalhista, incluindo a descrio de como sero realizados os contratos (CLT ou temporrios?), quais
as formas de pagamentos (salrios mensais ou pagamento por produo?) etc.
Apresente, tambm, as medidas utilizadas, durante a execuo das atividades, para o atendimento
aos requerimentos legais de sade e de segurana do trabalho, incluindo condies de moradia, transporte,
alimentao, uso de produtos qumicos, entre outros.
31
5.4 Situao tributria
Apresente a situao de dbitos tributrios junto Receita estadual e federal (anexar cpias das
certides). Em caso de pendncias administrativas, interessante apresentar, tambm, um plano de
resoluo/quitao das pendncias.
5.5 Direito legal sobre os crditos gerados pelo servio ambiental
Projetos de carbono, ou de qualquer outro servio ambiental, geralmente implicam algum
mecanismo de pagamento pela prestao desses servios. O pagamento pode ser feito atravs de crditos
gerados pelo sequestro, pela reduo das emisses de carbono, ou
mesmo atravs de compensaes diretas aos responsveis pela
manuteno desses servios.
Seja qual for o caso, para que fique realmente claro como ser
o mecanismo de pagamento pelo servio ambiental, importante que
o projeto descreva o direito de propriedade sobre os crditos gerados
pelo servio ambiental, ou seja, quem tem o direito legal de receber
uma compensao econmica pelo servio.
Esse tema ainda carece de uma regulamentao especfica no Brasil, o que o torna bastante
sensvel e delicado em um projeto de servios ambientais. Apesar disso, tem predominado a concepo
de que o direito a receber uma compensao econmica, por um servio ambiental, do agente que
tem direito ao uso da rea e que, portanto, ao utiliz-la de forma racional e adequada, est prestando
um servio natureza.
O projeto deve descrever o direito de propriedade sobre os crditos gerados pelo
servio ambiental.
32
Em alguns casos, em especial em terras federais e estaduais destinadas a comunidades (Reservas
Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentvel, Terras Indgenas, Assentamentos), o dono da terra
pode ser o Estado, mas o direito de uso da rea foi concedido comunidade, o que a torna a detentora
do direito legal de receber um pagamento por qualquer servio ambiental prestado em que se usaram,
racional e adequadamente, os recursos naturais.
Outra situao a considerar a organizao responsvel pela comercializao dos servios
ambientais no ser a que tem o direito legal de receber pelo servio. Nessa situao, o projeto deve
descrever como se relacionam formalmente as duas partes, aquele com o direito de receber e o que
far a comercializao. Se o caso envolver uma comunidade que detm o direito legal, ou costumrio,
do uso da terra (e, portanto, o direito sobre os crditos gerados pelo servio ambiental), fundamental
demonstrar que a relao entre as partes ocorre segundo acordos firmados com o pleno conhecimento
e o consentimento de todos os moradores da rea, considerados responsveis pelo e beneficirios do
servio ambiental.
33
34
6. DESCRIO GERAL DA REA DO PROJETO
neste item que se renem todas as informaes sobre a rea onde o projeto ser executado.
Uma boa descrio sobre a rea, alm de ser uma exigncia em quase todos os padres de certificao
de projetos de carbono, fundamental para demonstrar que o desenvolvedor do projeto conhece bem
as caractersticas da rea onde as atividades sero executadas.
6.1 Localizao da rea do projeto
A localizao da rea do projeto, assim como outras informaes sobre essa rea, pode ser
apresentada atravs de mapas. Mapas com informaes georreferenciadas da rea do projeto facilitam
bastante a visualizao e o entendimento sobre o local ou a regio onde o projeto ser executado.
Diversas informaes podem compor um ou vrios mapas no seu projeto, de acordo com a escala e as
peculiaridades de cada rea. As principais informaes, geralmente comuns a todos os projetos, so:
Limites fsicos da rea do projeto e de sua rea de influncia;
Localizao das comunidades afetadas direta e indiretamente;
Localizao e identificao da vizinhana: propriedades vizinhas, municpios, estradas etc.;
Principais formas de acesso rea do projeto;
Localizao da infraestrutura disponvel: estradas internas, casas, galpes etc.;
Localizao de Unidades de Conservao, Terras Indgenas, Assentamentos ou Florestas Pblicas
nas proximidades da rea do projeto.
Conforme descrito no Item 2: Definio do Escopo do Projeto
35
6.2 Uso do solo na rea do projeto
Apresente uma breve descrio do histrico do uso do solo na rea do projeto e em seu entorno,
incluindo informaes sobre as atividades produtivas j realizadas, a poca de converses da vegetao
natural para outros fins, a poca e o processo da regularizao fundiria etc.
Apresente, tambm, uma descrio das atividades atualmente realizadas na rea do projeto
e nas outras reas da propriedade (caso o projeto ocupe apenas uma parte da rea da propriedade),
incluindo o uso agrcola, o florestal, o turstico, o agroindustrial etc.
6.3 Descrio do ambiente
Uma boa descrio do ambiente onde o projeto ser executado fundamental para demonstrar
o conhecimento sobre o servio ambiental prestado, assim como a sua relao com a fauna, a flora e os
recursos hdricos presentes na rea do projeto. Os padres de certificao de projetos de carbono trazem
exigncias diferenciadas em relao ao nvel de detalhamento das informaes sobre o ambiente da rea
do projeto; assim, muito importante que se conheam bem as exigncias do padro de certificao
a utilizar.
Em geral, necessrio fornecer uma descrio dos diferentes ecossistemas existentes na rea
do projeto, com informaes que incluam, ao menos, as informaes disponveis acerca de:
Biodiversidade
Solo
Clima
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Caso seja um projeto de comercializao de crditos de carbono, esta seo deve incluir uma
descrio do estoque atual de carbono e das emisses de carbono existentes na rea do projeto, assim
como a forma de mensurao dessas informaes. Recomenda-se que se utilizem metodologias
reconhecidas para se fazerem essas mensuraes.
6.4 Descrio das comunidades e outros atores locais
O projeto precisa identificar, claramente, as comunidades e os outros atores locais, que tero
algum tipo de relao com as atividades do projeto, especificando:
1) os beneficirios diretos;
2) os beneficirios indiretos;
3) aqueles que podero ser afetados negativamente pelas atividades do projeto.
A definio de quais comunidades ou outros atores locais so direta ou indiretamente beneficiados
pelas atividades do projeto, ou os que podero ser negativamente afetados, uma etapa importante do
projeto. Os critrios para isso geralmente implicam questes como: comunidades ou vizinhos associados
aos vetores de desmatamento, comunidades ou municpios mais prximos que podem servir de mo-
de-obra s atividades do projeto, comunidades em situao social ou ambiental crtica.Recomenda-se
Recursos hdricos
Espcies ameaadas
Ver as metodologias de estratificao por uso do solo ou por tipo de vegetao, conforme o Intergovernmental Panel on Climate Changes 2006 Guidelines for National GHG Inventories for Agriculture, Forestry and Other Land Use
(IPCC 2006 GL for AFOLU).
37
que as informaes para essa classificao partam de um diagnstico prvio das caractersticas das
comunidades e dos outros atores presentes na regio.
Descreva as caractersticas socioeconmicas das comunidades identificadas no escopo do
projeto, incluindo a identificao de suas reas de uso e dos recursos utilizados, alm dos direitos legais
ou tradicionais sobre a terra ou sobre os recursos naturais presentes na rea do projeto.
Descreva, tambm, qualquer tipo de disputa pela posse da terra ou pelo uso de recursos naturais,
que envolva comunidades vizinhas, e apresente as formas como o projeto trata essas disputas.
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7. DESCRIO DE ATIVIDADES
Este item rene todas as informaes sobre as atividades que sero executadas durante a
implementao do projeto.
Muitos projetos descrevem suas atividades em diferentes sees, dificultando o entendimento
sobre o que realmente est sendo proposto. Ao mesmo tempo, h uma tendncia a que sejam descritas,
ou simplesmente mencionadas, atividades no diretamente relacionadas ao projeto, ou seja, atividades
que sero, ou podero ser, executadas por outras iniciativas no diretamente vinculadas ao projeto em
questo. Isso deve ser evitado, pois torna o documento confuso e pouco objetivo.
Procure descrever as atividades em ordem temporal, sempre as relacionando diretamente aos
objetivos do projeto (afinal, para isso que servem as atividades!). Atividades que no esto diretamente
relacionadas aos objetivos no devem ser mencionadas ou vir acompanhadas de uma justificativa sobre
a sua importncia para o projeto como um todo.
Acrescente, no final deste item, um cronograma geral de execuo das atividades, se possvel para
todo o perodo de implantao do projeto.
Neste guia, dividimos o item de atividades do projeto em atividades ambientais e atividades sociais,
considerando que qualquer projeto de carbono, ou de outro servio ambiental, contm necessariamente
esses dois componentes de atividades. Entretanto essa separao em subitens para a descrio das
atividades pode (e deve) variar, de acordo com as especificidades de cada projeto, visando a apresent-
las da forma mais organizada e objetiva possvel.
40
7.1 Descrio das atividades ambientais
Descreva todas as atividades associadas aos recursos naturais e ao servio ambiental prestado.
Naturalmente, isso depende muito das caractersticas do projeto, mas este item pode incluir atividades
de reflorestamento, de proteo florestal para conter o desmatamento, de recuperao de reas
degradadas, de proteo contra eroses etc.
Para cada atividade, inclua uma descrio bem detalhada de
seus objetivos e metas, das pessoas e organizaes responsveis, da
equipe e sua capacitao, dos equipamentos e materiais necessrios, do
cronograma de execuo e periodicidade, das formas de acompanhamento,
da logstica necessria etc.
Nos projetos de reflorestamento, inclua uma lista das espcies
a utilizar, alm de uma descrio de cada espcie, mencionando se a
mesma nativa ou extica, assim como o processo de produo de
mudas e de plantio. Caso considere relevante, crie outro subitem, chamado Descrio das atividades
operacionais, para separar bem as atividades de gesto ambiental das operacionais e de produo.
7.2 Descrio das atividades sociais
Descreva as atividades de relacionamento com as comunidades locais: quais os objetivos das
atividades, como as comunidades ou os membros das comunidades so selecionados, como ser o
contato com as comunidades e quais as formas de engajamento e de participao das comunidades,
tanto no planejamento como na execuo das atividades.
Descreva como as atividades contribuem
para os objetivos do projeto.
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Descreva, tambm, como os proponentes do projeto mantm uma comunicao, ou um
processo de consulta peridica, com as comunidades afetadas direta ou indiretamente pelas atividades
do projeto. Procure documentar todos os momentos de dilogo e de comunicao com as comunidades,
registrando os comentrios feitos por elas em relao ao projeto.
No caso de consultas pblicas, descreva a metodologia de comunicao utilizada para publicar
os comentrios recebidos e as formas de participao das comunidades e de outros atores locais
(com incluso do gnero). O processo deve ser acessvel e disponvel aos grupos locais, com a efetiva
distribuio dos documentos necessrios e o agendamento prvio de locais mutuamente acordados com
representantes das comunidades. As reunies devem promover o dilogo entre as partes, permitindo que
os representantes dos atores locais avaliem os impactos do projeto e forneam parecer sobre possveis
impactos negativos do projeto em todas as etapas.
43
8. METODOLOGIA
Projetos de carbono e de servios ambientais, em geral, contm uma seo metodolgica que
deve reunir elementos tcnicos aplicados para demonstrar seus reais benefcios. Dependendo do servio
ambiental em questo, os elementos que compem a metodologia variam significativamente.
Assim, nessa seo, concentram-se as principais diferenas entre projetos de diferentes naturezas,
j que cada servio ambiental demanda um tipo de metodologia. A recomendao mais importante
deste guia em relao a isso a importncia de se destinar uma seo especfica, em seu projeto, para
os aspectos metodolgicos, evitando deix-los dispersos em diferentes sees. Isso deixar o projeto
mais leve e facilitar a leitura e o entendimento.
Os prximos subitens apresentam conceitos geralmente importantes em metodologias de projetos
de carbono e que fazem parte das exigncias de todos os sistemas de certificao pesquisados. No
pretenso deste guia sugerir um modelo de metodologia para projetos de carbono, j que cada sistema
de certificao e cada tipo de projeto contm especificidades que precisam ser levadas em considerao.
Em geral, espera-se que um projeto de carbono utilize uma metodologia aprovada pela UNFCCC4
ou, nos casos ainda no incorporados pela Conveno do Clima, como o caso de projetos de REDD,
utilize metodologias reconhecidas por sistemas voluntrios internacionais.5
Caso seja utilizada alguma metodologia reconhecida, ela deve estar referenciada. Neste item do
projeto, o desenvolvedor dever demonstrar que seguiu a metodologia passo a passo, demonstrando
os clculos realizados, as premissas utilizadas e os resultados obtidos.
4 United Nations Framework Convention on Climate Change. Mais informaes em http://unfccc.int/ 5 Como o caso do VCS, que possui procedimentos para a validao de metodologias de mensurao de carbono. Mais informaes em: www.v-c-s.org
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Ao apresentar a metodologia, descreva o nvel de conservadorismo que ser assumido nas
estimativas, ou seja, quais medidas sero adotadas para realizar, de forma conservadora, as anlises dos
potenciais benefcios (econmicos, ambientais, de clima e sociais), advindos das atividades do projeto,
em especial no tratamento de questes com alto grau de incerteza (ex.: estimativa da taxa futura de
desmatamento, estimativa de impactos sociais positivos etc.).
8.1 Cenrio sem projeto e definio de linha de base
Cenrio sem projeto e linha de base so termos muito utilizados em projetos de carbono, em
especial naqueles associados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Descrever o cenrio sem
projeto significa apresentar uma descrio da situao da rea do projeto antes do incio do mesmo,
e das possveis mudanas nessa situao, caso ele no fosse implementado. Esse cenrio deve incluir
informaes sobre o volume de carbono, a situao ambiental e as condies sociais na rea do projeto
e no seu entorno.
Uma boa descrio do cenrio sem projeto permite que se faa a comparao entre a quantidade,
ou a qualidade, do servio ambiental prestado antes, durante e depois da implementao do projeto.
Somente assim os proponentes do projeto podero receber compensaes pela diferena entre o antes
e o depois do projeto.
A definio de linha de base deve incluir uma descrio de qual seria o cenrio mais provvel na rea
do projeto, com informaes que justifiquem as premissas utilizadas para a escolha desse cenrio como
o mais provvel. Ou seja, uma descrio de como seria a rea do projeto no futuro (em relao ao volume
de carbono e s condies socioambientais), caso as atividades previstas no venham a ser executadas.
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Para desenhar e justificar o cenrio sem projeto, diferentes elementos devem ser considerados
e descritos, para demonstrar que as prticas ambientais previstas no projeto excedem aquelas
consideradas como o padro para a regio. Por exemplo, o desenvolvedor do projeto deve levar em
conta as polticas nacionais e regionais, assim como potenciais mudanas nessas polticas, os avanos
tecnolgicos que poderiam levar adoo de novas tcnicas de produo, as barreiras econmicas para
se implementarem as atividades do projeto, as mudanas potenciais na forma de uso do solo na regio,
a implantao de infraestrutura etc.
Este tema uma exigncia de todos os padres de certificao de projetos de carbono analisados.
Cada um deles apresenta requerimentos especficos para as informaes que devem constar na descrio
do cenrio sem projeto, ou do baseline. Por isso, importante que, ao elaborar esta parte de seu projeto,
se consultem os padres de interesse, para garantir que todas as exigncias sejam atendidas.
8.2 Definio dos estoques de carbono a serem considerados
O projeto de carbono deve indicar as fontes de carbono consideradas nos clculos de manuteno
do estoque ou de sequestro de carbono. As opes a considerar incluem:
Biomassa viva Biomassa morta
Biomassa arbrea acima do solo Serrapilheira
Biomassa no-arbrea acima do solo Madeira morta no solo (rvores cadas)
Biomassa sob o solo Solos orgnicos
Produtos madeireiros
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O desenvolvedor do projeto deve consultar os critrios do sistema de certificao e as orientaes
tcnicas da metodologia utilizada, para decidir os estoques de carbono a utilizar. Caso alguns no sejam
contabilizados, deve apresentar uma justificativa, com base nas recomendaes da metodologia utilizada.
8.3 Avaliao de vazamentos
Em projetos de carbono, vazamento o termo utilizado para qualquer aumento na emisso de
gases do efeito-estufa fora da rea do projeto, que possa ser mensurado e identificado como efeito
direto das aes do projeto.
O projeto deve descrever como so definidas as potenciais fontes de vazamento e como so
calculadas e consideradas na estimativa final da quantidade de carbono sequestrada ou deixada de emitir
em decorrncia das atividades do projeto. Inclua, tambm, uma descrio das medidas adotadas para
mitigar os potenciais vazamentos advindos do projeto.
8.4 Permanncia
Tambm bastante comum em projetos de carbono, o conceito de permanncia est associado ao
perodo pelo qual o projeto assegura os benefcios gerados. Por exemplo, um projeto de reflorestamento
ir sequestrar carbono da atmosfera durante o perodo de um ciclo, definido em 20 anos. Aps esse
perodo, as rvores sero cortadas e utilizadas para gerar energia, emitindo novamente o carbono
atmosfera, ao serem queimadas numa caldeira. Nesse caso, o projeto no tem permanncia, chamado
temporrio, j que os benefcios ao clima duraro apenas um perodo pr-estabelecido.
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O projeto deve demonstrar o horizonte de tempo pelo qual os benefcios esperados esto
assegurados, e utilizar esse perodo em seus clculos da quantidade de crditos de carbono gerada
pelo projeto.
A permanncia de um projeto pode tambm ser avaliada atravs de uma anlise que estime os
riscos de algum acidente impedir que os benefcios esperados ocorram. Por exemplo, o risco de que um
reflorestamento seja atacado por uma infestao de formigas, ou de um perodo severo de seca; ou o
risco de um incndio regional queimar a floresta em um projeto de REDD. A existncia desse tipo de risco
deve ser considerada na avaliao da permanncia em um projeto. O tema ser mais bem detalhado
no item 9 adiante.
8.5 Adicionalidade
Este tambm um termo que tem sido muito utilizado nos projeto associados mitigao das
mudanas climticas. Demonstrar a adicionalidade de um projeto significa demonstrar que o projeto
vai alm do business as usual, ou seja, que as atividades previstas no projeto tm, como finalidade
especfica, os benefcios ao servio ambiental e que no seriam normalmente executadas, caso o
projeto no fosse implementado.
Atividades que j vm sendo executadas, ou que seriam executadas de qualquer maneira,
mesmo se no existisse o projeto, geralmente no so adicionais e, por isso, no se qualificam nos
atuais sistemas de certificao de projetos de carbono.
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A adicionalidade de um projeto no pode ser precisamente calculada, mas alguns sistemas
de certificao indicam alguns mtodos para test-la. A mais completa fonte de informaes sobre
isso o padro do VCS, que traz alguns testes de adicionalidade, teis para a elaborao do projeto.
Os principais testes de adicionalidade so:
Requerimento legal: se as atividades do projeto atendem a uma exigncia legal, ento o projeto
tem grandes chances de no ser considerado adicional, j que as atividades devero ser executadas
de qualquer maneira. Em alguns casos, as atividades do projeto atendem a uma exigncia legal que
no seria cumprida sem as atividades do projeto, especialmente quando no h fiscalizao e nem
cobrana por parte dos rgos governamentais. O melhor exemplo disso o reflorestamento de
reas de preservao permanente (APPs) no Brasil. Apesar de ser uma exigncia legal, atualmente,
a maior parte dos produtores rurais no atendem a essa exigncia e no recompem suas reas de
preservao permanente. Nesse caso, se o projeto conseguir demonstrar essa situao, ele poder
ser considerado adicional;
Barreira financeira: demonstrar que as atividades do projeto no poderiam ser realizadas sem
o investimento financeiro aportado pelo projeto. Muitas vezes, as atividades de um projeto de carbono
so custosas e o produtor rural no teria nenhum tipo de compensao financeira por realiz-las, se
no fosse a existncia do projeto;
Prtica comum: demonstrar que as atividades do projeto no so consideradas como prtica
comum na regio. Um projeto que pretende realizar aquilo que todos j realizam pode ser considerado
no-adicional.
49
Alguns padres, como o CCB e o Plan Vivo, demandam uma anlise de adicionalidade que vai
alm das questes relacionadas aos benefcios do servio ambiental. Projetos submetidos a esses
padres de certificao precisam demonstrar adicionalidade relacionada ao clima, s comunidades
e biodiversidade.
8.6 Mensurao dos benefcios
O projeto deve ter uma seo que descreve o mtodo utilizado para mensurar o sequestro ou
a reduo das emisses de gases do efeito-estufa. Nessa seo, sero apresentadas, por exemplo,
as frmulas utilizadas para estimar o crescimento das rvores em uma atividade de reflorestamento,
a quantidade de carbono no solo que ser considerada nos clculos, a quantidade de vazamento que
ser considerada etc.
Existem referncias sobre os mtodos para calcular esses benefcios causados pelo projeto, tanto
nas publicaes da UNFCCC, como nos materiais de orientao do VCS. Assim como os demais elementos
do componente metodolgico do projeto, recomenda-se utilizar uma metodologia reconhecida e seguir
cuidadosamente todos os passos definidos por ela.
50
51
9. GESTO DE RISCOS
Projetos de servios ambientais so, via de regra, projetos de longo prazo. Logo, importante
demonstrar que existe um sistema para identificar riscos que podem comprometer a execuo das
atividades e, consequentemente, os objetivos esperados.
Os riscos podem ser relacionados a fatores internos do projeto como, por exemplo, a capacidade
de gesto, a viabilidade econmica, as alteraes significativas nas organizaes envolvidas etc., ou
podem ser relacionados a fatores externos ao projeto, geralmente mais difceis de minimizar, tais quais
mudanas na legislao, polticas regionais, fenmenos climticos, acidentes etc.
Alm de identificar todas as potenciais ameaas aos objetivos e s metas do projeto, um sistema
de gesto de riscos deve prever atividades para minimiz-los, que sero executadas, caso esse fator
de risco venha a acontecer. Os fatores de risco, a sua relao com os objetivos do projeto, as medidas
tomadas para reduzir os riscos e as aes realizadas, caso esses fatores ocorram, podem ser organizados
e apresentados na forma de uma matriz, conforme o exemplo ilustrativo da pgina seguinte:
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Objetivo Fator de risco Medidas para mitigar o risco
Aes realizadas caso o fator de risco acontea
Conter o desmatamento na rea do projeto
Incndios provocados
periodicamente pelos produtores rurais na regio do entorno do projeto que se alastrem para a rea do projeto e queimem a floresta
- Construo de aceiros- Campanhas de conscientizao sobre o uso do fogo- Formao e capacitao de uma brigada de incndio
com os moradores da comunidade vizinha- Monitoramento peridico do risco de incndios no entorno
da rea do projeto
- Acionamento da brigada de incndio
- Comunicao aos bombeiros da regio- Levantamento da perda de carbono causada pelo fogo e da reduo desse volume nos clculos de adicionalidade
Reflorestamento de uma rea de 300 ha com espcies nativas
Perodo atpico de seca na regio durante os dois primeiros anos do plantio, que comprometa o crescimento das mudas
- Preferncia pelo
uso de espcies mais adaptadas a perodos secos- Monitoramento da previso de chuvas na regio, em especial no perodo mais seco do ano- Construo e abastecimento, durante o perodo de chuvas, de duas cisternas de 100.000 litros cada, prximas rea do plantio
- Irrigao da rea de plantio, caso o perodo de seca se estenda por mais de 15 dias
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O nvel de detalhamento e de complexidade do sistema de gesto de riscos diretamente
relacionado escala e intensidade do projeto. Projetos muito grandes, que envolvem uma regio muito
ampla, vrias organizaes e atores, so mais suscetveis a fatores que podem comprometer o projeto
e, por isso, precisam ter um sistema mais elaborado de gesto de riscos.
Alm disso, o sistema de gesto de riscos deve incluir mecanismos de compensao formais, a
utilizar, caso ocorra algum problema inesperado na execuo das atividades ou, at mesmo, na metodologia
de mensurao da adicionalidade do projeto. Isso importante, pois propicia maior confiabilidade ao
projeto e a seus investidores.
Alguns mecanismos de compensao que vm sendo utilizados:
Seguro: algumas seguradoras j esto trabalhando com projetos de servios ambientais, em
especial projetos de carbono. O proponente paga uma taxa peridica seguradora e, caso os benefcios
ambientais no aconteam da forma como foram previstos, a seguradora paga aos investidores em
dinheiro ou em benefcios ambientais de outro projeto;
Poupana: alguns projetos optam por criar uma poupana financeira ou de benefcios ambientais
para ser acionada, caso o projeto no alcance os benefcios ambientais previstos;
Buffer: porcentagem no-comercializvel de benefcios ambientais contabilizados, definida de
acordo com as caractersticas e o nvel de risco do projeto.
54
55
10. PLANO DE MONITORAMENTO
As atividades de monitoramento so fundamentais em um projeto, tanto para identificar possveis
falhas na execuo das atividades e corrigi-las, quanto para poder avaliar se o projeto est realmente
alcanando seus objetivos e metas. Caso sejam identificadas falhas de execuo e/ou impactos negativos
resultantes das atividades do projeto, as informaes do monitoramento devem ser utilizadas para revisar
o projeto e minimizar os impactos negativos.
Assim, o projeto deve apresentar um plano detalhado de monitoramento dos impactos positivos
e negativos, incluindo informaes sobre a frequncia e a intensidade das atividades de monitoramento,
a ser definida de acordo com a escala e com a magnitude dos impactos. As atividades de monitoramento
devem, preferencialmente, incluir os seguintes aspectos:
Impactos sociais do projeto: apresentar a metodologia de monitoramento, os indicadores a
monitorar e a periodicidade;
Impactos ambientais do projeto: apresentar a metodologia de monitoramento, os indicadores
a monitorar e a periodicidade;
Benefcios ao servio ambiental, gerados pelo projeto: descrever a metodologia utilizada para o
monitoramento peridico. No caso de projetos de carbono, o plano de monitoramento peridico deve
incluir: baseline, permanncia, vazamentos, aumento do estoque de carbono, cobertura florestal e taxas
de desmatamento na regio de referncia.
56
Mais informaes podem ser encontradas em:
United Nations Framework Convention on Climate Change UNFCCC - www.unfccc.int
Clean Development Mechanism CDM www.cdm.unfccc.int
Glossrio dos termos utilizados nas atividades de projetos sob CDM http://cdm.unfccc.int/Reference/Guidclarif/glos_CDM.pdf
Metodologias para o CDM http://cdm.unfccc.int/methodologies/index.html
Referncias e Documentaes no CDM http://cdm.unfccc.int/Reference/index.html
Forest Trends http://www.forest-trends.org
The Forest Carbon Portal: Tracking Terrestrial Carbon http://www.forestcarbonportal.com/
Pagamentos por servios hdricos: http://www.flowsonline.net/blog/
Voluntary Carbon Standards VCS http://www.v-c-s.org/
Padres no VCS http://www.v-c-s.org/policydocs.html
Metodologias no VCS http://www.v-c-s.org/methodologies.html
Pgina de agricultura, floresta e outros usos do solo do VCS http://www.v-c-s.org/afl.html
Climate Action Reserve CAR http://www.climateregistry.org/
Clima, Comunidade e Biodiversidade - CCBA http://www.climate-standards.org/
American Carbon Registry ACR http://www.americancarbonregistry.org
Plan Vivo http://www.planvivo.org/
CIFOR http://www.cifor.cgiar.org/
57
58
ANEXO 1 Requerimentos adicionais para o atendimento ao padro CCB (Clima, Comunidade e Biodiversidade), 2 edio.
Os padres CCB fornecem uma base para a avaliao de impactos socioambientais do projeto.
Alm das redues de emisses, ou das remoes de Gases do Efeito Estufa, o CCB possui indicadores
para a avaliao de critrios sociais e de biodiversidade, verificando, de maneira integrada, os benefcios
nessas trs esferas. Dessa forma, projetos para os padres CCB devem ser elaborados de modo a
minimizar os riscos para os benefcios gerados ao clima, biodiversidade e s comunidades.
A certificao nos padres CCB no gera crditos de reduo de emisses; portanto, para a
venda de crditos atravs de um registro, essa certificao pode ser combinada certificao em outros
padres de contabilidade de carbono (Ex: MDL, VCS).
No item 8.1 (Cenrio sem projeto e definio de linha de base), identifique como o cenrio sem
projeto afeta as comunidades e a biodiversidade na rea do projeto e na rea de influncia, com descries
de possveis mudanas no uso do solo, da gua, a disponibilidade de habitat, as espcies ameaadas e a
conectividade das paisagens. Mais informaes podem ser encontradas no item G2 (Baseline Projections).
O padro CCB no permite o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), e nem de
espcies invasoras. Assim, mencione, no item 7.1 (Descrio das atividades ambientais) de seu projeto,
que, nele, no se utilizam OGMs, nem espcies invasoras. Mais informaes podem ser encontradas no
item B1 (Biodiversidade).
59
Ainda no item 7.1 (Descrio das atividades ambientais), deve ser realizada uma avaliao da
existncia de Atributos de Alto Valor de Conservao (AVC) dentro da rea do projeto. Os AVCs podem ser
qualquer atributo existente na rea do projeto, que se qualifique em, pelo menos, um dos seguintes temas:
reas protegidas;
Espcies ameaadas;
Espcies endmicas;
Ecossistemas raros e ameaados;
Remanescentes de ecossistemas de importncia regional, nacional, ou mundial;
reas que so importantes para a manuteno de servios ambientais;
reas que so importantes para a subsistncia das comunidades locais;
reas que so importantes para a cultura tradicional e identidade das comunidades locais;
Mais informaes podem ser encontradas na pgina www.hcvnetwork.org.
Para as reas de Alto Valor para Conservao, inclua informaes sobre a efetiva manuteno
e melhoria dessas reas, que so muito importantes s comunidades locais e biodiversidade presentes
na zona do projeto, e apresente um plano inicial para monitoramento das medidas adotadas que visa
assegurar que no sero provocados impactos negativos no AVC.
60
Caso o projeto utilize espcies exticas, inclua tambm, no item 7.1 (Descrio das atividades
ambientais), uma anlise dos possveis impactos negativos de espcies exticas nos ambientes naturais
do projeto, incluindo possveis propagaes de doenas. O uso dessas espcies deve ser justificado. Mais
informaes podem ser encontradas no item B1 (Net Positive Biodiversity Impacts).
No item 7.2 (Descrio das atividades sociais), o projeto deve apresentar o responsvel pelo
mecanismo de resoluo de conflitos, que seja preferencialmente independente do proponente do
projeto, para lidar com o processo de queixas e de denncias das comunidades locais, evitando possveis
conflitos de interesse. Mais informaes podem ser encontradas no item G3 (Project Design and Goals).
Ainda no item 7.2 (Descrio das atividades sociais), inclua um plano de treinamento e de
capacitao para os empregados do projeto e as demais pessoas relevantes das comunidades, tanto para
o desenvolvimento das atividades, quanto para novas contrataes. Neste mesmo item, demonstre que,
caso sejam atendidos os requisitos das vagas para as atividades do projeto, sero dadas oportunidades
igualitrias s comunidades e aos atores locais, com a incluso de minorias. Mais informaes podem
ser encontradas no item G4 (Management Capacity and Best Practices).
No item 8 (Metodologia), caso haja um aumento ou uma diminuio de 5% (em termos de
CO2 equivalente) de outros gases de efeito estufa, diferentes de CO2 (como CH4 e N2O), em relao
reduo de emisses ou ao sequestro total de GEE, durante cada perodo de monitoramento, esse valor
deve ser includo na estimativa de balano lquido das emisses, nos cenrios com e sem projeto. Mais
informaes podem ser encontradas no item CL1 (Net Positive Climate Impacts).
No item 10 (Plano de Monitoramento), o plano de monitorar vazamentos deve ser implementado
por, pelo menos, cinco anos aps qualquer vazamento identificado. Mais informaes podem ser
encontradas no item CL3 (Climate Impact Monitoring).
61
Ainda com relao ao plano de monitoramento, o CCB permite que seja apresentado um plano
completo de monitoramento a ser implementado posteriormente, se o alto custo impedir o proponente
do projeto de desenvolver um plano de monitoramento completo, antes da fase de concepo do projeto.
O documento deve estar disponvel pela internet e acessvel aos atores locais e s comunidades. Mais
informaes podem ser encontradas nos itens CM1, CM2, CM3, B1, B2, B3.
No item 9 (Gesto de riscos), identifique potenciais impactos negativos fora da zona do projeto,
tanto em relao aos aspectos de biodiversidade, como aos atores sociais, e defina um plano para a
mitigao. Alm disso, demonstre, claramente, que os impactos sobre a biodiversidade fora da zona do
projeto so justificados pelos impactos positivos sobre a biodiversidade dentro dos limites do projeto,
em comparao ao cenrio sem projeto. Mais informaes podem ser encontradas no item B2 (Offsite
Biodiversity Impacts).
O padro CCB prev uma sesso chamada nvel ouro, que possui indicadores para projetos que
fornecem apoio significativo s comunidades, aos atores locais e biodiversidade. Essa sesso opcional.
Mais informaes podem ser encontradas no item G.
62
ANEXO 2 - Requerimentos adicionais para o atendimento ao padro VCS (Voluntary Carbon Standards) verso 2007.1 Novembro de 2008
A certificao pelo VCS requer que o desenvolvedor de projeto preencha um template especfico
de PDD (Project Design Document), que pode ser encontrado na pgina do VCS. Esse o nico padro
que, atualmente, no aceita o formato proposto neste manual. Sugerimos que se use esta ferramenta
para desenvolver o projeto e, posteriormente, caso decida certificar o projeto pelo VCS, preencha as
informaes no formato do template.
No item 4 (Gesto do projeto), descreva como sero feitos o controle de documentos e a gerao
de relatrios, que garante que todos os documentos e dados sejam armazenados de forma segura e
acessvel por pelo menos dois anos aps o fim do projeto.
Descreva, neste mesmo item, os procedimentos de controle de qualidade implementados
para o gerenciamento de dados, as informaes e a anlise de incertezas, relevantes para o projeto e
para o cenrio sem projeto. O desenvolvedor de projeto deve reduzir, o mximo possvel, as incertezas
relacionadas quantificao da reduo de emisses.
Mais informaes podem ser encontradas nos itens 5.13 (Records relating to the project) e 6.5.4
(Managing data quality related to the methodology).
No item 8 (Metodologia), inclua uma descrio dos mecanismos utilizados para prevenir dupla
contagem, assim como uma descrio sobre a forma de registro dos crditos resultantes do projeto,
e se esses crditos esto registrados em outros programas de emisses. O desenvolvedor de projeto
deve incluir prova de registro de crditos em outros programas e/ou uma garantia por escrito de que
63
quaisquer emisses no foram comercializadas em outro programa e que sero canceladas, para que
no possam ser utilizadas em nenhum outro programa, alm do VCS.
O desenvolvedor do projeto deve, tambm, incluir uma carta assinada por autoridade nacional ou
do programa especfico, atestando que as redues alcanadas pelo projeto no participam de nenhum
outro programa ou limite nacional. Mais informaes podem ser encontradas no item 5.7 (Content of
the VCS PD).
Ainda no item 8 (Metodologia), descreva se o projeto utiliza metodologias previamente aprovadas
pelo VCS, ou se a metodologia j foi validada por outro programa aprovado pelo VCS. Descreva, tambm,
se o projeto contm desvios de metodologia permitidos pelo VCS e, em caso afirmativo, fornea uma
descrio detalhada deles, ou informe se o projeto ter de passar pelo processo de dupla aprovao.
Desvios de metodologia so especficos para cada projeto e no so permitidos, quando resultam
em alteraes no conservadorismo do cenrio sem projeto, da determinao da adicionalidade e da
incluso, ou no, de fontes e reservatrios de gases do efeito-estufa no projeto. Desvios de metodologia
so permitidos quando no impactam negativamente o conservadorismo de metodologias aprovadas,
para quantificar reduo de emisses. Mais informaes podem ser encontradas no item 5.3 (Methodology
deviations).
No item 8.5 (Adicionalidade), insira uma descrio que contemple os testes de adicionalidade
requisitados pelo VCS: teste do projeto, teste de performance e teste de tecnologia. Mais informaes
podem ser encontradas no item 5.8 (Additionality).
64
ANEXO 3 Requerimentos especficos para o atendimento ao padro CAR (Climate Action Reserve) Verso 3.0 Agosto de 2009.
O California Climate Action Registry foi criado, em 2001, pelo Estado da Califrnia, para ajudar
empresas a calcular e a documentar suas emisses, a fim de definir um baseline e documentar
aes realizadas para melhorar sua eficincia energtica e diminuir suas emisses. Com o sucesso
do California Registry, comeou-se a montar o The Climate Registry, a fim de expandir o registro para
todos os Estados Unidos.
O Protocolo de Projetos Florestais do Climate Action Reserve atualmente pode ser utilizado em
projetos de reflorestamento, de melhoria da gesto florestal e de converso evitada. A partir de 2009,
todos os relatrios de emisses certificados pelo Climate Action Reserve sero registrados sob o The
Climate Registry.
No item 2 (Definio de escopo), ao descrever o tamanho da rea de influncia, garanta que
ela no ultrapasse 10% da rea total do projeto. Mais informaes podem ser encontradas nos itens 4
(Identifying the Project Area) e 5 (Defining a Forest Projects GHG Assessment Boundary).
Ainda no item 2 (Definio de escopo), descreva a ao que sinaliza a data de incio do projeto,
a qual pode ser o compromisso de gesto e de proteo continuada da floresta, ou a transferncia da
rea para o Poder Pblico. Mais informaes podem ser encontradas no item 3.2 (Project Start Date).
No item 2 (Definio de escopo), o perodo de monitoramento e de verificao das atividades
do projeto deve ser, no mnimo, 100 anos aps o registro de crditos CRT (Climate Reserve Tonnes),
alcanados pelo projeto. Mais informaes podem ser encontradas no item 3.2 (Project Start Date).
65
Inclua, no item 4.3 (Mecanismos de reviso de projeto), um plano de execuo de verificaes. O
projeto deve ter uma verificao inicial, para que possa ser registrado, e, posteriormente, deve-se realizar
uma verificao a cada seis anos. A verificao visa a garantir a qualidade dos dados apresentados, das
metodologias e das estimativas, os nveis de confiana, o progresso do projeto e sua taxa de risco. Mais
informaes podem ser encontradas no item 10 (Verification).
Inclua, no item 5.2 (Licenas necessrias para a execuo do projeto), um acordo assinado de
conservao/restrio, caso a rea do projeto seja uma propriedade privada. Esse acordo necessrio
para que o projeto seja registrado no CAR e deve ser assinado, no mximo, um ano antes da data de incio
do projeto. Caso o acordo tenha sido assinado antes de um ano da data de incio do projeto, os limites
impostos no acordo devem ser considerados mandatos legais, ou o acordo no atender ao requisito
legal do teste de adicionalidade e de determinao do baseline desse padro.
Tambm necessrio incluir, no item 5.2 (Licenas necessrias para a execuo do projeto),
o acordo de implementao do projeto, PIA (Project Implementation Agreement). O PIA um acordo
entre o proprietrio da floresta e o CAR, atestando a obrigao de o proprietrio cumprir o Forest Project
Protocol, e os direitos e deveres do CAR, no caso de o proprietrio no o cumprir. O PIA deve ser assinado
antes de registrar-se o projeto.
Mais informaes podem ser encontradas nos itens 3.5 (Project Implementation Agreement) e
3.6 (Use of Qualified Conservation Easements or Qualified Deed Restrictions).
Inclua, no item 5.5 (Direito legal sobre os crditos gerados pelo servio ambiental), um formulrio
atestando posse exclusiva sobre as emisses evitadas pelo projeto. Um modelo de formulrio pode ser
encontrado no site do CAR. Mais informaes, no item 3.7 (Attestation of Title).
66
No item 8.1 (Cenrio sem projeto e definio de linha de base), descreva a estimativa do baseline
do projeto, como uma projeo da perda de estoque de carbono na rea, se esta fosse convertida para
outros usos. A metodologia indicada no CAR inclui dois passos: a caracterizao e a projeo do baseline
e o desconto da incerteza da probabilidade de converso. O projeto s elegvel, isto , s poder ser
registrado no CAR, se houver a comprovao do risco significativo de converso da rea do projeto para
uma rea no-florestal.
Informaes detalhadas de como calcular o baseline, tabelas explicativas e equaes podem
ser encontradas no item 6 (Quantifying Net GHG Reductions and Removals), subitem 6.3 (Avoided
Conversion Projects).
Inclua, no item 8 (Metodologia), os fatores e/ou atividades que garantam a adequao do projeto
aos seguintes requisitos exigidos pelo CAR:
Garantias de que o projeto no utiliza fertilizao em massa;
Prticas de extrao sustentvel: quando uma atividade comercial de extrao for planejada ou
iniciada na rea, o desenvolvedor do projeto deve aplicar e demonstrar prticas sustentveis de longo
prazo. Mais informaes podem ser encontradas no item 3.9.1 (Sustainable Harvesting Practices);
Gesto da natureza florestal: o projeto deve promover e manter a diversidade de espcies nativas
e utilizar prticas de gesto para tanto. Todo projeto deve estabelecer e/ou manter o tipo florestal nativo
da rea. Mais informaes podem ser encontradas no item 3.9.2 (Natural Forest Management);
Promoo/Manuteno do estoque de carbono da rea: o projeto deve aumentar ou, no mnimo,
manter o estoque de carbono vivo e em p, presente na rea, durante todo o projeto. O CAR no registra
crditos para um projeto que indicar, atravs dos relatrios de monitoramento entregues a cada 10
67
anos, reduo no estoque de carbono vivo e em p na rea. Mais informaes podem ser encontradas
no item 3.9.3 (Promotion of the Onsite Standing Live Carbon Stocks).
Inclua, no item 8 (Metodologia), uma estimativa dos efeitos secundrios, levando em conta
que a converso a ocorrer na rea do projeto pode ser transferida para outra rea, se o projeto no for
executado. Para quantificar os efeitos secundrios, preciso determinar o risco de transferncia da
converso e usar a equao indicada pelo CAR. Mais informaes podem ser encontradas no item 6.3.5
(Quantifying secondary effects).
Inclua, no item 8 (Metodologia), o clculo do total de redues de emisso de gases de efeito estufa.
Mais informaes podem ser encontradas no item 6 (Quantifying Net GHG Reductions and Removals).
Inclua, no item 8.5 (Adicionalidade), os testes exigidos pelo CAR: teste de requisito legal e teste
de performance. O teste de requisito legal visa a garantir que o projeto atinja uma reduo maior de
emisses, alm das redues em conformidade com alguma lei federal, estadual, local ou qualquer
mandato legal. J o teste de performance visa a garantir que o projeto atinja uma reduo maior de
emisses, alm das redues resultantes da implementao de atividades business as usual. Mais
informaes podem ser encontradas no item 3.1 (Additionality).
Inclua, no item 9 (Gesto do Risco), o clculo do risco de reverso das emisses evitadas pelo
projeto. O risco de reverso do projeto determina a quantidade de CRTs com que o projeto deve contribuir
para o buffer pool, como seguro contra reverses. Esse risco recalculado a cada verificao da rea.
Se a diferena entre os estoques do projeto e o baseline diminuir de um ano para o seguinte, o CAR
considerar o fato uma reverso. Se o projeto sofrer uma reverso na reduo de suas emisses, o CAR
cancelar um nmero de CRTs igual quantidade revertida. Mais informaes podem ser encontradas
no item 7 (Ensuring the Permanence of Credited GHG Reductions and Removals).
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Inclua, no item 10 (Plano de Monitorament), o plano de execuo do monitoramento, por
um perodo de cem anos apos o ltimo registro de crditos de reduo de emisso. As atividades de
monitoramento consistem em manter atualizado o estoque de carbono da rea. Deve ser entregue
um relatrio anual ao CAR, com inventrio completo. Projetos que no se comprometem a monitorar
o inventrio do estoque, por, no mnimo, cem anos aps o registro dos crditos, no so elegveis, isto
, no se podem registrar junto ao CAR. Algumas excees so consideradas pelo registro que impe
que os crditos registrados sejam aposentados. Mais informaes podem ser encontradas nos itens 3.4
(Minimum time commitment) e 8 (Project Monitoring).
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ANEXO 4 Requerimentos especficos para o atendimento ao padro ACR (American Carbon Registry) V.1 Maro de 2009.
O American Carbon Registry foi o primeiro registro de gases de efeito estufa criado nos Estados
Unidos. Todas as metodologias e as ferramentas para contabilizar as emisses do ACR so baseadas na ISO
14064. Para facilitar a certificao, o ACR tambm aceita metodologias propostas por: Clean Development
Mechanism (CDM), U.S. EPA Climate Leaders, World Resources Institute / World Business Council for Sustainable
Development e Voluntary Carbon Standard (VCS).
Inclua, no item 4.3 (Mecanismos de reviso do projeto), os mecanismos de execuo da Reviso
Qualitativa Anual, que deve ser realizada por desenvolvedores de projetos registrados no ACR. A reviso visa
a garantir a manuteno do projeto e nenhuma mudana significativa em condies que poderiam afetar a
qualidade do projeto e a integridade das emisses evitadas. A reviso realizada trs meses aps o primeiro
aniversrio de registro e renova a elegibilidade do projeto por mais 12 meses. Mais informaes podem ser
encontradas no item VI (ACCOUNTING REQUIREMENTS), subitem D (Annual Qualitative Review).
Inclua, no item 8.1 (Cenrio sem projeto), a causa de desmatamento para o cenrio sem projeto:
desmatamento planejado legalmente pode ser calculado diretamente e desmatamento ilegal deve ser
modelado. Desenvolvedores de projeto precisam levar, em considerao, no cenrio sem projeto, o carbono
armazenado em produtos feitos de madeira, por exemplo, para no estimar uma quantidade muito alta
de emisses evitadas. Mais informaes sobre como calcular/estimar o cenrio sem projeto podem ser
encontradas no item VI (ACCOUNTING REQUIREMENTS), subitem A (Baselines).
No item 8 (Metodologia), inclua, na descrio sobre vazamento, o vazamento causado pelas mudanas
nas atividades locais e no mercado. Mais informaes podem ser encontradas no item VI (ACCOUNTING
REQUIREMENTS), subitem B (Leakage Issues).
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No item 8 (Metodologia), ao descrever a metodologia de mensurao de carbono, apresente a forma
utilizada para calcular o nvel de preciso das estimativas. O ACR exige que o intervalo de 90% de confiana
de amostragem seja no mais que 10% da quantidade mdia estimada de reduo de emisses. Se o
desenvolvedor de projeto no conseguir atingir a meta +/- 10% da mdia, no intervalo de confiana de 90%,
ento a quantidade registrada de crditos ser a mdia menos o limite inferior do intervalo. Mais informaes
podem ser encontradas no item III (ACCOUNTING CONCEPTS), subitem D (Measurement Accuracy and Precision).
Inclua, no item 8.5 (Adicionalidade), um teste especfico para o ACR, que analisa o projeto em 3
dimenses: surplus regulatrio, prticas comuns e barreiras implementao. Mais informaes podem
ser encontradas no item V (ADDITIONALITY), subitem B (Hybrid Approach).
No item 9 (Gesto do risco), na definio dos mecanismos de compensao, os desenvolvedores
de projeto tm a opo de usar: contribuies de crditos ao buffer pool, seguro que garante preo para a
reposio de offsets e/ou a doao de offsets noflorestais, que atendem aos requisitos do standard. Mais
informaes podem ser encontradas no item VI (ACCOUNTING REQUIREMENTS), subitem C (Buffer Pool).
Inclua, no item 10 (Plano de Monitoramento), um plano para executar a renovao dos crditos no ACR.
Ao final do quinto ano de registro do projeto, requer-se a renovao dos crditos e, a partir da, renovaes a
cada cinco anos. A renovao visa a demonstrar a longevidade do projeto e a reduo dos riscos, reduzindo,
potencialmente, o buffer obrigatrio do projeto pelos cinco anos seguintes. Mais informaes sobre a
renovao dos crditos, alm de uma tabela de reavaliao do tamanho buffer pool, podem ser encontradas
no item VI (ACCOUNTING REQUIREMENTS), subitem E (Crediting Period Renewal).
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ANEXO 5: Requerimentos especficos para o atendimento ao padro Plan Vivo
O padro Plan Vivo um conjunto de normas, processos e ferramentas, utilizado para desenvolver
e registrar os projetos de pagamentos por servios ambientais (PES) em pases em desenvolvimento. As
atividades do projeto incluem reflorestamento, sistemas agroflorestais, conservao florestal, restaurao e
desmatamento evitado, e so implementadas por pequenos proprietrios, arrendamentos ou comunidades,
em sua prpria terra, ou em terra da qual eles detm os direitos de uso. O Plan Vivo gerido pelo BioClimate
Research and Development (BR&D).
O foco principal so projetos que tenham o potencial amplo de promover o desenvolvimento
sustentvel em pases perifricos, atravs do trabalho com pequenos agricultores e/ ou comunidades rurais,
com nfase nos meios de subsistncia rurais locais e no uso de espcies nativas, em atividades que promovam
a sustentabilidade dos recursos naturais.
Tem sido utilizado, como incentivo aos produtores,a para que apliquem melhores tcnicas de
utilizao do solo em troca do pagamento adiantado de crditos. Para o padro Plan Vivo, o lder de projeto
uma figura muito importante para o sucesso do projeto pois este coordena a implementao das atividades
com as comunidades.
No item 2 (Definio do escopo), nenhum crdito retroativo permissvel para atividades j
implementadas. Mais informaes podem ser encontradas no item 1.1 (Aplicability of the Standards);
No item 3 (Organizaes envolvidas e responsabilidades), o projeto deve ser coordenado por
um responsvel local, em constante consulta com comunidades locais, que devem ser recrutadas para
participar do projeto, recebendo treinamento para isso.
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O coordenador do projeto deve ser uma entidade no-governamental, que tenha fortes ligaes
com grupos locais e, de preferncia, experincia de trabalho com as comunidades envolvidas no projeto.
As organizaes elegveis incluem: organizaes no-governamentais (ONGs) locais ou nacionais; fundos
fiducirios independentes ou empresas sem fins lucrativos, definidas especificamente para realizar um
projeto de Plan Vivo. Mais informaes podem ser encontradas no item 1 (Introduction).
Alm disso, os projetos podem ter um responsvel tcnico na equipe, o qual ir trabalhar
especificamente com os aspectos sociais do projeto e a implementao dos mesmos. Mais informaes
podem ser encontradas no Anexo 02, item 5.3 (Social Team).
No item 7.2 (Descrio das atividades sociais), apresentar evidncias da participao voluntria
das comunidades e dos grupos locais nas atividades do projeto, atravs do registro de reunies, de
minutas, de fotos, de lista de presena, entre outros procedimentos cabveis. As atividades devem ser
destinadas a satisfazer as necessidades dos grupos-alvo (comunidades) e a trazer benefcios para a
subsistncia, alm dos pagamentos pelo carbono. Mais informaes podem ser encontradas no item 3.2
(Project Design Phase).
Alm disso, no item 7.2, descreva as atividades realizadas no projeto para transferir tecnologia e
treinamento para as organizaes locais e/ou comunidades, para que elas possam assumir papis de longo
prazo na gesto sustentvel e no monitoramento das atividades do projeto. Devem existir mecanismos
para a formao contnua dos produtores e a participao dos produtores no desenvolvimento do projeto.
Mais informaes podem ser encontradas no Anexo 02, item 5.4.
Ainda no item 7.2 (Descrio das atividades sociais), descreva um plano de incluso, nas
atividades, das comunidades presentes na rea e no entorno do projeto. Demonstre que as atividades
do projeto so desenvolvidas de acordo com as necessidades dessas comunidades. Esse plano deve
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incluir um mecanismo de consulta permanente com essas comunidades, podendo ser, por exemplo,
um frum regular das partes interessadas. Mais informaes podem ser encontradas no Anexo 02, item 6
(Community-led design plan submitted).
No item 7.1 (Descrio das atividades ambientais), todas as atividades devem ser realizadas
apenas com o uso de espcies nativas ou naturalizadas e devem promover a restaurao e a proteo
dos ecossistema