História Do Teatro -Apostila 2014

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  • 8/10/2019 Histria Do Teatro -Apostila 2014

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    APOSTILA DE HISTRIA DO TEATRO | Marcelo Costa Carvalho

    CURSO LIVREPREPARATRIO PARA OS EXAMES DE CAPACITAO PROFISSIONAL DO SATED/MG

    REALIZAO PRODUOCasa de Cultura Estao Palco MCostaCarvalho.comfacebook.com/ccestacaopalco facebook.com/MCostaCarvalho

    2014

    -2 -

    Contedo Programtico

    pag 9 Unidade I Teatro Grego

    1.1.As Primeiras Manifestaes Teatrais;

    1.2.

    Grcia Bero da Cultura;1.3.O Nascimento do Teatro;

    1.4.A Tragdia Grega;

    1.5.Tragedigrafos Gregos;

    1.6.dipo Rei

    1.7.A Comdia Grega;

    1.8.Comedigrafos Gregos;1.9.Comdia X Tragdia.

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    -3 -

    pg 22 Unidade II Teatro Romano

    2.1. A Sociedade Romana;2.2. A Representao do Teatro Romano;

    2.3. Gneros Dramticos;

    2.4. A Tragdia Romana;

    2.5. Os Tragedigrafos Romanos;

    2.6. A Comdia Romana;

    2.7. Os Comedigrafos Romanos.

    pg 29 Unidade III Teatro Medieval

    3.1. A Idade Mdia;

    3.2. A Arte Medieval;

    3.3. Atividade Teatral da Idade Mdia;

    3.4. Formas de Representao Teatral;

    3.5. O Fracasso do Teatro Medieval.

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    pg 32 Unidade IV Teatro Renascentista

    4.1. Renascimento O Movimento;4.2. O Teatro na poca da Renascena;

    4.3. Autores Renascentistas;

    4.4. Espao Cnico Renascentista;

    4.5. Commdia DellArte;

    4.6. Teatro Elizabethano;

    4.7. O Teatro de William Shakespeare;4.8. Hamlet.

    pg 41 Unidade V

    Teatro Barroco

    5.1. Barroco O Movimento;

    5.2. O Teatro na poca Barroca;

    5.3. Frana, Inglaterra e Itlia;

    5.4. Autores Barrocos;

    5.5. Teatro Barroco no Brasil;

    5.6. O Teatro de Molire;

    5.7. O Avarento.

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    pg 47 Unidade VI Teatro Neoclassicista

    6.1. Neoclassicismo O Movimento;6.2. O Teatro na poca Neoclassicista;

    6.3. Alemanha, Frana e Itlia;

    6.4. Autores Neoclassicistas;

    6.5. Perodo de Transio.

    pg 50 Unidade VII Teatro Romntico

    7.1. Romantismo O Movimento;

    7.2. O Teatro na poca Romntica;

    7.3. Autores Romnticos;

    7.4. O Espao Cnico Romntico;

    7.5. Romantismo no Brasil;

    7.6. O Teatro de Goethe;

    7.7. Fausto.

    7.8. O Teatro de Schiller;

    7.9. Maria Stuart.

    7.10. O Teatro de Victor Hugo;

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    pg 55 Unidade VIII Teatro Realista

    8.1. Realismo O Movimento;8.2. O Teatro na poca Realista;

    8.3. Realismo no Brasil;

    8.4. Autores Realistas;

    8.5. O Teatro de Henryk Ibsen;

    8.6. Casa de Bonecas;

    8.7. O Espao Cnico Realista;8.8. A Teoria de Stanislavski.

    pg 60 Unidade IX

    Teatro Naturalista

    9.1. Naturalismo O Movimento;

    9.2. Influncias do Teatro Realista no Teatro Naturalista;

    9.3. O Teatro Naturalista;

    9.4. O Teatro Naturalista no Brasil;

    9.5. O Teatro de mile Zola.

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    pg 61 Unidade X

    Teatro do sculo XX / XXI

    e Tendncias Contemporneas

    10.1. Novas Variaes Teatrais;

    10.2. Teatro Expressionista;

    10.3. Teatro Futurista;

    10.4. Teatro da Crueldade;

    10.5. Teatro pico;

    10.6. Teatro Norte-Americano;10.7. Teatro do Absurdo;

    10.8. Tendncias Atuais e Contemporaneidade;

    10.9. O Teatralismo;

    10.10. Dramaturgos Contemporneos;

    10.11. O Teatro de Frank Wedekind;

    10.12. A Caixa de Pandora;10.13. O Teatro de Meyerhold O Estilizado;

    10.14. O Teatro de Antonin Artaud A Crueldade;

    10.15. O Teatro de Bertold Brecht O Distanciamento;

    10.16. O Teatro de Eugene ONeill O Psicolgico;

    10.17. Longa Jornada Noite Adentro;

    10.18. O Teatro de Samuel Beckett O Absurdo;10.19. Esperando Godot.

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    pg 68 Unidade XI

    TEATRO BRASILEIRO

    - do Teatro Jesutico s tendncias atuais

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    TTTEEEAAATTTRRROOOGGGRRREEEGGGOOOA representao teatral desenvolve-se na Grcia no sculo VII a.C., apoiada nos

    rituais religiosos em honra ao deus Dionsio (ou Dioniso). No sculo VI a.C., quando surgeo texto escrito para teatro, o grego Tspis institui a funo de ator, ao sair do coro (grupoque narra e comenta a ao) e dizer que est representando Dionsio. Em Roma, os

    primeiros jogos cnicos datam de 364 a.C. A primeira pea, traduzida do grego, representada em 240 a.C.

    Teatro grego As mais antigas manifestaes do gnero dramtico grego so atragdia e a comdia. Embora ambas se iniciem no sculo VI a.C., a tragdia surge antes einfluencia o teatro moderno.

    Tragdia Grega:

    A tragdia pode ser entendida como uma grande obra teatral onde se encontrampresentes personagens ilustres, hericos, de carter inestimvel e grandioso. As aes dastragdias so sempre constitudas de sentimentos de terror, piedade e situaes funestas.

    Seu surgimento est fortemente associado s celebraes em honra ao deus Dioniso(para os gregos; ou deus Baco para os romanos). Podemos constatar isso at mesmoatravs de sua etimologia:

    Defi nio de Aristteles: pois a tragdia imitao de aes de carter elevado,completa em si mesma, de certa extenso, em linguagem ornamentada e com vriasespcies de ornamentos distribudos pelas diversas partes do drama, imitao que se efetua,no por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o terrore a piedade, tem porefeito a purificao (catarse) desses sentimentos.

    DITIRAMBO: Hino de louvor ao deus Dioniso do qual, provavelmente, se originou a

    tragdia.

    STIROS: Pessoas vestidas com pernas de Bode e, acima da cintura, com roupas dehumano. Figura muito sensual que est fortemente relacionada a Dioniso ou Baco.(embriagues - alegriasensualidadefertilidadeplantao).

    TRGOS= bode + OID= canto, ou seja, canto do bode.

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    HYBRIS: Essa palavra significa desmedida, insolncia, orgulho. Seria uma enormeautoconfiana por parte do heri da tragdia grega que o levaria a cometer uma espcie dedesafio, se opondo aos deuses cometendo, dessa forma, uma falha muito grande(HAMARTIA)que resultaria em uma desgraa ou morte(ATE). Hybris seria ento umatransgresso (excesso) e a prpria ao dessa transgresso iria remeter uma reao contra a

    personagem central.

    O sentimento de terror e piedade uma constante nas tragdias gregas. Aspersonagens centrais so sempre imbudas de carter grandioso e sentimentos bons,humanos, universais. Entretanto todas possuem, por menor que seja, um defeito que as leva

    justamente a cometer a hamartia.

    A tragdia tem seu auge na Grcia, no sculo V a.C., e acaba por influenciar todo oteatro moderno. Em histrias completas, que vo da felicidade desgraa, as emoes soembutidas e alternadas entre a compaixo e o terror. De uma forma geral, sempre mostrauma luta intil contra o destino imposto pelos Deuses, mostrando, com isso, a forte

    importncia que os gregos retribuam s entidades mitolgicas.

    Para encenar as peas, os atores utilizavam sempremscaras (uso obrigatrio) efigurinos muito coloridos e ricos (roxo, bordados, verde, vermelho,...), contrastantes com avida cotidiana que era baseada em cores frias. So utilizados: tnicas, manto, mscara,cabeleira postia e, s vezes, barbas. A esses figurinos os gregos chamam deINDUMENTRIA. Curiosidade: a indumentria principal dos atores chama-seQUITON. Era uma espcie de tnica larga at os ps, mas diferente da comum, por possuirmangas largas e um cinturo abaixo do peito. Existiam ainda outras duas, chamadas:himation (manto largo sobre os ombros) e clmide (manto curto, levado no ombroesquerdo).

    Existe, nas tragdias, a presena de grande coro que tem por finalidade representara sociedade e interferir nos conflitos como testemunha, confidente, espectador ideal,conselheiro, associado na dor, eco da sabedoria popular, juiz, entre outros. O cororepresenta o que da ordem dos sentimentos e os atores se ocupam do desenvolvimento doque temtico. O CORIFEU o solista do coro: pessoa que se destaca e inclusivecontracena com os atores e os COREUTAS so todos os outros membros do coro.

    Importante: As mulheres no participavam das apresentaes teatrais (no existiamatrizes). Os papis femininos eram representados pelos homens, da a necessidade maiorainda de mscaras.

    Os festivais de teatro, no sc. V a.C., estavam inseridos nas festas em honra ao deusDioniso, denominadas Grandes Dionisacas ou Dionisacas Urbanas, que se realizavamnos meses de maro e abril de cada ano. Nestes festivais qualquer poeta podia concorrerapresentando uma tetralogia(trilogia trgica e um drama satrico).

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    Partes Principais da Tragdia

    1- PRLOGO: 1acena antes da entrada do coro ou da primeira interveno do coro.Constitui uma narrativa preliminar que visa introduzir o tema. Pode ou no estar

    presente ou ainda aparecer de formas diferentes: - com apenas um ator: solilquio

    ou monlogo; - com mais de um ator: cena aberta com dilogo e ao (ex.: dipoRei).

    2- PRODO: existncia de dois tipos: - entrada do coro cantando e danando naorquestra (ex.: dipo Rei); - o coro j presente, em silncio.

    3- EPI SDI OS OU PARTES: cenas no palco possuidoras de dilogos tipo ator-corifeu ou ator-ator. Nestas cenas podiam participar figurantes (pessoas que nofalavam).

    4- ESTSIMOS: cantos e danas do coro na orquestra (lugar onde ficavam) que

    separam os episdios, marcando uma pausa na narrao. Trata-se de um momentodestinado a reflexes acerca do que se passa na histria. Pode acontecer de, nestesintervalos, algum ator cantar: dilogo lrico:participao dos atores em dilogoscom o coro. *Hiprquema: quando o coro dana e canta com mais nfase(geralmente antes da cena mais dramtica da catstrofe). So cenas de profundaemoo.

    5- XODO:ltima cena (episdio final) depois do ltimo estsimo e que encerra odrama.

    Cenas Tpicas da Tragdia

    1- CATSTROFE: cenas de violncia. Representa uma modificao brusca dodestino das personagens (sempre trgicas). No ocorre no palco, s vistas do

    pblico, mas somente se conta (exceto em algumas peas de Eurpedes);

    2- CENAS PATTI CAS:cenas em que as personagens explicitam seus sofrimentos edores;

    3- GON OU CENAS DE ENFRENTAMENTO: cenas onde, atravs de aes oupalavras, as personagens se defrontam tragicamente no palco;

    4-

    ANAGNRISIS OU CENAS DE RECONHECIMENTO:passagem da ignornciapara o reconhecimento. Cena em que a personagem descobre e toma conscincia daverdade e da situao em que se encontra. Existem tambm cenas dereconhecimentos parciais.

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    Os Trs Grandes Tragedigrafos

    O primeiro grande escritor de tragdias, de quem se conservou textos, chama-seSQUI LO (525 a.C.456 a.C.): (Veja tambm o * Texto (1) da pgina 18)

    Esse autor considerado o pai da tragdia justamente por ter institucionalizado eidealizado as caractersticas da tragdia grega.

    - Idias fundamentais: fatalidade em funo da vontade divina; final triste,presena de maldies; predestinaes dos Deuses; explorao das lendastebanas e antigas; inferioridade da fora frente ao esprito. As personagensde squilo so meras agentes de sentenas ditadas pelos Deuses. Venceumais de doze vezes os concursos.

    - Inovaes: *introduo do 2oator em cena (Deuteragonista) dando incioao dilogo; *preocupao com elaboraes de mscaras melhores e maisexpressivas e indumentrias possuidoras de mangas longas; *criao do

    primeiro cenrio do teatro grego (inveno at de guindastes quepossibilitassem aos atores levitarem em cena); *introduo do coturno,calado que possua um salto enorme e tinha por objetivo engrandecer osatores, torn-los sobre-humanos; *reduo do coro e diminuio de suaimportncia.

    - Escrevia peas em forma de trilogia (trs peas que possuam dependnciatemtica, ou seja, que falavam sobre o mesmo assunto. Eram apresentadastodas juntas, no mesmo dia).

    - Autor de: Prometeu Acorrentado, As Suplicantes, Sete contraTebas, Os Persas, e a trilogia Orstia composta pelas peasAgamnon, Coforas e Eumnides. Essa trilogia considerada umadas principais obras-primas da criao humana.

    - squilo interpretou as prprias personagens, alm de dirigir seus prpriosespetculos. Tinha voz de tempestade e era uma pessoa spera e violenta.

    - Escreveu cerca de 80 a 90 peas teatrais, mas somente sete chegaramcompletas aos nossos dias.

    SFOCLES (496?406? a.C.): (Veja tambm o * Texto (2) da pgina 19)Esse pode ser considerado como o mais famoso tragedigrafo grego. Tido como o

    maior poeta trgico dos gregos, Sfocles acaba com a trilogia e traz uma srie de inovaespara as tragdias. Foi contemporneo de squilo. Das 120 peas que escreveu apenas sete

    sobreviveram ntegras at os dias atuais. Foi vinte vezes vencedor dos concursos teatrais. I novaes: - Acabou com a trilogia (inicialmente, o poeta se via obrigado a

    representar na mesma festa, trs tragdias com temas relacionados entre si. A partirde Sfocles cada um de seus dramas passa a ter autonomia).

    - Acrescenta o terceiro ator: Tritagonista

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    - I dias Fundamentais: Interveno divina; Personagens imbudas de livre-arbtrio; Identificao das personagens (principalmente as centrais) com osseres humanos (homens); Acaba com o coturno primando aproximao darealidade. Sfocles pretendia mostrar o homem do jeito que ele era: comdores, anseios, misria, entre outros; Utilizao de um calado denominado

    CRPIS (espcie de sapatilha); Aumenta o significado do homem, mas aao dos deuses ainda determina o destino e quase sempre so aesinjustas, punitivas e autoritrias.

    - Autor de: jax, Antgona, As Traqunias, dipo Rei, Electra,Filoctetes, dipo em Colono.

    EURPEDES (480405 a.C.):(Veja tambm o * Texto (3) da pgina 20)Autor que coloca um perfil mais denso nas personagens (aspectos psicolgicos). Suas

    peas diferem das outras por serem mais carregadas e densas. Aristteles considerouEurpedes como o poeta mais trgico entre todos.

    I novaes: - Cria personagens mais densos psicologicamente. As personagensinclusive criticam o desejo dos deuses.

    - Crtica aos deuses e aos Mitos. Critica o destino traado aos homens.- Cria o Prlogo- Transforma o Coro (diminui a funo do Coro, centralizando suas peas na

    ao das personagens). O Coro passa a ter funo apenas ocasional eindireta.

    - Coloca, pela primeira vez, a tragdia refletindo as crises do tempo.- Escreve sobre as paixes humanas: mesquinhez, amor, dio, cime, entre

    outros. Foi muito criticado devido a isso. Segundo ele, os homens devemser mostrados com mais realismo.

    -

    Coloca em cena algumas cenas de catstrofes.- Dramaturgo de uma religio em crise e de uma sociedade em decadncia.- Depois de Eurpedes no apareceu nenhum tragedigrafo de respaldo.- Autor de : Media, Hiplito, Electra, As Bacantes., As

    Fencias", Hcuba, Ifignia em ulis, Andrmaca, Orestes, on,As Suplicantes, O Ciclope, Ifignia em Turis, Heracles, AsTroianas, Helena, Alceste-Orestes.

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    Comdia Grega:

    A Comdia uma das formas dramticas bsicas do teatro Ocidental. Tem acolhidoem seu manto um grande nmero de diferentes subespcies. Embora seu raio de ao seja

    bastante amplo, pode-se dizer, de um modo geral, que as peas da comdia constituem-secomo peas leves (ausncia de emoes e sentimentos muito fortes) voltadas para assuntosno muito srios. Seus personagens so deformados, exagerados o que provoca uma noidentificao com a platia. Ao contrrio da tragdia, possui sempre um final feliz e

    prope-se a enfatizar a crtica e a correo atravs da deformao, do exagero dos defeitoshumanos e do ridculo. Sua finalidade principal a de provocar o riso e o divertimento.

    A Comdia nasceu cerca de 50 anos aps a tragdia como uma espcie de crtica sociedade, de denncia incompetncia dos governantes dapolisapresentando sempre emseu interior um fundo de verdade.

    As mulheres continuaram no atuando nos palcos dos grandes teatros gregos.

    Definio segundo Aristteles: A comdia uma imitao de caracteres de tipomais baixo, mas no na plena aceitao da palavra mal, pois o ridculo apenas uma

    subdiviso do feio, e consiste num defeito ou feira que no dolorosos ou destrutivos (...) Acomdia tende a representar os homens piores e a tragdia, melhores do que so.

    A origem da comdia comum origem da tragdia. Sua raiz tambm se encontrapresente nas Festas Dionisacas.A palavra comdia vem do gregoKomoida. Komos =procisso jocosa + oid = canto, ou

    seja, canto da alegria.

    Havia dois tipos de procisso que tinham a designao Komoi.Um deles consistiaem uma espcie de cordo carnavalesco na qual participavam os jovens. Estes saam sruas da acrpole fantasiados de animais batendo de porta em porta e pedindo prendas edonativos. NestasKomoiera hbito tambm expor os cidados da polis s zombarias.

    O outro tipo de Komoi era de natureza religiosa. Consistia em uma procissocelebrada em honra fertilidade da natureza (esta era realizada no decorrer das festasdionisacas).

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    Principais caractersticas da Comdia:

    Obra teatral em versos Carter burlesco, leve e humorado Envolve aes ordinrias, corrigidas por meio do ridculo

    Possui importantes implicaes filosficas e morais Personagens ilustres e gente comum das ruas (o povo em geral) Versa sobre instrumentos opressores da sociedade, sobre a burocracia, valorizao

    do dinheiro,... Inspira o riso

    Comdia X Tragdia

    Muitas so as diferenas que distinguem ambas as formas dramticas bsicas doTeatro Ocidental. O estilo nobre e elevado da tragdia trata os aspectos fatalidade,

    purgao, compaixo, piedade, terror, entre outros. Na comdia tal estilo encontra-sereduzido e a nfase maior recai sobre uma retratao de aspectos mais caricaturados oufantsticos, onde o heri cmico torna-se um personagem bem menos especializado secomparado ao heri trgico.

    HERI TRGICO (Rei; Pessoas Ilustres; Pessoas com poder; etc.) X HERICMICO (Palhao; Bobo; Inocente; Santo; Idiota; Fingidor; Trapalho; etc.)

    Enquanto a tragdia grega fundamentava-se na temtica mitolgica, a comdia nopossua nenhum padro rgido de fundamentao mitolgica. Sua pretenso era a de criarsituaes absurdas e, dentro destas, elaborar crticas essencialmente polticas aos

    governantes e aos costumes da poca.

    A Comdia aumenta o nmero de pessoas do Coro mas diminui consideravelmentesua importncia. Ainda no existiam mulheres participando do elenco ou do coro. Suaestrutura semelhante da tragdia: PRLOGO, PRODO, AGN , CHORIK(estsimo),XODO.Existia ainda um momento denominadoPARBASEque consistia emuma cena onde a pea se interrompia radicalmente e o coro, sem mscara, falavadiretamente ao pblico sobre um assunto totalmente diferente daquele retratado na pea.Consistia em uma quebra total da histria da pea.

    IMPORTANTE: O surgimento da comdia s foi possvel devido democraciaconquistada no sculo V a.C., quando a liberdade de expresso dada aos homens livres(no se inclui escravos, mulheres e estrangeiros) atingiu um nvel nunca maisconseguido em nenhum outro momento da histria poltica mundial. (talvez nem nosnossos dias atuais).

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    Apesar de a comdia ser apresentada nas Festas Dionisacas lado a lado com ognero trgico, vrios so os fatores que nos levam concluso de que a comdia eratida como uma arte menor quando comparada tragdia.

    Uma das razes que induz-nos a tal afirmativa encontra-se na diferenciao entre o

    jri responsvel por apreciar a tragdia e o grupo responsvel por avaliar as comdias.As obras trgicas eram julgadas por cidados escolhidos pelo arconte (magistrado)entre as famlias aristocrticas e por pessoas que se destacavam na sociedade ateniense.Ser um integrante do corpo de jri de uma tragdia denotava uma espcie de distinoe superioridade. As obras cmicas, por sua vez, possuam uma forma de escolha dos

    jris bem menos elaborada. Apenas sorteavam-se cinco pessoas quaisquer da platiacom a finalidade de se compor o corpo de jurados.

    A comdia grega passou por trs fases. So elas:

    Comdia Antiga(486 a.C.404 a.C.):Esta comdia a mais antiga existente no Teatro Grego. Foi introduzida nos

    Festivais Dionisacos 50 anos aps a tragdia. Sua principal finalidade era ade criticar a poltica. Nesse sentido pode-se afirmar que tratava dos problemasda polis. Foi muito combatida pelos governantes. Sua existncia deveu-se democracia ateniense mas, posteriormente, a queda de Atenas e de suademocracia ps fim Comdia Antiga. Sua caracterstica baseava-se em umamistura de fantasia, crtica, obscenidade, pardia e insulto social, pessoal e,

    principalmente, poltico. Seu principal representante foi Aristfanes, queescreveu cerca de onze peas.

    Comdia Mediana ou Intermediria (404 a.C.336 a.C.):Constitui-se de uma forma indefinida. Trata-se, na verdade, de um

    enfraquecimento da stira poltica pertencente Comdia Antiga. A comdiaintermediria representa uma transio. Podados e cansados da crtica

    poltica, os comedigrafos comeam a voltar suas atenes para outrosassuntos. Sua temtica passou a girar um pouco em torno de pardias mticas,stiras a sistemas filosficos, instabilidade de fortunas, assuntosgastronmicos, entre outros. Desse perodo pouco nos chegou. Somente duas

    peas de Aristfanes que, ao trmino de sua vida, pertenceu ao estilo daComdia Mediana. Tal fase possui curta durao. Representou muito maisuma procura por uma esttica que fosse condizente com os novos tempos.

    Comdia Nova(336 a.C.150 a.C.):Surgiu com a queda da democraciaateniense. Sua temtica girava em torno de diversos comportamentoscomo por exemplo problemas sentimentais de jovens casais enamorados,casamentos, intrigas, brigas de vizinhos e de tipos e costumes quecercavam essas situaes bsicas. Pode ser considerada como a precursorada Comdia de Costumes (em que se retratava a vida cotidiana). Os seus

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    personagens oscilavam entre pessoas do povo (A grande maioria. Eramescravos, militares, cozinheiras, ...) e nobres. Caractersticas: Vida

    privada, intimidade dos cidados, amor, prazeres da vida, intrigassentimentais, entre outros. Nesse momento no se encontra a presena docoro. Ele foi extinto. Seu maior representante foi Menandro.

    QUEM FOI ARISTFANES?Tudo indica que tenha sido o maior comedigrafo de seu tempo. Aristfanes

    possua grande liberdade de expresso e, devido a isso, no poupou crticas apessoas ilustres, governantes, instituies governamentais e nem mesmo aosDeuses. Preocupou-se, acima de tudo em defender a paz (evitar conflitos) e advertira populao, sobretudo a rural, dos abusos urbanos. Criticou Sfocles e Eurpedes.De suas 43 peas sobreviveram apenas 11:

    Os Arcaneus; Os Cavaleiros; As Nuvens; As Vespas; A Paz;Os Pssaros; Lisstrata; As Tesmoforias; As Rs; Assemblia de

    Mulheres (pertencente Comdia Mediana) e Pluto(tambm pertencenteao estilo da Comdia Mediana).

    QUEM FOI MENANDRO?Foi o principal autor da Comdia Nova grega. As condies polticas de

    Atenas em sua poca j no permitiam stiras a homens ou instituies. Dessaforma sua temtica estava voltada para viagens, heranas, nascimentos e amoresclandestinos. Seus personagens eram baseados em pessoas comuns das ruas:escravos, cozinheiros, mdicos, filsofos, adivinhos, militares. De suas 100 peasapenas uma chegou completa at os nossos dias: O Dscoloou O Misantropo.

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    * TEXTO 1: Trecho da Pea "Prometeu Acorrentado" de squilo:

    (...)" Prometeu

    Eu afirmo que Jpiter, to orgulhoso, se humilhar um dia, visto ocasamento ao qual se apresta, casamento que o lanar para fora do poder e dotrono, que o far desaparecer do mundo. Ento ele ver se cumprir inteiramente amaldio que seu pai, Saturno, atirou contra o filho no dia em que foi derrubado doseu antigo trono. E o meio de evitar esses males, nenhum dos deuses saberia lheindicar claramente, nenhum, exceto eu. Eu o conheo e sei como p-lo em uso.Dito isso, deixai que ele fique em seu trono sem temor, confiante no retumbar deque enche os ares brandindo nas mos os raios flamejantes. Nada disso sersuficiente para impedi-lo de cair vergonhosamente, com um tombo insuportvel,to forte ser o lutador que Jpiter est preparando para si mesmo, giganteindomvel que vai encontrar um fogo mais poderoso que o relmpago, e um

    ribombar formidvel, atroador, que ultrapassar o trovo e que far voar emestilhaos o flagelo martimo que sacode a terra, o tridente, arma de Netuno.Chocando-se com essa desgraa, ele aprender a diferena que existe entrecomandar e servir.

    CoroPenso que so teus prprios desejos que transformas em predies contra

    Jpiter.

    PrometeuEu digo o que vai acontecer e tambm o que eu desejo.

    CoroEnto podemos esperar ver Jpiter obedecer a um mestre?

    PrometeuSim, e a suportar fardos ainda mais pesados que esse.

    CoroComo tens ousadia bastante para falar tais coisas?

    PrometeuQue devo temer se meu destino no morrer jamais?"(...)

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    * TEXTO 2: Falando um pouco da Pea "dipo Rei" de Sfocles

    O orculo diz a Laio, rei de Tebas, que ele ser assassinado pelo prpriofilho. Para evitar o terrvel acontecimento, Laio amarra o beb, fere-o e deixa-o

    para morrer nas montanhas, devorado pelos lobos. Mas a criana salva por um

    pastor e adotada pelo rei de Corinto. Depois de crescido, dipo ouve do orculoque matar seu prprio pai e se casar com a me. Fugindo do destino e acreditandoser filho do rei de Corinto, dipo deixa a cidade e vai para Tebas. No caminho,encontra Laio e acaba matando-o numa briga. Seguindo sua viagem, dipodesvenda o enigma da Esfinge, um monstro que atormentava a vida de Tebas.Como recompensa, colocado no trono da cidade e casa-se com a rainha Jocasta,viva de Laio. Cerca de dez anos depois, quando uma praga comea a devastar aregio, o orculo (sempre ele) preconiza que as coisas melhoraro quando oassassino de Laio for expulso da cidade. dipo, rei zeloso, toma em suas prpriasmos a misso de descobrir o criminoso.

    dipo Reipode ser considerada a primeira histria de detetives, j que seuprotagonista tem um problema policial a ser resolvido atravs de uma investigao.E o desfecho de fazer inveja a Conan Doyle ou a Agatha Christie: o detetive, semsaber, o prprio assassino!

    Quando descobre a verdade, que assassinou o pai e casou-se com a me,dipo horroriza-se e fura os prprios olhos. A interpretao desta cegueiravoluntria tem sido discutida h sculos. Se dipo era feliz quando "no via" arealidade, imaginando-se um afortunado rei, bem casado, pai de quatro filhos,quando na verdade era um parricida incestuoso, seria a cegueira uma tentativainconsciente de voltar a um estado de "no-ver" e, portanto, de felicidade?

    A tragdia grega pe em cena, sob a forma de "drama" (ao / aquilo que sefaz) acontecimentos tirados da lenda herica, a mesma que os poetas picoscantaram vrios sculos antes. Para ns, estes acontecimentos tm um carter delenda mas, para os gregos eram histria. E esta histria estava sempre em relaodireta ou indireta com a cidade onde se representava a tragdia. Portanto, era umespetculo que interessava coletividade dos cidados. O teatro grego era muitorepresentativo do seu tempo, porque ao trabalhar com as histrias antigas, os mitose as lendas, j apresentava as influncias da filosofia e da poltica da poca. O

    pensamento que antes era mtico, porque tentava explicar o mundo atravs das

    aventuras dos deuses agora racional. Os homens j no conseguem mais acreditarnas explicaes religiosas, mgicas e fantsticas para os fenmenos da vida. Elesprecisam saber qual a verdade dos fatos. E isso que dipo quer saber. dipo um personagem que quer saber a verdade. Apesar do mito de dipo ter sidoinventado muitos sculos antes, esta histria est diretamente relacionada com osculo V a.C. quando a partir da influncia dos sofistas, de Scrates, e dohumanismo, o pensamento racional, e consequentemente a busca da verdade

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    passam a ser o centro da questo.

    * TEXTO 3: Algumas explicitaes da Pea "Media" de Eurpedes e mais um pouco

    sobre este Autor:

    Media uma das personagens mais interessantes da mitologia grega clssica, e jinspirou muitas peas de teatro, de Eurpedes (Media) a Bellini (Norma), entre muitosoutros.

    Media, filha do rei da Clquida, surge inicialmente como herona movida peloamor, ajudando Jaso, lder dos argonautas, a se apoderar do famoso velo de ouro. Masmesmo como aliada do heri, seus mtodos j deveriam ter sido suficientes para levantaralgumas suspeitas. Para retardar os seus perseguidores, chefiados pelo pai, Media vaicortando pedaos do prprio irmo e atirando ao mar. Ao chegarem a Iolcos, Media salva

    Jaso mais uma vez, agora matando o tio do heri, que tentava roubar o velo de ouro. Ocasal apaixonado tem que fugir, ento, para Corinto.

    Jaso, subestimando a fria de Media, resolve abandon-la para casar com Glauce,filha do rei de Corinto. A vingana terrvel comea pela rival. Media envia-lhe um vestidoenvenenado, que acaba causando a morte dela e do pai. No satisfeita, assassina tambm os

    prprios filhos, como forma de punir Jaso. E este, claro, tampouco escapa: por obra deMedia, morre esmagado pelo navio Argos, seu companheiro em tantas aventuras. Depoisde tudo isto, ela tem que fugir mais uma vez, e ruma para Atenas, onde fica sob a proteodo rei Egeu. Se voc pensa que ela sossegou, est enganado, j que mais tarde tentouenvenenar seu benfeitor e teve que fugir novamente, voltando sua terra natal, Clquida.

    Media, representada pela primeira vez em 431 a.C., uma das mais importantespeas de Eurpedes (Salamina, 480 Macednia, 406 a.C.), e a sua verso da histria ainda hoje a mais interessante verso do mito. Ao contrrio de outros gregos clssicos,Eurpedes dedicou grande parte de sua obra s personagens femininas: Fedra, Alceste,Helena, e vrias outras, so figuras fundamentais de suas peas. E Media destaca-se entretodas por seu papel independente, sua recusa em ser somente um joguete dos homens, suainsistncia em desenhar o prprio destino. Mesmo assim, trata-se de um exagero tom-lacomo cone do feminismo. No nos esqueamos que a Grcia de Eurpedes no somentereservava de forma geral um papel secundrio s mulheres, mas tambm possua um teatro

    onde s aos homens era permitido subir ao palco (os papis femininos eram tambmrepresentados por homens). No por acaso que Media, a mais voluntariosa das mulheresdo teatro grego clssico, uma arquivil.

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    Eurpedesintroduziu vrias inovaes na tragdia grega clssica (personagens dopovo em papis importantes, princpios de anlise psicolgica, abordagem de questesfilosficas), mas em seu tempo foi um incompreendido. Talvez por sua escolha de temas,ou mais provavelmente pelo tratamento dado a eles (como disse Sfocles, Eurpedes

    mostrava as pessoas como elas eram, no como deveriam ser), suas tragdias raras vezestiveram a recepo merecida. Aristfanes e outros cmicos tinham nele sua vtimapreferida, e no eram poucas as histrias satirizando Eurpedes. Foi trado pela esposa.Seus amigos foram exilados. Finalmente, foi a vez de o prprio Eurpedes deixar Atenas.Refugiado na Macednia, no viveu muito mais, morrendo num acidente em que foiatacado pelos ces do rei.

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    TTTEEEAAATTTRRROOORRROOOMMMAAANNNOOO

    A Sociedade Romana:

    A Vida Familiar Romana

    A famlia romana estava sob a absoluta autoridade de seu chefe, o paterfamilias,cuja influncia s cessava com a morte. Era ao mesmo tempo o juiz de todas as questesdomsticas, o sacerdote do culto do lar e o nico senhor do patrimnio familiar. A mulhercasada possua, contudo, uma situao bem melhor do que a da mulher grega; eraconsultada freqentemente sobre diversos assuntos, podia sair em visitas e participar dasdiverses pblicas. Casada geralmente muito cedo e nas classes superiores tinha umaspecto comedido e austero. A matrona romana era, por assim dizer, um smbolo dosantigos costumes (mores maiorum).

    A Religio Romana

    A religio romana era essencialmente politesta: admitia divindades dos rios, dosbosques, do fogo, dos caminhos, etc. O antropomorfismo, a princpio pouco desenvolvido,depois do contato com os gregos tornou-se cada vez mais acentuado, pois, alm da formahumana atribuda aos grandes deuses, manifestou-se ainda pelo culto dos antepassados,adorados como bons espritos familiares (lares) atravs do culto domstico. Durante asrefeies era costume colocar-se tambm um prato com alimentos diante das esttuas doslares, cujas imagens era geralmente guardadas em armrios especiais.

    Na sua estrutura a religio romana era contratual e formal. Contratual, porque asrelaes entre os deuses e os homens eram baseadas no interesse recproco: o homem

    propiciava sacrifcios e recebia favores. Formal, porque admitia a necessidade do maisescrupuloso cuidado com os gestos e palavras que compunham as cerimnias, sob pena deineficcia.

    As relaes cada vez mais freqentes entre romanos e gregos ocasionaram umacompleta identificao das divindades de Roma com as helnicas (gregas). Assim, Jpiter(deus de cu e o principal deus de Roma) confunde-se com Zeus; Juno (protetora dafamlia) com Hera; Marte (deus da guerra) com Ares; Minerva (deusa das artes) com

    Atena; Diana (a Lua) com Artmis; Liber ou Baco (deus do vinho) com Dionsio; Vnus(deusa do amor e da beleza) com Afrodite.

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    A Arte Romana

    Com a decadncia da arte clssica grega, a arte romana emerge a partir do sculo IIa.C. De inspirao etrusca e helenstica, aproxima-se mais da realidade que a artedesenvolvida pelos gregos. A arquitetura o destaque. Os romanos celebram a grandeza do

    Imprio com a construo de monumentos e edifcios pblicos. Paralelamente, desenvolve-se a pintura mural decorativa em cidades como Pompia.

    O TEATRO

    Panorama Geral:

    Durante o Imprio (27 a.C.-476), a cena dominada por exibies acrobticas e jogoscircenses. Tambm se escrevem tragdias, mas sem a mesma repercusso que na Grcia.Um nome que se destaca Sneca (4 a.C.?-65), autor de Fedra.O gnero preferido

    pelos romanos a comdia. Em linguagem coloquial e, s vezes, grosseira, ela retrata aeuforia do Imprio em expanso. De enredo mais elaborado que o da comdia grega,torna comum o final feliz. Um dos principais autores Terncio(195 a.C.?-159 a.C.?),que faz textos voltados para a aristocracia e marcados pela ironia. Outro grandedramaturgo Plauto (254 a.C.?-184 a.C.?). Os personagens estereotipados desses doisautores originam, mais tarde, os tipos da Commedia Dell''Arte italiana.

    O principais gneros dramticos:

    ATELLANA (De Atella, cidade osca): simples farsa em um s ato, sempreapresentada com as mesmas personagens (personagens regionais fixos deu origem,

    posteriormente, Commedia DellArte) e onde eram muito presentes as frases grosseiras eobscenas. Consistia em uma stira que faziam s situaes da regio.

    MIMOS: sem personagens fixas e com temas geralmente tomados da vida urbana,nos quais se ridicularizavam fatos verdicos, mas ou menos recentes. Como na atellana, nomimo era usada uma linguagem rude e freqentemente imoral.

    PANTOMIMA:representao teatral atravs de mmicas.

    SATURA:mistura de canto, dilogo, pantomima e declamao de poesias.

    VERSOS FESCENINOS: versos constitudos a partir do dilogo. Eram em suamaioria de carter ertico e pornogrfico e declamados a dois.

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    Ainda durante a Repblica, a mmica e a pantomimatornaram-se as formas teatraismais populares. Baseadas nas improvisaes e agilidade fsica dos atores, ofereciam amplaoportunidade para a audaciosa apresentao de cenas imorais e pornogrficas.

    O desenvolvimento do teatro em Roma se deu por imitao do teatro grego.

    Durante as guerras de 264-241 a.C., os romanos tiveram contato com o teatro grego atravsdas colnias espalhadas na Itlia. Os romanos acrescentaram a Tragdia e a Comdia ssuas lutas de gladiadores.Havia ento grandes festivais onde se reuniam lutadores, danarinos e "atores".

    O teatro romano era inteiramente calcado na tradio grega. Seu declnio, quecausou um vcuo de quatro sculos na produo teatral, parece ter sido mais significativo

    para a histria da cultura ocidental do que sua prpria existncia. Uma incipiente tradioteatral, de influncia etrusca, j existia na pennsula itlica.

    No ano 240 a.C. foi apresentada pela primeira vez uma pea traduzida do grego

    durante os jogos romanos. O primeiro autor teatral romano a produzir uma obra dequalidade, que estreou em 235 a.C., foi Cneu Nevius. O teatro histrico foi a primeiracriao original desse autor, que incorporou a suas peas, mordazes e francas, crticas aristocracia romana, pelo que parece ter sido preso ou exilado. Talvez em vista dessascircunstncias, seu sucessor, o grande poeta Quintus Enius, tenha adaptado seu talento sexigncias do momento e se dedicou traduo das tragdias gregas.

    A Tragdia Romana:

    A Tragdia Romana em sua maioria refletiu os ideais propostos pela TragdiaGrega: mesma estrutura, mesma organizao e, inclusive, mesmo assunto. Somente LuciusAnnaeus Snecafugiu a essa regra.

    Durante o perodo imperial, surgiram as tragdias para pequenos recintos privadosou para declamao sem encenao. So desse tipo as obras de Sneca, filsofo estico e

    principal conselheiro de Nero, as quais exerceram enorme influncia durante oRenascimento, sobretudo na Inglaterra. Influenciou, entre outros, Shakespeare.

    Primeiros grandes poetas trgicos romanos:

    * Lvio Andronico;* Nvio;* Pacvio;* nio;* cio.

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    Sneca:

    Inovou por ter deixado com que a profunda reflexo e os horrores fsicossubstitussem a poesia e a tragicidade gregas. Justamente devido a isso no produziutragdias totalmente iguais quelas realizadas pelos gregos.

    Construiu um tipo de tragdia que se consolidou tambm como cruel, isso devidotambm ao seu esprito romano de guerreiro e mpeto. No possua o escrpulo que osgregos tinham. Mostrava a violncia real ao pblico como vmito, morte, entre outros.

    A grande influncia que herdou dos gregos foi a linguagem erudita e metafrica.

    Importe ressaltar que suas peas possuam um alto teor de reflexo filosfica.Devido a isso sua atuao dramtica influenciou sobremaneira Shakespeare (TeatroRenascentista), no aspecto filosfico, e Antonin Artaud (Teatro da Crueldade - Teatro dosc. XX), no aspecto da crueldade.

    Suas Peas: Media (imitou a Tragdia Grega); Tiestes; dipo; Agamnon; Hrcules Furioso; entre outras

    A Comdia Romana:

    A verdadeira comdia latina surgiu apenas no final do sculo II a.C. Asrepresentaes teatrais eram parte do entretenimento gratuito oferecido nos festivais

    pblicos. Desde o incio, no entanto, o teatro romano dependeu do gosto popular, de umaforma que nunca havia ocorrido na Grcia. Caso uma pea no agradasse ao pblico, o

    promotor do festival era obrigado a devolver parte do subsdio que recebera. Por isso,mesmo durante a repblica, havia certa ansiedade em oferecer platia algo que aagradasse, o que logo se comprovou ser o sensacional, o espetacular e o grosseiro. Osimperadores romanos fizeram um uso cnico desse fato, provendo "po e circo", segundo afamosa frase do satirista Juvenal, para que o povo se distrasse de suas miserveiscondies de vida. O grandioso Coliseu e outros anfiteatros espalhados por todo o imprio

    atestam o poder e a grandeza de Roma, mas no sua energia artstica. No h razes paracrer que tais construes se destinavam a outra coisa que no espetculos banais edegradantes. As arenas foram ento totalmente ocupadas por gladiadores em combatesmortais, feras espicaadas at se fazerem em pedaos, cristos cobertos de piche e usadoscomo tochas humanas. No de se admirar que tanto os escritores como o pblico de outrandole passassem a considerar o teatro como manifestao indigna e aviltante.

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    O primeiro autor de comdias foi Lvio Androni co, de Tarento, seguido mais tardepor Plautoe Terncio.

    Nas peas de ambos, Plauto e Terncio, os problemas so sempre os mesmos:

    domsticos, erticos e dinheiro. Criaram os tipos cmicos (o fanfarro; o avarento; ocriado astuto; o filho de famlia devasso; o oportunista - parasita; etc.)

    A Comdia Romana dividiu-se em dois segmentos: Comdia Paliatae ComdiaTogata.

    Comdia Pal iata:imitao da Comdia Nova. Importante considerar que ambos osseus representantes imitaram ao p da letra a Comdia Nova Grega de Menandro.

    Plauto: (Veja tambm o * Texto (4) da pgina 27)

    Dramaturgo romano (254 a.C.?-184 a.C.?). Considerado o maior comedigrafo daRoma antiga. Nasce em Sarsina, mbria, e vai para Roma ainda jovem. Por muito tempo conhecido apenas como Plautus, que quer dizer "ps chatos", porm mais tarde seautodenomina Maccus ("palhao") Titus. soldado, ator, comerciante fracassado e moleiro(dono de moinho) itinerante antes de se tornar dramaturgo, aos 45 anos. Estima-se quetenha escrito 130 peas, das quais apenas 21 sobrevivem. Seus enredos, personagens eambientao so copiados de autores da nova comdia grega, como Menander(Menandro), Filemon e Diphilus. Adiciona numerosas aluses romanas e introduzelementos de canto e dana. Com mtrica elaborada e linguagem coloquial, sua obrareproduz com fidelidade a vida dos romanos da poca. Os enredos farsescos so em geral

    baseados em casos de amor ou confuses decorrentes de trocas de identidade, mas

    apresentam grande originalidade no tratamento dos temas. Suas comdias inspiramdramaturgos ps-renascentistas. Molire toma O Vaso de Ourocomo modelo para OAvarento e Shakespeare baseia-se em Os Gmeos e Anfitriespara escrever AComdia de Erros. Morre provavelmente em Roma.

    Dele chegaram at ns 20 comdias. Entre elas: O Vaso de Ouro; Os Gmeos;Anfitries; Aulularia.

    Terncio:

    muito menos cmico do que Plauto. Pode traduzir-se como um moralista srioque prefere a representao das classes baixas da sociedade e suas diverses grosseiras.

    Comdia Togata:tem por assunto algum acontecimento romano. No noschegou nenhuma Pea Togata completa.

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    No tempo da perseguio aos cristos, sob Nero e Domitianus, a f crist eraridicularizada. Depois do triunfo do cristianismo, as apresentaes teatrais foram proibidas.

    Com o surgimento do cristianismo "que associava a atividade teatral aos fitospagos, alm de condenar sua licenciosidade", o teatro romano comeou a decair. Em 586

    a.C., com a invaso dos lombardos, desaparecem os ltimos sinais.

    * TEXTO 4: Trecho da Pea Aulularia de Plauto

    (...)" EuclioQuem que est falando a?

    LicnidesSou eu, um infeliz.

    EuclioInfeliz sou eu, eu que estou miseravelmente perdido, esmagado por tantos males edesgostos.

    LicnidesNo te preocupes!

    Euclio

    Por misericrdia, como poderia no preocupar-me?LicnidesO mal que tanto te faz sofrer fui eu que cometi: eu o confesso!

    EuclioQue que ests dizendo?

    LicnidesA verdade.

    EuclioQue mal eu te fiz, moo, para fazeres isto comigo, para me pores a perder, a mim e aosmeus?

    LicnidesFoi um Deus que me impeliu, ele que me atraiu para ela.

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    EuclioMas como?

    Licnides

    Confesso que errei; eu sei que sou culpado. Por isso, eu vim pedir-te perdo, que queirasconceder-me o teu perdo.

    EuclioComo ousaste fazer isto, apoderar-te do que no teu?

    LicnidesQue querer que eu faa? O que est feito est feito. Impossvel voltar atrs. Foi a vontadedos deuses, eu acho; se eles no o quisessem eu sei que isso no teria acontecido.

    Euclio

    Mas os deuses quiseram tambm, creio, que eu te enforque em minha casa.

    LicnidesNo digas isso.

    EuclioPor que, sem minha ordem, tocaste nela, que minha?

    LicnidesPor causa do vcio do vinho e do amor que eu fiz isso.

    EuclioHomem descarado, ousares vir a mim dizer isso, sem vergonha! Se isso direito, se te

    podes excusar disso, vamos roubar publicamente, em pleno dia, as jias das senhoras. E,depois, se nos apanharem, ns nos desculparemos dizendo que fizemos isso embriagados,

    por causa do amor. Coisa muito vil o vinho e o amor, se ao brio e ao amante tudo permitido fazer impunemente."(...)

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    TTTEEEAAATTTRRROOOMMMEEEDDDIIIEEEVVVAAALLL

    Ar te medieval

    Durante a Idade Mdia, entre os sculos V e XV, a Igreja Catlica exerce fortecontrole sobre a produo cientfica e cultural. Essa ligao da cultura medieval com ocatolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plsticas, na literatura,na msica e no teatro. Em todas as reas, muitas obras so annimas ou coletivas.

    Teatro

    Neste perodo o teatro sofreu perseguies. A Igreja no via com bons olhos aconcorrncia que os espetculos, jogos e diverses de toda espcie faziam as festividades

    religiosas. As atrizes passaram a ser equiparadas s prostitutas... Os histries(comediantes, atores) no podiam receber a comunho e os padres e leigos estavamproibidos de assistir peas teatrais sob pena de excomunho (expulso da Igreja).

    A atividade teatral se reduziu a brincadeiras (saltimbancos) na praa e nas feiras,para a diverso do povo.

    Mas foi a prpria Igreja quem veio a reconhecer a validade do teatro, usando-o parasua pregao.

    Assim, surgiram pequenas peas chamadas de mistrios, representadas nas portas

    das Igrejas, lembrando as principais passagens do Evangelho. Lembrana disso so asrepresentaes da Paixo...

    Apesar de o teatro escrito no modelo greco-romano ser proibido pela IgrejaCatlica, a manifestao teatral sobrevive no incio do perodo medieval com ascompanhias itinerantes de acrobatas, jograis e menestris. A partir do sculo X, a Igrejaadapta-o pregao catlica e s cerimnias religiosas.

    Dramas litrgicos so encenados nas igrejas. Depois se desenvolvem outras formas,como milagres (sobre a vida dos santos), mistrios (discutem a f e misturam temasreligiosos e profanos) e moralidades (questionam comportamentos). As encenaes passam

    a ser ao ar livre por volta do sculo XII e se estendem por vrios dias. Aos poucos, osespectadores assumem papis de atores, conferindo s apresentaes um tom popular. Umadas primeiras obras independentes da liturgia a francesa Le Jeu d''Adam (1170). Nessapoca os textos, em geral, so annimos. No sculo XIII, na Espanha, surgem os autos,

    peas alegricas que tratam de temas religiosos, encenadas em palcos provisrios. Aproibio, pela Igreja, da mistura de temas religiosos com profanos processo que se

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    consolida no fim do sculo XIV provoca o aparecimento das comdias medievais,totalmente profanas. Uma pea importante Farsa do Mestre Pierre Pathelim, do sculoXIV, que mostra advogados e juzes como trapalhes sem carter. Na Frana, a primeirasala permanente de teatro aberta no incio do sculo XV. A primeira companhia

    profissional da Inglaterra montada em 1493.

    O teatro na Idade Mdia compreendeu o perodo relativo ao sculo IX at o sculoXV, rompeu laos com a cultura Greco-Romana e pode ser classificado como religiosofundamentado no Cristianismo. A inteno do drama litrgico foi a de mostrar Deus navida cotidiana, fixando na memria dos fiis a histria sagrada e a vida de Cristo. Areligio, dessa forma, uni-se ao Teatro. O objetivo da Igreja e, consequentemente dos

    padres, era o de salvar almas atravs do teatro e no o de trazer divertimento e prazer aosindivduos. As representaes eram feitas at mesmo por padres dentro das igrejas. As

    peas contavam sempre passagens bblicas ou referiam-se a festas religiosas como Natal,Prespio, entre outras. No objetivo de promover sempre uma salvao da alma.

    O afastamento dos padres clssicos abriu ao teatro novas perspectivas e formas deencenar e interpretar. Suas formas bsicas so: Drama Litrgico, Mistrio, Milagre,Moralidade, Laudas, Sotie, Farsa, Sermo Burlesco, entre outros.

    Mistrio: Episdios da Bblia, ou seja, representaes de episdiospertencentes ao velho e novo testamento. Era longo, durava mais ou menosuma semana. Possua momentos de descanso para a platia;

    Milagre:Representao de uma histria na qual ocorre um milagre no final.Nessa eram retratadas as vidas dos Santos;

    Moralidade: No possua personagens individualizadas. Eram, na verdade,representaes de entidades abstratas com uma lio de moral bem definida.Essa era uma forma de teatro que possua uma estrutura bem definida e, atmesmo, a mais prxima do Teatro Moderno;

    Farsa: Representaes que no possuam nada de litrgico. Justamentedevido a isso eram chamadas de Farsas. Constitua-se na representao deum simples fato com o objetivo de instigar o riso e a crtica. No possuamunidade de tempo nem de ao, mas possua, por menor que fosse, umaunidade filosfica (fundo religioso ou cristo)

    A primeira fase desse teatro foi, portanto, puramente litrgica. Todavia com opassar do tempo as pessoas comearam a sentir a necessidade de um teatro mais vivo edinmico. Comearam ento a existir representaes que aconteciam independente defestas religiosas ou cerimnias.

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    No sculo XVI a Igreja sentiu a necessidade de proibir os padres de se exibirem emespetculos alm de proibir representaes teatrais em santurios. Em algumas regies oCristianismo passou a considerar o Teatro como um inimigo pessoal.

    Podemos afirmar que o Teatro Medieval no encontrou uma expresso bem

    definida embora seu gnero principal fosse a moralidade. Foi um Teatro fraco e voltadopara o fracasso.

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    TTTEEEAAATTTRRROOORRREEENNNAAASSSCCCEEENNNTTTIIISSSTTTAAA

    Renascimento (O Movimento)

    Movimento de renovao intelectual e artstica que atinge seu apogeu no sculoXVI, influenciando vrias regies da Europa. Com origem no humanismo, a noo derenascimento diz respeito restaurao dos valores do mundo clssico greco-romano. Oideal de renascentista marcado pela crena em uma capacidade ilimitada da criaohumana.

    A inveno da imprensa contribui para a disseminao de idias. O esprito deinquietao estende-se geografia e cartografia, e o impulso de investigar o mundo leva

    s grandes navegaes e ao descobrimento do Novo Mundo. Como conseqncia, ocorremprogressos tcnicos e conceituais, alm de questionamentos que abrem caminho para asreformas religiosas.

    O humanismo, estudo da antiga cultura greco-romana, est na origem doRenascimento e surge na Itlia no sculo XIV. favorecido pelo progresso econmico dascidades italianas, dominadas por uma rica burguesia, interessada nas letras e nas artes. Seus

    principais centros so Florena, Veneza e Roma e os primeiros grandes representantes,Francesco Petrarca (1304-1374) e Giovanni Boccaccio (1313-1375). O humanismodesenvolve-se de modo notvel e atinge o apogeu na Itlia, no sculo XV, em razo defatores como a proteo dos mecenas (papas, bispos, reis, prncipes e banqueiros que

    renem obras clssicas, amparam os estudiosos da literatura grega e latina, fundambibliotecas e embelezam seus palcios e igrejas); a fuga dos sbios bizantinos, grandesconhecedores da cultura clssica, para a Itlia e a inveno da imprensa. Seus principaisnomes nesse perodo so Erasmo de Roterd (1460-1536) e Thomas Morus (1478-1535).

    O Renascimento italiano favorecido ainda, alm dos fatores determinantes dohumanismo, por uma tradio clssica, j que o pas abrigou o centro do Imprio Romano,e pelo crescimento econmico das cidades italianas. Grandes mestres do Renascimentoitaliano so Leonardo da Vinci(1452-1519), Michelangelo(1475-1564), Rafael(1483-1520), Ticiano (1477-1576) e Tintoretto (1518-1594). Entre os escritores, destaca-seNicolau Maquiavel(1469-1527).

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    O TEATRO RENASCENTISTA

    Ao estudarmos a histria podemos afirmar que o Renascimento significou noapenas uma recuperao dos clssicos, mas uma nova concepo do mundo e do destino do

    homem. As transformaes por que passa o Ocidente nos sculos XV e XVI criam edifundem a noo de que rupturas profundas se operam entre o presente e o passado. Nomomento em que a escolstica vai se ruindo, a Igreja v desintegrar-se a unidade religiosada Europa. No mesmo instante a idia imperial dilui-se frente a poltica nacional dasmonarquias absolutas.

    Ao desenvolver a crena de que tudo pode ser feito com o domnio da tcnicaracional, o Renascimento fundamenta com a matemtica e com a escriturao contbil docapitalista a interpretao do universo.

    A Renascena o perodo em que se d a redescoberta e a revalorizao da arteclssica. Esse perodo no aparece de sbito. Comea a ser preparado desde o sculo XIIIcom o humanismo e somente se consolida plenamente por volta do sculo XVIII com oIluminismo. Mas de qualquer forma o perodo em que mais se desenvolveu foi o queabrange os sculos XV e XVI.

    O Teatro Renascentista no possuiu um desenvolvimento to acentuado quanto asartes plsticas, arquitetura, pintura, etc. devido ao fato de ter seguido fielmente os preceitosgreco-romanos, ou seja, a valorizao do antropocentrismo at mesmo como uma espciede cpia adaptada. Nesse sentido limitaram-se a imitar o Teatro Greco-Romano mantendoas mesmas regras que os regiam ( prlogo, prodo,... ) At mesmo os assuntos eram os

    mesmos da Grcia e Roma, o que contribuiu para um fracasso. Os nicos autores umpouco mais originais foram: Maquiavel na Itlia e Shakespeare na Inglaterra.

    No Teatro Renascentista podemos encontrar os seguintes autores:

    Gil Vicente: (Veja tambm o *Texto (5) da pgina 38)Apesar de o encontramosno perodo renascentista, utilizou uma espcie de volta aos moldes do TeatroMedieval. Fez diversos AUTOS religiosos que se constituam em peas de curtadurao. Era do pas de Portugal. Esse foi o nico autor que promoveu uma voltaao Medievalismo. Toda a sua obra encontra-se dentro do esprito medieval.

    Nicholau M aquiavel: Autor italiano. Resgata todo o Teatro Grego que acabou seperdendo no decorrer da Idade Mdia. Escreveu : O Prncipe, A Mandrgora.Era um poltico e, devido a aspectos polticos, foi exilado de seu pas. No exlioescreveu A Mandrgora, uma comdia que criticava toda a gente da cidade deFlorncia.

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    Shakespeare: (Veja tambm o *Texto (6) da pgina 40) Autor Ingls de grandepopularidade tanto em seu pas quanto no resto do mundo. Assistiu a muitasrepresentaes medievais de grupos itinerantes e possua uma formao culturalmuito slida.

    ACOMMDIA DELLARTE

    Em oposio aos preceitos clssicos nasceu a comdia renascentista denominadaCommdia DellArte que teve sua origem na Itlia, caracterizou-se por utilizaressencialmente a linguagem do povo e representou a glria do Teatro Italiano noRenascimento. A etimologia da palavra traduz-se em Teatro de Ofcio. Nas peas no seusavam textos, mas roteiros e histrias. Aos atores caberiam improvisar diante dos roteirosou histrias.

    Com isso abriu-se um caminho para a mais fascinante poca da hegemonia do ator edo improviso. Esta maneira de representar o improviso fez com que as aes tornassemmuito vivas e verdadeiras. Os gestos e s inflexes da voz casam-se sempre com o propsitodo teatro. Os atores possuem total liberdade em cena. Dialogam e agem naturalmente eessa naturalidade era imbuda de alta dose de verdade.

    Cada histria repetia as mesmas personagens: Arlequim, Columbina, Pantaleo,Esmeraldina e outros que atendessem as exigncias regionais. Os atores sempre estavamcom mscaras e figurinos adequados. Tal forma de teatro exigia dos atores grande preparofsico. Dessa forma exercitavam-se diariamente e, devido a isso, no encontramos atoresmuito velhos. Essa forma de teatro caracteriza-se pela movimentao intensa e pelo

    rompimento com a proposta clssica, elitista e literria.

    Sua durao compreendeu meados do sculo XVI at meados do sculo XVIII eexerceu uma influncia muito grande no mundo. Os atores dessa forma de teatro faziam

    parte de companhias itinerantes que viajam pelo mundo apresentando-se.

    Os aspectos mais importantes que podemos encontrar na Commedia DellArteso: Precedentes Argumentos Personagens

    Improvisao Tcnicas de representao

    Por fim podemos considerar a Commedia DellArte como um formidvel surto deteatro popular que se utilizou da linguagem coloquial do povo e ofereceu ao ator totalliberdade de criao.

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    TEATRO ELIZABETHANO

    No decorrer dos sculos XIV e XV o comrcio comeou a florescer no mundo todo.Todos os reis, inclusive Henrique VIII (Rei da Inglaterra) iniciaram uma poltica de intenso

    apoio ao crescimento do comrcio. Entretanto Henrique VIII, nessa mesma poca,rivalizou-se com a Igreja Catlica no intuito de criar o Anglicanismo em seu pas. Essabriga religiosa rendeu guerras durante algum tempo. Assim podemos presenciar, nessapoca, um atraso cultural da Inglaterra visto que, enquanto preocupou-se com guerrasreligiosas, o resto da Europa desenvolveu-se muito culturalmente.

    No sculo XVI assume o trono a Rainha Elizabeth I (1558 1603) que comeou aajustar e apoiar significadamente a cultura inglesa e, principalmente, a produo teatral.Dessa forma o teatro comeou a crescer e a tornar-se cada vez mais popular. Ascompanhias aumentaram em nmero e importncia e a maioria delas passou a ter formaoestvel. Essa situao foi favorecida por uma ordenana real, segundo a qual s poderiam

    fazer turns pelo interior as companhias que gozassem da proteo de um nobre. Contandocom patronos e protetores nos crculos da corte e da nobreza, atores e dramaturgos j

    podiam apresentar-se diariamente salvos dos ataques puritanos. Interpretavam para umaplatia bastante heterognea, embora as classes superiores constitussem a grande maioria.Vrias eram as companhias que possuam essa proteo de um monarca: Homens doConde de Pembroke, Cmicos do Conde de Leicester.

    A Companhia em que Shakespeare atuava no s como ator, mas como escritor eraHomens do Conde de Pembroke que estava sob o patrocnio de James Burbage e que,

    posteriormente, ficou sob a proteo de Henry Carey, Lord Chambelan, primo da rainha.

    Com to importante apoio, a posio dos atores junto corte, que j era boa, melhorouainda mais. Com freqncia eles passaram a atuar at mesmo para a prpria rainhaElizabeth. Esta gostava muito da companhia e, em especial, de Penas de Amor Perdidas,uma pea em que Shakespeare narrava uma elegante histria de amor.

    O acesso corte permitia ao jovem dramaturgo a observao do mundo dos nobres epolticos, pelo qual sempre possuiu interesse. Certamente isso o ajudou muito nas obras emque abordava esse tema. A grande maioria das obras de Shakespeare foi produzida no

    perodo em que a Inglaterra, governada durante 45 anos pela Rainha Elizabeth I,consolidou sua posio de grande potncia econmica e poltica. O reflexo do

    desenvolvimento atingiu as esferas culturais, possibilitando o surgimento dos talentosuniversitrios - entre os quais Cristopher Marlowe antecessor de Shakespeare e BenJonson.

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    Precursores e Contemporneos de Shakespeare:

    1) John Lyly (15541606):Autor de Pastorais (Bucolismo)2)

    Cristopher Marlowe (15641593):Autor de peas trgicas3) Thomas Kyd (15581594):Grande influncia sobre Shakespeare

    4)

    Ben Jonson (15721637):Grande amigo de Shakespeare5) Robert Greene (15601592)

    WILLIAM SHAKESPEARE

    23/04/1564Nasce em Stratford-on-AvonNov./1582Casa-se com Anne Hathaway1592Dramaturgo1594Ator1597Adquire uma vida financeira extremamente confortvel e compra casas eterrenos em Stratford

    1603Scio do Globe Theatre, em Londres. ( Era um hotel que possua um teatro,mas no era um local muito apropriado para produes teatrais.)23/04/1616Morre em Stratford-on-Avon

    William Shakespeare escreveu cerca de 150 sonetos dos mais belos de toda aLiteratura Inglesa. Escreveu tambm cerca de 40 peas teatrais.

    Dramaturgo e poeta ingls (23/4/1564-23/4/1616). Destaca-se entre os maisimportantes da histria do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os

    primeiros estudos. Aos 18 anos, casa-se com Anne Hathaway, com quem tem trsfilhos. Pouco se sabe a respeito de sua vida at 1591, ano em que se muda para

    Londres. Entre 1590 e 1594 redige a primeira pea, A Comdia dos Erros. Aindanessa poca escreve 154 sonetos, considerados at hoje os mais belos e maisimportantes da lngua inglesa. De acordo com os historiadores, conquista sucessoe fortuna com o teatro. Em 1594 membro da companhia teatral de LordChamberlain, que representa na melhor sala de espetculos de Londres. Marcacom sua obra o teatro elisabetano, e suas peas, tragdias, comdias e dramashistricos, influenciam toda a produo posterior a ele. Entre suas tragdias maisimportantes destacam-se Romeu e Julieta, Macbeth, Hamlet, O Rei Lear e Otelo.Algumas das comdias mais encenadas so O Mercador de Veneza, A MegeraDomada e Sonho de uma Noite de Vero. Em 1609 publica uma srie de sonetos,dedicados a um rapaz e a uma senhora no-identificados. Por volta de 1610,retorna cidade natal, onde escreve sua ltima pea, A Tempestade, em 1613.

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    CARACTERSTI CAS DAS PEAS DE SHAKESPEARE

    Ausncia de unidade de tempo e lugar no sentido clssico; Enredo principal e subenredos;

    Distino no rgida de gneros (Em tragdias possuem cenas de comdia ou vice-versa,...); Variao da quantidade de personagens (Ex: Em uma pea existem 12 personagens,

    j em outra existem 50 ); Gneros mais utilizados: Tragdias, comdias, dramas histricos e pastorais; Versos brancos, rimados e prosa.

    CARACTERSTICAS DO AUTOR

    Valorizao muito grande do intelecto e da cultura, do eu. Sentimentos humanos

    e universais; No questionamento de problemas polticos, sociais de uma determinada poca.

    Justamente devido a isso sua obra nunca envelhece; Captura de todas as caractersticas do Renascimento; Reflete muito em suas peas o nacionalismo; Peas sem posicionamento poltico; Criao de personagens questionadores (Resgate ao Renascimento); Crtica injustia, violncia e ao erro, mas sempreentre os indivduos, nunca entre

    classes sociais, polticas, etc. Trabalho muito grande do individualismo einexistncia de trabalho acerca da coletividade;

    Presena da HYBRIS (A maioria dos personagens de Shakespeare apresentam acaracterstica do orgulho: Romeu, Hamlet, Rei Lear,...);

    Seus personagens possuem o destino em suas mos. As aes so dos prpriospersonagens; Todos eles possuem o livre-arbtrio;

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    * TEXTO 5: Um pouco mais de Gil Vicente

    Dramaturgo e poeta portugus (1465-1536?). Principal representante da literaturarenascentista de Portugal, anterior a Cames. Nasce em lugar ignorado, e as informaes

    sobre sua vida so vagas: ora apresentado como ourives, ora como mestre de retrica dorei dom Manuel. Seu primeiro trabalho conhecido, a pea em castelhano Monlogo doVaqueiro, de 1502, quando se torna responsvel pela organizao dos eventos palacianos.Em 1521 passa a servir dom Joo III, conseguindo o prestgio do qual se valeria parasatirizar o clero e a nobreza. Retrata, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa dosculo XVI. Sua obra tem vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa,narrativas bblicas, farsas episdicas e autos narrativos. Em suas 44 peas, usa grandequantidade de personagens extrados do povo portugus. comum a presena demarinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demnios e de referncias sempre com umlirismo nato a dialetos e linguagens populares. Entre suas obras esto Auto PastorilCastelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebrao natalina, e Auto

    da Sibila Cassandra (1503), anunciando os ideais renascentistas em Portugal. Sua obra-prima a trilogia de stiras Barca do Inferno (1516), Barca do Purgatrio (1518) e Barcada Glria (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Ins Pereira. Morre em lugar desconhecido.

    Farsa de Ins Pereira

    (...)Primeira Jornada

    A seguinte farsa de folgar foi representada ao muito alto e mui poderoso rei D. Joo oterceiro do nome em Portugal, no seu Convento de Tomar. Era do Senhor de MDXXIII. Oseu argumento que, por quanto duvidavam certos homens de bom saber se o autor faziade si mesmo estas obras, ou se as furtava de outros autores, lhe deram este tema sobre quefizesse, a saber, um exemplo comum que dizem "mais quero um asno que me leve, quecavalo que me derrube". E sobre este motivo se fez esta farsa. Finge-se, na introduo, queIns Pereira, filha de uma mulher de baixa sorte, muito fantasiosa, est lavrando em casa, esua me a ouvir missa, e ela diz:

    INS

    Renego deste lavrare do primeiro que o usouao diabo que o eu dou,que to mau de aturar; Jesus! Que enfadamento,e que raiva, e que tormento,

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    que cegueira e que canseira!Eu hei de buscar maneirade viver a meu contento.

    Coitada, assim hei de estar

    encerrada nesta casacomo panela sem asaque sempre est num lugar?Isto vida que se viva?Hei de estar sempre cativadesta maldita costura?

    Com dois dias de amargurahaver quem sobreviva?hei de ir para os diabosse continuo a coser.

    Oh! Como cansa viversozinha, no mesmo lugar.Todas folgam, e eu no.Toda vm e todas voonde querem, menos eu.Hui! [e] que pecado o meu,ou que dor de corao?

    Esta vida mais que morta,sou eu coruja, ou corujo,ou sou algum caramujo,que no sai seno porta;sou feliz quando me doum dia de permissoque possa estar janela;mais feliz que Madaneladiante da Ressurreio.

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    * TEXTO 6: Trecho da Pea "Hamlet" de William Shakespeare:

    (...)" HAMLET:

    Ser ou no ser, eis a questo! Que mais nobre para o esprito: sofrer os dardos e setas deum ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades para pr-lhes fim,resistindo? Morrer... dormir; nada mais! E com o sono, dizem, terminamos o pesar docorao e os mil naturais conflitos que constituem a herana da carne! Que fim poderia sermais devotamente desejado? Morrer... dormir! Dormir!... Talvez sonhar! Sim, eis a adificuldade! Porque foroso que nos detenhamos a considerar que sonhos possamsobrevir, durante o sono da morte, quando nos tenhamos libertado do torvelinho da vida.A est a reflexo que torna uma calamidade a vida assim to longa! Porque, seno, quemsuportaria os ultrajes e desdns do tempo, a injria do opressor, a afronta do soberbo, asangstias do amor desprezado, a morosidade da lei, as insolncias do poder e ashumilhaes que o paciente mrito recebe do homem indigno, quando ele prprio pudesse

    encontrar quietude com um simples estilete? Quem gostaria de suportar to duras cargas,gemendo e suando sob o peso de uma vida afanosa, se no fosse o temor de alguma coisadepois da morte, regio misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou, confundindonossa vontade e impelindo-nos a suportar aqueles males que nos afligirem, ao invs de nosatirarmos a outros que desconhecemos? E assim que a conscincia nos transforma emcovardes e assim que o primitivo verdor de nossas resolues se estiola na p da sombrado pensamento e assim que as empresas de maior alento e importncia, com taisreflexes, desviam seu curso e deixam de ter o nome de ao... Agora, silncio!... A belaOflia! Ninfa, em tuas oraes, recorda-te de meus pecados!"(...)

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    TTTEEEAAATTTRRROOOBBBAAARRRRRROOOCCCOOO

    Barroco (O Movimento)

    Tendncia que se manifesta nas artes plsticas e, em seguida, na literatura, namsica e no teatro no comeo do sculo XVII. Inicia-se na Itlia e propaga-se por Espanha,Holanda, Blgica e Frana. Na Europa, perdura at meados do sculo XVIII. Atinge aAmrica Latina desde o princpio do sculo XVII at o fim do sculo XVIII.

    Em um perodo em que a Igreja Catlica tenta recuperar o espao perdido com aReforma Protestante e os monarcas se concedem poderes divinos, a arte barroca buscaconciliar a espiritualidade e a emoo da Idade Mdia com o antropocentrismo e aracionalidade do Renascimento. Sua caracterstica marcante, portanto, o contraste.

    A palavra barroco, originalmente "prola deformada" ou bizarro, exprime deforma pejorativa a idia de irregularidade (tambm tem a conotao de exuberante). Asobras so rebuscadas, expressam exuberncia, emoes extremas. Durante o perodo, osartistas so patrocinados pela burguesia em ascenso, alm de pela Igreja e pelosgovernantes. A fase final do barroco o rococ, estilo originrio da Frana no sculoXVIII, durante o reinado de Lus XV. Caracteriza-se pela abundncia de curvas e deelementos decorativos, como conchas, laos, flores e folhagens. A temtica inspirada noshbitos da corte e na mitologia greco-romana.

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    Teatro Barroco

    Panorama Geral:

    Significativo durante o sculo XVII. Chamado de a arte da contra-reforma, o barroco, ao mesmo tempo, uma reao ao materialismo renascentista e s idias reformistas deLutero e Calvino e um retorno tradio crist. O esprito da poca atormentado, cheiode tenso interna, marcado pela sensao da transitoriedade das coisas, pessimista e comgosto pelo macabro. A princpio sbrio e depurado, torna-se, com o tempo, rebuscado,com abundncia de metforas.

    Reflete o esprito da poca: atormentado, tenso e pessimista. A linguagem, a princpiosbria, torna-se rebuscada. Em busca de um pblico aristocrtico, o teatro francs segueregras rigorosas, como a imitao obrigatria de modelos greco-romanos e o respeito sunidades aristotlicas. Em 1680, a Comdie-Franaise faz do teatro uma atividade oficial,subvencionada pelo Estado. O conflito entre a razo e o sentimento marca as peas dePierre Corneille (1606-1684) e de Jean Racine (1639-1699). As comdias de Moliremostram tipos que simbolizam as qualidades e os defeitos humanos.

    Na Inglaterra destacam-se John Webster (1580-1625), John Ford (1586-1639?) eJohn Fletcher (1579-1625). O teatro italiano copia modelos franceses. A inaugurao em1637, em Veneza, do primeiro teatro pblico de pera introduz revolues tcnicas. Acena reta greco-romana trocada pelo "palco italiano", com boca de cena arredondada,cortina e luzes na ribalta, teles pintados em perspectiva e maquinaria que gera efeitosespeciais.

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    FRANA

    O teatro francs, ao contrrio do ingls e do espanhol, consegue adaptar-se ao gostorefinado do pblico aristocrtico a que se destina. Obedece a regras muito rigorosas: otema obrigatoriamente imitado de um modelo greco-romano; as unidades aristotlicas

    tm de ser respeitadas; a regra do "bom gosto" exige que a ao, de construo lgica ecoerente, nunca mostre situaes violentas ou ousadas; o texto, em geral em versosalexandrinos, muito potico. A fundao da Comdie Franaise por Lus XIV (1680)transforma o teatro numa atividade oficial, subvencionada pelo Estado.

    Autores franceses:

    Em Cid, Pierre Corneilledescreve o conflito entre o sentimento e a razo; e estaltima vitoriosa. Em Fedra, Jean Racine pinta personagens dominados por suas

    paixes e destrudos por elas. Em suas comdias, Molirecria uma galeria de tipos (OAvarento, O Burgus Fidalgo) que simbolizam as qualidades e os defeitos humanos.Em todos esse autores se notam traos que vo se fortalecer no neoclassicismo.

    Molire (Veja tambm o * Texto (7) da pgina 45) (1622-1673), pseudnimo de Jean-Baptiste Poquelin. Filho de um rico comerciante, tem acesso a uma educao privilegiada e desde cedo atrado pela literatura e a filosofia. Suas comdias, marcadas pelo cotidianoda poca, so capazes de criticar tanto a hipocrisia da nobreza quanto a avidez do burgusascendente. Suas principais obras so O Avarento, O Burgus Fidalgo, Escola demulheres, Tartufo, O Doente Imaginrio.

    INGLATERRAUm perodo de crise comea quando, aps a Revoluo Puritana, em 1642, Oliver

    Cromwell fecha os teatros. Essa situao perdura at a Restaurao (1660).

    Autores ingleses:

    No incio do sculo XVII, destacam-se John Webster, A Duquesa de Malfi, eJohn Ford, Que pena que ela seja uma prostituta. Depois da Restaurao os nomesmais importantes so os dos colaboradores Francis Beaumont e John Fletcher,Philaster.

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    ITLIA

    O teatro falado pouco original, copiando modelos da Frana. Mas na peraocorrem revolues que modificam o gnero dramtico como um todo.

    Em 1637, a Andrmeda, de Francesco Manelli, inaugura o teatro da famliaTron, no bairro veneziano de San Cassiano, modelo para casas futuras.

    Espao cnico italiano:

    Troca-se a cena reta greco-romana pelo "palco italiano", com boca de cenaarredondada e luzes na ribalta, escondidas do pblico por anteparos. Pela primeira vez usada uma cortina para tampar a cena. As trs portas da cena grega so substitudas porteles pintados que permitem efeitos de perspectiva e introduzida a maquinaria paraefeitos especiais. Apagam-se as luzes da sala durante o espetculo, para concentrar aateno do pblico no palco. H uma platia e camarotes, dispostos em ferradura. A peratorna-se to popular que, s em Veneza, no sculo XVII, funcionam regularmente 14teatros.

    Falando um pouco do Barroco Brasileiro:

    Influenciado primeiramente pelo barroco portugus, o movimento brasileiro assumecaractersticas prprias e d incio efetivo arte nacional.

    Teatro no Brasil pouco conhecido, pois a publicao de textos era proibida nacolnia. Predominam os autos religiosos, encenados pelos padres jesutas desde oincio da colonizao, mas tambm se desenvolve um teatro profano. Um dos poucosautores a ter suas obras conhecidas o baiano Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711). Influenciado pelo barroco espanhol, escreve as comdias Hay Amigo paraAmigo e Amor, Engaos e Celos.

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    * TEXTO 7: Um pouco mais de Molire

    Molire:

    Dramaturgo francs (15/1/1622-17/1/1673). Pseudnimo de Jean-Baptiste Poquelin,considerado o mais talentoso escritor de peas de teatro da comdia francesa. Nasce emParis, em famlia rica, e tem educao privilegiada. Estuda no Colgio Jesuta de Clermonte se interessa cedo por literatura e filosofia. Em 1643 comea a fazer teatro com a famliade atores de uma jovem por quem se apaixona. Atua como ator, diretor e autor no GrupoL''Illustre Thtre, que se apresenta em Paris e pelo interior da Frana.

    De volta capital, em 1658, participa de apresentaes no Louvre e faz sucesso com opblico jovem e com o rei Lus XIV ao satirizar no palco alguns de seus adversriosreligiosos. Critica a hipocrisia e as convenes sociais repressoras, a crendice dos beatos ea presuno do mdico, do fidalgo e do burgus.

    Trata da natureza humana em suas comdias, revelando o lado cmico e melanclicode suas atitudes e crenas. De 1660 at a morte, ocorrida em Paris, escreve 28 peas, numamdia de duas por ano. Entre elas esto obras-primas como Escola de Mulheres (1662),Tartufo (1664), O Avarento (1668), O Burgus Fidalgo (1670) e O Doente Imaginrio(1673).

    Trecho da Pea O Burgus Fidalgo de Molire:

    (...)

    " O Sr. JourdainPor favor. De resto, preciso fazer-lhe uma confidncia. Estou apaixonado por uma

    pessoa de alta estirpe e desejaria que o senhor me ajudasse a escrever-lhe alguma coisaem um bilhetinho que pretendo deixar cair a seus ps.

    O Mestre de FilosofiaMuito bem.

    O Sr. JourdainSer uma galanteza.

    O Mestre de FilosofiaSem dvida. em versos que lhe quer esc