33
A Mesopotâmia – nome dado pelos gregos e que signifi- ca "terra entre rios" (do grego, meso e potamos) – é uma re- gião de interesse histórico e geográfico mundial, trata-se de um platô de origem vulcanica localizado no Oriente Médio, delimitada entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupada pelo atual território do Iraque e terras próximas. Os rios de- sembocam no Golfo Pérsico e a região toda é rodeada por desertos. Inserida na área do Crescente Fértil – de Lua crescente, exatamente ela ter o formato de uma Lua crescente e de ter um solo fértil -, uma região do Oriente Médio excelente para a agricultura, exatamente num local onde a maior parte das terras vizinhas era muito árida para qualquer cultivo. A Mesopotâmia tem duas regiões geográficas distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens, e ao Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldéia, muito fértil em função do regime dos rios, que nascem nas montanhas da Armênia e deságuam separadamente no Golfo Pérsico. HISTÓRIA A Mesopotâmia é considerada o Berço da Civilização, já que foi na Baixa Mesopotâmia aonde surgiram os primeiros Estados por volta do quarto milênio a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante do crescimento da população e do aumento da produção agrícola, que se originou da adoção da agricultura como forma de vida, em oposição à caça. O surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do desenvolvimento de um complexo sis- tema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evi- tava inundações e garantia o armazenamento de água para as estações mais secas. Fazia-se necessário a construção dessas estruturas pa- ra manter algum tipo de controle sobre o regime dos rios Ti- gre e Eufrates. Esses rios gêmeos, em função do relevo que os envolve, correm de noroeste para sudeste, num sentido oposto ao rio Nilo, sendo as enchentes na Mesopotâmia mui- to mais violentas e sem uniformidade e a regularidade apre- sentada pelo Nilo. Os mesopotâmicos não se caracterizavam pela constru- ção de uma unidade política. Entre eles, sempre predomina- ram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu cen- tro político, formando as chamadas cidades-estados. Cada uma delas controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de irrigação. Tinham governo e burocracia pró- prios e eram independentes. Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de o- rigem divina. Porem, essas alianças eram temporárias. Ape- sar de independentes politicamente, esses pequenos Esta- dos mesopotâmicos eram interdependentes na economia, o que gerava um dinâmico processo de trocas. POVOS DA MESOPOTÂMIA A Mesopotâmia foi uma região por onde passavam mui- tos povos nômades oriundos de diversas regiões. A terra fér- til fez com que alguns desses povos aí se estabelecessem. Do convívio entre muitas dessas culturas floresceram as so- ciedades mesopotâmicas. Os povos que ocuparam a mesopotâmia foram os sumé- rios, os acádios, os amoritas ou antigos babilônios, os assí- rios, os elamitas e os caldeus ou novos babilônios. Como ra- ramente esses Estados atingiam grandes dimensões territo- riais, conclui-se que apesar identidade econômica, social e cultural entre essas civilizações, nunca houve um Estado mesopotâmico, mas Estados Mesopotâmicos. OS SUMÉRIOS E ACADIANOS (ANTES DE 2000 A.C.) Os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5000 a.C.

História Mesopotamia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: História Mesopotamia

A Mesopotâmia – nome dado pelos gregos e que signifi-ca "terra entre rios" (do grego, meso e potamos) – é uma re-gião de interesse histórico e geográfico mundial, trata-se de um platô de origem vulcanica localizado no Oriente Médio, delimitada entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupada pelo atual território do Iraque e terras próximas. Os rios de-sembocam no Golfo Pérsico e a região toda é rodeada por desertos.

Inserida na área do Crescente Fértil – de Lua crescente, exatamente ela ter o formato de uma Lua crescente e de ter um solo fértil -, uma região do Oriente Médio excelente para a agricultura, exatamente num local onde a maior parte das terras vizinhas era muito árida para qualquer cultivo.

A Mesopotâmia tem duas regiões geográficas distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens, e ao Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldéia, muito fértil em função do regime dos rios, que nascem nas montanhas da Armênia e deságuam separadamente no Golfo Pérsico.

HISTÓRIA

A Mesopotâmia é considerada o Berço da Civilização, já que foi na Baixa Mesopotâmia aonde surgiram os primeiros Estados por volta do quarto milênio a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante do crescimento da população e do aumento da produção agrícola, que se originou da adoção da agricultura como forma de vida, em oposição à caça.

O surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do desenvolvimento de um complexo sis-tema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evi-tava inundações e garantia o armazenamento de água para as estações mais secas.

Fazia-se necessário a construção dessas estruturas pa-ra manter algum tipo de controle sobre o regime dos rios Ti-gre e Eufrates. Esses rios gêmeos, em função do relevo que os envolve, correm de noroeste para sudeste, num sentido oposto ao rio Nilo, sendo as enchentes na Mesopotâmia mui-to mais violentas e sem uniformidade e a regularidade apre-sentada pelo Nilo.

Os mesopotâmicos não se caracterizavam pela constru-ção de uma unidade política. Entre eles, sempre predomina-ram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu cen-tro político, formando as chamadas cidades-estados. Cada uma delas controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de irrigação. Tinham governo e burocracia pró-prios e eram independentes.

Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de o-rigem divina. Porem, essas alianças eram temporárias. Ape-sar de independentes politicamente, esses pequenos Esta-dos mesopotâmicos eram interdependentes na economia, o que gerava um dinâmico processo de trocas. POVOS DA MESOPOTÂMIA

A Mesopotâmia foi uma região por onde passavam mui-tos povos nômades oriundos de diversas regiões. A terra fér-til fez com que alguns desses povos aí se estabelecessem. Do convívio entre muitas dessas culturas floresceram as so-ciedades mesopotâmicas.

Os povos que ocuparam a mesopotâmia foram os sumé-rios, os acádios, os amoritas ou antigos babilônios, os assí-rios, os elamitas e os caldeus ou novos babilônios. Como ra-ramente esses Estados atingiam grandes dimensões territo-riais, conclui-se que apesar identidade econômica, social e cultural entre essas civilizações, nunca houve um Estado mesopotâmico, mas Estados Mesopotâmicos. OS SUMÉRIOS E ACADIANOS (ANTES DE 2000 A.C.)

Os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5000 a.C.

Page 2: História Mesopotamia

HISTÓRIA

2 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

pelo povo sumério, que ali construiu as primeiras cidades de que a humanidade tem conhecimento, como Ur, Uruk e La-gash. As cidades foram erigidas sobre colinas e fortificadas para que pudessem ser defendidas da invasão de outros po-vos que buscavam um melhor lugar para viver.

Desde o quarto milênio a.C., realizavam obras de irriga-ção e utilizavam técnicas de metalurgia do bronze e utiliza-vam uma escrita cuneiforme. Sua organização social influen-ciou muitos povos que os sucederam na região.

Após um período de domínio dos reis elamitas (viviam no sudoeste do atual Irã), os sumerianos voltaram a gozar de independência.

Grupos de nômades, vindos do deserto da Síria, come-çaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumeri-anas. Conhecidos como acadianos, dominaram as cidades-estados da Suméria por volta de 2550 a.C. OS AMORITAS (2000 A.C.-1750 A.C.)

No início do segundo milênio a.C., a região da Mesopo-tâmia constitui-se em um grande e unificado império que ti-nha como centro administrativo a cidade da Babilônia, situa-da nas margens do rio Eufrates. O soberano que mais se destacou foi Hamurabi, elaborando leis que ficaram conheci-das como Código de Hamurabi. Após sua morte, a Mesopo-tâmia foi abalada por sucessivas invasões, até a chegada dos assírios. ASSÍRIOS (1300 A.C.-612 A.C.)

De origem semita, os assírios viviam do pastoreio e ha-bitavam as margens do rio Tigre. A partir do final do segundo milênio a.C., passaram a se organizar como sociedade alta-mente militar e expansionista. Realizaram diversas conquis-tas e expandiram seu domínio para além da própria Mesopo-tâmia, chegando ao Egito. O centro administrativo do império assírio era Nínive. CALDEUS (612 A.C.-539 A.C.)

Povo de origem semita que se estabeleceu na Mesopo-tâmia no início do primeiro milênio a.C., os caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos assírios e pela or-ganização do novo império babilônico. Nabucodonosor foi o soberano mais conhecido dos caldeus. Governou por quase sessenta anos e após sua morte os persas dominaram o no-vo império babilônico. A ECONOMIA E A SOCIEDADE

Em linhas gerais podemos dizer que a forma de produ-ção predominante na Mesopotâmia baseou-se na proprieda-de coletiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros des-sas comunidades.

Acredita-se que quase todos os meios de produção es-tavam sobre o controle do déspota, personificação do Esta-

do, e dos templos. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, a-lem de proprietário de boa parte das terras: é o que se de-nomina cidade-templo.

Estudos recentes mostram que, além do setor da eco-nomia dos templos e do palácio, havia um setor privado que participava, também, da economia da cidade-estado.

Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e de-via entregar ao templo uma parte da colheita como paga-mento pelo uso útil da terra. Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou arrendatários.

Entre os sumerianos havia a escravidão, porém o núme-ro de escravos era relativamente pequeno.

Em contraste com as cheias regulares e benéficas do Nilo, o fluxo das águas dos rios Tigre e Eufrates, ao subir à Leste pelos Montes Tauro, é irregular e imprevisível, produ-zindo condições de seca em um ano e inundações violentas e destrutivas em outro.

Para manter algum tipo de controle, fazia-se necessário a construção de açudes e canais, alem de complexa organi-zação. A construção dessas estruturas também era dirigida pelo Estado. O controle dos rios exigia numerosíssima mão-de-obra, que o governo recrutava, organizava e controlava. As principais atividades econômicas da Mesopotâmia eram: - A Agricultura. Era base da Economia. A economia da

Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C., baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), arvores frutífe-ras, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em ge-ral de pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto já no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usa-vam o arado semeador, a grade e carros de roda;

- A Criação de Animais. A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida;

- O Comércio. Os comerciantes eram funcionários a ser-viço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fa-zer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os empreen-dimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus produtos

e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de li-nho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.

As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comercio muito intenso deu ori-gem a uma organização economia sólida, que realizava ope-rações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito.

Page 3: História Mesopotamia

HISTÓRIA

3 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

O comercio foi uma figura importante na sociedade me-sopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na de-sagregação da forma de produção templário-palaciana domi-nante na Mesopotâmia.

As origens da civilização egípcia datam de 4.000 anos a.C. A população começou a se concentrar no vale do rio Ni-lo, formando as primeiras aldeias (nomos), que mais tarde evoluíram para prósperas cidades agrícolas e depois se uni-ram formando o Alto Egito (ao sul) e o Baixo Egito (ao norte). O Egito sempre dependeu do Nilo para sua formação e seu desenvolvimento. Seus habitantes travavam uma luta cons-tante para controlar as inundações periódicas desse rio, gra-ças ao qual obtinham também grandes colheitas. Por volta de 3200 a.C., o rei Menés (ou Narmer), do Alto Egito, con-quistou as cidades do Baixo Egito, unificando todo o império. Floresceu então a cultura egípcia, que deixou como legado grandes invenções, como a moeda, o calendário agrícola, o arado, a escrita hieroglífica e a fabricação do papiro. Seu es-plendor manifestou-se em gigantescos templos e pirâmides e revelou-se na filosofia, na arte e nas ciências.

O RIO NILO

O Egito da Antiguidade dividia-se em duas terras: o Alto Egito, que corresponde ao sul do país, e Baixo Egito, a regi-ão do Delta do Nilo. Em cada porção o povo vivia de um mo-do distinto, até porque o clima entre norte e sul era diferente.

Portanto, o tipo de produtos cultivados também diferia. Ao logo da história egípcia, porém, o povo sempre falou

a mesma língua, compartilhou uma mesma visão do mundo, uma mesma estrutura institucional, entre outras coisas. Eles cultivavam a idéia de superioridade perante outros povos e lutavam para manter seus costumes e valores.

A melhor explicação para a importância do rio Nilo para os egípcios está escrita no hino, desenvolvido por eles ainda na Antiguidade e também na célebre frase do filósofo e histo-riador grego Heródoto:

"Salve, ó Nilo! Ó tu que manifestaste sobre esta terra e vens em paz para dar vida ao Egito. Regas a terra em toda a parte, deus dos grãos, senhor dos peixes, criador do trigo, produtor da cevada... Ele traz as provisões deliciosas, cria todas as coisas boas, é o senhor das nutrições agradáveis e escolhidas. Ele produz a forragem para os animais, provê os sacrifícios para todos os deuses. Ele se apodera de dois paí-ses e os celeiros se enchem, os entrepostos regurgitam, os bens dos pobres se multiplicam; torna feliz cada um confor-me seu desejo... Não se esculpem pedras nem estátuas em tua honra, nem se conhece o lugar onde ele está. Entretanto, governas como um rei cujos decretos estão estabelecidos pela terra inteira, por quem são bebidas as lágrimas de todos os olhos e que é pródigo de tuas bondades."

"O Egito é uma dádiva do Nilo." Em síntese, pode-se dizer que a vida só se tornou pos-

sível nas terras do Egito por causa do grande rio Nilo. Anu-almente, de junho a novembro, chovia nas nascentes deste, o que provocava inundações e o aumento do nível da água. Neste período as cheias arrastavam tudo que estivesse às margens e, consequentemente, impedia a agricultura.

No entanto, quando as águas voltavam ao nível normal, uma grossa camada de limo fertilizante (húmus) era deixada sobre a terra, propiciando o cultivo de todos os tipos de cere-ais, frutas e outras culturas. Desse modo, povos que antes foram nômades logo se fixaram no vale do Nilo, originando a próspera civilização egípcia. O TEMPLO

Era uma construção monumental destinada ao culto dos deuses. Ali também prestavam-se homenagens aos faraós, destacando seu poder sobrenatural. Seu intuito era impres-sionar o povo e, assim, dominá-lo. Com suas muralhas, o templo separava o mundo celestial do mundo terreno, con-vertendo o faraó em intermediário entre o povo e os deuses. No templo, os valores religiosos e os administrativos eram unidos. Com o tempo, os sacerdotes adquiriram um grande destaque econômico e político. ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS

Nos templos egípcios havia um esquema básico sempre repetido: uma avenida externa de esfinges conduzia à porta principal. Depois desta, havia um grande pátio que dava a-cesso à sala hipostila. Vinha, então, a sala dos sacerdotes. Atrás de um segundo pátio localizava-se o santuário, onde fi-

Page 4: História Mesopotamia

HISTÓRIA

4 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

cava a imagem da divindade. A essa sala só tinham acesso o faraó e o sumo sacerdote. Uma muralha rodeava todo o conjunto, isolando-o do exterior. ATIVIDADES

No templo, o faraó e os sacerdotes rendiam culto aos deuses. Para cuidar dos deuses, os sacerdotes varriam e la-vavam o santuário. A imagem da divindade era retirada e a ela se ofereciam comida e roupas; depois disso, era recolocada no lugar. Além disso, o templo era uma grande unidade eco-nômica: controlava a atividade econômica da cidade, mobili-zando grande número de funcionários e outros trabalhadores. Em seu interior, havia escolas, oficinas e armazéns. A MUMIFICAÇÃO

A preocupação com a vida após a morte constitui carac-terística essencial da cultura egípcia antiga, e refletiu-se na adoção de práticas funerárias bastante incomuns, como a mumificação – tida como a garantia da existência eterna. Conforme demonstram claramente muitos registros, os anti-gos egípcios sabiam que o corpo físico jamais iria renascer. Mas as partes etéreas que formavam um ser humano, como o Ká – comumente traduzido por “espírito” – precisavam se identificar por completo com o corpo ao qual pertenciam. Lo-go, este deveria ser preservado. A destruição do corpo acar-retava a destruição das partes espirituais e, consequente-mente, a perda da vida eterna. O costume foi relacionado ao culto do deus Osíris, a divindade mais popular nos tempos faraônicos, senhor do além-túmulo.

As múmias mais antigas datam do Período Pré-Dinastico, anterior a 3000 a.C.: tratam-se na verdade de cor-pos preservados naturalmente na areia quente e seca do de-serto onde eram sepultados. A idéia de se conservar os cor-pos dos mortos passou a fazer parte das crenças religiosas, e então, já nas primeiras dinastias (2920-2649 a.C.) buscava-se um método artificial de preservação, porém ainda ineficaz. No Antigo Reino (2649-2152 a.C.) e no Médio Reino (2040-1783 a.C.) aprimoraram-se as técnicas. O processo mais a-vançado, resultando em melhor preservação, foi atingido no final do Novo Reino (1550-1070 a.C.) e durante a 21ª dinas-tia (1070-945 a.C.; início do chamado Terceiro Período In-termediário). A partir daí as técnicas se tornaram cada vez mais obsoletas, e no século II d.C. – já no período romano – a mumificação, embora ainda praticada, estava longe de a-presentar os resultados de outrora. Nesse tempo o costume já começava a ser abandonado dado ao alastramento do Cristianismo – religião com propostas totalmente diferentes em relação à vida após a morte. Inicialmente a preservação era realizada apenas nos corpos de membros da realeza e classes mais elevadas, mas com o transcorrer da história e-gípcia a prática tornou-se muito mais popularizada. De qual-quer forma, o processo exigia certos recursos que o limita-vam aos mais abastados.

Embora a prática da mumificação fosse amplamente di-fundida, os antigos egípcios não deixaram relatos concretos

sobre ela. Não foi encontrado até hoje nenhum papiro que trouxesse orientações sobre as várias etapas do processo – para muitos egiptólogos é improvável que algum seja encon-trado, ou que tenha sequer existido. Os registros iconográfi-cos também pouco revelam: cenas em algumas tumbas tra-tam somente dos enfaixamentos finais do corpo, tema de que também trata um texto conhecido por “Ritual do Embal-samamento”. Isso leva a crer que os egípcios consideravam-na muito sagrada para ser documentada – seja em escritos ou em representações. O conhecimento do processo era passado em vias de tradição oral. Existe, porém, o relato de Heródoto, viajante grego que esteve no Egito no ano 450 a.C. e descreveu como era feita a mumificação no Livro II de sua obra História. Na verdade Heródoto relatou o que sacer-dotes lhe informaram, não tendo efetivamente testemunhado o que escreveu. Embora a prática já estivesse em decadên-cia naquela época e alguns detalhes apresentarem-se errô-neos ou incompletos, sua descrição tem sido uma das maio-res fontes para o estudo da mumificação egípcia antiga.

Podemos considerar os embalsamadores, ou mumifica-dores, como sacerdotes-médicos. Além de detentores de amplos conhecimentos de anatomia, executavam também as cerimônias ritualísticas que deveriam acompanhar o trata-mento do corpo, garantindo-lhe uma proteção espiritual. Es-sas cerimônias aconteciam em cada estágio do processo de mumificação. O principal sacerdote que dirigia os trabalhos de mumificação era chamado de hery-seshta, “chefe dos se-gredos”, e representava Anúbis, o deus-chacal da mumifica-ção. Poderia usar uma máscara na forma da cabeça do refe-rido animal, para assim salientar sua identificação com a di-vindade. Não devemos esquecer que, segundo as lendas, Anúbis mumificara o corpo de Osíris, fazendo-o ressurgir da morte. Sendo assim, a pessoa que ficasse sobre “os cuida-dos das mãos de Anúbis” receberia os mesmos cuidados que teriam sido dispensados a Osíris – por extensão, garanti-ria sua ressurreição.

O primeiro estágio da mumificação era realizado no ibu-en-wab, “tenda da purificação”. Depois o corpo era levado ao wabet, “casa da purificação”, também chamado de per-nefer, “casa da regeneração” – um recinto cercado, dentro do qual erguia-se uma tenda ou barraca, onde o corpo era deitado num suporte de madeira. Tanto o ibu-en-wab quanto o wabet eram estruturas móveis, facilmente montadas e desmonta-das, feitas de madeira. Em geral eram fixadas no lado oeste

Page 5: História Mesopotamia

HISTÓRIA

5 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

do Nilo, onde se situavam a maioria das necrópoles nos tem-pos faraônicos. Parte do trabalho era feito ao ar livre, dado aos odores provenientes dos corpos em tratamento.

Processo demorado, durando cerca de 2 meses e meio, a mumificação envolvia dois procedimentos básicos: 1°) evisce-ração, ou retirada de órgãos – cérebro pelas narinas, vísceras por um corte no abdômen; estas últimas eram em seguida de-positadas em vasos, chamados pelos egiptólogos de canópi-cos, que ficavam sob a proteção de divindades especiais. 2°) desidratação, ou retirada da umidade do corpo – nesse senti-do, cobriam o cadáver com natrão, um composto de sódio, por pelo menos 40 dias, ao final dos quais só restavam pele, ossos e carnes endurecidas. Seguia-se, durando cerca de 2 sema-nas, o enfaixamento com bandagens de linho, entre as quais depositavam-se jóias e amuletos de proteção.

Interessante lembrar que a palavra múmia não é egípcia. Vem do persa ou árabe mummiah, que significa betume – substância a que se atribuíam poderes curativos. A aparência escura de certos corpos embalsamados do tempo dos faraós sugestionou aos árabes a errônea concepção de que os anti-gos egípcios usavam betume na preservação dos cadáveres. Sendo uma substância bastante procurada devido ao seu em-prego medicinal, as múmias egípcias tornaram-se na Idade Média uma fonte segura de obtenção daquele produto, movi-mentando um precioso comércio, envolvendo Alexandria e o Cairo aos mercadores da Europa Ocidental que vinham em busca das famosas especiarias. Isso provocou incansáveis saques aos sepulcros dos tempos faraônicos. Corpos eram re-tirados das antigas tumbas e divididos em pequenos pedaços, embalados para a venda como medicamento. Seja como chá ou composta em pomada, acreditava-se na época que múmia curava uma infinidade de doenças! Em egípcio antigo, a pala-vra que designava um corpo preservado e envolvido em ban-dagens era wi. A mumificação era chamada de wet – enfaixar – ou então senefer – revigorar – termo esse que deixa claro um dos propósitos da prática.

Apesar dessa preocupação evidente com a preservação dos corpos, os antigos egípcios, ao contrário do que comu-mente se pensa, jamais foram obcecados pela idéia da morte e do além-túmulo. Amavam a vida terrena acima de tudo, e achavam que nada valia em troca dela. A morte era vista como uma passagem para a outra vida, onde se levaria uma existência semelhante à da terra. Era para esta nova exis-tência que deveria ser feita uma cuidadosa preparação – in-cluindo a mumificação – o que permitiria à alma um desfrute pleno e eterno da felicidade que lhe aguardava no além. A SOCIEDADE EGÍPCIA

No Egito, a sociedade se dividia em algumas camadas, cada uma com suas funções bem definidas. Nessa socieda-de, a mulher tinha grande prestígio e autoridade. O FARAÓ

No topo da pirâmide vem o faraó, com poderes ilimita-dos. Isso porque ele era visto como pessoa sagrada, divina,

e aceito como filho de deus ou como o próprio deus. É o que se chama de governo teocrático, isto é, governo em nome de deus. O faraó era um rei todo-poderoso, proprietário do país inteiro. Os campos, os desertos, as minas, os rios, os canais, os homens, as mulheres, o gado e todos os animais – tudo lhe pertencia. Ele era ao mesmo tempo rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general. Era ele que decidia e dirigia tudo, mas, não podendo estar em todos os lugares, distribuía encargos para centenas de funcionários que o auxiliavam na adminis-tração do Egito. A sagrada figura do faraó era elemento bási-co para a unidade de todo o Egito. O povo via no faraó a sua própria sobrevivência e a esperança de sua felicidade. OS SACERDOTES

Os sacerdotes tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material, pois administravam as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram também sábios do Egito, guardadores dos segredos das ciências e dos misté-rios religiosos relacionados com seus inúmeros deuses. A NOBREZA

A nobreza era formada por parentes do faraó, altos fun-cionários e ricos senhores de terras OS ESCRIBAS

Os escribas, provenientes das famílias ricas e podero-sas, aprendiam a ler e a escrever e se dedicavam a registrar, documentar e contabilizar documentos e atividades da vida do Egito. OS ARTESÃOS E COMERCIANTES

Os artesãos trabalhavam especialmente para os reis, para a nobreza e para os templos. Faziam belas peças de adorno, utensílios, estatuetas, máscaras funerárias. Traba-lhavam muito bem com madeira, cobre, bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes se dedicavam ao comércio em nome dos reis e nobres ou em nome próprio, comprando, vendendo ou trocando produtos com outros povos, como cre-tenses, fenícios, povos da Somália, da Síria, da Núbia, etc. O comércio forçou a construção de grandes barcos cargueiros. OS CAMPONESES

Os camponeses formavam a maior parte da população. Os trabalhos dos campos eram organizados e controlados pelos funcionários do faraó, pois todas as terras eram do go-verno. As cheias do Nilo, os trabalhos de irrigação, semeadu-ra, colheita, armazenamento dos grãos obrigavam os cam-poneses a trabalhos pesados e mal remunerados. O paga-mento geralmente era feito com uma pequena parte dos pro-dutos colhidos e apenas o suficiente para sobreviverem. Vi-viam em cabanas humildes e vestiam-se de maneira muito simples. Os camponeses prestavam serviços também nas terras dos nobres e nos templos. O Egito era essencialmente

Page 6: História Mesopotamia

HISTÓRIA

6 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

agrícola, pois não sobrava terra e vegetação suficiente para criar muitos rebanhos. À custa da pobreza dos camponeses eram cultivados cevada, trigo, lentilhas, árvores frutíferas e videiras. Faziam pão, cerveja e vinho. O Nilo oferecia peixes em abundância. OS ESCRAVOS

Os escravos eram, na maioria, capturados entre os ven-cidos nas guerras. Foram duramente forçados ao trabalho nas grandes construções, como as pirâmides, por exemplo. MORTE

Para o egípcio, a morte é um objetivo de temor e detes-tação absoluta. Ninguém sabe, verdadeiramente, o que se passa no além e esta incerteza cede lugar a todas as angús-tias. Isto talvez explique o inverossímil pacote de presente com que os egípcios embalam o fim de sua existência. Os defuntos, especialmente se deixados sem sepultura, são se-res poderosos, capazes de voltar para perseguir os vivos, que escrevem cartas para eles muitos frequentemente, im-plorando ajuda ou tentando livrar-se de suas inquietações.

O além é um lugar cheio de perigos onde todos os mor-tos, inclusive o rei, devem se justificar diante dos guardiões das portas diante de diversos tribunais divinos e o de. Existe um lugar de exterminação para aqueles que não chegam lá. O próprio sol, que no curso de sua navegação noturna aque-ce os mortos justificados, é colocado em perigo pelos ata-ques da serpente Apófis. Um rei morto deve pedir empresta-do as capacidades de e do sol para renascer, como o se-gundo, em sempiterna manhã. Seu percurso é exatamente igual ao do sol.

O luto é uma verdadeira instituição no Egito e, sem dúvi-da, também um espetáculo. Ele é visível; os homens param de se barbear e de raspar o cabelo, as mulheres abandonam toda vaidade, se cobrem de poeira e deixam gotejar sua ma-quiagem. O luto pode, igualmente, ser muito barulhento: on-tem, como hoje, existem choronas profissionais que fazem eco às lamentações familiares. O luto dura 70 dias, tempo que o corpo passa longe dos seus familiares, nas mãos dos embalsamares.

Além do desejo de conservar o corpo para a eternidade, de escapar ao desaparecimento material da decomposição, o morto deseja conhecer o destino de, protótipo da múmia. O corpo deste deus, abominavelmente despedaçado, podia ser reconstituído, mantido em sua forma de ser vivo por linadu-ras e, finalmente, conduzido à, vida pelos cuidados de, e, es-tá vivo, no mundo dos mortos certamente, mas bem vivo e capaz de agir igual a quando estava na terra. Que melhor ga-rantia de sobrevivência o egípcio poderia encontrar que este divino exemplo? OS EGÍPCIOS

Como acreditavam na imortalidade da alma, embalsa-mavam os mortos, para que tivessem vida eterna. Produziam poemas, construíram magníficos palácios e templos. Para

escrever, os egípcios utilizavam desenhos: os hieróglifos.seu governo era fortemente centralizado na pessoa do monarca, chamado faraó, também chefe religioso supremo, como su-mo-sacerdote dos muitos deuses em que acreditavam. O Es-tado controlava todas as atividades econômicas. A sociedade era organizada em classes: família do faraó, sacerdotes, no-bres, militares, agricultores, comerciantes e artesãos – es-cravos. As maiores contribuições dos egípcios foram: os fun-damentos de aritmética, geometria, filosofia, religião, enge-nharia, medicina; o relógio do sol; o sistema de escrita e as técnicas agrícolas. Hoje o Egito tem pouca identidade com os tempos antigos, mas o seu território, onde a natureza perma-nece basicamente a mesma – uma combinação especial do rio Nilo com o deserto-guarda os vestígios daquela que foi uma das mais importantes civilizações da Idade Antiga. CRENÇAS

Os egípcios viviam muito apegados as suas crenças. Na vida deles tudo tinha alguma coisa ligada com a religião, desde a escolha do nome até o sepultamento do corpo. Uma das mais conhecidas e admiradas crenças dos egípcios é o culto a com aparência de animais. Os egípcios acreditavam que um deus descia a Terra e era denominado, que gover-nava o Egito sua vida inteira.

A imagem é apenas uma evocação no Egito. Alguma representação (pintura ou estátua), escrita (fórmula em papi-ro ou óstracos), enunciado (preces) existem realmente. Para destruir alguém irremediavelmente, é preciso destruir seu nome de forma que ninguém possa mais pronunciá-lo (isso foi feito com alguns reis como por exemplo com ). Uma cena de oferenda na parede do túmulo proporciona ao morto ali-mentação eterna. Acontece mesmo dos hieróglifos represen-tarem seres perigosos na forma de mutilados para que sejam impedidos de retomar seu poder de ação: caso serpentes e leões "saíssem da palavra", seriam temíveis.

Do camponês ao faraó, na vida cotidiana ou na ocasião de um ritual de templo, todos recorrem à magia, mais fre-quentemente com um objeto benéfico. A execução de certos objetos (estatuetas de bruxaria em cera, madeira ou pedra) são acompanhados pela recitação ou escrita de textos que fazem apelo aos deuses, a seus nomes ou a suas manifes-tações. Usar um amuleto ou uma cordinha atada sete vezes, da qual pende um papiro com uma fórmula inscrita, enrolado e bem fechado em um estilo, são atos comuns de magia.

Do mundo exterior ao altar da estátua divina, o sacerdo-te passa da luz à sombra, do barulho ao silêncio, da "terra" ao "céu"... No comprimento do eixo principal do templo o solo é, às vezes, progressivamente levantado e o teto progressi-vamente abaixado, como para convergir em direção ao santo dos santos. De uma parte a outra deste eixo, há salas ane-xas onde são armazenados e preparados as oferendas e ob-jetos necessários ao culto. Por direito, o sacerdote se desliga dos acessos com o exterior e volta-se ao restante do domínio do deus: lago sagrado, moradias, armazéns, escolas e biblio-teca, oficinas e escritórios.

Page 7: História Mesopotamia

HISTÓRIA

7 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

A religião politeísta, os deuses, crenças, mitos, vida após a morte,

cerimônias, rituais e oferendas

A grande sala de hipostila em merece todas as suas de-nominações. "Grande" sala de hipostila, por suas dimensões: 103 m por 52. As doze colunas centrais com desenhos de papiro possuem quase 23 m de altura e seus capitéis, nos quais 50 pessoas poderiam manter-se de pé, 15 m de circun-ferência. "Floresta de colunas", pois foram construídas no reinado de 122 novas colunas com desenhos de papiro e al-tura de aproximadamente 15 m, que sobem em direção a um céu estrelado onde o sol faz passar seus raios por imensos claustros de 8 por 5 m.

As cerimônias de fundação acontecem à noite, de prefe-rência na lua nova, para facilitar, graças às estrelas (Ursa Maior), a orientação em direção ao norte. Após determinar os ângulos da construção, estica-se corda entre estacas a fim de delimitar as trincheiras da infiltração das águas que indica o sentido horizontal e oferece os sedimentos da fundação. Molda-se o primeiro tijolo, coloca-se em lugar da areia e de-pois as pedras de ângulo. Terminados os trabalhos, o templo é inaugurado com purificações, a cerimônia de Abertura da boca e grande festa popular.

O templo é a casa do deus, representado por uma está-tua em uma nave de pedra ou madeira. O culto que ela rece-be cada dia é o equivalente ao serviço se um ser vivo, sendo alimentada e vestida. Só o rei pode se comunicar com os deuses: ele efetuando o culto de todos os templos do país. Os "sacerdotes", os servidores do deus são, na realidade, apenas seus delegados. O culto mantém a harmonia do Uni-verso (), faz viver os deuses e os reúne, em contrapartida, eles concedem ao rei os benefícios do que faz em proveito do país.

Alguns personagens importantes obtém do rei o raro fa-vor de figurar no templo representados em estátuas, o que lhes faculta numerosas vantagens, como o recebimento de oferendas depois destas terem passado pelos altares dos deuses, a notoriedade do nome e o fato de passar a perma-necer ao séquito do deus. Trata-se de verdadeira distinção honoríca que prova que a pessoa participa de pequenos pa-péis no cotidiano do rei e do deus, como na prestação de serviços ao rei e ao templo. Em algumas estátuas, o proprie-tário se coloca como intermediário: se os passantes pronun-ciam seu nome e lhe fazem oferendas, ele promete intervir em favor deles junto ao deus.

O templo não é um lugar público, aberto a todos. Já que o povo não pode ver o deus em sua casa, então o deus sai em procissão e se mostra (Festa de Opet, Bela festa do Vale, festa dos mortos, saída de Sokaris, festa de Min...). A estátua do deus, abrigada em um altar portátil, é colocada em uma barca igualmente portátil. Acompanhada por uma escolta mi-litar e sacerdotal, em meio a uma ruidosa alegria popular, ela circula pelas ruas e também pode ser carregada em uma barca de verdade para navegar sobre o. É por ocasião desta "saídas" que o deus ganha novos oráculos.

Os operários têm seus deuses favoritos, patrono dos ar-tesãos, possui capelas na cidade e na entrada do Vale das Rainhas, e Sokaris velam pela necrópole,, Renenuté e Tueris pela prosperidade da família, divindade de origem asiática como Anat, Reshep, Cadesh, são adotadas. Dezesseis cape-las são construídas no próprio interior da cidade e cada casa possui um oratório para o culto dos ancestrais das famílias. Enfim, rei Amenófis I, sua mãe, Ahmés-Nefertari e benefici-am-se de uma veneração estritamente local.

As estátuas do defunto, visíveis na parte pública do tú-mulo, fazem com que ele seja lembrado pelos visitantes. São também o meio de incitá-los à generosidade e lembrá-los que um de seus primeiros deveres é "doar oferendas aos deuses e a refeição funerária aos mortos". Os visitantes po-dem fazê-los de duas maneiras, ou levando realmente ali-mentos, ou se contentando em ler a fórmula da oferenda que será assim considerada ativada, os deuses invocados na fórmula fornecerão, a partir de seus altares, a refeição no mundo dos mortos.

UMA SOCIEDADE A MEDIDA DO HOMEM

Os gregos (ou helenos) viveram na extremidade meridi-onal da península balcânica e sua cultura se desenvolveu a partir da mistura das diversas populações que lá se estabe-leceram nos últimos 8000 anos, no entanto, as mais antigas características culturais que se pode chamar de "gregas" a-pareceram somente depois de 2000 a.C.

A Grécia Antiga abrangia os povos que habitavam a ba-cia do mar Egeu e as ilhas ao redor, e durou desde o surgi-mento da civilização minoana, na Idade do Bronze, até a sua tomada pelos romanos, em 146 a.C.

A partir de 500 a.C. a cultura grega influenciou de tal forma o mundo mediterrâneo que, sem exagero, acabou por constituir um dos mais sólidos fundamentos de toda a Civili-zação Ocidental.

As primeiras populações que falavam grego ocuparam, por volta de 2000 a.C., várias regiões da península balcâni-ca, território de topografia irregular localizado no sudeste da Europa. Posteriormente, em sucessivas fases de expansão

Page 8: História Mesopotamia

HISTÓRIA

8 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

marítima, os gregos se estabeleceram em outros locais, no-tadamente nas ilhas do Egeu e nas margens do Mar Mediter-râneo e do Mar Negro.

Na Antiguidade, as mais importantes comunidades gre-gas se concentravam na própria península balcânica, nas i-lhas do Mar Egeu, na costa ocidental da península anatólica (Ásia Menor), no sul da península italiana e nas grandes ilhas da Sicília, a oeste, e de Creta, ao sul.

Os gregos antigos constituíram a primeira civilização du-radoura da Europa, que foi a base da cultura ocidental de tempos posteriores. Deram importantes contribuições nos campos das artes, literatura, filosofia e ciência, apesar de nunca terem conseguido a unificação política. Enfim, as mais vastas experiências sociais ocorreram na Grécia, berço de fi-lósofos, sábios e literatos famosos. COMO SURGIRAM

A cerca de 2600 a.C., povos da Anatólia, que sabiam

trabalhar o ferro e aperfeiçoaram a navegação e a agricultu-ra, invadiram o território grego. A partir de 2000 a.C., a região foi novamente invadida, desta vez por povos indo-europeus (aqueus, eólios, dórios e jônios), que destruíram a civilização existente, absorvendo seus hábitos e cultura.

Primeiro os aqueus invadiram (2000 a.C.). destruíram o Império de Creta, assimilaram sua cultura e estabeleceram seu reino no Peloponeso, construíram as cidades de Mice-nas Tirino.

Depois vieram os eólios que se fixaram em Tessália, Etólia e parte do Peloponeso. A cidade mais importante cria-da por esse povo foi Tebas.

Mais tarde vieram os dórios, que atravessaram o istmo de Corinto, conquistaram, obrigando os aqueus a procurarem refugio na Ásia Menor. Posteriormente conquistaram a cida-de de Esparta que mais tarde se distinguiria como potencia militar.

Os jônios, que vieram junto com os dórios, estabelece-ram-se na região da Ática, fundaram Atenas, criando uma forte civilização que iria influir fortemente nos destinos dos homens.

Gradativamente, o povo grego começou a absorver a língua e a religião dóricas, e tornou-se comum a todos os po-vos da região cultuar um conjunto de deuses antropomórfi-cos, (que pela forma se assemelhavam aos homens), cha-mados Olímpicos, pois habitavam o topo do monte Olimpo. Em homenagem a esses deuses, eram realizados festivais e competições atléticas, dentre as quais as mais famosas fo-ram os Jogos Olímpicos, em homenagem a Zeus e a Hera, que se iniciaram no ano 776 a.C. Esta foi a primeira data re-gistrada na história da Grécia Antiga, e o calendário grego foi feito a partir dela. PERÍODO ARCAICO SÉC. VIII a.C. A VI a.C.

Durante esse período, o território grego se expandiu de

maneira surpreendente, principalmente devido ao aumento desenfreado da população das cidades-estados já existentes e do surgimento da propriedade privada o que estimulou muitas pessoas a migrarem em buscas de novas terras. Das mais de cem cidades-estados gregas, várias se mantiveram oligárqui-cas, e muitas outras desfrutaram de uma democracia.

Na história Grega este período foi o mais longo e é divi-dido em três partes.

A primeira fase se tem notícia através dos poemas de Homero, a Ilíada e a Odisséia. É conhecida como Tempos Heróicos ou Tempos Homéricos. Foi a fase anterior a ao século VIII a.C.

A segunda fase é mais conhecida, começou a partir deste século. Nela se deram as grandes invasões gregas e foram criadas colônias na Ásia Menor e na Magna Grécia (sul da Itália e a Sicília). Esparta, Atenas, Corinto e outras ci-dades tiveram seu maior desenvolvimento.

Numa terceira fase que teve início no século VI a.C., a Pérsia conquista as colônias gregas da Ásia menor, origi-nando vários conflitos entre esses dois povos (guerras médi-cas do século V a.C.). Nesta fase, Esparta torna-se poderosa e Atenas cria suas obras artísticas e literárias.

Também neste período, surgiu a cunhagem de moedas, aprendida pelos jônios com o povo lídio, um de seus vizi-nhos. Surgiram na mesma época a literatura, a filosofia e o alfabeto gregos, também frutos de cidades jônicas.

PERÍODO CLÁSSICO 480 A 323 a.C.

Este período foi divididos em duas partes. A primeira fase, durante os séculos V e IV a.C., foi mar-

cada pelos seguintes acontecimentos: - Rivalidade entre as cidades gregas, levando-as a guer-

ra, enfraquecendo-as; - Dario I, rei dos persas e depois Xerxes, contando com o

enfraquecimento das cidades, tenta dominar a Grécia; - Os persas foram vencidos pelos gregos, nas batalhas de

Maratona, Salamina e Platéia; - Esparta, invejando o progresso de Atenas, depois das

guerras medicas, aliada com outras cidades gregas, vence sua rival (431 a 404 a.C.);

- Em 338 a.C. Filipe da Macedônia invade a Grécia.

Page 9: História Mesopotamia

HISTÓRIA

9 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Durante essa fase, mesmo com tantas guerras, os gre-gos conseguiram realizar suas mais importantes obras de ar-te e literárias.

A segunda fase, século III a II a.C., deu-se então: - A conquista dos persas, por Alexandre da Macedônia,

que fundou um novo e grande império, incluindo o da Ín-dia, o Egito, e a Grécia;

- Um maior contato dos gregos com outros povos trans-formou a sua cultura;

- O domínio do Império Alexandrino pelos soldados de Roma, no século II a.C., ficando a Grécia submissa aos romanos.

Além do estabelecimento de um dos mais duradouros

padrões de beleza artística, os atenienses nos deram a tra-gédia, a comédia, a filosofia de Sócrates, a historiografia de Heródoto e Tucídides e um sistema político original, a demo-cracia (literalmente, "o poder do povo"), talvez a maior de to-das as contribuições.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

As cidades evoluíram de acordo com os agrupamentos

dos grupos abaixo citados: - Os genos, agrupamentos de famílias chefiadas por um

patriarca; - As fatrias, conjunto de genos; - Os demos, reunião de fatrias e, por último, - A polis ou cidade¸ resultado da união de vários demos.

A autoridade era exercida somente pelos nobres. Poste-

riormente o rei (nobre) foi substituído por um chefe que, em Atenas, recebeu o nome de Arconde. O povo reagia contra a nobreza e alguns indivíduos tomavam o poder: os Tiranos (pessoas que tomavam o poder de forma irregular). Como o povo queria continuar mandando, substituíam os tiranos por Magistrados.

Essa organização não era a mesma em todas as cidades. CIDADES-ESTADO

As Cidades-Estados eram cidades que progrediam e fi-cavam mais independentes.

As principais cidades-estados foram: - Esparta e Corinto, no Peloponeso; - Atenas, na Ática; - Tebas, na Beócia; - Delfos, no Monte Parnaso; - Mileto, Esmira e Éfeso, na Ásia Menor.

Durante o século V a.C. o poder político se polarizou en-tre atenienses e espartanos. Atenas agregou diversas póleis a uma poderosa aliança política e econômica conhecida por Liga de Delos; os espartanos, por sua vez, organizaram a i-gualmente poderosa Liga do Peloponeso.

ESPARTA

Esparta era a capital da Lacônia e se distinguiu pelo seu espírito guerreiro. Foi conquistada pelos aqueus, mas pro-grediu mesmo com a chegada dos dórios.

Sua organização social era dividida em três classes: - Espartanos: formada pelos descendentes dos dórios,

era a classe dominante; - Periecos: formada por camponeses que apoiaram a do-

minação dórica, tinham alguns privilégios, mas não po-diam ocupar cargos políticos por serem considerados como estrangeiros.

- Ilotas: eram os escravos por no passado terem se revol-tado contra os dórios, não podiam se afastar das terras em que produziam.

Organização em Esparta

Esparta era governada por dois reis, em caso de guerra um ia para o combate enquanto o outro ficava na cidade.

Mas os monarcas eram limitados por órgãos oficiais: - Gerúsia: câmara formada por pessoas com mais de

sessenta anos, que legislavam para todo o povo, eram vinte e oito membros eleitos pelo povo.

- Apela: Assembléia do Povo, formada por cidadãos com mais de trinta anos, eles aprovavam ou não as leis da Gerúsia.

- Conselho dos Éforos: formado por cinco magistrados e-leitos pelo povo. Podia fiscalizar os monarcas e expulsar estrangeiros, podia convocar a Gerúsia e a Apela, atuar junto aos militares e administrar justiça.

Educação em Esparta

Os espartanos eram preparados acima de mais nada para a guerra, crianças que nascessem com problemas físi-cos eram jogadas no desfiladeiro. As que nasciam bem, fica-vam com os pais até os sete anos, a partir daí o Estado tra-tava de educá-los.

As meninas eram ensinadas na arte domésticas e aos vinte anos eram obrigadas a casarem-se, embora os homens só pudessem casar depois dos trinta anos.

Os meninos logo cedo faziam exercícios físicos, leitura e canto. Cuidavam rigorosamente da perfeição do corpo. En-travam para o exército aos vinte e um anos, de onde saiam aos sessenta.

Esparta representava o poder absoluto, ditatorial, onde os filhos eram educados dentro de leis rígidas, que por seve-ras demais, terminava por favorecer a corrupção. ATENAS

A vida civil de Atenas foi muito diferente do viver militar dos espartanos.

Cidade formada por jônios, com sua localização próxima ao mar exerceu grande influencia na sua formação, contato com outros povos de civilizações adiantadas aprenderam e

Page 10: História Mesopotamia

HISTÓRIA

10 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

desenvolveram os elementos de uma vida espiritual e mate-rialmente superior, votada para ciências e artes.

Tinha sua população dividida em três classes: - Cidadãos: eram os filhos de atenienses. - Metecos: eram estrangeiros que se dedicavam ao co-

mércio e a indústria. Não tinham direitos públicos, eram livres e bem tratados.

- Escravos: classe menos numerosa, recebiam tratamento humano e podiam conquistar a liberdade.

Organização em Atenas

No inicio Atena era governada por aristocratas que mais tarde escolheram governantes que receberam o nome de Arcondes, eram magistrados, sendo uns vitalícios, outros não. Depois, ao invés de 3 eles escolheram 9 magistrados, o arcontado, que governavam por um ano.

Escolheram também membros da assembléia chamada Aerópago, semelhante a Gerúsia de Esparta.

Como tinha pouca participação do povo nesse governo, os atenienses, em maioria comerciantes e artesões, clamavam por leis escritas com melhores condições de vida e como que-riam atuar no governo, formaram uma nova classe social.

Atenas serviu de modelo a muitas cidades gregas e foi a grande exceção no mundo antigo, quanto a forma de gover-no Foi considerada o berço da democracia, onde o povo a-mava a liberdade e se dedicavam à cultura, às artes, à bele-za.Foi desta cidade que saíram grandes legisladores, filóso-fos e poetas. As Leis

Com a pressão do povo, no século VII a.C., surgiram leis formando o Código atribuído a Drácon. Que por serem leis muito severas, acabaram por descontentar o povo e os aristocratas.

Em 594 a.C. os atenienses elegeram Sólon, um dos sete sábios gregos, para a Arcontado, que realizou por sua vez, importantes reformas na democracia, favorecendo os direitos de todos: 1º. Liberou, em parte, os devedores que por isso eram, an-

teriormente, escravizados. 2º. Deu garantia a liberdade individual. 3º. Estabeleceu o trabalho como dever, assim o pai tinha

que ensinar um oficio ao filho.

4º. Dividiu o povo em quatro classes de acordo com seu rendimento. Conservou o Aerópago e o Arcontado, cri-ou o Bule, que era formado por cidadãos escolhidos en-tre os membros das três primeiras classes sociais, e cri-ou ainda a Eclésia que era composta por vinte mil cida-dãos, havendo entre eles pessoas sem posses.

Pisístrato

As reformas de Sólon originaram descontentamento: os eupatridas se viram prejudicados e o povo achou que devia ter mais direitos. Das lutas aproveitou Pisístrato, jo-vem endinheirado que, apoiado no partido popular, apode-rou-se do governo.

Deu-se- o qualificativo de tirano, que, como sabemos, de-signava os que se elevavam ao poder por meios irregulares.

Pisístrato administrou com justiça e acerto, respeitando as leis de Sólon e procurando melhorar as condições dos menos favorecidos. A ele se atribui a iniciativa de determinar a compilação das obras de Homero. Quando morreu, suce-deram-lhe os filhos Hiparco e Hípias. No entanto, estes não foram felizes: Hiparco foi assassinado numa rebelião e Hí-pias fugiu perseguido pelos nobres de Atenas. (510 a.C.). Educação em Atenas

Diferente de Esparta, as crianças ficavam em casa até

os seis anos, e depois os meninos iam à escola para apren-der leitura, cálculo, escrita, poesia, canto e ginástica. Cultiva-vam o amor a pátria, às letras e às artes.

Os rapazes, aos dezoito anos entrava no exercito. Fre-quentavam o liceu ou a academia. Tornavam-se cidadãos.

As meninas ficavam no lar, onde aprendiam a tecer, fiar, e bordar. Só poderiam frequentar festas religiosas e não po-deriam comer à mesa na presença de pessoas estranhas. AS GUERRAS As Guerras Médicas ou Guerras Greco-Pérsicas

A primeira guerra começou quando Dario I mandou e-

missários render as cidades gregas pacificamente. Várias ci-dades gregas cederam, menos Esparta e Atenas, que mata-ram os emissários persas.

Dario então preparou um grande exército e desembar-cou na planície de Maratona, próximo a Atenas. Os Atenien-ses, com um exército bem menor, tiveram de lutar sozinhos, pois os espartanos só poriam seus exércitos em marcha sob lua cheia, e na época era quarto crescente. Mesmo assim os gregos lutaram com garra e venceram em 490 a.C.

Na segunda guerra, com a morte de Dario I, os persas passaram a serem governados por Xerxes, Prepararam um poderoso exército que iria por terra. Uma esquadra saiu coste-ando pelo mar Egeu, acompanhando a marcha dos soldados.

Invadiram a Grécia pelo norte, renderam Tessália, que aliou-se a eles. Algumas cidades uniram-se a Atenas. Quan-do eles conseguiram passar pelo desfiladeiro das Termópi-

Page 11: História Mesopotamia

HISTÓRIA

11 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

las, entraram em Atenas, saquearam, incendiaram a cidade. Mas os grego haviam construído uma esquadra, que embora em menor numero era mais veloz e equipada que as embar-cações persas. Os gregos vencem mais uma vez, agora na Baía de Salamina. Mandam Xerxes de volta para a Ásia.

Mas os persas continuavam querendo a Grécia. Eles es-tavam no Mar Egeu. Xantipo comanda os gregos e vence a esquadra persa na batalha naval de Miracle. Finalmente as guerras médicas chegaram ao fim quando Címon destrói a última esquadra persa em Eurimedonte.

Com essas vitórias, Atenas consegue grande prestígio, provocando a inveja de Esparta. Guerras Internas

Os interesses dos dois grupos, Atenas e Esparta, logo entraram em choque, e os aliados de Esparta e os aliados de Atenas enfrentaram-se numa longa e desgastante guerra, conhecida por Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.).

Péricles agora governava Atenas, uniu várias cidades gregas formando a Confederação de Delos, buscando man-ter a paz.

Esparta não participou desta confederação, e unida a outras cidades, atacou a Ática, levando seus habitantes a re-fugiarem-se em Atenas.

Atenas mandou uma esquadra para devastar o Pelopo-neso, mas a peste atacou esta cidade com mais força que seus navios, matando inclusive Péricles.

As duas cidades, já fracas de lutarem assinaram uma trégua que deveria durar 50 anos. Porém isso não ocorreu pois Alcebíades aconselhou o governo a conquistar a Silícia (rica em trigo), mas para isso os Atenienses teriam que ata-car Siracusa, aliada de Esparta.

A campanha foi um desastre, já que por um incidente Alcebíase traiu Atenas e revelou suas intenções à Esparta.

O fim das guerras finalmente chegou quando Lisandro venceu a esquadra ateniense, que por sua vez, obrigou-se a assinar sua rendição a Liga do Peloponeso, ficando sub-missa a Esparta, o que não durou muito, já que um atenien-se,Trasíbulo, que havia se refugiado em Tebas libertou Ate-nas. E ainda, dois tebanos, Pelópidas e Epaminondas, inves-tiram contra Esparta e venceram-na.

Com a disputa, finalmente vencida pelos espartanos, os atenienses perderam quase todo o poderio político e finan-ceiro adquirido nos anos anteriores.

Com todas essas guerras entre as cidades, a Grécia fi-cou enfraquecida, sendo invadida e dominada pela Macedô-nia, monarquia semi-bárbara, existente ao norte.

O século IV a.C. começou com um curto período de he-gemonia espartana, concomitante a um hesitante renascimen-to ateniense, a que se seguiu um período igualmente curto de hegemonia tebana. Atenas, porém, manteve sua importância cultural: esse foi o século de Platão, Aristóteles e Demóstenes.

Quando as póleis se deram conta, a partir de 350 a.C., da progressiva intromissão do rei Felipe II da Macedônia nos assuntos gregos, era tarde demais: em 338 a.C. o exército macedônico pôs fim à autonomia das póleis helênicas. Após

a morte do rei, um ano depois, seu filho Alexandre III ("O Grande") tomou o Egito, o Oriente Médio e o Império Persa em menos de quinze anos, com um exército de macedônios. PERÍODO HELENÍSTICO 323 A 30 a.C.

Os povos Macedônicos (Felipe II e Alexandre) conquis-

taram o povo grego e misturaram sua cultura com a cultura dos povos do Oriente, sendo que Alexandre, amante da cul-tura grega, queria formar um Império Universal onde a cultu-ra grega fosse o ponto unificador dos povos conquistados, formando assim uma nova cultura, o Helenismo.

Do ponto de vista político o continente grego afastou-se do centro dos acontecimentos. Com o estabelecimento do Império Romano em 27 a.C., a Macedônia e os territórios da Grécia Continental tornaram-se simples províncias romanas.

As antigas póleis, agora meros centros municipais, be-neficiaram-se da Pax Romana e cessaram suas eternas dis-putas armadas. Os jogos continuaram sendo disputados e os festivais celebrados; muitas instituições políticas tradicionais conservaram os nomes e a influência local. Atenas manteve o status de cidade universitária

A cultura grega foi adotada pela elite romana e a cidade de Roma se tornou o mais novo e mais importante centro de cultura helênica. Na cidade, a medicina e o ensino da filoso-fia e da retórica, tão prezada pelos romanos, estava na mão de gregos (às vezes simples escravos); escultores de origem grega trabalhavam para patronos romanos; e os intelectuais romanos liam, falavam e escreviam fluentemente em grego.

Mas o Império Romano, no fim do século III, começou a se desagregar. em 395 d.C. os bárbaros visigodos consegui-ram saquear Atenas, Corinto e outras importantes cidades gregas. Nesse mesmo ano, o imperador Teodósio I dividiu formalmente o Império em dois, e a Grécia foi incorporada ao Império do Oriente. A sede era a cidade de Constantinopla, fundada em 330 d.C. pelo imperador Constantino ao lado da antiga cidade grega de Bizâncio.

No Ocidente, a península italiana e as províncias roma-nas caíram gradualmente nas mãos dos bárbaros. No Orien-te, a cultura grega sobreviveria ainda durante muitos séculos (até 1453 d.C.); sua influência seria explícita a partir de 610 a 641 d.C., quando o grego se tornou a língua oficial do Impé-rio Bizantino, embora a oposição dos cristãos, agora domi-nantes, contra qualquer forma de paganismo.

A Igreja Cristã absorveu muitas coisas da antiga cultura grega; apesar disso, fez muita pressão para acabar com o paganismo. O ano de 529 d.C. marcou o fim do vigor criativo da antiga cultura grega. CIÊNCIA GREGA

Considerando o povo grego em conjunto, notava-se nele uma curiosidade inventiva em todos os aspectos:

Herdeiros dos cretenses e fenícios na arte de navegar, aperfeiçoaram e construíram barcos, adaptando-os de acor-do com seus objetivos, seja para transporte, comércio ou competições.

Page 12: História Mesopotamia

HISTÓRIA

12 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Inventaram a âncora, aperfeiçoando-a de tal maneira que até hoje é utilizada, sem grandes modificações.

Quanto a moeda, foi aperfeiçoada e transformada pelos gregos em instrumento normal de troca expandindo-a por to-da a parte.

Os gregos inventaram e construíram o relógio de sol. Foi um sábio grego (Arquimedes) nascido em Siracusa, que es-tabeleceu o princípio geral da alavanca, inventou o parafuso e porca, a roldana, as engrenagens, entre outras.

A ciência desenvolveu-se devido aos grandes filósofos gregos, homens que se dedicavam ao estudo de vários ra-mos do conhecimento humano (Física, Matemática, Astro-nomia, etc...) assim sendo, a filosofia (literalmente: amor a sabedoria) englobava todas essas ciências.

Hipócrates de Cós, ( o Pai da Medicina), estabeleceu que as doenças tinham causas naturais e por isso deveriam ser tratadas por processos também naturais e não através de magias. Dessa maneira, os gregos dotaram as criações ori-entais de um novo espírito, o espírito da ciência, ou seja, da explicação racional dos fatos.

Alguns Filósofos e Artistas Gregos: - Tales de Mileto: admitia a existência de um elemento

básico – a água – do qual derivam todas as coisas do universo.

- Anaximandro: desenvolveu a teoria de que os primeiros animais viveram na água.

- Pitágoras: matemático, pioneiro das ciências naturais, astrônomo e reformador moral.

- Ésquilo: primeiro dos grandes dramaturgos gregos. - Fídias: escultor, escultor da estatua de Atena, protetora

de Atenas, do Partenon e da estátua de Zeus Olimpo. - Heródoto: grande historiador considerado o “Pai da His-

toria”, viajava em busca de fatos. - Sócrates: grande filosofo, frase celebre: “Conhece-te a

ti mesmo”. - Platão: discípulo de Sócrates - Aristóteles: discípulo de Platão, foi um dos criadores

do método cientifico, valorizando a experiência e com-provação.

Aristóteles

ARTE GREGA

Foi um povo onde a criatividade se fez presente, tanto na arte quanto na literatura. Na arquitetura, as muitas cons-truções públicas comprovam uma combinação de conheci-

mentos arquitetônicos e gosto artísticos raras vezes iguala-das (Partenon e Erecteu), nas letras os poemas Ilíada e O-disséia, atribuídos a Homero, a poesia lírica de Píndaro, as tragédias de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, foram escritos com tanta perícia que serviram de modelo em épocas poste-riores. Até hoje os temas das tragédias gregas (vida, amor, liberdade, morte, predestinação e religião) não perderam sua atualidade dramática nem seu valor poético.

Na arquitetura grega prevalecia a linha reta, eles não empregavam nem arcos nem abóbodas como os egípcios e os povos mesopotâmicos.Utilizavam muitos as colunas, dan-do aos templos um aspecto elegante e imponente. Desta-cam-se três estilos muito usados na construção grega: - o dórico, estilo mais antigo e simples; - o jônico, mais leve e flexível, representado por colunas

finas e graciosas; - o coríntio, o mais trabalhado e, sendo assim, o mais

complexo. RELIGIÃO

Os gregos eram politeístas, cultuavam vários deuses e para cada um deles criaram lendas explicando sua origem. É o que se conhece como Mitologia Grega.

Evoluindo de época para época, os deuses acabaram por constituírem formas, paixões e aparências humanas. Embora inspirassem temor e respeito, não inspiravam horror aos mortais. Construíram belos templos para os adorarem.

Os deuses: - Zeus: rei dos deuses, morava no Olimpo. - Atena: deusa das artes, ciências, razão e sabedoria. - Hermes: deus do comercio. - Ártemis: deusa da lua e da caça. - Hefaisto: deus do fogo. - Ares: deus da guerra. - Afrodite: deusa do amor e da beleza. - Hístia: deusa da família e do lar. - Posseidon: deus do mar. Irmão de Zeus. - Hades: deus do inferno. Irmão de Zeus. - Hera: deusa do casamento.

Cultuavam também as musas que representavam as ar-tes. Como Clio (musa da história), Eutepe (musa da música) e Calíope (musa da poesia).

Criaram também heróis, aos quais atribuíam feitos foras do comum, ligados a realização das cidades: - Teseu: fundará Atenas e vencera o Minotauro de Creta. - Édipo: construíra Tebas e levara a Esfinge a se atirar

num precipício, após decifrar-lhe o enigma: ‘Quem é que de manhã anda com quatro pés, ao meio dia com dois, e à noite com três?”

- Hércules: filho de Zeus, o mais venerado pelos espar-tanos, realiza doze trabalhos colossais que serviram de base para muitos filmes e livros.

- Orfeu: que dominava as feras com sua lira e desceu aos infernos para salvar sua amada Eurídice.

Page 13: História Mesopotamia

HISTÓRIA

13 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e re-donda e que seu país ocupava o centro da Terra, sendo seu ponto central, por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses ou Delfos, local famoso pelos oráculos ( pessoas que consultavam divindades ou espíritos, que davam conselhos).

Cronograma: - 1500 a.C. – A civilização minóica atinge seu apogeu. - 1400 a.C. – A civilização micênica domina a Grécia;

grandes palácios são construídos nas regiões continen-tais.

- 1250 a.C. – Época provável das guerras entre os mice-nas e Tróia.

- 1000 a.C. – Os primeiros povos de língua grega se es-tabelece na área e fundam as cidades-Estados.

- 776 a.C. – Realizam-se em Olímpia os primeiros jogos Olímpicos.

- 750 a.C. – Fundação das primeiras colônias gregas. - 505 a.C. – Atenas adota a democracia como forma de

governo. - 500-449 a.C. – As Guerras Médicas; as cidades gregas

se unem para combater os persas. - 400 a.C. – Apogeu do teatro grego. - 490 a.C. – Os gregos derrotam os persas na batalha de

Maratona. - 480 a.C. – Os gregos destroem a frota persa na batalha

de Salamina. - 479 a.C. – Derrota final persa na batalha de Platéia. - 461-429 a.C. – Péricles governa Atenas; construção do

Partenon. - 431-404 a.C. – Guerra do Peloponeso, entre Esparta e

Atenas; início da supremacia de Esparta sobre a Grécia. - 359 a.C. – Filipe torna-se rei da Macedônia. - 338 a.C. – Filipe domina toda a Grécia. - 336-323 a.C. – Alexandre o Grande, filho de Filipe, ex-

pande o império grego até o Oriente Médio.

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E POVOAMENTO DA ITÁLIA

A Itália se localiza ao ocidente da Grécia, na península Apenina, que, avançando pelo mar Mediterrâneo, divide-o em dois: Mediterrâneo Ocidental e Oriental.

Geograficamente, a Itália divide-se em quatro regiões bem delimitadas: no extremo norte, uma região montanhosa, entrecortada de rios; a planície do Pó, ao longo do caudaloso rio Pó; a região Apenina; a costa litorânea dos mares Adriáti-co e Tirreno.

O solo dessa península era mais fértil do que o solo gre-go, o que tornou possível o atendimento das necessidades alimentares dos romanos dentro da própria Itália.

O processo de povoamento da península Itálica foi bas-tante complexo, distinguindo-se vários povos que ali se esta-beleceram em diferentes épocas. De acordo com pesquisas arqueológicas, pode-se estabelecer um povoamento anterior ao dos povos de origem indo-européia, cujos representantes, já nos tempos históricos, seriam os sicanos, da Sicília, os lí-gures, do noroeste e os messápios e iapígios, do sul.

Os grupos de origem indo-européia teriam chegado à I-tália por volta de 2200 a.C., tendo os povos denominados itá-licos ou italiotas ocupado o centro-sul da península, e os sé-culos, a Sicilía. Os dois principais subgrupos dos itálicos e-ram os samnitas e os latinos.

Os samnitas habitavam a parte sul da Itália, próximo às colônias fundadas pelos gregos a partir de sua expansão, en-tre os séculos VIII e VI a.C. Os samnitas, organizados em clãs pastoris, que se reuniam em tribos, viviam em constante luta contra os gregos, na disputa pela riquíssima região da Campânia. Essas disputas e, consequentemente, os conta-tos com o mundo grego, levaram ao desenvolvimento do seu poderio bélico, à fortificação de cidades, à conquista de colô-nias gregas e à expulsão dos etruscos.

Os latinos habitavam o curso inferior do rio tibre, região que jamais foi conquistada pelos etruscos ou pelos gregos. Seus maiores adversários eram os volscos, tribo montanhesa que habitava os contrafortes dos Apeninos, entre o Lácio e a Campânia, e que vivia essencialmente do pastoreio. Nas montanhas habitavam também os équos e sabinos, tribos que viviam do pastoreio e do saque, também subgrupos dos itálicos.

A expansão da colinização grega no sul da Itália, região conhecida como Magna Grécia, provocou atritos com os fe-nícios, que povoavam a Sicília, e seus aliados, os etruscos, no mar Tirreno.

Os etruscos, outro povo que colonizou a Itália, é de ori-gem até hoje desconhecida. Seu território inicial estava loca-lizado entre o mar Tirreno, a oeste, e os montes Apepinos, a leste, entre o rio Arno, ao norte, e o Timbre, ao sul. Há pes-quisadores que os consideram autóctones e outros que os consideram oriundos da Ásia Menor. O que se sabe é que sua língua não é de origem indo-européia, apresentando a-penas algumas afinidades com a língua falada pelos habitan-tes da ilha egéia de Lemnos, na fase anterior à conquista a-teniense.

Já por volta do século VII a.C., os etruscos estavam or-ganizados em um império que constituia, na prática, uma liga de várias cidades-estados. Ocupavam-se da agricultura, do pastoreio, do trabalho manufaturado e do comércio, que não podia ser separado da pirataria. Eram comerciantes ativos no mar Mediterrâneo, aliados à cidade fenícia de Cartago. Seus produtos metalúrgicos e têxteis chegavam a todo o Oriente e a todo o Mundo Grego por intermédio dos cartagineses e dos colonos gregos.

O povoamento da Itália se completou com a chegada dos gauleses, no início do século IV a.C., que se estabelece-ram ao norte, no vale do rio Pó (Gália Cisalpina).

Page 14: História Mesopotamia

HISTÓRIA

14 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

A ORIGEM DE ROMA E DIVISÃO DE SUA HISTÓRIA De acordo com a tradição lendária, Roma teria sido fun-dada em meados do século VIII a.C. por Rômulo, juntamente com Remo, filhos gêmos da princesa latina Réia Sílvia e do deus Marte. Rômulo teria sido então o iniciador da realeza romana.

De acordo com a lenda, Rômulo e Remo

foram criados e amamentados por uma loba. As pesquisas arqueológicas têm confirmado alguns da-dos apresentados pela tradição, como por exemplo a época de fundação da cidade. Em meados do século VIII a.C. já e-xistia no local da cidade de Roma uma aldeia latina que não se comparava, entretanto, em brilho e importância, às cida-des etruscas e gregas existentes na península Itálica, no mesmo período. Os latinos, habitantes da primitiva Roma, eram basicamente povos agricultores e pastores, mas que realizavam algumas trocas com outros povos da região. A partir do final do século VII a.C., acentuou-se a urbani-zação de Roma, com o aparecimento de templos e edifícios públicos, abertura de ruas mais regulares e pavimentação rudimentar. Portanteo, já teria existido em Roma um proces-so de urbanização anterior à dominação etrusca, que corres-ponderia ao período lendário dos reis latinos e sabinos. A acelerada urbanização dessa aldeia latina se justifica pela sua posição geográfica estratégica, no baixo vale do rio Tigre, representando o ponto de confluência de várias rotas de comunicação com as regiões vizinhas, particularmente com a etrúria e a Magna Grécia. A presença de mercadores etruscos e gragos já era acentuada no século VI a.C. Foi exatamente sua posição estratégica que levou os e-truscos à conquista de Roma, em meados do século VI a.C., o que a transformou na principal cidade da região do Lácio. A história de Roma é tradicionalmente dividida em três períodos: monarquia, república e império. A MONARQUIA ROMANA (DE CERCA DE 750 a.C. A 509 a.C.) O período monárquico iniciou-se com a fundação da ci-dade de Roma e terminou em 509 a.C., quando uma revolta da aristocracia depôs o último rei – Tarquínio, o Soberbo. Durante a monarquia, a organização social básica do mundo romano era a gens, que pode ser definida como uma comunidade formada por um grupo extenso de pessoas que se reconhecem como descendentes de um antepassado

comum e que organizam sua vida econômica e social base-ada na solidariedade. A gens romana, entretanto, não tinha características de comunidade igualitária, pois consituía uma organização aristocrática, muitas vezes proprietária de es-cravos. As propriedades e as fortunas não saíam do interior da gens porque imperava o direito paterno, que excluía as mulhe-res da herança, uma vez que, a partir do casamento, deixavam de pertencer à gens paterna para se vincularem à do marido. A vinculação com uma gens criava laços de solidariedade obrigatórios. A gens tinha uma sepultura comum para os seus mortos, cultos particulares aos seus antepassados míticos e o hábito de reuniões para tomada de decisões coletivas. A organização em gens era restrita à população nativa da cidade. Seus membros eram conhecidos como patrícios, denominação derivada da palavra latina pater, que significa pai ou chefe da família, elemento que tinha direito de vida e morte sobre os outros membros. A reunião de dez gens constituía uma cúria, e da reuni-ão de dez cúrias formava-se uma tribo. Cada cúria tinha suas práticas religiosas, seus santuários e seus sacerdotes. Das tribos saía o chefe militar e grande sacerdote. O conjunto das três tribos formava o populus romanus (povo romano). Só pertencia ao povo romano o membro de uma gens, que era, também, a partir desta, membro de uma cúria e de uma tribo. Os membros das tribos submetidas pela população ro-mana nativa não faziam parte das gens e eram chamados de plebeus. Eram homens livres; podiam possuir propriedades territoriais, pagavam impostos e prestavam serviços militares, sem, no entanto, terem o direito de exercer funções públicas ou partilhar da repartição das terras conquistadas pelo Esta-do Romano. Os plebeus, portanto, não eram cidadãos e sim súditos de Roma. Além dos patrícios e plebeus existiam os clientes, ho-mens livres, mas dependentes de um aristocrata romano, que lhes dava um pedaço de terra em troca do pagamento de uma taxa e de prestação de trabalho. Resumindo, os clientes tinham uma dependência pes-soal com um aristocrata, os plebeus dependiam do Estado e os escravos eram propriedade da família patrícia. Alguns autores afirmam que durante a realeza a socie-dade romana não era tão estratificada, poi houve reis e ma-gistrados com nome de origem plebéia. Porém afirhma-se que a aristocratização da sociedade romana foi se acentuan-do cada vez mais, na medida em que os plebeus eram priva-dos de muitos de seus direitos. Quanto à organização política da monarquia romana, podemos afirmar que Roma era governada por um rei, que tinha o título de rex sacrorum. Era ao mesmo tempo chefe militar, juiz supremo e sumo sacerdote, sendo escolhido en-tre os chefes militares e religiosos saídos das três tribos ro-manas. O conselho dos anciãos formava o senado, que pres-tava assistência ao rei. Seus membros eram recrutados entre as mais ricas e nobres famílias romanas. Todos os homens adultos pertencentes ao populos romanus reuniam-se em assembléias, por cúrias – comitia curiata -, onde elegiam os chefes, declaravam a guerra ou firmavam a paz. Segundo a

Page 15: História Mesopotamia

HISTÓRIA

15 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

tradição, a monarquia romana teve sete reis, sendo Rômulo o primeiro. Durante o domínio etrusco, a aristocracia se fortaleceu, enquanto a situação dos plebeus se agravou. Os pequenos proprietários de terras, endividados, eram transformados em escravos dos patrícios. Ocorreram lutas entre patrícios e ple-beus. Um rei romano de origem etrusca, Sérvio Túlio. Reali-zou importante reforma socila no século IV a.C. A REFORMA DE SÉRVIO TÚLIO Sérvio Túlio dividiu a população em cinco classes, de acordo com a renda de cada indivíduo. Cada classe deveria contribuir com um certo número de soldados para o exército. As questões militares passaram a ser decididas nas assem-bléias das centúrias, qu8e eram divisões do exército romano em cem homens, comandados pelo centurião. As centúrias patrícias conseguiam impor sua posição porque eram em maior número. A reforma implementada por Sérvio Túlio parece Ter concedido alguns direitos aos plebeus, entre eles o acesso ao serviço militar. A REPÚBLICA ROMANA (DE 459 a.C. A 31 a.C.) De acordo com a tradição lendária, a monarquia teve fim em 509 a.C., quando a aristocracia rebelou-se contra a do-minação etrusca e a tirania do rei Tarquínio, que foi deposto. O senado assumiu o poder, transformando-se na mais pode-rosa instituição política do mundo romano. A aristocracia continuou a ser a classe que dominava a vida econômica e política da cidade, ocorrendo uma tendên-cia para uma estratificação mais acentuada da sociedade romana. O endividamento dos pequenos proprietários levava ao aumento do número de escravos, dos trabalhadores ser-vis e mesmo do s clientes. Acirraram-se os conflitos entre pa-trícios e plebeus. Entretanto, também entre os plebeus co-meçou a se evidenciar uma estratificação: os plebeus pobres passaram a lutar pela abolição das dívidas, da servidão por dívidas e pela repartição das terras, enquanto os plebeus mais ricos preocupavam-se principalmente com o acesso aos cargos públicos. Ao mesmo tempo, a cidade de Roma, após consolidar sua hegemonia sobre a liga das cidades do Lácio, passou a organizar lutas contra seus vizinhos, os volscos, équos e hérnicos. As lutas tinham inicialmente caráter defensivo, pas-sando depois a um caráter nitidamente expansionista, visan-do o controle de toda a Itália meridional. A organização política sofreu transformações significati-vas. No lugar do rei passaram a existir dois maginstrados e-leitos por um ano, em tempo de pas – os cônsules -, com plena autoridade sobre os assuntos civis, militares e religio-sos. Em caso de necessidade, como guerras, revoltas ou ca-lamidades, os cônsules eram substituídos por um ditador, que teria poder absoluto pelo período de seis meses. Os ro-manos passaram a identificar a liberdade política com o go-verno eleito por tempo determinado.

Além dos cônsules, existiam outras instituições: o sena-do, a instituição mais poderosa da república romana e da qual só participavam os patrícios, e a assembléia popular, que também teve sua importância política aumentada, pois, de simples órgão que registrava os editos reais, passou a vo-tar as questões que lhe eram apresentadas pelos cônsules; mas nunca chegou a Ter os mesmos poderes que as as-sembléias das cidades-estados gregas. INTENSIFICAÇÃO DE LUTA ENTRE PATRÍCIOS E PLEBEUS

Para se compreender a intensa luta travada entre ple-beus e patrícios é necessário ter-se uma visão geral de es-trutura econômica e social vigente em Roma, pelo menos até o final da república.

A agricultura era a atividade básico, predominando a pequena propriedade rural, cultivada pelo próprio dono, às vezes auxiliado por escravos. As mesmo tempo, as terras pertencentes ao Estado – ager publicus – aumentavam con-sideravelmente principalmente quando se acentuou a ten-dência expansionista. Essa terras deveriam ser cedidas aos membros da comunidade: os terrenos desocupados seriam cedidos como pastos, e os terrenos já ocupados, na época da conquista, estariam sujeitos ao pagamento de taxas. A maior parte das terras públicas, porém, era abandonada e in-culta, sendo ocupada por particulares, sem o pagamento de qualquer taxa.

Na apropriação dessas terras, a aristocracia patrícia sempre levava vantagem, principalmente porque eram seus membros que ocupavam os principais cargos públicos. O se-nado e a magistratura eram monopólio dos patrícios. A parti-cipação dos plebeus na comitia centuriata (assembléia da centúria) era puramente formal, pois a aristocracia detinha o poder de decisão, uma vez que as centúrias patrícias eram mais numerosas. Os plebeus também não podiam casar com patrícios nem podiam ser sacerdotes.

Essa situação foi se agravando cada vez mais, porque os plebeus também passaram a Ter participação na vida mili-tar; e como as campanhas militares se intensificavam, os pe-quenos proprietários, que se mantinham muito tempo afasta-dos de suas propriedades, ficavam sujeitos à ruína, enquanto as propriedades dos patrícios eram aumentadas, progressi-vamente, com as novas conquistas.

No ano de 494 a.C., os plebeus abandonaram Roma e foram para o Monte Sagrado, próximo à cidade. Essa retira-da significou em enfraquecimento do exército romano, o que levou os patrícios a admitirem uma série de concessões aos plebeus. A principal concessão foi o direito de eles elegera-em um tributo da plebe, com poder de veto sobre as deci-sões dos magistrados, com exceção das decisões militares. Esses tribunos, inicialmente em número de dois e mais tarde de dez, gozavam de inviolabilidade pessoal e residencial, pois suas casas eram consideradas lugares de “asilo”. Torna-ram-se verdadeiros protetores da plebe, já que, além das a-tribuições já citadas, podiam impedir qualquer ação do Esta-

Page 16: História Mesopotamia

HISTÓRIA

16 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

do contra os plebeus, através da simples oposição a essa medida – intercessio.

As leis romanas eram baseadas na tradição e interpre-tadas pelos patrícios. Os plebeus, num processo semelhante ao ocorrido na Grécia, passaram a exigir leis escritas, o que levou ao aparecimento, em 450 a.C., do primeiro código de leis escrito da história romana – a Lei das Doze Tábuas -, re-digido por uma comissão de decuriões composta de patrícios e plebeus.

Uma década depois, por proposta dos tribunos da plebe Licínio e Séxtio, os plebeus conseguiram conquistar o direito de um dos cônsules ser de origem plebéia. Mais tarde, obti-veram também o direito de ocupar o cargo de ditador.

A aristocracia romana, porém, soube absorver as con-quistas sociais e políticas dos plebeus e manteve o controle do Estado, fosse através do sistema de votação na comitia centuriata, que inviabilizava a participação dos cidadões mais pobres, fosse através da arregimentação dos clientes, que foi perdendo seu caráter de base eleitoral.

Em 445 a.C., foram permitidos os casamentos entre ple-beus e patrícios, o que levou a uma associação entre as fa-mílias plebéias mais ricas e os patrícios, fazendo surgir uma nova aristocracia – a nobilitas -, composta de um número re-duzido de famílias que, durante muito tempo, controlaram o acesso aos mais elevados cargos do Estado.

Com a expansão militar romana, novas magistaturas fo-ram criadas: os protetores, que cuidavam dos assuntos juri-ciários; os censores, que dividiam os cidadões segundo os bens e preparavam a lista dos senadores; os edis, que cui-davam do abastecimento e da vigilância da cidade de Roma; os questores, que administravam o tesouro público. Os ple-beus conseguiram Ter acesso a todos esses cargos, porém, cada vez mais se acentuava a divisão interna da camada plebéia entre pobres e ricos. EXPANSÃO ROMANA: AS CONQUISTAS

Foi durante o período republicano que Roma se trans-formou de simples cidade-estado em um grande império, vol-tando-se inicialmente para a conquista da Itália e mais tarde de todo o mundo mediterrâneo.

O imperialismo romano se estendeu pelo período de quase um milênio, desde a época da monarquia até o Baixo Império. Como a expansão imperialista provocou profundas transformações na vida econômica, social e política de Ro-ma, podemos identificar diferentes fatores para justificá-la em épocas determinadas da história romana. Para simplificar o estudo desses fatores, dividiremos a expansão em duas fa-ses: a primeira, que se estende até o século III a.C., identifi-cada com a conquista da Itália; e a Segunda, que correspon-de à formação do poderoso império mediterrâneo.

Na primeira fase, o fator determinante da expansão foi a necessidade de novas terras cultiváveis, numa sociedade onde o desenvolvimento das forças produtivas era limitado e o conflito entre aristocracia e pequenos proprietários bastan-te acentuado. A disputa pelas terras do Estado, que aumen-tava, ao mesmo tempo que encontrava na conquista uma

válvula de escape e uma motivação para a luta, acirrava as lutas internas entre a aristocracia e a plebe. A aristocracia ru-ral, através da conquista, ampliava sues domínios territoriais e seu poder político e militar, estabelecendo alianças com as aristocracias dos Estados conquistados e aumentando os contingentes de seu exército, uma vez que Roma integrou, progressivamente, as regiões conquistadas ao seu sistema político, admitindo seus habitantes como cidadões romanos, em graus diferenciados.

Para as massas camponesas, a conquista representava um alívio, na medida em que possibilitava o aumento das u-nidades de produção familiares, sempre sujeitas a profunda fragmentação pelo direito de herança e pagamento de dotes. Além desse fator, a participação, ainda que minoritária, na divisão das presas de guerra.

Na Segunda fase imperialista, quando os latifúndios es-cravistas (propriedades aristocráticas, com mão-de-obra es-crava e produção especializada, voltada para o mercado) dominaram a economia romana, o fator determinante do ex-pansionismo militar passou a ser recrutamento da mão-de-obra escrava, obtida a partir das populações vencidas. Estu-daremos mais detalhadamente esse período na transição da república para o império e na fase imperial. A CONQUISTA DA ITÁLIA

Em princípio do século V a.C., o objetivo fundamental da aristocracia romana era manter sua hegemonia na região do Lácio, o que preocupava as cidades etruscas.

Os latinos que viviam próximos a Roma sabiam que sem a ajuda romana não poderiam conter nova dominação etrus-ca. Formaram, então,uma liga das cidades latinas, sob o co-mando de Roma.

Em 449 a.C., os sabinos foram derrotados pelo sroma-nos, que se apoderaram de boa parte do seu território. Pouco depois, os latinos venceram os volscos, que queriam isolálos do mar, e novas colônias romanas foram instaladas nos terri-tórios ocupados.

Em 395 a.C., os romanos venceram a cidade etrusca de Veios, numa luta iniciada pelo controle da foz do rio Tibre. Após essa vitória se seguiu-se uma derrota, por volta de 390 a.C., quando os gauleses que organizavam expedições de saque às regiões do sul da Etrúria chegaram ao território ro-mano, saquearam a população e exigiram o pagamento de resgate, em dinheiro, para a libertação da cidade.

A invasão dos gauleses levou as cidades latinas a refa-zerem a aliança com Roma, que andava bastante abalada. Até meados do século IV a.C., a expansão deveu-se à liga latina, dissolvida em 340 a.C., quando a sublevação das ci-dades latinas levou Roma a submetê-las totalmente à sua hegemonia. A partir daí, a conquista passou a ser feita sob o controle absoluto de Roma, mas as colônias instaladas ti-nham um caráter latino.

De 327 a 290 a.C., Roma guerreou contra os samnitas pelo domínio da fértil região da Campânia. A maior parte dos samnitas acabou se aliando aos romanos.

Page 17: História Mesopotamia

HISTÓRIA

17 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Posteriormente, Roma submeteu o norte da Etrúria, cu-jos domínios compreendiam a Itália central e parte da Itália setentrional. Quando a supremacia romana se estendeu ao sul da Itália, algumas cidades gregas, como Nápoles, alia-ram-se a Roma, enquanto outras, como Tarento, declararam-lhe guerra.

Em 272 a.C., o sul da Itália, inclusive Tarento, se ren-deu. Toda a península Apenina, exceto o vale do Pó, passou ao domínio romano.

Ao conquistarem uma região italiana, pelo menos um terço do território ocupado era apropriado pelo Estado – ager publicus – e distribuído aos cidadãos romanos, para várias finalidades: instalação de colônias, distribuição de lotes indi-viduais ou ocupação pela aristocracia, que tinha os meios disponíveis para o seu aproveitamento. A EXPANSÃO FORA DA ITÁLIA

A expansão fora do território italiano teve início com as Guerras Púnicas, contra Cartago, cidade-estado fenícia loca-lizada ao norte da África, que por volta do século III a.C. do-minava o comércio do Mediterrâneo possuindo colônias na Sicilia, Sardenha, Córsega, Espanha e em toda a costa se-tentrional da África.

Os conflitos entre Roma e Cartago se iniciaram a partir da expansão romana pela Itália meridional. Quando Roma anexou os portos italianos do sul e os interesses de Nápoles e Tarento (colônias gregas rivais de Cartago) se tornaram in-teresses romanos, a guerra passou a ser inevitável. Era qua-se certo que Roma, como líder dos gregos ocidentais, iria in-tervir na luta secular entre sicilianos e cartagineses.

A maior parte da ilha da Sicília era habitada por cartagi-neses, em luta constante com as colônias gregas ali existen-tes. Os romanos intervieram nessa luta e uma de suas legi-ões ocupou a cidade de Messina. Os cartagineses declara-ram guerra a Roma.

As forças das duas potências eram bastante equilibra-das, pois o poderio de ambas era sustentado por uma comu-nidade de cidadãos e um poderoso exército, apoiado por ali-ados em caso de guerra.

Nas três Guerras Púnicas (de 264 a.C. a 146 a.C.), os romanos venceram os cartagineses, impondo seu domínio na Sicília, Córsega e Sardenha, além da Espanha, que só foi to-talmente integrada ao império romano após a total submissão dos celtiberos, em 133 a.C. Portugal, por sua vez, caiu sob o domínio romano em 140 a.C., quando os lusitanos, liderados por Viriato, foram vencidos pelas tropas romanas. Parte do norte da África também foi dominada pelos romanos, a partir da queda e destruição de Cartago, em 146 a.C. Todo o Medi-terrâneo Ocidental passou para o domínio romano.

Ao mesmo tempo em que estava envolvida com as Guerras Púnicas, Roma voltou sua atenção para o Mediter-râneo Oriental, onde o império formado por Alexandre Magno havia se desagregado.

A Macedônia, aliada a Cartago na Segunda Guerra Pú-nica, foi derrotada em 197 a.C., tornando-se protetorado ro-mano. Posteriormente, com a revolta dos macedônios, Roma

dominou totalmente a região, transformando-a em província romana, em 168 a.C.

A Síria foi vencida em 189 a.C., seguindo-se depois a conquista da Grécia e da Ásia Menor e o estabelecimento de um protetorado romano no Egito.

Com a conquista da Gália Transalpina, efetivada por Jú-lio César (51 a.C.), a Roma republicana transformou-se no maior império da Antiguidade. CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO ROMANA

A expansão romana exigiu uma nova forma de adminis-trar as terras conquistadas e, no plano interno, trouxe pro-fundas modificações na sociedade.

A partir da conquista de terras fora da península Apeni-na, Roma passou a agrupar os territórios anexados em pro-víncias, cujo sistema de exploração sofreu profundas trans-formações. Enquanto na expansão inicial dava-se ênfase à conquista das terras incorporadas ao ager publicus, às alian-ças políticas e ao fornecimento de soldados, na fase pos-terior da expansão romana destacava-se a cobrança de tribu-tos anuais, em espécie ou moeda, o pagamento de indeniza-ções de guerra, a exclusividade na exploração das minas e principalmente o recrutamento de escravos entre a popula-ção dominada.

Nas regiões dominadas ficavam o exército e os gover-nadores, que controlavam o poder civil e militar. A arrecada-ção dos impostos provinciais era arrendada pelo Estado ro-mano a particulares – os publicanos – que se tornaram um poderoso grupo, de grande importância nas lutas sociais tra-vadas no final do período republicano.

A expansão romana provocou transformações radicais na vida econômica e social de Roma, sem, no entanto, alte-rar sua estrutura política.

Roma continuava sendo uma cidade-estado governada pela aristocracia, através do seu principal órgão político – o senado. A camada aristocrática havia alterado sua com-posição, com a incorporação dos plebeus ricos, mas não havia alterado suas concepções nem seus objetivos de controle ex-clusivo do poder. Mesmo essa nova aristocracia – a nobilitas – só muito lentamente recrutava novos quadros entre as cama-das de maior renda, os équites ou cavaleiros, que passavam a ser conhecidos como "homens novos", discriminados pela oli-garquia que tradicionalmente controlava o poder.

Por outro lado, os plebeus, como já vimos anteriormen-te, sofreram profunda estratificação interna, e os tribunos da plebe, pertencentes às camadas plebéias ricas, afastavam-se cada vez mais das camadas populares.

Os pequenos proprietários, devido à mobilização per-manente para a guerra, foram prejudicados e passaram a ter dificuldades de readaptação na vida agrícola, o que levou grandes contingentes populacionais a migrar as grandes ci-dades, enquanto outros grupos de pequenos proprietários ar-ruinados passaram a trabalhar como camponeses contrata-dos por grandes proprietários – os coloni.

A concentração de propriedades rurais levou ao apare-cimento do latifúndio. Havia, portanto, em Roma, capital a-

Page 18: História Mesopotamia

HISTÓRIA

18 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

bundante nas mãos da aristocracia e mão-de-obra disponí-vel, principalmente com o aumento do número de escravos. A especialização agrícola, com produção voltada para o mer-cado, passou a dominar a vida econômica romana.

Foram essas transformações que geraram tensões, res-ponsáveis pela crise da República: disputa entre a aristocra-cia da cidade de Roma e as elites provinciais; tensões no in-terior do exército, que necessitava do recrutamento dos camponeses, mas cuja ação só beneficiava os senadores e os équites; tensões de caráter étnico e cultural, agravadas pela escravização das populações submetidas.

Coliseum, usado na política do pão e circo, na tentativa

de apaziguar os cidadãos romanos. A CRISE DA REPÚBLICA

É quase impossível determinar, cronologicamente, quando a sociedade romana passou a ser essencialmente escravista. A escravidão já existia desde o período da reale-za, mas como uma relação de produção sem grande impor-tância para a vida romana. O certo é que, com a aceleração do expansionismo romano, o escravo passou a ser a base do sistema produtivo. A partir do século II a.C., essa transforma-ção passa a ser bem evidente.

As revoltas dos escravos foram mais explosivas e cons-tantes no meio rural. Dentre elas destacam-se as ocorridas na Sicília, entre 136 e 133 a.C., onde os escravos chegaram a tomar o poder, estabelecendo um governo monárquico. Também no reino de Pérgamo, na Ásia Menor, escravos e cidadãos pobres, liderados por Aristônico, revoltaram-se con-tra Roma, sendo derrotados em 130 a.C. Essas revoltas pre-ocuparam a aristocracia romana, mas não abalaram O sis-tema escravista, que se consolidava cada vez mais.

Os escravos urbanos também participaram das lutas po-líticas, particularmente daquelas travadas no final da repúbli-ca, mas não como uma camada social portadora de reivindi-cações e sim como massa de manobra de grupos políticos. A REFORMA DOS GRACO

Uma das questões centrais das lutas internas dos roma-nos era a disputa pela terra entre os ricos e os camponeses pobres.

Durante a primeira metade do século II a.C., o senado ainda manteve uma política de colonização intensa na Gália cisalpina e na parte sul da Itália, mas não na Itália central, onde já predominavam os latifúndios escravistas. Mas a dis-tância entre regiões colonizadas, a pequena extensão dos lo-tes e os poucos recursos disponíveis levaram os colonos a abandonar as zonas de colonização. O fim dessas colônias provocou um aumento de tensão em Roma.

Alguns elementos progressistas da aristocracia romana, influenciados pela cultura grega, bastante forte nesse perío-do, pensaram em reformas sociais. Um desses elementos foi o senador Tibério Graco, que preparou um projeto visando melhorar a combatividade do exército romano, desmoraliza-do pela sua rendição, quase sem luta, na Espanha.

Segundo Tibério Graco, a melhoria da combatividade do exército dependia da melhoria das condições de vida dos camponeses pois, nesse período, o campesinato constituía a base do exército romano. Assim, resolveu conceder terras àqueles que não as possuíam em quantidade suficiente para sobreviver.

Como tal proposta só poderia ser aprovada pela assem-bléia popular, e só os tribunos podiam apresentar projetos, ele candidatou-se a esse posto e venceu as eleições.

O projeto de Tibério Graco limitava a quantidade máxi-ma de terras públicas que uma família poderia possuir em 500 iugera (medida romana) para o chefe e 250 por filho (até o máximo de dois). Essas terras se tornariam propriedade dos seus concessionários, porém aquelas concedidas aos pobres não se tornariam propriedade particular, pois não po-deriam ser vendidas e estavam sujeitas ao pagamento de ta-xas de arrendamento.

No dia da votação do projeto, uma multidão de campo-neses reuniu-se em Roma. Os senadores, para não perde-rem a votação, recorreram a um antigo recurso constitucional romano – o veto de um tribuno a qualquer lei. O veto foi dado por Otávio. Tibério recorreu a um meio inconstitucional e pe-diu à plebe que afastasse Otávio e aprovasse a lei.

Para a execução da lei era necessário o poio dos tribu-nos, que eram eleitos anualmente. Tibério candidatou-se no-vamente para o posto, além de procurar eleger outros candi-datos seus. Como a reeleição de um tribuno era contrária à tradição romana, a aristocracia passou a acusá-lo de preten-der instalar um governo tirano. No dia das eleições houve um conflito armado, onde Tibério e muitos de seus partidários fo-ram mortos.

Caio Graco, irmão de Tibério, foi eleito tribuno em 124 a.C., e apresentou um projeto de reformas muito mais amplo à assembléia. Entre suas propostas, incluíam-se uma lei que estendia a todo o mundo romano as terras concedidas aos pobres; um programa de obras públicas para dar ocupação à plebe urbana; uma reforma judiciária que favorecia camadas intermediárias, tirando o papel de juiz dos senadores e trans-ferindo-o para os cavaleiros (comerciantes), que passaram também a exercer importante papel nas finanças públicas com o arrendamento da cobrança dos impostos provinciais.

Com a lei frumental, iniciou-se a distribuição de trigo pa-ra a população romana. subvencionada pelo Estado. Esse

Page 19: História Mesopotamia

HISTÓRIA

19 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

hábito assumiu grande importância no século I a.C., tornan-do-se totalmente gratuito a partir do ano de 58 a.C.

Caio Graco, em sua campanha à reeleição, sugeriu que a assembléia estendesse os direitos de cidadania a todos os aliados de Roma, mas o projeto foi derrotado e o senado or-denou a expulsão de todos aqueles que não eram cidadãos romanos.

Tentando derrubar Caio Graco, os aristocratas denunci-aram-no como sendo inimigo da religião e da pátria, alegan-do que ele havia fundado, em Cartago, uma colônia numa re-gião considerada amaldiçoada. Caio Graco foi perseguido e seus partidários foram derrotados pelo senado. Temendo tornar-se prisioneiro, pediu a um escravo que o matasse.

Os únicos beneficiários das reformas dos Graco foram os cavaleiros, que há muito pretendiam participar das estru-turas efetivas de poder do Estado. Os camponeses, porém, continuaram a perder suas terras e os latifúndios continua-ram sua expansão.

As tentativas de reforma não conseguiram restaurar a propriedade camponesa nem a estrutura do exército, basea-da no recrutamento dos cidadãos. O exército passou, pro-gressivamente, a ser profissional, composto por mercenários que faziam da vida militar seu meio de sobrevivência (ver a-diante as reformas de Mário). A GUERRA CIVIL: MÁRIO E SILA

A classe senatorial consolidou seu do mínio sobre a ci-dade de Roma e continuou sua política de conquistas.

Uma das primeiras grandes investidas do exército roma-no foi sobre a Numídia, ao norte da África. Mas os generais romanos, mais preocupados com seus interesses particula-res do que com os do Estado, eram subornados pelo rei da-quela região e a guerra se tornava indefinida. A conquista de-finitiva da Numídia aconteceu quando a assembléia romana elegeu como chefe das tropas africanas o incorruptível Caio Mário, que foi reeleito cônsul e general-chefe.

Mário iniciou uma série de reformas no exército, ao per-ceber que sua base de recrutamento – os camponeses – não tinha grande interesse em lutar, o que provocava indisciplina e deserção. Passou também a convocar a classe dos prole-tarii (indivíduos sem bens e com prole para sustentar), con-trariando a tradição romana, que restringia o recrutamento militar aos proprietários. Os soldados passaram a ser assala-riados, passo decisivo para a profissionalização militar.

Nessa época, a situação de Roma era difícil. Explodiram revoltas de escravos na Sicília, e povos itálicos se rebelaram por não gozarem do direito de cidadania romana, apesar de serem seus aliados.

Os dois principais generais romanos, Mário e Sila, foram enviados para submeter os revoltosos. A luta durou três a-nos, e Roma só pôde vencê4a após uma série de expedien-tes para dividir os aliados.

Antes do final da revolta dos itálicos, Roma teve de en-frentar outro adversário -Mitridates, rei do Ponto, que conse-guiu reu nir boa parte do Oriente helenizado e massacrar to-da a população latina da Ásia Menor. Roma preparou-se pa-

ra enviar tropas contra Mitridates. Os partidos popular e aris-tocrático apresentaram, como candidatos ao comando das tropas, Mário e Sila, respectivamente. O vencedor foi Sila, que partiu para o Oriente.

Aproveitando-se de sua ausência, Mário e seus seguido-res se apossaram do poder em Roma. No entanto, no Oriente, Sila fez um acordo com Mitridates e retornou a Roma, onde derrotou Mário e seus partidários. A partir daí (82 a.C.) instau-rou uma ditadura em Roma, tornando-se ditador vitalício.

Durante essa ditadura, Sila anulou o poder dos tribunos, limitou os direitos da assembléia popular e entregou o contro-le da justiça à aristocracia senatorial. Em 79 a.C. abdicou, re-tirando-se para a Sicília. A CRISE CONTINUA

As lutas entre as diferentes facções e partidos políticos acirravam-se cada vez mais.

É importante notar que essas lutas eram disputas entre a classe aristocrática romana e as elites provinciais. Mas, na desorganização provocada por essas disputas, setores das camadas mais pobres e os próprios escravos também mani-festavam sua insatisfação. Foi o que ocorreu, por exemplo, na Campânia, no ano 70 a.C., quando milhares de escravos, liderados por Espártaco e ajudados pelos proletários rurais da Itália, se rebelaram. Essa rebelião foi reprimida por Cras-so, homem rico, saído da classe dos cavaleiros.

Também no Oriente, Roma conseguiu se impor a Mitrida-tes, vencido por Pompeu, que anexou a Síria e a Palestina.

O partido democrático, liderado por Júlio César e finan-ciado por Crasso, voltou a se manifestar em Roma, para ten-tar controlar o poder na cidade, aproveitando-se da ausência de Pompeu, que combatia no Oriente. Seu instrumento foi Catilina, um nobre arruinado e com fama de demagogo e conspirador, com grande influência sobre os desclassificados de Roma, Apoiado por Júlio César e Crasso, tentou várias vezes, inutilmente, ser eleito cônsul. Em 63 a.C., apoiado por soldados que haviam lutado contra Mário e estavam empo-brecidos, tentou organizar uma conjuração em Roma. Seu plano foi descoberto e denunciado pelo cônsul Cícero. Catili-na foi derrotado e morto pelas forças do senado. O PRIMEIRO TRIUNVIRATO

Em 60 a.C., César, Pompeu e Crasso firmaram um pac-to secreto para dividir o governo. Esse acordo denominou-se triunvirato (governo de três pessoas). Com a ajuda de Pom-peu e Crasso, César conseguiu ser eleito cônsul e tornou-se o elemento encarregado da execução de medidas propostas pelos três. Distribuiu terras da Campânia para os soldados de Pompeu; apoiou os partidários de Crasso na expulsão de Cícero, senador aristocrático contrário às reformas de Roma; fez com que as soluções adotadas por Pompeu, em relação ao Oriente, fossem confirmadas pela assembléia. Para si, ga-rantiu o governo das Gálias cisalpina e transalpina. Toda a Gália foi subjugada por César, o que lhe permitiu conquistar uma reputação militar e recursos materiais ilimitados, que lhe

Page 20: História Mesopotamia

HISTÓRIA

20 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

tornaram possível comprar a devoção dos seus soldados. Nessa fase de acirrada disputa política, os soldados manti-nham-se fiéis aos seus generais, em função dos interesses clientelísticos que estes pudessem lhes garantir.

Durante a campanha da Gália, César procurou manter o triunvirato. Após a morte de Crasso, aumentaram os conflitos entre César e Pompeu. César não respeitava as limitações constitucionais do seu cargo e voltava-se contra o senado, que também o temia.

Com a expiração do mandato de César nas Gálias, o senado propôs-lhe que retornasse a Roma, onde seria can-didato a cônsul, e que dispersasse seu exército, o que ele se recusou a fazer pois sabia que isso significava perder seu poder e ser destruído pelo senado.

César invadiu a Itália e marchou sobre Roma. Os sena-dores abandonaram a cidade e Pompeu retirou-se para a península Balcánica, onde, pouco tempo depois, foi abatido por César, que também derrotou seus exércitos na Espanha.

O Egito, onde havia uma disputa pelo poder entre os herdeiros, também foi alvo de César. Ele colocou a rainha Cleópatra no poder e deixou o Egito em 47 a.C. A DITADURA DE CÉSAR

Ao retornar a Roma, César tornou-se o chefe do Estado romano, ocupando, ao mesmo tempo, o cargo de tribuno e de cônsul. Procurou manter o funcionamento formal das insti-tuições republicanas, mas submetendo-as totalmente ao seu controle. Na luta contra o senado, apoiou-se nas camadas mais baixas da assembléia popular e nos veteranos do exér-cito das províncias ocidentais.

César foi assassinado pela facção republicana do sena-do, em 44 a.C., mas seu desaparecimento não restituiu o po-der ao senado, que, representando a oligarquia, era comba-tido pelo exército, pela plebe e pelas camadas ricas, que não partilhavam do poder.

O SEGUNDO TRIUNVIRATO

Com a morte de César, seus seguidores Marco Antônio e Lépido controlaram as tropas e impediram qualquer domí-nio político por parte do senado, que aceitou o acordo pro-posto por Marco Antônio para garantir todos os atos de Cé-sar, mas a disputa entre os seguidores deste e a classe se-natorial continuou.

Bruto e Cássio, senadores que lideraram a conspiração contra César, escaparam para o Oriente, onde controlaram parte do exército sediado na Macedônia, enfraquecendo a posição de Antônio.

Na Itália, Otávio, sobrinho de César, exigiu participação no governo e devolução do dinheiro retirado do espólio de seu tio. Antônio recusou-se a aceitar as exigências impostas e os veteranos de guerra de César ficaram com Otávio, que ofereceu seus serviços ao senado, sendo aceito. A maior parte dos soldados do senado passou para o comando de Otávio, que recebeu o título de cônsul e condenou os assas-sinos de César.

O esperado choque entre Antônio e Otávio não ocorreu. Como nenhum deles conseguiria governar sozinho, acaba-ram entrando em acordo e formaram, juntamente com Lé-pido, o segundo triunvirato.

Pelo acordo, dividiram entre si as principais províncias ocidentais do império e receberam poder ilimitado, por cinco anos, para reorganizar o Estado. O acordo foi ratificado pela assembléia popular.

Para garantir a "reorganização do Estado" instaurou-se o terror em Roma, com o objetivo de eliminar a oposição e le-vantar fundos para o pagamento dos soldados.

Antônio e Otávio dirigiram-se para a Macedônia, onde derrotaram o exército de Bruto e Cássio. Antônio foi para o oriente e Otávio retornou à Itália, onde começou a expropriar terras para doá-las a seus soldados.

O governo autocrático, instaurado por Antônio no Orien-te, reabilitou Otávio junto à população romana, revoltada com os confiscos de terra. Quando Marco Antônio começou a do-ar províncias romanas aos herdeiros de Cleópatra, sua favo-rita, Otávio apresentou-o aos romanos como traidor de seus ideais. O senado apoiou Otávio, e toda a aristocracia da Itália e das províncias lhe jurou fidelidade.

Em 34 a.C., na batalha de Áctium, Marco Antônio foi derrotado pelo exército romano e, após sua morte e o suicí-dio de Cleópatra, o Egito transformou-se em província roma-na. Começava a nascer a Roma Imperial. ROMA IMPERIAL E A CENTRALIZAÇÃO DO PODER

Durante as guerras civis, acumularam-se grandes fortu-nas em Roma. A anarquia nas províncias e a falta de eficiên-cia do governo central propiciaram o enriquecimento extraor-dinário dos generais e governadores de províncias. Os go-vernadores, juntamente com os équites, enriquecidos com a espoliação das províncias, passaram a fazer parte da classe senatorial.

Roma transformou-se no maior centro comercial e finan-ceiro do mundo. O envio de riquezas do Oriente enriqueceu ainda mais a península. Os pequenos proprietários se arrui-navam, pois os cereais eram importados das províncias a preços ínfimos.

Graças à grande entrada de capitais vindos das provín-cias, houve grande desenvolvimento da manufatura, princi-palmente após a chegada de escravos especializados, vin-dos da Grécia e do Oriente. Ao mesmo tempo em que Roma

Page 21: História Mesopotamia

HISTÓRIA

21 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

florescia, as províncias se empobreciam, devido à espoliação dos governadores e dos cavaleiros.

As classes dominantes de Roma, juntamente com os ci-dadãos romanos, diante da anarquia gerada pelas guerras civis, sentiram necessidade de reformas para integrar efeti-vamente o enorme território imperial, mantendo uma relativa paz e progresso interno, sem perder sua situação privilegia-da. Otávio expressou e interpretou esse desejo, estabele-cendo um governo centralizador e autocrático – o principado, isto é, o governo do primeiro homem do Estado (princeps).

O PRINCIPADO DE AUGUSTO

As reformas empreendidas por Augusto (título recebido por Otávio e pelo qual ele passou a ser conhecido) possibili-taram a unidade política do império. Ele liberou os cam-poneses da obrigação do serviço militar e profissionalizou to-talmente o exército; distribuiu lotes de terras aos soldados desmobilizados; estabilizou as fronteiras do império e alterou o sistema fiscal das províncias, nomeando funcionários rigi-damente fiscalizados, pagos pelo Estado para controlar a ar-recadação de impostos; incentivou a criação de um sistema de comunicação entre as províncias e ao mesmo tempo rea-lizou nelas muitas obras de urbanização.

Sob o ponto de vista político, Augusto manteve a ilusão da república, pois formalmente as instituições republicanas continuaram em funcionamento. O poder, anteriormente exer-cido pelo senado, passou a ser centralizado pelo imperador, que abriu as funções senatoriais e outras magistraturas para membros de famílias italianas das províncias, equilibrando as tensões entre a aristocracia romana e as elites provinciais.

A nobreza senatorial manteve seus privilégios. Os ca-valeiros, apesar de perderem o controle da arrecadação de impostos, continuaram a ser a segunda classe da socieda-de romana.

O império foi dividido em províncias senatoriais, sob a administração do senado, e províncias imperiais, fronteiriças, ainda não pacificadas, subordinadas ao imperador, e onde fi-cavam aquarteladas as tropas romanas. Em Roma foi criada a guarda pretoriana para proteger o imperador e evitar tumultos.

Houve, a partir do governo de Augusto, um período de prosperidade no império romano, ficando os dois primeiros séculos da fase imperial conhecidos como o período da pax romana.

O IMPÉRIO DEPOIS DE AUGUSTO

O oposicionismo da classe senatorial às reformas im-plantadas poucas vezes pôde se revelar de forma efetiva na ação política cotidiana, mas se revelou, de forma magistral, na teoria política desenvolvida pelos teóricos dá aristocracia. Perry Anderson evidencia o significado dessa teoria política ao afirmar que "Atenas, que conhecera a mais livre demo-cracia do mundo antigo, não produziu teóricos importantes, defensores desta, enquanto Roma, paradoxal mas logica-mente, que nunca conhecera senão uma oligarquia estreita e oprimente, deu à luz as mais eloquentes odes à liberdade da Antiguidade". O conceito de liberdade pôde atingir o mais alto grau de pureza e profundidade porque era tão restrita a ca-mada que controlava o poder que seu conceito de liberdade estava voltado para seus próprios membros e não para o conjunto dos cidadãos romanos.

O poder exercido pelos sucessores de Augusto teve um caráter mais pessoal e corrupto, mas em Roma a administra-ção pública nunca esteve à mercê dos caprichos do gover-nante, como nas monarquias orientais, sendo sustentada, pelo menos aparentemente, por um sistema de leis civis. Os imperadores transformavam sua vontade em lei, mas através de editos, sentenças e decretos.

A aristocracia provincial foi incorporada de tal forma à a-ristocracia romana que várias famílias italianas formaram di-nastias que se sucederam às famílias patrícias de Roma, como, por exemplo, a dinastia flaviana.

Na dinastia antonina, que se seguiu à flaviana, houve um período de despotismo esclarecido. O crescimento eco-nômico foi acompanhado de expressivo florescimento cul-tural. Surgiram inúmeras manufaturas por todo o império, e o comércio foi intensificado. Em 212, a cidadania romana foi estendida a todos os habitantes livres. A principal atividade econômica continuou sendo a agricultura, então praticada essencialmente pelos escravos, embora os pequenos propri-etários nunca tivessem desaparecido do mundo romano.

Subjacente a essa "prosperidade", havia uma contradi-ção e um limite que começariam a ganhar força nos dois pri-meiros séculos da nossa era, para assumir o caráter de bar-reira intransponível nos séculos III e IV. O crescimento ex-pressivo da mão-de-obra escrava dependia das conquistas e, após a estabilização das fronteiras, com o domínio de pra-ticamente todo o mundo mediterrâneo, essas fontes se esgo-taram, reduzindo-se a produtividade significativamente. O preço do escravo aumentou e, consequentemente, os custos de produção no sistema escravista se elevaram. A reprodu-ção escrava atingiu níveis tão baixos que os senhores passa-ram a incentivar, com prêmios, as escravas que tivessem fi-lhos. Essa baixa taxa de natalidade pode ser explicada pelas próprias condições de vida, que inibiam a reprodução, e pelo desequilíbrio entre os sexos e a quase inexistência de casa-mentos.

As cidades não conseguiram se tornar auto-suficientes e, apesar de toda a urbanização ocorrida e de seu significado para a vida política, continuavam a ser uma extensão do mundo rural.

Page 22: História Mesopotamia

HISTÓRIA

22 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

DECADÊNCIA DO IMPERÉO: O BAIXO IMPÉRIO

Nos séculos III e IV, o trabalho dos escravos começou a se tornar antieconômico. Como a maior parte dos produtos consumidos em Roma era importada das províncias, come-çaram a escassear os metais preciosos. O comércio sofreu uma retração.

Nessas condições, manter escravos era um luxo para os grandes proprietários romanos, que começaram a dividir su-as propriedades em pequenos lotes e arrendá-las a peque-nos produtores, dependentes dos proprietários – os colonos.

Os senhores de escravos também transformavam parte de seus escravos em colonos. Os arrendamentos eram pa-gos em dinheiro ou em espécie, e os impostos, em ascensão para manter os gastos com a máquina estatal, numa fase em que as conquistas haviam cessado, consumiam boa parte do excedente produzido, piorando a situação dos arrendatários, que, endividados, não podiam abandonar a terra. Assim, passou-se progressivamente da escravidão ao colonato.

A instabilidade econômica foi acompanhada de uma ins-tabilidade política, com revoltas camponesas, internamente, e ataques e invasões estrangeiras, ao longo de suas fronteiras.

A crise interna e os ataques externos desorganizaram ainda mais a produção. O sistema fiscal se desintegrou com a desvalorização da moeda, e o pagamento em dinheiro foi substituído progressivamente pelo pagamento em espécie. Em todo o império houve uma tendência à ruralização, com os domínios rurais tornando-se praticamente auto-suficien-tes. As revoltas dos colonos e dos escravos, aliadas às inva-sões bárbaras, enfraqueceram o império.

No início do século III, sucessivos imperadores tentaram reforçar sua autoridade e reestruturar o Estado romano. As concepções políticas orientais foram incorporadas às ins-tituições romanas. A figura do imperador passou a ser divini-zada, e o império, além de despótico, tornou-se teocrático. Os senadores deixaram de ter qualquer função política, e os burocratas, dirigidos pelo imperador, assumiam cada vez mais a direção do Estado romano.

No período de Diocleciano, os exércitos imperiais foram aumentados e o número de legiões foi dobrado, visando a proteção das fronteiras e o policiamento interno.

Diocleciano, percebendo a dificuldade para manter a uni-dade do império, dividiu-o em duas partes e transferiu o con-trole da região ocidental para Maximiano, homem de sua con-fiança. A partir daí, o império passou a ter dois Augustos, cada qual com exército, administração e capital próprios. Esse sis-tema ficou conhecido como diarquia. Posteriormente, o império foi dividido em quatro regiões administrativas, sendo nomea-dos dois auxiliares dos Augustos – os Césares. Esse novo sis-tema, criado por Deocleciano, recebeu o nome de tetrarquia.

Um grande número de bárbaros (povos estrangeiros) passou a ser admitido no exército, e os altos postos militares foram confiados aos homens da cavalaria, perdendo a classe senatorial sua importância política, deslocada para o oficiala-to profissional do exército, que também passou a exercer o governo das províncias. Muitos bárbaros, particularmente germanos, passaram a compor essa nova aristocracia.

Paradoxalmente, a reforma de Diocleciano, continuada por seus sucessores, ao mesmo tempo em que garantiu a estabilidade do império por mais dois séculos, acentuou ain-da mais a crise estrutural do Estado romano pois, ao aumen-tar a máquina administrativa e defensiva do Estado, que ne-cessitava de recursos imensos, aumentava, consequente-mente, a espoliação sobre seus súditos.

Uma das maneiras encontradas pelas massas populares para fugir do pagamento de impostos e dos trabalhos força-dos foi a mudança de domicílio e ocupação. A generalização desse processo levou o Estado a obrigar os trabalhadores a não deixarem suas terras ou as terras arrendadas, transfor-mando-os em servos do Estado.

Após a abdicação de Diocleciano, iniciou-se uma guerra entre os Augustos e os Césares por ele nomeados. O ven-cedor foi Constantino, que tornou o trono hereditário, tendo como suporte de sua dinastia a religião e o exército.

Compreendendo a necessidade da sanção religiosa pa-ra um governo de caráter despótico, Constantino procurou criar uma base de apoio de caráter religioso. A religião mais popular entre seus soldados era o cristianismo, que até então fora perseguido pelas autoridades imperiais. Por isso, no ano de 313, com o Edito de Milão, deu liberdade de culto aos cristãos. EVOLUÇÃO DO CRISTIANISMO NO IMPÉRIO ROMANO

O cristianismo surgiu no século I, durante o governo de Augusto, período em que o império romano foi invadido por concepções religiosas místicas provenientes do Oriente. Uma dessas religiões, o cristianismo, surgido na Galiléia, di-fundiu-se como religião das camadas populares, graças ao trabalho do apóstolo Paulo, seu brilhante organizador.

Durante o governo de Nero teve início a perseguição aos cristãos, provavelmente porque eles se recusavam a a-dorar os deuses romanos (sustentáculo ideológico da socie-dade e do Estado romano), não queriam prestar serviços no exército, negavam a divindade do imperador e pregavam a igualdade, que era uma concepção revolucionária na época.

A partir do século III, com a intensificação da crise eco-nômica social romana, também elementos da aristocracia aderiram ao cristianismo. Nesse período, as comunidades cristãs enriqueceram e começaram a eleger elementos para administrar seus bens: bispos, diáconos etc. Da união das várias comunidades cristãs surgiu a igreja cristã.

Diocleciano, com a política de fortalecimento do poder imperial, organizou a última perseguição aos cristãos. Cons-tantino deu liberdade de culto aos cristãos, transformando a igreja cristã num dos sustentáculos do seu poder. Em 380, Teodósio I, outro imperador romano, transformou o cristia-nismo em religião oficial do Estado romano. FIM DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE

Com a morte de Teodósio I, em 395, o império romano foi dividido entre seus dois filhos: Arcádio, que ficou com o Orien-

Page 23: História Mesopotamia

HISTÓRIA

23 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

te, com capital em Constantinopla, e Honório, que ficou com o Ocidente, com capital em Milão. A partir daí, a separação entre Ocidente e Oriente foi se acentuando cada vez mais.

O último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augús-tulo, tinha sua autoridade restrita praticamente à cidade de Roma. Os hérulos, membros do exército romano, depu-seram-no em 476, colocando no poder seu chefe Odoacro, que intitulou-se rei da Itália. Acabava, assim, a autoridade já desaparecida, na prática, do império romano do Ocidente.

Vítima das contradições internas e do esgotamento do modo de produção escravista, o império, já doente e agoni-zante desde o século III, terá nas invasões bárbaras do sé-culo V apenas um fator de precipitação da sua morte, mas não sua causa.

O feudalismo foi o modelo sócio-político que caracteri-

zou a maior parte da sociedade ocidental durante a Idade Média (séculos V ao XV). Sua principal característica é o re-gime de servidão: uma relação social de produção na qual ocorre dependência e exploração entre um indivíduo consi-derado o senhor e outro, considerado seu servo. Nesse sis-tema, o servo trabalhava nas terras do senhor e este, em tro-ca, lhe promete proteção e lhe permite uma pequena parcela de terra para cultivo próprio.

Outras características do Feudalismo: - Descentralização política: Apesar de terem se formado

diversos reinos – alguns com grandes extensões de ter-ras – boa parte do poder era exercido pelos muitos se-nhores feudais. Cada um desses senhores detinha sob seu controle um pequeno senhorio ou feudo (como eram chamados os domínios do senhor). Para todos os efei-tos, o rei costumava ser o principal senhor feudal do Reino, ao qual todos os senhores feudais prestavam vassalagem

- Suserania e Vassalagem: A relação entre os diversos senhores feudais europeus se dava através de comple-xas relações de suserania e vassalagem. Estas relações são basicamente alianças, nas quais os vassalos pres-tam lealdade aos suseranos, e os apóiam em caso de necessidade. O suserano, por sua vez, se compromete a defender seus vassalos – que geralmente são mais fracos que o suserano – na eventualidade de um ataque ao vassalo por um inimigo. Esta é uma hierarquia verti-cal, na qual muitos senhores eram suseranos de alguns senhores feudais e vassalos de outros, mais fortes. Co-mo regra, no topo desta hierarquia estava o rei, geral-mente o senhor feudal de mais posses e poder militar, ao qual deviam prestar vassalagem todos os senhores feudais de um dado reino.

- Produção para o consumo: Diferentemente do capita-lismo, no regime feudal produziam-se bens principal-mente para o consumo dos habitantes do próprio senho-rio. Dessa forma, buscava-se produzir essencialmente aquilo que iria ser consumido e apenas o excedente de produção era comercializado.

- Comércio reduzido: Na maioria das regiões da Europa da época, o comércio era uma atividade pouco desen-volvida, assim como era pequena a movimentação das populações. O comércio e a urbanização só conhece-ram um maior desenvolvimento a partir da chamada Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XV.

- Sociedade Estamental: A sociedade medieval era, de modo geral, dividida em três ordens ou estados sociais: os que cultivavam a terra, ou seja, os camponeses que eram também os servos; os que guerreavam, que com-punham a nobreza feudal e lutavam nas guerras, e os que oravam, aqueles que formavam o clero, membros da Igre-ja que nesse período possuíam grande poder e prestígio. Tanto a nobreza – os cavaleiros – quanto o clero eram proprietários de terra e, portanto, senhores feudais.

- Predomínio da Igreja romana e teocentrismo: No pe-ríodo feudal, a Igreja católica detinha muito poder e é considerada a maior força política e religiosa da Idade Média, até mesmo se comparada ao poder dos reis e dos senhores feudais. Durante o Feudalismo, a Igreja possuía o monopólio da intermediação entre os homens e Deus, além disso, todos os acontecimentos eram ex-plicados através da religião.

- Condenação do lucro e da usura: A doutrina católica do período condenava o lucro e a usura. Essa condena-ção se tornou um empecilho para o crescimento da pro-dução artesanal e do comércio, tornando-se assim um importante ponto de conflito entre a Igreja e a burguesia. Essa última começava a ganhar força nos centros urba-nos da Baixa Idade Média e a tal condenação se consti-tuía em um obstáculo ao desenvolvimento das suas ati-vidades. Outros dois entraves aos interesses comerciais burgueses eram: a necessidade de criação e circulação de moedas, já que a economia feudal baseava-se prin-cipalmente no sistema de trocas, e a descentralização política que permitia uma grande diversidade de moe-das, pesos e medidas de um feudo para outro.

A CRISE DO FEUDALISMO

A Baixa Idade Média (XI-XV) e o aumento populacional – Após o fim das invasões bárbaras da Alta Idade Média, por volta do século IX, a população da Europa voltou a crescer, levando em seguida à expansão do comércio e ao ressurgi-mento das cidades. Por outro lado, o crescimento populacio-nal agravou outro grande problema: como aumentar a produ-ção de alimentos para atender as necessidades da popula-ção se a Europa já vivia uma crise de abastecimento

Expansão do feudalismo – As inovações técnicas, o au-mento da mão de obra e o fim das invasões bárbaras permiti-ram a geração de um excedente de produção nos senhorios

Page 24: História Mesopotamia

HISTÓRIA

24 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

que passou a ser comercializado. Isso impulsionou o comér-cio e a formação de uma classe mercantil, que transportava e comercializava essa produção. Novas terras começaram a ser exploradas e o feudalismo se expandiu, surgindo grandes movimentos mercantis como o comércio marítimo e as Cru-zadas, que pode ser entendida como a expansão do feuda-lismo europeu para o Oriente. - Surgimento das feiras e burgos: Com o aumento do

comércio, surgiram as feiras (lugar onde se vendia o ex-cedente de produção dos senhorios), que logo cresce-ram e deixaram de ser temporárias para serem perma-nentes. Em seguida, os locais das feiras deram origem as cidades ou burgos, onde comerciantes e artesãos se estabeleceram comprando as terras dos senhores e formando burgos livres da autoridade senhorial. Obti-nham permissão real e pagavam tributos diretamente ao rei, sendo portanto livres de constrangimentos de senho-res feudais. Para lá começariam a fugir muitos servos, reforçando a produção urbana.

- A burguesia: A produção artesanal nas cidades se or-ganizava através das corporações de ofício (uniões hie-rarquizadas de artesãos) que fabricavam um mesmo produto. Os chefes dessas corporações, chamados mestres de ofício, e os comerciantes eram os principais representantes da nova classe social que estava surgin-do, a burguesia.

- A crise do século XIV: Nesse século, uma população de-bilitada pela fome teve que enfrentar uma terrível epidemia: a Peste Negra. Associada às guerras que assolaram a Eu-ropa, a Peste dizimou um terço da sua população. Essa cri-se acentuou as modificações que já vinham ocorrendo no campo e, principalmente, intensificou a fuga de campone-ses para as cidades em busca de melhores condições de vida. O resultado foi uma devastadora escassez de mão-de-obra no campo, exatamente quando a economia medie-val tinha sido atingida por graves contradições.

- A escassez de alimentos: A baixa capacidade de pro-dução agrícola foi um grave problema atravessado pela população européia no período, principalmente para os mais pobres. O problema se agravou ainda mais durante o século XIV. A crise geral do Feudalismo – Foi basica-mente causada pela saturação da exploração dos no-bres sobre os camponeses, em curso desde o século XI. Contudo, o fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi o ressurgimento das cidades e do co-mércio. Com isso, os camponeses passaram a vender mais produtos e, em troca, conseguir mais dinheiro. Dessa forma, alguns servos puderam comprar a própria liberdade, outros, para alcançá-la, promoveram contí-nuas rebeliões. Estabelecendo-se o colapso da velha ordem, a partir de então, as relações de trabalho no campo na Europa ocidental, abandonaram a servidão.

A EXPANSÃO MARÍTIMA E A FORMAÇÃO DE PORTUGAL

Apresentação – Após a crise do século XIV, a Europa necessitava eliminar as barreiras feudais para desenvolver o

comércio através da conquista de novos mercados. Entretan-to, alguns obstáculos se interpunham sobre tais interesses, como por exemplo, o monopólio árabe-veneziano sobre o comércio de produtos orientais, sobretudo, das especiarias. Em vista de tal situação, se apresentou em Portugal a possi-bilidade de encontrar um caminho alternativo para se chegar ao Oriente e, desse modo, comprar diretamente os produtos orientais e assim aumentar os lucros, contornando a África pelo Atlântico e, consequentemente, evitando o Mediterrâ-neo. O ambicioso objetivo exigiria uma ampla mobilização de recursos, pois implicaria em altos investimentos. Para isso era preciso uma acumulação prévia de capital e uma liberda-de em aplicá-lo que só seria possível através da centraliza-ção do poder político. Características gerais da formação dos estados nacionais

Acordo entre Rei, nobreza, clero e burguesia – Com o paulatino enfraquecimento da nobreza feudal, as monar-quias conseguiram se fortalecer no panorama europeu. As novas monarquias foram chamadas de nacionais ou absolu-tas e se mantiveram por toda a Era Moderna européia, entre os séculos XV-XVIII. Na monarquia absoluta, aparentemente, o rei detém todo o poder do Estado em suas mãos. Entretan-to, este nível de centralização de poder pôde ser alcançado apenas mediante uma união de forças com segmentos ecle-siásticos e burgueses. Portanto, para uma harmoniosa políti-ca absolutista, o rei deveria tentar não alienar suas bases de sustentação, especialmente a burguesia que o financiava e a Igreja que o legitimava.

Mercado nacional unificado – Interessava ao comércio e à produção dos burgos um estado nacional para o qual não era necessário pagar taxas alfandegárias para atravessar os senhorios (como acontecia na Idade Média) e que mantivesse a unidade dos pesos, medidas e da moeda em todo o reino. Tudo isso foi estabelecido pelo novo estado absolutista. Dessa forma, o mercado nacional foi unificado pelos interesses do comércio e da produção burguesa. Em consequência disso, na época moderna apareceram novidades nas técnicas de co-mércio como as bolsas de valores, os bancos e as sociedades anônimas que favoreciam a acumulação de capitais.

Língua nacional – Em 1500, o imperador do Sacro-Império Romano Germânico, Carlos V, disse: ―Eu falo es-panhol com Deus, italiano com as mulheres, francês com os homens, e alemão com o meu cavalo . É nesse mesmo pe-ríodo que a multiplicidade de línguas dá lugar à imposição de línguas nacionais européias. Elas foram importantes para que num mesmo país todos se entendessem na fala e na es-crita e o Estado se fizesse presente em todo o território com uma língua comum, e para que o membro de dada nação se diferenciasse do que era estrangeiro, visto que os estados nacionais favoreciam aqueles que compartilhavam sua na-cionalidade. A emergência das línguas nacionais foi marcada pela publicação de importantes obras literárias nacionais.

Diminuição do poder da Igreja e do papado – Se du-rante a Idade Média, o poder do papa se fazia presente em toda a Europa (fragmentada em pequenos senhorios), na Era

Page 25: História Mesopotamia

HISTÓRIA

25 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Moderna, o poder papal encontrou muitas dificuldades para se impor diante dos poderosos estados nacionais, o que a-carretou diversos conflitos entre a Igreja e os Estados recém-surgidos. Outros desenvolvimentos do período,como o Re-nascimento e a Reforma Protestante, contribuíram ainda mais para a difícil situação da Igreja.

Os casos particulares – Apesar das características comuns ao surgimento dos estados nacionais, cada país se unificou em condições específicas: A Espanha se unificou pelo esforço empreendido por várias casas nobres contra os muçulmanos na Península Ibérica, na chamada Guerra de Reconquista; a França fortaleceu a sua monarquia e o seu exército na Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra; a In-glaterra teve a especificidade de manter forte os poderes re-gionais, através do parlamento, durante a Idade Média; a Itá-lia e Alemanha mantiveram-se fragmentadas no período, al-cançando suas unificações somente no século XIX, já no contexto das revoluções burguesas. A UNIFICAÇÃO DE PORTUGAL

Um feudalismo diferente, centralizado – Assim como na Espanha, também ocupada pelos mouros (muçulmanos ibéricos), a unificação portuguesa tem origem na luta de Re-conquista. No entanto, diferente da Espanha, que só conse-guiu concluir a expulsão dos mouros do seu território em 1492, a região de Portugal conseguiu se organizar e empre-ender a expulsão dos mouros ainda no século XII. Desse fei-to, surgiu o Condado Portucalense como um estado vassalo de Castela, tornando-se independente em 1139. Nesse ano, um nobre chamado Afonso Henriques proclamou a indepen-dência do condado e iniciou a dinastia de Borgonha. Desde o início, Portugal se caracterizou por instituir um feudalismo centralizado, diferente do resto da Europa. Seu rei tinha mais poder do que em outras regiões européias. O feudalismo por-tuguês acabaria, em 1385, com a Revolução de Avis.

O fim do feudalismo português – Opondo-se ao poder dos senhores feudais, o rei de Portugal concedeu um amplo incentivo à fuga dos servos e também a criação das feiras de comércio. Diante de tal situação, os senhores feudais se en-fraqueceram e tentaram se aliar a Castela para manter o poder sobre os senhorios. Tal aliança ocasionou uma guerra que a-cabou precipitando a formação do moderno estado português.

A Revolução de Avis (1383-1385) – Em uma disputa dinástica, dois postulantes ao trono português se confronta-ram numa guerra. À casa de Borgonha, aliada aos senhores feudais portugueses e ao poderoso reino de Castela se opôs a Dom João, da casa de Avis e aliado dos comerciantes por-tugueses. A vitória de Dom João I (elevado ao trono portu-guês em 1385) marcou o fim do feudalismo em Portugal e o início do estado nacional monárquico português. Com essa unificação precoce, os lusitanos se tornaram o primeiro povo a navegar pelos oceanos em busca de riqueza. Portugal sempre demonstrou uma vocação natural para a navegação, facilitada pela sua privilegiada posição geográfica que permi-tia o acesso aos mares do Norte e Mediterrâneo, e pelo co-nhecimento naval adquirido a partir da longa convivência

com os mouros, experientes navegadores. No início do sécu-lo XV, o infante dom Henrique promoveu a reunião de vários cartógrafos, navegadores, estudiosos e construtores, fun-dando a Escola de Sagres, que permitiu o desenvolvimento de várias técnicas e tecnologias de navegação.

EGITO E MESOPOTÂMIA 1. Com relação às civilizações egípcias e mesopotâmicas, é incorreto afirmar: a] O torno para a fabricação de cerâmica usado no Egito

foi, durante séculos, mais lento e ineficiente do que a-quele empregado na Mesopotâmia.

b] As técnicas de produção utilizadas pelo Egito faraônico e pela Mesopotâmia se fixaram, em sua maioria, durante o surto de inovações tecnológicas que se estendeu de 3200 a 2700 a.C.

c] Comparando-se o Egito à Mesopotâmia, pode-se cons-tatar certo atraso do primeiro em relação à segunda, on-de certas inovações tecnológicas foram introduzidas an-teriormente.

d] As atividades agrícolas eram supérfluas na economia egípcia antiga, dada a pouca fertilidade do solo, e de ex-trema importância na Mesopotâmia, onde se cultivam cereais como o trigo e a cevada.

e] O instrumento baseado no princípio do contrapeso, para a elevação de recipientes com água, foi introduzido no Egito no século XIV a.C., apareceu em um sineto meso-potâmico cerca de seis séculos antes.

2. Os Estados Teocráticos da Mesopotâmia e do Egito evo-luíram, acumulando características comuns e peculiaridades culturais. Os egípcios desenvolveram a prática de embalsa-mar o corpo humano porque a] se opunham ao politeísmo dominante na época. b] os seus deuses, sempre prontos para castigar os peca-

dores, desencadearam o dilúvio. c] depois da morte a alma podia voltar ao corpo mumificado. d] construíram túmulos, em forma de pirâmides truncadas,

erigidos para a eternidade. e] os camponeses constituíam categoria social inferior.

3. O período do Cativeiro da Babilônia (586 – 539 a.C.) foi importante na evolução da religião hebraica, pois, graças ao contato com os neobabilônicos, os judeus a] passaram a conceber Jeová como identificado com seus

problemas sociais. b] ficaram imbuídos de concepções animistas, adorando as

forças da Natureza. c] adotaram a idéia do fatalismo e do caráter transcenden-

tal de Deus. d] abandonaram práticas ligadas à magia, como por exem-

plo, a necromancia.

Page 26: História Mesopotamia

HISTÓRIA

26 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

e] conceberam Jeová em termos antropomórficos, inclusive com qualidades emocionais próprias dos homens.

4. Os clamores da revolta e da destruição de Nínive, regis-trados na Bíblia, devem-se a] ao pacifismo do povo assírio. b] às soluções arquitetônicas dos sumérios. c] ao modo de produção asiático dos caldeus. d] aos atos despóticos e militaristas dos assírios. e] à religião politeísta dos mesopotâmicos.

5. A escrita cuneiforme dos mesopotâmicos, utilizada prin-cipalmente em seus documentos religiosos e civis, era a] semelhante em seu desenho à escrita dos egípcios. b] composta exclusivamente de sinais lineares e traços ver-

ticais. c] uma representação figurada evocando a coisa ou o ser. d] baseada em grupamentos de letras formando sílabas. e] uma tentativa de representar os fonemas por meio de

sinais.

6. Se um homem negligenciar a fortificação de seu dique, se ocorrer uma brecha e o cantão inundar-se, o homem será condenado a restituir o trigo destruído por sua culpa. Se não puder restituí-lo, será vendido, assim como os seus bens, e as pessoas do cantão de onde a água levou o trigo repartirão entre si o produto da venda. Essa texto faz referência: a] à doutrina de Zoroastro e a seu livro Zend-Avesta. b] à Lei de Talião e ao Código de Hamurábi. c] ao Livro dos Mortos. d] à Sátira das Profissões. e] ao Hino ao Sol, de Amenófis IV.

7. A mais antiga coleção de normas penais econômicas e civis passou à História da Mesopotâmia com o nome de a] Código de Hamurábi. b] Alcorão. c] Código de Drákon. d] Lei das Doze Tábuas. e] Código de Justiniano.

8. Sobre o surgimento da agricultura – e seu uso intensivo pelo homem – pode-se afirmar que: a] foi posterior; no tempo, ao aparecimento do Estado e da

escrita. b] ocorreu no Oriente Próximo (Egito e Mesopotâmia) e daí

se difundiu para a Ásia (Índia e China), Europa e, a partir desta, para a América.

c] como tantas outras invenções, teve origem na China, donde se difundiu até atingir a Europa e, por último, a América.

d] ocorreu, em tempos diferentes, no Oriente Próximo (Egi-to e Mesopotâmia), na Ásia (Índia e China) e na América (México e Peru).

e] de todas as invenções fundamentais, como a criação de animais, a metalurgia e o comércio, foi a que menos contribuiu para o ulterior progresso material do homem.

9. A partir do III milênio a.C., desenvolveram-se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo, como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, Estados teocráticos fortemente organizados e centralizados e com extensa burocracia. Uma explicação pa-ra o surgimento é a] a revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos

nas cidades, que só puderam ser contidas pela imposi-ção de governos autoritários.

b] a necessidade de coordenar o trabalho de grandes con-tingentes humanos, para realizar obras de irrigação.

c] a influência das grandes civilizações do Extremo oriente, que chegou ao Oriente Próximo por meio das caravanas de seda.

d] a expansão das religiões monoteístas, que fundamenta-vam o caráter divino da realeza e o poder absoluto do monarca.

e] a introdução de instrumentos de ferro e a consequente revolução tecnológica, que transformou a agricultura dos vales e levou à centralização do poder.

10. O Novo Império Egípcio (entre os séculos XVI e XII a.C.) foi marcado por uma transformação que deu novo rumo, temporário, à vida religiosa da população. O faraó Amenófis IV impôs o culto a um único Deus, Áton, simbolizado pelo disco visível do Sol. Tebas deixou de ser a capital e os bens dos templos de Amon foram confiscados. A reforma religiosa teve caráter político porque visava a a] limitar o poder dos sacerdotes. b] abalar a estrutura social vigente. c] aumentar a autonomia dos nomos. d] debilitar a influência dos escribas. e] dividir o poder da casta militar.

11. O modo de produção asiático pode ser caracterizado exceto por: a] poder político centralizado, teocrático e sociedade esta-

mental. b] economia agropastoril, sujeitas às condições geoclimáti-

cas, incluindo o chamado Crescente Fértil. c] organização fortemente marcada pela religiosidade que,

por vezes, contribuiu até mesmo para a centralização política.

d] domínio da religião monoteísta na constituição do Impé-rio Persa.

e] traços de originalidade fenícia, pela descentralização po-lítica das cidades-estados e economia voltada para o comércio marítimo.

12. Sobre o papel do rio Nilo na estruturação da sociedade no Egito Antigo, é correto afirmar que: a] permitia a atividade econômica e, com suas cheias regu-

lares, garantia a estabilidade político e o domínio simbó-lico dos faraós

b] sua maior importância era servir de meio de transporte para as tropas que garantiam a supremacia militar dos egípcios em toda a África.

Page 27: História Mesopotamia

HISTÓRIA

27 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

c] suas cheias significavam um momento de instabilidade política e econômica, uma vez que destruíam as colhei-tas e provocavam fome generalizada.

d] a capacidade e o volume de água não eram aproveita-dos pelos egípcios, que se limitavam nas vazantes a es-perar a próxima cheia.

GRÉCIA ANTIGA 13. Sobre o processo de expansão das cidades gregas, o-corrido por volta de 750 a.C., assinale a alternativa correta. a] Todas as conquistas realizadas durante a segunda diás-

pora grega tiveram por base vias continentais em que os caminhos terrestres foram os de maior importância.

b] Com a melhoria das técnicas de navegação, incluindo a utilização da âncora, foi possível a conquista de novas áreas via Mediterrâneo, onde poderosos impérios dificul-tavam a expansão grega.

c] A travessia dos mares pelos gregos foi dificultada pela ascensão do poder bélico do Império Fenício na Ásia.

d] A exportação de gêneros alimentícios gregos para áreas conquistadas só foi possível devido ao desenvolvimento de novas técnicas e à alta produtividade agrícola.

e] A segunda diáspora veio a ser a solução para garantir a situação socioeconômica dos gregos.

14. As cidades Estado, base da organização política que ca-racterizou o povo grego, a] mantinham política comum. b] eram politicamente autônomas. c] possuíam princípios religiosos antagônicos. d] possuíam uma organização econômica solidária. e] estavam unidas na política de organização do Mediter-

râneo.

15. A Guerra do Peloponeso, ocorrida na Grécia entre 431 e 401 a.C., foi: a] uma guerra defensiva empreendida pelos gregos contra

a invasão dos persas e a ameaça de perda de suas principais praças de comércio do Mar Mediterrâneo;

b] uma luta entre dórios e aqueus na época da ocupação do território grego que resultou na formação das cidades de Esparta e Atenas;

c] uma luta comandada pelas cidades de Esparta e Corinto contra a hegemonia da Confederação de Delos – lidera-da por Atenas – sobre o território grego;

d] uma guerra entre gregos e romanos, pelo desejo de im-plantação de uma cultura hegemônica sobre os povos do Oriente Próximo;

e] uma invasão do território grego pelas tropas de Alexan-dre – O Grande, na época de expansão do Império Ma-cedônico que herdara de seu pai.

16. “É precisamente para assegurar o reino da igualdade, para permitir que os mais humildes cidadãos assumam uma parte legítima na vida política, que o Estado concede uma remuneração àqueles que se colocam ao seu serviço partici-pação das Assembléias.”

O texto referente à Atenas, no século V, expressa: a] o interesse do Estado em criar uma sociedade igualitá-

ria, remunerando melhor os funcionários públicos. b] a necessidade de estimular os desinteressados habitan-

tes da das Assembléias políticas. c] a fragilidade da democracia ateniense, uma vez que aos

cidadãos não correspondiam direitos políticos, apenas obrigações.

d] a preocupação do regime democrático em garantir o di-reito de igualdade política aos cidadãos atenienses mais pobres.

e] a determinação dos tribunais atenienses em banir a es-cravidão no vasto território grego sob o seu domínio.

17. A respeito das Diásporas gregas é verdadeiro afirmar que: 01] A primeira foi causada pela invasão dos dórios. 02] A segunda foi causada pela desintegração dos genos ou

núcleos familiares. 04] Os dórios acabaram pegando para eles as melhores ter-

ras. 08] Na segunda diáspora, os povos acabaram por colonizar

o litoral sul da E norte da África. 16] Na África os gregos foram expulsos pelos medos.

18. O escravismo antigo foi uma invenção do mundo greco-romano que forneceu a base última tanto das suas realiza-ções como do seu eclipse. Sobre esse sistema, assinale o que for correto. 01] Nas duas grandes épocas clássicas da Antiguidade, a

Grécia dos séculos V e IV a.C. e Roma do século II a.C. ao II d.C., a escravatura foi massiva.

02] A liberdade e a escravatura helênicas eram indivisíveis: cada uma delas era condição estrutural da outra.

04] As cidades-Estado gregas tornaram a escravatura pela primeira vez absoluta na forma e dominante na exten-são, transformand-a de recurso subsidiário em modo de produção sistemático.

08] Instituição solidamente enraizada na abolição: mesmo nas grandes rebeliões de escravos, os revoltosos em geral almejavam a liberdade individual e não a supres-são do sistema.

16] A manumissão, concessão de liberdade ao escravo, foi uma prática generalizada na Roma escravista.

19. UFPEL ● “A natureza faz o corpo do escravo e do ho-mem livre diferentes. O escravo tem corpo forte, adaptado para a atividade servil, o homem livre tem corpo ereto, ina-dequado para tais trabalhos, porém apto para a vida do cida-dão. Na cidade bem constituída, os cidadãos devem viver executando trabalhos braçais (artesãos) ou fazendo negócios (comerciantes). Estes tipos de vida são ignóbeis e incompa-tíveis com as qualidades morais. Tampouco devem ser agri-cultores os aspirantes à cidadania. Isso porque o ócio é in-dispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas.”

(ARISTÓTELES (384–322 a.C.). “Política” [Adapt.]) Esta ideologia foi produzida na (o)

Page 28: História Mesopotamia

HISTÓRIA

28 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

a] Período Homérico e manifesta o pensamento burguês em relação a todas as classes sociais.

b] Império Romano e apresenta resquícios nas discrimina-ções étnicas vigentes nos Estados Unidos da América.

c] Antiga Grécia e reflete o preconceito presente ao longo da história da sociedade brasileira.

d] Período Arcaico, em Atenas, quando era necessário es-tabelecer legitimações para as expansões colonialistas modernas.

e] Idade Antiga, mas foi eliminada, após a Revolução Francesa, pela filosofia Liberal.

20. Atenas foi considerada o berço do regime democrático no mundo antigo. Sobre o regime democrático ateniense, é CORRETO afirmar que: a] Era baseado na eleição de representantes para as As-

sembléias Legislativas, que se reuniam uma vez por ano na Ágora e deliberavam sobre os mais variados assuntos.

b] Apenas os homens livres filhos de pai e mãe ateniense eram considerados cidadãos e participavam diretamente das decisões tomadas na Cidade-Estado.

c] Os estrangeiros e mulheres maiores de 21 anos podiam participar livremente das decisões tomadas nas assem-bleias da Cidade-Estado.

d] Era erroneamente chamado de democrático pois negava a existência de representantes eleitos pelo povo.

21. A inexistência de escravos em Atenas levava a uma par-ticipação quase total da população da Cidade-Estado na polí-tica. O mundo grego antigo possuía certa unidade religiosa, embora fosse fragmentado politicamente. Essa religiosidade foi, marcadamente, a] de natureza cívica, na medida em que os cidadãos cul-

tuavam os deuses da cidade, com celebrações festivas e sacrifícios, nos altares a eles dedicados.

b] acessível a todas as classes sociais por ter característi-ca familiar e monoteísta, com um deus que se manifes-tava ao povo através de revelação direta e pessoal.

c] portadora de uma ética que considerava sagrado o tra-balho manual dedicado às divindades, o que permitia enfrentar a rigidez e a monotonia da vida cotidiana.

d] de caráter julgador, colocando os indivíduos a serviço das divindades e punindo os pecados daqueles que de-sobedeciam aos deuses ou professavam outras religiões e outros cultos.

e] influenciada pelas conquistas de Alexandre, o Grande pelo Oriente, que propiciou a expansão da cultura grega em detrimento da romana.

22. Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente jus-tos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e in-compatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é in-dispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.

(VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual)

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania a] possui uma dimensão histórica que deve ser criticada,

pois é condenável que os políticos de qualquer época fi-quem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos ci-dadãos tem de trabalhar.

b] era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política pro-fundamente hierarquizada da sociedade.

c] estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.

d] tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às ati-vidades vinculadas aos tribunais.

e] vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resol-ver os problemas da cidade.

23. INSTRUÇÃO: Para responder à questão, considere as afirmativas abaixo, sobre a cidade-estado (polis), base da or-ganização sociopolítica da Grécia Antiga. I. Esparta, que englobava as regiões da Lacônia e da

Messênia, e Atenas, que correspondia a toda a região da Ática, eram exceções quanto à grande dimensão ter-ritorial, se comparadas à maioria das demais cidades-estado.

II. As cidades-estado consolidaram suas estruturas funda-mentais no chamado período arcaico da história grega e conheceram sua máxima expressão política e cultural durante o período clássico.

III. A acrópole, parte alta da zona urbana da polis, concen-trava as atividades econômicas essenciais para o sus-tento material da cidade, suplantando a produção agrí-cola da zona rural nesse setor.

IV. As cidades-estado formavam unidades politicamente au-tônomas e economicamente autossuficientes, não tendo desenvolvido processos significativos de expansão terri-torial por colonização de novas áreas até o período he-lenístico.

Estão corretas apenas as afirmativas a] I e II. b] II e III. c] III e IV. d] I, II e IV. e] I, III e IV. ROMA 24. A expansão imperial romana resultou, a partir do século I d.C., na utilização do trabalho escravo em grande escala e no aumento significativo do número de plebeus desocupa-dos, aos quais se juntaram levas de pequenos agricultores arruinados. Isso incrementou o êxodo rural e provocou o in-chamento das cidades, especialmente de Roma. Para ame-nizar o problema social dessas massas, o Estado passou a dar-lhes subsídios.

Page 29: História Mesopotamia

HISTÓRIA

29 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

Essa política caracterizou-se pela distribuição de: a] terras para os desocupados, caracterizando uma verda-

deira reforma agrária, conhecida como a política agrária, de Licínio.

b] dinheiro para a aquisição de roupas e alimentos, comba-tendo a inflação que assolava a República, provocada pela política de Tucídides.

c] grãos a preços baixos e espetáculos públicos gratuitos, conhecida como a política do pão e circo, de Augusto.

d] sementes, instrumentos agrícolas e escravos para o cul-tivo de terras na Sicília e no norte da África: a política de colonização, de Suetônio.

e] escravos para estimular a agricultura da Península Ibéri-ca, conhecida como a política agrícola, de Cláudio.

25. No ano 313 d.C., o Imperador Constantino reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano, por meio do Édito de Milão. Sobre o cristianismo na Antiguidade, é INCORRETO afirmar: a] Os primeiros cristãos sofreram grandes perseguições

por motivos políticos. b] Por serem politeístas, os romanos inicialmente resistiram

em aceitar o monoteísmo cristão. c] Durante a Antiguidade, ocorreram conversões ao cristia-

nismo de muitos povos chamados “bárbaros”. d] No início de sua formação, a Igreja Cristã baseou sua

estrutura na organização do Império Romano, reprodu-zindo também sua divisão de poder.

e] A partir do Édito de Milão, ficou estabelecido que somen-te autoridades religiosas poderiam determinar os rumos da Igreja.

26. A preocupação romana, com as guerras e a manuten-ção do império, não evitou que a religião tivesse grande im-portância na vida cotidiana. Nas suas crenças religiosas, os romanos: a] evitaram o politeísmo, seguindo os ensinamentos do

cristianismo. b] fugiram de divindades e de princípios religiosos que

lembravam a falta de ética. c] imitaram os gregos em muitos princípios e na aceitação

das divindades. d] desprezavam os cultos familiares, considerados supers-

ticiosos e vazios. e] tinham, inicialmente, uma religião ética e politeísta, com

rituais rígidos.

27. A mais notável contribuição romana à cultura ocidental ocorreu no campo do Direito. Até hoje, os Códigos de Leis romanos permanecem entre os fundamentos do Direito con-temporâneo. Analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo, com relação ao Direito Romano. ( ) Era um código que tratava apenas da esfera pública,

pois o Direito Privado, tal como entendemos hoje, estava ausente da preocupação dos juristas romanos.

( ) As leis romanas foram criadas para dar uma solução prática aos problemas decorrentes das lutas entre os grupos sociais e pelas guerras de conquista.

( ) Estava dividido em Civil, que regulamentava a vida dos cidadãos; Estrangeiro, aplicado aos que não eram cida-dãos; e Natural, que regulamentava a vida de todos os habitantes de Roma.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parên-teses, de cima para baixo. a] V – V – V b] V – F – F c] V – V – F d] F – F – V e] F – V – V

28. Em Roma havia uma nítida distinção entre o Direito Públi-co – que regulava as relações entre o cidadão e o Estado – e o Direito Privado – que tratava das relações dos cidadãos entre si. Deve-se acrescentar que as mulheres não eram passíveis de ser julgadas pelos tribunais públicos. Competia ao pater famílias exercer o direito de justiças, na sua própria casa, so-bre os membros da família subordinados à sua autoridade.

(AQUINO ET AL, 1980, p. 263). De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a cultura da Antiguidade Clássica, pode-se afirmar: a] A nítida distinção entre o Direito Público e o Privado,

transplantada da era romana para o Novo Mundo, tem sido aplicada no Brasil, desde a oficialização da coloni-zação e do povoamento.

b] O Direito Público, instituído na Roma Antiga, permane-ceu restrito à normatização das relações entre cidadãos de procedência patrícia e à categoria de escravos por dívidas.

c] A diferenciação evidente entre os dois tipos de direito resultou das exigências dos cristãos que compuseram os quadros do governo durante a República Romana.

d] O fato de ser o pater famílias apto a exercer o direito de justiça sobre os membros da família subordinados à sua autoridade comprova que a sociedade da Roma Antiga tinha como suporte a família patriarcal.

29. [...] não era a falta de mecanização [na Grécia e em Roma] que tornava indispensável o recurso à escravidão; ocorrera exatamente o contrário: a presença maciça da es-cravidão determinou a “estagnação tecnológica” greco-romana.

(Aldo Schiavone. Uma história rompida: Roma antiga e ocidente moderno. São Paulo: Edusp, 2005.)

A escravidão na Grécia e na Roma antigas a] baseava-se em características raciais dos trabalhadores. b] expandia-se nos períodos de conquistas e domínio de

outros povos. c] dependia da tolerância e da passividade dos escravos. d] foi abolida nas cidades democráticas. e] restringia-se às atividades domésticas e urbanas.

Page 30: História Mesopotamia

HISTÓRIA

30 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

30. Durante sua primeira fase, os romanos assentavam sua organização política na forma monárquica de poder, mas já ali existia o Senado, uma das instituições políticas mais anti-gas de Roma.Neste momento inicial, o Senado: a] Era formado pelos centuriões que, nomeados pelo rei,

representavam as 100 mais importantes famílias patrí-cias de Roma.

b] Alcançou notável autonomia, limitando frequentemente o poder régio através do veto, o que ocorria quando dois terços de seus membros manifestavam-se contrários as decisões do monarca.

c] Funcionava como uma assembleia aristocrática de as-sessoramento às deliberações do Rei e era constituído pelos mais velhos (seniores), sendo vedada a presença de plebeus.

d] Composto por representações paritárias de patrícios e plebeus, restringiu suas funções à prática legislativa, e-laborando o corpus jurídico do estado romano.

e] Funcionava como uma espécie de Assembleia de Notá-veis que impunha obediência ao monarca e definia as ações estratégicas do Estado.

31. “Mesmo para um cidadão romano, seria impossível di-zer, com certeza, se o sistema, em seu conjunto, era aristo-crático, democrático ou monárquico. Com efeito, a quem fixar a atenção no poder dos cônsules, a constituição romana pa-recerá totalmente monárquica; a quem fixar no Senado pare-cerá aristocrática, e a quem se fixar no poder do povo, pare-cerá claramente democrática. (...) cada uma das três partes [do Estado] é capaz, se dese-jar, de criar obstáculos ás outras, ou de colaborar com elas (...) Nenhum dos poderes predomina sobre os outros nem pode desprezá-los.”

(Políbio, História, século II a.C.) De acordo com o historiador grego, Políbio, a Constituição de Roma, que favorecera as conquistas no Mediterrâneo, era: a] baseada no predomínio do Senado sobre a autoridade

dos cônsules e do povo. b] certamente democrática, por entregar aos plebeus a

maior parte dos poderes. c] marcada pelo conflito entre os diferentes poderes que

compunham o Estado. d] claramente aristocrática, por concentrar o poder nas

mãos dos cônsules. e] caracterizada pelo equilíbrio de poder entre os cônsules,

o Senado e o povo.

32. As lutas por riquezas e territórios sempre estiveram pre-sentes na História. Na Antiguidade, o Mediterrâneo foi dispu-tado nas Guerras Púnicas por: a] romanos e cartagineses. b] gregos e persas. c] macedônicos e romanos. d] romanos e germânicos. e] gregos e romanos.

33. “ELEFANTES – Vendo. Para circo ou zoológico. Usa-dos mas em bom estado. Já domados e com baixa do exérci-to. Tratar com Aníbal.” (p. 143) “TORRO TUDO – E toco cítara. Tratar com Nero.” (p.144)

VERISSIMO, Luis Fernando. O Classificado através da História. In: Comédias para se ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2001.

Sobre Roma na Antiguidade, é CORRETO afirmar que: 01] Aníbal foi um conhecido comandante de Cartago, que

combateu os romanos durante as Guerras Púnicas. 02] as Guerras Púnicas, que envolveram Cartago e Roma,

aconteceram no contexto da expansão territorial roma-na.

04] a expansão territorial acabou se revelando um fracasso. Isto pode ser percebido pela ausência de alterações nos hábitos da sociedade romana nos períodos que se su-cederam.

08] o domínio de Roma no Mediterrâneo favoreceu o fim da República e a ascensão do Império.

16] Nero foi um governante de Roma conhecido pelo apoio que prestou aos cristãos, sendo responsável por elevar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano.

32] o período de governo de Nero é conhecido como um momento de decadência do Império Romano, cujos mo-tivos estão, entre outros, nos graves problemas sociais causados pela existência de uma cidadania restrita e pe-los abusos administrativos.

64] a escravidão, embora presente, nunca foi economica-mente relevante na sociedade romana.

34. “O Homem e o mundo”. O homem e o mundo De ciência avançada / O homem e o mundo Mas também de AIDS / e fome / Que mundo? / De guerra, de terror./ Onde a paz se faz ausente / Mundo de po-bres / E a violência presente Mundo de ricos / Que violência? Mundo, imundo, sujo e / Do campo? Onde morrem poluído. / os lavradores. Enfim... Homem / Da cidade? Onde o homem / É este o mundo que tens / sofre horrores Para nele viver, procriar e / Mundo de ontem, devagar morrer. / Mundo de ho-je, apressado, De que? / Mundo de nets, sites, e De velhice, de doença, de / email. fome ou mesmo vítima da / violência.

Lenora Maria Dado o questionamento da autora no verso “Que mundo? De guerra, de terror, onde a paz se faz ausente e a violência presente” é possível refletir sobre o quadro político que ca-racterizou a Roma Antiga, no período republicano. Neste ce-nário, a instituição da guerra: a] representou a luta por conquistas políticas dos plebeus,

a qual resultou nas leis agrárias aprovadas pelo Senado, no estabelecimento do Tribuno da Plebe, e na difusão da Pax Romana nos territórios conquistados.

b] enfraqueceu o desenvolvimento da política do pão e cir-co, que atendia aos anseios da plebe romana, o que provocou ondas de terror e de violência que resultaram na queda da República e a ascensão do Principado.

c] contribuiu para a expansão e conquistas territoriais, au-mentando as tensões entre os povos conquistados e

Page 31: História Mesopotamia

HISTÓRIA

31 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

também entre a plebe e o patriciado romano, os quais reivindicavam maior participação política.

d] favoreceu a criação da Assembléia Centuriata, na qual se destacava a figura do centurião romano que, a partir daí, se fortaleceu politicamente, facilitando o acesso dos chefes legionários às magistraturas romanas.

e] permitiu a anexação de Reinos do Antigo Oriente, des-tacando-se o Egito dos Selêucidas, alcançado depois das guerras púnicas, quando os romanos venceram o exército dos cartagineses e dominaram o Mediterrâneo.

35. “Todos os caminhos levam a Roma!" O ditado é famo-so. Mas, nos dias de hoje, a que Roma essas palavras esta-riam se referindo? À Roma atual, metrópole cosmopolita, ca-pital da Itália, um dos mais importantes países da Europa? Ou à Roma antiga, capital de um dos mais poderosos impé-rios conhecidos pela humanidade? Ou, ainda, à Roma cristã, que tem no Vaticano a sede da Igreja Católica?”. (Trecho retirado de um site de turismo: www.ardus.com.br/inf/guia/roma.htm ) Nos dias de hoje, podemos duvidar sobre qual Roma visitar no final da Idade Antiga, no entanto, quando o ditado acima transcrito se popularizou, Roma era uma cidade única. Sobre esta especificidade de Roma antiga, é correto afirmar que es-ta cidade era: a] conhecida como a sede do poder cristão, tendo o Vati-

cano e o Papa como ícones máximos do mundo cristão. b] na Antiguidade uma “metrópole cosmopolita”, onde pro-

dutos de todas as partes circulavam de forma capitalista. c] a principal cidade do Império Romano Ocidental, local

central do exercício do poder político e da efetivação da cidadania romana.

d] a capital da Itália e símbolo da unificação européia cen-tralizada desde a época Imperial.

e] conhecida por cidade luz, pois abrigava diferentes tipos de pessoas e nacionalidades que conviviam democrati-camente como cidadãos.

36. Após as Guerras Púnicas (264 – 146 a.C.) – Conflito en-tre Roma e Cartago pela disputa comercial do Mediterrâneo -, os romanos abriram caminho para a dominação de regiões do Mediterrâneo Ocidental (Gália, Península Ibélica) e Orien-tal (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O Mar Mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de mare nostrum ("nosso mar"). A expansão romana foi acom-panhada de importantes transformações econômicas, soci-ais, políticas e culturais. Entre elas destacam-se: a] o fortalecimento do sistema assalariado, o enfraquecimen-

to dos cavaleiros, a consolidação das instituições republi-canas e a adoção dos deuses gregos com nomes latinos;

b] o fim do trabalho escravo, a concentração populacional no campo, o desaparecimento dos latifúndios e a mu-dança no estilo de vida romano, que se tornou mais simples e sóbrio;

c] o crescimento do escravismo, o empobrecimento da plebe, o desenvolvimento do comércio, o fortalecimento dos chefes militares e o enfraquecimento das instituições republicanas;

d] o abandono dos centros urbanos, a adoção do trabalho servil, a ruralização da produção e o fortalecimento dos chefes militares e das instituições republicanas;

e] o aumento do trabalho escravo, a implantação de mini-fúndios, a instabilidade política interna, o fortalecimento da família e o enfraquecimento dos chefes militares.

IDADE MÉDIA 37. Entre o Édito de Milão (313), a morte de Teodósio (395) e a coroação de Carlos Magno (800), nascera no Ocidente um mundo novo, resultado da convergência e fusão das es-truturas romanas e dos povos germânicos. Com relação a esse momento histórico são feitas as seguintes afirmativas: I. Essa transformação se realiza sob a égide do cristianis-

mo. II. O traço mais óbvio desse novo mundo não é a unidade

política, mas a dicotomia e a mobilidade social. III. Mesmo vivendo sob uma concepção teocrática de mun-

do, os homens dessa época conseguiram adotar uma postura clássica.

IV. Durante todo esse período as relações econômicas ti-nham como principais características a escassez endê-mica e o recrudescimento do comércio da produção ar-tesanal.

Com base nas afirmações, qual das opções abaixo é a correta? a] A proposição III; b] A proposição I; c] A proposição II; d] A proposição IV; e] Todas as proposições.

38. A Idade Média ocorreu aproximadamente entre os sécu-los V e XV. Sobre esse período pode-se afirmar que a] o seu início foi precipitado pela queda do Império Roma-

no do Oriente com as invasões bárbaras. b] tem como fator primordial o surgimento do Cristianismo. c] nele, a sociedade feudal pode ser caracterizada como

de classes distintas: oratores, belatores e laboratores, com a supremacia da primeira sobre as demais.

d] nele, Carlos Magno invadiu o Império Romano, causan-do sua queda.

e] nele, a economia era baseada no comércio e exploração das especiarias vindas do Oriente.

39. O triunfo do cristianismo e o estabelecimento de reinos germânicos em terras que antes eram romanas representa-ram uma nova fase na história ocidental: o ocaso do mundo antigo e o prelúdio dos tempos medievais, período que se es-tendeu por mais de dez séculos. Ao longo desse período se desenvolveu uma civilização comum que integrou elementos cristãos, greco-romanos e germânicos. Sobre o período medieval, podemos fazer a seguinte afirmação: a] O feudalismo, do ponto de vista político, representou

uma pulverização do poder real em detrimento dos grandes mercadores, que aliados aos proprietários rurais garantiram o desenvolvimento urbano e comercial.

Page 32: História Mesopotamia

HISTÓRIA

32 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

b] No início do medievo os reinos germânicos, além de a-derirem ao cristianismo romano, continuaram com a vita-lidade das instituições urbanas, elemento mais marcante da civilização clássica;

c] A servidão foi a relação de trabalho predominante no mundo medieval, que através da vassalagem, estabele-cia uma série de compromissos e obrigações entre o produtor direto e o proprietário da terra;

d] Entre as obrigações devidas pelos servos destaca-se a corveia ou a prestação de serviço na reserva senhorial, além da homenagem ou o serviço militar, requisitado pe-lo senhor em época de guerra;

e] Hegemônico ao longo do medievo, o sistema feudal ca-racterizou-se no plano sociojurídico pelas relações pes-soais e no plano mental pela valorização dos ideais guerreiros;

40. Leia as afirmações sobre a Idade Média. I. A produção se realizava, fundamentalmente, nos feudos

ou domínios e a exploração das terras era realizada a-través do trabalho servil.

II. Os camponeses estavam submetidos à servidão e eram obrigados a pagar impostos e taxas, que variavam de região para região.

III. A Igreja forjou a mentalidade da época, reforçando o predomínio dos senhores feudais (clero e nobreza), justi-ficando os privilégios estabelecidos e oferecendo ao po-vo, em troca, a promessa do paraíso.

IV. O comércio regional de matérias-primas e produtos arte-sanais é um reflexo da divisão do trabalho que se ope-rou no interior da sociedade feudal.

V. A monarquia nacional garantiu durante esse período o desenvolvimento do mercantilismo e a grande concen-tração de trabalhadores nas oficinas.

Estão corretas apenas as afirmações a] II, III, IV e V. b] I, II, III e IV. c] I, II e V. d] III e IV. e] IV e V.

41. Georges Duby com sua obra As três ordens (que se tor-nou uma referência e hoje é corriqueiramente citada nos li-vros didáticos) procurou sintetizar a forma como estava divi-dida a sociedade feudal em: a] ricos e pobres. b] os da cidade, os do campo e os estrangeiros. c] os aristocratas, os burgueses e os operários. d] bons e maus. e] os que rezam, os que guerreiam e os que trabalham.

42. “Na Idade Média, o processo de produção predominan-te – o feudal – teve relações sociais e uma ordem política e cultural específicas.”

VICENTINO, C. História Geral. São Paulo: Scipione, 2002. p. 111.

Sobre o feudalismo na Europa Ocidental, assinale a alterna-tiva correta: a] No feudalismo, a principal fonte de poder dos barões

feudais se assentava nas manufaturas e nas companhi-as de comércio criadas e administradas por eles.

b] Politicamente, o feudalismo pode ser caracterizado co-mo um regime amplamente democrático, no qual servos e senhores participam igualmente da direção política e econômica da sociedade.

c] O feudalismo é um sistema político e social caracteriza-do pela centralização do poder nas mãos do rei e pela ausência de poder nas mãos dos integrantes do clero e da nobreza.

d] O comércio e as manufaturas contribuíram para o fim do feudalismo europeu ocidental na medida em que possi-bilitaram a ascensão social e política do Terceiro Estado e o enfraquecimento da servidão.

e] No feudalismo, a ciência e a cultura letrada se desenvol-veram fora do raio de influência da Igreja Católica e dos ensinamentos bíblicos.

43. Compreende-se feudalismo como um sistema de orga-nização econômica, política e social, que vigorou na maior parte da Europa, entre os séculos IX e XV, e que se fundou essencialmente na propriedade da terra e nas relações de vassalagem. Das características apresentadas abaixo, assinale aquelas que são próprias desse sistema: I. Hierarquização da sociedade em ordens ou estados: cle-

ro, nobreza e terceiro estado. II. Grande mobilidade social, proporcionada pelas oportu-

nidades frequentes de enrique-cimento, sobretudo gra-ças ao comércio.

III. Predominância do trabalho escravo sobre o servil, e re-corrência ao emprego de mão-de-obra assalariada, nas épocas de crise.

IV. Relações suserano-vassálicas baseadas nos juramentos de fidelidade e obediência.

V. Atividades artesanais organizadas e regulamentadas por grêmios e corporações.

a] Apenas I, II e III. b] Apenas I, II e IV. c] Apenas I, IV e V. d] Apenas III, IV e V. e] Apenas II, III e IV.

44. Assinale a alternativa incorreta sobre o Feudalismo: a] As principais características são: o retorno ao campo e o

abandono do comércio como principal atividade econô-mica; a concentração de terras, ou o predomínio de grandes propriedades; e o predomínio do trabalho servil.

b] A estrutura política fundamentava-se na relação de suse-rania e vassalagem, caracterizada pela dependência e pe-lo compromisso de fidelidade firmado entre dois senhores.

c] A economia feudal baseava-se na atividade agrícola e a terra era o principal fator de riqueza.

Page 33: História Mesopotamia

HISTÓRIA

33 VOCÊ FAZ. VOCÊ ACONTECE.

d] Os servos realizavam o trabalho que sustentava a estru-tura feudal e estavam presos à terra em que viviam. Pa-gavam diversos e pesados impostos, como a corveia, ta-lha, tostão de Pedro, banalidades e o quinto.

e] A sociedade era composta por dois grupos: os proprietá-rios e os trabalhadores que, em geral, eram servos da gleba.

45. Desde o fim do Mundo Antigo, a agricultura sempre tinha sido o setor mais significativo da economia. Contudo, de a-cordo com o medievalista Robert Lopez, entre os séculos X e XIV, o comércio passou progressivamente da periferia para o próprio centro da vida ordinária; tornou-se o principal motor do progresso econômico e acabou por exercer sobre a Euro-pa medieval influência quase tão decisiva como a Revolução Industrial sobre o mundo contemporâneo. Embora o comér-cio tenha envolvido apenas uma pequena parte da popula-ção, seu impactante desenvolvimento durante o Baixo Medi-evo proporcionou consequências mais revolucionárias ainda do que as conquistas da agricultura. Esta ativação do comér-cio decorreu de vários fatores, como: I. Um conjunto de necessidades, entre as quais a obten-

ção de trigo e de metais preciosos. II. A Revolução Agrícola, que permitiu o recuo da floresta e

a extensão de culturas, ou seja, de novos arroteamen-tos.

III. A Revolução Demográfica, que proporcionou uma maior produção de alimentos.

IV. A pressão externa, representada pelos mercados con-sumidores bizantino e muçulmano.

Das proposições acima, assinale a alternativa correta: a] Somente a proposição III está errada. b] Somente a proposição II está errada. c] Somente a proposição I está errada. d] Todas as proposições estão erradas. e] Todas as proposições estão corretas.

46. Sobre a grande crise feudal e o início da transição do feudalismo para o capitalismo, a partir do início do século XIV, assinale a alternativa incorreta. a] A recuperação dos solos por meio da rotação de áreas,

o motor básico que impulsionara a economia feudal por três séculos, acabou se tornando insuficiente para aten-der as demandas da nova estrutura social, no contexto do esgotamento de terras adequadas e disponíveis para o cultivo.

b] A formação dos Estados nacionais foi outra das conse-quências imediatas da grande crise.

c] A população continuou a crescer e a produção caiu nas terras inadequadas e disponíveis para o cultivo, nos ní-veis da técnica agropecuária existente. Como conse-quência, o solo se deteriorava por causa da pressa e do mau uso e a produção em geral declinava.

d] As estruturas profundas da crise emergiram na forma de conflitos aristocráticos, de fome, de epidemias, de revoltas populares e de exacerbação de fanatismos religiosos.

e] Novas formas de produção, circulação e consumo, a e-xemplo do arrendamento em ‘espécie’ de terras de pro-priedade aristocrática, o desenvolvimento de novas téc-nicas de cultivo e a procura do lucro por meio da agricul-tura comercial emergem lentamente no quadro de crise.

47. Absolutismo Real surgiu na Europa em meio à transição da sociedade feudal para a ordem capitalista, a partir do sé-culo XV. Sobre o Absolutismo, pode-se afirmar que: a] acarretou a perda completa do poder da nobreza, agora

destituída dos privilégios que detinha, diante de outros grupos;

b] em sua versão francesa, revelou-se mais permeável à representação política, dada a grande importância do Parlamento, especialmente sob Luís XIV;

c] o estabelecimento de impostos regulares, para financiar o exército e a administração reais, colabora para a efeti-vação deste absolutismo;

d] enfraqueceu-se a autoridade da Igreja com a afirmação do poder real, tal como se verifica em Portugal e Espa-nha, onde se promoveu uma rígida separação entre I-greja e Estado, na administração civil;

e] a burguesia tornou-se a classe politicamente dirigente, instituindo-se, desta forma, uma ordem econômica ba-seada no livre mercado.

48. "A conquista de Ceuta foi o primeiro passo na execução de um vasto plano, a um tempo religioso, político e econômi-co. A posição de Ceuta facilitava a repressão da pirataria mourisca nos mares vizinhos; e sua posse, seguida de outras áreas marroquinas, permitiria aos portugueses desafiar os ataques muçulmanos à cristandade da Península Ibérica." (João Lúcio de Azevedo. "Época de Portugal econômico: esboços históricos".) De acordo com o texto, é correto interpretar que: a] a expansão marítima portuguesa teve como objetivo ex-

pulsar os muçulmanos da Península Ibérica. b] a influência do poder econômico marroquino foi decisiva

para o desenvolvimento das navegações portuguesas. c] o domínio dos portugueses sobre Ceuta era parte de um

vasto plano para expulsar os muçulmanos do comércio africano e indiano.

d] a expansão marítima ibérica visava cristianizar o mundo muçulmano para dominar as rotas comerciais africanas.

e] o domínio de territórios ao norte da África foi uma etapa fundamental para a expansão comercial e religiosa de Portugal.