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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 21 MAX 27 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 30 DE OUTUBRO DE 2012 ANO XII Nº 2724 PUB WEN JIABAO China acusa jornal americano de difamação ÚLTIMA KOI FU Moradores têm 45 dias para desocupar casas PÁGINA 6 Ó Chefe, veja lá o que pode fazer O líder do Executivo, Chui Sai On, continua a reunir com as diversas associações e sectores por forma a preparar as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano. Desta vez, recebeu a APOMAC e a ATFPM. Os aposentados anseiam por pensões de sobrevivência e os funcionários públicos voltaram a carregar na tecla da Lei Sindical. O Chefe ouviu e considerou. PÁGINA 2-3 ESTUDO DA NOVA VISÃO População quer mais habitação e mais cheques PÁGINA 5 JORNAL TRIBUNA DE MACAU TRÊS DÉCADAS DE NOTÍCIAS EM PORTUGUÊS CENTRAIS Chui Sai On recebeu APOMAC e ATFPM ASIÁTICO DE HÓQUEI Macau mais perto de renovar título de campeão PÁGINA 16 30

Hoje Macau 30 OUT 2012 #2724

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Edição do Hoje Macau de 30 de Outubro de 2012 • Ano X • N.º 2724

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Page 1: Hoje Macau 30 OUT 2012 #2724

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 21 MAX 27 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 30 DE OUTUBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2724

PUB

WEN JIABAO

China acusajornal americanode difamação

ÚLTIMA

KOI FU

Moradores têm 45 dias para desocupar casas

PÁGINA 6

Ó Chefe, veja lá o que pode fazerO líder do Executivo, Chui Sai On, continua a reunir com as diversas associações e sectores por forma a preparar as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano. Desta vez, recebeu a APOMAC e a ATFPM. Os aposentados anseiam por pensões de sobrevivência e os funcionários públicos voltaram a carregar na tecla da Lei Sindical. O Chefe ouviu e considerou. PÁGINA 2-3

ESTUDO DA NOVA VISÃO

População quer mais habitaçãoe mais cheques

PÁGINA 5

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

TRÊS DÉCADASDE NOTÍCIAS

EM PORTUGUÊS CENTRAIS

Chui Sai On recebeu APOMAC e ATFPM

ASIÁTICO DE HÓQUEI

Macau mais pertode renovar título de campeão

PÁGINA 1630

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terça-feira 30.10.2012política2

Andreia Sofia [email protected]

“HOUVE concor-dância verbal”. Foi desta forma que Jorge Fão

falou da proposta apresentada pela Associação dos Aposen-tados, Reformados e Pensio-nistas de Macau (APOMAC) no encontro que teve com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, na tarde de ontem. A intenção de Fão e Francisco Manhão, presidente da enti-dade, é fazer com que o lei que estipula as pensões de sobrevivência seja revista, por forma a que os cônjuges viú-vos dos reformados da Função Pública (FP) passem a receber 60% das pensões, ao invés dos actuais 40%. “O Governo tem de ponderar a situação dos viúvos dos aposentados da FP e melhorar as pensões destas pessoas. Propus, devido ao dinheiro que existe nos cofres, que o Governo reveja toda a legislação. O Chefe concor-dou, disse que esta mexida na taxa percentual tinha razão de ser”, explicou Jorge Fão ao Hoje Macau.

Quanto à possibilidade de receber a totalidade da pensão está fora de questão. “Uma coisa é a reforma do aposentado da FP, outra é do cônjuge que nem trabalhou na FP”, acrescentou.

Chui Sai On pediu à APOMAC a entrega de uma “proposta concreta”, que segundo Jorge Fão vai começar a ser preparada de

A direcção da associação dos aposentados reuniu ontem com Chui Sai On e pediu a revisão da lei sobre as pensões de sobrevivência, para que possam passar dos actuais 40% aos 60%. Segundo Jorge Fão, Chui Sai On pediu uma “proposta concreta”, que deverá ser entregue “rapidamente”

Chefe do Executivo considera que pedido “tem razão de ser”

APOMAC quer aumentar pensões de sobrevivência

Questõesda APOMAC “à parte”O debate serviu ainda para Jorge Fão e Francisco Manhão apresentarem junto de Chui Sai On o problema da falta de instalações da associação que dirigem. O Chefe do Executivo respondeu que o aumento do espaço pode ser concretizado, desde que “não se criem situações embaraçosas”, nomeadamente pelo facto dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) ocuparem cerca de quatro pisos acima da APOMAC. “O Governo pode pensar em reduzir o espaço dos SSM, para cerca de 20 funcionários, e dar mais um piso à APOMAC. Queremos abrir uma clínica de medicina tradicional chinesa, estomatologia e uma clínica de beleza”, disse Jorge Fão, que espera que o projecto se possa concretizar em 2013.

imediato, com um pedido de informações actualizadas ao Fundo de Pensões.

“FALHA NOS OBJECTIVOS”No debate sobre as próximas Linhas de Acção Gover-nativa (LAG), Jorge Fão

e Francisco Manhão não esqueceram outros pontos: a necessidade de mais um hospital público, melhorias nos transportes e na habita-ção económica, bem como os aumentos das pensões. Mas Jorge Fão não poupou

nas críticas ao desempenho do Executivo.

“Tem estado a falhar não nos objectivos, mas sim na sua concretização em termos de calendarização, devido à incapacidade de quem tem de pôr as coisas em práti-

ca. Ou não têm coragem, capacidade ou não querem fazer. Há um atraso na im-plementação de políticas, o que desgasta a imagem da Administração e do próprio Chefe do Executivo”, disse o antigo deputado, referindo-

-se aos secretários e directos dos departamentos.

“Advogo a saída de todos os secretários, não apenas de um ou de outro. (O Governo) já deveria ter sido mudado mas não aconteceu. Tem uma série de políticas que não foram concretizadas, é um desaire político. É a única forma de mudar a eficiência da máqui-na, mas não estou a pôr em causa a competência de cada um.” “O Chefe apenas nos pe-diu para estarmos atentos aos anúncios feitos nas próximas LAG”, explicou Jorge Fão.

Kwan Tsui Hang critica centrode tratamento de águasUma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang levanta dúvidas sobre o centro de tratamento de fugas de água em edifícios. Kwan diz que o espaço foi criado há três anos mas que ainda não conseguiu resolver as questões mais difíceis. A deputada diz que, dos mais de seis mil casos em três anos, já foram resolvidos mais de quatro mil, mas que 1700 ficaram por resolver por falta de cooperação do próprio centro, algo que gera dificuldades junto das famílias, que necessitam de contratar apoio jurídico. “Proponho a alteração da lei sobre os poderes públicos para que exista uma intervenção adequada, de modo a existir uma manutenção básica dos espaços.” - C.L.

Acidentes com telecomunicaçõeslembrados por Lee Chong ChengO deputado Lee Chong Cheng mostrou-se preocupado face aos quatro incidentes ocorridos este ano com o sistema de telecomunicações. Para o responsável, não se tratam de casos isolados mas mostram “que o Governo não tem feito o trabalho de regulação da rede, com suspeitas de negligência”. Na sua interpelação Lee Chong Cheng quer que os funcionários vão à Assembleia Legislativa explicar como são resolvidos os problemas e como é garantida a manutenção do serviço em caso de falhas. “Hong Kong já entrou na rede 4G e Macau está bastante atrasada. O Governo vai olhar para o caminho do desenvolvimento nas telecomunicações?” - C.L.

Ng Kuok Cheong quer controlar trabalhadores estrangeirosO deputado da Associação Novo Macau quer que o Governo tome “medidas concretas” para controlar o número de trabalhadores estrangeiros para que os direitos dos empregados locais possam ficar protegidos. Na sua interpelação escrita, o deputado recorda o facto de, no ano passado, ter sido referido que a percentagem de não-residentes nos casinos deveria ser de 20%, mas que em muitos casos chegava aos 70%. Ng Kuok Cheong quer que o Gabinete de Recursos Humanos publique a lista dos trabalhadores não-residentes e locais, acusando os responsáveis de a esconder de forma deliberada. - C.L.

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3políticaterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

ENQUANTO os dirigen-tes da associação que defende os aposentados se reuniam com o Chefe,

José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), fazia um balanço positivo do encontro com Chui Sai On. As Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2013 foram o mote e Coutinho aproveitou para apresentar uma batalha antiga: a criação de uma lei sindical e de negociação colectiva. Coutinho espera obter o apoio dos sete deputados nomeados para que a lei seja aceite. “Esperamos que o Chefe do Executivo possa apoiar a lei, para a qual vou apresentar um projecto na AL brevemente. Tem nas suas mãos sete votos através dos deputados nomeados, e espero que o resultado seja melhor do que nos últimos dois anos, em que a proposta foi chumbada por oito votos. Desta vez se os oito continuarem a votar, mais os 7, e se fizermos mais um esforço com os 16 teremos uma maioria para podermos aprovar essa lei.

DIAS depois dos fun-cionários dos Serviços

de Administração e Função Pública (SAFP) terem rece-bido uma circular interna sobre o “Dever de sigilo – tratamento, transporte e arquivo de documentos”, eis que o deputado José Pereira Coutinho veio re-agir à questão, através de uma interpelação escrita ao Executivo. No docu-mento, Coutinho questiona os fundamentos utilizados

pelos SAFP para fazerem esta análise jurídica, e quer que o Governo diga qual “o entendimento relativa-mente aos casos em que um trabalhador da Admi-nistração Pública relate um facto ou o conteúdo de um documento” a deputados, Comissariado contra a Cor-rupção ou Comissariado da Auditoria, “atendendo aos poderes de fiscalização face à Administração Pública”.

Coutinho considera

que os SAFP fizeram uma “interpretação extensiva” do dever de sigilo dos funcionários face a do-cumentos oficiais com os quais lidam diariamente. Isto devido ao “facto do Oficio incluir no âmbito do dever de sigilo a proibição de um trabalhador revelar ou divulgar factos ou docu-mentos, mesmo quando a natureza destes não justifi-que tal obrigação”, ou seja, “mesmo quando os factos

ou documentos se destinem a ser do domínio público”. O também presidente da Associação dos Trabalha-dores da Função Pública de Macau (ATFPM) considera existir uma “deficiente compreensão do conceito jurídico de competência”.

“Sendo esta norma res-tritiva da liberdade de ex-pressão, a sua interpretação, segundo as concepções liberais inspiradoras dos Estados de Direito, deveria

ser norteada pela preocupa-ção de reduzir ao mínimo indispensável o sacrifício imposto aquela liberdade”, acrescenta ainda Coutinho.

Recorde-se que a cir-culação do documento no seio dos SAFP foi noti-ciada pelo Hoje Macau no passado dia 26. Os funcio-nários públicos ouvidos mostraram-se desconten-tes com a circular interna, fazendo referências “ao tempo de Salazar”. - A.S.S.

Coutinho reuniu com Chui Sai On e pediu apoio dos nomeados

Lei sindical, uma história repetidaO encontro da ATFPM com Chui Sai On serviu para José Pereira Coutinho voltar a insistir na necessidade de criar uma lei sindical, para a qual irá apresentar brevemente um projecto na AL. A língua portuguesa, os salários dos magistrados e parcerias público-privadas também se discutiram

Candidato da Nova Esperança estápor escolherA lista da Nova Esperança, candidata às próximas legislativas, continua no processo de selecção da sua principal figura para se sentar na AL. “Ainda estamos a ponderar. Não interessa se ele é chinês ou inglês, desde que seja residente permanente e que tenha os ideais da Nova Esperança, dos direitos fundamentais, da coragem e da disponibilidade intemporal para o exercício do cargo de deputado. Não queremos pessoas que desempenhamos o cargo em tempo parcial. Temos várias hipóteses, temos muitas possibilidades de meter um candidato porque já temos a experiência do passado, vamos ver o que vai acontecer”, disse Pereira Coutinho, que gostava de ver Rita Santos ocupar esse papel. “É a pessoa mais bem preparada, mas compreendo que o seu trabalho na Fórum Macau é importante”. Rita Santos já disse que não se vai candidatar.

Circular informativa nos SAFP gera reacção de Pereira Coutinho

“Deficiente compreensão” de conceitos

Apesar da luta ser antiga, a necessidade permanece actual. “Depende sempre da coragem do Governo e do Chefe do Executivo de apoiar essa proposta, porque

faz falta. Os trabalhadores, tanto do público como do privado, são despedidos com e sem justa causa, desde que haja dinheiro. Ora isto é honestamente injusto,

principalmente numa cidade que se quer internacional. É altura do Governo prestar mais atenção às convenções da Organização Mun-dial do Trabalho”, disse garantindo

que hoje há uma maior abertura para abordar a questão “porque a sociedade desenvolveu-se”.

MAIS PORTUGUÊS NAS ESCOLASNo total, foram 19 os pontos abordados com o Chefe do Execu-tivo, onde constou a actualização salarial, o aumento do apoio pe-cuniário, a actualização de todos os subsídios e o “apoio às classes humildes e débeis”. A ATFPM propôs ainda a “divulgação do português nas escolas privadas”, mas Chui Sai On terá considerado “difícil implementar o sistema em termos obrigatórios”, mas tal pode-rá ser feito “através de incentivos”.

A associação deseja ainda que os salários dos magistrados sejam actualizados. “O Chefe disse que ia ponderar essa questão e eu próprio irei levantar o assunto na AL. Os salários devem ser revistos, mas essa iniciativa deve partir do Chefe já no próximo ano”.

No encontro houve ainda tempo para a ATFPM propor a inclusão de parcerias público-privadas (PPP) na sociedade, “para que o Governo faça a alocação de terrenos para a construção de torres habitacionais, com custos controlados pelo próprio Governo. Não são casas económicas nem sociais. Ele achou esta medida interessante e pediu para ser estudada, penso que é uma inovação em Macau, mas já acontece em Macau e noutros países europeus”, declarou Pereira Coutinho.

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4 política terça-feira 30.10.2012www.hojemacau.com.mo

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 527/AI/-----Por não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN WEI (portador do passporte da República Popular da China n.° G44169XXX), que na sequência da Acusação n.º 00062, de 03.07.2012, levantado pela DST, por quem violar, sem justa causa, o dever de colaboração descrito no disposto na alínea 2) do n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 3/2010, bem como por despacho da Exma. Senhora Directora dos Serviços de Turismo, Substituta, de 06.08.2012, exarado no Relatório n.º 508/DI/2012, de 02.08.2012, foi determinada a aplicação de uma multa de $3.000,00 (três mil patacas), nos termos do n.º 5 do artigo 10.º da Lei n.º 3/2010.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° dos Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. -----------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, em Macau, aos 26 de Outubro de 2012.

O Director dos Serviços,João Manuel Costa Antunes

Escritório de Advogado em MacauPretende-se recrutar um Assistente Administrativo na área do Notariado PrivadoRequisitos:

l Curso da escola secundária e experiência em secretariado;l Fluência em Chinês (Cantonês e Mandarin) e Português;l Bons conhecimentos de informática como utilizador.

Os candidatos que não dominem a língua portuguesa podem igualmente candidatar-se, mas terão preferência aqueles que dominem a língua inglesa e a língua portuguesa. Condições:

l Salário mensal inicial entre MOP10,000.00 e MOP12,000.00 (depende da experiência profissional), o qual será ajustado de acordo com a adaptação e evolução demonstradas.

l Salários de 14 meses, depois de completar um ano de serviço;l 15 dias de férias, depois de completar um ano de serviço;

Agradece-se o envio de curriculum vitae e uma fotografia dentro de 14 dias a contar da data de publicação do presente anuncio para a caixa de correio do “Macau Daily News P.O. Box nº 10112.

Cecília [email protected]

O deputado da As-sembleia Legis-lativa (AL) Chan Meng Kam acu-

sou o Governo de não dar atenção nem ter consciência aos problemas nos serviços públicos apresentados o ano passado. “Fiz uma pergunta na Assembleia Legislativa (AL) o ano passado quanto ao aumento das reclamações”, começou por atirar o deputa-do. “Há um ano os tribunais,

Angela Leong quer promoçãoda via especial para motociclosA deputada e um dos rostos máximos da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) afirmou na imprensa chinesa que a via especial para motociclos na ponte de Sai Van necessita de mais promoção. Leong considera que, apesar da sua inauguração há dois meses, ainda há muitos residentes que não respeitam as normas de entrada e saída, e que há carros a entrar pelo lado errado. Por essa razão, a segurança deve ser reforçada. Ângela Leong considera ainda que, como o Governo não fechou a ponte da amizade às motos, a via em Sai Van perde a razão de existir. Para a deputada, o Governo tem de rever a eficácia da via e ouvir as opiniões dos cidadãos. - C.L.

Mak Soi Kun pede melhores tradutoresO deputado aborda na sua mais recente interpelação ao Governo o trabalho dos tradutores e a utilização das duas línguas em Macau. Mak Soi Kun diz concordar que os responsáveis do Governo falem na necessidade de promover e divulgar a informação transmitida em português e chinês, mas questiona quando é que o Executivo vai resolver a falta de qualidade de muitas traduções. Mak Soi Kun quer saber quantos tradutores existem na Administração e porque é que só agora estão a surgir medidas neste sentido. - C.L.

Grupo que investiga preçosna mira de Melinda ChanA deputada Melinda Chan questiona através de interpelação escrita o trabalho desenvolvido pelo grupo de trabalho do Conselho de Consumidores, responsável pela fiscalização dos preços, acusando o mesmo de falta de eficácia. Melinda Chan afirma que o grupo já foi criado há quatro meses mas que ainda não apresentou quaisquer resultados visíveis. A deputada quer que os mecanismos de trabalho do grupo, e os resultados, sejam expostos na Assembleia Legislativa. “O grupo tem responsabilidades em fazer um levantamento aprofundado das importações dos alimentos”, disse Melinda, que pediu uma divulgação rápida dos resultados, para que se possa garantir a estabilidade dos preços. - C.L.

Ho Ion Sang acusa Governode ignorar classe médiaO deputado afirma que o Executivo ignorou as aspirações da classe média na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), e propõe que isso seja feito no próximo anuncio. Ho Ion Sang questionou em interpelação escrita se o Governo irá fazer uma introdução de políticas de apoio material e de cuidados para a classe média, tal como o aumento na proporção da redução no imposto profissional, elevando as isenções de imposto profissional, as reduções de impostos e outras medidas para aliviar o fardo da classe média. - C.L.

Chan Meng Kam quer ver serviços públicos melhorados

Muito pouca consciência

O Governo da RAEM tem prestado muita atenção ao desenvolvimento

da classe média, estudando, activamente, políticas especializadas, e procurando apoiar esta classe em variados aspectos. Quem o diz é Lao Pun Lap, coordenador do Gabinete de Estudo das Políticas (GEP).

Aliás, para o responsável do GEP, o “conceito de classe média corresponde à realidade local”, uma vez que “havendo conceitos estritos e latos sobre a classe média”, na verdade, “o conceito estrito sobre esta mesma classe não obtém consenso comum”.

Nestas circunstâncias, “o Banco Mundial e o Ministério do Comércio americano, entre outros, têm vindo a usar o conceito lato da classe como uma base de estudo e análise, definindo-a de acordo com o seu rendimento”.

Para Lao Pun Lap, Hong Kong e Sin-gapura, entre outros, utilizam também este conceito na elaboração de políticas

para aquela classe. O uso frequente deste conceito no estudo de políticas contribui para uma maior cobertura nas políticas de apoio.

Na verdade, o GEP defende que, por conveniência, que se deve promover uma nova definição local da classe média, ou seja, “um cidadão com rendimento mensal de 12.000 a 78.000 patacas, in-cluindo empregados e proprietários das pequenas e médias empresas.”

AJUDAS AO DESENVOLVIMENTOMas para que isso aconteça é preciso apoiar e fortalecer a classe média, se-gundo Lao Pun Lap, uma das prioridades da governação, no futuro. “Sendo uma força importante na estabilidade social, esta classe têm várias características, tais como o pagamento de impostos, convic-ção no realizar de esforços permanentes para sua melhoria, aumento da sua com-petitividade através da aprendizagem

contínua, consideração na diversificação profissional.”

Os apoios passam, de acordo com o GEP, pelo “estabelecimento do regime de acreditação profissional”, pela “optimiza-ção das condições de estudo contínuo da população”, pela “redução dos impostos” e pelo apoio contínuo “ao desenvolvimento de negócios das PMEs”

Lao Pun Lap sublinhou que uma das características económicas da classe média é o pagamento de impostos. Assim sendo, o limite mínimo do seu rendimento é definido conforme o limite de isenção estipulado no imposto profissional de 14.400 patacas (ano económico de 2012); o limite máximo é definido por seis vezes o rendimento médio da população de Macau (rendimento men-sal de 13.000 patacas no terceiro trimestre de 2012). “No futuro, o Governo deve actualizar, atempadamente, o rendimento da classe conforme a realidade”, sustentou o coordenador do GEP.

Lao Pun Lap, coordenador do Gabinete de Estudo das Políticas, defende

Apoio à classe média

associação dos advogados e o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) voltaram a criticar as capacidades politicas da Administração, e parece que os responsá-veis nunca dão atenção às criticas”, pode ler-se na sua interpelação escrita.

“A secretária para a Administração e Justiça [Florinda Chan] respondeu que os trabalhos vão ser melhorados no próximo ano, mas porque é que tem que ser no próximo ano, não é urgente uma mudança?

Será suficiente melhorar apenas a consciência e o conhecimento jurídico dos funcionários?”, deixou no ar.

Chan Meng Kam apontou ainda que o aumento dos departamentos do Governo e aumento de reclamações resulta na falta de respon-sabilidade dos funcionários públicos, por isso o deputado fica perplexo porque é que ainda não há um sistema para apurar responsabilidades, e questiona quais os directos que são responsáveis pelas reclamações.

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CATA

RINA

LAU

CATA

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LAU

5políticaterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Mais de 90% dos inquiridos pelo estudo da associação Nova Visão de Macau quer receber 10 mil patacas nos próximos cheques pecuniários. A habitação também lidera o top. A melhoria dos serviços de autocarros surge no fim Cecília [email protected]

A Associação Nova Visão de Macau (ANVM) pu-blicou ontem os resulta-dos sobre as esperanças

que os cidadão depositam nas Li-nhas de Acção Governativa (LAG) que o Governo irá apresentar em 2013. O trabalho mostra que os re-ceios com a habitação e o aumento dos montantes distribuídos com os cheques pecuniários continuam a liderar o ranking dos desejos. O trabalho foi desenvolvido entre 18 e 19 de Outubro e foram feitas 658 entrevistas a residentes.

A aceleração de mais constru-ção de habitações públicas, o for-talecimento da regulamentação do mercado imobiliário e o controlo dos preços estão no topo das dez esperanças políticas para as LAG de 2013, semelhantes ao estudo realizado no ano passado. “Isso significa que o Governo ainda não realizou os desejos dos residentes durante este ano. Estes continuam a pensar que os problemas têm prio-ridade sobre os outros. Aumentar os gastos em apoios sociais e a comparticipação pecuniária estão este ano numa posição mais à frente, com o surgimento do pedido de subsídios adicionais. Tudo isso

Em conformidade com a Lei n.º 15/2012, que entrou em vigor ontem, nas transmissões temporárias ou definitivas a título oneroso ou gratuito de bens imóveis destinados à habitação, com fins comerciais, de escritórios ou de estacionamento de veículos motorizados, localizados na RAEM ou direitos sobre esses bens imóveis, construídos, em construção ou em projecto de construção, no prazo de dois anos, os vendedores são obrigados a declarar e pagar o Imposto de Selo Especial, dentro do prazo de 15 dias contados da data do documento, papel ou acto que titulou a respectiva aquisição, sendo as taxas de 20% e 10% para as transmissões que ocorram no prazo de um ano e dois anos, respectivamente, a contar da data da liquidação

do imposto do selo incidente sobre o documento, papel ou acto respectivo ou da data de emissão da certidão de isenção nos termos do n.º 3 do art.º 2.º da Lei n.º 6/2011. Ainda nos termos da Lei n.º 15/2012, as aquisições a título oneroso ou gratuito de bens imóveis destinados à habitação por parte de pessoa colectiva, empresário comercial, pessoa singular ou não residente que não esteja abrangida pelas isenções do imposto de Selo previstas no Regulamento ou em legislação especial, estão sujeitas ao pagamento da taxa adicional de 10% fixada nos artigos 42º ou 43º da Tabela Geral do Imposto de Selo, entretanto alterados pela citada Lei, para além do imposto de Selo previsto no respectivo Regulamento.

Estudo da Nova Visão mostra o que os cidadãos desejam ver nas LAG 2013

Habitação e mais cheques, por favor

Problemas sociais geram mais interesseO estudo da Associação Nova Visão mostra que a maioria dos residentes (66,5%) se preocupa mais com questões sociais do que com o próprio sistema político (2,1%). A economia recolhe 14,1% de respostas, com a inflação a estar no topo da atenção. “Podemos dizer que os residentes são mais exigentes com as políticas sociais e de subsistência”, explicou Lou Sheng Hua, que defendeu que o Executivo não pode tomar decisões políticas “de ânimo leve”, sobretudo as que estão relacionadas com o desenvolvimento de Macau a longo prazo.

Imobiliário Aí está o novo Imposto de selo especial

significa que as exigências são mais urgentes”, disse Lou Sheng Hua, vice-presidente da associação.

RESIDENTES QUEREM 10 MIL Lou Sheng Hua destacou ainda os pedidos dos entrevistados no aumento dos valores pagos pelo Executivo através dos cheques pecuniários. Houve mesmo residentes que exigiram 300 mil patacas. “Claro há exigências irracionais”, disse a responsável. “Mas a maioria dos residentes tem noção da capacidade do Governo. 91,4% querem cerca

de dez mil patacas por cheque e 40% quer mesmo dez mil patacas”.

Atrás da lista estão a continua-ção dos cupões de ajuda médica, o

combate aos trabalhadores ilegais para a protecção dos empregos locais, a promoção da reforma educacional. No fim da lista surge a melhoria do serviço de autocarros.

O estudo recaiu ainda sobre a nova lei de mediação imobiliária, sobre a qual os residentes mantém muitas desconfianças. 46,35% dos inquiridos acha que as novas medi-das são “inúteis”, enquanto 22,8% ainda não tem conhecimento das mesmas. Já 10,33% não sabe dizer se terão ou não eficácia, sendo que apenas 19% afirmam que a nova lei “terá utilidade” para regulamentar o mercado.

AS OITO POLÍTICASSe pudessem escolher, 11,5% dos inquiridos iria aumentar a oferta de habitação, 8,5% iria lançar mais terrenos para uso dos residentes, 7,4% iria abrir “o mais cedo pos-sível” mais vagas para a habitação pública. Mais de 6% dos entrevis-tados iria avançar “rapidamente” com mais casas económicas depois das 19 mil já anunciadas pelo Executivo, enquanto 6,5% iria estabilizar os limites de rendas pagos nestes casos.

6,3% iria proibir estrangeiros de comprar uma casa em Macau, enquanto 6,1% iria aumentar a oferta e reserva de terrenos. “Ob-viamente as novas medidas estão aquém das esperanças dos residen-tes”, acrescentou Lou Sheng Hua.

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terça-feira 30.10.2012sociedade6

ATENDENDO que o Bloco 3 do Edf. Koi Fu já ultra-passou o grau de

inclinação legalmente permi-tido, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte (DSSOPT) notifi-cou formalmente, por edital, os condóminos por forma a procederem à desocupação e demolição do edifício no prazo de 45 dias.

Nas reuniões realizadas entre a DSSOPT e os mo-radores do Koi Fu, foi-lhes exigido a realização imediata da consolidação do edifício, contudo os condóminos sem-pre alegaram não ter dinheiro para o fazer.

Os moradores defendem também que, caso de opte pela reconstrução do edifí-cio, que se opte pela cons-trução de mais um piso por forma a cobrir despesas. Do lado da DSSOPT, segundo a cota altimétrica máxima e as condicionantes urbanísticas anteriormente fixadas para o terreno, é tecnicamente viável a construção de mais um piso, contudo pelo facto do Bloco 3 do Edf. Koi Fu se encontrar no mesmo re-gisto predial que os demais

OS casinos de Macau deverão registar em Outubro um novo

recorde de receitas brutas, ultrapas-sando pela primeira vez a barreira dos 27.000 milhões de patacas, indi-cam dados compilados pela agência Lusa junto do mercado.

Os dados indicam que as receitas de Outubro deverão atingir entre 27.000 milhões de patacas e os 27.500 milhões de patacas, valores que traduzem um crescimento entre cerca de 0,75 e 2,5% face ao apu-rado em Outubro de 2011 e que se mantém como o recorde das salas de jogo locais.

Os dados a que a Lusa teve aces-so indicam também que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) continua a liderar o mercado, devendo fechar o mês com cerca de 27% de quota de mercado, contra cerca de 21% da Sands China, que retomará assim o segundo lugar do ranking de operadores à frente da Galaxy Resorts, cuja quota não deverá ir muito além dos 20%.

A segunda metade da tabela será ocupada pela Melco Crown, que tem em Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, um dos sócios, com quase 14% de quota de mercado, seguida da Wynn Resorts, do mag-nata norte-americano Steve Wynn,

A VII Assembleia Geral da Organização das Institui-

ções Supremas de Controlo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (OISC/CPLP) realizou-se entre 24 e 26 de Outubro, na cidade da Praia, capital de Cabo Verde, para a qual o Comissariado da Auditoria (CA), na pessoa do seu presidente Ho Veng On, foi convidado a participar na qualidade de representante de Macau.

“As melhores práticas adop-tadas pelas ISC na área da auditoria” foi o tema genérico desta sétima assembleia geral, tendo Ho Veng On e os demais representantes apresentado comunicações em que deram conta da situação nas respecti-vas jurisdições. A Assembleia Geral aprovou a “Declaração da Praia” propugnando que as instituições de auditoria devem realizar os trabalhos de fiscaliza-ção com integridade, promover a colaboração entre os países e

regiões, fomentar o intercâmbio e a partilha de experiências nas cooperações bilaterais ou mul-tilaterais, bem como reconhecer que o reforço da formação como a estratégia acertada no desenvolvimento das técnicas de auditoria. Aprovou-se ainda a integração de Timor Leste como membro de pleno direito da OISC/CPLP.

A Assembleia Geral da OISC/CPLP reúne bienalmente e tem por objectivo fomentar o intercâmbio de experiências e cooperação entre as instituições membros, bem como abordar matérias especificamente agen-dadas para a ocasião. O CA tem mantido bom relacionamento com as instituições supremas de controlo dos países de língua portuguesa e através dos con-tactos técnicos desenvolvidos com as mesmas tem vindo a acompanhar as práticas e as teorias de gestão de auditoria mais recentes dos homólogos internacionais.

Casinos de Macau com perspectiva de recorde de lucros

Moral em alta Comissário da Auditoria participou

na OISC/CPLP, em Cabo Verde

Pelas relações bilaterais

DSSOPT assume demolição definitiva do Bloco 3 do Edifício Koi Fu

Ameaça à segurança pública

dois blocos, por isso, será necessário o consentimento dos dois blocos ou a divisão do registo para um registo

com quase 10%, e da MGM Macau, controlada por Pansy Ho, também filha de Stanley Ho, com quase nove por cento.

O jogo em Macau é a principal fonte de receitas da administração

local através dos impostos directos de 35%, cobrados sobre as receitas brutas a que acrescem outros cerca de quatro por cento em impostos indirectos destinados a vários fins, como a promoção turística.

independente do Bloco 3 para poderem então estar reunidas as condições para a construção de mais um piso.

Os resultados mais re-centes da Comissão de Vistoria mostram que, so-bretudo em seis pontos de

monitorização, a inclina-ção veio a agravar, sendo particularmente mais grave o grau de inclinação em

direcção da Travessa da Corda e da Rua de João de Araújo, respectivamente de 1/69 e 1/65, que ultrapassa consideravelmente os va-lores normais permitidos compreendido entre 1/500 e 1/150, bem como o padrão de avaliação em geral para os edifícios em estado de ruína de 1/100, mostrando assim haver continuamente variação na situação da in-clinação deste edifício.

GOVERNO PROMETEAGILIZAR PROCESSOSA DSSOPT irá prestar assistência técnica aos mo-radores e caso estes tenham dificuldades em termos de alojamento, o assunto será encaminhado o mais rápi-do possível aos serviços competentes para acompa-nhamento. Esta é a posição actual do Governo no que à ajuda aos moradores diz respeito.

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7sociedadeterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

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Obras Públicas atentas aos casos de ocupação de terrenos

Uma questão de justiçaA Direcção dos Serviços de So-

los, Obras Públicas e Trans-porte (DSSOPT) aplaude o facto do Tribunal de Última

Instância (TUI) ter indeferido o recurso interposto pelo ocupante de um terreno situado junto dos Jardins de Cheok Van, em Coloane.

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) também já havia negado o re-

curso anteriormente, referindo que a ocupação do terreno foi ilegal.

Para a DSSOPT não subsistem quaisquer dúvidas. O ocupante terá de devolver o terreno “com a maior brevi-dade, caso contrário a Administração irá realizar a acção interdepartamental para a reversão do terreno”.

Paralelamente, a DSSOPT promete prosseguir com o acompanhamento

dos demais casos de ocupação ilegal de terrenos nesta zona, reiterando ain-da que os casos relativos a ocupação ilegal dos terrenos da Administração e que lesem o interesse público serão acompanhados e tratados segundo o mecanismo já criado para o efeito, “sem nunca actuar somente nos casos fáceis e baixar os braços nos casos difíceis”.

4.ª edição do “Jornal electrónico sobre segurança e saúde ocupacional” Este jornal semestral, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), visa divulgar a segurança e saúde ocupacional nos diferentes sectores de Macau, e dar a conhecer informações recentes e actividades desenvolvidas nos diferentes sectores relacionadas com essa área. O tema desta edição é “Segurança no trabalho na construção civil”.

Subsídio de Invalidez começará a ser atribuído esta quarta-feira De acordo com as informações fornecidas pelo Instituto de Acção Social (IAS), os indivíduos que preencham os requisitos necessários para a atribuição do subsídio de invalidez e tenham apresentado o respectivo pedido até 31 de Agosto, podem receber amanhã, o subsídio de invalidez de 2012. Relativamente aos pedidos apresentados depois da data atrás referida e que preencham os requisitos necessários, os requerentes irão receber a respectiva verba apenas no próximo ano.

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terça-feira 30.10.2012nacional8

NO romance “Irmãos”, do escritor Yu Hua, dois meninos do interior da China sobrevivem

unidos aos horrores da Revolução Cultural (1966-1976). Os laços da infância, porém, vão-se desfazendo à medida que a abertura económica avança: enquanto um fica bilionário a ponto de viajar para o espaço como turista, o outro definha entre trabalhos temporários mal pagos. O épico, best-seller na China, ilustra um dos principais efeitos colate-rais do crescimento anual médio de 9,9% nas últimas três décadas, escreve a Folha de São Paulo.

De uma sociedade quase homo-génea e nivelada pela pobreza até ao início dos anos 1980, para uma desigualdade de rendimentos que já figura entre as piores da Ásia.

AS vendas de automóveis na China devem aumen-

tar a um ritmo mais rápido do que a economia do país nos próximos anos, disse o secre-tário-geral da Associação de Fabricantes de Automóveis da China, Dong Yang, este domingo. Isto significa que as vendas no maior mercado mundial de automóveis terão um crescimento anual de pelo menos 7%, número que representa a meta de cresci-mento económico do governo chinês para o período de 2011 a 2015. “A desaceleração ob-servada este ano foi resultado de diversos factores, como a desaceleração da economia dentro e fora da China, assim como a remoção de alguns subsídios do governo para carros mais pequenos”, disse Dong num fórum do sector em Xangai.

Turistas chineses no exterior quadruplicam em 10 anosEm 2011, o número de turistas chineses no exterior atingiu 70,25 milhões, quatro vezes maior em comparação com 2002, informou a Administração Nacional de Turismo da China. Com o desenvolvimento do país, a elevação dos padrões de vida e a abertura cada vez maior ao mundo, o turismo externo dos chineses desenvolveu-se rapidamente, diz o comunicado daquele organismo. Actualmente, a China é o maior país de origem turística na Ásia e o terceiro maior de consumo turístico no mundo. Segundo o director da Administração Nacional de Turismo, Shao Qiwei, em 2011, a China contribuiu com 30% do turismo mundial. Além de ser um destino importante de viagem, o país também é uma das principais origens de turistas. Shao Qiwei sublinhou que o desenvolvimento do mercado turístico como destino pode mostrar a imagem do país, reforçar a competitividade e difundir a cultura da nação chinesa.

China enfrenta explosão de desigualdade

Preocupações maiores

Venda de carros na China deve crescer mais que PIB

Pelo menos 7%

Este deve ser um dos principais desafios para a nova liderança política chinesa, a ser definida no Congresso do Partido Comunista que começa a 8 de Novembro.

O coeficiente Gini, medida internacional para calcular dis-paridade de rendimentos, estava em 0,47 em 2009, segundo os dados mais recentes do Banco Mundial, que considera um índice maior do que 0,4 uma ameaça à estabilidade social.

Pelo cálculo Gini, zero re-

presentaria a igualdade perfeita, enquanto 1 significaria que apenas uma pessoa controlaria a riqueza do país.

Um levantamento divulga-do este mês pela Investigadora Financeira Domiciliar da China revela um panorama mais sombrio. Segundo uma sondagem, em que foram entrevistadas 8.438 famílias, 10% dos chineses mais ricos pos-suem 57% dos rendimentos e 85% de toda a riqueza do país.

O principal abismo chinês di-

vide a área urbana da rural, onde ainda vive pouco menos de metade dos habitantes - 680 milhões, quase 10% da população mundial.

O rendimento rural é, em mé-dia, cerca de um terço do urbano. A disparidade fica bastante evidente quanto à posse de bens. Enquanto 10,9% da população urbana pos-suía carro em 2009, esta taxa cai para apenas 0,7% na área rural, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China.

As distâncias significativas

entre o mundo urbano e rural repetem-se na posse de outros bens, como computadores (65,7% versus 7,5%), máquinas de lavar (96% versus 53,1%) e frigoríficos (95,3% versus 37,1%).

A desigualdade está entre as principais preocupações da opi-nião pública. É considerada “um problema muito grande” para 48%, face aos 41% de há quatro anos, segundo a sondagem do Pew Research Center. Apenas fica atrás apenas de inflação (60%) e empata tecnicamente com a corrupção (50%).

O problema recebe cada vez mais atenção do governo, que nos últimos dois anos tem vindo a promover aumentos dos salá-rios mínimos regionais acima da inflação.

Os dados da associação mostram que as vendas ge-rais de veículos, que incluem carros comerciais e de pas-sageiros, cresceu 3,4% na China nos primeiros nove meses deste ano. No mesmo período em 2011, o aumento foi de 4%, que já representava uma desaceleração face ao crescimento de dois dígitos nos anos anteriores. “Ac-tualmente há mais de 130 milhões de motos eléctricas e 200 milhões de bicicletas eléctricas registadas na China. De certeza que grande parte destes utilizadores vão passar para o mercado de automóveis no futuro”, acrescentou.

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9terça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo região

O secretário-geral da As-sociação de Nações do Sudeste Asiático (ASE-AN), Surin Pitsuwan,

chamou este domingo a atenção da comunidade internacional para os violentos confrontos entre budistas de etnia rakhine e muçulmanos rohingya no oeste da Birmânia. “Se a situação continua a deterio-rar há um risco de radicalização do povo Rohingya. Isto não será bom para ninguém”, afirmou o secretário-geral da ASEAN, em entrevista ao diário Bangkok Post. “Consegue imaginar o estreito de Malaca a transformar-se numa zona de violência como as águas da Somália? Isto colocaria em perigo a segurança económica do leste e sudeste da Ásia”, disse o secretário--geral da ASEAN, em declarações citadas pela agência noticiosa Efe, ao pedir ao governo da Birmânia um maior esforço na tentativa de fazer regressar a calma à região.

Desde domingo que o oeste da

Mais balões com panfletos para a Coreia do NorteActivistas pró-democracia da Coreia do Sul lançaram ontem para a Coreia do Norte, a partir da fronteira entre os dois países, balões com milhares de panfletos contra o regime norte-coreano, depois de Pyongyang ter ameaçado uma resposta militar. Cerca de uma dezena de activistas sul-coreanos lançaram para a Coreia do Norte balões com cerca de 30 mil panfletos no seu interior, a partir de um parque da localidade de Paju, a 60 quilómetros a norte de Seul. O objectivo é que os panfletos que denunciam o autoritarismo do regime norte-coreano e apelam à revolta contra o mesmo cheguem à população daquele que é um dos países mais fechados do mundo.

Honda registou ganhosde 8 mil milhões de patacasO fabricante de automóveis japonês Honda anunciou ontem ganhos de cerca de 8 mil milhões de patacas entre Julho e Setembro, mais 36,1% do que no período homólogo do ano passado. Apesar destes resultados trimestrais, o grupo japonês reviu em baixa a sua previsão de lucros para o ano fiscal que termina em Março de 2013 para cerca de 36 mil milhões de patacas, menos 20% do que o estimado em Abril. A Honda justificou esta situação com o fortalecimento do iene e a possível queda das vendas. Só em Setembro, as vendas do grupo na China caíram 40,5% devido a uma disputa territorial entre Pequim e Tóquio.

ASEAN chama a atenção para a violência na Birmânia

Segurança económica da Ásia em perigo

PM japonês alerta que Estado poderá parar de funcionar

Onde pára o dinheiro?

Birmânia tem sido palco de uma nova onda de violência que, no intervalo de uma semana, já causou mais de 80 mortes, levando milha-res de pessoas a abandonarem as suas casas.

A “Human Tight Watch” pu-blicou no sábado uma imagem de satélite onde se vê um bairro mu-çulmano da cidade de Kyaukpyu, no estado Rakhine, a ser reduzido a cinzas durante este surto de violência, de acordo com a Efe. “O conflito tem sido apresentado como um tema islâmico quando não é. Os confrontos são por causa da política, democracia, direitos humanos e temas constitucionais que têm uma implicação directa na reforma política e no processo de reconciliação nacional que está a acontecer na Birmânia”, realçou Surin Pitsuwan.

Na tentativa de evitar que ocor-ram novos confrontos, as autorida-des mantêm o recolher obrigatório em Mrauk U e Minbya, os dois

lugares onde estalou a violência étnica que depois de estendeu a localidades vizinhas.

O representante da ONU em Rangum, Ashok Nigam, disse à agência AFP que a nova onda de violência étnica já causou 22.587 deslocados, 21.700 dos quais muçulmanos, pertencendo a estes 4.500 das 4.665 casas incendiadas.

Cerca de 800 mil muçulmanos da etnia Rohingya – conside-rada pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do planeta – vivem na Birmânia, a maioria no Estado de Rakhine, ainda que as autoridades do país, predominantemente budista, não os reconheçam como sendo ci-dadãos birmaneses, mantendo a sua posição de que procedem do vizinho Bangladesh.

Esta comunidade apátrida tam-bém não é reconhecida no Bangla-desh, onde aproximadamente 300 mil Rohingyas se encontram em campos de refugiados.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko

Noda, alertou ontem que o Estado nipónico poderá rapidamente parar de funcionar por falta de financiamento, depois de a oposição ter bloqueado uma lei para permitir a emissão de obrigações pelo Governo. “Se a situ-

ação se mantiver, os ser-viços administrativos vão paralisar, o que terá efeitos sobre a vida das pessoas e a retoma da economia”, declarou Noda dirigindo--se aos deputados.

Uma lei que permitiria a emissão de obrigações pelo Governo foi bloque-ada no Senado pela opo-

sição de direita, o Partido Liberal-Democrata, que exige a Noda a dissolução da câmara de deputados e a convocação de eleições legislativas antecipadas.

A emissão de novas obrigações pelo Governo deveria cobrir 40 por cen-to do orçamento de Abril deste ano a Março de

2013, mas o seu bloqueio fez com que as despesas públicas, especialmente em benefício das comu-nidades locais, tivessem que ser adiadas.

O primeiro-ministro nipónico apelou a “dis-cussões francas entre a maioria e a oposição” e para se “parar de utilizar

a lei de emissão de obriga-ções como carta política”.

O Partido Democrata do Japão, de Noda, tem maioria na câmara dos deputados, mas uma minoria dos lugares do Senado, pelo que o apoio da oposição é necessário para a adopção desta lei orçamental.

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terça-feira 30.10.2012aniversário10

O diário Jornal de Macau e o semanário Tribuna de Macau nasceram a 28 e 30 de Outubrode 1982, respectivamente, tendo-se fundido em 1 de Novembro de 1998

Rita Marques [email protected]

O Jornal Tribuna de Macau (JTM) comemora trinta anos. Mas o aniversário é celebrado a três iden-

tidades, através de uma só voz. A que foi dada ao povo macaense pelo Jornal de Macau e pelo Tribuna de Macau, ambos fundados em Outu-bro de 1982, que 16 anos depois, se fundiram num único, o JTM.

Primeiro, é necessário regressar ao tempo da Administração Portu-guesa. Desde logo, para perceber que havia diferentes visões políticas defendidas entre os dois proprietá-rios - Carlos D’Assumpção (Jornal de Macau) e Neto Valente (Tribuna de Macau) - mas que isso não os impediu de se moverem em torno de uma causa comum: criticar as políticas do Governador Vasco Al-meida e Costa (à frente dos destinos de Macau entre Junho de 1981 e Maio de 1986). “Era um homem

Retratoda Sociedade Segundo Rocha Dinis, uma das políticas editoriais pela qual se pauta o Jornal Tribuna de Macau é a atenção dada à comunidade. “Temos de dar o retrato da sociedade e lidar com os problemas relacionados. Dá muito mais trabalho do que entrevistar um membro do Governo. O meu ADN do jornalismo já é assim há 40 anos e nele está a parte noticiosa e as reportagens.” Por essa razão, durante cinco dias da semana, sete jornalistas reproduzem esta linha editorial. Raquel Carvalho, Grande Repórter, identifica essa entrega diária. “Temos a responsabilidade de responder às expectativas dos nossos leitores, pois acabamos diariamente por ter a atenção da comunidade portuguesa e macaense. Assim, fazemos um tipo de jornal muito virado para as comunidades. É isso que tentamos fazer diariamente, encontrar temas que interessem a estas pessoas. É um jornal português em Macau, para pessoas macaenses e portuguesas noutros sítios do mundo. A responsabilidade é grande e penso que é partilhada com todos”, esclarece. E, segundo indica, a reacção dos leitores corresponde ao trabalho e dedicação. “Há imensa gente portuguesa, chinesa, macaense que de vez em quando dá esse feedback, que gostam de ler os jornais portugueses, consideram importante que existam, porque fazemos um trabalho diferente da imprensa chinesa.” Em quê? “Do ponto de vista do jornalismo os jornais em português acrescentam valor, desde a abordagem, aos temas diferentes que procuramos tratar. Damos uma perspectiva diferente da actualidade. Acho saudável que existam órgãos diferentes”, indica. Em Maio deste ano, Raquel Carvalho ganhou o Prémio Macau Reportagem 2011 da Fundação Oriente com o trabalho “A Vida Num Pátio”, sobre a vida da comunidade no Pátio da Claridade, onde se preserva um espaço físico e social muito próprio, que Raquel chama a atenção para que seja preservado e protegido. “Senti, se calhar, no momento uma responsabilidade acrescida de continuar a fazer reportagens e a trabalhar em temas diferentes e próximos das pessoas”, revela, apesar das dificuldades sentidas a nível linguístico. “Mesmo quando temos uma boa tradução é sempre um entrave face ao nosso interlocutor. As pessoas lá fora são muitas vezes críticas com os jornais portugueses sem terem noção das dificuldades que enfrentamos todos os dias.” Há mais de quatro anos na pele de jornalista do Jornal Tribuna de Macau, Raquel Carvalho não acredita, por isso, que a continuidade do jornalismo feito em língua portuguesa esteja condenada. “Existe um interesse em Macau, do ponto de vista social e politico, de salientar este lado ocidental. É normal que exista interesse em manter órgãos portugueses e ingleses.”

1 de Novembrode 1998O Jornal Tribuna de Macau começou a operar, com o nome vigente, há 14 anos. Marcava nos calendários 1 de Julho de 1998. O Jornal de Macau e o Tribuna de Macau, por sua vez, começaram a operar 16 anos antes, no mês de Outubro. O primeiro a 28 e o segundo no dia 30. Em posterior decisão, optou-se pelo dia 1 de Novembro como data a assinalar o aniversário. Porquê? “Porque como verdadeiramente começámos em Outubro, pareceu-me mais lógico aumentar, daí 1 de Novembro.”

O mais antigo diário de Macau em língua portuguesa está de parabéns. Três décadas são celebradas na próxima quinta-feira, 1 de Novembro. A história já vai longa e carrega consigo o peso da representação de outros dois jornais, o Jornal de Macau e o Tribuna de Macau, que se fundiram em 1998. À parte das disparidades políticas dos seus dirigentes, uma coisa os uniu por duas vezes: a antipatia pelo Governador Almeida e Costa e a vontade de fazer permanecer a notícia em português depois da transferência de soberania

Jornal Tribuna de Macau celebra 30 anos no dia 1 de Novembro

Língua portuguesa firme na imprensa

que, de facto, não contava muito com os macaenses, importava muitos funcionários da metrópole”, conta o director do extinto Jornal de Macau, João Fernandes. “Nitidamente os macaenses estavam à espera que aquilo acabasse mal e queriam ter uma voz para defender os interesses da terra e das pessoas. Aí de facto encontraram em mim essa voz.”

A voz tinha sido eleita pelo então Presidente da Assembleia Legislati-va, Carlos d’Assumpção, e membro da Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM), mas houve outra voz a ser pensada por Neto Valente, um dos co-fundadores do Centro Democrático de Macau (CDM). “A sociedade devia estar junta contra o Governador [Almeida e Costa]”, explica José Rocha Dinis, director do então Tribuna de Macau.

GARANTIR A SUSTENTABILIDADE“Eu e o Carlos D’Assumpção pensámos num esquema que po-deria contribuir para uma forma de

sustentabilidade. O que era isso? Era fazer uma casa de obras: uma tipografia, que imprimia impressos, e uma editora”, avança Neto Valente, fundador do semanário Tribuna de Macau. Mas ambos não contavam com pedras no sapato. “O Almirante Almeida e Costa declarou guerra a

tudo o que lhe pudesse fazer som-bra - e naturalmente que os jornais incluíram críticas à sua governação - e andava a passar recados às pes-soas para não irem às tipografias”, avança. Os jornais enfrentaram este confronto directo, mediante menos poder de sustentação, como explica

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11terça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo aniversário

O diário Jornal de Macau e o semanário Tribuna de Macau nasceram a 28 e 30 de Outubrode 1982, respectivamente, tendo-se fundido em 1 de Novembro de 1998

José Rocha Dinis, director do JornalTribuna de Macau

Rocha Dinis, director do Tribuna de Macau, na companhia de João Fernandes, director do Jornal de Macau

Importânciados 30 anos“Não queria que a data de 30 anos fosse a celebração da Tribuna mas antes a chamada de atenção para a importância da imprensa portuguesa de Macau. Tem sido esse o meu combate”, revela Rocha Dinis. Porque a luta é idêntica a todos, naquele que é um objectivo comum também. “Os jornais portugueses em Macau não são apenas jornais de notícias, desempenham um papel cultural importantíssimo porque há muita gente que aprendeu a ler e que vulgarizou a sua aprendizagem na língua portuguesa através dos jornais porque, primeiro não há livros como há em Portugal e os livros são caros e depois, com as notícias, interessam-se porque são coisas do dia-a-dia”, indica. Mas não só. “Depois também o papel de unir a comunidade no sentido de lhes dar informação sobre aquilo que se vai passando e, ao mesmo tempo, influenciá-la sobre qual a posição correcta”, evidencia. E, em seu entender, têm outro estandarte elevado, pelo menos tal como caracteriza o Jornal Tribuna de Macau. “Ajuda o Governo e a Assembleia a definir as suas políticas de uma forma muito mais correcta. As críticas que fazemos, no outro dia apanham-nos logo todos. O jornalismo não é o quarto poder, nunca foi. Tem é influência.” Alguém que traz mais uma opinião para a mesa. “Para a população de Macau é importante haver imprensa portuguesa, tal e qual como dizia um senhor, opiniões dos chineses eles têm muitas, eles precisam é da opinião dos portugueses”, avança o director da Tribuna de Macau. E, por outro lado, há lugar para a imprensa portuguesa, porque não faz oposição à chinesa, mas antes completam-se porque têm visões diferentes. “Temos uma visão europeia de jornalismo que eles não têm noção. O jornalista para um chinês é uma pessoa que trabalha no jornal.” Em seu entender, o primeiro diário de língua portuguesa permanecerá e a veiculação da língua deverá manter-se nos meios de comunicação, porque nada os impede. “A Tribuna não abandona os portugueses que estão cá. Não prevejo a ideia de que os portugueses se vão embora todos. Também não prevejo que venham muitos mais porque não há negócios.” E com a continuidade de leitores no território, mais facilmente há razões para continuar, para os leitores locais e estrangeiros.

O mais antigo diário de Macau em língua portuguesa está de parabéns. Três décadas são celebradas na próxima quinta-feira, 1 de Novembro. A história já vai longa e carrega consigo o peso da representação de outros dois jornais, o Jornal de Macau e o Tribuna de Macau, que se fundiram em 1998. À parte das disparidades políticas dos seus dirigentes, uma coisa os uniu por duas vezes: a antipatia pelo Governador Almeida e Costa e a vontade de fazer permanecer a notícia em português depois da transferência de soberania

Jornal Tribuna de Macau celebra 30 anos no dia 1 de Novembro

Língua portuguesa firme na imprensa

Neto Valente, o que obrigava a sair mais “dos bolsos dos fundadores”. Outro contratempo, encetado pelo alto dirigente de Macau, prendeu--se ainda com a criação de novos jornais, e com o apetrechamento da imprensa nacional (hoje imprensa oficial) que passaria a fazer tudo,

explica o também advogado. Mas nada disto foi razão para que os jornais sucumbissem.

“Ele [Governador] soube lidar com isto, até ao momento em que acabou por ir embora. Essa guerra ganhámos”, evidencia Rocha Dinis. “Realmente era um Governador mi-litar que não percebia nada e que a tendência que ele tinha era que toda a gente fosse embora o mais depressa possível, para depois não irem para Portugal retornados”, sublinha.

ÁGUAS PASSADAS“Havia umas velhas desavenças en-tre a ADIM e a CDM, os ‘socialistas de Macau’”, explica João Fernandes. “As desavenças não eram agressivas. Eram resquícios das antipatias ideo-lógicas que resultavam um bocado do 25 de Abril. Não era nada que, perante uma situação mais grave - que era a hipótese de perda de soberania portuguesa -, não pusesse esses arrufos anteriores noutro lado.” Na opinião de Neto Valente, estavam expressas as ideologias diferentes mas não havia uma guerra de “tirar olhos”, apenas opiniões diferentes. “O Jornal de Macau apontava muito para notícias mais conservadoras e a Tribuna era mais arejada, mais pluralista, era esse o objectivo e o estatuto”, analisa.

E, a certa altura, esquece-se a concorrência e as eventuais diver-gências políticas, que aparentemente não eram vincadas, e privilegia-se a união dos dois directores e suas publicações, em prol da sobrevi-vência dos meios de comunicação em língua portuguesa. “Eu nunca quis que o João Fernandes fosse da esquerda, como é que podia ser se ele foi sempre da direita”, reforça Rocha Dinis. “Nem a ele passava pela cabeça tentar-me mudar. Nunca houve guerra nenhuma. As guerras que houve em termos de jornais fo-ram com outros, foi com pessoas de outros jornais que já cá não estão.”

A fusão nasce com a primeira edição em 1 de Junho de 1998, não em 1 de Novembro, data actual de celebração [ver caixa]. “Eu e o Rocha Dinis dávamo-nos bem apesar de aparentemente sermos concorren-tes e não termos ideologicamente grandes parecenças”, disse João Fernandes. “Não parecíamos muito próximos mas na verdade pensáva-mos o mesmo.”

E os dois podiam tê-lo dito em uníssono, não fosse um estar em Macau e outro a oito horas de diferença, em Portugal. “Tinha-se discutido a transição de soberania de Macau, portanto perguntávamo-nos depois de 1999 o que é que acontece à presença portuguesa em Macau?”, avançou o antigo director do Jornal de Macau.

E DEPOIS DE 1999?Eis que chegou uma publicação nova, com renovado conceito. “Tivemos a ideia de juntar forças e fazer um jornal diário. O título foi fácil de encontrar.”, explica. “A ideia

teve o apoio do Governador Rocha Vieira que era garantir que, pelo menos durante seis meses, depois da transição continuava a existir um jornal português em Macau. E foi isso a que nos comprometemos e parece que temos cumprido”, re-vela o que na altura seria escolhido como director do Jornal Tribuna de Macau, João Fernandes. “Eu e o Rocha Dinis tivemos de fazer moeda ao ar para ver quem ficava administrador e quem ficava director. A sorte fez com que eu ficasse como director e ele como administrador.” Mas, segundo indica, a direcção e supervisão era conjunta, e apenas o profissionalismo imperava. “A ideia inicial era de que viria depois de 99 para Lisboa durante seis meses e depois voltava a Macau e vinha ele durante seis meses para a metrópole. Acontece que tive um AVC e, enfim, fiquei bastante diminuído com isso e a parte de voltar a Macau não se cumpriu”, completa João Fernandes, sem esquecer o dia 22 de Dezembro de 1999, dois dias após a transição, como data de partida para Portugal.

A grande preocupação estava re-lacionada também com o capacidade humana e, claro, financeira para levar

o jornal adiante, até porque, recorda Rocha Dinis, os jornais até então faziam-se com apenas duas pessoas. “Depois arranjei uma engenharia financeira. Pedi a uns amigos que me dessem umas coroas, compramos uns computadores novos. Tivemos algum dinheiro de particulares - o senhor Roque Choi, o Jorge Neto Valente (5%), Alfredo Ritchie (18%) e o DN (18%) mais 12 casas de Ma-cau (1%)”, indica o director do Jornal Tribuna de Macau. “Eu e o João Fernandes passámos a ter a maioria, com 52%”, revela. Mais tarde, foi também celebrado um acordo com a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que incentivou a vinda de muitos estagiários, alguns deles jornalistas em Macau hoje.

COM OUTRA QUALIDADECriar os dois novos jornais, então nos anos 80, também se antevia como uma vontade de fazer jornalismo de melhor qualidade, que na opinião de Neto Valente e Rocha Dinis, até então deixava muito a desejar. “Não havia jornalistas em Macau. Eram carolas. Estavam longe de ser pessoas acreditadas como tal”, revela o também advogado Neto Valente. “Para dignificar a língua portuguesa e os portugueses, achava que estava a anos-luz daquilo que era necessário.” Portanto, a ideia “não de contra-poder” mas de que se podia fazer um jornalismo “que podia ter alguma influência ao nível da Assembleia Legislativa (AL)” era algo que agradava aos fundadores.

A alavanca em nome do Governo, com apoios financeiros concretos, onde era possível ter redacções mais numerosas e mais qualificadas tam-bém, só chegou já neste século. Mas antes deram-se os primeiros passos nesse sentido. “Os primeiros apoios são ainda em 1987, no Governo do Melancia, para os jornais que já ti-vessem uns tantos anos mas era uma coisa muito reduzida. Mas também a vida era muito reduzida”, subli-nha Rocha Dinis. Aliás, até Salazar aplicou medidas proteccionistas para os jornais locais, evidencia. “Os subsídios e os anúncios também só são importantes para este tipo de jornais - com mais gente, os outros são mais pequenos, não precisam. Com a RAEM melhorou bastante.”

E a qualificação era, e é, neces-sária por um objectivo claro, explica Rocha Dinis. “O jornalismo é sempre uma profissão de oposição porque te-mos de ser a ponte entre a população e o Governo. Evidentemente que não há nenhum Governo que faça 100% as coisas bem. E portanto, temos de lhes mostrar é o que fazem mal. “

E, porque há lacunas, é preciso também ensinar. “Estes governos são compostos por gente muito nova. Culpa dos portugueses porque nunca prepararam a comunidade portugue-sa para tomar conta e portanto, a gente também tem que lhes ensinar a governar. Temos de lhes ensinar a ideia de que não há só um mundo. Não há só uma posição”, sustenta.

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terça-feira 30.10.2012vida12

DENUNCIADO na semana passada pela imprensa in-glesa, um projecto

de “fertilização” do oceano com sulfato de ferro na costa do Canadá, financiado por um milionário dos Estados Unidos, reacendeu a polémi-ca sobre o uso da chamada geoengenharia para reduzir efeitos do aquecimento global. A maior acção do género posta em prática no mundo, alertam especialistas, abre o perigoso precedente para outras expe-riências invasivas na natureza.

O projecto, implemen-tado em Julho no arquipé-lago de Haida Gwaii, no Pacífico, tem a intenção de aumentar a flora local de plânctones, que absorvem o dióxido de carbono da

A procura por respostas a sintomas na Internet

é muitas vezes um risco, dada a variedade de fontes e informações imprecisas e enganosas. No entanto, se-gundo um estudo recente, os pacientes podem beneficiar desta procura quando procu-ram posteriormente o médi-co, avança o PIPOP – Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica, citan-do o The Telegraph.

Procurar sintomas, pes-quisas e tratamentos na Internet ajuda o utilizador, numa primeira fase, a obter mais informação sobre pos-

Um momento registado para a posteridade: o fotógrafo Sam Cahir fotografou o exacto momento em que

um tubarão-mako estava em posição de ataque. Segundo o jornal inglês Daily Telegraph. A imagem, no

mínimo impressionante, foi tirada no Oceano Índico, próximo à ilha de Neptuno, na Austrália.

Canadá anda a colocar sulfato de ferro na sua costa

“Fertilização” reacende polémica

FOTÓGRAFO FAZ FOTO IMPRESSIONANTE DE TUBARÃO EM POSIÇÃO DE ATAQUE

que é só uma questão de tempo.”

O país com maior nú-mero de projectos, segundo o físico, é a Grã-Bretanha, seguida pelos EUA. Outras propostas cogitadas em congressos internacionais e feiras incluem a emissão de aerossóis na estratos-fera e o posicionamento de espelhos gigantes na órbita terrestre - acções que, em tese, conteriam a radiação solar para mitigar o aumento da temperatura na Terra. “Nenhuma das tecnologias apresentadas até hoje conseguiu lidar com os efeitos colaterais negati-vos. O projecto no Canadá foi o primeiro individual e sem autorização interna-cional. Estas experiências não podem nem devem ser executadas, pois são uma distorção científica”, diz Artaxo. “Não há saída para a questão climática que não envolva a diminuição das emissões de gases poluentes na atmosfera.”

atmosfera. Sem a avaliação dos riscos ao ecossistema, no entanto, a experiência foi criticada pela comuni-dade académica.

Segundo o físico Paulo Artaxo, membro do Pai-nel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a iniciativa é a que foi mais longe numa tendência mundial de ten-tar combater as mudanças cl imáticas com novas tecnologias de engenharia. “Existe um número muito grande de indústrias e financiadores particulares milionários que estimu-lam a realização destas pesquisas”, afirma Artaxo. “Ainda não existem muitas experiências práticas a serem planeadas, mas acho

Procurar origem de sintomasna Internet pode beneficiar diagnóstico

A busca pela saúdesíveis problemas de saúde, o que lhe permite dialogar mais à vontade com o médi-co sobre estas questões, se-gundo defende um relatório do Colégio Universitário de Londres, no Reino Unido.

Os investigadores avalia-ram respostas a inquéritos fei-tos por 26 pessoas de diferen-tes faixas etárias e chegaram à conclusão de que quando existe uma noção prévia do doente sobre o problema, o paciente sente-se mais seguro para debater as melhores estra-tégias de tratamento a seguir.

As conclusões do es-tudo foram publicadas no

British Journal of General Practice e revelam que, em alguns casos, os pacientes sentiram que os médicos os levavam mais a sério, enquanto outros, por outro lado, mostravam-se algo preocupados sobre se o médico se sentiria ofendido.

Apesar dos resultados, os investigadores lembram os riscos de pesquisar informa-ção que não é fidedigna em sites não recomendados ou sem qualquer credibilidade, mas ressalvam que “é muito encorajador ver pacientes que tomam um interesse particular na sua saúde”.

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Mais de 60% dos australianos sofre de excesso de peso ou obesidadeMais de 60 por cento dos australianos em idade adulta sofre de excesso de peso ou obesidade, uma tendência que se agrava na Austrália, revelam dados oficiais divulgados. De acordo com os dados do Gabinete de Estatísticas australiano, 63,3 % da população adulta da Austrália sofre de obesidade, face aos 61,2% e 56,3% registados em 2007/08 e em 1995, respectivamente. Já a proporção de australianos com idades entre os cinco e os 17 anos que sofrem de obesidade manteve-se estável nos 25,3% em 2011/12.

O mês passado foi o Setembro mais quente já registado na Terra, dizem

cientistas de uma agência governamental americana que estuda o clima e o oceano.

A média da temperatura global dos continentes e dos oceanos no mês passado foi de 15,67º C ou 0,67º C acima

Setembro teve o recorde de calor de sempre

Menos gelo na Antárctida

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da média geral do século XX.A temperatura média

global só dos continentes em Setembro foi a terceira mais quente já registada para esse mês.

A Rússia central, o Ja-pão, o oeste da Austrália, o norte da Argentina, o Para-guai, o oeste do Canadá e o sul da Gronelândia tiveram

temperaturas maiores que a média em Setembro, en-quanto o leste da Rússia, o oeste do Alasca, a África do Sul, grande parte da China e partes do Centro-Oeste superior e sudeste dos Estados Unidos registaram temperaturas notavelmen-te abaixo da média.

A cobertura de gelo no

Regressou à Terra a primeira nave privada a acoplar-se à Estação EspacialA nave Dragon, da sociedade norte-americana SpaceX, amarou este domingo no oceano Pacífico, ao largo da Califórnia, depois de uma missão de 18 dias à Estação Espacial Internacional. A nave não tripulada tocou suavemente na água às 19.22 horas (hora de Portugal continental), travada por três enormes pára-quedas. De acordo com a SpaceX, navios que se encontravam de prevenção aproximaram-se do local para recuperar a cápsula espacial. A SpaceX tinha lançado a nave Dragon a bordo do foguetão Falcon 9 no passado dia 7, a partir da base de Cabo Canaveral, na Florida (sudeste). A colocação em órbita da nave foi bem-sucedida, apesar de ter falhado um dos nove motores do Falcon 9. Durante a missão, a Dragon fez a primeira entrega comercial de mercadorias à Estação Espacial Internacional, tendo sido a primeira nave privada a acoplar-se à estação, em Maio passado, num voo de treino que abriu uma era no transporte espacial em órbita. A empresa privada SpaceX, da Califórnia, fez chegar com sucesso meia tonelada de mercadorias à estação espacial, a bordo da nave Dragon, ao abrigo de um contrato de 12 mil milhões de patacas com a NASA, que prevê a realização de 12 viagens.

Árctico atingiu o seu menor nível histórico no último mês, enquanto a Antárctida registou a sua maior cober-tura de gelo na história. “A magnitude dos recordes em cada região (árctica e antárctica) é muito diferen-te”, diz Deke Arndt chefe da monitorização climática da agência americana. “O Árctico está deixando to-dos os recordes para trás, não existem superlativos suficientes para descrever o que vem acontecendo lá nos últimos cinco ou seis anos”.

Para contextualizar o actual recorde negativo de gelo no Árctico, basta com-parar com o último recorde, registado em 2007, quando especialistas disseram que a queda na cobertura de gelo no Pólo Norte era “assombrosa” e um sinal claro da aceleração do aquecimento global.

Aveia ajuda a controlar níveis de colesterol e açúcar no sangueDisponível em flocos, farelo e farinha, a aveia é um cereal que não deve faltar no cardápio diário. Em sua composição existem proteínas, minerais, hidratos de carbono, vitaminas e muitas fibras. Essas fibras, inclusive, actuam no controle do colesterol e da glicose no sangue. A fibra solúvel chamada de betaglucana ajuda a prevenir também o cancro de cólon, pois ajuda no trabalho do intestino. Essa mesma fibra controla os níveis de açúcar e colesterol no sangue. As fibras em contacto com a água formam uma espécie de gel no intestino. Assim, há uma diminuição na absorção de colesterol. A recomendação é de duas a três colheres de aveia por dia.

13vidaterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

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terça-feira 30.10.2012cultura14

FOI no Festival Literário Escritaria, em Penafiel, que António Lobo Antu-nes confidenciou ao jornal

Público que o seu novo romance conhecerá a luz do dia em 2014.

Como está na fase entre a es-crita de romances, Lobo Antunes tem lido os mais diversos livros entre eles o best-seller mundial “As Cinquenta Sombras de Grey” de E. L. James. “Fala de partes do corpo humano que eu não sabia que existiam”, brincou o médico e es-critor. “A quantidade de coisas que eu também não sabia que existiam e que se podem meter em várias partes do corpo... É completamente obsceno, achei aquilo completa-mente ofensivo para as mulheres. Se eu vos contasse aqui o que lá se passa vocês nem dormiam!”

Há um mês António Lobo Antu-nes terminou mais um romance que será publicado em 2014. Numa cró-nica na “Visão” intitulada “Adeus” dizia mais uma vez que poderia ser último, mas no Escritaria disse que pensava começar a escrever um novo livro em Janeiro, embora não saiba se o vai fazer. No festival literário revelou que o título desse romance que acabou de escrever e cuja acção se passa num prédio de vários andares é “Caminho como uma casa em Chamas”.

Metade desse livro que António Lobo Antunes acabou de escrever “foi para o galheiro”. Isso não lhe aconteceu com “Não é meia noite quem quer”, em que a tal voz fe-minina lhe acompanhava a escrita.

A MELHOR CRÍTICALobo Antunes falou por várias vezes da crítica e das pessoas que nos jornais escrevem sobre livros que só lêem uma vez. E para mostrar como isto da crítica é com-

Aeroporto da Nova Zelândia inaugura escultura gigante do Gollum

Paul McCartney defendeu Yoko OnoEm entrevista a David Frost, do Guardian, a publicar esta semana, Paul McCartney garante que a viúva de John Lennon não foi responsável pelo fim da banda. “De certeza que ela não acabou com o grupo, o grupo já se estava a desmembrar”, assegurou. “Quando ela surgiu, parte do seu encanto tinha a ver com a faceta vanguardista, a visão dela das coisas, por isso ela mostrou-lhe [a Lennon] outro lado que foi muito atractivo”, relativizou McCartney. “Era tempo de ele partir”, defendeu, embora ele “acabasse por sair de qualquer forma”. McCartney justificou a defesa de Yoko Ono com a opinião de que “sem ela não haveria canções como Imagine”. “Não há nada que se lhe possa apontar”, declarou. Quanto aos culpados sobre o fim dos Beatles, McCartney aponta o segundo manager, Allen Klein, como um dos grandes responsáveis.

China com 43 itensde patrimóniocultural mundial A China conta com 43 itens na Lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), classificando-se em terceiro lugar na lista que engloba todos os países do mundo. O ministro da Cultura, Cai Wu, apresentou estes dados aos legisladores na sessão bimestral do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), o mais alto órgão legislativo do país, informa a rádio China. Cai acrescentou que o censo sobre o património cultural tem registado progressos, estando actualmente colectados 290 mil peças, registos escritos com dois mil milhões de caracteres e 4,77 milhões de fotografias.

O aeroporto de Wellington, na Nova Zelândia, inaugurou esta sexta-feira uma instalação com um grande Gollum, personagem que apareceu na trilogia de cinema “O Senhor dos Anéis”, realizada por Peter Jackson e baseada na obra de JRR Tolkien. A escultura, que foi feita com espuma sintética e está suspensa na zona de restauração do aeroporto, tem doze metros e mostra a cabeça do Gollum, que está com o braço direito esticado para apanhar peixes gigantes. Ela foi criada pela Weta Workshop, empresa que fez os efeitos especiais de “O Senhor dos Anéis” e também está envolvida na produção cinematográfica de “O Hobbit”, cujos três filmes também terão participação do Gollum, interpretado

pelo actor Andy Serkis. Em entrevista ao site neozelandês Stuff, Sir Richard Taylor, criador da Weta, disse que o personagem era a escolha óbvia para ganhar uma instalação no aeroporto, uma vez que já havia uma escultura menor dele no local. Ela ainda afirmou esperar que a novidade chame a atenção das pessoas para a indústria do cinema local. O primeiro filme da trilogia baseada no livro homónimo, “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, tem estreia mundial marcada para 28 de Novembro na Nova Zelândia. A segunda parte, “A Desolação de Smaug”, será lançada a 13 de Dezembro de 2013. Já a terceira, “Lá e de Volta Outra Vez”, está marcada para chegar a 18 de Julho de 2014.

Escritor promete novo romance para 2014

Um outro Lobo Antunes

plicado contou uma história que se passou com ele e com o poeta Alexandre O’Neill (1924-1986), explicando que os dois são autores da melhor crítica que alguma vez se fez. “O O’Neill era um poeta que não gostava de ninguém. Ele tinha imensa graça, não gostava de mim mas eu gostava dele. Ele

não gostava de ninguém. Almo-çávamos todas as semanas, ele sempre de fato e gravata, muito composto. Uma vez estávamos a almoçar num restaurante e entrou o pintor Cargaleiro. Olhou para nós e avançou: ‘Ainda bem que vos encontro, logo aos dois, vou fazer uma exposição em Paris e

gostava que escrevessem um texto para a minha exposição’”.

Este episódio aconteceu em 1984, Alexandre O’Neill ia dan-do pontapés debaixo da mesa ao António Lobo Antunes e ao mesmo tempo que dizia para o Cargaleiro: “Claro que a gente faz, a gente faz, quando vais para Paris? Mandamos-te por tele-grama.” Quando o pintor saiu, o O’Neill diz ao colega escritor: “É a mulher-a-dias da Vieira da Silva. De cada vez que a Maria deixa cair um quadradinho, ele apanha junta dois e tem um quadro”, conta Lobo Antunes recordando que fizeram uma análise da obra do pintor e mandaram por telegrama.

“Uma análise que eu acho bastante profunda, crítica, que era assim: ‘Cargaleiro que carga um cargalhão, carga um cento’. Na al-tura achámos aquilo uma obra-prima da crítica da pintura. Passados uns meses, estávamos no mesmo restau-rante e aparece o Cargaleiro e não nos falou. Dizia-me o Alexandre: ‘Já viste? O homem nem sequer nos fala. O que se terá passado?!’ E eu respondi: ‘Sei lá! Também não estou a perceber’. O Alexandre já morreu e eu ainda continuo por cá sem perceber porque é que o Cargaleiro não nos falou. Portanto como autor da melhor crítica de arte que se conhece não vou comentar a crítica da Ana Paula Arnaut, com umas coisas concordo com outras não, mas ela está em vantagem, ela leu o livro e eu não, só o escrevi.”

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JAMES Bond completa 50 anos e a data é motivo de co-memorações um pouco por todo o Mundo. No entanto,

a prenda maior para os amantes desta franquia é “Skyfall”, o 23.º filme da série. Realizada por Sam Mendes, o agente do MI6 regressa ao seu passado, mas também ao de M, para enfrentar um dos piores vilões de sempre, um papel em que Javier Bardem rouba todo o pro-tagonismo a Daniel Craig, apesar deste mostrar, mais uma vez, que 007 lhe assenta como uma luva.

É verdade que estamos perante um filme de 007, mas não pode-mos ignorar a actuação de Javier Bardem em “Skyfall”. Muito pro-vavelmente a cena mais marcante do filme, além das habituais perse-guições e das curvas da Bond Girl Bérénice Marlohe, é quando o es-panhol surge no ecrã, quando Bond vê finalmente quem está por detrás dos seus problemas, o ex-agente Silva. Frio, expressivo, emotivo, calculista, Baderm consegue em cerca de quatro minutos cons-truir o seu personagem de forma magistral, mantendo depois a sua linha interpretativa, uma lealdade de interpretação que transforma o actor num dos principais motivos de interesse do filme.

Lealdade. Esta é por sinal a palavra chave de “Skyfall”, já que

TRINTA anos depois do sucesso do filme de

Spielberg, ‘E.T.’, foi divul-gado no Youtube a audição do protagonista, Henry Thomas, que interpretou o jovem Elliot.

‘E.T.’, um clássico de 1982, que se tornou um dos maiores sucessos da história do cinema, come-mora agora três décadas. Um conjunto de vídeos dos bastidores assim como o teste de audição do jo-vem protagonista, Henry Thomas, na altura com 11

anos, foram divulgados no Youtube, noticiaram vários media.

A audição mostra o talento do pequeno herói da história, que improvisa, no teste, uma cena para o filme. Em declarações à revista ‘Esquire’, citada pelo site ‘Huffington Post’, Henry afirmou: “Eu li uma cena de uma versão antecipada do argumento e então pediram-me que im-provisasse”. Acrescentou ainda que, para improvisar, pensou em algo como: “En-

contras alguém, e depois tentam afastá-lo de ti, e ele é teu amigo, e tu realmente não queres que o eu amigo se vá embora. Então eu comecei a chorar.”

A cena improvisada retrata o momento em que um funcionário da NASA vem buscar o E.T. para o levar. As lágrimas e a emoção que o jovem manifestou no teste terão sido um dos motivos pelo qual ficou com o papel, segundo conta Spielberg no próprio vídeo.

João Salaviza distinguido na SuéciaDepois do Urso de Ouro em Berlim, outra distinção de peso. Rafa, curta-metragem de João Salaviza, foi distinguida este domingo com o Prémio Uppsala em Memória de Ingmar Bergman, um dos mais relevantes do Festival Internacional de Curtas Metragens da cidade natal do histórico realizador sueco. O Prémio em Memória de Ingmar Bergman, que se destina a destacar um “realizador jovem e promissor que alargue as fronteiras da arte cinematográfica”, foi atribuído a Salaviza pela “cinematografia de sensibilidade” de Rafa, que “capta o silêncio de um jovem rapaz numa missão solitária na Lisboa moderna”. No site do festival destaca-se ainda uma “interpretação emotiva mas subtil que prenuncia um bom futuro”. O prémio consiste em cerca de 58000 patacas e uma obra do artista Jin Jiang.

Primeiro leilão na Ásia de câmaras Leica raras A famosa casa de leilões Bonhams vai realizar a primeira venda de câmaras Leica raras na Ásia, num leilão que será efectuado em Hong Konga 23 de Novembro. Mais de 250 lotes de câmaras raras e acessórios Leica, incluindo uma rara câmara Luxus I que pode ser vendida por cerca de 1,8 milhão de dólares de Hong Kong, serão leiloados, segundo a Bohams Hong Kong. Os itens são da colecção do famoso relojoeiro britânico George Daniels, que faleceu em Outubro de 2011, e Imran Ahmed, segundo as informações publicadas no site oficial da Bonhams. Para além da venda de produtos Leica, vai também ser leiloada no mesmo dia, pintura chinesa, arte contemporânea asiática e oito jóias excepcionais de uma colecção privada.

Publicada no Youtube audição do protagonista de ‘E.T.’

Lágrimas e emoçãoconquistaram Spielberg

Saga de James Bond continua com “Skyfall”

007 comemora 50 anosa ligação entre Bond e M (Judi Dench) é posta em causa devido as decisões da responsável pelo MI 6. Decisões que acabam por afectar o presente mas principalmente o passado de ambos, em termos pessoais mas principalmente profissionais (além da sede do

MI 6 ser atacada, a identidade de vários agentes duplos espalhados pelo Mundo são reveladas após uma missão falhada de 007, que supostamente morre precisamente nesse serviço).

Apesar das desconfianças, Bond, que vê as suas capacidades colocadas em causa devido a sua idade, acaba por ajudar M, mesmo que isso coloque em causa a sua própria vida, ainda mais depois do agente ter falhado os habituais exames de aptidão. Uma ajuda que surge precisamente quando o lugar de M está em perigo devido ao novo Presidente do Comité de Inteligência e Segurança, Mallory (Ralph Fiennes). Como aliado, 007 tem o apoio da agente Eva (Naomie Harris).

UM PASSO EM FRENTE“Skyfall” é definitivamente um passo em frente na franquia 007. A história não é apenas uma aventura, apresenta argumentos muito inte-ressantes para os futuros filmes. O principal talvez seja a vulnerabili-

dade e a falta de confiança de Bond, que apresenta, nesta 23.º produção, alguma das suas fraquezas. E a verdade é que isso oferece novos, e atraentes, atributos a série, que ganha uma profundidade que, até então, estava esquecida.

Também há a destacar o papel de relevo que cada personagem tem na trama. Se antes Bond dominava por completo os filmes, desta vez o agente com licença para matar divide em parte o ecrã com os seus pares. Uma decisão acertada de Sam Mendes e a sua equipa, já que aumenta a relação de empatia, e ódio, com o cinéfilo.

“Skyfall” não nega o seu pas-sado, mas principalmente não teme o seu presente e, muito menos, o futuro. Sam Mendes cumpre com distinção a dura tarefa de fazer o filme dos 50 anos de Bond. Ao que tudo indica, o 100.º aniversário está assegurado, pelo menos nos dois próximos filmes da franquia com Craig, o primeiro dos quais agendado para o Outono de 2014. No entanto, e infelizmente, sem Bardem.

15culturaterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

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ANÚNCIOHM-2ª VEZ 30-10-2012Divórcio Litigioso n.º CV2-12-0028-CDL 2º Juízo Cível

AUTOR: LEONG IOK VA, casado, de nacionalidade chinesa, residente em Macau, na Rua da Palmeira, no. 6, Edifício “Vo Seng”, 5º andar “B”.RÉ: KOLYUJNOVA TATYANA VIKTOROVNA, casada,

de nacionalidade uzbeque, com última residente conhe-cida em Macau, na Rua de Viseu, Edifício “Nam Kuai”, Bloco 4, 4º andar “R”, Taipa, ora ausente em parte incerta.

*** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, a ré KOLYUJNOVA TATYANA VIK-TOROVNA, para no prazo de trinta (30) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consistem que: Ser decretado o divórcio entre Autor e a Ré, condenando-se esta como única e exclusiva culpada, tudo conforme melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra neste 2º Juízo Cível à sua disposição e quepoderá ser levantado nesta secretaria nas horas normais de expediente. E ainda que é obrigatória a constituição de advogado – artº 74º do C.P.C.M. Macau, aos 25 de Outubro de 2012

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terça-feira 30.10.2012desporto16

Gonçalo Lobo [email protected]

CONTINUA a senda vitoriosa da equi-pa masculina de hóquei em patins

de Macau no Campeonato Asiático, em Hefei, na China continental.

Em dia de jornada dupla, os comandados por Alberto Lisboa levaram de vencidas Taiwan (11-5) e a adversária mais directa Índia (13-6).

No jogo da manhã, a equipa da RAEM passeou classe e determinação para levar de vencida a congé-nere taiwanesa. Com golos de Hélder Ricardo (seis), Ricardo Atraca (dois) e Di-nísio da Luz, Nuno Antunes e Alberto Lisboa (todos com um cada), a Selecção do Lótus conseguiu fazer valer o seu poderio. “Fiz com que todos os jogadores jogas-sem e isso foi importante”, afirmou Alberto Lisboa ao Hoje Macau. “Na verdade o jogo correu muito bem. Complicámos um pouco a meio mas depois recupe-rámos. Quando se está a ganhar confortavelmente há sempre a tendência para o relaxamento e esquece-se da defesa.”

Marco [email protected]

CINCO anos depois de ter recebido pela última vez um

grande evento desportivo sancio-nado pelo Conselho Olímpico da Ásia, Macau volta a desempenhar o papel de anfitrião e a acolher a família olímpica do mais extenso continente do planeta. Entre 6 e 10 de Novembro, o território serve de casa à 31ª Assembleia Geral do organismo responsável pela gestão das estratégias desportivas na Ásia, num certame que tem como prin-cipal motivo de atracção a eleição da cidade anfitriã da 18ª edição dos Jogos Asiáticos, agendada para o ainda longínquo ano de 2019.

Asiático de hóquei em patins Masculinos mais perto do título

Macau acima de tudo e de todos

Doenças e afinsComo se não bastassem as adversidades do jogo, os atletas de Macau têm sofrido com a ambientação a Hefei. Comida de má qualidade, frio, chuva, pouco descanso, mazelas, constipações e gripes são alguns dos problemas que têm afectado a comitiva da RAEM. Para além do mais, Hefei é uma cidade muito poluída e suja. “Estamos quase todos com problemas. As miúdas têm sofrido mais do que os rapazes, contudo extra jogo as coisas não têm corrido bem. Frio, poluição, má alimentação, pouco descanso, ares condicionados, entre outras coisas, têm prejudicado bastante os atletas”, referiu Alberto Lisboa.

Dome acolhe reunião magna do Conselho Olímpico da Ásia

Família olímpica reúne-se em MacauSão três as cidades na corrida

à organização do maior evento desportivo do continente asiático. A oito de Novembro os delegados dos 45 comités olímpicos nacio-nais que integram o Conselho Olímpico da Ásia vão ser chama-dos a escolher entre o emirado do Dubai e as cidades de Surabaya e de Hanói. A segunda maior cidade do arquipélago indonésio é vista como favorita à organização dos Jogos Asiáticos e até conta com o apoio do organismo dirigido

pelo sheikh Fadah Al-Sabah, mas o Comité Olímpico do Vietname deverá vir a lançar ainda no terri-tório uma ofensiva de charme de última hora, com o objectivo de convencer os responsáveis pelos outros comités e associações olímpicas.

ASIÁTICOS DA JUVENTUDEA 31ª Assembleia Geral do Con-selho Olímpico da Ásia deverá servir ainda para oficializar a organização, por parte do Sri

Lanka, da terceira edição dos Jogos Asiáticos da Juventude. A prova, agendada para 2017, terá a pequena cidade cingalesa de Hambantota como palco e prome-te ser o maior evento desportivo alguma vez organizado pelo go-verno de Colombo. Em Macau, para a assinatura do memorando de oficialização do evento, deverá estar o ministro dos Desportos do Sri Lanka, Mahindananda Aluthgamage.

A Assembleia Geral do orga-

nismo que chama a si a tutela do desporto no continente asiático é o certame de maior destaque no roteiro de trabalho do Conselho Olímpico da Ásia, mas não é de forma alguma o único. Antes ainda de receber a reunião magna da or-ganização, a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental acolhe as reuniões do Comité Financeiro, da Comissão Executiva e da Comis-são de Solidariedade da estrutura presidida pelo kuwaitiano Fadah Al-Sabah.

À noite o confronto de Macau com a também can-didata Índia sorriu às cores verdes do território. Num pavilhão repleto de gente, e de polícia – muitos agentes

destacados para evitar os problemas de insegurança que ocorreram há dois anos - e com direito a claque organizada [ver caixa], a equipa da RAEM conseguiu

vencer de forma categórica e fez valer o título de campeã asiática que ainda ostenta. “Neste jogo não complicá-mos. Tivemos sempre em cima deles e pouco deixámos jogar. Tive mais contenção no uso dos jogadores e o re-sultado foi muito positivo”, referiu Alberto Lisboa.

O marcador marchou ao ritmo dos golos marcados por Hélder Ricardo (oito), Rogério Oliveira e Nuno Antunes (dois para cada) e Augusto Fernandes (um).

Hoje há novamente jorna-da dupla, contudo o jogo da

manhã (10h45 hora local) com a Austrália servirá apenas para “manter o ritmo e aumentar o prestígio”. “É para vencer na mesma”, afiança Lisboa, que há noite, pelas 22h30, escalo-nará a equipa para jogar com Taiwan, “aí a contar”. “Quero que o pessoal mantenha a cabeça no lugar. Estamos a fazer um Asiático imaculado e assim terá que continuar a ser. Por isso é para ganhar a Taiwan, com seriedade.”

FEMININOSMARCARAM PASSOA equipa feminina de Ma-cau voltou ontem a perder no Campeonato Asiático. Perante Taiwan, as meninas dominaram a maior parte do jogo mas não conseguiram traduzir esse domínio em golos. Ao mesmo tempo, de acordo com o seleccionador Alberto Lisboa, a equipa de arbitragem prejudicou a equipa da RAEM. “O jogo estava bem disputado com Macau a dominar e a não conseguir marcar golos. Es-távamos perto do intervalo e um dos árbitros viu não sei onde uma falta da Cintia Martins que acabou por ser admoestada com cartão azul. O livre directo deu golo à equipa adversária num mo-

mento em que dominávamos e o jogo certamente iria empatado para o intervalo.”

Aliás, Alberto Lisboa mostrou-se mesmo agastado com o trabalho da equipa de arbitragem indiana. “Várias vezes me passei. Os árbitros viam coisas. Inventavam. O que me deixa satisfeito é que as miúdas fizeram um jogo certinho. Estão de parabéns pois a maior parte está a jo-gar com mazelas ou doente.”

Para hoje, a ementa das meninas também é dupla. De manhã, pelas 8h30 defron-tam a Índia e à noite, pelas 20h, jogam contra Taiwan.

Claque em portuguêsDurante o jogo masculino de Macau contra a Índia, as atletas femininas da RAEM estavam na bancada a assistir. A jogadora Vanessa Amaro lembrou-se de criar uma claque de incentivo aos homens. “De um momento para o outro tínhamos o pavilhão a gritar Macau”, referiu Alberto Lisboa. “Tomei a iniciativa de ensinar os chineses a dizer Macau em português. Foi a loucura”, explicou Vanessa Amaro ao Hoje Macau. No final a comitiva do Lótus disponibilizou-se para tirar diversas fotos com os adeptos em forma de agradecimento.

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terça-feira 30.10.2012

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

GOVERNO TEM MEDO DOS RICOSOuvi dizer que o Governo da RAEM fica fraco perante os grupos grandes de interesses. Quando é que eu ouvi isso? Hummm, lembrei-me. Foi quando empregados acusaram as empresas norte-americanas de jogo de andarem a despedir sem justa causa e o Gabinete dos Recursos Humanos nada consegue fazer ou, simplesmente, não tem coragem de acusar, de apontar o dedo.O deputado Ng Kuok Cheong afirmou uma vez que ainda bem que o Governo não precisa de ganhar dinheiro com a venda de terras. Assim, fica sempre dependente das empresas norte-americanos, porque dali vem a massa.Chegamos a um ponto. Macau, a meu ver, caminha para uma posição embaraçosa. Por um lado precisa de desenvolvimento económico, por outro de estatuto mundial. Por um lado os dividendos do jogo trazem benefícios à sociedade, por outro causam várias questões sociais de índole negativa.E qual é a resolução para isto tudo? Penso que o que tem de haver é atitude. Este Governo é muito passivo. Anda ao sabor dos ventos... É preciso ser conciso e eficiente. O único problema é que na esfera governativa a maioria das pessoas são inadequadas para os lugares que ocupam. São pessoas amorfas, sem piada e sem competências. E o povo é que paga.Estes dias, o povo tem ficado realmente decepcionado com o que se tem passado com o imobiliário e com os prédios podres que começam a ruir em Macau. O Governo mostra-se incapaz de resolver as questões e quando as resolve é sempre a recorrer ao dinheiro, aos subsídios. Lá está, não tem atitude, porque tem dinheiro. Haja dinheiro, meus senhores, que o resto da cidade pode cair à nossa volta.Já não tenho dúvidas. O Governo é fraco. Depende de tudo. Depende da China para decidir, depende dos países e regiões vizinhas para seguir as suas políticas, depende das empresas que gerem o jogo.Faz-me lembrar aqueles casos em que os pais não batem nos filhos. “Ai, não bato no meu filho porque isso não é educar” ou “Ai de algum professor que puxe as orelhas ao meu filho”. Em Macau urge puxar as orelhas. Agora, o puxão, bem valente, vai para Chui Sai On e seus comparsas. Miau...

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Sem nome, não assinada. Segurei com a mão. 2-Estar na idade de. Prisão, xadrez (Gír.). Inseparável. 3-Caro, prezado. 4-Numeral. Fímbria, rebordo exterior. 5-Apelido. O trabalho do toureiro, lide (pl.). 6-Antiquado (abrev.). Um casal. Interior (abrev.). 7-Mulheres de cabelos loiros. Aguço. 8-Nome de homem. Mulher pequena, anã. 9-Desvairar. 10-Basta!. Embarcação de recreio. Dificilmente, apenas. 11-Substância tintorial usada na India. Ave pernalta da América do Sul também conhecida por seriema.

VERTICAIS: 1-Apertta com laçada. O m. q. galveta. 2-Nordeste (abrev.). Proprietários, senhores. Rio de França. 3-Relativo à orquite. 4-Umas (Arc.). Rabino. 5-Alces, ergas. Casaco comprido, desportivo, impermeável e com capuz (pl.). 6-Imensidão (Fig.). Nota musical (pl.). Letra grega. 7-Dar cor de anil. 6-Género típico das aceráceas. 8-Deixe para outro dia. O m. q. Alna. 9-Que tem todas as formas conhecidas. 10-Sigla automobilística da URSS. Desterrrava. Amerício (s.q.) 11-Que se impôs. Remoinho de água (Prov.).

HORIZONTAIS:1-ANONIMA. ASI. 2-TER. CANA. UM. 3-A. QUERIDO. P. 4-DUAS. LIMBO. 5-GOIS. FAENAS. 6-ANT. PAR. INT. 7-LOIRAS. AFIO. 8-OSCAR. ANOA. 9-E. OBCECAR. 0 10-TA. IATE. MAL. AAL. SARIEMA.VERTICAIS:1-ATA. GALOETA. 2-NE. DONOS. AA. ORQUITICO. L. 4-N. UAS. RABI. 5-ICES. PARCAS. 6-MAR. FAS. ETA. 7-ANILAR. ACER. 8-ADIE. ANA. I. 9-A. OMNIFORME. 10-SU. BANIA. AM. 11-IMPOSTO. OLA.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24H RTPi14:45 RTPi Directo18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Memória Chinesa22:00 A Febre do Ouro Negro23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 Heranças D’Ouro00:45 Telejornal - Repetição01:15 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 O Meu Bairro - Foz15:00 Sal na Língua15:30 Consigo16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final18:00 Vingança18:45 Best of Portugal19:05 Voo Directo20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Ler +, Ler Melhor22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 Chinese Badminton Super League - Highlights14:00 Premier League Darts 201215:30 The Football Review 2012-201316:00 World Series 2012 San Francisco Giants vs. Detroit Tigers19:00 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 World Cup 3 (Hungary) - Womens21:00 Alpe D’huez Triathlon22:00 Sportscenter Asia 201222:30 The Football Review 2012-201323:00 Great North City Games23:30 Chinese Badminton Super League - Highlights

31 - STAR Sports13:00 Engine Block 201213:30 Enjoy Jakarta Ladies Indonesian Open - Highlights16:30 Engine Block 201217:00 The Verdict17:30 AFC Champions League 2012 Bunyodkor vs. Ulsan Hyundai19:30 Spirit Of Yachting 201220:00 Enjoy Jakarta Ladies Indonesian Open - Day 3 Highlights21:00 Golf Focus 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 The S-League Show22:30 Golf Focus 201223:00 Lacoste Ladies Open De France

40 - FOX Movies12:20 Homeland13:20 Ghost Rider15:15 Vantage Point16:50 Warrior19:10 The Sixth Sense21:00 The Fighter22:55 The Walking Dead23:45 Quarantine

41 - HBO12:00 The Tourist13:45 Double Jeopardy15:40 The Astronaut’S Wife17:30 Changing Lanes19:20 Gladiator22:00 Red Riding Hood23:40 Boardwalk Empire00:45 Takers

42 - Cinemax12:50 Cruel Intentions14:25 Children Of The Night16:00 Kaleidoscope 17:40 The Monster Squad19:10 Batman: Year One20:15 Cop Out22:00 Strike Back22:50 Vanishing On 7Th Street00:20 The Patriot

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17www.hojemacau.com.mo futilidades

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terça-feira 30.10.2012opinião18

Paulo Ferreirain Jornal de Notícias

leitor desculpará a insistência, mas a alegoria do ministro das Finan-ças sobre a maratona que estamos obrigados a percorrer até chegar ao ponto pintado a vermelho nos gráficos de Vítor Gaspar trouxe-me

à memória mais uma genial fábula de Ambrose Bierce. O título da dita é, sintomaticamente, “Economia de forças”. Diz a dita, com as de-vidas adaptações:

“Um dia, há muitos e muitos anos, ia o ‘Magnífico Professor’ a subir pensativamente a ‘Montanha do Sucesso’, quando se cruzou com um ‘Homem Simples do Melhor Povo do Mundo’, que ia a descer.

O ‘Homem Simples do Melhor Povo do Mundo’ suspendeu a sua caminhada e interpelou-o:- Se sigo esta direcção não é por ter gosto nisso, mas por não ter alternativa. Peço-lhe, ‘Magní-fico Professor’, que me ajude a chegar ao topo.- Com o maior prazer, respondeu lenta e pe-dagogicamente [num estilo muito idêntico ao

Dizia Manuel António Pina no primeiro verso de toda a sua obra: “Os tempos não estão bons para nós, os mortos”. E, tragicamente, dizia bem

Gaspar, o magnífico professor

O do nosso estimável ministro das Finanças], o ‘Magnífico Professor’, cujo rosto se iluminou com a glória irradiante do seu pensamento.Continuou o ‘Magnífico Professor’:- Sempre considerei a minha força um dom sagrado, que devo conservar para socorrer os meus semelhantes. Fique, portanto, tranquilo, que eu assumo a responsabilidade de levá-lo comigo até ao topo. Ora ponha-se atrás de mim, e empurre”.

Ambrose Bierce, nascido em 1842 nos Estados Unidos, foi mestre no uso da sátira, do cinismo e do humor negro. Nada escapava à verve às vezes histriónica, outras vezes a roçar o tétrico deste americano que, aos 71 anos, partiu para o México, onde terá sido morto às mãos do revolucionário exército então comandado pelo famoso Pancho Villa.

Não estarei longe de acertar se disser que a maioria dos portugueses adoraria mandar Vítor Gaspar de férias para o México (só com bilhete de ida). Imagens como a que utilizou nas jornadas parlamentares do PSD e do CDS/PP (ou tiradas cheias da mais pura demagogia, como aquela em que o ministro disse estar apenas a retribuir, com os seus préstimos, a aposta que o país nele fez) não revelam apenas falta de jeito para a política, revelam, sobretudo, uma absoluta incapaci-dade para perceber que o ponto de saturação dos portugueses foi há muito ultrapassado.

Vítor Gaspar é, hoje, parte integrante do problema: já não é parte da solução. Tal como o “Magnífico Professor”, também o ministro das Finanças assume a responsabilidade de nos encaminhar até ao topo, desde que o povo, à beira do desmaio por exaustão fiscal, se co-loque atrás dele e o empurre pela “Montanha do Sucesso” acima. Ocorre que faltam forças ao povo. E foi Gaspar que lhas tirou.

Dizia Manuel António Pina no primeiro verso de toda a sua obra: “Os tempos não estão bons para nós, os mortos”. E, tragicamente, dizia bem.

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à f lor da peleHelder Fernando

19opiniãoterça-feira 30.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IVem crescendo a contestação ao completo abuso de poder por parte dos monopólios - em Macau e no resto do mundo, basta ver as notícias.

O cidadão comum está farto de ser obri-gado a pagar o descontrolo especulativo dos preços. É o feroz capitalismo de agora que por ignorância ou sobranceria faz o contrá-rio dos princípios básicos do capitalismo: o mercado desenvolve-se através da livre concorrência.

O que se sabe sobre monopólios - e, nos dias de hoje, por diversas razões, está relativamente ao alcance sabermos algumas coisas - é que eles correspondem sempre à prática de controlo exclusivo do respectivo mercado. Aqui e ali finge-se combater os monopólios, mas as leis, como a carne, são fracas, existindo um sem número de maneiras, afinal fáceis, de os especulado-res monopolistas, darem tranquilamente a volta ao assunto continuando a açambarcar o monopólio e o oligopólio.

A RAEM vai conhecendo vários e sob variados disfarces. A ideia base é a mesma - resistir brutalmente a qualquer processo de democratização do uso de recursos fi-nanceiros; por mais tímido que seja. Como vão-se cansando os que realmente insistem em desejar sociedades democráticas, estas são mais meia dúzia de linhas para atirar de qualquer ponte do delta abaixo.

Depois, todos ouvimos todos os dias aqueles nomes tipo travestis do mundo da ex-ploração desenfreada: ‘trust’, cartel, e outros ‘nicknames’ que, na prática, correspondem em grande parte ao controlo dos mercados por um ou vários grupos unidos. Lá está o monopólio a funcionar, seja comercial, industrial, privado ou estatal.

Pensemos, então, noutras coisas para lá do monopólio do dinheiro.

IIPensemos, por exemplo, no monopólio das ideias.

À partida, a velha teoria de que quem cria não fica proprietário da ideia, seja no mundo das artes, da ciência ou da escrita, tem razão de ser. Existe a ideia e depois o planeamento e suporte da consequência dessa ideia; em resumo, será que pode falar--se em co-criatividade? Provavelmente, o conceito de criatividade tem relações com as ideias incomuns, não olha direito para o convencional. Ou é tudo uma questão de conceitos; no fundo uma matriz cultural.

Algum possível perigo do monopólio das ideias é indiciar a ideia única, a contra-

A RAEM vai conhecendo vários e sob variados disfarces. A ideia base é a mesma - resistir brutalmente a qualquer processo de democratização do uso de recursos financeiros; por mais tímido que seja. Como vão-se cansando os que realmente insistem em desejar sociedades democráticas, estas são mais meia dúzia de linhas para atirar de qualquer ponte do delta abaixo

Monopólios sem Fellini

-democratização do debate. Tal como o mo-nopólio das terras; e da notícia, da palavra, da opinião.

Monopólios, nem das virtudes!

IIIHá 19 anos que partiu uma daquelas pessoas que a tantos de nós transmitiu o poder de sonhar. Federico Fellini levou tantas vezes as suas memórias de infância para a tela. Hoje, pertence às melhores das nossas recordações.

A universalidade da sua arte, do génio, fundamentalmente a preto e branco. ‘Il Maestro’ lhe chamavam. “La Strada”, “Noi-tes de Cabíria”, “Boccacio 70”, “Roma”, “Amarcord”, “Casanova”, “La Dolce Vita”, foram mais de duas dúzias de obras de arte,

incluindo para televisão. Ainda hoje os filmes de Fellini alimentam debates cinéfilos, os seus célebres desenhos circulam sem parar em muitas exposições. Fellini foi um artista plural, observador incrível da realidade mais profunda, ao mesmo tempo amante da fantasia. E consta que até foi ele o primeiro a introduzir o paparazzi no cinema (a ori-gem da expressão aplicada à circunstância de fotógrafo inconveniente continua a ser discutida, tendo peso a ideia que vem da Sicília: “papataceo”, um mosquito grande e teimoso); ou o “fotografi d`azione” como antigamente se chamava no mundo dos famosos.

Muitos estimados leitores se lembrarão do papel atribuído a Marcello Mastroianni

em “La Dolce Vita” (o nome da persona-gem era também Marcello), um estafado jornalista encarregue de noticiar os passos de uma famosa americana de visita a Roma e por quem acaba fascinado. O jornalista fazia dupla com um repórter fotográfico de nome ‘Paparazzo’ (Walter Santesso, falecido há 4 anos).

Antes deste actor e realizador ser cha-mado por Fellini, a escolha tinha caído em Felice Quinto (falecido em 2010), um verdadeiro fotógrafo profissional e muito amigo de Federico, que vivia de arrojadas tácticas para conseguir fotografias inéditas das celebridades; muito provavelmente o primeiro “paparazzi”. Quinto foi esbofete-ado pela actriz Anita Ekberg que o apanhou a fotografá-la indiscretamente durante a ro-dagem do filme “Roma”. A belíssima sueca tinha aprendido bem a lição sobre paparazzi, 12 anos antes, na interpretação do guião de “La Dolce Vita” no papel da espampanante Sylvia Rank.

Filmes inesquecíveis. Neo-realismo, simbolismo? Não importa. Sem monopólios. Como a Fontana di Trevi.

Page 20: Hoje Macau 30 OUT 2012 #2724

terça-feira 30.10.2012www.hojemacau.com.mo

car toon por Steff

Portugal 650 mil empregos destruídos A economia portuguesa terá destruído perto de 650 mil empregos em cinco anos, de 2008 a 2013. Deste total, 428 mil foram destruídos desde que o País pediu resgate. As estimativas são do Conselho Económico e Social (CES), que revelou o projecto de parecer sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, concluindo que Portugal é dos países que mais reduz o emprego e onde a taxa de desemprego mais tem disparado. O CES prevê que no final do terceiro ano do programa de ajustamento o País tenha menos 428 mil empregos do que no início do programa: -4,3% em 2012 e -1,7% em 2013. Numa estimativa baseada no nível de emprego de 2008 – que era de 5,2 milhões – o CES aponta para uma perda de 647.700 empregos em 2013.

Sandy Retiradas400 mil pessoasA aproximação do furacão Sandy a Nova Iorque tem obrigado a medidas de emergência. Depois do encerramento do metro da cidade, dos parques e outros recintos públicos, o Mayor da cidade, Michael Bloomberg, ordenou que cerca de 400 mil pessoas que vivem nas zonas mais baixas da cidade fossem retiradas das suas habitações, devido ao impacto previsto da tempestade. No domingo, o furacão estava a 490 quilómetros da Carolina do Norte, com ventos máximos de 120 quilómetros por hora e a mover-se a 22 quilómetros por hora. O furacão Sandy só deve atingir a costa dos Estados Unidos esta segunda-feira à noite (hora local), algures entre Maryland e Nova Inglaterra, contudo a sua dimensão e intensidade faz com que já se sintam alguns vestígios da intempérie em solo norte-americano. O furacão, que poderá ser a maior tempestade de sempre a atingir os Estados Unidos, já provocou a morte de 66 pessoas nos arquipélagos das Caraíbas.

Recuperada carteira perdida há 44 anosUm americano, de 78 anos, residente em Elwell, no estado de Michigan (Estados Unidos) recuperou uma carteira perdida depois de 44 anos. Segundo o jornal The Morning Sun a carteira de Harold Hamp foi encontrada pelo carpinteiro Casey Morgan, enquanto trabalhava no conserto de um telhado de uma casa na cidade de Alma, também no Michigan. “Nós estávamos no telhado da casa quando um dos meus funcionários encontrou a carteira no sótão”, afirmou Terry Thelen, proprietário da empresa de consertos. No interior da carteira, após estes 44 anos perdida, constavam documentos de Harold, fotos da sua esposa Carol e ainda 23 dólares em dinheiro.

Recessão de 1%para 2013 “é irrealista” O Conselho Económico e Social (CES) considera que as metas fixadas na proposta de Orçamento do Estado para 2013 são “demasiado ambiciosas”, prevendo que Portugal poderá aproximar-se da situação na Grécia. De acordo com o parecer do CES, elaborado pelo conselheiro Rui Leão Martinho, “a fixação das metas demasiado ambiciosas e com reduzida adesão à realidade, longe de permitir um mais rápido regresso aos mercados, coloca o país perante uma situação de incumprimento reiterado”. Sobre a previsão de recessão de apenas 1 por cento no próximo ano, ela é “irrealista”, não existindo “qualquer base objectiva para esperar que venha a haver crescimento no segundo trimestre de 2013”. Quanto às medidas de austeridade, o CES adverte que o aumento da carga fiscal “irá acentuar a quebra do rendimento disponível [nas famílias], a qual terá efeitos recessivos, afectando não apenas o consumo, mas também o investimento”. O parecer será analisado esta segunda-feira por uma comissão especializada do CES, um órgão constitucional de consulta do Governo.

Sete mil tentaram aborto sem condiçõesCada vez mais mulheres tentam iniciar o aborto sem recorrer a unidades médicas em Maputo. Segundo o jornal moçambicano Notícias, só no primeiro semestre deste ano, perto de sete mil mulheres deram entrada em hospitais devido a complicações. O número referido representa mais de metade das mulheres que são assistidas nas Urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais da capital de Moçambique.

Mansão de Jackson terá sido vendidaA mansão onde o Rei da Pop, Michael Jackson, terá passado os últimos dias da sua vida já terá sido vendida. Segundo do site TMZ, o novo proprietário é o investidor Steven Mayer, que terá desembolsado cerca de 150 milhões de patacas pela propriedade cuja extensão é de 17 mil metros quadrados. Segundo a mesma publicação, o comprador estará bastante satisfeito com a aquisição e pretende mudar-se o quanto antes para a mansão. O imóvel está à venda desde a morte do cantor, em 2009 e tem recebido imensas visitas de supostos interessados. Muitas pessoas faziam-se passar por interessados na mansão apenas pela curiosidade em conhecer o local onde o Rei da Pop viveria.

China acusa jornal de tentar “criar instabilidade”

As vozes da difamação

FURACÃO ATRAPALHA

A China qualificou on-tem como “uma ten-tativa de criar insta-bilidade” no país a

recente investigação do New York Times sobre a alegada fortuna da família do primeiro--ministro, Wen Jiabao, mas não indicou se tenciona processar aquele jornal. “Há algumas vo-zes no mundo que não querem ver a China desenvolver-se e tornar-se mais forte, e tentam por todos os meios difamar a China e os seus dirigentes e criar instabilidade”, disse um porta--voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, ao ser questionado sobre a repor-tagem publicada na quinta-feira pelo New York Times acerca da “fortuna escondida” da família de Wen Jiabao. “Essas maquinações estão condenadas ao fracasso. O Partido Comunista, o Governo e o povo chineses eliminarão todas as sabotagens e prosseguirão firmemente na via do socialismo com características chinesas”, acrescentou o porta-voz.

Segundo o New York Times, a mãe, a mulher, filhos e outros familiares de Wen Jiabao detêm uma fortuna avaliada em “pelo menos 20,8 mil milhões de patacas”.

Hong Lei escusou dizer se o Governo chinês tenciona proces-sar o jornal, referindo apenas que “a família do primeiro-ministro mandatou advogados para emitir um comunicado”.

Num comunicado difundido no sábado à noite em Pequim, e

publicado no dia seguinte em Hong Kong, os advogados Bai Taojun e Wang Weidong rejei-taram as conclusões do New York Times e afirmaram que Wen Jiabao “não desempenhou qualquer papel” nos negócios de familiares. “A chamada ‘fortuna escondida’ de membros da famí-lia de Wen Jiabao relatada pelo New York Times não existe (…). Wen Jiabao nunca desempenhou qualquer papel nos negócios de familiares e muito menos

consentiu que esses negócios tivessem qualquer influência na definição e execução das suas políticas”, diz o comunicado.

Foi a primeira vez que um alto líder chinês emite um co-municado refutando um artigo de um órgão de informação es-trangeiro, realçou o jornal South China Morning Post.

Wen Jiabao, 70 anos, cono-tado com a corrente reformista do Partido Comunista Chinês (PCC), termina em Março de 2013 o segundo e último man-dato à frente do Governo.

NOTÍCIA COMO BOMBAAs alegações do New York Times foram recebidas como “uma bomba” entre os diplo-matas e jornalistas estrangeiros colocados em Pequim por atingir um líder descrito habitualmente como uma “figura paternal” e de “origem humilde”, que tem defendido o “aprofundamento das reformas políticas e eco-nómicas”.

Há cerca de um mês, um des-tacado líder do PCC, Bo Xilai, foi expulso do partido por cor-rupção, abuso de poder e “outras graves violações da disciplina”, mas, neste caso, trata-se de uma personalidade conotada com a chamada corrente “esquerdista” ou “neo-maoísta”.

A aparente rivalidade entre as duas correntes coincide com a realização do 18.º Congresso do PCC, que dentro de duas semanas irá escolher a liderança do país para a próxima década.