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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 29 HUMIDADE 50-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 25 DE OUTUBRO DE 2012 ANO XII Nº 2721 PUB SIN FONG GARDEN Continuam a vender-se apartamentos PÁGINA 5 BILL CHOU Governo confunde administrar com fazer política PÁGINA 4 CYBERBULLYING Escola Portuguesa lança alerta para o problema PÁGINA 6 Deputados acusam Executivo de má governação ACADÉMICO DESCOBRE MAIS DE 150 MIL CENTRAIS MACAENSES NA DIÁSPORA Em dia de plenário, concentrado em grande parte na aprovação da alteração ao imposto de selo especial sobre a transmissão de imóveis, a maioria dos deputados mostraram- -se desgastados com o trabalho do Governo, referindo que este omite acções e impede fiscalizações da AL. Perguntas por responder ou mal respondidas, abuso dos monopólios, excesso nos custos das obras públicas são algumas das questões que não escapam ao olhar murdaz dos legisladores. Chan Meng Kam, o mais caústico, acusou mesmo o Executivo de ser “mentiroso, aldrabão e intruja”. PÁGINA 2-3 Guerra aberta

Hoje Macau 25 OUT 2012 #2721

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Edição do Hoje Macau de 25 de Outubro de 2012 • Ano X • N.º 2721

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Page 1: Hoje Macau 25 OUT 2012 #2721

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 29 HUMIDADE 50-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 25 DE OUTUBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2721

PUB

SIN FONG GARDEN

Continuam a vender-se apartamentos

PÁGINA 5

BILL CHOU

Governo confunde administrarcom fazer política

PÁGINA 4

CYBERBULLYING

Escola Portuguesa lança alertapara o problema

PÁGINA 6

Deputados acusam Executivo de má governação

ACADÉMICO DESCOBRE MAIS DE 150 MIL CENTRAISMACAENSES

NA DIÁSPORA

Em dia de plenário, concentrado em grande parte na aprovação da alteração ao imposto de selo especial sobre a transmissão de imóveis, a maioria dos deputados mostraram--se desgastados com o trabalho do Governo, referindo que este omite acções e impede fiscalizações da AL. Perguntas por responder ou mal respondidas, abuso dos monopólios, excesso nos custos das obras públicas são algumas das questões que não escapam ao olhar murdaz dos legisladores. Chan Meng Kam, o mais caústico, acusou mesmo o Executivo de ser “mentiroso, aldrabão e intruja”. PÁGINA 2-3

Guerra aberta

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2 política quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A partir de agora, o imposto de selo especial sobre a transmissão de imóveis é extensível a lojas, escri-

tórios e parques de estacionamento, além das fracções para habitação. A alteração à lei do Imposto de Selo Especial sobre a Transmissão de Imóveis foi ontem alterada pelos deputados do hemiciclo, mas não sem antes levantar polémica no hemiciclo.

Chegada à Assembleia Legisla-tiva (AL) com carácter urgente, a proposta foi alvo de duras críticas e apontamentos pela sua redacção. O objectivo da alteração é que pesso-as colectivas, empresários, pessoas singulares e não-residentes estejam sujeitos ao pagamento do imposto de selo especial, de forma a que a especulação na venda de imóveis seja reduzida. A modificação sur-ge no pacote de medidas lançado por Lau Si Io, secretário para as Obras Públicas e Transportes, na semana passada para combater o aquecimento imobiliário. Medidas que foram já fortemente critica-das e que ontem voltaram a não escapar. “A sociedade considera que as medidas não são eficazes e o efeito deste imposto não vai ser diferente”, acusou Paul Chan Wai Chi. “Este imposto não é o que vai ajudar a que as pessoas consigam comprar casa.”

O deputado foi um dos muitos que interveio contra a medida, referindo que a lei anterior em vigor – que previa o pagamento do imposto de selo apenas no caso de transmissão de imóveis para habitação – já tinha servido como exemplo a não seguir. “A lei teve efeito nos inícios, mas depois os preços voltaram a subir.”

O aumento do imposto em con-junto com uma taxa adicional de 10% para investimento estrangeiro sugere que a venda e os arrenda-mentos vão ser mais caros. Isto é o que pensam, pelo menos, os agentes do sector mas não o que o Governo considera. “Os preços vão subir, porque o mercado não está a desenvolver-se de forma saudável”, atirou Kwan Tsui Hang.

CLASSE MÉDIA INJUSTIÇADAA opinião foi unânime: a maioria dos deputados aprovou a lei “por-que teve de ser” apesar de consi-derarem não fazer grandes efeitos. “Se não forem essas medidas, ainda é pior, por isso tem que ser”, frisou Kwan Tsui Hang. “Eu vou dar o meu voto a favor, mas com lágrimas”, apontou Chan Wai Chi.

Alteração ao imposto de selo especial levantou consternação, mas foi aprovada

Mais vale isto do que nada

A bem ou a mal, a lei foi apro-vada na generalidade apenas com a abstenção de José Pereira Coutinho, mas não sem antes os membros do hemiciclo demonstrarem que sen-tem muita injustiça pelo facto de a população não poder adquirir casa, especialmente a classe média. É que é neste patamar que se concentram as pessoas que não preenchem os requisitos para se candidatarem a uma habitação social ou económi-ca, mas também não têm dinheiro suficiente para comprar uma casa no actual mercado privado. “Os re-sidentes que precisam de habitação não a vão conseguir, porque esta lei não vai ajudar em nada”, acusou Lee Chong Cheng. “Os preços vão

continuar a subir e a realidade é que os residentes já não conseguem suportar os custos da habitação.”

O acesso à habitação, mesmo com fracções públicas, não con-templa a classe média, notou Kwan Tsui Hang. Também Ho Ion Sang fez questão de frisar que o mercado está a actuar mais rápido do que as próprias medidas implemen-tadas pelo Governo, que chegam sempre atrasadas, na opinião do deputado, que critica o Grupo de Trabalho indicado pelo Governo para assegurar que o mercado se desenvolve saudavelmente. “Não sabemos o que anda a fazer. Não vemos medidas nem políticas, não temos acesso a informações

e os preços continuam a subir. A principal preocupação é que a população devia ter habitação condigna, mas a sociedade perdeu o poder de compra.”

As rendas não ficaram de fora, com Lee Chong Cheng a recordar que não há forma de controlar a subida dos arrendamentos e que, “como a maioria dos que arrendam são pessoas de Hong Kong”, as rendas são demasiado altas. “Eles acreditam que se o condomínio tiver um preço alto, então é a garantia de que o edifício é bom. Devia haver um limite nos preços a praticar, de forma a reduzir a produção de lucros para estes especuladores.”

O deputado não foi o único a pedir limites. Também houve quem sugerisse a implementação de um limite aos preços dos imóveis e outro para a quantidade de quantos se podem adquirir. “O Governo não pode estar sempre a defender--se com o argumento de Macau é um mercado livre”, acusou Ho Iong Sang.

Esta tem sido, contudo, precisa-mente a justificação do Executivo.

PLANOS E ALERTASFong Chi Keong e Chan Chak Mo foram os dois únicos apoiantes de peso de Lau Si Io, com o primeiro a ironizar que, para os restantes deputados, a solução era pedir ao Governo Central que fechasse o mercado. Os dois deputados – recorde-se que Fong pertence ao sector imobiliário – consideram que o Governo não deve intervir demasiado e que se as novas me-didas não chegarem podem ser outras implementadas mais tarde. Às acusações de que as pessoas de Macau não têm capacidade para comprar casa, Fong Chi Keong foi peremptório, ainda que não tenha sido possível perceber em que registo falou o deputado: “As pessoas de Macau são ricas.”

Para a maioria dos deputados, a falta de um plano de habitação é o principal problema que deveria ser resolvido de forma a evitar as especulações no imobiliário. Pereira Coutinho relembrou que a escassez da oferta de casas é um dos factores que faz os preços disparar, bem como a contínua concessão de terrenos às operadores de jogo. “Tudo bem que as empresas de jogo contribuem para a economia de Macau, mas porquê a atribuição de terrenos quando faltam para as pessoas do território?”

A reserva de terrenos foi um dos pedidos dos membros do hemiciclo, que acusam o Governo de não ter medidas futuras para a habitação pública e de deixaram entrar dema-siados especuladores estrangeiros. O secretário para as obras públicas e transportes garantiu que o Executivo não quer que o mercado financeiro saia afectado e que as medidas actuais servem de alerta à sociedade que o Governo está “altamente atento” aos problemas. Contudo, Lau Si Io assegura que não se pode evitar a injecção de capital estrangeiro no ter-ritório. Injecção que, frisou Cheang Chi Keong, chega devido às baixas taxas de juro que por cá se praticam.

Votada também na especiali-dade por ser urgente, a lei teve de sofrer alterações ao texto em pleno hemiciclo, com Leonel Alves a ser o mais interventivo neste sentido por não concordar com algumas redacções. Apesar de ter tido um voto contra de Fong Chi Keong e uma abstenção de Ung Choi Kun, alteração ao Regulamento do Im-posto de Selo passou no hemiciclo. A lei vai ser publicada e entrará em vigor no dia seguinte.

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3políticaquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Governo acusado de má governação e sociedade sem qualquer responsabilidade

“Intrujas, aldrabões e mentirosos”Joana [email protected]

MÁ governação, fuga às responsabilida-des e mentiras. Os deputados não es-

tão contentes com o Governo e fizeram questão de o demonstrar ontem com mais do que uma in-terpelação antes da ordem do dia a tecer duras criticas ao trabalho da Administração.

“A verdade é que ainda há em Macau governantes que, vivendo à custa do erário público, fingem, mentem e aldrabam sem terem de assumir qualquer responsabilidade quando colocados perante proble-mas de interesse público”, acusou logo de início Chan Meng Kam.

A ele depressa se juntaram Mak Soi Kun, Ng Kuok Cheong e Chan Wai Chi entre outros. Desde os excessos nos custos das obras públicas, aos transportes e ao monopólio da importação de produtos alimentares e telecomuni-cações. Nada escapou à analise dos

Público. “Não é preciso recuar muito para recordar que essa afirmação foi utilizada pelos go-vernantes no caso das sepulturas e da concessão dos cinco terrenos em frente ao aeroporto”, apontou Chan Meng Kam.

Os deputados consideram existir falta de assunção de res-ponsabilidades de problemas que são da própria índole do Executivo. “Estão convictos de que qualquer que seja a sua acusação, a razão está sempre do seu lado e esta forma de pensar é grave.”

Os membros do hemiciclo fa-laram sem a presença de nenhum membro do Governo, mas ainda assim não desistiram. Dizem que a Administração perdeu a credi-bilidade perante o público, que não erradica o clientelismo, que é díspar nas suas afirmações e que cada governante falar por si sendo contraditório. Mas que nada acon-tece. “Mas mantém-se incólume nos seus cargos, não obstante as suas mentiras, aldrabices e intru-jices”, fintou Chan Meng Kam.

membros do hemiciclo. “Cada vez mais os cidadãos pedem a abertura dos canais de importação dos pro-dutos alimentares e a introdução da concorrência para acabar com o monopólio, mas quanto a esta reivindicação, o responsável do serviço competente manifestou que Macau é um mercado pequeno sendo inadequada a introdução de concorrência”, atirou Chan Meng Kam.

Para Paul Chan Wai Chi também a falta de diversificação económica é um dos problemas que se pode considerar da respon-sabilidade do Governo que, afirma o deputado, só se concentra na importância do jogo e dos terrenos pedidos pelas operadoras e nada faz para diversificar a economia. “Os ovos estão cada vez mais concentrados num único cesto, o que não é nada bom.”

A comunicação entre Assem-bleia Legislativa (AL) e Governo tem sido vista pelo Governo como muito boa, mas não é assim que pensam os deputados. Por isso

mesmo, nem isso foi poupado, com mais do que um membro do hemiciclo a acusar o Executivo de passar por cima do órgão le-gislativo. “O elevado excesso de custos das obras públicas tem-se revelado um problema grave por-que não é necessária a respectiva aprovação da AL, o que resulta em prejuízos para a população e um berço para a corrupção”, frisou Ng Kuok Cheong. “As questões que dizem respeito ao interesse público devem passar pelo crivo da AL, mas nunca são apresentadas aos deputados.”

A VERGONHA DOS DEPUTADOSMak Soi Kun é outro dos deputa-dos que considera que o Governo omite determinadas acções e im-pede a fiscalização da AL, o que envergonha os deputados e impede que a população veja respondidas algumas perguntas. O deputado apontou mesmo um exemplo. “O Governo só tem conseguido dar resposta a 30% das interpelações dentro do prazo, o que só impede

a fiscalização. Algumas das inter-pelações nem são respondidas e noutras as respostas não corres-pondem às perguntas.”

Mas as criticas não se ficaram por aqui. Os deputados apontam ainda o dedo a uma má governação por parte de alguns secretários, que acusam de não tomar decisões com medo de falhar. “Entre alguns órgãos administrativos surgiu a ideia peregrina de ser preferível não trabalhar para não errar e, para fugirem às responsabilidades, não cumprem em prazo razoável as suas tarefas, não dão satisfações e ainda recorrem a vários pretextos para não cumprirem as atribuições que lhes são definidas por lei.”

Pretextos que foram já alvo de críticas também do procurador da RAEM, Ho Chio Meng, aquando da abertura do ano judiciário e que foram ontem repetidas. Chan Meng Kam recordou que a jus-tificação do Executivo para não falar num determinado assunto é sempre dizer que o problema foi encaminhado para o Ministério

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Cecília Lincecí[email protected]

O professor de Administra-ção Pública da Universi-

dade de Macau (UMAC), Bill Chou, afirmou ao jornal do cidadão que as críticas proferidas durante a abertura do ano judiciário mostram que o Executivo só se preocupa com a protecção dele mesmo. Disse ainda que o problema não é admi-nistrativo mas político. “O Governo e as pessoas que o compõem têm

medo que os seus cargos possam vir a ser afecta-dos e só trabalham para manter os interesses das associações tradicionais. Interesses instalados, portanto”.

Bill Chou considera que no início a sociedade ainda aceitava os erros políticos do Executivo dada a sua pouca expe-riência. “Porém, depois do caso de Ao Man Long, o prestigio do Governo caiu. Quando Florinda Chan disse que ia fortale-cer a sua formação, acre-dito que tal não ajudará muito, porque não é esse

o problema. O problema é político, porque quando o Governo quiser fazer uma reforma e perceber que isso pode afectar os interesses das associa-ções, os secretários vão querer manter os seus cargos e acabar por fa-zer o que as associações querem.”

O académico acre-dita que os secretários e directores devem ter mais poderes decisórios para trabalharem para o público, ao invés de olharem para os grupos de interesse instalados na sociedade.

A deputada Kwan Tsui Hang afirmou ao Jornal

do Cidadão que os funcioná-rios administrativos não con-sideram bem as necessidades dos residentes, o que provo-ca conflitos na sociedade. Só no ano passado, o Comis-sariado contra a Corrupção (CCAC) contabilizou 463 casos de queixas ligadas com questões administrativas, pelo que a deputada consi-dera que o aumento destes números nos últimos anos mostram que a consciência dos residentes quanto aos seus direitos aumentou.

Kwan Tsui Hang disse ainda à mesma publicação que existem diferentes análi-ses e entendimentos das leis entre o Governo e os serviços administrativos, o que na sua opinião origina problemas. “Quando existirem diferen-ças de interpretação, tem

Andreia Sofia [email protected]

COMEÇOU ontem a primeira de três ses-

sões de esclarecimento sobre as alterações às leis eleitorais para a eleição do Chefe do Executivo e dos deputados à Assembleia Legislativa (AL), desti-nada às pessoas colectivas com capacidade para esco-lher os deputados e eleger

Kwan Tsui Hang aponta críticas aos serviços administrativos

Diferentes interpretações de leis geram problemas

Associações têm de responder às mudanças nas leis eleitorais

Alterar estatutos até Fevereiro

Bill Chou acusa Governode considerar apenas grupos de interesse

“Problema nãoé administrativomas político”

que se procurar uma decisão final. Na Assembleia Legis-lativa (AL) também existem diferenças no entendimento das leis. O que é importan-te é a aplicação da lei e o Governo tem que tomar considerações sobre esse

ponto, porque os residentes são os primeiros a serem influenciados”. Para tal, a deputada considera que o Executivo tem que apostar mais na formação dos fun-cionários que trabalham de perto com as legislações, para que haja uma unificação na sua interpretação.

Como exemplo, Kwan Tsui Hang frisou os casos recentemente ocorridos no Instituto da Habitação (IH). “Os funcionários do IH têm que ter mais paciência e terem uma atitude positiva face às reclamações e respei-tar as opiniões da sociedade, porque apresentam diferen-tes entendimentos das leis.”

A deputada acrescentou ainda que a passagem destas questões para o foro judicial só traz atrasos ao sistema e demoram tempo a serem tratadas. - C.L.

o Chefe do Executivo. A iniciativa teve lugar no edifício dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) e foi destinada, em primeiro lugar, ao sector industrial, comercial e financeiro.

Com as mudanças na lei, o número de votantes das pessoas colectivas pas-sa de 11 para 22, o que irá obrigar a mudanças dentro das próprias associações.

Estas terão de alterar os seus estatutos internos através da realização de uma assembleia-geral interna e posteriormente entregar os documentos a um notário. Todo o pro-cesso terá de ser concluído até Fevereiro do próximo ano, e só produz efeitos a partir do momento em que esteja publicado em Boletim Oficial.

Segundo os dados ofi-ciais, existem 103 pessoas colectivas deste sector registadas nos cader-nos eleitorais publicados em Janeiro deste ano. Contabilizando todos os sectores da sociedade, existem 712 com poderes de eleição. Os novos ca-dernos de recenseamento eleitoral voltam a ser publicados em Janeiro do próximo ano.

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5sociedadequinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília Lincecí[email protected]

Rita Marques [email protected]

O maior site imobiliário em Macau, o Malima-lihome.net, tem à venda mais de uma dezena de

apartamentos do edifício Sin Fong Garden, declarado em “risco de ruína” pelo Governo. No portal da Internet, doze agências tinham à disposição até ontem os detalhes dos apartamentos postos à venda. O Hoje Macau chegou à fala com as agências, para averiguar direc-tamente se estariam ainda à espera de comprador, ao que nove respon-deram afirmativamente. “É possível ser vendido hoje”, respondeu a funcionária de uma das agências.

Os preços confirmados variam entre os 3.380.000 e as 5.000.000 patacas, dependendo da dimensão das fracções (entre os 780 e os 1000 pés quadrados). Em causa estão apartamentos T2 e T3 do empre-endimento evacuado há cerca de duas semanas.

Mas os valores são negociáveis, informam os funcionários das agências. “Quem queira comprar pode chegar a acordo cara-a-cara com os moradores para negociar um preço mais em conta”, explica uma funcionária de uma agência.

Surpreendidas com o contacto

OS moradores do Sin Fong Garden come-

çaram ontem a levantar os subsídios que o Governo disponibilizou.

Ao mesmo tempo que despejam os seus aparta-mentos, alguns moradores falaram com os jornalistas mostrando o seu desagrado por tudo o que está a aconte-cer e a dificuldade em alugar um apartamento como o que tinham no Sin Fong. “Com este subsídio é impossível ter o apartamento ideal”, afirmou um dos moradores.

Outro morador, de apeli-do Wong, referiu que está a ser insustentável conseguir um apartamento para três pessoas com o parco subsí-dio do Governo. “Sinto que os preços, principalmente nesta zona, aumentaram, pelo menos, mil ou duas mil patacas. Um apartamento com o mínimo de condições para a mim e para a minha família custa mais de seis ou sete mil patacas.”

Até ao final do mês, os moradores do Sin Fong Garden estão alojados em hotéis, contudo o tempo passa e a dificuldade em adquirir novo apartamento está a deixá-los impacientes. “Ainda não consegui nada.

Pelo menos doze agências imobiliárias estão a vender apartamentos do edifício Sin Fong Garden na Internet. Contactadas pelo Hoje Macau, apenas três dizem que as casas já não estão à venda e que o sítio online não foi actualizado. Há mais de dez fracções a aguardar comprador, com preços que variam entre os três e os cinco milhões de patacas

Agências imobiliárias estão a vender apartamentos do Sin Fong Garden

Prédio em risco à venda

do Hoje Macau, que se fez passar por um comprador interessado, as agências imobiliárias manifesta-ram-se curiosas sobre o propósito da compra. “Investimento”, res-pondemos.

Ao que parece, não houve quem tenha manifestado vontade de ad-quirir os imobiliários por saber do seu estado actual. Tudo indica que também não há interesse de com-pradores em fazer dinheiro com o empreendimento, pelo menos para já, segundo informam as agências. Primeiro, ainda não se sabe o que o futuro reserva a este edifício - se a sua demolição e reconstrução ou se o reparo. E segundo, a maioria dos possíveis compradores não são investidores mas usam-nas para uso próprio, por isso vêem nas casas um sítio para habitar e não um investimento.

Das três agências que infor-

maram já não estarem a vender os apartamentos do Sin Fong Garden, uma disse que é impossível vender um apartamento em risco e outra explicou que as informações no portal online não estão actualiza-

das (a última actualização foi a 5 de Agosto).

Outra agência indicou a in-disponibilidade de venda por se desconhecer qual será o fim dos apartamentos em causa. Por agora,

explicou o funcionário, “os apar-tamentos na lista colocada online não podem ser vendidos porque não se sabe se no fim o negócio pode ou não ser entregue em mão ao comprador”.

Moradores do Sin Fong começaram a levantar subsídios

Falta alugar o apartamento ideal

Weng Fok vai ajudaros moradores do Sin FongO empreiteiro do Sin Fong Garden, a empresa Weng Fok, entregou uma carta ao Governo onde diz disponibilizar-se para ajudar no pagamento dos subsídios e custos dos hotéis. A empresa, que assume “responsabilidade social”, quer partilhar as despesas com o Instituto de Acção Social (IAS) nos primeiro três meses.

Gostava de ficar nesta zona uma vez que vivo aqui há muitos anos, mas vejo que não consigo nada”, referiu outro morador.

Para os moradores, o futuro do Sin Fong tem de passar pela demolição. “Um dia quando voltar, só aceito viver num prédio reconstru-ído. A remodelação não me dá confiança alguma.”

UM POUCO MAISDE SUBSÍDIOUma moradora, de apelido Wu, também levantou críti-cas ao subsídio do Governo, deixando claro que seis mil patacas não servem para nada numa altura em que o preço das casas está acima

do desejado. “Com esse dinheiro só consigo alugar um apartamento com 300 ou 400 pés quadrados, sem elevador. Para ter mais algu-mas comodidade, como uso de elevador, já terei de de-sembolsar oito mil patacas.”

Para além de Wu, mui-tos dos moradores ouvidos pelos jornalista acalentam a esperança de que o Governo possa aumentar o valor do subsídio. “Não queremos ficar ricos com isto, basta um aumento de 500 ou mil patacas para resolver muitos dos nossos problemas”, re-feriu um morador de apelido Lam, que atacou de seguida as agências imobiliárias: “Já nem digo que sou morador do Sin Fong pois as agên-cias aumentam logo o valor quando sabem que estou a ser ajudado pelo Governo. Como vê estamos a ser víti-mas pelos dois lados.” – C.L.

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6 sociedade quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

“É preciso estudar mais sobre os casos [de cy-berbullying em

Macau]”, indica Miguel Costa Nunes, professor de Informática e Coordenador do Departamento de Edu-cação Geral da UMAC, que aborda nos seus quatro cur-sos a ética no uso da Internet. Pelo que, para já, também se desconhecem casos mais graves deste tipo de agressão virtual, pelo menos, ressal-va, não em português, o que faz com que não cheguem ao universo de falantes de língua portuguesa no território. “Enquanto não há casos extremos é difícil alertar para a lei”, avisa o palestrante na conferência “Cyberbullying - Agressões no espaço virtual”, orga-nizada pela Associação de Pais da EPM. Em Macau, explica, não há punições nem leis para isso, talvez porque “o uso da internet evoluiu mais rápido do que

Andreia Sofia [email protected]

“TEMOS verificado que da parte dos condu-

tores existe uma condução muito pouco consciente”. A frase é de um responsável da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e espelha a realidade do tráfego de Macau. No dia em que foram anunciadas as actividades de mais uma campanha rodoviária, Che-ong Ieng Son, comissário da Policia de Segurança Publica (PSP) adiantou aos jornalistas alguns números dos casos ocorridos nas estradas.

Entre Janeiro e Setembro aconteceram 12 acidentes de viação que resultaram em 12

Dados correspondem ao período entre Janeiro e Setembro

12 acidentes de viação, 12 mortosmortos, mais quatro do que no período homólogo de 2011. No total, a PSP aplicou 360 multas, sendo que 300 mil dizem respeito aos estaciona-mentos nos lugares errados.

“Existem muitos casos de condutores de motociclos que transportam cães e gatos ou crianças com menos de seis anos. As restantes têm a ver com o consumo de álcool, condutores que não dão prio-ridade, estacionamentos nos lugares errados e não cumprir o sinal vermelho, bem como excesso de passageiros. É uma

sanção e ao mesmo tempo uma espécie de educação”, disse Cheong Ieng Son.

As actividades de mais uma campanha rodoviária começam já neste domingo, e segundo o responsável da DSAT, tal iniciativa é fun-damental. “

Esta campanha tem de ser feita, senão a segurança rodoviária fica em perigo. Não pode ficar por aqui”.

MULTAS MAIS TARDEO responsável da PSP garantiu que durante o pró-

ximo mês as patrulhas vão ser reforçadas para a dis-tribuição de informações, bem como “o reforço da aplicação de multas, princi-palmente aos que conduzem com álcool”.

Como tal, a partir do dia 28 deste mês e durante o mês de Novembro a PSP vai andar ainda mais atenta nas ruas, mas sem tolerân-cia zero. “Vamos alertar os condutores durante duas semanas, só depois vamos aplicar as multas”.

A campanha dura até 30

de Novembro e são muitas as actividades promocio-nais a realizar, com postos de atendimento em vários locais da cidade disponi-

bilizados pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Este domingo a praça do Tap Seac acolhe espectáculos, jogos, uma exposição temática e um sorteio.

O responsável da DSAT garantiu que o Governo toma todas as medidas para evitar a propagação de acidentes, para além da campanha rodoviária, atra-vés da colocação de apare-lhos detectores de multas. Por sua vez, o comissário da PSP não sabe analisar a eficácia real das acti-vidades. Isto porque “em Macau há muitos carros, cerca de 200 mil, e poucas vias, por isso apareceram muitos problemas”.

Pais descontentes com direcçãoA Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (EPM) mostrou-se desiludida e revoltada pela não participação de qualquer membro escolar na conferência sobre “Cyberbullying - Agressões no espaço virtual”, que teve lugar ontem pelas 18h30 no auditório da EPM. “Nem um professor, nem o presidente, nem a direcção marcaram presença, quando foram convidados para a conferência com a devida antecedência”, indica o porta-voz. Dos cerca de 20 pais que marcaram presença, alguns protestaram a não participação da direcção, tendo em conta que “o tema é tão importante para pais como para professores”.

A Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (EPM) organizou ontem uma conferência sobre cyberbullying. Miguel Costa Nunes, docente de Informática na Universidade de Macau (UMAC) e um dos palestrantes da vídeo-conferência, dá conta ao Hoje Macau da dificuldade em conhecer casos desta natureza no território. “Sem gravidade conhecida sobre o fenómeno não há legislação”, explica

Cyberbullying é uma realidade não abrangida pela legislação existente em Macau

“Enquanto não há casos extremosé difícil alertar para a lei”

a produção de legislação [sobre a matéria]”.

Segundo a sua pesquisa, os dados de Macau foram agrupados pelo Chefe da Divisão de Investigação de Crimes Informáticos da Polícia Judiciária (PJ) e re-montam a 2010. Os mesmos não são expressivos. Houve um total de quatro casos respeitantes a cyberbullying, que diziam respeito à coloca-ção de fotografias pessoais, de dados pessoais de outras pessoas ou à montagem de ameaças na Internet, indicou Chan Kin Hong, responsável deste organismo da PJ, num artigo publicado na revista

da entidade policial em Agosto de 2011. À data, o responsável afirmava que “os dados actuais da PJ não conseguem reflectir exactamente a situação real de Macau, cujo problema do cyberbullying tende a ser cada vez mais grave” e “não se pode negar a sua existência no território”, isto porque, as vítimas “optam por não contar aos pais, nem aos docentes e muitos menos queixar-se à polícia”.

Esta realidade é entendi-da por Miguel Costa Nunes pelo facto da RAEM ser um universo muito pequeno. “A comunidade de Macau

é pequena, todos se conhe-cem. Mudar de escola não adianta nada. Aqui não há a possibilidade de mudança de cidades como em países. As informações e fotografias são de fácil acesso a todo o público, a toda a gente em Macau”, refere o académi-co que lida com questões de plágio, investigação e responsabilidades sociais na disciplina que lecciona na UMAC.

“IMIGRANTESNA INTERACTIVIDADE”Os pais ou encarregados de educação acabam por ser ainda hoje “outsiders” no mundo virtual. Solange Sá Barros, do Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Electrónicos (LEEME) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo no Brasil, explicou que “os pais são imigrantes na in-ternet” e não nativos, como os jovens e os mais recentes empregados e trabalhadores (entre os cinco e os 29 anos). Desta forma, precisam de estar alerta sobre o novo fenómeno, que se carac-teriza por ser “uma acção intencional, repetitiva, cuja vítima não tem capacidade para reagir por isso, são es-colhidas a dedo”, descreve a investigadora, que parti-cipou a partir do Brasil via video-conferência.

Ameaças via e-mail ou mensagens no telemóvel, furtar senhas para alterar informações na internet, usar ou criar blogs para falar mal de alguém, enviar foto-grafias íntimas para outras pessoas ou participar em inquéritos sobre as vítimas são alguns dos tipos de cy-berbullying, indica.

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7sociedadequinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

QUALIFICAR mais e me-lhor os serviços públicos é o grande objectivo do Governo. Este ano, pela primeira vez, decidiu

distinguir os serviços mais compe-tentes, sobretudo no atendimento ao público, através do “Prémio de Serviço Público de Alta Qualidade - RAEM”, que se subdivide em cin-co categorias. Sete serviços, e nove dos seus projectos, distinguiram-se em quatro destas mas nenhum se mostrou verdadeiramente “exce-lente”.

Desde 2007, a Administração tem vindo a reconhecer os estabele-cimentos públicos, e seus serviços, com o selo de qualidade através do “Regime de Reconhecimento da Carta de Qualidade”. Em 2010 foram reconhecidas 42 entidades públicas através de uma Comissão de Avaliação de Serviços Públicos (CASP), numa distinção que é reavaliada a cada dois anos.

Mas o ano passado, a CASP decidiu avaliar os mesmos serviços através de outros parâmetros sugerin-do a criação do “Prémio de Serviço Público de Alta Qualidade -RAEM”, de candidatura voluntária, de forma a que as entidades melhorem cada vez mais o seu desempenho, servindo de modelo às restantes.

Nesta primeira edição a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) foi a mais premiada, com distinções em três categorias: Prémio de Equipa Distinta, Prémio de Prestação de Serviços de Qualidade e Prémio de Serviço da Linha da Frente. A Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC) e o Instituto de Acção Social (IAS) também foram distinguidos com o Prémio de Servi-

Sete serviços públicos foram distinguidos comode “alta qualidade” mas nenhum garantiu “excelência”

Servir mais e melhorO “Prémio de Serviço Público de Alta Qualidade - RAEM” foi atribuído pela primeira vez pelo Governo. Sete foram os serviços que se destacaram, através de nove projectos distintos, mas ninguém ganhou na categoria de Prémio Superior de Serviços Público Excelente

ço de Qualidade e o IACM recebeu a distinção de Serviço de Linha da Frente. O Prémio de Elevação de Resultados e Eficácia foi atribuído ao Fundo de Pensões, ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e à Direcção dos Serviços Meteo-rológicos e Geofísicos (DSMG). Mas o Prémio Superior de Serviço Público Excelente, a categoria mais elevada, ficou na prateleira até à próxima edição.

POR UM TRIZ“Muitos estão perto de chegar a um nível mais elevado mas ainda falta um pouco para atingir estes crité-rios”, explica José Chu, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP). “Alguns já estão perto deste nível mas ainda têm de melhorar um bocadinho”, avança o também Presidente da CASP.

Com três das cinco categorias ganhas, a DSI espera ir ainda mais além na próxima edição, ao ponto de garantir a excelência. “Há mui-tos aspectos a melhorar e vamos continuar a recolher opiniões do público de modo a aperfeiçoar as estratégias”, avança Elsie Ieong, subdirectora da DSI.

“Actualmente temos várias equipas para corrigir as nossas falhas, através da Comissão para o Melhoramento dos Serviços, que criámos em 2009, ano em que começámos a promover a ideia de atender melhor a população e não cumprir de forma cega os nossos critérios”, explica a responsável.

“A importância dada à comunica-ção interna”, “os excelentes serviços prestados ao balcão” e “bom controlo e gestão de qualidade” bem como “o desenvolvimento do auto-serviço electrónico e para o estudo da adop-ção do BIR do ‘tipo cartão inteligente sem contacto’” foram as funções que lhes garantiram as três distinções, destacou ontem a CASP, composta por quatro elementos de diferentes instituições académicas, no Edifício China Plaza onde funcionam alguns dos serviços premiados.

A comunicação social teve acesso à zona de funcionamento do Departamento de Identificação de Residentes da DSI, e aos serviços do IACM, também distinguidos. Este último destacou-se por ser um “onde stop service”, que trata em tempo útil as consultas da população através do melhoramento do hardware e software dos seus serviços.

A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar no próximo dia 30 de Outubro, pelas 15h30, no auditório do Instituto Politécnico de Macau (IPM).

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8 nacional quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

NA véspera de tro-car de liderança, o governo chinês está a ser aconse-

lhado a limitar a actuação das suas poderosas empre-sas estatais, responsáveis por pelo menos um terço da produção económica e que monopolizam vários sectores como o da energia e o financeiro.

Um estudo da agência Reuters publicado anteon-tem mostra que a criação de uma política de limites às es-tatais é uma prioridade entre as propostas encomendadas recentemente pelo Conselho de Estado (gabinete chinês).

A China anunciou esta terça--feira um novo chefe de

Estado-Maior da Força Aérea e a remodelação de altos cargos militares, antes da transição da liderança do país e do Partido Comunista, o que só acontece a cada dez anos.

Ma Xiaotian, general do Exército que participou em pro-gramas de intercâmbio militar com diversos países, incluindo os Estados Unidos, foi promovido a líder da Força Aérea chinesa, segundo a televisão estatal chi-nesa CCTV.

Ma substitui Xu Qiliang, outro general que tem sido dado como futuro vice-presidente da Comissão

UM homem, de 67 anos, ficou sob custódia por ter alegada-

mente provocado um incêndio na terça-feira num hospital no sul de Taiwan, que resultou na morte de 12 pacientes, a maioria dos quais acamados, informaram ontem as autoridades.

O sexagenário, de apelido Lin e também paciente do hospital, disse ter queimado lenços de papel e tê-los atirado para uma arrecadação cheia de roupas, indicou o procurador Tseng Chao--kai, aditando que Lin afirmou que se sentia descontente com o sofrimento causado pela doença crónica de que padecia.

Lin, que foi detido ao final da

Companhia aérea chinesa adquire 48% do capital da Aigle Azur O grupo chinês Hainan Airlines anunciou esta terça-feira a aquisição de 48% do capital da companhia aérea francesa, Aigle Azur, tornando-se assim no segundo maior accionista da empresa, apenas atrás do grupo francês GoFast. É a primeira vez que uma companhia aérea chinesa investe numa empresa de aviação civil europeia. Segundo o acordo, a Aigle Azur criará uma comissão executiva de cinco representantes como o órgão de administração supremo, sendo que dois dos cinco lugares pertencem ao grupo Hainan Airlines. Um dos dois representantes chineses deve assumir, ainda, o cargo de vice-presidente da empresa. A Aigle Azur planeia comprar dois aviões A330 e abrir uma ligação entre Paris e Pequim.

China tem 73 das 500 maiores empresas do mundo

Limitar poder das estatais

China remodela cúpula militarantes de transição na liderança do país

Troca de cadeirasDetido suspeito de ter ateado fogo em hospital de Taiwan

Lin, o sexagenárioMilitar Central da China, que co-manda as Forças Armadas do país.

Wang Guanzhong, ex-chefe do Departamento Geral da Co-missão Militar Central, assume o posto de Ma até agora, como vice-chefe do Estado-Maior do Exército Popular de Libertação

Outras promoções incluem a nomeação de Zhu Fuxi como che-fe da reunião militar de Chengdu, no sudoeste da China, que inclui a maior parte do Tibete.

A China tem vindo a reforçar o investimento público nas Forças Armados do país, que têm cerca de 2,3 milhões de efectivos, num esforço de modernização no qual Pequim já disse que vai gastar cerca de 760,63 mil milhões de patacas em 2012, mais 11,2 por cento que no ano passado.

Esta remodelação no topo da hierarquia militar surge antes do congresso do Partido Comunista Chinês, o partido único no poder na China, a partir de 8 de No-vembro, que vai escolher a nova liderança, num movimento que só acontece a cada dez anos.

Uma das mudanças suge-ridas é aumentar o pagamen-to de dividendos aos cofres públicos para o financiamen-to da ainda incipiente rede de protecção social.

Hoje, os funcionários estatais estão entre os poucos que gozam de um sistema de aposentadoria.

Para a Câmara Europeia de Comércio na China, a

hegemonia económica das estatais passou a ter con-sequências cada vez mais nocivas, ao sufocar a com-petição privada pelo acesso privilegiado ao crédito e pelo domínio dos segmentos onde actuam.

“As estatais têm van-tagens reguladoras e de licitação, e um fornecimento abundante de energia barata

e de matérias primas”, afir-ma um relatório recente da Câmara.

Caso continuem hege-mónicas, diz a Câmara, a economia chinesa sofrerá com problemas de inefi-ciência, produtividade e inovação.

Devido a uma composi-ção de accionistas obscura, é difícil saber qual o seu peso

exacto na economia chinesa. As estimativas na produção variam de um terço a metade do total.

Recentemente, uma in-vestigação do Congresso norte-americano concluiu que as empresas de teleco-municações privadas ZTE e Huawei são uma “ameaça à segurança” porque é difícil determinar qual é o grau

de participação do Estado (a acusação foi rotulada de “proteccionismo” pela China).

Das mais de 100 mil empresas estatais, cerca de cem são controladas direc-tamente pelo governo cen-tral. São estas que lideram o investimento chinês no Brasil, caso das petroleiras Sinopec e Sinochem e da distribuidora de energia State Grid.

Na mais recente lista da americana “Fortune”, a China contribui com 73 das 500 maiores empresas do mundo. Apenas cinco são privadas.

noite de terça-feira, aguarda agora pela acusação formal sob custódia, dado que há risco de fuga e o sus-peito tentou alegadamente destruir provas, explicou Tseng Chao-ka, ci-tado pelas agências internacionais.

Os bombeiros indicaram que o fogo, extinto em 40 minutos, terá provavelmente deflagrado numa arrecadação no segundo andar do edifício de cinco pisos, onde fica-va o lar de terceira idade habitado sobretudo por idosos acamados ou com limitadas capacidades de locomoção.

Mais de uma centena de pacientes foram resgatados da unidade hospitalar em Tainan, no sul de Taiwan.

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9regiãoquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

MAKOTO Taki vai ser nomeado novamente ministro da Justiça do Japão, menos de

um mês depois de ter sido substi-tuído por Keishu Tanaka, que se demitiu, esta terça-feira, por causa de antigas ligações à máfia nipó-nica, revelou ontem o Governo.

Keishu Tanaka, 74 anos, de-sempenhava também o cargo de ministro de Estado, estando en-carregado do processo relativo ao sequestro de cidadãos japoneses pela Coreia do Norte na década de 1970 e 1980, uma função que será ocupada, a partir de agora, pelo ministro porta-voz, Osamu Fujimura, segundo confirmou o próprio, em declarações citadas pela agência Kyodo.

Fujimura explicou que a de-signação de Makoto Taki foi uma aposta do primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, que de-cidiu voltar a confiar nele, apesar de este ter dado provas de querer abandonar o cargo na sua etapa final como ministro.

O Governo do Japão assegurou ontem que

mantém o diálogo “a vários níveis” com a China sobre a tensão desencadeada pela disputa territorial das ilhas Diaoyu, a qual deteriorou as relações bilaterais.

A garantia foi dada

pelo ministro porta-voz, Osamu Fujimura, pouco depois da agência noticio-sa Kyodo ter informado que representantes de ambos os países estiveram reunidos no fim de semana em Xangai.

Fujimura não facultou

pormenores, segundo a agência noticiosa espa-nhola Efe, limitando-se a indicar que o encontro faz parte dos contactos entre Tóquio e Pequim “sobre a actual situação que rodeia as ilhas”.

A agência Kyodo, que

cita fontes oficiais não identificadas, refere que o encontro em Xangai – em que esteve presente o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão – confirmou que Tóquio e Pequim pretendem man-ter o diálogo para evitar

situações “inesperadas” e acalmar a tensão.

Além da China, a sobe-rania das ilhas Diaoyu, no Mar da China Oriental, com menos de sete quilómetros quadrados e administradas pelo Japão, é reivindicada também por Taiwan.

Nissan vai investirem nova fábricana TailândiaO fabricante japonês de automóveis Nissan vai construir uma nova fábrica perto de Banguecoque, num investimento avaliado em cerca 2.9 mil milhões de patacas, revelou ontem a imprensa local. Com a nova unidade, a erigir na província de Samut Prakan, perto de uma outra já existente, a Nissan espera conseguir dobrar a produção de automóveis na Tailândia. A unidade fabril, com abertura marcada para 2014, deverá ser capaz de produzir cerca de cem mil veículos no primeiro ano de actividade, prevendo-se que a produção atinja as 200.000 unidades, segundo estimativas citadas pela agência noticiosa espanhola Efe. No ano passado, a actual fábrica da Nissan na Tailândia, cuja produção anual é estimada em 190.000 unidades, foi obrigada a suspender a actividade durante vários meses na sequência das inundações que afectaram o país. A Tailândia, que produziu 1,64 milhões de veículos em 2011, acolhe unidades de produção de vários fabricantes de automóveis do Japão, entre os quais a Toyota, Honda, Mitsubishi e Mazda.

Adesão de Timor-Leste à ASEAN aindasem data marcadaO ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste disse terça-feira que ainda não há data para a adesão do país à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) dado que Singapura tem ainda algumas reservas. “Neste momento não temos nenhuma data marcada para Timor-Leste entrar na ASEAN. Deixemos que isso seja uma decisão por consenso dos membros da ASEAN”, afirmou José Luís Guterres. Segundo o chefe da diplomacia timorense, Singapura continua a ter algumas reservas em relação à admissão de Timor-Leste, relacionadas com a preparação dos recursos humanos timorenses. O chefe da diplomacia timorense falava à Lusa no final de uma conferência para discutir o futuro papel da comunidade internacional no apoio a Timor-Leste após o final da Missão Integrada ONU (UNMIT) no país. “Não é que estejam contra a nossa participação na ASEAN, mas querem que nos preparemos para essa entrada”, explicou, acrescentando que o seu homólogo de Singapura vai realizar uma visita oficial a Timor-Leste no próximo mês, sem precisar a data.

China tem 73 das 500 maiores empresas do mundo

Limitar poder das estatais

Japão “recupera” antigo ministro da Justiça

O regresso de MakotoNoda substituiu Taki, 74 anos,

a 01 de Outubro, durante a ampla remodelação governamental que realizou – a terceira desde que chegou ao poder em Setembro de 2011 –, a fim de reforçar a sua fraca taxa de popularidade e já a pensar nas eleições marcadas para o verão de 2013.

O regresso do veterano Makoto Taki faz subir para cinco o número de ministros da Justiça que o Ja-pão já conheceu sob o executivo de Noda.

Num comentário na terça-feira em reacção à demissão apresentada por Keishu Tanaka, o primeiro--ministro considerou-se responsá-vel por ter “escolhido um ministro que não foi capaz de cumprir as suas obrigações”.

Tanaka renunciou ao car-go depois de ter admitido, no passado dia 12, que serviu de intermediário no matrimónio de um membro da máfia nipónica – conhecida como “Yakuza” – há 30 anos e de ter confessado que marcou presença numa festa oferecida por um líder da orga-nização criminosa.

Mesmo antes do escândalo ter vindo a público, o titular da Jus-tiça já era foco de atenção por ter recebido, entre 2006 e 2009, cerca de 40.000 patacas em donativos po-líticos de um cidadão estrangeiro, uma prática ilegal no Japão.

O seu gabinete indicou que o governante devolveu todo o dinhei-ro. Contudo, tal não foi suficiente para acalmar as críticas.

Tóquio diz dialogar com Pequim “a vários níveis” sobre disputa territorial

Evitar situações “inesperadas”

Makoto Taki

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10 quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.momacaenses

Há dez meses o investigador Roy Eric Xavier, da Universidade da Califórnia, quis saber a dimensão real da comunidade macaense do século XXI. As respostas ao seu questionário à escala global mostram que há entre 149 a 155 mil macaenses a viver em dez países diferentes. Ao Hoje Macau, Roy diz-se surpreendido com estes números, e acredita que podem crescer

Roy Eric Xavier realizou primeiro questionário global à comunidade

Aos milhares espalhados pelo mundoresultados acabariam por ser um surpresa.

“Pedi para responderem quantos membros da família tinham, e os meus resulta-dos revelam uma população maior do que aquela que eu inicialmente esperava. As minhas estimativas mostram uma população entre 149 a 155 mil pessoas. Os números surpreenderam-me, porque os números conhecidos de macaenses rondavam os 50, 80 mil. Acredito que os números vão crescer porque cada vez mais macaenses em todo o mundo vão começar a reconhecer a sua pertença à herança familiar”, explica o académico ao Hoje Macau. “Tinha esperança de receber pelo menos 200 respostas,

Andreia Sofia [email protected]

QUERIA saber quan-tos são na realidade e os porquês de uma decisão que os fez sair da Ásia e espa-

lhar uma etnia que hoje habita vários recantos do mundo. Foram estes os objectivos que levaram o investigador Roy Eric Xavier, a residir nos Estados Unidos, a elaborar um questionário a nível global para perceber quantos maca-enses existem na actualidade.

O trabalho foi feito em parceria com as Casas de Macau existentes em dez países, e as 168 respostas foram obtidas com a colabo-ração dos seus membros. Os

• 36% emigraram de Hong Kong, 20% de Macau, 14% de Xangai. Há ainda alguns

macaenses que deixaram Manila, nas Filipinas, Ho Chi Min, no Vietname, e Tietsiu e Swaton,

na China. Poucos nasceram na Austrália, Brasil, Portugal e Estados Unidos.

• 88% emigraram para ter melhores oportunidades

• 12% emigrou por restrições culturais ou raciais

• 12% revelam “condições gerais” para a emigração

• 51% dos inquiridos tem entre 35 e 64 anos, 40% tem mais de 65 anos

• 79,7% já viajou para visitar familiares, na maioria para a Ásia

• 74,4% considera-se macaenses ou portugueses-macaenses

• 9,5% consideram-se portugueses

• Há macaenses a viver em cinco regiões da Austrália, três do Brasil, quatro províncias do

Canadá, Reino Unido, Hong Kong, Macau, Holanda, Portugal, Emirados Árabes Unidos e

14 estados dos Estados Unidos da América.

OS NÚMEROS DA COMUNIDADE

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11quinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo macaenses

Roy Eric Xavier realizou primeiro questionário global à comunidade

Aos milhares espalhados pelo mundomas o questionário é o pri-meiro do género a ser feito em todo o mundo. Espero usar os resultados para realizar mais questionários anuais no futuro”, acrescenta.

Os restantes dados (ver quadro), disponíveis no we-bsite, revelam que a maioria dos macaenses emigraram da Ásia, com destaque para os oriundos de Hong Kong, Macau e Xangai, sendo que 88% o fez à procura de me-lhores oportunidades. Vivem em dez países diferentes, com a Austrália a liderar as prefe-rências. 74,4% identificam-se a si próprios como macaenses ou portugueses-macaenses. Considerado o “ponto-chave” para perceber a dimensão da comunidade, os dados sobre

a composição das famílias revela que 81,8% tem uma fa-mília de 16 pessoas, enquanto 12,6% tem uma média de 72 familiares.

MAIS COMUNICAÇÃOMais do que contar quantos macaenses existem no mun-do, o questionário é também uma progressão natural do projecto www.fareastcur-rents.com, lançado em Janei-ro deste ano, e que pretende ser uma plataforma informa-tiva para a comunidade. Além disso, o autor “precisava de informação para um traba-lho de investigação sobre a história e diáspora dos por-tugueses na Ásia, oriundos de Macau”. “Uma vez que não existe muita informação

histórica sobre a comunidade macaense, queria fazer uma estimativa preliminar da população actual em todo o mundo enquanto seguimento do meu trabalho de investi-gação”, conta.

No website, Roy regres-sa ao período da II Guerra Mundial para falar da popu-lação portuguesa em Macau que rondava as 30 a 50 mil pessoas, graças aos refugia-dos vindos de Hong Kong e China. O investigador diz que o aumento “triplicado” da população macaense pode ser o resultado de “sobrevivência e prosperidade” na região, mas acredita que tal acontece porque há cada vez mais pes-soas a identificarem-se com a cultura e a reconhecerem

que têm ligações a Macau. “A sua identificação enquanto macaense é significante para o futuro desenvolvimento da cultura e para o estudo do seu papel na história da Ásia”, escreve o autor, que acredita que as novas gerações estão a associar-se cada vez mais à sua herança familiar.

“É ainda importante a oportunidade de criar uma sensação de pertença numa comunidade crescente, mais do que nas antigas gerações das organizações dos filhos de Macau. Há alguns anos atrás a maioria destas orga-nizações começaram a ser irrelevantes para pessoas da minha idade e mais novos”, referiu Roy.

“Isso parece estar a mudar

graças ao uso da tecnologia pelas gerações mais novas de macaenses, que comuni-cam com mais frequência. Sabendo que existem mais pessoas como eles, com his-tórias familiares semelhantes e laços culturais, com quem podem partilhar histórias, pro-videncia uma oportunidade única para fazer renascer uma comunidade que está em risco de desaparecer.”

À PROCURA DE APOIOSPara além da universidade de Berkeley, Roy afirma que trabalha com mais organis-mos ligados à comunidade e que está à procura de apoios financeiros na RAEM, para onde tenciona viajar no pró-ximo ano.

“Espero poder conduzir um novo inquérito no próximo ano como seguimento deste, isto se eu conseguir receber mais apoios financeiros. Tenho sido contactado pelo Clube Lusitano de Hong Kong para colaborar no estudo e outros projectos. Também contactei a Fundação Orien-te em Macau para saber se têm interesse numa parceria. Espero comunicar com eles nas próximas semanas”, diz ao Hoje Macau.

Para já, os recursos são poucos, mas a vontade de continuar a estudar e a divul-gar a cultura macaense não fica por aqui. Os fundos pelos quais procura terão como fim realizar um projecto que terá arquivos de fotografias, testemunhos em gravação vídeo e uma plataforma digital sobre a história dos macaenses espalhados pelo mundo. Roy Eric Xavier quer continuar a realizar um questionário por ano com as comunidades macaenses, publicar artigos e livros para o publico ver as suas pesquisas.

Quem é Roy Eric Xavier?Para o investigador residente em Los Angeles,

Califórnia, a comunidade macaense é uma das

suas paixões e principal objecto de trabalho. Com

um doutoramento em sociologia e comunicação

pela Universidade de Berkeley, Roy Eric Xavier

nasceu em Hong Kong, lugar que a família deixou

na década de 50 para viver na Austrália, e depois

Califórnia. Assume-se com heranças macaenses,

graças às ligações a Portugal, Goa e China. “Os

meus antepassados mais recentes combateram

os mouros em Chaves no século XII. Outros eram

fidalgos (Chaves, Leite e Álvares), que serviram

na corte de D.Afonso IV no século XIV. Parentes

como Álvares, d’Aquino, Xavier, Castro nasceram

em Macau e Xangai nos finais do século XIX e

trabalharam como médicos, comerciantes e

tipógrafos em Hong Kong”, conta ao Hoje Macau.

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12 publicidade quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

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13vidaquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Macau Sã Assado

É AQUI QUE SE METE A MOEDA?

Os novos parquímetros de Macau têm instruções que pouco instruem. Para além da falta de acentos em muitas das palavras, podemos ver que algumas letras são “comidas” noutras. Ninguém pede a obrigatoriedade do português em tudo, mas “por amor da santa”, quando o usem façam-no em “condicoes”... ups!!!Porque Macau sã assi... mas também sã assado

Foto: Vanessa Amaro

AS medições de radio-actividade efectuadas pelas autoridades ja-ponesas na região

em redor da central nuclear de Fukushima não são fiáveis, de-nunciou nesta terça-feira em Tó-quio a organização Greenpeace.

As populações chegaram a estar expostas a 13 vezes o limite autorizado. Segundo a Greenpe-ace, foram registados níveis superiores a 3 microsieverts por hora em parques públicos e em escolas, quando o limite fixado era de 0,23.

A cidade de Fukushima, ca-pital da província com o mesmo nome, está situada a 50 quilóme-tros da central nuclear acidentada, Fukushima Daiichi. “Descobri-mos que os aparelhos de medição instalados pelo Governo suba-valiaram sistematicamente os níveis de radioactividade”, disse Rianne Teule, da Greenpeace. Segundo Teule, os aparelhos estão protegidos da radioactividade por

OS papagaios imitam a fala humana, mas isso

nunca fora observado numa baleia. Os cientistas que es-tudaram estas vocalizações quase humanas, produzidas por uma beluga, ou baleia branca, especulam que o cetáceo estava a tentar comu-nicar com os seus tratadores.

Tudo começou em 1984, quando, ao pé do tanque das baleias e dos golfinhos da Fundação Na-cional dos Mamíferos Ma-rinhos (NMMF, entidade norte-americana dedicada à protecção e ao estudo destes animais), vários especialis-tas tiveram a impressão de ouvir conversas entre duas pessoas, mas sem chegar a ver ninguém por perto. Não percebiam as palavras, porque o som parecia vir de

Greenpeace critica resultados oficiais de radioactividade em Fukushima

Medições pouco fiáveis

A baleia branca que tinha uma voz quase humana

Noc, Noc, estou a falar

estruturas metálicas ou de betão, o que altera as medições. “Estes aparelhos foram colocados em zonas descontaminadas. As nos-sas medições mostram que, um pouco mais longe, os níveis de radioactividade sobem de forma significativa”, acrescentou.

Rianne Teule afirmou ainda que os trabalhos de descontaminação “foram gravemente adiados e continuam a existir vários locais com radioactividade”.

Durante os testes realizados na semana passada, durante quatro dias, a Greenpeace registou níveis acima do limite oficial na cidade de Iitate, onde o Governo espera dar “luz verde” para o regresso dos cidadãos que foram obrigados a abandonar a povoação depois da catástrofe de 11 de Março de 2011. “É pouco provável que esta zona montanhosa e densamente flores-tada se torne segura nos próximos anos”, considerou Kazue Suzuki, da Greenpeace Japão. “O Gover-no está a dar falsas esperanças às vítimas do desastre”, acrescentou.

Depois de um sismo de magni-tude 9 e de um tsunami, o acidente de Fukushima lançou radioactivi-dade para o ar, para a água e solos da região. Milhares de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas.

longe, mas ficaram intriga-dos pelo inédito fenómeno.

Algum tempo depois, um mergulhador emergiu do mesmo tanque e deixou os seus colegas ainda atónitos ao perguntar: “Quem é que me disse para sair da água?” É que nenhum deles lhe ti-nha dado qualquer instrução nesse sentido. Rapidamente, conseguiram então identifi-car o “falador” inveterado. Era uma baleia branca, uma beluga chamada Noc, que vivia lá e estava habituada a contactos frequentes com pessoas.

Sam Ridgway e a sua equipa da NMMF, que já tinham ouvido falar de episódios semelhantes, decidiram então estudar de mais perto as carac-terísticas acústicas das

produções sonoras de Noc. “As vocalizações eram semelhantes à voz humana e diferentes dos sons habi-tualmente emitidos pelas baleias”, diz Ridway, citado por um comunicado da re-vista Current Biology, onde o surpreendente achado foi publicado esta terça-feira.

“Não só o ritmo era semelhante ao da fala hu-mana, como as frequências sonoras situavam-se várias oitavas abaixo das típicas vocalizações das baleias e muito mais perto do espectro acústico da voz humana.”

Para os investigadores, o facto de uma baleia conse-guir imitar uma voz humana é tanto mais surpreendente quanto o aparelho vocal destes animais é muito diferente do nosso – e que não lhe terá sido nada fácil imitar-nos. “As nossas ob-servações sugerem que a baleia teve de alterar a sua mecânica vocal para emitir sons semelhantes à fala”, explica ainda Ridgway. “Ora, esforços tão claros e desta magnitude sugerem uma motivação para o con-tacto [com os humanos].”

Page 14: Hoje Macau 25 OUT 2012 #2721

14 cultura quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

PRESTES a comemorar 125 anos de existência, a National Geographic Society vai levar a lei-

lão, no dia 6 de Dezembro na Christie’s de Nova Iorque, 204 fotografias e ilustrações originais da sua massiva colecção.

The Art of Exploration é uma ínfima selecção do colossal arquivo de mais de 11,5 milhões de peças da National Geographic Society. Entre os itens mais me-moráveis da instituição está um retrato do Almirante Peary numa expedição ao Pólo Norte em 1908 ou a fotografia de uma tribo aborígene de Papua-Nova-Guiné.

Os trabalhos vão ser leiloados “para celebrar o nosso legado e para dar às pessoas a oportuni-dade de comprar uma pequena parte da história desta grande instituição”, segundo disse à AP Maura Mulvihill, vice-presidente sénior de imagem da National Geographic e arquivos de vídeo.

A “menina afegã”, uma fo-tografia muito conhecida e que

Colecção da National Geographic vai a leilão pela primeira vez

Sharbart Gula no bolo de aniversário

PUB

homónima do romancista Rafael Sabatini de 1931 para o Ladies’ Home Journal, é uma das obras com a estimativa mais alta para venda. Segundo a leiloeira, espera-se que a pintura seja vendida entre os 613 mil e os 920 mil euros.

O leilão de 6 de Dezembro antecede a comemoração dos 125 anos da National Geographic Society, a 27 de Janeiro de 2013. A estimativa do leilão aponta para os 2 milhões e 300 mil euros de receitas, que ajudarão a financiar a promoção e preservação do arquivo e o “desenvolvimento de jovens fotógrafos, artistas e exploradores”, disse Mulvhill.

A National Geographic So-ciety é umas das maiores insti-tuições científicas e educacionais não-lucrativas do mundo. A sua pesquisa é explorada através da revista National Geographic, disponível em 27 idiomas. A marca tem ainda vários livros publicados e o canal de televisão National Geographic Channel.

foi tirada em 1984 num campo de refugiados no Paquistão por Steve McCurry também vai à praça. A imagem, que mostra uma menina de 12 anos cujos olhos verdes captaram a atenção do mundo, voltou a ser capa da National Geographic em 2002 quando se descobriu a identidade da rapariga, Sharbart Gula.

Símbolo mundial dos refu-giados e da ocupação soviética no Afeganistão, uma impressão especial da imagem foi escolhida para o leilão cujas receitas rever-tem para o Fundo de Raparigas Afegãs.

O livro The North American Indian e o portefólio fotográfico de Edward Curtis, que segundo a Associated Press, pode ter perten-cido a Alexander Bell, inventor do telefone e um dos fundadores da National Geographic Society, também integram a selecção para venda.

The Duel On The Beach, a pintura a óleo do americano N.C. Wyeth baseada na história

Page 15: Hoje Macau 25 OUT 2012 #2721

15culturaquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

José C. [email protected]

MACAU recebe o 55.º Festival de Cinema Ásia Pacífico entre os próximos dias 13 e

16 de Dezembro. Com o alto patro-cínio do Venetian Macau a RAEK vai acolher este ano aquele que é um dos mais antigos Festivais de Cinema da região Ásia Pacífico. Na apresentação que teve lugar ontem pelas 14:00 no hall de entrada do teatro do Venetian, o presidente e CEO do Sands China Lda, Edward Tracy disse estar orgulhoso por

A antiga casa do actor Bruce Lee em Hong Kong será co-

locada à venda depois do fracasso das negociações para transformar a propriedade num museu dedi-cado ao ícone das artes marciais, noticiou ontem a imprensa local.

Yu Panglin, actual proprietá-rio da antiga mansão de Bruce Lee, afirmou, ao diário “Singtao Daily”, que pretende vender a propriedade por cerca de 170,8 milhões de patacas após o fracasso, no ano passado, das negociações com as autoridades governamentais.

A mansão da antiga lenda das artes marciais é actualmente um hotel de baixo custo.

“Já não estou considerar [a criação de um museu] depois do governo ter retirado o seu apoio”, explicou o milionário e filantropo de 90 anos.

“Perdi a paciência, não quero esperar mais”, afirmou Yu Pan-glin, referindo que os responsá-veis que gerem o hotel não pagam o aluguer da propriedade há cerca de dois anos por falta de clientes. O milionário acrescentou que a casa precisa de ser remodelada com urgência.

Os fãs de Bruce Lee reclamam há muito a abertura de um local que recorde o actor norte-ameri-cano, de origem chinesa, que ficou conhecido por introduzir as artes marciais na sétima arte.

A filmagem é mostrada alguns dias após o furto da semana

passada, que levou sete obras de arte do museu holandês, entre as quais estão quadros de Picasso, Gauguin e Matisse.

No vídeo, disponibilizado na sexta-feira pelas autoridades ho-landesas, pode-se ver dois ladrões encapuzados a entrarem no museu, usando o que parece ser uma porta lateral. Menos de dois minutos depois, saem ambos com quadros às costas. Há ainda um ladrão que volta atrás para fechar a porta. As imagens são escuras e as caras dos ladrões são pouco perceptíveis. A polícia chegaria ao local em menos de 5 minutos após o furto, mas os ladrões já se tinham ido embora.

De acordo com a agência Reu-ters, até ontem a polícia já tinha recolhido cerca de 60 possíveis sus-peitos, ligados ao roubo do museu holandês. A Rotterdam TV reporta ainda que a polícia está a fazer testes no exterior do museu, para tentar perceber em que viatura fugiram os ladrões, acreditando que a entrada no museu foi feita pelas traseiras. A aparente facilidade com que os ladrões entram e saem, como se vê no vídeo, levantou questões sobre o sistema de segurança do Museu Kunsthal e sobre um possível infiltrado. A instituição disse em comunicado nesta segunda-feira, que as fechaduras electrónicas es-tão a funcionar bem mas que foram

Antiga casa de Bruce Lee em Hong Kong está à venda

Só 170 milhões de patacasVídeo mostra furto de quadros no Kunsthal

Pesadelo no museu

Macau acolhe a 55.ª ediçãodo Festival de Cinema Ásia Pacífico

A chegada de uma nova era

acolher este evento esperando as-sim contribuir para a diversificação do turismo da região. Com 54 anos de existência o Festival já recebeu muitos dos marcos históricos do cinema asiático.

Na apresentação do evento marcaram também presença o ven-cedor do prémio de melhor actor da 53º edição do Festival, o actor Nick Cheung Ka-Fai e o produtor de cinema Eric Tsang. Para este último “Macau, embora pequena, é uma grande cidade que vê a sua in-dústria de entretenimento a crescer de dia para dia”. Sob o tema “Uma nova era” o Festival de Cinema

Asiático deste ano pretende ganhar uma dimensão mais internacional, com mais motivação e inovação, novos realizadores, novos actores e novos argumentistas, informa

o comunicado de imprensa da organização.

Os “Óscares” asiáticos vão primeiramente ser seleccionados por um júri que inclui realizadores,

produtores, críticos de cinema e directores de festivais da especia-lidade que vêem de países como a Austrália, Japão, China ou Coreia do Sul, entre outros.

desbloqueadas pouco tempo antes do alarme ter disparado.

Entre os quadros roubados estão Tête d’Arlequin, de Pablo Picasso; La Liseuse en Blanc et Jaune, de Henri Matisse; Waterloo Bridge, London e Charing Cross Bridge, London, de Claude Monet; Femme devant une fenêtre ouverte, dite la Fiancée, de Paul Gauguin; Autopor-trait, de Meyer de Haan e Woman with Eyes Closed, de Lucian Freud.

O furto da semana passada foi apelidado pelo Museu Kunsthal como “um pesadelo para o museu, uma verdadeira bomba”.

Alguns trabalhos do actor no grande ecrã transformaram-se em filmes de culto, como é o caso dos títulos “A Fúria do Dragão” (1971) e “Operação Dragão” (1973).

Bruce Lee, que nasceu em São Francisco, morreu em Ko-wloon, Hong Kong, em 1973, aos 32 anos.

Ainda em declarações ao Singtao Daily, Yu Panglin afir-mou que as autoridades rejeita-ram a proposta de ampliar a casa, para três andares, e instalar uma sala de cinema, uma biblioteca e um centro de formação em artes marciais.

A mansão, de 460 metros quadrados, está localizada num bairro residencial de Kowloon.

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16 desporto quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

UMA medalha de prata, outra de bronze. A Associação Geral de Bowling de Macau

rematou ontem a participação na 26ª edição do Campeonato Asiá-tico Intercidades com a conquista de dois galardões.

A prova, que decorreu na cida-de malaia de Penang, foi disputada por um total de trinta equipas em representação de 26 cidades da região da Ásia-Pacífico. Pela pri-meira vez na história da competi-ção, a RAEM esteve representada por duas equipas. Lee Tak Man, Lam Iek Long, Lam Chan Wai e Leong Chou Kin competiram sob o estandarte de Macau. O maca-ense Luís Miguel Silva fez equipa com Lei Chi Fong, Loi In Chio e Sio Hong Meng, representando na prova a ilha da Taipa.

A pequena delegação do territó-rio competiu em apenas quatro das dezoito categorias em cartaz e teve

UM total de 28 equipas e 92 jogadores participam

sexta-feira e domingo na sex-ta edição do torneio de golfe de beneficência organizado pela revista Macau Business, disse hoje à agência Lusa o proprietário da publicação, Paulo Azevedo. “Mais um ano passou e mais uma vez a comunidade empresarial aderiu a esta iniciativa que

Bowling Macau conquistou prata e bronze na Malásia

Duas vezes Lee Tak Man

28 equipas e 92 jogadores na sexta edição do torneio da Macau Business

Golfe de beneficência

ANÚNCIOHM-1ª vez 25-10-12Proc. ACIDENTE DE TRABALHO n.º CV3-12-0046-LAE 3º Juízo Cível

FAZ-SE SABER que pelo Ministério Público junto do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, conta-dos a partir da segunda e última publicação do respectivo anúncio, citando INCERTOS, que se arroguem a qualidade de beneficiários legais da vítima do acidente de trabalho CHAO WENG KEI (de sexo masculino, nascido em 29/06/1971 e falecido em 12/08/2010), para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, virem aos autos demonstrar essa qualidade, sob pena de arquivamento do processo, nos termos do artigo 48.º, n.º 4 do Código de Processo de Trabalho.

Aos 24 de Outubro de 2012

junta um leque variado de pessoas e entidades com o objectivo de ajudar institui-ções de acção e apoio social de Macau”, salientou Paulo Azevedo ao recordar que nas cinco edições do torneio já realizadas foram angariados e distribuídos donativos de cerca de 2,5 milhões de dólares de Hong Kong.

Além do valor da inscri-

ção paga por cada equipa, a organização do evento conta com apoios de várias empresas locais de forma a garantir um mínimo de cerca de meio milhão de dólares de Hong Kong para distribuição a instituições de carácter assistencial. “É um pequeno contributo da sociedade civil para com aquelas instituições que

precisam do apoio de todos para poderem ajudar quem mais precisa e como parte integrante da sociedade de Macau, como publicação de Macau entendemos que dando este pequeno passo estamos a cumprir o nosso papel enquanto cidadãos desta região que ao longo dos séculos tem sido um exemplo de solidariedade”, acrescentou.

Paulo Azevedo desta-cou ainda a participação na edição deste ano de uma equipa com atletas portado-res de deficiência, equipa que foi criada com o apoio da Macau Business. - Lusa

em Lee Tak Man o seu principal protagonista. O atleta distinguiu--se tanto em termos individuais, como colectivos, ao conquistar a prata na categoria Masters e ao arrecadar o bronze em parceria com Lam Iek Long no concurso masculino de duplas. O brilharete alcançado por Lee e Lam acabou por compensar as fracas prestações obtidas pelas restantes formações do território. Luis Miguel Silva e Sio Hong Meng não conseguiram melhor do que o 24º lugar na pro-va. Lam Chan Wai e Leong Chou Kin, em representação de Macau, terminaram o evento no 29º lugar e a outra equipa da Taipa, composta

por Lei Chi Fong e Loi In Chio, quedou-se ainda em posição menos privilegiada, concluíndo a prova na 32ª posição entre 33 equipas. O concurso masculino de duplas foi ganho pelos malaios Adrian Dragon e Jason Yam. A competir em casa, a dupla de Georgetown relegou para o segundo lugar do pódio Lau Kwun Ho e Chan Yat Long, atletas que representaram Hong Kong na prova.

Melhor em termos individuais do que em termos colectivos, Lee Tak Man despediu-se da edição de 2012 do Campeonato Asiático Intercidades com um segundo lu-gar na categoria Masters. O atleta perdeu a grande final do evento para o malaio Paiman Dali, depois de ter eliminado John John Ada nas meias-finais e de ter levado a melhor nos quartos-de-final sobre Ruselle Zapanta, de Guam. O atle-ta do território iniciou o percurso na competição com um triunfo se-guro e indiscutível sobre Eric Lau, da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong.

O brilharete alcançado por Lee e Lam acabou por compensar as fracas prestações obtidas pelas restantes formações do território

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17futilidadesquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

AS (BOAS) ÁGUAS DAS CASASMUSEU DA TAIPAMais do que uma experiência única, viver em Macau é sinónimo de aprender a viver com uma realidade social e política completamente diferente, que muitas vezes roça o caricato. Ao ponto de, na maioria das vezes, as noções de democracia e opinião pública serem distorcidas ou mesmo esquecidas.O último caso em que o Governo decidiu, digamos assim, “tomar os cidadãos por parvos” foi na divulgação do estudo sobre a qualidade das águas do mangal da Taipa. Só uma pessoa que não tenha dois dedos de testa aceita aquelas conclusões como sendo completamente transparentes e viáveis. O estudo, elaborado por especialistas de uma universidade do interior da China, afirma que existe biodiversidade de espécies e que as águas não têm qualquer contaminação. Estes pontos contradizem totalmente aquilo que a Associação de Ecologia de Macau já tinha dito há meses atrás: as águas não têm qualidade e as espécies de seres vivos que lá vivem vão morrer dentro de alguns anos, se nada se fizer para os proteger. Perante esta tão grande contradição, eu gostava que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), ou mesmo a Direcção para os Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) explicassem as medidas concretas que têm para aquele espaço das Casas Museu da Taipa e como analisam o futuro. Na conferência de imprensa, as questões óbvias foram expostas: como é que o Governo explica resultados tão diferentes, e porquê a escolha de uma universidade chinesa? As respostas foram as comuns – dizem eles que a análise foi feita de forma cientifica e que em Macau não há especialistas suficientes para fazerem tal trabalho. Não houve quaisquer explicações profundas para explicar o porquê de haver resultados assustadoramente diferentes. Qualquer pessoa compreende que aquele é um espaço em risco. O Cotai está ao lado e os casinos vão crescer ainda mais nos próximos anos. O Governo pretendia mesmo construir ali um centro de aprendizagem rodoviária pondo o ecossistema. Como é que o IACM apresenta este estudo a dizer que está tudo óptimo?As respostas têm de fazer sentido, porque os cidadãos que vivem em Macau têm opinião e não são burros, ao contrário do que muitas vezes possa parecer. Não vale a pena inventar resultados, contratar pessoas de fora para fazer de conta que está tudo bem. Porque senhor Chefe do Executivo, não está.

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Aldeola; Trajecto sinuoso. 2-Irritar; Miadelas. 3-Sadia; Azeitona (poet.); Campeão. 4-Pedra de altar; Minha (ant.). 5-Cabelo branco; Catedral. 6-Parte da perna dianteira das reses; Jibóia: Parte em que se amuram as velas do navio. 7-Zombar; Atmosfera. 8-Cada uma das peças de uma corrente; Ovário dos peixes. 9-Compreende o sentido de; Recinto murado e descoberto, anexo a um edifício; Avenida (abrev.). 10-Macaco do Brasil; Rebuçado (bras.). 11-Afligir; Desgastar friccionando.VERTICAIS: 1-Cercear; Gostar muito (fig.). 2-Lavrar com arado ou charrua; Mulher de mau génio (fig.). 3-Sociedade Anónima (sigla); Animal microscópico gerador da sarna e de alegrias; Tálio (s.q.). 4-Anel; Cabo do navio, cujos extremos estão fixos. 5-Naquele lugar; Ruim. 6-Obsevei; Produz som; Porco. 7-Avance; Interjeição que traduz chamamento. 8-Alguma; Larga cinta de seda usada pelos Japoneses. 9-Graceja; Finório; Antemeridiano (abrev.). 10-Correi velozmente; Fosso para defesa de fortificações. 11-Submeter à acção directa do fogo em seco, ou ao calor do forno; Fugir (gír.).

HORIZONTAIS:1-Aldeola; Trajecto sinuoso. 2-Irritar; Miadelas. 3-Sadia; Azeitona (poet.); Campeão. 4-Pedra de altar; Minha (ant.). 5-Cabelo branco; Catedral. 6-Parte da perna dianteira das reses; Jibóia: Parte em que se amuram as velas do navio. 7-Zombar; Atmosfera. 8-Cada uma das peças de uma corrente; Ovário dos peixes. 9-Compreende o sentido de; Recinto murado e descoberto, anexo a um edifício; Avenida (abrev.). 10-Macaco do Brasil; Rebuçado (bras.). 11-Afligir; Desgastar friccionando.VERTICAIS:1-Cercear; Gostar muito (fig.). 2-Lavrar com arado ou charrua; Mulher de mau génio (fig.). 3-Sociedade Anónima (sigla); Animal microscópico gerador da sarna e de alegrias; Tálio (s.q.). 4-Anel; Cabo do navio, cujos extremos estão fixos. 5-Naquele lugar; Ruim. 6-Obsevei; Produz som; Porco. 7-Avance; Interjeição que traduz chamamento. 8-Alguma; Larga cinta de seda usada pelos Japoneses. 9-Graceja; Finório; Antemeridiano (abrev.). 10-Correi velozmente; Fosso para defesa de fortificações. 11-Submeter à acção directa do fogo em seco, ou ao calor do forno; Fugir (gír.).

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM00:45 Telejornal (Repetição)01:15 RTPi DIRECTO13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 A Ferreirinha23:00 TDM News23:35 Resumo Liga dos Campeões23:45 Herman 2012

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Poplusa15:30 A Hora de Baco16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final17:45 Vingança18:30 Moda Portugal: em Braga19:00 Maternidade 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:00 (Delay) PGA Grand Slam Of Golf 2012 Final Round14:00 Premier League Darts 201215:30 World Series 201218:30 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Total Rugby20:30 The Football Review 2012-201321:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Italy vs. Spain22:00 Sportscenter Asia 201222:30 PGA Grand Slam Of Golf 2012 Final Round

31 - STAR Sports13:00 Uem Motocross Of European Nations 201213:30 V8 Supercars Championship Series 201216:00 Sports Max 2012/1317:00 IAAF World Challenge League19:30 HSBC Sevens World Series 2011/12- Highlights20:00 MotoGP World Championship 2012 - Highlights Malaysian Grand Prix 21:00 2 Wheels21:30 (LIVE0 Score Tonight 2012 22:00 Engine Block Special 201222:30 2 Wheels23:00 MotoGP World Championship 2012 - Highlights Malaysian Grand Prix

40 - FOX Movies11:35 The Twilight Saga13:40 Treasure Island16:50 Real Steel19:00 The Incredibles21:00 Don’T Be Afraid Of The Dark22:40 Scream 400:35 Homeland

41 - HBO12:00 Harry Potter And The Deathly Hallows14:10 Beetlejuice15:40 Dick Tracy17:30 Much Ado About Nothing19:30 Transformers22:00 True Blood00:00 Going The Distance

42 - Cinemax12:55 Age Of Heroes14:35 Grendel16:00 Assignment K18:05 The Rundown20:05 Clash Of The Titans22:00 Morlocks23:25 House Of The Dead 2

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O INIMIGO DE DEUS • Bernard CornwellO Rei guerreiro trouxe paz às ilhas – Mas por quanto mais tempo? Após uma vitória gloriosa no campo de batalha, Artur parece ter conquistado a união das Ilhas Britânicas. Agora terá de enfrentar as hordas invasoras dos Saxões, enquanto Merlim inicia uma demanda para descobrir os Tesouros Mágicos da Bretanha, na crença de que os poderes dos velhos deuses irão interceder a favor de Artur na batalha decisiva. Mas Artur esquece-se que os deuses amam o caos e cedo a frágil paz desmorona no momento em que velhas rivalidades irrompem e ameaçam destruir todas as suas conquistas. E no pior momento, os mais próximos de Artur preparam-se para a traição… Neste segundo volume da Trilogia dos Senhores da Guerra, Bernard Cornwell dá nova vida à lenda artu-riana, combinando factos históricos, batalhas intensas e o velho mundo mágico de Merlim.

AS REGRAS DO TAGAME • Kenzaburo OeQuando Goro, um prestigiado realizador, se suicida, o escritor Kogito, seu cunhado e amigo, fica destroçado. Goro tinha enviado a Kogito várias cassetes nas quais gravara reflexões sobre a amizade que os unia. Uma noite, Kogito escuta no Tagame uma gravação perturbadora. «Agora vou passar para o Outro Lado», anuncia Goro, e ouve--se um estrondo. Passado um momento de silêncio, a voz de Goro continua: «Mas não te preocupes, não vou deixar de comunicar contigo.» “As Regras do Tagame” é uma notável história de amizade, perda e ambição artística que confirma Kenzaburo Oe como um dos maiores talentos do nosso tempo. Nele, o autor combina magistralmente ficção e realidade, refle-tindo sobre a condição humana e os temas que dão forma ao leitmotiv da sua obra: a incompreensão, a violência e a identidade.

SALA 1UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [C](falado em japonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [C]Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato14.30, 16.45, 19.30, 21.30

FRANKENWEENIE [3D] [B]Um filme de: Tim Burton14.30, 16.15, 18.00, 19.45

SALA 3TED [C]Um filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Glovanni Ribisi16.30, 21.30

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da estre laCarlos M. Cordeiro

18 opinião quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

ELA manhã cedo abro as madeiras da janela do quarto e confirmo a desconfiança. Aqui pela serra da Estrela acaba de cair o primeiro nevão deste Outono. A paisagem começa a florear brancura. A nossa

meditação eleva-se aos anos anteriores quando assistimos ao degelo e confirma-mos que na natureza tudo nasce e tudo se transforma. É o degelo que nos transporta a uma realidade estranha.

... é o degelo

Que nos faz pensar no nosso país. Nas suas desventuras que foram trazidas por homens apelidados de políticos. Na política parece que vale tudo. Enquadra-se a política com o dinheiro e seja o que Deus quiser.

... é o degelo

Que nos traz o jornal e onde ficamos a saber que ex-presidentes da República ainda não o deixaram de ser. Opinam por tudo e por nada. Opinam com razão e sem ela. Opinam porque não se acham velhos. Opinam porque entendem não ter cometido erros. A verdade é que desde Abril de 1974 que se ouve no café “É pá, isto está tão mau!”. Jorge Sampaio fez sair mais uma biografia, a qual continua ainda a esconder as grandes historietas. Ramalho Eanes vai à televisão mostrar a sua barba e Mário Soares continua no ‘Diário de Notícias’ a publicar a defesa dos amigos. Do mal o menos.

... é o degelo

Que empurrou milhões de euros para o compadrio entre quem adjudicou e quem foi adjudicado. A construção civil está na falência. Há bolsos cheios e muitos outros vazios. As telhas ficaram de fora da obra. Os andaimes choram pelas mãos calejadas de imensos que emigraram para a Alemanha. As cidades estão repletas de casas vazias, outras abandonadas e ainda outras em ruína. E o arrendamento continua a ser tão mal compreendido e caro.

... é o degelo

Que provoca os abraços amargos vistos na televisão. Mães, pais, namorados, primos e amigos abraçam chorando mais de vinte enfermeiros que acabaram o curso. Lágrimas de alegria? Nem pensar. O choro é perfurante porque os licenciados em Enfermagem vão emigrar para Inglaterra e não se sabe se re-gressam ao país que não tem trabalho para eles. Um deles, antes de partir, entregou

Mães, pais, namorados, primos e amigos abraçam chorando mais de vinte enfermeiros que acabaram o curso. Lágrimas de alegria? Nem pensar. O choro é perfurante porque os licenciados em Enfermagem vão emigrar para Inglaterra e não se sabe se regressam ao país que não tem trabalho para eles. Um deles, antes de partir, entregou uma carta - em jeito de desabafo cortante e realista de um jovem que se vê obrigado a abandonar a sua terra e a sua família - ao presidente da República. Cavaco Silva ainda agora deve estar envergonhado

O degelouma carta - em jeito de desabafo cortante e realista de um jovem que se vê obrigado a abandonar a sua terra e a sua família - ao presidente da República. Cavaco Silva ainda agora deve estar envergonhado.

... é o degelo

Que nos perturba e preocupa ao constatar-mos que a coligação governamental PSD/CDS não se entende. Passos Coelho quer Gaspar. Paulo Portas não sabe o que quer, confunde-se e confunde os seus acólitos, rejeita a política do parceiro, provoca parangonas nos média, baralha as cartas, atira-as para cima da mesa, volta a baralhar e fica no Governo porque ainda lhe falta visitar o Nepal.

... é o degelo

Que entorna a dívida pública e muitas das principais empresas para as mãos dos chineses. A China tem muito dinheiro e compra o que lhe apetece. Portugal agradece e nem sabe o dia de amanhã. Mas não nos incomodemos por isso. O mesmo acontece com os Estados Unidos da América que têm vendido a sua dívida gigan-tesca à China sabendo que podem provocar uma guerra no mundo da economia quando o dólar desvalorizar e a China não souber o que fazer aos seus milhões de produtos fabricados e que podem ficar a amontoar-se nos portos sem ninguém possibilitado a escoá-los.

... é o degelo

Que nos leva às manifestações de desem-pregados, mal empregados, poetas, cantores, polícias, militares, médicos, estivadores, serralheiros, informáticos, todos a viver pre-cariamente num país onde não se imagina em que ano poderá terminar a crise. Manifestações de protesto contra um governo que elabora um Orçamento do Estado chocando todos os agentes da economia. Um orçamento que vergonhosamente aumenta a despesa pública, quando se aguardava que essa despesa chegasse a parâmetros equitativos aos da receita. A des-pesa pública é o cancro do Estado e o Estado somos todos. Temos um governo que não sabe ou não quer fazer as contas acertadas e de modo a que o país possa regressar à sua dignidade.

... é o degelo

Que nos informa estarem as cantinas sociais sem comida suficiente. As organiza-ções de solidariedade social não largam as portas dos supermercados em peditório e a Liga Portuguesa contra o Cancro e a AMI já estendem a mão pelas ruas em desespero de causa. O Estado social está em decadência acelerada e quando os casais retiram os filhos das escolas por falta de pagamento algo vai mal no reino dos ladrões.

... é o degelo

Que concorre para imaginarmos que até o mundo do futebol pode entrar em insolvência generalizada. Um dos clubes grandes – o Spor-ting – tem-se arrastado para o abismo. No seu esplendor: intrigas, deslealdades, facadas nas costas, máfias organizadas, negócios obscu-ros, testas de ferro, agendas pessoais, feira de vaidades, insultos à inteligência, tartufos sem um pingo de boa fé, parlapatões, milagreiros, espertezas de vão de escada, incompetência e treinadores a jorros.

P

Page 19: Hoje Macau 25 OUT 2012 #2721

bairro do or ienteLeocardo

19opiniãoquinta-feira 25.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IUm amigo contou-me um episódio que se passou há alguns meses num restaurante “português” em Macau (digo “português” entre aspas e já explico porquê), onde um turista da China continental pediu um prato de sardinhas assadas. Chegado o prato à mesa, o senhor chamou a empregada e explicou-lhe num tom paternalista que “a pele das sardinhas tinha que ser retirada antes de serem assadas”. E aparentemente estava mesmo a falar a sério. Desconheço o resultado da reclamação deste ‘sardi-nhólogo’ de trazer por casa, mas é bem demonstrativo o que a maior parte dos turistas e mesmo alguns residentes sabem da típica comida portuguesa: nada. A culpa também não é deles, pois afinal contam-se pelos dedos de uma mão os restaurantes em Macau que servem a genuína comida portu-guesa. É verdade que não é fácil fazer igual ou parecido com o que se faz em Portugal; faltam-nos alguns ingredientes, a qualidade dos legumes é outra, e sobretudo falta o nosso mar, que é único. Mas em muitos casos existe uma grande dose de laxismo por parte de alguns empresários da restaura-ção, que podiam fazer bem melhor. Muitos restaurantes ditos “portugueses” oferecem uma interpretação local e mesmo pessoal da comida portuguesa, especialmente alguns na Taipa bastante frequentados por turistas de Hong Kong e do continente. Por mais de cem patacas por dose servem 1 (um) camarão-tigre assado, ou uma casca de caranguejo sem nada que se coma mer-gulhada num molho inexplicável, pastéis de bacalhau com vestígios do fiel amigo, ou nem isso, filetes de um peixe anónimo encharcados de óleo, pratos cheios de arroz ou de batatas fritas congeladas com o único intuito de encher a barriga ao freguês. E como é isto comida portuguesa? Simples: juntam-se umas azeitonas, umas lascas de chouriço e umas rodelas de pimento e ‘voilá’, comida portuguesa. Era urgente que existisse uma certificação, como já alguém sugeriu, que indicasse os restaurantes onde se serve a autêntica comida portuguesa. Com o que temos por aí, a nossa cozinha, uma das mais ricas e originais do mundo,

A famosa afirmação do nosso Chefe de que “o mercado é livre e não se pode interferir” arrisca-se a fazer parte do já largo anedotário dos responsáveis do Executivo da RAEM, que deviam antes zelar pelo bem-estar e pela qualidade de vida da população. Será mesmo preciso uma interferência e um puxar de orelhas vindo lá de cima?

Gato por lebre

fica muito mal representada. Era importante que se deixasse de vender gato por lebre. E eu adoro lebre!

IIEstava eu no último sábado no Festival da Lusofonia, que mais uma vez foi um espectáculo, quando ouvi uma conversa entre dois jovens casais portugueses que me chamou a atenção. Um deles tinha encontrado um T2 espaçoso num dos edi-fícios novos da zona norte da cidade pela “módica” quantia de 8500 patacas por mês. O outro casal decidiu depressa, e todos concordaram em alugar o apartamento e dividir a renda, antes que esta magnífica oportunidade fosse aproveitada por outros. Fiquei a pensar da primeira vez que aluguei uma casa em Macau, um T2 em frente ao Hospital Kiang Wu, por 2500 patacas, num prédio antigo. Depois mudei-me para outro T2 num famoso edifício na Areia Preta por apenas 3300 patacas mensais. É verdade que os tempos eram outros, mas fico sem perceber muito bem porque é que os pre-ços dos alugueres mais que duplicaram, e em alguns casos triplicaram, em menos de vinte anos, sem que nada o justifique. A qualidade da construção é a mesma, o espaço é reduzido e as localizações são irrelevantes. E por falar em qualidade, o caso do Edifício Sin Fong fez soar o alarme: algumas das construções que por aí andam não valem metade daquilo que

se pede por elas. O que aconteceu com o Sin Fong até teria alguma piada, não fosse pelo facto de centenas de famílias terem ficado do dia para a noite sem um sítio para morar. Para piorar a situação, os edifícios circundantes naquela área aumentaram as rendas em 10% quase imediatamente. Que gente sem escrúpulos é esta que se aproveita da desgraça alheia para meter mais alguns patacos ao bolso? Na realidade muitos dos proprietários até não são más pessoas de todo, mas são puxados pelas agências de fomento imobiliário – muitas vindas de fora de Macau – a praticar ver-dadeiros assaltos a quem procura casa. E isto sem que ninguém ponha um travão ou meta uma mão. É triste que existam pessoas que tenham que pagar mais de 300 patacas por dia para ter um tecto, que não tenham a sua privacidade porque precisam de dividir a renda com outros, às vezes estranhos, ou que em Macau, onde há dinheiro para tudo e mais alguma coisa, a despesa com a habitação pese no bolso dos residentes e que lhes dê dores de cabeça. A famosa afirmação do nosso Chefe de que “o mercado é livre e não se pode interferir” arrisca-se a fazer parte do já largo anedotário dos responsáveis do Executivo da RAEM, que deviam antes zelar pelo bem-estar e pela qualidade de vida da população. Será mesmo preciso uma interferência e um puxar de orelhas vindo lá de cima?

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quinta-feira 25.10.2012www.hojemacau.com.mo

Euribor de volta às quedasDepois de segunda-feira se terem mantido inalteradas, as taxas Euribor a três e a seis meses voltaram, esta terça-feira a cair. O indexante a três meses depreciou 0,1 pontos base para 0,203 por cento, enquanto a taxa a seis meses, a mais utilizada no cálculo dos juros do crédito à habitação, caiu 0,3 pontos base para 0,402 por cento. Já nos prazos mais longos, a Euribor a nove meses deslizou 0,2 pontos base para 0,521 por cento, ao passo que o indexante a 12 meses recuou 0,2 pontos base para 0,638 por cento.

Juliana Paes, a mulher mais sexy do mundoA actriz Juliana Paes foi considerada a mais sexy do mundo, sendo a segunda mulher a alcançar esse título por três vezes (já tinha vencido em 2006 e 2007). Foram os cibernautas que decidiram colocar a actriz que protagoniza a novela “Gabriela” no topo da eleição das “cem mulheres mais sexys do mundo”, da revista brasileira VIP. Na edição de Novembro da revista aparecem ainda Isis Valverde, Débora Nascimento, Fernanda Lima, Mila Kunis e Isabeli Fontana. Sheila Carvalho, do antigo grupo “É o Tchan”, tinha sido a única mulher a ser considerada a mais sexy do mundo por três vezes (1999, 2000 e 2001).

Montserrat Caballé internada após AVCA cantora Montserrat Caballé está internada em Barcelona após sofrer um AVC. A soprano de 79 anos sofreu o acidente vascular cerebral na Rússia e foi transportada de avião para uma unidade hospitalar em Barcelona. Caballé terá caído na sequência de uma vertigem e partido o úmero, devendo ficar internada durante os próximos dias.

Conselho Executivo está a analisar apagão da HutchisonO Conselho Executivo também está a avaliar o relatório preliminar sobre o apagão da Hutchison. A interrupção nos serviços da empresa de telecomunicações aconteceu no dia 17 e durou cerca de sete horas. A direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) disse à Rádio Macau que “uma decisão final só será anunciada depois do Conselho Executivo se pronunciar”. Além disso, acrescentou, também é preciso “esperar” que o departamento responsável da DSRT conclua a sua análise desse primeiro relatório para “se juntar todas as informações”. Logo depois do apagão, a Hutchison veio dizer que suspeitava que o problema tivesse tido origem numa avaria no Registo de Localização. Recorde-se que, em Fevereiro, quando a CTM teve um apagão a DSTR aplicou-lhe uma multa de 800 mil patacas.

Sete absolvidos no caso “mensalão”Sete arguidos no julgamento conhecido como “mensalão”, alusivo a um escândalo de corrupção, foram esta terça-feira absolvidos. A decisão foi tomada pelos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta instância judicial do Brasil, e divulgada pelo juiz-presidente do STF, Carlos Ayres de Brito. O motivo para as absolvições foi a prevalência da absolvição em caso de dúvida, juridicamente conhecida como “in dubio pro reo”. O STF condenou, em quase três meses, 25 arguidos e absolveu 12, entre os 37 réus.

Primeira viagem não tripulada à LuaA Agência Espacial Europeia está a ponderar realizar uma missão inédita à Lua. A seu pedido, o consórcio espacial Astrium apresentou esta terça-feira em Bremen os planos para enviar uma cápsula não tripulada à Lua, o que aconteceria pela primeira vez. Os especialistas do Astrium apresentaram as condições necessárias para o avanço do projecto, incluindo um protótipo de uma viatura lunar. O plano prevê a aterragem da cápsula em solo lunar em 2019, com um veículo robotizado a percorrer a superfície durante seis meses. Ainda em fase embrionária, o projecto representa um investimento de 5 mil milhões de patacas.

Adensa-se o mistério sobre a origem dos corpos

“Sei mas não digo”

NATAL EM OUTUBRO

A polémica vai acom-panhar os meses em que a exposição “Bo-dies: The Exhibition”

estiver no Venetian de Macau. Ontem, na apresentação aos órgãos de comunicação social, o cientista e organizador da exposição, Sui Hangjin, deixou os jornalistas incrédulos: “Não

tenho os certificados de óbito destes corpos (...) Tenho resposta para isso mas, por favor, enten-da, não posso falar”, disse em resposta à pergunta de uma das jornalistas sobre os certificados de óbito de cada um dos corpos patentes na exposição.

O organizador reiterou que os corpos “não são identificados”

porque, na verdade, “nunca ninguém os reclamou”, contudo deixou transparecer que algo está mal em todo o processo, assumin-do dificuldades no seu trabalho.

Sui Hangjin garantiu ainda que “verifica rigorosamente os corpos” quando os recebe e, por isso, “é muito cuidadoso com os espécimes”.

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car toon por Steff