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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS PRESENTES
NO EXTRATO ETANÓLICO DE Cereus jamacaru E
AVALIAÇÃO EM RATOS DOS POSSÍVEIS EFEITOS
TÓXICOS E/OU COMPORTAMENTAIS DA EXPOSIÇÃO
PROLONGADA
IRIS UCELLA DE MEDEIROS
NATAL
2011
1
IRIS UCELLA DE MEDEIROS
IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS PRESENTES NO
EXTRATO ETANÓLICO DO Cereus jamacaru E AVALIAÇÃO EM
RATOS DOS POSSÍVEIS EFEITOS TÓXICOS E/OU
COMPORTAMENTAIS DA EXPOSIÇÃO PROLONGADA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas da UFRN, para obtenção
do título de MESTRE
Orientadora:
Profª. Drª. Aline Schwarz
NATAL
2011
2
CATALOGAÇÃO NA FONTE
M488i Medeiros, Iris Ucella de.
Identificação dos princípios ativos presentes no extrato
etanólico de cereus jamacaru e avaliação em ratos dos possíveis
efeitos tóxicos e/ou comportamentais da exposição prolongada /
Iris Ucella de Medeiros. – Natal, 2011.
124f.: Il.
Orientadora: Profª. Drª. Aline Schwarz.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Ciências Farmacêuticas. Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
1. Cereus jamacaru DC – Dissertação. 2. Cactaceae –
Dissertação. 3. Alcalóides – Dissertação. 4. Toxicidade –
Dissertação. I. Schwarz, Aline. II. Título.
RN-UF/BS-CCS CDU: 582.661.56(043.3)
3
RESUMO
O cacto Cereus jamacaru Mill. (Cactaceae) é uma espécie típica da vegetação
da caatinga. Sabe-se que os seus cladódios contém os alcalóides tiramina e 2-
hidroxifeniletilamina, compostos ativos que podem atuar no sistema nervoso
central, mimetizando a ação da dopamina. Como essa espécie vegetal é
bastante utilizada na medicina popular, e não há na literatura científica
nenhuma informação sobre os seus efeitos em espécies animais, maiores
estudos são relevantes e necessários. No presente trabalho a análise
fitoquímica (LC-MS/MS) identificou os alcalóides D-tiramina (m/z 137,2),
hordenina (m/z 165,2), N-metiltiramina (m/z 151) e ainda o aminoácido D-
tirosina (m/z 181.2), precursor de diversos alcalóides nos extratos etanólico e
aquoso obtidos de cladódios de C. jamacaru. Os efeitos tóxicos e/ou
comportamentais do extrato etanólico nas doses de 210 e 420 mg/kg/dia,
correspondentes respectivamente a 14 g e 28 g do pó da planta seca/kg/dia,
foram investigados, em ratos. Os animais foram tratados durante trinta dias,
por gavagem, quando então foram submetidos a testes para avaliação da
atividade geral (campo aberto), do aprendizado e memória (labirinto em cruz
elevado modificado), do comportamento estereotipado induzido pelo
femproporex e da catatonia induzida pelo haloperidol. Além disso, os
parâmetros de toxicidade (ganho de peso, consumo de ração e ingestão
hídrica), enzimas hepáticas (ALT e AST), ureia e creatinina e histopatologia da
adrenal, baço, coração, fígado, pâncreas e rim foram analisados. Os
resultados mostraram diferenças no consumo de ração e ingestão hídrica
pelos ratos machos e fêmeas experimentais, com conseqüente diminuição do
ganho de peso. O tratamento por 30 dias com a dose de 420 mg/kg/dia
provocou aumento nas concentrações de uréia e ALT dos machos e
diminuição na concentração do AST das fêmeas, porém a razão AST/ALT
desses animais não foi estatisticamente diferente da razão dos animais do
grupo controle, sugerindo ausência de hepatotoxicidade. O estudo
histopatológico não revelou nenhuma alteração digna de nota nos diversos
órgãos analisados. No campo aberto, tanto os machos como as fêmeas
experimentais, apresentaram atividade geral diminuída em relação ao grupo
4
controle. No labirinto em cruz elevado modificado observou-se uma tendência
(dados não significantes estatisticamente) de melhoria da
memória/aprendizado nos grupos experimentais de machos e fêmeas em
relação aos animais controle. No teste da catatonia, os machos experimentais
tratados com a dose de 210 mg/kg/dia foram mais resistentes à ação do
haloperidol, mostrando-se menos catatônicos que os demais grupos. Nenhuma
alteração foi observada nas fêmeas experimentais. Não foi observada
alteração alguma no comportamento estereotipado dos animais experimentais
machos e fêmeas. Esses resultados sugerem que a exposição de ratos ao
extrato etanólico de C. jamacaru produz efeitos tóxicos e afeta os parâmetros
comportamentais avaliados em ratos machos e fêmeas de maneiras diferentes.
Possível proteção estrogênica e/ou diferenças na ação de enzimas
biotransformadoras podem explicar tais resultados.
Palavras-chaves: Cereus jamacaru DC, Cactaceae, alcalóides, toxicidade.
5
Podia ser um dia qualquer da rotina de uma graduanda. Porém, aquele
dia do primeiro semestre de 2006 guardava algo mais precioso do que
qualquer evento do cotidiano.
Estava voltando para a faculdade, depois de ter o meu primeiro filho. A
aula era de Toxicologia e a professora era novata: Aline Schwarz. Lembro uma
espécie de alvoroço entre os colegas para entrar no grupo de pesquisa dela e,
por isso, me interessei em procurá-la. Naquele semestre, ela já estava ocupada
demais para acolher outro aluno. Contudo, sempre muito atenciosa, me pediu
para que a procurasse num outro momento.
No primeiro semestre de 2007, começou a me orientar no
desenvolvimento do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Aline foi
sempre muito prestativa em todas as etapas que envolveram o trabalho,
fazendo com que eu me sentisse acolhida.
Em outubro de 2008, antes mesmo de ter defendido o TCC, ela me
convidou para ser sua aluna de mestrado. Tentar a seleção do mestrado
naquele momento não estava nos meus planos, mas a oferta era muito
tentadora.
Consegui a aprovação na seleção e iniciei os experimentos em 2009. No
meio do ano descobri que estava grávida. Com paciência e dedicação, fui
muito bem orientada por Aline, que sempre estava me encorajando e
elogiando, e também apontando minhas falhas, quando necessário.
O ano de 2010 chegou com um bebê na minha casa. Novamente recebi
todo o apoio da Professora, que permitiu que eu exercesse a maternidade da
forma como deve ser, e, com toda sutileza e firmeza, conseguiu me puxar de
volta. A conversa que tivemos está marcada, da forma mais genuína possível,
em meu coração.
Essa dissertação ficaria sem propósito se eu não dedicasse ela a você,
querida Professora Aline Schwarz. Ela sequer existiria sem o seu voto de
confiança! Espero, de coração, ter sido merecedora. Saiba que você é um
grande exemplo de mulher, mãe, profissional e amiga. Todos que a rodeiam
são privilegiados pela sua companhia, alegria e positivismo.
Para você, Aline, toda a minha gratidão e... Vamos ao Doutorado!
6
And in the end, the love you take
Is equal to the love you make
John Lennon e Paul McCartney
7
Agradecimentos
Aos meus Pais e irmãos, pelo apoio em todas as etapas da minha vida.
Pelo amor dado sem cobrar nada em troca.
Ao meu marido Thiago, por todo o incentivo, encorajamento e força. Parte
de tudo o que aconteceu nesses dois anos é mérito seu!
Aos meus filhos Yuri e Caio, que sempre me confortam com um sorriso
sincero e me dão forças para seguir em frente, dando sempre o melhor de mim.
Amo vocês!
À Professora Tereza Dantas, Aparecida, Alexandro, João Felipe, Raul,
Fernando, Paulo, Caio e Ciro, pela ajuda valiosa em etapas importantes deste
trabalho.
À Ana e Washington do Biotério Central do Centro de Ciências da Saúde,
pela constante contribuição no tratamento e manutenção do bem estar dos
animais.
À “equipe do Mandacaru” - Cássio, Mourão, Priscila, Andressa e Luís -
pelo precioso auxílio durante todos os experimentos.
Ao meu amigo Léo, pela atenção fraternal, suporte e disposição em todos
os momentos desse mestrado. Você é muito especial!
Ao Professor Sócrates e à equipe do Laboratório de Sistemas Dispersos,
especialmente ao Henrique, pela ajuda na liofilização dos extratos.
Aos companheiros pós-graduandos, por dividirem com bom humor a
rotina cansativa de experimentos e disciplinas.
A todos os meus familiares, em especial à minha cunhada Clarissa, pela
inspiração em seguir em frente na carreira acadêmica.
Ao CNPQ, pelo apoio financeiro que permitiu a realização deste trabalho.
A todos que participaram de alguma forma desta inesquecível etapa da
minha vida.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------- 17 2. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------- 25
2.1 Objetivo geral ------------------------------------------------------------- 25 2.2 Objetivos específicos --------------------------------------------------- 25
3. MATERIAIS -------------------------------------------------------------------- 26 3.1 Equipamentos ------------------------------------------------------------ 26 3.2 Reagentes ----------------------------------------------------------------- 27 3.3 Fármacos ------------------------------------------------------------------ 27 3.4 Vidrarias ------------------------------------------------------------------- 28 3.5 Materiais diversos ------------------------------------------------------- 28
4. PROCEDIMENTOS ---------------------------------------------------------- 30
4.1 Material vegetal ---------------------------------------------------------- 30 4.2 Obtenção do extrato etanólico de Cereus jamacaru ----------- 30 4.3 Análise fitoquímica ------------------------------------------------------ 33 4.3.1 Preparação dos extratos para a análise ------------------------ 33 4.3.2 Estudo fitoquímico ---------------------------------------------------- 33 4.4 Animais --------------------------------------------------------------------- 34 4.5 Administração do extrato etanólico de Cereus jamacaru em
ratos ---------------------------------------------------------------------------------
35 4.6 Coleta de sangue para as dosagens bioquímicas -------------- 37 4.7 Coleta de material para estudo histopatológico ----------------- 37 4.8 Avaliação neurocomportamental ------------------------------------ 37
4.8.1 Medida da atividade geral em campo aberto ------------- 37 4.8.2 Estudo da capacidade de aprendizado e memória ----- 39 4.8.3 Medida do comportamento estereotipado (C.E.) -------- 40 4.8.4 Medida da catatonia induzida por haloperidol ------------ 42
4.9 Análise estatística ------------------------------------------------------- 43
5. RESULTADOS ---------------------------------------------------------------- 44 5.1 Análise fitoquímica ------------------------------------------------------ 44 5.2 Avaliação da toxicidade nos ratos machos ----------------------- 49 5.3 Avaliação da toxicidade nas ratas fêmeas ------------------------ 56 5.4 Análise das dosagens bioquímicas dos machos ---------------- 63 5.5 Análise das dosagens bioquímicas das fêmeas ----------------- 66 5.6 Cálculo das razões peso órgão/peso corporal dos ratos
machos e fêmeas ----------------------------------------------------------------
69 5.7 Estudo histopatológico ------------------------------------------------- 72 5.8 Avaliação neurocomportamental dos machos ------------------- 76 5.9 Avaliação neurocomportamental das fêmeas -------------------- 89
6. DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------- 101 7. CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------- 111 8. REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------
112
9. APÊNDICES ------------------------------------------------------------------- 122
LISTA DE TABELAS Página
Tabela 1 - Protocolo experimental para a avaliação em ratos dos possíveis efeitos tóxicos e/ou comportamentais da exposição prolongada do extrato etanólico de C. jamacaru
36
Tabela 2 - Escores atribuídos por SETLER et al (1976) para mensurar o comportamento estereotipado
41
Tabela 3 - Constituintes químicos detectados por LC-MS/MS nos extratos etanólico e aquoso de C. jamacaru
47
Tabela 4 - Consumo de ração (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
50
Tabela 5 - Ingestão hídrica (mL) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
52
Tabela 6 - Ganho de peso (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
54
Tabela 7 - Consumo de ração (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
57
Tabela 8 - Ingestão hídrica (mL) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
59
Tabela 9 - Ganho de peso (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
61
Tabela 10 - Parâmetros bioquímicos mensurados no soro dos ratos machos tratados ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
64
Tabela 11 - Parâmetros bioquímicos mensurados no soro das ratas fêmeas tratadas ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
67
Tabela 12 - Razão peso órgão / peso corporal dos órgãos coletados para o estudo histopatológico dos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
70
Tabela 13 - Razão peso órgão / peso corporal dos órgãos coletados para o estudo histopatológico das ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
71
Tabela 14 - Parâmetros analisados no teste do campo aberto nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
78
Tabela 15 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste
80
Tabela 16 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante a sessão teste para a avaliação da memória e do aprendizado
82
Tabela 17 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de femproporex de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
83
Tabela 18 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
86
Tabela 19 - Parâmetros analisados no teste do campo aberto nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
91
Tabela 20 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste
93
Tabela 21 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante a sessão teste para a avaliação da memória e do aprendizado
95
Tabela 22 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de femproporex de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
96
Tabela 23 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
99
LISTA DE FIGURAS Página
Figura 1 - Cereus jamacaru De Candolle com detalhe do fruto em corte transversal
19
Figura 2 - Múltiplos usos de Cereus jamacaru na medicina popular 21 Figura 3 - Alcalóides feniletilamínicos encontrados em cactos 22 Figura 4 - Esquema da biossíntese dos alcalóides derivados da tirosina
23
Figura 5 - Marcha analítica para a obtenção do extrato etanólico de Cereus jamacaru
31
Figura 6 - Campo aberto utilizado para a observação da atividade geral individual por 5 minutos de ratos
39
Figura 7 - Comportamento estereotipado induzido por femproporex 41 Figura 8 - Catatonia induzida por haloperidol 42 Figura 9 - Cromatogramas obtidos por LC-MS/MS após análise do extrato etanólico de C. jamacaru
45
Figura 10 - Cromatogramas obtidos por LC-MS/MS após análise do extrato aquoso de C. jamacaru
46
Figura 11 - Consumo de ração (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
51
Figura 12 - Ingestão hídrica (mL) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
53
Figura 13 - Ganho de peso (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
55
Figura 14 - Consumo de ração (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
58
Figura 15 - Ingestão hídrica (mL) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
60
Figura 16 - Ganho de peso (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
62
Figura 17 - Parâmetros bioquímicos mensurados no soro dos ratos machos tratados ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
65
Figura 18 - Parâmetros bioquímicos mensurados no soro das ratas fêmeas tratadas ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
68
Figura 19 - Corte histológico (20x) de adrenal e baço de rato controle e ratos experimentais tratados com extrato etanólico de C. jamacaru, nas concentrações de 210 e 420 mg/kg/dia
73
Figura 20 - Corte histológico (40x) de coração e fígado de rato controle e ratos experimentais tratados com extrato etanólico de C. jamacaru, nas concentrações de 210 e 420 mg/kg/dia
74
Figura 21 - Corte histológico (20x) de pâncreas e rim de rato controle e ratos experimentais tratados com extrato etanólico de C. jamacaru, nas concentrações de 210 e 420 mg/kg/dia
75
Figura 22 – Parâmetros analisados no teste do campo aberto nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
79
Figura 23 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste para avaliação da memória e aprendizado
81
Figura 24 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de cloridrato de femproporex de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
85
Figura 25 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
88
Figura 26 - Parâmetros analisados no teste do campo aberto nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
92
Figura 27 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste para avaliação da memória e aprendizado
94
Figura 28 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de cloridrato de femproporex das ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
98
Figura 29 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias
100
LISTA DE QUADROS Página
Quadro 1 - Diluição do extrato bruto de C. jamacaru 32 Quadro 2 - Condições da corrida cromatográfica: Sistema solvente, modo gradiente
34
Quadro 3 - Parâmetros do espectrômetro de massas 34
17
1. INTRODUÇÃO
As Cactáceas são dicotiledôneas suculentas de diversos hábitos, podendo ser
árvores, arbustos, trepadeiras, epífitas ou geófitas. Possuem cladódios (talos) que
variam dos tipos colunares, roliços, globulares, tuberculados, em forma de
costeletas, asas ou achatados, geralmente segmentados sem folhas e com
espinhos. A família é composta de cem gêneros e 1500 espécies, distribuídas quase
exclusivamente nas regiões secas das Américas (BARTHLOTT; HUNT, 1993).
Essa família é comumente encontrada na caatinga, predominante do semi-
árido, de clima quente e seco que, junto ao relevo e ao embasamento geológico,
determina a configuração da cobertura vegetal (ALVES; PINHEIRO, 2007) e,
constitui juntamente com as famílias Fabaceae, Convolvulaceae, Euphorbiaceae e
Malvaceae, as mais representativas em número de espécies nas áreas de caatinga
espinhosa (SANTOS; MELO, 2010).
As cactáceas são vegetais amplamente utilizados na medicina tradicional por
curandeiros e tribos indígenas no México, como analgésicos, antibióticos, diuréticos,
para tratar problemas intestinais, tosses, afecções cardíacas e nervosas; curar
alguns tipos de úlceras e para controlar o diabetes e o colesterol (HOLLIS;
SHEINVAR, 1995; ANDRADE et al., 2006).
A família Cactaceae está dividida em três subfamílias: Opuntioideae – que
apresenta espécies do tipo árvore ou arbusto, com folhas, divididas em cinco
gêneros; Pereskioideae – representada pelos gêneros Pereskia e Maihuenia;
Cactoideae – a mais numerosa com 91 gêneros, geralmente árvores sem folhas ou
com vestígios de folhas. As espécies da subfamília Pereskioideae apresentam
hastes não suculentas, folhas grandes, aréolas axilares com espinhos. Na subfamília
Opuntioideae há hastes e folhas suculentas e aréolas axilares com espinhos. As
Cactoideae não têm folhas, possuem hastes suculentas com aréolas bem
desenvolvidas (BARTHLOTT; HUNT, 1993).
18
O Gênero Cereus sp. pertence à subfamília Cactoideae e grupo Cereoideae.
Compreende plantas tipo árvore ou arbusto de cladódios (talos) eretos e significa,
tanto em grego quanto em latim, “tocha”, provavelmente devido ao formato de
candelabro do primeiro cacto conhecido. O Gênero Cereus foi primeiramente
descrito por Hermann, em 1698 e depois por Miller em 1754, e inclui novecentas
espécies publicadas. Em 1909, Riccobono dividiu o gênero e criou a denominação
Piptanthocereus, hoje com 24 espécies. Estas espécies possuem flores, frutos e
espinhos semelhantes e estão presentes desde as Índias até a América do Sul
(BRITTON; ROSE, 1920).
O cacto Cereus jamacaru De Candolle (Figura 1) é uma espécie típica da
vegetação da Caatinga, que possui duas subespécies: jamacaru, que possui larga
distribuição no território brasileiro, principalmente nos estados da região nordeste, e
calcirupicola, que ocorre somente no estado de Minas Gerais (ANDERSON, 2001;
MEIADO et al., 2010). Possui os seguintes sinônimos científicos: Cereus glaucus
Salm-Dyck, Cereus laetevirens Salm-Dick, Cereus lividus Pfeiffer, Cactus jamacaru
Kosteletzky, Cereus horribarbis Otto in Salm-Dick, Cereus cauchinii Rebut in
Schumann, Piptanthocereus jamacaru Riccobono, Piptanthocereus jamacaru
cyaneus Riccobono e Piptanthocereus jamacaru glaucus Riccobono (BRITTON;
ROSE, 1920). Dentre os nomes vulgares mais comuns estão: mandacaru,
mandacaru-de-boi, manacaru, nhamandacaru, cardeiro, cardeiro-rajado, facheiro,
arumbeva e tuna. Do tupi “iamandaka-ru” – feixe de espinhos ou espinheiro
(SCHEINVAR, 1985).
Conhecido popularmente como Mandacaru, este cacto de porte arbóreo resiste
a longos períodos de seca e sempre cresce e frutifica. Pode chegar a dez metros de
altura, possui tronco lenhoso, fornecendo madeira de até trinta centímetros de
largura e muitas hastes eretas, formando topo compacto (BARBOSA, 1997). As
hastes novas são azuladas e possuem de quatro a seis costelas de ápices obtusos,
separados por sulcos profundos. Quando em áreas abertas podem apresentar-se
apenas com uma única haste. As aréolas são circulares distantes de dois a cinco
centímetros entre si, sendo maiores no tronco principal. Os espinhos são radiais,
podem ter de nove a trinta centímetros de comprimento, sendo os centrais maiores;
podem ter coloração amarela, avermelhada ou marrom (BRITTON; ROSE, 1920;
SCHEINVAR, 1985). As flores são solitárias, noturnas, laterais a subapicais,
19
brancas, de vinte a trinta centímetros de comprimento. O pericarpelo é cilíndrico, de
dois centímetros de comprimento, 1,6 centímetros de diâmetro, verde claro brilhante,
recoberto de escamas largas e oblongas de cor verde escura. O tubo receptacular
tem doze a catorze centímetros de comprimento, é estriado, possui bordos inteiros,
alcança até doze centímetros de comprimento, verde na base e marrom
avermelhado na parte superior (SCHEINVAR, 1985; LIMA, 1996; ANDERSON,
2001; MEIADO et al., 2010). Os frutos são elipsóides, de cinco a doze centímetros
de comprimento e sete a doze centímetros de diâmetro, alaranjado ou vermelho-
claro, com pericarpo de aproximadamente três centímetros de espessura, polpa
branca, aroma suave, comestível, doce (SCHEINVAR, 1985; ANDERSON 2001,
MEIADO et al., 2010). Por serem bastante atrativos em cor e sabor, os frutos são
consumidos in natura pela população. BARBOSA et al. (2007), em um estudo sobre
avaliação da composição química do fruto do mandacaru, apontam que o mesmo é
uma alternativa alimentar humana saudável do ponto de vista nutricional.
20
FIGURA 1 – Cereus jamacaru De Candolle (detalhe do fruto em corte transversal)
FONTE: Foto do próprio autor.
21
A espécie C. jamacaru é utilizada como forragem, como planta ornamental e na
medicina popular (ANDRADE et al., 2006). Devido às incertezas climáticas e o
fenômeno das secas periódicas que ocorrem no Nordeste do Brasil, as cactáceas,
graças às suas características fisiológicas de economia e uso de água, representam
uma fonte de água e uma alternativa alimentar. Para a região do semi-árido
nordestino. A presença de uma reserva de cactáceas durante períodos de seca
pode ser considerada como um “banco de água” e pode representar a diferença
entre a vida e os elevados índices de mortalidade registrados durante a ocorrência
de secas (RANGEL et al., 2009). Em épocas de estiagem são queimados os
espinhos para que as hastes de mandacaru sejam utilizadas como alimento para
bovinos, caprinos e ovinos (BRAGA, 1976).
Na medicina popular as raízes de C. jamacaru em infusão com pouco volume
de água são empregadas como diuréticas e no tratamento das afecções renais,
onde a ingestão da infusão substitui a ingestão de água até o desaparecimento dos
sintomas (AGRA; FREITAS; BARBOSA-FILHO, 2007). Possui propriedade
emenagoga, anticonstipante, anti-hipertensiva, anti-reumática e antiemética.
Também há relatos da utilização desta espécie no tratamento de problemas uretrais,
sífilis, dores na coluna cervical, sendo indicado também no controle de albuminúria,
diabetes, no tratamento de pedras vesiculares, de afecções do aparelho respiratório
como tosses e bronquites, além de úlceras e no combate do escorbuto
(SCHEINVAR, 1985; ALBUQUERQUE et al., 2007; GUEDES et al., 2009). Mota
(1997) pesquisando dois grupos indígenas (Shokó, em Sergipe e Kariri-Shokó, em
Alagoas) cita a associação em forma de chá, de C. jamacaru com as leguminosas
Senna uniflora e Senna obtusifolia, para tratamento de febre, e o uso do cladódio
para problemas intestinais. Assim C. jamacaru possui uma ampla utilização em
diversas enfermidades, como ilustrado na Figura 2.
22
FIGURA 2 – Múltiplos usos de Cereus jamacaru na medicina popular. Adaptado de
ANDRADE et al., 2006.
A grande utilização dessa espécie vegetal, tanto na medicina popular, como na
alimentação da população e rebanhos torna relevante maiores estudos, já que a
caracterização do potencial medicinal, nutricional e tóxica de C. jamacaru é pouco
elucidada (DAVET, 2005).
Sabe-se que nos cactos, de uma maneira geral, são frequentemente
encontrados alcalóides, principalmente a tiramina, hordenina e lofoforina (Figura 3).
Algumas espécies possuem uma quantidade suficiente para afetar a fisiologia
humana, como é o caso do Lophophora williamsii, conhecido popularmente como
“peiote”, que possui mais de cinqüenta e cinco alcalóides, dentre os quais estão a
mescalina, lofoforina, analodina, analonidina, analonina, hordenina e pelotina
23
(Biblioteca digital de la medicina tradicional mexicana, acesso em 28/10/2009). Num
“screening” cromatográfico de plantas do gênero Pereskia, da família Cactaceae (P.
aculeata, P. autumnalis, P. corrugata, P. cubensis, P. godseffi ana, P. grandifolia, P.
grandifl ora, P. scandens, P. pititache e P. tampicana) foi detectada a presença de
alcalóides como mescalina e outras β-feniletilaminas (TURRA et al., 2007). Foram
isolados dois alcalóides - indicaxantina e neobetanina - em Opuntia ficus-indica var.
saboten Makino (Cactaceae) (SALEEM et al., 2006). STARHA (1996; 1999)
observou, por cromatografia gasosa (GC) e cromatografia gasosa acoplada ao
espectrômetro de massas (GC-MS) traços de tiramina, N-metiltiramina, hordenina,
mescalina, N-metilmesealine, analinina, analidina, analamina, analonidina, pelotina,
analonina, lofoforina em espécies dos gêneros Gymnocalycium e Turbinicarpus
(Cactaceae).
FIGURA 3 - Alcalóides feniletilamínicos encontrados em cactos. Tiramina (1),
Hordenina (2). Lofoforina (3). FONTE: DAVET, 2005.
(1) (2)
(3)
23
Em análises preliminares, DAVET (2005) comprovou que cladódios de C.
jamacaru são ricos em alcalóides, corroborando com o indicado pela literatura sobre
cactáceas. DAVET et al. (2009) confirmaram por cromatografia líquida de alta
eficiência acoplada a detector ultra-violeta (CLAE-UV) a presença de hordenina e
tiramina nas amostras. Alguns estudos revelaram taninos e flavonóides em C.
jamacaru (TAWFIK et al., 1978; ZAPATA et al., 2003; DAVET, 2005; NDHLALA et
al., 2007). É sabido que componentes fenólicos, especialmente taninos e
flavonóides, possuem atividade terapêutica, com propriedades antiinflamatória,
antifúngica e antioxidante (SANTOS; MELLO, 2004; ZUANAZZI; MONTANHA,
2004). No entanto, ARAÚJO et al. (2008), num estudo sobre a presença e
quantificação de taninos e flavonóides em plantas da Caatinga utilizadas na
medicina popular, mostraram que apesar de C. jamacaru ser uma planta muito
citada pela população por suas propriedades terapêuticas, não apresenta
quantidades importantes de taninos e flavonóides, sendo C. jamacaru uma das vinte
e oito espécies estudadas com menor conteúdo de taninos.
A tiramina é o primeiro alcalóide derivado da tirosina, sendo formada por
descarboxilação (Figura 4). A hordenina é resultado da metilação da tiramina; a
mescalina é derivada da dopamina obtida a partir da tirosina (MANN, 1987). Os
alcalóides encontrados em C. jamacaru são os feniletilamínicos, derivados da
tirosina (DAVET, 2005).
(1)
24
FIGURA 4 - Esquema da biossíntese dos alcalóides derivados da tirosina FONTE:
DAVET, 2005.
A tiramina e aminas relacionadas agem de forma indireta, modificando o
acúmulo e a liberação de norepinefrina nas terminações nervosas. Estas aminas
permitem que a norepinefrina interaja com seus receptores, pois retiram o
neurotransmissor das áreas de reserva nas vesículas sinápticas ou de locais de
ligação extravesicular (HOFFMAN; TAYLOR, 2005). A tiramina não possui usos
clínicos específicos e está presente em vários alimentos. Em situações normais é
destruída pela mono-amino oxidase (MAO) no intestino, não conseguindo atingir o
cérebro. As ações periféricas das aminas simpatomiméticas são semelhantes às da
noradrenalina, como broncodilatação, aumento da pressão arterial e aumento da
força de contração do miocárdio. Doses repetidas de tiramina (assim como ocorre
com as anfetaminas) produzem respostas gradualmente menores provavelmente por
depleção da noradrenalina de reserva (RANG et al., 2003).
Diante do que foi exposto sobre o cacto C. jamacaru, seu emprego bem
estabelecido na medicina popular e considerando que essa espécie possa
apresentar alcalóides feniletilamínicos como a tiramina e hordenina, que podem
atuar como agonistas das catecolaminas cerebrais dopamina e noradrenalina,
podendo promover alterações neurocomportamentais importantes no ser humano, é
relevante e necessário maiores estudos. Assim o presente estudo tem como objetivo
elucidar os efeitos tóxicos e comportamentais em ratos tratados por 30 dias com o
extrato etanólico bruto, obtido a partir da maceração de cladódios secos e moídos. O
estudo prolongado, de avaliação subcrônica, mostra-se pertinente, pois é possível
que ocorra o uso prolongado da planta, na forma de suco, decocto ou infuso, como
fitoterápico. Além disso, mostra-se importante também, pelo fato da espécie vegetal
ser administrada por tempo prolongado a animais como alimento.
25
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os princípios ativos presentes no extrato etanólico de cladódios de
Cereus jamacaru coletado em Natal – RN e estudar os possíveis efeitos tóxicos e/ou
comportamentais em ratos tratados por 30 dias com esse extrato.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Fazer a análise fitoquímica (LC-MS) do extrato etanólico de C. jamacaru;
Avaliar:
a toxicidade geral do extrato nos animais experimentais através da
observação diária do consumo de ração, ingestão hídrica, peso e ganho de
peso durante o período de tratamento;
a toxicidade hepática a partir das dosagens das enzimas AST e ALT no
soro dos ratos;
a toxicidade renal a partir das dosagens de creatinina e ureia no soro dos
ratos;
possíveis alterações histopatológicas na adrenal, baço, coração fígado,
pâncreas e rins dos animais;
a atividade geral de ratos no campo aberto;
o aprendizado e memória, com o emprego do labirinto em cruz elevado
modificado;
o comportamento estereotipado de ratos empregando o agonista
dopaminérgico femproporex;
a catatonia nos animais empregando o antagonista dopaminérgico
haloperidol.
26
3. MATERIAIS
3.1 EQUIPAMENTOS
Balança de precisão BEL Engineering, modelo M203;
Balança analítica OHAUS, modelo C305-S;
Banho de água Fisatom, modelo 802;
Banho de água GRANT, modelo Y28;
Bomba de vácuo hidráulica CIENTEC, modelo 618;
Campo aberto (arena de madeira, suspensa 50 cm do solo, pintada de
branco com 95,4 cm de diâmetro x 29,0 cm de altura subdividida por três círculos
concêntricos e 16 segmentos de reta de modo a apresentar 25 divisões);
Centrífuga Quimis, modelo 002 22 T216;
Centrífuga SIGMA, modelo 2-3;
Coluna de HPLC: Agilent Eclipse Plus C18 (RP18) 4,6*50mm 5µm;
Destilador de água Milli-Q (Millipore);
Espectrômetro de massas (MSMS), marca Applied Biosystem;
Estufa de ar circulante Hydrosan, modelo HY 480 SA;
Estufa de ar circulante Nova Ética, modelo 420/D;
HPLC Agilent, modelo 1200;
Labirinto em cruz elevado modificado (suspenso 50 cm do solo, construído
em madeira e pintado de branco, constituído por dois braços abertos opostos de 50
x 10 cm e dois braços fechados opostos de 50 x 10 x 40 cm dispostos em ângulo de
90º, onde um dos braços contém uma lâmpada elétrica);
Liofilizador (Christ, alpha 1-2);
Liquidificador (Arno®);
Pré coluna: Agilent Guard Column Eclipse XDB-C8 2.1x12.5,5µm;
Rotaevaporador Fisatom, modelo 802;
Sistema de análise bioquímica, BAYER, modelo RA-50.
27
3.2 REAGENTES
Acetonitrila grau HPLC (Merck);
Ácido Trifluoracético (TFA) grau HPLC (Merck);
Água destilada;
Água Milli-Q;
Etanol a 96º GL, Isofar;
Kit LABTEST ALT/GPT liquiform - Sistema para determinação da Alanina
Amino Transferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (GPT) em modo
cinético;
Kit LABTEST AST/GOT liquiform - Sistema para determinação da Aspartato
Amino Transferase (AST) ou Transaminase Glutâmico Oxalacética (GOT) em modo
cinético;
Kit LABTEST creatinina - determinação quantitativa da Creatinina em
amostra de soro, plasma e urina com reação de ponto final;
Kit LABTEST uréia - determinação quantitativa de Uréia em amostra de soro,
plasma e urina com reação de ponto final;
Solução água e álcool a 5%;
Solução água e formalina a 10%;
Solução salina 0,9%;
Nitrogênio líquido (para liofilização dos extratos).
3.3 FÁRMACOS
Femproporex, cloridrato de (Henrifarma), lote 7CG5006;
Haloperidol - Halo®, solução injetável 5,0 mg/mL (Cristália);
Tiopental sódico – Tiopentax® 1 g, pó para solução injetável (Cristália);
O femproporex foi diluído em solução salina, obtendo-se uma solução de
5 mg/mL, imediatamente antes de sua aplicação por via intraperitoneal;
O haloperidol, inicialmente numa concentração de 5 mg/mL, foi diluído em
solução salina (NaCl 0,9%) para obtenção da concentração de 1 mg/mL e injetado
por via intraperitoneal.
O tiopental foi diluído em água destilada, obtendo-se uma solução de
80 mg/mL. Foi administrado por via intraperitoneal.
28
3.4 VIDRARIAS
Balão de rotaevaporador (1000 mL);
Bastão de vidro;
Béquer (50 mL, 100 mL, 200 mL);
Erlenmeyer (50 mL, 100 mL);
Funil de vidro;
Proveta 500 mL.
3.5 MATERIAIS DIVERSOS
Agulhas 24 x 7 mm para seringa;
Bisturi nº 04 de INOX, Prata instrumentos cirúrgicos;
Cronômetros;
Fita crepe;
Flanela;
Gaiolas de arame (30 x 17 x 50 m) para o estudo do comportamento
estereotipado;
Gaze;
Lâminas de bisturi nº 22, Freebac;
Lâminas de bisturi nº 23, Solidor;
Lâminas de vidro;
Lâmpada de 100W;
Liquidificador (Arno®);
Microtúbulos (Ependorff®);
Papel de filtro de 40 cm de diâmetro com poros de 14µm (Qualy da
PROLAB);
Pêra de borracha;
Pinça anatômica para dissecação, ABC instrumentos cirúrgicos;
Pipetas de vidro graduadas
Pipetas semi-automáticas (100-200 mcL e 1000 mcL) GILSON;
Seringas descartáveis de 1 mL, 3 mL, 5 mL e 10 mL;
Softwares Graphpad Instat e Graphpad Prisma 5;
Sonda uretral nº 06 em silicone, EMBRAMED;
29
Tamiz GRANUTEST TYLER 12, malha de 1,41 mm;
Tesoura cirúrgica reta, ABC instrumentos cirúrgicos;
Termômetro;
Traves para catatonia (bastões de vidro apoiados em suporte de isopor –
10 cm).
30
4. PROCEDIMENTOS
4.1 MATERIAL VEGETAL
O cladódio de Cereus jamacaru foi coletado em campo nos municípios de São
Vicente, Macau e Natal do Rio Grande do Norte entre os meses de março a outubro
de 2009. No Laboratório de Toxicologia da UFRN, após retirada de seus espinhos, a
planta foi picada e mensurado o peso coletado. Em seguida, o material vegetal
obtido foi mantido em estufa de ar circulante para promover a perda total da
umidade, o que ocorreu após sete dias em média. Por fim, o material vegetal foi
triturado e reservado sob abrigo de luz. O período entre a coleta dos cladódios e
manipulação no Laboratório de Toxicologia não foi superior a três dias.
Um exemplar da planta foi autenticado pelo curador Jomardo Gomes Jardim do
Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). A planta foi depositada no Herbário “Parque das Dunas”,
no Centro de Biociências da UFRN, sob número de registro 8203.
4.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO DE Cereus jamacaru
Ao material vegetal obtido, conforme descrito no item 4.1, foi adicionado etanol
96º GL e mantido em maceração por sete dias, numa proporção de 30 g da planta
seca triturada para 100 mL de etanol. Durante esse período foram realizadas
agitações (em média duas por dia) para garantir a extração dos princípios ativos pelo
solvente extrator. Após este período, o macerado foi filtrado em papel de filtro,
obtendo-se uma solução mãe na concentração de 30%. O filtrado foi submetido à
concentração parcial em evaporador rotativo, sob pressão reduzida, à 50º C, até
eliminação completa do etanol. O extrato obtido deu origem ao extrato etanólico. As
etapas da preparação do extrato, desde a coleta da planta até a diluição do extrato
para ser administrado nos animais estão ilustradas na Figura 5 e Quadro 1.
31
FIGURA 5 – Marcha analítica para a obtenção do extrato etanólico de C. jamacaru.
Tamização do pó (malha
1,41 mm)
Maceração em etanol 96º GL
por sete dias. Utilizou-se
uma proporção de 30 g de C.
jamacaru seco, triturado e
tamizado, para 100 mL de
etanol, obtendo-se assim
uma Solução Mãe a 30%
Filtração da Solução Mãe
em papel de filtro de
poros de 14 µm
Evaporação sob pressão
reduzida, a 50ºC, até
eliminação completa do
etanol
Diluição em água destilada
(Quadro I) e armazenamento
em frascos âmbar limpos
Congelamento a -20ºC
Trituração do material
vegetal seco
Coleta de Cereus
jamacaru
Retirada dos espinhos e
limpeza do cladódio
Corte do cladódio em
pedaços menores
Secagem em estufa de
ar circulante (50ºC) por
sete dias
32
QUADRO 01 – Diluição do extrato bruto de C. jamacaru
A diluição do extrato bruto após completa eliminação do etanol foi realizada baseada nos
seguintes cálculos:
Partindo da dose 14 g de planta seca / 1000 g / dia:
1000 g – 14 g
200 g (rato) – x
x = 2,8 g
Associa-se então o peso do extrato bruto com o peso da planta seca na maceração. Para
melhor entendimento assume-se a seguinte situação:
Após rotaevaporação da Solução Mãe obtida a partir de 586,2 g da planta seca, obteve-se 11,8
g de extrato bruto (E.B.). Então:
11,8 g de E.B. – 586,2 g planta seca
a – 2,8 g
a = 0,0564 g de E.B.
Partindo-se do pressuposto que é desejável que 0,0564 g, correspondente a 2,8 g de planta,
esteja num volume de 1 mL, calcula-se a diluição:
1 mL – 0,0564 g
b – 11,8 g de E.B.
b = 209,2 mL = volume da solução obtida APÓS acrescentar água destilada para a
diluição
Subtrai-se então os 9 mL de E.B. (equivalente a 11,8 g) obtido e tem-se o volume de água
destilada que deve ser adicionada na diluição para que 1 ml do extrato contenha 2,8 g de
planta.
209,2 mL – 9 mL de E.B. = 200,2 mL de água destilada
Para calcular a dose de extrato para que um animal receba 14 g de planta seca / 1000 g / dia:
586,2 g de planta seca – 11,8 g de extrato
33
4.3 ANÁLISE FITOQUÍMICA
4.3.1 Preparação dos extratos para a análise
Foram utilizados os extratos aquoso e etanólico. O aquoso foi obtido através da
trituração da planta fresca (50g) com água destilada (150mL). O extrato etanólico foi
preparado conforme descrito no item 4.2. Ambos os extratos foram liofilizados e
enviados ao Leibniz-Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisherie,
Berlim/Alemanha, aos cuidados do Dr. Stephan Pflugmacher.
4.3.2 Estudo Fitoquímico
O estudo fitoquímico foi realizado com a colaboração do Dr. Stephan
Pflugmacher, do Leibniz-Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisherie.
Alíquotas dos dois extratos foram analisadas por cromatógrafo de alta eficiência
(CLAE) acoplado a espectrômetro de massas (MS), aparelho de análise química que
combina as capacidades de separação física da cromatografia líquida (ou CLAE)
com a análise de recursos de massa da espectrometria de massas. Foi utilizada a
coluna “Agilente” de fase reversa, C-18 e pré-coluna “Agilent”, XDB-C8.
Os extratos foram diluídos (1:100) em água destilada grau Milli-Q e
centrifugados por 20 minutos a uma força centrífuga relativa de 12.000 x g,
equivalente a aproximadamente 13.250 r.p.m. Alíquotas de 10µL foram injetadas no
CLAE. O sistema solvente foi empregado no modo gradiente, conforme detalhado no
Quadro 2. A temperatura do forno foi de 40ºC durante toda a corrida. As amostras
em seguida, foram analisadas por MSMS, empregando o software “Light Sight
Program for Metabolite Identification” (Ver. 1.0; Applied Biosystems, Canada). As
condições da análise realizada pelo espectrômetro de massas estão descritas no
Quadro 3.
34
QUADRO 2 – Condições da corrida cromatográfica: Sistema solvente, modo
gradiente
Tempo (min) A% B%
0.0 15 85
12.1 100 0
14.1 15 85
20.0 5 95
A = Acetonitrila + 0,1% Ácido trifluoracético (TFA); B = H2O + 0,1% TFA.
QUADRO 3 – Parâmetros do espectrômetro de massas
Gás de arraste (Hélio) 20 cm/min
Gás de colisão Médio
Temperatura 600ºC
4.4. ANIMAIS
Foram utilizados ratos Wistar adultos, pesando inicialmente cerca de 180g, de
mesma linhagem, obtidos do biotério do Centro de Ciências da Saúde da UFRN. Os
animais foram alojados em gaiolas de polipropileno, com tampa de metal medindo
40 x 50 x 20 cm, por um período não inferior a cinco dias antes de serem colocados
nas diferentes situações experimentais. Os animais foram mantidos em sala com
temperatura ambiente aproximadamente constante (23 a 26º C), num ciclo de 12
horas de claro/escuro, sendo a luz acesa às 6:00h. Água e ração foram oferecidas
ad libitum durante todo o procedimento experimental.
Os experimentos foram conduzidos de forma a minimizar o sofrimento dos
animais e limitar o número de espécimes necessários às investigações, de acordo
com o Guide for the Care and Use of Laboratory Animals (National Research
Council, 1996). O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa científica
do Hospital Onofre Lopes (número 170/07).
35
4.5 ADMINISTRAÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO DE Cereus jamacaru EM
RATOS
No protocolo experimental, dividido em quatro etapas, foram empregados 240
ratos Wistar adultos, sendo 120 fêmeas e 120 machos, divididos quanto ao sexo em
grupos contendo dez animais. Em cada etapa foram empregados dois grupos
controle, um constituído por machos e outro por fêmeas, e quatro grupos
experimentais: dois constituídos por fêmeas e dois por machos. Um grupo de
fêmeas e outro de machos receberam diariamente, por gavagem, 210 mg/kg/dia e os
dois demais grupos receberam 420 mg/kg/dia do extrato etanólico de C. jamacaru
por 30 dias. Os dois grupos controle receberam água por gavagem durante o
período de tratamento. O procedimento adotado para calcular as doses e volumes
do extrato para o tratamento dos animais experimentais está descrito no Quadro 1.
Na primeira etapa do protocolo experimental, foram avaliados alguns
parâmetros que permitem investigar a toxicidade: peso, ganho de peso, ingestão
hídrica e consumo de ração. Ao final dos 30 dias os animais foram anestesiados
com tiopental (70 mg/kg; i.p.) para coleta de sangue e porções teciduais,
possibilitando as dosagens dos parâmetros bioquímicos aspartato transaminase
(AST), alanina transaminase (ALT), creatinina e uréia em soro, e estudo
histopatológico. Na segunda etapa, além da investigação da ação
ansiolítica/ansiogênica do extrato, foi realizado o estudo do aprendizado e memória,
ambos com o emprego do labirinto em cruz elevado, seguido do teste da catatonia.
Na terceira etapa foi observado o comportamento estereotipado e na quarta etapa
do protocolo experimental, foi realizado o campo aberto, para a avaliação da
atividade geral dos animais.
O delineamento de todas as etapas do protocolo experimental está ilustrado na
Tabela 1.
36
TABELA 1 – Protocolo experimental para a avaliação em ratos dos possíveis efeitos tóxicos e/ou comportamentais da exposição
prolongada do extrato etanólico de C. jamacaru.
1ª ETAPA abril-maio
2009
CONTROLE 10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 01 (210 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 02 (420 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
Avaliação da toxicidade: observação diária do peso, ganho de peso, ingestão hídrica e consumo de ração dos animais;
Coleta de material para estudo histopatológico; Coleta de sangue e obtenção do soro para as análises bioquímicas (ALT, AST, uréia e creatinina).
2ª ETAPA maio-junho
2009
CONTROLE 10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 01 (210 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 02 (420 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
Avaliação da capacidade de aprendizado e memória com o emprego do labirinto em cruz modificado; Avaliação da catatonia induzida por haloperidol.
3ª ETAPA agosto-
setembro 2009
CONTROLE 10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 01 (210 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 02 (420 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
Medida do comportamento estereotipado induzido por femproporex.
4ª ETAPA setembro-outubro
2009
CONTROLE 10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 01 (210 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
EXPERIMENTAL 02 (420 mg/kg/dia)
10 MACHOS/10 FÊMEAS
Medida da atividade geral no campo aberto.
37
4.6 COLETA DO SANGUE PARA AS DOSAGENS BIOQUÍMICAS
Após a análise do comportamento geral no campo aberto, os animais
foram anestesiados com tiopental (70 mg/kg; i.p.) para a coleta de sangue, que
foi realizada por punção cardíaca ou punção na veia hepática. Após
centrifugação o soro foi empregado para as dosagens das enzimas hepáticas
ALT e AST, e para as dosagens de creatinina e de ácido úrico. As razões
AST/ALT em seguida foram calculadas.
4.7 COLETA DE MATERIAL PARA ESTUDO HISTOPATOLÓGICO
Após a coleta de sangue (item 4.7) os animais anestesiados foram
submetidos à eutanásia por deslocamento cervical. Em seguida, a adrenal
esquerda, baço, coração, fígado, pâncreas e rim esquerdo foram coletados,
examinados macroscopicamente, mensurados seus pesos e, em seguida, foi
calculada a razão peso órgão/peso corporal. Porções teciduais foram fixadas
em formol 10% para a confecção de lâminas histológicas. No Departamento de
Patologia do Curso de Medicina da UFRN, os tecidos foram embebidos em
parafina, seccionados em fatias de espessura de 5 µm, processados com xilol
para possibilitar a confecção de lâminas que foram, por fim, coradas com
eosina:hematoxilina (HE). Foram calculadas as razões peso órgão / peso
corporal para cada um dos órgãos citados.
4.8 AVALIAÇÃO NEUROCOMPORTAMENTAL
4.8.1 Medida da atividade geral no campo aberto
A atividade geral foi realizada por observação direta dos animais no
campo aberto (Figura 8), por um período de 5 minutos no último dia do
tratamento (30º dia), sempre entre as 8:00 e 12:00 horas.
O campo aberto utilizado para o estudo do comportamento dos animais
adultos foi construído segundo modelo descrito por BROADHURST (1960), que
consiste de uma arena circular de madeira, com 95 cm de diâmetro e 29 cm de
altura, pintada de branco. O fundo desta arena é dividido em 25 áreas
38
aproximadamente iguais por meio de três círculos concêntricos e 16 segmentos
de reta convenientemente distribuídos.
Cada rato foi colocado individualmente no centro do campo aberto e
observado seu comportamento por 5 minutos, através dos parâmetros:
Freqüência de locomoção (LO): uma unidade de medida corresponde à
presença das quatro patas dentro do espaço delimitado pelas quatro linhas que
compõem uma subdivisão do chão da arena.
Freqüência de levantar (LE): uma unidade de medida corresponde ao
movimento do animal apoiar-se apenas nas patas posteriores, com a cabeça
dirigida para cima e com o corpo perpendicular em relação ao chão da arena,
tocando ou não as paredes laterais com as patas anteriores.
Duração de imobilidade (IMO): total ausência de movimentos do animal
com as quatro patas no piso do campo aberto; registra-se a duração desse
parâmetro em segundos.
Defecação (DEF): ao final dos cinco minutos conta-se o número de bolos
fecais.
O registro das freqüências dos parâmetros de locomoção e levantar foi
feito por intermédio de contador manual. Para a medida da duração de
imobilidade empregou-se um cronômetro. Entre as observações de cada
animal, a arena foi limpa com solução de álcool etílico 5%.
39
FIGURA 6- Campo aberto utilizado para a observação da atividade geral de
ratos (FONTE: KIRSTEN, 2008).
4.8.2 Estudo da capacidade de aprendizado e memória no labirinto
em cruz elevado modificado
A avaliação do aprendizado e memória foi realizada no labirinto em cruz
elevado modificado, com o emprego da metodologia de PATTI et al. (2006)
adaptada. O labirinto em cruz elevado é constituído de dois braços abertos
opostos, medindo 50 x 10 cm e dois braços fechados, também opostos,
medindo 50 x 10 x 40 cm, dispostos em um ângulo de 90o. O piso do labirinto é
de madeira, pintado de branco e distante 50 cm do chão (FILE; HYDE, 1978).
No aparato modificado, um dos braços fechados do labirinto foi equipado com
uma lâmpada de 100 W. No momento de entrada do animal no braço fechado
modificado a luz foi acesa tanto na sessão treino como na sessão teste.
Na sessão treino, que ocorreu 24 horas antes do teste propriamente dito,
o animal foi mantido no labirinto por um período de cinco minutos, onde foram
anotados os parâmetros: número de entradas no braço fechado modificado
(braço fechado claro), número de entradas no braço fechado não iluminado
40
(braço fechado escuro), número de entradas nos braços abertos, tempo de
permanência (s) no braço fechado modificado, tempo de permanência (s) no
braço fechado não iluminado e tempo de permanência nos braços abertos. Na
sessão teste o animal foi mantido pelo mesmo período de tempo no labirinto
em cruz elevado. Os mesmos parâmetros foram analisados.
Os parâmetros mensurados nas sessões treino e teste foram comparados
entre si para verificar se o animal apresentou aprendizado e memória ao fator
aversivo “luz”. O aprendizado e memória são verificados quando o animal
realiza menor número de entradas no braço fechado modificado durante a
sessão teste, quando comparado com o comportamento na sessão treino. Para
avaliar o aprendizado entre os grupos experimentais com o grupo controle foi
realizada a comparação (ANOVA) dos dados da sessão teste.
O registro do número de entradas nos braços abertos e fechados foi feito
por intermédio de contador manual. Para o tempo de permanência (segundos)
nos braços empregou-se cronômetros digitais. Entre as observações de cada
animal, a arena foi limpa com solução de álcool 5%. Com os dados obtidos
foram calculados a porcentagem de entradas e do tempo dispendido nos
braços abertos e fechados.
4.8.3 Medida do comportamento estereotipado (C.E.)
O C.E. foi induzido pela administração intraperitoneal de femproporex (5,0
mg/kg) no 30º dia do tratamento. Para o registro do C.E. os animais foram
alojados individualmente em gaiolas de arame por oito dias antes do teste
(Figura 7). O bebedouro e a ração das gaiolas foram retirados antes da
administração do femproporex. Este teste foi realizado entre 7:00 e 12:00
horas. O C.E. foi quantificado através de uma escala de escores proposta por
SETLER et al. (1976) (Tabela 2) que atribui valores crescentes em função do
comportamento estereotipado exibido por ratos após receberem algum
agonista dopaminérgico.
Dez minutos após a administração de femproporex foi feita a avaliação do
C.E., em intervalos de 10 minutos, durante 180 minutos consecutivos. Ao final
dos 90 e 180 minutos de observação somaram-se os escores atribuídos a cada
animal durante aquele período. Para a construção das curvas tempo-efeito, isto
41
é, a intensidade do C.E. em função do tempo decorrido, utilizou-se a média dos
escores obtidos em cada intervalo de observação para cada grupo.
TABELA 2- Escores atribuídos por SETLER et al. (1976) para mensurar o
comportamento estereotipado.
Escores Comportamento
0 Adormecido ou parado
1 Ativo
2 Predominantemente ativo, mas com curtos períodos
de farejar e/ou levantar-se estereotipado
3 Atividade estereotipada constante tal como farejar,
levantar ou balançar a cabeça, mas com atividade
locomotora ainda presente
4 Atividade estereotipada constante realizada em um
só local
5 Atividade estereotipada constante mas com curtos
períodos de lamber e/ou roer e morder
6 Lamber e/ou roer as barras da gaiola
FIGURA 7- Comportamento estereotipado induzido por femproporex (5,0
mg/kg; i.p.).
42
4.8.4 Medida da catatonia induzida por haloperidol
A catatonia foi quantificada através de um método baseado naquele
descrito por CARLINI (1973). Assim, utilizou-se uma trave construída com
bastão de vidro situado a 10 cm de uma superfície plana, apoiado nas
extremidades sobre suportes de isopor (Figura 6).
Foram feitas nove observações de catatonia, respectivamente aos 20, 40,
60, 80, 100, 120, 140, 160 e 180 minutos após a administração intraperitoneal
de haloperidol (1,0 mg/kg) realizada no 31º de tratamento. Cada observação foi
feita suspendendo o rato pelo dorso, apoiando as patas dianteiras sobre o
bastão de vidro e as patas posteriores do animal, rápida e suavemente, no
piso, permitindo que o mesmo permanecesse em posição vertical. As
observações foram repetidas por mais duas vezes, caso o animal não
permanecesse na posição imposta. Em cada observação foi considerado o
tempo de 1200 segundos como máximo de catatonia (permanência na barra).
A partir do momento em que o rato permaneceu na barra registrou-se o tempo
(em segundos) com auxílio de cronômetro. Caso o animal permanecesse
durante todos os 1200 segundos, o mesmo era retirado da posição de
catatonia e, em seguida, era novamente colocado na mesma posição, sendo
iniciada uma nova contagem. Os animais foram observados entre 8:00 e 12:00
horas. A partir dos valores obtidos, foram calculadas as médias e os erros
padrão em cada intervalo de observação para a construção das curvas tempo-
efeito.
FIGURA 8- Catatonia induzida por haloperidol (1,0 mg/kg; i.p.).
43
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Empregou-se o software GraphPad Instat versão 2.01 (GraphPad, 1993).
Inicialmente foi aplicado o teste de Bartlett para avaliar a homocedasticidade
dos dados. A análise de variância, ANOVA, para dados paramétricos, seguida
de teste de Tukey, quando necessário (para avaliar as diferenças entre os
grupos), foram usados. Para dados não paramétricos, o teste de Kruskal
Wallis, seguido do teste de Dunn, para comparações múltiplas, foram
empregados (ganho de peso das fêmeas no intervalo entre os dias 20-25 e
catatonia dos machos nos 100 min, 140 min e 180 min) por direcionamento
automático do software adotado.
Os dados obtidos nas sessões treino e teste no labirinto em cruz elevado
modificado foram analisados pelo teste “t” para dados paramétricos. Para o
parâmetro tempo de permanência no braço fechado claro (para as fêmeas),
empregou-se o teste não paramétrico de Mann Withney, como sugestão do
software adotado.
O nível de significância crítico admitido para a rejeição da hipótese de
nulidade foi de uma probabilidade de até 5% (p<0,05) em todas as análises
empregadas.
44
5. RESULTADOS
5.1 ANÁLISE FITOQUÍMICA
Os extratos etanólico e aquoso analisados por cromatografia de alta
eficiência (CLAE) acoplado ao espectrômetro de massas (MS) pelo Dr.
Stephan Pflugmacher do Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisheries
(Berlin-Alemanha), apresentam os alcalóides D-tiramina (m/z 137,2), hordenina
(m/z 165,2), N-metiltiramina (m/z 151) e ainda o aminoácido D-tirosina (m/z
181.2), precursor de diversos alcalóides. Os cromatogramas obtidos estão
ilustrados nas Figuras 9 e 10.
Outros compostos ativos como o ácido oléico (m/z 282,4), ácido acético
(m/z 60,1), cânfora (m/z 152,2), cisteína (m/z 121,2), geranilacetona (m/z 194),
foram identificados em ambos os extratos, como mostra a Tabela 3. Os
compostos corilagina, ácido benzóico, ácido cinâmico, 1,2-benzoquinona,
antraquinona, cloranil, hidroquinona, fenol e β-sisterol foram detectados apenas
no extrato etanólico (Tabela 3).
45
A B
C D
FIGURA 9 – Cromatogramas obtidos por LC-MS/MS após análise do extrato etanólico de C. jamacaru: D-tiramina (A), hordenina
(B), N-metiltiramina (C) e tirosina (D).
46
A B
C D
FIGURA 10 – Cromatogramas obtidos por LC-MS/MS após análise do extrato aquoso de C. jamacaru: D-tiramina (A), hordenina
(B), N-metiltiramina (C) e tirosina (D).
47
TABELA 3: Constituintes químicos detectados por LC-MS/MS nos extratos
etanólico e aquoso de C. jamacaru (Software Light Sight versão 1.0 - Applied
Biosystems, Canadá)
Composto Estrutura
molecular
m/z
Extrato
etanólico
Extrato
aquoso
Corilagina C27 H24O18 636.5 D ND
Ácido Benzóico C6H5COOH 122.1 D ND
Ácido araquídico C20H40O2 312.5 D D
Ácido palmítico C16H32O2 256 D D
Ácido oléico C18H34O2 282 D D
Ácido cinâmico C9H8O2 148.1 D ND
Ácido esteárico C18H36O2 284.5 D D
Ácido caprílico C8H16O2 144.2 D D
Ácido mirístico C14H28O2 228.4 D D
Ácido valérico C5H10O2 102.1 D D
Ácido propiônico C3H6O2 74.1 D D
Ácido acético C2H4O2 60.1 D D
1,2-Benzoquinona C6H4O2 108.1 D ND
Antraquinona C14H8O2 208.2 D ND
Cloranil C6Cl4O2 245.9 D ND
Hidroquinona C6H4(OH)2 110.1 D ND
Fenol C6H6O1 94.1 D ND
Cânfora C10H16O 152.2 D ND
48
Composto Estrutura
molecular
m/z
Extrato
etanólico
Extrato
aquoso
Cisteína C3H7NO2S 121.2 D D
Geranilacetona C13H22O 194 D D
Hordenina C10H15NO 165 D D
Tiramina C8H11NO 137 D D
N-metiltiramina C9H14NO 151 D D
Beta-sitosterol C29H50O 414 D ND
Tirosina C9H11NO3 181.2 D D
E-gugulsterona C21H28O2 313.3 D D
D= detectado; ND= não detectado.
49
5.2 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE NOS RATOS MACHOS
A Tabela 4 mostra e a Figura 11 ilustra o consumo de ração dos ratos
machos tratados com as diferentes doses do extrato etanólico de Cereus
jamacaru em relação ao grupo controle. A análise estatística revelou reduzido
consumo de ração pelos grupos experimentais em relação ao grupo controle
durante grande parte do tratamento. Assim, os animais tratados com a menor
dose do extrato etanólico apresentaram reduzido consumo de ração entre os
dias 09 e 17 e entre os dias 19 e 23 de tratamento. Já o grupo de animais
tratados com a maior dose do extrato apresentou redução do consumo de
ração entre os dias 19 e 30 de tratamento. A análise estatística revelou ainda
que ambos os grupos experimentais apresentaram reduzido consumo de ração
no intervalo que compreendeu os dias 3 e 5 e os dias 19 e 21 de tratamento.
A Tabela 5 mostra e a Figura 12 ilustra a ingestão hídrica dos ratos
machos tratados com as diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru
em relação ao grupo controle. A análise estatística revelou que os animais
experimentais de ambos os grupos apresentaram, em alguns momentos do
tratamento, maior ingestão hídrica quando comparado com os animais do
grupo controle. Dessa forma, conforme Tabela 5 e Figura 12, ambos os grupos
experimentais apresentaram maior ingestão hídrica no intervalo entre os dias 1
e 3 e entre os dias 15 e 19. Os animais tratados com a menor dose do extrato
apresentaram reduzida ingestão entre os dias 3 e 5 e maior ingestão entre os
dias 23 e 25; e os animais tratados com a maior dose do extrato apresentaram
maior ingestão hídrica no intervalo que compreende os dias 11 e 13 do
tratamento.
A Tabela 6 mostra e a Figura 13 ilustra o ganho de peso dos ratos
machos tratados com as diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru
em relação ao grupo controle. A análise estatística revelou que o tratamento
dos animais com a maior dose do extrato etanólico, causou reduzido ganho de
peso. O grupo experimental tratado com a menor dose do extrato apresentou
reduzido ganho de peso corporal entre os dias 15 e 25 do tratamento. Já os
animais tratados com a maior dose do extrato apresentaram reduzido ganho de
peso entre os dias 25 e 30 do tratamento, suficiente para causar menor ganho
de peso geral, calculado mensurando a diferença entre o peso corporal dos
animais no primeiro e último dias do tratamento.
50
TABELA 4 – Consumo de ração (g) de ratos machos tratados ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão (n=10/grupo)
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
01-03 39,65 ± 0,32 45,00 ± 0,33*** 46,00 ± 0,20*** 139,12 27/2
03-05 46,40 ± 1,40 39,00 ± 0,66*** 43,20 ± 0,73* 17,06 27/2
05-07 43,80 ± 1,40 41,60 ± 0,20 45,40 ± 0,70
07-09 39,15 ± 0,05 40,45 ± 0,55 40,25 ± 0,88
09-11 41,00 ± 0,73 35,90 ± 0,43*** 40,30 ± 0,30 28,12 27/2
11-13 40,55 ± 0,25 35,70 ± 0,07*** 41,15 ± 0,78 39,37 27/2
13-15 41,05 ± 0,38 37,45 ± 0,35*** 38,25 ± 0,08 38,77 27/2
15-17 39,70 ± 0,63 38,00 ± 0,00* 38,35 ± 0,22 5,40 27/2
17-19 40,10 ± 0,64 39,05 ± 0,58 39,60 ± 0,20
19-21 41,00 ± 0,53 39,45 ± 0,28* 37,85 ± 0,28*** 16,73 27/2
21-23 39,10 ± 0,10 40,10 ± 0,47* 39,95 ± 0,08 3,72 27/2
23-25 40,30 ± 0,03 40,30 ± 0,10 38,40 ± 0,33*** 29,54 27/2
25-27 41,00 ± 0,30 40,10 ± 0,20 37,05 ± 0,55*** 29,73 27/2
27-29 42,20 ± 0,40 41,40 ± 0,07 34,00 ± 1,57*** 23,42 27/2
*p<0,05; ***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
51
FIGURA 11 – Consumo de ração (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo). *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA
seguido do posthoc teste de Tukey.
1-3 3-5 5-7 7-9 9-11 11-13 13-15 15-17 17-19 19-21 21-23 23-25 25-27 27-290
20
40
60
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
********* ******* *
****
*************
consum
o d
e r
ação (
g)
52
TABELA 5 – Ingestão hídrica (mL) de ratos machos tratados ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão (n=10/grupo)
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
01-03 63,50 ± 0,50 72,50 ± 0,83*** 76,00 ± 0,33*** 43,74 27/2
03-05 68,00 ± 0,00 63,50 ± 0,50* 68,00 ± 0,67 29,16 27/2
05-07 68,50 ± 1,17 65,00 ± 1,33* 68,00 ± 0,00 3,43 27/2
07-09 64,00 ± 0,67 65,50 ± 0,50 65,00 ± 0,00
09-11 65,00 ± 0,67 60,50 ± 0,17* 71,00 ± 2,00** 18,62 27/2
11-13 64,70 ± 0,57 65,50 ± 0,50 69,50 ± 0,50*** 24,16 27/2
13-15 65,50 ± 1,17 68,00 ± 1,00 67,50 ± 1,83
15-17 65,00 ± 0,33 67,50 ± 0,50*** 70,00 ± 0,33*** 39,71 27/2
17-19 65,00 ± 0,00 68,50 ± 0,17*** 68,00 ± 0,67*** 22,77 27/2
19-21 68,00 ± 0,67 69,00 ± 0,33 67,00 ± 1,33
21-23 65,00 ± 0,00 70,50 ± 0,50 65,50 ± 0,50 55,50 27/2
23-25 67,00 ± 0,33 70,00 ± 0,00** 69,00 ± 1,00 6,30 27/2
25-27 69,00 ± 0,33 71,50 ± 0,50 65,00 ± 1,67 10,27 27/2
27-29 71,00 ± 1,00 70,00 ± 0,00 70,50 ± 1,17
*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
53
1-3 3-5 5-7 7-9 9-11 11-13 13-15 15-17 17-19 19-21 21-23 23-25 25-27 27-290
20
40
60
80
100
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
** ****
************ *****
* *
*** ***
ingestã
o h
ídrica (
mL)
FIGURA 12 – Ingestão hídrica (mL) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo). *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA
seguido do posthoc teste de Tukey.
54
TABELA 6 – Ganho de peso (g) de ratos machos tratados ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo)
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
01-05 9,60 ± 1,25 10,47 ± 2,46 5,28 ± 4,35
05-10 7,96 ± 1,17 3,87 ± 2,23 6,18 ± 1,43
10-15 8,54 ± 1,65 2,62 ± 2,51 5,73 ± 1,35
15-20 8,34 ± 0,81 -2,46 ± 4,84* -1,59 ± 1,85 3,93 27/2
20-25 -0,02 ± 1,22 5,15 ± 1,14* -0,20 ± 1,74 4,76 27/2
25-30 6,46 ± 1,23 5,40 ± 1,09 -0,91 ± 2,00** 7,09 27/2
01-30 40,90 ± 3,58 30,87 ± 2,44 17,94 ± 2,42*** 16,14 27/2
*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
55
1-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 1-30
0
20
40Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
*
***
***
ganho d
e p
eso (
g)
FIGURA 13 - Ganho de peso (g) de ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo). *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA
seguido do posthoc teste de Tukey.
56
5.3 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE NAS RATAS FÊMEAS
A Tabela 7 mostra e a Figura 14 ilustra o consumo de ração das ratas
fêmeas tratadas com as diferentes doses do extrato etanólico de Cereus
jamacaru em relação ao grupo controle. Houve diferenças significantes e assim
como o ocorrido com os machos, de uma maneira geral, os grupos
experimentais tiveram um menor consumo de ração em comparação ao grupo
controle. Os animais que receberam a menor dose do extrato apresentaram
reduzido consumo de ração nos intervalos que compreenderam os dias 1 e 5, 9
e 17,19 e 21 e os dias 23 e 25 de tratamento, já os animais que receberam a
maior dose apresentaram menor consumo de ração nos dias 1 e 5 e dos dias 9
ao 23. Em nenhum momento foi observado maior consumo de ração por parte
dos animais experimentais quando comparados ao grupo controle.
A Tabela 8 mostra e a Figura 15 ilustra a ingestão hídrica das ratas
fêmeas tratadas com as diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru
em relação ao grupo controle. Observou-se menor ingestão hídrica nos dias 5 e
7, 11 e 27 por pelo grupo que recebeu a menor dose do extrato. O grupo que
recebeu a maior dose apresentou menor consumo nos intervalos que
compreenderam os dias 7 e 13, 17 e 19 e os dias 21 e 27. Foi constatada
maior ingestão de água pelo grupo que recebeu a menor dose do extrato nos
dias 13 e 15 e 21 e 23.
A Tabela 9 mostra e a Figura 16 ilustra o ganho de peso das ratas
fêmeas tratadas com as diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru
em relação ao grupo controle. A análise de variância constatou diferenças
significantes entre os grupos experimentais em relação ao grupo controle no
intervalo que compreendeu os dias 15 e 20, onde se observa uma diminuição
do ganho de peso nos grupos experimentais que receberam a menor e maior
dose do extrato. No entanto, ao final do tratamento, os animais experimentais
que receberam a menor dose conseguiram se recuperar, mesmo apresentando
uma tendência de menor ganho de peso, ao contrário dos animais que
receberam a dose maior, que apresentaram um menor ganho de peso final
quando comparado ao grupo controle.
57
TABELA 7 – Consumo de ração (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
01-03 35,60 ± 0,98 33,00 ± 0,33* 31,50 ± 0,67** 8,69 27/2
03-05 41,09 ± 2,93 30,05 ± 0,55*** 27,10 ± 0,40*** 18,03 27/2
05-07 27,35 ± 2,12 30,05 ± 0,52 27,40 ± 0,16
07-09 29,95 ± 1,25 27,45 ± 0,68 27,39 ± 1,93
09-11 31,95 ± 0,02 28,45 ± 0,35*** 27,73 ± 0,84*** 20,68 26/2
11-13 31,25 ± 0,82 28,35 ± 0,15*** 26,22 ± 0,09*** 25,23 26/2
13-15 32,60 ± 1,47 24,70 ± 0,70*** 27,17 ± 0,56** 16,27 26/2
15-17 30,25 ± 0,28 29,05 ± 0,02*** 27,22 ± 0,07*** 74,84 26/2
17-19 30,05 ± 0,75 30,05 ± 0,35 25,71 ± 1,30** 8,29 26/2
19-21 30,10 ± 0,37 27,85 ± 0,52** 24,20 ± 0,47*** 41,44 26/2
21-23 30,85 ± 1,08 31,35 ± 0,48 26,74 ± 0,14** 12,08 26/2
23-25 32,50 ± 0,17 28,25 ± 0,02*** 31,14 ± 1,28 10,10 26/2
25-27 30,40 ± 1,13 30,20 ± 0,40 28,96 ± 1,56
27-29 30,55 ± 0,22 31,70 ± 1,40 30,74 ± 0,97
*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
58
1-3 3-5 5-7 7-9 9-11 11-13 13-15 15-17 17-19 19-21 21-23 23-25 25-27 27-290
20
40
60
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
****** ***
*
****** ******
******** **
******
***
**
consum
o d
e r
ação (
g)
FIGURA 14 - Consumo de ração (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]. *p<0,05; **p<0,01;
***p<0,001 - ANOVA seguido do post hoc teste de Tukey.
59
TABELA 8 – Ingestão hídrica (mL) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
01-03 58,50 ± 2,50 59,00 ± 0,33 58,00 ± 1,00
03-05 55,00 ± 4,33 58,50 ± 0,17 52,50 ± 1,50
05-07 61,00 ± 3,33 52,50 ± 0,83* 55,33 ± 0,53 4,49 26/2
07-09 57,00 ± 0,00 56,50 ± 0,17 47,11 ± 1,23*** 67,49 26/2
09-11 56,00 ± 2,00 51,50 ± 0,50 48,56 ± 0,18*** 9,08 26/2
11-13 56,50 ± 1,67 52,50 ± 0,17*** 51,78 ± 0,70*** 40,39 26/2
13-15 51,50 ± 0,50 55,00 ± 1,33* 50,00 ± 0,00 9,03 26/2
15-17 56,00 ± 1,67 51,50 ± 0,50* 54,11 ± 1,23 3,48 26/2
17-19 58,00 ± 1,33 56,50 ± 0,17 47,78 ± 0,88*** 33,87 26/2
19-21 57,50 ± 3,17 49,50 ± 0,17* 54,11 ± 0,18 4,67 26/2
21-23 57,00 ± 0,67 60,50 ± 0,17*** 51,00 ± 0,00*** 105,24 26/2
23-25 61,00 ± 2,00 52,50 ± 0,50** 54,44 ± 1,76* 8,48 26/2
25-27 58,00 ± 0,67 53,50 ± 1,17*** 54,00 ± 0,00** 9,62 26/2
27-29 56,00 ± 1,33 54,50 ± 0,17 54,44 ± 0,18
*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
60
1-3 3-5 5-7 7-9 9-11 11-13 13-15 15-17 17-19 19-21 21-23 23-25 25-27 27-290
20
40
60
80
Controle
210 mg/kg/dia
** **
****
****
******
*********
******
420 mg/kg/dia
ingestã
o h
ídrica (
mL)
FIGURA 15 – Ingestão hídrica (mL) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]. *p<0,05; **p<0,01;
***p<0,001 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
61
TABELA 9 – Ganho de peso (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São
apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]
Intervalo
de dias Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F/KW df
01-05 6,44 ± 2,31 1,52 ± 1,44 0,97 ± 1,50
05-10 2,94 ± 1,71 1,14 ± 1,11 0,37 ± 1,95
10-15 3,66 ± 1,31 1,00 ± 1,20 1,13 ± 0,96
15-20 8,54 ± 0,81 -2,46 ± 4,84* -8,10 ± 1,61** F = 7,78 26/2
20-25 -2,1x10-6 ±
1,22 5,15 ± 1,14* 4,43 ± 2,23 KW = 7,64 26/2
25-30 6,46 ± 1,23 5,40 ± 1,09 3,54 ± 1,15
01-30 18,58 ± 2,38 12,59 ± 2,12 9,89 ± 2,12* F = 4,00 26/2
*p<0,05; **p<0,01 – 15-20, 01-30: ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey;
*p<0,05 - 20-25: ANOVA seguido do posthoc teste não paramétrico de Kruskall
Wallis.
62
1-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 1-30-20
-10
0
10
20
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
*
***
ganho d
e p
eso (
g)
*
FIGURA 16 - Ganho de peso (g) de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão [(n=10/grupo); n=9 (420 mg/kg/dia)]. *p<0,05; **p<0,01 -
ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey. *p<0,05 - 20-25: ANOVA seguido do posthoc teste não paramétrico de Kruskall Wallis.
63
5.4 ANÁLISE DAS DOSAGENS BIOQUÍMICAS DOS MACHOS
A Tabela 10 e Figura 17 mostram os resultados das dosagens de ALT,
AST, creatinina e ureia obtidos a partir da análise do soro obtido dos ratos
machos após eutanásia. A análise estatística empregada revelou concentração
superior de ureia no soro dos animais tratados com a maior dose do extrato
etanólico quando comparado com o nível de ureia no soro dos animais do
grupo controle. Não foram observadas alterações nos níveis de creatinina no
soro dos animais tratados com as duas doses do extrato. Na avaliação da
toxicidade hepática, foi observado maior concentração sérica de ALT nos
animais que receberam a dose de 420 mg/kg/dia do extrato etanólico de
Cereus jamacaru e a análise estatística revelou, ainda, não haver alterações na
concentração de AST no soro dos animais experimentais. Não foi verificada
nenhuma alteração na razão AST/ALT quando comparado o valor dos grupos
experimentais com o valor do grupo controle.
64
TABELA 10 – Parâmetros bioquímicos mensurados no soro dos ratos machos
tratados ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias [(n=10/grupo); n=9 (210 mg/kg/dia e 420 mg/kg/dia)].
São apresentadas as médias e erros do desvio padrão
Dosagem Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
ALT(U/L) 59,35 ± 3,21 54,22 ± 2,76 99,67 ± 11,92*** 15,36 26/2
AST(U/L) 158,00 ± 14,79 148,00 ± 14,00 184,63 ± 20,72
AST/ALT 2,82 ± 0,64 2,53 ± 0,08 2,15 ± 0,41
Ureia
(mg/dL)
47,95 ± 1,87 42,33 ± 6,58 56,67 ± 1,68** 13,56 25/2
Creatinina
(mg/mL) 0,59 ± 0,01 0,67 ± 0,03 0,61 ± 0,02
*p<0,05; ***p<0,001 – ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
AST = Aspartato transferase; ALT = Alanina transferase.
65
FIGURA 17: Parâmetros bioquímicos mensurados no soro dos ratos machos
tratados ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias [(n=10/grupo); n=9 (210 mg/kg/dia e 420 mg/kg/dia)].
*p<0,05; ***p<0,001 – ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
AST = Aspartato transferase; ALT = Alanina transferase.
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
UREIA0
10
20
30
40
50
60
70
**
mg/d
L
CREAT ININA0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
mg/m
L
ALT AST0
50
100
150
200
250
***U/L
AST /ALT0
1
2
3
4
66
5.5 ANÁLISE DAS DOSAGENS BIOQUÍMICAS DAS FÊMEAS
A Tabela 11 e a Figura 18 mostra os resultados das dosagens de ALT,
AST, creatinina e ureia obtidas a partir da análise do soro das ratas fêmeas. A
análise estatística não revelou diferenças significantes nas dosagens de ureia e
creatinina entre os grupos experimentais e o grupo controle. Por outro lado,
revelou concentração reduzida de AST nos animais que receberam a dose de
420 mg/kg/dia do extrato etanólico de Cereus jamacaru. Tal diminuição não foi
suficiente para alterar o valor da razão AST/ALT ao ponto de tornar o
parâmetro significativo ao se comparar os grupos experimentais com o grupo
controle.
67
TABELA 11 – Parâmetros bioquímicos mensurados no soro das ratas fêmeas
tratadas ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias [(n=10/grupo); n=9 (210 mg/kg/dia e 420 mg/kg/dia)].
São apresentadas as médias e erros do desvio padrão
Dosagem Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
ALT(U/L) 47,50 ± 4,11 58,40 ± 7,42 35,75 ± 5,15
AST(U/L) 158,71 ± 10,95 165,86 ± 18,91 123,2 ± 7,63* 2,88 26/2
AST/ALT 3,32 ± 0,28 3,08 ± 0,34 3,02 ± 0,18
Ureia
(mg/dL)
50,40 ± 1,49 55,78 ± 2,82 53,22 ± 1,51
Creatinina
(mg/mL) 0,65 ± 0,03 0,66 ± 0,05 0,57 ± 0,02
*p<0,05 – ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
AST = Aspartato transferase; ALT = Alanina transferase.
68
FIGURA 18 - Parâmetros bioquímicos mensurados no soro das ratas fêmeas
tratadas ou não (grupo controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias [(n=10/grupo); n=9 (210 mg/kg/dia e 420 mg/kg/dia)].
*p<0,05 – ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
AST = Aspartato transferase; ALT = Alanina transferase.
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
ALT AST0
50
100
150
200
*
U/L
UREIA0
10
20
30
40
50
60
70
mg/d
L
CREAT ININA0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
mg/m
L
AST /ALT0
1
2
3
4
69
5.6 RAZÕES PESO ÓRGÃO / PESO CORPORAL DOS RATOS
MACHOS E FÊMEAS
A análise estatística empregada revelou que o extrato etanólico, nas
doses empregadas, não foi capaz de provocar alterações no peso dos órgãos
adrenal esquerda, baço, coração, fígado, pâncreas e rim esquerdo dos ratos
machos, como demonstrado na Tabela 12. De forma semelhante, o extrato
etanólico também mostrou não ser capaz de provocar alterações no peso
(razões) dos órgãos nas ratas fêmeas (Tabela 13). Apenas a razão peso
adrenal/peso corporal das fêmeas tratadas com a maior dose do extrato foi
maior que a razão nos animais do grupo controle, conforme demonstrado na
Tabela 13.
70
TABELA 12 – Razão peso órgão / peso corporal dos órgãos coletados para o estudo histopatológico dos ratos machos tratados ou
não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias (x10-5) e os
erros padrão (x10-5) (n = 10/grupo)
Órgãos Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
Adrenal 8,78 ± 1,23 12,90 ± 1,67 14,56 ± 1,97
Baço 276,30 ± 17,49 282,70 ± 10,95 237,90 ± 25,96
Coração 276,70 ± 0.000106 292,30 ± 11,39 292,00 ± 5.86
Fígado 3.439,00 ± 58,88 3.438,00 ± 70,81 3.456,00 ± 70,15
Pâncreas 144,10 ± 10,94 142,70 ± 12,05 170,10 ± 16,96
Rim 352,00 ± 10,22 326,50 ± 16,02 347,10 ± 9,60
p>0,05 – ANOVA.
71
TABELA 13 – Razão peso órgão / peso corporal dos órgãos coletados para o estudo histopatológico das ratas fêmeas tratadas ou
não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias (x10-5) e os
erros padrão (x10-5) (n = 10/grupo)
Órgãos Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
Adrenal 139,00 ± 1,60 242,00 ± 5,28 302,00 ± 3,57* 4,717 27/2
Baço 342,50 ± 15,62 362,80 ± 17,06 333,20 ± 11,69
Coração 329,50 ± 13,14 337,20 ± 12,43 356,80 ± 8,14
Fígado 3.504,00 ± 125,60 3.680,00 ± 138,40 3.675,00 ± 115,3
Pâncreas 215,1 ± 23,70 231,00 ± 13,95 247,10 ± 13,66
Rim 348,00 ± 11,62 362,90 ± 8,01 372,90 ± 9,05
* p<0,05 – ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
72
5.7 ESTUDO HISTOPATOLÓGICO
As Figuras 19, 20 e 21 se referem às fotos obtidas das lâminas
histológicas confeccionadas com porções teciduais de fígado, rim, pâncreas,
baço, adrenal e coração dos animais que foram tratados por 30 dias com o
extrato etanólico de Cereus jamacaru para possibilitar o estudo histopatológico.
A morfologia celular, bem como a presença de edema e hemorragia nos
tecidos foram estudadas e comparadas com o grupo controle. Nenhuma
alteração digna de nota foi constatada nas porções teciduais provenientes dos
animais que receberam as doses de 210 e 420 mg/kg/dia do extrato etanólico
de C. jamacaru.
73
74
75
76
5.8 AVALIAÇÃO NEUROCOMPORTAMENTAL DOS MACHOS
A Tabela 14 mostra e a Figura 22 ilustra os dados obtidos no teste do
campo aberto com ratos machos tratados ou não (controle) com as diferentes
doses do extrato etanólico de Cereus jamacaru. A análise de variância mostrou
diferenças significantes entre os grupos experimentais quando comparados ao
grupo controle. Os animais experimentais de ambos os grupos apresentaram
reduzidas freqüências de locomoção e levantar e aumento do tempo de
imobilidade. Não foi observado nada relevante com relação ao número de
bolos fecais ao término do experimento entre os grupos experimentais e grupo
controle.
A Tabela 15 mostra os dados obtidos no labirinto em cruz modificado,
para o estudo do aprendizado e memória nas sessões treino e teste, com ratos
machos tratados ou não (controle) com as diferentes doses do extrato etanólico
de C. jamacaru. Não foram observadas diferenças significantes entre as
sessões treino e teste para cada grupo pelo teste “t”. Entretanto, reduzido
número de entradas no braço fechado claro (NEBFC) foi detectado nos machos
que receberam a dose de 420 mg/kg/dia na sessão teste quando comparado à
sessão treino, conforme ilustra a Figura 23.
A Tabela 16 mostra os dados obtidos no labirinto em cruz modificado,
para o estudo do aprendizado e memória na sessão teste comparando os
grupos de ratos machos tratados com as diferentes doses do extrato etanólico
de C. jamacaru com o grupo controle. Não foram observadas diferenças
significativas nos parâmetros avaliados.
A Tabela 17 mostra e a Figura 24 ilustra os dados obtidos no estudo do
comportamento estereotipado induzido pelo cloridrato de femproporex (5,0
mg/kg) em ratos machos tratados ou não (controle) com as diferentes doses do
extrato etanólico de C. jamacaru. A análise de variância mostrou não haver
diferenças significantes entre os grupos avaliados.
A Tabela 18 e a Figura 25 mostram a duração (em segundos) da
catatonia induzida pelo haloperidol (1,0 mg/kg) observada em ratos machos
tratados ou não (controle) com as diferentes doses do extrato etanólico de C.
jamacaru. A análise estatística empregada mostrou haver diferenças
significantes entre o grupo que recebeu a dose de 210 mg/kg/dia e o grupo
77
controle nos seguintes tempos de observação de 40 minutos, 60 minutos, 100
minutos, 120 minutos, 140 minutos, 160 minutos e 180 minutos, onde se
observou uma diminuição (s) do estado catatônico desses animais. Os animais
tratados com a maior dose não apresentaram alterações.
78
TABELA 14 – Parâmetros analisados no teste do campo aberto nos ratos
machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n =
10/grupo)
Parâmetros
Campo Aberto Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
Freqüência de
Locomoção 68,7 ± 7,8 42,6 ± 9,5* 35,3 ± 3,23** 5,74 27/2
Freqüência de
Levantar 21,9 ± 3,3 14,4 ± 2,3* 12,2 ± 1,9* 3,97 27/2
Imobilidade (s) 63,6 ± 14,4 126 ± 17,7* 122,9 ± 13,4* 5,30 27/2
Bolos fecais 3,3 ± 0,7 2,8 ± 0,6 1,7 ± 0,6
*p<0,05; **p<0,01 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
79
FIGURA 22 - Parâmetros analisados no teste do campo aberto nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses
do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n=10/grupo). *p<0,05; *p<0,01 -
ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
0
10
20
30
**
frequência
de leva
nta
r
0
50
100
150
200
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
**
imob
ilida
de (
s)
0
20
40
60
80
100Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
*
**
frequência
de locom
oção
0
1
2
3
4
5
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
bolo
s f
ecais
80
TABELA 15 – Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado
nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as
sessões treino e teste. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo)
Parâmetros
LCM
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
Treino Teste Treino Teste Treino Teste
NEBA 2,5 ± 0,4 1 ± 0,5 2,4 ± 0,7 0,6 ± 0,3 1,4 ± 0,3 1,0 ± 0,4
NEBFC 1,8 ± 0,4 1,8 ± 0,5 1,6 ± 0,3 1,7 ± 0,4 2,1 ± 0,2 1,0± 0,3**
NEBFE 1,5 ± 0,5 2,0 ± 0,4 1,6 ± 0,4 1,8 ± 0,3 1,4 ± 0,4 1,1 ± 0,2
Bolos fecais 1,8 ± 0,6 1,9 ± 1,0 2,4 ± 0,8 2,1 ± 0,6 1,4 ± 0,4 1,5 ± 0,4
TBA (s) 67,5 ± 26,7 56,8 ± 23,4 58,0 ± 25,4 36,8 ± 22,7 98,0 ± 29,2 59,4 ± 27,0
TBFC (s) 104,5 ± 37,6 57,0 ± 24,7 91,0 ± 34,0 74,0 ± 29,4 105,7 ± 32,3 82,8 ± 38,8
TBFE (s) 128 ± 37,2 186,2 ± 34,26 151,0 ± 34,2 189,2 ± 35,4 96,3 ± 31,8 157,8 ± 41,5
**p<0,01 – Teste „t‟ – comparações dos dados da sessão treino com a sessão teste para cada grupo (t = 2,91; df = 18/1).
NEBA = número de entradas nos braços abertos; NEBFC = número de entradas no braço fechado claro; NEBFE = número de
entradas no braço fechado escuro; TBA = tempo de permanência nos braços abertos; TBFC = tempo de permanência no braço
fechado claro; TBFE = tempo de permanência no braço fechado escuro.
81
FIGURA 23 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado, para o estudo do aprendizado e memória, realizado
nos ratos machos tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as
sessões treino e teste para avaliação da memória e aprendizado. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo).
**p<0,01 – Teste „t‟ – comparações dos dados da sessão treino com a sessão teste para cada grupo.
NEBFC = número de entradas no braço fechado claro; TBFC = tempo de permanência, em segundos, no braço fechado claro.
0
25
50
75
100
125
150
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
TB
FC
(s)
0
1
2
3
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
**
NE
BF
C
Sessão treino Sessão teste
82
TABELA 16: Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado,
para o estudo do aprendizado e memória, realizado nos ratos machos tratados
ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por
30 dias, durante a sessão teste para avaliação da memória e aprendizado. São
apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo)
Parâmetros
LCEM Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
NEBFC 1,8 ± 0,51 1,7 ± 0,40 1,0 ± 0,30
TBFC 57,0 ± 24,71 84,0 ± 34,25 82,8 ± 38,76
NEBFE 2,0 ± 0,42 1,8 ± 0,33 1,1 ± 0,23
TBFE 182,3 ± 34,81 198,2 ± 35,38 157,8 ± 41,51
p>0,05 – ANOVA.
NEBA = número de entradas nos braços abertos; NEBFC = número de
entradas no braço fechado claro; NEBFE = número de entradas no braço
fechado escuro; TBA = tempo de permanência nos braços abertos; TBFC =
tempo de permanência no braço fechado claro; TBFE = tempo de permanência
no braço fechado escuro.
83
TABELA 17 – Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de
cloridrato de cloridrato de femproporex de ratos machos tratados ou não
(controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30
dias. São apresentadas as médias, os erros padrão e os respectivos limites
mínimo e máximo de escores ou da soma de escores (0-90 e 0-180);
n=10/grupo
Tempo Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
(min) (n=10) (n=10) (n=10)
0-90 9,0 ± 1,3 12,1 ± 2,9 7,7 ± 1,4
(4-14) (0-30) (2-14)
0-180 14,4 ± 2,9 18,2 ± 5,2 10,4 ± 1,9
(6-34) (1-60) (3-19)
10 0,5 ± 0,7 0,4 ± 0,2 0,7 ± 0,2
(0-1) (0-1) (0-1)
20 0,4 ± 0,6 0,5 ± 0,2 0,6 ± 0,2
(0-1) (0-1) (0-1)
30 0,7 ± 0,2 1,2 ± 0,3 0,8 ± 0,2
(0-1) (0-3) (0-2)
40 0,7 ± 0,2 1,6 ± 0,5 0,9 ± 0,3
(0-1) (0-5) (0-2)
50 1,2 ± 0,2 1,2 ± 0,5 0,9 ± 0,3
(0-2) (0-5) (0-2)
60 1,1 ± 0,3 1,6 ± 0,5 1,0 ± 0,3
(0-2) (0-5) (0-2)
70 1,4 ± 0,2 2,0 ± 0,5 0,8 ± 0,3
(0-2) (0-5) (0-2)
80 1,5 ± 0,3 1,9 ± 0,5 0,8 ± 0,3
(0-2) (0-5) (0-2)
90 1,5 ± 0,4 1,7 ± 0,5 1,2 ± 0,3
(0-3) (0-5) (0-3)
100 1,5 ± 0,4 1,8 ± 0,5 1,0 ± 0,5
(0-4) (0-5) (0-5)
84
Tempo
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
(min) (n=10) (n=10) (n=10)
110 0,8 ± 0,4 1,1 ± 0,5 0,9 ± 0,4
(0-3) (0-5) (0-3)
120 1,2 ± 0,4 0,9 ± 0,5 0,4 ± 0,2
(0-3) (0-5) (0-2)
130 0,5 ± 0,3 0,7 ± 0,5 0,0 ± 0,0
(0-3) (0-5) (0-0)
140 0,5 ± 0,3 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1
(0-3) (0-1) (0-1)
150 0,6 ± 0,3 0,7 ± 0,5 0,1 ± 0,1
(0-3) (0-5) (0-1)
160 0,3 ± 0,3 0,1 ± 0,1 0,2 ± 0,2
(0-3) (0-1) (0-2)
170 0,0 ± 0,0 0,7 ± 0,5 0,0 ± 0,0
(0-0) (0-5) (0-0)
180 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1
(0-0) (0-0) (0-0)
p>0,05 – ANOVA.
85
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190-1
0
1
2
3
4
5
6
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
tempo (min)
escore
s
FIGURA 24 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de cloridrato de femproporex de ratos machos
tratados ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os
erros padrão (n = 10/grupo). p>0,05 – ANOVA.
86
TABELA 18 – Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratos machos tratados ou não (controle) com
diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias, os erros padrão, além dos valores
mínimo e máximo de cada momento da análise (n = 10/grupo)
Tempo Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F / KW df
(min) (n=10) (n=10) (n=10)
20 0,80 ± 0,61 0,60 ± 0,40 2,50 ± 1,37
(0-6) (0-3) (0-12)
40 124,70 ± 45,56 19,40 ± 17,21* 27,30 ± 12,18 F = 4,09 27/2
(0-418) (0-174) (0-123)
60 142,60 ± 52,44 15,70 ± 6,68* 165,60 ± 119,49 F= 61,59 27/2
(0-544) (0-68) (0-1200)
80 184,40 ± 57,44 68,90 ± 33,98 218,40 ± 125,91
(9-487) (0-300) (0-1200)
100 204,50 ± 57,07 49,50 ± 14,29* 230,10 ± 122,81 KW = 6,03
(21-660) (9-120) (2-1200)
120 304,20 ± 68,80 34,20 ± 10,04* 336,30 ± 128,83 F = 3,85 27/2
(50-830) (0-89) (4-1200)
140 389,80 ± 106,08 62,90 ± 14,19* 358,80 ± 154,00 KW = 7,14
(18-1200) (4-136) (6-1200)
87
Tempo Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F / KW df
min) (n=10) (n=10) (n=10)
160 371,40 ± 106,60 126,40 ± 45,61* 331,40 ± 121,38 F = 5,46 27/2
(49-1200) (7-461) (17-1200)
180 434,50 ± 91,91 118,70 ± 21,02** 390,90 ± 137,71 KW = 6,07
(92-922) (32-211) (25-1200)
*p<0,05; **p,0,01 – 40, 60, 120 e 160 min. ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey; *p<0,05; **p<0,01 - 100, 140 e 180 min:
ANOVA seguido do posthoc teste não paramétrico de Kruskall Wallis.
88
FIGURA 25 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratos machos tratados ou não (controle) com
diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo).
*p<0,05; **p,0,01 – 40 60, 120 e 160 min: ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey; *p<0,05; **p<0,01 - 100, 140 e 180 min:
ANOVA seguido do posthoc teste não paramétrico de Kruskall Wallis.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000
100
200
300
400
500
600
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
**
**
*
***
tempo (min)
cata
tonia
(s)
89
5.9 AVALIAÇÃO NEUROCOMPORTAMENTAL DAS FÊMEAS
A Tabela 19 e a Figura 26 mostram os dados obtidos no teste do campo
aberto com ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com as diferentes doses do
extrato etanólico de Cereus jamacaru. A análise de variância revelou
freqüências de locomoção e levantar reduzidas para os grupos que receberam
o extrato etanólico de C. jamacaru nas duas doses (dados não significantes
estatisticamente). Foram observadas também diferenças significantes entre os
grupos experimentais quando comparados ao grupo controle, nos parâmetros
de tempo de imobilidade, com aumento (s) neste parâmetro e aumento da
defecação para o grupo que recebeu a menor dose do extrato.
A Tabela 20 mostra e a Figura 27 ilustra os dados obtidos no labirinto em
cruz modificado, nas sessões treino e teste, com ratas fêmeas tratadas ou não
(controle) com as diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru. Não
foram observadas diferenças significantes nas sessões treino e teste para cada
grupo. Foi constatado reduzido tempo de permanência no braço fechado claro
(TBFC) pelas fêmeas do grupo que recebeu a dose de 210 mg/kg/dia na
sessão teste quando comparado à sessão treino.
A Tabela 21 mostra os dados obtidos no labirinto em cruz modificado,
para o estudo do aprendizado e memória na sessão teste comparando os
grupos de ratas fêmeas tratadas com as diferentes doses do extrato etanólico
de C. jamacaru com o grupo controle. Não foram observadas diferenças
significativas nos parâmetros avaliados.
A Tabela 22 mostra e a Figura 28 ilustra os dados obtidos no estudo da
estereotipia induzida por cloridrato de femproporex (5,0 mg/Kg) em ratas
fêmeas tratadas ou não (controle) com as diferentes doses do extrato etanólico
de C. jamacaru. Os animais tratados com a menor dose do extrato
apresentaram reduzido comportamento estereotipado quando comparados ao
grupo controle aos 30 e 40 minutos. Aos 100 minutos observou-se maior
comportamento estereotipado entre o grupo que recebeu a dose de 210
mg/kg/dia e o grupo controle.
A Tabela 23 e a Figura 29 mostram a duração (em segundos) da
catatonia induzida pelo haloperidol (1,0 mg/kg) observada em ratas fêmeas
tratadas ou não (controle) com as diferentes doses do extrato etanólico de C.
90
jamacaru. A análise de variância mostrou não haver diferenças significantes
entres os grupos.
91
TABELA 19 – Parâmetros analisados no teste do campo aberto nas ratas
fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de
C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n =
10/grupo)
Parâmetros
Campo Aberto Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
Frequência de
Locomoção 88,6 ± 13,6 54,4 ± 8,6 61,2 ± 9,6
Frequência de
Levantar 28,2 ± 5,0 17,0 ± 2,5 18,3 ± 2,3
Imobilidade (s) 36,8 ± 10,5 86,6 ± 13,6* 83,4 ± 18,8* 3,83 26/2
Defecação 2,1 ± 0,7 5,6 ± 1,1* 3,0 ± 0,5 4,93 26/2
*p<0,05, ANOVA seguido do post hoc teste de Tukey.
92
FIGURA 26 - Parâmetros analisados no teste do campo aberto nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses
do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão [n=10/grupo; n=9 (420 mg/kg/dia)].
*p<0,05 - ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
0
50
100
150
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
freq
uênc
ia d
e lo
com
oção
0
10
20
30
40
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
freq
uênc
ia d
e le
vant
ar
0
2
4
6
8
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia*
defe
caçã
o
0
50
100
150
Controle
14g/kg/dia
28g/kg/dia
* *
imob
ilida
de (
s)
93
TABELA 20 – Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não
(controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste. São
apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo)
Parâmetros
Labirinto
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
Treino Teste Treino Teste Treino Teste
NEBA 3,7 ± 1,1 3,3 ± 0,7 3,3 ± 0,8 3,9 ± 0,9 3,7 ± 0,3 3,2 ± 0,6
NEBFC 2,3 ± 0,5 3,4 ± 1,1 3 ± 0,6 2,8 ± 0,6 2,6 ± 0,4 2,6 ± 0,7
NEBFE 2,3 ± 0,7 3,8 ± 1,0 2,5 ± 0,4 2,5 ± 0,7 2,2 ± 0,5 2,7 ± 0,7
Bolos fecais 0,4 ± 0,4 0,3 ± 0,2 0,5 ± 0,4 0,3 ± 0,2 0,6 ± 0,4 0,2 ± 0,2
TBA 97,6 ± 28,6 55 ± 9,5 114,4 ± 24,7 111,3 ± 33,8 109,4 ± 24,7 75,7 ± 31,7
TBFC 53,5 ± 25,7 47 ± 24,9 56,7 ± 16,6 20,1 ± 8,4* 67,4 ± 27,9 22,6 ± 7,1
TBFE 148,9 ± 33,1 198,0 ± 25,3 128,9 ± 25,1 168,6 ± 35,2 123,2 ± 27,4 201,7 ± 32,3
*p<0,05 - Teste “t” seguido do teste não paramétrico de Mann Whitney (U = 79,5).
NEBA = número de entradas nos braços abertos; NEBFC = número de entradas no braço fechado claro; NEBFE = número de
entradas no braço fechado escuro; TBA = tempo de permanência, em segundos, nos braços abertos; TBFC = tempo de
permanência , em segundos, no braço fechado claro; TBFE = tempo de permanência, em segundos, no braço fechado escuro.
94
FIGURA 27 - Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle)
com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante as sessões treino e teste para avaliação da
memória e aprendizado. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo). *p<0,05 – Teste “t” seguido do teste não
paramétrico de Mann Whitney Análise estatística não paramétrica de Mann Whitney.
NEBFC = número de entradas no braço fechado claro; TBFC = tempo de permanência no braço fechado claro.
Sessão treino Sessão teste
0
1
2
3
4
5
Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
NE
BF
C
0
20
40
60
80
100
Controle 210 mg/kg;dia 420 mg/kg/dia
*TB
FC
(s)
95
TABELA 21: Parâmetros analisados no teste do labirinto em cruz modificado
realizado nas ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do
extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias, durante a sessão teste para
avaliação da memória e aprendizado. São apresentadas as médias e os erros
padrão (n = 10/grupo)
Parâmetros
LCEM Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
NEBFC 3,4 ± 1,07 2,8 ± 0,55 2,6 ± 0,70
TBFC 47,0 ± 24,87 20,1 ± 8,41 22,6 ± 7,06
NEBFE 3,8 ± 1,02 2,5 ± 0,67 2,7 ± 0,67
TBFE 198,5 ± 25,35 168,6 ± 35,21 201,7 ± 32,28
p>0,05 – ANOVA.
NEBA = número de entradas nos braços abertos; NEBFC = número de
entradas no braço fechado claro; NEBFE = número de entradas no braço
fechado escuro; TBA = tempo de permanência, em segundos, nos braços
abertos; TBFC = tempo de permanência , em segundos, no braço fechado
claro; TBFE = tempo de permanência, em segundos, no braço fechado escuro.
96
TABELA 22 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de
cloridrato de cloridrato de femproporex de ratas fêmeas tratadas ou não
(controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30
dias. São apresentadas as médias, os erros padrão e os respectivos limites
mínimo e máximo de escores ou da soma de escores (0-90 e 0-180);
n=10/grupo
Tempo Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia F df
(min) (n=10) (n=10) (n=10)
0-90 21,4 ± 3,1 23,7 ± 1,9 16,5 ± 3,1
(14-44) (13-34) (9-36)
0-180 43,6 ± 5,5 43,6 ± 4,4 33,7 ± 8,2
(12-60) (17-72) (6-87)
10 0,8 ± 0,1 0,9 ± 0,2 0,8 ± 0,1
(0-1) (0-2) (0-1)
20 1,7 ± 0,3 1,3 ± 0,2 1,0 ± 0,1
(0-3) (1-2) (0-2)
30 2,8 ± 0,4 2,4 ± 0,3 1,1 ± 0,3** 6,90
(2-6) (1-5) (0-2)
40 2,6 ± 0,5 2,7 ± 0,3 1,5 ± 0,2* 3,42 27/2
(0-6) (1-5) (0-2)
50 2,6 ± 0,5 3,0 ± 0,4 2,0 ± 0,5
(0-6) (2-5) (0-6)
60 2,7 ± 0,4 3,2 ± 0,4 2,3 ± 0,5
(1-6) (2-6) (1-6)
70 2,6 ± 0,5 3,2 ± 0,3 2,7 ± 0,6
(0-6) (2-5) (1-6)
80 2,8 ± 0,4 3,1 ± 0,3 2,6 ± 0,6
(1-6) (2-6) 0-6)
90 2,6 ± 0,5 3,3 ± 0,4 2,5 ± 0,7
(1-6) (2-6) (0-6)
100 2,1 ± 0,4 3,7 ± 0,4* 2,7 ± 0,7 1,66 27/2
(0-3) (2-6) (0-6)
97
Tempo
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
F
df (min) (n=10) (n=10) (n=10)
110 2,4 ± 0,6 2,9 ± 0,5 2,6 ± 0,7
(0-6) (0-6) (0-6)
120 2,3 ± 0,6 3,0 ± 0,5 2,4 ± 0,7
(0-6) (0-6) (0-6)
130 2,7 ± 0,7 2,4 ± 0,2 1,9 ± 0,6
(0-6) (1-3) (0-6)
140 2,8 ± 0,6 2,8 ± 0,5 1,8 ± 0,6
(0-6) (0-5) (0-6)
150 3,1 ± 0,7 1,8 ± 0,4 1,8 ± 0,6
(0-6) (0-3) (0-6)
160 2,6 ± 0,6 1,6 ± 0,3 1,3 ± 0,7
(0-6) (0-3) (0-6)
170 1,8 ± 0,7 1,1 ± 0,5 1,4 ± 0,7
(0-6) (0-3) (0-6)
180 1,8 ± 0,7 1,0 ± 0,4 1,1 ± 0,6
(0-6) (0-5) (0-6)
*p<0,05; **p,0,01 –ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey
98
FIGURA 28 - Comportamento estereotipado induzido por 5,0 mg/kg de cloridrato de cloridrato de femproporex das ratas fêmeas
tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os
erros padrão (n = 10/grupo). *p<0,05; **p,0,01 ANOVA seguido do posthoc teste de Tukey.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190
-1
0
1
2
3
4
5
6
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia*
***
tempo (min)
escore
s
99
TABELA 23 – Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol
de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com diferentes doses do extrato
etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias, os erros
padrão, além dos valores mínimo e máximo de cada momento da análise (n =
10/grupo)
Tempo Controle 210 mg/kg/dia 420 mg/kg/dia
(min) (n=10) (n=10) (n=10)
20 9,80 ± 4,96 1,20 ± 1,00 1,10 ± 0,55
(0-45) (0-10) (0-5)
40 42,30 ± 27,63 13,60 ± 8,74 82,50 ± 58,60
(0-281) (0-88) (0-602)
60 105,20 ± 68,08 160,00 ± 86,05 334,90 ± 119,49
(0-666) (0-787) (4-961)
80 211,20 ± 95,67 312,50 ± 117,26 317,10 ± 122,73
(0-964) (1-969) (14-1200)
100 371,40 ± 126,73 414,80 ± 137,93 378,79 ± 117,26
(4-1200) (14-1149) (10-1200)
120 459,00 ± 140,37 578,90 ± 152,02 519,50 ± 98,72
(15-1200) (17-1178) (21-1200)
140 484,00 ± 125,69 470,00 ± 115,08 623,10 ± 154,96
(133-1200) (23-1200) (130-1200)
160 585,10 ± 137,84 690,60 ± 157,72 672,90 ± 127,28
(207-1200) (18-1200) (202-1200)
180 698,80 ± 156,55 686,90 ± 158,69 612,40 ± 126,42
(82-1200) (16-1200) (173-1200)
p>0,05 – ANOVA.
100
FIGURA 29 - Catatonia (em segundos) induzida por 1,0 mg/kg de haloperidol de ratas fêmeas tratadas ou não (controle) com
diferentes doses do extrato etanólico de C. jamacaru por 30 dias. São apresentadas as médias e os erros padrão (n = 10/grupo).
p>0,05 – ANOVA.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Controle
210 mg/kg/dia
420 mg/kg/dia
tempo (min)
cata
tonia
(s)
101
6. DISCUSSÃO
As análises fitoquímicas realizadas por LC-MS/MS com os extratos etanólico e
aquoso dos cladódios de Cereus jamacaru detectaram a presença de diversos
princípios ativos, entre eles alguns alcalóides feniletilamínicos como a tiramina,
hordenina, N-metiltiramina, além do aminoácido tirosina. Um estudo anteriormente
realizado (DAVET et al., 2009) detectou, por HPLC-UV, a presença dos alcalóides
hordenina, tiramina e N-metiltiramina em um extrato etanólico bruto de cladódios de
C. jamacaru. São parcos os estudos de caracterização química dessa espécie
vegetal, se destacando apenas o acima citado. Nosso estudo, além de detectar os
alcalóides feniletilamínicos citados, também detectou uma série de outros compostos
químicos que até então não haviam sido elucidados em C. jamacaru. Assim, após
análise química dos dois extratos, foi observado que o extrato etanólico apresentou
uma série de compostos ativos, alguns de sabida ação irritante, como a
geranilacetona, óleo volátil presente em diversas espécies vegetais, além da
antraquinona, benzoquinona e hidroquinona, que estão ausentes no extrato aquoso
(Tabela 3). Esse fato contribuiu para o emprego do extrato etanólico nos testes in
vivo realizados no presente estudo (SOUĈEK; GUT; STOPKA, 2000; TOPPING et
al., 2007; KONDROVA; STOPKA; SOUSEK, 2007; MIZUNO et al., 2010).
Os alcalóides feniletilamínicos, uma vez no SNC, sabidamente atuam sobre as
sinapses nervosas dopaminérgicas, noradrenérgicas e até serotoninérgicas,
alterando importantes processos comportamentais, de cognição e de memória
(SLOVITER et al., 1980; SULZER et al., 2005; HILL; THOMAS, 2009). Os cactos de
um modo geral por apresentarem em sua composição alguns desses alcalóides,
provocam, uma vez ingeridos ou inalados a fumaça de sua combustão, alterações
comportamentais como estimulação e alucinação no ser humano. É o que faz a
mescalina presente no cacto Lonchocarpun williamsii (NICHOLS, 2004),
popularmente conhecido como peiote e comumente empregado como ritual religioso
por tribos de indígenas mexicanos. Os alcalóides feniletilamínicos são bastante
conhecidos pelos seus efeitos alucinógenos desencadeados pela afinidade dos
102
mesmos com os receptores serotoninérgicos, principalmente os 5-HT2C
(FANTEGROSSI; MURNANE; REISSIG, 2008).
A serotonina (5-HT) é uma monoamina neurotransmissora com propriedades
vasoativas e atividade importante na depressão e ansiedade (CASTRO-SIERRA;
LEON; RIVERA, 2005; NISHIKAWA et al., 2010). Na atualidade são reconhecidos
sete tipos de receptores serotoninérgicos, dos quais os tipos 1 e 2 são ainda
subdivididos: 5-HT1A; 5-HT1B; 5-HT1D; 5-HT2A; 5-HT2B; 5-HT2C. Todos eles, com
exceção do 5-HT2B, que se localiza no fundo gástrico, estão localizados
majoritariamente no SNC e desempenham efeitos diversos como inibição neuronal,
efeitos comportamentais, contração do músculo liso e agregação plaquetária
(RANG, 2003). Os cinco subtipos de receptores 5-HT1 são inibidores da adenil
ciclase e são encontrados nos núcleos da raphe, hipocampo, striatum, subiculum,
substância nigra e reservatório sanguíneo do crânio e córtex. Os receptores do tipo
2, são divididos em 3 subtipos e são ativadores da fosfolipase, são encontrados nas
plaquetas, córtex cerebral, músculo liso, fundo do estômago e plexo coróide
(NEWMAN-TANCREDI et al., 2002; SANDERS-BUSH; MAYER, 2005; CARLSSON
et al., 2009).
A tiramina, monoamina derivada da tirosina, encontrada no sistema nervoso
central de organismos que variam de nematodos à mamíferos, provoca liberação de
noradrenalina dos neurônios simpáticos e da adrenal, aumentando a pressão arterial
sanguinea, em particular após a ingestão de inibidores da MAO e comidas que
contém essa amina, como o queijo, chocolate e produtos fermentados (KITAHAMA
et al., 2005; BONETTA et al., 2008; PIRRI et al., 2009). Assim, a ingestão de
alimentos ricos em tiramina pode causar aumento dos níveis pressóricos, no entanto
em condições normais, o organismo, com o auxílio das enzimas monoamina
oxidases (MAOs), consegue prevenir esse efeito tóxico (BUNKOVA et al., 2010).
Essa monoamina pode ser encontrada em alimentos mal conservados através do
resultado de descarboxilação microbiana, podendo causar reações alérgicas
importantes, como dificuldade em respirar, coceira, prurido e vômito (NAILA et al.,
2010). A tiramina está presente em concentrações nanomolares no cérebro dos
mamíferos e concentrações micromolares dessa catecolamina podem ser
encontradas na circulação (BERRY, 2004; ZUCCHI et al., 2006; FEHLER et al.,
2010). A função da tiramina é ser neurotransmissor e neuromodulador no sistema
103
nervoso central dos mamíferos. Seus efeitos periféricos são geralmente atribuídos à
sua ação em promover o efluxo de catecolaminas dos neurônios simpáticos e da
medula adrenal (ZHU; MUNHALL; JOHNSON, 2007; KHWANCHUEA; MULVANY;
JANSAKUL, 2008).
É sabido que a hordenina exerce leve ação estimulatória nos sistemas
respirátório e cardiovascular porém só evidente quando utilizada em elevadas doses
(KANIA; MAJCHER; KOWALSKA, 2000). Além disso, sabe-se que esse alcalóide
atua como neuromodulador por estimular a ação da noradrenalina, enquanto
neurotransmissor. Como consequência de sua ação, promove maior mobilização de
lipídeos resultando em menor ganho de peso corporal. Essa ação, já bastante
conhecida, explica a presença da hordenina em suplementos alimentares
empregados por praticantes de atividade física, com o intuito de evitar ganho de
peso corporal (HAAZ et al., 2006; NELSON et al., 2007). Esse alcalóide pode ser
encontrado em várias plantas e confere às mesmas proteção contra diversos tipos
de organismos que possam causar algum tipo de prejuízo (HOULT et al., 1994).
Pesquisas têm demonstrado que a hordenina não é tóxica para ruminantes e não
provoca efeitos psicomotores e comportamentais em camundongos (GOELZ et al.,
1980; LIN, 1991).
Como já comentado anteriormente, são raros os estudos fitoquímicos
realizados com a espécie C. jamacaru, destacando-se apenas um (DAVET et al.,
2009). Na literatura científica é apenas encontrado um trabalho publicado de um
estudo in vivo utilizando o extrato metanólico de C. jamacaru em ratas prenhes
(MESSIAS et al., 2010), no entanto, até o presente momento não foram realizados
estudos mais abrangentes em animais sobre a ação farmacológica ou potencial
tóxico dos cladódios de C. jamacaru, empregados frequentemente na medicina
popular, principalmente na região Nordeste do Brasil. Considerando esse contexto, o
presente estudo oferece informações importantes sobre a toxicidade de um extrato
etanólico de cladódios de C. jamacaru em ratos.
No presente estudo, realizado com ratos Wistar adultos de ambos os sexos,
foram observadas alterações importantes no consumo de ração, ingestão hídrica e
ganho de peso nos grupos de animais tratados com as diferentes doses do extrato
etanólico de C. Jamacaru em comparação aos grupos controle. Os ratos machos
experimentais, tratados por 30 dias com 210 ou 420 mg/kg/dia do extrato etanólico,
104
apresentaram reduzido consumo de ração e elevada ingestão hídrica quando
comparados com o grupo controle. Certamente o consumo reduzido de ração
favoreceu o reduzido ganho de peso corporal observado nos ratos machos tratados.
Não é possível atribuir esses dois aspectos, menor peso e ganho de peso, como
efeitos do extrato, entretanto possibilita suspeitar que o extrato seja capaz de inibir o
apetite. As fêmeas experimentais, assim como os machos, apresentaram reduzidos
consumo de ração e de água, colaborando para o reduzido ganho de peso corporal
observado nas fêmeas experimentais. É importante salientar que o menor consumo
de ração e reduzido ganho de peso corporal observados nos machos e nas fêmeas
contribuem na suposição desse extrato etanólico, obtido dos cladódios pode exercer
ação inibidora do apetite.
A ação inibidora do apetite observada ao longo do tratamento com o extrato de
C. jamacaru pode ser explicada pela presença da tiramina, hordenina e n-
metiltiramina (AVULA; UPPARAPALLI; KHAN, 2005; PELLATI; BENVANUTI, 2007).
A n-metiltiramina através de hidroxilação dá origem a sinefrina, amina fenólica que
em estudos com animais e testes clínicos em humanos mostrou ser capaz de
auxiliar na redução de peso (HAAZ et al., 2006; BARTLEY; BREKSA; ISHIDA, 2010).
A hordenina, como já descrito acima, promove maior mobilização de lipídeos
resultando em menor ganho de peso corporal (HAAZ et al., 2006). A tiramina
ocasiona uma ação antilipolítica, estimulando a captação de glicose e inibindo a
lipólise (MARTI et al., 1998; MEISSONNIER et al., 2003; CARPENE et al., 2008),
diminuindo o peso corporal, como foi observado num estudo com hamsters
siberianos expostos a curtos fotoperíodos (ATGIE et al., 2009). Sabe-se que os
alcalóides feniletilamínicos uma vez absorvidos sofrem biotransformação a produtos
mais ou menos tóxicos dependendo da estrutura original, por enzimas inespecíficas
do complexo P450 e por monoaminooxidases (MAOs), no intestino delgado, fígado e
SNC (HLAVICA, 2006).
Além do acompanhamento do peso corporal, ingestão de ração e água e
cálculo do ganho de peso, para uma avaliação mais completa da toxicidade foram
realizados também a mensuração de pesos de órgãos diversos (fígado, rim, adrenal,
baço, pâncreas e coração), lâminas histológicas e mensuração de parâmetros
bioquímicos, para avaliação da toxicidade hepática (ALT e AST) e renal (ureia e
105
creatinina). O extrato etanólico nas doses empregadas não foi capaz de provocar
diferenças nas razões peso órgão / peso corporal calculadas (Tabelas 12 e 13),
exceto na adrenal das ratas fêmeas tratadas com a maior dose do extrato etanólico.
A glândula adrenal fica situada sobre o pólo superior de cada rim e é formada pela
medula e córtex. Dentre os hormônios secretados por essa glândula temos a
aldosterona e cortisol, além das catecolaminas adrenalina e noradrenalina. A
glândula adrenal é reportada como o órgão endócrino mais associado com efeitos
tóxicos (GUYTON, 1988; ROSOL et al., 2001). A noradrenalina modula a atividade
do hormônio liberador de gonadotrofina (GNRH), a liberação do hormônio
luteinizante (LH) e secreção de estrogênio. Podemos sugerir que nas ratas fêmeas
tratadas com a maior dose do extrato etanólico de C. Jamacaru houve um possivel
aumento da síntese de noradrenalina, em decorrência da hipertrofia adrenal
encontrada, que pode ter levado ao maior aumento da produção de estrogênio.
Maiores níveis circulantes de estrogênio podem ter conferido às fêmeas proteção
contra a ação dos alcaloides feniletilamínicos presentes no extrato (PAU; SPIESA,
1986; SINGH; DYKENS; SIMPKINS, 2006; HERBISON, 2008). Não foram
observadas alterações nos níveis séricos das transaminases hepáticas (razão
AST/ALT), ureia e creatinina (Tabelas 10 e 11) e não foram encontradas também
alterações morfológicas e/ou degeneração dos tecidos dos diversos órgãos
analisados histopatologicamente (Figuras 19, 20 e 21). Considerando os dados
obtidos somados aos anteriores, o extrato etanólico não parece ser capaz de
provocar toxicidade subcrônica em ratos tratados por 30 dias com as doses de 210 e
420 mg/kg/dia. Entretanto, o extrato pode talvez inibir discretamente o apetite, já
que os animais experimentais apresentaram reduzido consumo de ração com
consequente perda de peso corporal.
A atividade geral, também chamada de atividade motora ou espontânea,
mensura a capacidade do animal de se movimentar numa área desconhecida
independente de estímulos ambientais. No experimento realizado no campo aberto,
fatores ambientais (aparelho, intensidade de luz) e fatores biológicos (idade, sexo,
horário), foram padronizados para uma correta determinação da atividade geral,
conforme sugerido por Reiter e Mc-Phail (1982). Em nosso estudo, os machos
experimentais tratados com ambas as doses do extrato etanólico apresentaram
menor locomoção e menor frequência de levantar, com a imobilidade aumentada. De
106
maneira semelhante, as fêmeas experimentais também apresentaram maior tempo
de imobilidade. Entretanto, os parâmetros de frequência de locomoção e levantar,
apesar de reduzidos, não foram estatisticamente significantes. A defecação é um
parâmetro empregado para avaliar a emocionalidade do animal, todavia pouco
explica alterações na atividade geral. Em nosso estudo mensuramos o número de
bolos fecais com o objetivo de auxiliar na investigação do possível efeito ansiogênico
decorrente da presença dos alcalóide feniletilamínicos no extrato etanólico
(KAMEYAMAA; SUZUKIA; NABESHIMAA, 1980; BORTOLATO et al., 2009). Apenas
as fêmeas experimentais tratadas com a dose de 210 mg/kg/dia apresentaram maior
número de bolos fecais após os cinco minutos de observação no campo aberto, em
relação ao grupo controle.
As alterações na atividade geral dos animais sugerem que o extrato etanólico
de C. jamacaru promova distúrbios no sistema nervoso central, como por exemplo o
sistema reticular ascendente, que inclui as regiões do bulbo, mesencéfalo e tálamo,
responsáveis pela atividade motora (BERNARDI; PALERMO NETO, 1980). Além
disso a possível ação ansiogênica que o extrato possa exercer, associada à
deficiência motora relatada anteriormente, podem explicar os resultados observados
no campo aberto. No entanto, a deficiência da atividade motora seria melhor
estabelecida com a aplicação de testes mais específicos para a avaliação da
motricidade, como por exemplo o teste de motricidade sobre grade ou o teste de
atividade rotacional induzida por drogas dopaminérgicas (SILVESTRIN et al., 2008;
CANINI et al., 2009; ABRAHAO; QUADROS; SOUZA-FORMIGONI, 2009).
Vale a pena ressaltar que neurônios serotoninérgicos facilitam a ativação
simpática que acompanha e inclusive antecipa a atividade motora, ou seja, a
serotonina modula a atividade do sistema neuromotor (VEASEY et al., 1995). No
mesmo sentido, o sistema dopaminérgico mesolímbico, particularmente o nucleus
accumbens, parece estar também relacionado com a modulação da atividade motora
(ZHU; STADLIN, 2000; BARIK; BEAUREPAIRE, 2005; DEL ARCO; SEGOVIA;
MORA, 2008). Mais da metade do teor de catecolaminas do SNC é composta pela
dopamina, e volumes extremamente maiores são encontrados nos gânglios basais,
mais especificamente no núcleo caudado. Além disso, pode ser encontrada no
tubérculo olfatório, núcleo central da amígdala e no nucleus accumbens (BLOOM,
107
2005). A dopamina é um neurotransmissor muito importante na regulação de
funções primordiais para a existência, como cognição, emoção e controle da
atividade motora, como falado anteriormente. Os receptores dopaminérgicos são
divididos de acordo com a ação farmacológica em duas famílias: “D1-like”,
representados por D1 e D5, e “D2-like”, representados por D2, D3 e D4
(KUZHIKANDATHIL; YU; OXFORD, 1998; MISSALE et al., 1998; RAMIREZ et al.,
2009). A família D1 está ligada à estimulação da adenilato ciclase, já a família D2
está associada à inibição dessa enzima. Os receptores da dopamina exercem
diversos papéis funcionais como reatividade e humor (D1, D2 e D4), emoção e
comportamento estereotipado (D1, D2, D3, D5), controle motor (D1, D2, D3, D4, D5) e
secreção de prolactina (D2, D3), além de mediar vários efeitos na periferia (D1), tal
qual vasodilatação renal e aumento da contratilidade do miocárdio (RANG et al.,
2003). Assim podemos especular que o tratamento com o extrato etanólico de C.
jamacaru possa interferir no bom funcionamento do sistema serotoninérgico e
dopaminérgico-mesolímbico, já que alguns parâmetros de atividade motora do
campo aberto mostraram-se alterados, tanto nos machos quanto nas fêmeas.
O labirinto em cruz elevado, proposto inicialmente como modelo para avaliar a
ação de drogas ansiolíticas em ratos (FILE; HYDE, 1978; HOGG, 1996) foi baseado
na aversão natural de roedores a espaços abertos e altos (VAN GAALEN;
STECKLER, 2000). Para o nosso estudo esse aparato sofreu alteração com a
adição de uma lâmpada de 100W, como fator aversivo, num dos braços fechados e
foi empregado com o intuito de analisar se o extrato etanólico, administrado por 30
dias nas doses de 210 e 420 mg/kg/dia, seria capaz de promover alterações na
memória e aprendizado de ratos. É sabido que ratos, por serem presas fáceis e
terem hábitos noturnos, tendem a permanecer nos braços fechados do labirinto em
cruz elevado convencional e a avaliação do aprendizado e memória aconteceu
através da observação de menor número de entradas e menor tempo de
permanência no braço fechado claro na sessão teste quando comparado com a
sessão treino. (BERTOGLIO; JOCA. GUIMARAES, 2006; JÜRGENSON; AONURM-
HELM; ZHARKOVSKY, 2010). Assim, na sessão treino, a luz era acesa sempre
quando o animal entrasse no braço fechado modificado e somente apagada quando
o rato saísse desse ambiente. No dia seguinte, na sessão teste, foi avaliado o
número de entradas e o tempo de permanência dos animais no braço fechado
108
iluminado. Por fim, análises estatísticas foram realizadas (teste “t”) comparando os
dados obtidos entre as sessões treino e teste. Os ratos machos experimentais
de nosso estudo apresentaram menor número de entradas no braço fechado claro
na sessão teste. Entretanto, o tempo de permanência dos ratos experimentais no
braço fechado claro, mesmo menor, não foi estatisticamente significante. As ratas
fêmeas experimentais permaneceram menor tempo no braço fechado claro do
labirinto em cruz elevado modificado (LCEM) na sessão teste quando comparado
com o tempo de permanência das mesmas na sessão treino. No entanto, esse
parâmetro foi significante estatisticamente apenas para o grupo de fêmeas tratadas
com a menor dose do extrato (210 mg/kg/dia). Não foram reveladas alterações no
número de entradas no braço fechado claro em ambas as sessões para essas ratas.
Para ambos os gêneros não foram reveladas alterações nos dois parâmetros:
número de entradas e tempo de permanência no braço fechado claro, ao mesmo
tempo. Assim, não podemos sugerir que o extrato etanólico dos cladódios, nas
doses empregadas, exerça ação na memória ou aprendizado de ratos.
Para investigar o efeito do extrato no estudo de aprendizado e memória no
labirinto em cruz elevado modificado, foi realizada uma análise estatística (ANOVA)
comparando os diversos parâmetros analisados e obtidos dos animais experimentais
com os parâmetros obtidos dos animais do grupo controle na sessão teste.
Nenhuma alteração foi observada, tanto para machos, como para fêmeas (Tabelas
15 e 20). Ao resultados obtidos sugerem que o extrato etanólico não foi capaz de
alterar a capacidade de memória e aprendizado dos animais tratados.
A análise fitoquímica realizada por LC-MSMS detectou a presença de alguns
alcalóides feniletilamínicos no extrato etanólico administrado nos ratos (Tabela 3).
Como comentado anteriormente, é sabido que alguns alcalóides feniletilamínicos,
uma vez no SNC são capazes de alterar o sistema de neurotransmissão central.
Assim, foram mensurados nesse estudo, o comportamento estereotipado e a
catatonia dos ratos, empregando respectivamente o agonista dopaminérgico
femproporex e o antagonista dopaminérgico haloperidol, para desafiar o sistema
dopaminérgico, tornando possível verificar a presença de alterações
comportamentais moduladas pelos alcalóides detectados no extrato.
109
O comportamento estereotipado (CE) consiste em movimentos repetitivos, sem
variações e aparentemente sem objetivo. É um comportamento relacionado com a
ativação progressiva de receptores dopaminérgicos da via nigroestriatal
(ELLENBROEK; COOLS, 1993). De fato este comportamento pode ser obtido pela
administração de um agonista dopaminérgico (ANDÉN; BÉPARD, 1971), como o
femproporex. Em 1997, num estudo para avaliar o papel da dopamina no
comportamento de ratos, Yeghiayan et al., observou que a infusão de tiramina
dentro do striatum ventrolateral provocou exacerbação da estereotipia orofacial nos
animais. Em nosso estudo, o extrato etanólico nas duas doses empregadas não
mostrou ser capaz de provocar alterações importantes no comportamento
estereotipado dos ratos machos (Tabela 17) e fêmeas (Tabela 22).
A catatonia ou catalepsia, caracterizada tanto pela imobilidade posicional,
como pela dificuldade de iniciar movimentos voluntários, pode ser obtida pela
administração de bloqueadores de receptores dopaminérgicos, indicando a
participação de sistemas dopaminérgicos centrais nas manifestações motoras
(FIELD; WHISHAW; PELLIS, 2000). O haloperidol bloqueia principalmente o sistema
dopaminérgico nigroestriatal, provocando desta maneira, a catatonia (BAZYAN et al.,
2000; PIRES; BONIKOVSKI; FUTURO-NETO, 2005). A catatonia induzida pelo
haloperidol não se mostrou alterada nas fêmeas experimentais tratadas com ambas
as doses (Figura 29). Entretanto, mostrou estar reduzida nos machos experimentais
tratados com a menor dose do extrato (Figura 25). O fato da ação do haloperidol ter
ocasionado diferentes ações em machos e fêmeas pode ser explicada pela ação
neuroprotetora do estrogênio no sistema nigroestriatal dopaminérgico, além das
diferenças nas estratégias motoras, particulares de cada gênero (FIELD; WISHAW;
PELLIS, 2000; KELADA et al., 2002).
A catatonia reduzida, observada nos machos tratados com a dose de 210
mg/kg/dia, possibilita sugerir que o sistema dopaminérgico desses animais possa ter
sofrido alguma alteração, em nível de sensibilidade de receptores pré- e/ou pós-
sinápticos, à antagonistas dopaminérgicos, resultando em tal efeito. Assim,
quantidades elevadas do antagonista seriam necessários para provocar a catatonia.
É possível que possa ter ocorrido leve destruição das sinapses nervosas
dopaminérgicas nos machos tratados com a maior dose e, esse fato associado á
110
uma via alternativa encontrada pela plasticidade neuronal, poderia explicar a
ausência de alterações nesse grupo de animais. Ou ainda, a dose menor pode ser a
dose farmacologicamente eficaz enquanto que a maior é tóxica e degenerativa.
Outra explicação seria a hipótese de interação antagonista funcional ou
farmacológica entre os alcalóides presentes no extrato com o haloperidol. Essa
interação, considerando a hipótese anterior, só ocorreria diante de uma dose
farmacologicamente ativa e não degenerativa do extrato etanólico. É sabido que a
ação e quantidade das enzimas monoaminoxidases (MAOs) variam quanto ao
gênero em mamíferos (KATO; YAMAZOE, 2002), o que poderia explicar o motivo
pelo qual ocorreram diferenças na catatonia entre ratos machos e fêmeas.
Por fim nosso estudo constatou alterações comportamentais importantes nos
animais tratados com o extrato etanólico de C. jamacaru, além de algumas
diferenças comportamentais entre machos e fêmeas. Considerando que essa planta
é empregada na medicina popular para o tratamento de males diversos e que são
escassos os estudos realizados com essa espécie até o momento, é provável que o
presente trabalho possa contribuir para o uso racional e até mesmo para o
desenvolvimento de um fármaco em potencial.
111
7. CONCLUSÃO
Foram detectados (LCMSMS), nos extratos etanólico e aquoso dos cladódios
de Cereus jamacaru, os alcalóides: tiramina, n-metil-tiramina e hordenina, além do
aminoácido tirosina;
Foram detectados (LCMSMS), apenas no extrato etanólico, os compostos
irritantes antraquinona, hidroquinona, fenol e geranilacetona, o que contribuiu para a
escolha do extrato etanólico para o estudo de toxicidade com os ratos;
Nosso estudo sugere que a administração por 30 dias do extrato etanólico de
C. jamacaru nas doses de 210 e 420 mg/kg/dia, não provoca toxicidade em ratos, já
que não foram observadas alterações em parâmetros bioquímicos analisados no
soro e no estudo histopatológico. As alterações observadas no ganho de peso foram
conseqüência do reduzido consumo de ração e água dos animais experimentais e
não do extrato etanólico. Entretanto, pode ser que o extrato atue inibindo o apetite;
O extrato etanólico foi capaz de alterar o comportamento geral dos animais, já
que no campo aberto, os parâmetros freqüências de locomoção e levantar e
imobilidade foram alterados em machos e fêmeas;
Não foram observadas diferenças no comportamento estereotipado induzido
pelo cloridrato de femproporex nos ratos machos e fêmeas experimentais quando
comparados aos animais do grupo controle;
Foram observadas alterações comportamentais importantes nos animais
tratados com o extrato etanólico de C. jamacaru, principalmente nos machos
tratados com a dose de 210 mg/kg/dia submetidos ao teste da catatonia induzida por
haloperidol;
Não foi observada alteração no aprendizado e memória nos animais
experimentais no labirinto em cruz elevado nas sessões treino e teste, e ao
comparar os diversos tratamentos. Propõe-se tendência de maior aprendizado e
memória pelos machos e fêmeas experimentais em relação aos respectivos controle
no teste do labirinto em cruz elevado modificado.
112
8. REFERÊNCIAS
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9. APÊNDICES
De: Editorial Office Arch Tox <[email protected]> Assunto: ATOX: Submission Confirmation for Phytochemical investigation and toxic effects of an ethanol and an aqueous extract from Cereus jamacaru Para: "Aline Schwarz" <[email protected]> Data: Segunda-feira, 14 de Março de 2011, 15:55 Dear Dr Schwarz, Your submission entitled "Phytochemical investigation and toxic effects of an ethanol and an aqueous extract from Cereus jamacaru" has been received by Archives of Toxicology You will be able to check on the progress of your paper by logging on to Editorial Manager as an author. The URL is http://atox.edmgr.com/. Your manuscript will be given a reference number once an Editor has been assigned. Thank you for submitting your work to our journal. Kind regards, Beate Graf Editorial Office Archives of Toxicology
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