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1 Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012. IMIGRANTES JAPONESES E MERCADO DE TRABALHO AGRÍCOLA EM SÃO PAULO - 1908-1958 GUSTAVO TAKESHY TANIGUTI * Este texto discute as formas de inserção dos imigrantes japoneses no mercado de trabalho paulista em uma perspectiva histórica, circunscrevendo o fenômeno analisado entre os anos de 1908 a 1958. O seu objetivo mais amplo é demonstrar como as oportunidades sociais foram historicamente criadas para o caso desses imigrantes. Tais oportunidades que podem ser expressas principalmente em mobilidade de status ocupacional são analisadas através do uso de dados sobre o comportamento dessa população no mercado de trabalho agrícola no período selecionado. Inicialmente apresento uma revisão crítica dos trabalhos anteriores sobre esse tema na área das ciências sociais, argumentando a favor da renovação do debate acadêmico a partir da utilização de novos dados e do debate recente sobre imigração e mercados. Em seguida, apresento novos dados que permitem criar um novo caminho de interpretação que, por sua vez, demonstra as configurações dessas oportunidades para a população de imigrantes japoneses no mercado de trabalho. O argumento central é que no período analisado os imigrantes japoneses experimentaram formas de mobilidade de status ocupacional caracterizadas por intensa mobilidade geográfica, pela mudança de produção agrícola e pela organização produtiva em pequenas propriedades rurais dedicadas à agricultura variada. A característica dessa mobilidade de status está diretamente relacionada ao crescimento urbano da cidade de São Paulo e ao desenvolvimento do cooperativismo agrícola. Se, historicamente, no meio acadêmico o mercado de trabalho foi por muito tempo um âmbito estudado mais pelos seus resultados do que pelos processos que ali tinham lugar (Guimarães, 2009), atualmente é possível encontrar na literatura avanços que têm contribuído para renovar o debate 1 , especialmente a partir do texto seminal de * Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP (LEER). E- mail: [email protected] Agência financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1 Zelizer, Viviana A. “Beyond the Polemics on the Market: Establishing a Theoretical and Empirical Agenda”. Sociological Forum, Vol. 3, No. 4, 1988), pp. 614-634; Swedberg, R. “Markets as social structures”. In: Smelser e Swedberg, R. (eds). The handbook of economic sociology. Princeton: Princeton

IMIGRANTES JAPONESES E MERCADO DE TRABALHO … · ... como explicar então, os modos de incorporação dos ... imigração japonesa no Brasil e são, dentro de ... dados coletados

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

IMIGRANTES JAPONESES E MERCADO DE TRABALHO AGRÍCOLA EM SÃO

PAULO - 1908-1958

GUSTAVO TAKESHY TANIGUTI*

Este texto discute as formas de inserção dos imigrantes japoneses no mercado de

trabalho paulista em uma perspectiva histórica, circunscrevendo o fenômeno analisado

entre os anos de 1908 a 1958. O seu objetivo mais amplo é demonstrar como as

oportunidades sociais foram historicamente criadas para o caso desses imigrantes. Tais

oportunidades que podem ser expressas principalmente em mobilidade de status

ocupacional são analisadas através do uso de dados sobre o comportamento dessa

população no mercado de trabalho agrícola no período selecionado. Inicialmente

apresento uma revisão crítica dos trabalhos anteriores sobre esse tema na área das

ciências sociais, argumentando a favor da renovação do debate acadêmico a partir da

utilização de novos dados e do debate recente sobre imigração e mercados. Em seguida,

apresento novos dados que permitem criar um novo caminho de interpretação que, por

sua vez, demonstra as configurações dessas oportunidades para a população de

imigrantes japoneses no mercado de trabalho. O argumento central é que no período

analisado os imigrantes japoneses experimentaram formas de mobilidade de status

ocupacional caracterizadas por intensa mobilidade geográfica, pela mudança de

produção agrícola e pela organização produtiva em pequenas propriedades rurais

dedicadas à agricultura variada. A característica dessa mobilidade de status está

diretamente relacionada ao crescimento urbano da cidade de São Paulo e ao

desenvolvimento do cooperativismo agrícola.

Se, historicamente, no meio acadêmico o mercado de trabalho foi por muito

tempo um âmbito estudado mais pelos seus resultados do que pelos processos que ali

tinham lugar (Guimarães, 2009), atualmente é possível encontrar na literatura avanços

que têm contribuído para renovar o debate1, especialmente a partir do texto seminal de

* Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo (USP),

pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP (LEER). E-mail: [email protected] Agência financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1 Zelizer, Viviana A. “Beyond the Polemics on the Market: Establishing a Theoretical and Empirical Agenda”. Sociological Forum, Vol. 3, No. 4, 1988), pp. 614-634; Swedberg, R. “Markets as social structures”. In: Smelser e Swedberg, R. (eds). The handbook of economic sociology. Princeton: Princeton

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Granovetter (1985). Basicamente, autores têm sugerido uma abordagem sociológica dos

mercados que procura compreender a dinâmica de seus processos não apenas enquanto

premissas da ação econômica e da conduta racional dos agentes em condições ideais,

mas enquanto resultados concretos de interações sociais.

A isto se soma propostas de investigação acerca das experiências de imigrantes

em mercados locais de trabalho atentas para o fato de que, quando este último é

analisado somente em termos do momento da troca (ou seja, a conclusão da operação

entre oferta e demanda de trabalho), uma variedade de processos que o precedem e o

sucedem são deixados de lado. Questões sobre como imigrantes constroem

possibilidades de competir no mercado com grupos já estabelecidos, ou quais seriam as

estratégias e os arranjos institucionais formulados por eles para garantir melhores

posições na hierarquia ocupacional encontram possíveis respostas ao considerarmos que

as ações dos agentes no mercado são moldadas por estruturas de relações sociais

(Sassen, 1995). Considerando a experiência brasileira, como explicar então, os modos

de incorporação dos imigrantes japoneses em São Paulo no universo mercantil? Um

olhar retrospectivo sobre a literatura dedicada ao tema nos fornece um quadro mais

geral sobre as interpretações existentes.

Nessa literatura, é possível encontrar argumentos sobre como as oportunidades

sociais foram historicamente criadas para os imigrantes japoneses, principalmente no

estado de São Paulo, que sempre concentrou a maior parcela destes imigrantes. Em tais

argumentos, as mudanças de status ocupacional eram entendidas enquanto indicadores

de mobilidade social e caracterizavam o cenário que revestia a trajetória deste grupo

desde a sua chegada em solo nacional, ainda que nenhum desses estudos tivesse como

objetivo maior a realização de uma análise sobre estratificação social e mercados de

trabalho. A discussão estava centrada basicamente na tentativa de explicar a

“integração” desses imigrantes na sociedade brasileira. Para esses autores, a condição

inicial dos japoneses enquanto colonos trabalhadores agrícolas contratados para as

lavouras cafeeiras a partir da primeira metade do século XX assumiria uma posterior

mudança duas décadas mais tarde.

University Press, 1994, cap. 11, pp. 255- 82; Fligstein, N. “Markets as politics: a political cultural approach to market institutions”. American Sociological Review, vol. 61, pp. 656- 73, 1996; Smelser, N. e Swedberg, R. “The Sociological Perspective on the Economy”. In: N. Smelser e R. Swedberg (Ed.). The

Handbook of Economic Sociology. Princeton: Princeton University Press, 1994; Abramovay, R. “Entre Deus e o diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais”. Tempo social, nov. 2004, v. 16, n. 2, pp. 35-64;

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Neste ponto, o argumento sobre a singular mobilidade social dos imigrantes

japoneses foi unânime na literatura da época. O que diferencia os autores diz respeito

aos fatores que explicariam tais mudanças e às configurações de tais mudanças na

estrutura ocupacional para a população de imigrantes japoneses através da utilização de

dados empíricos, bem como demonstrações de como as oportunidades sociais se

distribuíram no mercado de trabalho.

Com relação à primeira diferenciação, dado que a mobilidade social dos

japoneses era uma realidade a ser analisada, era então necessário explicar os motivos

pelos quais ela teria ocorrido. Neste ponto é possível identificar o local das

interpretações sociológicas e antropológicas fundamentadas em orientações teóricas e

metodológicas de cada autor. Os argumentos dominantes foram aqueles que

enfatizavam os aspectos culturais na construção de estratégias econômicas em um setor

específico: o do mercado de produtos agrícolas. Com relação à segunda diferenciação,

as fontes de dados utilizadas para sustentar pesquisas a respeito da população japonesa

eram distintas entre os autores e muitas delas não ofereciam riqueza necessária para

uma análise de alcance maior.

A carência de dados estatísticos relativos a esta população impediu, num

primeiro momento, até a primeira metade da década de 1960, a realização de análises

mais consistentes sobre a presença dos japoneses no mercado de trabalho brasileiro.

Posteriormente, após a realização de um primeiro survey de abrangência nacional sobre

esta população, em 1958, alguns autores iniciaram discussões de caráter mais amplo.

Considerando estas distinções acima apontadas na forma de uma breve

caracterização da literatura, é possível para fins didáticos apresentar aquilo o que

denomino três principais “linhas de argumentação”2 sobre a mobilidade social da

população japonesa em São Paulo: mobilidade possibilitada pela mudança no “mundo

mental” dos imigrantes e pela dispersão geográfica (Saito, 1961,1980; Saito &

2 A escolha desses autores para a realização de uma análise mais detida obedece a critérios certamente

particulares, mas que procuram considerar a centralidade das obras neste debate específico. A classificação acima em torno dessas linhas de argumentação não esgota o conteúdo das obras dos autores mencionados, de forma que é possível encontrar em muitos casos a conjunção delas no decorrer de seus escritos. Além disso, é necessário considerar que este conjunto de obras representa somente uma parcela das pesquisas nacionais e internacionais dedicadas à imigração japonesa no Brasil e são, dentro de um universo, aquelas que discutiram especificamente questões relativas a mercados de trabalho e mobilidade social. Cabe também ressaltar que a produção das ciências sociais brasileiras sobre a imigração japonesa é heterogênea e seus interlocutores devem ser localizados enquanto personagens de suas respectivas épocas. Neste sentido, não podemos perder de vista que as interpretações dos autores se localizam no tempo e na conjuntura de sua produção, de forma que a legitimidade do argumento científico é objeto de disputas no campo acadêmico, travadas em um complexo cenário de convergências e divergências entre os pensadores da realidade social.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Maeyama, 1973); oportunidades criadas por meio da regulação governamental no setor

agrícola, especialmente no que diz respeito à aquisição de pequenas propriedades

(Nogueira, 1973, 1973b); estratégias criadas a partir de empreendimentos institucionais

fundamentados em bases culturais transplantadas do país de origem, a exemplo das

cooperativas agrícolas (Saito, 1964), e do papel da cultura associativa “étnica” japonesa

no processo de “integração” deste grupo à sociedade brasileira (Cardoso, 1972; Vieira,

1973);

Para bem introduzir as obras dos autores identificados nas linhas de

argumentação aqui formuladas, é possível inicialmente apresentar uma breve descrição

delas:

No caso da análise de Saito (1961) dedicada à mobilidade de status ocupacional

dos imigrantes japoneses, o autor teve como referência teórica a obra de Bendix e Lipset

(1953) e utilizou dados coletados num conjunto de pesquisas realizadas na década de

1950, assim como fez uso de dados oficiais do governo japonês. Aqui a variável

temporal, a mudança no “mundo mental” e a mobilidade geográfica são centrais para a

compreensão da trajetória desses imigrantes no mercado, de forma que o autor classifica

três períodos da imigração japonesa, diferentes entre si principalmente devido à

regulamentação e participação governamental na permissão de entrada de estrangeiros,

aos subsídios concedidos para a importação de mão-de-obra e às mudanças de ocupação

decorrentes da mobilidade geográfica. Apesar de considerar a variável temporal em sua

análise, o autor possui dificuldades em oferecer um panorama mais amplo sobre a

situação dos japoneses devido à falta de dados mais completos sobre esta população. O

objetivo principal da obra de Saito pode ser resumido na idéia, até então inédita, de

analisar o “processo integrativo” desses imigrantes na estrutura sócio-econômica do país

receptor, dando um passo além dos estudos anteriores marcados pela discussão sobre

processos de aculturação e assimilação de populações estrangeiras no Brasil.

O trabalho de Cardoso (1972) é o único em que podemos encontrar utilização

direta dos dados mais detalhados sobre a população japonesa no Brasil para a análise de

mobilidade ocupacional, extraídos do survey “The Japanese Immigrant in Brazil”.

Entretanto, é possível observar que a autora não considera a variável temporal, ou seja,

a relação entre os diferentes períodos de chegada dos imigrantes e outras variáveis como

a mudança de ocupação, as subclasses de ocupações do setor agrícola, as ocupações

não-agrícolas, as localidades geográficas e a natureza dos produtos agrícolas

produzidos. O objetivo principal de sua obra é explicar a “integração” dos japoneses na

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

sociedade brasileira através de sua mobilidade no contexto de urbanização da época,

considerando a reconstrução parcial de certos aspectos da cultura do país de origem. Isto

teria sido possível devido à “cultura étnica” deste grupo.

Já no caso de Nogueira (1972), o objetivo central da autora não diz respeito

propriamente à discussão sobre mobilidade ocupacional, mas sim à analise de

documentos, depoimentos e vários outros registros referentes à contratação de mão-de-

obra japonesa entre 1908 e1922 nas lavouras cafeeiras paulistas. A investigação detida

sobre este período permitiu à autora discutir as políticas do governo paulista visando a

contratação de imigrantes japoneses, e também revelar, como havia sugerido

anteriormente Saito, a mobilidade geográfica dos imigrantes quando da passagem de sua

condição de colonos a pequenos proprietários de terras, mas com maior riqueza de

detalhes. Ainda que o objetivo da autora não seja o da análise da mobilidade

ocupacional, existe aqui uma carência de dados empíricos que sustentem o movimento

posterior ao período inicial da implantação da mão-de-obra japonesa nas lavouras de

café, ou a “busca consciente ou inconsciente de melhores condições de vida em outro

tipo de lavoura ou nas cidades” (p.231). Podemos ainda considerar enquanto textos

importantes para este debate o livro de Vieira (1973) sobre o caso dos japoneses em

Marília, e um conjunto de artigos voltados para a discussão de dados gerais do survey

“The Japanese Immigrant in Brazil”, a exemplo dos textos de Suzuki (1965, 1995), e

Sims (1975).

Em especial os estudos dedicados à experiência econômica dos japoneses em

São Paulo, produzidos nas décadas de 1960 e 1970, buscaram encontrar explicações

sobre o processo de mobilidade social deste grupo, mas de forma que isto se traduziu,

como vimos, na noção de “integração” à sociedade brasileira, ou seja, em termos de

contato entre grupos portadores de culturas distintas. Em partes, isto pode ser

considerado enquanto desdobramento de um tipo de produção acadêmica marcado por

posições políticas bem definidas, desenvolvido enquanto resposta a um intenso debate

sobre a inassimilabilidade dos japoneses que se iniciou na década de 1920 e fora

agravado no período da Segunda Guerra (Lesser, 2000). Os estudos de comunidade

sobre imigrantes no Brasil realizados no contexto da institucionalização das ciências

sociais em São Paulo, especialmente sobre os alemães e os japoneses, revelam

empreendimentos de autores como Donald Pierson, Emilio Willems, Herbert Baldus,

Egon Schaden e Hiroshi Saito em demonstrar que o relativo sucesso econômico desses

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

grupos fornecia subsídios para provar a sua condição de assimilação, algo desacreditado

por muitos grupos sociais (Taniguti; Jesus, 2012).

A cultura foi então um âmbito estratégico a ser analisado, pois ali seria possível

encontrar exemplos de construção de uma “etnicidade” para propósitos políticos e

econômicos, considerando-se os fatores que tornam a sua manipulação uma questão

decisória estratégica. O exemplo mais ilustrativo disto seria o cooperativismo agrícola

(Saito,1954;1955a;1955b;1955c;1955d;1964). Este tipo de inflexão considerava as

restrições históricas, culturais e sócio-estruturais enfrentadas pelo grupo e as formas

encontradas pelos imigrantes para contorná-las.

Tanto Saito quanto Cardoso em suas teses de doutorado conferiram importância

central aos fatores não-econômicos e institucionais especialmente a solidariedade

grupal entre os japoneses como centrais para a explicação de seu processo de

mobilidade social e dos modos de incorporação econômica, antecipando de alguma

forma o que Granovetter (1995) sugeriu décadas mais tarde, ao propor uma sociologia

econômica dos empreendimentos de imigrantes. No texto deste autor, um tanto

desconhecido pelos estudiosos dos estudos migratórios, um dentre os vários exemplos

históricos que ilustram a inserção econômica de imigrantes na sociedade de destino

através de um nicho de mercado é justamente o caso dos japoneses na Califórnia, que se

concentraram no setor agrícola principalmente no período entre as duas Guerras

Mundiais.

Na obra de Saito, mercado e cultura se relacionam intimamente, mas estes são

concebidos a partir de esferas distintas da vida social. Já Cardoso considera a cultura um

âmbito da vida social que se sobrepõe aos demais. Em comum às duas interpretações é a

idéia de que mecanismos não-mercantis possuem centralidade, especialmente no caso

do cooperativismo agrícola, uma forma coletiva de coordenação de atividades

econômicas formatadas fortemente por estruturas de relações em que normas,

obrigações, “crença na afinidade de origem”3 e solidariedade possuem importância

fundamental. Como sugere Granovetter, a possibilidade de obter lucro não é condição

3 Weber a define da seguinte forma: “A crença na afinidade de origem – seja esta objetivamente fundada

ou não – pode ter conseqüências importantes particularmente para a formação de comunidades políticas.

Como não se trata de clãs, chamaremos grupos “étnicos” aqueles grupos humanos que, em virtude de

semelhanças no habitus externo ou nos costumes, ou em ambos, ou em virtude de lembranças de

colonização e migração, nutrem uma crença subjetiva na procedência comum, de tal modo que esta se

torna importante para a propagação de relações comunitárias, sendo indiferente se existe ou não uma

comunidade de sangue efetiva” (Weber, 2009, p. 270).

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suficiente para explicar a emergência das firmas, sendo necessário compreender a

estrutura social em que indivíduos e grupos se organizam (op. cit, p.131).

As recentes contribuições da sociologia econômica se assemelham, assim, às

análises iniciadas por Saito e Cardoso na tentativa de compreender a inserção de

imigrantes japoneses, de forma que as análises fundamentadas somente na gerência

mercantil parecem ser insuficientes para explicar o funcionamento o seu funcionamento

e a prática das atividades econômicas, sendo necessário introduzir as diversas formas de

comportamento social para sustentar a articulação entre atores e mercado. Considerar

que a ação econômica é influenciada pelas relações pessoais (e assim como o contrário

também é válido), evita esta separação entre dois universos opostos e conflitantes

(mercado e sociedade) já que, neste sentido, a racionalidade econômica não é concebida

enquanto autônoma da vida social, algo que Weber denominou “condicionamento

recíproco” entre a economia e as estruturas sociais4. A análise de autores como

Granovetter se volta então para as relações sociais e sua importância na construção de

estratégias orientadas para a institucionalização das relações entre membros de um

determinado grupo.

O que sugiro, portanto, é revisitar a literatura dedicada ao estudo da mobilidade

de japoneses em São Paulo sugerindo novas contribuições a partir dos recentes debates

acerca da construção social dos mercados. A revisão da literatura também será

complementada por dados contidos no survey “The Japanese Immigrant in Brazil”

(1964; 1969). Apesar de possuir possíveis problemas de consistência, relacionados à sua

execução e apresentação dos dados, este pode ainda ser considerado a mais completa

fonte de dados sobre a população de imigrantes japoneses no Brasil até o ano de 1962,

quando foi realizada a última coleta de informações. Organizado por Teiiti Suzuki5, o

4 “A afirmação de que existe uma conexão “funcional” entre e a economia e as estruturas sociais

constitui também um preconceito muitas vezes carente de fundamentos históricos, se tomarmos essa

conexão como um condicionamento recíproco e unívoco. Pois as formas estruturais da ação de

comunidade, como veremos, repetidamente, têm sua “legalidade intrínseca” e, mesmo prescindindo-se

desse fato, em cada caso concreto podem estar co-determinadas, em sua formação, por outras causas

extra-econômicas. Em algum ponto, no entanto, a situação da economia costuma ter importância causal

e freqüentemente decisiva para a estrutura de todas as comunidades, pelo menos para as da

“culturalmente significativas”. Por outro lado, a economia costuma também ser influenciada, de algum

modo, pela estrutura, condicionada pela legalidade intrínseca da ação social dentro da qual se realiza.

Nada de importante há para se dizer, em geral, sobre quando e como isso ocorre. Mas pode-se

estabelecer regras gerais sobre o grau de afinidade eletiva de determinadas formas estruturais concretas

da ação social com formas concretas da economia, isto é, sobre a freqüência e intensidade com que estas

se favorecem reciprocamente ou, ao contrário, se inibem, ou se excluem, sendo “adequadas ou

“inadequadas” uma em relação à outra”. (Weber, 2009, p.231). 5 Teiiti Suzuki (1911-1996) nasceu em Nishinomiya, próximo a Kobe. Chegou pela primeira vez ao

Brasil em 1927, aos 16 anos. Filho de uma família de comerciantes, foi aluno da primeira turma do curso

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survey foi um empreendimento idealizado em virtude da comemoração do

cinquentenário da imigração japonesa no Brasil.

Com exceção de Cardoso e de outros poucos autores, são escassos os estudos

que fizeram uso destes dados. A revisão da literatura revela, portanto, que as

informações produzidas pelo survey foram pouco utilizadas por pesquisadores que se

dedicaram ao estudo da imigração japonesa, tanto no Brasil quanto fora dele, ou seja, a

sua repercussão no meio acadêmico foi restrita.

Também procurarei apresentar dados que reforçam o argumento da importância

do cooperativismo agrícola de japoneses para compreender a sua inserção no universo

mercantil, de forma que este grupo, durante um período considerável, se concentrou no

setor agrícola de forma representativa.

REVISITANDO A LITERATURA A PARTIR DE NOVOS DADOS

A revisão da literatura no tópico anterior buscou trazer pontos específicos para

discussão. Espera-se que os argumentos de Saito e de Cardoso, bem como algumas das

possíveis formas de complementá-los tenham sido demonstrados de forma sintética.

Como foi apontado, especialmente a carência de dados mais abrangentes é uma das

principais limitações da obra de Saito e, no caso de Cardoso, a ausência da variável

temporal e de dados relativos ao cooperativismo impedem explorar de forma mais

consistente experiências deste tipo no processo de inserção dos japoneses em atividades

de filosofia (1934) e também aluno da segunda turma do curso de Ciências Sociais e Políticas (1935) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Também se formou em Direito pela mesma universidade. No período de estudante universitário, Suzuki foi aluno dos professores Claude Lévi-Strauss, Pierre Monbeig, Affonso de Taunay e Paul Arbusse-Bastide, e colega de estudantes que mais tarde se tornaram intelectuais ilustres, como Caio Prado Jr, Mario Schenberg, João Cruz Costa, Egon Schaden, Gioconda Mussolini e Lucila Hermann. Suzuki foi um dos idealizadores e coordenador do survey “The japanese Immigrant in Brazil”, um dos fundadores do curso de língua e literatura japonesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e também da Casa de Cultura Japonesa da Universidade de São Paulo. Durante grande parte de sua vida trabalhou como advogado na Tozan, uma das primeiras empresas japonesas que iniciaram suas atividades no Brasil. Após o término da II Guerra, Suzuki adotara uma posição política assumidamente derrotista, ou seja, que aceitava a derrota japonesa no conflito. A exemplo disto, em 1947 ajudou a criar uma comissão para desbloquear os bens dos imigrantes, além de traduzir os acordos diplomáticos entre o embaixador japonês no Brasil e Getúlio Vargas. Também foi um dos fundadores do Doyokai, grupo formado em 1946 em São Paulo e dedicado à discussão de questões relacionadas aos imigrantes e à população nipo-brasileira no contexto do pós-guerra. Entre seus membros, podemos citar: Tomoo Handa, Zenpati Ando, Senichi Hachiya, Hiroshi Saito, Katsunori Wakisaka, Susumu Miyao, entre outros. Posteriormente, o Doyokai deu origem ao atual Centro de Estudos Nipo-Brasileiros. Fontes: Entrevista com Katsunori Wakisaka (dezembro de 2011), Anuário 1934-1935 FFCL/FFLCH

USP, 2009 [1937], pp. 337-345.

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econômicas. Vejamos quais as possíveis contribuições que podem ser feitas a partir da

utilização de novos dados.

Com relação à mobilidade geográfica dos japoneses no estado de São Paulo,

vimos que Saito a considera um dos principais fatores para explicação da mobilidade

social deste grupo. Segundo o autor, entre 1915 e 1930 no caso dos colonos, que

constituíram a maioria da corrente migratória até 1941, é possível observar a formação

de núcleos de pequenos proprietários rurais, especialmente nas cercanias da cidade de

São Paulo, nas zonas Sorocabana, Paulista, Araraquara e Noroeste. Aqui o autor

observa a mudança da condição de trabalhador assalariado (colono) para formadores,

sendo que a diversificação da produção passava a ocorrer, passando do café para arroz e

algodão. É também neste período também que são criadas as primeiras cooperativas

agrícolas de japoneses.

Inicialmente, vejamos dados que apresentam numericamente a entrada de

japoneses no Brasil e sua distribuição pelos principais estados onde esta população se

concentrou. Cabe ressaltar que no survey, diferente do censo do IBGE, a população

japonesa se refere a indivíduos de nacionalidade japonesa e seus descendentes. Com

relação à origem, entre os anos de 1908 e 1962, 10,2% eram da província Kumamoto,

8,5% de Fukuoka e 8,3% de Okinawa.

TABELA 1 – Imigrantes japoneses que entraram no Brasil, por período

N %

Total de imigrantes 234636 100

1908-1923 31414 13,4

1924-1941 157572 67,1

1952-1963 45650 19,5

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, v.2, 1969, p.16

TABELA 2 – Distribuição da população japonesa por estado

N %

Total 430135 100

São Paulo 325520 75,68

Paraná 78097 18,16

Mato Grosso 8886 2,06

Goiás 1793 0,42

Minas Gerais 2878 0,67

Rio de Janeiro - Guanabara 5803 1,35

Região Amazônica 5488 1,27

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Nordeste 202 0,05

Bahia e Espírito santo 308 0,07

Região Sul 994 0,23

Não relatado 166 0,04

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, v.2, 1969, p.33

A tabela 3 a seguir apresenta a distribuição regional da população japonesa

entre 1908 e 1932 nos estados de São Paulo e Paraná. A partir de 1913 na Zona velha do

café passa a ocorrer um processo de desconcentração irreversível e, em tendência

contrária, principalmente as zonas Noroeste e Sorocabana passam a concentrar números

cada vez maiores de japoneses. O mapa 1 ilustra esse movimento de deslocamento,

tendo como referência as famílias. A região Noroeste, correspondente aos municípios de

Bauru e Araçatuba, merece destaque no que diz respeito à concentração de imigrantes.

Ela concentrava em média 6,3% dos japoneses entre 1908 e 1912 e, em 1927, esse

número chegou a 29,1% do total.

TABELA 3 - Distribuição percentual da população por região e período, para imigrantes do pré-Guerra chefes de família, com 15 anos ou mais de idade no

momento de chegada – 1908 a 1932

1908-12 1913-17 1918-22 1923-27 1928-32

N* 125 1081 2599 4390 10396

São Paulo 82,6 89,6 87,3 89,5 91

Município de São Paulo 21,1 10,6 5,4 6,2 5,4

Periferia de São Paulo 3,4 1,3 2,3 3,5 2,8

Litoral 11,6 6 13,5 12,1 8,6

Vale do Paraíba - 0,2 0,3 0,4 0,3

Vale da Mantiqueira 0,5 1,1 0,2 0,3 0,2

Pirassunga - Piracicaba 1,4 2,5 1,8 0,5 0,3

Zona velha do café 34,5 50,9 28,9 20,2 16,1

Barretos 0,6 2,6 2 1,2 1,3

Araraquara 1 4,1 7,6 7 3,4

Noroeste 6,3 8,5 20,5 29,1 35,3

Alta Paulista 0,3 0,4 0,8 2 7,5

Sorocabana 1,3 1,3 2,9 6,9 7,6

Sudeste de São Paulo 0,6 0,1 0,1 0,2 0,2

Paraná 0,2 1,1 2,7 3,3 2,8

Norte velho do Paraná 0,2 1 2,4 2,9 2,4

Norte novo do Paraná - - 0 0 0

Sul do Paraná - 0,1 0,3 0,4 0,4

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.200, tabela 210 * Média da população total em cada período

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MAPA 1 – Principais rotas de migração inter-regional para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família, com 15 anos de idade ou mais no período de chegada – 1908 a 1927

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.208

No que diz respeito às mudanças na produção agrícola por tipo de produto, a

tabela 4 a seguir mostra que a cultura do algodão tem um aumento expressivo a partir de

1917, de forma que se iguala às mudanças para cultura do café entre 1922 e 1927. Em

termos regionais, a produção do algodão tem destaque em 1917 no Vale do Paraíba,

representando 25% do total das mudanças. Em 1922 a mudanças para este tipo de

cultura se destaca na região Sorocabana, representando 42,4% do total da região

(Suzuki, 1969, p.230). O mapa 2 apresenta os principais produtos cultivados por região,

bem como é possível visualizar a mudança.

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Tabela 4 – Mudanças de produto agrícola por períodos de 5 anos para imigrantes chefes de família – 1912 - 1932

1912-17 1917-22 1922-27 1927-32

N* 48 351 539 961

Mudança para

Café 4,2 12,3 32,1 20

Algodão 25 29,6 32,1 30,9

Arroz 31,2 25,4 6,5 10,1

Amendoim . . 0,2 0,3

Babana . 0,3 1,8 2,1

Policultura 10,4 9,7 3,7 5,9

Agricultura Suburbana 22,9 16,2 19 24,3

Policultura Mista . 1,1 1,1 1,7

Cultura poligonal . 0,3 0,4 1,6

Outros 6,3 5,1 3,1 3,1

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.228, tabela 237 * Apenas aqueles que mudaram a sua produção

MAPA 2 – Tendências regionais de mudança de produto agrícola para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família – 1912 a 1927

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.230

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Saito afirma que “foi no ano de 1919 que apareceram os primeiros casos de

contratistas (formadores de café). Essa forma de trabalho, como estágio intermediário

para passar de colono a proprietário, veio a completar, dentro da organização rural

paulista, o caminho da ascensão social dos imigrados” (Saito, 1961,p.135). A tabela 5 a

seguir, apesar de se referir a uma amostra relativamente pequena frente ao número de

recenseados, corrobora tal afirmação, de forma que o número de arrendatários e de

locatários cresce expressivamente a partir de 1917, e o número de colonos em 1922

reduz 37% em relação ao ano de 1912.

Tabela 5 – Ocupação agrícola para imigrantes pré-Guerra chefes de família desde a chegada, por período – 1912 a 1927

N Proprietários Locatários Arrendatários Colonos

1912 161 5,1 1,9 5,1 87,9

1917 1113 16,1 8,7 9,2 66

1922 2206 28,8 25,2 13,3 32,6

1927 4430 26,8 19,7 12,6 40,9

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.241, tabela 255

Essa mudança foi mais expressiva na região Noroeste. Segundo Saito, esta zona

foi a primeira na história da colonização paulista em que se processou em grande escala

o sistema de loteamento de terras. Além disso, a construção da ferrovia em 1906

facilitou a ida de imigrantes. A tabela 6 a seguir demonstra o status da ocupação

agrícola para os chefes de família na região Noroeste. Nela é possível observar que a

partir de 1917 o número de proprietários em relação ao total dá um salto da ordem de 7

vezes e o número de colonos reduz quase pela metade.

Tabela 6 – Ocupação agrícola em períodos de 5 anos para imigrantes do pré-Guerra chefes de família - região Noroeste – 1912-1927

N Proprietários Locatários Arrendatários Colonos

1912 14 7,1 - 7,1 85,8

1917 179 42,4 3,3 9,5 44,7

1922 544 45 5,5 18 31,4

1927 1527 35,4 4,8 18,1 41,6

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1964, v.1, p.716, tabulação própria

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É também no período entre 1917 e 1922 que podemos observar o crescimento de

outros tipos de cultivo entre a população japonesa, principalmente o algodão e o arroz,

de forma que isto acompanhou também mudanças de ocupação, de colono para

arrendatário de terras ou locatário, como mostra a tabela 7 a seguir.

Tabela 7 – Principais produtos por ocupação agrícola para imigrantes pré-Guerra chefes de família desde a chegada - 1912-1927

Café

Algodão

Arroz

Agricultura suburbana

N Proprietário Arrendatário Colono

Proprietário Locatário

Locatário

Proprietário Locatário Outros

1912 161 1,9 5 85,1

.

0,6

7,4

1917 1113 7,7 6,7 62,4

1,9 1,8

3,7

0,9 2,4 12,5

1922 2206 14,8 9,6 27,7

2,9 7,7

9,6

2,3 6 19,4

1927 4430 16,8 10,2 35,2

2,3 6,8

5,3

2,4 5,8 15,1

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1964, v.2, p.241, tabela 256

No ano de 1919 no Triângulo Mineiro, foi criada a primeira cooperativa agrícola

japonesa, embora ela teve existência efêmera (Saito, Idem, p.133). Ainda assim, outra

experiência de cooperativa surgiu em Cotia em 1927, a partir da organização de três

grupos de imigrantes japoneses que formaram então um núcleo de pequenas

propriedades de cultivo de produtos variados. A Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC),

como assim passou a ser denominada a partir de 1932, foi o maior e mais representativo

empreendimento deste tipo no Brasil. Para Seabra (1977) e Saito (1964), seu

crescimento só teria sido possível porque ela contava com uma estrutura organizacional

que garantia o controle sobre a produção e a própria reprodução dos trabalhadores.

Basicamente, a CAC contava com associações recreativas, escola primária, aquisição

coletiva de adubos, controle da entrada e saída de mão-de-obra, transporte, limitação

das épocas de plantio, associações de moços e pais de alunos. Este tipo de associação

foi objeto de estudo do mestrado de Ruth Cardoso no ano de 1959.

Entre 1930 e 1941 cerca de cem mil japoneses chegaram ao Brasil, mesmo que a

partir de 1938 a entrada de imigrantes desta origem tenha sido restringida por Decretos-

lei durante os primeiros anos do Estado Novo de Getúlio Vargas. Segundo Saito, a

diferença desta corrente migratória é que os imigrantes recém-chegados tiveram

destinos bastante diferentes dos períodos anteriores, por razões de restrição do plantio

de café. Devido a isso, muitos passaram a se deslocar para o Norte do Paraná, para a

Alta Paulista, Sorocabana e cercanias da cidade de São Paulo, como demonstra a tabela

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8 a seguir. Segundo dados do survey, entre 1928 e 1932, a maioria dos imigrantes que

realizaram migração inter-regional saiu da Zona Noroeste (40,1%) e a zona que recebeu

mais imigrantes vindos de outras áreas foi a Alta Paulista (23,2%). Já entre 1933 e 1937

a zona que mais emigrou japoneses regionalmente foi a Noroeste (31,3%), e a que mais

recebeu esse grupo foi a Alta Paulista (29,5%). Esta tendência se repete no cinco anos

seguintes, entre 1938 a 1942, respectivamente com 26,9% e 20%. O mapa 3 a seguir

ilustra esse movimento de deslocamento, tendo como referência as famílias.

Tabela 8 - Distribuição percentual da população por região e período, para imigrantes do pré-Guerra chefes de família, com 15 anos ou mais de idade no

momento de chegada – 1928-1942

1928-32 1933-37 1938-42

N* 10396 19899 24662

São Paulo

91 91,1 89,3

Município de São Paulo

5,4 5,7 7,7

Periferia de São Paulo

2,8 5,3 6,3

Litoral

8,6 6,3 5,1

Vale do Paraíba

0,3 0,6 0,8

Vale da Mantiqueira

0,2 0,1 0,2

Pirassunga - Piracicaba

0,3 0,3 0,4

Zona velha do café

16,1 13,1 8,2

Barretos

1,3 2,2 2,6

Araraquara

3,4 2,3 2,2

Noroeste

35,3 30,3 24,7

Alta Paulista

7,5 15,2 19

Sorocabana

7,6 9,2 11,1

Sudeste de São Paulo

0,2 0,5 1

Paraná

2,8 4,1 6,3

Norte velho do Paraná

2,4 3,6 5,4

Norte novo do Paraná

0 0,1 0,6

Sul do Paraná

0,4 0,4 0,3

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, p.200, tabela 210 * Média da população total em cada período

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MAPA 3 – Principais rotas de migração inter-regional para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família, com 15 anos de idade ou mais no período de chegada –

1928 a 1942

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.230

As mudanças na produção agrícola por tipo de produto demonstram que o

algodão passou a ser o principal produto cultivado pelos japoneses, seguido da

agricultura suburbana. Se os imigrantes chegavam em grande número ao estado de São

Paulo neste período, as suas atividades econômicas não eram mais aquelas realizadas

pela corrente migratória anterior, pois o que se observa é uma mudança na concentração

dos imigrantes e a diversificação da produção. Neste período a produção do algodão

ganha destaque, ultrapassando a do café, como demonstra a tabela 9 abaixo. Segundo

Seabra, entre 1932 e 1933 os japoneses eram responsáveis por 46,4% da produção de

algodão e por 14% da produção de batatas em relação ao total do estado de São Paulo

(Seabra, 1977, p.54). O mapa 4 permite visualizar esta nova configuração da ocupação

de terras e a produção dos japoneses.

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Tabela 9 – Mudanças de produto agrícola por períodos de 5 anos para imigrantes chefes de família – 1927-1942

1927-32 1932-37 1937-42

N* 961 3282 3360

Mudança para

Café 20 3,7 11,9

Algodão 30,9 58,4 32,5

Arroz 10,1 5,8 4,3

Amendoim 0,3 0,2 0,6

Babana 2,1 2 1,9

Policultura 5,9 9,1 9,4

Agricultura Suburbana 24,3 15,2 28,8

Policultura variada 1,7 1,8 2,5

Cultura poligonal 1,6 0,5 1

Outros 3,1 3,3 7,1

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.228, tabela 237 * Apenas aqueles que mudaram a sua produção

MAPA 4 – Tendências regionais de mudança de produto agrícola para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família – 1932 a 1942

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.230

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No período em questão houve a mudança definitiva da ocupação agrícola de

colono principalmente para proprietário de terras e locatários. Se em 1932 os japoneses

chefes de família em sua maioria eram colonos (37,1%), em 1942 esses eram apenas

9,7%, sendo que os proprietários de terras eram praticamente 45% do total, conforme

mostra a tabela 10 a seguir.

Tabela 10 – Ocupação agrícola para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família desde a chegada, por período – 1932-1942

N Proprietários Locatários Arrendatários Colonos

1932 9574 27,7 19,9 15,3 37,1

1937 14929 35,5 33,1 11,9 19,5

1942 14943 44,9 35,8 9,6 9,7

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.241, tabela 255

Entre 1932 e 1942 a zona Noroeste ainda concentrou a maior parte dos

japoneses, sendo que, proporcionalmente, a média da concentração na zona da Alta

Paulista dobrou entre 1928 e 1937. O norte do Paraná também recebeu um contingente

considerável, mas em números inferiores às das zonas Sorocabana, município e periferia

de São Paulo. Desta forma, estes dados divergem da afirmação de Saito, que assim

escreveu: “do período de 1930 até a II Guerra Mundial, a lavoura cafeeira do Norte do

Paraná absorveu importantes parcelas de imigrados japonêses que foram

encaminhados para a zona velha do Estado de São Paulo” (Saito, 1961, p. 139). O

cultivo do algodão, como já foi dito, foi a principal atividade no processo de mudança

da ocupação agrícola observada no período, e a agricultura suburbana, voltada para o

cultivo de produtos variados em pequenas propriedades, também cresceu

consideravelmente, como é possível observar na tabela 11 abaixo.

Tabela 11 – Principais produtos por ocupação agrícola para imigrantes pré-Guerra chefes de família desde a chegada - 1932-1942

Café

Algodão

Arroz

Agricultura suburbana

N Proprietário Arrendatário Colono

Proprietário Locatário

Locatário

Proprietário Locatário Outros

1932 9574 14,4 12,6 35,2

4,5 7,4

3,8

3,4 6,5 15,2

1937 14929 12,5 4,6 14,8

11,4 20,3

2,8

4,2 6,9 22,5

1942 14943 14,6 3,2 6,5

14,1 20

2,3

7 9,1 23,2

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1964, v.2, p.241, tabela 256

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A década de 1930 é um momento importante para analisar a mudança de

ocupação dos japoneses. Especialmente aqueles que haviam chegado no período

anterior puderam adquirir, depois de alguns anos trabalhando como colonos, pequenas

propriedades e se dedicar a outros tipos de produtos. Argumento que o cooperativismo

agrícola teve aqui um papel decisivo no sentido de coordenar a produção e canalizá-la

para mercados das grandes cidades, como o município São Paulo. Esta forma de

organização coletiva apresenta algumas características importantes para discussão sobre

a relação entre imigrantes e o mercado: ela representa a principal estratégia

desenvolvida pelos japoneses para possibilitar a sua inserção em posições melhores

dentro da estrutura ocupacional, de forma que somente através do cooperativismo foi

possível construir um tipo de integração vertical de hierarquias e conexões interlocais

entre grupos de japoneses desde a produção à comercialização.

Isto não teria sido possível, evidentemente, sem uma regulação governamental

que permitisse o loteamento de terras em pequenas propriedades. Vimos que por meio

do Decreto nº 22.121 de 22 de novembro de 1932 o Governo Provisório procurou

restringir a aquisição de novas terras dedicadas ao plantio do café. A alternativa

encontrada por muitos dos japoneses que desejavam adquirir terras era então se dedicar

a outras culturas. Portanto, a possibilidade de aquisição de pequenas propriedades

contribuiu para a mudança de ocupação dos japoneses. Outro fator importante para a

disseminação da prática cooperativista foi a sua regulamentação legal, que entrou em

vigor a partir de 1932 no Brasil, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas. Mas,

por mais que a “cultura associativa étnica” fosse um dos fatores de grande relevância

para a criação das cooperativas como enfatiza Cardoso (1972), a sua expansão na

década de 1930 não se sustentava somente nisto. É necessário destacar a sua atuação

voltada para o mercado, a exemplo do desenvolvimento técnico e logístico. No caso da

CAC, o fomento agropecuário passou a ser desenvolvido na seção de Orientação e

Controle, que segundo Seabra:

além de divulgar o cooperativismo e os serviços da cooperativa, de estudar a distribuição de tendências e estado da produção; o desenvolvimento do consumo; a capacidade econômica de trabalho dos cooperados, servindo pois, como órgão de assessoria da Direção, procurava “nortear” a administração da lavoura dos associados, racionalizando-a ou prestando-lhe assistência técnica. Um resumo de suas atividades durante a década de 40 serve para esclarecer os setores em que operava então o fomento: 1) Estudos dos processos de melhoria, renovação e preparação do solo;

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2) estudos sobre a agricultura peculiar a cada zona, com a condução dos lavradores à especializações;

3) prática e experimentação de culturas e exame de novos tipos de lavoura; 4) divulgação de conhecimentos sobre a utilização de adubos em geral,

particularmente dos produtos químicos destinados à lavoura; 5) obtenção de semesntes selecionadas em campos experimentais, mantidos

pela sociedade ou pelos próprios associado (Seabra, op cit., p. 159).

A tabela 12 mostra as cooperativas criadas por imigrantes japoneses no final da

década de 1930. Na grande maioria delas, os associados são japoneses ou descendentes.

É possível observar que já naquele período este tipo de atividade econômica passou a se

difundir e a Cooperativa Agrícola de Cotia era a maior delas, com 1.360 associados,

cerca de dez vezes mais o número de associados da segunda maior cooperativa, a Sul-

Brasil. A CAC também era a que possuía o maior número de brasileiros em seu quadro

associativo.

Tabela 12 – Cooperativas ligadas à coletividade de origem japonesa – associados

segundo origem – final da década de 1930

Cooperativas Associados Japoneses e desc. (%) Brasileiros (%) Outros

CAC 1360 90,3 7,7 2

CCA Sul-Brasil 125 99,2 0,8 -

CA Bandeirante 47 100 - -

CAM de Mogi das Cruzes 418 95,5 1,4 3,1

SCA de Bastos 700 100 - -

CA de Fda Tietê 567 100 - -

CP de Banana de Juquiá 279 100 - -

CAM de Cafelândia 269 94,8 4,1 1,1

SC do 2º Núcleo colonial de Utsuka 161 100 - -

CA Garça-Vera Cruz 157 100 - -

CAM de Pompéia 117 100 - -

SCA dos Agricultores de Registo 85 100 - -

CA de Getulina 83 98,8 1,2 -

CA de Marília 78 100 - -

CA de Monte Alto 71 100

CAM de Taquaritinga 71 100 - -

CA da Fazenda Aliança 70 100 - -

CA de Avaré 69 100 - -

CA de Paraguaçu 63 100 - -

CA da Araçatuba 57 100 - -

SCA Suburbana da Capital 45 100 - -

CA de Ourinhos 36 100 - -

CAM de Suzano 10 100 - -

Fonte: Seabra, 1977, p. 33

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Entre 1943 e 1958 a concentração de japoneses nas principais zonas agrícolas do

estado de São Paulo (a Noroeste, a Alta Paulista, a Sorocabana e a Zona velha do café)

passou a diminuir, sendo ao mesmo tempo visível o crescimento da concentração no

município de São Paulo e nos seus arredores, conforme demonstra a tabela 13 abaixo.

Segundo dados do survey, a zona que sofreu maior desconcentração em relação ao total

entre 1943 e 1947 foi a Noroeste (23,6%), e o local que mais recebeu imigrantes foi o

município de São Paulo. Esta tendência se mantém constante para o período entre 1948

e 1952, sendo que 24,9% deixaram a zona Noroeste e 26,5% se direcionaram à capital.

Entre 1953 e 1958 os números foram 21,5% e 38,6%, respectivamente. O mapa 5

permite visualizar o deslocamento das famílias de japoneses entre as regiões.

Tabela 13 - Distribuição percentual da população por região e período, para imigrantes do pré-Guerra chefes de família, com 15 anos ou mais de idade no

momento de chegada – 1943-1958

1943-47 1948-52 1953-58

N* 26578 27892 28833

São Paulo 87,6 83 78,8

Município de São Paulo 9,9 13,4 17,1

Periferia de São Paulo 7,8 9,9 11,9

Litoral 3,8 3,8 3,5

Vale do Paraíba 1,2 1,5 1,7

Vale da Mantiqueira 0,3 0,3 0,7

Pirassunga - Piracicaba 0,4 0,4 0,5

Zona velha do café 6,2 4,3 3,4

Barretos 2,4 2,4 2,2

Araraquara 1,9 1,7 1,9

Noroeste 21,5 16,5 12,2

Alta Paulista 19,3 17,3 14,2

Sorocabana 11,4 9,4 7,4

Sudeste de São Paulo 1,5 2,1 2,1

Paraná 8,2 12,4 16

Norte velho do Paraná 6,8 9,3 9,7

Norte novo do Paraná 1,1 2,7 5,4

Sul do Paraná 0,3 0,4 0,9

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969,v.2, p.200, tabela 210 * Média da população total em cada período

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MAPA 5 – Principais rotas de migração inter-regional para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família, com 15 anos de idade ou mais no período de chegada –

1943-1958

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.230

As mudanças na produção agrícola por tipo de produto confirmam os argumentos de

Saito, pois os dados do survey demonstram que a grande maioria dos japoneses mudou a sua

produção para a agricultura suburbana, seguida do café. Entre 1943 e 1947, 23,8% mudaram a

produção do algodão para a agricultura suburbana, entre 1947 e 1952 20,3% mudaram a

produção do algodão para o café e entre 1952 e 1958 17,4% mudaram a produção do algodão

para a agricultura suburbana. Cabe ressaltar que para o período de 1953 a 1958 praticamente

metade dos que mudaram de produto passaram à agricultura suburbana. Outro aspecto que

chama a atenção é a ocupação em praticamente todas as regiões agrícolas.

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Tabela 14 – Mudanças de produto agrícola por períodos de 5 anos para imigrantes chefes de família

1942-47 1948-52 1953-58

N* 2730 2832 3082

Mudança para

Café 15,9 28,1 14,9

Algodão 13,6 9,6 3,5

Arroz 4,3 3,7 5,5

Amendoim 1,6 1,7 3,6

Babana 1,8 1,2 0,7

Policultura 6,1 6,2 4,9

Agricultura Suburbana 44,9 39,5 49,5

Policultura variada 2,6 2,9 1,6

Cultura poligonal 1,6 1,9 9,9

Outros 7,6 5,2 5,9

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, p.228, v.2, tabela 237

* Apenas aqueles que mudaram a sua produção

MAPA 6 – Tendências regionais de mudança de produto agrícola para imigrantes do pré-Guerra, chefes de família – 1947 a 1952

Fonte: Elaboração a partir de The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.230

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

A tendência à mudança de ocupação agrícola se acentuou ainda mais no período

considerado, a porcentagem de empregados autônomos entre os chefes de família

recenseados esteve acima dos 80% (tabela 15), sendo que os proprietários de terras

foram mais do que a metade do total. Os colonos, trabalhadores contratados

principalmente nas fazendas de café, representavam somente 3% no ano de 1958 (tabela

16).

Tabela 15 – Empregados autônomos e empregados para os imigrantes chefes de família desde a chegada, por período

N Empregado autônomo Empregado

1912 239 13,8 86,2

1917 1278 26,1 73,9

1922 2493 52,9 47,1

1927 5043 47,2 52,8

1932 10947 48,4 51,6

1937 17522 66,7 33,3

1942 18290 78 22

1947 18225 82,6 17,4

1952 18115 85,3 14,7

1958 18006 86,4 13,6

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, p.240, v.2, tabela 254

Tabela 16 – Ocupação agrícola para imigrantes pré-Guerra chefes de família desde a chegada, por período – 1947-1958

N Proprietários Locatários Arrendatários Colonos

1947 13878 51,2 33,9 8,4 6,6

1952 12377 58 29,6 8,3 4,1

1958 11186 64 24,8 8,3 2,9

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1969, v.2, p.241, tabela 255

Entre 1947 e 1958 as propriedades dedicadas à agricultura suburbana

praticamente dobram e as propriedades alugadas para esta finalidade também

acompanham tal crescimento, porém num ritmo menor. A concentração de japoneses

dedicados ao cultivo de algodão diminui consideravelmente no período, seja para

proprietários e locatários, e os proprietários de café aumentam, representando quase um

quarto em relação ao total desta categoria.

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Tabela 17 – Principais produtos por ocupação agrícola para imigrantes pré-Guerra chefes de família desde a chegada - 1947-1952

Café

Algodão

Arroz

Agricultura suburbana

N Proprietário Arrendatário Colono

Proprietário Locatário

Locatário

Proprietário Locatário Outros

1947 13878 16,5 3,2 3,9

12,6 15,4

2

11 12 23,3

1952 12377 21,3 4 2,2

9 9,9

1,6

15,3 13,8 22,9

1958 11186 23,6 3,8 1

4,6 3,4

1,4

20,5 16 25,7

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1964, v.2, p.241, tabela 256

Segundo Seabra (op cit.), no início da década de 1950 a participação das

cooperativas agrícolas na distribuição de produtos alimentícios no município de São

Paulo era alta, a exemplo do tomate (80%), alface (79%), cenoura (82%), batata (60%),

ovos (65%). Trata-se de um período de expansão das atividades cooperativistas e de sua

estrutura, o que acompanhou o próprio crescimento econômico do estado e da capital.

Tabela 18 – Pessoas empregadas com 10 anos de idade ou mais por grupo ocupacional e porcentagem de mulheres

N Empregados % de mulheres

Total 150271 100

Agricultores 84408 56,2 22,1

Profissionais e técnicos 5328 3,5 34,3

Administradores 1262 0,8 1,2

Auxiliares de escritório 5088 3,4 28,8

Comércio 23881 15,9 15,9

Pescadores 129 0,1 2,3

Mineiros 4 0 0

Transportadores 3272 2,2 0,2

Artesãos 18451 12,3 22

Manuais sem qualificação 464 0,3 12,7

Serviços 7984 5,3 34,4

Fonte: The Japanese Immigrant in Brazil, 1964, v.2, p.55, tabela 25

No ano de 1958 os japoneses e descendentes já se distribuíam em um número

variado de ocupações (ver tabela 18 acima), sendo que dos 150.271 entrevistados pelo

survey, 84.408 ou cerca de 56% eram trabalhadores agrícolas e 65.863 ou 44% estavam

distribuídos em ocupações não-agrícolas. As mulheres tiveram participação

considerável nas ocupações relacionadas a serviços (34,4%) e ocupações profissionais e

técnicas (34,3%).

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Sobre o desenvolvimento do cooperativismo agrícola, em 1957 a CAC já

possuía uma grande estrutura de funcionamento, com 5.503 associados, sendo 66,9%

deles japoneses e 30,1% brasileiros, 1.654 funcionários, 85 depósitos distribuídos nos

estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Os postos

de vendas na capital eram 18 e a média de sua participação no mercado de produtos

agrícolas no município de São Paulo em relação às vendas foi de 55,5% no período

entre 1946 a 1956. Em 4 de abril de no bairro do Jaguaré foi criado pelo governo do

estado o Centro Estadual de Abastecimento S.A. (CEASA) no bairro do Jaguaré, sob

administração da Secretaria de Agricultura. Compondo o Conselho Consultivo do

CEASA estava o diretor superintendente da CAC, Fábio Yasuda (Idem; CAC, 1988).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência da imigração japonesa no estado de São Paulo entre 1908 e 1958

se realizou em grande parte no setor agrícola. Acompanhando o crescente

desenvolvimento econômico do estado, os japoneses buscaram formas de inclusão em

melhores posições na estrutura ocupacional ao criar estratégias singulares voltadas para

a atividade econômica, e o grande fluxo de deslocamentos regionais desta população

demonstra a busca constante por alternativas diferenciadas e lucrativas de produção

agrícola. O desenvolvimento de tipos específicos de agricultura, bem como a

domesticação de segmentos do mercado de consumo agrícola não podem ser

compreendidos sem que se considere o contexto de expansão da economia paulista, a

regulação do setor agrícola e, sobretudo, as especificidades dos imigrantes que se

dedicaram à produção e à comercialização.

O caso dos japoneses em São Paulo possui particularidades que devem ser

trazidas à discussão quando o objetivo é contribuir para a realização de pesquisas

sociológicas sobre o tema, e o cooperativismo agrícola pode ser considerado o exemplo

mais ilustrativo da singular trajetória deste grupo. A expansão do número de

cooperativas e dos imigrantes a elas associados a partir da década de 1930 nos fornece

pistas para compreender a construção de estruturas de relações e instituições sociais

que, por sua vez, representaram instrumentos mais flexíveis e inclusivos voltados para o

mercado. Aqui, os objetivos econômicos convergem com fatores extra-econômicos,

mobilizados para permitir novas formas de atuação no universo mercantil, a exemplo da

cultura associativa, da existência de obrigações, sanções, solidariedade e afinidades por

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local de origem. Por um lado, isto revela a contribuição e a atualidade da literatura

produzida nas décadas de 1960 e 1970, especialmente das obras de Hiroshi Saito e Ruth

Cardoso e, por outro, permite compreender que as ações econômicas podem ser

analisadas enquanto imersas em estruturas de relações sociais.

A mobilidade social dos japoneses no estado de São Paulo nos primeiros

cinquenta anos desta imigração contribuiu também para desconstruir a intolerância que

afirmava a impossibilidade de convivência social deste grupo na sociedade brasileira.

Comparados a elementos não-humanos e “insolúvel” como o enxofre, como assim

acreditava Oliveira Vianna em Raça e Assimilação (1959 [1932]), os japoneses

buscaram no isolamento resultante da discriminação e repressão pública, especialmente

no contexto da II Guerra Mundial, as suas formas de inclusão, manifestadas em várias

instâncias da vida social, como o mercado. O reconhecimento advindo da sua

participação nas atividades econômicas a partir da década de 1930 indica também que

as idéias possuem lugar, elas estão enraizadas em conjunturas e assim revelam o seu

potencial de formatar visões de mundo a respeito dos fenômenos sociais e de serem

formatadas e, por isso, são dinâmicas. Desta forma, a “negociação da identidade

nacional” e o preconceito contra japoneses revelam o aspecto cultural da imigração em

sua relação com a economia. O tema vem recentemente ganhando contribuições

(Lesser, 2000; 2008; Hatanaka, 2002; Takeuchi, 2002) retomando os projetos pioneiros

de pesquisa iniciados por Emilio Willems, Herbert Baldus e Hiroshi Saito. Entretanto,

ainda são poucos os estudos dedicados à análise da trajetória sócio-econômica desses

imigrantes.

Em suma, este texto apresentou as interpretações dos principais estudiosos das

ciências sociais brasileira que se dedicaram ao tema da mobilidade social e inclusão dos

japoneses no universo mercantil. Procurei ressaltar nas obras de Hiroshi Saito e Ruth

Cardoso os argumentos que explicariam essa mobilidade e como é possível contribuir

para o seu desenvolvimento através da utilização de novos dados. Enfatizei a

experiência cooperativista agrícola, argumentando que esta possui centralidade nas

atividades econômicas do imigrantes.

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