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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Ciências do Envelhecimento Daniela Nazaré Cotrim Chena Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo transteórico no envelhecimento São Paulo 2015

Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo ... · Aos amigos mais que especiais: Ana Paula da Silva Santos, Fernanda Magalhães, Fátima Ortolani, Amanda Nascimento, Marcela

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Daniela Nazaré Cotrim Chena

Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo

transteórico no envelhecimento

São Paulo

2015

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Daniela Nazaré Cotrim Chena

Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo

transteórico no envelhecimento

Dissertação apresentada à pós-graduação Stricto

Sensu em Ciências do Envelhecimento da

Universidade São Judas Tadeu (USJT), como parte

dos requisitos para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Profª Drª Graciele Massoli Rodrigues

São Paulo

2015

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464

Chena, Daniela Nazaré Cotrim C518i Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo transteórico no

envelhecimento / Daniela Nazare Cotrim Chena. - São Paulo, 2015.

90 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Graciele Massoli Rodrigues.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu,

São Paulo, 2015.

1. Consumo de alimentos. 2. Envelhecimento. 3. Nutrição. I. Rodrigues,

Graciele Massoli. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Ciência do Envelhecimento. III. Título

CDD 22 – 613.0438

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Daniela Nazaré Cotrim Chena

Impacto de intervenções nutricionais a luz do modelo transteórico no envelhecimento

Banca Examinadora: _______________________________ Profª Dra. Graciele Massoli Rodrigues (USJT) _______________________________ Profª Dra. Rita Maria Monteiro Goulart (USJT) _______________________________ Profª Dra. Rosana Farah Toimil (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Aprovada em ____ de março de 2015.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais Delfico Cotrim e Marisa Carolina Munerato

Cotrim, ao meu marido, Cesar Chena, às minhas irmãs Diana e Dayse e à

minha estrelinha guia, Beatriz.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, sobre todas as coisas por ter me concedido trilhar o caminho

percorrido até aqui.

À TODOS meus familiares, mas um agradecimento especial aos meus

pais que me deram todos os tipos de suporte possíveis ao longo de minha vida.

Obrigada por existirem e nunca me deixarem desanimar!

À minha Orientadora Profa. Graciele Massoli Rodrigues que com sua

imensa capacidade de doação, sensibilidade, compromisso e conhecimento me

apoiou em todos os momentos, principalmente durante as crises, quando

parecia não haver outra saída que não a desistência. Muito obrigada pela

parceria e dedicação, pois sem os seus conselhos amigos, não teria sido

possível chegar até aqui.

Aos amigos mais que especiais: Ana Paula da Silva Santos, Fernanda

Magalhães, Fátima Ortolani, Amanda Nascimento, Marcela Previato, Patrícia

Tavares, Daniela Rodrigues, Regina Fiedler e Livia Monteiro. Sei que nossa

amizade será eterna, muito obrigada à vocês. Espelho-me muito nas

características de cada uma... obrigada pelas conversas, conselhos e amizade.

Obrigada por compartilharem comigo os momentos de seriedade e os

momentos mais descontraídos (Porto Alegre nunca mais será a mesma!!!), que

com toda certeza ficarão para sempre na minha memória.

Aos Amigos e Profissionais do Ambulatório e Serviço de Alimentação.

Vamos ver se não me esqueço de ninguém... Elias Lourenço dos Santos, meu

compreensivo e disponível gerente, pelo incentivo, tolerância com meus

atrasos e apoio à pesquisa; Luiz Fernando Nacif e Carlos Augusto da Silva,

pela permissão e acesso aos pacientes inscritos no programa em atendimento

no ambulatório; Eliana, sempre empenhada na reserva dos consultórios;

Renata e Edmilson, muito prestativos na recepção e encaminhamento dos

agendamentos; Dr. José Eduardo pela autorização no acompanhamento do

grupo de gerenciamento médico de saúde Scania.

Aos queridos professores do Mestrado: Marcelo de Almeida Buriti, Rita

Goulart, Rita de Cássia Aquino, Ana Martha Limongelli e Ana Lúcia Gatti.

Obrigada pelo incentivo e ensinamentos.

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À todos os colaboradores da empresa que se prontificaram a participar

do estudo, pois sem eles não teria sido possível realizar a pesquisa. Meu muito

obrigada!

À Sabrina Caldas pelas colaborações iniciais no estudo. Ao estatístico,

Prof. Leandro Campi Prearo que contribuiu muito com seus conhecimentos

para a obtenção dos resultados. Obrigada!

Agradeço às doutoras Rita Maria Monteiro Goulart e Rosana Farah

Simony por terem aceitado participar da minha banca de mestrado e por todas

as sugestões e críticas, que aperfeiçoaram meu trabalho.

Espero que eu tenha lembrado todos. Enfim, muito, muito obrigada a

todos vocês que direta ou indiretamente possibilitaram a concretização de um

sonho.

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“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o

defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.

(Clarice Lispector)

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RESUMO

O envelhecimento é sinalizado por diversas modificações, entre elas as

relativas ao comportamento e ao consumo alimentar. Entretanto, promover a

motivação dos indivíduos para atingir a mudança no comportamento, ainda

representa um grande desafio para a saúde pública. Esse estudo buscou

avaliar o impacto de intervenções nutricionais na evolução dos estágios de

comportamento alimentar de um grupo de metalúrgicos em processo de

envelhecimento. A pesquisa foi realizada durante seis meses, com 26

metalúrgicos do gênero masculino, idades entre 40 e 69 anos, atendidos no

ambulatório de uma montadora de veículos em São Bernardo do Campo/SP.

As intervenções nutricionais foram desenvolvidas e ajustadas de acordo com

as características de cada estágio de comportamento identificadas e aplicadas

durante seis encontros programados por meio de estratégias representadas

pelo uso de slides, receituários, folders e vídeos. Para a coleta de dados sócio

demográficos aplicou-se uma anamnese. A avaliação do consumo foi realizada

pelo Questionário de Frequência Alimentar. Foram aferidas as medidas

antropométricas como peso e estatura para cálculo do IMC e classificação do

estado nutricional. A avaliação dos estágios de motivação foi feita por meio do

questionário URICA. Para análise estatística foram utilizados os testes de

Shapiro-Wilks, Wilcoxon e Exato de Fischer. Os resultados apontaram que a

comparação das variáveis antes e após as intervenções, notou-se a redução

do IMC para os indivíduos adultos classificados com sobrepeso ou obesidade

passando para a condição eutrófica. Observou-se adequação do consumo dos

grupos alimentares, exceto para verduras, legumes e frutas. Foi possível

constatar a movimentação positiva dos participantes nos estágios de motivação

entre todas as consultas, exceto para os encontros 5 e 6. A estratégia de

intervenção considerada mais efetiva foi a apresentada por meio de slides com

abordagem de conteúdo específico sobre doenças crônicas e nutrição. Pode-se

concluir que as intervenções nutricionais impactaram favoravelmente em

relação ao estado nutricional, consumo alimentar e evolução dos estágios

motivacionais propostos pelo modelo transteórico.

Palavras-Chave: Intervenção, Consumo Alimentar, Modelo Transteórico,

Envelhecimento.

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ABSTRACT

Aging is signaled by several modifications, including those relating to behavior

and food consumption. However, promoting the motivation of individuals to

achieve a change in behavior still represents a major challenge to public

health. This study sought to evaluate the nutritional interventions’ impact on the

evolution stages of eating behavior of a group of metallurgical workers in aging

process. The study was conducted during 6 months, with 26 metallurgical male,

aged between 40 and 69 years old at the clinic of a truck maker in São

Bernardo do Campo / SP. The nutritional interventions were developed and

adjusted according to the characteristics of each identified behavior stage and

applied during the six scheduled meetings through strategies represented by

the use of slides, recipes, brochures and videos. To collect social demographic

data an anamnesis was applied. The evaluation of consumption was performed

by FFQ (Food Frequency Questionnaire). Anthropometric measures, such as

weight and height, were measured to calculate BMI and classification of

nutritional status. The assessment of motivation stages was made by the

URICA questionnaire. For statistical analysis was used the Shapiro-Wilks test,

Wilcoxon and Fisher’s Exact. The results showed that the comparison of the

variables before and after the interventions, noted the reduction of BMI for

adults classified as overweight or obese passing to eutrophic condition. There

was adequate consumption of food groups, except for vegetables, greens and

fruits. It was found the positive movement of participants in the stages of

motivation among all queries except for the meetings 5 and 6.The intervention

strategy considered more effective was by means of slides with content

approach specific about chronic disease and nutrition. The results indicated that

nutritional interventions impacted favorably regarding to nutritional status, food

consumption and evaluation of motivational stages proposed by the

transtheoretical model.

Keywords: Intervention, Food Consumption, Transtheoretical Model, Aging.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Estágios de Mudança de Comportamento. .................................... 25

Quadro 2- Classificação do estado nutricional de adultos, segundo o IMC. .... 37

Quadro 3- Classificação do estado nutricional de idosos, segundo o IMC. ..... 38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Modelo em Espiral dos Estágios de Mudança do Comportamento.

300

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição de indivíduos, segundo características sócio

demográficas e estilo de vida tabagista. São Bernardo, São Paulo, 2014. ...... 43

Tabela 2- Distribuição dos indivíduos, gênero masculino, segundo o estado

nutricional antes e após o estudo. São Bernardo, São Paulo, 2013. ............... 45

Tabela 3- Avaliação da adequação do habito alimentar, segundo a analise do

consumo de porções dos grupos de alimentos recomendados pela Pirâmide

Alimentar. São Bernardo, São Paulo, 2014. ..................................................... 46

Tabela 4- Movimentação nos estágios de motivação durante as consultas. São

Bernardo, São Paulo, 2014. ............................................................................. 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CNS Conselho Nacional de Pesquisa

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DCNT Doença Crônica Não Transmissível

GAC Grupo Pesquisa Avaliação Consumo Alimentar

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

IMC Índice de Massa Corporal

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan Americana de Saúde

QFA Questionário de Frequência Alimentar

EAN Educação Alimentar e Nutricional

SABE Saúde, Bem Estar e Envelhecimento

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

TCLE

GMSS

URICA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Gerenciamento Médico de Saúde Scania

University of Rhode Island Change Assessment

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 15

1- INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 17

1.1- Envelhecimento Populacional e DCNT ............................................................... 17

1.2- Comportamento Alimentar .................................................................................. 19

1.3- Modelo transteórico ............................................................................................. 23

2- JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 31

3- OBJETIVOS .............................................................................................................. 32

3.1- Objetivo Geral ..................................................................................................... 32

3.2- Objetivos Específicos .......................................................................................... 32

4- MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 33

4.1- População de estudo ............................................................................................ 33

4.1.1- Critérios de Inclusão ..................................................................................... 34

4.1.2- Critérios de Exclusão .................................................................................... 34

4.2- Material ................................................................................................................ 34

4.3- Procedimentos ..................................................................................................... 34

4.3.1- Procedimentos da Intervenção ...................................................................... 39

4.4- Análise Estatística ............................................................................................... 42

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 43

6- CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 58

APÊNDICES . ....................................................................................................................

ANEXOS . ..........................................................................................................................

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APRESENTAÇÃO

O Brasil enfrenta atualmente o grande desafio de cuidar de uma

população de mais de 21,7 milhões de idosos (IBGE, 2010), a maioria com

nível socioeconômico educacional baixos e uma alta prevalência de Doenças

Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e incapacitantes. Frente a esta realidade,

aliada à constatação da dificuldade de adesão a um estilo de vida saudável, a

intervenção interdisciplinar parece consistir em uma boa alternativa (RAMOS,

2003).

Segundo Fisberg (2005), estudos demonstram que a Educação

Alimentar e Nutricional (EAN) pode ser considerada uma aliada para melhoria

das condições de saúde do indivíduo. As intervenções nutricionais

desenvolvidas tradicionalmente partem do pressuposto de que os indivíduos

estão prontos para mudar seu comportamento alimentar desprezando as

características pessoais e a motivação para impulsionar a mudança de

comportamento e, talvez por isso, tenham mostrado pouca eficiência.

Acredita-se que programas de educação alimentar e nutricional poderão

ser beneficiados em termos de adesão pelos indivíduos submetidos ao

processo, se considerarem os estágios de comportamento (TORAL e SLATER,

2007). Isso se torna possível, uma vez que cada estágio de mudança

representa uma percepção e um grau de motivação distintos frente à

possibilidade de mudanças dietéticas (KRISTAL et al, 1999; PROCHASKA, DI

CLEMENTE e NORCROSS, 1992). Dessa forma, espera-se proporcionar maior

eficiência na motivação dos indivíduos em adotar e manter mudanças

alimentares (DE GRAAF et al., 1997; TORAL, 2006).

Considerando-se este cenário, a presente proposta de pesquisa surgiu a

partir da análise dos resultados de um programa denominado “Gerenciamento

Médico de Saúde” implantado junto aos colaboradores de uma montadora de

veículos pesados, os quais são submetidos periodicamente a exames clínicos

para monitoramento das condições gerais de saúde. Sabe-se que a adoção de

hábitos alimentares saudáveis associados à pratica regular de atividades

físicas podem contribuir significativamente para evitar ou retardar o

aparecimento das DCNT, melhorando a qualidade de vida e produtividade dos

colaboradores, bem como, reduzir os índices de absenteísmo e despesas

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correlacionadas. Entretanto, a constatação da desistência ou desmotivação dos

indivíduos no sentido do alcance de novas metas propostas é uma realidade, a

qual, por meio do apoio e incentivo dos profissionais qualificados e

comprometidos com a individualização do atendimento pode colaborar para a

mudança do panorama atual. A proposta de identificação dos diferentes

estágios do comportamento alimentar à luz do modelo transteórico, associada

à intervenção nutricional direcionada pretende valorizar a prevenção das DCNT

por meio do conhecimento prévio da disposição do indivíduo, para que ele

possa aderir ao planejamento alimentar saudável, proporcionando a

conscientização de como atingir a velhice de forma mais saudável e ativa.

O maior desafio é promover a caracterização precisa das bases destes

comportamentos e suas construções antropológicas a fim de produzir

intervenções adequadas que não sejam simples mediadoras das condições de

vida e de saúde dos indivíduos (BRASIL, 1994). Para favorecer os resultados

do tratamento é importante o trabalho de uma equipe multidisciplinar, composta

por médicos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e educadores

físicos.

De acordo com Conti, Frutuoso e Gambardella (2005), os profissionais

de saúde devem se comprometer não só com os aspectos curativos voltados

ao tratamento, mas também, e principalmente, com os aspectos preventivos,

evitando que futuramente outros indivíduos possam desenvolver doenças

semelhantes e impedindo o seu desenvolvimento global, contexto no qual se

insere a política do Gerenciamento Médico de Saúde Scania (GMSS).

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1- INTRODUÇÃO

1.1- Envelhecimento Populacional e DCNT

Segundo a Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994), o Estatuto do

Idoso (BRASIL, 2010) e a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995), para

fins de proteção, é considerado idoso, o indivíduo com idade igual ou superior a

60 anos (países em desenvolvimento). O Brasil, assim como outros países no

mundo, está vivenciando um processo de envelhecimento populacional intenso

apontado na mudança da estrutura da pirâmide populacional, com o

estreitamento da base e dilatação da parte central para o topo. É possível

observar ainda, que o número de mulheres longevas é significantemente maior

do que o de homens na mesma faixa etária. Esta situação é denominada

transição demográfica. É de amplo conhecimento, entretanto, que a velhice não

começa necessariamente a partir de uma determinada idade cronológica, e

também não se manifesta de forma igual para todos os indivíduos.

Na década de 40, por exemplo, considerava-se idosa, pessoas acima de

50 anos de idade, uma vez que a expectativa de vida da população brasileira

era de 45 anos na época. Atualmente essa expectativa alcançou os 74 anos

(IBGE, 2010). Enquanto nos países desenvolvidos essa transição ocorreu de

maneira gradual, no Brasil, ela está ocorrendo de forma acelerada, o que

repercute de forma direta na demanda de serviços de saúde (MARUCCI e

BARBOSA, 2003).

O censo demográfico brasileiro de 2010, mostrou aproximadamente, 21,7

milhões de pessoas acima de 60 anos. De acordo com a OMS, a população

idosa em 2020, deverá ser de 30 milhões de brasileiros com 60 anos e mais

(IBGE, 2010), ocupando a 6º posição no panorama mundial, igualando-se a

países desenvolvidos.

A mudança da estrutura etária da população brasileira, também pode ser

evidenciada pela alteração no seu perfil de morbidade e de mortalidade,

caracterizando a transição epidemiológica. Anteriormente, esse perfil era

basicamente dominado por doenças infecciosas e parasitárias, sendo que

atualmente, as doenças crônicas não transmissíveis (cardiovasculares,

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obesidade, diabetes, osteoporose, câncer, entre outras) predominam na

população.

É fundamental o conhecimento das alterações que ocorrem com o

processo de envelhecimento, bem como de suas condições nutricionais para

poder realizar a promoção de saúde, a prevenção de doenças e a intervenção

com tratamentos adequados sempre avaliados por uma equipe multidisciplinar

(MARUCCI e BARBOSA, 2003).

Fatores de risco os quais contribuem para prevalência de diversas

DCNT, como a obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e

diabetes têm sido constantemente atrelados ao crescente consumo de dietas

com alta densidade calórica ricas em gordura, aumento do consumo de açúcar

e cereais refinados, redução da ingestão de carboidratos complexos e fontes

de fibras. Influenciam ainda significantemente os hábitos alimentares da

população, aspectos culturais e crenças que podem contribuir para determinar

como cada população irá envelhecer (MENÉNDEZ et al., 2005).

Sob estes aspectos, mais importante do que realizar a intervenção

nutricional, por meio da adaptação da dieta de acordo com as alterações

diagnosticadas, ajuste do volume das refeições, suplementação de macro e

micronutrientes, é garantir o sucesso e adesão da mudança do comportamento

alimentar de adultos. A adesão a uma mudança no comportamento alimentar

pode implicar em um envelhecimento com ganho na qualidade de vida e

desencadear a consciência e autonomia nas decisões alimentares (MARUCCI

e BARBOSA, 2003).

No processo de envelhecimento populacional, as chamadas doenças

incapacitantes contribuem para a mudança de paradigma na saúde pública.

Segundo a OMS, o Brasil está entre os 23 países responsáveis por 80% da

mortalidade atribuível às DCNT. Seguindo-se o conceito no qual a saúde não é

mais medida pela presença ou não de doenças, mas sim pelo grau de

preservação da capacidade funcional, percebe-se o quanto as políticas

públicas precisam avançar no sentido da promoção da saúde permitindo um

envelhecimento melhor sucedido (OMS, 1995). Isso é possível desde que haja

o comprometimento conjunto dos governos, organizações internacionais e

sociedade civil, no sentido de planejarem e implementarem políticas e

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programas que promovam o chamado “envelhecimento ativo”, afim de alcançar

de melhores condições de vida aos idosos (CHAIMOWICZ, 2006).

As políticas públicas brasileiras apresentam predominantemente caráter

imediatista, não priorizando ações que permitam delinear de modo eficaz o

planejamento de infraestrutura adequada principalmente no que tange ao

aumento da demanda de serviços de saúde que a atual transição

epidemiológica demandará em um futuro próximo. Pouco se atua na

conscientização de como chegar à esta faixa etária de forma mais saudável e

ativa, avaliando-se o indivíduo não apenas pela sua idade, mas também pelos

aspectos biológicos, psicológicos e sociais (FAZZIO, 2012).

Sob esta perspectiva, a longevidade, com manutenção da qualidade de

vida, é um objetivo consonante com premissas da promoção da saúde.

Segundo a OMS, acrescentar vida aos anos e não apenas anos à vida, é

um ideal estritamente relacionado à saúde em um contexto mais amplo como

parte potencial das aspirações humanas no que concerne a satisfação pessoal

do indivíduo. A velhice relaciona-se intimamente com a preservação da

autonomia. A promoção do envelhecimento saudável está associada as

práticas de saúde, em geral, e é vista como importante conquista humana e

social a medida que propicia melhores condições de vida à toda a população.

1.2- Comportamento Alimentar

Ao longo da história, a alimentação tem marcado importantes etapas na

evolução humana. No início o homem restringia-se à caça, pesca e colheita de

vegetais. Posteriormente, com as mudanças culturais, a adaptação de animais

e plantas, o homem criou a capacidade de controlar a produção de diversos

alimentos, dando início as suas práticas alimentares (CUPPARI, 2005, p. 64).

Segundo Boog (2003), na composição da prática alimentar, destaca-se a

grande influência exercida pela mídia sobre a escolha dos alimentos pelos

consumidores. A indústria de alimentos demonstra que os indivíduos que

consomem seus produtos são pessoas mais elegantes, atraentes ou que

possuem sucesso em suas vidas. Isso cria valores e significados atribuídos aos

alimentos, que influenciarão, de forma positiva ou negativa, o comportamento

alimentar da população.

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As escolhas alimentares podem então, definir o estilo de vida de um

indivíduo e de uma população como um todo, porém devem ser avaliadas

como uma estrutura complexa a qual contempla não somente a preferência por

determinados alimentos, mas todas as demais interferências que cercam a

alimentação, tais como o local das refeições, estrutura familiar, disponibilidade

de horários, entre outros fatores (FISBERG, 2005).

A avaliação conjunta desses fatores determinantes, possibilita aos

profissionais de saúde utilizá-la como alicerce para desenvolver as

intervenções que devem prioritariamente utilizar uma abordagem

interdisciplinar que contemple os diferentes componentes e aspectos que

envolvem a alimentação (JOMMORI, PROENÇA e CALVO, 2008).

Segundo Jommori, Proença e Calvo (2008), o componente cognitivo do

comportamento alimentar, corresponde àquilo que o indivíduo sabe sobre

alimentos e nutrição e que influencia, em maior ou menor grau, seu

comportamento alimentar. Quando não há conhecimento adequado ou

suficiente, as pessoas podem ser influenciadas por propagandas ou pela

literatura informal como revistas e internet.

De acordo com Linden (2005), o conhecimento científico constitui-se por

meio dos resultados de pesquisas e estudos da Ciência da Nutrição ao passo

que o conhecimento não científico equivale ao transmitido de geração a

geração, que se apresenta como mitos, crenças ou tabus.

O componente afetivo refere-se às atitudes frente aos alimentos e às

práticas alimentares, que muitas vezes podem não ser positivas. O significado

sociocultural dos alimentos também pode ser correlacionado à memória afetiva

do indivíduo, composta pelas lembranças relacionadas ao consumo, bem como

as sensações provenientes dessa ingestão.

Boog (2003), descreve ainda o componente situacional, o qual refere-se

aos fatores socioeconômicos que interferem sobre a alimentação, isto é, as

normas sociais e os padrões culturais, os apoios estruturais e a coerção social.

Ao estabelecermos uma análise entre a qualidade da dieta e o

comportamento alimentar é possível compreender o sentido figurado dos

alimentos para os indivíduos, visando idealizar novos significados para o ato de

comer, facilitando o desenvolvimento de técnicas de educação nutricional e

posteriormente o planejamento das respectivas intervenções ajustadas às

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características individuais, tais como nível socioeconômico, aspectos culturais

e faixa etária (JOMMORI, PROENÇA e CALVO, 2008)

Segundo Vitolo (2008), é durante a infância, que, tanto o aprendizado

como a formação do comportamento alimentar iniciam-se, principalmente na

faixa entre dois e cinco anos, sendo de extrema importância o incentivo e os

exemplos que as crianças percebem no ambiente familiar, escolar e social. De

acordo com Fisberg (2005), a preferência por determinados alimentos pode ter

início ainda na gravidez, um indicativo de que a genética pode ser um fator de

influência nos hábitos alimentares.

De acordo com Mahan e Stump (2010), a fase adulta apesar de trazer

todos os aprendizados adquiridos desde a infância, representa o período mais

longo no ciclo da vida, sendo considerada a melhor época para se alterar os

hábitos e práticas alimentares inadequadas, desde que sejam observadas a

suscetibilidade às alterações orgânicas características da senescência.

Sob este prisma, Relvas (2006), destaca que no envelhecimento é

fundamental considerar a ocorrência de mudanças fisiológicas, tais como visão

diminuída, a dificuldade de locomoção, a perda dos dentes, alterações no

paladar e olfato, a diminuição da capacidade de mastigação, a alteração de

memória, entre outras características que acontecem em maior ou menor grau

principalmente quando se trata de grupos heterogêneos para que sejam

planejadas intervenções nutricionais eficazes.

Matsudo (2010) descreve ainda outras alterações importantes que

também podem ser decorrentes do envelhecimento como: diminuição da

sensação de sede, perda da capacidade renal, diminuição da água corporal

total com o avanço da idade, aumento gradual do peso até os 70 anos e o

declínio mais acelerado da massa muscular a partir dos 65-70 anos.

Segundo Santos e Ribeiro (2011) as mudanças de cunho social, como por

exemplo, a aposentadoria, perda do companheiro e casamento dos filhos, os

quais favorecem o isolamento e a solidão geram reflexos comumente

observados no desinteresse destes indivíduos pela preparação das refeições e

consequentemente na ingestão recomendada de alimentos, reforçando o

cuidado que se deve ter com a alimentação nesta faixa etária (RELVAS, 2006).

De Castro et al. (1997), avaliaram o impacto destes fatores direcionados

ao público em processo de envelhecimento. Constatou-se que quando a

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tomada de refeições é realizada em um ambiente onde estejam presentes mais

pessoas, há um aumento considerável da quantidade ingerida e,

consequentemente, do valor calórico total da refeição, destacando o papel

afetivo que o ambiente pode promover sobre a alimentação do indivíduo.

Verificou-se que há uma influência positiva entre a quantidade ingerida e o

número de pessoas que compartilham simultaneamente a refeição,

percebendo-se um aumento de 33% na presença de apenas uma pessoa, até

90% quando um grupo de até 7 ou mais indivíduos estavam presentes.

Com o avanço da idade, a pré-disposição à deficiência de alguns

nutrientes torna-se mais evidente. Dentre estes nutrientes destaca-se o cálcio,

vitamina D, ferro e zinco. A absorção de cálcio varia de 30% a 50% para ambos

os sexos. No envelhecimento ocorre uma diminuição nessa absorção sendo

que em mulheres a partir dos 80 anos, é de apenas 26% (VITOLO, 2008).

A deficiência de vitamina D no envelhecimento, geralmente ocorre por

falta de exposição à luz solar e diminuição da ingestão da vitamina e isso pode

aumentar a perda de massa óssea e o risco de osteoporose. Já a deficiência

por ferro e anemia pode decorrer de doenças crônicas, doenças inflamatórias

crônicas, que interferem na absorção de ferro e na baixa ingestão do nutriente.

Segundo Vitolo (2008), deve-se ressaltar que, estresse, traumatismo, perda

muscular e medicamentos podem contribuir para inadequação do zinco no

idoso, e a deficiência do mineral pode comprometer os linfócitos T e a

imunidade celular.

À medida que a população é estimulada a aderir por intermédio da

mudança efetiva de seu comportamento, a um programa alimentar saudável

cuja alimentação seja variada, ocorre a redução da incidência de deficiências

de nutrientes e por conseguinte a necessidade de suplementação

medicamentosa, contribuindo sobremaneira para o equilíbrio nutricional da

alimentação destes indivíduos.

Considerando as condições financeiras, a renda também assume papel

determinante na seleção dos alimentos, promovendo implicações diretamente

associadas ao comportamento alimentar.

Um levantamento feito por Drewnowski e Specter (2004), junto ao Serviço

de Pesquisa Econômica norte-americano, entre os anos de 1988 e 2000,

concluiu que à medida que ocorre maior consumo de frutas, legumes, verduras,

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carnes magras e grãos integrais, o custo da alimentação também aumenta

quando comparado à dieta habitual de países ocidentais, os quais privilegiam o

consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, contribuindo como fator

causal da obesidade.

O excesso de peso, assim como os transtornos alimentares, está

associado aos hábitos de alimentação de seus portadores. O número de

obesos aumentou significativamente, o que elevou a obesidade ao status de

epidemia mundial e de grave problema de saúde pública (FINUCANE et al.,

2011). Esse fato está vinculado a um alto índice de comorbidades. Uma vez

que os transtornos alimentares têm uma etiologia multifatorial, necessita-se de

avaliações e abordagens que contemplem a complexidade dos fatores

envolvidos tanto em sua gênese quanto em sua manutenção (STEINHAUSEN,

2009).

Tendo em vista a complexidade do comportamento alimentar, acredita-se

que dificilmente uma única teoria seja suficiente para explicá-lo. Nesse sentido,

observa-se um número crescente de teorias e modelos teóricos que buscam

compreender comportamentos relacionados à saúde, com destaque para o

Modelo Transteórico (TORAL e SLATER, 2007), também conhecido como

Modelo de Estágios de Mudança de Comportamento proposto por Prochaska &

Di Clemente na década de 1980 (PROCHASKA, DI CLEMENTE e

NORCROSS, 1992;1996).

1.3- Modelo transteórico

O estudo do modelo transteórico desenvolvido na década de 90 por

Prochaska e Di Clemente, foi inicialmente utilizado no tratamento de tabagistas.

A teoria do modelo foi constituída após o sucesso no tratamento deste grupo

que obteve a cura do vício sem o auxílio da psicoterapia. Desde então, o

modelo transteórico tem sido usado na área da saúde no tratamento de drogas,

alcoolismo, distúrbios de ansiedade e pânico, prática de atividade física, entre

outros (PROCHASKA, DI CLEMENTE e NORCROSS, 1992).

A proposta do instrumento baseado na teoria do modelo transteórico é

identificar a capacidade do indivíduo em efetuar e manter mudanças em seu

comportamento, uma vez que cada um apresenta níveis diferentes de

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motivação ou disposição para mudar seus hábitos (HORTWATK et al., 2010).

O fundamento, confirmado posteriormente é o de que existem conceitos

básicos que justificariam a estrutura da mudança de comportamento que

poderia ocorrer na presença simultânea ou não de psicoterapia (PROCHASKA,

DI CLEMENTE e NORCROSS, 1992).

O Modelo Transteórico sugere que, quando os indivíduos realizam

mudanças no comportamento, fazem-no em estágios e não abruptamente.

Esses estágios são denominados pré-contemplação, contemplação,

preparação, ação e manutenção (PROCHASKA, DI CLEMENTE e

NORCROSS, 1992). Durante os estágios, o indivíduo reflete sobre seu

comportamento, considera a atitude a tomar e o momento de agir. A reflexão

sobre os problemas representa uma perspectiva sobre o tempo, permitindo

fracionar e entender quando ocorrem mudanças na intenção, na atitude e no

comportamento alimentar

No estágio de pré-contemplação, o indivíduo não tem intenção de mudar

um comportamento relevante num futuro previsto, seja por falta de informações

corretas ou por ter realizado diversas tentativas frustradas de alterar seu

comportamento. Dessa forma, essas pessoas não estão prontas para

programas de saúde (Quadro 1) (DE GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI

CLEMENTE e NORCROSS, 1992; TORAL, 2006; ZACCARELLI, 2005).

No estágio de contemplação, o indivíduo reconhece a necessidade da

mudança de comportamento nos próximos seis meses. Porém, precisa de

motivação para não adiar a decisão diante das dificuldades percebidas (Quadro

1) (DE GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI CLEMENTE e NORCROSS,

1992; TORAL, 2006; ZACCARELLI, 2005).

O indivíduo em decisão ou preparação pretende alterar seu

comportamento nos próximos trinta dias. Geralmente, após ter superado

tentativas anteriores frustradas, são realizadas pequenas mudanças e um

plano de ação é adotado, ainda sem assumir compromisso (Quadro 1) (DE

GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI CLEMENTE e NORCROSS, 1992;

TORAL, 2006; ZACCARELLI, 2005).

O penúltimo estágio é aquele em que o indivíduo em ação, já realizou

alterações de maneira consistente em seu comportamento, por um período de

até seis meses. Esse exige dedicação e maior disposição para evitar recaídas

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(Quadro 1) (DE GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI CLEMENTE e

NORCROSS, 1992; TORAL, 2006; ZACCARELLI, 2005).

Enfim, no estágio de manutenção, o indivíduo já modificou seu

comportamento há mais de seis meses. O aprendizado comportamental está

consistente e vinculado a rotina, sendo o eixo principal, a consolidação dos

benefícios obtidos durante a ação (DE GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI

CLEMENTE e NORCROSS, 1992; TORAL, 2006; ZACCARELLI, 2005).

Quadro 1- Estágios de Mudança de Comportamento.

Estágio de mudança de comportamento

Frases que representam o estágio

Pré-contemplação

“Eu não tenho uma alimentação saudável, mas não vou mudar nada.”

Contemplação

“Sei que não me alimento como deveria, mas é muito difícil ter uma alimentação

saudável.”

Preparação ou Decisão “Segunda feira que vem começo a dieta!”

Ação “Estou fazendo dieta há um mês e já consegui emagrecer!”

Manutenção “Aprendi a me alimentar de forma saudável e não engordei mais nos últimos dez

meses.”

Fonte: DE GRAAF et al., 1997; PROCHASKA, DI CLEMENTE e NORCROSS, 1992

Para que o indivíduo caminhe em direção à mudança do estágio, é

necessário um processo que envolve estratégias, técnicas e intervenções que

propiciem a mudança de comportamento com sucesso, permitindo a

compreensão de como ocorrem às intenções de mudança (OLIVEIRA et al,

2003).

Ressalta-se que, nesse processo, deve-se considerar que, nas três

primeiras fases, trabalha-se a conscientização do indivíduo sobre a

necessidade das mudanças. Enquanto que, nas duas últimas fases, ação e

manutenção, objetiva-se trabalhar o desenvolvimento da autoconfiança e do

autocontrole do indivíduo, possibilitando-lhe perceber sua capacidade em

manter o comportamento desejado, pois esse indivíduo já sabe enfrentar os

diferentes desafios para a mudança dos hábitos alimentares (ZACCARELLI,

2005).

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Destaca-se ainda que os estágios são dinâmicos, o que permite ao

indivíduo retomar hábitos não desejáveis, também conhecidos como lapsos

que são comportamentos alimentares errôneos momentâneos como, por

exemplo, comer novamente, em excesso, alimentos com alta densidade

calórica

Os estágios motivacionais propostos pelo modelo transteórico, podem ser

identificados por meio de instrumentos, como: o University of Rhode Island

Change Assessment (URICA), o Stages of Change Readiness and Treatment

Eagerness Scale (FIGLIE et al., 2005), abreviada pelo termo SOCRATES, além

de algoritmos (compreendem questionários que abrangem um número pré-

determinado de perguntas exclusivas, elaborado a partir de publicações

preliminares de pesquisadores do modelo transteórico) e das escalas

analógico-visuais, como a Régua de Prontidão (BITTENCOURT, SANTOS e

OLIVEIRA, 2012; HINTZE et al., 2012; MOREIRA et al., 2012; TORAL e

SLATER, 2007; VIEIRA, 2009).

O URICA é um instrumento que tem gerado algum suporte para a

validade preditiva dos estágios de mudança em tratamentos na área da saúde,

uma vez que já sinalizou eficazmente resultados de diversos programas, tais

como para usuários de cocaína e álcool (Pantalon, Nich, Frankforter & Carroll,

2002), alcoolistas internados (Willoughby & Edens, 1996), pessoas com

problemas relacionados à ansiedade (Dozois & cols., 2004), tabagistas

(Amodei & Lamb, 2004; Velicer, Diclemente, Prochaska & Brandenburg, 1985),

pessoas com transtornos alimentares (Hasler, Klaghofer & Buddeberg, 2003),

comedores compulsivos (Dunn, Neighbors & Larimer, 2003), realização de

exercícios físicos (Lerdal & cols., 2009), entre outros comportamentos

(DOZOIS et al., 2004). Constatações acerca da eficiência e aplicabilidade do

URICA já foram investigadas em diversos países, entre eles, a Alemanha

(HASLER, KLAGHOFER e BUDDEBERG, 2003), Canadá (DOZOIS et al.,

2004), Estados Unidos (AMODEI e LAMB, 2004) e Noruega (LERDAL et al.,

2009), dada a repercussão e relevância dessa escala.

Com o intuito de classificar os indivíduos nos estágios, os mesmos foram

questionados sobre seu comportamento em relação ao hábito de alimentar-se.

Essas indagações foram processadas por meio do algoritmo que permitiu

aplicar a escala de conversão normatizada para a mudança de hábitos

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alimentares, transformando os dados obtidos por meio do preenchimento do

URICA em percentis. Embora existam diferenças entre os algoritmos aplicados

em diferentes estudos, foi constatado que os indivíduos classificados nos

estágios mais avançados, consomem menor quantidade de gordura e maior de

frutas, legumes, verduras e fibras (DE GRAAF et al., 1997; GLANZ et al.,

1994).

O instrumento é autoaplicável, sendo que, para cada item, existem cinco

alternativas de respostas em escala Likert, de discordo totalmente a concordo

totalmente.

De maneira geral, se presume que para que um instrumento de avaliação

psicológica seja considerado válido, é imprescindível que o mesmo tenha uma

boa precisão (WRIGHT e STONE, 2004), assegurada em relação à aplicação

do questionário URICA por meio da avaliação por percentis e régua de

prontidão.

Durante o estudo de evidências de validade psicométricas de dado

instrumento, é essencial a avaliação da fidedignidade do mesmo. Existem

diferentes métodos para proceder essa análise. Dentre os principais, está o

coeficiente de alfa de Cronbach, que é capaz de mensurar a consistência

interna tanto da escala como um todo, como de suas subescalas (HAIR et al.,

2009).

No Brasil, a escala URICA composta por 24 itens já foi adaptada e

aplicada em estudos sobre o uso de álcool, tabaco, drogas ilícitas, jogo

patológico e hábitos alimentares, com alfas de Cronbach totais variando de

0,65 a 0,82 (BITTENCOURT, 2009).

Em um estudo realizado por Barbieri et al. (2009), sobre a avaliação de

fatores associados aos estágios de mudança para o consumo de carnes

vermelhas, verduras e legumes em nipo-brasileiros, foi realizada a adaptação

do formulário proposto por Kristal et al. (1999) para validação da escala de

mesmo nome. No entanto, o formulário é composto por questões direcionadas

à avaliação da motivação e consumo de grupos de alimentos específicos,

limitando sua aplicação, enquanto que a URICA representa um instrumento

adaptável para avaliar qualquer problema relativo ao comportamento.

É recomendado que para todos os estágios do modelo seja apresentada

uma intervenção educativa adequada, pois sem a intervenção planejada, as

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pessoas tendem a permanecer nos estágios iniciais, sem apresentar motivação

para progredir na mudança de comportamento (FISBERG, 2005).

Baseando-se nessa premissa foram determinados os temas para

abordagem das intervenções planejadas para este estudo, associando-se

preponderantemente ao perfil dos indivíduos pesquisados e à prevalência das

DCNT diagnosticadas previamente por meio do Grupo de Gerenciamento

Médico de Saúde (GMSS).

Diversas intervenções, tanto individuais quanto grupais, tem

sido adotadas, tais como: Questionários (CANELLA et al, 2003), discussões em

grupo, aconselhamento individual (LIMA et al, 2013), boletins informativos,

diário de saúde, técnicas para aumento de atividade física (RAMOS, 2003),

visitas domiciliares, imagens visuais além da fala, técnicas para aumentar a

confiança dos indivíduos (MONTEIRO et al, 2008), discussão de alternativas

para as dificuldades que os participantes puderam enfrentar durante o

processo (CHRISTOFI et al, 2007), incentivo à busca da família e apoio social,

diário alimentar (MARQUES et al, 2014), materiais de educação nutricional,

definições de metas de dietas mais rigorosas (MENENDEZ et al, 2005), ensino

de técnicas de distração para controle da ansiedade, ensino de técnicas de

relaxamento e distração (PRADO et al, 2004), relatórios de feedback, oficinas

de preparo de alimentação saudável (STEINHAUSEN, 2009) simulação de

cenário para escolhas de alimentos, fotos de refeições saudáveis, intervenção

interativa em CD-ROM.

Salehi, Mohammad e Montazeri (2011), em um estudo transversal

realizado com cerca de 400 idosos no Irã, demonstraram que os efeitos das

intervenções em indivíduos adultos e idosos apresentaram-se favoráveis,

principalmente quando foram percebidos os benefícios à saúde. Os indivíduos

avançaram um estágio ao final da intervenção, porém nem todas as

intervenções foram suficientes para mudanças efetivas, uma vez que foram

registradas recaídas entre alguns participantes. Bibeau et al. (2008) em um

estudo transversal realizado nos Estados com 700 indivíduos, observaram que

alguns participantes, após doze semanas de intervenção voltaram ao estágio

de pré-contemplação.

De Graaf et al. (1997), avaliaram em um estudo transversal com

aproximadamente 14.000 indivíduos com idade à partir de 15 anos residentes

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nos países que compõem a União Europeia, as influências mais comumente

associadas as escolhas alimentares da população e concluíram que os

indivíduos no estágio de pré-contemplação consideravam o sabor dos

alimentos como características mais relevante, ao passo que no estágio de

manutenção, a saúde destaca-se como fator principal. Isso significa que

orientações focadas na importância da demonstração da adoção de uma dieta

saudável pode auxiliar os indivíduos classificados no estágio de pré-

contemplação, enquanto para as pessoas no estágio de Manutenção, a

abordagem baseada na elaboração de instruções minuciosas e práticas, tais

como elaboração de receituários podem representar estratégias mais efetivas.

Considerando-se ainda o estágio de manutenção, é necessário

estabelecer objetivos para que a pessoa possa criar autoconfiança e

autocontrole sobre sua mudança e ajudá-lo a enfrentar as então chamadas

tentações que poderão estar sempre presentes no ambiente de convivência do

paciente (FISBERG, 2005).

Já no estágio de contemplação é importante auxiliar o indivíduo

levantando os benefícios e ganhos da mudança de comportamento. É

necessário também mostrar os riscos da permanência do paciente no estágio

atual, além de estruturar e fortalecer a confiança do mesmo para iniciar a

modificação comportamental (RELVAS, 2006).

Há uma predisposição para analisar os estágios de mudança do

comportamento como um fluxo estático e linear. Entretanto, observa-se com

frequência que indivíduos considerados pertencentes ao estágio da ação, não

conseguem manter suas decisões/rotinas, na primeira tentativa, o que os

direcionam para os estágios anteriores, ou seja, a constatação de recaídas

(retorno ao comportamento de risco) é comum e leva a um progresso dinâmico

e a um delineamento em espiral do modelo de estágios de mudança

(PROCHASKA, DI CLEMENTE e NORCROSS, 1992) (Figura 1).

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Figura 1- Modelo em Espiral dos Estágios de Mudança do Comportamento.

Fonte: Program of the International Conference apud TORAL, 2006, p. 24.

Diante da complexidade que envolve as mudanças comportamentais e a

adoção de uma alimentação mais saudável, supõe-se ser necessária maior

ênfase no desenvolvimento de intervenções nutricionais. Para subsidiar sua

construção, essas intervenções devem contemplar, preferencialmente, um

construto específico, contextualizado pelo comportamento alimentar, hábitos e

consumo alimentar, além do estado nutricional. Dessa forma, espera-se que se

proponham intervenções nutricionais mais efetivas e duradouras,

preferencialmente, com um enfoque interdisciplinar.

Neri (2011) publicou estudos enfatizando que por meio desta abordagem

interdisciplinar, durante o processo de envelhecimento, o estímulo para a

adoção de uma alimentação mais saudável, seria a estratégia mais adequada

para promover as mudanças comportamentais esperadas. Sugere-se a

composição dessas equipes, no mínimo por profissionais nutricionistas,

médicos (clinico geral e geriatra) e psicólogos para promover a mudança do

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hábito alimentar gerando consequentemente maior qualidade de vida nesta

fase do desenvolvimento humano

2- JUSTIFICATIVA

Os resultados não muito efetivos relacionados à mudança de

comportamento alimentar e hábitos de vida dos pacientes que procuram

atendimento em consultório podem gerar certo sentimento de frustração junto

aos profissionais envolvidos.

Visando otimizar e racionalizar o atendimento multidisciplinar aos seus

colaboradores, e por conseguinte conferir maior êxito aos resultados

esperados, à partir de 2010, a montadora, criou o GMSS, composto por uma

equipe de profissionais médicos, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos,

enfermeiras e assistentes sociais, a qual avalia durante consulta médica

agendada, o Índice de Massa Corporal, Risco Cardíaco pelo Escore de

Framingham e análise dos exames clínicos laboratoriais realizados anualmente

por exigência do Programa Médico de Controle e Saúde Ocupacional. Os

exames priorizam a determinação dos níveis de colesterol e triglicérides os

quais complementam a avaliação do perfil relacionado à investigação de

dislipidemias/risco cardíaco. É importante que os indivíduos venham a aderir ao

programa, para melhora da saúde, níveis de absenteísmo, bem estar e

qualidade de vida, porém a participação é espontânea.

Paralelamente ao atendimento realizado aos pacientes inclusos no

programa GMSS, a empresa possui um ambulatório médico dentro de suas

instalações, no qual os profissionais mencionados anteriormente mantêm

agenda para atendimentos de rotina, inclusive para o acompanhamento

nutricional. Todos os participantes convidados para a pesquisa são pacientes

regulares do atendimento institucional realizado pela equipe de nutrição do

ambulatório. Conciliando a experiência adquirida durante os atendimentos em

consultório, observa-se que o nutricionista, é um profissional fundamental no

auxílio aos indivíduos, por promover uma reeducação individualizada que

respeite e oriente o paciente sobre os aspectos nutricionais dos alimentos,

considerando a importância dos fatores afetivo, cognitivo e situacional, que

caracterizam o comportamento alimentar direcionando as informações obtidas

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para a elaboração de intervenções nutricionais específicas que corroborem

para com o êxito do tratamento almejado.

3- OBJETIVOS

3.1- Objetivo Geral

Avaliar o impacto de intervenções nutricionais na evolução dos estágios

de comportamento alimentar de um grupo de metalúrgicos em processo

de envelhecimento.

3.2- Objetivos Específicos

Elaborar propostas interventivas relacionadas aos estágios de mudança

do comportamento de acordo com o modelo transteórico;

Coletar variáveis demográficas, antropométricas e classificar o estado

nutricional

Identificar alterações no hábito alimentar dos participantes.

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4- MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa caracterizou-se como longitudinal, de intervenção com

estratégia de campo e amostra por conveniência.

4.1- População de estudo

Foram selecionados colaboradores atendidos pelo Programa GMSS, os

quais já participavam de consultas prévias com os nutricionistas, médicos,

educadores físicos, psicólogos e assistentes sociais do grupo dentro do

ambulatório de uma montadora de veículos pesados localizada em São

Bernardo do Campo, São Paulo.

A seleção dos indivíduos foi feita a partir do ambulatório de

especialidades médicas localizado dentro da empresa, onde os colaboradores

procuram atendimento nutricional de forma voluntária ou por meio de

encaminhamento pelo médico do trabalho dentro do programa GMSS. Foram

ainda convidados para participar da pesquisa, após a busca nos prontuários, os

colaboradores que atenderam ao critério de inclusão. Os que aceitaram

participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) e foram submetidos aos procedimentos

citados a seguir. Os que não aderiram ao convite para participação da

pesquisa, não sofreram nenhum ônus no atendimento de rotina da equipe

multidisciplinar.

De acordo com o histórico de atendimentos do programa GMSS, optou-

se por priorizar a seleção de colaboradores que desempenham atividades nos

setores de produção da empresa, uma vez que se mostram mais

comprometidos em termos de adesão a frequência de consultas programadas.

Como justificativa para esse comportamento, aventa-se a possibilidade de que

o comparecimento aos compromissos médicos colaboram para a realização de

pausas nas atividades de produção em série que os mesmos realizam, sendo

considerado por eles uma oportunidade de descanso. Em contrapartida, os

funcionários que executam atividades administrativas, relatam com frequência

não conseguir conciliar as agendas de reuniões e compromissos externos para

manter a assiduidade no programa.

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4.1.1- Critérios de Inclusão

Foram incluídos todos os indivíduos (42 no total), do gênero masculino,

com idades igual ou superior a 40 anos, selecionados após triagem dos

prontuários, participantes do grupo GMSS, ou que procuraram

espontaneamente atendimento nutricional, dentro do ambulatório de

especialidades da empresa durante o mês de abril de 2014, e que

concordaram em participar da pesquisa por no mínimo seis meses.

4.1.2- Critérios de Exclusão

Foram excluídos da pesquisa os indivíduos que se recusaram a

participar de todas as etapas de consultas, não alfabetizados e que não foram

considerados assíduos (presença em no mínimo 75% das atividades

propostas). Esses indivíduos foram encaminhados para o atendimento

nutricional institucional de rotina no ambulatório da empresa.

4.2- Material

Para realização do estudo, foram utilizados diferentes instrumentos. A

caracterização sócio-demográfica dos participantes foi realizada por meio de

uma anamnese inicial (APÊNDICE B), inclusa no formulário de avaliação

nutricional, onde as variáveis contempladas foram: sexo, município de

residência, idade, estado civil e nível de escolaridade. Também foi feita uma

avaliação do estado nutricional (antropometria), do consumo alimentar

(Questionário de Frequência Alimentar - QFA) e do comportamento alimentar

(Questionário URICA).

4.3- Procedimentos

Após a autorização das áreas de Serviço de Alimentação, Segurança,

Saúde e Desenvolvimento, a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da Universidade São Judas Tadeu, sendo aprovada segundo

parecer nº 528.207 de 12/02/2014. O sigilo e a privacidade das informações

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foram garantidos e os resultados foram armazenados em formato eletrônico

com o compromisso de preservação por prazo máximo de 5 anos.

O delineamento do estudo, foi traçado, considerando-se o planejamento

de oito consultas durante o período estimado de pouco mais de seis meses.

Por ocasião da primeira consulta nutricional, os participantes foram informados

sobre o objetivo e metodologia do estudo e convidados a participarem da

referida pesquisa. Os que concordaram, assinaram o TCLE (APÊNDICE A).

Em seguida, foi utilizado um formulário para padronização do Atendimento

Nutricional o qual contempla dados como as medidas antropométricas e

características sócio demográficas (APÊNDICE B).

O início dos trabalhos se deu a partir da busca no prontuário dos

colaboradores buscando identificar o agendamento de consultas com a equipe

de nutrição, no ambulatório de especialidades médicas da empresa, daqueles

que possuíam idade igual ou superior a 40 anos, pertencentes ou não ao

GMSS. Todos foram contatados por telefone, individual e verbalmente para que

participassem da pesquisa. Outros indivíduos que também se enquadraram no

critério de idade determinado e que participavam, por motivos diversos, de

alguma atividade no ambulatório, também foram convidados.

As consultas foram realizadas com intervalos médios de 32 dias, às

segundas e sextas-feiras. O agendamento foi realizado priorizando-se a

conveniência do turno de trabalho do colaborador no horário compreendido

entre as 7h e 20h. A média estipulada para duração da consulta foi de

quarenta minutos por atendimento. Os encontros ocorreram dentro do

consultório lotado nas dependências do ambulatório médico da empresa para

os colaboradores que desempenham suas atividades ligadas diretamente à

fábrica, ou na sala da gerência do serviço de alimentação, para àqueles que

trabalham na produção de alimentos, ambos localizados na cidade de São

Bernardo do Campo.

O fluxo de atendimento e sequência das consultas foram organizados da

seguinte forma:

• Primeira consulta: Obtenção de dados sócio demográficos

(anamnese), Avaliação do estado nutricional (antropometria), do

consumo alimentar (Questionário de Frequência Alimentar) e do

comportamento alimentar (Questionário URICA).

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• Na primeira avaliação após aplicação do URICA, verificou-se que 24

indivíduos se encontravam no estágio de pré-contemplação, e 2 no

estágio da Ação. Não foram observados participantes enquadrados nos

estágios de Contemplação, Preparação e Manutenção. As doenças

crônicas mais frequentemente identificadas foram Obesidade,

Hipertensão Arterial e Diabetes. De acordo com o perfil dessas doenças

foram elaboradas as propostas interventivas direcionadas.

• Segunda consulta: retorno que foi realizado sete dias após a primeira

consulta para aplicação da intervenção proposta/planejada.

• Terceira consulta: retorno, trinta dias após a segunda consulta onde foi

realizada nova avaliação do estado nutricional, aplicação do questionário

URICA e da respectiva intervenção/proposta planejada conforme a

mudança identificada no estágio do comportamento alimentar.

• Quarta consulta: retorno, trinta dias após a terceira consulta onde foi

realizada nova avaliação do estado nutricional, aplicação do questionário

URICA e da respectiva intervenção/proposta planejada conforme a

mudança identificada no estágio do comportamento alimentar.

• Quinta consulta: retorno, trinta dias após a quarta consulta onde foi

realizada nova avaliação do estado nutricional, aplicação do questionário

URICA e da respectiva intervenção/proposta planejada conforme a

mudança identificada no estágio do comportamento alimentar.

• Sexta consulta: retorno, trinta dias após a quinta consulta onde foi

realizada nova avaliação do estado nutricional, aplicação do questionário

URICA e apresentação da respectiva intervenção/proposta planejada

conforme o estágio identificado.

• Sétima consulta: retorno, trinta dias após a sexta consulta onde foi

realizada nova avaliação do estado nutricional, aplicação do QFA,

preenchimento do questionário URICA e apresentação da respectiva

intervenção/proposta planejada conforme o estágio identificado.

• Oitava consulta: feedback, trinta dias após a sétima consulta referente

aos resultados individuais obtidos durante o período de

acompanhamento do estudo.

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37

A avaliação antropométrica foi realizada pela pesquisadora, utilizando-se

das técnicas padronizadas segundo Frisancho (1990), com aferição de peso e

estatura. Para obtenção do peso corporal foi utilizada uma balança

antropométrica digital Filizolla®, com escala 50g, sendo a carga máxima de

200kg, onde os participantes permaneceram descalços e trajando roupas

leves. Para verificar a estatura, foi utilizado o estadiômetro acoplado à balança

com escala 0,5cm, sendo a estatura máxima de 2m. Os participantes

mantiveram-se descalços, com o peso distribuído entre os pés, calcanhares

juntos, em postura ereta e com o olhar fixo no horizonte.

Para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) dos indivíduos com

idade entre 40 e 59 anos, foi utilizada a equação preditiva onde o peso em

quilogramas é dividido pela estatura em metros ao quadrado (peso/estatura²).

O valor obtido foi classificado conforme os pontos de corte preconizados pela

OMS (1995), descrito no Quadro 2.

Quadro 2- Classificação do estado nutricional de adultos, segundo o IMC.

IMC (kg/m)2 Diagnóstico Nutricional

<18,5 Baixo peso

≥ 18,5 e < 25 Adequado ou Eutrófico

≥ 25 e < 30 Sobrepeso

≥ 30 Obesidade

Fonte: WHO, 1995.

Para os participantes acima de 60 anos, o resultado obtido referente ao

cálculo do IMC foi classificado de acordo com o preconizado para esta faixa

etária e previsto pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) –

conclusão do estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE) – que

sugere pontos de corte diferentes dos propostos para adultos. Essa

classificação específica foi adotada uma vez que essa faixa etária apresenta

características próprias, tais como: declínio da massa corporal por redução do

conteúdo de água e massa muscular, redução da estatura que reflete nas

mudanças no formato e altura dos discos intervertebrais, mudanças posturais e

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perda do tônus muscular; alterações ósseas em decorrência da osteoporose;

mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo com aumento da

localização abdominal; substituição da massa muscular por gordura e alteração

na elasticidade e na capacidade de compressão dos tecidos. A classificação

encontra-se descrita a seguir no Quadro 3.

Quadro 3- Classificação do estado nutricional de idosos, segundo o IMC.

Classificação IMC (kg/m)2

Baixo Peso < 23,0

Peso Normal 23 – 27,9

Sobrepeso 28 – 29,9

Obesidade ≥ 30

Fonte: SABE/OPAS, 2002.

Para identificar os estágios de comportamento alimentar, aplicou-se em

seis consultas, o questionário segundo o modelo transteórico – URICA (Anexo

H), contendo 24 itens com cinco alternativas de respostas em escala Likert. Os

dados obtidos por meio do preenchimento do questionário, permitiram obter os

resultados brutos (soma dos itens que compõem cada uma das quatro

subescalas). A partir dos escores brutos encontrados em cada subescala,

utilizou-se a escala de conversão normatizada para a mudança de hábitos

alimentares, transformando os dados em percentis (BITTENCOURT, SANTOS

e OLIVEIRA, 2012).

O resultado final, ou seja, o estágio de motivação em que o paciente se

encontrava, naquele momento, foi estabelecido como o estágio referente a

subescala em que ele obteve maiores pontos percentuais.

Durante as consultas, quando não houve avanço de estágio

comportamental identificado pelo resultado da escala URICA, foi retomado com

o participante da pesquisa, verbalmente, questões sobre possíveis dúvidas e

esclarecimentos adicionais necessários, não sofrendo novas intervenções até

que fosse identificado o alcance de um novo estágio nas consultas

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39

subsequentes. Quando da identificação da mudança do estágio, foram

aplicadas as propostas de intervenção elaboradas.

As informações sobre o consumo alimentar foram obtidas por meio de

entrevista pessoal também realizadas na primeira e sétima consultas, utilizando

o Questionário de Frequência Alimentar (QFA), semi quantitativo, elaborado

pelo Grupo de Pesquisa de Avaliação do Consumo Alimentar (GAC), da

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FISBERG e

MARCHIONI, 2012), adaptado (ANEXO I). A avaliação do consumo deu-se de

acordo com os grupos alimentares determinados pela Pirâmide dos Alimentos

(PHILIPPI, 2008), verificando assim se a ingestão foi realizada conforme as

recomendações, classificando-a em adequada ou inadequada.

O conhecimento dos hábitos alimentares dos participantes pode auxiliar

na abordagem e elaboração das estratégias com foco na mudança de

comportamento e adoção de novas práticas, preconizadas pelo modelo

transteórico.

4.3.1- Procedimentos da Intervenção

As intervenções foram divididas em cinco etapas de acordo com o

estágio de comportamento identificado na primeira consulta.

Pré- Contemplação (Intervenção 1):

Um dos possíveis argumentos para fundamentar o desinteresse do

indivíduo em promover a mudança do comportamento alimentar almejada,

segundo premissa do modelo transteórico, baseia-se no fato de que o mesmo

pode não possuir informações corretas ou suficientes para motivar a mudança.

Por esse motivo, elaborou-se uma estratégia de intervenção que promovesse

concomitantemente a sensibilização e conhecimento didático de questões

inerentes aos riscos e implicações à saúde decorrentes das DCNT, por meio do

recurso de slides (PFIZER, 2014).

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Contemplação (Intervenção 2):

A estratégia adotada para abordagem dos indivíduos classificados no

estágio de Contemplação, baseou-se na proposição de que o indivíduo precisa

de motivação para não protelar a decisão de mudar, mediante as dificuldades

percebidas. A prática do atendimento clínico ambulatorial, demonstra que uma

das principais dúvidas expostas por pessoas que recebem orientações

nutricionais consiste no fato de reconhecer o tamanho de porções alimentares,

separação dos grupos de alimentos e, por conseguinte a adaptação diária para

agregar versatilidade ao cardápio, contribuindo para evitar a monotonia

alimentar. Partindo-se desse pressuposto preparou-se material expositivo

embasado na demonstração visual da pirâmide alimentar e do cardápio diário

ilustrado. Pediu-se ao participante para desenhar em uma folha um prato e

dimensionar os respectivos espaços que ocupavam cada grupo de alimentos

na composição de seu cardápio habitual. Esta ilustração foi comparada à

imagem elaborada pela pesquisadora. Ao final da consulta os participantes

receberam um imã com a respectiva imagem da pirâmide para facilitar a

consulta ao número de porções de alimentos no ambiente familiar.

Decisão ou Preparação (Intervenção 3):

Para os indivíduos em fase de Decisão ou Preparação, os quais já

podem ter incorporado pequenas mudanças ao seu comportamento, ou seja, já

dispõe de algum nível de conhecimento e comprometimento, optou-se por

demonstrar visualmente o teor de sódio e gorduras dos alimentos mais

comumente consumidos, enfatizando os benefícios oriundos das substituições

feitas por alimentos similares considerados saudáveis.

O teor desses nutrientes foi apresentado por meio do preenchimento

proporcional em tubos de ensaio e dispostos em forma de quadros, feitos em

alvenaria e vidro, cedidos pela Clínica de Nutrição da Universidade São Judas

Tadeu (ANEXOS E e F).

Ação (Intervenção 4):

O penúltimo estágio proposto pelo Modelo Transteórico, preconiza que

sejam aplicadas estratégias de intervenção, as quais abordem aspectos que

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forneçam subsídios capazes de fortalecer as convicções do indivíduo acerca do

seu aprendizado, evitando-se recaídas.

O conteúdo discutido pelos vídeos escolhidos para a intervenção (“Ex-

Pressão Alta” e “Diabetes: Prevenção e Controle” elaborados pela Pfizer Brasil

com apoio do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de

Cardiologia), concentram as questões relacionadas aos benefícios e ganhos na

qualidade de vida de indivíduos que conseguiram por meio da adoção de

hábitos alimentares saudáveis manter a hipertensão e taxas de glicemia sob

controle (importância de se evitar as recaídas). A população deste estudo

acometida por hipertensão ou diabetes representou respectivamente 54% e

20% do total da amostra.

Manutenção (Intervenção 5):

No estágio de manutenção analisa-se a mudança de comportamento do

indivíduo há mais de seis meses. A estratégia foi estruturada para que o

aprendizado comportamental se estabelecesse de modo consistente e sempre

vinculado à rotina. Optou-se então pela disponibilização de receituário com

preparações à base de ingredientes saudáveis (PETROBRAS, 2014), as quais

conferissem maior flexibilidade às escolhas alimentares do indivíduo e

permitissem compartilhar os conhecimentos adquiridos com os demais

membros da família, principalmente com o (a) responsável pelo preparo dos

alimentos em casa (ANEXO C). Providenciou-se também o acesso às

informações contidas no folder: Alimentação Saudável para todos: Siga os Dez

Passos (BRASIL, 2009) (ANEXO G).

Feedback:

- Apresentação dos resultados relativos à trajetória dos participantes em

relação ao monitoramento da adesão ou não à proposta de mudança de

comportamento inicialmente identificados pelos estágios de motivação

estabelecidos pela escala URICA, associado a informações sobre adequações

às sugestões no consumo de porções de alimentos.

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4.4- Análise Estatística

Os dados levantados foram analisados por meio do software estatístico

IBM-SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 21, para Windows.

Inicialmente, foi realizada análise descritiva das variáveis sociodemográficas,

cujos dados são apresentados em formato de tabelas de frequência. Realizou-

se análise de normalidade das variáveis contínuas de interesse, por meio do

teste de Shapiro-Wilks.

Assim, para as variáveis ordinais e para as variáveis contínuas com

distribuição não aderente à curva normal, a opção foi pela utilização do teste

não-paramétrico de Wilcoxon, o qual, segundo Siegel (2006), é o mais robusto

para esse tipo de dado.

Por outro lado, quando constatada a aderência à curva normal, a opção

foi pelo teste t para amostras pareadas (no caso de duas amostras) e pela

Análise de Variância (ANOVA) com medidas repetidas (no caso de mais de

duas amostras), cuja homogeneidade de variâncias foi calculada por meio do

Teste de Levene. Tendo em vista que o pressuposto da esfericidade, calculado

a partir do Teste de Mauchly, foi violado, utilizou-se a correção de Greenhouse

e Geisser para avaliar a razão F.

Ainda, no caso das variáveis categóricas, foi utilizado o Teste Exato de

Fischer, o qual é alternativo ao Teste Qui-Quadrado no caso de pequenas

amostras com matriz 2X2 (SIEGEL, 2006).

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43

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

A investigação de campo foi estruturada à luz da teoria do modelo

transteórico, com foco no envelhecimento. Buscou-se atender inicialmente

quarenta e dois colaboradores, previamente caracterizados, de acordo com os

parâmetros estabelecidos para a pesquisa, por meio de consultas e aplicações

dos instrumentos e intervenções que foram realizadas individualmente.

Durante a primeira e a segunda consulta, foram expostos aos

colaboradores os objetivos dos atendimentos e entregue o calendário com a

programação dos encontros subsequentes, sempre se observando o intervalo

mínimo de um mês. Na data agendada para a realização da terceira consulta,

compareceram nos horários previamente marcados, 30 colaboradores (71%).

Todos os ausentes foram contatados por telefone para confirmação da

presença no encontro seguinte. Na data programada para a realização da

quarta consulta, compareceram 28 colaboradores (57%). Novamente os

indivíduos foram convidados a participar da quinta consulta, na qual foram

realizados 26 atendimentos. Durante a sexta e última consulta foi registrado

número igual de participantes (52% do total de indivíduos convidados) em

relação ao atendimento realizado no mês anterior, perfazendo o total da

amostra final utilizada no estudo.

A Tabela 1 apresenta os resultados referentes à distribuição dos

indivíduos estudados quanto às características sócio demográficas e estilo de

vida tabagista.

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Tabela 1- Distribuição de indivíduos, segundo características sócio

demográficas e estilo de vida tabagista. São Bernardo, São Paulo, 2014.

Variáveis sócio demográficas n %

Grupo etário

40 - 49 anos 11 42,0

50 – 59 anos 10 38,0

60 – 69 anos 05 20,0

Escolaridade

Graduação Nível Superior 10 38,0

Ensino Médio Completo 09 35,0

Ensino Fundamental Completo 07 27,0

Estado Civil

Casados 20 77,0

Divorciados 04 15,0

Viúvos 02 08,0

Local Residência

São Bernardo do Campo 18 69,0

Santo André 05 19,0

São Paulo 03 12,0

Estilo de vida tabagista

Não fumantes 17 66,0

Fumantes 05 19,0

Ex-fumantes 04 15,0

Os indivíduos adultos apresentaram idade média de 48,28±4,83 anos.

Para os idosos, a idade média foi de 61,40±0,89. A amostra foi constituída,

exclusivamente por indivíduos adultos e idosos do gênero masculino, que

possuem graduação em nível superior (38%) ou que concluíram o segundo

grau (35%), residentes na cidade de São Bernardo do Campo (69%), casados,

(77%) e não fumantes (66%).

Descrição similar a esta foi constatada em estudo descritivo, de campo,

realizado por Veiga et al. (2010), cujo objetivo foi demonstrar os estágios

motivacionais de pacientes atendidos em Núcleos de Apoio à Saúde da Família

do Estado da Paraíba (Universidade Gama Filho). Nesse estudo, foram

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atendidos 100 pacientes com faixa etária correspondente da amostra que

variou entre a idade mínima de 42 anos e máxima de 70 anos, com média de

idade masculina de 45,18±6,52 anos. Na análise do perfil de escolaridade, 34%

tinham o ensino médio completo, 65% declararam-se casados, demonstrando

em ambos os estudos a tendência de manutenção dos relacionamentos

estáveis nesta faixa etária.

Não foram identificados na amostra a união estável ou indivíduos

declarados como solteiros. O percentual de casados indica que os casais

continuam compartilhando longamente a vida conjugal, que tem sido

considerada como o principal pilar da instituição familiar. Para Mendes et al.

(2005), ao longo da vida, a família exerce importante influência no

fortalecimento das relações e é no ambiente familiar que se determinam as

características e o comportamento da pessoa em idade avançada. Numa

família, é possível verificar que cada um possui funções, papéis, lugares e

posições e as diferenças tendem a ser respeitadas e consideradas em prol da

convivência. Quase sempre há apoio na estrutura familiar, o que serve de

aporte para os diferentes enfrentamentos da vida. Para Neri (2011), o bem-

estar psicológico e social no envelhecimento, é resultado da manutenção das

relações sociais com o cônjuge, a família e os amigos. Pires e Silva (2011)

salientam que a família exerce um papel fundamental na manutenção da

autonomia e do poder do indivíduo, permitindo que execute suas atividades de

vida diária respeitando as limitações impostas pelo processo de

envelhecimento.

Em relação aos determinantes sociais do comportamento alimentar,

Bittencourt (2009) identificou que diversos fatores interferem no tamanho das

refeições consumidas bem como na escolha dos alimentos. A presença de

outras pessoas favorece o aumento da quantidade consumida. O autor indica

duas hipóteses para embasar essa constatação, denominada “facilitação

social”. Primeiro, a presença da família poderia promover a desinibição do

indivíduo, induzindo-o a consumir mais. Em segundo lugar, a tomada de

refeições realizada em grupo geralmente ocasiona uma maior exposição do

indivíduo aos alimentos, devido às possíveis distrações geradas pelo ambiente

mais interativo. Observou-se que o número de pessoas presentes durante as

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refeições tem correlação direta com a quantidade consumida, variando entre

um aumento de 33% na presença de uma pessoa até 96% quando sete ou

mais pessoas estavam reunidas.

O conhecimento das características sócio demográficas tais como a

idade, sexo, escolaridade e estado civil pode ser considerado condicionante do

consumo alimentar. Trudeau et al. (2008), em um estudo realizado com 1.450

adultos americanos demonstrou que, tanto em homens quanto em mulheres, a

escolaridade apresentava uma associação positiva com o consumo de

alimentos não industrializados. A constatação de que a maioria dos

participantes da pesquisa apresentam graduação em nível superior facilitou o

entendimento do número de porções e grupos alimentares. Da mesma forma,

Havas et al. (1998), também constataram o papel do nível educacional como

preditor do consumo desses alimentos.

Analisando-se a incidência de doenças crônicas que mais comumente

afetavam os indivíduos pesquisados observou-se predomínio da hipertensão

arterial (54%), seguida pela dislipidemia (26%) e pelo diabetes mellitus (20%).

O estudo de Cavalcanti et al. (2009), que avaliou a prevalência de doenças

crônicas e o estado nutricional de um grupo de idosos, mostrou que as

doenças mais recorrentes foram a hipertensão arterial (56,4%), seguida de

dislipidemias (33,3%) e diabetes mellitus (20,5%), corroborando com os

resultados do presente estudo, considerando as devidas proporções. A

frequência de idosos hipertensos, portadores de dislipidemias e diabéticos é

esperada, tendo em vista que todos os participantes foram selecionados a

partir da inclusão no GMSS.

Em relação ao estado nutricional, observou-se entre os adultos, na

primeira e segunda consultas (respectivamente 57% e 48%), maior frequência

(soma das duas categorias) de indivíduos classificados com sobrepeso ou

obesidade, seguidos pelos indivíduos considerados como eutróficos (47%)

após a segunda consulta. Os resultados relativos à avaliação feita com os

idosos não demonstraram alterações que modificassem a classificação do IMC

específico para essa população. Essas características supracitadas podem ser

visualizadas na tabela 2.

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Tabela 2- Distribuição dos indivíduos, gênero masculino, segundo o estado

nutricional antes e após o estudo. São Bernardo, São Paulo, 2014.

Condições de saúde

Classificação Primeira Consulta Sétima Consulta

Estado Nutricional

Adultos (n=21)

Baixo peso 01 (5,0%) 01 (5,0%)

Eutrofia 08 (38,0%) 10 (47,0%)

Sobrepeso 06 (28,5%) 05 (24,0%)

Obesidade 06 (28,5%) 05 (24,0%)

Estado Nutricional

Idosos (n=5)

Baixo Peso 01 (20,0%) 01 (20,0%)

Peso Normal 03 (60,0%) 03 (60,0%)

Sobrepeso 01 (20,0%) 01 (20,0%)

Em estudo transversal realizado com idosos, atendidos nos ambulatórios

de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo, foram

encontrados resultados semelhantes quanto à distribuição dos indivíduos

segundo o IMC, sendo que mais da metade da amostra apresentou peso

normal, 14,3% de desnutrição e 21,4% com excesso de peso (MARTIN,

NEBULONI e NAJAS, 2012).

A Tabela 3 mostra os dados referentes ao questionário de frequência

alimentar coletados no primeiro e sétimo encontros, quando comparados ao

número de porções recomendadas pela pirâmide alimentos e classificados em

relação a adequação no consumo.

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Tabela 3- Avaliação da adequação do habito alimentar, segundo a análise do

consumo de porções dos grupos de alimentos recomendados pela Pirâmide

Alimentar. São Bernardo, São Paulo, 2014.

Grupos de

Alimentos e

nº porções

Indivíduos com adequação no consumo - QFA Primeira Consulta

Indivíduos com adequação no consumo - QFA Última Consulta

n % n %

Arroz, Pão e Massas (6 porções)

11 42,0% 14 54,0%

Legumes e Verduras

(3 porções) 11 42,0% 16 52,0%

Frutas

(3 porções) 15 58,0% 17 65,0%

Lácteos

(3 porções) 06 23,0% 08 31,0%

Carnes e Ovos

(1 porção) 09 35,0% 10 38%

Feijões e Oleaginosas

(1 porção) 08 31% 10 38%

Óleos e Gorduras

(1 porção) 05 19% 10 38%

Açúcares e Doces

(1 porção) 02 08% 13 50%

A aplicação do QFA no período compreendido entre a primeira

(diagnóstico) e a última consulta do programa apresentou resultados

significantes em relação à avaliação do hábito alimentar após a exposição do

conjunto de intervenções e orientações nutricionais aplicadas, principalmente

em relação aos indivíduos que inicialmente apresentavam ingestão adequada

do número de porções de alimentos recomendados e que se mantiveram nessa

classificação. Estes resultados foram observados junto aos grupos de

alimentos Lácteos (p<0,059), Carnes e Ovos (p<0,002), Feijões e Oleaginosas

(p<0,22), Óleos e gorduras (p<0,64). Os resultados não foram significativos

para os grupos de Verduras, Legumes e Frutas.

Em relação ao consumo de frutas e hortaliças, Viebig et al. (2009)

estudaram a associação entre fatores socioeconômicos e sociodemográficos e

o consumo diário de cinco porções de frutas e hortaliças por idosos residentes

em áreas de baixa renda. Para tanto, utilizaram como referência a pesquisa

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epidemiológica de base populacional “São Paulo Ageing and Health Study”, em

que 2066 idosos responderam um questionário de frequência alimentar sobre

consumo de frutas e hortaliças. Notou-se que o consumo desses alimentos por

idosos de baixa renda mostrou-se muito aquém das recomendações. Essas

evidências são confirmadas também Pesquisa de Orçamentos Familiares

(POF) de 2008-2009, onde foi observado que o grupo de frutas e legumes não

aparecem com relevância no cardápio das famílias pesquisadas,

especialmente as consideradas como baixa renda. O consumo adequado de

frutas, verduras e legumes, fonte de vitaminas, minerais e fibras é muito

importante para o funcionamento intestinal. O mais alarmante são os dados

sobre a ingestão desses alimentos, em que 90% da população (no geral)

possui uma ingestão inadequada, o que eleva os índices do aparecimento das

doenças crônicas, como diabetes, obesidade, hipertensão, entre outras.

No que se refere aos grupos alimentares representados pelo Arroz, Pão

e Massas e pelos Açúcares e Doces observou-se que os indivíduos

inicialmente classificados com hábito de ingestão alimentar inadequada,

obtiveram evolução no consumo de porções, sendo consideradas adequadas,

com resultados de p<0,138 e p<0,220, respectivamente.

As intervenções nutricionais aplicadas com o intuito de promover a

motivação e, por conseguinte a alteração do estágio de comportamento

segundo o modelo transteórico, podem ter contribuído para essa mudança do

hábito alimentar.

Considerando-se que o objetivo de uma intervenção nutricional não se

limita apenas ao fornecimento de informações, mas o alcance de uma

modificação no comportamento alimentar, este representa o grande desafio a

ser enfrentado: transformar o conhecimento científico e as recomendações

dietéticas em mudanças efetivas no comportamento alimentar (BARBIERI et

al., 2009).

Há evidências de que intervenções nutricionais apresentam maior

efetividade quando são baseadas no comportamento, nas necessidades e

crenças da população–alvo. Brug et al. (1996) desenvolveram um programa de

educação nutricional individualizado, por meio da utilização do computador,

com o objetivo de melhorar o consumo alimentar de 347 trabalhadores de

Amsterdã. O direcionamento das mensagens baseava–se nas informações

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coletadas num processo de triagem sobre o consumo alimentar e em três

fatores psicossociais: atitudes, influência social e auto–eficácia dos

participantes. Observou–se que aqueles que receberam a intervenção

individualizada apresentaram uma redução no consumo de carboidratos,

gorduras, açúcares e doces, demonstrando atitudes e intenções positivas

frente à adoção de hábitos alimentares saudáveis.

Por meio da aplicação do Modelo Geral Linear para Medidas Repetidas,

para avaliação do comportamento do peso monitorado a cada consulta, se

observou que houve diferenças estatisticamente significantes em relação à

essa variável. Detalhando a análise, foi possível verificar que entre a primeira e

sétima consultas, a redução média de peso do grupo foi de 1,640kg (p=0,001).

Entre as consultas (de 1 para 3,4,5 e 6), as diferenças não foram significantes.

Mais relevante do que a alteração do peso em si foi a observação de

alterações positivas em relação a adequação do hábito alimentar por meio da

realização da escolha de alimentos mais saudáveis.

O peso e a imagem corporal do indivíduo são fatores nutricionais que

influenciam seu comportamento alimentar. Isso porque tanto o excesso de

peso como a insatisfação com o próprio corpo podem motivar a realização de

restrições alimentares. Calderon, Yu e Jambazian (2004), verificaram que

41,3% dos pacientes de um hospital público americano afirmaram comer

menos do que gostariam de forma consciente para controlar o peso.

Cruzando-se os dados relativos ao hábito alimentar e as variações de

peso por meio do teste t para amostras pareadas, verificou-se que somente

houve diferença de peso nos indivíduos que passaram da classificação inicial

considerada como inadequada para adequada relativa ao consumo de

alimentos do grupo de Arroz, Pães e Massas (p=0,008). Nos outros grupos de

alimentos com redução de peso ou não, esta alteração não foi estatisticamente

significante.

A intervenção nutricional aplicada por meio de slides foi elaborada

privilegiando conteúdo didático sobre triglicérides e colesterol, com enfoque

nos efeitos resultantes da ingestão desiquilibrada de alimentos fontes de

gorduras saturadas e carboidratos, bem como os riscos e implicações para a

saúde. O mesmo foco também foi mantido para empregar a intervenção

apresentada por intermédio dos tubos de ensaio. Ambas as estratégias

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parecem ter surtido efeito no que concerne à conscientização dos participantes

em relação à adequação no consumo do grupo representado pelos alimentos

ricos em carboidratos simples.

Para compreender a origem da preferência alimentar dos indivíduos

pesquisados por alimentos fontes de carboidratos, identificada inicialmente por

meio da aplicação do QFA, e por conseguinte, os benefícios da adequação do

número de porções ingeridas, respaldando os resultados encontrados até o

momento é importante remontar à constituição histórica da base da

alimentação brasileira.

O Brasil, ao longo dos séculos foi fundindo suas heranças culturais,

composta pela miscigenação dos povos indígenas, africanos e europeus,

refletindo como a história de um povo pode ser retratada pela gastronomia

(CASCUDO, 2005). Os africanos trouxeram hábitos alimentares que foram, em

parte, reprimidos ou estimulados isto é, incorporado pela sociedade da época.

A alimentação habitual dos escravos era composta por alimentos de baixo

custo e maior facilidade do plantio e colheita, sendo de maneira geral composta

de fubá de milho cozido com água, o chamado angu, feijão, pirão, inhame,

batata, farinha de mandioca, toicinho, banana e laranja. Os alimentos fontes de

proteínas restringiam-se aos miúdos e vísceras de animais, considerados como

partes não comestíveis pela nobreza, mercadores e latifundiários.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009, revelou que

o consumo de alimentos, fontes de carboidratos, especialmente o açúcar, por

pessoas que ganham menos, passa de 14% do valor calórico total da dieta. O

estudo aponta também que pessoas com renda menor consomem mais arroz,

feijão e farinha de mandioca que pessoas com maior poder aquisitivo. As

farinhas de uma maneira geral são mais consumidas por estes indivíduos, mas

nem sempre isso demonstra uma dieta mais saudável, já que as farinhas são

alimentos de alto índice glicêmico e seu alto consumo pode estar relacionado

com aumento de peso e diabetes. Os carboidratos respondem por 69,17% da

dieta das famílias mais pobres. Essa preferência demonstra a relação entre os

alimentos, que apresentam um custo mais acessível para a aquisição e a

preferência da população com menor poder aquisitivo.

No que se refere aos resultados encontrados para a determinação do

IMC, indivíduos adultos e idosos foram analisados separadamente. A aplicação

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do teste de Wilcoxon para avaliar as possíveis alterações de IMC foi realizada

de acordo com os pontos de corte preconizados respectivamente pela OMS

(1995) e a OPAS (2002). Durante as consultas evidenciaram-se alterações

estatisticamente significantes dos resultados nas medições realizadas nos

indivíduos adultos entre a 6º e 7º consultas e entre a 1º e a 7º avaliação

(p=0,038), onde estes passaram da classificação de obesos para sobrepeso e

de sobrepeso para eutrofia, corroborando com o resultado encontrado na

avaliação sobre o comportamento do peso, no qual também foi possível

detectar redução no período compreendido entre a 1º e 7º consultas. Estes

dados não foram foco objetivado no estudo, mas foram levantados com a

finalidade de complementar o perfil dos participantes. Contudo, analisando

diferentes informações geradas na pesquisa, foi possível inferir sobre os

achados.

Na Tabela 4 estão os resultados em relação ao comportamento dos

participantes, segundo a evolução dos estágios de motivação.

Tabela 4- Movimentação nos estágios de motivação durante as consultas. São

Bernardo, São Paulo, 2014.

Consulta Movimentação

Positiva Movimentação

Negativa Sem

mudança p*

13 34,8% 4,3% 60,9% 0,015

34 30,0% 20,0% 50,0% 0,782

45 38,1% 4,8% 57,1% 0,020

56 31,8% 4,6% 63,6% 0,034

67 39,1% 4,3% 56,5% 0,013

17 81,8% 0,0% 19,2% 0,01

* Teste de Wilcoxon.

Em relação a avaliação da movimentação (positiva para àqueles

evoluem na sequência de estágios proposta pelo modelo transteórico e

negativa para àqueles que retrocedem a estágios anteriores aos já atingidos

anteriormente) dos indivíduos entre os quatro estágios motivacionais durante

as consultas realizadas, observou-se no presente estudo, que o resultado da

aplicação do questionário URICA em todas as consultas apresentou dados

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significativos principalmente nos encontros de 1 a 3, 4 a 5 e 6 a 7 onde

ocorreram maiores sensibilizações para a mudança.

A utilização de escalas para monitoramento das mudanças é frequente e

faz parte do estilo de trabalho de intervenções motivacionais (SZUPSZYNSKI e

OLIVEIRA, 2008).

Mesmo considerando alterações significativas, pode-se inferir que entre

as consultas 3 e 4, os participantes mostraram-se menos sensíveis em relação

ao aspecto motivacional para evoluírem na mudança de estágio a partir da

tabulação dos dados do URICA. A concessão de férias coletivas, pela

empresa, exatamente durante esse período, pode ter interferido na

continuidade dos hábitos recentemente incorporados à rotina por meio das

intervenções nutricionais. A manutenção de hábitos alimentares saudáveis é

um desafio, uma vez que recaídas são frequentes e não é possível a

abstinência total de alimentos.

Entre as consultas 1 e 3, a estratégia de intervenção que se mostrou

mais impactante foi a que utilizou como recurso a técnica de slides, cujo

conteúdo abordou os riscos e implicações à saúde causadas pelas Doenças

Cardiovasculares e Obesidade. Entretanto essa constatação somente foi

observada na movimentação dos participantes entre os estágios de pré-

contemplação para contemplação.

De Graaf et al. (1997), avaliaram as principais interferências na escolha

alimentar entre consumidores da União Europeia e observaram que os

indivíduos no estágio de pré-contemplação consideravam o sabor dos

alimentos como o fator preponderante. Isso indica que aqueles em pré-

contemplação podem ter sido beneficiados principalmente com mensagens

educativas que demonstrem a importância de adquirir hábitos alimentares

saudáveis.

Neste mesmo período também se observou respostas às estratégias,

mas apenas na movimentação dos participantes entre os estágios de ação e

manutenção. As estratégias utilizadas foram as representadas pela exposição

do dois vídeos que abordaram temas relacionados à hipertensão arterial e ao

diabetes.

Entre as consultas 4 e 5, a utilização da intervenção aplicada por meio

da demonstração visual da pirâmide dos alimentos adaptada para a população

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brasileira e o exemplo de cardápio diário ilustrado, apresentou resultados

positivos em relação a evolução entre os estágios de contemplação e ação.

No período compreendido entre as consultas 5 e 6, foi observada

homogeneidade nos resultados em relação à associação entre as intervenções

direcionadas e a evolução dos estágios de comportamento identificados, entre

a pré-contemplação e contemplação, contemplação e ação e ação e

manutenção.

Entre as consultas 6 e 7 foram verificadas respostas às estratégias

representadas pela intervenção nutricional baseada na elaboração de

receituário com preparações saudáveis e disponibilização do folder intitulado

Alimentação Saudável para todos: Siga os Dez Passos (BRASIL, 2009). A

resposta pode ser visualizada no acompanhamento dos estágios de

comportamento respectivamente representados pela mudança de ação e para

manutenção e contemplação para ação.

Uma das hipóteses principais do modelo transteórico é que as pessoas

passam por diferentes estágios de motivação para mudança, durante a

modificação de um comportamento considerado problema. Pela identificação

do estágio de mudança no qual o indivíduo se encontra em determinado

momento, é possível saber o quanto o sujeito está motivado para efetivamente

mudar, sendo essa avaliação decisiva no processo de escolha de estratégias

terapêuticas mais adequadas e eficazes para o aumento e manutenção da

motivação, favorecendo a mudança efetiva do comportamento. Partindo-se

desse pressuposto, pode-se inferir que foi observado o impacto das

intervenções nutricionais ao final do período de aplicação da pesquisa, ou seja,

foram sendo promovidas mudanças de comportamento ao longo das consultas,

por meio do processo de conscientização e não de forma imediatista, fato

confirmado ao analisar o momento da redução de peso, uma vez que ambas as

análises apontaram para o intervalo entre a primeira e última consulta como o

período onde foi possível detectar alterações significativas.

A adesão a um tratamento nutricional é uma parte de um sistema

comportamental complexo (ASSIS e NAHAS, 1999), em que a motivação não é

um estado estacionário, mas transitório, no qual o indivíduo “percorre” as

etapas, demonstrando simultaneamente, aspectos ligados a todas as fases,

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não sendo necessário que uma prevaleça sobre as outras (PROCHASKA, DI

CLEMENTE e NORCROSS,1992).

O interesse na investigação sobre o comportamento alimentar baseia-se

na possibilidade de aumentar a efetividade de intervenções nutricionais

(TORAL, 2006). À medida que se conhecem melhor os determinantes do

comportamento alimentar, aumentam as chances de sucesso no tratamento.

A inexistência de consenso sobre a utilização de um algoritmo padrão

para analisar os estágios de mudança em relação ao comportamento alimentar

representa importante limitação para a aplicação do modelo transteórico em

nutrição. Este fato, deve-se entre outros fatores à dificuldade de se avaliar o

comportamento alimentar. A utilização do modelo transteórico sob este aspecto

é relativamente recente o que evidencia a necessidade de maior

aprofundamento dos estudos sobre o tema.

Assim, quanto mais os profissionais de saúde aprenderem a respeito

dos estágios motivacionais, melhor capacitados estarão para o tratamento dos

indivíduos, o que, sem dúvida alguma, irá interferir em sua própria motivação, e

em sua disponibilidade para estarem em um constante e necessário processo

de mudança (OLIVEIRA et al., 2003).

6- CONCLUSÃO

Considerando os objetivos propostos, que pautaram desde a

identificação dos estágios de comportamento e motivação do individuo, até a

elaboração de estratégias de intervenções nutricionais propriamente ditas, é

possível concluir que este estudo apresentou resultados relevantes sobre a

trajetória de evolução do comportamento alimentar sob a ótica do modelo

transteórico.

Os dados obtidos permitem inferir que a participação dos indivíduos

adultos e idosos no programa de intervenção proporcionou a movimentação

positiva dos mesmos entre os estágios motivacionais descritos pelo método

entre todas as consultas, exceto no período onde a empresa concedeu férias

coletivas, as quais podem ter interferido na continuidade da adoção dos hábitos

recentemente assimilados.

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Houve promoção da melhora no estado nutricional e no hábito alimentar,

evidenciada pela redução significante de peso no período e adequação do

consumo de alimentos fontes de carboidratos, óleos e gorduras, além da

manutenção da ingestão recomendada de porções dos grupos alimentares

representados pelos lácteos, carnes e ovos, feijões e oleaginosas.

As estratégias de intervenções foram elaboradas considerando os

diferentes estágios de mudança comportamental, tendo em vista que cada um

deles corresponde a diferentes atitudes e percepções perante a nutrição e a

saúde. O desenvolvimento de intervenções específicas para cada estágio de

mudança de comportamento alimentar teve como objetivo proporcionar maior

eficácia quanto a motivação dos indivíduos no sentido de adotarem e

manterem o comportamento alterado. O conteúdo abordado nas intervenções

baseou-se nas DCNT, cujo acometimento em comum dos participantes era

condição inicial para formação do GMSS. Pode-se então entender que o

impacto das intervenções ocorreu de forma significativa em relação à

promoção da mudança de comportamento entre a sexta e sétima consultas,

onde foi utilizado como recurso audiovisual, a técnica representada por slides

com abordagem de conteúdo específico sobre doenças crônicas e nutrição.

A avaliação do consumo alimentar, de modo geral, não abrange a

influência dos aspectos cognitivos e emocionais que constituem a base do

comportamento alimentar. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para

enfrentar o desafio de motivar os indivíduos no sentido de promoverem a

mudança dos hábitos alimentares inadequados. Dessa forma, o aprimoramento

do conhecimento sobre a diversidade dos determinantes do comportamento

alimentar, constitui um importante mecanismo para ultrapassar o desafio de

traduzir o conhecimento técnico de nutrição em mudanças tangíveis para a

adoção de práticas alimentares.

Tendo em vista a repercussão do comportamento alimentar e suas

implicações diretas sobre a saúde, observa-se a necessidade do

desenvolvimento de estratégias de intervenção nutricional realmente efetivas

que propiciem a adoção de práticas alimentares saudáveis em nível

populacional. Recomenda-se que a determinação dos diferentes estágios de

mudança do comportamento seja o início do processo. O conhecimento dessa

classificação possibilita a elaboração e aplicação de estratégias de intervenção

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nutricional específicas que podem ser repensadas sob a ótica de outras

ciências, como a psicologia, as quais podem auxiliar a propiciar maior incentivo

e motivação para a adoção de práticas alimentares adequadas, culminando no

alcance de uma qualidade de vida melhor e por um longo prazo.

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________, R.G. ______________, voluntário(a) e conscientemente, concordo em participar da pesquisa intitulada “Impacto de Intervenções Nutricionais a luz do Modelo Transteorico em Envelhecimento”

Assinando este termo de consentimento, estou ciente de que: 1) O objetivo do estudo é analisar a trajetória de evolução do comportamento alimentar de um grupo de trinta colaboradores com idade igual ou superior a 40 anos, metalúrgicos no período de seis meses; 2) Participarei como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob responsabilidade da pesquisadora Dra. Graciele Massoli Rodrigues, professora orientadora do Mestrado em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu (USJT) de Daniela Nazaré Cotrim Chena - nutricionista. 3) Estou ciente que durante o estudo será aplicada uma anamnese (questionário para caracterização sócio-demográfica e tomada de medidas para realização de avaliação antropométrica, medindo-se o peso e a altura), preenchidos questionários que avaliam os estágios de comportamento (URICA), frequência alimentar e hábito alimentar. Estarei me expondo a intervenções que poderão ser por meio da visualização de vídeo, apresentação de folder sobre disfunções orgânicas, pirâmide alimentar e regras sobre alimentação saudável. Essa exposição dependerá da avaliação que será realizada sobre o meu comportamento alimentar e estou ciente que não necessariamente estarei me expondo a todas as intervenções que aqui estão mencionadas. 4) Poderei sentir algum constrangimento na avaliação nutricional (medida de peso, altura) ou no preenchimento do instrumento de avaliação do comportamento alimentar, ou mesmo diante de alguma intervenção supracitada. Caso seja identificado algum sinal de desconforto ou ansiedade, o colaborador será encaminhado ao aporte psicológico e de assistência social disponíveis na empresa. Durante a consulta nutricional o tema da total imparcialidade dos dados será abordado pela pesquisadora. Fui informado que os dados serão coletados apenas para fins científicos. 5) Estou ciente que haverá ao menos seis encontros individuais (consultas pré-agendadas), pelo período de 6 meses, com duração aproximada de 1 hora; 6) Estou ciente a respeito dos benefícios da pesquisa à medida que terei acesso ao conhecimento de hábitos alimentares saudáveis, os quais poderão ser incorporados à rotina diária o que também poderá reduzir sensivelmente a ocorrência bem como as complicações geradas pelo desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Poderei, inclusive atuarem como multiplicador estendendo o aprendizado para a família e/ou comunidade, além de contribuir para a produção de pesquisa que visa melhorar a qualidade dos meios efetivos para mudança de comportamentos para ações saudáveis. 7) Entendi que tenho plena liberdade para me afastar definitivamente do estudo, a qualquer momento que desejar, sem nenhuma obrigatoriedade de prestar esclarecimentos e sem um único ônus à minha pessoa; 8) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo, a fim de manter a minha integridade moral, e os resultados obtidos serão utilizados apenas para

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alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada; 9) Fui informado que, se necessário, poderei entrar em contato com as pesquisadoras responsáveis Professora Dra. Graciele Massoli Rodrigues pelo telefone (2799 1836) e Daniela Nazaré Cotrim Chena (999446404) ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (2799-1999 ramal 1665). 10) Ao término da pesquisa, o participante será encaminhado para continuidade do programa de acompanhamento nutricional com a equipe de nutrição ambulatorial da empresa. 11) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação no referido estudo; 12) Esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

São Paulo, ____ de ________________ de ___________.

____________________________________________________ Participante e/ou Representante Legal

____________________________________________________ Pesquisadoras Responsáveis Dra. Graciele Massoli Rodrigues Daniela Nazaré Cotrim Chena

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APÊNDICE B – Anamnese e Ficha de Atendimento Nutricional.

Anamnese e Ficha de Atendimento Nutricional

Nome: _________________________________ Registro: ________________________

Data Nasc: _____________ Idade: _______ Email: _______________________________ Município Residência: _______________________ Estado civil: ______________________ Nível escolaridade ( ) Primeiro Grau ( ) Segundo Grau ( ) Superior Completo Hábitos: Fumo: ( ) sim ( ) não ( ) ex Bebida Alcoólica ( ) sim ( ) não ( ) ex Medicamentos: ______________________________ Doenças Diagnosticadas: _______________________________________________________ Avaliação Nutricional: Altura: ______ Peso: __________

Data

Peso

Altura

IMC

Considerações:

_______________________________________________________________

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APÊNDICE C - Cardápio Saudável Ilustrado (Intervenção 2).

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ANEXO A – Carta de Autorização da Instituição.

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ANEXO B – Slides sobre os riscos e implicações à saúde causadas pelas

Doenças Cardiovasculares e Obesidade (Intervenção 1) (PFIZER, 2014).

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ANEXO C – Receituário com preparações saudáveis (PETROBRAS, 2014).

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ANEXO D – Pirâmide dos Alimentos – Imã (Intervenção 2) (PHILIPPI, 2008).

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ANEXO E – Demonstrativo Visual Teor de Sódio nos Alimentos (Intervenção 3)

(USJT).

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ANEXO F – Demonstrativo Visual do Teor de Gordura Animal nos Alimentos

(Intervenção 3) (USJT).

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ANEXO G – Folder 10 Passos para uma Alimentação Saudável (Intervenção 4)

(BRASIL, 2009).

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ANEXO H – URICA (University Rohde Island Change Assessment)

(MCCONNAUGHY, PROCHASKA e VELICER, 1983).

URICA (University Rohde Island Change Assessment) para mudança de hábitos

alimentares

Por favor, leia cuidadosamente as frases abaixo. Cada afirmação descreve a maneira como você pode pensar (ou não pensar) o seu comportamento com relação ao seu hábito de comer. Favor indicar o grau que você concorda ou discorda de cada afirmação. Em cada questão, faça sua escolha pensando em como você se sente agora, não como você se sentia no passado nem como gostaria de sentir. Existem CINCO possíveis respostas para cada um dos itens do questionário: Discordo muito, Discordo, Indeciso, Concordo e Concordo plenamente. Circule o número que melhor descreve o quanto você concorda ou discorda de cada afirmação

Existem CINCO possíveis respostas

Discordo muito

Discordo Indeciso Concordo Concordo

Plenamente

1.Eu não tenho nenhum problema com relação a meu hábito de comer que precise ser mudado.

1 2 3 4 5

2 Acho que vale a pena trabalhar no meu problema com relação ao hábito de comer.

1 2 3 4 5

3. Eu não estou com problemas com relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

4. Eu estou fazendo algum esforço para melhorar meu problema com o hábito de comer.

1 2 3 4 5

5. Eu estive pensando que eu devia mudar algo com relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

6. Eu espero poder entender melhor meu problema com relação com ao hábito de comer.

1 2 3 4 5

7. Eu talvez tenha alguns problemas com relação ao meu hábito de comer, mas não há nada em que eu realmente precise mudar.

1 2 3 4 5

8. Eu realmente estou trabalhando duro para mudar o hábito de comer.

1 2 3 4 5

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9. Eu tenho um problema com o hábito de comer e eu realmente penso que eu deveria trabalhar nele.

1 2 3 4 5

10. Eu preciso fazer algo para evitar uma recaída em relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

11. Eu estou trabalhando na mudança do meu comportamento com relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

12. Eu pensei que estava livre do meu problema com meu hábito de comer, mas não estou.

1 2 3 4 5

13. Eu gostaria ter mais idéias de como solucionar o meu problema com o hábito de comer.

1 2 3 4 5

14. Eu comecei a trabalhar no meu problema em relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

15. Eu espero que eu encontre mais razões para mudar meu comportamento com relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4 5

16. Eu preciso de ajuda para manter as mudanças que consegui com relação ao hábito de comer.

1 2 3 4 5

17. Talvez eu tenha problemas com o meu hábito de comer, mas não creio nisso.

1 2 3 4 5

18.Eu realmente estou fazendo algo com relação ao meu hábito de comer.

1 2 3 4

5

19. As vezes, eu preciso me esforçar para prevenir uma recaída no meu problema com o hábito de comer.

1 2 3 4 5

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20. Estou frustrado porque pensei ter resolvido meu problema com o hábito de comer, mas não resolvi.

1 2 3 4 5

21. Eu tenho alguns problemas com o hábito de comer, mas para que perder tempo com isso?

1 2 3 4 5

22. Eu estou trabalhando ativamente no meu problema com o hábito de comer.

1 2 3 4 5

23. Eu preferiria mudar qualquer coisa, mas não vale a pena mudar meu comportamento com relação ao hábito de comer.

1 2 3 4 5

24. Eu fico preocupado em não conseguir manter minha mudança com relação ao hábito de comer.

1 2 3 4 5

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ANEXO I – Questionário de Frequência Alimentar (QFA)

(Adaptado de FISBERG e MARCHIONI, 2012).

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