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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO DEREK MOREIRA DOS SANTOS IMPACTOS DO CUMPRIMENTO DA JORNADA LEGAL NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS: estudo de caso em uma empresa de bebidas Belo Horizonte 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

DEREK MOREIRA DOS SANTOS

IMPACTOS DO CUMPRIMENTO DA JORNADA LEGAL NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS: estudo de caso em uma empresa de bebidas

Belo Horizonte

2014

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DEREK MOREIRA DOS SANTOS

IMPACTOS DO CUMPRIMENTO DA JORNADA LEGAL NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS: estudo de caso em uma empresa de bebidas

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administração do Centro

Universitário UNA como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre.

Área de concentração: Inovação e Dinâmica

Organizacional.

Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação e

Competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Ferreira Braga Tadeu

Belo Horizonte

2014

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

S237i Santos, Derek Moreira dos

Impactos do cumprimento da jornada legal no transporte rodoviário de cargas:

estudo de caso em uma empresa de bebidas. / Derek Moreira dos Santos. –

2014.

104fl: il.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Ferreira Braga Tadeu

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de

Mestrado em Administração.

Bibliografia f. 100-103.

1.Transporte rodoviário de carga. 2. Horário de trabalho. 3. Logística. I. Tadeu,

Hugo Ferreira Braga. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

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A Deus, meu eterno e soberano pai, que, em sua

inefável fidelidade, sempre está comigo.

Aos meus pais, Antônio e Elena, que doaram suas

vidas para construir uma família abençoada e para

oportunizar aos filhos as melhores condições,

segundo suas possibilidades de vida.

Aos meus irmãos, Tony, Wander e Philip, que

sempre contribuíram para minha formação

enquanto homem, com base na amizade e no

auxílio.

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AGRADECIMENTOS

A Jesus Cristo.

Aos meus pais e irmãos.

Ao meu orientador, professor doutor Hugo Ferreira Braga Tadeu, pelas diretrizes e

pelo compartilhamento de experiências ao longo destes dois anos.

Ao professor doutor Rivadávia Alvarenga Neto, por ampliar minhas perspectivas

acadêmicas por meio das disciplinas ministradas e do alto padrão de exigência.

Aos meus colegas mestres Vinícius Santana e Gustavo Vannucci, por trilharem a

jornada do mestrado comigo.

Ao Claret Pereira e à Ana Carolina, por corroborarem diretamente no estudo de caso

realizado na empresa.

À senhora Flávia Árabe, pelo zelo na leitura e correção desta dissertação.

Ao meu amigo e pr. Marcelo Evangelista, por ter sido meu amigo e discipulador desde

a minha infância.

Ao meu amigo Carlos Alberto da Silva, pelos conselhos e caronas ao longo desta

caminhada.

A minha futura esposa, Juliana Priscilla, por compreender minha ausência, tendo em

vista os objetivos e os sonhos propostos.

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“Se alguém pensa que sabe alguma coisa,

de fato, ainda não sabe tanto quanto deveria saber.”

Apóstolo Paulo, I, Coríntios 8:2

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RESUMO

Diante do não cumprimento da jornada legal de trabalho no Setor de Transporte Rodoviário

de Cargas da empresa Alpha, buscou-se neste trabalho identificar e mensurar os possíveis

impactos que serão gerados caso ocorra o cumprimento da jornada legal de trabalho no

dimensionamento de frota e de pessoas. Para isso, estudaram-se a jornada legal de trabalho

enquanto marco regulatório da pesquisa, o transporte rodoviário de cargas e o

dimensionamento de frota e de pessoas. Posteriormente, levantaram-se os dados de

performance do Setor de Transporte Rodoviário de cargas, mediante a realização de estudo de

caso em uma das Unidades Operativas da empresa Alpha em Minas Gerais. Os dados de

desempenho do transporte rodoviário de cargas durante o período de janeiro a julho de 2013

foram reavaliados com base na metodologia de dimensionamento desenvolvida pelo autor, de

modo a identificar e mensurar os impactos gerados no dimensionamento de frota e de pessoas.

Desta forma, pôde-se identificar que o cumprimento da jornada legal de trabalho por parte dos

entregadores da empresa Alpha gerará um aumento de 93% na quantidade de veículos

utilizados no transporte rodoviário de cargas, aumento este que se repetirá na

representatividade das pessoas necessárias para realizar as entregas.

Palavras-chave: Transporte rodoviário de cargas. Jornada legal. Dimensionamento de

veículos. Dimensionamento de pessoas.

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ABSTRACT

Taking into account the refusal of applying legal working hours in the sector of cargo road

transport at Alpha, this research tried to identify and measure possible impacts that might

occur if the legal working hours are put into practice in fleet and people dimensioning. For

that purpose, the study included the legal/official system of working hours as a regulatory

mark, road transport of cargo, and fleet and people dimensioning. Then, there was the data

collecting for performance in the sector of cargo road transport, through case study carried out

in one of the Alpha operational units in the state of Minas Gerais, Brazil. Performance data of

the sector from January to July of 2013 were reassessed, by means of the dimension

methodology made by the author of this study, aiming to identify and measure impacts

provoked by fleet and people dimensioning. Thus, it was possible to detect that the practice of

legal working hours on the part of Alpha delivery staff would cause a 93% increase in the

number of vehicles used for cargo road transport. By the same token, that increase would be

repeated in relation to how many people would be necessary to carry out the deliveries.

Keywords: Cargo road transport. Legal working hours. Vehicle dimensioning. People

dimensioning.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Segmentação e cluster ........................................................................................ 49

FIGURA 2 - Vista aérea da unidade na Rod. Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo........... 50

FIGURA 3 - Organograma das operações logísticas da UO ................................................... 52

FIGURA 4 - Segmentação de mercado da Alpha.................................................................... 54

FIGURA 5 - Detalhamento do ciclo do pedido ....................................................................... 54

FIGURA 6 - Tela de mapa – Bloco de atendimento da região sul atendida pela

UO Beta .............................................................................................................. 56

FIGURA 7 - Tela de mapa – Parte do bloco de atendimento da região central de BH,

atendida pela UO Beta ....................................................................................... 56

FIGURA 8 - Relatório de distribuição escala de parte do hipercentro - Escala região

central ................................................................................................................. 58

FIGURA 9 - Mapa de localização geográfica de clientes ....................................................... 60

FIGURA 10 - Composição de rotas ........................................................................................ 60

FIGURA 11 - O ciclo de pedido – Preparação e transmissão do pedido ................................ 62

FIGURA 12 - O ciclo de pedido – Entrada do pedido ............................................................ 63

FIGURA 13 - O ciclo de pedido – Atendimento do pedido .................................................... 63

FIGURA 14 - O ciclo de pedido – Fechamento do pedido ..................................................... 65

FIGURA 15 - Mapa de regiões de atendimento – Beta ........................................................... 66

FIGURA 16 - Mapa de fluxo interno antes da saída para rota ................................................ 70

FIGURA 17 - Mapa de fluxo interno após o retorno de rota .................................................. 72

FIGURA 18 - Planilha de controle de dimensionamento ........................................................ 77

FIGURA 19 - Mapa de restrição de acesso de veículos pesados ............................................ 80

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LISTA DE GRÁFICO

GRÁFICO 1 - Comparativo de horas extras ........................................................................... 74

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Vantagens e Desvantagens ............................................................................... 35

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Head count ......................................................................................................... 51

TABELA 2 - Relatório de distribuição escala de parte do hipercentro - Escala região

central ................................................................................................................. 58

TABELA 3 - Área de atendimento ........................................................................................... 67

TABELA 4 - Média da jornada de trabalho ............................................................................ 73

TABELA 5 - Representatividade dos tempos da rotina laboral .............................................. 73

TABELA 6 - Planilha de dados do transporte ......................................................................... 75

TABELA 7 - Planilha de dados do transporte-média por dia do transporte próprio da unidade

Beta ................................................................................................................... 75

TABELA 8 - Planilha de dados dos tipos e capacidade de veículos da UO .......................... 76

TABELA 9 - Planilha de dados fixos para veículos de 10 paletes .......................................... 78

TABELA 10 - Planilha de dados do volume atendido por veículos com capacidade de

seis paletes ...................................................................................................... 80

TABELA 11 - Resumo dos dados realizados em regiões sem restrição de acesso de

veículos ............................................................................................................ 82

TABELA 12 - Planilha de resultados do dimensionamento – jornada de 8 horas .................. 83

TABELA 13 - Planilha comparativa de resultados obtidos – área sem restrição .................... 85

TABELA 14 - Tabela comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de PV’s. ...... 86

TABELA 15 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à ocupação dos veículos .............. 87

TABELA 16 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de veículos. ........... 87

TABELA 17 - Comparativa de resultados obtidos. Dimensionamento de Pessoal de

Entregas ........................................................................................................... 88

TABELA 18 - Resumo dos dados realizados em regiões com restrição de acesso de

veículos ............................................................................................................ 89

TABELA 19 - Planilha de resultados do dimensionamento – jornada de 8 horas .................. 90

TABELA 20 - Planilha comparativa de resultados obtidos – área sem restrição .................... 92

TABELA 21 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de PV’ .................... 93

TABELA 22 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à ocupação dos veículos ............. 94

TABELA 23 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de veículos ............. 94

TABELA 24 - Comparativa de resultados obtidos. Dimensionamento de Pessoal de

Entregas ............................................................................................................ 95

TABELA 25 - Comparativa de resultados Finais. Dimensionamento de Veículos e Pessoas 97

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LISTA DE SIGLAS

AB InBEV - Anheuser-Busch InBev

AMBEV - American Beverage Corporation

ABIR - Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes

ASLOG - Associação Brasileira de Logística

CD - Centro de Distribuição

CLM - Coucil of Logistics Management (Conselho de Gestão Logística)

CLT - Consolidação das Leis de Trabalho

CSCMP - Council of Supply Chain Management Professionals (Conselho de

Profissionais de Gerenciamento de Cadeia de Suprimento)

DACTE - Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico

DANFE - Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica

DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito

EPI - Equipamento de Proteção Individual

ERP - Enterprise Resource Planning (Sistemas empresariais/corporativos

integrados)

FAB - Força Aérea Brasileira

GIS - Geographical Information System (Sistema de informação geográfica)

GPRS - General Packet Radio Service = Serviço de Radio de Pacote Geral

GPS - Global Positioning System (Sistema de posicionamento global (através de

satélite)

HE - Hora Extra

NF - Nota Fiscal

NP - Deterministic Polynomial Time (Tempo Polinomial não Determinístico0

PRD - Problema de Roteamento e Dimensionamento

PV - Ponto de venda

RD - Real Distribution (software paletizador)

RED - Right Execution Dayle (Correta Execução Diária)

RN - RoadNet (software roteirizador)

SAP - Systems, Applicationsand Products in Data Processing (Sistemas, Aplicativos

e Produtos para Processamento de Dados)

SCM - Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento)

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SKU - Stock Keeping Unit (Unidade de manutenção de estoque)

TCU - Tribunal de Contas da União

TKM - Toneladas por quilômetro

TKU - Toneladas por quilômetro útil

UO - Unidade Operativa

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LISTA DE TERMOS TÉCNICOS

Armazém: local destinado à guarda física de materiais (mercadorias e produtos).

Atividade: conjunto de operações e tarefas realizadas em série e que compõem um processo,

consumindo recursos e contribuindo para a formação do produto ou a prestação do serviço,

cumprindo sua missão, objetivos e metas.

Centro de Distribuição (CD): instalação física por onde transitam os estoques de uma ou

várias empresas localizadas entre os locais onde foram produzidos e os mercados

consumidores. Permite estocar os produtos em trânsito por períodos curtos, transferi-los de

um meio de transporte para outro, consolidá-los ou desconsolidá-los e realizar pequenos

beneficiamentos e reembalagens. Podem pertencer a uma empresa, a uma cooperativa de

empresas ou a um operador logístico.

Cross-docking: operação de movimentação de produtos acabados para a expedição, entre

fornecedores e clientes. Implica em fazer os produtos passarem por um CD especializado sem

irem para estoque, mas sendo identificados, embalados, etiquetados e consolidados assim que

chegam ao CD, indo direto para o transporte que conduzirá ao destino.

Cubagem: representa a medida que padroniza os SKUs nos veículos, ou seja, corresponde à

medida padrão interna da Alpha, a qual utiliza uma tabela padrão para transformar todos os

SKUs para o padrão de cubagem pré-estabelecido. Ex.: 1 palete sempre corresponderá a 100

cubos, independente da quantidade de caixas.

Custo direto: custo rastreado diretamente a uma atividade ou a um objeto de custo. Por

exemplo, o material expedido em uma determinada ordem de serviço e o tempo de engenharia

dedicado a um produto específico, são classificados como custo direto das ordens de serviço

ou dos produtos.

Custo fixo: elemento de custo de uma atividade que não varia com as mudanças no volume

dos geradores de custo ou de atividade. A depreciação de uma máquina, por exemplo, pode

estar diretamente relacionada a uma atividade particular, mas ela é fixa com relação a

mudanças no número de unidades de um gerador de atividade. A atribuição de um elemento

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de custo como fixo ou variável depende do período de tempo considerado na decisão em

questão e da profundidade da mudança no volume de produção, nos geradores de atividade e

nos geradores de custo.

Custo logístico: somatória do custo do transporte, do custo de armazenagem e do custo de

manutenção do estoque.

Giro de estoque: relação entre as vendas e o estoque. Assim, o giro mensal de um produto é

calculado dividindo-se o volume total de vendas do produto no mês pelo estoque médio do

produto ao longo do mês.

Head Count: refere-se à contagem de pessoas disponibilizadas para dada área de atuação na

organização. Neste trabalho, será costumeiramente utilizada para demonstrar a quantidade de

funcionários disponíveis para atuarem no setor de transporte enquanto entregadores de

mercadorias.

Inbound Logistics: logística de suprimentos ou administração de materiais. Corresponde ao

conjunto de operações relativas ao fluxo de materiais e informações associadas desde a fonte

(produtor, fabricante ou fornecedor) de suprimentos de matérias-prima, insumos, peças e

componentes até a entrada na fábrica. É o processo de abastecer a manufatura /produção.

Jornada legal: jornada legal adotada no estudo de caso. Enquanto período normal de

trabalho, refere-se ao padrão regulador previsto na CLT, em que o funcionário deverá

trabalhar oito horas diariamente.

Milk Run: consiste na busca do produto diretamente ao(s) fornecedor(es). Coletas

programadas. É um tipo de transporte para entrega e coleta de produtos em que um caminhão

pode tanto entregar o produto de um único fornecedor para diversos varejistas como coletar

de vários fornecedores e entregar a apenas um varejista. O sistema utiliza um único

equipamento de transporte para realizar as coletas em um ou mais fornecedores e entregar os

materiais no destino final, sempre com horários pré-estabelecidos.

Outbound Logistics: logística de distribuição ou distribuição física. Corresponde ao conjunto

de operações relativas ao fluxo de bens, desde o local de sua produção (produtos acabados)

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até o seu destino (consumidor) final, e às informações associadas, garantindo que os bens

cheguem em boas condições comerciais, oportunamente e a preços competitivos.

Palete: Estrutura de madeira, metal ou palete utilizada para movimentação de cargas, e

acondicionamento das mercadorias em armazéns e nos respectivos veículos de transporte.

Pente grosso: termo interno da Alpha que se refere ao processo de conferir a quantidade de

paletes cheios que devem ser transportados antes da saída do veículo de carga da Unidade

Operativa ou do Centro de Distribuição

Processo: qualquer sequência coordenada de atividades (tarefas ou etapas) que recebem

insumos (materiais, informação, pessoas, máquinas e métodos) que geram produtos (produtos

físicos, informação e consecução de um serviço), com valor agregado, usado para fins

específicos por seu receptor. Série de atividades vinculadas que tem por finalidade alcançar

um objetivo específico.

SCM (Supply Chain Management): cadeia de abastecimento. Conjunto de organizações que

se inter-relacionam, criando valor na forma de produtos e serviços, desde os fornecedores de

matérias-primas e insumos de produção até o consumidor final.

SKU (Stock Keeping Unit): unidades de estocagem dos diversos produtos. Há produtos com

vários tipos e diversos tamanhos. Cada combinação diferente de certo produto, envolvendo

marca, tipo, tamanho e etc., implica um local específico para estocagem no depósito. Daí a

importância do número de SKUs na logística de distribuição.

Stock-out: utilizado para expor os produtos eliminados da nota fiscal eletrônica devido à sua

falta em estoque. Representa o “corte de produto”.

Trade-off: Princípio das compensações, substituições, trocas, equilíbrio, conciliação e perdas

e ganhos nas relações entre os elos de uma cadeia logística.

Unitização: processo de consolidação de diversos volumes num só. Representada pela

colocação de um conjunto de mercadorias em uma unidade de carga, para fins de

movimentação de forma indivisível. A unidade de carga não constitui embalagem, e sim,

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acessório para o deslocamento da carga, não integrando o produto ou o conjunto de produtos.

As formas mais comuns de unitização são: paletização e conteinerização.

Valor ao cliente: a diferença entre a realização e o ônus do cliente. Realização é o que o

cliente recebe, incluindo atributos de produtos, qualidade e serviços. Isto leva em

consideração o custo do cliente com o uso, a manutenção e o descarte do produto ou serviço.

O ônus é o que o cliente despende ou deixa de receber, incluindo a quantia que ele paga pelo

produto mais o tempo e o esforço despendido para adquirir o produto e aprender a usá-lo.

Maximizar o valor ao cliente significa superestimar a diferença entre a realização e o ônus.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 20

1.1 Problema de pesquisa ........................................................................................................ 21

1.3 Objetivos ............................................................................................................................ 22

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 22

1.3.2 Objetivo específicos ....................................................................................................... 23

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 24

2.1 Jornada legal como marco regulatório da pesquisa ........................................................... 24

2.2 Setor de bebidas ................................................................................................................. 25

2.3 Logística ............................................................................................................................ 28

2.4 Transporte .......................................................................................................................... 29

2.4.1 Transporte rodoviário de cargas ..................................................................................... 32

2.4.2 Rede de entrega .............................................................................................................. 34

2.4.3 Roteirização .................................................................................................................... 36

2.5 Dimensionamento de frota ................................................................................................ 37

2.5.1 Dimensionamento de frota baseado na roteirização de veículos .................................... 38

2.5.2 Dimensionamento de frota sem abordagem de roteirização ........................................... 40

2.5.3 Dimensionamento de frota baseado no tempo de ciclo do ativo .................................... 41

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................... 43

4 ESTUDO DE CASO DA ALPHA ..................................................................................... 46

4.1 Caracterizando a Alpha ..................................................................................................... 46

4.1.1 Dados relevantes ............................................................................................................. 47

4.2 Caracterização da Unidade Operativa ............................................................................... 49

4.3 Caracterização do processo interno do transporte rodoviário na Unidade Operativa ....... 52

4.4 Roteirização na Alpha ....................................................................................................... 59

4.4.1 Vantagens e funcionalidades proporcionadas pelo RoadNet nas operações da

Alpha .............................................................................................................................. 61

4.5 Detalhamentos do ciclo do pedido..................................................................................... 62

4.5.1 Preparação e transmissão do pedido ............................................................................... 62

4.5.2 Entrada do pedido ........................................................................................................... 63

4.5.3 Atendimento do pedido .................................................................................................. 64

4.5.4 Fechamento do pedido .................................................................................................... 64

4.6 Transporte e entrega de mercadoria na ALPHA ............................................................... 66

4.6.1 Responsabilidades dos profissionais de transporte (Entregadores) ................................ 68

4.7 Jornada legal na rotina de transporte ................................................................................. 72

4.8 Expondo dados operacionais do transporte ....................................................................... 74

4.9 Premissas para a realização dos estudos, dados adotados, delimitação prática

do estudo e metodologia prática ......................................................................................... 75

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................. 82

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5.1 Resultados do dimensionamento de veículos de 10 paletes .............................................. 82

5.2 Resultados do dimensionamento de veículos de 6 Paletes ................................................ 88

5.3 Resumo dos dimensionamentos de veículos e pessoas ..................................................... 95

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 98

6.1 Recomendações para trabalhos futuros ............................................................................. 99

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 89

ANEXO..................................................................................................................................104

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20

1 INTRODUÇÃO

O transporte rodoviário de cargas exerce papel de destaque no Brasil. Seu predomínio

em detrimento dos demais modais na estrutura logística do transporte brasileiro de cargas

justifica esta posição de destaque.

Segundo Hijjar (2013), a representatividade das cargas transportadas por rodovias

cresceu 1,8% em dois anos, passando de 65,6% em 2010 para 67,4% em 2012.

O transporte rodoviário de cargas tem os caminhões como seu principal equipamento.

No Brasil, utiliza-se uma frota de 2.461.762 caminhões (DEPARTAMENTO NACIONAL

DE TRÂNSITO - DENATRAN, 2013) no transporte de cargas que gera 4 milhões de

empregos (CRUZ, 2012). Tal estrutura logística sujeita-se às normatizações legais da

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Pretende-se neste trabalho estudar, com base na metodologia de estudo de caso,

aplicada a uma empresa de bebidas, os impactos gerados pelo cumprimento das

normatizações legais previstas na CLT quanto à jornada legal de trabalho. Adota-se como

foco da pesquisa o setor de transporte rodoviário de cargas e os impactos gerados pelo

cumprimento da jornada legal no dimensionamento de frota e pessoas.

No cenário laboral brasileiro, o cumprimento dos requisitos legais e dos marcos

regulatórios por parte das organizações torna-se condição sine qua non2 para a manutenção de

suas atividades mercadológicas e possibilita a perenidade organizacional.

Estudar os impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal no setor de transporte

rodoviário de cargas em uma empresa multinacional que está sujeita às sanções impostas pelo

Ministério Publico do Trabalho configura-se como relevante, haja vista o cenário mundial e a

exposição de sua marca. Quanto a isso, cita-se que a Alpha possuía em 2012 o valor de marca

de 77,839 bilhões de dólares, sendo uma das mais valiosas do mundo (ALPHA, 2013).

Este trabalho trata de áreas, de temas e de empresa de grande relevância para a

economia do país. Os seguintes esclarecimentos sucintos ratificam tal relevância:

. Transporte rodoviário - responsável por 67,4% de toda a mercadoria transportada no

Brasil (HIJJAR, 2013). Seu custo representa 6% do PIB do Brasil. O deslocamento de

cargas pelas estradas nacionais representa 65,5% da receita líquida da indústria de

alimentos (ARAUJO, 2011).

2 Sine qua non, do latim, "sem o qual não pode ser", representa uma condição indispensável.

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21

. Setor de bebidas - o Brasil é o terceiro mercado consumidor do mundo no segmento

de refrigerantes, no qual a empresa tema do estudo de caso é uma das líderes deste

seguimento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE

REFRIGERANTES E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS - ABIR, 2012). A Pyxis

Consumo apontou que em 2012 o comércio de bebidas movimentou cerca de R$ 17,7

bilhões no Brasil.

. Jornada legal - no artigo 58 do Decreto-lei 5.452 de 1 de maio de 1943, da CLT, está

previsto que: “a duração normal do trabalho, para os empregadores em qualquer

atividade privada, não excederá de oito horas diárias, desde que não seja fixado

expressamente outro limite”. O cumprimento de tal jornada é normativo para as

atividades de transporte rodoviário de bebidas da Alpha, pois não existe a fixação

expressa de outro limite de jornada.

Aponta-se, ainda, que tal abordagem, apoiada em estudos e pesquisas realizados pelo

mestrando sobre os impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal no dimensionamento

de frota e pessoas, configura-se como relevante no contexto laboral do autor devido à

incipiência da pesquisa em seu lócus laboral.

A dissertação está estruturada em seis capítulos.

No primeiro capítulo, descrevem o problema de pesquisa, a justificativa e os objetivos.

No segundo capítulo, desenvolve-se o referencial teórico, compreendendo os seguintes

temas: Jornada legal como marco regulatório gerador da pesquisa; Setor de bebidas;

Logística; Transporte e dimensionamento de frota.

No terceiro capítulo, apresenta-se a metodologia de pesquisa.

No quarto capítulo, realiza-se o estudo de caso, sendo este composto por:

Caracterização da empresa; Caracterização da Unidade Operativa; Caracterização do processo

interno de transporte rodoviário na Unidade Operativa; Roteirização na Alpha; Detalhamento

do Ciclo de pedido; Transporte e entrega de mercadoria na Alpha; Jornada legal na rotina de

transporte; Expondo dados operacionais do transporte; e Premissas para a realização dos

estudos, definição prática do estudo e metodológica.

No quinto capítulo, procede-se à apresentação e análise dos resultados.

No sexto capítulo, formulam-se as considerações finais.

1.1 Problema de pesquisa

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Conforme Vergara (1998), um problema de pesquisa científica caracteriza-se pela

composição de uma questão não resolvida, isto é, uma questão a investigar, cuja resposta é

buscada por meio de uma pesquisa. Reconhece-se, então, que a construção do problema de

pesquisa não é uma tarefa fácil.

Na busca por essa construção, tem-se em um mesmo cenário a Alpha e sua tentativa de

cumprir as determinações legais estipuladas pelos órgãos reguladores. Têm-se em outro

cenário os possíveis impactos gerados na estrutura organizacional se acaso essas

determinações forem cumpridas.

A Alpha não tem ciência dos impactos ocasionados pelo cumprimento da jornada legal

de trabalho quanto ao dimensionamento de sua frota e das pessoas lotadas em seu setor de

transporte rodoviário de cargas. Ressalta-se que esta empresa, mundialmente conhecida e

reconhecida por sua marca e pela qualidade de seus produtos, está exposta e completamente

sujeita às sanções legais engendradas por tal descumprimento.

Com apoio no trabalho realizado na Alpha, propõe-se, justamente, identificar os

possíveis impactos gerados pelo cumprimento da jornada de trabalho legal prevista na CLT

quanto ao dimensionamento de frota e de pessoas.

Expressa-se o problema de pesquisa com base na seguinte questão: Qual é o impacto

gerado pelo cumprimento da jornada legal de trabalho por parte dos entregadores1, do

transporte rodoviário de cargas da Alpha quanto ao dimensionamento da frota de veículos

pesados e ao dimensionamento de pessoas?

1.3 Objetivos

Após a elucidação do problema de pesquisa, o objetivo surge com a proposta de

esclarecê-lo. Vergara (1998) ratifica este conceito ao expor que o objetivo de um estudo

consiste em alcançar o resultado, ou seja, prover resposta ao problema da pesquisa.

1.3.1 Objetivo geral

Identificar os impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal de trabalho de oito

horas diárias na área do transporte rodoviário de cargas quanto ao dimensionamento da frota e

de pessoas.

1 Entregadores são os colaboradores responsáveis pela realização das entregas nos pontos de venda. Fazem parte

de uma equipe de entrega, a qual é composta por um motorista entregador e dois ajudantes de entregas.

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1.3.2 Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral, têm-se etapas e exposições específicas a serem

analisadas e perpassadas pelo pesquisador, as quais proporcionarão alcançar de maneira

suficiente o objetivo do trabalho. Tem-se como um dos critérios mais importantes de

avaliação do trabalho final a verificação dos propósitos. Ou seja, deve-se analisar se os

objetivos propostos, de fato, foram alcançados. Dessa forma, para garantir essa

compatibilidade, recomenda-se levar em conta aspectos como: formular meios, formular

objetivos realistas, considerando o tempo e os recursos para atingi-los, e negociar os

interesses do pesquisador com os da organização-alvo (ROESCH, 2006).

Formulam-se, então, com base em um estudo de caso na Alpha, os seguintes objetivos

específicos:

. Estudar a logística do transporte rodoviário de cargas da Alpha, para esclarecer as

etapas do processo e o modus operandi do setor de transporte;

. Identificar os possíveis impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal no

dimensionamento da frota de veículos de entrega em uma unidade de operações da

Alpha;

. Identificar as possíveis adequações no dimensionamento do quadro de pessoal de

entrega da unidade da Alpha geradas pelo cumprimento da jornada legal.

Expõe-se, a seguir o Referencial Teórico que subsidiará o desenvolvimento da

pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Yin (2005), proceder a revisão de literatura é de essencial importância, pois

permite analisar pesquisas anteriores, para desenvolver questões objetivas e perspicazes sobre

o mesmo tópico. A revisão bibliográfica e a exposição de conceitos acerca de transporte

rodoviário de cargas, jornada legal como marco regulatório, setor de bebidas,

dimensionamento de frota e de pessoas tornam-se relevantes para a construção deste trabalho,

na medida em que possuem ligação direta com os esclarecimentos propostos e,

consequentemente, podem possibilitar o alcance dos objetivos traçados.

2.1 Jornada legal como marco regulatório da pesquisa

Para o desenvolvimento do estudo de caso, utiliza-se a jornada legal de oito horas

como marco regulatório. O estudo de caso e os dimensionamentos serão criados tendo como

target o cumprimento da jornada citada.

Define-se como marco regulatório o conjunto de normas, leis e diretrizes que visam

regular, direcionar, guiar e servir de referência para o funcionamento ou a atuação de algo

(MARQUES NETO, 2002). Propõe-se a avaliação da estrutura logística de entrega com base

no prisma do marco regulatório da jornada legal.

Tozzi (2010) ensina que a regulação sempre será realizada por um organismo

independente e capaz de servir aos interesses dos cidadãos, do governo e das empresas

envolvidas, em um regime de cooperação e de entendimento mútuo, visando ao melhor

interesse de todas as áreas envolvidas. Nesse contexto, o próprio conceito de regulação está

intimamente ligado ao sistema jurídico adotado pelo País.

Marques Neto (2002) explica que existem algumas fontes de explicação para a

regulação, tais como: proteção dos interesses de um mercado regulado; manutenção das

condições de reprodução capitalista; e consecução de interesses públicos que pelo mercado

não seriam alcançados.

A Constituição brasileira estabelece em seu artigo 174: “Como agente normativo e

regulador da atividade econômica, o Estado, sendo que este exercerá, na forma da lei, as

funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor

público e indicativo para o setor privado”(BRASIL, 1988, p. 21).

De fato, a regulação estatal constitui uma atividade que o Poder Público exerce sobre o

domínio econômico. Consiste no estabelecimento e na implementação das normas necessárias

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para que determinada atividade possa ser realizada ou para a tutela de um determinado

interesse, com o intuito de garantir que haja equilíbrio no sistema regulado, além da

consagração de objetivos públicos coerentes com os princípios constitucionais (TOZZI,

2010).

Aponta-se que a função do marco regulatório é criar um ambiente conciliador entre as

normas legais e as exigências e expectativas do ambiente laboral e do mercado competitivo.

O marco regulatório também estabelece as regras para o funcionamento dos setores e

contempla a fiscalização do cumprimento das normas, com auditorias técnicas e o

estabelecimento de indicadores de qualidade. Portanto, a criação de um marco regulatório

claro e bem concebido é vital para que se estimule a confiança de investidores e consumidores

e para o bom andamento dos setores correlatos (TOZZI, 2010).

Engendra-se que, de fato, a ideia de regulação envolve a noção de equilíbrio: o

conjunto de relações econômicas entre prestadores, usuários e Estado em torno da exploração

de um dado bem ou atividade.

Salienta-se que a regulação envolve duas funções básicas: manter o equilíbrio interno

do sistema; e introduzir no sistema os interesses gerais, consagrados em políticas públicas, de

modo a permitir que estes interesses sejam absorvidos e consagrados, sem romper o equilíbrio

sistêmico (MARQUES NETO, 2002).

Com base na metodologia expressa para a construção deste trabalho, tem-se a CLT

como o marco regulatório para o desenvolvimento do estudo, pois este objetiva descortinar os

possíveis impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal de trabalho no transporte

rodoviário de cargas por parte dos entregadores.

Aponta-se, ainda, que a verificação dos impactos foi realizada tendo como base a

jornada legal de trabalho, normatizada pela seção II (da jornada de trabalho), artigo 58 do

Decreto-lei 5.452, de 1 de maio de 1943 da CLT, a qual reza que a duração normal do

trabalho, para os empregadores em qualquer atividade privada, não excederá de oito horas

diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite (SAAD, 1999).

2.2 Setor de bebidas

Apresentam-se neste tópico o cenário de bebidas do Brasil e as particularidades que o

compõem e o caracterizam.

Segundo a ABIR, em 2012 a indústria brasileira de bebidas apresentou-se de modo

relevante quanto à economia nacional, em virtude não apenas do valor da produção, mas

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também do elevado dinamismo e da competitividade que tem apresentado hodiernamente,

sendo estes responsáveis em parte pelo notável crescimento de determinados fabricantes que

hoje ocupam posição de destaque no País e no exterior.

Parcela desses fabricantes compõe o Setor de Bebidas brasileiro, devido à abundância

de reservas de água mineral e às características de consumo do brasileiro. O Brasil possui

30% das reservas mundiais de água mineral, sendo o oitavo maior produtor mundial de águas

envasadas. Dessa forma, são relevantes as informações sobre o mercado de bebidas, com

tratamento específico para os segmento de refrigerantes, sucos, isotônicos e energéticos,

cervejas, vinhos e destilados (ALPHA, 2012).

O Brasil é o terceiro maior mercado de refrigerantes do mundo. Deste mercado, a

Alpha e a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcóolicas

(Ambev)/ Anheuser-Busch InBev (AB InBec) detêm 68% e pequenas empresas com atuação

regional (tubaínas e refrigerantes populares), 32%.

Santos e Azevedo (2000) afirmam que o padrão de concorrência das indústrias de

refrigerantes baseia-se na diferenciação, em que os produtos geram distintos graus de

preferência pelos consumidores. Para os autores, este fato pode ser observado pelos diferentes

sabores (laranja, limão, guaraná e uva, dentre outros), bebidas light de baixa caloria e

embalagens com o tamanho de acordo com o consumo.

Quanto aos sucos, isotônicos e energéticos, o Brasil se apresenta como um dos

maiores polos mundiais de produção, situando-se entre os maiores países exportadores. O

mercado brasileiro de sucos prontos para beber movimenta cerca de 250 milhões de litros por

ano. As principais companhias que atuam na comercialização de sucos são: GerberFoods,

Eckes-Granini, Refresco Holding, RIHA, Stute, Conserve Itália, PepsiCo, Procter & Gamble,

Riedel Drinks e Alpha Company (ABIR, 2012).

O Brasil é quinto maior fabricante de cerveja do mundo, com 8,5 bilhões de litros/ano.

A AB InBev/AmBev, por ser a quinta produtora de cerveja do mundo, a segunda das

Américas e a maior cervejaria do Brasil e da América Latina em volume, tem expressiva

presença em 14 países e também atua em outros mercados. Acerca do consumo, 98% da

cerveja consumida no Brasil é do tipo pilsen, que se caracteriza por uma coloração clara,

médio teor de extrato, baixa fermentação e baixo teor alcoólico, situado entre 3% e 5%

(ALPHA, 2013)3.

3 Documento interno da organização Alpha S/A, detentora dos direitos de fabricação e comercialização dos

produtos no Brasil.

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O Brasil é o 16º produtor mundial de vinho. Quanto aos destilados (uísque, vodca,

gim, cachaça, bebidas ice e bebidas à base de cerveja), a cachaça é o terceiro item destilado

mais consumido no mundo e o Brasil é o terceiro maior produtor da bebida, com cerca de 5

mil marcas, 30 mil produtores e volume anual em torno de 1,3 bilhão de litros.

No Brasil, a classe das chamadas bebidas ice conta com 15 marcas, dos tradicionais

produtores de uísque, aguardente, rum e vodca que atuam no País.

Citam-se, a seguir, algumas informações esclarecedoras sobre o setor, fornecidas pelo

Diretório de Vendas e Novos Entrantes da Alpha (ALPHA, 2012).

. Em 2011, foram produzidos no País 13,3 bilhões de litros de cerveja, um aumento

superior a 3% se comparado ao ano anterior, em que se produziram 12,8 bilhões de

litros.

. O crescimento do volume de vendas de vinhos nos supermercados brasileiros em

2011 foi de 34,9%.

. Os refrigerantes alcoólicos (elaborados a partir da associação de uma bebida

alcoólica) tiveram maior importância em faturamento no mercado de bebidas

alcoólicas, atingindo a marca de 21,2%.

. Os sucos de frutas apresentaram um crescimento no volume de vendas nos

supermercados, alcançando o patamar de 15,9%.

Apontam-se, ainda, informações relevantes levantadas pela Pyxis Consumo em 2012,

sendo esta uma ferramenta de pesquisa de mercado do Ibope Inteligência:

. O comércio de bebidas movimentou cerca de R$ 17,7 bilhões em 2012, com a venda

de produtos tais como: água, refrigerante, suco, refresco, cerveja, vinho, champanhe e

destilados.

. Destes R$ 17,7 bilhões, R$ 3,26 bilhões foram destinados à região Sul do Brasil, R$

2,97 bilhões para o Nordeste, R$ 1,53 bilhão para a região Centro-Oeste e R$ 1,11

bilhão para a região Norte. O restante, no montante de R$ 8,83 bilhões, foi consumido

pelo Sudeste. Os maiores consumidores pertencem à classe B, com 42,65%, seguida

pela C, com 40%.

. O relatório de 2012 do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que o Brasil deve

investir R$11,7 bilhões em mobilidade urbana, o que pode trazer consequências

positivas para o transporte de cargas caso ocorram melhorias nas estradas e redução

dos picos de trânsito.

. O TCU prevê, ainda, investimentos na ordem de R$ 212 milhões para incentivar o

turismo, o que certamente contribuirá para o aumento nas vendas de bebidas. A

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perspectiva é que os eventos ajudem a aumentar o consumo desses produtos no País

inteiro, independentemente da localidade em que são realizados.

. A Copa do Mundo e as Olimpíadas, a serem realizadas no Brasil em 2014 e 2016,

respectivamente, são megaeventos que exigirão grande organização e contribuirão

para estimular o crescimento econômico, em virtude dos investimentos que mobilizam

e dos efeitos que possibilitam nas diversas cadeias produtivas.

2.3 Logística

A priori, para melhor entendimento do proposto neste trabalho, apresenta-se a

logística como plano de fundo, haja vista que, transportes rodoviários de carga, jornada legal e

dimensionamento de frota compõem o seu construto teórico e, consequentemente, estão

ligados diretamente ao estudo de caso. Assim, expõem-se diversas definições acerca da

logística, para que se compreenda o lócus conceitual do transporte rodoviário de cargas.

Como definição aceita e utilizada de modo recorrente em livros e publicações

acadêmicas pode-se citar o conceito apontado pelo Conselho de Gestão Logística4, o qual

caracteriza a logística como:

Is that part of the supply chain process that plans, implements, and controls the

efficient, effective flow and storage of goods, services, and related information from

the point-of-origin to the point-of- consumption in order to meet customer’s

requirements (LAMBERT; COOPER, 2000, p. 6715

)

Para Ballou (2001, p. 21), a logística possui a missão de “dispor a mercadoria ou o

serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em

que fornece a maior contribuição à empresa”.

Para Coyle, Bardi e Langley (1996), o objeto fundamental da logística é o seu valor

adicionado em termos de utilidade de lugar e de tempo; ou seja, propiciar a utilidade de lugar,

por meio da movimentação dos produtos dos pontos de produção para os lugares onde é

encontrada a demanda de produtos ou serviços. A logística, então, cria utilidade de tempo

4 Conselho de Gestão Logística: Council of Logistics Management (CLM), hoje denominado Conselho de

Profissionais de Gerenciamento de Cadeia de Suprimento (Council of Supply Chain Management

Professionals - CSCMP) 5 "[...] a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de maneira eficiente e

efetiva o fluxo e a armazenagem de bens, serviços e informações, desde o ponto de origem até o ponto de

consumo, com o objetivo de atender às necessidades dos clientes". (Tradução nossa)

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quando disponibiliza os produtos ou serviços no momento em que consumidores necessitam

deles, sobretudo quando são demandados.

Percebe-se, então, que as definições acerca da logística expõem e apontam outros

significados e áreas que a compõem, tais como: transporte, distribuição, distribuição física,

suprimento, administração de materiais e operações.

Pode-se inferir que a logística tem por objetivo disponibilizar os produtos e serviços

no tempo e nas condições definidas estrategicamente enquanto ideal de negócio. Destarte,

apresenta-se o transporte como ferramenta relevante para alcance deste objetivo.

2.4 Transporte

Ballou (2006) explica que na Antiguidade as mercadorias desejadas pelas pessoas não

eram produzidas de modo a atender todas as regiões em que as pessoas gostariam de consumi-

las ou não estavam disponíveis, devido às estações do ano. A ausência de um sistema de

transporte bem desenvolvido e de sistemas de armazenagem limitava o movimento de

mercadorias e a armazenagem de perecíveis era possível apenas por um curto período de

tempo. Essas limitações forçavam as pessoas a viver perto das fontes de produção e a

consumir uma estreita gama de mercadorias. O desenvolvimento do transporte possibilitou

acesso, comodidade e interação eficiente entre locais, tendo em vista o atendimento de

consumo e empresas.

Transporte é definido por Bamford (2001) como uma atividade dependente de outras.

Tal conceito corrobora para a construção teórica deste trabalho, haja vista que se entende o

transporte como parte funcional da logística.

O movimento de pessoas e mercadorias entre locais é caracterizado por Mokhtarian e

Salomon (2001) como sendo o transporte propriamente dito. Assim, o transporte é um dos

mais importantes elos das cadeias logísticas, as quais exigem técnicas modernas de

acondicionamento, manuseio, estocagem, transferência e movimentação de mercadorias

(RODRIGUES, 2005).

A atividade de transporte pode ser considerada como essencial para o atendimento das

funções logísticas e para o objetivo de satisfazer os clientes, pois possibilita a "criação das

utilidades de lugar e de tempo, o movimento de transporte e a entrega entre dois pontos,

criando a utilidade de lugar. A rapidez e a consistência da movimentação no transporte e na

entrega trazem a utilidade de tempo" (LAMBERT; STOCK, 1992, p. 162). Para gerar essas

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utilidades, duas principais funções são apresentadas pelo transporte: a movimentação e a

estocagem de produtos (BOWERSOX; CLOSS, 2009).

A movimentação é caracterizada por Bowersox e Closs (2009) como a transferência

dos produtos entre locais (origem e destino). Já a estocagem pode ser caracterizada como a

alocação dos produtos dentro do veículo ou dentro do armazém. Objetiva, preferencialmente,

a disponibilização do produto para o transporte - se possível, em um curto espaço de tempo.

Tais alocações em curto espaço de tempo visam, ser menos custosas quando comparadas às

operações de descarregar e recarregar veículos. Ademais, quando o espaço do armazém é

limitado, pode-se preferir percorrer um caminho mais longo e manter os produtos

armazenados no veículo nesse caminho.

A economia de escala e a economia de distância norteiam as operações e o

gerenciamento de transporte. A economia de escala pode ser alcançada com a diluição dos

custos fixos de transporte pelo peso da carga. A economia de distância é obtida com a diluição

dos custos fixos de transporte pela distância percorrida (BOWERSOX; CLOSS, 2009). No

que tange aos modais de transporte, basicamente, encontram-se cinco - ferroviário, rodoviário,

hidroviário, dutoviário e aéreo - os quais serão elucidados a seguir.

. O transporte ferroviário - utiliza como veículo os trens. Como principal vantagem

apontar-se a capacidade de transportar, de maneira eficiente, grande volume em

toneladas por grandes distâncias, produzindo economia de escala e de distância. Mas

este modal de transporte demanda substanciais investimentos fixos, revelando-se

sobremodo dispendioso no que se refere à movimentação de pequenas quantidades.

Apontam-se, ainda, a pequena flexibilidade no trajeto e a necessidade de outro modal

na movimentação das mercadorias para os terminais. Para Ballou (2001), este modal é

um transportador de longo curso e de baixa velocidade, adequado ao transporte de

matéria-prima e de produtos de baixo valor agregado.

. Transporte rodoviário - tem a flexibilidade como principal benefício. Os caminhões

podem operar em todos os tipos de estrada, fornecer qualquer combinação entre ponto

de origem e de destino, movimentar produtos de distintos tamanhos e pesos a várias

distâncias e proporcionar velocidade em percursos de curta distância. A desvantagem

neste modal está na pequena capacidade de cargas e na ineficiência em trajetos de

longa distância, devido ao elevado custo variável. Este modal será mais bem elucidado

no próximo tópico.

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. Transporte hidroviário - refere-se à movimentação pela água. Pode ser subdividido

entre as categorias: fluvial, por lagos; e marítimo (longo curso - internacional;

cabotagem - nacional; e sistema feeder - distribuição de cargas em portos diferentes

das rotas regulares). Bowersox (2001) expõe que o transporte marítimo ou hidroviário

está situado entre o rodoviário e o ferroviário quando se trata da questão dos custos

fixos. Com relação às principais desvantagens deste modal, citam-se a baixa

velocidade média e a pequena capilaridade, sendo necessário, majoritariamente,

complementar o transporte por rodovia e ferrovia. Este transporte é requisitado quando

se almeja obter baixas taxas de frete e quando a velocidade de trânsito é uma questão

secundária.

. Transporte dutoviário - se dá por meio de dutos ou tubos. Apresenta como

características o fato de operar sem interrupções, devido à disponibilidade dos dutos, e

a ausência de viagem de retorno sem nenhuma mercadoria. Como desvantagens do

modal, destacam-se o elevado custo fixo, resultante do direito de acesso, da construção

e da necessidade de controle das estações, a pequena flexibilidade e a limitação ao

transporte de produtos gasosos, líquidos ou de mistura semifluida (BOWERSOX;

CLOSS, 2009).

. Transporte aéreo - apresenta a rapidez e a qualidade como vantagens e o alto custo e

a capacidade limitada como desvantagens. O uso de espaço em aeronaves que

transportam passageiros regulares, em substituição à contratação de um jato particular,

submete o embarque a voos padrões e reduz a capacidade e a flexibilidade, mas

diminui a desvantagem do elevado custo. Ballou (2001) expõe que a velocidade do

transporte aéreo deve ser analisada em conjunto com a de coleta e entrega. Deve-se

considerar ainda se o tempo das atividades de superfície não equivale ao tempo total

de alternativa modal. A confiabilidade e a disponibilidade do serviço aéreo podem ser

classificadas como boas. Quanto à variabilidade de tempo de entrega, pode ser

classificada como baixa, com exceção das quebras mecânicas.

Faria (2005) e Kunadhamraks e Hanaoka (2008, p. 324) definem o transporte

intermodal como "a soma dos modais apresentados, caracterizando-o como a movimentação

de bens, mediante o uso de sucessivos meios de transporte, com o objetivo de alcançar ganho

de eficiência com redução de custos" . Além dos variados modais, existem diversas

modalidades de projetos de rede de transportes que especificam como os produtos serão

movimentados em conformidade com suas nuances.

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2.4.1 Transporte rodoviário de cargas

Aborda-se neste trabalho o transporte de cargas, tendo em vista a relevância deste

tópico na centralidade temática da dissertação, pois o desenvolvimento do estudo de caso se

dá a partir da verificação da jornada deste segmento.

Elucida-se, de modo sucinto, a seguir, o transporte de cargas na história. A Revolução

Industrial e a urbanização acelerada, que ocorreram durante o século XIX e o início do XX,

nos EUA e na Europa, são os marcos catalisadores do desenvolvimento de tecnologias de

transporte em massa. Tal cenário possibilitou que o transporte ferroviário de mercadorias e de

passageiros se tornasse o modo predominante, e assim permaneceu por décadas. Essas

características demandaram a necessidade de uma melhor infraestrutura da rede ferroviária,

para que se cobrisse uma quantidade significativa de regiões.

Com o início da utilização de caminhões no transporte de cargas, isso aconteceu nos

EUA, durante a primeira metade do século XX, e, na maioria dos países industrializados da

Europa, após a Segunda Guerra Mundial, introduziu-se uma nova perspectiva: os serviços de

entrega direta porta a porta oportunizados pelos caminhões. Isso permitiu uma flexibilidade

totalmente nova em termos de tempo e espaço, oferecendo respostas direcionadas para o

atendimento dos problemas até então operantes no transporte (HESSE, 2008). O caminhão,

que havia surgido como uma ferramenta de transportes de cargas pesadas lento e barulhento,

duas décadas adiante provou ser este veículo rápido, flexível e barato, adquirindo o status de

ferramenta eficiente e auxiliadora na execução e no planejamento das tarefas da logística de

entrega e transporte. Destarte, o crescimento da utilização de caminhões fez com que as

fábricas e os armazéns adequassem suas estruturas operacionais quanto ao inbound e ao

outbound, bem como quanto à localização de suas instalações, partindo de locais próximos às

linhas férreas, considerados até então valorizados, para locais de periferia (BARAT, 2007 ).

Hodiernamente, o transporte de mercadorias via modal rodoviário é fundamental para

as atividades econômicas e sociais que ocorrem em centros urbanos ou não, sendo

responsável pelo abastecimento de lojas, locais de trabalho, áreas de lazer, entrega de

mercadorias em residências e transporte de lixo, dentre várias outras atividades. Aponta-se o

paradigma de transporte deste modal alterou-se de tal modo que considera-se que são poucas

as atividades que não necessitam do transporte de mercadorias (CRAINIC; RICCIARDI;

STORCHI, 2009).

A predominância do modo rodoviário no transporte de cargas em áreas urbanas se

deve, principalmente, conforme Bestufs (2007), às curtas distâncias entre a origem e o destino

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e à conectividade. O autor aponta outras razões que salientam a importância do transporte

urbano:

. O custo total do transporte de mercadorias tem influência direta na eficiência da

economia.

. Desempenha importante papel no apoio e na manutenção das atividades industriais e

comerciais geradoras de riqueza.

. É um importante gerador de emprego;

.contribui para a competitividade da indústria.

. É importante no abastecimento do modus operandi da sociedade atual.

Como contrapartida aos supostos benefícios citados, tem-se a infraestrutura das vias e

rodovias urbanas como fator que não acompanhou o crescimento e a evolução da utilização e

do modal na sociedade e na economia, nem o aumento da população. As melhorias em sua

infraestrutura ocorrem de modo apenas adaptativo, pois oportunizam mitigar e gerar

condições mínimas para o transporte (ALVES; et al., 2010).

Patier e Browne (2010) esclarecem que o transporte de cargas em caminhões

configura-se como perturbador para a vida urbana, pois compete pelo mesmo espaço com

veículos particulares e públicos de transporte de pessoas; nas principais cidades francesas, por

exemplo, verificou-se que os veículos de carga consomem, em média, 30% da capacidade da

infraestrutura viária da cidade; eles ainda ocupam dois terços de toda a área para

estacionamento em suas operações de carga e descarga.

Bestufs (2007) defende que o sistema de transportes tem por objetivo disponibilizar e

utilizar de forma eficiente uma infraestrutura de transporte que possibilite atender às

necessidades econômicas, ambientais e sociais, minimizando os impactos negativos e seus

custos. Com o avanço das tecnologias de informação e dos meios de comunicação, o seu custo

se tornou ainda mais acessível, e a variedade de soluções, especialmente desenhadas para a

entrega urbana, aumentaram exponencialmente.

Bestufs (2007) argumenta que algumas estruturas possibilitam êxito, citando que

cidades que possuem infraestrutura de transportes oferecem serviços de valor agregado, áreas

de despacho, as quais possibilitam a armazenagem temporária de mercadorias. Assim, sendo

alcançar soluções de transporte eficazes e eficientes na distribuição urbana de mercadorias é o

objetivo tanto dos agentes de planejamento urbano como das empresas privadas. Na busca por

se alcançar tal objetivo de uma forma sustentável, alguns fatores chave devem ser observados:

. Os veículos utilizados devem mitigar os impactos sociais e ambientais.

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. O planejamento das operações de transporte deve ser realizado por meio de parceria

entre o Poder Público e as empresas do setor privado.

. As autoridades urbanas responsáveis pelo planejamento devem controlar e interferir

na circulação de veículos de transporte de mercadorias.

. Os operadores deverão aperfeiçoar sua eficiência operacional para diminuir o

congestionamento, impactos ambientais e custos.

2.4.2 Rede de entrega

A rede de entrega é destacada por Chopra e Meindl (2003) como uma estrutura de

transporte que facilita o gerenciamento do transportes. Abordam-se neste tópico algumas

nuanças dessa estrutura. Na rede de entrega direta, a estruturação da rede de transporte

objetiva que as entregas cheguem diretamente aos pontos de destino e eliminem a necessidade

de depósitos intermediários, simplificando a operação e a coordenação do processo.

Na entrega direta com milk runs, um caminhão recolhe os produtos de diversos

fornecedores para entregá-los em um mesmo ponto de destino (ou o fornecedor entrega os

produtos diretamente para diversos pontos de varejo em um mesmo caminhão). Essa coleta,

ou entrega, ocorre à medida que o caminhão segue seu roteiro de execução de rota. A

ausência de depósitos intermediários, a obtenção de economias de escala e a consolidação de

entregas de diversos fornecedores ou de diversos pontos de varejo são destacadas como as

principais vantagens desta modalidade de rede de transporte (CHOPRA; MEINDL, 2003).

As entregas executadas por meio de um Centro de Distribuição centralizado têm como

característica a presença de fornecedores, que não remetem suas entregas diretamente aos

pontos de varejo, mas as distribuem com base na delimitação ou divisão de regiões

geográficas, para atendimento dos Centros de Distribuição devidos. Dessa forma, os

fornecedores enviam suas entregas ao Centro de Distribuição, e este destina as entregas a cada

um dos pontos de destino.

Salienta-se como principal vantagem desta modalidade a possibilidade de obtenção de

economias de escala, devido aos volumes elevados transportados ao Centro de Distribuição.

Como principal desvantagem, tem-se a criação de mais um elo entre os fornecedores e os

pontos de varejo, podendo-se caracterizar este como um depósito intermediário. Se houver

operações de cross-dock no Centro de Distribuição, a rápida destinação do produto,

proveniente de diversos fornecedores, reduzirá a quantidade do estoque mantido e,

consequentemente, do custo com sua manutenção.

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A entrega via Centro de Distribuição utilizando milk runs, será adequada se os

tamanhos de lotes a serem entregues em cada ponto de varejo forem pequenos: saindo do

Centro de Distribuição, as pequenas entregas são agrupadas e enviadas à medida que o

caminhão executa sua rota. Ressalta-se que este modelo, em razão de sua utilização marcante

pela empresa foco desta pesquisa, foi adotado aqui como o estudo de caso.

A rede sob medida consiste na combinação personalizada das opções expostas, com o

objetivo de promover o uso da alternativa mais adequada a cada situação.

O Quadro 1 esclarece de modo sucinto as vantagens e desvantagens de cada uma

dessas redes de transporte:

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens das redes de transporte

Estrutura da rede de transporte Vantagens Desvantagens

Entrega direta *Não possui depósito intermediário

*Fácil de coordenar.

* Grandes estoques devido a

tamanhos do lote.

Entrega direta com Milk runs *Redução dos custos de transporte

*Redução dos estoques. *Coordenação mais complexa.

Entrega via centro de distribuição

centralizada

*Redução dos custos de entrada de

transporte mediante a

consolidação.

*Possui depósito intermediário.

*Mais quantidade de manuseio no

centro de distribuição.

Entrega via centro de distribuição

utilizando Cross dock

*Pouca necessidade de estocagem.

*Redução no custo de transporte

devido a consolidação.

*Coordenação mais complexa.

Entrega via centro de distribuição

utilizando Milk runs

*Redução de custo de saída do

transporte para pequenos lotes

*Coordenação ainda mais

complexa

Rede sob medida

*Escolha do transporte mais

adequado às necessidades

individuais do produto ou do ponto

de varejo.

*Coordenação muitíssimo mais

complexa.

Fonte: Adaptado pelo autor (CHOPRA; MEINDL, 2003)

Neste tópico, cabe abordar o transporte de bebidas, que se enquadra enquanto

transporte de carga. Conforme Pereira (2008), observa-se que no Brasil as empresas realizam

este transporte por meio de Centros de Distribuição próprios, Centros de Distribuição

terceirizados, ou Centros de Distribuição mistos, sendo esta última principalmente em épocas

de crescimento ou de elevada demanda.

A utilização dos Centros de Distribuição tem cunho estratégico. Em linhas gerais,

busca-se reduzir os tempos de ciclo e o custo de processamento e obter maior agilidade na

distribuição, velocidade na reposição e automatização dos processos operacionais, sem perder

a proximidade dos clientes (PEREIRA, 2008). O autor destaca ainda que a boa gestão entre os

centros de distribuição e os varejistas ocorre quando o pedido transportado chega ao cliente

no tempo adequado.

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2.4.3 Roteirização

O tema Roteirização é abordado neste trabalho, porque se configura como uma

ferramenta costumeiramente utilizada por organizações que possuem em sua gestão comercial

e logística a definição de diversos locais para a entrega ou o deslocamento de produtos. Esta

ferramenta possibilita, ainda, uma melhor gestão no planejamento de tempo de rota e,

consequentemente, da jornada trabalhada.

A roteirização tem por objetivo descortinar os melhores roteiros para os veículos ao

longo de uma rede de rodovias, ferrovias, hidrovias ou rotas de navegação aérea, tendo por

objetivo mitigar tempo, distância e custo (BALLOU, 2006).

O termo roteirização para Cunha (1997), embora não encontrado nos dicionários de

língua portuguesa, é a forma costumeiramente caracterizada como o equivalente ao termo

inglês routing, utilizado para designar o processo de determinação de um ou mais roteiros, ou

sequências de paradas, a serem cumpridos por veículos de uma frota, objetivando visitar um

conjunto de pontos geograficamente dispersos, em locais prédeterminados que necessitam de

atendimento.

Laporte (2000) explica que a roteirização consiste em definir roteiros de veículos que

minimizem o custo total de atendimento, cada um dos quais iniciando e terminando no

depósito ou na base de alocação dos veículos, assegurando que cada ponto seja visitado

exatamente uma vez e que a demanda em qualquer rota não exceda a capacidade do veículo

que a atende.

A atividade de roteirização enquadra-se no campo de pesquisa e atuação da logística,

mais especificamente da logística de transportes. No âmbito das organizações, as operações

logísticas possuem relevância cada dia maior, pois seus impactos são bastante significativos

tanto na formação dos custos quanto no nível de serviço prestado ao cliente.

De acordo com Ballou (2006), as decisões de roteirização devem observar oito

princípios básicos que auxiliam no desenvolvimento de rotas eficientes que cumpram os

cronogramas:

a) Carregar o modal com volumes destinados a paradas que estejam mais próximas

entre si.

b) Combinar paradas em dias diferentes, para produzir agrupamentos concentrados.

c) Começar os roteiros a partir da parada mais distante do depósito.

d) O sequenciamento das paradas num roteiro deve ter a forma de lágrima.

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e) Os roteiros mais eficientes são aqueles que fazem uso dos maiores veículos

disponíveis.

f) A coleta deve ser combinada nas rotas de entrega, em vez de reservada para o final

dos roteiros.

g) Uma parada removível de um agrupamento de rota é, possivelmente, uma

oportunidade para um meio alternativo de entrega.

h) As pequenas janelas de tempo de paradas devem ser evitadas.

Aponta-se, ainda, que a efetiva consolidação dos roteirizadores engendrou-se a partir

da década de 1990, tendo como impulsos o crescimento explosivo da tecnologia

computacional e o investimento em pesquisas que buscavam melhores resultados para os

complexos problemas de roteirização. Desde então, surgiu uma série de softwares, segundo

Hall e Partyca6 (1997) citados por Cunha (2000), tais como os estrangeiros, Trucks,

Truckstops, RoadShow e RouteSmart e nacionais, como o Rota Certa.

Atualmente, os softwares de roteirização encontram-se desenvolvidos e

configuram-se como uma eficiente solução para as necessidades das empresas, atuando de

modo integrado a outros sistemas, como os sistemas de informação geográfica (SIG) e, até

mesmo, a outros softwares de gestão como os ERPs, e os sistemas de gerenciamento da

cadeia de suprimentos. Essa integração possibilita maior robustez ao processo logístico e

aumenta a confiabilidade da gestão da organização, podendo gerar a maximização dos

resultados e o aumento da competitividade.

2.5 Dimensionamento de frota

A abordagem do tema dimensionamento faz-se necessária neste trabalho devido à

proposta do pesquisador de avaliar os possíveis impactos gerados pelo cumprimento da

jornada legal na frota de veículos de entrega. Destarte, buscou-se na literatura e,

principalmente, em trabalhos acadêmicos que se propuseram a verificar modelos aplicáveis e

adequados a suas propostas de estudo o embasamento para a construção do referencial

teórico. Identifica-se que estas propostas são desenvolvidas tendo por objeto a redução de

custos e a redução de frota (DAGANZO, 1995).

Três propostas de dimensionamento se destacam nos trabalhos pesquisados, as quais

serão tratadas neste estudo: dimensionamento de frota baseado na roteirização;

6 HALL, R. W.; PARTYKA, J. G. On the road to efficiency. OR/MS. Today, p. 38-47, jun. 1997.

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dimensionamento não utilizando roteirização; e dimensionamento de frota baseado nos

tempos de ciclo do ativo. Infere-se que para o dimensionamento de frota faz-se necessário

seguir uma metodologia a partir de uma sequência de passos, em que deve ser ressaltada a

importância da fase de levantamento de dados, que deve ser realizada com precisão, a fim de

obter a acuracidade dos dados (WIATT, 1961).

Ao tratar neste trabalho do tema dimensionamento, o autor não se propõe a ser

exaustivo no assunto, mas sim objetiva engendrar um construto teórico para elucidar o

modelo de dimensionamento utilizado quanto ao estudo de caso. Dessa forma, os modelos

presentes na literatura e utilizados de modo prático nas organizações serão tratados de modo

sucinto neste trabalho.

2.5.1 Dimensionamento de frota baseado na roteirização de veículos

Neste tópico, o dimensionamento de frota baseia-se na roteirização, aspecto está mais

bem elucidada no tópico 2.5. Aponta-se, com base nas pesquisas realizadas que um dos

primeiros estudos relevantes acerca da classificação dos problemas de roteirização e

programação de veículos foi desenvolvido, na década de 1980 por Bodin et al (1983), em que

se expõem as principais revisões dos algoritmos e estratégias de solução.

Conforme Znamensky (2000), apesar dos avanços conseguidos desde então, o trabalho

de Bodin et al. (1983) ainda é apresentado como uma das mais importantes referências sobre

o assunto. Assim, realizaram-se diversas adaptações na taxonomia proposta por Bodin et al.

(1983) para classificar os problemas de roteirização de veículos, o que gerou uma tabela

sintética dos problemas, os quais possuíam diversas opções possíveis de solução.

Quanto ao interesse das pesquisas de dimensionamento, Mourad (2005) ressalta que

dois fatores sobressaíam quando se trata do interesse de pesquisas de dimensionamento que se

valem da roteirização: a relevância crescente, no contexto logístico, dos problemas de

roteirização e seus impactos em custo; e a sua complexidade matemática, pois é um problema

combinatório do tipo NP - difícil7.

Tais estudos têm sido completados em busca de heurísticas cada vez mais eficientes,

devido à aparente impossibilidade de se obterem soluções ótimas para problemas de

roteamento encontrados na prática.

7 NP – difícil representa uma classe de problemas com ordem de complexidade exponencial, o que significa que

o esforço computacional de solução cresce exponencialmente com o tamanho do problema a ser resolvido

(ARAÚJO, 2008).

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Os trabalhos analisados valeram-se das heurísticas para buscar soluções práticas.

Elucidam-se a seguir, as dissertações de mestrado e as teses de doutorado.

A formulação matemática do Problema de Roteamento e Programação foi proposta

por Cunha (1991), que considerou diversas restrições encontradas em problemas práticos, tais

como: múltiplos veículos, frota heterogênea, janela de tempo e precedência. Esse trabalho

objetivou propor um modelo matemático factível, ante a realidade organizacional que

resultasse em uma rota de menor custo, que partisse de um depósito central e que atendesse

diversos pontos de destino dentro de janelas de tempo8 préfixadas. Como premissas para a

formulação das rotas, estas deveriam considerar restrições de precedência9 e deveriam

escolher os veículos mais adequados para percorrer os pontos de demanda.

O modelo desenvolvido por Cunha (1991) fundamentou-se na otimização linear, mas,

devido à complexidade do problema, o autor aplicou duas heurísticas para a resolução do

problema de roteamento e programação: primeiro, utilizou um algoritmo baseado em

programação dinâmica; e, em seguida, tomou por base o algoritmo de etiquetamento

permanente generalizado para o problema de caminho reduzido com janelas de tempo.

Continuando os estudos, agora em sua tese de doutorado, Cunha (1997) apresenta o

problema de roteirização de veículos com restrições de janelas de tempo e duração máxima de

jornada de trabalho. Como método de resolução, desenvolveu duas heurísticas, ambas

baseadas na relaxação lagrangeana10

de algumas restrições do modelo.

Os problemas de dimensionamento e de roteirização foram abordados por Teixeira

(2001) em sua tese de doutorado, considerando uma frota heterogênea de veículo. Buscou-se

definir a frota e a roteirização de veículos, para atender a um conjunto de pontos de paradas,

com o objetivo de minimizar os custos de distribuição. O trabalho avaliou os custos fixos e os

custos variáveis associados a cada veículo, bem como suas capacidades de transporte. O autor

modelou o trabalho como um Problema de circulação de custo mínimo. E, assim, como

Cunha (1997), optou por resolver o problema com a ajuda de heurística.

As heurísticas foram utilizadas também por Mourad (2005) e por Dantzig (1993) como

ferramentas para o tratamento do problema de roteirização e programação de veículos com

carga completa e janelas de tempo, com viagens diretas de uma origem a um destino, sem

8 Uma janela é definida como o intervalo horário para atendimento de cada um dos clientes (pontos de demanda).

9 Precedência corresponde à obrigatoriedade de passar por um determinado ponto de destino antes de atender um

ponto. 10

Relaxação lagrangeano: técnica que consiste na remoção de algumas restrições da formulação original, mas

que embute essas desigualdades na função objetivo, trazendo, então, a ideia de penalizar a função objetivo

quando as restrições removidas forem violadas. O valor dessas penalidades é controlado por coeficientes

chamados "multiplicadores lagrangeanos". Mais detalhes, consultar: GEOFFRION, A.M. Lagrangian

Relaxation end its Uses in Integer Programming. Math. Programming Study, v. 2, p. 82-114, 1974.

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paradas intermediárias. O autor desenvolveu algoritmos de minimização do custo total de

distribuição considerando diversas restrições operacionais encontradas na prática, como as

paradas operacionais para manutenção da frota. Foram propostas quatro heurísticas baseadas

em busca tabu. Este trabalho revelou resultados satisfatórios mediante o uso destas

heurísticas.

Novamente, as heurísticas foram utilizadas por Bonasser (2005) para tratar o tema do

problema de roteirização de veículos. Desta vez, porém, outros métodos foram apresentados.

Para o desenvolvimento do estudo, o pesquisador utilizou vários depósitos, frota heterogênea

fixa, restrições de capacidade e distância como premissas a serem estudadas nas atividades da

Força Aérea Brasileira (FAB). Bonasser (2005) objetivava encontrar uma solução de custo

total mínimo que atendesse às restrições do problema e redundasse em execuções aceitáveis

de tempo para o uso prático. Para tanto, propôs quatro métodos de resolução, consistindo em

versões adaptadas da heurística de economias, da meta-heurística busca tabu, da meta-

heurística colônia de formigas e da meta-heurística híbrida, desenvolvida a partir dos três

métodos anteriores. Esta última obteve os melhores resultados.

Araújo (2008) valeu-se na construção de seus estudos de soluções fundamentadas em

algoritmos genéticos para obter a resolução dos problemas de dimensionamentos de veículos

na roteirização, mas não utilizou janelas de tempo, manteve a uniformidade da frota e não

limitou a quantidade de veículos, obtendo com isso bons resultados.

2.5.2 Dimensionamento de frota sem abordagem de roteirização

O dimensionamento de frota sem abordagem de roteirização caracteriza-se pelo

tratamento do dimensionamento de modo segregado por ser de grande complexidade

matemática. Tal modelo foi melhor elaborado nas últimas cinco décadas do século XX

(GLOVER; KOCHENBERGER, 2003). Assim como desenvolvido no tópico anterior,

apresentam-se, a seguir, diversas pesquisas que se valeram deste modelo.

O tamanho ideal da frota foi estudado por Kirby (1959), considerando uma demanda

com variação sazonal conhecida e uma frota homogênea. O autor resolveu o problema a partir

de formulações algébricas, não considerando os custos variáveis.

O método proposto por Wyatt (1961) foi desenvolvido com base em demandas

determinísticas e com frotas homogêneas semelhantes ao trabalho de Kirby (1959), mas

considerou os custos variáveis para a realização dos dimensionamentos.

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Gould (1969) quebrou o paradigma das frotas homogêneas, considerando frotas

heterogêneas11

para a solução do problema. O método proposto foi formulado a partir de

programação linear. A demanda foi considerada como determinística e as entregas poderiam

ser realizadas por vários operadores logísticos.

Dessa forma, aponta-se que vários estudiosos do assunto utilizaram os trabalhos

formulados por Wyatt (1961) e por Kirby (1959) como base para o desenvolvimento de seus

estudos acerca do tema de Dimensionamento de frota valendo-se, ainda, de metodologias com

formulações algébricas, programação linear e dinâmica.

2.5.3 Dimensionamento de frota baseado no tempo de ciclo do ativo

O tempo de ciclo do ativo pode ser definido como o período de disponibilidade

operacional do veículo; ou seja, o período compreendido desde o carregamento da carga no

veículo até o período de descarga final do veículo no ponto de chegada, após o término de sua

utilização diária.

Stringher (2004) desenvolveu seus estudos acerca do modelo de dimensionamento de

frota tendo com base os tempos de ciclo de cada veículo. O autor objetivou mitigar os custos

de transportes em uma rede de distribuição composta por fábricas, Centros de Distribuição e

clientes, que utilizava frota homogênea e praticava um modelo de carga de lotação. Seu

trabalho oportunizou determinar quantidades ideias de frota de veículos dedicados e rotas de

menor custo. Esse dimensionamento foi realizado em três partes: cálculo do tempo de ciclo,

cálculo da produtividade de cada rota e cálculo da quantidade de veículos necessários.

Para cada rota, o tempo de ciclo foi calculado com base nos tempos que compõem

uma viagem completa (ida e volta):

(1)

Em seguida, calculou-se a produtividade de cada rota, da seguinte maneira:

(2)

Por fim, determinou-se a quantidade de veículos necessários, com base na demanda de

viagens por mês (D):

11

Frota heterogênea corresponde às diferenças de tipo e tamanho dos veículos.

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(3)

Em que:

Tciclo = tempo do ciclo em horas por ciclo;

Tcarregamento_ida = tempo para carregar o caminhão no depósito de saída;

Tviagem_ida = tempo para trânsito entre depósito de saída e depósito de destino;

Tdescarga_ida = tempo para descarregar o caminhão com carga do depósito de saída;

Tcarregamento_volta = tempo para carregar o caminhão no depósito destino;

Tviagem_volta = tempo de trânsito na rota de volta do depósito destino para o de saída;

Tdescarga_volta = tempo para descarregar o caminhão com carga do depósito de destino;

Tesperas = somatória de tempos improdutivos do ciclo, a saber: tempo de espera para

descarga, tempo de espera para inicio do carregamento, tempo de espera para

saída e tempos parados para fiscalização;

Punit = produtividade unitária;

Tdisponível = tempo disponível para a realização da rota em horas por mês;

Nveículos = quantidade de veículos necessários de um mesmo tipo para realização da

rota;

D = quantidade de viagens planejadas/necessárias em um mês.

Percebe-se neste modelo que Stringher (2004) se valeu da métrica de tempos para

elaborar o dimensionamento de frota. Aponta-se, ainda, que, posteriormente, o autor aplicou

um modelo do custeio de sua operação para identificar as melhores rotas quanto a seu custo.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Para a realização deste trabalho, valeu-se da pesquisa qualitativa-descritiva e da

pesquisa quantitativa. É descritiva devido à proposta de identificar, caracterizar e descrever os

processos realizados pelo transporte rodoviário de cargas da Alpha; é qualitativa devido ao

fato de sua metodologia permitir expor o nível de complexidade dos possíveis impactos

gerados pelo cumprimento da jornada legal de trabalho por parte dos entregadores; é

quantitativo devido ao fato de o tratamento matemático dos dados coletados apoiar-se na

documentação interna do Setor de Transporte Rodoviário de Cargas, tendo em vista o

dimensionamento de frota e de pessoas.

Pretende-se examinar o transporte rodoviário de cargas da Unidade Operativa da

Alpha, intitulada “Beta”, tendo em vista a identificação dos possíveis impactos gerados pelo

cumprimento da jornada legal de trabalho.

Ao longo da elaboração deste trabalho, do ponto de vista técnico, foram utilizadas

pesquisa de campo, bibliográfica e documental, para a obtenção de dados e informações, haja

vista que se vale de livros, artigos de periódicos, podendo ser caracterizada como uma

pesquisa de levantamento (GIL, 1999). O método apontado foi aplicado no referencial teórico

e no estudo de caso. Conforme já exposto, realizou-se uma revisão bibliográfica/documental

sobre os processos inerentes ao transporte rodoviário de cargas sobre dados e informações

internas e externas acerca da organização. Com base no conhecimento gerado nesta revisão,

elaborou-se uma exposição conceitual da logística de transporte rodoviário de cargas, jornada

de trabalho como marco regulatório, setor de bebidas e dimensionamento de frota.

Para a concepção deste trabalho, utilizou-se o estudo de caso como método de

investigação. Seguindo as orientações de Yin (2005), esta metodologia permite a realização

da pesquisa de modo a preservar as características de um fenômeno em sua totalidade e

demonstra seu significado na vida real, além de considerar a dinamicidade entre o contexto e

o fenômeno. Yin (2005) define esta pesquisa como sendo empírica, pois se propõe a analisar

um acontecimento presente em um contexto real da vida, quando os limites entre o fenômeno

e a situação não são nitidamente evidentes, e quando múltiplas fontes de recursos são usadas.

O estudo de caso pode nortear na busca de explicações e interpretações convincentes

para situações que envolvam fenômenos sociais complexos, e a construção de uma

teoria explicativa do caso que possibilite condições para se fazerem inferências

analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros conhecimentos

encontrados (MARTINS, 2006, p. 11)

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Minayo (2008) descreve o estudo de caso como investigação qualitativa para mapear,

descrever e analisar o contexto, sendo útil para gerar conhecimentos que permitam exame

detalhado de processos organizacionais ou relacionais e para esclarecer os fatores que

interferem em determinados processos e, dentre outros atributos, permitem avaliar processos e

resultados de propostas implementadas.

Segundo Yin (2005), há três princípios para assegurar o controle de qualidade da

coleta de dados: utilização de várias fontes de evidências; criação de um banco de dados; e

sustentação do encadeamento das ideias.

A documentação pode oferecer informações importantes a todos os tipos de estudo.

Porém, não se deve tomá-la como fonte de informação literal. Uma vez que foi editada por

seus autores, um bom pesquisador utiliza esta fonte para incorporar ou corroborar as

evidências observadas por meio de outras fontes (MINAYO, 2008).

Ao término da aplicação do método de análise dos impactos gerados na empresa, foi

possível avaliar os impactos gerados mediante a utilização do método quantitativo para

tratamento dos dados. Os dados de performance da organização foram submetidos ao

tratamento matemático para a identificação dos impactos gerados no dimensionamento da

frota e de pessoas. Para tanto, o autor desenvolveu uma planilha de cálculo em Excel para

submeter os dados performados pelo Setor de Transporte Rodoviário de Cargas no período de

janeiro a julho de 2013. Aponta-se, ainda, que a planilha desenvolvida valeu-se da lógica do

dimensionamento de frota, baseada no tempo de ciclo do ativo.

Para a realização do trabalho, expõem-se, a seguir, as etapas realizadas:

1ª) Estudaram-se por meio de levantamento bibliográfico, os assuntos: o transporte

rodoviário de cargas, jornada legal de trabalho como marco regulatório, setor de

bebidas e dimensionamento de frota de veículos de entrega.

2ª) Descreveu-se a organização a partir do levantamento de dados internos e externos.

3ª) Descreveu-se o marco regulatório quanto à jornada de trabalho dos entregadores

pertencentes ao transporte rodoviário de cargas.

4ª) Realizou-se levantamento de dados internos da área de transporte da organização

quanto ao dimensionamento da frota aos processos internos inerentes ao transporte e à

jornada de trabalho praticada durante o período de janeiro a julho de 2013.

5ª) Analisou-se o cenário do setor de transporte rodoviário de cargas quanto ao

dimensionamento de frota e de profissionais de entrega durante o período de janeiro a

julho a 2013, com base na metodologia de dimensionamento desenvolvida pelo

mestrando, gerada por meio das literaturas estudadas.

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6ª) Identificaram-se quantitativamente, os impactos no dimensionamento de frota e

pessoas gerados pelo cumprimento da jornada legal no transporte rodoviário de cargas.

7ª) Realizou-se a validação interna dos dados levantados.

Como nota relevante, aponta-se que o dimensionamento de pessoas será conduzido e

estudado com base nos resultados obtidos no dimensionamento da frota de veículos, pois,

mediante este dimensionamento de veículos, será inserida a taxa de absenteísmo da área de

operações, para se obter o dimensionamento adequado de pessoas.

Serão utilizados como ferramentas de apoio neste estudo o Microsoft Excel12

e o

RoadNet versão 3.513

.

12

O Microsoft Excel (2010) será utilizado para a exposição de planilhas e para o desenvolvimento de cálculos de

dimensionamento. 13

O RoadNet versão 3.5 será utilizado na exposição dos dados de transporte realizados durante o período de

janeiro a julho de 2013.

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4 ESTUDO DE CASO DA ALPHA

Este capítulo tem por finalidade expor e caracterizar a empresa que configurou o

estudo de caso, bem como as nuanças proporcionadas por este estudo na organização.

4.1 Caracterizando a Alpha

A empresa que serviu de tema para este trabalho, será citada ao longo da dissertação

como ALPHA. A origem da estrutura organizacional em Minas Gerais foi criada na década de

1950, quando a empresa era uma franquia vinculada à estrutura de sede internacional, uma

das maiores fabricantes do setor bebidas do mundo. A empresa atua nos segmentos de bebidas

carbonatadas, não carbonatadas e de bebidas alcoólicas em Belo Horizonte, Minas Gerais,

sendo responsável pela fabricação e distribuição dos produtos.

Em um passado próximo, a organização era uma franquia de estrutura de negócio

familar, até ser adquirida pela engarrafadora multinacional, em meados da primeira década do

século XXI, vindo então a ser chamada de Alpha Minas Gerais.

A ALPHA tem por objetivo maximizar o crescimento e a rentabilidade, para criar

valor para os acionistas. Para alcançar estes objetivos, a organização realiza alguns esforços,

baseando-se em: transformação dos modelos comerciais, para se concentrar no potencial dos

clientes; implementação da segmentação multiestratégias em seus mercados-alvo, avaliando

grupos distintos de mercado, consumo de ocasião, intensidade da concorrência e níveis

socioeconômicos; e execução estratégica de embalagens de produtos e preços, com apoio em

diferentes canais de distribuição, inovação em produtos e eficiência operacional.

A empresa realiza iniciativas que lhe possibilitam alcançar os objetivos supracitados,

tais como: trabalhar com empresas que possuam expertise no mercado de bebidas,

objetivando desenvolver um modelo de negócio para continuar a explorar novas linhas de

bebidas, desenvolvimento e expansão do portfólio de bebidas ainda por meio de inovação,

aquisições estratégicas e celebração de acordos para aquisições conjuntas com empresas

multinacionais; e fortalecer as capacidades de venda e estratégias go-to-market, incluindo pré-

venda14

, rotas híbridas15

e telemarketing, a fim de aproximar-se dos clientes e ajudá-los a

14

Entrega em 24 horas, o pedido é realizado presencialmente pelo vendedor no dia anterior ao da entrega. Fonte:

Documento interno, procedimento operacional de vendas. 15

Parte das entregas que compõem a carga dos veículos referem-se ao modelo de pré-venda e parte se refere ao

modelo de pronta-entrega, ou seja, venda no ato do contato. Fonte: Documento interno, procedimento

operacional de vendas.

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48

satisfazer as necessidades dos consumidores de bebidas, replicando as melhores práticas em

toda a cadeia de valor.

A empresa atua no mercado com um portfólio que abrange os seguintes segmentos:

refrigerantes, água mineral, sucos, isotônicos, laranjadas, chás, bebidas energéticas, lácteas,

café e cervejas.

A Alpha atende a mais de 310 milhões de consumidores de nove países da América

Latina e, ainda, as Filipinas, por meio de uma rede de mais de 2,5 milhões de pontos de venda

com mais de 100 marcas de refrescos.

A empresa trabalha enquanto parceria de negócio com a The Alpha Company, com o

objetivo de administrar e criar um atraente portfólio de marcas para atender as dinâmicas

particulares de seu mercados e estimular a demanda em uma base crescente de clientes e

consumidores.

A Alpha é a engarrafadora líder das marcas Alpha na América Latina,

comercializando mais de 2,5 bilhões de caixas por ano.

Como Missão, Visão e Valores, têm-se:

. Missão: Satisfazer e atender com excelência ao Consumidor de Bebidas.

. Visão: Ser o melhor engarrafador do mundo, reconhecido pela excelência operativa e

a qualidade de sua equipe.

. Valores: paixão pelo serviço, foco no cliente/consumidor, inovação, criatividade,

qualidade, produtividade, respeito, desenvolvimento integral, excelência das pessoas,

integridade e honestidade.

4.1.1 Dados relevantes

. Maior engarrafador da Alpha na América Latina, com 35 plantas.

. Vendas por US $8,939 milhões ($124,715 milhões de pesos MXN) até 31 de

dezembro de 2011.

. Um dos engarrafadores de refrigerantes mais rentáveis do mundo.

. Conta com tecnologia de ponta em sistemas de informação para: administração da

cadeia de fornecedores e sistema de pré-venda.

. Atendimento de aproximadamente 1.600,000 varejistas por semana na América

Latina.

. Vendas de 2.600 milhões de caixas unidade em 2011.

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49

. Atendimento a mais de 215 milhões de consumidores em nove países da América

Latina.

. Mais de 100 diferentes marcas de bebidas disponíveis aos consumidores.

. 78,900 colaboradores (até dezembro de 2011).

Na companhia, adota-se a segmentação de clientes para aplicação do atendimento

estrategicamente definido, tanto da área comercial quanto da área logística. Com base no

enquadramento dos clientes quanto ao canal16

, ao porte17

e à renda18

, tem-se o

estabelecimento de clusters. Consequentemente, pode-se executar o atendimento já

predefinido para cada cliente (FIG. 1).

Figura 1- Segmentação e Cluster

16

Canal: é definido pelo momento de consumo dos produtos por parte dos clientes: consumo imediato, consumo

iminente e consumo futuro. 17

Porte: é definido em consonância com a quantidade de caixas compradas por semana. 18

Renda: é definido conforme índice de desenvolvimento humano (IDH).

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50

Fonte: ALPHA (2011).

O estudo em questão tem como campo uma Unidade Operativa19

dentre as 15 de

Minas Gerais, sendo a maior em representatividade de vendas do estado, correspondendo a

25% do volume vendido pela ALPHA, com capacidade de realizar cerca de 2.200 entregas

diárias, com uma frota de 80 veículos de cargas que atendem a toda Belo Horizonte e cidades

como Pedro Leopoldo, Vespasiano, Lagoa Santa e Caeté.

4.2 Caracterização da Unidade Operativa

A Unidade Operativa em que se desenvolve o estudo de caso localiza-se no Anel

Rodoviário Celso Mello Azevedo, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Denomina-se Beta,

nome atribuído à proximidade geográfica com o bairro Beta, em que se localiza. Possui 413

funcionários vinculados à área de Operações (logística de inbound e outbound) e 155

funcionários vinculados à área Administrativa e à área Comercial.

19

Nomenclatura interna da organização. É tratada como uma evolução da denominação Centro de Distribuição,

haja vista que possui vários núcleos setoriais operando dentro de suas dependências físicas tais como: vendas,

manutenção de frota, tesouraria, RH, Back office logístico, emissão de notas fiscais, armazenagem e

abastecimento de veículos. Fonte: intranet.

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51

Alugada em outubro de 2010, em razão do crescente volume de vendas, que até então

era de 15% ao ano, com o objetivo de atender todos os clientes de sua base localizados na

região metropolitana de Belo Horizonte. Aponta-se, ainda, o pagamento mensal de R$

149.000,00 de aluguel do imóvel e de R$39.000 de aluguel das tendas que compõem o

armazém.

A Unidade apresenta ainda as seguintes características:

. 31.785 m2 de área total;

. 11.100 m2 de área construída;

. capacidade de armazenamento de 3.815 posições paletes20

;

. capacidade de carregamento 145 caminhões;

. estacionamento interno para 90 caminhões e 70 veículos de passeio; e

. operação de carga e descarga de produtos 24horas;

A atribuição do termo unidade operativa decorre do sentido de independência da

gestão presente e configura-se, na Alpha, como a evolução dos antigos Centros de

Distribuição. As tarefas diárias da Unidade Operativa ocorrem tendo em vista seus setores

próprios e presentes in loco, tais como: Recursos Humanos, Comercial, Marketing, Eventos,

Centro de Processamento de Dados, Logística Interna e Logística Externa, Ambulatório

Médico, Segurança do Trabalho, Planejamento Logístico Finanças (TAB. 1).

Tabela 1 - Head count

Setores Head Count

Transporte 290

Logística Interna 75

Suporte Logístico 16

Financeiro 15

RH 10

Segurança do Trabalho 3

Ambulatório Médico 3

Suporte Operacional Temporário 16

CPD- Processamento de Dados 6

Administrativo 2

Comercial 120

Suporte Comercial 12

Fonte: Elaborado pelo autor

20

Estrutura de madeira em que estoca os produtos e que oferecem condição para o remanejamento via

empilhadeira, em sua maioria possui a dimensão de 1000 x 1200 mm.

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As atividades e os setores apresentados ocorrem tendo como foco o auxílio, a

estrutura, o planejamento e a execução das operações logísticas de armazenagem e transporte.

A Unidade possui algumas atividades de suporte, como:

. Abastecimento dos veículos da frota com diesel21

. Separação de chapatex e pallets22

. Separação de vasilhame23

. Reembalagem de produtos24

Tem-se a seguinte estrutura para as operações logísticas na Unidade Operativa Beta:

Figura 3 – Organograma das operações logísticas da Unidade Operativa

Fonte: ALPHA (2013).

21

Diariamente, os veículos são abastecidos internamente. 22

Separam-se diariamente o chapatex e o pallets, de acordo com o seu estado físico, sendo reaproveitado,

descartado ou enviado para manutenção. Este último, apenas o pallet. 23

Separam-se diariamente os vasilhames de embalagens retornáveis, conforme o sabor, para abastecimento da

linha de produção da fábrica. 24

A reembalagem ocorre devido ao rompimento de suas embalagens iniciais no ato do manuseio interno ou

externo. Assim, estes recebem novo revestimento plástico, tendo em vista a diminuição de perdas.

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4.3 Caracterização do processo interno do transporte rodoviário na Unidade Operativa

A Unidade Operativa (UO) devido à sua representatividade organizacional, configura-

se como uma unidade de Distribuição, ou, conforme é conhecida popularmente, como um

Centro de Distribuição. Sua estrutura está vinculada diretamente ao Setor de Transporte

Rodoviário de Mercadorias. Possui 17.680 clientes em sua base25,

cadastrados no sistema de

roteirização. Cadastram-se ainda, em média, cerca de 35 novos clientes por mês. A logística

de distribuição possui 90 equipes de entregas, sendo 75 compostas por funcionários da

ALPHA e 25 terceirizados, sendo estas integrantes de seis transportadoras distintas, as quais

prestam serviço especificamente de entregas.

Para a elucidação do processo e a exposição do cenário atual do transporte e da

entrega da Alpha na UO Beta, inicialmente, expõem-se o processo do ciclo do pedido, os

processos internos e externos e a jornada legal realizada.

Conforme Ballou (2001), o ciclo de pedido é determinado pelo intervalo de tempo

entre o momento em que o pedido é realizado pelo cliente e o momento em que o produto é

recebido por ele. Para o autor, o tempo necessário para completar o ciclo do pedido é o fator

que gera maior impacto no nível de serviço prestado ao cliente. Quanto menor o ciclo do

pedido, maior a possibilidade de oferecer um nível elevado de serviço ao cliente.

No que se refere às etapas do ciclo do pedido, Ballou (2001) destaca quatro grandes

processos: transmissão do pedido; processamento e montagem do pedido; tempo de aquisição

do estoque adicional; e tempo de entrega. Estes processos serão apontados no processo

interno da empresa à medida que as etapas forem apresentadas.

Anteriormente ao processo do ciclo do pedido, tem-se o planejamento do atendimento

dos clientes, sejam estes por parte dos vendedores ou dos motoristas entregadores. Na

operação da Alpha, no que tange ao atendimento dos clientes enquanto estabelecimentos

comerciais, tem-se a definição deles com base nas seguintes definições de porte26

:

. Diamante: corresponde a clientes que compram volume em caixas por semana maior

ou igual a 348 caixas físicas.

. Ouro: corresponde a clientes que compram volume em caixas por semana maior ou

igual a 126 caixas físicas.

25

Dados extraídos da base de dados do software RoadNet. 26

Estas definições de porte são definidas por meio de pesquisas de mercado que avaliam o potencial de compra

de produtos da Alpha e o potencial de compras de produtos da concorrência. Mediante este consumo, define-se o

porte do cliente (cluster).

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. Prata: corresponde a clientes que compram volume em caixas por semana entre 26 e

115 caixas.

. Bronze: corresponde a clientes que compram volume em caixas por semana menor

ou igual a 25 caixas.

. On Premise: corresponde a clientes que possuem contrato de venda exclusiva de

bebidas da Alpha.

A partir da definição de porte e da utilização dos resultados de pesquisa de mercado

que avaliam o potencial de consumo, define-se estrategicamente como se dá o atendimento

dos estabelecimentos comerciais quanto ao ato de relacionar e coletar os pedidos. Aponta-se a

utilização inicial do software RoadNet, mais especificamente do software integrante

Território Planner27

,como ferramenta de planejamento semestral das rotinas de logística de

distribuição e de vendas, na primeira etapa do processo de planejamento, a qual é

semestralmente ajustada, tendo em vista a melhoria da performance comercial e logística.

Figura 4 - Segmentação de mercado da Alpha

Fonte: ALPHA (2013)

27

Aplicativo integrante do software RoadNet utilizado para dimensionar as rotas de atendimento comercial

(quantidade de visitas semanais) e de logística de distribuição, para dimensionar head count comercial e de

logística.

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Após o planejamento das rotas realizado no Território Planner, pode-se abordar o

processo do ciclo de pedido, compreendendo que o modelo adotado para entrega é

costumeiramente conhecido como “D+1”. Ou seja, o pedido é realizado pela equipe de

vendas em um dia, para entrega no dia seguinte.

A FIG. 5 exemplifica de modo sucinto o ciclo de pedido da organização.

Figura 5 - Detalhamento do ciclo do pedido

Fonte: ALPHA (2013)

As etapas do ciclo do pedido são:

a) Após reunião matinal de direcionamento, a equipe de vendas inicia suas atividades,

às 8h, tendo em vista a realização de vendas in loco nos pontos de vendas, conforme

rota predefinida pelo Território Planner. Com o auxílio do handheld os vendedores

coletam os pedidos e devem encerrar sua venda diária até 16h30min, horário no qual

os pedidos serão transferidos para o SAP.

b) O processo de transmissão de todos os pedidos coletados pelos vendedores durante

o dia inicia-se às16h30min e finaliza-se às 17h00min, horário no qual é bloqueada a

inserção de novos pedidos, pois estes são enviados para o SAP, para verificação da

disponibilidade dos produtos em estoque.

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c) A verificação da disponibilidade de estoque encerra-se às 19h30min. Neste

processo, analisa-se a manutenção de todos os itens/produtos pré-vendidos pelo

vendedor ou realizam-se possíveis cortes (stock-out), por falta de produto ou por

problemas no abastecimento.

d) Após o processo de análise de estoque no SAP, os pedidos são processados pela

área de Processamento de Dados. Este processo, que gera um arquivo para importação

do RoadNet, ocorre entre 19h30min e 20h20min. Posteriormente, o arquivo é

importado para o RoadNet.

e) O arquivo é importado para o RoadNet, software utilizado para realizar a

roteirização de todos os pedidos de todos os clientes que passaram pelo processo de

pré-venda e pela análise de estoque. Este software, mediante atuação do programador

de cargas28

, irá transformar os pedidos digitados em cargas destinadas aos caminhões.

O processo de roteirização, que ocorre no período de 20h30min a 00h40min, somente

é realizado mediante a disponibilidade das informações acerca da quantidade de

veículos, bem como de seu respectivo tamanho e porte. (No próximo tópico, este tema

será mais bem detalhado) (FIG. 6, FIG. 7) .

f) Entre as etapas do processo de roteirização ocorre o processo de paletização, ou

seja, a alocação das mercadorias que compõem os pedidos dos clientes roteirizados

por caminhão, por meio do software Real Distribution29

, finalizando-se 20 minutos

após a roteirização.

g) Após os processos de roteirização e paletização, ocorre o processo de emissão das

notas fiscais e dos romaneios, os quais serão utilizado pelas equipes de entregas, no

dia seguinte.

Figura 6 - Tela de mapa – Bloco de atendimento da região sul atendida pela UO Beta

28

Funcionário que opera o software RoadNet, responsável pela análise e ajuste das rotas. 29

Software customizado para atender à operação da Alpha no que tange à alocação de mercadorias e,

consequentemente, ao fornecimento de informações para montagem física no picking.

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57

Fonte: Alpha (2013)

Figura 7 - Tela de mapa – Parte do bloco de atendimento da região central de BH,

atendida pela UO Beta

Fonte: Alpha (2013)

Nota: O software roteirizador controla a capacidade de carga de cada caminhão. O operador

poderá visualizar e controlar a alocação da mercadoria no caminhão. Nos casos em que a

quantidade total de mercadorias ultrapassar a capacidade do caminhão, o operador destaca outro

caminhão com capacidade maior de carga.

h) No ato da programação de cargas, os encarregados operacionais coletam as

informações das equipes de entregas acerca de possíveis melhorias nas rotas e coletam

ainda informações acerca de possíveis danos que possam impedir os veículos de

estarem disponíveis no dia seguinte, pois apenas mediante o repasse destas

informações haverá a utilização correta da ferramenta RoadNet (TAB. 2).

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Tabela 2 - Relatório de distribuição escala de parte do hipercentro30

- Escala região central

Intn Transpor

Pontos

de

venda

Cubos Ocup

%

Matrícula

motorista

Nome do

motorista

Cod.

Ajudante

Nome

ajudante

1

Cod.

Ajudante

2

Ajudante

2 Placa Frota Liderança

BR0129 200505401 23 428 71,33 970000640 Motorista 970000527 Ajudante 970000526 Ajudante JQW5964 L19 Carlão

BR0130 200505402 31 493 82,17 970000686 Motorista 970000610 Ajudante 970000520 Ajudante JQW5400 L17 Carlão

BRO131 200505403 31 519 86,50 970000665 Motorista 1729688 Ajudante 970000565 Ajudante JQW9508 L12 Carlão

BRP132 200505404 32 402 67,00 970000706 Motorista 970000603 Ajudante 970000489 Ajudante JQW1605 L11 Carlão

BR0133 200505405 33 473 78.83 970000653 Motorista 970000549 Ajudante 970000529 Ajudante JQW0168 L18 Carlão

BR0134 200505406 37 482 80.33 970000498 Motorista 970000519 Ajudante 970000597 Ajudante JQW8617 L14 Carlão

BR0135 200505407 38 410 68,33 970000641 Motorista 970000613 Ajudante 970000563 Ajudante JQW3309 L13 Carlão

Fonte: Alpha (2013)

30

Tela que representa as equipes de entrega da área do hipercentro, extraída do RoadNet. É utilizada como norteador para as equipes de entrega antes de iniciarem suas

atividades laborais de entrega

58

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4.4 Roteirização na Alpha

Mediante o entendimento dos processos internos da organização, percebe-se que o

Setor de Logística de Distribuição e o de Transportes têm por objetivo principal atender os

clientes, ao menor custo possível, no prazo e nas condições adequadas. A empresa em que se

desenvolve o estudo de caso criou, em 2001, o Comitê de Logística Integrada, composto por

membros da área corporativa de logística e distribuição da Divisão Brasil e pelos fabricantes.

Este comitê tem por objetivo encontrar soluções ótimas no curto e no longo prazo para o

Sistema Alpha no que tange às operações de logística e, principalmente de transporte.

A roteirização na organização citada até 2005 era denominada semidinâmica. Ou seja,

valia-se de uma estrutura sequencial de clientes em que as rotas eram definidas pela

localização do cliente mais “próximo”. Os pedidos dos clientes eram agrupados como

componentes das cargas dos veículos, com base em uma sequência numérica, que

supostamente permitia uma localização geográfica próxima entre os pontos de venda.

Contudo, este sistema proporcionava distorções quanto aos novos clientes cadastrados ou

prospectados pela empresa, pois estes eram atribuídos no sistema BASIS31

, no qual os clientes

eram roteirizados, tendo como fundamento a informação cadastral fornecida pelos vendedores

que atendiam a dada região. A alteração de sistema possibilitou melhor gestão de roteiros,

diminuição da quilometragem percorrida e diminuição de tempo de rota. Consequentemente,

aumentou a possibilidade de ajustes sistêmicos com base na localização geográfica (FIG. 9).

Em 2004, a partir dos resultados coletados no projeto-piloto, a Alpha adotou a

roteirização dinâmica, por meio do RoadShow e do RoadNet em detrimento da roteirização

semidinâmica (BASIS). Como melhoria inicial, aponta-se que a roteirização dinâmica

possibilitou a redução de 12% em relação ao número de veículos utilizados por dia e cerca de

8% do custo total de distribuição, pois os roteirizadores dinâmicos, após prévio cadastro da

base de clientes por latitude e longitude ou por CEP, proporcionaram a localização dos

clientes no mapa de forma aproximada do real. Com isso, realiza-se o planejamento das rotas

tendo como premissa, além da utilização máxima da capacidade do veículo, a redução de

quilometragem percorrida e a redução dos tempos de rota (FIG. 10)

31

Sistema utilizado anteriormente ao processo de roteirização dinâmica. Possuía uma plataforma simplificada,

com poucos recursos no que tange à roteirização.

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60

Figura 9 - Mapa de localização geográfica de clientes

Fonte: Adaptado pelo autor (Alpha, 2013)

Figura 10 - Composição de rotas

Fonte:Adaptado pelo autor Alpha (2013)

Após os resultados obtidos, a Alpha homologou os softwares RoadNet e Roadshow

como ferramentas disponíveis a suas unidades no Brasil para a realização das roteirizações de

suas entregas. Após vários testes práticos para identificar um único fornecedor, o software

RoadNet foi escolhido como o mais adaptável às particularidades das entregas da empresa.

4.4.1 Vantagens e funcionalidades proporcionadas pelo RoadNet nas operações da Alpha

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As particularidades identificadas nas operações de entrega de bebidas são diversas,

destacando-se como as mais importantes no atendimento aos clientes e no custo de

distribuição:

. Clientes key account (exclusivos) com janela de atendimento32

reduzida - o software

oferece a possibilidade de cadastrar os horários de atendimento dos clientes, de modo

a planejar as rotas respeitando estes tempos, tornando o atendimento destes clientes e a

conclusão da rota factíveis.

. Jornada, ocupação, quantidade de clientes - o software oferece a possibilidade de

utilizar métricas chaves para a realização do planejamento das rotas. Assim, se há o

objetivo de realizar rotas com tempo máximo, este período pode ser inserido no

sistema por exemplo, máximo oito horas de trabalho). Caso haja a necessidade de

definir que as rotas sejam montadas/ planejadas utilizando o máximo do potencial do

veículo ou qualquer outro potencial definido, estes percentuais também podem ser

inseridos no sistema (por exemplo, todos os veículos deverão sair 95% com sua

capacidade ocupada de mercadoria). Além disso, pode-se estabelecer um número

limite de pontos de venda a serem atendidos por caminhão.

. Definição de motoristas por zonas: como já abordado para a realização de

distribuição de produtos porta a porta, faz-se necessário utilizar de entregadores que

possuem conhecimento das regiões a serem entregues. Dessa forma, o software em

questão possui a funcionalidade de estabelecer motoristas fixos por regiões de

conhecimento.

. Softwares complementares - o RoadNet oferece, de forma integrada, outros softwares

que auxiliam diretamente no RED (right execution daily) da distribuição, pois é

integrado a uma ferramenta chamada Planner, a qual realiza o planejamento dos dias

de visita aos clientes, a frequência de atendimento dos vendedores para a realização de

pedidos e, consequentemente, a frequência semanal de entrega para cada um dos

clientes, a quantidade de clientes a serem atendidos pelos vendedores, a identificação

do porte dos clientes de acordo com o volume comprado pelos mesmos e a definição

das fronteiras geográficas.

O software possibilita, ainda, de forma integrada, o monitoramento e o rastreamento

dos veículos de entrega por meio de um software chamado Móbile Cast33

. Assim, pode-se

32

Janela de atendimento corresponde ao tempo em que o estabelecimento está disponível para recebimento de

mercadorias. 33

Funcionalidade de monitoramento e rastreamento dos veículos. Esta ferramenta não está ativa na organização.

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avaliar a produtividade de cada motorista e pode-se oferecer aos clientes o serviço de

rastreabilidade dos pedidos realizados, além de engendrar que a Alpha, por meio dos

softwares de apoio logístico, realizar uma gestão de transportes em que exista o confronto

entre o planejado e o realizado. Mas, mediante observação in loco dos dados inseridos no

sistema, o autor identificou que o sistema não foi calibrado para melhorar a gestão dos

roteiros e do tempo de entrega. Dessa forma, aponta-se que este software carece de

alimentação para aperfeiçoar a utilização de suas funcionalidades.

4.5 Detalhamentos do ciclo do pedido

A análise dos processos expostos anteriormente, permite sistematizar as quatro etapas

do ciclo do pedido na Alpha, conforme exposto a seguir.

4.5.1 Preparação e transmissão do pedido

A FIG. 11 mostra a primeira e a segunda etapa do ciclo de pedido. Têm-se a

preparação do pedido e a transmissão do pedido.

Figura 11 - O ciclo de pedido – Preparação e transmissão do pedido

Fonte: Elaborado pelo autor

A primeira etapa, intitulada Preparação do pedido, contempla três atividades básicas:

preparar o roteiro de visita a ser realizado no dia; visitar cada um dos clientes em seu ponto de

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63

venda; e coletar os pedidos, verificando a forma de pagamento dos produtos, podendo ser

venda à vista34

ou a prazo, conforme a política da companhia.

A segunda etapa caracteriza-se como sendo a de “transmissão do pedido” para o

servidor e a entrada no sistema de processamento do pedido. Ou seja, o vendedor coleta os

pedidos no hand held e transmite, via GPRS, ao servidor. Em casos de falhas na transmissão,

esta ocorre diretamente no computador central, localizado na unidade operativa. Vale ressaltar

que os pedidos somente são emitidos mediante o valor mínimo de pedido, de R$ 42,00.

4.5.2 Entrada do pedido

A FIG. 12 apresenta a terceira etapa do ciclo de pedido.

Figura 12 - O ciclo de pedido – Entrada do pedido

Fonte: Elaborado pelo autor

A terceira etapa é caracterizada como a “entrada do pedido” no sistema de

processamento de pedido. Análises para a tomada de decisões são realizadas, salientando-se

três principais: receber e validar o pedido; analisar o crédito do cliente; e verificar a

disponibilidade de estoque. Caso não haja disponibilidade de estoque de dado item, este é

retirado do pedido inicial lançado pelo vendedor. Caso não haja a confirmação do crédito do

cliente, o pedido fica pendente de atendimento. Nas situações em que o cliente possui crédito

e existe a disponibilidade de estoque, o pedido é processado na íntegra sendo enviado

posteriormente ao roteirizador.

34

Para clientes inadimplentes somente é permitido a venda mediante pagamento à vista e em dinheiro.

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64

4.5.3 Atendimento do pedido

A FIG. 13 apresenta a quarta etapa do ciclo de pedido.

Figura 13 - O ciclo de pedido – Atendimento do pedido

Fonte: Elaborado pelo autor

A quarta etapa consiste no processo de atendimento do pedido, ocorrido

imediatamente após o processamento dos pedidos no SAP. Após a validação do pedido,

quanto à existência de crédito do cliente e à disponibilidade de estoque, iniciam-se as

atividades físicas de fluxos de materiais, tais como: a) separação do produto; b)

movimentação do produto; c) embalagem de transporte do produto; e d) consolidação de

pedidos por rota de distribuição ou de entrega. De modo concomitante, realizam-se as

atividades burocráticas de fluxo de informações tais como: a) programação do transporte; b)

definição das rotas de entregas; c) emissão da documentação de embarque, por pedido; d)

montagem da carga; e) conferência da carga; f) a liberação do veículo; g) transporte para o

cliente; e h) a entrega do pedido ao cliente.

4.5.4 Fechamento do pedido

A FIG. 14 apresenta a quinta e última etapa do Ciclo de Pedido.

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65

Figura 14 - O ciclo de pedido – Fechamento do pedido

Fonte: Elaborado pelo autor

A última etapa caracteriza-se como o fechamento do pedido após a conferência física

dos produtos e da nota fiscal, observa-se a ocorrência de duas possibilidades por parte dos

clientes: a) o cliente não aceita os produtos; ou b) o cliente aceita os produtos. No caso de o

cliente não aceitar os produtos, o entregador identifica o motivo da devolução no verso da

nota fiscal, retornando os produtos à Unidade Operativa. Caso a nota fiscal esteja de acordo

com o pedido e com os produtos disponibilizados no ato da entrega, o cliente assina o canhoto

da nota fiscal e realiza o pagamento, com base na informação do canhoto. Assim, se for venda

à vista, o motorista recebe o valor total da nota fiscal, em espécie ou em cheque nominal35

no

caso de venda a prazo, o motorista entrega o boleto bancário para pagamento no prazo

pactuado, recolhendo o canhoto deste assinado. Concomitante a tais etapas, os ajudantes

recolhem os vasilhames, ou seja, as embalagens vazias, que devem retornar quando há a

entrega de produtos em embalagens retornáveis, e as colocam no caminhão.

Finalizado o percurso, ou a rota de entrega, o motorista retorna à Unidade Operativa,

onde irá passar pela conferência de retorno de rota, processo este que será realizado pelo

conferente, o qual irá lançar no handheld todos os produtos que retornaram: vasilhames,

35

O cheque é aceito somente quando o cliente não possui pendências financeiras junto à empresa, quando estas

existem há um asterisco no campo forma de pagamento constado no canhoto da NF.

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chapatex e pallets. Posteriormente a este processo, o caminhão é descarregado, enquanto o

motorista, após ter aberto o cofre do veículo com a chave que fica na unidade, encaminha-se

para a prestação de contas das entregas, ou não do dia.

Dessa forma, o ciclo de pedido se completa na Unidade Operativa após a verificação,

análise e execução das atividades apontadas neste tópico.

4.6 Transporte e entrega de mercadoria na ALPHA

Após a exposição do ciclo do pedido, abordam-se, de modo direto, a logística de

entrega e o transporte na Alpha em Minas Gerais, mais especificamente da Unidade Operativa

Beta, bem como os detalhes operacionais que incidem e preenchem as ações que constituem a

jornada laboral dos entregadores, diariamente.

As equipes de entregas que constituem a frota própria36

são compostas por um

motorista e dois ajudantes, os quais são colaboradores da Alpha, sendo estes responsáveis

pela realização média de 34 entregas37

, ou pontos de vendas, na região metropolitana de Belo

Horizonte, conforme mapa de atendimento exposto na FIG. 15.

Figura 15 - Mapa de regiões de atendimento - Beta

Fonte: Adaptado pelo autor (Google Mapa)

36

Frota própria: termo utilizado para denominar os veículos locados utilizados pelos colaboradores da Alpha. 37

Informação extraída com base no cálculo da quantidade de clientes dividido pela quantidade de veículos,

durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2013.

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Diariamente, entregam-se mercadorias para, em média, 2.200 clientes38

, por meio de

60 veículos com equipes próprias e mais 20 veículos de fornecedores, sendo estes geridos

pelas transportadoras que fazem parte dos prestadores de serviço da unidade.

A frota de veículos utilizada pelas equipes próprias é composta por 62 veículos, do

tipo toco, modelo Mercedes Benz 1718, e 10 veículos do tipo 3/4, modelo Volkswagen 8.150

os quais atendem às regiões em que existe restrição de tamanho de veículo39

. Em média, os

caminhões percorrem 44 km/ dia40

para a realização de seus roteiros diários. Eles saem com

82% de sua capacidade ocupada, diariamente. Têm-se no quadro de colaboradores próprios 77

motoristas e 154 ajudantes, sendo que existem, em média, por mês, sete equipes de férias e

um absenteísmo médio de 9% dos colaboradores.

A frota terceirizada é composta de 20 veículos, sendo cinco do tipo truck e 15 do tipo

3/4, sendo estes de seis transportadoras que a realizam prestação de serviço na Unidade. Estas

transportadoras são remuneradas mediante tabela fixa definida pela Alpha. Esses veículos,

costumeiramente, atendem às regiões de periferia, tais como áreas de elevada incidência de

assaltos e, também, clientes definidos no porte como Diamante e Ouro, ou seja, clientes que

possuem elevada média de compra.

Diariamente, saem da unidade cerca de 80 veículos, sendo que esta quantidade eleva-

se nos meses de setembro a dezembro e fevereiro, devido ao alto volume de vendas, para 136

veículos41

. A chegada das equipes de entrega e, consequentemente, a saída dos seus

respectivos veículos ocorrem diariamente de modo fragmentado nos seguintes horários,

mediante as idiossincrasias das regiões de atendimento(TAB. 3).

TABELA 3 - Área de atendimento

Regiões Quantidade de

equipes

Horário de chegada

das equipes

Horário de saída

dos caminhões

Regiões com rotas que excedem 50

km de percurso 18 05:30 06:10

Hiper Centro/ Zona Sul de BH 24 06:00 06:40

Zona Norte de BH 20 07:00 07:40

Fonte: Elaborado pelo autor

Opera-se, hodiernamente, com uma jornada média diária de 12 horas, tendo esta

componentes aceitos e trabalhados internamente que influenciam diretamente este tempo:

38

Informação extraída com base na quantidade de clientes que efetivaram compra durante os meses de: janeiro,

fevereiro e março de 2013. 39

Os veículos 3/4 são usados no hipercentro de BH e zona Sul e região central de Sabará. 40

Informação baseada na distância aferida diariamente dos veículos ao entrar e sair da unidade, sendo esta,

histórico de dados dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2013. 41

130 veículos foram a maior quantidade de veículos que saíram na unidade durante o ano de 2012.

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68

. quantidade de pontos de vendas a serem atendidos;

. distância entre a Unidade Operativa e a rota;

. pontos de Vendas que possuem fila para descarregamento;

. local para estacionamento e descarga;

. local do estoque do cliente.;

. divergências no ato da entrega: preço, produtos, validade, horário;

.quantidade de produto por cliente;

. horário de saída do veículo da Unidade Operativa;

. trânsito, horários de rush;

. interrupções nas vias;

. morosidade da equipe de entregas;

. baixo piso salarial.

Considerando tais conceitos, pode-se perceber que o pedido de bebidas é realizado no

ponto de venda. Em razão do pequeno volume de compra, o vendedor visita o

estabelecimento em certo dia da semana. Os vendedores, obedecendo a um roteiro

preestabelecido, fazem os pedidos, que são transmitidos para a central e validados de acordo

com o estoque existente. O crédito do cliente é analisado. Posteriormente, na fábrica ou no

Centro de Distribuição, as rotas são programadas, definidas, faturadas. Então, os produtos são

separados. Assim, ocorre a movimentação deles, as cargas são montadas e há a liberação do

veículo para posterior transporte até aos clientes.

4.6.1 Responsabilidades dos profissionais de transporte (Entregadores)

Aponta-se, a priori, a necessidade de esclarecimentos acerca daqueles que são

caracterizados como profissionais de transporte, ou entregadores, antes da elucidação

detalhada de suas responsabilidades. Assim, definem-se entregadores como os colaboradores

da organização responsáveis por realizar todas as entregas de produtos em seus respectivos

pontos de venda, os quais atuam no setor intitulado “Distribuição”. Estes colaboradores atuam

sempre em conjunto em suas tarefas diárias. Suas funções se desenvolvem por um motorista

entregador e dois ajudantes de entregas, configurando uma equipe de entregas. Esta equipe

possui como meio de transporte para a execução de suas tarefas caminhões com baús

adaptados para o transporte de bebidas.

Expõem-se a seguir, as responsabilidades laborais destes colaboradores.

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Equipes de entrega - iniciam suas atividades, conforme a TAB. 3, variando de horários

por região.

Tem-se o seguinte desencadeamento de atividades:

a) Encaminham-se para o vestiário, para vestirem os uniformes e retirarem os EPIs42

.

b) Dirigem-se ao refeitório para usufruírem do desjejum.

c) Dirigem-se até o quadro informativo com a informação da tarefa do dia e do veículo

em que sairão, bem como dos integrantes da equipe.

d) Encaminham-se até o quadro de cargas, local em que os documentos legais e

auxiliares são disponibilizados43

e identificados em conformidade com a numeração de

cada veículo44

.

e) Os entregadores realizam a marcação do ponto eletrônico45

.

f) Os entregadores dirigem-se aos encarregados de suas respectivas áreas para se

identificar como presentes ao trabalho46

.

g) Posteriormente, dirigem-se aos veículos já carregados, com suas respectivas cargas,

para a realização da reconferência47

e assinatura dos romaneios, para validação do

conteúdo de mercadorias do veículo.

h) Após a validação das cargas, a equipe de entregas separa todas as DANFEs por

sequenciamento de entregas a serem realizados48

. Tal medida é intitulada pelos

colaboradores como “colocar a rota no giro”.

i) Os entregadores já dentro do caminhão, dirigem-se para a portaria de saída, quando

novamente, realiza-se uma validação por parte da equipe de vigilância da quantidade

de paletes no caminhão49

(este processo é chamado pelos colaboradores de pente-

grosso).

42

EPI corresponde a equipamentos de proteção individual. 43

As documentações disponibilizadas referem-se a DANFE (documento auxiliar de nota fiscal eletrônica),

DACTE (documento auxiliar de conhecimento de transporte eletrônico), romaneios de cargas e roteiros de

entrega. 44

Todos os veículos de frota são identificados por de uma numeração. Tal medida facilita a identificação. 45

Este é o fluxo padrão homologado no procedimento operacional da empresa. 46

Apresentar-se ao encarregado da área faz-se necessário, principalmente, devido ao absenteísmo da área, que

possui índice médio de 9% do quadro de pessoal. 47

As equipes conferem novamente as cargas que anteriormente foram validadas, pelo profissional responsável

pela conferência, por meio do handheld (este possui a função denominada “conferente”). 48

O sistema roteirizador não está calibrado para indicar a sequência correta de pontos de venda. 49

Tal ação é realizada pela equipe de segurança do patrimônio, tendo em vista mitigar possibilidade de extravios

de mercadoria e a saída de produtos sem a DANFE.

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j) Após o pente-grosso, um integrante da equipe de vigilância libera a saída do veículo em

conformidade com a leitura do código de barras contido no romaneio de cargas50

.

O período compreendido entre as etapas "a" a "j" corresponde ao mapa demonstrado

na FIG. 16.

Figura 16 – Mapa de fluxo interno antes da saída para rota

Fonte: Adaptado pelo autor (ALPHA, 2013).

Elucida-se abaixo as etapas descritas na FIG. 16:

1. A execução das entregas nos pontos de venda divide-se em vários momentos: os

motoristas abordam o cliente, mostrando a DANFE, para que este confira os produtos

e a condição de pagamento. Mediante a confirmação do cliente quanto ao recebimento

dos produtos, os motoristas separam os produtos, que serão entregues pelos ajudantes.

Após o término da entrega, o motorista recolhe os valores pecuniários devidos e os

canhotos da DANFE e do DACTE (quando o cliente localiza-se fora do município),

assinados, e do boleto (quando necessário). Vale ressaltar que, de modo concomitante,

as embalagens retornáveis também são recolhidas pelos entregadores.

2. Caso ocorra recusa do cliente quanto ao pedido a ser entregue, o motorista entra em

contato com a equipe administrativa da Unidade Operativa51

, para intervenção e

50

A leitura do código é realizada por um hand held, o qual realiza a liberação diretamente no SAP do veículo e

consequentemente do transporte/carga. 51

A equipe de suporte administrativa é responsável por oferecer suporte aos entregadores quanto a todos os

problemas possíveis ocorridos durante a jornada externa dos entregadores.

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tentativa de reversão da situação de recusa do cliente, junto com o vendedor que

executou o pedido.

3. Após o término da entrega, o motorista insere no cofre do veículo os valores em

espécie, coletados e conferidos.

4. Os ajudantes separam as garrafas de retornáveis (vazias), por sabor, dentro das

caixas, para depois as alocarem dentro das baias do caminhão.

5. As etapas 1 a 4 se repetem em todas as entregas até que os entregadores tenham

comparecido em todos os clientes.

6. Após a realização da última entrega, verificam-se as quantidades de produtos

contidos no caminhão (em caso de retorno) e organizam-se as caixas retornáveis, para

facilitar a conferência dos produtos na chegada da Unidade Operativa.

7. Os entregadores, ao retornarem à Unidade, são recepcionados na portaria pela

equipe de vigilância, a qual, por meio do handheld, realiza a leitura do código de

barras do romaneio, novamente, informando a chegada do veículo (no SAP).

8. Os entregadores dirigem-se com o veículo até as docas de descarga, local em que o

veículo será conferido pelos conferentes, para posterior lançamento das quantidades

encontradas no handheld, quanto à quantidade de caixas de vasilhames, paletes e

caixas de produtos. Este processo deve ser acompanhando por um dos integrantes da

equipe de entregas, pois, caso exista um lançamento de quantidade inferior ao devido,

a diferença é descontada do motorista diretamente na folha de pagamento.

9. Após a conferência, os ajudantes de entregas dirigem-se ao ponto eletrônico, para

finalizar suas atividades laborais. Já o motorista continua suas atividades dirigindo-se

à sala que contém as chaves dos cofres para a retirada dos valores do cofre.

10. Após a retirada dos valores do cofre, o motorista dirige-se à tesouraria, para realizar o

acerto financeiro da carga e a entrega de todos os canhotos assinados.

11. Após o término do acerto, o motorista realiza a marcação de ponto eletrônico,

encerrando suas atividades, e consequentemente, sua jornada laboral.

Os períodos compreendidos entre as etapas 7 e 11 estão expostos no mapa da FIG. 17.

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72

Figura 17 – Mapa de fluxo interno após o retorno de rota

Fonte: Adaptado pelo autor (ALPHA, 2013).

Após a exposição das etapas e das responsabilidades destinadas às equipes de entrega,

deve-se salientar que durante a execução da rota os entregadores realizam uma hora de

almoço, não monitorado pela organização. Pode-se, então avançar para o tema do próximo

tópico.

4.7 Jornada legal na rotina de transporte

Conforme mostrado na metodologia de pesquisa e nos objetivos propostos neste

trabalho, a jornada legal de trabalho é o marco regulatório da pesquisa. Propõe-se neste tópico

esclarecer as idiossincrasias presentes na construção da jornada de trabalho praticada pelos

entregadores.

Estudando os processos internos realizados pelas equipes de entrega da ALPHA, é

possível dividir os tempos que compõem a jornada laboral, para facilitar a compreensão.

Assim, mostra-se a jornada laboral da seguinte forma:

Tabela 4 - Média da jornada de trabalho

Tempo Interno- antes da saída

Tempo de Rota Tempo Interno após

chegada

0:45 10:00 0:50

Fonte: Elaborado pelo autor

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73

A TAB. 4 expressa os tempos médios cumpridos durante o ano de 2012, mediante

análise dos seguintes aspectos:

a) Para a construção do tempo interno antes da saída pela manhã, coletaram-se os

tempos capturados pela marcação de ponto dos colaboradores e coletou-se o tempo

de saída dos caminhões.

b) Para a construção do tempo interno após chegada, coletaram os tempos capturados

pela marcação do hand held na chegada do veículo à unidade e os tempos coletados

pela marcação de ponto ao encerrarem suas atividades.

c) Para a construção do tempo de rota, coletaram-se os dois tempos apontados

anteriormente, somaram-se estes tempos e subtraiu-se o resultado do tempo da

jornada total.

Tempo de rota = Jornada total – Tempo interno (4)

A TAB. 5 mostra a representatividade (%) de cada tempo sobre a jornada total.

Tabela 5 - Representatividade dos tempos da rotina laboral

Tempo Interno- antes da saída

Tempo de Rota Tempo Interno após

chegada

0:45 10:00 0:50

6,48% 86,33% 7,20%

Representatividade % = tempo/ tempo total

Fonte: Elaborado pelo autor

Acerca dos tempos internos e tendo em vista os dados observados, infere-se que para a

análise dos impactos gerados pelo cumprimento da jornada legal adotar-se-ão tais tempos

como imutáveis. Dessa forma, o estudo acerca da jornada e da eliminação da HE 52

para

atendimento da jornada legal será realizado tratando o tempo de rota como sendo maleável.

O GRÁF. 1 expressa os tempos excedentes, ou seja, a HE do Setor de Transporte

Rodoviário de Cargas.

52

HE: corresponde a uma jornada superior a 8 horas. Ou seja, representa a hora extra.

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Gráfico 1 - Comparativo de horas extras

Fonte: Alpha (2013)

A análise do GRÁF. 1 oferece a média mensal de hora extra. Trançando-se ainda uma

média aritmética, obtém-se a média geral de 3,35 HE por dia durante o ano de 2012.

Aponta-se, ainda, que, diante da estrutura organizacional adotada hodiernamente na

empresa e dos detalhes apontados anteriormente, a jornada praticada não atende à jornada

legal de oito horas de trabalho diário.

4.8 Expondo dados operacionais do transporte rodoviário de cargas

Expõem-se a seguir, os dados extraídos da operação de transporte da Unidade

Operativa Beta da Alpha durante os meses de janeiro a julho de 2013, com base na planilha

do Excel mostrada na TAB. 6. Salienta-se que tais dados serão a base para o desenvolvimento

do estudo de dimensionamento da frota de veículos e de pessoas e do custo de entrega.

Analisando a TAB. 6, tem-se os meses e as respectivas informações sobre a operação

de transporte, tais como: pontos de vendas atendidos, percentual de ocupação do veículo de

carga, cubagem52

(ou seja, a medida que padroniza os SKUs nos veículos), média do tempo

de rota realizado pela equipe de entregadores e total de cargas ou veículos utilizados em

transporte durante os meses respectivos.

Tabela 6 - Planilha de dados do transporte

52

Cubagem: corresponde à medida padrão interna da organização, a qual utiliza uma tabela padrão para

transformar todos os SKU’s para o padrão de cubagem. Ex.: 1palete sempre corresponderá a 100 cubos

independente da quantidade de caixas.

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75

Dados do transporte próprio – 2013

Mês 2013 PV’s Ocupação

Média Cubagem

Média Tempo

de Rota

Total de

Cargas

Janeiro 43.629 72,39% 957.117 10:57 1.364

Fevereiro 38.199 75,15% 865.371 11:36 1.196

Março 44.179 76,11% 950.089 09:25 1.353

Abril 43.629 79,49% 848.671 08:53 1.368

Maio 43.965 65,84% 842.293 09:24 1.390

Junho 41.901 65,00% 784.299 08:23 1.363

Julho 43.963 68,93% 869.259 08:28 1.367

Fonte: Adaptado pelo autor (ALPHA, 2013).

Diante desses dados, extraem-se algumas informações relevantes, por meio de cálculos

simples, conforme divisões expostas nos comentários da planilha inserida na TAB. 7:

Tabela 7 - Planilha de dados do transporte-média por dia do transporte próprio da unidade Beta

Dados do transporte próprio – 2013

Mês 2013 PV,s Ocupação

Média Cubagem

Média Tempo

de Rota

Total de

Cargas

Janeiro 32 72,39% 702 10:57 55

Fevereiro 32 75,15% 724 11:36 52

Março 32 76,11% 702 09:25 52

Abril 32 79,49% 620 08:53 53

Maio 32 65,84% 606 09:24 53

Junho 32 65,00% 575 08:23 55

Julho 32 68,93% 636 08:28 51

=PVs/Total de

cargas

=Cubagem/Total

de cargas

= Total de

cargas/Total

de dias

trabalhados

Fonte: Adaptado pelo autor (ALPHA, 2013).

4.9 Premissas para a realização dos estudos, dados adotados, delimitação prática do

estudo e metodologia prática

Neste tópico, expõem-se os dados adotados para a construção do estudo de caso,

mediante levantamento de dados internos da organização e cálculos adotados com base nas

informações extraídas quanto ao desempenho de janeiro a julho de 2013.

Pontos de

venda Unidade

medida do

SKU

Ocupação

do

caminhão

Tempo

despendido

entre a

saída da

unidade e a

chegada na

unidade

Total de

veículos

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76

Seguem-se as premissas utilizadas no estudo, bem como as delimitações da pesquisa:

a) O trabalho se concentra em avaliar o dimensionamento da frota própria de veículos,

bem como o head count dos colaboradores. Dessa forma, os veículos terceiros não

foram contemplados neste estudo, nem o volume de vendas atendido por estes clientes.

b) O trabalho utiliza a jornada de oito horas diárias como base para o

dimensionamento de veículos e pessoas.

c) Respeitou-se a capacidade de carga dos veículos da seguinte forma:

Tabela 8 – Planilha de dados dos tipos e capacidade de veículos da UO

Tipo Modelo Capacidade

em cubos

Capacidade

em

paletes

Toco

Mercedes Benz

1718 1000 10

3/4.

Volkswagen

8.150 600 6

Fonte: Elaborado pelo autor

d) O dimensionamento de pessoas se apoia no dimensionamento de veículos,

aplicando no resultado obtido neste a taxa de absenteísmo praticada na organização,

para estipular o dimensionamento de pessoas.

e) O estudo compara as informações sempre na mesma base de análise, ou seja, os

dados são comparados com base nas mesmas premissas.

f) A planilha (FIG. 18) foi desenvolvida pelo autor tomando por base o conteúdo

estudado no tópico 2.5.3 e suas ramificações. Faz-se necessário salientar a

predominância da lógica dos cálculos utilizados por Stringher (2004) quanto ao tempo

de ciclo do ativo para reavaliar os resultados já obtidos de janeiro a julho de 2013, mas

agora tendo como marco regulador a jornada de oito horas diárias.

g) O trabalho não tem por objetivo fazer a demonstração de heurísticas complexas,

mas sim oferecer uma exposição acessível dos extrapolamentos gerados pelo

cumprimento da jornada legal.

h) As fontes de extração dos dados referem-se aos dados do roteirizador dinâmico

(RoadNet), aos dados coletados pelo hand held capturados no SAP e aos dados obtidos

a partir das planilhas em Excel de indicadores e controles da unidade Beta.

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77

Figura 18 – Planilha de controle de dimensionamento

Fonte: Elaborado pelo autor

i) Os dados expostos na TAB. 9 foram inseridos como fixos, mediante dados extraídos

do sistema rastreador chamado Mobile Cast53

, durante o período de janeiro a

dezembro de 2012, em que o software esteve ativo na organização.

j) Explicando as informações da planilha, tem-se:

. Tmp Rota (Jornada): tempo médio por rota. Corresponde ao tempo despendido entre

o deslocamento e a realização das entregas.

. Veloc Trajeto: velocidade do trajeto. Corresponde à velocidade média utilizada na

execução do trajeto de rota.

. Capacidade: corresponde à capacidade em paletes dos veículos.

. Ocupação: corresponde à taxa de ocupação média do veículo em relação à quantidade

de cargas.

53

Mobile Cast: software de monitoramento e rastreamento pertencente ao suíte do RoadNet, o qual coleta dados

por meio de um GPS, enviando informações instantâneas acerca da localização dos veículos, tempo de

atendimento dos clientes, quilometragem percorrida e velocidade adotada durante a rota.

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78

Tabela 9 - Planilha de dados fixos para veículos de 10 paletes

Unidade operativa

Mês Janeiro

Descrição Veículos de 10

Tmp Rota (Jornada)* 5:25:00

Veloc. Trajeto 50

Capacidade 10

Ocupação 100%

Volume (Cubos)

Dias 25

Volume dia (Cubos)

Clientes média dia

Drop Size (Cubos)

KM desloc 0,20

Tmp cliente 0:17:00

KM Trajet 44,00

TMP Trajeto

Clientes Carga – tempo

Cubos Carga – tempo

Clientes Carga – cubos

Cubos Carga – cubos

Ocupação Real

KM/Dia

Viagens

Veículos

Quantidade de viagens mês

Nota: *Corresponde: 8 horas - 95 min de tempo interno (saída e chegada

- 1 hora de almoço 8:00 - 1:35 - 1:00 = 5:25 Fonte: Elaborado pelo autor

. Volume (cubos): corresponde ao total de volume de vendas transportado, conforme

padrão de medida de sku da organização.

. Dias: corresponde ao total de dias do mês em que ocorreu operação (expediente de

entrega).

. Volume dia (cubos): corresponde ao volume em cubos atendido em média por dia.

. Clientes média dia: corresponde à quantidade de clientes atendidos em média por dia.

. DropSize (cubos): corresponde ao volume em média de cubos entregue a cada

cliente.

. KM Desloc: corresponde à quantidade em quilômetros utilizada para deslocamento

entre os pontos de venda, ou seja, 0,20km.

. Tmp Cliente: tempo médio de atendimento por cliente. Corresponde ao tempo

despendido para o atendimento dos clientes e o deslocamento até o próximo

estabelecimento.

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79

. KM Trajeto: corresponde à soma da quilometragem média realizada entre a Unidade

Operativa e o primeiro cliente e a quilometragem média realizada entre o último ponto

de entrega e a Unidade Operativa, ou seja, 44km.

. Tmp trajeto: corresponde à soma do tempo médio realizado entre a Unidade

Operativa e o primeiro cliente e o tempo médio realizado entre o último ponto de

entrega e a Unidade Operativa.

. Clientes Carga-tempo: corresponde à quantidade de clientes alocados na carga,

mediante o ciclo de tempo da rota por dia do período estudado. A base do cálculo,

conforme formula exposta na FIG. 18, é o tempo.

. Cubos Carga-tempo: corresponde à quantidade de cubos alocados na carga, conforme

o tempo para execução da rota. A base do cálculo, conforme formula exposta na FIG.

18, é o tempo.

. Clientes Carga-cubos: corresponde à quantidade clientes ser alocados na rota,

mediante a capacidade em cubos do veículo. A base do cálculo é a capacidade do

veículo em cubos.

. Cubos Carga-cubos: corresponde à quantidade de cubos que deverão ser alocados na

rota para que a jornada estipulada seja cumprida.

. Ocupação Real: corresponde ao percentual de ocupação em carga do veículo KM/dia.

Corresponde à quilometragem que será realizada para entregar todas as entregas.

. Viagens: corresponde à quantidade de vezes que os veículos serão utilizados no mês.

. Veículos: corresponde à quantidade de veículos utilizados no mês.

. Quantidade de viagens mês: corresponde à quantidade de viagens necessárias durante

o mês para atendimento do volume vendido, cumprido o tempo estipulado.

Para a realização do estudo de dimensionamento, foram realizadas distinções na

planilha de cálculo do dimensionamento do total de volume atendido por veículos de 10

paletes e do total de volume vendidos atendido por veículos de seis paletes (TAB. 10). Tal

diferenciação fez-se necessária devido à restrição de acesso dos veículos que possuem mais de

5 toneladas e comprimento superior a 6,5 metros (BELO HORIZONTE, 2013), em regiões de

Belo Horizonte (FIG.19).

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80

Tabela 10 - Planilha de dados do volume atendido por veículos com capacidade de seis paletes

Unidade operativa

Mês Janeiro

Descrição Veículos de 6

Tmp Rota (Jornada)* 5:25:00

Veloc. Trajeto 40

Capacidade 6

Ocupação 100%

Volume (Cubos)

Dias 25

Volume dia (Cubos)

Clientes média dia

Drop Size (Cubos)

KM desloc 0,05

Tmp cliente 0:15:00

KM Trajet 18,00

TMP Trajeto

Clientes Carga – tempo

Cubos Carga – tempo

Clientes Carga – cubos

Cubos Carga – cubos

Ocupação Real

KM/Dia

Viagens

Veículos

Quantidade de viagens mês

Nota: *Corresponde: 8 horas - 95 min de tempo interno (saída e chegada

- 1 hora de almoço 8:00 - 1:35 - 1:00 = 5:25

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 19- Mapa de restrição de acesso de veículos pesados

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81

Fonte: Belo Horizonte(2012)

Para a exposição dos resultados utilizam-se, no próximo tópico, da TAB. 6,

segregados por volume de vendas atendido pelos veículos próprios com capacidade de

transporte para dez e seis paletes.

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82

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo tem por finalidade fazer a exposição dos resultados, bem como de suas

respectivas análises, acerca do dimensionamento de frota e das pessoas.

Aborda-se, inicialmente, conforme a TAB. 11, que os dados coletados no primeiro

semestre de 2013 serão reavaliados diante da perspectiva do atendimento da jornada total de

trabalho diária de oito horas para os colaboradores de entrega. O dimensionamento inicial

levará em conta apenas o volume entregue no período citado, por veículo de 10 paletes, para

posterior análise do volume entregue por veículos com capacidade de transporte de seis

paletes (devido à restrição de acesso para veículos de cargas).

5.1 Resultados do dimensionamento de veículos de 10 paletes

Apresentam-se na TAB. 11 os dados de desempenho da operação de transporte

rodoviário de cargas da Unidade Operativa Beta durante o primeiro semestre de 2013.

Aponta-se, ainda, que estes dados serão utilizados para a realização do dimensionamento de

veículos e do dimensionamento do pessoal de entrega.

Tabela 11 – Resumo dos dados realizados em regiões sem restrição de acesso de veículos

Resumo da Região - sem restrição

Mês 2013 PVs Ocupação

média Cubagem

Média

tempo de

rota

Total de

cargas Média de

veículos/dia

Janeiro 36.726 73,13% 829.181 10:56 1137 45

Fevereiro 32.480 75,64% 757.091 11:40 1004 44

Março 37.353 73,50% 828.323 09:36 1133 44

Abril 37.100 93,08% 741.916 09:05 1161 45

Maio 36.885 62,66% 727.044 09:31 1168 45

Junho 35.429 61,73% 679.259 08:31 1157 46

Julho 37.068 66,02% 752.048 08:43 1141 42

Média 36.149 72,25% 759.266 09:43 1.129 44

Fonte: Adaptado pelo autor (ALPHA, 2013)

Mediante a aplicação dos dados reais na planilha de cálculo (TAB.12), obtêm-se os

dados, conforme perspectiva da jornada total de oito horas (TAB. 13).

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Tabela 12 - Planilha de resultados do dimensionamento – jornada de 8 horas

UNIDADE OPERATIVA - BETA- 8HS

MÊS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO CONSOL.

Descrição Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Veíc. 10

paletes

Tmp Rota (Jornada) 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00

Veloc Trajeto 50 50 50 50 50 50 50 50

Capacidade 10 10 10 10 10 10 10 10

Ocupação 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Volume (Cubos) 829.181 757.091 828.323 741.916 727.044 679.259 752.048 759.266

Dias 25 23 26 26 26 25 27 25

Volume dia (Cubos) 33.167 32.917 31.859 28.535 27.963 27.170 27.854 29.924

Clientes média dia 1.469 1.412 1.437 1.427 1.419 1.417 1.373 1.422

Drop Size (Cubos) 22,58 23,31 22,18 20,00 19,71 19,17 20,29 21,03

KM Desloc 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

Tmp Cliente 0:17:00 0:17:00 0:17:00 0:17:00 0:17:00 0:17:00 0:17:00 0:17:00

KM Trajet 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00

TMP Trajeto 0:52:48 0:52:48 0:52:48 0:52:48 0:52:48 0:52:48 0:52:48 0:52:48

Clientes Carga – tempo 16 16 16 16 16 16 16 16

Cubos Carga – tempo 362 373 355 320 316 307 325 337

Clientes Carga – cubos 16 16 16 16 16 16 16 16

Cubos Carga – cubos 362 373 355 320 316 307 325 337

Ocupação Real 36,15% 37,32% 35,51% 32,02% 31,56% 30,70% 32,49% 33,68%

Km/Dia 44,80 44,80 44,80 44,80 44,80 44,80 44,80 44,80

Viagens 92 88 90 89 89 89 86 89

Veiculos 92 88 90 89 89 89 86 89

Qtade de viagens mês 2.294 2.029 2.333 2.317 2.304 2.213 2.315 1.943

Fonte: Elaborado pelo autor

83

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84

A análise dos dados obtidos revela que o cumprimento da jornada legal impacta

diretamente a quantidade de clientes por veículo (ver campo na planilha acima intitulado

“clientes carga- tempo” e “clientes carga- cubos”), a ocupação dos veículos (ver campo

intitulado “ocupação real”) e o volume transportado por veículo (ver campo na planilha acima

intitulado “cubos carga – tempo”).

A TAB. 13 apresenta resultados comparativos quanto aos dados iniciais expostos na

TAB.11, nessa tabela evidencia-se que a quantidade de “PVs” e a “cubagem entregue”

permanecem inalterados, pois estes dados são considerados dados de entrada54

; que a

ocupação média dos veículos diminui drasticamente; que o “tempo de rota” passa a ser

considerado 5h25min para que atenda a jornada total de oitos horas; e que a quantidade de

“cargas” aumenta relevantemente e, consequentemente, a quantidade de veículos utilizados.

Posteriormente, estes impactos serão analisados de modo detalhado.

54

Dados de entrada: dados que são utilizados nos cálculos, mas que não podem ser manipulados em sua

composição total, pois caso contrário os resultados seriam tendenciosos.

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Tabela 13 - Planilha comparativa de resultados obtidos – área sem restrição

Comparativo da Região sem Restrição- Resultado

Mês 2013 PVs Ocupação

média (Jornada

livre)

Ocupação

média

(Jornada 8h)

Cubagem

entregue

Média tempo

de rota

(Jornada livre)

Média tempo

de rota

(Jornada 8hs)

Total de cargas

(Jornada livre)

Total de cargas

(Jornada 8h)

Média de

veículos/dia

(Jornada livre)

Média de

veículos/dia

(Jornada 8hs)

Janeiro 36.726 73,13% 36,15% 829.181 10:56 05:25 1137 2294 45 92

Fevereiro 32.480 75,64% 37,32% 757.091 11:40 05:25 1004 2029 44 88

Março 37.353 73,50% 35,51% 828.323 09:36 05:25 1133 2333 44 90

Abril 37.100 93,08% 32,02% 741.916 09:05 05:25 1161 2317 45 89

Maio 36.885 62,66% 31,56% 727.044 09:31 05:25 1168 2304 45 89

Junho 35.429 61,73% 30,70% 679.259 08:31 05:25 1157 2213 46 89

Julho 37.068 66,02% 32,49% 752.048 08:43 05:25 1141 2315 42 86

Média 36.149 72,25% 33,68% 759.266 09:43 05:25 1.129 2.258 44 89

Fonte: Elaborado pelo autor

85

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86

Realizando equações simples com os dados obtidos na TAB. 13, obtêm-se

informações quanto à quantidade de PVs realizados por veículo durante o primeiro semestre

de 2013, sendo possível, com base nestes dados realizar a comparação, conforme TAB. 14 e

as análises.

Tabela 14 - Tabela comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de PV’s.

Comparativo da Região sem Restrição- PV's

Mês 2013 Quantidade

PVs/veículo(Jornada livre)

Quantidade PVs/veículo (Jornada 8h)

Diminuição de PVs

% de diminuição

Janeiro 32 16 16 50,44% Fevereiro 32 16 16 50,52%

Março 33 16 17 51,44% Abril 32 16 16 49,89% Maio 32 16 16 49,31%

Junho 31 16 15 47,72% Julho 32 16 16 50,71% Média 32 16 16 50,00%

Fonte: Elaborado pelo autor

Para se chegar à quantidade de PVs por veículo (jornada livre), utilizou-se a seguinte

equação:

( ) ( )

( ) (5)

Aponta-se, à vista da análise dos dados, que o cumprimento da jornada legal gera uma

diminuição média de 16 pontos de venda por veículo, situação que representa uma

diminuição percentual média de 50% da quantidade de pontos de vendas que saíam nos

veículos quando não existia a restrição de jornada, sendo esta considerada como “jornada

livre”. Tais resultados evidenciam que os “pontos de venda” por veículo podem ser

considerados como um dos responsáveis diretos pela composição da jornada dos

entregadores.

Já quanto à ocupação dos veículos, tem-se que TAB. 15 facilita a análise dos

resultados obtidos também por meio da comparação de dados. Aponta-se que, assim como a

quantidade de PVs por veículo, a ocupação dos caminhões também diminui à medida que

ocorre o cumprimento da jornada legal de oito horas.

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87

Tabela 15 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à ocupação dos veículos

Comparativo da Região sem Restrição- Ocupação

Mês 2013

Ocupação

Média

(Jornada

livre)

Ocupação

Média

(Jornada

8h)

Diminuição da

ocupação

% de

diminuição

Janeiro 73,13% 36,15% 36,98% 50,57%

Fevereiro 75,64% 37,32% 38,32% 50,66%

Março 73,50% 35,51% 37,99% 51,69%

Abril 93,08% 32,02% 61,06% 65,60%

Maio 62,66% 31,56% 31,10% 49,63%

Junho 61,73% 30,70% 31,03% 50,27%

Julho 66,02% 32,49% 33,53% 50,79%

Média 72,25% 33,68% 38,57% 52,74%

Fonte: Elaborado pelo autor

A TAB. 15 mostra que o cumprimento da jornada legal gera uma diminuição média de

38,57% da ocupação dos veículos, situação que culmina na diminuição média de volume

transportado de 52,74% nos veículos. Tais resultados evidenciam que a ocupação dos

veículos influencia diretamente a jornada dos entregadores.

Analisando os resultados obtidos quanto ao dimensionamento de veículos (TAB. 16),

percebe-se um impacto relevante quando se compara a utilização de veículos mediante uma

jornada livre e quando se compara com a utilização de veículos mediante o cumprimento da

jornada legal. Percebe-se que a quantidade aumenta, em média, 1.129 veículos por mês,

situação que gera um aumento de 100% da frota de veículos. Dessa forma, percebe-se que o

cumprimento da jornada legal afeta diretamente a quantidade de veículos utilizados.

Tabela 16 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de veículos

Comparativo da Região sem Restrição- Quantidade de veículos

Mês 2013

Média de

veículos/dia

(Jornada livre)

Média de

veículos/dia

(Jornada

8h)

Aumento de

veículos

% de

aumento

Janeiro 1137 2294 1157 102%

Fevereiro 1004 2029 1025 102%

Março 1133 2333 1200 106%

Abril 1161 2317 1156 100%

Maio 1168 2304 1136 97%

Junho 1157 2213 1056 91%

Julho 1141 2315 1174 103%

Média 1129 2258 1129 100%

Fonte: Elaborado pelo autor

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88

Finalmente, pode-se realizar e analisar o dimensionamento do pessoal de entrega, com

base nos resultados obtidos, no dimensionamento de veículos. Dessa forma, realizam-se as

seguintes equações na construção do dimensionamento do pessoal de entrega (TAB. 17):

( ) ( ) ( ) (6)

em que:

Média de veíc. por dia = corresponde a média de veículos utilizados por dia

3 = corresponde a quantidade de entregadores por veículo

(1 motorista e 2 ajudantes)

Taxa de absent. = corresponde a 10% de absenteísmo.

Tabela 17 - Comparativa de resultados obtidos. Dimensionamento de pessoal de entregas

Dimensionamento de Pessoal- Região sem Restrição

Mês 2013

Entregadores

(Jornada

livre)

Entregadores

necessários

com

absenteísmo

(Jornada

livre)

Entregadores

(Jornada 8h)

Entregadores

necessários

com

absenteísmo

(Jornada 8h)

Aumento de

entregadores

% de

aumento

Janeiro 136 150 275 303 153 101,76%

Fevereiro 131 144 265 291 147 102,09%

Março 131 144 269 296 152 105,91%

Abril 134 147 267 294 147 99,57%

Maio 135 148 266 292 144 97,26%

Junho 139 153 266 292 139 91,27%

Julho 127 139 257 283 143 102,89%

Média 133 147 266 293 147 100,11%

Fonte: Elaborado pelo autor

A análise da TAB. 17 revela que o cumprimento da jornada legal de trabalho e a

quantidade de veículos utilizados geram o aumento de 147 entregadores, em média, por mês

no setor de Transporte Rodoviário de Cargas, sendo que este crescimento representa 100,11%

de aumento médio da quantidade de entregadores.

5.2 Resultados do dimensionamento de veículos de seis paletes

Os veículos com capacidade de transporte de seis paletes, modelo Volkswagen 8.150,

podem transportar até 600 cubos de mercadoria. Estes veículos são utilizados de modo

limitado em sua quantidade justamente pela particularidade de acesso da região, conforme já

exposto.

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Expõem-se, a seguir os dados da TAB. 18, separadamente do primeiro semestre de

2013, tendo em vista a limitação do volume vendido da região com restrição de acesso.

Tabela 18 - Resumo dos dados realizados em regiões com restrição de acesso de veículos

Resumo da região com restrição

Mês 2013 PV,s Ocupação

média Cubagem

Média

tempo de

rota

Total de

cargas

Média de

veículos/dia

Janeiro 6.903 93,93% 127.936 11:02 227 9

Fevereiro 5.719 93,99% 108.280 10:55 192 8

Março 6.826 92,25% 121.775 08:29 220 9

Abril 6.529 85,95% 106.755 07:47 207 8

Maio 7.080 86,52% 115.249 08:48 222 9

Junho 6.472 84,98% 105.040 07:40 206 8

Julho 6.895 86,44% 117.211 07:12 226 9

Média 6.632 89,15% 114.607 08:50 214 9

Fonte: Elaborado pelo autor

Aplicando-se os dados na planilha inserida na TAB. 19, de dimensionamento de frota,

(fórmulas descobertas) tem-se:

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Tabela 19 - Planilha de resultados do dimensionamento – jornada de 8 horas

UNIDADE OPERATIVA - BETA- 8HS

MÊS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO CONSOL.

Descrição Veíc. 6

paletes Veíc. 6 paletes

Veíc. 6

paletes

Veíc. 6

paletes

Veíc. 6

paletes

Veíc. 6

paletes

Veíc. 6

paletes

Veíc. 6

paletes

Tmp Rota (Jornada) 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00 5:25:00

Veloc Trajeto 40 40 40 40 40 40 40 40

Capacidade 6 6 6 6 6 6 6 6

Ocupação 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Volume (Cubos) 127.936 108.280 121.775 106.755 115.249 105.040 117.211 114.607

Dias 25 23 26 26 26 25 27 25

Volume dia (Cubos) 5.117 4.708 4.684 4.106 4.433 4.202 4.341 4.513

Clientes média dia 276 249 263 251 272 259 255 261

Drop Size (Cubos) 18,53 18,93 17,84 16,35 16,28 16,23 17,00 17,31

KM Desloc 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Tmp Cliente 0:15:00 0:15:00 0:15:00 0:15:00 0:15:00 0:15:00 0:15:00 0:15:00

KM Trajet 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00

TMP Trajeto 0:27:00 0:27:00 0:27:00 0:27:00 0:27:00 0:27:00 0:27:00 0:27:00

Clientes Carga – tempo 20 20 20 20 20 20 20 20

Cubos Carga – tempo 368 376 354 325 323 322 338 344

Clientes Carga – cubos 20 20 20 20 20 20 20 20

Cubos Carga – cubos 368 376 354 325 323 322 338 344

Ocupação Real 61,37% 62,69% 59,07% 54,14% 53,90% 53,74% 56,29% 57,31%

Km/Dia 18,99 18,99 18,99 18,99 18,99 18,99 18,99 18,99

Viagens 14 13 13 13 14 13 13 13

Veiculos 14 13 13 13 14 13 13 13

Qtade de viagens mês 347 288 344 329 356 326 347 334

Fonte: Elaborado pelo autor

90

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91

A análise dos dados obtidos revela que o cumprimento da jornada legal impacta

diretamente a quantidade de clientes por veículo (ver campo na TAB. 19, intitulado “clientes

carga-tempo” e “clientes carga-cubos”) e no volume transportado por veículo (ver campo na

planilha acima intitulado “cubos carga-tempo”).

A TAB. 20 elucida estes impactos ao apresentar os resultados comparativos quanto ao

dados iniciais expostos na TAB. 18, em que se evidencia, assim como nos resultados obtidos

nas regiões sem restrição de acesso de tamanho de veículo, que a quantidade de “PVs” e a

“cubagem entregue” permanecem inalterados, pois estes dados são considerados dados de

entrada55

; que a ocupação média dos veículos diminui drasticamente; que o “tempo de rota”

passa a ser considerado 5h25min para que atenda a jornada total de oito horas; e a quantidade

de “cargas” aumenta relevantemente e, consequentemente, a quantidade de veículos

utilizados. Neste tópico, ainda, estes dados serão analisados de modo segregado.

55

Dados de entrada: dados que são utilizados nos cálculos, mas que não podem ser manipulados em sua

composição total, pois caso contrário os resultados seriam tendenciosos.

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Tabela 20 - Planilha comparativa de resultados obtidos – área com restrição

Comparativo da Região com Restrição

Mês 2013 PV,s

Ocupação

Média

(Jornada

livre)

Ocupação

Média

(Jornada

8hs)

Cubagem

Entregue

Média

Tempo de

Rota

(Jornada

livre)

Média

Tempo de

Rota

(Jornada

8hs)

Total de

Cargas

(Jornada

livre)

Total de

Cargas

(Jornada

8hs)

Média de

veículos/dia

(Jornada

livre)

Média de

veículos/dia

(Jornada

8hs)

Janeiro 6.903 93,93% 61,37% 127.936 11:02 05:25 227 347 9 14

Fevereiro 5.719 93,99% 62,69% 108.280 10:55 05:25 192 288 8 13

Março 6.826 92,25% 59,07% 121.775 08:29 05:25 220 344 9 13

Abril 6.529 85,95% 54,14% 106.755 07:47 05:25 207 329 8 13

Maio 7.080 86,52% 53,90% 115.249 08:48 05:25 222 356 9 14

Junho 6.472 84,98% 53,74% 105.040 07:40 05:25 206 326 8 13

Julho 6.895 86,44% 56,29% 117.211 07:12 05:25 226 347 9 13

Média 6.632 89,15% 57,31% 114.607 08:50 05:25 214 334 9 13

Fonte: Elaborado pelo autor

92

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93

Realizando as mesmas equações do tópico anterior, com os dados obtidos na TAB. 21,

obtêm-se informações quanto à quantidade de PVs realizados por veículo durante o período

de janeiro a julho de 2013, sendo possível, a partir destes dados, realizar a comparação, e

análises.

Tabela 21 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de PV’s

Comparativo da Região com Restrição- PV's

Mês 2013

Quantidade

PVs/veículo

(jornada livre)

Quantidade

PVs/veículo

(jornada 8h)

Diminuição

de PVs

% de

diminuição

Janeiro 30 20 11 34,58%

Fevereiro 30 20 10 33,33%

Março 31 20 11 36,05%

Abril 32 20 12 37,08%

Maio 32 20 12 37,64%

Junho 31 20 12 36,81%

Julho 31 20 11 34,87%

Média 31 20 11 35,77%

Fonte: Elaborado pelo autor

Para se chegar à quantidade de PVs por veículo (jornada livre), utilizou-se a seguinte

equação:

( ) ( )

( ) (7)

Aponta-se, à vista da análise dos dados, que o cumprimento da jornada legal gera uma

diminuição média de 11 pontos de venda por veículo, situação que representa uma

diminuição percentual média de 35,77% da quantidade de pontos de vendas que saíam nos

veículos quando não existia a restrição de jornada, sendo esta considerada como “jornada

livre”. Tais resultados evidenciam que os “pontos de venda” por veículo podem ser

considerados como um dos responsáveis diretos pela composição da jornada dos

entregadores.

Já quanto à ocupação dos veículos, tem-se a TAB. 22, a qual facilita a análise dos

resultados obtidos também pela da comparação de dados. Aponta-se que, assim como a

quantidade de PVs por veículo, a ocupação dos caminhões também diminui à medida que

ocorre o cumprimento da jornada legal de oito horas.

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Tabela 22 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à ocupação dos veículos

Comparativo da Região com Restrição- Ocupação

Mês 2013

Ocupação

média

(jornada

livre)

Ocupação

média

(jornada 8h)

Diminuição

da ocupação

% de

diminuição

Janeiro 93,93% 61,37% 32,56% 34,67%

Fevereiro 93,99% 62,69% 31,30% 33,30%

Março 92,25% 59,07% 33,18% 35,97%

Abril 85,95% 54,14% 31,81% 37,01%

Maio 86,52% 53,90% 32,62% 37,70%

Junho 84,98% 53,74% 31,24% 36,76%

Julho 86,44% 56,29% 30,15% 34,88%

Média 89,15% 57,31% 31,84% 35,76%

Fonte: Elaborado pelo autor

A TAB. 22 mostra que o cumprimento da jornada legal gera a diminuição média de

31,84% da ocupação dos veículos, situação que culmina consequentemente em uma

diminuição média de volume transportado de 35,76% nos veículos. Tais resultados

evidenciam que a ocupação dos veículos influencia diretamente a jornada dos entregadores.

Analisando os resultados obtidos quanto ao dimensionamento de veículos (TAB. 23)

percebe-se um impacto relevante quando se compara a utilização de veículos em uma

jornada livre e com a utilização de veículos no cumprimento da jornada legal. Percebe-se

que a quantidade aumenta, em média, 120 veículos por mês, situação que gera o aumento de

55,80% da frota de veículos. Dessa forma, percebe-se que o cumprimento da jornada legal

afeta diretamente a quantidade de veículos utilizados.

Tabela 23 - Comparativa de resultados obtidos, quanto à quantidade de veículos.

Comparativo da Região com Restrição- Quantidade de veículos

Mês 2013

Média de

veículos/dia

(jornada

livre)

Média de

veículos/dia

(jornada 8hs)

Aumento de

veículos

% de

aumento

Janeiro 227 347 120 52,86%

Fevereiro 192 288 96 50,00%

Março 220 344 124 56,36%

Abril 207 329 122 58,94%

Maio 222 356 134 60,36%

Junho 206 326 120 58,25%

Julho 226 347 121 53,54%

Média 214 334 120 55,80%

Fonte: Elaborado pelo autor

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95

Considerando-se o resultado do dimensionamento de veículos, pode-se realizar o

dimensionamento do pessoal de entrega. Desta forma, realizam-se as seguintes equações na

construção do dimensionamento do pessoal de entrega (TAB. 24):

( ) ( ) ( ) (8)

em que:

Média de veíc. por dia = corresponde a média de veículos utilizados por dia

3 = corresponde a quantidade de entregadores por veículo (1

motorista e 2 ajudantes)

Taxa de absent. = corresponde a 10% de absenteísmo.

Tabela 24 - Comparativa de resultados obtidos. Dimensionamento de Pessoal de Entregas

Dimensionamento de Pessoal- Região com Restrição

Mês 2013

Entregadores

(Jornada

livre)

Entregadores

necessários

com

absenteísmo

(Jornada

livre)

Entregadores

(Jornada

8hs)

Entregadores

necessários

com

absenteísmo

(Jornada

8hs)

Aumento de

entregadores

% de

aumento

Janeiro 27 30 42 46 16 54,19%

Fevereiro 23 25 39 43 18 69,27%

Março 26 29 39 43 14 47,73%

Abril 25 27 39 43 16 57,00%

Maio 27 29 42 46 17 57,66%

Junho 25 27 39 43 16 57,77%

Julho 27 30 39 43 13 43,81%

Média 26 28 40 44 16 55,35%

Fonte: Elaborado pelo autor

A análise da TAB. 24, expõe que o cumprimento da jornada legal de trabalho e a

quantidade de veículos utilizados geram o aumento de 16 entregadores, em média, por mês no

setor de Transporte Rodoviário de Cargas, sendo que este crescimento representa 55,35% de

aumento médio da quantidade de entregadores.

5.3 Resumo dos dimensionamentos de veículos e pessoas

Diante dos resultados obtidos e expostos nos tópicos 5.1 e 5.2, é possível estudar de

modo direcionado os impactos do cumprimento da jornada legal no dimensionamento de

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veículos e de pessoas, conforme a proposta deste trabalho. Infere-se, a priori, que ambos os

dimensionamentos são afetados diretamente a partir do momento em que se tem o

cumprimento da jornada legal de trabalho. Aponta-se, ainda, que ambos se comportam da

mesma forma. Ou seja, ocorre o aumento de veículos e de pessoas.

Para a construção da TAB. 25 foram utilizados os resultados segregados dos

dimensionamentos de veículos e de pessoas das áreas que possuem restrição e das áreas que

não possuem restrição. Ou seja, os resultados mensais das TAB. 16 e TAB. 24 referem ao

dimensionamento de veículos, foram somados, bem como os resultados mensais da TAB. 17 e

da TAB. 24, as quais se referem ao dimensionamento de pessoas.

Analisando-se, ainda, os resultados expostos na TAB. 25, aponta-se que o

dimensionamento de veículos incide diretamente nos resultados do dimensionamento de

pessoas. Salienta-se que tal vínculo, foi predefinido na metodologia do dimensionamento de

pessoas, em que o primeiro seria utilizado para calcular o segundo, conforme equações (6) e

(8).

Finalmente, chega-se à identificação dos impactos gerados pelo cumprimento da

jornada legal no transporte rodoviário de cargas quanto ao dimensionamento de veículos e de

pessoas.Expõe-se que o dimensionamento de veículos possui um aumento médio por mês de

49 veículos, o que representa um aumento de 93% da frota. Já quanto ao dimensionamento de

pessoas, tem-se um aumento médio por mês de 162 pessoas, situação que representa um

aumento também de 93% de pessoas.

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Tabela 25 - Comparativa de resultados Finais. Dimensionamento de Veículos e Pessoas

Resultado Final- Dimensionamento de Veículos e Pessoas

Mês 2013

Veículos

(Jornada

livre)

Veículos

(Jornada

8hs)

Aumento de

veículos

% de

aumento

de veículos

Entregadores

(Jornada

livre)

Entregadores

(Jornada

8hs)

Aumento de

pessoas

% de

aumento

de pessoas

Janeiro 55 106 51 94% 180 349 169 94%

Fevereiro 51 101 50 97% 169 334 165 97%

Março 52 103 50 96% 173 339 166 96%

Abril 53 102 49 93% 175 337 162 93%

Maio 54 103 49 91% 178 339 161 91%

Junho 55 102 47 86% 180 335 155 86%

Julho 51 99 47 92% 169 326 157 92%

Média 53 102 49 93% 175 337 162 93%

Fonte: Elaborado pelo autor

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6 CONCLUSÕES

Esta dissertação teve como temáticas o transporte rodoviário de cargas, a jornada

legal e o dimensionamento de frota e de pessoas.

O objetivo geral consistiu foi analisar os impactos gerados pelo cumprimento da

jornada legal no transporte rodoviário de cargas quanto ao dimensionamento de frota e de

pessoas.

Os objetivos específicos foram: Estudar a logística do transporte rodoviário de cargas

da Alpha, para esclarecimentos quanto às etapas do processo e quanto ao modus operandi do

setor de transportes; Identificar os possíveis impactos gerados pelo cumprimento da jornada

legal no dimensionamento da frota de veículos de entrega em uma unidade de operações da

Alpha; Identificar as possíveis adequações no dimensionamento do quadro de pessoal de

entrega da unidade da Alpha geradas pelo cumprimento da jornada legal.

Utilizou-se uma abordagem descritiva-qualitativa, para se descrever e estudar a

unidade operativa da Alpha denominada “Beta”, bem como os processos pertinentes ao

transporte rodoviário de cargas. Utilizou se também uma abordagem quantitativa, para tratar

os dados coletados das documentações internas, dados estes extraídos da performance

operacional durante o período de janeiro a julho de 2013. Esta última foi utilizada para

realizar os dimensionamentos de frota e de pessoas.

Salienta-se que tanto o objetivo geral, como os objetivos específicos foram alcançados

por este trabalho de pesquisa.

O arcabouço desta pesquisa expôs: os processos do Setor de Transporte Rodoviário de

Cargas da Unidade Beta da empresa Alpha e, apontou que o cumprimento da jornada legal de

trabalho aumenta em 93% a quantidade de veículos utilizados na empresa e,

consequentemente, a quantidade de entregadores necessários para realizar a tarefa do

transporte rodoviário de cargas. Sendo assim o cumprimento da jornada legal gera, em média,

o aumento de 49 veículos na frota e de 162 pessoas na entrega por mês (TAB. 25).

Este trabalho de pesquisa não foi construído tendo em vista a utilização de modelos

matemáticos complexos, mas sim a utilização de ferramentas simples, práticas e aplicáveis no

meio profissional do autor.

Este trabalho possibilitou a identificação e mensuração dos impactos no

dimensionamento de frota e de pessoas e possibilitou o estudo dos processos inerentes ao

transporte rodoviário de cargas da Alpha, contribuindo, assim, relevantemente, para o

desenvolvimento intelectual e profissional do autor. Aponta-se, ainda, que, mediante a

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pesquisa, a empresa foco do trabalho poderá medir com base nos impactos mensurados neste

trabalho, outras nuanças geradas pelo cumprimento da jornada legal no setor de transporte

rodoviário de cargas.

Pode se inferir mediante os resultados que o impacto gerado pelo cumprimento da

jornada legal no setor de transporte rodoviário de cargas apresenta-se como relevante e ao

mesmo tempo crítico para as operações de transporte da Alpha, pois percebe-se a priori que

tais impactos incidirão diretamente na estrutura logística da empresa.

6.1 Recomendações para trabalhos futuros

Para trabalhos futuros são expostas com o fim de propor aprofundamentos quanto ao

tema deste trabalho, principalmente quanto ao cumprimento da jornada legal de trabalho por

parte do transporte rodoviário de cargas.

. Avaliar se com o cumprimento da jornada legal de trabalho no transporte rodoviário

de cargas é possível trabalhar com apenas um ajudante no caminhão.

. Avaliar se com o cumprimento da jornada legal de trabalho também ocorre a

diminuição do absenteísmo.

. Estudar a viabilidade da implantação da jornada de trabalho, 12 x 36 como

alternativa para se cumprir a jornada legal de trabalho, no transporte rodoviário de

cargas.

. Estudar e mensurar o custo total do transporte rodoviário de cargas, incluindo a

incidência de ganhos de causas trabalhistas e o custo gerado pelo cumprimento da

jornada legal de trabalho no transporte rodoviário de cargas.

. Estudar e comparar a satisfação dos entregadores com o cumprimento de uma

jornada livre de trabalho e a satisfação deles com o cumprimento da jornada legal de

trabalho.

. Estudar mecanismos para reduzir o tempo interno dos entregadores na empresa e

mecanismos para reduzir o tempo de atendimento dos clientes.

. Estudar a relação entre a quantidade de entregas por veículo e a diminuição do

absenteísmo.

. Estudar a efetividade de softwares de monitoramento e rastreamento na redução da

jornada de trabalho do transporte rodoviário de cargas

. Estudar a terceirização total do transporte rodoviário de cargas como alternativa de

compensação do aumento do custo logístico.

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ANEXO A

Confidencialidade

Mediante proposta de autorização para a construção deste trabalho, no que tange à

citação e ao estudo de caso, assume-se a condição de não publicar este trabalho citando o

nome da organização, tendo em vista a manutenção da confidencialidade organizacional, haja

vista a abrangência e relevância da organização no cenário mundial. Desta forma, assume-se

ainda que a banca de qualificação e defesa serão restritas, ou seja, não serão abertas ao

público, quanto aos examinadores assumirão o compromisso de manterem a confidencialidade

dos assuntos abordados.

NOTA: Devido a tais situações o nome da empresa foi substituída por “Alpha”

para realizar a entrega e publicação da presente dissertação e o nome da Unidade em que se

deu a pesquisa foi substituído pelo nome “Beta”.