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Manual - Ensinar a conduzir.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUOCategoria B
MANUAL DO ENSINO DA CONDUOCategoria B
CoordenaoDireco de Servios de Formao e Certificao Departamento de Ensino de Conduo
ColaboraoCR&M, Formao Activa de Conduo, Lda.
Maro 2010
MANUAL DO ENSINO DA CONDUOCategoria B
07
INTRODUO 09 Objectivo do Manual 10 Estrutura e Organizao 10
1. CARACTERIZAO DA TAREFA DA CONDUO 11
2. CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS 19
2.1 Papel da formao 26
3. CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL 31 3.1 Ponto de partida 31 3.2 Aprendizagem 33 3.3 Plano de Formao 35 3.4 Nveis de ensino 40 3.5 Nveis de ensino na formao 41 3.6 Objectivos de ensino 42 3.7 Temas transversais 44 3.8 Mtodos de ensino 46
4. PLANO DE FORMAO 53 4.1 Contedos de ensino do programa de formao 53 4.2 Contedos da Portaria 536/2005, de 22 de Junho 54 4.3 Distribuio dos temas da Portaria 536/2005 pelos 59 4 nveis da Matriz GDE
5. INFORMAO SOBRE FICHAS TCNICAS 61 5.1 Finalidade das Fichas Tcnicas 61 5.2 Numerao e contedo das Fichas Tcnicas 63 5.3 Perfil da Ficha Tcnica 64 5.4 Numerao das Fichas Tcnicas 67
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 69
7. FICHAS TCNICAS #
SUMRIO
O apoio ao reforo da qualidade do ensino da conduo ministrado nas
escolas de conduo, constituiu um dos objectivos que o Instituto da
Mobilidade e dos Transportes Terrestres, (IMTT, I.P.) pretende incrementar
e desenvolver.
A qualificao do ensino da conduo deve ser uma preocupao de todos
os que actuam e contribuem para a formao de condutores. A elaborao
de um Manual de Ensino da Conduo, com incluso de contedos de
formao de candidatos a condutores e indicao de mtodos e tcnicas
pedaggicas mais adequadas, tem como objectivo melhorar as prticas
dos instrutores de conduo e o desempenho dos candidatos a condutores,
fornecendo-lhes ferramentas para o desenvolvimento da aprendizagem.
O presente Manual constitudo por uma parte geral, enquadradora,
definindo o referencial terico dos diversos contedos e por uma parte
especfica, seccionada em fichas autnomas, sobre contedos de formao
dos candidatos a condutores da categoria B. Este formato permitir uma
actualizao de contedos e introduo de novas matrias.
Alinhado com a Estratgia Nacional de Segurana Rodoviria, o presente
Manual constituiu uma das aces do IMTT, I.P. para a promoo,
qualificao e desenvolvimento das competncias dos instrutores e para
a disseminao de contedos de formao de conduo com recurso a
tecnologias de informao, com o objectivo final de fomentar a formao
de condutores mais seguros e responsveis.
A qualificao do ensino da conduo deve ser uma preocupao de todos os que actuam e contribuem para a formao de condutores.
Introduo
09
INTRODUO
10
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
OBJECTIVO DO MANUAL O presente Manual pretende ser um instrumento de trabalho para o
formador/instrutor de conduo automvel ao nvel da sua preparao
e actualizao de conhecimentos quer na componente tcnica quer na
componente pedaggica, no quadro do sistema de ensino de candidatos a
condutores da categoria B.
ESTRUTURA E ORGANIZAO O Manual de Ensino da Conduo integra uma reflexo geral sobre os
conhecimentos, as atitudes e os comportamentos que o candidato a
condutor tem de adquirir ao longo do processo de aprendizagem para o
correcto exerccio da conduo automvel, bem como sistematiza os nveis
de ensino, as fases de ensino, os temas transversais e, ainda, os contedos
das provas de exame que, presentemente, se encontram definidos na
Portaria n 536/2005, de 22 de Junho.
Pretende-se facilitar o trabalho tcnico e pedaggico do instrutor e da
escola de conduo incorporando um conjunto de fichas tcnicas que
abordam todos os temas transversais constantes do plano de formao.
Este formato poder apoiar a preparao das aulas permitindo a diferen-
ciao pedaggica e a operacionalizao dos temas e dos contedos, tendo
em conta o nvel de ensino que se est em cada momento a abordar.
Estas fichas tcnicas contm sugestes de operacionalizao da formao
dirigidas ao instrutor, permitindo que alguns contedos possam ser
abordados em mais do que uma fase da aprendizagem.
11
1 - CARACTERIZAO DA TAREFA DA CONDUO
1. Caracterizao da tarefa da conduo
Entende-se por tarefa da conduo de veculos automveis a aco do
Homem inserido no sistema rodovirio, ao nvel do controlo e domnio de
um veculo, em todas as situaes de trnsito. Este controlo feito com
o intuito de manter o veculo numa determinada velocidade e trajectria,
para que seja possvel realizar um percurso de um local a outro. O percurso
realiza-se num ambiente rodovirio que contm outros utilizadores deste
mesmo sistema, e que, por este facto, se altera constantemente segundo a
orientao de regras que podem ser explcitas ou implcitas, formalizadas
ou de cariz informal.
A conduo uma tarefa complexa e dinmica, que envolve vrios processos
psicolgicos por parte do condutor. Ainda que funcione de forma integrada,
pode decompor-se em etapas, para melhor compreenso:
Recolha da informao
Tratamento da informao
Aco
A recolha da informao constituda pelas subtarefas da explorao
perceptiva e da identificao. A explorao perceptiva realizada atravs
dos rgos sensoriais, em especial, a viso, e caracteriza-se pelo conjunto
de procedimentos utilizados pelo condutor para a recolha de ndices do
O sistema rodovirio composto por 3 componentes principais: Homem, veculo e via.
12
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
ambiente rodovirio, os quais constituem indicadores de eventos que
podem ser relevantes para a conduo. Na identificao, aps a recolha
dos ndices, o condutor reconhece-os e atribui-lhes significado atravs da
percepo, o que lhe permite reunir a informao necessria do ambiente
rodovirio, para passar fase seguinte tratamento da informao.
O tratamento da informao consiste em pensar a informao recolhida
integrando-a num todo coerente que permite ao condutor ir regulando
a conduo de acordo com todos os elementos relevantes que recolheu
na fase anterior. constituda pelas subtarefas da previso e da deciso.
Na previso, o condutor representa acontecimentos futuros e aces que
venha a ter de desencadear no veculo, para o desenrolar da tarefa da
conduo. Esta representao feita com base nos ndices recolhidos e
percebidos, tendo em conta que os deve recolher e prever em antecipao,
devido velocidade imprimida ao veculo. Na deciso, o condutor, perante
as vrias hipteses que ponderou, opta pela que considera ser a melhor
soluo para resolver a situao de conduo anteriormente prevista.
Na aco o condutor pe em prtica as actividades sensrio-motoras
(actividades motoras decorrentes da percepo de um estmulo)
necessrias para prosseguir a deciso que tomou, actuando sobre os
comandos do veculo. Quanto mais automtica for praticada essa aco,
mais atempadamente solucionada a situao de trnsito.
Assim, a complexidade da tarefa da conduo reside no facto de exigir
por parte do condutor uma adaptao sensrio-motora contnua, de forma
a controlar o veculo e a tomar decises adequadas, tendo por base as
aces dos diferentes elementos que compem o sistema rodovirio.
Esta complexidade ainda consequncia da permanente necessidade
de comunicao e sincronizao com os diferentes utilizadores deste
sistema, bem como de uma adaptao s regras de trnsito e aos diversos
ambientes rodovirios. Este cariz dinmico justifica-se pelo facto de os
diversos elementos que constituem o sistema em que a tarefa da conduo
se integra, estarem em constante alterao, mudando de lugar, nmero,
forma e at mesmo alterando o modo de comunicao entre si.
A complexidade da tarefa da conduo reside no facto de exigir por parte do condutor uma adaptao sensrio--motora contnua, de forma a controlar o veculo e a tomar decises adequadas, tendo por base as aces dos diferentes elementos que compem o sistema rodovirio.
13
1 - CARACTERIZAO DA TAREFA DA CONDUO
Desde 19701 que se sabe que, para conduzir um automvel, um indivduo
tem de aprender cerca de 40 tarefas principais e saber desenvolver
cerca de 1500 subtarefas relacionadas com a actividade. Para a execuo
segura desta extensa lista de tarefas e subtarefas, exigido ao condutor
um elevado nvel de ateno e concentrao, que devem ser mantidas
durante todo o perodo de conduo, a fim de poder reagir adequada-
mente a acontecimentos imprevistos e antecipar incidentes e acidentes.
Paralelamente, uma vez que os condutores esto constantemente expostos
a uma considervel quantidade de informao, proveniente do ambiente
rodovirio, de natureza e complexidade diversas, a mobilizao das vrias
tarefas e subtarefas assenta frequentemente na gesto dos seus recursos
sensrio-motores para alcanar o destino pretendido.
Atendendo complexidade da tarefa da conduo, o condutor deve reunir
um conjunto de competncias que permitam exercer uma conduo em
segurana. Tais competncias podem ser agrupadas em quatro nveis de
desempenho distintos: nvel atitudinal, nvel estratgico, nvel tctico
e nvel operacional. Estes nveis de desempenho baseiam-se na Matriz
GDE Goals for Driver Education2 - que define um esquema hierarquizado
sobre a tarefa da conduo, sublinhando as caractersticas individuais de
cada condutor com impacto na conduo, incluindo a experincia, atitudes,
aptides, motivaes, decises e comportamentos.
As caractersticas individuais de cada condutor tm impacto no modo de conduo.
2. Engstrm, I., Gregersen, N. P., Hernetkoski, K., Keskinen, E. Nyberg, A. 2003. Young novice drivers, driver education and training. Literature review. VTI rapport 491A, 2003.
1. Ellingstad, V.S. (1970) A driving task analysisMcKnight, J. and Adams, B. (1970) Driver education and task analysis.
14
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
2 Nvel ESTRATGICO
Este nvel est relacionado com as escolhas estratgicas feitas pelo condutor: o porqu, para qu, onde e quando conduzir. As escolhas tambm incluem a opo pelo modo como o indivduo se desloca e o modo como se faz transportar, bem como se pretende conduzir de dia ou de noite, inserir-se no trnsito nas horas de maior ou menor afluncia de trfego, conduzir sob a influncia de lcool ou em estado de fadiga, etc.
Este nvel estratgico corresponde tambm preparao e planeamento da viagem, cuidando do estado do veculo, seleccionando as vias mais adequadas para chegar ao seu destino, observando as regras legais de circulao rodoviria, o trfego, o tempo disponvel e eventuais acidentes na via.
3 Nvel TCTICO
Este nvel trabalha a recolha da informao pelo condutor, integra as regras de circulao rodoviria e respectiva sinalizao, de forma a permitir ao condutor reagir em conformidade com as situaes de trnsito com que se depara, de modo a ser capaz de reagir a imprevistos.
O condutor deve adaptar a sua conduo de acordo com as constantes alteraes ocorridas no ambiente rodovirio. Por exemplo, quando encontra utentes vulnerveis na via, como as crianas, deve moderar especialmente a velocidade e aumentar a ateno.
1 Nvel ATITUDINAL
Este nvel est relacionado com os objectivos de vida do condutor e competncias para viver. Abrange as motivaes pessoais, as emoes, os estilos de vida, o modo de ser do condutor.
Inclui as suas percepes, quer coincidam ou no com a realidade, e a forma como acredita que se deve comportar na sociedade para poder satisfazer os seus intuitos, mas igualmente para satisfazer os que o rodeiam.
Este nvel est baseado no reconhecimento de que os estilos de vida, o estatuto social, o gnero, a idade, bem como outros factores individuais tm uma influncia preponderante nas atitudes e tambm nos comportamentos dos condutores e no grau de probabilidade de se verem envolvidos em acidentes. Este nvel est estreitamente relacionado com o acto de conduzir e influencia a segurana/insegurana de toda a mobilidade e acessibilidade rodovirias.
Os nveis de desempenho tm objectivos diferenciados, apesar de con-
correrem para um objectivo comum global a capacidade do condutor exercer
a conduo em segurana, pelo que o reconhecimento de todos esses nveis
permite o desenvolvimento de um programa de ensino eficiente.
15
1 - CARACTERIZAO DA TAREFA DA CONDUO
4 Nvel OPERACIONAL
Este nvel corresponde forma como os condutores desempenham as aces, ou mais precisamente, forma como so manipulados os controlos do veculo, para que possam agir tctica e estrategicamente. Inclui as competncias necessrias para o controlo e domnio do veculo.
Quando o condutor decide tactimente reduzir a velocidade, pode decidir agir de diversas formas: retirar simplesmente o p do acelerador; retirar o p do acelerador e pressionar o pedal do travo, ou ainda pressionar o pedal do travo e simultaneamente pressionar a embraiagem para reduzir uma mudana. Assim, para cumprir o objectivo tctico de reduzir a velocidade, o condutor deve realizar determinadas aces, que so desenvolvidas ao nvel operacional.
Um condutor pretende deslocar-se do ponto A ao ponto B.
ATITUDINAL O condutor deve ser capaz de reconhecer se est em
condies de conduzir em segurana.
ESTRATGICO O condutor, antes de iniciar a viagem, selecciona o
percurso que vai percorrer. Uma vez que pretende chegar ao destino
num curto espao de tempo, selecciona vias pouco congestionadas e com
poucos sinais luminosos. Estas escolhas fazem parte do nvel estratgico
que integra a tarefa da conduo em si, uma vez que envolve o planeamento
da viagem e o momento em que esta deve ser realizada.
TCTICO Ao iniciar a viagem e ao percorrer a estrada que o leva ao
destino, o condutor escolhe circular abaixo do limite legal de velocidade,
ultrapassa uma bicicleta que percorre a mesma via, pra para deixar
passar um peo que est junto de uma passadeira e distancia-se do veculo
que est sua frente e que ziguezagueia pela estrada. Estas manobras
pertencem ao nvel tctico da tarefa da conduo e so as manobras que o
condutor tem de realizar para alcanar o seu objectivo.
OPERACIONAL Em cada uma das manobras, o condutor tem de realizar
aces sobre os comandos do veculo, para que cada uma dessas manobras
seja efectivada: para que possa circular abaixo do limite legal de velocidade,
o condutor verifica o seu velocmetro e ajusta a presso que exerce no
acelerador; para ultrapassar a bicicleta que segue sua frente, o condutor
acciona o sinal de mudana de direco esquerda, vira o volante para o
EXEMPLO
16
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
As aces pertencentes ao nvel operacional so geralmente realizadas de forma automtica, enquanto que as aces referentes ao nvel estratgico so processadas de forma consciente.
lado esquerdo com ngulo suficiente para se posicionar a uma distncia
segura do ciclista, pressiona um pouco mais o acelerador enquanto a
ultrapassagem est a ser realizada, olha para o espelho retrovisor com
o intuito de verificar que se encontra a uma certa distncia do ciclista, e
vira o volante para o lado direito para voltar sua posio na via. E assim
sucessivamente, realizando sobre os comandos do veculo todas as aces
adequadas para a execuo das manobras.
Em cada um dos nveis atitudinal, estratgico, tctico e operacional , o
condutor usa a informao de forma diferenciada. As aces pertencentes
ao nvel operacional so geralmente realizadas de forma automtica,
enquanto que as aces referentes ao nvel estratgico so processadas de
forma consciente. Esta distino entre os diferentes nveis hierrquicos
verdadeira, sobretudo para condutores que tenham atingido um certo nvel
de experincia, no necessitando de processar, de forma consciente, todas
as aces realizadas a nvel operacional. Em termos gerais, o desempenho
da tarefa da conduo decorre de dois tipos de processamento de
informao: um processamento inconsciente e outro consciente.
Tarefas que so rotineiras e em que o indivduo possui uma experincia
considervel, so controladas por processos inconscientes. Para este tipo
de processamento, os gestos so realizados automaticamente, porque
o condutor no necessita de fazer uso de muitos recursos cognitivos.
um processamento mais rpido, mas pouco flexvel, onde a interveno
voluntria consciente limitada.
Comparativamente, o processamento consciente da informao carac-
terizado por estar dependente de um controlo voluntrio que mais
flexvel e tambm mais lento. Este tipo de processamento consciente
essencialmente usado para situaes no rotineiras, onde a mobilizao
de uma quantidade considervel de recursos cognitivos essencial para
realizar as subtarefas em causa. Durante a realizao de tarefas rotineiras,
onde o processamento consciente no est directamente relacionado
17
1 - CARACTERIZAO DA TAREFA DA CONDUO
A consolidao dos automatismos sensrio-motores contribui para uma conduo mais segura.
com a execuo das diferentes aces, o seu papel fundamental a
monitorizao das situaes. Sempre que algo no ocorre dentro dos
padres de normalidade a que o indivduo est habituado, sempre que
surge uma situao de trnsito nova, ou que determinadas situaes no
se desenvolvam como tinham sido planeadas, o condutor rev a estratgia
que delineou e reformula-a.
A tarefa da conduo decorre, para todos os condutores, em torno de um
funcionamento mental que compreende estes dois registos mais ou menos
automtico, mais ou menos consciente. Quanto mais e melhor tarefas
primrias, intrnsecas conduo, forem efectuadas de modo automtico
por parte do condutor, mais recursos cognitivos ficaro disponveis e
melhor podero ser usados na deciso das tarefas globais e complexas da
conduo, o que leva a um melhor desempenho global da tarefa. Isto o que
se passa nos condutores experientes. Ou seja, enquanto o nvel operacional
de desempenho da conduo realizado mais automaticamente, sem
necessidade de um pensamento mais elaborado, maior quantidade de
recursos mentais ficaro disponveis para que o condutor possa ficar mais
alerta para os restantes nveis. Este um dos motivos porque, no global,
um condutor experiente desenvolve melhor a tarefa da conduo, em
maior segurana, com escolhas mais acertadas, decises mais firmes, mais
atenta aos imprevistos, etc
19
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
2. Caracterizao do comportamento de condutores recm-encartados
A identificao das caractersticas que definem os condutores jovens
inexperientes torna-se relevante por constiturem, para muitos investi-
gadores, um problema em termos de segurana rodoviria em todo o
mundo. Tal facto pode ser justificado pelas estatsticas de acidentes, onde
se verifica que os condutores mais novos, e simultaneamente inexperientes,
esto largamente representados.
Durante a realizao de qualquer tarefa, a experincia sempre um
aspecto importante, pois, na maioria dos casos, garantia de qualidade e de
eficincia no alcance dos objectivos. Tratando-se da tarefa da conduo,
a experincia muitas vezes sinnimo de segurana, uma vez que
atravs dela que se podem antecipar e evitar situaes de perigo.
Contrariamente aos condutores experientes, os condutores inexperientes,
no possuem tantos automatismos, pelo que, a sua ateno est muito
centrada na realizao de aces de cariz operacional, o que os faz pensar,
com ateno e concentrao redobradas, em todas as aces relacionadas
com o controlo do veculo. A necessidade de tratamento simultneo de toda
a informao proveniente do meio, de tomar as melhores decises para o
desenrolar da tarefa, que envolvem a constante realizao de manobras,
eventualmente de fazer face a situaes particulares, como por exemplo,
situaes de emergncia, etc, pode no ser realizado da melhor forma e
atempadamente pelos condutores inexperientes.
Investigaes recentes3 tm permitido estudar a forma como a tarefa da conduo desempenhada pelos condutores. E, apesar dos condutores poderem ter desempenhos distintos, os estudos tm evidenciado a existncia de comportamentos e atitudes, que so semelhantes dentro de um determinado grupo de indivduos.
3. Michon (1985) : Rasmunsen (1996).
20
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
Pelo facto da sua ateno estar quase totalmente dedicada realizao
de aces com cariz operacional, o tratamento simultneo de informao,
proveniente de situaes particulares, como por exemplo, situaes de
emergncia, pode no ser realizado convenientemente, impedindo que o
condutor reaja atempadamente.
De acordo com dados da OCDE4, em 2006, os acidentes rodovirios foram,
nos pases analisados, uma das maiores causas de morte em pessoas
entre os 15 e os 24 anos de idade. As mortes e os restantes danos
graves, associados ocorrncia de acidentes rodovirios, tornam
esta questo um problema de sade pblica, onde os condutores mais
jovens contribuem largamente para o nmero de fatalidades. A anlise
das estatsticas de acidentes em Portugal no revela um cenrio diferente
uma vez que se constata uma grande representatividade deste grupo de
condutores. Analisada a sinistralidade rodoviria dos ltimos cinco anos,
possvel verificar que o grupo etrio dos 20 aos 29 anos possui o maior
nmero de vtimas mortais por milho de habitantes5.
Nos estudos realizados6, tem-se verificado que os condutores jovens
inexperientes se envolvem em diversos tipos de acidentes. No entanto,
certos autores acreditam que existe uma correlao entre este grupo
de condutores e determinados acidentes-tipo, devido frequncia
Experincia sinnimo de segurana.
ESTUDOS
4. Young Drivers - The Road to Safety : Conference of Ministers of Transport (ECMT): OCDE 2006
6. Young Drivers - The Road to Safety : Conference of Ministers of Transport (ECMT): OCDE 2006
5. Young Drivers - The Road to Safety : Conference of Ministers of Transport (ECMT): OCDE 2006
21
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
com que acontecem. Um dos exemplos diz respeito aos acidentes cuja
origem se deve perda de controlo e domnio do veculo. Em 1998,
um estudo7 mostrou que este tipo de acidentes era mais frequente junto
dos condutores jovens do gnero masculino, estando tambm associado
o facto de ocorrerem sem que tenha sido envolvido mais nenhum
veculo. Comparativamente, a perda de controlo do veculo praticada por
condutores jovens do gnero feminino teve como consequncia mais
tpica a coliso com outros veculos.
Outros acidentes tm sido relacionados com os condutores jovens pela
frequncia com que surgem nos dados estatsticos. Ocorrem devido
realizao das manobras de marcha-atrs, de estacionamento, de
abordagem de curvas, ou quando o condutor muda de direco cruzando
a via onde circulam veculos em sentido contrrio.
Em 2005, estudos alemes8 referiram como principais causas de acidente
de jovens condutores nacionais os seguintes motivos: velocidade inade-
quada, erros na cedncia de passagem, erros na manuteno da distncia
de segurana, dificuldades na mudana de direco. E comparando a
taxa de acidentes entre condutores mais jovens e condutores com mais
de 25 anos de idade, verifica-se que os jovens estiveram duas vezes mais
envolvidos em acidentes, cujas causas foram falhas durante a realizao
de curvas, estando igualmente com maior frequncia envolvidos em
acidentes relacionados com ultrapassagens. Estes estudos9 mostraram
tambm que os condutores jovens tm mais acidentes durante a noite
e madrugada, sendo as percentagens mais elevadas sobretudo aos
fins-de-semana.
Entre os anos de 1994 e 2000, uma investigao na Sucia10 analisou a
distribuio dos acidentes em funo das horas do dia. Os dados mostraram
que os jovens condutores com idades compreendidas entre os 18 e os
24 anos, estiveram envolvidos em acidentes, durante todos os perodos
horrios, estando especialmente representados durante o perodo da noite.
Esta taxa de acidentes era sobretudo evidente e discrepante dos valores
pertencentes aos restantes grupos de condutores, s sextas-feiras noite,
entre as 19:00 e as 00:00 horas, bem como aos sbados, entre as 19:00 e
as 02:00 horas da manh.
7. Laapotti, S.; Keskinen (1998) Differences of fatal loss-of-control accidents between young male and female drivers : Accident analysis and Prevention.
8. HASTE - Human Machine Interface and Safety-Related Driver Performance: Brussels 2005
9. HASTE - Human Machine Interface and Safety-Related Driver Performance: Brussels 2005
10. Diurnal variation in subsidiary reaction time in a long-term driving task - Hans-Olof Lisper, Britt Eriksson, Karl-Olov Fagerstrm and Jan Lindholm : Department of Psychology. University of Uppsala, Sweden
22
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
A natural fadiga sentida nestes perodos da noite e o consequente
adormecimento ao volante, um problema evidenciado com regularidade
em condutores jovens. Assim, tem-se verificado que os jovens tm maiores
probabilidades de causar acidentes devido ao adormecimento ao volante,
sendo as consequncias desses acidentes mais graves do que aquelas
que acontecem durante o dia. Este tipo de acidentes tem tambm sido
estudado nos condutores profissionais, que conduzem veculos pesados
de transporte de mercadorias e de passageiros. Contudo, investigadores
sugerem que estes condutores de mercadorias e de passageiros esto
menos frequentemente envolvidos em acidentes desta natureza em
comparao com os jovens.
Acidentes relacionados com os condutores jovens pela frequncia com que surgem nos dados estatsticos
Perda de controlo e domnio do veculo;
Manobra de marcha-atrs, durante o estacionamento, durante a abordagem e a realizao de curvas, ou quando o condutor muda de direco;
Velocidade inadequada;
Erros na cedncia de passagem;
Erros na manuteno da distncia de segurana;
Dificuldades na mudana de direco;
Falhas durante a realizao de curvas;
Acidentes relacionados com ultrapassagens;
Adormecimento ao volante (perodos da noite).
Os jovens condutores tm mais acidentes durante a noite ao m-de-semana.
23
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
Quanto menor for a percepo do perigo, maior o tempo de reaco.
As razes que esto na base da elevada taxa de acidentes cuja respon-
sabilidade pertence aos condutores jovens tm sido muito discutidas.
Apesar das inmeras investigaes, ainda no foi possvel reunir um
consenso relativamente s razes que justifiquem cabalmente o elevado
risco de acidente para os condutores jovens.
Existem, contudo, duas grandes causas fundamentais que contribuem
para um risco mais elevado de sinistralidade nos jovens condutores que,
simultaneamente, tm pouca experincia de conduo, em comparao
com os restantes condutores.
Uma delas precisamente a falta de experincia e da interiorizao dos
riscos envolvidos na tarefa da conduo. Sem experincia, os tempos de
reaco so mais longos, os padres de explorao visual menos eficazes,
maior o trabalho mental na resoluo de problemas e os condutores so
mais facilmente distrados. A falta de comportamentos automticos tambm
um factor de risco primordial para estes condutores medida que as
tarefas que envolvem o controlo do veculo se tornam mais automatizadas,
as habilidades destes condutores vo sendo gradualmente incrementadas
e os recursos mentais libertados para as tarefas relacionadas com a
segurana na conduo, tais como a deteco de imprevistos.
Tempo de reaco tempo que decorre entre a visualizao de um obstculo pelo condutor e a realizao de uma aco motora que evite esse obstculo.
24
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
Outra razo importante a influncia de factores no directamente
relacionados com a conduo, mas associados idade do jovem condutor,
tais como, o estilo de vida, a educao parental, o ambiente socioeconmico,
o sexo, o sucesso em meio escolar ou profissional, as actividades sociais, o
cadastro criminal, etc.
A justificao de que a idade um factor preponderante na ocorrncia
de acidentes envolvendo este grupo de condutores tem sido muito
defendida. Aliadas idade, esto necessidades e motivaes que podem
levar os condutores jovens inexperientes a assumir comportamentos que
comprometem a sua segurana, o que lhes determina maior propenso para
correr riscos. Integrada nesta probabilidade estar o facto de conduzirem
mais frequentemente em condies potencialmente mais perigosas. Alguns
exemplos so a conduo durante perodos nocturnos, com elevadas
velocidades, ou a adopo de reduzidas distncias de segurana.
No que concerne s velocidades elevadas, algumas evidncias11 sugerem
que, apesar de serem frequentemente adoptadas pelos condutores jovens
em geral, so os do gnero masculino que mais as praticam.
A questo da velocidade foi estudada nos condutores jovens do sexo
masculino e evidenciou que estes no atribuam a importncia necessria
ao risco que decorria da adopo de velocidades excessivas. Uma razo que
justifica esta atitude prende-se com o excesso de confiana que revelam
sobre o controlo do veculo e a sua recuperao de uma situao perigosa.
Por este motivo, considera-se que os condutores deste grupo tm maior
tendncia para se colocarem em risco, uma vez que subestimam a sua
capacidade para recuperar de um erro.
A falta de interiorizao do perigo que determinadas situaes comportam
vista no s como sendo devido idade, mas tambm como estando
directamente relacionada com a experincia. Na verdade, o risco induzido
pela falta de experincia indicado muitas vezes como o factor mais
importante para a ocorrncia de acidentes neste grupo de condutores.
A inexperincia na conduo pode ser o factor preponderante, que
influencia o risco de ocorrncia de um acidente. Principalmente durante os
trs primeiros anos de conduo, o risco decorrente de se ser jovem alia-
Principalmente durante os trs primeiros anos de conduo, o risco decorrente de se ser jovem alia-se negativamente inexperincia.
11. Young Drivers - The Road to Safety : Conference of Ministers of Transport (ECMT): OCDE 2006
25
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
-se negativamente inexperincia, pois contribui para uma conduo
mais insegura, atravs da evidncia de comportamentos arriscados, que
no se coadunam com a capacidade, ainda diminuta, do jovem condutor
controlar o veculo e simultaneamente, gerir toda a conduo.
As capacidades necessrias realizao da tarefa da conduo12 podem
estar directamente relacionadas com o envolvimento em situaes
de acidente. Foi investigada a forma como condutores inexperientes
percepcionavam o perigo aquando da realizao simultnea de uma tarefa
potencialmente perigosa para a conduo. Os resultados mostraram que os
condutores experientes e inexperientes eram diferentes na eficincia
com que realizavam a identificao de uma situao perigosa, sendo
tambm diferente o tempo necessrio para produzir uma reaco.
Os condutores menos experientes eram aqueles que possuam uma
percepo do perigo menos desenvolvida, iniciando a sua reaco mais
tardiamente. Este tipo de comportamentos pode sugerir igualmente que
os condutores inexperientes possuem uma fraca capacidade para
reconhecer determinadas situaes como potencialmente perigosas,
no tomando medidas preventivas no sentido da reduo do risco.
Um condutor inexperiente deve aumentar a distncia de segurana.
12. HASTE - Human Machine Interface and Safety-Related Driver Performance: Brussels 2005
26
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
A falta de experincia de conduo tem ainda como consequncia a
ateno ser maioritariamente dirigida para o controlo do veculo, sendo
que os recursos de reserva so muitas vezes insuficientes para captar do
ambiente rodovirio a informao necessria percepo dos perigos.
Consequentemente, estes condutores esto igualmente mais propensos a
sofrer de sobrecarga mental, pela insuficincia de recursos para cumprir
todas as exigncias decorrentes da realizao da tarefa da conduo.
De forma geral, so vrios os aspectos do comportamento dos condutores
jovens inexperientes:
2.1 PAPEL DA FORMAOO ensino da conduo contribui de forma decisiva para influenciar o
comportamento de jovens condutores e reduzir os riscos de acidente neste
grupo. A formao, programada para candidatos sem conhecimento e
experincia da conduo, deve assentar nas capacidades e atitudes deste
grupo de condutores, focando-se nos comportamentos tpicos que tm
sido observados nas investigaes dedicadas a estas matrias.
Da caracterizao destes condutores foi possvel verificar que dois factores
so evidenciados como tendo um papel preponderante para o envolvimento
de jovens em acidentes rodovirios: a idade e a experincia.
Por isso, tem-se verificado ao longo dos anos que ambos devem ser
considerados no processo de estruturao do ensino da conduo. A aquisio
Tendncia para adoptarem um comportamento visual mais centrado no seu veculo;
Ausncia de automatismos relativamente ao desempenho a nvel operacional, que vo sendo adquiridos com a experincia;
Deteco menos eficiente e mais tardia dos perigos relacionados com o trfego;
Percepo dos perigos como menos gravosos ou importantes;
Maior facilidade para se distraram com eventos no relacionados com a conduo;
Sobrevalorizao da sua capacidade para controlar o veculo em situaes de emergncia;
Menor desenvolvimento das capacidades para realizar manobras de emergncia e excesso de confiana no seu sucesso para recuperar de um erro;
Evidncia de menores capacidades para antecipar perigos de trfego emergentes.
27
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
No basta adquirir automatismos sensrio-motores. necessrio antecipar o perigo.
de aptides psicomotoras fundamental para o controlo e domnio seguro do
veculo, mas tem-se verificado ser insuficiente para reduzir a quantidade e a
gravidade dos acidentes de jovens condutores.
Particularmente para os condutores jovens importante que a formao
se focalize no s nas tcnicas de conduo e de uso do veculo, mas
tambm ter em ateno os factores relacionados com o seu contexto e
estilo de vida, uma vez que estes factores influenciam decisivamente o
comportamento destes condutores.
Os factores relacionados com o desempenho dos candidatos a condutores
no so exclusivos na sua formao, devendo ser acompanhados por
aspectos atitudinais. A formao dirige-se no s para aquilo que os
candidatos a condutores devem ser capazes de fazer, mas tambm para
o que devem estar dispostos a efectuar. Evidencia-se o saber-fazer e
tambm o saber-ser.
reconhecido que as aptides para manobrar um veculo e gerir
adequadamente as situaes de trnsito esto na base de uma conduo
segura e devem estar presentes na formao.
Atendendo a que os aspectos psicomotores e fisiolgicos devem ser consi-
derados como requisitos bsicos para a realizao das operaes de
28
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
conduo, crucial compreender que a utilizao destas aptides balizada
por objectivos e motivaes, que devem igualmente ser focados durante o
perodo de formao.
Sendo a formao em conduo uma actividade complexa e em que os
objectivos gerais so bastante latos, o seu sucesso depende em grande
medida da adequao e da qualidade dos elementos que a compem.
Na verdade, o xito da formao e a aquisio das competncias
pessoais, sociais, tcticas e psicomotoras necessrias conduo esto
dependentes da qualidade e adequao de quatro pilares fundamentais:
os objectivos da formao, a competncia do instrutor de conduo, o
processo de ensino/aprendizagem e a avaliao final.
Os mtodos tradicionais de ensino, cujo principal objectivo o treino de
condutores tecnicamente competentes e habilitados para aprovarem no
exame, no devem ser a nica perspectiva da formao.
Os objectivos devem assentar fundamentalmente na aquisio de
conhecimentos e competncias relativas conduo segura, passando
pela transmisso e compreenso dos factores que contribuem para o
risco, devendo ser adquiridos atravs de estratgias e mtodos de ensino
modernos e adaptados aos candidatos.
Sucesso na aquisio de competncias depende dos: objectivos da formao; competncia da instruo; processo ensino/
aprendizagem; avaliao final.
Objectivo da formao de condutores: formar condutores seguros.
29
2 - CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES RECM-ENCARTADOS
A existncia de profissionais qualificados para este tipo de ensino
igualmente importante para poderem ser o veculo de transmisso
de todos os saberes, sendo igualmente modelos no que diz respeito
mestria de conhecimentos e competncias de conduo. Estes devem
dominar uma vasta panplia de conhecimentos tcnicos e estratgias de
ensino para poderem auxiliar os candidatos a condutor na aquisio das
competncias necessrias conduo, na gesto das suas motivaes, e
na adequao das suas atitudes, aptides e comportamentos.
A concluso deste processo deve culminar com uma avaliao dos
conhecimentos adquiridos, atravs de um exame constitudo por provas
capazes de seleccionar os candidatos que atingiram os objectivos
pretendidos e de excluir os restantes.
A aferio daquilo que os condutores so capazes de fazer, no que concerne
s aces/manobras a executar e gesto de situaes de trnsito, deve
ser acompanhada da avaliao da natureza das motivaes do candidato
a condutor, suas atitudes e comportamentos, para se aferir se adquiriu os
conhecimentos e competncias necessrios a uma conduo segura.
A qualidade da formao e a sua adequada harmonizao, contribuem
para o sucesso da aprendizagem da conduo do jovem condutor e,
consequentemente, para um envolvimento rodovirio seguro enquanto
condutor e utilizador do sistema.
A formao de condutores deve ser planeada e monitorizada.
31
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
3. Caracterizao da formao da conduo automvel
3.1 - PONTO DE PARTIDAUm modelo de formao deve recorrer simultaneidade das tarefas da
conduo automvel e ao domnio da maior ou menor complexidade das
situaes de trnsito em que o candidato a condutor se insere, desde o
incio do processo de ensino/aprendizagem.
Por este motivo, a transmisso de conhecimentos e o desenvolvimento
de competncias dos nveis atitudinal, estratgico, tctico e operacional,
devem decorrer em simultneo, de modo a promover:
A percepo clara e realista dos possveis resultados que cada comportamento tem no trnsito;
A criao de automatismos que possam reduzir a carga cognitiva utilizada pelos condutores;
O desenvolvimento de comportamentos cvicos e seguros.
A formao deve ser consentnea com uma conduo mais segura e
responsvel, favorecendo a realizao das tarefas da conduo (ver figura 1).
Sendo as competncias a adquirir, a soma dos saber-saber, saber-
-fazer e saber-ser/estar necessrios para uma circulao segura,
expectvel que o candidato a condutor as aprenda pela via da formao,
atravs da reflexo, compreenso, imitao e repetio.
32
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
TAREFAS SIMPLES TAREFAS COMPLEXAS
Engrenar uma mudana
Sinalizar uma mudana de direco
Manter a trajectria
Parar perante um sinal de STOP
Prever o comportamento dos outros utentes
Escolher um trajecto alternativo
Agir de forma adequada perante o erro de outro condutor
Executar uma aco perante estmulos mltiplos ...
Recolha de informao
Tomada de deciso
Execuo de aco
ConhecimentosCapacidades
Atitudes
Processamento da informao
ConscienteUsado para
a resoluo
das situaes
de trnsito
InconscienteOs automatismos
permitem a execuo
de vrias tarefas
simples, em
simultneo.
Figura 1
A recolha de informao envolve a utilizao adequada dos espelhos retrovisores.
33
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
3.2 - APRENDIZAGEMA aprendizagem um processo interno que consiste na aquisio de
conhecimento e competncias tericos e/ou prticos. Esta aquisio resulta
da compreenso, do exerccio, da prtica e da experincia (considerada
como assimilao e consolidao de saberes), dependendo tambm
das caractersticas individuais de cada sujeito, ao nvel da motivao,
experincias anteriores e capacidades cognitivas.
A integrao dos novos saberes conduz a uma alterao do conhecimento
e do comportamento do candidato a condutor, promovendo, consequen-
temente, uma mudana relativamente estvel e duradoura de atitudes.
Esta mudana pode ocorrer, de uma forma consciente ou inconsciente,
num processo individual ou interpessoal, existindo diversos factores que
a influenciam:
Para que a aprendizagem seja significativa deve-se ter sempre como ponto
de partida as competncias prvias do candidato a condutor para que este
as possa articular com as novas competncias a desenvolver.
E, precisamente porque as experincias podem assumir um papel to
preponderante, alguns autores13 defensores do pragmatismo, apelam
para a existncia de interaco humana nos processos de aprendizagem,
fazendo jus expresso aprender fazendo.
A integrao dos novos saberes conduz a uma alterao do conhecimento e do comportamento do candidato a condutor, promovendo, consequentemente, uma mudana relativamente estvel e duradoura de atitudes.
FACTORES INTER-PESSOAIS FACTORES INTRA-PESSOAIS
Representaes existentes perante os indivduos que se encontram no processo de aprendizagem (alunos e professor, formandos e formador, etc.)
Interaces estabelecidas entre os indivduos
Motivao
Personalidade
Memria
Estratgias de aprendizagem
Quadro 1
13. Dewey, J. (1978) The school and society.
34
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
Neste tipo de aprendizagem, designada de experiencial, as competncias
vo sendo construdas/adquiridas de forma gradual e progressiva,
medida que o formando se envolve activamente com os ambientes de
aprendizagem e se desenvolve em termos cognitivos, scio-afectivos
e psicomotores.
Neste mbito, cabe ao instrutor de conduo guiar o candidato a condutor
nos seus percursos de aprendizagem, atravs de um programa de formao,
fomentando os processos a partir dos quais se podem alcanar os objectivos
desejados ou seja, as j referidas competncias para a conduo automvel.
Mesmo na formao distncia, esta orientao e presena virtual
do instrutor so uma mais-valia para o sucesso da aprendizagem dos
contedos de ensino propostos.
O instrutor promove a adopo de comportamentos seguros.
Aprendizagem experiencial:o aprender fazendo
35
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
3.3 - PLANO DE FORMAO O plano de formao deve estar definido desde o incio da formao.
O currculo, subjacente ao plano de formao, influencia a forma como
a aprendizagem pode decorrer. Uma boa planificao curricular da
aprendizagem deve ter em ateno cada um dos elementos do plano e pode
diferir em funo da evoluo demonstrada pelos candidatos a condutor.
O currculo apresenta vrias acepes, predominando aquela que o
identifica como o elenco e a sequncia de contedos propostos para
todo um sistema de ensino.
Neste sentido, o currculo para o ensino da conduo surge como o
plano estruturado e sequenciado de ensino a aprendizagem que inclui
objectivos, temas a tratar, contedos, estratgias, mtodos, durao da
formao, actividades e avaliao; abrange diferentes mbitos (macro e
micro); relacionando-se com contextos (formais ou informais) e experincias
educativas (explcitas ou implcitas) nos locais de aprendizagem, atravs
dos quais se desenvolve o processo permanente e diversificado de formao
dos indivduos de uma determinada comunidade.
O candidato a condutor deve ter retorno do seu desempenho.
36
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
Esse plano justifica-se em funo de trs horizontes de autenticidade a ter
permanentemente em considerao:
Adequao do sujeito/candidato a condutor ao processo de aprendizagem;
Valor formativo dos temas e dos contedos de ensino;
Acessibilidade dos temas e dos contedos.
Quanto menos isolado estiver o currculo formal (documento escrito,
que regula as intenes) dos processos/situaes de ensino, menor
ser a sua discrepncia para o currculo real (operacionalizado e
experienciado pelos formandos). Esta discrepncia designada por
currculo oculto.
O currculo oculto resulta das aprendizagens que ocorrem sem que delas
houvesse inteno formal e pode dever-se a:
Competncias prvias de formador e candidatos a condutor;
Afastamento acentuado entre o currculo e as reais necessidades dos formandos;
Presso dos candidatos a condutor para aprender apenas o que ser alvo de avaliao formal.
37
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
A organizao curricular consiste em identificar os elementos cur-
riculares bsicos, relacion-los entre si e, fornecer algumas indicaes
para a sua operacionalizao.
1 2 3 4
Caracterizao do contexto
Definio de objectivos e de contedos
Organizao das experincias de aprendizagem
Definio dos esquemas de avaliao
Figura 2
A definio destes elementos caracterstica de uma planificao,
que assenta num modelo curricular mais sistemtico e determinista,
trabalhando-se em funo da concretizao dos objectivos e no deixando
quase nada ao acaso.
Os objectivos de ensino representam uma parte essencial do currculo,
pois constituem:
Factor de clarificao;
Meio de comunicao;
Instrumento de orientao e rentabilidade;
Factor de maior objectividade nas avaliaes.
38
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
No entanto, a planificao poder ser orientada para outra vertente, se a
basearmos num modelo mais aberto, mais humanista, mais flexvel, mais
construtivista, e mais centrado na aprendizagem. Neste caso, o plano deixa
de ser plano e passa a ser um guio.
No presente caso, por poder suscitar diferenas substanciais no perfil
final do condutor automvel, pretende-se que se adopte o novo modelo
de formao enquanto plano e no enquanto guio. Compreende-se pois,
que seja necessrio seguir o percurso do currculo em desenvolvimento,
analisando a sua implementao, uma vez que qualquer plano ou programa
de aco s adquire validade e s se esclarece, quando posto em prtica ou
confrontado com a realidade. Na ltima dcada, vrios tm sido os estudos
europeus14, que se tm dedicado caracterizao dos sistemas existentes
e produo de recomendaes.
Estes trabalhos tm conferido alguma riqueza ao estudo desta importante
rea, na medida em que no se limitam a avaliar questes apenas associadas
a custos, oferta e segurana do ensino, abordando tambm questes de
ordem pedaggica.
neste sentido que transcrevemos de seguida a Matriz GDE, Goals for
Driver Education, j referida no captulo 1, uma matriz ou um modelo
vastamente referenciada na literatura cientfica sobre o Ensino da
Conduo, que tem sido considerada muito eficaz nos sistemas de ensino
da conduo automvel de outros pases europeus e que pode sistematizar
os objectivos da formao de condutores em Portugal.
A planificao poder ser orientada para outra vertente, neste caso, deixa de ser plano e passa a ser um guio.
14. KfV Viena (1999) Gadget Final Report.
Quadro 2
CURRCULO
Conhecimentos e competncias
Factores potenciadores do risco Auto-avaliao
Nv
eis
hier
rqu
icos
do
com
port
amen
to
Objectivos de vida e competncias
para viver
Nvel 1
Conhecimento / controlo sobre a forma como os objectivos de vida e as tendncias pessoais influenciam o comportamento de conduo
Estilo de vida/situao de vida
Normas entre pares
Motivaes de vida
Autocontrolo, outras caractersticas
Valores pessoais e normas
Etc.
Propenso para adoptar comportamentos de risco
Aceitao do risco
Auto-promoo atravs da conduo
Busca de sensaes fortes
Fraca resistncia s presses sociais
Consumo de lcool e drogas
Atitudes perante a sociedade
Etc.
Auto-avaliao / Conscincia de
Competncias pessoais para controlo de comportamentos impulsivos
Propenso para adoptar comportamentos de risco
Motivaes negativas relativamente segurana
Hbitos pessoais perigosos
Etc.
Objectivos e contexto
da conduo
Nvel 2
Conhecimentos e competnciasrelativamente
Aos efeitos dos objectivos da viagem na conduo
Ao planeamento e escolha de estradas
avaliao do tempo necessrio para a viagem
Aos efeitos de presses sociais
avaliao da importncia da viagem
Etc.
Risco relacionado com
Estado do condutor (humor, concentrao de substncias no sangue
Envolvente rodovirio (rural/urbano)
Contexto social e presena de outros
Outros motivos (competitividade, etc.)
Etc.
Auto-avaliao / Conscincia de
Capacidades pessoais para o planeamento
Objectivos tpicos da conduo
Motivos usuais para a conduo perigosa
Etc.
Domnio das situaes
de trnsito
Nvel 3
Conhecimentos e competnciasrelativamente
s regras de trnsito
observao / seleco de sinais
antecipao e decurso de situaes
Ao ajuste da velocidade
comunicao
Ao percurso
distncia de segurana relativamente aos restantes utilizadores da via
Etc.
Risco causado por
Expectativas errneas
Estilo de conduo que promove o risco (ex. agressiva)
Inadequao da velocidade
Utilizadores vulnerveis
Desobedecer os regulamentos/comportamento imprevisvel
Sobrecarga de informao
Condies adversas (noite, etc.)
Competncias ou automatismos insuficientes
Etc.
Auto-avaliao / Conscincia de
Pontos fortes e fracos relativos a competncias bsicas de interaco com o trnsito
Estilo pessoal de conduo
Margens de segurana pessoais
Pontos fortes e fracos perante situaes perigosas
Auto-avaliao realista
Etc.
Controlo do veculo
Nvel 4
Conhecimentos e competncias relativamente
Ao controlo da direco e da posio
aderncia e atrito dos pneus
s propriedades dos veculos
Aos fenmenos fsicos
Etc.
Risco relacionado com
Competncias ou automatismos insuficientes
Inadequao da velocidade
Condies do envolvimento mais adversas (pouca aderncia do pavimento, etc.)
Etc.
Auto-avaliao / Conscincia de
Pontos fortes e fracos relativos s competncias para controlar o veculo
Pontos fortes e fracos relativos s competncias usadas perante situaes perigosas
Auto-avaliao realista
Etc.
Matriz GDE(Goals for Driver Education)
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
39
40
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
3.4 NVEIS DE ENSINO Os quatro nveis de ensino hierrquicos do comportamento, j referidos
no captulo 1, podem agora ser melhor compreendidos tendo por base esta
Matriz GDE e que se caracterizam da seguinte forma:
Nvel 1 ATITUDINAL
Os objectivos de vida e as competncias para viver consubstanciam o nvel atitudinal mais elevado das aprendizagens a realizar pelo candidato a condutor ao longo do processo de aprendizagem. Estas aprendizagens referem-se a questes e aspectos relacionados com as caractersticas desejveis do condutor, mais estreitamente relacionadas com as exigncias da conduo automvel, tais como, os principais traos da personalidade, o grupo de pertena, controlo de estados emocionais, a idade e outros factores determinantes da sua atitude responsvel, face circulao rodoviria, caractersticas que, por sua vez, afectam directamente cada um dos nveis seguintes, dado que exercem uma influncia assinalvel na forma como o condutor encara e desempenha a tarefa da conduo propriamente dita.
Nvel 2 ESTRATGICO
Os objectivos e o contexto da conduo consubstanciam o nvel estratgico seguinte e o momento em que as aprendizagens se referem a questes e aspectos relacionados com o planeamento e a preparao de viagens e de percursos dirios, orientando o candidato a condutor para a aquisio de conhecimentos gerais e slidos de trnsito e de sinalizao rodoviria, bem como para a necessidade de reflectir sobre a diversidade dos meios de transporte, promoo da conduo econmica e ecolgica, meios de transporte alternativos e suaves, etc.
Nvel 3
TCTICO
O domnio das situaes de trnsito consubstancia o nvel tctico, onde as aprendizagens a realizar se referem a questes e aspectos relacionados com o domnio das situaes de trnsito propriamente ditas e as opes que se fazem face diversidade e complexidade das mesmas.
Nvel 4
OPERACIONAL
O controlo do veculo consubstancia o nvel operacional mais baixo mas igualmente importante, onde as aprendizagens a realizar se referem a questes e aspectos relacionados com o controlo do veculo e o seu manuseamento, antes de o candidato comear a treinar comportamentos de insero no trnsito.
41
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Quadro 3
3.5 - NVEIS DE ENSINO NA FORMAOFace estrutura dada quela matriz, considera-se que existem vrios nveis
de competncias a desenvolver, durante a aprendizagem da conduo
automvel, estabelecendo-se vrios nveis de ensino/aprendizagem para
os candidatos a condutor.
Assim, foram definidos os seguintes nveis de aprendizagem:
Nesta estrutura ficam reflectidos os 4 nveis de ensino da Matriz GDE
Goals for Driver Education.
NVEL 4 NVEL OPERACIONAL
Este nvel compreende o desenvolvimento de automatismos e reflexos indispensveis na circulao rodoviria, atravs do treino do Controlo do Veculo, essencialmente no trnsito real, mas com a possibilidade de utilizao de simulador de conduo.
As competncias operacionais permitem que o candidato controle o veculo.
NVEL 2 NVEL ESTRATGICO
Este nvel compreende a aquisio de conhecimentos relacionados com a Planificao e Preparao de Viagens.
As competncias estratgicas a adquirir facilitam o seu questionamento face s suas motivaes e atitudes, perante o trnsito, estimulando-o a ser o elemento central e decisivo na planificao de viagens e percursos.
NVEL 3 NVEL TCTICO
Este nvel compreende o desenvolvimento de competncias tcticas, centradas no Domnio das Situaes de Trnsito e reforando o controlo do veculo.
Simultaneamente tambm envolve competncias tcticas de Conhecimentos Tcnicos Bsicos, no domnio das regras e da sinalizao rodoviria.
NVEL 1 NVEL ATITUDINAL
Este nvel compreende a aquisio de Conhecimentos de Segurana Rodoviria.
neste nvel que o instrutor transmite noes bsicas, indispensveis e necessrias para a continuidade a dar formao do candidato, explicitando os diferentes comportamentos rodovirios e colocando-o em situao de se auto-questionar, face s suas motivaes e atitudes perante o trnsito rodovirio.
As competncias motivacionais a adquirir pelo candidato devero ser utilizadas para compreender e organizar todas as informaes adquiridas, durante toda a aprendizagem.
42
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
3.6 - OBJECTIVOS DE ENSINO Os objectivos de ensino definem tudo aquilo que se pretende alcanar, no
fim de um determinado perodo, indicando de forma clara, o rumo concreto
que deve ser adoptado durante todo o processo de ensino/aprendizagem.
Neste sentido, podemos definir objectivos de ensino, para cada uma das
fases de formao actualmente em vigor, articulando-as estreitamente
com os nveis da Matriz GDE, ou seja, desde a entrada do candidato a
condutor na escola da conduo, frequncia das aulas tericas e aulas
prticas, tendo ainda em conta os contedos programticos, que so
avaliados na prova terica e na prova das aptides e do comportamento.
Assim, no quadro da formao terica, integrando os nveis da Matriz
GDE, apresentam-se alguns dos objectivos de ensino a alcanar:
Nvel GDE OBJECTIVOS PARA OS DIFERENTES NVEIS, NA FORMAO TERICA
Nvel 1Atitudinal
Determinar o perfil do condutor e a forma como contribui para a segurana rodoviria
Identificar o comportamento cvico e sua interligao com a segurana rodoviria
Conhecer os factores de risco inerentes ao condutor e suas consequncias
Compreender o conceito de conduo defensiva
Nvel 2Estratgico
Planificar e preparar viagens de forma social, econmica e ecologicamente adequada
Conhecer os procedimentos a adoptar em caso de acidente
Nvel 3Tctico
Conhecer as regras de trnsito
Reflectir sobre o comportamento dinmico do veculo
Adquirir conhecimentos tcnicos e normas necessrios operao e controlo do veculo para insero no trnsito
Nvel 4Operacional
Conhecer os principais componentes do veculo
Conhecer as tcnicas bsicas de manuteno do veculo
Adquirir noes de mecnica e de boa conservao
Quadro 4
43
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Nvel GDE OBJECTIVOS PARA OS DIFERENTES NVEIS, NA FORMAO PRTICA
Nvel 1Atitudinal
Prevenir os factores de risco inerentes ao condutor
Saber aplicar no trnsito o conceito de conduo defensiva
Nvel 2Estratgico
Planificar e preparar viagens de forma social, econmica e ecologicamente adequada
Adquirir noes prticas elementares de mecnica e de manuteno do veculo
Nvel 3Tctico
Adquirir conhecimentos tcnicos e normas necessrios operao e controlo do veculo para insero no trnsito
Executar manobras necessrias ao domnio das situaes de trnsito
Aplicar tcnicas de eco-conduo
Conduzir, de forma independente e autnoma no trnsito rodovirio, adaptando-se sua complexidade
Conhecer os procedimentos a adoptar em caso de acidente
Identificar sistemas de segurana activa e passiva e de apoio conduo
Nvel 4Operacional
Adaptar-se ao veculo e seu comportamento dinmico
Compreender os sistemas de monitorizao do veculo
Usar sistemas de segurana activa e passiva
Quadro 5
No quadro da formao prtica, ou seja, no quadro da aquisio das
aptides e do comportamento necessrios correcta insero no trnsito
rodovirio, integrando os nveis da Matriz GDE, destacam-se alguns dos
objectivos de ensino a alcanar:
44
MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
3.7 TEMAS TRANSVERSAIS Tendo em considerao os nveis de ensino/aprendizagem da matriz GDE,
acima definidos e descritos, enumera-se, de seguida, o conjunto de temas
transversais que lhes esto associados.
Tal como o seu nome indica, estes temas transversais, esto presentes
em todos os contedos constantes nas duas componentes de formao
terica e prtica.
Relativamente a cada um dos temas transversais, apresenta-se uma breve
explicao da sua pertinncia no ensino da conduo automvel:
Tema 1 CONHECIMENTO DE SI PRPRIO COMO CONDUTOR
O candidato adquire competncias pessoais, relativamente sua atitude face circulao rodoviria, e reconhece, progressivamente, a importncia dos comportamentos a assumir no trnsito real, ao mesmo tempo que compreende a influncia das suas caractersticas mais especficas, bem como a forma como afectam a sua interaco no trnsito. Este tema fundamental na formao do candidato. A sua importncia sublinhada, ao longo de todo o processo de formao, para que o candidato reconhea quanto importante ter comportamentos responsveis e seguros. Perto do fim do processo formativo, depois de o candidato j ter adquirido mais experincia e um melhor conhecimento da pertinncia dos seus comportamentos, o instrutor deve sublinhar a importncia do futuro condutor debater e reflectir sobre as suas prprias tendncias na conduo e na interaco com os utentes.
Tema 2 ATITUDES E COMPORTAMENTOS
O candidato adquire competncias pessoais para compreenso da forma como a prpria personalidade, estados emocionais e motivaes interferem na sua interaco no trnsito. Este tema deve, tal como o anterior, ser sublinhado, de forma mais objectiva e clara, no fim do processo de formao.
Tema 3
PREPARAO E PLANEAMENTO
O candidato adquire competncias pessoais sobre a importncia de se preparar, com a devida antecedncia, para a realizao de viagens e percursos, quer antes quer durante os mesmos. Embora o ambiente de aprendizagem suscitado por este tema seja propcio a discusses em grupo e de base terica, deve ser de novo acentuado de forma particular no final do processo formativo. Nas aulas prticas deve ser dada ao candidato a possibilidade de ser ele prprio a definir o percurso, seleccionar o destino, plane-lo, os locais de passagem, seleccionar os locais de estacionamento, etc.
45
3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Tema 4 CONDUO ECONMICA E ECOLGICA
O candidato vai adquirindo competncias tcnicas e psicomotoras, para conduzir de forma responsvel, escolhendo os processos e as estratgias, que contribuem para a sustentabilidade do ambiente rodovirio. Estas estratgias devem ser desenvolvidas e treinadas desde o incio do processo de formao. Este tema deve estar estreitamente ligado com as tcnicas de conduo defensiva, pelo que ganha especial relevo durante o ensino prtico da conduo automvel.
Tema 5 CONHECIMENTO DAS REGRAS DE TRNSITO
O candidato adquire competncias tcnicas relativamente s regras e normas de segurana, definidas no Cdigo da Estrada e Legislao Complementar, pelo que tem de adquirir conhecimentos slidos sobre as normas de segurana que regem o sistema de circulao rodovirio e o papel do condutor no mesmo. Esta orientao deve facilitar, de forma clara, a aquisio de aptides e comportamentos seguros no trnsito. Por outro lado, permite que, desde o incio da formao, o candidato a condutor reflicta sobre o trnsito como um sistema, onde os condutores tm elevadas responsabilidades e ainda onde as regras de trnsito fazem parte da complexidade do prprio sistema. A responsabilidade pela segurana do trnsito tambm sublinhada como fazendo parte das obrigaes de todos os utentes da via.
Tema 6
DOMNIO DAS SITUAES DE TRNSITO
O candidato adquire competncias tcnicas e psicomotoras, adaptando-se s diferentes situaes de interaco com os outros utentes da via.
Este tema permite a aplicao do conhecimento das regras de trnsito e constitui a parte mais objectiva da formao ao longo da aprendizagem.
Por outro lado, a eficcia do treino de aptides e comportamentos ao volante depende, por sua vez, da aplicao das tcnicas de conduo defensiva, em funo da vivncia, diversidade e complexidade das situaes de trnsito, ao mesmo tempo que o candidato toma conscincia das suas prprias atitudes e comportamentos ao volante, facto que deve ser acentuado, de forma particular, nas ltimas aulas.
O candidato treina, igualmente, competncias tcnicas e psicomotoras, relativamente forma como deve conduzir, tendo em conta os seus prprios erros, bem como os dos outros utentes da via com quem interage permanentemente no trnsito.
Este tema deve estar estreitamente ligado s tcnicas de conduo econmica e ecolgica, pelo que ganha mais relevo durante a formao prtica.
O candidato tambm adquire competncias psicomotoras para adaptar-se, momento a momento, s situaes climticas e outras condies igualmente adversas e desfavorveis, que exigem da sua parte destreza e aptides especficas para as enfrentar.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
3.8 MTODOS DE ENSINOMtodo significa o caminho ou o processo racional e prtico para atingir
um dado fim. Para escolher um determinado mtodo necessrio uma
prvia e aprofundada anlise dos objectivos de ensino que se pretendem
atingir, bem como as situaes a enfrentar. Tambm necessrio definir
os recursos e o tempo disponveis.
Definir um determinado mtodo de ensino implica realizar uma aco
planeada, baseada num quadro de procedimentos, devidamente sistema-
tizados e previamente conhecidos.
Em pedagogia, entende-se por mtodos de ensino os diferentes modos
de proporcionar e transmitir conhecimentos. Portanto, podemos definir
mtodo de ensino como uma forma especfica de organizao dos
conhecimentos, tendo em conta os objectivos quer do plano quer do
programa de formao propriamente dito, assim como as caractersticas
dos formandos e os recursos disponveis.
Logo, a escolha dos mtodos deve corresponder natureza do objetivo
de ensino e aos contedos de ensino propriamente ditos, ou seja, esto
estreitamente dependentes um do outro.
Tema 7 CONTROLO DO VECULO
O candidato adquire competncias psicomotoras para ter, permanentemente, a capacidade de dominar dinamicamente o seu veculo, o que de facto uma condio prvia para conduzir de forma segura no trnsito.
Este tema deve ser iniciado logo no incio da formao prtica e visa proporcionar tempo suficiente para que o candidato se concentre a exercitar, numa primeira fase, as vrias componentes das manobras e, em fase posterior, as manobras complexas.
Durante o incio da aprendizagem de manobras complexas, o candidato ainda no consegue dar ateno, simultaneamente, aos comportamentos dos outros utentes da via, o que implica que as manobras devam ser treinadas em espaos muito seguros ou mesmo com recurso a simuladores. S posteriormente o candidato deve passar ao tema do domnio das situaes de trnsito, momento em que j tem a capacidade de controlar o veculo e inserir-se no trnsito real.
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3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Um instrutor de escola de conduo deve escolher os mtodos de ensino em
funo das caractersticas dos candidatos a condutor, da sua capacidade de
assimilao e ainda das suas caractersticas scio-culturais e individuais.
Apesar destas variveis, recomenda-se que o ensino seja, sempre que
possvel, experiencial, apelando ao pleno envolvimento do candidato, mas
no descurando o recurso ao tradicional mtodo expositivo. Relativamente
diversidade de mtodos de ensino, no podemos falar da existncia de
uma classificao universalmente aceite, porque h obviamente uma
multiplicidade de formas a que podemos recorrer para expor um tema.
Mas, basicamente podemos falar de 4 mtodos de ensino:
2 MTODO INTERROGATIVO
Este mtodo de ensino, como o seu prprio nome indica, utilizado com frequncia e em simultneo com o mtodo expositivo. Sempre que usado, procura-se garantir que quem aprende est a seguir com xito a comunicao pedaggica feita por quem ensina, ao mesmo que estimula a participao dos candidatos, contrabalanando com o mtodo anterior. As actividades mais comuns so obviamente perguntas e respostas.
1 MTODO EXPOSITIVO
A transmisso oral de saberes continua a ser a mais frequente forma de comunicao pedaggica entre quem ensina e quem aprende. Na escola de conduo, o instrutor utiliza, com frequncia, este mtodo, recorrendo a ideias claras para explicar os contedos de ensino, mobilizando para tanto a ateno e a concentrao dos candidatos, relacionando-os com outros conhecimentos que os candidatos j detenham. Ao recorrer a este mtodo, o instrutor deve despertar a curiosidade dos candidatos e estimular a reflexo. As actividades e os recursos mais comuns so: exposies orais de contedos, explicaes, apresentaes de materiais feitas em sala de aula, etc.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
3 MTODO DEMONSTRATIVO
baseado no conhecimento tcnico e prtico do instrutor e na sua competncia para exemplificar uma determinada operao tcnica/prtica que se deseja repetida e depois aprendida. O instrutor explicita um determinado contedo de ensino, demonstrando tarefas, ou seja, este mtodo especialmente indicado na componente prtica da formao. Como normalmente no suficiente explicar por palavras o que se pretende que seja adquirido, necessrio explicar e depois mostrar e demonstrar. Em seguida, o candidato deve realizar a tarefa a adquirir, primeiro sob orientao do instrutor e depois sozinho.
Este mtodo requer que se explique, mostre, ilustre o contedo, salientando-se os pontos-chave. As repeties sucessivas das vrias tarefas so muito importantes, at que j seja possvel dominar a aco em si, depois do candidato ter solicitado ajuda ou esclarecimentos, caso necessite. O instrutor deve fazer perguntas ao candidato, controlando o seu desempenho, mas intervindo cada vez menos. A utilizao deste mtodo indispensvel em certas aprendizagens de carcter mais tcnico, como o caso da colocao de cintos de segurana, por exemplo.
Em resumo, preciso interessar constantemente o candidato pelos contedos, ao mesmo tempo que este :
Estimulado a mobilizar os conhecimentos que j possui sobre os diferentes contedos;
Estimulado a fazer determinada tarefa, etc.
Posto vontade para aprender e reflectir.
4 MTODO ACTIVO
Este mtodo foi descoberto no final do sc. XIX e visa a preparao para determinados desempenhos e tarefas, no pressuposto de que quem aprende reage permanentemente, face s diferentes circunstncias, ou seja, a educao baseada na aco propriamente dita. um mtodo que integra os trs nveis do saber saber-saber, saber-fazer e saber-ser/estar e assenta nas vantagens da observao, da experimentao e da reflexo sobre o que se observa e experimenta. Est especialmente indicado para a aquisio de aptides motoras e comportamentos, como o caso da conduo automvel. Este mtodo tem vindo a afirmar-se devido sua eficcia no que se refere ao aumento da motivao relacionada com actividades que envolvem directamente o formando, necessidade de incrementar hbitos de trabalho de grupo para o aperfeioamento das relaes humanas, como o caso tambm da utilizao da via pblica. As actividades mais comuns so: exerccios prticos, realizao de tarefas concretas, estudo de casos, simulao de casos, trabalhos de grupo, jogos didcticos, role-play, dilogos, debates, etc.
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3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Para alm destes quatro mtodos de ensino, desejvel que se d novo
espao ao seguinte mtodo, que est a conhecer vastas aplicaes no
processo de ensino/aprendizagem da conduo automvel.
um mtodo de ensino, com vastas aplicaes, e que, ao nvel da conduo
automvel, permite o desenvolvimento de tcnicas especficas no acom-
panhamento da formao de candidatos a condutores da categoria B.
Pretende-se desenvolver o treino dos futuros condutores em estrada, em
pista e em sala de aula, bem como optimizar as capacidades de comunicao,
entre instrutor e candidato a condutor.
Atravs deste mtodo de ensino, pretende-se alcanar mais eficcia e
rigor, com base em:
O MTODO COACHING PRETENDE:
Ajudar o candidato a condutor a tornar-se mais consciente das suas caractersticas e capacidades, do seu veculo, da interaco entre ele e os outros utentes da via, num contexto social;
Tornar o candidato a condutor mais responsvel por si prprio, pela sua prpria aprendizagem e pelo seu comportamento no trnsito;
Ajudar o candidato a condutor a manter um sentido de responsabilidade em situaes complexas de trnsito;
Permitir ao instrutor e ao candidato criarem uma relao de parceria, onde o primeiro, atravs da obser-vao activa, interrogao e feedback encoraja o segundo a ser ele prprio, a identificar objectivos, a reflectir sobre a sua prpria experincia e a desenvolver estratgias para alcanar os seus objectivos no futuro.
Aprendizagens activas da conduo;
Treino de conduo em autonomia;
Maior enfoque nos nveis superiores da Matriz GDE, durante o processo de aprendizagem.
O coaching presentemente um excelente mtodo ao nvel da formao
em conduo automvel.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
A CONDUO COMENTADA um exemplo dos mtodos demonstrativo
e activo, em que o candidato a condutor explicita verbalizando tudo o que
vai a fazer, momento a momento, ao volante, prevendo os comportamentos
e as reaces, que os utentes da via com quem se cruza, esto a assumir e
vo assumir nos momentos que se seguem.
A CONDUO EM AUTONOMIA tambm outro bom exemplo vivo
daqueles mtodos, que fundamental para aquisio das aptides e dos
comportamentos associados conduo automvel. Tal como a conduo
comentada, este tipo de conduo deve ser praticado numa fase avanada
do processo de ensino/aprendizagem, nomeadamente, na ltima fase,
em que o candidato a condutor tem de demonstrar junto do instrutor de
conduo que j adquiriu as aptides e os comportamentos indispensveis
conduo responsvel, consciente, econmica, ecolgica e segura, ou
seja, em independncia ou em autonomia.
Neste mtodo o instrutor indica como exemplo, o destino/local a alcanar
durante a aula de instruo e pede ao instruendo que efectue uma manobra de
estacionamento, etc, durante o trajecto. O instruendo vai assim experimentar
uma conduo sem intervenes directas procurando efectuar as melhores
escolhas de forma a garantir o melhor padro de segurana e comodidade,
atendendo ao ambiente rodovirio e de trfego com que se depara.
A conduo comentada e a conduo em autonomia so dois exemplos dos mtodos demonstrativo e activo.
Situaes de trnsito complexas devem ser treinadas durante a formao.
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3 - CARACTERIZAO DA FORMAO DA CONDUO AUTOMVEL
Refira-se, por ltimo, o MTODO E-LEARNING enquanto mtodo
de apoio s aprendizagens tericas. Este mtodo est cada vez mais
generalizado, em todas as reas de ensino e tambm no ensino da
conduo automvel como um moderno mtodo de educao distncia.
Resulta da combinao do ensino com a ajuda das novas tecnologias
de comunicao, e possibilita a difuso da informao em geral, ao
mesmo tempo que fomenta a democratizao do saber para as camadas
da populao, com acesso s novas tecnologias, permitindo que o
conhecimento esteja disponvel a qualquer tempo e hora e em qualquer
lugar. Foi inventado com base na educao online, e apoiado na internet.
Esta combinao permite dar novo significado ao ensino e aquisio de
conhecimentos sobretudo tericos, dando ao aluno a possibilidade de ade-
quar o ritmo de aprendizagem sua convenincia e a iniciativa de procurar,
com maior liberdade, os assuntos que deseja aprender e desenvolver.
Uma definio simples para E-learning o processo pelo qual o formando
aprende atravs de contedos colocados no computador e/ou Internet
e em que o formador, est distncia, utilizando a Internet como meio
de comunicao (sncrono ou assncrono), podendo existir sesses
presenciais intermdias.
A adopo de novas tecnologias na aprendizagem da conduo.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
O sistema que inclui aulas presenciais num sistema de E-learning recebe
o nome de B-learning (blended learning).
Neste sentido, foram desenvolvidos sistemas de gesto de ensino, que
actuam como salas de aula virtuais, gerando vrias possibilidades de
interaco, em tempo real, permitindo ao formando contacto com o
conhecimento, com o formador e com outros formandos, por meio de uma
sala de aula virtual.
O instrutor deve tirar o melhor partido deste novo mtodo de ensino.
Em resumo, os mtodos de ensino esto disponveis ao instrutor, garantindo a relao conhecimento-prtica, ou seja, asseguram a aquisio slida de conhecimentos e comportamentos. Independentemente dos mtodos de ensino e dos recursos adoptados para se prosseguirem os objectivos da formao, deve respeitar-se a individualidade dos candidatos, pois estes tm diferentes pontos de partida relativamente aprendizagem. Por exemplo, uns podem j ter alguma experincia de circulao no trnsito, outros podem mostrar dificuldades de aprendizagem e, alm disso, as suas atitudes podem no ser iguais.
A comunicao entre o instrutor e o candidato deve ser sempre bidireccional, dando espao discusso, partilha de experincias e ao esclarecimento de dvidas.
O instrutor deve recorrer sistematicamente interrogao e interpelao do candidato a condutor, fazendo-o pensar no que est a fazer e activando os seus processos cognitivos. Em paralelo deve ir fornecendo respostas e produzindo recomendaes. medida que vai monitorizando as aprendizagens, dever fornecer feedback, podendo dar reforos positivos quando o progresso da aprendizagem favorvel e ministrar correces ou repetio de outras prticas quando os progressos forem menos positivos.
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4 PLANO DE FORMAO
4. Plano de formao
Depois de definidos os temas transversais estreitamente inter-relacionados
com a Matriz GDE, estes so associados ao programa de ensino em
vigor, que foi estruturado para os candidatos a condutor da categoria B,
hierarquizando de forma organizada os contedos programticos.
Para alm dos referidos contedos, definem-se ainda os objectivos de
ensino e sugerem-se formas de operacionalizao, ao nvel dos mtodos
de ensino e dos recursos pedaggicos mais adequados.
4.1 CONTEDOS DO PROGRAMA DE FORMAOOs contedos fixados pela Portaria n 536/2005, de 22 de Junho, definidos
como o objecto essencial de avaliao, na prova terica e na prova das
aptides e do comportamento, foram analisados e articulados com cada
um dos nveis da Matriz GDE, atrs j apresentada.
Igualmente baseados na Matriz GDE, os contedos programticos propostos
visam orientar o candidato a condutor, no sentido de se tornar mais seguro e
responsvel na conduo e, consequentemente, mais conhecedor dos factores
de risco e, por conseguinte, menos propenso ao acidente rodovirio.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
CAPTULO I Prova terica
SECO I Disposies comuns a todas as categorias
I PRINCPIOS GERAIS DE TRNSITO E DE SEGURANA RODOVIRIA
1 O sistema de circulao rodovirio:1.1 O homem, elemento principal do sistema;
1.2 O veculo;
1.3 A via pblica;
1.4 As condies ambientais.
2 O acidente:2.1 Falha humana como factor dominante.
3 Funo da conduo:3.1 A recolha de informao:
3.1.1 A explorao visual perceptiva; estratgias a adoptar;
3.1.2 A identificao;
3.2 A deciso:
3.2.1 A importncia da antecipao e da previso;
estratgias a adoptar;
3.2.2 A avaliao do risco; o risco menor;
3.3 A aco:
3.3.1 Controlo do veculo;
3.3.2 Capacidades motoras;
3.4 Importncia dos elementos perceptivos na conduo.
4 Tempo de reaco principais factores que o influenciam:
4.1 Distncias:
4.1.1 Distncias de reaco, de travagem e de paragem;
principais factores que as influenciam;
4.1.2 Distncias de segurana;
4.1.3 Distncia lateral, distncia em relao ao veculo
da frente; factores a ter presentes na avaliao;
formas de avaliar.
5 Sinalizao:5.1 Classificao geral dos sinais de trnsito e sua hierarquia;
5.2 Sinais dos agentes reguladores do trnsito;
5.3 Sinalizao temporria;
5.4 Sinais luminosos;
5.5 Sinais verticais: de perigo, de regulamentao
e de indicao; sinalizao de mensagem varivel
e sinalizao turstico-cultural;
5.6 Marcas rodovirias;
5.7 Sinais dos condutores: sonoros, luminosos e manuais.
6 Regras de trnsito e manobras:6.1 Conduo de veculos;
6.2 Incio e posio de marcha;
6.3 Pluralidade de vias de trnsito;
6.4 Trnsito em filas paralelas;
6.5 Trnsito em rotundas, cruzamentos e entroncamentos;
6.6 Trnsito em certas vias ou troos; auto-estradas
e vias equiparadas;
6.7 Trnsito de pees;
6.8 Visibilidade reduzida ou insuficiente;
6.9 Iluminao;
6.10 Veculos de transporte colectivo de passageiros;
6.11 Veculos que efectuem transportes especiais;
6.12 Veculos em misso urgente de socorro;
6.13 Proibio de utilizao de certos aparelhos;
6.14 Velocidade:
6.14.1 Velocidade adequada s condies de trnsito;
6.14.2 Limites aplicveis;
6.14.3 Casos de obrigatoriedade de circular
a velocidade moderada;
6.15 Cedncia de passagem;
6.16 Cruzamento de veculos - precaues:
6.16.1 Vias estreitas ou obstrudas;
6.16.2 Veculos de grandes dimenses;
6.16.3 Influncia do deslocamento do ar;
6.17 Ultrapassagem deveres dos condutores:
6.17.1 Influncia das caractersticas dos veculos
em situaes de ultrapassagem;
6.17.2 O espao livre e necessrio para a ultrapassagem;
6.17.3 A importncia dos retrovisores;
6.18 Execuo da ultrapassagem seus riscos; precaues:
6.18.1 Sinal de aviso;
6.18.2 Posio para ultrapassar;
6.18.3 Avaliao de velocidades e distncias;
6.19 Mudana de direco cuidados prvios:
6.19.1 Posicionamento na faixa de rodagem;
6.20 Inverso do sentido da marcha precaues;
6.21 Marcha-atrs; meio auxiliar ou de recurso;
6.22 Paragem e estacionamento:
6.22.1 A importncia de no dificultar a passagem
e a visibilidade; proibies;
6.22.2 Estacionamento abusivo; abandono e remoo
de veculos.
4.2 CONTEDOS DA PORTARIA N 536/2005, DE 22 DE JUNHO
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4 PLANO DE FORMAO
II O CONDUTOR E O SEU ESTADO FSICO E PSICOLGICO
1 Viso:1.1 Campo visual;
1.2 Acuidade visual;
1.3 Viso cromtica, estereoscpica e nocturna.
2 Audio
3 Idade
4 Estados emocionais.
5 Fadiga:5.1 Principais causas, sintomas e efeitos na conduo;
5.2 Formas de preveno.
6 Sonolncia:6.1 Principais sintomas e efeitos na conduo;
6.2 Formas de preveno.
7 Medicamentos:7.1 Noo de substncias psicotrpicas;
7.2 Principais efeitos das substncias psicotrpicas
na conduo;
7.3 Conduo sob a influncia das substncias
psicotrpicas e sinistralidade rodoviria.
8 lcool:8.1 Consumo de lcool noo de alcoolemia e de taxa
de lcool no sangue (TAS);
8.2 Factores que interferem na TAS;
8.3 Principais efeitos do lcool na conduo;
8.4 Conduo sob a influncia do lcool
e sinistralidade rodoviria;
8.5 Processo orgnico de eliminao do lcool;
8.6 lcool e medicamentos;
8.7 Regime legal.
9 Substncias psicotrpicas:9.1 Tipos e principais efeitos na conduo;
9.2 Conduo sob a influncia das substncias
psicotrpicas e sinistralidade rodoviria.
III O CONDUTOR E O VECULO
1 Veculo:1.1 Motociclos, ciclomotores, triciclos e quadriciclos;
1.2 Automveis ligeiros e pesados;
1.3 Tipos de automveis: passageiros, mercadorias
e especiais;
1.4 Veculos agrcolas: mquinas industriais
e veculos sobre carris;
1.5 Veculos nicos e conjuntos de veculos:
veculos articulados e comboios tursticos;
1.6 Outros veculos: velocpede com e sem motor, reboque,
semi-reboque e veculos de traco animal;
1.7 Caracterizao de veculos de duas, trs e quatro rodas;
1.8 Pesos e dimenses: definies de peso bruto,
tara e dimenses exteriores.
2 Constituintes do veculo:2.1 Quadro e carroaria;
2.2 Habitculo do veculo:
2.2.1 Painel de instrumentos: reconhecimento e funo dos
principais rgos de comando, regulao e sinalizao;
2.2.2 Visibilidade atravs do habitculo e sua influncia na
segurana: espelhos retrovisores, limpa pra-brisas,
funcionamento e manuteno;
2.2.3 Controlo dos dispositivos de iluminao
interior, sinalizao, ventilao e climatizao
em automveis pesados de passageiros;
2.3 Motor e sistemas:
2.3.1 Motor tipos e combustveis utilizados;
2.4 Sistemas dos veculos:
2.4.1 Sistema de transmisso, de lubrificao, de refrigerao,
de direco, elctrico e de escape: funo;
2.4.2 Sistema de travagem e de suspenso:
2.4.2.1 Funo e sua composio;
2.5 Verificao da presso e piso dos pneus:
2.5.1 Mudana de rodas em caso de emergncia;
2.6 Avarias mais correntes, precaues de rotina;
utilizao adequada.
3 Inspeces peridicas:3.1 Seu regime.
4 Proteco do ambiente:4.1 Rudos e emisso de poluentes atmosfricos;
4.2 Poluio do solo;
4.3 Conduo econmica.
5 Transporte de passageiros e de carga:5.1 Entrada, acomodao e sada de passageiros e condutor;
5.2 Operaes de carga e de descarga; estabilidade
do veculo; visibilidade.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUO
6 Visibilidade relativamente aos outros utentes da via:
6.1 Adaptao da conduo s caractersticas especficas
do veculo; sua instabilidade e fragilidade;
6.2 Posicionamento na via: ver e ser visto;
6.3 Iluminao.
7 Equipamentos de segurana:7.1 Finalidade, modelos aprovados e utilizao:
7.1.1 Cinto de segurana e encosto de cabea;
7.1.2 Sistemas de reteno para crianas;
sua instalao e restries ao seu uso com air-bag;
7.1.3 Sinal de pr-sinalizao;
7.1.4 Colete retrorreflector;
7.2 Segurana activa e passiva: diferenciao.
IV O CONDUTOR E OS OUTROS UTENTES DA VIA
1 O comportamento a adoptar pelo condutor face a:
1.1 Pees: crianas; idosos; invisuais; deficientes motores;
1.2 Veculos de duas rodas: im