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THIAGO DE SÁ OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DA ADMINISTRACAO PRECOCE DE INFLIXIMAB NA
CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSE NO CÓLON ESQUERDO DE RATOS
COM OU SEM COLITE INDUZIDA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre.
Área de concentração: Medicina
Orientador: Prof. Dr. João Batista de Sousa
BRASÍLIA – DF
2017
2
THIAGO DE SÁ OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PRECOCE DE INFLIXIMAB NA
CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSE NO CÓLON ESQUERDO DE RATOS
COM OU SEM COLITE INDUZIDA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de Brasília como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________ Prof. Dr. João Batista de Sousa
_____________________________________________ Prof. Dr. Paulo Gonçalves de Oliveira
_____________________________________________ Prof. Dr. Hélio Moreira Júnior
Suplente:
_____________________________________________ Profa. Dra. Ivone Kamada
3
Aos meus filhos João Pedro e Maria Luiza, pelo amor, carinho e dedicação. À minha esposa Melina, pelo apoio incondicional durante esta empreitada.
Aos meus pais e irmãos por serem terra firme.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. João Batista de Sousa, que incentivou e apoiou meu interesse pelo mestrado, e,
ao abrir as portas do meu retorno à vida acadêmica, reacendeu a chama pelo espírito
cientifico e a busca de respostas a inquietações da alma.
Aos acadêmicos de medicina Pedro Henrique Farias Figueroa e José Moreira Kffuri Filho
pelo apoio e ajuda durante a fase experimental da pesquisa
Aos veterinários e funcionários do laboratório de Cirurgia Experimental da Faculdade de
Medicina da Universidade de Brasília, em especial ao veterinário Rafael Rocha de Andrade
pelo suporte e apoio indispensáveis para a consecução dos experimentos.
À Sra. Tercia Lousa de Castro, pelas várias horas dedicadas à confecção das lâminas de
histopatologia utilizadas neste trabalho.
À Profa. Dra. Fabiana Pirani Carneiro, pela avaliação histopatológica das lâminas
apresentadas nesta dissertação.
Ao amigo Pedro Gonçalves Cerqueira por dedicar horas de apoio a correções e auxilio na
formatação deste trabalho
À colega de especialidade e de trabalho Dra. Silvana Marques e Silva pelo incentivo, por
compartilhar experiências já vividas na empreitada acadêmica e pela gentil cessão de
algumas fotos para compor este trabalho.
Ao amigo Alex Pena Tosta pelo auxílio inestimável na análise estatística.
À equipe do Programa de Pós-Graduação da Faculade de Medicina da Universidade de
Brasília, pela cordialidade e presteza em todas as etapas para a realização deste trabalho.
5
“ Para aprender é preciso passar por situações
emocionantes. Para isso é preciso tirar as pessoas de
suas rotinas físicas e mentais. Não aprendemos nada
dentro de nossas "zonas de conforto", sentados todos
os dias, no mesmo lugar, na mesma mesa, fazendo a
mesma coisa, onde tudo é previsível. Na "zona de
aprendizado" há uma dose de desconforto e as
emoções são intensificadas."
Ernest Shacklet
6
RESUMO
Objetivo: Avaliar a influência da utilização precoce do INFLIXIMAB sobre a cicatrização de anastomose no cólon esquerdo de ratos em um modelo experimental de colite, comparando a força de ruptura da anastomose e analisar a relação com a cicatrização da parede abdominal. Método: Trinta e dois ratos foram distribuídos em quatro grupos contendo 08 animais cada. Dois grupos (16 animais) foram submeditos a indução de colite por enema de ácido acético com dose de 3 ml por via retal, e dois grupos (16 animais) não sofreram indução de colite. Todos os ratos foram submetidos à laparotomia para exposição do cólon distal com secção do mesmo a cerca de 2,5 a 3,5 cm cranial à reflexão peritoneal e anastomose término-terminal do segmento. Tanto no grupo com colite induzida como no grupo sem colite, metade dos animais (8) receberam infliximab (IFX), 4 no 1 DPO e 4 no 3 DPO; e 8 receberam NaCl a 0,9%. No sétimo DPO foi realizada a pesagem dos animais e a re-laparotomia para colectomia, seguida de eutanásia. Foram avaliados a variação de peso, a força tensil de ruptura da anastomose e da parede abdominal, além de achados histopatológicos nas lâminas de anastomoses. Resultados: Nos animais com colite houve maior perda de peso em relação aos sem colite, mais acentuada nos que receberam IFX no 1o DPO (p=0,007). O IFX piorou a força tênsil de rutura da anastomose nos animais com colite quando administrado no 1o DPO (p=0,001), porém quando administrado no 3o DPO ou com placebo, o IFX melhorou a força de ruptura anastomótica nos animais com colite, sendo esta, maior do que os animais sem colite (p=0,001). Conclusão: O IFX prejudicou a cicatrização das anastomoses no cólon esquerdo de ratos com colite, quando administrado no 1o DPO. Quando administrado no 3o DPO ou com placebo houve uma inversão, com melhora nos valores de força de ruptura da anastomose em relação ao grupo sem colite. Descritores: Anastomose intestinal. Cólon. Infliximab. Colite. Ratos.
7
ABSTRACT
Objective: To evaluate the influence of the early use of INFLIXIMAB (IFX) on the anastomosis healing in the left colon of rats in an experimental model of acetic acid colitis induced, comparing the tensile strength of the anastomosis, and to analyze the relationship with the healing of the abdominal wall. Method: Thirty-two rats were divided into four groups containing 08 animals each. Two groups (16 rats) were carried out the induction of colitis by enema of acetic acid with dose of 3 ml, per rectally, with no induction of colitis in the other two groups (16 rats). All the rats were submitted to laparotomy for exposure of the distal colon and sectionated approximately 2.5 to 3.5 cm cranial from the peritoneal reflection and proceeded end-to-end anastomosis. In both groups, with and without colitis, half the animals (8) received infliximab administration, 4 rats in the 1th POD and 4 in the 3th POD, and the other half (8) received NaCl solution0,9% administration. In the 7th POD the animals were weighed and re-laparotomy was performed for colectomy followed by euthanasia. Were evaluated the weight variation, anastomosis and abdominal wall scar rupture tensile strength and histopathological findings by H-E stain. Results: In the animals with colitis, there was greater weight loss in relation to the without colitis group, more pronounced in who received IFX in the 1st POD (p=0.007). The IFX has deteriorated the rupture tensile strength of the anastomosis in the animals with colitis when administered in the 1st POD (p=0.001), but when administered in the 3rd POD or placebo, IFX has improved the anastomotic rupture tensile strength in animals with colitis, this being, greater than the animals without colitis (p=0.001). Conclusion: The Infliximab impaired the healing of anastomoses in the left colon of rats with colitis when administered in the 1st POD. When administered in the 3rd POD or when placebo was given, there was a reversal, with the improvement in the values of the breaking strength of the anastomosis in relation to the group without colitis. Keywords: Intestinal anastomosis. Colon. Infliximab. Colitis. Rats.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Alocação dos animais em grupos de acordo com o dia de eutanásia, indução de colite e droga administrada. ....................................................................................... 21
Figura 2- Fotografia dos animais no alojamento da Faculdade de medicina da Universidade de Brasília. ................................................................................................ 22
Figura 3 - Laparotomia mediana com extensão de 4 cm. ............................................... 24
Figura 4 –A posição do afastador auto-estático e aexposição do cólon distal. ............... 24
Figura 5 - Secção total do cólon a 3,0cm acima da reflexão peritoneal. ........................ 25
Figura 6 - Justaposição das extremidades da alça do cólon. ........................................... 25
Figura 7 - Anastomose colo-colônica término-terminal ................................................. 25
Figura 8 – Processo de reabertura da cavidade abdominal. ............................................ 27
Figura 9 – A: Segmento anastomótico com estruturas aderidas, B: Segmento anastomótico com aderências liberadas. ......................................................................... 28
Figura 10 - Divisão do segmento colônico em três porções com a anastomose. ............ 29
Figura 11 - Aparelho de ensaio para determinação da força de ruptura da anastomose . 29
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número de repetições em cada célula experimental. ...................................... 31
Tabela 2: Testes de efeitos entre sujeitos (Variável dependente: diferença de peso). .... 32
Tabela 3: Médias marginais estimadas - Fator Colite * Fator Infliximab (Variável dependente: diferença de peso). ...................................................................................... 33
Tabela 4: Comparações por Método Pairwise – Fator Colite (Variável dependente: diferença de peso). .......................................................................................................... 34
Tabela 5: Comparações por Método Pairwise – Fator Infliximab (Variável dependente: diferença de peso). .......................................................................................................... 35
Tabela 6: Teste de efeito entre sujeitos (Variável dependente: FT- Parede ). ................ 38
Tabela 7: Fator Colite (Variável dependente: FT - Parede ). .......................................... 38
Tabela 8: Fator Infliximab (Variável dependente: FT - Parede ). ................................... 39
Tabela 9: Teste de efeito entre sujeitos (Variável dependente: FT- Anastomose). ........ 42
Tabela 10: Estimativas (Variável dependente: FT- Anastomose). ................................. 42
Tabela 11: Comparações por Método Pairwise - 1º e 3º DPO (Variável dependente: FT- Anastomose). .................................................................................................................. 43
Tabela 12: Comparações por Método Pairwise (Variável dependente: FT- Anastomose).......................................................................................................................................... 44
Tabela 13: Força de ruptura (N) da anastomose ............................................................. 45
Tabela 14: Mediana da intensidade de achados histológicos .......................................... 48
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Médias da variação de peso dos animais entre os grupos avaliando o fator colite e o fator IFX no início do experimento e no dia eutanásia. .................................. 33
Gráfico 2: Mediana e valores intervalares da variação de peso dos animais entre os grupos considerando o fator colite e o fator IFX no início do experimento e no dia eutanásia. ......................................................................................................................... 33
Gráfico 3: Mediana e valores intervalares de peso dos animais entre os grupos considerando o fator colite no início do experimento e no dia eutanásia. ...................... 37
Gráfico 4: Mediana e valores intervalares da variação de peso dos animais entre os grupos considerando o fator Infliximab no início do experimento e no dia eutanásia. .. 37
Gráfico 5: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da cicatriz da parede abdominal expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia. ................................................................................... 40
Gráfico 6: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da cicatriz da parede abdominal expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o Fator colite no dia eutanásia. ......................................................................................................................... 41
Gráfico 8: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia. ............................................................................................ 46
Gráfico 9: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite. ......................... 46
Gráfico 10: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o Fator Infliximab no dia eutanásia. ......................................................................................................................... 47
Gráfico 11: Médias da Força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia. ........ 47
11
LISTA DE ABREVIATURAS A – Ausente.
ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas.
CE - Corpo estranho.
CEUA - Comitê de Ética no Uso Animal.
cDNA - Ácido desoxirribonucleico complementar.
cIFX1- Grupo com colite que recebeu Infliximab no 1º DPO.
cIFX3- Grupo com colite que recebeu Infliximab no 3º DPO.
cSAL - Grupo com colite que recebeu Salina.
cm – Centímetro.
COBEA - Colégio Brasileiro de Experimentação Animal.
CT - Ciclo limiar.
D2 - Receptor da dopamina 2.
DNA - Ácido desoxirribolucleico.
DPO - Dia pós-operatório.
g – Grama.
°C - Grau Celcius.
HCL - Ácido Clorídrico.
H2O2 - Água oxigenada.
HE - Hematoxilina-eosina.
HP – Hidroxiprolina.
IFX - Infliximab
IL – Interleucina.
Kg – Kilograma.
LPS – Lipopolissacarídeo.
min – Minuto.
ml – Mililitro.
mm – Milímetro.
MMP - Matrix metaloproteinase.
mg – Miligrama.
µg – Micrograma.
µl – Microlitro.
N – Newton.
12
NaCl - Cloreto de sódio.
P – Presente.
scIFX1- Grupo sem colite que recebeu Infliximab no 1º DPO.
scIFX3- Grupo sem colite que recebeu Infliximab no 3º DPO.
scSAL- Grupo sem colite que recebeu Salina.
TGI - Trato gastrointestinal.
TNF-alfa - Fator de necrose tumoral alfa.
TNF-beta – Fator de necrose tumoral beta.
UnB – Universidade de Brasília
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14
2 OBJETIVO .................................................................................................................. 19
3 MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................... 19
3.1 ANIMAL DE EXPERIMENTAÇÃO ................................................................... 20
3.2 ALOCAÇÃO DOS ANIMAIS EM GRUPOS ..................................................... 20
3.3 PRÉ-OPERATÓRIO ............................................................................................ 21
3.4 INDUÇÃO DA COLITE ..................................................................................... 22
3.4 ANESTESIA E TÉCNICA OPERATÓRIA ......................................................... 23
3.5 ADMINISTRAÇÃO DO INFLIXIMAB E DA SALINA .................................... 26
3.6 PÓS-OPERATÓRIO ............................................................................................ 26
3.7 REOPERAÇÃO E ANÁLISE OPERATÓRIA .................................................... 27
3.8 ESTUDO DA FORÇA DE RUPTURA DA PAREDE ABDOMINAL E DA ANASTOMOSE COLÔNICA ................................................................................... 29
3.9 ESTUDO HISTOPATOLÓGICO ........................................................................ 30
3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................. 30
4. RESULTADOS .......................................................................................................... 32
4.1 MORTES .............................................................................................................. 32
4.2 VARIÁVEL RESPOSTA: DIFERENÇA DE PESO (DIFERENÇA ENTRE O PESO FINAL E O PESO INICIAL DOS ANIMAIS) ............................................... 32
4.3 VARIÁVEL RESPOSTA: ANÁLISE DA FORÇA TÊNSIL DE RUPTURA NA PAREDE ABDOMINAL............................................................................................ 38
4.4 VARIÁVEL RESPOSTA: ANÁLISE DA FORÇA TÊNSIL DE RUPTURA DA ANASTOMOSE ......................................................................................................... 42
4.5 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA ....................................................................... 48
4.6 AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS COM E SEM COLITE TRATADOS COM INFLIXIMAB OU PLACEBO ......................................................................... 48
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 49
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 54
14
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 55
1 INTRODUÇÃO
O processo de cicatrização propriamente dito, começa com a hemostasia
(SOUSA; OLIVEIRA, 1999; TOGNINI et al., 2000). Segue-se a resposta inflamatória,
durante a qual os macrófagos e os polimorfonucleares migram da circulação para o sítio
da ferida em resposta ao aumento dos níveis de citocinas. Posteriormente, ocorre a
proliferação de fibroblastos, a síntese do colágeno, o remodelamento do tecido
conjuntivo e a aquisição da resistência da ferida (GOLDMAN, 2004).
Desde 1997 alguns autores já descreviam os principais eventos biológicos da
cicatrização, que podem ser divididos em três fazes bastante distintas, mas também
muito complexas e que se sobrepõe uma à outra. São a inflamação, a fibroblástica ou
proliferativa, e remodelagem do colágeno (STEED, 1997; CLARK et al., 2000; HÖER
et al., 2002).
O termo inflamação pode ser definido como uma reação da microcirculação,
induzida por algum tipo de lesão aos tecidos, com a consequente movimentação de
vários elementos intravasculares, como fluidos, células e moléculas para o espaço extra
vascular. A agressão tecidual estimula a liberação de substâncias químicas no local
afetado, denominadas de mediadores químicos da inflamação que podem ter origem
plasmática ou tecidual (SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000).
Logo após a resposta inflamatória normal que é caracterizada pelo aumento da
permeabilidade capilar, aumento dos neutrófilos periféricos, migração de monócitos,
transformação em macrófagos, fagocitose (LEIBOVICH & ROSS, 1976), ocorre a
liberação local de citocinas, como as interleucinas 1 e 6 (Il-1 e Il-6), o fator de necrose
tumoral-alfa (TNF-alfa) e fatores de crescimento alfa-plaquetários, como o fator de
crescimento transformante-beta (TGF-beta), de enzimas, de mediadores químicos, como
a serotonina e síntese do colágeno (SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000).
O TGF-beta é uma proteína que atua na cicatrização estimulando a angiogênese
e está relacionada ao desenvolvimento de fibrose na cicatriz. (SIQUEIRA JR &
DANTAS, 2000).
Em seguida, já na fase proliferativa, as células endoteliais e os fibroblastos
representam um papel importante, migrando dos tecidos circunjacentes e de vênulas
intactas próximas à anastomose. Os fibroblastos então, desenvolvem uma grande
capacidade de formar colágeno. Este tecido conjuntivo frouxo é rico em capilares,
15
leucócitos e em matriz extracelular formada por fibras finas de colágeno (tipo III) e
proteínas estruturais não fibrosas como o ácido hialurônico, as glicosaminoglicanas e as
proteoglicanas (REGAN et al., 1993; SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000; REYS, 2004).
Durante a fase proliferativa, o colágeno da ferida é submetido tanto a
colagenólise quanto a síntese, com predominância da última na cicatrização normal
(JIBORN et al., 1980).
Normalmente o colágeno do tipo I é predominante em relação ao colágeno do
tipo III e a matriz de colágeno vai sendo remodelada, por meio de aumento e
estabilização de suas ligações transversais, tornando-se desta forma, mais resistente.
Qualquer alteração que venha a ocorrer em uma das fases, pode resultar em um retardo
ou uma falha na cicatrização da anastomose (SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000; REYS,
2004).
O colágeno se apresenta como uma glicoproteína composta por uma tripla hélice
de cadeias polipetídicas e é constituído basicamente pelos seguintes aminoácidos:
glicina, alanina, lisina, prolina, hidroxilisina e hidroxiprolina. A enzima prolil-
hidroxilase transforma a prolina em hidroxiprolina, que passa a ser um aminoácido
exclusivo do colágeno, e é indispensável para a estabilidade da tripla hélice de proteína
(PROCKOP & KIVIRIKKO, 1995). A concentração de hidroxiprolina no tecido
cicatricial possibilita estimar o conteúdo de colágeno na área da anastomose.
Múltiplos fatores podem atuar sobre as diferentes fases da cicatrização de
anastomoses do tubo digestivo, sendo de especial interesse aqueles que alteram o
conteúdo de colágeno, por interferirem no equilíbrio entre a lise e a síntese desta
proteína (OLIVEIRA, 1989), como a infecção, que aumenta a produção de colagenase e
inibe a cicatrização (HAAN, et al., 1974; CLARK et al., 2000; CAHILL et al., 2004).
Por meio da ação de vários fatores sintetizados por macrófagos, plaquetas,
células endoteliais e linfócitos T é que se desencadeia uma sequência organizada e
complexa de eventos celulares e bioquímicos que resultam na reparação do tecido
(CLARK, 1996; STEED, 1997).
As citocinas exercem a sua função sobre diferentes tipos celulares, propriedade
esta denominada de pleiotropismo. Elas são as proteínas responsáveis pela modulação
de diferentes tipos celulares e possuem várias funções, dentre elas: mediação da
resposta imunológica adaptativa e da inflamação, regulação da ativação do crescimento
e da diferenciação de linfócitos e de outras células. Elas podem ter vários efeitos
diferentes sobre o mesmo tipo celular e alguns, inclusive, ocorrendo simultaneamente.
16
Esses efeitos dependem da interação de citocinas com receptores de superfície na célula
alvo (SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000).
O Fator de Necrose Tumoral – alfa (TNF-alfa) é uma citocina comumente
presente na inflamação, podendo interferir na cicatrização tecidual. Foi assim
denominada devido a sua atividade em provocar necrose tumoral in vivo, quando
injetado em ratos portadores de tumores (MAURY, 1986; MOONEY et al., 1990;
SALOMON et al., 1991; BAKER et al., 2006).
O TNF-alfa é expresso em várias células, mas principalmente em macrófagos
como resposta imunológica a outras citocinas, a bactérias, vírus, prasitas e ao estímulo
de outras citocinas. Acredita-se que o TNF-afa desempenhe papel importante na
atividade antitumoral, imunomodulação, caquexia, choque séptico, hematopoiese,
replicação viral e inflamação (SIQUEIRA JR & DANTAS, 2000; ISHIMURA et al.,
2002; DWINELL et al., 2003; BAKER et al., 2006; BIOMYX TECHNOLOGY, 2007).
O papel do TNF-alfa no processo cicatricial ainda não está totalmente
esclarecido (BETTINGER et al., 1994; STREIT et al., 2006). Citocinas pró
inflamatórias como o TNF-alfa, demonstram respostas sinérgicas ou antagônicas em
relação à cicatrização (interferindo na fase inflamatória e na fase de deposição do
colágeno), dependendo da sua concentração (BAKER et al., 2006).
A deiscência de anastomose é uma complicação potencial da cirurgia colorretal e
tem incidência variável, podendo ocorrer em até 35% (trinta e cinco por cento) dos
casos (FIELDING et al., 1980; HENDRIKS & MASTBOOM, 1990). Está associada ao
aumento da morbimortalidade, da estada hospitalar e dos custos totais do tratamento
(GOLUB et al.,1997; SARABEYOGLU et al., 2003; NURSAL et al., 2004). São fatores
que afetam a cicatrização e a integridade intestinal: o suprimento sanguíneo, a tensão na
linha de anastomose, a magnitude da inflamação, a presença de contaminação fecal, o
estado nutricional do paciente e a utilização de drogas (DE SOUSA et al., 1991; DE
OLIVEIRA et al., 1994; THORNTON; BARBUL, 1997; BUCKMIRE et al., 1998; KUZU
et al., 1998; TURKCAPAR et al., 1998; SAKALLIOGLU et al., 2004; DE HANN et al.,
1974). Após a introdução da terapia biológica no tratamento das doenças inflamatórias
intestinais, relata-se que a ação anti-TNF destes medicamentos, pode influenciar
oprocesso cicatricial, sendo que os dados de literatura são bastante controversos em
relação as drogas que modulam esta citocina, alguns estudos apontando piora da
cicatrização em anastomoses e outros relatam efeito benéfico da droga em feridas
crônicas (TURSI at al., 2013; STREIT et al., 2006)
17
Modelos experimentais de colite têm sido largamente utilizados por vários
autores para estudar a patogênese e tratamento das Dll. A colite induzida por enema de
ácido acético em animais de pequeno porte é um método simples, barato e reproduzível,
apresentando similaridades com Dll em humanos quanto a aspectos histológicos e
metabólicos relacionados ao ácido araquidônico.
Frostberg e colaboradores (2014) em um estudo com o objetivo de determinar os
efeitos da utilização de droga anti-TNF em dose única, 7 dias antes da avaliação da
força tênsil da anastomose intestinal em coelhos, concluíram não haver diferença
estatística, para aquela metodologia empregada em uma pequena amostra. Os animais
foram sacrificados no quarto dia de pós-operatório.
O INFLIXIMAB tem demostrado grande eficácia clínica na indução e
manutenção da remissão sustentada, avaliada através da cicatrização de mucosa em
portadores de doenças inflamatórias intestinais (DII), e seu uso tem sido largamente
ampliado para os portadores destas moléstias.
O INFLIXIMAB é um anticorpo monoclonal quimérico, humano-murino, da
classe IgG1, que se liga com alta afinidade a formas solúveis e transmembranais de
TNF-alfa, mas não à linfotoxina (TNF-beta). O INFLIXIMAB inibe a atividade
funcional do TNF-alfa em vários tipos de bioensaios in vitro (KNIGHT et al., 1993;
SIEGEL et al, 1995). In vivo, o INFLIXIMAB forma rapidamente complexos estáveis
com o TNF-alfa, um processo paralelo à perda da bioatividade do TNF-alfa (SIEGEL et
al, 1995; SCALLON et al., 1995).
O INFLIXIMAB é eficaz na indução e manutenção da terapia da doença de
Crohn fistulizante ativa e um dos compostos biológicos aprovados para seu tratamento,
mas com limitações no tocante à imunogenicidade (desenvolvimento de anticorpos anti-
infliximab) que pode ocorrer em alguns casos, devido a sua fração murina. Também há
relatos de reações de hipersensibilidade imediata ou tardia e fenômenos auto-imunes,
levando a perda de sua eficácia ou mesmo impossibilitando a continuidade do
tratamento (SANDBORN, 2003; DANESE et al., 2006; SANDBORN, 2006).
Em humanos, o uso do INFLIXIMAB no tratamento da doença de Crohn,
aumenta em quatro vezes o risco de infecções por micro-organismos oportunistas
(ABREU, 2006) e tem uma taxa de mortalidade de 1% (um por cento), na maioria das
vezes, devido a infecções (COLOMBEL, et al., 2004).
Desta forma, a utilização do INFLIXIMAB torna-se de grande interesse clínico
para utilização nos pacientes portadores de doença inflamatória intestinal. Estes
18
pacientes estão sujeitos a tratamentos cirúrgicos com anastomoses de forma eletiva ou
de urgência, podendo ou não estar fazendo uso do INFLIXIMAB.
Devido ao mecanismo de antagonismo da ação do TNF-alfa, e
consequentemente, ao fato de interferir na cascata de inflamação, a hipótese da
influência de seus efeitos antiinflamatórios no processo de cicatrização de anastomose,
parece ganhar relevância, ainda mais na potencialidade de desfechos clínicos
desfavoráveis para aqueles portadores desta enfermidade, submetidos a tratamento
operatório.
São vários os parâmetros de avaliação da cicatrização de anastomoses intestinais
que podem ser estabelecidos. A medida da resistência tênsil é realizada por meio da
aplicação de uma força mecânica em direção longitudinal à anastomose. Atinge
cinquenta por cento do valor daquela do cólon livre de injúria após dez dias de pós-
operatório (JIBORN et al., 1978) e não é sensível para a determinação de alterações
precoces da cicatrização (BRASKEN, 1991).
A determinação de fatores prejudiciais à cicatrização, assume então, grande
relevância clínica, uma vez que pode contribuir para a diminuição dos riscos de
deiscências de anastomoses e, por consequencia, da morbi-mortalidade associada a estas
operações.
Observa-se, portanto, e a partir do descrito, a grande importância de se estudar a
aplicação e os efeitos do anticorpo monoclonal INFLIXIMAB na cicatrização das
anastomoses.
Assim delineamos o presente estudo, para testar a hipótese de que o uso de
medicação anti-TNF, durante as etapas iniciais do processo cicatricial, influencia
distintamente a cicatrização tecidual, quando comparadas a etapas um pouco mais
tardias.
19
2 OBJETIVO Estudar os possíveis efeitos da administração precoce do INFLIXIMAB sobre a
cicatrização de anastomose no cólon esquerdo de ratos em um modelo experimental de
colite e na ausência dela. Avaliação clínica e histopatológica.
2.1 OBJETIVO ESPECÍFICO:
Comparar os resultados da influência do infliximab na cicatrização da
anastomose com a cicatrização da parede abdominal, testando a hipótese de que a
inflamação local (colite) desempenhe ação biológica distinta dala do sítio onde ela não
se faz presente.
2.1 OBJETIVO ESPECÍFICO
Comparar os resultados encontrados na avaliação da anastomose com aqueles encontrados no estudo da cicatriz da parede abdominal, afim de testar a hipótese de que a inflamação local possui efeitos distintos daqueles onde esta não ocorre.
3 MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi executado e acompanhado nas instalações do Laboratório de
Cirurgia Experimental da Área de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da
Universidade de Brasília (UnB) e com a colaboração do Laboratório de Patologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).
O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética no Uso
Animal (CEUA) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB),
número de protocolo UnBDOC 60540/2016 (Anexo 1). Os procedimentos
experimentais foram realizados de acordo com as diretrizes do Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA). A declaração de conflito de interesses está
apresentada no anexo 2
20
Para a redação e a formatação do trabalho, foram utilizadas as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 14724:2011).
3.1 ANIMAL DE EXPERIMENTAÇÃO
Foram utilizados 32 ratos, Rattus norvergicus, linhagem Wistar, machos e
sadios, adquiridos do biotério da Universidade Federal de Campinas (UNICAMP),
mantidos por três semanas, no período pré-operatório, em gaiolas no alojamento de
animais do Laboratório de Cirurgia Experimental da Universidade de Brasília, sendo
fornecida dieta padrão e água à vontade, em regime de 12 horas de luz e 12 horas de
escuridão e que pesaram em média 336,19g (+/- 9,04g) no dia da primeira operação.
3.2 ALOCAÇÃO DOS ANIMAIS EM GRUPOS
Os animais foram distribuidos por locação casual probabilística, imediatamente
antes do procedimento operatório, sem que o operador soubesse a qual grupo pertencia
cada animal. Separados em blocos, em dois grupos de 16 animais cada, para indução ou
não de colite (C= colite 16 animais / SC = sem colite 16 animais). Posteriormente, foi
realizada nova randomização, separando os grupos que receberam INFLIXIMAB (IFX
= receberam INFLIXIMAB) e salina (SAL= receberam Solução salina 0,9%), Para os
grupos que receberam INFLIXIMAB, houve nova divisão em 2 subgrupos de acordo
com o momento pós operatório, sejam eles 1o ou 3o dia pós-operatório). Todos os
animais foram mortos no 7o dia de pós-operatório, conforme esquema a seguir, após re-
laparotomia.
21
Figura 1 - Alocação dos animais em grupos de acordo com indução de colite ou não, droga administrada e momento da adminisração.
3.3 PRÉ-OPERATÓRIO
No tempo correspondente ao período pré-operatório, os animais foram mantidos
por três semanas confinados em gaiolas com oito animais cada, em regime de 12 horas
de luz artificial e 12 horas de escuridão (figura 2). Receberam dieta padrão e água à
vontade. Não houve jejum pré-operatório. Os animais foram pesados em balança
eletrônica imediatamente antes do início de cada procedimento operatório. No 3o dia
anterior ao procedimento operatório, os animais dos grupos com colite induzida (cIFX e
cSAL) foram submetidos ao enema de ácido acético conforme protocolo abaixo.
32 RATOS
COLITE INDUZIDA (c) 16 animais
SEM COLITE (sc) 16 animais
INFLIXIMAB (cIFX)
8 animais
SOL. SALINA (cSAL) 8 animais
SOL. SALINA (scSAL) 8 animais
1o DPO (cIFX1)
4 Animais
3oDPO (cIFX3)
4 Animais
INFLIXIMAB (scIFX)
8 animais
1o DPO
(scIFX1) 4 Animais
3o DPO (scIFX3)
4 Animais
22
3.4 INDUÇÃO DA COLITE
A indução da colite foi realizada pela técnica publicada por Yamada et al. (1992)
e Tannahill et al. (1995). Cada animal sem anestesia era contido, e um cateter de 8mm
introduzido pelo ânus até 6,0cm da margem anal e submetidos à administração
intracolônica, por enema, de uma solução de ácido acético a 7% e com volume de 3 ml
e segurados de ponta-cabeça por 15 segundos. Não houve jejum ou preparo anteriores à
indução da colite, retornando os animais para suas respectivas gaiolas após o
procedimento.
Figura 2- Fotografia dos animais no alojamento da Faculdade de medicina da
Universidade de Brasília.
23
3.4 ANESTESIA E TÉCNICA OPERATÓRIA
Foi realizada a anestesia geral. Inicialmente o animal era colocado em uma
câmara de indução onde havia um chumaço de algodão embebido em isoflurano. Após
relaxamento e perda da consciência, eram anestesiados com cloridrato de xilasina na
dose de 10 mg/Kg e cloridrato de cetamina na dose de 75 mg/Kg por via intramuscular.
No período trans-operatório, eram administradas doses adicionais dos anestésicos,
quando necessário.
Os 32 animais foram imobilizados sobre as placas de madeira com a fixação dos
seus membros. Realizada tricotomia da parede abdominal anterior e anti-sepsia com
iodopovidine.
A laparotomia mediana com 4 cm de extensão foi iniciada a 1 cm acima da
genitália externa dos animais.
Foi procedida exposição do cólon distal, secção do mesmo a cerca de 2,5 a 3,5
cm cranialmente à reflexão peritoneal e anastomose término-terminal do segmento, em
plano único transmural, com pontos contínuos de fio de polipropileno 6.0 com agulha
cilíndrica.
A síntese da parede abdominal foi realizada em dois planos contínuos com fio de
polipropileno 5-0.
A analgesia pós-operatória foi realizada com a administração de tramadol na
dose de 1 mg/Kg via subcutânea no primeiro dia pós-operatório e dispensada solução
analgésica com dipirona na concentração de 500mg/5ml de água colocadas em
bebedouro.
Foi utilizado material e instrumental cirúrgico limpo não estéril. Todos os
procedimentos operatórios foram realizados pelo mesmo cirurgião, e consistiram de:
a) Laparotomia mediana com 4 cm de extensão, iniciada a 1 cm acima da genitália
externa dos animais (Figura 3);
24
Figura 3 - Laparotomia mediana com extensão de 4 cm.
b) A posição do afastador auto-estático e a exposição do cólon distal (figura 4);
Figura 4 –A posição do afastador auto-estático e a exposição do cólon distal.
c) Malaxação divergente caso o segmento intestinal a ser operado apresentasse
conteúdo fecal;
d) Secção do cólon esquerdo, aproximadamente 3,0 cm. acima da reflexão
peritoneal, sem causar lesão dos ramos arteriais terminais (figura 5).
25
Figura 5 - Secção total do cólon a 3,0 cm acima da reflexão peritoneal.
e) Justaposição das extremidades da alça do cólon (figura 6) e anastomose colo-colônica
término-terminal, em plano único transmural, com pontos contínuos de fio de
polipropileno 6.0 (Ethicon ®) com agulha cilíndrica (figura 7); figura 6 -
Justaposição das extremidades da alça do cólon.
Figura 7 - Anastomose colo-colônica término-terminal
26
f) Síntese da parede abdominal com sutura em dois planos contínuos com fio de
Polipropileno 5-0 (Ethicon®). O primeiro plano era constituído de peritônio,
musculatura e aponeurose e o segundo, do tecido subcutâneo e pele.
3.5 ADMINISTRAÇÃO DO INFLIXIMAB E DA SALINA
O INFLIXIMAB foi administrado para os grupos correspondentes, na dose de 5
mg/Kg de peso, por via intraperitoneal, dose única, 24 horas após o procedimento
operatório para os grupos cIFX1 e scIFX1, e 72 horas após a operação para os grupos
medicação cIFX3 e scIFX3. A administração da solução fisiológica foi realizada após
24 horas do procedimento para os grupos controle (SAL). Todos os animais do grupo
controle receberam volumes equivalentes (1,5 ml) de solução de NaCl 0,9%, pela
mesma via de aplicação.
3.6 PÓS-OPERATÓRIO
Imediatamente após a realização da intervenção cirúrgica, os animais eram
devolvidos às gaiolas, nos mesmos grupos separados previamente e receberam água
com solução analgésica de dipirona e dieta padrão à vontade. A analgesia pós-operatória
foi realizada com tramadol 1 mg/Kg via subcutânea, dose única no 1o DPO
Foram avaliados como parâmetros para seguimento clínico, os seguintes sinais:
apatia, eriçamento de pêlos, diarréia, distensão abdominal, complicações da ferida
operatória como hematomas e sinais de infecção do sítio cirúrgico. Estes parâmetros
foram graduados por uma escala pré-estabelecida que varia de acordo com o descrito a
seguir:
0 – Ausentes;
1 - Presença leve;
2 - Presença moderada;
3 - Presença marcante e
4 - Presença intensa.
27
3.7 REOPERAÇÃO E ANÁLISE OPERATÓRIA
A reoperação foi realizada no 7o DPO. Os animais foram pesados e anestesiados
conforme técnica descrita para primeira operação. Ressecada uma área retangular de 4
cm por 6 cm da parede abdominal contendo a cicatriz mediana na sua porção central.
Inventariada a cavidade abdominal sendopesquisada a presença de sinais de peritonite,
abscesso e deiscência de anastomose. (Figura 8).
Figura 8 – Processo de reabertura da cavidade abdominal.
Foi considerado íleo paralítico a presença de distensão de alças do cólon
proximal e distal à anastomose; e foi considerada obstrução intestinal, a presença de
distensão de alças de cólon somente no segmento proximal à anastomose. Também
foram considerados sinais de peritonite a presença de secreção purulenta ou escurecida
livre na cavidade, eritema e edema de alças de cólon de delgado e cólon.
Um segmento colônico de 4 cm de comprimento, contendo a anastomose na sua
porção central, foi removido em conjunto com as estruturas a ele aderidas (figura 10).
28
A B
Figura 9 – A: Segmento anastomótico com estruturas aderidas, B: Segmento anastomótico com aderências liberadas.
A peça anatômica retirada do animal foi aberta pela borda anti-mesentérica e
dividida em três segmentos longitudinais (figura 11). O segmento da direita foi então
fixado em cartolina, ficando exposta a superfície mucosa, e conservado em formol
tamponado a 10% (dez por cento), para posterior análise histopatológica. (Porção A). O
segmento central foi encaminhado para análise da força de ruptura da anastomose.
(Porção B). A parte restante (Porção C) poi congelada à -80º C para construção de
biorepositório.
A eutanásia foi realizada com a secção dos vasos da base, após coleta de sangue
intra-ventricular, sendo o sangue separado em soro e plasma por centrifugação e
congelados a (-80o) a fim de se montar uma soroteca como biorepositório para análises
futuras.
29
Figura 10 - Divisão do segmento colônico em três porções com a anastomose.
3.8 ESTUDO DA FORÇA DE RUPTURA DA PAREDE ABDOMINAL E DA ANASTOMOSE COLONICA
O estudo da força de ruptura da anastomose foi realizado por aparelho de ensaio
digital denominado Versa Test (Mecmesin Versa Test, United Kingdom) acoplado a um
dinamômetro digital AGF (Mecmesin Versa Test, United Kingdom - figura 11).
Um pequeno fragmento retangular de tecido foi fixado nas suas duas extremidades
pela pinça superior do dinamômetro e a pinça inferior do Versa Test, com a região
anastomótica equidistante e paralela às pinças.
A velocidade utilizada durante o teste foi de 30 mm/min (TOGNINI et al.,
2000). O valor de ruptura foi expresso em newton (N).
Figura 11 - Aparelho de ensaio para determinação da força de ruptura da anastomose
30
3.9 ESTUDO HISTOPATOLÓGICO
Neste estudo, todas as peças foram tratadas e fixadas em formol a 10% (dez por
cento), incluídas em parafina, processadas conforme a rotina do Laboratório de
Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB) e coradas pelo
método hematoxilina-eosina (HE).
Um patologista experiente, sem saber de que grupo de animais provinha o
material a ser analisado, procedeu à análise por microscopia óptica. Foram avaliados os
seguintes indicadores:
-Fibroblastos;
- Mononucleares;
- Polimorfonucleares;
- Colágeno
Os indicadores de acima foram quantificados em: ausentes (0) leve (+);
moderado (++); intenso (+++).
3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A avaliação dos resultados se deu pela análise das seguintes variáveis: Médias
da variação de peso entre os grupos no dia do procedimento e no 7o DPO. Comparação
entre as médias da força de ruptura da anastomose expressa em newtons (N) entre os
grupos. Análise comparativa entre as medias da força de ruptura da parede abdominal
expressa em newntos (N). Avaliação descritiva das lâminas de histopatologia,
considerando-se a intensidade da presença de mononucleares, polimorfonucleares,
fibroblastos e colágeno, tabulados de maneira cega, por único patologista experiente em
avaliação dos fenômenos de cicatrização.
Foi realizado análise estatística do experimento do tipo fatorial com dois fatores:
- Fator Colite (com colite; sem colite);
- Fator Infliximab (Infliximab no 1º DPO, Infliximab no 3º DPO, Placebo).
Testes estatisticos segundo ANOVA realizados utilizando o SPSS (Special Package
for Social Sciences) versão17.0.
31
a) Análise da diferença de peso entre o peso inicial e o peso final dos animais.
As suposições de normalidade e homocedasticidade foram satisfeitas de acordo com o
Teste de Shapiro-Wilk e o Teste de Levene para variâncias constantes;
b) Análise da força tênsil de ruptura da parede abdominal (teste t de student)
c) Análise da força tênsil de ruptura da anastomose (teste t de student)
d) Análise das associações com comparações da parede abdominal e das
anastomoses; (análise descritiva)
Todas as probabilidades menores a 5% (p< 0,05) foram consideradas
significantes.
Tabela 1: Número de repetições em cada célula experimental.
Fator Infliximab Total
Infliximab no 1º DPO
Infliximab no 3º DPO
Placebo
Fator Colite
Grupo com Colite
3 4 8 15
Grupo sem Colite
4 4 7 15
Total 7 8 15 30
Apesar de o número de replicações não serem iguais (dados não balanceados)
entre as parcelas de estudo o que poderia ocasionar dificuldades na estimação dos
parâmetros da ANOVA, os dados da Tabela 2 estão distribuídos de forma
aproximadamente proporcional, o que de acordo com Montgomery (2009) é o suficiente
para que as análises possam ser conduzidas normalmente.
32
4. RESULTADOS
4.1 MORTES
Houve um óbito de animal alocado no grupo de estudo colite, tratado com
INFLIXIMAB no 1o DPO (cIFX1), cuja necrópsia revelou obstrução intestinal, sem
evidências de deiscência de anastomose. Outra morte ocorreu na fase pré-operatória,
durante indução anestésica de animal pertencente ao grupo sem colite que recebeu
placebo (scSAL), o qual foi excluído do estudo.
4.2 VARIÁVEL RESPOSTA: DIFERENÇA DE PESO (DIFERENÇA ENTRE O PESO FINAL E O PESO INICIAL DOS ANIMAIS)
Tabela 2: Testes de efeitos entre sujeitos (Variável dependente: diferença de peso).
Origem Tipo III Soma
dos Quadrados
gl Quadrado
Médio
F Sig. Eta parcial
quadrado
Modelo corrigido 13883,901a 5 2776,780 104,390 ,000 ,956
Intercepto 23169,069 1 23169,069 871,019 ,000 ,973
Fator_Colite 4577,915 1 4577,915 172,102 ,000 ,878
Fator_Infliximab 9450,114 2 4725,057 177,634 ,000 ,937
Fator_Colite *
Fator_Infliximab
1408,022 2 704,011 26,467 ,000 ,688
Erro 638,399 24 26,600
Total 30809,000 30
Total corrigido 14522,300 29 Observação: a. R Quadrado = ,956 (R Quadrado Ajustado = ,947).
33
Tabela 3: Médias marginais estimadas - Fator Colite * Fator Infliximab (Variável dependente: diferença de peso).
Fator Colite Fator Infliximab Média Erro Intervalo de Confiança 95%
Limite
inferior
Limite
superior
Grupo com Colite Infliximab no 1º
DPO
-63,667 2,978 -69,812 -57,521
Infliximab no 3º
DPO
-52,000 2,579 -57,322 -46,678
Placebo -12,125 1,823 -15,888 -8,362
Grupo sem Colite Infliximab no 1º
DPO
-37,500 2,579 -42,822 -32,178
Infliximab no 3º
DPO
-9,500 2,579 -14,822 -4,178
Placebo -2,143 1,949 -6,166 1,880
Gráfico 1: Médias da variação de peso dos animais entre os grupos avaliando o fator colite e o fator IFX no início do experimento e no dia eutanásia.
34
Tabela 4: Comparações por Método Pairwise – Fator Colite (Variável dependente: diferença de peso).
Fator Colite
(I) Fator Infliximab
(J) Fator Infliximab
Diferença média (I-J)
Erro Sig.b 95% Intervalo de Confiança para Diferençab
Limite inferior
Limite superior
Grupo com Colite
Infliximab no 1º DPO
Infliximab no 3º DPO
-11,667* 3,939 ,007 -19,797 -3,537
Placebo -51,542* 3,492 ,000 -58,748 -44,335
Infliximab no 3º DPO
Infliximab no 1º DPO
11,667* 3,939 ,007 3,537 19,797
Placebo -39,875* 3,158 ,000 -46,393 -33,357
Placebo Infliximab no 1º DPO
51,542* 3,492 ,000 44,335 58,748
Infliximab no 3º DPO
39,875* 3,158 ,000 33,357 46,393
Grupo sem Colite
Infliximab no 1º DPO
Infliximab no 3º DPO
-28,000* 3,647 ,000 -35,527 -20,473
Placebo -35,357* 3,233 ,000 -42,029 -28,685
Infliximab no 3º DPO
Infliximab no 1º DPO
28,000* 3,647 ,000 20,473 35,527
Placebo -7,357* 3,233 ,032 -14,029 -,685
Placebo Infliximab no 1º DPO
35,357* 3,233 ,000 28,685 42,029
Infliximab no 3º DPO
7,357* 3,233 ,032 ,685 14,029
Observações: Baseado em médias marginais estimadas;
* A diferença média é significativa no nível - 05.
b. Ajustamento para diversas comparações: Diferença menos significativa (equivalente a
nenhum ajustamento).
35
Tabela 5: Comparações por Método Pairwise – Fator Infliximab (Variável dependente:
diferença de peso).
Fator Infliximab
(I) Fator Colite
(J) Fator Colite
Diferença média (I-J)
Erro Erro
Sig.b 95% Intervalo de Confiança para Diferençab
Limite inferior
Limite superior
Infliximab no 1º DPO
Grupo com Colite
Grupo sem Colite
-26,167* 3,939 ,000 -34,297 -18,037
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
26,167* 3,939 ,000 18,037 34,297
Infliximab no 3º DPO
Grupo com Colite
Grupo sem Colite
-42,500* 3,647 ,000 -50,027 -34,973
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
42,500* 3,647 ,000 34,973 50,027
Placebo Grupo com Colite
Grupo sem Colite
-9,982* 2,669 ,001 -15,491 -4,473
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
9,982* 2,669 ,001 4,473 15,491
36
Gráfico 2: Mediana e valores intervalares da variação de peso dos animais entre os grupos considerando o fator colite e o fator IFX no início do experimento e no dia eutanásia.
Ao analisar as variáveis resposta Colite e uso de INFLIXIMAB, houve interação
entre estes fatores. Quando este fenômeno ocorre, é necessário fazer a correlação entre
todos os cruzamentos das variáveis respostas, sempre com a fixaçao de um dos fatores e
proceder a comparação entre estas, diminuindo assim o viés de análise.
No grupo cIFX1 houve a maior variação negativa de peso (-63,7g). Este valor
foi estatisticamente significativo quando comparado com todos os grupos de animais
com colite: cIFX3 (-52g) (p=0,007) e cSAL (-12,1g) (p=0,001). Resultados
estatisticamente significativos também foram encontrados na análise da comparação
entre os grupos sem colite: scIFX1 (-37,5g), scIFX3 (-9,5g) e scSAL (-2,1g) (p=0,001).
Quando comparamos todas as interações entre os grupos, observamos que tanto o fator
colite quanto o uso do INFLIXIMAB acarretam variações negativas para os grupos
estudados. Tanto nos grupos com colite e sem colite, a perda de peso foi maior nos
animais que receberam a droga quando comparados com placebo, sendo esta perda mais
expressiva quando a droga é administrada no 1o DPO (p=0,001). O grupo com colite foi
o que mais variou negativamente de peso quando comparado com o grupo sem colite.
37
Gráfico 3: Mediana e valores intervalares de peso dos animais entre os grupos considerando o fator colite no início do experimento e no dia eutanásia.
Gráfico 4: Mediana e valores intervalares da variação de peso dos animais entre os grupos considerando o fator Infliximab no início do experimento e no dia eutanásia.
38
4.3 VARIÁVEL RESPOSTA: ANÁLISE DA FORÇA TÊNSIL DE RUPTURA NA PAREDE ABDOMINAL
Tabela 6: Teste de efeito entre sujeitos (Variável dependente: FT- Parede). Origem Tipo III Soma
dos Quadrados
gl Quadrado
Médio
F Sig. Eta parcial
quadrado
Modelo corrigido 223,629a 5 44,726 7,298 ,000 ,603
Intercepto 1503,821 1 1503,821 245,394 ,000 ,911
Fator_Infliximab 37,051 2 18,526 3,023 ,067 ,201
Fator_Colite 194,760 1 194,760 31,781 ,000 ,570
Fator_Infliximab *
Fator_Colite
37,343 2 18,672 3,047 ,066 ,202
Erro 147,077 24 6,128
Total 2260,426 30
Total corrigido 370,705 29
Observação:
a. R Quadrado = ,603 (R Quadrado Ajustado = ,521).
Tabela 7: Fator Colite (Variável dependente: FT - Parede).
Fator Colite Média Erro Padrão Intervalo de Confiança 95%
Limite inferior Limite superior
Grupo com Colite 4,809 ,694 3,376 6,243
Grupo sem Colite 10,217 ,662 8,851 11,582
39
Tabela 8: Fator Infliximab (Variável dependente: FT - Parede).
Fator Infliximab Média Erro
Padrão
Intervalo de Confiança 95%
Limite
inferior
Limite
superior
Infliximab no 1º
DPO
5,891 ,945 3,940 7,842
Infliximab no 3º
DPO
7,953 ,875 6,146 9,759
Placebo 8,695 ,641 7,373 10,017
Em relação a força de ruptura da cicatriz da parede abdominal, não houve
interção entre os fatores colite e uso de Infliximab. Não houve diferença estatística entre
a força de ruptura nos animais sem colite (scIFX1, scIFX3 e scSAL), independente do
uso de drogas. Para o grupo de animais com colite, aqueles que receberam a droga no 1o
DPO, apresentaram uma difrença significativa: cIFX1 (1,6N) X cIFX3 (5,61N)
(p=0,001). Não observamos diferença quando comparados o grupo cIFX3 com o cSAL
(p=0,066)
40
Gráfico 5: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da cicatriz da parede abdominal expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia.
41
Gráfico 6: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da cicatriz da parede abdominal expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o Fator colite no dia eutanásia.
Gráfico 7: Médias da Força tênsil de ruptura da cicatriz da parede abdominal expressa
em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia
eutanásia.
42
4.4 VARIÁVEL RESPOSTA: ANÁLISE DA FORÇA TÊNSIL DE RUPTURA DA ANASTOMOSE
Tabela 9: Teste de efeito entre sujeitos (Variável dependente: FT- Anastomose). Origem Tipo III Soma
dos Quadrados gl Quadrado
Médio F Sig. Eta parcial
quadrado
Modelo corrigido 12,942a 5 2,588 9,766 ,000 ,670
Intercepto 45,121 1 45,121 170,243 ,000 ,876
Fator_Colite ,130 1 ,130 ,490 ,491 ,020
Fator_Infliximab 1,081 2 ,541 2,040 ,152 ,145
Fator_Colite * Fator_Infliximab
11,016 2 5,508 20,782 ,000 ,634
Erro 6,361 24 ,265
Total 69,666 30
Total corrigido 19,303 29
Observação: a. R Quadrado = ,670 (R Quadrado Ajustado = ,602).
Tabela 10: Estimativas (Variável dependente: FT- Anastomose). Fator Colite Fator Infliximab Média Erro Intervalo de Confiança 95%
Limite inferior Limite superior
Grupo com Colite Infliximab no 1º DPO ,553 ,297 -,060 1,167
Infliximab no 3º DPO 1,730 ,257 1,199 2,261
Placebo 1,411 ,182 1,036 1,787
Grupo sem Colite Infliximab no 1º DPO 2,640 ,257 2,109 3,171
Infliximab no 3º DPO ,625 ,257 ,094 1,156
Placebo ,849 ,195 ,447 1,250
43
Tabela 11: Comparações por Método Pairwise - 1º e 3º DPO (Variável dependente: FT- Anastomose).
Fator Colite
(I) Fator Infliximab
(J) Fator Infliximab
Diferença média (I-J)
Erro Erro
Sig.b 95% Intervalo de Confiança para Diferençab
Limite inferior
Limite superior
Grupo com Colite
Infliximab no 1º DPO
Infliximab no 3º DPO
-1,177* ,393 ,006 -1,988 -,365
Placebo -,858* ,349 ,021 -1,577 -,139
Infliximab no 3º DPO
Infliximab no 1º DPO
1,177* ,393 ,006 ,365 1,988
Placebo ,319 ,315 ,322 -,332 ,969
Placebo Infliximab no 1º DPO
,858* ,349 ,021 ,139 1,577
Infliximab no 3º DPO
-,319 ,315 ,322 -,969 ,332
Grupo sem Colite
Infliximab no 1º DPO
Infliximab no 3º DPO
2,015* ,364 ,000 1,264 2,766
Placebo 1,791* ,323 ,000 1,125 2,457
Infliximab no 3º DPO
Infliximab no 1º DPO
-2,015* ,364 ,000 -2,766 -1,264
Placebo -,224 ,323 ,495 -,890 ,442
Placebo Infliximab no 1º DPO
-1,791* ,323 ,000 -2,457 -1,125
Infliximab no 3º DPO
,224 ,323 ,495 -,442 ,890
Baseado em médias marginais estimadas;
* A diferença média é significativa no nível - 05.
44
Tabela 12: Comparações por Método Pairwise (Variável dependente: FT- Anastomose). Fator Infliximab
(I) Fator Colite
(J) Fator Colite
Diferença média (I-J)
Erro Erro
Sig.b 95% Intervalo de Confiança para Diferençab
Limite inferior
Limite superior
Infliximab no 1º DPO
Grupo com Colite
Grupo sem Colite
-2,087* ,393 ,000 -2,898 -1,275
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
2,087* ,393 ,000 1,275 2,898
Infliximab no 3º DPO
Grupo com Colite
Grupo sem Colite
1,105* ,364 ,006 ,354 1,856
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
-1,105* ,364 ,006 -1,856 -,354
Placebo Grupo com Colite
Grupo sem Colite
,563* ,266 ,045 ,013 1,113
Grupo sem Colite
Grupo com Colite
-,563* ,266 ,045 -1,113 -,013
Baseado em médias marginais estimadas;
* A diferença média é significativa no nível - 05.
b. Ajustamento para diversas comparações: Diferença menos significativa
(equivalente a nenhum ajustamento).
45
Na avaliação da força tensil de ruptura da anastomose, houve interação entre os
fatores colite e uso de INFLIXIMAB. Por esta razão, a mesma diretriz utilizada para a
análise de variância para a diferença de peso foi utilizada, sempre com a fixação de um
dos fatores para análise cruzada entre os grupos.
Quando comparados os com colite, houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos cIFX1 (0,55N) X cIFX3 (1,73N) (p=0,006) e entre os
grupos cIFX1 (0,55N) e cSAL (1,41) (p=0,02). Não houve diferença entre os grupos
cIFX3 (1,73N) e cSAL (1,41N) (p=0,322)
Nos grupos sem colite observamos: scIFX1 (2,64N) X scIFX3 (0,63N)
(p=0,001) e entre scIFX1 (2,64) e scSAL (0,85) (p=0,001). Também não houve
significância quando comparados scIFX3 e scSAL (p=0,495)
Ao analisarmos o uso do INFLIXIMAB no 1o DPO, 3o DPO e placebo, e
utilizamos como variável resposta a presença ou não de colite, obtivemos os seguintes
resutados:
Tabela 13: Força de ruptura (N) da anastomose INFLIXIMAB
1o DPO
INFLIXIMAB
3O DPO
Placebo
Colite 0,55 1,73 1,41
Sem Colite 2,64 0,63 0,85
p Valor 0,001 0,006 0,045
46
Gráfico 8: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia.
Gráfico 9: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite.
47
Gráfico 10: Mediana e valores intervalares da força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o Fator Infliximab no dia eutanásia.
Gráfico 11: Médias da Força tênsil de ruptura da anastomose expressa em Newtons (N) entre os grupos considerando o fator colite e o fator Infliximab no dia eutanásia.
48
4.5 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA
Neste estudo, será apresentada tabela descritiva com a mediana das
gradações de intensidade da presença de mononucleares, polimorfonucleares,
fibroblastos e colágeno descritos pelo patologista.
Tabela 14: Mediana da intensidade de achados histológicos Mononucleares Polimorfonucleares Fibroblastos Colágeno cIFX1 ++ ++ +++ ++ cIFX3 ++ ++ +++ ++ cSAL ++ ++ +++ ++ scIFX1 ++ ++ +++ ++ scIFX3 ++ ++ +++ ++ scSAL ++ ++ +++ ++
Os indicadores utilizados acima foram quantificados em: ausentes (0) leve (+);
moderado (++); intenso (+++).
Não foram observadas diferenças quanto a intensidade da presença de
mononucleares, polimorfonucleares, fibroblastos ou colágeno entre os grupos de estudo.
4.6 AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS COM E SEM COLITE TRATADOS COM INFLIXIMAB OU PLACEBO 4.6.1 Desenvolvimento clínico
Não houve diferença estatística entre os grupos na avaliação diária dos
parâmetros clínicos de apatia, eriçamento, perda de pêlos, diarréia e distensão
abdominal, nos animais submetidos à eutanásia.
4.6.2 Achados intra-operatórios
Não houve diferença estatística entre os grupos em relação à deiscência de
anastomose. Não houve casos de deiscência de anastomose livre, com presença de fezes
na cavidade abdominal à re-operação. Não houve casos de deiscência nos animais
controles.
A avaliação da cavidade abdominal realizada à re-operação foi semelhante entre
os grupos em relação à presença de peritonite, íleo paralítico, obstrução intestinal e
abscesso intracavitário, não havendo diferenças.
49
5 DISCUSSÃO
Não houve diferença entre os subgrupos em relação aos parâmetros clínicos,
incidência de deiscência de anastomose e achados intra-operatórios de peritonite,
abscesso, obstrução ou íleo paralítico.
Apesar dos dados de literatura serem controversos, e alguns autores apontarem
que a influência do IFX na cicatrização de feridas não é significativa (LOPES 2008),
neste modelo experimental, foi observado que o uso de INFLIXIMAB, administrado 24
horas após o trauma operatório na vigência de colite induzida, apresentou um efeito
negativo, com diminuição da força de ruptura de anastomose, e maior variação negativa
na perda de peso. Porém, após 72 horas de trauma, ainda em vigência de colite, notamos
uma inversão dos resultados de cicatrização, passando o IFX a apresentar resultados
positivos, com aumento da força tênsil quando comparados com o grupo sem colite
induzida, tanto quando receberam IFX no 3o DPO, quanto quando receberam salina.
Quando avaliamos a força de ruptura da cicatriz da parede abdominal, verificou-
se que no grupo sem colite induzida, não houve interferência do uso da droga tanto no
1o DPO quanto no 3o DPO, e estes dois não diferiam do grupo que recebeu salina. No
grupo com colite induzida, houve uma piora da cicatrização em relação ao grupo sem
colite, sem significância estatística, a exceção daqueles que receberam IFX no 1o DPO,
sendo a piora da cicatrização significativa neste grupo.
Notamos que o fator colite melhorou a cicatrização da anastomose, a exceção
daquele grupo que recebeu IFX no 1o DPO, no qual houve uma piora.
O IFX quando administrado no 3o DPO, apresentou comportamento semelhante
ao placebo, não influenciando a cicatrização seja da parede ou da anastomose, na
vigência ou não de colite, o que nos leva a crer, que ocorre um efeito biológico distinto
quando o anti-TNF é administrado na fase inflamatória inicial da cicatrização.
Não foram observadas diferenças entre os parâmetros histopatológicos avaliados
no 7o DPO entre todos os grupos.
As pesquisas e experiências sobre a cicatrização de anastomoses têm sido
realizadas nos ratos, pois acredita-se que o modelo básico da reparação tecidual e a
composição da microflora fecal deste animal sejam bastante semelhantes aos do ser
humano (SIEMONSMA et al., 2003; CAKMAK et al., 2009; HERRMANN et al.,
1964). Os ratos apresentam praticidade para experimentos com grande número de
animais com similaridade genética e fisiológica (HERRMANN et al., 1964). Outras
50
vantagens na sua utilização consistem na fácil padronização quanto à raça, sexo e peso
dos animais; na resistência às infecções, o que dispensa a utilização de técnicas
assépticas; no baixo custo de aquisição e na sua fácil manutenção em biotério
(SIRIMARCO et al., 2001).
A colite induzida por ácido acético em modelo animal com ratos, há várias
décadas têm sido utilizada para estudo de doenças inflamatórias, devido a similaridade
em relação ao padrão inflamatório histológico e de derivados eicoisanóides. O ácido
acético permite, rapidamente, o estudo do processo inflamatório, pois apenas 12 horas
após a indução já́ é possível que sejam observadas as alterações inflamatórias. (El-
Medany 2006).
Normalmente, a região mais vulnerável do trato gastrointestinal (TGI) à
deiscência de anastomoses, é a região do cólon (YARIMKAYA et al., 2003). A
presença de alta taxa de mortalidade e a incidência de morbidade grave associadas à
deiscência justificam a necessidade de avaliação adicional de métodos que diminuam a
sua incidência (HOEPPNER et al., 2010) e dos efeitos deletérios de drogas sobre a
cicatrização dos tecidos.
A ocorrência de deiscência é particularmente alta quando a anastomose é
realizada no cólon distal, com elevada morbimortalidade quando comparada a
anastomoses realizadas em outras porções do TGI (JIBORN et al., 1980). A anastomose
colo retal baixa está associada a uma maior incidência de complicações pela carga fecal
e dificuldade técnica associadas (CAKMAK et al., 2009).
Segundo TRUBIAN (2004), anastomoses colônicas perdem 72 a 95% da força
de ruptura nos primeiros três dias de pós-operatório. Após duas semanas, a resistência é
semelhante aos controles não operados. HERRMANN et al. (1964) estudaram a
evolução normal da cicatrização de anastomoses do cólon esquerdo de ratos, desde 3
horas até 1 ano de pós-operatório. Eles determinaram que a resistência tênsil não se
altera desde 3 horas até 4 a 5 dias. Após este período ocorre um ganho rápido na
resistência e, por volta do sétimo dia, o seu valor iguala-se ao do intestino não operado.
O colágeno é a principal proteína da matriz extracelular e o constituinte
predominante da cicatriz final (INAN et al., 2006). No TGI, está localizado
principalmente na camada submucosa (LORD et al., 1977). Ele é importante em todas
as fases da cicatrização e é crítico para a força e integridade tecidual. Entretanto, a força
anastomótica final nem sempre está relacionada à concentração absoluta de colágeno: a
estrutura e o arranjo da matriz de colágeno podem ser mais importantes (AYDIN et al.,
51
2006). É provável que o ganho da resistência mecânica esteja diretamente relacionado à
qualidade do colágeno (LEITE et al., 1993).
A anastomose é mais fraca no 3° e 4° DPO pelo baixo conteúdo de colágeno
decorrente da alta atividade da colagenase induzida pela injúria tecidual na fase inicial
da cicatrização (JIBORN et al., 1980). Tanto granulócitos tanto monócitos que estão
presentes na área anastomótica após 3 e 24 horas de pós-operatório, respectivamente,
têm grande atividade colagenolítica (MASTBOOM et al., 1991). Já foi demonstrado
uma perda substancial da capacidade tecidual de segurar a sutura nos primeiros dias de
pós-operatório em todos os segmentos do TGI, provavelmente pela degradação do
colágeno tecidual. Este fator pode ser importante no desenvolvimento da deiscência de
anastomose (HOGSTROM; HAGLUND, 1985).
A resistência máxima é atingida entre o 8° e 10° DPO, época na qual o
rompimento ocorre proximal ou distal à anastomose.
A fase de remodelação é caracterizada pela proliferação de células musculares
lisas e redução da quantidade de macrófagos e fibroblastos (THOMPSON et al., 2006).
Ocorre alteração na composição da matriz extracelular. Durante esta fase, o colágeno
tipo III é o tipo predominante. Ele aparece após 48 a 72 horas de pós-operatório e tem
seu pico entre 5 e 7 dias. Com a evolução da cicatrização, ocorre a degradação do
colágeno tipo III e o aumento da síntese do colágeno tipo I. Este processo ocorre pela
ação das MMP. A quantidade total de colágeno atinge valores máximos entre 2 e 3
semanas após a injúria (LI et al.,2007).
O TNFα é produzido predominantemente por neutrófilos, células endoteliais
vasculares e macrófagos (BAKER et al., 2006). É um mediador inflamatório ativo na
síntese de colágeno e também provê substrato metabólico para a cicatrização de feridas
na fase inflamatória (LOPES et al., 2008). Produzido precocemente no local da
anastomose, diminui rapidamente e quase desaparece 24 horas após a operação no
processo cicatricial normal (ISHIMURA et al., 2002). Níveis aumentados após este
período correlacionam-se com o retardo da cicatrização (ISHIMURA et al., 2002;
BUCK et al., 1996; KANELLOS et al., 2008; ZACHARAKIS et al., 2008). O
tratamento com TNFα inibe a cicatrização durante a fase inflamatória por diminuir a
produção de tecido de granulação (RAPALA et al, 1991). Estudos prévios
demonstraram que o TNF α inibe a expressão gênica do colágeno e aumenta a atividade
colagenolítica, levando a um prejuízo à cicatrização (BUCK et al., 1996; AHRENDT et
al., 1996).
52
Em culturas de fibroblastos da pele humana, o TNFα causou inibição da
produção de colágeno de modo dose dependente e diminuição do RNAm do colágeno.
Além disso, aumentou a degradação do colágeno por aumentar a produção de
colagenase pelos fibroblastos da pele (MAUVIEL et al., 1988). AGREN et al. (2011)
não encontraram impacto importante do bloqueio da sinalização do TNF α sobre a
resistência tênsil de anastomoses do cólon esquerdo de ratos. Outros autores
demonstraram relação entre o aumento do TNFα e o prejuízo na cicatrização de
anastomoses no 7° DPO em camundongos na presença de sepse (ISHIMURA et al.,
2002).
Diversos estudos avaliaram as variações dos níveis de citocinas no período pós-
operatório e sua relação com a ocorrência de complicações. BAKER at al. (2006)
realizaram dosagens de citocinas no fluido do dreno abdominal de pacientes submetidos
a operações colorretais eletivas e demonstraram que os níveis de IL6 tiveram pico no 1°
DPO, com posterior decréscimo até o 7° DPO. Os valores de TNFα foram baixos no 1°
e 3° DPO, com aumento gradativo até o 7° DPO. A IL1 β teve pico no 1° DPO, com
posterior queda até o 5° DPO e leve recuperação posterior até o 7° DPO.
HERWING et al. (2002) evidenciaram que aumentos significativos de IL6 e
TNF α no 1° DPO precede sintomas clínicos de peritonite e deiscência de anastomose
colorretal em vários dias, e que os níveis de IL1 aumentaram significativamente no 3°
DPO em pacientes que desenvolveram deiscência.
BERTRAM et al. (2003) também encontraram aumento dos níveis de TNFα um
dia antes do diagnóstico cirúrgico de deiscência, mas não houve diferença significante
em relação ao grupo controle. Estes autores concluíram que após a operação colorretal
eletiva, a quantificação de TNFα e de IL6 no dreno peritoneal não tem utilidade no
diagnóstico de deiscência anastomótica. Já foi descrita uma correlação positiva entre os
níveis de IL1β, IL6 e TNFα e tempo operatório prolongado, maior perda sanguínea e
contaminação bacteriana do fluido do dreno peritoneal (TSUKADA et al., 1993).
É necessário salientar que a detecção da expressão dos genes para citocinas ou
mesmo dos níveis de citocinas em tecidos ou secreções nem sempre se correlaciona com
sua atividade biológica. Elas podem não estar sendo produzidas, ter sido secretadas na
forma inativa ou ainda já podem ter sido degradadas (WHITTE; BARBUL, 1997).
O TNF α, a IL6 podem ser fatores inibitórios do processo de cicatrização de
anastomoses intestinais na presença de fatores adversos (MARTINEAU; SHEK, 2000;
ISHUMURA et al., 2002). ISHIMURA et al. (1998), em um estudo experimental em
53
camundongos, demonstraram, por imuno-histoquímica, que a expressão de IL 6 no
segmento anastomótico é suprimida após a indução da sepse por injeção intraperitoneal
de LPS, sugerindo que a cicatrização está prejudicada por supressão local da reação.
Níveis plasmáticos de IL6 correlacionaram-se com a mortalidade em pacientes sépticos
(VAN DER STAPPEN et al.,1989) e altos níveis de IL6 e TNF α ao fim do período de
infusão bacteriana têm correlação com má evolução clínica (MARTINEAU; SHEK,
2000).
Em nosso desenho, propusemos a avaliação da influência de uma droga anti-
TNF, verificando sua ação quando administrada precocemente após o trauma cirúrgico,
modulando o TNF na fase inflamatória, na presença ou não de inflamação local e
comparando com a administração do fármaco mais tardiamente, já na fase proliferativa,
com o intuito de testar a hipótese de que o uso precoce da droga alteraria a cicatrização
da anastomose.
Quase todas as anastomoses romperam na linha de sutura durante a realização do
teste de força de ruptura. HENDRIKS e MASTBOOM (1990) acreditam que a pressão
de ruptura seja um bom método para estudo da cicatrização de anastomoses somente
quando a ruptura se dá no local da anastomose e o teste for realizado nos primeiros dias
após a cirurgia, quando a resistência anastomótica é baixa e as chances para deiscências
são relativamente altas. Os mesmos autores destacam não ter havido correlação entre
concentração de colágeno e parâmetros mecânicos na cicatrização de anastomoses
intestinais, fatos que corroboram nossos achados histopatológicos, onde não foram
encontradas diferenças entre a quantidade de fibroblastos e colágeno, a despeito dos
resultados de força de ruptura da anastomose.
Como paradigma, utilizamos a força de ruptura da cicatriz da parede abdominal,
tentando demonstrar a diferença entre cicatrização em um sítio exposto a estresse
adicional, representado neste estudo pela colite induzida.
Vale ressaltar que a análise da variável colite induzida, quando associada com
IFX no 3o DPO ou SAL, parece ser fator isolado de melhora na cicatrização, quando
comparados com os grupos que não foram submetidos a colite, recebendo IFX no 3o
DPO ou salina.
Quando foi observada a força de ruptura de cicatriz de parede abdominal, para o
grupo sem colite, não houve influência da droga na cicatrização, independente do
momento em que a droga foi utilizada. Porém, no grupo com colite induzida que
recebeu IFX no 1o DPO, houve uma piora significativa na força de ruptura da parede.
54
Os achados acima descritos, demonstram a necessidade de estudos adicionais,
que visem determinar a expressão tecidual e a atividade molecular do TNF e sua
modulação pelo IFX, na fase inflamatória da cicatrização, afim de confirmar a hipótese
de que a modulação desta citocinas, representa relação direta com a qualidade da
cicatrização em sua fase tardia, após 7 dias do trauma, preenchendo, assim, a lacuna
ainda existente acerca desta controvérsia.
6. CONCLUSÃO
Nas condições em que o estudo foi conduzido, podemos concluir que a
utilização do INFLIXIMAB (IFX) precocemente após anastomose colônicas em ratos,
influenciou negativamente a cicatrização, na presença de colite, quando utilizado no 1o
DPO. Após este período, o grupo com colite induzida, apresentou melhora nos
parâmetros avaliados, mesmo em uso do IFX no 3o DPO quanto com o uso de salina.
O IFX utilizado no 1o DPO, quando associado ao modelo de colite
induzida por ácido acético, piorou a cicatrização da anastomose e da parede abdominal,
podendo a droga em questão possuir efeitos distintos a depender em qual fase da
cicatrização o tecido se encontra, sendo necessários estudos de ação e expressão
tecidual da citocinas para fortalecer estes achados.
55
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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65
ANEXO 2
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES
O autor afirma e reitera que não houve conflito de interesses (financeiros ou de
qualquer outra natureza) na realização da pesquisa ou na redação desta dissertação. O
estudo não recebeu apoio ou patrocínio financeiro de nenhum laboratório ou empresa
farmacêutica.