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Instituições e Modelos Institucionais (2)

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Cursos EFAAno Lectivo 2009/2010

Nível Secundário Turma 4

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Instituições e Modelos Institucionais

Viver em sociedade não é estar rodeado de uma massa anónima de indivíduos, mas integrar-se em instituições organizadas que protegem o indivíduo, promovem a sua formação e estabelecem uma ordem e um equilíbrio sem os quais a existência e o bem-estar seriam comprometidos.

Fundamentando a ordem existente em qualquer sociedade, as instituições desenvolvem-se com uma certa autonomia, cabendo ao poder público zelar no sentido de que o bem geral e a justiça sejam promovidos e de que as instituições funcionem dentro de um esquema de legalidade.

São variadíssimas as situações do nosso quotidiano que nos revelam a necessidade que temos dos outros e como podemos beneficiar da relação com eles. A família, os amigos são os primeiros a quem recorremos nas nossas vidas, mas por vezes há situações em que podemos precisar de ajuda especializada e recorremos a instituições como hospitais, corporação de bombeiros, polícia, escola etc.

As instituições, embora sujeitas a adaptações e reorganizações váriadas, têm por natureza um certo grau de perdurabilidade.

O facto de termos nascido numa sociedade já organizada, onde as instituições ocupam um papel primordial nas nossas vidas impede-nos de a valorizar.

Instituições como escolas, hospitais, família etc., existem pela necessidade de nos organizarmos em sociedade.

A palavra instituição apresenta a sua raiz sta, presente também em estar e estabilidade, e aplica-se a propósito de algo que está de pé, que se equilibra e se mantém.

Uma instituição consiste antes de mais num conjunto complexo de valores, normas e usos partilhados por um certo número de indivíduos no decurso de um tempo longo, com vista a organização básica da vida social. A aprendizagem das instituições pelos indivíduos processa-se através da socialização1, nomeadamente nos contextos familiares e escolar.

Instituição pode referir-se a comunidade de pessoas, como a família, a escola, os Estados, os centros de saúde, as forças de segurança, as cooperativas, os serviços públicos, os tribunais e também as estruturas organizativas, como a monarquia hereditária, a

1 A socialização consiste na interiorização de cada indivíduo faz, ao longo de toda a sua vida, das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus modelos de comportamento. Socializar é inculcar no indivíduo os modos de pensar, de sentir e de agir do grupo em que ele está integrado.

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propriedade privada, a indústria, o comércio, o sufrágio universal, os direitos das crianças, e a democracia.

Destas definições ressaltam algumas das principais características das instituições:

1- A normatividade, ou seja, o facto de serem sentidas pelos indivíduos como uma obrigação, sujeitando-se a sanções positivas ou negativas consoante sejam ou não respeitadas.

2- A estruturação, visto gerar padrões de comportamento comuns a maioria dos actores sociais, e portanto, a sociedade.

3- A durabilidade, ou a fixação no tempo de tais valores, normas e usos, assegurando a reprodução da estrutura social.

4- Condicionam a interacção social, na medida em que impõem modelos de comportamentos previamente definidos, de onde resultam, por conseguinte, comportamentos que são recomendados, outros apenas tolerados e outros ainda proibidos. O que equivale a dizer que todas as instituições exercem um forte poder de controlo social contribuindo para a salvaguarda da ordem social.

A humanidade tem um conjunto de necessidades permanentes e são as instituições que as vêm satisfazer.

Instituições – entidades, práticas sociais e formas de organização que, ordenadas e integradas nos costumes sociais, permanecem no tempo com o objectivo de promover a existência e a realização dos indivíduos num mundo estruturado.De entre as principais áreas institucionais podemos destacar. Família Tem por objectivo regulamentar as relações de procriação

e de parentesco entre os indivíduos, bem como a

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socialização inicial dos novos elementos de cada geração. A sua forma mais difundida é monogâmica. Ex: filiação, casamento, adopção, poder paternal e outras.

Educação

Visa o processo de socialização formal dos jovens, procurando através de um dispositivo complexo de ensino, integrá-los como membros responsáveis da comunidade. Ex: escola, universidade, etc.

Economia

Procura regular a produção, distribuição e consumo de bens e serviços na sociedade. Ex propriedades, contratos, empresas, associações profissionais, indústrias e comerciais, etc.

Política

Tem por fim satisfazer a necessidade de administração geral e de ordem pública das sociedades. Ex estado, exército, partidos políticos, relações diplomáticas com países estrangeiros.

Religião

Visa satisfazer uma necessidade do homem enquanto ser relacionado com deus e expressa-se nas crenças e na forma de culto Ex: igreja.

Cultura

Procura a promoção de condições que facilitem a criação de manifestações culturais, artísticas, científicas e desportistas. Ex: teatros, museus, academias, centros de investigação etc.

Importância das instituições no desenvolvimento do individuo

Na origem das instituições está a necessidade colectiva, e a sua criação visa realizar objectivos de natureza social. O bem colectivo é de facto garantido pelo bom funcionamento das instituições que cobrem as áreas fundamentais da organização social.

O papel das instituições é imprescindível nas várias etapas do desenvolvimento dos indivíduos.

Necessidade de Instituições Na infância

Faz-se sentir particularmente na infância, em que a criança não chegaria a adquirir o estatuto de ser humano sem a participação da família ou de outra

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instituição que a substituísse. Na adolescência

O indivíduo tem de construir a sua identidade, para tal, necessita de instituições como a família e a escola que lhes forneça parâmetros orientadores. Mesmo quando os comportamentos

Na idade adulta

Quando se manifesta a pretensão de se ser suficientemente adulto para se conduzir por parâmetros exclusivamente seus, tal não significa que prescinda dos modelos apresentados pelas instituições vigentes.

Outras pessoas evidenciam os inconvenientes das instituições, vendo nelas uma oposição à liberdade individual e ao progresso dos povos.

Riscos inerentes as instituições Moral de fachada

Um enquadramento institucional muito forte pode levar o indivíduo a comportar-se apenas em harmonia com uma moral de faz de conta, não facilitando o seu desenvolvimento como pessoa moral.

Supereu não

autónomo

As instituições tornam-se muitas vezes agentes de repressão. A educação demasiado rígida imposta por uma família autoritária pode contribuir para a formação de um supereu dependente e servil, em vez de contribuir para a formação da autonomia da consciência moral.

Conformismo

exagerado

Em todos os regimes totalitários, as instituições tornam-se um meio de condicionar as pessoas, no prosseguimento dos objectivos do regime. A obediência servil a elementos exteriores à consciência não promove a formação da pessoa como ser responsável e livre.

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Modelos Institucionais

Viver numa sociedade organizada ou institucionalizada exige que o ser humano desenvolva uma consciência cívica, isto é que tenha consciência que a sua acção individual interfere com a vida dos outros cidadãos.

Cada instituição supõe um modelo de organização que se configura a partir dos seus princípios e finalidade próprias. Este modelo varia tanto na relação que uma instituição mantém com outras instituições congéneres como também ao longo da existência de uma mesma instituição.

Se as diferenças que uma instituição mantém com as outras instituições congéneres são perceptíveis, por exemplo os modelos institucionais que presidem à organização interna de uma câmara municipal relativamente à de uma corporação de bombeiros, diacronicamente essa percepção pode tornar-se um pouco mais difícil de vislumbrar.

Tomemos como exemplo a família e a escola.

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A Família

O processo contínuo de transformação da sociedade, que se tem acelerado nos últimos anos, tem vindo a provocar grandes alterações nas instituições tradicionais.

A família considerado um pilar da sociedade, é uma das instituições mais afectadas.

Quando falamos de família, podemos considerar a nosso como o tipo normal e as outras como menos normais ou desviantes. Mas cada cultura tem a sua concepção de família e, mesmo na cultura ocidental em que vivemos, ela pode variar bastante.

O modelo de família considerado normal em cada um dos momentos da história, não assumiu sempre a sua forma mais pura, pois coexistiram sempre diferentes formas de organização familiar.

Apesar disso é possível encontrar algumas regularidades em relação aos valores, atitudes e comportamentos associados a esta instituição.

A família tradicional, era vasta em termos de estrutura de funções e hierarquias. Em estrutura, o elevado número de filhos, considerado um factor de prestígio, era apenas contrariado pelas elevadas taxas de mortalidade infantil. No grupo familiar conviviam várias famílias nucleares de duas ou três gerações, os pais, os filhos solteiros, os filhos casados e respectivos conjuguem e filhos. A residência era próxima ou comum, as actividades comuns e as relações frequentes. A família detinha funções económicas, de segurança (em caso de velhice, doença ou cuidado de crianças), educativa (responsável pela socialização primária e secundária dos seus elementos) e religiosa.

A hierarquia era rígida baseada nas diferenças sexuais, de idade e de geração: as mulheres estavam subordinadas aos homens aos mais velhos e o elemento com mais autoridade na família era o homem mais velho - o ancião.

A mulher gozava de um estatuto muito baixo: de alçada do pai, enquanto solteira mudava para a do marido ao casar e, em caso de viuvez passava a responder perante o filho mais velho. O seu estatuto só aumentava na proporção directa do número de filhos que conseguisse ter.

Em meados do século XX, estava já generalizado o sentimento de que a família é, ou deveria ser, um mundo privado de realização pessoal.

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A família actual já não corresponde ao esquema tradicional enaltecido pela sociedade industrial. As gerações já não coexistem sob o mesmo tecto, a importância da autoridade paterna decresce à medida que se impõe a afectividade como valor essencial. Não existe desagregação, mas a mutação profunda da família, que não se limitando a um modelo único, antes se desdobra em diversas modalidades de que não tínhamos até agora nenhuma experiência.

As transformações do nosso século modificaram profundamente o tecido social, os empregos das mães retira-lhes o tempo para consagrar à família. Aparece o novo pai, mais a vontade nas tarefas que outrora eram restritas a mãe.

Aparecem as famílias monoparentais, ou recompostas (segundos casamentos). A coabitação é cada vez mais frequente entre os jovens, sobretudo como um período de experiência. A evolução das mentalidades tem possibilitado a estabilização de relações entre homossexuais que optam por viver maritalmente. As uniões de facto assumem um papel cada vez mais importante. Registam-se grandes alterações em relação aos indicadores demográficos, taxas de nupcialidade, e fecundidade cada vez mais baixas, aumento do número de divórcios. A família passa a ter não soa a função económica, reprodutiva e socializadora mas também de realização pessoas.

A Escola

Esta instituição sofreu ao longo dos tempos transformações no seu modelo de organização. Da escola dos nossos pais à escola dos nossos filhos surgiram mudanças significativas, que dificilmente passarão despercebidas do comum da população portuguesa.

Hoje é difícil imaginar como era Portugal antes do 25 de Abril de 1974. Mas, se pensarmos que, por exemplo, as escolas tinham salas e recreios separados para rapazes e raparigas, que muitos discos e livros estavam proibidos, se no passado vigorava uma pedagogia autoritária, alicerçada sobre a figura do professor déspota, se vigorava a ideologia estruturada a partir das noções de estado, religião e família no presente adopta-se uma pedagogia mais flexível, baseada no ideal das luzes, onde a figura do aluno é centralizada.

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Se no passado o professor assumia o papel de detentor de toda a sabedoria, hoje assume o papel de mediador, com vista a estabelecer a relação aluno-saber como eixo principal das aprendizagens.

Os Hospitais

Desde sempre existiu a realidade composta por três elementos: doentes, hospitais e empresas. Tratados em casa, num consultório ou num hospital.

Os hospitais, versão contraditória da terapêutica individual tem séculos de história. Bem ou mal geridos, pertencentes ao rei, aos homens bons, aos conventos, aos doentes ou ao médico, ao estado ou a empresas privadas, têm visto ao longo dos tempos mudanças significativas nos seus modelos institucionais.

O mais recente é a aplicação do modelo de empresa ao hospital, sobretudo ao hospital público. É esta a nova realidade, a adopção do hospital público do modelo de gestão de empresa privada.

Nos últimos sete anos, desde que criaram os primeiros hospitais empresa, em contraponto com o modelo de gestão de hospital público concessionado a entidade gestora privada, que este tema não tem saído do centro de debates na saúde.

Exemplo: Modelos de Instituições Hospitalares

Actualmente estão em "confronto" três modelos de funcionamento dos hospitais.

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1. O actual, estilo instituto público, em que há um orçamento histórico, em que tanto faz fazer como não fazer, que a instituição recebe o mesmo, em que existe a Função Pública, emprega para toda a vida, independente da produtividade. O resultado está à vista: deficit financeiro de todos os hospitais, profissionais descontentes e desmotivados, desorganização, descontrolo total de custos, lentidão nas compras, obrigatoriedade de concurso público para comprar uma simples seringa. Acresce que, até há pouco tempo, a hierarquia dos grupos profissionais era independente, o que significava que o director de serviço não mandava em todos os profissionais por quem era responsável. Felizmente esse preceito já mudou.

2. O modelo "empresarial", em que se consideram centros de custos dentro do hospital, que se relacionam em relação a produção e gastos, quer de materiais, quer de recursos, quer de profissionais. Internamente os serviços debitam uns aos outros os serviços prestados e materiais consumidos. Externamente, a instituição factura, de acordo com uma tabela elaborada pelo "comprador dos serviços" (o Estado). O hospital tem que cumprir um contrato-programa. Tenta-se optimizar os recursos e fazer a melhor utilização dos proveitos que o hospital recebe. Para isso tem mais liberdade de contratação e de compras para gerir esse dinheiro e cumprir o que lhe é pedido, através do tal contrato-programa que estabelece com a Administração Regional de Saúde. São hospitais públicos, a funcionar de acordo com as regras antigas do Hospital Pedro Hispano ou S. Sebastião, ou então de acordo com os novos S.A. que SÃO HOSPITAIS PERTENCENTES AO ESTADO, pois o Estado é dono de 100% das acções. O objectivo não é o lucro, mas a gestão dos dinheiros é feita como numa empresa (daí o nome), para eliminar o desperdício ao mínimo.

3. A parceria Público-Privado consiste na atribuição de uma "concessão" de um hospital a um privado, normalmente quando é necessário construir um hospital novo (exemplo: Braga, Vila Nova de Gaia, Póvoa/Vila do Conde, Loures, Vila Franca, ). O contrato é o seguinte: o privado constrói o hospital (o de Gaia custa 150 milhões de euros) e fica com a concessão por x anos. O Estado ganha porque, sem investimento, passa a contar com mais

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um hospital novo no seu SNS. Depois tem um contrato-programa, com a missão de prestar os cuidados de saúde a uma determinada região.

As desvantagens deste tipo de organização hospital são a desnatação de doentes (os hospitais terem tendência a rejeitar dos doentes que dão mais despesa) e a baixa de qualidade (os doentes não receberem os tratamentos adequados à sua situação clínica).

São estes dois aspectos que qualquer contrato deve salvaguardar. Se conseguir, não interessa quem gere.

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA

Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de São Roque

Disciplina: Cidadania e Profissionalidade Data: ________ Turma: ___

Formadores: Maria Goreti e Tânia Gordinho Ano lectivo: 2009/10___

Nome: ______________________________________________ Nº __

Antes de responder às questões, leia com atenção. Responda de uma forma clara e objectiva ao que lhe é pedido. Bom trabalho!

Tema: Instituições e Modelos InstitucionaisCritérios de Evidência:

1-Identificar diferentes modelos institucionais2-Comparar criticamente diversos modelos institucionais

3-Explorar conteúdos funcionais face a diferentes escalas institucionais

Escolha uma das duas propostas de trabalho.

Proposta de Trabalho N: º1

1- Com base na sua experiência escolar, presente e passada, procure mostrar as diferenças que existem entre a escola tradicional e o Curso EFA que frequenta. Nesta análise comparativa, assente nas suas experiências de vida, deverá mostrar a diferença que existe entre os dois modelos educacionais, na relação que os seguintes agentes

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guardam entre si: professor, aluno e saber.

Proposta de Trabalho N.º2

1- Escolha uma Instituição Portuguesa…

2- Realize um trabalho prático (cartolina, apresentação powerpoint, etc) sobre a

Instituição escolhida caracterizando-a a vários níveis:

Apresentação da instituição;

História da organização da instituição (evolução que tem vindo a sofrer

ao longo dos tempos);

Funções que desempenha/importância para a sociedade;

Relatos de experiências individuais sobre o funcionamento da

instituição;

Proposta de algumas alterações com vista a melhorar o modelo

institucional ou desempenho funcional;

Recolha e apresentação de notícias da imprensa escrita sobre a

instituição, sobretudo sobre o funcionamento da mesma.

Reconhecimento de CompetênciasNúcleo Gerador 3: Reflexividade e Pensamento Crítico

Domínio de Referência 3- Instituições e Modelos Institucionais

CognitivaI II III

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Funchal, ______/_______/______Os Formadores

O Mediador

   

   

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