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PROPOSTA DE REGULAMENTO TÉCNICO (Realização de Consulta e Audiência Pública) INSTITUIÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DE TERMINAIS PARA MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO, DERIVADOS, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – RTT Superintendência de Infraestrutura e Movimentação SIM Junho de 2019

INSTITUIÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DE TERMINAIS PARA ... · MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO, DERIVADOS, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – RTT. I. INTRODUÇÃO A elaboração

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PROPOSTA DE REGULAMENTO TÉCNICO (Realização de Consulta e Audiência Pública)

INSTITUIÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DE TERMINAIS PARA MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO, DERIVADOS, GÁS

NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – RTT

Superintendência de Infraestrutura e Movimentação

SIM

Junho de 2019

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Diretoria Técnica José Cesário Cecchi

Superintendente de Infraestrutura e Movimentação Helio da Cunha Bisaggio

Superintendente Adjunta Luciana Rocha de Moura Estevão

Assessor Marco Antônio Barbosa Fidelis

Equipe Técnica Alessandra Silva Moura Alexandre de Souza Lima Almir Beserra dos Santos Amanda Wermelinger Pinto Lima Bruno Felippe Silva Danilo Cesar de Souza Lange Soares (estagiário) Felipe da Silva Alves Ingrid Borba do Nascimento Barbosa Jader Conde Rocha Karine Alves de Siqueira Leonardo Jardim da Silva Faria Luciano de Gusmão Veloso Magno Antônio Calil Resende Silveira Marcello Gomes Weydt Marcio Bezerra de Assumpção Marcus Vinicius Nepomuceno de Carvalho Maria Ferreira Morris Mariana dos Reis Aboud Mário Jorge Figueira Confort Mina Saito Priscila Raquel Kazmierczak Rodrigo de Lacerda Baptista (estagiário) Savio Ferreira Matias (estagiário) Tatiana Domingos Romaguera Tatiana Paranhos Cerqueira de Macau Thiago Armani Miranda Willian dos Santos Fontes Responsáveis pela Elaboração da Nota Técnica Priscila Raquel Kazmierczak Mário Jorge Figueira Confort

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ÍNDICE:

I. INTRODUÇÃO 4

II. FUNDAMENTOS LEGAIS 5

III. TERMINAIS NO BRASIL 8

IV. ESTRUTURA E CONTEÚDO DO REGULAMENTO PROPOSTO 11

V. ESTRUTURA E CONTEÚDO DA RESOLUÇÃO PROPOSTA 14

VI. DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO 14

VII. CONCLUSÃO 16

VIII. ANEXOS 16

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Nota Técnica nº 012/2019/SIM Rio de Janeiro, 10 de junho de 2019

ASSUNTO: INSTITUIÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DE TERMINAIS PARA

MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO, DERIVADOS, GÁS

NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – RTT.

I. INTRODUÇÃO

A elaboração do Regulamento Técnico de Terminais para movimentação de petróleo, derivados, gás natural e biocombustíveis é a Ação 13.3 da Agenda Regulatória 2017-2018 para ser desenvolvida pela Agência neste biênio. Essa ação faz parte da plataforma temática 13 (Segurança Operacional) e tem como objetivo o estabelecimento de regulamentação técnica para o armazenamento e a movimentação de petróleo, hidrocarbonetos líquidos, gás natural e biocombustíveis através dos terminais aquaviários e terrestres, bem como os padrões/sistemas de segurança operacional, a serem implantados pelos agentes econômicos titulares e/ou operadores das instalações. Esse Regulamento abrangerá os terminais de armazenamento de petróleo e seus derivados, biocombustíveis, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), bem como os de liquefação, armazenamento ou regaseificação de gás natural liquefeito (GNL).

A realização de estudos é a primeira etapa do processo de regulamentação ou revisão de uma norma. Os estudos englobam a análise da literatura, da legislação relevante ao tema, das normas, regulamentos internacionais e melhores práticas da indústria, a realização de treinamentos específicos e de discussões com o mercado regulado, com a sociedade e com outros interessados por meio de diferentes canais. Nesse interim, houve a realização de dois Workshops com a indústria, o primeiro em 2017 e o segundo em 2019.

A consulta pública é um instrumento de apoio ao processo decisório, por meio do qual a ANP abre a sociedade oportunidade para manifestação escrita, por determinado prazo, sobre a edição de atos regulatórios que afetem os direitos dos agentes econômicos ou de consumidores e usuários de bens e serviços da indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis. O envio de sugestões e melhorias durante a consulta deverá ser feito por meio de um formulário padronizado, construído com o intuito de: (i) obter subsídios e informações adicionais para a revisão da minuta do regulamento; (ii) propiciar aos agentes econômicos e aos demais interessados o encaminhamento de sugestões de forma estruturada; (iii) identificar, da forma mais ampla possível, todos os aspectos relevantes à matéria objeto da consulta pública; (iv) dar publicidade, transparência e legitimidade às ações da ANP.

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Após a consulta pública, será realizada uma audiência pública, instrumento obrigatório de apoio ao processo decisório, de ampla consulta à sociedade materializado pelo debate oral em sessão previamente designada sobre a edição de atos regulatórios que afetem os direitos dos agentes econômicos ou de consumidores e usuários de bens e serviços da indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis. Os principais objetivos da audiência pública são: (i) dar conhecimento das propostas apresentadas na consulta pública e das alterações aceitas pela ANP, com as respectivas justificativas; (ii) obter subsídios e informações adicionais para a revisão da minuta do regulamento; (iii) propiciar aos agentes econômicos a possibilidade de apresentação de seus pleitos, opiniões e sugestões; (iv) identificar os aspectos relevantes da matéria; e (v) dar publicidade, transparência e legitimidade às ações regulatórias da ANP.

A presente Nota Técnica tem como objetivo subsidiar a consulta e a audiência pública da minuta da Resolução que institui a gestão de segurança operacional de terminais para movimentação de petróleo, derivados, gás natural e biocombustíveis e que aprova o Regulamento Técnico de Terminais para Movimentação e Armazenamento de Petróleo, Derivados, Gás Natural e Biocombustíveis (RTT), o qual define os requisitos essenciais e os mínimos padrões de segurança operacional e de preservação do meio ambiente a serem atendidos pelos agentes autorizados a construir e operar terminais.

II. FUNDAMENTOS LEGAIS

A Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, dispõe no artigo 8º que a ANP tem por finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis. Nas alíneas V, VII, IX, X, XVI e XVII do artigo 8º é possível encontrar a fundamentação legal para a regulação das atividades de movimentação de petróleo, seus derivados e gás natural.

“Art. 8º A ANP terá como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, cabendo-lhe:

(...)

V - autorizar a prática das atividades de refinação, liquefação,

regaseificação, carregamento, processamento, tratamento, transporte, estocagem e acondicionamento;(grifos nossos)

(...)

VII - fiscalizar diretamente e de forma concorrente nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, ou mediante convênios com órgãos dos Estados e do Distrito Federal as atividades integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos

biocombustíveis, bem como aplicar as sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei, regulamento ou contrato;(grifos

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nossos)

(...)

IX - fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional do petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis e de preservação do meio ambiente;

X - estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias na exploração, produção, transporte, refino e processamento;(grifos nossos)

(...)

XVI - regular e autorizar as atividades relacionadas à produção, à importação, à exportação, à armazenagem, à estocagem, ao

transporte, à transferência, à distribuição, à revenda e à comercialização de biocombustíveis, assim como avaliação de conformidade e certificação de sua qualidade, fiscalizando-as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios;(grifos nossos)

XVII - exigir dos agentes regulados o envio de informações relativas às operações de produção, importação, exportação, refino, beneficiamento, tratamento, processamento, transporte,

transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, destinação e comercialização de produtos sujeitos à sua regulação; (grifos nossos)”

Por fim, o artigo 56 da referida lei, abaixo transcrito dispõe que, observadas as disposições das leis pertinentes, qualquer empresa, ou consórcio de empresas, desde que constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, poderá receber autorização da ANP para construir instalações e efetuar qualquer modalidade de transporte de petróleo, seus derivados e gás natural.

“Art. 56. Observadas as disposições das leis pertinentes, qualquer empresa ou consórcio de empresas que atender ao disposto no art. 5° poderá receber autorização da ANP para construir instalações e efetuar qualquer modalidade de transporte de petróleo, seus derivados e gás natural, seja para suprimento interno ou para importação e exportação.”

Esta determinação legal é regulamentada pela Resolução ANP nº 52/2015.

A Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob a jurisdição nacional, trata no inciso V do artigo 27 sobre as competências do órgão regulador da indústria do petróleo e estabelece que cabe à ANP fiscalizar as instalações

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portuárias no que diz respeito às atividades de pesquisa, produção, armazenamento e movimentação de petróleo, seus derivados e gás natural.

“Art. 27. São responsáveis pelo cumprimento desta Lei:

(...)

V – o órgão regulador da indústria do petróleo, com as seguintes competências:

a) fiscalizar diretamente, ou mediante convênio, as plataformas e suas instalações de apoio, os dutos e as instalações portuárias, no que diz respeito às atividades de pesquisa, perfuração, produção, tratamento, armazenamento e movimentação de petróleo e seus derivados e gás natural; (grifos nossos)

b) levantar os dados e informações e apurar responsabilidades sobre incidentes operacionais que, ocorridos em plataformas e suas instalações de apoio, instalações portuárias ou dutos, tenham causado danos ambientais; (grifos nossos)

c) encaminhar os dados, informações e resultados da apuração de responsabilidades ao órgão federal de meio ambiente; (grifos nossos)

d) comunicar à autoridade marítima e ao órgão federal de meio ambiente as irregularidades encontradas durante a fiscalização de instalações portuárias, dutos, plataformas e suas instalações de apoio;(grifos nossos)

e) autuar os infratores na esfera de sua competência.”

Diante do exposto, foi caracterizada a competência desta Agência para regular e fiscalizar as atividades de armazenamento e movimentação de petróleo, seus derivados, biocombustíveis e gás natural.

A fim de atender aos interesses da sociedade e das empresas do setor de petróleo e, concomitantemente, cumprir seu papel sobre a segurança, a Agência vem ampliando sua atuação, com o desenvolvimento de regulamentos de segurança operacional, dentre os quais:

• Resolução ANP n° 43/2007, que aprovou o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional das Instalações Marítimas de Perfuração e Produção de Petróleo e Gás Natural (SGSO);

• Resolução ANP n° 44/2009, que regulamenta o procedimento de comunicação de incidentes a ser adotado pelos concessionários e empresas autorizadas pela ANP a exercer as atividades da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis;

• Resolução ANP n° 2/2010, que aprovou o Regulamento Técnico do Sistema

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de Gerenciamento da Integridade Estrutural das Instalações Terrestres de Produção de Petróleo e Gás Natural (RTSGI);

• Resolução ANP n° 6/2011, que aprovou o Regulamento Técnico de Dutos Terrestres para Movimentação de Petróleo, Derivados e Gás Natural (RTDT);

• Resolução ANP n° 5/2014, que aprovou o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional para Refinarias de Petróleo;

• Resolução ANP n° 21/2014, que estabeleceu os requisitos a serem cumpridos pelos detentores de direitos de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural que executarão a técnica de Faturamento Hidráulico em Reservatório Não Convencional;

• Resolução ANP nº 41/2015, que aprovou o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional de Sistemas Submarinos (SGSS);

• Resolução ANP nº 46/2016, que instituiu o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços (SGIP).

Contudo, não há ainda instrumento regulatório no Brasil para a fiscalização do sistema de gerenciamento da segurança operacional de terminais, que serão abrangidos pelo RTT e são objeto de autorização de construção e operação no âmbito da Resolução ANP nº 52/2015. Entretanto, a mera existência dessa autorização per se não garante a segurança operacional durante todo o ciclo de vida de uma instalação.

Portanto, faz-se necessário estabelecer requisitos de segurança operacional para os terminais com definição dos mínimos padrões de segurança operacional e de preservação do meio ambiente. Com a implementação de um regulamento será possível tornar as melhores práticas da indústria jurídica e administrativamente exigíveis pela ANP.

III. TERMINAIS NO BRASIL

Para viabilizar a movimentação de petróleo, seus derivados e etanol no território nacional, o Brasil dispunha de 107 terminais autorizados em 2017, sendo 59 terminais aquaviários (com 1389 tanques) e 48 terminais terrestres (com 533 tanques), totalizando 1922 tanques. A capacidade nominal de armazenamento foi de cerca de 13,2 milhões de m3, dos quais aproximadamente 5,0 milhões de m3 (37,9% do total) são destinados ao petróleo, 7,8 milhões de m3 (59,1% do total) aos derivados e ao etanol, e 476,7 mil m3 (3,6% do total) ao GLP1.

1 ANP. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, 2018 (ano base 2017). Rio de

Janeiro, 2018. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

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Os terminais aquaviários concentravam a maior parte da capacidade nominal de arma-zenamento (8,9 milhões de m3, 66,3% do total) e o maior número de tanques autorizados (1389, 72,3% do total)1. A evolução da tancagem e da capacidade dos terminais é ilustrada pela Figura 1, na qual percebe-se tendência de preferência pela construção de maior quantidade de tanques de capacidades mais reduzidas, em detrimento de tanques de maior capacidade, haja vista a opção pela flexibilidade das movimentações.

Figura 1 – Evolução dos Terminais no Brasil. (Dados dos Anuários Estatísticos da ANP entre 2000 e 2018)

As Figuras 2 e 3 retratam a infraestrutura de dutos e terminais no país, sendo predominante a localização costeira para a movimentação de petróleo e derivados entre as diferentes regiões do Brasil. Observa-se, também, a presença de terminais conectados à infraestrutura terrestre de transporte dutoviário, evidenciando a importância dessas instalações para o abastecimento nacional.

Adicionalmente, também é de grande relevância, no âmbito da infraestrutura de movimentação de gás natural, a presença dos terminais de regaseificação de GNL para o fornecimento de gás natural à malha dutoviária, principalmente para a geração de energia elétrica. Por fim, já se observa nos últimos anos incremento no investimento nessa categoria de instalações, tendo já sido autorizada a construção de mais dois terminais de regaseificação nos estados de Sergipe e do Rio de Janeiro.

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Figura 2 – Infraestrutura de movimentação de petróleo e derivados no país. (Anuário Estatístico ANP 2018 – ano base 2017)

Figura 3 – Infraestrutura de movimentação gás natural, com destaque para os terminais de GNL. (Anuário Estatístico ANP 2018 – ano base 2017)

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IV. ESTRUTURA E CONTEÚDO DO REGULAMENTO PROPOSTO

Assim como outros regulamentos técnicos de segurança operacional desta Agência, o RTT adota uma estrutura robusta, com práticas de gestão e capítulos técnicos que se complementam, de tal forma que para um incidente ocorrer, o sistema de gestão da segurança operacional deverá ter falhado.

Em linhas gerais, a principal exigência a ser imposta ao Agente Operador de Terminal (AOT) é a implementação de um sistema de gerenciamento de segurança operacional similar aos já exigidos pela ANP para outras instalações, cujos objetivos são apresentados a seguir:

• Assegurar que o projeto, construção, montagem, comissionamento e desativação de terminais sejam executados conformidade com normas relevantes e padrões internacionais;

• Assegurar operação em níveis de risco toleráveis;

• Estabelecer requisitos mínimos para operação de terminais;

• Promover a correta utilização de procedimentos operacionais, de emergência e procedimentos de trabalho;

• Garantir a implementação efetiva de um programa de gerenciamento da integridade da instalação;

• Promover a minimização da possibilidade de recorrência de incidentes;

• Garantir que a força de trabalho seja adequadamente qualificada e que exerça suas funções de maneira segura;

• Consolidar cultura de segurança operacional;

• Promover o comprometimento com a melhoria contínua do sistema de gestão da segurança operacional;

• Assegurar a realização de auditoria para garantir que o Agente Operador está em conformidade com o regulamento; e

• Garantir o atendimento às exigências legais e normativas.

A fim de atender aos objetivos supracitados, o RTT foi estruturado em 17 capítulos técnicos que compõe o sistema de gerenciamento de segurança operacional para terminais, conforme abaixo:

• Projeto;

• Construção e Montagem;

• Operação;

• Análise de Riscos;

• Elementos Críticos de Segurança Operacional;

• Gerenciamento de Mudança;

• Gerenciamento da Integridade;

• Planejamento e Gerenciamento de Emergências;

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• Investigação de Incidentes;

• Permissão de Trabalho;

• Qualificação, Treinamento e Desempenho da Força de Trabalho;

• Seleção, Controle e Gerenciamento de Contratadas;

• Cultura de Segurança, Compromisso e Responsabilidade Gerencial;

• Monitoramento e Melhoria Contínua do Desempenho;

• Auditoria;

• Desativação Temporária e Permanente; e

• Gestão da Informação e da Documentação.

O Capítulo de Projeto estabelece documentação mínima obrigatória a ser arquivada pelo AOT, além da constante na Resolução ANP nº 52/2015. Ademais, estabelece a obrigatoriedade da adoção de melhores práticas de engenharia e normas aplicáveis e reconhecidas na indústria no projeto de terminais.

No Capítulo de Construção e Montagem destacam-se os requisitos de atendimento a melhores práticas de engenharia e a submissão das novas instalações ao controle de qualidade.

O Capítulo de Operação contém requisitos para o manual de operação e os procedimentos operacionais. Estabelece também a obrigatoriedade do AOT estabelecer procedimentos para liberação das instalações e equipamentos para a manutenção e seu retorno a operação, além de condições de retorno após paradas de emergência. Neste capítulo ainda são estabelecidos critérios para os Centros de Controle Operacionais, como aspectos operacionais que devem ser supervisionados de forma automática e a obrigatoriedade de Circuito Fechado de Televisão (CFTV).

O Capítulo de Análise de riscos determina a obrigatoriedade de identificar os perigos e riscos associados às diferentes fases do ciclo de vida do Terminal. Além disso, estipula requisitos para a metodologia ser aplicada, para a elaboração do relatório, implementação das recomendações decorrentes do estudo, divulgação e revisão da análise de risco.

O RTT possui requisitos relacionados a identificação de elementos críticos, assim como o estabelecimento de um programa diferenciado para esses equipamentos e sistemas no Capítulo Elementos Críticos de Segurança Operacional.

Torna-se mandatória a avaliação dos perigos e do impacto global nas atividades das mudanças, antes da efetiva implementação das modificações. Este e demais requisitos relacionados a mudanças estão descritos no Capítulo Gerenciamento de Mudanças.

O Capítulo Gerenciamento da Integridade estabelece requisitos para o PGI (Programa de Gerenciamento de Integridade), além de conter diretrizes para a inspeção, manutenção e reparo.

No Capítulo Planejamento e Gerenciamento de Emergência é estabelecido o conteúdo mínimo para o Plano de Resposta a Emergências e para a realização de Exercícios Simulados.

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O Capítulo de Investigação de Incidentes obriga o AOT a estabelecer requisitos mínimos para a investigação de incidentes, assim como a implementação de medidas corretivas e preventivas com base no Relatório de Investigação e a divulgação para a força de trabalho pertinente.

O estabelecimento de procedimento para emissão de PT, assim como o monitoramento do desempenho das atividades em conformidade com requisitos estabelecidos, torna-se mandatório através do Capítulo Permissão de Trabalho.

O Capítulo Qualificação, Treinamento e Desempenho da Força de Trabalho estabelece a obrigatoriedade da promoção de treinamentos, incluindo a capacitação quanto a noções de segurança e riscos associados as instalações, a capacitação relacionada as atividades realizadas nas instalações do terminal e a capacitação para atendimento a requisitos legais. Torna-se obrigatório o estabelecimento de programas de treinamento com revisão periódica, assim como o acompanhamento e registro dos treinamentos realizados pela força de trabalho.

Requisitos relacionados a seleção e avaliação de contratadas, com a obrigatoriedade de avaliações de desempenho periódicas são estabelecidos no Capítulo intitulado Seleção, Controle e Gerenciamento de Contratadas.

No Capítulo Cultura de Segurança, Compromisso e Responsabilidade Gerencial é estabelecido que o AOT deve definir os valores e a política, assim como garantir que a força de trabalho esteja consciente de suas atribuições e responsabilidades e a participação efetiva do corpo gerencial nas atividades relacionadas à segurança operacional. O Planejamento e provisão de recursos necessários a implementação e funcionamento do sistema de gerenciamento de segurança operacional também é requisito desse capítulo.

O RTT também exige o estabelecimento e monitoramento de Indicadores de Desempenho e Metas para avaliação da eficácia do sistema de gerenciamento da segurança operacional no Capítulo de Monitoramento e Melhoria Contínua do Desempenho. Nesse Capítulo também é estabelecido que o AOT deverá avaliar periodicamente se os indicadores estão atingindo as metas estabelecidas, tomando ações para a melhoria dos indicadores caso as metas não estejam sendo atingidas.

Todo o sistema de gestão estabelecido pelo RTT deve ser auditado periodicamente conforme requisitos do Capítulo de Auditoria. Esse Capítulo ainda estabelece requisitos para a implementação das ações decorrentes dos resultados da auditoria e a divulgação para a força de trabalho.

Quando o Terminal ou parte dele passa por uma Desativação, seja ela temporária ou permanente, é necessário o estabelecimento de um plano de desativação, com requisitos estabelecidos no Capítulo Desativação Temporária e Permanente. No caso de Desativação Temporária esse Capítulo determina a elaboração de um plano de retorno operacional.

O último Capítulo é referente a Gestão da Informação e da Documentação, que obriga que o AOT estabeleça metodologias e controles para elaborar, analisar e revisar a documentação, assegurando que não haja uso de documentos obsoletos. Neste Capítulo são estabelecidos prazos de revisão e arquivamento para alguns dos documentos que devem ser gerados para o cumprimento do RTT.

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V. ESTRUTURA E CONTEÚDO DA RESOLUÇÃO PROPOSTA

A minuta da Resolução que instituirá o RTT foi elaborada de forma a manter coerência com outras Resoluções desta Agência.

Foram incluídas duas definições no art. 1º da minuta de resolução, não constantes das definições técnicas do RTT. Julgou-se importante mencionar estas definições neste dispositivo a fim de estabelecer o período de adequação para os Terminais já existentes:

Parágrafo Único. Para os fins desta Resolução e seu anexo ficam estabelecidas as seguintes definições, além daquelas constantes no Regulamento Técnico de Terminais para Movimentação e Armazenamento de Petróleo, Derivados, Gás Natural e Biocombustíveis – RTT:

I – Terminal Existente: Terminal que, na data de publicação desta Resolução, já detenha Autorização de Construção ou de Operação outorgada pela ANP;

II – Terminal Novo: Terminal que, na data de publicação desta Resolução, não detenha Autorização de Construção ou de Operação outorgada pela ANP.

Para adequação, foi estabelecido prazo improrrogável de 3 (três) anos. Ressalta-se que o prazo de adequação é previsto apenas para Terminais Existentes. Para Terminais Novos não haverá vacatio legis.

VI. DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO

A minuta inicial do RTT ocorreu em conjunto com o IBP nos anos de 2015 e 2016. Posteriormente, a equipe da Superintendência discutiu exaustivamento o texto do regulamento, com base na experiência em fiscalizações de terminais, nos demais regulamentos de segurança da ANP, em normas técnicas e em cursos realizados.

Visando um maior amadurecimento da minuta e uma adequação do texto a realidade do mercado brasileiro, foram realizados dois Workshops em parceria com o IBP. O 1º Workshop ANP-IBP para o RTT ocorreu no dia 19 de setembro de 2017 e contou com a participação de quase 70 representantes da ANP, IBP e dos seguintes agentes regulados: Ageo, Grupo Dislub Equador, Ipiranga, Grupo Total, Logum, Oiltanking, Raízen, Shell, Stolthaven, Transpetro e Ultracargo.

O 2º Workshop ocorreu no dia 26 de fevereiro de 2019 e contou com a participação de cerca de 60 representantes da ANP, do IBP e das seguintes instituições: Adonai, Ageo, Ipiranga, Braskem, Cattalini, CTDUT, Emypro, Granel, Logum, Oiltanking, Petrobras, Plural, Raízen, Shell, Stolthaven, Thomé Petróleo, Transpetro, Ultracargo e Vopak.

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Em ambos os eventos os agentes regulados receberam a minuta do regulamento técnico com antecedência e tiveram a oportunidade de discutir com o regulador os requisitos constantes na minuta e apresentar sugestões de melhorias e adequação.

No 1º Workshop foram recebidos 225 comentários para a minuta disponibilizada, de 5 pessoas jurídicas e 1 pessoa física, enquanto no segundo evento foram recebidos 66 comentários, de 4 pessoas jurídicas, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Comentários recebidos para a minuta disponibilizada para os workshops

Proponentes Nº de comentários

1º Workshop (2017)

2º Workshop (2019)

AGEO TERMINAIS E ARMAZÉNS GERAIS S.A 7 -

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TERMINAIS DE LÍQUIDOS - ABTL

±75 21

CPA ARMAZENS GERAIS LTDA. 14 -

LOGUM LOGÍSTICA S.A. 28 -

PETROBRAS – PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - 5

PLURAL – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS DISTRIBUIDORAS DE COMBUSTÍVEIS,

LUBRIFICANTES, LOGISTICA E CONVENIÊNCIA

- 2

REINALDO H. MALUF 4 -

TRANSPETRO – PETROBRAS TRANSPORTE S.A. 97 38

Os comentários recebidos foram avaliados pela equipe da Superintendência de Infraestrutura e Movimentação (SIM) envolvida na elaboração do RTT. As principais modificações decorrentes das avaliações dos comentários recebidos no 1º workshop foram expostas na Nota Técnica 13/2018 (Anexo I). Os comentários do segundo workshop e as avaliações correspondentes realizadas pela equipe da SIM encontram-se no Anexo II. Os comentários de ambos os eventos foram anexados ao processo ANP nº 48610.008741/2017-33, de 02 de agosto de 2017.

A minuta final será submetida a Consulta Pública, pelo prazo de 30 (trinta) dias, e Audiência Pública, para que se publique a versão final do regulamento. As etapas da elaboração do RTT podem ser visualizadas na Figura 4.

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Figura 4 – Etapas da implantação do RTT.

VII. CONCLUSÃO

A presente Nota Técnica tem por objetivo oferecer subsídio à Consulta e Audiência Públicas a serem realizadas para a Resolução que instituirá o Regulamento Técnico de Terminais para Movimentação e Armazenamento de Petróleo, Derivados, Gás Natural e Biocombustíveis (RTT).

Ao longo das seções anteriores foi apresentada a fundamentação legal, a estrutura, uma breve descrição do conteúdo e as etapas da elaboração da minuta do Regulamento.

A regulamentação proposta exige que o Agente Operador do Terminal (AOT) possua um sistema de gerenciamento da segurança operacional adequado à atividade. O Operador deverá garantir, entre outros requisitos, a realização das operações seguindo procedimentos implantados, com treinamento adequado da força de trabalho, executando de forma eficiente inspeções e manutenção dos equipamentos e sistemas, aplicando as Análises de Risco, e mantendo um Plano de Resposta à Emergência apropriado e exequível.

Sem prejuízo ao disposto na presente Nota Técnica, acredita-se que os requisitos constantes na minuta do Regulamento Técnico foram elaborados de forma a normatizar as melhores práticas da indústria, em sua maioria, já adotadas na prática pelo mercado de terminais.

VIII. ANEXOS

Anexo I – Nota Técnica nº 002/2019/SIM, de 18 de janeiro de 2019.

Anexo II – Comentários recebidos no 2º Workshop, com comentários da ANP.

2015-2016

•Elaboração conjunta ANP-IBP

2016

•Discussão da minuta -ANP

09/2017

•1º Workshop

2018

• Discussão dos comentários e da minuta

- ANP

02/2019

• 2º Workshop

2019 - 1º Semestre

• Discussão dos comentários e da minuta

- ANP

08/2019

• Consulta Pública

09/2019

• Audiência Pública

12/2019

• Publicação