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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO LEITURA E COMPREENSÃO DE MUNDO: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL CORONEL VANIQUE CELMA PEREIRA MACHADO SANTOS Orientador: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO NOVA XAVANTINA/2013

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

LEITURA E COMPREENSÃO DE MUNDO: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL

CORONEL VANIQUE

CELMA PEREIRA MACHADO SANTOS

Orientador: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

NOVA XAVANTINA/2013

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

LEITURA E COMPREENSÃO DE MUNDO: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL

CORONEL VANIQUE

CELMA PEREIRA MACHADO SANTOS

Orientador: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

"Trabalho apresentado como exigencia parcial para a obtênção do Título de Especialização em Educação Infantil, Letramento e Alfabetização."

NOVA XAVANTINA/2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter iluminado meu caminho e permitido que eu concluísse mais

uma etapa de minha vida.

A minha família e a todos que direta ou indiretamente, acreditaram e me

incentivaram na busca pelos meus ideais.

A todos da Escola Estadual Coronel Vanique, pelo apoio e amizade.

Ao professor orientador Ilso Fernandes do Carmo, por seu apoio e

ensinamento que me levaram a concluir esse trabalho.

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RESUMO

O tema escolhido para esse estudo é Leitura e Compreensão de Mundo:

alfabetização e letramento nas séries iniciais do Ensino Fundamental na Escola

Estadual Coronel Vanique. Verificar como ocorre o processo de alfabetização e

letramento no 1º ciclo da 1ª fase do ensino fundamental. O presente estudo tem

como referenciais metodológicos a pesquisa bibliográfica e de campo. A

alfabetização deverá desenvolver em um contexto de letramento como inicio da

aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e

da escrita nas práticas sociais. Para alcançar os objetivos previstos e desenvolver a

pesquisa de campo, neste trabalho utilizou-se o método dedutivo, enfatizando a

pesquisa exploratória e qualitativa. Para tanto se utilizará a pesquisa bibliográfica e

pesquisa de campo. Alfabetizar letrando é um desafio permanente implica refletir

sobre as praticas e as concepções por nós adotadas ao iniciarmos nossas crianças

e adolescentes no mundo da escrita, analisamos e recriamos nossas metodologias

de ensino, a fim de garantir mais cedo e da forma mais eficaz possível duplo direito

de não apenas ler e registrar autonomamente palavras numa escrita alfabética, mas

de poder ler e compreender e produzir os textos que compartilhamos socialmente

como cidadãos. Portanto, baseado nas informações históricas e nas informações

contemporâneas, chegamos não a uma conclusão, mas a um sinal que indica que o

provável caminho para amenizar o problema ensino aprendizagem das séries

iniciais, está na alfabetização, ou seja, todos os professores das séries inicias

deveriam alfabetizar seus alunos letrando, pois esses dois processos são

indissociáveis.

Palavras Chaves: Alfabetização – Letramento - Séries Iniciais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 05

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 08

1.1 Leitura e Escrita ............................................................................................ 08

1.2 A Importância da alfabetização ..................................................................... 14

1.3 O que é letramento? ..................................................................................... 16

1.4 A importância do alfabetizar letrando............................................................ 18

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 20

2.1 ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................... 20

2.2 METODOLOGIA .............................................................................................. 17

2.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ..................................................... 24

2.4 PÚBLICO ALVO .............................................................................................. 25

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36

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INTRODUÇÃO

O tema escolhido para esse estudo foi leitura e compreensão de mundo:

alfabetização e letramento nas séries iniciais do ensino fundamental na Escola

Estadual Coronel Vanique.

Ao longo dos tempos, muitos foram os que se empenharam em

compreender o papel da instituição escola na sociedade. Todos aqueles que se

envolvem com o processo educacional percebem que, nos dias atuais, alguma coisa

vai mal à educação. É importante nos questionarmos a esse respeito e buscar

entender o que a escola pode e deve fazer para melhorar o processo de ensino

aprendizagem.

O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e

aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre

o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos

conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe

garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e

criativo.

A alfabetização é a relação entre o educando com o mundo, mediada pela

prática transformadora deste mundo e, o letramento que é o estado em que vive o

educando que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura

e escrita que circulam na sociedade em que vive.

Assim, como a alfabetização e o letramento são processos que caminham

juntos, este trabalho, em específico, busca repensar a forma de alfabetização e

aquisição da língua escrita, baseado no alfabetizar letrando.

A alfabetização deverá desenvolver em um contexto de letramento como

inicio da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da

leitura e da escrita nas práticas sociais.

Estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita

como um processo de aprendizagem escolar que se torna difícil reconhecermos que

o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização. A

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leitura é importante em todos os níveis educacionais, portanto, deve ser iniciada no

período de alfabetização e dar continuidade nos diferentes graus de ensino.

Sabe-se que não basta garantir à criança apenas o acesso à leitura e

escrita; é imprescindível que essa se torne leitor e produtor de textos; vindo a

alfabetização tornar-se um instrumento e fator decisivo pela conquista e exercício da

cidadania.

A alfabetização (como linguagem em geral) começa pelas mais primitivas e

elementares produções da função semióticas (processo figurativo e representativo):

perceber índices, reagir a sinais, construir símbolos (figuras-desenho) e, finalmente,

compreender signos (palavras). A leitura deve ser ensinada desde a alfabetização,

de forma a dar condições ao estudante de ser crítico e argumentativo para defender

seu ponto de vista.

É o resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever e tem como

resultado a alfabetização, que se acredita, que seja a primeira etapa do

encantamento ou desencantamento da escola, daí a importância da compreensão,

pois o aprendizado é o resultado da compreensão e não a causa, por isso se diz que

aprender a ler é entender a leitura. A importância do saber ler na alfabetização

requer uma atenção especial do educador em criar estratégias de treinamento de

leitura que auxiliem a criança a desenvolver a capacidade de ler

Partindo-se destes pressupostos, pensar como a leitura é importante nas

séries iniciais não é uma tarefa fácil, mas é nessa fase que a criança desenvolve o

hábito da leitura e tem a curiosidade para compreender o mundo.

Após a escolha do tema, selecionou-se o material de referencial bibliográfico

a partir do método dedutivo-intuitivo, ou seja, aquele que percorre o assunto

detalhadamente do geral para o particular, objetivando chegar a uma conclusão

crítica.

Esse estudo teve como objetivos: verificar como ocorre o processo de

alfabetização e letramento no 1º ciclo da 1ª fase do ensino fundamental; Apontar

segundo os autores pesquisados que processo de alfabetização e letramento

precisa ser construído; Refletir sobre as dificuldades na aquisição da leitura e da

escrita; Analisar o processo de alfabetização e suas metodologias, fazendo uma

análise descritiva deste processo; Conhecer a prática e métodos que a professora

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alfabetizadora utiliza e Identificar as principais dificuldades sentidas pelo aluno no

decorrer de seu processo de alfabetização. O instrumento de coleta de dados

utilizado foi à observação de uma turma do 1º Ciclo 1ª fase da Escola Estadual

Coronel Vanique.

Com o intuito de permitir ao leitor melhor compreensão do trabalho, esse foi

estruturado em três capítulos, além da presente introdução.

No primeiro capítulo é apresentado o embasamento teórico para explicar a

importância da alfabetização, os aspectos que fazem parte do letramento infantil e

como podem contribuir para o desenvolvimento da criança. As principais referências

são da especialista em alfabetização Ferreiro, além da leitura de diversos outros

autores, que através de artigos e assuntos pertinentes contribuíram para a

construção desse trabalho.

O Capítulo 2, construção do objeto de pesquisa, foi desenvolvido a fim de

que o leitor possa situar-se no contexto onde a pesquisa foi realizada, compreender

as motivações para desenvolvimento do tema, os métodos empregados e os

objetivos a serem atingidos.

No terceiro capítulo são apresentadas reflexões sobre as práticas realizadas

no estágio envolvendo crianças do 1º ciclo da 1ª fase do ensino fundamental na

Escola Estadual Cel. Vanique, o foco é verificar como ocorre o processo de

alfabetização e letramento no desenvolvimento das atividades.

Assim, depois de todos os dados coletados e discutidos, com a aplicação da

metodologia citada no decorrer do trabalho, foram redigidas as considerações finais,

que fazem um breve relato sobre o ensino aprendizagem, ressaltando que, nas

séries iniciais, todos os professores deveriam alfabetizar seus alunos letrando, pois,

esses dois processos são indissociáveis, uma vez que a aprendizagem da leitura e

da escrita compreende, necessariamente, a alfabetização.

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 LEITURA E ESCRITA

Definir leitura e escrita não consiste em tarefa fácil, pois ao contrário do que

possam parecer, estas são áreas complexas e abrangentes.

São vários os sentidos que podem ser atribuídos às idéias de leitura e

escrita, podendo estes, serem restritos ou amplos. Em termos escolares, tanto a

leitura quanto a escrita estão diretamente vinculadas à alfabetização, adquirindo

deste modo caráter de aprendizagem formal. (BREY e RAMOS, 2007, p. 3).

A invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de representação, não um processo de decodificação. Uma vez construído, pode-se pensar que o sistema de representação é aprendido pelos novos usuários como um sistema de decodificação. (FERREIRO, 1989, p. 12).

A leitura, tanto quanto a escrita, consiste em atividade bastante intrínseca.

Nesta perspectiva, não há como falar de leitura sem falar de escrita ou vice-versa,

pois segundo CAGLIARI (2002, p. 152) “a leitura é uma atividade ligada

essencialmente a escrita”, assim, o ato de decodificar um texto requer o

entendimento também de codificá-lo através de várias linguagens.

É de grande importância ressaltar que a leitura e a escrita são atividades

fundamentais para o desenvolvimento e formação de qualquer indivíduo, pois dentro

e fora da escola e por toda vida, o domínio ou não de ambas facilitará ou não o

crescimento intelectual. (BREY e RAMOS 2007, p.4)

Segundo ANTUNES (2002, p.15), “existem diferentes processos de

aprendizagem e é importante que todo o professor conheça-os”, ainda, segundo o

autor “é importantíssimo conhecer-se a maneira como a mente opera o

conhecimento e a forma como a criança assimila-o.”

Os indicadores mais claros das explorações que as crianças realizam para

compreender a natureza da escrita são suas produções espontâneas. Quando uma

criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria escrever certo conjunto de

palavras, esta nos oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser

interpretado para poder ser avaliado.

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Um dos conhecimentos escolares mais importantes é a escrita. A escrita é

um sistema, ou seja, um conhecimento organizado, com regras, padrões e

estruturas. É um conhecimento complexo. Para aprender as várias áreas de

conhecimento, na escola, a pessoa precisa se apropriar do sistema da escrita. (VAZ,

2008, p.4)

Aprender a escrever, no entanto, vai, além disso, faz parte da cidadania, é

um direito de todo ser humano. Quando pensamos na dimensão formadora da

educação escolar, precisamos considerar que poder escrever se expressar, entrar

em comunicação com o outro são essenciais para o estudante de qualquer idade.

Leitura e escrita são práticas culturais, elas são resultado de apropriação cultural.

Segundo FERREIRO (1989, p. 31), nenhuma prática pedagógica é neutra.

Todas estão apoiadas em certo modo de conceder o processo de aprendizagem e o

objeto dessa aprendizagem.

São provavelmente essas práticas, mas do que os métodos em si que tem

efeitos mais duráveis em longo prazo, no domínio da língua escrita como em todos

os outros. Conforme se coloque a relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento

e conforme se caracterize a ambos, certas praticas aparecerão como normais ou

como aberrantes.

A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do

esforço coletivo da humanidade. Como objeto cultural a escrita cumpre diversas

funções sociais e tem meios concretos de existência. (FERREIRO, 1989, p.43).

A escrita é uma manifestação da função simbólica, mas não há uma carga

genética para ler e escrever como temos para falar. O ser humano tem uma genética

para desenvolver a fala que é uma manifestação da função simbólica. Para ler e

escrever você precisa ter prática de leitura e de escrita.

Porque leitura e escrita são práticas culturais e apropriação cultural você

ganha e perde se não praticar. É através de praticas de leitura e eventos de

letramento que a escrita vai ganhando corpo e sentido para a criança constituindo aí

um conjunto de informações que denota sobre o que se pensa sobre esse objeto de

conhecimento.

Leitura é a interpretação de idéias expressa graficamente, associando o que

foi lido á própria vivencia. A boa aprendizagem da leitura e da escrita resume-se na

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perfeita compreensão do pensamento e na nítida apreensão do mecanismo.

(SANTOS e SIMÃO, 1997, p. 145).

Considerando que letramento designa o estado ou condição em que vivem e

interagem indivíduos ou grupos sociais letrados, pode-se supor que as tecnologias

de escrita, instrumentos das práticas sociais de leitura e de escrita, desempenham

um papel de organização e reorganização desse estado ou condição.

A escola, enquanto espaço de promoção do saber tem a função de

proporcionar momentos de dúvidas e descobertas. Já o educador, enquanto

mediador da aprendizagem tem, como uma de suas funções, investigar a dúvida,

provocar o educando para a indagação do que anseia aprender e mostrar-lhe que há

várias fontes de saber. (TAVARES, 1996).

1.2 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO

Segundo FERREIRO (1989, p. 09), tradicionalmente, a alfabetização inicial é

considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de

maturidade da criança.

Historicamente, o conceito de alfabetização se identificou ao ensino-

aprendizado da “tecnologia da escrita”, quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o

que, em linhas gerais, significa, na leitura, a capacidade de decodificar os sinais

gráficos, transformando-os em “sons”, e, na escrita, a capacidade de codificar os

sons da fala, transformando-os em sinais gráficos. (BATISTA, 2007, p. 10).

Alfabetizar significa iniciar o aluno no conhecimento da leitura e da escrita,

proporcionando-lhe oportunidade de decodificar e codificar os símbolos que compõe

a língua que conhece e utiliza. A alfabetização é o inicio do conhecimento porque

não termina no final do primeiro ano de estudo, devendo ter continuidade nos anos

seguintes.

A alfabetização da condição para que o aluno domine a língua em suas duas

articulações (palavras e fonemas). Esse domínio refere-se á habilidade para

registrar graficamente um pensamento e para compreender uma idéia registrada

graficamente (SANTOS e SIMÃO, 1997, p. 147).

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De acordo com conceitos de educadores como Ferreiro e Freire a

aprendizagem é um processo de evolução, onde escrever e ler são duas atividades

da alfabetização e a leitura de mundo antecede a da escrita.

Segundo FERREIRO (2006, p. 09), a idéia de que o aprendiz precisa pensar

sobre a escrita para se alfabetizar não é nova. É importante frisar que não é o

ambiente que alfabetiza que não é o fato de perdurar coisas escritas nas paredes

que produz por si só um efeito alfabetizador. Um ambiente alfabetizador propicia

inúmeras interações com a língua escrita, interações medidas por pessoas capazes

de ler e de escrever.

Assim há uma necessidade de uma continuidade na seqüência do processo

da alfabetização pela dificuldade que a língua apresenta, muitas vezes apontado a

presença de aspectos com explicações lógicas e até mesmo ilógicas na formação

das palavras. Por isso pode-se afirmar que a alfabetização é um processo que se

prolonga por toda uma vida (SANTOS e SIMÃO, 1997, p. 147).

Por ser um processo continuo, o trabalho do professor vai permitir uma

iniciação nos segredos da leitura e da escrita.

Considerando a teoria piagetiana como uma teoria geral dos processos de

aquisição do conhecimento, a psicogênese da língua escrita contribuiu para romper

esse impasse ao mostrar que é possível explicar o processo de aprendizagem

daquele que era considerado o mais escolar dos conteúdos escolares “a

alfabetização” utilizando um modelo teórico construtivista interacionista.

Assim, foi a partir de 1980, com as contribuições de estudos da psicogênese

da língua escrita e com os trabalhos de Emilia Ferreiro, veio mostrar que o

aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondência

entre grafemas e fonemas, mas se caracteriza como um processo ativo por meio do

qual a criança desde seus primeiros contatos com a escrita, construirá e reconstruirá

hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendida

como um sistema de representação. (BATISTA, et al, 2005, p. 20).

De acordo com BATISTA et al (2005, p. 20), foi a partir das contribuições da

psicogênese que os conceitos de alfabetização foi ampliado. Progressivamente, o

termo passou a designar o processo não apenas de ensinar e aprender as

habilidades de codificação e decodificação, mas também o domínio do

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conhecimento que permite o uso dessas habilidades nas praticas sociais de leitura e

escrita.

Assim, o termo alfabetizado nesse quadro, passou a designar não apenas

aquele que domina as correspondências grafo-fonêmicas, mas também utiliza esse

domínio em situações sociais de uso da língua escrita. Diante dessas novas

exigências surgiu uma nova adjetivação para o termo alfabetização funcional criada

com a finalidade de incorporar as habilidades de uso da leitura e da escrita e,

posteriormente, a palavra letramento. (BATISTA, et al, 2005, p. 20).

Com isso abriu um enorme campo de pesquisa, tanto no que refere à

aprendizagem dos inúmeros, aspectos da língua escrita que ultrapassa a questão da

escrita alfabética, quanto dos outros conteúdos escolares.

E a alfabetização em seu sentido restrito passa a designar o aprendizado

inicial da leitura e da escrita e, o letramento passa a designar os usos da língua

escrita.

Essa abertura aponta na direção de uma compreensão cada vez melhor dos

processos de aprendizagem dos diferentes conteúdos e indica a possibilidade de

construção e aprimoramento de didáticas que, sem distorcer o objeto a ser

ensinado, se adaptem ao percurso do aprendiz. Didáticas que dialoguem com a

aprendizagem dos alunos, que reconheçam o conhecimento que eles já possuem

que façam a ponte entre esse conhecimento e o que precisa ser ensinado,

garantindo-lhes o direito de aprender.

De acordo com FERREIRO (2006, p. 49), a criança deve reconstruir para se

alfabetizar, uma relação entre linguagem oral e escrita.

1.3 O QUE É LETRAMENTO?

palavra letramento, segundo SOARES (2006), foi introduzida muito

recentemente na língua portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão

sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela

primeira vez. Letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e

escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na

sociedade em que vive.

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Na realidade, o termo originou-se de uma versão feita da palavra da língua

inglesa "literacy", com a representação etimológica de estado, condição ou

qualidade de ser literate, e literate é definido como educado, especialmente, para ler

e escrever. (BATISTA, et al, 2005, p.21).

Segundo KLEIMAN (1995, p. 19), “pode-se definir hoje o letramento como

um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e

enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos.”

O processo de letramento inicia-se quando a criança nasce em uma

sociedade grafocêntrica, começando a letrar-se a partir do momento em que convive

com pessoas que fazem uso da língua escrita, e que vive em ambiente rodeado de

material escrito. (BATISTA, et al, 2005, p.22).

De acordo com BATISTA, et al, (2005, p.21), letramento são as práticas

sociais de leitura e escrita e os eventos em que essas práticas são postas em ação.

“Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um

indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos

da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.” (KLEIMAN 1995, p. 20).

A autora reafirma essa diferença entre alfabetização e letramento insistindo

no caráter individual daquela e social deste:

A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de

habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado

a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução

formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual.

O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas (TFOUNI, 1988, p. 9).

Assim, para TFOUNI (1995, p. 20), letramento são as conseqüências sociais

e históricas da introdução da escrita em uma sociedade, “as mudanças sociais e

discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada.”

O letramento é o resultado da ação se ensinar ou de aprender a ler e a

escrever, bem como o resultado de usar essas habilidades em praticas sociais.

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Diante do contexto acredita-se que alfabetização e letramento são processos

diferentes, cada um com suas especificidades, mas complementares e inseparáveis,

ambos indispensáveis.

A fonte de muitos equívocos e polêmicas quanto aos conceitos de

alfabetização e letramento é a não compreensão de que os dois processos são

complementares e não alternativos (BATISTA, et al 2005 p.25). Não se trata de

escolher entre alfabetizar ou letrar, trata-se de alfabetizar letrando.

Assim como as sociedades no mundo inteiro, tornam-se cada vez mais

centradas na escrita, e com o Brasil não poderia ser diferente. E como ser

alfabetizado, ou seja, saber ler e escrever, é insuficiente para vivenciar plenamente

a cultura escrita e responder às demandas da sociedade atual, é preciso letrar-se,

ou seja, tornar-se um indivíduo que não só saiba ler e escrever, mas exercer as

práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive.

(SOARES, 2000).

Para um sujeito ser considerado letrado não é necessário que tenha

freqüentando a escola ou que saiba ler e escrever, basta que o mesmo exercite a

leitura de mundo no seu cotidiano.

1.4 A IMPORTÂNCIA DO ALFABETIZAR LETRANDO

Segundo SOARES (2003), alfabetização e letramento são processos

interdependentes e específicos e o ideal seria alfabetizar letrando, o que significa

garantir a especificidade da alfabetização ao mesmo tempo em que se devem inserir

as crianças, desde cedo, nas diferentes práticas de leitura e escrita.

MORAIS (2003), enfatizou que se queremos alfabetizar numa perspectiva de

letramento, devemos proporcionar sistematicamente a apropriação da notação da

escrita e do seu uso social real pela criança a fim de garantir que elas se tornem

autonomamente letradas, exercitando a capacidade de ler e escrever textos com as

características e finalidades que as pessoas letradas utilizam em nossa sociedade.

Entendemos que uma etapa importante e necessária na aprendizagem é a

do letramento. SOARES afirma que:

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(..) a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhes são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, é analfabeta, pois ainda não aprendeu a ler, mas já entrou no mundo do letramento, e já é de certa forma letrada” (2006, p. 24).

A diferença dessa criança para a que já é alfabetizada é que esta já está

inserida no processo, já desenvolve a capacidade de usar a linguagem escrita e ler,

com certa competência, textos de gêneros variados. A criança não começa a

aprender apenas quando ingressa na escola, o contato com a linguagem escrita

inicia no âmbito social.

O desafio que se coloca para os primeiros anos da educação fundamental é

o de conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do

sistema alfabético e ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas

práticas sociais da leitura e escrita. (BATISTA et al 2005, p.26).

Segundo SOARES (2000), alfabetizar letrando significa orientar a criança

para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de

leitura e de escrita: substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por

revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na

sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de

produção de textos. O letramento é um fenômeno de cunho social, e salienta as

características sócio-históricas ao se adquirir um sistema de escrita por um grupo

social.

Segundo FREIRE (1999, p.08), aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é

antes de tudo aprender a ler o mundo.

Nessa perspectiva é importante a necessidade de refletir sobre as práticas

de ensino e aprendizagem que oportunizem aos alunos mais do que conhecer o

código, introduzir a palavra escrita em sua vida, em diferentes situações de

interação.

Entende-se que letrar é função de todos os educadores em cada área de

conhecimento, porque a leitura e escrita está sempre inserida na construção de

conhecimento de cada educando.

Assim entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é

aquela que contempla de maneira articulada e simultânea a alfabetização e o

letramento.

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2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O trabalho foi realizado no município de Nova Xavantina, Estado de Mato

Grosso, onde a população é de aproximadamente 19.643 habitantes, segundo

censo do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística - IBGE 2010, as cidades

limites são Água Boa, Nova Nazaré, Cocalinho, Araguaiana, Barra do Garças, Novo

São Joaquim e Campinápolis. A distância da Capital Cuiabá é de 635 quilômetros, a

bacia hidrográfica é a do Tocantins/Araguaia, seu clima é tropical quente e sub-

úmido, com quatro meses de seca, de maio a agosto. A figura 1, apresentada

abaixo, demonstra a composição do município de Nova Xavantina e suas cidades

limites.

Figura 1: Composição da localização do município de Nova Xavantina/MT;

Fonte: Site/Mato Grosso e seus Municípios, 2008 – 2010.

Situada numa região de potencial turístico, Nova Xavantina, encontra-se

numa posição estratégica, com parte de seus atrativos naturais relativamente

preservados, é cortada pelo Rio das Mortes ou também chamado em sua nascente

por Rio Manso. A base econômica é composta pela pecuária intensiva e agricultura.

O município oferece ainda uma gama de atrativos capaz de proporcionar momentos

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de lazer e descontração aos visitantes (MATO GROSSO PORTAL DOS

MUNICÍPIOS, 2008 - 2010).

A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual Coronel Vanique,

localizada a Av. Getúlio Vargas, n. 846, bairro Barro Vermelho, Nova Xavantina,

estado de Mato Grosso, fone (66) 3438-1264, com alunos do 1º ciclo 1ª fase.

Figura 2: Composição da Escola Estadual Coronel Vanique; Fonte: Arquivo da autora, 2010.

2.2 METODOLOGIA

Esse estudo busca verificar como ocorre o processo de alfabetização e

letramento no 1º ciclo da 1ª fase do ensino fundamental, com 20 alunos em

processo de alfabetização.

A metodologia conduz toda a elaboração do método que será empregado na

resolução de um determinado problema. A metodologia além de controlar os

métodos e técnicas também orienta os pesquisadores no desenvolver da pesquisa.

O motivo de estar sendo realizado esse estudo é buscar fazer um

levantamento bibliográfico para descrever a importância do letramento para o

desenvolvimento da alfabetização, conhecer os significados, descrever e verificar o

quanto o letramento é essencial no cotidiano do dia-a-dia, vez que a todo o

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momento estamos vivenciando e interagindo com situações relacionadas à

alfabetização, com resultados da ação de leitura e escrita.

O trabalho foi elaborado com pesquisa de cunho teórico descritivo, através

da técnica de métodos mistos e pesquisa bibliográfica. GIL (2002, p.44), afirma que

a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos. Seguindo a mesma linha de

raciocínio, VERGARA (2007, p. 48), considera que pesquisa bibliográfica é o estudo

sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas,

jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.

Ainda, que a pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de

conhecimentos humanos reunidos nas obras estudadas. (MARCONI; LAKATOS,

2006, p. 188).

À medida que os conhecimentos são aprofundados, passa-se a considerar

um número cada vez maior de fatos ou elementos que possuem relação com aquilo

que está sendo estudado. Essas correlações precisam ser entendidas e analisadas

para que o modelo seja o mais próximo possível da realidade que está sendo

considerada. A busca dessa aproximação entre modelo e realidade deve ser

realizada de forma sistemática e controlada, visando diminuir as chances de erro

nas avaliações efetuadas, voltadas para o método científico. (DENCKER, 1998).

Segundo DENCKER (1998), metodologia é a forma utilizada para observar a

realidade, experimentar novas formas de agir ou interpretar os fatos de diferentes

formas, já VERGARA (2007), define metodologia como um caminho, uma forma,

uma lógica de pensamento. Para as autoras, a metodologia pode contribuir no

sentido de oferecer pontos de vista que tornem possível uma discussão crítica sobre

o tema estudado, com vistas a atingir os objetivos propostos.

A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar uma maior

familiaridade com o problema, propiciando o aprimoramento de idéias ou intuições,

voltadas para um planejamento flexível, de modo a possibilitar a consideração dos

mais variados aspectos relativo ao fato estudado (GIL, 2002).

Segundo DENCKER (2004, p. 128), a pesquisa exploratória compreende

além do levantamento de fontes secundárias o estudo de casos selecionados e a

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observação informal, e é realizado em áreas na qual há pouco conhecimento

acumulado e sistematizado.

A pesquisa cientifica distingue de outra modalidade qualquer de pesquisa

pelo método, pelas técnicas, por estar voltada para a realidade empírica e pela

forma de comunicar o conhecimento obtido.

Uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem

como metas principais gerar novos conhecimentos.

A pesquisa realizada nesse trabalho se deu através da utilização dos

métodos de pesquisa bibliográfica através de literatura em livros periódicos, revistas

eletrônicas e/ou impressas, internet e demais publicações pertinentes que possam

contribuir para a construção do referencial teórico que darão suporte a essa

pesquisa, fundamentando o trabalho desenvolvido.

Para alcançar os objetivos previstos e desenvolver a pesquisa de campo,

neste trabalho utilizou-se o método dedutivo, enfatizando a pesquisa exploratória e

qualitativa. Para tanto se utilizará a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Os Métodos dedutivos se destinam a demonstrar e a justificar, tem como

critério de verdade a coerência e a não contradição. (SALOMON, 2004 p.156)

A pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos

reunidos nas obras estudadas. (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 188).

Segundo BARROS e LEHFELD (2001, p.32), a pesquisa de campo é aquela

utilizada com o objetivo de conseguir informações ou conhecimentos a cerca de um

problema, para o qual se procura uma resposta ou uma hipótese, que se queira

comprovar, ou ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

Segundo DENCKER (2004, p.128), a pesquisa exploratória compreende

além do levantamento de fontes secundárias o estudo de casos selecionados e a

observação informal, e é realizado em áreas na qual há pouco conhecimento

acumulado e sistematizado.

Esse tipo de pesquisa cuja aplicação tem por finalidade a elaboração de

instrumento de pesquisa adequado à realidade a que o estudo se propõe.

A utilização da pesquisa qualitativa, além de oferecer descrições ricas sobre

uma realidade específica, ajuda o pesquisador a superar concepções iniciais e a

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gerar ou revisar as estruturas teóricas adotadas anteriormente, oferecendo base

para descrições e explicações muito ricas de contextos específicos. Além disso, a

pesquisa qualitativa ajuda o pesquisador a ir além de concepções iniciais e a gerar

ou revisar estruturas teóricas. (BARROS e LEHFELD 2001, p.33).

Os dados coletados foram interpretados a partir das entrevistas realizadas e

observações constatadas ao longo da pesquisa de campo.

2.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Nesse estudo, o instrumento de coleta de dados utilizado foi à observação,

facilitando assim a exploração do conteúdo a ser investigado, para obtenção de

respostas que possam alcançar os objetivos levantados.

Dentro da pesquisa qualitativa tem-se a observação, onde o trabalho do

pesquisador deve ser em organizar a investigação em torno da concepção, do

desenvolver, de avaliar e de empregar ações planejadas. A técnica utilizada nesse

tipo de pesquisa é: observação, entrevista, questionário e pesquisa bibliográfica.

MARCONI e LAKATOS (2006, p. 111), afirmam que observação participante

“não consiste apenas em ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que

se deseja estudar."

A observação participante foi fundamental para a aproximação do

pesquisador com os alunos, proporcionando, o desenrolar de uma pesquisa rica,

contribuindo para o alcance dos objetivos propostos, bem como identificar os

problemas a serem solucionados no desencadear da aplicação de leitura.

VERGARA (2007, p. 54), discorre que na observação participante, “você já está

engajado ou se engaja na vida do grupo ou na situação.”

De acordo com MARCONI e LAKATOS, (2006 p. 30), a observação é uma

técnica que faz uso dos sentidos para a obtenção de determinados aspectos da

realidade. Consiste em ver, ouvir e examinar os fatos os fenômenos que se pretende

investigar contribui para o pesquisador obter a comprovação dos dados sobre

indivíduos observados, os quais às vezes não têm consciência de alguns fatos que

os orientam em seu comportamento.

Já para THIOLLENT (1998), a observação é uma técnica de coleta de dados

para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados

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aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em

examinar fatos ou ferramentas que se deseja estudar. A observação ajuda o

pesquisador a identificar e a obter provas a respeito sobre os quais os indivíduos

não têm consciência, mas que orientam seu comportamento.

O material encontrado foi selecionado e utilizado na descrição dos dados.

Uma vez realizada essa etapa, os dados foram analisados, selecionados conforme a

pesquisa.

A discussão foi feita de forma descritiva para estabelecer articulações entre

os dados da pesquisa e os referenciais teóricos do estudo, respondendo às

questões da pesquisa com base em seus objetivos.

2.4 PÚBLICO ALVO

Alunos do 1º Ciclo 1ª fase do ensino fundamental da Escola Estadual

Coronel Vanique.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa foi desenvolvida visando compreender a importância da

alfabetização e letramento nas séries iniciais do ensino fundamental, para tanto

foram observados alunos do 1º ciclo 1ª fase do ensino fundamental que possui um

total de 20 (vinte) alunos frequentes. Os resultados coletados foram apresentados

em forma de texto e de forma direta, conforme abaixo.

A pesquisa aos alunos em processo de ensino aprendizagem iniciou-se no

mês de março/2013, a observação foi desenvolvida durante um período de 3 (três)

meses.

Nesse período pode-se verificar que a professora trabalha com fichas de

formação de palavras. A leitura é feita de forma individual e grupal. Nessa etapa,

pode-se detectar que alguns alunos possuem dificuldade de leitura, não conseguem

acompanhar a leitura feita em grupo e com os colegas. Verificou-se também que

dois alunos sabem copiar, mas não conseguem ler o que escreve. Alguns alunos

possuem dificuldades em lateralidade, observação e atenção.

Em sala de aula a professora montou o “cantinho da leitura”, nesse local é

deixado à disposição dos alunos, livros de literatura infantil e de outros gêneros

textuais para que eles desenvolvam a leitura. Esse cantinho possibilita incentivar os

alunos, pois, é utilizado como incentivo lúdico.

Figura 3: Composição do cantinho da leitura.

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Fonte: Arquivo da autora, 2010. A professora utiliza estratégias e recursos diferentes para ministrar suas

aulas, objetivando fazer com que os alunos prestem atenção e aprendam com mais

facilidade os conteúdos abordados.

De acordo com a professora essa foi uma forma que encontrou para prender

a atenção dos alunos. Utiliza também materiais didáticos manipuláveis que

possibilitam explorar conhecimentos matemáticos em contextos próprios do mundo

infantil, como: quebra cabeça, jogos de construção, jogo da memória, jogos de

encaixe e outros, conforme demonstra as figuras abaixo.

A professora faz também roda de leitura 3 (três) vezes por semana, nessa

atividade os alunos ficam sentados em forma de circulo, cada um conta sua história

para os colegas. Os alunos que ainda não adquiriram a habilidade da leitura

convencional faz a leitura a partir das imagens e encadeiam idéias a partir delas.

Figura 4: Composição do ambiente roda de leitura;

Fonte: Arquivo da autora, 2010.

As crianças desde muito cedo, convivem com a língua oral em diferentes situações, a linguagem ocupa assim um papel fundamental nas relações sociais vivenciadas por crianças e adultos. Por meio da oralidade, as crianças participam de diferentes situações de interação social e aprendem sobre elas próprias, sobre a natureza e sobre a sociedade. (LEAL, ALBURQUERQUE e MORAIS, 2007 p. 69).

Ainda, de acordo com os autores supracitados, crianças que vivem em

ambientes ricos em experiências de leitura e escrita, não só se motivam para ler e

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escrever, mas, começam desde cedo, a refletir sobre as características dos

diferentes textos que circulam ao seu redor, sobre seus estilos e suas finalidades.

Figura 5: Composição da atividade de leitura;

Fonte: Arquivo da autora, 2010.

Observou também que no planejamento das atividades, os objetivos

apresentam clareza, a todo o momento se resgatava valores e os conteúdos

trabalhados eram relacionados com outras disciplinas.

Acredita-se que fazendo esse tipo de trabalho freqüentemente, a atenção

das crianças e o interesse podem melhorar e a professora utilizando de sua

criatividade, terá oportunidades de valorizar e orientar melhor aquele aluno que

apresenta dificuldade.

Nesse processo de letramento a criança aprende, mas requer uma atenção

mais reforçada por parte do professor.

A professora também realiza momentos de descontração com alunos, utiliza

esse método para revisar o processo de alfabetização. Por exemplo, a professora

entregou a cada aluno um pirulito e pediu aos alunos que criassem frases diferentes

sobre o pirulito recebido.

A frase escolhida foi: “o pirulito é doce”, a professora escreveu essa frase no

quadro negro utilizando a letra cursiva e a escript, para os alunos diferenciar essas

duas formas. A maioria dos alunos não apresentou dificuldade para diferenciar

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essas duas formas de escrita. Somente dois alunos não conseguiram diferenciar e a

professora explicou a eles a diferença entre uma e outra.

Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita". Para elucidar este processo de aquisição da língua escrita, buscamos evidenciar as práticas e intervenções realizadas pela professora alfabetizadora na formação do sujeito letrado. (SOARES 2000, p. 42).

A professora utiliza também de texto no qual lê e dramatiza a história para

os alunos, após ouvir a leitura feita pela professora em seguida organiza a

dramatização da história, com essa atividade os alunos formam os nomes dos

personagens da história.

Figura 6: Composição de dramatização da leitura; Fonte: Arquivo da autora, 2010.

As atividades realizadas com textos também proporcionam momentos

preciosos de reflexões, uma vez que os alunos de escrita não alfabética têm como

tarefa a ordenação de frases ou palavras do texto.

Embora não leiam de forma convencional, os alunos utilizam-se de critérios

para encontrar as palavras, como, por exemplo, identificando com que letra começa

e/ou termina determinada palavra. E, depois de concluída a ordenação faz o ajuste

da leitura, uma vez que o texto já é de seu domínio oral.

Nesse processo, o professor letrador é o mediador desta relação sendo

modelo de leitor, aquele que colabora para a formação de um sujeito letrado, de um

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futuro bom leitor. Se nos remetermos aos caminhos trilhados pela alfabetização aos

longos dos anos, verificamos que estes foram marcados pela memorização,

"decoreba", cópia e descontextualização.

E essas são marcas que não fazem mais sentido neste processo, pois, no

contexto atual a ênfase está na relação da criança com a textualização do mundo

social.

A alfabetização corresponde ao processo pelo qual se adquire uma

tecnologia a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e escrever, já o

letramento relaciona-se ao exercício efetivo da tecnologia da escrita, nas situações

em que precisamos ler e escrever textos reais. (LEAL, ALBURQUERQUE e

MORAIS, 2007 p. 69). Assim, alfabetizar e letrar-se são duas ações distintas, mas

não inseparáveis. O ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a

escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita.

Percebe-se que a forma de alfabetizar letrando utilizada pela professora tem

boa aceitação pelos alunos, uma vez que todos se envolvem nas atividades

desenvolvidas. Após observações percebe-se que a sala de aula é heterogênea,

cada um tem uma forma de aprender e todos os alunos estão interessados em

desenvolver as atividades propostas pela professora.

É importante que a professora trabalhe diariamente essa forma de

alfabetizar letrando. Acredita-se que para assumir uma nova postura perante o

ensino, as ações deverão ser diárias, através de criações de hábitos, pois uma

prática só se transforma em rotina na medida em que vai sendo exercitada. Não é

uma transformação que acontece do dia para noite, mas são alterações que vão

permeando a prática tradicional aos poucos, até se transformar numa forma válida

de abordar o conhecimento humano. Quando o esquema de assimilação sofre

acomodação. A mente aumenta sua organização e sua adaptação ao meio a fim de

funcionar em equilíbrio. (PIAGET, 1976, p. 175).

Assim, deve se pensar em metodologias de ensino que articulem a

alfabetização e o letramento dos alunos, que façam com que o aluno desenvolva

leitura e escrita. Isso porque os procedimentos metodológicos precisam assegurar

resultados positivos para a aprendizagem das crianças, sempre considerando as

especificidades do desenvolvimento infantil nessa faixa etária.

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Nessa perspectiva de acordo com REGO (1995, p. 71), o aprendizado

pressupõe uma natureza social especifica e um processo através do qual as

crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam.

Nessa perspectiva, a questão metodológica passa a ter um peso importante

nas práticas de alfabetização, no sentido de se buscar um equilíbrio entre as

diferentes perspectivas teóricas metodológicas que informam o processo de

aquisição da leitura e da escrita, articuladas aos conhecimentos e capacidades que

se pretende ensinar.

Neste ponto de vista, a preparação do professor e sua prática pedagógica

com o devido respaldo teórico-metodológico são de fundamental importância.

Educação é não colecionar informações na cabeça é saber processar criticamente

as informações é preparar para a liberdade. As pessoas são livres porque podem

escolher. E só podem escolher quando tem alternativas sem alternativas não há

liberdade é saber acreditar, desconfiar, investigar a realidade.

Nota-se que não basta ter acesso aos materiais, é necessário que os

educandos sejam envolvidos em práticas para aprender a usá-los, tais como: roda

de leitura, contação de historias, leitura de livros, sistema de malas de leitura,

cantinhos, mostras literárias, brincadeiras com livros entre outras propostas.

Segundo PIAGET (1972, p.14), o conhecimento não é transmitido. Ele é

construído progressivamente por meio de ações e coordenações de ações, que são

interiorizadas e se transformam. “A inteligência surge de um processo evolutivo no

quais muitos fatores devem ter tempo para encontrar seu equilíbrio.”

Tanto o professor quanto o aluno e a escola encontram-se em contextos

mais globais que interferem no processo educativo e precisam ser levados em

consideração na elaboração e execução do ensino. Ensinar algo a alguém requer,

sempre, duas coisas: uma visão de mundo (incluídos aqui os conteúdos da

aprendizagem) e planejamento.

De acordo com REGO (1995, p.68), citando Vygotsky, afirma que não é

somente através da aquisição da linguagem falada que o individuo adquire formas

mais complexas de se relacionar com o mundo que o cerca. O aprendizado da

linguagem escrita representa um novo e considerável salto no desenvolvimento da

pessoa.

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Sendo assim, o aprendizado da linguagem escrita envolve a elaboração de

todo um sistema de representação simbólica da realidade. É por isso que ele

identifica uma espécie de continuidade entre as diversas atividades simbólicas: os

gestos, o desenho e o brinquedo.

O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu

processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel

fundamental nesse processo, como um indivíduo mais experiente.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (BRASIL, 1996),

estabelece como princípio e finalidade da educação escolar o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. Embora haja consenso sobre o objetivo de promover o

desenvolvimento integrado dos aspectos físicos, emocionais, cognitivos e sociais do

aluno como um ser indivisível, divergências têm surgido, no contexto da educação

escolarizada, em função do que seja trabalhar com esses aspectos.

Ainda assim, surgem dúvidas como propor e programar um projeto

pedagógico no qual as diversas áreas ou momentos educativos não sejam

simplesmente justapostos estabelecer uma intervenção pedagógica onde a

especificidade de cada área seja integrada em um todo maior, considerando,

entretanto, que as capacidades humanas constituem-se em espaços diferenciados.

MACHADO (1993) considera que, com o passar do tempo, o conhecimento

adquirido se torna fundamental no processo ensino aprendizagem, uma vez que a

educação é um processo gradual e contínuo na valoração do ser humano.

O pressuposto de que a educação, em uma instituição escolar, não pode

ocorrer independentemente do ensino de conteúdos escolares tem sido tema

freqüente das discussões acadêmicas e de profissionais.

Segundo CARVALHO (1997), sempre que há ensino, “há alguém que

ensina”, algo a ser ensinado e alguém a quem se ensina. Embora pareça trivial,

argumenta o autor, essa é a especificidade e a concretude do trabalho do professor,

demonstrando o compromisso da educação escolar com as realizações históricas

que constituem os conteúdos, as disciplinas e os valores socialmente escolhidos que

se busca ensinar.

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A escola é uma instituição social onde se pressupõe a ocorrência do ensino

e aprendizagem de um tipo específico de conhecimento.

Diferentemente do senso comum, o “saber escolar” é mais complexo e menos evidente, incluindo um conjunto de atividades específicas dirigidas a uma série de conhecimentos que se caracterizam como imprescindíveis para o crescimento pessoal e social, ou seja, sem a escola não poderiam ser assimilados. (SAVIANI, 2008, p. 141).

A educação das séries iniciais, ao longo da história, apresentou concepções

divergentes quanto à sua finalidade social.

Portanto, o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado

que realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros

indivíduos da sua espécie.

Diante do exposto, constatou-se que as análises realizadas no trabalho

verificaram a presença de propostas pedagógicas de qualidade, demonstrando a

possibilidade de professores com grande potencial de trabalho, desde que

auxiliados.

Verificou-se projetos pedagógicos que possuem intencionalidade educativa e

não somente assistencial, demonstrando preocupação em auxiliar a inserção da

criança em um meio social diferente da família, ampliando seu contato com outras

crianças e adultos, além de garantir o acesso aos objetos do conhecimento que

transcendem os interesses momentâneos e as tradições específicas de grupos

sociais particulares.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que a dificuldade de aprendizagem quase sempre se apresenta

associada a outros comprometimentos. Estudos têm revelado que comumente as

crianças com dificuldades escolares manifestam paralelamente prejuízos de ordem

emocional e comportamental. A partir desse pressuposto, pode-se destacar também

que a criança além de apresentar uma dificuldade na área de aprendizagem também

pode ocasionar níveis elevados de stress, prejudicando ainda mais o seu

desempenho escolar.

Alfabetizar letrando é um desafio permanente implica refletir sobre as

praticas e as concepções por nós adotadas ao iniciarmos nossas crianças e

adolescentes no mundo da escrita, analisamos e recriamos nossas metodologias de

ensino, a fim de garantir mais cedo e da forma mais eficaz possível duplo direito de

não apenas ler e registrar autonomamente palavras numa escrita alfabética, mas de

poder ler e compreender e produzir os textos que compartilhamos socialmente como

cidadãos.

Portanto, baseado nas informações históricas e nas informações

contemporâneas, chegamos não a uma conclusão, mas a um sinal que indica que o

provável caminho para amenizar o problema ensino aprendizagem das series

iniciais, está na alfabetização, ou seja, todos os professores das séries inicias

deveriam alfabetizar seus alunos letrando, pois esses dois processos são

indissociáveis.

O profissional que trabalha com a alfabetização nas séries iniciais deve estar

sempre bem atualizado sobre os acontecimentos da escola e da sociedade como

um todo, faz-se necessário que o professor participe das reuniões pedagógicas,

selecionando os conteúdos e participando ativamente da construção do Projeto

Político Pedagógico da escola, trazendo todo o seu conhecimento para somar e

acrescentar junto com os demais profissionais.

Diante do exposto, as análises realizadas nesse trabalho consideram-se que

os resultados pôde-se verificar a presença de propostas pedagógicas de qualidade,

demonstrando o interesse dos professores em desenvolver um bom trabalho.

Percebe-se que a forma de alfabetizar letrando utilizada pela professora tem boa

aceitação pelos alunos, uma vez que todos se envolvem nas atividades

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desenvolvidas. Após observações percebe-se que a sala de aula é heterogênea,

cada um tem uma forma de aprender e todos os alunos estão interessados em

desenvolver as atividades propostas pela professora.

Nessa perspectiva o professor alfabetizador será o principal motivador da

criança em sua primeira fase de aprendizagem, por isso deve estar sempre atento

às mudanças, à formação continuada e tenha segurança e competência para

escolher corretamente a maneira como deve ensinar seus alunos a ler e

compreender as leituras para que o processo de aprendizagem aconteça de forma

natural, sem frustrações, uma vez que a aprendizagem da leitura e a da escritura

compreende, necessariamente, a alfabetização.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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