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1 Integração do e-Learning nas Unidades curriculares de Biopatologia/Anatomia Patológica Geral I e II da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Fonseca E 1 , David L 1 , Martins I 2 , Sobrinho Simões M 1 1 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 2 Gabinete de Apoio às Novas Tecnologias da Educação na Universidade do Porto Identificação da Unidade curricular Nome: Biopatologia/Anatomia Patológica Geral I e II Faculdade: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Ano/semestre: 1º e 2º Semestres, 3º ano do Mestrado Integrado de Medicina Plataforma: Moodle U. Porto Nº Estudantes: 284 (Biopatologia I) e 278 (Biopatologia II) 1 Contextualização 1.1 Descrição das unidades curriculares As unidades curriculares de Biopatologia I e II resultaram da “semestralização” da Disciplina anual de Biopatologia ao abrigo das modificações decorrentes do processo de Bolonha. No ano de 2005/2006 foram pela primeira vez disponibilizados conteúdos on-line, então na plataforma WebCT Vista, tendo no ano de 2008/2009 migrado para a plataforma Moodle U. Porto. Desde então temos vindo a aperfeiçoar e ampliar a disponibilização de conteúdos, bem como a introduzir progressivamente novos instrumentos de auto-avaliação e avaliação distribuída, como veremos adiante. O objectivo último das duas unidades curriculares é o de conseguir que os estudantes aprendam a linguagem da Patologia humana. Na Biopatologia I / Anatomia Patológica Geral I pretendemos que os estudantes aprendam a linguagem e os conceitos que ela exprime, que aprendam a utilizar esses conhecimentos na interpretação de dados e na resolução de problemas. Pretendemos, ainda, que consigam aperfeiçoar as suas capacidades de observação e descrição a diferentes níveis (macroscópico, microscópico, histoquímico, etc.) tornando-se capazes de raciocinar em termos biopatológicos. Na Biopatologia II / Anatomia Patológica Geral II pretendemos que os estudantes fiquem capazes de utilizar o estudo das lesões (morfológicas, imunológicas, bioquímicas, etc.) como instrumento para a compreensão da etiopatogenia, diagnóstico, selecção terapêutica e prognóstico das doenças centradas em órgãos e sistemas. Os métodos de ensino são muito semelhantes nas duas unidades curriculares (com 243 horas e 230 horas, correspondentes a 79 horas e 75 horas de ensino presencial, respectivamente: 1 hora/semana – Aulas Teóricas; 2 horas/semana – Seminários; 2 horas/semana – Aulas Práticas e 3 a 4 horas – Aulas de necrópsia). As Aulas Teóricas têm 1 hora de duração máxima: exposição inicial de 40 a 45 minutos seguida por uma discussão de cerca de 10 a 15 minutos. As Aulas Práticas semanais têm 2h de duração e destinam-se à observação do material seleccionado previamente (peças cirúrgicas, lâminas histológicas de rotina, lâminas histológicas com colorações especiais e de imunocitoquímica, fotografias de patologia ultrastrutural e/ou documentos de patologia molecular), disponibilizado antecipadamente na página de e-Learning da Disciplina, e à discussão dos resultados dessa observação. Excepcionalmente há aulas práticas de outro tipo: a) Visita aos Laboratórios da Faculdade de Medicina, Hospital de S. João e IPATIMUP; b) Observação e discussão de autópsias. Os Seminários semanais têm 2h 30min de duração máxima. Cada Seminário é disponibilizado antecipadamente na página de e-Learning da Disciplina, com material de apoio (apresentação de casos/problemas com suporte de imagens e questões). As Autópsias virtuais consistem na observação e discussão de 2 a 4 casos com documentos macroscópicos e histológicos disponibilizados na página de e-Learning, uma vez que há muito poucas autópsias anátomo- patológicas no Hospital de S. João. A Página de e-Learning contém informação básica incluindo Programa,

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Integração do e-Learning nas Unidades curriculares de Biopatologia/Anatomia Patológica Geral I e II da Faculdade de Medicina

da Universidade do Porto

Fonseca E 1, David L 1, Martins I 2, Sobrinho Simões M 1

1 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

2 Gabinete de Apoio às Novas Tecnologias da Educação na Universidade do Porto Identificação da Unidade curricular Nome: Biopatologia/Anatomia Patológica Geral I e II Faculdade: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Ano/semestre: 1º e 2º Semestres, 3º ano do Mestrado Integrado de Medicina Plataforma: Moodle U. Porto Nº Estudantes: 284 (Biopatologia I) e 278 (Biopatologia II) 1 Contextualização 1.1 Descrição das unidades curriculares As unidades curriculares de Biopatologia I e II resultaram da “semestralização” da Disciplina anual de Biopatologia ao abrigo das modificações decorrentes do processo de Bolonha. No ano de 2005/2006 foram pela primeira vez disponibilizados conteúdos on-line, então na plataforma WebCT Vista, tendo no ano de 2008/2009 migrado para a plataforma Moodle U. Porto. Desde então temos vindo a aperfeiçoar e ampliar a disponibilização de conteúdos, bem como a introduzir progressivamente novos instrumentos de auto-avaliação e avaliação distribuída, como veremos adiante. O objectivo último das duas unidades curriculares é o de conseguir que os estudantes aprendam a linguagem da Patologia humana. Na Biopatologia I / Anatomia Patológica Geral I pretendemos que os estudantes aprendam a linguagem e os conceitos que ela exprime, que aprendam a utilizar esses conhecimentos na interpretação de dados e na resolução de problemas. Pretendemos, ainda, que consigam aperfeiçoar as suas capacidades de observação e descrição a diferentes níveis (macroscópico, microscópico, histoquímico, etc.) tornando-se capazes de raciocinar em termos biopatológicos. Na Biopatologia II / Anatomia Patológica Geral II pretendemos que os estudantes fiquem capazes de utilizar o estudo das lesões (morfológicas, imunológicas, bioquímicas, etc.) como instrumento para a compreensão da etiopatogenia, diagnóstico, selecção terapêutica e prognóstico das doenças centradas em órgãos e sistemas. Os métodos de ensino são muito semelhantes nas duas unidades curriculares (com 243 horas e 230 horas, correspondentes a 79 horas e 75 horas de ensino presencial, respectivamente: 1 hora/semana – Aulas Teóricas; 2 horas/semana – Seminários; 2 horas/semana – Aulas Práticas e 3 a 4 horas – Aulas de necrópsia). As Aulas Teóricas têm 1 hora de duração máxima: exposição inicial de 40 a 45 minutos seguida por uma discussão de cerca de 10 a 15 minutos. As Aulas Práticas semanais têm 2h de duração e destinam-se à observação do material seleccionado previamente (peças cirúrgicas, lâminas histológicas de rotina, lâminas histológicas com colorações especiais e de imunocitoquímica, fotografias de patologia ultrastrutural e/ou documentos de patologia molecular), disponibilizado antecipadamente na página de e-Learning da Disciplina, e à discussão dos resultados dessa observação. Excepcionalmente há aulas práticas de outro tipo: a) Visita aos Laboratórios da Faculdade de Medicina, Hospital de S. João e IPATIMUP; b) Observação e discussão de autópsias. Os Seminários semanais têm 2h 30min de duração máxima. Cada Seminário é disponibilizado antecipadamente na página de e-Learning da Disciplina, com material de apoio (apresentação de casos/problemas com suporte de imagens e questões). As Autópsias virtuais consistem na observação e discussão de 2 a 4 casos com documentos macroscópicos e histológicos disponibilizados na página de e-Learning, uma vez que há muito poucas autópsias anátomo-patológicas no Hospital de S. João. A Página de e-Learning contém informação básica incluindo Programa,

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Calendário, Métodos de avaliação, Teste-modelo e material de suporte a conteúdos insuficientemente discutidos nos livros de texto recomendados. Disponibiliza ainda um Glossário com ligações para diagramas e figuras, textos introdutórios às Aulas Práticas com imagens ilustrando as lesões fundamentais que irão observar na aula, “Quizzes” quinzenais para auto-avaliação e avaliação distribuída, material com documentos e questões para prepararem os Seminários semanais, e ligações a outros “sites” relevantes com material de Anatomia Patológica. A avaliação em ambas as unidades curriculares é composta por Exame Prático (4,5 valores), Exame Teórico (13,5 valores), Avaliação do desempenho das turmas nos Seminários e Aulas Práticas (1 valor) e Resposta individual aos “Quizzes” quinzenais (1 valor). O valor de resposta aos “quizzes” é atribuído aos estudantes que responderem correctamente a 80% das questões. Os estudantes que tiverem mais de 16 valores terão de fazer exame oral se pretenderem manter (ou subir) a classificação. Os Exames Práticos, com 33 perguntas, são feitos sobre documentos — diapositivos representando lesões macroscópicas, histológicas ou outras, mostradas nas Aulas Práticas e Seminários ou muito semelhantes às reproduzidas nos Livros de Texto - e são exclusivamente compostos por Questões do tipo Escolha Múltipla (escolher 1 de 5 hipóteses). As respostas erradas dão lugar a desconto. Os Exames Teóricos são constituídos por 100 questões do tipo Escolha “uncued” - Glossário (diversos exemplos serão apresentados e discutidos com os estudantes utilizando o “Banco-de-Dados” do Serviço que inclui os índices de discriminação e dificuldade das questões). Na resposta às perguntas de tipo “uncued” os estudantes terão de utilizar o Glossário, que contém as “palavras” fundamentais à aprendizagem da Anatomia Patológica, distribuído no princípio de cada semestre. As respostas erradas no Exame Teórico dão igualmente lugar a desconto. A descrição do plano do curso antes da introdução da plataforma e as adaptações que foram realizadas após a sua introdução estão descritas nos capítulos seguintes e na plataforma SIGARRA, com o seguinte endereço - http://sigarra.up.pt/fmup/disciplinas_geral.FormView?P_CAD_CODIGO=317&P_ANO_LECTIVO=2004/2005&P_PERIODO=A . 1.2 Plano de estudos e descrição dos módulos colocados on-line As unidades curriculares de Biopatologia I e II ocorrem no 1º e 2º semestres, respectivamente, do 3º ano do Mestrado Integrado em Medicina da FMUP. Desde 2009/2010 que todos os módulos das 2 unidades curriculares, com excepção das aulas teóricas, foram colocados on-line. A Figura 1 mostra uma imagem da página inicial da unidade curricular de Biopatologia I / Anatomia Patológica Geral I. Para além do material das Aulas Práticas, com textos e imagens de apoio que permitem aos alunos preparar as aulas “de microscópio”, introduzimos a disponibilização antecipada dos textos e imagens que são discutidos nos Seminários, bem como questões orientadoras da discussão presencial e centrais para a componente de avaliação que lhe está associada. As aulas de Autópsia, também recentemente colocadas on-line, disponibilizam casos concretos de autópsia que os alunos vêem antes da discussão com os docentes. Este instrumento veio colmatar uma grave lacuna na formação dos alunos em face do número reduzidíssimo de autópsias clínicas de adultos que se realizam no Hospital de S. João (à semelhança do que acontece em todo o país). A decisão de não colocar on-line material respeitante às Aulas Teóricas, nomeadamente os slides utilizados nas aulas, pretende, por um lado, não tornar rígida esta modalidade de ensino, permitindo que o docente a todo o momento incorpore nas aulas elementos novos, intelectualmente estimulantes mas muitas vezes temporalmente datados que não se pretende que venham a ser incorporados em “sebentas anotadas”, e também manter a ideia de que há momentos “únicos” de aprendizagem, irrepetíveis e não redutíveis a documentos de estudo.

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Figura 1: Página inicial da unidade curricular de Biopatologia I / Anatomia Patológica Geral I 1.3 Estratégias de ensino adoptadas antes de disponibilizar componente on-line O curso, antes de disponibilizar componente on-line na plataforma de e-Learning (2005/2006), estava organizado em três tipos de aulas: Aulas Teóricas (2 aulas por semana), Seminários (1 Seminário por semana), Aulas Práticas (2 aulas por semana), e constava ainda do acompanhamento e resolução de uma Autópsia médica (1 autópsia por ano). Como se pode ver, comparando com o esquema actual, reduzimos, com o recurso ao e-Learning e sem prejuízo para a formação dos alunos, 1 Aula Teórica (1h semana) e 1 Aula Prática/semana (passamos de 2 aulas com 1h30min para uma aula de 2h – o que representa uma redução de 1h/semana) de ensino presencial. As Aulas Teóricas não foram modificadas na sua filosofia tendo apenas, a nosso ver com vantagem, ficado restritas aos assuntos que consideramos fundamental discutir numa perspectiva muito actualizada, em áreas de contínuo desenvolvimento investigacional. A redução de duas para uma Aula Prática/semana foi determinada em larga medida pela introdução do e-Learning, que permitiu que a 1ª aula, em que os alunos observavam os documentos sozinhos mas em sala de aula, fosse substituída pelo estudo dos documentos disponibilizados on-line. Os Seminários ganharam uma dinâmica completamente diferente – passaram a ter uma componente de preparação com textos, documentos e questões orientadoras disponibilizadas on-line, em vez da exposição seguida de questões em sala de aula. Neste momento, cada Seminário (“repetido” quatro vezes em cada semana, pois cada aula é dada apenas a ¼ do curso) é, no momento presencial, apenas de discussão do material que os alunos já viram on-line. Em cada semana 4 turmas são questionadas e a avaliação, em conjunto com a avaliação das aulas práticas, é contida em 1 valor da avaliação final (ver avaliação acima). As autópsias disponibilizadas on-line foram uma tábua-de-salvação para a falta de autópsias médicas. De facto, a autópsia médica é de extrema utilidade para a compreensão da doença e da causa de morte em casos individuais e é fundamental que haja estímulo para que os futuros médicos sejam capazes de convencer as famílias da sua

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utilidade, contribuindo para contrariar o decréscimo de pedidos de autópsia que se tem intensificado em todo o mundo nos últimos anos por razões que não cabe aqui discutir. Finalmente, a introdução dos “Quizzes” quinzenais, para além de permitir aos alunos fazerem a sua auto-avaliação, contribuiu também para a avaliação distribuída (máximo 1 valor, nas condições indicadas acima), sendo o outro elemento desta a avaliação dos Seminários ponderada pela avaliação nas Aulas Práticas (máximo igualmente 1 valor). Para além dos aspectos anotados acima cabe referir que, com o aumento do número de alunos (actualmente cerca de 50 alunos mais do que tínhamos antes da introdução da plataforma), a situação seria insustentável sem a redução de tempo presencial que o recurso à plataforma permitiu introduzir. 1.4 Dados estatísticos de anos anteriores relativos às unidades curriculares Convém, antes de apresentar as estatísticas após a introdução da plataforma de e-Learning em 2005-2006, mencionar que o curso de Biopatologia era anual e se dirigia quer aos alunos de Medicina quer aos alunos de Medicina Dentária. No ano anterior à introdução do e-Learning (ano lectivo de 2004-2005), bem como vinha acontecendo em anos anteriores, a satisfação geral dos alunos em relação à unidade curricular era muito elevada – 61% dos alunos seleccionaram os índices 4 ou 5 (em escala de 1 a 5) (Figura 2A). Também era muito satisfatório, no mesmo ano lectivo, o índice de aprovações na época normal (86,2% tomando em conjunto os cursos de Medicina e Medicina Dentária). Nesse ano, foi de 51,2% a percentagem de alunos com classificações iguais ou superiores a 14 valores (também tomando em conjunto os cursos de Medicina e Medicina Dentária) (Figura 2B).

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No ano de 2005-2006, ano em que foi introduzida pela primeira vez a disponibilização de conteúdos on-line na plataforma WebCT Vista, a unidade curricular continuou a ser anual e ainda englobava os alunos de Medicina e Medicina Dentária. A satisfação geral dos alunos subiu relativamente ao ano anterior – 81% dos alunos seleccionaram os índices 4 ou 5 (em escala de 1 a 5) (Figura 3A). Reduziu-se ligeiramente o índice de aprovações na época normal (78,0% tomando em conjunto os cursos de Medicina e Medicina Dentária). Foi também inferior ao ano anterior, de 39,0%, a percentagem de alunos com classificações iguais ou superiores a 14 valores (também tomando em conjunto os cursos de Medicina e Medicina Dentária) (Figura 3B). Isto é, a satisfação aumentou mas não melhoraram os resultados.

10% 2

1%

338%

440%

521%

Figura 2 – Em A observa-se a distribuição dos índices de satisfação global (na escala de 1 a 5) dos alunos, no ano lectivo de 2004-2005, para um total de 176 alunos que responderam ao

inquérito. Em B apresenta-se a distribuição das classificações finais da unidade curricular em Julho de 2005

A

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2021

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4

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6 6

9

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0

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Faltas <9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Medicina

Medicina Dentária

B

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2 Motivação 2.1 Motivação para disponibilizar componente on-line A motivação da equipa docente para introduzir este tipo de metodologia complementar de ensino teve como base o sucesso com que ela tem sido testada em muitos cursos. No caso particular da Biopatologia, em que o recurso à observação de imagens é fundamental para ancorar o conhecimento, a possibilidade de disponibilizar on-line imagens que de outra forma dificilmente seriam visualizadas pelos alunos, pareceu-nos particularmente tentadora e capaz de cativar a atenção destes. Não foi alheia à nossa motivação a existência de uma equipa competente e disponível na Universidade do Porto que nos permitiu, desde o início, construir um conjunto muito interessante de conteúdos a disponibilizar na plataforma. Desde as fases iniciais, a construção de um banco-de-imagens e a sua ligação a um Glossário fizeram-nos compreender a versatilidade da plataforma. A disponibilização dos Seminários com questões para discussão nas sessões presenciais também desde o início nos atraiu pela capacidade de aumentar a interacção com os alunos. A introdução dos “Quizzes” quinzenais permitiu-nos monitorizar a participação e dificuldades dos alunos e introduzir a avaliação distribuída. 2.2 Expectativas iniciais A expectativa que tínhamos era a de acompanhar a tendência crescente, facilitada pelo acesso às TIC, para aproximar os alunos da equipa docente e do conhecimento da patologia humana, facultando material de qualidade, com os “timings” apropriados, criando desde o início, e de forma progressiva, formas interactivas, estimulantes do trabalho individual ou em grupo, em detrimento do peso excessivo dos métodos de ensino “magistral” ou “tutorial”. A introdução de Autópsias “virtuais” como forma de ultrapassar a limitação enorme que tínhamos (e temos) com as autópsias “reais” foi um dos aspectos mais tentadores na adesão ao e-Learning. Pretendíamos, e conseguimos, com os “Quizzes” quinzenais, que os alunos tivessem um instrumento de auto-avaliação que seria muito difícil de implementar no regime “convencional”.

318%

10%

21%

514%

467%

A B

Figura 3 – Em A observa-se a distribuição dos índices de satisfação global (na escala de 1 a 5) dos alunos, no ano lectivo de 2005-2006, para um total de 72 alunos que responderam ao inquérito. Em B apresenta-se a distribuição das classificações finais da unidade curricular em Julho de 2006

2

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Faltas <9 10 11 12 13 14 15 16 17

Medicina

Medicina Dentária

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3 Objectivos 3.1 Identificação dos objectivos Os objectivos foram: 1) expandir a introdução de instrumentos de e-Learning, adaptando elementos de ensino já existentes, de forma a que os alunos pudessem ter meios de aprendizagem mais eficazes (exemplos: Aulas Práticas, Seminários e Autópsias); 2) criar e enriquecer instrumentos de auto-avaliação (“Quizzes”); 3) criar um Glossário com 2 objectivos: permitir a aprendizagem da nomenclatura anátomo-patológica e criar a possibilidade, de no futuro, realizar exames de tipo “uncued” em computador. 3.2 Monitorização dos objectivos A monitorização foi efectuada através da consulta regular aos instrumentos de visualização/contabilização que a plataforma permite e através de inquéritos pedagógicos. O acompanhamento das respostas aos “Quizzes” permite acompanhar as dificuldades que vão tendo nos diferentes temas das aulas, e o estímulo de 1 valor na nota final é suficiente para garantirmos a participação maciça dos alunos. Em conjunto com os “Quizzes”, a introdução da valorização da aprendizagem sujeita a avaliação dos Seminários permitiu introduzir 2 valores de avaliação distribuída ao longo de cada uma das unidades curriculares. 3.3 Alterações aos objectivos iniciais A introdução da avaliação distribuída foi um objectivo que só se colocou depois de testado o modelo actual dos seminários e após um ano de teste dos “Quizzes” que, na fase inicial, foram utilizados apenas para auto-avaliação. 4 Modelo/Estratégia 4.1 Descrição do modelo/estratégia utilizado O modelo/estratégia que optámos por utilizar consistiu por um lado em optimizar o material de que já dispúnhamos e que adaptámos para disponibilização on-line, e por outro lado em aproveitar a plataforma para criar novas possibilidades de aprendizagem de iniciativa pessoal, auto-avaliação e, mais recentemente, avaliação distribuída. No primeiro caso destacamos a disponibilização das aulas práticas, no início de cada semestre lectivo, com o texto-de-apoio que já existia enriquecido com imagens dos documentos que os alunos vêem ao microscópio. Os textos foram convertidos no programa Frontpage em documentos HTML com hiperligação a imagens adquiridas ao microscópio, processadas no Photoshop e convertidas em JPG. Na Figura 4 documenta-se um exemplo de um texto fornecido para a Aula Prática de “Diabetes e amiloidose” com as imagens que disponibilizamos aos alunos na plataforma. A Figura 5 diz respeito ao Glossário e mostra um exemplo de aspectos macroscópicos e de uma imagem histológica de adenoma(s), que os alunos encontram na lista de palavras associadas a “Neoplasias/lesões neoplasiformes/lesões precursoras/lesões pré-malignas”. Construíram-se, ainda, testes de avaliação distribuída quinzenal (os “Quizzes”) com 6 perguntas de escolha múltipla, de que se mostra um exemplo na Figura 6. Na Figura 7 mostra-se um exemplo de um dos casos clínicos colocados on-line para discussão nos Seminários, e na Figura 8 de uma das autópsias disponibilizadas.

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AULA PRÁTICA - DIABETES E AMILOIDOSE

Caso clínico-patológico (exame necrópsico): Mulher de 32 anos com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) diagnosticada na adolescência. Dados semiológicos mais relevantes: alterações da sensibilidade dos membros inferiores, que levaram a múltiplas lesões traumáticas; perturbações do trânsito intestinal, com diarreias abundantes; insuficiência renal crónica necessitando de hemodiálise. Tinha, ainda, insuficiência cardíaca congestiva que se agravou antes da morte. Faleceu com um quadro de insuficiência cardíaca e desequilíbrio hidro-electrolítico. Nos documentos que se seguem pode observar depósitos de substância amilóide, que na coloração de H&E apresenta um aspecto eosinófilo, amorfo. Doc 4 (Histologia) - Nervo sural. Presença de substância amiloide nas baínhas nervosas. Doc 5 (Histologia) - Rim. Presença de substância amiloide nos glomérulos e no interstício peri-tubular. Note, ainda, o espessamento da parede de alguns vasos devido ao depósito de amiloide.

Os depósitos de amiloide estão presentes em glomérulos, vasos e no interstício

Os depósitos de amiloide estão presentes em glomérulos, vasos e no interstício

Figura 4 – Texto e imagens disponíveis em hiperligação, que são disponibilizados aos alunos para preparação das Aulas Práticas semanais

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Figura 5 – No Glossário existem vários capítulos com as palavras que considerámos mais importantes e ligações a imagens, macroscópicas e histológicas

“Quizzes quinzenais”

Adenoma e carcinoma do colon Pergunta 1. Aspecto macroscópico de extensa lesão do recto de um homem de 55 anos. Qual o diagnóstico mais provável?

• Hiperplasia da mucosa rectal • Hipertrofia das pregas da mucosa

rectal • Úlcera rectal • Rectite crónica • Adenoma viloso

• DOENÇAS/SINDROMES

• NEOPLASIAS/LESÕES NEOPLASIFORMES/LESÕES PRECURSORAS/LESÕES PRÉ-MALIGNAS

• MÉTODOS/PROCEDIMENTOS

• GENES/PRODUTOS DE GENES/BLOQUEADORES DE GENES/MARCADORES CELULARES E EXTRACELULARES

• MECANISMOS/LESÕES/MEDIADORES DOS PROCESSOS DEGENERATIVOS, INFLAMATÓRIOS E NEOPLÁSICOS

• MICROORGANISMOS/OUTROS AGENTES AGRESSORES

• ORGANELOS/CÉLULAS/TECIDOS/ORGÃOS/LOCALIZAÇÕES - ANATOMIA NORMAL

• DOENÇAS/SINDROMES

• NEOPLASIAS/LESÕES NEOPLASIFORMES/LESÕES PRECURSORAS/LESÕES PRÉ-MALIGNAS

• MÉTODOS/PROCEDIMENTOS

• GENES/PRODUTOS DE GENES/BLOQUEADORES DE GENES/MARCADORES CELULARES E EXTRACELULARES

• MECANISMOS/LESÕES/MEDIADORES DOS PROCESSOS DEGENERATIVOS, INFLAMATÓRIOS E NEOPLÁSICOS

• MICROORGANISMOS/OUTROS AGENTES AGRESSORES

• ORGANELOS/CÉLULAS/TECIDOS/ORGÃOS/LOCALIZAÇÕES - ANATOMIA NORMAL

GLOSSÁRIO

• Adenoma• Adenoma folicular• Adenoma pleomórfico•………

Suprarrenal

Tireóide

Colon

Figura 6 – Os “Quizzes” quinzenais de auto-avaliação têm 6 perguntas de escolha múltipla do tipo que se exemplifica

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SEMINÁRIO – Etiopatogenia e expressões lesionais das neoplasias (1)

CASO 7Indivíduo do género masculino, de 57 anos, com queixas de astenia e emagrecimento acentuado, deestabelecimento recente, e sinais de icterícia. Os estudos imagiológicos revelaram lesão heterogénea nacabeça do pâncreas e dilatação da árvore biliar.O doente foi submetido a duodeno-pancreatectomia cefálica

Fig.18

Na Fig. 18 identifique as estruturas anatómicas e descreva a lesão assinalada. Que diagnóstico propõe?

Na Fig. 19 descreva o que observa e identifique os sinais que permitem fazer o diagnóstico.

Fig. 19

- Qual é a anomalia molecular presente na quase totalidade das neoplasias do tipo da documentada? Quais são as suas consequências biológicas?

- Qual é a designação genérica de genes envolvidos na tranformação neoplásica de forma semelhante à anomalia molecular particularmente comum no tipo de neoplasia documentada?

Mutações activantes do K-Ras

Figura 7 – Texto e imagens disponíveis em hiperligação, que são disponibilizados aos alunos para preparação dos Seminários

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Informação clínica: Doente do género masculino, de 42 anos de idade, sem antecedentes conhecidos, que deuentrada no Serviço de Urgência do Hospital de S. João com um quadro de insuficiência cardíacaO ecocardiograma efectuado na admissão permitiu demonstrar uma cardiomegalia acentuada, envolvendo ambosos compartimentos cardíacos, e a presença dum trombo intra-ventricular esquerdo. Durante o internamento fezmúltiplos episódios embólicosFaleceu poucos dias após o internamento com quadro neurológico de enfarte cerebral

Problemas a esclarecer pelo exame necrópsico:- Extensão do enfarte cerebral- Etiologia da cardiopatia

Autópsia virtual 1

- Como se designa(m) a(s) lesão(sões)?

- Em que grande(s) grupo(s) lesional(ais)a(s) inclui?

- Consegue ter uma ideia do tempo deevolução do(s ) processo(s)?

- Qual(ais) a(s) etiologia(s) mais provável(eis) da cardiopatia?

- Qual a causa mais provável da lesão hemorrágica cerebral? E da lesão renal?

Relatório da autópsia

● Qual a doença fundamental que conduziu à morte do doente?● Qual o acidente terminal que precipitou a morte do doente?● O que incluiria como “outros achados”?

Figura 8 – Texto e imagens disponíveis em hiperligação, que são disponibilizados aos alunos para preparação das autópsias 4.2 Estratégias de integração da componente on-line com a componente off-line O elevado rácio alunos/docentes tem dificultado muito a comunicação e as perspectivas para o futuro próximo não fazem antever melhorias neste panorama. A plataforma permitiu (e não vemos alternativa melhor do que esta no contexto actual do nosso ensino) criar uma rede de comunicação bilateral com possibilidade fácil de os alunos endereçarem dúvidas e questões aos docentes e, no sentido inverso, de os docentes responderem às questões que lhes são colocadas, bem como de fornecerem material adicional quando tal se manifesta necessário. A colocação de Anúncios/Notícias é também um instrumento muito interessante – por exemplo torna-se possível e fácil publicitar a todos os alunos quem foi o vencedor do prémio Nobel da Medicina, facto que tantas vezes lhes é totalmente alheio! A utilização de um instrumento tão simples como o Calendário, acoplado aos Anúncios quando necessário, permite garantir a todo o curso a informação sobre o programa diário de actividades. A utilização de imagens, quer nas Aulas Práticas, quer nos Seminários, quer nos “Quizzes”, quer no Glossário, quer ainda em documentos adicionais de suporte e nos “websites” de referência, permite, de uma forma espantosa, expandir o repertório de documentos visuais tão críticos para a aprendizagem da patologia humana. Finalmente, a realização de “Quizzes” para auto-avaliação e avaliação distribuída é um excelente regulador sistemático da aprendizagem, para além de nos permitir incutir o gosto por este tipo de sistema, disponível hoje em dia em muitas revistas e “websites” médicos.

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4.3 Pontos fortes e pontos fracos do modelo escolhido Os inquéritos das unidades curriculares têm permitido identificar os pontos fortes e fracos do recurso à plataforma, sendo que a apreciação global é muito positiva. Como pontos fortes destaca-se a quantidade e qualidade do material que foi possível disponibilizar aos alunos, ancorado nas Aulas Práticas, nos Seminários, no Glossário, e nos próprios testes de auto-avaliação (“Quizzes”), permitindo melhorar a preparação dos alunos para as Aulas práticas e Seminários, bem como para a avaliação final. Destaca-se ainda a avaliação distribuída introduzida com a preparação prévia dos Seminários e com os “Quizzes” quinzenais. A colocação das autópsias on-line foi também um instrumento crucial para colmatar a falta de autópsias no Hospital de S. João, tendo sido muito bem recebida pelos alunos. Finalmente, a plataforma permite-nos comunicar com o curso – desde avisos e alterações pontuais no plano das aulas, a comunicação dos resultados da avaliação dos exames finais. O ponto fraco que identificamos neste momento é a relativa “pobreza” do Glossário, que tem ainda muitas palavras sem hiperligação, o que desmotiva os alunos para a sua utilização. 5 Organização e Implementação 5.1 Como é que o projecto foi organizado? O projecto foi organizado em torno do curso já existente após discussão com o Gabinete de Apoio às Novas Tecnologias na Educação da U.Porto, nomeadamente com a Drª Isabel Martins, das possibilidades de implementar a inclusão na nossa “frame” de uma quantidade apreciável de documentos com imagens. De novo, e de acordo com o descrito no ponto 4.1, foram criados o Glossário, os Seminários, as Autópsias e os “Quizzes” quinzenais. Foi ainda disponibilizada aos alunos a ligação a páginas de Anatomia Patológica com numerosas imagens adicionais de lesões de patologia humana. A página dispõe de pastas de “Informações gerais” (Objectivos e estrutura do curso, Programa, Elementos de estudo, Sistema de avaliação e lista e contactos da Equipa docente), “Glossário” (listas de nomes ancorados a grandes categorias de lesões com imagens, esquemas, etc.), “Seminários”, “Aulas práticas”, “Quizzes” (testes de auto-avaliação e de avaliação distribuída), “Autópsias”, “Links úteis” (páginas web para visualização de material adicional) e “Documentos diversos” (documentos em formato pdf. do Programa da unidade curricular, de um Teste-modelo, do Glossário, dos Sumários das aulas e outros eventualmente necessários). As pastas das Aulas práticas, Seminários e Autópsias contêm textos com hiperligação aos documentos a visualizar ao microscópio nas Aulas Práticas e a discutir nos Seminários presenciais, ou nas discussões das autópsias. A ferramenta do Calendário permite a planificação do curso desde o início até ao final, com ligações para os diferentes recursos (Figura 9).

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Figura 9 – Aspecto do Calendário, com planificação das diferentes aulas 5.2 Quem é que participou? A concepção organizativa do curso contou com a participação major do regente (Prof. Manuel Sobrinho Simões). A organização e incorporação na plataforma do material já existente ou do material de suporte a ele ligado, bem como da construção dos “Quizzes” e das autópsias, contou com a participação major das docentes encarregadas de implementar o processo (Professoras Elsa Fonseca e Leonor David) e com a colaboração de todos os outros docentes. A elaboração do Glossário contou com a participação de todos, que contribuíram com as imagens e esquemas que entenderam mais apropriados para ajudar a compreender o significado das palavras. Toda a aprendizagem para a construção da página da disciplina e para a preparação dos documentos foi apoiada pela Drª Isabel Martins do Gabinete de Apoio às Novas Tecnologias na Educação da U. Porto. 5.3 Que recursos foram utilizados? Para além dos recursos centrais da Universidade do Porto foram utilizados os seguintes recursos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto: microscópio para captação de imagens microscópicas, programas de computador para preparar os documentos (Photoshop, Frontpage, Powerpoint) e, obviamente, os computadores da Faculdade. As ferramentas mais utilizadas pelos alunos foram o Calendário, as Aulas Práticas, os Seminários e Autópsias, e os “Quizzes” quinzenais.

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5.4 Descrição da utilização das plataformas Os alunos usaram regularmente, e muito satisfatoriamente a julgar pelos números de visitas e tempos de utilização, diversos instrumentos da plataforma (ver alguns dados numéricos no capítulo 6). Salienta-se o Calendário, as Aulas Práticas, os Seminários, os “Quizzes” quinzenais e o Glossário. Estes instrumentos, mostraram-se muito úteis para a redução horária de ensino presencial, para o processo de aprendizagem dos alunos, para a integração do trabalho on-line com o trabalho em regime presencial, e para a introdução da auto-avaliação e avaliação distribuída. 6 Resultados 6.1 Resultados e dados estatísticos de utilização da plataforma Cinco dos 284 alunos de Biopatologia I (1,8%) e 4 dos 278 alunos de Biopatologia II (1,4%) nunca entraram no curso de e-Learning no ano lectivo de 2009/2010. Estes alunos correspondem a um grupo reduzido, mas que muito nos preocupa, de alunos que também não aparece na avaliação final e de que temos vindo a dar conta ao Conselho Pedagógico da Faculdade. Parece-nos que devia ser alvo de um acompanhamento particular e devidamente monitorizado. Tivemos 32.613 visitas em Biopatologia I e 24.035 em Biopatologia II durante o ano lectivo de 2009/2010. Na Figura 10 vê-se que, quer na Biopatologia I quer na Biopatologia II, a percentagem de utilização dos recursos é muito semelhante. A percentagem maior de utilização dos “Quizzes” na Biopatologia II (32%) do que na Biopatologia I (23%) deve-se ao facto de haver mais um “Quizz” no 2º semestre. Depois dos “Quizzes”, os recursos mais utilizados em ambas as unidades curriculares são os Seminários e as Aulas práticas. A baixa visualização do recurso das Autópsias on-line deve-se a haver ainda um número limitado de casos disponibilizados.

Figura 10 – Percentagem de utilização dos recursos em Biopatologia I e II

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6.2 Resultados dos inquéritos pedagógicos Na Figura 11 podem ver-se os resultados dos inquéritos pedagógicos, que utilizaram uma escala de satisfação global dos alunos de 1 a 4 (anteriormente a escala era de 1 a 5). Comparando com as figuras 2 e 3, respeitantes a 2005 e 2006, podemos ver que a satisfação dos alunos é muito elevada.

Figura 11 – Resultados do inquérito pedagógico das duas unidades curriculares

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6.3 Análise de Resultados Os resultados superaram largamente as nossas expectativas, quer na frequência com que a plataforma foi utilizada quer nos resultados obtidos nos testes de auto-avaliação e de avaliação distribuída, quer nos inquéritos pedagógicos. Preocupou-nos a existência de alguns alunos (5 e 4, respectivamente em Biopatologia I e II) “excluídos” durante todo o ano da plataforma e disso mesmo, com indicação dos nomes desses alunos, demos conta ao Conselho Pedagógico. Constatámos, de qualquer forma, a capacidade que o sistema nos dá de monitorizar e acompanhar a adesão dos alunos ao curso neste formato, bem como da eficácia com que reduzimos o número de horas de ensino presencial. A percentagem de aprovações foi de 93% em Biopatologia I e de 95% em Biopatologia II (Figura 12) e a percentagem de alunos com classificações iguais ou superiores a 14 valores foi de 48% em Biopatologia I e de 61% em Biopatologia II.

Figura 12: Classificações obtidas nas unidades curriculares de Biopatologia I e de Biopatologia II

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7 Conclusão 7.1 Descrição dos produtos desenvolvidos durante o projecto Durante o projecto desenvolvemos um Glossário que nos parece um instrumento muito interessante de aprendizagem, sobretudo se for possível utilizá-lo no futuro para que os alunos respondam on-line a exames finais de perguntas de tipo “uncued”, em que as respostas se encontrem sempre no Glossário. A título de exemplo e para a pergunta “Quais os dois genes inactivados pelas proteínas E6 e E7 do HPV?”, a resposta seria “p53 e Retinoblastoma”, que fazem parte da secção “Genes/produtos de genes” do Glossário. Criámos também um conjunto de textos bem documentado com imagens para as Aulas Práticas. Implementámos a disponibilização on-line dos Seminários com todos os documentos de imagem associados e as perguntas em que se centra a discussão presencial. Disponibilizámos um conjunto de autópsias que permite colmatar o reduzido número de autópsias de adulto do Hospital de S. João. 7.2 Conclusão e análise crítica do projecto Entendemos que o enorme esforço e quantidade de tempo dispendidos com a implementação do componente on-line foram totalmente recompensados. Os alunos aderiram, os resultados foram excelentes e aprendemos a construir os materiais necessários para utilizar este tipo de ensino. Desde logo, pudemos diminuir o número de Aulas Práticas e de horas de Seminário e fazer uma aproximação aos imperativos de redução da carga horária resultantes da entrada em vigor do Processo de Bolonha. 7.3 Trabalho futuro Há “trabalho futuro” que já está em curso! Para além de ampliarmos o conjunto de materiais disponibilizados, sobretudo o “banco-de-imagens”, pretendemos, se possível ainda este ano, começar a preparar a realização de exames finais on-line utilizando instrumentos da plataforma (imagens e Glossário). Pretendemos, ainda, criar uma base-de-dados de imagens de microscopia virtual para, em última instância e seguindo a tendência, feliz ou infelizmente universal, substituir o “microscópio físico” nas aulas práticas. Gostaríamos muito de, em cooperação com a Universidade de Eduardo Mondlane, em Moçambique, criar um módulo de educação contínua em regime de e-Learning.