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UNIVERSIDADE DC) PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SATISFAÇÃO NO TRABALHO EM
CENTROS DE FITNESS
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Dissertação com vista à obtenção do grau de
mestre em Ciências do Desporto, na área de
especialização em Gestão Desportiva, ao
abrigo do decreto-lei n.° 216/92 de 13 de
Outubro
SOB A ORIENTAÇÃO DA PROF. DOUTORA ANA MARIA MARTINS
Augusto Barros Rodrigues
Porto, Outubro de 2004
FICHA DE CATALOGAÇÃO
Rodrigues, A.; (2004). Inteligência Emocional e Satisfação no Trabalho em centros de fitness: Um estudo exploratório. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física - Universidade do Porto.
Palavras-Chave: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL - SATISFAÇÃO NO TRABALHO - GESTÃO - LIDERANÇA - FITNESS.
11
AGRADECIMENTOS
Para que este trabalho resultasse num produto final, beneficiou da
conjugação de esforços de várias pessoas. Não posso deixar de agradecer o
apoio e a ajuda de algumas dessas pessoas.
À Professora Doutora Ana Martins, pela colaboração e orientação
prestada durante todo este percurso, sem a qual não teria chegado a este
ponto.
Ao Professor Doutor Pedro Sarmento, um exemplo vivo de Inteligência
Emocional, como Coordenador do Mestrado, como Professor e como
Treinador.
À Professora Doutora Ivete Azevedo e à Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento da Inteligência Emocional, da qual é Presidente e Fundadora.
Aos Professores Doutores Chi-Sum Wong e Kenneth S. Law por todo o
seu material disponibilizado e por todo o seu incentivo e motivação.
À Mestre Fátima Brandão pelas suas preciosas dicas na parte da
estatística.
A todos os meus Colegas e Professores durante o Mestrado.
À minha companheira Eva Sarmento por todo o seu incondicional apoio.
Aos Ginásios, Monitores e Recepcionistas intervenientes neste estudo.
E por último, mas não menos importante, agradeço às pessoas que mais
admiro e respeito neste mundo, os meus Pais.
m
INDICE
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE ANEXOS
RESUMO
ABSTRACT
RESUME
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO
2. A INTERLIGAÇÃO ENTRE O CÉREBRO E AS EMOÇÕES
2.1. O CONCEITO DE CÉREBRO
2.2. O CONCEITO DE EMOÇÕES
2.2.1. Teorias Sobre o Papel das Estruturas Cerebrais na
Formação das Emoções
2.2.2. As estruturas Cerebrais na Formação das Emoções
2.3. MECANISMOS DA EMOÇÃO
2.4. A RELAÇÃO ENTRE AS EMOÇÕES E O TRABALHO
3. A RAIZ DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
3.1. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
3.1.1. A Inteligência Emocional segundo Salovey e Sluyter
3.1.2. A Inteligência Emocional segundo Bar-On
3.1.3. A Inteligência Emocional segundo Goleman
3.1.4. A Inteligência Emocional segundo Cooper
3.1.5. A Inteligência Emocional segundo Wong e Law
3.1.6. A Inteligência Emocional Segundo George
3.2. LIDERANÇA EMOCIONALMENTE INTELIGENTE
4. A SATISFAÇÃO NO TRABALHO
4.1. A RAIZ DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
4.2. TEORIAS E MODELOS RELACIONADOS COM O CONCEITO
DA SATISFAÇÃO
4.2.1. Teoria de Maslow e a Hierarquia das Necessidades
4.2.2. Teoria de Alderfer
4.2.3. Teoria de Murray
4.2.4. Teoria de McClelland
4.2.5 Teoria de McGregor
4.2.6. Teoria de Herzberg
4.2.7. Modelo das Características da Função
4.2.8. Teoria da Equidade
4.2.9. Teoria da Definição de Objectivos
4.2.10. Modelo da Discrepância
4.2.11. Teoria do Processamento Social da Informação
4.2.12. Teoria das Expectativas
4.3. MODELOS EXPLICATIVOS DA SATISFAÇÃO
4.3.1. Modelos centrados no Indivíduo /Individuais
4.3.2. Modelos centrados nas Situações /Situacionais
4.3.3. Modelo centrado na Interacção/Interacção "social
4.4. CAUSAS DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
4.5. CONSEQUÊNCIAS DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
4.5.1. Satisfação e Desempenho / Produtividade {Perform
4.5.2. Satisfação e Comportamentos de Ausência
4.5.3. Satisfação e Rotatividade (Turnover)
4.6. CONSEQUÊNCIAS EXTERNAS DA SATISFAÇÃO
5. OBJECTIVOS E HIPÓTESES
5.1. OBJECTIVOS
5.1.2. Objectivo Geral
5.1.2. Objectivos Específicos
5.2. HIPÓTESES
6 . M A T E R I A L E M É T O D O S
6.1. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 90
6.1.1. Caracterização da Amostra atendendo ao Género ... 90
6.1.2. Caracterização da Amostra atendendo à Idade ... 91
6.1.3. Caracterização da Amostra atendendo às Habilitações
Literárias ... 91
6.1.4. Caracterização da Amostra atendendo à Categoria
Profissional ... 92
6.1.5. Caracterização da Amostra atendendo à Dimensão
dos Ginásios ... 93
6.1.6. Caracterização da Amostra atendendo ao Estado Civil ... 93
6.1.7. Caracterização da Amostra atendendo à Antiguidade ... 94
6.2. IDENTIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS, MÉTODOS E INSTRUMENTOS
UTILIZADOS ... 94
6.3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS EMPREGUES ... 97
7. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
7.1. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ... 100
8. CONCLUSÕES
8.1. CONCLUSÕES ...126
9. LIMITAÇÕES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
9.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ... 130
10. BIBLIOGRAFIA
10.1. BIBLIOGRAFIA ...134
11. ANEXOS
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1. Componentes da inteligência emocional segundo Salovey
e Sluyter ... 30
FIGURA 2. As competências segundo Cooper ... 44
FIGURA 3. A hierarquia das necessidades e os meios de satisfação no trabalho ...56
FIGURA 4. Modelo de Alderfer ... 57
FIGURA 5. Relações entre incentivos naturais, emoções e motivos ... 61
FIGURA 6. Modelo das Características da função de Hackman e Oldham ... 64
FIGURA 7. A tradução matemática da teoria de equidade ... 66
FIGURA 8. O modelo da discrepância aplicado ao salário ... 68
FIGURA 9. Relação do esforço com a satisfação ... 73
FIGURA 10. Ciclo de elevado desempenho ... 78
FIGURA 11. Modelo da motivação para a presença ... 79
FIGURA 12. Processo de tomada de decisão de abandono ou
permanência ... 81
FIGURA 13. A roda da qualidade ... 82
FIGURA 14. Distribuição da amostra segundo a variável género ... 90
FIGURA 15. Distribuição da amostra segundo a variável idade ... 91
FIGURA 16. Distribuição da amostra segundo as Habilitações Literárias ... 92
FIGURA 17. Distribuição da amostra segundo a variável Categoria
Profissional ... 92
FIGURA 18. Distribuição da amostra segundo a variável Dimensão ... 93
FIGURA 19. Distribuição da amostra segundo a variável Antiguidade ... 94
viu
ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1. As competências de Goleman ... 36
QUADRO 2. As quatro bases de George para a Inteligência Emocional ... 46
QUADRO 3. Elementos essenciais da eficácia de liderança e
competências emocionais dos líderes necessárias para
o seu alcance ... 48
QUADRO 4. Caracterização sumária dos motivos de Sucesso/Realização,
Afiliação e Poder ... 59
QUADRO 5. As causas da satisfação ... 74
QUADRO 6. Estatísticas descritivas para os liderados ... 100
QUADRO 7. Estatísticas descritivas para os líderes ... 100
QUADRO 8. Comparação entre os valores obtidos da auto avaliação com
o valor médio da hetero avaliação da inteligência emocional ... 102
QUADRO 9. Coeficiente de correlação linear de Pearson, em termos
globais e por componentes, entre inteligência emocional
e nível de satisfação no trabalho ... 103
QUADRO 10. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo o género ... 104
QUADRO 11. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo a dimensão dos ginásios ... 105
IX
QUADRO 12. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo a antiguidade ... 105
QUADRO 13. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo a categoria profissional ... 106
QUADRO 14. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo o estado civil ... 106
QUADRO 15. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo as habilitações literárias ... 107
QUADRO 16. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo a idade ... 107
QUADRO 17. Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet
e st segundo o critério geográfico ... 108
QUADRO 18. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para Antiguidade inferior a um ano ... 109
QUADRO 19. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para Antiguidade entre 1 e 3 anos ... 110
QUADRO 20. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para Antiguidade superior a 3 anos ... 111
QUADRO 21. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para categoria profissional -
Recepcionista ... 112
QUADRO 22. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
X
e por componentes para categoria profissional - Monitor ... 113
QUADRO 23. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para ginásios de pequena dimensão ... 114
QUADRO 24. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para ginásios de média dimensão ... 115
QUADRO 25. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para ginásios de grande dimensão ... 116
QUADRO 26. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por componentes para indivíduos com habilitações literárias até ao 12° ano ... 117
QUADRO 27. Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais
e por componentes para indivíduos licenciados ... 118
XI
ÍNDICE DE ANEXOS
Coeficiente de correlação entre satisfação no trabalho e o índice de inteligência emocional (auto) em termos globais e por componentes
... ii
Output das regressões estimadas pelo método dos mínimos quadrados com introdução de variáveis dummies associadas aos critérios
... iii
xn
RESUMO
O presente trabalho surge com o intuito de dar uma pequena contribuição à
gestão dos recursos humanos no sector de prestações de serviços,
nomeadamente nas empresas que prestam serviços de fitness. Para tal focaliza-se
no estudo de duas variáveis: a inteligência emocional (variável independente) e a
satisfação no trabalho (variável dependente). A amostra é constituída por ginásios
da região do Grande Porto e da Madeira, sendo formada por um total de 129
indivíduos (17 líderes e 112 liderados).
Os 17 líderes preencheram dois questionários, um elaborado por Pat Smith
em 1969 e que foi validado por Jesuíno, J. C, et. ai. (1983), que avalia a
satisfação no trabalho, e um segundo questionário elaborado por Wong & Law
(2002) tendo sido validado por Peixoto (2003), que avalia a inteligência emocional.
Os liderados ainda preencheram um questionário com o objectivo de avaliar a
inteligência emocional do líder (hetero avaliação), questionário esse com a mesma
essência que o preenchido para a auto avaliação da inteligência emocional.
Esta dissertação pretende ser um estudo exploratório com o objectivo de
estudar estas duas variáveis e a sua correlação, assim como averiguar se critérios
como a idade, género, estado civil, dimensão dos ginásios, antiguidade na
organização, habilitações literárias e categoria profissional, são determinantes
nessa possível relação e na explicação da variável dependente: satisfação no
trabalho.
Os resultados obtidos permitem afirmar que existe uma correlação positiva
entre a inteligência emocional e a satisfação no trabalho. Apesar de todos os
critérios referidos apresentarem valores positivos para essa correlação, verifica-se
a existência de diferenças significativas entre eles, bem como para as
subcategorias analisadas para cada uma das variáveis em estudo. Dos critérios
seleccionados, concluí-se pela relevância do critério habilitações literárias na
explicação do índice satisfação no trabalho e da relação estabelecida entre índice
de inteligência emocional e satisfação no trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL - SATISFAÇÃO NO
TRABALHO - GESTÃO - LIDERANÇA -FITNESS.
X l l l
ABSTRACT
The present work arises with the aim of giving a small contribution to the
management of human resources in the area of services rendered, namely in
companies that provide fitness services. Therefore it focuses in the study of two
variables: emotional intelligence (independent variable) and satisfaction at work
(dependent variable). The sample is composed of gyms of the Porto Region and
Madeira, in a total a 129 individuals (17 leaders and 112 led ones).
The 17 leaders filled in two questionnaires, one made by Pat Smith in 1969
that was validated by Jesuino, J. C, et. al. (1983), which assesses satisfaction at
work, and a second one made by Wong & Law (2002) that was validated by
Peixoto (2003), which assesses emotional intelligence. The led ones also filled in a
questionnaire to assess the emotional intelligence of the leader (hetero-
assessment), which had the same essence as the one filled for the self-
assessment of emotional intelligence.
This essay intends to be an exploratory study with the aim of studying these
two variables and their correlation, as well as determine if criteria like age, gender,
marital status, gym dimension, antiquity in the organization, qualifications and
professional class are determinant in this possible relation and in the explanation of
the dependent variable: satisfaction at work.
The obtained results make it possible to assert that there is a positive
correlation between emotional intelligence and satisfaction at work. Even though all
the referred criteria show positive values to that correlation, we may see that there
are significant differences among them, as well as to the subcategories analyzed
for each of the variables in study. From the selected criteria we may conclude that
the criterion of qualifications is the most relevant both in the explanation of the rate
of satisfaction at work and of the relation established between the emotional
intelligence and satisfaction at work rates.
KEY WORDS: EMOTIONAL INTELLIGENCE - SATISFACTION AT WORK -
MANAGEMENT - LEADERSHIP - FITNESS
xiv
RESUME
Le suivant travaille advient d'une volonté à donner une concise contribution aux
lieu de la gestion des ressources humaines dans le secteur de la prestation de
services, notamment dans le sujet des entreprises qui prestent services de
l'entraînement de la condition physique (fitness). Pour tel objectif on concentre
l'attention dans l'étude de deux variables : l'intelligence émotionnelle (une variable
indépendant) et la satisfaction dans le travaille (une variable dépendant). L'échantillon
statistique est composé pour divers gymnases dans la région du Porto et à l'île de
Madère, étant constitué pour un ensemble de 129 personnes (17 guides et 112
personnes guidées).
Les 17 guides ont rempli deux questionnaires, le premier avait été élaboré pour
Pat Smith dans l'an 1969, et validé pour Jesuino, J.C., et al. (1983), ce questionnaire ci
avalise la satisfaction dans le travaille, et un seconde questionnaire, élaboré pour
Wong&Law (2002), validé pour Peixoto (2003), que avalise l'intelligence émotionnelle.
Ceux qui furent guidés ont aussi rempli un questionnaire qu'envisagea l'évaluation de
l'intelligence émotionnelle de leurs guides (hétéro évaluation), un questionnaire qui
garde la même essence de ce qui fut rempli pour apprécier l'autoévaluation
émotionnelle.
Cette dissertation veut être un étude exploratoire avec l'objectif d'étudier ces
deux variables et la corrélation entre elles, aussi bien que vérifier si critères comme
l'âge, de genre, l'état civil, la dimension des gymnases, l'antiquité dans l'organisation,
la formation académique, la catégorie professionnelle, sont déterminants dans ce
hypothétique rapport et peuvent contribuer à l'explication de la variable dépendant, la
satisfaction dans le travaille.
Les résultats obtenus permettrent dire qu'il y a une corrélation positive entre
l'intelligence émotionnelle et la satisfaction dans le travaille. Nonobstant de la
présentation des valeurs positives dans touts déjà mentionnés critères pour cette
corrélation, on vérifie l'existence de considérable différences entre eux et aussi dans
les sous-catégories analysées pour chacune des variables en étude. Après l'étude des
critères choisis, on peut conclure par l'importance du critère de la formation
académique afin d'expliquer le taux de satisfaction dans le travaille et le rapport établi
entre le taux d'intelligence émotionnelle et la satisfaction dans le travaille.
MOTS-CLÉS: INTELLIGENCE ÉMOTIONELLE - SATISFACTION DANS LE
TRAVAILLE - GESTION - DIRECTION - FITNESS
xv
LISTA DE ABREVIATURAS
QE - Quociente de Inteligência Emocional
ERC - Existência, Relação e Crescimento
JDS - Job Diagnostic Survey
IE - Inteligência Emocional
ST - Satisfação no Trabalho
leauto - auto avaliação da Inteligência Emocional
lehet- hetero avaliação da Inteligência Emocional
Org - organização
Rem - remuneração
Coligniv - colegas ao mesmo nível
Trabsimm - trabalho em si mesmo
DP - desvio-padrão
CV - Coeficiente de Variação
Mon - Monitor
Recep - Recepcionista
Lie - Licenciados
XVI
1.1. INTRODUÇÃO
Cada vez mais nos dias de hoje, e tendo em conta a situação económica
actual, a gestão revela-se como um instrumento fundamental para as empresas
essencialmente no que diz respeito à gestão das pessoas envolvidas nessa
actividade empresarial. Quando se fala de ginásios ou Health Clubs ainda se
torna mais importante ter em atenção a forma como se administram essas
pessoas, pois nesse caso existe um contacto directo com o cliente, o que
reforça os cuidados a ter nessa gestão de sentimentos, emoções, ansiedades,
motivações e aspirações (Wong e Law, 2004).
Goleman (1995) diz-nos que o segredo do sucesso dessa gestão está
na inteligência emocional e autores como Wong e Law, Cooper, Bar-on,
Damásio, Chiavenato, Bilhim, Salovey, entre outros, de certa maneira
concordam, com esta afirmação. Daqui poderá surgir a questão de saber em
que medida é que a inteligência emocional poderá ser uma vantagem
comercial.
Existem vários trabalhos direccionados para os clientes e a para a sua
satisfação. Porém, não será de excluir a importância a prestar relativamente à
avaliação do grau de satisfação dos funcionários da empresa, pois a sua
satisfação será determinante para a obtenção de maiores níveis de
produtividade (Cooper, 1997; Wong e Law, 2004). Neste sentido, poder-se-á
questionar em que medida essa satisfação poderá ser alterada de modo a
aumentar o desempenho e a produtividade.
Este trabalho surge no seguimento destas questões, tentando
estabelecer uma relação entre a inteligência emocional e a satisfação no
trabalho. De acordo com Wong e Law (2002), as variáveis em que a
inteligência emocional pode intervir para além da satisfação no trabalho são: o
desempenho e a adesão à organização. No que diz respeito ao desempenho, e
de acordo com a bibliografia existente, esta correlação talvez não seja directa,
2
mas sim numa triangulação com a satisfação no trabalho ou o
comprometimento com a organização, ou seja, um maior índice de inteligência
emocional poderá influenciar o índice de satisfação no trabalho resultando num
aumento de produtividade e desempenho assim como uma maior adesão à
organização.
Da revisão da literatura verifica-se que as críticas apontadas às
conclusões retiradas por estes autores estão relacionadas com o facto de estes
se basearem em pressupostos teóricos. Nos últimos anos tem havido um
esforço por parte dos investigadores em comprovar empiricamente estes
pressupostos (Goleman et. ai, 2002 ; Wong e Law 2003,2004 : Barling, Slater &
Kelloway, 2000; Peixoto, 2003).
O presente trabalho pretende ser um estudo exploratório no sentido de
averiguar a correlação existente entre a inteligência emocional e a satisfação
no trabalho, tema já estudado por Wong e Law (2004) que concluíram pela
existência de uma correlação positiva. Este tema será enquadrado no universo
desportivo, mais especificamente, nas empresas que prestam serviços de
fitness. Trata-se de um sector de evidente crescimento no território nacional
começando a ser explorado por multinacionais, embora no momento actual
estas ainda são uma excepção.
Além desta componente empírica, este trabalho procura analisar
isoladamente os mais actuais conhecimentos relacionados com as variáveis
em causa: inteligência emocional e satisfação no trabalho.
Assim, inicia-se este estudo com uma breve descrição das bases
anatómicas e fisiológicas das emoções, procurando estabelecer uma
interligação entre estas e a sua relação com o trabalho. Numa segunda etapa
procede-se à revisão da literatura existente, referenciando as ideias dos
principais autores relacionados com as variáveis: inteligência emocional e
satisfação no trabalho. Após todo o trabalho de revisão de literatura, e tendo
3
por base uma amostra constituída por um conjunto de centros de fitness do
Grande Porto e Madeira, pretende-se, numa etapa seguinte, detectar a
possibilidade de existência de uma eventual correlação entre as variáveis já
referidas, averiguando, adicionalmente, se critérios como a idade, o género, o
estado civil, a dimensão dos ginásios, a antiguidade na organização, as
habilitações literárias e a categoria profissional, são determinantes nessa
possível relação e na explicação do índice de satisfação no trabalho.
Face aos resultados obtidos, o trabalho termina com um apanhado das principais conclusões sobre o tema, tentando relacioná-las com as conclusões existentes nos estudos referenciados.
4
2. A INTERLIGAÇÃO ENTRE O CÉREBRO E AS EMOÇÕES
Este capítulo surge para fazer uma breve introdução a tudo o que diz
respeito às emoções e à forma como elas se processam dentro do nosso
próprio organismo. Desde sempre foi considerado um assunto "tabu", mas cada
vez mais tem vindo a ser desmistificado e exposto como é o caso do Professor
António Damásio.
Inicia-se com uma breve descrição anatómica do cérebro, passando
pelas funções específicas de determinadas áreas mais relacionadas com as
emoções, onde se tenta estabelecer uma relação entre estas duas
componentes e ir mais ao pormenor com os aspectos relativos às emoções. Só
assim se entende que pode iniciar-se a análise de um dos temas centrais deste
trabalho - a inteligência emocional.
2.1. O CONCEITO DE CÉREBRO
A inclusão deste conceito apresenta-se importante para uma clara
percepção de como este sistema se processa no interior da pessoa, que
alterações se verificam no nosso organismo e onde se realizam. Pretende-se
apenas dar uma pequena abordagem, sendo que, para um conhecimento mais
profundo, recomendamos literatura mais específica sobre este assunto.
Segundo o Atlas de Anatomia Humana (1993) o cérebro é modificado e
alargado na porção anterior do sistema nervoso central, sendo circundado por
três membranas protectoras (meninges) e ajustado dentro da cavidade
craniana; este é composto por neurónios (ou células nervosas) e células gliais.
As células nervosas comandam a motricidade, a sensibilidade e a consciência;
já as células gliais sustentam e mantêm vivos os neurónios.
Através de uma proeminente ranhura longitudinal, o cérebro é dividido
em duas metades denominadas hemisférios. Na base desta fissura encontra-se
um espesso feixe de fibras nervosas, ao qual se dá o nome de corpo caloso,
6
fornecendo este um elo de ligação entre os hemisférios. O hemisfério esquerdo
controla a metade direita do corpo e o hemisfério direito controla a metade
esquerda, em razão de um cruzamento de fibras nervosas no bulbo. Ainda que
estes hemisférios pareçam ser uma imagem em espelho um do outro, existe
uma importante distinção entre os mesmos. Na maioria das pessoas, por
exemplo, as áreas que controlam a fala estão localizadas no hemisfério
esquerdo, enquanto que as áreas do hemisfério direito governam percepções
espaciais. Do topo do hemisfério, as regiões superiores das áreas motoras e
sensoriais controlam as partes inferiores do corpo.
O cérebro humano, se for cortado numa fatia, apresenta uma camada
externa designada por córtex cerebral, esta cobre inteiramente os dois
hemisférios. Já um corte em profundidade mostra que esta superfície tem uma
espessura que varia entre 1 a 4 mm. Esta é na sua maioria composta por
células nervosas (neurónios) que recebem impulsos dos pontos mais distantes
do corpo e os retransmitem ao destino mais adequado.
No entanto, o cérebro desempenha funções altamente diversificadas e,
por isso mesmo, as células que o constituem também são especializadas.
Tipos diferentes de neurónios são distribuídos através de diferentes camadas
no córtex, dispostos de forma a caracterizar as várias áreas dos hemisférios,
cada qual com a sua função. As camadas específicas (camada molecular;
granulada externa; piramidal externa; granular interna; piramidal interna e
camada fusiforme) são constituídas por agrupamentos de neurónios de vários
tipos. Uns dos aspectos típicos dos neurónios do córtex são as células
fusiformes, que são características da sexta camada. Estas células não estão
sozinhas no córtex; os prolongamentos celulares estabelecem conexões com
vários grupos de fibras que passam por toda a região. Estas chegam e partem
do córtex, trazendo ou levando impulsos nervosos. Outras fibras que estão
dispostas em paralelo à superfície cerebral são responsáveis por conectar
áreas do córtex.
7
Fibras de várias procedências, em cadeia, chegam ao córtex e
ramificam-se como os galhos de uma árvore (Damásio, 2003), estabelecendo
contacto com diferentes células corticais, por meio de diversas sinapses
(ligações entre neurónios). Assim, todos os impulsos nervosos que aí chegam,
são difundidos em fases sucessivas pelas várias camadas. De acordo com
Amaral e Oliveira (1998), o nosso córtex é dividido em lobos, sendo eles:
Lobo Frontal - localizado a partir do sulco central para a frente, é responsável
pela elaboração do pensamento, planeamento, programação de necessidades
individuais e emoção.
Lobo Parietal - localizado a partir do sulco central para trás é responsável
pela sensação de dor, tacto, gustação, temperatura, pressão. Estimulação de
certas regiões deste lobo em pacientes conscientes produzem sensações
gustativas. Também está relacionado com a lógica matemática.
Lobo Temporal - abaixo da fissura lateral é relacionado primariamente com o
sentido de audição, possibilitando o reconhecimento de tons específicos e
intensidade do som. Tumor ou acidente que afecte esta região provoca
deficiência de audição ou surdez. Esta área também exibe um papel no
processamento da memória e emoção.
Lobo Occipital - forma-se na linha imaginária do final do lobo temporal e
parietal e é responsável pelo processamento da informação visual. Danos
nesta área promovem cegueira total ou parcial.
Lobo Límbico - localizado ao redor da junção do hemisfério cerebral e tronco
encefálico está envolvido com aspectos do comportamento emocional e sexual
e com o processamento da memória.
Nas funções especializadas do córtex cerebral podem distinguir-se
diversas áreas, com limites e funções relativamente definidos. A diferença entre
elas reside na espessura e composição das camadas celulares e na
quantidade de fibras nervosas que chegam ou partem de cada uma.
8
Embora o sistema nervoso seja um todo único, determinadas áreas
cerebrais estão mais directamente ligadas a certas funções. Assim, podemos
distinguir a área motora principal, a área sensitiva principal, centros
encarregados da visão, audição, tacto, olfacto, gustação e assim por diante.
2.2. O CONCEITO DE EMOÇÕES
Torna-se curioso que, apenas nestas últimas décadas, se tenha dado
uma maior científica importância a esta temática tão interessante, pois, desde
sempre, este assunto esteve ligado, directa ou indirectamente, a todos os
acontecimentos das nossas vidas. Mesmo nos dias de hoje é comum ouvir-se
falar na separação entre a emoção e a razão, dando mais ênfase à razão,
sendo a emoção um perturbador do nosso raciocínio claro e objectivo. Assim
talvez este fosse um dos motivos para se dar uma maior relevância à razão,
tendo em conta que a emoção era demasiado subjectiva para ser assunto de
análise.
Os românticos colocavam a emoção no corpo e a razão no cérebro.
Facto é que, nos dias de hoje, a emoção voltou a assumir um lugar de
destaque em todos os campos, sendo agora um tema muito falado, discutido,
analisado e estudado.
Emoção é algo que está intrínseco em cada um de nós, algo que
sabemos e conhecemos, mas que está envolto numa misteriosa definição, pois
parece que apenas palavras não chegam para completar o seu significado. Se
procurarmos a sua definição no dicionário da língua portuguesa (1994:661),
encontraremos o seguinte: "acto de deslocar; comoção; alvoroço; motim;
desordem; estado psicorgânico de tonalidade afectiva intensa, breve,
caracterizado por brusca ruptura das funções mentais e fisiológicas".
Para Damásio (2001), todas as pessoas, sem excepção (de todos os
níveis económicos; de todos os graus de instrução), têm emoções e estão
9
atentas às emoções dos outros, cultivam passatempos que manipulam as suas
próprias emoções e governam as suas vidas, em grande parte, pela procura de
uma emoção, a felicidade, e pelo evitar das emoções desagradáveis.
Para enfatizar este ponto, consideramos importante incluir a distinção
que Damásio (2003) refere entre sentimento e emoção. Ora o primeiro deve ser
reservado para a experiência mental e privada de uma emoção; já o segundo
deve ser usado para designar o conjunto de respostas que constitui uma
emoção, muitas das quais são publicamente observáveis. Assim, as emoções
actuam no teatro do corpo e os sentimentos no teatro da mente. Indo ainda
mais longe, o autor refere que grande parte do atraso no estudo neurobiológico
dos sentimentos se deve à ideia de que os sentimentos ocorrem primeiro que
as emoções, o que está incorrecto. Primeiro surgem as emoções e depois os
sentimentos. Isto acontece, porque na evolução biológica as emoções foram
construídas partindo de reacções simples que promovem a sobrevida do
organismo e que foram adaptadas pela evolução.
Como Damásio (1999:69) refere, "travar a expressão de uma emoção é
tão difícil como evitar um espirro". Mas, perguntamos, o que são as emoções?
Para tentar responder, os exemplos que mais rapidamente nos ocorreriam são:
alegria, tristeza, medo, cólera, supressão ou aversão. Quando referimos estes
exemplos, estamos a reportar-nos às emoções primárias que tornariam as
coisas bem mais fáceis, mas a realidade é que existem inúmeros exemplos,
aos quais se atribui o rótulo da emoção, como é o caso das emoções ditas
sociais (vergonha, ciúme, culpa, entre outros) e as emoções de fundo (bem
estar, mal estar, calma, tensão). Avançando um pouco mais, este rótulo
também tem sido atribuído a impulsos, motivações e a estados de dor e prazer.
Segundo Damásio (2001), em todos os casos existe uma base biológica
comum a estes fenómenos, que é a seguinte:
1. Este autor refere que as emoções são conjuntos complicados de respostas
químicas e neurais que formam um padrão; todas as emoções desempenham
10
um papel regulador que conduz, de uma forma ou de outra, à criação de
circunstâncias vantajosas para o organismo que manifesta o fenómeno; as
emoções dizem respeito à vida de um organismo, mais precisamente ao seu
corpo; a finalidade das emoções é ajudar o organismo a manter a vida;
2. Não obstante o facto de a aprendizagem e a cultura alterarem a expressão
das emoções e se revestirem de novos significados, o mesmo autor refere que
as emoções são processos biologicamente determinados, dependentes de
dispositivos cerebrais estabelecidos de forma inata e sedimentados por uma
longa história revolucionária;
3. Os dispositivos que produzem emoções ocupam um conjunto restrito de
regiões cerebrais, iniciando-se ao nível do tronco cerebral e progredindo para
as partes superiores do cérebro; estes dispositivos fazem parte de um grupo de
estruturas que tanto regula como representam os estados corporais;
4. Todos estes dispositivos podem ser activados automaticamente, sem
deliberação consciente; a variação individual e o facto de a cultura ter um papel
na formação de alguns indutores não negam a estereotipia, o automatismo e o
objectivo regulador das emoções;
5. Todas as emoções usam o corpo como teatro (milieu interno e sistema
visceral, vestibular e músculo-esquelético), mas as emoções também afectam
o modo de operação de numerosos circuitos cerebrais; ou seja, as variadas
respostas emocionais são responsáveis por modificações profundas, tanto na
paisagem corporal, como na paisagem cerebral. O conjunto destas
modificações constitui o substrato para os padrões neurais que eventualmente
se tornam nos sentimentos de emoção.
Damásio (2001) refere que as emoções podem acontecer de duas
formas: por um lado, quando o organismo processa determinados objectos ou
situações através de um dos seus dispositivos sensoriais; e, por outro lado,
11
quando a mente de um organismo recorda certos objectos e situações e os
representa, enquanto imagens. À medida que se desenvolvem e interagem, os
organismos ganham experiência factual e emocional com diversos objectos e
situações do ambiente, tendo assim uma oportunidade de associar muitos e
diferentes objectos e situações, que poderiam ter permanecido
emocionalmente neutros (a este propósito, talvez seja curioso referir que,
segundo o autor, é assim que nascem as superstições).
Esta é uma das condições que nos torna únicos, especiais e diferentes
no seio da nossa espécie. Assim sendo, a carga emocional atribuída aos
objectos pode variar em maior ou menor escala, um certo grau de emoção
acompanha sempre o pensamento seja sobre nós ou sobre o que nos rodeia.
2.2.1. TEORIAS SOBRE O PAPEL DAS ESTRUTURAS CEREBRAIS NA FORMAÇÃO
DAS EMOÇÕES
Segundo a Revista electrónica de divulgação cientifica em neurociência
"Cérebro e Mente"\ uma das primeiras teorias sobre o papel das estruturas
cerebrais na formação das emoções surgiu no final do século XIX, tendo sido
proposta por James-Lange, que facilmente descrevia este processo, dizendo
que, logo após uma pessoa receber um forte estímulo, como, por exemplo, um
susto ou um choque, sofre alterações fisiológicas como palpitações, falta de ar,
angústia, entre outros, e só depois é que a emoção é reconhecida pelo
cérebro.
Mais tarde, em 1929, esta teoria sucumbe aos olhos de uma nova,
sendo esta proposta por Walter Cannon e um pouco modificada por Phillip
Bard, que iria receber o nome de teoria Cannon-Bard. Esta refere que,
imediatamente a seguir ao indivíduo receber o estímulo, o impulso nervoso
atinge inicialmente o tálamo e aí a mensagem divide-se, uma parte vai para o
córtex cerebral onde surgem experiências subjectivas como o medo, a raiva, a
tristeza, entre outras, e a outra dirige-se para o hipotálamo, o qual determina as
1 (http://www.epub.org.br/cm/home.htm)
12
alterações neurovegetativas periféricas. A principal falha desta teoria foi a de
considerar o tálamo como o centro das emoções.
Em 1937, surge uma nova teoria trazida pelo neuroanatomista James
Papez, que nos diz que a emoção não é uma função de centros cerebrais
específicos, mas sim de um circuito, envolvendo quatro estruturas ligadas por
feixes nervosos: o hipotálamo com os seus corpos mamilares; o núcleo anterior
do tálamo; o giro cingulado e o hipocampo. O circuito de Papez é responsável
pelo mecanismo de elaboração das funções centrais das emoções, bem como
das suas expressões periféricas, ou seja, os afectos e os sintomas.
Mais recentemente, Paul MacLean, aceitando, na sua essência, a
proposta de Papez, criou a denominação sistema límbico e acrescentou novas
estruturas ao sistema: os cortices órbitofrontal e médiofrontal (área pré-frontal),
o giro parahipocampal, e importantes agrupamentos subcorticais: amígdala,
núcleo mediano do tálamo, área septal, núcleos basais do prosencéfalo (região
mais anterior do cérebro) e formações do tronco cerebral. Atingido este ponto,
sentimos que chegou altura de especificar cada uma destas estruturas para
uma melhor compreensão de todo este processo.
2.2.2. AS ESTRUTURAS CEREBRAIS NA FORMAÇÃO DAS EMOÇÕES
É importante destacar que as estruturas envolvidas com a emoção se
interligam intensamente e que nenhuma delas é exclusivamente responsável
por este ou aquele tipo de estado emocional. No entanto, algumas contribuem
mais que outras para os diferentes tipos de emoções. Assim, de acordo com
Amaral e Oliveira (1998), tentar-se-á caracterizar as estruturas sobre as quais
se dispõe uma maior informação:
A Amígdala é uma pequena estrutura em forma de amêndoa, situada
dentro da região antero-inferior do lobo temporal, interconecta-se com o
hipocampo, os núcleos septais, a área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do
tálamo. Essas conexões garantem o seu importante desempenho na mediação
13
e controlo das actividades emocionais de ordem maior, como a amizade, o
amor e a afeição, nas exteriorizações do humor e principalmente nos estados
de medo, ira e na agressividade.
No caso dos animais, a amígdala é fundamental para a auto-
preservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e
ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para se
evadir ou lutar. A destruição experimental das amígdalas (são duas, uma para
cada um dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil,
sexualmente indiscriminado, afectivamente descaracterizado e indiferente às
situações de risco. O estímulo eléctrico dessas estruturas provoca crises de
violenta agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras
coisas, com que o indivíduo perca o sentido afectivo da percepção de uma
informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. O indivíduo
reconhece, mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.
O Hipocampo está particularmente envolvido com os fenómenos de
memória, em especial com a formação da chamada memória de longa duração
(aquela que persiste, às vezes, para sempre). Quando ambos os hipocampos
(direito e esquerdo) são destruídos, não é gravado mais nada na memória. O
indivíduo esquece, rapidamente, a mensagem recém recebida. Um hipocampo
intacto possibilita ao animal comparar as condições de uma ameaça actual com
experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor
opção a ser tomada para garantir sua preservação.
As lesões ou estimulações do núcleo dorso-medial e dos núcleos
anteriores do Tálamo estão correlacionadas com alterações da reactividade
emocional, no Homem e nos animais. No entanto, a importância desses
núcleos na regulação do comportamento emocional possivelmente decorre,
não de uma actividade própria, mas das conexões com outras estruturas do
sistema límbico. O núcleo dorso-medial conecta com as estruturas corticais da
área pré-frontal e com o hipotálamo. Os núcleos anteriores ligam-se aos corpos
14
mamilares no hipotálamo (e, através destes, via fornix, com o hipocampo) e ao
giro cingulado, fazendo, assim, parte do circuito de Papez.
O Hipotálamo é uma estrutura que tem amplas conexões com as
demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Lesões dos núcleos
hipotalámicos interferem com diversas funções vegetativas e com alguns dos
chamados comportamentos motivados, como a regulação térmica, a
sexualidade, a combatividade, a fome e a sede. Aceita-se que o hipotálamo
desempenha, ainda, um papel nas emoções.
Mais especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o
prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à
aversão, ao desprazer e à tendência para o riso (gargalhada) incontrolável. De
um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na génese do
que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.
Quando os sintomas físicos da emoção aparecem, a ameaça que produzem,
retorna, via hipotálamo, aos centros límbicos e, destes, aos núcleos pre
frontals, aumentando, por um mecanismo de "feedback" negativo, a ansiedade,
podendo até chegar a gerar um estado de pânico.
O Giro Cingulado está situado na face medial do cérebro, entre o sulco
cingulado e o corpo caloso (principal feixe nervoso ligando os dois hemisférios
cerebrais). Há ainda muito por conhecer a respeito deste giro, mas sabe-se que
a sua porção frontal coordena odores e visões com memórias agradáveis de
emoções anteriores. Esta região participa ainda da reação emocional à dor e
da regulação do comportamento agressivo. A ablação do giro cingulado
(cingulectomia) em animais selvagens, domestica-os totalmente. A simples
secção de um feixe desse giro (cingulotomia), interrompendo a comunicação
neural do circuito de Papez, reduz o nível de depressão e de ansiedade
preexistente.
O Tronco Cerebral é a região responsável pelas respostas reflexas, de
vertebrados inferiores, como os répteis e os anfíbios. As estruturas envolvidas
são a formação reticular e o locus cérulus, uma massa concentrada de
15
neurónios secretores de nor-epinefrina. É importante assinalar que, até mesmo
em humanos, essas primitivas estruturas continuam a participar, não só nos
mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência, mas também na
manutenção do ciclo vigília-sono. Outras estruturas do tronco cerebral, os
núcleos dos pares cranianos, estimuladas por impulsos provenientes do córtex
e do estriado (uma formação subcortical), respondem pelas alterações
fisionómicas dos estados afectivos: expressões de raiva, alegria, tristeza,
ternura, entre outras.
Na parte mesencefálica (superior) do tronco cerebral existe um grupo
compacto de neurónios secretores de doapmina, designadamente conhecida
como a Área Tegemental Ventral, cujos axônios vão terminar no núcleo
accumbens (via dopaminérgica mesolímbica). A descarga espontânea ou a
estimulação eléctrica dos neurónios desta última região produz sensações de
prazer, algumas delas similares ao orgasmo. Indivíduos que apresentam, por
defeito genético, redução no número de receptores das células neurais dessa
área, tornam-se incapazes de se sentirem recompensados pelas satisfações
comuns da vida e procuram alternativas "prazeirosas" atípicas e nocivas como,
por exemplo, alcoolismo, toxicodependência, compulsividade por alimentos
doces e pelo jogo desenfreado.
O Septo é o local situado anteriormente ao tálamo, onde estão
localizados os centros do orgasmo (quatro para a mulher e um para o homem).
Certamente por isto, esta região se relaciona com as sensações de prazer,
mormente aquelas associadas às experiências sexuais.
A Área Pré-Frontal compreende toda a região anterior não motora do
lobo frontal. Esta desenvolveu-se muito durante a evolução dos mamíferos,
sendo particularmente extensa no homem e em algumas espécies de golfinhos.
Não faz parte do circuito límbico tradicional, mas nas suas intensas conexões
bi-direcionais com o tálamo, amígdala e outras estruturas sub-corticais,
explicam o importante papel que desempenha na génese e, especialmente, na
16
expressão dos estados afectivos. Quando o córtex pré-frontal é lesado, o
indivíduo perde o senso de suas responsabilidades sociais, bem como a
capacidade de concentração e de abstracção. Em alguns casos, a pessoa,
conquanto mantendo intactas a consciência e algumas funções cognitivas,
como a linguagem, já não consegue resolver problemas, mesmo os mais
elementares. Quando se praticava a lobotomia pré-frontal, para tratamento de
certos distúrbios psiquiátricos, os pacientes entravam em estado de
"tamponamento afectivo", não evidenciando quaisquer sinais de alegria,
tristeza, esperança ou desesperança. Nas palavras ou atitudes não se
vislumbram quaisquer resquícios de afectividade.
2.3. MECANISMOS DA EMOÇÃO
De acordo com Damásio (2003) e com o exposto acima, as diversas
emoções são produzidas por diferentes sistemas cerebrais e da mesma forma
que conseguimos distinguir tipos de expressão facial, também conseguimos
distinguir na própria pele tristeza e felicidade.
Este autor refere que, em primeiro lugar, o cérebro induz as emoções a
partir de um número muito pequeno de regiões cerebrais. A maior parte
encontra-se situada sobre o córtex cerebral e é designado por subcortical. As
principais regiões subcorticais encontram-se no tronco cerebral, no hipotálamo
e no prosencefalo basal. Uma outra região subcortical muito importante é a
amígdala. As regiões do córtex cerebral ligadas à indução das emoções
incluem diversos sectores do córtex cingulado anterior e dos cortices pre
frontals ventromedianos.
Em segundo lugar, estas regiões estão ligadas ao processamento das
diferentes emoções em diversos graus, por exemplo, a tristeza provoca
aumentos de actividade nos cortices ventromedianos pré-frontais, no
hipotálamo e no tronco cerebral, enquanto a cólera ou o medo não activam
17
nem o córtex pré-frontal nem o hipotálamo. A activação de núcleos do tronco
cerebral é partilhada por estas três emoções, mas as activações do hipotálamo
e da região ventromediana pré-frontal são diferentes na tristeza e na felicidade.
Em terceiro lugar, algumas destas regiões também estão envolvidas no
reconhecimento de estímulos que significam determinadas emoções, por
exemplo, a amígdala, situada nas profundezas de cada um dos lobos
temporais é indispensável para o reconhecimento do medo nas expressões
faciais, para o condicionamento em relação ao medo e até para a expressão
deste medo, porém a amígdala pouco tem de ver com a tristeza ou com a
felicidade.
Segundo Damásio (2003), numa emoção típica, certas regiões do
cérebro que fazem parte do sistema neural das emoções enviam mensagens
para outras regiões do cérebro e para quase todas as regiões do corpo. Estas
mensagens são enviadas através de duas vias. A primeira via é de circulação
sanguínea, na qual as mensagens são enviadas através de moléculas que
actuam nos receptores das células que constituem os tecidos corporais. A
segunda via consiste em neurónios e as mensagens ao longo desta via usam
sinais electroquímicos que actuam sobre outros neurónios, sobre fibras
musculares ou sobre vísceras que podem, por sua vez, libertar substâncias
químicas na circulação sanguínea. O resultado destas mensagens
coordenadas, químicas e neurais, é uma modificação global do estado do
organismo.
Numa situação em que se encontra alguém conhecido, os sinais que se
seguem ao processamento da imagem do objecto activam todas as regiões
neurais que estão preparadas para responder à classe específica de indutor a
que o objecto pertence nomeadamente cortices ventromedianos pré-frontais,
amígdala e tronco cerebral foram pré-determinados de forma inata, mas a
experiência passada que tem tido com coisas relativas a essa pessoa vai
modelar a forma sob a qual é provável que estas respondam.
18
Quando estamos com outra pessoa, esta poderá emitir sinais que
alterem o nosso comportamento, a nossa estabilidade e até mesmo o nosso
sistema imunitário, fenómeno a que os neurobiologistas denominam como
regulação límbica interpessoal (Damásio, 1999) e a que Golemam chama de
sistema límbico de circuito aberto (Golemam et. ai., 2002a), aberto porque
recebe estímulos externos em contraste, por exemplo, com o sistema
circulatório que seria um circuito fechado. Um dos grandes princípios que
Damásio (1999, 2003) refere nestas relações é o da homeostasia (equilíbrio),
pois todos nós procuramos este equilíbrio conscientemente ou não. Na base
deste princípio encontramos respostas simples, como a aproximação ou o
afastamento, a excitação ou a quiescência, ou mesmo a competitividade e a
cooperatividade.
Mesmo em termos legais se evidencia a importância que as emoções
têm nos nossos actos, por exemplo, o art.71° do Código Penal (2002:69) refere
o seguinte: "na determinação concreta da pena atende-se nomeadamente (...)
aos sentimentos manifestados no cometimento do crime e aos fins ou motivos
que o determinaram".
Para concluir, Damásio (2003) propõe uma definição de emoção algo
diferente do já foi referido anteriormente e que foi transcrito do dicionário de
língua Portuguesa. Neste sentido, Damásio (2001:153) salienta que "a emoção
é a combinação de um processo avaliatório mental, simples ou complexo, com
respostas disposicionais a esse processo, na sua maioria dirigidas ao corpo
propriamente dito, resultando num estado emocional do corpo, mas também
dirigidas ao próprio cérebro, resultando em alterações mentais adicionais".
Todas estas informações são demasiado preciosas para serem
ignoradas, porque em qualquer local de trabalho interagimos uns com os
outros, podendo provocar alterações no comportamento ou no estado de
espírito. Assim o nosso domínio emocional, a percepção das emoções dos
outros e a maneira como lidamos com elas pode alterar o bem estar daqueles
19
que nos rodeiam, a sua alegria e a sua satisfação dentro do local de trabalho.
Ainda por outras palavras, a inteligência emocional, à partida, pode alterar a
satisfação no trabalho, que é o tema central do nosso estudo.
2.4. A RELAÇÃO ENTRE AS EMOÇÕES E O TRABALHO
Quando se fala em emoções, torna-se difícil isolar este conceito em
determinado ambiente, pois todos nós somos influenciados por tudo o que
acontece à nossa volta tornando, muitas vezes, o nosso comportamento
imprevisível. As emoções negativas contraídas no seio familiar podem interferir
no comportamento de um determinado indivíduo no local de trabalho, da
mesma forma que a alegria suscitada por uma promoção pode alterar o
comportamento deste mesmo indivíduo na sua relação familiar.
Segundo Cunha Pina et. ai. (2003) a satisfação de um dever laboral
cumprido pode induzir a altos níveis de desempenho, motivação e satisfação,
e, por sua vez, a fúria provocada por uma avaliação de desempenho injusta
pode levar a reacções agressivas para com os colegas de trabalho; até o medo
de um despedimento pode gerar ansiedade e stress induzindo dificuldades de
relacionamento com amigos e família.
A importância desta gestão emocional é tão grande que pode mesmo
provocar danos psicológicos e até mesmo levar ao suicídio (Cunha Pina et. ai.
2003). Durante muito tempo, sempre se ouviu dizer que sentimentos e
emoções não têm lugar dentro das organizações, que a gestão e a liderança
devia ser feita na presença exclusiva da razão. Este velho paradigma
enunciava que as únicas emoções que se podiam exprimir seriam as mais
facilmente controláveis (Duck, 1993). Este autor refere que o novo paradigma
de gerir e liderar pessoas é gerir essas emoções. A questão não é a de saber
se tem ou não tem emoções negativas, mas é sim saber como lidar com elas.
20
De acordo com Cunha Pina et. al. (2003) muitas variáveis centrais do
comportamento organizacional têm uma evidente componente emocional, tal é
o caso do absentismo, do conflito, da mudança, do abandono (de que se falará
com pormenor no ponto referente às consequências da satisfação); a ascensão
do tema inteligência emocional na gestão deve-se a este estatuto conferido aos
estados emocionais. Torna-se evidente esta importância nos sectores de
serviços (como é o caso deste estudo), seja enquanto relações de trabalho,
seja enquanto captação e manutenção de clientes (Fournier e Mick, 1999).
Vejam-se alguns exemplos dados por Pfeffer (1992, citado em Cunha
Pina, ibid. op. cit.). A People Express seleccionava os seus assistentes de
bordo e agentes de porta, baseando-se apenas na vivacidade e confiança dos
candidatos; A Delta Airlines pretendia que, no fim de um vôo longo ou sob más
condições climatéricas, os seus empregados fossem capazes de continuar a
sorrir; O Disney World faz a sua selecção de empregados baseados em estilos
pessoais positivos e confiantes e tenta ainda hoje fomentar neles a
amistosidade, a delicadeza e a aparência feliz; A Southland Corporation recorre
à estratégia de "compradores mistério" de modo a avaliar em situação real de
venda a simpatia, o sorriso e a empatia. Este autor constatou ainda que
empregados sorridentes recebem mais "gorjetas" que os menos sorridentes.
Embora seja bem evidente o antagonismo existente entre a razão e a emoção,
a conclusão a que chegamos é que uma não existe sem a outra, muito pelo
contrário, uma necessita da outra.
Segundo Cunha Pina (ibib.op.cit.) podemos analisar dois tipos de
modelos organizacionais, o racional e o emocional. O primeiro modelo apoia-se
em dois conceitos basilares: a cognição que reúne o conjunto de processos
internos que estão envolvidos na aquisição, transformação e recuperação de
informação. O segundo modelo incide sobre a racionalidade que diz respeito ao
procedimento para decidir o comportamento correcto através do
relacionamento sistemático entre objectivos e consequências.
21
O modelo emocional refere a importância das emoções, relacionamentos
informais, sentimentos de comunidade, empatia, energia criativa,
espontaneidade, intuição e visão apelativa do futuro da organização. A ideia
fundamental é que estes modelos operem entre si numa relação de entre
ajuda, mediante cada caso, ou seja, e citando Cunha Pina et. ai. (ibid:80) "... as
organizações podem ser mais dionisíacas (nas quais é valorizada a elaboração
da emoção e se considera que elas são vitais para a pessoa e a vida social) ou
mais apollneas (onde a gestão das emoções é posta ao serviço da calma
afectiva, sendo consideradas como perigosas para os indivíduos e instituições)
mas todas contem traços de ambos os mundos."
Goleman (2002a) chega mesmo a afirmar que a grande liderança se
baseia nas emoções, desde a criação de estratégias à mobilização de equipas
de trabalho. O sucesso depende da forma como as emoções são
encaminhadas e a compreensão destas no local de trabalho é o que distingue
os melhores lideres, isto não só na retenção de talentos como no aumento da
satisfação, motivação e empenho dos liderados. Assim, num ambiente positivo
haverá melhor desempenho e cooperação dentro da organização.
Este autor refere mesmo que, por cada 1% de melhoria no ambiente de
trabalho, há um aumento de 2% nos proveitos. Sendo este factor de maior
relevância no sector das actividades de prestação de serviços, pois, como
indica, o contacto directo com os clientes é fundamental na qualidade do
serviço. Se esse contacto é preenchido por emoções negativas, tal vai ter
repercussões na satisfação do cliente para com a organização e até mesmo no
resto do dia desse mesmo cliente. Se, por sua vez, for preenchido por emoções
positivas, tal facto pode aumentar a satisfação do cliente e também influenciar
o seu comportamento no resto do dia, podendo até chegar a ser motivo de
conversa com terceiros sendo esta uma forma primordial de publicidade
positiva para a organização (Goleman, 2002a). É importante salientar que este
contacto tanto pode ser directo como indirecto (telefone, por exemplo), tendo o
primeiro mais efeito na prestação do serviço.
22
Em suma, indiscutivelmente o lugar que as emoções ocupam dentro de
um local de trabalho é importantíssimo, sendo um factor relevante tanto em
aspectos de liderança, como de trabalho em equipa no interior da organização.
Bothwell (1991) vai ainda mais longe, dizendo que este é o segredo
menos bem guardado do mundo, pois figuras como Cristo, Buda, Maomé,
Aristóteles e Confúcio já o referem há milhares de anos.
Irá demonstrar-se como é que essas emoções e estados de espírito
podem ser usados inteligentemente pelas organizações.
23
3. A RAIZ DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Nos dias de hoje o conceito de inteligência emocional tem conhecido
novas dimensões e alcançado novas fronteiras nos seus domínios. É óbvio que
os conceitos da inteligência e das emoções não são recentes, como já foi
referido; o conceito de inteligência emocional também não é.
Segundo Chemiss (2000), quando psicólogos começaram a escrever
sobre inteligência, focaram os aspectos cognitivos como a memória e a
resolução de problemas. No entanto, houve investigadores que cedo
reconheceram a importância de aspectos não cognitivos.
Ainda o mesmo autor refere que David Wechsler, em 1940, definiu
inteligência como sendo a capacidade global do indivíduo para agir
propositadamente, de pensar racionalmente e de se adaptar a todo o ambiente
externo. Estão incluídos nesta definição tantos aspectos cognitivos como não
cognitivos, e chega-se mesmo a afirmar, três anos depois, que estes últimos
são essenciais para o sucesso na vida profissional. Este investigador sugeriu,
de certa maneira, a separação destes dois aspectos; e que seria impossível
avaliar a inteligência sem incluir nos testes medidas que avaliassem aspectos
não cognitivos, como por exemplo a afectividade, a personalidade e factores
sociais.
Outro investigador a que Chemiss (2000) faz referência é Robert
Thorndike que, pelos finais dos anos 30, estava a escrever sobre inteligência
social. Nessa altura os Ohio State Leadership Studies sugerem que aqueles
líderes que conseguem estabelecer confiança, respeito e alguma afectividade,
são mais eficazes na sua liderança; na mesma época, o Office of Strategic
Services desenvolveu um processo de avaliação, baseado nos trabalhos de
Murray, englobando aspectos cognitivos e não cognitivos que era, e ainda é,
usado na empresa AT&T (Chemiss, 2000).
26
Howard Gardner (1993) nos anos 80 sugere que não existe apenas um
tipo de inteligência, mas sim um amplo espectro de inteligências com sete
variedades principais. Nesta lista o autor inclui a inteligência verbal e a lógico
matemática; a inteligência visual encontrada em grandes artistas e arquitectos;
a inteligência cinestética como, por exemplo, Magic Johnson; a inteligência
musical como Mozart; a inteligência inter pessoal composta pela capacidade de
compreender as outras pessoas, as suas motivações, o seu funcionamento e
como trabalhar cooperativamente com elas; e, por último, a inteligência intra-
pessoal que é a capacidade de criarmos um modelo correcto de nos próprios e
de sabermos usar esse modelo eficazmente (Goleman, 1995).
Segundo este autor, o pensamento de Gardner sobre a multiplicidade de
inteligências foi evoluindo, embora lentamente, pois o seu trabalho assentava
muito nos aspectos cognitivos, já que na altura as emoções eram quase postas
de lado, conforme já referido, e foi só com Salovey que surge pela primeira vez
o termo inteligência emocional quase como uma redefinição das inteligências
intra e inter pessoais de Gardner.
3.1. CONCEITO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
No seguimento desta multiplicidade de inteligências, Salovey e Sluyter
(1997) referem que, para uma inteligência ser aceite deve, em primeiro lugar,
definir-se. Em segundo, é necessário desenvolver um meio de a medir. Em
terceiro plano, deve também ser possível documentar a sua parcial ou
completa independência de outras inteligências, visto que, se estiverem
altamente correlacionadas, provavelmente será a mesma inteligência. Por
último, esta inteligência deverá demonstrar a previsão de algumas variáveis do
mundo real.
Estes autores referem que a inteligência emocional compreende estes
quatro critérios, pois pode ser definida em termos conceptuais. Existem
27
instrumentos psicometricamente válidos da sua medida, o que faz com que se
distinga claramente de outras inteligências (Ql, por exemplo). Além disso, e
segundo Wong e Law (2002), estes instrumentos predizem determinadas
variáveis externas como o desempenho e a satisfação.
Vários são os autores (Wong e Law, 2002; Goleman, 1995; Cooper,
1997) que distinguem o QE (quociente de inteligência emocional) do Ql; sendo
o QE de maior importância para o sucesso na vida (profissional e pessoal) que
a medição do Ql. Cooper (1997) afirma que apenas 4% do sucesso na vida
está relacionado com o Ql e que os restantes 96% estão relacionados com
outras formas de inteligências.
Emmerling e Goleman (2003) avançam sensivelmente com os mesmos
valores, mas referindo que o Ql continua a ser uma referência na escolha do
trabalho, no tipo de carreira profissional, nas habilidades cognitivas que são
essenciais, por mais não seja na admissão a um curso superior ou a uma
organização. O que distingue o QE será a sua evolução nessa organização, na
sua relação com os colegas.
O que estes autores referem é que estes dois tipos de inteligência
combinados representam aquilo que eles denominam como um "Star
Performer" numa organização, o funcionário ideal em qualquer nível da
organização, seja como líder ou como colega de trabalho. O conceito de
inteligência emocional cada vez mais é largamente aceite, principalmente pela
sociedade empresarial. Um claro exemplo é citado por Goleman (2000),
quando refere que uma das mais surpreendentes áreas profissionais onde a
inteligência emocional constitui uma vantagem competitiva é no universo
informático, onde a taxa a que os 10% do topo excedem os profissionais
médios na produção eficiente de programas é de 320%, e os que pertencem a
1% desses 10% produzem 1272% a mais do que a média. Referindo que não
são as competências informáticas que distinguem estes profissionais, mas sim
a sua boa disposição; estão sempre dispostos a ficar até mais tarde para
ajudar a organização e partilhar informações, colaboram com os colegas, em
28
suma, o seu clima e ambiente de trabalho no interior da organização é
francamente melhor.
Do que já foi referido sobre inteligência emocional, toma-se pertinente a
sua definição, existindo vários autores que se dedicaram ao seu estudo. Veja-
-se assim, um a um, o conceito de inteligência emocional elaborado pelos mais
referenciados nesta área.
3.1.1. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO SALOVEY E SLUYTER
Estes autores, como foi acima referido, estão na origem do termo
inteligência emocional, e, baseando-se no trabalho de Gardner (1993) e das
suas inteligências pessoais (intra e inter pessoais), desenvolveram este
conceito.
Salovey e Sluyter (1997) definem as emoções como respostas
organizadas, envolvendo múltiplos subsistemas psicológicos (cognitivo,
motivacional, fisiológico, experiencial) com acontecimentos internos ou
externos, que têm para o sujeito uma determinada valência, positiva ou
negativa. São, pois, experiências subjectivas que compreendem diversos
elementos, sendo eles afectivos, fisiológicos, cognitivos e comportamentais
(temos um exemplo de uma sequência afectivo-cognitivo-comportamental no
processo de tomada de decisão que será referido nas consequências da
satisfação no trabalho).
A inteligência emocional é definida como sendo a capacidade para
percepcionar as emoções, para aceder e gerar emoções que possam auxiliar o
pensamento; para as compreender, compreendendo também o conhecimento
emocional, e para reflexivamente as regular de tal modo que possam promover
o crescimento intelectual e emocional. Ou seja, a emoção torna o pensamento
mais inteligente, e a inteligência permite pensar e usar, de modo mais apurado,
as emoções.
29
Estes autores analisam este conceito como mais uma inteligência que
pode ser desenvolvida ao longo do tempo. Na Figura 1 podemos analisar os
quatro ramos que compõem essas capacidades, desde o ramo mais baixo que
corresponde às simples habilidades de percepção e expressão das emoções,
até a um ramo superior que poderá corresponder à consciência reflectiva da
regulação emocional. Cada ramo tem quatro habilidades representativas e da
esquerda para a direita nesse ramo podemos desenvolver até um determinado
ponto, normalmente ate à idade adulta. Os mesmos autores referem ainda que,
quanto maior for o quociente emocional, maior será o seu progresso nos ramos
tanto de baixo para cima, como da esquerda para a direita.
Regulação das emoções l
Habilidade de estarmos abertos a sensações agradáveis e desagradáveis
Habilidade de usar ou largar emoções conforme o juízo da sua informação ou utilidade
Habilidade de monitorizar emoções em relação a nos ou a terceiros
Habilidade de, além de monitorizar as emoções, conseguir transformar emoções negativas em emoções positivas
Reconhecimento e análise das emoções
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Habilidade de catalogar emoções
Habilidade de interpretar o significado dessas emoções
Habilidade de compreender sentimentos complexos ou contraditórios
Habilidade para reconhecer as transições de emoções
Emoções como clarificador de raciocínio
Habilidade de usar as emoções para dirigir a nossa atenção
I Habilidade de usar a emoção como ajuda para decisões
Habilidade de usar transformações de emoções para mudar perspectivas individuais
Habilidade de usar a emoção de modo a contornar e a lidar com problemas específicos
Percepção e reconhecimento de emoções
Habilidade de identificar as próprias emoções
L Habilidade de identificar as emoções nos outros
Habilidade para expresser as emoções
Habilidade para descobrir se uma emoção é honesta ou desonesta
Figura 1: Componentes da inteligência emocional segundo Salovey e Sluyter Fonte: Retirado e adaptado de Salovey e Sluyter (1997:11)
30
No ramo mais baixo encontramos a percepção, o reconhecimento e a
expressão das emoções. Desde criança que conseguimos identificar emoções,
tanto em nós como nos outros; desde cedo que a criança, por exemplo,
responde a expressões faciais dos pais. Conforme ela vai crescendo, vai
reconhecendo melhor essas sensações no seu próprio corpo ou até mesmo em
desenhos e pinturas. Na idade adulta as emoções podem ser reconhecidas,
não só no próprio corpo, mas em todo o ambiente envolvente de uma forma
muito mais pormenorizada e detalhada.
No ramo seguinte, encontramos as emoções como facilitadores do
pensamento. Por exemplo, a criança chora, quando tem fome e ri, quando tem
a atenção que quer; desde cedo que as emoções operam nas mudanças da
pessoa e no seu ambiente. Uma criança pode estar preocupada por não ter
feito os trabalhos de casa, enquanto está a ver televisão; uma professora pode
estar preocupada por não ter acabado de corrigir os testes... Numa situação
como esta é mais fácil a professora parar de ver televisão e acabar a sua
tarefa; isto é, deixar a sua preocupação sobrepor-se ao seu divertimento, o que
se deve ao seu maior desenvolvimento emocional.
Outra importante contribuição deste ramo é a capacidade de gerar
emoções, se nos forem pedidas, ou seja, se perguntarmos a uma criança como
é que um indivíduo numa história se sente, a criança rapidamente se coloca no
lugar dessa personagem e responde. Já numa idade adulta, o indivíduo
consegue antecipar essas emoções, dizendo, por exemplo, como se vai sentir,
quando pensar em mudar de emprego, facilitando ou não posteriormente essa
decisão.
No terceiro ramo encontramos o reconhecimento e a análise das
emoções; a criança consegue distinguir o gostar do amar, do estar aborrecido
ou do estar incomodado, compreende essa diferença. A criança compreende
que está triste, porque o seu amigo já não está tanto tempo com ela. A pessoa
na idade adulta já reconhece a existência de emoções contraditórias em certas
circunstâncias, já reconhece combinações de emoções, como, por exemplo,
31
ver a esperança como uma combinação de fé e optimismo. A pessoa que não
se sente amada pode vir a rejeitar carinho, apenas devido ao medo de uma
futura rejeição e assim por diante.
No ramo mais alto encontramos a regulação das emoções com o fim de
promover o crescimento emocional e intelectual, por exemplo, em criança os
nossos pais ensinam-nos que devemos sorrir em público, esconder a má
disposição de outros, ou seja, que muitas vezes o nosso comportamento não
deve reflectir as nossas emoções. Este último ramo está relacionado com a
abertura e reconhecimento das nossas próprias emoções e com o controlo que
temos sobre elas de modo a melhorar o nosso bem-estar e o ambiente que nos
circunda.
Para completar este cenário, Wong e Law (2003) referem que estes
autores, com a ajuda de um terceiro, Caruso (Mayer, Caruso e Salovey em
2000), desenvolveram quatro domínios para a inteligência emocional,
nomeadamente: o conhecimento das próprias emoções, que diz respeito à
habilidade de compreender as nossas próprias emoções e de sermos capazes
de as exprimir naturalmente; o conhecimento das emoções nos outros que está
relacionado com a habilidade de percepcionar, reconhecer e compreender as
emoções das pessoas à nossa volta; no terceiro domínio encontramos a
regulação das emoções, esta habilidade tem a ver, por exemplo, com o facto
de recuperarmos mais depressa emocionalmente ou até controlarmos as
nossas emoções em situações extremas; e, por último, o uso das emoções
para facilitar o desempenho tanto no trabalho como na vida pessoal, mantendo
sempre uma atitude positiva, ou seja, a habilidade de usarmos as nossas
emoções de modo a aumentar a nossa qualidade de vida.
Como pode constatar-se, estes autores encaram a inteligência
emocional como algo a ser aprendido ao longo da vida e que pode ser
desenvolvido de um nível até ao outro. Entendem também que a inteligência
emocional ajuda e melhora o trabalho de equipa, e que, no trabalho, indivíduos
32
com maior inteligência emocional fazem com que os trabalhadores se sintam
melhor com eles e com o trabalho que estão a desenvolver, mas que mais
trabalhos são necessários neste campo.
3.1.2. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO BAR-ON
Bar-On (2002) estabelece quatro necessidades humanas básicas,
designadamente: o sentido, a auto expressão, a afinidade e o equilíbrio. Estas
quatro necessidades estão directamente ligadas à inteligência emocional, mais
precisamente à inteligência social e emocional, pois este autor engloba estas
duas numa só dimensão. Quando estas necessidades começam a ser
saciadas, então começamos a ficar socialmente e emocionalmente mais
inteligentes.
Há uns anos atrás os empregos eram apenas um trabalho, mas nos dias
de hoje o nosso emprego tomou-se, em muitos casos, a nossa vida, visto
passarmos lá a maior parte do nosso tempo. Esta mudança de prioridades está
directamente relacionada com a busca de um rumo e com a busca de uma vida
com mais sentido; hoje em dia procuramos um trabalho que nos preencha e
que nos faça sentir bem; logo, a busca desta necessidade já influencia o sítio
onde poderemos ou não trabalhar.
Segundo este autor, tudo se inicia, quando nos questionamos o que
somos e o que queremos da vida. Para responder a estas questões temos de
nos compreender bem, de nos conhecer bem, de entender as nossas
emoções, de saber os nossos pontos fracos, e temos de nos aceitar com todas
as nossas limitações; de saber as causas e consequências das nossas
atitudes. Um indivíduo que satisfaça esta necessidade é um indivíduo social e
emocionalmente mais inteligente.
A necessidade de auto expressão está relacionada com o desejo de
sermos ouvidos, de sermos compreendidos; é a habilidade de conseguir aceitar
33
e expressar um grande leque variado de emoções; é a habilidade de nos
conseguirmos defender sem ser defensivos e agressivos; no fundo, é controlar
as nossas emoções e conseguir expressá-las da melhor forma possível, seja
connosco seja com os outros.
A necessidade de afinidade prende-se com a nossa necessidade de
estabelecer contactos positivos com todos os que nos rodeiam, de estabelecer
empatia, de usar as nossas habilidades sociais num mundo em que sozinhos
nada fazemos.
Por último, a necessidade do equilíbrio é fundamental, de modo a
podermos gerir tudo o que nos rodeia, incluindo as três necessidades
anteriores; é a nossa constante procura do equilíbrio que nunca alcançamos,
de nos conseguirmos adaptar social e emocionalmente a novas situações.
Estas quatro necessidades estão directamente relacionadas com o
conceito de inteligência emocional de Bar-on. Este define-a como sendo o
conjunto de conhecimentos emocionais e sociais que influenciam a nossa
habilidade global para lidar com as tarefas que o envolvimento nos apresenta.
Bar-on (2000) apresenta então cinco domínios que se subdividem em vários
itens, nomeadamente:
1. Habilidades intra-pessoais - que envolvem o auto conhecimento, tanto
dos aspectos positivos e negativos, como das nossas emoções, da
habilidade de nos expressarmos de forma positiva, de sermos
independentes emocionalmente, conseguindo tomar as próprias
decisões livremente e de procurarmos realizar aquilo que queremos.
2. Habilidades inter-pessoais - envolve a empatia, a responsabilidade
social, de conseguir estabelecer uma boa relação, de conseguirmos dar
e receber facilmente afecto.
3. Adaptabilidade - diz respeito à nossa flexibilidade emocional e à
capacidade de resolver problemas apresentando soluções eficazes.
34
4. Gestão do stress - está ligado ao controlo que temos dos nossos
impulsos e à tolerância ao stress, é a capacidade de lidarmos bem com
situações extremas.
5. Humor - leva-nos a encarar a vida pela positiva, fazendo com que nos
consigamos divertir e desfrutar das coisas que nos dão prazer.
Assim constata-se a existência de algumas diferenças em relação ao
modelo anterior, embora na sua base seja muito semelhante. A grande
diferença que Emmerlin e Goleman (2003), Salovey e Sluyter (1997) e Wong e
law (2003, 2004) apresentam é que, o modelo de Bar-On não encara a
inteligência emocional como sendo uma inteligência, mas sim como parte
integrante de aspectos da personalidade.
Assim, os seus estudos e o seu questionário estão direccionados nesse
sentido, sendo que Cherniss (2000) é da opinião que o seu questionário tem
pouca validade quando aplicado no trabalho. No entanto, existe um estudo
mencionado que foi realizado na Força Aérea Americana para seleccionar
novos recrutas que segundo o autor poupou três milhões de dólares ao Estado
Americano.
3.1.3. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GOLEMAN
Para Goleman (2002b) este conceito é entendido como a capacidade de
reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de
gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações.
Inicialmente, a inteligência emocional era composta por cinco domínios,
na sua última publicação até à data, foi reduzido para quatro domínios,
havendo também uma alteração nos itens de cada domínio a que o autor
denomina de competências emocionais. O modelo foi reduzido, pois
actualmente o seu trabalho está mais direccionado para a liderança, como é
caso da sua última publicação denominada como "Primai Leadership" (novos
35
líderes), ou seja liderança emocionalmente inteligente. Este modelo e as suas
competências podem ser analisados no Quadro 1.
Quadro 1 - As competências de Goleman
Competências Pessoais Competências sociais
Auto Consciência Consciência social
• Auto consciência emocional • Empatia Reconhecimento • Auto Avaliação • Consciência organizacional
• Auto Confiança • Espírito de serviço
Auto gestão Gestão das Relações
• Auto domínio emocional • Liderança inspiradora
• Transparência • Influência Regulação • Capacidade de adaptação • Feedback
• Capacidade de realização • Catalisador de mudança
• Capacidade de iniciativa • Gestão de conflitos
• Optimismo • Criar Laços
• Espirito de equipe
• Colaboração
Fonte: Goleman 2002b
De uma forma mais detalhada podemos evidenciar as diferentes
competências, como se descreve a seguir:
■ Auto consciência emocional é a capacidade para ler as próprias
emoções e reconhecer o seu efeito;
■ Auto Avaliação refere ao conhecimento das próprias forças e suas
limitações;
■ Auto confiança é a clara noção do próprio valor e das próprias
capacidades;
■ Auto domínio emocional é a capacidade de controlar impulsos e
emoções destrutivas;
■ Transparência é a habilidade de mostrar honestidade e integridade;
36
Capacidade de adaptação é a capacidade de mostrar flexibilidade nas
diversas situações;
Capacidade de realização é a habilidade de ter energia para melhorar
o desempenho e satisfazer níveis pessoais de excelência;
Capacidade de iniciativa é a capacidade de estar pronto para agir e
aproveitar as oportunidades;
Optimismo é a predisposição de olhar para o lado positivo das
situações;
Empatia é a habilidade de aceitar e compreender as emoções dos
outros e estar interessado nas questões que os preocupam;
Capacidade organizacional é a capacidade de ter a sensibilidade de
perceber as redes de decisão e a política inserida na organização;
Espírito de serviço é a capacidade de entender e satisfazer os
funcionários; Liderança inspiradora é a habilidade de fazer uso de visões para
orientar e motivar pessoas;
Influência é a capacidade de conseguir persuadir ou convencer os
outros no sentido positivo;
Feedback é a capacidade par ajudar a desenvolver os outros;
Catalisador da mudança é a capacidade de ser capaz de iniciar novas
orientações, gerindo as pessoas no novo caminho;
Gestão de conflitos é a habilidade de perceber e resolver desacordos e
disputas visíveis ou não;
Criar laços é a habilidade de cultivar e manter redes nas relações;
Espírito de equipa e colaboração é a capacidade para interagir e
ajudar a equipa e capacidade para cooperar.
Este autor segue uma orientação para o líder e a sua influência na
organização. Os últimos trabalhos têm sido apenas orientados neste sentido,
procurando fundamentar as suas afirmações de que o grande segredo do
sucesso na liderança é o domínio destas competências emocionais.
37
3.1.4. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO COOPER
Cooper (1997) defende que a inteligência emocional é a capacidade de
sentir, entender e aplicar eficazmente o poder e a perspicácia das emoções
como uma fonte de energia, informação, conexão e influências humanas.
Cooper, baseando-se em Mintzberg e citando Peter Senge, director do
Organizational Learning Center do MIT {Massachutsets Institute Technology),
refere que as pessoas com alto nível de domínio pessoal não podem escolher
entre razão ou intuição, entre a mente e o coração, assim como não
escolheriam andar só com uma perna ou ver só com um olho. Daqui vemos
como Cooper estabelece a importância das emoções e da inteligência
emocional diariamente e, numa adução mais objectiva, no dia a dia na
empresa.
Para o domínio da inteligência emocional, o autor refere quatro bases
fundamentais que se subdividem em dezasseis itens, à semelhança de
Goleman nos seus trabalhos e como se irá ver de Wong e Law (2004). Tanto
Cooper como Wong e Law concordam que a inteligência emocional está
intimamente ligada, tanto com aspectos de liderança, como de cooperação,
como de colaboração, tomada de decisão, trabalho de equipa e, por último,
mas não menos importante, com a satisfação no trabalho. Para se entender
melhor o pensamento deste autor vamos analisar as quatro bases de Cooper.
PRIMEIRA BASE - A ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL
Cooper (ibid.op.cit.) estabelece uma cadeia de analogias para explicar
melhor este conceito. Assim como 1er é pensar sobre o significado, escrever é
tornar este pensamento visível como linguagem, falar é expressar os nossos
pontos de vista para os outros, então a alfabetização emocional focaliza o
aprendizado do alfabeto, da gramática e do vocabulário das nossas emoções,
tanto para nos próprios, como para os outros. Para tal, urge ter honestidade
emocional, uma das competências emocionais do autor, que nos coloca a
38
seguinte questão: "Até que ponto nos conhecemos?", e, melhor ainda, "Até que
ponto é que nos deixamos conhecer?". Tome-se o exemplo de um concurso de
imitadores de Charlie Chaplin, em que o próprio ficou em terceiro lugar
(Cooper, 1997).
Esta competência emocional é essencial para o desenvolvimento da
nossa inteligência emocional, e se vai ter espaço para crescer e para se
desenvolver, podendo ser usada como fonte de poder vai depender de outra
competência emocional, a energia emocional. Cooper (1997), concordando
com Peter F. Druker, diz que a principal função como líder, numa empresa, é
controlar a própria energia e depois harmonizar a energia dos que nos rodeiam.
Para isso o autor estabelece quatro estados básicos de energia, dois dos quais
favorecem a nossa inteligência emocional que são, nomeadamente, a energia-
-calma e o cansaço-calmo; os outros dois desviam a inteligência emocional,
sendo eles a energia-tensa e o cansaço-tenso.
Daqui pode concluir-se que o estado de tensão perturba a nossa
capacidade emocional, interferindo na nossa inteligência emocional e por
consequência nos nossos comportamentos podendo, segundo o autor, interferir
com a nossa motivação para o trabalho que, neste contexto, se refere ao
quanto estamos preparados para interagir com ideias e pessoas de um modo
aberto e atento. Para conseguir orientar essa energia emocional a nosso favor
temos de estar atentos às nossas emoções e como elas estão a interferir em
nós. Tal percepção conduz à terceira competência emocional de Cooper, o
feedback emocional, levando-nos a reconhecer e a sentir as emoções, a ouvir
a informação que essas emoções nos tentam transmitir e a orientá-la ou
canalizá-la para estabelecer reacções construtivas e apropriadas. A última
competência ligada a esta base é a intuição prática. Cooper refere que, num
estudo recente, 82 de 93 vencedores do Prémio Nobel, num período de 16
anos, concordaram que a intuição desempenha um papel importante na
criatividade e em muitas decisões da nossa vida.
Aquele pressentimento que temos de estarmos certos não deve ser
ignorado e excluído das nossas decisões, devendo sim ser analisado e
ponderado, e, se for o caso, arriscar nele. Segundo o autor, todas as grandes
39
empresas em algum momento realizaram grandes volumes de negócios
baseados apenas em intuições e pressentimentos.
Nesta primeira base podemos então distinguir quatro conceitos-chave destas competências emocionais, a auto consciência, o auto-controle, o auto respeito e a responsabilidade.
SEGUNDA BASE - A APTIDÃO EMOCIONAL
Esta segunda base dá-nos uma orientação de como pôr em prática a
primeira base emocional, bem como trabalhar a condição física para que
produza resultados ao nível da força, resistência, flexibilidade. A aptidão
emocional produz o correspondente nas qualidades do coração, como, por
exemplo, mais autenticidade e credibilidade, o que, por sua vez, poderá levar a
um aumento do raio da confiança como de seguida se demonstrará.
A primeira competência desta base é a presença autêntica; é através
desta que levamos o que há de melhor em nós a ouvir, a dialogar e a
estabelecer a base para a construção da confiança, permitindo uma abertura
para a mudança e para o risco criativo. A palavra diálogo deriva do grego
antigo dia-logos, que significa o livre fluir de ideias entre as pessoas e isto só é
possível se houver primariamente uma alfabetização emocional. Por outras
palavras, quando fazemos boas perguntas e somos autênticos, conseguimos
poupar tempo, tornando-nos mais claros e verdadeiros, ignorando menos a
nossa intuição e seguindo o caminho para a segunda competência que diz
respeito ao já mencionado raio de confiança.
A confiança, segundo o autor, tem uma influência significativa na
eficiência do grupo, permitindo que o mesmo expresse abertamente
sentimentos e diferenças, evitando assim típicas posições defensivas,
mostrando ser o indício mais importante da satisfação profissional com a
empresa. Quanto maior for o raio desta confiança, maiores serão as
oportunidades de se ter sucesso tanto na vida pessoal como no trabalho.
A terceira competência emocional é atinente à insatisfação construtiva,
que nos diz claramente que a insatisfação pode ser uma fonte de novas ideias
40
e uma excelente oportunidade para a criatividade e para o aumento de
confiança na organização. Debater sobre assuntos que nos perturbam, sobre
sentimentos divergentes ou pontos de vista opostos poderá, em muitos casos,
levar-nos a encontrar soluções inovadoras e criativas para questões de difícil
solução.
A última competência refere-se à capacidade de recuperação e de
renovação. O autor, para explicar este conceito, cita uma frase de Winston
Churchill (s.d.:155) "O sucesso é seguir de fracasso em fracasso sem perder o
mesmo entusiasmo".
TERCEIRA BASE - A PROFUNDIDADE EMOCIONAL
Segundo Cooper (1997), no que concerne a esta base, sempre que
vivemos ou trabalhamos num nível emocionalmente superficial, tudo pode
parecer relativamente fácil e confortável, mas não há aqui uma base, o que
pode levar a que um dia mais tarde nos sintamos, vazios e perdidos. A
inteligência emocional não pode desenvolver-se sem a profundidade
emocional.
Quando vivemos de acordo com as profundezas do coração, cumprimos
com a nossa palavra, ouvimos a nossa consciência e não hesitamos em tomar
uma posição. Ora, se assim é, como primeira competência desta base
emocional temos de identificar qual o nosso potencial e propósito único, tanto
na vida pessoal como no trabalho. Esse potencial é identificado através de um
desejo ardente, algo que nos atrai; é algo que nos satisfaz profundamente, que
aprendemos facilmente e que sentimos momentos de plenitude aquando da
sua execução.
Uma vez identificado esse potencial, enfrentamos o desafio de o pôr em
prática, de estabelecermos um compromisso emocional; é esta a segunda
competência. A emoção é o que nos desperta e motiva. Algumas pessoas, por
exemplo, são peritas em arranjar soluções para problemas de trabalho, mas
são incapazes de as pôr em prática. O autor sublinha que temos de querer ser
bem sucedidos e devemos comprometer-nos emocionalmente com ou sem o
41
apoio dos outros. Como um provérbio português nos diz: "Se não houver vento,
reme".
Chegamos, então, à terceira competência relacionada com a integridade
aplicada, o que nos negócios significa aceitar toda a responsabilidade,
comunicar de modo claro e aberto, cumprir as promessas, evitar agendas
ocultas, ter a coragem de liderar com honra em si mesmo, o que inclui
conhecer e manter uma coerência honesta connosco, não só na mente, mas
também no coração.
Por último, temos a influência sem autoridade, consistindo esta em
influenciar o nosso círculo de conhecimentos de uma forma positiva sem o uso
de pressão ou autoridade. Todas estas competências ajudam a formar o nosso
carácter interior e geram em nós um maior senso de criatividade.
QUARTA BASE - A ALQUIMIA EMOCIONAL
É nesta última base que ampliamos as nossas capacidades para
encontrar soluções, inovar, transformar, e avançar para criar o futuro. Isto
significa que, a inteligência emocional permite-nos fluir com os desafios de
forma mais eficaz, transformar situações difíceis, sentir as oportunidades,
explorar territórios desconhecidos, mudar as regras e criar o futuro.
A primeira competência é o fluxo intuitivo, já se mencionou a intuição
prática que se refere a um nível inferior deste fluxo que não acontece por
acaso, mas passa a ser uma opção nossa estar ou não; é uma dimensão mais
elevada da inteligência emocional.
A segunda competência diz respeito ao deslocamento reflexivo no
tempo, consistindo tal na capacidade de sentir em profundidade um momento
específico do tempo e de perceber, de forma intuitiva, as correlações e os
sentimentos evocados durante esse tempo; não é apenas a noção de futuro e
passado, é sim sentir a experiência na pele ou imaginar-se na pele de outra
pessoa, reflectindo e posicionando-se para fazer, no presente, algo mais eficaz
e até quem sabe inovador. Assim, permite-nos enfrentar as mesmas coisas que
enfrentam os outros à nossa volta, mas com instintos mais apurados e com
42
maior comprometimento ou envolvimento criativo para assim reagir de maneira
diferente, mais judiciosa e inovadora.
O sentir das oportunidades aparece-nos como terceira competência.
Nesta última base emocional, todos os nossos sentidos ficam mais apurados,
desempenhando um papel essencial para ampliar o nosso acesso ao campo de
possibilidades que se encontra para além das rotinas óbvias que ocupam e
preenchem a nossa vida.
A última competência refere-se à construção do futuro. Os líderes
inteligentes e gerentes de sucesso estão constantemente a questionar muitos
pressupostos que outros aceitam. Para além de questionar, desafiam,
percebendo os riscos e limitações mais profundas, sendo que na maior parte
dos casos encontram meios de transpor essas dificuldades, assumindo riscos e
permitindo aos outros cometer erros e explorar novos territórios. Por outras
palavras, o futuro para eles é algo que devemos activar e apaixonadamente
ajudar a construir.
Como se pode analisar, todas estas competências descritas até ao
momento ou expostas na Figura 2 têm algo de semelhante com os modelos
apresentados anteriormente e sugerem, de alguma forma, uma certa sequência
desde a primeira até à última competência; ou, desde a primeira até à quarta
base emocional de Cooper (1997). Este autor contou com a ajuda de outro
profissional (Ayman Sawaf) na construção de um outro questionário de
avaliação da inteligência emocional, questionário esse que se entende ser
bastante longo, tomando em consideração o número de inquiridos deste
estudo, e sendo, desde logo, difícil a sua aplicação prática no campo.
43
15 16 1 2 Senso de Construção do Honestidade Energia
Oportunidade Futuro Emocional Emocional
^ T QUARTA ^ ~ PRIMEIRA \ ^ BASE \ ^ BASE \
N. Alquimia N. Emocional /
Alfabetização / v Emocional /
14 Deslocamento Reflexivo no
13
Fluxo
4
Intuição
3
Feedback
Tempo Intuitivo Prática Emocional
As QUATRO BASES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
11 12
Integridade Influência sem
Aplicada Autoridade
10
Compromisso
Emocional
Potencial e Propósitos
Únicos
5
Presença
Autêntica
8
Capacidade e Recuperação e
Renovação
6
Raio de
Confiança
Insatisfação
Construtiva
Figura 2: As competências segundo Cooper Fonte: Cooper (1997:15)
44
3.1.5. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO WONG E LAW
Estes autores realizaram uma análise de toda a principal bibliografia
existente sobre este tema e chegaram à conclusão de que, apesar de serem
várias abordagens diferentes, não são contraditórias, mas sim complementares
concordando igualmente com Cherniss (2000) e Goleman (2002a). No seu
cerne, a inteligência emocional diz respeito às emoções, à sua regulação e à
maneira como lidamos com elas.
A definição deste conceito passa também por um modelo de quatro
bases que assenta na ideia que a inteligência emocional é uma faceta da
inteligência e deverá ser medida como tal, concordando com Salovey e Mayer
(1990) e Goleman (1995), no entanto, afastando o modelo de Bar-On, pois,
como acima foi referido, trata-se de uma inteligência, de uma habilidade e não
maneiras de estar ou estilos de comportamentos relacionados com a
personalidade, aspecto bastante criticado pelos autores referidos.
A primeira base consiste na habilidade de um indivíduo entender as suas
emoções e ser capaz de as exprimir naturalmente, pessoas com boa habilidade
nesta base conhecem-se bem e são capazes de entender as suas emoções.
A segunda dá um seguimento à primeira, mas referente às pessoas que
nos rodeiam. Pessoas com boa habilidade nesta base são extremamente
sensíveis às emoções das outras pessoas e conseguem prever em alguns
casos respostas emocionais.
A regulação das emoções insere-se na terceira base que consiste nessa
regulação, promovendo uma recuperação emocional mais rápida, pessoas com
valor alto nesta base conseguem controlar as emoções e a probabilidade de
perder a calma ou o temperamento é menor.
A quarta e última base consiste no uso dessas emoções, ou seja, fazer
uso das nossas emoções de modo a favorecer a nossa qualidade de vida, as
pessoas com índice alto no uso das emoções têm a habilidade de se
encorajarem a fazer sempre melhor e de conseguirem direccionar as emoções
para um sentido construtivo e positivo.
45
Como se pode constatar, estes autores utilizam a essência do conceito
da inteligência emocional, realizando assim vários estudos de campo de modo
a comprovar as suas teorias. São responsáveis pela realização de um
questionário prático de se aplicar em que transmitem nesses estudos a relação
positiva da inteligência emocional com o desempenho, com a satisfação no
trabalho e com a qualidade de vida em geral. Esse questionário será utilizado
no presente estudo, tendo sido já validado para a realidade a estudar por
Peixoto (2003).
3.1.6. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GEORGE
Esta autora (George, 2000), aliciada pelo estudo da liderança, encontrou
na inteligência emocional a resposta para o sucesso das organizações,
estabelecendo também quatro bases fundamentais para este tema como se
pode analisar no Quadro 2.
Quadro 2 - As quatro bases de George para a Inteligência Emocional
1. Avaliação e 2. Uso das emoções 3. Conhecimento 4. Gestão das emoções expressão de para melhorar os acerca das emoções processos
cognitivos e a tomada de decisão
emoções
• Consciência das • Uso de mudanças • Conhecimento das • Meta-regulação das emoções próprias e emocionais para causas das emoções emoções (reflexão das dos outros aumento da • Conhecimento das sobre as suas causas,
• Capacidade de flexibilidade decisional consequências a apropriabilidade e a expressão rigorosa • Uso de emoções • Conhecimento da mutação) das emoções especificas para evolução das • Preservação de
• Empatia efeitos desejados (e.g. emoções ao longo do estados de espirito estado de espirito tempo positivos positivo para trabalhos • Reparação de estados de criatividade) de espirito negativos
• Acreditar na emoções • Gestão das emoções como sinalizadoras dos outros das prioridades
Fonte: Cunha Pina et. ai. (2003:89)
46
3.2 LIDERANÇA EMOCIONALMENTE INTELIGENTE
Em todas as organizações, sejam elas desportivas ou não, existem
líderes e liderados. A liderança é um tema já largamente estudado, quando se
fala em gestão de recursos humanos, e, embora não seja um aspecto central
do nosso estudo, é impossível não o referir. Todos os autores referenciados
são unânimes em referir a inteligência emocional como factor de sucesso no
interior de uma organização.
Goleman (2002a) refere que as acções do líder explicam 50% a 70%
dos sentimentos dos funcionários relativamente ao ambiente humano e que o
grau de satisfação das pessoas por trabalharem nessa empresa explica 20% a
30% do desempenho desses funcionários. Este autor ainda refere que nos
seus estudos realizados nunca encontrou um líder com domínio em todas as
competências da inteligência emocional, mesmo os líderes mais eficazes são
apenas fortes em cerca de meia dúzia das competências. Acrescenta ainda
que não existe uma única fórmula para a liderança, existindo muitos caminhos
para a excelência dos resultados, mas, sem dúvida alguma, a liderança mais
eficaz é aquela que possui pelo menos uma competência em cada uma das
quatro bases fundamentais.
Cooper (1997) refere que o Departamento de Trabalho dos EUA
enunciou que 46% das pessoas que se despediram fizeram-no por se sentirem
desvalorizadas e descontentes com o líder; este autor refere-se à inteligência
emocional como sendo a arma mais importante que um líder pode ter perante a
sua organização e seus liderados.
George (2000), baseando-se em literatura diversa, identificou cinco
elementos essenciais da eficácia de liderança e as competências emocionais
dos líderes necessárias para o seu alcance analisadas no Quadro 3:
47
Quadro 3 - Elementos essenciais da eficácia de liderança e competências emocionais dos líderes necessárias para o seu alcance
Os cinco elementos essenciais
Ilustrações de competências emocionais pertinentes nos líderes
• Desenvolvimento de um sentido colectivo acerca de objectivos/ metas a alcançar (visão) e do modo como atingi-los
• 0 líder pode usar as suas emoções para melhorar o processamento da informação acerca dos desafios, ameaças e oportunidades que se deparam à organização.
• Sob estados de espirito positivos, o líder pode desenvolver maior pendor criativo, podendo gerar uma visão menos convencional, mais apelativa e mais desafiante do status quo.
• Avaliando o modo como os seus seguidores se sentem, compreendendo por que tais sentimentos existem e influenciando as respectivas emoções, o líder pode torná-los mais receptivos e apoiantes da visão - assim emergindo uma visão partilhada ou colectiva.
• Instilar nos outros o conhecimento e a apreciação da importância das actividades e comportamentos de trabalho
• 0 líder necessita de assegurar que os colaboradores têm consciência dos problemas e das oportunidades que se deparam à organização.
• Necessita, também, de lhes incutir a confiança suficiente para que eles se sintam capazes de lidar com tais problemas e oportunidades.
• Gerar e manter a excitação, o entusiasmo, a confiança, o optimismo e a cooperação
• É importante que o líder descortine os sentimentos dos colaboradores, antecipe o modo como eles poderão reagir a determinadas circunstâncias e mudanças, compreenda se existem diferenças entre os sentimentos expressos e os efectivamente experimentados.
• É igualmente importante que concite nas pessoas o optimismo e a confiança necessários a elevados níveis de motivação.
• É também crucial que o lider denote pensamento construtivo, gere ideias criativas e procure soluções cooperativas de "ganho-ganho".
• É igualmente relevante que saiba desenvolver relações interpessoais de elevada qualidade.
• Encorajar a flexibilidade na tomada de decisão e na mudança
• Recorrendo aos sinais emocionais, o líder é capaz de atender rapidamente às situações que exigem resposta célere.
• As emoções podem proporcionar-lhe informação precisa acerca dos problemas e oportunidades.
• Quando conhece e sabe gerir as suas emoções, o lider fica mais capacitado para abordar os problemas de modo flexível, considerar cenários e cursos de acção alternativos, evitar rigidez na tomada de decisão.
• A Inteligência Emocional também o ajuda a identificar as relações entre os assuntos, facultando-lhe pistas acerca do modo como pode responder-lhes simultaneamente.
• Estabelecer e manter uma identidade organizacional significativa para os membros organizacionais
• É importante que o líder instile valores importantes na cultura da organização - pois é através desta que as pessoas desenvolvem uma identidade colectiva imbuída de significado.
• Para tal, é importante que o líder seja capaz de identificar as necessidades emocionais dos seus seguidores - de modo a que a cultura possa satisfazê-las.
• Uma cultura, embebida de emoções relevantes para as pessoas, é uma cultura mais concitada de entusiasmo e empenhamento.
Fonte: Cunha Pina et. ai. (2003:90)
48
Wong e Law (2004), para além de concordarem com a importância da
inteligência emocional do líder, vão mais longe, dizendo que a sua influência é
maior e mais importante, quando o trabalho é emocional.
Estes autores referem que existem três tipos de trabalho, ou mais
mental, ou mais físico ou mais emocional. Este último refere-se a empregos em
que os funcionários tenham um contacto directo com o cliente e que em muitas
situações o seu temperamento necessite de ser controlado ou gerido, sendo
mais fácil essa acção, se for dotado de um índice alto da inteligência
emocional. Tendo como exemplo os enfermeiros, empregados de restaurantes,
assistentes sociais, hospedeiras, entre outros. Inserindo-se nesta categoria
funcionários de um ginásio que lidam com clientes directamente e que
independentemente do seu estado de espírito ou das condições de trabalho
deverão manter sempre uma atitude positiva e optimista.
Um dos muitos estudos efectuados por estes autores confirmam este
pressuposto, sendo que o estudo em causa diz-nos que existe uma maior
correlação entre inteligência emocional e satisfação no trabalho em labores
fundamentalmente emocionais que em trabalhos físicos ou mentais. No entanto
todos os trabalhos têm uma componente emocional; a sua dimensão, como já
referido, é que pode ser diferente (Cunha Pina et. ai., 2003).
A gestão do trabalho emocional pode envolver três tipos de abordagens,
sendo a primeira a definição de expectativas ou regras de expressão das
emoções, que surge quando a organização induz aos funcionários quais as
emoções "correctas" a ter. Um exemplo de definição explícita será o dos
programas de formação de atendimento ao cliente. A segunda abordagem
poderá passar pela supressão das emoções, ou seja, não poderão existir
emoções que perturbem o normal funcionamento da organização. A terceira
abordagem prende-se com o fingimento emocional, em que as pessoas
colocadas em funções com forte conteúdo emocional são impelidas a fingir ou
a simular algumas emoções, que poderá ser a um nível profundo através de
pensamentos, imagens ou evocações, ou apenas superficialmente sendo,
49
neste caso, as emoções exteriorizadas sem qualquer esforço para
efectivamente as experiênciar (Cunha Pina et. ai., 2003).
Laird e Apostoleris, citados por Cunha Pina (ibid.op.cit.), salientam que
as pessoas que são induzidas a exprimir certas expressões faciais tendem a
experimentar essas emoções na realidade, ilustrando com o exemplo de um
indivíduo que, quando induzido a expressar felicidade, pode efectivamente vir a
sentir-se feliz.
50
4. A SATISFAÇÃO NO TRABALHO
Este tema, nos seus próprios termos, pode ter um lado contraditório e
até mesmo provocador à primeira vista. Assim, como se pode questionar como
pode o trabalho ser considerado como uma fonte de satisfação, quando até a
sua própria etimologia latina evoca justamente o incómodo e a tortura (o
tripalium, palavra que está na origem do vocábulo trabalho, era um dispositivo
de três pés, onde se amarravam os condenados!). Na Idade Média todas as
actividades agrupadas sob este nome eram consideradas como indignas de
homens bem nascidos (Francês, 1984).
Em 1974 J. Rousselet refere mesmo que o sentimento de obrigação
ligado ao trabalho deixa de se sentir, logo que o trabalho falta. Ainda segundo
este autor, as provas disso são o aumento generalizado do absentismo, a
aceleração das mudanças de emprego, o recurso cada vez mais frequente a
empregos provisórios, a recusa cada vez mais frequente de empregos de
responsabilidade, entre outros.
No entanto, analisando um pouco mais esta situação, e concordando
com Francês (1984), constata-se que tal se trata de uma crise reveladora da
multiplicidade das dimensões do valor que se referem ao trabalho, enquanto
tema de satisfação ou insatisfação. É verdade que a natureza das tarefas
desempenhadas constitui a principal destas dimensões, mas as revelações
humanas, a ligação com a totalidade da organização, o salário, são todos estes
conjuntos de aspectos que contribuem, de alguma forma, para tornar o
desempenho de um trabalho, indesejável, desejável, aceitável ou até mesmo
apaixonante.
4.1. A RAIZ DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
O conceito de satisfação, em si, foi definido de uma forma lata há mais
de cinquenta anos, mas com menos conteúdo que nos nossos dias. Viteles
52
(1953), empregando a palavra "moral", fala de uma atitude de satisfação do
emprego com o desejo de possuir, a vontade de lutar pelos fins de um grupo,
de uma organização. Locke (1976) definiu conceito de satisfação
brilhantemente como um estado afectivo positivo que resulta da apreciação do
emprego.
Dawis (1992) refere algo semelhante, acrescentando que o trabalho
deve satisfazer as necessidades, valores e expectativas individuais. Werther e
Davis (1992:84) referem que "é a maneira favorável com que os empregados
consideram o seu trabalho". Nos nossos dias, sobre a satisfação, encontramos
no Dicionário Enciclopédico da Língua Portuguesa (citado em Ferreira, 2001) o
seguinte significado: "um estado de boa disposição - eutimia - manifestado por
se sentir bem com o que se faz e sentir-se reconhecido pelo seu trabalho".
De acordo com a evolução histórica, Locke (1976) refere três
importantes etapas: a primeira que se faz remontar a Taylor (1912, citado por
Locke, 1976), com a sua ideia de organização científica no trabalho, calculou
que esta organização conduzirá a uma produtividade tal que a divisão do lucro
entre patrões e trabalhadores não será mais uma questão litigiosa. Por sua
vez, esta abundância conduzirá a uma revolução mental completa nas atitudes
e terá por fim uma elevação automática e generalizada da satisfação.
A segunda faz-se remontar aos trabalhos de Mayo em Hawthorne (1933,
citado por Locke, 1976). Este autor debruçou-se sobre a fadiga, numa empresa
têxtil, na ausência de pausas; veio, no entanto, a constatar que factores de
outra ordem interferiam nas atitudes negativas dos trabalhadores como, por
exemplo, as relações com a organização, as ambiências de grupo que lhe
pareceram tão importantes como os intervalos ou os salários e que se podiam
modificar com intervenções psico-sociais.
A última etapa surge com os estudos de Herzberg, Mausner e
Snyderman (1959, citado por Locke, 1976). Segundo estes autores, a
satisfação dos trabalhadores já não depende apenas de variáveis-estímulos de
ordem diversa que podem manipular-se, dependem, sim, da sua
53
personalidade, mais precisamente da representação que têm das suas
relações com o seu papel no trabalho e das possibilidades de desenvolvimento
que este papel lhes pode trazer ou não.
Por conseguinte, muitos estudos já foram realizados nesta área,
tentando aduzir esta problemática da satisfação no trabalho, principalmente
quando começou a valorizar-se o factor humano nas organizações.
Hersey e Blanchard (1988, citando Elton Mayo), descrevem que, nos
anos trinta, o autor concluiu que trabalhadores satisfeitos produziam mais; para
tal precisavam desenvolver boas relações no local de trabalho.
No seguimento deste fenómeno, surge em 1954, o modelo da satisfação
das necessidades exposto por Maslow. Este modelo baseia-se no principio de
que a satisfação do indivíduo depende da resposta que obtém em relação às
suas necessidades, o que origina aquilo que Maslow designou de motivação,
nascendo assim a famosa hierarquia das necessidades, que seguidamente se
irá referir.
Analisa-se de seguida, algumas das principais teorias relacionadas com
a motivação directamente ligadas com o trabalho e a satisfação.
4.2. TEORIAS E MODELOS RELACIONADOS COM O CONCEITO DA
SATISFAÇÃO
4.2.1. TEORIA DE MASLOW E A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES
Esta teoria foi introduzida por volta de 1940, mas a sua reputação actual
só foi encontrada algum tempo depois, como já referido. Esta teoria é
composta basicamente por duas premissas fundamentais.
54
Segundo Steers e Porter (1979), a primeira consiste no seguinte: todos
nós somos criaturas com um desejo de satisfazer tipos específicos de
necessidades organizadas sob a forma de uma pirâmide. No primeiro patamar
encontram-se as necessidades mais básicas ou fisiológicas (fome, sede e
sexo); no segundo patamar, a necessidade de segurança, isto é, um ambiente
físico e emocional livre de ameaças; no terceiro patamar encontram-se as
necessidades sociais, ou seja, a necessidade que se tem, enquanto indivíduos
inseridos numa sociedade, de se ser aceite, de estabelecer amizades; no
penúltimo patamar tem-se a necessidade de estima, isto é, auto respeito,
autonomia, realização, status, reconhecimento e atenção; por último, encontra-
-se a necessidade de auto realização, ou seja, força para os indivíduos se
tornarem naquilo que são capazes e a realização do potencial individual.
A segunda premissa que Steers e Porter (1979) referem em relação à
hierarquia das necessidades é que só se passa de patamar, quando se satisfaz
a necessidade anterior; é como um jogo de computador, só passamos de nível,
quando completamos o anterior. Segundo Bilhim (2001), Maslow divide a
pirâmide em duas partes, uma é direccionada para a satisfação interna
(necessidades fisiológicas e de segurança) e a outra para a satisfação externa
(necessidades sociais, de estima e de auto realização).
É pertinente referir, ainda relacionado com Maslow e segundo Steers e
Porter (1979), que este, nos seus estudos, mencionou ainda duas
necessidades adicionais, não incluídas na hierarquia, a necessidade cognitiva
e a necessidade estética. Sendo que a primeira diz respeito à satisfação da
curiosidade e do desejo de aprender; enquanto que a estética refere que nos
movemos para o belo e fugimos do feio. Pode analisar-se na Figura 3 a relação
existente entre esta teoria e os meios de satisfação no trabalho.
55
Trabalho criativo e desafiante; Diversidade e autonomia Participação nas decisões
Responsabilidade por resultados; Orgulho e reconhecimento
Amizade dos colegas; Interação com clientes Gerente amigável
Condições segurança no trabalho; Remuneração e benefícios. Estabilidade no emprego
Intervalos de descanso; Conforto físico Horário de trabalho razoável
Figura 3: A hierarquia das necessidades e os meios de satisfação no trabalho Fonte: retirada e adaptada, de Chiavenato (2003:175)
4.2.2. TEORIA DE ALDERFER
Segundo Steers e Porter (1979), pouco tempo depois de Maslow, nasce
uma nova teoria em muito semelhante à hierarquia das necessidades, mas
com algumas diferenças. Uma delas é a sua disposição, assim, enquanto
Maslow estabeleceu cinco patamares, Alderfer apenas estabelece três.
No primeiro nível está a necessidade de existência que corresponde ao
conjunto das satisfações internas de Maslow (necessidades fisiológicas e de
segurança); logo a seguir, as necessidades ligadas à relação, o desejo que as
pessoas têm de criar laços e relações interpessoais, incluindo ainda neste nível
a componente externa de auto estima; o último nível, corresponde às
necessidades ligadas ao crescimento, ainda segundo estes autores Alderfer
inclui o desejo de desenvolvimento pessoal, a componente intrínseca de auto
56
estima e auto realização. Alderfer considera também que, para passar de um
patamar para outro, é necessário preencher as necessidades anteriores.
Como se vê, a grande diferença não é neste sistema; embora sejam
apenas três níveis ou patamares, são, de certo modo, muito semelhantes aos
cinco patamares de Maslow.
Segundo Steers e Porter (1979), uma das diferenças entre estas duas
teorias é que a teoria ERC (Existência, Relação e Crescimento) defende que,
quando um indivíduo se sente frustrado por não conseguir satisfazer as
necessidades de crescimento, as necessidades de relação passam a ser de
maior importância e o seu esforço fica então direccionado só para as
necessidades desse nível.
A outra diferença é que, no modelo de Alderfer (Figura 4), mais que uma
necessidade pode estar activada à mesma altura e ao mesmo tempo,
sugerindo assim uma menor rigidez no modelo, em comparação com a
hierarquia das necessidades.
Frustração necessidades crescimento
^ Importância necessidades crescimento
^ Satisfação necessidades crescimento
Frustração necessidades crescimento
^ Importância necessidades crescimento
^ Satisfação necessidades crescimento
Frustração necessidades crescimento V \ \ \
Importância necessidades crescimento
w Satisfação
necessidades crescimento
Frustração necessidades
relação
x4 Importância necessidades
relação
Satisfação necessidades
relação
Frustração necessidades
relação \ \ \ \ \
Importância necessidades
relação w
Satisfação necessidades
relação
Frustração necessidades
existência
* w
Importância necessidades
existência
Satisfação necessidades
existência
Frustração necessidades
existência w
Importância necessidades
existência w
Satisfação necessidades
existência
Figura 4: Modelo de Alderfer
57
Satisfação-Progressão, Frustração-Regressão componentes da teoria (Porter, Steers) Satisfação-Progressão ► Frustração-Regressão ►
Fonte: Adaptado Steers e Potter 1979
4.2.3. TEORIA DE MURRAY
Dentro ainda do conceito das necessidades humanas e da sua
satisfação, há uma terceira teoria que se veio juntar à de Maslow e Alderfer,
que é a teoria de Murray (Steers, Porter, 1979). De acordo com Murray, cada
necessidade é composta por dois factores: o primeiro é uma componente
qualitativa para a qual a motivação é direccionada; e o segundo é uma
componente quantitativa, que representa a intensidade dessa motivação.
A grande diferença da teoria de Murray em relação às outras duas, é
que esta não sugere uma estrutura hierárquica para as necessidades, podendo
haver várias necessidades para satisfazer de diferentes níveis ao mesmo
tempo, oferecendo ainda uma maior flexibilidade ao modelo do que a Teoria de
Alderfer. (Steers, Porter, 1979).
4.2.4. TEORIA DE MCCLELLAND
Uma teoria que tem as suas origens no trabalho de Murray é a teoria dos
motivos (Cunha Pina et. ai., 2003), também denominada teoria das
necessidades (Ferreira, J.M. et. ai.,1999). Esta é composta por três
necessidades ou três motivos: sucesso, afiliação e poder (Cunha Pina et. ai.,
2003) ou realização, afiliação e poder (Ferreira, J.M. et. ai.).
Não obstante o facto acima exposto, o primeiro motivo/ necessidade
(sucesso ou realização) define-se como sendo um desejo de ser bem sucedido
em situações que assim o exigem. Os indivíduos com esta vontade, em grau
elevado, gostam de avocar responsabilidades pelo encontrar soluções para os
problemas, tendem a estabelecer objectivos exigentes e a assumir riscos;
58
valorizam o feedback que esteja relacionado com o seu desempenho (Ferreira,
J.M. et. ai., 1999). Nas suas actividades tendem a ser irrequietas e bem
sucedidas, assim como empreendedoras (Cunha Pina et. ai., 2003). A
necessidade de afiliação consiste no desejo e vontade de ter amizades e de
ser aceite.
Ao contrário do que acontece com a primeira necessidade, estas
pessoas preferem situações mais cooperantes que competitivas e
relacionamentos que impliquem um elevado grau de compreensão (Ferreira et.
ai, 1999). Também elas podem contribuir para um aumento da harmonia
interpessoal nas relações de trabalho (Cunha Pina et. ai., 2003).
A necessidade de poder representa uma orientação para o prestígio e
para a produção de impacto nos comportamentos ou até mesmo nas emoções
das outras pessoas; também está associada a actividades competitivas como a
primeira; e tem a finalidade de ganhar, manter o prestígio e a reputação (Cunha
Pina et. ai., 2003). O Quadro 4 refere uma caracterização sumária dos
diferentes motivos.
Quadro 4 - Caracterização sumária dos motivos de Sucesso/Realização,
Afiliação e Poder
Motivos O individuo
Sucesso ou
realização
» Procura alcançar sucesso perante uma norma de excelência pessoal • Aspira alcançar metas elevadas mas realistas • Responde positivamente à competição • Toma iniciativa • Prefere tarefas de cujos resultados possa ser pessoalmente responsável » Assume riscos • Relaciona-se preferencialmente com peritos
Afiliação • Procura relações interpessoais fortes • Faz esforços para conquistar amizades e restaurar relações • Atribui mais importância às pessoas que às tarefas • Procura aprovação dos outros para as suas opiniões e actividades
Poder
» Procura controlar ou influenciar outras pessoas e dominar os meios que lhe permitem exercer essa influência
• Tenta assumir posições de liderança espontaneamente • Necessidade de provocar impacto • Preocupa-se com o prestígio » Assume riscos elevados
59
Fonte: Pina e Cunha et. al. (2003:106)
Segundo Rego (1995), McClelland estabelece ainda uma relação entre
os motivos e as emoções (Figura 5), criando um tipo de incentivo para cada
uma das necessidades já referidas. O motivo do sucesso está relacionado com
o incentivo variedade.
Por exemplo, quando ouvimos uma música pela primeira vez, a
percepção das notas e da melodia é algo indiferente; à medida que a ouvimos
começamos a reagir favoravelmente, mas, se ouvirmos demasiadas vezes,
essa reacção pode tomar o sentido contrário. Enquanto a reacção à variedade
excessiva pode tender a ser negativa e a variedade nula tender à indiferença,
uma variação ideal pode tender a ser procurada, produzindo uma emoção
caracterizada pela expressão facial de interesse-surpresa.
O motivo de poder está associado ao incentivo impacto; tome-se o caso
de um bebé que normalmente é bastante activo, e, como tal, empurrões e
tropelias estão sempre a acontecer; assim, ele sente a excitação por causa da
experiência de ter impacto. Ter uma experiência de impacto é o sinal
estimulador para repetir o tipo de experiências que originam emoções, assim
como expressões faciais de irritação-excitação (Rego, 1995).
Ainda segundo o mesmo autor, encontramos o motivo de afiliação
relacionado com o incentivo contacto. Tomando o mesmo exemplo dos bebés,
a experiência que estes têm quando recebem mimos, criando a emoção
felicidade-prazer, normalmente é obtida, quando, em contacto com outra
pessoa, nomeadamente neste caso a mãe ou a primeira ama, elas dotam o
estímulo de ver ou ouvir tal pessoa com a capacidade de evocar antecipações
de alegria-prazer-felicidade do contacto.
60
w Padrão hormonal
Especifico (*) «4
i i i
Incentivos naturais
w Emoções, tal como
t i
Padrão hormonal
Especifico (*) «4
i i i
Incentivos naturais
w Emoções, tal como
i
t ^ , Actos
So Consumât Motivos adquiridos
Estimulador
t Experiência consunnatória
expressas peia express» facial
i
t ^ , Actos
So Consumât irios'
Pequenas variações face ao esperado
Ter impacto, ameaças, Interferências com ter Impacto
Tocar, ouvir ou ver outra pessoa
Variedade ligeira
Ter impacto
Contacto, aconchego, baloiço
Interesse-surpresa
Irritaçào-excitaçao
Excitação sexual, amor, alegria
Comportamento exploratório
Argumentar, negociar...
Procurar e permutar contactos com outros
Motivo de sucesso
Motivo de poder
Motivo de afiliação
Figura 5: Relações entre incentivos naturais, emoções e motivos
Fonte: retirado e adaptado de Rego (1995)
4.2.5 TEORIA DE MCGREGOR
Segundo Cardoso, L. (1998), esta teoria procura determinar apenas
duas formas de caracterizar a natureza humana, a teoria X e a teoria Y.
A primeira teoria, segundo o autor, refere que os indivíduos têm uma
natural rejeição pelo trabalho e evita-lo-ão sempre que puderem; em
consequência desse pressuposto, só se consegue o comportamento desejado
recorrendo a reforços negativos como a autoridade e o dinheiro. Estes
indivíduos preferem ser dirigidos, fogem de responsabilidades, têm poucas
ambições e aquilo que valorizam mais é a segurança.
A teoria Y, e ainda segundo o mesmo autor, diz que o esforço realizado
no trabalho é tão natural como descansar ou brincar, diz ainda que pressões e
61
ameaças não são a única forma de se atingir os objectivos da organização;
além disso, a criatividade na solução dos problemas não é exclusiva dos
líderes, mas sim normal na maioria das pessoas, tendo sempre em conta que
as potencialidades do homem médio são parcialmente utilizadas, aceitando
sem problemas as responsabilidades.
Segundo Bilhim (2001) esta teoria resume-se no seguinte: na teoria X os
empregados não gostam de trabalhar, na teoria Y os empregados gostam de
trabalhar.
4.2.6. TEORIA DE HERZBERG
Esta é uma das mais referenciadas teorias directamente ligadas à
satisfação no trabalho. Quase em todos os artigos, livros ou revistas, aparece
alguma referência a este autor sobre esta temática e a sua teoria.
Também conhecida como a teoria bifactorial (Cunha Pina et. ai, 2003),
Herzberg sugere que temos dois grandes tipos de necessidades
completamente distintos e independentes.
O primeiro tipo refere-se às necessidades motivadoras, com uma
natureza intrínseca no trabalho e que levam a uma satisfação de longa
duração. Já o segundo é composto pelas necessidades higiénicas de natureza
extrínseca que levam ao afastamento da dor e ao alívio da insatisfação de
curto prazo.
Os factores motivadores são constituídos por: sentimento de realização;
reconhecimento; trabalho variado e desafiante e desenvolvimento pessoal. Os
factores higiénicos são constituídos por: relação com o chefe; relação com os
colegas; supervisão técnica e condições de trabalho (Cunha Pina et.al., 2003).
Uma contribuição muito importante que esta teoria trouxe à luz do dia foi
a distinção entre o enriquecimento e o alargamento das funções. O
alargamento surge, quando a um trabalhador é conferido um aumento do
número de tarefas do mesmo nível de responsabilidade.
62
Segundo Bilhim (2001), no enriquecimento o nível de responsabilidade
aumenta, e para que isso aconteça, o enriquecimento deve permitir um
feedback directo (os trabalhadores devem ter acesso directo à informação da
sua performance), um relacionamento com os clientes (o empregado deve ter
um cliente para servir), novas aprendizagens (a oportunidade de crescer),
horários (agendar o próprio trabalho), uma experiência única (controlo absoluto
sobre a tarefa, só o responsável directo sabe como o trabalho se faz), controlo
sobre os recursos (criação de incentivos, para que os funcionários os giram da
melhor forma), contabilidade pessoal (responsabilidade absoluta pelo seu
trabalho e pela sua supervisão).
Bilhim (2001) refere ainda que, para Herzberg, existem cinco dimensões
nucleares no trabalho, são elas: variedade de aptidões; identificação de tarefas;
significado das tarefas; autonomia e conhecimento de resultados.
Um apontamento que Chelladurai (1999) referencia sobre esta teoria e
bastante importante para este trabalho, como poderá identificar-se à frente, é
que o oposto da satisfação não é a insatisfação, mas sim a não satisfação, e,
como é óbvio, o oposto da insatisfação não é a satisfação, mas sim a não
insatisfação no trabalho.
4.2.7. MODELO DAS CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO
Hackman e Oldham referem que existem cinco características do
trabalho (Figura 6) que fazem deste uma fonte de motivação e satisfação
(Cunha Pina et.al., 2003).
A primeira característica consiste na variedade da função; um instrutor
de um ginásio, que tanto trabalhe na musculação, como também nas
actividades de grupo e na piscina será um claro exemplo desta característica.
Uma outra característica será a de identidade; retomando a realidade
dos ginásios ou health clubs, tome-se a situação de um cliente que inicia um
trabalho de treino individualizado, em que o funcionário que o orienta será
sempre o mesmo, pelo que este último inicia e termina a mesma tarefa.
63
Uma outra característica é o significado dessa função, esta diz respeito
ao impacto que a tarefa tem na vida dos outros; a melhoria da condição física e
dos contornos corporais assume um claro impacto na vida dos clientes dos
ginásios.
Um outro aspecto fundamental é a autonomia da tarefa, o nível de
autonomia de um instrutor de aulas de grupo "livres" é muito mais alto que o de
um instrutor de aulas de grupo já pré-programadas; neste último caso não há
liberdade de planeamento e criatividade.
Por último, temos o feedback da tarefa, aplicado à mesma realidade,
esta característica pode ser avaliada pela variação do número de alunos nas
salas do ginásio.
DIMENSÕES Do TRABALHO b,
ESTADOS PSICOLÓGICOS CRITICOS
RESULTADOS DIMENSÕES Do TRABALHO w
ESTADOS PSICOLÓGICOS CRITICOS w
RESULTADOS
Variedade ' Identidade Significado
Autonomia ■
Feedback '
-► Significado
-► Responsabilidade
■"► Conhecimento dos Resultados
NECESSIDADES DE DESENVOLVIMENTO CONHECIMENTOS E APTIDÕES
SATISFAÇÃO COM O CONTEXTO
Motivação
" ^ Desempenho
Satisfação
Potencial Motivador da função = ( variedade + identidade + significado ) x autonomia x feedback
3
Figura 6: Modelo das Características da função de Hackman e Oldham Fonte: Cunha Pina et.al (2003) pp 110
Estes autores são protagonistas de um questionário avaliador da
satisfação geral no trabalho, o Job Diagnostic Survey (JDS). Uma das críticas
64
que se aponta a este questionário é que este nada nos diz em relação ao
salário ou à chefia (Cunha Pina et. ai., 2003), entendendo-se serem elementos
bastante importantes na avaliação da satisfação com o trabalho; o JDS indica-
nos o potencial motivador de um funcionário com grande necessidade de
crescimento e desenvolvimento dentro da empresa (ibid).
4.2.8. TEORIA DA EQUIDADE
Adams, o autor desta teoria, é defensor da ideologia de justiça no local
de trabalho; aliás, o termo equidade diz respeito à rectidão, justiça e igualdade,
na sua origem etimológica. Importa realçar que equidade e igualdade não são a
mesma coisa, isto é, há igualdade, quando duas pessoas recebem a mesma
recompensa e há equidade, quando são recompensadas em função do seu
empenho e esforço.
Daqui já podemos extrair que esta teoria assenta na relação directa
esforço-recompensa (equidade). Esta equidade pode ser interna, quando as
comparações são feitas entre membros da mesma organização; e pode ser
externa, quando realizada com pessoas fora da organização. A existência de
uma relação de equidade ou iniquidade é dada apenas pela percepção dos
trabalhadores e não através de algum método científico de medição (Cunha
Pina et. ai., 2003).
Existe equidade, quando o rácio de ganhos e investimentos de um
sujeito é igual ao rácio dos ganhos e investimentos do referente (pessoa com
quem é feita a comparação) dentro ou fora de organização (Figura 7). Entende-
se por investimentos: a formação, os conhecimentos específicos, a experiência,
o empenhamento, o esforço, entre outros. Entende-se por ganhos: o salário, as
recompensas, o estatuto, as oportunidades de formação e promoção, a
segurança de emprego, entre outros.
65
Esta teoria traz uma contribuição importante para a gestão da
motivação; demonstrando que a motivação será maior quando as pessoas se
aperceberem da existência de uma relação de contingência entre os seus
ganhos e os seus investimentos (ibid.op.cit.).
EQUIDADE
Resultados recebidos pelo próprio (e.g.. salário) = Resultados recebidos pelo referente (e.g.. salário dos colegas) Contributos do próprio (e.g., esforço) Contributos do referente (e.g., esforço dos colegas)
INIQUIDADE DESFAVORÁVEL
Resultados recebidos pelo próprio (e.g., salário) < Resultados recebidos pelo referente (e.g., salário dos colegas) Contributos do próprio (e.g., esforço) Contributos do referente (e.g., esforço dos colegas)
INIQUIDADE FAVORÁVEL
Resultados recebidos pelo próprio (e.g.. salário) > Resultados recebidos pelo referente (e.g.. salário dos colegas) Contributos do próprio (e.g.. esforço) Contributos do referente (e.g., esforço dos colegas)
Figura 7: A tradução matemática da teoria de equidade
Fonte: Cunha Pina et ai (2003) pp. 113
4.2.9. TEORIA DA DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS
Segundo Cunha Pina et. ai. (2003), Locke e Latham, os autores desta
teoria definem a vida como uma sucessão de objectivos e que os mais eficazes
desses objectivos são os que combinam com o conjunto de características
incluídas no acrónimo SMART. Specific (específicos); Measurable
(mensuráveis); Agreed e Attainable (acordados e alcançáveis); Realistic
(realistas mas difíceis) e Timed (com prazos). Num universo trabalhador,
enquanto lideres, deveremos desafiar os liderados seguindo estas
características. Estas actuam seguindo os seguintes processos:
a) Dirige a concentração para acções relevantes ao alcance dos objectivos
b) Leva a níveis de esforço mais altos
66
c) Estimula o planeamento
d) Aumenta a persistência face a obstáculos
Para que isto aconteça, é óbvio que os objectivos terão ser aceites.
Outra condição importante é a de que haja feedback, informando o trabalhador
sobre o progresso que ele tem alcançado.
Bilhim (2001) acrescenta ainda que, se os trabalhadores forem ouvidos
durante o processo de fixação de objectivos, a probabilidade de aceitar e
cumprir objectivos mais difíceis aumenta.
Uma das críticas frequentes a esta teoria refere-se ao facto de a
focalização dos indivíduos num determinado objectivo provavelmente diminuirá
a produção de outros comportamentos eventualmente relevantes.
4.2.10. MODELO DA DISCREPÂNCIA
Lawler introduz um conceito algo diferente nesta teoria. Este modelo
(Figura 8) refere que a satisfação surge, quando um trabalhador recebe em
conformidade com aquilo que desejava receber (Chelladurai, 1999). A
percepção é realizada consoante a dificuldade do trabalho, o empenho, o
esforço, as características da tarefa a realizar, em comparação com outros
semelhantes.
No universo desportivo é muito comum esta situação acontecer; veja-se
a discrepância dos salários que existe no futebol; é claro que essa diferença
deve ser analisada no âmbito geral, tomando em consideração aspectos como
a popularidade, a antiguidade, o carisma, entre outras condicionantes.
A ideia principal desta teoria é que, ao receber aquilo que se considera
ser justo receber, então, a pessoa está satisfeita; se não, não está satisfeita,
não significando isso insatisfação, como já referido.
67
Capacidades Experiência Treino Esforço Idade Antiguidade Habilitações Lealdade à organização Desempenho anterior Desempenho Presente
Percepção das remunerações de outros significativos
Remuneração recebida
Percepção do seu esforço pessoal
Percepção do esforço e dos resultados de
outros
Características percebidas do trabalho Nível
Dificuldade Tempo Responsabilidade
Características percebidas do trabalho Nível
Dificuldade Tempo Responsabilidade
Características percebidas do trabalho Nível
Dificuldade Tempo Responsabilidade
Percepção do que deve
receber
Percepção do
que recebe
Figura 8: O modelo da discrepância aplicado ao salário Fonte: Vala et. ai. (1994:106)
É de realçar que já existiu em Portugal um estudo realizado por Maria
Ferreira em 2001, usando um questionário deste tipo na área da saúde
(enfermeiros), subordinado ao tema liderança e satisfação.
O instrumento de pesquisa foi constituído por uma escala de
expectativas e atitudes, da autoria de Porter (need satisfaction questionnaire,
1962) reformulado e adaptado por Graça em 1989. Esta escala viabilizava a
determinação do grau de não satisfação profissional dos enfermeiros em
estudo. Tendo sido aplicado em hospitais e serviços de saúde portugueses por
Graça (Ferreira, 2001). De salientar que a referida escala determina a não
satisfação, e não a satisfação.
68
4.2.11. TEORIA DO PROCESSAMENTO SOCIAL DA INFORMAÇÃO
Segundo Vala et. ai (1994) Salancik e Pfeffer, os autores por trás desta
teoria salientam a importância da informação social e o peso que esta tem nas
organizações, referindo mesmo que a satisfação pode ser entendida como um
factor socialmente construído (Cunha Pina et. ai, 2003 e Vala et. ai, 1994).
Assim, os atributos do trabalho e a situação do mesmo são definidos e
avaliados pelas percepções dos outros e as atitudes e necessidades de cada
um são definidas e determinadas através das informações obtidas pelos outros
sobre o ambiente.
4.2.12. TEORIA DAS EXPECTATIVAS
Nesta teoria, Cunha Pina et.al (2003) citam dois nomes bastante
importantes desta temática, o primeiro é Victor Vroom (1964) e o segundo
Edward Lawler (1968). De qualquer forma, esta teoria reveste-se de uma
abordagem cognitiva, considerando que, tanto o comportamento, como o
desempenho, são resultantes de uma escolha consciente que conduzirá a
maiores ganhos. Para estes autores, esta organiza-se em torno dos seguintes
três pilares:
Expectativa: desde que a pessoa tenha os meios e as competências
adequadas, um determinado esforço conduzirá a um desempenho bem
sucedido (expectativa esforço-desempenho), e, se o esforço for bem sucedido,
então conduzirá a uma dada recompensa (expectativa esforço-resultado).
Valência: para que a pessoa se esforce, a recompensa tem de ser percebida,
ou seja, terá de ter uma valência (valor) positiva. Por exemplo, num ginásio, se
os instrutores conseguirem atingir um objectivo, a sua recompensa será um
desconto noutras actividades do mesmo centro (por exemplo massagens).
Para um determinado instrutor pode ser a recompensa ideal, mas para outro
69
pode não ter qualquer valor, a recompensa que este queria poderia ser um
prémio monetário.
Instrumentalidade: um resultado pode servir como meio para atingir um
segundo resultado. Vejamos, por exemplo, o caso de um instrutor que queria o
prémio monetário, que poderia servir para adquirir algo que desejasse na sua
vida; ou seja, a recompensa de primeira ordem toma-se importante, porque se
revela instrumental para o resultado de segunda ordem.
Ferreira, J.M. et.al (1999) referem também a componente força, que
constitui a quantidade de esforço e tensão existente no interior da pessoa,
sendo capaz de a motivar; quanto maior for a força, maior será a motivação
para o trabalho.
Cunha Pina et. ai (2003) entendem que, para haver motivação, nenhum
destes elementos pode ser igual a zero, bastando apenas a existência de um
para não haver motivação. Assim, a organização deve avaliar os sentimentos
de auto-eficácia dos seus trabalhadores; a chefia deve gerir as expectativas
dos subordinados, deve ser sensível à individualidade de cada pessoa,
atendendo ao sistema de recompensas, devendo ainda conhecer bem os
trabalhadores, de modo a que esse sistema de recompensa possa ajudar a
resolver os principais problemas.
Como crítica, Bilhim (2001) faz referência ao facto de que este modelo
se aplica, quando existe a capacidade de escolher entre comportamentos
alternativos. O que acontece em muitas funções é que a tarefa é atribuída
exactamente para limitar e restringir essas alternativas, sendo muito difícil
distinguir os objectivos com valência positiva, ou a fixação de como se devem
medir essas diferenças de alternativas para reformular a escolha adequada.
70
4.3. MODELOS EXPLICATIVOS DA SATISFAÇÃO
Depois da análise destas teorias e modelos, podemos constatar que
todas elas dão um contributo diferente nesta temática. Assim sendo, e para
uma melhor compreensão, pode decompor-se em três tipos: um tipo centrado
no indivíduo, outro na situação e outro, ainda, na interacção dos dois (Cunha
Pina et.al., 2003). Isto é, distingue-se a componente individual, situacional e a
interacção social (Vala et. ai., 1994).
Segundo Cunha Pina et. ai. (2003), os modelos centrados nos indivíduos
identificam as influências disposicionais mais ligadas à satisfação; os modelos
centrados nas situações analisam as relações entre o ambiente de trabalho e
os níveis de satisfação; por último, os modelos centrados nas interacções
tentam explicar como é que o ajustamento ou o desajustamento entre as
características individuais e as situações afectam os níveis de satisfação ou no
segundo caso de não satisfação.
4.3.1. MODELOS CENTRADOS NO INDIVÍDUO / INDIVIDUAIS
Este modelo pode dividir-se em dois grandes grupos: um destinado aos
efeitos pessoais específicos e um outro destinado aos efeitos pessoais
inespecíficos (Cunha Pina et. ai., 2003).
O primeiro grupo inclui estudos orientados entre as variáveis individuais
específicas e o grau de satisfação. Neste caso, dois tipos de variáveis podem
ser identificados: um direccionado para as diferenças individuais, como o afecto
positivo ou negativo, a necessidade de crescimento, entre outras e um segundo
direccionado para as variáveis demográficas como a idade, o sexo, o nível de
escolaridade, entre outras. Embora os autores considerem estes dois grupos
influenciadores na satisfação, os resultados obtidos nesses estudos não são
conclusivos, tendo evidenciado uma correlação fraca entre as variáveis
referidas. O mesmo autor faz referência a um estudo realizado com gémeos
monozigóticos, sugerindo que as características da personalidade exercem
algum efeito na satisfação intrínseca.
71
Para a explicação deste modelo, Vala et. ai. (1994) fazem referência ao
modelo da discrepância de Lawler, destacando dois tipos de variáveis: a
expectativa dos objectivos e valores que o indivíduo possui e a resposta que a
organização dá a essa expectativa.
4.3.2. MODELOS CENTRADOS NAS SITUAÇÕES / SITUACIONAIS
Os modelos centrados nas situações referem que as características da
situação são as principais causas ou factores explicativos da satisfação. As
variáveis mais representativas são: o clima organizacional, as características
do trabalho e a informação social (Cunha Pina et. ai., 2003).
O clima organizacional é entendido como o conjunto de normas, atitudes
bem como a intensidade dos valores e os comportamentos dentro de um
sistema social, sendo que a sua percepção influencia a satisfação.
No que diz respeito às características do trabalho, estes autores
apresentam três modelos: o modelo pós-cognitivo não recursivo; o modelo pré-
-cognitivo recursivo e o modelo pré-cognitivo não recursivo.
O modelo pós-cognitivo não recursivo refere que as características da
função e a estrutura do grupo influenciam a percepção dessa função; por
exemplo, se a emoção ligada à função é positiva, o indivíduo pode desvalorizar
qualquer informação que contrarie essa percepção, ou seja, a cognição existe
antes do afecto.
Por sua vez, o modelo pré-cognitivo recursivo assume uma causalidade
unidireccional, ou seja, os atributos da função influenciam a satisfação com
essa função, que, por sua vez, influencia a percepção dessa função.
Finalmente, o modelo pré-cognitivo não recursivo assume uma
causalidade recíproca, isto é, as cognições, uma vez formadas, retroalimentam
e suscitam algumas mudanças nas respostas afectivas. Os mesmos autores
referem que apenas o modelo pós-cognitivo não recursivo não foi
desconfirmado.
72
No que se refere à informação social saliente-se a teoria de Salancik e
Pfeffer já apresentada, que nos diz que a avaliação individual do trabalho é
socialmente construída.
Vala et. ai (1994) apresentam este modelo de um modo diferente,
referindo que os principais conceitos chave são as características da função, as
características do processo da tomada de decisão e as características do
reforço.
Relativamente às características da função, estas assumem a teoria
bifactorial de Herzberg que mais tarde é remodelada por Hackman e Oldham.
No que diz respeito ao processo de tomada de decisão, estes autores
dizem que, quanto maior for a congruência entre a participação desejada e a
percepção da participação efectiva, maior será o nível da satisfação; ou seja,
há um aumento de participação percebido nas tomadas de decisão.
Quanto ao reforço pode ser explicado por um modelo apresentado por
Porter e Lawler (Figura 9).
Valor do
Reforço
► Esforço
Probabilidade
do Reforço
Capacidades
e Traços Reforços
Intrínsecos
Desempenho
Percepção
Dos Papeis
Reforços
Extrínsecos
Percepção de
Reforços Equitativos
Figura 9: Relação do esforço com a satisfação Fonte: Vala et.al. (1994:105)
73
4.3.3. MODELO CENTRADO NA INTERACÇÃO / INTERACÇÃO SOCIAL
Segundo Cunha Pina et. ai (2003), a ideia chave deste modelo é a de
que, para a explicação da satisfação é impossível separar os dois modelos
anteriores, referindo duas correntes de investigação: a da congruência e a das
interacções dinâmicas. De acordo com a primeira, as pessoas devem ser
colocadas nas funções compatíveis com as suas expectativas e necessidades,
de modo a que se sintam satisfeitas e produzam mais, isto é, existe um
ajustamento entre a pessoa e a situação. No segundo caso, existe uma
interacção dinâmica entre as pessoas e as situações, ou seja, não só existe um
ajustamento da pessoa com uma determinada função, como existe também um
ajustamento da função com os atributos pessoais da pessoa.
Vala et. ai (1994) explicam os modelos relativos à interacção social
através basicamente de três conceitos chave: o primeiro dirigido à comparação
social e explicado pela teoria da equidade; o segundo direccionado ao
processamento social da informação, explicado pela teoria de Salancik e
Pfeffer; e, por último, a cultura organizacional, considerando a organização
como um local de interacção social, partilhando, na mesma organização,
diferentes culturas e formas de pensar.
4.4. CAUSAS DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
Como podemos ver (Quadro 5), existem dois grandes grupos para as
causas da satisfação: as causas pessoais e as organizacionais.
Quadro 5 - As causas da satisfação
CAUSAS PESSOAIS CAUSAS ORGANIZACIONAIS
Factores demográficos Salário
Diferenças individuais Trabalho em si mesmo
Perspectiva de carreira
Estilo de chefia
Colegas
Condições físicas
74
Fonte: Cunha Pina et. al. (2003:135)
As causas pessoais são determinadas pelas variações demográficas e
pelas diferenças individuais explicadas anteriormente. Segundo Cunha Pina et.
ai. (2003), as variáveis demográficas mais estudadas são a idade e o género.
No que respeita à idade, os resultados dos estudos dizem que os mais
jovens são os menos satisfeitos com o trabalho, talvez devido ao facto de, por
serem mais jovens, ocuparem lugares hierarquicamente inferiores, na sua
generalidade, para além de tenderem a ter mais expectativas
comparativamente aos mais velhos.
No que diz respeito ao género, o sexo feminino tem revelado índices de
satisfação mais baixos que o sexo masculino, sendo essa realidade explicada
pelas diferenças sociais no nosso meio, bem como pelos resultados
respeitantes à raça; os caucasianos revelam índices de satisfação mais alta do
que outros grupos ráciicos.
As diferenças individuais, encontram-se reflectidas no índice de
inteligência emocional. Assim, este índice constitui um factor diferenciador
fundamental, sendo por essa razão considerado como a principal variável
explicativa da satisfação no trabalho neste estudo.
Pode apontar-se como causas pessoais, a antiguidade na organização e
o nível das habilitações literárias.
Dentro das causas organizacionais, no quadro em análise, surge em
primeiro lugar o salário como uma causa da satisfação. Como se viu, são
vários os autores que referem a importância do salário e das recompensas
monetárias como uma fonte de satisfação primária, satisfazendo necessidades
individuais; e secundária, devido ao poder e estatuto que lhe está associado.
O trabalho em si é outra possível causa da satisfação; autores como
Hackman e Oldham demonstram isso nos seus trabalhos.
As oportunidades de promoção ou perspectivas de carreira são também
consideradas fontes de satisfação, estando ligadas ao ganho ao nível da
75
remuneração, aos objectivos a serem atingidos, ao ganho de estatuto e de
prestígio.
Neste campo, Cunha Pina et. ai (2003) entendem que as organizações
deverão ter muito cuidado, pois perspectivas de carreira irrealistas poderão ser
uma fonte de insatisfação, podendo mesmo levar ao abandono da mesma.
O estilo de chefia está intimamente ligado à satisfação, sendo este um
factor referente à liderança e à forma que os liderados são supervisionados,
havendo vários estudos neste campo, como é o exemplo já referido dos
enfermeiros, estudo esse realizado por Ferreira, M. em 2001, subordinado ao
tema "Liderança e Satisfação".
Os companheiros de trabalho, ou colegas, sendo eles do mesmo nível
hierárquico ou não, correspondem também às causas da satisfação, tendo
influência no ambiente social da organização. Jesuino (1999) refere que
membros de grupos coesos mostram-se mais satisfeitos do que membros de
grupo pouco coesos.
As condições físicas do trabalho deverão também ser consideradas,
porque, quando estas atingem um nível mais baixo, tal tem uma influência
negativa no nível da satisfação (Cunha Pina et. ai, 2003).
4.5. CONSEQUÊNCIAS DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO
Na sua generalidade, todos os autores concordam, quando se afirma
que a satisfação no trabalho é um dos temas mais estudados no âmbito do
comportamento organizacional, mas, o que realmente os preocupa, não é a
satisfação no trabalho, mas sim a ausência desta. Assim sendo, quando tal
acontece, quatro comportamentos podem ser analisados, podendo servir como
um aviso para os lideres de que os liderados poderão não estar completamente
satisfeitos (Cunha Pina et. ai, 2003).
Quando realmente estão insatisfeitos, uma das opções comportamentais
é a saída ou o abandono da organização. Outra opção será a de voz, em que
76
os membros permanecerão, mas expressam o seu descontentamento e
poderão mesmo sugerir algumas mudanças. A opção lealdade torna o
comportamento passivo, mas leal à empresa, revela uma forte adesão à
organização, como se verá mais à frente. Por último a negligência, onde a
permanência é acompanhada de algum desmazelo e descuido face à
organização e ao trabalho.
Vala et. ai. (1994) referem ainda um quinto comportamento, o de saída
interna, surgindo este quando os liderados procuram activamente mudar de
departamento ou serviço sem abandono da organização.
Como facilmente se conclui, nenhum gestor ou líder deseja que tal
aconteça, daí interesse, em saber qual a relação que existe, se é que existe,
entre a satisfação e o desempenho/produtividade; a satisfação e os
comportamentos de ausência; a satisfação e a rotatividade.
4.5.1. SATISFAÇÃO E DESEMPENHO / PRODUTIVIDADE (PERFORMANCE)
A ilusiva relação entre satisfação e desempenho intriga os
investigadores há mais de meio século (laffaldano e Muchinsky, 1985) e vários
foram os estudos que obtiveram uma correlação muito modesta entre estas
duas variáveis (Abbel-Halim, 1980; Baird, 1976; Bhagat, 1981, 1982; Breaugh,
1981; Brief e Aldag, 1976; Dyer e Theriault, 1976; Gould, 1979; Green et. al,
1983; Hall et. al, 1978; Inkson, 1978; Jacobs e Salomon, 1977; Joyce et. al.,
1982; Kesselman et.al, 1974; Locke, 1976; Oldham et. al., 1976; Wanous,
1974).
Há autores que afirmam que o desempenho não é uma consequência da
satisfação, mas a satisfação, a consequência do desempenho, pois as pessoas
que produzem mais recebem mais, traduzindo-se em maiores níveis de
satisfação (Cunha Pina et. ai, 2003).
77
Apesar de este panorama, existem trabalhos que revelam a
possibilidade de os trabalhadores mais satisfeitos serem trabalhadores mais
produtivos (Staw e Barsade, 1993).
A grande diferença é que estes autores admitiram que o desempenho e
a satisfação têm uma base disposicional (Cunha Pina et. ai, 2003) e,
consequentemente, consideram a possibilidade de os indivíduos com níveis
mais elevados de afecto positivo obterem melhores resultados nas tarefas,
surgindo assim um modelo cíclico de relação entre satisfação e produtividade
(Figura 10), demonstrando que elevados desempenhos, associados a grandes
recompensas, são os precursores da satisfação no trabalho (Cunha Pina et. ai,
2003).
Factores Moderadores
• Empenhamento com os objectivos • Feedback • Capacidade • Complexidade da tarefa • Constrangimentos situacionais
w • Empenhamento com os objectivos • Feedback • Capacidade • Complexidade da tarefa • Constrangimentos situacionais
Objectivos elevados específicos
V
\
;*
- > Recompensas contingentes e
não-continaentes
\
;*
Mecanismos mediadores - > r-.
Elevado Desempenho
w Recompensas contingentes e
não-continaentes
\
;*
Mecanismos mediadores - > r-.
Elevado Desempenho w
Recompensas contingentes e
não-continaentes
\
;*
Esforço Resistência Direcção Estratéaia de tarefa fulanos)
Recompensas contingentes e
não-continaentes
\
;*
Esforço Resistência Direcção Estratéaia de tarefa fulanos)
1
\
;*
Esforço Resistência Direcção Estratéaia de tarefa fulanos) Satisfação
(e satisfação antecipada)
Satisfação (e satisfação antecipada)
Elevada expectativa, auto-eflcácia
Satisfação (e satisfação antecipada)
Elevada expectativa, auto-eflcácia
V
Empenhamento com a organização e seus obiectivos
J
Figura 10: Ciclo de elevado desempenho Fonte: Cunha Pina et. ai (2003:138)
78
4.5.2. SATISFAÇÃO E COMPORTAMENTOS DE AUSÊNCIA
Os comportamentos de ausência podem ser explicados por vários
motivos, sejam estes directa ou indirectamente ligados ao trabalho, como é o
caso de doença, morte de familiar, gravidez, entre outras (Miguez, 1987).
Os motivos directamente ligados ao trabalho, segundo os estudos de
Steers e Rhodes, indicam que a insatisfação constitui a principal causa para as
ausências (ibid.). Segundo este autor, pode então concluir-se que a motivação
de um trabalhador para a presença depende, essencialmente, da sua
satisfação global em relação ao seu trabalho, sendo que esta, por sua vez,
depende de um certo número de características próprias, como se pode ver na
Figura 11.
Valores e expectativas
Situação no trabalho Âmbito do trabalho Nivel do trabalho Stress ligado ao cargo Tamanho do grupo de trabalho Estilo do líder Relações com outros trabalhadores Oportunidades para progressão na carreira
Características pessoais: Educação Situação económica Idade Sexo Tamanho da família
Satisfação com a situação de trabalho
Capacidade para estar presente Doenças e acidentes Responsabilidades familiares Problemas de transporte
Motivação para a presença
Presença do trabalhador
Pressões para a presença Mercado de trabalho Sistemas de incentivos /recompensas Normas de trabalho do grupo Ética pessoal de trabalho Compromisso organizacional
Figura 11: Modelo da motivação para a presença Fonte: Miguez (1987: 25)
79
É óbvio que, como se está a tratar de muitas variáveis que condicionam
o resultado, torna-se muito difícil prever com exactidão qualquer resposta. Este
comportamento é significativo, quando se torna repetitivo, podendo ser mesmo
um indicador de insatisfação, e, consequentemente, de futuro abandono ou
rotatividade (turnover).
4.5.3. SATISFAÇÃO E ROTATIVIDADE {TURNOVER)
Esta problemática torna-se mais relevante, quando se perdem
funcionários com elevado nível de produtividade, com os quais se realizaram
investimentos em formação. No entanto, pode ter uma perspectiva mais
funcional, onde a organização tem a oportunidade de substituir empregados
com baixos potenciais de desempenho.
Segundo Cunha Pina et. ai (2003), esta relação não é directa, isto é, a
não satisfação poderá levar primeiro à intenção de saída e só então levará ao
abandono; mas, mais uma vez, constata-se que existe uma clara e evidente
relação entre a satisfação e o abandono da organização, surgindo também
como factores influenciadores a taxa de emprego nacional, a oferta de trabalho
nesse sector, as condições e a qualidade de vida (Steers e Porter, 1979).
O processo de tomada desta decisão pode ser analisado na Figura 12.
80
i-
c.
D.
E.
F.
J—. -j Satisfação/ insatisfação com o
emprego actual
t-
Avaliação do emprego actual
1 Consideração da hipótese de salda
Balanço das perdas e dos ganhos
da salda
Intenção de procurar alternativas
Procura de alternativas
Avaliação das alternativas
Ï Comparação das alternativas com
o emprego actual
Intenção de sair ou permanecer
Sair/ permanecer
" ^ (a) Possíveis comportamentos de insatisfação
(b) Factores não relacionados com o emprego
(c) Comportamento Impulsivo
Figura 12: Processo de tomada de decisão de abandono ou permanência Fonte: Steers e Porter (1979:342)
4.6. CONSEQUÊNCIAS EXTERNAS DA SATISFAÇÃO
Conforme pode analisar-se na Figura 13, uma maior satisfação dos
empregados traduzirá uma maior satisfação dos clientes, que levará por
consequência a uma maior produtividade no volume dos negócios,
principalmente quando nos referimos à prestação dos serviços, onde existe
contacto directo com os clientes (como é o caso dos ginásios), logo uma maior
81
influência tanto positiva como negativa no comportamento dos clientes (Cunha Pina et. ai, 2003).
Assim, através da roda da qualidade, pode ver-se que, no caso de haver
satisfação no trabalho, surgirá uma maior motivação que irá reflectir um
aumento da qualidade dos serviços que, por sua vez, será percepcionada pelos
clientes, aumentando, assim, a satisfação destes e consequentemente
aumentando a produtividade da organização.
Maior satisfação dos empregados
Maior motivação dos empregados
Maior volume de negócio
QUALIDADE
Maior satisfação do
cliente
Elevada qualidade de serviço por
comparação comas
expectativas do consumidor
Figura 13: A roda da qualidade
Fonte: Heskett (1987:123) cited in Cunha Pina et. ai. (2003: 140)
82
5.1. OBJECTIVOS
5.1.2. OBJECTIVO GERAL
O objectivo geral deste trabalho será o de investigar a existência de
algum tipo de relação da inteligência emocional (ie), variável independente, na
satisfação no trabalho (st), variável dependente. Numa fase inicial, para avaliar
esta relação utilizou-se o índice a designar por ieauto (correspondendo à auto
avaliação do índice de inteligência emocional por parte dos inquiridos). No
entanto, por se suspeitar ser mais evidente a existência de um maior grau de
dependência entre a st e a avaliação do índice de inteligência emocional dos
lideres por parte dos seus subordinados (iehet) utilizou-se no estudo das
correlações a iehet.
Em anexo (ii) apresenta-se o quadro com as correlações existentes
entre a ieauto e a st, confirmando a suspeita referida anteriormente e
justificando a utilização como variável explicativa o iehet em detrimento do
ieauto.
5.1.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
O primeiro objectivo específico será o de detectar se existe grande
discrepância entre a avaliação da ieauto efectuado por parte dos seus
subordinados e a ieauto do líder correspondente, assim como comparar o valor
médio da hetero avaliação dos liderados com a auto avaliação do líder.
É também objectivo deste estudo verificar se determinado conjunto de
critérios como o género, idade, estado civil, antiguidade, dimensão dos
ginásios, habilitações literárias dos inquiridos e a sua categoria profissional são
factores determinantes na alteração da eventual relação existente entre as
duas variáveis, e, para os critérios que se revelarem determinantes, calcular
quais as componentes mais correlacionadas de cada um dos índices.
84
O terceiro objectivo deste trabalho consiste na estimação de alguns
modelos de regressão linear entre a variável dependente satisfação no trabalho
em função da variável independente iehet com a inclusão de variáveis dummy
como indicador da possível relevância de alguns dos critérios de análise,
possibilitando quantificar o contributo individual de variáveis de natureza
qualitativa (associada a cada um dos critérios em estudo) bem como o
contributo para a satisfação no trabalho da variável explicativa iehet especifica
a cada um dos critérios.
Pretende-se de igual modo decompor por sub categorias os dois índices:
índice de inteligência emocional do líder composto a partir da avaliação
efectuada pelos respectivos liderados (iehet) e o índice de satisfação no
trabalho (st), no sentido de averiguar quais as componentes mais
correlacionadas.
Assim, considera-se que o índice global de satisfação no trabalho pode
ser decomposto em: satisfação no trabalho ao nível da organização (org),
satisfação no trabalho em função da remuneração (rem), satisfação no trabalho
no que diz respeito aos colegas ao mesmo nível (coligniv) e satisfação no
trabalho dado o trabalho em si mesmo (trabsimm). No que respeita ao índice
de inteligência emocional a decomposição foi efectuada em quatro categorias,
sendo elas a avaliação das emoções pessoais do superior hierárquico, a
avaliação das emoções dos outros, o uso da emoção e a regulação da
emoção.
Adicionalmente ter-se-á em consideração o critério geográfico,
questionando se a relação entre as duas variáveis será diferente entre os
ginásios do Grande Porto e os ginásios da Madeira.
5.2. HIPÓTESES
O conjunto de hipóteses que se seguem traduz alguns dos objectivos
atrás propostos:
85
H1) O grau de Inteligência Emocional é mais elevado para os líderes do que para os liderados.
H2) A opinião dos subordinados face ao grau de Inteligência Emocional do seu
líder é mais elevada do que a opinião formada pelo próprio líder.
H3) O grau de Inteligência Emocional (iehet) está correlacionado, em termos
globais, com o nível de satisfação no trabalho (st).
H4) Os indivíduos do sexo feminino apresentam um grau de correlação
superior entre Inteligência Emocional e satisfação no trabalho face aos
indivíduos do sexo masculino.
H5) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais evidente nos ginásios de pequena dimensão.
H6) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é superior nos indivíduos com maior tempo de serviço.
H7) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com um contacto mais directo com o
líder, nomeadamente os recepcionistas.
H8) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é maior nos inquiridos casados.
H9) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com menores habilitações literárias.
H10) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de
satisfação no trabalho é mais notório nos indivíduos com maior faixa etária.
86
H11) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação no trabalho é maior na Madeira do que na área do Grande Porto.
6.1. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Os dados que constituem a amostra em estudo foram recolhidos através
da aplicação de três questionários (dois questionários para avaliar o grau de
inteligência emocional e o grau de satisfação no trabalho do próprio indivíduo e
um terceiro para avaliar a inteligência emocional do líder ajuizada pelos
respectivos liderados) aplicados em 17 ginásios, 14 pertencentes à zona do
Grande Porto e 3 da Madeira.
Assim, foram questionados 129 indivíduos (17 líderes e 112
liderados/subordinados), tendo em conta os seguintes critérios: género, idade,
antiguidade, estado civil, habilitações literárias, categoria profissional e
dimensão dos ginásios.
6.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO AO GÉNERO
Dos indivíduos questionados 65 são do sexo masculino e 64 do sexo feminino,
que se traduz numa repartição igualitária dos indivíduos (aproximadamente
50%) segundo este critério, facilmente visível na Figura 14 que se segue:
género
Dm Df
Figura 14: Distribuição da amostra segundo a variável género
90
6.1.2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO À IDADE
Dos indivíduos inquiridos 53% têm idades compreendidas entre os 18
anos (inclusive) e os 30 anos (exclusive), 34% com idades dos 30 aos 40 anos
(exclusive) e apenas 13% apresentam idades iguais ou superiores aos 40
anos. Nesta faixa etária a grande maioria (53%) é líder, sendo que apenas 16%
da faixa intermédia assumem essa função. O gráfico de barras (Figura 15)
pretende dar uma ideia mais clara da distribuição dos indivíduos pelas três
faixas etárias referidas:
Figura 15: Distribuição da amostra segundo a variável idade
6.1.3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO ÀS HABILITAÇÕES
LITERÁRIAS
Nesta categoria optou-se pelo agrupamento nas seguintes classes:
possui o 9o ano, tem o 12° ano ou é licenciado. Na amostra recolhida apenas
2% dispõe do 9o ano, sendo a maioria da amostra constituída por indivíduos
com o 12° ano ou licenciatura, apresentando uma percentagem 48% e 50%,
respectivamente. O gráfico de barras (Figura 16) demonstra claramente esta
distribuição:
91
70 60 50 40 30 20 10
Habilitações
* =
— ■ ? —
* =
— ■ ? —
* = — - — —
* = — - — —
* = * =
1 1
* =
12° licenciatura
Figura 16: Distribuição da amostra segundo as Habilitações Literárias
6.1.4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO À CATEGORIA PROFISSIONAL
A decomposição da amostra por categoria profissional distingue três
categorias: recepcionista, monitor e dirigente. Esta opção prende-se com o
objectivo em análise, na medida em que os grupos profissionais com nível
emocional mais elevado são pessoas com funções que implicam um contacto
mais directo com o público. No caso concreto dos ginásios as funções em
causa concretizam-se nas três categorias referidas.
Deste modo, 13% da amostra utilizada é constituída por dirigentes, 65%
por monitores e 22% por recepcionistas. A distribuição por categorias mostra-
se representativa do universo em análise face à dimensão assumida por cada
uma delas. O gráfico circular (Figura 17) que se segue mostra essa
distribuição:
Categoria Profissional
D dirigente ■ monitor D recepcionista
92
Figura 17: Distribuição da amostra segundo a variável Categoria Profissional
6.1.5. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO À DIMENSÃO DOS GINÁSIOS
Para avaliar a dimensão dos 17 ginásios que constituem a amostra total,
considerou-se o critério do número de sócios. Neste sentido, ginásios de
pequena dimensão são aqueles que registam um número de sócios até 500, de
média dimensão todos os que apresentam um número entre os 500 e 1000
sócios e os de grande dimensão aqueles ginásios com mais de 1000 sócios.
Atendendo à anterior classificação, a amostra é constituída por 6
ginásios de pequena dimensão, 7 de média dimensão e 4 de grande dimensão,
como demonstrado na Figura 18:
Dimensão
\ \
a pequena
— ~ ~ \ ■ média
\ fet. D grande
Figura 18: Distribuição da amostra segundo a variável Dimensão
6.1.6. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO AO ESTADO CIVIL
A amostra e constituída por 29 indivíduos casados e 83 indivíduos
solteiros correspondendo a uma percentagem de 26% aproximadamente de
casados contra os 74% de indivíduos solteiros.
93
6.1.7. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ATENDENDO À ANTIGUIDADE
A amostra e formada por 36 indivíduos com menos de um ano de
serviço (32%), 51 trabalhadores com um número de anos de serviço
compreendido entre um e três anos (46%) e 25 indivíduos com uma
experiência profissional superior a três anos (22%). O gráfico seguinte (Figura
19) traduz a referida decomposição:
Antiguidade
m menos de 1 ano ■ del a 3 anos D mais de 3 anos
Figura 19: Distribuição da amostra segundo a variável Antiguidade
6.2. IDENTIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS, MÉTODOS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Para este trabalho foi feita uma pesquisa bibliográfica utilizando diversos
métodos e procedimentos de pesquisa.
Começou-se por realizar uma pesquisa na Internet percorrendo várias
bases de dados como, entre outras, a Proquest. Tendo como ponto de partida
as palavras-chave: inteligência emocional, satisfação no trabalho, liderança e
quociente emocional. Adicionalmente foram consultados os seguintes "sites":
www.consortium.org
www.rh.com.br
94
www.sciencedirect.com
www.epub.orq.br
Manualmente foi feita uma pesquisa pelas bibliotecas da Universidade
do Minho (Departamentos de Economia, Gestão e Psicologia); da Universidade
do Porto (Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Faculdade de
Economia, Faculdade de Psicologia); da Universidade de Aveiro; da
Universidade Católica do Porto; da Universidade Fernando Pessoa; e, da
Universidade Lusíada.
Além da literatura referenciada na bibliografia, as publicações
pesquisadas em buscas de referência foram: Leadership Quaterly, Journal of
Management, Harvard Business Review, Human Resource Management,
Journal of Psychology, Group and Organization Management, Management
Services, Strategy and Leadership, Training & Development, Journal of
Personality and Social Psychology, Organization Development Journal, The
Healthcare Fórum Journal.
Adicionalmente alguma bibliografia foi fornecida pela Associação
Portuguesa para o Desenvolvimento da Inteligência Emocional
Na recolha da informação fundamental à construção dos três índices
utilizados na parte empírica deste estudo (ieauto, iehet e st) aplicaram-se dois
questionários. Para a construção do índice satisfação no trabalho os dados
utilizados foram obtidos pela aplicação do questionário elaborado por Pat Smith
em 1969 e que foi validado por Jesuíno, J. C, et. ai. (1983). Relativamente ao
outro índice, o questionário aplicado foi o de Wong & Law (2002) tendo sido
validado, para a realidade em estudo, por Peixoto (2003).
Os inquéritos foram preenchidos na presença do investigador e de forma
individual. Tendo por finalidade garantir a fiabilidade da informação, teve-se a
preocupação de clarificar todas as dúvidas surgidas no preenchimento dos
inquéritos, bem como alertar para a necessidade do maior rigor possível no seu
95
preenchimento. Optou-se igualmente pela aplicação de questionários anónimos
no sentido de garantir uma maior veracidade dos dados.
Os questionários sobre a auto avaliação da inteligência emocional e da
satisfação no trabalho foram preenchidos quer por líderes quer por liderados.
No entanto, o questionário da inteligência emocional foi preenchido a
duplicar pelos subordinados, uma vez que adicionalmente à suas auto
avaliações, estes também avaliaram a inteligência emocional do seu líder. Os
questionários foram distribuídos e recolhidos durante o mês de Julho.
Para proceder a comparações entre o mesmo indicador relativo a
realidades distintas e comparações entre avaliações da mesma realidade
efectuada por indivíduos diferentes, utiliza-se como referência o respectivo
valor médio. Este será o método utilizado para testar as duas primeiras
hipóteses.
Na análise da existência de correlação entre os índices em estudo e as
respectivas componentes, optou-se por calcular o coeficiente de correlação
linear de Pearson. Este procedimento será efectuado por etapas.
Em primeiro lugar, procede-se ao cálculo deste indicador tendo em conta
os índices em termos globais e toda a amostra (que corresponde ao número
total de subordinados inquiridos, na medida que um dos índices utilizados diz
respeito ao índice de inteligência emocional dos líderes avaliada pelos
liderados).
Em segundo lugar, calcula-se o coeficiente de correlação linear entre os
índices em termos globais, mas para as subamostras definidas em função dos
critérios seleccionados: género, idade, estado civil, antiguidade, habilitações
literárias, categoria profissional e dimensão dos ginásios, atrás caracterizados.
96
Do cálculo anterior, pretende-se detectar quais dos critérios utilizados
poderão ser mais determinantes na alteração da relação de correlação entre o
índice de inteligência emocional e o índice de satisfação no trabalho, extraindo-
se os critérios que evidenciem alterar de forma mais significativa a relação
existente entre esses dois índices. Deste modo, numa terceira fase, efectua-se
a análise das correlações por componentes associadas a cada uma das
variáveis.
Para cumprir o objectivo relativo à estimação dos modelos de regressão
linear entre a variável dependente satisfação no trabalho regredida em função
da variável independente iehet, com e sem inclusão de dummies como
caracterizando alguns dos critérios de análise, utilizou-se o método dos
mínimos quadrados.
6.3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS EMPREGUES
Para proceder a comparações entre variáveis, as estatísticas descritivas
utilizadas foram a média, o desvio-padrão e o respectivo coeficiente de
variação, sendo este último, indicador da representatividade dos valores
médios empregues.
Na análise da correlação optou-se pelo cálculo do coeficiente de
correlação linear de Pearson. De facto, este é um dos indicadores mais
usualmente utilizado para avaliar o tipo e grau de correlação linear entre duas
ou mais variáveis no sentido de aferir qual a relação de causalidade existente
entre elas (Johnson, 2000).
Apesar de correlação ser forçosamente sinónimo de causalidade, a
utilização de modelos de regressão envolvendo séries temporais não
estacionárias pode conduzir ao problema que se convencionou designar de
regressão espúria, traduzindo-se na existência de um coeficiente de
97
determinação elevado sem que isso se traduza numa relação significativa entre
as variáveis (Johnson, 2000). Esta situação ocorre da presença de uma
tendência (crescente ou decrescente) em ambas as séries conduzir a um
elevado valor para coeficiente de determinação (o quadrado do coeficiente de
Pearson), mas não necessariamente a presença de uma relação verdadeira
entre as variáveis (Gujarati, 2000). Mas tal situação é característica de
amostras temporais, problema que não se coloca na presente análise dado que
a amostra utilizada é do tipo seccional.
No sentido de quantificar o efeito causal da variável independente: iehet
sobre a variável dependente: st utilizam-se modelos de regressão linear,
recorrendo-se do método que minimiza a soma do quadrado dos resíduos
obtidos na estimação desses modelos. A utilização, em determinadas
regressões, de variáveis dummy, pretende adicionalmente quantificar os efeitos
aditivos e multiplicativos das dummies, isto é, determinar o efeito isolado de
cada critério sobre a st (efeito aditivo) e determinar qual a diferença do efeito
da iehet sobre a st decorrente do critério em análise (efeito multiplicativo).
Toda a análise estatística referida foi efectuada utilizando a versão 11.5
do SPSS, exceptuando a parte gráfica utilizada na caracterização da amostra e
o cálculo das estatísticas descritivas, que foram obtidas utilizando o programa
EXCELL.
98
7.1. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Os resultados obtidos e correspondentes análise vêm apresentados em função
das hipóteses equacionadas:
H1) O grau de Inteligência Emocional é mais elevado para os líderes do que
para os liderados.
Os dois quadros (6 e 7) que se seguem apresentam os valores das
estatísticas descritivas calculadas para a auto avaliação efectuada da
inteligência emocional em subamostras diferentes, concretamente para a que
diz respeito a liderados e líderes:
Quadro 6 - Estatísticas descritivas para os liderados (112 observações).
Média Desvio-padrão Coeficiente de Variação
(DP) (CV)
Inteligência Emocional 5,5285 0,67793 12,3%
Emoções pessoais 5,8170
Emoções dos outros 5,4576
Uso da emoção 5,9263
Regulação das emoções 4,9129
0,77835 13,4% 0,76515 14% 0,81279 13,7% 1,29435 26,3%
Quadro 7 - Estatísticas descritivas para os líderes (17 observações).
Média Desvio-padrão (DP) Coeficiente de
Variação (CV)
Inteligência Emocional 5,783 0,72285 12,5%
Emoções pessoais 5,838 0,98004 16,8%
100
Emoções dos outros 5,765 0,608986 10,6% Uso da emoção 0,483173 7,4%
6,529 Regulação das 5 1,346291 26,9%
emoções
Da comparação dos valores médios e respectivos coeficientes de variação do índice de inteligência emocional e suas componentes (Emoções pessoais, Emoções dos outros, Uso da emoção e Regulação das emoções) avaliadas pelo próprio indivíduo, verifica-se que, em média, este se apresenta mais elevado entre os líderes (5,783) face aos liderados (5,5285). O valor médio é significativo em qualquer um dos casos, na medida em que o coeficiente de variação apresenta um valor na ordem dos 12%.
Em média, este tipo de relação verifica-se também ao nível das diferentes componentes que compõem este índice, sendo a diferença mais significativa relativamente à subcategoria uso da emoção. Também neste caso o valor médio obtido é representativo dado o baixo valor obtido para o coeficiente de variação correspondente.
H2) A opinião dos subordinados face ao grau de Inteligência Emocional do seu líder é mais elevada do que a opinião formada pelo próprio líder.
Para ajuizar quanto à validade da hipótese formulada, compara-se a auto avaliação da inteligência emocional por parte dos líderes com o valor médio da apreciação do seu índice de inteligência emocional formulada por parte dos respectivos subordinados. O quadro abaixo (Quadro 8) resume, para os 17 ginásios, esses valores, indicando adicionalmente o coeficiente de variação correspondente a cada um dos valores médios calculados:
101
5,8125 6,29 2,9 6 5,88 13,9
5,875 4,57 12,97 4,875 4,21 19,87 6,125 4,69 20,07 5,25 4,11 14,32 5,25 4,42 13.36
4 3,64 7,98 5,8125 4,94 11.46 5,125 5,26 7,59 5,3125 4,59 9,19 6,4375 3,86 30,53 6,4375 4,48 26,41 6,4375 3,78 44,2 6,4375 5,95 12,49 6,125 3,51 24,65 6,6875 5,46 24,57
Quadro 8 - Comparação entre os valores obtidos da auto avaliação com o
valor médio da hetero avaliação da inteligência emocional.
Ginásios lEAuto Médiaavalsub cv (%)
Ginásio 1 Madeira - Clube Naval (líder) Ginásio 2 Madeira - Onda Revital (lider) Ginásio Manutenção Porto (líder) Fashion Club (líder) Life Club (lider) Oxigénio (líder) Top Forma (líder) Ginásio da Venda Nova (líder) Shape (líder) Atitude (líder) Ginásio 3 Madeira - Monumental Lido (líder) Academia das Artes (líder) Premier Health Club (líder) Place Foz Club (líder) Health Club Pinhais da Foz (líder) Health Club da Foz (líder) Metafísica (líder)
Face aos resultados obtidos apenas nos ginásios Madeira 1 e Atitude é que a avaliação do índice de inteligência emocional do líder por parte dos subordinados apresenta um valor superior à avaliação efectuada pelo próprio líder (em ambas as situações os coeficientes de variação 2,9% e 7,59% revelam uma baixa dispersão relativa, o que toma representativo os valores médios utilizados). Assim, a maioria dos ginásios apresenta uma auto avaliação superior aquela que é efectuada pelos liderados, o que poderá revelar uma auto estima superior à percepcionada pelos seus liderados.
H3) O grau de Inteligência Emocional (iehet) está correlacionado, em termos
globais, com o nível de satisfação no trabalho.
Da leitura dos dados (Quadro 9) pode-se concluir quanto à existência de
uma correlação linear próxima dos 58% entre iehet e st (com 99% de
confiança).
102
Quadro 9 - Coeficiente de correlação linear de Pearson, em termos globais e
por componentes, entre inteligência emocional e nível de satisfação no
trabalho.
Correlations
st ■ehetero org rem cofcgnrv persprom t ibi imm tehell Iehel2 Iehel3 ieheM st Pearson Correlation
Sig. (2-taeed) N
1
112
.579"
.000 112
.712"
.000 112
.435"
.000 112
.500"
.000 112
,625" ,000 112
.725"
.000 112
.464"
.000 112
.548"
.000 112
.361"
.000 112
.541" ,000 112
lehelero Pearson Correlation Sig. (2-Uied) N
.579" ,000 112
1
112
.451"
.000 112
.178
.081 112
.227'
.016 112
.327"
.000 112
.256"
.007 112
.690"
.000 112
.868"
.000 112
.721"
.000 112
.856" ,000 112
org Pearson Correlation Sig. (2-taaed) N
.712"
.000 112
.451"
.000 112
1
112
.140
.141 112
.209'
.027 112
.373"
.000 112
.305"
.001 112
.353"
.000 112
,417" .000 112
.272"
.004 112
.445"
.000 112
rem Pearson Correlation Sig. (2-taaed) N
.435"
.000 112
.178
.081 112
.140
.141 112
1
112
.077
.422 112
.320"
.001 112
.433"
.000 112
.061
.397 112
,192" .042 112
.173
.068 112
,150 ,115 112
oolignrv Pearson Correlation Sig. (2-tsiied) N
.500"
.000 112
.227'
.018 112
.209-
,027 112
.077
.422 112
1
112
.119
.213 112
.285" ,002 112
.251" ,008 112
.202"
.033 112
.182
.088 112
.153 ,106 112
persprom Pearson Correlation Sig. (2-laaed) N
.825"
.000 112
,327" .000 112
.373"
.000 112
.320"
.001 112
.119
.213 112
1
112
.470"
.000 112
■228' .017 112
.334"
.000 112
.305" ,001 112
.240"
.011 112
trbsimm Pearson Correlation Sig. (2-taaed) N
.725-1
.000 112
•256'1 .007 112
,305" .001 112
,433" .000 112
.285"
.002 112
,470" .000 112
1
112
.190"
.045 112
.253"
.007 112
.157
.099 112
.244"
.010 112
whet! Pearson Correlation Sig. (2-lailed) N
.464"
.000 112
.690"
.000 112
.353"
.000 112
.081
.397 112
.251"
.006 112
•226* .017 112
.190-
.045 112
1
112
.744" ,000 112
.571"
.000 112
.668" ,000 112
Iehet2 Pearson Correlation Sig. (2-laeed) N
.548" ,000 112
.868"
.000 112
.417"
.000 112
.192*
.042 112
■202* .033 112
.334"
.000 112
■253" .007 112
,744" .000 112
1
112
.479"
.000 112
.687"
.000 112
iehet3 Pearson Correlation Sig. (2-taaed) N
. 3 8 1 "
.000 112
, 7 2 1 " .000 112
.272"
.004 112
.173
.068 112
,162 .088 112
.305"
.001 112
.157
.099 112
.571"<
.000 112
.479"1
.000 112
1
112
.446"
.000 112
iehew Pearson Correlation Sig. (2-taeed) N
. 5 4 1 " ,000 112
.856"
.000 112
.445"
.000 112
,150 .115 112
.153
.108 112
,240* .011 112
.244"
.010 112
.668"
.000 112
.667"
.000 112
.448"
.000 112
1
112 " . Correlation is significant al the 0.01 level (2-taaed).
' . Correlation is significant at the 0.05 level (2-taeed).
A correlação entre iehet e st é mais evidente na categoria organização
(45,1%) e menos relevante na satisfação associada aos colegas em igual nível
(22,7%). Já a correlação entre iehet e st ao nível da remuneração, calculada
em 17,8%, não se relevou significativa ao nível usual (5%).
O Quadro 9 permite igualmente verificar qual das componentes de iehet
está mais correlacionada com o indicador global de satisfação no trabalho.
Assim, as categorias com um grau de correlação mais elevado são a avaliação
das emoções dos outros (54,8%) e a regulação das emoções (54,1%).
Também se podem aferir quanto ao grau de correlação das diferentes
sub categorias. Assim, no que diz respeito à satisfação no trabalho esta, em
termos globais, está fortemente relacionada com a satisfação no trabalho em si
mesmo (72,5%) e com a satisfação face à organização (71,2%). A
103
remuneração e a satisfação relacionada com os colegas de igual nível
correlacionam-se também positivamente com a st global, mas a um grau
inferior (43,5% e 50%, respectivamente). Em relação à variável iehet, esta
correlaciona-se positivamente com cada uma das suas componentes mas,
apesar dos valores todos eles acima dos 72% (e significativos a 1%), a
componente com um grau mais elevado de correlação é a avaliação das
próprias emoções (89%).
H4) Os indivíduos do sexo feminino apresentam um grau de correlação
superior entre Inteligência Emocional e satisfação no trabalho face aos
indivíduos do sexo masculino.
Os resultados obtidos (Quadro 10) evidenciam não existir uma diferença
significativa no tipo e grau de correlação entre st e iehet distinguindo a amostra
segundo o género. De facto, a correlação entre as duas variáveis para os
indivíduos do sexo feminino registou um valor de 56,7% enquanto que para os
indivíduos do sexo masculino o valor obtido foi de 59%. Desta forma,
considerou-se que o género não é um critério que altera de forma relevante a
relação em análise.
Quadro 10 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo o género.
iehet(fem) iehet(masc)
st Õ\567 Õ59
H5) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais evidente nos ginásios de pequena dimensão.
O critério dimensão dos ginásios parece evidenciar um papel importante
na determinação do grau de correlação entre iehet e st, uma vez que os
104
inquéritos recolhidos nos ginásios de média dimensão conduziram a um
coeficiente entre as duas variáveis na ordem dos 46,5%, relativamente baixo
face aos valores apresentados pelos ginásios de pequena e grande dimensão
(68,1% e 61,3%, respectivamente).
Quadro 11 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo a dimensão dos ginásios.
lehet(pequeno) lehet(médio) lehet(grande)
st 0,681 0,465 0,613
H6) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é superior nos indivíduos com maior tempo de serviço.
A correlação entre st e iehet obtida para os subordinados com mais de
um ano de serviço foi na ordem dos 60%, porém o grau de correlação é menor
(48,3%) quando a avaliação é feita por subordinados com menos de um ano de
serviço (Quadro 12), o que parece razoável dado que a avaliação do líder é
mais objectiva quanto maior for a experiência profissional dos indivíduos.
Quadro 12 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo a antiguidade.
iehet(<1) iehet(entre 1 a 3) iehet(>3)
st 0,483 0,613 0,639
H7) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com um contacto mais directo com o
líder, nomeadamente os recepcionistas.
105
A categoria profissional parece ser relevante na determinação do grau
de correlação entre st e iehet. Face aos valores obtidos (Quadro 13) conclui-se
que entre os monitores a correlação entre as variáveis é bastante menos
acentuada face os valores registados na amostra constituída pelos
recepcionistas (46,4% contra 70,1%). Estes valores podem estar relacionados
com o facto dos recepcionistas terem um contacto mais directo com os líderes
podendo, deste modo, a avaliação do líder condicionar de forma mais
preponderante o seu índice de satisfação no trabalho.
Quadro 13 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo a categoria profissional.
iehet(mon) iehet(recep)
st 0,464 Õ/TÕl
H8) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é maior nos inquiridos casados.
O estado civil não parece ser determinante na alteração da relação
causal entre st e iehet (Quadro 14). Os coeficientes de correlação obtidos
foram de 56,6% para os indivíduos solteiros e de 59,3% para os indivíduos
casados.
Quadro 14 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo o estado civil.
iehet(casados) iehet(solteiros)
st 0,593 0,567
106
H9) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com menores habilitações literárias.
Comparando os valores obtidos para as amostras constituídas pelos
indivíduos com habilitações superiores (licenciatura) e os que possuem apenas
o 12° ano (Quadro 15) pode-se concluir que o grau de habilitações condiciona
um menor grau de correlação entre st e iehet (55,8% contra 69,6%).
Quadro 15 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo as habilitações literárias.
iehet(12) iehet(lic)
st 0,696 0,558
H10) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de
satisfação no trabalho é mais notório nos indivíduos com maior faixa etária.
Os inquiridos com idade superior a 40 anos foram apenas 8 e
determinaram uma correlação positiva de cerca de 62% entre st e iehet. Com
amostras de dimensões mais razoáveis, calculou-se o coeficiente de Pearson
para os indivíduos com idades compreendidas entre 18-30 e 30-40 (Quadro
16), sendo que o valor obtido conduziu igualmente para uma correlação entre
as duas variáveis numa ordem de valores ligeiramente mais baixos, mas não
muito diferentes (aproximadamente 60% e 57%).
Quadro 16 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo a idade.
iehet(18a30) iehet(entre 30 a 40) iehet(>40)
i l Õ\597 Õ573 0,623
107
H11) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de
satisfação no trabalho é maior na Madeira do que na área do Grande Porto.
Os valores obtidos (Quadro 17) revelaram de facto existir um diferente
grau de correlação entre os dois índices, mas no sentido inverso ao esperado.
Assim, na região do Grande Porto verifica-se uma maior correlação (66,1%) do
que a encontrada para a região da Madeira (50,1%). Ambos os valores são
significativos a 5%.
Apesar de na Madeira existir uma maior proximidade entre as pessoas, o
que poderia levar a verificar-se a hipótese formulada, o resultado registado
poderá estar relacionado com o facto deste sector estar mais desenvolvido na
zona do Grande Porto.
Quadro 17 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre iehet e st
segundo o critério geográfico.
iehet(Madeira) iehet(Porto)
st Õ5Õ1 Õ661
Após o teste às hipóteses enunciadas e tendo em conta que este estudo
tem também como objectivo verificar, dentro dos critérios que se revelarem
determinantes na relação entre os dois índices em análise, quais as
componentes mais correlacionadas de cada um dos índices, seleccionou-se,
em conformidade com os resultados obtidos, os critérios dimensão,
antiguidade, categoria profissional e habilitações literárias. Assim, proceder-se-
-á a uma análise mais detalhada da correlação entre st e iehet, calculando as
correlações por subcategorias associadas a cada uma destas duas variáveis.
SEGUNDO O CRITÉRIO ANTIGUIDADE:
108
Pela análise dos quadros 18, 19 e 20 os subordinados com menos de um ano de antiguidade apresentam como subcategoria mais correlacionada com a st a regulação das emoções (49,7%), sendo as restantes subcategorias correlacionadas com a st a um nível menor do que a iehet em termos globais. Para os indivíduos com um a três anos de trabalho, é a avaliação das emoções dos outros a subcategoria mais correlacionada com a st (64,6%), sendo que a regulação das emoções também regista um valor muito semelhante e igualmente significativo (62,6%).
Já para os indivíduos com mais de três anos de serviço é apenas a sub categoria avaliação das emoções dos outros que apresenta um grau de correlação com a st próximo do registado com a variável iehet em termos globais (61,4%) sendo que as restantes subcategorias apresentam com o índice global de st correlações bem inferiores (entre 35,1 a 45,1%)
Quadro 18 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para Antiguidade inferior a um ano. Correlations
st iehet « g rem cotronrv perspprarn trabsmm Wietl iehet? ieh«3 rehel4 M Pearson Conelauon 1 .483- .696- .591- .531- .526" .771- .374' .337- .312 ,487"
Sig. (2-taied) .003 .000 .000 .001 .001 .000 .025 .044 .064 .002 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
M I M Peereon CorreriBon .483" 1 2 » .160 .416" .163 .154 .906" ,846" .665" .791" Sig. (2-laeed) .003 .177 ,350 .012 .341 .371 .000 .000 .000 .000 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
org Pearson Correlation .696- .230 1 .260 .360' .223 .366' .246 .185 .002 .252 Srg. (2-taáed) .000 .177 .116 ,022 .191 .027 .148 .260 .990 .136 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
ram Pearaon Corrasseon .581- .160 .266 1 .049 .329 .609' .077 .154 .172 .130 Sig. (2-taead) .000 .350 ,116 .774 .050 .000 .656 J70 .316 .451 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
coegnrv Pear ion Corr station .531- .416' .380* .049 1 .065 .146 .410- .166 .262 .440" Sig. (2-lalad) .001 .012 .022 .774 .623 .396 «13 .273 .123 .007 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
perioprom P l a t o n Correlation . S M " .163 .223 .329 .085 1 .529- .063 .171 .436" -.028 Sig. (2-taáed) .001 .341 .191 .050 .623 .001 .717 .319 .008 .871 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
trabssnm Pearson Conelation . 771" .154 .369' .609" .146 .529" 1 JB21 .075 .270 .156 Sig. (2-teied) .000 .371 .027 .000 .396 .001 .877 .664 .112 .364 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
iehetl Pearson Con elation .374' ,906" .246 .077 .410' .063 .027 1 ,756" .552" .612" Sig. (2-taied) .025 .000 .148 .656 .013 .717 .877 .000 .000 .000 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
Iehet2 Pearson Corretatron .337' .845" .165 .154 .186 .171 .075 .756' 1 .486' .500" Sig. (2-taied) .044 .000 .280 .370 .273 .319 .664 .000 .003 ,002 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
ierwt3 Pearson Correlation .312 .665' .002 .172 .262 .436' .270 .552' .488' 1 .282 Sig. (2-taexJ) .064 .000 .990 .316 .123 .006 .112 .000 .003 .095 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
leheM Pearson Correlation .497- .791' .252 .130 ,440- -.028 .156 .612" .500' 782 1 Sig. (2-taáed) .002 .000 .136 .451 .007 .871 .364 .000 .002 .095 N 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36
**- Correlation it ugnificant at lhe 0.01 level (2-tBttod).
*■ Correlation it s-yiwficaitt at the 0.05 level (2-iafc»d).
109
Quadro 19 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por componentes para Antiguidade entre 1 e 3 anos.
Correlations
St lehet org rem coiigniv persprom trabsimm lehet 1 Iehel2 iehet3 Iehel4 •t Pearson Correlation
Slg. (2-lasetl) N
1
51
.613"
.000 51
.737-
.000 51
.210
.139 51
.465-
.001 51
,700" .000
51
.756"
.000 51
.532-
.000 51
.646"
.000 51
.339'
.015 51
.626"
.000 51
lehet Pearson Correlation Slg (2-teDod) N
.613-
.000 51
' i
51
,540-.000
51
.129
.368 51
.064
.657 51
.407" ,003
51
.386"
.005 51
.937"
.000 51
.917" ,000
51
.775"
.000 51
,925" .000
51 org Pearson Correlation
Slg. (2lalled) N
,737" .000
51
.M0 - '
.000 51
1
51
-.052 .718
51
.074
.606 51
,488" .000
51
,380" .006
51
.431" ,002
51
.521*
.000 51
.282' ,045
51
.636" ,000
51 rem Pearson Correlation
Slg. (2-tailed) N
.210
.139 51
.129
.368 51
-.052 .718
51
1
51
-.004 .978
51
.299"
.033 51
.221
.119 51
.058
.686 51
.117
.412 51
.152
.286 51
.134 ,350
51 coRgntv Pearson Correlation
Slg (2-laHed) N
.«65-
.001 51
.064
.657 51
.074
.606 51
-.004 .978
51
1
51
,007 .961
51
. 3 6 1 "
.009 51
.083
.560 51
.197
.165 51
-.092 ,522
51
.022 ,876
51 persprom Pearson Correlation
Slg <2-la»ed) N
,700*' .000
51
.407-
.003 51
.488-
.000 51
.299*
.033 51
.007
.961 51
1
51
.588"
.000 51
.331*
.018 51
.387"
.005 51
.282"
.045 51
,429" .002
51 trabsimm Pearson Correlation
Slg. (2-la«ed) N
.756"
.000 51
.386"
.005 51
.380-
.006 51
.221
.119 51
,361-,009
51
.588"
.000 51
1
51
.381"
.006 51
.444"
.001 51
,131 .360
51
.386"
.005 51
lehett Pearson Correlation Slg (2-le»ed) N
.532"
.000 51
,937" .000
51
.431-
.002 51
.058
.686 51
.083
.560 51
.331'
.018 51
, 3 8 1 " .006
51
1
51
.847"
.000 51
.667"
.000 51
.819"
.000 51
Iehet2 Pearson Correlation Slg I M » M | N
,646" .000
SI
.917"
.ooo 51
.521-
.ooo 51
.117
.412 51
.197
.165 51
.387"
.005 51
,444" .001
51
,847" .000
51
1
51
.570"
.000 51
,823" .000
51 lehetS Pearson Corretallon
Slg (2-laHed) N
.339*
.015 51
.775"
.000 51
.282*
.045 51
.152
.288 51
-.092 .522
51
.282-
.045 51
.131
.360 51
.867"
.000 51
.570-
.000 51
1
51
,800" .000
51 leheU Pearson Correlation
Slg (2-taeart) N
.626*
.000 51
.925"
.000 51
,636" .000
51
.134 ,350
51
.022
.876 51
.429"
.002 51
.386"
.005 51
.819"
.000 51
.823*
.000 51
.600*
.000 51
1
51 " Correlation is significant at lhe 0 01 level (2-taied).
'. Correlation Is slgnKcant M the 0.05 level (2-tased).
110
Quadro 20 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para Antiguidade superior a 3 anos.
Correlations
St lehel org rem cofcgnrv persprom trabsknm iehell Iehet2 Iehel3 rehel4 i t Pearson Correlation
Stg (2-talied, N
1
25
.639"
.001 25
,665" .000
25
.644"
.001 25
,49V .013
25
.549"
.005 25
.774-,000
25
.45V
.024 25
,614" .001
25
.4I6-
.039 25
.351
.085 25
lehel Pearson Conelation Sig. (2-terled) N
.639"
.001 25
1
25
.524"
.007 25
.313
.127 25
784 .169
25
734 761
25
.306
.137 25
.860"
.000 25
,736-,000
25
.696"
.000 25
.748"
.000 25
org Pearson Correlation Sig. (2 tailed) N
.665"
.000 25
.524"
.007 25
1
25
755 720
25
.178
.394 25
.174
.404 25
.266
.199 25
.324
.114 25
.433*
.031 25
.455*
.022 25
.270
.191 25
rem Pearson Correlation Sig. (2-tased) N
,644" .001
25
.313
.127 25
755 720
25
1
25
7 6 5 .200
25
797 .14*
25
.641-
.001 25
.111
.597 25
.409'
.042 25
.169
.421 25
.192
.358 25
coSgniv Pearson Correlation Sig. (2-laled) N
.49V
.013 25
.284
.169 25
.178
.394 25
.265 700
25
1
25
786 .165
25
.480-
.015 25
.358
.079 25
.206
.317 25
.433-
.031 25
-.158 .458
25 persprom Pearson Conelation
Sig. (2-laasd) N
.549-
.005 25
.234
.261 25
.174
.404 25
.297
.149 25
.286
.165 25
1
25
.420'
.037 25
.159
.448 26
.314
.127 25
.125
.552 26
.078
.711 25
trabslmm Pearson Correlation Sig. (2-tailed) N
,774" .000
25
.306
.137 25
.266
.199 25
.641"
.001 25
.480"
.015 25
.420-
.037 25
1
25
.205
.325 25
.342
.095 26
.147
.482 25
.185
.378 25
iehell Pearson Correlation Sig. (2-taeed) N
.45V
.024 25
,660" .000
25
.324
.114 25
.111
.597 25
.358
.079 25
.159
.448 25
.205
.325 25
1
25
.367
.071 25
.391 ,053
25
741 745
25 iehet2 Pearson Corretatjon
Sig. (2-taaerJ) N
.814"
.001 25
.736"
.000 25
.433"
.031 25
.409"
.042 25
.208 ,317
25
.314
.127 25
.342
.095 25
.367
.071 25
1
25
,228 ,273
25
.504'
.010 25
iehet3 Pearson Correlabon Sig. (2-taaad) N
.416-
.039 25
.696"
.000 25
.455'
.022 25
.169
.421 25
.433-
.031 25
.125
.552 25
.147
.482 25
.391
.053 25
.228
.273 25
1
25
,310 ,132
25 iehe!4 Pearson Correlation
Sig. (2-laaad) N
.351
.085 25
.746"
.000 25
770 .191
25
.192
.358 25
-.156 .458
25
.076 ,711
25
.185
.376 25
241 745
25
.504'
.010 25
.310
.132 25
1
25
" . Correlation is signincanl at the 0.01 levai (2-uded).
'. Correlation is significanl at the 0 05 level (2-taitod).
SEGUNDO O CRITÉRIO CATEGORIA PROFISSIONAL:
Tendo por base a análise dos quadros 21 e 22, apesar de em termos
globais a correlação entre st e iehet ser de grau muito distinto entre a avaliação
efectuada por recepcionistas (70,1%) e monitores (52,3%) as subcategorias da
iehet que mais se relacionam com o índice global de st são as mesmas para os
dois grupos. De facto, no caso dos recepcionistas as subcategorias avaliação
das emoções dos outros e regulação das emoções são as mais
correlacionadas com o índice global de st (60,4% e 47,1% respectivamente).
Adicionalmente verifica-se que, para os recepcionistas, a subcategoria st face
as perspectivas de promoção é a mais correlacionada com a iehet em termos
globais (59,6%) enquanto que para os monitores a subcategoria de st mais
correlacionada com o índice global de iehet é a satisfação face a organização
(45,7%).
111
Quadro 21 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para categoria profissional - Recepcionista.
lehel
colignlv
perprom
trabslmm
lehel 1
Pearson Correlation SIg (2-lnilnt) N Pearson Correlation SIg. (2-lalled) N Pearson Correlation SIg. (? tailed) N Pearson Correlation Sig. (2 tailed) N
.701'
.000 28
.767-
.000 28
Pearson Correlation SIg. (2-ta*ed) N Pearson Correlation SIg. (2-lated) N Pearson Correlation SIg. (2-tatod) N Pearson Correlation SIg. (2-lased) N
toilet? Pearson Correlation SIg (2-taHed) N
k>tM>13 Pearson Correlation SIg. (2 larM) N
leheM Pearson Correlation SIg. (2-taiad) N
.<60-
.014 28
.376'
.049 28
.701'
.000 28
.455
.015 28
.109
.581 28
.830
.000 28
.776-
.000 28
,568-.002 28
.804'
.001 28
.482"
.009 28
.691'
.000 28
.164
.405 28
.596"
.001 28
.322
.095 28
.934-
.000 28
.878'
.000 26
.698-
.000 28
.867-
.000 28
". Correlation Is significant at the 0.01 level (2-ia9ed).
'• Correlation Is significant at trie 0.05 level (2-taead).
_oro_ .767' .000
28 .455* .015
28
28 .152 .440
28 .076 .701
28 .521 .004
28 ,459" .014
28 .316 .101
28 .427* .024
28 .158 .422
28 .575' .001
28
Correlation!
.460'
.014 28
.109
.581 28
.152
.440 28
1
28
oojjgnjv .376-.049
28 .164 .405
28 .076 .701
28
.158
.421 28
.510-,006
28 .563-.002
28 .019 .924
28 .077 .699
28 .088 .655
28
.158
.421 28
28 .268 .167
28 ,278 .153
28 .125 .525
28 .078 .692
28
.168
.394 28
.484'
.009 28
-.051 .795
28
.830 ,000
28 .596' ,001
28 .621' .004
28 .510" .006
28 .268 .167
28
trabsimm
28 .638' .000
28 .471 .011
28 .554' .002
28 ,463-
.013 28
.523-
.004 28
.776 ,000
28 .322 .095
28 .459* .014
28 ,563* ,002
28 .278 .153
28 .636 .000
28
28 .221 .257
28 .247 .205
28 .257 .187
28 .348 .070
28
,568-
,002 28
,934-,000
28 .316 .101
28 ,019 ,924
28
,604-.001
28
.125 ,525
28 .471 .011
28 .221 .257
28
28 .832' .000
28 ,595' .001
28 .738' .000
28
.878*
.000 28
.427-
.024 28
.077
28
)ehet3
,078 .692
28 ,554-,002
28 .247 .205
28 .832' .000
28
28 .433' .021
28 .688-.000
28
,482 -.009
28
.000 28
,158 .422
28
,655 28
,484" ,009
28 .463* .013
28 .257 .187
28 .595-.001
26 .433' .021
28 1
28 .426" .024
28
112
Quadro 22 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para categoria profissional -Monitor.
Correlation*
st iehet org rem coagniv persprom trabsimm lehetl iehet2 leheU IeheM st Pearson Correlation
Sig. (2-taled) N
1
84
.523"
.000 84
.685"
.000 84
,427" ,000
84
.556"
.000 84
.514"
.000 84
.716"
.000 84
.420"
.000 84
.524"
.000 84
.305" ,005
84
. 471"
.000 84
tahat Pearson Correlation Sig (2-tatod) N
.523"
.000 84
1
84
.457"
.000 84
.218-
.047 84
.254-
,020 84
.193
.078 84
.228-
.037 84
.872"
.000 84
.S64'<
.000 84
.732"
.000 84
.852" ,000
84 org Pearson CorretatJon
Sig. (2-taied) N
.685"
.000 84
.457"
.000 84
1
84
.122
.270 84
•260-
.017 64
.296-
.006 84
.2SB-
.018 84
.383"
.000 84
.420"
.000 84
.328"
.002 84
,386" .000
84 rem Pearson Correlation
Sig. (2-taled) N
.427"
.000 84
.218-
,047 84
.122
.270 84
1
84
.037
.741 84
.236*
.031 84
.414"
.000 84
.123
.267 84
•2S6" .019
84
au .054
84
,146 ,184
84 coigntv Pearson Correlation
Sig. (2-taied) N
.556"
.000 84
.254-
,020 84
.260'
.017 84
.037
.741 84
1
84
,066 .549
84
.301"
.005 84
.301-
.005 84
,250* .022
84
.053
.631 84
.225-
,040 84
persprom Pearson Correlation Sig. (2-taled) N
.514"
.000 84
,193 ,078
84
•296" ,006
84
.236*
.031 84
,066 .549
84
1
84
.397"
.000 84
.106
.336 84
.225-
.041) 84
23V .035
84
.102
.357 84
trabsimm Pearson Correlation Sig. (2-taied) N
.716"
.000 84
.228-
,037 84
.258-
.018 84
,414" ,000
84
.301"
.005 84
.397-
.000 84
1
84
.169
.123 84
.251-
.021 84
.123
.265 84
.205
.061 84
lehatt Pearson Correlation Sig. (2-taied) N
,420" ,000
84
.872"
.000 84
,383" .000
84
.123
.267 84
.301"
.005 84
.106
.336 84
.169
.123 84
1
84
.707-
,000 84
.564-
.000 64
. 641"
.000 84
iehet2 Pearson Correlation Sig. (2-taled)
: N
.524"
.000 84
,864" ,000
84
.420" ,000
84
■2S6* ,019
84
■250" ,022
84
■225' .040
84
.251'
.021 84
.707-
.000 84
1
84
,500-
.000 84
.658"
.000 84
lehett Pearson Correlation Sig. (2-taied) N
.305"
.005 84
.732"
.000 84
.328"
.002 84
.211
.054 84
.053
.631 84
■231* .035
84
.123
.265 84
.564"
.000 84
.500-
.000 84
1
84
.454"
.000 84
ieheM Pearson Correlation Sig. (2-laled) N
. 4 7 1 " ,000
84
,852" .000
84
.388-1 ,000
84
.146
.184 84
.225'
.040 84
.102
.357 84
.205
.081 84
.641-
.000 84
•058" .000
84
.454-
.000 84
1
84 " . Correlation is significant al lhe 0.01 level (2-saíed).
*. Correlation Is significam at the 0.05 level (2 tailed).
SEGUNDO o CRITÉRIO DIMENSÃO:
Para os ginásios de pequena e grande dimensão (Quadro 23 e 25) são
igualmente as subcategorias avaliação das emoções dos outros e regulação
das emoções, as mais correlacionadas com a satisfação no trabalho, apesar
desta correlação ser mais acentuada nos ginásios de pequena dimensão
(73,5% e 60,3% contra 57,3% e 56,9%). Em ambos os casos a avaliação das
emoções dos outros correlaciona-se positivamente e de forma mais
significativa com a satisfação no trabalho ao nível da organização (64,9% e
55% respectivamente).
Nos ginásios de pequena dimensão as subcategorias satisfação ao nível
da organização, perspectivas de promoção e trabalho em si mesmo estão
113
positivamente correlacionadas com o índice global de iehet registando valores
na ordem dos 48%, 59% e 46% respectivamente. Para os ginásios de grande
dimensão é a categoria satisfação ao nível da organização que apresenta uma
correlação positiva significativa de valor igual a 59,4%.
Relativamente aos ginásios de média dimensão (Quadro 24) a
componente de iehet mais correlacionada com o índice global de satisfação no
trabalho é a regulação das emoções (com coeficiente calculado de 45,9%).
Nesses ginásios a correlação mais significativa, tendo em conta as
subcategorias da satisfação no trabalho face ao índice global de iehet, foi o da
satisfação face ao colega de igual nível, contudo de valor igual a 33,7%
(significativa a 5%).
Quadro 23 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para ginásios de pequena dimensão.
Correlation t
St iehet org rem coltgnrv persprom trabsimm iehetl iehet2 Iehet3 ieheM st Pearson Correlation
Sk) (2 toned) N
1
36
.681"
.000 36
,718" .000
36
,636" .000
36
,545" ,001
36
.767"
.000 36
.774"
.000 36
.544" ,001
36
.735"
.000 36
.458"
.005 36
.603"
.000 36
Iehet Pearson Correlation Slg. (2-tosed) N
.681"
.000 36
1
36
.608"
.000 36
. 4 8 1 "
.003 36
.251
.140 36
.585"
.000 36
.457"
.005 36
, 8 5 1 " .000
36
.921"
.000 36
.779"
.000 36
.921"
.000 36
org Pearson Correlation Slg (2-toiled) N
.718"
.000 36
.608-
.000 36
1
36
,459" .005
36
.119
.489 36
, 5 3 1 " ,001
36
.357' ,033
36
.407'
.014 36
.649"
.000 36
.378'
.023 36
.631" ,000
36 rem Pearson Correlation
Slg. (2 -toiled) N
.636"
.000 36
, 4 8 1 " .003
36
,459" .005
36
1
36
.239 ,161
36
,401 • .015
36
,473" .004
36
,348* .038
36
.449"
.006 36
.495"
.002 36
.402*
.015 36
cohgnlv Pearson Correlation Slg (2-lalled) N
.545" ,001
36
.251
.140 36
.119
.469 36
.239
.161 36
1
36
.229
.160 36
.422' ,010
36
.322
.056 36
.331* ,049
36
.079
.646 36
,127 .461
36 persprom Pearson Correlation
Slg. (2-toHetl) N
,767" .000
36
.585"
.000 36
. 5 3 1 " ,001
36
,40V ,015
36
.229 ,180
36
1
36
.575"
.000 36
,504-
.002 36
.595"
.000 36
,393* .018
36
.523"
.001 36
trabslmm Pearson Correlation Slg. (2-toled) N
.774"
.000 36
,457" ,005
36
.357-
.033 36
.473"
.004 36
,422" ,010
36
,575" .000
36
1
36
.436' ,008
36
.434"
.008 36
.332-
.046 36
,387' .020
36 lehell Pearson Correlation
Slg. (2-tailed) N
.544"
.001 36
.851"
.000 36
.407"
.014 36
.348"
.038 36
.322
.056 36
.504"
.002 36
,436" .008
36
1
36
.780"
.000 36
.479"
.003 36
.694"
.000 36
Iehet2 Pearson Correlation Slg. (2 tailed) N
.735"
.000 36
.921"
.000 36
,649" ,000
36
,449" .006
36
,331-.049
36
,595" .000
36
.434"
.006 36
.780"
.000 36
1
36
.605" ,000
36
,782" .000
36 lehel3 Pearson Correlation
Slg 12-tolled) N
.458"
.005 36
.778*
.000 36
.378-
.023 36
.495"
.002 36
.079
.646 36
,393* .018
36
.332-
.048 36
.479"
.003 36
.605"
.000 36
1
36
.698" ,000
36 leheH Pearson Correlation
Slg. (2-tosed) N
.603"
.000 36
.92 r
.000 36
,831" ,000
36
,402-
,015 36
.127
.461 36
,523" ,001
36
,387-
.020 36
.694"
.000 36
,782" .000
36
,698" .000
36
1
36 " . Correlation Is significant at the 0.01 level (2-taHed).
V Correlation It ilgnlftcsnl at the 0 05 level (2-taRed).
114
Quadro 24 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para ginásios de média dimensão.
Corra lataM
st Bllol org rem ooUgnrv persprom trabtimm iehell Uhet2 letwU Ienel4
■1 Pearson Conelation t ,465" .695" .538" .427' .520"' .794* .340' .31 r .219 .458" Sig (2-la.kKl) .002 .000 .000 .004 .000 .000 .026 .043 .122 .002 N 43 43 43 43 43 43 43 43 4] 43 43
ierMI Poarson Conelation .465' 1 .201 .151 .377' .160 .155 ,889- .7»0" .560- .730" Sig. (2-lailed) .002 .197 .334 .013 .306 .320 .000 .000 .000 .000
N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
« 9 Pearson Correlation .695" .201 1 .109 .307- ,239 .374' .166 .087 .077 .238
Sig. (2-tated) .000 .197 .489 .045 .122 ,014 ,286 JJ78 .625 .125 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
rem Pearson Correlabon .538' .151 .109 1 -.017 .272 .635" .097 .206 .046 .105 Sig. (2-tatod) .000 .334 .489 .916 .078 .000 SM .188 .770 .504 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
coltaniv Pearson Conelabon ,427" .377- .307' -.017 1 -.047 .141 .369" .150 .285 .297 Sig. (2-lailed) .004 ,013 .045 ,916 ,766 .366 ,015 J36 .055 .053
N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 persprom Pearson Correlation ,520'1 .160 .239 .272 -.047 1 . 4 9 1 " .073 .166 .242 .031
Sig. (2-ta*KÍ) .000 .306 .122 .078 .766 .001 .643 J87 .118 .645 N 43 43 43 43 43 43 43 43 4 ] 43 43
trabsirnm Pearson Correlation .794" ,165 .374" ,635" .141 ,481-1 1 .038 .126 .126 .164 Sig. (2-laèed) .000 .320 .014 .000 .366 .001 * > 7 .421 .422 .292 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
iehetl Pearson Correlabon .340" .889" .166 .097 .369" .073 .038 1 .637" « 4 * .506" Sig. (2-lailed) .026 .000 ,288 .536 ,015 .643 .807 .000 .000 .001 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
iehet2 Pearson Conetation .311- .790" ,087 .205 .150 .166 .126 .637" 1 .248 .488" Sig. (2-lailed) .043 .000 .578 .188 .336 .287 .421 .000 .108 .001 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
Iehet3 Pearson Correlabon ,239 .560' ,077 .046 .295 .242 .126 .524" .248 1 .028 Sig. (2-lailed) .122 .000 .625 .770 .055 .118 .422 .000 .109 .857 N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
ieheM Pearson Correlabon ,459- .730* .238 .105 .297 .031 .164 .506- .468' .026 1
Sig. (2-tated) .002 ,000 .125 .504 .053 .845 .292 .001 .001 .857
N 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43
**■ Conelation is significant at the 0.01 teve. (2 tattód)
*. Correlation » significant at Itie 0.05 level (2-ia«ted).
115
Quadro 25 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para ginásios de grande dimensão.
Correlation*
11 iehel « g rem corigniv persprom trabslmm lehet 1 ieho!2 Iehet3 fehel4 st Pearson Correlation
SIg. (2 tailed) N
1
33
.613-
.000 33
. 7 4 1 "
.000 33
.079
.662 33
.556" ,001
33
.617"
.000 33
.434-
.012 33
. 5 4 1 "
.001 33
.573"
.000 33
.440*
.010 33
,569" .001
33 lehet Pearson Correlation
SIg. (Mated) N
.613"
.000 33
1
33
.594"
.000 33
-.179 .319
33
.085
.638 33
.238 ,183
33
.254
.154 33
. 9 3 1 " ,000
33
. 9 0 1 "
.000 33
.753"
.000 33
.886"
.000 33
org Pearson Correlation SIg (Mated) N
.741"
.000 33
.594"
.000 33
1
33
-.141 .435
33
.162
.369 33
.364-
.038 33
.000 1.000
33
.581"
.001 33
.499"
.003 33
.454"
.008 33
,550" .001
33 ram Pearson Correlation
SIg. (Mated) N
.079
.662 33
-.179 .319
33
,141 .435
33
1
33
.111
.537 33
.325
.065 33
.053 ,771
33
-.275 ,122
33
-.116 ,522
33
-.073 .668
33
-.151 .401
33 ooDgnfv Pearson Correlation
SIg. (Mated) N
,556'< .001
33
.085
.638 33
.162
.369 33
.111
.537 33
1
33
.200
.264 33
,392" .024
33
.063
.728 33
.122
.500 33
.163 ,366
33
-.029 .874
33 persprom Pearson Correlation
Sig. (2-lated) N
.617"
.000 33
.238
.183 33
.364"
.038 33
.325
.065 33
.200
.264 33
1
33
.324
.065 33
.120
.506 33
.205 752
33
.333 ,058
33
.194
.260 33
trabslmm Pearson Correlation SIg (2-tated) N
,434' .012
33
.254
.154 33
.000 1,000
33
.053
.771 33
.392*
.024 33
.324
.065 33
1
33
.217 726
33
718 722
33
,107 .553
33
.319
.071 33
lehet 1 Pearson Correlation SIg. (2-tated) N
. 5 4 1 "
.001 33
.931-
.000 33
.561"
.001 33
-.275 .122
33
.063
.728 33
.120
.506 33
717 726
33
1
33
.817-
.000 33
.616-*
.000 33
.788"
.000 33
Iehet2 Pearson Correlation SIg (2-tated) N
.573"
.000 33
.901"
.000 33
.499"
.003 33
-.116 .522
33
.122
.500 33
705 752
33
718 722
33
.817-
.000 33
1
33
.559"
.001 33
.731"
.000 33
Iehet3 Pearson Correlation SIg. (2-tated) N
.440*
.010 33
.753"
.000 33
.454"
.008 33
-.073 .668
33
.163
.366 33
.333
.058 33
,107 .553
33
.616"
.000 33
.559"
.001 33
1
33
.525"
.002 33
Iehel4 Pearson Correlation SIg (2-lated) N
.569"
.001 33
.888"
.000 33
.550"
.001 33
-.151 .401
33
-.029 .874
33
.194 780
33
.319
.071 33
.788"
.000 33
.731 -
.000 33
.525"
.002 33
1
33 " Correlation Is significant at the 0.01 level (2 tailed)
'. Correlation Is significant a! the 0 05 level (2-taied).
SEGUNDO O CRITÉRIO HABILITAÇÕES LITERÁRIAS:
Pela análise dos quadros 26 e 27 mais uma vez é a subcategoria
avaliação das emoções dos outros que se salienta como aquela que apresenta
um grau mais elevado de correlação com o índice global de satisfação no
trabalho, quer para os indivíduos com habilitações superiores quer face aos
que possuem apenas o 12%. Assim, no primeiro caso chega-se a um
coeficiente de correlação linear de 63,2% e no segundo caso a um coeficiente
de 57,9%
Para os indivíduos com o 12° ano a avaliação das emoções dos outros
está mais correlacionada com a satisfação ao nível da perspectiva de
promoção (48,7%) apesar da avaliação das emoções dos outros se
correlacionar a nível aproximadamente igual com a satisfação ao nível da
116
organização (45,1%). A ordem quanto ao grau de correlação entre as
subcategorias satisfação relativamente a perspectivas de promoção e a
avaliação das emoções dos outros é inversa para os indivíduos com o ensino
superior. Assim, o coeficiente de correlação linear entre avaliação das emoções
dos outros e satisfação ao nível da organização e de 43,5% e de correlação
linear entre satisfação ao nível de perspectivas de promoção e avaliação das
emoções dos outros de apenas 32,7% .
Quadro 26 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para indivíduos com habilitações literárias até ao 12° ano.
Correlations
St lehet org rem ooegniv persprom trabsimm lerietl »tmt2 IeheO ieheU st Pearson Correlation
Sig. (2 tíáed ) N
1
54
.696"
.000 54
.705-
.000 54
.521"
.000 54
.393-
.003 54
.721-
.000 54
.730-
.000 54
.570-,000
54
.632-
.000 54
.433-
.001 54
.584"
.000 54
iehet Pearson Correlation Slg. (2-taeed) N
.696"
.000 54
1
54
.511-
.000 54
.348-
.010 54
.319'
.019 54
,489-.000
54
.33 V
.014 54
,878-.000
54
,813-.000
54
.691-
.000 54
.Bio-,000
54 org Pearson Correlation
Sig. (2-laeed) N
.705"
.000 54
,511" .000
54
1
54
.155
.263 54
.098
.482 54
.530-
.000 54
238 .083
54
,403-.003
54
,451-.001
54
282 -
.039 54
,473" .000
54 rem Pearson Correlation
Slg. (2-taeed) N
.521"
.000 54
.348"
.010 54
.155
.263 54
1
54
,049 .726
54
280* .040
54
.485-
.000 54
279* .041
54
.394-
.003 54
285 ' .037
54
205 .137
54 coagniv Pearson Correlation
Sig. (2-taHed) N
.393-
.003 54
.319* ,019
54
.098
.482 54
.049
.726 54
1
54
.067
.628 54
266 .052
54
MV .012
54
.177 201
54
280-.041
54
227 .099
54 peraprom Pearson Conelation
Sig. (2-taaed) N
.721"
.000 54
.489"
.000 54
.530-
.000 54
2 8 0 -
.040 54
.067
.628 54
1
54
.481-
.000 54
.428-
.001 54
.487-
.000 54
,406-,002
54
297-.029
54 trabsimm Pearson Correlation
Slg. (2-taeed) N
.730"
.000 54
,33V .014
54
,238 .083
54
.485"
.000 54
.266
.052 54
,481-.000
54
1
54
243 .077
54
,369" ,006
54
258 .082
54
.223
.104 54
iehet! Pearson Correlation Slg. (2-tailed) N
.570"
.000 54
.878"
.000 54
.403-
.003 54
278 ' .041
54
, 3 4 f ,012
54
.426-
.001 54
243 .077
54
1
54
,738" .000
54
.580"
.000 54
.MO"
.000 54
iehet2 Pearson Conelation Slg. (2-taaed) N
.632"
.000 54
.813"
.000 54
. 4 5 1 "
.001 54
.394"
.003 54
.177
.201 54
.467"
.000 54
.369-*
.006 54
.738"
.000 54
1
54
.426"
.001 54
.542-
.000 54
iehetS Pearson Correlation Sig. (2-taaed) N
.433"
.001 54
. 6 9 1 "
.000 54
282 -
.039 54
285" .037
54
280" .041
54
.408"
.002 54
256 .062
54
.580'
.000 54
,426-
.001 54
1
54
293" .031
54 ieheM Pearson Correlation
Sig. (2-taaed) N
.584"
.000 54
.810"
.000 54
.473"
.000 54
.205
.137 54
227 .099
54
297" .029
54
223 .104
54
.569-
.000 54
A4 2* .000
54
293 ' .031
54
1
54
" . Correialion is ssgnrficani at ma 0.01 tevel (2-taited).
V Conelation is siyorficani at tha 0.05 levai (2-taited).
117
Quadro 27 - Coeficiente de correlação de Pearson, em termos globais e por
componentes para indivíduos licenciados.
Correlations
It iehel org rem coegnlv persprom trabsimm iehetl Iehet2 Iehet3 leheu M Pearson Correlation 1 .558" .766- .329' ,595" .522- ,738- .44V .579* .310- ,627"
Slg I I - t » M | .000 .000 .014 .000 .000 .000 .001 .000 ,021 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
tenet Pearson Correlation .558' 1 .438" .014 .185 .273- ,239 .877' .888* .714" .890" Slg (2-taHed) .000 ,001 .922 .175 .044 .079 .000 .000 .000 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
oco Pearson Correlation .768" .438-< 1 .115 .353" .230 .427- .329' .435" .262 .433" Slg (2-taHed) .000 .001 .402 .008 .091 .001 .014 .001 .053 .001 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
rem Pearson Correlation .328- .014 .115 1 .092 .371 - .381 - -.107 .055 .044 .053 Slg (2-tMed) .014 .922 .402 .506 ,005 .004 .439 .693 .751 .700 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
coUgntv Pearson Correlation .595* .185 J 5 3 - .092 1 .137 ,319* .220 .233 .076 .084 Slg. (2-taJed) .000 .175 ,008 .508 .320 .018 ,107 .086 ,584 .542 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 J 55
persprom Pearson Correlation .522- J73- .230 .371 - .137 1 .464- ,138 .327- .247 .209 Slg. (2-taeatl) .000 ,044 .091 .005 ,320 .000 ,314 ,015 .069 .126 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
Irabtimm Pearson Correlation .738- 333 .427- ,381- .319- .464- 1 .188 .247 .049 ,293* Slg (2-tated) .000 ,079 .001 .004 .018 .000 .170 .069 .720 .030 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
l«he<1 Pearson Correlation ,441- .877" ,329- -.107 .220 .138 .188 1 .717- .520^ ,709" Slg (2 tolled) .001 .000 .014 ,439 .107 .314 .170 .000 .000 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
iehet2 Pearson Correlation .579- .888- .435- .055 .233 .327' .247 .717- 1 .478- .751" Slg (2 tolled) .000 .000 .001 .893 .088 .015 .069 .000 .000 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 65 55
Iehet3 Pearson Correlation .310' .714" .282 .044 .078 .247 .049 ,520- .478- 1 .511" Slg (2-teHed) .021 .000 .053 .751 .584 .089 .720 .000 .000 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
Iehet4 Pearson Correlation .527- ,890" .433- .053 .084 209 .293- .709" .751 - .511 - 1 Slg (2 toiled) .000 .000 .001 .700 .542 .126 .030 .000 .000 .000 N 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55
" . Correlation Is slgnmcant at the 0.01 level (2-Med).
*. CormlaUon l> ilgnAcant at lhe 0.05 levei (2-taied).
Outro dos objectivos deste trabalho, atrás igualmente referido, consiste
na estimação de alguns modelos de regressão linear entre a variável
dependente satisfação no trabalho e a variável independente iehet (modelo de
regressão linear simples), bem como a estimação de regressões relativas à
mesma variável dependente que consideram, adicionalmente à variável
explicativa iehet, um conjunto variáveis dummy, tendo por finalidade detectar a
relevância de alguns dos critérios mencionados na caracterização da amostra
em estudo. As regressões lineares múltiplas a estimar visam quantificar o
contributo aditivo e multiplicativo de variáveis qualitativas relacionadas com os
respectivos critérios.
Para o efeito, começou-se por regredir a regressão linear simples da
variável st sobre a variável iehet, assumindo que a variável st é, como já foi
118
mencionado e tendo por base a literatura revista, a variável explicada, sendo a
variável iehet a variável explicativa do modelo.
Os resultados obtidos, aplicando o método dos mínimos quadrados,
podem ser traduzidos pela seguinte expressão:
St, = 100,476 + 8,121 * iehet, R2 = 32,9%
(19,283) (7,474)
Os valores entre parênteses referem-se à estatística t.
A estimativa obtida para o coeficiente associado à variável explicativa
iehet de 8,121, indica-nos quanto é que, em média, aumenta o índice de
satisfação no trabalho quando o índice de inteligência emocional aumenta um
valor. Este valor revela-se estatisticamente significativo para os níveis de
confiança convencionais dado o valor obtido para a sua estatística t (7,474).
O coeficiente de determinação (R2) obtido é de aproximadamente 33%,
indicando a percentagem da variação total da variável explicada -st- em torno
da sua média que é explicada pelo modelo. Apesar do baixo valor obtido para
R2, o presente estudo assenta numa amostra do tipo seccional, sendo que
neste tipo de amostra os valores registados para este indicador não são tão
elevados como quando se trabalha com amostras temporais.
Posteriormente, regrediu-se um conjunto de regressões lineares
múltiplas com dummies, com o objectivo de avaliar a relevância dos critérios:
género, idade, antiguidade, categoria profissional, habilitações literárias e
dimensão dos ginásios. Assim, apresentam-se os resultados obtidos para das
seis estimações:
119
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DO GÉNERO:
St, = 97,285 + 6,235*D + 8,67\*iehet, -1,075*iehet,.D
(12,748) (0,593) (5,369) (-0,488)
_, í 1 se feminino sendo D=\
Ose masculino
Atendendo ao valor obtido para a estatística t associada a cada um dos
parâmetros estimados, verifica-se que só a variável iehet é estatisticamente
significativa, pelo que o género não se apresenta relevante na explicação do
índice de satisfação no trabalho nem na relação existente entre inteligência
emocional e satisfação no trabalho.
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DA IDADE:
St, = 104,48- 7,578 *£> + 7,075 * iehet, +1,973 * iehet, .D
(12,726) (-0,709) (4,228) (0,48)
^ l se<30 sendo D=<
|0se)30
De forma análoga, o efeito aditivo e multiplicativo da dummy
caracterizadora do critério idade não se apresenta relevante neste estudo.
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DA ANTIGUIDADE:
St, = 105,139 - 6,566 * D + 7,169 * iehet, +1,354 * iehet, .D
(10,708) (-0,565) (3,569) (0,563)
120
il se número de anos de serviço < 1 sendo D=< , . v, 0 se número de anos de serviço )1
As estatísticas t mais uma vez vêm confirmar a significância estatística
da variável iehet, sendo, no entanto, o critério antiguidade igualmente excluído
por não se revelar significativo na determinação do índice de satisfação do
trabalho e da relação da iehet com essa variável.
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DA CATEGORIA PROFISSIONAL:
St, = 89,721 +15,421 * D +10,593 * iehet, - 3,512 * iehet, .D
(9,504) (1,363) (5,319) (-1,476)
Í l se monitor 0 se recepcionista
Do mesmo modo não se torna possível concluir pela relevância
estatística do critério categoria profissional, já que os valores estimados para
os coeficientes associados às variáveis D e iehet*D são estatisticamente
insignificativos para os níveis de significância usuais.
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DAS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS:
St, = 88,45 +18,837 * D +10,298 * iehet, - 3,339 * iehet, .D
(10,655) (1,772) (6,093) (-1,507)
í 1 se licenciado sendo D=<
Ose 9o ou 12° ano
121
Nesta regressão pode-se constatar que, apesar do critério habilitações
literárias não se relevar relevante na alteração da relação entre o índice de
inteligência emocional e o índice de satisfação no trabalho, é estatisticamente
significativo, a 10% de significância, na explicação do índice de satisfação no
trabalho, independentemente do valor assumido pelo índice de inteligência
emocional. Assim, estima-se que, em média, os indivíduos licenciados obtêm
um índice de satisfação no trabalho superior em 18,737 pontos face aos
indivíduos que possuem apenas o 9o ou 12° ano, tudo o resto constante.
REGRESSÃO ESTIMADA ATENDENDO AO CRITÉRIO DA DIMENSÃO DOS GINÁSIOS:
St, = 107,695 -17,983 * D, - 7,872 * D2 + 7,222 * iehet, + 2,73 * iehet, .£>, + 0,724 * iehet, .D2
(11,414) (-1,331) (-0,588) (3,424) (0,977) (0,244)
1 se pequena dimensão sendo Di=^
[0 se média ou grande dimensão
^ I 1 se média dimensão eD 2=^
[0 se pequena ou grande dimensão
Os efeitos aditivo e multiplicativo associados às duas dummies incluídas
na regressão anterior, revelaram-se estatisticamente não significativos, pelo
que a relevância deste critério foi também excluída.
Desta forma, dos critérios seleccionados conclui-se que, na amostra
analisada, o critério habilitações literárias foi o único que se revelou fulcral na
explicação do índice de satisfação no trabalho, não sendo, contudo relevante
na explicação da relação existente entre o índice de inteligência emocional e o
índice de satisfação no trabalho.
122
Quaisquer um dos outros critérios utilizados não se evidenciaram
determinante quer no estudo da relação entre os dois índices (st e iehet), quer
na explicação dos níveis de satisfação no trabalho.
Em anexo (iii, iv, v, vi, vii, viii) apresentam-se os restantes resultados
relacionados com estas regressões.
Assim, neste estudo, os critérios idade e género não foram
determinantes na explicação do índice de satisfação no trabalho. No que se
refere à idade Cunha Pina et ai (2003) refere o estudo de Luthans (1989) que
contraria estes resultados. No que se refere ao género os mesmo autores
referem o estudo de Dubno (1985) que também concluem contrariamente face
aos resultados deste estudo, embora refiram autores como Jayaratne (1993)
que confirmam a não existência de diferenças significativas do efeito da
variável género e que quando são detectadas diferenças, elas são sobretudo
devido ao efeito de outras variáveis, como o poder, o estatuto e oportunidades
de carreira.
123
8.1. CONCLUSÕES
Da análise dos resultados obtidos no trabalho pode-se concluir,
relativamente às hipóteses previamente elaboradas que:
H1) O grau de Inteligência Emocional é mais elevado para os líderes do que
para os liderados.
• Verdadeiro. O valor médio obtido para o índice de inteligência emocional
e para índice de inteligência emocional por componentes é mais elevado
entre os líderes face ao obtido para os liderados.
H2) A opinião dos subordinados face ao grau de Inteligência Emocional do seu
líder é mais elevada do que a opinião formada pelo próprio líder.
• Falso. A maioria dos ginásios apresenta uma auto avaliação superior
àquela que é efetuada pelos seus liderados.
H3) O grau de Inteligência Emocional (iehet) está correlacionado, em termos
globais, com o nível de satisfação no trabalho.
• Verdadeiro. Os resultados obtidos demonstram uma correlação positiva
e estatisticamente significativa.
H4) Os indivíduos do sexo feminino apresentam um grau correlação superior
entre Inteligência Emocional e satisfação no trabalho face aos indivíduos do
sexo masculino.
• Falso. Os resultados obtidos evidenciam não existir uma diferença
significativa no tipo e grau de correlação em análise.
126
H5) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais evidente nos ginásios de pequena dimensão.
• Verdadeiro. O critério dimensão dos ginásios parece evidenciar um
papel importante na determinação do grau de correlação entre
inteligência emocional e satisfação no trabalho.
H6) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é superior nos indivíduos com maior tempo de serviço.
• Verdadeiro. Os dados obtidos demonstram que quanto mais tempo de
serviço maior a correlação em análise.
H7) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com um contacto mais directo com o
líder, nomeadamente os recepcionistas.
• Verdadeiro. Conclui-se que entre os monitores a correlação entre as
variáveis é bastante menos acentuada face os valores registados na
amostra constituída pelos recepcionistas.
H8) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é maior nos inquiridos casados.
• Falso. O estado civil não parece ser determinante na alteração da
relação causal entre inteligência emocional e satisfação no trabalho.
H9) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de satisfação
no trabalho é mais notório nos indivíduos com menores habilitações literárias.
• Verdadeiro. Os resultados obtidos apresentam valores mais baixos
quanto maior a habilitação literária.
127
H10) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional, em termos globais, e
o nível de satisfação no trabalho é mais notório nos indivíduos com maior faixa
etária.
• Verdadeiro. Os resultados obtidos revelam um grau de correlação mais
elevado para os indivíduos de maior faixa etária.
H11) O grau de correlação entre a Inteligência Emocional e o nível de
satisfação no trabalho é maior na Madeira do que na área do Grande Porto.
• Falso. A região do Grande Porto apresenta um grau de correlação mais
elevado do registado para a Madeira.
No que concerne os objectivos adicionais não traduzidos nas hipóteses
transcritas, conclui-se, fundamentalmente, pela relevância do critério
habilitações literárias, face aos restantes critérios analisados. De facto, este
critério, não só se manifestou determinante na alteração da relação existente
entre inteligência emocional e satisfação no trabalho, como se mostrou
igualmente importante na explicação do índice de satisfação no trabalho. De
salientar, porém, que o seu contributo, em ambos os casos, é feito
distintamente, isto é, os indivíduos licenciados contribuem positivamente para o
índice de satisfação no trabalho (todos os outros factores constantes), mas
contribui em menor grau para a relação existente entre satisfação no trabalho e
inteligência emocional.
128
9.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Foram encontradas algumas limitações e dificuldades ao longo do
percurso. Talvez a principal limitação foi a de não se ter encontrado a
bibliografia correspondente aos autores do questionário de satisfação no
trabalho utilizado, apesar de terem sido efectuados alguns contactos
electrónicos, nomeadamente com um colaborador de Pat Smith, que referiu
que a bibliografia correspondente à utilização desse questionário se encontrava
fora de circulação (datava do ano de 1969). Jesuino Correia foi um dos autores
que validou para o território nacional o questionário em causa, porém numa
data bastante anterior à data actual (década de 80), sendo que por este meio
também não foi possível chegar à fonte do questionário utilizado por estes
autores.
Além da escassez de obras referentes à inteligência emocional e
satisfação no trabalho outra das limitações registadas prendeu-se com a
questão temporal, se o prazo da realização da tese fosse maior, haveria mais
tempo para aumentar o número da amostra podendo inclusive ser estendida a
todo o território nacional.
Verificou-se que no estudo em causa, o uso do questionário da hetero
avaliação da inteligência emocional foi pertinente, sugerindo assim para futuras
pesquisas a sua utilização, desvirtuando o menos possível a informação obtida.
Os resultados registados no presente estudo apontam para a existência
de uma correlação positiva entre índice de inteligência emocional e satisfação
no trabalho. Adicionalmente, da análise de um conjunto de critérios possíveis
determinantes da satisfação no trabalho, conclui-se que o critério habilitações
literárias influenciava os índices de satisfação no trabalho e a relação entre os
índices: inteligência emocional e satisfação no trabalho. A influência deste
critério ao nível da satisfação no trabalho revelou-se negativa, isto é, quanto
130
maior a habilitação literária menor o grau de satisfação no trabalho, e de igual
sentido ao nível da relação entre os dois índices referidos, já que, quanto maior
o grau de habilitações maior o contributo do índice de inteligência emocional
sobre o índice de satisfação no trabalho.
As conclusões retiradas podem conduzir a estudos mais aprofundados
do contributo da educação para a satisfação dos indivíduos no mercado de
trabalho, constituindo um ponto de partida para futuras pesquisas sobre a
análise dessa relação.
Sugere-se também mais trabalhos ligando estas variáveis de modo a
consolidar estas informações, assim como outras referidas ao longo da tese,
como é o caso da fidelização e adesão à empresa ou organização.
Espera-se, igualmente, que o trabalho realizado possa ser um material
útil para futuros investigadores que se interessem pela relação estudada, no
sentido de fornecer um conjunto vasto de informação sobre as principais
teorias relacionadas com a inteligência emocional, satisfação no trabalho e
motivação.
131
10.1. BIBLIOGRAFIA
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138
Coeficiente de correlação entre satisfação no trabalho e o índice de
inteligência emocional (auto) em termos globais e por componentes
Correlations
lEAuto st org igualniv rem persprom trabsimm ie1 ie2 .23 ie4 lEAuto Pearson Correlation
Siq (2-tailed) N
1
129
.258"
.003 129
.198"
.024 129
.156
.078 129
.382"
.000 129
,083 .350 129
.190'
.031 129
.767"
.000 129
.716"
.000 129
.643" ,000 129
.830"
.000 129
st Pearson Correlation Sig. (2-lailed) N
.258"
.003 129
1
129
.682"
.000 129
.440"
.000 129
. 4 7 1 " ,000 129
,586" .000 129
.673"
.000 129
.138
.120 129
.232"
.008 129
.224'
.011 129
.188-
.033 129
org Pearson Correlation SKJ (Mailed) N
.198-
.024 129
.682"
.000 129
1
129
.269"
.002 129
.166
.059 129
.380"
.000 129
.323"
.000 129
.155 ,079 129
.132
.135 129
.074
.405 129
.202"
.022 129
Igualnrv Pearson Correlation Slg. (2-tailed) N
.156
.078 129
.440"
.000 129
.269"
.002 129
1
129
.055 ,533 129
,111 .209 129
.270"
.002 129
,104 .241 129
.035
.697 129
.070
.431 129
.202"
.022 129
rem Pearson Correlation Sig. (2-tailed) N
.382"' ,000 129
. 4 7 1 "
.000 129
.166
.059 129
.055
.533 129
1
129
,327" ,000 129
.457-
.000 129
,317" .000 129
,316" .000 129
.213*
.015 129
.298"
.001 129
persprom Pearson Correlation Slg. (2-tailed) N
,083 ,350 129
,586" .000 129
.380-1
.000 129
.111
.209 129
,327" ,000 129
1
129
.479-
.000 129
-.047 .594 129
.109
.220 129
.118 ,184 129
,069 .437 129
trabsimm Pearson Correlation Sig. (2-tailed) N
.190"
.031 129
,673" .000 129
.323"
.000 129
,270-
.002 129
,457-
,000 129
,479-
,000 129
1
129
,135 .128 129
.158
.073 129
.143 ,106 129
,139 ,117 129
ie1 Pearson Correlation Slg. (2-lailed) N
,787" .000 129
.138
.120 129
,155 .079 129
.104
.241 129
,317-
.000 129
-.047 ,594 129
.135
.128 129
1
129
. 4 8 1 "
.000 129
, 3 7 1 " ,000 129
,497" .000 129
i«2 Pearson Correlation Slg. (2-tailed) N
.716" ,000 129
.232-
.008 129
.132
.135 129
.035
.697 129
.316" ,000 129
,109 ,220 129
.158
.073 129
, 4 8 1 " ,000 129
1
129
,333" ,000 129
,433" ,000 129
Í23 Pearson Correlation Sig. (2-lailed) N
.643"
.000 129
.224*
.011 129
,074 ,405 129
.070
.431 129
,213" ,015 129
,118 .184 129
.143 ,106 129
, 3 7 1 " ,000 129
.333"
.000 129
1
129
,320" ,000 129
ie4 Pearson Correlation Slg. (2-tailed) N
.830-
.000 129
,188-
.033 129
,202" ,022 129
,202" ,022 129
.298-
,001 129
,069 ,437 129
.139
.117 129
,497-
.000 129
,433-
.000 129
.320" ,000 129
1
129 "■ Correlation is significant at the 0.01 level (2-lailed).
*. Correlation is significant at the 0.015 levei (2-tailed).
n
Output das regressões estimadas pelo método dos mínimos quadrados
com introdução de variáveis dummies associadas aos critérios:
Género
Variables Entered/Removed1
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 dummy.
iehet, iehet, Enter
dummy
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,582a ,338 ,320 12,24664 a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
ANOVA5
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8282,573 3 2760,858 18,408 ,000a
Residual 16197,856 108 149,980 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
b. Dependent Variable: st
Coefficients3
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummy iehet dummy.iehet
97,285 6,235 8,671
-1,075
7,631 10,517
1,615 2,204
,210 ,618
-,180
12,748 ,593
5,369 -,488
,000 ,555 ,000 ,627
a. Dependent Variable: st
in
Idade
Variables Entered/Removed'
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 dummy.
iehet, iehet, Enter
dummy
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,586a ,343 ,325 12,20281
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
ANOV/lf
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8398,314 3 2799,438 18,800 ,000a
Residual 16082,115 108 148,908 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
b. Dependent Variable: st
Coefficients'
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummy iehet dummy.iehet
104,480 -7,578 7,075 1,973
8,210 10,684
1,673 2,219
-,251 ,504 ,318
12,726 -.709 4,228
,889
,000 ,480 ,000 ,376
a. Dependent Variable: st
Categoria
Variables Entered/RemovedP
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 dummy.
iehet, iehet,
Enter
dummy
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,591a ,349 ,331 12,14888
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
ANOV^5
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8540,135 3 2846,712 19,287 ,000a
Residual 15940,294 108 147,595 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
b. Dependent Variable: st
Coefficients3
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummy iehet dummy.iehet
89,721 15,421 10,593 -3,512
9,441 11,315
1,992 2,379
,452 ,755
-,525
9,504 1,363 5,319
-1,476
,000 ,176 ,000 ,143
a. Dependent Variable: st
v
Antiguidade
Variables Entered/Removed^
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 dummy.
iehet, iehet,
Enter
dummy
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,581a ,337 ,319 12,25780
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
ANOVAf1
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8253,045 3 2751,015 18,309 ,000a
Residual 16227,383 108 150,254 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), dummy.iehet, iehet, dummy
b. Dependent Variable: st
Coefficients?
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummy iehet dummy.iehet
105,139 -6,566 7,169 1,354
9,819 11,629 2,009 2,403
-,207 ,511 ,213
10,708 -,565 3,569
,563
,000 ,573 ,001 ,574
a. Dependent Variable: st
VI
Dimensão
Variables Entered/Removed5
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 dummy2.
iehet, iehet, dummyl, Enter dummy2, dummyl. iehet
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,603a ,363 ,333 12,12805
a. Predictors: (Constant), dummy2.iehet, iehet, dummyl, dummy2, dummyl.iehet
ANOV/£
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8888,933 5 1777,787 12,086 ,000a
Residual 15591,495 106 147,090 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), dummy2.iehet, iehet, dummyl, dummy2, dummyl .iehet
b. Dependent Variable: st
Coefficients3
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummyl dummy2 iehet dummyl.iehet dummy2.iehet
107,695 -17,983
-7,872 7,222 2,730
,724
9,435 13,512 13,395 2,109 2,793 2,968
-,568 -,259 ,515 ,460 ,110
11,414 -1,331
-,588 3,424
,977 ,244
,000 ,186 ,558 ,001 ,331 ,808
a. Dependent Variable: st
vu
Habilitações Literárias
Variables Entered/Removed1
Variables Variables Model Entered Removed Method 1 iehet.
dummy, iehet, a
Enter
dummy
a. All requested variables entered.
b. Dependent Variable: st
Model Summary
Model R R Square Adjusted R Square
Std. Error of the Estimate
1 ,600a ,360 ,342 12,04423
a. Predictors: (Constant), iehet.dummy, iehet, dummy
ANOVW3
Sum of Model Squares df Mean Square F Sig. 1 Regression 8813,581 3 2937,860 20,252 ,000a
Residual 15666,848 108 145,063 Total 24480,429 111
a. Predictors: (Constant), iehet.dummy, iehet, dummy
b. Dependent Variable: st
Coefficients3
Model
Unstandardized Coefficients
Standardized Coefficients
t Sig. Model B Std. Error Beta t Sig. 1 (Constant)
dummy iehet iehet.dummy
88,450 18,837 10,298 -3,339
8,301 10,631
1,690 2,216
,637 ,734
-,538
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