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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS MARIA AUXILIADORA Sergio Donisete Clauss INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO APLICADO NO CURSO DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA Americana 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Sergio Donisete Clauss

INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO

APLICADO NO CURSO DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE

SISTEMAS DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA

Americana

2016

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Sergio Donisete Clauss

INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO

APLICADO NO CURSO DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE

SISTEMAS DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA

Dissertação de Mestrado apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação à Comissão Julgadora do Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Orientadora: Professora Doutora Sueli Maria Pessagno Caro

Americana

2016

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Catalogação: Bibliotecária Mariana de Matos CRB- 8/9075

Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

C554i

Clauss, Sergio Donisete

Interdisciplinaridade: estudo de caso de um projeto aplicado

no curso de análise e desenvolvimento de sistemas da faculdade

de tecnologia de Indaiatuba / Sergio Donisete Clauss. – Americana:

Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2016.

162 p.

Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – Centro

Universitário Salesiano de São Paulo.

Orientadora: Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro.

Inclui Bibliografia.

1. Interdisciplinaridade. 2. Projeto Pedagógico. 3. Práticas

Interdisciplinares. I. Título. II. Autor.

CDD – 370.7

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SERGIO DONISETE CLAUSS

INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO APLICADO NO CURSO DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação Sociocomunitária.

Linha de pesquisa: A intervenção educativa sociocomunitária: linguagem, intersubjetividade e práxis. Orientadora: Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro

Dissertação defendida e aprovada em 26 de agosto de 2016, pela comissão julgadora: __________________________________________ Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro – Orientadora Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

__________________________________________

Prof. Dr. Francisco Evangelista – Membro Interno Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL __________________________________________ Prof. Dr. Claúdio Roberto Leandro – Membro Externo Centro Paula Souza (FATEC - Indaiatuba)

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Agradecimentos

Agradeço, antes de tudo e por tudo, a Deus.

Agradeçoa minha família – Aristides, meu pai; Deonesia, minha mãe; Rosângela e

Telma, minhas irmãs; Aparecido, meu cunhado e Aaron, meu sobrinho - que

sempre me apoiou nas minhas decisões e nos estudos, pois, sem o seu apoio, não

seria possível chegar ao final dessa etapa.

Agradeço a minha orientadora, por suas contribuições nas aulas e pela dedicação

na orientação deste trabalho.

Aos demais professores do mestrado da Unisal, em especial aos professores

Francisco Evangelista, Maria Luísa Amorim Costa Bissoto, Severino Antônio Moreira

Barbosa, Renata Sieiro Fernandes,os quais foram meus mestres, que, além dos

conhecimentos e experiências transmitidas, foram amigos. Em especial, ao

professor Francisco Evangelista e ao Professor Cláudio Roberto Leandro, que

participaram da banca de qualificação e de defesa e muito contribuíram, com as

suas observações teórico-metodológicas para o desenvolvimento desta pesquisa.

Agradeço à Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba - Fatec Indaiatuba – que

permitiu a realização deste trabalho. Aos professores, principalmente aos do curso

de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que, além de amigos, colaboraram com

o trabalho e se tornaram sujeitos da pesquisa.

Agradeço, em especial, a minha amiga e companheira de pesquisa Yara Brito

Brasileiro, por suas infinitas horas de dedicação para me ajudar nesta pesquisa

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RESUMO

A complexidade existente na atualidade não possibilita que se pense o mundo organizado de forma linear. Por um lado, as inovações tecnológicas e as novas possibilidades de comunicação permitiram o estabelecimento de diferentes conexões e, por outro, geraram uma demanda pela resolução de problemas cada vez mais complexos. A educação profissional e tecnológica está inserida nesse contexto, pois é de sua responsabilidade formar profissionais com habilidade de aplicar conhecimentos de forma inovadora com o objetivo de resolver problemas no âmbito da sociedade. Entretanto, não é possível alcançar esse objetivo sem que se integre saberes oriundos de diferentes áreas do conhecimento e/ou de diferentes disciplinas. Disso resulta o questionamento do como ensinar e surge a discussão sobre a interdisciplinaridade. Considerando essas questões, o trabalho objetiva: conceituar interdisciplinaridade; verificar, na realização do Projeto Interdisciplinar do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, qual a compreensão dos docentes da prática interdisciplinar; identificar, sob a perspectiva dos discentes, quais as contribuições que as práticas interdisciplinares tiveram para a realização da tarefa proposta; avaliar se os alunos, ao realizar o trabalho estabeleceram uma integração entre as disciplinas; avaliar se as práticas do projeto do curso permitem a construção de um projeto interdisciplinar. Como delineamento de pesquisa, adotou-se o estudo de caso, posto que se procura estudar em profundidade a realização do projeto. Como técnicas de coleta de dados foram realizadas entrevistas estruturadas com os docentes e aplicados questionários aos discentes. Também foi analisado o Manual do Projeto Interdisciplinar. Além disso, foi utilizada a técnica do focus group para obter informações a partir das percepções dos envolvidos no processo. A compreensão do conceito de interdisciplinaridade, sustentada na fundamentação teórica, possibilitou afirmar que a estrutura apresentada hoje no projeto analisado é interdisciplinar. Apesar de não teoricamente fundamentada, os professores compreendem interdisciplinaridade como integração. Tanto os docentes quanto os discentes, embora reconheçam limitações, consideram que há contribuições significativas na realização do projeto.Pode-se concluir que algumas condições estruturais e algumas práticas dificultam ou até mesmo limitam, mas não impedem que haja um trabalho interdisciplinar.

Palavras-Chave: Interdisciplinaridade. Projeto Interdisciplinar. Práticas interdisciplinares.

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ABSTRACT

The complexity that exists in current times doesn’t allow for one to think of the organized world in a linear form. On one hand, technological innovation and the new possibilities in communication have permitted the establishment of different connections and, on the other hand, have generated the demand for the solving of increasingly complex problems. Technological and professional education is within this context, because it is its responsibility to produce professional with the ability to apply their knowledge in an innovative way, with the objective of solving problems in society. However, it’s not possible to reach this objective without integrating different breadths of knowledge from diverse areas of knowledge and/or from different studies. From this we reach a line of questioning regarding how to teach, and also the discussion around interrelated studies. Taking these matters into consideration, this essay has the following objectives: conceptualize interrelated academic studies; verify, by carrying out the Interdisciplinary Project of the course Systems Analysis and Development Technology, what is in fact teachers’ understanding of interrelated studies; identify, from the student’s point of view, what contributions interrelated studies had to the realization of the proposed task; evaluate if the student, whilst carrying out the project established an integration between studies; evaluate if the practices of the course’s project allowed the construction of an interdisciplinary project. As an outline of the study, a case study was taken, with the objective of deepening the study and reach of the project. With data capturing techniques, structured interviews were carried out with teachers and students with the use of questionnaires. The Interdisciplinary Project Manual was also analyzed. Beyond this, focus group methodology was used to obtain information based on the perception of those involved in the process. The comprehension of the concept of Interrelated or Correlated studies, based on theoretical grounding, made it possible to affirm that the structure presented in the project today is in fact interdisciplinary. Despite it not being based in theory, professors understand interrelated studies as integration. Both educators and pupils alike, although recognizing limitations, acknowledge that there are significant contributions in carrying out the project. It can be concluded that some structural conditions and some practices can complicate and even limit, but do not impede that an interdisciplinary study takes place.

Key words: Interrelated studies, Interdisciplinary projects, Interdisciplinary practices.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Gráfico referente ao recebimento do manual do PI ..................................................... 58

Figura 2:Gráfico referente a apresentação geral do PI ................................................................ 58

Figura 3: Disciplina que fez a apresentação geral do PI .............................................................. 59

Figura 4: Gráfico que representa a porcentagem de professores que apresentou o conteúdo

do PI ..................................................................................................................................................... 60

Figura 5: Relevância do PI para o aprendizado ........................................................................... 61

Figura 6: Relação direta das disciplinas com o projeto ................................................................ 61

Figura 7: Gráfico que representa as disciplinas que fazem parte do PI e têm relação direta 62

Figura 8: Gráfico que representa a integração entre as disciplinas ........................................... 63

Figura 9: Gráfico que representa a importância de todas as disciplinas para realizar o PI ... 64

Figura 10: Gráfico que representa o número de componentes por grupo ................................ 65

Figura 11: Gráfico dos alunos que cursam todas as disciplinas ................................................. 65

Figura 12: Gráfico da relação dos alunos que têm dificuldade de trabalhar em grupo ........... 66

Figura 13: Gráfico que representa a relação dos alunos que tiveram dificuldade de fazer o

trabalho em grupo .............................................................................................................................. 67

Figura 14: Gráfico que representa a estratégia a ser utilizada para desenvolver o PI ........... 68

Figura 15: Gráfico que representa as estratégias utilizadas no desenvolvimento do projeto 69

Figura 16: Gráfico da relação de alunos analisaram as disciplinas de forma isolada ............. 70

Figura 17: Gráfico de aprofundamento do conteúdo de sala de aula ........................................ 71

Figura 18: Gráfico sobre a compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula ........... 72

Figura 19: Gráfico da aplicação da teoria ....................................................................................... 72

Figura 20: Gráfico sobre o relacionamento entre os alunos ........................................................ 73

Figura 21: Gráfico sobre a estratégia para se comunicarem ...................................................... 74

Figura 22: Gráfico que representa o relacionamento com os professores do projeto ............ 74

Figura 23: Gráfico sobre o grau de aproximação com os professores ...................................... 75

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Interdisciplinaridade Científica e Interdisciplinaridade Escolar ............................... 33

Quadro 2 - Relação dos cursos por cidade .................................................................................... 36

Quadro 3 - Estabelecimentos cadastrados na cidade de Indaiatuba ......................................... 40

Quadro 4 - Matriz Curricular do Primeiro Semestre ...................................................................... 43

Quadro 5 - Matriz Curricular do Segundo Semestre..................................................................... 43

Quadro 6 - Matriz Curricular do Terceiro Semestre ...................................................................... 44

Quadro 7 - Matriz Curricular do Quarto Semestre ........................................................................ 44

Quadro 8 - Matriz Curricular do Quinto Semestre ......................................................................... 44

Quadro 9 - Matriz Curricular do Sexto Semestre .......................................................................... 45

Quadro 10 - Vantagens e desvantagens da Técnica Focus Group ........................................... 53

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................... 6

ABSTRACT ........................................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 10

CAPITULO I ......................................................................................................................................... 14

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................................ 14

1.1 Multidisciplinaridade ................................................................................................................ 15

1.2 Pluridisciplinaridade ................................................................................................................. 16

1.3 Interdisciplinaridade ................................................................................................................. 17

CAPÍTULO II ....................................................................................................................................... 36

O CURSO ............................................................................................................................................ 36

2.1 Centro Paula Souza ................................................................................................................ 36

2.2 Fatec - Indaiatuba .................................................................................................................... 39

2.2.1 Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas .................................................... 41

2.2.2 Projeto Interdisciplinar ..................................................................................................... 45

CAPÍTULO III ...................................................................................................................................... 46

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................................... 46

3.1 O papel dos procedimentos metodológicos......................................................................... 46

3.2 Fundamentos teóricos do delineamento da pesquisa e da coleta e análise de dados 46

3.3 Delineamento da pesquisa: estudo de caso ........................................................................ 47

3.3 Os sujeitos de pesquisa .......................................................................................................... 49

3.4 Técnicas de coleta e análise de dados ................................................................................ 50

3.4.1 Análise dos documentos ................................................................................................. 50

3.4.2 Questionários .................................................................................................................... 50

3.4.3 Entrevista ........................................................................................................................... 51

3.4.4 Focus Group ...................................................................................................................... 53

3.5 Natureza da Análise de Dados .............................................................................................. 54

CAPÍTULO IV ...................................................................................................................................... 55

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EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................ 55

4.1 Exposição dos Dados ............................................................................................................. 55

4.1.1 Manual ................................................................................................................................ 55

4.1.2 Questionários .................................................................................................................... 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 92

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 95

Apêndice A – Questionário 1 e 2 .......................................................................................................... 97

Apêndice B: Questões para entrevistar os Docentes ............................................................................. 99

Apêndice C: Entrevista com a professora de Programação Orientada a Objeto ................................. 101

Apêndice D: Entrevista com a professora de Engenharia de Software ............................................... 107

Apêndice E: Entrevista com a professora de Banco de Dados ............................................................ 115

Apêndice F: Entrevista com a professora de Inglês ............................................................................ 122

Apêndice G: Entrevista com o professor de Gestão e Governança de TI ........................................... 127

Apêndice H: Entrevista com o Coordenador ....................................................................................... 136

Apêndice I: Focus Group .................................................................................................................... 140

ANEXO A – Manual do Projeto Interdisciplinar ................................................................................ 153

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INTRODUÇÃO

É inegável que existe, na atualidade, uma complexidade maior. Não é

possível mais pensar em um mundo organizado linearmente. Morin (2000a, p.11),

afirma que “os próprios desenvolvimento de nosso século e de nossa era planetária

fazem com que defrontemos cada vez mais amiúde e, de modo inelutável, com os

desafios da complexidade”.

Se, por um lado, as inovações tecnológicas, as novas possibilidades de

comunicação permitiram a construção de conexões estabelecidas em diversas

direções, por outro lado, pode-se afirmar que há também uma demanda pela

resolução de problemas gerados por essa transformação.

Essas mudanças influenciam diretamente nas relações ligadas à Educação e

colocam em questão o que e como ensinar. Observa-se, então, que, sejam de

bacharelado, licenciatura ou de tecnologia, há uma necessidade de novos e

específicos cursos de graduação para atender a essas demandas.

Nesse trabalho, tem-se como foco de estudo a graduação em tecnologia.

Atribui-se à educação profissional e tecnológica a responsabilidade de formar

profissionais com habilidade de utilizar os conhecimentos de forma inovadora ao

aplicá-los e difundi-los no mundo do trabalho.

A perspectiva de um curso de educação tecnológica é a formação de um

profissional especializado em áreas específicas. Portanto, a inovação também

proposta por esse curso, necessariamente, obriga-o a se relacionar com a solução

de problemas complexos do mundo contemporâneo. Entretanto, considerando a

análise de Morin (2000a, p.11)

Nossa formação escolar e, mais ainda, a universitária nos ensina a separar os objetos de seu contexto, as disciplinas uma das outras não para relacioná-las. Essa separação e fragmentação das disciplinas é incapaz de captar “o que está tecido em conjunto”, isto é, o complexo, segundo o sentido original do termo.

Dessa forma, trabalhar com o complexo exige a integração de saberes

provenientes de diferentes áreas do conhecimento e/ou de diferentes disciplinas e,

portanto, relaciona-se à prática interdisciplinar. Isso porque a solução de problemas

complexos do mundo contemporâneo exige a integração de saberes provenientes

de diferentes áreas do conhecimento e/ou de diferentes disciplinas.

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Dessa forma, levanta-se a questão do como ensinar e, na busca de novas e

mais eficientes metodologias de ensino, surge a discussão sobre a

interdisciplinaridade.

Tal discussão não é recente. Porém, continua fomentando debates e se

tornou objeto de reflexão nos vários níveis de ensino: fundamental, médio,

graduação e pós-graduação. Embora muito discutida e, quase que

consensualmente, aceita como necessária e positiva para os processos de ensino e

pesquisa, a prática interdisciplinar ainda apresenta muitos desafios, tanto no aspecto

teórico-conceitual quanto metodológico.

Apesar de o senso comum trazer a ideia de que todo e qualquer trabalho que

se proponha a envolver mais de uma disciplina se caracteriza como interdisciplinar,

isso é um equívoco, pois, para que ocorra a interdisciplinaridade, é necessário rigor

teórico e metodológico.

É nesse contexto que esse trabalho se propõe a pesquisar a prática

interdisciplinar proposta pelo curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da

Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba. Para isso, buscará responder às seguintes

questões:

Qual a compreensão que os docentes têm do conceito de

interdisciplinaridade? Como é desenvolvido e aplicado o Projeto Interdisciplinar no

curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas? A forma como hoje está sendo

desenvolvido permite considerá-lo um projeto interdisciplinar? Que contribuições ele

oferece para o processo de aprendizagem e para a formação dos discentes?

Ao responder a essas questões, o trabalho se propõe alcançar os seguintes

objetivos:

Conceituar interdisciplinaridade.

Verificar, na realização do Projeto Interdisciplinar, qual a compreensão

do docente da prática interdisciplinar.

Identificar, sob a perspectiva dos discentes, ao finalizar o projeto, quais

as contribuições que as práticas adotadas no projeto tiveram para a

realização da tarefa proposta.

Avaliar se os alunos, ao realizar o trabalho, estabeleceram uma

integração entre as disciplinas, analisando a sua percepção no início e

no final do processo.

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Avaliar se os objetivos e a realização do trabalho proposto

possibilitaram construir um trabalho Interdisciplinar.

As observações assistemáticas de fatos do dia a dia da aplicação do PI, por

parte do pesquisador, levaram à elaboração da hipótese de que, ainda que não

teoricamente fundamentada, essa prática pode ser considerada interdisciplinar.

Considerando que a interdisciplinaridade possibilita a integração do conhecimento e

sua contextualização, espera-se que a aplicação do projeto contribua positivamente

para o processo de aprendizagem dos alunos e para o aprimoramento das práticas

docentes.

A realização da pesquisa se justifica por permitir uma compreensão mais

aprofundada da prática interdisciplinar no âmbito de um curso de tecnologia. Tal

compreensão pode levar a um processo de ensino-aprendizagem mais significativo,

pois possibilita a transformação do conhecimento científico em conhecimento

tecnológico. Além disso, a análise da prática interdisciplinar em estudo, feita de uma

perspectiva mais distanciada, permite descrever e avaliar o processo de uma forma

mais criteriosa, o que pode contribuir para, se necessário, reestruturar, aprimorar ou

validar estratégias do Projeto Interdisciplinar do Curso de Análise de

Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba.

Para o pesquisador, como professor da instituição e participante do projeto, o

resultado da pesquisa será de grande valia para sua prática docente, pois

oportunizará a construção e um olhar acadêmico sobre os projetos interdisciplinares

aplicados na instituição de ensino. Isso leva a uma reflexão sobre a própria prática

docente.

Na busca de atingir os objetivos, será adotado como delineamento de

pesquisa o Estudo de Caso. Essa escolha se deve ao fato de que tal delineamento

permite um estudo aprofundado de um determinado tema. Inicialmente será

realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de compreender, com mais

profundidade, o conceito de interdisciplinaridade e procedimentos didáticos ligados à

prática interdisciplinar. Também será realizada uma pesquisa de campo envolvendo

como sujeitos de pesquisa, o coordenador do curso, os professores participantes do

Projeto Interdisciplinar e os alunos. Como técnicas de coleta de dados, serão

realizadas entrevistas e aplicados questionários aos envolvidos no processo. Além

disso, serão analisados documentos de regulamentação do curso e do Projeto

Interdisciplinar. A análise dos dados será feita de modo quantitativo e qualitativo.

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O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro constitui a

fundamentação teórica e aborda os conceitos de disciplina, multidisciplinaridade,

pluridisciplinaridade e interdisciplinaridade.

Já no segundo capítulo, é apresentada a Fatec Indaiatuba - Archimedes

Lammoglia – ligada ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, da

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Esse capítulo

aborda não somente a faculdade, mas também as características da cidade e a

região onde ela está inserida. Apresentam-se também os cursos oferecidos pela

Instituição de Ensino Superior, em especial o curso de Análise e Desenvolvimento

de Sistema que é o foco desta pesquisa.

No terceiro capítulo, descrevem-se detalhadamente os procedimentos

metodológicos adotados na realização do trabalho. Como a pesquisa busca realizar

um estudo em profundidade, adota-se o Estudo de Caso como delineamento da

pesquisa e define como sujeitos os alunos do terceiro semestre, os professores e o

coordenador do referido curso.

Os dados coletados são descritos e analisados no quarto capítulo. A

apresentação é feita textualmente e em gráficos. Para análise, adota-se uma

perspectiva teoricamente fundamentada.

Além dos quatro capítulos propostos, há também as considerações finais, na

qual se responde à problematização e verifica-se se os objetivos propostos foram

atingidos.

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CAPITULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Contextualização

Falar e discutir sobre “Interdisciplinaridade”, “Integração de Conteúdos”é

uma prática cada dia mais constante entre os docentes, principalmente os que

trabalham com o ensino superior. Porém é fato que, muitas vezes, esses

conceitos são utilizados a partir do senso comum e sem rigor teórico.

Para uma melhor compreensão, é necessário definir, primeiramente, o

conceito de disciplina. Segundo Repko, disciplina é:

[...] um ramo particular de ensino ou um corpo de conhecimento cujos elementos definidores – ou seja, fenômenos, hipóteses, epistemologia, conceitos, teorias e métodos – o distinguem de outros campos do conhecimento.

(REPKO, apud SOMMERMAN, 2015, p.180)

Japiassu (1976, p. 72) define disciplinaridade como:

[...] a exploração científica especializada de determinado

domínio homogêneo de estudo, isto é, o conjunto sistemático e

organizado de conhecimentos que apresentam características

próprias nos planos do ensino, da formação, dos métodos e

das matérias; esta exploração consiste em fazer surgir novos

conhecimentos que se substituem aos antigos.

A estrutura de ensino fundamentada em uma organização baseada na

matriz curricular com disciplinas de forma delimitada e isolada pode limitar a

compreensão dos discentes. Mesmo estudantes do Ensino Superior podem ter

dificuldade de relacionar conceitos abordados em diferentes disciplinas,

principalmente se, em sua história acadêmica, a prática de integração não

tenha sido trabalhada. Assim:

O caráter disciplinar do ensino formal dificulta a aprendizagem

do aluno, não estimula ao desenvolvimento da inteligência, de

resolver problemas e estabelecer conexões entre os fatos,

conceitos, isto é, de pensar sobre o que está sendo estudado.

“O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem

apreender o que está tecido junto”.(MORIN, 2000b, p. 45).

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Por isso, pensar em práticas interdisciplinares em cursos de graduação

e de pós-graduação tem sido uma preocupação constante nas universidades

do Brasil e do mundo. Um exemplo dessa prática no exterior é o projeto da

Universidade da Noruega, apresentado no artigo escrito por Letizia Jaccheri

(2007), no qual os alunos do curso de Engenharia de Software desenvolvem

um projeto durante quatro semestres, que tem como objetivo construir um

software para os alunos do curso de Arte. No artigo, evidencia-se a interação

entre os cursos, pois, uma vez por semana, o tempo de aula é destinado para

discussão e desenvolvimento do projeto. O autor conclui que há ganhos, tanto

no que se refere à aprendizagem quanto na interação entre os alunos.

Para que isso ocorra, é necessário que as disciplinas não trabalhem de

forma isolada, sendo fundamental haver uma interação entre elas. De acordo

com o grau de interação entre as disciplinas, Jantsch (1972) fez uma

classificação e propôs a distinção entre Multidisciplinaridade,

Pluridisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade.

1.1 Multidisciplinaridade

Pode-se definir como multidisciplinaridade o fato de várias disciplinas

abordarem o mesmo assunto, porém com uma visão centrada em seu saber,

não havendo, portanto, uma interação entre elas.

Um estudo, uma pesquisa multidisciplinar acontece quando várias pessoas, pesquisadores, estudiosos, profissionais de diferentes especialidades emitem seus pontos de vista acerca de um único objeto. Multidisciplinaridade é o exame, avaliação e definição de um único objeto sob diversos olhares de diferentes disciplinas. Cada especialista, neste caso, faz suas próprias observações considerando seus saberes, sem estabelecer contato com os saberes diferentes do seu. Não há, neste caso, articulações entre os diferentes pontos de vista acerca do mesmo assunto.

[...] Não há, no trabalho multidisciplinar, qualquer intenção de se estabelecer relações diretas e integrativas entre as diversas disciplinas. O que se pretende com a reunião das diferentes especialidades é que cada especialista emita um ponto de vista único, a partir de seus saberes particularizados. 1

1http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/32412/o-que-significa-multidisciplinaridade

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Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Nogueira (1998) afirma quea

multidisciplinaridade ocorre quando as diferentes disciplinas não têm a

preocupação de integrar os conteúdos.

[...] a justaposição de diferentes conteúdos de disciplinas distintas, porém sem nenhuma preocupação de interação. Desta forma, cada disciplina teria objetivos próprios. Não existe nenhuma relação entre as disciplinas, assim como todas estariam no mesmo nível sem a prática de um trabalho cooperativo. (NOGUEIRA, 1998, p. 25)

Para Japiassu (1976), os diferentes termos utilizados - multidisciplinar,

pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar- deve-se ao fato de existirem

diferentes formas de interações entres as disciplinas. No termo multidisciplinar,

as diferentes disciplinas trabalham com o mesmo tema, porém não existem

relações entre elas. Dessa forma, para o autor, a multidisciplinaridade se

caracteriza por uma gama de disciplinas propostas simultaneamente.

1.2 Pluridisciplinaridade

Outra possibilidade de interação entre as disciplinas é a

pluridisciplinaridade. Para (Nicolescu, s.d.)

A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo. Por exemplo, um quadro de Giotto pode ser estudado pela ótica da história da arte, em conjunto com a da física, da química, da história das religiões, da história da Europa e da geometria. Ou ainda, a filosofia marxista pode ser estudada pelas óticas conjugadas da filosofia, da física, da economia, da psicanálise ou da literatura. Com isso, o objeto sairá assim enriquecido pelo cruzamento de várias disciplinas. O conhecimento do objeto em sua própria disciplina é aprofundado por uma fecunda contribuição pluridisciplinar. A pesquisa pluridisciplinar traz um algo a mais à disciplina em questão (a história da arte ou a filosofia, em nossos exemplos), porém este “algo a mais” está a serviço apenas desta mesma disciplina. Em outras palavras, a abordagem pluridisciplinar ultrapassa as disciplinas, mas sua finalidade continua inscrita na estrutura da pesquisa disciplinar. (NICOLESCU, s.d.)

Portanto, a pluridisciplinaridade pode ser compreendida como a

interação entre as disciplinas de mesmo nível hierárquico com o foco em um

objeto de uma delas. O fato de várias disciplinas abordarem o mesmo objeto

faz comque haja um enriquecimento no estudo do tema abordado, posto que

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pode ser tratado de diferentes perspectivas. Nesse sentido, é correto afirmar

que o estudo e, consequentemente, o conhecimento torna-se mais amplos.

Acrescente-se que, se comparada à multidisciplinaridade, a

pluridisciplinaridade está em um segundo nível de interação, pois se

caracteriza por um aumento do grau de interação entre as disciplinas, ou seja,

há uma inter-relação entre elas (BERNINI, 2010).

1.3 Interdisciplinaridade

Com o objetivo de estudar as definições de interdisciplinaridade e

transdisciplinaridade, Sommerman (2015)afirma que, em 2012, realizou uma

ampla pesquisa quantitativa e qualitativa sobre esses conceitos nos campos da

educação, saúde e ambiente. Com base nos resultados, o autor se propôs a

deixar mais claro o objeto, os métodos e a finalidade da interdisciplinaridade.

Para isso, Sommerman (2015), partiu da definição “clássica” elaborada

por Michaud e Abt para o cabeçalho do segundo grande questionário da

Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. As questões

foram enviadas aos professores e pesquisadores responsáveis pelas

atividades interdisciplinares dos países membros que participaram do Primeiro

Seminário Internacional sobre a Pluridisciplinaridade e a Interdisciplinaridade,

realizado na Université de Nice, na França, de 7 a 12 de setembro de 1970.

Interdisciplinar: Interação existente entre duas ou mais disciplinas: essa interação pode ir da simples comunicação das ideias até a interação mútua dos conceitos diretores, da epistemologia, daterminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa e do ensino a ela relacionado. Um grupo interdisciplinar se compõe de pessoas que receberam informação nos diferentes campos do conhecimento (disciplinas), cada um deles tendo conceitos, métodos, dados e termos próprios. (APOSTEL et al, apud SOMMERMAN, 2015, p.171).

Partindo dessa definição “clássica”, o autor, em seu estudo, comparou-a

com as definições dadas por diversos autores que participaram do seminário

de Nice e com outras apresentadas nas décadas seguintes.

Sommerman (2015) inicia o contraponto conceitual por ele proposto

pelas ideias de Piaget. Este, fazendo uma análise das ciências experimentais,

afirmou que elas despertam o problema geral que dá sentido à

interdisciplinaridade. Isso porque, com o positivismo, a realidade “foi

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fragmentada em muitos territórios mais ou menos superpostos

correspondentes a campos bem delimitados das disciplinas científicas”

(SOMMERMAN, 2015, p. 171). Nesse âmbito do positivismo, as disciplinas

analisam apenas os fenômenos observáveis, descrevendo-os, mensurando-os

e relacionando-os, o que leva à descoberta de leis mais ou menos especiais ou

gerais, mas sem se ocuparem das causas desses fenômenos.

Para Piaget, a posição positivista excluía qualquer pesquisa

interdisciplinar, o que, consequentemente, levou-o a afirmar:

Nada nos obriga mais a fragmentar o real em compartimentos estanques ou em estados simplesmente superpostos correspondentes às fronteiras aparentes das nossas disciplinas científicas e tudo nos obriga, ao contrário, a nos engajar na investigação a respeito das interações e dos mecanismos comuns. A interdisciplinaridade deixa assim de ser um luxo ou um produto de ocasião para tornar-se a condição mesma do progresso das pesquisas. A fortuna relativamente recente das tentativas interdisciplinares não nos parece, portanto, devida ao acaso das modas nem (ou não apenas) às imposições sociais, que colocam problemas cada vez mais complexos, ou seja, do esforço para completar mediante “modelos” causais a simples legalidade, e do caráter cada vez mais estrutural (no sentido matemático do termo) que tais modelos assumem. (PIAGET, apud SOMMERMAN, 2015, p.172)

Ao concluir seu artigo, advertiu que se se quisesse extrair conclusões

sobre a natureza da interdisciplinaridade, seria necessário distinguir três níveis:

O patamar inferior poderia ser chamado ‘multidisciplinar’ e é encontrado quando a solução de um problema requer informações tomadas de duas ou mais ciências ou setores do conhecimento, mas sem que as disciplinas que dão sua contribuição para aquela que as utiliza sejam modificadas ou enriquecidas. (PIAGET, apud SOMMERMAN, 2015, p.173).

Piaget observou que há problemas que só seriam resolvidos quando

estes estivessem no patamar multidisciplinar. A partir dessa observação é que

ele propõe uma definição de interdisciplinaridade

Nós reservamos, ao contrário, o termo interdisciplinaridade para caracterizar um segundo nível, no qual a colaboração entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência conduz a interações propriamente ditas, isto é, a certa reciprocidade nas trocas, de tal modo que haja um total enriquecimento mútuo. (PIAGET, apud SOMMERMAN, 2015, p.173)

Outro autor que se destacou na definição dos conceitos de

interdisciplinaridade foi o astrofísico austríaco Erich Jantsch. As ideias

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expressas por ele no artigo “VersI’ interdisciplinarité et La

transdisciplinaritédansI’enseignement et I’inovation” influenciaram o conceito de

interdisciplinaridade e foram publicadas por Apostel et al. (1973) no livro que

resultou do seminário de Nice de 1970.

Como Piaget, Jantsch combateu o positivismo ainda reinante na ciência

e na estrutura universitária. Assim, “ele se posicionou entre aqueles que

consideram que a ciência, o ensino e a inovação constituem um sistema

integrado, com objetivos sociais claros.” (SOMMERMAN, 2015, p. 174).

A definição que ele propôs para o conceito de interdisciplinaridade é a

seguinte:

Axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas, definida no nível ou subnível hierárquico imediatamente superior, o que introduz uma noção de finalidade; interdisciplinaridade teleológica se coloca entre o nível empírico e o nível pragmático; a interdisciplinaridade normativa se coloca entre o nível pragmático e o nível normativo; e a interdisciplinaridade objetivizada se coloca entre o nível normativo e o nível dos objetivos. (JANTSCH apud SOMMERMAN, 2015, p. 175)

Sommerman (2015, p.175), assim desdobra e explica esquema de

Jantsch

[...] o nível empírico é constituído pelas ciências explicativas:

ciências físicas, ciências da vida, ciências psicológicas; o nível

pragmático é constituído pelas tecnologias da física, as

tecnologias da biologia e as tecnologias provenientes de outras

ciências; o nível normativo é constituído pelo direito, pelas

ciências ecossistêmicas e pela ciência macroeconômica; o

nível dos objetivos é constituído pela filosofia, pelas artes, pela

religião. Cada um desses níveis, segundo Jantsch, tem uma

linguagem de organização. No nível empírico, essa linguagem

é a lógica; no nível pragmático, é a cibernética; no nível

normativo, é a planificação; no nível dos objetivos, é a

antropologia. Por isso, a interdisciplinaridade teleológica

procuraria extrair uma linguagem comum e princípios comuns

entre a linguagem lógica do nível empírico e a linguagem

cibernética do nível pragmático; a interdisciplinaridade

normativa procuraria fazer o mesmo entre a linguagem

cibernética do nível pragmático e a linguagem da planificação

do nível normativo; e a interdisciplinaridade objetivizada

buscaria fazer o mesmo entre a linguagem da planificação do

nível normativo e a linguagem antropológica do nível dos

objetivos.

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Outra referência no assunto é Julie Thompson Klein, professora do

departamento de Ciências Humanas da Wayne State University, ex-presidente

Association for Integrative Studies (AIS), ex-diretora da revista Issues in

Integrative Studies, que publicou algumas obras fundamentais sobre a

interdisciplinaridade entre as quais Interdisciplinarity: history,

theory&pratice(1990).

Klein questionou a definição “clássica” de interdisciplinaridade proposta

no Seminário de Nice (1970), observando que a primeira parte da definição

aponta, em sua visão, para o conceito de multi ou pluridisciplinaridade. Mas,

lembrou que:

Piaget considerava que a interdisciplinaridade só ocorre quando há assimilação entre as disciplinas, e que Gusdorf afirmava que um verdadeiro trabalho em equipe era fundamental para a interdisciplinaridade. (SOMMERMAN, 2015 p. 177).

A autora apresentou outras definições menos influentes como a de Heiz

Heckhausen e de Marcel Boisot e, em seu livro, tentou traçar um perfil de um

indivíduo interdisciplinar (confiabilidade, flexibilidade, resiliência, sensibilidade

aos outros, disposição para correr riscos, pele grossa ou ego forte, tolerância à

ambiguidade, iniciativa e criatividade, educação ampla, preferência por

diversidade e novas funções sociais, e sentido de insatisfação com os limites

disciplinares).

Considerando as características do indivíduo interdisciplinar, Klein

propôs a sua própria definição de interdisciplinaridade:

A interdisciplinaridade não é uma temática nem um conteúdo. É um processo para realizar uma síntese integradora, um processo que normalmente começa com um problema, uma questão, um tópico ou um tema. Indivíduos devem trabalhar para superar problemas criados pelas diferenças entre linguagens e as visões de um mundo disciplinares. (KLEIN, 1990 apud SOMMERMAN, 2015, p. 178).

Após definir e considerar interdisciplinaridade como um processo,

sugeriu certos passos, ou seja, um método para realizá-lo.

1 a. Definir o problema [questão, tópico e tema]; b. determinar os conhecimentos necessários, inclusive os representantes e consultores disciplinares apropriados, bem como modelos, tradições e literaturas relevantes; c. desenvolver um quadro integrativo e questões apropriadas a serem investigadas;

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2. a. especificar determinados estudos a serem realizados; b. engajar a “negociação dos papeis”(no trabalho em equipes); c. coletar todo o conhecimento disponível e buscar informações novas; d. resolver os conflitos disciplinares trabalhando para a construção de um vocabulário comum (e buscar uma aprendizagem recíproca no trabalho em equipe); e. edificar e manter a comunicação mediante técnicas integrativas; 3.a. cotejar todas as contribuições e avaliar sua adequação, relevância e adaptabilidade; b. integrar as peças individuais para determinar um padrão para o relacionamento e a relevância mútuas; c.decidir sobre a gestão ou disposição da tarefa/projeto/cliente/currículo futuro. (KLEIN apud SOMMERMAN, 2015 p. 178).

Pode-se afirmar que Klein, ao propor passos para realizar essa síntese

integradora apresentou o “como” da interdisciplinaridade, ou seja, o método.

Foi um importante avanço, visto que, nos anos 70, o método não estava claro.

Klein (1998) escreveu um artigo intitulado “Ensino Interdisciplinar:

Didática e Teoria”, em que examina o contexto histórico e curricular com a

finalidade de direcionar seus estudos para a formação de uma base teórica

sobre interdisciplinaridade.

Depois de examinar o contexto histórico e curricular, a autora considerou

que quatro questões são fundamentais para essa formação: pedagogia

apropriada, processo integrador, mudança institucional e relação entre

disciplinaridade e interdisciplinaridade.

Observando e analisando o aumento considerável de currículos

baseados em problemas nas últimas três décadas, Klein afirma que foi possível

ter uma maior visão de realidade, pois considera que o mundo real opera como

um todo. Os que propõem este tipo de trabalho argumentam que ele gera

maior motivação nos alunos, os tornam mais capazes de lidar com problemas

complexos, conseguem atingir um nível mais alto de pensamento. Além disso,

mostram-se mais criativos e atentos e com possibilidade de melhor assimilação

em decorrência das múltiplas conexões exigidas por esse tipo de trabalho.

[...]“em cursos ‘interdisciplinares’, as pressuposições subjacentes de diferentes materiais e abordagens são examinadas e comparadas de maneira a conseguir uma síntese integrada das partes que propiciam um entendimento mais amplo e mais holístico”. (KLEIN 1998, p.120).

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Klein (1998) cita o documento da Association of American College,

segundo o qual, de um ponto de vista integrador, a interdisciplinaridade exige

equilíbrio entre amplitude, profundidade e síntese. Amplitude se refere a uma

larga base de conhecimento e informação; profundidade assegura o requisito

disciplinar , profissional e/ou conhecimento e informação interdisciplinar para a

tarefa a ser executada. A síntese assegura o processo integrador.

A autora afirma que o ensino interdisciplinar acarreta mudança

institucional e não é uma simples mudança curricular, pois envolve diferentes

atitudes sociais, psicológicas e políticas. Muitos conflitos podem ser gerados no

meio acadêmico. Para minimizá-los, Klein e Newell sugerem começar esta

mudança perguntando por que ela é desejada e o que se espera alcançar.

Em sua pesquisa, observam-se sete obstáculos na educação superior:

reconhecimento e recompensa; tempo; fundos; atitude; comunicação; estrutura

e ignorância.

Klein (1998) afirma, ainda, que a disciplinaridade e interdisciplinaridade

não são categorias incontestáveis, explicando que não há entre elas uma

relação dicotômica, mas sim, de complementaridade, fertilidade cruzada,

oposição e crítica.

Citando um trabalho do ano de 1994 com Newell, Klein destaca uma

observação do autor: “os professores que planejam cursos a não cobrir muito

conteúdo, mas a considerar cuidadosamente as disciplinas apropriadas a um

determinado tema ou tópico e, então, ancorar o estudo na atenção pró ativa do

processo integrador e na análise dos limites e da força interdisciplinares.”

Retomando o trabalho de Sommerman (2015), este considera a obra de

Allen F. Repko fundamental para as questões metodológicas (“o como”) da

interdisciplinaridade. Repko – diretor do Programa de Estudos Interdisciplinares

da escola de assuntos urbanos e públicos da University of Texas - em 2008,

escreveu o livro Interdisciplinary research: process and theory. Para

Sommerman (2015), é a única obra que propõe uma reflexão aprofundada

sobre uma metodologia para o ensino, a pesquisa e a prática interdisciplinares.

Apoiando-se em definições anteriores de Klein e Newell, Repko propõe

uma definição sobre o conceito de estudos interdisciplinares.

Estudos interdisciplinares são processos desenvolvidos para responder a uma questão, resolver um problema ou abordar

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um tema que é muito amplo ou complexo para ser tratado adequadamente por uma única disciplina e baseiam-se nas perspectivas disciplinares e integram seus insigths para produzir uma compreensão mais abrangente ou um avanço cognitivo. (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN, 2015, p. 181).

O autor considera que a pesquisa interdisciplinar é um processo e não

um método. Portanto, é necessário que haja integração entre os insights, isto é,

entre a contribuição acadêmica de cada disciplina para compreensão clara de

um problema. Isso leva à produção de um insight interdisciplinar, que é a

compreensão integrada e intencional de um problema.

Em sua análise, o resultado dessa integração “é algo totalmente novo,

distinto, à parte e além do limite de qualquer disciplina e, assim, aditiva para o

conhecimento”. (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN, 2015 p. 181).

Para Repko, a concepção de pesquisa interdisciplinar como processo

pressupõe a existência de três etapas principais: identificar os insights

relevantes das disciplinas para o problema, integrar os insights e produzir uma

compreensão interdisciplinar. Ressalta, ainda, que, “no caso da

interdisciplinaridade, a prioridade é mais integrar conhecimentos para produzir

um conhecimento novo do que produzir um conhecimento unificado”

(SOMMERMAN, 2015, p. 183).

Aprofundando a sua reflexão, aborda a questão “como realizar a

integração dos insights de diferentes disciplinas para a resolução de problemas

complexos. Entretanto, primeiramente e com base em uma pesquisa extensa

da literatura disponível sobre interdisciplinaridade, explicita alguns

pressupostos nos quais a interdisciplinaridade se sustenta e apresenta diversas

características e habilidades importantes para os sujeitos nas equipes

interdisciplinares.

Os pressupostos por ele apresentados são:

- A realidade que está além da academia requer uma abordagem interdisciplinar. - As disciplinas são fundamentais para os estudos interdisciplinares. - As disciplinas por si mesmas são inadequadas para tratar problemas complexos. - As perspectivas disciplinares revelam apenas uma parcela da realidade. - A integração de insights das disciplinas produzirá um avanço cognitivo que não seria possível quando são utilizados apenas

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os meios de uma única disciplina. (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN, 2015, p. 185).

A partir de sua própria pesquisa, Repko (2008) ampliou as

características dos sujeitos interdisciplinares propostas por Klein:

[...] iniciativa; amor pela aprendizagem; reflexão; tolerância à

ambiguidade e ao paradoxo em meio à complexidade;

receptividade a outras disciplinas e às perspectivas das outras

disciplinas; desejo de alcançar um conhecimento adequado ou

uma percepção geral em muitas disciplinas; apreciação da

diversidade; desejo de trabalhar com outros; humildade.

(SOMMERMAN, 2015, p. 185).

Além das características dos sujeitos interdisciplinares, destacou

também suas habilidades: “habilidades para comunicação competente;

habilidade para pensar abstratamente; habilidade para pensar dialeticamente;

habilidade para desenvolver um pensamento não linear; habilidade para pensar

criativamente; habilidade para pensar holisticamente” (SOMMERMAN, 2015,

p.186).

Definidos os pressupostos, as características e as habilidades dos

sujeitos interdisciplinares, Repko se aprofunda na questão metodológica,

apresentando a sua resposta ao “como” integrar saberes ou insights de

diversas disciplinas para resolução de um problema, que não poderia ser

tratado por meio de uma única disciplina.

Em sua perspectiva, “[o] verbo integrar significa ‘unir ou misturar em um

todo funcional’. Então, a integração interdisciplinar é a atividade de avaliar

criticamente e combinar criativamente ideias e conhecimentos para formar um

novo todo ou um avanço cognitivo.” (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN,

2015, p. 187).

A integração deve levar a uma síntese. Dessa forma, alcança-se o novo

e a síntese final é maior que a soma de suas partes. Nesse processo, duas

atividades cognitivas devem estar envolvidas: tomada de perspectiva e

pensamento holístico. A primeira diz respeito a levar em consideração as

particularidades das disciplinas e suas contribuições para a resolução do

problema, assim como identificar as diferenças entre elas. Já a segunda refere-

se à habilidade de compreender como essas particularidades se relacionam na

busca de uma solução.

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O conhecimento disciplinar deve ser, ao mesmo tempo, profundo e

amplo, o que permite se utilizar da profundidade disciplinar e integrar saberes

de disciplinas epistemologicamente distantes.

O autor sugere quatro passos necessários para realizar o processo de

integração das disciplinas:

- Identificar os conflitos entre os saberes das disciplinas envolvidas e localizar o motivo desses conflitos. - Criar um fundamento comum entre esses saberes ou insights. - Utilizar esse fundamento comum para integrar os saberes ou insights conflitivos. - Produzir uma compreensão interdisciplinar do problema e testá-la. (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN, 2015, p. 189).

Desses passos, Repko destaca a importância do primeiro e afirma que

a realização do segundo constitui-se como a tarefa mais difícil, porém

essencial, pois: “O fundamento comum interdisciplinar é uma ou mais teorias,

conceitos e pressupostos pelos quais insights conflitivos podem ser

reconciliados e integrados” (REPKO, 2008, apud SOMMERMAN, 2015, p.190).

Para a criação de um fundamento comum, Repko indica cinco técnicas:

A técnica integrativa da expansão: por meio da qual se modifica

uma teoria de modo que ela possibilite tratar os fatores causais

relacionados ao problema em questão;

A técnica integrativa da redefinição: permite que se crie um

sentido comum modificando ou redefinindo conceitos ou

pressupostos utilizados pelas disciplinas envolvidas;

A técnica integrativa da extensão: possibilita a ampliação do

sentido de uma ideia para além do campo de uma disciplina por

meio do tratamento de conflitos entre pressupostos disciplinares;

A técnica integrativa da organização: identifica, redefine e

organiza os conceitos e pressupostos de diferentes disciplinas

com o objetivo de explicitar a relação entre eles;

A técnica integrativa da transformação: oportuniza a integração de

conceitos ou pressupostos não somente diferentes, mas

contrários. Por essa técnica, busca-se distanciar de classificações

dicotômicas, que produzem polarizações conceituais. Para isso,

propõe que seja utilizado o conceito de variável contínua, por

meio do qual é possível avaliar os conceitos em uma escala.

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Na década de 70, outro autor que influenciou Repko foi o filósofo

americano Joseph J. Kockelmans que publicou um livro, em 1979, sobre

interdisciplinaridade com o tema: “Interdisciplinarity nadhighe reducation”.

Segundo Sommerman (2015), Kockelmans oferece contribuições

importantes para uma compreensão mais aprofundada “do que”, “do como” e

“do porquê” da interdisciplinaridade do ensino, posto que destaca alguns

aspectos não trabalhados pelos outros autores. Entre esses, a importância das

disciplinas das humanidades para a interdisciplinaridade.

Em seu trabalho, o autor defende que, para que a interdisciplinaridade

ocorra com êxito, é necessário não apenas as disciplinas das áreas formais e

empíricas. Ele trata de uma terceira grande área acadêmica designada

humanities (filosofia, artes, literatura, história da arte, música, estudos das

religiões, religiões comparadas, teatro, teologia).

Para sustentar seu ponto de vista, retoma como o conceito de

humanidade foi tratado ao longo do tempo. Em língua latina, o conceito

descrevia as qualidades, disposições e modos de comportamentos que um

indivíduo deveria desenvolver para ter um comportamento considerado

humano. Na Idade Média, priorizava-se o ensino da literatura latina e grega e

da filosofia. Hoje, autores não mais o relacionam com o humanismo nem com

as letras clássicas. Alguns até consideram que a manutenção delas nos

currículos universitários está ameaçada e deveria ser substituída pelas ciências

sociais e humanas. Outros pensam que essa é uma opinião equivocada.

Kockelmans resgata o termo latino humanitas, utilizado por Cícero para

descrever seu programa educacional e que também foi utilizado por outros

educadores romanos, em uma relação de correspondência com a concepção

grega de paidéia – a educação que tinha por finalidade formar homens livres

para a humanidade e para a cidadania.

No início do século XX, houve um grande avanço do conhecimento

científico, o que gerou uma demanda por especialização crescente e a

proliferação de disciplinas. Além disso, as universidades passaram a orientar-

se exclusivamente na direção da formação profissional.

Entretanto, Kockelmans (1979) observou que as humanidades englobam

disciplinas cujo objetivo é conduzir a um amadurecimento da pessoa como

indivíduo e como cidadão. Assim, “[...] elas buscam familiarizar o estudante

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com sua herança cultural e ajudá-lo a encontrar uma resposta ou atitude

apropriada em relação a ela”. (Kockelmans, 1979, apud SOMMERMAN, 2015,

p.193-194).

O autor, então, conclui:

Parece-me que a universidade deve preparar seus estudantes para essa busca pela integração e pela unidade. Isso pode ser feito assegurando-se de que todos os estudantes são introduzidos de maneira apropriada tanto nas ciências quanto nas humanidades. Quando, mais tarde, na vida real da sociedade, sérios problemas sociais tiverem de ser resolvidos, nossos graduados deverão estar preparados para sugerir soluções cientificamente realizáveis e humanisticamente respeitáveis. (KOCKELMANS, 1979, apud SOMMERMAN, 2015, p.194).

Sommerman (2015) avalia que essas reflexões correspondem às

seguintes categorias por ele identificadas, em um trabalho anterior, para o

sujeito da interdisciplinaridade: valores e atitudes sociais e humanas, formação

mais ampla da pessoa, abertura para multirreferencialidade e para o olhar mais

global, pensamento crítico.

A discussão sobre a humanização da ciência já havia ocorrido na

década de 60, e foi também uma das preocupações principais dos trabalhos de

Georges Gusdorf - filósofo e humanista francês, professor da Universidade de

Estrasburgo. Ele foi o precursor da interdisciplinaridade, sua principal obra na

área de educação foi “Professor pra quê?”.

Gursdorf, em sua vasta obra, propôs-se a integrar o conhecimento, e a humanizar a ciências tendo como princípio básico considerar o homem como ponto de partida e ponto de chegada do conhecimento científico, por entender que a fragmentação do conhecimento desnaturaliza a natureza, por um lado, e desumaniza a humanidade, por outro – isto por promover as rupturas entre os conhecimentos da natureza e do mundo social.(SOMMERMAN, 2015, p.195).

O autor aponta que a interdisciplinaridade encontraria quatro

obstáculos: epistemológicos (resistências impostas pelos especialistas),

institucionais (inércia das instituições e fragmentação das disciplinas),

psicossociológicos e culturais. Ressalta ainda que a interdisciplinaridade tem

que se fundamentar nas competências dos especialistas, porém estes devem

contribuir nas suas especificidades, junto com outros para resolverem

problemas maiores e mais complexos.

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Gursdorf é considerado fundador das reflexões interdisciplinares no

Brasil. Um dos seus orientandos que se destacou na área de

interdisciplinaridade foi o brasileiro Hilton Japiassu, cuja tese de doutorado foi

orientada por ele, em 1975, sob o título: “L’épistémologie dês relations

interdisciplinares dansles sciences humaines”. Japiassu publicou diversas

obras com o tema interdisciplinaridade, como: “Interdisciplinaridade e patologia

do Saber” de 1976; “O sonho transdisciplinar” de 2006.

Inspirado no trabalho de Gursdorf, em seu primeiro livro, Japiassu afirma

que a interdisciplinaridade é a possibilidade de acabar com o esfacelamento do

saber. Apoiou-se na definição clássica de seminário de Nice (1970),

considerando que não basta um encontro ou uma justaposição das disciplinas,

é necessária uma comunicação profunda entre os saberes. Para que isso

ocorra, é fundamental que: “[...] os especialistas deixem de apegar-se às suas

‘verdades’ congeladas, a seus dogmas estabelecidos e não resistam às novas

teorias exteriores a seus domínios de competências”. (JAPIASSU, 2006, apud

SOMMERMAN, 2015, p. 197).

Nessa mais recente obra, Japiassu define que a interdisciplinaridade

deve ser compreendida não como uma categoria do conhecimento, mas sim

como uma categoria de ação a qual se apóia no desenvolvimento das próprias

disciplinas. Além disso, concordando com Klein e Repko, considera

interdisciplinaridade como um processo que, necessariamente, leva os sujeitos

a uma troca intersubjetiva forte e prolongada. Salienta, ainda, que a integração

das disciplinas para a resolução de um problema complexo deve ocorrer sem

negar as disciplinas, pois essas são seu fundamento principal.

Outro nome que, no Brasil, ganhou destaque no estudo da

interdisciplinaridade foi a filósofa da educação e antropóloga Ivani Catarina

Arantes Fazenda. Sua perspectiva é fortemente inspirada em Gusdorf,

Japiassu e no educador brasileiro Paulo Freire. Em seus trabalhos sobre

interdisciplinaridade, há uma ênfase, principalmente, no sujeito:

A primeira das evidências, constatadas após múltiplas observações, descrições e análises de projetos interdisciplinares em ação, é de que a premissa que mais fundamentalmente predomina é a do respeito do modo de ser de cada um, ao caminho que cada um empreende em busca de sua própria autonomia - portanto, concluímos que a interdisciplinaridade decorre mais do encontro entre indivíduos

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do que entre disciplinas. (FAZENDA, 2003, apud SOMMERMAN, 2015, p. 198)

Essa afirmação coloca o diálogo entre os indivíduos como condição para

o diálogo entre as disciplinas. Nessa perspectiva, as seguintes atitudes,

anunciadas pela autora, colocam toda a ênfase no sujeito e na subjetividade, e

se aproximam das categorias identificadas por Sommerman e já apresentadas

nesse trabalho:

[...] abertura para outros modos de conhecimento; reciprocidade que impele à troca e ao diálogo (com pares idênticos, anônimos ou consigo mesmo); humildade ante a limitação do próprio saber; perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes; desafio ante o novo e em redimensionar o velho; envolvimento e comprometimento com os projetos e as pessoas neles envolvidas; construir sempre da melhor forma possível; responsabilidade; alegria, revelação encontro, vida. (FAZENDA, 2003, apud SOMMERMAN, 2015, p. 198).

Fazenda (2011), em seus estudos, propõe-se a estudar a

interdisciplinaridade no ensino, ou seja, a fazer um estudo da dimensão

pedagógica da interdisciplinaridade.

A autora considera que:

Interdisciplinaridade é um termo utilizado para caracterizar a colaboração existente entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência (exemplo: Psicologia e seus diferentes setores: Personalidade desenvolvimento social etc.). Caracteriza-se por uma intensa reciprocidade nas trocas, visando a um enriquecimento mútuo. Não é ciência, nem ciência das ciências, mas é o ponto de encontro entre o movimento de renovação da atitude diante dos problemas de ensino e pesquisa e da aceleração do conhecimento científico. (FAZENDA, 2011, p.73)

A autora pondera que a interdisciplinaridade não é uma panaceia que

garantirá um ensino adequado, mas possibilitará uma reflexão aprofundada e

crítica sobre o mesmo. Mas traz a possibilidade de estabelecer uma relação

entre a atividade profissional e a formação escolar.

Assim, com base nessa reflexão epistemológica e sustentando-se nas

principais conclusões a que chegaram os estudiosos no Seminário de Nice

(1970), Fazenda propôs-se a definir a utilidade, valor e aplicabilidade da

interdisciplinaridade, caracterizada em sete aspectos:

Meio de conseguir uma melhor formação geral: ultrapassar as barreiras

disciplinares é imprescindível para compreender a quantidade e

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complexidade de informações presentes no mundo atual. Nesse sentido,

assumir o enfoque interdisciplinar permite uma identificação entre o

vivido e o estudado. É no processo dialógico que se constitui o

conhecimento, pois esse não se restringe a campos delimitados de

especialização.

Meio de atingir uma formação profissional: atualmente, as atividades

profissionais têm exigido saberes de diferentes disciplinas. O fato de

existir uma mobilidade de emprego, faz com que o indivíduo necessite

de uma formação profissional plurivalente. Além disso, o

desenvolvimento de uma atitude interdisciplinar promove a manutenção

de interesse e curiosidade constantes, uma vez que o profissional está

vivenciando a situação, isso porque resolver problemas do cotidiano é

mais motivador. Some-se a isso a possibilidade de realizar objetivos

comuns a partir de pontos de vista diferentes.

Como incentivo de formação de pesquisadores: a interdisciplinaridade

permite desenvolver no pesquisador a capacidade de colocar

problemas, reconhecendo os limites do seu próprio sistema conceitual.

Tal reconhecimento leva-o a buscar um diálogo produtivo com outras

disciplinas. A interdisciplinaridade tem como objetivo principal a

superação do dualismo da pesquisa teórica com a pesquisa prática, pois

não é possível separar o conhecimento da prática. Portanto, a

interdisciplinaridade é o princípio da unificação e não unidade acabada.

Como condição para uma educação permanente: formar indivíduos

capazes de continuar a sua educação após o término de seus estudos.

Capazes de se reciclarem para as atividades profissionais, de se

engajarem na vida social e política e de aperfeiçoarem suas

personalidades.

Como superação da dicotomia ensino-pesquisa: para que a superação

ocorra, é necessário construir uma metodologia adequada que

possibilite passar um conhecimento setorizado para um conhecimento

integrado. O que dependerá de uma atitude capaz de modificar hábitos

já estabelecidos.

Para que isto ocorra, faz-se necessário um treinamento adequado dos professores no efetivo exercício de uma prática

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interdisciplinar, pois somente a partir de um treino na arte de compreender e fazer-se entender, na reciprocidade, co-participação e respeito pela opinião alheia, aliados a uma busca e luta para objetivos comuns, haverá condições de eliminação dessa dicotomia. (FAZENDA, 2011, p.81)

Como forma de compreender e modificar o mundo: a

interdisciplinaridade possibilita a integração das fragmentações que

foram geradas pela ocidentalização do conhecimento. Esta produziu a

ideia deturpada de valorizar o indivíduo, de acordo com a sua

capacidade de absorver o maior número de “fragmentos”. Isso fez com

que o homem deixasse de ser sujeito-efetivo (agente de transformação)

para o sujeito-objeto (receptor da transformação). Portanto, a

interdisciplinaridade, por meio da passagem da subjetividade para uma

intersubjetividade, objetiva a recuperação da unidade humana.

Integração como necessidade e interdisciplinaridade: integração é um

aspecto funcional da interdisciplinaridade. A integração é um processo

anterior a interdisciplinaridade, tem o papel de questionar a realidade e

sua perspectiva de transformação, entretanto, não é um fim em si

mesma. Caso isso aconteça, ocorre a estagnação. Já

interdisciplinaridade caminha para uma mudança ou transformação da

própria realidade, para que isso ocorra são necessários novos

questionamentos, novas buscas, enfim, mudanças de atitudes de

compreender e entender.

Outra autora estudada por Sommerman é a professora e assistente, Lisa

R. Lattuca, do Departamento de Liderança, Fundações e Aconselhamento

Psicológico da University Loyola, de Chicago, realizou uma pesquisa sobre

interdisciplinaridade com 38 universitários. Os resultados são apresentados em

seu livro publicado em 2001: “Creating interdisciplinarity: interdisciplinary

research and teaching among college and university faculty”

A pesquisadora afirma que a maioria das definições atuais para o

conceito de interdisciplinaridade coloca a ideia de integração como a questão

central. Já a autora, considerando que, deixando aberta a questão da

integração e adotando como questão central a interação entre as disciplinas, foi

possível explorar as entrevistas com maior liberdade conceitual.

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Em seu levantamento bibliográfico, observou que muitos estudiosos da

interdisciplinaridade consideram que a integração é parte fundamental da

definição atual, entre eles destacam-se: Epton (1984), Roy (1979). Porém, vale

salientar que existe um grupo contrário a essa ideia – feministas, pós-

estruturalistas e pós-modernistas – que criticam a disciplinas e buscam uma

redefinição do conhecimento, objetivando desmantelar as perspectivas

disciplinares. Cita, ainda, que há os teóricos da sistêmica e os estruturalistas

buscam uma ciência unificada e que integre todas as disciplinas.

Lattuca (2001) conclui sua pesquisa, citando vários estudos que:

[...] demonstram que a pouca comunicação entre os membros de uma equipe provenientes de diversas disciplinas inibe o sucesso das equipes de pesquisa; que interação é um conceito mais forte para a interdisciplinaridade do que o de colaboração; e que a criação de uma linguagem comum é fundamental para equipes de pesquisa interdisciplinar. (LATTUCA, 2001, apud SOMMERMAN, 2015, p. 201-202).

Dessa forma, Sommerman (2015) observa que o conceito de

interdisciplinaridade será mais atual ao passar da colaboração para interação

frequente e desta para a integração.

Outro autor que merece destaque é o pesquisador canadense Yves

Lenoir, o qual priorizou em sua pesquisa a reflexão no contexto da educação e

considera a interdisciplinaridade no contexto disciplinar.

Diferentemente da maioria dos autores, Lenoir chama a atenção para a

questão da diferença entre as disciplinas científicas e as disciplinas escolares,

considerando que, ainda que sejam similares, apresentam outros conteúdos,

outros métodos e outras finalidades. Disso resulta uma classificação de duas

categorias: interdisciplinaridade científica e interdisciplinaridade escolar.

Destaca,ainda, duas perspectivas de interdisciplinaridade: a conceitual e

a prática. A primeira busca a unidade de conhecimento enquanto a segunda

busca a resolução de um problema concreto. Entretanto, o autor considera que

elas não são opostas, mas sim complementares. Porém, ambas se articulam

em três campos de operacionalização que podem ser: investigada (pesquisa),

professada (ensino) ou praticada (aplicação).

O autor apresenta um quadro com a distinção entre elas quanto aos

seus objetos, seus métodos e suas finalidades:

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Quadro 1 - Interdisciplinaridade Científica e Interdisciplinaridade Escolar

Interdisciplinaridade

Científica

Interdisciplinaridade Escolar

Finalidades Tem por finalidade a

produção de novos

conhecimentos e a resposta

a necessidade sociais:

Pelo estabelecimento de

ligações entre as

ramificações das ciências

Pela hierarquização

(organização das

disciplinas científicas)

Pela estrutura

epistemológica

Pela compreensão de

diferentes perspectivas

disciplinares,

restabelecendo as

conexões sobre o plano

comunicacional entre os

discursos disciplinares

Tem por finalidade a difusão do

conhecimento (favorecer a

integração de aprendizagens e

conhecimentos) e a formação de

autores sociais:

Colocando-se em prática as

condições mais apropriadas

para suscitar e sustentar os

desenvolvimentos dos

processos integradores e a

apropriação dos conhecimentos

como produtos cognitivos com

os alunos; isso requer uma

organização dos conhecimentos

escolares sobre os planos

curriculares, didáticos e

pedagógicos

Pelo estabelecimento de

ligações entre teoria e prática

Pelo estabelecimento de

ligações entre os distintos

trabalhos de um segmento real

de estudo

Objetos Ter por objeto as disciplinas

científicas

Tem por objeto as disciplinas

escolares

Modalidades de

aplicação

Implica a noção de pesquisa:

tem o conhecimento como

sistema de referência

Implica a noção de ensino, de

formação: tem como sistema de

referência o sujeito aprendiz e sua

relação com o conhecimento.

Sistema

referencial

Retorno à disciplina na

qualidade de ciência (saber

sábio)

Retorno à disciplina como matéria

escolar (saber escolar), para um

sistema referencial que não se

restringe às ciências

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Consequência Conduz: à produção de

novas disciplinas segundo

diversos processos; às

realizações técnico-

científicas

Conduz ao estabelecimento de

ligações de complementaridade

entre as matérias escolares

Fonte: LENOIR, 1998, p.52

No que se refere à integração, Lenoir afirma que:

[...] a integração é vista como um processo interno, de construção de produtos cognitivos, processo que interessa ao sujeito e que exige ajuda apropriada de um terceiro, que age a título de mediador momentâneo (educador), colocando em prática as condições didáticas favoráveis às orientações de integração. (LENOIR, 2011, apud SOMMERMAN, 2015, p.204).

O autor pondera que, antes de se pensar uma ação pedagógica escolar

de integração das matérias, é necessário, que se saiba porque integrar, o que

integrar, quem fará a integração, que processo os sujeitos realizarão, que

concepção de saber fundamenta a integração, de que maneira promover a

integração da aprendizagem e dos saberes.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade articula-se em:

Interdisciplinaridade curricular: faz uma análise da matriz

curricular, com o objetivo de estabelecer as ligações de

interdependência, de convergência e de complementaridade entre

as disciplinas. Para que isso ocorra, é fundamental excluir a

hierarquia entre as disciplinas, estabelecer uma metodologia,

linguagem e técnicas comuns.

Interdisciplinaridade didática: estabelece as dimensões

conceituais, antecipativas, organiza e avalia a interdisciplinaridade

pedagógica, considerando a estruturação do currículo e

articulando-a com a aprendizagem.

Interdisciplinaridade pedagógica: é a aplicação da

interdisciplinaridade didática na sala de aula. É a vivência

concreta na aplicação de projeto interdisciplinar.

Chegar com êxito à dimensão pedagógica só é possível se as outras

duas dimensões (a curricular e a didática) forem executadas. Caso contrário,

ocorrerá quatro tipos de divagações: mistura (transmissão de um conteúdo

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temático de forma diversificada, desarticulada, descontextualizada);

popularidade (banalização dos conceitos ou exclusão destes, utilização do

senso comum); relações de dominância(a priorização de apenas determinadas

disciplinas); inexistência de ligações (as matérias estão ligadas ao tema, mas

não umas às outras).

Na literatura levantada por Lenoir, foi possível apontar duas

perspectivas principais de interdisciplinaridade também identificadas por Julie

T. Klein. A primeira é a epistemológica – reflexiva e crítica, que busca uma

síntese conceitual e uma unidade do conhecimento, é predominante nos países

de cultura francesa. A segunda perspectiva é a instrumental ou pragmática, se

caracteriza pela busca respostas para problemas que são colocados pela

sociedade e é predominante nos Estados Unidos e na parte anglo-saxã do

Canadá

Além dessas duas perspectivas, Lenoir, com base nos trabalhos de

Ivani Fazenda, apresenta uma terceira perspectiva, que não se direciona nem

para o saber, nem para o fazer, mas sim para a pessoa do docente em seu

fazer pedagógico. Essa terceira perspectiva é a fenomenológica.

Lenoir conclui suas reflexões sobre as três perspectivas

interdisciplinares afirmando que elas não devem ser vistas como opostas e sim

como complementares, o que permite enriquecer muito a formação dos

docentes.

A discussão sobre interdisciplinaridade, do ponto de vista teórico, não

se esgota, pois práticas interdisciplinares são constantemente realizadas, o que

obriga a pensar a relação teoria e prática.

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CAPÍTULO II

O CURSO

2.1 Centro Paula Souza

Mesmo sobre uma forte pressão em que o país vivia com um regime

militar, o governador de Roberto Costa de Abreu Sodré (1967 – 1971) assinou

um decreto lei, em 6 de outubro de 1969, que criou uma Instituição de Ensino

que tinha como principal objetivo oferecer cursos de Ensino Superior de

Tecnologia de curta duração (dois a três anos).

Essa Instituição começou a operar no ano de 1970, nas cidades de

São Paulo e de Sorocaba, com o nome de Centro Estadual de Educação e

Tecnologia de São Paulo (CEET). Oferecia, inicialmente, três cursos que eram:

Construção Civil; Desenhista Projetista; e Oficinas.

No ano de 2015, que comemora os seus 46 anos de existência, o

Centro Paula Souza, como é chamado, é uma Autarquia do Governo do estado

de São Paulo e está subordinado à Secretaria de Desenvolvimento. Oferece

cursos de nível Superior por meio das Fatecs e cursos de tecnologia em nível

médio oferecidos pela ETECs. Há também os cursos de pós-graduação, tanto

o Lato Sensu (no segundo semestre de 2015 foram oferecidos os cursos de

MBA Excelência em Gestão de Projetos e Processos Organizacionais - 25ª

turma; MBA Executivo em Gestão Empresarial – 16ª Turma) e Strictu Sensu

(Gestão e Tecnologia em Sistemas Produtivos; Gestão e Desenvolvimento da

Educação Profissional).

De acordo com o site do Centro Paula Souza, acessado em 14 de

outubro de 2015, há 65 Fatec distribuídas em 59 municípios no estado de São

Paulo, oferecendo um total de 72 cursos diferentes conforme o quadro abaixo:

Quadro 2 - Relação dos cursos por cidade

Cursos Cidades

Agroindústria Capão Bonito

Agronegócio Botucatu; Itapetininga; Jales; Mococa; Mogi das Cruzes; Ourinhos; Presidente Prudente; São José do Rio Preto; Taquaritinga

Alimentos Marilia; Piracicaba

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Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Americana; Araçatuba; Botucatu; São Paulo; Carapicuíba; Cruzeiro; Franca; Garça; Guaratinguetá; Indaiatuba; Itapetininga; Itu; Jundiaí; Lins; Mococa; Mogi das Cruzes; Mogi Mirim; Ourinhos; Paia Grande; Presidente Prudente; Ribeirão Preto; Santos; São Caetano do Sul; São José do Rio Preto; São José dos Campos; Sorocaba; Taquaritinga; Taubaté

Automação de Escritórios e Secretariado

São Paulo

Automação Industrial Bauru; São Paulo; Catanduva; Osasco; São Bernardo do Campo; Tatuí

Automação e Manufatura Digital

São José dos Campos

Banco de Dados Bauru; São José dos Campos

Biocombustíveis Araçatuba; Jaboticabal; Piracicaba

Comércio Exterior Barueri; São Paulo; Indaiatuba; Itapetininga; Praia Grande

Construção Civil - Modalidade Edifícios

São Paulo

Construção Civil - Movimento de Terra e Pavimentação

São Paulo

Construção de Edifícios São Paulo

Construção Naval Jaú

Controle de Obras São Paulo

Cosméticos Diadema

Eletrônica Automotiva Santo André; Sorocaba; Taubaté

Eletrônica Industrial São Paulo

Eventos Barueri; São Paulo; Cruzeiro; Itu; Jundiaí; Presidente Prudente

Fabricação Mecânica Mauá; São Paulo; Sorocaba

Gestão Ambiental Jundiaí

Gestão Comercial Assis; São Paulo; Guaratinguetá; Itaquaquecetuba; Santana de Parnaíba; São Roque.

Gestão Empresarial Americana; São Paulo; Catanduva; Cotia; Cruzeiro; Garça; Guaratinguetá; Indaiatuba; Jales; Mococa; Piracicaba; Praia Grande; Presidente Prudente; Santos; São Sebastião; Sertãozinho; Tatuí

Gestão Financeira Bragança Paulista; Guaratinguetá; Osasco

Gestão de Negócios e Inovação

São Paulo

Gestão Portuária Santos; São Sebastião

Gestão da Produção Industrial

Cotia; Cruzeiro; Franca; Itapetininga; Itapira; Itatiba; Jaú; Lins; São José dos Campos

Gestão de Recursos São Paulo; Mogi das Cruzes

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Humanos

Gestão de Serviços Indaiatuba

Gestão da Tecnologia da Informação

Barueri; Bragança Paulista; Campinas; Catanduva; Guaratinguetá; Itapira; Itaquaquecetuba; Itu; Jaú; Jundiaí; Mococa; Tatuí

Gestão de Turismo São Paulo; São Roque

Geoprocessamento Jacareí

Hidráulica e Saneamento Ambiental

São Paulo

Informática para Negócios

Mauá; São Bernardo do Campo; São José do Rio Preto

Instalações Elétricas São Paulo

Jogos Digitais Americana; Carapicuíba; Lins; Ourinhos; São Caetano do Sul

Logística Americana; Bebedouro; Botucatu; São Paulo; Carapicuíba; Guaratinguetá; Guarulhos; Jaú; Jundiaí; Lins; Mauá; Mogi das Cruzes; Santos; São José dos Campos; Sorocaba

Logística Aeroportuária Guarulhos; Indaiatuba

Manutenção de Aeronaves

São José dos Campos

Manutenção Industrial Osasco; Pindamonhangaba; Sertãozinho; Tatuí

Marketing São Paulo

Materiais São Paulo

Mecânica - Modalidade Processos de Produção

São Paulo

Mecânica - Modalidade Projetos

São Paulo

Mecânica Automobilística

Santo André

Mecânica de Precisão São Paulo

Mecânica: processos de soldagem

São Paulo; Pindamonhangaba; Sertãozinho

Mecanização em Agricultura de Precisão

Pompeia

Mecatrônica Industrial Garça; Itu; Mogi Mirim; Santo André

Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Jacareí; Jaú

Microeletrônica São Paulo

Polímeros São Paulo; Sorocaba; Mauá

Processos Metalúrgicos Pindamonhangaba; Sorocaba

Processos Químicos Campinas; Praia Grande

Produção Fonográfica Tatuí

Produção Industrial Botucatu; Taquaritinga

Produção Têxtil Americana

Projetos de Estruturas Aeronáuticas

São José dos Campos

Projetos Mecânicos Mogi Mirim; Pindamonhangaba; Sorocaba

Radiologia Botucatu

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Redes de Computadores

Bauru; Indaiatuba; Osasco

Refrigeração, ventilação e ar condicionado

São Paulo

Secretariado Carapicuíba; Itaquaquecetuba; São Caetano do Sul

Segurança da Informação

Americana; Ourinhos; São Caetano do Sul

Silvicultura Capão Bonito

Sistemas Navais Jaú

Sistemas Biomédicos Bauru; Sorocaba

Sistemas para Internet Carapicuíba; Jales; Jaú; Santos; São Roque; Taquaritinga

Soldagem São Paulo

Têxtil e Moda Americana

Transporte Terrestre Barueri; São Paulo

2.2 Fatec - Indaiatuba

A Faculdade iniciou as suas atividades no ano de 1994, com o curso de

Superior de Tecnologia em Automação de Escritórios e Secretariado, conforme

consta no site da Fatec Indaiatuba:

A Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba é resultante de

intenção tripartite entre o Centro Estadual de Educação

Tecnológica "Paula Souza", Prefeitura Municipal de Indaiatuba

e a AIMI- Associação das Indústrias do Município de

Indaiatuba. Esses segmentos se organizaram em comissão

para estudos da implantação do Curso Superior de Tecnologia

em Automação de Escritórios e Secretariado, nomeada através

da Portaria CEETEPS nº 49, de 18 de agosto de 1993 do

Senhor Diretor Superintendente, assim composta: Prof. Paulo

Yamamura, Prof. Luiz Santilli Junior, professores da FATEC -

São Paulo; Profª Maria de Lourdes Baraldi Barbosa Côrrea e

Profª Jane Shirely Escodro Pranstretter, da Prefeitura Municipal

de Indaiatuba e Engº Sr. Koji Arita, representante da AIMI,

encontrando a presidência sob a responsabilidade o primeiro.

(http://www.fatecid.com.br/v2014/index.php/graduacao.html)

A cidade de Indaiatuba está localizada numas das regiões mais

prósperas do país. Hoje, a cidade apresenta, de acordo com o IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015), uma população estimada em

231.033 habitantes.

De acordo com o site oficial da prefeitura de Indaiatuba, a cidade

contava, no ano de 2013, com 843 indústrias, esse número veio aumentando

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nos últimos anos. Além disso, estão presentes na cidade empresas dos setores

de serviços e comércio que apresentaram também um aumento significativo

nos últimos anos. Isso pode ser observado no quadro de número de

estabelecimentos cadastrados no município, oferecido pelo DEREM

(Departamento Rendas Mobiliárias)

Quadro 3 - Estabelecimentos cadastrados na cidade de Indaiatuba

2010 2011 2012 2013 Novos até 30/09/2014

Total

Comércio 2.979 3.539 4.140 4.395 439 4.614

Serviços 3.168 3.977 5.025 6.141 1.066 6.985

Indústria 694 772 852 843 42 864

Fonte: Prefeitura Municipal de Indaiatuba

É nesse cenário que a Fatec Indaiatuba está instalada e, de acordo com

o Plano Político Pedagógico da Instituição, tem como missão: “Formar

tecnólogos profissionalmente competentes, cidadãos com postura crítica, ética

e humanística, responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento

sustentável, preparados para oferecerem soluções sociais e economicamente

produtivas.”.

Por essa razão é que, após pesquisar e analisar as necessidades da

cidade e região, a Fatec Indaiatuba implantou os seguintes cursos presenciais:

Gestão Empresarial; Análise e Desenvolvimento de Sistemas; Redes de

Computadores; Gestão de Serviços; Logística Aeroportuária; Comércio

Exterior; e apenas um a distância, o curso de Gestão Empresarial.

Com o decorrer dos anos, devidos as alterações e implantações de

novos cursos,os objetivos iniciais também foram modificados e no ano de 2015

a Instituição tem os seguintes objetivos:

Promover um ambiente de aprendizagem que favoreça o desenvolvimento das competências, habilidades e atitudes para o atendimento das demandas da sociedade.

Integrar e participar do desenvolvimento regional sustentável, promovendo ações e oferecendo soluções para o bem comum.

Promover o desenvolvimento da cultura empreendedora e da ação produtiva.

Atuar construtivamente para a prevalência da igualdade de oportunidades e da convivência simbiótica entre os homens

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através da Tecnologia, da Tolerância e do Talento no ambiente globalizado.

Oferecer soluções para a melhoria dos padrões de Qualidade de Vida. (www.fatecid.com.br/v2014/index.php/missaoobjetivo.html)

2.2.1 Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas

O curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

(ADS) da Fatec Indaiatuba é um curso de nível superior, com duração de 3

anos, totalizando uma carga horária de 2.800 horas. A carga horária do curso é

distribuída da seguinte maneira: 2400 horas de aula, 240 de estágio

supervisionado e 160 de trabalho de graduação.

O curso tem como objetivos gerais: “Formar profissionais que projetem,

implementem e coordenem infraestrutura de tecnologia da informação,

atendendo a necessidade de mudanças provocadas pelas inovações

tecnológicas nas empresas”(CESU, 2010, p. 2).

Além dos objetivos gerais, o projeto pedagógico apresenta também os

objetivos específicos, a saber:

• Formar profissionais capazes de analisar problemas e desenvolver soluções para as organizações, através da modelagem e implementação de sistemas de informação; • Formar profissionais com visão interdisciplinar, que busquem o aperfeiçoamento contínuo, integrando conhecimentos para o desenvolvimento de soluções computacionais adequadas às organizações. • Promover sólida formação técnico-científica para o desenvolvimento e gerenciamento de projetos de sistemas de informação • Estimular o egresso a interagir junto aos problemas sócio tecnológicos da comunidade e das organizações. • Formar profissionais com visão global, humanística e calcada na ética. • Incentivar a investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. (CESU, 2010, p. 2)

De acordo com o plano Pedagógico do Curso, ao final do curso a

expectativa é que o aluno formado seja capaz de desenvolver as seguintes

funções:

o Propor e coordenar mudanças organizacionais, definir políticas e diretrizes decorrentes da tecnologia da informação.

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o Analisar as áreas funcionais da empresa e suas necessidades em relação aos sistemas de informação. o Planejar e desenvolver o modelo de dados que atendam às necessidades atuais e futuras da empresa. o Elaborar os planos de desenvolvimento de sistemas de informação focalizando todas as áreas de negócio da empresa. o Organizar e apresentar de maneira clara aos usuários os processos envolvidos nos sistemas. o Transformar o potencial dos sistemas de informação em suporte para toda a empresa. o Avaliar os modelos de organização das empresas garantindo a sua sobrevivência em ambiente interconectado e competitivo. o Conhecer técnicas de avaliação da qualidade dos processos empresariais. o Avaliar os sistemas oferecidos pelo mercado e indicá-los quando convenientes para a empresa. o Identificar oportunidades para futuros empreendimentos. o Avaliar os sistemas operacionais e gerenciadores de banco de dados oferecidos pelo mercado e indicá-los quando convenientes para a empresa. o Avaliar a infraestrutura e propor soluções técnicas adequadas às necessidades das instituições. o Planejar a implementação do modelo de dados especificados pelo administrador de dados que atendam às necessidades atuais e futuras da empresa. o Planejar e desenvolver redes que atendam às necessidades atuais e futuras da empresa. o Identificar e avaliar os dispositivos e padrões de comunicação, reconhecendo suas implicações nos ambientes de rede. o Integrar os sistemas de informação da empresa otimizando o uso das bases de dados e dos recursos em rede. o Garantir segurança, integridade e performance do sistema operacional, das bases de dados e das redes utilizadas nas empresas. o Conhecer as restrições impostas às redes pelos sistemas de telecomunicações. o Elaborar planos de contingências para manter os sistemas em funcionamento. o Facilitar a comunicação entre as diversas áreas de negócio da empresa e os profissionais de tecnologia da informação. (CESU, 2010, p. 3)

Ao finalizar o curso, o discente deverá ter desenvolvido as seguintes

competências:

Conhecimento de ferramentas computacionais que auxiliem na solução de problemas em Sistemas de Informação;

Capacidade para identificar necessidades, desenvolver e implementar soluções, utilizando a tecnologia da informação;

Capacidade de raciocínio lógico, de observação, de interpretação e análise crítica de dados e informações;

Capacidade para selecionar recursos de Software e Hardware específicos às necessidades das instituições;

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Capacidade de propor e coordenar mudanças organizacionais, definir políticas e diretrizes decorrentes do uso da tecnologia da informação;

Capacidade de organizar e coordenar recursos humanos e técnicos envolvidos no desenvolvimento e manutenção dos Sistemas de Informação;

Interesse para o aprendizado contínuo de novas tecnologias;

Capacidade de desenvolver atividades de forma colaborativa em equipes multidisciplinares;

Capacidade de comunicação interpessoal e expressão correta em documentos técnicos, inclusive em Língua estrangeira.

Espírito empreendedor e visão crítica na busca de novas oportunidades de desenvolvimento profissional;

Criatividade e intuição aguçadas aliadas a preparo técnico adequado;

Visualizar novas oportunidades de desenvolvimento profissional.

Formação ético-profissional que propicie sensibilidade para as questões humanísticas, sociais e ambientais;

Ser receptivo na aquisição e utilização de novas ideias e tecnologias. (CESU, 2010, pp. 2-3)

De acordo com o projeto pedagógico do curso, e visando atender os

objetivos do mesmo e o desenvolvimento das competências do egresso, a

matriz curricular é composta pelas seguintes disciplinas distribuídas nos 6

semestres conforme os quadros abaixo:

Quadro 4 - Matriz Curricular do Primeiro Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática Aulas

semanais

Teoria Prática Total ILM-001 Programação em Microinformática 4 20 60 80 IAL-002 Algoritmos e Lógica de Programação 4 40 40 80 IHW-100 Laboratório de Hardware 2 10 30 40 IAC-001 Arquitetura e Organização de

Computadores

4 40 40 80 AAG-001 Administração Geral 4 60 20 80 MMD-

001

Matemática Discreta 4 60 20 80 LIN-100 Inglês I 2 20 20 40 Totais 24 Semestre 480 Fonte: Adaptado de CESU, 2010

Quadro 5 - Matriz Curricular do Segundo Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática Aulas

sema

nais

Teoria Prátic

a

Total IES-100 Engenharia de Software I 4 40 40 80 ILP-010 Linguagem de Programação 4 40 40 80 ISI-002 Sistemas de Informação 4 60 20 80 CCG-001 Contabilidade 2 20 20 40 MCA-002 Cálculo 4 40 40 80 LPO-001 Comunicação e Expressão 4 40 40 80 LIN-200 Inglês II 2 20 20 40

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44

Totais 24 Semestre 480 Fonte: Adaptado de CESU, 2010

Quadro 6 - Matriz Curricular do Terceiro Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática Aulas

seman

ais

Teoria Prátic

a

Total IES-200 Engenharia de Software II 4 40 40 80 ILP-007 Programação Orientada a Objetos 4 40 40 80 IBD-002 Banco de Dados 4 40 40 80 ITI-003 Gestão e Governança de Tecnologia

da Informação

4 60 20 80 CEF-100 Economia e Finanças 2 20 20 40 MET-

100

Estatística aplicada 4 40 40 80 LIN-300 Inglês III 2 20 20 40 Totais 24 Semestre 480 Fonte: Adaptado de CESU, 2010

Quadro 7 - Matriz Curricular do Quarto Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática Aulas

seman

ais

Teoria Prátic

a

Total AGO-

005

Gestão de Projetos 4 40 40 80 IED-001 Estruturas de Dados 4 40 40 80 IHC-001 Interação Humano Computador 2 20 20 40 ISO-100 Sistemas Operacionais I 4 20 60 80 ILP-508 Programação WEB 4 40 40 80 HST-002 Sociedade e Tecnologia 2 20 20 40 TTG-001 Metodologia da Pesquisa Científico-

tecnológica

2 20 20 40 LIN-400 Inglês IV 2 20 20 40 Totais 24 Semestre 480 Fonte: Adaptado de CESU, 2010

Quadro 8 - Matriz Curricular do Quinto Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática

Aulas Teoria Prática Total

IES-300 Engenharia de Software III

4 20 60 80 ISG-003 Segurança da Informação

2 20 20 40 IBD-100 Laboratório de Banco de Dados 4 40 40 80 ISO-200 Sistemas Operacionais II

4 20 60 80

ILP-506 Programação para dispositivos móveis 4 40 40 80 MPL-

001

Programação Linear e Aplicações

4 40 40 80 LIN-500 Inglês V 2 20 20 40

Totais 24 Total do

semestre 480

Fonte: Adaptado de CESU, 2010

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45

Quadro 9 - Matriz Curricular do Sexto Semestre

Atividade Distribuição da Carga Didática

Aulas Teoria Prática

Total

IES-301 Laboratório de Engenharia de Software 4 40 40 80

IRC-008 Redes de Computadores 4 40 40 80

ITE-002 Tópicos Especiais em Informática 4 40 40 80

ISA-002 Auditoria de Sistemas 4 40 40 80

AGR-101

Gestão de Equipes 2 20 20 40

CEE-002

Empreendedorismo 2 20 20 40

HSE-001

Ética e Responsabilidade Profissional 2 20 20 40

LIN-600 Inglês VI 2 20 20 40

Totais 24 Semestre 480

Fonte: Adaptado de CESU, 2010

2.2.2 Projeto Interdisciplinar

O Projeto Interdisciplinar é desenvolvido nos seis semestres do curso de

Análise e Desenvolvimento de Sistemas, desde a implantação do curso na

Fatec – Indaiatuba. A cada semestre, é proposto um trabalho diferente

integrando diversas disciplinas que compõem a matriz curricular. Nesse

trabalho, os alunos se preparam para desenvolver um sistema de informática.

Os procedimentos adotados para sua realização buscam simular ambientes

empresariais que os futuros profissionais encontrarão no mercado de trabalho.

De acordo com o Manual do Projeto Interdisciplinar (ANEXO A) seu

objetivo é “promover a integração entre as disciplinas de forma a torná-lo mais

dinâmico e integrado, ou ainda realizar a integração entre outros cursos da

Fatec Indaiatuba”. A cada semestre, é proposta uma atividade pelos docentes

e um documento é elaborado e entregue aos discentes, constando: os

conteúdos exigidos em cada disciplina para a realização do projeto; a forma de

apresentação do trabalho (escrita e oral); e o cronograma de entregas.

Considerando que a pesquisa será feita com os alunos do 3º semestre e

que o Manual do Projeto Interdisciplinar será objeto de estudo, ele será

retomado e analisado mais detalhadamente no próximo capítulo.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 O papel dos procedimentos metodológicos

Para a realização de uma pesquisa científica, é imprescindível que

sejam previamente estabelecidos os procedimentos metodológicos, pois:

[...] o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI; LAKATOS 2010, p. 65).

A sistematização proposta pelo método é um requisito essencial para

que se produza um trabalho científico, posto que permite ao pesquisador

realizar uma análise distanciada e objetiva do fenômeno estudado e validar os

resultados obtidos. Além disso, é definindo os procedimentos metodológicos

que, criteriosamente, estabelece-se o delineamento da pesquisa, escolhem-se

o local e os sujeitos, e definem-se as técnicas de coleta e análise de dados.

3.2 Fundamentos teóricos do delineamento da pesquisa e da coleta e

análise de dados

A definição do delineamento da pesquisa e das técnicas de coleta de

dados deve ser realizada com base nos pressupostos teóricos que sustentam a

pesquisa. Isso porque o pesquisador precisa de um distanciamento em relação

ao seu objeto de estudo. Portanto, faz-se necessário modelar procedimentos

teoricamente fundamentados de coleta e de análise de dados. Isso resulta em

uma análise descentrada de suas próprias percepções e também das dos

sujeitos de pesquisa.

CAPÍTULO III

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47

A fundamentação teórica realizada, nesta pesquisa, com base nos

estudos de Klein, Repko, Lenoir, Lattuca, Japiassu e Fazenda, permitiram

compreender a interdisciplinaridade em duas dimensões: a conceitual e a

procedimental. E são essas as dimensões que nortearam a análise da

aplicação do PI.

Conceitualmente, interdisciplinaridade é compreendida como processo

que considera a perspectiva disciplinar, deve levar a uma integração e a uma

compreensão mais abrangente ou a um avanço. Para que isso aconteça a

contento, são fundamentais as atitudes dos sujeitos.

Dessa forma, determinou-se como delineamento da pesquisa o Estudo

de Caso e, como técnicas de coleta e de análise de dados, utilizou-se de

entrevistas, questionários, focus group e documentos.

A fundamentação teórica estabelece alguns passos para a realização da

interdisciplinaridade: definição de um problema; determinação de

conhecimentos necessários; desenvolvimento de um quadro integrativo;

negociação de papeis; construção de um vocabulário comum; considerações

de todas as contribuições; decisão sobre a gestão ou disposição da tarefa. Tais

questões também fundamentaram os questionários que foram aplicados junto

aos discentes e as entrevistas com os docentes.

Portanto, ao realizar as questões que foram aplicadas aos discentes, as

entrevistas com os docentes e a técnica dos Focus Group procuraram-se

identificar e avaliar que etapas foram seguidas na realização do projeto, assim

como as características dos sujeitos interdisciplinares.

Ressalte-se que, ao especificar as duas dimensões, não se pretende

produzir uma dicotomia. Isso porque a conceito de interdisciplinaridade

materializa-se na prática e está intrinsecamente ligada às atitudes dos sujeitos.

3.3 Delineamento da pesquisa: estudo de caso

A tarefa de classificar uma pesquisa não é fácil. Gil (2010), analisando

essa questão, afirma que a dificuldade ocorre porque os ambientes de

pesquisa, os métodos e as técnicas para coleta e análise de dados, os

enfoques adotados para análise e interpretação são muito diversificados.

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48

Por isso, propõe que a classificação da pesquisa seja feita com base em

seu delineamento e esclarece:

Por delineamento (design, em inglês) entende-se o planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve os fundamentos metodológicos, a definição dos objetivos, o ambiente de pesquisa e a determinação das técnicas de coleta e análise de dados. Assim, o delineamento da pesquisa expressa tanto a ideia de modelo quanto a de plano. (GIL, 2010, p.29)

Neste trabalho, adotou-se o Estudo de Caso de caráter exploratório

como delineamento da pesquisa. Esse delineamento “[c]onsiste no estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu

amplo e detalhado conhecimento, tarefa, praticamente impossível mediante

outros delineamentos já considerados.”(GIL, 2010, p.37).

Com o objetivo de aprofundar a definição de Estudo de Caso,

apresentam-se suas características, baseando-se nos estudos de Gil (2009):

É um delineamento de pesquisa: dessa forma, não se confunde com

métodos ou técnicas para coletar dados;

Preserva o caráter unitário do fenômeno pesquisado: a unidade-caso é

analisada na sua totalidade, pode ser constituída por um indivíduo, uma

organização, um processo, um grupo;

Investiga um fenômeno contemporâneo: o fenômeno estudado ocorre no

momento em que se realiza a pesquisa;

Não separa o fenômeno do contexto: não restringe as variáveis a serem

estudadas, pois o contexto faz parte da investigação;

É um estudo em profundidade: utiliza-se de várias técnicas para a coleta

de dados, que devem ser aplicadas com o objetivo de obter um maior

nível de profundidade. Os dados obtidos de diversas fontes devem ser

analisados no conjunto, comparando-se as informações obtidas entre as

técnicas de coleta de dados aplicadas.

Gil (2010) afirma que a definição da unidade-caso está relacionada

com os objetivos da pesquisa. A unidade-caso determinada neste estudo é a

aplicação do Projeto Interdisciplinar, do 3º semestre do Curso Superior de

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistema da Faculdade de

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49

Tecnologia de Indaiatuba, sob a perspectiva da interdisciplinaridade, pois se

refere a um grupo que tem uma prática específica na instituição.

Portanto, para fazer esse estudo, foi realizada, inicialmente, uma

pesquisa bibliográfica com o objetivo de compreender, com mais profundidade,

o tema abordado. Foi também a pesquisa bibliográfica que forneceu

embasamento teórico, tanto para direcionar a coleta de dados, quanto para

analisá-los com vistas a alcançar os objetivos propostos pela pesquisa.

Além disso, procedeu-se uma pesquisa de campo. De acordo com

Marconi e Lakatos (2010, p. 169):

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual a procura de uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.169).

3.3 Os sujeitos de pesquisa

Considerando os objetivos desta pesquisa – avaliar a aplicação do

Projeto Interdisciplinar do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da

FATEC e identificar as compreensões que docentes e discentes têm do projeto

– escolheram-se como sujeitos de pesquisa o coordenador do curso, os

professores e os alunos integrantes do projeto. Isso porque os sujeitos citados

vivenciam a aplicação do Projeto Interdisciplinar e, portanto, puderam oferecer

informações detalhadas sobre sua aplicação, desenvolvimento e resultados

obtidos.

Delimitaram-se, como sujeitos de pesquisa, no que se refere ao corpo

discente e docente, os professores e os alunos do 3º semestre do referido

curso. A escolha desses alunos se deve ao fato de eles já terem participado de

projetos em dois semestres anteriores, o que possibilitaria um maior senso

crítico sobre a aplicação do projeto e uma melhor compreensão do Projeto

Interdisciplinar na sua formação acadêmica e profissional.

Page 52: INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO ...§ão_Sergio... · Também foi analisado o Manual do Projeto Interdisciplinar. Além disso, foi utilizada a técnica do focus

50

A análise dos procedimentos e das percepções do coordenador e dos

professores foi fundamental para identificar se e de que forma ocorre a

interdisciplinaridade no desenvolvimento do projeto, uma vez que sua aplicação

se constitui como uma prática pedagógica do curso.

3.4 Técnicas de coleta e análise de dados

3.4.1 Análise dos documentos

Com o intuito de compreender os objetivos, a metodologia aplicada, o

conteúdo solicitado em cada disciplina, foi analisado o Manual do Projeto

Interdisciplinar - documento institucional elaborado pelo colegiado da FATEC

Indaiatuba - do Curso de Análise de Desenvolvimento de Sistemas.

De acordo com Gil (2009), a consulta a fontes documentais é essencial

para a realização de um estudo de caso. A análise de documentos elaborados

por uma organização ou instituição permite acessar informações referentes à

sua estrutura. Tais informações podem auxiliar o pesquisador a construir

parâmetros para elaboração de questionários e entrevistas. Pode ser a base

para a análise do processo em estudo, pois permite confrontar as informações

obtidas por outras técnicas.

3.4.2 Questionários

Considerando a fundamentação teórica, a análise do Projeto

Interdisciplinar, foram elaborados e aplicados questionários aos discentes. Os

questionários foram aplicados em dois momentos. Isso se deu para melhor a

percepção sobre interdisciplinaridade no início e no final do processo. Os

dados levantados, na aplicação dos questionários, foram tabulados e

apresentados em formato de gráficos para uma melhor leitura.

Segundo Marconi e Lakatos (2010, p.184), define-se como questionário:

“um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”.

Seguindo a classificação proposta pelas autoras, foram elaboradas

perguntas abertas – que permitem o questionado responder livremente, emitir

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51

opiniões, utilizando linguagem própria – e perguntas de múltipla escolha – de

acordo com um determinado assunto, apresenta um conjunto de opções como

respostas.

A seleção da amostra foi do tipo intencional, pois os sujeitos foram

convidados a participar e responderam aqueles que se predispuseram a isso.

Por se tratar de um estudo de caso, o questionário se configurou como

mais um tipo de coleta de dados e foi utilizado com caráter exploratório, para

identificar os processos e as atitudes dos sujeitos. Nesse sentido, se constituiu

como um instrumento respondido pelos sujeitos de forma escrita e sem a

presença do pesquisador e cujos resultados foram analisados em conjunto com

as outras técnicas de coleta de dados da pesquisa.

3.4.3 Entrevista

Outra técnica utilizada no projeto para a coleta de dados foi a Entrevista.

Essa técnica consiste no encontro de duas pessoas e permite, mediante uma

conversa de natureza profissional, obter informações sobre um determinado

assunto.

Segundo Selltiz (apud MARCONI; LAKATOS, 2010), ao se aplicar essa

técnica de coleta de dados, é possível apresentar seis tipos de objetivos:

a) Averiguação de fatos: verificar a compreensão que as pessoas têm em

relação a um determinado fato.

b) Determinação das opiniões sobre os fatos: entender o que as pessoas

pensam sobre determinado fato.

c) Determinações sobre os sentimentos: através de sentimentos e anseios,

compreender determinadas atitudes perante determinados fatos.

d) Descoberta de plano de ação: por meio das definições do indivíduo

traçar ações adequadas para determinadas situações.

e) Conduta atual ou do passado: analisar a atual conduta para inferir qual

era a do passado e qual poderá ser no futuro.

f) Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas:

identificar o que pode influenciar nas opiniões, sentimentos e condutas.

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52

Neste trabalho, as entrevistas objetivaram verificar qual era a

compreensão dos docentes e do coordenador do curso em relação à aplicação

do PI, e o que os mesmos pensavam sobre essa prática.

Além dos objetivos, as entrevista podem ser classificadas em três tipos

de acordo com Marconi e Lakatos (2010):

Padronizada ou Estruturada: São entrevistas que seguem

um protocolo de perguntas padrão a todos os entrevistados. Nessa

modalidade o entrevistador não possui a liberdade de alterar as

perguntas mediante determinada situação.

Desapropriada ou não estruturada: esse tipo de abordagem

se difere da anterior, pois o entrevistador tem a liberdade de elaborar

novas questões de acordo com as respostas, portanto o entrevistador

não fica restrito apenas às perguntas estabelecidas antecipadamente.

Painel: essa técnica consiste em repetir, de tempo em

tempo, várias vezes a mesma pergunta, a fim de verificar se há

distorção das respostas e evolução das opiniões em período de tempo

pequeno.

As entrevistas realizadas seguiram uma padronização, pois as questões

foram previamente elaboradas e, durante o questionamento, manteve-se um

roteiro pré-estabelecido.

O levantamento de dados por meio da entrevista apresenta vantagens e

limitações. No que se refere às vantagens, pode-se citar: a possibilidade de

entrevistar qualquer segmento da população, independente de ser alfabetizado

ou não; o entrevistador tem a liberdade de esclarecer dúvidas na hora da

entrevista; há possibilidade de analisar as atitudes, a conduta, os gestos do

entrevistado ao ser questionado; oportunizar a obtenção de dados que não se

encontram em fontes documentais; trabalhar para que os dados obtidos sejam

quantificados e submetidos às análises estatísticas; e a obtenção de dados

mais precisos podendo ser confrontados imediatamente durante a entrevista.

Porém, essa técnica não possui apenas vantagens, podendo ser citadas

algumas limitações como: a possibilidade do entrevistado ser influenciado em

suas respostas pelo questionador; o tempo necessário para se aplicar essa

técnica; a dificuldade de comunicação de ambas as partes; a incompreensão

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53

das perguntas o que leva a falsa interpretação; pequeno grau de controle sobre

a situação na hora que ocorre a entrevista; reter informações uma vez que a

sua identidade é revelada; e a dependência do entrevistado passar as

informações.

3.4.4 Focus Group

Posto que o estudo de caso é um delineamento de pesquisa que

pressupõe um estudo em profundidade, é necessário que se utilize de diversas

técnicas de coletas de dados para que se obtenham informações mais

precisas. Nesse sentido, a técnica do focus group vem a complementar a

pesquisa, pois

[...] é um tipo de entrevista em profundidade realizada em grupo, que privilegia a observação e o registro de experiências e reações dos participantes. Essa entrevista é conduzida por um moderador, que introduz um tópico a um grupo de respondentes e direciona sua discussão sobre o tema de uma maneira não estruturada. Constitui, portanto, técnica apropriada para obtenção de dados em pesquisas que tenham por objetivo saber como as pessoas consideram uma experiência, um evento ou um fato. (GIL, 2009, p.83-84).

O focus group propicia riqueza e flexibilidade na coleta de dados, mas,

como todas as técnicas, essa apresenta vantagens e desvantagens. Como

pode ser observado no quadro abaixo:

Quadro 10 - Vantagens e desvantagens da Técnica Focus Group

Vantagens Desvantagens

Pode ser aplicada coletivamente, é uma técnica rápida e econômica;

Cria-se uma situação que favorece a sinergia;

Privilegia a observação e o registro de experiências e reações dos indivíduos participantes do grupo, o que não seria possível por outros métodos;

Bastante flexível, pois o moderador pode facilmente dirigir a discussão para os tópicos

O pesquisador tem pouco controle sobre os dados gerados e mais dificuldade para analisá-los;

A dificuldade de identificar se os comportamentos são individuais ou influenciados pelo grupo;

Não há garantia da espontaneidade dos participantes;

A eficácia depende da competência do moderador;

Dificuldade de reunir todos os participantes do grupo;

Não é baseado em um ambiente

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54

apropriados.

Permite ao pesquisador aumentar o tamanho da amostra de dados.

natural

Fonte: Elaborado pelo autor com base em GIL (2009).

3.5 Natureza da Análise de Dados

A natureza da análise dos dados foi qualitativa e quantitativa. Para as

técnicas de entrevista e focus group, adotou-se a análise qualitativa, pois não

se tinha como foco o número ou a quantidade de respostas, mas sim uma

preocupação com o universo de significados e de percepções, que não

poderiam ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Nesse processo, fez-se análise fundamentada teoricamente. Esta,

segundo Gil (2009, p.93), “Consiste na definição de procedimentos analíticos

com fundamentos em proposições teóricas”.

Os questionários foram analisados quantitativamente, pois foi possível

fazer uma representação matemática para melhor apresentação e

compreensão dos dados.

A utilização conjunta da análise quantitativa e qualitativa permitiu coletar

um número maior de informações do que se poderia conseguir isoladamente.

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CAPÍTULO IV

EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

4.1 Exposição dos Dados

4.1.1 Manual

A formalização escrita do projeto é feita por meio de um documento com

uma estrutura pré-definida. Inicialmente, o responsável por ele é o coordenador

do curso, o qual designa um professor coordenador do projeto para cada

semestre.

O coordenador do projeto tem a função discuti-lo com todos os

professores envolvidos, durante a semana de planejamento pedagógico – que

ocorre, geralmente, uma semana antes do início do semestre letivo. Outra

função do coordenador do projeto é enviar o documento, para que todos os

envolvidos preencham o que será solicitado em suas respectivas disciplinas.

Tal documento é disponibilizado para os alunos e professores por e-mail e

também na rede de computadores da faculdade.

Esse documento apresenta a seguinte estrutura:

Objetivo;

Disciplinas envolvidas;

Grupos de Trabalho;

Metodologia;

Avaliação e cronograma.

O projeto tem como objetivo principal promover a integração de

disciplinas e proporcionar aos alunos uma visão mais abrangente sobre as

fases de desenvolvimento do projeto de software.

Note-se que ao estabelecer esse objetivo, propõe-se que ele esteja

relacionado com a modelagem de sistema e que envolva a manipulação de

banco de dados.

No terceiro semestre de ADS, o projeto consiste em desenvolver um

software que atenda às necessidades de uma determinada empresa definida

pelo grupo.

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56

Para atingir tais objetivos, foram definas as seguintes disciplinas que

fariam parte do projeto do terceiro semestre: Engenharia de Software II,

Programação Orientada a Objeto; Banco de Dados, Inglês III e Gestão e

Governança de Tecnologia de Informação. O documento reforça que as

disciplinas “atuarão de forma conjunta com o objetivo de promover a

interdisciplinaridade”.

Há uma orientação para que os grupos tenham no máximo cinco

integrantes.

Na sequência, o projeto explicita a metodologia adotada. Inicialmente,

apresenta-se o papel de cada disciplina e, de forma resumida, os conteúdos

que serão exigidos para desenvolvimento do projeto.

Analisando o papel descrito de cada disciplina, observa-se que há uma

interação entre as mesmas. Isso fica claro quando em Engenharia de Software

descreve que haverá a necessidade de descrever um cenário, este mesmo

cenário será utilizado em Banco de Dados para a modelagem de dados que

será utilizado na disciplina de programação. Já a disciplina de Gestão e

Governança em TI utiliza-se do mesmo cenário para definir os recursos

necessários para rodar o programa desenvolvido em programação.

Para tal desenvolvimento é necessário definir um tema para cada grupo.

No terceiro semestre cada grupo teve a liberdade para a escolha do tema.

Os grupos tiveram até o dia 26/02/2016 para definir os seguintes temas:

Vaga Fácil; Clínica Odontológica; Sistema de Controle de Pedidos; Cinema;

Cozinha Industrial; Azul, Controle de Treinamentos; Encomendas para Festas.

O documento define duas formas de apresentação escrita: relatórios

parciais e a redação final do trabalho. Os relatórios parciais devem ter o

conteúdo definido pelas disciplinas e as entregas conforme um cronograma

apresentado no projeto. O relatório final deve conter: introdução, papel das

disciplinas, descrição do projeto prático, lições aprendidas e principais

dificuldades, oportunidades de melhoria, conclusões e ficha técnica.

Define também a forma de apresentação oral que, no documento, é

denominada seminário, indicando a ordem que os conteúdos devem ser

apresentados. Essa apresentação oral é feita para uma banca composta por

professores que fazem parte do projeto.

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57

Finalizando o documento, estabelece-se o critério de avaliação e o

cronograma. O peso atribuído na composição da média final de cada disciplina

fica a critério do professor, podendo corresponder, no máximo, a 30%. A nota

do PI é composta pela média da banca e pelos relatórios parciais. Observa-se

que não há obrigatoriedade de que todos os professores atribuam a mesma

nota.

A Banca avaliadora utiliza-se de uma ficha avaliativa com os seguintes

critérios: introdução em Inglês (0,5); domínio do assunto (0,5); término no

tempo previsto (0,5); postura e comportamento (0,5); papel e integração das

disciplinas (1,0); artefatos produzidos (2,0); desenvolvimento do projeto (5,0).

4.1.2 Questionários

A aplicação dos questionários foi feita em duas etapas: a primeira foi

realizada no dia 12/03/2016 e a segunda, no dia 29/06/2016. O primeiro

questionário foi respondido por 27 alunos de um total de 29 alunos

matriculados, o que representa 93,1%. Já o segundo questionário, aplicado ao

final do semestre, foi respondido por 19 alunos o que representa 65,5%. A

redução dessa porcentagem se deve, provavelmente, ao fato do segundo

questionário ser aplicado ao final do semestre, quando alguns alunos podem

ter desistido do curso, entretanto, para o cálculo da porcentagem, foi utilizado o

número de alunos matriculados no início do semestre.

A tabulação dos dados será apresentada a seguir.

Quando questionados a respeito do recebimento do manual de Projeto

Interdisciplinar, quatro alunos (14,8%) relataram que não haviam recebido o

manual. Acredita-se que o não recebimento se deve ao fato de não estarem

matriculados na disciplina de Programação, disciplina esta ministrada pelo

coordenador do projeto. Os demais alunos (23 alunos que corresponde a

85,2%) afirmaram que receberam o Projeto Interdisciplinar.

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58

Figura 1: Gráfico referente ao recebimento do manual do PI

Fonte: Autor

A maioria dos alunos (65,4%) afirmaram que houve uma apresentação

geral do projeto Interdisciplinar, por outro lado, 34,6% afirmaram que não

houve uma apresentação geral do projeto.

Figura 2:Gráfico referente a apresentação geral do PI

Fonte: Autor

Sim

Não

85,2%

14,8%

Recebimento do Manual do PI

Sim Não

65,4%

34,6%

Apresentação geral do Projeto

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59

Dos alunos que afirmaram que houve uma apresentação geral, ao

questioná-los sobre que disciplina a fez, obtivemos a seguinte resposta: 82,4%

responderam que foi a disciplina de programação e 17,6% a disciplina de

Engenharia de Software. É compreensível que a maioria cite a disciplina de

Programação, pois o professor dessa disciplina é também o coordenador do

Projeto Interdisciplinar. Uma hipótese que poderia explicar o fato de os alunos

citarem que o projeto interdisciplinar não foi apresentado é a de que nem todos

os alunos cursam todas as disciplinas.

Figura 3: Disciplina que fez a apresentação geral do PI

Fonte: Autor

Uma porcentagem considerável (40,7%) dos alunos respondeu, no

primeiro questionário, que nem todos os professores apresentaram o conteúdo

que será exigido no projeto; 3,7% afirmam que não houve a apresentação do

conteúdo e 55,6% afirmam que sim, houve a apresentação do conteúdo que

será exigido.

Eng. De Software Programação

17,6%

82,4%

Disciplina responsável pela apresentação geral do PI

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60

Figura 4: Gráfico que representa a porcentagem de professores que apresentou o conteúdo do PI

Fonte: Autor

Outra questão abordada foi a respeito da relevância do Projeto

Interdisciplinar para o seu aprendizado. Essa pergunta foi feita em dois

momentos: no questionário 1 (Você considera que a proposta do PI a ser

desenvolvido é relevante para o seu aprendizado? ), e no questionário 2 (Você

considera que a proposta do PI desenvolvido foi relevante para o seu

aprendizado? ).

Em ambos os momentos os alunos consideraram relevante ou

parcialmente relevante o PI para o seu aprendizado, com exceção de um aluno

que deixou em branco no primeiro questionário e dois alunos que não

consideraram importante no segundo questionário.

Sim Nem todos Não

55,6%

40,7%

3,7%

Apresentação do conteúdo exigido no projeto pelo professor de cada disciplina

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61

Figura 5: Relevância do PI para o aprendizado

Fonte: Autor

Em se tratando da relação entre as disciplinas, ao questionar os alunos -

Na sua avaliação, as disciplinas que fazem parte do PI têm relação direta com

o projeto? – 48,1% afirmaram que sim, 25,9% afirmam que há alguma relação

e 25,9% a maioria das disciplinas fazem relação direta com o Projeto. Nenhum

aluno selecionou a opção não.

Figura 6: Relação direta das disciplinas com o projeto

Fonte: Autor

Sim Parcialmente Não Em branco

48% 48%

0% 4%

36,8%

52,6%

10,5%

0,0%

Relevância do PI para o aprendizado do aluno

Questionário 1 (27 participantes) Questionário 2 (19 participantes)

Sim Algumas A maioria delas Não

48,1%

25,9% 25,9%

0,0%

Relação direta das disciplinas que fazem parte do PI com o projeto

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62

Ao finalizar o projeto e aplicar o segundo questionário, novamente foi

questionado sobre a relação direta entres as disciplinas - Na sua avaliação, as

disciplinas que fizeram parte do PI têm relação direta com o Projeto? – a

porcentagem dos alunos que responderam que “sim”, aumentou para 52,6%, já

36,8% responderam a opção “algumas”, e os que responderam a opção “a

maioria” correspondem a 10,5%. Nenhum aluno respondeu que “não.

Figura 7: Gráfico que representa as disciplinas que fazem parte do PI e têm relação direta

Fonte: Autor

Ao questioná-los sobre a integração das disciplinas, no primeiro

questionário ao perguntar: Como aluno, você consegue perceber se haverá

integração entre as diferentes disciplinas que fazem parte do PI neste

semestre? 59,3% conseguem perceber que haverá a integração entre as

disciplinas, enquanto 33,3% conseguem perceber parcialmente e apenas 7,4%

não conseguem observar a interação que haveria entre as disciplinas. Ao

questioná-los no final do projeto, (Como aluno, você consegue perceber se

houve integração entre as diferentes disciplinas que fizeram parte do PI neste

semestre?), esta percepção reduziu para 31,6% os que conseguem perceber,

parcialmente houve um aumento para 57,9% e os que apontam que não há

integração corresponde a 10,5%.

Sim Algumas A maioria Não

52,6%

36,8%

10,5%

0,0%

Disciplinas que fizeram parte do PI

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63

Figura 8: Gráfico que representa a integração entre as disciplinas

Fonte: Autor

Para alguns alunos, no primeiro questionário, havia disciplinas que não

tinham relação direta com o projeto. Entre as disciplinas citadas pode-se

destacar: Inglês (citada seis vezes), Governança de Tecnologia de Informação

(citado quatro vezes), Sistemas de Informação (citado duas vezes), e uma

citação para Programação. Vale ressaltar que os alunos podiam citar mais de

uma disciplina.

Nessa mesma linha de questionamento, interrogou-se – Você considera

que todas as disciplinas são importantes para conseguir realizar o PI? .

Obteve-se como resposta, no primeiro questionamento, que 59,3%

consideraram que todas as disciplinas são importantes, porém 40,7% não

consideram todas as disciplinas importantes para a realização do PI.

Sim Parcialmente Não

59,3%

33,3%

7,4%

31,6%

57,9%

10,5%

Integração entre as disciplinas

Questionário 1 Questinário 2

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64

Figura 9: Gráfico que representa a importância de todas as disciplinas para realizar o PI

Fonte: Autor

Ao finalizar o projeto, foi questionado se havia uma disciplina que eles

consideraram mais importante para realização do projeto, e o resultado para

esta pergunta foi que sete alunos não consideraram nenhuma disciplina mais

importante, porém doze consideraram as seguintes disciplinas como sendo as

mais importantes: somente Programação (seis alunos), Banco de Dados e

Programação (quatro alunos); Governança de Tecnologia de Informação e

Programação (um aluno) e um aluno colocou todas.

Observa-se que dos alunos que responderam que consideram alguma

disciplina mais importante, todos consideram Programação ou de forma isolada

ou com outra disciplina.

Outro levantamento feito junto aos alunos foi o número de componentes

no grupo. Observa-se que há grupos com apenas dois componentes enquanto

existem grupos com mais de quatro componentes.

Sim Não

59,3%

40,7%

Importância das disciplinas na realização do PI

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65

Figura 10: Gráfico que representa o número de componentes por grupo

Fonte: Autor

Mesmo existindo grupos com mais componentes, isso não significa que

todos os alunos estavam matriculados em todas as disciplinas que fazem parte

do PI, como pode ser analisado no gráfico abaixo:

Figura 11: Gráfico dos alunos que cursam todas as disciplinas

Fonte: Autor

Dois Três Quatro + de Quatro

3,7%

11,1%

44,4% 40,7%

Número de componentes no grupo

Todos Um Dois Três Quatro oumais

29,6%

7,4%

14,8%

22,2%

25,9%

Alunos do grupo que cursam todas as disciplinas do PI

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66

Pensando no fato dos alunos trabalharem em grupo, onde nem todos

cursam todas as disciplinas, foi questionado se ele tinha dificuldade de

trabalhar em grupo - Você tem dificuldade de fazer trabalhos em grupo?

Mesmo com estes fatores, as respostas dos alunos não apresentaram grandes

diferenças, 55,6% afirmam que têm dificuldades enquanto 44,4% não têm

dificuldade.

Figura 12: Gráfico da relação dos alunos que têm dificuldade de trabalhar em grupo

Fonte: Autor

No primeiro questionário, foi solicitado para os alunos citarem qual a

dificuldade de trabalhar em grupo. As razões citadas por eles foram:

O resto do grupo não se interage;

Interação;

Dividir as tarefas e delegar;

Organizar;

Tomar atitude;

Estabelecer horários e rotinas;

Tempo para reunir e fazer;

Sim Não

44,4%

55,6%

Dificuldade de trabalhar em grupo

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67

É muito difícil dividir as tarefas e acaba sobrando sempre para um ou

dois;

Integração;

Divisão das tarefas com objetivo de todos participarem do processo;

Delegar responsabilidade, combinar metas.

A mesma questão foi feita no final do semestre (no segundo questionário

- Você teve dificuldade de fazer trabalhos em grupo?), e a respostas foi bem

diferente do primeiro questionário, pois a maioria 63,2% afirmam que tiveram

dificuldade, enquanto 36,8% continuam afirmando que não tiveram dificuldade.

Figura 13: Gráfico que representa a relação dos alunos que tiveram dificuldade de fazer o trabalho em grupo

Fonte: Autor

Os que afirmaram que tiveram dificuldade em trabalhar em grupo,

citaram como principais dificuldades:

A união e divisão de tarefas dependendo do tamanho do grupo é

complicada, porque nem todos fazem suas tarefas;

Lidar com os prazos;

Organizar o grupo;

Tempo; disponibilidade de tempo dos integrantes;

Não Sim

36,8%

63,2%

Dificuldade de fazer trabalhos em grupo

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68

Integração entre os membros;

Falta de tempo;

Participação de todos;

Tempo fora de aula para fazer o PI;

Atender as vontades dos integrantes;

Realizar as tarefas dentro do prazo estipulado;

Tempo/carga de trabalho entre os membros.

Foi levantado, junto aos alunos, qual a estratégia traçada para

realização do PI e duas opções possíveis seriam:

Opção 1:Todos os componentes do grupo realizarão as atividades em

conjunto.

Opção 2:Cada componente do grupo ficará responsável por uma parte

do trabalho e a integração será feita no final.

As respostas obtidas apontam que 29,6% responderam a opção 1, que

todos iriam realizar as tarefas em conjunto, porém 70,4% responderam a opção

2, cada componente do grupo ficaria responsável por uma parte do trabalho e a

integração seria feita no final.

Figura 14: Gráfico que representa a estratégia a ser utilizada para desenvolver o PI

Fonte: Autor

Opção 1 Opção 2

29,6%

70,4%

Estratégia traçada para desenvolver o PI

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69

Ao finalizar o projeto, foi novamente feita a pergunta - Considerando que

o trabalho foi realizado em grupo, que estratégia foi traçada para desenvolver o

PI.? E três opções de respostas foram apresentadas:

Opção 1:Todos os componentes do grupo realizaram as atividades em

conjunto.

Opção 2:Cada componente do grupo ficou responsável por uma parte

do trabalho e a integração foi feita no final.

Opção 3:Cada componente do grupo ficou responsável por uma parte

do trabalho e houve encontros pontuais para discutir o trabalho

Apenas 5,3%, afirmaram que as atividades foram feitas em conjunto, já a

opção 2, a qual afirma que a integração foi feita ao final corresponde a 63,2%

das respostas, enquanto 31,6% confirmaram que houve encontros pontuais

para discutir o trabalho.

Figura 15: Gráfico que representa as estratégias utilizadas no desenvolvimento do projeto

Fonte: Autor

Foi levantado junto aos alunos que relação as interações entre as

disciplinas - Ao planejar o desenvolvimento do PI, você leva em consideração

as interações entre as disciplinas ou você avalia cada disciplina de forma

isolada?

Opção 1: Leva em consideração as interações entre as disciplinas.

Opção 2: Avalia as disciplinas de forma isolada.

Opção1 Opção2 Opção3

5,3%

63,2%

31,6%

Estratégia traçada para desenvolver o PI

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70

Chama a atenção o fato de que no primeiro questionário, 59,3%

planejarem que para realizar o PI, avaliariam as disciplinas de forma isolada,

enquanto 40,7% consideraram as interações entre as disciplinas

Figura 16: Gráfico da relação de alunos analisaram as disciplinas de forma isolada

Fonte: Autor

Em relação ao aprofundamento dos conteúdos abordados em sala de

aula e aplicado no projeto, 73,7% das respostas apontaram que houve um

aprofundamento nos conteúdos, 26,3% este aprofundamento foi de forma

parcial e nenhum aluno afirmou que não houve a necessidade de aprofundar

nos conteúdos para realizar o projeto.

Opção 1 Opção 2

40,7%

59,3%

Forma de considerar a interação entre as disciplinas ao planejar o desenvolvimento do

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71

Figura 17: Gráfico de aprofundamento do conteúdo de sala de aula

Fonte: Autor

O aprofundamento do conteúdo evidenciado pela maioria das respostas

pode resultar em uma melhor compreensão dos conteúdos. Isso é observado

na resposta à questão: O desenvolvimento do PI proporcionou uma melhor

compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula? Como resultado

dessa questão, 73,7% afirmaram que houve uma melhor compreensão dos

conteúdos e apenas 26,3% afirmaram que não houve.

Sim Parcialmente Não

73,7%

26,3%

0%

Aprofundamento dos conteúdos abordados em sala de aula

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72

Figura 18: Gráfico sobre a compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula

Fonte: Autor

Ao analisar a aplicação dos conteúdos teóricos na prática, 42,1%

concluíram que os conteúdos foram aplicados na prática, 47,4% forma

parcialmente aplicados, e apenas 5,3% colocaram que o conteúdo não foi

aplicado. Houve resposta em branco para esta questão.

O resultado dessa questão está condizente com a proposta do Projeto

Interdisciplinar no que se refere à aplicação de conteúdos na prática.

Figura 19: Gráfico da aplicação da teoria

Fonte: Autor

Sim Não

73,7%

26,3%

Compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula

Sim Parcialmente Não Branco

42,1%

47,4%

5,3% 5,3%

Aplicação dos conceitos teóricos na prática

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73

Mas, mesmo com as dificuldades apontadas em trabalhar em grupo,

muitos consideram que o relacionamento entre os alunos melhorou (68,4%),

apenas uma pequena porcentagem (5,3%) afirmou que não houve alteração

entre os alunos e há um grupo que considera que piorou o relacionamento

(26,3%).

Figura 20: Gráfico sobre o relacionamento entre os alunos

Fonte: Autor

Pensado na questão do relacionamento entre os alunos, foi questionada

qual a estratégia utilizada pelos alunos para se comunicarem. A maioria dos

alunos (56,5%) se utilizou de aplicativo de celular para se reunirem, 21,7% se

reuniam de forma presencial e o restante (21,7%) utilizaram-se de outros meios

para se reunirem.

Melhorou Piorou Não houve alteração

68,4%

26,3%

5,3%

Relacionamento entre os alunos

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74

Figura 21: Gráfico sobre a estratégia para se comunicarem

Fonte: Autor

Também foi questionado junto aos alunos, sobre o relacionamento com

os professores que fazem parte do Projeto Interdisciplinar. De acordo com

73,7% dos alunos a interferência foi positiva; para 21,1%, não houve alteração;

e apenas 5,3% afirmaram que interferência foi negativa.

Figura 22: Gráfico que representa o relacionamento com os professores do projeto

Fonte: Autor

ReuniõesPresenciais

Não se reuniam Aplicativo deCelular

Outros

21,7%

0,0%

56,5%

21,7%

Estratégia do grupo para se comunicar

Positivamete Negativamente Não houve alteração

73,7%

5,3%

21,1%

Relacionamento com os professores participantes do PI

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75

Questionou-se os alunos com quais professores eles tiveram maior

aproximação durante o semestre. Para 68,4%, o grau de aproximação foi maior

com os professores participantes do PI; 31,6% afirmaram que não houve

diferença; e nenhum aluno citou os professores que não fazem parte do PI.

Figura 23: Gráfico sobre o grau de aproximação com os professores

Fonte: Autor

Ao finalizar o segundo questionário, foi solicitado aos alunos que

citassem os pontos negativos e positivos do Projeto Interdisciplinar. Como

pontos negativos foram citados:

Tempo, excesso de carga na semana de prova;

Projeto com curto prazo, como possuo pouco tempo disponível;

Falta de tempo e informação;

Falta de tempo para dedicar ao trabalho;

É a questão da divisão das tarefas que é complicada. Falta mais base

para desenvolvimento do software;

Ter que fazer o PI + PTG (Projeto do Trabalho de Graduação) no5º

semestre e PI + TG (Trabalho de Graduação) no 6º semestre visto que o

PI toma tanto tempo e esforço quanto o PTG e o TG;

30% das notas é uma porcentagem muito alta;

Falta de tempo. Falta de uma aula voltada somente para ele;

Professores PI Professores Não PI Não Houve diferença

68,4%

0,0%

31,6%

Grau de aproximação com os professores

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76

Falta de gerenciamento por parte dos professores para realização do PI

em sala de aula;

Se tornar muito cansativo devido o projeto ser bem pesado;

Projeto complexo e extenso;

Talvez promover pontualidade em relação as entregas, já que o PI toma

muita parte do tempo, e acaba por ocorrer conflitos em relação a matéria

dada em aula;

O peso do PI na nota gera uma pressão muito grande nos alunos, pois

quase não há tempo para conciliar trabalho / faculdade e o peso do PI

torna tudo mais difícil.

Como pontos positivos foram apontados:

Nos faz colocar em prática o que aprendemos nas aulas;

Ele cria maior compreensão na prática, sobre para o que serve os

assuntos discutidos em sala;

Auto-aprendizado;

Poder visualizar a integração entre as matérias e utilizar os termos

abordados em sala;

Aproximação de alunos com professores, trabalho em equipe;

É desafiador;

Melhor compreensão das matérias;

Criar uma relação entre as disciplinas;

Ideia de integração é boa e aprofunda conhecimento dado em sala de

aula;

Divisão das tarefas e pesquisa;

Integração das disciplinas, aplicação dos conteúdos ensinados;

Como projeto proporcionou novos conhecimentos e como negócio abriu

oportunidades;

Integração, criação de ideias e aproximação do grupo.

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77

4.1.3 Entrevista com os Professores

Uma outra técnica de levantamento de dados aplicada foi a entrevista

com os professores envolvidos no Projeto do 3º semestre de ADS. O

pesquisador conversou com cada um deles, de forma isolada, e explicou os

objetivos da pesquisa esclarecendo que a participação era espontânea e as

informações obtidas seriam utilizadas exclusivamente para fins acadêmicos.

As entrevistas foram feitas nas dependências da própria instituição, no

período de 14 a 30 de maio de 2016. Sob o consentimento dos entrevistados,

foram gravadas e transcritas na íntegra conforme Apêndices C a H.

Na sequencia, apresenta-se a sumarização da entrevista. Ao questioná-

los sobre a sua compreensão sobre interdisciplinaridade, a ideia de

interdisciplinaridade está presente quando são citados termos como: disciplinas

interligadas, articulações de diferentes saberes, integração de conteúdos de

diferentes disciplinas, relação entre disciplinas, conversa, correlacionar as

disciplinas.

Note-se que os entrevistados apontam que essa interligação objetiva

desenvolver um tema, um trabalho prático, um projeto.

Para todos os entrevistados, ao serem questionados se o PI é um

projeto interdisciplinar, a resposta foi unânime, todos responderam que sim.

A terceira e quarta questão referiam-se à apresentação e definição do

tema para os docentes. A maioria dos professores afirmou que a apresentação

e a definição do tema são feitas no início do semestre nas reuniões

pedagógicas. Para todos os professores, o tema é discutido na reunião

pedagógica, porém nem todos os professores (inglês) estavam na reunião para

discutirem o tema. Os docentes definiram que os temas poderiam ser definidos

pelos alunos; “tema livre”, porém o tema livre refere-se ao local (empresa, ramo

de atividade) o qual o será desenvolvido o software.

Ao questioná-los sobre a participação dos demais docentes do

semestre, os quais a sua disciplina não fazem parte do PI, somente o

coordenador do curso afirma que estes professores participaram da discussão

do tema, para os docentes entrevistados (que participam do PI) os demais

docentes não participaram da definição do tema.

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78

Ressalte-se que um dos professores afirma que a escolha do tema

depende do conhecimento específico do professor, por se tratar de uma área

muito específica.

A respeito da análise da matriz curricular, as respostas permitiram

afirmar que houve uma análise da matriz curricular. Essa análise se restringiu

às disciplinas do terceiro semestre. Ao questionar se havia alguma disciplina

mais importante, todos afirmaram que não diretamente, porém, por se tratar de

desenvolvimento de um sistema (software) a disciplina de programação se

destaca perante as demais. Isso mostra que os professores consideram este

destaque uma decorrência da tarefa a ser realizada e da necessidade de se ter

um produto.

Vale ressaltar que nenhum professor desconsidera o papel das outras

disciplinas. Uma das entrevistas afirma: “Não é a importância da disciplina, é

de acordo com a característica do sistema que a gente desenvolve...”. É o

problema que vai determinar que conhecimentos deverão ser mobilizados.

No que se refere ao documento escrito, inicialmente, o responsável pelo

documento é o coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de

Sistema, que delega ao coordenador do PI a responsabilidade de atualizar a

cada semestre junto com os professores envolvidos.

Há uma preocupação em tornar disponível para todos os envolvidos

(professores e alunos) enviando através de email, disponibilizando na área da

rede da Fatec Indaiatuba.

Os professores entrevistados disseram que, em consenso, escolhe-se

um dos professores participantes do projeto para ser coordenador. Pelo que se

depreende das falas, este tem um papel muito importante na realização do

projeto, pois terá a função de apresentá-lo, estabelecer e verificar o

cumprimento de prazos, fazer a articulação do trabalho entre os professores e

entre estes e os alunos.

Duas professoras relataram que, em princípio, os alunos reclamam do

projeto como uma tarefa complicada e trabalhosa. Na visão delas,

especialmente da professora de Engenharia de Software, isso é resultado da

dificuldade de aplicar conhecimento. Segundo o seu relato, quando cada

conteúdo está circunscrito no estudo da disciplina, para os alunos, isso lhes

parece mais fácil. Entretanto, quando se deparam com a relação do aprendido

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79

a situações concretas, no caso, aplicando-os e integrando-os aos conteúdos

das outras disciplinas para a resolução do problema, apresentam dificuldade.

Sobre a carga horária, todos os professores relataram que não existe um

tempo específico na matriz curricular para execução do PI, muitas tarefas são

feitas dentro da carga horária da própria disciplina. Dois professores

reconhecem que o PI resulta em uma sobrecarga de tarefas, isso pode produzir

efeitos negativos como: falta de tempo para a disciplina, eventualmente a

abordagem da disciplina mais superficial.

Considerando que, na realização do projeto, houve uma análise da

matriz curricular, e que os conteúdos necessários para a realização do PI

fazem parte dos conteúdos abordados em aula, não houvea necessidade de

disponibilizarem materiais extras, pois estes seriam os mesmos das disciplinas.

Ao questioná-los se o PI interferiu na prática pedagógica, todos os

professores da área técnica afirmaram que não interferiu. A única que afirmou

que interferiu foi a professora da disciplina de inglês (disciplina não técnica)

que precisou se adequar às novas realidades para a realização do Projeto.

Porém, os conceitos de todas as disciplinas foram aplicados na realização do

PI.

Pelo fato de existir um tema norteador, as respostas dos professores

confirmam que as disciplinas estão ligadas a ele. Quanto à interligação entre as

disciplinas, durante o desenvolvimento de Projeto Interdisciplinar, o que se

pode depreender das respostas é que cada professor trabalha de forma

isolada, isso não significa que não há uma interação entre eles durante o

semestre, porém essa interação ocorre informalmente.

O fato de não ocorrer de maneira formal se deve ao fato da dificuldade

de conciliar o horário de todos os professores. Tal dificuldade também é

relatada pela professora coordenadora do PI, que para o preenchimento do

documento precisou conversar com os pares na sala dos professores.

Sobre a questão das divergências, a maioria dos professores tenta

resolver as divergências na própria sala de aula. Há o relato de um professor

que tenta solucionar as divergências com alguns de seus pares, isso ocorre,

talvez, pela proximidade dos conteúdos das disciplinas.

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80

Embora os relatos informem que há pouca interação, não se pode negar

que há uma predisposição entre os docentes para interagir com o objetivo de

melhorar o desenvolvimento do projeto.

Ao questionar se os alunos vivenciaram o PI na sala de aula, todos os

professores afirmaram que sim. Disseram que acompanham o trabalho,

analisando, discutindo e corrigindo durante o processo.

É consenso que não seria possível realizar o projeto sem a disciplina de

programação, porém, para todos, as demais disciplinas são importante, visto

que todos os docentes relataram que reconhecem a importância das demais

disciplinas, assim como a sua disciplina é reconhecida.

Para os entrevistados, há envolvimento de todos na realização do

projeto. Há a percepção, por parte dos professores, de que, em alguns casos, o

envolvimento deveria ser maior.

Ao questioná-los sobre a avaliação, percebeu-se que ela ocorre em dois

momentos: no decorrer dos semestres, durante as aulas, e uma apresentação

ao término do semestre.

Durante o semestre, os docentes solicitam entregas parciais, as quais

são corrigidas e/ou discutidas com o grupo.

Ao final do semestre, os grupos entregam o trabalho escrito e o

apresentam para uma banca formada por de professores que participaram do

PI. Para essa avaliação, os docentes se utilizam de uma grade com os critérios

de avaliação pré-definidos. De acordo com o exposto pelos professores, na

maioria das vezes, discute-se a nota e se chega, em consenso, a uma nota a

ser atribuída e, somente em caso de grande divergência, faz-se uma média.

A nota atribuída pelo grupo fará parte da média final de cada disciplina.

Porém, fica a critério do professor definir o percentual que cada um irá utilizar.

Vale ressaltar que esse percentual pode variar entre 20 a30% da média do

aluno.

Apesar de haver uma grade com os critérios pré-definidos, observa-se,

nos relatos, que a nota final é atribuída após uma discussão entre os pares,

momento em que há uma avaliação de todo o processo ocorrido no semestre.

Do ponto de vista de um professor, no que se refere à avaliação da

apresentação oral, existem as seguintes preocupações: a questão do tempo,

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81

deveria reservar um tempo maior para os alunos apresentar e os docentes

discutirem com eles; o comprometimento de todos os professores.

Procurando compreender a percepção dos professores, solicitou-se, de

uma forma mais aberta, que eles relatassem os aspectos positivos e negativos

do PI.

Foram citados como pontos negativos: a reclamação dos alunos, o

tempo para desenvolver todo o sistema no semestre; o problema para

administrar os alunos que não cursam regularmente o semestre; o acúmulo das

outras atividades a serem desenvolvidas durante o semestre.

Por outro lado, no que se refere aos pontos positivos, observou-se que

há pontos positivos em comum como: aproximação da realidade uma vez que

os conceitos são aplicados na prática; aproximação entre as disciplinas;

preparação para o mercado de trabalho; conexão entre as disciplinas.

Alguns professores destacaram significativos pontos positivos como:

postura do aluno; na busca de respostas os alunos estudam mais; há uma

maior interação entre os alunos e entre os alunos e professores; faz os

professores e alunos pensarem mais para resolver o problema;

amadurecimento; superação da individualidade e aprendizado do trabalho em

grupo.

4.1.4 Focus Group

O focus group é um tipo de entrevista que possibilita a observação e o

registro de experiências e reações dos participantes.

Para que a técnica tenha êxito, é necessário planejar adequadamente,

para isso. Gil (2009) recomenda alguns passos: definição dos objetivos;

definição da população alvo; determinação do tamanho e da composição dos

grupos; escolha do moderador; definições das questões para o roteiro para a

entrevista; definição do local, data e tempo de duração.

Tomando como base os passos de Gil (2009), estabeleceu-se, neste

trabalho, como objetivos analisar:

Os procedimentos que o grupo adotou para realizar o

trabalho e as formas de interação entre os componentes da equipe;

A importância do PI para a sua formação profissional;

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A percepção dos alunos no que se refere às relações entre

as disciplinas.

Foi definido como público alvo para este trabalho os alunos do terceiro

semestre do curso de ADS da Fatec Indaiatuba.

Inicialmente, no dia 18/06/2016, foi feita uma breve apresentação para

os alunos com a finalidade de explicar os objetivos e convidá-los a participarem

dessa dinâmica, a qual seria agendada para o dia 02/07/2016. Nesse dia, foi

passada uma lista solicitando o nome e e-mail dos alunos que se dispuseram a

participar. Deixou-se claro que a participação objetivava unicamente a coleta

de dados para a pesquisa e, portanto, não havia a obrigatoriedade e nem

implicações na avaliação dos alunos. No dia 01/07/2016, foi enviado um e-mail

a todos os alunos que assinaram a lista, confirmando o local e o horário.

Considerando a facilidade de reunir o grupo, foi definido como local para

a realização da entrevista em grupo o Laboratório de Simulação da Fatec

Indaiatuba. Soma-se, como justificativa para essa escolha, a necessidade de

criar um ambiente favorável e conhecido pelo grupo, ao mesmo tempo em que

estar nas dependências da Instituição de Ensino cria-se certa formalidade. O

horário definido foi às 19h30min do dia 02/07/2016, e teve a duração de,

aproximadamente, 45 minutos.

O grupo era composto por oito alunos, mais o moderador (o autor do

trabalho) e a auxiliar (professora da instituição). Esses oito alunos

representavam 4 grupos diferentes, vale ressaltar que havia 7 grupos de

Projeto Interdisciplinar no 3º semestre de ADS.

O moderador, durante a sessão abordou os seguintes tópicos:

A forma que o grupo se organizou para realizar o projeto.

As questões das divergências entre os componentes do

grupo e formas de solucioná-las.

Como seriam trabalhadas as habilidades.

Contribuição do PI para compreensão dos conteúdos

estudados.

A integração entre as disciplinas.

A interferência do PI nas relações entre os alunos, e entre

os alunos os professores.

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Pontos negativos do PI.

Pontos positivos do PI.

Todos esses tópicos foram abordados na entrevista em grupo. As

respostas dadas pelos alunos foram objeto de análise, assim como as

percepções oriundas da observação do moderador e da professora auxiliar.

Apesar de, inicialmente, o grupo se apresentar um pouco tímido,

percebeu-se que, rapidamente, ficou bastante à vontade para a realização da

entrevista. Isso pode estar relacionado ao fato de a participação ser

espontânea.

Observou-se um engajamento dos alunos na entrevista, pois mostraram-

se dispostos a responder, a detalhar e a discutir o processo de realização do

PI. O processo do focus group possibilitou aos alunos expor o seu ponto de

vista, colocando não somente os pontos negativos e positivos, mas também

discutindo maneiras de melhorar, o que evidenciou a importância do PI para a

sua aprendizagem.

O primeiro tópico levantado foi sobre a forma de organização para

realizar o projeto.

As respostas mostraram que as tarefas foram divididas. Em consenso,

os grupos privilegiaram as habilidades de cada componente. Para interagir e

trocar informações sobre o andamento do projeto, os componentes dos grupos

se reuniam não somente na faculdade, mas, muitas vezes, de forma virtual.

Inclusive relataram que a forma de contato mais utilizada foi o uso do aplicativo

WhatsApp.

Quanto às divergências entre os componentes do grupo, foram

levantadas as seguintes questões: o não cumprimento das tarefas no prazo

combinado e/ou realizadas de maneira insatisfatória; falta de compromisso com

o grupo; falta de interesse e iniciativa pessoal.

Para trabalhar as diferentes habilidades, a divisão das tarefas era feita

de acordo a facilidade de cada integrante do grupo. Apesar de ter uma

integração entre as tarefas, ficava a cargo de cada integrante solicitar uma

explicação, caso houvesse alguma dúvida. Isso fica claro na fala de um

determinado aluno: “No meu caso o programa em Java, circulou na mão de

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todo mundo, então ia de você ver o código e ver se tinha alguma dúvida e

consultar quem fez, mas a pessoa não ia se dispor a pegar o programa do zero

e falar: ‘vamos ver como está funcionando isso!’”.

Observou-se, pelas falas dos integrantes do grupo, que eles estavam

abertos a trocas de experiências, é o que evidencia o trecho a seguir: “No meu

caso eu cheguei a perguntar para o Murilo como estava o Projeto. Porque ele

ficou encarregado, no nosso grupo, da parte de programação e eu iria mexer

com layout, eu já havia conversado com ele para ele me explicar os dados, os

códigos porque a gente fez de dois jeitos a programação e uma bem diferente

da outra, então eu tinha que aprender.”

Sobre a contribuição do PI para a compreensão dos conteúdos

estudados, foram relatadas as seguintes contribuições: aplicação prática do

conteúdo desenvolvido em sala de aula; buscar um trabalho além do que foi

exigido obriga um aprofundamento dos conhecimentos; desfaz-se a ideia de

trabalhar de forma isolada (disciplina) e sim de forma integrada. Algumas

dessas contribuições podem ser evidenciadas no seguinte relato: “O que eu

acho legal do PI, é que é uma maneira de você juntar tudo que você aprendeu

no decorrer do semestre, e como você liga as matérias. Porque você aprende

Banco de Dados daí você aprende ela isolada, aí você aprende programação,

você até vê como conecta com o Banco, mas você não vê os dois juntos. E no

PI a gente tem a integração das matérias. É o que eu acho mais interessante

do PI.”

Apesar de as disciplinas contribuírem para o aprendizado do aluno,

segundo os relatos, nem todas estão completamente integradas ao projeto.

Foram citadas as seguintes disciplinas: Inglês e Governança de Tecnologia da

Informação.

A interferência do PI nas relações entre os alunos foi tanto positiva

quanto negativa. Negativamente, foram citados os conflitos gerados pelo não

cumprimento das tarefas por parte de algum integrante do grupo.

Positivamente, os relatos destacam: a possibilidade de troca de saberes; o

aprendizado do trabalho em grupo, que oportuniza gerenciar conflitos e,

consequentemente, preparar para o mercado de trabalho.

A interferência no relacionamento ocorreu também entre alunos e

professores. Os relatos apontaram apenas aspectos positivos: o PI favoreceu

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uma maior aproximação, pois, diante da necessidade de aprofundar

conhecimento e tirar dúvidas, os alunos procuravam mais os professores do

projeto e, por sua vez, os professores envolvidos no projeto mostraram-se

dispostos a discutir e orientá-los. Como demonstra o relato de um dos alunos:

“É que o PI gera como se fosse um motivo para que haja esta aproximação, já

quando não tem PI, acredito que fica somente na relação do aluno com o

professor.”

Com o objetivo de possibilitar que os alunos expusessem suas opiniões

sobre a realização do Projeto, foi solicitado que eles apontassem os aspectos

negativos e positivos.

Os aspectos negativos apontados foram: o tempo insuficiente para a

realização do PI; o peso que o PI tem uma influência muito grande na nota final

das disciplinas; a falta de acompanhamento de alguns professores na fase

inicial do projeto; o fato de haver o PI no 5º e 6º semestre concomitante com o

trabalho de graduação acarreta uma sobrecarga, o que resulta em adiar o

trabalho de graduação por alguns alunos.

Já os aspectos positivos apontados foram: o aprendizado que o PI

proporcionou; o estímulo a ir além do que foi abordado em sala de aula; a

eliminação de trabalhos paralelos para fazer um trabalho único que integra

todas as disciplinas.

4.2 Análise

Para uma melhor compreensão e organização, estabeleceram-se duas

categorias para nortear a análise dos dados levantados, as quais foram

pensadas com base na fundamentação teórica que permitiu observar a

interdisciplinaridade pela perspectiva do seu processo e da atuação dos

sujeitos.Ressalta-se que, apesar de fazer essa divisão, considera-se que essas

duas perspectivas estão interligadas.

Assim, retomam-se os conceitos de Klein e Repko que, em seus

estudos, definem interdisciplinaridade como um processo e sugerem alguns

passos para realizá-lo: definir o problema; determinar os conhecimentos

necessários; desenvolver um quadro integrativo; determinar os estudos a

serem realizados; definir o papel de cada componente da equipe; coletar,

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organizar e buscar novas informações; resolver os conflitos disciplinares na

busca de um vocabulário comum; desenvolver estratégias de comunicação;

avaliar todas as contribuições; integrar as partes para a formação de um

projeto único; gerenciar as tarefa/projeto/cliente/currículo futuro.

Os passos sugeridos pelos autores evidenciam-se na análise do Manual

do Projeto Interdisciplinar, elaborado pelos professores do PI e pelo

coordenador do curso, o qual contempla: a definição do problema; a

determinação dos conhecimentos necessários ao eleger as disciplinas que

fariam parte do PI e estas os conteúdos que deveriam ser abordados no

trabalho; a definição dos grupos; a constante comunicação dos professores

com os grupos e a determinação de datas para as entregas parciais e final.

Tais questões também foram observadas nas demais técnicas aplicadas

para coleta de dados. Nas entrevistas com os professores e com o

coordenador do curso, reafirmaram-se os passos evidenciados no Manual do

Projeto Interdisciplinar. Nos resultados da aplicação dos questionários junto

aos alunos o que fica em evidência, dos passos, é a definição do problema,

desenvolvimento de estratégias de comunicação; avaliação de todas as

contribuições; integração das partes para a formação de um projeto único;

gerenciamento de tarefa.

No focus group, apesar de não ser marcante, foi possível observar

alguns passos no desenvolvimento da Interdisciplinaridade, pois os alunos

afirmaram que havia um documento com os conteúdos que seriam exigidos

pelas disciplinas.

Não se pode negar que existem deficiências na aplicação do projeto.

Isso é evidenciado no focus group, nas entrevistas e nos questionários quando

é citado que alguns professores demoram para passar os conteúdos que serão

exigidos no projeto, a questão do tempo e o peso na nota final. Algumas

dessas deficiências são naturais devido à aplicação prática de um projeto, que

está sujeita à interferência de fatores corriqueiros da vida acadêmica.

Apesar disso, existe um comprometimento por parte dos docentes com a

organização do processo. Isso porque, quando essas deficiências são

observadas pelos eles, há a preocupação de serem solucionadas para os

próximos semestres. É o que revelou as afirmações dos professores nas

entrevistas.

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Até aqui se discutiu a categoria processo. Passar-se-á, na sequência, a

análise da ação do sujeito na interdisciplinaridade.

As proposições teóricas de Klein, Repko e Fazenda permitiram listar um

conjunto de características/atitudes do sujeito interdisciplinar, a saber:

confiabilidade; resiliência; flexibilidade; motivação; troca; responsabilidade;

desejo de trabalhar em grupo; apreciação da diversidade; humildade; desejo de

alcançar conhecimento; receptividade a outras disciplinas; amor pela

aprendizagem; tolerância à ambiguidade; iniciativa e criatividade; educação

ampla; sentido de insatisfação com limites; sensibilidade aos outros, disposição

para correr riscos, abertura para outros modos de conhecimento, reciprocidade

que impele à troca e ao diálogo (com os pares idênticos, anônimos ou consigo

mesmo), envolvimento e comprometimento com os projetos e as pessoas neles

envolvidas.

Essas serão algumas das referências teóricas que sustentarão a análise

dos sujeitos da pesquisa enquanto participantes do projeto.

A pré-disposição dos professores, juntamente com o coordenador do

curso, de elaborar e desenvolver um projeto com o objetivo de integrar as

disciplinas já é reveladora das características/atitudes do sujeito interdisciplinar.

Isso porque a escolha do problema proposto no PI, o qual não poderia ser

resolvido com os conceitos de uma disciplina isoladamente, é um trabalho

desafiador, na medida em que obriga a estabelecer comunicação e a se

relacionar com os pares na busca pela integração, mesmo considerando os

limites e contribuições de cada disciplina.

Analisando os alunos como sujeitos interdisciplinares, há alguns

estudantes que não possuem as seguintes características/atitudes desejadas

para interdisciplinaridade: confiabilidade; motivação; responsabilidade; desejo

de trabalhar em grupo; desejo de alcançar conhecimento; iniciativa e

criatividade. Pelas respostas apresentadas nos questionários e na aplicação do

Focus Group, é possível identificar duas causas que podem explicar tais

atitudes do sujeito: a falta de tempo, e o fato de nem todos os alunos cursarem

todas as disciplinas envolvidas no projeto. Entretanto, podem existir outros

fatores que não foram identificados na pesquisa.

Por outro lado, para a maioria dos alunos, a necessidade de realização

do projeto como uma proposição pedagógica do curso, permitiu que eles

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revelassem e desenvolvessem características/atitudes de um sujeito

interdisciplinar.Sustentando-se nos relatos do focus group fica clara a questão

da motivação dos alunos, o desejo de ir além dos conteúdos aprendidos em

sala de aula, disposição para o trabalho em equipe, a iniciativa tanto na divisão

das tarefas quanto na realização das mesmas, a responsabilidade com as

tarefas e com o grupo.

Um aspecto que chama a atenção ao analisar os dados é em relação à

integração das disciplinas. Por meio da análise dos questionários, observa-se

que a maioria dos alunos percebe que há uma relação direta entre as

disciplinas e a realização do projeto, entretanto consideram a disciplina de

programação como a mais importante e as disciplinas de Inglês e Governança

de TI com menor relação ao projeto. Essa visão se deve ao fato de a tarefa

estar ligada a produção de um software, que é desenvolvido diretamente com a

disciplina de programação. Acontece, porém, que a tarefa não é desenvolver

um software qualquer/genérico. É um software destinado à realidade de uma

determinada empresa escolhida pelo grupo. Nesse sentido, é necessária uma

contextualização que ultrapasse o ato de programar, a qual só será possível

com os conceitos das demais disciplinas. A disciplina de Engenharia de

Software é responsável por fazer o levantamento dos requisitos, análise e

projeto; Banco de Dados, o projeto do armazenamento e consulta dos dados;

Governança de TI, o gerenciamento das informações; Inglês, a realização de

pesquisa e a utilização dos termos técnicos.

Apesar de, no questionário, a disciplina de Programação ser

considerada a mais importante, no focus group, os alunos observam a

importância das demais disciplinas e a relação entre elas na realização do

projeto. Conseguiram compreender qual a aplicação prática dos conteúdos

estudados, o que possibilitou ultrapassar os limites das disciplinas e construir

uma visão mais contextualizada, na medida em que produziram um software

que utilizando conhecimentos de todas as disciplinas envolvidas. Segundo os

relatos dos próprios alunos, isso oportunizou melhor compreensão dos

conteúdos estudados.

Essa visão de desenvolver um produto não se restringe apenas aos

alunos, mas também aos professores, como exposto nas entrevistas.

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Mesmo relatando que existem deficiências geradas por falta de tempo,

os sujeitos da pesquisa desenvolveram atitudes e estratégias para amenizá-

las. É o que ocorre quando criam grupos no WhatsApp, procuram por

professores nos corredores, fora do horário de aula, criam ambientes para

compartilharem os materiais. No caso dos professores, as conversas informais

durante os intervalos, o reconhecimento de que o projeto, muitas vezes, obriga-

os a procurar os pares e a pesquisar. Consequentemente, tal como exposto

nos questionários e no focus group, houve uma maior aproximação entre os

alunos e entre os alunos e os professores.

A análise dos dados levantados sob a perspectiva dessas duas

categorias - processo e atuação do sujeito – oferece elementos para alcançar

uma compreensão da aplicação do Projeto Interdisciplinar em sua totalidade.

No percurso teórico realizado neste trabalho, foram apresentados

diferentes conceitos de interdisciplinaridade, assim como diferentes

classificações. Entretanto, essas diferenças não estão em uma relação de

oposição, mas de complementaridade. São olhares diferentes para os mesmos

aspectos ou um olhar para um aspecto não considerado por outrem.

Dessa forma, analisar o PI, considerando-o como uma prática

pedagógica adotada pelos professores e buscando compreender se ele

possibilitou a construção de um trabalho interdisciplinar, faz retornar ao

trabalho de Lenoir, pois este priorizou seus estudos no campo da educação. A

classificação de interdisciplinaridade proposta por ele distingue a

interdisciplinaridade científica e a interdisciplinaridade escolar.

A estrutura e a forma de aplicação do projeto remetem à

interdisciplinaridade escolar. Desde a concepção do projeto, os seus

idealizadores tinham como objetivo desenvolver um trabalho que promovesse a

integração de aprendizagens e conhecimentos por meio da aplicação prática.

Para isso, fizeram a análise da matriz curricular, definiram quais as disciplinas

que seriam envolvidas e estabeleceram a sequência didática para a realização

do projeto. Dessa forma, o foco era o conteúdo das disciplinas, posto que cada

professor definiu o que seria exigido no projeto.

Quanto à modalidade de aplicação, ficou evidente que o sistema de

referência é o sujeito aprendiz e a sua relação com o conhecimento, uma vez

que os professores relataram que os alunos aprendem mais, mostram-se mais

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motivados a aprofundar os conhecimentos, melhoram a sua comunicação,

preparam-se para o mercado de trabalho. Como consequência, o trabalho de

produção de um software leva a estabelecer ligações de complementaridade

entre as disciplinas.

Tais procedimentos estão de acordo com a ponderação de Lenoir de

que não basta integrar matérias, é necessário saber porque integrar, quem fará

a integração, que processos os sujeitos realizarão, que concepção de saber

fundamenta a integração, e de que maneira promover a integração da

aprendizagem e dos saberes.

Poderia parecer contraditório e redutor afirmar que o PI é uma forma de

interdisciplinaridade escolar e não científica. Porém, é necessário considerar as

especificidades de um curso de graduação em tecnologia: ter três anos de

duração, ter foco em uma especialidade e ser voltado para o mercado de

trabalho. Com isso, não se pretende afirmar que em curso de graduação em

tecnologia não se possa e não se faça pesquisa, mas que não é esse o seu

direcionamento principal.

Entretanto, essas especificidades não reduzem o papel que o PI tem no

Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia

de Indaiatuba. Isso fica evidente quando se retoma a utilidade, o valor e a

aplicabilidade da interdisciplinaridade definidos por Fazenda, os quais foram

resumidos em sete aspectos: meio de conseguir melhor formação geral, meio

de atingir uma formação profissional; formação de pesquisadores; condição

para uma educação permanente; superação da dicotomia ensino e pesquisa;

forma de compreender e modificar o mundo; integração como necessidade e

interdisciplinaridade.

No que se refere ao meio de conseguir melhor formação geral, o PI

permite ultrapassar os limites das disciplinas e relacioná-las, o que resulta na

possibilidade de fazer novas conexões, por meio da contextualização do

saberes. Capacitar os alunos para compreender e saber fazer estas relações é

fundamental para prepará-los para o mercado de trabalho, uma vez que este,

como parte do mundo real, não é fragmentado.Para que isso aconteça, o PI

possibilita aos alunos aplicarem os conhecimentos que são passados de forma

teórica e fragmentada, na prática do desenvolvimento de um software.

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Os desafios propostos pelo PI – trabalhar em grupo, pesquisar,

relacionar diferentes conteúdos – contribuem para o processo de educação

permanente e para o engajamento dos docentes na vida social e política.

Para que se obtenham os resultados esperados do PI, existe uma etapa

anterior, a de preparação por parte dos docentes. Estes precisam estar

dispostos ao exercício da prática interdisciplinar que pressupõe mudanças de

atitude: maior reciprocidade entre os docentes e entre estes e os alunos;

respeito pela opinião alheia; busca de um objetivo comum.

É preciso, ainda, considerar o PI como uma prática pedagógica do curso

e retornar aos objetivos deste: formar profissionais capazes de analisar

problemas e desenvolver soluções, ter uma visão interdisciplinar, promover

uma formação técnico-científica, interagir com os problemas da sociedade, ter

uma visão global e humanista, incentivar a investigação científica.

É possível afirmar que essa prática pedagógica vai ao encontro desses

objetivos, pois o PI proporciona aos docentes estratégias para aproximar os

alunos da realidade do mercado de trabalho e, assim, alcançar os objetivos

propostos no curso.

Ao finalizar a análise, reconhece-se que há pontos frágeis no

desenvolvimento do PI. Talvez a estruturação da tarefa em que se dividem os

conteúdos das disciplinas e leve os alunos a se organizarem de modo que

cada componente fique responsável por uma parte do trabalho. Isso aponta

para uma fragmentação do conhecimento que não atenderia a uma perspectiva

que se pretende interdisciplinar.

Entretanto, não se pode dizer que ela inviabiliza completamente a

interdisciplinaridade, posto que, ao reunirem-se para integrar esses conteúdos,

a integração pode ser estabelecida. Volta-se à questão teórica que pressupõe

a necessidade de produzir uma síntese após o exercício da interação. Além

disso, o referencial teórico aponta para o fato de que não há

interdisciplinaridade sem considerar as especificidades das disciplinas. Nesse

sentido, é necessário reconhecer que não se é o detentor de todo o

conhecimento e, por isso, deve-se recorrer a outras disciplinas e a outros

sujeitos que o detenham. Dessa forma, a prática adotada, embora não seja

ainda a ideal, não inviabiliza a realização de um projeto interdisciplinar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciou-se o trabalho buscando compreender com mais profundidade o

conceito de interdisciplinaridade. O desafio era sair do senso comum e

entender sua dimensão teórica e prática. A leitura, sob a perspectiva de

diferentes autores, permitiu compreender que a interdisciplinaridade é uma

resposta a uma questão ou a resolução de um problema; é um processo; parte

da perspectiva disciplinar, mas deve levar à integração e à síntese; deve

produzir uma compreensão mais abrangente.

Após uma compreensão aprofundada, empreendeu-se uma análise da

aplicação do Projeto Interdisciplinar no Curso de Análise e Desenvolvimento de

Sistemas da Fatec Indaiatuba, que permitiu responder às questões propostas

nesta pesquisa.

Quanto à compreensão do conceito de interdisciplinaridade pelos

docentes, na aplicação do projeto, por meio das entrevistas, observou-se que

estes revelaram compreender o significado da interdisciplinaridade como

integração. Entretanto, a falta de uma compreensão teoricamente

fundamentada mostrou que há falhas no projeto como prática interdisciplinar.

Tais falhas decorrem da maneira como a tarefa é proposta, pois fragmenta as

disciplinas. Além disso, evidenciou-se que há uma disciplina como sendo a

principal. Nesse sentido, a maior parte do tempo, trabalha de modo paralelo e

não totalmente integradas.

Também foram levantados alguns outros problemas: a falta de tempo

para a realização em função do acúmulo de tarefas, o peso que a nota do PI

representa na média final das disciplinas, a falta de envolvimento por parte de

alguns professores e alunos, o fato de nem todos os alunos cursarem todas as

disciplinas.

Apesar disso, os professores envolvidos consideram que a realização do

projeto traz contribuições significativas para a formação e aprendizagem dos

alunos, pois destacam que, ao ter como tarefa o desenvolvimento de um

software para uma empresa, os alunos aplicam os conteúdos e se aproximam

da realidade do mercado de trabalho. Nesse processo, há uma necessidade de

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aproximação entre as disciplinas, fazendo que os alunos aprofundem

conhecimentos, se aproximem mais dos professores e aprendam a trabalhar

em equipe.

Do ponto de vista dos alunos, o projeto oportuniza a vivência prática dos

conteúdos estudados em sala de aula, o estabelecimento de relações entre as

disciplinas, desenvolve uma atitude de responsabilidade pelo próprio

aprendizado por meio da pesquisa e enfrentam os desafios de trabalharem em

grupo.

A proposição da tarefa – criar um software para uma empresa – em si,

mesmo que com limitações, exigiu que houvesse uma interação entre as

disciplinas, pois não poderia ter sido idealizada e executada com saberes de

uma única disciplina. No caso desse curso, embora ainda não tenha na matriz

curricular uma disciplina especificamente destinada ao desenvolvimento do

projeto, sua proposição revela o esforço de ultrapassar a rigidez que uma

matriz curricular pode gerar.

Apesar disso, a estrutura apresentada hoje não possibilita afirmar que o

projeto analisado é totalmente interdisciplinar. Considerando que, para que

haja interdisciplinaridade, é preciso haver disciplinas com o grau de interação

mais profundo entre elas, de modo que, ao finalizar o projeto, os limites se

tornem imperceptíveis, posto que houve construção de um todo.

Por isso, rever alguns aspectos no que se refere à estrutura de sua

aplicação pode contribuir para o aprimoramento da prática. Algumas ações

poderiam ser pensadas nesse sentido. Uma delas seria incluir na matriz

curricular uma disciplina destinada ao PI, que poderia se constituir como um

momento de discussão e de troca que facilitaria a integração. Outra ação é

proporcionar, ao longo do processo, encontros sistematizados entre os

professores para que estes pensem os conteúdos de forma integrada e não

fragmentada, possam discutir e rever estratégias, ultrapassando o isolamento

de sua prática pedagógica. Tais práticas, certamente, terão reflexo nas atitudes

dos alunos no desenvolvimento do PI.

Essas ações envolvem toda a instituição – direção, coordenação e

professores -, que têm se mostrado dispostos a desenvolverem atitudes de

sujeitos interdisciplinares. É necessário destacar que há ações que não

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dependem exclusivamente da instituição FATEC Indaiatuba, uma vez que esta

se reporta a um órgão maior – o Centro Estadual de Educação Tecnológica

Paula Souza- responsável pelas questões legais e financeiras da Instituição.

Pode-se concluir que algumas condições estruturais e algumas práticas

podem dificultar ou até mesmo limitar, nesse momento, que haja um trabalho

totalmente interdisciplinar. É importante considerar que, entendendo

interdisciplinaridade como processo, a aplicação do projeto não está totalmente

acabada. Vem sendo, durante sua realização, aprimorada, reorganizada e

revisada. Portanto, tem potencial para se tornar um projeto interdisciplinar.

É fato que há ganhos na realização do projeto.

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Page 99: INTERDISCIPLINARIDADE: ESTUDO DE CASO DE UM PROJETO ...§ão_Sergio... · Também foi analisado o Manual do Projeto Interdisciplinar. Além disso, foi utilizada a técnica do focus

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO 1 E 2

Questionário aplicado junto aos alunos do 3º Semestre de Análise e

Desenvolvimento de Sistema da Fatec – Indaiatuba.

1- Você considera que a proposta do PI a ser desenvolvido é relevante para o seu

aprendizado?

( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

2- Você recebeu o Manual do Projeto Interdisciplinar com as diretrizes do projeto?

( ) Sim ( ) Não

3- Houve uma apresentação geral do projeto?

( ) Sim ( ) Não

4- Caso sim, pelo professor de qual disciplina:

( )Eng de software

( ) Programação

( ) Banco de Dados

( ) Inglês

( ) Economia e Finanças

( ) Gestão e Governança em TI

5- O Professor de cada disciplina apresentou o conteúdo que será exigido no

projeto?

( ) Sim ( ) Não ( ) Nem Todos

6- Como aluno, você consegue perceber se haverá integração entre as diferentes

disciplinas que fazem parte do PI neste semestre?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

7- Na sua avaliação, as disciplinas que fazem partem do PI têm relação direta com

o projeto?

( ) Sim ( ) Algumas ( ) A maioria

delas

( ) Não

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8- Na sua percepção, qual(is) disciplina(s) envolvida(s) no PI não tem relação

direta com projeto?

_______________________________________________________________

9- Quantos componentes fazem parte de seu grupo?

( ) Dois ( )Três ( ) Quatro ( ) Mais de

Quatro

10- Você tem dificuldade de fazer trabalhos em grupo?

( ) Sim ( ) Não

11- Caso você tenha dificuldade em trabalhar em grupo, qual a dificuldade?

_____________________________________

12- Em seu grupo, quantos componentes cursam todas as disciplinas envolvidas?

( ) Todos ( ) Um ( ) Dois ( ) Três ( ) Quatro ou mais

13- Você considera que todas as disciplinas são importantes para conseguir realizar

o trabalho?

( ) Sim ( ) Não

14- Considerando que o trabalho será realizado em grupo, que estratégia será traçada

para desenvolver o PI.

( ) Todos os componentes do grupo realizarão as atividades em conjunto

( ) Cada componente do grupo ficará responsável por uma parte do trabalho e a

integração será feita no final.

15- Ao planejar o desenvolvimento do PI, você leva em consideração as interações

entre as disciplinas ou você avalia cada disciplina de forma isolada?

( ) Leva em consideração as

interações entre as disciplinas

( ) avalia as disciplinas de forma

isolada

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APÊNDICE B: QUESTÕES PARA ENTREVISTAR OS DOCENTES

Perguntas norteadoras para entrevistar os professores participantes, do Projeto

Interdisciplinar (PI), do 3º semestre, do curso de Análise e Desenvolvimento de

Sistema da Fatec – Indaiatuba.

Questões para entrevistar os Docentes

1- O que você entende por interdisciplinaridade?

2- Para você o PI é um projeto Interdisciplinar? Justifique

3- De que maneira o PI foi apresentado para os docentes?

4- Você participou das discussões para definição do tema?

5- Todos os professores que ministram aula no referido semestre

participaram da escolha do tema?

6- Nesse processo, houve uma análise da matriz curricular do curso para a

compreensão das interações entre as disciplinas?

7- Nesse processo, alguma disciplina foi considerada mais importante que

a outra para a realização do trabalho?

8- Houve a definição de um professor coordenador para o Projeto

Interdisciplinar? O que se esperava deste “coordenador”?

9- Foi elaborado algum documento e apresentado a todos os docentes

envolvidos no PI? Quem ficou responsável pela redação desse

documento?

10- Todos tiveram acesso à documentação completa do PI?

11- Como são definidas as datas para a realização do PI?

12- No curso, há uma carga horária destinada para a realização do PI?

13- Houve a preocupação de disponibilizar os materiais necessários para os

alunos realizarem o PI? (laboratório, livros....)

14- Como o PI é apresentado pelos alunos (escrito, oralmente)? Existem

orientações de padronização quanto à estrutura do trabalho escrito?

15- De que forma este projeto foi apresentado para os discentes?

16- O projeto integrador foi vivenciado concretamente na sala de aula? De

que forma?

17- O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se interferiu, foi positiva ou

negativamente? Especifique.

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18- Os conceitos abordados por sua disciplinas foram aplicados na

realização do projeto? Eles foram integrados ao tema?

19- Havia uma interligação entre as disciplinas ou apenas ao tema

norteador?

20- Como o projeto Integrador é avaliado? Quais os instrumentos utilizados

na avaliação do PI?

21- Todos os docentes utilizam os mesmos critérios de avaliação?

22- Cada professor atribui sua nota isoladamente ou em conjunto com os

demais professores?

23- Durante a realização do PI, quando houve alguma divergência, você se

propôs a procurar e discutir uma solução com os outros professores?

Seus pares estavam abertos à discussão? Algum docente o procurou?

24- Foi possível observar a importância de sua disciplina para integrar

25- Houve a percepção, por parte dos demais docentes, que a sua disciplina

contribuía para a realização do PI? E você conseguiu perceber a

contribuição das outras disciplinas?

26- Na sua percepção, houve o envolvimento de todos os docentes na

realização do projeto?

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APÊNDICE C: ENTREVISTA COM A PROFESSORA DE PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A

OBJETO

Pesquisador: Bom, bom dia.

Professora de POO: Bom dia.

Pesquisador: Bom a primeira pergunta é a seguinte: O que você entende por

Interdisciplinaridade?

Professora de POO: Ah, eu entendo que seria uma relação entre as

disciplinas, das várias disciplinas do semestre.

Pesquisador: Tá. Para você o PI é um projeto Interdisciplinar?

Professora de POO: Eu acho que sim. Porque ele faz essa relação entre

várias disciplinas no semestre. É ele faz esta ligação.

Pesquisador: O PI foi apresentado inicialmente, assim pelo grupo do docente,

como você ficou sabendo o que era necessário do PI, ou seja de que maneira

o PI foi apresentado para os docentes?

Professora de POO: o PI tem um coordenador, que neste caso, o do terceiro

semestre, sou eu. Eu fiz a comunicação por e-mail mesmo do arquivo do PI

cada professor envolvido, fiz a atualização do documento e aí a gente teve

algumas conversas... é não oficiais nas salas dos professores , coisa deste

tipo.

Pesquisador: O PI tem um problema a ser resolvido, você participou da

definição deste problema a ser resolvido? Ou foi trazido pela coordenação

geral do curso?

Professora de POO: Então este PI do terceiro semestre, a gente deixou o

tema livre, ou eles poderiam continuar no tema que eles estavam

anteriormente.

Pesquisador: Então foi um acordo entre os professores em geral que

participam?

Professora de POO: Isso. Isso mesmo.

Pesquisador: Nesse processo houve uma análise da matriz curricular do curso

para compreensão entre as diferentes disciplinas que fariam parte deste projeto

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ou não? Foi analisado a matriz, quais disciplinas tinham antes que vai

complementar.

Professora de POO: Então. Acredito que foi analisado pelo professor XXX

(coordenador do curso), que inclusive tinha disciplina que estava no PI que

saiu. No meu caso (terceiro semestre) tinha disciplina de Economia que foi

trabalhado no PI do terceiro semestre, no semestre passado, e neste PI e ela

não entrou. Então a coordenação fez uma analise e algumas disciplinas que

faziam parte não está porque achou que não tinha ... é .... não dava pra fazer

esta relação, não tinha ... Não ia agregar valor.

Pesquisador: Neste processo alguma disciplina foi considerada mais

importante que a outra na realização do trabalho? Tem alguma disciplina mais

importante, outra menos ou todas têm mais ou menos o mesmo grau de

importância?

Professora de POO: Todas as disciplinas são importantes, eu acho que a

relevância é a mesma. ... Apesar que, eu sempre acho que a minha é a mais

importante, que é a parte de programação, é que eu já consigo mostrar o

projeto se ele estiver programado, porém não posso dizer que é a mais

importante, por que a professora de Engenharia de Software tem que fazer uns

documentos de Engenharia de Software. Então eu acho que o grau de

importância é o mesmo.

Pesquisador: Houve a definição de um professor coordenador para o projeto

interdisciplinar? O que se esperava deste coordenador?

Professora de POO: Sim, eu fui a escolhida...rsss... Como coordenadora por

conta da disciplina que ministro, nhé programação. É porque de acordo com a

coordenação do curso seria mais adequado que o professor de programação

fosse o professor coordenador. E o que a gente espera que no final deste PI o

aluno consiga mostrar o sistema desenvolvido, o sistema proposto já

desenvolvido.

Pesquisador: E o que o grupo de professores espera de você como

coordenadora do projeto de PI?

Professora de POO: O grupo espera que eu possa auxiliá-los durante o

desenvolvimento do sistema, é .... cada professor é .... solicita alguns

documentos, e o professor coordenador .... então .... os alunos esperam que

este professor faça toda esta conexão. E no meu caso específico os

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acompanhe durante o desenvolvimento do sistema. E em sintonia com os

demais professores, eu estou sempre atenta as entregas, a documentação que

estão sendo cobrado também nas outras disciplinas.

Pesquisador: Há um documento que é feito pro PI?

Professora de POO: Sim

Pesquisador: Quem ficou responsável pela redação deste documento

inicialmente?

Professora de POO: Então .... é o coordenador do Projeto, que sou eu, é o

coordenador do PI que faz a atualização deste documento. É como eu disse,

este documento veio previamente pronto pela coordenação e eu como

coordenadora do projeto fiz as atualizações neste documento .... é ..... de

acordo com as considerações dos demais professores envolvidos neste projeto

interdisciplinar.

Pesquisador: Então todos os professores envolvidos tiveram acesso a este

documento?

Professora de POO: Sim. Este documento está disponível .... é na área da

Fatec pra todos os professores e também foi enviados também por e-mail

inclusive a versão atualizada.

Pesquisador: E a questão de datas de entrega e a realização do PI foi

definido, como foram definidas estas datas?

Professora de POO: As datas foram definidas e estão no final deste

documento no cronograma de entrega é e a gente fez e definiu estas datas de

acordo com o calendário acadêmico mesmo.

Pesquisador: Tá, Mas não existe uma carga horária no próprio curso para

realização do PI, ou existe?

Professora de POO: Não existe uma carga horária específica. O PI tem que

ser feito fora da sala e em algum momento da aula mesmo. Então, por

exemplo, eu cedo um espaço da aula, não é toda a semana. Eu marco

algumas datas com eles (alunos) pra fazer este acompanhamento e aí uso um

pedaço da minha disciplina. Os outros professores, que estão envolvidos,

acredito também fazem a mesma prática. Que não há um horário na matriz

dedicada ao Projeto interdisciplinar.

Pesquisador: E a questão de materiais, houve uma preocupação da

disponibilização de materiais, laboratório, livros, para os alunos ou não? Já que

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não existe uma disciplina para isto. Como fica a disponibilização de software,

laboratórios?

Professora de POO: É neste sentido, acho não houve uma grande

preocupação, porque a maioria dos grupos já tem computadores. Então a

maioria já está fazendo uso dos seus próprios notebooks, as entregas parciais

eles já estão me mostrando apresentando o PI nos próprios notebooks e muita

consulta na internet de algumas matérias. E próprio material dos professores

envolvidos.

Pesquisador: E como o PI foi apresentado para os alunos? Escrito ou foi feito

uma apresentação? Ou um seminário?

Professora de POO: Pra mim da disciplina de programação orientada a objeto,

eles fizeram uma apresentação em sala mesmo na própria máquina que era a

apresentação do sistema.

Pesquisador: Mas como os alunos souberam que teria que ser feito no PI?

Professora de POO: O PI foi apresentado por mim, então como coordenadora

do PI do terceiro semestre, .... é .... depois que este documento estava

atualizado, que todos os professores me deram um feedback de quais

documento seriam cobrados a gente fechou um cronograma. Ai, eu apresentei

e agendei com os alunos uma aula e fiz a apresentação do documento formal

do PI.

Pesquisador: E como os alunos irão apresentar o trabalho no final?

Professora de POO: Os alunos! ... A coordenação fará um cronograma de

apresentação, este alunos serão avaliados por alguns professores envolvidos

no PI. Eles (alunos) terão que fazer uma apresentação oral e também terão

que entregar, além de todos os artefatos solicitados, um documento escrito de

acordo com as normas da ABNT.

Pesquisador: E como está sendo a vivencia dos alunos na sala de aula no

desenvolvimento do PI ?

Professora de POO:É ... Eles estão diretamente relacionados porque muitos

deles escolheram temas do dia a dia, por exemplo, um dos temas é .... dentro

do contexto deles .... é .... eles acabam vivenciando fora e na sala de aula a

gente tem uns momentos que a gente faz discussão do PI tira a dúvida

Pesquisador: O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se interferiu foi

positivamente ou negativamente?

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Professora de POO: É .... deixa eu pensar .... é eu acho que o PI não interferiu

na minha prática pedagógica, porque na minha disciplina de programação

orientada a objeto eu já trabalho com algum desenvolvimento de sistema que

os alunos me apresentam inclusive de forma oral .... então, acho que não.

Pesquisador: Os conceitos abordados em sua disciplina foram aplicados para

a realização do projeto. Eles foram integrados ao tema.

Professora de POO: É... alguns conceitos foram, é .... aplicados pra poder

desenvolver o sistema. Logicamente foram integrados ao tema do projeto

Pesquisador: Bom, se há uma integração entre as disciplinas e não é apenas

um tema norteador e as disciplinas não trabalham de forma isolada, correto?

Professora de POO: Sim

Pesquisador: Bom se há uma integração!.... É entre as disciplinas trabalham

de que forma; e quais os instrumentos utilizados na avaliação

Professora de POO: É .... O projeto integrador é .... ele é avaliado por cada

um dos professores é.... cada professor das respectivas disciplina envolvida

atribui a sua nota com base nos artefatos dos documentos escrito

normalmente ao final nós professores é.... com base nestas notas monta uma

nota final gera uma nota final.

Pesquisador: Todos então utilizam o mesmo critério, então para esta

avaliação

Professora de POO: É .... Deveria .... rsss.... Deveria usar o mesmo critério,

porém o porcentual atribuído pode ser de 20 a 30% que é estipulado pela

coordenação do curso então nem todos os professores dão o mesmo peso é....

para as notas em relação a disciplina. Por exemplo, minha disciplina de

programação orientada objeto 30% da nota vem do PI ..... respondi o que vc

perguntou?

Pesquisador: Sim...Durante a realização do PI quando houve alguma

divergência ou quando há alguma divergência, você procura discutir uma

resolução com outros professores? Seus pares sempre estavam abertos pra

discuti uma solução ou algum docente te procurou?

Professora de POO: Olha .... esta relação do PI ela precisa madurece muito

.... Porque eu senti dificuldade desde o momento da colaboração dos

professores pra fazer a atualização do documento ..... é ..... porque

normalmente funcionou por e-mail , então muitas vezes o time de respostas

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demora um pouco pra chegar .... é, e a gente tem prazo pra disponibilizar o PI

para os alunos explicar o que eles têm que fazer, então os momentos de

alguns professores algum problema, no meu caso foram resolvidos mas com

conversas com professores de forma informal .... que achei que foi o

mecanismo mais rápido .... conversa em sala de professores mesmo .....mas

eu consegui.

Pesquisador: Foi possível observar a importância da sua disciplina para

integrar todo o conteúdo?

Professora de POO: Com certeza. A minha disciplina é a parte de

programação então ela consegue fazer a integração, e justamente por isso,

professor XXX (coordenador do curso) me atribuiu a coordenação deste PI .

Pesquisador: E todos os outros docentes conseguiram perceber a importância

da sua disciplina, como uma disciplina pra integrar o conteúdo? Ou têm

professores que não consegue observar que a sua disciplina faz parte desta

integração?

Professora de POO: Então, acredito que sim, porém neste ..... é ..... neste PI,

acho que está super sintonizado as disciplinas as cobranças dos documentos

.... acho que está tudo ok ..... que deu pra perceber claramente que na verdade

todas as disciplinas são importantes, que os professores conseguiram vê, os

colegas conseguiram vê a importância da disciplina de programação orientada

objeto.

Pesquisador: Então o envolvimento geral dos docentes para a realização do

PI neste semestre

Professora de POO: Sim. Terceiro semestre com certeza

Pesquisador: É só

Professora de POO: só

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APÊNDICE D: ENTREVISTA COM A PROFESSORA DE ENGENHARIA DE SOFTWARE

Pesquisador: Primeiramente, o que você entende por interdisciplinaridade?

Professora de Engenharia de Software: Eu entendo que são disciplinas

interligadas desde que consigam trabalhar um tema, e elas consigam trabalhar

em conjunto

Pesquisador: Pra você o projeto de PI é interdisciplinar?

Professora de Engenharia de Software: É

Pesquisador: Focando o projeto do terceiro semestre?

Professora de Engenharia de Software: É, porque eu consigo ver muito bem,

por exemplo, o que eu vejo em Engenharia de Software II, que é modelagem, o

que eles estão programando, eles fazem diagramas de classe e depois

implementam, então tem uma ligação e é bem claro isso pra eles, não sei se

todas as disciplinas, mas que estou atuando, sim.

Pesquisador: Legal, de que maneira o PI foi apresentado para os docentes?

Como você recebeu as informações do que teria que ser feito no PI do terceiro

semestre? Teve uma reunião?

Professora de Engenharia de Software: É já tinha modelos anteriores de

documentos, já estava fazendo o PI em outros semestres, ..... então..... Do

terceiro, especificamente, eu não sei te dizer, assim como surgiu. Porque a

gente já fazia, nos outros cursos, no curso de Banco de Dados e em outros

semestres e tal. Eu acho que este foi o último semestre que eu peguei, porque

a disciplina não é minha. Mas como já tinha dos outros foi casando, como pega

professor que já pegou outro PI já vai mais fácil, o que é mais difícil é quando

pega professor novo, ele não tem experiência, e nem é culpa dele, mas deste

semestre não teve nenhuma reunião específica, porque já estava formatado, já

estava acontecendo, já estava funcionando.

Pesquisador: O PI tem uma problematização que tem o qual será necessário

resolver! Certo? Um problema que é desenvolver um sistema! Como foi

definido este tema, ou cada grupo faz um?

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Professora de Engenharia de Software: É.... mas pelo que eu vejo, o tema

do terceiro.... deixa eu vê....do terceiro, foi passado na reunião .

Pesquisador: Na reunião?

Professora de Engenharia de Software: É.

Pesquisador: No começo do semestre?

Professora de Engenharia de Software: No começo do semestre.

Pesquisador; Tá. Todos os professores participaram, pelo menos os que

participam naquele semestre, participaram na escolha do tema?

Professora de Engenharia de Software: Não.

Pesquisador: Não?

Professora de Engenharia de Software: Não. Acho que deste estava meio

livre, e aí acho que os alunos saíram dizendo, alguma coisa assim...... Agora,

mas não foi algo assim, que a equipe (de professores) disse e os professores

discutiram não. Foi meio um tema livre e os alunos definiram...Acho que é isso.

Pesquisador: Tá. É nesse processo de escolha do tema, então não houve

uma análise da matriz curricular do curso para a compreensão das interações

entre as disciplinas? Se há esta interação?

Professora de Engenharia de Software: Não. Assim, eu já vi de PI que teve a

análise do curso que estava ocorrendo e tentaram colocar outras disciplinas,

como cálculo ou coisa assim, e aí buscou um tema que casasse com todas as

disciplinas pra conseguir puxar as disciplinas que não trabalhavam. Mas, não

funcionou muito bem, pois ficou, na boa vontade de início, e aí precisou de

mais conversas e mais ajustes, aí no final pelo que eu tenho visto, ou os alunos

escolhem um tema ou vem um tema decorrente dos primeiros semestres. Aí

este tema perdura. Os alunos escolhem ou professores. Ou entre projeto entre

cursos, aí tem que se encaixar, então não acho que tenha uma escolha, pois

há tema que prejudicam algumas disciplinas e é visível.

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Pesquisador: Então, em sua opinião, no terceiro semestre, há disciplina que é

considerada mais importante do que as outras pra realização do projeto?

Professora de Engenharia de Software: Não. Eu acho em que todos os PI, a

disciplina mais importante é a de desenvolvimento. Porque a gente foca muito

em produto e não na documentação e no percurso completo. A gente sempre

quer um sistema pronto. Então, sempre, independente do terceiro ou de outros

semestres, a disciplina de programação do semestre é a mais importante que

as outras neste sentido, mas, além disso, acho que todas têm a sua

importância.

Pesquisador: Foi elaborado algum documento escrito pelos professores

envolvidos no projeto?

Professora de Engenharia de Software: Sim.

Pesquisador: E quem ficou responsável por redigir este documento?

Professora de Engenharia de Software: Este documento já vem de antes, daí

o coordenador do PI fica responsável por atualizar e validar com os

professores, normalmente é feito por e-mail. E é ele que pública para os

alunos.

Pesquisador: Que no caso é a professora de programação?

Professora de Engenharia de Software: É a professora.

Pesquisador: Este documento está disponível para todos os alunos e

professores no referido semestre?

Professora de Engenharia de Software: Sim, normalmente na área de rede,

no ambiente da rede. É disponível sim, os alunos sabem onde fica!

Pesquisador: Foi definido um coordenador, o que se espera deste

coordenador de PI? Qual a sua função?

Professora de Engenharia de Software: É... de início, conseguir a

atualização deste documento, que os professores atualizem, para depois os

alunos não dizerem que não sabiam o que era para ser feito. Desde o início, os

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alunos serem notificados do que é para ser feito. Desde o início do projeto e

não só lá no final....

Pesquisador: E de que maneira o PI é apresentado para os alunos? Existe

algum seminários ou não?

Professora de Engenharia de Software: Não.... eu acho que nos primeiros

dias de aula, assim como existe a apresentação do Plano de Ensino, da

ementa, de prova, de coisas assim, é apresentado o PI. Inclusive dizendo

documento onde está quais são as entregáveis, quais são as datas destes

entregáveis, geralmente não é no primeiro dia, porque precisa da validação dos

professores, mas é pelo menos nos primeiros 15 – 20 dias, no primeiro mês

certeza, porque o coordenador cobra a data. Pra ele entregar para os alunos.

Pesquisador: No curso há uma carga horária destinada para a realização do

PI?

Professora de Engenharia de Software: Não.

Pesquisador: Houve a preocupação de disponibilizar material necessário para

os alunos realizarem o PI? Por exemplo, laboratório, livros; existe esta

preocupação?

Professora de Engenharia de Software: Existe a preocupação de cada

professor verificar e elaborar algumas aulas para acompanhamento de PI, e é

preciso dar retorno, pois os alunos entregam os parciais e os professores

deveriam corrigir. Retornar e não só receber, para que no final, seja bom! E

eles corrijam durante os semestres.

Pesquisador: O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se sim foi

positivamente ou negativamente?

Professora de Engenharia de Software: Não.

Pesquisador: Não alterou em nada em sua aula então?

Professora de Engenharia de Software: Ah, sim! A gente, do tipo, vê um

padrão de projeto e gente já faz a programação. Eu vejo o diagrama de classe

e depois, eu vejo a ferramenta para eles. Eu poderia ter visto

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com eles, mas não é nada que há impacto muito grande assim. Não assim,

então como eles têm um contato muito próximo com programação, a gente

consegue casar bem. Ela segue um padrão de desenvolvimento, então eu vou

utilizar este padrão ... É eu falava só sobre o padrão, agora eles utilizam o

padrão e é cobrado que eles entregam utilizando o padrão. Mas não mudou, eu

não via o padrão e agora estamos vendo o padrão, não foi uma mudança

brusca. Eu via um padrão, mas poderia escolher qualquer um, eu escolhi o que

ela esta usando pra poder casar, então não acho que interferiu.

Pesquisador: Os conceitos abordados em sua disciplina foram aplicados na

realização do PI? Eles foram integrados ao tema então?

Professora de Engenharia de Software: Sim.

Pesquisador: Há uma integração entre as disciplinas ou apenas ao tema

norteador?

Professora de Engenharia de Software: Sim, entre as disciplinas sim.

Pesquisador: O projeto foi vivenciado concretamente na sala de aula? E de

que forma está sendo vivenciado?

Professora de Engenharia de Software: é que eles trazem, há por exemplo

qual a relação do conceito que eu vi com a professora de Banco de Dados com

o que você está vendo em diagrama de classe... é a mesma coisa? Não .... em

partes tem algumas coisas podem se associar, tem outras que não. Há

professora vai ter que implementar isso, então eles vão vendo....vão ter que no

semestre ver esta junção ... em um sistema só.E cada disciplina com um ponto

de vista diferentes de sistema e que eles têm o papel de cada um ....Aí há

outros que pega muito mais rápido, tem outros mais devagar.... e acham que

tudo é mesma coisa e faz uma misturada ..... mas, no geral eles vêem.

Pesquisador: Durante a realização do PI quando houver uma divergência,

você procura discutir com os outros professores? Seus pares estão abertos pra

esta discussão ou não há?

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Professora de Engenharia de Software: Assim, do terceiro qualquer coisa eu

converso com a Professora de Banco de dados ou a Professora de

Programação, funciona.

Pesquisador: De maneira informal mesmo?

Professora de Engenharia de Software: Eu cheguei a fazer o modelinho de

classe específico, apresentei para professora de Banco de dados, para depois

ela me apresentar o código, daí eu olho, vejo para fazer uma análise. Então

tem acontece. Os professores estão abertos.

Pesquisador: Seria possível realizar o Projeto sem os conceitos da sua

disciplina? Os alunos conseguiriam?

Professora de Engenharia de Software: Conseguiriam.

Pesquisador: Fazer o projeto sem utilizar a Engenharia de Software seria

possível então?

Professora de Engenharia de Software: É porque o foco do PI é

desenvolvimento.

Pesquisador: Há a percepção por parte dos outros professores da importância

da sua disciplina, que a sua disciplina contribui para o projeto?

Professora de Engenharia de Software: É pergunte aos pares.....rsss... é

deviam.

Pesquisador: E você conseguiu perceber das outras disciplinas a importância?

Professora de Engenharia de Software: Sim, dá pra ver bem.

Pesquisador: Na sua percepção houve o envolvimento de todos os docentes

na realização do projeto? Que estão envolvidos.

Professora de Engenharia de Software: Neste semestre sim.

Pesquisador: Como o projeto é avaliado pelos professores? .... Como vocês

fazem a avaliação destes projetos?

Professora de Engenharia de Software: Depende da leva.....rsssss......

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Pesquisador: Deste pessoal, dos professores que estão envolvidos neste

semestre?

Professora de Engenharia de Software: Neste semestre. Deixa eu ver .....

esta é uma percepção minha, não sei porque a gente não conversou muito

sobre o andamento disto, o grupo é muito grande e é difícil acompanhar que

cada equipe está fazendo e dar um retorno direitinho para cada equipe... então

eu não sei o que vai sair.... tem gente muito boa, tem gente muito esforçada ...

pra mim é uma caixinha de surpresa esperar pra ver...

Pesquisador: Mas quais são os critérios que vocês utilizam para dar uma nota

para este projeto?

Professora de Engenharia de Software: Se eles fizeram os entregáveis nas

datas estipuladas, é se eles ... nos entregáveis, aceitaram as correções se eles

melhoraram, é porque tem vez que eles entregam e não estão nem aí... e o

sistema final. Então há a apresentação final, desde a postura de apresentação

até o sistema construído final, se eles conseguiram apresentar o papel que

cada disciplina do projeto e se o sistema rodou conforme esperado.

Pesquisador: Cada professor atribui a sua nota isoladamente ou é em

conjunto?

Professora de Engenharia de Software: Normalmente em conjunto. A final é

em conjunto. O que a gente normalmente faz, tem os entregáveis esta é

anotação nossa. Nos dias das apresentações, os professores que participam

da banca, a gente senta e depois a gente vê e deixa uma nota igual para todo

mundo e aí cada professor passa a sua nota, ele pode alterar pra mais ou pra

menos baseado nos entregáveis daquela equipe. Pode ser assim, no todo ele

pode ter sido muito bom, mas ele não fez uma entrega na minha disciplina,

então não posso dar nota pra ele, daí preciso baixar um pouquinho mesmo que

pras outras disciplinas a postura foi boa o sistema é muito bom, aí a gente faz

algumas alterações na disciplina, mas uma nota de grupo a gente faz a mesma

nota.

Pesquisador: No dia da apresentação mesmo.

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Professora de Engenharia de Software: No dia da apresentação, com os

professores que estavam presentes. E passa para os professores que não

estavam, se os professores quiserem contribuir fazer uma média alguma coisa

assim.

Pesquisador: E quais são os pontos positivos e negativos do PI?

Professora de Engenharia de Software: Os pontos positivos? O aluno faz a

prática, porque a teoria é muito linda ou é muito difícil ou e muito fácil e eles

têm muita dificuldade de transferir isso pra prática e ao fazer o PI eles

conseguem ver isso aí, eles conseguem ver que o banco de dados é legal, mas

que conectar ao banco não é tão legal assim e que exige esforço, e apesar que

ter o tutorial pronto o que eles vão fazer pro sistema não é apenas copiar e

colar já ter muita dificuldade que isto vai ser importante pra eles. A modelagem

a mesma coisa então é muito bom esta vivencia pra eles.

Pesquisador: É palpável.

Professora de Engenharia de Software: É palpável... Agora melhora a

postura da apresentação, você vê no decorrer do PI as apresentações o quanto

eles evoluem muito, senão a gente fica só com o software só o programa,ajuda

muito senão no TCC o cara fica pulando na apresentação. Eu já vi

apresentação de TI no começo de semestre que o cara apresentava pulando,

literalmente pulando. Então assim, a gente arruma isso antes de chegar no

TCC é muito bom. É difícil porque quanto mais o semestre vão avançando mais

difícil é fazer um PI, porque as disciplinas vão estar num nível avançadas e o PI

não acompanha, porque vai começar do zero o sistema não terá tempo hábil

para o desenvolvimento então há alguns semestre que é difícil casar a ementa

com o PI, mas acho que todos os PI é muito, muito valido.

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APÊNDICE E: ENTREVISTA COM A PROFESSORA DE BANCO DE DADOS

Pesquisador: Boa Noite. O que entende por interdisciplinaridade?

Professora de Banco de Dados: Boa noite. É tem toda uma visão teoria toda

que eu desconheço. O Meu ponto de vista é integrar o conteúdo das disciplinas

por meio de um trabalho específico, por meio de um trabalho prático. Pra mim

já está de ótimo tamanho, mas tem um contexto teórico que eu desconheço, eu

vejo apenas o lado prático. Então a integração dos conteúdos no trabalho.

Pesquisador: Então pra você o projeto de PI que é desenvolvido aqui na Fatec

é um projeto interdisciplinar?

Professora de Banco de Dados: Do meu ponto de vista, leigo, é.

Pesquisador: De que maneira o Projeto interdisciplinar deste semestre foi

apresentado para os docentes? Como os docentes que estão envolvidos neste

projeto discutiram o tema, houve uma reunião para apresentar ou não?

Professora de Banco de Dados: Olha, nós discute o tema nas reuniões, nas

reuniões no início do período, depois não houve uma reunião específica. Mas,

um pouco também porque a gente faz isso rotineiramente, então, a gente já

acaba entrando no esquema já sei como é que faz e daí envia por e-mail o

tema escolhido e é só isso. A parte que nos compete dentro daquele tema.

Pesquisador: Mas este tema foi definido pelos professores?

Professora de Banco de Dados: Definido pelos professores, cada semestre

um tema diferente, as vezes é continuidade do semestre anterior pra fazer o

trabalho durante um ano, então tem duas possibilidades, ou é continuidade do

semestre anterior ou definição

Pesquisador: E pra definir este tema, em algum momento, é analisado a

matriz curricular do curso? Ou não?

Professora de Banco de Dados: Olha a gente tenta é... que o tema de

alguma forma contemple tudo que está sendo visto naquele semestre, e a

gente aprende com os erros do passado, então se um semestre a gente foi

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infeliz na elaboração do tema no outro a gente tenta mudar para que pegue

mais disciplina. O que acontece é que as vezes algum tema não dá destaque

em alguma disciplina .... acontece. Então, por exemplo, tem sistemas que o uso

de banco de dados é muito pequena é muito restrito .... é .... então depende da

característica algumas disciplinas ficam menos privilegiadas .... mas, não dá

pra fazer tudo.

Pesquisador: Você acredita que neste semestre tem alguma disciplina que

está sendo considerada mais importante do que a outra?

Professora de Banco de Dados: Não é a importância da disciplina, é de

acordo com a característica do sistema que a gente desenvolve, por exemplo,

um sistema que use mobile que é do 5 semestre, a parte de banco de dados

fica totalmente.... é .... em segundo plano, pois usa SQL, usa outro tipo de

recurso, mas tem que ter ser priorizado móbile, eu acho neste momento. Então

por exemplo, a minha disciplina no 5 ela fica sempre meio ..... valor pequeno. ...

é isso .... mas, acho que está certo.

Pesquisador: Neste semestre que estamos referindo, que é o 3 semestre,

banco de dados.

Professora de Banco de Dados: Não para este semestre (3 semestre),

específico para bando de dados está bem de acordo, tem modelos de entidade

relacionamento bem grandes, está bem apropriado. Já houve semestre que

não.

Pesquisador: Para este PI é elaborado um documento escrito, que é o

responsável por redigir este documento?

Professora de Banco de Dados: Todos. Tem uma parte que já está pré

pronta, o coordenador é responsável, o mais responsável, vamos dizer assim,

pela elaboração do texto, faz algumas adaptações.

Pesquisador: Quando você fala coordenador, é o coordenador do PI?

Professora de Banco de Dados: O coordenador do PI, o coordenador do PI...

e a gente verifica, cada professor verifica se a sua parte precisa ser adequada

ou está de acordo , ele verifica as tarefas se precisam ser alteradas e as datas

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Pesquisador: Tá, então o coordenador fica responsável pela redação este

documento, e qual a outra função deste coordenador teria no projeto?

Professora de Banco de Dados: Bom ele tem que integrar todos os

professores, .... né .... pois, cada um tem um conjunto de solicitações, então ele

integra estas solicitações, ele define as datas de entrega, e ele dá condução ao

PI, ele é o que mais trata normalmente com os alunos de como está a

execução do projeto. O coordenador, pelo menos é o que a gente espera, o

coordenador é o que mais fica lá em cima do aluno, dos grupos pra ver o

andamento.

Pesquisador: Então ele é o responsável por apresentar o PI para os alunos?

Professora de Banco de Dados: Ele é o responsável por apresentar o PI para

os alunos.

Pesquisador: Ele seria o único? Ou os outros professores também, ou tem

algum outro professor?

Professora de Banco de Dados: Ele é o responsável. Mas, cada professor

explique o que é da sua parte, mais detalhadamente. Ele (coordenador) explica

o projeto como um todo e o professor explica, eu pelo menos explico para os

alunos o que eu quero da minha parte, apesar de estar escrito no projeto.

Pesquisador: Tá, e não existe uma carga definida dentro do curso só para o

PI, como uma disciplina?

Professora de Banco de Dados: Não existe. Neste curso não. Alguns

professores, principalmente de programação, reservam uma parte da aula

muitas vezes para desenvolvimento. Nas minhas disciplinas, por exemplo, o

que eu faço, a disciplina de banco de dados, eu faço a correção com os

grupos, na minha aula enquanto os outros grupos fazem a atividade da aula, o

exercícios da aula, eu vou corrigindo com os alunos, grupo a grupo.

Pesquisador: Bom, se não há uma disciplina, como fica a questão de

disponibilização dos laboratórios caso eles precisarem vir fora do horário,

material. Existe um mecanismo de disponibilizar este material que são

necessários para eles realizarem o Projeto interdisciplinar?

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Professora de Banco de Dados: Bom o laboratório eles têm que vir fora do

horário da aula deles, ou na própria casa. O que o material, por exemplo que

normalmente eles vão para outras empresas ou eles vem para a própria Fatec,

eles têm que disponibilizar tempo além das aulas, por isso toda esta

dificuldade.

Pesquisador: Então fica por conta do aluno mesmo?

Professora de Banco de Dados: Fica por conta do aluno se virar. Eu acho

ótimo!

Pesquisador: O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se sim foi

positivamente ou negativamente? O que ele afeta na sua aula no dia a dia?

Professora de Banco de Dados: Não sei se ele afeta na minha aula. Eu diria

que ele afeta no conhecimento do aluno. Na capacidade do aluno de entender

por que as coisas são aplicadas, mais para o aluno do que para a minha aula.

Pesquisador: Os conceitos abordados na sua disciplina foram aplicados então

integra para a realização do projeto.

Professora de Banco de Dados: Na integra, pelo menos os conceitos mais

práticos são colocados no projeto.

Pesquisador: Há uma interligação entre as disciplinas, a sua disciplina com as

outras disciplinas ou somente com o tema? Há uma conversa com os pares, ou

você foca apenas na sua disciplina sem se preocupar muito com que os outros

professores estão abordando?

Professora de Banco de Dados: Nossa.... é

Pesquisador: Por exemplo, a professora de programação, a professora,

deixou bem claro que a disciplina de Banco de Dados que vai dar suporte

então, ela não vai focar apenas ao tema e sim na importância das outras

disciplinas também.

Professora de Banco de Dados: Eu não foco acho que eu não foco não,

falando bem.... é lógico, pra mim, a disciplina de programação é sempre a mais

importante, é o foco na minha opinião, mas é.... a conversa de eu mudar

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alguma coisa em relação a isso, não. No fim acaba sendo alguma coisa

estanque. Por isso, eu acho importante o PI, é um momento que

realmente....Desculpe a professora Yara, que é da área de comunicação, que

vai achar que eu sou louca , mais assim, na minha opinião a gente acaba

dando a nossa aula mesmo normal, mas o trabalho ele tem esta .... a hora que

a gente dá este trabalho a gente consegue um resultado que seria o ideal, sei

lá um bom resultado, ideal é muito forte.

Pesquisador: Bom, pelo que está dando pra perceber o projeto está sendo

vivenciado constantemente na sala de aula.

Professora de Banco de Dados: Constantemente. É eu faço, verifico que eles

estão fazendo. Eu corrijo as etapas. São duas etapas: eu corrijo; eles arrumam,

voltam pra mim. Este semestre foi bastante assim ir-voltar, este semestre há

alunos bastante interessados.

Pesquisador: Durante a realização do PI, quando há alguma divergência, você

propôs procurar discutir com os outros professores, ou não há esta

preocupação, você tenta resolver em sala de aula com os próprios alunos.

Professora de Banco de Dados: Bom, eu resolvo com os alunos sempre.

Normalmente, é.... a questão de banco de dados eu escuto se algum outro

professor sugeriu alguma outra coisa, eu escuto e vejo se está bom ou não.

Não tem muito assim estas divergências. O próprio aluno, a gente interage.

Pesquisador: Seria possível realizar o projeto, do terceiro semestre, sem a sua

disciplina?

Professora de Banco de Dados: Então; este semestre não. Dependendo do

semestre é muito pouquinho é quase mínima a utilização, dependendo do

sistema. Este semestre está mais

Pesquisador: Do terceiro semestre a sua disciplina é uma das fundamentais?

Professora de Banco de Dados: Primeiro lugar sempre a de programação,

mas é uma disciplina importante do terceiro.

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Pesquisador: Houve a percepção por parte dos demais docentes que a sua

disciplina contribui para a realização do PI?

Professora de Banco de Dados: Ah sim! Minha disciplina é muito técnica,

esta com certeza sim.

Pesquisador: E você conseguiu perceber a contribuição das outras disciplinas.

Professora de Banco de Dados: Com certeza.

Pesquisador: Na sua percepção há o envolvimento de todos os docentes na

realização do PI? Todos estão envolvidos?

Professora de Banco de Dados: Todos..... no terceiro semestre todos os

professores.

Pesquisador: E como este projeto no final será avaliado pelos professores

para dar uma nota aos alunos?

Professora de Banco de Dados: Bom a gente tem feito basicamente, apesar

das entregas parciais e a gente anota notas, no final a gente vê a

apresentação, avalia como foi o rendimento durante o semestre pelas pessoas,

como foi a apresentação, o resultado final e a gente discute na hora, a gente

acaba de ver o projeto e a gente discute como foi o andamento do grupo em

cada disciplina, como foi a apresentação naquele momento, como foi o

transcorrer do curso e a apresentação final. E a gente delibera uma nota, a

gente acaba dando uma nota e na maioria das vezes a gente acaba

concordando, se houver uma discordância muito grande, daí cada um põem a

sua nota para fazer uma média, mas na maioria das vezes a gente chega num

consenso.

Pesquisador: Dá uma nota única para o grupo.

Professora de Banco de Dados: única para o grupo. É, na maioria das

vezes.... engraçado que a gente fala e sempre estamos naquele próximo olha

pra mim vale 8 pro outro acha 8,5, rara as vezes que a gente fez média

mesmo; só se for muito diferente.

Pesquisador: E quais são os pontos positivos e negativos do projeto?

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Professora de Banco de Dados: Positivo é que os alunos entendem a

realidade, é lógico que aqui é sempre um “mundinho”, é sempre um “mundinho”

nunca vai ser a realidade, mas é mais próximo da realidade. Pontos fracos a

única coisa que os alunos ele não entende Ra que serve ele fica naquela

reclamação .... reclamação ....reclamação e a gente tem que lutar e tem que

ficar defendo o projeto toda vez, mas fora isso

Pesquisador: Mas você acha que no terceiro há grupos que ainda não

consegue enxergar.

Professora de Banco de Dados: Não é que eles não enxergam, eles têm

preguiça mesmo, eles têm má vontade muitas vezes, no terceiro ainda eles

estão melhores, conforme eles vão indo no semestre eles vão cada vez mais

....”que saco que é isso”... mas, eles sabem que é uma coisa que eles estão

aprendendo, mas mesmo assim, dá muito trabalho, eles reclamam muito que

dá muito trabalho... que eu não estou nem aí claro rsss...., lógico.

Pesquisador: Mas é só isso. Obrigado.

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APÊNDICE F: ENTREVISTA COM A PROFESSORA DE INGLÊS

Pesquisador: Boa noite!

Professora de Inglês: Boa noite.

Pesquisador: Primeiramente o que você entende por interdisciplinaridade?

Professora de Inglês: Eu entendo.... Eu entendo interdisciplinaridade quando

nós .... é articulamos diferentes saberes, buscamos entender que diferentes

saberes têm incomum para desenvolver um projeto de um único

entendimento.

Pesquisador: Pra você o PI é um projeto interdisciplinar?

Professora de Inglês: Ele tem a proposta de ser interdisciplinar. Pelo menos

ele tem a natureza, esta proposta de ser interdisciplinar...... diferentes saberes

na sua composição para os alunos terem um entendimento macro daquilo que

eles estão estudando.

Pesquisador: De que maneira o PI foram apresentado para os docentes?

Professora de Inglês: Em reunião, sempre no começo do semestre, no

planejamento do semestre a gente conversa como foi o último PI e o que ele

pode melhorar para o próximo.

Pesquisador: Então você participou da discussão pra definição do tema?

Professora de Inglês: Não do tema, do tema não. Mas, informação e assim o

que a gente pode conversar, mas o tema já é dado.

Pesquisador: Todos os professores que ministram aula no referido semestre

participaram na discussão do tema?

Professora de Inglês: Não sei te informar.

Pesquisador: Neste processo de definir o tema, você sabe informar se houve

uma análise da matriz curricular do curso, quais as disciplinas que estavam

envolvidas?

Professora de Inglês: Sim, a disciplinas sim. Sim com certeza.

Pesquisador: Então foi analisada a matriz curricular?

Professora de Inglês: Sim! Olha sim!

Pesquisador: Você sabe dizer se alguma disciplina foi considerada mais

importante do que a outra para a realização do projeto?

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Professora de Inglês: Mais importante!...... não definimos assim, de mais

importante, declaradamente não, a não menos que tenha algo mais sutil, mas

não assim, está é mais importante do que esta, isto não.

Pesquisador: Foi elaborado algum documento escrito pelos professores para o

projeto do PI?

Professora de Inglês: Sim, ele até circula entre nós depois pela internet e

cada um vai acrescentado as suas contribuições.

Pesquisador: Este documento está disponível, então para os professores e

para os alunos?

Professora de Inglês: Sim.

Pesquisador: Na própria rede da faculdade?

Professora de Inglês: Isso.

Pesquisador: Houve a definição de um professor coordenador para o Projeto?

Professora de Inglês: Sim

Pesquisador: E o que se esperava deste coordenador?

Professora de Inglês: Rsss..... o que esperava?........ Que ele coordenasse.....

que ele integrasse as disciplinas dos diferentes professores, dos diferentes

saberes e os alunos, fizesse esta integração.

Pesquisador: E você sabe me dizer como foi apresentado este tema para os

alunos?

Professora de Inglês: O tema do PI?

Pesquisador: O tema do PI, isso.

Professora de Inglês: Eu imagino que o coordenador tenha falado em linhas

gerais e depois os professores apresentam a sua parte, acho que é isto.

Pesquisador: Há uma carga horária para a realização do PI? Ou é feito nas

próprias aulas?

Professora de Inglês: Ah... na minha aula, nas próprias aulas eu até estou

deixando bastante tempo este semestre. Eu dediquei mais tempo a discussão

do PI em sala de aula, hoje vamos ficar tanto tempo para o PI, vi que estava

um pouco acumulado. E tentei sempre puxar o PI, claro para o que eu estava

explicando na semana, para fazer mais sentido pra eles, a sobrecarga é muito

grande.

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124

Pesquisador: Houve uma preocupação de disponibilizar materiais para a

realização do PI?

Professora de Inglês: Na minha disciplina? Vindo de outros professores, não.

Pesquisador: O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se sim foi

positivamente ou negativamente?

Professora de Inglês: Sim, positivamente! Por exemplo, na área de gestão

empresarial tive que estudar plano de negócio.... foi bom.

Pesquisador: Os conceitos abordados em sua disciplina foram aplicados na

realização do PI? E eles foram integrados ao tema?

Professora de Inglês: Sim, inglês sim.

Pesquisador: Havia uma interligação entre as disciplinas ou apenas um tema

norteador?

Professora de Inglês: A minha, eu observo mais ao tema norteador. Na

minha.

Pesquisador: Mas se você analisar o projeto, ao final, está ligada mais ao

tema ou ao projeto de PI?

Professora de Inglês: Ao final tenho esta visão maior. Depois que o projeto

está pronto.

Pesquisador: O projeto foi vivenciado concretamente na sala de aula? E de

que forma?

Professora de Inglês: Na aula de inglês sim, porque a gente tem algumas

unidades que nós adotamos que trata de assuntos do PI, a gente se aprofunda

bastante, é tem interação sim. Na elaboração do projeto, tem que fazer

pesquisa que eles realizam.. sim.

Pesquisador: Na realização do PI, quando há alguma divergência você

procura conversar com os outros professores ou você tenta resolver em sala de

aula?

Professora de Inglês: Em sala de aula, com os alunos.

Pesquisador: Há uma dificuldade de conversar com os professores?

Professora de Inglês: Não é uma dificuldade, não sei talvez, é por causa dos

problemas que aparecem que tem que resolver, a gente consegue resolver em

sala de aula e dá certo. O tipo de problemas que aparecem não sabe se em

outras disciplinas aparecem outros tipos de problemas diferentes do meu.

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Pesquisador: Seria possível realizar o projeto sem os conceitos de sua

disciplina?

Professora de Inglês: Sem os conceitos? Sim

Pesquisador: Houve uma percepção por parte dos outros docentes que a sua

disciplina contribui para a realização do PI?

Professora de Inglês: Sim. Inclusive o coordenador de ADS (Análise e

Desenvolvimento de Sistema) é.... sempre sugere fortemente que as

apresentações comecem em inglês.

Pesquisador: E você consegue perceber a importância das outras disciplinas

para a realização do PI?

Professora de Inglês: Sim.

Pesquisador: Na sua percepção houve o envolvimento de todos os docentes

para a realização do PI? O pessoal do terceiro.

Professora de Inglês: Do terceiro.... Creio que sim. Os alunos sempre

comentam também.

Pesquisador: Rssss.... fazendo as reclamações....

Professora de Inglês: rssss... é

Pesquisador: Como o projeto é avaliado pelos professores?

Professora de Inglês: Bom, existe uma banca, primeiro que existe uma

avaliação pessoal, sempre a gente está ali com eles falando, revendo.... e

existe uma banca composta por professores, eu já fui banca outras vezes,

também já fui convidada e ele é avaliado em ADS a gente tem uma grade com

os quesitos e a gente vai ali avaliando e conversando entre nós e pontuando,

depois temos uma outra reunião mais entre os professores para fechar a

avaliação. Os professores de ADS, a banca que eu participei foi assim.

Pesquisador: Então os professores não dão uma nota só de forma isolada, e

sim em conjunto?

Professora de Inglês: Sim na banca.

Pesquisador: Mas eles dão uma nota isolada

Professora de Inglês: Isolado, mas todo mundo juntinho comentando e depois

fecha em uma única nota.

Pesquisador: Então todos utilizam o mesmo critério de avaliação?

Professora de Inglês: Sim, desta banca que eu participei. Sim.

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Pesquisador: E quais seriam os pontos positivos e os pontos negativos do PI?

Professora de Inglês: Eu vejo muitos pontos positivos, exatamente por dar

bastante trabalho faz os alunos estudar mais, envolver mais, perceber a

interseção dos saberes. Tem uma prática para eles, por exemplo, tem que criar

alguma coisa utilizando os conceitos teóricos que ele aprende, e buscam mais

as fontes, os professores para tirar suas dúvidas não só na literatura escrita

maiscom a gente também, eu acho que ele aproxima, ele faz a gente realmente

pensar os alunos e professores, acho que é isso. Pontos negativos eu ouso as

pessoas comentando que é muito trabalho, os alunos falarem ah professora

tem muita coisa pra fazer..... Mas é bom, mas é bom!! Você estão aqui apenas

três anos, tem que ter .... é bom que tem porque vocês vão ganhando as

diferentes áreas, articulando onde elas se tocam, onde elas divergem, então é

um sofrimento bom.

Pesquisador: tem mais pontos positivos que negativos.

Professora de Inglês: Eu acho.

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APÊNDICE G: ENTREVISTA COM O PROFESSOR DE GESTÃO E GOVERNANÇA DE TI

Pesquisador: Bom. Primeira pergunta. O que você entende por

interdisciplinaridade?

Professor de GTI: Interdisciplinaridade .... puxa é bem desafiante a gente fazer

isso. Cara, mas eu entendo que se a gente correlacionar às disciplinas, as

ementas que a gente tem de cada disciplina e com base nisso trazer uma

maior aderência e coerência entre aquilo que a gente está explicando está

ensinado entre cada um dos professores.

Pesquisador: Pra você o PI é um projeto Interdisciplinar? Do terceiro

semestre.

Professor de GTI: Sim. Ele é um projeto interdisciplinar, não tenho dúvida

nenhuma, até no próprio elaboração do escopo a gente deixa isso bem claro

para os alunos, até as entregas e a apresentações entre as disciplinas inglês e

outras.

Pesquisador: De que maneira o PI foi apresentado para os professores?

Professor de GTI: Eu acho que faltou preparação, faltou preparação, abordar

mais detalhes de que cada um irá fazer e as fronteiras entre as disciplinas e até

sobre ..... não só sobre as fronteiras porque há sobreposição entre as

disciplinas este é o principal ponto de tratamento, a sobreposições de cada

professor. Individualmente os professores são bons, mas quando a gente fala

sobre sobreposição poderia ser mais bem trabalhada.

Pesquisador: Você participou sobre a discussão para a definição de um tema

neste semestre?

Professor de GTI: Muito superficialmente, acho que poderia ser melhor

abordado, se eu falar que não participei é mentira, mas acho que poderia ser

melhor tratado.

Pesquisador: Todos os professores que ministram aulas no terceiro semestre

participaram desta escolha.

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Professor de GTI: Não... eu entendo que só uma parte participaram da

escolha e foi direcionado até pelo tipo de conhecimento que cada professor

tem aptidão, eu não vejo que todos participaram não, até porque nem todos

têm interesse em cima do assunto, pois dá trabalho fazer o projeto

interdisciplinar.

Pesquisador: Para a escolha do tema houve uma análise da matriz curricular

do curso para a compreensão das interações entre as disciplinas?

Professor de GTI: Puxa.... rsss..... mais uma vez eu entendo que faltou

preparação. Para gente abordar este com mais profundidade, escolha e até

continuidade entre os semestres, porque hoje o projeto interdisciplinar está

muito isolado a um único semestre e não tem continuidade, então é um

assunto que debatemos bastante com os professores do curso..... Então

entendo que falta muita preparação ainda. Está muito imaturo.

Pesquisador: Alguma disciplina foi considerada mais importante do que a

outra para a realização do PI?

Professor de GTI: Eu vejo que.... como a Fatec ... é ..... ela tem uma missão

de produção de produtos, pelo menos um desejo talvez não uma missão, um

desejo na produção de um produto, com base nisso as disciplinas voltadas a

programação normalmente recebem maior destaque.... por isso.

Pesquisador: Foi elaborado algum documento escrito pelos professores

envolvidos no projeto? Se sim quem ficou responsável pela redação deste

documento?

Professor de GTI: Normalmente o único documento introdutório redigido, pelo

menos até onde eu sei, que é o professor coordenador do projeto

Interdisciplinar.... e ..... ele com uma pequena colaboração dos outros

professores adicionam pequenos itens lá dentro. Complementam e.... é até

muito difícil garantir que isso seja cumprido no decorrer do trabalho, porque

cada professor dentro da sala tem autonomia e isso fica difícil de ser controlado

... nem sempre ele faz aquilo que ele escreveu ainda que sucintamente.

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Pesquisador: Este documento está disponível para todos os alunos e

professores no semestre?

Professor de GTI: Também eu entendo que sim esteja disponível num drive de

rede, ou um e-mail compartilhado ou... mas eu entendo que sim; normalmente

está disponível.

Pesquisador: Pelo que você disse tem um professor que é responsável, que é

o coordenador do projeto.

Professor de GTI: Sim, isso mesmo.

Pesquisador: E o que se esperaria deste coordenador?

Professor de GTI: Para poder traçar toda expectativa em cima de alguma

coisa tem que ter algo muito bem combinado e claro. Falar pelo curso de ADS

que eu sou professor, vejo que falta tempo para que as coisas aconteçam.... e

uma vez que falte tempo fica muito difícil de fazer cobranças mais forte em

cima daquilo que precisa ser feito, até porque o professor abre mão do tempo

de matéria dele muitas vezes em prol da interdisciplinaridade, então ele passa

a abordar eventualmente a disciplina mais superficialmente para garantir a

interdisciplinaridade do trabalho, porque os alunos têm muita confusão já na

disciplina a hora que integra então se vira uma bola de neve na cabeça deles,

então eu acho que o ponto de cobrança é algo muito complicado de ser feito.

Tem outros cursos que têm algumas horas de atividades fora do horário da

aula regular para tratar isso. Eu acho que é o melhor caminho, porque daí você

não tem perda de conteúdo... né.... no tratamento da aula.

Pesquisador: De que maneira o PI foi apresentado para os alunos? E o PI tem

uma problematização, um problema a ser resolvido como os alunos ficaram

sabendo? Houve um seminário, teve um professor responsável?

Professor de GTI: Eu acho que a problematização é muito superficial porque

para ter uma boa problematizaçao deveria ter uma pesquisa de campo, a

elaboração de problema, e a gente vai muito mais para área .... como posso

dizer .... acadêmica se posso dizer e foge daquela ideia do PI produção de

produto e pelo fato de ser um produto geralmente vem muito mastigado para o

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aluno, muito , muito.... é ...pronto antecipadamente e tira a flexibilidade até a

pesquisa dele quanto a um real problema até gera conflito quanto a questão da

elaboração posteriormente de trabalhos de graduação

Pesquisador: Mas os alunos ficam sabendo do que tem que ser feito como?

Professor de GTI: Pelo escopo que o professores estabelecem previamente,

aquele documento sucinto e depois abordam com mais profundidade na aula.

Pesquisador: Bom, se não há uma carga horária destinado pro PI como você

está relatando; como fica a questão de disponibilização de material para este

aluno, laboratório.... material em geral?

Professor de GTI: Normalmente acontece durante a aula na própria área do

professor, onde ele faz interações, faz revisões não são todos os professores

que conseguem fazer uma revisão em cima do PI sobre o material que está

sendo trabalhado até porque ele já tem o material dele de aula pra fazer, então

hora por tempo, hora por desconhecimento da missão do PI e horas por

desinteresse já que não é uma obrigação. Ele faz! Até a gente usa uma

expressão em inglês Best effect....melhor esforço. O PI.... acho que seria muito

mais profissionalizado se fosse uma obrigação como é o TG e o PTG que o

cara tem uma elaboração de problema daí ele mesmo escreve o objetivo com

base naquele problema, geral as hipóteses dele e aí tira as conclusões. Eu vejo

o PI muito mais direcionado, nesse sentido inflexível, porque a gente dá, nós

professores, o caminho das pedras já muito pré moldado para que o aluno tem

que fazer.

Pesquisador: O PI interferiu na sua prática pedagógica? Se Sim foi

positivamente ou negativamente?

Professor de GTI: Eu sou uma pessoa que vem do mercado, eu tenho uma

formação boa acadêmica, mas tenho uma formação do mercado razoável,

então eu gosto muito da questão prática, da questão de produto me atrai

bastante. Então eu acho que ninguém influenciou mais colaborou fortemente

pra desenvolver, tem coisa que já vão de encontro com interesse como

professor, então não é por acaso que estou na Fatec, eu sou mais prático do

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que teórico, acadêmico meu mestrado é em ...é profissional não é nem

mestrado acadêmico então ..... a questão de mercado me atrai bastante.

Pesquisador: Os conceitos abordados na sua disciplina foram aplicados na

realização do projeto? Eles foram integrados ao tema?

Professor de GTI: É.... parcialmente, é lógico a gente tem que fazer um filtro,

até porque a disciplina normalmente tem um escopo bastante grande e o que a

gente faz aí é ver o que é mais importante dentro da disciplina pra poder

abordar. O que é mais importante a gente coloca.... como uma parte mais

nobre para o aluno poder exercitar até a interdisciplinaridade, o que ele vê no

mercado depois.....Sim eu vejo

Pesquisador: Há uma integração entre as disciplinas ou apenas um tema

norteador?

Professor de GTI: São várias disciplinas... eu não vejo todas integradas, eu

vejo algumas com nível de integração maior outras muito menor e até algumas

que a gente chega a conclusão que não tem nenhum tipo de relação. Porque a

grade curricular inicialmente não foi desenhada para ter projeto integrador.

Então, eu vejo a gente fazendo uma adaptação muitas vezes. Tem hora que

saí ótimos trabalhos de duas ou três disciplinas integradas. Uma, duas ou três

no máximo....mas as cinco no semestre a gente não consegue estar no mesmo

nível de maturidade e de sinergia. Eu acho que os professores também quanto

mais conversam sobre isso, mais colaboram quanto mais a gente faz o PI

também cada vez a gente faz melhor .... a prática mostra que a gente também

aprende a fazer PI.

Pesquisador: O projeto foi vivenciado concretamente na sala de aula e de que

forma?

Professor de GTI: O projeto é vivenciado na sala de aula sim, até com debate

com discussões, com os alunos tirando dúvida, mas acho que depende muito

do interesse do aluno também naquilo que ele quer. Tem aluno que vê o PI

mais como uma chateação, como mais uma obrigação como se fosse uma

prova que ele tivesse que fazer. Ele tem que tirar nota para aquilo pronto

acabou. Mais aí é muito o perfil do aluno. Mas eu vejo debate na sala de aula,

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aluno interessado, aluno tirando dúvida até em corredor... dentro de aula, fora

de aula, por e-mail em fim ... quando o aluno é interessado ele vai atrás

Pesquisador: Durante a realização quando há uma divergência você propôs

procurar discutir soluções com os outros professores? E eles estavam abertos

ou não?

Professor de GTI: Primeiro é difícil conciliar os horários dos professores dentro

da escola, muitas vezes já não batem, cada dia é um vem, em horário

diferente. A própria questão logística já é um problema, então a minha visão é

que os professores em grande parte tentam resolver individualmente os

problemas norteando os alunos e muitas vezes até interferindo nas disciplinas

de outros até pela formação de grupos entre os alunos, que muitas vezes tem

sinergias não tem, então a gente acaba muitas vezes; até acaba pondo pitaca

na disciplina do outro quanto a formação de grupo. Mais ....... Eu posso falar

por mim, também que eventualmente coloco pitacas nas questões de inglês até

é uma coisa que eu peço pro alunos abordarem em sala de aula.... porque é

uma demanda de mercado ... eu vejo que é algo importante, então até para

eles apresentarem alguma coisa da minha disciplina técnica ou de gestão, mas

em inglês. Então eu vejo colocando a colher na panela do outro professor

frequentemente. Eu vejo pouca conversa entre a gente por limitação de tempo

Pesquisador: É uma questão logística.

Professor de GTI: É mais uma questão logística do qualquer outra coisa.

Pesquisador: Seria possível realizar o projeto do terceiro semestre sem o

conceito da sua disciplina?

Professor de GTI: Minha disciplina do terceiro semestre é GTI, eu vejo a

minha disciplina como uma disciplina de suporte. Como eu disse, acredito ter

uma disciplina principal que é a disciplina de programação, então vejo ela como

carro chefe e até vejo as outras .... Conseguir fazer um projeto sozinho sem

interdisciplinaridade. Mas, pensando interdisciplinaridade, partindo desta

premissa, eu vejo que a minha disciplina é uma disciplina importante como um

suporte para os alunos mapearem o sistema e verem como o sistema de

informação funciona e ..... muito mais suporte. Não é obrigatório poderia

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funcionar sem, mas ela existe... a única que não poderia funcionar sem é

programação .... as outras individualmente não seriam obrigatórias, mas daí

não teria o conceito do projeto.

Pesquisador: Houve a percepção por parte dos demais professores que a sua

disciplina contribui para a realização do PI e você conseguiu perceber a

contribuição das outras disciplinas?

Professor de GTI: Sim. Mas está falando das outras disciplinas mais

coadjuvantes, eu acho que a gente não interage tanto como a principal interage

com a gente. Acho que esta principal interage com as outras muito, mas entre

nós .... entre as outras coadjuvantes interage pouco, está todo mundo olhando

para o produto, a nossa orientação é o produto, então como o produto vai sair e

muitas vezes a gente não se preocupa com a parte acadêmica da

interdisciplinaridade em detalhes das outras disciplinas, acho que poderia ser

melhor.

Pesquisador: Na sua percepção houve o envolvimento de todos os docentes

na realização do projeto? Existe este envolvimento?

Professor de GTI: Acho que tem uma pergunta anterior que faz um

questionamento próximo a isso. Eu não vejo todos envolvidos como deveria,

acho que dá para ser muito mais explorado, nem todos vê como uma obrigação

de passar....Vamos fazer aí o nosso melhor possível.

Pesquisador: Como o projeto é avaliado pelo professores?

Professor de GTI: Acho que não dá para generalizar os professores, há os

que estão comprometidos com o projeto, fazem questão até de participar das

apresentações e revisar os conteúdos e ser muito mais críticos avaliar a

interdisciplinaridade e até não se preocupa eventualmente com o tempo das

apresentações até prol de avaliar o conteúdo. Têm outros que já não tem uma

visão mais objetiva de tempo e não conseguem ver a importância disso para o

aluno e para a formação dele dentro do mercado, então também deixa a

desejar.

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Pesquisador: Bom, mas nem todos utilizam o mesmo critério de avaliação,

Correto?

Professor de GTI: Correto. Isso é quase impossível de ser feito, cada pessoa

tem uma estratégia diferente. Eu por exemplo, sou uma pessoa que bato

bastante durante a apresentação, mas na hora de dar nota sou um pouco mais

flexível, tem outros o contrário, bate um pouco menos na apresentação nos

questionamentos que fazem para os alunos, muitas vezes nem leram o

trabalho antes, talvez não fazem o questionamento aí chega na hora de dar a

nota dá uma nota alta então .... eu gosto muito da linha da coerência eu bato

bastante pra ver o envolvimento do aluno para poder avaliá-lo já que o PI pra

nós é uma avaliação.

Pesquisador: E como é esta nota, cada professor dá a sua nota e esta nota é

uma média ou entra em um consenso?

Professor de GTI: Existe uma recomendação de peso da nota dentro da

disciplina, a recomendação é que tem o peso de 30%, na prática não existe

nenhum controle sobre isso, cada professor dá a nota que quer no final do dia

.... É ..... porém, da minha experiência de banca, da participação a gente tem

tirado uma média ponderada sobre isso. Se uma disciplina pesou mais, ou

menos, então a gente tenta tirar média compartilhada com os outros

professores e acredita que eles vão aplicar esta nota que a gente deu dentro

do trabalho. Mas eu diria que até é um desafio contra isso são os alunos que

não cursam todas as disciplinas do PI, porque foram dispensados, ou porque

estão adaptando disciplinas, então o próprio quesito da nota tem que ser

flexível contra isso e a autonomia do professor prevalecer senão a gente não

conseguiria tratar caso deste tipo.

Pesquisador: Quais são os pontos positivos e os pontos negativos do PI?

Professor de GTI: Pontos positivos acho que a própria interação entre os

alunos, que eu vejo que no curso de TI a gente tem muito, como ponto fraco a

questão de relacionamento os alunos falarem entre si, a questão da

individualidade é muito forte, principalmente para aqueles que já sabem fazer o

produto, o cara fala eu sei fazer isso não preciso falar com ninguém, e na hora

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que a gente chega no mercado a gente depende de pessoas, e processos e

tecnologias e tem que conversar com muitas pessoas e até cliente tem o que

ele quer senão eles levam um produto horrível lá. Então o principal ponto forte

do PI pra mim apesar da gente entender que é o produto o resultado final, eu

gosto bastante como os alunos entre si amadurecem o relacionamento deles,

acho que isso é mais importante até as minhas disciplinas na escola a grande

maioria, apesar de ter algumas técnicas mas é gestão eu fico feliz quando eles

se relacionam bem.

Pontos fracos: ponto fraco do PI...... o tempo, a gente tem prova, muitas vezes

tem TG e PTG, no terceiro semestre ainda não tem, mas eu diria que o

acumulo de coisas, atividades e o acumulo de coisas que a gente tem para

fazer um trabalho em equipe.

Pesquisador: Uma solução seria ter uma disciplina para o PI?

Professor de GTI: Acho que um tempo específico, acho que .... não sei se

uma disciplina, mas se tornar algo opcional para os alunos que querem se

envolver com isso, se tornar uma disciplina não obrigatória, mas uma disciplina

que ele possa puxar, uma eletiva para garantir que a gente tem um bom

produto, pois se o cara se interessa em fazer ele veio na escola para estudar,

pois a gente vê que tem aluno que vem buscar diploma, outro porque o pai

mandou, outro porque o chefe falou que só vai promover se ele tiver a

graduação, então do que a gente tem que focar no aluno que está interessado

em ter uma formação, orientação e aí sim a gente focaria naquilo que é

importante, é isso.

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APÊNDICE H: ENTREVISTA COM O COORDENADOR

Pesquisador: Boa noite! Bom, que você entende por interdisciplinaridade?

Coordenador: Ah, eu entendo que é pegar os conteúdos das disciplinas que

estão sendo oferecidas em determinado momento e fazer com que elas

conversem fazer um projeto que unam estes conteúdos.

Pesquisador: Para você o PI é um projeto Interdisciplinar?

Coordenador: Pra mim é interdisciplinar, já que ele faz isso que eu acabei de

dizer, já que ele agrega conteúdos das diversas disciplinas em um mesmo

projeto.

Pesquisador: De que maneira o PI foi apresentado para os docentes?

Coordenador: De que maneira ele é apresentado para os docentes?

Pesquisador: Isso, para os professores do terceiro semestre.

Coordenador: Os temas têm variações, tem vezes que a gente põe um tema

específico, ou a gente deixa a critério dos próprios alunos definirem os temas

por interesse deles, é bem diversificado.

Pesquisador: Todos os professores, do terceiro semestre, participam da

escolha e da definição do tema?

Coordenador: É normalmente sim. Quando a gente inicia o semestre, nas

reuniões pedagógicas a gente até fala sobre o isso, e sugere opiniões, isso

quando é um tema específico, agora quando é aberto não, os alunos que

decidem.

Pesquisador: E há uma análise da matriz curricular do curso para a definição

deste tema?

Coordenador: É, a gente sempre procura colocar temas que têm relação com

aquilo que ele está estudando, por exemplo, eu não posso pedir para o cara

fazer um sistema web se ele na está tendo esta disciplina no semestre, então

tem que ter relação sim.

Pesquisador: Alguma disciplina foi considerada mais importante que a outra

para a realização do trabalho?

Coordenador: É eu acredito que sim. A cada semestre sempre tem uma

disciplina ou um conjunto delas que é mais importante que as outras.

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Pesquisador: É elaborado um documento escrito com os professores

envolvidos no projeto? Se sim, quem ficou responsável por redigir o

documento?

Coordenador: Este documento inicialmente quem fica responsável é a

coordenação.

Pesquisador: A coordenação do PI?

Coordenador: O coordenador do curso na verdade, que depois passa para o

orientador de cada projeto interdisciplinar que revisa junto com os professores.

Na verdade todos os professores naquele semestre que deverão participar

desta correção.

Pesquisador: Este documento está disponível para todos os alunos e

professores do semestre?

Coordenador: Exato.

Pesquisador:Houve a definição de um professor Coordenador para o Projeto

Interdisciplinar? O que se espera deste “Coordenador”?

Coordenador: É sempre a gente escolhe um professor do semestre. O que a

gente espera dele é que oriente os trabalhos, na medida do possível ele possa

estar orientando melhor o andamento do trabalho.

Pesquisador:De que maneira o PI foi apresentado para os alunos?

Coordenador: De que maneira? .... Pelo orientador do PI do próprio semestre.

Normalmente ele apresenta no começo do semestre, apresenta o que se

espera do PI. E agora a gente está pedindo que os professores orientadores,

inclusive apresentem trabalhos anteriores para os alunos terem uma ideia do

que deve ser feito.

Pesquisador:No curso, há uma carga horária destinada para a realização do

PI?

Coordenador: Não. No momento não.

Pesquisador: Houve a preocupação de disponibilizar os materiais necessários

para os alunos realizarem o PI? (laboratório, livros....)

Coordenador: Você fala em relação ao material para os alunos fazerem o PI?

Pesquisador: Isso.

Coordenador: A gente espera que os professores da disciplina apresentem o

conteúdo aos alunos, agora a forma como eles disponibilizam não existe um

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padrão; pode disponibilizar na área dele, pode disponibilizar só durante a aula,

ou pode disponibilizar em outro local na internet. Não existe um padrão assim.

Pesquisador: Há uma interligação entre as disciplinas ou apenas ao tema

norteador?

Coordenador: A um tema no começo ou o aluno que define junto ao

orientador, a partir deste tema se busca identificar o que cada disciplina pode

contribuir dentro daquele tema

Pesquisador: Então as disciplinas vão trabalhar bem em conjunto mesmo.

Coordenador: É a idéia é esta.

Pesquisador: Elas conversarem bastante.

Coordenador: Nem sempre a gente consegue isso 100%, mas a ideia é que

as disciplinas se auxiliem principalmente a este tema.

PesquisadorDurante a realização do PI, quando há divergência, os

professores já chegaram te procurar e discutir uma solução?

Coordenador: Olha, eu não vou dizer que nunca aconteceu, mais assim... é

raro o aluno chegar aqui dizendo que houve um problema sério de PI... é que

aluno por sua natureza eles reclamam de qualquer coisa, então o PI reclamem

pelo fato de fazer, então por falta de organização, ou por falta de dedicação de

professores, sempre tem alguma discussão no sentido de melhoria, de tentar

melhorar, fora isso não tem problema.

Pesquisador: Na sua percepção, como coordenador, há um o envolvimento de

todos os docentes, referindo ao terceiro semestre, na realização do projeto?

Coordenador: Então, na minha visão a gente tem o envolvimento da maioria,

mas a gente percebe que tem colegas que, não diria nem que não acreditam,

mas que deixam para um segundo plano o projeto interdisciplinar.

Pesquisador: Como o projeto é avaliado pelos professores?

Coordenador: O projeto é avaliado no final do semestre, os alunos têm que

apresentar este projeto, além da parte escrita que eles entregam, dependendo

do professor ele faz aquele acompanhamento por relatórios parciais, além de

destes relatórios o alunos apresentam e entregam uma versão final do

documento, então a análise é feita em cima do modelo escrito e da

apresentação oral.

Pesquisador: Quais os pontos positivos e os pontos negativos do PI.

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Coordenador: Pontos positivos! Bom pelo menos na minha concepção, ponto

positivo é esta integração entre as disciplinas, os alunos eles, muitas vezes, até

testemunham que eles aprendem mais quando eles têm que fazer o projeto

porque uma coisa é ver a disciplina de forma isolada e outra coisa é aplicar o

conhecimento que eles aprenderam pra compor este projeto, então eles falam

que aprendem mais com isso. Um outro ponto positivo que eu vejo é que a

experiência do aluno. O aluno saí daqui, já tendo participado de vários projetos

interdisciplinares, então quando o cara vai fazer uma entrevista na empresa, é

bastante comum o entrevistador o selecionador perguntar: Você já participou

de algum projeto, você já elaborou um projeto? Eu acredito, que os nossos

alunos por terem projeto interdisciplinares já é um ponto positivo pra eles, pois

pode dizer, olha eu já participei disso, já participei daquilo outro, ou mesmo se

for o mesmo projeto durante os dois anos, não importa, o importante é que eles

participam deste projeto e a experiência pra eles.

É ... estes são os dois pontos positivos fortes, um ponto negativo, é que muitas

vezes os alunos precisam trocar de grupo, alguns grupos desaparecem é meio

difícil gerenciar isso. Porque os alunos nem sempre fazem de maneira regular,

as vezes disciplinas de diversos semestres separados e então fica meio difícil

gerenciar isso. Mas eu acredito que os pontos positivos são bem maiores que,

supera bastante.

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APÊNDICE I: FOCUS GROUP

Pesquisador: Primeiramente uma das perguntas é sobre de que forma o grupo

se organizou para realizar o Projeto Interdisciplinar (PI). Por que o PI vocês

muitas vezes têm que se organizar dentro da sala de aula, fora de sala de aula.

De que forma você se organizaram para realizar o projeto?

Aluno M: Foi dado uma tarefa para cada pessoa, e cada um foi fazendo a sua

parte.

FED: A gente se dividiu.

Aluno 3: A gente fez uma consulta geral para saber quem se identificava

melhor com cada parte. E aí a gente designou para cada um uma parte.

Aluno 4: Tinha vontade de se desenvolver .

Aluno B: Que cada um era melhor.

Pesquisador: Mas vocês se reuniam em tempos para discutir?

Aluno M: Sim, reunia. Pelo WhatsApp também.

Aluno 2: Pelo WhatsApp é o ambiente que tínhamos mais contatos. A gente

conversa, pois toda a hora a gente está com o celular, então, o Whatsapp a

gente acaba falando mais fora daqui (faculdade).

Pesquisador: Então de certa forma vocês faziam reuniões virtuais, vamos

dizer assim!

Aluno B: É. Temos até um grupo.

Pesquisador: E na sala de aula?

Aluno 2: Sim!

Pesquisador: Houve alguma divergência entre os componentes dos

grupos? E como esta divergência era trabalhada? ...Ah, eu não quero

fazer isso; você faz aquilo, ou alguma coisa do tipo?

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Aluno M: Divergência grande assim, não teve. O cara que não quer fazer a

gente não põem o nome no trabalho.

Pesquisador: Fácil de resolver!

Alunos: É RSS... tem que fazer.

Aluno Esquerda (AE): Sempre tem um plano B, assim, oh você tem até

quarta-feira para entregar, se na terça-feira a pessoa não deu nada, falando

que está feito, ou pelo menos começando, já faz o plano B que é fazer a parte

dela, porque se a pessoa não fazer, você já tem feito. Para não por a sua mão

no fogo, não confia 100%.

Pesquisador: Está é a maneira que vocês encontraram para resolver as

divergências?

Aluno M: O pessoal do meu grupo até fazia, mas o mais difícil não é nem

designar, mas a pessoa ter o interesse. A pessoa não tem interesse nenhum, a

pessoa não vem perguntar, não toma iniciativa, como se fosse obrigado a dar

uma tarefa para aquela pessoa. Poxa, mas o PI é nosso.

AE: É isso aconteceu no nosso grupo e a gente precisou cobrar a pessoa.

Pesquisador: Tá, e aí como vocês resolveram Isso? A pessoa fez?

Aluno Frente Esquerda (AFE): Fazer... é ela fez umas parte e tal (fala de uma

maneira que a pessoa fez de qualquer maneira). Daquele jeito, bem empurrado

mas....

Pesquisador: Os conflitos que vocês tinham eram estes?

AFE: Também a pessoa acaba assumindo compromissos fora da faculdade, e

acaba ficando bem atarefada, a gente até entende. Só que ela assumiu um

compromisso com a gente. É bom ela honrar.

AE: Não tem o porquê ela não cumprir, foi ela que pediu para fazer.

Auxiliar: Estou pensando assim, houve alguma divergência assim, como

vocês faziam para integrar o que vocês estavam fazendo?

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Pesquisador: Porque um faz a programação, outro faz o Banco de dados,

como vocês faziam para juntar tudo?

Aluno M: Então a gente usou um serviço na nuvens, a gente colocava tudo

que estava fazendo lá dentro e qualquer um do grupo tinha o usuário e a

senha, entra e pega o que ele quiser.

AE: O que geralmente a gente faz também é além de ter o conteúdo na nuvem

é deixar numa máquina só. Porque é como se fosse um backup na máquina,

porque naquela máquina a gente vai ter certeza que tudo vai estar integrado e

funcionando, aí você vai saber o que está divergente o que não está

conversando e teoricamente você vai descobrir e fica mais fácil de resolver.

Pesquisador: E como vocês trabalham nas habilidades, por que tem gente

que gosta mais de programação, o outro mais de engenharia.... vocês

trabalham estas habilidades.

Aluno M: Então primeiro a gente coloca o que cada um gosta de fazer ou que

cada um gostaria de fazer, e acabamos dividindo e tal. Aí acabou um ficando

com algo que ele não gosta. Ah beleza, a gente ajuda, arranja maneiras de

fazer. Mas, assim na hora de dividir não houve tantos problemas assim.

Pesquisador: E vocês, assim, um ajudava o outro. Por exemplo, um gosta

de programação, e tem mais facilidade de programação o outro menos,

havia esta interação; aquele que não havia tanta facilidade de

programação ser ensinado pelo componente que tinha mais facilidade?

AE: Não.

Aluno B: Pelo menos no meu grupo não.

Aluno M: Não!

AE – 2: O aluno que tem mais facilidade de programação faz e depois a gente

junta tudo, mas não tinha este hábito de ensinar o outro fora de sala de aula.

AEF: No meu caso o programa em Java, circulou na mão de todo mundo,

então, iria de você ver o código e ver se tinha alguma dúvida e consultar quem

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fez, mas a pessoa não iria se dispor a pegar o programa do zero e falar:

“vamos ver como está funcionando isso!”.

Pesquisador: Mas se um tivesse dificuldade, por exemplo eu tenho

dificuldade de programação ou Engenharia de Software, e se eu chegasse

a falar para o Aluno B, olha eu não entendi isso, havia ou há esta abertura

para trocar estas experiências?

Aluno M: Lógico!

AEF: No meu caso eu cheguei a perguntar para o Aluno M como estava a

Projeto. Porque ele ficou encarregado, no nosso grupo, da parte de

programação e eu iria mexer com layout, eu já havia conversado com ele para

me explicar os dados, os códigos porque a gente fez de dois jeitos a

programação e uma bem diferente da outra, então eu tinha que aprender .

Pesquisador: Então havia uma grande interação entre vocês?

Aluno M: Sim, mas não com todos com a mesma intensidade, mas não era

sozinho.

AE: Sempre tem que ter um aval para dizer se está bom.

Pesquisador: a realização do PI contribuiu para uma melhor compreensão

dos conteúdos estudados?

Aluno M: Bastante, viu Clauss.

Aluno Esquerda Meio (AEM): Foi aplicado na prática

Aluno M: O interessante do PI é que você aprende uma coisa na sala de aula,

só que é .....mas muitas vezes o que você viu na sala de aula, você vai aplicar

no PI, então você tem que ir atrás, aprende muitas coisas por fora, e aplicar

também o que você viu em sala de aula. Então você aplica bastante coisa.

AD: Eu vejo que quando a gente faz um PI ou um TG (trabalho de graduação)

ou algo assim, a gente sempre quer ir além do que estou aprendendo em sala

de aula. A gente tem que colocar aquele toque a mais. Pelo menos o nosso

grupo, a gente, eu e a Aluna G, que faz a parte de programação, que já

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fizemos o colégio Técnico, utiliza alguns conhecimentos do curso técnico pra

agregar um pouco mais, então sempre tem aquela curiosidade de fazer algo

melhor, então a gente acaba aprendendo muito com isso.

Aluno G: O que eu acho legal do PI, é que é uma maneira de você juntar tudo

que você aprendeu no decorrer do semestre, e como você liga as matérias.

Porque você aprende Banco de Dados, daí você aprende ela isolada, você

aprende programação, você até vê como conecta com o Banco, mas você não

vê os dois juntos. E no PI a gente tem a integração das matérias. É o que eu

acho mais interessante do PI.

Pesquisador: Então na percepção de vocês, há uma interação, uma

interligação de todas as disciplinas envolvidas?

Aluno M: Não! Eu não diria todas assim...

Aluno B: Tem algumas que ficam de fora.

Pesquisador: Mas as que fazem parte do PI, há uma integração, ou

mesmo estas aí, nem todas fazem esta interação?

AQ2: Nem todas, por exemplo, inglês, ela faz parte do PI, mas não está

integrada com as outras. Você tem que fazer a apresentação em Inglês, mas

não tem nada a haver com que você está desenvolvendo.

Aluno B: É que inglês faz parte da programação.

AQ3: Mas mesmo gestão governança do professor.

AQ2: Pelo menos no meu trabalho vai ficar a disciplina do professor

(Governança de Tecnologia de Informação) e Inglês meio isolado, não está

integrado totalmente.

Aluno M: Ficou meio jogado.

AD: Talvez se fizer o PI todo em Inglês, talvez integra bem!

Pesquisador: Na sua percepção o PI interferiu no relacionamento entre

vocês?

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145

Todos: Sim

Pesquisador: Isso foi de forma positiva ou negativa?

AE: Eu diria que foi os dois... Rsss (geral)

Pesquisador: Então vamos lá fala a negativa e depois a positiva.

AE: Começar pela negativa! A negativa foi a gente estava com um grupo

semestre passado em que nem todos faziam o que foi determinado, então

como eu disse no começo tivemos que correr para o Plano B. Em que você não

podia confiar na pessoa, na parte dela, pra caso não tivesse entrega já ter

garantido. A gente teve que usar isso, mais de uma vez e não foi muito legal e

a gente acabou desentendendo bastante.

Já a parte positiva eu diria que foi a possibilidade de tirar dúvidas, aprofundar

no assunto. Por exemplo, eu não entendia bem Banco de Dados, então eu falei

com o Renato, que o cara que está fazendo a parte de Banco de Dados e ele

conseguiu me ensinar muitas coisas, como você puxa os dados, como você faz

imput de dados, eu diria que foi muito bom.

Aluno G: Eu acho que foi bom para a gente aprender a trabalhar em equipe...

a gente se conheceu melhor, tanto como pessoa e levar isso a sério como no

presente. Quando a gente estiver no mercado de trabalho, quando trabalhar

em TI (tecnologia de Informação) provavelmente iremos trabalhar em equipe,

então você terá uma noção de como será quando você for trabalhar.

Pesquisador: E como foi a relação dos alunos com os professores

envolvidos?

Aluno M: Em geral foi bem produtiva, a gente conseguiu extrair bastantes

informações dos professores, no nosso caso ele ajudou bastante.

AFE: É quando a gente tinha alguma dúvida eles sempre ajudaram.

Aluno B: Eles foram bem atenciosos, auxiliaram bastante no desenvolvimento.

Pesquisador: Vocês acreditam que está aproximação com vocês ajudou

na aprendizagem?

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Aluno M: Sim

Aluno G: Sim. Bastante.

Os demais também concordaram.

Aluno M: Sim, porque se eles ficassem cobrando só. Eles não ficaram

cobrando eles ajudaram a desenvolver, entendeu?

AE: Já chegou a gente apresentar uma parte do trabalho para o professor e ele

falar que estava errado desde o começo, só que ao invés dele só falar que

estava errado e sair. Ele parou, sentou com a gente meia hora, uma hora e

explicou exatamente como tinha que ser feito para que não houvesse este erro

novamente.

Pesquisador: Como vocês estão falando há uma aproximação com estes

professores que estão envolvidos no PI. Esta aproximação existe com os

professores que não fazem parte do PI? Porque nem todas as disciplinas

fazem parte do PI, esta aproximação existe nestas disciplinas? O já é

mais difícil?

AFE: Com o professor Carlos (estatística) até tem.

AE2: Com o Carlos é bem tranquilo, o outro professor já é mais na dele.

AD: É que o PI gera como se fosse um motivo para que haja esta

aproximação, já quando não tem PI, acredito que fica somente na relação do

aluno com o professor.

AE2: O PI vale uma porcentagem de sua nota, então se você não tem

interesse de ir atrás para ver o que está certo ou não isso vai afetar a sua

média no final do semestre. As matérias que não está envolvida você acaba,

ah eu estudo depois, eu faço em casa, deixa para ver a nota na prova mesmo.

Já, as que estão no PI, isso geram um interesse maior de você correr atrás de

buscar o que você está precisando.

AFE: Ah Clauss a matéria do Carlos também tem lista então, para você ir bem

na prova, se você estuda fazendo as listas é Dez, você consegue tirar Dez, só

que você tem que ir atrás e quando você vai atrás você terá dúvidas, porque

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ele passa 6 a 7 listas por semestre e já na matéria de Economia e Finanças

não tem uma lista assim, então vai mais do interesse pela matéria, se você

tiver interesse maior e conversar com o professor aí você consegue ter uma

aproximação maior, mas se você não vai atrás e nada então ....há uma relação

mais profissional.

Aluno M: A integração acontece.

Pesquisador: Mas o PI então ajuda nesta aproximação?

Todos: Sim.

AE2: O PI é como te obriga a ir atrás para aprender, ou você vai mal no

trabalho, como ele vale uma boa porcentagem da nota então acaba esforçando

a pessoa correr atrás.

Pesquisador: Então o PI ajudou tanto na aproximação entre vocês de uma

forma positiva ou negativa porque vocês tiveram as divergências do

grupo, que acredito isso ser normal, e entre os professores.

Todos: SIM

Pesquisador: Quais são os pontos positivos e os pontos negativos do PI.

Vamos começar com os pontos negativos ou pelos negativos.

Negativos.

Aluno B: Acho que é o tempo.

Aluno M: O quanto ele vale na nota cara, 30% do trabalho.

Pesquisador: Então, os pontos negativos é a porcentagem na nota final.

Aluno M: Você imagina o cara que tira 10 nas duas provas de e sua média é 7.

Aluno B: É verdade.

Aluno M: Puxa você se esforçou na aula e está com 7.

AE2: É verdade, é tirou 10 nas provas e está um pouco acima do mínimo para

passar.

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AD: E se por algum motivo a gente for mal, no PI, a gente fica com a nota

baixa mesmo tendo muito bem nas avaliações.

AFE: Por exemplo, se um professor te avaliou bem e o outro mal, o que te

avaliou mal vai abaixar a sua nota, acho que deveria ser uma nota separada

para cada disciplina... ou talvez com peso menor.

Aluno M: Muitos professores falam: “Não vou dar a P3, vocês têm o PI”.

AD: Talvez o PI ser uma avaliação separada das matérias.

Aluno B: Algo complementar, algo complementar .

Pesquisador: Um peso menor poderia ser?

AE1: Eu acho legal o PI ter uma nota, porque ele dá aquele tom de

obrigatoriedade, você tem que fazer, você tem que entregar, você tem que

relacionar com os amigos, você tem que tirar as suas dúvidas, senão você não

vai bem. Mas, acho que 30% fica muito pesado. Se fosse uns 15 a 20% ficaria

mais leve.

AFE: As vezes a gente fica meio perdido também.

Aluno M: Também.

AFE: No começo assim, não tem muito um acompanhamento, por exemplo, um

professor passa o outro demora, um certo tempo, para passar aí já decorreu

um tempo a gente precisa correr um pouco atrás para poder integrar as coisas .

Deveria, por exemplo, pelo menos ter uma reunião com todos os professores,

todo semestre, pra cada um passar a sua parte do PI , todo mundo conversar e

organizar certinho desde o começo, não tentar arrumar durante o semestre.

AD: Todo o PI, no começo a gente fica meio perdido.

AFE: Eu tinha conversado com os professores na última apresentação, foi uma

sugestão que eu tinha dado.

Aluno M: Uma coisa que eu acho errado o PI no quarto e quinto semestre, o

cara fazendo o TG (Trabalho de Graduação).

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Pesquisador: No quinto e no sexto!

Aluno M: É no quinto e sexto, desculpa no quinto e sexto, ao invés de poder

fazer um projeto para ajudar a comunidade, um projeto pessoal mesmo, o cara

está focado, pois tem o tal do PI ali que pesa 30% que tem que fazer.

AFE: Atrapalha bastante.

Aluno M: Atrapalha muito. Você entendeu? Aí o cara fica mais um semestre na

faculdade porque tem que fazer PI

AFE: Aí o cara é até prejudicado.

Todos: Todos falam ao mesmo tempo criticando o PI no quinto e sexto

semestre.

AE2: Vejo os alunos do quinto e sexto semestre deixando o TG para fazer o PI

e ficando mais um semestre, pois trabalha o dia todo e não dá tempo pra fazer

os dois. Não dá pra focar nos dois ao mesmo tempo.

AD: Eu conheço pessoas, umas duas pessoas que esperaram terminar a

faculdade para depois fazer o TG.

Aluno M: É, porque tem que fazer o PI.

AD: Porque não tinha como fazer tudo ao mesmo tempo. Deixou o TG para

depois do sexto semestre. Só o TG.

Pesquisador: Estes são os pontos negativos, e os positivos?

AE2: Positivo seria mais integração entre os alunos com os professores

mesmo.

AD: E o aprendizado.

Aluno M: É o aprendizado.

Aluno B: Positivo até o quarto semestre...rsss

AE: Um ponto positivo que não foi comentado antes é o fato dele te instigar a

correr atrás de ir além do que foi ensinado na aula. Por exemplo, a gente viu o

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básico de interface na aula de programação, só que se você usar o básico o

seu programa não vai ficar bonito, então você corre atrás de alguma outra

coisa que dinamize o seu programa para ele ficar bonito que atraia o usuário a

usar aquilo. Então eu acho que é isso dele instigar a você ir além.

Todos: concordam.

Pesquisador: Tem mais alguma colocação que vocês querem colocar?

Tanto positivo quanto negativa?

Aluno B: Pra mim, um ponto negativo, principalmente que saio do serviço só

dá tempo de trocar a roupa e vim é a questão do tempo, é muito pouca aula

para fazer o PI. As vezes o professor só libera duas aulas ou parte do final da

aula para tirar a dúvida do PI, é muito pouco tempo e a gente não consegue

fazer fora da faculdade. Pois a gente não tem só o PI, a gente tem que estudar

pra prova, tem que fazer as listas, e não dá tempo.

Aluno M: Só ressaltando o que o Bruno falou, tem uma parte da aula pra tirar a

dúvida, só que na sala têm oito grupos pra tirar a dúvida, então em uma aula o

professor consegue tirar dúvida de uns quatros.

Aluno B: Você acaba pegando o professor por fora da sala de aula.

Pesquisador E qual seria a solução para isso?

Aluno B: Ter uma aula destinada só para o PI.

AD: Ter uma aula só para o PI e a avaliação ser desta disciplina. Como se

tivesse uma matéria de PI por semestre, e a avaliação seria em cima desta

matéria.

AE: Eu acho que deveria ser um pouquinho diferente, acredito que a solução

seria uma vez por mês todos os professores se juntarem e conversarem com

os grupos para ver como estar e saber em que pode ajudar, o que tem de

errado, como pode modificar isso. Porque como o aluno B disse, fica muito

bagunçado, fica muita gente para um professor só e tem muita gente acaba

não conseguindo tirar a dúvida. Eu acho que esta reunião conseguiria sanar

isso.

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Aluno M: Eu concordo com o AE, mas teria o problema da disponibilidade do

professor, o professor não tem tempo pra reunir fora da data de aula.

AD: Mas um professor só pra o PI, gerando uma matéria chamada PI e todo

semestre

AE: Mas para ter um professor pra a matéria de PI ele teria que entender de

todas as matérias.

AD: É

AFE: E não é a gente que decide isso, em faculdade pública, precisa de todo

uma burocracia.

Aluno B: Então a solução é o professor tirar uma aula por semana, vamos falar

assim, só para ele ajudar a gente.

Pesquisador: Por mês.

AFE: Por exemplo, se a gente cria uma aula só pro PI, vamos supor, seis aulas

destinada, são seis matéria, uma hora para cada professor ali. Eles tentando

ajudar os alunos, isso seria... como posso disser ... uma solução temporária

não é... Até poder chegar uma solução melhor do que isso. ... Mas acho que

isso ajudaria bastante, nhé. Melhorar a qualidade do projeto.

Ségio: E vocês acham que o projeto no final atingiu os objetivos? Os que

vocês fizeram no semestre passado o que vocês estão terminando este

semestre.

AE2:Que objetivo você fala, do trabalho?

Pesquisador: É.

AE2: Acho que atingiu em partes, chega agora no final, terminou a semana de

prova agora, a prova sub, alguns grupos dá uma corrida para terminar, porque

se não apresentar eu já estou de DP. Sempre acaba ficando alguma coisa pra

trás só pra apresentação, ou você tira alguma coisa que não vai dar tempo pra

fazer.

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AD: Por falta de tempo, você acaba deixando de fazer muita coisa pra poder

apresentar, não sei dos outros grupos, pois se você quiser fazer o que você

tem em mente, você não consegue porque não tem tempo.

AFE: E não tem todo o conhecimento ainda, não deu tempo para tirar a dúvida

de correr atrás.

Pesquisador: Mas mesmo aquilo que vocês fizeram vai além daquilo que

foi passado em aula?

Aluno M: É. Sim!

AE: A maioria, mas nem sempre alguma coisa ficam não dá tempo.

Aluno M: Uma coisa que eu acho boa, que eu esqueci, é que se não existisse

o PI seria passado trabalho, toda disciplina um trabalho diferente, seria

extremamente maçante, o PI elimina estes trabalhinhos paralelo. Eu vejo o

pessoal que não faz o PI, o cara sofre porque tem que entregar um baita

programa para o professor e em banco tem que fazer aquilo lá, então o cara

que não faz o PI sofre pra caramba, é muito trabalho, trabalho, trabalho... O PI

é bom porque elimina isso e faz um trabalho que integra tudo isso.

AE2: Faz um trabalho só que atende tudo. E todos integram

Pesquisador: Mais alguma coisa? Não? Posso tirar uma foto de todos.

Todos: Concordaram.

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ANEXO A – MANUAL DO PROJETO INTERDISCIPLINAR

Curso Superior de Tecnologia em ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO

DE SISTEMAS

Turno: NOTURNO

Disciplinas do 3º Período

1. Objetivo

O objetivo deste projeto interdisciplinar é promover a integração de disciplinas do

terceiro semestre do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, de forma a

torná-lo mais dinâmico e integrado, ou ainda realizar a integração com outros cursos

da FATEC Indaiatuba.

Por ser direcionado ao 3º semestre, pretende proporcionar aos alunos uma visão mais

abrangente sobre as fases de desenvolvimento dos projetos de software, relacionados

com modelagem de sistemas orientados a objetos e implementação de sistemas

utilizando linguagens de programação orientadas a objetos, envolvendo manipulação

de bancos de dados.

2. Disciplinas envolvidas

As disciplinas do 3º semestre atuarão de forma conjunta com o objetivo de promover a

interdisciplinaridade, a saber: Engenharia de Software II, Programação Orientada a

Objetos, Banco de Dados, Inglês III e Gestão e Governança de TI.

PROJETO INTERDISCIPLINAR

1º SEMESTRE DE 2016

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3. Grupos de trabalho

Os grupos de trabalho podem ser compostos por, no máximo, 5 alunos. A tabela

seguinte apresenta os integrantes de cada grupo e os temas correspondentes:

Grupo Integrantes Tema Nota

1 Vaga Fácil

2 Clínica Odontológica

3 Sistema de Controle de Pedidos

4 Cinema

5 Cozinha Industrial

6 Azul, controle de treinamentos

7 Encomendas para festa

4. Metodologia adotada

O desenvolvimento do projeto deverá levar em consideração todos os itens aqui descritos, divididos da seguinte maneira:

4.1. O papel de cada disciplina

Como se trata de um projeto interdisciplinar, cada disciplina terá sua contribuição para a elaboração do projeto. A seguir é apresentado um parágrafo em que o professor descreve, de maneira resumida, qual serão as exigências que os alunos deverão cumprir em cada disciplina.

Engenharia de Software II:Profa: Lílian Simão Oliveira

Baseado no cenário especificado deve-se realizar a modelagem orientada a objetos tendo em vista o levantamento de requisitos, das regras de negócio, do papel dos atores no sistema, da elaboração dos diagramas de casos de uso, diagramas de classe e diagrama de sequência, para servirem de subsídio à posterior implementação.

Inglês III:Profa: Magali Barçante

Os alunos deverão fazer apresentação oral do trabalho desenvolvido nas disciplinas. A

apresentação deverá conter introdução, objetivo e importância do projeto.

Paralelamente, os alunos deverão elaborar um folder de divulgação do produto

(projeto) a fim de convencer o potencial comprador acerca de sua importância.

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Banco de Dados:Profa: Graça Tomazela

A partir do cenário especificado os alunos devem fazer a modelagem de dados por

meio do diagrama entidade relacionamento e em seguida criar o banco de dados

relacional. Devem ser definidas restrições de chave primária, chave estrangeira e

outras restrições pertinentes ao projeto. Os grupos deverão criar também um conjunto

de 10 consultas envolvendo todos os principais comandos SQL apresentados na

disciplina.

Programação Orientada a Objetos: Profa. Janaine C. S. Arantes

O sistema deve ser desenvolvido em camadas, com a utilização da interface gráfica da

linguagem de programação Java, e contemplar a manipulação de Banco de Dados.

Também deve estar de acordo com os requisitos do usuário e os modelos

desenvolvidos durante a sua elaboração.

Gestão e Governança de TI: Prof. Michel Munhoz

A partir do cenário especificado os alunos devem fazer viabilidade comercialização do

aplicativo, pré-requisitos de instalação e formas de licenciamento baseado na forma de

uso (exemplo: cliente servidor, standalone, etc.).

4.2. Escolha dos temas

Os temas serão de livre escolha pelos alunos.

A data limite para a definição do escopo é 26/02/16, data em que os alunos o

apresentarão ao orientador do projeto, a professora Janaine C. S. Arantes, ou ainda

para os outros professores envolvidos.

4.3. Projeto escrito

Existem duas partes escritas a serem consideradas: relatórios parciais e o projeto

final.

Os relatórios parciais devem conter o conteúdo definido pelo professor de cada

disciplina, conforme apresentado no item 5 (Avaliação e Cronograma) desse

documento.

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O projeto escrito final deve ser feito de acordo com os padrões técnicos definidos pela

FATEC. Ele deverá ser entregue em formato digital aos professores envolvidos no

projeto.

O projeto escrito deve conter os seguintes tópicos:

I - INTRODUÇÃO

Deve apresentar uma contextualização do projeto, descrevendo em que ambiente ele

se insere. Deve fornecer uma visão geral do que será o projeto, quais são suas

principais funções e limites. Em outras palavras, deve ser definido o escopo

(abrangência) do projeto. Apresentar de maneira breve quem são os envolvidos e

interessados no projeto (empresa, curso da FATEC, etc.).

Deve deixar clara a justificativa para sua elaboração, isto é, descrever a importância

do projeto e para que (e para quem) será usado. Se você fosse vender esse projeto

para alguém como convenceria o comprador? Por que seu projeto é importante?

Deve deixar claro também o objetivo do projeto e quais os resultados que se pretende

alcançar. Os objetivos são redigidos com verbos no infinitivo, p.ex.: elaborar, projetar,

identificar, compreender, analisar, verificar.

II - PAPEL DAS DISCIPLINAS

Para cada disciplina envolvida no projeto, descreva qual sua importância, isto é,

aponte o que você precisou conhecer da disciplina para produzir o projeto. Além da

importância das disciplinas, insira os artefatos produzidos na elaboração do projeto

(diagramas, relatórios, tabelas, códigos, script, etc.), juntamente com uma pequena

descrição a respeito (descrever o diagrama, por exemplo). O texto referente a

disciplina de inglês deve ser redigido na língua inglesa.

III - DESCRIÇÃO DO PROJETO PRÁTICO

Deve conter um pequeno manual do usuário, contendo as principais telas e uma breve

descrição de cada uma. Dessa forma, será possível apresentar as principais funções

que o usuário pode utilizar no sistema.

IV - LIÇÕES APRENDIDAS E PRINCIPAIS DIFICULDADES

Como o nome sugere, nessa seção devem ser descritas as lições aprendidas durante

o desenvolvimento do projeto e que serviram para aumentar o conhecimento da

equipe. As dificuldades também devem ser relatadas.

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V - OPORTUNIDADES DE MELHORIA

Descreva o que poderia ser adicionado ao projeto, caso um outro grupo queira

dar continuidade ao trabalho. Caso o projeto não esteja funcionando conforme o

projeto inicial, descreva o que faltou. Na visão do grupo, descreva ainda outras

funções que poderiam ser adicionadas ao projeto (para fazer um upgrade).

VI - CONCLUSÕES

Deve conter os resultados finais alcançados com o projeto, descrevendo se ele atende

ou não as necessidades levantadas inicialmente. Pode conter conclusões conceituais

e/ou técnicas.

VII - FICHA TÉCNICA

Trata-se do resumo do projeto que poderá ser divulgado no site da FATECID.

A ficha técnica deve conter o layout seguinte (substitua o texto em azul pelos dados de

seu projeto):

Título: Jogo das Frações - para Android

Semestre: 2014-2

Turma: 6° Semestre de ADS

Autores: Amanda Ulitska, Caroline Apresenta. Carpanezi e Amália da Rocha

Descrição: O Jogo das Frações é um jogo educativo para ser utilizado como

ferramenta adicional no aprendizado de frações e para praticar os

conhecimentos teóricos de forma envolvente. Recomendado para

crianças em fase de aprendizado do tema, no período do ensino

fundamental, pode ser utilizado por qualquer público que tenha

interesse.Possui interface amigável, lúdica e intuitiva.

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Imagens

da tela:

4.4. Seminário

A apresentação deverá ser feita com o uso de recursos multimídia (projetor multimídia - data show, retro projetor, televisão, entre outros) e seguido o modelo padrão para apresentação de slides disponível no site da FATEC. Todos os alunos deverão apresentar uma introdução do projeto em inglês.

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Na sequência da apresentação deverá ter, obrigatoriamente:

1. Título- Um slide contendo o título do trabalho, nome da faculdade, nome do curso, nome dos integrantes do grupo e data.

Slide contendo osnomes das disciplinas e dos professores para qual foi elaborado o projeto.

Slide contendo um sumário com os tópicos que serão abordados no decorrer da apresentação.

2. Introdução

Introdução do projeto - correspondente a do trabalho escrito. Objetivo do projeto - correspondente a do trabalho escrito. Justificativa do projeto - correspondente a do trabalho escrito

Visão geral do projeto em Inglês.

3. Desenvolvimento

Apresentação dos artefatos produzidos a partir das disciplinas (Modelos, Diagramas e outros elementos pertinentes)

4. Apresentação do projeto

Apresentação das funcionalidades do programa executável. (Inclusive o rodar o programa)

5. Resultados

Que resultados você encontrou? Até onde chegou e parou o seu trabalho?

Lições Aprendidas e dificuldades encontradas.

4.5. Ordem de apresentação

A ordem das apresentações será feita obedecendo-se o número dos grupos.

5. Avaliação e Cronograma

Cada grupo deverá entregar três relatórios parciais para cada uma das disciplinas envolvidas no projeto interdisciplinar. Os relatórios deverão ser entregues no período definido na tabela abaixo e serão usados para compor a nota de todas as disciplinas referentes ao projeto interdisciplinar. O professor de cada disciplina terá autonomia para definir o percentual da nota do projeto interdisciplinar, de acordo com a importância que sua disciplina representa na constituição do projeto. Recomenda-se o limite de até 30% da média final. A nota do projeto poderá ser concedida por disciplina, dependendo do

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desempenho do grupo na disciplina em questão, ou seja, não necessariamente todos os professores darão a mesma nota para o projeto interdisciplinar. A média final do projeto será composta pela média aritmética das disciplinas envolvidas no projeto interdisciplinar.

O projeto e a apresentação final serão avaliados no dia da apresentação por uma banca avaliadora composta pelos professores envolvidos. A nota final será atribuída e divulgada somente após a reunião dos professores presentes na banca.

Segue cronograma geral envolvendo as disciplinas mencionadas e o conteúdo desejado em cada relatório parcial:

26 de

fevereiro

Data limite para definição das equipes

26 de

fevereiro

Definição do Escopo do projeto

27de junho a

02 de julho

Entrega da versão final projeto escrito e apresentação de todos os grupos para

os professores envolvidos no projeto.

Obs.: O dia da apresentação será definido pelo professor da disciplina.

DISCIPLINA Março e Abril

(28/03 a 01/04/2016)

Abril

(25 a 29/04/2016)

Maio

(23 a 27/05/2016)

Engenharia

de Software

II

Técnicas de

Levantamento e os

Casos de Uso

Diagrama de classe

Diagrama de Sequência

Banco de

Dados

Modelo entidade-

relacionamento

Modelo relacional:

Tabelas criadas e linhas

inseridas

Consultas elaboradas

Inglês III

Rascunho da

apresentação da

Introdução e dos

Objetivos

Apresentação da

Introdução e dos

Objetivos e rascunho da

Importância do projeto e

do folder.

Apresentação da

Importância do projeto e

do folder articulada com

as etapas anteriores.

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POO

Protótipo da Interface do

Usuário.

Codificação das classes

de negócio a serem

usadas no projeto.

Finalização da

implementação do

sistema com acesso ao

Banco de Dados.

Gestão e

Governança

de TI

Entrega única após a

implementação do

sistema

As entregas do trabalho deverão ser realizadas em formato eletrônico (.PDF),

juntamente, com os arquivos originais em Word e Excel, por exemplo.