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INTERTEXTUALIDADE A INTERTEXTUALIDADE É UMA FORMA DE SE ESTABELECER RELAÇÃO (implícita ou explícita) COM OUTROS TEXTOS JÁ PRODUZIDOS. Ocorre intertextualidade quando há diálogo entre os textos originado pela intenção do autor fazer referência a outro texto já existente. A intertextualidade pode ser reconhecida pelo tema, pela construção ou pelos recursos linguísticos comuns entre os textos. TEXTO1: Vida de passarinho. (Caulos. Vida de passarinho. 2ªed. Porto Alegre:LP&M, 1995. p.47) TEXTO 2: No Meio do Caminho (Carlos Drummond de Andrade) No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Intertextualidade e Paráfrase

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Page 1: Intertextualidade e Paráfrase

INTERTEXTUALIDADE

A INTERTEXTUALIDADE É UMA FORMA DE SE ESTABELECER RELAÇÃO (implícita ou explícita) COM OUTROS TEXTOS JÁ PRODUZIDOS. Ocorre intertextualidade quando há diálogo entre os textos originado pela intenção do autor fazer referência a outro texto já existente. A intertextualidade pode ser reconhecida pelo tema, pela construção ou pelos recursos linguísticos comuns entre os textos.

TEXTO1: Vida de passarinho. (Caulos. Vida de passarinho. 2ªed. Porto Alegre:LP&M, 1995. p.47)

TEXTO 2: No Meio do Caminho (Carlos Drummond de Andrade)

No meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoTinha uma pedraNo meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimentoNa vida de minhas retinas tão fatigadas.Nunca me esquecerei que no meio do caminhoTinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoNo meio do caminho tinha uma pedra.

Page 2: Intertextualidade e Paráfrase

TEXTO 3: Pedra (Nestrovski, Arthur Rosenblat. Pedra . coisas que eu queria ser. SP:Cosac & Naify, 2003)

A pedra está sempre ali,no meio do caminho.Nem ela sabe se estava lá e fizeram o caminho ao redor,ou se fizeram o caminho e ela apareceu depois.Não tem a menor importância,porque o negócio da pedra é ficar.Pedra não reclama de nada.Pedra não faz mal a ninguém.É diferente quando alguém joga uma pedra, mas a pedra não tem culpa.As pedras se entendem muito bem.Toda pedra vem de outra pedra maior,que vem de outra maior ainda.Quer dizer: toda pedra é um pedaço de pedra.Isso tem a maior importância para a república das pedras.Declaração Universal dos Direitos da Pedra:Um pedaço de pedra é uma pedra.

1. No texto 1, o passarinho constata que há uma pedra no meio do caminho. O que esta pedr a representa para ele, no momento em que ele se pergunta: “ E agora”?

2. No texto 1, para o passarinho, o que significa ter talento para fazer poema?3. No texto 1, o que o passarinho quer demonstrar ao saltar a pedra?4. No texto 2, a pedra é novamente o elemento principal. Qual é a sua impressão sobre ela: é

apenas rocha, mineral, como nos outros dois textos? Explique:5. No texto 2, quantos versos e estrofes há no poema?6. No texto 2, que sentido tem a palavra pedra?7. No texto 3, também pode-se afirmar que a pedra representa um obstáculo? Explique e justifique

sua resposta.8. No texto 3, pelo conjunto do poema, você considera que a pedra é encarada como um ser humano

ou o autor está sendo irônico? Explique e justifique sua resposta com versos do poema:

Page 3: Intertextualidade e Paráfrase

PARÁFRASEA paráfrase se origina do grego “ para-phrasis’ (repetição de uma sentença). A

paráfrase é um texto que procura tornar mais claro e objetivo aquilo que se disse em outro texto. Portanto, é sempre a reescrita de um texto já existente, uma espécie de ‘tradução’ dentro da própria língua.

O autor da paráfrase deve demonstrar que entendeu claramente a ideia do texto. Além disso, são exigências de uma boa paráfrase:

1. Utilizar a mesma ordem de ideias que aparece no texto original. 2. Não omitir nenhuma informação essencial. 3. Não fazer qualquer comentário acerca do que se diz no texto original. 4. Utilizar construções que não sejam uma simples repetição daquelas que estão no original e,

sempre que possível, um vocabulário também diferente.

Texto Original – Canção do Exílio

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.[...]Gonçalves Dias

Paráfrase: (Carlos Drummond Andrade)

Meus olhos brasileiros se fecham saudososMinha boca procura a ‘Canção do Exílio’.Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?Eu tão esquecido de minha terra…Ai terra que tem palmeirasOnde canta o sabiá!

MEUS OITO ANOS

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! [...] (Casimiro de Abreu)

MEUS OITO ANOS

Oh que saudades que eu tenhoDa aurora de minha vidaDas horasDe minha infânciaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terra!Da rua de Santo AntônioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais](Oswald de Andrade)

Aqui, percebemos que a intenção de Oswald de Andrade foi a de criticar o romantismo e o sentimento nacionalista revelado pelas palavras de Casimiro de Abreu. Mesmo porque o ideário modernista perfez-se por um repúdio aos moldes anteriormente adotados por outros artistas, principalmente àqueles que compuseram o Romantismo e o Parnasianismo.