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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO INTERVALOS NA JORNADA DE TRABALHO: INTRAJORNADAS, INTERJORNADAS E DESCANSO SEMANAL VITORIO CANANI DECLARAÇÃO “DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA”. ITAJAÍ (SC), 08 de novembro de 2010. ___________________________________________ Professora Orientadora: Mareli Calza Hermann UNIVALI – Campus Itajaí-SC

INTERVALOS NA JORNADA DE TRABALHO: …siaibib01.univali.br/pdf/Vitorio Canani.pdf · 8 Dicionário técnico jurídico; organização Deocleciano Torrieri Guimarães, 2003. p.317

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  • UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA UNIVALI CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS E JURDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

    INTERVALOS NA JORNADA DE TRABALHO: INTRAJORNADAS, INTERJORNADAS E DESCANSO

    SEMANAL

    VITORIO CANANI

    DECLARAO

    DECLARO QUE A MONOGRAFIA EST APTA PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA.

    ITAJA (SC), 08 de novembro de 2010.

    ___________________________________________ Professora Orientadora: Mareli Calza Hermann

    UNIVALI Campus Itaja-SC

  • UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA UNIVALI CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS E JURDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

    INTERVALOS NA JORNADA DE TRABALHO: INTRAJORNADAS, INTERJORNADAS E DESCANSO

    SEMANAL

    VITORIO CANANI

    Monografia submetida Universidade do Vale do Itaja UNIVALI, como requisito parcial obteno do grau de Bacharel

    em Direito. Orientador: Professora Msc. Mareli Calza Hermann

    Itaja, novembro de 2010.

  • 4

    AGRADECIMENTO

    Agradeo primeiramente a Deus, por tudo.

    A minha famlia pelo apoio.

    A minha sobrinha Juliana pela sua contribuio.

    A minha orientadora que contribuiu diretamente em meu

    aprendizado e crescimento profissional.

  • 5

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho in memoriam de meus pais

    Eudsio e Dorvina, pelas pessoas honradas que foram.

    A minha esposa Claudia, pelo incentivo e compreenso,

    sem a qual nada poderia ter feito.

  • 6

    TERMO DE ISENO DE RESPONSABILIDADE

    Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

    ideolgico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

    Itaja, a coordenao do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

    toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

    Itaja, novembro de 2010.

    Vitorio Canani Graduando

  • 7

    PGINA DE APROVAO

    A presente monografia de concluso do Curso de Direito da Universidade do Vale do

    Itaja UNIVALI, elaborada pelo graduando Vitorio Canani sob o ttulo Intervalos da

    Jornada de Trabalho: intrajornadas, interjornadas e descanso semanal, foi

    submetida em ____ de novembro de 2010 banca examinadora composta pelos

    seguintes professores: Mareli Calza Hermann (Presidente), e aprovada com a nota

    ____.

    Itaja, novembro de 2010

    Professora Msc. Mareli Calza Hermann Orientadora e Presidente da Banca

    Coordenao da Monografia

  • 8

    ROL DE ABREVEATURAS E SIGLAS

    art.

    CC/2002

    Pargrafo

    Artigo

    Cdigo Civil Brasileiro de 2002

    CLT

    CPC

    ed.

    inc.

    Mtb

    MTE

    n

    NR

    OJ

    p.

    REP

    SDI I

    SREP

    TRT

    Consolidao das Leis do Trabalho

    Cdigo de Processo Civil

    Edio

    Inciso

    Ministerial do Trabalho

    Ministrio do Trabalho e Emprego

    Nmero

    Norma Regulamentadora

    Orientao Jurisprudencial

    Pgina

    Registro Eletrnico de Ponto

    Seo I Especializada em Dissdios Individuais

    Sistema de Registro Eletrnico de Ponto

    Tribunal Regional do Trabalho

    TST Tribunal Superior do Trabalho

    UNIVALI Universidade do Vale do Itaja

  • 9

    ROL DE CATEGORIAS

    Acordo coletivo de trabalho:

    Acordo celebrado entre um sindicato da categoria profissional e uma ou mais

    empresas de respectiva categoria econmica1.

    Caducidade:

    Perda de um direito ou da possibilidade de exerc-lo, por inrcia ou renncia da

    parte ou por inadimplncia de clusula; extino de direito no exercido em

    determinado prazo2.

    Capacidade:

    Aptido que tem uma pessoa para exercer seus direitos, como sujeito ativo ou

    passivo, ou de contrair, por si ou por outrem, obrigaes. Nesse sentido, a

    capacidade de direito inerente ao ser humano, embora s vezes seu titular esteja

    impedido de exercer seus direitos em virtude de restries, fsicas, mentais e

    incapacidades que a lei elenca3.

    Contrato:

    Expressa, assim, a idia do ajuste, da conveno, do pacto ou da transao firmada

    ou acordada entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer, ou seja, adquirir,

    resguardar ou extinguir efeitos4.

    1 MAPA FISCAL. Trabalho e previdncia: intervalos do trabalho, 2010. Fascculo n 21. p. 14. 2 Dicionrio tcnico jurdico: organizao Deocleciano Torrieri Guimares, 2003, p. 135. 3 Dicionrio tcnico jurdico: organizao Deocleciano Torrieri Guimares, 2003, p. 138. 4 Silva, De Plcido E. Vocabulrio Jurdico, 1999. p. 217.

  • 10

    Empregado:

    Considera-se empregado toda pessoa fsica que prestar servios de natureza no

    eventual a empregador, sob a dependncia deste e mediante salrio.5.

    Empregador:

    Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os

    riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de

    servio6.

    Estabilidade:

    Efetividade, garantia. A CLT garantia a estabilidade no emprego ao empregador que

    completasse 10 anos de servio na mesma empresa, o qual s podia ser

    despendido se cometesse falta grave ou por circunstncia de fora maior

    devidamente comprovadas7.

    Forma:

    Formalidade, exterioridade, aparncia. Solenidades ou requisitos exteriores que tm

    de ser observados quando se celebram atos jurdicos, para que estes tenham

    validade8.

    Intervalos: Os intervalos ou perodos de descanso so lapsos temporais, remunerados ou no,

    dentro ou fora da jornada, que tm a finalidade de permitir a reposio das energias

    gastas durante o trabalho, proporcionar maior convvio familiar, social e, em alguns

    5 Decreto-Lei n. 5.452 de 01 de maio de 1943. Que dispe sobre a consolidao das leis do trabalho. 6 Decreto-Lei n. 5.452 de 01 de maio de 1943. Que dispe sobre a consolidao das leis do trabalho. 7 Dicionrio tcnico jurdico; organizao Deocleciano Torrieri Guimares, 2003. p. 294. 8 Dicionrio tcnico jurdico; organizao Deocleciano Torrieri Guimares, 2003. p.317.

  • 11

    casos, para outros fins especficos determinados pela lei, tais como alimentao,

    amamentao etc.9.

    Jornada de trabalho: o perodo de tempo em que o empregado exerce sua funo no emprego ou se

    encontra disposio do empregador para exerc-la10.

    Princpios Gerais de Direito:

    So critrios maiores, muitas vezes no escritos, que esto presentes em cada ramo

    do Direito. No Direito do Trabalho, um desses princpios a proteo do trabalhador,

    devendo o juiz, na dvida, favorecer sempre o empregado11.

    Salrio:

    Importncia paga pelo empregador, em retribuio aos servios prestados pelo

    empregado. Entra no cmputo dos ganhos que o trabalhador obtm com seu

    trabalho e que constituem a remunerao12.

    Sindicato:

    Entidade constituda para fins de estudo, defesa e coordenao dos interesses

    econmicos e/ou profissionais de todos os que, como empregados, exeram a

    mesma atividade ou profisso, ou atividade ou profisses similares ou conexas,

    cujas bases territoriais no podem ser inferiores a um municpio13.

    Tcito:

    Implcito, subentendido, que se presume do prprio ato ou fato, sem palavras.

    Oposto a expresso14.

    9 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 578. 10 Silva, De Plcido E. Vocabulrio Jurdico, 1999. p. 457. 11 Dicionrio tcnico jurdico; organizao Deocleciano Torrieri Guimares, 2003. p. 440. 12 Dicionrio tcnico jurdico; organizao Deocleciano Torrieri Guimares,2003. p. 475. 13 MAPA FISCAL. Trabalho e previdncia: intervalos do trabalho, 2010. Fascculo n. 21 p. 14. 14 Dicionrio tcnico jurdico: organizao Deocleciano Torrieri Guimares , 2003. p. 503.

  • 12

    Vinculo:

    Exprime a relao, o lao, a ligao, o elo, a unio, a aliana, a comunicao, a

    comunho, a cadeia, a dependncia, a subordinao, a conexo, existentes entre

    duas ou mais coisas, e entre duas ou mais pessoas, em virtude do que se mostram

    unidas, ligadas, comunicadas, relacionadas, dependentes, conexas15.

    15 Silva, De Plcido E. Vocabulrio Jurdico, 1999. p. 866-867.

  • 13

    SUMRIO

    RESUMO ............................................................................................ 16

    INTRODUO.................................................................................... 17

    CAPTULO 1 ...................................................................................... 19

    DIREITO DO TRABALHO, HISTRICO E PRINCPIOS .................... 19

    1.1 DIREITO DO TRABALHO................................................................................ 19 1.1.1 Fundamentos ............................................................................................... 20 1.1.2 Formao Histrica ..................................................................................... 20 1.2 PRINCPIOS DO DIREITO DO TRABALHO .................................................... 22 1.2.1 Princpio da prevalncia da condio mais benfica ao trabalhador ..... 22 1.2.2 Princpio da norma mais favorvel ............................................................ 23 1.2.3 Princpio do In Dubio pro Misero ou In Dubio pro operrio ..................... 23 1.2.4 Princpio da Primazia da Realidade ........................................................... 24 1.2.5 Princpio da Intangibilidade e da Irredutibilidade Salarial ....................... 24 1.2.6 Princpio da Continuidade da Relao de Emprego ................................. 25 1.2.7 Princpio da Continuidade da Empresa, ou da Preservao da Empresa, ou Funo Social da Empresa ............................................................................. 25 1.2.8 Princpio da Inalterabilidade Contratual In Pejus .................................... 26 1.2.9 Princpio da Irrenunciabilidade e da Intransacionabilidade .................... 26 1.2.10 Princpio da boa-f ................................................................................... 27 1.2.11 Princpio da Alheiabilidade ou Ajenidad ................................................. 27 1.2.12 Princpio da Unidade, da Estabilidade ou da Segurana. ..................... 28

    CAPTULO 2 ...................................................................................... 29

    CONTRATO DE TRABALHO ............................................................. 29

    2.1 CONCEITO ....................................................................................................... 29 2.2 SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO ................................................. 30 2.2.1 Empregador ................................................................................................. 30 2.2.2 Empregado ................................................................................................... 31 2.3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE TRABALHO ............................................. 32 2.3.1 Capacidade .................................................................................................. 33 2.3.2 Objeto lcito .................................................................................................. 33 2.3.3 Forma............................................................................................................ 34 2.4 QUANTO A DURAO DO CONTRATO DE TRABALHO ............................. 35 2.4.1 Teoria geral e regra do contrato por prazo determinado ......................... 35 2.4.2 Forma............................................................................................................ 36 2.4.3 Hipteses ..................................................................................................... 37 2.4.4 Contrato a termo ou sob condio resolutiva .......................................... 37 2.4.5 Durao ........................................................................................................ 38 2.4.5.1 Contrato com prazo superior ao estabelecido em lei ............................ 39

  • 14

    2.4.6 Prorrogao e continuao ........................................................................ 40 2.4.7 Suspenso, interrupo e estabilidade ..................................................... 41 2.4.8 Dies ad quem do contrato a termo ............................................................. 42 2.4.9 Sucesso de contratos a termo ................................................................. 43 2.4.10 Requisito para sua validade ..................................................................... 44 2.4.11 Tipos ........................................................................................................... 44 2.4.11.1 Contrato de Experincia ........................................................................ 44 2.4.11.2 Lei de Estmulo aos Novos Empregos .................................................. 46 2.4.11.3 Obra Certa ............................................................................................... 46 2.4.11.4 Safra ......................................................................................................... 47 2.4.11.5 Artista ...................................................................................................... 47 2.4.11.6 Tcnico Estrangeiro ............................................................................... 47 2.4.11.7 Atleta Profissional .................................................................................. 48 2.4.11.8 Contrato Temporrio .............................................................................. 48 2.4.11.9 Contrato Por Prazo Indeterminado ....................................................... 49

    CAPTULO 3........................................................................................ 50

    INTERVALOS INTRAJORNADA, INTERJORNADA E DESCANSO

    SEMANAL ...........................................................................................50

    3.1 INTERVALOS INTRAJORNADA E INTERJORNADA .................................... 50 3.1.1 Conceito e Finalidade.................................................................................. 50 3.1.2 Natureza Jurdica ......................................................................................... 51 3.1.3 Hipteses ..................................................................................................... 52 3.1.3.1 Intervalos Entrejornadas ou Interjornadas ............................................. 52 3.1.3.2 Intervalos Intrajornadas ........................................................................... 52 3.1.4 Intervalo para repouso e alimentao ....................................................... 54 3.1.4.1 Durao ..................................................................................................... 54 3.1.5 Controle ........................................................................................................ 57 3.1.6 Reduo ....................................................................................................... 58 3.1.7 Perodos de Descanso ................................................................................ 60 3.1.7.1 Perodos de descanso previstos em lei .................................................. 60 3.1.7.2 Perodos de descanso no previstos em lei .......................................... 61 3.1.7.2.1 Supresso .............................................................................................. 62 3.1.7.2.2 Prorrogao do Intervalo e Concesso de Intervalo No Previsto em Lei .......................................................................................................................... 62 3.1.8 Transao, Renncia ou Suspenso ......................................................... 62 3.1.9 Intervalo Trabalhado ou Concedido Parcialmente ................................... 63 3.1.10 Intervalo do digitador ................................................................................ 64 3.1.11 Call Center, Telemarketing ou Tele atendimento .................................... 65 3.1.12 Intervalo entre dois dias de trabalho ....................................................... 66 3.1.13 Intervalo para amamentao .................................................................... 66 3.1.14 Penalidades ................................................................................................ 67 3.1.15 Prorrogao da Jornada de Trabalho Concesso de Intervalos ........ 67 3.1.15.1 Mulheres .................................................................................................. 67 3.1.15.2 Operadores cinematogrficos ............................................................... 68 3.1.15.3 Msicos ................................................................................................... 68 3.1.16 Intervalo para refeio ou repouso do empregado com jornada contratual de 6 horas submetido ao cumprimento de horas suplementares . 69

  • 15

    3.1.17 Jornada de Trabalho Aplicvel a Telefonistas ........................................ 70 3.1.18 Conseqncias da No Concesso do Intervalo para Alimentao ou Repouso ................................................................................................................ 72 3.2 DESCANSO SEMANAL................................................................................... 75 3.2.1 Conceito ....................................................................................................... 75 3.2.2 Finalidade ..................................................................................................... 75 3.2.3 Natureza Jurdica ......................................................................................... 76 3.2.4 Campo de Aplicao ................................................................................... 76 3.2.5 Caractersticas do descanso ...................................................................... 77 3.2.6 Requisitos .................................................................................................... 77 3.2.7 Descanso aps o 7 dia ............................................................................... 78 3.2.8 Atividade autorizadas a funcionarem aos domingos ............................... 79 3.2.8.1 Compensao de Jornada ....................................................................... 80 3.2.9 Trabalho em dia de repouso e feriado ....................................................... 81 3.2.10 Feriados ...................................................................................................... 81 3.2.11 Remunerao do Repouso Semanal........................................................ 82 3.3 PONTO ELETRNICO .................................................................................... 83 3.3.1 Marcaes registradas fielmente Obrigatoriedade ............................... 84

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................ 86

    REFERNCIAS DAS FONTES CITADAS .......................................... 89

  • 16

    RESUMO

    O objetivo desta pesquisa estudar os Intervalos na Jornada

    de Trabalho: intrajornadas, interjornadas e descanso semanal. Visa analisar os

    riscos pecunirios dos empregadores por no observarem os prazos que so

    legalmente estabelecidos para que os seus empregados possam se alimentar e

    descansar antes de retornarem ao trabalho no mesmo dia, no dia seguinte ou na

    semana subseqente. Esta prtica, que decorre quase sempre da pouca relevncia

    que se d s normas legais acabam gerando significativos rombos no patrimnio

    das empresas. Para tal apontou-se que para evitar dificuldades o empregador deve

    dar ao empregado exatamente quantidade mnima ou a mxima estabelecidas em

    normas legais.

  • 17

    INTRODUO

    O presente trabalho tem como objetivo institucional produzir

    uma monografia para obteno do ttulo de bacharel em Direito.

    O estudo tem como objetivo pesquisar sobre os intervalos da

    jornada de trabalho, sua obrigatoriedade e conseqncias.

    Com isso, o trabalho ser desenvolvido com o intuito de melhor

    entender a aplicao e os tipos de intervalos de jornada de trabalho.

    Para realizar a pesquisa dividimos o estudo em trs captulos:

    No primeiro captulo ser apresentado o conceito de Direito do

    Trabalho, sua aplicao s regras trabalhistas e sua importncia, bem como

    algumas noes a cerca dos princpios aplicveis ao Direito do trabalho.

    No segundo captulo tratou-se do contrato de trabalho com

    vnculo empregatcio. Dessa maneira, buscou-se primeiramente conceituar contrato

    de trabalho, passando ento ao estudo dos elementos, natureza jurdica alm de

    seus sujeitos, ou seja, empregador e empregado.

    E, no terceiro captulo abordou-se o tema pesquisado:

    Intervalos Intrajornada, Interjornada e Descanso Semanal. Passa, portanto pela

    natureza jurdica, hipteses, bem como durao, controle, reduo, prorrogao do

    intervalo e concesso de intervalos no previsto em lei, sua transao, renncia ou

    suspenso.

    Para realizar a pesquisa de monografia foram levantadas as

    seguintes hipteses:

    1) O auditor fiscal de trabalho encontra com facilidade ao

    analisar os cartes de ponto se os mesmos consignam intervalos para alimentao

    e descanso com tempo inferior ao mnimo legal que de uma hora, para o

  • 18

    empregado que trabalha acima seis.

    2) O auditor fiscal do trabalho pode constatar que o empregado

    consignou em seus registros de horrios, intervalos com tempo inferior a 11 horas

    ininterruptas entre um dia e outro de servio, ou de 35 horas consecutivas entre uma

    semana e outra, que induz lavrar auto de infrao.

    3) Empregadores que no concedem intervalos mnimos de

    descanso, respondero aes na justia do Trabalho e podero ser condenados ao

    pagamento do referido descanso com acrscimo no mnimo de 50%

    Sem maiores pretenses, o estudo atrai, de forma simples e

    direta, identificar as caractersticas de cada uma das hipteses legais de intervalos

    de jornadas, de modo a no exaurir da questo, mas instigar ao aprofundamento do

    tema, pois fundamentada justamente na incansvel busca do conhecimento que a

    sociedade evolui e se aprimora.

    No que tange a metodologia empregada, foi adotado pesquisa

    bibliogrfica16 como modelo de estudo.

    O presente Relatrio de Pesquisa se encerra com as

    Consideraes Finais, nas quais so apresentados pontos conclusivos destacados,

    seguidos da estimulao continuidade dos estudos e das reflexes sobre os

    intervalos de jornada.

    16 Pesquisa bibliogrfica procura explicar e discutir um tema ou um problema com base em referncias tericas publicadas em livros, revistas, peridicos etc. Martins, Gilberto de Andrade, Lintz. Alexandre. Guia para elaborao de monografias e trabalhos de concluso de curso, 2000. p. 108.

  • 19

    CAPTULO 1

    DIREITO DO TRABALHO, HISTRICO E PRINCPIOS

    1.1 DIREITO DO TRABALHO

    Direito do Trabalho tem por objeto as normas, as instituies

    jurdicas e os princpios que disciplinam as relaes de trabalho subordinado,

    determinam os seus sujeitos e as organizaes destinadas proteo desse

    trabalho em sua estrutura e atividade.

    Cassar17 discorre sobre as trs correntes do direito do trabalho:

    A primeira corrente a subjetiva, prioriza as pessoas da relao de emprego: o empregado e o empregador. Pela anlise da corrente subjetiva o direito do trabalho destaca a fragilidade da condio econmica do empregado na relao jurdica. A segunda corrente a objetiva e reala o contedo do Direito do Trabalho e no seus destinatrios. No prioriza os sujeitos da relao jurdica, mas a lei, o campo objetivo. Tem como o fio condutor a prestao de trabalho subordinado, objeto do contrato de trabalho. A terceira corrente chamada de mista engloba as duas correntes acima, valorando tanto os sujeitos da relao de trabalho quanto o contedo do Direito do Trabalho.

    Junior18 conceitua Direito do Trabalho de acordo com a

    corrente subjetiva destacando o papel do empregado: o conjunto de leis que

    consideram individualmente o empregado e o empregador, unidos numa relao

    contratual. Delgado19 defensor da corrente objetiva, entende que o Direito do

    Trabalho um: Corpo de princpios e normas jurdicas que ordenam a prestao de

    trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relaes e os riscos que

    dela se originam. Catharino20 defende a corrente mista e escreve: o conjunto de

    17 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 3-4. 18 Junior, Cesarino. Direito Social, 1980. p. 52-54. 19 Delgado, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 2002. p. 41. 20 Catharino, Jos Martins. Compndio Universitrio de Direito do Trabalho, 1972. p. 49.

  • 20

    princpios e normas que regulam, principalmente, as relaes imediata ou

    mediatamente ligadas ao trabalho remunerado, livre, privado e subordinado, e,

    ainda, aspectos relativos existncia dos que o executam.

    1.1.1 Fundamentos Cassar21 relata sobre o nascimento do Direito do Trabalho:

    O Direito do Trabalhado nasce como reao ao cenrio que se apresentou com a Revoluo Industrial, com a crescente e incontrolvel explorao desumana do trabalho. produto da reao da classe trabalhadora ocorrida no sculo XIX contra a utilizao sem limites do trabalho humano. O direito comum civil, com suas regras privadas de mercado, no mais atendia aos anseios da classe trabalhadora, oprimida e explorada diante da explorao do mercado de trabalho ocorrido em virtude da descoberta da mquina a vapor, de tear, da luz e da conseqente revoluo industrial.

    Diante da necessidade de um novo sistema legislativo

    protecionista, intervencionista, com o intuito de impedir a explorao do homem pelo

    homem de forma vil, nasce o Direito do Trabalho com funo tutelar, econmica,

    poltica, coordenadora e social.

    1.1.2 Formao Histrica

    Cassar22 explica o histrico mundial do Direito do Trabalho:

    O trabalho sempre foi exercido pelo homem. Na antiguidade, o homem trabalhava para alimentar-se, defender-se, abrigar-se e para fins de construo de instrumentos. A formao de tribos propiciou o incio das lutas pelo poder e domnio.

    Sobre esse assunto, Susssekind23 relata Os perdedores

    tornaram-se prisioneiros e, como tais, eram mortos e comidos. Alguns passaram

    21 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 10. 22 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 11 23 Sussekind. Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho, 2002, p. 3.

  • 21

    condio de escravos para execuo de servios mais penosos. A partir da

    escravido surgiu o trabalho subordinado em favor de terceiro.

    Com a Revoluo Industrial as empresas expandiram-se, pois o

    trabalho passou a ser feito de forma mais rpida e produtiva, substituindo-se o

    trabalho do homem pelo da mquina, terminando com vrios postos de trabalho,

    causando desemprego. Nasce a necessidade do trabalho do homem para operar a

    mquina e, com isso, o trabalho assalariado. Cassar 24 relata:

    Substitua-se o trabalho do homem pelo do menor e das mulheres que eram economicamente mais baratos e mais dceis. Prevalecia a lei do mercado onde o empregador ditava as regras, sem interveno do Estado liberdade contratual. A jornada era de 16 horas e a explorao da mo-de-obra infantil chegou a nveis alarmantes.

    O Direito do Trabalho surge como reao s Revolues

    Francesa e Industrial e crescente explorao desumana do trabalho. um produto

    da reao ocorrida no sculo XIX contra a utilizao sem limites do trabalho

    humano.

    Cassar25 explica que o Direito do Trabalho nasce com duas

    ramificaes:

    Direito Individual do Trabalho e Direito Coletivo. O Direito Coletivo, com a preocupao abstrata e geral de proteo dos interesses do grupo de trabalhadores ou de empresrios. O direito individual, com a preocupao concreta na proteo dos direitos sociais do empregado. A base do direito coletivo do trabalho o sindicato.

    No Brasil surgiu em 1934 com a Constituio da Repblica que

    elevou os direitos trabalhistas ao status constitucional dispostos nos arts. 120 e 121,

    tais como salrio mnimo, jornada de oito horas, frias, repouso semanal, pluralidade

    sindical, indenizao por despedida imotivada, criao na Justia do Trabalho, ainda

    no integrante do Poder Judicirio.

    Em 1943 foi criada atravs de Decreto-Lei n.5452, de 1 de maio

    de 1943 e sancionada pelo ento presidente Getlio Vargas, durante o perodo do 24 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 13. 25 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 13

  • 22

    Estado Novo, unificando toda legislao trabalhista, ento existente no Brasil. A

    Consolidao das Leis do Trabalho a principal norma legislativa brasileira referente

    ao Direito do Trabalho Processual do Trabalho. Seu objetivo principal a

    regulamentao das relaes individuais e coletivas do trabalho, nela previstas.

    1.2 PRINCPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

    Os princpios so proposies genricas que sustentam e

    inspiram o legislador no momento da produo da norma. Podem servir para suprir

    lacunas do ordenamento jurdico e orientam o intrprete no momento da

    interpretao.

    Temos no disposto do artigo 8. da CLT que na falta de

    disposies legais ou contratuais o intrprete pode se socorrer dos princpios de

    Direito do Trabalho, mostrando que esses princpios so fontes supletivas da

    referida matria. Evidencia-se o carter informador dos princpios, de informar o

    legislador na fundamentao das normas jurdicas, assim como o de fonte

    normativa, de suprir as lacunas e omisses da lei.

    H uma crescente valorizao dos princpios e aplicao no

    mbito do direito do trabalho.

    Dentre os princpios que prevalecem no Direito do Trabalho,

    destacamos os seguintes:

    1.2.1 Princpio da prevalncia da condio mais benfica ao trabalhador

    Elaborado pela doutrina, o princpio da condio mais benfica,

    significa que na mesma relao de emprego uma vantagem j conquistada no deve

    ser reduzida.

  • 23

    Cassar26 conceitua o Princpio da prevalncia da condio mais

    benfica ao trabalhador:

    Determina que toda circunstncia mais vantajosa em que o empregado se encontrar habitualmente prevalecer sobre a situao anterior, seja oriunda de lei, do contrato, regimento interno ou norma coletiva. Todo tratamento favorvel ao trabalhador concedido tacitamente e de modo habitual, prevalece, no podendo ser suprimido, porque incorporado ao patrimnio do trabalhador, como clusula contratual tacitamente ajustada art. 468 da CLT. Se concedido expressamente, o requisito da habilidade desnecessrio, pois a benesse clusula contratual ajustada pelas partes, no podendo o empregador descumprir o pacto.

    No Direito do Trabalho como se v, no princpio do direito adquirido da constituio. (CF, art. 5, XXXVI).

    1.2.2 Princpio da norma mais favorvel

    Princpio que informa ao operador do Direito que se existirem

    duas ou mais normas aplicveis ao caso concreto, dever-se- aplicar aquela que

    melhor atenda aos interesses do trabalhador.

    O princpio da norma mais favorvel deriva tambm do princpio da proteo ao trabalhador e pressupe a existncia de conflito de normas aplicveis a um mesmo trabalhador. Neste caso deve-se optar pela norma que for mais favorvel ao obreiro, pouco importando sua hierarquia formal. Em outras palavras: o princpio determina que, caso haja mais de uma norma aplicvel a um mesmo trabalhador, deve-se optar por aquela que lhe seja mais favorvel, sem se levar em considerao a hierarquia das normas. Cassar 27.

    Na aplicao deste princpio, permite-se at mesmo afastar a

    aplicao hierrquica das normas o que implica objetivamente, que determinado

    dispositivo legal com prevalncia sobre outros poder ser preterido, caso o

    interessado tutelado exera fora de atrao norma inferior, ao se vislumbrar que

    apresenta condio favorvel de soluo demanda proposta.

    1.2.3 Princpio do In Dubio pro Misero ou In Dubio pro operrio

    26 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 143. 27 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 149.

  • 24

    Este princpio encontra-se absorvido pelo princpio da norma

    mais favorvel, com a finalidade precpua de reduzir as desigualdades entre as

    partes, uma vez que o trabalhador e notoriamente a parte mais frgil na relao.

    Este princpio, corolrio do princpio da proteo ao trabalhador, recomenda que o interprete deve optar, quando estiver diante de uma norma que comporte mais de uma interpretao razovel e distinta, por aquela que seja mais favorvel ao trabalhador, j que este a parte fraca da relao. Ou seja, quando emergir da norma dvida a respeito da sua interpretao, desde que seja razovel, o exegeta dever optar por aquela que beneficiar o hipossuficiente. Cassar28.

    1.2.4 Princpio da Primazia da Realidade

    A lei atribui dinamismo atividade do juiz para que possa

    alcanar a verdade real. Esse princpio est presente no art. 765, da CLT, dispe

    que os juzos e tribunais do trabalho tero ampla liberdade na direo do processo e

    velaro pelo andamento rpido das causas podendo determinar qualquer diligncia

    necessrio ao esclarecimento delas.

    O princpio da primazia da realidade destina-se a proteger o trabalhador, j que seu empregador poderia, com relativa facilidade, obrig-lo a assinar documentos contrrios aos fatos e aos seus interesses. Ante o estado de sujeio permanente que o empregado se encontra durante o contrato de trabalho, algumas vezes submete-se s ordens do empregador, mesmo que contra sua vontade. Cassar29.

    Em sntese: o fato procede forma.

    1.2.5 Princpio da Intangibilidade e da Irredutibilidade Salarial Este princpio assegura a irredutibilidade salarial, revelando-se

    como espcie do gnero da inalterabilidade contratual lesiva.

    Intangibilidade significa proteo dos salrios contra descontos no previstos em lei. A intangibilidade tem como fundamento a proteo do salrio do trabalhador contra seus credores. As inmeras excees esto expressamente previstas em lei, tais como: o pagamento de penso alimentcia, a deduo de imposto de renda,

    28 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 152. 29 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 156.

  • 25

    contribuio previdenciria, contribuio sindical, emprstimos bancrios, utilidades e outros. Cassar30.

    H diversos dispositivos legais que asseguram tutela em

    relao aos salrios, art. 7 da CLT: So direitos dos trabalhadores (...) alm de

    outros: VI irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo

    coletivo; X proteo do salrio na forma da lei, constituindo crime a sua reteno

    dolosa.

    1.2.6 Princpio da Continuidade da Relao de Emprego

    Este princpio, como os demais, francamente favorvel ao

    trabalhador, na medida em que nem mesmo as alteraes na estrutura jurdica ou

    mudana na propriedade da empresa poder afetar os contratos de trabalho dos

    respectivos empregados, nos termos dos artigos 10 e 448 da CLT.

    A relao de emprego, como regra geral, tende a ser duradoura, em face da prpria natureza humana que impulsiona o homem na busca do equilbrio e da estabilidade de suas relaes em sociedade. Imagina-se que o empregado, quando aceita um emprego, pretenda neste permanecer por tempo indefinido. Esta a noo de engajamento do empregado na empresa. Em virtude disto, a regra geral quando ao prazo do contrato de emprego que este indeterminado e a exceo o contrato a tempo. Por isto, o contrato a termo deve ser expresso (art. 29 da CLT). No havendo prova do ajuste de vigncia do pacto, a presuno de que o contrato de trabalho indeterminado.Cassar31.

    So inmeros os reflexos prticos deste princpio.

    1.2.7 Princpio da Continuidade da Empresa, ou da Preservao da Empresa, ou Funo Social da Empresa O princpio da continuidade da empresa princpio relevante e

    est intimamente ligado ao principio da continuidade da relao de emprego, que

    normalmente causada pela continuidade do organismo empresarial.

    O princpio da funo social da empresa pugna pela prioridade da sobrevivncia da empresa em casos de dvida acerca de sua continuidade ou encerramento, fazendo com que prevaleam seus

    30 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 159. 31 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 159.

  • 26

    interesses a mdio e longo prazo, sobre o interesse daqueles que preferem sua extino, que tendem a pensar a curto prazo, de modo egosta ou individualista. A manuteno da empresa atende ao interesse coletivo na medida em que fonte geradora de empregos, de tributos, de produo ou mediao de bens e funciona como vlvula propulsora de desenvolvimento. A maior incidncia do princpio da preservao ocorre nos possveis casos de dissoluo da sociedade, quando, por exemplo, h retirada ou morte de um scio ou administrador. Cassar32.

    Quando h mudana na estrutura jurdica da empresa, os

    direitos do trabalhador ficam a salvo. Assim ocorre quando uma sociedade irregular

    se transforma em sociedade regular. Se a mudana se d na propriedade da

    empresa, caracteriza-se a sucesso e o sucessor responde contratos e pelos

    direitos dos empregados.

    1.2.8 Princpio da Inalterabilidade Contratual In Pejus

    Este princpio resumido pelo brocado pacta sunt servanta, os

    pactos devem ser cumpridos: a intangibilidade contratual restringe-se proibio de

    supresso ou reduo de direitos e vantagens dos trabalhadores.

    Tem sua origem no Direito Civil, que considera que o contrato faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). Por estarem obrigadas, a cumprir o contrato, as partes no podem livremente alterar suas clusulas no curso deste. Este princpio civilista tem sido relativizado, pois o novo paradigma do direito comum a tica, a boa-f objetiva, a funo social do contrato, o no abuso do direito, a proteo do hipossuficiente e a transparncia nas tratativas, que permitem a manifestao de vontade de forma consciente. Cassar33.

    Deve-se registrar, ser hoje, uma constatvel tendncia de fato,

    que as condies de trabalho sejam cada vez mais objeto de livre negociao por

    parte de trabalhadores e empregadores.

    1.2.9 Princpio da Irrenunciabilidade e da Intransacionabilidade

    O princpio da irrenunciabilidade dos direitos consiste na

    impossibilidade jurdica de o trabalhador privar-se voluntariamente de vantagens a

    ele conferidas pela lei trabalhista.

    32 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 160. 33 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 161.

  • 27

    Como regra geral o empregado no pode antes da admisso, no curso do contrato ou aps seu trmino, renunciar ou transacionar seus direitos trabalhista, seja de forma expressa ou tcita. O impedimento tem como fundamento a natureza das normas trabalhistas, que so de ordem pblica, cogentes, imperativas, logo, irrenunciveis e intransacionveis pelo empregado. O art. 9. da CLT declara como nulo todo ato que vise desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos direitos trabalhistas previstos na lei. Da mesma forma o art. 468 da CLT, que considerou nula toda alterao contratual que cause prejuzo ao trabalhador. Reforando o entendimento o art. 444 da CLT, autoriza a criao de outros direitos pela vontade das partes, desde que no contrariem aqueles previstos na lei e nas normas coletivas. A renncia uma declarao unilateral de vontade que atinge direito certo e atual, cujo efeito a extino deste direto. Cassar34.

    sabido que realizada transao em juzo, haver validade de tal ato de vontade. 1.2.10 Princpio da boa-f O princpio tem como norte que as partes pactuem de forma

    honesta visando o bem comum e que o trabalho realize sua funo social.

    O princpio da boa-f pressupe que todos devem comportar-se de acordo com um padro tico, moral, de confiana e lealdade que se espera de um homem comum. Como conseqncia disso as partes contratantes devem se comportar de forma adequada, mesmo que isso no esteja previsto expressamente na lei ou no contrato. uma espcie do gnero norma de conduta, pois determina como as partes devem agir. A boa-f deve estar presente no ato da contratao, na execuo e na extino do contrato de trabalho. Desta forma,todo ato praticado com m-f, deve ser punido pela abusividade e repelido pelo direito. Cassar35.

    A boa-f serve como regra de julgamento pelo magistrado

    quando da apreciao de questes, as quais a lei nem sempre prev.

    1.2.11 Princpio da Alheiabilidade ou Ajenidad

    Entende-se que o empregador demandador de trabalho, mas a

    impossibilidade de apart-lo da pessoa humana conduz relao jurdica em que o

    trabalhador cede o uso da sua energia vital e sua atividade social.

    34 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 170-171. 35 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 189.

  • 28

    Ajenidad significa aquisio originria de trabalho por conta alheia. Este princpio revela dois contedos: a) que a aquisio do trabalho gera o vnculo de emprego com o tomador que originariamente recebe os servios do empregado, da porque a aquisio originria; b) que o trabalho exercido para e por conta de outra pessoa. Isto quer dizer que a energia desprendida pelo trabalhador destina-se a outro que no ele prprio e que por conta deste tomador que ele exerce seus servios, logo, o empregador quem corre os riscos deste negcio. Cassar36.

    importante destacar que o empregado subordinado na

    relao de emprego, porm os riscos do empreendimento so de todo do

    empregador.

    1.2.12 Princpio da Unidade, da Estabilidade ou da Segurana.

    Em decorrncia deste princpio temos que o direito constitucional

    deve ser interpretado de forma a evitar contradies (antimoniais) entre suas normas

    e, sobre tudo, entre os princpios constitucionais.

    O princpio da segurana jurdica percebido em vrios incisos do art. 5. da Constituio. Quando por exemplo a Carta determina o respeito ao direito adquirido, ao ato jurdico perfeito, coisa julgada, anterioridade legal etc., demonstra, implicitamente, uma regra de conduta que pugna pela segurana jurdica, pela previsibilidade, pela estabilidade. Alis, estes so os pilares indispensveis a qualquer ordenamento jurdico, j que visam conferir certeza e estabilidade s relaes jurdicas. A relao de trabalho, de trato sucessivo, clama ainda mais pela segurana jurdica para evitar surpresas e alteraes bruscas no contrato. Cassar37.

    Os princpios so idias padres a serem adotadas pelo Direito

    do Trabalho, tanto nas leis, quanto na atividade interpretativa e integradora.

    Na atual conjuntura, tem-se que a aplicao dos princpios visa

    garantir a isonomia das partes no pacto laboral no permitindo a constituio de uma

    relao desigual e injusta.

    36 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 191. 37 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 191.

  • 29

    CAPTULO 2

    CONTRATO DE TRABALHO

    2.1 CONCEITO

    A CLT conceitua o contrato de trabalho em seu art. 442 como

    sendo: o acordo tcito ou expresso, correspondente relao de emprego. Esse

    conceito incompleto, o que justifica uma melhor anlise pela doutrina sobre o

    conceito de contrato de trabalho.

    Segundo Gomes38 o contrato de trabalho, a conveno pela

    qual um ou vrios empregados, mediante certa remunerao e em carter no

    eventual, prestam trabalho pessoal em proveito e sob direo de empregador.

    Para Maranho39 o contrato de trabalho todo aquele pelo qual

    uma pessoa se obriga a uma prestao de trabalho em favor de outra.

    Com esta posio concorda Magano40:

    o negcio jurdico de direito privado pelo qual uma pessoa fsica se obriga prestao pessoal, subordinada e no-eventual de servio, colocando sua fora-de-trabalho disposio de outra pessoa fsica ou jurdica, que assume os riscos de um empreendimento econmico ou de quem a este, legalmente, equiparado, e que se obriga a uma contraprestao.

    Para reconhecermos a relao jurdica de natureza contratual,

    temos que observar se ela tem como sujeitos o empregado e o empregador, e como

    objeto o trabalho subordinado continuado, assalariado e pessoal.

    38 Gomes, Orlando, Gottschalsk, lson. Curso de Direito do Trabalho, 1995. p. 118. 39 Maranho, Dlio: Carvalho, Luiz Incio Barbosa. Direito do Trabalho,1993. p. 46. 40 Magano. Octvio Bueno. Manual de Direito do Trabalho, 1992. p. 47.

  • 30

    2.2 SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO O contrato de trabalho com vnculo de emprego, conforme

    preceitua a CLT est centrado em dois sujeitos: o empregador e o empregado,

    sendo o primeiro o tomador dos servios e o segundo o executor destes.

    2.2.1 Empregador O empregador tambm chamado de patro, empresrio. O

    artigo 2. da CLT considera empregador a empresa, individual ou coletiva, que,

    assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao

    pessoal de servios O 1. do mesmo artigo equipara a empregador, para os

    efeitos da relao de emprego, os profissionais liberais, as instituies de

    beneficncia, as associaes recreativas ou outras instituies em fins lucrativos,

    que admitirem trabalhadores como empregados. Numa concepo econmica a

    empresa a combinao dos fatores da produo: terra, capital e trabalho. Empresa

    a atividade organizada para a produo de bens e servios para o mercado, com

    fito de lucro.

    A CLT declara que empregador a empresa. Para uns,

    empresa sujeito de direito, enquanto para outros objeto de direito, analisada

    como um conjunto de bens, que no seria equiparvel a sujeito de direito.

    Conforme Barros41 empregador a pessoa fsica, jurdica ou o

    ente que contrata, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios do empregado,

    assumindo os riscos do empreendimento econmico.

    Portanto o empregador todo aquele que tem empregado. Por

    mais simplrio que parece a concluso, ela a que melhor define a figura do

    empregador.

    41 Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2007. p. 363.

  • 31

    2.2.2 Empregado

    O art. 3 da CLT considera empregado toda pessoa fsica que

    prestar servios de natureza no eventual a empregador, sob a dependncia deste e

    mediante salrio.

    Para Nascimento42 a pessoa fsica que presta pessoalmente a

    outrem servios no eventuais, subordinados e assalariados.

    O empregado s pode ser pessoa fsica, no possvel ser

    pessoa jurdica ou animal. A legislao trabalhista tutela a pessoa fsica do

    trabalhador. Os servios prestados pela pessoa jurdica so regulados pelo Direito

    Civil. O servio prestado pelo empregado deve ser de natureza no eventual. Nota-

    se que o trabalho deve ser contnuo, no podendo ser episdio, ocasional. Um dos

    requisitos do contrato de trabalho a continuidade na prestao de servios, pois

    aquele pacto um contrato de trato sucessivo, de durao, que no se exaure numa

    nica prestao, como ocorre com a compra e venda em que pago o preo e

    entregue a coisa.

    No contrato de trabalho h a habitualidade na prestao dos

    servios, que na maioria das vezes feita diariamente, mas poderia ter outra

    periodicidade, como duas vezes por semana etc.

    A expresso dependncia contida no art. 3 da CLT, quer dizer

    que o empregado dirigido por outrem: o empregador. Portanto o termo mais

    correto subordinao. A subordinao o aspecto da relao de emprego visto

    pelo lado do empregado, enquanto o poder de direo a mesma acepo vista

    pelo lado do empregador. O empregado dirigido pelo empregador, a quem se

    subordina. Se o trabalhador no dirigido pelo empregador, mas por ele prprio,

    autnomo.

    42 Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 2001. p. 163.

  • 32

    2.3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE TRABALHO

    Como todo o negcio jurdico, o contrato de trabalho requer,

    para sua viabilidade, a conjuno de elementos extrnsecos e intrnsecos,

    modernamente distinguidos, respectivamente, sob a denominao de pressupostos

    e requisitos.

    Nas palavras de Cassar 43

    O contrato de trabalho constitui espcie de negcio jurdico, de natureza bilateral, pois acordo de vontade que, na conformidade da ordem jurdica, estabelece uma regulamentao de interesses entre as partes, com o objetivo de criar, modificar ou extinguir relaes jurdicas de natureza patrimonial.

    Os contratos contm duas caractersticas: estrutural, isto , a

    alteridade, que se demonstra atravs da bilateralidade de atribuies, direitos e

    obrigaes recprocas; e funcional, pois compe interesses contrapostos,

    harmonizando os conflitos.

    Da decorre sua funo econmica e social, pois atravs do

    contrato que uma vasta gama de interesses se harmonizam.

    Assim como outros contratos dependem de certos elementos

    para se concretizarem, os contratos de trabalho encontram guarida na legislao

    trabalhista, tm a aplicao subsidiria do Direito Civil, conforme especificado no art.

    8 da CLT.

    De acordo com o art. 104 do CC, para validade do negcio

    jurdico mister estejam presentes os requisitos, de forma concomitante:

    I - agente capaz

    II - objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel;

    III - forma prescrita ou no defesa em lei.

    43 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 423.

  • 33

    2.3.1 Capacidade A capacidade pode ser de direito ou de fato. De direito aquela

    que toda pessoa tem para adquirir direitos e contrair obrigaes.

    Nas palavras de Magano44, a capacidade a aptido para

    adquirir direitos e contrair obrigaes.

    Adquirem a capacidade de fato ou de exerccio os que podem

    praticar validamente todos atos da vida civil.

    Capacidade segundo Pinto45 a aptido do homem para ser

    sujeito ativo ou passivo de relaes jurdicas, de adquirir e gozar direitos e contrair

    obrigaes. Esta a capacidade de fruio ou de exerccio.

    Para Maranho46, a capacidade no deve ser confundida com as

    condies administrativas previstas para o exerccio da atividade profissional, j que,

    nas palavra do autor, a inobservncia das prescries regulamentares no invalida o

    ato jurdico, sujeitando, apenas, quele que as infringe, s sanes estabelecidas de

    ordem penal ou administrativa.

    Nos dias atuais, como parmetro da capacidade, leva-se em

    considerao a idade e a capacidade mental do agente.

    2.3.2 Objeto lcito Para que o negcio se repute perfeito, dever versar sobre

    objeto lcito conforme a lei, alm de lcito deve ser possvel, fsica ou juridicamente, o

    objeto do ato negocial.

    44 Magano, Octvio Bueno. Manual de Direito do Trabalho, 1992. p. 189. 45 Pinto, Jos Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho, 2003. p. 171. 46 Sussekind. Arnaldo; Maranho, Dlio; Vianna, Segadas; Teixeira, Lima. Instituies de Direito do Trabalho, 2005. p. 249.

  • 34

    Para Bevilcqua47, o objeto de direito o bem ou vantagem

    sobre que o sujeito exerce o poder conferido pela ordem jurdica.

    O objeto do contrato no pode ser contrrio lei, moral, aos

    princpios de ordem pblica e aos bons costumes.48,49 Conforme art. 104 do Cdigo

    Civil se objeto do contrato constituir atividade ilcita, criminosa ou contrria aos bons

    costumes, ser nula de pleno direito, por falta de um dos requisitos essenciais para

    a validade do ato.

    Nas palavras de Neto e Cavalcante50:

    No direito do trabalho a expresso objeto ilcito sintetiza o prprio contedo do contrato de trabalho. A atividade um dos elementos caractersticos do contrato de trabalho. Deve estar em sintonia com a ordem, moralidade, os bons costumes, e a ordem pblica, alm de ser possvel do ponto de vista fsico e jurdico.

    Assim, verifica-se que a licitude neste tipo de contrato a

    mesma observada no direito civil.

    2.3.3 Forma

    A forma do contrato flexvel se tratando de contrato de

    trabalho, a lei prev que o contrato pode ser escrito, verbal ou meramente

    consensual, bastando nesse ltimo caso que algum comece a prestar servios e o

    beneficirio dos servios lhe pague, mesmo que nenhum dos dois tenha trocado

    uma palavra sequer a respeito disso.

    O art. 104 do Cdigo Civil refere-se forma do negcio jurdico

    e faz concluir que nulo ser o negcio jurdico no efetuado sob a forma

    determinada pela lei. Em outras palavras: se a lei exigir que determinado contrato

    seja escrito e registrado, nulo ser este pacto se no realizado desta forma.

    47 Bevilacqua, Clvis. Cdigo dos Estados Unidos do Brasil comentado. Francisco Alves, 1927, p. 191 48 Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2005. p. 221-225 49 Gomes, Orlando; Gottschalk, lson. Curso de Direito do Trabalho. Revisado por Jos Augusto Pinto, 2004. p. 148. 50 Jorge Neto. Francisco Ferreira; Cavalcante, Jouberto de Quadros Pessoa. Manual de Direito do Trabalho, 2003. p. 430.

  • 35

    Os contratos de trabalho no necessitam de registros, isso

    porque o art. 443 da CLT admite a forma verbal ou escrita. Normalmente a forma

    escrita exigida para proteger o prprio trabalhador.

    Para Neto e Cavalcante51, forma o requisito que deve ser

    observado na prtica de um ato para que seja considerado jurdico. Reflete a

    maneira pela qual o ato se exterioriza, ou seja, o modo pelo qual se apresenta no

    mundo jurdico.

    Conforme dispe o art. 107 do CC, no existe uma forma

    especial, excetuando-se os casos expressamente exigidos por lei. Alm da forma,

    por fora do art. 166, IV do CC, tambm obrigatria a observncia da solenidade

    que se considere essencial.

    2.4 QUANTO A DURAO DO CONTRATO DE TRABALHO 2.4.1 Teoria geral e regra do contrato por prazo determinado O contrato de emprego pode ter sua durao limitada no tempo

    ou ser pactuado por durao indeterminada.

    Em decorrncia do princpio da continuidade da relao de

    emprego e de sua natureza sucessiva, o contrato de trabalho no se exaure em um

    nico ato, isto , uma relao de dbito permanecendo, assim, a regra geral o

    prazo indeterminado, salvo ajuste expresso em contrrio.

    Cassar 52 explica contrato a termo:

    O contrato a termo considerado prejudicial ao trabalhador, seja por impedir sua insero na empresa de forma permanente, refletido no seu no comprometimento total com aquele emprego, seja por discrimin-lo frente aos demais empregados efeitos, pois

    51 Jorge Neto. Francisco Ferreira; Cavalcante, Jouberto de Quadros Pessoa. Manual de Direito do Trabalho, 2003. p. 431. 52 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 458.

  • 36

    normalmente o empregador dispensa tratamento distinto ao efetivos e aos temporrios. O empregado contratado por prazo certo no veste a camisa da empresa porque sabe que sua permanncia naquele emprego interina. O contrato por prazo determinado traz ao trabalhador insegurana, j que tem cincia da data ou momento da extino de seu contrato. Com isso, o trabalhador busca todo o tempo nova colocao no mercado.

    Quanto mais curto o contrato por prazo determinado, mais

    nefasto ao empregado. Por conta disto, esta espcie de contrato constitui uma

    exceo ao princpio da continuidade da relao de emprego.

    Desta forma, no havendo prova ou clusula a respeito,

    presume-se que o ajuste foi feito sem limite de tempo para sua durao, isto , de

    vigncia indeterminada, chamado pelo CLT de contrato por prazo indeterminado.

    2.4.2 Forma

    Os doutrinadores so unnimes em defenderem que o contrato

    de trabalho por prazo determinado devero ser expressos.

    No entender de Magano53 O contrato a termo deve ser

    expresso, podendo ser escrito ou verbal, isto , deve ser comunicado ao

    empregado o tempo de durao, pois a finalidade que as partes contratante

    tenham conhecimento do prazo de vigncia do contrato para no serem

    surpreendido com o seu trmino, sem qualquer aviso prvio.

    Carrion54 e Nascimento55 defendem que o ajuste deve ser

    expresso sob a forma escrita, no admitindo a forma oral, sob o argumento de que

    qualquer clusula especial do contrato de trabalho deve ser anotada na CTPS, de

    acordo com o art. 29 da CLT.

    53 Magano. Octvio Bueno. Manual de Direito do Trabalho, 1992.p. 193-194. 54 Carrion, Valentin. Comentrios Consolidao das Leis do Trabalho, 2004. p. 93. 55 Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 2005. p. 659-660.

  • 37

    2.4.3 Hipteses A CLT considerou em seu art. 443 trs hipteses de contrato por tempo determinado:

    O contrato individual de trabalho poder ser acordado tcita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. 1 Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigncia dependa de termo prefixado ou da execuo de servios especificados ou ainda da realizao de certo acontecimento suscetvel de previso aproximada.

    Segundo Cassar56 as hipteses de contrato por prazo

    determinado so:

    a) termo prefixado termo certo.

    b) execuo de servios especializados termo incerto.

    c) realizao de certo acontecimento suscetvel de previso

    aproximada.

    2.4.4 Contrato a termo ou sob condio resolutiva

    a mais importante classificao que se funda na durao do

    trabalho.

    Cassar57 explica que termo evento futuro e certo e pode ser

    expresso em duas frmulas:

    a) dies certus na et certus quando;

    b) dies certus na et incertus quando.

    A durao do contrato a termo pode ser fixada ou por unidade

    de tempo ou pela natureza do servio a ser executado pelo empregado. O

    56 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.460. 57 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.461.

  • 38

    acontecimento sempre certo, mas a data em que ele vai ocorrer que pode ser

    certa ou incerta.

    Cassar58 ainda explica que na primeira hiptese certo o

    acontecimento e a data em que o contrato ir se extinguir tambm.

    Exemplo: contrato de experincia com prazo de 90 dias. Na

    segunda hiptese, o evento certo, mas no certo o momento em que ocorrer,

    devendo sua realizao se dar dentro do prazo mximo previsto em lei. Exemplo:

    contrato de safra, de obra certa.

    Condio evento futuro e incerto.

    A experincia em si evento futuro e incerto e, sob este prisma,

    uma condio. No se sabe se o empregado ou o empregador vai ser aprovado

    na experincia, logo, a aprovao na experincia evento futuro e incerto

    condio resolutiva.

    2.4.5 Durao A contagem do prazo se faz na forma previsto na Lei n. 810/49

    3 do art. 132 do CC. Se o contrato teve sua durao vinculada ao nmero de dias,

    a contagem se faz por dias corridos, quando se rompe naturalmente independente

    se o ltimo dia recai em feriado, domingo, suspenso, interrupo ou qualquer outro

    fato.

    De acordo com a Lei n. 810/49 c/c art. 132, 3 do CC se o

    ajuste foi por dia. Deve-se respeitar o nmero de dias fixado no contrato, nunca

    superior ao limite legal. Se por ms ou no, tambm a contagem deve ser feita

    levando-se em conta ms ou o ano.

    58 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 461.

  • 39

    Nas palavras de Cassar59, como regra geral, (h excees) a

    durao mxima do contrato a termo de dois anos. Dentro desse prazo possvel

    apenas uma prorrogao, salvo em lei.

    2.4.5.1 Contrato com prazo superior ao estabelecido em lei

    A doutrina diverge quanto aos efeitos do contrato a termo que

    contm clusula com durao de vigncia superior a legal (dois anos).

    .

    Leciona Maranho60 que:

    Havendo estipulao de prazo de durao superior ao permitido na lei, haver a nulidade parcial do contrato que no prejudicar a parte vlida do contrato conforme art. 184 do CC, com substituio automtica da clusula nula pela norma pertinente referida na lei. A nulidade parcial de um ato no prejudicar o contrato na parte vlida, devendo ser considerada nula somente a parte que exceder o limite legal, se a inteno das partes era de fato um contrato com durao certa.

    De forma diversa, Pinto61 entende que, esta clusula de

    durao do contrato nula, fazendo com que o contrato de trabalho passe a vigorar

    por tempo indeterminado desde seu incio.

    H ainda uma terceira vertente, segundo Barros62, defende que

    existe um contrato de trabalho por tempo indeterminado, porm com clusula de

    garantia de emprego pelo perodo estipulado pelas partes, por tratar-se de garantia

    mnima de vigncia do contrato, um contrato de trabalho com durao mnima.

    Nesta hiptese, o empregado demitido antes do trmino do

    perodo de garantia tem direito a receber integralmente os salrios at o fim da

    benesse, diferentemente do que ocorre com a despedida antecipada praticada nos

    contratos a termo, que garante ao trabalhador apenas a metade dos salrios do

    perodo que faltava (art.479 da CLT).

    59 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.466. 60 Maranho, Dlio. Direito do Trabalho, 1983. p. 158. 61 Pinto, Jos Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho, 2003. p. 228. 62 Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2005. p. 477.

  • 40

    Ademais, no primeiro caso, pode o empregado pedir demisso

    no curso da garantia de emprego, sem ter a obrigatoriedade de indenizar o patro na

    forma do art. 480 da CLT.

    2.4.6 Prorrogao e continuao Ainda que se admita a prorrogao tcita do contrato de

    experincia, no se pode presumi-la pela simples continuidade da prestao do

    servio, que tanto pode ser por prazo determinado como por indeterminado.

    Cassar63 explica que a prorrogao, reconduo ou renovao

    expressa do contrato por prazo determinado se distingue da continuao do trabalho

    aps o termo final do ajuste. Enquanto aquela corresponde continuao do mesmo

    contrato a termo, com novo prazo de durao e nas mesmas condies

    anteriormente ajustadas, desde que respeitado o prazo mximo e renovado por

    apenas uma vez, esta leva em conta a continuidade do trabalho aps o prazo final

    do contrato a termo, em contrato por tempo indeterminado por caducidade da

    clusula de durao do contrato. A prorrogao tcita equivale continuao.

    Na prorrogao, a continuidade do trabalho deve ser acordada

    de forma expressa, ou seja, oral ou escrita.

    Ainda Cassar64 complementa:

    Grande controvrsia doutrinria se apresenta em fixar at que momento as partes podem ajustar a prorrogao do contrato a termo. A corrente majoritria se posiciona no sentido de que o contrato pode ser prorrogado a qualquer momento at o ltimo dia do vencimento do primeiro prazo contratual. Apesar de adotarmos esta tese, entendemos que o ideal seria o ajuste da possvel prorrogao no momento da admisso do empregado, levando-se em conta o princpio da transparncia.

    Com efeito, tal contrato objetiva dar ao empregado oportunidade

    de avaliar a habilidade do empregado para o exerccio da funo para o qual

    63 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 468. 64 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 469.

  • 41

    pretende contrat-lo de forma definitiva. Avalia-se no s a aptido tcnica como

    tambm as atitudes sociais e disciplinares do empregado.

    2.4.7 Suspenso, interrupo e estabilidade O inciso III da Smula n 224 do TST que interpretou o art. 472

    da CLT no aceita a dilao do contrato a termo em virtude de estabilidades, em

    decorrncia de doenas ou acidentes sofridos pelo empregado, nem se interrompe

    em virtude de feriados, domingo ou frias.

    Ressalta-se, porm na opinio de Magano65, que entende que a

    ocorrncia de algum fato que motive a suspenso do contrato a termo, faz com que

    este tenha sua contagem suspensa, ocorrendo uma cessao provisria do

    contrato.

    Cassar66 resume. Para ela,

    Implementado o termo final, o contrato rompe-se naturalmente, dispensando a declarao das partes ou qualquer notificao neste sentido. Isto porque, na verdade no h dispensa ou pedido de demisso. H morte natural do contrato. A estabilidade, a suspenso ou a interrupo do contrato restringem o exerccio do poder potestativo do empregador e, por isso, impedem a despedida imotivada. Porm, quando o contrato chega ao seu termo final, no h despedida, pois as partes j tinham cincia, desde seu incio, do momento ou data da terminao. H morte natural.

    Todavia no se deve confundir duas situaes distintas: a)

    quando a interrupo, suspenso ou estabilidade comea e termina dentro do prazo

    de vigncia do contrato a termo, hiptese em que no poder haver despedida

    eventual antes do termo, pois ainda vigente o ajuste; b) quando no momento do

    trmino, o contrato por prazo certo estiver suspenso, interrompido ou o empregado

    ainda for estvel, caso em que o contrato se exaure automaticamente em seu

    termo final.

    Na forma do art. 479 da CLT, a estabilidade no prorroga o

    termo final do contrato, pois no houve despedida e sim caducidade. O empregado

    65 Magano, Octvio Bueno. Manual de Direito do Trabalho, 1992. p. 164;174. 66 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.470.

  • 42

    adquire estabilidade durante o ajuste por prazo certo, isto , tem o empregado o

    direito de no ser despedido sem justa causa antes do termo final de seu contrato

    por prazo determinado se for possuidor de algum tipo de estabilidade. O empregador

    no poder rescindir, sem justo motivo, antecipadamente, o contrato por prazo

    determinado, se o fizer pagar a totalidade dos salrios pelo perodo de estabilidade,

    limitados a termo final do contrato.

    2.4.8 Dies ad quem do contrato a termo

    O contrato por prazo determinado aquele ajustado para vigorar

    at que o evento futuro e certo, indicado no contrato, ocorra. Portanto, o acordo j

    nasce com a previso de sua caducidade. No ocorre despedida imotivada, no h

    pedido de demisso, salvo quando as partes desejarem faz-lo antes do termo final.

    Todavia, Pinto67 defende que, se o ltimo dia do contrato a

    termo recair na vspera de folga ou dia de feriado, o contrato no ser prorrogado

    para o dia seguinte, e o empregado ter direito a receber pelo dia de folga ou pelo

    feriado, se adquiriu o direito.

    Por outro lado, Magano68 acredita que:

    O dies ad quem do contrato a termo no podem recair na vspera do dia de folga do empregado. Se isto ocorrer, e o empregado tiver direito remunerao do repouso, o dia dever ser pago por fora da Lei n. 605/49 e o contrato ser elastecido convolando-se em indeterminado.

    Cassar69 discordando das opinies dos autores,

    O contrato por prazo determinado que comear numa quarta-feira no retirar do empregado a remunerao do repouso daquela primeira semana de trabalho, mesmo no tendo trabalhado toda a semana. Da mesma forma, se a data prevista para o trmino for num sbado o empregado no receber pela remunerao do domingo.

    67 Pinto, Jos Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho, 2003. p. 39. 68 Magano, Octvio Bueno. Manual de Direito do Trabalho, 1992. p. 164 69 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 471.

  • 43

    Ainda Cassar70, a opinio de Pinto contraria a regra de que o

    repouso tem natureza salarial e se caracteriza como interrupo do contrato de

    trabalho. Assim, se o empregado for obrigado a pagar pelo dia de repouso quando o

    contrato a termo se extinguir na vspera do dia de feriado, domingo ou folga, este

    pagamento integrar o tempo de servio em virtude de sua natureza salarial. A

    conseqncia lgica ser a continuao do contrato aps o termo, logo, na

    convolao do contrato por prazo determinado em prazo indeterminado.

    Portanto, a terminao do contrato em dia antecedente folga

    ou ao feriado no obriga o empregador a pagar o dia de repouso ou feriado, nem a

    prorrogar o contrato. Assim tambm tm se posicionado a doutrina e a

    jurisprudncia predominante.

    2.4.9 Sucesso de contratos a termo

    De acordo com o art. 452 da CLT a regra geral que dois

    contratos no podem se suceder, salvo se entre eles transcorrer prazo superior a

    seis meses sem qualquer trabalho do empregado para aquele empregador, contado

    da data da terminao do primeiro e do incio do segundo contrato.

    Cassar71 explica:

    A conseqncia ao desrespeito a esta regra sentida apenas nas obrigaes decorrentes da extino do contrato, pois a extino do segundo contrato no seria considerada ruptura por morte natural e sim em face de dispensa imotivada, pois considera-se que o segundo contrato j nasceu com prazo indeterminado. Isto no quer dizer que haver unicidade contratual, pois no houve trabalho de fato entre os dois contratos, e sim um lapso temporal de afastamento do empregado, salvo se de fato no houve soluo de continuidade na prestao de servios, quando haver a unicidade contratual.

    A posio explicada anteriormente se explica porque o contrato

    a termo nefasto ao trabalhador, j que fere o princpio da continuidade inerente a

    todos os contratos, deve ser interpretada de forma restritiva.

    70 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 471-472 71 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 472.

  • 44

    Portanto, caso no seja respeitado o prazo de seis meses,

    somente ser nula a clusula que indica o prazo certo de vigncia do segundo

    contrato, devendo ser considerado como contrato de trabalho por prazo

    indeterminado desde sua formao.

    2.4.10 Requisito para sua validade

    O 2. do art. 443 da CLT assim dispe:

    O contrato individual de trabalho poder ser acordado tcita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. (...)

    2. O contrato por prazo determinado s ser vlido em se tratando:

    a) de servio cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminao do prazo;

    b) de atividades empresariais de carter transitrio;

    c) de contrato de experincia.

    Conforme o art. 184 do CC a nulidade atingir apenas a clusula

    de vigncia predeterminada e no o prprio contrato, pois o termo ou a condio so

    elementos acidentais do contrato e no essenciais para sua validade. A se pensar

    de outra forma, o empregador poderia se valer de sua torpeza e descumprir todo o

    contrato quando infringisse o 2. do art. 443 da CLT.

    2.4.11 Tipos 2.4.11.1 Contrato de Experincia Contrato de experincia, ou contrato de prova, aquele

    submetido a um termo. Logo, espcie do gnero contrato de trabalho por prazo

    determinado.

  • 45

    Segundo Catharino72 um contrato de trabalho, com aplicao

    de todas as regras da CLT que forem compatveis.

    Neste perodo o empregador poder verificar a aptido do

    empregado para a funo. Mas sua principal finalidade a de permitir que os

    contratantes se conheam, para possibilitar a anlise das condies subjetivas e

    objetivas de cada contratante.

    Barros73 acrescenta que o contrato de experincia propicia s

    partes uma avaliao subjetiva recproca, na qual o empregador analisa as aptides

    tcnicas e o comportamento do empregado, enquanto este verifica as condies de

    trabalho que lhe sero impostas.

    A durao mxima do contrato de experincia conforme o art.

    445, pargrafo nico da CLT, de 90 dias e tambm pode ter uma prorrogao

    dentro desse prazo. Nesse sentido a Smula n. 188 do TST. Por ser espcie do

    gnero contrato a termo, o contrato de experincia se submete a todas as regras

    gerais dos contratos a termo, inclusive penalidade prevista nos arts. 479 e 480 da

    CLT.

    O contrato de experincia deve ser expresso, de preferncia

    formal e anotado na CTPS do empregado, mas a forma escrita no essencial para

    a validade da clusula. Vencido o prazo experimental, o contrato passa a vigorar

    indeterminadamente, no havendo necessidade de qualquer aditamento, anotao

    ou novo ajuste, pois o contrato permanece, sem, contudo a clusula de experincia.

    O empregado no pode ser recontratado por experincia para

    exercer a mesma funo no mesmo empregador, ainda que se respeite a regra

    contida no art. 452 da CLT. No h impedimento deste empregador em contratar o

    trabalhador novamente, mas ter que celebrar direto o contrato de trabalho, sem

    passar pela fase da experincia.

    72 Catharino, Jos Martins. Compndio Universitrio de Direito do Trabalho, 1972. p. 384. 73 Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2005. p. 455.

  • 46

    2.4.11.2 Lei de Estmulo aos Novos Empregos Uma nova espcie de contrato de trabalho por prazo

    determinado foi instituda pela Lei n. 9.601/98, tendo sido regulamentada pelo

    Decreto n. 2.490/98 e Portaria n. 207, de 31 de maro de 1998, do Ministrio do

    Trabalho.

    Ressalta-se que a este contrato aplicam-se todas as regras e

    princpios gerais dos contratos a termo, salvo naqueles casos que a prpria lei exclui

    expressamente, como a indenizao pela resciso, salvo naqueles casos que a

    prpria lei exclui expressamente, como a indenizao pela resciso antecipada do

    contrato prevista nos arts. 479 e 480 da CLT, quando o valor ser o previsto na

    norma coletiva. Inaplicvel, tambm, a regra prevista no art. 451 da CLT, podendo

    haver mais de uma prorrogao sem que isto importe em indeterminao do prazo.

    2.4.11.3 Obra Certa O contrato por obra certa regido pela Lei n. 2.959/56 espcie

    de contrato por prazo determinado sob a modalidade termo incerto.

    Segundo Cassar74 explica, Destina-se ao construtor que exera

    a atividade de forma permanente para obras materiais de construo civil, no

    podendo ser aplicado a obras de natureza imaterial, como uma cirurgia, um servio,

    um negcio etc.

    Na forma do art. 455 da CLT obrigao do prprio construtor a

    assinatura da CTPS, no podendo transferir a responsabilidade desta obrigao

    para o empreiteiro ou subempreiteiro.

    Ainda Cassar75, conforme a obra vai avanando e as fases e

    etapas vo se extinguindo e com isso os respectivos contratos de trabalho.

    74 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 483. 75 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 484.

  • 47

    2.4.11.4 Safra Est previsto no art. 14 da Lei n. 5.889/73 para trabalhadores

    rurais, o contrato de safra espcie de contrato por prazo determinado sob a

    modalidade termo incerto, pois no se sabe quando a safra ter seu fim. Como a lei

    no menciona seu prazo de vigncia, aplica-se a regra geral da CLT.

    Cassar76 conclui, a vigncia do contrato vinculada s pocas de

    plantio ou de colheita no desnatura o labor no eventual do rural, uma vez que seu

    trabalho essencial em relao atividade de seu empregador.

    2.4.11.5 Artista O art. 10 da Lei n. 6.533/78 autoriza que o artista ou tcnico em

    espetculo seja contratado por prazo certo, desde que por escrito, sob a forma

    determinada na lei, isto , o contrato dever conter o nome das partes, qualificao,

    prazo de vigncia, natureza da funo, ttulo do programa, espetculo ou produo,

    nome do personagem, local de trabalho, jornada, remunerao e forma de

    pagamento, dia de folga, ajuste sobre viagem e deslocamento, alm do nmero da

    carteira de trabalho.

    A lei exige que o contrato de trabalho destes profissionais seja

    padronizado, nos termos das instrues expedidas pelo Ministrio do Trabalho.

    Conforme Cassar77, a adoo pelas partes de um contrato por

    prazo determinado constitui mera faculdade e no imposio legal. Este contrato

    pode ser por termo certo ou por termo incerto. O prazo mximo de 2 anos.

    2.4.11.6 Tcnico Estrangeiro O Decreto Lei n. 691/69 determina que tcnicos estrangeiros

    domiciliados ou residentes no exterior, mas contratados para execuo, de servios

    especializados, de forma provisria no Brasil, seja sempre feito por contrato por

    prazo determinado. 76 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 485. 77 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 485.

  • 48

    O art. 1 do Decreto-Lei n. 691/69, permite diversas

    prorrogaes por termo certo, sem a limitao contida no art. 452 da CLT. Exclui

    tambm a aplicao dos arts. 451 e 453 da CLT.

    Como a norma especial no menciona o prazo mximo deste

    contrato por prazo determinado, aplica-se a regra geral da CLT, isto , durao

    mxima de dois anos, a j includas as sucessivas prorrogaes permitidas pela lei

    art. 445 da CLT c/c art. 14 da Lei n. 6.915/80 c/c art. 25, V, do Decreto n.

    88.715/81.

    2.4.11.7 Atleta Profissional Conforme art. 3 da Lei n. 9.615/98 o desporto pode ser

    reconhecido em qualquer destas modalidades: desporto educacional, praticado nos

    sistemas de ensino; desporto de participao, de modo voluntrio; desporto de

    rendimento, praticado, com a finalidade de obter resultados.

    Cassar78 relata que:

    Apenas o atleta de desporto profissional tem o contrato de trabalho formal e por prazo determinado. O vnculo de desporto do atleta com a entidade desportiva contratante tem natureza acessria ao respectivo vnculo de emprego, dissolvendo-se com este na forma da lei.

    Ao atleta profissional aplicada a lei especial em comento e,

    quando compatveis, as regras da CLT. art.28, 1. e 2. da Lei n. 9.615/98.

    Conforme art. 30 da Lei n. 9.615/98 o contrato firmado com um

    atleta profissional tem que ser por prazo determinado, com durao nunca inferior a

    trs meses nem superior a cinco anos, este prazo visa uma permanncia maior do

    atleta para que possa demonstrar suas habilidades de desenvolv-las.

    2.4.11.8 Contrato Temporrio

    78 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 486.

  • 49

    O contrato temporrio regido pela Lei n. 6.019/74 espcie de

    contrato por prazo determinado sob a modalidade termo incerto como regra, pois a

    substituio de pessoal regular e permanente do tomador ou o acrscimo de servio

    pode no ter data certa para acabar. Pode, entretanto, ocorrer sob a modalidade

    termo certo, quando um empregado contratado por 30 dias para substituir outro

    que saiu de frias. Neste caso o termo certo.

    Conforme Cassar79 o empregado contratado por uma

    empresa prestadora de mo-de-obra para prestar seus servios a um tomador, sem

    que isto importe em vnculo de emprego com a empresa tomadora ou cliente. O

    trabalhador temporrio ter os direitos previstos no art. 12 da Lei n. 6.019/74.

    2.4.11.9 Contrato Por Prazo Indeterminado Nas palavras de Gomes e Gottschalk80, como a prpria

    denominao est a indicar, o contrato de trabalho por tempo indeterminado

    aquele em que uma das partes, ao celebr-lo, no estipulam a sua durao, no

    prefixam seu termo extintivo.

    79 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 487. 80 Gomes, Orlando; Gottschalk, lson. Curso de Direito do Trabalho, 1999. p. 171.

  • 50

    CAPTULO 3

    INTERVALOS INTRAJORNADA, INTERJORNADA E DESCANSO

    SEMANAL

    3.1 INTERVALOS INTRAJORNADA E INTERJORNADA 3.1.1 Conceito e Finalidade Para evitar desgaste fsico e emocional do empregado

    submetido a perodos interruptos de trabalho e conseqente queda na produo,

    obrigatria a concesso de intervalos dentro da jornada, entre elas e antes da

    prorrogao.

    Cassar81 conceitua intervalos:

    Os intervalos ou perodos de descanso so lapsos temporais, remunerados ou no, dentro ou fora da jornada, que tm a finalidade de permitir a reposio das energias gastas durante o trabalho, proporcionar maior convvio familiar, social e, em alguns casos, para outros fins especficos determinados pela lei, tais como alimentao, amamentao etc.

    Fazem parte da durao do trabalho, pois quando se limita a

    quantidade de horas a ser trabalhada por dia, automaticamente estipula-se a

    quantidade de descanso. Tanto a jornada quanto o intervalo, envolvem matrias

    relativas sade fsica, mental e social do trabalhador, pois so regras da medicina

    e da segurana do trabalho.

    O descanso pode ser dentro da jornada de trabalho, entre dois

    dias de trabalho, semanal, feriados e frias.

    81 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.578.

  • 51

    Os intervalos intrajornada ocorrem dentro do expediente de

    trabalho e podem ser computados ou no como tempo de trabalho efetivo, apesar

    do descanso de fato.

    Os intervalos entrejornadas ou interjornadas so os descansos

    existentes entre um dia e outro de trabalho.

    3.1.2 Natureza Jurdica Qualquer empregado que executar suas funes por mais de

    seis horas contnuas ter direito garantido a um perodo de intervalo, para repouso e

    alimentao, de no mnimo uma hora.

    Tais dispositivos esto previstos no art. 71 1 e 2 da CLT.

    Nas palavras de Cassar82:

    A natureza jurdica do intervalo de direito, algumas vezes caracterizado em interrupo contratual, quando computado na jornada ou no contrato, outras vezes como suspenso. Enquanto para o empregado um direito, para o patro um dever, porque este tem a obrigao de conced-lo.

    Com a incluso do 4, ao artigo 71, da CLT, sempre que o

    intervalo para repouso e alimentao no for concedido pelo empregador, esse

    ficar obrigado a remunerar o perodo correspondente com o adicional de, no

    mnimo, 50% sobre o valor da remunerao da hora normal de trabalho. No tendo a

    reclamante usufrudo do intervalo para refeio e descanso de forma integral,

    devido o pagamento do lapso de tempo respectivo, com a remunerao normal

    acrescida do adicional, e no apenas do adicional de hora extra.

    82 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p.578.

  • 52

    3.1.3 Hipteses

    3.1.3.1 Intervalos Entrejornadas ou Interjornadas Segundo art. 66 da CLT, o intervalo interjornada o espao de

    tempo mnimo que deve ser respeitado entre o trmino de uma jornada e o incio da

    jornada seguinte, cujo perodo mnimo de 11 horas consecutivas para descanso do

    empregado, contadas do trmino da jornada de um dia at o inicio da jornada

    seguinte.

    De acordo com a IOB83, em caso de vnculo empregatcio com

    mais de uma empresa, conta-se o intervalo individualmente, por empresa, a partir do

    trmino das respectivas jornadas.

    Nos servios especficos algumas categorias obedecem aos

    seguintes intervalos entre duas jornadas de trabalho, conforme apresenta Cassar84:

    a) 11 horas de descanso regra geral art. 66 da CLT; b) 10 horas de descanso jornalista art. 308 da CLT; c) 12 horas de descanso operadores cinematogrficos art. 235, 2, da CLT; d) 14 horas de descanso cabineiros (ferrovirios) art. 245 da CLT; e) 17 horas de descanso telefonistas art. 229 da CLT; f) 12/16/24 horas de descanso aeronautas arts. 34 e 37 da Lei n.7.183/84.

    A razoabilidade indica que no h motivo para deixar de fora

    dessa sistemtica legislativa o intervalo interjornada, quando este cumpre a mesma

    funo que os demais perodos de descansos.

    3.1.3.2 Intervalos Intrajornadas

    83 Mapa Fiscal. Trabalho e Previdncia. Intervalos do trabalho, 2010. Fascculo n. 21. p. 8. 84 Cassar, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho, 2009. p. 578.

  • 53

    Tem como objetivo principal a sade e segurana no trabalho,

    como instrumento relevante de preservao da higidez fsica e mental do

    trabalhador da prestao diria de servio

    Ainda Cassar85, relaciona as hipteses dos intervalos

    intrajornadas:

    a) 10 minutos de descanso a cada 90 minutos de trabalho mecanografia art. 72 da CLT computa no tempo de servio (NR 17 da Portaria n. 3.214/78); b) 10 minutos de descanso a cada 90 minutos de trabalho mdico art.8, 1, da Lei n. 3.999/61 computa no tempo de servio; c) 15 minutos de descanso entre a jornada normal e a extra mulher e menor art. 413, pargrafo nico, e art. 384 da CLT no computa como trabalho efetivo; d) 15 minutos de descanso a cada 3 horas consecutivas de trabalho minas de subsolo art. 298 da CLT computa; e) 15 minutos para repouso e alimentao regra geral para trabalho superior a 4 horas, limitado a 6 horas por dia art. 71, 1, da CLT no computa; f) 20 minutos de descanso a cada 3 horas de trabalho telefonista art. 396 da CLT computa; g) 20 minutos de descanso a cada 1h40min