115
Capítulo I Introdução

Introdução - RUN: Página principal · solubilidade em solventes orgânicos e uma baixa solubilidade em água que tende a diminuir ... No entanto, a solubilidade em água pode aumentar

  • Upload
    dophuc

  • View
    231

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Capítulo I

Introdução

2

1.1 Perspectiva ambiental

1.1.1 Água

A água representa cerca de dois terços do corpo humano e é essencial para o funcionamento

do mesmo. Por essa razão, devemos beber água todos os dias, de preferência, cerca de um

litro. Mas, nem sempre a água que sai das nossas torneiras está nas melhores condições, como

descrevem alguns artigos. O alumínio, nitratos, arsénio, hidrocarbonetos aromáticos

polinucleares (HAPs) e bactérias são apenas alguns dos problemas que têm sido encontrados

(1).

A melhoria da qualidade de vida das populações e uma maior preocupação ambiental tem

levado a que sejam desenvolvidos sistemas de recolha e tratamento de águas residuais

domésticas e industriais. Por princípio, e de acordo com o número de habitantes, estes caudais

de água poluída devem ser transportados para uma estação de tratamento centralizada. O

destino final do efluente tratado nestas estações depende da legislação em cada país, sendo

utilizados critérios por exemplo o número de habitantes, o local de descarga e o tipo de

concentração do poluente a remover (1)

.

1.2. Hidrocarbonetos aromáticos polinucleares – importância ambiental e

na saúde humana

Os poluentes orgânicos persistentes (POPs), como hidrocarbonteos aromáticos polinucleares

são de grande preocupação devido à sua persistência e efeito tóxico (2)

.

A poluição da água, por compostos orgânicos, tem causado uma preocupação crescente em

todo o mundo. Entre esses compostos, os HAPs tem recebido uma atenção considerável por

causa da sua carcinogenicidade. Estes compostos são potencialmente tóxicos e, portanto, a sua

presença deve ser monitorizada, tanto em águas ambientais como na água para consumo

humano (3)

.

Os HAPs podem ser encontrados em plantas, tanto terrestres como aquáticas, no solo, em

águas. Dezasseis destes compostos estão incluídos como poluentes prioritários pela Agência

Norte-Americana de Protecção Ambiental – EPA (4)

.

Os HAPs são formados a partir de processos de combustão incompleta a altas temperaturas.

Quando a matéria orgânica é queimada, em geral, é formada uma grande variedade de HAPs

em diferentes níveis de concentração, a complexidade das misturas de HAPs dependem das

3

fontes emissoras. Entre as inúmeras fontes, podemos citar as de origem natural, as que

ocorrem espontaneamente, como por exemplo, os incêndios florestais e as erupções

vulcânicas e as de origem antropológicas (resultantes da actividade humana), tais como:

pirólise de madeira para produção de carvão, durante a operação de transporte e refinação de

petróleo, incineração de resíduos domésticos industriais, queima de matéria orgânica de

campos e florestas, geração de energia via queima de combustíveis fósseis, emissão de gases

de veículos, particularmente a diesel, fumo de cigarro, incêndios e processos industriais, por

exemplo, a produção de alumínio e em alguns tipos de processamento durante as seguintes

etapas torrefacção, secagem, em alguns casos defumação e processo de embalamento (2) (3) (5)

(6) (7) (8).

No âmbito do Codex Alimentarius, houve a necessidade de estabelecer limites para HAPs em

alimentos, sendo este tema considerado prioritário dentro do Comité do Codex para Aditivos

Alimentares e Contaminantes (CCFAC). Em Abril de 2005, o mesmo comité recomendou que

fossem elaboradas estratégias de modo a minimizar a contaminação durante os processos de

secagem e defumação de alimentos (7) (8)

.

Desta maneira, perante estes potenciais riscos da exposição humana a HAPs é necessário

utilizar métodos de análise que sejam capazes de detectar concentrações bastante baixas

destas moléculas (3) (5) (6)

.

Os HAPs são sólidos à temperatura ambiente e altamente lipofílicos, apresentando elevada

solubilidade em solventes orgânicos e uma baixa solubilidade em água que tende a diminuir

com o aumento da massa molecular. No entanto, a solubilidade em água pode aumentar

sensivelmente na presença de outros compostos orgânicos e de detergentes aniónicos,

facilitando a passagem dos HAPs tanto para o meio ambiente como para a cadeia alimentar (9)

.

Quimicamente inertes, os HAPs no ambiente estão sujeitos a reacções de foto-decomposição e

reacções com óxidos de nitrogénio, acido nítrico, óxidos de enxofre, acido sulfúrico e radicais

hidroxilo (10)

.

1.3 Vias de exposição

1.3.1 Ar

A inalação de partículas de HAPs presentes no ar é uma importante via de exposição a estes

compostos(11) (12)

(13)

.

4

Figura nº 1.1 - HAPs, adaptado da Refª (73)

1.3.2 Alimentos

Os HAPs podem ser encontrados em diferentes grupos de alimentos e bebidas incluindo

águas, vegetais, frutas, carnes, óleos e gorduras, cereais e derivados, produtos lácteos, café,

chá, entre outros. Os HAPs já foram detectados em alimentos brutos e processados. O grau de

contaminação depende do modo como os alimentos são processados, preservados e

armazenados (7) (11) (12) (13)

.

1.3.3 Água

De acordo com a Agência Internacional para Pesquisas do Cancro (IARC) os HAPs com

poder carcinogénico que podem aparecer na água são os benzofluoranteno, benzo[a]pireno,

benzo[a]antraceno, dibenzo[a,h]antraceno e indeno[1,2,3-cd]pireno. Destes, o benzo[a]pireno

(BaP), é considerado o mais cancerígeno. Segundo a U.S. Environmental Protection Agency

(U.S. EPA), o BaP em quantidades superiores a 0.2 ppb na água potável causa problemas à

saúde. A exposição prolongada a concentrações superiores a 2 ppb causa um efeito potencial

ao desenvolvimento de cancro. Na maioria das águas e sedimentos, o BaP resiste ao ataque

por microrganismos ou substâncias químicas reactivas, podendo, contudo, evaporar ou ser

degradado por exposição à luz solar. O BaP bioconcentra-se em organismos aquáticos que

não o metaboliza, incluindo o plâncton, as ostras e alguns peixes. Devido à baixa solubilidade

e elevada afinidade para a matéria particular, os HAPs não são, normalmente, encontrados na

água em elevadas concentrações. A maior fonte de contaminação dos HAPs em água potável

é devido ao revestimento que é usado para proteger os canos da água potável da corrosão.

Esta situação faz com que os valores de HAPs na nossa água aumentem, e deste modo vemos

também os valores aumentados na nossa comida, devido à água que usamos para a

confeccionar, assim como o uso de utensílios contaminados com revestimento (11) (12)

(13)

.

5

1.3.4 Solo

Os HAPs são também encontrados à superfície dos solos. Estes compostos são absorvidos

para as folhas das plantas e depois são transferidos para o solo das florestas, mas nas áreas

metropolitanas estes valores são muito mais elevados, devido à queima de combustíveis

fósseis (11) (12)

(13)

.

1.4 Toxicocinética

1.4.1 Absorção

Na realidade, e devido ao seu carácter lipofílico, os HAPs podem ser absorvidos por todas as

vias de exposição, inalação, exposição oral e dérmica, sendo rapidamente distribuídos no

organismo (9) (11) (12)

(13)

.

1.4.2 Distribuição

Os HAPs distribuem-se em quase todos os tecidos. O armazenamento ocorre principalmente

nos rins, fígado e tecido adiposo, com pequenas quantidades no baço, glândulas adrenais e

ovários. Existe uma acumulação transiente de HAPs no tecido mamário e outros tecidos

gordos, estes são depósitos de armazenagem importantes mas devido ao rápido metabolismo

não há acumulação significativa.

Níveis detectáveis de HAPs podem ser observados, principalmente no fígado, desde minutos a

horas após a exposição (11) (12)

(13)

.

1.4.3 Metabolização

O metabolismo dos HAPs torna-os mais hidrosolúveis e assim mais rapidamente excretáveis,

mas no entanto, podem ser convertidos em metabolitos mais tóxicos e carcinogénicos. Os

HAPs são convertidos em todos os tecidos do corpo que contém gordura e envolvendo várias

vias possíveis (11) (12)

(13)

.

1.4.4 Excreção

Quando absorvidos directamente da fase gasosa, os HAPs são rapidamente metabolizados e

eliminados pelo organismo (o Benzo[a]pireno, por exemplo, é eliminado em cerca de 1 hora).

6

(mainlib) Anthracene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 1900

50

100

39 5063

76 89

98 126 139

152

178

Entretanto, quando estão associados a partículas respiráveis, esta eliminação é bem mais

demorada podendo levar semanas.

A eliminação destas substâncias após metabolismo hepático, são as fezes e em níveis muito

baixos, a urina (11) (12)

(13)

.

1.5 Efeitos dos HAPs na saúde

Quando os HAPs são absorvidos nas vias respiratórias podem provocar irritação, tosse

crónica e bronquite, gastrointestinal, dermatológico, imunológico, reprodutivo, nível do

sistema cardiovascular, carcinogenecidade e inflamatório (11) (12)

(13)

.

1.6 Características Físico-químicas

Tabela nº1.1 – Principais características físico-químicas dos HAPs estudados (14)

(15) (16)

.

AcP AcPy Ant BaA BbFL

Composto Acenafteno Acenaftileno Antraceno

1,2-

Benzoantrace

no

Benzo

(b)

fluoranteno

Estrutura

Química

Fórmula

molecular C

12H

10 C12H8 C14H10 C18H12 C20H12

Massa molar

(g/mol) 154.21 152.20 178.23 228.00 252.32

Nº CAS 83-32-9 208-96-8 120-12-7 56-55-3 205-99-2

Ponto fusão

(ºC) 95 92 216 159 168

Ponto

ebulição

(ºC)

96.2 265 340 435.0 _

Constante

de partição

octanol/água

(log Kow)

3.98 4.07 4.45 5.61 6.04

Massa

volúmica

(kg/L)

1.225 a 0ºC _ _ 1.274 a 20ºC _

BkFL BghiP BaP Chr DBA

Composto

Benzo

(k)

fluoranteno

1,12-

Benzoperileno

Benzo(a)

pireno Criseno

1,2:5,6-

Dibenzoantraceno

(mainlib) Acenaphthene

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 1700

50

100

27 3951

63

76

87 98126

153

(mainlib) Acenaphthylene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 1600

50

100

39 51

63

76

86 98 126 141

152

(mainlib) Benz[a]anthracene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 2400

50

100

28 63 75 88101

114

150 174200

228

(mainlib) Benz[e]acephenanthrylene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 2600

50

100

100

113

126

200224

252

7

(mainlib) Benzo[a]pyrene

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 2600

50

100

51 63 74 8499

113

126

200224

252

(mainlib) Chrysene

30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 2400

50

100

39 50 63 74 88

101

114

200

228

(mainlib) Dibenz[a,h]anthracene

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 2800

50

100

32

4456 71 83 97

113125

139

149224 250

278

(mainlib) Fluorene

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 1800

50

100

27 39 5063

6974

83

8798 115

126

139

166

(mainlib) Indeno[1,2,3-cd]pyrene

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 2800

50

100

28

111124

138

224 248

276

(mainlib) Naphthalene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 1400

50

100

28 39

51 63 74 7787

102

128

(mainlib) Phenanthrene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 1900

50

100

39 5063

7689

98 126 139

152

178

(mainlib) Pyrene

30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 2100

50

100

88

101

150 174

202

(mainlib) Fluoranthene

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 2100

50

100

28 50 63 75

88

101

110 150 174

202

Estrutura

Química

Fórmula

molecular C20H12 C22H12 C20H12 C18H12 C22H14

Massa molar

(g/mol) 252.32 276.00 252.32 228.29 278.35

Nº CAS 207-08-9 191-24-2 50-32-8 218-01-9 53-70-3

Ponto fusão

(ºC) 215.7 273 179 255 263

Ponto

ebulicão

(ºC)

480 550 310 448 _

Constante

de partição

octanol/água

(log Kow)

6.06 6.50 6.06 5.16 6.84

Massa

volúmica

(kg/L)

_ _

1.351

Temperatura não

especificada

_

1.282

Temperatura não

especificada

Flu InP Nap Phe Pyr FL

Composto Fluoreno Indo (1,2,3-c,d)

pireno

Naftaleno Fenantreno Pireno Fluorant

eno

Estrutura

Química

Fórmula

molecular C16H10 C22H12 C10H8 C14H10 C16H10 C16H10

Massa molar

(g/mol) 166.20 276.00 128.17 178.23 202.26 202.26

Nº CAS 86-73-7 193-39-5 91-20-3 85-01-8 129-00-0 206-44-0

Ponto fusão

(ºC) 116 163.6 80.5 101 156 11

Ponto

ebulicão

(ºC)

295 530 218 340 393 375

Constante

de partição

octanol/água

(log Kow)

4.18 6.58 3.30 4.45 4.88 4.90

Massa

volúmica

(kg/L)

1.252

Temperatura

não

especificada

0.962

Temperatura não

especificada

0.980 a 4ºC 1.271 a

23ºC

1.252 a

(0-4) ºC

(mainlib) Benzo[ghi]perylene

10 30 50 70 90 110 130 150 170 190 210 230 250 270 2900

50

100

18 111124

138

252

276

(mainlib) Benzo[k]fluoranthene

70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 2600

50

100

74 87 99

113

126

200224

252

8

Devido às suas propriedades físico-químicas, especialmente os HAPs de elevada massa molar,

dificilmente são degradados e tendem a acumular-se em diferentes compartimentos

ambientais. Comparando os HAPs com menos de 4 anéis com os que contém quatro ou mais

anéis, estes últimos são menos voláteis e menos solúveis em água (17)

.

A constante de partição octanol/água é um parâmetro que se correlaciona com a partição do

analito entre solventes orgânicos e soluções aquosa e com a sua mobilidade ambiental,

nomeadamente a sua tendência para adsorção a solos e sedimentos e a sua bioconcentração. O

log Kow está directamente correlacionado com o carácter hidrofóbico do analito e portanto

com a sua tendência para ser extraído por um solvente orgânico apolar. Dos analitos incluídos

neste trabalho, o menos hidrofóbico é, portanto o naftaleno seguido do acenafteno, enquanto o

mais hidrofóbico é o 1,2:5,6-dibenzoantraceno (136) (14) (16)

.

1.7 Método Analítico

As propriedades físicas e químicas das moléculas de HAPs permitem que estas sejam

analisadas tanto por cromatografia gasosa (GC) e espectrometria de massa (ver Figura nº1.2)

como por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). É importante ressalvar que neste

tipo de análises é fundamental utilizar um método analítico com baixos limites de detecção. O

detector de espectrometria de massa tem sido muito utilizado na análise de HAPs em matrizes

ambientais, por ser um detector que para além de apresentar baixos limites de detecção,

oferece informação estrutural dos compostos (2) (3) (4)

.

A cromatografia líquida de alta eficiência é utilizada para a determinação de compostos

polares não voláteis, cuja análise em cromatografia gasosa não é possível.

A cromatografia gasosa foi inventada em 1952 por James e por Martin (18)

e o conceito chave,

que está por detrás desta técnica, é o conceito da volatilização dos compostos quando estes

são aquecidos.

O processo de volatilização ocorre a uma dada temperatura definida no injector sendo os

analitos introduzidos na coluna analítica, sob a forma gasosa, com o auxílio de um gás de

arraste (hidrogénio, hélio ou azoto). Ao entrar na coluna que está normalmente a uma

temperatura muito mais baixa que o injector, os analitos (e parte do solvente que foi

injectado) condensam, sendo retidos pela fase estacionária. O efeito conjunto do gás de arraste

(fase móvel) e do aumento da temperatura do forno vão promover a eluição dos analitos,

idealmente a diferentes velocidades, de forma a atingir a separação de todos os componentes

da mistura injectada.

9

A distinção entre os analitos depende da capacidade de distribuição que estes têm entre a fase

estacionária e a fase móvel, havendo portanto um equilíbrio de distribuição entre fases, que é

determinante para a separação cromatográfica dos solutos.

À saída da coluna os analitos são detectados num detector sensível à sua massa ou a outras

características estruturais e cuja resposta é proporcional à concentração do analito no gás de

arraste (19) (20) (21)

.

O gás de arraste é um componente essencial do sistema cromatográfico pois tem a função de

eluir os compostos na coluna através de um equilíbrio de partição (fase estacionária ↔ fase

móvel) que depende da densidade de cada gás, afectando por sua vez, a velocidade de difusão

das moléculas de soluto através da fase estacionária. Assim a escolha do gás deve depender

do tipo de coluna e do tipo de detector usado na análise cromatográfica (21)

.

As características principais de um gás de arraste devem ser a inércia e a fraca absorção pela

fase estacionária (21)

.

O gás mais usado para colunas com fases estacionárias mais finas é o hélio devido à sua baixa

densidade, conseguindo velocidades de difusão altas para a maioria dos analitos. Contudo o

azoto e o hidrogénio podem também ser utilizados, embora apresentem algumas

desvantagens: no caso do azoto, a baixa capacidade de difusão na fase estacionária quando se

utilizam colunas espessas; no caso do hidrogénio, a alta velocidade linear e baixa densidade

pode provocar pontos activos de absorção dos analitos na fase estacionária.

O injector é outro componente determinante do sistema cromatográfico, sobretudo quando se

pretendem analisar resíduos, como é o caso das determinações de HAPs (22) (23) (24) (25)

.

A escolha adequada do injector e das condições de injecção é essencial para conseguir

efectuar uma boa transferência dos analitos para a coluna.

Outros parâmetros de injecção fundamentais para optimizar a sensibilidade dos analitos

detectados e a resolução dos picos cromatográficos são a temperatura do alinhador e da

coluna, a pressão na cabeça da coluna, o solvente da amostra, o volume de injecção e a

velocidade de injecção e ainda o volume do alinhador (23)

.

Também a temperatura do forno onde está inserida a coluna cromatográfica, deve ser

programada em modo de gradiente ou isocrático, de modo a que os componentes de uma

mistura sejam devidamente separados e com picos bem resolvidos, considerando a natureza

das moléculas de soluto e da complexidade da amostra. Normalmente o modo de temperatura

mais escolhido é o da temperatura programada porque reduz o tempo de análise e melhora a

separação e consequente detecção das moléculas de soluto, que possuem tempos de retenção

muito próximos e que não são devidamente separados no modo de temperatura isocrática.

10

Outras das vantagens do uso deste modo, é o facto de haver uma limpeza gradual da coluna

com o aumento linear da temperatura (22) (23) (24) (25)

.

A coluna é o componente essencial de qualquer técnica separativa. Existem assim dois tipos

de colunas dependendo da natureza da fase estacionária:

Colunas de empacotamento

Colunas capilares

As mais usadas são as colunas capilares devido à sua capacidade de resolução e alta eficiência

separativa. Todavia, a eficiência das colunas capilares depende de vários parâmetros como

sendo o gás de arraste, o comprimento e diâmetros interno da coluna e da espessura de filme

da fase estacionária (23)

.

A escolha das características da coluna tem consequências decisivas no tipo de separação

cromatográfica que se poderá efectuar (23)

.

As fases estacionárias mais comuns usadas para análise de hidrocarbonetos aromáticos são

compostas por 5% fenil/ e 95% dimetilsiloxano (DB-5).

A detecção em cromatografia gasosa, é um parâmetro fundamental como em qualquer outra

técnica analítica, pois condiciona directamente a eficiência e a especificidade da análise (21),

(22), (24).

1.8 Legislação

A Directiva 98/83/CE, de 3 de Novembro de 1998, relativa à qualidade da água destinada ao

consumo humano, transposto para a legislação nacional, com o Decreto-Lei n.º 243/2001 de 5

de Setembro tem por objectivo proteger a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes de

qualquer contaminação da água destinada ao consumo humano, assegurando a sua salubridade

e limpeza (26) (27)

.

Directiva 2006/11/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 15 de Fevereiro de 2006,

relativa à poluição causada por determinadas substâncias perigosas lançadas no meio aquático

da Comunidade, que inclui os hidrocarbonetos, cuja escolha é feita principalmente com base

na sua toxicidade, persistência e bioacumulação, com excepção dos que são biologicamente

inofensivos ou que se transformam rapidamente em substâncias biologicamente inofensivos

(28).

O Decreto-Lei n.º 306/2007, de 27 de Agosto, apresenta um programa de controlo da

qualidade da água para consumo humano, mostrando qual deve ser a frequência de

amostragem e quais os valores paramétricos que devem ser mantidos, evitando deste modo,

11

situações que comportem riscos para a saúde humana (tabela nº1.2). Refere que a realização

de análises deve ser feita, preferencialmente em laboratórios de ensaios credenciados (29)

.

É da responsabilidade da autoridade competente, isto é, a Entidade Reguladora dos Serviços

de Águas e Resíduos deve assegurar o controlo analítico da qualidade das águas destinadas a

consumo humano, permitindo por sua vez, que este decreto-lei seja cumprido (29)

.

Tabela nº 1.2- Apresenta o valor guia que deve ser considerado como valor paramétrico para

os HAPs (29)

.

Parâmetro Valor

paramétrico Unidade Notas

Hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos

0,10 g/L

Soma das concentrações dos seguintes

compostos: Benzo[b] fluorateno;

Benzo[k] fluoranteno; Benzo[ghi] perileno;

Indeno [1,2,3-cd] pireno.

Benzo(a) pireno 0,010 g/L _

Decreto-Lei n.º 351/2007, visa estabelecer um valor alvo para as concentrações de

benzo(a)pireno no ambiente de modo a evitar, prevenir ou limitar os efeitos nocivos dos

HAPs na saúde humana e no ambiente na sua globalidade (30)

.

O Decreto-Lei 103/2010 de 24 de Setembro, transpôs a Directiva 2008/105/CE do Parlamento

Europeu, de 16 Dezembro 2008, estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da

política da água, visando a protecção das águas de superfície interiores, das águas de

transição, das águas costeiras e das águas subterrâneas que previne a degradação dos

ecossistemas aquáticos europeus, promove um consumo de água sustentável, assegura a

redução das descargas de poluentes para os ecossistemas e assim contribui para reduzir a

poluição de águas superficiais e subterrâneas (31)

(tabela nº1.3).

12

Tabela nº 1.3 - Refere-se à concentração máxima admissível para os HAPs. (MA média

anual; CMA concentração máxima admissível e Unidade: [μg/L]) (31)

.

Nome da substância

NQA-MA (1)

Águas de

superfície

interiores

(2)

NQA-MA (1)

Outras

águas de

superfície

NQA-CMA (3)

Águas de

superfície

interiores

(2)

NQA-CMA (3)

Outras

águas de

superfície

Identificada

como

substância

perigosa

prioritária

Antraceno 0,1 0,1 0,4 0,4 X

Benzo(a)pireno 0,05 0,05 0,1 0,1 X

Benzo(b)fluoranteno Σ = 0,03 Σ = 0,03

N.A N.A X

Benzo(k)fluoranteno N.A N.A X

Benzo(g,h,i)-perileno Σ = 0,002 Σ = 0,002

N.A N.A X

Indeno(1,2,3-cd)-pireno N.A N.A X

(1) Este parâmetro constitui a NQA expressa em valor médio anual (NQA-MA). Salvo indicação em contrário, aplica-se à concentração total de todos os isómeros. (2) As águas de superfície interiores compreendem os rios, lagos e todas as massas de água artificiais ou fortemente modificadas com eles relacionadas.

(3) Este parâmetro constitui a NQA expressa em concentração máxima admissível (NQA-CMA). Quando se indica «não aplicável» nas colunas, significa que se considera que os valores NQA-MA protegem contra picos de poluição de curta duração em descargas contínuas, visto que são significativamente inferiores aos valores determinados com base na toxicidade aguda. (4) N.A.- Não aplicável.

A Agência de Protecção Ambiental (EPA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS)

recomendam ensaios de rotina ao benzo[a]pireno. Segundo a EPA o nível de concentração

máximo não deve ser superior a 200 ng/L, enquanto a OMS estabeleceu que o valor máximo

admissível é de 700 ng/L (32)

(33)

.

Embora mais de 100 HAPs já foram caracterizados na natureza, somente dezasseis HAPs têm

sido seleccionados pela United States Environmental Protection Agency (USEPA) e dezassete

HAPs pela National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), para serem

monitorizados rotineiramente para fins reguladores. São eles: naftaleno, acenaftileno,

acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo[a]antraceno, criseno,

benzo[e]pireno, benzo[b]fluoranteno, benzo[k]fluoranteno, benzo[a]pireno,

dibenzo[a,h]antraceno, benzo[g,h,i]perileno e indeno[1,2,3-cd]pireno. Este facto deve-se à sua

elevada toxicidade carcinogénica e mutagénica e sua persistência no ambiente (34) (35)

.

Na Europa apresenta-se uma lista de seis HAPs (fluoranteno, benzo[a]pireno,

benzo[b]fluoranteno, benzo[k]fluoranteno, benzo[g,h,i]perileno e indeno(1,2,3-cd pireno)

para controlo em águas superficiais usada para fins de potabilidade (17)

.

13

1.9 Determinação de HAPs em águas

1.9.1 Métodos de extracção

Os HAPs são compostos não polares e que têm por isso uma solubilidade em água muito

baixa. No entanto a sua elevada toxicidade faz com que mesmo em concentrações muito

reduzidas estes compostos constituam um factor de risco ambiental grave. Assim um passo

crítico da determinação de HAPs em águas é a sua extracção e concentração.

Esta operação era efectuada por extracção líquido-líquido (LLE), utilizando grandes volumes

de água de forma a atingir os limites de detecção requeridos na legislação. Para extrair estes

grandes volumes de água há que utilizar também grandes volumes de solvente orgânico

obtendo-se assim os HAPs sob a forma de soluções muito diluídas, que devem ser

concentradas para atingir os limiares de detecção do equipamento analítico. Desta forma este

processo de extracção líquido-líquido envolve custos elevados em solventes e tempo de

execução, além de poder apresentar recuperações baixas para os HAPs mais voláteis que

podem ser facilmente perdidos durante a evaporação do solvente. Assim nos últimos anos

desenvolveram-se diferentes técnicas alternativas que visam simplificar o procedimento de

extracção, torná-lo mais eficiente e reduzir o consumo de solventes orgânicos (36) (37)

:

Extracção em fase sólida (SPE)

Microextracção em fase sólida (SPME)

Extracção adsorptiva em barra de agitação (SBSE)

Microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

A microextracção em fase sólida, utilizando uma barra magnética revestida com a fase

estacionária polimérica (designada extracção adsorptiva em barra de agitação, SBSE), surgiu

como alternativa à SPME.

As técnicas de microextracção em fase líquida (LPME) permitem extrair compostos orgânicos

a partir de matrizes aquosas recorrendo a volumes de solventes orgânicos na gama dos

microlitros, com tempos de extracção curtos e com uma boa eficiência de extracção. Os

volumes de amostra utilizados são tipicamente baixos (5 a 10 mL) e não requerem a utilização

de consumíveis caros como as colunas de SPE, as fibras de SPME ou as barras de SBSE.

Apresentam-se de seguida as descrições sucintas de cada um destes métodos de extracção e

exemplos da sua aplicação à determinação de HAPs em águas.

1.9.1.1 Extracção líquido-líquido (LLE)

A extracção líquido-líquido é o processo clássico de extracção de compostos orgânicos a

partir de matrizes aquosas, sendo muitas vezes utilizado como termo de comparação com

14

técnicas mais recentes (38) (39)

. É uma técnica utilizada tradicionalmente em áreas como a

química, petroquímica, farmacêutica e agricultura (40)

.

O princípio subjacente à LLE é a partilha dos analitos entre a fase aquosa e uma fase orgânica

imiscível na qual os analitos se deverão dissolver preferencialmente. O parâmetro que

descreve a partilha de um analito A entre as duas fases em equilíbrio é a constante de

distribuição ou de partição (KD) que pode ser calculada pela seguinte fórmula (40) (41)

:

onde [A]org é a concentração do analito na fase orgânica e [A]aq é a concentração do analito na

fase aquosa. A extensão da extracção é avaliada pela percentagem de recuperação (R%) que

pode ser definida pela seguinte fórmula:

onde ne é o número de moles ou a massa de analito presentes na fase orgânica, após a

extracção e ni é o número de moles ou a massa de analito existentes na fase aquosa, antes da

extracção. Normalmente são necessárias mais de duas extracções descontínuas sucessivas

para se obterem percentagens de recuperação superiores a 99%. Quando os valores de KD são

muito baixos pode optar-se por extracção líquido-líquido contínua de forma a obter uma

percentagem de recuperação elevada sem ter que efectuar um grande número de extracções

líquido-líquido sucessivas.

Apesar de a LLE ser o método de referência utilizado em inúmeras normas internacionais, é

um método que como já foi referido, requer a utilização de elevadas quantidades de solventes

orgânicos (geralmente mais do que 100 mL), envolve vários passos e um período de tempo

considerável sobretudo nas etapas de concentração da amostra que têm que ser efectuadas por

procedimentos suaves (evaporadores Kuderna-Danish ou equivalentes, evaporação em

corrente de azoto), para evitar perdas dos solutos mais voláteis.

1.9.1.2 Extracção em fase sólida (SPE)

A extracção em fase sólida (com discos de extracção ou com colunas de extracção) consiste

na adsorção selectiva dos analitos a extrair numa fase estacionária sólida, denominada

adsorvente. A fase aquosa (ou outra amostra líquida) é filtrada sob vácuo, através do disco ou

coluna de extracção. Os analitos são retidos pelo adsorvente e posteriormente eluídos com

alguns mililitros de um solvente orgânico adequado. O extracto é finalmente concentrado até

um volume adequado à sua análise (41)

.

15

Genericamente, a SPE é um processo de retenção dos analitos de interesse de uma amostra

sobre um suporte sólido, designado por enchimento e posterior eluição através da passagem

de um líquido eluente, através do mesmo. A retenção dos diversos analitos depende da

afinidade que cada um apresenta para a fase estacionária (42)

.

A extração em fase sólida tem as seguintes vantagens: menor consumo de solventes orgânicos

em comparação com extracção LLE, elevada recuperação, elevada reprodutibilidade em

relação a outras técnicas de extracção e sem formação de espuma durante a formação de

emulsão. Apesar de todas as vantagens acima referido, a SPE é uma técnica demorada e

relativamente cara. Os cartuchos de SPE são fabricados para

uma única utilização (43) (44)

.

Esta técnica é mais rápida que a LLE, utiliza menores volumes de solventes orgânicos e pode

ser automatizada reduzindo o tempo dispendido pelo utilizador (41) (45)

.

Existem diversas fases estacionárias (sílica, alumina, florisil, carbono e resinas) cuja selecção

depende da natureza dos analitos a analisar e às quais correspondem diferentes tipos de

interacção analito-fase estacionária (41) (45) (36)

.

a) Fase Reversa envolve interacções de analitos presentes em matrizes polares com uma

fase estacionária apolar. Como exemplos tem-se as fases constituídas por cadeias C8 e C18

ligadas a grupos silanol de sílica.

b) Fase Normal envolve interacções entre uma fase estacionária polar e analitos presentes

em matrizes apolares. Os exemplos de fases polares são a sílica, a alumina ou a silica

funcionalizada com grupos polares tais como, CN, NH2 ou diol.

c) Permuta Iónica envolve interacções iónicas entre a fase estacionária (positiva ou

negativa) e os solutos carregados. Uma diversidade de resinas aniónicas ou catiónicas

podem ser usadas neste tipo de interacções.

d) Absorção envolve interacções entre analitos e materiais não modificados, ficando os

compostos de interesse retidos no adsorvente, geralmente um material poroso.

16

Figura 1.2 - Colunas de extracção em fase sólida (a) e sistema de filtração sob vácuo (b)

(Adaptado da Refª (45)).

O procedimento de SPE inicia-se pelo condicionamento da fase estacionária seguindo-se a

filtração da amostra; poderá incluir-se um passo de lavagem da coluna de extracção com um

solvente fraco, para remover impurezas, ou um passo de secagem da coluna em corrente de

azoto, para remover água; por fim efectua-se a eluição dos analitos com um solvente ou

solventes adequados (Figura 1.3).

Figura 1.3 – Etapas do processo de extracção em fase sólida (Adaptado da Refª (42)).

A utilização de novas fases estacionárias na extracção de diversos contaminantes orgânicos

tem sido uma área de inovação em SPE: os nanotubos de carbono ou um polímero de

(a)

(b)

17

metiltetradecilsiloxano (46)

são exemplos de novas fases estacionárias propostas para a

extracção de hidrocarbonetos.

A combinação da técnica de SPE-HLLME-GC-ECD foi introduzida pela primeira vez por

Assadi e os seus colaboradores para extrair e determinar os clorofenóis de matrizes altamente

salinas (47)

.

Em 2009, Liu e os seus colaboradores desenvolveram SPE-HLLME-GC-ECD para a

determinação de éteres difenis polibromados (PBDEs) em amostras de água (44)

.

Rodriguez e os seus colaboradores associaram a técnica de SPE-HLLME para a determinação

de sete fungicidas em amostras de vinho (48)

.

1.9.1.3 Microextracção em Fase Sólida (SPME)

A microextracção em fase sólida revolucionou o campo da análise de compostos orgânicos

em água ao permitir efectuar extracção e concentração dos analitos num só passo e na

ausência de solventes orgânicos (49)

. Algumas limitações iniciais da técnica, como a baixa

resistência mecânica das fibras ou alguma variabilidade entre lotes, foram sendo ultrapassadas

e hoje em dia as fibras de SPME apresentam, além da capacidade de efectuarem extracções

muito selectivas, uma boa estabilidade mecânica (fibras Stableflex) e portanto um tempo de

vida mais longo bem como boa reprodutibilidade para ensaios feitos com diferentes lotes.

A microextracção em fase sólida (SPME) permite efectuar a concentração de compostos

orgânicos voláteis ou não voláteis, expondo a fibra adsorvente à fase gasosa em equilíbrio

com a amostra líquida (HS-SPME) ou directamente à amostra (DI-SPME). Os compostos

retidos na fibra são posteriormente desadsorvidos termicamente ou por solventes adequados

no injector do GC ou do HPLC (Figura 1.4).

Figura 1.4 - Microextracção em fase sólida (Adaptado da Refª (158)).

18

A escolha da fase estacionária da fibra é uma etapa fundamental da optimização de um

processo de SPME, existindo actualmente uma gama variada de fases que incluem o

polidimetilsiloxano (PDMS), o divinilbenzeno (DVB), o carboxen (CAR) e o poliacrilato

(PA), bem como combinações destes polímeros de forma a obter as características de

adsorção adequadas a analitos com diferentes volatilidades e polaridades (50)

.

O equilíbrio de partição dos analitos entre a amostra e a fibra é descrito por uma constante de

partição K, que é definida como a razão entre a concentração de analitos na fibra e a

concentração de analitos na amostra.

A técnica de SPME pode no entanto, apresentar alguma variabilidade para resultados obtidos

ao longo do tempo da fibra pois cada vez que esta é exposta à temperatura do injector perde

algum do seu revestimento polimérico pelo que na extracção seguinte não apresentará

exactamente a mesma eficiência.

1.9.1.4 Extracção Adorptiva em Barra de Agitação (SBSE)

A extracção adsorptiva com barra de agitação magnética (SBSE) é uma técnica relativamente

recente, proposta em 1999 por P. Sandra e colaboradores (51)

.

A criação de barras magnéticas revestidas com polímeros, idênticos aos utilizados na

fabricação das fibras de SPME (Twister, Gerstel (52)

), abriu a possibilidade de efectuar

extracções selectivas, também na ausência de solvente, mas com maior capacidade de

retenção de analitos do que em SPME, devido à maior quantidade de polímero em contacto

com a amostra.

Figura 1.5 – Ilustração da barra magnética: 1- haste de aço inox; 2- revestimento de vidro;

3- fase extracção adsorptiva com fibras de SPME, onde ocorre a extracção dos analitos

(Adaptado da Refª (53)).

Após a extracção dos analitos estes podem ser desadsorvidos termicamente ou com um

solvente adequado (Figura 1.6).

19

Figura 1.6 – Desorpção dos analitos com solvente após SBSE com Twister

(Adaptado da Refª (54)).

Esta técnica tem sido aplicada à determinação de pesticidas e outros contaminantes presentes

em águas tanto em associação com GC (55)

, como com HPLC (56)

.

1.9.1.5 Microextracção em Fase Líquida (LPME)

Microextracção em fase líquida (LPME) é uma designação genérica que engloba diversas

técnicas de microextracção, cujo denominador comum é o facto de utilizarem volumes de

solvente de extracção na gama dos microlitros. Outro factor comum é o facto de não ser

necessário utilizar as fibras, colunas ou barras de extracção necessárias aos diversos métodos

de extracção em fase sólida, reduzindo assim consideravelmente os custos do processo.

É possível encontrar na literatura algumas revisões à aplicação da técnica de LPME na

determinação de HAPs (57) (58)

.

1.9.1.6 Microextracção líquido-líquido com gota flutuante (SFDME)

Numa variante das técnicas de microextracção em fase líquida, utilizam-se solventes

imiscíveis com água, menos densos que a água e com um ponto de congelação elevado (acima

de 0ºC). Alguns microlitros de solvente são adicionados à solução aquosa que contém os

analitos. A fase aquosa é submetida a uma agitação mecânica vigorosa para favorecer a

migração dos analitos através da interface. Após o período de extracção as fases em equilíbrio

são arrefecidas a 0ºC para congelar o solvente orgânico. Uma vez no estado sólido o solvente

de extracção pode ser simplesmente removido com uma pinça metálica ou outro instrumento

adequado (Figura 1.7).

Esta técnica recente descrita por Zanjani e pelos seus colaboradores (59)

tem sido utilizada para

a extracção de HAPs, metais e pesticidas organoclorados (60) (61)

.

3

20

Figura 1.7 - Microextracção líquido-líquido com gota flutuante.

Esta técnica permitiu obter resultados interessantes do ponto de vista da sensibilidade e

precisão mas o desenvolvimento de novas aplicações está condicionado pelo número limitado

de solventes com propriedades físico-químicas adequadas.

1.9.1.7 Microextracção Líquido-Líquido Dispersiva (DLLME)

A microextracção líquido-líquido dispersiva é de entre as várias técnicas de LPME aquela que

regista um maior número de aplicações. O conceito fundamental desta técnica é a mistura de

uma fase aquosa (5 a 10 mL) que contém os analitos, com alguns microlitros do solvente de

extracção (apolar, imiscível com água e tipicamente mais denso que a água), e um pequeno

volume (0.25 mL a 1 mL) do solvente de dispersão (um solvente orgânico miscível com

água). A proporção volumétrica dos três componentes desta mistura ternária deve ser

seleccionada de modo a que o sistema se situe na região de transição entre o estado

monofásico e o estado difásico. Assim existem duas fases em equilíbrio: uma fase constituída

pelo solvente de extracção apolar e que pode conter pequenas quantidades do solvente de

dispersão e uma outra fase aquosa na qual está dissolvido o solvente de dispersão. No entanto,

como as fases em equilíbrio estão próximo da transição para o estado monofásico, as suas

densidades são bastante próximas o que permite formar emulsões estáveis. A função do

solvente de dispersão é pois modificar as densidades da fase aquosa e da fase orgânica de

forma a permitir a dispersão do solvente de extracção na fase aquosa de modo eficaz e

persistente. Ao dividir o volume de solvente de extracção num grande número de pequenas

gotículas, maximiza-se a interface de contacto entre as fases o que facilita a partição dos

analitos entre as fases, acelerando o processo de extracção. Ao manter o volume de solvente

de extracção na ordem de alguns microlitros atinge-se um factor de enriquecimento muito

elevado. Assim, a técnica de DLLME permite atingir factores de enriquecimento comparáveis

ou superiores aos obtidos com as técnicas de microextracção líquido-líquido com gota

21

flutuante ou com membrana mas com um tempo de extracção muito mais reduzido e sem

necessidade de agitação pois a dispersão de solvente de extracção remove as barreiras

cinéticas à transferência de massa entre as fases. Após a extracção as fases são separadas por

centrifugação obtendo-se assim uma fase orgânica de alguns mililitros que, como é

habitualmente mais densa que a fase aquosa se designa por fase sedimentada.

Os solventes de extracção mais utilizados em microextracção líquido-líquido dispersiva são o

tetracloreto de carbono, o clorobenzeno, o tricloroetileno, o clorofórmio, o tetracloroetileno, o

tetracloroetano, o diclorometano, o 1,2-diclorobenzeno, o hexano e o 1,1,1-tricloroetano (62)

(63) (64) (65) (66) (67) (68) (69).

E os solventes de dispersão mais comuns são a acetona, o acetonitrilo, o metanol, o tert-

butilmetil éter e o tetrahidrofurano (62)- (69)

.

Na Figura 1.8 ilustram-se os passos fundamentais de um ensaio de DLLME. Os analitos são

adicionados à solução aquosa, numa determinada concentração (fortificação), em seguida

efectua-se a adição conjunta dos solventes de dispersão e de extracção à fase aquosa

(dispersão) e por fim procede-se à centrifugação para separar as fases. A fase sedimentada

pode então ser recolhida com uma microseringa.

Figura 1.8 - Microextracção líquido-líquido dispersiva (Adaptado da Refª (70)).

22

1.9.1.8 Microextracção Líquido-Líquido Dispersiva com Líquidos Iónicos (IL-

DLLME)

Os líquidos iónicos têm propriedades com interesse em vários domínios da Química: são

considerados menos poluentes para a atmosfera e menos perigosos para o utilizador, que os

solventes halogenados, pois não são tóxicos, não são inflamáveis, a sua volatilidade é quase

nula.

A técnica microextracção líquido-líquido dispersiva com líquidos iónicos para extracção de

HAPs em amostras de água foi desenvolvida pela primeira vez por M. Teresa Pena e os seus

colaboradores em 2009. A afinidade química entre o líquido iónico e os analitos permite a

extracção dos compostos da amostra de água, obtendo-se uma pré-concentração. Os limites de

quantificação obtidos em HPLC são de 0,1-0,7 ng/L. Os factores de enriquecimento obtidos

são na ordem 301-346 e a extracção dos diferentes HAPs variou entre 90,3% e 103% (71)

.

A extracção de diferentes compostos orgânicos (tais como aminas aromáticas ou pesticidas

organofosforados) (71)

a partir de amostras de água, recorrendo a IL-DLLME foi ainda

exemplificada.

O método consiste na adição dos analitos à solução aquosa, numa determinada concentração

(fortificação), depois efectua-se a adição do líquido iónico. De seguida, é feito um

aquecimento até à amostra estar homogénea, posteriormente um arrefecimento até ocorrer a

turvação, e por fim procede-se à centrifugação para separar as fases. A fase sedimentada pode

então ser recolhida com uma microseringa.

Os líquidos iónicos têm uma boa capacidade solvente em relação a uma grande variedade de

compostos orgânicos e inorgânicos, o que os torna interessantes como solventes de extracção

ou meios de reacção.

Como não são voláteis, as suas aplicações cromatográficas são sobretudo em cromatografia

líquida, apesar de recentemente ter surgido uma aplicação em cromatografia gasosa (72)

.

23

Figura 1.9 - Microextracção Líquido-Líquido Dispersiva com Líquidos Iónicos.

1.9.1.9 Microextracção líquido-líquido homogénea (HLLME)

Esta técnica surgiu para permitir a aplicação dos princípios da microextracção dispersiva a

amostras sólidas. Neste caso é efectuada uma pré-extracção dos analitos a partir da matriz

sólida onde estes se encontram, recorrendo a um solvente orgânico miscível com água. Um

pequeno volume (~1mL) do extracto obtido, com ou sem concentração, é utilizado como

solvente de dispersão num passo seguinte de DLLME. O solvente de extracção é adicionado

ao solvente de dispersão que contém os analitos, formando uma mistura homogénea que

favorece a solvatação dos analitos. A mistura é então injectada em alguns mililitros de água,

provocando a dispersão do solvente de extracção. Neste processo algumas impurezas polares

co-extraídas a partir da matriz sólida poderão dissolver-se predominantemente na fase aquosa

obtendo-se assim algum efeito de purificação do extracto (73) (74)

.

Este tipo de extracção pode ser usado em diversas matrizes (águas, solo) para a extracção de

vários grupos de compostos, entre estes encontram-se os pesticidas organofosforados, os

derivados benzénicos, os HAPs e os metais (73) (74) (75) (76)

.

Analise dos analitos

80ºC 0ºC

Centrifugação

Fortificação dos

analitos na fase

aquosa

Aquecimento Arrefecimento

24

Figura 1.10 - Microextracção Líquido-Líquido homogénea (Adaptado da Refª (74)).

1.9.1.10 Microextração líquido-líquido utilizando um agente dispersão não tóxico

(LT-DLLME)

A técnica microextracção líquido-líquido dispersiva com um agente dispersão não tóxico

utiliza solventes orgânicos menos tóxicos que a maior parte dos solventes halogenados.

Um exemplo desta aplicação é a extracção de HAPs a partir de água, por DLLME utilizando

como solvente de dispersão o 1-bromo-3-metilbutano. Este método foi desenvolvido pela

primeira vez por Mei-I Leong e os seus colaboradores em 2010, e os limites de quantificação

obtidos em GC-MS são de 0,0003 e 0,0078 μg/L. Os factores de enriquecimento obtidos são

da ordem 372-1308 e a extracção dos diferentes compostos variou entre 87 %-105% (77)

.

1.9.1.11 Técnica de Microextracção-Emulsificação coadjuvada por ultrasons

(USAEME)

Este método é uma variante de DLLME na qual se utilizam solventes orgânicos menos densos

que à água. Vários parâmetros foram optimizados: a natureza e o volume de solvente

orgânico, a temperatura, a força iónica e centrifugação.

25

Este procedimento proporciona inúmeras vantagens, tais como factores de enriquecimento

excelentes, simplicidade, estabilidade, facilidade de execução, baixo custo e consumo de

solventes orgânicos (78) (79)

.

Esta técnica visa ampliar a gama de solventes orgânicos que se podem utilizar em DLLME e

o recurso à ultrasonicação destina-se a melhorar a partição dos analitos, melhorando a mistura

das fases.

1.10 Aplicações recentes de DLLME à determinação de contaminantes

orgânicos em matrizes sólidas e líquidas

Esta técnica foi desenvolvida no ano de 2006 por Rezaee e seus colaboradores (80)

, testando

um conjunto de solventes de extracção e de dispersão para a extracção de hidrocarbonetos

poliaromáticos (HAPs) de amostras aquosas.

Desde então, têm-se multiplicado os trabalhos que exploram a aplicação desta técnica a

amostras de água ou outras matrizes aquosas como vinho, sumo de frutas, tendo-se obtido

factores de enriquecimento geralmente entre 500 a 1000 para a maior parte dos analitos

estudados.

Também foram efectuados ensaios em matrizes sólidas, mas em menor escala, pois é

necessário realizar um tratamento anterior. Exemplos de algumas matrizes sólidas são a

melancia, pepino, solo, maçã, banana, uva, ameixa e folhas de chá.

Na maioria dos ensaios recorreu se ao uso dos solventes halogenados, causando vários

problemas sendo o principal a toxicidade. No entanto a quantidade de solvente utilizado em

DLLME é muito reduzida (normalmente inferiores a 50 µL por extracção), as consequências

Figura 1.11 - Microextracção USAEME (Adaptado da Refª (78)).

Fortificação

dos analitos

na fase

aquosa

Adição do

solvente de

extracção à

fase aquosa

Adição do solvente

hidrofóbico de cor,

neste caso vermelha,

para distinguir o

solvente .Recolha

dos analitos

Centrifugação

26

ambientais da sua utilização é diferente da manipulação dos mesmos solventes em volumes

mais elevados, como é o caso por exemplo, na extracção líquido-líquido clássica.

Os produtos farmacêuticos são outro grupo importante, onde se fez ensaios recorrendo à

técnica de DLLME, como por exemplo, em antibióticos anti-inflamatórios, em anti-

depressivos e em agentes envolvidos na redução do colesterol (70)

.

A técnica DLLME também tem sido aplicada para a extracção de PCB e PBDEs. O Hu e os

seus colaboradores (81)

testaram um método para analisar os PCB em peixes e resultados

obtidos ao nível de LODs foram 0,12-0,35g/Kg. Mais tarde Lui e os seus colaboradores (82)

aplicaram o mesmo método para determinar os PBDEs em rãs, caracóis, tendo obtidos limites

de determinação ligeiramente maiores 2,4-4,9g/Kg.

A técnica de DLLME também foi usada para determinar antioxidantes por Farajzadeh e os

seus colaboradores (83)

.

Na tabela seguinte temos algumas aplicações recentes, recorrendo ao sistema de extracção

DLLME em pesticidas, produtos farmacêuticos, PCB e PBDEs e outras aplicações.

Tabela 1.4 – Aplicações utilizando o sistema de DLLME (Adaptado da Refª (70)).

Analitos Matriz Solvente de

extracção

Agente de

dispersão

Método

Analítico LOD

Recuperação

(%)

PESTICIDAS

Pesticidas

Organofosforados (84)

Melancia e

Pepino

Clorobenzeno

(27 µL)

Acetonitrilo

(1mL) GC-FPD

10 -

190

ng/kg

67 – 111

Metacrilato (85) Água Diclorometano

(116L)

Metanol

(0,565mL)

HPLC -

UV 1 µg/L 96.7 -101.8

Herbicidas Triazínicos

(86) Água _ _ GC-ITMS

21 –

120

ng/L

85.2- 119.4

Compostos

Organoestanhados

(88)

Água _ _ GC-FPD 0.2 – 1

ng/L 82.5 -104.7

Clorobenzenos (89) Água Clorobenzeno

(9,5 µL)

Acetona

(0,5mL) GC-ECD

0.0005- 0.05

g/L

71.1-81.3

Organoclorados (90) Água Tetracloroetileno

(5,2 L)

Metil-tert-

butil-éter

(MBTE) (7,8

L)

GC-MS 0.4-2.5

ng/L _

Fungicidas (65) Vinho

1,1,1-

tricloreoetano

(100 L)

Acetona

(1mL) GC-MS

40-250

ng/L 61-99

27

Herbicida de

sulfunilureia (91) Solo

Clorobenzeno

(60µL) Acetona (_)

HPLC-

DAD

0.5- 1.2 ng/g

30-55

Vários resíduos de pesticidas (92)

Sumo de

maçã

Tetracloreto de

carbono (25 µL)

Acetona

(0,4mL)

GC-GC-

MS

0.06- 2.20

g/L 60-105

FÁRMACOS

Cloranfenicol (93) Mel

1,1,2,2- Tetracloroetano

(30 L)

Acetonitrilo (1 mL)

HPLC-

UV

0.6 g/

kg 89.5-91.7

Drogas anti-

depressivas tricíclicas

(94)

Água e

plasma

humano

Tetracloreto de

carbono

(18 L)

Metanol

(1mL) GC-FID

0.005-0.01

g/

mL

54.76-74.02

Clenbuterol (87) Água Tetracloroetileno

(25 L)

Acetona (0.5 mL)

HPLC-

UV

4.9

µg/L 97

“Quinolonas” (95) Músculo do

porco

Diclorometano

(300 L) Acetonitrilo

(1.5 mL)

HPLC-

DAD

5.6-

23.8

g/kg 93.0-102.6

“Aminoflunitrazepam”

(96) Urina

Diclorometano

(250 L)

Alcool isopropilico

(0.5 mL)

HPLC-

MS/MS

0.025

ng/mL _

Drogas Psicotrópicas

(97) Urina

Tetracloreto de carbono

(20 L)

Acetonitrilo (0.5 mL)

HPLC-

UV

3-8

ng/mL _

Anti-inflamatórios

(98) Urina

[BMIm][PF6]

(280 L) Metanol

(0.720 mL)

HPLC-

UV

8.3-

32.0

ng/mL

99.6-107.0

Lovastatina e Simvastatina (99)

Água [HMIm][PF6]

(500 L) _

HPLC-

UV

0.17- 0.29

ng/mL

80.5-112.0%

PCBs e PBDEs

Éteres difenílicos

polibromados (100)

Água /

Lixiviados

Tetracloroetano

(20 L)

Acetonitrilo (1 mL)

HPLC-

DAD

12 – 56

ng/L 87 - 119.1

Éteres difenílicos

polibromados (101)

Tecido dos

animais

aquáticos

Clorobenzeno

(33 L)

Acetona (0,75 mL)

GC-MS 2.4-4.9

g/kg 75.3-127.8

OUTRAS APLICAÇÕES

Clorofenóis (82) Água Clorobenzeno

(10 µl)

Acetona (0.5 mL)

GC-ECD

10 -

2000

ng/L

80.8 -117.9

Ésteres ftálicos

(102) Água

Clorobenzeno

(9,5µl)

Acetona

(0,5mL) GC-MS

2-8

mg/L 68.1-88.9

Bisfenol (103)

Agua Clorobenzeno

(30 L)

Acetona

(0,5 mL) GC-MS

0.01

g/L -

Antioxidantes (Irganox 1010,

Irganox 1076 e Irgafos 168)

(104)

Agua

Tetracloreto de carbono

(40 L)

Acetonitrilo (2 mL)

HPLC-

DAD

3-7

ng/mL 78-110

Hidrocarbonetos

Aromáticos (83)

Resíduos

sólidos de

pirólise

Tetracloreto de carbono

(50L)

Acetona (0.5 mL)

GC-MS

1.02- 24.6

ng/L _

28

Aminas Biogénicas

(105) Vinho

1-octanol

(50 L) Acetonitrilo

(0.4 mL)

HPLC-

FD

0.02-5

ng/mL 95.42-104.56

Ácidos Gordos (106) Agua do

mar

Tetracloreto de carbono

(10 L)

Acetona (0.96 mL)

GC-FID

0.67- 14.5

g/L

90-110

1.11 – Determinação de HAPs em Águas

A determinação de HAPs em águas tem as dificuldades inerentes a todas as determinações

analíticas de concentrações inferiores a 1µg/L. As estratégias possíveis para efectuar

determinações nesta gama de concentrações são o aumento do volume da amostra, a

utilização de métodos de extracção que permitam um factor de enriquecimento muito elevado

e/ou o recurso a detectores com limiares analíticos mais baixos.

1.11.1 Microextracção Líquido-Líquido Dispersiva - HAPs

O quadro seguinte apresenta os HAPs extraídos a partir de amostras de água e de sumo de

fruta por DLLME. A natureza do solvente de extracção vai desde o uso de líquidos iónicos,

solventes halogenados e não halogenados. O agente de dispersão maioritariamente testado é a

acetona.

Tabela 1.5 – Extracção de HAPs através da técnica DLLME (Adaptado da Refª (70)).

Analitos Matriz Solvente de

extracção

Agente de

dispersão

Método

Analítico LOD

Recuperação

(%)

16 HAPs

(107) Água Tetracloroetileno

Acetona

(1mL) GC-FID

7 – 30

ng/L 82.0 – 111.0

12 HAPs

(108) Água [BMIm][NTf2] NR HPLC-UV

0.02-34.5

g/L NR

4 HAPs

(109) Água

1-undecanol

(20 L)

Acetona (0.48 mL)

GC-FID 0.10-0.35

g/L 94.6-105.9

8 HAPs

(70)

Água,

sumo de

maça

1,1,2,2- tetracloroetano

(16 L)

Acetona (1 mL)

HPLC-FD 0.001-

0.01 g/L 74.9-123.0

18 HAPs

(71) Água

[OMIm][PF6]

(50 L)

Acetona

(1 mL) HPLC-FD

0.03-2.0

ng/L 30.4-103.9

4 HAPs

(110) Água

1-dodecanol

(100 L)

Metanol (0.2 mL)

HPLC-UV 0.045-1.1

ng/L NR

(NR) – Não referenciado

29

A tabela seguinte resume as técnicas de extracção publicadas para a determinação de HAPs

em amostras de água. Observa-se que se obteve valores significativamente maiores de

recuperação através IL-DLLME, LPME e SBSE. Os restantes métodos apresentam valores

mais baixos de recuperação, provavelmente devido à ocorrência de perdas durante o processo

de evaporação do solvente ou de secagem.

No entanto, tanto LLE e SBSE requerem maiores quantidades de volume de amostra, assim

como necessitam de um maior tempo de extracção (71)

.

Tabela 1.6 – Técnicas de extracção dos HAPs em amostras de água (Adaptado da Refª (72)).

Parâmetros LLE

(111)

LLE

(112)

SPE

(113)

SPME

(114)

SBSE

(115)

LPME

(116) LPME (117)

DLLME

(107)

IL-

DLLME (71)

Volume de

amostra

(mL)

300 250 50 18 100 3 15 5 10

Solvente de

extracção Hexano

Dicloro

metano

Hexano

-

dicloro

metano

(50:50

v/v)

NR NR Tolueno [C8Mi

M][PF6]

Tetraclor

oetileno

[C8MiM]

[PF6]

Volume

solvente

extracção

(mL)

77 90 5 NR NR 0,003 0,003 0,008 0,05

Tempo de

extracção

(min)

72 6 50 70 720 20 30 Segundos 2

Técnica HPLC–

Flu

HPLC–

Flu

HPLC–

Flu

GC–

MS/MS GC–MS

HPLC–

UV

HPLC–

Flu GC–FID

HPLC–

Flu

%

Extracção 81–106 51–104 67–99 60–102 90–104 89–102 _ 60–111 90–102

RSD (%) <14 <11 <5 <14 <15 <9 <12 <11 <6

LOQ (ng/L) 0.1–0,4 0.1–4.4 0.7–

56.2 0.1–1.0 0.3–9.5

3333.3–

11666.7 _

23.3–

100.0 0.1–7.0

Número

HAPs 15 15 17 27 8 6 12 16 18

(NR) – Não referenciado (_) – Não avaliado

30

Tabela 1.7 - Comparação dos vários métodos de DLLME para extrair os HAPs (Adaptado da

Refª (77).

Método Instrumento HAPs

Solvente

de

extracção

Tempo de

extracção

(min.)

Intervalo de

linearidade

(g/L)

LOD

(g/L)

SPE

(118) HPLC-UV 5 _ 30 0.5-10.0 0.005-0.040

SPME

(119) GC-MS 16 _ 45 0.01-10.00 0.001-0.029

HSPME

(120) GC-FID 11 _ 30 0.1-50.0 0.03-0.30

IL-SPME

(121) GC-MS 5

[C8mim][Tf

O] 40 0.01-5.00 0.004-0.005

HSME

(122) GC-FID 7 1-Butanol 12 20-240 4-41

HF-LPME

(123) GC-MS 5 Tolueno 15 0.5-50.0 0.005-0.011

HF-LPME

(124) GC-MS 13 Tolueno 15 10-2000 0.01-0.95

DLLME

(107) GC-FID 16

Tetracloroeti

leno Seg. 0.02-200,00 0.007-0.030

LPME-SFO

(125) GC-FID 12 1-Undecanol 35 0.25-400.00 0.007-1.630

DLLME-SFO

(59) HPLC-VWD 5 1-Dodecanol Seg. 0.1-500.00 0.045-1.100

HLLE

(110) GC-FID 9 Clorofórmio Seg. 0.1-400.00 0.02-0.18

USAEME

(74) GC-FID 9 Tolueno Seg. 0.05-100.00 0.02-0.05

LT-DLLME

(77) GC/MS 16

1-Bromo-3-

metilbutano ~ 1 0.01-10.00

0.0003-

0.0078

(_) – Não referenciado

A tabela 1.8 apresenta uma comparação de vários factores avaliados para a determinação dos

HAPs por DLLME, SPE e SBSB, no que diz respeito ao tempo médio de extracção, custo dos

consumíveis e os consumíveis necessários.

31

Tabela 1.8 - Tempo médio gasto e custos associados a cada técnica extracção dos HAPs a

partir de amostras de água.

Factores

Avaliados

Técnicas de Extracção

DLLME

(Refª (66)) SPE

(Refª (126)) SBSB

(Refª (52))

Tempo médio (min.) 6-10 15-30 720

Custos de

consumíveis/unidade (€) 0.04 2.63 70.00

Consumíveis

Contabilizados

Ciclohexano

Acetona

Cartuchos com fase

RP-C18 a 500 mg em tubos com volume de

6 mL de amostra

Ciclohexano Acetona

Barra

magnética

Acetonitrilo Tetracloreto

de carbono

Como se pode constatar com este exemplo, a adopção de métodos de DLLME pode

representar uma vantagem significativa tanto em termos de tempo de análise como em termos

dos custos por análise, para além de poder apresentar uma sensibilidade superior à atingida

com as técnicas de SPE ou SBSB para os mesmos analitos.

1.12 Validação do método analítico

Na validação do método analítico pretende-se determinar as características analíticas do

método desenvolvido e a sua aplicabilidade a amostras reais, produzindo resultados fiáveis e

interpretáveis (127)

.

Os parâmetros cuja determinação é necessária para proceder à validação completa de um

método analítico são os seguintes (128)

:

1) Selectividade /Especificidade

2) Calibração analítica

3) Intervalo de Linearidade Analítica

4) Limites de Detecção e de Quantificação

5) Sensibilidade

6) Precisão

7) Robustez

8) Exactidão

9) Eficiência e Extracção

32

1.12.1 Selectividade/ Especificidade

Define a capacidade que o método tem em identificar e distinguir inequivocamente um analito

na presença de outros solutos ou interferentes que possam estar presentes na matriz,

respondendo aos analitos de interesse, sem se pretender uma análise quantitativa.

Um método que produz resposta para apenas um analito é chamado específico, por outro lado,

um método que produz respostas para vários analitos, mas que pode distinguir a resposta de

um analito da resposta de outros, independentemente das características dos interferentes, é

considerado selectivo. Estes dois parâmetros estão correlacionados e permitem ser avaliados

pela realização de testes de recuperação e pela análise de padrões com concentrações

conhecidas. Assim deste modo, o método é considerado específico e selectivo quando se

verificam taxas de recuperação próximas de 100% (127)

.

Existem parâmetros e testes que permitem avaliar cada um destes factores individualmente.

No caso da especificidade há que considerar os seguintes parâmetros: resolução, retenção

relativa (factor de separação), factor de capacidade (factor de retenção), factor de simetria e

número de pratos teóricos. Na análise da selectividade os testes mais comuns são o teste de

Snedecor e o teste de homegeneidade de variâncias.

1.12.2 Calibração analítica

A calibração analítica relaciona a resposta de um sistema de medida, como por exemplo a

área ou altura do pico cromatográfico, isto é, um factor quantitativo ou numérico com a

concentração do analito que originou esse sinal. Este tipo de calibração pode ser feito a partir

de (127) (129)

:

Curva de Calibração com padrão externo ou interno

Curva de Calibração pelo método de adição de padrão à amostra

Factor de resposta

Cada opção é adequada a diferentes casos, devendo o laboratório seleccionar a mais adequada

para a análise em causa.

No caso de se recorrer à opção de efectuar uma curva de calibração, é necessário preparar um

conjunto de soluções-padrão com várias concentrações conhecidas que serão analisadas nas

mesmas condições a aplicar à análise das amostras. Para este tipo de calibração recomenda-se

o uso da norma ISO 8466-1 (130)

como referência, designadamente para efectuar regressões

lineares pelo método dos mínimos quadrados.

O cálculo das curvas de calibração aplica o método dos mínimos quadrados, que permite

encontrar o melhor ajuste possível para o conjunto de dados tentando minimizar a soma dos

33

quadrados das diferenças entre a curva ajustada e os dados. Neste método, define-se que o

eixo vertical (eixo yy) representa a medida instrumental do equipamento (área ou altura do

pico cromatográfico) e que no eixo horizontal (eixo xx) está representada a concentração dos

padrões utilizados; considera-se que os erros associados ao eixo dos xx são desprezáveis

relativamente aos valores do eixo dos yy. Assume-se que os erros apresentam uma

distribuição normal e que existe homogeneidade de variâncias ao longo da curva de

calibração. Segundo a norma referida, são recomendados dez pontos de calibração não

podendo ser utilizados menos de cinco pontos de calibração; a sua distribuição deve ser

homogénea no intervalo de concentração considerado. De acordo como o método analítico e

considerando os critérios laboratoriais, os valores para o coeficiente de determinação (R2) das

curvas de calibração devem ser o mais próximo possível da unidade, e não devem ser

inferiores a 0,990 de forma a traduzir uma fraca dispersão dos resultados e um bom ajuste dos

pontos experimentais à recta de calibração.

Para uma calibração linear (y = a+ bx) o declive (b) é dado pela seguinte expressão (127) (131)

:

Σ

E o desvio padrão residual (Sy) que representa a dispersão das medidas efectuadas a partir da

função de calibração é dado pela seguinte fórmula (127) (131)

:

Σ

Sendo

O desvio padrão entre os pontos no eixo dos xx é designado por Sx0 ou S0 e é dado por:

O coeficiente de variação (CV) relativo ao desvio padrão Sxo é dado por:

34

1.12.3 Intervalo de Linearidade Analítica

A linearidade é entendida como a capacidade que o método tem em fornecer resultados

directamente proporcionais à concentração do soluto num determinado intervalo de

concentrações conhecidas, isto é, num intervalo de linearidade em que a variação nas

respostas do detector deve ser inferior a 5%.

Assim este intervalo pode ser avaliado pela aplicação de um modelo estatístico conforme o

que está descrito na norma ISO 8466-1, designado por Fisher/Snedecor ou Teste de Mandel.

Todavia a análise da linearidade também pode ser avaliada a partir da análise de resíduos, que

descreve a distância entre os valores dos dados observados e os valores estimados através da

regressão linear, no eixo dos yy (127) (130) (132)

.

A gama de trabalho pode ser definida como sendo o intervalo entre a concentração inferior e a

concentração superior do analito na solução padrão ou na amostra, para o qual deve haver um

nível adequado de precisão e exactidão na definição do procedimento analítico. A norma ISO

8466-1 avalia a linearidade para modelos lineares, enquanto a norma ISO 8466-2 avalia o

mesmo parâmetro mas em modelos polinomiais de 2º grau (130) (133)

.

1.12.4 Limites Analíticos

Os limites analíticos de um método são definidos pelo limite de detecção (LOD) e pelo limite

de quantificação (LOQ). O limite de detecção para um determinado analito deve ser entendido

como uma concentração que é traduzida por um sinal instrumental diferente do sinal do

branco num dado intervalo de confiança estatística (normalmente 95%). Este limite situa-se

acima do somatório do sinal médio do branco (x0) somando três vezes o desvio-padrão do

branco (Sx0) e isto é:

O limite de quantificação corresponde à menor concentração da gama de trabalho, em que é

possível quantificar o analito na amostra, em que o coeficiente de variação do sinal está

reduzido a valores inferiores a 10%. Assim o primeiro padrão da gama de trabalho deve de ser

superior ao limite de quantificação.

Este limite situa-se dez vezes superior ao desvio-padrão do branco, ou seja (129)

:

Existem outras formas de calcular os limiares analíticos. O limiar analítico é o teor mínimo

medido, a partir do qual é possível detectar a presença do analito com uma certeza estatística

35

razoável. Este limiar analítico corresponde a mais pequena quantidade de substancia a analisar

que pode ser detectada numa amostra, mas não necessariamente quantificada como valor

exacto.

Para uma correcta analise dos limiares analiticos, existem outros métodos de cálculo que

podem ser utilizados para medir o limite de detecção e o limite de quantificação.

Método de Cálculo – a partir da Curva de Calibração

Método de Cálculo - Razão Sinal Ruído (S/N)

Método de Cálculo – Desvio padrão de Brancos ou padrão vestigial

1.12.5 Sensibilidade

A sensibilidade traduz-se pela resposta que o detector fornece por unidade de concentração ou

por unidade de massa entre dois analitos.

Esta grandeza é expressa pela quantidade mínima detectável, definida por uma concentração

do analito para a qual a razão sinal/ruído seja superior a quatro. No caso de o método envolver

uma calibração linear, este parâmetro pode ser visto como o declive da curva de calibração (b)

em que no eixo dos yy está a resposta do detector (área ou altura do pico) e no eixo dos xx

estão as concentrações dos analitos, sendo portanto o seu valor constante ao longo da gama de

trabalho (134) (132) (127)

.

36

1.12.6 Precisão

A precisão do método analítico define-se como o grau de concordância entre os vários

resultados dos ensaios laboratoriais individuais, quando o método envolve leituras de

replicadas de padrões ou de amostras (norma ISO 3534) (135)

. É avaliado pelo desvio-padrão

(SD) ou pelo desvio-padrão relativo (RSD) ou coeficiente de variação (CV), que avaliam a

discrepância entre os dados que podem estar associados a erros aleatórios ou contínuos

(operador, equipamento, factores ambientais como a temperatura, humidade, tempo entre

medições). O teste de homogeneidade de variâncias permite avaliar se os padrões da gama

considerada linear (um da gama de concentrações mais baixa e outro da gama de

concentrações mais alta) têm valores de variâncias muito diferentes entre si. Também o teste

da análise de resíduos permite avaliar a precisão do método, discriminando os valores

considerados fora da gama de calibração (127) (131)

.

Para avaliar a precisão há que considerar três parâmetros: a repetibilidade, a precisão

intermédia e a reprodutibilidade. O primeiro parâmetro expressa a precisão de um método

realizado a partir de várias medições sucessivas da mesma amostra em condições de operação

idênticas (metodologia, operador, equipamento, reagentes, laboratório, factores ambientais,

tempo entre repetições) num curto intervalo de tempo. Este parâmetro pode ser avaliado

quantitativamente através da dispersão de resultados produzidos numa análise de soluções-

padrão, material de referência ou de brancos a várias concentrações.

A precisão intermédia é definida com base na avaliação da precisão numa dada amostra ou em

amostras idênticas, utilizando o mesmo procedimento experimental, no mesmo laboratório,

mas definindo previamente quais as condições que variam (período de tempo, operador ou

equipamento). Este tipo de precisão é usada para assegurar que há resultados concordantes

para amostras idênticas analisadas em períodos de tempo distintos por outros operadores e/ou

equipamentos.

Por fim, a reprodutibilidade avalia se a precisão de um método é constante ao longo do tempo,

usando um procedimento analítico que pode apresentar diferentes condições de operação

(diferentes laboratórios, operadores, equipamentos, condições de análise), e que é geralmente

avaliado através da participação de ensaios interlaboratoriais ou de ensaios de normalização.

Contudo, a reprodutilidade também pode ser avaliada entre métodos iguais, como é o caso dos

ensaios de aptidão onde se pretende avaliar qual o método que apresenta melhores resultados.

37

1.12.7 Robustez

A robustez é definida como a capacidade de um método analítico resistir a pequenas

alterações experimentais. O método é considerado robusto se não for afectado por ligeiras

alterações dos seus parâmetros (temperatura, caudal, entre outros), sendo que este parâmetro é

avaliado na fase de desenvolvimento do método e depende do tipo de processo em estudo. A

avaliação da robustez é importante quando se pretende avaliar que problemas podem afectar a

resposta dada pelo equipamento ao método estudado. Este parâmetro pode ser calculado

recorrendo ao teste de Youden. Este teste permite não só avaliar a robustez do método, como

permite também, avaliar a variação entre os dados e permite comparar resultados

interlaboratoriais para o mesmo tipo de amostras.

É importante salientar que quanto maior for a robustez de um método, maior será a sua

precisão (131)

.

1.12.8 Exactidão

A exactidão é definida como a concordância entre o resultado de um ensaio e o valor de

referência anteriormente aceite (norma ISO 3534). A avaliação da exactidão é portanto a

avaliação da combinação de erros sistemáticos e aleatórios.

A exactidão pode ser avaliada através de ensaios de recuperação analítica, permitindo

comparar valores esperados com valores observados pelo próprio método. No entanto, este

parâmetro também pode ser avaliado a partir de ensaios interlaboratoriais ou através de

comparação de resultados com os materiais de referência certificados (MRC). Os ensaios de

recuperação também permitem avaliar a exactidão de um método.

1.12.9 Eficiência de Extracção

A eficiência de extracção (E) pode ser descrita como uma função que avalia o nível de

modificação que a natureza da amostra introduz na calibração analítica (127)

.

A eficiência de extracção de um determinado analito pode ser estimada pela análise de uma

amostra, adicionando uma quantidade conhecida desse analito, isto é, fortificando a amostra

com uma concentração conhecida de um determinado padrão do analito.

Para avaliar a recuperação desse analito em amostras reais, devem-se estudar as recuperações

do mesmo analito em três situações distintas: numa concentração próxima do limite de

quantificação, numa concentração próxima da concentração máxima admissível e numa

38

concentração que esteja a meio da gama de trabalho. Assim teremos o cálculo da recuperação

como:

Onde,

C1 é a concentração determinada na amostra fortificada

C2 é a concentração determinada na amostra não fortificada

C3 é a concentração de fortificação

39

Capítulo II

Determinação de HAPs em águas de consumo ou

superficiais por extracção em fase sólida associada a

microextracção líquido-líquido dispersiva e análise por

cromatografia gasosa e espectrometria de massa

40

2.1 Considerações gerais

2.1.1 Estudo do processo de Microextracção Líquido-Líquido Dispersiva

(DLLME) de HAPs

A extracção líquido-líquido dispersiva tem como base o equilíbrio de fases em sistemas

ternários de água, um solvente de extracção e um co-solvente (solvente de dispersão). Para

que se consiga efectuar com sucesso uma extracção líquido-líquido dispersiva têm portanto

que reunir-se as seguintes condições:

Efectuar uma mistura dos três componentes do sistema, sendo a água o componente

maioritário, o solvente de extracção o componente minoritário e o solvente de

dispersão numa quantidade tal que permita a formação de uma emulsão estável. Por

outras palavras, as proporções dos três componentes do sistema têm que ser tais que o

equilíbrio de fases se situe na zona de transição entre o estado monofásico e o estado

difásico.

Após a separação de fases, o volume da fase orgânica deverá ser o menor possível

para maximizar o factor de enriquecimento.

O volume de fase orgânica sedimentada deve ser suficientemente elevado para ser

reprodutível e será desejável que possa ser injectado automaticamente.

O factor de enriquecimento dos analitos na fase orgânica deverá ser elevado.

A percentagem de extracção deverá estar situada entre 50% e 120% pois para valores

fora desta gama observa-se geralmente uma perda de repetibilidade.

O objectivo deste trabalho foi o desenvolvimento e optimização de um método de DLLME

adequado à determinação de um conjunto de HAPs (naftaleno, acenaftileno, acenafteno,

fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno, criseno, 1,2-benzoantraceno,

benzo(k)fluoranteno, benzo(b)fluoranteno, benzo(a)pireno, indeno(1,2,3-c,d)-pireno, 1,2:5,6-

dibenzoantraceno, 1,12-benzoperileno) numa gama de concentrações que incluísse o limite

máximo admissível para a soma de quatro hidrocarbonetos aromáticos policíclicos é de

0,10g/L e que o benzo(a) pireno é de 0,010g/L segundo a Directiva 98/83/CE, de 3 de

Novembro de 1998 (26)

.

Cada um dos HAPs apresenta dois ou mais anéis na sua estrutura. Os HAPs que contém

quatro ou mais anéis são menos voláteis e menos solúveis em água, logo permanecem no

ambiente por um longo período de tempo. Por essa razão, é importante monitorizar os HAPs

com mais anéis em amostras ambientais.

41

Tabela 2.1 - Solubilidade em água dos vários HAPs (136) (14) (16)

.

Composto

Solubilidade

a 25 ºC

(mg/L)

Naftaleno 3.000

Acenaftileno 3.980

Acenafteno 1.930

Fluoreno 1.680-1.980

Fenantreno 1.200

Antraceno 0.076

Fluoranteno 0.200-0.260

Pireno 0.077

Criseno 2.8x10-3

1,2-Benzoantraceno 0.010

Benzo(k)fluoranteno 7.6x10-4

Benzo(b)fluoranteno 0.0012

Benzo(a)pireno 2.3x10-3

Indeno(1,2,3-c,d)-pireno 0.062

1,2:5,6-Dibenzoantraceno 5.0x10-4

1,12-Benzoperileno 2.6x10-4

No que se refere à solubilidade em água, o acenaftileno tem um valor particularmente

elevado, enquanto o menos solúvel é o 1,12-benzoperileno.

A determinação de HAPs em águas por DLLME foi a 1ª aplicação desta técnica (107)

; o

solvente seleccionado foi o tetracloroetileno e nas condições óptimas obteve-se um volume

sedimentado de 5 µL. No entanto, o método proposto é de difícil reprodução e o baixo volume

sedimentado dificulta a separação de fases quantitativa, bem como a injecção automática.

Assim, procurou-se estudar a aplicação de DLLME ao grupo de HAPs incluídos neste

trabalho, utilizando tanto solventes halogenados como solventes não halogenados e

seleccionaram-se as condições que permitiam a recolha de volumes reprodutíveis de fase

sedimentada (tipicamente acima de 10 µL).

2.1.2 SPE-HLLME de HAPs

A associação do HLLME à técnica de extracção em fase sólida (SPE) permite conjugar a

grande capacidade extractiva da microextracção líquido-líquido à pré-concentração resultante

da extracção em fase sólida e atingir assim a ultraconcentração dos analitos na fase orgânica

recolhida após a separação de fases (137)

(138)

.

42

No entanto, existem trabalhos cujo objectivo desta associação de técnicas, não foram apenas

ultraconcentrar os analitos na fase orgânica, mas também limparem o extracto de impurezas

possibilitando uma melhor análise das amostras (137)

.

Actualmente existem algumas referências bibliográficas que designam esta associação como

sendo uma associação da técnica de SPE com DLLME, no entanto, o método que é descrito

nestas referências, mostra semelhanças não com o método de DLLME mas sim, com o

método de HLLME, pelo que a designação que adoptámos neste trabalho foi SPE-HLLME (47)

(137).

A técnica de SPE em HAPs foi realizada por Kootstra e os seus colaboradores em amostras de

solo, cujo objectivo do trabalho foi comparar a utilização de diferentes matrizes sólidas, uma

coluna em sílica C8 e uma C18, na separação dos HAPs, obtendo valores de % recuperação

na ordem 79-90 (139)

.

A combinação de SPE com DLLME leva a obter um factor de enriquecimento mais elevado (140) (79)

.

A Tabela 2.2 mostra as condições de extracção e os limiares analíticos de diversos analitos

extraídos a partir de matrizes aquosas através do método de SPE-HLLME.

Tabela 2.2 - Condições de extracção e limiares analíticos dos analitos estudados pelo método

de associação do SPE com DLLME.

Classe de

compostos

LOQ

(ng/L)

LOD

(ng/L) EF

Fase

estacionária

(SPE)

Solvente

de

Extracção

Solvente

de

Dispersão

Vdisp

(mL)

Vext

(μL)

Fungicidas

(141)

40-

200 -

156-

254

HLB

(30 µm, 10

mg)

Tricloroetano Acetona 1 100

Herbicidas

(138) 2-6 - 6593-

7873

Si

(500 mg) CCl4 Acetona 1 25

PBDEs (137) -

0.03-

0.15

6838-

9405 C18 Tetracloroetileno Acetonitrilo 1 22

Clorofenóis

(47) - 0.5-50 4390-

15840

SDVB

(100 mg) Clorobenzeno Acetona 1 13

(-) – Não referenciado

Como se pode ver na Tabela 2.2, existe um número muito pequeno de aplicações desta técnica

referidas na literatura; o presente trabalho descreve pela 1ª vez a utilização de SPE-HLLME

na determinação de HAPs.

43

A associação entre extracção em fase sólida (SPE) e microextracção líquido – líquido

homogénea (HLLME) na determinação de HAPs em águas foi estudada neste trabalhado,

tendo sido testadas as possíveis combinações de diferentes solventes de dispersão (acetona,

metanol, isopropanol) e diferentes solventes de extracção não halogenados (ciclohexano,

tolueno e octano).

O método optimizado foi posteriormente validado de acordo com os procedimentos

detalhados na Norma ISO 3534 (135)

.

2.2 Procedimento Experimental

2.2.1 Solventes e Reagentes

Utilizou-se em todos os ensaios água ultra pura (Milli-Q, modelo Milipore, Molsheim,

França).

O ciclohexano (99%), a acetona (99.5%), o metanol (99.9%), o hexano (99%), foram

fornecidos por Lab-scan (Dublin, Irlanda); o octano (99%) foi fornecido por Koch-Light

Laboratory (Cambridge, Reino Unido); o isopropanol (≥99.5%) foi adquirido à Fluka

(Steinheim, Suiça); o clorofórmio (99.8%), o tetracloreto de carbono (99,9%) e o

tetracloroetileno (99,9%) à Aldrich (Steinheim, Alemanha) e o Tolueno (99,5%) à Panreac

(Barcelona, Espanha).

2.2.2 Amostras Reais

Para efeitos de validação da técnica de SPE-HLLME foram realizados ensaios de recuperação

em água ultra pura e em diferentes matrizes, nomeadamente água subterrânea (subterrânea

Odivelas), da rede pública de abastecimento (água da torneira, Monte de Caparica) e água da

nascente (mineral).

2.2.3 Materiais

Nos ensaios de microextracção líquido-líquido dispersiva utilizaram-se vials cónicos de vidro

e com rosca e tampa com septo de PTFE, com capacidades de 15 mL (Refªs 27039 e 27479,

Supelco).

Na medida e transferência dos solventes de extracção e de dispersão, bem como da fase

sedimentada utilizaram-se microseringas de vidro, graduadas, com a capacidade de: 10µL

44

(SGE, Australia); 25 µL, 50 µL, 100 µL e 250 µL (Agilent, Australia); 1000 µL (Ruthe,

Portugal).

Os extractos foram colocados em redutores de volume de 100 µL (Refª 110501) e 300 µL

(Refª 110502) (142)

, para frascos de capacidade 1,5 mL (Refª CVP1-C02-100) (143)

, com tampa

de capsular, do injector automático.

Durante o trabalho efectuado utilizou-se material de vidro comum como erlenmeyers, funis,

balões volumétricos, pipetas volumétricas, gobelés, etc.

Todo o material de vidro utilizado é descontaminado com acetona após a sua utilização

seguindo-se uma primeira lavagem em banho de água com um detergente (Deconex 21) e

ácido (Deconex 26 Mineral acid) apropriados. De seguida o material é lavado numa máquina

de lavagem de material de laboratório, equipada com sistema de passagem final por água

destilada (Miele Professional, modelo G 7883). O material volumétrico é posteriormente seco

numa estufa a 40 ºC (Memmert, Schwabach, Alemanha) enquanto o material não volumétrico

é seco numa estufa a 100ºC (Memmert, Schwabach, Alemanha).

As microseringas são lavadas com acetona e hexano sob vácuo e secas à temperatura

ambiente.

Os frascos onde se efectua a microextracção são descontaminados com acetona, lavados com

detergente aniónico apropriado (Sodosil RM03, Riedel-de-Haën, Seelze, Alemanha), e

lavados sucessivamente com água corrente, água bidestilada e acetona; em seguida são secos

em estufa a 40ºC.

2.2.4 Preparação de soluções-padrão e construção e rectas de calibração

Os dezasseis HAPs foram adquiridos sob a forma de uma solução da mistura em metanol,

com uma concentração de 1000 mg/L (Chem Service Inc., West Chester, USA, Refª PPH-

10RPM, lot:372-93A).

A partir desta solução concentrada prepararam-se, por diluição em metanol, soluções de 100

mg/L e de 2 mg/L. Estas soluções foram transferidas para frascos de 2 mL, que foram

capsulados e armazenados em caixas plásticas opacas, a uma temperatura inferior a -10 ºC.

Durante a optimização do método de SPE-HLLME foram construídas rectas de calibração nas

gamas de 100 µg/L a 800 µg/L, por diluição da solução de 2 mg/L, com metanol.

As soluções de fortificação utilizadas nos ensaios de SPE-HLLME tinham a concentração de

2 µg/L.

A solução dos HAPs em metanol, com a concentração de 2 mg/L, foi diluída com metanol até

concentrações finais de 100 µg/L até 800 µg/L. Estas soluções metanólicas foram então

45

adicionadas a amostras de água, nas quantidades adequadas para preparar os padrões das

rectas de calibração na gama de 100 ng/L a 800 ng/L e nos ensaios de recuperação efectuados

a 100 ng/L.

2.2.5 Microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

A amostra de água (5 mL) é colocada num frasco de fundo cónico de (5 - 10 mL) utilizando

uma pipeta volumétrica.

Num copo de 5 mL coloca-se o volume adequado de solvente de dispersão (1mL), utilizando

microseringas de 1000 µL. Adiciona-se em seguida ao mesmo copo o solvente de extracção

(50 µL), utilizando microseringas de 50 µL. A mistura do solvente de dispersão e solvente de

extracção é então transferida do copo de mistura para o frasco com a amostra de água,

utilizando uma seringa de 1000 µL. A ponta da agulha é colocada a cerca de metade da altura

do frasco e a adição da mistura de solventes à amostra de água é efectuada de forma rápida,

obtendo-se assim uma boa dispersão dos solventes orgânicos na fase aquosa.

2.2.5.1 Solventes Halogenados

Após a dispersão as fases são separadas por centrifugação (Centrífuga Modelo Hettich-EBA

20) durante 6 min, a 3000 rpm.

A fase sedimentada é removida com uma microseringa de capacidade apropriada (10 µL a

100 µL) e colocada num redutor de volume de 100 µL ou de 300 µL; à fase sedimentada é

adicionado um pequeno volume (50 µL a 200 µL) da fase aquosa com a qual estava em

equilíbrio de forma a evitar a evaporação do solvente de extracção durante o processo de

injecção automática. O redutor de volume é colocado num frasco de 1.5 mL que é

imediatamente capsulado e colocado no tabuleiro do injector automático do cromatógrafo,

para se proceder à sua análise.

2.2.5.2 Solventes não Halogenados

Após a dispersão as fases são separadas por centrifugação durante 6 min, a 3000 rpm, retira-se

alguma fase aquosa com uma microseringa de vidro de capacidade apropriada (250 µL),

realiza-se uma nova centrifugação durante 8 min a 3000rpm, volta-se a retirar a restante fase

aquosa. O eluato obtido é removido com uma microseringa de capacidade (10 µL a 50 µL) e

colocada num redutor de volume de 100 µL ou de 300 µL. O redutor de volume é colocado

46

num frasco de 1.5 mL que é imediatamente capsulado e colocado no tabuleiro do injector

automático do cromatógrafo, para se proceder à sua análise.

2.2.6 Método de associação de extracção em fase sólida com microextracção

líquido-líquido homogénea (SPE-HLLME)

As amostras de água são colocadas em balões volumétricos de 100 mL, 200 mL, 500 mL e

1000 mL, fortificada com 2 μg/L de HAPs. De seguida, é feita a eluição da amostra através do

método de SPE, utilizando-se cartuchos com fase RP-C18 a 500 mg em tubos com volume de

3 mL de amostra (J.T.Baker). Foi feito um condicionamento prévio da fase estacionária com a

eluição dos solventes de acordo com a sua polaridade. Deste modo, eluiu-se em primeiro

metanol (99.9% pureza) num volume de 5 mL, seguido de água ultra pura com o mesmo

volume. De seguida e após a secagem da fase estacionária e com o auxílio de um recaudal de

água, (fez-se a eluição da amostra). A eluição dos analitos foi feita com o solvente de

dispersão adequado (acetona, metanol, isopropanol) e com volumes entre 1 mL - 2 mL

utilizando pipetas volumétricas, sendo o eluato recolhido nos tubos de centrífuga onde se vai

efectuar o passo de SPE. Após a etapa de SPE, efectuou-se a passagem na coluna RP-18, de

dois volumes (0,5mL) de forma sucessiva do solvente de dispersão optimizado.

Adicionou-se o solvente de extracção (ciclohexano, tolueno, octano) num volume de

extracção (50µL a 100 µL), com auxílio de microseringas de vidro 50 µL e de 100 µL. A

adição de água, utilizando uma pipeta volumétrica (5 mL a 10mL), é feita após a adição do

solvente de extracção, causando a turvação da mistura de solventes.

Após a dispersão as fases são separadas por centrifugação, o eluato obtido é removido com

uma microseringa e colocado num redutor. O redutor de volume é colocado num frasco de 1.5

mL que é imediatamente capsulado e colocado no tabuleiro do injector automático do

cromatógrafo, para se proceder à sua análise.

2.2.7 Análise cromatográfica

A análise cromatográfica dos extractos foi efectuada num cromatógrafo gasoso (modelo

Focus GC, Thermo Scientific) equipado com injector com e sem repartição (split-splitless),

uma coluna analítica TR-V1-cyanopropylphenyl polysiloxane (30 m x 1,4 µm x 0.25 mm

i.d.), (Thermo Scientific) e acoplado a um espectrómetro de massa (Polaris Q, Thermo

Scientific). A injecção foi efectuada em modo automático utilizando um injector automático

(AS2000). O extracto (1 µL) foi injectado a uma temperatura de 260ºC, em modo sem

repartição durante 1 minuto, velocidade de 30 mL/minuto e com um splitess time de 1 min..

47

O caudal do gás de arraste (Hélio com 99.9999% de pureza), foi mantido a 1 mL/minuto.

Utilizaram-se temperaturas da interface e da fonte de ionização de 290ºC e 260ºC,

respectivamente.

A temperatura do forno foi programada da seguinte forma: temperatura inicial de 40ºC

durante 3 min.; aquecimento a 20ºC/min. até 150ºC; aquecimento a 5ºC/min. até 200ºC,

aquecimento a 10ºC/min. até 230ºC, por fim um aquecimento a 3ºC/min. até 300ºC mantendo-

se a essa temperatura durante 20 min. O tempo total de análise foi de 65 minutos.

A detecção foi feita em modo de varrimento completo numa gama de massas de 45 a 400 m/z.

Contudo, para uma detecção mais selectiva, optou-se por escolher o modo de selecção do pico

base para cada analito (extracção de ião individual), correspondendo ao ião mais intenso do

espectro de massa de cada HAPs.

No entanto a coluna analítica utilizada, apresentou um sangramento quando se procedeu a um

aumento da temperatura de eluição acima dos 290ºC, por outro lado sempre que a temperatura

do injector subia acima dos 270ºC, observou-se uma diminuição das áreas dos analitos, apesar

deste comportamento não ser o mais esperado. Portanto, devido a esta situação os seguintes

analitos (Indeno (1,2,3-c,d)-pireno, 1,2:5,6-Dibenzoantraceno, 1,12-Benzoperileno), não

foram considerados na elaboração deste trabalho.

2.2.8 Cálculos

O factor de enriquecimento, parâmetro que avalia a partição dos analitos entre as fases, sob

diferentes condições de microextracção, foi calculado a partir da seguinte expressão:

0C

CEF sed

onde Csed é a concentração de analitos na fase sedimentada e C0 a concentração inicial de

analitos na fase aquosa.

A avaliação da extensão do processo de microextracção é efectuada através do cálculo da

percentagem de extracção, utilizando a seguinte expressão:

onde Csed é a concentração de analitos na fase sedimentada, C0 a concentração inicial de

analitos na fase aquosa, Vsed é o volume de fase sedimentada e Vaq o volume da amostra de

água.

48

2.3 Resultados e Discussão

2.3.1 Optimização do processo de separação cromatográfica

A selecção das melhores condições de separação cromatográfica dos analitos foi efectuada em

modo de varrimento total, utilizando uma solução de HAPs em metanol com a concentração

de 2 mg/L.

Em seguida procedeu-se à selecção dos iões mais adequados à detecção selectiva dos analitos

em modo de pico base (método de extracção de ião individual). Foram seleccionados os iões

com maior razão sinal/ruído que em alguns casos não foi o ião molecular (Tabela 2.3, Figura

2.1).

Tabela 2.3 – Iões seleccionados para detecção selectiva e tempos de retenção dos HAPs.

Analitos

Tempo de

retenção

(min.)

Ião

seleccionado

(m/z)

Naftaleno 13.91 128

Acenaftileno 20.08 152

Acenafteno 20.61 153

Fluoreno 22.59 166

Fenantreno 27.14 178

Antraceno 27.38 178

Fluoranteno 34.38 202

Pireno 35.92 202

Criseno 44.83 228

1,2-Benzoantraceno 45.12 228

Benzo(k)fluoranteno 55.92 252

Benzo(b)fluoranteno 56.15 252

Benzo(a)pireno 60.32 252

Indeno(1,2,3-c,d)-pireno 51.25 276

1,2:5,6-Dibenzoantraceno 51.74 278

1,12-Benzoperileno 57.65 276

49

Figura 2.1- Iões seleccionados para cada analito pelo método de extracção de ião individual,

detectados através de cromatografia gasosa e espectrometria de massa

Figura 2.2 - Cromatograma em modo de varrimento completo, detectado através de

cromatografia gasosa e espectrometria de massa, para amostra de HAPs - solução de 2ppm em

metanol.

50

Assim neste trabalho adoptamos a estratégia de abordar, em primeiro lugar, as questões

relacionadas com o processo de microextracção líquido-líquido dispersiva recorrendo,

inicialmente, ao uso de solventes halogenados, posteriormente, aos solventes não

halogenados, assim como o equilíbrio e fases para as combinações dos três componentes do

sistema e estudar as questões relacionadas com a partição dos analitos.

2.3.2 Estudo do processo de DLLME (Microextracção Líquido-Líquido

Dispersiva)

2.3.2.1 Solventes halogenados

A utilização de solventes halogenados em DLLME é a opção mais comum encontrada na

literatura, e tem as vantagens óbvias de permitir que a fase a recolher seja sedimentada no

fundo cónico do frasco de extracção facilitando assim a separação de fases e a solubilidade da

água nestes solventes ser suficientemente baixa para permitir a obtenção de uma fase orgânica

praticamente isenta de água dispensando portanto, um passo adicional de secagem. Por outro

lado, apesar de serem solventes com maior toxicidade do que os solventes não halogenados,

sendo as quantidades utilizadas normalmente inferiores a 50 µL por extracção, as

consequências ambientais da sua utilização é diferente da manipulação dos mesmos solventes

em volumes mais elevados, como é o caso, por exemplo, na extracção líquido-líquido

clássica.

Seleccionaram-se três solventes de extracção halogenados (tetracloreto de carbono,

clorofórmio e tetracloroetileno), que se caracterizam por possuir diferentes densidades,

solubilidades em água momento dipolar e constante dieléctrica (Tabela 2.4). Estes quatro

parâmetros podem afectar directamente tanto o equilíbrio e separação de fases, como a

partição dos analitos entre a fase orgânica e a fase aquosa.

Tabela 2.4 - Densidades, solubilidades em água, momentos dipolares e constantes dieléctricas

dos solventes halogenados incluídos neste estudo (14)

.

Solvente

Densidade

a 20 ºC

(g/mL)

Solubilidade em

água a 25ºC (g/L)

Momento

Dipolar

(D)

Constante

Dieléctrica

Tetracloreto de Carbono 1.593 0.65 0 2.24

Clorofórmio 1.489 8.00 1.04 4.81

Tetracloroetileno 1.623 0.21 0 2.27

51

Como se pode observar na Tabela 2.4, os solventes seleccionados exibem uma gama de

densidades desde o clorofórmio com a densidade mais próxima da água (1.489 g/mL) até ao

tetracloroetileno com uma densidade de 1.623 g/mL. Esta propriedade deverá ter um reflexo

directo na qualidade da emulsão formada e na subsequente separação de fases. Para solventes

com uma densidade muito superior à da água, terá que ser utilizada uma maior de quantidade

de solvente de dispersão para provocar a emulsificação das fases, enquanto os solventes com

densidade mais próxima da água, poderão formar uma emulsão estável com uma menor

quantidade do solvente de dispersão, e podem mesmo apresentar interfaces instáveis após a

centrifugação.

A solubilidade do solvente de extracção em água determina qual o volume de solvente de

extracção sedimentado e pode afectar a partição dos analitos. Estes dois factores afectam de

forma inversa a eficiência do processo de extracção, nos seus parâmetros factor de

enriquecimento (EF) e percentagem de extracção (%E).

Se a solubilidade do solvente de extracção em água for relativamente elevada, a fase aquosa

pode conter uma quantidade de moléculas orgânicas suficiente para promover uma razoável

solvatação das moléculas dos solutos, e desta forma, impedir a sua migração eficiente para a

fase orgânica, mas por outro lado o volume sedimentado será menor o que resulta num melhor

factor de enriquecimento dos analitos na fase orgânica.

O inverso deverá ocorrer quando a solubilidade do solvente de extracção em água for baixa

tendo, como resultado, um maior volume sedimentado, um menor factor de enriquecimento

mas, geralmente uma maior percentagem de recuperação.

Os solventes seleccionados têm também uma diversa gama de solubilidades em água, desde o

tetracloroetileno com 0.21 g/L até ao clorofórmio com uma solubilidade de 8.0 g/L (Tabela

2.4).

O momento dipolar e a constante dielétrica de cada solvente são parâmetros que condicionam

a sua capacidade de solvatação de outras moléculas pelo que considerámos interessante

incluir neste estudo solventes com valores bastante diferentes destes parâmetros.

Tendo em conta a densidade e a solubilidade em água de cada solvente considerado, é

possível calcular a quantidade desse solvente que se dissolveria num determinado volume de

água a 25ºC. A massa e volume de saturação em 5 mL de água, a 25ºC, são apresentados na

Tabela 2.5, para os solventes halogenados incluídos neste estudo. Estes valores são apenas

indicativos do comportamento real do solvente de extracção, pois não é contabilizado o efeito

do solvente de dispersão que pode afectar significativamente a solubilidade do solvente de

52

extracção na fase aquosa. Este cálculo permite no entanto estimar qual a quantidade de

solvente de extracção que deverá utilizar para obter um determinado volume de fase

sedimentada.

Tabela 2.5 – Massa (msol) ou volume (Vsol) de solvente halogenado necessário para saturar 5

mL de água, a 25ºC.

Solvente msol / 5 mL de água

(mg) Vsol / 5 mL de água

(µL)

Tetracloreto de Carbono 3.25 2.04

Clorofórmio 40.00 26.86

Tetracloroetileno 1.05 0.65

Os solventes de dispersão seleccionados para este estudo foram: a acetona, o metanol e o

isopropanol. A acetona e o metanol são os solventes de dispersão mais frequentemente

utilizados. A selecção do isopropanol foi motivada pelo facto de serem solventes menos

polares que o metanol. Na Tabela 2.6 apresentam-se os valores de densidade, solubilidade em

água, momento dipolar e constante dieléctrica dos solventes de dispersão seleccionados.

Tabela 2.6 - Densidades, solubilidades, momentos dipolares e constantes dieléctricas dos

solventes de dispersão incluídos neste estudo (14)

.

Solvente de

Dispersão

Densidade

a 20 ºC

(g/mL)

Solubilidade em

água a 25ºC

(g/L)

Momento

Dipolar

(D)

Constante

Dieléctrica

Acetona 0.7845

Miscível

2.88 21.01

Metanol 0.7914 1.70 33.00

Isopropanol 0.7809 1.58 20.18

Os solventes de dispersão seleccionados apresentam densidades semelhantes, situadas na

gama de 0.7809 g/mL a 0.7914 g/mL, sendo o metanol o mais denso.

Os momentos dipolares dos solventes de dispersão seleccionados situam-se na gama de 1.58

D até 2.88 D, enquanto as suas constantes dieléctricas variam entre 20.18 e 33.00. A acetona é

o solvente com maior momento dipolar, enquanto o metanol apresenta uma maior constante

dieléctrica, por conseguinte o isopropanol é o solvente com menor valor para estes dois

parâmetros.

53

2.3.2.1.1 Avaliação do equilíbrio de fases

As diferentes combinações de solventes de extracção e solventes de dispersão foram testadas

quanto à qualidade da dispersão produzida e quanto ao volume de fase sedimentada,

utilizando as seguintes condições de DLLME: volume de água = 5 mL; volume do solvente

de dispersão =1000 L; volume de solvente de extracção 50 L.

Adicionaram-se então ao tubo de centrífuga, 5mL da amostra aquosa, fortificada com 2 μg/L

de HAPs. Em seguida o solvente de extracção misturado com o solvente de dispersão,

efectuou-se a centrifugação das amostras a uma velocidade de 3000 rpm durante 6 minutos.

A dispersão foi classificada como boa quando se formou uma emulsão fina, provocando a

turvação homogénea da fase aquosa e essa emulsão permaneceu estável e inalterada durante

períodos iguais ou superiores a cinco minutos. Quando a solução aquosa ficava límpida

alguns segundos após a adição dos solventes orgânicos, considerou-se que a dispersão foi

fraca (Tabela 2.7). As combinações de solventes que deram origem a dispersões boas foram

seleccionadas para os ensaios seguintes pois em qualquer destes casos ocorre dispersão que se

mantém durante alguns segundos e portanto é possível extrair os analitos. A estabilidade da

dispersão não é um factor decisivo na eficácia de extracção pois, como já foi referido, a

transferência de analitos entre as fases ocorre de forma praticamente instantânea devido à

grande superfície de contacto entre as fases. Já no caso da dispersão fraca, não chega a ocorrer

a formação de emulsão pelo que essas combinações de solventes não foram seleccionadas

para os ensaios subsequentes.

De acordo com estes critérios foram considerados adequados do ponto de vista de equilíbrio

de fases todos os solventes de extracção e de dispersão.

Tabela 2.7 - Avaliação da qualidade da dispersão para diferentes combinações de solvente de

extracção e solvente de dispersão através processo de extracção DLLME

Solventes de Dispersão

Solventes de Extracção

Tetracloreto de

carbono Clorofórmio Tetracloroetileno

Volume do solvente de

extracção (µL) 50 50 50

Acetona Boa NE NE

Metanol Boa Boa Boa

Isopropanol Boa Boa Boa

NE - ensaio não efectuado

54

Tabela 2.8 - Volume de fase orgânica sedimentada para as diferentes combinações de solvente de

extracção e solvente de dispersão, através do método de extracção DLLME

Solventes de

Dispersão

Volume Sedimentado (µL) Volume de

Extracção

(µL)

Tetracloreto

de carbono Clorofórmio Tetracloroetileno

Medido Medido Medido

Acetona 28 NE NE 50

Metanol 32 _ 31 50

Isopropanol 32 10 31 50

NE - ensaio não efectuado

(_)- não se obteve volume sedimentado

Tabela 2.9 - Factores de enriquecimento dos HAPS em DLLME efectuada com diversas combinações

de solventes.

Analitos

Solvente

de

Dispersão

Solvente de Extracção

Tetracloreto

de carbono Clorofórmio Tetracloroetileno

Naftaleno

Ace

ton

a

0 NE NE

Acenaftileno 20 NE NE

Acenafteno 55 NE NE

Fluoreno 0 NE NE

Fenantreno 133 NE NE

Antraceno 162 NE NE

Fluoranteno 69 NE NE

Pireno 34 NE NE

Criseno 0 NE NE

1,2-Benzoantraceno 0 NE NE

Benzo(k)fluoranteno 0 NE NE

Benzo(b)fluoranteno 0 NE NE

Benzo(a)pireno 0 NE NE

Naftaleno

Met

an

ol

7 Não extraiu 7

Acenaftileno 4 Não extraiu 5

Acenafteno 2 Não extraiu 6

Fluoreno 6 Não extraiu 7

Fenantreno 4 Não extraiu 5

Antraceno 3 Não extraiu 5

Fluoranteno 4 Não extraiu 6

Pireno 4 Não extraiu 7

Criseno 6 Não extraiu 7

1,2-Benzoantraceno 11 Não extraiu 7

Benzo(k)fluoranteno 0 Não extraiu 0

Benzo(b)fluoranteno 0 Não extraiu 0

Benzo(a)pireno 0 Não extraiu 0

55

Naftaleno

Iso

prop

an

ol

6 1 4

Acenaftileno 5 1 4

Acenafteno 6 2 4

Fluoreno 7 1 5

Fenantreno 5 1 4

Antraceno 5 1 3

Fluoranteno 7 1 5

Pireno 8 1 6

Criseno 9 1 5

1,2-Benzoantraceno 9 1 7

Benzo(k)fluoranteno 0 0 0

Benzo(b)fluoranteno 0 0 0

Benzo(a)pireno 0 0 0

NE - ensaio não efectuado

Relativamente aos factores de enriquecimento com a utilização dos solventes halogenados,

através da sua aplicação em DLLME, os valores mais elevados foram obtidos para o sistema

tetracloreto de carbono e acetona, mas é necessário mencionar que a maioria dos analitos não

foi extraída. Os analitos benzo(k)fluoranteno, benzo(b)fluoranteno e benzo(a)pireno não

foram extraídos com estas combinações de solventes de dispersão e extracção.

2.3.2.2 Solventes não halogenados

Os solventes não halogenados têm vantagens relativamente aos solventes halogenados devido

à sua menor toxicidade tornando o seu uso prioritário na área da chamada “Química Verde” e

suscitando portanto o interesse da sua aplicação em DLLME.

O primeiro problema a defrontar na aplicação de solventes não halogenados em DLLME é o

facto de, sendo a fase orgânica menos densa que a aquosa, se obter após a centrifugação das

fases, não uma fase sedimentada no fundo cónico do frasco, mas sim um filme fino de fase

orgânica sobrenadante; a remoção da fase orgânica, na posição de fase superior no sistema

difásico resultaria em erros grosseiros na determinação do volume de fase orgânica separado

após a extracção.

Assim propôs-se um sistema alternativo de recolha da fase orgânica sobrenadante que permite

a sua separação mais eficiente relativamente à fase aquosa e uma medida mais exacta do seu

volume: após a centrifugação a fase aquosa é removida quase na totalidade, recorrendo a uma

seringa de 5 mL equipada com uma agulha fina e longa; em seguida repete-se a centrifugação

(8 min, 3000 rpm) para promover a acumulação máxima da fase orgânica no fundo cónico do

frasco de extracção; remove-se então o que resta de fase aquosa ficando no frasco de

extracção apenas a fase orgânica, que é de seguida removida com uma microseringa adequada

56

à determinação do seu volume. Esta técnica permite a recolha de volumes reprodutíveis de

fase sedimentada com diversas combinações de solventes de extracção e de dispersão pelo

que foi adoptada nos ensaios de DLLME com solventes não halogenados.

Os solventes de extracção seleccionados foram o ciclohexano, o tolueno e o octano. Na

Tabela 2.10 apresentam-se algumas propriedades físicas e químicas dos solventes não

halogenados seleccionados para os ensaios de DLLME.

Tabela 2.10 – Densidade, solubilidade em água a 25 ºC, momento dipolar e constante

dieléctrica dos solventes não halogenados seleccionados para este trabalho (14)

.

Solventes

Densidade

a 20 ºC

(g/mL)

Solubilidade em

água a 25ºC

(g/L)

Momento

Dipolar

(D)

Constante

Dieléctrica

Ciclohexano 0.7790 0.05800 0.00 2.0243

Tolueno 0.8647 0.53000 0.31 2.3800

Octano 0.7030 0.00073 0.00 1.9480

A solubilidade em água a 25ºC e a constante dieléctrica são mais baixas do as mesmas

propriedades no caso dos solventes halogenados estudados anteriormente pelo que estes três

solventes não halogenados têm um bom potencial como solventes de extracção em DLLME.

A massa e volume de cada um destes solventes necessários para saturar 5 mL de água

(volume típico das amostras em DLLME) são apresentados na Tabela 2.11. Como se pode

verificar os volumes de solvente de extracção retidos na fase aquosa estarão na gama de 0.005

µL a 3.065 µL, ou seja, é expectável que a maior parte do solvente de extracção seja recolhido

na fase sedimentada.

Tabela 2.11 – Massa (msol) ou volume (Vsol) de alguns solventes não halogenados necessário

para saturar 5 mL de água, a 25ºC.

Solvente msol / 5 mL de água

(mg) Vsol / 5 mL de água

(µL)

Ciclohexano 0.290 0.372

Tolueno 2.650 3.065

Octano 0.004 0.005

57

2.3.2.2.1 Avaliação do equilíbrio de fases

O equilíbrio de fases obtido em DLLME com misturas de solventes não halogenados foi

avaliado tal como foi efectuado para os solventes halogenados por apreciação da qualidade de

dispersão e do volume de fase sedimentada obtida nas diferentes combinações de solventes de

extracção e de dispersão. Utilizou-se um volume de amostra de água 5mL, um volume de

solvente de dispersão de 1mL e um volume de solvente de extracção de 50 µL.

Os solventes de dispersão seleccionados para os ensaios com solventes de extracção não

halogenados foram os mesmos que se utilizaram com os solventes halogenados: acetona,

metanol e isoproponal.

As dispersões obtidas com os solventes não halogenados foram no geral, boas exceptuando o

caso da mistura octano/metanol.

Tabela 2.12 - Avaliação da qualidade da dispersão para diferentes combinações de solvente

de extracção e solvente de dispersão, através do método de extracção DLLME

Solventes de Dispersão Solventes de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Volume do solvente de

extracção (µL) 50 50 50

Acetona Boa Boa Boa

Metanol Boa Boa Má

Isopropanol Boa Boa Boa

Tabela 2.13 - Volume de fase orgânica sedimentada para as diferentes combinações de

solvente de extracção e solvente de dispersão, através do método de extracção DLLME

Solventes de

Dispersão

(1mL)

Volume Sedimentado (µL) Volume de

Extracção

(µL)

Ciclohexano Tolueno Octano

Medido (n=2) Medido

(n=1) Medido (n=2)

Acetona 20.0 30.0 24.0 50

Metanol 26.5 16.0 38.5 50

Isopropanol 24.0 22.0 41.5 50

58

Os factores de enriquecimento dos analitos na fase orgânica foram testados, para todas as

possíveis combinações dos solventes de extracção ciclohexano, tolueno e octano com os

solventes de dispersão acetona, metanol e isopropanol.

Tabela 2.14 - Factores de enriquecimento dos HAPs em DLLME efectuada com diversas

combinações de solventes.

Analitos

Solvente

de

Dispersão

Solvente de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Naftaleno

Ace

ton

a

115 199 121

Acenaftileno 55 98 28

Acenafteno 89 131 101

Fluoreno 86 135 102

Fenantreno 29 77 106

Antraceno 140 78 85

Fluoranteno 78 82 0

Pireno 185 0 0

Criseno 0 0 53

1,2-Benzoantraceno 0 0 97

Benzo(k)fluoranteno 8 472 59

Benzo(b)fluoranteno 16 0 10

Benzo(a)pireno 212 0 0

Naftaleno

Met

an

ol

176 1 395

Acenaftileno 70 1 112

Acenafteno 21 2 212

Fluoreno 94 1 192

Fenantreno 53 1 160

Antraceno 81 1 164

Fluoranteno 50 1 181

Pireno 92 1 0

Criseno 0 2 0

1,2-Benzoantraceno 0 2 0

Benzo(k)fluoranteno 0 3 54

Benzo(b)fluoranteno 0 2 0

Benzo(a)pireno 0 0 0

Naftaleno

Isop

rop

an

ol

Não extraíu 209 148

Acenaftileno Não extraíu 89 58

Acenafteno Não extraíu 116 106

Fluoreno Não extraíu 120 80

Fenantreno Não extraíu 81 80

Antraceno Não extraíu 78 85

Fluoranteno Não extraíu 90 115

Pireno Não extraíu 0 0

Criseno Não extraíu 8 19

1,2-Benzoantraceno Não extraíu 17 20

Benzo(k)fluoranteno Não extraíu 5 8

Benzo(b)fluoranteno Não extraíu 0 0

Benzo(a)pireno Não extraíu 0 0

59

As combinações de solventes para as quais se obteve um maior factor de enriquecimento

foram: ciclohexano-acetona; tolueno-acetona; octano-acetona; octano-metanol; tolueno-

isopropanol; isopropanol-octano. O analito benzo(a)pireno só foi extraído pela combinação de

solventes ciclohexano/acetona.

Em suma, é possível afirmar a aplicação deste método de DLLME à extracção dos HAPs de

matriz é adequado para a maioria dos analitos estudados, no entanto, os factores de

enriquecimento obtidos foram relativamente baixos, não permitindo atingir para todos os

analitos testados o limite de quantificação de 0,1 µg/L, requerido na legislação. No entanto,

tendo-se constatado através da injecção regular de padrões de HAPs que a sensibilidade

analítica do GC-MS sofreu flutuações significativas durante a realização deste trabalho não é

de excluir que a aplicação do método de DLLME estudado, em condições de sensibilidade

analítica elevada possa permitir atingir os limites de quantificação requeridos nas normas para

águas.

Ainda assim procurou-se testar um método cuja maior capacidade de concentração dos

analitos permitisse ultrapassar as limitações de sensibilidade do equipamento analítico.

Efectuou-se então o estudo da técnica hifenada de SPE-HLLME que ao associar dois

processos de concentração de analitos permite atingir condições de ultraconcentração de

compostos orgânicos a partir de matrizes aquosas.

2.4 Estudo do processo de SPE-HLLME

2.4.1 Avaliação do equilíbrio de fases

Apesar da selecção de condições em DLLME sejam adequadas à determinação de HAPs,

estas tiveram que ser previamente testadas. A associação entre SPE e HLLME introduz

algumas alterações no equilíbrio de fases uma vez que a água presente na coluna de SPE após

a extracção da amostra é eluída pelo solvente de dispersão e afecta portanto os volumes

relativos dos componentes do sistema. Assim procurou-se testar a eficácia das diferentes

combinações de solventes não halogenados e solventes de dispersão na determinação de

HAPs por SPE-HLLME.

Avaliou-se a qualidade da dispersão produzida e o volume de fase sedimentada, utilizando as

seguintes condições de HLLME: volume de água = 5mL; volume de solvente de dispersão =

1mL; volume de solvente de extracção 50 µL.

60

O processo de extracção em fase sólida foi efectuado utilizando colunas com fase estacionária

C18, que foram previamente condicionadas. Esse condicionamento foi feito passando pela

coluna e em vácuo, 5 mL do solvente metanol e água. A amostra aquosa (100mL) foi

fortificada com 2 μg/L de HAPs.

Após o condicionamento da coluna, foi efectuada a filtração das amostras, sob vácuo, a um

caudal médio de 10 mL/min. Em seguida efectuou-se a eluição dos analitos utilizando 1,0 mL

de solvente de eluição/dispersão, que foi recolhido no tubo de centrífuga onde foi efectuado o

passo de HLLME. Adicionaram-se, então, ao tubo de centrífuga de solvente de extracção,

seguidos de 5 mL de água, seguidamente efectuou-se a centrifugação das amostras a uma

velocidade de 3000 rpm durante 6 minutos. Após a centrifugação, com auxílio de uma

microseringa de vidro e com uma agulha comprida, retirámos alguma fase aquosa e voltámos

a centrifugar a 3000 rpm durante 8 minutos. Volta-se a retirar a restante fase aquosa. O eluato

obtido é removido com uma microseringa e colocado num redutor. O redutor é colocado num

frasco e imediatamente capsulado e colocado no tabuleiro do injector automático do

cromatógrafo, para se proceder à sua análise.

As dispersões obtidas com os solventes não halogenados foram no geral, boas exceptuando o

caso da mistura octano/metanol.

Tabela 2.15 - Avaliação da qualidade da dispersão para diferentes combinações de solvente

de extracção e solvente de dispersão, através do método de extracção SPE-HLLME

Solventes de

Dispersão

Solventes de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Volume do solvente

de extracção

(µL)

50 50 50

Acetona Boa Boa Boa

Metanol Boa Boa Má

Isopropanol Boa Boa Boa

Na Tabela 2.16, apresentam-se os volumes sedimentados obtidos para cada combinação de

solventes após a centrifugação e o volume sedimentado teórico que seria obtido considerando

apenas a solubilidade de cada solvente de extracção em água pura a 25ºC. O volume

sedimentado teórico é a diferença entre o volume adicionado e o volume solúvel em 5 mL de

água a 25ºC. O volume sedimentado medido é, geralmente, inferior ao valor teórico pois a

61

presença do solvente de dispersão pode aumentar ligeiramente a solubilidade do solvente de

extracção na fase aquosa.

Tanto o ciclohexano, como o tolueno e o octano permitem obter fase sedimentada em todos os

ensaios realizados, sendo o octano o solvente de extracção onde se obteve maior volume

sedimentado.

Tabela 2.16 - Volume de fase orgânica sedimentada para as diferentes combinações de

solvente de extracção e solvente de dispersão, através do método de extracção SPE-HLLME;

(volume de solvente de extracção = 50 µL, volume de solvente de dispersão = 1 mL, volume

de água = 5 mL, caudal médio de 10 mL/min, amostra aquosa (100mL) foi fortificada com 2

μg/L de HAPs)

Solventes de

Dispersão

Volume Sedimentado (µL)

Ciclohexano Tolueno Octano

Medido Teórico Medido Teórico Medido Teórico

Acetona 18 49.628 20 46.935 26 49.995

Metanol 16 49.628 17 46.935 23 49.995

Isopropanol 12 49.628 20 46.935 41 49.995

A presença do solvente de dispersão induz uma solubilização adicional do solvente de

extracção na fase aquosa pelo que os volumes sedimentados obtidos são 24% a 82% do que

seriam na ausência do solvente de dispersão.

Os factores de enriquecimento dos analitos na fase orgânica foram testados, para todas as

possíveis combinações dos solventes de extracção ciclohexano, tolueno e octano com os

solventes de dispersão acetona, metanol e isopropanol. As combinações de solventes para as

quais se obtiveram um maior factor de enriquecimento foram para as combinações

ciclohexano/acetona; ciclohexano/isopropanol e octano/isopropanol. O sistema

ciclohexano/acetona foi seleccionado para os ensaios seguintes como o melhor sistema para

extrair os HAPs, pois tem factores de enriquecimento superiores a todos os outros sistemas.

62

Tabela 2.17 - Factores de enriquecimento dos HAPs em SPE-HLLME efectuada com

diversas combinações de solventes (volume de solvente de extracção = 50 µL, volume de

solvente de dispersão = 1 mL, volume de água = 5 mL, caudal médio de 10 mL/min, amostra

aquosa (100mL) foi fortificada com 2 μg/L de HAPs).

Analitos

Solvente

de

Dispersão

Solvente de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Naftaleno

Ace

ton

a

3169 2176 2036

Acenaftileno 2703 1512 1369

Acenafteno 5547 2777 2875

Fluoreno 2756 1327 1307

Fenantreno 2522 1076 1034

Antraceno 2474 1043 1047

Fluoranteno 2325 863 862

Pireno 2324 799 822

Criseno 2200 752 843

1,2-Benzoantraceno 2134 785 840

Benzo(k)fluoranteno 1811 671 738

Benzo(b)fluoranteno 1528 660 548

Benzo(a)pireno 1536 623 325

Naftaleno

Met

an

ol

2256 2409 1183

Acenaftileno 1565 1584 690

Acenafteno 2364 1916 991

Fluoreno 975 757 368

Fenantreno 584 414 201

Antraceno 447 252 143

Fluoranteno 195 76 60

Pireno 115 34 36

Criseno 112 55 33

1,2-Benzoantraceno 88 51 25

Benzo(k)fluoranteno 0 0 0

Benzo(b)fluoranteno 0 0 0

Benzo(a)pireno 0 0 0

Naftaleno

Isop

rop

an

ol

3824 3554 3626

Acenaftileno 2891 2341 2357

Acenafteno 5509 4217 4551

Fluoreno 2606 1671 1938

Fenantreno 2080 1085 1424

Antraceno 1835 958 1115

Fluoranteno 1175 620 830

Pireno 985 523 679

Criseno 628 431 488

1,2-Benzoantraceno 504 330 385

Benzo(k)fluoranteno 451 285 400

Benzo(b)fluoranteno 500 387 366

Benzo(a)pireno 367 268 286

63

2.4.2. Avaliação dos factores de enriquecimento normalizados para um volume de

fase orgânica sedimentada de 20 μL

Apesar de os volumes sedimentados apresentados na Tabela 2.16, serem relativamente

homogéneos e próximos de 20 μL, para algumas combinações de solvente de extracção e

solvente de dispersão obtiveram-se volumes sedimentados distintos por excesso ou por

defeito. Como este parâmetro é determinante na concentração final obtida e portanto no factor

de enriquecimento, decidiu-se recalcular os factores de enriquecimento considerando que a

eficiência de extracção se mantinha constante (mesma massa de analitos extraída), mas num

volume de fase sedimentada normalizada para um valor de 20 μL. Esta normalização

pressupõe que nos situamos numa região de equilíbrio de fases na qual a partição dos analitos

não é afectada por variações no volume de fase sedimentada que produzem apenas um efeito

de concentração ou diluição dos analitos. Este pressuposto requer obviamente a confirmação

através de medidas experimentais mas permite estimar qual a máxima variação nos factores

de enriquecimento que se poderia obter com uma determinada variação do volume do

solvente de extracção.

Os factores de enriquecimento obtidos nesta série de cálculos encontram-se representados na

tabela seguinte.

Tabela 2.18 - Factores de enriquecimento dos HAPs em SPE-HLLME efectuada com

diversas combinações de solventes, com fixação do volume de fase orgânica sedimentada em

20 μL.

Analitos

Solvente

de

Dispersão

Solvente de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Naftaleno

Ace

ton

a

3521 2176 1566

Acenaftileno 3003 1512 1053

Acenafteno 6163 2777 2211

Fluoreno 3062 1327 1006

Fenantreno 2802 1076 795

Antraceno 2749 1043 805

Fluoranteno 2584 863 663

Pireno 2582 799 633

Criseno 2445 752 649

1,2-Benzoantraceno 2372 785 646

Benzo(k)fluoranteno 2013 671 568

Benzo(b)fluoranteno 1697 660 421

Benzo(a)pireno 1706 623 250

64

Naftaleno

Met

an

ol

2821 2835 1029

Acenaftileno 1956 1864 600

Acenafteno 2955 2255 861

Fluoreno 1218 890 320

Fenantreno 730 487 175

Antraceno 559 297 125

Fluoranteno 244 90 52

Pireno 144 40 32

Criseno 140 64 28

1,2-Benzoantraceno 109 60 22

Benzo(k)fluoranteno 0 0 0

Benzo(b)fluoranteno 0 0 0

Benzo(a)pireno 0 0 0

Naftaleno

Isop

rop

an

ol

6374 3554 1769

Acenaftileno 4819 2341 1150

Acenafteno 4470 2021 1075

Fluoreno 4343 1671 945

Fenantreno 3467 1085 695

Antraceno 3058 958 544

Fluoranteno 1958 620 405

Pireno 1641 523 331

Criseno 1047 431 238

1,2-Benzoantraceno 840 330 188

Benzo(k)fluoranteno 752 285 195

Benzo(b)fluoranteno 833 387 178

Benzo(a)pireno 612 268 140

Os factores de enriquecimento normalizados para um volume sedimentado de 20 μL foram

mais elevados para a maior parte dos analitos, no caso do sistema ciclohexano/acetona; este

sistema apresentou factores de enriquecimento substancialmente maiores para os analitos

menos voláteis em particular para o benzo(a)pireno.

A comparação dos factores de enriquecimento obtidos na extracção dos HAPs a partir de

amostras de água utilizando os sistemas ciclohexano/acetona e ciclohexano/isopropanol é

ilustrada na Figura 2.3.

65

Figura 2.3 - Factores de enriquecimento dos melhores sistemas de extracção dos HAPs em

SPE-HLLME

Nos diferentes sistemas testados observa-se uma tendência para uma diminuição do factor de

enriquecimento com um aumento do peso molecular do HAPs; este efeito é por exemplo,

mais acentuado no caso do sistema ciclohexano-isopropanol do que no caso do sistema

ciclohexano-acetona. A partição dos analitos em DLLME ou HLLME não é um processo que

pareça ser muito susceptível à volatilidade dos analitos mas sim correlaccionado com a sua

polaridade. Por outro lado quanto mais apolar for um analito maior deveria ser a sua tendência

para transitar da fase aquosa para a fase orgânica. Assim, no passo de HLLME, não é

previsível que ocorra um enriquecimento diferenciado nos analitos mais voláteis.

Por outro lado, quanto maior for o peso molecular de um analito apolar maior será a sua

retenção na coluna de SPE C18, ou seja, é expectável que os HAPs mais pesados sejam mais

retidos na etapa de SPE; como o volume do solvente de eluição está limitado pela sua

utilização como solvente de dispersão pode acontecer que os HAPs mais pesados não sejam

completamente eluídos da coluna de SPE exibindo por isso factores de enriquecimento

inferiores.

Os resultados obtidos utilizando o mesmo solvente de extracção (ciclohexano) e diferentes

solventes de dispersão (acetona e isopropanol), evidenciam a importância do solvente de

dispersão no processo de SPE-HLLME, dado o seu papel como solvente de eluição. A maior

eficiência da acetona pode estar relacionada com uma maior capacidade de remover a água

residual da coluna de eluição e assim permitir uma melhor eluição subsequente dos analitos

apolares.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Facto

r d

e E

nriq

uecim

en

to

ciclohexano-acetona ciclohexano-isopropanol

66

Tabela 2.19 – Percentagem de extracção dos HAPS em SPE-HLLME efectuada com diversas

combinações de solventes, com fixação do volume de fase orgânica sedimentada em 20 μL.

Analitos

Solvente

de

Dispersão

Solvente de Extracção

Ciclohexano Tolueno Octano

Naftaleno

Ace

ton

a

70 44 31

Acenaftileno 60 30 21

Acenafteno 123 56 44

Fluoreno 61 27 20

Fenantreno 56 22 16

Antraceno 55 21 16

Fluoranteno 52 17 13

Pireno 52 16 13

Criseno 49 15 13

1,2-Benzoantraceno 47 16 13

Benzo(k)fluoranteno 40 13 11

Benzo(b)fluoranteno 34 13 8

Benzo(a)pireno 34 12 5

Naftaleno

Met

an

ol

56 57 21

Acenaftileno 39 37 12

Acenafteno 59 45 17

Fluoreno 24 18 6

Fenantreno 15 10 3

Antraceno 11 6 2

Fluoranteno 5 2 1

Pireno 3 1 1

Criseno 3 1 1

1,2-Benzoantraceno 2 1 0

Benzo(k)fluoranteno 0 0 0

Benzo(b)fluoranteno 0 0 0

Benzo(a)pireno 0 0 0

Naftaleno

Isop

rop

an

ol

127 71 35

Acenaftileno 96 47 23

Acenafteno 89 40 21

Fluoreno 87 33 19

Fenantreno 69 22 14

Antraceno 61 19 11

Fluoranteno 39 12 8

Pireno 33 10 7

Criseno 21 9 5

1,2-Benzoantraceno 17 7 4

Benzo(k)fluoranteno 15 6 4

Benzo(b)fluoranteno 17 8 4

Benzo(a)pireno 12 5 3

Consideraram-se aceitáveis para efeitos de optimização do método de extracção as

percentagens de extracção na gama de 50% a 120%; nenhum dos pares de solvente de

67

extracção / solvente de dispersão atingiram esta gama para todos os analitos, no entanto a

combinação de solventes que mais se aproximou destes valores foi o sistema ciclohexano-

acetona com percentagens de extracção a variar na gama de 34% a 123%.

Embora nos trabalhos envolvendo DLLME ou HLLME se obtenham tipicamente

percentagens de extracção próximas de 100% porque a extracção dos analitos é potenciada

pela grande superfície de contacto entre as fases, em SPE-HLLME não é sempre possível

utilizar o volume de solvente de eluição que seria adequado à etapa de SPE, pois este volume

seria excessivo para o passo de HLLME seguinte. Assim, algum potencial de enriquecimento

adicional em SPE é sacrificado de forma a ter um volume de dispersão adequado em HLLME.

A extracção incompleta não é em si própria um problema analítico inaceitável pois esta é uma

característica de algumas técnicas como o SPME, e tal como neste caso, o que é essencial é

garantir a reproductibilidade da extracção. O enriquecimento adicional que se poderia obter

utilizando um maior volume de solvente de eluição pode ser atingido no caso de analitos não

voláteis, efectuando um passo adicional de concentração do eluente para um volume

adequado à etapa de HLLME.

Em face dos resultados obtidos, o sistema ciclohexano-acetona foi seleccionado para

optimização de alguns parâmetros do processo de SPE-HLLME.

2.4.3 Desenvolvimento e optimização do processo de SPE-HLLME

2.4.3.1 Alteração dos volumes dos solventes de extracção e de dispersão e do

volume de água na etapa de HLLME

O efeito do aumento dos volumes dos solventes de extracção e de dispersão e do volume de

água (etapa de HLLME) na eficiência do processo global foi estudado de forma conjugada,

para um volume de amostra de água de 100 mL extraída por SPE a um caudal de 10 mL/min.

A concentração de fortificação foi de 2 µg/L e o volume de água utilizado na etapa de

HLLME, variou entre 5 mL e 10 mL. O volume do solvente de extracção variou entre 50 µL e

100 µL enquanto o volume do solvente de dispersão variou entre 1 mL e 2 mL.

68

Tabela 2.20 – Avaliação da qualidade de dispersão, para diferentes combinações de volumes

de solvente de dispersão (acetona) e solvente de extracção (ciclohexano), através do método

de extracção SPE-HLLME

Solventes de

Dispersão (mL)

Solventes de Extracção

Ciclohexano Ciclohexano Ciclohexano

Volume do solvente

de extracção

(µL)

50 75 100

Acetona (mL) 1.0 1.5 2.0

Volume sedimentado

(µL) 18 24 34

Dispersão Boa Boa Boa

Tabela 2.21 - Variação dos factores de enriquecimento (EF) dos HAPs em função do volume

de acetona (Vdisp), volume de solvente de extracção (Vextr) e de volume de água Milli Q (V H20

MILLI Q)

Analitos

Factor de enriquecimento

Vdisp = 1,0 mL

V H20 MILLI Q=

5,0ml

Vextr= 50l

Vdisp = 1,5 mL

V H20 MILLI Q= 7,5ml

Vextr= 75l

Vdisp = 2,0 mL

V H20 MILLI Q= 10

ml

Vextr= 100l

Vsed=

18l

Vsed*=

20l

Vsed=

18l

Vsed*=

20l

Vsed=

18l

Vsed*=

20l

Naftaleno 3169 2852 1614 1937 850 1445

Acenaftileno 2703 2433 1435 1722 673 1144

Acenafteno 5547 4992 3173 3808 1514 2574

Fluoreno 2756 2480 1637 1964 781 1328

Fenantreno 2522 2270 1528 1834 776 1319

Antraceno 2474 2227 1602 1922 791 1345

Fluoranteno 2325 2093 1492 1790 770 1309

Pireno 2324 2092 1493 1792 796 1353

Criseno 2200 1980 1479 1775 787 1338

1,2-Benzoantraceno 2134 1921 1445 1734 775 1318

Benzo(k)fluoranteno 1811 1630 1397 1676 697 1185

Benzo(b)fluoranteno 1528 1375 1221 1465 637 1083

Benzo(a)pireno 1536 1382 1130 1356 649 1103

Vsed*- volume sedimentado normalizado para um volume de 20l

Os factores de enriquecimento dos HAPs foram mais elevados para um volume de acetona de

1 mL e 50 µL de ciclohexano para um volume de 5 mL de água mili-Q; mesmo efectuando a

normalização do volume sedimentado para um valor de 20 µL, o efeito do aumento nos

volumes de solvente de extracção e de dispersão traduziu-se numa diminuição destes factores

(Figura 2.4).

69

Figura 2.4 - Factores de enriquecimento para um aumento volume dos solventes de extracção

e de dispersão e do volume água para o sistema ciclohexano/acetona

O aumento do volume do solvente de eluição em SPE não se traduziu num aumento da

eficiência global do processo apesar das eficiências de extracção anteriormente determinadas

quando se utilizou um volume de ciclohexano de 50 µL e um volume de acetona de 1 mL,

terem sido para muitos analitos da ordem de 50% ou menores. Este resultado parece indicar

que apesar do potencial melhoramento da etapa de SPE, a utilização de maiores volumes de

solvente de extracção e de dispersão pode afectar a partição dos analitos em HLLME, pois ao

aumentar significativamente a quantidade de solventes orgânicos na água é favorecida a

solvatação dos analitos nesta fase e desfavorecida a sua migração para a fase orgânica

(solvente de extracção).

2.4.3.2 Variação do caudal no processo SPE-HLLME, para o sistema

acetona/ciclohexano

O efeito do caudal de filtração da amostra na eficiência do processo global foi estudado na

gama de 10 mL/min a 40 mL/min, para um volume de amostra de água de 100 mL (Tabela

2.22, Figura 2.5). A amostra de água foi fortificada com a mistura dos analitos num nível de 2

µg/L e foi eluída com 1 mL de acetona. No passo de HLLME utilizaram-se 50 µL de

ciclohexano e 5 mL de água.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Facto

r d

e E

nriq

uecim

en

to

1,0 mL 1,5 mL 2,0 mL

70

Tabela 2.22 - Variação dos factores de enriquecimento dos HAPs em função do caudal de

passagem da amostra

Analitos

Factor de enriquecimento

10mL/min 20mL/min 30mL/min 40mL/min

Vsed=18µL Vsed=12,5 µL Vsed=13 µL Vsed=12 µL

Naftaleno 3169 3918 2785 2507

Acenaftileno 2703 3504 2310 2018

Acenafteno 5547 3036 2160 1903

Fluoreno 2756 3172 2134 1815

Fenantreno 2522 3217 1939 1776

Antraceno 2474 3057 1882 1719

Fluoranteno 2325 3963 2089 2074

Pireno 2324 4125 2062 2112

Criseno 2200 4948 1821 2202

1,2-Benzoantraceno 2134 4916 1824 2155

Benzo(k)fluoranteno 1811 5104 1472 1564

Benzo(b)fluoranteno 1528 4731 1392 1419

Benzo(a)pireno 1536 4737 974 1394

Figura 2.5 - Factores de enriquecimento para um caudal de passagem

da amostra de 10-40 mL/min

Uma vez que os valores dos factores de enriquecimento obtidos apresentam algumas

diferenças entre os quatro caudais de passagem da amostra estudada, seleccionou-se o caudal

20mL/min, o qual se traduz num maior valor de factores de enriquecimento para todos os

analitos à excepção acenafteno.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Fa

cto

r d

e E

nriq

uecim

en

to

10 mL/min 20 mL/min 30 mL/min 40 mL/min

71

Para caudais superiores a 20 mL/min observou-se um decréscimo nos factores de

enriquecimento que pode estar relacionado com uma retenção incompleta dos analitos na

coluna de SPE. Quando a amostra foi eluida a um caudal de 10 mL/min também se obtiveram

factores de enriquecimento mais baixos do que a 20 mL/min o que não está de acordo com a

tendência esperada de ocorrer uma maior retenção quanto menor fosse a velocidade de

filtração da amostra. O volume sedimentado que se obteve no ensaio realizado com o caudal

de 10 mL/min foi maior do que nos restantes ensaios, o que provocou um efeito de diluição

sem o qual os factores de enriquecimento dos analitos mais voláteis seriam superiores aos

obtidos a 20 mL/min; no entanto este factor não explica os resultados obtidos para os analitos

mais pesados que continuam a ter factores de enriquecimento a 10 mL/min inferiores aos que

apresentam a 20 mL/min, mesmo quando é efectuada a normalização do volume sedimentado.

Uma possível explicação para este comportamento é a eventual migração dos analitos do seio

da solução aquosa para as paredes do recipiente de vidro onde a amostra é colocada durante o

processo de eluição, quando o tempo de residência da amostra nesse recipiente aumenta

muito.

Tabela 2.23 - Percentagens de extracção para o sistema de solventes optimizados

(ciclohexano/acetona), variando o caudal de passagem da amostra.

Analitos % Extracção

10mL/min 20mL/min 30mL/min 40mL/min

Naftaleno 57 49 36 30

Acenaftileno 49 44 30 24

Acenafteno 100 38 28 23

Fluoreno 50 40 28 22

Fenantreno 45 40 25 21

Antraceno 45 38 24 21

Fluoranteno 42 50 27 25

Pireno 42 52 27 25

Criseno 40 62 24 26

1,2-Benzoantraceno 38 61 24 26

Benzo(k)fluoranteno 33 64 19 19

Benzo(b)fluoranteno 27 59 18 17

Benzo(a)pireno 28 59 13 17

As percentagens de extracção obtidas parecem estar de acordo com as hipóteses enunciadas

pois de uma forma geral estas percentagens aumentam com a diminuição do caudal da

amostra excepto para os analitos menos voláteis no ensaio efectuado ao menor caudal (10

mL/min).

72

2.4.3.3 Aumento do volume de amostra no passo de SPE-HLLME

Nesta fase da optimização do método de SPE-HLLME, estudou-se o efeito da variação do

volume da amostra numa gama de 100 mL a 1000 mL e para uma concentração dos analitos

na água de 2 µg/L. O passo de HLLME foi efectuado utilizando o sistema de solventes

acetona/ciclohexano, nas condições previamente optimizadas. A filtração das amostras foi

efectuada sob vácuo, a um caudal médio de 20 mL/min.

A comparação dos factores de enriquecimento obtidos nesta série de ensaios (Tabela 2.24 e

Figura 2.6), mostra que, como seria expectável, este parâmetro aumenta com o aumento do

volume da amostra, atingindo factores de enriquecimento entre 3932-18562 para um volume

de água de 1000 mL.

O volume de fase sedimentada, variou entre 10 µL e 18 µL. Em particular, no ensaio

efectuado com um volume de água de 1000 mL no qual se obteve um volume sedimentado de

10 µL, pode-se ter afectado a determinação do factor de enriquecimento por um ventual erro

cometido na determinação do volume sedimentado.

Podemos observar que o aumento de volume, no passo de SPE, não foi muito favorável para

os últimos três analitos.

Tabela 2.24 - Variação dos factores de enriquecimento dos HAPs num aumento de volume de

amostra no passo SPE

Analitos

Factor de enriquecimento

100mL 250mL 500mL 1000mL

Vsed=18µL Vsed=18µL Vsed=16µL Vsed=10µL

Naftaleno 3918 4704 9141 15923

Acenaftileno 3504 3944 8777 18455

Acenafteno 3036 3705 7737 17887

Fluoreno 3172 3354 7454 18562

Fenantreno 3217 2951 6831 15992

Antraceno 3057 2735 6421 15255

Fluoranteno 3963 2899 7084 13827

Pireno 4125 2899 6909 12922

Criseno 4948 2750 6187 8666

1,2-Benzoantraceno 4916 2720 6005 8203

Benzo(k)fluoranteno 5104 2354 4120 4333

Benzo(b)fluoranteno 4731 2040 4846 4115

Benzo(a)pireno 4737 1907 4006 3932

73

Figura 2.6 - Efeito da variação do volume de amostra nos factores de enriquecimento

Tabela 2.25 - Percentagens de extracção dos HAPs, num aumento de volume de amostra no

SPE

Analitos % Extracção

100mL 250mL 500mL 1000mL

Naftaleno 71 34 29 16

Acenaftileno 63 28 28 18

Acenafteno 55 27 25 18

Fluoreno 57 24 24 19

Fenantreno 58 21 22 16

Antraceno 55 20 21 15

Fluoranteno 71 21 23 14

Pireno 74 21 22 13

Criseno 89 20 20 9

1,2-Benzoantraceno 88 20 19 8

Benzo(k)fluoranteno 92 17 13 4

Benzo(b)fluoranteno 85 15 16 4

Benzo(a)pireno 85 14 13 4

O efeito do aumento do factor de enriquecimento quando se aumenta o volume de amostra é

particularmente evidente no caso dos analitos mais voláteis. A concentração dos analitos mais

pesados pode estar a ser limitada pela sua adsorção irreversível à coluna de SPE ou pela sua

migração para o vidro do recipiente onde a amostra é colocada durante o processo de

filtração.

0

5000

10000

15000

20000

Facto

r d

e E

nriq

uecim

en

to

100 mL 250 mL 500 mL 1000 mL

74

Quando o volume de amostra aumenta a quantidade de analitos retidos na coluna de SPE deve

aumentar proporcionalmente mas não temos a garantia de que todos os analitos presentes na

amostra tenham sido retidos e sobretudo que sejam completamente eluídos.

2.4.3.4 Variação do volume de metanol no passo de SPE-HLLME

O efeito do metanol no passo de SPE, foi avaliado através da adição de metanol à amostra de

água de forma a obter concentrações finais de metanol de 0%, 5%, 10%, 15%, 20 %, 25% e

30%. Amostra aquosa (100mL) fortificada com 2 μg/L de HAPs, com as concentrações de

metanol referidas. Após o condicionamento da coluna, foi efectuada a filtração das amostras,

sob vácuo, a um caudal médio de 20 mL/min. De seguida efectuou-se a eluição dos analitos

utilizando 1 mL de acetona, seguindo-se a etapa de HLLME realizada com 50 μL de

ciclohexano e 5 mL de água.

Os factores de enriquecimento aumentam quando a concentração de metanol varia entre 0% e

10% diminuindo para concentrações superiores. O aumento na quantidade de metanol até uma

concentração de 10% inibe a migração dos analitos para a parede de vidro do recipiente

diminuindo um pouco a constante dieléctrica da fase aquosa.

Para concentrações de metanol superiores a 15% o volume de fase sedimentada obtida foi

substancialmente inferior ao obtido nos ensaios anteriores; esta observação pode resultar do

facto uma quantidade apreciável de metanol ficar retido na coluna de SPE quando se efectua a

eluição da amostra sendo depois eluído conjuntamente com os analitos. Assim o passo de

HLLME pode ser afectado pela inclusão de um outro componente no equilíbrio de fases. Por

outro lado a presença de quantidades crescentes de metanol na amostra a ser eluída pode

conduzir à menor retenção ou eluição precoce dos analitos durante o processo de adsorção da

amostra (arrastamento ou “carryover”).

75

Tabela 2.26 - Variação dos factores de enriquecimento (EF) dos HAPs na variação de

metanol no passo de SPE.

Analitos

Factor de enriquecimento (EF)

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Vsed=

18µL

Vsed=

16µL

Vsed=

17µL

Vsed=

10µL

Vsed=

5µL

Vsed=

9µL

Vsed=

5µL

Naftaleno 3918 7141 8527 1710 2634 3034 5411

Acenaftileno 3504 9034 10589 1787 3451 3781 7014

Acenafteno 3036 8104 9032 1851 3521 3853 7510

Fluoreno 3172 9753 11913 1882 3798 3882 7501

Fenantreno 3217 9000 10237 1810 3776 3698 7643

Antraceno 3057 8264 9955 1758 3623 3656 7323

Fluoranteno 3963 7976 9610 1622 3523 3419 6813

Pireno 4125 8189 9515 1653 3403 3333 6714

Criseno 4948 7257 8969 1247 2578 2216 5324

1,2-Benzoantraceno 4916 7254 8775 1283 2499 2052 4973

Benzo(k)fluoranteno 5104 7130 9088 1306 2572 2039 4792

Benzo(b)fluoranteno 4731 5507 8820 1190 2289 1920 3599

Benzo(a)pireno 4737 5948 8454 1204 2188 1705 3622

Tabela 2.27 - Percentagens de extracção dos HAPs na variação de metanol no passo de SPE.

Analitos % Extracção

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Naftaleno 71 114 145 17 13 27 27

Acenaftileno 63 145 180 18 17 34 35

Acenafteno 55 130 154 19 18 35 38

Fluoreno 57 156 203 19 19 35 38

Fenantreno 58 144 174 18 19 33 38

Antraceno 55 132 169 18 18 33 37

Fluoranteno 71 128 163 16 18 31 34

Pireno 74 131 162 17 17 30 34

Criseno 89 116 152 12 13 20 27

1,2-Benzoantraceno 88 116 149 13 12 18 25

Benzo(k)fluoranteno 92 114 155 13 13 18 24

Benzo(b)fluoranteno 85 88 150 12 11 17 18

Benzo(a)pireno 85 95 144 12 11 15 18

As percentagens de extracção obtidas com adição de metanol à amostra de água nas

concentrações de 5% e de 10% foram superiores às obtidas sem adição de metanol. Utilizando

uma concentração de metanol de 10% obtiveram-se factores de enriquecimento e

percentagens de extracção superiores às obtidas com qualquer das outras concentrações de

metanol e superiores às obtidas sem adição de metanol. As percentagens de extracção obtidas

76

com a concentração de 10 % de metanol apresentam valores substancialmente superiores a

100 % o que pode denotar a presença de vestígios de água na fase sedimentada.

Para concentrações de metanol igual ou superiores a 15 % os factores de enriquecimento e as

percentagens de extracção baixam muito significativamente ao mesmo tempo que o volume

sedimentado baixa para valores entre 5 µL a 10 µL. Este comportamento parece indicar uma

mudança significativa no equilíbrio de fases que ocorre quando a concentração de metanol

ultrapassa um determinado valor; a presença de uma elevada quantidade de metanol altera a

solubilidade do solvente de extracção na fase aquosa o que provoca simultaneamente o

decréscimo do volume sedimentado e a diminuição na transferência dos analitos para a fase

orgânica.

Figura 2.7 - Efeito do metanol da fase aquosa no factor de enriquecimento dos HAPs, no

sistema ciclohexano-acetona-água.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Fa

cto

r d

e E

nriq

uecim

en

to

sem metanol 5% metanol 10% metanol 15% metanol 20% metanol 25% metanol 30% metanol

77

2.5 Validação do método de SPE-HLLME-GC-MS para a determinação de

HAPs em águas

2.5.1 Estudo da linearidade e gama de trabalho

A gama de trabalho foi seleccionada tendo em conta os factores de enriquecimento obtidos

anteriormente para amostras de água com 100 mL; a sensibilidade do método permitiu incluir

nesta gama o valor de 100 ng/L (valor limite da legislação para detecção de HAPs em águas

de consumo). Assim estabeleceu-se uma gama de trabalho situada entre 800 ng/L e 100 ng/L

e traçaram-se rectas de calibração para cada analito, com seis pontos homogeneamente

distribuídos nesta gama. A Tabela 2.28 mostra os coeficientes de correlação que se situam

acima de 0.99, excepto para o antraceno, o criseno, 1,2-benzoantraceno, cujo valor se situa

um pouco mais abaixo. Apresentam-se, também, na Tabela 2.30 os limites de detecção e de

quantificação calculados através das rectas de calibração, através da razão sinal/ruído e do

desvio padrão.

Os LODs e os LOQs calculados pela razão sinal ruído, estão na gama dos ng/L. Tanto os

limites de detecção como os de quantificação calculados a partir das rectas, situam-se acima

da primeira concentração da gama de trabalho. Os coeficientes de variação do método foram

extremamente baixos, com valores entre 3.52% e 11.28%.

Tabela 2.28- Equações das rectas de calibração e respectivos coeficientes de determinação

para os HAPs estudados, na gama de 100 ng/L a 800 ng/L, com n=5

Analitos Equação da recta de calibração Coeficiente de

determinação (R2)

Naftaleno y = 1014.08 x + 77122.12 0.9970

Acenaftileno y = 1332.60 x + 78891.00 0.9921

Acenafteno y = 1276.10 x + 13567.00 0.9980

Fluoreno y = 1328.30 x + 33544.00 0.9928

Fenantreno y = 1990.30 x + 6219.20 0.9918

Antraceno y = 1802.90 x + 8605.60 0.9814

Fluoranteno y = 1297.20 x + 156970.00 0.9918

Pireno y = 1802.50 x + 46378.49 0.9920

Criseno y = 1257.10 x + 44066.00 0.9813

1,2-Benzoantraceno y = 721.76 x + 128933.39 0.9800

Benzo(k)fluoranteno y = 1976.50 x + 263251.00 0.9918

Benzo(b)fluoranteno

78

Benzo(a)pireno y = 1163.90 x – 61341.00 0.9917

Tabela 2.29 – Gamas de trabalho e coeficientes de variação do método validado.

Analitos Gama de trabalho

(ng/L)

CVm

(%)

Naftaleno 100-800 4.63

Acenaftileno 100-800 7.01

Acenafteno 100-800 3.52

Fluoreno 100-800 6.72

Fenantreno 100-800 7.15

Antraceno 100-800 10.84

Fluoranteno 100-800 7.18

Pireno 100-800 6.99

Criseno 100-800 10.86

1,2-Benzoantraceno 100-800 11.28

Benzo(k)fluoranteno 100-800 7.16

Benzo(b)fluoranteno

Benzo(a)pireno 100-800 7.22

CVm- Coeficiente de variação do método

2.5.2 Determinação dos limites de detecção e de quantificação

O limite de detecção e o limite de quantificação de cada HAPs foram determinados por três

métodos diferentes: a partir da recta de calibração, a partir da razão sinal/ruído e através do

desvio padrão (Tabela 2.30).

Tabela 2.30 – Limites de detecção e limites de quantificação dos HAPs através do método

SPE-HLLME.

Analitos LODcal

(ng/L) LODS/N

(ng/L) LOD

(ng/L)

LOQcal

(ng/L) LOQS/N

(ng/L) LOQ

(ng/L)

Naftaleno 58.30 9.39 36.70 194.34 31.30 122.34

Acenaftileno 88.31 11.19 28.94 294.35 37.30 96.48

Acenafteno 44.36 11.64 22.47 147.86 38.80 74.91

Fluoreno 84.72 8.04 27.29 282.42 26.80 90.97

Fenantreno 90.13 7.41 34.11 300.44 24.70 113.71

Antraceno 136.54 5.52 45.54 455.15 18.40 151.79

Fluoranteno 90.45 11.10 55.63 301.52 37.00 185.45

Pireno 88.13 11.73 44.87 293.76 39.10 149.56

Criseno 136.85 10.65 64.92 456.18 35.50 216.41

1,2-Benzoantraceno 142.13 10.47 129.36 473.75 34.90 431.18

Benzo(k)fluoranteno 90.24 8.40 127.85 300.78 28.00 426.17

Benzo(b)fluoranteno

Benzo(a)pireno 90.97 3.69 81.45 303.24 12.30 271.49

LODcal – Limite de detecção calculado a partir da curva de calibração; LOQcal – Limite de quantificação

calculado a partir da curva de calibração; LODS/N – Limite de detecção estimado a partir de 3x da razão S/N;

LOQS/N- Limite de quantificação estimado a partir de 10x da razão S/N; LOD – Limite de detecção calculado a

79

partir do desvio padrão = + 3xdesvio padrão; LOQ – Limite de quantificação calculado a partir do desvio

padrão= + 10 xdesvio padrão

Quando o LODS/N foi calculado pela razão sinal/ruído obtiveram-se valores situados entre

3.69 ng/L e 11.73 ng/L. No que diz respeito ao cálculo do limite de quantificação (LOQ), este

parâmetro há que considerar que os LOQS/N calculados pelas razões sinal/ruído são menores

que o padrão mais baixo das respectivas gamas de trabalho e os valores situam-se entre 12.30

e 39.10, o mesmo não ocorre com os LOQcal estimados a partir das rectas de calibração. Por

outras palavras, se seleccionássemos os LOQcal calculados a partir das rectas de calibração

teríamos que ajustar as gamas de trabalho ou considerar como valor mais baixo da gama de

trabalho para cada HAPs o respectivo LOQ.

Em relação aos LOD calculados obtiveram-se valores situados entre 22.47 ng/L e 129.36

ng/L e os LOQ variaram entre 74.91 ng/L e 426.17 ng/L, estes valores são calculados a partir

da recta de calibração, logo teríamos de ajustar as gamas de trabalho.

Podemos observar se os valores obtidos através LOD e LOQ se situam entre os limites de

detecção e quantificação calculados através da recta de calibração e da razão sinal/ruído.

Assim tendo em conta os resultados obtidos com padrões vestigiais, concluímos que os

limites de detecção e de quantificação calculados a partir da curva de calibração obtiveram

valores superiores aos reais e que os limites de quantificação e de detecção calculados a partir

da razão sinal ruído, apresentaram valores baixos, o que será pouco provável que os analitos

se consigam detectar em limites tão baixos.

2.5.3 Ensaios de Repetibilidade

2.5.3.1 Precisão do método analítico: análise da Repetibilidade

Para analisar a precisão do método de SPE-HLLME-GC-MS estudou-se o parâmetro da

repetibilidade na concentração de 100 ng/L e de 800 ng/L. Efectuaram-se cinco a seis

replicadas no processo de SPE-HLLME em ambas as concentrações, nas mesmas condições

anteriormente optimizadas e determinou-se a concentração dos analitos nos extractos obtidos.

A precisão foi avaliada como o desvio padrão relativo da concentração calculada pelas rectas

de calibração (Tabela 2.28). O método demonstrou ter uma boa precisão (< 10%) para os

alguns analitos.

80

Os ensaios de repetibilidade de cada HAPs foram realizados em duas gamas 100 ng/L (n=5) e

800 ng/L limite (n=6) (Tabela 2.31).

Tabela 2.31- Precisão do método de SPE-HLLME-GS-MS

Analitos % R.S.D.

(100 ng/L)

% R.S.D.

(800 ng/L)

Naftaleno 9.21 10.75

Acenaftileno 8.87 11.69

Acenafteno 8.90 8.36

Fluoreno 9.22 10.40

Fenantreno 11.09 6.69

Antraceno 15.41 6.28

Fluoranteno 15.06 7.13

Pireno 16.38 8.66

Criseno 17.60 7.93

1,2-Benzoantraceno 17.79 9.48

Benzo(k)fluoranteno 19.91 19.31

Benzo(b)fluoranteno

Benzo(a)pireno 23.38 19,91

R.S.D.– Desvio padrão relativo

2.5.4 Ensaios de recuperação em amostras reais

Para verificar a precisão do método de SPE-HLLME em amostras reais, efectuaram-se

ensaios de recuperação dos analitos em três amostras de águas destinadas a consumo humano

(água da rede de distribuição pública, água subterrânea) e uma amostra de água de mineral.

As amostras foram fortificadas com a mistura dos HAPs a um nível de concentração de 100

ng/L e extraídas por SPE-HLLME sendo os correspondentes extractos analisados por GC-MS.

Verifica-se através dos resultados obtidos na Tabela 2.32, que as recuperações são

maioritariamente superiores a 50%. Os HAPs cuja a determinação parece ser mais

influenciada pelo efeito matriz são benzo(k)fluoranteno e benzo(b)fluoranteno. Das três

amostras reais, foi na água mineral onde se verificou um menor valor de recuperação para os

HAPs.

81

Tabela 2.32 - Recuperações das três amostras reais estudadas e fortificadas com 100 ng/L de

cada analito.

Analitos

R.(%) ± S.D. (n=2)

Água subterrânea

(Odivelas) Água da Torneira

Água mineral

(Fastio)

Naftaleno 65.5 ± 4.5 563.6 ± 582.8 59.7 ± 10.9

Acenaftileno 68.2 ± 2.4 148.8 ± 24.0 48.6 ± 4.5

Acenafteno 97.7 ± 6.3 159.0 ± 19.4 55.0 ± 0.2

Fluoreno 90.6 ± 1.3 164.2 ± 21.2 52.8 ± 10.3

Fenantreno 122.7 ± 6.4 207.2 ± 1.8 50.5 ± 17.2

Antraceno 108.7 ± 4.2 198.3 ± 17.9 43.6 ± 15.4

Fluoranteno 49.9 ± 6.9 168.7 ± 35.2 40.6 ± 25.3

Pireno 88.1 ± 9.7 170.2 ± 11.5 38.3 ± 27.1

Criseno 104.7 ± 13.9 151.0 ± 26.4 29.7 ± 38.5

1,2-Benzoantraceno 65.2 ± 6.7 107.3 ± 52.4 37.5 ± 28.3

Benzo(k)fluoranteno 33.7 ± 19.5 88.1 ± 26.1 6.8 ± nd

Benzo(b)fluoranteno

Benzo(a)pireno 65.5 ± 10.1 226.5 ± 28.7 59.7 ± nd

S.D- Desvio padrão; %.R- % Recuperação.

A seguir apresentam-se os cromatogramas das amostras reais fortificadas com 100 ng/L de

cada HAPs nas condições de microextracção anteriormente optimizadas.

Figura 2.8 – Cromatograma em modo de varrimento completo, detectado através de

cromatografia gasosa e espectrometria de massa, para extracção dos HAPs a partir de uma

amostra de água subterrânea, utilizando o método SPE-HLLME-GS-MS.

82

Figura 2.9 – Cromatograma em modo de varrimento completo, detectado através de

cromatografia gasosa e espectrometria de massa, para extracção dos HAPs a partir de uma

amostra de água da torneira, utilizando o método SPE-HLLME-GS-MS.

Figura 2.10 – Cromatograma em modo de varrimento completo, detectado através de

cromatografia gasosa e espectrometria de massa, para amostra de HAPs a partir de uma

amostra de água mineral utilizando o método SPE-HLLME-GS-MS.

83

Em suma, é possível afirmar que a aplicação deste método de SPE-HLLME à extracção dos

HAPs de matrizes aquosas é adequada para a maioria dos analitos estudado.

Os ensaios de recuperação foram afectados pelo estado da coluna cromatográfica que

começou a exibir algum sangramento o que afectou a detecção tanto pela presença de iões

interferentes como pela perda de sensibilidade. Assim, é provável que em condições

cromatográficas mais favoráveis estes resultados possam ainda ser melhorados.

84

Capítulo III

Microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

como passo de concentração após extracção adsorptiva

com barra de agitação magnética (SBSE) – aplicação à

determinação de analitos orgânicos em amostras de

água

85

3.1 Considerações gerais

A técnica SBSE, aparece como uma das técnicas de extracção mais promissoras, devido à sua

simplicidade e às suas potencialidades analíticas, para a análise de compostos orgânicos

voláteis e semi-voláteis. Na verdade, esta técnica permite um aumento de cerca de 500 vezes

no factor de enriquecimento, em relação à técnica de extracção SPME, na medida em que

utiliza uma fase estacionária análoga mas em muito maior quantidade (144)

.

Alguns exemplos da aplicação desta técnica são o caso de análises com fungicidas, os

pesticidas Organofosforados, carbamatos, compostos fenólicos, compostos voláteis do vinho,

triazinicos e HAPs (144)

.

3.1.1. Extracção dos analitos a partir da barra de SBSE – desorpção térmica

versus desorpção com solventes.

O processo de SBSE envolve duas etapas: a extracção dos analitos a partir da amostra de água

e a sua desorpção e análise cromatográfica. A desorpção dos analitos pode ser efectuada

térmicamente ou recorrendo ao uso de solventes (144)

.

No caso da desorpção térmica, algumas das variáveis operacionais estudadas são o tempo e a

temperatura de desorpção, bem como o caudal do gás de arraste (145)

. A temperatura de

desorpção é normalmente avaliada no intervalo de 150-300ºC (144) (146) (147) (148)

.

Em geral, observa-se uma associação positiva entre a temperatura de desorpção e a

sensibilidade do método (149)

(150)

, embora alguns autores optem por não trabalhar com valores

de temperatura elevados para aumentar a vida útil do twister (147)

.

O tempo de desorpção, mostra geralmente um efeito positivo na sensibilidade do método (147)

no entanto em alguns trabalhos esta correlacção não foi verificada(148)

. Este parâmetro é

frequentemente fixado em valores elevados, a fim de minimizar a desorpção incompleta (151)

;

alguns trabalhos mostram que o tempo de desorpção óptimo situa-se na gama de 1 a 15 min.

Além disso, alguns autores preferem associar longos tempos de desorpção a temperaturas de

desorpção mais baixas com o objectivo de preservar a vida do twister (151)

.

A temperatura de criofocagem é também uma das variáveis da etapa de desorpção térmica,

uma vez que garante a concentração dos analitos no topo da coluna cromatográfica. Na

análise de MeHg e compostos organoestanhados em matrizes ambientais (146)

, foi necessário,

para observar o pico de MeHg recorrer a temperaturas tão baixas como -140°C.

86

Quando se efectua a desorpção dos analitos com solventes orgânicos as variáveis mais

frequentemente estudadas são o volume de solvente e o tempo de desorpção. Os solventes

mais utilizados são ACN e metanol (144)

.

Após a extracção, o twister é removido, lavado com água destilada, para remover os sais,

açúcares, proteínas ou outros componentes da amostra. A etapa de lavagem é extremamente

importante quando os analitos são termicamente desadsorvidos a fim de evitar a formação de

material não-volátil que pode obstruir a unidade de desorpção. Além disso, a lavagem não

deve causar perda significativa de solutos uma vez que, estes estão adsorvidos na fase de

polímero (144)

.

O número de publicações indexadas na WEB of Science com o termo SBSE tem aumentado

regularmente desde 1999 (figura 3.1)

Anos

Figura 3.1- Publicações envolvendo SBSE, indexadas na Web of Science, no período de

1999-2010 (Adaptado Ref. (152))

A Tabela 3.1 mostra as condições de extracção e os limiares analíticos de diversos analitos

extraídos a partir de matrizes aquosas através do método de SBSE.

N.º

de

publi

caçõ

es

87

Tabela 3.1- Condições de extracção e limiares analíticos dos analitos estudados pelo método

de associação do SBSE (144)

.

Classe de

compostos

Quantidade

de amostra Tempo

Método

Analítico

Fase

estacionária

Tipo de

desorpção LODs

%

Recuperação

Organofosforados (153) 10mL 50min

CGC-

AED

PDMS

10mm×0.5mm

Desorpção

térmica

0.8–

15.4

ng/L

2.5–15

HAPs (154) 10mL 60min HPLC

PDMS

10mm×0.5mm

Desorpção

com

solventes

0.3–2

ng/L _

HAPs (155) 10mL 210min GC–MS

PDMS

10mm×0.5mm

Desorpção

térmica

0.2–2.0

ng/L 3–15

Fenóis (156) 10mL 45min GC–MS

PDMS

10mm×0.5mm

Desorpção

térmica

0.1–

0.4g/L 6–27

Triazinas (157) 20mL 60min GC–MS

PDMS 10mm×0.5mm

Desorpção térmica

0.2–3.4 ng/L

1.8–7

Como se pode ver na Tabela anterior, existe um número muito pequeno de aplicações desta

técnica referidas na literatura; o presente trabalho descreve pela 1ª vez a utilização de SBSE

na determinação de HAPs utilizando a desorpção com solventes através do método analítico

GC-MS.

Neste trabalho efectuou-se um conjunto de ensaios de avaliação do potencial da técnica de

HLLME como método de desorpção dos analitos na sequência de SBSE.

Os analitos utilizados neste estudo foram os HAPs utilizados anteriormente nesta dissertação

e a estratégia seguida foi a adsorção dos analitos presentes numa amostra de água fortificada

utilizando o Twister seguindo-se a sua desorpção num volume reduzido de um solvente

orgânico miscível com água (metanol, acetonitrilo, acetona, isopropanol e uma mistura de

50% acetona e 50% metanol). De seguida esta solução contendo os analitos foi submetida a

HLLME através da adição de um solvente de extracção apropriado bem como de um volume

de água susceptível de provocar a separação de fases. Os analitos são assim concentrados num

pequeno volume de solvente orgânico adequado à análise cromatográfica.

88

3.2 Parte Experimental

3.2.1 Materiais e Solventes

Utilizou-se em todos os ensaios água ultra pura (Milli-Q, modelo Milipore, Molsheim,

França).

O ciclohexano (99%), a acetona (99.5%), o metanol (99.9%) e o acetonitrilo (99,9%), foram

fornecidos por Lab-scan (Dublin, Irlanda); o clorobenzeno (99%) foi adquirido à Panreac

(Barcelona, Espanha), o octano (99%) foi fornecido por Koch-Light Laboratory (Cambridge,

Reino Unido); o isopropanol (≥99.5%) foi adquirido a Fluka (Steinheim, Suiça); o heptano

(99%) foi adquirido à Merck (Darmstadt, Alemanha); o clorofórmio (99.8%), o tetracloreto de

carbono (99,9%) e o tetracloroetileno (99,9%) foram adquiridos pela Aldrich (Steinheim,

Alemanha) Tolueno (99,5%) à Panreac (Barcelona, Espanha).

3.2.2 Amostras Reais

Para o estudo dos factores de enriquecimento obtidos por fortificação em amostras reais da

desorpção dos analitos a partir do Twister, foram realizados ensaios de recuperação em água

ultra pura e água da torneira.

3.2.3 Materiais

Nos ensaios de SBSE utilizaram-se tubos de centrífuga de vidro com fundo cónico, com

tampa roscada e septo de PTFE, com capacidades de 15 mL (Corning Life Sciences). Na

medida e transferência dos solventes de extracção, bem como da fase sedimentada utilizaram-

se microseringas de vidro, graduadas, com a capacidade de: 10µL (SGE, Australia); 25 µL, 50

µL, 100 µL (Agilent, Australia).

Os extractos foram colocados em redutores de volume de 100 µL (Refª 110501) e 300 µL

(Refª 110502), para frascos de capacidade 1,5 mL (Refª CVP1-C02-100), com tampa de

capsular, do injector automático.

Durante o trabalho efectuado, utilizou-se material de vidro comum como copos de vidro de

capacidade 5mL, provetas, funis, frascos de vidro de fundo plano (Supelco), pipetas

volumétricas, gobelés, etc. A descontaminação de todo este material, dos frascos de 1,5 mL e

dos redutores de volume utilizados, foi feita de acordo com o procedimento anteriormente

descrito na parte experimental do Capítulo II (secção 2.2.3).

89

Foi necessário recorrer ao uso de algum equipamento durante a realização deste trabalho

como: vortex (Heidolph); banho de ultra-sons (Sonorex); placa de agitação magnética (Velp

Scientific); banho a 50 ºC (Fischer).

3.2.4 Extracção adsorptiva com barra de agitação magnética (SBSE) associada à

Microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

A amostra de água (50 mL) é colocada em frascos de vidro com fundo plano de capacidade de

50 mL (Supelco), fortificada com uma mistura dos 16 HAPs, numa concentração final de 2

g/L. Coloca-se a barra de agitação magnética (SBSE) e por fim um septo de PTFE e a tampa

de alumínio. O frasco é então colocado sob uma placa de agitação, durante o período de

tempo de 1 hora de agitação. Após a agitação, o Twister é removido com auxílio de uma pinça

e colocado num copo de 5mL onde se adicionou 0,5mL de solvente de dispersão e deixou-se a

agitar numa placa de agitação (vortex, banho de ultra-sons, banho a 50ºC) durante um período

de tempo 3min. Este solvente de dispersão é removido com auxílio de uma microseringa de

1000 µL e colocado num tubo de centrífuga. Ao twister adicionou-se novamente 0,5mL de

solvente de dispersão e voltou-se agitar (placa de agitação, vortex, banho de ultra-sons, banho

a 50ºC).

O solvente de dispersão, obtido na segunda extracção, é colocado no tubo de centrífuga

adicionando 50 µL do solvente de extracção. À mistura anterior acrescenta-se 5mL de água

utilizando uma seringa de 5 mL. A ponta da agulha é colocada dentro da mistura do solvente

de extracção e de dispersão, a adição da água é efectuada de forma rápida, obtendo-se assim

uma boa dispersão dos solventes orgânicos na fase aquosa.

Após a dispersão, as fases são separadas por centrifugação, e a fase orgânica obtida é

removida com uma microseringa e colocada num frasco de 1,5 mL equipado com um redutor

de 100 µL. O frasco é imediatamente capsulado e colocado no tabuleiro do injector

automático do cromatógrafo, para se proceder à sua análise.

A figura 3.2 mostra o esquema de desorpção dos analitos após extracção adsorptiva com barra

de agitação magnética associado a uma microextracção líquido-líquido dispersiva.

90

Figura 3.2 – Extracção adsorptiva com barra de agitação magnética (SBSE) associada à

microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

3.2.5 Análise cromatográfica

As condições da análise cromatográfica durante a realização de alguns ensaios preliminares

entre HLLME e a extracção adsorptiva com barra de agitação magnética (SBSE), foram as

mesmas utilizadas na optimização e validação do método de SPE-HLLME no Capítulo II

(secção 2.2.7).

Para o estudo dos factores de enriquecimento em amostras reais da desorpção dos analitos a

partir do Twister, utilizou-se uma coluna analítica TJ 17MS -cyanopropylphenyl polysiloxane

(30 m x 0.25 µm x 0.25 mm i.d.), (Thermo Scientific).

91

3.2.6 Cálculos

Os cálculos efectuados durante a optimização do método SBSE foram feitos de acordo com as

equações referidas na parte experimental do Capítulo II (secção 2.2.8).

3.3 Resultados e Discussão dos Resultados

3.3.1 - Extracção de hidrocarbonetos aromáticos polinucleares a partir de

amostras de água

3.3.1.1 – Estudo da influência da natureza do solvente de extracção

Efectuou-se SBSE utilizando 50 mL de água fortificada com a mistura dos 16 HAPs numa

concentração final de 2 g/L. Após a extracção os analitos foram desadsorvidos do Twister

por duas extracções sucessivas com 500 µL de acetonitrilo. O acetonitrilo foi seleccionado

como solvente de desorpção por ser frequentemente utilizado para esta função em SBSE. Aos

extractos combinados adicionaram-se 50 L de diferentes solventes de extracção e à mistura

de extracto de acetonitrilo com o solvente de extracção foram adicionados 5 mL de água de

forma a promover a transferência dos analitos do solvente de desadsorção/dispersão para o

solvente de extracção em HLLME. Foram testados solventes halogenados (clorobenzeno,

clorofórmio, tetracloroetileno, 1,2-dicloroetano e tetracloreto de carbono) e solventes não

halogenados (ciclohexano, tolueno, octano e heptano). Nas Tabelas 3.2 e 3.3 apresentam-se os

resultados obtidos com os solventes de extracção halogenados e não halogenados

respectivamente.

92

Tabela 3.2 – Factores de enriquecimento (normalizados para um volume sedimentado de 20

L) obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME com diferentes solventes de extracção

halogenados.

Hidrocarbonetos Aromáticos

Polinucleares

Factores de Enriquecimento

Clorobenzeno Clorofórmio Tetracloroetileno Tetracloreto

de carbono

Naftaleno 410 172 283 615

Acenaftileno 466 178 286 618

Acenafteno 619 207 340 817

Fluoreno 581 221 365 854

Fenantreno 650 254 422 1007

Antraceno 681 260 446 741

Fluoranteno 914 344 560 1276

Pireno 994 364 601 1293

Criseno 588 213 361 888

1,2-Benzoantraceno 290 108 157 557

Benzo(k)fluoranteno 587 160 253 918

Benzo(b)fluoranteno 187 0 22 290

Benzo(a)pireno 393 92 211 288

Em particular, o tetracloreto de carbono apresenta uma capacidade de concentração dos

analitos muito superior à de qualquer dos outros solventes testados. Assim o tetracloreto de

carbono foi o solvente de extracção halogenado seleccionado para os ensaios de SBSE-

HLLME posteriores.

Tabela 3.3 – Factores de enriquecimento (normalizados para um volume sedimentado de 20

L) obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME com diferentes solventes de extracção não

halogenados.

Hidrocarbonetos Aromáticos

Polinucleares

Factores de Enriquecimento

Octano Ciclohexano Heptano Tolueno

Naftaleno 188 129 203 195

Acenaftileno 203 145 233 227

Acenafteno 275 178 329 278

Fluoreno 293 203 361 309

Fenantreno 345 240 432 363

Antraceno 377 257 477 384

Fluoranteno 497 294 589 482

Pireno 552 296 646 516

Criseno 324 114 449 390

1,2-Benzoantraceno 162 57 249 263

Benzo(k)fluoranteno 294 50 445 311

Benzo(b)fluoranteno 57 16 87 114

Benzo(a)pireno 203 34 188 212

93

Os dois solventes que apresentaram maior capacidade de concentração dos HAPs foram o

heptano e o tolueno. O heptano apresenta melhores resultados para os HAPs mais voláteis

desde o naftaleno até ao criseno e também para o benzo(k)fluoranteno. O tolueno permite

atingir maiores concentrações para o 1,2-benzoantraceno, o benzo(b)fluoranteno e o

benzo(a)pireno. Seleccionou-se, como melhor solvente de extracção não halogenado, o

heptano tendo em conta que este solvente produz melhores factores de enriquecimento para a

maior parte dos analitos testados e que nos casos em que apresenta menores factores de

enriquecimento a diferença é inferior a 24%.

Os factores de enriquecimento obtidos com os solventes halogenados foram, de uma forma

geral, superiores aos obtidos com os solventes não halogenados.

3.3.1.2 – Natureza do solvente de dispersão (DLLME) e de desadsorção (SBSE)

Utilizando o solvente de extracção para o qual se obtiveram os melhores factores de

enriquecimento na mistura com acetonitrilo (tetracloreto de carbono), procedeu-se então ao

estudo do efeito da natureza do solvente de dispersão (DLLME) e de desadsorção (SBSE).

Este parâmetro influencia decisivamente a extracção dos analitos a partir do Twister e por

outro lado também condiciona o equilíbrio de fases e a partição dos analitos em DLLME.

Os solventes de dispersão testados foram o acetonitrilo, a acetona, o metanol, o propanol, o

isopropanol, a mistura metanol:acetona (50% v/v).

Tabela 3.4 – Factores de enriquecimento obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME com

diferentes solventes de dispersão.

Hidrocarbonetos

Aromáticos

Polinucleares

Factores de Enriquecimento

Acetonitrilo Acetona Metanol Isopropranol

Mistura

Metanol:Acetona

(50% v/v)

Naftaleno 615 324 569 369 374

Acenaftileno 618 291 551 385 391

Acenafteno 817 395 711 500 976

Fluoreno 854 413 743 524 493

Fenantreno 1007 439 858 612 506

Antraceno 741 386 658 506 464

Fluoranteno 1276 474 1110 848 523

Pireno 1293 467 1119 882 505

Criseno 888 208 623 645 281

1,2-Benzoantraceno 557 98 285 397 202

Benzo(k)fluoranteno 918 149 457 823 242

Benzo(b)fluoranteno 290 2 6 0 130

Benzo(a)pireno 288 27 158 242 99

94

3.3.1.3 – Estudo de diferentes condições de desorpção dos analitos a partir do

Twister utilizando como solvente acetonitrilo

As condições de agitação e temperatura, durante a desorpção dos analitos com acetonitrilo

foram estudadas, tendo sido comparado o efeito das seguintes operações: a) agitação em

vortex durante 1 min, b) agitação em banho de ultrasons durante 5 min, c) agitação magnética

à temperatura ambiente durante 3 min e d) agitação magnética a 50 ºC durante 3 min.

Tabela 3.5 – Factores de enriquecimento obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME na mistura de

acetonitrilo/ tetracloreto em diferentes condições de desorpção dos analitos a partir do twister.

Hidrocarbonetos Aromáticos

Polinucleares

Factores de Enriquecimento

Agitação

em vortex

durante

1min.

Agitação

em banho

de

ultrasons

durante

5min.

Agitação

magnética á

temperatura

ambiente

durante

3min.

Agitação

magnética a

50ºC

durante

3min.

Naftaleno 133 220 615 317

Acenaftileno 130 231 618 351

Acenafteno 162 255 817 412

Fluoreno 172 266 854 423

Fenantreno 205 240 1007 438

Antraceno 210 204 741 377

Fluoranteno 267 206 1276 395

Pireno 285 205 1293 396

Criseno 205 75 888 199

1,2-Benzoantraceno 147 36 557 118

Benzo(k)fluoranteno 160 106 918 151

Benzo(b)fluoranteno 0 0 290 33

Benzo(a)pireno 77 0 288 93

A desorpção efectuada por agitação em vórtex ou em banho de ultrasons produziu resultados

inferiores à agitação magnética a qualquer das temperaturas testadas.

3.3.1.4 – Estudo dos factores de enriquecimento obtidos por fortificação em

amostras reais da desorpção dos analitos a partir do Twister

Efectuou-se SBSE utilizando 50 mL de água fortificada com a mistura dos 16 HAPs. Após a

extracção os analitos foram desadsorvidos do Twister por duas extracções sucessivas com

1000 µL de metanol e 500 µL de acetona. Ao extracto adicionou-se 50 L do solvente de

extracção, o tetracloreto de carbono, foi adicionado 5 mL de água de forma a promover a

transferência dos analitos do solvente de desadsorção/dispersão para o solvente de extracção

95

em DLLME. As condições foram as seguintes agitação magnética à temperatura ambiente

durante 3min.

Para verificar a precisão do método de SBSE-HLLME em amostras reais, efectuaram-se

ensaios de recuperação dos analitos em uma amostra de água destinada ao consumo humano

(água da rede de distribuição pública) e uma amostra de água Milli Q. As amostras foram

fortificadas com a mistura dos HAPs a um nível de concentração de 100 ng/L e extraídas por

SBSE-HLLME sendo os correspondentes extractos analisados por GC-MS.

Tabela 3.6 – Factores de enriquecimento obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME em amostras

reais.

Hidrocarbonetos Aromáticos

Polinucleares

Factores de Enriquecimento

Água Milli Q

(n=2)

Água da

Torneira

(n=2)

Naftaleno 818 783

Acenaftileno 474 420

Acenafteno 686 599

Fluoreno 820 564

Fenantreno e Antraceno 824 742

Fluoranteno 1102 514

Pireno 963 517

Criseno 1248 652

1,2-Benzoantraceno 1324 813

Benzo(k)fluoranteno 1906 742

Benzo(b)fluoranteno 1882 683

Benzo(a)pireno 2098 834

Observando a tabela 3.6, verifica-se que os factores de enriquecimento obtidos na água da

Milli Q são mais elevados do que os obtidos com água da torneira pelo que se pode concluir

que os HAPs são melhor extraídos a partir da água Milli Q, pois a partir da matriz água da

torneira existem contaminantes que podem influenciar um decréscimo nos factores de

enriquecimento.

96

Tabela 3.7 – Percentagens de extracção dos HAPs obtidas nos ensaios de SBSE-HLLME em

amostras reais.

Hidrocarbonetos Aromáticos

Polinucleares

% Extracção

Água Milli Q

(n=2)

Água da

Torneira

(n=2)

Naftaleno 56 55

Acenaftileno 32 29

Acenafteno 46 42

Fluoreno 56 40

Fenantreno e Antraceno 56 53

Fluoranteno 76 36

Pireno 66 36

Criseno 86 46

1,2-Benzoantraceno 91 57

Benzo(k)fluoranteno 131 52

Benzo(b)fluoranteno 130 47

Benzo(a)pireno 142 59

3.4 - Extracção de organofosforados a partir de amostras de água

Efectuou-se SBSE utilizando 50 mL de água fortificada com a mistura dos organofosforados

numa concentração final de 2 g/L. Após a extracção os analitos foram desadsorvidos do

Twister por duas extracções sucessivas com 500 µL de acetonitrilo. Aos extractos

combinados adicionaram-se 50 L de tetracloreto de carbono, como solvente de extracção e 5

mL de água, de forma a promover a transferência dos analitos do solvente de

desadsorção/dispersão para o solvente de extracção em DLLME.

Tabela 3.8 – Factores de enriquecimento obtidos nos ensaios de SBSE-HLLME na mistura de

acetonitrilo/ tetracloreto em diferentes condições de desorpção dos analitos a partir do twister

com uma mistura de organofosforados.

Organofosforados Factores de Enriquecimento

Tetracloreto de carbono

Profos 183

Diazinao 345

Clorpirifos metil 388

Metil paratiao 217

Fenclorfos 400

Clorpirifos metil 314

TBPT 24

97

Todos os ensaios de avaliação da associação entre SBSE e HLLME foram efectuados numa

fase de utilização intensiva do GC-MS por diversos operadores, com amostras de

concentração e volatilidade muito diversa e portanto com consequências na variação da

sensibilidade do equipamento. Assim os resultados deste capítulo foram avaliados

criticamente e são incluídos nesta dissertação apenas a título de exemplificação do potencial

desta técnica em sistemas não optimizados e numa perspectiva de comparação

semiquantitativa.

Mesmo nestas condições desfavoráveis de sensibilidade, foi possível registar alguns factores

de enriquecimento superiores a 1000 para uma fortificação de 2 µg/L o que nos leva a

concluir que será possível noutras condições atingir limites de detecção inferiores a 2 ng/L.

Esta associação parece-nos um método elegante e inovador de completar a extracção de SBSE

e se for testado em condições cromatográficas adequadas poderá permitir atingir resultados

competitivos com as metodologias existentes para desorpção dos analitos do Twister.

98

Capítulo IV

Conclusões e perspectivas de futuro

99

Conclusões e Perspectivas para o Futuro

Após a optimização de diversos parâmetros do método de microextracção líquido-líquido

dispersiva, concluiu-se que utilizando os mesmos solventes de dispersão (acetona, metanol e

isopropanol) mas solventes de extracção diferentes, não halogenados e halogenados,

obtiveram-se factores de enriquecimento mais elevados, para a extracção de HAPs, aquando

da utilização dos solventes de extracção não halogenados.

No estudo na determinação de HAPs por DLLME utilizando solventes não-halogenados, os

factores de enriquecimento obtidos não permitiram atingir limites de quantificação inferiores

a 100 ng/L pelo que se considerou útil testar métodos mais sensíveis na determinação de

HAPs.

O sistema de extracção em fase sólida associada a microextracção líquido-líquido dispersiva e

análise por cromatografia gasosa e espectrometria de massa, foi testado e após a optimização

de diversos parâmetros deste método, concluiu-se que as condições óptimas de extracção dos

HAPs de matrizes aquosas se atingiram utilizando um volume de amostra de 100 mL, usando

o ciclohexano como solvente de extracção e a acetona como solvente de dispersão, para os

volumes de 50 µL e 1 mL, respectivamente.

Nas condições seleccionadas, este foi o sistema que ao longo do trabalho, apresentou boa

reprodutiilidade e um volume de fase sedimentada que possibilitou a automatização do

processo, minimizando os erros de injecção de volume e de repetibilidade que pudessem daí

advir.

Este método permite determinar treze HAPs ao nível de 100 ng/L (limite máximo admissível

para águas de consumo), num tempo de preparação de amostra aproximadamente 30 minutos

e com um consumo mínimo de solventes orgânicos.

Por outro lado obtiveram-se eficiências de extracção mais homogéneas para os vários HAPs

testados, em particular conseguiu-se com estes solventes efectuar a extracção do

benzo(a)pireno de forma reprodutível e com bons factores de enriquecimento.

A utilização destes solventes em SPE-HLLME-GC-MS não está descrita na literatura pelo

que os resultados obtidos neste trabalho abrem novas perspectivas de substituição dos

solventes halogenados na extracção desta matriz de HAPs.

O método de SPE-HLLME-GC-MS optimizado para a extracção dos HAPs, foi proposto para

validação, demostrando um bom desempenho analítico na gama de concentrações de 100 ng/L

100

a 800 ng/L. Nomeadamente, este método apresentou limites de detecção calculado a partir da

curva de calibração; 90.97 ng/L situando-se abaixo da legislação definida para águas

superficiais destinadas a consumo humano, cujo limite se situa na concentração de 100 ng/L,

para o benzo(a)pireno. No entanto, para os analitos, o antraceno, criseno, 1,2-benzoantraceno

este limite não foi abaixo de 143 ng/L, situando-se acima do limite legislado.

Para os restantes analitos, os limites de detecção ficaram abaixo de 100 ng/L que é a

concentração limite referida na legislação para a detecção de HAPs em águas superficiais e

subterrâneas destinadas à produção de água para consumo humano.

Os limites de quantificação estimados a partir da curva de calibração situaram-se entre 147.86

ng/L e 473.75 ng/L, estando estas concentrações acima da primeira concentração da gama de

trabalho.

Os limiares analíticos calculados a partir da razão sinal/ruido apresentaram valores bastante

inferiores (limites de detecção entre 3.69 ng/L e 11.73 ng/L e limites de quantificação entre

12.30 ng/L e 39.10 ng/L) que estão claramente abaixo da primeira concentração da gama de

trabalho para todos os analitos.

Em relação aos LOD calculados obtiveram valores situados entre 22.47 ng/L e 129.36 ng/L e

os LOQ variaram entre 74.91 ng/L e 426.17 ng/L, estes valores são calculados a partir da

recta de calibração, logo teríamos de ajustar as gamas de trabalho.

A repetibilidade foi testada em duas concentrações da gama de trabalho, ou seja, numa

concentração referida na legislação (100 ng/L) e numa concentração da gama alta (800 ng/L),

mostrando valores de R.S.D entre 8.87 % e 23.38 %, entre 6.28% a 19.91% respectivamente.

Estes dados confirmam que existiu precisão do método de extracção dos HAPs de matrizes

aquosas.

As recuperações obtidas para as amostras reais, apresentaram valores entre 33.70% a 122.70%

para a água do subterrânea, onde se demonstra que existe um efeito de matriz, em alguns dos

analitos, pois apresentam valores acima de 100%.

As recuperações obtidas, utilizando a água da torneira como matriz, apresentaram valores

entre 88.10% a 563.60% . Enquanto que para a água mineral os valores variaram entre 6.80%

e 59.70%. Portanto, das três amostras reais, foi na água mineral onde se verificou um menor

valor de recuperação para os HAPs.

Relativamente ao futuro no que diz respeito a técnica de SPE-HLLME optimizada para a

extracção dos HAPs, poderiamos efectuar a sua validação completa no mesmo sistema

101

cromatográfico e em condições melhores de sensibilidade o que permitirá certamente

melhorar ainda os resultados obtidos no que diz respeito à repetibilidade e à recuperação.

No estudo de optimização do método de microextracção líquido-líquido dispersiva (DLLME)

como passo de concentração após extracção adsorptiva com barra de agitação magnética

(SBSE) a aplicação na determinação de analitos orgânicos em amostras de água é importante

de salientar, que nesta parte do trabalho pretendeu-se desenvolver um método estudando a

influência de alguns parâmetros como a natureza do solvente de extracção recorrendo ao uso

de solventes halogenados e de solventes não halogenados, a natureza do solvente de

dispersão, estudo de diferentes condições de desorpção e a recuperação em amostras reais.

Os ensaios realizados apesar de fornecerem uma informação escassa revelam o potencial

desta associação de técnicas para atingir uma elevada concentração dos analitos após SBSE

sem recorrer à desorpção térmica, certamente eficiente mas que requer equipamento muito

caro e que pode ser prejudicial no caso de analitos termolábeis.

Relativamente ao futuro poderia validar-se o método de SBSE-HLLME, como sendo uma

técnica em expansão e uma das mais promissoras, devido à sua simplicidade e às suas

potencialidades analíticas, para a análise de compostos orgânicos voláteis e semi-voláteis.

102

Referências Bibliográficas

103

Bibliografia

1. Lemos P., "Engenharia do processo de remoção biológica de fosfato"; Tese de

Doctouramento, Universidade Nova de Lisboa, (2001), 3.

2. Cao Z., Y. Wang, Y. Ma, Z. Xu, G. Shi, Y. Zhuang, T. Zhu,"Occurrence and distribution of

polycyclic aromatic hydrocarbons in reclamimed water and surface water in of Tianjin Chin",

Journal of Harzardous Materials A, 122, (2005), 51-59.

3. Manoli E., C. Samara,"Polycyclic aromatic hydrocarbons in natural waters: sources,

occurrence and analysis", Trends Anal. Chem, 18, (1999), 417.

4. Cristale J., F. S. Silva, M. R. R Marchi,"Desenvolvimento e aplicação de método GC-

MS/MS para análise simultânea de 17 HAPs em material particulado atmosférico", Quím, 33,

(2008), 69-78.

5. Doong R., S. Chang, Y. Sun,"Solid-phase microextraction for determining the distribution

of sixteen US Environmental Protection Agency polycyclic aromatic hydrocarbons in water

samples", Journal of Chromatography A, 879, (2000), 177-188.

6. American Water Works Association:Water Quality & Treatment - A Handbook of

Community Water Supplies, 5 Ed. New York, McGraw-Hill Handbooks, (1999),Vol. 2.

7. Camargo M., C. R. Toledo, "Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(HAPs) em guaraná em pó", Ciênc. Tecnol. Aliment, 26, (2006), 1, 230-234.

8. Camargo M., C. R. Toledo, M. C. Figueiredo, "Chá-mate e café como fontes de

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HAPs) na dieta da população de Campinas", Ciênc.

Tecnol. Aliment, 22, (2002), 1, 49-53.

9. Lo M., E. Sandi, "Polycyclic aromatic hydrocarbons (polynuclears) in food", Residue

Review, 69, (1978), 35-56.

10. Andelman J.B., M. J. Suess, "Polynuclear aromatic hydrocarbons in the water

environment", Bulletin World Health Organization, 43, (1970), 479-508.

11. Luch A., "The Carcinogenic Effects of Polycyclic Aromatic Hidrocarbons", London,

Imperial College Press, (2005).

12. Fetzer J.C., "The Chemistry and Analysis of the Large Polycyclic Hydrocarbons", Wiley,

(2000).

13. Boström C. E., P. Gerde, A. Hanberg, B. Jernström, C. Johansson, T. Kyrklund, A.

Rannug, M. Törnqvist, K. Victorin, R. Westerholm, "Cancer Risk Assessment, Indicators, and

Guidelines for Polycyclic Aromatic Hydrcarbons in the Ambient Air", Environmental Health

Perspectives, 110, (2002), 3, 451-488.

14. Lide D. R.,"Handbook of Chemistry and Physics", 72th Ed, CRC Press, (1992).

104

15. Toxicological profile for polycyclic aromatic hydrocarbons - U.S. Department of health

and human services- Public Health Service - Agency for Toxic Substances and Disease

Registry, (1995).

16. Portal do inchem : http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0667.htm.

17. Cotta J., A. O. Rezende, M. O. Oliveira, M. D. Landgraf, "Avaliação de solventes de

extração por ultrassom usando-se cromatografia líquida de alta eficiência para a determinação

de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em solos contaminados" Quími. Nova, 32, (2009),

8, 2026-2033.

18. James A. T., A. J. P. Martin, "Gas-liquid partition chromatography: the separation and

micro-estimation of volatile fatty acids from formic acid to dodecanoic acid", Biochemical

Journal, 50, (1952), 679-690.

19. W.H.O (World Health Organization),”Guidelines for Drinking Water Quality”, Chemical

Aspects, 2ª Ed., Genéve, (1993), 145-196.

20. W.H.O (World Health Organization),”Guidelines for Drinking-Water Quality”,3ª Ed.

Genéve, 1, (2006).

21. Kitson F.G., B.S. Larsen, C.N. McEwen,"Gas Cromatography and Mass Spectrometry",

Academic Press , (1996).

22. Günzler H., A. Williams," Handbook of Analytical Techniques", Wiley-VCH, Vol.I.

(2001).

23. Grob R.L.,"Modern practice of gas chromatography" 3ªEd., John Wiley & Sons Inc,

(1995).

24. Fowlis I.A.,"Gas Chromatography", 2ª Ed., John Wiley and Sons, (1995).

25. Agilent Technology Inc.,"Fundamentals of Gas Chromatography", Manual Part Number

G1176-90000.(2002).

26. Directiva 98/83/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 3 de Novembro de 1998,

relativa à qualidade da água destinada ao consumo humano, Jornal Oficial das Comunidades

Europeias, L 330/32, 5.12.98.

27. Decreto-Lei n.º 243/2001, Diário da República Série I-A, N.º 206, 2001-09-05.

28. Directiva 2006/118/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 12 de Dezembro de

2006 relativa à protecção das águas subterrâneas contra a poluição e a deterioração, Jornal

Oficial da União Europeia, L 372/19, 27.12.2006.

29. Decreto-Lei N.º 306/2007, Diário da República, Série I, N.º 164, 5747, 27-08-2007.

30. Decreto-Lei n.º 351/2007, Diário da República, 1.ª série, N.º 204, 23.10. 2007.

105

31. Directiva 2008/105/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de Dezembro de

2008, relativa a normas de qualidade ambiental no domínio da política da água, Jornal Oficial

das Comunidades Europeias, L 348/84, 24.12.2008.

32. Portal da EPA, http://www.epa.gov/safewater.

33. WHO (World Health Organization), "Guidelines for Drinking Water Quality", First

Addenndum to Third Edition, Geneva, (2006).

34. Chen B. H., C. Y. Wang, C. P. Chiu, "Evaluation of analysis of polycyclic aromatic

hydrocarbons in meat products by liquid chromatography", Journal of Agriculture and Food

Chemistry, 44, (1996), 8, 2244-2251.

35. Dabestani R., I.N Ivanov, "A compilation of physical, spectroscopic and photophysical

properties of polycyclic aromatic hydrocarbons", Photochemistry and Photobiology, 70,

(1999), 1, 10-34.

36. Nolett L.M.L.,"Food Analysis by HPLC", Marcel Dekker Inc., 2ª Ed., (2000).

37. Alves A.C.H.,"Determinação de pesticidas em águas por microextracção em fase líquida

associada á cromatografia gasosa e espectrometria de massa" Tese de Mestrado; Faculdade de

Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa, (2010) 20-40.

38. Guillot S., M.T. Kelly, H. Fenet, M. Larroque “Evaluation of solid-phase microextraction

as an alternative to the official method for the analysis of organic micro-pollutants in drinking

water”, Journal of Chromatography A, 1101 (2006) 46–52.

39. Barrionuevo W. R., F.M. Lanças “Comparison of Liquid–Liquid Extraction, Solid-Phase

Extraction, and Solid-Phase Microextraction for Pyrethroid Pesticides Analysis from Enriched

River Water”, Bull. Environ. Contam. Toxicol., 69 (2002) 123-128.

40. Frank T. C., L. Dahuron, B. S. Holden,W. D. Price, A. F. Seibert, L. C. Wilson Eds,

Perry’s chemical engineer’s handbook, 8th Edition, McGraw-Hill, (2008).

41. Dean J. R., Extraction methods for environmental analysis, Wiley, (1998).

42. Henriques M.L.G.S., “Hormonas Naturais e de Síntese, Bisfenol A, Octifenol e

Nonilfenol em Águas para Consumo Humano: Optimização do Método de Análise por SPE-

LC-ESI-MS/MS”, Tese de Mestrado, Faculdade de Farmácia (2008) 1-158.

43. Novakova L.; Vickova, H., "A review of current trends and advances in modern bio-

analytical methods: Chromatography and sample preparation" Analytica Chimica Acta, 656

(2009) 8–35.

44. Liua X., J. Li, Z. Zhao,W. Zhang, K. Lin, C. Huang, X. Wang, "Solid-phase extraction

combined with dispersive liquid–liquid microextraction for the determination for

polybrominated diphenyl ethers in different environmental matrices", Journal of

Chromatography A, 1216 (2009) 2220–2226.

45. Portal da Sigma Aldrich: http://www.sigmaaldrich.com/.

106

46. Faria AM, L. Maldaner, CC Santana, IC Jardim, CH Collins.

“Poly(methyltetradecylsiloxane) immobilized onto silica for extraction of multiclass

pesticides from surface waters”, Analytica Chimica Acta, 582, (2007) 34-40.

47. Fattahia N., S. Samadia, Y. Assadia, M. R. M. Hosseinia, "Solid-phase extraction

combined with dispersive liquid–liquid microextraction-ultra preconcentration of

chlorophenols in aqueous samples", Journal of Chromatography A, 1169, (2007), 1-2, 63-69.

48. Montes R., I. Rodríguez, M. Ramil, E. Rubí, R. Cela. "Solid-phase extraction followed by

dispersive liquid–liquid microextraction for the sensitive determination of selected fungicides

in wine ", Journal of Chromatography A, 1216, (2009), 29, 5459-5466.

49. Pawliszyn J., Solid Phase Microextraction-Theory and Practice, Wiley-VCH, (1997).

50. SPME fibers and Holders, Portal da Sigma-Aldrich,

http://www.sigmaaldrich.com/analytical-chromatography/analytical-

products.html?TablePage=9645336.

51. Baltussen E., P. Sandra, F. David, C. Cramers,"Stir bar sorptive extraction (SBSE), a

novel extraction technique for aqueous samples: Theory and principles", Journal of

Microcolumn Separations, 11, (1999), 10, 737-747.

52. Twister – Stir bar sorptive extraction, Portal da Gerstel,

http://www.gerstel.com/en/twister-stir-bar-sorptive-extraction.htm.

53. Chaves A. R., M. E. C. Queiroz,"Extração sortiva em barra deagitação para análise de

fármacos em fluidos biológicos", Quim. Nova, 31, (2008), 7, 1814-1819.

54. Prietoa A., O. Basauria, R. Rodilb, A. Usobiagaa, L.A. Fernándeza, N. Etxebarriaa, O.

Zuloagaa,"Stir-bar sorptive extraction: A view on method optimisation, novel applications,

limitations and potential solutions", Journal of Chromatography A, 1217, (2010).

55. Sánchez-Avila J., J. Quintana, F. Ventura, R.Tauler, C. M. Duarte, S. Lacorte, “Stir bar

sorptive extraction-thermal desorption-gas chromatography–mass spectrometry: An effective

tool for determining persistent organic pollutants and nonylphenol in coastal waters in

compliance with existing Directives", Marine Pollution Bulletin., 60, (2010) 103-112.

56. Huanga X., J. Lina, D. Yuana, R. Hu, “Determination of steroid sex hormones in

wastewater by stir bar sorptive extraction based on poly(vinylpyridine-ethylene

dimethacrylate) monolithic material and liquid chromatographic analysis”, Journal of

Chromatography A, 1216, (2009), 3508-3511.

57. Hou L., H.K. Lee,"Application of static and dynamic liquid-phase microextraction in the

determination of polycyclic aromatic hydrocarbons", Journal of Chromatography A, 976,

(2002), 377.

58. Liu J., G. Jiang, Y. Chi, Y. Cai, Q. Zhou, J. Hu, "Use of Ionic Liquids for Liquid-Phase

Microextraction of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons", Analytical Chemistry, 75, (2003),

5870.

107

59. Zanjani M. R. K., Y. Yamini, S. Shariati, J.A. Jönsson, “A new liquid-phase

microextraction method based on solidification of floating organic drop”, Analytica Chimica

Acta, 585, (2007), 286–293.

60. Dadfarnia S., A. M. Salmanzadeh, A. M. H. Shabani, “A novel

separation/preconcentration system based on solidification of floating organic drop

microextraction for determination of lead by graphite furnace atomic absorption

spectrometry”, Analytica Chimica Acta, 623, (2008) 163-167.

61. Yamini Y., M. Rezaee, A. Khanchi, M. Faraji, A. Saleh, “Dispersive liquid-liquid

microextraction based on solidification of floating organic drop followed by inductively

coupled plasma–optical emission spectrometry as a fast technique for the simultaneous

determination of heavy metals", Journal of Chromatographaphy A, 1217, (2009), 16, 2358-

64.

62. Cortada C., L. Vidal, R. Pastor, N. Santiago, A. Canals, “Determination of organochlorine

pesticides in water samples by dispersive liquid-liquid microextraction coupled to gas

chromatography-mass spectrometry”, Analytica Chimica Acta, 649, (2009), 218-221.

63. Moinfar S., M. R. M. Hosseini, “Development of dipersive liquid-liquid method for the

analysis of organophosphorous pesticides in tea”, Journal of Hazardous Materials, 169,

(2009), 907-911.

64. Jahromi E. Z., A. Bidari , Y. Assadi , M. R. M. Hosseini, M.R. Jamali, “Dispersive liquid–

liquid microextraction combined with graphite furnace atomic absorption spectrometry Ultra

trace determination of cadmium in water samples”, Analytica Chimica Acta, 585, (2007), 305-

311.

65. Tsai W.C, S. Huang, “Dispersive liquid-liquid microextraction with little solvent

consumption combined with gás chromatography-mass spectrometry for the pretreatment of

organochlorine pesticides in aqueous samples”, Journal of Chromatography A, 1216, (2009)

5171-5175.

66. Berijani S., Y. Assadi, M. Anbia, M. R. M. Hosseini, E. Aghaee, “Dispersive liquid-liquid

microextraction combined with gas chromatography-flame photometric detection – Very

simple, rapid and sensitive method for the determination or organophosphorous pesticides in

water", Journal of Chomatography A, 1123, (2006), 1-9.

67. Zhao E., W. Zhao, L. Han, S. Jiang , Z. Zhou, “Application of dispersive liquid–liquid

microextraction for the analysis of organophosphorus pesticides in watermelon and

cucumber”, Journal of Chromatography A, 1175, (2007), 137–140.

68. López M. G., I. Rodríguez, R. Cela, “Development of a dispersive liquid–liquid

microextraction method for organophosphorus flame retardants and plastizicers determination

in water samples”, Journal of Chromatography. A, 1166, (2007), 9–15.

69. Fu L., X. Liu, J. Hu, X. Zhao, H. Wang, X. Wang, “Application of dispersive liquid–

liquid microextraction for the analysis of triazophos and carbaryl pesticides in water and fruit

juice samples”, Analytica Chimica Acta, 632, (2009), 289–295.

108

70. Herrara-Herrera A, M. A. Ramos, J. H. Borges, M. R. Delgado, "Dispersive liquid-liquid

microextraction for determination of organic analytes", Trends in Analytical Chemistry,

29,(2010), 7 .

71. Pena M. T., M. C. Casais, M. C. Mejuto, R. Cela, "Development of an ionic dispersive

liquid-liquid microextraction method for the analysis of polycyclic aromatic hydrocarbons in

water samples", Journal of Chromatography A, 1216, (2009), 6356–6364.

72. Wald G., D. Albers, T. McCabe, “Analysis by desorption of volatile impurities from an

ionic liquid solution in an unmodified gas chromatograph inlet”, Journal of Chromatography

A, 1216, (2009), 5927-5930.

73. Portal da wilkipédia, http://en.wikipedia.org/wiki/Polycyclic_aromatic_hydrocarbon.

74. Tavakoli L., Y.Yamini, H. Ebrahimzadeh, S.Shariati, “Homogeneous liquid-liquid

extraction for preconcentration of polycyclic aromatic hydrocarbons using a

water/methanol/chloroform ternary component system”, Journal of Chromatography A, 1196-

1197, (2008), 133-138.

75. Ebrahimzadeh H., Y. Yamini, F. Kamarei, S. Shariati, “Homogeneous liquid-liquid

extraction of trace amounts of mononitrotoluenes from waste water samples”, Analytica

Chimica Acta, 594, (2007), 93-100.

76. Ghiasvand A. R., S. Shadabi, E. Mohagheghzadeh, P. Hashemi, “Homogeneous liquid–

liquid extraction method for the selective separation and preconcentration of ultra trace

molybdenum”, Talanta, 66, (2005), 912-916.

77. Leong M.-I., C.-C. Chang, M.-R. Fuh, S.-D. Huang, "Low toxic dispersive liquid-liquid

microextraction by using halosolvents for extraction of polycyclic aromatic hydrocarbons in

water samples", Journal of Chromatography A, 1217, (2010), 34, 5455-5461.

78. Saleh A, Y Yamini, M Faraji, M. Rezaee, M. Ghambarian, "Ultrasound-assisted

emulsification microextraction method based on applying low density organic solvents

followed by gas chromatography analysis for the determination of polycyclic aromatic

hydrocarbons in water samples", Journal of Chromatography A, 1216, (2009), 6673-6679.

79. Rezaee M, Y. Yamini, M. Faraji, "Evolution of dispersive liquid-liquid microextraction

method", Journal Chromatography A, 1217, (2010), 2342-2357.

80. Rezaee M., Y. Assadi, M. M. Hosseini, E. Aghaee, F. Ahmadi, S. Berijani,

“Determination of organic compounds in water using dispersive liquid–liquid

microextraction”, Journal of Chromatography A, 1116, (2006), 1–9.

81. Hu J., Y. Li, W. Zhang, H. Wang, C. Huang, M. Zhang, X. Wang, "Dispersive liquid-

liquid microextraction followed by gas chromatography–electron capture detection for

determination of polychlorinated biphenyls in fish", Journal of Separation Science, 32 (2009),

2103-2108.

82. Liu X., J. Hu, C. Huang, H. Wang, X. Wang, "Determination of polybrominated diphenyl

ethers in aquatic animal tissue using cleanup by freezing-dispersive liquid–liquid

109

microextraction combined with GC-MS", Journal of Separtion Science, 32, (2009), 4213–

4219.

83. Bernardo M. S., M. Gonçalves, N. Lapa, R. Barbosa, B. Mendes, F. Pinto, I.Gulyurtlu,

"Determination of aromatic compounds in eluates of pyrolysis solid residues using HS-GC–

MS and DLLME–GC–MS", Talanta, 80, (2009), 1, 104-108.

84. Zhao E., W. Zhao, L. Han, S. Jiang, Z. Zhou, "Application of dispersive liquid–liquid

microextraction for the analysis of organophosphorus pesticides in watermelon and

cucumber", Journal of Chromatography A, 1175, (2007), 1, 137-140.

85. Xia J., B. Xiang, W. Zhang, "Determination of metacrate in water samples using

dispersive liquid–liquid microextraction and HPLC with the aid of response surface

methodology and experimental design", Analytica Chimica Acta, 625, (2008), 1, 28-34.

86. Nagaraju D., S.-Da Huang, "Determination of triazine herbicides in aqueous samples by

dispersive liquid–liquid microextraction with gas chromatography–ion trap mass

spectrometry", Journal of Chromatography A, 1161, (2007), 1-2, 89-97.

87. Melwanki M.B., M. Fuh, "Dispersive liquid–liquid microextraction combined with semi-

automated in-syringe back extraction as a new approach for the sample preparation of

ionizable organic compounds prior to liquid chromatography" Journal of Chromatography A,

1198-1199, (2008), 1-6.

88. Birjandi A. P., A. Bidari, F. Rezaei, M. R. M. Hosseini, Y. Assadi, "Speciation of butyl

and phenyltin compounds using dispersive liquid–liquid microextraction and gas

chromatography-flame photometric detection", Journal of Chromatography A, 1193, (2008),

1-2, 19-25.

89. Kozani R. R., Y. Assadi, F. Shemirani, M. R. M. Hosseini, M.R. Jamali, "Part-per-trillion

determination of chlorobenzenes in water using dispersive liquid–liquid microextraction

combined gas chromatography–electron capture detection", Talanta, 72, (2007), 2, 387-393.

90. Tsai W.-C., S.-D. Huang, "Dispersive liquid–liquid microextraction with little solvent

consumption combined with gas chromatography–mass spectrometry for the pretreatment of

organochlorine pesticides in aqueous samples", Journal of Chromatography A, 1216, (2009),

27,5171-5175.

91. Wu Q., C. Wang, Z. Liu, C. Wu, X. Zeng, J. Wen, Z. Wang, "Dispersive solid-phase

extraction followed by dispersive liquid–liquid microextraction for the determination of some

sulfonylurea herbicides in soil by high-performance liquid chromatography", Journal of

Chromatography A,1216, (2009), 29,5504-5510.

92. Cunha S. C., J. O. Fernandes, M. B. P. P. Oliveira, "Fast analysis of multiple pesticide

residues in apple juice using dispersive liquid–liquid microextraction and multidimensional

gas chromatography–mass spectrometry", Journal of Chromatography A,1216, (2009), 51,

8835-8844.

110

93. Chen H., J. Ying, H. Chen, J. Huang, L. Liao, "LC Determination of Chloramphenicol in

Honey Using Dispersive Liquid–Liquid Microextraction", Chromatographia, 68, (2008), 7,

629-634.

94. Yazdi A. S., N. Razavi, S. R Yazdinejad, "Separation and determination of amitriptyline

and nortriptyline by dispersive liquid–liquid microextraction combined with gas

chromatography flame ionization detection", Talanta, 75, (2008), 5,1293-1299.

95. Tsai W.-H., H.-Y. Chuang, H.-H. Chen, J.-J. Huang, H.-C. Chen, S.-H. Cheng., T.-C

Huang, "Application of dispersive liquid–liquid microextraction and dispersive micro-solid-

phase extraction for the determination of quinolones in swine muscle by high-performance

liquid chromatography with diode-array detection", Analytica Chimica Acta, 656, (2009), 1-

2,56-62.

96. Melwanki M. B., W.-S. Chen, H.-Y. Bai, T.-Y. Lin, M.-R. Fuh, "Determination of 7-

aminoflunitrazepam in urine by dispersive liquid–liquid microextraction with liquid

chromatography–electrospray-tandem mass spectrometry", Talanta, 78, (2009), 2, 618-622.

97. Xiong C., J. Ruan, Y. Cai, Y. Tang, "Extraction and determination of some psychotropic

drugs in urine samples using dispersive liquid–liquid microextraction followed by high-

performance liquid chromatography", Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis,

49, (2009), 2, 572-578.

98. Cruz M. V., R. Lucena, S. Cárdenas, M. Valcárcel, "One-step in-syringe ionic liquid-

based dispersive liquid–liquid microextraction", Journal of Chromatography A, 1216, (2009),

37, 6459-6465.

99. Mao T., B. Hao, J. He, W. Li, S. Li, Z. Yu, "Ultrasound assisted ionic liquid dispersive

liquid phase extraction of lovastatin and simvastatin: A new pretreatment procedure", Journal

of Separation Science, 32, (2009), 17, 3029–3033.

100. Li Y., G. Wei, J. Hu, X. Liu, X. Zhao, X. Wang, "Dispersive liquid–liquid

microextraction followed by reversed phase-high performance liquid chromatography for the

determination of polybrominated diphenyl ethers at trace levels in landfill leachate and

environmental water samples", Analytica Chimica Acta, 615, (2008), 1, 96-103.

101. Liu X., J. Hu., C. Huang, H. Wang, X. Wang, "Determination of polybrominated

diphenyl ethers in aquatic animal tissue using cleanup by freezing-dispersive liquid–liquid

microextraction combined with GC-MS", Journal of Separation Science, 32, (2009), 23-24,

4213–4219.

102. Farahani H., P. Norouzi, R. Dinarvand, M. R. Ganjali, "Development of dispersive

liquid–liquid microextraction combined with gas chromatography–mass spectrometry as a

simple, rapid and highly sensitive method for the determination of phthalate esters in water

samples ", Journal of Chromatography A, 1172, (2007), 2, 105-112.

103. Wang X., C.-P. Diao, R.-S. Zhao, "Rapid determination of bisphenol A in drinking water

using dispersive liquid-phase microextraction with in situ derivatization prior to GC-MS",

Journal of Separation Science, 32, (2009), 1, 154–159.

111

104. Farajzadeh M. A., M. Bahram, J.A. Jönsson, "Dispersive liquid–liquid microextraction

followed by high-performance liquid chromatography-diode array detection as an efficient

and sensitive technique for determination of antioxidants", Analytica Chimica Acta, 591,

(2007), 1, 69-79.

105. Huang K.-J., C.-Y. Wei, W.-L. Liu, W.-Z. Xie, J.-F. Zhang, W. Wang, "Ultrasound-

assisted dispersive liquid–liquid microextraction combined with high-performance liquid

chromatography-fluorescence detection for sensitive determination of biogenic amines in rice

wine samples", Journal of Chromatography A,1216, (2009), 38, 6636-6641.

106. Pusvaskiene E., B. Januskevic, A. Prichodko, V. Vickackaite, "Simultaneous

Derivatization and Dispersive Liquid–Liquid Microextraction for Fatty Acid GC

Determination in Water", Chromatographia, 69, (2009), 271-276.

107. Rezaee M., Y. Assadi, M.-R. M. Hosseini, E. Aghaee, F. Ahmadi, S. Berijani,

"Determination of organic compounds in water using dispersive liquid–liquid

microextraction", Journal of Chromatography A, 1116, (2006), 1-2, 1-9.

108. Yao C., J. L. Anderson,"Dispersive liquid–liquid microextraction using an in situ

metathesis reaction to form an ionic liquid extraction phase for the preconcentration of

aromatic compounds from water", Analytical and Bioanalytical Chemistry, 395, (2009), 5,

1491-1502.

109. Vickackaite V., E. Pusvaskiene, "Dispersion-solidification liquid–liquid microextraction

for volatile aromatic hydrocarbons determination: Comparison with liquid phase

microextraction based on the solidification of a floating drop", Journal of Separation Science,

32, (2009), 20, 3512–3520.

110. Xu H., Z. Ding, L. Lv, D. Song, Y.-Q. Feng, "A novel dispersive liquid–liquid

microextraction based on solidification of floating organic droplet method for determination

of polycyclic aromatic hydrocarbons in aqueous samples", Analytica Chimica Acta, 636,

(2009), 1, 28-33.

111. Brumm D. M., R. J. Cassella, A. D. P. Netto, "Multivariate optimization of a liquid–

liquid extraction of the EPA-HAPs from natural contaminated waters prior to determination

by liquid chromatography with fluorescence detection", Talanta, 74, (2008), 5,1392-1399.

112. Pensado L., E. Blanco, M. C. Casais, M. C. Mejuto, E. Martinez, A. M. Carro , R. Cela,

"Strategic sample composition in the screening of polycyclic aromatic hydrocarbons in

drinking water samples using liquid chromatography with fluorimetric detection", Journal of

Chromatography A, 1056, (2004), 1-2, 121-130.

113. Delhomme O., E. Rieb, M. Millet, "Solid-Phase Extraction and LC with Fluorescence

Detection for Analysis of HAPs in Rainwater", Chromatographia, 65, (2007), 3-4, 163-171.

114. Fernández-González V., E. Concha-Graña, S. Muniategui-Lorenzo, P. López-Mahía, D.

Prada-Rodríguez, "Solid-phase microextraction–gas chromatographic–tandem mass

spectrometric analysis of polycyclic aromatic hydrocarbons: Towards the European Union

water directive 2006/0129 EC", Journal of Chromatography A, 1176, (2007), 1-2, 48-56.

112

115. Huertas C., J. Morillo, J. Usero, I. Gracia-Manarillo, "Validation of stir bar sorptive

extraction for the determination of 24 priority substances from the European Water

Framework Directive in estuarine and sea water", Talanta, 72, (2007), 3, 1149-1156.

116. Hou L., H. K. Lee, "Application of static and dynamic liquid-phase microextraction in

the determination of polycyclic aromatic hydrocarbons", Journal of Chromatography A, 976,

(2002), 1-2, 377-385.

117. Liu J., G. Jiang, Y. Chi, Y. Cai, Q. Zhou, J. Hu, "Use of Ionic Liquids for Liquid-Phase

Microextraction of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons", Anal. Chem., 75, (2003), 21, 5870–

5876.

118. Oliferova L., M. Statkus, G. Tsysin, O. Shpigun, Y. Zolotov, "On-line solid-phase

extraction and HPLC determination of polycyclic aromatic hydrocarbons in water using

fluorocarbon polymer sorbents", Analytica Chimica Acta, 538, (2005), 1-2, 35-40.

119. King A. J., J. W. Readman , J. L. Zhou, "Determination of polycyclic aromatic

hydrocarbons in water by solid-phase microextraction–gas chromatography–mass

spectrometry", Analytica Chimica Acta, 523, ( 2004), 2, 259-267.

120. Djozan D. J., Y. Assadi, "Monitoring of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons in Water

Using Headspace Solid-Phase Microextraction and Capillary Gas Chromatography",

Microchemical Journal, 63, (1999), 2, 276-284.

121. Psillakis E., N. Kalogerakis, "Developments in liquid-phase microextraction", Trends in

Analytical Chemistry, 22, (2003), 9, 565-574.

122. Shariati-Feizabadi S., Y. Yamini, N. Bahramifar, "Headspace solvent microextraction

and gas chromatographic determination of some polycyclic aromatic hydrocarbons in water

samples". Analytica Chimica Acta, 489, Issue, (2003), 1, 21-31.

123. Charalabaki M., E. Psillakis, D. Mantzavinos, N. Kalogerakis, "Analysis of polycyclic

aromatic hydrocarbons in wastewater treatment plant effluents using hollow fibre liquid-phase

microextraction", Chemosphere, 60, (2005), 5, 690-698.

124. Ratola N, , A. Alves, N. Kalogerakis, E. Psillakis, "Hollow-fibre liquid-phase

microextraction: A simple and fast cleanup step used for HAPs determination in pine

needles", Analytica Chimica Acta, 618, (2008), 1, 70-78.

125. Zanjani M. R. K., Y. Yamini, S. Shariati, J. A Jönsson, "A new liquid-phase

microextraction method based on solidification of floating organic drop", Analytica Chimica

Acta, 585, (2007), 2, 286-293.

126. Huang Z., Y. Li, B. Chen, S. Yao, “Simultaneous determination of 102 pesticides

residues in Chinese teas by gas chromatography-mass spectrometry”, Journal of

Chromatography B, 853 (2007) 154-162.

127. Funk W., V. Dammann, G. Donnevert, Quality Assurance in Analytical Chemistry, VCH

(1995).

113

128. Fowlis I.A., Gas Chromatography, 2ª Ed., John Wiley and Sons (1995).

129. Instituto Português de Acreditação, Guia para acreditação de laboratórios químicos,

14.09.2005.

130. ISO 8466-1:1990, “Water Quality- Calibration and Evaluation of Analytical Methods

and Estimation of Performance Characteristics. Part 1: Statistical Evaluation of the Linear

Calibration Function”, (1990).

131. Miller J. C, J. N. Miller, Statistics for Analytical Chemistry, 3ª Ed., Ellis Hordwood PTr

Prentice Hall (1993).

132. Grob R. L., Modern practice of gas chromatography, 3ª Ed., John Wiley & Sons Inc.

(1995).

133. ISO 8466-2:1990, “Water Quality- Calibration and Evaluation of Analytical Methods

and Estimation of Performance Characteristics. Part 2: Calibration Strategy for Non-Linear

Calibration Function”, (1990).

134. Günzler H., A. Williams, Handbook of Analytical Techniques, Volume I, Wiley-VCH

(2001).

135. ISO 3534-1:2006, “Statistics- Vocabulary and Symbols. Part 1: General statistical terms

and terms used in probability”, (2006).

136. Toxicological Profile For Polycyclic Aromatic Hydrocarbons- U.S. Department Of

Health And Human Services- Public Health Service - Agency for Toxic Substances and

Disease Registry,(1999).

137. Liu X., J. Li, Z. Zhao, W. Zhang, K. Lin, C. Huang, X. Wang, "Solid-phase extraction

combined with dispersive liquid–liquid microextraction for the determination for

polybrominated diphenyl ethers in different environmental matrices", Journal of

Chromatography A, 1216, (2009), 12, 2220-2226.

138. Zhao R., C. Diao, Q. Chen, X. Wang, “Sensitive determination of amide herbicides in

envionmental water samples by combination of solid-phase extraction and dispersive liquid-

liquid microextraction prior to GC-MS”, Journal of Separation Science, 32 ,(2009), 1069-

1074.

139. Kootstra P.R., M. H. C. Straub, G. H. Stil, E. G. Van der Velde, W. Hesselink,C. C. J.

Land, "Solid-phase extraction of polycyclic aromatic hydrocarbons from soil samples",

Journal of Chromatography A, 697, (1995), 123-129

140. Fattahi N., S. Samadi , Y. Assadi , M. Reza, M. Hosseini, "Solid-phase extraction

combined with dispersive liquid–liquid microextraction-ultra preconcentration of

chlorophenols in aqueous samples", Journal of Chromatography A, 1169, (2007), 63–69

141. Montes R., I. Rodríguez, M. Ramil, E. Rubí, R. Cela, "Solid-phase extraction followed

by dispersive liquid–liquid microextraction for the sensitive determination of selected

fungicides in wine", Journal of Chromatography A, 1216, (2009), 29,5459-5466.

114

142. Specanalitica- Equipamentos Científicos, Lda:

http://www.specanalitica.com/scid/webspec/default.asp.

143. Labbox: http://www.labbox.com/es/.

144. Prieto A., O. Basauri, R. Rodil, A. Usobiaga, L. A. Fernández, N. Etxebarria, O.

Zuloaga, "Stir-bar sorptive extraction: A view on method optimisation, novel

applications,limitations and potential solutions", Journal of Chromatography A, 1217, (2010),

2642-2666.

145. Prieto A., O. Telleria, N. Etxebarria, L. A. Fernández, A. Usobiaga, O. Zuloaga,

"Simultaneous preconcentration of a wide variety of organic pollutants in water samples :

Comparison of stir bar sorptive extraction and membrane-assisted solvent extraction", Journal

of Chromatography A, 1214, (2008), 1-2, 1-10.

146. A. Prieto, O. Zuloaga, A. Usobiaga, N. Etxebarria, L. A. Fernández, C. Marcic, A.

Diego, "Simultaneous speciation of methylmercury and butyltin species in environmental

samples by headspace-stir bar sorptive extraction–thermal desorption–gas chromatography–

mass spectrometry", Journal of Chromatography A, 1185, (2008), 1, 130-138.

147. A. Prieto, O. Zuloaga, A. Usobiaga, N. Etxebarria, L. A. Fernández, "Development of a

stir bar sorptive extraction and thermal desorption–gas chromatography–mass spectrometry

method for the simultaneous determination of several persistent organic pollutants in water

sample", Journal of Chromatography A,1174,1-2 ,2007,40-49 .

148. MacNamara K., R. Leardi, F. McGuigan, "Comprehensive investigation and

optimisation of the main experimental variables in stir-bar sorptive extraction (SBSE)-thermal

desorption-capillary gas chromatography (TD-CGC)", Analytica Chimica Acta, 636, (2009),

2, 190-197 .

149. Snow J., K. Lokhnauth, H. Nicholas, "Stir-bar sorptive extraction and thermal

desorption-ion mobility spectrometry for the determination of trinitrotoluene and l,3,5-

trinitro-l,3,5-triazine in water samples" ,Journal of Chromatography A, 1105, (2006), 1-2, 33-

38.

150. Guerrero E. D., R. N. Marín, R. C. Mejías, C. G. Barroso, "Optimisation of stir bar

sorptive extraction applied to the determination of volatile compounds in vinegars", Journal

of Chromatography A,1104, (2006), 1-2,47-53 .

151. Moeder R., R. Monika, "Development of a method for the determination of UV filters in

water samples using stir bar sorptive extraction and thermal desorption–gas chromatography–

mass spectrometry", Journal of Chromatography A, 1179, (2008), 2, 81-88.

152. Portal da Web of Science:

http://isiwebofknowledge.com/products_tools/multidisciplinary/webofscience/.

153. Guan W., Y. Wang, F. Xu, Y. Guan, "Poly(phthalazine ether sulfone ketone) as novel

stationary phase for stir bar sorptive extraction of organochlorine compounds and

organophosphorus pesticides", Journal of Chromatography A, 1177, (2008), 1, 28-35 .

115

154. Popp P., C. Bauer, B. Hauser, P. Keil, L. Wennrich, "Extraction of polycyclic aromatic

hydrocarbons and organochlorine compounds from water: A comparison between solid-phase

microextraction and stir bar sorptive extraction", Journal of Separation Science,26,

(2003),961-967.

155. Kolahgar B., A. Hoffmann, A. C. Heiden, "Application of stir bar sorptive extraction to

the determination of polycyclic aromatic hydrocarbons in aqueous samples", Journal of

Chromatography A, 963, (2002), 1-2, 225-230 .

156. Montero L., S. Conradi, H. Weiss, P. Popp, "Determination of phenols in lake and

ground water samples by stir bar sorptive extraction–thermal desorption–gas

chromatography–mass spectrometry", Journal of Chromatography A, 1071, 1-2, (2005), 163-

169 .

157. Coelho E., R. Perestrelo, N. R. Neng, J. S. Câmara, M. A. Coimbra, J.M.F. Nogueira, S.

M. Rocha, "Optimisation of stir bar sorptive extraction and liquid desorption combined with

large volume injection-gas chromatography–quadrupole mass spectrometry for the

determination of volatile compounds in wines" Analytica Chimica Acta, 624, (2008), 1, 79-

89.

158. SPME mode, Portal da Brechbühler AG, http://www.brechbuehler.ch/SPME-

Mode.204.0.html.