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7/23/2019 Investimento Sob Incerteza Em Minerao de Ferro
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
Investimento sob incerteza em minerao de ferro: o valorda flexibilidade em decises de capacidade e escoamento
Caio Pereira e Maia
Belo Horizonte, Maro de 2011
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Caio Pereira e Maia
Investimento sob incerteza em minerao de ferro: o valorda flexibilidade em decises de capacidade e escoamento
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado emEngenharia de Produo da Universidade Federal deMinas Gerais, como requisito parcial para a obtenodo ttulo de Mestre em Engenharia de Produo.
rea de Concentrao:Produo e Logstica
Linha de Pesquisa:Modelos Estocsticos de Apoio
Deciso
Orientador:Leonardo Pereira Santiago -Departamento de Engenharia de Produo - UFMG
Belo Horizonte, Maro de 2011
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AGRADECIMENTOS
Sarah pelo apoio incondicional nessa jornada.
minha Me, rico, meus avs e familiares pelos incentivos.
Ao meu pai pela inspirao.
Suzana e ao Paulinho pela torcida.
Ao professor Leonardo Santiago pela orientao.
Ao Eloi pela ajuda sempre importante.
Ao Leo Tavares, pela fora mtua na largada e nesta reta final.
Aos companheiros do LADEC e do mestrado pela convivncia.
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RESUMO
A implantao de empreendimentos de minerao envolve investimentos de grande
montante de capital e possuem um elevado nvel de incerteza, principalmente
relacionados aos preos das commodities. Neste contexto, a literatura de anlise de
investimentos aponta a teoria de opes reais como a tcnica mais adequada de
avaliao de investimentos, por incorporar o valor da flexibilidade gerencial em
condies de incerteza ao valor do projeto. O problema abordado neste trabalho a
valorao das opes gerenciais de um empreendimento de minerao de ferro. Para
tanto, desenvolvemos um estudo de caso para avaliao de um projeto de minerao de
ferro sob a tica de opes reais. Construmos essa anlise atravs da modelagem de
incertezas inerentes indstria de minerao (i.e. modelagem do preo do minrio e
modelagem do lead time de implantao), principalmente motivados pelo contexto
macroeconmico afetado pela entrada da China no mercado transocenico de minrio
de ferro. Para modelar as incertezas, utilizamos processos estocsticos tais como
movimento geomtrico browniano e processo de reverso mdia histrica para
projetar o preo futuro do minrio de ferro, e modelamos a probabilidade de atraso na
implantao utilizando distribuio de probabilidades Beta. Avaliamos a coerncia de
nossa projeo de preos atravs do teste economtrico de raiz unitria de Dickey-
Fuller, aplicando-o srie histrica do preo do minrio de ferro. Analisamos tambm
as incertezas endgenas utilizando uma taxa de desconto e avaliamos o seu impacto no
valor das opes atravs de anlise de sensibilidade. Comprovamos o aumento de valor
ocasionado pela existncia da flexibilidade gerencial e discutimos a influncia das
variveis modeladas na definio das opes gerenciais que maximizam o valor do
projeto.
PALAVRAS CHAVE:valorao, opes reais, processos estocsticos, investimentossob incerteza e minerao de ferro.
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ABSTRACT
Mining projects implementation requires large amount of capital investment and has a
high level of uncertainty, mostly related to commodity prices. In this context, researchon investment analysis presents real options theory as the most appropriate method of
valuating investments, since it incorporates the value of managerial flexibility under
uncertainty in project value. The problem addressed in this paper is the valuation of the
managerial options of an iron mining project. We have developed a case study to value
an iron mining project using real options approach. We have built this analysis through
the modeling of uncertainties inherent in the mining industry (i.e. iron ore price forecast
modeling and project implementation lead time), mainly motivated by themacroeconomic effect related to China's entry into the seaborne market for iron ore. To
model those uncertainties, we have used stochastic processes such as geometric
brownian motion and mean reversion process to forecast iron ore price pattern, and
modeled the probability of delay in implementation using beta probability distribution.
We have validated the consistency of our forecasted prices by applying econometric test
for unit root, Dickey-Fuller test, on the iron ore prices time series. We have also
analyzed the endogenous uncertainties using a discount rate and evaluated its impact onthe value of the modeled options through sensitivity analysis. Therefore, we have
measured the increase in project value caused by the existence of managerial flexibility
and we have discussed the influence of the input variables on modeled options that
maximize the project value.
KEY WORDS: valuation, real options, stochastic process, investment underuncertainty, iron ore mining.
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Lista de Figuras ................................................................................................................. 8
Lista de Tabelas .............................................................................................................. 10Lista de Equaes ........................................................................................................... 11
1. Introduo .............................................................................................................. 13
1.1. Anlise de Investimento na Indstria de Minerao ............................................ 13
1.2. Objetivos do Trabalho ......................................................................................... 16
1.3. Indstria de Minerao de Ferro .......................................................................... 17
1.4. Panorama do Mercado de Minrio de Ferro ........................................................ 19
1.5. Estrutura da Dissertao ...................................................................................... 20
2. Reviso Bibliogrfica............................................................................................. 22
2.1. Definio de Flexibilidade Gerencial .................................................................. 22
2.2. Definio de Retorno, Incerteza e Risco ............................................................. 25
2.3. Anlise de Investimento: Comparao entre a abordagem da Teoria Clssica ea Anlise por Opes Reais ............................................................................................ 28
2.4. Opes Financeiras .............................................................................................. 31
2.5. Precificao de Opes Financeiras .................................................................... 35
2.6. Definio de Opes Reais .................................................................................. 43
2.7. Tipos de Opes Reais ......................................................................................... 46
2.8. Limitaes da Analogia entre Opes Reais e Opes Financeiras .................... 48
2.9. Aplicaes de Opes Reais ................................................................................ 50
2.10. Processos Estocsticos ........................................................................................ 52
2.10.1 Movimento Geomtrico Browniano ................................................................ 52
2.10.2 Processo de Reverso Mdia......................................................................... 54
2.11. Teste de Raiz Unitria Dickey-Fuller ................................................................. 55
2.12. Simulao de Monte Carlo .................................................................................. 57
3. Apresentao do Estudo de Caso ......................................................................... 61
3.1. O Problema .......................................................................................................... 61
3.2. Decises Gerenciais ............................................................................................. 62
3.3. Cenrios Analisados ............................................................................................ 65
3.4. Dados de Entrada ................................................................................................. 67
4. Resultados .............................................................................................................. 70
4.1. Modelagem das Opes Reais ............................................................................. 70
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4.2. Modelagem do Preo do Minrio ........................................................................ 76
4.2.1 Parmetros do Movimento Geomtrico Browniano .......................................... 77
4.2.2 Parmetros do Processo de Reverso Mdia................................................... 79
4.3. Anlise do Comportamento do Preo do Minrio ............................................... 82
4.4. Modelagem de Incerteza deLead Time............................................................... 85
4.5. Nmero de Simulaes ........................................................................................ 86
4.6. Valor do Empreendimento Cenrio Caso Base ................................................... 87
4.7. Valor do Empreendimento Cenrio Preo ........................................................... 91
4.8. Valor do Empreendimento Cenrio Tempo para Implantao ............................ 94
4.9. Valor do Empreendimento Cenrio Custo de Capital ......................................... 98
5. Anlises ................................................................................................................... 99
5.1. Anlise Comparativa: Cenrio Base x Cenrio Preo ......................................... 99
5.2. Anlise Comparativa: Cenrio Base x Cenrio Tempo para Implantao ......... 102
5.3. Anlises de Sensibilidade do Cenrio Custo de Capital .................................... 104
6. Concluso ............................................................................................................. 109
7. Referncias Bibliogrficas .................................................................................. 114
8. Apndice 1 ............................................................................................................ 124
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Figura 1 Diferencial da abordagem por Opes.......................................................................... 23
Figura 2 Prmio da Flexibilidade Gerencial................................................................................ 24
Figura 3 Diferena entre a Abordagem Tradicional e a Abordagem por Opes Reais.............. 30
Figura 4 Relao entre o valor da opo de compra e o preo do ativo-objeto........................... 35
Figura 5 Quadro comparativo - dimenses das Opes Financeiras X Opes Reais................ 45
Figura 6 Ilustrao das Opes nos respectivos perodos de deciso dos empreendedores........ 64
Figura 7 Ilustrao da Lgica de Funcionamento do Modelo..................................................... 65Figura 8 Srie histrica do Minrio de ferro, valores em centavos de dlar por unidade metlicade Fe no produto. (valores corrigidos pela inflao americana para 2008)................................ 68Figura 9 Comparativo valores aleatrios gerados na simulao de Monte Carlo e a distribuiobeta especificada.......................................................................................................................... 86Figura 10 Comparativo das Distribuies de Resultados do Modelo, Variando o nmero derodadas de simulao................................................................................................................... 87
Figura 11 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Base............................ 88Figura 12 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Base, com flexibilidadegerencial e sem flexibilidade gerencial....................................................................................... 89Figura 13 Grfico comparativo dos coeficientes de variao do modelo considerando aflexibilidade gerencial e desconsiderando a flexibilidade gerencial........................................... 89
Figura 14 Freqncia da melhor deciso do primeiro ponto de deciso..................................... 90
Figura 15 Freqncia da melhor deciso do segundo ponto de deciso...................................... 91
Figura 16 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Preo........................... 92
Figura 17 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Preo, com flexibilidadegerencial e sem flexibilidade gerencial....................................................................................... 92
Figura 18 Grfico comparativo dos coeficientes de variao do modelo considerando aflexibilidade gerencial e desconsiderando a flexibilidade gerencial para o caso preo............... 93
Figura 19 Freqncia da melhor deciso do primeiro ponto de deciso para o caso preo......... 93
20 ....... 94
Figura 21 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Tempo de Implantao95Figura 22 Distribuio dos Valores de VPL do Modelo para o Cenrio Tempo de Implantao,com flexibilidade gerencial e sem flexibilidade gerencial........................................................... 96Figura 23 Grfico comparativo dos coeficientes de variao do modelo considerando aflexibilidade gerencial e desconsiderando a flexibilidade gerencial para o caso tempo deimplantao.................................................................................................................................. 96
Figura 24 Freqncia da melhor deciso do primeiro ponto de deciso para o caso tempo paraimplantao.................................................................................................................................. 97
Figura 25 Freqncia da melhor deciso do segundo ponto de deciso...................................... 97Figura 26 Grfico da Mdia de Preos projetadas conforme processo estocsticos do cenriobase e cenrio preo..................................................................................................................... 99Figura 27 Comparao da Distribuio dos Resultados entre os Cenrios: Caso Base e CasoPreo .......................................................................................................................................... 100
Figura 28 Comparao do Coeficiente de Variao dos Resultados entre os Cenrios: Caso Basee Caso Preo.............................................................................................................................. 100Figura 29 Comparao entre Caso Base e o Caso Preo da Distribuio da Melhor Opo para a
1a. Deciso................................................................................................................................ 101
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Figura 30 Comparao da Freqncia da melhor deciso do segundo ponto de deciso do CasoPreo e do Caso Base................................................................................................................. 102Figura 31 Comparao da Distribuio dos Resultados entre os Cenrios: Caso Base e CasoTempo para Implantao........................................................................................................... 103Figura 32 Comparao do Coeficiente de Variao dos Resultados entre os Cenrios: Caso Base
e Caso Tempo para Implantao............................................................................................... 103Figura 33 Comparao entre a Distribuio da Melhor Opo para a 1a. Deciso, Caso Base e oCaso Tempo para a Implantao............................................................................................... 104
Figura 34 Comparao do fator de desconto conforme o nmero de perodos......................... 105
Figura 35 Grfico Anlise de Sensibilidade Taxa de Desconto X Melhor Opo.................... 106
Figura 36 Fluxos Descontados comparados com Taxa de Desconto......................................... 107
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Tabela 1 Posies bsicas em Opes Financeiras...................................................................... 34
Tabela 2 Categorias Comuns de Opes Reais........................................................................... 48Tabela 3 Frmulas da Valorao de Sq....................................................................................... 71
Tabela 4 Frmulas da Valorao das opes A........................................................................... 72
Tabela 5 Frmulas da Valorao das opes B........................................................................... 73
Tabela 6 Frmulas da Valorao das opes C........................................................................... 75
Tabela 7 Frmulas da Valorao de D........................................................................................ 76
Tabela 8 Parmetros MGB para projeo do Preo do minrio de ferro..................................... 78
Tabela 9 Parmetros PRM para projeo do Preo do minrio de ferro..................................... 81Tabela 10 Resultados do teste Dickey-Fuller do logaritmo da srie histrica do Minrio de Ferrorealizados no Software Stata 11................................................................................................... 83
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Equao 1 Processo estocstico que governa a evoluo do preo de um ativo ......................... 26Equao 2 Valor esperado para a apreciao relativa do preo do ativo ..................................... 26Equao 3 Varincia do preo do ativo ....................................................................................... 27Equao 4 Equao do Valor Presente Lquido .......................................................................... 29Equao 5 Equao do custo mdio ponderado de capital .......................................................... 30Equao 6 Modelo CAPM (Capital Asset Price Model) ............................................................. 31Equao 7 Equao de Black e Scholes ...................................................................................... 39Equao 8 Frmula geral multiplicativa binomial de precificao de opes ............................. 42Equao 9 Equao do Movimento Geomtrico Browniano ...................................................... 53Equao 10 Equao da soluo analtica da Equao do Movimento Geomtrico Browniano . 53Equao 11 Equao do Valor esperado da Varivel aleatria do Movimento GeomtricoBrowniano ................................................................................................................................... 53Equao 12 Varincia da Varivel aleatria do Movimento Geomtrico Browniano ................. 53Equao 13 Equao do Processo de Reverso Mdia ............................................................. 54
Equao 14 Equao do Processo de Ornstein-Uhlenbeck ......................................................... 55Equao 15 Equao do Valor do Empreendimento ................................................................... 71Equao 16 Equao do Valor Presente da Opo Sq ................................................................. 72Equao 17 Equao do Valor Presente da Opo A .................................................................. 72Equao 18 Equao do Valor Presente da Opo B .................................................................. 74Equao 19 Equao do Valor Presente da Opo C .................................................................. 75Equao 20 Equao do Valor Presente da Opo D .................................................................. 76Equao 21 Equao com a transformao que descreve o comportamento de P ....................... 79Equao 22 Regresso para estimar os parmetros de reverso mdia .................................... 80Equao 23 Equao para clculo da mdia histrica ................................................................. 80
Equao 24 Equao para clculo da velocidade de reverso mdia ....................................... 81Equao 25 Equao para clculo da volatilidade ....................................................................... 81Equao 26 Equao de xtpara simulao dos valores de preos pelo processo de reverso mdia ........................................................................................................................................... 81Equao 27 Equao do valor esperado da distribuio beta ...................................................... 86
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a incerteza que nos fascina.Tudo maravilhoso entre brumas.
Oscar Wilde
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1. Introduo
1.1.Anlise de Investimento na Indstria de Minerao
A tcnica de avaliao de investimentos mais empregada no mundo corporativo
o fluxo de caixa descontado (FCD). Sua aplicao consiste na identificao de um
cenrio esperado, na estimativa dos fluxos de caixa peridicos e no emprego de uma
taxa de desconto1associada ao risco do projeto para calcular o valor presente do ativo.
Uma caracterstica da tcnica de FCD o fato da mesma considerar que a
empresa ir seguir uma estratgia esttica de operao at o trmino do
empreendimento. Em mercados estveis, onde as previses e os cenrios elaborados
pelos analistas possuem maior probabilidade de acerto e as estratgias estabelecidas na
etapa de planejamento podem ser implementadas como originalmente concebidas, essa
tcnica suporta adequadamente a tomada de decises dos gerentes (AMRAN e
KULATILAKA, 2000). Entretanto, nas ltimas dcadas, os mercados tm se mostrado
altamente volteis, a competio acirrada tem levado as empresas a implantar grandes
projetos, lanar novos produtos ou desenvolver novas tecnologias com uma freqncia
muito maior do que no passado. A tcnica de FCD, por no considerar as incertezas de
mercado e os possveis cursos de ao que a gerncia pode tomar em funo da
1Dois princpios esto por trs da taxa de desconto: primeiro, o princpio do valor do dinheiro no tempo,que diz que um dlar amanh vale menos que um dlar hoje; e o princpio embutido no conflito retorno
versos risco segundo o qual um fluxo de caixa seguro mais valioso que um fluxo de caixa arriscado nomesmo perodo de tempo. A taxa de desconto deve refletir o princpio que investidores requerem retornosmaiores para investimentos mais arriscados (DAMONDARAN, 1997).
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evoluo dos acontecimentos, no gera resultados adequados tomada de deciso de
investimento com as anlises tradicionais, argumentam Amran e Kulatilaka (2000).
Assim, a discrepncia entre os mtodos de avaliao de investimento
tradicionais como o Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e a realidade corporativa, aliado
a um ambiente macroeconmico cada vez mais complexo so importantes fatores que
motivam a aplicao de metodologias de anlise de investimento que sejam capazes de
incorporar incertezas e flexibilidades gerenciais. Anlises baseadas simplesmente no
valor presente lquido (VPL) podem levar um tomador de deciso a aes que
impossibilitam a captura de valor de novas oportunidades que poderiam gerar ainda
mais valor e foram ignoradas previamente.
Decises gerenciais que posteriormente se mostram sub-timas podem resultar
em falncia das empresas, especialmente em indstria de capital intensivo como
minerao, siderurgia e petrolferas (TRIGEORGIS, 1996). Este tipo de indstria
necessita de grande volume de capital e longo perodo para implantao de novos
projetos, e est exposta a diversas fontes de incertezas, como, por exemplo, incerteza de
lead time2 de implantao, incerteza da estimativa do volume de investimento
necessrio construo e ainda incerteza sobre os preos das commoditiesque sero
produzidas.
A indstria de minerao de ferro se insere neste contexto. Em sntese, para
implantar um novo empreendimento necessrio um alto investimento. Normalmente, a
implantao de um projeto se inicia com pesquisas geolgicas, seguidas por um trabalho
de engenharia e processo, passando pela construo e em seguida o incio da produo.
Entre a fase de pesquisa geolgica e o incio da produo leva-se em mdia sete anos,
2 Lead time ou tempo de aprovisionamento, em portugus europeu, o perodo entre o incio de umaatividade, produtiva ou no, e o seu trmino. Nesta dissertao, a definio de lead timeest relacionada
com o tempo de implantao de projeto. A definio mais convencional para lead timeem gerenciamentode cadeia de suprimentos o tempo entre o momento de entrada do material at a sua sada do inventrio(LAMBERT et al., 1998)
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podendo chegar a uma dcada. Por todo este perodo o projeto fica exposto oscilao
do valor de investimento para construo e operao da planta, s incertezas do preo da
commodity e de lead time de implantao. Estas caractersticas resultam num longo
perodo entre o investimento e a gerao de caixa, o que pode levar um analista a
concluses equivocadas na avaliao da viabilidade do projeto caso utilize FCD
impossibilitando a captao dos recursos financeiros necessrios e at a inviabilizao
do empreendimento.
A abordagem tradicional do FCD imprpria ao tratar incertezas e capturar a
flexibilidade de se revisar decises na medida em que mais informaes so
naturalmente reveladas (DIXIT e PINDYCK, 1994). O FCD possui premissas que
indicam um horizonte de anlise esttico, onde os gestores possuem uma postura
passiva frente estratgia operacional os gestores no seriam capazes de mudar a
estratgia em caso de alterao das condies macroeconmicas ou surgimento de
oportunidades melhores de captura de valor (TRIGEORGIS, 1996).
Por no considerar as flexibilidades para a reviso das estratgias iniciais, o
mtodo do fluxo de caixa descontado pode subavaliar um projeto, pois as flexibilidades
gerenciais possibilitam capitalizar as oportunidades futuras favorveis empresa e
reagir a eventos adversos. Trigeorgis (1996) afirma que no caso de investimentos reais,
a inadequao bsica do FCD para oramento de capital que esta tcnica no
corretamente captura a flexibilidade para adaptar ou rever as decises posteriormente.
Neste contexto surge a Anlise por Opes Reais (AOR) como uma tcnica que
incorpora as incertezas inerentes a um projeto de investimento. A literatura apresenta
relatos de diversas aplicaes de AOR em projetos de minerao (e.g. (AKBARI e
SHIRAZI, 2009)), pesquisa e desenvolvimento (e.g. (SANTIAGO, 2006); (SANTIAGO
e VAKILI, 2005)), indstria petrolfera (e.g. (DIAS, 2005)), e mercado imobilirio (e.g.
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(JONES e NICKERSON,2002)). Em sntese, esta tcnica considera que o investidor
tem a opo de redirecionar o projeto de investimento por meio de aes gerenciais,
onde cada uma de suas possveis aes possui um custo - mas no possui obrigao de
investir. Esse investimento s pode ser exercido em um perodo especfico de tempo,
porm ser executado apenas se as condies futuras se mostrarem favorveis ao
investimento. Esta abordagem permite que a anlise incorpore as incertezas e a
flexibilidade gerencial.
1.2.
Objetivos do Trabalho
Esta dissertao tem como principal objetivo analisar a valorao da
flexibilidade gerencial de um projeto de minerao de ferro sob a tica de opes reais.
Esta anlise construda atravs da modelagem de incertezas inerentes indstria de
minerao, principalmente motivada pelo contexto macroeconmico afetado pela
entrada da China no mercado transocenico de minrio de ferro.
Os objetivos especficos so:
(i) Analisar e descrever a srie temporal do preo do minrio de ferro,
utilizando testes economtricos. Este objetivo embasa a definio da
modelagem estocstica das incertezas do preo do minrio de ferro no
modelo de valorao por opes reais.
(ii) Considerando que a estrutura de oferta e demanda no mercado de
minrio de ferro alterou profundamente na ltima dcada, investigaremos
se esta mudana suficiente para alterar a modelagem do preo. Em
outras palavras, analisar o que devemos alterar na modelagem estocstica
do preo do minrio de ferro com o aumento de demanda ocasionado
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pela entrada da China no mercado transocenico de minrio de ferro, e
quais os impactos esta alterao proporciona nas premissas clssicas
utilizadas atestadas para uma anlise por Opes Reais para esta
indstria.
(iii) Analisar qual o impacto das incertezas endgenas no modelo. Focamos
principalmente na incerteza de lead timede implantao e avaliamos o
impacto desta incerteza.
(iv) Avaliar, em nosso modelo de Opes Reais, o impacto das incertezas
endgenas modeladas por uma taxa de desconto determinstica.
Investigamos seu impacto utilizando anlise de sensibilidade.
1.3.Indstria de Minerao de Ferro
Embora o ferro seja o quarto elemento em abundncia relativa na crosta
terrestre, por ser um elemento muito reativo, este no encontrado na forma metlica,
ou seja, sem estar ligado quimicamente a outro elemento. Assim, destacam-se
mundialmente como principais minerais-minrios de ferro: a hematita, a limonita, a
magnetita e a siderita. No Brasil, a hematita (Fe2O3) sobressai-se como principal fonte
primria da cadeia de produo da Indstria Siderrgica conforme Departamento
Nacional de Produo Mineral (DNPM, 2007).A histria reconhece que o ferro j era manuseado pelos hititas egpcios e
chineses nos idos 1.500 A.C. No processo evolutivo tecnolgico de uso dos minerais
busca do aumento da resistncia geral dos metais e resistncia corroso, atribui-se a
Henry Bessener (1856) o procedimento para transformar ferro fundido em ao (ferro
com pequeno percentual de carbono), principal fator determinante Revoluo
Industrial.
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O ferro um mineral metlico, conceito o qual est estreitamente associado s
propriedades fsicas (mecnica, trmica e eltrica) e qumicas (resistncia corroso) do
material. A condutividade trmica e eltrica dos metais est ligada mobilidade dos
eltrons nos tomos em sua estrutura cristalina. Assim, os metlicos conduzem bem o
calor e a eletricidade.
Entre todos os metais, o ferro o mais produzido e o que est mais presente em
nossa vida. Inmeros minerais tm ferro como componente essencial, mas somente os
xidos apresentam grandes concentraes. Os principais minerais que contm ferro so:
hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4), goethita (FeO(OH)) e siderita (FeCO3). As
formaes ferrferas compostas de hematita e slica, denominadas itabiritos, se
constituem nos maiores depsitos de ferro.
Cerca de 99,0% do minrio de ferro produzido no mundo so utilizados na
fabricao de ao e ferro fundido segundo o DNMP (2007). Outras aplicaes so as
indstrias de ferro-ligas e cimento. A produo de minrio de ferro no Brasil se
desenvolve em minas a cu aberto. A lavra em bancadas com desmonte por
explosivos, escavadeiras, carregamento em ps carregadeiras, transporte em caminhes
fora-de-estrada. O beneficiamento consiste de britagem, peneiramento, lavagem,
classificao, concentrao e pelotizao.
O minrio bruto (ROM) aps o beneficiamento gera produtos classificados como
granulados (acima de 6,3mm) e finos (sinterfeed entre 0,15 e 6,3mm e pelletfeed
abaixo de 0,15mm). Os granulados so utilizados diretamente nos altos fornos. Os finos
passam por processos de aglomerao (sinterizao e pelotizao), para posteriormente
serem adicionados nos fornos de reduo. A sinterizao consiste na adio de cal e
finos de coque ao minrio sinterfeed, resultando num produto aglomerado denominado
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sinter. O processo de sinterizao desenvolvido nas usinas siderrgicas. No processo
de pelotizao o minrio pelletfeed recebe a adio de insumos (cal, bentonita e finos de
carvo) e transformado em pelotas nos discos de pelotizao. Aps a sua formao as
pelotas so queimadas nos fornos de endurecimento.
1.4.
Panorama do Mercado de Minrio de Ferro
No incio da dcada atual, o impacto sobre o mercado mundial de minerao de
ferro causado pela crescente demanda chinesa, lastreada por forte crescimento
econmico daquele pas valorizou o minrio de ferro. Este fato, conseqentemente,
resultou em aumentos significativos de preo e margem para as mineradoras. O preo da
commodity aumentou sucessivamente a partir do ano 2000 no mercado internacional, e,
com isso, muitas jazidas e tratamentos de minrio que antes tinham um custo muito
elevado tornaram-se viveis, o que motivou tambm o desenvolvimento de diversos
projetos no mundo.
Este fato culminou numa mudana importante na lgica de precificao do
minrio de ferro. Desde 1980, o preo, que era definido com base anual nos contratos de
longo prazo (preo benchmarkanual) entre os fornecedores e os consumidores (em sua
maioria, siderrgicas do Japo, Coria do Sul e Europa Ocidental que dependem do
mercado transocenico). No sculo XXI, especificamente a partir de 2008, o mercadospot(contratos de compra e venda no vinculada a contratos de longo prazo) passou a
ganhar fora e o preo benchmark anual passou a ser revisado atravs de negociaes
trimestralmente. Esta caracterstica do mercado de precificao naturalmente afeta a
volatilidade do preo do minrio e motivou o desenvolvimento deste trabalho.
No mercado global de minrio de ferro, a China foi responsvel por 96% do
crescimento da demanda de minrio de ferro entre 2000 e 2009, em termos de consumo,
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este pas aumentou em quase 1,1 bilhes de toneladas no perodo, mais do que todo o
mercado mundial em 2000 (CRU ANALISYS, 2009). Da demanda chinesa por minrio
de ferro, 540 milhes de toneladas foram atendidas atravs da importao no mercado
transocenico. Hoje, a China responsvel por 61% do total de importaes de minrio
de ferro consumido no mundo, em comparao com apenas 15% em 2000.
O domnio de uma nao como o principal importador de minrio de ferro levou
mudanas estruturais no mercado: Primeiro, transformou o mercado do Pacfico no
maior mercado mundial de minrio de ferro (anteriormente, antes do ano 2000, o
volume consumido no Pacfico era inferir ao volume consumido na Europa). Isso levou
ao surgimento de um mercado spot, atravs da venda de minrio de ferro da ndia
(especialmente proveniente de Goa) para a China. Esses fatores tm contribudo para
uma mudana fundamental na forma em que o preo do minrio de ferro negociado
atualmente.
Outra particularidade do mercado de minrio de ferro a ausncia de um
mercado futuro organizado em bolsa de valores. Ao contrrio dos minrios como ouro,
cobre, alumnio e zinco, que so commodities negociadas em contratos a futuro, o
minrio de ferro apresenta basicamente duas formas de negociao entre os
fornecedores e consumidores: preo de referncia, que atualmente passou de anual para
trimestral e o preo spot, o qual surgiu recentemente e j responde por uma parcela3
importante dos negcios das grandes mineradoras (CRU ANALISYS, 2009).
1.5.
Estrutura da Dissertao
3A proporo de vendas de minrio de ferro pelo preo de referncia e preospotno so divulgadas
pelas mineradoras.
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O trabalho encontra-se dividido em 6 captulos. O primeiro contm as
justificativas, os objetivos e a contextualizao as quais levaram a realizao do mesmo.
Alm da organizao de toda a dissertao, no primeiro captulo discutimos o panorama
geral da indstria de minerao de ferro.
No segundo captulo, apresentamos a reviso bibliogrfica ressaltando os
principais conceitos relacionados aplicao de anlises por opes reais. Iniciamos
com a definio de flexibilidade gerencial, em seguida, definimos retorno, incerteza e
risco. A partir da, apresentamos o comparativo entre as tcnicas clssicas de valorao
de investimentos e opes reais. Definimos ento opes financeiras, e sua valorao.
Em seguida, explicamos a analogia entre a valorao de opes financeiras e opes
reais. Definimos opes reais e apresentamos diversas aplicaes na literatura. Ainda na
reviso bibliogrfica apresentamos as metodologias que normalmente esto relacionadas
aplicao de anlises por opes reais: Simulao de Monte Carlo, Processos
Estocsticos e testes economtricos em sries temporais.
No captulo terceiro descrevemos o estudo de caso construdo para ilustrar a
anlise por opes reais. Definimos o problema, apresentamos as decises gerenciais,
definimos os cenrios a serem analisados e os dados de entrada.
No quarto captulo apresentamos os resultados do modelo implementado no
estudo de caso. Apresentamos os resultados da modelagem do minrio e do lead time de
implantao. Alm disso, discutimos os resultados de cada cenrio modelado.
No captulo cinco efetuamos uma anlise comparativa entre os cenrios com o
objetivo de mensurar o efeito e o comportamento das variveis de entrada do modelo
em nossa anlise.
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No sexto captulo apresentamos as concluses de nossa anlise. Discutimos as
limitaes da abordagem e sugerimos temas a serem desenvolvidos em trabalhos
futuros.
2. Reviso Bibliogrfica
2.1.
Definio de Flexibilidade Gerencial
A flexibilidade gerencial definida por Aggarwal (1997) como sendo a
habilidade para mudar decises estratgicas em resposta s mudanas exgenas e
endgenas do ambiente competitivo4. Ela pode propiciar s empresas a capacidade de
reverter, modificar ou alterar decises feitas em perodos anteriores, oferecendo uma
maior capacidade de resposta a uma variedade de possveis resultados oriundos da
incerteza do mercado (KULATILAKA e MARKS, 1988).
Em outras palavras, Trigeorgis (1996) define a flexibilidade gerencial como a
capacidade que permite o gestor tomar decises ao longo da vida do projeto de acordo
com as necessidades que surgem, como, por exemplo, postergar o investimento.
O conceito de flexibilidade gerencial foi crucial para que a AOR se tornasse uma
ferramenta importante, uma vez que a flexibilidade possibilita ao gestor rever a
estratgia inicial tendo condies de alterar o plano de investimento, de forma que as
perdas sejam minimizadas e os retornos esperados maximizados.
4 Conforme Amram e Kulatilaka (1999), as incertezas endgenas so aquelas associadas aos riscos
privados do negcio (i.e. incerteza tcnica, incerteza de custo de produo e investimento). Ao contrrio,as incertezas exgenas esto relacionadas ao risco de mercado (i.e. incerteza de preo da commoditie,incerteza de taxa de cmbio).
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Segundo Copeland e Antikarov (2002), o valor da flexibilidade gerencial
demonstrado na figura 1:
Figura 1 Diferencial da abordagem por Opes
Fonte: Adaptado de Copeland e Antikarov (2002)
A existncia da flexibilidade gerencial em projetos de investimento consiste na
possibilidade que os gestores possuem em adaptar suas futuras aes em resposta s
futuras alteraes do mercado e de informaes internas do negcio. Isto proporciona
um aumento do valor da oportunidade do investimento pela melhoria do potencial de
ganhos, enquanto limita as perdas s expectativas iniciais da administrao sob uma
gerncia passiva. Segundo Trigeorgis (1996), a assimetria resultante criada pela
adaptabilidade requer uma regra para um VPL expandido que reflita os dois valores
componentes: o VPL tradicional (esttico ou passivo) e o valor da opo de operao e
adaptabilidade estratgica (ver Figura 2). Desta forma tem-se:
VPL expandido = VPL tradicional + Valor flexibilidade gerencial
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A Figura 2 ilustra a assimetria causada pela flexibilidade gerencial sobre a
distribuio dos resultados. A distribuio em pontilhado referente a avaliao sem
considerar a flexibilidade gerencial. J a distribuio em negrito refere-se avaliao
considerando a flexibilidade gerencial. Nota-se que a flexibilidade gerencial modifica a
curva de distribuio, aumentando o valor esperado deste projeto. O grfico da figura 2
uma forma de ilustrar a mudana de posio do cone da incerteza.
Figura 2 Prmio da Flexibilidade Gerencial
Fonte: Adaptado de Trigeorgis (1996)
Em outras palavras, a flexibilidade gerencial permite tomar aes em resposta a
mudanas de mercado ou a iniciativas de concorrentes. Podem-se aproveitar condies
ambientais favorveis e elevar o valor presente dos fluxos de caixa esperados do
projeto, por meio de uma expanso, por exemplo. Em condies desfavorveis, podem-
se limitar possveis perdas tomando aes como a reduo de escala, a interrupo ou o
abandono do projeto. Essa flexibilidade gerencial, que se assemelha a uma opo
financeira, introduz uma assimetria na distribuio de probabilidades do valor presente
Prmio da
Flexibilidade
Gerencial
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lquido (VPL) de um empreendimento. Desta forma, pode-se dizer que um projeto
possui um valor expandido que corresponde soma do valor da opo a seu VPL
esttico (TRIGEORGIS e MASON, 2001).
A AOR leva a valores substancialmente diferentes dos gerados pelas tcnicas de
FCD quando 3 fatores se combinam Copeland e Antikarov (2002):
1. Incerteza elevada: quando a incerteza baixa, a probabilidade de ocorrncia
de cenrios distintos do previsto pequena, logo no haver necessidade de se lanar
mo da flexibilidade gerencial.
2. Existncia de flexibilidade gerencial: se no h alternativas de ao a serem
tomadas na ocorrncia de condies diferentes das previstas inicialmente, no haver
opes que possam aumentar o valor do projeto.
3. VPL do projeto prximo de zero: se o valor presente do projeto for muito
negativo, a flexibilidade provavelmente no ser suficiente para viabilizar o projeto. Em
casos de VPL altamente positivos, o projeto aprovado mesmo sem a incorporao de
opes na anlise.
2.2.Definio de Retorno, Incerteza e Risco
Quando tratamos de anlise de investimento, precisamos entender trs conceitos
chaves: retorno, incerteza e risco (DAMONDARAN, 1997). Retorno pode ser entendido
como a apreciao de capital ao final do horizonte de investimento. Existem incertezas
associadas ao retorno que efetivamente ser obtido ao final do perodo de investimento.
Qualquer medida numrica desta incerteza pode ser chamada de risco.
O ambiente em que as decises de investimento so tomadas caracterizado
pela existncia de risco e incerteza. Segundo Trigeorgis (1996), a incerteza
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tipicamente solucionada com o passar dos perodos, uma vez que o futuro incerto se
transforma em presente, e o fluxo de caixa previsto (quando os fluxos no so
contratualmente garantidos) imperfeito e sujeito a erro.
Por exemplo, denotemos por o processo estocstico que governa aevoluo do preo de um ativo. Suponhamos que a equao diferencial estocstica que
rege a dinmica deste processo (para uma aproximao em um intervalo de tempo )
E 1
Onde e so parmetros, e segue uma distribuio Normal padro (aqui,apenas como exemplo, pois outras distribuies podem reger a parte estocstica). O
valor esperado para a apreciao relativa do preo do ativo :
E 2
Ou seja, espera-se uma apreciao relativa de (por unidade de tempo) para opreo do ativo sob anlise. Entretanto, no se pode ter certeza hoje de qual ser o preo
unidades de tempo adiante. Assim, existe uma incerteza associada a quanto o ativo
ter apreciado ao final do intervalo de tempo . Sob incerteza, uma varivel futura no um valor nico, mas definido pela distribuio de probabilidade de ocorrncia de seus
valores. Se calcularmos a varincia para a variao relativa do preo do referido ativo
obteremos:
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E 3
Vemos que enquanto o parmetro est relacionado com o retorno esperado doativo, o parmetro est relacionado com a incerteza associada variao do preo doativo. No caso particular da equao diferencial estocstica apresentada, o parmetro chamado de volatilidade do preo do ativo considerado, sendo comumente usado
como uma medida de risco.
Alm do preo do ativo, existem diversas fontes de incerteza que podem sermodeladas na anlise de projetos. Por exemplo, a incerteza quanto ao lead timepara o
start-up das operaes; incerteza quanto s projees de custos operacionais; incerteza
relativa ao valor do investimento.
O risco do ttulo (ou ativo) consiste de dois componentes risco diversificvel e
no-diversificvel. Ross, Westerfield e Jaffe (2005) afirmam que o risco diversificvel,
s vezes chamado de risco no-sistmico, representa a parcela do risco de um ativo que
pode ser eliminada pela diversificao (i.e., investimento em outros ativos). Este resulta
da ocorrncia de eventos randmicos, tais como greves, processos, aes reguladoras,
perda de cliente especial e assim por diante. Os eventos que levam as firmas a
enfrentarem riscos diversificveis variam de empresa para empresa e so, portanto,
especficos de cada empresa.
O risco no-diversificvel, tambm chamado risco sistmico, atribudo as
foras que afetam o mercado como um todo. Por exemplo, fatores como guerra,
inflao, incidentes internacionais, eventos polticos, fazem parte do risco no
diversificvel. Este risco pode ser avaliado em relao ao risco de uma carteira
diversificada de todos os ativos comumente chamados de carteira do mercado ou o
mercado.
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2.3.Anlise de Investimento: Comparao entre a abordagem da
Teoria Clssica e a Anlise por Opes Reais
Dixit e Pindyck (1994) citam que a maioria das decises de investimentos possui
trs importantes caractersticas que se interagem para determinar a deciso tima de
investimento. Primeiro, a irreversibilidade: um investimento parcialmente ou
completamente irreversvel, ou seja, o custo inicial do investimento pelo menos
parcialmente perdido e no pode ser recuperado totalmente caso haja mudana de idia.
A segunda a incerteza: existem incertezas sobre futuros retornos pelo investimento.
Portanto, o melhor que pode ser feito avaliar as possibilidades de diferentes
resultados, os quais significam maiores ou menores retornos e at mesmo, perda parcial
ou total do investimento. E por ltimo, o momento de investir: existe alguma
flexibilidade em relao ao tempo do investimento? Pode-se adiar a ao at obter mais
informaes que subsidiem a tomada de deciso?
Mun (2006) ressalta o valor da abordagem de opes reais, pois a mesma
incorpora a capacidade de aprendizagem dos gestores, a qual os mesmos so capazes de
efetuarem melhores decises estratgicas uma vez que os nveis de incerteza so
resolvidos atravs da passagem do tempo. A anlise do fluxo de caixa descontado
pressupe uma deciso de investimento esttica, e assume que as decises estratgicas
so feitas inicialmente com nenhum recurso para escolher outros caminhos ou opes
no futuro.
Luehrman (1997) argumenta que a maioria das empresas executa valorao de
projetos e de ativos atravs de fluxo de caixa descontado seguindo a seguinte
abordagem. Primeiro, so projetados os itens que compem os fluxos de caixa anuais,
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como, por exemplo, receitas, custos, despesas, capital de giro, impostos e investimentos.
Porm, os analistas excluem os fluxos de caixa associados aos programas de
financiamento da empresa. Em seguida, a taxa de desconto em que este fluxo de caixa
ser descontando ajustada pelos custos financeiros: neste ponto so incorporados tanto
os impactos positivos quanto os negativos provenientes da estratgia de financiamento.
Ainda segundo Luehrman (1997), a metodologia do custo mdio ponderado de
capital (CMPC5) o mtodo mais comum de determinao de taxa de desconto. O
CMPC taxa de desconto que ajusta a ganho fiscal referente ao pagamento de juros das
fontes de financiamento da empresa. A aplicao do mtodo simples, porm, esta
facilidade possui um custo para a qualidade da anlise: a aplicao do CMPC s
efetiva para as estruturas financeiras mais simples e estticas existentes, o que diverge
da realidade corporativa.
Basicamente, a anlise pelo fluxo de caixa descontado tradicional se d pela
equao:
Valor Presente = E 4 E
Onde,
representa o fluxo de caixa esperado para o perodo tK representa a taxa de desconto que o fluxo ser descontado (i.e, WACC)
t representa o perodo
N representa o nmero de perodos
5A sigla em ingls para CMPC WACC(Weighted Average Cost of Capital). O termo em ingls citado
em diversas passagens desta dissertao.
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Figura 3 Diferena entre a Abordagem Tradicional e a Abordagem por Opes Reais
Fonte: Adaptado de Luherman (1997)
Segundo Copeland e Antikarov (2002), o custo mdio ponderado do capital a
mdia ponderada dos custos marginais do capital aps o desconto dos impostos que
incidem sobre o mesmo, e pode ser resumido pela frmula:
E 5 E
onde o custo do capital prprio, custo de capital de terceiros, capitalprprio, Kt capital de terceiros e ir o imposto de renda. Para calcular o custo de
capital prprio , utilizamos o modelo CAPM (Capital Asset Price Model),desenvolvido por Sharpe (1964):
B
B
B
A :
A :
,
,
.
.
,
.
.
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E 6 CA (C A )
Onde
a taxa livre de risco, o risco sistmico do ativo que corresponda
ao risco do capital prprio e o retorno esperado da carteira de mercado.Segundo Damondaran (1997), o CAPM mede o risco em termos de varincia
no-diversificvel e relaciona os retornos esperados a essa medida de risco. O risco no-
diversificvel medido pelo , que uma medida de volatilidade das taxas de retorno
do ativo analisado em relao s taxas de retorno do mercado como um todo.
A utilizao de Anlise de Sensibilidade e de Cenrios, de Simulao de Monte
Carlo e de rvores de Deciso buscou contornar as restries da anlise de FCD.
Entretanto elas tambm apresentavam suas limitaes. A Anlise de Sensibilidade, a
Anlise de Cenrios e a Simulao de Monte Carlo pura buscam incorporar a incerteza
no modelo de anlise, mas no consideram a flexibilidade gerencial, isto , a
possibilidade de tomar aes corretivas ao longo do projeto. J as rvores de Deciso
falham ao utilizar a mesma taxa de desconto para trazer a valor presente fluxos de caixa
gerados por cursos de ao que apresentam riscos distintos. A utilizao de taxas de
desconto diferentes para cada ramo da rvore de Deciso torna extremamente complexa
sua utilizao conforme Copeland e Antikarov (2002).
2.4.Opes Financeiras
A teoria das opes financeiras fundamenta os conceitos da teoria das opes
reais. Conforme Minardi (2004), uma opo o direito de comprar ou vender uma
quantidade especfica de um bem ou ativo por um preo fixo em uma determinada data
prefixada ou at esta data. O fato de ser um direito e no uma obrigao gera uma
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assimetria benfica ao proprietrio da opo, j que o exerccio somente ser feito no
caso da oscilao no preo do ativo objeto ser favorvel ao seu detentor.
O preo fixo para a compra ou venda do ativo objeto chamado de preo deexerccio. A data prefixada para o exerccio da opo conhecida como data de
expirao, data de vencimento, ou maturidade da opo.
H dois tipos de opo (Minardi (2004); Hull (2005)):
(i) Opes de compra (call): do a seu detentor o direito de comprar uma
quantidade pr-determinada de um ativo por um preo especificado em contrato (preode exerccio) definido em (ou antes de) uma data de exerccio estipulada (data de
vencimento ou de maturidade da opo). O ativo objeto pode ser uma ao de
determinada firma, um contrato futuro sobre outro ativo ou uma commodity, entre
outros.
(ii) Opes de venda (put): do a seu detentor o direito de vender uma
quantidade predeterminada de um ativo por um preo de exerccio em (ou antes da) data
de maturidade.
A opo de compra pode ser interpretada por sua analogia com uma
oportunidade de investimento. J a opo de venda pode ser entendida como um seguro,
pois o detentor da opo, que tambm detm a ao, limita as suas perdas. Assim, caso
o valor da ao caia, pode-se exercer a opo e vender a ao por um preo pr-
determinado como o mnimo adequado.
Quanto data de exerccio, as opes podem ser classificadas em:
(i)Opes Americanas: podem ser exercidas a qualquer momento at a data de
vencimento.
(ii)Opes Europias: s podem ser exercidas na data de vencimento.
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O investidor pode assumir duas posies ao negociar opes:
(i) Posio comprada (long): o investidor adquire uma opo, obtendo o direito,
mas no a obrigao de exerc-la na (ou antes da) data de vencimento.
(ii) Posio vendida (short): o investidor emite (vende) uma opo, recebendo
uma quantia na venda, mas assume a obrigao potencial futura de comprar (ou vender)
o ativo pelo preo de exerccio, se o comprador desejar exercer a opo.
Os resultados financeiros das duas partes de um contrato de opo so
diametralmente opostos. Se o comprador tem resultado positivo, o vendedor tem perdas
e vice-versa. O quadro abaixo apresenta as quatro posies bsicas em opes e o
retorno (payoff) para exerccio imediato, que funo do preo do ativo (St) e do preo
de exerccio da opo (X).
Posio Payoff(Retorno) Grfico doPayoff
Compra de opo decompra
(Long in a call)Max (St X, 0)
Compra de opo devenda
(Long in a put)Max (X St, 0)
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Posio Payoff(Retorno) Grfico doPayoff
Venda de opo de
compra(Short in a call)
Max (St X, 0) =
Min (X St, 0)
Venda de opo devenda
(Short in a put)
Max (X St, 0) =Min (St X, 0)
Tabela 1 Posies bsicas em Opes Financeiras
Fonte: adaptado de Hull ( 2005)
O ndice t da varivel Stdenota que o valor do ativo varia com o tempo, ao passo
que o preo de exerccio (X) constante. Os grficos mostram a variao do retorno em
face de variaes no valor do ativo-objeto, sem considerar os custos de comercializao.
A relao entre o valor do ativo (St) e o preo de exerccio (X) pode levar uma opo a
trs situaes em termos de gerao de Caixa.
Conforme Trigeorgis (1996), a figura 4 apresenta o formato caracterstico da
curva de valor de uma opo de compra (C), em uma data qualquer menor ou igual
data de vencimento, que uma funo do preo do ativo-objeto (S) na data especfica,
do tempo para a maturidade () e do preo de exerccio (X). So apresentados, tambm,os limites para o valor da opo. O limite superior dado pelo preo do ativo-objeto
(S), que alcanado quando . Como o investidor no obrigado a exercer aopo, o limite inferior o valor intrnseco da opo dado por Max (S-X,0). A curva de
valor da opo se situa acima da reta S-X devido ao valor tempo.
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Figura 4 Relao entre o valor da opo de compra e o preo do ativo-objeto
Fonte: Adaptado de Trigeorgis (1996)
2.5.Precificao de Opes Financeiras
2.5.1 Portflio equivalente: ambiente neutro ao risco
Black e Scholes (1973) identificaram a possibilidade de construir um portfolio
que gere o mesmo retorno que uma opo em qualquer estado, denominado portfolio
equivalente. Se os retornos so os mesmos, o valor da opo deve ser igual ao valor do
portflio equivalente, que conhecido. Esse portflio composto de N aes de um
ativo-objeto e de um emprstimo de uma quantia $B remunerado taxa livre de risco.
Trigeorgis (1996) apresenta o seguinte exemplo para ilustrar o mecanismo de
precificao de opes: Suponhamos que o preo de uma ao seja $100 e que, no
prximo perodo, possa valer $180 com probabilidade q ou $60 com probabilidade 1-q.
O preo de exerccio (X) $112 e a taxa livre de risco (r) 8%. As representaes
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grficas dos estados atual e futuro da ao e do valor da opo na data de vencimento
so:
A compra de uma opo equivalente ao investimento na compra de um
determinado nmero de aes (N), com uma parte da quantia tomada emprestada (a ser
paga no prximo perodo). No pior cenrio, com a venda das aes pelo seu valor
mnimo, obtm-se um ganho nulo, exatamente como no investimento na opo. Caso
contrrio, se a ao se valorizar, o emprstimo ser pago e haver um lucro na operao.Se esse lucro for igual ao ganho proporcionado pelo investimento na opo, o retorno da
carteira ser igual ao da opo, possibilitando determinar o valor atual (C) da opo.
Sendo N a quantidade de aes a serem compradas, a representao da carteira referente
aos estados atual e futuro da carteira seria:
= 100
1
= 180
= 60
1
= ( ,0) = 68
+
+ +
= ( ,0) = 0
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Sendo S o preo atual da ao, N o nmero de aes e r a taxa de juros a ser paga sobre
o emprstimo de B. Como o portflio deve gerar o mesmo retorno que a opo, temos:
Resolvendo o sistema com duas equaes, tem-se:
O nmero de aes do ativo-objeto (N) que necessrio comprar para criar o
portflio equivalente denominado taxa de hedge da opo e obtido dividindo o
spread de preo da opo pelo spread de preo da ao. Substituindo N e B na equao
C = NS-B, temos:
Intuitivamente, a equao C = NS-B pode ser rearranjada para NS-C = B. Isto ,
criando-se um portflio composto por N aes do ativo-objeto e da venda de uma opo
B
1
(1+) B+ +
(1+) B
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de compra, gera-se um retorno de (1+r)B no perodo seguinte, independente de haver
um aumento ou uma reduo no preo do ativo.
Dessa forma, se o preo da ao for mnimo, ganha-se na venda da opo de
compra. Se for mximo, perde-se na venda da opo. Os resultados opostos da venda da
opo de compra e de deteno da ao geram uma situao de risco nulo. Isto permite
que a taxa de juros usada para o clculo do valor da opo seja a taxa livre de risco, cujo
proxy a taxa paga por ttulos pblicos de longo prazo. Ao se construir um hedge para o
investimento, pode-se calcular o valor da opo assumindo que estamos em um mundo
livre de risco. Sendo o retorno do ativo dado por u e d calculado:
Existe um nmero p que, se utilizado para ponderar os retornos do ativo, gera um
retorno igual taxa livre de risco.
p denominado probabilidade neutra ao risco, embora no seja realmente uma medida
de probabilidade. No exemplo acima, a probabilidade neutra ao risco calculada por:
= B
1
=(1+) B+
(1+) B
+
0,56 (100) 25,19 = 31,48
0,56 (180) 68 = 34
0,56 (60) 0 = 34
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Assim, ponderando-se o retorno da opo em funo de p, o retorno esperado da
opo deve ser igual taxa livre de risco:
Uma opo de venda pode ser precificada de maneira semelhante, alterando-se o
portflio equivalente para a venda de N aes do ativo-objeto e a tomada de um
emprstimo de $B taxa livre de risco.
2.5.2 Equao de Black & Scholes e rvore Binomial
Em 1973, Fischer Black e Miron Scholes, utilizando o conceito de portflio
equivalente, desenvolveram um modelo para precificao de opes europias sobre um
ativo que no distribui dividendos. Nesse modelo, o preo da ao segue um processo
estocstico denominado Movimento Browniano Geomtrico. A equao de Black e
Scholes (1973) para a opo de compra dada por:
E 7 E B
Onde:
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N(dn) representa a
dn. Scorresponde ao preo
rcorresponde taxa livre
ativo e t o tempo at a dat
Posteriormente, Co
o processo estocstico de
substitudo por um de tem
aleatrio (random walk),
infinito, aproxima-se da sol
denominado rvore Binom
De acordo com o c
multiplicado por um fator
probabilidade 1-q. Esse mo
Os fatores u e d rep
retorno do ativo, sendo d
Conforme Trigeorgis (199
infinito, entre o processo bi
e ddevem ser:
40
robabilidade de uma varivel aleatria ser
atual do ativo,X corresponde ao preo de ex
e risco anual, 2 representa a varincia anu
a de exerccio.
, Ross e Rubinstein (1979) desenvolveram
tempo contnuo (Movimento Browniano
o discreto, o processo binomial multiplica
que, no limite, quando o nmero de inte
uo dada pela equao de Black & Schole
ial.
minho aleatrio, o preo do ativo (S) pode
u, para uS, com probabilidade q ou reduz
vimento pode ser representado graficamente
esentam a taxa logartmica (ou continuame
= 1/u. Para evitar arbitragem sem risco,
), para que haja convergncia, no limite, qu
nomial discreto e o Movimento Browniano,
enor ou igual
erccio do ativo,
al do retorno do
m modelo onde
Geomtrico)
ivo ou caminho
valos tende ao
. Esse modelo
aumentar, sendo
r para dS, com
por:
te composta) de
> 1 + r > d.
ando n tende ao
os parmetros u
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41
Onde: o desvio-padro do retorno do ativo,
t o incremento de tempo.
Substituindo u e d nas equaes de clculo do nmero de aes e do valor de
emprstimo do portflio equivalente, tem-se:
A probabilidade neutra ao risco, p, dada por:
O valor da opo dado por:
Estendendo-se o modelo de um perodo para mltiplos perodos (n), temos a
frmula geral multiplicativa binomial de precificao de opes Cox, Ross e Rubinstein
(1979).
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42
E 8 F
Conforme Trigeorgis (1996), a primeira parte da equao a frmula da
distribuio binomial, que fornece a probabilidade do preo do ativo dar j saltos para
cima em n passos, com probabilidade neutra ao risco p. O termo de maximizao da
equao fornece o valor da opo na data de expirao condicionada ocorrncia de j
saltos para cima segundo o fator u e n-j movimentos descendentes de acordo com o
fator d. O somatrio de todos os possveis valores da opo na data de vencimento
multiplicados pela probabilidade de ocorrncia nos d o valor na data final, que
descontado taxa livre de risco por n perodos.
As opes americanas so em geral resolvidas numericamente ou usando
aproximaes analticas. Em alguns casos, o valor da opo europia usado como um
dos parmetros para avaliar a opo americana atravs de relaes do tipo:
Opo Americana = Opo Europia + Prmio de Exerccio Antecipado.
A avaliao de opes americanas requer a determinao de uma poltica tima de
investimento, ou seja, deve-se determinar a partir de qual valor do preo do ativo objeto
a opo deve ser exercida, de modo a maximizar o valor presente de sua remunerao.
Para a teoria das opes reais, a determinao desta poltica o fator central, j que
pode estar sendo determinado o melhor momento para se investir em um projeto.
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43
2.6.Definio de Opes Reais
Em uma definio restrita, a abordagem de avaliao atravs de opes reais
uma extenso da teoria das opes financeiras, aplicada avaliao de ativos reais, ou
"no-financeiros", tais como investimentos em novas plantas, em pesquisa e
desenvolvimento ou expanso da capacidade produtiva, conforme Mun (2006). Assim,
enquanto as opes financeiras so detalhadas atravs de contratos, as opes reais
esto embutidas em investimentos estratgicos, e por este motivo, necessitam de um
cuidadoso trabalho de anlise para serem corretamente identificadas e especificadas.
Opes Reais vem sendo considerado nas duas ltimas dcadas como o novo
paradigma para a anlise econmica de projetos. O termo real options (expresso em
ingls para opes reais) foi cunhado pelo professor Stewart C. Myers do MIT em 1977,
quatro anos aps a publicao do artigo de Black & Scholes (1973). Myers (1977)
caracterizou as oportunidades de investimento das firmas em ativos reais (e.g. projetos
de investimento) como sendo anlogas a opes de compra sobre esses ativos.
Assim, a teoria das Opes Reais reconhece e valoriza o fato de que as firmas tm o
direito, mas no a obrigao, de investir D em um projeto que vale V.
Conforme Copeland e Antikarov (2002), a anlise de investimento num projeto
pela teoria da opes fornece basicamente dois resultados: o valor da oportunidade de
investimento (ou da opo de investimento) e a regra de deciso, atravs do valor
crtico ou de gatilho da varivel estocstica (preo do minrio, por exemplo) a partir
do qual deve-se realizar o investimento.
No caso do valor da oportunidade de investimento, esse sempre maior ou igual
ao VPL, j que pode incluir opes gerenciais embutidas no projeto, que no foram
includas no VPL tradicional. No livro-texto de Van Horne (1992) a questo colocada
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na forma de uma equao: Valor do Projeto = VPL + Valor da Opo. Tambm
Trigeorgis (1996) se expressa de forma anloga: VPL expandido (estratgico) = VPL
esttico (passivo) dos fluxos de caixa + valor das opes da gesto ativa. A idia a
mesma: necessrio adicionar o valor da opo (ou das opes) seno se subavaliar o
valor da oportunidade do investimento.
Esta basicamente a razo pela qual o FCD subestima (ou subavalia) os
investimentos. Por exemplo, quando se considera apenas o valor da opo de espera
(timing) o valor da oportunidade de investimento igual ao VPL tradicional (se
positivo ou, em caso contrrio, zero) mais o valor da opo de espera. Quando se tem
duas ou mais opes geralmente elas no so aditivas devido s interaes entre as
opes.
Quando o foco da anlise a regra de deciso, o valor crtico ou de gatilho
da varivel estocstica o indicador que define a ao gerencial. No exemplo do preo
do minrio, esse o valor mnimo necessrio para que seja timo o investimento. Como
afirma Mun (2006), o preo crtico sempre maior do que o custo unitrio de produo
ou break-even price (valor no qual o VPL seria igual a zero), usado na anlise do
FCD.
O ferramental da Teoria de Opes Reais permite uma anlise mais profunda de
investimentos, procurando associar, ao valor total de uma operao, suas diversas
opes embutidas de tomada de deciso, as quais agregam grande valor a um
investimento por possibilitar a reduo de riscos frente s condies de incerteza do
mercado (DIXIT e PINDYCK, 1994).
A AOR consiste na aplicao dos conceitos e tcnicas utilizados na precificao
de opes financeiras para avaliar investimentos em ativos reais como projetos e
empresas. Traando um paralelo entre o investimento em um projeto e uma opo
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financeira, pode-se dizer q
de exerccio o investim
paralelo entre opes finan
Figura 5 Quadro comparativo - di
Fonte: Adaptado de Leslie e Mich
Do mesmo modo qusando tcnicas de anli
considerados neutros ao ris
carteira dinmica, neutra
ferramentas do clculo est
ser resolvida analiticamen
limitado, pois medida qu
complexas, o processo de
intratvel algebricamente.
Tcnicas de trata
Programao Dinmica Es
Simulao Monte Carlo n
45
e o projeto corresponde a uma opo de co
ento necessrio para realiz-lo. A figura
eiras e opes reais.
enses das Opes Financeiras X Opes Reais
els (1997)
e uma opo financeira, uma opo real pse de direitos contingenciais. Se os inv
co, ento o valor da opo pode ser obtido
ao risco, que replica o valor do ativo
cstico, obtm-se uma equao diferencial
e ou atravs de mtodos numricos. Este
as incertezas sobre as variveis subjacentes
avaliao pode tornar-se oneroso comput
ento de incerteza, como Simulao de
tocstica, podem ser utilizadas para a avali
rmalmente utilizada para avaliao de o
pra cujo preo
5 apresenta um
de ser avaliadaestidores forem
ontando-se uma
real. Utilizando
arcial que pode
todo muito
tornam-se mais
cionalmente ou
Monte Carlo e
ao de opes.
es Europias,
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46
devido caracterstica de prazo determinada que esses ttulos derivativos possuem. J
Programao Dinmica Estocstica utilizada para avaliar opes americanas, j que as
mesmas devem ser avaliadas com um algoritmo capaz de avaliar um ativo cuja data de
expirao no fixa no tempo. A combinao da simulao de Monte Carlo e a
Programao Dinmica Estocstica permite desenvolver mtodos para avaliao de
opes americanas, conforme os trabalhos de Grant et al. (1997), Ibes e Zapatero
(1999) e Longstaff e Schwartz (2001).
As limitaes da anlise por opes reais sero detalhadas na seo 2.8.
2.7.Tipos de Opes Reais
Traduzir as flexibilidades gerenciais existentes em termos da terminologia de
opes financeiras uma capacidade que o analista deve desenvolver. Isto facilita a
anlise do investimento e o dilogo com investidores. Deve-se selecionar o tipo de
opo financeira (call,put, americana, europia) e as variveis utilizadas na precificao
de opes (ativo-objeto, preo de exerccio, tempo de maturidade, volatilidade, etc)
devem ser identificadas, quantificadas e modeladas. A literatura apresenta uma relao
extensa de aplicaes de opes reais e analogias com as opes financeiras. Conforme
Trigeorgis (1996), os tipos mais comuns esto sintetizados na tabela 2.
Categoria DescrioAplicaes importantesem
Opo de diferimento
Uma empresa detm o direito sobreterrenos, recursos naturais ou outroativo de valor e pode aguardaralgum tempo para verificar se ascondies de mercado tornamvivel a implementao doempreendimento (um imvel, umafbrica, uma mina ou estao de
extrao de petrleo, por exemplo).
Indstrias de extrao derecursos naturais,empreendimentosimobilirios, agropecuriae produo de papel ecelulose.
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Categoria DescrioAplicaes importantesem
Opo deinvestimento emestgios (time to
build)
O investimento realizado em
estgios, formando uma srie dedesembolsos. Tem-se a opo deabandono caso novas informaessejam desfavorveis.
Indstrias intensivas emP&D, especialmente asfarmacuticas; projetos de
longo prazo e intensivosem capital (construo degrande porte ou usinas degerao e energia);investimentos em start-ups.
Opo de alteraoda escala de operao(expanso, contrao,
fechamento ereabertura)
Expanso da produo ouacelerao do uso de recursos emcondies de mercado favorveis.Reduo da escala em condies
desfavorveis. Em casos extremos,interrupo e retomada da
produo.
Indstrias de recursosnaturais (ex: minerao),
planejamento econstruo de fbricas emindstrias cclicas, setor
de moda, setor de bens deconsumo,empreendimentosimobilirios comerciais.
Opo de abandono
Abandono do empreendimento,com venda dos ativos no mercadode segunda mo, quando ascondies de mercado sedeterioram significativamente.
Indstrias de capitalintensivo (ex:empresasareas, ferrovias),servios financeiros,introduo de novos
produtos em mercadosincertos.
Opo de Troca
Possibilidade de alterao do mixde produtos em funo devariaes de preo e demanda(flexibilidade de produto) ou
possibilidade de alterao de
insumos em funo de variaesde preo (flexibilidade deprocesso).
Alterao de produtos:bens produzidos empequenos lotes ou sujeitosa demanda voltil (ex:equipamentos eletrnicosde consumo, brinquedos,
papis especiais, peas demaquinrio, automveis).Alterao de insumos:fbricas dependentes de
matrias-primas de preosvolteis que possuemsubstitutos (energiaeltrica, qumica,
produtos agrcolas).Fbricas comfornecedores alternativos
para o mesmo insumo.
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Categoria DescrioAplicaes importantesem
Opes de Expanso
Quando um investimento (ex:P&D, aquisio de direito deexplorao de reservas de petrleo,
sistemas de informao) pr-requisito ou faz parte de umacadeia de projetos inter-relacionados e abre oportunidadesde crescimento futuro (ex: novos
produtos ou processos, reservas depetrleo, acesso a novos mercados,fortalecimento de competnciasessenciais).
Indstrias de infra-estrutura ou de altatecnologia, P&D(indstrias que gerammltiplos produtos ouaplicaes a partir de umalinha de pesquisa),operaes multinacionais,fuses e aquisies.
Opes cominteraes mltiplas
Opes de alavancagem emcondies favorveis e de proteo
em condies adversas estopresentes em conjunto. O valor doconjunto de opes pode diferir dasoma dos valores isolados devido interao entre elas.
Projetos reais na maioriadas indstrias
Tabela 2 Categorias Comuns de Opes Reais
Fonte: Adaptado de Trigeorgis (1996)
2.8.
Limitaes da analogia entre opes reais e opes financeiras
Algumas propriedades das opes financeiras no so observadas no caso de
opes reais. Miller e Park (2002) apresentaram uma anlise dessas diferenas.
Primeiro, na anlise de opes financeiras que tm como ativo-objeto uma ao
e, em geral, o retorno desta ao modelado como um movimento browniano
geomtrico. Entretanto, o retorno de ativos reais pode apresentar comportamento mais
complexo, exigindo a adoo de processos estocsticos alternativos para cada fonte de
incerteza a ser modelada.
Outra limitao da analogia diz respeito ao ativo-objeto: uma das premissas da
precificao de opes financeiras a possibilidade de negociar o ativo-objeto em um
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mercado eficiente6. Entretanto a maioria dos ativos reais no negociada, assim
algumas premissas adicionais so utilizadas para permitir o uso da tcnica para avaliar
opes reais.
Neste contexto, Trigerogis (1996) prope utilizar um ativo financeiro gmeo ou
adjacente (twin security) altamente correlacionado no clculo do valor da opo e
considerar esse fato ao interpretar os resultados. Em outras palavras, o ativo gmeo
utilizado em trs situaes: na anlise de empreendimentos envolvendo recursos
naturais devido existncia do mercado futuro; na avaliao de uma rea de negcio
quando h uma empresa do mesmo setor com aes negociadas em bolsa; quando o
projeto contribui significativamente para o valor de mercado da empresa e, assim, pode-
se utilizar a ao da prpria empresa como ativo financeiro gmeo.
Para Copeland e Antikarov (2002), o valor do ativo real perfeitamente
correlacionado com ele mesmo e, por isso, a melhor estimativa no tendenciosa do
valor de mercado do ativo real se este fosse negociado. Assim, o valor do ativo real
(projeto sem flexibilidade) pode ser usado como ativo-objeto.
Na precificao de opes financeiras, parte-se da premissa de que possvel
criar um portfolio equivalente que funciona como hedge do valor da opo. Assim,
pode-se utilizar a taxa livre de risco como taxa de desconto. Como o ativo real no
negociado, essa premissa prejudicada. Hull (2005) argumenta que, se o ativo no
negociado, deve-se adicionar um prmio de risco7(relacionado volatilidade do ativo e
ao preo de mercado do risco) taxa de desconto.
Segundo a teoria financeira, riscos privados podem ser eliminados pela adoo
de um portflio diversificado. Entretanto, na anlise de opes reais, quando os riscos
6O mercado eficiente aquele onde os preos dos ativos refletem totalmente as informaes disponveis
(ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2005).7Copeland, Koller e Murrin (1995) argumentam que, em termos tericos, a melhor estimativa parauma taxa livre de risco seria o retorno de um portflio com beta igual a zero.
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privados so significativos, aplicar uma a taxa de desconto livre de risco superestima o
valor do empreendimento. Assim, a parte privada do risco deve ser descontada a uma
taxa maior.
Outra diferena apresentada por Miller e Park (2002) com relao
volatilidade. Muitos ativos reais no possuem informaes sobre seu retorno histrico,
inviabilizando uma medida direta da volatilidade. As alternativas utilizadas so a
utilizao de dados do ativo financeiro gmeo, a gerao de uma estimativa de
volatilidade do projeto em anlise por meio de Simulao de Monte Carlo, equaes
que estimam a volatilidade do retorno do projeto a partir de dados da volatilidade do
preo do produto.
2.9.Aplicaes de Opes Reais
A utilizao da tcnica de AOR na indstria de explorao de recursos naturais
data da dcada de 1980. Segundo Dias (2005), o mais antigo registro do uso da teoria
das opes reais em empresas data de 1985 quando a estudante de doutorado e
consultora A. Kemna iniciou um longo trabalho na Shell holandesa, que durou at 1990,
desenvolvendo AOR em petrleo. Trs dessas aplicaes foram reportadas em Kemna
(1993).
Diversas publicaes focam a indstria de petrleo, como o valor daflexibilidade em operaes de arrendamento conforme Paddock et al. (1988) e tambm
na estratgia de licitao de reas governamentais na Noruega para desenvolvimento de
projetos da indstria de petrleo (SUNNEVAG, 1998).
Em se tratando de aplicaes de opes reais em minerao, um dos primeiros
estudos de valorao utilizando AOR objetivou a valorao de uma mina de cobre
proposto por Brennan e Shwartz (1985), focando nos conceitos de incertezas e
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flexibilidade operacionais. Moyen et al.(1996) desenvolveu comparaes entre minas
de cobre no Canad onde demonstra que o FCD subestima o valor dos projetos em
relao aplicao de AOR. Tambm nas minas de cobre do Canad, Slade (2001)
props um trabalho onde o foco est na flexibilidade operacional das minas,
considerando as incertezas de custos, reservas e preo do cobre modelado, concluindo
que, quanto mais incerteza incorporado ao modelo, maior o valor do projeto
analisado.
Kelly (1998) aplicou o modelo binomial para valorao de minas de ouro.
McCarthy and Monkhouse (2003) desenvolveram um modelo trinomial, considerando
opes de espera e abandono em minas de cobre, considerando processo de reverso
mdia para a projeo do preo do metal.
Teoria de opes reais tambm j foi utilizada para anlise do melhor plano de
lavra a partir dos dados de pesquisas geolgicas do ativo como no trabalho de Akbari,
Osanloo e Shirazi (2009). Normalmente os planos de lavra so escolhidos com FCD nas
simulaes operacionais de mina. Porm, o FCD ignora as opes de abandono que
possuem este item especfico, uma vez que melhor cava dimensionada num
planejamento de mina evita perdas nos perodos de flutuao do minrio proposto por
Dimitrakopoulos e Sabour (2007). Outras aplicaes na indstria de mineradora
incluem Trigeorgis (1993), Tufano e Moel (1999), Kamrad e Ernst (2001), Cortazar,
Schwartz e Casassus (2001), Moel e Tufano (2002), Abdel Sabour e Poulin (2006),
Samis et al. (2006) e Abdel Sabour e Wood (2009).
Outro foco encontrado nos trabalhos de aplicao de AOR aplicados
explorao de empreendimento de recursos naturais est nas opes de expanso em
seqncia conforme o trabalho desenvolvido por Arnold, Crack e Schwartz (2007).
Adquirir uma propriedade cria a opo de pesquisa geolgica, a informao proveniente
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da pesquisa cria a opo de desenvolvimento do projeto, e implantar o projeto cria a
opo de extrao do recurso natural: aps o incio da operao, o empreendedor possui
a opo de paralisar a operao nos perodos de crise da commodityextrada como no
trabalho apresentado por Mayer e Kazakidis (2007). Muitos trabalhos na literatura de
finanas abordam a valorao neste contexto.
2.10. Processos Estocsticos
Processos estocsticos so definidos como um modelo matemtico de um
experimento probabilstico que evolui com o tempo e gera uma seqncia de valores
numricos. Cada valor numrico da seqncia modelado por uma varivel aleatria,
logo um processo estocstico simplesmente uma seqncia, finita ou infinita, de
variveis aleatrias conforme Bertsekas e Tsitsiklis (2000).
Na rea financeira e econmica, por exemplo, processos estocsticos so usados
para gerar uma seqncia de preos de ativos financeiros como aes, ttulos pblicos,
preos de commodities, valores presentes de fluxos de caixa de projetos, valorao de
derivativos entre outros conforme Glasserman (2003).
Nesta dissertao utilizamos o Movimento Geomtrico Browniano (MGB) e o
Processo de Reverso Mdia (PRM). Focamos nestes processos porque ambos so
bastante utilizados em modelos de anlises por opes reais, (DIXIT e PINDYCK,
1994).
Assim, nas prximas subsees (2.10.1 e 2.10.2) detalharemos estes processos.
As mesmas foram construdas fundamentadas no trabalho de Dixit e Pindyck (1994).
2.10.1 Movimento Geomtrico Browniano
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O movimento geomtrico browniano (MGB) o processo estocstico mais
utilizado para modelar variveis econmicas como preos de aes, taxas de juros e
preos de produtos. Seu comportamento aleatrio se assemelha ao comportamento de
aes em bolsa de valores reflete o comportamento especulativo do mercado
financeiro (DIXIT e PINDYCK, 1994). O MGB regido pela seguinte equao, onde
(taxa de drift) e (taxa de volatilidade) so constantes:
E 9 E G B
Onde Wt um movimento browniano ou processo Wiener. Para qualquer valor
inicial X0, a equao tem a soluo analtica:
E 10 E E G B
Que uma varivel aleatria com distribuio log-normal com valor esperado:
E 11 E G B
E varincia:
E 12 G B
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A demonstrao desta soluo pode ser verificada com a utilizao do lema de
It8. A varivel aleatria log normalmente distribuda com mdia ( 2/ 2)t evarincia 2t, refletindo o fato de que incrementos de um MGB so normais relativos ao
preo atual, causa pela qual o processo leva o nome de 'geomtrico'.
2.10.2 Processo de Reverso Mdia
O Processo de Reverso Mdia, ou Processo Autorregressivo de Primeira
Ordem (AR1) um processo estocstico de tempo discreto e estado contnuo que tem
uma caracterstica peculiar: a varivel que segue esse processo tende a retornar ao valor
esperado de longo prazo. Por isso classificado como um processo de reverso mdia
(DIXIT e PINDYCK, 1994). A equao que modela esse processo :
E 13 E
Onde uma constante, uma constante cujo valor -1 < < 1, e umavarivel aleatria que segue uma distribuio normal com mdia igual a zero e desvio
padro igual a 1. O processo estacionrio e o valor esperado de xt no longo prazo /(1-).
O processo de reverso mdia (PRM) em tempo contnuo mais simples o
processo de Ornstein-Uhlenbeck, dado pela seguinte equao:
8
Dixit e Pindyck (1994) afirmam que o Lema de It comumente chamado de teorema fundamental doclculo estocstico. Seu resultado permite diferenciar e integrar funes em clculo estocstico. Paramaio