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REFLORESTAMENTO em dia com o meio ambiente EXPOSIBRAM Amazônia 2010 Evento abre boas oportunidades de negócios em mineração Professor Luis Enrique Sánchez fala sobre o processo de licenciamento ambiental de projetos minerários Pesquisadores, empresários e acadêmicos discutem indústria mineral do Pará Outubro de 2010 Ano V - nº 38 Mineração indústria da

Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de Mineração · de ferro e o processamento da produção de ferro-gusa, a partir dos sistemas convencio-nais e de novas tecnologias

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RefloRestamento em dia com o meio ambiente

eXPosIBRam amazônia 2010Evento abre boas oportunidades

de negócios em mineração

Professor luis enrique sánchez fala sobre o processo de licenciamento ambiental de projetos minerários

Pesquisadores, empresários e acadêmicos discutem indústria mineral do Pará

outubro de 2010ano V - nº 38Mineração

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eRRata – Na edição 36, a foto de Thales Crivelli Nunes, autor do trabalho vencedor da Categoria Profissional no 6º CBMINA não foi publicada. A imagem veiculada no jornal corresponde ao representante de Crivelli na entrega do prêmio. Veja ao lado a fotografia de Thales Nunes, o escritor de “O Inventário Corporativo de Emissões de Gases do Efeito Estufa da Mina do Germano e sua contribuição na Gestão Ambiental da Samarco Mineração”.

EDITORIAL

EXPEDIENTE | Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de mineração • DIRetoRIa eXeCUtIVa – Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de assuntos minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de assuntos ambientais: Rinaldo César Mancin • ConselHo DIRetoR – Presidente: José Tadeu de Moraes / Vice-Presidente: Luiz Eulálio Moraes Terra • Produção: Profissionais do Texto – www.ptexto.com.br / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978) / textos: Flavia Agnello • sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205 – Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br • IBRam amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PA – Fone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected] • IBRam/mG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 – Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected] • Envie suas sugestões de matérias para o e-mail [email protected].

IBRam marca presença no 11º simpósio Brasileiro de

minério de ferroO IBRAM participou da 40ª edição do

Seminário de Redução de Minério de Fer-ro e Matérias-Primas e da 11ª edição do Simpósio Brasileiro de Minério de Ferro. Promovidos pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), os eventos foram oportunos para discutir as melhores práticas de extração de minério de ferro e o processamento da produção de ferro-gusa, a partir dos sistemas convencio-nais e de novas tecnologias.

O seminário também apresentou alter-nativas para aumentar o uso de energia re-novável no setor, como aumentar a partici-pação do carvão vegetal nos altos-fornos e nas aciarias para a produção do aço.

eXPosIBRam amazônia 2010 reforça compromisso com

desenvolvimento sustentávelQuando encerá-

vamos esta edição, o IBRAM se prepa-rava para a abertura solene do principal evento do setor mi-neral na região Nor-te: a EXPOSIBRAM Amazônia 2010 - Exposição Interna-cional de Mineração

da Amazônia e o II Congresso de Mine-ração da Amazônia, em Belém (PA). Du-rante quatro dias, o público irá conhecer e discutir, com a profundidade necessá-ria, o desenvolvimento da atividade pro-dutiva sustentável na Amazônia.

O Pará tem sido destaque na econo-mia mineral brasileira, como demons-tram os investimentos para ali destina-dos: até 2014, as mineradoras investirão US$ 23,68 bilhões, o que representa 38,2% do total a ser aplicado no setor mineral brasileiro nesses cinco anos.

Além de ser uma boa oportunidade para fazer negócios com a indústria da mineração, a Exposição Internacional e o Congresso são também momentos únicos para se atualizar em relação a temas de

relevância, por meio de talk-show, três workshops e seis painéis. Para contribuir com os debates, renomados profissionais, brasileiros e estrangeiros, marcarão pre-sença como o professor Dirk Van Zyl, da Universidade de British Columbia, Anne-Marie Fleury, do Conselho Internacional de Mineração e Metais – ICMM e Maure-en Upton da Resources Initiative e Con-selho Mundial do Ouro.

Os workshops serão organizados em turmas fechadas com até 100 pes-soas e terão a presença de profissionais consagrados como o professor Luís En-rique Sánchez, da Escola Politécnica da USP, Joaquim Pimenta de Ávila, da Pi-menta D’Ávila Consultoria e integrante da Comissão de Barragens de Rejeitos da International Commission on Large Dams e Rolf Georg Fuchs e Annemarie Richter, Diretores da Integratio – Me-diação Social e Sustentabilidade.

Esses são exemplos de como a EX-POSIBRAM Amazônia 2010 pretende chamar a atenção para a sustentabilida-de dos projetos de mineração empresa-rial, dando ampla abertura para as dis-cussões sobre desenvolvimento aliado à responsabilidade socioambiental.

Thales Crivelli apresentou trabalho sobre Gestão Ambiental da Samarco Mineração

Ablestock

Arquivo pessoal

O IBRAM adicionou sua marca em nome da indústria da mineração brasileira a uma das mais importantes homenagens à susten-tabilidade em território mineiro. O “Prêmio HUGO WERNECK de Sustentabilidade & Amor à Natureza – o Oscar da Ecologia”. O objetivo do Instituto é demonstrar com ações práticas que o setor mineral apoia iniciativas que despertem o interesse da sociedade em relação a projetos que harmonizam qual-quer tipo de atividade com a responsabili-dade social e ambiental.

Como incentivador a esta edição do prê-mio o IBRAM espera estimular companhias mineradoras a inscreverem seus projetos empresariais, que figuram entre os mais sus-tentáveis do setor produtivo.

Para saber mais: www.revistaecologico.com.br/premio

IBRam apoia prêmio Hugo Werneck

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À margem do interesse envolvendo as descobertas de petróleo no pré-sal e a cons-trução de hidrelétricas, as pesquisas por no-vas áreas de exploração no setor de mine-ração parece não atrair muita atenção dos investidores nacionais e internacionais. De acordo com estatísticas do IBRAM, o Brasil aplicou parcos 3% de US$ 7,3 bilhões, que é o orçamento de pesquisa geológica bá-sica no mundo ao longo do ano passado. Antes da crise global, em 2008, o valor es-timado para este tipo de levantamento era de US$ 13,4 bilhões, quando o Brasil de-tinha os mesmos 3%. Em contrapartida, o Chile destina 5% do orçamento mundial, o que representa um investimento 17,7 vezes maior em relação ao brasileiro, ao levar em consideração o tamanho dos dois países.

De acordo com o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, essa deficiên-cia é um dos principais entraves que impe-dem o pleno desenvolvimento da atividade mineradora no Brasil, dificultando a con-corrência com outros países produtores.

“O conhecimento geológico que se tem no Brasil é absolutamente insuficiente para reduzir os riscos do investimento na des-coberta de recursos minerais”, defendeu o Presidente durante o 3º Seminário da In-dústria Mineral Sustentável do Paraná

Segundo Penna, os investimentos em in-vestigação geológica no Brasil vêm crescen-do, tendo passado de cerca de US$ 80 mi-lhões para US$ 500 milhões em seis anos. “Foi um salto significativo, de quase 500%, mas é muito pouco perto dos outros países com os quais o Brasil compete no mercado internacional. Falta uma política nacional de mineração, o que inibe terrivelmente a nossa capacidade de aumentar a investiga-ção geológica no País. Precisamos estabele-cer políticas de fomento e de crédito para que essa indústria possa crescer ainda mais no Brasil”, afirmou.

Crescimento que, de acordo com Penna, resultaria em um forte desenvolvimento eco-nômico para o País. Segundo dados obtidos

pelo IBRAM, para cada emprego direto cria-do no setor mineral, são gerados, em mé-dia, outros 13 ao longo das diversas cadeias produtivas. “A mineração tem uma grande capacidade de se articular com outras ati-vidades econômicas, como a indústria da construção civil, a automobilística e outras que possuem grande capacidade para gerar empregos, renda e impostos”, justificou.

Conferência de Geologia

A criação de postos de trabalho também foi tema da II Conferência de Geodiversi-dade do Estado do Amazonas. O encontro mostrou para a sociedade estratégias de par-ticipação na exploração dos recursos mine-rais e óleo e gás, viabilizando a geração de emprego e renda.

A Conferência também abordou o conte-údo para a produção do Atlas da Geodiversi-dade, a ser lançado ainda este ano, além das diretrizes para a sustentabilidade da minera-ção e possibilidades do desenvolvimento de políticas públicas.

Participaram do evento a Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Susten-tável do Amazonas, Nádia Ferreira, o Secre-tário de Geodiversidade e Recursos Hídricos amazonense, Daniel Borges Nava, o Secre-tário Executivo da Agência para o Desenvol-vimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB), Onildo João Marini, o Presidente da Potássio do Brasil, Hélio Di-niz, o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, o Presidente da High Resolution Te-chnology & Petroleum (HRT), Márcio Mello, o especialista em Regulação da Coordena-doria de Meio-ambiente da Agência Nacio-nal do Petróleo (ANP), Silvio Jablonski e o Diretor de Gestão das Políticas de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM/MME), Telton Elber Corrêa.

País precisa aumentar investimento em investigação geológica

Presidente do IBRAM defendeu mais recursos para o setor na abertura do 3º Seminário Mineral do Paraná e da Expominerais

Fonte: Metals Economics Group

OUTROS PAÍSES33%

BRASIL(US$ 234 milhões)

3%

ÁFRICA DO SUL3%

CHINA4%

CHILE5%

RÚSSIA5%

MÉXICO5%

ESTADOS UNIDOS

6%

PERU 7%

AUSTRÁLIA(US$ 1bilhão)

13%

CANADÁ(US$ 1,2 bilhão)

16%

InVestImentos em PesqUIsa mIneRal

Indústria da mineração ano V - nº 38, outubro de 2010 3

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Entrar no quarto de um adolescente sem perguntar. Mexer nas coisas dele, é conflito na certa.

Este é apenas um pequeno exemplo da territorialidade inata ao ser humano. Mais até do que os animais, os humanos defen-dem seu território, e é preciso conquista (no bom sentido – já que a época de Cabral pas-sou há tempo) para ser bem recebido.

Existem muitos outros exemplos da difi-culdade em dividir territórios e viver em har-monia. Vizinhos, condomínio, trânsito. Casa-mento então é um constante ceder, negociar, administrar – dividir espaços, territórios.

Então, porque não pedir licença? Não a dos órgãos reguladores, mas a dos donos do território, dos vizinhos, de quem tem algum motivo e direito de estar lá, de quem na maioria dos casos chegou antes?

Estamos falando de legalidade, de direi-tos. Quem está lá tem algum direito de estar. Quem chega – na maioria das vezes – tam-bém tem o direito de chegar. E a lei da físi-ca já ensina há séculos que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.

E agora? Os conquistadores já não existem – e seus métodos hoje certamente não seriam aplicáveis. Cabral e Colombo eram santos perto dos romanos, dos godos, dos mongóis, egípcios e babilônios, cada um à sua época.

Mas nem a política de ocupação do ter-ritório das Américas, praticada pelos iberos, teria o menor espaço hoje – que o digam os remanescentes dos povos tradicionais que ocupavam esta terra. O disparate de forças, habilidades e conhecimento e a baixa densi-dade populacional fizeram a diferença.

Hoje ninguém mais chega pela força. E os espaços estão ocupados. O conhecimen-

licença social

Rolf Georg Fuchs

Consultor, Jornalista, Relações Públicas. Atua na gestão e mediação de impactos sociais. Diretor da Integratio Mediação Social e Sustentabilidade

to se interiorizou. E se tem algum conheci-mento que – mesmo que intrinsecamente – é universal hoje é o dos direitos individuais e coletivos básicos: o direito à liberdade e à propriedade.

E qualquer violação destes, certamente, será denunciada mais cedo ou mais tarde.

Qual é o caminho, então? Investimentos são necessários, crescimento é vital. Sem de-senvolvimento a vida vai piorar. A popula-ção só aumenta e precisa de mais alimentos e produtos, o que requer novas indústrias, mais área de plantio, melhores tecnologias, muito mais infra-estrutura. E todas estas pre-cisam de recursos naturais. Concluindo, sem mineração não há desenvolvimento.

Mas há um contrassenso explícito. Talvez por culpa do próprio setor mineral, a ativida-de não é bem vista – especialmente no Bra-sil. Todo mundo quer o produto – mas não a produção. Os impactos assustam – e aí só se vêem os negativos. Os positivos sucumbem na penumbra, pois os holofotes colocam o outro lado em primeiro plano.

Assim, a chegada de um novo empreen-dimento invariavelmente é recebida de forma díspare. Aqueles que vêem sua redenção eco-nômica ou o atendimento a interesses pessoais são, inicialmente, a favor. Aqueles que estão satisfeitos com o seu status quo ou que não visualizam benefícios diretos, são contra.

E quem é contra normalmente faz mais barulho.

Existem bandeiras muito fáceis de serem levantadas, agitadas com vigor. As do meio ambiente, da justiça e igualdade social, dos direitos humanos – por mais etéreas que se-jam, alavancam popularidade, mobilizam.

Já as bandeiras da produção, do cami-nhão circulando dia e noite, da interferência na vida de uma comunidade – estas são pe-sadas, tremulam com muita dificuldade...

A grande maioria dos homens ainda não entendeu que o bem estar individual é con-seqüência do bem estar coletivo. Não perce-beu que, como numa colméia, cada um tem que fazer um pouco e ceder um pouco para que todos saiam ganhando...

Caminho

Existe um processo fundamental para construir a coexistência de cami-nhos tão diferentes. Não basta bater o pé e dizer que cada um tem o direito de estar aí, de que a vinda de um em-preendimento vai trazer benefício para todos, aquela conversa padrão. Lugar comum que deixa meio subentendido que aquele discurso é vazio.

O pulo do gato é conferir legitimida-de à legalidade. O direito é legal, mas nem sempre é legítimo. A legitimidade é fundamental, e ela é encontrada atra-vés do caminho do meio, o entendi-mento, o acordo responsável.

Existem muitas e boas ferramentas para isto.

Ocasionalmente pergunto a interlo-cutores se alguém gosta de ter um vizinho chato. Nunca alguém disse gostar, o que me leva à imediata recomendação que, então, não seja você o vizinho chato.

Este exemplo ilustra a primeira fer-ramenta, que deveria ser muito mais um princípio arraigado em toda a estru-tura organizacional e social: o respeito. Esta é a necessidade básica do ser hu-mano. Muito antes de saúde, comida, moradia, vem o respeito (repensando Maslow). E não é respeitado quem não respeita – a si e aos demais.

Mediação, ouvir, entender, conhe-cer, aceitar princípios, cultura e valores sociais são outras técnicas e ferramen-tas. Sua aplicação deve ser estruturada a partir do conhecimento profundo das dinâmicas de cada grupo social e anco-rada em princípios e valores sólidos da corporação.

E alguns dos pecados capitais de-vem ser abominados – como a avareza e a soberba.

Além disso, obter a licença social – na verdade, a permissão para entrar e ocupar um espaço – exige suor, esforço, trabalho, tempo. Nada vem de graça, muito menos a aceitação incondicional por outros.

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Pesquisadores e empresas discutem indústria mineral do Pará

Sustentabilidade foi um dos pontos mais debatidos no Congresso de Geologia

Para o Departamento Nacional de Pro-dução Mineral (DNPM) os impactos da cri-se econômica de 2009 foram amortecidos no País pelo fôlego que a indústria mineral provocou na economia. Até o primeiro se-mestre de 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro da indústria extrativa mineral apresentou índice de crescimento de 5% ao ano. Esses e outros dados foram apresenta-dos durante o 45º Congresso Brasileiro de Geologia, realizado em Belém, no Pará.

No encontro, o ciclo de conferências Mi-neração, Desenvolvimento e Meio Ambiente abordou questões da economia mineral e valorização de conceitos sustentáveis da in-dústria no Pará. Segundo a professora da Uni-versidade Federal do Pará, Amélia Enriquez, a Amazônia necessita de uma agenda pública para que os benefícios da mineração promo-vam desenvolvimento social. “Mecanismos de mercado sozinhos não podem resolver pro-blemas socioeconômicos da região. Políticas do mercado mineral devem ser antecedidas por políticas públicas”, diz a conferencista.

O papel da responsabilidade social das empresas passou da filantropia à intervenção nas comunidades, um dos pontos abordados por Nemércio Nogueira, Diretor de Assuntos Institucionais da Alcoa América Latina e Ca-

Nemércio Nogueira, Diretor de Assuntos Institucionais da Alcoa América Latina e Caribe

ribe. “A sustentabilidade é a melhor bandeira que a iniciativa privada pode ter. Inserção so-cial, conjugando êxito econômico, promoção social e excelência ambiental, é a fórmula para legitimar a instituição do lucro”, explica Ne-mércio, que abordou o Projeto Juruti Sustentá-vel. “O principal caso apresentado, pois além de ser instalado no Pará, pretende ser modelo de sustentabilidade mineral”, completa.

A Mina de Juruti, instalada pela Alcoa em Julho de 2006 no Oeste paraense, pas-sou por longo processo de relacionamento com a comunidade em audiências públicas e na construção do Tripé Juruti Sustentável. Composto em conjunto com o Fundo Brasi-leiro para a Biodiversidade (Funbio) e Fun-dação Getulio Vargas (FGV), o tripé reúne poder público, instituições civis e empresas. É integrado por Conselho Consultivo, Indi-cadores de Sustentabilidade e Fundo de Fi-nanciamento que apoia projetos sociais.

Durante os dias do 45º Congresso Brasi-leiro de Geologia, a comunidade acadêmica das Ciências da Terra e empresas e indústrias da mineração discutiram a importância das Geociências para o desenvolvimento, con-siderando as mudanças globais e visando o crescimento do setor. Segundo a organiza-ção, o tema central expressa o desafio que

os profissionais de geociências se deparam ao utilizar os recursos naturais e buscar, ao mesmo tempo, equilíbrio ambiental e de-senvolvimento socioeconômico.

Há 22 anos, Belém não recebia o evento. Mas o momento é propício, pois a produção mineral no Pará está em expansão e a pesqui-sa do setor também amadureceu. Índices do Ministério de Minas e Energia (MME) apontam que, de todo o investimento liberado à região Norte para pesquisa mineral, cerca de 1/3 do valor está direcionado ao Pará. Em contrapar-tida, 90% da produção mineral da Amazônia Brasileira concentra-se neste Estado.

Parceria entre pesquisa e mercado mineral

Como a área de Ciências da Terra abran-ge diversas especialidades e está vinculada diretamente a outros setores, como meio ambiente, a reunião de empresas que atu-am na área e pesquisadores que apresentam seus trabalhos é importante para atualização de metodologias de pesquisa e do próprio profissional. A Amazônia Brasileira é o foco da integração de estudiosos e investidores da indústria mineral. Além dos altos valores que estimulam o crescimento do setor, a desco-berta de novas jazidas e avaliação daque-las que já existem são questões abordadas. Segundo o diretor adjunto e professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, Evaldo Pinto, “o Pará, em especial, é um dos maiores estado minera-dores do Brasil e aqui se convergem todas as questões voltadas ao setor, tanto a pesquisa quanto a produção para o mercado”, afirma. O estímulo à parceria entre os profissionais do mercado pode ser visto como mais uma ferramenta para o desenvolvimento do setor mineral. “Desde a graduação, os alunos são incentivados não só ao ensino e à pesquisa, mas também à interação com as empresas”, finaliza o professor Evaldo.

Divulgação

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SEGURANÇA E SAÚDE

ATUALIDADES

mInIstRos Do tRaBalHo Do BRasIl e Do CanaDá RenoVam ColaBoRação

O Ministro de Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e a Ministra do Trabalho do Canadá, Lisa Raitt, assinaram a renovação do Memorando de Entendimento firmado em 2007.

A agenda incluiu temas sobre sistemas de inspeção do trabalho, treinamento de inspetores, mecanismos de inspeção e ações preventivas e repressivas praticadas nos dois países.

A questão Saúde e Segurança no Trabalho mereceu destaque como uma das áreas potenciais de cooperação, incluindo entre os itens de interesse:

a) métodos, medidas e boas práticas para prevenir ou reduzir os acidentes de trabalho e lesões;b) ferramentas de educação e formação para criar sensibilização e mudança de atitudes que

conduzem à saúde física e mental, e melhoria da classe trabalhadora; c) parcerias para a promoção eficaz da saúde e segurança no trabalho;d) desenvolvimento de produtos e serviços projetados com ênfase na prevenção para promover

melhorias no local de trabalhoe) Segurança e Saúde no Trabalho em pequenas e microempresas do setor de mineração.

A cooperação deverá abranger ainda métodos de reconhecimento de novas tendências no mercado de trabalho, novas lesões e doenças profissionais e incentivos para facilitar a reinte-gração de trabalhadores acidentados no local de trabalho.

Fonte: Fundacentro

GRUpoS DE TRAbALho

V ConGResso BRasIleIRo De HIGIene oCUPaCIonal

O Programa MINERação marcou presença no V Congresso Brasileiro de Higiene ocu-pacional. Realizado em São Paulo, teve como tema “Valorizando a Higiene Ocupacional na Retomada do Crescimento”.

O MINERação ressalta uma ação importan-te sucedida no Congresso, no qual a Associa-ção Brasileira de Higienistas Ocupacionais propõe enviar ao Governo Federal uma mo-ção para alterar a nR-15 – atividades e ope-rações Insalubres, demonstrando que mais de 52% dos produtos químicos relatados no Anexo 11-Quadro 1, possuem LT - limites de tolerância bem acima daqueles preconizados pela ACGIH - American Conference of Gover-nmental Industrial Hygienists.

O programa destaca também a pesquisa so-bre Análise Crítica da Legislação Brasileira de Segurança e Saúde Ocupacional – O CASO DA EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS. O estudo, elaborado e apresentado por José Ro-berto Rocha Moreira, propõe ações de me-lhorias na NR-15, uma vez que a legislação brasileira de Segurança e Saúde Ocupacional é inconsistente para cuidar da saúde do tra-balho, pois 57% das empresas estudadas não tinham PCMSO e 30% não tinham qualquer programa relacionado à saúde ocupacional, apesar de terem ISO 9001.

IBRam leVa o PRoGRama mIneRação à CnI

Durante a 10ª reunião da CEM – Comissão Especial da Mineração, realizada na CNI, o IBRAM teve a oportunidade de apresentar o Programa MINERação. Os participantes do encontro demonstraram muito interesse na iniciativa e interessados em aderirem. Como prova disso, o Programa registrou a imedia-ta adesão da BRITEX Minerações – pequena empresa do setor de pedra britada.

EVENToS

Gesst – GRUPo estRatéGICo De saúDe e seGURança Do tRaBalHo

Vinte e cinco representantes de doze empresas e sindicatos do setor mineral participaram da 2ª Reunião Gerencial Geral do Programa MINERação, realizada na sede da Vale (RJ). Duran-te o encontro formalizou-se a criação do Grupo estratégico de saúde e segurança do traba-lho, que tem como finalidade discutir, propor estratégias e apresentar subsídios para a tomada de decisões do IBRAM, em relação aos temas estratégicos de Saúde e Segurança Ocupacional, além de contribuir com as tomada de decisões do MINERação. A adesão é voluntária.

O GESST, atualmente, é formado pelas empresas abaixo:

anGlo ameRICan• – Marco Leandro Arantes UsImInas• – Juarez FerreiraanGloGolD asHantI• – Hermano Gomes Vale• – Anderson AbreuemBU s/a• – Marco Antonio Martins VotoRantIm metaIs• – Alessandro VillelasamaRCo• – Rubens Bechara

ICoH – 2012

O tema do 30th International Congress on Occupational já está definido: Occupational Health For All: From research to practice. Organizado pela ICOH (International Commission on Occupational Health), o evento é apoiado pela ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho). O Congresso acontece de 18 a 23 de março de 2012, na cidade de Monterrey, México.

Fonte: Revista Proteção

fUnDaCentRo DIsPonIBIlIza PalestRas soBRe sso

A Fundacento disponibiliza, por meio de seu site (www.fundacento.gov.br), quinze palestras realizadas pela entidade em parceria com outras instituições no período de 2004 a 2010. As apresentações, disponíveis para download no formato PDF, contemplam diferentes temas de Saúde e Segurança do Trabalho como Espaços Confinados, Saúde Mental no Trabalho, Segurança Química, entre outros.

Fonte: Revista Proteção

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fórum amazônia sustentávelDiálogo intersetorial para uma Amazônia mais justa

A Amazônia é a maior floresta tropical contínua do mundo, com 6,6 milhões de Km2. Como 65% de seu território pertencem ao Brasil, a riqueza da região cria condições para que nosso País alcance um modelo ino-vador de crescimento sustentável, baseado na valorização do ativo florestal.

A despeito desse potencial, a Amazônia tem um padrão de desenvolvimento que gera desmatamento, degradação e conflitos sociais. Esse quadro é reforçado pela ausên-cia de diálogo intersetorial e de um projeto que considere a visão dos diversos atores que atuam e dependem da região.

Por acreditar no diálogo como estratégia capaz de estimular o desenvolvimento regio-nal sustentável, em 2007 lideranças sociais e empresariais fundaram, em Belém (PA), o Fórum Amazônia Sustentável para coordenar debates e construir consenso sobre temas prioritários para a região. Seus objetivos es-tão definidos na “Carta de Compromisso” que propõe princípios e valores que devem ser observados na relação entre sociedade, desenvolvimento e meio ambiente.

Mantido pelas fundações Avina e Ford, o Fórum tem 210 integrantes no Brasil e em mais cinco países: Alemanha, Equador, Es-tados Unidos, Itália e Suíça. Entre os asso-ciados estão empresas (Natura, Alcoa, Wall Mart Brasil, Rio Tinto, entre outros), bancos (Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Banco da Amazônia), líderes do movimento socioam-biental (CNS, Grupo de Trabalho Amazôni-co etc.), organizações internacionais (TNC, WWF, entre outros) e instituições de pesqui-

sa (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Instituto Socioambiental etc.).

Para cumprir sua missão, o Fórum pro-move anualmente a discussão de temas indicados por seus associados, já tendo re-alizado treze eventos em cinco diferentes capitais brasileiras (Brasília, Manaus, São Paulo, Rio Branco e Belém ) e um evento internacional durante a Conferência do Cli-ma (COP15), na Dinamarca.

Muitos associados defendem a impor-tância da iniciativa. Para Yuri Feres, da rede Wall Mart Brasil, “a iniciativa tem sido um espaço fantástico em termos de contato, troca de informação e construção de diálo-go com a sociedade”. Já Fábio Abdala, da Alcoa, acredita que os empresários podem agregar qualidade às propostas de desenvol-vimento discutidas no âmbito do Fórum.

Para Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, ao promover o debate quadripartite o Fórum oferece à sociedade uma das maiores con-tribuições para um modelo de desenvolvi-mento sustentável e includente. “Se persis-tir o modelo econômico que predominou na região nas últimas décadas, em breve serão as pessoas que estarão ameaçadas de extinção”, alertou Sachs durante o III En-contro Anual do Fórum.

Segundo o presidente do Grupo de Tra-balho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, “é preciso preparar o mundo do amanhã e espaços de discussão são fundamentais para que a sociedade debata soluções”.

O Fórum é um pacto político entre di-ferentes setores sociais preocupados com a sustentabilidade da Amazônia, e à medida que ganha corpo está se tornando um movi-mento aglutinador de propostas para redis-cutir o desenvolvimento da região a partir de diferentes visões.

Por exemplo, a liderança de uma ampla discussão sobre o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação

(REDD) consolidou o Fórum como espaço de articulação e diálogo. A estratégia envolveu a elaboração coletiva da “Carta de Princípios para REDD” e a realização de seminários em Rio Branco, São Paulo e Belém.

Ainda no capítulo mudanças climáti-cas, o Fórum influenciou a “Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas”, em que vinte e duas grandes empresas brasi-leiras comprometeram-se a reduzir e mo-nitorar suas emissões. A iniciativa ganhou repercussão e colaborou para uma mudan-ça histórica no posicionamento do governo brasileiro que, em dezembro de 2009, di-vulgou metas e lançou a política nacional de mudanças climáticas.

Com base nessa constatação, para 2010 os associados do Fórum decidiram debater a Amazônia com os principais candidatos que concorreram à Presidência da Repúbli-ca. O objetivo dos encontros foi conhecer o posicionamento de cada postulante sobre temas ligados a desenvolvimento sustentável, legislação ambiental, saúde, educação e mu-danças climáticas. Nas palavras de Sebastião Manchinery, líder indígena que representa a Coiab, “o Fórum tem sido um espaço capaz de levar aos tomadores de decisão as opini-ões da sociedade amazônica”. Ao debater a Amazônia com os candidatos à presidência é exatamente isso que o Fórum está fazendo.

Iêda Fernandes

Secretária Executiva do Fórum Amazônia Sustentável

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ENTREVISTALUIz ENRIqUE SáNchEz – PlAnEJAMEnto E gEStão AMbIEntAl

"os diagnósticos socioeconômicos costumam ser descritivos, com pouca

interpretação."

Luiz Enrique Sánchez é Graduado em Engenharia de Minas e em Geografia pela Universidade de São Paulo; tem diploma de especialização em Techniques Minières pela École Nationale de la Métallurgie et de l'Industrie des Mines de Nancy, Institut Polytechnique de Lorraine, França (1985) e doutorado em Economia dos Recursos Naturais e do Desenvolvimento pela École Nationale Supérieure des Mines de Paris, França (1989). Atua na área de planejamento e gestão ambiental, incluindo os seguintes temas de ensino, pesquisa e extensão: mineração e meio ambiente, sustentabilidade nas indústrias extrativas, avaliação de impacto ambiental, gestão ambiental, e recuperação de áreas degradadas.

o licenciamento ambiental é uma prá-tica prevista em lei há muito tempo no País, mais de 30 anos. no entanto, este processo ainda é alvo de críticas (por mais conhecido e antigo que seja). quais seriam as principais deficiências?

Depende de quem faz a crítica. Para em-preendedores privados ou governamentais, a principal deficiência é o prazo para apro-vação de um projeto. Para algumas ONGs, a discussão pública sobre um projeto e seus impactos ocorre tarde demais, quando as decisões já estão, de fato, tomadas, servin-do o licenciamento apenas para legitimar

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decisões que pouco levariam em conta os impactos ambientais. Para quem olha de fora, há outros problemas. Cito apenas alguns: (1) os órgãos ambientais parecem viver somente no presente, aprendem pouco com os erros e acertos do passado e tem pouca visão estratégica; (2) muitos empreendedores – públicos ou privados – entendem o licenciamento como formali-dade, como um papel que o agente público governamental tem obrigação de aprovar, e rápido. Mas não é nada disso, trata-se de analisar o mérito de um projeto, ponderar seus benefícios e seus impactos adversos e, muitas vezes, de reformular completamente um projeto até que se encontre a alternativa mais viável ambientalmente.

o Brasil não precisa rever a forma como se dá o licenciamento? não seria a hora de modernizá-lo (e aqui não digo em torna-lo mais rígido ou flexível, apenas mais moderno)?

Entendo que o processo atual é moderno, pois considera questões substantivas de direitos coletivos e direitos das futuras gera-ções. Não estou me referindo às questões de observar ritos ou procedimentos previstos na legislação, mas aos princípios que norteiam o licenciamento ambiental. Por outro lado, as formas de trabalho dos órgãos ambientais não são muito modernas, no sentido de or-ganização do trabalho e uso de tecnologia de informação. Poderia, sem dúvida, haver ganhos de eficiência se esse órgãos empre-gassem formas mais modernas de gestão.

agora como é possível integrar a socie-dade nesse processo e tirar os melhores resultados dessa ação conjunta (empre-sa, comunidade e meio ambiente)?

Começando cedo, além de utilizar a consulta à sociedade como um dos caminhos. Mas, a audiência pública ocorre tarde demais, quando o EIA, ou o Rima, já está concluído. Há órgãos ambientais que ainda não colo-cam os estudos de impacto ambientais na Internet. Há, porém, casos em que há con-sulta pública para a formulação dos termos de referência. A legislação de São Paulo e a da Bahia têm essa exigência, mas isso não se transforma automaticamente em maior participação pública, embora sem dúvida contribua. Além disso, a audiência pública

é muito curta, serviria mais se as pessoas ti-vessem bom conhecimento do projeto antes, nesse caso sim, poderia haver debate. Mas se a pessoa, por mais esclarecida que seja, toma conhecimento do projeto somente na própria audiência, não há nada de substan-tivo que possa ser realmente debatido. É necessário procurar os pontos que possam significar acordos, consensos ou objetivos co-muns, mas também entender as divergências e trabalhe com elas.

os impactos sociais são tratados com a mesmo profundidade que os biofísicos?

Não. Os diagnósticos socioeconômicos costumam ser descritivos, com pouca inter-pretação. A componente cultural é ausente, com poucas exceções. E os programas miti-gadores ou compensatórios muitas vezes são apresentados de forma burocrática, quando dependem muito de agentes externos á empresa. Isto não significa que os impactos físicos ou ecológicos sejam tratados satisfato-riamente na média dos estudos ambientais, mas os sociais e culturais vêm atrás.

as ações de todo o ciclo de vida de uma mina são abordadas com sufi-ciente detalhe?

Ainda não. Já há EIAs que analisam os impac-tos do fechamento, mas isso ainda não está bem difundido nem entre os órgãos ambien-tais. Vi recentemente termos de referência para um EIA de uma mina – feito mediante

consulta pública – que só determinava a aná-lise dos impactos das fases de implantação e funcionamento, mas a consultora ambiental incluiu, no EIA, os impactos da desativação e fechamento. Então, parece que estamos cami-nhando. Também presenciei uma audiência pública em que um cidadão perguntou se a empresa podia oferecer garantias de que não deixaria um passivo ambiental, e essa pessoa citou vários casos em que isso aconteceu. Quer dizer, o caráter transitório das minas já é percebido como uma questão que precisa ser levada em conta no licenciamento.

e os impactos cumulativos de diversas minas em uma mesma região são leva-dos em conta?

Com certeza não. Em algumas regiões tem havido um aumento espantoso do número e do tamanho das minas. Somadas aos empre-endimentos associados de processamento dos bens minerais e aos empreendimentos de infra-estrutura, causam impactos que não são apreendidos por estudos ambientais individuais. Os órgãos ambientais parecem mal aparelhados para tratar desses casos e continuam licenciando um a um. Volto a falar: os órgãos ambientais parecem viver somente no presente e tem pouca visão estratégica. Não é preciso mudar a lei para cuidar dos impactos cumulativos, é possível fazer estudos bem orquestrados, mas o ma-estro só pode ser o órgão ambiental, que conhece os projetos existentes e os propostos para uma região.

AS FoRmAS DE TRAbALho DoS óRGãoS AmbIENTAIS Não São mUITo moDERNAS, No SENTIDo DE oRGANIzAÇão

Do TRAbALho E USo DE TEcNoLoGIA DE INFoRmAÇão.

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A segunda edição da Exposição Internacional de Mineração da Amazônia mobiliza empresas de diversos portes e segmentos. A feira pretende reunir 140 expositores em cerca de 4 mil metros quadrados de estandes, com um público estimado de 15 mil visitantes. O evento estava para ser aberto ao público, quando encerrávamos a edição deste jornal, no Hangar Centro de Convenções, em Belém, simulta-neamente à realização do II Congresso de Mineração da Amazônia.

A EXPOSIBRAM Amazônia 2010 tem em vista as previsões de ampliação de investimentos no setor: até 2014, as mineradoras apli-carão mais de US$ 24 bilhões no Norte brasileiro em projetos novos e na expansão de seus empreendimentos.

Diante deste cenário, a EXPOSIBRAM Amazônia 2010 pretende aproximar executivos da mineração de fornecedores e parceiros co-merciais. É uma boa oportunidade para empresários, técnicos e inte-ressados no setor a se candidatarem a compartilhar parte dos bilhões de dólares em investimentos previstos para mineração, além de ser um ótimo momento para atualização de conhecimentos.

O Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, comenta que, ao reunir vários setores, a mineração empresarial trata

Exposição Internacional acontece entre os dias 22 e 25 de novembro em Belém, Pará. Evento oferece boas oportunidades de negócios em mineração

de assuntos de interesses diversos como responsabilidade social, sus-tentabilidade, economia e meio ambiente, que serão contemplados nos painéis temáticos, palestras e workshops do congresso e devem atrair públicos variados.

Para os workshops, por exemplo, são esperados 100 convidados como prefeitos, gestores e dirigentes de empresas de mineração, aca-dêmicos, representantes de ONGs e de comunidades. “Queremos debater a mineração como uma das opções concretas para o desen-volvimento da Amazônia”, assinala Mancin.

Para José Conrado, Presidente da Federação das Indústrias do Es-tado do Pará (Fiepa), a segunda edição da Exposibram reafirma a importância da região no cenário mundial da mineração. Além disso, Conrado acredita que o evento será um momento único para troca de informações e de experiências. “Acreditamos que a EXPOSIBRAM Amazônia 2010 será um momento único de oportunidades de negó-cios diante do cenário que vive o Pará com investimentos na ordem de US$ 24 bilhões apenas na mineração até 2014. Esse aquecimento na economia vai impactar principalmente a cadeia da indústria e de serviços especializados. Portanto a formação de parcerias que a EX-POSIBRAM proporcionará será fundamental”, afirma.

eXPosIBRam amazônia 2010 gera expectativa muito positiva em expositores

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1º Congresso de Mineração da Amazônia, em 2008, e EXPOSIBRAM Amazônia 2008

Para Ana Celeste Franco, Gerente de Relações Governamentais da Alcoa, a ex-posição é o momento de divulgar as ações das empresas, além de mostrar à opinião pública a importância socioeconômica do setor mineral. “Este é o momento dos em-presários promoverem suas empresas e in-teragirem entre si por meio de contatos de negócios, ampliando assim sua rede de re-lacionamentos. É sabido que em ambientes como a EXPOSIBRAM é possível dialogar com grandes empresas e firmar parcerias sólidas”, explica.

II Congresso de Mineração da Amazônia

Além da Exposição Internacional, o IBRAM realiza o II Congresso de Minera-ção da Amazônia. Com o tema “A Natureza Sustentável da Indústria Mineral”, o evento pretende chamar a atenção para a susten-tabilidade dos projetos de mineração em-presarial, sobretudo na Amazônia, focando as discussões sobre desenvolvimento alia-do à responsabilidade socioambiental. Para isso, serão realizados um talk-show, três workshops e seis painéis.

Logo no primeiro dia da exposição, o Instituto Brasileiro de Mineração realiza um talk-show com grandes nomes da mineração brasileira. Eles irão discutir os rumos da mine-ração frente aos desafios impostos pela nova ordem mundial, mediados por um respeitável nome do jornalismo econômico brasileiro.

Já os painéis trazem temas que tratam desde a Mineração e o Desenvolvimento Local e Regional até questões relacionadas a projetos de fechamento de mina. “Tere-mos neste ano uma agenda de trabalho que abordará várias áreas do conhecimento, com destaques para os painéis inovadores como mineração e biodiversidade, minera-ção e sociedade, mineração como indutor do desenvolvimento local, dentre muitos outros. Para contribuir com os debates con-taremos com a presença de renomados pro-fissionais, brasileiros e estrangeiros, como o Prof. Dirk Van Zyl, da Universidade de Bri-tish Columbia, Anne-Marie Fleury, do Con-selho Internacional de Mineração e Metais – ICMM e Maureen Upton da Resources Initiative e Conselho Mundial do Ouro”, afirma o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM Rinaldo Mancin.

Por sua vez, os workshops serão turmas fechadas com até 100 pessoas. Questões como globalização, segurança, mão de obra, ciência e tecnologia, mercado, economia emergente, conservação ambiental e sus-tentabilidade serão tratadas em palestras e painéis temáticos.

Promovida pelo IBRAM, a EXPOSIBRAM Amazônia 2010 é considerada uma das ini-ciativas mais importantes do setor e, este ano, pretende reunir grandes nomes nacio-nais e internacionais, além de pesquisadores, estudantes e empresários da mineração.

Nomes consagrados no setor de minera-ção confirmaram presença: o Professor. Luís Enrique Sánchez, da Escola Politécnica da USP; Joaquim Pimenta de Ávila, da Pimenta D’Ávila Consultoria e Membro da Comissão de Barragens de Rejeitos da International Commission on Large Dams [ICOLD], que

vai coordenar o workshop sobre “Segurança e Gestão de Barragem de Rejeitos”; Anne-Marie Fleury, diretora do Conselho Interna-cional de Mineração e Metais-ICMM [UK] que vai palestrar sobre “Estratégicas para a incorporação da Biodiversidade nos projetos minerais”; e José Roberto Freire, presidente da Kinross Brasil e da Comissão de Minera-ção da Câmara de Comércio Brasil/Canadá, que vai falar sobre “Licença social ao longo do tempo: lições aprendidas em projeto de longa maturação”; Rolf Georg Fuchs e Anne-marie Richter, Diretores da Integratio - Me-diação Social e Sustentabilidade, debaterão sobre licenciamento ambiental, segurança e gestão de Barragens de Rejeitos e ainda mostrarão os desafios para a “licença social” em projetos de mineração.entre outros.

Veja a cobertura completa em:www.exposibram.org.br

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Índices econômicos e sociais originados da atuação positiva da mineração na Ama-zônia, e em especial no Pará, colocam a região em destaque na economia mundial. Atualmente, os produtos agrícolas e os in-sumos minerais são os principais pilares da economia brasileira. Dados do IBRAM, que acompanha o desenvolvimento da minera-ção em todo País, apontam que, atualmente, a região amazônica vai receber mais de US$ 24 bilhões dos investimentos destinados ao setor no Brasil até 2014. Esse total vem cres-cendo desde a primeira década deste século, quando a atividade industrial se intensificou nas cidades com potencial mineral, como no nordeste e oeste paraense.

Estes investimentos têm reflexo direto na geração de empregos na Amazônia: 19.326 postos diretos e 251.238 indiretos na minera-ção da região. “Esses números confirmam nos-sa assertiva de que para cada emprego criado na mineração são gerados outros 13 em diver-sas áreas da cadeia produtiva”, afirma Paulo Camillo Penna, Presidente do Instituto.

Os dados foram apresentados no 45º Congresso Brasileiro de Geologia, realizado de 26 de setembro a 1º de outubro, no Han-gar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém local que abrigará a EXPOSIBRAM Amazônia 2010. O aumento da renda, o ní-vel da faixa salarial e a melhoria da educação também foram assuntos abordados por Ca-millo Penna, que falou sobre a importância do setor para o desenvolvimento na Amazô-nia. Segundo o ele, os níveis de empregabi-lidade e qualidade de vida nos municípios paraenses que possuem empreendimentos

Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes, participado 45º Congresso Brasileiro de Geologia

IBRam participa do 45º Congresso Brasileiro de GeologiaMineração coloca a Amazônia em destaque na economia mundial

de mineração é maior se comparado com os demais do Estado.

“O Índice de Desenvolvimento Huma-no (IDH) dos municípios mineradores são maiores do que o índice do próprio Estado. Por exemplo, em Barcarena e Marabá (am-bos no Pará) os índices são superiores a 0,70 enquanto que o do Pará é de 0,66”, detalha o Presidente do IBRAM.

Outro debate do qual o IBRAM partici-pou foi sobre o novo marco regulatório da mineração. Representado por Marcelo Ribei-ro Tunes, Diretor de Assuntos Minerários, o Instituto defendeu a modernização de alguns itens, principalmente no que tange a procedi-mento administrativos, da lei que regulamen-ta a atividade, que é o Código de Mineração instituído em 1967 e que alterou o Código de Minas de 1940. Ele lembrou que, além do aspecto econômico, a mineração tem forte influência ambiental e social e que mudanças nas legislações acarretam impactos diretos na atividade. “A mineração é uma atividade de utilidade pública, de interesse do País, e não pode ser inibida”, ressalta.

Tunes destacou ainda os entraves anacrô-nicos na legislação trabalhista. “Mesmo com todos os avanços em relação à segurança e à saúde no trabalho, ainda não foi modificado o dispositivo que estabelece a idade mínima de 21 anos e máxima de 50 para os funcio-nários de mina subterrânea. Este prazo pre-cisa ser ampliado, por conta do perfil da ca-tegoria qualificada atualmente”, afirma.

IBRAM monta estande de exposição no Congresso de Geologia

Além de palestras ministradas pelo Pre-sidente e também pelo Diretor de Assuntos Minerários, o IBRAM marcou presença com estande bastante visitado pelos participantes do evento.

Durante cinco dias, os congressistas que visitaram a sala de exposição do IBRAM pu-deram participar do sorteio de inscrição ao 2º Congresso de Mineração da Amazônia. Com um total de 450 interessados, o sorteado foi o estudante Mateus Machado Morgado.

Para ele, garantir a inscrição na EXPO-SIBRAM será uma ótima oportunidade de participar de um evento internacional sobre mineração. “Acho que será importante co-nhecer pessoas e me informar mais sobre essa área, que me interessa muito porque, provavelmente, será minha área de atua-ção”, afirma Matheus, que cursa o primeiro ano do curso de Geologia, na Universidade Federal do Pará (UFPA).

De acordo com André Reis, Coordenador do IBRAM Amazônia, o objetivo do sorteio foi estimular a participação dos visitantes e divul-gar a EXPOSIBRAM. “Foi uma forma diferente que encontramos de chamar a atenção das pessoas para o que estamos planejando para novembro. A partir desse sorteio, eles busca-ram informações sobre a EXPOSIBRAM Ama-zônia 2010 e demonstraram interesse pelos temas do Congresso de Mineração”, explica.

Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, discursa no 45º Congresso Brasileiro de Geologia

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