160
USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO ESTUDO DE CASO JORGE GONZAGA PEIXOTO BARBOSA DUARTE Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES Orientador: Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro JUNHO DE 2013

JGD_TESE

Embed Size (px)

DESCRIPTION

tese higiene e segurança no trabalho

Citation preview

  • USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL EM PEQUENAS E MDIAS

    EMPRESAS DE CONSTRUO ESTUDO DE CASO

    JORGE GONZAGA PEIXOTO BARBOSA DUARTE

    Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES

    Orientador: Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro

    JUNHO DE 2013

  • MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Tel. +351-22-508 1901

    Fax +351-22-508 1446 [email protected]

    Editado por

    FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Rua Dr. Roberto Frias 4200-465 PORTO Portugal Tel. +351-22-508 1400 Fax +351-22-508 1440

    [email protected] http://www.fe.up.pt

    Reprodues parciais deste documento sero autorizadas na condio que seja men-cionado o Autor e feita referncia a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2012/2013 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto, Porto, Portugal, 2013.

    As opinies e informaes includas neste documento representam unicamente o pon-to de vista do respetivo Autor, no podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relao a erros ou omisses que possam existir.

    Este documento foi produzido a partir de verso eletrnica fornecida pelo respetivo Autor.

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    Aos meus Pais

    Ceclia

    Um bom exemplo o melhor sermo. Benjamin Franklin

  • Utilizao de EPI em PME de construo Caso de Estudo

    i

    AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Alfredo Soeiro, pela disponibilidade constante e pelas sugestes e crticas que permitiram manter o rumo do trabalho e entender a importncia da investigao efetuada.

    Aos meus pais, Teresa e Jorge, pela educao, pelos valores e pelas condies que sempre me propor-cionaram.

    Ceclia, pela capacidade de me fazer entender que na vida h tempo para tudo. Por todo o apoio e pacincia nos momentos piores, pelas chamadas de ateno nas alturas importantes, e pela alegria partilhada quando tudo correu como esperado.

    Ao Andr Costa e ao Filipe Paiva, aqueles amigos que mesmo longe esto sempre perto

    A todos os amigos e conhecidos que de uma ou outra forma fizeram parte deste trabalho.

  • ii

  • Utilizao de EPI em PME de construo Caso de Estudo

    iii

    RESUMO A segurana em obra responsabilidade de todos os intervenientes no processo construtivo. Se todos cumprirem com todas as regras, legislao e recomendaes existentes, as consequncias dos aciden-tes tornar-se-o menos gravosas ao longo do tempo. No se conseguir anular o risco, mas a preveno das consequncias dever sempre ser uma prioridade.

    A realizao deste trabalho visa a investigao numa pequena empresa portuguesa de construo das condies de gesto da segurana e nveis de utilizao em obra dos equipamentos de proteo indivi-dual previstos, e o desenvolvimento de um mtodo que permita o seu melhoramento.

    Aps a anlise a bibliografia variada, considerando as estatsticas relativas a acidentes na construo e representatividade das PME de construo no que se refere ao contributo para essas estatsticas, rea-liza-se uma breve anlise empresa e s suas caractersticas. Faz-se tambm uma anlise s melhorias possveis no que se refere utilizao de equipamentos de proteo individual em obra, e as medidas que devem ser tomadas para atingir essa melhoria.

    Recorre-se ento ao registo de participaes de acidentes de trabalho no perodo de 1 de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2012, uma dcada, e selecionam-se 20 ocorrncias de forma ponderada. So efetuadas entrevistas informais aos funcionrios envolvidos para determinar os nveis de utiliza-o de equipamentos de proteo individual na empresa em situaes correntes de trabalho. Verifi-cam-se vrias situaes de no-conformidade, apesar dos esforos reconhecidos da empresa em forne-cer informaes e equipamentos adequados.

    Elabora-se um mtodo de verificao de utilizao dos equipamentos de proteo individual em obra atravs do registo de no-conformidades, por parte de um responsvel pr-designado, em obra. O m-todo prev a aplicao de sanes aos funcionrios que incorram em no-conformidades na utilizao. So definidos dois perodos de verificao: um em que apenas o responsvel tem conhecimento do estudo e efetua os primeiros registos em obra (para que se perceba a situao inicial); e outro em que todos os elementos da empresa so alertados para a necessidade de cumprimentos, para o registo em curso e para as sanes aplicveis para que se possa analisar a evoluo dos resultados. Com os re-sultados obtidos possvel verificar uma resistncia inicial utilizao, mas uma melhoria substancial ao longo do tempo de aplicao do mtodo em obra atravs do mtodo escolhido e aplicado.

    O mtodo elaborado poder ser adaptado realidade de outras empresas, sendo certo que poder auxi-liar a empresa no aumento dos ndices de utilizao de equipamentos de proteo individual.

    PALAVRAS-CHAVE: Sade e segurana, equipamento de proteo individual, PME, acidente de traba-lho, mtodo.

  • iv

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    v

    ABSTRACT Safety at the worksite is a responsibility of all stakeholders in the construction process. If all comply with all rules, laws and existing recommendations, the consequences of accidents will become certain-ly less onerous over time. We wont be able to void the risk, but preventing the consequences should always be a priority.

    This project aims to investigate the conditions in a Portuguese small construction company regarding the management of safety and the use of the personal protective equipment provided by the company at the worksite, and the development of a method which allows for its improvement. Theres also an analysis made to the use of personal protective equipment at the worksite, and the measures which can help achieving better results.

    After analyzing varied bibliography, considering statistics regarding construction accidents and SMEs representativeness within these values, the company and its characteristics are analyzed.

    Afterwards, the job refers to the registration of accidents in the period from January 1st 2003 to De-cember 31st 2012, one decade, and select up 20 hits in a measured way. Informal interviews with the involved employees are conducted to determine the levels of use of personal protective equipment in current working situations. There are several instances of non-compliance, despite the companys rec-ognized efforts in providing information and adequate equipment.

    A method for checking the use of personal protective equipment at work is elaborated, thru the fault logging by the employee in charge of the worksite. The method defines penalties for employees who engage in non-conforming use. Two periods for verification are defined: one where only the responsi-ble employee is aware of the study and makes the earliest records on site (so that the current facts are known) and another in which all elements of the target company are alerted to the need for compli-ments, for registration and for ongoing penalties so that its possible compare results and analyze the results evolution. With these results it is possible to verify an initial resistance to the use, but a sub-stantial improvement over time during the application of the method.

    The developed method can be adapted to other companies, given that the method may assist in the increasing usage of personal protective equipment.

    KEYWORDS: Health and safety, personal protection equipment, SME, accident at work, method.

  • vi

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    vii

    NDICE GERAL

    RESUMO ................................................................................................................................. III

    ABSTRACT .............................................................................................................................. V

    NDICE GERAL ....................................................................................................................... VII

    INTRODUO ............................................................................... 1 1.1. CONSIDERAES GERAIS ................................................................................................. 1 1.2. OBJETIVOS E MBITO ....................................................................................................... 1 1.3. ORGANIZAO ................................................................................................................. 2

    ENQUADRAMENTO ....................................................................... 5 2.1. A IMPORTNCIA DAS PME NA ECONOMIA ........................................................................... 5 2.2. AS PMES DE CONSTRUO .............................................................................................. 8 2.2.1. NA UNIO EUROPEIA......................................................................................................................... 8

    2.2.2. EM PORTUGAL ................................................................................................................................. 8

    2.3. A INDSTRIA DA CONSTRUO EM PORTUGAL.................................................................... 9 2.3.1. AS EMPRESAS DE CONSTRUO ....................................................................................................... 9

    2.3.2. ORGANIZAO DAS PEQUENAS EMPRESAS DE CONSTRUO ............................................................ 10

    2.3.3. ORGANIZAO ADMINISTRATIVA ...................................................................................................... 11

    2.4. OS ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUO ............................................................... 12 2.4.1. NA UNIO EUROPEIA....................................................................................................................... 12

    2.4.2. EM PORTUGAL ............................................................................................................................... 14

    2.5. SADE E SEGURANA..................................................................................................... 16 2.5.1. AGNCIA EUROPEIA PARA A SADE E SEGURANA NO TRABALHO ...................................................... 16

    2.5.2. O EXEMPLO DO REINO UNIDO HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE ..................................................... 17

    2.5.2.1. Comit de Consultoria da Indstria da Construo ................................................................. 19

    2.5.2.2. Diviso da Construo ............................................................................................................. 19

    2.5.2.3. Legislao de Segurana e Sade .......................................................................................... 20

    2.5.2.4. Iniciativas de informao e sensibilizao ............................................................................... 21

    2.5.3. PORTUGAL A AUTORIDADE PARA AS CONDIES DO TRABALHO .................................................... 21

    2.5.3.1. Caracterizao ......................................................................................................................... 21

    2.5.3.2. Misso e atribuies ................................................................................................................. 22

    2.5.3.3. Conselho Consultivo para a Promoo da Segurana e Sade no Trabalho ......................... 22

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    viii

    2.5.3.4. Relatrios e Investigaes ....................................................................................................... 23

    2.6. EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL ...................................................................... 24 2.6.1. O QUE SO E PARA QUE SERVEM ..................................................................................................... 24

    2.6.2. RESPONSABILIDADES ..................................................................................................................... 28

    2.6.2.1. Responsabilidades dos empregadores .................................................................................... 29

    2.6.2.2. Responsabilidades dos funcionrios ........................................................................................ 30

    2.6.3. A RESISTNCIA DOS FUNCIONRIOS UTILIZAO DE EPI.................................................................. 31

    2.6.4. MTODOS PARA MELHORIA NOS NVEIS DE UTILIZAO DE EPI .......................................................... 32

    2.6.4.1. Termo de responsabilidade no uso de EPI .............................................................................. 33

    2.6.4.2. Tarjeta profesional de la construccin Espanha ................................................................... 34 2.6.4.3. HSE / CITB / CSCS Reino Unido .......................................................................................... 35

    CASO DE ESTUDO: UMA PEQUENA EMPRESA DE CONSTRUO ... 39 3.1. BREVE HISTRIA DA EMPRESA EM ESTUDO ....................................................................... 39 3.2. ATIVIDADE DA EMPRESA .................................................................................................. 40

    3.2.1. CARACTERIZAO GERAL ............................................................................................................... 40

    3.2.2. ORGANIZAO FUNCIONAL .............................................................................................................. 40

    3.2.3. RECURSOS .................................................................................................................................... 42

    3.2.3.1. Meios mecnicos e de transporte ............................................................................................. 42

    3.2.3.2. Meios Humanos ........................................................................................................................ 43

    3.2.4. ALVAR E EMPREITADAS ................................................................................................................. 44

    3.2.4.1. Alvar ........................................................................................................................................ 44

    3.2.4.2. Empreitadas .............................................................................................................................. 44

    3.3. POLTICA DE SADE E SEGURANA .................................................................................. 45 3.4. PLANO DE SADE E SEGURANA DA EMPRESA - PSS ....................................................... 46 3.5. FORNECIMENTO DE EPI ................................................................................................... 50

    3.5.1. DISPONIBILIDADE ........................................................................................................................... 51

    3.5.2. FORMAO .................................................................................................................................... 52

    UTILIZAO DE EPI EM ACIDENTES DE TRABALHO ...................... 55 4.1. RECOLHA DE DADOS ....................................................................................................... 55

    4.2. ANLISE GLOBAL DOS DE ACIDENTES DE TRABALHO ........................................................ 56 4.2.1. MTODO DE RECOLHA DE INFORMAO ........................................................................................... 56

    4.2.2. REGISTO, COMPILAO E ANLISE DE DADOS ................................................................................... 57

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    ix

    4.2.2.1. Nmero de acidentes de trabalho entre janeiro 2003 a dezembro 2012 ................................. 57 4.2.2.2. Relao entre a ocorrncia de acidentes, a idade dos funcionrios e o tempo de trabalho na empresa ................................................................................................................................................. 58

    4.2.2.3. Relao entre a ocorrncia de acidentes e a arte/especialidade do funcionrio .................... 59

    4.3. ANLISE UTILIZAO DE EPI EM ACIDENTES DE TRABALHO ............................................ 60 4.3.1. REGISTO DE UTILIZAO DE EPI NAS OCORRNCIAS EM ESTUDO ...................................................... 60

    4.3.2. AS RAZES DOS FUNCIONRIOS PARA A NO CONFORMIDADE .......................................................... 63

    PROPOSTA DE MTODO DE CONTROLO DE UTILIZAO DE EPI ..... 65 5.1. MTODO DE VERIFICAO DE UTILIZAO DE EPI PROCEDIMENTO ................................. 66 5.1.1. CARACTERSTICAS DO MTODO PROPOSTO .................................................................................... 66

    5.1.2. PROCEDIMENTOS ........................................................................................................................... 67

    5.2. APLICAO DO MTODO PROPOSTO ................................................................................ 70 5.2.1. BREVE APRESENTAO DA EMPREITADA EM ESTUDO ....................................................................... 70

    5.2.2. APLICAO DO MTODO PROPOSTO PRIMEIRA FASE ...................................................................... 71

    5.2.3. APLICAO DO MTODO PROPOSTO SEGUNDA FASE ..................................................................... 74

    5.4. ANLISE DE RESULTADOS ............................................................................................... 77 5.5. SUBEMPREITEIROS E TRABALHADORES-INDEPENDENTES .................................................. 80

    CONCLUSES ............................................................................ 83 6.1. OS BENEFCIOS DO MTODO PROPOSTO ........................................................................... 83 6.2. APLICABILIDADE DO MTODO PROPOSTO ......................................................................... 84 6.3. ESTIMATIVA SIMPLIFICADA DE CUSTOS ............................................................................. 86 6.4. MELHORIAS AO MTODO PROPOSTO ................................................................................ 87 6.5. DESENVOLVIMENTOS E ESTUDOS FUTUROS ...................................................................... 87 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 89 A1 FOLHETO DA AGNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANA E SADE NO TRABALHO RELATIVA SADE E SEGURANA EM ESTALEIROS DE CONSTRUO DE PEQUENAS DIMENSES .................... I A2 TERMO DE RESPONSABILIDADE RELATIVO UTILIZAO DE EPI EXEMPLO NUMA EMPRESA DO BRASIL .............................................................................................................................. V

    A3 MEDIDAS DE PROTEO / PREVENO NA TAREFA DEMOLIES / REMOES TABELA EXISTENTE NO PSS DA EMPRESA EM ESTUDO .......................................................................... IX A4 EXEMPLOS DE FOLHETOS DISTRIBUDOS NA EMPRESA EM ESTUDO, APS SESSES DE FORMAO .......................................................................................................................... XIII A5 FORMULRIO PARTICIPAO DE ACIDENTE DE TRABALHO (FRENTE) ............................... XIX

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    x

    A6 LISTA EXTENSIVA DE OCORRNCIAS REGISTOS CONSTANTES NO FORMULRIO DE PARTICIPAO DE SINISTRO SEGURADORA ....................................................................... XXIII A7 LISTA EXTENSIVA DE NO-CONFORMIDADES REGISTADAS EM OBRA VERSO EXCEL ...................................................................................................................................... XXXV

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xi

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 Percentagem de emprego, por dimenso da empresa, EU-27, 2005 (%) ............................ 6 Figura 2 Densidade de PMEs n de PMEs por 1000 habitantes na economia no-financeira, 20057 Figura 3 ndice de produo mensal na Construo e obras pblicas em Portugal, 2010-2011 ........ 8 Figura 4 Organograma abrangente de uma empresa de uma PME de Construo Civil portuguesa ............................................................................................................................................................... 11 Figura 5 Trabalhadores que reportaram pelo menos um ferimento acidental no trabalho, durante um ano, nos diferentes setores, EU-27 (%) ................................................................................................ 12 Figura 6 Evoluo do n de acidentes de trabalho em Portugal, 2000-2010..................................... 15 Figura 7 Evoluo do n de acidentes de trabalho mortais em Portugal, 2000-2010 ........................ 15 Figura 8 Avaliao combinada dos pases da UE relativamente Sade e Segurana................... 18 Figura 9 Capacete de proteo (exemplo) ......................................................................................... 25 Figura 10 Sapato de segurana (exemplo) ........................................................................................ 25 Figura 11 culos de Proteo (exemplo) .......................................................................................... 26 Figura 12 Mscara Protetora (exemplo) ............................................................................................ 26 Figura 13 Proteo auditiva auscultadores (exemplo) .................................................................... 26 Figura 14 Proteo auditiva auriculares (exemplo) ........................................................................ 27 Figura 15 Luvas de proteo (exemplo) ............................................................................................ 27 Figura 16 Vesturio de proteo parka (exemplo) .......................................................................... 27 Figura 17 Proteo respiratria (exemplo) ......................................................................................... 28 Figura 18 A importncia dos trabalhadores na gesto de Segurana e Sade ................................ 29 Figura 19 Tarjeta Profesional de la Construccin - TPC ................................................................... 34 Figura 20 Exemplo do carto de certificao de competncias na construo CSCS .................. 37 Figura 21 Organograma funcional da empresa em estudo ............................................................... 41 Figura 22 Detalhe do alvar da empresa em estudo ......................................................................... 44 Figura 23 Sinalizao na entrada do estaleiro PSS ....................................................................... 49 Figura 24 Sinalizao em locais especficos de perigo PSS .......................................................... 49 Figura 25 Alguns EPI disponveis na empresa .................................................................................. 51 Figura 26 Ficha individual de registo de distribuio de EPI na empresa ......................................... 52 Figura 27 Ficha coletiva de registo de presena em formao ......................................................... 53 Figura 28 Evoluo do nmero anual de participaes de acidentes ............................................... 58 Figura 29 Relao entre a ocorrncia de acidentes e a idade dos funcionrios ............................... 58 Figura 30 Relao entre a ocorrncia de acidentes e o tempo de trabalho na empresa .................. 59 Figura 31 Registo grfico de utilizao de EPI obrigatrios, em valores percentuais ....................... 62 Figura 32 Registo grfico de utilizao de EPI opcionais, em valores percentuais .......................... 63 Figura 33 Evoluo do nmero de no-conformidades entre a primeira e a segunda fase, por funcionrio ............................................................................................................................................. 78 Figura 34 Representao grfica da evoluo diria do nmero de registos de no-conformidade em ambas as fases de estudo .............................................................................................................. 79

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xii

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xiii

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1 Principais indicadores de empresas na economia no-financeira, EU-27, 2005 ................. 5 Tabela 2 Variao do nmero de empregados no setor da construo em Portugal, 2010-2011 ...... 9 Tabela 3 Acidentes de trabalho mortais na UE e Portugal, em 2010 ................................................ 13 Tabela 4 Acidentes de trabalho: total, por setor de atividade econmica e na construo .............. 14 Tabela 5 Acidentes de trabalho mortais: total, por setor de atividade econmica e na construo .. 14 Tabela 6 Acidentes de trabalho mortais objeto de inqurito pela ACT em 2011 por dia de semana 24 Tabela 7 Acidentes de trabalho mortais objeto de inqurito pela ACT em 2011 por parte do corpo atingida .................................................................................................................................................. 24 Tabela 8 Listagem Simplificada de meios mecnicos e de transporte .............................................. 42 Tabela 9 Listagem simplificada de recursos humanos ...................................................................... 43 Tabela 10 Exemplo de medidas de proteo coletiva - PSS ............................................................. 47 Tabela 11 Exemplo de medidas de proteo individual - PSS .......................................................... 48 Tabela 12 Nmero anual de participaes de acidentes ................................................................... 57 Tabela 13 Relao entre a ocorrncia de acidentes e a arte/especialidade, no perodo em estudo 60 Tabela 14 Registo dos EPI em utilizao no momento do acidente.................................................. 61 Tabela 15 Registo de utilizao de EPI, em valores globais ............................................................. 61 Tabela 16 Registo de utilizao de EPI opcionais, em valores globais ............................................. 62 Tabela 17 Ficha de registo de utilizao de EPI em obra verso exemplificativa .......................... 68 Tabela 18 Ficha de registo de utilizao de EPI em obra primeira fase ........................................ 72 Tabela 19 Compilao das fichas de Verificao na primeira fase 10 dias ................................... 72 Tabela 20 Resumo do nmero de falhas de cada funcionrio (total de falhas nos 10 dias) ............. 73 Tabela 21 Ficha de registo de utilizao de EPI em obra segunda fase ........................................ 74 Tabela 22 Compilao das fichas de verificao com aplicao do mtodo 14 dias ..................... 76 Tabela 23 Resumo do nmero de falhas de cada funcionrio (total de falhas nos 10 dias) ............. 76 Tabela 24 Compilao do nmero total de falhas, por funcionrio, por fase do estudo.................... 78 Tabela 25 Nmero total de falhas registados, por fase de aplicao do mtodo .............................. 79

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xiv

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xv

    SMBOLOS, ACRNIMOS E ABREVIATURAS

    ACT - Autoridade para as Condies de Trabalho

    AEP - Associao Empresarial de Portugal, Cmara de Comrcio e Indstria

    AICCOPN - Associao dos Industriais de Construo Civil e Obras Pblicas do Norte

    APCER - Associao Portuguesa de Certificao

    AVAC - Aquecimento, Ventilao e Ar-Condicionado

    BSI - British Standards Institution

    CAP - Confederao dos Agricultores de Portugal

    CCP - Confederao do Comrcio e Servios de Portugal

    CDM - Construction and Design Management

    CEN - European Committee for Standardization

    CGTP - Confederao Geral dos Trabalhadores Portugueses Intersindical Nacional

    CICCOPN - Centro de Formao Profissional da Industria de Construo Civil e Obras Pblicas do Norte

    CIP - Confederao da Indstria Portuguesa

    CSCS - Construction Skills Certification Scheme

    CTP - Confederao do Turismo Portugus

    CONIAC - Construction Industry Advisory Committee

    EPC - Equipamentos de Proteo Coletiva

    EPI - Equipamentos de Proteo Individual

    EPS - Enforcement Policy Statement

    FOD - Field Operations Directorate

    HSE - Health and Safety Executive

    HST - Higiene e Segurana no Trabalho

    HSWA - Health and Safety at Work etc Act 1974

    IEFP - Instituto do Emprego e Formao Profissional

    MEE - Ministrio da Economia e do Emprego

    OIT - Organizao Internacional do Trabalho

    OSH - Occupational Safety and Health

    OSHA - Sigla original para Agencia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho

    PIB - Produto Interno Bruto

    PME - Pequenas e Mdias Empresas

    PPE - Personal Protective Equipment

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xvi

    PREMAC - Plano de Reduo e Melhoria da Administrao Central

    PSS - Plano de Sade e Segurana

    RCD - Resduos de Construo e Demolio

    SAOC - Sade Ocupacional

    SST - Sade e Segurana no Trabalho

    TPC - Tarjeta Professional de la Construccin UGT - Unio Geral de Trabalhadores

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xvii

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    xviii

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    1

    1 INTRODUO

    Acidente de trabalho todo o acontecimento inesperado e imprevisto, incluindo atos derivados do trabalho ou com ele relacionados, do qual resulte uma leso corporal, uma doena ou a morte de um ou vrios trabalhadores. So tambm considerados acidentes de trabalho os acidentes de viagem, de transporte ou de circulao, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e que ocorrem por causa, ou no decurso do trabalho... [1]

    1.1. CONSIDERAES GERAIS A indstria da construo , desde sempre, acompanhada por elevados riscos para a segurana e para a sade dos funcionrios que nela trabalham. Ao longo dos anos verifica-se um aumento na ateno prestada s condies de trabalho a que os trabalhadores da construo esto sujeitos, resultando na implementao de regras e legislao que visam a melhoria da segurana dos trabalhadores e o seu bem-estar. A preveno de acidentes e a proteo dos funcionrios por isso de grande importncia nesta indstria, e dever ser uma preocupao constante por parte das empresas. O setor da construo tem um dos piores registos de sade e segurana na Europa. Os trabalhadores do setor da construo tm maior exposio a fatores de risco ergonmicos, biolgicos, qumicos assim como rudo e tempe-ratura cerca de 45% dos trabalhadores da construo civil dizem que seu trabalho afeta a sua sa-de; um dos setores mais exigentes fisicamente. [2] Ainda que os acidentes de trabalho afetem todos os setores da economia, o problema particularmente grave nas pequenas e mdias empresas (PME). Mais de 99% das empresas de construo na Europa so PME. [3] Desta forma, existe uma preocupao acrescida no acompanhamento s PME por forma a melhorar os seus desempenhos relativamente aos processos de sade e segurana, sobretudo no que diz respeito ao fornecimento, formao e utilizao de Equipamentos de Proteo Individual (EPI).

    1.2. OBJETIVOS E MBITO Existindo uma noo global de que nem todas as medidas de segurana aconselhadas so colocadas em prtica nas pequenas e mdias empresas, surge a vontade de investigar esse fenmeno numa pe-quena empresa de construo no que diz respeito utilizao dos equipamentos de proteo individual (EPI) por parte dos funcionrios. Obtm-se total disponibilidade e colaborao por parte de uma pe-quena empresa, que no identificada por opo do autor.

    Este trabalho tem como principal objetivo a anlise aos nveis de utilizao de EPI numa pequena empresa de construo atravs da anlise a acidentes ocorridos e com participao seguradora, e da

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    2

    criao e aplicao de um mtodo de controlo simplificado. inteno do trabalho verificar a aplicabi-lidade do mtodo elaborado como elemento de melhoria do controlo de utilizao dos EPI em obra, sem necessidade de investimentos avultados e/ou alteraes significativas no decorrer dos trabalhos j estabelecidos nas empreitadas.

    No realizada uma pesquisa exaustiva de legislao aplicvel, aplicaes tericas e tcnicas de traba-lho, mas antes analisa-se de forma prtica os problemas e possveis solues, com recurso opinio dos prprios funcionrios e encontrando mtodos simples e eficazes para melhoria das condies de segurana no trabalho. importante referir que este trabalho tem em considerao a simplicidade ne-cessria fcil aplicao de qualquer tipo de alterao s rotinas de uma pequena empresa. As limita-es de recursos de uma pequena empresa, adiante estudados, constituem tambm um desafio pela necessidade de efetuar todo o trabalho, investigaes e aplicao de mtodo reduzindo ao mnimo indispensvel a interferncia com os trabalhos em curso.

    1.3. ORGANIZAO No que se refere organizao do trabalho, este encontra-se dividido em 6 Captulos.

    O Captulo 1 consiste de modo geral numa breve introduo temtica a investigar, e feita uma apresentao ao mbito e objetivos do trabalho, bem como uma breve descrio da sua organizao. No Captulo 2, correspondente ao enquadramento terico do trabalho, faz-se uma referncia impor-tncia das PME, sobretudo de construo, na economia europeia e portuguesa. Verifica-se a importn-cia das pequenas empresas como impulsionadoras da economia, e faz-se uma breve apresentao das suas principais caractersticas estruturais. Faz-se um ponto de situao relativamente aos acidentes de trabalho no setor da construo civil em Portugal. Apresentam-se exemplos, em Portugal e na Europa, de entidades cujo objetivo a melhoria das condies de trabalho. Demonstra-se tambm a necessida-de de adoo de polticas de sade e segurana que permitam a melhoria das condies de trabalho, bem como uma apresentao aos diversos tipos de equipamentos de proteo existentes no mercado e de utilizao obrigatria em determinadas tarefas. D-se a conhecer estudos j realizados relativamen-te resistncia na utilizao de equipamentos de proteo individual, e apresentam-se medidas em curso em vrios pases que visam a melhoria da conformidade na utilizao destes.

    O Captulo 3 consiste na apresentao do caso de estudo, e realiza-se uma caracterizao da empresa onde ser realizada a investigao pretendida. Apresenta-se uma lista de funcionrios, diversos aspetos do funcionamento da empresa e a sua organizao, bem como alguns pormenores do Plano de Sade e Segurana, utilizado como modelo e adaptvel especificidade de cada empreitada, da empresa em estudo.

    No Captulo 4 apresentado um estudo realizado relativamente a acidentes ocorridos na empresa, que envolvem participaes seguradora, e recolhe-se, atravs de entrevista pessoal aos funcionrios en-volvidos, informao acerca dos equipamentos de proteo individual (EPI) utilizados. Apresenta-se uma anlise utilizao destes equipamentos em obra.

    No Captulo 5 apresenta-se uma proposta de mtodo simplificado para melhorar o controlo da utiliza-o de EPI em obra, atravs do registo de utilizao e da aplicao de sanes pelo incumprimento de medidas previstas. Faz-se uma anlise eficcia do mtodo pela comparao entre a utilizao antes e depois da sua aplicao. Tecem-se algumas consideraes gerais relativamente ao assunto em investi-gao, e apresentam-se propostas relativamente a trabalhos a executar no mbito da sade e segurana no trabalho em empresas de construo.

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    3

    O Captulo 6 inclui as principais concluses alcanadas aps a realizao da investigao, melhorias passveis de aplicar ao mtodo desenvolvido, e propostas de trabalhos futuros que possam ser realiza-dos no mesmo contexto.

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    4

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    5

    2 ENQUADRAMENTO

    2.1. A IMPORTNCIA DAS PME NA ECONOMIA Seguindo as notcias dirias, fcil reter a impresso de que a economia europeia dominada pelas grandes empresas multinacionais. As suas aquisies de milhes de euros, planos de expanso globais ou, mais recentemente, os riscos de bancarrota eminente, dominam os cabealhos. O que geralmente se perde nesta informao o facto de que cerca de 99% de todos os negcios europeus so Pequenas e Mdias Empresas (PME). As PME representam cerca de dois teros dos empregos no setor privado, e mais de metade das mais-valias criadas pelos negcios dentro do espao da Unio Europeia. O que ser ainda mais intrigante que nove em cada dez PME so na realidade microempresa com menos de 10 funcionrios. [4] Por definio, a categoria das micro, pequenas e mdias empresas (PME) cons-tituda por empresas que empregam menos de 250 pessoas e cujo volume de negcios anual no exce-de 50 milhes de euros ou cujo balano total anual no excede 43 milhes de euros [5]. Na tabela 1 apresentam-se alguns dos principais indicadores relativos ao nmero de empresas de acordo com a sua dimenso, obtida atravs dos dados disponibilizados pelo Eurostat [6].

    Tabela 1 Principais indicadores de empresas na economia no-financeira, EU-27, 2005

    FONTE: Eurostat Enterprises by size class [6]

    As PME so um dos pilares da economia da Unio Europeia. De acordo com Gunter Verheugen1, as micro, pequenas e mdias empresas (PME) so o motor da economia europeia. So uma fonte essenci-al de postos de trabalho, desenvolvem o esprito empresarial e a inovao na UE, sendo por isso cruci-ais para fomentar a competitividade e o emprego. [7] As PMEs europeias representam cerca de 99,8% das empresas no-financeiras em 2012, o que equivale a cerca de 20,7 milhes de empresas. A esmagadora maioria (92,2%) so microempresas, definidas como as que tm menos de 10 funcion-rios. Cerca de 6,5% das PMEs na UE so classificadas como pequenas empresas (entre 10 e 49 fun-

    1 Membro da Comisso Europeia Responsvel pelas Empresas e a Indstria

    Total PMEs Micro Pequenas Mdias Grandes

    Nmero de empresas (milhes) 19,65 19,60 18,04 1,35 0,21 0,04Percentagem do total (%) 100,0 99,8 91,8 6,9 1,1 0,2Pessoas empregadas (milhes) 126,7 85,0 37,5 26,1 21,3 41,7Percentagem do total (%) 100,0 67,1 29,6 20,6 16,8 32,9

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    6

    cionrios) e 1,1% so mdias empresas (de 50 a 249 funcionrios). As grandes empresas, com mais de 250 funcionrios, representam apenas 0,2% das empresas no setor no-financeiro da UE. [8] No que diz respeito ao emprego, as PMEs forneceram, em valor estimado, cerca de 67,4% dos empregos em negcios no-financeiros, no ano de 2012 [8]. A Comisso Europeia publicou um estudo [9] que analisa a importncia das PME na criao de mais e melhor emprego. De acordo com essa anlise, 85% dos novos empregos na Unio Europeia entre 2002 e 2010 foram criados por PME. Este nmero significativamente maior que os 67% de emprego que representam atualmente as PME. Durante este perodo, o emprego nas economias da Unio Europeia subiu substancialmente, numa mdia de 1,1 milhes de novos empregos todos os anos. Com uma taxa de 1%, o crescimento de emprego nas PME foi superior taxa de crescimento nas grandes empresas cerca de 0,5%. Dentro da classe das PME, as pequenas empresas (com menos de 10 funcionrios) so responsveis por 58% dos novos empregos, sendo a maior poro de crescimento de emprego na eco-nomia. O estudo referido [9] revelou tambm que as novas empresas (com menos de 5 anos) so res-ponsveis pela maioria dos novos empregos criados.

    Em pormenor, pode-se ler que em 2010, cerca de 87 milhes de empregos, cerca de 67% do total de empregos na economia no-financeira, so gerados por PME [9]. Dever referir-se tambm que o crescimento da taxa de emprego nas PME mantm-se num nvel superior taxa de crescimento da populao na Unio Europeia (cerca de 0,4% anualmente entre 2002 e 2010) e da correspondente taxa de crescimento da populao ativa na Europa (0,8%) [9]. Na figura 1 so apresentados valores percentuais do emprego em relao dimenso da empresa, nos vrios setores da economia.

    Figura 1 Percentagem de emprego, por dimenso da empresa, EU-27, 2005 (%) FONTE: Eurostat Enterprises by size class [6]

    As PME so importantes por razes econmicas e sociais. Estas empresas fornecem uma grande vari-edade de produtos e servios usados diariamente pela populao em geral. Representam uma grande diversidade de oportunidades de emprego em variadas reas. Ainda que as PME no permitam, na maioria dos casos, uma grande possibilidade de avano na carreira, o conjunto diversificado de habili-taes necessrias para trabalhar numa PME garante geralmente a qualidade do emprego e a satisfao do funcionrio. Existe, de forma geral, um reconhecimento de que os incentivos para o empreendedo-rismo so importantes. Por esta razo, incentiva-se os mais de 23 milhes de PMEs da Unio Europeia a agir como incubadoras de cultura empresarial, sade e segurana, e fornecer milhes de empregos mediante as melhorias e crescimento que o desenvolvimento do negcio exige. Havendo a inteno de que as PME possam manter e at aumentar a sua contribuio para a economia, essencial que estas recebam apoio para expandir os seus negcios para novos mercados, aumentar as receitas e criar mais

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    7

    emprego. [10] Este apoio dever ser dado no apenas a nvel financeiro, mas relativamente a todos os processos e exigncias burocrticas inerentes ao funcionamento e expanso de uma empresa.

    Em Portugal, em concordncia com o que acontece na Unio Europeia, as PME assumem tambm uma grande importncia na economia do pas. Representam cerca de 99,7% do tecido empresarial existente, sendo caracterizado pela grande participao de microempresas, com menos de 10 trabalha-dores, de cerca de 94% - dois pontos percentuais acima da mdia da Unio Europeia. O seu papel co-mo empregador ainda mais impressionante j que quase 40% da fora de trabalho do setor privado empregada em microempresas (mais 10% do que a mdia da UE), sendo as PME responsveis por um total de cerca de 78% dos empregos [11]. A figura 2 representa a densidade de PME na Unio Euro-peia, e confirma a grande densidade de PME existente em Portugal, por nmero de habitantes. Portu-gal o segundo pas com maior densidade de PMEs, logo atrs da Sua, e muito acima da mdia da Unio Europeia a 27 pases.

    Figura 2 Densidade de PMEs n de PMEs por 1000 habitantes na economia no-financeira, 2005 FONTE: Eurostat Enterprises by size class [6]

    Reconhecendo a importncia central das PMEs na economia europeia, o Conselho Europeu de maro de 2008 expressou o seu firme apoio a uma iniciativa denominada Small Business Act (SBA) para a Europa, que visa reforar o crescimento e a competitividade sustentveis das PME, e solicitou a sua rpida adoo. [12] O Small Business Act um pacote de medidas lanado pela Comisso Euro-peia, que visa dar corpo ao conceito "Think Small First", atravs do desenvolvimento de 10 princpios essenciais [12]:

    1. Criao de um ambiente de fomento ao empreendedorismo; 2. Assegurar que empreendedores honestos que tenham enfrentado a falncia tenham uma segunda

    oportunidade rapidamente; 3. Fazer do conceito "pensar primeiro nos pequenos" um princpio orientador em todas as reas do

    processo legislativo; 4. Tornar as administraes pblicas mais sensveis s necessidades das PME; 5. Adaptar os instrumentos de criao de polticas pblicas s necessidades das PME, nomeada-

    mente facilitando a sua participao em concursos pblicos e acesso ao financiamento estatal; 6. Facilitar o acesso das PME ao crdito; 7. Ajudar as PME a disfrutarem mais facilmente das vantagens do mercado nico; 8. Promoo da formao ao longo da vida e de todas as formas de inovao; 9. Permitir que as PME transformem os desafios ambientais em oportunidades; 10. Permitir que as PME beneficiem do crescimento dos mercados internacionais.

    A aplicao deste documento [12] e de todas as medidas nele referidas, alm das que so sumariamen-te indicadas neste trabalho, pretende melhorar a abordagem poltica global do empreendedorismo, de

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    8

    modo a ancorar irreversivelmente o princpio Think Small First na definio das polticas, da legife-rao ao servio pblico, e promover o crescimento das PME ajudando-as a abordar os problemas que ainda travam o seu desenvolvimento [12]. A importncia das PME na economia europeia por todas estas razes inquestionvel, sendo estas empresas uma das principais preocupaes na governao da maioria dos pases membros. Interessa por isso criar condies que permitam um desenvolvimento sustentado e a maior contribuio possvel para a economia do prprio pas.

    2.2. AS PMES DE CONSTRUO 2.2.1. NA UNIO EUROPEIA

    A construo um setor de grande importncia estratgica. Fornece a possibilidade de construo de todas as infraestruturas que as outras atividades necessitam para funcionar. O setor da construo atualmente o maior empregador industrial na Europa, com cerca de 7% do total da mo de obra (28% se considerarmos a UE-15), empregando diretamente cerca de 14 milhes de pessoas, e afetando indi-retamente mais de 26 milhes; tem um volume de negcios anual que representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na Unio Europeia [13]. A importncia estratgica das PMEs pode ser tambm justificada pelo impacto no emprego, uma vez que representa cerca de 80% do total de mo de obra no setor da construo, e de referir que cerca de 99% das empresas de construo europeias empregam menos de 50 pessoas, e destas cerca de 90% possuem menos de 10 funcionrios. No plano econmico, representam cerca de 78% do rendimento anual no setor. Todos estes factos levam a que seja reconhecida a importncia da performance das PME de construo para a economia europeia [13].

    2.2.2. EM PORTUGAL

    imagem do que acontece na Unio Europeia, tambm em Portugal as PMEs de construo assumem um importante papel na economia. De acordo com o estudo realizado pelo INE, referente Evoluo do Setor Empresarial em Portugal [14], no ano 2010 existiam cerca de 1144000 empresas no finan-ceiras (97,9% do total), que empregavam cerca de 3843000 pessoas (97% do total), e apresentavam uma mdia de 3,36 empregados por empresa. Ainda de acordo com a mesma publicao [14], a inds-tria da construo envolvia 60224 empresas individuais e 46486 sociedades. As empresas de constru-o, num total de 106710, representavam cerca de 9,3% do total das empresas no financeiras do pas.

    Figura 3 ndice de produo mensal na Construo e obras pblicas em Portugal, 2010-2011 FONTE: Instituto Nacional de Estatstica [15]

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    9

    Na rea financeira, as empresas de construo, individuais e sociedades, apresentaram um volume de negcios na ordem dos 44 mil milhes de euros, que corresponde a cerca de 12,2% do total das empre-sas no financeiras. Relativamente dimenso das empresas, ainda de acordo com a publicao referi-da [14], as micro, pequenas e mdias empresas (PMEs) do setor no financeiro do pas representaram 99,9% do conjunto do setor empresarial. Observando a anterior figura 3, verifica-se uma diminuio no ndice de produo ao longo dos lti-mos anos, sobretudo devido situao econmica e financeira do pas, de acordo com o relatrio apre-sentado pelo INE [15]. Este facto tambm causador de uma variao negativa no nmero de empre-gados no setor, entre os anos 2010 e 2011, conforme revelado no relatrio apresentado na tabela 2.

    Tabela 2 Variao do nmero de empregados no setor da construo em Portugal, 2010-2011

    FONTE: Instituto Nacional de Estatstica [15]

    O conjunto de valores apresentados atesta a importncia das PME na economia, e em particular a im-portncia das PME de construo. Torna-se portanto fundamental apoiar as PME para que estas atuem como impulsionador da economia, no apenas a nvel financeiro mas tambm a nvel social. Tendo em considerao a natureza cclica da construo, concordante com a situao econmica do pas, not-ria a tendncia para sofrer um abrandamento no apenas no volume de negcios mas tambm nos n-veis investimento pblico e privado, conduzindo ao agravamento das dificuldades de sustentabilidade, investimento e inovao das empresas.

    2.3. A INDSTRIA DA CONSTRUO EM PORTUGAL 2.3.1. AS EMPRESAS DE CONSTRUO2

    A Indstria da Construo em Portugal caracterizada por incluir empresas de muito pequena dimen-so escala internacional e por assentar as suas funes produtivas em subempreiteiros de muitssimo pequena dimenso, deficientemente organizados, e com caractersticas do tipo familiar.

    Podemos dividir o mercado nos seguintes grandes grupos [16]: As grandes empresas nacionais;

    2 Adapt. Organizao de Empresas de Construo Civil, Jos Amorim Faria, Verso 9, 2013

    2010 2011 2010 2011

    Total 1 144 150 1 112 000 - 2,8 3 843 268 3 735 340 - 2,8PME 1 143 068 1 110 905 - 2,8 3 025 155 2 931 730 - 3,1

    Grandes 1 082 1 095 1,2 818 113 803 610 - 1,8

    Total 106 710 99 179 - 7,1 448 709 405 928 - 9,5PME 106 613 99 092 - 7,1 387 544 354 027 - 8,6

    Grandes 97 87 - 10,3 61 165 51 901 - 15,1

    CONSTRUO

    TOTAL

    Empresas Pessoal ao servio

    EMPREGO

    N . T x.Var 10/ 11 (%)

    N . T x.Var 10/ 11 (%)

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    10

    As pequenas e mdias empresas nacionais; Os subempreiteiros; Os fornecedores de materiais de construo e componentes.

    As pequenas e mdias empresas nacionais podem dividir-se em dois grandes grupos: as empresas es-sencialmente dedicadas imobiliria (construo de edifcios para venda) e as empresas de infraestru-turas que trabalham num universo regional. possvel tambm encontrar empresas que atuam em nichos de mercado (postos de abastecimento de combustveis, lojas, armazns industriais, ). Tm uma organizao muito semelhante s grandes, salvaguardadas as devidas diferenas associadas dimenso do mercado, estratgia de grupo e carter mais ou menos regional da atividade [16]. A estrutura produtiva nacional assenta em subempreiteiros. Estes apresentam uma enorme especializa-o em carpintaria, pichelaria, pintura, serralharias de ferro, serralharias de alumnio, movimentos de terras, demolies, revestimentos de piso, estruturas metlicas, estruturas de beto armado, alvenarias de tijolo, revestimentos de paredes, soalhos, etc. O nvel de especializao dos subempreiteiros atu-almente muito elevado, resultante da estratgia generalizada das mdias e grandes empresas de redu-o ao mnimo possvel as responsabilidades prprias com salrios de pessoal e outras regalias associ-adas. Neste momento , alis, corrente o recurso subempreitada de mo-de-obra (correntemente de-signada por tarefa tarefeiros) pelos subempreiteiros especializados. A economia informal na Cons-truo Civil atinge tambm uma grande dimenso e a precariedade de emprego enorme mesmo ao nvel dos quadros mdios e superiores [16]. A diviso das empresas de grande dimenso em pequenas subestruturas com organogramas e chefias claras, mais geis e dinmicas, cada vez mais frequente e por isso normalmente mais rentvel. Estas suborganizaes trabalham por objetivos o que lhes incute um grande esprito de grupo e de compe-titividade interna e externa. Assiste-se assim a um fenmeno de abertura das empresas ao mercado colocando as suas diversas vertentes organizacionais em concorrncia com as suas congneres exter-nas [16].

    2.3.2. ORGANIZAO DAS PEQUENAS EMPRESAS DE CONSTRUO

    As pequenas empresas so, segundo a definio da Comisso Europeia [7], empresas com um nmero de efetivos inferior a 50, um balano anual inferior a 10 milhes de euros, e um volume de negcios inferior a 10 milhes de euros anuais. Considerando os modelos tericos de organizao empresarial, j anteriormente referidos, a sua maioria considera elevados nveis de estratificao nas responsabili-dades, o que pressupe uma grande quantidade de efetivos e recursos para a constituio corrente do seu organograma de funcionamento. A figura 4 apresenta um possvel organograma genrico e de uma empresa de construo civil portuguesa de grande dimenso. Este organograma no enquadra a orga-nizao em grupo bem como uma eventual Estruturao Regional ou Internacional (delegaes e sua articulao com a sede), comum a todas as maiores empresas portuguesas atrs identificadas [16]. Na realidade de uma pequena empresa, sobretudo devido falta de recursos para tal, dificilmente se conseguem atingir os nveis organizativos apresentados nesses modelos, no s em termos de controlo e capacidade de produo, mas tambm em termos de organograma de funcionamento, gesto de re-cursos ou at a nvel econmico, financeiro ou de marketing.

    A organizao de uma pequena empresa em termos administrativos , na generalidade dos casos, uma estruturao particular a cada empresa. A situao mais frequente em termos de administrao de pe-quenas empresas consiste na acumulao de funes por parte de vrios elementos. Os gerentes, mui-tas vezes tambm scios/proprietrios, tm geralmente o poder de deciso na maioria das opes to-

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    11

    madas pela empresa. Nos restantes nveis organizativos, frequente verificar que um nico funcion-rio responsvel por vrias reas da administrao. Adiante ser apresentado o organograma de funci-onamento de uma pequena empresa de construo civil, caso de estudo neste trabalho.

    Figura 4 Organograma abrangente de uma empresa de uma PME de Construo Civil portuguesa FONTE: Organizao de Empresas de Construo Civil [16]

    2.3.3. ORGANIZAO ADMINISTRATIVA

    Uma das caractersticas comuns a grande parte das pequenas empresas o facto de terem sido funda-das e geridas por empresrios com grande sentido empreendedor e capacidade de trabalho e sacrifcio, mesmo sem terem um nvel de qualificaes elevado. Muitos destes indivduos conseguiram ao longo dos tempos organizar empresas que apresentaram um crescimento sustentado, compensando a sua por vezes fraca preparao cultural e tcnica com o conhecimento emprico de anos de trabalho e experi-ncia acumulada [17].

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    12

    No entanto, segundo Simes [18], a insuficincia de qualificao provoca dificuldades organizacionais e tcnicas dos processos produtivos. Apesar da correta aplicao de mtodos baseada no conhecimento emprico, denota-se muitas vezes a ausncia de formao terica e de tcnicas de gesto e de produ-o. De acordo com o mesmo autor [18], constata-se que as PME portuguesas da construo sofrem das consequncias de um baixo nvel tcnico e cultural dos seus trabalhadores, comparativamente com outros pases da Europa. Estes fatores exigem habilitaes e atitudes culturais que, frequentemente, no esto ao alcance dos prprios quadros e chefias. Por estes factos notvel a importncia da cons-tante aprendizagem e reciclagem de conhecimentos como forma de inovao e de melhoria da capaci-dade de trabalho, tanto no aspeto da produtividade da empresa como na qualidade do trabalho realiza-do. A estes factos encontra-se tambm associada a falta de cultura de sade e segurana entre os fun-cionrios, mas tambm na prpria administrao das empresas.

    2.4. OS ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUO 2.4.1. NA UNIO EUROPEIA

    Na Unio Europeia, estatisticamente, o nmero de acidentes na indstria da construo significati-vamente maior do que noutros setores de negcio. O nmero de acidentes reportados (em que ocorre uma ausncia de trs ou mais dias de trabalho) cerca do dobro da mdia de todos os setores da eco-nomia 8000 em cada 100mil funcionrios, contra 4000 em cada 100mil. O quadro relativo aos aci-dentes mortais ainda pior, com cerca de 13 funcionrios em cada 100mil a serem vtimas mortais, contra cerca de 5 por cada 100mil da mdia dos setores [19]. De acordo com a Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho (OSHA), todos os anos mais de 5500 pessoas perdem a vida na Unio Europeia em consequncia de acidentes de trabalho. [20] As estimativas da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) sugerem que mais de 150 mil pessoas morrem todos os anos na Unio Europeia devido a doenas profissionais. As empresas da Unio Europeia perdem anualmente cerca de 143 milhes de dias de trabalho devido a acidentes de trabalho3.

    Figura 5 Trabalhadores que reportaram pelo menos um ferimento acidental no trabalho, durante um ano, nos diferentes setores, EU-27 (%)

    FONTE: Eurostat Health and safety at work in Europe (1999-2007) [21]

    3 in Causes and circumstances of accidents at work in the EU

    http://ec.europa.eu/social/main.jsp?catId=738&langId=en&pubId=207&furtherPubs=yes

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    13

    As estimativas variam, mas esses acidentes e os problemas de sade custam anualmente economia europeia mais de 490 mil milhes de euros. Para reduzir estes nmeros, essencial prever os riscos, pr em prtica medidas eficazes de segurana e assegurar o seu seguimento rigoroso. [20] da maior importncia trabalhar no sentido de reduzir estas estatsticas, sobretudo no que se refere aos acidentes mortais, contribuindo para um aumento dos nveis de segurana disposio dos funcion-rios e das empresas. Na figura 5, obtida atravs de uma publicao do Eurostat [21], pode analisar-se uma representao dos acidentes ocorridos durante um ano de trabalho, e a sua incidncia nos diferen-tes setores. O setor da construo , como vem sendo referido, um dos principais afetados pelos aci-dentes de trabalho.

    Mais de 99% das empresas de construo na Europa so PME, sendo portanto as PME as mais afeta-das pelos acidentes na construo. Por todo o mundo, os trabalhadores da indstria da construo tm trs vezes mais probabilidade de morrerem no desempenho das suas funes, e o dobro da probabili-dade de ficarem feridos num acidente de trabalho [19]. De acordo com a Organizao Internacional do Trabalho, h 23 milhes de pequenas e mdias empresas (PME) na UE, que empregam mais de 100 milhes de pessoas. No entanto, as PME registam uma percentagem desproporcionada de 82% de todas as leses profissionais, subindo para cerca de 90% nos acidentes mortais [20] .

    Tabela 3 Acidentes de trabalho mortais na UE e Portugal, em 2010

    Fonte: Eurostat [22]

    Acedendo aos recursos do EUROSTAT [18] disponveis no seu portal, recolhem-se e adaptam-se os dados da tabela anterior, tabela 3. So apresentados valores globais e percentuais, estimados pelo Eu-rostat, relativos ao nmero de acidentes de trabalho mortais ocorridos em PME e em grandes empre-sas, em Portugal, na UE-15 e na UE-27.

    Analisando os dados apresentados pode-se confirmar o impacto que as PME tm nos valores globais referentes a acidentes de trabalho mortais, representando mais de 90% do total, na estimativa apresen-tada. O risco de acidentes fatais mais elevado em microempresas (menos de 10 funcionrios) e o risco de acidentes com mais de trs dias de ausncia mais elevado em pequenas empresas (10 a 49 funcionrios). A taxa de acidentes mortais ou com mais de trs dias de ausncia mais elevado nos setores com maior taxa de empregabilidade, como o caso da construo. Alm disso, o conhecimen-to sobre os riscos ocupacionais e os regulamentos aplicveis, formao, tempo e recursos, contacto com representantes de organizaes de SST, estruturas de consulta interna e valorizao do custo de um acidente de trabalho ou doena profissional esto muitas vezes em falta e h a necessidade de melhoria [23]. Torna-se por isso fundamental a ateno das PME no que diz respeito aos procedimen-tos de sade e segurana no trabalho (SST) estabelecidos nas suas polticas, bem como formao dos seus funcionrios e sua sensibilizao relativamente aos procedimentos que devem tomar por forma a assegurar o seu prprio bem-estar.

    Total

    Unio Europeia (27 pases) 1994 92,2% 168 7,8% 2162Unio Europeia (15 pases) 1372 93,9% 89 6,1% 1461Portugal 128 95,5% 6 4,5% 134

    Pequenas e Mdias Empresas

    Grandes Empresas

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    14

    2.4.2. EM PORTUGAL

    A indstria da construo uma das principais responsveis pelo elevado nmero de acidentes de tra-balho ocorridos em todos os setores da economia Portuguesa, representando cerca de 20% do nmero total de acidentes de trabalho de que h registo, no que se refere ao intervalo entre os anos 2000 e 2010 [24]. Se a referncia forem os acidentes mortais, a indstria da construo ainda mais penaliza-da, com valores acima dos 30% do nmero total de acidentes mortais registados em todos os setores da atividade econmica do pas, ao longo do mesmo intervalo entre 2000 e 2010 [25]. Os valores globais agrupados nas tabelas 4 e 5 realam as diferenas entre os vrios setores da economia relativamente aos acidentes de trabalho, sendo notrio o elevado contributo da construo, comparado a cada um dos trs setores econmicos.

    Pretende-se demonstrar, atravs da anlise s referidas tabelas, a relevncia da indstria da construo e ao contributo negativo que esta oferece no que diz respeito aos acidentes de trabalho ocorridos, se-jam eles mortais ou no, quando comparados com setores globais da economia e no outras industri-as individualizadas.

    Tabela 4 Acidentes de trabalho: total, por setor de atividade econmica e na construo

    Fonte: PORDATA [24]

    Tabela 5 Acidentes de trabalho mortais: total, por setor de atividade econmica e na construo

    Fonte: PORDATA [25]

    Ano Primrio Secundrio Tercirio Total Construo (%)2000 8881 141418 76850 234192 51561 22

    2001 8416 152634 81966 244936 56401 23

    2002 9147 150518 86728 248097 57083 23

    2003 9263 140022 85216 237222 53978 22,8

    2004 9316 132930 89884 234109 53957 23

    2005 8105 129431 89509 228884 51538 22,5

    2006 8545 129589 98101 237392 51790 21,8

    2007 7221 127913 102116 237409 47322 19,9

    2008 6137 128622 105074 240018 47024 19,6

    2009 7670 107657 100837 217393 45118 20,8

    2010 7005 106377 101917 215632 44304 20,5

    Ano Primrio Secundrio Tercirio Total Construo (% total)2000 33 192 115 368 102 27,7

    2001 33 215 116 365 139 38,1

    2002 45 193 114 357 109 30,5

    2003 25 174 108 312 113 36,2

    2004 32 180 93 306 110 35,9

    2005 28 174 95 300 111 37

    2006 38 132 82 253 83 32,8

    2007 22 157 97 276 103 37,3

    2008 23 120 87 231 78 33,8

    2009 19 120 77 217 76 35

    2010 28 102 78 208 67 32,2

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    15

    Em todos os setores de atividade, a reduo do nmero de acidentes de trabalho, e sobretudo das suas consequncias, o principal objetivo a alcanar. Em Portugal, e apesar de todas as dificuldades ineren-tes s alteraes necessrias em procedimentos, organizao e metodologias de trabalho, os esforos e alteraes legislativas ao longo dos anos, bem como o aumento da sensibilizao de empregadores e empregados relativamente aos acidentes de trabalho, levaram a um decrscimo significativo do nme-ro de acidentes ocorridos no pas, como se pode verificar nas pginas seguintes atravs da anlise das Figuras 6 e 7. Os grficos so obtidos atravs da adaptao dos dados das tabelas 4 e 5 anteriores, uti-lizando os valores globais referentes aos acidentes de trabalho na indstria da construo entre os anos 2000 e 2010. Pretende-se evidenciar o decrscimo ao longo de uma dcada, entre 2000 e 2010, relati-vamente ao nmero de acidentes de trabalho registados em Portugal na indstria da construo.

    Figura 6 Evoluo do n de acidentes de trabalho em Portugal, 2000-2010 Fonte: PORDATA [24] valores obtidos a partir da Tabela 4

    Figura 7 Evoluo do n de acidentes de trabalho mortais em Portugal, 2000-2010 Fonte: PORDATA [25] valores obtidos a partir da Tabela 5

    Os valores registados alertam-nos no apenas para o elevado risco associado ao desempenho das tare-fas relacionadas com a construo, mas tambm para a necessidade de uma ateno redobrada relati-vamente ao aconselhamento e fiscalizao das empresas no que sade e segurana na construo diz

    51561

    56401

    57083

    53978

    53957

    51538

    51790

    47322 4702445118

    44304

    40000

    45000

    50000

    55000

    60000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Acidentes de trabalho na Construo 2000/2010

    102

    139

    109

    113

    110 111

    83

    103

    7876

    67

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Acidentes mortais na Construo 2000/2010

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    16

    respeito. neste contexto que o fornecimento, formao e utilizao de Equipamentos de Proteo Individual se torna fundamental na melhoria do desempenho das empresas relativamente aos acidentes de trabalho e s suas consequncias. A reduo do nmero de acidentes de trabalho, verificada ao lon-go dos anos, tambm o reflexo da aplicao de legislao existente, e em constante atualizao, rela-tiva utilizao deste tipo de equipamentos em estaleiro e obra.

    2.5. SADE E SEGURANA Considerando a importncia demonstrada anteriormente das PME relativamente economia, no ape-nas financeiramente mas tambm em relao ao nmero de pessoas que emprega, da maior impor-tncia auxiliar as PME no cumprimento da legislao para a melhoria dos resultados de sade e segu-rana assim como para a reduo de custos associados s falhas e no-conformidades verificadas. Contudo, os perigos para a sade e segurana em negcios de menor dimenso no so necessariamen-te riscos de pequena dimenso, e devero ser sempre geridos de forma minuciosa qualquer que seja a dimenso da empresa. Segundo a Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho - OSHA, a importncia da melhoria das normas de segurana e sade no trabalho (SST) no setor da construo cada vez mais reconhecida na Unio Europeia. Todos os anos morrem cerca de 1 300 trabalhadores, 800 000 ficam feridos e muitos outros sofrem problemas de sade. O sofrimento causado por acidentes e problemas de sade aflige todos os indivduos atingidos e adquire propores incalculveis. Em ter-mos financeiros o prejuzo considervel. No restam dvidas de que dever ser dada a maior priori-dade gesto da segurana, da sade e do bem-estar na indstria. [26]

    2.5.1. AGNCIA EUROPEIA PARA A SADE E SEGURANA NO TRABALHO

    A Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho (EU-OSHA) contribui para tornar mais seguros, mais saudveis e mais produtivos os locais de trabalho na Europa. Promove uma cultura de preveno de riscos para melhorar as condies de trabalho na Europa. [27] Atuando de forma autnoma, mas com total apoio da Comisso Europeia, a principal atividade da Agncia consiste na sensibilizao e promoo da sade e segurana no trabalho junto de diversos pblicos em toda a Europa. Atravs de campanhas de vrios tipos promove a sensibilizao para a rea e divulga informao sobre a importncia de que se reveste a sade e segurana dos trabalhadores para a estabilidade social e econmica e para o crescimento europeu.

    A Agncia cria e desenvolve instrumentos prticos pensados para ajudar as PMEs a avaliar os riscos dos seus locais de trabalho e a partilhar conhecimentos e boas prticas de sade e segurana dentro dos seus ramos de atividade e alm deles, trabalhando juntamente com governos, organizaes de empre-gadores, sindicatos, organismos e redes da Unio Europeia, assim como empresas privadas. Na ativi-dade desta organizao so feitas investigaes com a finalidade de identificar e avaliar riscos novos e emergentes no trabalho, tentando integrar cada vez mais a sade e segurana no trabalho noutras reas de poltica, nomeadamente a educao, a sade pblica e a investigao.

    Neste momento, esto em curso vrias campanhas da Agncia, com especial destaque para as campa-nhas Locais de Trabalho Seguros e Saudveis [28]. Transcreve-se, integralmente, o texto de apre-sentao da campanha [28]. Pretende-se dar a conhecer, de um modo geral, um dos modos de atuao desta organizao.

    A decorrer desde 2000, as campanhas Locais de Trabalho Seguros e Saudveis (anteriormente conhecidas como Semanas Europeias para a Segurana e Sade no Trabalho) so uma das principais

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    17

    ferramentas da EU-OSHA destinadas a sensibilizar para as questes relacionadas com a segurana e a sade no trabalho e a promover a ideia de que a segurana e a sade so boas para o negcio. Atual-mente, estas campanhas so as maiores campanhas do gnero em todo o mundo.

    As campanhas tm atualmente uma durao de dois anos e contam com a participao de centenas de organizaes de todos os Estados-Membros da UE, dos pases do Espao Econmico Europeu, dos pases candidatos e potenciais candidatos. A EU-OSHA produz informao, guias prticos, ferramen-tas e material publicitrio que so disponibilizados a ttulo gratuito e traduzidos em mais de 20 lnguas europeias. A EU-OSHA tambm presta apoio a empresas e outros organismos dispostos a organizar eventos de sensibilizao.

    A Semana Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho realiza-se todos os anos (no ms de ou-tubro) e constitui um polo de atrao para estes eventos, que podem incluir sesses de formao, con-ferncias e workshops, concursos de cartazes, filmes e fotografia, testes de perguntas e respostas, pro-gramas de sugestes, campanhas de publicidade e conferncias de imprensa. Outros destaques das campanhas incluem o concurso Prmios de Boas Prticas em Segurana e Sade no Trabalho, que reconhece as organizaes que encontraram formas inovadoras de promover a segurana e sade no trabalho, e as Cimeiras de Encerramento das Campanhas Locais de Trabalho Seguros e Saudveis, que renem profissionais da rea da sade e segurana, decisores polticos e representantes de empre-gadores e trabalhadores, com o objetivo de partilhar as melhores prticas. Tem-se assistido desde o incio a um nvel crescente de participao nas campanhas. A EU-OSHA trabalha com um amplo leque de parceiros, para ajudar a projetar as mensagens da campanha nos lo-cais de trabalho da Europa. Trabalha principalmente com a sua rede de pontos focais nacionais, que so, na generalidade, as autoridades para a segurana e sade no trabalho dos Estados-Membros da UE. Trabalha tambm em estreita colaborao com a Enterprise Europe Network (rede europeia de informao s empresas), que presta aconselhamento e apoio sobre uma srie de questes s pequenas e mdias empresas da Europa. A EU-OSHA tambm incentiva as organizaes pan-europeias e inter-nacionais a tornarem-se parceiros oficiais de campanha e a comprometerem-se a promover as mensa-gens da campanha internamente e atravs das suas cadeias de abastecimento. As ltimas campanhas registaram nmeros recorde de organizaes aderentes [28]. A Agncia produz variadas publicaes, que podero ser obtidas gratuitamente atravs do portal4. Entre estas, so de referir variados estudos estatsticos acerca das PME europeias e seus resultados em termos de segurana e sade, relatrios diversos, avisos e publicaes institucionais, bem como vrios guias prticos de procedimentos para a obteno de melhores resultados a nvel de segurana e sade na empresa. No anexo A1 reproduzido um folheto publicado pela Agncia [27], sendo o exemplo escolhido relativo a sade e segurana em estaleiros da construo civil de pequenas dimenses.

    2.5.2. O EXEMPLO DO REINO UNIDO HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE5

    De acordo com relatrios recentes [29], o Reino Unido recolhe uma das melhores avaliaes relativas s condies de sade e segurana nas suas empresas. Na figura 8 pode verificar-se que, entre os pa-ses avaliados, o Reino Unido obteve uma classificao de 7,7 pontos em 8 possveis, igualando a Ir-landa e a Sucia, num estudo que foi levado a cabo pela equipa de Gesto da segurana no trabalho.

    4 https://osha.europa.eu/pt/publications

    5 Adaptado de Anlise da segurana na construo no Reino Unido. Caso de Estudo: Parque Olmpico de Lon-

    dres, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2013 [61

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    18

    Figura 8 Avaliao combinada dos pases da UE relativamente Sade e Segurana Fonte: Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho [29]

    Para este facto contribui em grande medida a legislao existente e a eficiente aplicao e fiscalizao que ocorre atravs de entidades governamentais criadas para esse fim. Um dos melhores exemplos que se pode encontrar a nvel europeu a Health and Safety Executive, designada por HSE. Esta entidade foi criada pela Health and Safety at Work etc Atc 1974 [30] em 1975, com a inteno de implantar as exigncias da Comisso de Segurana e Sade (HSC) e fazer cumprir a legislao de segurana e sa-de em todos os locais de trabalho exceo dos que so regulados pelas autoridades locais. uma entidade reguladora independente que age sobre o interesse pblico para reduzir as mortes e acidentes relacionados com o trabalho, nos locais de trabalho da prpria Gr-Bretanha [31]. Foi criada no senti-do de apoiar os objetivos estratgicos do governo e as metas para a segurana e sade, sendo a princi-pal meta garantir a sade, segurana e bem-estar de todos os envolvidos no trabalho e proteger os ou-tros de riscos para a segurana e sade que a mesma atividade possa envolver. Para tal, a HSE dispe de vrias formas de interveno, como a prestao de conselhos e orientao sobre como cumprir as leis, as inspees aos locais de trabalho, a realizao de campanhas, as investigaes e, quando neces-srio, efetuando aes formais [31], [32]. Na sua organizao, a HSE rene vrios funcionrios de diferentes origens, tais como [33]:

    Administradores e advogados com experincia no desenvolvimento de polticas em de-partamentos governamentais;

    Inspetores; Cientistas, tcnicos e mdicos profissionais; Especialistas em informao e comunicaes, estatsticos e economistas; Especialistas de contabilidade, finanas e pessoal.

    Os principais deveres estatutrios que esta entidade apresenta, sob a HSWA, so [34] : Propor e definir normas necessrias para o desempenho da segurana e sade; Assegurar o cumprimento dessas normas; Realizar pesquisas, publicar os resultados e fornecer um servio de informao e aconse-

    lhamento; Fornecer informao e aconselhamento ao conselheiro real destacado.

    A HSE, para atingir os objetivos definidos, tem o direito de visitar qualquer local de trabalho, a qual-quer altura, para a realizao de inspees de segurana e sade; de investigar, na sequncia de um

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    19

    relatrio, um acidente ou uma suspeita de prtica de trabalho inseguro que possa violar a legislao de segurana e sade. Quando a entidade procede a algum dos casos referidos, dever executar os devi-dos passos para cumprir o seu papel. Quando efetua uma visita ao local, a fim de realizar uma inspe-o, a entidade dever determinar qual a causa do acidente ou da prtica insegura (no caso de existir), verificar se necessrio tomar alguma ao preventiva e determinar se existe ou no uma violao da lei da segurana e sade [31], [32]. No caso de o inspetor considerar que a lei, referente segurana e sade, est a ser violada ou que as atividades do origem a srios riscos, pode, consoante a gravidade [32]:

    Emitir um aviso informal, verbalmente ou por escrito; Emitir um aviso de melhoria ou aviso de proibio; Processar a empresa ou o individuo.

    A entidade HSE encontra-se dividida em vrios rgos que se distribuem pelas vrias indstrias. Desta forma, o objetivo que a ateno e o esforo necessrios sejam dados a cada setor e os problemas especficos de cada um possam ser tratados corretamente. A HSE lida com todos os aspetos de cons-truo da Gr-Bretanha, sendo que o Comit de Consultoria da Indstria da Construo (CONIAC) aconselha a mesma sobre a proteo das pessoas no trabalho (e outros) dos perigos sade e seguran-a [35], [36].

    2.5.2.1. Comit de Consultoria da Indstria da Construo

    O Comit de Consultoria da Indstria da Construo aconselha a HSE em relao proteo das pes-soas no trabalho (e outros), de perigos relativos sade e segurana no estaleiro, assim como em rela-o a todos os intervenientes. Foi reconstitudo em 2010, uma vez que tinha sido extinto em 2008, com novos membros e uma nova abordagem. O objetivo levar avante as novas formas de trabalhar com os crculos eleitorais representados no Comit, a fim de entregar a Estratgia e as metas de Segurana e Sade Revitalizantes dentro desses crculos eleitorais. O Comit de Consultoria tem quatro subgru-pos que contribuem na efetivao do seu trabalho [36]:

    Grupo de Segurana no Trabalho; Grupo de Direo Trabalhar Bem em Conjunto; Grandes Incidentes; Grupo de Trabalho de Riscos de Sade.

    2.5.2.2. Diviso da Construo

    A diviso de construo foi estabelecida dentro da principal parte operacional da HSE, a Diviso de Operaes de Campo (FOD), que se destina a lidar somente com os problemas especficos da constru-o. Desta forma, esta diviso pretende fornecer um claro foco e responsabilidade ao trabalho de cons-truo [36]. Atualmente, a Diviso de Construo da HSE inclui [36]:

    Unidades Operacionais, com mais de 100 inspetores distribudos pelos 22 escritrios em todo o pas e que so responsveis por inspees no local, intervenes, investigao, aplicao da legislao, educao, orientao e apoio.

    Setor da Construo, que lida com a indstria e com os principais interessados. Este se-tor trabalha com inspetores operacionais (para dar apoio e aconselhamento), principais partes interessadas (para desenvolver estratgias), e com organismos nacionais e europeus

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    20

    (para desenvolver padres como o CEN BSI). Este setor tambm rene informaes sobre o desempenho de sade e segurana da indstria e produz orientao para a mesma.

    Unidade de Poltica, que desenvolve a nova legislao sobre a construo, lida com as iniciativas polticas mais gerais e faz a ligao com outros departamentos governamentais sobre as questes de segurana.

    Todo o trabalho dentro da Diviso de Construo, o setor, a poltica e as unidades operacionais contri-buem para os objetivos anuais estabelecidos e para o objetivo global do Programa de Construo, que tem como objetivo garantir que os riscos, para os que trabalham na indstria da construo ou os que possam ser afetados por eles, sejam devidamente controlados. Por conseguinte, isto permitiu criar uma relao prxima entre as polticas do setor e os trabalhadores, desenvolvendo, apoiando e reforando grande parte dos elementos de cada trabalho [35]. A equipa de poltica de construo atua como protagonista em questes de poltica de construo, tanto dentro da HSE, como noutros departamentos governamentais, legislao e assuntos parlamentais. O setor da construo tem um papel fundamental, atuando como elo de ligao e apoio entre as opera-es de construo, outras partes da HSE e as partes interessadas, paralelamente poltica de constru-o [35]. Os inspetores, na diviso da construo, tm tambm um papel muito importante. O papel do inspetor o de garantir que os que se encontram com obrigaes legais controlam os riscos de uma forma efi-caz, prevenindo o perigo. Estes so profissionais bem formados, que usam os seus conhecimentos tcnicos e legais, as suas capacidades de julgamento, comunicao e investigao para aconselhar, fazer cumprir leis e promover a segurana e bem-estar dos trabalhadores [35]. O trabalho de um inspetor [35] baseia-se em inspees aos estaleiros, intervenes planeadas, inter-venes reativas (incluindo as inspees de acidentes e reclamaes), fornecimento de orientao e aconselhamento nas visitas, atividades educacionais ou promocionais e aes legais quando necess-rio. Para que o inspetor aja de forma correta, assegurando o cumprimento das leis, deve agir de acordo com a Declarao de Politica de Execuo (EPS). Este documento tem como objetivo garantir que as aes de execuo tomadas so as mais adequadas ao risco ou quebra da lei. A abordagem do inspe-tor, para que se cumpra as leis no que diz respeito segurana e sade, deve ser proporcional, consis-tente e transparente [35].

    2.5.2.3. Legislao de Segurana e Sade

    O HSWA a base da lei da segurana e sade que a HSE e as autoridades locais impem a todas as atividades de trabalho e aos riscos decorrentes das mesmas. Esta lei, tal como referido anteriormente, estabelece os deveres gerais que os empregadores devem cumprir face aos seus funcionrios e ao p-blico afetado pelas empresas, e os deveres que os funcionrios tm para consigo mesmos e para com os outros [35]. No que diz respeito indstria de construo, o regulamento criado para esta indstria foi o CDM 2007. Este regulamento integra a sade e segurana na gesto de um projeto de construo e cobre as principais funes aplicveis a todos os projetos de construo: aqueles que no so de declarao obrigatria, os direitos adicionais que se aplicam aos de declarao obrigatria (comunicao prvia) e os deveres gerais aplicveis a todo o trabalho de construo [35].

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    21

    2.5.2.4. Iniciativas de informao e sensibilizao

    A HSE disponibiliza a todos os interessados um grande leque de informaes e ferramentas com o intuito de otimizar a segurana e sade em todos os trabalhos. Estas tm o objetivo de sensibilizar e manter informados todos os interessados nesta matria sobre as legislaes de segurana em vigor, os perigos que diversos trabalhos podem ocasionar e os cuidados a ter na sua execuo [37]. Para que haja uma maior sensibilizao por parte de todos, a HSE realiza campanhas e congressos, como o caso da preveno das quedas em altura Shattered Lives, cujo principal destinatrio o setor da construo [38]. Para alm de campanhas, a HSE tambm disponibiliza guias para informar os trabalhadores do setor da construo sobre como devem proceder, por forma a agir da melhor maneira, tentando otimizar a segurana e sade sempre que realizam algum tipo de trabalho [37].

    2.5.3. PORTUGAL A AUTORIDADE PARA AS CONDIES DO TRABALHO

    Em Portugal, a superviso dos aspetos relacionados com a segurana e sade no trabalho est maiori-tariamente a cargo da Autoridade para as Condies do Trabalho (ACT). o organismo da adminis-trao pblica central responsvel pela promoo da melhoria das condies de trabalho. um servio do Estado que visa a promoo da melhoria das condies de trabalho em todo o territrio continental atravs do controlo do cumprimento do normativo laboral no mbito das relaes laborais privadas e pela promoo da segurana e sade no trabalho em todos os setores de atividade pblicos ou privados [39]. A ACT, que assumiu as atribuies da Inspeo Geral do Trabalho e do Instituto para a Seguran-a, Higiene e Sade no Trabalho, tem a sede em Lisboa e dispe de servios regionais e locais.

    A ACT, dotada de autonomia administrativa e com jurisdio em todo o territrio continental, integra a administrao direta do Estado e tutelada pelo Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Social. A sua misso, atribuies e competncias esto definidas no Decreto-Lei n. 326-B/2007, de 28 de se-tembro [40]. A sua organizao interna, est prevista no mesmo documento, sob a Portaria n. 1294-D/2007, de 28 de setembro [40].

    2.5.3.1. Caracterizao

    A Autoridade para as Condies do Trabalho (ACT) um servio central da administrao direta do Estado que promove a melhoria das condies de trabalho em Portugal. No quadro do Plano de Redu-o e Melhoria da Administrao Central (PREMAC), levado a cabo pelo XIX Governo Constitucio-nal, a ACT integrada no Ministrio da Economia e do Emprego (MEE) pelo Decreto-Lei n 86-A/2011, de 12 de julho [41], [42]. O Decreto-Lei n. 126-C/2011, de 29 de dezembro, que estabelece a lei orgnica do MEE, define a misso da ACT como sendo de promoo da melhoria das condies de trabalho, atravs da fiscali-zao do cumprimento das normas em matria laboral e o controlo do cumprimento da legislao rela-tiva segurana e sade no trabalho, bem como a promoo de polticas de preveno dos riscos pro-fissionais, quer no mbito das relaes laborais privadas, quer no mbito da Administrao Pblica [41]. O Decreto Regulamentar n. 47/2012 de 31 de julho, que publica a nova lei orgnica da ACT, perspe-tiva a promoo da melhoria organizacional e a racionalizao das estruturas ao nvel central e, parti-cularmente, dos servios desconcentrados, promovendo uma profunda restruturao e reorganizao

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    22

    das unidades orgnicas da ACT, com o objetivo de otimizar recursos humanos e financeiros. Esta rees-truturao marca uma nova fase desta instituio, plasmada em documentos de gesto estruturantes como a Estratgia da ACT para o trinio 2013-2015, onde so delineados os vetores de atuao da organizao em resposta aos elevados desafios que lhe so colocados pelo quadro de crise global [41].

    2.5.3.2. Misso e atribuies

    A Autoridade para as Condies do Trabalho (ACT) tem como misso a promoo da melhoria das condies de trabalho, atravs da [40], [43]:

    Fiscalizao do cumprimento das normas em matria laboral; Promoo de polticas de preveno dos riscos profissionais; Controlo do cumprimento da legislao relativa segurana e sade no trabalho.

    A Autoridade para as Condies do Trabalho tem como atribuies [40], [43]: Promover, controlar e fiscalizar o cumprimento da lei respeitante s relaes e condies

    de trabalho, designadamente a legislao relativa segurana e sade no trabalho; Desenvolver aes de sensibilizao, informao e aconselhamento no mbito das rela-

    es e condies de trabalho para trabalhadores e empregadores e respetivas associaes representativas;

    Promover a formao especializada nos domnios da segurana e sade no trabalho, apoi-ando as organizaes de trabalhadores e de empregadores na formao dos seus represen-tantes;

    Participar na elaborao das polticas de promoo da sade nos locais de trabalho e pre-veno dos riscos profissionais e gerir o processo de autorizao de servios de segurana e sade no trabalho;

    Coordenar o processo de formao e de certificao de tcnicos e tcnicos superiores de segurana e higiene do trabalho;

    Colaborar com outros organismos da administrao pblica com vista ao respeito integral das normas laborais nos termos previstos na legislao comunitria e nas convenes da Organizao Internacional do Trabalho, ratificadas por Portugal;

    Assegurar o procedimento das contraordenaes laborais; Exercer competncias em matria de trabalho de estrangeiros; Prevenir e combater o trabalho infantil em articulao com outros departamentos pbli-

    cos; Avaliar o cumprimento das normas relativas ao destacamento de trabalhadores e cooperar

    com os servios de inspeo das condies de trabalho de outros estados-membros do es-pao econmico europeu.

    2.5.3.3. Conselho Consultivo para a Promoo da Segurana e Sade no Trabalho

    O Conselho Consultivo para a Promoo da Segurana e Sade no Trabalho o rgo colegial, de natureza consultiva, ao qual incumbe apoiar a Autoridade para as Condies do Trabalho no exerccio das suas competncias em matria de segurana e sade no trabalho. constitudo por [44]:

    O Inspetor-Geral do Trabalho, que preside; Dois subinspetores-gerais; Dois representantes de cada confederao sindical com assento na Comisso Permanente

    de Concertao Social: o Confederao Geral dos Trabalhadores Portugueses Intersindical Nacional

    (CGTP-IN)

  • Utilizao de EPI em PME de Construo Caso de Estudo

    23

    o Unio Geral de Trabalhadores (UGT) Um representante de cada confederao patronal com assento na Comisso Permanente

    de Concertao Social: o Confederao dos Agricultores de Portugal (CAP) o Confederao do Comrcio e Servios de Portugal (CCP) o Confederao da Indstria Portuguesa (CIP) o Confederao do Turismo Portugus (CTP)

    Este Conselho ter como principais funes a emisso de pareceres do domnio da promoo da