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elevisa o Bastidore s O s jornalista s por tra s do Faust~ o Alex Solnik entrevist a Alberto Lucchetti Jr. P roduzido, ha urn ono , por urn grupo d e jornalista s ern Sao Paulo, sob direcao-geral d e Alberto Lucchetti Jr., o programa d e Fausto Silva, na Rede Globo , recuperou sua condicao de lider nas tardes de domingo . Tern ganho sistematicament e de Gugu Liberato, do SBT . Alem disso , o "Domingao do Faustao " fatura mais, sozinho , do que toda a Rede Record . Por ser feito por jornalistas, tern fechamento parecido ao d e uma revista semanal , corn "pescorao " e tudo o mais . 0 centro nervoso fica num pacat o sobrado do bairro da Agua Branca . Tudo o que vai ao ar nas quatr o horas de domingo , e que na segunda-feira repercut e em todas as redacoes do pals , e produzido em solo s sem vestigios de lux o ou ostentack . Na sofa d e reunioes, em torno de uma grande e solida mesa, sempre interrompid o pelo tilintar dos celulares, Alberto Lucchetti Jr. recebeu IMPRENSA, acompanhado por sou s fieis companheiros Edso n Scatammachia e Marcos Barreir o para contar, em primeira mao , tudo o que acontece nos bastidore s do "Programao do Faustao" . 82 1MPREN'SA

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elevisa oBastidores

Osjornalistaspor trasdo Faust~oAlex Solnik entrevistaAlberto Lucchetti Jr.

P roduzido, ha urn ono,por urn grupo d ejornalista s

ern Sao Paulo, sob direcao-geral d eAlberto Lucchetti Jr., o programa deFausto Silva, na Rede Globo ,recuperou sua condicao de lidernas tardes de domingo .Tern ganho sistematicament ede Gugu Liberato, do SBT. Alem disso ,o "Domingao do Faustao "fatura mais, sozinho,do que toda a Rede Record .Por ser feito por jornalistas,tern fechamento parecido ao d euma revista semanal ,corn "pescorao " e tudo o mais .0 centro nervoso fica num pacatosobrado do bairro da Agua Branca .Tudo o que vai ao ar nas quatr ohoras de domingo ,e que na segunda-feira repercut eem todas as redacoes do pals ,e produzido em solossem vestigios de luxoou ostentack . Na sofa d ereunioes, em torno de uma grandee solida mesa, sempre interrompidopelo tilintar dos celulares,Alberto Lucchetti Jr. recebeuIMPRENSA, acompanhado por sou sfieis companheiros Edso nScatammachia e Marcos Barreiropara contar, em primeira mao ,tudo o que acontece nos bastidoresdo "Programao do Faustao" .

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1MPREN'SA

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IMPRENSA- E verdad e

que voces, desde que assu-miram o "Domingao d oFaustao" estao impondo se-guidas derrotas ao progra-

ma do Gugu?Lucchetti - Eu tenho aqui

urn relatorio do Ibope, de1998, (mostra e folheia )onde voce tern, semana porsemana, o que aconteceu noprograma. No final do anovoce tern uma media de 2 3a 18 pontos para nos . Foram23 vitorias, 3 empates e 9derrotas.

IMPRENSA - Como eque urn jornalista com ovoce foi parar num progra-

ma de variedades, e comoisso deu certo ?

Lucchetti - A ideia fo itentar fazer do "Domingao"algo nao alienado, algo maismovimentado, o que sem-pre foi o perfil do progra-ma do Fausto. Depois deurn certo periodo, o Faustoquando veio para a Globo ,o que ele conseguiu fazer?

Conseguiu desbancar o caraque era o dono dos domin-gos ha 30 anos . 0 SilvioSantos, quando o Faust ocomecou na Globo, is da s11 da manha as 8 da noi-te . 0 que o Silvio foi fa-

zendo logo depois? Foi sain-do do Fausto, foi saind odo Fausto . Entao, a nossaideia, desde o inicio, fo iresgatar o "Perdidos n aNoite" , do Faustao, qu esempre foi um sucesso .

IMPRENSA - Voce co-nheceu o Fausto Silva n aBandeirantes?

Lucchetti - Nao, eu tra-balhei corn Fausto na JovemPan e no Estaddo, quandoele era reporter de esportes .Mas quem me levou para oprograma foi o Roberto Tal-ma. Foi o seguinte. A Mar-

luce Dias da Silva convido uo Talma e o Talma achouque seria interessante fazerurn grupo de jornalistas n oprograma do Fausto. Entao ,ele me chamou e mando umontar esse grupo de jor-nalistas . E eu montei, deucerto, ele acabou saindo e eufiquei corn o programa .

Ele saiu em junho, no scomecamos em maio de 98 .Qua] era a ideia? A ideia fo i

montar urn nucleo de jor-nalistas. Hoje 70% do pro-grama e feito por jornalis-tas : Edson Scatammachia, oBarreiro, eu, o Fran, Sabi-no, Alexandre, um grupo d ejornalistas . 0 que nos fize-mos? Nos criamos urn mo-

delo, corn apoio muito borndo Talma nessa area, que fo iuma trilogia para voce apre-

sentar os assuntos de form adiferente do que apresen-tado no jornalismo, que e oseguinte: voce pegava o pas-sado, voce dramatizava opassado ; voce pegava o pre-sente, voce fazia em termo sde reportagem e voce traziapessoas ao vivo no palco . 0unico programa que pod efazer isso e o do Fausto . Por

que? Porque cabe urn pou-co de dramaturgia, cabe re-portagem e cabe ao vivo ,porque e 0 unico programaao vivo da Rede Globo . i3

Sao Paulo - 1999Media / 27 programas

Sao Paulo - 199 9

Rio de Janeiro - 199 9Media / 27 programas

Rio de Janeiro - 199 9

1MPRENS\

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elevisa o

0 mesao: FranAugusti, Claudio

Zaidan, Marc oSabino, Alexandre

Hercules, JoseRoberto Lucchetti ,Paulo Marques, as

musas WalquiriaHamu e Margarete

Noe. Alem deEdson e Barreiro

o unico que da para faze r

as tres coisas . E, para faze r

as tres coisas, tern que se rjornalista . Entao, criamo salguns quadros, nao e, Ed -

son? Dentro dessa trilogia ,que deram certo . . .

IMPRENSA- 0 proprio

Faustao a jornalista . . .Lucchetti - Ele virou o

"ancora" da tarde, virou o

ancora da tarde . . . Born ,

alem do que, calcar no quefoi sempre o carro-chefe

do proprio Fausto . 0 que ?0 humor. 0 humor irre-verente, o humor de saca-das, que so o Fausto tern .Entao, e facil voce traba -Ihar corn um apresentado r

como Fausto. Quandovoce poe, por exemplo, asvideocassetadas, qual e o

diferencial do Fausto ?Todo mundo pode ter a svideocassetadas, mas nin -

guem vai narrar as video-

cassetadas como ele! Po rque? Porque videocasseta-das tern que ser urn nego-cio de pique, de cara que

tern sacacao .IMPRENSA - Ele faz

tudo na hora, o tftulo, o tex-

to, e as legendas !Lucchetti - Ele faz tudo !

Entao, o que eu procure i

fazer esse tempo todo, corna ajuda do Barreiro e doEdson, foi devolver ao

Fausto o programa do Faus-to . Para despertar nele, denovo, o "Perdidos na Noi-te" . E nao deu outra! Cadavez, por exemplo, hoje, qu eele sai do estCidio, vai par a

"suiter " , ou anda no Projac ,ou vai ao banheiro, ele d apico de audiencia. Por que ?Porque o cara acostumou aver o Fausto desse jeito .Uma tese que o Fausto de -

fende, interessante, eu usei

contra ele . Que e o seguin-te . Toda vez que a gente pro -curava fazer urn quadro cornalguem que foi sucesso ha

20 ou 10 anos, o Fausto di -zia o seguinte, dentro da ex-periencia dele : cuidado . . .

Por exemplo : nos contamosa vida do Reinaldo, o cen-troavante do Atletico, quan -

do ele largou as drogas . Naoe, Edson? Al o Fausto falou :foi um negocio interessan -

te, mas, voce ve : o Reinaldo

foi fdolo, ja se passaram 1 0

anos . Quern tinha 10 anos

de idade na epoca e hoj e

tern 20, nao lembra mais do

Reinaldo, e e verdade . Al eufalei para ele: Fausto, quemtern 25 anos nao lembra do"Perdidos na Noite" . . . se everdade isso e eu acredit o

que e, e verdade para voc e

tarnbem . Nao foi, Edson ?Barreiro - Foi of que o

Fausto comprou essa ideiade retomar essa coisa ludicaque ele sempre teve, que e a

base do trabalho dele .

Quando ele chegou na Glo-bo ficou aquela coisa pas-teurizada . . .

Lucchetti - Enlatou, en-latou . . .

Barreiro : . . . o que acon-teceu? Quando ele saiu, fo iao banheiro, e tal, e de upico de audiencia, corn

40% dos televisores ligados ,dava 30, 32 pontos as 4 ho-ras da tarde. Isso e pico deaudiencia, se voce compa-rar corn novela, e pico denovela . Aqui mesmo a gen-te recebeu telefonemas doseguinte tipo : votes nao ternassunto? Faltou algum can-tor?

Lucchetti - E hoje a tesee a seguinte: quanto mais oFausto for irreverente - e elee bastante -, quanto maisele for alegre - ele a bastan-

te -, quanto mais ele apro-veitar do humor corn a in-teligencia que ele sabe faze r

como ninguem, da resulta-do. Por exemplo : hoje oFausto manda parar uma

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pegadinha e vai perguntarpara as pessoas se elas acham

se aquele tipo de reacao estacorreto ou nao . Porquecomo nos fazemos 80% dasproducoes de pegadinhas decomportamento, da parafazer essa jogada : voce ach aque aqui o homem reag emais ou menos agressiv oque a mulher? Entao, po rque isso da? Porque e o jor -nalista como ancora . E oque voce tern que fazer no"Domingo"? Voce tern quelevar entretenimento, diver-sao, mas voce pode levar,tambem, algum tipo de in-formacao . Esse casamento ,por exemplo, que nos fize-mos, na variedades e nohumor, corn jornalismo, eprova de que da resultado ,porque o cara tambem que rser informado, quer receberalgum tipo de informaca odiferente do que estavaacostumado a receber aosdomingos . . .

IMPRENSA - Voce snunca cogitaram em usar oespaco do "Domingao" parafazer o jornalismo puro, criarurn noticiario mesmo?

Lucchetti - Nao, nao . 0que a gente faz em termo sde jornalismo . . .

IMPRENSA - Quer di-zer que as noticias do do-

mingo ficaram para o "Fan-tastico" mesmo ?

Lucchetti - Nao ficaramno "Fantastico", nao . Fica-ram corn a CGJ-CentralGlobo de Jornalismo . 0que a gente faz hoje e o se-guinte : quando tern assun-

to importante, entra tam-bem no "Faustao" . Entra aovivo. Porque, nesse inicio ,por exemplo, isso foi umacolocacao feita pela prbpriaMarluce e pelo proprioFausto, essa foi a fenda quen6s fizemos dentro da Glo-

bo. Nao existia essa integra-cao tao boa como existehoje. Eu sou, ao mesmotempo, o diretor-geral d oprograma do Fausto e res-ponsavel pelo jornalism onesse horario do program ado Fausto . Entro, eu deci-do o que entra ou nao. Porser jornalista .

IMPRENSA - Essa mu-danca, entao, foi uma coisada Marluce ?

Lucchetti - Foi . Foi el aquern criou esse cargo dediretor-artistico do jornalis-mo. Que foi para inicia rtodo esse trabalho .

IMPRENSA - E oGugu, assedia voce? Comoele reage a essa situacao deinferioridade em relacao aoFaustao?

Lucchetti - 0 que acon-teceu corn o Gugu nesseperiodo, nessa transforma-~ao do Fausto, e nessa per-da de audiencia dele, foi oseguinte . Ele criou situacoe spara neutralizar esse noss ocrescimento da audiencia .

Barreiro : Algumas at ecorn exito. . .

Lucchetti - Nao, algu-mas corn exit,, nao . . . as qu eele criou corn exito. . . Eudiria o seguinte : algumascriativas, outras apelativas ,algumas inteligentes, outras

estrategicas, mas, ainda . . . euposso provar para voce qu eele ainda esta perdido, ain-da nao encontrou a formu-la certa . Na verdade, e 0 se -guinte . Ele fica algum tem-po perdendo muito, ai el ecria uma estrategia . Depois ,

comeca a perder de novo ,cria outra. Nos programasque ele ganhou este ano (de30 programas ele so ganhouoito), ele ganhou sempre emcirca de um fato ouque ele criou, ou quefoi criado e ele explo-rou de uma maneiraas vezes ate grotesca ,mas explorou . Como

foi o caso da orelh aque ficou na porta d aemissora do SBT, ernGoiania, do Welling -ton. Ele fez um "take"da orelha e deixou umahora e pouco no ar, evai falando ern cima ,naquele torn emocio-

nal .Oqueeudigoe oseguinte . 0 grandeerro, num determinado mo-mento do programa doFausto, que foi quando el ecomecou a perder, foi por-

que se procurou fazer noprograma dele o que a con -correncia fazia .

IMPRENSA - Hoje issomudou ?

Lucchetti - Hoje eu pos-so garantir a voce o seguin-te: n6s esquecemos a con-correncia . N6s nunca va-mos fazer o que a concor-rencia faz. Entro, voce ternque esquece-la. Voce podeate olha-la no sentido de

"0 grande erro ,num determinad omomento doprograma doFausto, que foiquando etecomecou a perder,foi porque seprocurou fazerno programadete o que aconcorrencia fazia

falar : o que eu nao devo fa -zer? Isso. 0 que eu posso

fazer? Alguma coisa diferen -te do que ele esta fazendo .Eu vejo a concorrencia soassim. Entao, se voce me

pergunta se eu me preocu-po corn o Gugu, eu me preo -cupo de uma maneira dife-

rente de que os outros dire -tores se preocupavam quan -do enfrentaram o Gugu .Eles se preocuparam em fa-

zer o que o Gugu estava fa-

IMPRETA

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elevi :saoB a

"Quem a essepadre? E um

ex-professor deeducacao

fisica. Po,vamos contarquem a essecara que ate

entao ninguemconhecia. E ai

descobrimoso padre

Marcelo Rossi ."

zendo. Eu me preocupo e molhar o Gugu para saber oque eu nao devo fazer. Por

que eu nao devo fazer? Por-

que o Fausto nao quer, e naosabe fazer. A Globo nao que re nao fara, e eu nao me per -

mito . Levar mulher pelada ,levar foto de homem nu, ex -plorar uma situacao como a

banheira, explorar uma du-pla corn caracteristicas ehumor duvidoso . . . Isso nbs

nao vamos fazer. Eu me p1 o-cupo em fazer urn progra-ma para o coletivo. Para to-

das as faixas etarias, que e oque assiste hoje o " Domin-

go", para todas as faixas so-cials ao mesmo tempo .

IMPRENSA - O Faustoaceitou a nova filosofia?

Lucchetti - 0 Faustofala uma coisa corn muit a

propriedade que e a seguin -

te : o domingo tern uma ca-racteristica diferente de to -

dos os dias da semana . Sevoce quer urn programa in-fantil de segunda a sextavoce tern de manha . Se vocequer novela, voce tern urn

horario determinado . Se

voce quer urn filme, voc e

tern hora. Se quer noticia ,tern hora. No domingo ,

nao. Esta a familia toda, o

domingo inteiro, sentad a

em frente a televisao! E vocetern que fazer urn program a

para todo mundo ao mes-mo tempo . Outra coisa queele fala, e e importante, e o

seguinte: voce tern no do-

mingo uma exposicao decantores a partir do meio-dia ate as cinco horas, que e

quando nbs entramos . En-tao nos nao podemos mais

ter, porque vai ficar a repe -

ticao da repeticao . Dal, n6s

temos que fazer urn progra-ma sem musica, para todasas classes sociais, para todasas faixas etarias, nao pode-mos explorar, por exemplo ,mais o elenco da prbpriaGlobo, que nesses dez anos

o Fausto explorou a exaus-

tao, corn quadros ate entao

nunca vistos . Vinha, po r

exemplo . o Tarcisio Meir acontando a vida dele . Nun-ca ninguem viu ele falandoda vida dele . Ai, quando ve ,presta atencao . Agora, se eucolocar todo domingo 0Tarcisio Meira, nao tern jei-to . Ou o Fagundes . Osgrandes astros da casa . Issoja foi feito. Entao, nos pe-gamos urn programa cornurn problema serio de esta r

ha dez anos no mesmo ho-rario, de ter explorado j atodo o elenco da casa, e pe-gamos urn programa perto

de completar 500 progra-mas. Completou 500 pro-gramas em novembro, e dezanos em marco agora . Querdizer, ern 14 meses que nos

estamos la, pegamos doisgrandes eventos dentro d eurn programa de dez anos .

Alem do que, tivemos d e

tentar, de certa forma, mu-dar a imagem do programa ,

porque o programa estava

desgastado, fruto ainda da-queles episbdios do sushi edo Latininho . E em pouco

tempo nbs mudamos o per-fil do programa .

IMPRENSA -Voce acha

entao que a imprensa fo i

injusta corn o Faust-do?

Lucchetti - Eu you dize r

uma coisa . A imprensa co-

nhecia o Fausto Silva ha dez

anos e passou a retratar o

Fausto em cima de dois des -

lizes que ele teve nesses dez

anos : Latininho e sushi . Fi-

cou uma chancela nele . Empouco tempo, nbs transfor-mamos o programa e leva-mos ele para a capa de cin-co grandes revistas nacio-

nais . Ele foi capa da Ueja ,duas vezes ; foi capa da IstoEe foi capa das revistas de te -levisao, Contigo, Amiga, etal . Corn casos levantado spelo programa . Por exem-

plo: foi capa da Veja corn

urn cara que nos descobri-mos que era o maior ven-dedor de livros do pals . Nosfomos fazer uma reporta-gem na Bienal do Livro .

Quern e o cara que mai svende livros? Nos descobri -

mos que era um padre .Quern e esse padre? E u m

ex-professor de educacao fi-

sica. Po, vamos contar

quern a esse cara que ateentao ninguem conhecia . Eal descobrimos o padre

Marcelo Rossi . E ele, d oprograma do Fausto, viro ucapa da Veja e personalida-

de mundial . Fizemos umamateria em cima de um adentincia - e por al que vaitodo o car-Ater jornalfstico

da equipe - ha uma denun-cia de que uma fa tern urn

filho do cantor Joao Pauloconcebido uma noite an-tes de ele morrer. E urn fatojornalfstico? E. Tern algumdocumento provando ?

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1MPRE A

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Tern: uma acao na Justica.Vamos fazer uma reporta-

gem. So que nos nao para-mos no caso em si . E fize-mos urn grande debate so-bre o DNA. Que e o gran -

de assunto hoje . Fizemos odebate e levamos, desde odepoimento do filho d oJoao Goulart, que foi um apaternidade reconhecida . . .Entao voce ve o carater jor-nalistico de urn program ade variedades . Fomos bus -car a filha do Pele, o filhodo Roberto Carlos, enta ovoce tern varios casos . Foicapa da IstoEda semana se-guinte . Outra: havia urnboato na pracsa de que o atualmarido da Gloria Pires, oOrlando Moraes, havia secomportado de maneira . . .

Barreiro - . . . havia asse-diado a enteada . . .

Lucchetti - . . . a filha doFabio Jr. e da Gloria . Puse-mos os dois no ar debaten-do corn o Fausto. Desmen-tiu-se todo o boato, o as-

sunto que estava nos basti-dores da televisao . A fotodeles foi capa da Veja . Ou-tros assuntos que foramcapa de revistas de televisao :coisas como o Junior, ess ecantor novo que nos desco-brimos . . .

Barreiro - Ou ressurrei-coes, como o ReginaldoRossi . . .

Lucchetti - E, ReginaldoRossi . . . como nao pode po rmtisica, nos criamos musi-ca diferenciada. Ou a gentecria urn fato e vira noticia.Por exemplo : toda vez que

voce poe m isica no progra-ma, cai a audiencia . Entao ,o que nos imaginamos? Va-mos criar numeros diferen-ciados . Por exemplo: o quenao esta na midia? Vamo stentar trazer. Entao, fizemo so encontro do MPB-4 corn

o Quarteto ern Cy. Voce ssac) loucos!!! . Pois deu picode audiencia . Por que e taodiferente que o publico que rver uma coisa diferente . Fi-zemos urn bale, os oito can -tando junto, anos dourados ,e 20 casais dancando . Fize-mos urn baile as oito e mei ada noite! Fomos buscar n oRecife urn cantor que e urnfenomeno e o grande uni-

verso aqui do eixo Rio-Sa oPaulo nao conhecia . Ou es-queceu dele . Reginald oRossi . Quem e hoje o Re-ginaldo Rossi? Virou "cult" .Decolou de novo a carreiradele . Colocamos o Milto nNascimento cantando mt;t-sicas do tempo em que el eera "crooner" . E ele lanco uum disco por causa do pro-grama do Fausto . E ele dizpara todo mundo : "Quan-do eu sal do programa d oFausto falei, esse sera o me uproximo disco" . Quer dizer :sao iniciativas que deramurn resultado cultural inte-ressante . Outro dado : fo-mos buscar aqui na perife-ria de Sao Paulo um feno-meno de publico, mas naourn fenomeno de midia,que e Frank Aguiar. Urncara que faz 40 a 50 showspor mess, corn 50, 100 milpessoas por show, e a midia

nao conhece . Colocamo sno Fausto, subiu oito pon-tos o Ibope .

IMPRENSA - Voces es-tao enfrentando a onda do spagodeiros ?

Lucchetti - Nos estamosindo buscar essas alternati-vas para nao ficar na mes-

mice do axe, do pagode, d osertanejo . Ai, o Fausto pegana plateia urn meni -no que abre um car-taz, fala : sou cantor,quero uma chance .0 Fausto, dentro dadescontracao dele ,diz: vem e canta. 0moleque deu urnshow, esta em pri-meiro lugar no Rio .Ern urn mes s . Quem

e esse Junior? Can-tando uma mtisic aque nos arrumamo surn conjunto par adar para ele, um amtisica tambem nova, quenao estava na praca, esta e m

primeiro lugar no Rio de Ja -neiro a mtisica do garoto . Euacho que todas essas coisasjuntas marcaram essa reto-

mada de lideranca indiscu-tivel do programa do Faus-to . Nao so do ponto de vistada audiencia, mas do pont ode vista do faturamento, qu ee muito importante .

IMPRENSA - Mais doque importante . . .

Lucchetti - O Fausto ternurn programa que da audien-cia, mas que tern qualidadeao mesmo tempo . Porexemplo: o caso das pega-dinhas . A pegadinha e uma

'Entao, fizemos oencontro do MPB-4corn o Quarteto emCy. Voces sit)loucos!!! . Pois deupico de audiencia .Porque a taodiferente que opublico quer ver umacoisa diferente."

coisa que existe no mund otodo, ela comecou nos Es-

tados Unidos na decada de50 e o programa do SilvioSantos ja usava corn outronome. 0 que nos fizemos ?Nos simplesmente bloca-mos a pegadinha . Coloca-

mos uma pegadinha atrasda outra . Durante dois blo-cos, num total de 40 minu-tos . E estourou a audiencia,

deu pico de audiencia. Deuuma febre de pegadinhas .Tern programa hoje que sofaz pegadinha. Tern antin-

cio de televisao, como o doguarana, que ele fala : voce

IMPREMSa

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"Hoje eu naoaceitaria trabathar

contra o Fausto. Eu"o me sentiria bem

hoje trabathandocontra o Fausto. Ate

rque eu me envolvitanto corn ele,

ssionatmente e'onalmente, que

nao poderia faze rum programacontra ele ."

acabou de participar da pe-gadinha do guarani N6scriamos urn quadro que sechama "o enrolador" . Tev eurn partido politico que

achou que era sacanagemnossa e fez a mesma coisana propaganda politica . 0enrolador nada mais e doclue urn sujeito que sai n arua enrolando literalment eas pessoas . 0 primeiro pro-

grama que nos fizemos fo ie m Brasilia . 0 cara saiu emBrasilia enrolando tod omundo . Hoje e uma sensa -4ao do programa . Agora, eu

acho o seguinte, faland ocorn honestidade corn voce ,e usando como testemu-nhas o Edson e o Barreiro ,que sac) profissionais (o Ed-son mais antigo que eu, oBarreiro da mesma idade) ,para fazer urn programa po-pular, de born nivel, no do-

mingo, nao pode ser umaproducao simples . Tern queser uma producao sofistica-da em termos intelectuais .Ela tern que ter contetido .

Porque senao, nao faz.

Barreiro - E como o tex-to jornalistico : o licit e difi-cil para caramba .

IMPRENSA- Voces naoacham que o Gugu tentouimitar o Faustao ?

Lucchetti - 0 que el etenta fazer e copiar o pro-

grama literalmente . Porexemplo: nbs, desde outu-

bro, abrimos o program acorn pegadinhas e fechamo scorn videocassetadas . Porque? Como nos tres somosjornalistas, e radialistas (tra-balhamos muito tempo em

radio) e evidente que a tele-visao tern urn do habito quefaz o monge . No que voc etransforma em habito, ocara assiste . E hoje esses doi squadros tern uma audienci amuito boa. Entao, o qu e

Gugu faz? Quando nbs en-tramos no ar - ele esta sem-pre uma, uma hora e meiana nossa frente - ele paraqualquer coisa que tiver noar, se alguem estiver cantan-do ele para a musica, e po ea pegadinha dele. Quandoele sabe que nbs vamos en-

trar corn a videocassetada,ele pOe a videocassetadadele. Entao, se ele comecao programa como o nosso etermina como o nosso, o que

ele tern que fazer no meio? 0humor. Entao, como ele naosabe fazer, ele entrega para oET e Rodolfo . Ele chega a sairdo palco e deixar 40 minu-

tos o ET e o Rodolfo . Essa ea estrategia dele. Soma a isso,que e ele fazer urn programaigual ao nosso, o fato de el e

nao ter os brakes comerciais .Por que? Como ele comersauma hora e meia antes d enbs, ele "paga" todos os

brakes comerciais em umahora e meia, e fica duas ho-ras e meia, tres horas, sembrake comercial .

IMPRENSA - E se oGugu oferecesse a voces odobro do salario ?

Lucchetti - Hoje eu na oaceitaria trabalhar contra oFausto. Eu nao me sentiri a

bem hoje trabalhando con-tra o Fausto . Ate porque eume envolvi tanto corn ele,

profissionalmente e emocio-

nalmente, que eu nao pode-ria fazer urn programa con-tra ele . Nao teria dinheiro

que o Gugu me oferecess e

que me levaria a dirigir oGugu disputando no mes-mo horario corn o Fausto .

IMPRENSA - E verda-

de que o programa do Faus-to fatura hoje mais do qu e

a Rede Record inteira ?Lucchetti - Dentro da rea -

lidade do mercado, o progra-ma do Fausto nao perde uexatamente nada desde que

nos entramos . Se houve um aqueda de 10% na publicida-de da televisao, o Fausto per-deu 10%. Se houve urn au-mento de 10, o Fausto ga-

nhou 10 . 0 fato de ele te r

hoje urn programa popular,de born nivel, sem baixaria,disputando audiencia, ga-nhando e se tornando nova-

mente o lider de audiencia ,fez corn que mesmo corn 1 0anos no mesmo horario naotivesse nenhuma alteracaoem termos de faturamento.Ele e, hoje, em faturamen-to, o que ele sempre foi paraa Globo: urn dos maiores fa-turamentos da casa. 0 cal-culo, hoje, do programa doFausto e de 120 milhoes dedblares por ano. Eu sei que aRecord, como rede, faturou100 milhoes de Mares noano passado e a Bandeiran-

tes, 150 . Entao, o programado Fausto tern o faturamen-to de uma rede de televisao.

IMPRENSA - E dentroda Globo ele e o maior fa-turamento ?

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EM PREA

Page 8: jornalistasportalimprensa.com.br/tv60anos/pdfs/NOVO_IMPRENSA_1999... · 2012-11-29 · de Gugu Liberato, do SBT. Alem disso, o "Domingao do Faustao" fatura mais, sozinho, do que toda

Lucchetti - E o maior fa-turamento individual . Ele

esta perdendo para os jor-nais, e para a soma de no-

velas . Eu diria que perde

para jornalismo . Perde as

novelas? Perde para os even-

tos esportivos? Perde . Mas

nao perde para mais nin-

guem. E urn programa que

ha quatro anos tern uma

media, tirando urn ano pel ooutro, porque ele ja chego ua ficar seis horas no ar, co-mecou corn duas, e ha 1 4

meses esta corn quatro, qua-tro horas e meia de progra-ma. Vamos por quatro ho-ras, para fazer conta redon-

da . Sao 160 . . . sao 360 mi-nutos, nao e ?

IMPRENSA - Duzento se quarenta. . .

Lucchetti - E, jornalis-

ta nao aprende a fazer con-ta nunca. . . Mas 240 minu-tos significam a producao

semanal de uma novela .

IMPRENSA - Voces che-gam a mudar a segiiencia doprograma na hora?

Lucchetti - Muda bloco,muda entrevista, muda tudo !Muda brake, aumenta, dimi-

nui bloco. 0 que voce so nao

pode fazer na Globo e nao"pagar" brake. Voce nao podefazer urn bloco de 50 minu-

tos e dois de cinco . Voce des -

troi uma fileira de domino .Cai a rede toda! Agora, vocetern flexibilidade : adia 10 mi -

nutos, antecipa 10, isso vocetern, ate porque o programado Fausto e o tinico que acerta

a programacao da Globo . Se ,durante o domingo, das oito

da manna ate as cinco da tar-

de, atrasou a programacao ,nos vamos perder minutos deproducfao . Mas, se adiantou,nos temos que acrescentar

minutos. Ja teve casos . . .

Edson - Conta para elecomo foi essa semana, porexemplo . . .

Lucchetti - Nos disse-ram: olha, voces so vao sa-ber do tempo do program a

na sexta-feira depois d ojogo do Brasil . 0 jogo soacaba as 11 da noite . E no stemos que it para o Rio d e

Janeiro, editar os quadro sque sao Bravados, na ma-drugada do sabado par adomingo . Se eu nao sei ate

sexta-feira a noite quanto

tempo eu tenho de progra-ma, eu nao sei nem o queeu you fazer na edicsao. En-

t-do, nos temos que esperar

ate sexta-feira para iniciaro processo de fechamentodo programa na madruga-

da de sexta para sabado, e

de sabado para domingo .IMPRENSA - E depois

voces tern que ficar acorda-dos o domingo inteiro? !

Lucchetti - Quem ficaresponsavel pelo nosso famo -so "pescocao" e ele (o Edson

Scatammachia), que fica fa-zendo o roteiro e as fichaspara o Fausto na madruga-

da de sabado para domingo .

Quando da algum problemacomo esse de sexta-feira, eletermina por volta de 11 ho-

ras, meio-dia . E a hora queele ja tern que estar no Pro-jac . A gente fica em Ipane-

ma. Para chegar no Projac

demora uma hora . Ent -do ,nao dorme, vai direto . Eu

saio da ilha de edicao por

volta de 4 horas, 5 da ma-nha, durmo ate meio-dia, eyou para la. E nosso pesco-

cao . Efetivamente, a gent e

trabalha dobrando, como s efosse uma revista fechando .

IMPRENSA- A presen-

csa de tantos jornalistas noFaust-do nao criou urn clim ade ciumeira corn o Jornalis -

mo da Globo ?

Lucchetti - No inici oteve, evidentemente . Atesafram notas nos jornais di -

zendo que a gente tinha cria-

do a CGJ do B! Evident eque tern, quern sac, esses ETs ,

o que esses caras vieram fa-zer aqui no Jornalismo se elessao da CGP e nao da CGJ ?Mas, af, corn o passar d o

tempo, eles foram aceitandoa gente . Hoje, a gente traba-Iha em sintonia . Nos traba-Ihamos em alguns produtos

da Central de Jornalismo e

temos todo o apoio dele squando precisamos de al -

"Hoje ha um contatodiario corn o Evandro,o Erlanger e oShroeder, IS no Rio. Eaqui em Sao Paulo corno Amauri . Na parteesportiva eu fat() muitocorn Luis Fernando, ecorn o Marcos Moraaqui em Sao Paulo.Quer dizer, sic) todosjomalistas, entao odiatogo fica facil ."

guma coisa na Central de

Producao . Ate em funcaodo cargo que a Marluc eme deu, que faz a interfa-

ce entre a Producao e o

Jornalismo. Hoje ha urncontato diario corn oEvandro, o Erlanger e o

Shroeder, la no Rio . E aqui

em Sao Paulo corn o

Amauri . Na parte esporti-va eu falo muito corn Lui s

Fernando, e corn o Mar -

cos Mora aqui em Sa o

Paulo . Quer dizer, sao to-

dos jornalistas, entao o dia-logo fica facil . t

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