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MARCELO TAS : "FHC é o melhor presidente do mundo! " do d o nal Nacion a alar " TV RECOR D faz do jornalismo arm a para ganhar Ibope

do do nal Naciona alar - portalimprensa.com.brportalimprensa.com.br/tv60anos/pdfs/CERTO_IMPRENSA_JULHO_2001.pdf · último andar do prédio da Record, o vice-presidente Roberto Franco

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MARCELO TAS : "FHC é o melhor presidente do mundo! "

do donal Naciona

alar"

TV RECORDfaz do jornalismo arm a

para ganhar Ibope

■ José Luiz Datena confere a posição do seu "Cidade Alerta" no IBOPE . Ele dá 16 pontos em média . Boris, 1 0

Recor dinveste em

jornalismo eentra na brigapelo primeirolugar, puxada

pelo estil o"democrático"

de José Lui zDatena

Mariana Menezes cPedro Paulo Itncesla u

Em artigo publicado no novamen -te respeitado Jornal do Brasil, ojornalista Eugênio Bucci, auto r

do livro Sobre Ética e Imprensa, de -fendeu o "Cidade Alerta", transmiti -do pela Rede Record como um bo mprograma de jornalismo policial .

Bucci foi mais longe : classifico ucomo "uma breve aula de democra-cia" a cobertura e os comentários d oapresentador José Luiz Datena sobrea repressão da polícia baiana à pas-seata promovida pela oposição, quepedia a cassação do senador Antôni oCarlos Magalhães .

Houve época em que "Cidad eAlerta" era apenas um programa co-nhecido por explorar a miséria huma-na que compunha a grade da emisso-ra . Mas o desfile de sangue e morte sdo policial Cidade Alerta - que vai

ao ar em rede nacional das 18h à s19h, horário em que nenhuma emis-sora aberta exibe noticiários - estámudando .

As outras redes, como a Globo edemais concorrentes, parecem apro-var o novo formato do jornal coman-dado por Datena e sua linha popular-democrática .

José Luiz Datena já foi convida -do duas vezes para apresentar o pro -grama "Linha Direta", da Rede Glo-bo. Recusou . O Linha Direta, que ,aliás, nasceu de uma fórmula criad adentro da emissora da Igreja Univer-sal e acabou não sendo levado ao ar,está passando por uma visível falt ade identidade desde que substitui uMarcelo Rezende . Já a Band, em bre-ve, estreará um jornal semelhante a oCidade Alerta, que será comandad o

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Rodolfo Gamberini e Mônica Waldvogel :ex-globais comandam o matutino "Fala, Brasil "

I♦ Casoy no Jornal da Record : carta branca para conduzir seu noticiári o

pela apresentadora Silvia Popovic .Datena, que iniciou sua carreir a

em televisão na Rede Globo de Ribei -rão Preto, interior de São Paulo, foi jor -nalista esportivo e venceu dois prêmi -os "Wladimir Herzog" de direitos hu -manos, lembra que, quando a direçãodecidiu tirar do ar o sangue e a explo -ração da miséria humana, a audiên -cia do Cidade Alerta ficou abalada .

Mas a nova fórmula se mostrou efi -

ciente com o tempo . E o program anão só recuperou o mesmo públicoque havia perdido como conquisto ua opinião pública . "Nós hoje somoso Jornal Nacional do povão", diz oapresentador, e acrescenta : "Essa his -tória de que o público gosta de ve rcoisa sanguinolenta está furada" .

Atualmente, a preocupação co ma preservação da imagem, tanto da spessoas que são personagens das ma -

térias quanto do próprio Cidade Aler-ta, é enorme . O apresentador exempli -fica : "Tem cenas que o Jornal Nacio -nal dá e que a gente derruba porqueacha muito forte. Sou completamen-te contra o jornalismo sensacionalis -ta", diz esse mestre do jornalismo po -pular-democrático .

Apesar de ser um excelent eimprovisador, Datena sai da reuniã ode pauta, que antecede o jornal, comtodos os comentários que fará em cim adas reportagens já discutidos e defini -dos. "Se você prestar atenção, o dis -curso do Cidade Alerta é um dos mai sprogressistas da televisão brasileira . Éum jornal policial, que fala da violên -cia em sua essência, mas eu nuncadeixo de colocar o contexto social .Não defendo a pena de morte . Aocontrário, digo que a concentração d erenda deste país é um abuso, uma in -justiça . Às vezes, passo conceitos d ePlatão e Nietzsche de forma que o caraentenda", teoriza Datena .

Valorização do espaç o"Há dois, anos, o Cidade Alert a

tinha 1 h40min de duração e 5 minu -tos de intervalo com comerciais d acasa . Hoje, temos quatro patrocina -dores, cinco• intervalos comerciais eestamos entupidos de anúncios impor-tantes", conta o diretor de jornalismoda Record, Luís Gonzaga Mineiro, umdos principais responsáveis pela gui -nada do jornalismo da Record . Um do satuais anunciantes do Cidade Alertaé a Folha de S.Paulo, que tem acredibilidade como mote publicitário .

Tamanho sucesso fez o preço d oCidade Alerta de Datena saltar con-sideravelmente de patamar. Hoje, 30segundos no ar custam R$ 19 .916 .Mais que o triplo do valor cobradohá quatro anos, R$ 5 .804 .

Essa valorização do espaço publi -citário da Record tem sido lenta, ma s

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liEA trinca do jornalismo da Record : Mineiro, Datena e Boris. Mineiro, como diretor .Boris e Datena ganhando credibilidade e audiência

constante. Sair da média de um pon-to no Ibope e entrar na briga pela au -diência com os líderes era, em 1991 ,um sonho dos novos acionistas d aRede Record, a emissora de TV mai santiga do Brasil em operação . U msonho que parecia irrealizável, o upelo menos muito distante .

Foi naquele ano que a Igreja Uni-versal do Reino de Deus concretizoua complicada compra da emissora ,que, na época, estava à beira da fa-lência, por US$ 45 milhões .

Uma década depois, conquista -do o terceiro lugar, atrás apenas d aRede Globo e do SBT, a direção d aRecord tem planos ainda mais am-biciosos : chegar ao topo e disputa ro primeiro lugar . "Nós somos um aameaça à Globo", afirma o vice-pre-sidente da emissora Roberto Franco .E ele completa : "Queremos excelên-cia no que fazemos . Se isso passapor ser I íder, então nós vamos ser I í -deres" . Só que, desta vez, os evan-gélicos não contarão apenas com odízimo dos fiéis para alcançar se uobjetivo . A verba publicitária cres-ceu tanto nos últimos anos, que aemissora se tornou auto-sustentável .

A grande virada começou mesm ohá seis anos, num momento em qu ea Record sofria uma profunda cris ejunto ao público não-evangélico . Ess asituação agravou-se quando o bispoSérgio Von Helder chutou a image mde Nossa Senhora durante uma pre-gação eletrônica . Essa atitude deixouos católicos revoltados, provocou uma

avalancha de críticas e causou u mprofundo mal-estar na emissora .

Antes disso, a Rede Globo já ti-nha se aproveitado de outro momen-to envolvendo a cúpula da concor-rente. Divulgou, em horário nobre,uma série de fitas em que o bispo Edi rMacedo aparecia contando o dinhei-ro arrecadado dos fiéis em uma praia ,em clima de festa (ao lado de Edi rMacedo estavam outros pastores d aUniversal e diretores da Record) .

Como resultado, dois anos depois ,o produto de maior audiência do ca-nal era o sensacionalista "Ratinho Li-vre" . Comandado pelo apresentado rCarlos Massa, o programa tinha bas-tante audiência e poucos anuncian-tes . O Ratinho Livre primava pelatelebaixaria e era o alvo predileto d eintelectuais e cronistas de televisão .

Com o bombardeio pesado d amídia, especialmente da Rede Glo-bo, Edir Macedo tomou uma decisã oestratégica : decidiu distanciar cad avez mais a Universal da Record e tor-nar a TV uma empresa lucrativa .

O primeiro passo para isso fo iprofissionalizar a gestão da emisso-ra . Hoje, o único bispo com alto car-go executivo da empresa é o presi-dente, Honorilton Gonçalves, que ,aliás, aparecia em uma das fitas-de-núncia exibidas pela Rede Globo e m95 perguntando ao deputado federa le dirigente da Igreja Universal ,Laprovita Vieira, se a fábrica de fer-ramentas industriais que ele havi acomprado em Duque de Caxias (RJ)

tinha sido paga com dinheiro "docaixa um ou do caixa dois" . A grava -ção era de 1990 .

O passo seguinte da emissora deMacedo foi definir alguns pilares qu eresgatariam a imagem instituciona lda Rede : entretenimento para a fa-mília, jornalismo de credibilidade ,nomes fortes da televisão e meno sbaixaria .

A marca desta virada foi a estréi ado jornalista Boris Casoy à frente d o"Jornal da Record " , em 1997 . Ele re -cebeu carta branca para conduzir se uprograma . Escolheu sua própria equi -pe e ganhou independência em re-

Roberto Franco : o homem fort enão é da igreja

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lação ao departamento de jornalis-mo . A simples entrada de Boris jáelevou o valor do anúncio no Jorna lda Record de R$ 7 .733 por 30 segun -dos para R$ 10 .186. Hoje, cada in-serção vale R$ 34 mil .

Foi o próprio Casoy quem sugeri uo nome do atual diretor de jornalis-mo, Luiz Gonzaga Mineiro . Os doi sjá haviam trabalhado juntos no SBT,quando Mineiro chefiava a sucursa lde Brasília e Boris era o âncora donoticiário noturno. Na época, eles vi-veram juntos a experiência de cons-truir um departamento de jornalism oa partir do zero .

Mineiro chegou à Record comuma missão um tanto desafiadora :construir produtos jornalísticos qu edessem credibilidade à emissora .Credibilidade necessária para garan-tir receita publicitária, elevação d aaudiência e, conseqüentemente, in -dependência econômica em relaçãoà Igreja (hoje, segundo a direção da

emissora, já conquistada) .Claro, em que pesem os avanços

obtidos, os números da Record conti -nuam incomparáveis com a até hoj eimbatível Rede Globo . Um exemplo :cada inserção no Jornal Nacional val eR$ 159 .520. Na Band, o valor doanúncio no principal noticiário d acasa, o Jornal da Band, é R$ 20 .340 .

Média equilibrad ade audiênciaAo que tudo indica, o mercado pu-

blicitário tem reagido bem às mudan -ças feitas na programação da Record .Daniel Barbará, um dos sócios d aagência de publicidade DPZ, afirmo una edição de junho da revista Mapada Mídia que "a emissora tem u mprojeto de administração muito cons-ciente " . E o expert no assunto, acres-centa : "dentro dos limites, é a médi amais equilibrada de audiência " .

Segundo a direção de jornalismo ,o que tem garantido o salto de quali -

dade da programação não é somentea contratação de novos profissionais,como a compra recente do "passe"dos ex-globais Mônica Waldvogel eRodolfo Gamberini, apresentadoresdo programa matutino Fala, Brasil ."Não há nenhuma emissora hoje dis-cutindo a importância do conteúdocomo a Record vem fazendo . Todo sos produtos são avaliados e discuti -dos diariamente . Todas as cartas querecebemos dos telespectadores são I i -das e são levadas em consideração .Nós não esquecemos que televisão éuma concessão pública", justifica Mi-neiro, apontando em sua mesa u mpilha de papéis com anotações sobr eos programas .

Mas a verdade é que ninguém es -capa ao poder da famosa "ditadura d oIbope" . Durante a entrevista, enquan-to afirmava que "o menos important eé o Ibope", sentado em sua sala noúltimo andar do prédio da Record, ovice-presidente Roberto Franco nãotirava os olhos do people meeter.

O aparelho que mede a audiênci aem tempo real está cuidadosament ecolocado ao lado de duas enormes te-levisões, uma sintonizada na Recorde a outra, na Rede Globo . Ao seu lado ,o diretor de jornalismo Luiz GonzagaMineiro apontava para a televisão acada vez que a Record disparava n afrente das outras emissoras .

Enquanto isso, de dentro do estú-dio, o apresentador José Luiz Daten agrita com os editores que se comuni-cam com ele por meio do ponto ."Vocês têm medo de tudo . Desse jei-to, nós estamos ferrados ." Com agili-dade, Datena muda o espelho do jor-nal o tempo todo . Aproveitando qu eo people meeter está a seu favor, el eantecipa as matérias mais atraente spara os primeiros blocos : "Colocaaquela do bêbado" .

A matéria em questão não conti -Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de jornalismo :uma sugestão de Boris Casoy que deu certo

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nha nada do que poderia ser conside-rado uma baixaria. Mostrava um ho-mem que, de tão bêbado, caía da bi-cicleta e despencava em um córrego ,enquanto os policiais tentavam ajudá-lo a voltar para casa . A cena era en-graçada e Datena aproveitou para da ro recado : "Você, que está assistindoao Cidade Alerta, tomando sua cerve-ja, tome cuidado . Olha só o que amanguaça faz com o sujeito . . ." .

No mesmo bloco, é exibida um areportagem sobre uma mãe de famí-I ia que fora presa por engano. A cena ,descambando para o melodramático ,mostrava sua libertação, após três dia sna cadeia, e o reencontro com o sparentes . No entanto, é importanteregistrar que a matéria não tinha id oao ar no dia anterior porque os rosto sdos filhos da personagem não esta-vam devidamente cobertos .

Entre uma notícia e um comentá-rio, boletins de trânsito e acidente sque aconteceram durante o dia emSão Paulo são exibidos do alto doshelicópteros "Águia Dourada I e II" ,comprados pela Record para tornar onoticiário mais ágil .

Embora o Cidade Alerta seja ex-tremamente paulistano, repórteres da safiliadas da rede trazem notícias dorestante do Brasil . Os casos serve mcomo exemplo do jornalismo popu-lar com estrutura profissional que aRecord vem formando .

Com exceção do Cidade Alerta ,os demais noticiários que a Recordapresenta acompanham a fórmul ajornalística da Globo, concorrendo ,inclusive, com programas quase n omesmo horário .

A direção de jornalismo garante ,a vice-presidência assegura e os fun-cionários confirmam : todos ostelejornais possuem total liberdad eeditorial dentro da emissora .i

"Não adianta pregarcom audiência baixa"

O pastor-economistaJoão Batista Ramos, d aRede Mulhe r

"Aqui, meu negócio é business,ganhar dinheiro ." Se essas pala-vras fossem proferidas por algu mbispo da Universal durante u mculto da igreja, com certeza pe-garia muito mal . Mas, nos escri-tórios do grupo de comunicaçãocomandado por Edir Macedo, nãose fala em outra coisa .

A frase acima é de um do sidealizadores da estratégia de co-municação da Universal : o bispoJoão Batista Ramos . Um econo-mista que trabalhou 20 anos naEmbratel antes de aceitar o con-vite da Igreja para assumir a pre-sidência da Record, em 1992 .

Pastor evangélico desde 1986 ,Ramos tornou-se bispo em 1994 .Porém, apesar de sua opção reli-giosa, sempre fez questão desepará-la do lado profissional ."Tem gente que trabalha o dia in-teiro e depois vai tomar uma

cervejinha . Eu prefiro ir para as reu-niões da Igreja . É uma opção pessoa lde vida . No meu trabalho, eu sou oeconomista . A minha visão é comer-cial", explica .

Atualmente, Ramos preside outr aemissora do Grupo Universal, a Red eMulher de Televisão . Quando fo icomprada pelos evangélicos, há doi sanos, a Rede Mulher estava como aRecord em 91 : à beira da falência ,com equipamentos sucateados, semidentidade própria, com salários atra -sados e a programação loteada entreprodutoras independentes . "Tínhamosapenas quatro computadores e umestúdio em que o som vazava", con -ta Fernanda Bulhões, gerente de co -municação da emissora .

Coube a João Batista Ramos a mis-são de coordenar uma nova volta po rcima, usando a mesma estratégia qu ea "prima rica", a Record . Montaramseis estúdios novos, compraram um ailha de edição da Sony, de 500 mi ldólares, e investiram pesado no jor-nalismo para levantar a credibilidad edo canal . Atualmente, 20 jornalista strabalham na redação da Rede Mu-lher. Eles são comandados nada mai snada menos que•José Robert oLuchetti, ex-coordenador do núcle ode criação da Globo .

Outra medida tomada pelo bispopara conquistar o público foi empur-rar a programação evangélica para amadrugada . "A Igreja precisa de es-paço . Mas não adianta ficar pregan-do dez horas com audiência baixa . Émelhor pregar cinco minutos com de zpontos no lbope", esclarece .

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